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AINDA HÁ UMA ESPERANÇA
XIX DEZENOVE
AINDA HÁ UMA ESPERANÇA
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Quando a sociedade brasileira se prepara para defi nir seus possíveis pré-candidatos aos cargos mais importantes da política local, prefeitos e vereadores, — Embora esta afi rmação seja uma falácia, porque, na verdade não é a sociedade, mas algumas pessoas que pretendem se auto auferir algum privilégio nos pleitos eleitorais e também os interessados em fazer de um cargo público sua forma de obter vantagens, embora depois de algum tempo, seu discurso se torne compatível com o interesse coletivo, são eles que se organizam em partidos para pleitear vitória nas eleições — cabe uma pergunta pertinente e adequada à política da administração pública e privada: em que altura está o nível de satisfação pessoal, profi ssional, econômico e social do trabalhador brasileiro? Por que a maioria dos empregados em serviço público andam estressados, com depressão e insatisfeitos?
O primeiro e mais gritante motivo é o desrespeito que os políticos eleitos para cargos administrativos ou legislativos e, principalmente os que assumem cargos de confi ança, têm para com o trabalhador de ponta, estabilizado por concurso ou não. Para cumprir seus compromissos de bom atendimento aos interesses dos que o elegeram e manter a boa “política” de preservação da imagem, eles não se importam se o trabalhador técnico tem voz, vez, direitos, caráter, ética ou cumpre a lei. Passam por cima deles como um rolo compressor.
Exemplifi cando, alguém vai a um órgão público para resolver um problema e o funcionário que atende lhe diz que há a necessidade do cumprimento de algumas exigências da Lei e ele não quer cumprir, então briga, xinga e até ameaça o pobre do atendente, que fi ca sem ação. Aí o usuário, nervoso, vai falar com o político, ou seu representa em cargo de confi ança. Se for conveniente, é recebido com “cafezinho” e outras regalias. Exposto o fato, o “chefe” liga para o funcionário e diz: “olha eu quero que você resolva o caso de fulano. Deixe de lado aquelas exigências e atenda-o da melhor maneira possível. O resto deixe comigo”. O usuário foi atendido com “o jeitinho brasileiro” e o funcionário foi desrespeitado, desmoralizado e relegado a títere. Sem contar que houve o descumprimento da Lei em benefício a interesse
político de quem a faz ou a executa.
O outro motivo fundamente-se no adágio “cada cabeça uma sentença” ao que acrescentaríamos, se a sentença daquela cabeça não for cumprida ao extremo, rolam as cabeças dos outros, mesmo com boas sentenças. É um absurdo o que acontece na administração pública de nosso querido Brasil. A cada quatro anos, e agora a cada oito, o que é uma aberração, trocam-se os gerentes nas três instâncias e eles nada aproveitam dos antecessores, fazendo gastos mirabolantes para implantar uma “nova política administrativa”, até terminar o mandato. Depois saem deixando o lugar para outro, que retoma o mesmo processo de “renovação política” que nada renova. Administrar que seria o correto, não acontece porque “o tempo é muito curto”.
Veja-se o exemplo na educação. Todo o ano eleitoral aparecem novas propostas e projetos, mas quase nenhum dura mais que o tempo do mandato daquele que o propõe. A Lei vai fi cando velha, até caducar sem que seja praticada. Alunos e professores fi cam à mercê de políticos mandatários, em muitos casos, semi analfabetos e, até “analfabetos políticos” como disse o poeta Bertolt Brecht.
É uma afronta, a qualquer brasileiro, o que nossos cofres gastam de dinheiro público para “arrumar a casa” e para divulgar as “novas” propostas a cada mudança de governo. E, o que é pior, para fazer as acomodações e o marketing do grupo vitorioso. Se abríssemos os olhos, esse dinheirão jogado fora, daria para pagar muitas vezes a “dívida externa”, que também não é nossa, mas de uns poucos “políticos” ao longo da história, e suprir outras necessidades urgentes do povo do Brasil, como segurança, saúde, desemprego, etc.
Nossa sociedade está se “preparando” para indicar seus próprios candidatos. O caminho mais certo, ainda é, o partido político, entendido como uma das mais autênticas formas de organização popular. É uma pena que cada sigla partidária, desde as de extrema-esquerda até as de extrema-direita, tenham dono e sejam de propriedade e uso particular de alguns mais espertos e abastados políticos profi ssionais. Mas certamente surgirão, ao longo da história sofrida do povo, que paga tudo, outras possibilidades para um dia, quem sabe, nascer e vigorar a verdadeira democracia e terminar o copioso estresse do trabalhador público e privado.