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AMANI SPACHINSKI DE OLIVEIRA TRINTA E OITO
XXXVIII TRINTA E OITO
AS NASCENTES ESTÃO MORRENDO
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Estamos num tempo de progresso louco. O homem quer aumentar sempre mais o seu poderio econômico. Não se importa com o futuro, nem da própria família, muito menos com o do Planeta. Para quem era adolescente no último meado da década de cinquenta e na primeira metade da década de sessenta, no Século passado, pôde ver e, até experimentar, o que, de fato, era natureza exuberante no Estado do Paraná. Falo do que conheço e vi. Porque a grande devastação começou mesmo pelos anos dez, século XX. Se for comparado com aquele tempo, nosso Estado agora caminha para ser um verdadeiro deserto. E continua hoje, depois de quase cinquenta anos, o mesmo desmando. As pequenas e, quase inexistentes reservas de matas são criminosamente devastadas. E isso tudo na Lei. Basta dividir a escritura da terra para se conseguir a licença e cortar a o mato. Como se não existisse um estatuto da Terra.
Com isso vemos, todos os dias, nascentes morrendo. Rios sendo completamente assolados e deixando de existir. Uma vez um amigo meu foi severa e, até deseducadamente, exortado por colher umas mudas de fl ores numa fl oresta virgem no Norte do Paraná. Isso aconteceu na década de setenta. Os mesmos “fi scais” que lhe faltaram com o respeito, naquela ocasião, autorizaram, anos depois, a derrubada de todo aquele mato, com a desculpa da necessidade do plantio de soja. Isso tudo está correto. Precisamos plantar. Mas porquê derrubar toda a mata? Até a ciliar?
O pequeno córrego que cortava a Região, com sua água límpida e pura, com a qual muitas vezes matei minha sede, secou. Não existe mais. Outro exemplo é o pequeno sítio que o proprietário não conseguiu a devida licença para derrubar algumas árvores, enquanto o grande proprietário vizinho, do outro lado, desce com seus tratores de esteiras, derrubando a mata até na barranca do riacho. E, depois do plantio, com os esguichos gigantes de veneno, para completar o serviço. Inicia-se o processo irreversível de envenenamento e morte do pequeno rio.
É, a água pede socorro. Comparada com a quantidade que ha-
via, a cerca de cem anos, hoje pode se dizer que ela está agonizando. Nossas autoridades constituídas precisam fazer algo. Somente eles têm o poder. “Ops”! Falei demais. As maiores “autoridades” são as que mais acumulam terras. Como vão querer que não se cortem as matas? Se é necessário plantar e plantar cada vez mais? São “lobos cuidando de ovelhas”. Por isso a água do Planeta acabará num tempo muito breve, se continuar assim. Não sei se não morreremos de sede.
A questão da água é um caso muito sério. É preciso emprestarmos a sua voz e pedir socorro por ela. Cada um dos habitantes do Planeta é responsável diretamente pela sua cota e também por toda a água que existe. Sejamos nossos próprios fi scais e denunciemos quem for fl agrado cometendo qualquer crime contra a natureza. A água é assim: um mineral líquido necessário para vida. Quem conhece ama e quem ama não desperdiça, preserva. Não esqueça que dia 22 de março é o dia mundial da água. Vamos festejar economizando e ajudando conscientizar. Só assim não irá faltar.