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QUARENTA E NOVE

XLIX QUARENTA E NOVE

SABER E PRATICAR POLÍTICA

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Comecemos esta refl exão com uma afi rmação do grande político brasileiro da atualidade, o senador da República, o pernambucano Roberto Freire, na palestra proferida, tempos atrás, em uma Universidade da região sobre o tema Conjuntura Política, “somos tardios politicamente... vivemos numa sociedade desagregada e a mais perversa do mundo, convivemos com a guerra no campo e com a desigualdade na cidade e, mesmo assim somos a décima economia mundial. O País tem que acelerar o seu processo de conhecimento humano, se quiser transpor as barreiras do mundo globalizado”. Essa afi rmação é uma pequena demonstração de como deveria ser nosso saber e nossa prática política.

Uma política que tivesse suas raízes na política da antiga Grécia, onde o poder mitológico foi, gradativamente, derrubado pelo pensamento racional e por decisões coerentes, possibilitando a implantação da democracia. Isso, na prática, se viu com o julgamento, condenação, prisão e morte de Sócrates, por exemplo. O cidadão grego despertou para o senso crítico, derrubando as barreiras de um poder misterioso, fora da realidade, escondido atrás de fi guras humanas deifi cadas e endeusadas, por puxa-sacos e aproveitadores.

Naquela época foi preciso a ruptura do pensamento intuitivo e o início de uma refl exão da razão discursiva, para que o homem começasse pensar, agir, vencer, viver e, não mais, o império da antiga situação, em que ele era impedido de pensar, não crescia e morria sem esperanças. Foram necessários anos, e até séculos, de lutas e muitas vidas gastas naquele objetivo.

Tem-se a impressão que hoje tenhamos voltado para os tempos da política mitológica, antes da fi losofi a grega. O homem já não pode mais usar a razão, pois precisa aceitar, forçosamente os falsos mitos da política nacional, que, por sua vez, têm que admitir e deixar-se guiar pelos falsos da política internacional. É incompreensível, a qualquer pensante razoável, que parlamentares da República admitam ter votado contra a própria vontade e anseios da população, para aprovar um vergonhoso salário mínimo

popular, e não sintam nenhum remorso ao aumentar exageradamente o salário de assessores e cargos de confi ança. Com certeza não pesaram suas consciências.

Alguns Senadores, Deputados Federais, Estaduais e Vereadores, em nosso querido País, não sabem porque o são, ou melhor, sabem muito bem a que vieram, mas não querem assumir o compromisso em defender, de fato, os interesses da coletividade. Muitos nunca exercem verdadeiramente seus mandatos, porque precisam fazer aliança, por serem aliados do poder executivo, ou, porque são oposição a ele, na maioria das vezes, defendendo interesses próprios e dos grupos que representam em detrimento às reais necessidades e ideologia do povo que o elegeu.

Num país tão rico e avançado como é o nosso, o poder executivo que se elege com o voto do povo pensa muito pouco no povo. Gasta-se a maior parte do dinheiro público, mais para manter a imagem internacional e a perpetuidade do poder, do que para proporcionar bem-estar, segurança e desenvolvimento à nação. O poder legislativo, nas três instâncias, eleito para defender o cidadão, seus interesses e bens, é o que menos faz isso. As leis que benefi ciam a população somente são aprovadas se houver “acertos”. Algumas, somente as custas de intermináveis abaixo-assinados, como se o povo não tivesse votado e os parlamentares não fossem seus representantes.

A práxis da politiqué grega, ainda é viável em nossos dias, não obstante perdure, mesmo com todo o avanço cultural e tecnológico, a “mitológica cacicagem”. Porém, nós do povo comum, que malmente votamos, podemos fi car mais sossegados, pois haverá um “pouquinho” de paraíso, proporcionado por quem não compactua com essa categoria de políticos, como é o caso do citado acima e outros de consciência limpa. Portanto, olhemos bem e prestemos atenção nos próximos três meses. Aprofundar o conhecimento sobre política é extremamente necessário para não cairmos no conto do vigário, digo do político vivaldino.

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