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SESSENTA
LX SESSENTA
O LENITIVO DA ALMA
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O mundo corre mais depressa nos últimos tempos. Um exemplo disso são as eleições acontecidas no começo deste mês. Há alguns anos, não muitos, a apuração dos votos demorava dias, em alguns casos até semanas. Hoje, em poucas horas ou minutos já se tem conhecimento do resultado. E os homens, ou melhor, nós mais antigos, experimentávamos as emoções provocadas pelas incertezas do resultado por mais tempo. A demora nos possibilitava momentos mais fortes e duradouros de alegria, entusiasmo ou afl ição e dor. Hoje não se tem mais nem tempo de se emocionar. Quando vem a vontade de chorar de tristeza ou de alegria por algum fato ocorrido em nosso redor, pronto tudo passou e fi ca somente o nó na garganta. Ninguém tem mais tempo de comemorar. Esses e outros tantos sinais de progresso do mundo hodierno, fazem com que os seres humanos, que não evoluíram tanto assim, se percam na caminhada, não conseguindo acompanhá-lo.
E o homem acaba fi cando estressado, depressivo e doente. Não há corpo, nem alma que aguente. Mas o que, de fato, está acontecendo com a humanidade atual, é algo muito simples do que se imagina, diferente da complicação que pretendem os que se benefi ciam e têm considerável lucro com o sofrimento das pessoas que compõem o quadro da comunidade mundial. O ser humano está esquecendo de si mesmo e vivendo na ilusão em relação ao autoconhecimento, o autorrespeito e a autoestima. Ou seja, pensa que conhece a si, que se compreende, se aceita, no entanto, vive ludibriado com falsas orientações da própria consciência e de pessoas de fora que, descobrindo tal defi ciência humana, aproveitam-se e vendem caro suas próprias teorias, sem nenhuma garantia comprovada de sucesso, sejam em livros, organizações ou pessoas físicas, das mais diferentes procedências e ideologias.
O homem passa maior parte de sua existência correndo atrás do prejuízo ou de pré-juízos, (superstições e mitos). Sua busca é tão intensa que acaba esquecendo de viver. Trabalha, estuda, participa da sociedade, se interessa e se preocupa com tudo e esquece de si mesmo. Começa interpretar papéis diferentes e quando me-
nos espera, não lembra mais de sua verdadeira e própria personalidade. Aí começam os “choques existenciais” e uma luta abrupta se desencadeia em seu interior. Ficam latentes os princípios de contradição e começam acentuar-se os descontentamentos pessoais com tudo o que acontece ao seu redor e com as pessoas que lhes são mais próximas. Em verdade o que está ocorrendo é uma perda de identidade. O homem não sabe mais lidar consigo. Seus relacionamentos inter, intra e extra pessoais começam ruir. Ele chega a afi rmar que ninguém lhe compreende e não o aceita. Passa viver um clima de solidão. Está no meio das pessoas, mas vive em completa solidão. Não se auto reconhece, não se autorrespeita e não tem autoajuda. Deu certo tempo em diante começa distorcer o sentido das verdades e de algumas forças, como, por exemplo o amor. O amor, por si só, é uma força poderosíssima e tem um único signifi cado. Mas os homens vão lhe atribuindo outros sentidos, conforme lhes convém. Amor egoísta, algumas pessoas pensam que amar é tomar posse do outro e lhe sugar o que for possível; amor interesse, algumas pessoas somente amam porque o outro poderá lhes oferecer algo em troca; amor invejoso, algumas pessoas agem somente motivadas pelo ciúme. Têm medo de perder o que pensam ter possuído. Poderíamos seguir com uma lista infi nda de exemplos, mas o importante é compreender que somente o verdadeiro amor poderá curar e salvar a humanidade. Refazer o homem humanitário está nas mãos das pessoas que amam. E a guerra santa do amor restabelecerá a paz no espirito e nos corações de toda pessoa que sofre. O amor é os lenitivos da alma.