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REFLEXÃO DIFERENTE
LXI SESSENTA E UM
REFLEXÃO DIFERENTE
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A primeira Peregrinação no Peabiru da COMCAM foi a oportunidade que um grupo de pessoas das mais diferentes idades, entre dezoito e setenta anos, tiveram de fazer uma refl exão diferente. Entre silêncio, solidão e convívio em grupo, os peregrinos enfrentaram cinquenta e três quilômetros do a pé. Certamente esse evento proporcionou aos participantes, além de um grande desafi o de sua resistência física, uma profunda experiência mística. Sem dúvidas, os peregrinos terão muita coisa para contar durante o resto de suas vidas. Como membro da comitiva e por ter participado dessa primeira experiência, quero compartilhar com leitores desta coluna, um pouco da aventura vivida durante dois dias de caminhada.
Experimentou-se o sol, a chuva com ventos fortes, o granizo, o frio, a escuridão, o silêncio, a solidão, a solidariedade dos companheiros, o banho de cachoeira com água embarrada pela chuva, a dor física nas pernas e nos pés, a massagem do senhor, digo, do velho Brond, o banho e a massagem da cachoeira de água cristalina e, fi nalmente, os últimos três quilômetros, no limite das forças. Porém, todo o sofrimento e dor foram compensados pelo prazer de novas descobertas a cada metro percorrido, o encontro com a pedra marcada, provavelmente por índios no passado, ou com a Igreja dos “Santos de 1 só Deus”, encravada na laje de pedra natural e o contraste entre as fazendas pecuaristas e agrícolas, dando um colorido todo especial à paisagem deslumbrante.
A sensação de não conseguir vencer a longa e íngreme subida que, de quando em quando, aparecia pela frente e de não conseguir chegar ao próximo ponto de apoio. O medo de ter mudado o itinerário sem perceber e o medo de estar perdido e completamente só no mundo. Tudo isso levava o viajante ao extremo de seus limites emocionais.
Nos momentos de grande tensão e medo éramos animados pela fi bra do amigo Brond (70 anos), que era sempre um dos primeiros a sair e estava sempre entre os primeiros a chegar e pela persistência e coragem da Professora Sinclair Pozza Casemiro,
além de outras pessoas que nos serviram de exemplo e estímulo. Por diversas vezes emocionei-me ao ver a tenacidade, a força de vontade, persistência e a coragem daqueles jovens, que quase não conseguindo caminhar mais pelas dores nos pés ou pernas, ainda eram capazes de recolher lixo nas beiras de estradas e plantações para salvar um pouco da natureza.
Durante todo percurso, estes meus olhos não viram nenhum “copinho” descartável de água descartável e nem mesmo um papel de bala sendo jogado por qualquer um dos caminhantes na beira do caminho. Que exemplo! Tudo era guardado, acondicionado e transportados pelas camionetas do IAP, para ser encaminhado ao verdadeiro lugar do lixo. Era emocionante ver o quanto a natureza foi respeitada nesses dois dias. Nenhum galho de árvore quebrado, nem uma planta arrancada. Tudo era cuidado com o maior carinho, como se fosse sua própria casa. Que belo exemplo para humanidade a iniciativa destes jovens estudantes da FECILCAM — Faculdade de Ciências e Letras de Campo Mourão.
Todos os participantes da Primeira peregrinação do Projeto de Resgate do Caminho de Peabiru, puderam experimentar um pouco do aspecto místico desse trajeto cheio de mistérios. Houve momentos de grande emoção e espiritualidade. Nossa alma vibrava e tinha vontade de agradecer a Deus por aqueles momentos inusitados. Alguns cantaram, outros gritaram, outros choraram, enfi m, todos manifestaram, de alguma forma seu contentamento e sua paz de espírito. É uma experiência que vale a pena fazer.