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SESSENTA E DOIS

LXII SESSENTA E DOIS

VIDA E MORTE

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Não existe no Mundo realidades mais próximas e mais interligadas que a vida e a morte. Elas são gêmeas e inseparáveis. Aquela vive sem esta e esta não morre sem aquela. Todo homem é um ser vivo e mortal ao mesmo tempo. Ninguém morre sem ter vivido, ninguém vive sem um dia morrer. São duas incógnitas que representam um dos maiores desafi os aos sábios, místicos ou céticos de todos os tempos da história do Universo. Tanto a morte como a vida são verdadeiros enigmas ainda não decifrados. A vida é uma caixinha de surpresas fechada, ninguém sabe o que há dentro dela. A morte é um mistério não revelado, que se inicia no momento crucial da ruptura com a vida. O fi m da vida determina o início da morte, ou será a continuidade da vida em outra dimensão?

Falemos sobre a morte, com a aproximação do dia de fi nados, em que celebramos nossos queridos que já passaram. Não há porque temer a morte, se inevitável. Não há como fugir, nem como esconder-se. Ela sempre nos encontrará em algum lugar e nalgum momento. Ela é sábia, perspicaz, perseverante, fi el e pontualíssima, nunca chega antes, nem depois da hora marcada. É cumpridora de seus deveres. Jamais deixa seus serviços pela metade. Nunca, no Mundo, ninguém provocou mais saudades e mais lágrimas do que ela. A dor, o luto, a solidão, são alguns de seus frutos no coração do homem que ainda não morreu.

Dizem que, bem na extrema hora do passamento não sentimos dor, isso é bem provável, pois muitas pessoas vivas já estiveram bem pertinho do óbito. Eu sou um exemplo disso. Me deparei com ela um dia e, em outra ocasião, estive cara a cara com a danada. Confesso que não senti dor maior do que a que já estava sentindo no momento. Não dá tempo, é tão rápido, como se fosse um passo em uma corrida. Creio que é para não nos arrependermos e não se correr o risco de querermos voltar atrás. Aquela fração de segundo, derradeira é o tempo sufi ciente para nos pré dispormos a acertar as contas com o Criador. Isso, porém, depende de cada um.

Mas o que é, de fato, a morte? Para muitos um descanso, para

outros a maior perda. Seria um fi m ou seria um início de nova caminhada? Três aspectos hão de ser considerados para uma efetiva refl exão. O primeiro é a morte biológica. Nosso corpo, completado o círculo vital, parará de funcionar e dar-se-á cabo da vida física. O segundo é a morte psicológica. Cessado o tempo cronológico do corpo, a emoção e todas as suas afl uências e confl uências deixarão de existir. Não se tem conhecimento de cadáver emocionado, alegre ou com ódio. O emocional cessa juntamente com o corpo. E em terceiro a eternidade da alma, do espírito. Este não morre da mesma forma que o corpo psicossomático. Na hora do trânsito, o espirito humano voa, diretamente para seu lugar, junto ao Espirito dos Espíritos, A alma humana é imortal e, como tal, é característica essencial do ser humano e parte integrante da Divindade. Por Lei Eterna, não pode viver sem estar no homem e não vive igualmente sem estar em Deus. Na hora da morte, nosso espírito é atraído para o ponto de sua origem, de onde não pode mais se desligar, porque volta a fazer-se um com seu Criador. Entendendo isso entenderemos o signifi cado da morte.

A doce lembrança de nossos antepassados, em seus momentos de dor e bem estar, de fracasso e glória, de alegria e tristeza, se saúde ou doença, nos fará entender que, antes de tudo, é necessário viver bem para morrer bem. Viver de bem com a vida para morrer em harmonia com a eternidade. E que os vivos possam dizer, em relação aos mortos, “descansem em paz” e os mortos em relação aos vivos estejam na perfeita e eterna paz... Amém.

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