Marshall McLuhan: Ensaio Crítico - Teorias da Comunicação

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Ensaio crítico

Marshall McLuhan

Fábio Anunciação (n.º 219794) Iryna Koloshyts (n.º 219800) Joana de Sousa (n.º 219816) Tomás Oliveira (n.º 220392)

1º Ano – Ciências da Comunicação Unidade Curricular: Teorias da Comunicação Docente: Célia Belim


1. Introdução O presente trabalho surge no âmbito da unidade curricular de Teorias da Comunicação, lecionada pela Professora Auxiliar Célia Belim e incide na vida e obra de Marshall McLuhan. Herbert Marshall McLuhan (21/07/1911 - 31/12/1980) formou-se Mestre em Literatura Inglesa pela Universidade de Manitoba aos 23 anos, sendo, aos 31, doutorado em

Filosofia

pela

Universidade

de

Cambridge.

Considerado fundador dos estudos de comunicação e dos media, analisou a comunicação de massas, em particular as consequências das alterações das tecnologias da comunicação na cultura e na sociedade humanas. Da sua obra destacam-se The Mechanical Bride (1951), The Gutenberg Galaxy (1962), Understanding Media (1964), The Medium is the Message (1967), War and Peace in the Global Village (1968), Culture is our Business (1970),

das

quais

duas

figurarão

no

corrente

trabalho.

A obra de Marshall McLuhan continua a influenciar uma série de disciplinas, sobre Estudos

dos

Media,

Arte

Moderna

e

Semiótica.

McLuhan foi o autor de importantes conceitos como “aldeia global” - tendência de evolução do sistema mediático enquanto meio minimizador da distância entre os indivíduos, apresentando-nos um mundo onde as tecnologias propiciam uma perspetiva de um mundo mais pequeno -, tendo, segundo muitos, antecipado o aparecimento da Internet. O grupo optou por selecionar cinco artigos, todos eles relacionados com o autor em análise. George Sanderson apresenta-nos o artigo “Discussion: Commentary on Marshall McLuhan and the Psychology of Television” (2007), de caráter jornalístico, onde procura comentar a tese levada a cabo por McIlwraith, que, por seu turno, descreve, no respetivo artigo “Marshall McLuhan and the Psychology of Television” (2007) as origens e o desenvolvimento das ideias centrais de McLuhan acerca dos efeitos da televisão sobre a mente humana e esclarece como o autor canadiano alcançou posições teóricas que foram, muitas vezes, diametralmente opostas às dos psicólogos. “The medium is the messiah” (2011), da autoria de Read Mercer Schuchardt, pretende estabelecer uma relação sustentada pela aparente contradição entre os vários


papéis desempenhados por McLuhan, i.e, de McLuhan enquanto observador objetivo, não possuidor de uma teoria da comunicação e Marshall McLuhan enquanto devoto católico e póstumo legatário “de algumas das ideias mais convincentes,

provocadoras e

deslumbrantes acerca da natureza da religião sob condições electrónicas”. O artigo “McLuhan´s Rhetorical Devices in Understanding Media” (1971), escrito por Douglas H. Schewe, destina-se a descrever principais artifícios retóricos utilizados por McLuhan no seu livro “Understanding Media”. O autor do artigo pretende explicar como funcionam os artifícios retóricos, dando exemplos dos mesmos, que fora m citados do livro do McLuhan. Descrevendo os artifícios retóricos, ou propagandísticos, o autor do artigo em questão pretende transmitir conhecimento sobre os mesmos ao leitor, para que este consiga fazer a leitura crítica das obras do Marshall McLuhan. “Marshall McLuhan and the Couterenvironment: The Medium is the Message” (2014), é um artigo escrito pelo Kenneth R. Allan e pretende discutir a filosofia do Marshall McLuhan sobre arte, referindo, constantemente, o livro da sua autoria “ The Medium is the Message: An Inventory of Effects”com co autoria do Quentin Fiore. Este artigo possibilita uma visão global sobre a influência do filósofo francês Henri Bergson na filosofia da cultura do McLuhan, e, também, do impacto que o autor em estudo teve sobre a arte do século XX. “Meios de Comunicação Quentes e Frios” (1964), artigo escrito pelo autor em estudo, Marshall McLuhan, encontra-se na sua obra “Understanding Media”. Com o presente artigo, o autor pretende fazer uma distinção entre os diferentes media (quentes e frios) e o nível de participação que os mesmos exigem por parte do público que os consome. McLuhan introduziu, assim, uma nova abordagem sobre os Meios de Comunicação e a influência dos mesmos nas sociedades/culturas mundiais. 2. Análise crítica 2.1 Pressupostos teóricos centrais No artigo “Discussion: Commentary on Marshall McLuhan and the Psychology of Television”, o autor afirma que McLuhan tanto era apologista da Neocrítica – teoria literária que defende a isenção de quaisquer notas que relacionem o texto com o respetivo autor, para que este se torne o principal foco do recetor -, como da “Christian Theory of


Communications” – onde se infere que meras coisas (como pão e vinho, associando ao cristianismo) podem ser transformadas e, portanto, ser mais do que aparentam ser. McLuhan recorre com frequência a metáforas para a sociedade contemporânea, das quais se destacam o impacto sensorial - isto é, o impacto que cada medium tem nos sentidos de

cada consumidor - “o meio é a mensagem” (“the medium is the message”) - ou seja, o meio molda e controla a forma das relações e atividades humanas - e “aldeia global”, já referido na introdução. No artigo “The medium is the messiah”, McLuhan entende que a chave para o entendimento da fé quando fazemos a distinção entre perceção e conceptualização, que estão, inclusive, na origem da conversão do estudioso canadiano ao catolicismo: “Quando as pessoas começam a rezar, precisam de verdades; Ninguém entra na igreja por ideias ou conceitos e não pode partir pela mera discordância. Tem de ser por uma perda da fé, uma perda da participação, por isso, quando um crente deixa de ir à igreja, deixou de rezar” (McLuhan, M., The Medium and the Light: Reflections on Religion and Media) Pensador desde cedo preocupado com a verdade cristã, na sua obra “The Mechanical Bride” (1951), em palavras do seu ex-aluno Walter Ong, “ [McLuhan] não trata explicitamente de implicações dogmáticas ou litúrgicas, mas deixa abertas mil portas em cada área envolvente da vida católica”, “(...) fazendo-o deliberadamente”. A sua última publicação, na sua lápide: “A verdade libertar-vos-á” aponta para a crença de McLuhan na análise tetrad - conceito para explicar como um meio de comunicação se comporta e que efeitos tem sobre a sociedade - revelada em “Laws of Media” só pode ser feita em objetos artificiais, não em teias de aranha ou processos naturais. Com a publicação de “Understanding Media” em 1964, McLuhan deixa um aviso contra a idolatria da tecnologia, invocando William Blake e o Salmo 115 para aludir que “nos tornamos no que observamos” e que, “para usá-los em absoluto, devemos servir esses objetos, essas extensões de nós, como deuses ou religiões menores”. No artigo “McLuhan´s Rhetorical Devices in Understanding Media”, Schewe verificou que Marshall McLuhan, por escrever “Understanding Media”, não apresentou um estudo objetivo sobre mass media. Esta ideia é fundamentada por Lee and Lee (Alfred Lee e E. B. Lee), que afirmam que o leitor devia ser lembrado que o conceito apresentado , via artifício propagandístico, não deve ser passível de qualquer juízo qualitativo.


Em “Marshall McLuhan and the Counterenvironment: The Medium is the Message”, o autor refere que, na obra “The Mechanical Bride”, publicada pela primeira vez em 1951, McLuhan explora a função do texto e da imagem em anúncios, analisa criticamente o modo como a publicidade manipula a sua audiência. Entre algumas críticas, destacam-se o peso de McLuhan na arte e carácter “determinista tecnológico” do autor - teoria que parte da premissa de que a tecnologia de uma sociedade impulsiona o desenvolvimento da sua estrutura social e valores culturais. No artigo “Meios de Comunicação Quentes e Frios”, McLuhan apresenta a sua teoria de forma explícita, sem necessidade de conhecimentos prévios. Assim, o artigo é marcado pela forma percetível com que a mensagem chega ao leitor.

2.2 Metodologia No artigo jornalístico “Discussion: Commentary on Marshall McLuhan and the Psychology of Television” (2007), G. Sanderson recorre à revisão crítica, analisando o artigo “Marshall McLuhan and the Psychology of Television” (1994), da autoria de McIlwraith, que, por sua vez, terá explorado a tese por Marshall McLuhan defendida. Deste modo, o leitor é conduzido à leitura de um “comentário de um comentário”, sendo possível, deste modo, obter noções das teses de McLuhan e McIlwraith, bem como as ideias levadas a cabo pelos psicólogos televisivos. Read Mercer Schuchardt em “The medium is the messiah”, alicerça-se na análise de conteúdo - metodologia de pesquisa usada para descrever e interpretar o conteúdo de toda classe de documentos e textos (Moraes, 1999) -, servindo-se de um excerto biográfico escrito por Douglas Coupland, bem como da análise de Nicholas Carr à nota biográfica. Podemos destacar também o recurso a aforismos e obras de Marshall McLuhan, das quais se destacam “The Mechanical Bride” (1951), avaliada pelo seu exaluno Walter Ong; “Understanding Media” (1964) e “Laws of Media”, postumame nte publicada (1988). É neste leque de informação e textos que o autor deslinda a controvérsia questão da influência do catolicismo na obra do prolixo estudioso do século XX. D.H. Schewe, no seu artigo “McLuhan’s Rhetorical Devices in Understanding Media” (1971), recorre à revisão crítica de vários autores, objetivando facilitar a leitura crítica das obras literárias de McLuhan. O método selecionado é baseado no trabalho do


Institute of Propaganda Analysis por Lee and Lee. Segundo este método o leitor será capaz de fazer uma avaliação independente das teorias e do estilo literário de Marshall McLuhan. Com base nas opiniões de Compton, Culkin e Roszak, “Understanding Media” foi selecionado para o estudo. Compton considera “Understanding Media” um livro que conduziu McLuhan à fama contemporânea. Culkin afirma que a maioria das ideias do autor está resumida neste livro e Roszak nomeia o livro de McLuhan Magnus Opus, o que significa “obra mais importante do autor”. Kenneth

R.

Allan,

no

seu

“Marshall

artigo

McLuhan

and

the

Counterenvironment: The Medium is the Message”, recorre à revisão crítica, fornecendo história parcial e antepassado teórico para o “counterenvironment” de McLuhan e sugerindo a sua utilidade para compreender o trabalho de vários artistas norte americanos, dos anos 1960-1970, como Dan Graham, John Cage, Mierle Laderman e Richard Serra. Isso poderá auxiliar no alargamento do entendimento do referencial teórico disponíve l durante o período. Neste artigo recorre-se, também, a várias citações de outros autores sobre as teorias de comunicação do Marshall McLuhan. Marshall McLuhan, no artigo “Meios de Comunicação Quentes e Frios”, recorreu à pesquisa

explicativa,

de forma

a expor a sua visão

sobre os media.

Através deste método, McLuhan conseguiu esclarecer a sua teoria relativa aos meios de comunicação; procurou identificar os fatores, neste caso os media, para perceber o comportamento

e

a

reação

de

quem

os

consome.

McLuhan utilizou várias comparações, desde termos provenientes do jazz (hot and cool) para qualificar os meios de comunicação social até à exposição de como certas tecnologias mudaram e podem mudar sociedades por completo. O autor criou uma nova teoria, algo pouco ou nada discutido até à data, introduzindo uma nova abordagem da importância e peso dos meios de comunicação.

2.3 Resultados No artigo “Discussion: Commentary on Marshall McLuhan and the Psychology of Television, o autor avança com o conceito de “meio itself”, que remete para o carácter independente do meio, isto é, o meio transmite-se e utiliza a mensagem para comunicar por si próprio; e como “User as a content”, em que o utilizador toma a forma de conteúdo, isto é, tudo é recebido de acordo com a natureza do recetor e, portanto, a compreensão do


referido conteúdo depende da própria natureza daquele que recebe a mensagem, pelo que esta se torna pouco relevante. Constata-se que a tecnologia estende as sensações em diversas formas e o autor avança que um possível cenário para o futuro assenta na competição entre grandes invenções (como a escrita ou a televisão), que alternam o balanço sensorial existente. É inferido que a memória é essencial para a consciência e que a Televisão estimula a concentração. O autor apresenta as suas considerações, afirma ndo que, embora McLuhan seja um autor importante para todos aqueles que se interessam pela comunicação em massa, a sua tese suscita algumas questões que não conseguem ser respondidas pelo autor canadiano. Sanderson conclui, por fim, que a origem do desentendimento entre McLuhan e os demais psicólogos assenta numa dissemelhança de abordagens (complementaridade versus continuidade). “The medium is the messiah”, na sua génese, debruça-se sobre vida obra de McLuhan. Em torno de uma nota biográfica produzida por Coupland, por conseguinte analisada por Nicholas Carr, o autor aponta a conversão ao catolicismo romano como facto central da vida de McLuhan, bem como a subsequente devoção aos rituais e princípios católicos. McLuhan estabelece diferenças entre Escribas e Fariseus (grupo de judeus devotos à Torá, opositores do Cristianismo) - conceptualizadores -, e os percepcionadores, dizendo que os primeiros concebiam demasiadas teorias capazes de perceber algo e, de acordo com o autor, “os conceitos são tampões que impedem qualquer tipo de perceção”. Segundo o autor, a morte da religião ou da imagem de Deus morreria caso se tornasse um conceito. Com a publicação de Understanding Media em 1964, McLuhan deixa um aviso contra a idolatria da tecnologia, invocando William Blake e o Salmo 115 para aludir que “nos tornamos no que observamos” e que, para usá-los em absoluto, devemos servir esses objetos, essas extensões de nós, como deuses ou religiões menores”. A sua última publicação, na sua lápide: “A verdade libertar-vos-á”. McLuhan também acreditou que a análise tetrad - conceito para explicar como um meio de comunicação se comporta e que efeitos tem sobre a sociedade - revelada em “Laws of Media” só pode ser feita em objetos artificiais, não em teias de aranha ou processos naturais. Esta condenação levou-o a afirmar que as análises de tetrad não podem executar-se nos Sacramentos da igreja, mas só nas heresias, oferecendo outra prova inversa da origem divina do Sacramento.


Em Understanding Media, ressalta-se um caso onde a literalidade é evidente: “A luz elétrica é a informação pura. É um meio sem uma mensagem”, ou seja, a mensagem da luz elétrica assemelha-se com a mensagem do poder elétrico na indústria, radical, penetrante, e descentralizado. “Já que a luz elétrica e o poder são separados dos seus usos, ainda eliminam fatores de tempo e espaço na associação humana exatamente como fazem a rádio, o telégrafo, o telefone e a TV, criando o envolvimento a fundo”. Para McLuhan, à execeção da luz, todos outros meios de comunicação atuam como o conteúdo do outro, obscurecendo a operação de ambos. McLuhan funda também uma dicotomia entre a luz falsa e a luz verdadeira. Jesus Cristo é, teologicamente falando, a luz do mundo. Mas a figura bíblica de Belzebu também se une teologicamente à luz. Assim, se a Sagrada Escritura assume Cristo como a luz verdadeira e Satanás como a luz falsa, as interpretações de McLuhan seguem a mesma linha, ou seja, fazendo uma analogia com a simultaneidade da informação a que o Homem está sujeito, podemos confundir o “novo Cristo” com o verdadeiro Cristo. Para McLuhan, a luz elétrica foi a luz falsa e Cristo a luz verdadeira. Neste contexto, surge o aforismo base do artigo: “Em Jesus Cristo não há distância ou a separação entre o meio e a mensagem: é um caso onde podemos dizer que o meio e a mensagem são totalmente um e o mesmo”, isto é, todos os outros meios de comunicação foram não somente luzes falsas, mas sim Messias falsos. O autor conclui, recorrendo à tese de pós-graduação de Tina Edan, dizendo que se deve reconhecer que “a objetividade” de McLuhan foi uma função da sua religiosidade, sem a qual McLuhan teria inspirado tantos eruditos até hoje. No artigo “McLuhan´s Rhetorical Devices in Understanding Media”, Schewe verificou que Marshall McLuhan, por não apresentar um estudo objetivo sobre mass media, é importante que o leitor entenda se o autor está, ou não, a usar artifíc io propagandístico e ser capaz de separar o artifício da ideia. Depois, pela comparação com outra informação e experiência pessoal, o leitor pode aceitar ou rejeitar as ideias do autor. Este estudo apresentou os artifícios retóricos usados pelo Marshall McLuhan em “Understanding Media” para ajudar ao leitor fazer esta avaliação. O artigo “Marshall McLuhan and the Counterenvironment: The Medium is the Message”, centra-se no estudo da influência que McLuhan, escrevendo as suas obras, exerceu sobre os artistas americanos dos anos 60-70, nomeadamente a sua teoria de


“counterenvironment”. Numa abordagem, que combinou o estudo da literatura, arte, cultura popular e educação, McLuhan foi já na década de 1940 delineador dos princíp ios básicos do que se tornou o “counterenvironment”. Na verdade, a sua ascendência remonta muito mais longe, de fontes que incluem Henri Bergson e Wyndham Lewis, entre outros. Na sua introdução, McLuhan sugere as noções básicas do que viria tornar-se o “counterenvironment”. Neste artigo surge também a ideia que McLuhan tem sobre a publicidade, evidenciando a relação entre a arte e a publicidade, “Os historiadores e arqueólogos um dia irão descobrir que os anúncios do nosso tempo são as reflexões, mais ricas e credíveis, da sociedade nos seus diversos ramos da atividade”. Por fim, é sugerido que o “counterenvironment” de McLuhan (além do seu pensamento mais geral) - com as suas raízes que remontam ao início do século XX - pode ter fornecido um modelo para arte norte-americana considerada interessante durante as décadas de 1960 e 1970, que, para muitos, pareceu descontextualizado. Assim, a maioria dos artistas, cujo trabalho foi considerado no dado artigo, têm em comum um interesse contemporâneo nos escritos de McLuhan e demonstram um grande trabalho de abordagens para fazer arte, cujos objetivos, em muitos

casos, estão estreitamente relacionados

com a noção de

“counterenvironment”. Enquanto as referências ao “counterenvironment” de McLuhan são quase totalmente ausentes do discurso histórico e artístico, a ideia parece ser absorvida - apesar de não ser reconhecida - na literatura e na prática da crítica institucional. Como o Bergson escreveu, “Entre nós e a nossa própria consciência um véu é interposto”. Em “Meios de Comunicação

Quentes e Frios”, McLuhan, ao estudar o

comportamento dos consumidores dos media, concluiu que são possíveis diferentes reações consoante cada meio de comunicação. Isto é, ao separar os media entre meios quentes e frios,

o autor percebeu que a rádio (meio

quente) não fornece

complementaridade ao público, quando comparada com a televisão (meio frio), que exige, por parte de quem a consome, uma maior participação e imaginação. McLuhan criou outro conceito: o de alta ou baixa definição. Defendeu, assim, que um meio de alta definição era um meio “saturado de informação”. Juntando ao conceito anterior me nte referido, a alta definição insere-se no meio quente e a baixa definição no meio frio. O autor dá um exemplo, comparando a fotografia (meio quente, alta definição) com um cartoon (meio frio, baixa definição), pelo simples facto de que o cartoon transmite pouca informação

e por isso exige maior interação. Um meio frio carece de maior


participação/interação do que um meio quente. Com as sucessivas comparações e observações de comportamento, McLuhan consegue dividir o que entende por cada meio de comunicação e ao fazer essa divisão defende que uma sociedade também consegue ser classificada como fria ou quente. O autor alega ainda que através dos media (quentes e frios) é possível formatar/programar sociedades/culturas com o intuito de que estas se mantenham equilibradas. Sociedades em desenvolvimento tendem a ser frias e sociedades desenvolvidas, quentes. Relativamente ao telefone (meio frio/baixa definição), McLuhan entende que é fornecida pouca quantidade de informação e, por isso, o ouvinte tem de preencher as falhas que o telefone, por si só, não consegue preencher. Através da rádio, McLuhan considerou que um meio pode ter diferentes reações em diferentes culturas. A rádio é vista como um divertimento numa cultura quente, enquanto que, uma cultura fria vê a rádio como um meio sério. McLuhan entende assim que os media tornaram- se extensões

do

Homem,

algo

que

está

a

complementar

o

ser

Humano.

3. Conclusões 3.1. Atualidade e contribuição do pensamento de McLuhan A atualidade do pensamento defendido por M. McLuhan reside, maioritariamente, no determinismo tecnológico por ele defendido. O autor de conceitos como “aldeia global”, hoje utilizados com bastante frequência, contribuiu, ao longo de toda a sua obra, para a explicação de fenómenos histórico-sociais à luz da tecnologia. De acordo com o teórico, esta consiste num fator autónomo e exterior à sociedade, constituído por forças independentes,

autocontroláveis,

auto-determináveis e auto-expandíveis,

pelo que

constitui algo que se encontra fora do controlo humano. Ao defender a ideologia de que os livros, tal como todo tipo media, produzem perspetivas fixas e assentam na homogeneidade de pensamentos, McLuhan concluiu que, ao serem rompidas as barreiras de tempo e espaço para a comunicação, seriam alcançados novos patamares de desenvolvimento pela sociedade. Isto significa, portanto, que o autor previu, com trinta anos de antecedência, um conceito a que hoje se dá o nome de Internet. 3.2. Críticas ao autor A obra de McLuhan levantou grande controvérsia na comunidade académica. Das principais críticas realizadas, destaca-se a influência de McLuhan na arte, tendo por base


a obra “The Medium is the Message”. O carácter determinista tecnológico de McLuhan, incapaz de ter em consideração as diferenças de carácter social inter e intra nações, constitui um elemento de desaprovação. Para além disso, aquando da generalização com a expressão “Aldeia Global”, McLuhan era influe nciado pelas tradições associadas ao processo de socialização inerente ao seu país de origem (Canadá).

3.3. Propostas Uma proposta de estudo é verificar se, de facto, a expressão de McLuhan "aldeia global" se enquadra mais nos dias de hoje, com a Internet (a dominar os "media"), ao invés da ideia inicial do autor, que acreditava que este fenómeno sucederia com a Televisão. Outra proposta seria analisar o impacto que um meio de comunicação como a Internet pode ter numa sociedade/cultura primitiva. Poderiam ser estudados os resultados, tentando entender como a adaptação e a educação do ser Humano influenciam o Homem na interação com os media. Por fim, seria interessante desenvolver um estudo onde se entenda como é que as sociedades outrora frias, passaram a quentes (sociedades desenvolvidas), constatando o tempo necessário de adaptação para o Homem perceber o valor que, de facto, deve dar aos meios de comunicação.


Anexos

Figura 1 - Diagrama da TĂŠtrade criada por Marshall McLuhan, para explicar as Leis dos media.


Webgrafia 

Santa, Ana Lucia; “Neocrítica”, http://www.infoescola.com/literatura/neocritica/ [Consulta: 15/04/2016];

N/A, “O que é transubstanciação?”, http://www.gotquestions.org/Portugues/transubstanciacao.html [Consulta: 15/04/2016];

Gordon, Terrence; “Biography”, http://www.marshallmcluhan.com/biography/ [Consulta: 13/04/2016];

N/A, “Marshall McLuhan”, http://www.infopedia.pt/$marshall- mcluhan [Consulta: 17/04/2016];

N/A, “Biografia”, https://aboutmarshallmcluhan.wordpress.com/category/biografia/ [Consulta: 17/04/2016];

Artigos: 

Sanderson, George; “Discussion: commentary on Marshall McLuhan and the psychology of television”, http://eds.b.ebscohost.com/eds/detail/detail?sid=ee532dd5-d5e4-49f8-882b0a1d3b2df5a9%40sessionmgr105&vid=0&hid=127&bdata=Jmxhbmc9cHQtYnI mc2l0ZT1lZHMtbGl2ZSZzY29wZT1zaXRl&preview=false#AN=edsgcl.16411 0402&db=edsglr;

Schuchardt, Read Mercer; “The medium is the messiah: McLuhan's religion and its relationship to his media theory”, http://eds.b.ebscohost.com/eds/detail/detail?sid=7286231a-6da6-49c4-878e12b6c48c580f%40sessionmgr103&vid=0&hid=127&bdata=Jmxhbmc9cHQtYnI mc2l0ZT1lZHMtbGl2ZSZzY29wZT1zaXRl&preview=false#AN=edsgcl.28000 4552&db=edsglr;

Schewe, Douglas H.; “McLuhan's Rhetorical Devices in Understanding Media”, http://www.jstor.org/stable/3331220?Search=yes&result ItemClick=true&searchText=Mc Luhan&searchUri=%2Faction%2FdoBasicResults%3FQuery%3DMcLuhan%26amp% 3 Bacc%3Doff%26amp%3Bwc%3Don% 26amp%3B fc%3Doff% 26amp%3Bgroup%3Dnon e%26amp%3Bsi%3D26&seq=1#page_scan_tab_contents;

Allan, Kenneth R.; “Marshall McLuhan and the Counterenvironment: ‘The Medium Is the Massage’”, http://eds.b.ebscohost.com/eds/detail/detail?sid=4527611c-260c-4872-842e0ee7fa54648d%40sessionmgr106&vid=0&hid=127&bdata=Jmxhbmc9cHQtYnI mc2l0ZT1lZHMtbGl2ZSZzY29wZT1zaXRl&preview=false#AN=102361039& db=a9h.


Bibliografia 

McLuhan, Marshall (2008); Compreender os Meios de Comunicação, Relógio D’Água Editores.


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