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Tema 2
TERIAL DIGITAL DO PROFESSOR MA DEZ DIAS NO MANICÔMIO
ATIVIDADE I TEMA 2
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O relato em contextos
HABILIDADES BNCC EM13LP10, EM13LP412, EM13LP30, EM13LP32, EML13LP33 e EM13LGG401 ATIVIDADE DE LEITURA
OBJETIVO
Capacitar os alunos e alunas a analisarem os textos retirando deles características essenciais para a compreensão da sua essência e interagir com as ideias expostas pelo conteúdo.
JUSTIFICATIVA
Atualmente, fala-se muito de literacia, como sendo a capacidade de ler, de escrever, de compreender e interpretar. Pode ser entendida também como uma forma de adquirir conhecimentos, desenvolver as próprias potencialidades e participar ativamente na sociedade.
Sendo assim, o importante é que este livro permita aos alunos e alunas ampliar os horizontes, aumentando a proficiência na escrita através da materialização textual de uma vivência, permitindo também que reflitam sobre assuntos da vida.
Dez dias no manicômio poderá trazer aos estudantes muito material para pensar e discutir, podendo ser a leitura realizada individualmente ou em grupo, em casa ou em sala de aula. O importante é que troquem ideias e expressem opiniões sobre a época, os acontecimentos, as reflexões pessoais, etc.
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9 METODOLOGIA
A seguir, propomos atividades que poderão auxiliar na contextualização do livro e mostrar algumas características do gênero relato.
Caráter descritivo e veracidade
Logo no início, capítulo I, Nellie Bly escreve assim:
Em 22 de setembro fui consultada pelo The World se poderia me internar em um dos manicômios em Nova York com o objetivo de escrever uma narrativa clara e sem floreios sobre o tratamento dos pacientes, os métodos da direção etc.
Quando a autora coloca que deverá escrever uma “narrativa clara e sem floreios” ao que estará se referindo? Podemos dizer que já é um indício de que vem por aí um relato.
Mas destacamos também essa outra parte do primeiro capítulo:
Deveria narrar fielmente as experiências pelas quais passasse, e quando tivesse transposto os muros do asilo, descrever seu funcionamento interno, que era sempre tão eficientemente ocultado do conhecimento do público, tanto pelas enfermeiras de touca branca quanto por ferrolhos e trancas. “Não lhe estamos pedindo para ir com o propósito de fazer revelações sensacionalistas. Escreva sobre o que encontrar por lá, seja bom ou mau; elogie ou acuse como achar melhor e diga a verdade o tempo todo.
Discuta com os alunos o que eles entenderam dos trechos: “uma narrativa clara”, “sem floreios”, “narrar fielmente as experiências pelas quais passasse” e “diga a verdade o tempo todo”.
Outro ponto que pode ser discutido é quando o editor coloca que ela deve dizer “a verdade o tempo todo”. Peça para que eles comparem com o trecho abaixo retirado de uma parte da reportagem “‘Discoporto’: como relatos de eventos sobrenaturais levaram cidade brasileira a criar aeroporto para disco voador”, do site da BBC News Brasil (que pode ser acessado neste link):
O jornalista Genito Ribeiro dos Santos, de 47 anos, também relata ter avistado objetos não identificados no céu de Barra do Garças.
Eu era totalmente cético em relação a isso, até ver pela primeira vez. Fui surpreendido quando fui fazer uma gravação na Serra do Roncador, aqui na cidade, e uma luz veio para cima do carro em que eu estava com outros profissionais. Por trás da luz, que mudava de cor a todo instante, havia algo sólido e brilhoso. Esse objeto perseguiu o nosso veículo por, mais ou menos, três minutos”…
Quando descemos a serra e retornamos à cidade, estávamos completamente espantados. As pessoas pensavam que tínhamos usado algum tipo de droga, mas nunca consumimos essas coisas. O que vimos era algo muito real, que ficou a, mais ou menos, 100 metros de distância do nosso carro, …
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10 Há aqui a oportunidade de se debater se os relatos pessoais devem sempre falar a verdade ou se a verdade deve ser entendida como uma vivência pessoal. No caso da reportagem, mesmo que não se acredite em disco voador, ainda assim estamos diante de um relato de alguém que alega ter visto um disco voador.
Tempo Verbal
Com relação ao tempo verbal, a autora, e os tradutores assim o mantiveram, irá recorrer aos verbos no tempo pretérito na maior parte do texto, no entanto, há ocasiões em que se utiliza do presente. Como os alunos já devem estar familiarizados com os verbos e suas conjugações, propomos que eles analisem os momentos em que é utilizado o verbo no tempo presente, e por qual motivo isso se apresenta. Veja o exemplo do capítulo III:
Enquanto se aproximava a noite, a senhora Stanard veio até mim e disse:
— O que há de errado com você? Tem alguma tristeza ou problema?
— Não — eu disse, quase surpreendida com a sugestão. — Por quê?
— Ah, porque... — disse ela de um jeito feminino — posso ver isso em seu rosto. Conta a história de uma grande dificuldade.
Por dedução, eles podem chegar à conclusão de que o presente é utilizado quando a narradora revive psicologicamente os fatos ocorridos e o pretérito, na mesma frase, utilizado para explicar sentimentos vividos na época. Aliás, uma característica marcante do livro, e que pode ser ressaltada pelo professor, é que o leitor se depara o tempo todo com as emoções e sentimentos expressos pelo narrador.
Contexto histórico-temporal
Pode ser que a essa altura os alunos já saibam que a narrativa foi escrita nos Estados Unidos do século 19, em outro contexto histórico-temporal, e de que a história narrada ocorreu em um passado distante, seja pela descrição de alguma característica de época presente no texto, como roupas, lugares, meios de transportes, etc, ou pela ausência de alguma característica dos tempos atuais, como televisão, celulares, automóveis, entre outros.
Um exemplo muito conhecido de relato histórico é a carta que o escrivão Pero Vaz de Caminha enviou a D. Manuel I, rei de Portugal, em 1500.
Posto que o Capitão-mor desta vossa frota, e assim os outros capitães escrevam a Vossa Alteza a nova do achamento desta vossa terra nova, que ora nesta navegação se achou, não deixarei também de dar disso minha conta a Vossa Alteza, assim como eu melhor puder, ainda que — para o bem contar e falar — osaiba pior que todos fazer.
Tome Vossa Alteza, porém, minha ignorância por boa vontade, e creia bem por
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11 certo que, para aformosear nem afear, não porei aqui mais do que aquilo que vi e me pareceu.
Pelo trecho acima pode-se ter uma ideia da época na qual se fala, além de poderem identificar algumas das pessoas presentes.
Veja também uma parte do capítulo VII, onde se pode deduzir a época da narrativa.
Cobri o rosto com o xale e me afundei agradecida na parte de trás da carruagem.
Pelo conhecimento dos estudantes sobre roupas e meios de locomoção, será que é possível que as jovens atualmente nos Estados Unidos usem xales e andem de carruagem?
De posse dessas informações, os leitores já podem compreender os aspectos do texto narrativo. Aqui, o professor pode propor dividir a turma em grupos e pedir que cada grupo identifique os trechos do livro que retratam essa época distante. Isso pode ser um importante exercício para que os estudantes entendam o relato como uma importante fonte de pesquisa, onde se pode deduzir o tempo em que foi escrito, o lugar, as pessoas, os costumes, etc.
Campo semântico
Agora, vamos propor uma investigação sobre o campo semântico das se-
guintes palavras: MANICÔMIO, ASILO, SANATÓRIO, HOSPÍCIO, PINEL e HOSPITAL PSIQUIÁTRICO.
Como atividade, peça aos alunos e alunas para realizarem individualmente ou em grupo uma pesquisa no dicionário, sites, livros ou em qualquer outra fonte e verificar se são palavras diferentes para o mesmo significado ou se entre elas há alguma diferença.
Isso poderá ajudá-los a descobrir que algumas se referem à mesma coisa e que outras caíram em desuso, e que pelo tempo e pelas mudanças sociais ocorridas uma delas é mais utilizada atualmente. A língua é a expressão da sociedade de uma época, portanto conforme os hábitos e costumes dessa sociedade mudam, ela também irá mudar.
Com a pesquisa já realizada, é interessante promover um debate em sala de aula para que analisem tanto as transformações de significados das palavras, oque poderá enriquecer os conhecimentos sobre semântica, mas também propor que eles discutam sobre como as palavras podem estar imbuídas de preconceito.
Peça também que os estudantes deem exemplos de palavras ou termos que antes eram utilizados e que hoje deixaram de ser. Essa pesquisa pode,
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12 inclusive, ser realizada dentro da casa de cada um, onde podem perguntar aos pais, avós, familiares se lembram de alguma palavra que costumavam usar. Muitos jovens costumam estranhar palavras que são faladas pelos mais velhos.
HABILIDADES EM13LP10 Analisar o fenômeno da variação linguística, em seus diferentes níveis (variações fonético-fonológica, lexical, sintática, semântica e estilístico-pragmática) e em suas diferentes dimensões (regional, histórica, social, situacional, ocupacional, etária etc.), de forma a ampliar a compreensão sobre a natureza viva e dinâmica da língua e sobre o fenômeno da constituição de variedades linguísticas de prestígio e estigmatizadas, e a fundamentar o respeito às variedades linguísticas e o combate a preconceitos linguísticos.
EM13LP12 Selecionar informações, dados e argumentos em fontes confiáveis, impressas e digitais, e utilizá-los de forma referenciada, para que o texto a ser produzido tenha um nível de aprofundamento adequado (para além do senso comum) e contemple a sustentação das posições defendidas.
EM13LP30 Realizar pesquisas de diferentes tipos (bibliográfica, de campo, experimento científico, levantamento de dados etc.), usando fontes abertas e confiáveis, registrando o processo e comunicando os resultados, tendo em vista os objetivos pretendidos e demais elementos do contexto de produção, como forma de compreender como o conhecimento científico é produzido e apropriar-se dos procedimentos e dos gêneros textuais envolvidos na realização de pesquisas.
EM13LP32 Selecionar informações e dados necessários para uma dada pesquisa (sem excedê-los) em diferentes fontes (orais, impressas, digitais etc.) e comparar autonomamente esses conteúdos, levando em conta seus contextos de produção, referências e índices de confiabilidade, e percebendo coincidências, complementaridades, contradições, erros ou imprecisões conceituais e de dados, de forma a compreender e posicionar-se criticamente sobre esses conteúdos e estabelecer recortes precisos.
EM13LP33 Selecionar, elaborar e utilizar instrumentos de coleta de dados e informações (questionários, enquetes, mapeamentos, opinários) e de tratamento e análise dos conteúdos obtidos, que atendam adequadamente a diferentes objetivos de pesquisa.
TERIAL DIGITAL DO PROFESSOR MA DEZ DIAS NO MANICÔMIO EM13LP34 Produzir textos para a divulgação do conhecimento e de resultados de levantamentos e pesquisas – texto monográfico, ensaio, artigo de divulgação científica, verbete de enciclopédia (colaborativa ou não), infográfico (estático ou animado), relato de experimento, relatório, relatório multimidiático de campo, reportagem científica, podcast ou vlog científico, apresentações orais, seminários, comunicações em mesas redondas, mapas dinâmicos etc. –, considerando o contexto de produção e utilizando os conhecimentos sobre os gêneros de divulgação científica, de forma a engajar-se em processos significativos de socialização e divulgação do conhecimento.
EM13LGG401 Analisar criticamente textos de modo a compreender e caracterizar as línguas como fenômeno (geo)político, histórico, social, cultural, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso.
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