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O casamento de Isabella

ISABELLA COMO MÃE

Com o passar do tempo, Isabella se viu mãe de cinco filhos e se regozijou ao lhe permitirem ser o instrumento de crescimento da propriedade de seus opressores! Pense, caro leitor, sem corar, se puder, uma mãe assim voluntariamente, e com orgulho, colocando os próprios filhos, a “carne de sua carne”, no altar da escravidão — um sacrifício ao sanguinário Moloque!7 Mas lembremos que seres capazes de tais sacrifícios não são consideradas mães; são apenas “coisas”, “bens”, “propriedade”.

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Porém desde aquele tempo o sujeito dessa narrativa avançou de um estado de propriedade de terceiros para o de uma mulher e uma mãe; e agora ela olha para trás, para seus pensamentos e seus sentimen-

7 Moloque, deus bíblico dos cananeus associado ao sacrifício de crianças.

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tos naquela época, em seu estado de ignorância e degradação, como as imagens sombrias de um sonho agitado. Ora parece apenas uma ilusão assustadora; ora parece uma terrível realidade. Eu rogo a Deus que fosse apenas um pesadelo mítico, e não como é agora, uma realidade horrível para cerca de três milhões de seres humanos objetificados.

Já aludi ao seu cuidado de não ensinar seus filhos a roubar, seguindo o exemplo dela; e ela diz com gemidos que não podem ser escritos: “só Deus sabe quantas vezes deixei meus filhos passarem fome, em vez de pegar secretamente o pão que eu não gostava de pedir.” Todos os pais que dão lições aos filhos, mas não praticam o que ensinam, deveriam aprender com o exemplo dela.

Outra prova da cordialidade de seu senhor é encontrada no seguinte fato. Se seu senhor entrasse em casa e encontrasse seu bebê chorando (já que ela nem sempre podia atender às necessidades da criança e às ordens de sua senhora ao mesmo tempo), ele se voltava para sua esposa com um olhar de reprovação e perguntava a ela por que não viu que a criança precisa de cuidados; dizendo, muito sinceramente: “não quero ouvir esse choro; não o suporto, e não ouvirei nenhuma criança chorando. Aqui, Bell, seu trabalho essa semana é cuidar dessa criança.” E ele se certificava de que suas ordens fossem obedecidas sem contestação.

Quando Isabella ia ao campo trabalhar, costumava colocar seu bebê em uma cesta, amarrando uma

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