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Morte da senhora Eliza Fowler
by EdLab Press
ficou nem um pouco surpresa, porque um homem com coração tão duro para tratar uma mera criança, como a sua havia sido tratada, era, em sua opinião, mais diabo do que humano e preparado para cometer qualquer crime que seus impulsos o impelissem a fazer. Além disso, as crianças a informaram que uma carta havia chegado pelo correio trazendo a notícia.
Imediatamente após esse anúncio, Solomon Gedney e sua mãe entraram, indo direto para o quarto da senhora Waring, onde ela logo ouviu o tom de voz de alguém lendo. Ela sentiu algo lhe dizendo, interiormente: “suba as escadas e ouça!”. A princípio, hesitou, mas isso pareceu pressioná-la ainda mais: “suba e ouça!” Ela subiu, por mais incomum que fosse os escravos deixarem o trabalho e entrarem sem serem chamados no quarto de sua senhora, com o único objetivo de ver ou ouvir o que poderia ser visto ou ouvido ali. Mas nessa ocasião, Isabella diz, andou até a porta, a fechou, colocou as costas contra ela e escutou. Ela ouviu quando eles leram: “ele a derrubou com um soco, pulou em cima com os joelhos, quebrou a clavícula e rompeu sua traqueia! Ele então tentou fugir, mas foi perseguido e detido, e colocado numa jaula por segurança! E os amigos foram solicitados a ir até lá e levar as pobres crianças inocentes que haviam ficado, dessa maneira, num curto espaço de tempo, mais do que órfãs.”
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Se essa narrativa chegar aos olhos daqueles que sofreram pela culpa de outra pessoa, que não sejam profundamente afetados pelo relato; mas, deposi-
tando sua confiança Nele, que vê o fim desde o princípio e controla os resultados, fique seguro na fé, que, embora possam sofrer fisicamente pelos pecados dos outros, se eles se mantiverem verdadeiros a si mesmos, seus interesses superiores e interesses mais duradouros nunca sofrerão por tal causa. Esse relato deveria ser suprimido em consideração a eles, se não fosse agora tão frequentemente negado que a escravidão está rapidamente minando toda a verdadeira consideração pela vida humana. Sabemos que esse único exemplo não é uma demonstração do contrário, mas, acrescentando essa às listas de tragédias que semanalmente chegam até nós pelos correios do sul, não podemos admiti-las como provas irrefutáveis? Os jornais confirmaram esse relato do terrível caso.
Quando Isabella ouviu a carta, parecia que todos estavam absorvidos demais nos seus pensamentos para notarem a presença dela, que retornou ao trabalho, o coração batendo rápido com as emoções conflitantes. Ela ficou aterrorizada com esse fato abominável; chorou pelo destino da querida Eliza, que havia de tal maneira injusta e bárbara sido interrompida nos cuidados e tarefas como uma mãe carinhosa, “e por fim, mas não menos importante”, como era de seu caráter e espírito, seu coração sangrou pelos parentes aflitos; mesmo aqueles que “riram da sua calamidade e zombaram dos seus medos”. Os pensamentos de Isabella permaneceram por muito tempo nesse acontecimento, e na incrível cadeia de eventos
que havia conspirado para trazê-la aquele dia àquela casa, para ouvir aquele fragmento de informação; para aquela casa, onde ela nunca estivera antes, e nunca mais estaria, convidada por aquelas pessoas que haviam tão veementemente a atacado. Tudo parecia emanar da Providência divina. Ela pensou ter visto claramente que a perda anormal deles era um sopro de justiça retributiva; mas ela não achou em seu coração que deveria exultar ou se regozijar naquele momento. Ela sentiu como se Deus houvesse mais que respondido às suas súplicas, quando exclamou, na sua angústia e pensamento, “ó, Deus, dai-lhes em dobro!” Ela disse, “não ousei encontrar falhas em Deus, exatamente, mas a linguagem do meu coração era, ‘ó, meu Deus! Aquilo foi demais! Eu não pedi por tanto, Deus!’” Isso foi um terrível golpe aos amigos da falecida; e a sua mãe egoísta (que, disse Isabella, “demonstrou indiferença pelo meu filho, não conscientemente, mas pela própria maneira de ser”) ficou fora de si e caminhando de um lado para o outro, delirando, chamou em voz alta sua pobre filha assassinada: “Eliza! Eliza!”
O transtorno da senhora Gedney era assunto de boatos, pois Isabella não a viu depois do julgamento; mas ela não tem motivos para duvidar da verdade do que ouviu. Isabella nunca soube o destino subsequente de Fowler, mas ouviu, na primavera de 1849, que seus filhos foram vistos em Kingston, e que sua filha era tida como uma garota boa e interessante, embora uma aura de tristeza caísse como um véu sobre ela.
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A EXPERIÊNCIA RELIGIOSA DE ISABELLA
Vamos agora nos retirar da vida exterior e secular e voltar para a vida interior e espiritual da nossa protagonista. É sempre interessante e instrutivo rastrear os exercícios de uma mente humana atravessando as provações e os mistérios da vida, especialmente uma mente naturalmente poderosa, que só contou consigo mesma em sua formação e as influências fortuitas que encontrou pelo caminho; bem como observar a recepção daquela “verdadeira luz, que alumia a todo homem”.13
Assistimos, à medida que o conhecimento surge, a verdade e a mentira se misturando estranhamente; aqui, um ponto brilhante iluminado pela verdade, e lá, outro, escurecido e distorcido pelo engano; e o estado de uma alma assim pode ser comparado a uma paisagem no início da madrugada, onde o sol é visto dourando soberbamente alguns objetos e
13 João 1:9.
fazendo com que outros façam sombras alongadas, distorcidas e às vezes hediondas.
Sua mãe, como já dissemos, conversou com ela sobre Deus. Dessas conversas, sua mente incipiente chegou à conclusão de que Deus era “um grande homem”; muito superior a outros homens em poder; e estando localizado “no alto do céu”, podia ver tudo o que acontecia na Terra. Ela acreditava que Ele não apenas via, como também anotava todas as suas ações em um grande livro, assim como seu senhor mantinha um registro de tudo o que ele não queria esquecer. Mas ela não tinha ideia de que Deus conhecia seus pensamentos até que ela tivesse proferido isso em voz alta.
Como mencionamos anteriormente, ela sempre teve em mente as determinações de sua mãe, revelando em detalhes todos os seus problemas diante de Deus, implorando e confiando firmemente Nele para que a redimisse. Ainda criança, ouviu a história de um soldado ferido, deixado para trás na trilha de um batalhão, desamparado e faminto, que endureceu o chão de tanto ajoelhar em suas súplicas para que Deus lhe trouxesse alívio, até que lhe foi finalmente concedido. A partir dessa narrativa, ela ficou profundamente impressionada com a ideia de que, se também apresentasse seus pleitos ao firmamento, falando muito alto, ela deveria ser ouvida prontamente; em consequência, ela procurou um local adequado para isso, seu santuário rural. O local que ela escolheu para oferecer suas orações diárias era