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Sons e barulhos musicais do Gualaxo, sob a percepção auditiva de Bilu

Na data em que se comemora o Dia do Meio Ambiente, 5 de maio, o Jornal A SIRENE foi até a casa de Bilu, um sítio que se abriga aos pés da cachoeira do Guerra, a maior do Gualaxo do Norte, para ele nos contar as sonoridades de seu ambiente. Tomado por uma simplicidade que é guardiã de uma série de espetaculares e notórios saberes, Bilu nos conta que, antes do rompimento da barragem de Fundão, chamada por ele de “a enchente”, a cachoeira emitia um som muito alto, que podia ser ouvido de longe.

— Depois dessa enchente, Sérgio, o barulho da cachoeira mudou.

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— Mudou como?

— Tinha umas pedras no meio da cachoeira, a água batia, subia pra cima e dava aquele barulhão! As pedras foram arrancadas da cachoeira quando a lama desceu e hoje a água passa sem tropeçar, então o barulho diminuiu, a cachoeira conversa diferente.

Bilu é músico, sanfoneiro da Folia de Reis do Barreto — música que ele, sem formação escolar, aprendeu de ouvido. Podemos imaginar que sua capacidade e sensibilidade auditiva superam os ouvidos comuns. Para entender tamanha sensibilidade, fui buscar a filosofia de Platão, que diz que música é padrão vibratório puro.

Um sertanejo que não teve a oportunidade de frequentar a escola comunga da filosofia platônica e tem ouvidos capazes de metabolizar e explicar as diferentes frequências musicais do rio que foi seu berço, sua escola de música e vida, e um companheiro de toda sua existência. Entender isso é compreender que Bilu, sua sanfona e o rio Gualaxo vibraram e ainda vibram na mesma frequência, como nos explicou o filósofo Platão.

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