8 Basquete
Time amador marca “cesta de solidariedade” Atletas de Catanduva formaram o Saturday Hoopz Brothers, equipe que mescla atividade esportiva com ações assistenciais
Guilherme Gandini
Superação em família
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Por Guilherme Gandini
m janeiro de 2014, jovens de Catanduva fundaram o Saturday Hoopz Brothers, a equipe que junta basquete com ações assistenciais. Com cerca de 40 jogadores amadores que estavam afastados do esporte, o “Hoopz” (apelido dado ao basquete pelos jovens norte-americanos) treina três vezes por semana e realiza jogos amistosos contra outras equipes da região. “Começamos a procurar um espaço para jogar basquete e descobrimos que não é fácil achar locais adequados. Depois de algum tempo, graças à nossa atuação no setor social, a gente conseguiu a liberação da quadra de esportes do bairro Gaviolli”, relembra Júlio de Faris, idealizador do projeto. Cada participante da equipe contribui com R$ 10 mensais para manter as atividades do grupo e cobrir pequenos gastos. “O foco é jogar bas-
quete e participar das ações. Quem pode contribui com mais e vamos cumprindo o nosso papel”, diz Júlio. A instituição da mensalidade possibilitou que o grupo realizasse doações a entidades e projetos assistenciais. No final do ano passado, a creche Irmã Sheila, que atende cerca de 90 crianças, foi beneficiada pelo Hoopz com a distribuição de brinquedos e partidas de basquete entre os mais novos e os “grandões”. “Nosso intuito é divulgar o basquete e atrair outras pessoas. A gente aproveitou a energia dos atletas para fazer ações sociais. Quando olharem pra gente e pensarem ‘que molecada bacana, fazem tudo isso e ainda jogam basquete’, talvez queiram conhecer o esporte”, conta o idealizador. O próximo objetivo do Hoopz é selecionar adolescentes de 12 a 17 anos para montar uma categoria de base que disputará torneios federados.
Revelação do Hoopz
Uma luz começou a brilhar no elenco do Hoopz. Ela vem do ala Lucas Oliveira de Souza, 17, que deseja se tornar jogador profissional. “Além dos treinos, eu estudo bastante e vasculho a Internet para me aprimorar no esporte”, conta. O jovem concilia estudo, trabalho e esporte, mas pretende conseguir uma bolsa-atleta para se dedicar mais ao basquete.
A história de Leandro de Carvalho, 33, traduz a força do projeto esportivo e social do Hoopz. Portador de uma doença considerada idiopática (de origem ainda desconhecida pela medicina), que eleva sua pressão intracraniana e deixa sequelas a cada crise, ele tem no grupo o apoio para contrariar prognósticos. “Se você perguntar para qualquer um daqui, ele vai falar que o Hoopz é uma família, porque vai para fora das quadras. É uma estrutura social diferenciada, que tem transparência, ética, moralidade e outros tantos valores”, avaliou Leandro. Ele chegou a passar nove meses em uma cadeira de rodas após uma hemiplegia na perna esquerda. Nessa época, os colegas de time passaram a visitá-lo no hospital e, depois, entraram de vez em sua vida, levando-o para consultas médicas, fisioterapia, faculdade, festas. “Eles não são amigos, são irmãos. Eu quase desisti, cheguei a passar todo um projeto para eles tocarem no Hoopz, caso eu morresse”, lembrou. A recuperação se deu em uma clínica para atletas lesionados em Rio Verde (GO), quando voltou a andar após 45 dias de tratamento. “Os médicos não sabem como”, afirma. O passo seguinte veio com os tratamentos alternativos, sempre estimulado – e transportado – pelos amigos. “Eles me mantiveram vivo e com esperança. Os apoios da minha esposa e dessas pessoas me dão força para continuar lutando, mesmo sem os médicos terem identificado as causas, e eu tendo que fazer punções lombares extremamente doloridas, que me deixam sem andar durante dias”, conta. Leandro resume a sua relação com o Hoopz: “É muito amor, muita energia boa e positiva envolvida”.