8 Cultura
Arte e cultura de rua na Estação Ferroviária Prédio ícone do desenvolvimento de Bauru inicia nova fase com a ocupação da Casa da Cultura do Hip-Hop
Por Ricardo Santana
Everaldo Luiz Momesso
O
prédio da Estação Ferroviária da antiga Estrada de Ferro Noroeste do Brasil (NOB), inaugurado em 1939, volta a propiciar embarques para viagens. Não aquelas tradicionais feitas por trens, mas sim através da imersão na cultura de rua. O local sediará a Casa da Cultura Hip-Hop de Bauru, que será aberta ao público a partir do dia 15 deste mês (veja programação no quadro ao lado). Os cerca de 50 agitadores culturais, que organizam as atividades da Casa há quase duas décadas, sempre participando de redes culturais pelo fortalecimento do hip -hop nas periferias, já tomam conta dos salões no primeiro andar, onde acontecerão atividades permanentes, como oficinas, workshops, palestras, debates e encontros. O coordenador do Ponto de Cultura Acesso Hip-Hop, Renato Magú, está em tratativas para obter um vagão de trem para a Biblioteca Móvel Quinto Elemento,
um projeto do coletivo que visa caracterizar o ambiente das plataformas de embarque. Para Magú, é importante se somar aos demais grupos que vierem se instalar na Estação Ferroviária e fortalecer a parceria com a Prefeitura de Bauru. “Estamos pensando em uma caminhada longa, de pelo menos dois anos até tudo estar como a gente imagina”, explica. A revitalização do espaço já ocorria há alguns anos, quando várias atividades da Virada Cultural Paulista ocorreram lá. Há três anos, o muro contínuo ao prédio foi grafitado pelo artista Everaldo Luiz Momesso, 33, integrante do Acesso Hip-Hop. Seu novo trabalho será feito ao vivo durante a inauguração da Casa, no salão destinado à prática do break. “É uma nova fase da cidade, não apenas para o hip-hop”, projeta. O grafiteiro ainda reforça a importância da cultura de rua dentro de um espectro que se convencionou estabelecer como “arte”. “Sou a favor de que o que é da periferia seja do mundo”, diz.
Ocupe a Estação, ocupe o Centro
O prédio da Estação Ferroviária, que hoje tem um projeto de restauração aprovado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat), possui 13 mil metros quadrados de área. A revitalização do espaço, além de abrigar a moçada do hip-hop e a Academia Bauruense de Letras, ainda deve trazer as Secretarias de Saúde e de Educação, segundo o prefeito Rodrigo Agostinho (PMDB). A chegada
do Mercado Municipal ao local também pode ser uma forma de iniciar uma nova fase para a região da Praça Machado de Melo. A Prefeitura resolveu tocar a obra de recuperação do imóvel tombado, que ficou orçada em R$ 6 milhões. Agostinho comentou que tem utilizado mão de obra carcerária para o trabalho, e que o prédio não possui problemas estruturais, possibilitando a entrega da fachada reformada ainda neste ano.
Ricardo Santana
Renato Magú