King chong

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Coletivo navega por mares da multicultura Hiperconectados, coletivo King Chong sacode Limeira com festivais de música, intervenções artísticas e mostras audiovisuais

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O mais impressionante foi ver o quanto a cidade nos abraçou, mostrando claramente sua carência, resultado de uma política pública pouco funcional, quando não, ausente. – Punk B. Mello

são de disseminar a arte, o respeito e o amor”, comenta Mello. A vivência distinta desses jovens começa na divisão das tarefas dentro de uma casa compartilhada na Vila Santa Lina, onde moram cinco pessoas. Além de Punk, que atua com mídia e projetos, lá também estão Thais Chio (designer e fotógrafa), Thiago Val (jornalista e músico), Gustavo Ribeiro (designer e projetos) e José Carlos Marquetti (programador de web). “Viver em coletivo, às vezes, pa-

rece ter um protocolo, mas é muito mais simples do que se pensa. Basta estar disposto, porque não há regras, é como toda casa de família. Não nos vemos como uma república por um fator essencial: não voltamos pra casa aos fins de semana, aqui é a nossa casa”, explica Punk. O King Chong é responsável pela promoção do Quintal Coletivo, que acontece em julho e oferece mostras de artesanato, oficinas sobre culinária vegana, brechó e exposição de ilustrações; da S.E.D.A. (Semana de Audiovi-

Arquivo Coletivo King Chong

ormado em 2012 em Limeira e desde então seguindo os ideais do coletivismo na produção cultural, o King Chong tem ganhado notoriedade por movimentar a cena regional. A ocupação dos espaços públicos com manifestações artísticas e ações sociais sintonizadas, sempre com auxílio da tecnologia, são marcas do coletivo. “Limeira sempre foi uma cidade parada, retrato fiel da desigualdade, onde quem tinha condições financeiras visitava outras cidades com o discurso de que ‘Limeira não tem nada’, enquanto os menos providos se contentavam em lamentar a ausência de lazer de qualidade. O King Chong surge desse ‘desespero’”, explica Punk B. Mello (apelido de Rafael Massaro de Mello), de 25 anos, um dos fundadores do grupo. O rapaz conta que um dos trabalhos do coletivo consiste em garantir que toda a diversidade artística produzida pela população local “gere conteúdo e seja compartilhada com a comunidade”. “O mais impressionante foi ver o quanto a cidade nos abraçou, mostrando claramente sua carência, resultado de uma política pública pouco funcional, quando não, ausente”, ressalta Mello. Com o hip-hop como carro-chefe, o grupo tem conquistado adeptos ligados ao mundo da fotografia, do audiovisual, do grafite e das artes plásticas. Ademais, os jovens também se posicionam politicamente contra medidas que consideram opressoras, como a redução da maioridade penal. “O coletivo é uma produtora cultural que passou a usar suas ferramentas para levar conhecimento ao público. A ideia sempre foi clara, e mesmo sendo algo totalmente novo, sem parâmetros para nos dar referência de como agir ou pensar, não perdemos a real mis-

sual), que exibe filmes e “tudo o que rola no mundo das câmeras e plataformas operacionais”; e do Grito Rock, festival de bandas independentes que ocorre durante dois dias no Parque da Cidade. Considerado um dos principais eventos originais do King Chong, o R.U.A (Respeito, União e Arte) envolve todos os interessados em arte urbana, com shows de hip-hop, grafite, oficinas e debates. De Limeira para o mundo, o R.U.A já ganhou, inclusive, uma versão internacional em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia.


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