Ocupação Ely

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8 Paola Ribeiro

Educação

Queremos manter essa história intacta. Não podemos sair sem lutar pelo direito de manter nossos vínculos com esse lugar de que gostamos tanto

Estudantes provam que Ely é “escola de luta” Ações de alunos por todo o Estado barram Reorganização do Ensino de Alckmin; em Limeira, jovens ocuparam escola por cinco dias Por Giovanni Giocondo

E

m protesto contra o projeto de Reorganização do Ensino proposto pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB), estudantes ocuparam durante cinco dias o prédio da Escola Estadual Professor Ely de Almeida Campos, no Centro, no início do mês. A ação teve efeito positivo, já que engrossou o movimento das mais de duzentas escolas ocupadas em todo o Estado, o que fez com que Alckmin suspendesse o projeto até 2016. O grupo local, formado por cerca de 50 alunos, luta pela manutenção do ensino médio no colégio, que, com a nova diretriz da Secretaria de

Educação, seria transferido para a Escola Estadual Brasil, também no Centro. O Ely, então, passaria a atender apenas ao ensino fundamental do segundo ciclo (5º ao 9º ano). Os alunos deixaram o prédio em 7 de dezembro, mesma data em que realizaram uma manifestação pelas ruas da cidade para levar à comunidade o debate sobre as implicações da proposta de intervenção do governo tucano. Três dias antes, porém, o governador Alckmin anunciou a suspensão da medida para 2016 e propôs “dialogar sobre o projeto escola por escola” (fato que não ocorreu em setembro,

quando do anúncio do projeto), o que acabou convencendo os alunos a desocuparem o Ely. De acordo com Matheus Phelipe Miranda, de 20 anos, aluno do 2º ano do ensino médio, a ocupação contou com ações de organização e limpeza da escola, além de uma série de atividades culturais, educacionais e lúdicas, como palestras com músicos, show de talentos e uma aula de robótica oferecida por professores da Unicamp. No primeiro dia da ocupação, policiais militares foram até o colégio e tiraram à força quatro jornalistas que cobriam profissional-

mente o ocorrido Os repórteres foram liberados em seguida. Não houve qualquer outra tentativa de reintegração de posse ou desocupação por parte da PM. A história do colégio deu uma “força extra” para a luta estudantil. Pais dos alunos de hoje estudaram no colégio nas décadas passadas, conforme relatam duas meninas do 1º ano, que optaram por não se identificar temendo represálias. “Queremos manter essa história intacta. Não podemos sair sem lutar pelo direito de manter nossos vínculos com esse lugar de que gostamos tanto”, ressaltou uma das alunas.


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