8 Alimentação
Saboroso por natureza e longe dos agrotóxicos Quitanda vende produtos orgânicos é abre alternativa de alimentos saudáveis no Jd. Piratininga
Por Giovanni Giocondo
O
Existe uma forma mais artesanal de produzir esses alimentos, além de esse método respeitar a saúde do trabalhador e dos animais
Giovanni Giocondo
número de produtores de alimentos orgânicos tem crescido no Brasil. Segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), entre janeiro de 2014 e janeiro de 2015, houve alta de 51,7% na quantidade de agricultores e pecuaristas que passaram a optar pelos produtos orgânicos (saíram de 6.719 para 10.194), considerados mais saudáveis, duradouros e com menos impacto sobre o meio ambiente. Na mesma medida, comerciantes têm obtido resultados expressivos com a venda desses alimentos que satisfazem o paladar e proporcionam melhor qualidade de vida aos clientes. É o caso de uma empresa de Limeira que, há 17 anos, busca na agricultura familiar, nas pequenas lavouras e laticínios o melhor que a natureza pode oferecer. A Terra e Vida Alimentos Orgânicos, que fica no Jardim Piratininga, teve origem com o ex-mecânico José Roberto Dalfré, de 58 anos, que resolveu largar a profissão no fim da década de 1990 para montar um negócio que, até então, não tinha muitos adeptos no país. O desafio era grande, mas aos poucos ele percebeu que fornecer alimentos nutritivos e sem agrotóxicos aos consumidores poderia render frutos. “Há uns 10 anos, o setor cresceu muito, se disseminou entre os mais jovens, entre as mulheres, que ao engravidar já procuram o alimento orgânico, preocupadas com o que seus filhos vão comer”, conta. Entre os clientes estão pessoas com histórico de câncer ou alergia a agrotóxicos, outras que receberam a indicação de nutricionistas, e mesmo aquelas que pretendem manter-se sempre saudáveis.
Apesar de ser o dono, Dalfré passa a maior parte do tempo longe da quitanda, pois viaja quase todos os dias para buscar produtos frescos em Itapira, Campinas, São Carlos, Rio Claro e outras cidades do interior do Estado. Parte das frutas vem do Nordeste. Abobrinhas, tomates, alfaces, melões, maçãs, iogurte, queijo, manteiga, suco, castanhas, doces, torradas e até sorvetes são algumas das opções. Enquanto o empreendedor está na estrada, a equipe de apoio vem de casa. Dona Maria, mãe de José Roberto, é responsável pela limpeza dos alimentos e pela produção das cestas. A
filha Renata organiza a loja ao lado da avó, faz o atendimento e recebe listas de encomenda dos clientes pelo aplicativo de celular Whatsapp. Quem prefere escolher os alimentos pessoalmente pode ir à loja de segunda-feira a sábado. A família oferece uma brinquedoteca aos pais que quiserem levar os filhos enquanto escolhem as iguarias. “Logo teremos uma oficina de horta para a criançada, até para eles saberem de onde vem a comida que está na mesa”, diz Dalfré. Aos 32 anos e formada em Engenharia Ambiental, Renata ressalta que o alimento orgânico engloba o
cuidado do produtor com a natureza. “Existe uma forma mais artesanal de produzir esses alimentos, além de esse método respeitar a saúde do trabalhador e dos animais”, destaca. O valor final dos alimentos orgânicos não é considerado popular, até porque parte do custo está ligada às exigências técnicas que garantem o selo “orgânico” junto às organizações certificadoras. “Não queremos concorrer com os convencionais, e em matéria de produto orgânico, somos mais competitivos do que os supermercados. O nosso preço só se mantém [estável] porque o tempo da natureza é respeitado”, esclarece Dalfré.