Perfil Ana Rosa Pereira da Rocha

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8 Cidadania

Do terreno baldio para a horta Com ajuda de vizinhos, aposentada revoluciona área abandonada no Residencial Rassim Dib

Agência Brasil

Por Giovanni Giocondo

A

os 63 anos, dona Ana Rosa Pereira da Rocha é uma mulher que, através de uma experiência simples, conseguiu voltar no tempo quase três décadas, quando trabalhava em um sítio em Taiaçu, onde viveu desde criança. Ao lado do marido Adão Rocha e de alguns vizinhos, ela interveio em um terreno baldio em frente à sua casa, no Residencial Rassim Dib, transformando o lugar em uma horta comunitária. O espaço, de propriedade da Prefeitura municipal, era tomado pelo mato e pelas ervas daninhas, além de ser depósito informal de lixo. O descaso

com o lugar não assustou Ana Rosa quando se mudou para cá, em 2013. “Eu sentia falta de algo para me distrair, como era na roça, e foi aí que vi a oportunidade de ocupar aquele lugar abandonado”, recorda. Aposentada desde 2007, a mulher logo reuniu colaboradores para transformar o terreno. Todos de enxada em punho, o primeiro ato foi o de carpir o matagal. Na sequência, ela pediu ao filho, que trabalha em uma fazenda, arame para cercar o terreno, impedindo que os animais pisoteassem o solo. Simultaneamente, dona Ana convocou uma “vaquinha” com os demais entusiastas para comprar adubo e sementes,

e começou a receber mudas vindas do Horto Florestal, que os vizinhos iam buscar de carro. “Plantei mandioca, quiabo, abóbora, goiaba, melancia, batata, pimenta, abacate”, revela. As hortaliças produzidas no terreno são divididas entre todos os vizinhos da rua, sem distinção, criando uma ligação entre os moradores. “A gente vive de salário mínimo, batalha para viver e para comer. Então, quando tem algo diferente, claro que anima a continuarmos nessa luta”, destaca Ana Rosa, que sempre tem a opção de complementar as refeições com um vegetal fresco. A aposentada também acredita que as plantas deixam o

A gente vive de salário mínimo, batalha para viver e para comer. Então, quando tem algo diferente, claro que anima a continuarmos nessa luta

ambiente mais interessante. “Pode ver que ninguém mais joga lixo aqui, o povo só aparece para doar sementes”, conta. Ela também aproveita o espaço para “tomar um solzinho” após as caminhadas que faz com os amigos na Academia da Saúde, instalada recentemente no bairro. Para dona Ana, Bebedouro seria ainda mais bonita se iniciativas semelhantes fossem adotadas em outros bairros. A simpática senhora também não vê problemas em devolver o espaço, caso seja solicitado pela Prefeitura. Mas se me deixarem, vou continuar, cada vez com mais fôlego”, sonha.


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