Raposo Tavares FC

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Garotas jogam bonito no Feminino Raposo Tavares F.C.

Superando desafios, equipe formada em 2014 treina duas vezes por semana e já disputa campeonatos regionais de futsal Por Giovanni Giocondo

O

esforço coletivo é a marca de um time de meninas e mulheres que começa a ganhar destaque no Vale do Ribeira. O Feminino Raposo Tavares Futebol Clube, fundado em 2014 no bairro homônimo, faz das garotas as protagonistas de um esporte que é tradicionalmente dominado pelos homens e mostra que mesmo com parcos recursos é possível transformar uma simples atividade física em algo sério.

Milena Lourenço

Não fazemos seleção. Quem quiser vir jogar, joga A equipe, que reúne 18 jogadoras de todas as idades (a mais nova tem 12 anos), realiza dois treinos semanais, às quartas-feiras e aos sábados, e disputa competições regionais – já foi vice-campeã de um torneio em Iporanga e participou do Festival Feminino, realizado em outubro de 2014, em Itariri. O projeto tem o apoio de pequenos comerciantes do bairro e do Departamento Municipal de Esportes. Mas tudo começou mesmo por iniciativa de Rodrigo Ramos de Morais, de 33 anos, o treinador das garotas, que durante a semana trabalha como açougueiro em um supermercado do bairro. Em seu tempo livre, ele se dedica a buscar outros apoios. Foi assim que conseguiu a quadra emprestada da Escola Estadual Raposo Tavares, além dos uniformes, bolas e demais materiais esportivos.

Milene Dias

Mulheres e meninas de fibra Entre as atletas, Rodrigo treina a sua própria esposa, Milena Lourenço, dona de casa de 31 anos, que voltou a jogar futsal graças à nova iniciativa. Ela explica que disputava campeonatos nos tempos da escola, mas que ficou dez anos longe do esporte. “Voltei por ideia dele e gostei. Não há tratamento desigual do Ricardo com relação às outras meninas, nem cobrança demais depois em casa”, explica aos risos.

Quem irrompe desafios com ainda mais força é Milene Dias, de apenas 21 anos, que está no último mês de gestação do segundo filho e é a goleira do Raposo Tavares F. C. Afastada das atividades do time, ela diz não ver a hora de voltar para perto das companheiras. “Eu fico triste de não poder ajudar. Choro por ficar de fora, às vezes nem gosto de vir assistir aos jogos por causa disso, mas continuo gritando, torcen-

do. Logo que eu reunir condições de retornar após o parto, eu volto, porque o futebol é uma paixão e eu não consigo ficar longe”, constata. Rodrigo explica que o maior desafio da equipe é continuar em atividade e levar o nome do futebol feminino para outros lugares. Com democracia e abertura total, o treinador lembra que ninguém fica de fora e convida: “Não fazemos seleção. Quem quiser vir jogar, joga”.


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