JornalCana 245 (Junho/2014)

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Ribeirão Preto/SP

Junho/2014

Série 2

Nº 245

R$ 20,00

Tudo joia! Setor sucroenergético é dos que mais possibilitam ascensão profissional e social no Brasil

Amaro da Silva, operador de colhedora da Barralcool, de Barra do Bugres, MT


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ÍNDICE DE ANUNCIANTES

Junho 2014

Í N D I C E ACOPLAMENTOS VEDACERT

COLHEDORAS DE CANA 16 39474732

APERAM

11 38181821

PRODUQUÍMICA - SP

11 30169619

ANTIBIÓTICOS - CONTROLADORES DE INFECÇÕES BACTERIANAS

11 50538383

38

DMB

COMBATE A INCÊNDIO - EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS

PROZYN

11 37320022

60

SOLUÇÕES

16 38182305

62

PLANTAS INDUSTRIAIS

QUÍMICA REAL

31 30572000

47

GEORREFERENCIAMENTO

ARGUS

EVAPORADORES

19 38266670

19

19 33018101

50

REUNION ENGENHARIA

11 41566688

46

CONTROLE DE FLUIDOS

PROZYN

11 37320022

60

METROVAL

17 35311075

3

19 21279400

12

14

11 26826633

25

19 34172800

36

PROLINK

19 34234000

9

12

16 35134000

18

DEFENSIVOS AGRÍCOLAS

ENDRESS + HAUSER

11 50334333

23

ARYSTA LIFESCIENCE

11 30545000

37

METROVAL

19 21279400

14

CANAVIALIS

19 35124143

11

DUPONT

11 41668683

2

IHARA

15 32357914

39

NUFARM

11 21338866

44

BALANCEAMENTOS INDUSTRIAIS 16 39452825

66

62

27

METALÚRGICA RIO GRANDE 16 31738100

12

CALDEIRARIA

ENGEVAP

16 35138800

63

CARRETAS ALFATEK

19 34391101

3

CARROCERIAS E REBOQUES SERGOMEL

19 34669300

16

26

16 39452825

66

19 33038146

49

CENTRÍFUGAS VIBROMAQ

CHAPAS DE AÇO VILLARES METALS

COLETORES DE DADOS MARKANTI

16 39413367

19 37562755

57

16 36265540

65

14

REFRATÁRIOS RIBEIRÃO

SAÚDE - CONVÊNIOS E SEGUROS

11 30169619

34

SÃO FRANCISCO SAÚDE

16 08007779070

67

66

SOLDAS INDUSTRIAIS AGAPITO

16 39479222

ISOVER

11 22024814

30

COMASO ELETRODOS

16 35135230

28

REFRATÁRIOS RIBEIRÃO

16 36265540

65

MAGISTER

16 35137200

13

17 33611575

SUPRIMENTOS DE SOLDA 54

11 37320022

COMASO ELETRODOS

16 35135230

28

TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO 60

AGM TECH SOLINFTEC

18 36212182

17

TORRES DE DESTILAÇÃO 12

METALÚRGICA RIO GRANDE 16 31738100

MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

TRANSBORDOS

CASE IH (COM)

DMB

NUTRION

56

41 21077400

12

29

19 33038146

49

52

VILLARES METALS

ENGEVAP

16 35138800

63

MONTAGENS INDUSTRIAIS

19 34172800

36

ANSELL

11 33563100

20

45

CONGER

19 34391101

52

AGAPITO

16 39111384

6

ENGEVAP

16 35138800

63

TUBOS E CONEXÕES

STAB

82 33279632

59

LEMAGI - SP

43

FERRAMENTAS PNEUMÁTICAS

19 34431400

46

AUTHOMATHIKA

16 35134000

18

LEMAGI - SP

19 34431400

46

CPFL SERVIÇOS

19 37562755

56

PARKER HANNIFIN

12 40093591

7

FERTILIZANTES

12 40093591

7

PRODUQUÍMICA - SP

APERAM

NUTRIENTES AGRÍCOLAS IHARA

34

21

11 41566688

50

16 39479222

66

11 38181821

24

15 32357914

39

VÁLVULAS INDUSTRIAIS

PRODUQUÍMICA - SP

11 30169619

34

FOXWALL

11 46128202

22

UBYFOL

34 33199500

5

TECNOVAL

16 39449900

32

PENEIRAS ROTATIVAS VIBROMAQ

16 39452825

VEDAÇÕES E ADESIVOS 66

PNEUS 11 30169619

41 21077400

TROCADORES DE CALOR

16 21328936

APS COMP ELÉTRICOS

PARKER HANNIFIN

REUNION ENGENHARIA

SINATUB

EQUIPAMENTOS E MATERIAIS ELÉTRICOS 11 56450800

CASE IH (COM)

REED ALCANTARA

FERRAMENTAS

31

TREINAMENTO E COACHING

19 34391101

FEIRAS E EVENTOS

16 39461800

TRATORES

16 36904900

CONGER

GENERAL CHAINS

21

METAIS

ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO CIVIL

EQUIPAMENTOS HIDRÁULICOS 4

11 43371806

62

MECANIZAÇÃO - SERVIÇOS

EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO

16 35132600

BONFIGLIOLI DO BRASIL

19 21279400

MANUTENÇÃO INDUSTRIAL

52

ENGRENAGENS 17 35311075

48

19 37315800

LEVEDURAS E ENZIMAS

ENERGIA ELÉTRICA - ENGENHARIA E SERVIÇOS CPFL SERVIÇOS

CALDEIRAS

50

11 30169619

ELETROCALHAS DISPAN

16 30198110

16 21011200

PRODUQUÍMICA - SP

TESTO

DESTAK IDEIAS

CALCÁRIO CALCÁRIOS ITAÚ

BASEQUÍMICA

METROVAL

METALÚRGICA RIO GRANDE 16 31738100 56

46

DESTILARIAS CONGER

19 37562755

19 33018101

REDUTORES INDUSTRIAIS 31

LIMPEZA E ESTERILIZAÇÃO DE BAGS

CABINAS CPFL SERVIÇOS

31

PRODUTOS QUÍMICOS

REFRATÁRIOS

PROZYN 16 38182305

16 39461800

ISOLAMENTOS TÉRMICOS

BIG BAG'S SOLUÇÕES

55

16 39461800

INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO E CONTROLE

PRODUQUÍMICA - SP

AUTHOMATHIKA

16 21014151

INSUMOS AGRÍCOLAS

DECANTADORES METALÚRGICA RIO GRANDE 16 31738100

AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL

48

IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS DMB

GENERAL CHAINS

BOSCH ENGENHARIA LTDA

14 34136856

GRÁFICA SÃO FRANCISCO GRÁFICA

CORRENTES INDUSTRIAIS

AUTOMAÇÃO DE ABASTECIMENTO

VIBROMAQ

JRM GEO

METALÚRGICA RIO GRANDE 16 31738100

BOSCH ENGENHARIA LTDA

34

DWYLER

21

CONSULTORIA/ENGENHARIA INDUSTRIAL

11 30169619

ÁREAS DE VIVÊNCIA

PLANTADORAS DE CANA

CONSTRUFIOS

41 21077400

PRODUQUÍMICA - SP

ALFATEK

FIOS E CABOS 34

24

34

ESPECIALIDADES QUÍMICAS 11 30169619

CASE IH (COM)

ANTI-INCRUSTANTES

A N U N C I A N T E S

PRODUQUÍMICA - SP

66

AÇOS INOXIDÁVEIS

D E

PIRELLI

11 49985867

15

FLUKE

19 32733999

PARKER HANNIFIN

12 40093591

61 7

VEDACERT

16 39474732

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CARTA AO LEITOR

Junho 2014

carta ao leitor

índice

Josias Messias

Agenda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6 Usina do Bem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .8 Eventos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9 e 10 Giro do Setor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12 e 13 Produção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .14 a 22

Etanol disputa maior porcentagem de mistura no Japão

Paraguai produz açúcar orgânico e trabalha por mercado socialmente justo

Califórnia aumenta número de unidades produtoras de etanol

Unica aponta moagem abaixo da última safra

Impacto Social . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24 a 26

Usinas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27 Política Setorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28 a 33 Câmara aprova subsídio para canavieiros nordestinos

DILMA X AÉCIO X CAMPOS

Possível aumento da mistura causa divergências

´Em vez de cana, estamos moendo usinas´

A cada ciclo eleitoral a história se repete. De olho nas urnas e na reeleição, o governo acena ao setor com medidas paliativas. Agora, no episódio da aprovação da emenda que autoriza o aumento do limite da mistura de etanol anidro na gasolina de 25% para 27,5%, o governo aperta a mão do setor com a direita, mas não solta as rédeas com a esquerda, uma vez que cabe a ele utilizar ou não a autorização. Isto significa que o anidro só será comprado a mais se o governo O projeto completo visa a alterar o percentual/limite para o máximo de 30% e o mínimo para 20%. Atualmente, a Lei nº 8.723, de 28 de outubro de 1993 limita os percentuais de variação regularia o próprio mercado. Antes, a folga era de 7% e passaria a 10%. Mas, o problema, repito, é que o setor continua nas mãos do Governo!

Treinar pessoas é ordem para sobreviver, expandir e inovar

Assim, ao que tudo indica, pelo menos até o resultado final do escrutínio, o governo federal continuará ignorando as dificuldades enfrentadas por toda a cadeia sucroenergética. Dificilmente

Tecnologia Agrícola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .36 a 44

Cinco perguntas para Luiz Carlos Dalben

Agricultura de precisão aprimora processo de mecanização

Tecnologias para o setor canavieiro foram destaque na Agrishow

este governo vai mudar de fato sua postura e, infelizmente, vamos continuar vendo-o desprezar a história e destruir as conquistas dos brasileiros em energia sustentável. Vai continuar a utilizar o

Tecnologia Industrial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .46 a 53

Kit quantifica contaminação da fermentação em menos de uma hora

Setor se reúne em Três Lagoas

setor e a Petrobras com objetivos eleitoreiros, mesmo que isto signifique minguar a ambos. O setor sucroenergético não é ingênuo. Tem consciência das nulas possibilidades de o governo recuperar o preço da gasolina antes das eleições deste ano, o que permitiria uma

Pesquisa & Desenvolvimento . . . . . . . . . . . . . . .54 a 58

Nem protestar o setor pode

entre 25% e 18%. Em tese, é sempre bom ter uma folga entre as porcentagens, porque isto

Administração & Legislação . . . . . . . . . . . . . . . .34 e 35

josiasmessias@procana.com

assim o quiser e quando quiser.

Ao infinito e além!

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Executivos do melhoramento de cana têm o “DNA” da inovação

Negócios & Oportunidades . . . . . . . . . . . . . . . . .60 a 66

consequente recuperação nos preços do etanol. Ou de ressuscitar a alíquota original da Cide, ou de remunerar de forma justa a energia elétrica gerada a partir da biomassa. Pior é que, diante de tudo isso, o setor sequer pode protestar. Não pode sair às ruas ou às praças para fazer reivindicações porque no conturbado momento atual isto não faz mais sentido. Diante da proliferação de protestos e manifestações, que em sua maioria acabam descambando

ANTIDEPRESSIVO

para a violência, seria mais uma pinta na onça. E uma pinta péssima para a imagem do setor,

“Invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei, e tu me glorificarás”. (Músico bíblico Asafe, no verso 15 do Salmo 50)

que fatalmente seria tachado de oportunista e baderneiro. Por esta razão é digno de nota a manifestação que mais de três mil pessoas, entre fornecedores de cana, produtores rurais e trabalhadores do setor fizeram em Jaú, interior de São Paulo, no dia 24 de abril último (veja registro na página 6). Esta ação, que incluiu e uniu usinas da região, revela o nível de aflição do setor como um todo. Mais do que uma manifestação ou protesto, foi um pedido de socorro em nome de toda a cadeia produtiva sucroenergética brasileira.

NOSSOS PRODUTOS

O MAIS LIDO! ISSN 1807-0264 Fone 16 3512.4300 Fax 3512 4309 Av. Costábile Romano, 1.544 - Ribeirânia 14096-030 — Ribeirão Preto — SP procana@procana.com.br

NOSSA MISSÃO Prover o setor sucroenergético de informações relevantes sobre fatos e atividades relacionadas à cultura da cana-de-açúcar e seus derivados, e organizar eventos empresariais visando: Apoiar o desenvolvimento sustentável do setor (humano, socioeconômico, ambiental e tecnológico); Democratizar o conhecimento, promovendo o

intercâmbio e a união entre os integrantes; Manter uma relação custo/benefício que propicie

parcerias rentáveis aos clientes e demais envolvidos.

DIRETORIA Josias Messias josiasmessias@procana.com.br Controladoria Mateus Messias presidente@procana.com.br

w w w. jo r n a lc a n a . c o m . b r

REDAÇÃO

ADMINISTRAÇÃO

Editor Luiz Montanini - editor@procana.com.br Coordenação e Fotos Alessandro Reis - editoria@procana.com.br Editor de Arte - Diagramação José Murad Badur Reportagem Andréia Moreno - redacao@procana.com.br André Ricci - reportagem@procana.com.br Patricia Barci - patricia@procana.com.br Wellington Bernardes - wbernardes@procana.com.br Arte Gustavo Santoro Revisão Regina Célia Ushicawa

Gerente Administrativo Luis Paulo G. de Almeida luispaulo@procana.com.br Financeiro contasareceber@procana.com.br contasapagar@procana.com.br

MARKETING Gerência Fábio Soares Rodrigues fabio@procana.com.br Assistente Lucas Messias lucas.messias@procana.com.br

EVENTOS

JornalCana - O MAIS LIDO! Anuário da Cana Brazilian Sugar and Ethanol Guide A Bíblia do Setor! JornalCana Online www.jornalcana.com.br BIO & Sugar International Magazine Mapa Brasil de Unidades Produtoras de Açúcar e Álcool

Prêmio MasterCana Tradição de Credibilidade e Sucesso Prêmio BestBIO Brasil Um Prêmio à Sustentabilidade Fórum ProCana USINAS DE ALTA PERFORMANCE SINATUB Tecnologia Liderança em Aprimoramento Técnico e Atualização Tecnológica

PUBLICIDADE

Asael Cosentino asael@procana.com.br

Comercial Gilmar Messias 16 8149.2928 gilmar@procana.com.br Leila Milán 16 9144.0810 leila@procana.com.br Matheus Giaculi 16 8136.7609 matheus@procana.com.br

EVENTOS E PÓS-VENDAS

ASSINATURAS E EXEMPLARES

Thaís Rodrigues thais@procana.com.br

11 3512.9456 www.jornalcana.com.br/assinaturas

TIC E PLANEJAMENTO

PUBLICAÇÕES

Artigos assinados (inclusive os das 10.000 exemplares seções Negócios & Oportunidades e Publicação mensal Vitrine) refletem o ponto de vista dos autores (ou das empresas citadas). JornalCana. Direitos autorais e comerciais reservados. É proibida a reprodução, total ou parcial, distribuição ou disponibilização pública, por qualquer meio ou processo, sem autorização expressa. A violação dos direitos autorais é punível como crime (art. 184 e parágrafos, do Código Penal) com pena de prisão e multa; conjuntamente com busca e apreensão e indenização diversas (artigos 122, 123, 124, 126, da Lei 5.988, de 14/12/1973).


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AGENDA

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A C O N T E C E U PROTESTO COBRA FALTA DE APOIO DO GOVERNO Em 24 de abril mais de três mil pessoas, entre fornecedores de cana, produtores rurais e trabalhadores do setor sucroenergético de toda a região de Jaú, interior de São Paulo, realizaram o manifesto “Dia da Competitividade do Etanol”. De acordo com Eduardo Romão, presidente da Associcana — Associação dos Plantadores de Cana da Região de Jaú, cinco grupos sucroenergéticos decidiram paralisar suas atividades em protesto pela falta de apoio do governo. Foram eles: o Grupo Zilor (duas unidades), Tonon Bioenergia, Paraíso Bioenergia e Della Coleta. Entre outros pontos, os trabalhadores querem um projeto de incentivo a bioeletricidade e vantagem tributária para o biocombustível.

A C O N T E C E TECNÓLOGOS EM BIOCOMBUSTÍVEIS O curso de graduação em biocombustíveis da Fatec Nilo De Stéfani - Jaboticabal é gratuito, contempla a produção de biocombustíveis sólidos (madeira e biomassa), líquidos (etanol e biodiesel) e gasosos (biogás), além de abordar atividades que são relacionadas ao setor sucroenergético como a produção de açúcar, bioeletricidade, gestão de subprodutos, dentre outros. O curso é oferecido no período da manhã, das 8h20 às 11h50 e da noite, das 19h às 22h30, com 40 vagas cada. O vestibular, para início das aulas em agosto de 2014, ocorrerá em 15 de junho e as inscrições seguem de 14 de abril até 14 de maio. Mais informações no site www.fatecjab.edu.br.

FERSUCRO A Stab Leste realiza no período de 8 a 11 de julho de 2014, no Centro de Convenções de Maceió, AL, a 11ª edição da Fersucro. Mais informações através do site www.fersucro.com.br.

BESTBIO E FÓRUM PROCANA O Prêmio BestBIO e o Fórum ProCana acontecem em 18 de setembro, em Ribeirão Preto, SP. O BestBio é uma iniciativa independente que tem por objetivo incentivar a sustentabilidade através da divulgação e reconhecimento aos melhores cases da bioeconomia brasileira, com ênfase no desenvolvimento e geração de energias limpas e renováveis. O Fórum ProCana 2014 – Usina de Alta Performance discutirá casos de resultados comprovados no incremento da rentabilidade e da competitividade das usinas. Mais informações: www.bestbio.com.br.

PRÊMIOS MASTERCANA FENASUCRO

Manifestação em Jaú, SP

A Fenasucro&Agrocana acontece de 26 a 29 de agosto de 2014, em Sertãozinho, SP, oferecendo aos visitantes a oportunidade de explorar toda a cadeia de produção: preparo do solo, plantio, tratos culturais, colheita, industrialização, mecanização e aproveitamento dos derivados da cana-deaçúcar. Mais informações www.fenasucro.com.br.

Em 2014, a edição Centro-Sul do MasterCana terá muitas novidades. Uma delas é a mudança de local, sendo realizado no dia 25 de agosto, em Ribeirão Preto, SP. Já o MasterCana Nordeste acontece em 13 de novembro, em Recife, PE. Por último, em 25 de novembro, será realizado o MasterCana Brasil, em São Paulo, capital.

RETIFICAÇÃO Na matéria “Choro no jardim”, da edição 244, as legendas de Agnaldo de Souza, Luiz Alencar e Francisco de Araújo, constam como ex colaboradores da Jardest, quando ainda estavam vinculados à empresa.


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USINA DO BEM

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Guarani continuará a doar energia limpa ao Hospital do Câncer No final do mês de abril, Henrique Prata, diretor-geral do Hospital do Câncer de Barretos e Jacyr Costa Filho, diretor do grupo cooperativo Tereos formalizaram a renovação do contrato de doação de 800 MWh de energia limpa. A energia cogerada nas unidades industriais da Guarani a partir da queima do bagaço da cana-de-açúcar será distribuída durante nove meses. Essa

quantidade de energia é o suficiente para abastecer o pavilhão Sandy & Junior, destinado à Internação Pediátrica, durante o período do acordo. Também nessa ocasião, a Guarani entregou brinquedos e livros para a Brinquedoteca da ala pediátrica do hospital. Com diversos projetos na região, a Companhia é parceira do Hospital do Câncer de Barretos desde 2008.

Jacyr Costa Filho, formaliza a renovação do contrato de doação ao Hospital do Câncer

Associcana comemora “Dia das mães” Barralcool vacina contra a gripe Os dias 7, 8 e 9 de maio foram muito importantes para as mães de Dois Córregos, Bariri e Jaú, interior de São Paulo. Isso porque as mulheres foram homenageadas pela Associcana com um café da tarde recreativo que incluiu maquiagem, manicure, penteados, cortes de cabelo, dança e música ao vivo. O evento reuniu nas três sedes da Associação, cerca de 250 pessoas. Na cidade de Jaú, o grupo de dança da Associcana apresentou coreografia em homenagem ao Dia das Mães.

Recentemente, colaboradores e acionistas do Grupo Barralcool fizeram um cadastramento para atualização de seu cartão de vacinação. Por meio da Campanha Nacional de Vacinação contra a Gripe 2014, promovida pela empresa em maio, em parceria com o SESI Saúde, foram disponibilizadas doses gratuitas das vacinas contra o vírus H1N1 e outras doenças virais. A aplicação das vacinas foi realizada de 21 a 23 de maio no ambulatório do Grupo Barralcool. Em 2013, a empresa aplicou 525 vacinas e este ano, a meta é chegar a 724 vacinas.

Colaboradores e acionistas foram vacinados


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EVENTOS

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Fenasucro vende 90% de espaços e anuncia novidades A Fenasucro chega à sua 22ª edição com uma expectativa positiva em relação à geração de negócios durante o evento. Os organizadores anunciaram que, faltando pouco mais de três meses para a realização da feira, que acontece de 26 a 29 de agosto, 90% dos espaços disponíveis já foram comercializados. Estima-se que 550 expositores integrem os pavilhões que somam mais de 75 mil metros quadrados. “Esta grande adesão à Fenasucro mesmo em um cenário considerado difícil para o setor, mostra que há interesse em investir em produtividade, aumento de eficiência e alternativas no mercado. É exatamente este o objetivo do evento: apresentar soluções para os diferentes setores que compõem a cadeia produtiva da cana, com alternativas reais que podem colaborar muito para superarmos este momento”, afirma Gabriel Godoy, diretor da Fenasucro. A venda de espaços deve chegar a 100% até meados de julho. Godoy destaca a perspectiva de público internacional e a intenção de compra dos visitantes em geral. “Temos a confirmação de visitantes, que são possíveis compradores da América do Sul, Caribe e até África. Além disso, cerca de 60% dos pré-credenciados apontam intenção de compra nesta edição do evento”, afirma Godoy, tendo como base pesquisa aplicada durante a solicitação de credenciamento dos visitantes. Ele destaca ainda que, neste ano, o BNDES estará presente na feira oferecendo linhas diferenciadas de crédito para a aquisição de equipamentos.

SETORES Atenta às novas possibilidades e demandas na cadeia produtiva da cana, a feira também traz, neste ano, um novo setor, o de transporte e logística e, sub-setores inéditos, como armazenagem, equipamentos de proteção individual e segurança eletrônica. “A cadeia produtiva da cana é bastante

extensa e novos setores estão despontando e temos que trazer isso para nossos visitantes”, diz o diretor do evento.

ESPAÇO CULTURAL Para receber um público estimado em aproximadamente 33 mil visitantes, a Fenasucro estreia o Espaço Cultural, que irá centralizar todas as palestras, debates, conferências, entre outros eventos de conteúdo da feira. Neste espaço, que fica em anexo ao pavilhão dos expositores, ocorrerá o mapeamento e o debate de soluções

para o setor com eventos. Também pela primeira vez, a Fenasucro terá um espaço totalmente dedicado às pequenas e médias empresas através de uma parceria com o Sebrae. “Serão cerca de 30 empresas que terão a oportunidade de estar na Fenasucro, próximas de grandes fornecedores e compradores”, explica Gabriel Godoy. Reed Exhibitions Alcântara Machado 16 2132.8936 www.reedalcantara.com.br


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EVENTOS

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Abertas inscrições para o Prêmio MasterCana Desempenho 2014 Usinas têm até 30 de junho para se inscreverem à premiação da região Centro-Sul ANDRÉIA MORENO, DA REDAÇÃO

As usinas do setor sucroenergético têm até 30 de junho para se inscreverem no Prêmio MasterCana Desempenho 2014 da região Centro-Sul. As unidades poderão participar através do email: eventos@procana.com.br, das seguintes categorias: Estratégia & Gestão, Gestão Comercial/Financeira, Tecnologia da Informação, Cogeração de Energia, Diversificação de Produtos, Automação/Controle de Processos, Eficiência Industrial, Tecnologia na Produção de Açúcar, Tecnologia na Produção de Álcool, Tecnologia Agrícola, CCT e Mecanização. As usinas e grupos vencedores serão premiados durante o evento MasterCana Centro-Sul, promovido pela ProCana Brasil, que será realizado na noite de 25 de agosto, no Espaço Golf, em Ribeirão Preto (SP). O MasterCana Centro-Sul é o evento social de abertura da programação da Fenasucro & Agrocana 2014 e vai reunir ainda, a cerimônia de premiação do MasterCana Social, realizado em parceria com o Gerhai – Grupo de Estudos em Recursos Humanos na Agroindústria. “Por tratar-se de três eventos em um, o MasterCana Centro-Sul deve reunir as principais lideranças, autoridades e representantes de pelo menos 70 grupos do setor. Os vencedores do Prêmio MasterCana 2014 serão apontados após passar pelo crivo de um júri especializado”, explica Josias Messias, presidente da ProCana Brasil. O MasterCana Centro-Sul está sendo

patrocinado pela HPB-Simisa e TGM (patrocínio Master) e pelas empresas, Sanardi, São Francisco Gráfica e Authomathika (patrocínio Standard).

MASTERCANA SOCIAL Também estão abertas no site do Gerhai (www.gerhai.org.br) as inscrições para a 7ª Edição do Prêmio MasterCana Social. O Prêmio visa incentivar, reconhecer e premiar práticas de gestão de pessoas e responsabilidade socioambiental das empresas do setor sucroenergético, empresas de bens de capital da cadeia produtiva, entidades representativas e fornecedores de produtos e serviços, que contribuem para a promoção do bem-estar social e do desenvolvimento sustentável. Os participantes poderão inscrever seus cases até o dia 30 de junho.

SOBRE O MASTERCANA O MasterCana é a tradicional premiação setorial que, há 25 anos, vem reconhecendo o mérito daqueles que trabalham por uma agroindústria canavieira sustentável, pujante e dinâmica. A premiação é concedida a pessoas e organizações que se destacam na busca pelo aprimoramento tecnológico, humano e socioeconômico do setor, assim como no fornecimento de bens e serviços para esta importante atividade econômica. Os grandes momentos do Prêmio MasterCana são as três cerimônias de premiação, que reúnem os principais líderes empresariais, autoridades, produtores, fornecedores e demais agentes da cadeia da cana-de-açúcar no Brasil.

AGENDA MASTERCANA 25 de agosto Prêmio MasterCana Centro-Sul, em Ribeirão Preto (SP) 13 de novembro Prêmio MasterCana NorteNordeste, em Recife (PE) 25 de novembro Prêmio MasterCana Brasil, em São Paulo (SP)

Mais informações: 16 3512-4300 – eventos@procana.com.br – www.mastercana.com.br.


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O Setor pelo Mundo FRANÇA E UNIÃO EUROPEIA

EUA E MÉXICO

PATRICIA BARCI,

A ITC — Comissão de Comércio Internacional decidiu, na sexta-feira, dia 9 de maio, a favor dos Estados Unidos, com relação às alegações de que o México está praticando dumping no mercado de açúcar americano. A partir de agora, o governo americano poderá aplicar sanções reais às importações do adoçante mexicano, de acordo com a Reuters internacional. Sabe-se que cinco comissários votaram a favor das acusações, movidas pela indústria americana de açúcar, e o sexto recusou-se a votar. Desde março deste ano, os produtores americanos argumentam que a crescente quantidade de exportações mexicanas provocou um colapso no preço do açúcar no mercado americano. Um porta-voz da Aliança Americana do Açúcar, Phillip Hayes, disse para a imprensa americana que a indústria de açúcar enfrenta perdas de até 1 bilhão de dólares por ano, causadas pela prática do dumping — venda do açúcar com preços mais baixos do que o custo de produção. Esta disputa já começa a afetar várias partes dos EUA, envolvendo centenas de milhares de postos de trabalho e campos de cultivo de canade-açúcar na Flórida, Texas, Louisiana e no Havaí. Além de fazendas de beterraba sacarina, no Vale do Rio Vermelho de Minnesota e Dakota do Norte, juntamente com a Califórnia, Idaho e no noroeste do Pacífico. Desde o início das acusações, o México nega que pratique dumping ou que despeje açúcar no mercado norte-americano.

DE

RIBEIRÃO PRETO

Produtores de açúcar franceses estão preocupados com a fragilidade do setor de açúcar no país e em regiões de domínio francês no exterior, diante da desregulamentação do mercado europeu do açúcar, que está prevista para entrar em prática em 2017. Territórios como: Guiana Francesa, Martinica e Guadalupe estão por enquanto protegidos pela legislação europeia, mas a situação mudará drasticamente em 2017. Para especialistas, a produção de açúcar francês, nos seus departamentos fora da França, estão mal equipadas para lidar com a liberalização do mercado de açúcar na Europa e os produtores temem que sem o apoio da indústria açucareira europeia, a produção correrá sérios riscos. Em 2017, o departamento da União Europeia responsável pela indústria de açúcar vai acabar com as quotas de produção, assim como apoio aos preços de mercado. O sistema atual, entrou em vigência em 2006, quando a Organização Mundial do Comércio restringiu as exportações europeias de açúcar, após uma queixa feita por vários países produtores de açúcar no mundo, que acusavam países europeus de dumping.


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O Setor pelo Mundo BRASIL

ÍNDIA

Fretes mais baixos do açúcar brasileiro, acabaram impulsionando as vendas para os principais clientes asiáticos e do Oriente Médio, e consequentemente, está tornando cada vez mais difícil para produtores tailandeses, venderem sua produção, principalmente depois de uma queda recorde de produção de cana-de-açúcar do país, de acordo com a Reuters. Apesar de ser geograficamente contraditório, já que o Brasil é mais longe do que a Tailândia, neste mercados, este fato tem causado muita pressão no mercado da Tailândia, para que os preços sejam reduzidos e eles possam voltar a competir com o açúcar bruto brasileiro de alta qualidade. Em março, apenas 6.500 toneladas de açúcar bruto Tailandês foram vendidas para a China, um dos principais importadores de açúcar bruto do mundo , em comparação com 290 mil toneladas do Brasil, disse Tom McNeill da Green Pool Commodities para a Reuters.

Embarque de açúcar

TAILÂNDIA O Departamento de Agricultura dos EUA, em suas primeiras estimativas para produção de açúcar tailandês, para a safra 2014/15, prevê pouco mais que 10 milhões de toneladas, uma queda de cerca de 1 milhão de toneladas se comparada à safra anterior. A previsão de um declínio reflete uma antecipação de condições climáticas desfavoráveis, causadas pelo El Niño. Além de uma redução prevista de cerca de 4% na produção de cana-deaçúcar, a taxa média de extração de açúcar deverá cair para cerca de 100 quilos por tonelada de cana, em comparação com os 109 quilos na safra 2013/14.

Colheita de cana na Índia

Dados do setor açucareiro indiano apontam que o país produziu 23,15 milhões de toneladas de açúcar entre 1 de outubro e 15 de abril, o que significa uma queda de 4% se comparado ao ano anterior, de acordo com dados da Isma — Associação das Produtoras de Açúcar Indianas. As usinas produziram 1,54 milhão de toneladas de açúcar bruto até o final de março, sendo que 850 mil toneladas foram exportadas, de acordo com dados da Isma. Só em março, as usinas exportaram 350.000 toneladas de açúcar bruto, já beneficiadas pelos incentivos do governo. Em abril e maio, as exportações de açúcar deverão totalizar, entre 350 e 400 mil toneladas. O consumo será de 23,8 milhões de toneladas na safra de 2013/14, um pouco menor do que os 25,1 milhões de toneladas do ano passado. Os preços do açúcar locais tiveram uma alta em abril, graças à temporada de verão, quando a demanda por sorvetes e refrigerantes aumenta.

Corte da cana na Tailândia


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Etanol disputa maior porcentagem de mistura no Japão Dependência de combustíveis fósseis e ineficácia de energia nuclear abrem portas para o etanol no Japão PATRICIA BARCI,

DO

JAPÃO

O Japão, país insular da Ásia Oriental, com seus limitados recursos de energia e enorme demanda, tem 80% de seu fornecimento energético de fontes estrangeiras. O petróleo do Oriente Médio representa 90% de suas importações, de acordo com dados do Governo do Japão. Em um país com uma sociedade, infraestrutura e economia de fazer inveja à cidadãos ocidentais de primeiro mundo, que tem na perfeição, algo a ser alcançado em cada detalhe, a dependência energética de fontes estrangeiras é, sem dúvida, uma demonstração de fragilidade incomum no país. Antes do “Grande Terremoto”, como ficou conhecido no país, ocorrido no Leste do Japão, seguido de um “tsunami” em março de 2011, que provocou o acidente na Central Nuclear de Fukushima, pertencente à Companhia Elétrica de Tóquio, a energia nuclear, era considerada a melhor alternativa para diminuir a dependência do petróleo importado, por ser uma fonte de energia limpa e nacional. Entretanto, como resultado do desastre, houve uma redução no fornecimento elétrico na parte oriental do Japão, que expôs vulnerabilidades no fornecimento energético do país. Após o acidente em Fukushima foi aprovada uma lei para incentivar a adoção de fontes de energia renováveis, tais como: a energia solar, a energia eólica e a energia geotérmica, de acordo com dados da Embaixada do Japão no Brasil.

ABERTURA Dados do Serviço de Agricultura Estrangeira do USDA — Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, apontam que outra medida tomada pelo governo japonês, será lançar no mercado 500 milhões de litros de biodiesel até 2017 e 1,8 bilhões de litros de etanol até 2020. No momento, dois tipos de biocombustíveis, disputam a preferência dos consumidores: o E3 (3% de etanol na gasolina) e o Bio — ETBE (Éter Butílico), que é o mais vendido. No final do ano passado, o governo japonês permitiu a venda de E10, (10% de etanol na gasolina) que entra como outra opção ao ETBE22, que ainda está ganhando a confiança da população. Com isso, espera-se que a demanda pelos biocombustíveis aumente ainda mais entre os ônibus municipais e motoristas comuns. Esta segunda classe pouco numerosa no país, que possui 127,6 milhões de pessoas, ao passo que, apenas 33 milhões, concentradas em Tóquio e zonas periféricas, são habilitadas para dirigir.

Governo japonês permitiu a venda de E10 no final de 2013

A razão disso está na qualidade do transporte público no país, que de norte a sul, “salta aos olhos”, por sua eficiência. Por isto, a quantidade de carros nas ruas não é proporcional ao número intenso de pessoas das cidades. Outra particularidade é a dificuldade em se achar postos de gasolina nos centros urbanos do Japão, diferente do Brasil, por exemplo. Yuko Kubota, terapeuta, 43 anos, residente em Tóquio há mais de dez anos, diz que não faz uso de carros por falta de necessidade. “Dentro dos centros urbanos, a maior parte da população usa os transportes públicos, que são muito eficientes. Eu realmente não teria necessidade de usar carro. Acredito que pessoas que moram mais afastadas dos grandes centros precisem mais de carros. Outra dificuldade, é que Tóquio é muito populosa e não temos muito espaço para nada, ou seja, estacionar carros na rua é um problema. Acho que, por esta razão é tão difícil achar um posto de combustível na cidade. Eu mesma não me lembro a última vez que vi um”, disse. A cidade de Hiroshima, localizada a e conhecida por ter sido bombardeada em agosto de 1945, durante a 2ª Guerra Mundial, é uma das cidades com maior fluxo de veículos, e onde se pode encontrar postos de combustível com maior facilidade.

ETANOL CELULÓSICO

Qualidade do transporte público japonês dispensa uso de carros

Devido ao aumento dos preços dos alimentos, no Japão, assim como na Europa, existe um questionamento, quanto ao uso de culturas alimentares para fazer combustível. Por esta razão, o governo tem concentrado esforços em pesquisa para produção de etanol celulósico. Cientistas de todo o mundo estão em busca de uma tecnologia para a produção em escala industrial do etanol derivado da celulose da cana-deaçúcar.


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Colheita de cana em Okinawa

Japão é o sexto maior importador de açúcar do mundo De acordo com dados do setor no país, os japoneses consomem 2,3 milhões de toneladas de açúcar, dos quais apenas 35% são atendidos pela produção doméstica. A ilha de Hokkaido produz cerca de 80% da produção doméstica de açúcar, de beterraba, e em Okinawa e Kagoshima, no sul, os 20% restantes são de açúcar de cana-de-açúcar. Pela grande demanda, o país é considerado o sexto maior importador de açúcar do mundo, tendo como origem das suas importações, principalmente a Tailândia e a Austrália. Apesar disso, devido à sua relutância em negociar novos acordos e reduzir tarifas sobre importação com os produtores australianos, esta quantidade tem caído, de acordo com notícia veiculada na ABC Rural. No auge do comércio em 1999, o Japão chegou a importar até 900 mil toneladas de açúcar bruto da Austrália. Esse número, desde então, caiu para 350 mil toneladas. Se a notícia é ruim para a Austrália, é boa para o Brasil. Dados oferecidos pela ProCana Estatísticas indicam que em 2012, o Brasil exportou para o Japão 120 mil toneladas, ante 5.800 em 2009, com sinais de aumento, desde então. (PB)


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Paraguai produz açúcar orgânico e trabalha por mercado socialmente justo PRODUÇÃO MUNDIAL

WELLINGTON BERNARDES, DA REDAÇÃO

O Paraguai, que faz divisa com dois importantes estados agrícolas brasileiros – Paraná e Mato Grosso do Sul, é o principal exportador de açúcar orgânico da América Latina, com selo de comércio Fair Trade. O país é o quarto maior exportador do produto no mundo. O açúcar orgânico paraguaio é consumido em mais de 19 países e tem produção superior a 21 mil toneladas, números grandiosos para um país com apenas 6,7 milhões de habitantes, no qual 38% da população está localizada em áreas rurais. O desenvolvimento da cultura orgânica canavieira atrelada ao cooperativismo se deu, graças ao trabalho da ONG global ACDI/Voca, especializada no fortalecimento de cooperativas e no desenvolvimento de produtores locais. Com a atuação da ONG na região, foi possível aprimorar a Manduvira, cooperativa de produtores de açúcar orgânico localizada no Norte do país. Inicialmente a cooperativa paraguaia contava com 300 produtores, hoje são mais de 1.750 agricultores e, a expectativa é continuar a atrair mais agricultores para o sistema orgânico com o selo Fair Trade. O selo atua de maneira holística no desenvolvimento sustentável. Não basta a produção ser orgânica. É necessário que o manejo global da cultura respeite a população local e seus hábitos. Deve haver um comprometimento entre agricultores e comunidade, para que a agricultura se desenvolva em harmonia e respeite seus trabalhadores e descendentes, possibilitando a criação de redes comerciais baseadas no respeito aos agricultores e a seus consumidores finais, comprometidos não apenas com produtos de qualidade ambiental e nutricional, mas também, com responsabilidade social.

Produção paraguaia de açúcar orgânico é superior a 21 mil toneladas

A última apuração sobre a produção mundial de açúcar orgânico, em 2011, revelou que 185 mil toneladas do produto foram vendidas. O maior produtor mundial é Belize, localizado na costa nordeste da América Central, com produção de 69 mil toneladas. As ilhas Fiji, localizadas na Oceania possuem a segunda maior produção, com aproximadamente 41 mil toneladas. A República da Zâmbia, localizada na África austral, detém a terceira maior produção, com 30 mil toneladas. O Paraguai produz aproximadamente 21 mil toneladas, o continente latino possui o maior número de produtores de cana de açúcar produzidas pelo sistema orgânico do mundo, com 21.000 agricultores, a maioria localizada no Paraguai. Esse é um forte argumento que sustenta as expectativas de crescimento da produção desse açúcar no país. No continente africano existem cerca de 10.000 agricultores e a Oceania possui 6.000.

BRASIL E O AÇÚCAR

Transporte de cana orgânica no Paraguai

Assim, cultura canavieira orgânica atrelada às boas práticas do comércio justo, possibilitou melhorias na

qualidade de vida de vários agricultores paraguaios, que agora são referência na produção orgânica de açúcar.

Atualmente, 123 países produzem açúcar comum. O Brasil continua como líder mundial na produção de açúcar, na safra passada produziu mais de 40 milhões de toneladas do produto, que representa 22% da produção mundial, além de responder por 44% das exportações do açúcar comum no mundo. Mesmo com esse importante papel no mercado açucareiro, inclusive como maior consumidor per capita – aproximadamente 55 kg por ano, o país ainda não possui representatividade na forma orgânica. O país ainda carece de produção em larga escala da versão orgânica, apenas quatro usinas nacionais adotam o sistema orgânico em seus canaviais para obtenção do produto, sendo que a maioria é destinada ao mercado interno.


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Califórnia aumenta número de unidades produtoras de etanol PATRICIA BARCI, DE RIBEIRÃO PRETO

Considerado o território mais promissor para o plantio de cana-deaçúcar nos Estados Unidos, o Estado da Califórnia vem se destacando nos últimos anos, pelas instalações de unidades produtoras de biocombustível nos Estados Unidos. No país onde, de acordo com informações do USDA – Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, quase 97% do etanol produzido é a partir do milho, a Califórnia produz etanol a partir da cana-de-açúcar, graças ao clima favorável. Um exemplo, da proliferação de plantas produtoras de etanol na Califórnia, é a Sweetwater Energy Group e a Pacific Ethanol Stockton, que anunciaram em dezembro do ano passado, um acordo de fornecimento de açúcar para a produção de etanol de segunda geração em uma unidade construída pela Pacific Ethanol Stockton. A unidade será capaz de produzir até 3,6 milhões de galões de etanol celulósico por ano. A Sweetwater Energia irá utilizar sua tecnologia patenteada, que utilizará resíduos agrícolas locais em uma solução de açúcar, para serem então convertidos em etanol nas instalações da Pacific Ethanol Stockton.

Lavoura de cana na Califórnia

Outra unidade, a Califórnia Ethanol Power, por exemplo, pretende produzir etanol de cana-de-açúcar e sorgo

sacarino. A primeira unidade ainda está em construção, mas estará pronta para inauguração possivelmente ainda em

2014, e já tem produção estimada de até 66 milhões de galões por ano, com baixa emissão de carbono.


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Governo californiano incentiva uso de biocombustíveis O Estado da Califórnia é um exemplo no que diz respeito ao incentivo ao uso de biocombustíveis entre os consumidores. O Governador da Califórnia, Jerry Brown, assinou há alguns meses, uma medida de lei chamada AB 8 que destina 2 bilhões de dólares em incentivos para encorajar a compra de veículos não poluentes e de baixo carbono. A medida também inclui incentivo na compra de veículos com emissões zero ou baixa emissão. O governo da Califórnia também incentiva as pesquisas na área. Uma delas, desenvolvida pelo Instituto Oceanográfico de San Diego, pretende produzir biocombustíveis, usando pequena algas marinhas, com um tipo de tecnologia mais eficiente e por um preço mais acessível. Esta pesquisa foi amplamente apoiada pelo Instituto Nacional de Saúde, pela Comissão de Energia da Califórnia, pelo Departamento de Pesquisa Científica da Força Aérea Americana, pelo Departamento de Energia e pela Fundação Nacional de Ciência, que acredita que este seja um passo importante no desenvolvimento de biocombustíveis alternativos. De acordo com dados da USDA e do site ethanolproducer.com, as unidades já existentes, em construção ou em processo de licenciamento são: The Green Fuel Association — Dorris, é uma planta piloto e produz 1,5 milhão de galões por ano, de biocombustíveis de melaço.

Aemetis Advanced Fuels Keyes Inc., produz 60 milhões de galões por ano, de biocombustível a partir de sorgo e milho. Calgren Renewable Fuels LLC,

produz 58 milhões de galões por ano, de biocombustível a partir de sorgo e milho. The Green Fuel Association-Corning, é uma planta piloto que produz 1,5 milhão

de galões por ano, de biocombustível de melaço. AltraBiofuels Phoenix Bio Industries LLC produz 32 milhões de galões por ano a partir de milho. California Ethanol & Power LLC, ainda em construção, já produz 66 milhões de galões por ano a partir de cana-de-açúcar. Greenbelt Resources- Paso Pilot Plant produz 60 mil galões por ano, a partir de resíduos agrícolas. Parallel Products of California produz 4 milhões galões por ano, a partir de resíduos agrícolas. The Green Fuel Association-Bieber é uma planta piloto e produz 1,5 milhão de galões por ano, a partir de melaço. Pacific Ethanol Madera LLC produz 40 milhões de galões por ano, a partir de milho. Pacific Ethanol Stockton LLC, em processo de licenciamento, já produz 60 milhões de galões por ano, a partir de sorgo e milho. Canergy, LLC, que ainda está em fase de licenciamento, está produzindo no momento, 30 milhões de litros de biocombustível celulósico, a partir de resíduos agrícolas. “Ainda estamos no processo de licenciamento do nosso projeto, mas esperamos que nossa licença saia até o segundo semestre deste ano, para começarmos a construção” afirma Tim Brummels, diretor executivo da Canergy, LLC. (PB)


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Unica aponta moagem abaixo da última safra Em Minas, safra 2014/15 deve ser 3% menor

Tanto no acumulado, quanto na segunda quinzena de abril, a moagem de cana-de-açúcar das usinas no Centro-Sul está abaixo dos volumes registrados no último ciclo. No primeiro caso, foram processadas 40,30 milhões de toneladas, contra 41,72 milhões apuradas em 2013. Já nos últimos quinze dias de abril, o volume atingiu 23,89 milhões de toneladas, valor 25,69% inferior ao valor registrado no mesmo período da safra 2013/14 (32,14 milhões de toneladas). O relatório divulgado pela Unica – União da Indústria de Cana-de-Açúcar indica ainda que apesar do clima mais seco vigente em março e abril deste ano, houve atraso no início de safra por muitas unidades produtoras. Em janeiro, a entidade verificou que haviam 256 usinas com planejamento de início das atividades até o final de abril. Entretanto, a quantidade efetivamente observada de 215 empresas foi inferior ao previsto e também está abaixo das 236 unidades em operação registradas na mesma data da safra 2013/14.

Várias unidades produtoras atrasaram o início da safra 2014/15

Antonio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da Unica, fala sobre o cenário canavieiro, lembrando que as usinas passam por um momento crítico. “Várias usinas postergaram o início de safra devido às condições climáticas, em alguns casos reduzindo a estimativa da oferta de cana. Outro fator adicional que contribuiu para

este início tardio das operações refere-se aos atrasos tanto na manutenção durante a entressafra – diante das dificuldades financeiras enfrentadas por diversas unidades produtoras – quanto na entrega de equipamentos pela indústria de bens de capital, que também sofre com a difícil situação do setor sucroenergético”.

Cerradinho moerá 4 milhões de toneladas

Unidade quer aumentar capacidade de moagem para gerar energia

A Usina Cerradinho Bioenergia, localizada em Chapadão do Céu, GO, iniciou sua safra no dia 4 de março, com expectativa de moer aproximadamente 4 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, número similar à safra passada. A produção estimada de etanol hidratado é de 345 milhões de litros. O produto é escoado até Paulínia, SP, pelo terminal de transbordo de etanol da América Latina Logística, em Chapadão do Sul, MS. A previsão é de contínuo crescimento na capacidade da usina. Segundo afirmação do presidente Luciano Sanches Fernandes, a usina receberá investimentos de até R$ 500 milhões. O objetivo é aumentar a capacidade de moagem para a geração de energia, produto com elevada demanda e baixa oferta atualmente no país.

Em 7 de maio, a Siamig – Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais divulgou sua estimativa para a safra 2014/15 de cana-de-açúcar. A região deve ter uma queda de 3% na moagem em relação ao último ciclo, totalizando 59,5 milhões de toneladas. A grave crise financeira e a drástica seca durante a entressafra estão entre os fatores de maior impacto. A produção de açúcar estimada é de 3,5 milhões de toneladas, 3% acima do fabricado no último ano. Já a produção total de etanol deve ser de 2,5 bilhões, valor 6% menor que a produção passada. De acordo com Mário Campos, presidente da Siamig, essa é a primeira vez que os mineiros produzirão mais etanol anidro, chegando a 1,279 bilhões de litros. Já a produção de hidratado está prevista em 1,252 bilhões de litros. Das 40 usinas mineiras, 26 já iniciaram a safra, com previsão de crescimento na área de corte de 7,6%. Já a produtividade será reduzida significativamente, em função da seca, de 79 toneladas de cana/h na safra 2013/14 para 70 tc/ha nesta safra.

Minas Gerais prevê esmagar 59,5 milhões de toneladas


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AO INFINITO E ALÉM! Colaboradores abandonam de vez o facão ao ser promovidos a funções diversas na lavoura ANDRÉIA MORENO, DA REDAÇÃO

Ao completar 30 anos do Levante de Guariba, onde trabalhadores exigiam melhores condições de trabalho, não há dúvida de que a mecanização proporcionou melhor qualidade de vida ao trabalhador. E hoje sem dúvida, o setor sucroenergético é um dos que mais possibilitam ascensão profissional e oportunidades para “crescer na vida”. A antiga função do “boia fria” deu lugar ao conforto das cabines das super máquinas da atualidade, com direito a arcondicionado. Quem assumiu o posto de operador de máquinas agrícolas conseguiu dobrar sua renda, pois a média salarial do cortador de cana girava em torno de R$ 1.200,00, e hoje, o operador de colhedora ganha em torno de R$ 2,5 mil. O setor transformou a vida de milhares de ex-funcionários do corte, como o alagoano Amaro da Silva, operador de colhedora de cana da Usina Barralcool. Em 2001, quando o ex-rurícola saiu de Alagoas, não imaginava o que lhe esperava nas terras distantes do Pantanal Mato-grossense. Sem rumo, e em busca de uma vida melhor entrou em um ônibus e partiu rumo ao Acre. No meio do

caminho quando avistou a cidade de Barra do Bugres (MT), depois de 52 horas de viagem, lembrou-se dos comentários de que ali seria um bom lugar para se ganhar dinheiro e decidiu descer. “Perdi todo o dinheiro do restante da viagem, mas sabia que poderia conquistar uma vida melhor. Em quinze dias arrumei emprego no corte de cana na Barralcool. Com três meses me chamaram para ajudante de maquinário e depois como operador de trator. Sonhava em ganhar dinheiro para ajudar minha mãe que mora no Nordeste”, completa. Até hoje o colaborador, além de ter conquistado seu grande objetivo pessoal de ter uma casa própria, se qualificou e já participou de mais de quatro cursos na área, oferecidos pela Usina. “Eu sei que essa oportunidade de pilotar uma colhedora mudou muito minha vida. Não há comparação entre o corte manual e mecânico, a diferença na qualidade de vida do trabalhador é muito grande. Fico feliz pela oportunidade que a Usina me deu. Consegui ajudar minha mãe e sempre mando dinheiro para ela, além de dar uma melhor qualidade de vida para minha família”, revela. Com o novo trabalho, em 2005 o operador conseguiu comprar uma moto zero km. Posteriormente ele trocou a moto em um terreno, com pequena diferença à vista. “Lá havia uma casa de tábua. Aos poucos consegui construir uma casa de alvenaria e comprei um carro zero à vista. A cada dia luto para retribuir a força que a empresa me deu. Digo com orgulho que a mecanização melhorou minha vida em todos os sentidos”, reforça.

Amaro e a esposa, na casa própria e confortável, em fase final de construção


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General começa como trabalhador e chega a coordenador Na década de 90, quando o atual coordenador de trabalhador rural da Usina Barralcool, Vanderley dos Santos, conhecido como General, iniciou seu trabalho na Barralcool como trabalhador rural, tinha em mente o objetivo de crescer na vida e enxergou essa oportunidade na Usina mato-grossense. “A vontade de crescer era tão grande que para treinar a caligrafia, mantinha correspondências por meio de um programa de rádio e, ao me apresentar dizia que era fiscal de campo. Eu pensava que se não tivesse um cargo como esse, não iriam responder minhas cartas. Permaneci como cortador de cana por apenas três meses e em 2005, depois de ter desenvolvido outras funções no campo, fui promovido para coordenador dos rurícolas porque gosto de estar no meio das pessoas, acho que tenho esse dom de lidar com pessoas”, lembra. Até 2006, General chegou a liderar até 3 mil pessoas, ainda no advento do corte manual de cana e depois tudo mudou. “Sempre estive envolvido nas contratações, principalmente com a mecanização e me envolvia com outras funções como motorista, operador de máquina, líder de operador. Preenchi o cadastro de um dos primeiros operadores de colhedora contratados aqui e depois ele acabou

ajudando a treinar outros colaboradores”, reforça. Com o advento da mecanização, as conquistas foram muitas. Conseguiu comprar um carro zero km, uma casa e ter uma vida digna dentro dos padrões do interior. “O pouco que tenho conquistei trabalhando nessa empresa. Sonhava em tirar um carro novo na agência e ser o primeiro a sentar no banco e realizei esse sonho em 2010. Graças ao emprego vieram as conquistas e as realizações. Mas minha primeira realização foi comprar uma moto zero km e minha casa. Tenho um sentimento de realização por ter me dedicado na vida. Agradeço a Deus e os diretores por dar oportunidades. Sou grato ao gerente Marcos Beletti, que me deu esse espaço e me ensinou o que sei hoje. Agora desejo cursar uma faculdade de administração de empresas”, enfatiza. General fez curso técnico de administração e alguns cursos internos e já iniciou um curso universitário. O dom de liderar e estar no meio das pessoas adquiriu desde a juventude, quando no interior do Mato Grosso, aos 15 anos, lecionou em uma escola de ensino fundamental por seis meses. “Daí em diante queria algo voltado à área administrativa e na empresa me realizei dentro do escritório. Sair do corte manual e lidar com gente foi maravilhoso pois pude realizar meus desejos pessoais e fazer o que gosto”, comenta. (AM)

Vanderley dos Santos: caligrafia treinada por correspondência

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IMPACTO SOCIAL

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Volta às aulas Aos 18 anos, Wilton Campos, operador de colhedora da Usina Pitangueiras, saiu do Sudeste de Minas Gerais, e foi tentar a vida na região de Bauru (SP) em busca do sonho de ter uma habilitação e comprar sua tão sonhada moto. Foi nesse momento que começou a cortar cana e a ter sua renda pessoal. Com o passar dos anos, foi trabalhar na Usina Pitangueiras, no interior de São Paulo. E hoje, trabalhando na mecanização da colheita, sua vida deu uma reviravolta, pois voltou a frequentar a escola. “Com o corte manual eu chegava muito cansado e não tinha ânimo para realizar simples tarefas do dia a dia, mas há quatro anos tudo mudou. Recebi uma chance da Usina Pitangueiras, para sair do corte manual e ser operador de colhedora e assim minha carreira deslanchou. Fiz um curso pago pela Usina no Senai de Ribeirão Preto e me senti motivado a concluir os estudos. Agora curso supletivo em outra cidade, em Bebedouro”, diz. Atualmente, com 34 anos, Campos pretende seguir adiante até a faculdade. “Quero ter um diploma universitário relacionado a área agrícola. Comecei 2011 com o pé direito, na mecanização e aos poucos estou realizando meus sonhos. Até um curso técnico para minha esposa eu pude pagar, pois agora consigo planejar meus objetivos. Antes, como trabalhamos por produtividade, o salário variava muito principalmente quando chovia, não conseguíamos cortar muita cana”. Para ele o corte manual não foi novidade, pois sempre trabalhou na lavoura e com o gado da família, que morava em sítio. “Trabalho na roça desde os oito anos. Meu pai foi contra minha ida para São Paulo, mas queria muito conquistar minha habilitação e ele concordou com o tempo. Agora com a colheita mecanizada pude comprar meu terreno, ter carro e moto e mobiliar minha casa, pois meu salário ganhou um incremento de até R$ 1 mil por mês e com uma melhor qualidade de vida, pois só vou ao médico para fazer check up. Hoje tenho prazer de estudar e motivação total no fim do dia”, diz. De acordo com ele, ainda quando era cortador de cana, caminhava na lavoura e se perguntava se um dia seria capaz de pilotar a colhedora. “No começo só via pela televisão, depois comecei a ver as máquinas no campo e imaginar se também poderia ter um trabalho daquele. Sinto-me satisfeito e muito feliz, gosto de colhedora de cana. Agradeço a oportunidade da Pitangueiras por ter acreditado em mim”, lembra. Por causa da mecanização, Amaro da Silva, operador

Wilton Campos, do canavial das Alagoas para colhedoras em Pitangueiras

de colhedora da Usina Barralcool, também se sentiu motivado a voltar às aulas. “Estudei apenas até a quarta serie do ensino fundamental, e voltei a estudar há quatro anos e agora estou terminando o ensino médio”. Wilton explica que quando saiu de Alagoas não tinha estudo e nem tinha disposição para isso, por causa do

cansaço causado pelo corte manual de cana. “Antes eu só queria descansar. Valeu a pena ter conquistado esse novo cargo. Sinto-me sinto muito orgulhoso e tenho certeza que foi muito bom mecanizar a colheita, pois melhorou a saúde da população e do trabalhador, além de ter melhorado o clima”, finaliza. (AM)


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USINAS

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Grupo São Martinho adquire Usina Santa Cruz Unidade goiana Em tempos de crise, a maioria das empresas diminuem os investimentos e procuram formas de enxugar os custos. Mas, nesta época também, surgem as que buscam aproveitar o momento e expandir seu patrimônio. É o caso do Grupo São Martinho, que acaba de assumir o controle da usina Santa Cruz, localizada em Américo Brasiliense, SP. Em outubro de 2011, a empresa já havia entrado no capital da Usina Santa Cruz, com uma participação de 32,5%. Agora, em uma transação que envolve assunção de dívidas e venda de terras, a São Martinho agregará uma participação adicional de 56,05%, totalizando 92,14% da nova controlada. A aquisição foi fechada por R$ 315,8 milhões, além de transferir dívidas equivalentes a R$ 365,4 milhões. Fábio Venturelli, presidente da São Martinho, falou ao Valor Econômico sobre a transação. “Agora, com o controle, conseguiremos implementar uma gestão agrícola e capturar mais sinergia. Há uma

incrementa renda com bioeletricidade

Usina Santa Cruz

intersecção entre os canaviais da Santa Cruz e das nossas outras unidades. Em alguns casos, pode ser mais vantajoso trocar cana entre as unidades. Mas isso só será possível agora, com o controle”. A operação deve ser fechada em

agosto, e a partir daí, a São Martinho aumentará sua capacidade instalada de 17 milhões de toneladas por safra para cerca de 20 milhões de toneladas. Na safra 2013/14, a Santa Cruz processou cerca de 4,5 milhões de toneladas de cana.

Empresa alemã negocia ativos da Bunge O rumor de que a empresa alemã Südzucker, maior produtora de açúcar da Europa, negocia a aquisição de usinas no Brasil, movimenta o mercado. Especula-se que o alvo das operações é a Bunge, que há pouco tempo anunciou uma nova estratégica de suas operações, deixando em aberto a possibilidade de venda da usina de açúcar e etanol, que comprou há quatro anos, por US$1,4 bilhão. O grupo está entre as líderes no processamento de cana do Brasil e opera oito usinas com capacidade combinada de aproximadamente 21 milhões de toneladas/ano. De acordo com Claudiu Covrig, analista de mercado agrícola da Kingsman e a Platts Mcgraw Hill Financial, as negociações ainda não podem ser confirmadas. Informações divulgadas pelo Valor Econômico nesta

Südzucker negocia a aquisição de usinas no Brasil

manhã dizem que Thomas Kohl, diretor financeiro do grupo alemão Südzucker, revelou recentemente que a empresa tem

fluxo de caixa para novos investimentos. “O Brasil ainda é um mercado interessante para nós”, afirma Kohl.

Em Chapadão do Céu, sudoeste de Goiás, a Cerradinho Bioenergia (CerradinhoBio), usina com capacidade para moer 4 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por safra, tem conseguido incrementar o caixa através dos bons resultados a partir da produção de bioeletricidade. Na safra 2013/14, a caldeira começou a funcionar, após a manutenção da entressafra, com antecipação de 15 dias para alavancar a produção de energia. De acordo com a empresa, a meta inicial já foi superada em 8% – dos 190 mil MWh previstos na safra 2013/14, foram produzidos 205 mil MWh. E o excedente foi negociado a preços até quatro vezes maiores do que os normalmente pagos no mercado regulado através de leilões da Aneel – Agência Nacional de Energia Elétrica. Atualmente, cerca de 80% da eletricidade exportada está comprometida em contratos de longo prazo no mercado regulado – a um preço médio de R$ 200,00 o MWh, em valores do início de 2014. O excedente foi negociado no mercado à vista, cujo preço médio – ao longo da última safra – atingiu um patamar 75% maior, R$ 350,00 o MWh. “Esse preço médio do spot foi puxado pelas vendas a preços recordes no fim da safra 2013/14, explica Gustavo de Marchi, diretor da empresa. O saldo foi um incremento de receita significativo que deverá ser reinvestido no parque industrial. “Pretendemos focar os investimentos da Companhia no aumento da cogeração que tem contribuído positivamente para o resultado”, completa o presidente da CerradinhoBio, Luciano Sanches Fernandes.


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‘Em vez de cana, estamos moendo usinas’ Para Mônika Bergamaschi, rolo compressor está esmagando empregos e as indústrias de base ALESSANDRO REIS, DA REDAÇÃO

Governo e setor se enfrentam em um cabo de guerra invisível, onde provavelmente a corda deve estourar para o lado sucroenergético. Isto, porque, a indústria de etanol sofre com um problema de preços pagos pelo biocombustível, graças a uma política equivocada que mantém o preço da gasolina, tirando a competitividade do etanol na bomba dos postos de combustíveis.

Monika Bergamaschi pede políticas que estimulem a produtividade

Guido Mantega: setor tem que aumentar a produtividade e reduzir custos

Para remediar a situação, em meados de abril o ministro da Agricultura, Neri Geller, anunciou que pode adotar medidas de incentivo à produção de etanol. Segundo ele, a área econômica e a agrícola do governo estão estudando o que pode ser feito para estimular o setor. Ele evitou revelar detalhes, mas indicou que o diálogo com o Ministério da Fazenda, Guido Mantega, com quem se reuniu à época é mais amplo do que reduzir impostos para melhorar a competitividade do etanol ante a gasolina nos postos de combustíveis. Dias depois, Mantega deixou o clima mais tenso, ao declarar que o setor precisa melhorar sua gestão para superar a crise, reiterando, em sua visão, que o governo oferece toda ajuda necessária para os produtores. “Esse setor tem que aumentar a produtividade, tem que procurar reduzir o custo, daqui a pouco teremos uma nova geração de etanol”, disse. Em resposta, a Unica – União da Indústria de Cana-de-Açúcar divulgou nota no dia 29 de abril. “Trata-se de mais um raciocínio distorcido, a exemplo de outras explicações incompletas lançadas nos últimos dias por integrantes do governo e pela presidente da Petrobras”. De acordo com a entidade, mesmo com as várias reuniões realizadas em Brasília e debates por todo o país, o governo insiste em não assumir a real situação do setor. Durante a Agrishow, a Secretária da Agricultura a Abastecimento do Estado de São Paulo, Mônika Bergamaschi, também refutou as afirmações do ministro Mantega. “Em vez de moermos cana, estamos moendo usinas, os empregos e as indústrias de base”, enfatizou. Para Mônika, é difícil que o setor supere a crise sem políticas que estimulem a produtividade de toda a cadeia. “Necessitamos de uma reforma rápida, para que tire essa miopia sobre o setor, e assim tenhamos de novo o etanol, o açúcar e a energia limpa no patamar que merecem”, concluiu.


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Câmara aprova subsídio para canavieiros nordestinos

Pequenos produtores de biocombustível podem receber auxílio do FAT Está em discussão na Câmara dos Deputados, em Brasília, o Projeto de Lei 6120, de autoria da deputada Sandra Rosado (PSB – RN). O projeto destina recursos do FAT – Fundo de Amparo ao Trabalhador, aos pequenos produtores de biocombustível. A prioridade será dada às cooperativas vinculadas ao PronafPrograma Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar. Serão destinados 3% do fundo para esse fim, há preocupação em destinar 28% do recurso total para municípios com IDH

a baixo de 0,6, classificados como Muito Baixo e Baixo, segundo a ONU. O objetivo do projeto, conforme divulgado pela assessoria de imprensa da Câmara, é fortalecer as pequenas propriedades espalhadas pelo país. A tramitação da proposta já está em caráter conclusivo. Passará ainda por análises, por mais seis comissões, antes de ser aprovada: Minas e Energia; de Trabalho, de Administração e Serviço Público; de Finanças e Tributação e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

No último dia 20 de maio, a Câmara dos Deputados aprovou a subvenção aos canavieiros nordestinos referente a safra passada, na Medida Provisória 635. No fechamento desta edição, a medida seguia para apreciação do Senado (que provavelmente a ratificaria) e depois para sanção presidencial. Para quem acompanhou de perto a votação, o clima foi tenso, pois alguns deputados pediram a retirada dos artigos 10 e 11 sobre a subvenção, contidos na MP, sob alegação de ser matéria estranha à medida. Mas o deputado Pedro Eugênio (PT-PE) entrou de imediato com um recurso na Mesa Diretora da Câmara, a favor dos artigos, justificando a manutenção dos mesmos na Tribuna da Casa Deputado Pedro Eugênio, de PE: uma questão de justiça Legislativa, por se tratar de uma justiça com o setor canavieiro, vítima da seca. Renato Lima. Antes, porém, os dirigentes A movimentação na Câmara dos se reuniram com o ministro da Previdência Deputados foi acompanhada pelos Social, Garibaldi Alves. A reunião teve presidentes das associações de plantadores como meta solicitar apoio ao ministro para de cana dos estados de Alagoas, Lourenço sensibilizar a presidente Dilma Rousseff a Lopes, de Pernambuco, Alexandre sancionar a MP 635, após aprovação no Andrade Lima, e do Rio Grande do Norte, Senado.


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Presidenciáveis mais cotados tentam se aproximar do setor sucroenergético ANDRÉ RICCI, DA REDAÇÃO

íderes do setor sucroenergético concordam que em 2014, por se tratar de um ano eleitoral, mudanças significativas no mercado de combustíveis, por exemplo, é algo inviável. Contudo, em 6 de maio, a presidente Dilma Rousseff (PT) adiantou que, caso se mantenha no cargo, nem em 2015 as coisas tendem a mudar. Em jantar no Palácio da Alvorada, com dez jornalistas, a petista falou sobre os problemas enfrentados pela Petrobras, incluindo a política de preços estabelecida. “Gostaria que me mostrasse a conta. Diz-me o que está defasado. Está defasado em relação a quê?”, declarou a presidente, referindo-se ao preço do combustível fóssil, praticamente estagnado há anos. A prática tem feito com que o setor sucroenergético, produtor de etanol, sinta na pele os efeitos. Em função da defasagem, os rendimentos financeiros seguem caindo, culminando em queda de investimentos, desemprego, entre outros graves problemas. “Não existe lei divina que determine que a gasolina brasileira deve flutuar de acordo com o mercado internacional. O preço do petróleo no Brasil não está ligado ao preço internacional e não tem de estar”, afirmou Dilma. Adriano Pires, diretor do CBIE – Centro Brasileiro de Infraestrutura, por diversas vezes afirmou que a volta da Cide – Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico sobre a gasolina seria um alento aos produtores canavieiros. Mas, ao que parece, Dilma não concorda. “Sempre digo que previsibilidade é a chave do negócio. A volta da Cide traria maior estabilidade ao mercado. Mas como pensar nesta possibilidade se ela indica aumento da gasolina, que pode trazer inflação e, consequentemente, queda na popularidade? Infelizmente, o governo foi muito incompetente na política de energia do Brasil”.

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DILMA X AÉCI

Dilma Rousseff: “setor está defasado em relação a quê?”

Aécio Neves: se eleito, serei interlocutor


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CIO X CAMPOS GEORGE GIANNI

direto com o setor, podem me cobrar

Eduardo Campos trabalha para diminuir rejeição a Marina Silva

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Aécio chama a responsabilidade: podem me cobrar “Podem me cobrar no futuro. Em relação ao setor sucroenergético, o interlocutor direto será o Presidente da República caso eu seja eleito”. Com essas palavras o senador Aécio Neves (PSDB) encerrou a coletiva de imprensa durante sua passagem pela 21ª Agrishow – Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação, em 30 de abril. Neves falou sobre as medidas que precisam ser implementadas, além de dizer que o segmento apenas se mantém em função do árduo trabalho dos produtores. “Não podemos falar em fracasso do setor sucroenergético em função do esforço e do talento das pessoas que têm se dedicado a este trabalho. Precisamos de linhas de crédito que funcionem, política de preços clara e transparente em relação aos combustíveis, além de garantias de estímulos para quem venha empreender. Não podemos trabalhar com insegurança e sazonalidade”, declarou. Por fim, reiterou a importância do segmento no país. “O setor sucroenergético é uma prioridade no Brasil, que não pode depender apenas do combustível fóssil”, finalizou. O presidenciável Eduardo Campos, por sua vez, ainda tenta diminuir a má impressão causada pela virtual candidata a vice, Marina Silva, por ter dito que o setor desrespeitaria o meio ambiente. “Nossos pontos de convergência em todo o agronegócio são muitos mais”, observou. (AR)


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POSSÍVEL AUMENTO DA MISTURA CAUSA DIVERGÊNCIAS ANDRÉ RICCI, DA REDAÇÃO

Dentre as possibilidades de alavancar o setor neste ano o aumento da mistura de etanol anidro na gasolina é a mais viável. O aumento de 25% para 27,5% traria fôlego tanto para a Petrobras quanto ao setor sucroenergético, uma vez que estamos em ano de eleição e dificilmente ações efetivas, como a volta da Cide - Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico sobre a gasolina serão tomadas. De um lado, a Petrobras acumula prejuízos mês a mês, haja visto que o preço da gasolina se mantém praticamente congelado desde 2006, com uma defasagem de até R$ 0,25 em relação ao valor pago na importação.

Do outro, o setor canavieiro perdeu competitividade nos postos, contribuindo para uma das piores crises do segmento. “Para competir no mercado, o etanol hidratado está sendo vendido abaixo do custo de produção, mas isso só agrava o balanço financeiro das usinas”, diz Mário Campos, presidente da Siamig - Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais. Luiz Moan, presidente da Anfavea – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, chegou a dizer que o aumento poderia trazer prejuízos ao consumidor. A Unica - União da Indústria de Cana-de-Açúcar, autora da proposta, contesta o representante. Faz parte das dúvidas do governo, também, se o setor teria capacidade de

produzir tanto etanol excedente. Caso seja aceito, o aumento da mistura significará uma demanda adicional de álcool anidro de 1 bilhão de litros por ano, conforme estimativas iniciais. Cid Caldas, coordenador-geral de açúcar e etanol do Ministério da Agricultura, explica que a política de venda de anidro, feita por meio de contratos fechados com as distribuidoras de combustível, estimula a fabricação do produto. “Como o etanol anidro tem de ser contratado pelo distribuidor, isso dá segurança para o produtor”. De acordo com a estimativa da Conab Companhia Nacional de Abastecimento, a produção de anidro deve crescer 8,71% na safra 2014/15.

Luiz Moan, presidente da Anfavea:

Arnaldo Jardim: alteração não

aumento traria prejuízos ao consumidor

trará problemas ao consumidor

Cid Caldas, do Mapa: política de venda

Mendes Thame: mistura maior beneficiará

do anidro estimula sua fabricação

ambiente, sociedade e economia

Haverá luz no fim do túnel? Em 14 de maio, foi aprovado por uma comissão mista do Congresso Federal a emenda referente a Medida Provisória (MP) 638/14, autorizando o aumento do teto de percentual do álcool anidro na gasolina para 27,5%, desde que órgão do governo aceite a viabilidade técnica do aumento. De acordo com o deputado federal, Arnaldo Jardim, este foi apenas o primeiro passo em busca da medida que pode trazer maior competitividade ao setor canavieiro. “Agora, seguimos com o projeto para a Câmara dos Deputados, depois para o Senado, e por fim, lutaremos pela sanção da presidente”, explica. Jardim, que preside a Frente Parlamentar pela Valorização do Setor Sucroenergético, lembra que estão sendo agendados seminários com especialistas para que o tema seja debatido. “Queremos mostrar ao governo que a alteração não trará problemas ao consumidor. Para isso, contamos com a ajuda do Fórum Nacional Sucroenergético. As ações estão sendo bem alinhadas”. A alteração no percentual de mistura pode trazer benefícios não apenas no âmbito ambiental, mas também, social e econômico. É o que defende o também deputado federal, Mendes Thame. “Esse aumento tem como objetivo, além de contribuir para a saúde pública, estimular o setor a continuar expandindo as suas atividades em todas as fases da cadeia produtiva”. De acordo com a presidente da Unica União da Indústria de Cana-de-Açúcar, Elizabeth Farina, as conversas com os ministérios sobre o aumento seguem desde o fim de 2013. Para que seja realizado ainda em 2014, é preciso agilidade. "Se for para implementar este ano, estamos correndo contra o tempo, há todo um planejamento de uso da safra, de contratação, mas acho que primeiro temos que focar na aprovação da medida”, afirmou. (AR)


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Mistura não prejudicará os motores, garante especialista ANDRÉ RICCI

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ANDRÉIA MORENO,

DA REDAÇÃO

A Unica - União da Indústria de Cana-de-Açúcar rebateu as declarações de Luiz Moan, presidente da Anfavea Associação Nacional dos Fabricantes e Veículos Automotores de que o aumento da mistura de etanol anidro na gasolina, de 25% para 27,5%, trará prejuízos ao consumidor. A Anfavea elaborou um estudo, a ser entregue ao governo, de que há possibilidade de maior desgaste nos componentes metálicos e de borracha nos carros a gasolina - que representam hoje 38% da frota circulante do país -, além de dificuldade na partida. A entidade explica que não há risco de desgaste das peças, pois são produzidas com ampla tolerância. Entre outros itens, contesta também a afirmação de que a medida vai gerar aumento de 20% nas emissões de aldeídos e de 75% nas de NOx (óxidos de nitrogênio). De acordo com a Unica, possíveis aumentos de emissões ficariam em torno de 15% para aldeídos e abaixo de 20% para o NOx. “Juntos, os impactos ambientais positivos com a mistura de 27,5% superam largamente o eventual aumento de emissões que poderia ocorrer”, diz em nota. Francisco Nigro, considerado um dos pais do carro a álcool, atual professor da Escola Politécnica da USP - Universidade

Francisco Nigro: diferença é pequena e os motores se adaptam

de São Paulo, afirma que 2,5% a mais de etanol representa a perda de 1% de consumo em geral. “Não acho que irá

prejudicar os veículos. Você apenas levará 99% da energia que levava antes, mas não prejudica em nada. Em termos de

desgaste de motor, não há problemas”. Nigro explica que a quantidade de energia perdida, do ponto de vista do funcionamento de motor, não levanta suspeita sobre desgaste. “As montadoras fazem material para ser resistente ao etanol e fazemos isso há muito tempo. A diferença é pequena e os motores se adaptam. O gasto é quase imperceptível”, afirma. Apesar de afirmar que em linhas gerais não causaria nenhum dano, Renato Romio, chefe da Divisão de Motores e Veículos do Centro de Pesquisas do Instituto Mauá de Tecnologia, diz que a questão não é tão simples. Ele explica que os carros são ajustados com certa tolerância ao teor de álcool na gasolina, mas não se sabe o limite deste procedimento. “Isso varia de fabricante, modelo e ano de fabricação. Hoje não se discute a tolerância dos carros flex. Já os carros dos anos 90 de injeção eletrônica até 2000, podem apresentar alguma falha de funcionamento ou no controle de emissão de poluentes. Mas, a grosso modo, não vejo problemas”, revela, ao afirmar que é preciso fazer alguns testes para a plena certeza. O aumento da mistura segue em análise. A ideia, segundo o governo, é diminuir o impacto do preço da gasolina nas bombas e ajudar os produtores de cana-de-açúcar, que, de acordo com a Unica, podem perder até 50% das exportações de etanol anidro para os Estados Unidos neste ano.

SETOR É CAPAZ DE SUPRIR MAIOR DEMANDA ANDRÉ RICCI, DA REDAÇÃO

Luiz Carlos Corrêa Carvalho, presidente da Abag – Associação Brasileira do Agronegócio, não acredita no aumento da mistura de etanol anidro na gasolina. Este tem sido um dos principais pleitos do setor sucroenergético, que passa por uma grave crise e luta por políticas públicas favoráveis a energia renovável. “Acho o governo míope. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, só pensa na inflação, que aliás, chegou neste ponto em decorrência do atual modelo de gestão. Não acredito no aumento”, afirmou Caio, como também é chamado, durante a cerimônia de abertura da Agrishow – Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação, no fim de abril, em Ribeirão Preto, SP. O aumento significaria uma demanda adicional de álcool anidro de aproximadamente 1 bilhão de litros por ano. De acordo com avaliação da consultoria Canaplan, a quebra de produção na região Centro-Sul deve girar em torno de 9,5% na safra 2014/15, totalizando 540 milhões de toneladas. Questionado sobre a capacidade de produção do setor, Caio explica. “A

Luiz Carlos Correa Carvalho: com política pública definida a safra sempre será alcooleira

produção de etanol anidro é feita através de contratos firmados entre as distribuidoras e os produtores, via regulação da ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. Seja qual for a mistura, existem multas para quem não os cumpre. Se o governo trabalhasse de maneira correta, com uma

política pública definida, naturalmente a safra seria alcooleira”. No fim de abril, também, Guido Mantega, disse que apesar de sempre ser “possível”, o governo não cogita elevar a mistura do etanol na gasolina neste momento. Em relação aos preço dos

combustíveis, ele lembra que o início da safra de cana no Centro-Sul deve fazer com que a oferta de etanol aumente, contribuindo para a redução dos valores nos postos. “Estamos começando a safra do etanol. No auge, ela causará a redução do preço do etanol e também dos combustíveis”, afirmou.


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Treinar pessoas é ordem para sobreviver, expandir e inovar Empresas com profissionais bem preparados enfrentam melhor problemas gerados pela crise RENATO ANSELMI,

DE

CAMPINAS, SP

Os programas de capacitação de pessoas precisam ser desenvolvidos de maneira permanente. Não devem ser interrompidos em momentos de dificuldades, iniciados ou retomados apenas em situações de euforia. É necessário treinar sempre para que a empresa tenha condições de superar dificuldades, expandir seus negócios ou mesmo entender e aproveitar as oportunidades proporcionadas pelas inovações tecnológicas. As unidades e grupos sucroenergéticos que contam com profissionais bem preparados, com boa produtividade, apresentam – da mesma forma que empresas de outros segmentos – melhores condições para enfrentar os problemas gerados pelos períodos de crise setorial ou conjuntural. Mas, não é só isto. “Quando o setor superar a crise e voltar a crescer, vai ter uma alta demanda por mão de obra especializada e cara, o que inflacionará ainda mais o custo com folha de pagamento”, prevê Jorge Ruivo, diretor da Wiabiliza Soluções Empresariais. Segundo ele, haverá necessidade de profissionais

preparados e prontos. As empresas precisarão fazer uma busca no mercado para contratarem essas pessoas e deverão oferecer uma remuneração mais elevada em relação aos salários recebidos por esses profissionais em seus empregos. “Ninguém troca seis por meia dúzia”, constata. Isto ocorreu inclusive na expansão do setor antes do período de crise. Essa situação gera problemas em relação ao equilíbrio da remuneração interna, provocando um grau de insatisfação enorme na empresa e, consequentemente, perda de entusiasmo, de comprometimento e de produtividade, avalia. As usinas precisam também se preocupar com a qualificação de seus profissionais, tanto na área de gestão como na operacional, para lidarem com as novas tecnologias voltadas, por exemplo, à produção de etanol de segunda geração e de bioquímicos. “É preciso ter gente mais qualificada, com visão mais aberta”, afirma. Na opinião de Jorge Ruivo, as usinas não estão se preparando e nem criando uma “inteligência” para lidar com essa nova situação. “A fabricação desses produtos, que apresentam maior valor agregado, é estratégica”, observa. Há poucos grupos atualmente preocupados em considerar a inovação tecnológica como uma dos temas de seus programas de treinamento e de capacitação de pessoas. “Existe a necessidade de executivos e gestores que tenham desenvoltura, conheçam o mundo fora da empresa, e não só o mundo da empresa e que tenham uma visão ampla de mercado e de negócio”, afirma.

Treinamento na Usinas Itamarati: preparação para aumento da demanda pós-crise

Coaching muda comportamento do profissional no trabalho Um recurso importante para o treinamento de executivos é o coaching. De acordo com Jorge Ruivo, existem dois tipos de coaching. Um deles é o empresarial que conta com um profissional (coach) do mesmo nível do cliente (coachee), ou seja, uma pessoa com experiência como superintendente atende um superintendente. “Esse profissional já ocupou a posição do cliente, fala de igual para igual, sabe estrategiar tanto quanto ele e por isso dará uma série de alertas e de metodologias que vai ajudá-lo a se organizar e a planejar a sua atividade de forma muito mais consistente e tranqüila em relação ao que faz hoje”, afirma. O coaching é também uma opção interessante, em diversos casos, para o profissional que ocupa cargos de gerência. Ele vai usar tudo aquele que aprender para o aprimoramento de sua atividade e do negócio – destaca. Além do empresarial, há o coaching comportamental. Esse treinamento é para o profissional mudar o comportamento no trabalho que deve ser adequado e alinhado às demandas que o cargo dele exige. “A gente mapeia a necessidade desse profissional, define os pontos de maior impacto e aborda no coaching essas questões”, esclarece. É um treinamento individual que apresenta um ótimo resultado para o trabalho do dia a dia. O profissional aprende a trabalhar melhor sob pressão, a ter alto nível de negociação e a desenvolver articulação e relacionamento internos diferenciados – exemplifica. “O coaching é a customização do treinamento”, enfatiza. (RA)


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Programas de capacitação reduzem custos da folha de pagamento Contratação de maior número de pessoas tornase necessária quando há baixa produtividade devido à falta de treinamento adequado “Toda vez que tem uma crise, o que as usinas fazem é cortar capacitação, desenvolvimento, treinamento. Infelizmente, essa é uma realidade”, constata Jorge Ruivo. Nos períodos em que existem condições mais favoráveis, as usinas realizam investimentos e, eventualmente quando ocorre uma nova crise, como a que está acontecendo atualmente, há uma redução ou até mesmo a interrupção de programas de treinamento – detalha. A área comportamental é a mais visada quando há a realização de cortes, observa. “Na área operacional, permanece aquilo que é estritamente necessário”, afirma. Em diversos casos, a parada ocorre de maneira abrupta. Em consequência disto, a empresa acaba perdendo todo o investimento que estava sendo realizado. Na retomada do programa de capacitação de pessoas após seis meses ou um ano – exemplifica –, fica difícil resgatar tudo o que foi feito. O empresário deve ter a visão de que o

Treinamento na Usina Nardini

bom desempenho do seu negócio depende também de um grupo de profissionais bem preparados. “Em uma crise, se ele tivesse gente muito boa, talvez a empresa saísse muito mais rápido dessa situação do que normalmente acontece”, compara o diretor da Wiabiliza. “Se as empresas fizessem uma relação entre treinamento e custo da folha de pagamento, concluiriam que seria possível reduzir muito esse custo se tivessem mais

gente capacitada, comprometida, com visão mais ampla e que trabalhasse com entusiasmo”, compara. Segundo ele, o desenvolvimento de profissionais por meio dos treinamentos visa também a racionalização e a otimização das atividades. A partir disso, é possível aumentar a produtividade e, consequentemente, diminuir a quantidade de pessoas. “Se a empresa tem a possibilidade de fazer mais com menos, consegue reduzir

custo com a folha de pagamento”, enfatiza. Sem treinamento e desenvolvimento, existe a necessidade de maior número de profissionais, pois eles apresentam baixa produtividade devido à qualificação inadequada. Com os encargos sociais elevados no país, os problemas de produtividade e de qualidade dos serviços, os custos aumentam de maneira significativa – ressalta. (RA)

Maioria das usinas e destilarias não tem plano de sucessão Aproveitamento interno de funcionários para a direção, média e alta gerência é muito pequeno “O gestor deve estar preparado para treinar pessoas, fazer sucessores, porque não pode ficar refém de nenhuma gerência”, comenta Jorge Ruivo. De 60% a 70% das usinas e destilarias não têm um plano de sucessão – calcula. De acordo com ele, poucas unidades contam com um programa nessa área bem conduzido e bem trabalhado. Diversas usianas não têm uma pessoa na equipe que consiga substituir um executivo – devido à mudança de emprego, aposentadoria, doença, etc –, de uma hora para outra, sem que ocorra perda de qualidade no desempenho da função, detalha. O aproveitamento interno de funcionários para a direção, média e alta gerência é muito pequeno – revela. Jorge Ruivo observa ainda que o executivo acaba tendo uma jornada diária de trabalho muito longa por causa da necessidade de atender uma demanda elevada. “Muitos executivos chegam a trabalhar 10, 12 ou até 14 horas por dia. Isto não é normal. Tem alguma coisa errada. Essa situação acontece, porque ele

não tem com quem dividir suas atividades”, explica. A Wiabiliza está inclusive planejando a realização de uma pesquisa, ainda este ano, que vai avaliar o nível de estresse dos executivos que está “altíssimo” – comenta.

Preocupada com a preparação adequada de executivos, a Wiabiliza estará disponibilizando uma sala de treinamento voltada à qualificação desses profissionais em sua nova unidade, mais ampla, em Ribeirão Preto, SP. “É preciso treinar esse

executivo para que ele faça o seu gestor ser mais gestor e menos operacional”, diz. “O empresário, o CEO (Chief Executive Officer), o superintendente não percebem. em diversas ocasiões, que mesmo ocupando uma posição muito alta, acabam fazendo o que o subordinado teria que entregar, teria que fazer, mas não faz. Ocorre mais ou menos assim: o presidente vira diretor, o diretor vira gerente, o gerente vira coordenador, o coordenador vira supervisor “, observa. Essa situação é consequência da falta de desenvolvimento de pessoas – ressalta. Agindo dessa maneira, o papel do executivo deixa de ser estratégico, pois ele acaba entrando na operação para que seja possível dar conta de determinada demanda. “Fica uma reação em cadeia. Profissionais muito caros acabam realizando atividades operacionais”, afirma. Não adianta só alguns executivos estarem preparados se a equipe de gestores não tiver qualificação adequada. “O treinamento e a capacitação de pessoas precisam começar de cima para baixo – e não ao contrário. É necessário sensibilizar o executivo maior para que ele tenha um grau de cobrança dos outros níveis. Ele deve motivar a sua equipe a se desenvolver também. Se o principal executivo não é motivado para fazer isto, ele não vai motivar nem cobrar", diz. (RA)


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ENTREVISTA — Luiz Carlos Dalben, produtor de cana da região de Lençóis Paulista, SP

Cinco perguntas para Luiz Carlos Dalben ANDRÉIA MORENO, DA REDAÇÃO

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Quanto foi investido no seu sistema de recolhimento de palha? Investi cerca de R$ 2 milhões em três anos. Hoje uma enfardadora gira em torno de R$ 500 mil. Fiz diversas viagens ao exterior para conhecer o sistema, e conseguimos vencer várias dificuldades técnicas. Ajudamos a desenvolver a enfardadora de palha da cana que não existia antes no país. Hoje vendo em torno de 16 mil toneladas por ano e forneço para um grupo da região de Lençóis. O próximo passo é utilizar uma enfardadora que já tritura palha, que custou em torno de R$ 600 mil. Quais as vantagens da palha da cana? Para se implantar um sistema como esse é preciso realizar um estudo, levando em consideração o clima e as particularidades da área. De forma geral, obtive resultados agronômicos importantes com esse trabalho, como um maior desenvolvimento da cana na fase da soca e um incremento de 2 a 4 toneladas/ha com esse trabalho, deixando 50% da palha no campo. Eliminamos o problema da cigarrinha da raiz e percebemos maior facilidade nos tratos culturais. Em contrapartida o solo perde mais umidade. Quais os entraves para o melhor aproveitamento da palha? Poucos estudos sobre a palha e pouco esforço para isso. É uma pena, pois vamos começar a fabricar etanol de segunda geração, que pode ser feito de palha. Ela complementaria o bagaço, já que o bagaço possui 1800 kcal e palha 3400 kcal, ou seja, 1 tonelada de palha equivale a 2 toneladas de bagaço em kcal. Acho que o governo deveria se informar melhor sobre o assunto e ter mais sensibilidade, pois é absurdo queimar óleo diesel para produzir energia e lançar hidrelétricas há 4 ou 5 mil km de distância, quando temos matéria-prima ao lado da linha de transmissão que não é aproveitada. Ninguém recolhe palha no Brasil pois não temos equipamentos aqui, e para se importar um enleirador ou enfardadora, infelizmente 50% dos custos são de impostos. Você venceu os problemas de logística? Minha área fica há 20 km de distância da usina, por isso meu trabalho compensa. Mas é preciso observar que o recolhimento da palha somente se torna compensador se o preço da energia estiver atrativo, por isso, o trabalho é sazonal. E em relação aos preços da energia? Agora com o apagão, o último leilão remunerou bem, mas em algumas ocasiões os preços não compensaram minha atividade. Se a palha fosse aproveitada em larga escala no Brasil, a geração de bioeletricidade poderia iniciar antes de março e terminar depois de dezembro. Ela também será um bom investimento com o advento do etanol de segunda geração. Assim, as usinas poderão ter uma renda extra, e muita gente sairia do vermelho.

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Agricultura de precisão aprimora processo de mecanização Piloto automático contribui para a melhoria dos rendimentos operacionais em decorrência do efeito cascata de vários detalhes RENATO ANSELMI,

DE

CAMPINAS, SP

A otimização do processo de mecanização das lavouras de cana-deaçúcar ainda depende de soluções que possam elevar a eficiência das operações e criar condições favoráveis para que a cultura expresse todo o seu potencial produtivo. Os recursos da agricultura de precisão, também conhecida como AP, são aliados importantes para a obtenção de resultados positivos, desde que utilizados corretamente. Considerado como uma das vertentes dessa tecnologia, o piloto automático contribui para a melhoria dos rendimentos operacionais em decorrência do efeito cascata de vários pequenos detalhes, afirma o engenheiro agrícola José Paulo Molin, professor do Departamento de Engenharia de Biossistemas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), de Piracicaba, SP.

Qualidade dos percursos, menos danos, maior velocidade, trabalho no período noturno estão entre os fatores que geram ganhos de rendimento, enfatiza.

Segundo ele, a melhoria do paralelismo, proporcionada pelo piloto automático, reduz sensivelmente as perdas nos canaviais. “Mas, ainda dá para diminuir

mais”, observa. Para o engenheiro agrônomo Leonardo Menegatti, diretor da APagri – também de Piracicaba, SP – os principais benefícios desta tecnologia estão relacionados a uma melhor ocupação do terreno no plantio, à redução de perdas e pisoteio na colheita. “Há um impacto direto em produtividade, pois o que se deixa de perder é colhido e vai para a indústria. Existe uma grande expectativa em relação à redução de pisoteio e ao aumento da longevidade do canavial, porém, isso não foi observado nem mesmo medido até o momento”, comenta. Apesar dos benefícios gerados por essa tecnologia, existem ainda alguns desafios que precisam ser superados. “O piloto ainda não está sendo usado para agilizar manobras de cabeceiras”, diz Molin, que é coordenador do Laboratório de Agricultura de Precisão (LAP), da Esalq. É preciso fazer o replanejamento de talhões em função da existência do piloto, recomenda. “O ‘retalhonamento’, o redimensionamento de carreadores podem otimizar manobras de cabeceiras”, detalha. De acordo com ele, na próxima geração serão disponibilizados equipamentos com piloto pleno, ou seja, aquele que faz a manobra de cabeceira de maneira autônoma. “Precisamos replanejar os talhões pensando já nisto, embutindo mais inteligência artificial”, diz.


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Usuários de piloto automático ainda precisam superar erros básicos O piloto automático começou a ser utilizado na cana-de-açúcar no Brasil em 2003. “Os primeiros usuários ‘apanharam’ muito para aprender a usar essa tecnologia. Os fornecedores não sabiam exatamente o que eles estavam vendendo”, conta José Paulo Molin. Após um período de aprendizagem bastante longo, alguns usuários já sabem utilizar a tecnologia corretamente e outros estão cometendo os mesmos erros básicos que foram cometidos há dez anos atrás, diz o professor da Esalq. Entre esses erros inclui-se o não entendimento do que é gravar arquivo de repetibilidade para o ano seguinte ou para três anos depois – revela. “Até hoje há muitas usinas que ainda não entenderam a importância do arquivo gerado na

Rodado do transbordo causa dano à soqueira Do jeito que está sendo utilizado, o piloto automático não resolveu efetivamente o dano à soqueira causado por tráfego do rodado do transbordo. Essa questão ainda não está sendo analisada de maneira adequada, diz José Paulo Molin, que coordena também o Grupo de Mecanização e Agricultura de Precisão (gMap), da Esalq, responsável entre outras

ações, pela realização de oficinas de GPS e do Seminário de Agricultura de Precisão “Os transbordos têm piloto no eixo dianteiro do trator. Depois do eixo dianteiro, tem o traseiro e em seguida o engate flexível com dois transbordos rebocados e livres para ‘dançar’ lá trás. É isto que temos mensurado e é o causador de dano”, afirma. (RA)

sulcação que deveria ser o guia da colhedora”, comenta. Molin observa que a máquina pode colher com piloto automático, mesmo sem arquivo. Mas, neste caso, não utilizará uma grande vantagem que é intrínseca do sistema, ou seja, o arquivo de quem plantou. No início dos anos 2000, existiam muitas dificuldades por conta da baixa capacidade de gravação do computador de bordo do piloto automático. “O problema do computador foi resolvido. Hoje é um problema da qualidade da equipe que está no campo e da assistência técnica. Atualmente muitos usuários ainda perdem qualidade na tecnologia por não entender ou por não conseguir fazer funcionar efetivamente o pacote”, avalia. (RA)


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Essência da tecnologia é o gerenciamento da variabilidade Tratamento localizado com defensivos amplia atuação da AP que já conta com uso frequente de corretivos e fertilizantes A agricultura de precisão (AP) apresenta três grandes vertentes. “Além do uso da automação que é o piloto automático e toda a sua turma, conta com a utilização de taxas variadas em fertilizantes e corretivos. E tem uma terceira vertente, bem mais recente, que é o tratamento localizado com defensivos. Neste caso, há a utilização de taxa variada para herbicida pré-emergente e também de catação eletrônica de erva daninha que está relacionada à aplicação – ou não – dos pósemergentes”, observa Molin. Na essência, a agricultura de precisão é o gerenciamento da variabilidade das lavouras – explica o professor da Esalq. Mas, o GPS, que é o Sistema de Posicionamento Global (do inglês, Global Positioning System) e o GNSS, que é o Sistema de Navegação Global por Satélite (Global Navigation Satellite System) também ficaram fortemente vinculados a essa tecnologia. Segundo ele, o piloto automático virou um filhote da agricultura de precisão e, considerando uma visão mais ampla, está inserido na AP.

Apesar do piloto automático ser considerado a tecnologia na área de agricultura de precisão que teve maior adesão no setor, a aplicação de insumos em taxa variada, como: calcário, fósforo, potássio, tem sido utilizada de maneira frequente. “Tudo começou em 2002 na cana-de-açúcar em São Paulo. Depois, se expandiu para outros lugares. Mas, a cana, na nossa avaliação, estagnou neste assunto. Tem ampliado a área no uso dessa tecnologia, mas não evoluiu tecnologicamente. Continua fazendo a aplicação de taxas variadas de fertilizantes e corretivos na reforma”, constata.

Uso de taxas variadas demonstra resultados positivos “O investimento em nutrição da cultura é o melhor que pode ser feito em agricultura, o que tem o retorno mais garantido. A aplicação de corretivos e adubos em taxa variável trabalha exatamente com este ponto”, diz Leonardo Menegatti, da APagri. Segundo ele, os resultados têm sido sempre positivos, principalmente quando ocorrem recomendações de adubação mais agressivas em termos de nutrição quando comparadas às convencionais. “Tenho observado por meio de análises foliares da cultura que nosso canavial está mal nutrido, por diversos motivos, e o principal deles está na generalização”, constata. O uso de novos processos como o Índice de Desenvolvimento Temporal (IDT), disponibilizado pela APagri, tem gerado ganhos para o agricultor e para o canavial, observa o diretor da empresa. Em média, foram medidos ganhos de 2 toneladas por hectare de cana-deaçúcar e de 2 quilos de ATR por tonelada de cana com o manejo de um formulado em taxa variada, revela. “Neste caso, o consumo de fertilizante foi o mesmo que em taxa fixa, o que mudou foi a distribuição espacial do adubo, utilizando uma lógica diferente onde buscamos premiar áreas de alto potencial produtivo e explorar o potencial das áreas de baixa produção sem perdas de nutrientes”, diz. (RA)

Na avaliação de José Paulo Molin, a evolução foi praticamente zero na utilização de taxas variadas na soqueira. Não houve avanço na qualidade da amostragem do solo. “Está sendo feito de maneira elementar e básica. Faltam amostras. É preciso fazer amostras mais densas”, critica. Em decorrência dessa situação, há problemas em relação à qualidade dos dados e dos mapas. “A gente costuma dizer que por pior que seja a utilização da taxa variada, é melhor do que o uso da tradicional amostragem média para toda área”, compara. Ele considera positivo inclusive o interesse crescente das unidades

sucroenergéticas por essa tecnologia. A adoção de taxa variada na adubação nitrogenada continua sendo um desafio. “Temos alguns protótipos de tecnologia pronta para ser validada. Mas, ainda não foi iniciada efetivamente a utilização em cana”, afirma. Segundo ele, o Laboratório de Agricultura e Precisão da Esalq tem desenvolvido estudos nessa área. “Trabalhamos com dois sensores, produtos bastante conhecidos no mercado. Estamos em uma fase intermediária. A tecnologia está pronta para ser testada em escala real. O uso de nitrogênio em cana é um tema bastante complexo”, afirma. (RA)

Utilização de agroquímicos amplia atuação da AP Mercado começa a entender os benefícios proporcionados por tecnologia voltada à aplicação de herbicidas O uso de agroquímicos é uma nova e terceira vertente da agricultura de precisão, segundo José Paulo Molin. A aplicação localizada de herbicidas pré-emergentes foi iniciada, em fase experimental, há três anos. Agora, essa tecnologia está começando a ser utilizada em grandes áreas. Para o emprego de pós-emergentes, a novidade é o uso da catação eletrônica. Há também as primeiras iniciativas voltadas para o controle de pragas. O momento para o uso da agricultura de precisão na aplicação de herbicida parece ser propício, porque o mercado está começando a atender e aceitar essa tecnologia, observa Molin. Um processo para o uso de herbicida com taxa variável, conhecido como HTV, foi desenvolvido inclusive pela APagri, em conjunto com a Esalq. O herbicida possui uma dose correta a ser aplicada e o limite de erro é bastante tênue, afirma Leonardo Menegatti, diretor da empresa. Quando a dose aplicada é acima da recomendada, normalmente a cultura instalada sofre danos de fitotoxicidade devido à absorção do herbicida – explica.

Problemas surgem também quando a utilização do agroquímico é abaixo do recomendado: ocorre redução da eficiência do produto e a consequente competição entre a cultura e as plantas daninhas por água, luz e nutrientes. “Atualmente, com a tecnologia de aplicação em taxa fixa, define-se a dosagem média e aplica-se ao solo. Em alguns lugares, a dose média é excessiva e causa fitotoxicidade à cana (a diferença entre o veneno e o remédio é a dose). Em outros locais a dose é inferior à necessária, isso reduz o efeito residual do produto e o resultado é planta daninha no momento da colheita”, detalha. A finalidade do HTV é justamente atuar nestes dois pontos. Nas áreas onde o solo tem características que tornam o herbicida mais disponível, a dose é reduzida, não deixando que a planta sofra a fitotoxicidade por excesso de produto aplicado, o que trava o desenvolvimento da cana – observa. Por isso, a redução de agroquímico tem, nesse caso, impacto positivo em produtividade. “Nas áreas onde o solo reúne características desfavoráveis ao herbicida, a dose é aumentada para compensar esse efeito. Porém, ela é ampliada dentro dos limites aceitáveis pela planta de forma a não afetar seu desenvolvimento. O resultado é que conseguimos ter, em toda a área, a mesma quantidade de herbicida disponível ao combate às plantas daninhas. Isso não ocorre no método tradicional, ou seja, na taxa fixa”, esclarece. (RA)


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Herbicida na dose certa reduz custo total da produção de cana A utilização da taxa variada proporciona uma economia na dose de herbicidas que pode ser de 3,7% a 5,4% no médio prazo, informa Leonardo Menegatti. Mas, o ideal é considerar – avalia – a redução do custo total de produção da cana por hectare. “Em uma fazenda podemos ter um aumento expressivo da produtividade e em outra a redução da quantidade de herbicida aplicado. Em alguns casos, podem ocorrer as duas coisas”, afirma. A utilização do HTV em 565 hectares de uma usina localizada no Pontal do Paranapanema, no estado de São Paulo, proporcionou uma redução no custo total de R$ 106,00 por hectare de cana devido principalmente à diminuição de repasses e catação, além de redução no consumo total de herbicida e queda na quantidade de operações mecanizadas – exemplifica. Os resultados da aplicação em taxa variada têm se mostrado muito valiosos para quem trabalha com herbicidas em cana, chegando a uma eficácia média de 77,27% nas áreas acompanhadas, ou seja, trazendo de fato maior controle de ervas daninhas e redução do efeito da

Leonardo Menegatti: taxa variada pode criar condições para aumento de produtividade

fitotoxicidade, ressalta. Leonardo Menegatti afirma que são vários os casos de sucesso de aplicação da tecnologia. Foi realizado inclusive um acompanhamento da aplicação de herbicidas com taxa variada em usinas da Bunge, Noble, ETH e Usina São João de

Araras, com auditoria da consultoria Ecolog. Um dos casos em que houve monitoramento foi o da Fazenda São Cristóvão da Usina Moema que possui um histórico de alta infestação. ‘Nas áreas testemunha’, a infestação média de ervas daninhas teve um índice de 42%. Na área onde houve a utilização do HTV, a infestação média foi de 11%”, compara. A fase de testes dessa tecnologia foi finalizada. A partir de agora, com o processo já validado, a APagri está iniciando a comercialização do serviço no mercado. Para este ano, diversas unidades já definiram a área de aplicação do HTV – informa o diretor da empresa –, como o Grupo Jalles Machado, em uma área de 50 mil hectares e o Grupo Bunge, em 30 mil hectares. “A tecnologia pode ser aplicada com qualquer tipo de herbicida préemergente, incluindo os mais agressivos à cultura”, enfatiza. Outro benefício da utilização da agricultura de precisão na aplicação de herbicida, que é feita de forma mais racional, é a redução do impacto ao meio ambiente. (RA)

Mercado fornecedor amplia soluções e atende parte das demandas O mercado tem disponibilizado diversas soluções para as diferentes vertentes da agricultura de precisão. No caso do piloto automático, os fornecedores estão trabalhando para oferecer pacotes mais enxutos, um pouco mais baratos, afirma José Paulo Molin, da Esalq. “A crítica maior ainda é em relação ao preço”, enfatiza. Praticamente todos os modelos de tratores que estão no mercado, da linha que atende cana, já vêm de fábrica com essa tecnologia – informa. “Isto é uma grande mudança. Até sete anos atrás os pilotos eram instalados na usina. Demandava muito trabalho, era um produto final não muito bonito, não muito bem acabado, que ficava com fios expostos, hidráulica remexida”, recorda. Apesar disso, não deixou de ocorrer competições entre marcas. “Temos observado que o cliente, em diversos casos, quer um determinado trator. Mas, não quer o piloto daquele trator. Vai ao mercado e coloca o piloto de outro fornecedor”, constata. Uma opção interessante, que está bastante em pauta, é o novo tipo de sinal, via satélite, de correção de diferencial do GNSS, que possibilita a melhoria da qualidade de precisão do piloto automático, afirma Molin. “Têm aparecido novidades nessa área que deverão causar certo impacto no mercado”, destaca. A incorporação de recursos da

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Catação eletrônica é alternativa para uso de pósemergentes Para a utilização de herbicidas pós-emergentes, a catação eletrônica tem sido uma boa alternativa, observa o professor da Esalq, José Paulo Molin. Essa tecnologia substitui os catadores eficientemente. A catação eletrônica consiste no uso de equipamentos com sensores nas entrelinhas da cana. “O sensor enxerga a erva daninha, uma válvula solenóide abre o bico e pulveriza só naquele lugar que tem erva daninha”, detalha. De acordo com ele, o usuário está entendendo e receptivo à catação eletrônica. “O fenômeno se explica por outras coisas: falta de mão de obra devido a problemas em relação à legislação trabalhista por causa da aplicação manual de agroquímicos. A automação é uma forma de resolver essa situação”, comenta. Há também uma iniciativa – informa – para o controle de Sphenophurus. Com monitoramento, a aplicação é feita apenas onde a pressão de infestação é maior. Esse controle é visual com georreferenciamento por meio da utilização de GPS. (RA)

Drone identifica existência de pragas e falhas em lavouras agricultura de precisão nas máquinas agrícolas tornou-se comum para a cultura de grãos e cereais, afirma Leonardo Menegatti, da APagri. “É raro encontrar uma máquina sem o controlador para a aplicação em taxa variada”, observa. No setor canavieiro, a situação é diferente. “Ainda vemos plantadoras com controle de adubo manual, cultivadores e adubadoras da mesma maneira. As máquinas ainda estão na era do hidráulico, onde ter o fluxo hidráulico é uma novidade. A eletrônica ainda está tímida no setor”, diz. Finalmente começa a aparecer no mercado máquinas para aplicação de taxa variada de calcário e gesso que têm controlador com mais de um mecanismo,

revela José Paulo Molin. “A velocidade da esteira mais a altura da comporta permite regular a máquina com maior amplitude, de zero a cinco ou seis toneladas de calcário, sem grandes dificuldades. Houve uma demora de doze anos para se chegar nisto. É uma melhoria fantástica”, enfatiza. Antes disso, havia equipamentos menos eficientes que só têm controlador de vazão de calcário na velocidade da esteira da máquina, o que limita a amplitude de doses, segundo o professor da Esalq. “Essas máquinas começam a aplicação com uma tonelada e terminam mais ou menos com cinco toneladas. Com isto, há perda em qualidade e no benefício de não economizar efetivamente onde não precisa aplicar o produto”, comenta. (RA)

Um aliado importante da agricultura de precisão deverá ser o veículo aéreo não tripulado (vant), conhecido como drone. A Embrapa Instrumentação, que desenvolve pesquisas nessa área, fez demonstrações durante a Agrishow – realizada em Ribeirão Preto, SP, de 28 de abril a 2 de maio – sobre as possibilidades e aplicações práticas do drone na agricultura. As imagens coletadas por esse equipamento são capazes de identificar com precisão a existência de pragas e falhas em lavouras, problemas de solo, áreas atingidas por erosão, deficiências hídricas e assoreamento de rios. No setor sucroenergético, está sendo realizado inclusive um trabalho para monitorar falha de plantio com o uso de vant em uma usina do estado de São Paulo. (RA)


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Tecnologias para o setor canavieiro foram destaque na Agrishow WELLINGTON BERNARDES, DA REDAÇÃO

Inovações tecnológicas para o setor canavieiro ganharam evidência durante a 21ª Agrishow, que ocorreu nos dias 28 de abril a 2 de maio, em Ribeirão Preto, SP. Na feira, devido à diversidade de máquinas e produtos, foi possível constatar o nível de especialização de toda a cadeia produtiva da cana-deaçúcar. As novidades comprovaram a importância do setor para o desenvolvimento do agronegócio nacional. Colhedoras mais eficientes, enfardadoras para produção de fardos mais densos, aplicativos para tablets e smartphones que identificam pragas e doenças; rodotrens canavieiros aptos ao transporte de maior volume de cargas e fertilizantes foliares importados, são parte da lista de equipamentos que estiveram em exposição e que apresentaremos nas próximas linhas.

Novidades comprovaram importância do setor para desenvolvimento do agronegócio

Colhedora promete menor compactação e baixos danos às soqueiras

Jacinto Francisco da Costa, da Cana Planta, comprou duas colhedoras

Em 2015 entrará em vigor para o Estado de São Paulo a lei que proíbe a queima da cana. Com isto é impreterível a utilização de colhedoras mecanizadas. Baseada nesta urgência, a Santal lançou a S5010. A máquina possui um sistema de esteiras capaz de promover melhor distribuição de carga e garantir menor compactação e baixos danos às soqueiras. De acordo com a empresa, a máquina possui vida útil superior de até 40% em relação às disponíveis no mercado. Por estas razões a Cana Planta, de Presidente Prudente, SP, adquiriu duas colhedoras. “Possuímos uma frente de trabalho com capacidade de 50 hectares por dia; precisamos de equipamentos eficientes e de qualidade superior”, explica Jacinto Francisco da Costa, fundador da Cana Planta.


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Rodotrem canavieiro possui 35% menos tara que os convencionais Enfardadora LB34B produz 60 fardos por hora

Fardos de biomassa facilitam transporte até usina As enfardadoras foram destaque, graças à biomassa originada da colheita mecanizada, que pode ser coletada não somente para a cogeração de energia, mas também para o aprimoramento da produção de etanol de segunda geração — que é uma realidade e tende a ser difundido pelo país em breve. Tais máquinas possuem a função de coletar a biomassa e produzir fardos, facilitando o transporte desse produto para as usinas. Duas enfardadoras foram evidenciadas durante a feira, a MF 2170 da Massey Ferguson e a Challenger LB34B da Valtra. Ambas possuem tecnologia que proporcionam uma alimentação mais homogênea, importante para gerar fardos com densidades mais consistentes. Os diferenciais de cada uma:

A logística do campo até a usina deve ser uma operação minuciosa; quanto maior e mais eficiente o transporte, maior a produtividade na indústria. O Rodotrem Canavieiro Extra Leve da Randon Implementos cumpre essa função, com capacidade para transportar 62 m³ em cada caixa de cana, 9,82 metros em cada semirreboque, patola mecânica com acionamento pneumático e instalação elétrica totalmente em LED, sua redução de tara em relação aos rodotrens convencionais é de 35%, permitindo que o

Equipamento transporta até 48,3 toneladas de cana picada

equipamento transporte até 48,3 toneladas de cana picada. (WB)

Controle do canavial na ponta do dedo

MF 2170 possui sistema de nó duplo

a MF 2170 possui sistema de nó duplo, formando dois nós, um quando o fardo é terminado e outro logo em seguida na formação do próximo fardo, em única operação. Já a Challenger LB34B é capaz de produzir 60 fardos por hora com mais de 400 kg. (WB)

O monitoramento de pragas e doenças no campo está mais inteligente. Agora é possível controlar a incidência dessas variáveis através de um aplicativo. O programa, Digilab, foi desenvolvido pela Basf e possibilita que o técnico de campo registre através de fotos quais intempéries ocorrem na cultura, para posterior identificação. O sistema conta com um vasto banco de dados com fitopatologias, pragas e futuramente contará com imagens de plantas daninhas. A empresa confirmou que já existe um banco de dados para a cultura da canade-açúcar. Além da função de identificar, o técnico pode conectar o aparelho ao Google

Digilab possibilita registrar quais pragas atacam a lavoura

Maps e assim acompanhar por georreferenciamento o andamento do canavial ou de determinado talhão. (WB)


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Máquina planta 7.500 mudas por hora A recente tecnologia de produção de mudas pré-brotadas, desenvolvida pelo IAC, foi exposta em vários estandes. O objetivo das empresas que se interessam pelo mercado de MPB é fornecer mudas de qualidade e protegidas quimicamente contra patógenos. O argumento mais Representantes e clientes da repetido para justificar os DMB, e a plantadora de cana picada PCP 6000 investimentos nesse sistema de plantio é o ganho em comporta 14.000 mudas, totalizando duas produtividade, atual fator limitante no setor. horas de operação. A máquina necessita de O sistema de MPB já aquece o mercado um operário por linha de plantio, além do para a produção de novas tecnologias motorista para o trator. adaptadas à nova forma de produção. A Já a DMB, tradicional fabricante de demanda mais atual é por plantadoras plantadoras apresentou a PCP 6000, eficientes, que possibilitem o plantio das equipamento com projeto industrial mudas em menor tempo e com menos gastos desenvolvido em parceria com o CTC (Centro com mão de obra. Durante as demonstrações de Tecnologia Canavieira). A PCP 6000 de campo da Agrishow, a Santhya destina-se a realizar o plantio mecanizado, apresentou sua plantadora para o público; o fazendo todas as operações do plantio da modelo na feira possuía três linhas de cultura de uma só vez em 2 linhas, com plantio. Com ele é possível plantar 7.500 desempenho operacional de mudas por hora. Na média, um hectare aproximadamente 0,8 a 1 ha por hora.

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Pneus radiais de alta flutuação A Pirelli lançou na feira pneus radiais de alta flutuação, destinados ao transbordo de cana-de-açúcar. O pneu relaciona alto índice de carga com baixo nível de compactação do solo, além da capacidade de autolimpeza. A nova linha de pneus tem foco na safra de 2015. “Estamos apresentando um produto que irá auxiliar os agricultores na próxima colheita”, explica Giovanni Pomati, diretor mundial de negócios de pneus e caminhão da Pirelli.

Estande da Pirelli na Agrishow

Fertilizantes foliares A Nutriceler apresentou seus fertilizantes foliares, produzidos e importados pela empresa. “É uma oportunidade que temos de apresentar ao agricultor brasileiro as nossas Equipe da Nutriceler em seu estande na Agrishow ferramentas mais eficientes e práticas”, afirma Nelson agronômicas da região, onde é possível Schreiner Junior, diretor técnico da realizar análises de solo, tecido vegetal, Nutriceler. A região Sudoeste do Estado nematóides e água. O laboratório foi de São Paulo agora conta com o Labceler, apresentado durante a feira e prestou o mais novo laboratório de análises alguns serviços. (WB)


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Escolha da configuração de caldeira deve ser criteriosa Equipamentos com elevada eficiência proporcionam melhor aproveitamento da energia da biomassa RENATO ANSELMI,

DE

CAMPINAS, SP

Entre crises e novas alternativas tecnológicas, como a produção do etanol 2G, o setor sucroenergético conta com um produto, recentemente incluído em seu mix, que desempenha um papel estratégico: a bioeletricidade. A comercialização dos excedentes da energia gerada a partir da biomassa de cana tornou-se uma terceira opção para as unidades sucroenergéticas – que já produzem açúcar e etanol – superarem com menos dificuldades barreiras em seus caminhos, que já são repletos de altos e baixos. Para isto, nada melhor do que contar com projetos de elevada eficiência que possibilitem um melhor aproveitamento da energia contida no bagaço e na palha da cana. Nesse contexto, as caldeiras de alta pressão e de grande porte são consideradas peças fundamentais. “Quando se pensa em cogeração, é nítido o ganho energético trabalhando-se

Caldeira da Usina Vertente: capacidade de 200.000 kg/h

com pressões e temperaturas mais altas em função do salto entálpico que proporciona à turbina uma eficiência maior”, ressalta Guilherme Antoneli, gerente geral de Engenharias da Sermatec Zanini. Segundo ele, o mercado sucroenergético não tem optado pela aquisição de caldeiras com pressão acima de 67 bar. Porém, a Sermatec Zanini tem condições de fornecer equipamentos na faixa de pressão de100 bar sem qualquer tipo de problema – observa.

“As caldeiras na faixa 60 a 100 bar apresentam as melhores condições quando se busca a geração de energia com o menor consumo de combustível”, ressalta Carlos Henrique Dalmazo , gerente comercial e assistência técnica da Exgen, que fabrica desde caldeiras de baixa pressão até 100 bar. Para a escolha da configuração e do modelo do equipamento adequados à realidade de cada unidade sucroenergética, Carlos Dalmazo recomenda que seja feito

um estudo criterioso de balanço térmico e energético visando redução no consumo de vapor, sobra de bagaço, pressões de operação, etc. O sucesso de projeto nessa área – de acordo com especialistas – depende também da compatibilização de todos os parâmetros da caldeira. Os equipamentos devem ser desenvolvidos conforme critérios técnicos que assegurem baixa manutenção, durabilidade, confiabilidade e segurança.


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Pressão e temperatura elevam custos de materiais Automação também tornou-se obrigatória nas caldeiras de grande porte que exigem controles cada vez mais precisos As caldeiras de elevada pressão, grande capacidade e alta temperatura são mais exigentes em relação à tecnologia utilizada e aos materiais empregados. “Não se pode pensar em uma caldeira de grande porte sem automação. Os controles cada vez mais precisos ajudam na operacionalidade, segurança, redução das emissões de gases nocivos ao meio ambiente e redução do consumo de combustível (bagaço)”, afirma Carlos Dalmazo, da Exgen. As novas configurações de caldeiras estão exigindo também a utilização de materiais de maior resistência. “As mudanças ocorrem não somente na especificação em si. As espessuras dos materiais estão diretamente ligadas à pressão e a temperatura de operação da caldeira”, explica Guilherme Antoneli, da Sermatec Zanini. Esses novos parâmetros afetam os custos de fabricação. Isto ocorre, porque há um aumento do peso do equipamento. Além disso, os materiais ligados ao vapor superaquecido (serpentinas, coletores,

Carlos Dalmazo: caldeira de grande porte exige automação

válvulas e acessórios do superaquecedor) não são construídos com aço carbono comum, mas com materiais de liga metálica que são naturalmente mais caros – observa. Existem ainda custos maiores em

alguns componentes do sistema, como as bombas de alimentação de água, turbinas, etc, que têm seus preços variados em função da pressão e temperatura de trabalho. (RA)

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Modelo aquatubular apresenta estabilidade operacional O mercado fornecedor tem disponibilizado diversos tipos de caldeiras com o objetivo de atender as demandas de diferentes plantas industriais. As características de cada modelo são consideradas fundamentais na busca de eficiência e qualidade operacional, além de simplicidade e facilidade na manutenção. A Exgen, por exemplo, fabrica caldeiras aquatubulares, voltadas para queima de qualquer tipo de biomassa, que apresentam grande estabilidade operacional, maiores ciclos de trabalho e eficiência no consumo de combustível, segundo Carlos Dalmazo. Com grande volume de fornalha para queima em suspensão, esses equipamentos são caracterizados por grelha vibratória refrigerada a água com limpeza automática, presença de material refratário na fornalha para queima de biomassa com alta umidade, forte tendência de ar secundário, sistema de limpeza de gases com multiciclones e lavador de gases. Além da fabricação de modelos aquatubulares, a Exgen – novo nome fantasia da Aragão Equipamentos Industriais – atende manutenções e ampliações de caldeiras de várias empresas tradicionais do setor sucroenergético e de equipamentos para geração de energia de outros setores.


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Maior eficiência de combustão é diferencial de equipamento Caldeira de leito fluidizado é também uma Crise no boa alternativa para atender exigências na setor reduz área ambiental volume de negócios

Os modelos de caldeiras apresentam variações que vão desde detalhes sutis até a concepção geral do projeto, que determinam diferenciais competitivos importantes. As caldeiras dotadas de leito fluidizado em sua fornalha têm se destacado pela maior eficiência de combustão em relação a outros tipos de equipamentos. Isto não acontece por acaso. “Esse modelo de caldeira trabalha com excesso de ar menor e também apresenta uma perda por não queimados (incombustos) menor”, afirma Guilherme Antoneli, gerente geral de Engenharias da Sermatec Zanini, que utiliza a tecnologia Foster Wheeler, fabricante de caldeiras com sistema de combustão em leito fluidizado há mais de 30 anos De acordo com ele, o grande diferencial desse equipamento é o Step Grid, ou seja, a concepção do leito. “Além de ser o mais indicado para queima dos combustíveis ‘mais difíceis’, ainda permite ao ar, que executa a fluidização da areia e a gaseificação do combustível, promover ao mesmo tempo a classificação e a remoção eficaz dos contaminantes e cinzas do leito”, destaca. O sistema construtivo desse equipamento, sem bicos salientes, elimina a possibilidade de que os contaminantes ou pedras fiquem presos nos mesmos prejudicando a eficiência de queima – explica o gerente geral de Engenharias. “A instalação de termopares na região do leito garante de forma sistemática e confiável o controle da temperatura da areia, evitando assim a possibilidade de formação de

Guilherme Antoneli valoriza a tecnologia Foster Wheeler

pedras”, afirma. Outra vantagem dessa caldeira é o uso de superaquecedores primário, secundário e terciário que permite um controle da temperatura mais fino e confiável inclusive durante as variações de produção. “Utilizamos ainda, além do ar secundário, o ar terciário que tem por função aumentar a turbulência e garantir assim a queima completa”, diz. A caldeira de leito fluidizado é também uma alternativa para atender exigências na área ambiental. “Este tipo de tecnologia permite um controle efetivo e eficiente da temperatura do leito, somado a combustão estagiada proporcionada pelos níveis de ar secundário e terciário, que

possibilita a combustão completa (menos CO). Permite também, se necessário em função do tipo de combustível, a injeção de produtos como calcário, amônia, ureia, cálcio, magnésio para reduzir a formação de SOx, NOx, HCl”, detalha. Além das caldeiras de leito fluidizado, a Sermatec Zanini possui em seu portfólio de produtos outros modelos de caldeiras que podem variar desde a forma de suportação (Top Supported ou Bottom Suported), tipo de grelha (rotativa, fixa ou basculante) e também em relação ao sistema de queima (queima tangencial ou queima sobre grelha), podendo ser fabricadas para qualquer tipo de vazão, pressão e temperatura de vapor – informa. (RA)

Apesar da importância estratégica da bioeletricidade e das opções de tecnologias e equipamentos disponibilizados pelo mercado, a crise do setor sucroenergético tem afetado a comercialização de caldeiras. “Os preços praticados nos leilões nos últimos anos inviabilizaram os investimentos pelos grandes players, que mesmo com o cenário ruim para o setor mantinham disposição para investir em cogeração”, avalia Guilherme Antoneli. A Sermatec Zanini tem efetivado vendas, mas em quantidade menor em relação ao seu potencial de produção. “Em função da nossa capacidade instalada, as vendas poderiam ser muito maiores, uma vez que a empresa possui condições para fabricar 20 caldeiras por ano”, revela. Os fornecimentos de caldeiras mais recentes, para o setor sucroenergético, realizados pela Sermatec Zanini foram para Guarani -Tanabi, Raízen - Costa Pinto, Bonsucesso e Delta Sucroenergia, sendo esta última uma caldeira ZS com sistema de leito fluidizado borbulhante e capacidade de 330t/h de vapor – informa. (RA)


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Edimilson Souza falou sobre a importância das normas reguladoras

Cerca de 200 profissionais do setor acompanharam o 1º Simpósio de Tecnologia Industrial

Setor se reúne em Três Lagoas ANDRÉ RICCI,

DA

REDAÇÃO

Prova de que o setor sucroenergético tem feito sua parte na busca por melhores resultados foi a presença de aproximadamente 200 pessoas para o ‘1º Simpósio de Tecnologia Industrial’, realizado nos dias 8 e 9 de maio, na cidade de Três Lagoas, MS. O evento, promovido pela Sinatub Tecnologia com apoio da ProCana Brasil, reuniu especialista para debater desafios enfrentados no dia a dia. Edimilson Souza, diretor superintendente da Mixing Consultoria, foi um dos palestrantes. Ele falou sobre projetos de vasos de pressão, norma de construção e NR - Norma Regulamentadora 13. “É um assunto importante, que pode evitar passivo nas instalações industriais, procurando dispor de instalações normalizadas e que atendam às exigências das normas regulamentadoras”, explica. Já o engenheiro mecânico Sérgio Nagao, que também palestrou no evento, diz que as empresas do setor estão em um momento de grande transformação, mesmo passando por uma das piores crises da história. “O setor, que era um dos mais atrasados na área industrial, está incorporando as melhores práticas de

gestão da manutenção, deixando de lado as práticas antigas e conservadoras de manutenção. Nem sempre os gestores estão atualizados tecnicamente para apoiar a mudança”, diz ele, reiterando a importância de simpósios e cursos voltados ao setor canavieiro. Fizeram parte da grade de palestras temas como as atuais práticas técnicas e tecnologias de manutenção preditiva, monitoramento, análise e diagnóstico de vibração em máquinas rotativas, inspeção de fabricação e análise de falha de equipamentos industriais. Hugo Osvaldo Scanavino, diretor da Flexihelp Engenharia, também esteve presente. O especialista abordou assuntos envolvendo projetos de tubulação, que têm grande importância na questão da eficiência. “O usuário frequente conhece a importância relevante da tubulação no bom desempenho do sistema geração/consumidor, que no nosso caso, são caldeiras, turbinas ou outros equipamentos sensíveis. Um projeto inadequado, que não satisfaça as normas aplicáveis, resultará num incorreto desempenho das máquinas”, afirma. Além de palestras ao longo dos dias, o simpósio contou com uma feira de utilidades com diversas empresas, colocando o que há de mais novo no mercado.

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PATROCINADORES PATROCINADORES PATROCINADORES PATROCINADORES

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APOIO APOIO


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EMPRESAS EMPRESAS EMPRESAS EMPRESAS EMPRESAS EMPRESAS EMPRESAS EMPRESAS EMPRESAS

Adilson Silva e Jair Lisboa,

Antonio Roberto de Carvalho, Carlos

Ari Maciel e Luiz Celso, da

Débora Goulart e David

da AFC Ventiladores

Augusto Ribeiro, Diego Tamburús e Márcio

SEM - Serviços Especializados de

Sayeg Junior, da DSJ Engenharia

Venturelli da DLG Automação

Manutenção

Edes Lavechia, Eliel Fraga

Eliton Geroldo,

João Batista Medina e

Fabricio Gomes,

e Raphael Cianci, da Retenfix

da Diagnerg

Luiz Claudio Pereira Silva,

da Roomtek

da Dinatécnica

Guilherme Antoneli,

José Gilson Batista e

Josi Queiroz,

Keli Souza e Anderson Trigo, da Spectra

da Sermatec

Leonardo Martins,

do Sebrae

Serviços em Manutenção Preditiva

da Ictus Engenharia

Luiz Carlos Bróglio,

Marco Aurélio Zanato, Jesus Sanchez,

Marcos Martins e

Matheus Brugnaro e

da General Chains

Jordana Sanches e Rafael Gonçalves, da

Wilson Bueno,

Adilson Ianella, da Retesp

HPB Simisa e HPB Engenharia

da Renk Zanini

Milton Junior,

Pedro Oliveira e José Natal,

Weslley Silva, Vinicius Proença,

Wilson Pitas e Roberto

da Consistec

da Promoen

Rodrigo Rigonato e

Aneas, da Isover Saint-Gobain

Paulo Pessoa, da CCI Valve


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Kit quantifica contaminação da fermentação em menos de uma hora Quanto mais rapidamente for feita a correção da contaminação, menor será a perda, diz especialista ANDRÉIA MORENO, DA REDAÇÃO

Tendo em vista que o único caminho para o setor superar a atual crise é obter ganhos de eficiência e de rentabilidade, de preferência no curto prazo, a Procana Brasil passa a divulgar novas tecnologias e metodologias que apresentam ganhos comprovados para as usinas e destilarias brasileiras, mas que ainda eram pouco divulgados. Este portfólio de cases de sucesso foi denominado Pró-Usinas. Considerada uma área muito sensível para a produção de etanol e que ainda apresenta grande potencial de melhoria, a área de fermentação contempla a primeira inovação divulgada pelo Pró-Usinas. Tratase de um kit de diagnóstico rápido, denominado Kit MC, que permite quantificar em até 30 minutos a contaminação bacteriana nos caldos do processo fermentativo, como mosto, fermento (cuba tratada e não tratada) e

dorna de fermentação. De acordo com o biomédicomicrobiologista especializado em Desinfecção Industrial, prof. Mário César Souza e Silva, responsável pelo desenvolvimento do kit, a quantificação ajuda a calcular o volume de

antimicrobianos e antibióticos a serem aplicados corretamente. “O caldo do processo possui sacarose a ser convertida pelas leveduras em açúcar ou etanol, mas essa sacarose também pode servir de alimento para outros competidores (bactérias contaminantes da fermentação).

Com a perda dessa sacarose a usina toma prejuízo. Então quanto mais rápido quantificar o nível de contaminação e corrigi-la, menor será a perda”, analisa. Ele cita como exemplo uma dorna de fermentação de 1 milhão de litros, nas condições normais de processo de fermentação com um controle microbiológico. “Essas leveduras produzem 10% de etanol, então em uma rodada (entre 8, 10 ou 12 horas) são produzidos 100 mil litros de álcool. Quando não existe esse controle, essa mesma dorna ao invés de produzir 10% produzirá 7%. Assim, em um período em 10 horas, por exemplo, a usina terá um prejuízo de 30 mil litros. Considerando que a tendência é que esta baixa eficiência persista durante a maior parte da safra, o prejuízo pode alcançar alguns milhões de reais para a usina”, reforça. A este prejuízo pode somar-se os gastos excessivos com a administração indiscriminada, e muitas vezes abusiva, de antimicrobianos e antibióticos, por falta de uma quantificação correta da contaminação. A solução cromogênica do Kit MC é composta por pigmentos exógenos precursores de cor azulada (Indicador Cromogênico) e a caixa contém 36 tubos de 5 mL de solução cromogênica cada, 6 pipetas de Pasteur descartáveis e um Gabarito de Cores.Cada kit custa entre R$ 200,00 e R$ 300,00, dependendo da quantidade adquirida.


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Usinas comprovam eficácia do produto

Teste do Kit MC, na Usina Vale do Tijuco: aprovado

Maria Angélica Garcia (ao fundo), da Usina Santa Adélia: “Recomendo o kit a todas as usinas, pois é prático e o resultado é rápido e preciso”

Diversas unidades que já testaram o Kit de diagnóstico rápido MC, ou que já o utilizam, comprovaram a sua eficiência. A Usina CerradinhoBio já o utilizou no ano passado e está em processo de compra dos Kits. Sidmara da Silva, analista de processos industriais da unidade, afirma que deverá utilizar o Kit mensalmente. “Os testes foram muito bons já que em 15 minutos consegui quantificar o nível de contaminação da fermentação nas dornas e nas cubas. O resultado é muito confiável, comparando com a microscopia e petrifilm”, lembra. Ela recomenda inclusive o uso do Kit no laboratório de PCTS – Pagamento de Cana Por Teor de Sacarose, para avaliação do caldo que está entrando na usina. “Eu estive em uma palestra do professor Mário e utilizo os seus ensinamentos na usina, com isso obtivemos resultados interessantes. Dá para fazer um rastreamento muito eficiente. O seu uso é muito importante, pois para cada potência de bactéria no processo perde-se um ponto na eficiência final”, avalia. Maria Angélica Garcia, biomédica especializada em microbiologia industrial da Usina Santa Adélia, explica que o teste do Kit foi muito positivo nas três unidades do Grupo. “É muito prático e o resultado sai rápido. Esse tipo de análise não pode demorar, por isso em poucos minutos descobrimos o nível de contaminação da fermentação. Eu recomendaria a todas

usinas, principalmente para quem não tem condições de fazer o plaqueamento. Esse Kit é maravilhoso e o resultado é preciso”, afirma. Silvana Lima, técnica em química da Usina São Francisco (Balbo), diz que o Kit MC é muito interessante. “Foi ótimo o teste com o Kit, pois facilita o dia a dia dos laboratórios. Gostei muito do sistema de cores e da rapidez do resultado, por isso está aprovado”, revela. Segundo o professor Mário César, o Kit surgiu da necessidade existente na área de microbiologia para realização de diagnostico rápido com quantificação e com baixo custo. “O setor sucroenergético estava jogando fora algumas ferramentas especiais, como é o caso do plaqueamento, por causa da demora desse método em apresentar o resultado. Como Microbiologista Clínico e Imunologista, conhecia a metodologia chamada cromogênica utilizada na área médica e investi de 2009 até 2012, testando a metodologia em várias usinas de todo Brasil”, diz. A metodologia do Kit MC foi validada por plaqueamentos com caldo para a série de diluições, corrigidos de acordo com as exigências ambientais e nutricionais das bactérias fermentadoras encontradas no processo industrial, originando o gabarito de cores. “Os principais grupos produtores já realizaram testes validando a eficiência do Kit MC”, finaliza. (AM)


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Executivos do melhoramento de cana têm o “DNA” da inovação Com visão de futuro, Sizuo Matsuoka se Variedades específicas atenderão dedica hoje ao desenvolvimento de demandas de biorrefinarias variedades com elevado teor de fibra RENATO ANSELMI,

DE

CAMPINAS, SP

Existe atualmente cana de todo jeito: resistente a doenças, tolerante ao déficit hídrico, com teor de sacarose mais elevado, com boa adaptação à colheita mecanizada. Está a caminho também a “cana energia” que será voltada à produção de bioeletricidade, etanol de segunda geração, bioquímicos, entre outros produtos. Daqui a alguns anos estará disponível a cana geneticamente modificada que vai incorporar algumas características desejadas, como tolerância a herbicida e resistência à broca. Esse material rico, diversificado, que tem o objetivo de atender demandas do setor sucroenergético, é resultado do trabalho persistente de pesquisadores na área de melhoramento genético de empresas e instituições públicas. Entre os renomados profissionais e executivos que trabalham com o desenvolvimento de novas variedades incluem-se o diretor da Vignis, Sizuo Matsuoka; o coordenador geral da Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético (Ridesa), Edelclaiton Daros, e o diretor do Centro de Cana do Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, SP, Marcos Guimarães de Andrade Landell. Todos eles têm algo em comum: o

Sizuo Matsuoka

“DNA” da inovação. Conhecidos também como melhoristas, esses profissionais trabalham, em diversas situações, com visão de futuro, procurando antecipar soluções. É o caso do engenheiro agrônomo Sizuo Matsuoka que resolveu se dedicar ao desenvolvimento da “cana energia”, que tem o dobro do teor de fibra em relação às variedades convencionais, pensando justamente nos benefícios que ela poderá proporcionar, por exemplo, ao processo de produção de bioeletricidade. Para isto, ele fundou a Vignis em 2010, juntamente com o administrador Luís Cláudio Rubio. “Era inevitável a biomassa assumir grande importância e entre as opções existentes, a ‘cana energia’ era a mais vantajosa. Mas, se ninguém a desenvolvesse, ela ficaria na prateleira ainda por muito tempo”, comenta. A grande demanda que está havendo é clara indicação de que a visão estava correta. “Neste momento em que a energia elétrica é assunto de debate do nosso dia-a-dia, se houvesse mais bagaço certamente as usinas que têm cogeração conseguiriam atender grande parte da demanda do país em substituição à cara e suja energia das termelétricas”, avalia.

“A cana energia está sendo desenvolvida atualmente para uso como bagaço na produção de vapor de processo e cogeração. Mas, certamente serão desenvolvidas variedades específicas para etanol 2G, bioóleo, gás de síntese, bioquímicos, etc”, informa Sizuo Matsuoka. De acordo com ele, a variabilidade genética disponível é muito grande, o que permite a seleção de qualquer tipo demandado. A Vignis planta e colhe a “cana energia”, produzindo o bagaço que tem sido comercializado para empresas do segmento alimentício, em contrato de longo prazo. “Vendemos combustível para alimentar caldeiras”, diz. Segundo ele, está sendo estudada com algumas empresas do setor sucroenergético a possibilidade de uso da “cana energia” nas pontas da safra (início e final) para suplementar as necessidades de bagaço. Neste caso, o caldo será utilizado para a produção de etanol. Sizuo Matsuoka explica que essa medida criará condições para que as usinas otimizem a produção agrícola e industrial das suas variedades convencionais de cana que poderão ser cultivadas nos melhores solos. Os piores poderão ficar para a “cana energia” que apresenta inclusive um sistema radicular mais vigoroso, o que possibilita, por exemplo, maior resistência à seca. Entre outras vantagens, a “cana energia” dobra a produtividade, a longevidade da soqueira e o teor de fibra. Na avaliação do diretor da Vignis, as usinas deverão se transformar em biorrefinarias, produzindo uma gama muito grande de produtos químicos que

poderão substituir os que são fabricados com derivados de petróleo. E para o atendimento dessa nova demanda, a fibra terá maior importância do que a sacarose – afirma. “A cana energia é uma quebra de paradigma, uma total inversão ao que o melhoramento genético fez nos últimos 100 anos e, como tal, não é um caminho fácil. Mas. as revoluções científicas e tecnológicas acontecem assim, com pressão social, econômica ou de demanda”, enfatiza. Em sua trajetória profissional, Sizuo Matsuoka teve outra inserção no mundo corporativo, participando em 2003 da criação da Canavialis, empresa privada de melhoramento genético de cana-de-açúcar, marcada pela inovação nos aspectos gerenciais, técnicos e operacionais. Formado como engenheiro agrônomo em 1967 pela Esalq – onde fez também doutorado – ele trabalhou no início da carreira no Instituto Agronômico (IAC), de Campinas. Em 1973, começou a desenvolver suas atividades no Planalsucar, em Araras, SP. “Considero como um fato marcante na minha vida profissional a contribuição ativa ao Proálcool. Eu atuava na área de fitopatologia, mas fui guindado, em 1979, para chefe do programa de melhoramento da estação experimental que atendia todo o Centro-Sul”, conta. Com a extinção em 1990 do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), ao qual o Planalsucar era vinculado, ele participou ativamente do resgate dos materiais genéticos e do programa de melhoramento, que foi transferido para as universidades federais. (RA)


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Falta de pesquisas interfere no potencial de produtividade “Se fizermos uma análise daquilo que nós tínhamos como variedades de cana-de-açúcar e o que temos hoje, eu penso que ocorreram dois grandes momentos. No primeiro foi incorporada riqueza aos materiais que estavam sendo desenvolvidos. E no segundo momento foi trabalhada, além da riqueza, a produtividade da cana-deaçúcar”, comenta Edelclaiton Daros, coordenador geral da Ridesa. Ele é um dos profissionais de destaque nas pesquisas com melhoramento genético de cana-deaçúcar no país, além de estar ligado ao desenvolvimento de trabalhos em outras áreas dessa cultura. Vinculado à Ridesa – que reúne hoje 10 universidades federais – desde 1990, ele diz que é necessário considerar, quando se pensa em produtividade, interações com doenças e ambientes estressados onde é plantada a cana-de-açúcar – entre outros fatores –, para que se consiga obter um patamar de rendimento agrícola que satisfaça ao produtor. “Tivemos ganhos bastante significativos ao longo dos anos, considerando o trabalho realizado a partir de 1970 quando se iniciou os programas da Copersucar e do Planalsucar e

Edelclaiton Daros

futuramente, nos anos 90, com a entrada das universidades e a atuação do Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, com mais intensidade”, afirma. Esses ganhos não estão sendo expressos em toda a sua potencialidade, em muitos casos, devido às condições existentes nos ambientes onde esses

materiais estão sendo cultivados. “Há um potencial muito grande de rendimento nessas variedades. Porém, elas continuam produzindo 60, 70, 80 toneladas por hectare”, constata Edelclaiton Daros, que é professor no curso de Agronomia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) há 37 anos. Segundo ele, o rendimento agrícola médio poderia no mínimo ultrapassar 100 TCH. O principal fator que interfere no potencial de produtividade desse material, que é extremamente rico, está relacionado à interrupção da pesquisa com cana-deaçúcar no Brasil em meados da década de 90, afirma. “Entendo como pesquisa um programa em que todas as áreas são estudadas”, enfatiza. E isto inclui pesquisas básicas e aplicadas. “O que fizemos depois de 1990 foi um projeto de obtenção de variedades. Somos extremamente competentes nessa área”, observa. Faltam pesquisas com nematóides, doenças, adubação, fertilidade e manejo do solo, detalha. “Não adianta criar mais variedades, pois elas não vão resolver o problema do produtor”, enfatiza. De acordo com ele, não é possível desenvolver uma variedade que vai criar um sistema radicular para romper a camada compactada do solo, que vai sobreviver sem adubo ou sem matéria orgânica no solo.

Variedade é um fator de produtividade para ser estudado. Mas, existem diversos outros que precisam ser considerados – ressalta. A partir de 1997, com a criação da Lei de Proteção de Cultivares, houve um aumento no desenvolvimento e liberação de variedades por parte de empresas, constata. “Mas, quem está estudando as outras questões?” – indaga. Existem trabalhos dispersos, incluindo os de universidades, que não participam, na maioria dos casos, de um processo de interação entre eles ou mesmo da transferência de tecnologia – critica. Segundo o professor da UFPR, a cana transgênica vai entrar nesse mesmo ambiente de hoje em que as outras variedades estão sendo cultivadas. “Portanto, vão produzir 60 toneladas por hectare. Mas, essa cana não deixa de ser uma evolução”, observa. Edelclaiton Daros está diretamente ligado ao setor há 24 anos, quando iniciou a coordenação das pesquisas do Programa de Melhoramento Genético de Cana-de-Açúcar da Universidade Federal do Paraná. Atualmente, além dele, coordena o programa os professores José Luís Camargo Zambon e Ricardo Augusto de Oliveira. Ele está desde 2010 no comando da Ridesa, onde já exerceu também a função de coordenador geral de 1996 até 2007. (RA)


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MPB tornou-se um marco na trajetória de pesquisas do IAC Sistema de mudas pré-brotadas possibilita que produtores adotem novas variedades com maior rapidez O IAC tem hoje variedades que estão entre as mais eretas, mais uniformes biometricamente e as mais adequadas para o sistema mecânico, afirma Marcos Landell, ao exemplificar os benefícios proporcionados pelos novos materiais disponibilizados pelas pesquisas na área. Todos os programas de melhoramento de cana-de-açúcar no Brasil contam, inclusive para desenvolvimento de suas variedades, com uma rede de experimentação onde pré-variedades – também conhecidas como clones – competem com as variedades comerciais mais plantadas na atualidade, observa. Somente o Programa Cana IAC tem uma rede que possui mais de 500 ensaios por ano em 100 unidades de produção e fornecedores de oito estados do Brasil – informa. “Invariavelmente, a variedade que estamos lançando apresenta vantagens

produtivas e econômicas sobre as variedades comerciais”, enfatiza. Ele exemplifica: a IACSP97-4039, recentemente lançada pelo Instituto Agronômico, apresentou ganhos na média de quatro cortes em dezenas de ensaios colhidos no primeiro período da safra (precoce), de mais de duas toneladas de açúcar por hectare em relação à importante variedade comercial RB855453. Neste caso, se uma unidade sucroenergética adotar esta nova variedade no lugar da RB855453, por exemplo, deverá incorporar em seus ganhos, aproximadamente 2 toneladas de açúcar, ou seja, aproximadamente US$1.000 a mais

por hectare – detalha o pesquisador. Esses e outros exemplos deixam claro – de acordo com ele – os benefícios proporcionados pelos novos materiais. Atento às demandas do setor, Marcos Landell já tinha constatado, no entanto, que os produtores enfrentavam dificuldades em adotar rapidamente novas variedades e, consequentemente, incorporar os ganhos gerados por elas. Este foi um dos motivos que levou o diretor do Centro de Cana do IAC e equipe a desenvolverem o sistema de mudas prébrotadas (MPB), uma tecnologia de multiplicação que contribui para a produção rápida de mudas e traz grande

salto na qualidade fitossanitária, vigor e uniformidade de plantio. “O produtor que utilizar o MPB como principal método de multiplicação vai conseguir usar uma nova variedade com quatro a cinco anos de antecedência em relação ao tempo exigido pelo processo convencional adotado para o plantio mecânico”, compara. Entre outros benefícios, o MPB possibilita a utilização de 1,5 a 2 toneladas de mudas por hectare, enquanto no plantio mecanizado a quantidade chega atualmente a 20 toneladas. “Esse sistema quebra paradigmas. Foi um marco na minha vida pessoal”, diz. O desenvolvimento do modelo de manejo de variedades chamado “Matriz de ambientes”, que proporciona elevação significativa de produtividade, é outro momento que ele considera relevante em sua trajetória. Com mestrado e doutorado na área de Agronomia/Produção Vegetal pela Unesp, de Jaboticabal, Marcos Landell – que ingressou no Instituto Agronômico em 1982 – participou no início da década de 90 da reorganização do programa de cana do IAC. Ele assumiu, naquela época, a presidência da Comissão Técnica de Cana do Estado de São Paulo, cargo que ocupa até hoje. Em 1995, tornou-se coordenador do Programa Cana IAC e posteriormente diretor do Centro de Cana do Instituto Agronômico que surgiu em março de 2005. (RA)


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QUEM SÃO E O QUE PENSAM OS EXECUTIVOS DO SETOR!

Adaptação à mecanização é um dos diferenciais dos novos materiais Na década de 90, Marcos Landell já andava no campo entre milhares de plantas, procurando as que poderiam ter boa colheitabilidade Diversas características das novas variedades, como elevado teor de sacarose, boa colheitabilidade, resistência a doenças, tolerância ao déficit hídrico estão agregando valor às lavouras de cana-de-açúcar. Todas são importantes. Mas, uma delas deve ser destacada: a adaptação ao plantio mecanizado. Quem afirma isto é o engenheiro agrônomo Marcos Landell, diretor do Centro de Cana do IAC, que tem uma trajetória de sucesso, marcada por iniciativas e pesquisas inovadoras tanto na área de melhoramento genético, como de manejo da cultura. “Nos últimos cinco anos, o plantio mecanizado foi um dos principais fatores de redução de produtividade de cana de primeiro corte e isto se deve principalmente aos problemas de ‘stand’ provocados pelo plantio mecânico”, comenta. Segundo ele, algumas variedades têm menor adaptação a esse sistema, o que resulta com frequência em canaviais com maior percentual de falhas. Na visão dele, as novas variedades devem ser adaptadas aos processos mecânicos de plantio e colheita e possuírem capacidade de perfilhamento que promova uma maior população de colmos. Desta forma, apresentam condições para proporcionar elevadas produtividades não apenas nos primeiros ciclos de produção, mas também nos ciclos mais avançados, até o sexto corte ou mais. “Isto promoverá a linearização da produtividade e a perenização do canavial, reduzindo o peso dos custos da implantação nos ciclos colhidos”, avalia. Além disto, a variedade moderna deve possuir hábito de crescimento mais

“Happy hour da cana” dá origem ao Grupo Fitotécnico O tema mecanização já fazia parte, naquela época, das reuniões do Grupo Fitotécnico de Cana-deAçúcar que foi fundado oficialmente em abril de 1992 na estação experimental de Ribeirão Preto do IAC (onde hoje funciona o Centro de Cana do Instituto Agronômico). A ideia surgiu em 1991 – revela Marcos Landell, que é coordenador do grupo. Alguns profissionais de usinas sentiram a necessidade de trocar informações e discutir soluções sobre os problemas comuns que afetavam a atividade. “Começamos a fazer um ‘happy hour da cana’ uma vez por mês em um bar de Ribeirão Preto. Todo mundo chegava entre 18h e 18h30, após o dia de trabalho. As anotações eram feitas em guardanapos. Fizemos várias reuniões naquele ano. As esposas de alguns participantes começaram a reclamar dessas reuniões que se estendiam até 21h, 22 horas”, detalha. Em decorrência dessa situação e a necessidade cada vez maior de discutir as questões ligadas ao setor, houve a decisão em formalizar o grupo. A partir disso, o IAC passou a ter uma atuação mais destacada no setor sucroenergético paulista e depois no nacional. A primeira reunião teve 14 participantes. “Atualmente conta com 200 pessoas em média”, compara. (RA) Marcos Landell

ereto associado a uma maior uniformidade biométrica dos componentes de produção, ou seja: diâmetro e altura dos colmos – explica o

diretor do Centro de Cana do IAC. Aliás, na década de 90, Marcos Landell já tinha obsessão por material que pudesse apresentar essas características. “Eu

andava no campo entre milhares de plantas, buscando aquela que eu achava que a máquina iria colher com mais facilidade”, conta. (RA)


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Usinas aprovam resultados do filtro de lodo VLC Satisfeitas com a qualidade dos equipamentos VLC e dos serviços prestados pela empresa, usinas também aprovaram o novo filtro de lodo para recuperação de açúcar. Segundo Augusto Antônio Olione, gerente industrial da Usina Santa Isabel em Novo Horizonte, SP, a VLC conquistou a confiança da empresa há anos. “Nós adquirimos um dos primeiros filtros rotativos fabricados pela VLC há 17 anos. A partir desse momento nos tornamos parceiros no fornecimento de serviços e peças de reposição para os equipamentos”, afirma o gerente. Questionado sobre os motivos que o levaram a adquirir os filtros VLC, Olione explica que com a colheita mecanizada já não é comum lavar a cana antes da moagem. Com isso algumas impurezas minerais, como areia e pedra, além de impurezas vegetais, como as folhas, acabam se misturando ao caldo necessário para produção de açúcar ou etanol.

Com essas impurezas, o processo para filtração do caldo com filtro rotativo — equipamento convencional na maioria das usinas — deixou de ter a mesma eficiência, pois a presença de areia e pedra torna a

operação do filtro rotativo mais trabalhosa. As impurezas costumam encher a caixa de sedimentação com maior rapidez mesmo com o agitador em movimento para facilitar a sucção da solução, neste caso, já

denominado “lodo” na parede do filtro rotativo. Para Augusto Antônio Olione, uma das vantagens do filtro de lodo da VLC é a alimentação na esteira por gravidade, com distribuição uniforme da solução a ser filtrada, que evita paradas para limpeza do lodo concentrado na caixa de sedimentação do antigo filtro rotativo. Também é possível recuperar mais açúcar (POL) deste lodo na esteira com processos de retrolavagem; outra razão importante é a maior vida útil da tela filtrante durante as safras, pois não há prensagem mecânica para extração do caldo — etapa comum em filtros prensa. O gerente industrial da Usina Santa Isabel afirma que está satisfeito com a parceria e indica os produtos. A VLC estará na Fenasucro 2014, onde poderá esclarecer maiores detalhes sobre o produto. VLC 19 3812.9119 www.vlc.com.br


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Unimil amplia fábrica de peças de reposição para colhedoras A Unimil é uma empresa focada na busca de soluções para colhedoras de cana-de-açúcar, oferecendo produtos e serviços desenvolvidos com tecnologia, matéria-prima certificada e controle de qualidade. Possui um sistema informatizado, onde fábrica, estoque, logística e administração trabalham de forma integrada. A empresa se destaca pela certificação ISO 9001:2008 em todo seu processo, além de um completo estoque de peças e componentes para colhedoras, com aproximadamente 7.500 itens estocados.

Possui unidades estrategicamente instaladas em Piracicaba, SP, (Unidade Fabril), Ribeirão Preto, SP, Araçatuba, SP, Rio Verde, GO, e Dourados, MS. Um ano antes de sua fundação, em 1998, trabalhando no carregamento e transporte de cana cortada, os fundadores da empresa perceberam que o maquinário utilizado para colheita, importado da Austrália, necessitava de constante manutenção e reposição de peças. Com isso, deram início à comercialização de peças e desenvolvimento de projetos para melhoria de colhedoras.

Atualmente, a Unimil, já disponibilizou peças de reposição para aproximadamente 6.800 colhedoras de cana, pertencentes a cerca de 620 clientes espalhados por todo Brasil e outros países.

AMPLIAÇÃO DO PARQUE FABRIL A Unimil está finalizando a ampliação do seu parque fabril que conta com uma área de 10.000 m². Grande parte desta área já está em funcionamento e abriga a nova área de logística, expedição, recebimento, pintura e

Fachada e vista aérea da Unimil

máquinas de corte a laser. Em breve, parte da área administrativa e departamento comercial atenderão também neste novo prédio. A empresa adquiriu novos maquinários de alta tecnologia como robôs de solda e corte a laser, puncionadeira, nova célula de pintura a pó, novos tornos CNC, além dos novos equipamentos na área de controle de qualidade. Unimil 19 2105.0800 www.unimil.com.br


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Nordeste está pronto para a Fersucro Simpósio da Agroindústria da Cana e Feira apresentarão temas estratégicos e inovações em equipamentos A 31ª edição do Simpósio da Agroindústria da Cana e a 11ª edição da Fersucro, acontecerão de 8 a 11 de julho no Centro de Convenções de Maceió, AL. Serão quatro dias de palestras, mesas redondas e debates sobre os temas mais atuais do setor, além de possibilitar grande número de negócios entre visitantes e empresas expositoras da feira. Nem mesmo a constante seca que vem castigando o Nordeste nos últimos anos deve diminuir o número de participantes e visitantes dos dois eventos, já que a região tem grandes oportunidades de investimentos pela frente. De acordo com informações da Unida — União Nordestina dos Produtores de Cana, a região conta com 77 usinas e 25 mil produtores de cana. O setor gera cerca de 330 mil empregos diretos e registrou uma produção de 63 milhões de toneladas de cana, 4,6 milhões de toneladas de açúcar, e 1,9 milhão de m³ de etanol na safra 2010/2011. Segundo a Unida, a crise no setor afeta de alguma forma sete milhões de habitantes, o que representa 13% da população nordestina. Com 31 anos de existência, o Simpósio da Agroindústria da Cana é reconhecido como um dos mais importantes eventos técnicos científicos do Brasil por reunir grandes nomes do setor. É organizado em parceria pela Stab Leste — Sociedade dos Técnicos Açucareiros e Alcooleiros do Brasil (Regional Leste) e o Ufal — Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Alagoas, um dos mais renomados do país e um dos centros de pesquisa

da Ridesa, Rede Interuniversitária de Desenvolvimento do Setor Sucroenergético. O encontro que deve reunir cerca de 800 pessoas tem o objetivo de discutir pontos importantes no crescimento das empresas, difundir e compartilhar experiências e abordar temas estratégicos na gestão do setor brasileiro, preparando-se para a safra 2014/15. Durante os 4 dias, serão realizadas no Simpósio, mais de 60 palestras nas áreas comum, agrícola,

industrial e administrativa, com expositores de vários Estados, como: São Paulo, Paraná, Mato Grosso e Pernambuco, Santa Catarina e Goiás. O Simpósio será aberto no dia 08 de julho, às 9h. De 9 a 11 o evento irá acontecer das 8h às 15h. Stab 82 3327.9632 www.stableste.org.br


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Wallerstein e Fermentec disponibilizam pacote de análise de fermentação Com mais de 70 anos no mercado cervejeiro e desde 2007 no mercado sucroalcooleiro a Wallerstein continua inovando e oferecendo aos seus clientes muito mais do que produtos. Atenta à dificuldade de avaliação do custo-benefício sobre o uso de antibióticos, devido a possíveis erros de análises e até mesmo falta de medição de alguns parâmetros importantes, a Wallerstein fechou com a Fermentec um pacote de análises para oferecer aos seus clientes, que serve de ferramenta aos gestores da fermentação. De acordo com Fernando Feitosa, representante comercial da Wallerstein, o pacote é um balanço de produção de ácido láctico, acético e manitol na fermentação alcoólica, determinando quanto de açúcares foram desviados pelas bactérias e deixaram de produzir álcool. O manitol, por exemplo, não faz parte das análises de rotina e cada molécula significa uma molécula de frutose que deixou de produzir álcool. Para uma destilaria que produz 800 mil litros de álcool/dia, uma concentração de 0,5 % de manitol no vinho significa uma perda de 25 mil litros de álcool/dia. Com o Betabio 45 (beta ácidos) desde 2007, a Wallerstein também oferece toda uma linha de extratos de lúpulo o AlphaBio (alfa ácidos), IsoBio (Iso alfa ácidos) e TetraBio (Tetra hidro iso alfa ácidos). Com essa gama de produtos naturais a base de lúpulo, vem atendendo às exigências das mais variadas fermentações. Como já é parceira da Lallemand para o mercado cervejeiro, estende essa parceria também para o mercado sucroalcooleiro. Essa união de forças entre Wallerstein e Lallemand oferece maior rapidez nas soluções dos problemas de fermentação, com tecnologia a favor da indústria. Betabio 11 3848.2900 www.betabio.com.br

Fernando Feitosa, representante \comercial da Wallerstein

Parceria facilita distribuição de produtos da ABB Ser um centro de excelência no atendimento dos produtos e soluções ABB. Esse é o objetivo da fundação da APS Componentes Elétricos que através da parceria com a empresa ABB, passou a atuar na distribuição e prestação de serviços elétricos. “Oferecemos ao mercado produtos e serviços para projetos e instalação de soluções completas para modernização, automação de sistemas e reparos, retrofits / reprojetos, manutenção preditiva, preventiva e corretiva. Nossa assistência técnica oferece comissionamento e startup, manutenção em campo ou em laboratório, inversores de frequência CA, CC, soft-starters, estudo para correção de fator de potência, substituição de disjuntores antigos por outros de última geração através de kit’s retrofitting, sempre preservando a segurança de seus profissionais e do sistema”, afirma Alexandre Leal, gerente geral da APS.

Ao mercado sucroenergético fornece inversores de frequência, soft-starters, chaves seccionadoras, disjuntores em baixa e média tensão, banco de capacitores, instrumentação elétrica e de processos. Segundo Alexandre Leal, gerente geral, a empresa foi fundada em 2000 com o objetivo de ser um distribuidor diferenciado de produtos e serviços ABB. “A parceria oferece ao mercado acesso a toda a tecnologia da marca ABB, oferecendo soluções e fornecimento de equipamentos de forma ágil e simplificada com foco na necessidade do cliente. A APS é um canal de distribuição que complementa e viabiliza o atendimento de qualquer cliente independente do seu porte, desde aplicações residenciais até as mais complexas na indústria”, diz. APS 11 2870.1000 www.apscomponentes.com.br


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Sisponto investe na fabricação de relógios de ponto móveis

Setor terá curso técnico sobre ‘Balanço de Massa e de Energia’ em junho

A dificuldade no controle de ponto de trabalhadores dispersos no corte de cana, plantio e outras funções ainda é uma constante. Porém, o que muitas usinas não sabem, é que já podem contar com o relógio de ponto, sem precisar deslocar seus trabalhadores até a sede administrativa a fim de registrar fielmente os horários. A utilização de equipamentos móveis é assegurada pelo MTE, com base na NT 304/2010 e otimiza a logística do empregador, gerando rapidez e economia para ambas as partes. A Sisponto investe na fabricação de relógios de ponto móveis, mantidos por energia elétrica, solar, ou bateria veicular, e com registros por cartão proximidade, teclado ou i-button – chip de aço, à prova d’água, imune a riscos e choques. O REP pode ser instalado em cabines de caminhões, ônibus ou áreas de vivência, e acompanhar a movimentação no campo dos trabalhadores rurais independentemente do local, e ainda emitir o ticket impresso com todas as informações necessárias de seus horários de trabalho. O diferencial do REP da Sisponto para a área rural é a comunicação via

Para atender a necessidade e aos pedidos de profissionais do setor, a Reunion Engenharia realizará nos dias 25, 26 e 27 de junho, na cidade de Ribeirão Preto, SP, o curso sobre ‘Balanço de Massa e de Energia’, tendo como objetivo expor os diversos processos envolvidos em uma planta de açúcar, etanol e energia. Quem explica melhor é o engenheiro e CEO da Reunion, Tercio Dalla Vecchia. “A utilização dos recursos tecnológicos é um caminho sem volta e, às vezes, leva um tempo para dominálos e colocá-los em prática, principalmente, quando se trata de tecnologia sucroenergética aplicada nas usinas”, comentou. Entre os assuntos abordados no Programa estão: conceitos básicos de termodinâmica aplicados na usina de açúcar e etanol; relações entre a quantidade de matéria e energia de cada corrente de processo; identificação de gargalos e pontos de baixa eficiência e produtividades, bem como melhorias e otimizações na sua empresa. O módulo inclui parte teórica pela manhã e prática no período da tarde, o qual os alunos desenvolverão o seu próprio balanço. Ao final do curso, os participantes

Sistema proporciona cadastros e coletas de registros em tempo real

GPRS, onde todos os cadastros e coletas de registros acontecem em tempo real, via sinal de celular, além das outras comunicações: tcp/ip, serial, usb. A ausência de sinal GPRS não interfere na marcação do horário de trabalho no campo. A Sisponto está há 19 anos no mercado e foi indicada ao Prêmio TOP MIND de RH pela 6ª vez em 2014, como uma das cinco empresas destaque na categoria – controle de frequência, e seu REP móvel já foi adotado por diversas empresas do Brasil. Sisponto Sistemas Inteligentes 11 4063.5544 www.sisponto.com.br

Curso apresentará diversos processos envolvidos em uma unidade produtora

receberão o Certificado de Participação. Pensando na capacitação de profissionais, componente fundamental do portfólio da Reunion, o curso é voltado para engenheiros, técnicos, supervisores de produção, operadores e gerentes de usinas e destilarias. A empresa também aplica Treinamentos ‘in company’, de acordo com a necessidade do grupo. Inscrições podem ser feitas pelo e-mail cursos@reunion.eng.br ou pelo link do site http://www.reunion.eng.br/Site/inscricao/in dex2.html. Informações pelos telefones (11) 4156-6688 com Luciana ou (16) 3623-5384 com Sabrina. As vagas são limitadas. Reunion 16 3623.5384 www.reunion.eng.br


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Tecnologia aumenta desempenho de processo industrial Grande parte das usinas contam com um COI — Centro de Operação Integrado, onde todos os processos são monitorados e controlados por operadores que possuem na sua frente uma ou várias estações de operação. Isto, já é um grande passo, certamente os controles estão muito mais seguros e trazendo mais retorno do que controles com estações individuais ou sem controles. Com esse modelo de controle, no COI, o desempenho do processo depende bastante da expertise dos operadores, que têm de ser profissionais treinados e adequados para a função. É possível notar, depois de vários estudos, que estes operadores começam a executar suas tarefas de forma repetida e sem estímulos, ficando em uma “zona de conforto”. Muitas vezes, estas “zonas de conforto” de controle estão longe dos limites operacionais dos equipamentos. “Estes gargalos fazem com que a planta opere em modo automático, mas poderia estar em limites mais rentáveis a todo processo. Além disto, muitas malhas de controles não interagem entre si automaticamente. Esta interação tem ficado a cargo do operador. Desta forma, é possível notar, que quando uma variável sai do padrão, cada operador tem uma reação, e isto cria distúrbios ruins dificultando muito a estabilidade,

levando a perdas no processo”, afirma Devanir Alves Pereira, analista comercial da Authomathika. Hoje, em muitos processos industriais o desempenho dos operadores e do sistema de automação têm implantado soluções interessantes e que trazem retorno substancial à organização. Estas soluções visam garantir um excelente desempenho operacional. Dentre elas podemos citar a AOA — Assistência de Operação Avançada. Por meio de padronização de operação, a tecnologia garante que, independente do operador, a planta trabalhará no melhor desempenho, procurando estar mais próxima aos seus limites operacionais. O AOA auxilia o operador na detecção antecipada de cenários operacionais críticos. Uma outra tecnologia, a APC — Advanced Process Control, pode melhorar muito a eficiência do processo controlado. Esta tecnologia executa ajustes periodicamente. Isto melhora o desempenho de diversos sistemas e malhas de controle. Esta tecnologia leva em conta a dinâmica do processo e a interação entre as variáveis. Authomathika (16) 35134000 www.authomathika.com.br

Devanir Alves Pereira, da Authomathika


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Plant-Rubber apresentou produtos durante a Agrishow

Agrosystem apresenta soluções em agricultura de precisão

A PlantRubber foi uma das empresas expositoras da Agrishow, realizada nos dias 28 de abril a 2 de maio, e atingiu seus objetivos. A empresa, que procura aperfeiçoar seus equipamentos para garantir a Angelo de Freitas, diretor proprietário proteção da gema e equipe comercial da empresa e menor adição de impurezas no processo de colheita, informações obtidas, o departamento apresentou as evoluções de seus produtos técnico pode, agora, responder os para as colhedoras de cana-de-açúcar. questionamentos dos produtos da PlantO kit plantio, kit industrial, o rolo Rubber utilizados em suas unidades levantador e rolos transportadores produtoras. “Não é sempre que se adequados para usinas, como também consegue reunir profissionais de grandes peças para plantadeiras, foram destacados usinas e grupos avaliando nossos produtos. no estande da empresa. De acordo com o Isto é muito valioso. Estamos prontos para departamento de marketing, participar de a Agrishow 2015!”, comenta Angelo de uma feira como a Agrishow é Freitas, diretor proprietário da Plantimprescindível para uma empresa que Rubber. busca estar em evidência e ser competitiva no mercado atual. Plant-Rubber Participar da Agrishow foi uma 16 3969.9777 experiência produtiva. Com as www.plantrubber.com.br

A Agrosystem apresentou na Agrishow 2014, novidades para o desenvolvimento da agricultura de precisão. A empresa trabalha com as principais marcas do mercado, como: Dickey-John, Topcon, Norac, Davis, Arag e Polmac. A Isobus, que integra os processos que envolvem o plantio, aplicação de fertilizantes, pulverização e plantio com precisão, sem desperdício, através de um único monitor foi uma das tecnologias apresentadas na feira. Ela possui um protocolo universal para comunicação eletrônica entre implementos, tratores e terminal virtual. O equipamento padroniza a comunicação e ao mesmo tempo assegura a compatibilidade total de transferência de dados entre sistemas móveis e software gestão. A Embreagem EPP foi outro equipamento apresentado. Compacta, simples e versátil, a embreagem proporciona um plantio preciso, permitindo o desligamento das linhas de plantio de maneira independente, através de acionamentos elétrico ou pneumáticos. É compatível com a maioria das plantadeiras e terminais virtuais disponíveis no mercado.

NOVA PARCERIA A Agrosystem é representante da

Estande da Agrosystem na Agrishow 2014

Norac, fornecedor do segmento de controle da altura para pulverização. A empresa dispõe de sensores ultrassônicos, confiáveis, que são montados para manter, automaticamente, cada asa do pulverizador e a seção central na altura correta, acima do solo ou no topo da cultura, nas diversas condições de campo. “A Norac desenvolveu o controle de altura para pulverização, principalmente, para fabricantes de pulverizadores no Brasil. Nos últimos anos, a demanda por este tipo de produto tem aumentado consideravelmente”, afirma Danea Armstrong, vicepresidente de vendas, marketing e serviços da Norac. Agrosystem 16 3434.3800 www.agrosystem.com.br


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