JornalCana 230 (Março/2013)

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Ribeirão Preto/SP

Março/2013

Série 2

Nº 230

R$ 20,00

VIVA A SUSTENTABILIDADE

19 de Março — São Paulo

Grupo José Pessoa repudia notícia inverídica divulgada e faz esclarecimentos (Veja na página 11)


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ÍNDICE DE ANUNCIANTES

Março/2013

Í N D I C E ACIONAMENTOS RENK ZANINI

CENTRÍFUGAS 16 35189001

79

ACOPLAMENTOS VEDACERT

16 39474732

86

47 36315000

45

18 39056156

58

AGRICULTURA DE PRECISÃO VALAGRO

11 50440517

2

ANTIBIÓTICOS - CONTROLADORES DE INFECÇÕES BACTERIANAS BETABIO/WALLERSTEIN ONIBRAS PRODUQUÍMICA PROZYN

11 16 11 11

38482900 39694957 30169619 37320022

62 66 74 85

17 35311075

3

11 26826633

64

41 16 19 18

36218055 36225744 21279400 31171195

63 90 30 10

11 50336400

91

BALANCEAMENTOS INDUSTRIAIS EQUILÍBRIO VIBROMAQ

16 39452433 16 39452825

83 90

BOMBAS REZENFLEX

16 36904900 11 30169619

43 74

16 32897156

71

18 39056156

58

FIBRA DE VIDRO MAXTER LÃ MARC-FIL

BASF

11 30432125

CONGER PROCANA BRASIL DISPAN

19 34391101

19 34669300 16 32513001

11 37320022

DURAFACE - DURAPARTS

19 35473539 11 29418044

17

19 34121144

13

FERRUSI

67

RENK ZANINI

50

16 39464766

81 21222300

54

19 37562755 17 32262555 19 34391101 16 35138800 49 35669800

16 39464766

11 20834500

40

41 36216234

64

16 35189001

FUNDIÇÃO

EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO ANSELL

11 33563100

68

11 37320022

85

19 34374242

14

SÃO FRANCISCO GRÁFICA

16 21014151

5

SEMAG

16 32513001

48

11 11 16 16 82

30604942 30934949 21328936 39111384 33279632

12 41 47 E 73 8 61

DMB

16 39461800

16

INSTALAÇÕES ELÉTRICAS CPFL SERVIÇOS

19 37562755

42

15

PROSUGAR

11 21014069 16 39756495 81 32674760

15 86 39

16 35138800

88

REUNION

34 33199500 18 39189999 19 35473539

16 36235384

58

DMB 16 39461800 METAGRO - FAMA DO BRASIL16 36260029

16 38

TRANSBORDOS 7

TRANSPORTADORES INTERNOS 49

MARC-FIL

51

FLUID BRASIL VLC

16 39452433

83

TRATORES

VIBROMAQ

16 39452825

90

VALTRA

16 32513001

48

16 39461800

16

19 34374242

14

COMERCIAL RODRIGUES

16 35135230

56

SL PNEUS

16 33221201

88

11 38482900 11 30169619

62 74

REDUTORES INDUSTRIAIS AÇOPLAST

31 33612599

27

BONFIGLIOLI DO BRASIL

11 43371806

55

11 33787500 19 38129119

65 28

11 47952000

92

AGAPITO MARC-FIL

16 39479222 18 39056156

90 58

11 29418044 47 36315000

17 45

TUBOS E CONEXÕES CONTUFLEX TUPER

VÁLVULAS INDUSTRIAIS DURCON-VICE FOXWALL JEFFERSON ENGENHARIA PENTAIR VALEQ VÁLVULAS SF ZANARDO

11 44477600 11 46128202 16 36225744 DDI 713 9866366 21 31011224 19 31243124 18 31171195

RENK ZANINI

16 35189001

79

WEG CESTARI

16 32441000

31

VENTILAÇÃO INDUSTRIAL

16 36265540

89

EQUILÍBRIO VLC

REFRATÁRIOS RIBEIRÃO

33 18 90 19 50 22 10

VEDAÇÕES E ADESIVOS REZENFLEX VEDAÇÃO BRASIL VEDACERT

METROVAL

58

TROCADORES DE CALOR

PNEUS

BETABIO/WALLERSTEIN PRODUQUÍMICA

18 39056156

TRATAMENTO DE ÁGUA/EFLUENTES

EQUILÍBRIO

REFRATÁRIOS

30

11 21014069

ENGEVAP

INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO E CONTROLE 19 21279400

AVANZI

TINTAS E REVESTIMENTOS

PRODUTOS QUÍMICOS

IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS

FEIRAS E EVENTOS ALCANTARA MACHADO ETHANOL SUMMIT MULTIPLUS SINATUB TECNOLOGIA STAB

26

GUINDASTES

EVAPORADORES CSJ METALÚRGICA

16 39464766

GRÁFICA

ESPECIALIDADES QUÍMICAS PROZYN

FERRUSI

44

TRADINGS - MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS

CSJ METALÚRGICA 32

11 56948377

79

PLANTAS INDUSTRIAIS 11 50568900

UTP BOHLER

50

DMB

NAMBEI FIOS E CABOS

SUPRIMENTOS DE SOLDA

AVANZI RADIOPLAN

PLANTADORAS DE CANA

FIOS E CABOS

90 48

19 34391101

SEMAG

ENGENHARIA INDUSTRIAL

16 39479222 16 32513001

26

PLAINAS 50 88 81

29

TELECOMUNICAÇÃO/RADIOCOMUNICAÇÃO

PENEIRAS ROTATIVAS 42 72

11 30937088

CONGER

DURAFACE - DURAPARTS

ENERGIA ELÉTRICA - ENGENHARIA E SERVIÇOS

APDC

26

ÔNIBUS - FRETAMENTO

48

23

TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

NUTRIENTES AGRÍCOLAS

60

16 08007779070

91

SOLDAS INDUSTRIAIS AGAPITO SEMAG

REZENFLEX

11 50336400

SINALIZADORES INDUSTRIAIS RONTAN

51

CONTUFLEX

PEÇAS E ACESSÓRIOS AGRÍCOLAS

RUDLOFF

85

MANGUEIRAS E CORREIAS

AREVA RENEWABLES

57

38 29 52

PROZYN

GRUPO RAÇA

CPFL SERVIÇOS SANARDI

SÃO FRANCISCO SAÚDE

LEVEDURAS E ENZIMAS

ENERGIA ELÉTRICA - COMERCIALIZAÇÃO

41 33178111

METAGRO - FAMA DO BRASIL16 36260029 RONTAN 11 30937088 SERGOMEL 16 35132600

SAÚDE - CONVÊNIOS E SEGUROS

UBYFOL

88

CARROCERIAS E REBOQUES]

89

FERRUSI

16 3512430011, 37, 41 E 69

16 35138800

3

16 36265540

MOENDAS

ENTIDADES

17 35311075

COBRA ROLAMENTOS

REFRATÁRIOS RIBEIRÃO

MONTAGENS INDUSTRIAIS

14 58

57

84

MOENDAS E DIFUSORES

19 34374242 18 39056156

41 33178111

11 22024734

METAIS

EMPILHADEIRAS SEMAG

ROLAMENTOS

ISOVER

MANCAIS E CASQUEIROS

DEFENSIVOS AGRÍCOLAS

36 59

CARRETAS ALFATEK

14 28

41 36563266 41 36453400

CAMINHÕES - PEÇAS E SERVIÇOS VOLVO

19 34374242 19 38129119

CONGER ENGEVAP FETZ

CAMINHÕES VOLVO

CSJ METALÚRGICA VLC

26

CALDEIRAS ENGEVAP

CATAFÓS PRODUQUÍMICA

FILTROS INDUSTRIAIS 20 9

16 39464766

CALDEIRARIA CSJ METALÚRGICA MARC-FIL

30 19

16 21056400 19 34234000

ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO CIVIL

CALCÁRIO CIBRACAL DIAMANTE IND DE CAL

19 21279400 DDI 713 9866366

13

19 34121144

BRONZE E COBRE - ARTEFATOS FERRUSI

6

ELETROCALHAS

AUTOPEÇAS COBRA ROLAMENTOS

16 39413367

EDITORA

AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL DAIKEN AUTOMAÇÃO JEFFERSON ENGENHARIA METROVAL ZANARDO

51

FERTILIZANTES

CORRENTES INDUSTRIAIS ELLO CORRENTES PROLINK

ISOLAMENTOS TÉRMICOS 19 35473539

DESTILARIAS

AUTOMAÇÃO DE ABASTECIMENTO DWYLER

METROVAL PENTAIR

DURAFACE - DURAPARTS

DECANTADORES

ÁREAS DE VIVÊNCIA ALFATEK

90

CONTROLE DE FLUÍDOS

AÇOS INOXIDÁVEIS MARC-FIL

MARKANTI

A N U N C I A N T E S

FERRAMENTAS 16 39452825

COLETORES DE DADOS

AÇOS TUPER

VIBROMAQ

D E

19 34121144 19 32386566 16 39474732 16 39452433 19 38129119

13 87 86 83 28


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CARTA AO LEITOR

Março/2013

índice Agenda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .8 Eventos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9 e 10

7

carta ao leitor Josias Messias

josiasmessias@procana.com

Cana Livre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12 Mercado Fornecedor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .14 a 16 Produção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17 a 20 Crise

leva grandes grupos a investir em unidades já existentes

Nordeste

colhe prejuízos de até 40% na safra

Mercados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .21 a 29 Governo Bolsa

age e libera aumentos no preço e na mistura

brasileira oferece opções contra a alta volatilidade

Políticas

públicas podem romper círculo vicioso do setor

Tecnologia Agrícola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .30 a 43 VIVAM

OS VIVEIROS!

Bioestimulantes

aumentam produtividade dos canaviais

Administração & Legislação . . . . . . . . . . . . . . . .44 a 53 RH

estratégico eleva competitividade de empresas

Tecnologia Industrial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .54 a 71 Renk

Zanini fabrica redutores paralelos e planetários

Coaching Uso

está valorizado na manutenção preditiva

do aço inoxidável está disseminado nas usinas

Saúde & Segurança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .72 Nova

NR-10 ainda não foi incorporada por boa parte das usinas brasileira

Destaques

do Setor

74

Sustentabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .75 a 77 Carro

flex bate recorde e completa 10 anos em 2013

Meio Ambiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .80 e 81 Agricultura

de Baixo Carbono ajuda a recuperar áreas degradadas

Política . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .82 Novo

Código Florestal ainda é alvo de questionamentos

Negócios & Oportunidades . . . . . . . . . . . . . . . . .83 a 90

VERDADEIRA ALIANÇA “Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. ” (Profeta bíblico Jeremias, capítulo 31, verso 33)

Tudo junto e misturado Na década de 90 do século passado era comum ouvir um motorista pedir um “rabo de galo” ao frentista na hora de abastecer. A expressão era derivada do coquetel de bar resultante da mistura entre cachaça e Cinzano. O rabo de galo da bomba de combustível, por sua vez, era resultante da mistura de gasolina e álcool hidratado. Por ter um veículo exclusivamente movido por gasolina, ao optar pelo mix, no fim das contas o consumidor economizava, por causa dos inflacionados preços da gasolina da época. O que era uma típica gambiarra brasileira veio a tornar-se, menos de quinze anos depois, em uma das mais importantes evoluções tecnológicas dos veículos movidos por motores do ciclo otto. O lançamento do Gol Total Flex 1.6, da Volkswagen, em 24 de março de 2003, marcou a trajetória de sucesso do carro flex, que está completando 10 anos no mercado. O veículo bicombustível tornou-se um marco para o setor sucroenergético e modelo de sustentabilidade para o mundo. Deu novo impulso aos negócios, aqueceu ainda mais a economia e as turbinas das usinas e destilarias, mudou paradigmas na indústria automobilística brasileira e criou o “reinado do consumidor”. A tecnologia flex possibilitou vendas acumuladas de 18,5 milhões de veículos bicombustíveis no período de 2003 a 2012, o equivalente hoje a aproximadamente metade da frota em circulação no país, de acordo com a Anfavea — Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores. Com participação de 4% nas vendas totais de veículos leves em 2003 – ano do lançamento –, o carro flex gradativamente ganhou espaço entre os consumidores e superou, a partir de 2007, a casa dos 80% de participação. O índice obtido em 2012, de 87%, é recorde. No cenário atual o consumidor, que na década de 90 buscava driblar suas dificuldades com o improviso do “rabo de galo”, hoje pode dar-se ao luxo de abastecer com gasolina ou etanol, ou ambos. “Tudo junto e misturado”, como reza o bordão nas redes sociais. É por estas e outras razões que nós, do JornalCana, dedicamos nesta edição matéria especial comemorativa dos dez anos do advento do motor flex. Veja nas páginas 75 a 77 e celebre conosco a criatividade e livre iniciativa brasileiras.

NOSSOS PRODUTOS

O MAIS LIDO! ISSN 1807-0264 Fone 16 3512 4300 Fax 3512 4309 Av. Costábile Romano, 1.544 - Ribeirânia 14096-030 - Ribeirão Preto - SP procana@procana.com.br

NOSSA MISSÃO Prover o setor sucroalcooleiro de informações sérias e independentes sobre fatos e atividades relacionadas à cultura da cana-de-açúcar e seus derivados, visando: Apoiar o desenvolvimento sustentável, humano, tecnológico e socioeconômico; Democratizar o conhecimento, promovendo o intercâmbio e a união entre seus integrantes; Ser o porta-voz da realidade e centro de informações do setor; e Manter uma relação custo/benefício que propicie parcerias rentáveis aos clientes e aos demais envolvidos.

w w w. jo r n a lc a n a . c o m . b r REDAÇÃO PRESIDENTE Josias Messias josiasmessias@procana.com.br

GERENTE DE OPERAÇÕES Fábio Soares Rodrigues fabio@procana.com.br

ADMINISTRAÇÃO Controle e Planejamento Asael Cosentino - asael@procana.com.br Coordenador Administrativo Manoel Brandalha Junior administrativo@procana.com.br Eventos Rose Messias - rose@procana.com.br

Edição Luiz Montanini - editor@procana.com.br Coordenação e Fotos Alessandro Reis editoria@procana.com.br Editor de Arte - Diagramação José Murad Badur Consultor Técnico Fulvio Machado Reportagem Andréia Moreno - redacao@procana.com.br André Ricci - reportagem@procana.com.br Foto de Capa Alessandro Reis Arte Gustavo Santoro Revisão Regina Célia Ushicawa

ASSINATURAS E EXEMPLARES

Anuário da Cana Brazilian Sugar and Ethanol Guide

BIO & Sugar International Magazine

www.jornalcana.com.br O Portal do setor sucroalcooleiro

Mapa Brasil de Unidades Produtoras de Açúcar e Álcool

JornalCana A Melhor Notícia do Setor Prëmio BesiBio Brasil

Prêmio MasterCana Os Melhores do Ano no Setor

Anderson Franco exemplares@procana.com.br Tiragem auditada pelos

MARKETING / PUBLICIDADE Comercial Gilmar Messias 16 8149.2928 gilmar@procana.com.br Leila Milán - 16 9144.0810 leila@procana.com.br Matheus Giaculi 16 8136.7609 matheus@procana.com.br Michelle Freitas 16 9128.7379 michelle@procana.com.br

Artigos assinados (inclusive os das seções Negócios & Oportunidades e Vitrine) refletem o ponto de vista dos autores (ou das empresas citadas). JornalCana. Direitos autorais e 10.000 exemplares comerciais reservados. É proibida a Publicação mensal reprodução, total ou parcial, distribuição ou disponibilização pública, por qualquer meio ou processo, sem autorização expressa. A violação dos direitos autorais é punível como crime (art. 184 e parágrafos, do Código Penal) com pena de prisão e multa; conjuntamente com busca e apreensão e indenização diversas (artigos 122, 123, 124, 126, da Lei 5.988, de 14/12/1973).


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AGENDA

Março/2013

A C O N T E C E U

A C O N T E C E

REUNIÃO DO APLA

SINATUB

O Apla (Arranjo Produtivo Local do Álcool) realizou no dia 21 de fevereiro, no Centro Empresarial Zanini em Sertãozinho reunião dirigida aos empresários do setor sucroenergético.

O curso de Manutenção Preditiva e Inspeção de Equipamentos "Tecnologia Aliada a Pessoas: fatores para o Sucesso da Manutenção Preditiva” será realizado nos dias 14 e 15 de março, em Ribeirão Preto (SP). sinatub@sinatub.com.br

GEMEA

O Gegis - Grupo de Estudos em Gestão Industrial do Setor Sucroalcooleiro se reunirá nos dias 15 de março em Sertãozinho (SP) e no dia 22 de março, em Dourados (MS). gegis@gegis.com.br

O Grupo Gemea - Grupo de Estudo para a Maximização das Eficiências Agroindustriais no Setor Sucroalcooleiro promoveu sua tradicional reunião no dia 22 de fevereiro, em Goiânia (GO). Dentre os temas destacaramse: “Diagnostico de Redutores Planetários”; “Sistema de limpeza de cana a seco e uso da palha na geração de energia”; “Programa Caldema de melhorias contínuas em caldeira”; “Motivação e Trabalho em Equipe”; “Tecnologia e Soluções para Melhor Eficiência na Geração de Energia”; “Sistema de Recuperação de Óleos Lubrificantes e Sistemas de Lubrificação por Névoa” e “Gerenciamento on-line em Sistema de Geração de Vapor.

GEGIS

GEMEA

BESTBIO

O Grupo de Estudos para a Maximização da Eficiências Agroindustriais vai se reunir no dia 5 de abril, em Goiânia (GO). www.gemea.com.br

A segunda edição do prêmio BestBIO acontece no dia 19 de março, em São Paulo. O evento é uma realização da ProCana Brasil e em 2013 será promovido durante a 9ª edição do F.O.Licht’s Sugar & Ethanol Brazil. bestbio@procana.com.br. (veja matéria nas páginas 9 e 10)

GSO

MASTERCANA BRASIL

O 1º EnTec GSO 2013 (Grupo de Saúde Ocupacional da Agroindústria Sucroenergética) acontecerá no dia 29 de março, e o local será definido em breve. www.gso.org.br

O tradicional Prêmio MasterCana Brasil reunirá as principais personalidades do setor no dia 21 de outubro em São Paulo. www.mastercana.com.br

MASTERCANA CENTRO-SUL GERHAI O Grupo de Estudos em Recursos Humanos na Agroindústria se reunirá nos dia 22 de março e 26 de abril, em Ribeirão Preto (SP). www.gerhai.org.br/

No dia 26 de agosto, o MasterCana CentroSul homenageará os principais ícones do setor sucroenergético, em Sertãozinho (SP). O Prêmio é o evento social de abertura da Fenasucro & Agrocana. www.mastercana.com.br

MASTERCANA NORDESTE O Nordeste recebe o MasterCana Nordeste em 28 de novembro de 2013, em Recife (PE), quando terá seus líderes homenageados. www.mastercana.com.br


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EVENTOS

Março/2013

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Prêmio BestBIO transforma São Paulo na capital da sustentabilidade Evento reconhecerá os melhores cases e personalidades da bioeconomia nacional ANDRÉ RICCI,

DA

REDAÇÃO

Neste próximo dia 19 de março, a cidade de São Paulo será a capital da sustentabilidade. Isso porque ali estarão reunidas as melhores empresas em projetos sustentáveis, além de renomados representantes do setor sucroenergético, que trabalham diariamente por um mundo melhor. Trata-se da segunda edição do Prêmio BestBIO, uma realização da ProCana Brasil e que acontecerá em paralelo com a 9ª edição do F.O.Licht’s Sugar & Ethanol Brazil. O evento tem como objetivo reconhecer os melhores cases da bioeconomia brasileira, com ênfase no desenvolvimento e geração de energias limpas e renováveis. O evento promoverá amplamente os vencedores através das revistas BIO&Sugar, JornalCana e pelo portal JornalCana, além de reverberar em divulgação espontânea na mídia geral e especializada. Ainda há tempo para inscrições. Podem se inscrever ao prêmio, profissionais e empresas das áreas de biocombustíveis; bioenergia; bioeletricidade; biotecnologia e de créditos

BestBIO 2012: premiação, consolidada, volta a ser editada em São Paulo

Presentes e premiados do BestBIO, na festa em 2012

de carbono. Josias Messias, presidente da ProCana Brasil, explica as razões que o levaram a idealizar o evento. “Entendemos que a biomassa está sendo relegada ao segundo plano. O Prêmio BestBIO resgata a importância da bioeletricidade dentro da

bioeconomia brasileira”. De acordo com a EPE - Empresa de Pesquisa Energética, até 2021 o Brasil precisará acrescentar o equivalente a quase oito usinas Belo Monte para atender ao crescimento do consumo nacional. Com isso, a falta de apoio por parte do Governo

Federal torna a iniciativa do prêmio BestBIO ainda mais valiosa. Ainda de acordo com JosiasMessias, o evento é uma oportunidade para os integrantes do setor sucroenergético mostrarem o real valor do trabalho realizado. “As usinas e empresas relacionadas ao setor devem participar para mostrar exatamente essa força, ressaltar os investimentos e a tecnologia empregada. Desta forma, vão mostrar que existe uma ação maior, não apenas do ponto de vista socioeconômico, mas também ambiental e estratégico para o país”, complementa. Na primeira edição, realizada em 2012, mais de 200 pessoas estiveram presentes no evento, realizado também em São Paulo, capital. Já para este ano, a expectativa é maior. “Percebemos que o número de inscrições aumentou, assim como o interesse em fundamentar melhor os cases. Hoje, cogeração e bioeletricidade não são mais questões apenas industriais, mas sim, estratégicas”, observa o presidente da ProCana Brasil. SERVIÇO Prêmio BestBIO Data: 19 de março Local: Hotel Tivoli São Paulo - Mofarrej, localizado na Alameda Santos, 1437, Jardim Paulista, São Paulo Informações: (16) 3512-4300 bestbio@procana.com.br Patrocínio: TGM Turbinas e Transmissões


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EVENTOS

Março/2013

Mais de 200 personalidades e empresas participaram do BestBIO em 2012 Mais de 200 personalidades e empresas participaram do BestBIO em 2012 No ano passadp, no dia 27 de março, aconteceu a 1ª edição do Prêmio BestBIO. Com mais de 200 pessoas, o evento chamou a atenção de toda a cadeia sucroenergética e tornou-se referência em pouco tempos. Na ocasião, entre os cases, receberam destaque a Renuka Equipav, Açúcar Guarani, Usina Barralcool e Usina São José da Estiva, além dos profissionais Onório Kitayama, Roberto Rodrigues, José Biagi Amorim e Sabrina Chabregas. O troféu 2012 de Honra ao Mérito em Bioenergia foi para o especialista Onório Kitayama, pelo pionerismo na promoção da bioeletricidade. De acordo com o que disse à época, a iniciativa da ProCana Brasil funcionou como incentivo na busca da sustentabilidade. “Percebemos que as grandes usinas têm um percentual de participação na cogeracão muito grande, já as menores nem tanto. Estamos

João Petroni, presidente da Usina Barralcool, entre Dante Petroni e Silvio Rangel, em 2012

Sabrina Chabregas: biotecnologia tem correlação com a sustentabilidade

procurando colocar outras usinas, mesmo com menor geração e mostrando que podem ser tão viáveis quanto as maiores, pois os investimentos necessários são bem menores. Com esses projetos estamos contribuindo para a melhoria do meio ambiente, que resultam em um ganho ambiental positivo”, comentou. Além do especialista, grandes grupos também foram premiados. Foi o caso da Guarani, do grupo francês Tereos, por seus investimentos na ampliação da capacidade de cogeração de energia. Para Fábio Pelegrini, coordenador corporativo dos projetos de geração de energia do Grupo, a premiação foi muito importante por incentivar e reconhecer a sustentabilidade brasileira. "A bioeletricidade é muito importante para a matriz energética nacional. Os investimentos da empresa nesse setor contribuem para essa matriz energética e para o meio ambiente, já que é uma energia limpa e renovável", ressaltou. Já a Barralcool do Mato Grosso foi premiada pela primeira planta do mundo a integrar os 4 bios: bioetanol, bioenergia alimentar (açúcar), bioeletricidade e biodiesel. "O Grupo Barralcool, que participou do programa do etanol desde seu princípio, não deixou de apostar neste novo

programa, o PNPB - Programa Nacional de Produção do Biodiesel, com a implantação de uma unidade de produção de biodiesel integrado à Usina de etanol e açúcar. Isto fez com que a produção de açúcar, bioetanol, bioeletricidade e biodiesel tivessem uma combinação de produção interessante. As sinergias na produção destes produtos fizeram com que o Grupo Barralcool investisse nesse conceito", explicou à época o diretor presidente, João Petroni. Quem também esteve presente na premiação do ano passado e foi homenageada foi Sabrina Chabregas, coordenadora da Área de Biotecnologia do CTC – Centro de Tecnologia Canavieira. “Receber o prêmio foi uma satisfação e algo inesperado. Fiquei muito feliz. A biotecnologia tem muita correlação com a sustentabilidade, então se você conseguir cana mais produtiva na mesma área você acaba entrando na onda da sustentabilidade. É uma forma de tornar nosso país competitivo e de maneira geral, acaba sendo um trabalho sustentável e ambientalmente correto. Com a aplicação do conhecimento, podemos trabalhar essa matéria-prima para colocá-la no mesmo patamar de outras grandes culturas”, explicou. (AR)


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INFORME

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NOTA DE ESCLARECIMENTO O Grupo José Pessoa vem a público esclarecer a notícia que irresponsavelmente foi publicada na Revista Idea News - Ano 12 – Número 146 – edição de fevereiro de 2013, sob o título “Nas Ondas da Crise”, de que o Grupo estaria no rol de usinas falidas em 2012, o que não condiz com a realidade. Tal informação, assinada pela jornalista Diana Nascimento, foi divulgada de forma infundada e sem o menor conhecimento sobre a situação real das empresas do Grupo, que nem ao menos foi procurado para maiores esclarecimentos. O Grupo José Pessoa encontra-se em Recuperação Judicial e vem cumprindo rigorosamente o plano de recuperação aprovado e homologado na 8ª Vara de São José do Rio Preto, e jamais teve a sua falência decretada. Estamos trabalhando arduamente na certeza de que continuaremos a honrar todos os nossos compromissos, como já estamos fazendo desde a aprovação, por mais de 80% dos credores do nosso plano de recuperação judicial. Somente neste ano de 2013, o Grupo José Pessoa irá plantar mais de 7.000 ha de cana de açúcar, iniciando a retomada do crescimento das suas safras já a partir do próximo ano. Temos plena convicção de que em breve retomaremos o caminho do crescimento.

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CANA LIVRE

B A L C Ã O D E E M P R E G O S Eriel Dantas, de Anápolis, GO, é graduado em engenharia agrícola e busca oportunidade para aplicar e ampliar os conhecimentos adquiridos durante a vivência profissional e acadêmica. Ele procura uma oportunidade de trabalhar como Profissional ou como Trainee. Contatos: eriel.agricola@yahoo.com.br ou eriel_87@hotmail.com

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Japoneses conhecem produção de cana no interior de SP Renk amplia parque Um grupo de japoneses esteve no dia 4 fizeram ao Grupo Arakaki. Fiquei fabril e inaugura retífica de fevereiro na Usina Alcoeste, em empolgada com a viagem deles, então quis Fernandópolis, SP, com o objetivo de conhecer a produção de cana e seus derivados. Compareceram visitantes da Associação Okinawa Kenjin do Brasil, dentre eles Satsuki Kinjo da província de Okinawa no Japão, para conhecer a produção de cana-de-açúcar e etanol. “Meus amigos estiveram recentemente no Brasil e me contaram da visita que

vir conhecer também”, explicou a visitante Satsuki. De acordo com a diretoria, o Grupo Arakaki recebe ao longo do ano, inúmeros visitantes interessados em conhecer de perto a produção de cana-de-açúcar e etanol, uma forma empírica de conhecer toda a cadeia de produção e de incentivar o turismo do agronegócio brasileiro.

João Paulo dos Santos Teodoro, de Franca, SP, universitário do curso de Gestão Ambiental, busca oportunidade de trabalho no setor sucroenergético. Contato: jp.quimica@hotmail.com

Plástico de cana em embalagem de cosmético

RETIFICAÇÕES A Destilaria Tabu, citada na página 22, da edição de fevereiro do JornalCana, está localizada na Paraíba e não em Alagoas. Diferentemente do que foi informado na edição 228, página 48, do JornalCana, Ericson Marino não trabalha mais na Usina São Martinho desde maio de 2012. A foto que ilustra a reportagem “Aumento da área de cana contribuirá para a retomada da produtividade” (página 41 da edição de fevereiro do JornalCana) não é de Mário Campos, Secretário executivo interino do Siamig .

A Renk Zanini, de Cravinhos, SP, inaugurou em janeiro uma nova retífica de dentes da marca Gleason PFAUTER, com capacidade até o módulo 50 e qualidade 3 DIN 3962/3, o que proporcionará além do aumento de capacidade fabril para atender seus novos compromissos e contratos, também um aumento de produtividade. Nos últimos dois anos foram investidos mais de 2 milhões de euros em inovações e renovações do parque fabril.

Gerson Carneiro Leão é reeleito em Pernambuco Gerson Carneiro Leão foi reeleito para o triênio (2013/16) à frente do Sindicato dos Cultivadores de Cana-de-Açúcar, em Pernambuco, com posse em 1º de março de 2013. Ele obteve aprovação de mais de 80% dos associados. A porcentagem é

praticamente o dobro do que era preciso para a reeleição. Segundo comunicado do Sindicape, “a votação transcorreu em clima de grande tranquilidade, onde foi verificada a alta aprovação do presidente Gerson à frente da entidade”.

Chegou às lojas em fevereiro, a embalagem de plástico verde derivada de cana da Braskem, utilizada pela marca francesa de cosméticos, L’Occitane en Provence. A linha de produtos corporais para uso diário Bonne Mère, lançamento da marca francesa, já está sendo usada na França e será exportada para mais de 85 países, segundo a Braskem. De acordo com a marca brasileira, o PE Verde é uma resina termoplástica feita a partir do eteno obtido do etanol de canade-açúcar e possui propriedades idênticas às do polietileno convencional, uma resina de grande versatilidade de aplicações, e também é reciclável.


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Crise abala, mas não derruba esperança da indústria de base Mesmo com queda nas encomendas, fornecedor mantém confiança na recuperação ANDRÉIA MORENO, DA REDAÇÃO

Intempéries climáticas associadas a inexistência de políticas claras para o etanol, somada à crise na Europa com reflexos em economias emergentes, repercutiram nos investimentos internos do país e as usinas se limitaram a implementar manutenção mínima em suas unidades nessa entressafra. A conclusão é de Valentin Rabaldelli, supervisor administrativo do sistema RGD-Dedini, ao traçar um panorama dos reflexos da crise do setor. “Grandes retrações em investimentos estabeleceram um cenário de arrefecimento em fluxos de capitais, assim de maneira geral os pedidos diminuíram, e observamos que a diminuição maior aconteceu em 2012”, comenta. Apesar dos efeitos traumáticos da crise econômica, a Dedini garante que não deixou de fornecer nenhum produto no segmento de manutenção. “O que aconteceu foi uma redução de encomendas em função da queda dos investimentos nos orçamentos de manutenção por parte de nossos clientes. Porém a situação de retração não pode perdurar por mais tempo, pois já existem demandas acumuladas que não suportam mais este quadro de inércia”. A solução encontrada para driblar a redução das encomendas foi atuar em busca de outros mercados e outros negócios. “Procuramos de uma maneira plural, abranger todo o nosso mix de atuação para não perdermos oportunidades em todos os nossos negócios, mantendo, e

até buscando uma ampliação em nossa participação de mercado”, evidencia. Grande defensora do planejamento antecipado, a Dedini confirma que a opção tem crescido no mercado sucroenergético, porém ainda existe muito a avançar, segundo Rabaldelli. “Dessa nova perspectiva de planejamento percebemos muitos ganhos para todos, tanto para usina como fornecedor. Os períodos de antecipação médios que constatamos hoje em nossas carteiras de pedidos variam de um ano, nove e seis meses”, diz. Mas a esperança de uma recuperação é clara dentro

da cadeia produtiva, tanto é que para Rabaldelli, uma das grandes soluções para mudança desse quadro seria o estabelecimento de políticas e regras emergenciais para o setor por parte do governo. “Podemos nos beneficiar ainda com grandes demandas internacionais que se apresentarão. Existem hoje, possibilidades de exportações para a Europa e Estados Unidos. Paralelamente a todo este mecanismo de recuperação do setor, deveremos também nos preparar de uma maneira racional para enfrentarmos este novo momento de aquecimento das demandas”, conclui.


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Recuperação do setor demandará tempo “A recuperação das empresas sucroenergéticas pós-crise demandará tempo e não podemos esperar que 2013 seja o ano da virada”. Com essa conclusão, o especialista Marcos Françóia, diretor da MBF Agribusiness revela que existem muitos “pacientes” com alto grau de risco, por isso é preciso muito trabalho e atitudes sérias e justas por parte das instituições financeiras, governo, empresários e instituições de classe para remediar essa situação. Segundo o executivo, no final do ano passado existiam previsões de que cinco indústrias de base da região de Ribeirão Preto e Piracicaba, no interior de São Paulo, poderiam entrar com pedidos de recuperação judicial devido a crise. “Das previsões, dois pedidos ocorreram e um está sendo negociado extra-judicial, ou seja, os credores aceitaram renegociar alongando o pagamento da dívida, sem a empresa entrar na justiça. Quanto a quantidade de empresas em dificuldades, pode-se dizer que são muitas. Esse setor está sofrendo muito pela falta de capital de giro, falta de pedidos e não qualificação da gestão”, completa. Em um raio X da situação atual, Françóia confirma que muitas empresas estão com grandes dificuldades financeiras e necessitando de linhas de crédito, para transporem esse momento de crise econômica, até que a moagem da safra se inicie e as empresas produtoras (usinas e destilarias) voltem a honrar seus compromissos atrasados e também os novos compromissos assumidos nessa entressafra. “É muito importante destacar que a crise para as indústrias de base também se agrava quando tentam atender aos pedidos das usinas e destilarias, que negociam seus pagamentos para após o início da moagem, o que amplia a necessidade de capital de giro, tão escasso no momento atual”. Ele conclui que em 2012 o fôlego acabou para muitas empresas devido a alta inadimplência por parte de seus

clientes, redução significativa das encomendas, falta de crédito e restrita capacidade de gestão em tempos de crise. “Esses fatores colocaram o setor em dúvida quanto a sua capacidade de sustentabilidade econômica”, frisa. Na contramão desse cenário, a HPB Simisa diz ter atingido plenamente seus objetivos durante esse período no aspecto comercial, principalmente na superação das metas em 2012. “Obtivemos um percentual de aproximadamente 10% além de nosso Target definido no principio do ano. Seguramente a

demanda do setor crescerá, pois o açúcar é um alimento; observamos um crescimento da população mundial e sabemos que a cana é produtiva em clima tropical. Por isso somos um País privilegiado neste sentido”, explica Etore Tomaz Frederici, gerente de engenharia Service. O “portfólio” da empresa hoje é essencialmente caldeiras aplicadas na geração de vapor para o mercado sucroenergético e de alimentos. “A HPB Simisa se estruturou há mais de três anos com a criação do Departamento de

“Service” para o atendimento de manutenção e retrofits das caldeiras. Temos como resultado um crescimento contínuo a cada entressafra, superando também as metas. A tendência é que tenhamos em todas as entressafras serviços de melhorias, com aumento principalmente da eficiência das caldeiras, bem como a reposição de peças, crescendo a cada ano, levando-se em conta o aumento de equipamento instalados e o desejo de cada vez mais obter um aproveitamento máximo da disponibilidade energética das usinas”, finaliza. (AM)


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Entressafra revela alto índice de confiança dos fornecedores As atuais condições da entressafra e sinalizações do governo parecem ter melhorado o ânimo da cadeia produtiva nesse início de ano. Pelo menos é o que comprova o Índice de Confiança dos Fornecedores do Setor Sucroenergético que subiu 0,04 pontos em janeiro com relação a outubro passado, segundo seus realizadores, Agrofea - Programa de Pesquisa em Agronegócio da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da USP. Composto por dois indicadores que mensuram as expectativas e as atuais condições do setor segundo os fornecedores, o índice subiu de 0,54 em outubro para 0,58 na pesquisa de janeiro. Os indicadores variam no intervalo de 0,00 a 1,00 onde valores acima de 0,50 pontos indicam empresários confiantes. O índice atingiu o maior valor desde fevereiro de 2012, quando bateu os 0,59 pontos. "Este foi o segundo maior valor da série histórica que começou a ser divulgada em outubro de 2011", enfatizam os pesquisadores. Segundo o relatório, no que se refere às condições atuais, a percepção dos empresários atingiu 0,51 pontos, indicando confiança no cenário do setor, fato que não acontecia desde fevereiro de 2012. "A variável que questiona os gestores sobre Fornecimento para o Setor Sucroenergético apresentou a maior elevação (0,09 pontos), subindo para 0,50. De acordo com o relatório, o valor demonstra que os gestores voltaram a estar confiantes em relação ao fornecimento de máquinas e equipamentos para as usinas", informa a nota. A confiança na própria empresa é a variável mais alta das que compõem o indicador de condições atuais, de acordo com o documento, com 0,59 pontos (alta de 0,08). Para Valentin Rabaldelli, supervisor administrativo do sistema RGD-Dedini, a empresa é conservadora e cautelosa nas expectativas pois para ele, 2013 será ainda um ano de

recuperação. “Desejamos que a urgência energética brasileira desperte no Governo Federal políticas emergenciais de apoio ao plano energético brasileiro e de

biocombustíveis.Temos fé de que observaremos um segundo semestre de 2013 crescente de recuperação no nosso setor”, lembra. (AM)


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Crise leva grandes grupos a investir em unidades já existentes ANDRÉ RICCI, DA REDAÇÃO

Crescer em momentos de crise, muitas vezes, é um fator inimaginável para os empresários. Contudo, quando a necessidade envolve um dos grandes pilares da economia brasileira é preciso encontrar alternativas. É o caso do setor sucroenergético, que por um período conturbado vem passando, mas necessita se reerguer para que outros setores se mantenham. Segundo informações da Unica – União da Indústria de Cana-de-Açúcar, até 2021, o Brasil precisaria construir 90 novas usinas de cana-de-açúcar para reduzir a importação de gasolina. Neste caso, as novas unidades, produzindo apenas etanol, seriam capazes de gerar uma produção adicional potencial de 27 bilhões de litros, número equivalente a 18 bilhões de litros de gasolina. Além disso, com os novos projetos seriam gerados investimentos de R$ 100 bilhões em bens de capital, sobretudo equipamentos industriais e máquinas agrícolas. Se tivermos como base números recentes do setor, veremos que a tarefa não é nada fácil. Segundo dados do Anuário da Cana, entre os anos de 2007 e 2011, surgiram aproximadamente 76 novas unidades, período de maior expansão do segmento.

Usina Caarapó, no Mato Grosso do Sul, da Raízen

“O setor está retomando seu padrão de crescimento de anos anteriores. Os investimentos feitos pelas empresas e os incentivos do Governo Federal se farão sentir nas próximas safras e estamos confiantes que conseguiremos bons resultados. Além disso, estamos investindo na ampliação da produção, melhorias de processo e em alternativas para incrementar a produção e a produtividade do setor”, diz o gerente industrial da Unidade Caarapó da Raízen, Celismar Francisco da Silva. A usina em questão foi inaugurada em 2010, em Mato Grosso do Sul, processando na safra 2012/13 total de 2.231.572 toneladas de cana-de-açúcar, que geraram

83.540 mil metros cúbicos de etanol hidratado e 156.731 toneladas de açúcar. “Atualmente, a Unidade Caarapó possui aproximadamente 1.900 funcionários. Só na última safra, foram gerados 340 empregos na área industrial”, diz o gerente. A falta de recursos, descaso do governo, intempéries climáticas, envelhecimento dos canaviais, dentre outros, fizeram com que, ao invés dos empresários elaborarem novos projetos, adquirissem usinas em dificuldade financeira. É o que aconteceu, por exemplo, com o grupo Santelisa Vale, empresa familiar que acabou sendo vendida para a francesa Dreyfus; a Moema, que precisou vender

cinco de suas seis usinas para a Bunge; e Cerradinho, que viu suas unidades irem parar nas mãos da Noble Group, com sede em Hong Kong. Contudo, segundo Celismar, com organização, investimento e trabalho sério, o segmento pode retomar sua força. “Aqui, por exemplo, desde 2010, ano de inauguração da Unidade Caarapó, estamos trabalhando para atingir a plena capacidade de produção da planta, que é de 2,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, com produção de 90 milhões de litros de etanol e 185 mil toneladas de açúcar por safra. Estamos muito próximos desses números”, finaliza.


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Boa Vista registra crescimento ano a ano Ao todo, são aproximadamente três mil colaboradores diretos. Na última safra, 2,7 milhões de toneladas de cana-deaçúcar, 220,6 mil metros cúbicos de etanol e 199.898 MWh de energia exportada. Estes são os mais recentes números da Usina Boa Vista, pertencente a Nova Fronteira Bioenergia, joint-venture entre o Grupo São Martinho e a Petrobras Biocombustível, e localizada em Quirinópolis, GO. Fundada em 2008, a unidade conta com uma área de 1,7 milhão de metros quadrados, sendo 23 mil de área construída. No início, contou com um aporte de R$ 420 milhões da Petrobras Biocombustível para acelerar o crescimento das operações, e o resultado tem sido positivo. A moagem da safra 2010/11 foi de 2 milhões de toneladas de cana; depois 2,2 milhões na safra 2011/12 e, na seguinte, (2012/13), o total foi de 2,7 milhões. Segundo Ricardo Gonçalves, diretor agroindustrial da unidade, mesmo em um

momento de cautela, os investimentos permitem galgar melhores resultados. “Prevemos investimentos nas atividades agrícolas e industriais, fazendo com que a Usina Boa Vista, que atualmente possui capacidade de moagem de 4 milhões de toneladas de cana, colhidas 100% de forma mecanizada (sem queima), alcance a capacidade de moagem de 5 milhões de toneladas a partir da safra 2014/15”, explicou. Outro ponto positivo é sua localização, próxima ao alcoduto que está sendo construído pela Logum, da Rodovia Norte-Sul e de hidrovias que estão sendo construídas pela Transpetro. “Poderemos escoar o etanol para os mercados consumidores do Sudeste através do alcoduto ou até o Maranhão via ferrovia. De lá, poderemos exportar o produto para o exterior ou levá-lo para os mercados das regiões Norte e Nordeste", disse Fábio Venturelli, presidente da São Martinho.

Unidade Otávio Lage aposta em inovações para se destacar Prova de que os investimentos trazem resultados com um trabalho bem feito, a unidade goiana Otávio Lage, do Grupo Jalles Machado, findou a safra 2012/13 com números expressivos. O ciclo, que se iniciou em abril e terminou em outubro passado, rendeu 1 milhão de toneladas de cana-de-açúcar moídas, além da produção de 86 milhões de litros de etanol e 95 mil MWh de energia elétrica gerados. A unidade, que foi inaugurada em 2011, tem correspondido. Segundo o diretor-presidente da empresa, Otávio Lage de Siqueira Filho, os frutos são consequência do comprometimento dos colaboradores. "Quem faz essa empresa são as pessoas, que são o nosso maior

patrimônio”, ressaltou. Como diferencial, nessa safra a usina implantou um pivô com capacidade para irrigar 414 hectares, considerado um dos maiores do Brasil e da América Latina. O pivô tem comprimento de 1.148,32 metros e vazão de 493,17 m³/h de água. A inovação abrange também uma área de 2 hectares pertencente ao programa de variedades de cana da Unidade Otávio Lage, voltado para a seleção de materiais que melhor se desenvolvem em um ambiente irrigado. Em comunicado, a empresa diz que foi realizado um preparo de solo para que seja extraído o melhor, considerando aspectos de descompactação, correção e práticas para conservar o solo. (AR)


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Nordeste colhe prejuízos de até 40% na safra ANDRÉIA MORENO, DA REDAÇÃO

Especialistas do setor revelam que o cenário de seca no Nordeste brasileiro pode ser um dos piores dos últimos 40 anos. Segundo dados do Sindaçúcar-PE, o fenômeno da estiagem provocou redução de cerca de 23% à safra da cana no Estado, produzindo perdas no faturamento do setor, na ordem de 25 a 29%, em relação ao da safra anterior. O presidente do Sindaçúcar-PE, Renato Cunha, explica que a região da Mata Norte de Pernambuco foi a mais atingida, com áreas que tiveram cerca de até 40% de perdas em função da estiagem prolongada. Outras também, não menos afetadas foram a Paraíba e o Rio Grande do Norte, além de Alagoas. Ele declara ainda que a seca atrapalhará a próxima temporada. “Os produtores estão sem receita para investir na nova safra, a não ser que surjam as políticas públicas de subvenção e até mais estruturantes voltadas à irrigação, melhoramento genético e políticas de incentivo também para as indústrias de cana com desonerações de tributos e reconhecimento das externalidades do etanol do Nordeste”. Três unidades suspenderam moagem nessa temporada no estado, já que enquanto na safra 2011/12, 20 unidades agroindustriais operaram, na safra 2012/2013, apenas 17 delas moeram,

segundo o presidente do Sindaçúcar-PE, Renato Cunha. Segundo a previsão da entidade, o Norte/NE deverá processar 53 milhões de toneladas de cana na safra 2012/2013, contra 65 milhões de toneladas da temporada anterior. Por consequência, a quantidade de açúcar e etanol também sofrerão com os efeitos. O Sindaçúcar estima que a região processe 4,4 milhões de toneladas de açúcar contra 4,6 milhões de toneladas da safra 2011/12 e 1,92 milhão de litros de etanol, contra 2,10 milhões de litros do ciclo anterior. Em Pernambuco, não será diferente. Dados do Sindaçúcar-PE confirmam que o estado deverá esmagar 13,4 milhões de toneladas de cana contra 17,4 milhões de toneladas da safra 11/12. A produção de etanol de Pernambuco

deverá girar em torno de 320 milhões de litros, ante os 360 milhões de litros de 2011/12 e a quantidade de açúcar, poderá ser de 1,25 milhão de toneladas, ante as 1,5 milhão de toneladas do ano anterior, segundo o Sindicato.

ESTIAGEM ACELERA FIM DE SAFRA A severa seca do Nordeste provocou perda de matéria-prima e paralisou o crescimento da cana. Prova disso é que a safra canavieira da Paraíba que começou em agosto de 2012, um mês mais tarde do que o normal, terminou em fevereiro, um mês antes do habitual, por falta de cana. O clima também prejudicou o maior estado produtor do Nordeste. Alagoas poderá registrar perdas de até 30% na produtividade, segundo o pesquisador Geraldo Veríssimo, coordenador do

Programa de Melhoramento Genérico da Ufal - Universidade Federal de Alagoas. "Algumas usinas do estado anteciparam o final de safra devido a falta de crescimento da cana. Há cinco meses não chove. Sei que 2012 choveu 50% menos do que o normal. Além dos mananciais que estão quase secos, milhares de animais morreram e o abastecimento já está comprometido em várias cidades", confirma. Edmundo Barbosa, presidente do Sindalcool da Paraíba, explica que a moagem de cana no estado poderá chegar a 5,29 milhões de toneladas contra 6,7 mi de toneladas da safra 2011/2012. De acordo com Geraldo Veríssimo, muitos canaviais que não possuem irrigação tiveram seu crescimento paralisado em Alagoas pela falta de chuva e as canas que foram cortadas de setembro a dezembro também acabaram morrendo devido a seca por falta de brotação. "Por isso vemos muitos canaviais com falhas. Até minhas pesquisas ficaram comprometidas com a situação. Perdemos 70% das áreas de produção de mudas. Mesmo chovendo em março, conforme os noticiários, será difícil recuperar o canavial e a próxima safra certamente estará muito mais comprometida", reforça. De acordo com o Sindaçúcar de Alagoas, a precipitação pluviométrica na região canavieira acumulada nos 12 meses de 2012 foi a menor nos últimos três anos.


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Governo age e libera aumentos no preço e na mistura Aumento da mistura de etanol anidro na gasolina, de 20% para 25%, entra em vigor em 1º de maio ANDRÉ RICCI, DA REDAÇÃO

O ano de 2013 começou de maneira agitada para o mercado de combustíveis. Em 29 de janeiro, o Governo Federal autorizou o reajuste nos preços da gasolina e do diesel - 6,6% e 5,4%, respectivamente; no dia seguinte foi a vez dos parlamentares autorizarem o aumento da mistura de etanol anidro na gasolina, passando dos atuais 20% para 25% a partir de 1º de maio. As medidas se complementam, já que a segunda tem como objetivo diminuir o provável impacto do reajuste do combustível fóssil aos consumidores. A ideia era que o aumento ficasse restrito às refinarias. Contudo, o que se viu nas bombas foi o inverso. Assim que a liberação foi concedida, o consumidor pôde sentir no bolso. Em um posto localizado na cidade de Curitiba, o aumento chegou a 6%. Já em Brasília, a gasolina passou de R$ 2,85 para R$ 3,04. Já a volta dos 25% era um pedido recorrente dos representantes do setor

sucroenergético. André Rocha, presidente do Sifaeg - Sindicato da Indústria de Fabricação de Etanol do Estado de Goiás, compara o Brasil com outros países. “Em outras federações, os biocumbustíveis são valorizados e o governo desonera o setor que o produz, fazendo com que o consumidor seja beneficiado. No Brasil, para que possamos desfrutar do etanol, precisamos onerar a gasolina, prejudicando de todas as maneiras o consumidor”, disse. A justificativa pela demora vem do temor do desabastecimento do biocombustível. De acordo com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, o setor sucroenergético se diz preparado para aumentar a produção de 22 para 27 bilhões de litros de etanol. “O segmento nos garantiu de mãos juntas que dará conta. Se não der conta, teremos que alterar o prazo para 1º de junho, e não 1º de maio”, explica. Segundo Luiz Custódio Cotta Martins, presidente do Fórum Sucroenergético, o risco de desabastecimento não existe. “Sem dúvidas temos estoque de sobra. Para se ter uma ideia, temos etanol anidro da produção passada. Neste ano, a ideia é começar a safra mais cedo, e com isso, produzir mais. Supriremos a demanda”, afirma. A mistura havia sido reduzida em outubro de 2011 por conta de uma escassez do biocombustível, que gerou aumento nos preços.

Luiz Custódio Cotta Martins: risco de desabastecimento inexiste

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Desonerar PIS e Cofins não resolve todos os problemas No início de fevereiro, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse que o governo estuda oferecer novos incentivos para o setor de etanol no país. Questionado sobre a possibilidade do governo reduzir a alíquota de PIS-Cofins da produção do etanol pelas usinas, o representante confirmou a análise. “Estamos examinando um conjunto de medidas, entre as quais também essa, mas não há decisão ainda”. Mas, seria essa a principal ação? Para Luiz Custódio, presidente do Fórum Nacional do Setor Sucroenergético, caso a medida se confirme, é apenas o primeiro passo de vários outros que precisam ser dados. “A desoneração não resolve todos os problemas, mas, sem dúvida, é um bom começo. O que precisamos é de planejamento a longo prazo, com metas até 2025, para que assim, os investidores voltem a acreditar no segmento", explica. Este é mais um ponto discutido com frequência no setor. No fim de 2012, o

Elizabeth Farina discute políticas de crescimento do etanol e bioeletricidade

diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, falou sobre políticas de preços, abastecimento e planejamento energético. “Acredito que previsibilidade é a necessidade dos produtores de etanol. Assim, seria mais fácil traçar metas e criar políticas públicas em prol dos envolvidos”, finalizou. A presidente da Unica – União da Indústria de Cana-de-Açúcar, Elizabeth Farina, tem se reunido constantemente

com líderes do governo com o objetivo de discutir políticas de crescimento do etanol e bioeletricidade. A representante diz que espera uma definição sobre o papel do segmento na matriz energética do Brasil, pedido solicitado há anos pelos empresários. "As perspectivas são muito boas para o mercado. Então, o que temos de cumprir são as regras do jogo estabelecidas pelo governo ou mesmo nas relações

internacionais, que alavanquem os negócios do setor", ressalta. Logo que assumiu o cargo, em janeiro, Farina sabia que seu principal desafio era esse, encontrar formas eficazes de atenuar a falta de investimentos. “Retomar o crescimento é o que interessa para o segmento, o governo e a sociedade, pois vai ao encontro dos objetivos do próprio País de retomar um ritmo mais acelerado de crescimento econômico,” afirmou. (AR)


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Bolsa brasileira oferece opções contra a alta volatilidade Lançamento de contratos futuros de anidro e açúcar cristal reduz riscos causados pela oscilação de preços RENATO ANSELMI, FREE

DE

LANCE PARA O

CAMPINAS, SP

JORNALCANA

A BM&FBovespa – Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros lançou, no dia 28 de janeiro, dois novos contratos derivativos de commodities para o setor sucroenergético: um contrato futuro de etanol anidro carburante, com entrega física, e um contrato futuro de açúcar cristal, com liquidação financeira. A iniciativa tem o objetivo de reduzir o risco proporcionado pela oscilação de preços que pode provocar sérios prejuízos para um segmento de grande importância para a economia brasileira, de acordo com Ivan Wedekin, diretor de commodities da BM&FBovespa. “O DNA desse setor é de alta volatilidade, com grande flutuação de preços”, enfatiza. No caso do anidro, a iniciativa é considerada por especialistas como mais um passo em direção da commoditização do produto. Com o lançamento dos novos

Ivan Wedekin: O DNA desse setor é de alta volatilidade

contratos, a BM&FBovespa é a primeira bolsa do mundo a oferecer ao setor um portfólio completo de derivativos de commodities sucroenergéticas. O contrato futuro de etanol hidratado já tinha sido lançado em maio de 2010, com liquidação financeira e formação de preço em Paulínia, no estado de São Paulo. A medida possibilita aos agentes destes mercados estabelecerem estratégias de hedge e de arbitragem entre os três contratos em moeda local – as operações são em reais – e em uma única plataforma eletrônica de negociação. A expectativa em relação aos novos contratos é bastante positiva. A decisão do governo brasileiro em elevar o índice de anidro adicionado à gasolina, de 20% a 25%, a partir de maio, e a própria motivação do mercado são alguns fatores que podem assegurar o sucesso dos novos lançamentos. O contrato de hidratado, que começou a ser negociado há quase três anos, está tendo boa aceitação da bolsa. Foram negociados 95 mil contratos em 2011, o equivalente a 2,85 bilhões de litros, informa Ivan Wedekin. Em 2012, houve a negociação de 71 mil contratos, o que representou 2,1 bilhões de litros. A queda no ano passado é atribuída às discussões que envolveram a questão de abastecimento de etanol no mercado interno, o que gerou certa instabilidade. O mercado esteve inclusive mais focado na comercialização de anidro.

Formatação conta com participação de representantes do setor Operações dos dois contratos são em reais, o que reduz o custo das empresas O contrato de etanol anidro, com entrega física (opções futuramente), também conta com a formação de preços em Paulínia, que é o maior centro de distribuição – comenta o diretor de commodities da BM&FBovespa, Ivan Wedekin – de combustíveis do Brasil. O de açúcar cristal, com liquidação financeira mais opções de compra e venda sobre o futuro, tem o Porto de Santos – também em São Paulo - como indicador de preço. A escolha de Santos está relacionada também à possibilidade de arbitragem com as bolsas de Nova York e Londres. A formatação desses contratos é decorrente de amplo debate com representantes do segmento sucroenergético. Cada mercado tem a sua Câmara Consultiva que discute diversas questões, como a elaboração de contratos futuros, de acordo com Fabiana Perobelli, gerente de produtos do agronegócio da BM&FBovespa. No caso do açúcar, as discussões começaram no final de 2011, pois havia a necessidade da construção de um indicador de preços para o produto a partir de

Fabiana Perobelli: formatação dos contratos é decorrente de amplo debate

contatos com um público mais abrangente, relata. Para a elaboração dos contratos, as conversações foram abertas para o mercado, incluindo players, associações.

As operações desses dois contratos são em reais, o que reduz o custo das empresas, observa a gerente de produtos do agronegócio da Bolsa. A quantidade

negociada nos contratos de açúcar é de 508 sacas e nos de anidro, de 30 metros cúbicos – ou quantidades múltiplas a partir desses volumes básicos. (RA)


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Novo mecanismo poderá ser farol de preços para o anidro A expectativa é que o contrato futuro de etanol possa, com visibilidade, clareza e transparência, se tornar referência A precificação dos produtos e a elaboração de contratos de longo prazo fazem parte das expectativas geradas pelo lançamento dos contratos futuros de etanol anidro e de açúcar cristal. “A receptividade é boa. A motivação do mercado é grande”, constata Ivan Wedekin. Ele afirma que as condições são favoráveis para a criação de um mercado futuro nesse segmento no Brasil que é o maior exportador de açúcar e o segundo de etanol. Além de criar condições para a precificação dos produtos no mercado interno, os contratos futuros de etanol anidro e açúcar cristal poderão atrair para o Brasil uma parte da liquidez internacional. O etanol anidro é uma commmodity que não tem precificação, comenta Ivan Wedekin. Segundo ele, existe a expectativa que o contrato futuro de anidro possa, com visibilidade, clareza e transparência, se tornar uma referência de preços,

Tarcilo Rodrigues: contrato dá suporte à precificação do produto no mercado interno

Medida é mais um passo em direção à commoditização No caso do etanol anidro, o lançamento do contrato futuro é mais um passo em direção à commoditização do produto, segundo Tarcilo Rodrigues. “É uma das ferramentas necessárias para transformar o anidro em commodity”, enfatiza. Se o contrato da BM&FBovespa tornar-se forte e representativo poderá ser utilizado como referência em negociações internacionais. Caso o valor do anidro esteja elevado na Bolsa de Chicago, nos Estados Unidos, o comprador – exemplifica – levará em consideração o preço praticado na bolsa brasileira para a aquisição do produto. Ele lembra que o Brasil precisará de produção, além de preço competitivo, para atender a demanda do mercado internacional. Tarcilo Rodrigues observa que a formação de preço do anidro norteamericano é diferente em comparação à formação do preço do produto no Brasil. O dos Estados Unidos depende do preço do milho, da relação com o preço da soja, entre outros fatores. No Brasil está relacionado com o preço da cana, do açúcar, com o índice de mistura de etanol à gasolina, impostos, etc. Para o presidente do Conselho Administrativo da Ietha, a commoditização do etanol não vai acontecer de uma hora para outra. É um processo lento. A disseminação da produção em outros países foi um passo para isto. “Para ser caracterizado como commodity, um produto não pode ser monopólio de um país”, comenta. De acordo com ele, a criação de programas de biocombustíveis,

Há necessidade de maior movimentação do anidro no mercado internacional

que estão em curso na Europa, também faz parte desse processo. A commoditização vai ocorrer quando houver a movimentação do produto no mercado internacional, em grande escala, afirma Tarcilo Rodrigues, que é também diretor executivo da Bioagência, empresa de comercialização de açúcar e etanol. Isto dependerá, entre outros fatores, de aumento da produção e de decisões políticas de governos de diferentes países. É

importante também que outras bolsas – acrescenta – façam o lançamento de contratos futuros de etanol anidro. A padronização das especificações técnicas do etanol, comercializado no mundo, é outra medida importante – diz Tarcilo Rodrigues – para que o produto se transforme em commodity. O objetivo da Ietha, nesta área, é que seja aprovado um conjunto de normas que possam ser aceitas por todo o comércio internacional. (RA)

favorecendo a movimentação física. “O contrato pode se tornar um farol de preços do etanol anidro no mundo”, ressalta. Há poucas alternativas de precificação desse produto. Uma delas é a Bolsa de Chicago que tem atuação voltada ao mercado norteamericano. Para Fabiana Perobelli, a perda de competitividade do setor sucroenergético brasileiro e as incertezas em relação à safra 2013/14 geram boas perspectivas para as negociações na bolsa de mercadorias e futuros. Ivan Wedekin destaca que os contratos futuros possibilitam maior planejamento para o setor. Em janeiro – exemplifica – já era possível saber o preço do hidratado até agosto de 2013. “O desafio é ampliar a liquidez na safra de cana-de-açúcar”, diz. Segundo o presidente do Conselho Administrativo da International Ethanol Trade Association - Ietha, Tarcilo Ricardo Rodrigues, o contrato futuro do etanol anidro carburante da BM&FBovespa foi trabalhado para dar suporte para a precificação do produto no mercado interno. Até agora, o contrato futuro do hidratado – mais um prêmio – é usado como referência para o anidro. “Mas, o que acontece no mundo do hidratado é diferente do mundo do anidro”, compara. (RA)

Produtor tem novo instrumento para precificação da matéria-prima Com o contrato futuro de açúcar cristal, o produtor de cana poderá contar também com um novo instrumento para a precificação da matéria-prima fornecida para unidades sucroenergéticas. De acordo com Luiz Gustavo Junqueira Figueiredo, diretor comercial da Usina Alta Mogiana, de São Joaquim da Barra, SP, essa medida atende demanda antiga do produtor que não tinha um instrumento de negociação nesse mercado. “O Consecana não precifica o futuro”, comenta. Como maior produtor e exportador de açúcar, o Brasil precisava também de um contrato de futuro para a arbitragem do seu produto no mercado local, observa. Além disso, esse mecanismo poderá se tornar um referencial no mercado internacional. No caso da bolsa de Nova York – exemplifica – não apresentar um hedge favorável, o produto que estiver sendo negociado no Brasil poderá se tornar uma alternativa interessante, caso tenha um melhor preço. (RA)


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Lançamento de contrato futuro ocorre em momento oportuno O contrato futuro de anidro foi lançado em um momento oportuno, porque a produção desse tipo de etanol voltou a crescer e continuará crescendo, segundo Luiz Gustavo Junqueira Figueiredo, diretor comercial da Usina Alta Mogiana. O aumento do índice de anidro na gasolina de 20% para 25% – que começará a vigorar em maio – também favorece a comercialização do produto, afirma. De acordo com ele, os contratos de anidro e de açúcar cristal já chegaram a existir e estão agora sendo relançados. Mas, não obtiveram sucesso. O contrato anterior de anidro foi disponibilizado há quatro anos, mas não decolou porque o mercado estava declinante, relata o diretor comercial. “Hoje o cenário é oposto”, constata. Com o consumo de gasolina em ascensão, aumenta também a demanda de anidro que é adicionado ao combustível fóssil. O mercado de anidro tem as suas características próprias, por isso as negociações que envolvem esse produto não podem ser baseadas no contrato de hidratado como mais um prêmio, como estava ocorrendo até o lançamento do

contrato de anidro, opina Luiz Figueiredo que presidiu a Câmara Setorial de Açúcar e Etanol da BM&FBovespa, até o final de dezembro, durante três mandatos – com duração de dois anos cada. A elaboração dos novos contratos contou com a participação – relata – de produtores de açúcar e etanol, comercializadores, tradings, além de representantes de empresas consumidoras desses produtos. “Os contratos foram desenhados para atender todos os públicos. Não atingem 100% de qualidade. Apresentam virtudes e defeitos”, avalia. Segundo ele, o Brasil concorre com bolsas de outros países, onde as regras econômicas são mais estáveis. Os novos mecanismos de negociação da BM&F Bovespa são considerados, no entanto, um avanço significativo. A previsibilidade nas negociações aumenta, enfatiza Luiz Gustavo Figueiredo. E, a partir disso, diminui a insegurança de tradings e empresas comercializadoras. Outro fator que fortalece as medidas da bolsa é o momento mais favorável da economia brasileira, que tem apresentado menores oscilações. (RA)

Aumento do índice de anidro adicionado à gasolina favorece comercialização

Arbitragem favorece definição de mix de produção Nova possibilidade de negociação não vai transformar a comercialização de etanol de uma hora para outra O setor sucroenergético brasileiro poderá contar com outro benefício, proporcionado pelo lançamento dos novos contratos: a possibilidade de arbitragem entre os seus três principais produtos (anidro, hidratado e açúcar cristal). A precificação desses produtos cria condições para que unidades sucroenergéticas definam o mix de produção com menor risco possível, avalia Luiz Gustavo Figueiredo. Ele diz que o contrato de anidro permitirá também que o Brasil utilize a arbitragem caso ocorra importação de anidro, fazendo o hedge do mercado brasileiro. O diretor comercial da Usina Alta Mogiana lembra que algumas aquisições de anidro de outros países – realizadas recentemente para o atendimento de algumas demandas internas – não foram vantajosas. O mercado futuro poderá se tornar também uma fonte de informação relevante para a exportação do produto. “Deverá ser uma referência para o comprador nacional e internacional”, enfatiza. Além de ser um instrumento de precificação e de mitigação de riscos, o contrato futuro pode contribuir para que o etanol anidro se firme como uma commodity. Mas, para isto, precisa se tornar transparente, representativo e proporcionar alta liquidez ao etanol – opina. Para virar commodity, o etanol deve contar com a ampliação do comércio internacional do produto, ressalta Luiz

Luiz Gustavo Figueiredo: fonte de informação relevante para a exportação

Gustavo Figueiredo e, consequentemente, a elevação da produção para o atendimento dessa demanda. Segundo ele, a disseminação do etanol em outros países está voltada ao atendimento de mercados internos. “Existe ainda pouca transação de um país para outro”, afirma. A nova possibilidade de negociação não vai mudar a comercialização de etanol de uma hora para outra. “É um mercado em construção que depende de mudança de cultura para que o produtor adote o contrato futuro”, comenta Luiz Gustavo Figueiredo. É preciso considerar também – observa – que muitos contratos, com outras formas de precificação, já estavam em vigência quando houve o lançamento da BM&FBovespa. Nesses casos, a utilização do novo mecanismo de negociação vai demorar um pouco mais. (RA)


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Viabilidade dos contratos depende da adesão do setor Produtor deve ter mudança de atitude para entender os benefícios proporcionados pelos contratos futuros “O lançamento dos contratos futuros de etanol e de açúcar cristal é uma ótima medida da BM&FBovespa. Eu aplaudo. Espero que os produtores saibam usar esse mecanismo. Devem ser utilizados como referência”. A opinião é do engenheiro agrônomo Luiz Carlos Corrêa Carvalho (Caio), presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag). Segundo ele, existe a necessidade de mudança de atitude do produtor que deve entender os benefícios proporcionados por estes contratos. A viabilidade destes contratos vai depender da adesão do setor sucroenergético. “O produtor precisa acessá-los”, enfatiza Caio que é também diretor da Usina Alto Alegre e da Canaplan Consultoria Técnica. Ele lembra que a bolsa de mercadorias e futuros já teve contratos de anidro e açúcar, mas não seguiram adiante por falta de liquidez. O presidente da Abag destaca a importância do contrato de anidro, porque o setor não tem informação sobre o mercado futuro desse produto. Essa medida ajuda a afastar também tentativas do governo brasileiro em regular esse segmento. Na avaliação dele, o contrato futuro pode se tornar referência nas negociações do anidro. É preciso avançar nessa área. O novo instrumento da BM&FBovespa não será importante apenas para a comercialização de etanol no mercado interno e na exportação. “Não temos regra para a importação do produto”, comenta. Ocorreram

Luiz Carlos Corrêa Carvalho: setor não tinha informação sobre o mercado do anidro

dificuldades – lembra – quando houve recentemente necessidade de adquirir anidro de outros países. Para a transformação do etanol anidro em commodity, Caio Carvalho também destaca a necessidade de aumento de produção. É necessário que diversos países passem a operar nesse mercado. “Os Estados Unidos e o Brasil produzem 80% do total de etanol”,

afirma. Ele observa que outros países fabricam etanol para o atendimento de suas demandas. Diversos governos, incluindo o brasileiro, devem adotar – opina – políticas públicas que incentivem a produção. De acordo com ele, o Brasil – que tem peso expressivo no mercado sucroenergético – deu uma recuada. Essa atitude acaba freando ações de outros países nessa área. (RA)


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Políticas públicas podem romper círculo vicioso do setor Roberto Rodrigues será um dos palestrantes do Sugar & Ethanol Brazil 2013 Adotar políticas públicas para recuperar a rentabilidade da cadeia sucroalcooleira é passo fundamental para romper um círculo vicioso no qual se encontra o setor. Esta é a visão do ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, que hoje coordena o centro de agronegócio da Fundação Getúlio Vargas. Rodrigues será um dos palestrantes do Sugar & Ethanol Brazil 2013, tradicional encontro da F.O.Licht e da IBC, que acontecerá em março com o apoio do JornalCana. Para o professor da FGV, o setor vive um círculo vicioso: com baixa rentabilidade, os empresários não conseguem comprar tecnologia, e assim o resultado inevitavelmente será de baixa produtividade. “Romper este círculo e torná-lo um círculo virtuoso é fundamental, e isso poderia ser feito por meio de políticas públicas adequadas” afirma o ex-ministro. Rodrigues considera que as políticas públicas mais adequadas para o setor são aquelas capazes de modificar o cenário de baixa rentabilidade econômica do setor. “Estamos falando de

equilíbrio no preço da gasolina, regras mais claras para o setor, uma reformulação definitiva da questão tributária e desburocratização de acesso aos recursos do BNDES”, explica. Com estes pontos funcionando, rapidamente se recupera a rentabilidade do setor. Uma vez feito isso, o setor iria atrás de tecnologia para aumentar sua produtividade e o círculo virtuoso se completa, defende Rodrigues. O ex-ministro também acredita que haverá um recrudescimento na concentração do setor. As usinas que estiverem em melhores condições do ponto de vista de gestão e equilíbrio financeiro tendem a se mobilizar mais rapidamente, e acabarão comprando as outras que estiverem com dificuldades de sobrevivência.

ENCONTRO DA F.O.LICHT Além de Roberto Rodrigues, Maurílio Biaggi, Pedro Mizutani, Alan Hiltner, Fernando Vicente, Jaime Finguerut e João Norberto Noschang Neto, o diretor do JornalCana, Josias Messias, participa do evento. A 9ª edição do Sugar & Ethanol Brazil acontece em SP entre 18 e 20 de março. O encontro tem o patrocínio da Clariant, OpenLink e SAP, além do apoio institucional da Unica, Assocana, Orplana, Udop e da Informa Economics. Informações pelo fone (11) 3017-6808 ou imprensa@ibcbrasil.com.br.

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Viveiro de mudas: é preciso ter equipe preparada para fazer acompanhamento

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Canavial no Centro de Cana do IAC

VIVAM OS VIVEIROS! Nem sempre a cana mais bonita é a ideal para se tornar mudas de cana, diz especialista ANDRÉIA MORENO, DA REDAÇÃO

Em uma rápida retrospectiva sobre o setor de 20 anos atrás, o especialista Álvaro Sanguino, diretor da Consultoria ASAS, deixou um importante recado para as usinas sobre o tema de planejamento, formação e condução de viveiros de mudas de cana-de-açúcar. Para ele, o segmento precisa relembrar das técnicas do passado e dar mais atenção ao assunto, que define o sucesso produtivo de um canavial. Por isso, primeiramente é preciso verificar a sanidade do canavial por meio de um laboratório, pois sem esse cuidado as

perdas podem atingir até a 40% dependendo da variedade e do estágio de infestação de doenças. Em seguida, se a usina comprar muda de qualidade deverá seguir todas as recomendações exigidas. “Não adianta comprar muda de qualidade sem propósitos para cuidar dela, é preciso ter uma equipe preparada para fazer um acompanhamento dos viveiros. Hoje muitas vezes, na ânsia de mandar cana para moagem, planta-se o material ruim e enviase as melhores cana para o processo. As novas variedades estão entrando num ambiente contaminado e vão se contaminar rapidamente. As pragas muitas vezes dão menos prejuízos do que as doenças que não são visíveis e o necessário seria avaliação de qualidade em laboratório”. Segundo o especialista, há 15 anos a média de produtividade era de 93 t/ha e hoje está em torno de 68 t/ha. “Atribuo 70% desse insucesso à baixa qualidade do material a ser plantado e às máquinas inapropriadas de plantio e colheita. Na

ânsia de atingir objetivo e aumentar as áreas de produção não seguiram a lição de casa e a cana é a única cultura que as variedades tiveram que se adaptar a máquina. Desenvolvemos cana para máquinas e isso é um desastre, pois danifica-se muito o canavial”, diz. De acordo com ele, antigamente uma boa relação de plantio de viveiro para plantio comercial exigia que para cada ha, se plantaria 10 ha de área comercial e hoje esta relação está 1 para 3,7, ou seja, 1 ha para 3,7 ha de área comercial, pois baixouse muito a qualidade. “Para suprir essa baixa produtividade aumenta-se a quantidade de cana que vai dentro da terra no sulco para forçar uma brotação e isso tem custo pois essa cana poderia virar açúcar. Há 20 anos o setor não possuía tanta máquina, e tinha mais tempo de cuidar das mudas. O plantio era manual e a qualidade de plantio era melhor. Hoje se o setor tiver que reformar 10 mil ha de cana é preciso deixar 2,5 mil ha para mudas; já no

passado era preciso apenas 1.000 ha para a mesma área. O pior é que essas gemas germinam entre 15 a 20% e quando as mudas estão boas nascem somente 50% delas. No passado usava-se 15 toneladas de mudas por ha e hoje está em 25 t/ha. Com o critério visual de escolha da cana para muda e no afogadilho, plantando-a de qualquer forma, o prejuízo é certo e o resultado será canas ruins e de baixa qualidade, com alta taxa de doenças sistêmicas o que faz a vida do canavial encurtar. Beleza não é medida”, revela. Ele explica que uma muda de qualidade, como de meristema, a top da multiplicação, custa em torno de R$ 1,00 por muda. “Se a usina plantar 1 ha utilizaria 15.000 mudas, e investiria R$ 15 mil. Se a unidade produzir 100 t/ha o custo cai para R$ 150,00 por tonelada na primeira multiplicação e se multiplicar de novo e produzir 100 ha esse custo cai para R$ 40 a R$ 50,00/tonelada. Esse custo será diluído e o sucesso será certo”, finaliza.


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Usinas retomam tradição e cuidados As usinas paulistas da Renuka do Brasil e a Agrovale, da Bahia estão tentando resgatar a tradição do passado e os cuidados com os viveiros de mudas para plantio, inclusive com a retomada do tratamento térmico dos toletes. Helder Zotelli, gerente de tecnologia de qualidade agrícola das unidades da Renuka do Brasil em São Paulo, revela que muitas vezes a qualidade é esquecida. “Estamos retomando a tradição dos viveiros, e mantemos equipes especializadas para cuidar deles. A intenção é voltar a fazer o tratamento térmico dos toletes para mudas entre 2013 e 2014, que diminui a quantidade de bactérias, e tenta controlar o raquitismo de soqueira. No plantio manual do passado existiam condições melhores de se realizar a esterilização dos facões e com o advento da colheita mecanizada, essa prática se tornou mais difícil por isso a empresa estuda adaptar um sistema que injeta produtos nas faquinhas de corte da colhedora, de forma automática”, relata. Para ele, é preciso não esquecer também das novas tecnologias, como a cultura de meristema. “Temos que dar para a cana o que ela exige, e seguir as recomendações da variedade. É preciso utilizar menos quantidade de material, com melhor qualidade. Depois que se começa fazer os viveiros é preciso manter o “roguing”, uma espécie de inspeção, com uma equipe preparada e permanente por

Helder Zotelli, da Renuka do Brasil: retomando a tradição dos viveiros

isso todo ano há um treinamento para essa equipe”, afirma. A empresa mantém convênios com quatro distribuidoras de variedades, que montam experimentos anual e a partir disso, realizam as multiplicações. “Com as indicações dos estudiosos começamos a multiplicar as melhores variedades para mudas. Há todo um cuidado com questões sanitárias, pois nosso departamento técnico

faz essas avaliações. Se percebemos que ela não dará resultados, a substituímos”, explica. Francisco Celestino, superintendente agrícola da Agrovale da Bahia, explica que a empresa planeja resgatar o sistema de tratamento térmico para mudas ainda este ano. “Acredito que os bons resultados estão relacionados a melhoria da qualidade do material para gerar a produção mais sadia

da muda e que resultará numa cana com maior rendimento agroindustrial e com maior longevidade”, enfatiza. Para ele, é preciso escolher a melhor cana para muda, que esteja tenra e saneada, com melhores rendimentos apontados nos experimentos e ainda cuidar dos novos materiais através de análises laboratoriais para não se recontaminar ao longo dos tempos. (AM)


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Metagro: a mais nova marca de transbordos e reboques canavieiros Desde julho do ano passado, desembarcou no Brasil a mais nova empresa fabricante de transbordos e reboques para cana picada, que está sediada em Ribeirão Preto, SP, e já iniciou a produção visando participar do mercado brasileiro sucroenergético. “Apostamos no nosso diferencial de produto robusto, perfeito para o trabalho duro”, informa o gerente geral da empresa no Brasil, Fernando Castelo. De origem centro-americana, além da nova fábrica brasileira o grupo que já tem mais de 25 anos de tradição, possui também fábricas na Guatemala e Peru, de onde exportam seus equipamentos,

respectivamente, para os Estados Unidos, América Central e também alguns países da América do Sul. “Nossos clientes buscam qualidade, e é isso que oferecemos, pois equipamento parado no campo é prejuízo”, completa Castelo. A linha de equipamentos da empresa é composta de transbordos para cana picada com capacidade para até 12 toneladas, semirreboques e reboques para cana picada, com 2 e 4 eixos, com o opcional de cesto bi-partido, que é utilizado para recepção da cana em mesas menores nas usinas. Os semirreboques e dollys são ainda equipados com a exclusiva suspensão tipo

“boogie”, que não exige manutenção e permite até 20% de economia na vida útil dos pneus. A nova empresa brasileira será a responsável do grupo para abastecer o mercado local e também alguns países africanos, cujos empresários daquela região já estiveram reunidos com a direção na sede da empresa para avaliação dos projetos e equipamentos, onde foram definidas todas as negociações. A empresa chegou com o propósito de ser uma empresa parceira das usinas de açúcar, destilarias de álcool e produtores de cana em geral, fornecendo equipamentos de alta confiabilidade, robustos e de alto

desempenho, proporcionados por utilização de matéria-prima de 1ª linha e rigoroso controle de qualidade, objetivando sempre manter a tradição conquistada pela marca durante os mais de 25 anos atuando no mercado sucroenergético em vários países do mundo. Contatos diretos poderão ser efetuados através do site ou e-mail da empresa, onde serão prontamente atendidos por equipe especializada. Metagro 16 3626.0029 www.metagro.net

Transbordo Carreta produzida pela Metagro: empresa fabrica transbordos e reboques para cana picada


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Eduardo Todeschini e Jorge Nowak, diretores comerciais da Daiken

ID Data atende as necessidades das usinas no cumprimento da portaria 1510 Nossa preocupação foi elaborar uma solução que atendesse na sua totalidade a necessidade do mercado Sucroalcooleiro, no cumprimento da portaria 1510, do MTE, (Ministério do Trabalho e Emprego) que regulamenta a utilização do controle eletrônico do registro de ponto, propiciando e facilitando a mobilidade no registro de ponto dos funcionários envolvidos tanto no campo como na Indústria, em todas as situações adversas, seja no transporte para o campo através de Ônibus, Vans ou Kombis bem como nas áreas de vivência, como afirma o Diretor comercial da ID Data, Jorge Nowak. A evolução da solução aconteceu após vários testes pilotos realizados em campo, nas principais usinas do Brasil, onde houve solicitações de adaptações e customizações especificas para as necessidades do agronegócio. Através destas necessidades desenvolvemos uma solução denominada “Kit Mobilidade”, conjunto de dispositivos e acessórios que tem a finalidade de dar proteção física aos equipamentos ID Rep (Registrador Eletrônico de Ponto da ID Data) que são instalados em ambientes inóspitos, com muita poeira, umidade e calor, bem como proporcionar mobilidade Wireless na comunicação dos dados gerados pelo ID Rep, através da comunicação GPRS dual chip ou via WiFi Ad Hoc (ponto a ponto), Wifi via roteador, bem como através da comunicação Bluetooth ponto a ponto. Além das comunicações Wireless citadas o ID Rep também permite comunicação USB via Pen drive ou ethernet via cabo. Portanto provemos alta disponibilidade com tecnologia de ponta, para que os dados sejam entregues com rapidez e eficiência para os departamentos de Recursos Humanos das usinas, para que possam gerir

seus relatórios de folha de pagamento, evitando também possíveis reclamações de funcionários com futuras ações trabalhistas, e , principalmente para estarem em conformidade com a legislação trabalhista (Portaria 1510), evitando multas elevadas face às constantes fiscalizações do M.T.E., ressalta Eduardo Todeschini, diretor geral da ID Data. Outra necessidade que desenvolvemos foi uma solução de no-break através da energia solar, para uso nas áreas de vivência, com capacidade de alimentar o ID Rep e o Kit Mobilidade, para até cinco dias em funcionamento. Com 10 anos de mercado, a ID Data, desenvolve e produz soluções para controle de acesso e ponto eletrônico, sendo que desde 2009 incluiu no seu portfólio, o produto ID Rep. A empresa está situada em Colombo, região metropolitana de Curitiba - Paraná, está em fase de certificação ISO 9000 e implantação de SAP, como também está comprometida com o M.C.T. (Ministério da Ciência e Tecnologia), através da Portaria 770 de 30/10/2012, que regulamenta o processo produtivo, neste caso na Industrialização do equipamento ID Rep, colaborando também com um percentual do faturamento em pesquisa e desenvolvimento. A ID Data atua em todo o território nacional, através de revendas especializadas na instalação, suporte e assistência técnica das soluções desenvolvidas, fabricadas e comercializadas pela empresa. Daiken Automação /ID. Data 11 2495-7740 www.iddata.com.br


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Alfatek lança torre solar ecológica de iluminação Produto apresenta vantagens operacionais significativas como a autossuficiência energética via placa solar para geração e armazenagem

Áreas de vivências possuem autossuficiência energética

DA REDAÇÃO

As operações noturnas de Corte, Carregamento e Transporte encontram dificuldades pela falta de iluminação e, quando possui gerador convencional, a poluição sonora, o calor, o monóxido de carbono gerado pela queima de diesel trazem inúmeros desconfortos e riscos ao trabalhador, segundo o diretor da Alfatek, Luiz Carlos Massoni. Pensando nessa comodidade e bem-estar, a Alfatek lançou a Torre Solar ecológica de iluminação. “Essa tecnologia resolve competentemente, todos esses problemas, com criatividade, eficiência, comprovando que é possível seguir rumo à sustentabilidade”, lembra. De acordo com Massoni, o produto apresenta vantagens operacionais significativas como a autossuficiência energética via Placa Solar para geração e armazenagem. “Possui dois pontos de emissão de luz, com possibilidade de até 360º de iluminação cada, com torre holográfica; cada ponto tem alcance de 50 metros, sem perda gradual de eficiência; há isenção de calor quando acionado, evitando atração de animais peçonhentos, além da isenção de ruído, preservando a integridade física dos trabalhadores”, lembra. Ele explica ainda que há redução de risco de acidente, pois não exige estrutura

Área de vivência interna Alfatek

Área de vivência externa Alfatek

mecânica. “A Torre possui refletores de Led de alto brilho e baixo consumo, cada refletor tem durabilidade de 30.000 horas, elimina riscos de incêndios, pois não emite fonte de calor, facilita a movimentação e carregamento e o trabalho do noteiro e do bituqueiro do CCT possui baixo custo de aquisição ou locação e segurança nas operações noturnas de engate e desengate de carretas”, reforça. Outra vantagem, de acordo com o empresário é que a Alfatek é cadastrada

Torre solar de iluminação

junto ao BNDES/FINAME, o que facilita a aquisição dos produtos. “A empresa também desenvolve projetos específicos de geração de energia, iluminação e refrigeração solar em outras áreas, aplicando sua tecnologia inovadora”, completa. ALFATEK IMPORTAÇÃO E COMÉRCIO LTDA (17) 3531-1075 vendas1.alfatek@terra.com.br

As antigas barracas sanitárias perderam espaço para as modernas e seguras áreas de vivência nas usinas sucroenergéticas. Nesse sentido, as inovações tecnológicas, desenvolvidas para a otimização de trabalho itinerante, para a sustentabilidade e preservação do meio ambiente são as marcas inconfundíveis da empresa Alfatek, de Catanduva (SP), que atende todas as normas regulamentadoras atuais. A informação é do diretor, Luiz Carlos Massoni, que garante que a Área de Vivência NR 31, com capacidade para até 26 lugares, possui refeitório, sanitários e lavatórios feminino e masculino e características únicas, tais como: a autossuficiência energética via placas solares, carregamento de Ponto Eletrônico ( REP ) solar, refletores externos e luminárias internas em Led de alto rendimento e baixo consumo, torre de iluminação Solar Ecológica ( opcional ), revestimento com painéis térmicos, aberturas completas nas laterais, mesas e bancos com pintura sanitária (norma ABNT NBRNM87), piso veicular em alumínio xadrez sobreposto ao de aço, atendimento às normas de claridade e ventilação, água gelada e bebedouro solar de inox de 200 litros. Outra vantagem, na opinião do diretor, está nos sanitários e lavatórios que são rotomoldados com acionamento por pedal, possuem tratamento de dejetos antes do descarte no meio ambiente, reduzindo odores. “Ela possui ainda ducha higiênica, lava-olhos, chuveiro, saboneteira, toalheiro, papeleira, caixa de primeiro socorros, escadas, corrimões e guarda-corpos ( norma ABNT ), armários individuais com trincos em ABS. A parte inferior apresenta caixa de água não potável, caixa para ferramentas e demais utilidades. Este produto inovador atende também várias outras exigências como a NR 18, 24, 31, 33 que, futuramente, serão exigidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Segundo Massoni é gratificante observar os resultados deste trabalho. “Todo o investimento na aquisição dos produtos retorna, rapidamente para o investidor, em economia, com geração autônoma de energia, além de benefício e diferencial na contratação de pessoal”, enfatiza.


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Bioestimulantes aumentam produtividade dos canaviais PAULO SOARES

Produtos interferem no metabolismo da planta, proporcionando mudanças positivas no desenvolvimento RENATO ANSELMI, FREE

DE

LANCE PARA O

CAMPINAS, SP

JORNALCANA

Na busca pela elevação da produtividade nas lavouras da cana-deaçúcar, o setor sucroenergético pode contar com a valiosa contribuição dos bioestimulantes que melhoram a resistência da planta ao estresse hídrico, aumenta a eficiência da adubação e cria condições favoráveis até mesmo para o melhor aproveitamento de matéria orgânica. Para proporcionar estes e outros benefícios devem contar com boas condições físicas, químicas e biológicas do solo, observa Edgar Gomes Ferreira de Beauclair, professor do Departamento de Produção Vegetal da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/ USP), de Piracicaba, SP. De acordo com ele, os bioestimulantes agem no metabolismo da planta provocando mudanças positivas no seu desenvolvimento. “Desempenham um papel inverso ao que é feito pelos herbicidas que bloqueiam etapas do desenvolvimento da planta”, compara. Ácidos húmicos, aminoácidos, biorreguladores e até mesmo maturadores podem ser considerados bioestimulantes

Edgar Gomes Ferreira de Beauclair, professor da Esalq

que compõem uma categoria de produtos agrícolas, afirma o professor da Esalq. “Um tipo de inseticida que controla a cigarrinha tem ação também como bioestimulante, aumentado a produção”, revela. A maioria desses produtos é aplicada preferencialmente sobre os toletes, as folhas ou sobre as linhas de cana já cortada. O bioestimulante deve ter contato direto com a planta, pois é constituído por moléculas grandes – esclarece – que não se movimentam facilmente. Se for

aplicado no solo, acaba sendo desestruturado até alcançar a planta. O aumento da utilização de bioestimulantes nas lavouras de cana-deaçúcar tem ocorrido nos últimos anos, principalmente por causa da disseminação do uso do ácido húmico – destaca Edgar Beauclair – que possui uma substância que serve de matériaprima para que a planta produza hormônio de crescimento. Este produto – ressalta – é precursor de hormônio. Segundo ele, existem dois tipos de

ácidos húmicos. Um deles é proveniente do estrato de turfa – camada superficial de certos terrenos formada por restos de gramíneas, plantas palustres, musgos, ricos em carbonos, decompostos por bactérias e enzimas –, que é de melhor qualidade, com maior quantidade de carbono e de radicais orgânicos. O outro tipo, oriundo da rocha leonardita, também gera benefícios para a planta, apesar de ter um padrão inferior em comparação ao ácido húmico do estrato de turfa.

Produtos geram benefícios para lavouras bem cuidadas Os ganhos proporcionados pelo uso de bioestimulantes podem ser demonstrados pelos resultados positivos que proporcionam às lavouras de cana-deaçúcar. Mas, para que apresentem uma relação custo-benefício vantajosa devem elevar a produtividade agrícola em torno de 5 toneladas por hectare (TCH) no mínimo. Segundo Edgar Beauclair, esse cálculo varia conforme o custo do produto, o modo de ação, as condições da lavoura, entre outros fatores. O professor da Esalq tem constatado que os bioestimulantes geram ganhos muitos maiores para os canaviais. Em

algumas áreas, o ácido húmico chega a elevar o rendimento agrícola em aproximadamente 20 TCH. O aumento da resistência ao estresse hídrico é outro benefício gerado pelo uso desses produtos que criam condições favoráveis – explica – para maior enraizamento das plantas que acabam absorvendo mais água do solo. Alguns bioestimulantes podem contribuir para a elevação do teor de sacarose da cana. O bom desempenho dos bioestimulantes depende, no entanto, dos cuidados adotados nas plantações de cana-de-açúcar. De nada adianta utilizar

esses produtos caso o “feijão com arroz” não seja feito de maneira correta, enfatiza Edgar Beauclair. Os resultados não serão satisfatórios. “As usinas vão jogar dinheiro fora”, comenta. Antes de tudo, é preciso fazer a calagem e a adubação – exemplifica - conforme as orientações técnicas. Mas, não é só isto. As unidades sucroenergéticas devem corrigir problemas causados – afirma – pelo corte e plantio mecanizados, como a falta de sanidade por causa do uso de mudas de má qualidade, adensamento do solo, pisoteio das soqueiras, entre outros. “A

colheita mecanizada tem sido muito agressiva ao ambiente de produção”, ressalta. O uso de bioestimulantes é um passo adiante no manejo da cultura de cana-deaçúcar, afirma o professor da Esalq. Requer um nível tecnológico mais elevado. Segundo ele, existe ainda muito o que ser pesquisado e estudado nessa área. “É um campo de conhecimento ainda pouco explorado. A academia e o produtor têm muito o que aprender sobre o assunto”, diz. Mas, não há dúvidas: esses produtos podem agregar diversos benefícios aos canaviais, avalia Edgar Beauclair. (RA)


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Palha da cana continua a revelar baú de utilidades Além de gerar energia, resíduo pode ser usado para outras aplicações FULVIO PINHEIRO MACHADO, CONSULTOR

DO

DE

SÃO CARLOS, SP

JORNALCANA

Com o avanço da colheita da cana-de-açúcar de forma mecanizada em substituição à tradicional colheita feita manualmente surgiram novas perspectivas de aproveitamento de resíduos posteriores ao corte, como a palha que constituía as folhas da cana e que anteriormente eram queimadas no campo para facilitar o procedimento de corte manual. Visando aproveitar esse material, agora disponível, fabricantes de máquinas e usinas tem procurado desenvolver métodos e equipamentos que possibilitem o aproveitamento da palha como combustível e assim gerar energia adicional, com consequente aumento do faturamento da indústria, uma vez que a quantidade de palha disponível é da ordem de 12 toneladas por hectare em média. Os fabricantes de máquinas agrícolas têm apresentado equipamentos especialmente desenvolvidos para o aleiramento, coleta, adensamento e transporte dessa palha deixada no campo após a colheita mecanizada da cana. Esses implementos permitem inclusive determinar a quantidade de palha a ser recolhida, uma vez que uma certa quantidade de palha deve ser deixada no campo, dependendo do clima e do tipo de solo da região, para que proporcione uma cobertura, que se faz necessária para manter condições adequadas de umidade no solo. A palha sendo um material volumoso e de baixa

Fardo de palha pronto para ser transportado

densidade, para ser transportada para a indústria, necessita ser compactada em forma de fardos e amarrados, que são posteriormente carregados em caminhões dotados de carrocerias próprias para essa finalidade. Todas essas operações são realizadas através de um equipamento acoplado a um trator. Na indústria, é necessário que haja instalações para recebimento e estocagem desse material, assim como sistemas de desmontagem e descompactação dos fardos para sua posterior utilização. Para se ter em conta a importância da palha como

insumo para a produção de energia, estima-se que a produção de cana deva aumentar em torno de 25% para a próxima década. Nessas circunstâncias, a quantidade de palha produzida pelos canaviais deverá atingir uma cifra em torno de 130 milhões de toneladas na safra de 2020/2021, segundo dados do CTC, o que em termos de energia representa uma produção de quase 110 milhões de megawatts/hora, possibilitando um grande incremento na energia que poderá ser comercializada e se tornar consequentemente uma importante receita para as usinas sucroenergéticas.


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Empresa fornece palha ao Grupo Zillor desde 2006 A Biomassa tem despertado crescente interesse como fonte de energia renovável e ambientalmente limpa. No setor sucroenergético, a palha proveniente da colheita mecanizada da cana-de-açúcar é efetivamente considerada um complemento ao bagaço possibilitando um incremento na geração de eletricidade comercializável nas usinas sucroenergéticas. O diretor proprietário da Agrícola Rio Claro, empresa produtora e fornecedora de cana localizada em Lençóis Paulista-SP, Luiz Carlos Dalben, falou sobre sua experiência no manuseio e fornecimento de palha ao Grupo Zillor desde 2006. A Agrícola Rio Claro dispõe de uma área de 8.000 ha, sendo que 4.200 ha são fertirrigados, produzindo 500.000 toneladas de cana-de-açúcar por safra. Situada em uma região de temperaturas baixas, 61% de seus solos estão classificados na categoria E e 21% na categoria D. Atualmente 80% da colheita é realizada mecanicamente e a distância média é de 17 Km. Todo o sistema de conservação, preparo do solo e plantio de cana é georreferenciado. Segundo Dalben as maiores dificuldades para o uso da biomassa são: o volume de material, devido a baixa densidade; o custo do manejo, preparação e transporte; a falta de equipamentos adequados, já que todos os disponíveis no mercado foram adaptados de outras

culturas e o alto custo por não ser considerado o aspecto ambientalmente favorável da biomassa. Segundo Dalben, entre as vantagens em se recolher a palha estão: a melhoria para as condições de cultivo; maior uniformidade na aplicação da vinhaça e redução do ambiente favorável à pragas como a cigarrinha e sphenophorus. Outro aspecto a ser considerado é a segurança da lavoura, pois a palha acumulada após a colheita mecanizada apresenta um risco potencial para a ocorrência de incêndios no canavial. Os aspectos desfavoráveis na colheita da palha são: maior pisoteio na soca, favorece a perda de umidade, diminui a matéria orgânica no campo, reduzindo a reciclagem de nutrientes, retira nutrientes como o fósforo (P) e também altera a utilização de herbicidas. São produzidas de 10 a 15 t/ha de palha, sendo que desse montante é recolhida 5 a 8 t/ha, com uma umidade em torno de 13% e um teor de impurezas minerais que varia de 3 a 4%. Na indústria, além de um sistema de recepção devidamente projetado para a recepção da palha, que se não for adequadamente armazenada acaba se deteriorando, também é necessário o uso de um triturador adequado, pois com a variação das características da palha em função do clima, seu trabalho pode ser prejudicado. (FPM)

Luiz Carlos Dalben, diretor da Agrícola Rio Claro

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Dias de ostracismo da palha e do bagaço estão contados Subprodutos geram energia pela queima direta ou pelo desdobramento da celulose produzindo álcool A obtenção de energia através de carvão e petróleo, utilizados em larga escala, é de conhecimento geral que provocam grandes impactos ambientais, além de serem fontes finitas. Outras formas de energia como a nuclear, por mais que disponham de dispositivos de segurança, apresentam grandes riscos potenciais. O mundo contemporâneo com sua multiplicidade de máquinas, luzes e facilidades requer cada vez mais energia como nunca antes na história da humanidade. A multiplicação da população, o acesso cada vez maior de partes mais significativas da população às comodidades proporcionadas pela energia como climatização, conservação de alimentos, climatização, iluminação, equipamentos industriais e domésticos tornaram mais do que nunca os meios provedores de energia fundamentais ao mundo atual. Diante disso, há na atualidade uma intensa procura por fontes de energia que além de renováveis, não apresentem características que possam degradar o meio ambiente. Dentre essas formas de energia se enquadram a energia solar, a eólica e a representada pela biomassa. Todas essas formas de energia são um meio de se aproveitar direta ou indiretamente a irradiação solar que chega ao planeta. A própria indústria sucroenergética é um exemplo do aproveitamento da energia solar, pois nas folhas da cana se realiza o processo da fotossíntese, resultando na sacarose que é a matéria-prima para a produção do açúcar e do etanol. Mas também as fibras que constituem o caule as folhas também são polissacarídeos que já

Bagaço e palha da cana contribuem para a geração de energia

contribuem parcial ou totalmente para geração de energia. Há não muito tempo atrás, o bagaço da cana que hoje alimenta as caldeiras das usinas, gerando vapor e energia elétrica, era considerado um estorvo e representava custos para sua movimentação para fora da área industrial. Nessa época, a posta em marcha de caldeiras dotadas de fornalhas menos elaboradas necessitava de lenha para sua partida na safra. À medida que o custo da energia se tornava mais dispendioso e caldeiras mais eficientes foram sendo desenvolvidas, as usinas passaram a gerar energia própria para

consumo, deixando de usar a eletricidade das concessionárias. O bagaço da cana passou então a ser valorizado e até comercializado para outras indústrias que acabaram por montar suas próprias centrais térmicas para geração, como foi o caso das indústrias cítricas. Com o domínio da tecnologia pela indústria nacional de caldeiras de alta pressão e turbinas de alta potência, mais recentemente, tornou-se então possível gerar maiores quantidades de energia, graças ao maior salto entálpico, tornando viável as estações de cogeração, que não só

abastecem as usinas em seu consumo próprio, mas também possibilitam o fornecimento de uma larga soma de energia para o sistema elétrico nacional. Com o avanço da mecanização da colheita, surgem agora novas possibilidades de geração extra de energia, quer pelo aproveitamento da palha como combustível, que outrora era perdida pela queima no canavial para se fazer a colheita de forma manual, ou ainda para se produzir juntamente com o bagaço o álcool obtido a partir do desdobramento da celulose, o chamado álcool de 2ª geração. (FPM)


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Máquinas fazem o aleiramento, coleta, enfardamento e transporte da palha Para que se faça a colheita da palha resultante do corte mecanizado da cana, uma série de operações devem ser efetuadas que necessitam contar com equipamentos apropriados para essa finalidade. A New Holland, fabricante de equipamentos agrícolas oferece uma linha de equipamentos aplicáveis para o aleiramento, a coleta no campo, enfardamento e transporte da palha para a indústria. Essa linha de equipamentos é constituída de um aleirador, enfardadeira e carreta adequados ao manuseio da palha. O primeiro desses equipamentos, o Aleirador H5980, possui a característica de permitir regular a faixa de recolhimento e assim a largura da leira a ser obtida. O equipamento também permite ajustar a quantidade a ser recolhida, sendo recomendada a coleta de 40% a 60% do total de palha, de acordo com as características climáticas da região e do tipo de solo. Em operação, o H5980 diminui comparativamente o índice de impurezas, pois a palha é rolada e não arrastada no solo. Os “dedos” do aleirador são curtos e não tocam o solo, além de terem a base vulcanizada, o que reduz a necessidade de manutenção. A Enfardadeira BB9080 realiza cinco funções em sua operação: recolhimento, pré-compactação, formação do fardo, amarração e descarregamento. No

Aleirador de palha da New Holland

processo de pré-compactação, essa enfardadeira possui sensor de carga ajustável, sistema de sincronismo do pistão e o material lançado pelo garfo, com mecanismo de aceleração patenteado, que ocupa toda a câmara principal da máquina. Para realizar a amarração, a BB9080 possui sistema hidráulico independente com cilindro de ação dupla, pressão monitorada de modo manual ou

automático. O sistema de amarração emprega 6 fios, fazendo nós duplos para maior eficiência e segurança. O descarregamento é feito automaticamente durante a operação do equipamento, sendo que o fardo em formação empurra o que está concluído, que é descarregado através de deslizamento sobre roletes. A carreta recolhedora de fardos PT2010 pode ser ajustada para vários

comprimentos de fardo e possibilita carregamento sequencial automático. Sua capacidade é de 12 fardos, sendo possível trabalhar em um regime de 35 a 40 fardos por hora. A pinça recolhedora é acionada pelo impacto dos fardos, evitando interrupções no carregamento. Os fardos são retirados do solo sem que seja necessária a parada da máquina, diminuindo o arrasto e consequentemente a ocorrência de detritos na palha. (FPM)


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Mecanização muda manejo de combate a ervas daninhas A mecanização da colheita da cana-de-açúcar trouxe novos desafios não só para as atividades de preparo e manejo do solo, plantio e colheita, mas também no aspecto de plantas daninhas que acabam por competir com a lavoura de cana. Com a eliminação da queima para a colheita manual, novos tipos de plantas daninhas passaram a concorrer e a trazer dificuldades para a cultura de cana em adição às que já anteriormente representavam problemas para a manutenção da cultura. Uma dessas novas plantas oportunistas que tem causado grandes dissabores por ocasião da colheita em diversas regiões são as cordas-de-viola (Ipomoea spp, Merremia spp), plantas que acabam por dificultar a ação das colhedoras por se enroscarem nos cones frontais que dirigem as canas para o interior da máquina, causando sua parada e perda significativa de tempo na operação de colheita, com consequente prejuízo, quando não provocam avarias no equipamento. Robinson Antonio Pitelli do Departamento de Fitossanidade da UNESP-Jaboticabal explica que no passado as plantas daninhas conviviam com um ambiente que tinha espaçamentos largos, solos de alta fertilidade, pouca adição de matéria orgânica, ausência de palha sobre o solo, poucos tipos de controle químico e ausência de espécies exóticas competidoras, além da própria queima da cana. Essas condições foram se alterando paulatinamente, as opções de controle químicos foram ampliadas, os resíduos industriais foram sendo incorporados aos solo, como a torta de filtro, que acabaram através de seus depósitos disseminando extensivamente a Tiririca. Finalmente a cultura de cana passou a ocupar regiões com solos de menor fertilidade e disponibilidade hídrica bem definida, o que acarretou a alteração das espécies de plantas daninhas predominantes. Assim novas espécies competidoras foram surgindo

Corda de viola: plantas daninhas concorrem com a cana

como as Cordas-de-viola, Cipó-de-São Caetano, Parreira brava, Capim amargoso e até plantas exóticas como Capimbraquiária, Caminhadora e Capim colonião, entre outras. Os fatores básicos que alteraram o manejo das plantas daninhas no corte de cana crua, segundo Pitelli, foram a não exposição do solo, ausência da ação da temperatura (queima), presença de cobertura morta (palha) com consequente aumento da possibilidade de controle natural.

No entanto, estas mesmas condições reduzem as opções e dificultam a ação de agentes de controle. Da adequação do sistema produtivo a essa nova realidade depende a manutenção da produtividade na lavoura. É necessário prosseguir com pesquisas e estudos que permitam encontrar soluções adequadas à cada região, utilizando-se das ferramentas do próprio controle natural em adição ao controle químico. (FPM)


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RH estratégico eleva competitividade de empresas Quem enfrentou dificuldades devido à crise sentiu na pele a falta que faz uma gestão eficiente de pessoas RENATO ANSELMI, FREE

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CAMPINAS, SP

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Pode parecer marketing político em alguns casos ou até mesmo a divulgação de promessas que “adornam” campanhas eleitorais em outras situações, com as mesmas propostas “requentadas” – mas não cumpridas – sobre saúde, educação, segurança, utilizadas por candidatos que tentam a reeleição. Há casos no setor sucroenergético em que só falta o palanque, pois a semelhança com esses fatos não é mera coincidência, especificamente quando o assunto é gestão de pessoas. O discurso nem sempre é alinhado com a prática, constata Mário Ibide, diretor da Suppra, empresa de consultoria empresarial de Assis, SP. É claro que não dá para generalizar. Os grandes grupos sucroenergéticos, por exemplo, investem nessa área e obtêm resultados significativos. Mas, existem empresas no setor que apresentam dificuldades – revela – até

Gil Bosshard: gestão de pessoas tem papel estratégico na sobrevivência da empresa

mesmo com o operacional de Recursos Humanos. O chamado RH estratégico, nesses casos, fica distante da realidade da

empresa, tornando-se um exercício de retórica na melhor das hipóteses. Mas, por que contar com uma gestão

eficiente de pessoas que ultrapasse os limites das atividades práticas e cotidianas? As afirmações de Erotides Gil Bosshard, diretor de relações institucionais do Grupo de Estudos em Recursos Humanos na Agroindústria (Gerhai), deixam claro o papel desempenhado por essa área para as unidades sucroenergéticas. Segundo ele, a gestão de pessoas tem papel estratégico para a sobrevivência da empresa, ganhos de produtividade e aumento de competitividade. Se tudo isto não bastasse, há ainda outro fator positivo: proporciona melhoria de relacionamento em toda a estrutura de uma organização empresarial. Quem afundou – ou atolou-se – na crise, que afetou o setor nos últimos anos, sentiu na “pele” a falta que faz um RH estruturado. Algumas posturas, nessa e em outras áreas, podem minimizar impactos ou preparar a empresa para momentos de maior dificuldade, de acordo com Danielle Moro, gerente de desenvolvimento organizacional da Exame Auditores Independentes, de Ribeirão Preto, SP. Diversos “cases” de sucesso no setor, inclusive os de recuperação de empresas, estão relacionados – revela – à existência de uma gestão eficiente de pessoas. Apesar das dificuldades, a situação tem melhorado. “Nos últimos cinco anos, a partir do esforço da alta direção, diversas usinas estão realizando programas de treinamento e de desenvolvimento pessoal”, constata Erotides Bosshard.


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Atividade diária não deve se transformar em sofrimento

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O profissional precisa compreender seu papel e entender que trabalho é uma oportunidade de realização pessoal

Usinas ainda não sabem lidar com integrantes da geração Y

Oitenta por cento dos problemas de baixa produtividade em usinas e destilarias são decorrentes da falta de liderança adequada, de acordo com Erotides Gil Bosshard. Para o diretor de relações institucionais do Gerhai, o líder deve dar suporte para que a equipe trabalhe em sintonia. Mais do que isto. Deve criar condições para que cada profissional entenda que a sua atividade diária não é um sofrimento e sim uma oportunidade de realização pessoal. “O profissional precisa compreender a importância do seu papel para a empresa e para a economia do Brasil como um todo para ser um empregado produtivo. O simples cumprimento de ordens pode tornar o trabalho um sofrimento”, comenta. Os modelos eficientes e modernos de gestão de pessoas devem, entre outras prioridades, abrir espaço para a comunicação transparente. Erotides Bosshard explica que o líder deve assumir as suas responsabilidades e expor quais são as dificuldades que estão sendo enfrentadas pela empresa. O gestor deve se preocupar também em envolver a equipe na superação dos desafios, conforme explica o diretor do Gerhai. Essa postura é oposta às atitudes de chefes autoritários e ultrapassados, que agem, em diversos casos, como “meninos de recados”, deixando escapar algumas “pérolas”, como: “Os homens estão mandando fazer isto” ou “A ordem é do patrão, quem não fizer, vai ser demitido”. Segundo Erotides Bosshard – que é também consultor do Grupo Abengoa –, não existe mais espaço para este tipo de comando. O líder deve criar condições para a motivação e comprometimento da equipe. (RA)

Um dos grandes desafios da liderança é lidar com uma parcela mais estratificada da geração Y, ou seja, com jovens na faixa etária de 18 a 25 anos, solteiros, que geralmente moram com os pais e têm formação no ensino médio, detalha o diretor da Suppra. A geração Y é composta por pessoas nascidas após 1980 que se desenvolveram num período de avanços tecnológicos e de prosperidade econômica. No caso do perfil dos jovens citados por Mário Ibide, há uma característica que tem gerado dificuldades nas empresas: eles não têm apego ao emprego – acrescenta – e não temem ser demitidos, pois sabem que terão novas oportunidades no mercado. “Líderes e encarregados, geralmente com idade entre 40 e 50 anos, não sabem lidar com essa parcela importante do quadro de funcionários”, ressalta. (RA)

Líderes e encarregados com idade entre 40 e 50 anos em geral não sabem lidar com os mais jovens


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Transparência é forte aliada no combate dos efeitos da crise Reuniões participativas contribuem para a obtenção de resultados positivos A maneira da liderança de empresas enfrentar os efeitos da crise, que afetou o setor, interfere diretamente nos resultados obtidos. Diretores e gestores estratégicos de usinas que se fecham em salas, querendo resolver todos os problemas, não costumam ser bem-sucedidos em suas iniciativas, constata Danielle Moro, gerente de desenvolvimento organizacional da Exame Auditores Independentes. Líderes que promovem reuniões participativas, expondo, por exemplo, qual é o tamanho da crise conseguem resultados satisfatórios, constata. “As equipes precisam estar cientes da situação, mesmo que a empresa esteja passando por um processo de recuperação judicial. É necessário conversar, explicar. Nem todo

Danielle Moro: gestores devem perceber no funcionário a preocupação com o momento difícil

mundo sabe o que é recuperação judicial”, observa. A transparência é considerada uma forte aliada contra a crise. Os gestores devem reconhecer em cada funcionário a preocupação com o momento difícil e o papel que pode desempenhar para a superação da crise, de acordo com Danielle Moro. Se for o caso de realizar corte de pessoal, como última alternativa, é preciso levar em consideração essa postura dos funcionários. Em uma situação de dificuldades financeiras, os diretores e gerentes terão que dar o exemplo, adotando medidas voltadas à redução de custos. Segundo a gerente de desenvolvimento organizacional, é comum a saída de algumas pessoas e a demissão de outras em momentos de crise. Em consequência disso, ocorre um aumento do volume de trabalho para os que permanecem na empresa. Gerentes acabam acumulando mais de uma área. “A crise é também um período de aprendizagem, tanto a equipe como a própria empresa podem sair fortalecidas desse processo”, afirma. (RA)

Competências dos cargos Programas de gestão precisam devem ser definidas com clareza registrar procedimentos A implantação de um modelo eficiente de gestão de pessoas deve dar atenção especial, entre outros procedimentos, ao processo de recrutamento e seleção. É necessário definir com clareza as competências dos cargos para que ocorra a escolha de pessoas com requisitos e qualificações adequadas para cada função, conforme a opinião de especialistas da área. A profissionalização da área de gestão de pessoas deve incluir a utilização de metodologias que possibilitem a avaliação de desempenho de seus funcionários. É necessário considerar as condutas técnica, de

desenvolvimento e comportamental, afirma Danielle Moro, da Exame Auditores. A maneira como o funcionário se relaciona com o cliente e a forma como ele “carrega” a marca da empresa são algumas atitudes – exemplifica – que devem ser avaliadas. A gerente de desenvolvimento organizacional diz que o profissional geralmente espera um feedback da empresa sobre o seu desempenho. Ele quer saber se o trabalho dele está atendendo as expectativas e objetivos do empregador. “A empresa precisa conhecer o seu profissional para usar o seu potencial”, observa. (RA)

As empresas não podem ficar presas a rótulos de sistemas de gestão de pessoas, nem atreladas a um determinado consultor ou gestor de Recursos Humanos, opina Mario Ibide, diretor da Suppra. Ele diz que um programa nessa área deve ser desenvolvido com metodologia, consistência e boa base científica. “É preciso ter qualidade e continuidade”, enfatiza. Os programas de gestão de pessoas implantados com a consultoria da Suppra adotam a descrição e registro de todos os procedimentos da área de gestão de pessoas, seguindo o modelo da certificação ISO 9.000. O objetivo é que essas práticas se tornem domínio da empresa e sejam

periodicamente auditadas, informa Mário Ibide, que é também conselheiro do Gerhai. Danielle Moro ressalta que a empresa deve realizar um trabalho permanente voltado para o desenvolvimento de sistemas eficientes de gestão, incluindo a estruturação de Recursos Humanos, para que esteja inclusive bem preparada para os momentos de crise. “A governança corporativa seria o melhor dos mundos”, afirma. Ela destaca ainda a necessidade de envolver a equipe na geração de informações precisas e seguras que têm a finalidade de subsidiar os gestores na tomada de decisões. (RA)


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Empresa investe R$ 6 milhões em capacitação por safra A somatória dos treinamentos dos 15 mil funcionários da Odebrecht Agroindustrial chega anualmente a 800 mil horas “A gestão de pessoas é considerada totalmente estratégica para o nosso crescimento”, afirma Genésio Couto, vicepresidente de pessoas e de sustentabilidade da Odebrecht Agroindustrial, nova denominação da ETH Bioenergia, que conquistou na categoria “Gestão de Pessoas” o Prêmio MasterCana Desempenho Centro-Sul 2012. Segundo ele, com 100% de suas operações mecanizadas, o grupo precisa de pessoas qualificadas que tenham uma continuidade na relação de emprego com a empresa visando uma carreira. Uma das ações do grupo, nessa área, é a capacitação de pessoas das regiões onde atua. “Acabou aquele êxodo da mão de obra que havia antes das operações mecanizadas. As usinas empregavam forasteiros que depois da safra, voltavam para as suas origens ou para outro tipo de colheita em outros locais. A Odebrecht Agroindustrial nasceu no momento de transformação do setor com a

Genésio Couto: investimento em qualificação profissional

mecanização”, comenta. A maior necessidade de qualificação de pessoas tornou-se inclusive uma das exigências da nova fase da atividade sucroenergética. Sintonizado com as mudanças no setor, esse grupo tem

realizado, nos últimos três anos, 800 mil horas de capacitação profissional por safra, considerando o total de horas de treinamento de seus 15 mil funcionários ou integrantes, como são denominadas as pessoas que trabalham na Odebrecht

Agroindustrial. “Isto significa que cada um deles entrou pelo menos três vezes em sala de aula ao longo da safra”, detalha. O investimento da empresa em capacitação e treinamento é de R$ 6 milhões por ano. Sessenta por cento das iniciativas nessa área estão voltadas para a qualificação de trabalhadores que atuam na área operacional, informa Genésio Couto. A capacitação da liderança é outra prioridade da empresa: 25% do total das horas de treinamento, com enfoque em comportamento, são destinadas para esses profissionais. “Acabou-se o tempo de capataz. Queremos líderes comandando pessoas que visam o crescimento”, diz. A empresa inclusive promoveu 2.500 funcionários no ano passado. “Auxiliares agrícolas passaram a atuar como operadores, tratoristas foram para colhedoras, operadores de colhedoras se transformaram em líderes de frente. Promovemos 262 pessoas para essa função”, informa. A partir de avaliações, a liderança indica se um funcionário, dependendo da sua aptidão, pode ter crescimento horizontal, que equivale a mudança de área, ou vertical que representa uma ascensão de carreira na empresa. “A promoção não é automática. Mas, a liderança indica quem tem capacidade de crescimento e quando há uma abertura de vaga a gente olha para dentro”, afirma.


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Unidades oferecem oportunidades de emprego e de qualificação “Energia Social” capacita pessoas para concorrerem a vagas disponibilizadas pelo grupo sucroenergético A Odebrecht Agroindustrial tem criado novas oportunidades de trabalho e de profissionalização para os moradores de municípios dos estados de São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, onde estão instaladas as nove unidades sucroenergéticas do grupo. Os seus 15 mil funcionários representam mais de 10% do total da população dessas cidades, de acordo com Genésio Couto. Além disso, a empresa desenvolve o programa Energia Social, voltado para a comunidade, que oferece capacitação profissional para as pessoas mesmo antes delas serem admitidas na Odebrecht Agroindustrial, conforme explica o executivo. “Qualificamos as pessoas para se habilitarem a concorrer a uma vaga na empresa. Esse curso é feito geralmente em parceria com o Senai”, detalha. Depois que ingressam na Odebrecht Agroindustrial, o profissional tem treinamentos específicos nas áreas agrícola e industrial. Nas atividades no campo, incluindo a área de motomecanização, está empregada a grande maioria dos funcionários da empresa, ou seja, 13.800 pessoas. A preocupação da Odebrecht Agroindustrial com o processo de gestão de pessoas começa com o recrutamento e seleção. A escolha dos novos integrantes da empresa, que atuam principalmente na área operacional até um determinado nível de coordenação, é feita nas próprias unidades. “Temos uma linha conceitual que facilita muito o trabalho de quem atua com ‘pessoas e organização’. Nós

Treinamento da Odebrecht Agroindustrial

não chamamos essa área de recursos humanos”, esclarece. A estrutura específica de “pessoas e organização”, existente nas unidades e polos sucroenergéticos do grupo, segue as orientações da empresa sobre os procedimentos adotados para contratação, que deve ser feita de acordo com as características e competências descritas na “Tecnologia Empresarial Odebrecht”. Há nove pontos comportamentais que devem fazer parte das características

do chamado “parceiro Odebrecht” – informa Genésio Couto –, independentemente da atividade profissional. As exigências incluem características técnicas inerentes a especificidade de cada cargo. Alguns desses requisitos, não atendidos pelos novos integrantes da empresa, podem ser desenvolvidos ao longo da carreira, inclusive em programas de qualificação, esclarece o vicepresidente de pessoas e sustentabilidade. (RA)


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Treinamento é considerado o carro-chefe da mudança Programa de capacitação da liderança operacional aborda legislação, segurança e autonomia, entre outros temas Dois programas oferecidos pela Odebrecht Agroindustrial são considerados fundamentais para a qualificação de lideranças, segundo Genésio Couto. Para a área agrícola, há o programa de liderança operacional, composto por cinco módulos que são dados em 96 horas “Esse treinamento é o grande carro-chefe que faz a mudança”, enfatiza. “O primeiro módulo aborda diversos aspectos de liderança, com explicações sobre o que é ser líder e não chefe. O segundo ponto refere-se à legislação trabalhista. O líder precisa saber como deve proceder para tratar a sua equipe. Se ele não tratar bem, vai receber uma denúncia de assédio moral”, comenta. Genésio Couto informa que este módulo inclui também aspectos relacionados à demissão de funcionários. Há a abordagem dos requisitos necessários para uma demissão, do que deve ser feito antes da adoção deste procedimento, entre outros itens. O terceiro módulo é sobre segurança e meio ambiente. “Nosso líder de frente está distante, por causa dos canaviais, alguns quilômetros da usina. Esse homem tem lá na frente um ativo de equipamentos que chega a R$ 6 milhões, incluindo colhedoras, carros-pipa, tratores e lidera em média 25 operadores. Ele tem que estar preparado para lidar com a segurança e com o meio ambiente. Temos os técnicos dessa área que ficam circulando. Mas, o líder é quem precisa ter a primeira visão”, afirma.

Cumprimento de metas gera remuneração adicional O cumprimento anual de metas previamente estabelecidas significa remuneração adicional para os funcionários da Odebrecht Agroindustrial. “Temos a partilha de resultados em todos os níveis, que independem de outros programas de participação”, afirma Genésio Couto. As lideranças avaliam os integrantes de suas equipes a partir de programas de ação que estabelecem as metas que devem ser atingidas. Para operadores, a empresa utiliza os indicadores do programa Excelência Odebrecht Empresarial. Essas metas são expostas em painéis fixados no centro de vivência das unidades, onde esses profissionais se reúnem diariamente. “Antes de começar o turno, há uma conversa em volta da liderança que explica quais são as metas do dia e quais são os aspectos de segurança que devem ser observados”, relata. (RA)

Usinas precisam de batalhão de mecânicos “Ser dono do seu negócio” é o tema central do quarto módulo, que é embasado na Tecnologia Empresarial Odebrecht. “Fala de produtividade, da autonomia, da descentralização que é um dos pilares da organização, do espírito de empresariar da forma simples, do espírito de ser dono do seu próprio negócio. O líder tem que ter autonomia para decidir, para requisitar um equipamento e o trabalho do mecânico em determinado momento”, exemplifica. E o quinto módulo está relacionado ao

entendimento dos indicadores operacionais que fazem a diferença – observa – da produtividade e da competitividade. O outro programa de qualificação nessa área é o “Tornando as equipes produtivas”, voltado às lideranças agrícola, industrial e administrativa. Este treinamento aborda aspectos de produtividade. “O líder deve inspirar, motivar a equipe para ser produtiva, com o olhar no crescimento e desenvolvimento das pessoas e nos custos da empresa”, diz. (RA)

Um dos grandes desafios na área de gestão de pessoas é o preenchimento de vagas no setor de manutenção mecânica automotiva. “Com o número de equipamentos e de operadores que nós temos, precisamos de um batalhão de mecânicos para atuar no campo. Nas novas fronteiras não existiam esses equipamentos e, portanto, não houve a formação de mecânicos para esse tipo de atividade”, comenta Genésio Couto. Segundo ele é preciso estar atento ao processo de qualificação dessas pessoas. (RA)


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Gerhai passará por remodelação neste 2013 Grupo terá novidades em todas as suas áreas; MasterCana Social volta a ser realizado em Sertãozinho, SP ANDRÉ RICCI, DA REDAÇÃO

Buscando aprimorar seus encontros, o Gerhai - Grupo de Estudos em Recursos Humanos na Agroindústria – traz novidades em 2013. Além das boas novas, o Grupo divulgou sua agenda de reuniões, que contempla oito encontros entre os meses de fevereiro e novembro, sendo o de julho realizado em Piracicaba (SP), o de agosto em Sertãozinho (SP) e o de novembro em Catanduva (SP). Os demais acontecem em Ribeirão Preto (SP). A grande novidade será o PDC Programa de Desenvolvimento Continuado, implantado como ferramenta de desenvolvimento dos participantes. Quem explica melhor é José Darciso Rui, fundador e diretor executivo do Grupo. “É um projeto que tem como objetivo fazer com que os profissionais de RH das associadas ao Gerhai cresçam na parte de

REUNIÕES DO GERHAI EM 2013

5/4/2013 - Ribeirão Preto 17/5/2013 - Ribeirão Preto 21/6/2013 - Ribeirão Preto 26/7/2013 - Piracicaba/CTC (Workshop Temático) 27/8/2013 - Sertãozinho (Fenasucro) 25/10/2013 - Ribeirão Preto 29/11/2013 - Reunião e Confraternização - Noble (Catanduva)

José Darciso Rui, fundador e diretor executivo do Grupo

desenvolvimento organizacional. Ao longo do ano, vamos tratar de assuntos como remuneração estratégica, governança corporativa, carreira, sustentabilidade, liderança, comunicação. Aos profissionais que comparecerem em no mínimo cinco reuniões será oferecido um certificado de conclusão como participantes do PDC”. Outra mudança fica por conta das novas comissões temáticas, divididas da seguinte maneira: remuneração e benefícios, saúde ocupacional, sustentabilidade e comunicação, relações trabalhistas e sindicais e desenvolvimento. “Anteriormente trabalhávamos com sete comissões, mas resolvemos incorporar

algumas e enxugar esse número para cinco”, diz o fundador do Grupo. Já o MasterCana Social, feito em parceria com a ProCana Brasil, volta a ser realizado junto ao MasterCana Centro-Sul, em Sertãozinho. Isso porque no último ano o evento aconteceu na cidade de São Paulo, em outubro. “Resolvemos trazê-lo para Sertãozinho já que para a maioria das usinas a capital fica fora de mão. Pela logística, elas preferem no interior”, afirmou o diretor, que informa o período de inscrições em primeira mão. “As usinas podem inscrever seus trabalhos no período entre 1º de março e 30 de junho, sendo que este ano não teremos como prorrogar, já

que não haverá tempo hábil para isso”, alerta. Alterações também aconteceram na diretoria do Grupo, que agora passa a ser composta por quatro membros, tendo como presidente Beatriz Resende, da Usina Batatais; vice-presidente Luiz Doro, da São José da Estiva; diretor de relações institucionais Erotides Gil Bosshard; e José Darciso Rui, como diretor executivo. “Passamos por uma renovação. O Gerhai parte para uma modernização em suas atividades, e este processo engloba quase todas as áreas”, explica Rui. No calendário também está prevista a realização do Workshop Temático, em Piracicaba. Em 2013, a discussão será sobre os caminhos da remuneração, englobando todos os detalhes sobre o assunto. Por fim, o “12º Seminário de Gestão de Sustentabilidade e de Pessoas” aparece com novidades já no nome. O objetivo da mudança é atrair participantes das mais variadas áreas, sem que haja restrição ao setor sucroenergético. “Nossa ideia é mostrar que gestão de pessoas e sustentabilidade não é feita apenas no segmento canavieiro, vai além. O Gerhai apenas organiza, não segmenta o público. Qualquer área da economia pode e deve participar conosco”, finaliza Rui.

ARTIGO

Como aperfeiçoar o potencial de cada funcionário ao cargo POR RENATO FAZZOLARI

O tema cargos e salários, estrutura organizacional é muito extenso para que possamos sintetizá-lo em uma única “Dica”, por esse motivo resolvi reparti-lo em várias “Dicas”, iniciando por esta que chamaremos de Parte I. Recebi uma mensagem pela internet que dizia o seguinte: “Quando aprendemos todas as respostas, mudam-se todas as perguntas”. Creio que esta frase se aplica exatamente para a realidade atual que o segmento sucroenergético vem passando. Se me perguntarem se hoje está melhor ou pior do que no passado, direi que simplesmente é outro momento, e que em função do estágio atual, as circunstâncias são diferentes e exigem outra leitura, e consequentemente novas ações. Como o futebol também vem passando por uma mudança muito grande, vamos fazer uma analogia com o que está acontecendo com as usinas que ficará mais fácil para entendermos o cenário como um todo. Você gostaria de ter o Messi ou o Cristiano Ronaldo em seu time?

Eu gostaria, mas, como sempre, tem um, mas. Será que seria viável ter um desses craques em meu time? Será que não seria muita areia pro meu caminhãozinho? Vamos parar de sonhar e analisar as improbabilidades para que isso venha a ocorrer. Façamos algumas ponderações: Será que o meu time teria dinheiro suficiente para fazer esse tipo de aquisição? Será que o plantel (grupo de jogadores) estaria à altura de ter um craque desse naipe? A direção e o técnico saberiam lidar com uma situação dessas e dariam condições para que esses jogadores pudessem desenvolver todo o seu potencial? Mesmo que conseguíssemos contratá-los será que conseguiríamos mantêlos, pois o assédio de outros clubes seria constante. E o equilíbrio salarial com os demais jogadores, será que não iria quebrar a harmonia da equipe? Poderíamos fazer uma série de outras ponderações, no entanto continuemos em nosso devaneio. Digamos que conseguíssemos solucionar todos esses questionamentos, ainda restaria saber se os respectivos profissionais aceitariam vir jogar na localidade que se encontra o nosso clube, tendo em vista que residem em locais ótimos de primeiro mundo. E qualidade de vida faz

muito a diferença. Será que as famílias deles aceitariam a mudar-se para onde estamos? Até aqui estamos falando em aquisições, mas será que as condições que estamos oferecendo são adequadas para manter os jogadores com qualidade e potencial que possuímos? O mercado da bola (e o sucroalcooleiro) está cheio de olheiros a busca de novos talentos, será que estamos preparados para os assédios? Essas simples e compactas analogias poderiam ser feitas em relação às usinas, alertando sobre a realidade do momento em que estamos passando e os cuidados que devemos ter para manter um sadio quadro de funcionários. Repassando o exposto, e fazendo um resumo do que é importante para se iniciar uma adequada otimização do potencial profissional da usina, devemos ponderar o que se segue, mas sempre levando em consideração a aquisição e a manutenção de profissionais: Fazer uma análise (diagnóstico) da realidade da usina Como é a estrutura organizacional Onde situa-se a usina, região e condições do local Em qual situação que se encontra econômica e financeiramente Qual o impacto de uma nova contratação

em relação ao equilíbrio interno Quais os pontos positivos que existem, e procurar explorá-los Quais os pontos negativos que existem, e procurar corrigi-los, mas se não for possível corrigi-los, procurar compensálos com outros fatores positivos Como estamos em relação aos concorrentes Como será a imagem da usina no mercado Quais são os concorrentes que devemos nos comparar Quais as nossas características peculiares que temos que levar em consideração Como está o clima organizacional. O ambiente é bom ou ruim. Aqui daremos uma sugestão: adicione a energia do amor, da compreensão, da motivação, que sempre funciona bem. Está provado que ambientes alicerçados em rancor, vingança, intolerância, invariavelmente levam a um clima organizacional ruim, que se reflete diretamente na ineficiência e má produtividade dos trabalhos. Importante ressalvar: não procure ser igual a outras usinas, isso é totalmente inviável, busque a própria identidade, e procure aprimorá-la continuamente.


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Renk Zanini fabrica redutores paralelos e planetários A linha da Renk Zanini inclui redutores para acionamento de difusores FULVIO PINHEIRO MACHADO, CONSULTOR

DO

DE

SÃO CARLOS, SP

JORNALCANA

A Renk Zanini oferece ao mercado sistemas para acionamento de moendas baseados tanto em redutores de eixos paralelos, como planetários. A linha Torqmax é constituída de redutores de eixos paralelos de três ou quatro estágios de redução, com divisor de torque no último estágio. As principais características deste redutor são a alta confiabilidade e robustez, além de operar por longos períodos sem necessidade de manutenção. São empregados geralmente para acionar todos os rolos do terno de moenda. A nova linha Pentamax 2.0 possui o primeiro estágio de redução com eixos paralelos, unindo desta forma o que há de mais vantajoso dos dois conceitos: eixos paralelos e planetários. Todos os porta-planetas são suportados por rolamentos, conferindo maior robustez ao produto frente às variações de carga impostas pela aplicação. Nesses novos redutores a quantidade de óleo necessário à lubrificação foi reduzida em mais de 50% em relação aos sistemas existentes no mercado, reduzindo custos. E sua captação é feita de forma independente em cada estágio de redução, evitando ao máximo a contaminação entre estágios. Outra característica dos redutores Pentamax 2.0 é o fato de apresentarem o eixo de

Redutores planetários Renk Zanini instalados na Campo Florido, MG, do Grupo Coruripe

saída com possibilidade de desmontagem do porta-planetas do último estágio, facilitando a manutenção. A linha Fleximax, com eixos coaxiais e estágios planetários, é fixado individualmente em cada rolo da moenda, sendo acionado por motor elétrico com giro da carcaça impedido através de um braço de torque fixo na fundação de concreto. Sua construção é compacta, com baixo peso, alto rendimento e desempenho. A empresa também produz redutores planetários aplicáveis à difusores, compactos e de alto desempenho, características comprovadas através do acompanhamento das diversas unidades em operação há

quase 30 anos. Segundo Antonio Carlos Barros, gerente de bioenergia, “Os investimentos feitos nas plantas sucroenergéticas levam muito em conta a confiabilidade no equipamento e a eficiência global”. Aprimorando seu parque fabril, a Renk Zanini instalou recentemente uma nova retífica de dentes com capacidade até módulo 50 e qualidade 3 DIN 3962/3, o que proporcionará além do aumento de capacidade fabril para atender seus novos compromissos e contratos, um salto de qualidade, como também gerar aumento de produtividade.


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Planetários TGM possibilitam múltiplos esquemas de acionamento Simplificação de lay-out e construção compacta são pontos de destaque Fundada em 2005, época onde grandes projetos de implantação de usinas sucroenergéticas ganhavam corpo, juntamente com a cogeração, a TGM Transmissões vislumbrou um novo mercado para o acionamento de moendas, introduzindo seus redutores planetários que provocaram uma revolução nos conceitos até então dominantes no setor industrial de produção de açúcar e etanol. A empresa produz a linha de redutores planetários RPZ/RPS com uma gama de torque que vai de 85 a 4000 kN.m em sua unidade fabril de Sertãozinho-SP. “Nossa linha de planetários representa o que há de mais eficiente no acionamento de moendas. Compactos e pesando 30 a 50% a menos que outros tipos de reduções, esses planetários são muito versáteis, possibilitando múltiplas opções de configuração, desde o acionamento central de um terno até o acionamento rolo a rolo”, afirma Paulo Vizin, gerente comercial da TGM Transmissões.

Redutores planetários TGM no acionamento rolo a rolo de moenda 90”

“Nas moendas de grande porte, como as de 90” e 100”, adotadas pelas usinas de maior capacidade de produção, o acionamento individual rolo a rolo por motores elétricos e redutores planetários é a opção mais viável técnica e economicamente”, complementa Vizin. Com isso, obteve-se um considerável ganho energético, pela substituição das turbinas de simples estágio, até então usadas comumente para esse propósito, por motores elétricos. “Nossas opções de acionamento rolo a rolo foram tão bem recebidas pelo mercado, que praticamente 100% das maiores moendas instaladas no Brasil, de bitola 100”, usam planetários TGM em seu acionamento, atestando a qualidade dos nossos produtos e a liderança que alcançamos no setor sucroenergético”, afirma Vizin. Os planetários da série RPZ/RPS possuem número de estágios definidos de acordo com a relação de redução necessária. Cada estágio pode ser composto de três, quatro ou cinco engrenagens planetárias, para que se garanta um funcionamento suave. O redutor é equipado com um sistema limitador de torque para proteger todo o conjunto mecânico no caso de sobrecargas. O acoplamento final do planetário com a máquina acionada é feito com disco de contração, flange com pinos, ou ainda mediante especificação do cliente. (FPM)


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Novos acionamentos permitem layout compacto no setor de extração Mais eficientes, os novos acionamentos proporcionam múltiplas configurações O significativo aumento da capacidade de moagem das usinas e a evolução tecnológica implicaram no surgimento de novas modalidades de acionamentos para moendas. As antigas concepções existentes se tornaram insuficientes e necessitaram serem trocadas por outras capazes de prover as novas necessidades do setor de extração das usinas. Anteriormente havia praticamente só um tipo de acionamento, que era constituído de turbina a vapor de simples estágio, redutor e engrenagens abertas do tipo bihelicoidais e retas que se encarregavam da redução final, também denominadas de “volandeiras”, um resquício dos primórdios das usinas, quando as moendas eram acionadas por motores a vapor que necessitavam de volantes de vários metros de diâmetro para sua operação. Ao mesmo tempo em que as moendas foram aumentando sua capacidade ao longo do tempo, por meio de diversas técnicas, como alimentação por Donely, chapisco em rolos, a evolução na tecnologia dos materiais, tratamentos e sistemas de usinagem mais precisos possibilitaram o surgimento de novas concepções de conjuntos de redução, mais compactos, fechados, aptos a manejar os elevados torques necessários à operação das moendas modernas, como os redutores de eixos paralelos e planetários disponíveis na atualidade. Paralelamente, a evolução da eletrônica de estado sólido permitiu a construção de sistemas que possibilitam a variação de velocidade de motores de indução de alta potência, possibilitando o emprego de motores elétricos, muito mais eficientes do que as turbinas, no acionamento das moendas e e preparo da cana, o que juntamente com a adoção de caldeiras de alta pressão tornaram as usinas capazes de gerar um excedente de energia elétrica comercializável, a cogeração. Neste novo conceito, o vapor de alta pressão gerado por uma caldeira alimenta uma turbina de extração e/ou condensação que aciona um gerador de alta potência, que por sua vez fornece energia para os motores das moendas, picador desfibrador, além dos demais acionamentos da fábrica. Dessa forma, a diferença de energia proporcionada pela maior queda entálpica devido ao uso de maiores pressões de vapor é que possibilita a geração de um excedente comercializável de eletricidade.

Acionamento de moendas por motores elétricos e redutores planetários

A substituição das turbinas a vapor de simples estágio por motores elétricos também resultou na possibilidade de se executarem “layouts” mais amplos nas usinas modernas, já que não há mais necessidade de se levar vapor às turbinas, substituindo-se as pesadas tubulações e seus acessórios, como válvulas e estruturas, por cabos elétricos. Os novos sistemas permitem agora uma multiplicidade de opções, que vão desde o acionamento integral até ao “rolo a rolo” das moendas, tanto para aumento da capacidade de conjuntos existentes, como para instalação

em unidades novas, denominadas “greenfield”. A escolha do tipo de acionamento é uma tarefa que envolve diversos aspectos técnicos e econômicos, incluindo confiabilidade e requisitos de manutenção. Pela multiplicidade de fatores envolvidos, fabricantes e usuários tem diversas opiniões para justificar a opção entre os sistemas de eixos paralelos ou de redutores planetários. Independentemente de suas opiniões, esses sistemas representam o “estado da arte” e seguramente são uma grande evolução tecnológica. (FPM)


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Acoplamentos flexíveis substituem luvas e palitos nas moendas Acoplamento flexível reduz risco de danos ao acionamento Na operação de moendas, um dos pontos susceptíveis de apresentar falhas por ruptura é justamente o acoplamento entre o acionamento e o terno de moenda propriamente dito. Convencionalmente, esses acoplamentos são feitos pelo sistema de palito e luvas em ferro fundido que tanto atuavam na transmissão do torque necessário à moagem permitindo a flutuação do rolo superior, como funcionavam como um “fusível” no caso de sobrecargas por embuchamento no terno de moenda, ocasião em que as luvas se rompem protegendo o acionamento. Entre as desvantagens desse sistema estão o grande desgaste devido à natureza dos materiais, o custo de reposição, além dos riscos aos operadores no caso da ruptura das luvas, casos estes estivessem próximos. Nas moendas de maior capacidade, com grandes flutuações no rolo superior, também foi necessário prolongar os palitos para evitar esforços

adicionais nos mancais ou rolamentos, resultando em uma necessidade de espaço adicional para o conjunto de moagem. Uma nova modalidade de acoplamento foi introduzida para contornar esses problemas apresentados pelos sistemas de acoplamento convencionais: o acoplamento flexível. Esse sistema compensa o desalinhamento entre eixos, o que possibilita maior flutuação do rolo superior e elimina a rigidez existente no conjunto luva/palito anteriormente empregado, reduzindo a possibilidade de danos no eixo do rolo e mancais do acionamento. Além disso, reduz o consumo de energia pela eliminação do atrito entre luva e palito e traz o benefício de proteger o acionamento no caso de ruptura do eixo do rolo superior. A Dedini, empresa que há longo tempo se dedica a fabricação de moendas e outros equipamentos para a indústria sucroenergética oferece ao mercado o acoplamento flexível de sua fabricação, mostrando que esse tipo de equipamento pelas suas vantagens certamente sucederá as luvas e palitos como opção de acoplamento entre o acionamento e as moendas. (FPM)

Acoplamento flexível para moendas


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Sistema automático mantém o paralelismo dos rolos de moenda Sistema DHMA já foi instalado em mais de 150 ternos de moenda O processo de extração do caldo da cana-de-açúcar nas usinas é uma das operações fundamentais e que requer grande atenção. Qualquer redução na eficiência de extração resulta em perda de sacarose, sem possibilidade de recuperação. Assim, o controle terno a terno dos parâmetros de moagem resulta em minimização de perdas, com consequente ganho de produtividade. Para extrair o caldo da cana que passa por seus rolos, a moenda é dotada de cabeçotes hidráulicos que pressionam o cilindro superior contra o colchão de cana, retirando o caldo contido de maneira análoga ao se espremer uma esponja embebida em água. Dentro de limites, quanto maior a pressão, mais eficaz será a extração. No entanto, pela própria natureza da matéria-prima, não há garantias que o colchão de cana que passa pelas moendas tenha uma densidade constante ao longo do comprimento dos rolos, o que acaba se traduzindo em pontos de maior ou menor pressão, e como consequência, variações pontuais na extração, o que equivaleria, no exemplo dado, a pressionar somente um dos lados da esponja.

Isto também implica em que uma quantidade maior de cana passe por um dos lados do cilindro superior, fazendo com que ele se incline, provocando um desalinhamento entre os munhões e os mancais, e também entre os rodetes de acionamento dos cilindros inferiores. Nestas circunstâncias, a superfície de contato entre mancais e entre rodetes é diminuída e a pressão por unidade de superfície aumenta, podendo vir a romper o filme de lubrificação, causando desgaste prematuro, ou mesmo danos permanentes a esses componentes. Para manter o paralelismo dos rolos em qualquer circunstância foi desenvolvido o DHMA, que é um sistema patenteado que controla automaticamente a flutuação do rolo superior das moendas, comercializado pela Dínamo Automação Industrial, de Piracicaba-SP, e Tectrol Soluções em Automação Industrial, de Londrina-PR, trazendo como benefícios um aumento da extração, redução nos custos de manutenção e maior confiabilidade no conjunto de moagem. O DHMA ao agir sobre os cabeçotes hidráulicos, possibilita aumentar o índice de extração, prolongar a vida útil dos componentes das moendas e reduzir os custos de manutenção. A operação é simplificada por uma interface ao operador, através de sistema supervisório, que permite a monitoração e parametrização do sistema. (FPM)

Instalação do Sistema DHMA em moenda

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Motores elétricos nos acionamentos do setor de preparo e extração Motores proporcionam ganhos de energia e simplificação de instalação Os avanços da tecnologia e o surgimento de novos materiais e métodos de produção possibilitaram um considerável avanço na produção e eficiência das unidades produtoras de açúcar e etanol. Entre esses novos conceitos de produção, o acionamento de moendas, preparo de cana e desfibradores merece um lugar de destaque, pela flexibilidade e ganho energético com que vieram contribuir para o aumento de eficiência operacional das novas indústrias. Há pouco mais de 60 anos, as turbinas a vapor foram gradativamente substituindo os enormes motores a vapor que ainda na década de 70 eram utilizados no acionamento de moendas, picadores e bombas de processo, como as de produção de vácuo para a evaporação e cozimento. Embora já houvessem motores elétricos capazes de acionar esses equipamentos, nessa época não era simples alterar com facilidade sua rotação, uma condição necessária para o trabalho com moendas; nem haviam fontes de energia e geração disponíveis nas usinas para tal finalidade. Foi a partir da década de 50, com o surgimento dos semicondutores e logo após, com os tiristores, uma chave eletrônica de estado sólido, que equipamentos de controle para motores, como os inversores de frequência, passaram a ser desenvolvidos. Paralelamente, a crescente demanda por energia elétrica impulsionou as usinas a aproveitarem o bagaço excedente do processo para alimentar caldeiras de mais alta pressão e assim gerar energia que não só é utilizada de forma própria mas também fornecer ao mercado na modalidade denominada cogeração. Com a evolução tecnológica, na atualidade pode-se contar com dispositivos de controle adequados ao comando de motores de alta potência, como os empregados em moendas e preparo de cana, a um custo viável, graças aos microcontroladores e semicondutores de potência como os MOSFET e IGTD, abrindo um leque de perspectivas e proporcionando uma substancial alteração nos conceitos de projeto das modernas unidades produtoras. Os motores elétricos empregados no acionamento de equipamentos que necessitam de alta potência para operação proporcionam uma eficiência de transferência de

Motor elétrico no acionamento de moenda de 90”

energia entre elétrica e mecânica superior a 90%, quando comparados as turbinas a vapor de simples estágio utilizadas anteriormente, cuja eficiência de transformação não supera a marca dos 30%. Também deve ser levado em conta que o uso de motores elétricos simplificou consideravelmente o layout do setor de preparo e extração, eliminando as tubulações de vapor e seus acessórios, como válvulas, purgadores e estruturas de sustentação. A motorização também simplificou a interface com os sistemas de controle e automatização, dispensando dispositivos mecânicos anteriormente necessários para o interfaceamento.

Essa evolução não se restringiu somente aos acionamentos, mas também alterou os conceitos de distribuição de energia entre os diversos setores da indústria, que por força do constante aumento da capacidade produtiva, com consequente aumento da potência demandada, passaram a ter suas próprias subestações, sendo a energia distribuída em média tensão. Assim, a motorização elétrica de equipamentos como moendas, picadores e desfibradores, proporcionou um ganho de eficiência considerável em relação aos sistemas anteriormente empregados, sendo um dos destaques das modernas usinas da atualidade. (FPM)


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ENTREVISTA — Jair Ferreira Lima Jr

Coaching está valorizado na manutenção preditiva “Setor sofre pela falta de diálogo e pela incapacidade de desenvolver competências e diálogos”

descobrir se o colaborador que cuida do equipamento em campo sabe qual a meta verdadeira da empresa e quem acompanha isso. Se o líder não mudar o seu jeito de ser não haverá saída, ele precisa sentar, ouvir, dialogar, planejar e tomar decisões. Por que o setor tem falta de diálogo? As empresas não conversam sobre o que é mais importante, ficam apagando incêndio. Surgiu a figura do líder “bombeirão”, super herói. Por exemplo, a manutenção preditiva previne acontecimentos, mas vemos executivos que cresceram nas empresas com essa postura errônea, algo que não dá mais para tolerar no mercado atual. Na atualidade o foco quase nunca é resultado, e dessa forma, não gera resultado. Hoje a concorrência é muito rápida, e o empresariado exige que se faça mais com menos, com velocidade.

ANDRÉIA MORENO, DA REDAÇÃO

Focado em três pilares principais: tecnologias, processos e pessoas, o coaching tem auxiliado os executivos do setor sucroenergético, a autodesenvolverem e a conquistarem melhores resultados nos negócios, principalmente no tocante a manutenção preditiva. Esse é o tema em que Jair Ferreira Lima Jr, Trainer & Executive Master Coach da Via Gestão Assessoria e Capacitação, defende em entrevista exclusiva ao JornalCana. Para ele, um dos grandes gargalos do segmento é a falta de diálogo e de capacidade de desenvolvimento de pessoas. JornalCana - Como o coaching pode ajudar as usinas a conquistarem melhores resultados na área de manutenção preditiva? Jair Ferreira Lima Jr – É preciso desenvolver gente para se atingir as metas e estratégias necessárias para o setor. Uma estratégia bem-sucedida precisa de três pilares: investimentos em tecnologias, em processos e pessoas para que os resultados aconteçam. Aí entra o papel do coaching. Sabemos que o desenvolvimento de gente passa por processos de treinamentos de lideranças e o coaching é o mais novo processo para apoiar esse treinamento. Conforme pesquisa britânica de 2010, com o treinamento associado ao trabalho do coaching para apoiar as metas da pessoa, o colaborador pode aumentar em até quatro vezes sua performance e desempenho. Qual é o papel principal do coaching? O coaching desenvolve o autoconhecimento da pessoa, fundamental para seu desenvolvimento; a autoconfiança e automotivação. O coaching apoia a pessoa para que possa desenvolver esses quesitos dentro dela. Coaching desenvolve pessoas, habilidades e atitudes. O coach não é um professor, é um incentivador do

Nesses acompanhamentos, como o senhor quantifica os resultados, por exemplo, dentro da área de manutenção preditiva? Quantifica-se a evolução e desenvolvimento da pessoa, através de um alinhamento logo nas primeiras sessões e depois promovemos uma reunião de alinhamento com o seu superior. Percebo que há uma total falta de entrosamento entre o superior e o colaborador da empresa. Mas no final do processo consegue-se quantificar em quanto o executivo evoluiu, através da visão de seu superior.

desenvolvimento de competências e competências são: habilidade mais atitude. O executivo precisa se perguntar o que está fazendo com seu tempo, equipe e liderança. Vejo um apagão da liderança, uma falta de líderes nas religiões, cidades, governo, empresa. Quais as principais ferramentas para ajudar no êxito da indústria sucroenergética? Uma das ferramentas mais utilizadas no processo de coaching é o diálogo, e não adianta a empresa investir em certa tecnologia de manutenção preditiva, se não há conversa entre as pessoas que cuidam do setor, nem um alinhamento ou entrosamento. Essas pessoas envolvidas no processo devem parar uma hora por dia e

trocar ideias. Outros quesitos fundamentais são a gestão de tempo, a delegação, como deve tomar decisões. O coaching estimula a proximidade do diálogo relevante entre as pessoas, transmite para o executivo o que é realmente relevante e estimula o uso dessas habilidades e novos comportamentos no dia a dia. Potencializa as atitudes positivas dessas pessoas. O que deve mudar na postura dos líderes? O executivo do setor é ruim em execução, mas ótimo planejador. Ele é experiente, mas na execução é um caos, pois não conversa, não se pergunta sobre como está o processo, não busca um feedback. Se esse executivo não se planejar para ter tempo não fará nada na vida. Também deve

Muitos confundem a figura do coach, com a de um treinador. Qual a diferença entre treinamento e coaching? A palavra coaching origena-se do condutor de charrete do rei e rainha dos séculos passados, é a figura do coucheiro. Esse profissional é o condutor do processo de apoiar e de ajudar o executivo a encontrar o caminho que deseja. Couch não é um terapeuta de executivo pois fala de futuro e de vida, sem muito falar do passado. Ele fala de metas e de futuro quinzenalmente ou semanalmente. Os treinamentos em geral se tornam algo muito monótono e cansativo. Um treinamento que trabalha comportamento e atitude associado ao coaching promove resultados fantásticos. Mas nada impede que o trabalho do coaching possa ser realizado isoladamente.


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Sistema hidráulico das moendas exige cuidados especiais Acumuladores hidráulicos devem estar em conformidade com a NR13 As moendas realizam a extração do caldo através da pressão exercida pelo rolo superior sobre o colchão de bagaço que está passando pelo seu interior. Muito embora esse rolo tenha uma massa considerável, a pressão necessária para se obter um índice de extração adequado é muito mais elevada. Para se alcançar esse nível de pressão as moendas são equipadas com um sistema hidráulico que através de cabeçotes dotados de pistões exerçam a forna necessária para a correta extração. O óleo é pressurizado por acumuladores ou garrafas, como são comumente denominados, que se utilizam de nitrogênio contido por uma “bexiga” para exercer pressão sobre o fluído hidráulico. Esses acumuladores são vasos de pressão, e como tal estão submetidos a NR13. Se os acumuladores instalados na usina ainda não estiverem enquadrados nessa Norma, devem ser imediatamente substituídos. O engenheiro Paulo Leite, Diretor da Tectrol e Dínamo, empresas que produzem e comercializam o HDMA, Sistema de Automação para manter o paralelismo do rolo superior em moendas, recomenda cuidados na manutenção do sistema hidráulico dos cabeçotes, para que sua operação se faça sem

Desmontagem do acumulador hidráulico

problemas. “Devido ao ambiente dos sistemas hidráulicos das moendas serem agressivos, sugerimos que uma manutenção mais detalhada (desmontagem, válvulas, avaliação de bexiga e casco interna e externamente, testes, etc.) seja feita uma vez ao ano, assim como a verificação e pré-carga de nitrogênio. Usinas que já tenham um plano de manutenção estabelecido e controles da pureza dos seus óleos podem fazê-lo a cada dois anos”, explica o engenheiro. “Antes de realizar qualquer serviço de manutenção, deve-se descomprimir a pressão do óleo dos acumuladores, pois mesmo que a bomba do sistema esteja desligada pode haver óleo armazenado sob pressão nos acumuladores”, adverte o engenheiro. A Válvula de Segurança no sistema hidráulico da moenda é o principal item de segurança dos acumuladores hidráulicos e é exigência da NR13. Essa válvula deve estar instalada entre o cabeçote hidráulico e o acumulador. No caso de ser instalado qualquer equipamento adicional nesse circuito, uma válvula adicional deve ser instalada entre o cabeçote e esse novo equipamento. Por ocasião da manutenção, todos os testes e reparos devem ser feitos em bancadas com óleos livres de contaminações, pois se esse cuidado não for observado a contaminação se espalhará para todos os equipamentos que estiverem instalados no mesmo circuito hidráulico.


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Técnicas como chapisco e picote elevam a capacidade de moagem A capacidade de processamento de cana por uma indústria sucroenergética não depende exclusivamente do tamanho da moenda e de uma alimentação constante de cana, mas também da capacidade dos rolos de “puxarem” a cana desfibrada. No passado vários métodos foram utilizados para aumentar a capacidade de “pega” dos rolos, quando a cana entregue nas usinas ainda era inteira, como os “chevrons”. Atualmente, a técnica mais utilizada para manter a rugosidade elevada na superfície dos rolos e assegurar um máximo ângulo de “pega” pela moenda é a aplicação de material por meio de eletrodos especiais nos flancos e na crista dos frisos dos rolos. Essas técnicas se tornaram popularmente conhecidas como “chapisco” e “picote”, que permitem aumentar consideravelmente a capacidade da moenda absorver a cana e consequentemente sua moagem. Por sua efetividade, essas técnicas hoje se tornaram comumente empregadas em todas as usinas e sua adoção foi uma das razões para o considerável aumento da capacidade de moagem atingido pelas usinas produtoras de açúcar e etanol. A Uniweld Indústria de Eletrodos Ltda, fabricante dos eletrodos da marca Essen®, que são amplamente utilizados em diversos segmentos industriais, oferece uma linha completa de modelos dedicados ao

Aplicação de picote e chapisco em rolo de moenda

tratamento de rolos de moenda para execução das etapas de base, sobre base, picote e chapisco para as usinas sucroenergéticas. “Graças à nossa experiência acumulada na tecnologia de tratamento de rolos, estamos hoje presentes não só nas

usinas brasileiras, mas também em diversas usinas no exterior”, afirma com satisfação Jefferson Santos, diretor da empresa. Além da linha para tratamento de rolos, a Uniweld também fabrica eletrodos especiais para variadas aplicações de

revestimento e também para a recuperação de superfícies de componentes sujeitos a desgaste nas usinas produtoras de açúcar e etanol, como os martelos dos desfibradores, facas dos picadores, bagaceiras, rodetes, engrenagens de acionamento, rotores de ventiladores, entre outros. (RA)


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Manutenção do sistema de lubrificação da moenda evita desgastes prematuros Um dos itens que merecem uma atenção especial na manutenção das moendas para que operem sem o risco de paradas não programadas é o Sistema de Lubrificação Centralizado. O engenheiro Paulo Leite, diretor das empresas Dínamo e Tectrol, especializadas em automação industrial, lembra os quesitos mais importantes desse sistema integrante das moendas. “A limpeza é fator primordial nos equipamentos de lubrificação. E os cuidados com a limpeza devem começar no momento da parada do equipamento para manutenção. Antes de desmontar quaisquer itens como tubos, conexões, válvulas, bombas, entre outros, devemos limpar toda a área ao redor dos mesmos para evitar possíveis contaminações com resíduos indesejáveis”. “Mesmo com os equipamentos fora de funcionamento, alguns resíduos podem atacar o lubrificante, o que acarretará a perda de algumas de suas propriedades e danificar o próprio equipamento, causando, por exemplo, oxidações internas que só serão percebidas através de inspeções detalhadas ou, o que é pior, quando os equipamentos voltarem a funcionar no início da próxima safra: aí os prejuízos são bem maiores”, afirma Paulo. “O reservatório do sistema de lubrificação deve ser cuidadosamente inspecionado e limpo, interna e externamente. Com a variação do nível do lubrificante, há uma constante entrada e saída de ar dos reservatórios através dos filtros de ar e possíveis frestas de juntas já ressecadas das tampas. Isto pode trazer impurezas para dentro do reservatório”, complementa o engenheiro. “Portanto, o período de manutenção é a época propícia para trocar todos os filtros de ar e também as juntas de vedações das tampas e também todos os filtros instalados nos sistemas de lubrificação”.

Lubrificação adequada aumenta vida útil dos componentes da moenda

Nos itens que necessitem de pintura, deve ser usada tinta compatível com o lubrificante e o ambiente onde estão instalados. Onde não seja possível a aplicação de pintura e a superfície for metálica, a manutenção se fará, no mínimo, com uma película de lubrificante compatível com aquele normalmente utilizado durante a operação do equipamento. Os condutos e os equipamentos que permanecem na planta após a fase de

desmontagem devem ser isolados para evitar contaminações, assim como os cuidados com a limpeza no reabastecimento para o próximo início de safra são fundamentais. Do mesmo modo que nos sistemas hidráulicos, os de lubrificação centralizada devem ter Válvulas de Segurança. Estas devem ser inspecionadas e testadas uma vez ao ano. “Equipamentos de Lubrificação Centralizada podem atingir pressões tão

altas quanto os Equipamentos Hidráulicos. Aliás o princípio de funcionamento é o mesmo. Portanto, está sujeito a acidentes graves se não tiverem a devida atenção”, explica Paulo. A correta manutenção do Sistema de Lubrificação evita o desgaste prematuro de componentes do acionamento das moendas e mesmo a quebra destes, o que resulta forçosamente em horas paradas e trabalho adicional de manutenção não previsto, afetando a produtividade da indústria. (RA)


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Emprego de aços inoxidáveis reduz danos por corrosão e abrasão As novas aplicações dos aços inoxidáveis no setor sucroenergético tiram proveito desse material ser mais resistente a abrasão e a corrosão, condições que se apresentam de forma intensa na produção de açúcar e etanol e que degradam rapidamente o aço carbono, material comumente utilizado na construção dos equipamentos presentes na indústria. A Aperam, fabricante de aços inoxidáveis, tem colaborado nessa evolução ao realizar estudos minuciosos para novas aplicações que demonstram, sob o ponto de vista técnico e econômico, a viabilidade do emprego dos inoxidáveis em substituição ao aço carbono nos diversos setores produtivos das usinas de açúcar e etanol, ampliando consideravelmente sua vida útil e reduzindo as necessidades de manutenção. Essas novas aplicações se estendem desde os condutores de cana e mesas alimentadoras no setor de recepção, preparo e extração de caldo, passando por feixe tubular, espelhos e corpo em evaporadores, cozedores, condensadores e multi-jatos, até os dutos posteriores e lavadores de gases nas caldeiras. Embora reconhecidos como mais resistentes, proporcionar maior troca de calor e serem de mais fácil limpeza, os

aços inoxidáveis sempre foram preteridos em favor do aço carbono em função de seu maior preço inicial, o que restringiu sua aplicação em larga escala. Ao longo dos anos, com o surgimento de novos tipos de aço inoxidável, como os da série 400 e outros, mais competitivos, a diferença de durabilidade se impôs, pois esse material confere maior vida útil e menor necessidade de manutenção, o que a longo prazo se traduz em um ganho em relação aos materiais de menor preço, mas também menos duráveis, como é o caso do aço carbono. Os aços inoxidáveis são aços com percentual máximo de 1,2% de carbono, pelo menos 10,5% de cromo e outros elementos de liga. A camada passiva de óxido de cromo que se forma na sua superfície de maneira natural e contínua proporciona proteção duradoura contra a corrosão. Juntamente com o cromo, o níquel é essencial na fabricação dos aços inoxidáveis austeníticos, muito utilizados por apresentarem excelente resistência à corrosão, soldagem e conformação. A Aperam disponibiliza para o segmento sucroalcooleiro aços inoxidáveis planos e tubos ferríticos, também conhecidos como linha Kara, e austeníticos, com elevado desempenho. (RA)

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Mancais e casquilhos são componentes vitais nos acionamentos Especial atenção deve ser dada à correta refrigeração e lubrificação de mancais Para os mancais refrigerados, como os usados nas moendas, é fundamental que o sistema seja alimentado por uma qualidade de água adequada, de forma a não criar depósitos, ou formação de matéria orgânica que possa obstruir os condutos do líquido e prejudicar desse modo a correta refrigeração dos mancais, sempre submetidos à grandes esforços, podendo desta forma serem irremediavelmente danificados pela ausência de uma correta refrigeração. No caso de turbinas a vapor de alta potência, como as usadas nas centrais de cogeração, é imprescindível observar todas as regras de aquecimento e partida estipuladas pelos fabricantes sob pena de desgaste anormal ou mesmo, quebra do equipamento. Um item muito importante para estes componentes é a lubrificação, que deve ser feita com a utilização de óleos e graxas adequadas a cada aplicação, de acordo com o fabricante do equipamento e do fornecedor dos lubrificantes. Os trocadores de calor para óleos devem estar perfeitamente limpos, sem obstruções de modo a assegurar que os lubrificantes operem sempre dentro da margem de temperatura admissível para cada caso. Deve-se também evitar a sua contaminação por impurezas, ou mesmo por outros tipos de lubrificantes, o que pode acarretar em mudança de suas propriedades e necessidade de troca prematura. Nos equipamentos que utilizam mancais ou casquilhos, um cuidado especial deve ser dado à sua

Refrigeração e lubrificação dos mancais são essenciais para a boa operação das moendas

instalação, principalmente no que diz respeito à folgas e alinhamento para se evitar o desgaste prematuro desses itens, que normalmente fazem parte de equipamentos críticos para a operação da planta, como é o caso de turbinas, moendas e seus acionamentos. Quanto mais cuidadosas forem as operações de manutenção na entressafra, maior a certeza de que durante a operação da planta não haverá surpresas desagradáveis que redundem em horas paradas ou desperdiçadas com reparações não previstas.

Isto é particularmente importante nos tempos atuais, onde as usinas dispondo de variedades mais precoces de cana-de-açúcar podem iniciar a moagem mais cedo, encurtando, dessa forma, o período de entressafra e consequentemente o tempo disponível para a realização de desmontagens e montagens de equipamentos. Isto sem falar das novas possibilidades de matéria-prima, como o sorgo sacarino, que certamente provocarão um redução ainda maior no tempo de inatividade das usinas. (RA)

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Uso do aço inoxidável está disseminado nas usinas CARLOS ALBERTO PACHECO, DE SÃO PAULO, SP FREE LANCE PARA O JORNALCANA

O uso do aço e suas inúmeras características para a construção de usinas de cana-de-açúcar não é um fato recente. No caso do aço inoxidável, a história remonta à década de 70. Na verdade, o material está presente desde o início do Programa Nacional do Álcool (Proálcool), instituído em 1973. “Nos últimos anos, porém, o aço ampliou sua participação neste importante segmento da indústria brasileira”, afirma a Associação Brasileira de Aço Inoxidável (Abinox), em texto publicado em seu portal. É notória a presença deste tipo de aço em usinas localizadas no Sudeste e CentroOeste. Especialistas avaliam que há duas vantagens no uso do aço – desempenho significativo nos diversos processos industriais e a vantajosa relação custobenefício. Técnicos da Abinox alertam que durante os estágios de fabricação de uma usina, situações como a entrada de cana (contém muita areia) e a moagem provocam desgaste nos equipamentos. Esse desgaste provoca corrosão microbiológica, generalizada, nos pites e nas frestas. Contudo, “a correta especificação do aço inoxidável contribui para um desempenho superior e até mesmo a eliminação da

Difusor de cana da Usina São Francisco, em Qurinópólis (GO): revestimento em inox

corrosão”, afirmam. A fornecedora de aço Aperam South América, cuja planta industrial está localizada em Timóteo (MG) também defende o uso disseminado do inox nas usinas. A empresa disponibiliza ao mercado linhas de aço 300 e 400, resistentes a quaisquer deformidades que possam surgir na construção. Tais produtos são fáceis de

Engenho à base de aço Em novembro de 2012, o “Salon Empreendedor”, entidade que atua na criação e desenvolvimento de micro e pequenas empresas, oferecendo fábricas já instaladas, anunciou uma novidade. Em seu blog, o Salon colocou à disposição dos interessados uma planta para fabricação de açúcar mascavo, melaço e rapadura, “com equipamentos industriais apropriados para microindústrias”, localizada no Rio de Janeiro. O Salon oferecia engenho para moenda de cana-de-açúcar, ou seja, unidade montada em estrutura metálica

limpar e possibilitam troca térmica sem contratempos. “Nossos produtos são empregados em sistemas de cozimento e evaporação”, diz a empresa. Segundo uma fonte da Aperam, “quanto mais inox entra em sua usina, maiores os ganhos em produtividade, facilidade de limpeza, durabilidade, resistência à corrosão e preservação das

características do açúcar”. A empresa possui uma linha de tubos com vários diferenciais, entre eles a redução de pontos pretos e magnéticos no açúcar, maior vida útil, mesmo partindo-se de menores espessuras, baixa rugosidade, o que reduz a aderência de incrustações e facilita as operações de limpeza e menores custos de manutenção.

Dos engenhos de açúcar às grandes usinas para extração de caldo ou suco de cana. Também oferecia um conjunto batedor de melaço, açúcar mascavo e rapadura (com reforço na estrutura metálica), tacho batedor para mel, açúcar mascavo e rapadura (construído com aço inoxidável 304 ou aço carbono) e, por último, e tanque-tacho para cozinhar o caldo/suco de cana, construído em aço carbono. Moral da história: seja nos grandes empreendimentos industriais ou em estruturas mais modestas, o aço é presença fiel. E continuará sendo em quaisquer situações. (CAP)

No Brasil, os grandes complexos sucroenergéticos investem em tecnologia em suas unidades industriais. Os avanços seguem em progressão geométrica. O Grupo USJ, por exemplo, investiu na construção de estruturas de aço nas duas últimas décadas. O controle dos processos é automatizado e virtual. A Usina São João, em Araras (SP), unidade pioneira do grupo modernizou o seu parque industrial e deve implementar mais know-how no decorrer de 2013. Segundo dados divulgados pelo grupo, ao longo dos últimos cinco anos foram investidos na usina, algo em torno de R$ 30 milhões.

O mesmo pode se dizer da Usina São Francisco, em Quirinópolis (GO). Os procedimentos na extração da cana e do açúcar são revolucionários. Há tempos as tradicionais moendas foram substituídas por grandes difusores na extração da sacarose, o que permite melhor aproveitamento da cana. O gerente industrial da unidade, Hélio Belai, compara o “desempenho” da moenda com o difusor. A sacarose, a partir do difusor, extrai até 2% a mais de sacarose. “Isso representa acréscimo de 6,5 milhões de litros de etanol por safra”, explica Belai. (CAP)


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SAÚDE & SEGURANÇA

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MUDAR, PARA SALVAR VIDAS Nova NR-10 ainda não foi incorporada por boa parte das usinas brasileiras ANDRÉ RICCI, DA REDAÇÃO

Ao todo, foram 239 mortos. Em sua maioria, jovens sedentos pela vida, que em minutos deixaram para trás familiares, sonhos e ideais. Este foi o resultado do recente incêndio na boate Kiss, localizada na cidade de Santa Maria, Rio Grande do Sul. Você, leitor, pode estar se perguntando qual a ligação do acontecimento com o setor sucroenergético. Quem responde é o engenheiro de segurança no trabalho, Eliton Ronaldo Geroldo. “O investimento em segurança do trabalho, infelizmente, fica sempre em segundo plano. Vemos mais empenho das empresas em simplesmente atender a burocracia da legislação do que efetivamente com a saúde do colaborador em seu ambiente de trabalho”, explica. O consultor faz referência a NR-10 – Norma Regulamentadora, que abrange todas as fases da produção de energia elétrica, além dos trabalhos realizados com eletricidade. “Assim como vários outros segmentos, o setor sucroenergético foi surpreendido pelas novas exigências. Apenas as grandes usinas possuem processo de implantação do novo processo. Mas a preocupação deveria ser maior, já que possuem áreas sujeitas a grandes explosões”. E adequar-se significa, além de proteção aos colaboradores, cumprir com os dizeres da lei. Para isso, segundo o representante, é preciso rever conceitos.

Eliton Ronaldo Geroldo: investimento em segurança fica sempre em segundo plano

“São necessárias alterações significativas, até porque o segmento será um dos alvos da fiscalização, que tende ser cada vez mais intensas. Na destilaria, por exemplo,

a mistura de etanol vaporizado com diversos equipamentos elétricos, aliado a um simples curto-circuito, pode causar estragos de grande proporção”, explica.

E os problemas vão além. O famoso “jeitinho brasileiro” se faz presente em boa parte das unidades. Segundo Geroldo é preciso, primeiramente, que os gestores se conscientizem da necessidade da adequação. “A falta de mão de obra qualificada é um dos maiores empecilhos. Vemos profissionais do setor elétrico sem diploma de eletricista, já que muitos são migrados de outros departamentos da empresa. É preciso estar atento desde o inicio, pensando e realizando uma melhor seleção no quesito. Para muitas usinas, o cenário de segurança está longe do ideal ainda”. A questão financeira também faz parte da discussão. O momento conturbado por qual passa o setor sucroenergético pode influenciar na falta de investimentos. Contudo, de acordo com o especialista, a procrastinação do mesmo pode trazer problemas ainda maiores. “Além de punições aplicadas pelo Ministério do Trabalho, a inadequação em sistemas pode causar prejuízos nos negócios das usinas. A empresa que não prioriza a segurança pode perder vidas, o que acaba manchando sua imagem no mercado nacional e internacional, atingindo, diretamente, os negócios”, alerta. E neste ponto, o mercadológico, é preciso que os diretores estejam atentos. O investimento em instalações tecnicamente mais seguras pode ser o primeiro passo para o tão sonhado aumento de produção e lucratividade no setor, já que o etanol é negociado nos mercados internacionais, que pede garantias. “Para exportar, são exigidas certas pré-condições como forma de qualificar seus fornecedores. Os empresários que têm interesse em fazer parte deste mercado terão que se preocupar”, finaliza Geroldo.


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DESTAQUES DO SETOR

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Por Fábio Rodrigues – fabio@procana.com.br

Etanol de 2ª geração terá turbina TGM Água purificada O etanol de segunda geração ou etanol celulósico pode ser produzido a partir da palha e do bagaço de cana-deaçúcar e está evoluindo rapidamente no Brasil com as novas tecnologias relacionadas à geração de energia de biomassa. O Brasil tem todas as condições para produzir o etanol celulósico em larga escala de forma sustentável e economicamente competitiva. A BioFlex, empresa do grupo

GraalBio, já está em fase de implantação em São Miguel dos Campos/AL, será a primeira fabrica de etanol celulósico em larga escala do hemisfério Sul. O projeto será autossuficiente em energia e terá a possibilidade de comercializar o excedente gerado, que é uma garantia de receita financeira. Com operação prevista para início de 2014, a BioFlex produzirá energia elétrica a partir da queima da matéria-prima na

geradora de vapor (caldeira) que acionará a turbina de condensação TGM para produzir 31 MW. Segundo a empresa, neste processo mundial de evolução em novas tecnologias, a TGM, genuinamente brasileira, participa ativamente com orgulho, no fornecimento da solução em Turbinas e com ótimas referências no mundo das soluções sustentáveis como a da BioFlex”.

Controle em EtherNet/IP

A Rockwell Automation lançou o servoacionamento Allen-Bradley Kinetix 5500, o servomotor Kinetix VP de baixa inércia (VPL) e a tecnologia de cabo único como uma solução de movimento integrado em EtherNet/IP que é mais compacta, mais fácil de utilizar e simplifica o cabeamento do sistema. “Nossa nova solução de controle de movimento Kinetix com cabo único fornece

aos fabricantes de máquinas uma solução para controle de servomotores e de motores indução em uma única plataforma de desenvolvimento, que resultará em menos tempo de projeto e de espaço no painel, com melhor eficiência e densidade de potência”, argumenta Mike Schweiner, gerente de produto da linha Kinetix da Rockwell. O servoacionamento Kinetix 5500 junta-se aos acionamentos Kinetix 350 e

Kinetix 6500 para oferecer aos usuários mais opções para atender suas necessidades de controle de movimento. O controle de movimento integrado em EtherNet/IP elimina a necessidade de uma rede de controle de movimento dedicada, reduzindo o cabeamento em até 60% e eliminando a necessidade de criar gateways para obter informações de redes independentes.

O Serviço de Deionização Integral (SDI) possibilita às mais variadas indústrias, o fornecimento de água de qualidade constante em qualquer capacidade e sem a necessidade da implantação de equipamentos próprios. Os cilindros de tratamento são fornecidos pela Veolia Water em regime de locação e o acompanhamento da operação inclui reposição periódica das resinas. O SDI pode ser aplicado em diversos setores, como: cosmético, automotivo, químico, microeletrônico, biotecnológico, petroquímico, energia, farmacêutico, galvanoplástico, alimentos e bebidas entre outros. Além disso, o SDI também atua em setores específicos que pedem soluções especiais, como é o caso da geração de água purificada de acordo com as exigências do setor farmacêutico: controle microbiológico; recirculação; UV com redução de TOC; Filtro 0,22 micras; conexões sanitárias; não requer manipulação de produtos químicos; utiliza resinas de alta qualidade; não gera efluentes a serem neutralizados; inclui assistência técnica especializada; fácil operação através do controle automático com PLC; oferece pacote de validação e está disponível para locação sem investimento inicial.

Destaque-se Sugestões de divulgação de lançamento de produtos, informativos, anúncios de contratações e promoções de executivos e demais notas corporativas ou empresariais devem ser enviadas a Fábio Rodrigues, email: fabio@procana.com.br


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SUSTENTABILIDADE

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Carro flex bate recorde e completa 10 anos em 2013 Veículo, que mudou hábitos, obteve índice de 87% de participação no mercado no ano passado RENATO ANSELMI, FREE

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LANCE PARA A

CAMPINAS, SP

ENERGIA MUNDO

O lançamento do Gol Total Flex 1.6, da Volkswagen, em 24 de março de 2003, dava início a trajetória de sucesso do carro flex que está completando 10 anos no mercado. O veículo bicombustível ou flex fuel – como também é denominado – tornou-se um marco para o setor sucroenergético e para os fabricantes de veículos automotores. Deu um novo impulso para os negócios das unidades produtoras de etanol e açúcar, mudou paradigmas na indústria automobilística brasileira e criou o “reinado do consumidor”. A tecnologia flex já tem vendas acumuladas de 18,5 milhões de veículos no período de 2003 a 2012, o equivalente a aproximadamente metade da frota em circulação no país, informa o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini. O carro bicombustível teve nesse período uma escalada impressionante. “Com a participação de 4% nas vendas totais de veículos leves (automóveis e comerciais leves) em 2003 – ano de lançamento –, o carro flex foi gradativamente ganhando espaço entre os consumidores e superou, a partir de 2007, a casa dos 80% de participação mínima”, detalha o presidente da Anfavea. O índice obtido em 2012, de 87%, é recorde. Em 2010, registrou 86% de participação e em 2011, 83%, que são consideradas oscilações normais de mercado. “A tendência do flex é de manter-se nessa faixa superior a 80%”, enfatiza. Avaliado como bastante expressivo, esse índice garante, em nome da diversidade, espaço para as demais modalidades (veículos a gasolina, veículos a diesel), comenta Belini, que é também presidente da Fiat no Brasil. O sucesso do carro flex é atribuído, principalmente a uma virtude relevante: “Dar ao consumidor a liberdade de escolha do combustível, superando a anterior tecnologia veículo a gasolina X a etanol” – constata. Segundo ele, o flex possibilita que a escolha do combustível seja feita por

critérios econômicos e ambientais. O veículo bicombustível criou o reinado do consumidor, ressalta o economista Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). “Em nenhum país do mundo o consumidor tem essa vantagem de parar num posto revendedor e escolher qual combustível ele quer usar no abastecimento de seu carro”, observa. Ele destaca que o flex também foi importante para dar novamente credibilidade ao etanol, acabando com o trauma do consumidor que ficou sem o produto para abastecer o seu veículo, no final dos anos 80, na época do carro a álcool. O flex fuel desempenhou também papel relevante na retomada e expansão do setor sucroenergético no início dos anos 2000. “Na década de 80 tínhamos 94% de carros novos a etanol e em 2000 esse índice caiu para 1%. Com a queda do preço do petróleo houve também a redução de incentivos para o carro a álcool”, relata Luiz Custódio Cotta Martins, presidente do Fórum Nacional Sucroenergético. De acordo com ele, o carro a álcool tinha um IPI menor em relação ao que era cobrado do veículo a

gasolina. “A indústria automobilística conseguiu que o governo considerasse o carro flex como veículo a álcool em relação à cobrança de IPI. Esse incentivo continua até hoje. Naquela época o etanol era competitivo. Houve um crescimento tremendo do setor, incluindo a necessidade de construção de novas usinas”, recorda. “Nossa experiência de abastecer com etanol e rodar por todo o país é única no mundo”, afirma Cledorvino Belini. Ele lembra que alguns países contam com programas de mistura de etanol à gasolina, porém em níveis baixos. “Comitivas empresariais e governamentais vêm ao Brasil conhecer o programa de etanol, para comprovar in loco que é possível abastecer veículos com um combustível renovável, amigo do meio ambiente e alternativa viável aos combustíveis fósseis”, diz. O presidente da Anfavea observa que certamente surgirão novas tecnologias para disputar espaço com o etanol, como a energia elétrica e as geradas a partir de célula de hidrogênio. “Mas isso é ainda futuro, do ponto de vista de vendas de massa, em razão de custos. Desse modo, ainda há muito tempo e espaço para o veículo flex”, avalia.

Falta de política pública gera incertezas para o bicombustível Nem tudo é festa no aniversário de 10 anos do carro flex. Será que o veículo bicombustível vai manter o seu predomínio no mercado brasileiro por muitos anos? Para o diretor do CBIE, Adriano Pires, o futuro do carro flex é incerto, caso o governo não adote uma política bem definida para o etanol, que realmente estimule a produção do hidratado. Se isto não acontecer – alerta – há o risco do etanol virar um aditivo como ocorre em outros países. “Torço para que o carro flex não tenha o mesmo destino do carro a álcool”, enfatiza. Na avaliação de Adriano Pires, o carro flex teve dois momentos diferentes. “Foi um sucesso absoluto até 2009, porque havia uma competição mais sadia entre gasolina e etanol”, afirma. A partir disso, o etanol perdeu a competitividade, porque sentiu principalmente os efeitos do congelamento do preço da gasolina, decorrente das frequentes reduções da Contribuição de Intervenção no Domínio

Adriano Pires: veículo flex foi absoluto apenas até 2009

Econômico (Cide), além das consequências provocadas pela crise econômica e problemas de safra. “De 2009 pra cá, o carro flex virou, na prática, um carro a gasolina”, diz. Segundo ele, o setor precisa contar com uma política pública muito forte, ter subsídio, política fiscal, tributo adequado. “Caso isto não ocorra, o produtor não vai plantar cana, não vai aumentar a produtividade. O setor está sem um marco regulatório definido. Por isso, não se constrói usina nova, o consumo de etanol despencou e o país perdeu a primeira posição para os Estados Unidos”, afirma. “Não adianta medidas esporádicas”, observa Luiz Custódio Cotta Martins. De acordo com ele, o aumento da gasolina em janeiro e o anúncio da elevação do índice de anidro, de 20% a 25%, adicionado à gasolina são iniciativas que têm a finalidade de atender a Petrobras. “Com o aumento da mistura vai haver uma redução de 30% na importação da

gasolina”, revela. Estas medidas acabam – acrescenta – ajudando o setor. Mas, ainda é pouco. “É necessário um programa a médio e longo prazos que dê competitividade ao etanol frente a gasolina”, afirma. O presidente do Fórum Nacional Sucroenergético informa que o governo federal está elaborando um plano para o atendimento das demandas do setor. “Estamos acompanhando esse trabalho”, diz Para Luiz Custódio, as diferenças de alíquotas de ICMS é outro fator que tem afetado a competitividade do etanol. “São Paulo sempre foi competitivo porque o ICMS é 12%. Goiás é competitivo porque tem incentivo fiscal. Outros estados têm um ICMS maior. O preço que o produtor vende etanol em São Paulo é o mesmo que é vendido em Minas Gerais, onde o ICMS é 19%. A diferença de 7% é muita coisa. Em São Paulo o consumidor usa etanol no carro flex, em Minas Gerais não utiliza”, compara. (RA)


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SUSTENTABILIDADE

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Setor não se preocupou com o aprimoramento tecnológico Lançamentos e pesquisa deram início à “era do flex fuel”

Medidas para elevar eficiência do etanol no carro flex, que podem proporcionar ganhos significativos, só estão sendo adotadas agora

Matéria publicada no JornalCana, em junho de 2003, demonstrava que uma verdadeira revolução estava a caminho

Cledorvino Belini, da Anfavea: em busca de maior eficiência energética

(Fonte: Anfavea)

“Deveríamos ter feito um trabalho, após o lançamento, para que a indústria automobilística pesquisasse e melhorasse o carro flex. O que ocorreu é que o etanol tem no carro flex um rendimento menor do que no carro a álcool, que era de 84%. O aproveitamento hoje é 70%”. Essa autocrítica da postura do setor sucroenergético, que deveria ter se preocupado com a elevação da eficiência do etanol no veículo bicombustível é feita por Luiz Custódio Cotta Martins. “Estamos atrasados”, admite. De acordo com ele, agora estão sendo tomadas as medidas, que poderiam ter sido adotadas quando se lançou o carro flex. É que o governo tem um protocolo com a indústria automobilística – informa – voltado à pesquisa nessa área. “No futuro, o IPI não vai ser mais cobrado conforme a capacidade do motor e sim pela conversão ou emissão”, observa. Ele diz que a indústria automobilística tem demonstrado interesse em realizar investimentos visando a melhoria da performance do carro flex. “O imposto é o chamariz. Não sei se vai dar para o etanol chegar aos 84% de aproveitamento. Mas, o aumento da eficiência será um ganho significativo para o setor”, prevê. O presidente da Anfavea, Cledorvino Belini, afirma que muito tem sido feito desde os primeiros ensaios voltados ao desenvolvimento do carro flex, para melhorar seu desempenho e eficiência. “Há dificuldades técnicas de elevar o rendimento pelo fato de que o veículo roda em caráter permanente com dois combustíveis em um só motor – e com qualquer mistura deles”, comenta. “Porém, o recém-adotado programa Inovar – Auto do governo federal, para o período 2013-2017, tem, entre outras metas, a de eficiência energética, determinando que os candidatos ao programa apresentem melhoria média em seus produtos de 12% até 2017. Essa meta trará cerca de14% de economia de consumo de combustíveis”, afirma. Segundo Cledorvino Belini há ainda cronograma de ingresso de 100% dos produtos no programa de etiquetagem veicular do Inmetro. “Essas metas certamente vão refletir em produtos mais eficientes em combustível no decorrer do período do programa. E o flex estará entre eles”, enfatiza. (RA)

“Ao produzir carros bicombustíveis, como o Gol Total Flex Fuel, montadoras admitem tendência de que veículos movimentados por dois ou mais combustíveis sejam adotados como padrão na indústria nacional e beneficiem o setor alcooleiro”. Esta foi a chamada da matéria de capa, com o título “A Era do Multicombustível” da edição de junho de 2003 do JornalCana, que já indicava que uma verdadeira “revolução” estava a caminho no setor sucroenergético e na indústria automobilística. A matéria produzida pelo jornalista Luiz Montanini, editor do JornalCana, abordava, entre outros assuntos, uma pesquisa encomendada ao Ibope pela Unica que revelou dados importantes sobre a aceitação do uso do etanol na matriz energética brasileira: 86% aprovaram o veículo, relacionando-o a economia que o motor, sobretudo movido a álcool, proporciona. Entre os entrevistados, 19% levaram em conta a questão ambiental como um aspecto importante na hora de decidir pela compra de um carro. A pesquisa avaliou também a opinião dos entrevistados sobre o conceito flex fuel. A flexibilidade, ou seja, a dupla opção de combustível, obteve o maior índice com 76%. A economia, em decorrência da possibilidade de escolha do combustível mais barato na bomba, foi apontada como outro aspecto positivo do carro flex por 48% dos entrevistados. A agitação na indústria automobilística também foi retratada pela matéria publicada no JornalCana: a Volkswagen já tinha lançado o Gol Total Flex, a GM incorporava o mesmo tipo de motor no Corsa Flex Power 1.8 e a Fiat anunciava o lançamento do flex fuel Palio Fire 1.3 para o segundo semestre daquele ano. (RA)


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PESQUISA

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Etanol pode ter eficiência reduzida em relação à gasolina Brasil precisa trabalhar fortemente a pesquisa e desenvolvimento do motor a álcool para acompanhar evolução no setor Renato Anselmi, de Campinas, SP Free lance para o JornalCana

Apesar de ter uma densidade energética por litro muito menor do que a da gasolina, o etanol pode melhorar a sua eficiência em relação ao combustível fóssil, caso haja bastante investimento em pesquisa e desenvolvimento do motor a álcool no Brasil. Se isto não for feito, existe até mesmo a possibilidade do motor a gasolina, que tem apresentado maior evolução do que o de etanol, ampliar a diferença de eficiência em comparação ao motor a álcool. O alerta é do engenheiro mecânico Francisco Nigro, professor do Departamento de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). O etanol não apresenta condições de atingir a mesma eficiência por litro do que a obtida pelo combustível fóssil. Essa possibilidade –ressalta – pode ser descartada. Atualmente o biocombustível de cana consegue atingir eficiência no consumo de 70% em relação à gasolina. Segundo ele, o resultado obtido na época do carro a álcool, quando o etanol chegava a 85% e até mesmo a 90% de eficiência em

Francisco Nigro: melhor qualidade da gasolina ampliou distância do etanol

alguns casos, era consequência da má qualidade da gasolina. “Não havia preocupação com o consumo de combustível pelos carros a gasolina, porque o petróleo custava US$ 3 o barril. Os modelos novos eram fabricados com motor a álcool e quando eram comparados aos antigos, a gasolina, chegavam a ter até 90% de eficiência”, recorda. De acordo com Francisco Nigro, os modelos a gasolina melhoraram bastante após o período de baixa eficiência. E o etanol evoluiu pouco, porque já partiu de

uma base alta durante o Programa Nacional do Álcool (Proálcool). A realização de pesquisas voltadas ao uso de novas tecnologias no motor a gasolina, na Europa e nos Estados Unidos, pode afetar a competitividade do biocombustível de cana. “A atual diferença entre a eficiência da gasolina e do etanol pode aumentar, principalmente para os carros importados, com motores mais modernos. O motor com injeção direta na câmara foi desenvolvido para gasolina”, observa.

Comando de válvula variável é alternativa para otimização Sem revolucionar os motores, considerando o jeito que eles estão hoje, dá para melhorar a eficiência do etanol em relação a gasolina por meio do comando de válvula variável, exemplifica Francisco Nigro. “Poderia haver um ganho de 3%”, calcula. Neste caso, o etanol passaria a ter uma eficiência de 73% em relação à gasolina. “Se a válvula estiver sendo fechada mais cedo ou mais tarde, ocorre uma mudança na taxa de compressão efetiva do motor. A alteração do momento de fechamento da válvula, pode proporcionar uma maior otimização para o motor a etanol”, explica. Para explorar essa possibilidade, é necessário investir em “hora de engenharia” no Brasil, afirma o professor da Escola Politécnica da USP. “O motor de comando variável que vem de fora, vem com o instante de fechamento das válvulas otimizado para a gasolina. Quando chegar aqui é preciso aumentar a taxa de compressão dele e fazer uma regulagem diferente da válvula para melhorar com o álcool e deixar do jeito que está para a gasolina”, comenta. De acordo com Francisco

Nigro, outra opção é o desenvolvimento do motor a etanol com injeção direta na câmara de combustão, o que permite que o biocombustível seja queimado de maneira mais regular e completa. “O carro flex com injeção direta, com um bico que injeta na câmara gasolina ou álcool, muito bem trabalhado, poderia dar um rendimento maior para o etanol do que ele realmente tem de energia. O potencial é provavelmente para um rendimento de 80% de eficiência por litro quando comparado à gasolina”, avalia. É um trabalho caro e sofisticado – constata – para o potencial virar realidade. “Os motores com injeção direta não foram projetados para álcool e gasolina, foram projetados para gasolina. A pesquisa básica e o estudo da combustão não foram feitos para etanol. Tem que fazer aqui para melhorar a eficiência”, ressalta. Segundo ele, o desafio é convencer as montadoras a investir em pesquisa e desenvolvimento para o flex com injeção direta na câmara ou para o flex com comando de válvula variável, sendo que já tiveram gastos com o motor a gasolina na Europa. (RA)

Desenvolvimento do motor a etanol com injeção direta na câmara também pode elevar eficiência

Essa situação pode ser evitada desde que o Brasil trabalhe fortemente para aprimorar o motor a etanol, afirma Francisco Nigro, que é também assessor técnico da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo. “O que vem de fora, vem feito para a gasolina”, enfatiza. De acordo com ele, existe um projeto da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) voltado para o desenvolvimento de pesquisas de motores a etanol no Brasil.

“Governo precisa de política de longo prazo bem desenhada” Francisco Nigro diz que o governo brasileiro precisa definir uma política de longo prazo bem desenhada para o etanol que aponte para os “atores” desse segmento, os caminhos para a realização de investimentos. Ele afirma que existe até mesmo a possibilidade de desenvolvimento de um carro com motor para dois combustíveis (etanol e gasolina), com dois tanques, com sistema de injeção mais sofisticado. “É uma mudança viável, tecnicamente possível, Mas, vai custar muito caro e levar tempo. Não seria flex. O motor seria otimizado para usar o álcool da melhor maneira possível. Não vai consumir um monte de etanol. Vai consumir um pouco de etanol no lugar certo, na condição certa do motor. A gasolina também seria utilizada onde ela é eficiente no motor”, detalha. (RA)


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MEIO AMBIENTE

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Agricultura de Baixo Carbono ajuda a recuperar áreas degradadas Metodologia cria condições para o aumento do rendimento agrícola em bases sustentáveis Renato Anselmi, de Campinas, SP Free lance para o JornalCana

As instabilidades climáticas e econômicas têm gerado turbulências para a atividade agrícola. Estiagem, geadas e excesso de chuvas causam perdas expressivas que abalam o equilíbrio financeiro de produtores – pequenos, médios ou grandes – durante anos. “Canetadas” de presidentes, ministros e de outras autoridades econômicas nacionais e internacionais também provocam estragos na agricultura e em outros setores produtivos. “Se o campo não tiver apoio, financiamento, fica difícil tocar o negócio”, afirma o zootecnista Carlos Etevaldo de Castro, um dos cinco sócios do Condomínio Irmãos Castro e da Empresa de Mecanização Agrícola Castro. De olho na produtividade agrícola e na questão ambiental, Carlos de Castro conta que o condomínio recorreu ao Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC) para obter recursos que estão sendo utilizados na recuperação de áreas degradadas – uma das práticas agrícolas financiadas pelo ABC – visando o plantio de cana-deaçúcar em Pirajuí, SP. O dinheiro reforça o “caixa” para a realização de investimentos na aplicação

Carlos Etevaldo de Castro, zootecnista

de gesso, calcário e adubo, implantação de curva de nível, sistematização do solo e plantio mecanizado. Segundo Carlos de Castro foram obtidos dois empréstimos por meio da agência do Banco do Brasil de Sertãozinho, SP: um deles no valor de R$ 900 mil e o outro de R$ 700 mil. O teto do valor financiado pelo Agricultura de Baixo Carbono é de R$ 1 milhão por beneficiário – ou seja, por CPF.

De acordo com o sócio do Condomínio Irmãos Castro, nova solicitação de empréstimo será encaminhada, por meio do ABC, ainda em março para a recuperação de outra área degradada, com 700 hectares, em Pirajuí, que também será utilizada para o plantio de cana-de-açúcar. Com a melhoria da fertilidade do solo dessas áreas, o Programa

Linhas especiais de crédito favorecem expansão dos negócios “O prazo de carência do ABC dá fôlego para o produtor rural trabalhar”, afirma Carlos de Castro Cada pedaço de terra precisa ser aproveitado da melhor maneira possível. Faz bem para o meio ambiente e para o bolso. Aliás, foi o preço do hectare supervalorizado na região de Ribeirão Preto que fez os irmãos Castro ampliarem a área de cana em Pirajuí. No estado de São Paulo, o condomínio agrícola planta cana em três mil hectares, fornecendo matéria-prima para os grupos Renuka, Bassan, LDC e Balbo, de acordo com informações de Carlos Etevaldo de Castro. Além disso, está começando o plantio de mudas de cana em Paranaíba, MS, em uma área de 150 hectares, com o objetivo de fornecer matéria-prima para a unidade de Carneirinho, MG, do Grupo Coruripe. Carlos de Castro observa que a obtenção de empréstimos em boas condições torna-se importante para a expansão dos negócios. “O prazo de carência do ABC dá fôlego para o produtor rural trabalhar”, comenta. Com taxa de juros de 5,5% ao ano, o Programa Agricultura de Baixo Carbono tem carência variável de acordo com a finalidade do projeto apresentado e prazo de pagamento entre 5 e 15 anos, definido também conforme o projeto técnico e o fluxo

de receitas da propriedade beneficiada, informa a assessoria de imprensa do Banco do Brasil. Na avaliação de Carlos de Castro, o surgimento de linhas especiais de crédito, como o ABC, é uma alternativa para minimizar os problemas gerados pela crise econômica de 2008 e 2009, quando o crédito “estava muito curto”. Além de lavouras de cana, os negócios dos irmãos Castro incluem plantio de amendoim em Pirajuí, cultivo de eucalipto e criação de gado em Minas Gerais, entre outras atividades. O produtor Francisco Pugliesi Neto também considera que o Agricultura de Baixo Carbono é uma boa alternativa para a obtenção de financiamento da atividade agrícola devido às condições de pagamento. Ele e dois irmãos conseguiram R$ 3 milhões de empréstimo – R$ 1 milhão por CPF – junto ao Banco do Brasil, a partir da apresentação de projeto técnico para recuperação de área degradada em Balsas, MA, que será destinada para o plantio de soja em 2.100 hectares. O financiamento foi aprovado no final de 2012. Com plantação de cana em Guaíra, SP, Francisco Pugliesi observa que o ABC pode dar também a sua contribuição para o desenvolvimento da atividade, apesar de não ter usado ainda o programa para essa finalidade. Segundo ele, o financiamento por meio desse programa é uma alternativa que o produtor de cana deve levar em consideração. (RA)

Agricultura de Baixo Carbono cria condições para o aumento do rendimento agrícola em bases sustentáveis, possibilita o crescimento vertical da produção, o que é considerado ambientalmente correto. “Nada pode ser feito sem levar em conta a questão ambiental”, enfatiza Carlos de Castro, que tem especialização em administração rural.

Tendência é aumento da contratação de recursos O Agricultura de Baixo Carbono alcançou entre julho e dezembro do ano passado, o melhor resultado desde que essa modalidade de financiamento foi criada, de acordo com informações da assessoria de imprensa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Houve a contratação de R$ 1,7 bilhão nesse período, um aumento de 523% sobre os mesmos meses de 2011. O resultado ainda ultrapassa o valor de R$ 1,5 bilhão obtido durante os doze meses da safra agrícola 2011/12. No total, foram firmados 4,5 mil contratos e os financiamentos representam 50,5% dos recursos programados para a safra entre julho de 2012 e junho de 2013, de R$ 3,4 bilhões. São Paulo é o estado que mais contrata pelo ABC. Os produtores paulistas obtiveram R$ 477,2 milhões de financiamento de julho a dezembro de 2012. Em seguida, Minas Gerais foi o estado que contou com maior volume de recursos (R$ 281,5 milhões). Por região, o Sudeste está na dianteira, com o total de R$ 784,2 milhões financiados. Os empréstimos obtidos por produtores do Sul totalizaram R$ 392,5 milhões, valor próximo aos do Centro-Oeste (R$ 383,1 milhões). Segundo o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, a realização de financiamentos por meio do ABC apresenta uma tendência de crescimento a medida que o programa se torna mais conhecido. O ABC foi lançado em 2010. A expectativa é que todos os recursos destinados para a safra 2012/13, que totalizam R$ 3,4 bilhões, sejam contratados. (RA)


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MEIO AMBIENTE

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Programa pode ser usado para regularização de propriedades O Banco do Brasil tem percebido a adesão de maneira significativa do setor sucroenergético ao ABC por causa da amplitude do programa que contempla as diversas necessidades dessa atividade, de acordo com a assessoria de imprensa da instituição. Além de ser usado para a recuperação de áreas degradadas, o Agricultura de Baixo Carbono pode ser acessado para adequação ou regularização das propriedades rurais frente à legislação ambiental, o que engloba recuperação da reserva legal e de áreas de preservação permanente. É uma alternativa também para tratamento de dejetos e resíduos. O ABC financia ainda plantio direto "na palha"; iniciativas voltadas ao uso da fixação biológica do nitrogênio, implantação e melhoramento de sistemas orgânicos de produção agropecuária, além de sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta. Para a obtenção de crédito por meio desse programa, existe a necessidade de apresentação de projeto técnico específico e de outros documentos, conforme as exigências de cada item a ser financiado. O prazo de carência varia de 1 a 8 anos e de pagamento, de 5 a 15 anos, dependendo da finalidade de cada projeto. Com o lançamento do Programa

Distribuição Regional dos Desembolsos do Programa ABC JULHO/12 A DEZEMBRO/12 REGIÃO GEOGRÁFICA

Financiamento é alternativa para recuperação da reserva legal e de áreas de preservação permanente

CENTRO OESTE DISTRITO FEDERAL GOIÁS MATO GROSSO MATO GROSSO DO SUL

Agricultura de Baixa Emissão de Carbono, como é também denominado o ABC, o governo brasileiro quer fazer frente aos desafios decorrentes das mudanças climáticas. Entre os objetivos do programa incluem-se a redução das emissões de gases de efeito estufa oriundas das atividades agropecuárias, a recuperação de áreas degradadas, o aumento da produção agropecuária em bases sustentáveis, a adequação das propriedades rurais à legislação ambiental. O ABC tem a finalidade ainda de diminuir o desmatamento e ampliar a área de florestas cultivadas. (RA)

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DESEMBOLSO EM R$ MIL

NÚMERO DE CONTRATOS

383,134.9 7,741.1 147,646.8 107,468.3 120,278.6

732 22 305 180 225

NORDESTE BAHIA MARANHÃO PIAUÍ ALAGOAS PERNAMBUCO SERGIPE

87,966.6 70,357.7 11,964.4 5,355.6 0.0 46.1 242.8

205 139 45 17 0 1 3

NORTE ACRE AMAPA AMAZONAS PARÁ RONDÔNIA TOCANTINS RORAIMA

69,023.2 6,181.2 599.5 200.3 8,113.5 12,307.0 40,204.4 1,417.2

176 16 1 1 18 39 99 2

SUDESTE ESPÍRITO SANTO MINAS GERAIS RIO DE JANEIRO SÃO PAULO

784,288.3 17,798.0 281,564.5 7,639.3 477,286.5

2,100 41 882 25 1,152

SUL PARANÁ RIO GRANDE DO SUL SANTA CATARINA

392,598.3 184,548.6 179,280.4 28,769.4

1,350 655 560 135

TOTAL

1,717,011.3

4,563

Fontes: BNDES e BB. Elab.: SPA/MAPA


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POLÍTICA

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ENTREVISTA - Samanta Pineda

Novo Código Florestal ainda é alvo de questionamentos Procuradoria Geral da República questiona constitucionalidade de artigos do novo projeto André Ricci, Da Redação

O novo Código Florestal (Lei 12.651/2012) continua gerando polêmica. A implementação do projeto pode ser suspensa caso o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheça a inconstitucionalidade de diversos artigos da lei, conforme pedido apresentado pela Procuradoria Geral da República (PGR). Ainda em janeiro, três ações diretas de inconstitucionalidade (ADIs) foram protocoladas. A PGR caracteriza como inconstitucionais dispositivos que flexibilizam regras para áreas de preservação permanente (APP) e de reserva legal, além de normas que visam à regularização de áreas desmatadas ilegalmente. Agora, caso o Supremo acate a solicitação da Procuradoria-Geral, os artigos questionados podem ser suspensos até o julgamento final das ações. A advogada Samanta Pineda, que participou da Comissão da Câmara que discutiu o Novo Código Florestal conversou com o JornalCana e traz mais detalhes sobre o assunto. “Acredite ou não a senhora Procuradora Geral da República em exercício, o que temos hoje é muito melhor para o meio ambiente, porque é real. Há uma vontade coletiva de regularização, ninguém gosta de trabalhar ameaçado por multas e processos”, diz. Confira a entrevista completa: JornalCana: Qual a atual situação do novo Código Florestal depois do pedido apresentado pela Procuradoria Geral da República? Samanta Pineda: O código continua vigente e com todos os artigos, uma vez que não houve ainda análise dos pedidos de liminar pelo STF. Em sua opinião, como a ação pode ser prejudicial ao país, mais precisamente, aos produtores? As ações prejudicam um grande acordo nacional. Os produtores podem confessar seus passivos ambientais sem medo de serem multados. Com a identificação dos passivos, os estados podem elaborar seus programas de regularização da forma mais adequada à sua realidade. Sai ganhando o produtor e sai ganhando o meio ambiente, já que os produtores deverão aderir aos programas de regularização promovendo algum tipo de recuperação ou melhoria ambiental. Com as ações não há a segurança de que não haverá punição mediante a confissão do passivo. Pode ser que o Ministério

Público (MP) não tenha se dado conta, mas prejudicou um acordo em que o meio ambiente só tinha a ganhar. Quais nomes podemos citar na ação? Quais os envolvidos diretamente? A Procuradora Geral da República em exercício, Sandra Cureau, foi quem propôs as ações; além dos ministros relatores, Luiz Fux, Rosa Weber e Gilmar Mendes, que são os que devem decidir a questão; embora os três tenham despachado no sentido de redistribuir as ações para um só ministro, já que se trata da mesma lei sendo questionada.

Samanta Pineda participou da Comissão da Câmara que discutiu o Novo Código Florestal

Em seu texto, a senhora cita a questão da democracia. Explique melhor este ponto. Na democracia as decisões políticas são tomadas pelo povo através de seus representantes. As discussões sobre como resolver os problemas das irregularidades criadas pelas modificações do Código Florestal foram tomadas em um processo legítimo e com ampla participação da sociedade e do governo. Certamente que essas decisões não podem contrariar a constituição, no entanto, diversos valores são defendidos nesta mesma constituição e há que se fazer uma análise onde todos estes valores estejam contemplados. O meio ambiente saudável é um direito, assim como a dignidade, a segurança jurídica, o alimento e tantos outros que devem coexistir sem jamais podermos admitir que um venha a anular o outro. A leitura do MP foi parcial e ideológica neste sentido, não tendo a visão do todo e encarando como retrocesso na proteção ambiental a adequação de algumas situações que resgataram outros direitos igualmente importantes. Com esta postura, o MP insinua que o legislativo, legítimo representante da sociedade, e o executivo, passaram por cima da constituição em nome de interesses particulares. Em linhas gerais, como a senhora enxerga o resultado final do texto do Código Florestal? O texto final do código foi o melhor que poderia ser. Sempre afirmo que o descontentamento de ambientalistas e setor produtivo prova o equilíbrio da lei, que conseguiu trazer ganhos ao meio ambiente e aos produtores.


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NEGÓCIOS & OPORTUNIDADES

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Resultados comprovam benefícios do Farture versus a fertilização convencional Farture é o fertilizante de plantio e alta performance da Agrária Fertilizantes. Seu grande diferencial em relação aos fertilizantes convencionais é conter, em cada grão de fertilizante, macro e micronutrientes combinados ao Carbono Orgânico, presente sob a forma de substâncias húmicas ativadas. A afirmação é de Oliveiros de Miranda Filho, diretor comercial da Agrária. “Utilizar Farture no canavial é sustentável porque o produto aumenta muito a produtividade da lavoura e reduz a necessidade de aumentar as áreas de cultivo. E também porque quem usa Farture obtém produtividade perene, os resultados continuam expressivos

mesmo com a aplicação em quantidades cada vez menores do produto”, revela.

RESULTADOS Décio Lopes, produtor de Barretos/SP, aplicou 400 Kg/ha de Farture 05-26-00. E para obter os resultados inferiores da fertilização convencional precisou aplicar 600 Kg/ha de fertilizante mineral 08-30-16. “Mesmo recebendo quantidades menores de nutrientes na adubação de base, a parcela do canavial tratada com Farture está densa, fechada e mais uniforme. Como se observa na foto, os colmos da cana provenientes da área tratada com Farture estão maiores do que

os colmos provenientes da área tratada por fertilização convencional”, explica o engenheiro agrônomo, Nivaldo Araújo Lima, pesquisador da Agrária. Segundo ele, a parcela do canavial adubada com Farture foi mais beneficiada porque houve disponibilidade continuada de nutrientes para a cana, durante todo seu ciclo de desenvolvimento. “É um efeito conhecido do Carbono Orgânico, presente no Farture sob a forma de substâncias húmicas ativadas. O Farture é como uma prateleira que protege e armazena os nutrientes, diminuindo sua perda para o solo e liberando estes nutrientes no momento exato que a planta precisa, de

forma mais continuada e uniforme ao longo de todo ciclo da cana”, comenta. O especialista explica que a longo prazo, a aplicação excessiva de nutrientes da fertilização convencional compromete a saúde dos solos e acelera seus processos de degradação, além de prejudicar lençóis de água, fauna e flora associadas a estes meios. "Já o Carbono Orgânico presente em Farture melhora as propriedades químicas, físicas e biológicas do solo, tornando-o um substrato de alta qualidade para sua cultura", conclui. Agrária 16 3690.2200 www.agraria.com.br

Resultados obtidos por Décio Lopes, produtor de Barretos, utilizando 400 Kg/ha de Farture 05-26-00 e 600 Kg/ha de fertilizante convencional


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Rezenflex bate recorde de vendas em 2012 Há três anos trabalhando com a linha laboratorial, a Rezenflex vem se destacando cada vez mais no segmento sucroenergético nacional. Prova disso é que em 2012, mesmo com o momento difícil que atravessou o setor, a empresa conseguiu bater recorde de vendas em relação a 2011, atingindo marca superior a 30%. Segundo os sócios, Sandro Costa e João Togni, o aumento nas vendas é atribuído ao diferencial da empresa de trabalhar com a linha completa de produtos laboratoriais. “E a tendência é aumentar ainda mais nos próximos cinco anos, quando pretendemos dobrar esse número”, afirmam. A Rezenflex tem entre seus clientes usinas do Grupo Louis Dreyfus, Guarani, Alto Alegre e Abengoa. Entre os produtos fornecidos pela Rezenflex para usinas de todo o Brasil estão ácidos, hidróxidos, solventes, corantes, indicadores, soluções das marcas Merck, Carlo Erba, F. Maia, Vetec, JT Baker Synth, Dinâmica, Digimed, Difco, Cinetica. A empresa também trabalha com a linha completa de vidrarias e acessórios como: Vidrarias (Calibradas), Porcelanas, Plásticos, Metais, Carrinhos (CAR LAB®), Termômetros, Produtos em Aço Inox das

Público presente no VI Workshop Agroenergia realizado em 2012

VII Workshop Agroenergia abordará o uso de matérias-primas Fachada da Rezenflex: empresa trabalha com linha completa de vidrarias e acessórios

marcas Pyrex, Vidrolabor, Schott, Uniglas, Sartorius, Chiarotti, J. Prolab, Nalgon, Incoterm, HG, TechVision, Schleicher & Schuell, Sartorius e outros. Rezenflex 19 3412.1144 www.rezenflex.com.br

Estão abertas as inscrições de trabalhos técnicos e científicos para apresentação no VII Workshop Agroenergia: MatériasPrimas, que será realizado entre 5 e 6 de junho, em Ribeirão Preto, SP. O evento é promovido pela Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), por meio do Polo Centro-Leste/APTA Regional e do Instituto Agronômico (IAC), de Campinas. Até o dia 30 de Março de 2013, os interessados podem se inscrever e enviar seus trabalhos pelo site: www.infobibos.com/agroenergia. O Workshop tem o objetivo de fomentar o debate em torno da produção de etanol e seus subprodutos, biodiesel, bioetanol, canade-açúcar e das culturas agroenergéticas em

geral. Durante o evento, serão discutidas tecnologias para a produção de etanol a partir do sorgo sacarino, tendências futuras do mercado de agroenergia, plantio direto, mecanização, desafios fitossanitários e fitotécnicos em culturas agroenergéticas, além de novos programas desenvolvidos por várias Instituições, usinas e empresas. Os engenheiros agrônomos, gerentes técnicos, produtores rurais, pesquisadores, e estudantes poderão participar de mesasredondas, palestras, campos de pesquisa, entre outras atividades. Apta 16 3637.1091 www.infobibos.com/agroenergia


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Parceria incentiva empresas a Bayer participa de evento participar da Sucronor e Forind NE sobre o florescimento da cana Para incentivar as empresas associadas ao Ceise Br (Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis) a participar da Sucronor (5ª Mostra Sucroenergética do Nordeste), a Reed Multiplus, marca Portão de acesso à Sucronor em Olinda, PE associada à Reed Exhibitions Alcântara Machado, firmou uma instalados no Estado, durante encontro na parceria com a entidade. O projeto visa sede da entidade, na última semana. “Para oferecer condições especiais para as prover as necessidades desta região em empresas paulistas a mostrarem seus pleno desenvolvimento é preciso de produtos e serviços para o mercado fornecedores e a Sucronor e a Forind NE nordestino. Em sua 5ª edição, a Sucronor são ferramentas para levar até eles os acontece simultaneamente à Forind NE produtos demandados”, conclui o diretor. Feira de Fornecedores Industriais, entre os Para o gerente do Ceise Br, Sebastião dias 15 a 18 de abril de 2013, no Centro de Macedo, a parceria proporciona aos Convenções de Pernambuco, em Olinda, PE. associados que expõem seus produtos nas “Pernambuco é um canteiro de obras Feiras, o suporte necessário para que com um mix de oportunidades e demandas possam direcionar sua atenção nos em todas as áreas e tem atraído um grande negócios e oportunidades que elas número de empresas interessadas em oferecem. ampliar ou iniciar seus negócios na região”, explica Augusto Balieiro, diretor da Reed Multiplus Multiplus, que apresentou dados sobre os 16 2132.8936 grandes empreendimentos que estão sendo www.reedmultiplus.com.br

As condições climáticas do triângulo mineiro são favoráveis ao florescimento e isoporização da cana e o processo acarreta a perda de produtividade, prejudicando de forma significativa a qualidade do produto agrícola. Sempre ao lado dos produtores rurais para oferecer as melhores soluções em Público no 2º Encontro de Florescimento e manejo de cultivos, a Isoporização de Cana-de-açúcar de Minas Gerais Bayer CropScience esteve no município de Campo Florido permitindo que a cana tenha mais caldo e para apresentar suas inovações para a qualidade. Também foram realizadas cultura da cana, contribuindo para a troca apresentações de case com a adoção da de experiências entre os elos da cadeia da tecnologia Bayer e sobre as conclusões de cana. Durante o 2º Encontro de pesquisa a respeito do florescimento na Florescimento e Isoporização de Cana-deregião de Frutal e Campo Florido. O evento açúcar de Minas Gerais, os produtores foi realizado em janeiro e promovido pela puderam conferir as informações Associação dos Fornecedores de Cana necessárias para produzir mais e melhor. (CanaCampo) em parceria com a Bayer Foram realizadas palestras técnicas, em CropScience. que especialistas da Bayer apresentaram as tecnologias da empresa para a cultura da Bayer S/A cana, como Ethrel®, produto recomendado 16 2132.5400 para inibir o florescimento e isoporização, www.bayercropscience.com


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Sertãozinho, palco da Fenasucro 2013, tem alto índice de mecanização A região de Sertãozinho, cidade do interior de São Paulo onde tradicionalmente ocorre a Fenasucro, confirma o status de principal polo para o desenvolvimento do setor sucroenergético do País. Prova disso é seu alto índice de mecanização da lavoura de cana-de-açúcar, que chega a 94%, segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica). No entanto, essa tendência deve se alastrar por todo o Brasil. A partir de 2014, a maior parte dos canaviais paulistas deverá atingir 100% de mecanização da colheita, como prevê a Lei 11.241/02 – que estabelece a eliminação gradativa da queima da palha da cana. As queimadas poderão ser utilizadas até 2017, em áreas onde o relevo não permite colheita mecanizada. Dois fatores principais confirmam essa tendência. Indicadores da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) revelam que as vendas brasileiras de máquinas agrícolas no atacado bateram recorde histórico em 2012. Tratores e colheitadeiras vendidos no ano passado registraram alta de 6,2% sobre 2011, totalizando 69,374 mil unidades. Apenas uma vez vendeu-se mais do que isso, em 1976, quando foram registradas 80 mil unidades comercializadas. Paralelamente, a safra da cana-deaçúcar na temporada 2012/2013 (encerrada em dezembro do ano passado), teve 81,3% de colheita mecanizada no Estado de São Paulo, segundo a Secretaria

Participantes observam equipamento exposto durante a Fenasucro em 2012

do Meio Ambiente. A colheita mecânica dispensa as queimadas, um ganho ambiental considerável. Somente a região Centro-Sul do país representou cerca de 523 milhões de toneladas de cana, na última safra, crescimento de 7,9% em relação à colheita anterior.

A 21ª Fenasucro, promovida pela Reed Multiplus e com realização do Ceise Br, traz novo layout, com exposição setorizada da feira em agrícola, processos industriais, transporte e logística e fornecedores industriais, unificando assim a Fenasucro, Agrocana e Forind SP. A

expectativa é superar o número de 500 empresas e receber mais de 30 mil visitantes. Reed Multiplus 16 2132.8936 www.reedmultiplus.com.br


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Empresas são referência na distribuição Geo Agri participou da Show de peças para reboques e semirreboques Rural Coopavel 2013 Na cidade de Ribeirão Preto, SP, em 1965 iniciava-se o sonho de um trabalhador honesto e muito lutador. Em um pequeno salão sublocado dentro de uma oficina foi montado um posto de solda que após alguns anos se transformaria na Hidráulica Mauv e Auto Peças Maurílio. A Hidráulica Mauv sempre focada em serviços e desenvolvimentos de equipamentos hidráulicos, utiliza componentes dos líderes de fabricação de bombas hidráulicas e tomada de força do setor. Atendendo todas as necessidades do mercado em semirreboques basculantes, bicaçambas, rodotrem, transbordos, prancha e pisos móveis, além de aplicações diversas para canavieiros. Apresenta o melhor custo-beneficio por proporcionar um excelente desempenho e durabilidade, seus componentes são intercambiáveis com outros fabricantes por apresentar as mesmas normas, possibilitando mais opções e facilidades no momento da manutenção. A Auto Peças Maurílio, interessada em

atender bem as necessidades dos seus clientes, sempre com qualidade, agilidade e bom preço, mantém um grande estoque de peças direcionadas as principais marcas de reboques e semirreboques. Distribuidora de peças para tomadas de força, bombas hidráulicas, suspensão, acoplamentos, rodados, sistemas de freio, sistemas hidráulicos, rede pneumática e sistema elétricos. E hoje por estar entre as maiores do Brasil a empresa tem o orgulho de representar grandes marcas do mercado como: Ferrol, Eaton, Takarada, Osper, Marrucci, Jost, Suspensys, Silpa, Parker, Haldex, Engatcar, Gaff, entre outras. Auto Peças Maurilio 16 3626.0716 www.autopecasmaurilio.com.br

A Geo Agri Tecnologia Agrícola participou da Show Rural Coopavel 2013, evento tecnológico voltado ao aumento de produtividade de pequenas, médias e grandes propriedades rurais. Promovido pela Coopavel - Cooperativa Agroindustrial -, o evento aconteceu entre os dias 4 e 8 de fevereiro, em Cascavel, PR. Com o estande localizado no Lote 13.2, a empresa apresentou diversas soluções para agricultura de precisão. Neste ano a Geo Agri apresentou as seguintes soluções para agricultura de precisão: Center Point RTX, Monitor AG 250, Monitor CFX-750, Field-IQ, Piloto Automático Ez-Pilot, Coletor de dados Juno, Sistemas GreenSeeker e WeedSeeker, Fazenda Conectada, Software Farm Works

e VANTs. Além destas soluções, também foi apresentado aos visitantes, o sistema de monitoramento de colheita bem como o sistema de monitoramento de sementes, ambos da Trimble. Agora é possível obter maior lucratividade na lavoura com a marca que é sinônimo de qualidade no mercado. Para Fábio Castro, Gerente Regional de Vendas da Geo Agri, é importante aproveitar a boa safra de 2012 / 2013 para investir em novas tecnologias, aumentando a qualidade da agricultura brasileira. Geo Agri Tecnologia Agrícola 16 3965.8220 www.geoagri.com.br

Hidráulica Mauv 16 3626.7126 www.hudraulicamauv.com.br

Fachada da Hidráulica Mauv e Auto Peças Maurílio em Ribeirão Preto, SP

Estande da Geo Agri na Show Rural Coopavel 2013


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Jair Sunega, diretor industrial da Ourofino Agrociência

Laboratório da fábrica da Ourofino Agrociência

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Fábrica moderna

Ourofino Agrociência é referência no mercado, com qualidade certificada Rumo a completar o terceiro ano de atividades, a Ourofino Agrociência, planta do grupo Ourofino Agronegócio especializada na fabricação de produtos para a saúde vegetal, comemora a conquista de três certificações. Em 2012, a fábrica, considerada a mais moderna da América Latina na produção de defensivos agrícolas, recebeu a ISO 14001:2004, relativo ao Sistema de Gestão Ambiental, e a OHSAS 18001:2007, referente ao Sistema de Gestão de Saúde e Segurança do Trabalho. Uma das pioneiras no segmento a ser certificada nestes parâmetros, a empresa já havia obtido em 2011 a ISO 9001:2008, pela Gestão da Qualidade, que foi mantido no ano passado. Localizada em Uberaba, no triângulo mineiro, a

Ourofino Agrociência preza pela excelência tanto dos produtos oferecidos ao mercado quanto de sua atuação. Prova disso é uma série de procedimentos adotados internamente que foram fundamentais para a obtenção das certificações, com destaque aos treinamentos de colaboradores, ao descarte correto de resíduos e a um sistema de contenção da água gerada pela indústria, cujo objetivo é reduzir as possibilidades de contaminação do meio ambiente. Com abrangência nacional, a Ourofino Agrociência oferece atualmente as melhores soluções para os agricultores brasileiros, com herbicidas, fungicidas e inseticidas. A fábrica possui capacidade de produção de 100 milhões de litros por ano, em um espaço de 250 mil metros quadrados,

com equipamentos modernos e ambiente totalmente automatizado. O complexo industrial da Ourofino Agrociência é parte dos negócios da Ourofino Agronegócio, que completou 25 anos em 2012. Tendo suas operações iniciadas em Cravinhos (SP) na fabricação de produtos para a saúde animal, a companhia é a brasileira mais bem colocada no ranking do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan). Ourofino 0800 941 2000 www.ourofino.com


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Vetro tem foco em produtos com excelência e clientes satisfeitos

Fachada da nova fábrica e sede social da Ferrusi Fundição

Ferrusi Fundição inaugurará nova fábrica e sede social em 2013 A empresa Ferrusi Fundição inaugurará neste 2013 sua nova fábrica e sede social. A nova Ferrusi contará com dois galpões pré-moldados de 1.600 m² cada um, 1 barracão metálico de 1.702 m², 01 barracão metálico de 444 m², laboratório metalográfico completo, engenharia com PCP e projetista de moldes, SAC - Serviço de Atendimento ao Cliente, modelação para desenvolvimento de modelos e reparos, setor de usinagem média completa para fornecimento de peças de reposição para usinas e moderno centro administrativo, financeiro e comercial. A fábrica será toda projetada com 2 novos fornos a indução para capacidade de 4 toneladas de metal/hora, 2 misturadores contínuos com capacidade total de 15 toneladas/hora, 1 recuperador de areia com capacidade de 10 toneladas/hora, 1 cabine de jateamento moderna e ainda 3 pontes rolantes com capacidade de 10

toneladas cada uma, 1 ponte rolante de 05 toneladas e braços giratórios em toda a extensão dos barracões de 2 toneladas cada um. Todas as máquinas trabalharão com energia elétrica e mínima emissão de resíduos eólicos e sólidos, em torno de 90% da areia utilizada no processo de fundição será recuperada, ecologicamente correto. A nova Ferrusi está localizada próximo ao Distrito Industrial, com ótima localização para a logística e escoamento de materiais nas principais rodovias da região, a empresa também irá dispor de uma área para reserva ambiental onde a manterá intacta com árvores nativas e frutíferas. Todo este investimento é para melhor acomodar nossos parceiros e fornecedores e atender os clientes de forma personalizada e qualitativa. Ferrusi 16 3946.4766 www.ferrusifundicao.com.br

A Vetro é especializada na fabricação de produtos e execução de serviços em fibra de vidro. Com mais de 20 anos no mercado, a Vetro tem experiência comprovada no segmento, prova disso são alguns prêmios recentemente recebidos pela excelência em qualidade de seus produtos e serviços. A preocupação com a satisfação do cliente é prioridade para a Vetro, por isso buscamos constantemente soluções inteligentes. Foram implantadas mudanças internas para melhorar o atendimento, o prazo de entrega e oferecer o melhor custo x benefício aos nossos clientes. A linha de produtos Vetro conta com tubos e conexões de PRFV e RPVC, tanque de transporte e reservatórios de PRFV fabricados conforme norma padrão, além de peças especiais produzidas de acordo com a necessidade do cliente. Os produtos da marca Vetro apresentam características que fazem toda

a diferença em uma obra, tais como: alta resistência contra corrosão, superfície interna totalmente lisa, que diminui a abrasão, leveza e ótima resistência mecânica, resultando em um baixo custo de instalação, operação e manutenção. Além disso, possuem vida útil estimada de 50 anos, o que otimiza o investimento e evita a renovação prematura da infraestrutura. A versatilidade dos produtos Vetro permite que eles sejam utilizados na condução e armazenamento de fluídos que vão desde água e esgoto até produtos corrosivos e com altas temperaturas. Com isso, a Vetro atende os mais variados mercados, como: sucroalcooleiro, irrigação, citros, saneamento básico, indústrias em geral, dentre outros. Vetro 16 3343-1556 www.vetro.com.br

Tubulações em fibra de vidro produzidas pela Vetro


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