JornalCana 233 (Junho/2013)

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Ribeirão Preto/SP

À E S P E R A D E

Junho/2013

Série 2

Nº 233

R$ 20,00

U M

Antonio Celso Cavalcanti, ex-presidente da Feplana e fornecedor de cana, reza e teme pelo futuro do setor no Nordeste; subsídio de salvação é insuficiente

M I L A G R E


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ÍNDICE DE ANUNCIANTES

Junho/2013

Í N D I C E ACESSÓRIOS INDUSTRIAIS FRANPAR

16 21334383

CALDEIRAS 50

ENGEVAP

RENK ZANINI

16 35189001

25

BRN BRASIL

TGM TURBINAS

16 21052600

13

CARRETAS

AÇOS

ALFATEK

4

17 35311075

3

16 21334383

50

CARROCERIAS E REBOQUES

TUPER

47 36315000

64

RODOBIN

MARC-FIL

18 39056156

70

18 36083400

19 34391101

48

MULTIPLUS

16 21328936

77

ENGEVAP

16 35138800

96

PROCANA BRASIL

16 35124300

7 E 73

SINATUB TECNOLOGIA

16 39111384

8

STAB

82 33279632

69

UNICA

11 30934949

45

ENTIDADES ABISOLO

11 32514563

88

UNICA

11 30934949

43 E 45

FERRAMENTAS 80

RONTAN

11 30937088

21

SERGOMEL

16 35132600

38

16 39515080

22

VIBROMAQ

PRODUQUÍMICA

11 30169619

68

COLETORES DE DADOS

ANTIBIÓTICOS - CONTROLADORES DE INFECÇÕES BACTERIANAS

MARKANTI

16 39452825

16 39515080

22

CASE IH

PRODUQUÍMICA

11 30169619

68

PROZYN

11 37320022

93

COMÉRCIO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS

17 35311075

3

AUTOMAÇÃO DE ABASTECIMENTO 11 26826633

96

16 39413367

ALCOLINA

SHELL BRASIL

63

AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL DAIKEN AUTOMAÇÃO

41 36218055

2

DIMENSIONAL

19 34467400

89

ENDRESS + HAUSER

11 50334333

31

19

19 35473539

34

LEMAGI

19 34431400

62

41 21077400

21 21710400

4 29 E 47

32

BALANCEAMENTOS INDUSTRIAIS VIBROMAQ

IHARA

16 39452825

96

51 35798400

62

EDITORA

GARDNER DENVER NASH

19 37658000

48

PROCANA BRASIL

REZENFLEX

19 34121144

9

BOMBAS BOMBAS GEREMIA

16 39464766

24

SIMISA

16 21051200

29

LEMASA

19 39358755

52

FERRUSI CALCÁRIOS ITAÚ

19 34669300

48 7 E 73 67

ANSELL

11 33563100

89

PROZYN

DISTRINOX

16 39698080

91

LUBRIFICANTES

DIMENSIONAL

MANCAIS E CASQUEIROS

19 34467400

16 30198110

79

AREVA RENEWABLES

81 21222300

CPFL SERVIÇOS 18 39056156

70

PROJELPI

19 39171000

89 53

ESPECIALIDADES QUÍMICAS

18 39189999

36

56 93

21 21710400

35

BRN BRASIL

19 35432255

4

BUSSOLA

16 32219000

19

DURAFACE - DURAPARTS

19 35473539

34

16 39515080

22

MANGUEIRAS E CORREIAS

PRODUQUÍMICA

11 30169619

68

CONTUFLEX

19 37562755

26

PROZYN

11 37320022

93

REZENFLEX

19 34121144

9

19 34348083

33

QUÍMICA REAL

31 30572000

78

SUPRIR

16 21026500

27

11 29418044

41

19 35432255

4

21 22230899

83

11 33787500

75

14 33227997

74

CASE IH

41 21077400

29 E 47

PAGAN TRATORES

18 36368600

98

VALTRA

11 47952000

100

19 30350921

39

TRATORES

PENEIRAS ROTATIVAS 96

PLAINAS 55 32227710

54

PLANTADORAS DE CANA 16 39461800

20

16 35135230

44

SILCAR PNEUS

11 32023330

61

CENTERQUIMICA

18 36311313

94

PRODUQUÍMICA

11 30169619

68

PROSUGAR

81 32674760

17

RENK ZANINI

16 35189001

25

TGM TURBINAS

16 21052600

13

ROLAMENTOS

SÃO FRANCISCO SAÚDE

11 50336400

99

16 08007779070

51

SINALIZADORES INDUSTRIAIS RONTAN

TROCADORES DE CALOR AGAPITO

16 39479222

98

MARC-FIL

18 39056156

70

TUBOS E CONEXÕES

COMERCIAL RODRIGUES

COBRA ROLAMENTOS

70

FLUID BRASIL

POLICANA - FCN

16 39452825

18 39056156

ENGENHO NOVO SERGAM

SAÚDE - CONVÊNIOS E SEGUROS

ALCOLINA 37

MARC-FIL

34

REDUTORES INDUSTRIAIS

SHELL BRASIL

TECNAL

ENERGIA ELÉTRICA - ENGENHARIA E SERVIÇOS

11 37320022

EQUIPAMENTOS E MATERIAIS ELÉTRICOS EQUIPAMENTOS LABORATORIAIS

37

19 36827070

17

TRATAMENTO DE ÁGUA/EFLUENTES

PRODUTOS QUÍMICOS

LEVEDURAS E ENZIMAS

19 34467400

AREVA RENEWABLES

81 21222300

GERMEK 10

DIMENSIONAL

ENERGIA ELÉTRICA - COMERCIALIZAÇÃO

24

CALDEIRARIA MARC-FIL

16 35124300

16 39464766

CALCÁRIO

IRRIGAÇÃO EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO

19 34391101

68

81 32674760

TRANSBORDOS

19 35473539

PNEUS

11 30169619

BRN BRASIL

DURAFACE - DURAPARTS

METROVAL PRODUQUÍMICA

72

GRUPO RAÇA

INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO E CONTROLE 32

PROSUGAR

15

DMB

19 21279400

94

TRANSPORTADORES INTERNOS

AGRIMEC 20

INSUMOS AGRÍCOLAS

57

ELETROCALHAS DISPAN

BRONZE E COBRE - ARTEFATOS

15 32357914

16 39461800

16 39756495

TINTAS E REVESTIMENTOS

20

VIBROMAQ 65

RADIOPLAN

16 39461800

PEÇAS E ACESSÓRIOS AGRÍCOLAS

16 21014151

89

METAGRO - FAMA DO BRASIL16 36260029

5

FERRUSI

14

19 34467400

DMB

34 33199500

71

11 21014069

DIMENSIONAL

72

ÔNIBUS - FRETAMENTO

11 50568900

AVANZI

15 32357914

UBYFOL

70

14

IHARA 68

18 39056156

11 21014069

TELECOMUNICAÇÃO / RADIOCOMUNICAÇÃO

TRADINGS - MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS

11 30169619

DMB

DESTILARIAS CONGER

BOMBAS HIDRÁULICAS

11 30432125

29

PRODUQUÍMICA

IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS

BASF

16 21051200

68

11

DEFENSIVOS AGRÍCOLAS

SIMISA

11 30169619

16

99

25

PRODUQUÍMICA

19 34234000

11 50336400

16 35189001

49

16 21056400

COBRA ROLAMENTOS

RENK ZANINI

16 36904900

PROLINK

AUTOPEÇAS

MOENDAS E DIFUSORES

CATAFÓS

ELLO CORRENTES

23

24

NUTRIENTES AGRÍCOLAS

32

14 32355000

FERRUSI

46

CORRENTES INDUSTRIAIS

AD CORRETORA

16 39464766

MOENDAS

19 34218485

98

6

24

PARKITS

16 36225744

18 31171195

16 39464766

48

19 21279400

ZANARDO

FERRUSI

TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO AVANZI

METAIS

96

GRÁFICA

CORRETORA DE SEGUROS

15

19 34391101

METROVAL

33

97

METAGRO - FAMA DO BRASIL16 36260029

16 35138800

JEFFERSON ENGENHARIA

19 34348083

16 35137200

ENGEVAP

SÃO FRANCISCO GRÁFICA

PROJELPI

MAGISTER

CONGER

FUNDIÇÃO

19 21279400

98

29 E 47

70

SUGARSOFT METROVAL

16 39479222

41 21077400

62

CONSULTORIA/ENGENHARIA INDUSTRIAL CONTROLE DE FLUÍDOS

AGAPITO

CASE IH

19 34431400

FIOS E CABOS

98

54

19 34514811

FILTROS INDUSTRIAIS

76

55 32227710

MONTAGENS INDUSTRIAIS

FERTILIZANTES

35

SOLDAS INDUSTRIAIS

AGRIMEC

LEMAGI

NAMBEI FIOS E CABOS

19 34023399

70

MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

HANNA

MARC-FIL 13 32236767

19 34514811

FERRAMENTAS PNEUMÁTICAS

COMÉRCIO EXTERIOR MULTIMODAL

16 32219000

DURAFACE - DURAPARTS

FERRAMENTAS INDUSTRIAIS

COLHEDORAS DE CANA

ÁREAS DE VIVÊNCIA

BUSSOLA

HANNA

ALCOLINA

DWYLER

FEIRAS E EVENTOS

CONGER

CENTRÍFUGAS

ANTI-INCRUSTANTES

ALFATEK

96

19 35432255

FRANPAR

AÇOS INOXIDÁVEIS

A N U N C I A N T E S

ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO CIVIL 16 35138800

CAMINHÕES - PEÇAS E SERVIÇOS

ACIONAMENTOS

D E

11 30937088

21

CONTUFLEX

11 29418044

41

FRANPAR

16 21334383

50

TUPER

47 36315000

64

16 21052600

13

TURBINAS TGM TURBINAS

VÁLVULAS INDUSTRIAIS DURCON-VICE

11 44477600

FOXWALL

11 46128202

40 12

FRANPAR

16 21334383

50

JEFFERSON ENGENHARIA

16 36225744

98

VÁLVULAS SF

19 31243124

18

YGB

11 27187787

86

ZANARDO

18 31171195

6

VEDAÇÕES E ADESIVOS REZENFLEX

19 34121144

9

VEDAÇÃO BRASIL

19 32386566

95


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CARTA AO LEITOR

Junho/2013

5

carta ao leitor

índice Agenda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6

Josias Messias

josiasmessias@procana.com

Cana Livre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .8 e 9 Mercado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .10 a 26

Especialistas indicam maneiras de ampliar competitividade do etanol Valor bruto de produção da cana deve atingir recorde em 2013 Aumento da mistura contribui para a melhoria do caixa

“QUEM ME VALERÁ?”

Desenvolvimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27 e 28

Produção de etanol ao vivo

Política Setorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .30

ENTREVISTA – Cid Caldas: NÓS SÓ QUISEMOS AJUDAR!

Produção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .32 a 37 Estado de Minas Gerais partiu nesta safra para a 2ª colocação no ranking de cultivo

Logística & Transporte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .38

Senado aprova MP dos Portos, mas Dilma pode vetar artigos

Tecnologia Agrícola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .40 a 46

Colhedora multi row foi premiada na Agrishow

Administração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .48 a 55

Falta de treinamento reduz produtividade e eleva custos

Saúde & Segurança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .56 e 57 Tecnologia Industrial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .58 a 71

Ciclo regenerativo aumenta a eficiência na geração de energia Gemea debate crescimento sustentável

Setor em Destaque . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .72 a 78

Cobertura Agrishow: Biagi Filho critica medidas de incentivo ao etanol

Destaques do Setor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .79 Pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .80

Estudo revela impacto das mudanças climáticas no setor elétrico

Especial Nordeste . . . . . . . . . . . . . . . . .81 e 82 À

espera de um milagre

Gente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .84 a 86 Meio Ambiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .87 Educação

conecta comunidade à sustentabilidade ambiental

Bioeletricidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .88 Bioeletricidade

do bagaço superará 10 mil MW médios até 2021

Negócios & Oportunidades . . . . . . . . . . . . . . . . .90 a 98

QUEM IRÁ POR NÓS? “Depois disto ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim” (Profeta Isaías, no verso 8 do capítulo 6 de seu livro bíblico)

Neste Brasil de dimensões continentais e dialetos mil, a expressão “Quem me valerá?” é bastante utilizada pelo sertanejo nordestino nos momentos difíceis pelos quais ele costumeiramente passa. No caso, este lamento típico significa um verdadeiro pedido de socorro aos céus ou a alguma boa alma. Quem, neste mundo de meu Deus, ou o próprio, estenderá a mão? É neste estado de espírito que se encontra hoje boa parte dos nordestinos, que sofrem pela seca insistente ou pelo descaso dos poderes. No caso do setor em si, há subsídios que vão e vem (veja na página 81), água da chuva que não vem — ou quando vem a safra do ano já foi — e o desânimo é tal que nem mesmo os filhos de grandes fornecedores querem dar sequência à carreira dos pais no canavial (página 82). “A seca é o desequilíbrio climático imponderável que requer árduos mecanismos de prevenção e convivência. O problema prejudicou os rendimentos nos canaviais e consequentemente, retraiu futuros investimentos. Portanto, certamente, pelos próximos dois anos, teremos quebra na produção”, antevê Renato Cunha, o presidente do Sindaçúcar de Pernambuco (página 81). Os fornecedores insistem, amam o setor e seu pedaço de chão. Mas admitem que estão entregando os pontos. Alguns estão mudando de atividade e outros geograficamente. Apenas em Pernambuco, das 42 usinas existentes há vinte anos, hoje apenas dezoito estão moendo e prevêse que mais cinco ou seis desligarão definitivamente a chave geral da indústria nos próximos três anos. Os fornecedores, por sua vez, assediados pelo alto valor que suas terras — na maioria situadas próximas do litoral ou dos grandes complexos comerciais, imobiliários e industriais — agregaram, já admitem vendê-las, como alguns já têm feito, e migrar para outra atividade, como criar bois no Pará, por exemplo, como alguns também têm feito. Enfim, diante do dilema exposto acima, pergunta-se: é possível ainda fazer alguma coisa? Será possível recuperar o setor do Nordeste e fazê-lo voltar aos seus momentos de glória? Nós do JornalCana cremos que sim. Resta saber a quem cabe este papel? Quem assumirá esta retomada? Talvez uma solução esteja na formação de um triunvirato entre governo, usinas e fornecedores. O triunvirato, por definição, é formado por três forças em pé de igualdade, mas no caso, aqui, os fornecedores não estão no mesmo nível de força das usinas e tampouco as usinas no mesmo nível de poder do governo. Mas cada um pode oferecer sua contrapartida nesta empreitada de salvar o setor nordestino da falência completa. Se algo não for feito agora que extrapole medidas paliativas de salvação como as recentes, o setor sucroenergético nordestino, hoje claudicante, em breve ficará concentrado nas mãos de seis ou sete grupos hoje um pouco mais fortes mas que, por sua vez, também continuarão a sentir na pele as mesmas agruras até que capitulem.

NOSSOS PRODUTOS

O MAIS LIDO! ISSN 1807-0264 Fone 16 3512 4300 Fax 3512 4309 Av. Costábile Romano, 1.544 - Ribeirânia 14096-030 - Ribeirão Preto - SP procana@procana.com.br

NOSSA MISSÃO Prover o setor sucroalcooleiro de informações sérias e independentes sobre fatos e atividades relacionadas à cultura da cana-de-açúcar e seus derivados, visando: Apoiar o desenvolvimento sustentável, humano, tecnológico e socioeconômico; Democratizar o conhecimento, promovendo o intercâmbio e a união entre seus integrantes; Ser o porta-voz da realidade e centro de informações do setor; e Manter uma relação custo/benefício que propicie parcerias rentáveis aos clientes e aos demais envolvidos.

w w w. jo r n a lc a n a . c o m . b r PRESIDENTE

REDAÇÃO

Josias Messias - josiasmessias@procana.com.br

Edição Luiz Montanini - editor@procana.com.br Coordenação e Fotos Alessandro Reis editoria@procana.com.br Editor de Arte - Diagramação José Murad Badur Consultor Técnico Fulvio Machado Reportagem Andréia Moreno - redacao@procana.com.br André Ricci - reportagem@procana.com.br Arte Gustavo Santoro Revisão Regina Célia Ushicawa

GERENTE DE OPERAÇÕES Fábio Soares Rodrigues - fabio@procana.com.br

ADMINISTRAÇÃO Controle e Planejamento Asael Cosentino - asael@procana.com.br Eventos Rose Messias - rose@procana.com.br Financeiro Mayline Kim - contasareceber@procana.com.br Renata Macena - contasapagar@procana.com.br Recursos Humanos Abel Martins - presidente@procana.com.br

ASSINATURAS E EXEMPLARES Rose Messias exemplares@procana.com.br

Anuário da Cana Brazilian Sugar and Ethanol Guide

BIO & Sugar International Magazine

www.jornalcana.com.br O Portal do setor sucroalcooleiro

Mapa Brasil de Unidades Produtoras de Açúcar e Álcool

JornalCana A Melhor Notícia do Setor Prëmio BesiBio Brasil

Prêmio MasterCana Os Melhores do Ano no Setor

MARKETING / PUBLICIDADE Comercial Gilmar Messias 16 8149.2928 gilmar@procana.com.br Leila Milán - 16 9144.0810 leila@procana.com.br Matheus Giaculi 16 8136.7609 matheus@procana.com.br Michelle Freitas 16 9128.7379 michelle@procana.com.br

Tiragem auditada pelos

Artigos assinados (inclusive os das seções Negócios & Oportunidades e Vitrine) refletem o ponto de vista dos autores (ou das empresas citadas). JornalCana. Direitos autorais e 10.000 exemplares comerciais reservados. É proibida a Publicação mensal reprodução, total ou parcial, distribuição ou disponibilização pública, por qualquer meio ou processo, sem autorização expressa. A violação dos direitos autorais é punível como crime (art. 184 e parágrafos, do Código Penal) com pena de prisão e multa; conjuntamente com busca e apreensão e indenização diversas (artigos 122, 123, 124, 126, da Lei 5.988, de 14/12/1973).


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AGENDA

Junho/2013

A C O N T E C E U

A C O N T E C E

CURSO DE ETANOL CELULÓSICO

CURSOS SINATUB 2013

O curso inédito sobre etanol celulósico foi lançado em Ribeirão Preto, com o objetivo de capacitar profissionais que atuam em usinas e de fornecedores de equipamentos. A palestra de apresentação do curso aconteceu no dia 24 de maio, na Global Hub.

CURSOS PARA INDÚSTRIA A Sinatub e a ProCana Brasil promoveram no mês de maio três cursos para profissionais da indústria sucroenergética, em Ribeirão Preto (SP): de Análise de Vibração (13 a 15/5); de Balanceamento de Rotores (16 e 17/5) e de PCM (Planejamento e Controle da Manutenção) de 20 a 22/5.

SEMINÁRIO GSO O GSO promove no dia 28 de junho, o 2º Seminário de SST, na Usina Guaíra. Entre os temas estarão PPRA, combate a incêndio florestal, fiscalização do MTE quanto ao cumprimento da NR31, Projeto “In company”, NR12, entre outros. www.gso.org.br

PRÊMIO MASTERCANA CENTRO-SUL Acontecerá no dia 26 de agosto de 2013, em Sertãozinho (SP), o MasterCana Centro-Sul, evento que homenageará as principais personalidades do segmento sucroenergético. Simultaneamente, acontecerá ainda o PRÊMIO MASTERCANA SOCIAL, fruto da parceria entre a ProCana Brasil e o Gerhai. www.mastercana.com.br rose@procana.com.br

PRÊMIO MASTERCANA BRASIL O evento de premiação exclusiva dos 100 MAIS INFLUENTES DO SETOR acontecerá no dia 21 de outubro, em São Paulo. www.mastercana.com.br ou rose@procana.com.br

PRÊMIO MASTERCANA NORTE-NORDESTE Dia 26 de novembro, Recife (PE) será palco de mais uma edição do tradicional prêmio MasterCana Norte-Nordeste. www.mastercana.com.br ou rose@procana.com.br

JUNHO 6 e 7 – Curso de Caldeiras, Vapor e Energia – Ribeirão Preto/SP JULHO 31/7 a 02/8 – Curso/Treinamento de Balanço de Massa e Energia – Ribeirão Preto/SP AGOSTO 13 a 16 – Curso/Treinamento de Vasos de Pressão - Ribeirão Preto/SP SETEMBRO 10 a 13 – Curso/Treinamento de Gestão de Projetos - Ribeirão Preto/SP 26 e 27 - Curso de Moenda e Difusor – Ribeirão Preto/SP OUTUBRO 17 e 18 – Curso de Manutenção Preditiva e Inspeção de Equipamentos – Ribeirão Preto/SP


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C A R T A Gostaria de dar meus parabéns a vocês todos que fazem o JornalCana. Estive na última ForInd/2013, no Centro de Convenções, em Olinda, Pernambuco e visitei seu estande. Ali, fui recebido otimamente pelos seus dois representante (Matheus Giaculi e Luiz Montanini). Quero aqui agradecer a ótima acolhida dada por eles. Também, não poderia de deixar de agradecer os dois presentes por mim recebidos. Engº Carlos Fabin - Máquinas Piratininga Indústria e Comércio S/A

Alcoeste faz integração de novos colaboradores No dia 26 de abril a Alcoeste realizou a integração com 83 novos colaboradores da indústria, no Centro Social do Grupo Arakaki. Os contratados da destilaria atuarão na safra 2013 nos setores industriais: laboratório de PCTS, laboratório industrial, moenda, destilaria, fábrica de levedura e outros. O treinamento teve duração de sete horas e foi realizado por Evaldo Botazzo, analista de Recursos Humanos; Leandro André Barbosa, Técnico em Segurança do Trabalho e Fernanda Garcia Seixas, Gestão da Qualidade da Alcoeste. Os postos de trabalho foram abertos para atender a safra 2013 são de caráter temporário, mas segundo Marcelo J. Badaró, gerente de RH, boa parte dos cargos poderão ser efetivados de acordo com as necessidades da indústria.

Expedição canavieira inicia segunda fase No dia 21 de abril, a Reunion Engenharia abriu a segunda fase da Expedição ‘Cantões da Cana’ para comemorar os 20 anos de trabalho. Uma maratona de mais de 10 mil quilômetros já foi percorrida durante a Fase 1 e, na Fase 2, a distância pré-estabelecida é de nove mil quilômetros em, aproximadamente, 90 dias. Nesta Fase, serão visitados cerca de 60 locais das regiões de Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Leste de Minas Gerais e Norte de São Paulo. Além de visitar as unidades processadoras de cana-de-

açúcar do Brasil, a Expedição levanta dados das regiões, conhece a história da cultura da cana, registra as lições de cada cantão onde existe um pé de cana e visa contribuir para este setor que tanto colaborou e continua colaborando para a economia mundial, revela a empresa. Após o término da Expedição será publicado um livro que prevê uma descrição divertida das visitas, incluindo fotos, histórias peculiares, depoimentos, tecnologias e dados interessantes do setor. A ProCana Brasil é uma das patrocinadoras do projeto. Informações: (11) 4156 6688 ou (16) 3877 2790.


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Luiz Magno assume diretoria no Grupo Carlos Lyra O ex-assessor de diretoria, Luiz Magno Epaminondas Tenório de Brito assumiu no dia 9 de maio, o cargo de diretor no Grupo Carlos Lyra de Alagoas. Ele irá trabalhar ao lado dos diretores Aryl Lyra e Irene Leite. O executivo atua na empresa desde 1986 e está feliz de ocupar a nova cadeira. “Me senti grato pelo reconhecimento do trabalho realizado nesses anos”, comenta. Magno sempre esteve envolvido na área industrial da empresa, já que iniciou como engenheiro químico da Usina Cachoeira, depois passou a gerente industrial, em seguida foi gerente industrial da Usina Caeté, superintendente industrial das três unidades do Grupo no Nordeste e das antigas usinas de Minas Gerais. Com a separação do Grupo, Magno assumiu o cargo de assessor de diretoria das três usinas do Nordeste e de uma de São Paulo. Quase toda sua trajetória no setor sucroenergético se passou no Grupo Carlos Lyra, no qual tem o maior respeito. Ele iniciou sua carreira na Usina São José, na década de 80, onde estagiou e trabalhou como engenheiro químico.

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Goiás inaugura usina e abre oficialmente a safra No dia 17 de abril, começou oficialmente a safra 2013/14 de cana-de-açúcar do estado de Goiás. Foi realizada uma solenidade de abertura na Usina Cambuí, em Santa Helena de Goiás, que marca também a inauguração da unidade, que recebeu investimentos da ordem de R$ 165 milhões. A Usina Cambuí Açúcar e Álcool tem capacidade para processar 850 mil toneladas de cana por safra, podendo chegar a 1 milhão de toneladas nas próximas temporadas. A unidade deve gerar mil empregos diretos e terá sua colheita 100% mecânica.


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Unica estima ATR 11,59% mais alto em SP ANDRÉ RICCI,

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REDAÇÃO

Uma das grandes preocupações dos fornecedores de cana-de-açúcar em São Paulo é o valor do ATR - Açúcares Totais Recuperáveis. A safra 2012/13, apesar de ter se recuperado em termos de moagem, deixou os trabalhadores receosos com o futuro. Segundo dados da Unica – União da Indústria de Cana-de-Açúcar, a qualidade da matéria-prima deve chegar a 136,70 Kg de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) por tonelada de cana-de-açúcar na safra 2013/14, índice 0,83% superior aos 135,57 Kg registrados no ciclo passado. A entidade, que junto a Orplana - Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil forma o Consecana SP - Conselho dos Produtores de Canade-Açúcar, Açúcar e Álcool do Estado de S. Paulo, estima ainda que a quantidade de produtos totais obtidos a partir da cana processada seja 11,59% superior em relação a anterior, alcançando 80,60 milhões de toneladas de ATR. Ainda segundo a entidade, este crescimento é

Qualidade da matéria-prima deve chegar a 136,70 Kg

decorrência do incremento de matéria-prima a ser processada e do maior teor de açúcares na planta. “No último ano, o período chuvoso se prolongou até o início de junho. Nesta safra, a expectativa é de que isso não se repita, viabilizando um aumento na concentração de açúcares na planta durante esse período”, explica Antonio

de Pádua Rodrigues, diretor técnico da Unica. O ATR é um indicador de qualidade da matéria-prima calculado a partir do volume de cana-de-açúcar nas unidades industriais no momento da entrega. Procurado, o Consecana preferiu não fazer perspectivas sobre o valor do indicador.


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Especialistas indicam maneiras de ampliar competitividade do etanol ANDRÉIA MORENO, DA REDAÇÃO

Recentemente a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, disse que "por hora" não haverá aumento dos preços da gasolina, mas admitiu que isso poderá ocorrer "em médio e longo prazos". Nesse contexto, a grande incógnita é como ficará o etanol, que segundo o setor produtivo perdeu grande competitividade nos últimos anos, devido a falta de aumento nos preços do combustível fóssil. O economista, Sebastião Macedo Pereira, gerente executivo do Ceise BR, diz que o anúncio da presidente da Petrobras mascara um “subsídio” bancado pela queda de rentabilidade da Petrobras, e que dificulta o repasse à correção do preço do etanol, pois o consumidor sempre irá fazer a conta, avaliando qual o custo-benefício de cada combustível. “Esta medida prejudica a cadeia produtiva, pois reduz a chance do produtor repassar custos ou aumentar a lucratividade no preço. Por outro lado, provocará efeito positivo na política governamental de combate a inflação”, explica. André Rocha, presidente do Sifaeg, ressalta que o governo deve definir como vai se comportar a política da gasolina, mas

o que vai resolver o problema do setor é ter rentabilidade para investir mais e ter segurança do que vai ocorrer em termos de política setorial. Para isso o governo deve sinalizar o que quer do setor do etanol e ter uma política clara para os combustíveis, segundo Rocha. “Quando o governo segura o preço, importa mais caro e vende mais barato, causa prejuízos para a empresa, desvaloriza seu patrimônio, as ações e traz graves consequências para nosso setor. O setor fica inseguro, deixa de investir, há um inibidor de preços e reprime a demanda e venda de etanol, prova disso é que vendemos em 2010, 1,6 bilhões de litros de hidratado, hoje não chegamos nem a 1 bilhão de litros. Enquanto isso não melhorar o setor continuará sem competitividade e sem investimentos e nesse circulo vicioso de ter que importar combustível, comprometendo a logística de distribuição interna”, diz. Ele acredita que o governo precisa valorizar o preço do etanol, pois melhoraria os problemas do país com o surgimento de novas unidades, aqueceria a indústria de base, iria gerar emprego no interior, melhorar o superávit primário e os investimentos em dutos, etc. “Isso criaria um círculo virtuoso, uma maneira de reaquecer a indústria brasileira”, comenta.

Sebastião Macedo Pereira, gerente executivo do Ceise BR

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Margem operacional do hidratado cai para 7% A questão da competitividade do etanol versus gasolina é uma das mais defendidas pelo setor produtivo sucroenergético, porque ao longo do tempo as consequências têm sido desastrosas. De acordo com Jair Pires, diretor executivo da MBF Agribusiness, as perdas do hidratado, sem a competitividade esperada em relação a gasolina, giram em torno de 20%. “Antes de 2008, para produzir hidratado e vendê-lo o setor conseguia uma margem operacional em torno de 22% de sua receita líquida, hoje está em 7%. A gasolina deveria estar em torno de R$ 3,30 a 3,40/litro atualmente. Já o etanol poderia estar sendo vendido a R$ 1,40/litro livre de imposto, e hoje está sendo vendido a R$ 1,13/litro. Esse valor remuneraria e o empresário poderia ter uma margem maior, mais compensadora”. Para ele a questão do aumento da gasolina é puramente política. “Se aumentar a gasolina agora, aumentará o etanol, e não é um fator eleitoreiro para a presidente Dilma, que busca reeleição”, relata. Ele explica que no passado o preço do etanol girava em torno de 50% do valor da gasolina, mas depois de 2009, passou a estar em torno de 70% do preço do combustível fóssil. “Na prática isso significa que aumentará o endividamento do produtor por tempo indeterminado e isso diminui a margem operacional da usina, pois não sobra dinheiro para investir em tratos culturais e renovação, o que a leva a realizar novos empréstimos na expectativa que reajam os preços”. Na opinião do especialista, se o governo continuar mantendo essa diferença em torno de 70% não sobrará dinheiro e situação somente se agravará. “A margem ideal seria em torno de 50%“, enfatiza. Se esse quadro continuar, haverá desinteresse pela produção de etanol hidratado e isso poderá matar o carro flex, segundo o executivo. “As pessoas estão

Jair Pires, diretor executivo da MBF Agribusiness

perdendo o hábito de usar etanol nos últimos meses, além disso, houve redução de investimentos no setor e de novos empregos e a inadimplência seguirá, pois não haverá recolhimento de impostos do hidratado que possui ICMS, e o empresário deixará de recolher encargos sociais e trabalhistas, pois não conseguirá. A imagem do produtor ficará ainda mais negativa na sociedade”, frisa. Para o empresário Eduardo Junqueira, sócio diretor da Usina Guaíra, se o governo quer segurar a inflação brasileira às custas dos combustíveis e não

aumenta a gasolina há anos, melhor acabar com o hidratado. “Passemos a produzir somente anidro e esse poderá custar o mesmo preço da gasolina. Ele funcionará como um aditivo oxigenador do combustível gasolina e poderá ter um mix de qualquer variação, porque os veículos bicombustíveis aceitam qualquer proporção. Isso regularia o preço do etanol e os estoques com mais simplicidade”. Segundo José Adriano Dias, superintendente da Alcopar, o aumento da gasolina é apenas mais um detalhe que precisa melhorar. “O grande problema é a

falta de políticas públicas de médio e longo prazos. O etanol tem suas externalidades, por isso, precisa de um incentivo. O governo gasta tanto com a saúde pública e temos um combustível renovável que impacta positivamente na saúde, mas não é valorizado como deveria. Mecanismos para aumentar a competitividade com a gasolina existem diversos, como a Cide, subsídio, desoneração, mas o principal é sabermos o que o governo espera do setor e qual política seria usada. Só queremos uma política pública planejada e duradoura”, lembra. (AM)


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Aumento de usinas certificadas mostra comprometimento com sustentabilidade FABIANA MARQUES,

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O Brasil não criará seu próprio programa de certificado de biocombustível para demonstrar que o etanol brasileiro é produzido de forma sustentável do ponto de vista ambiental e social. O projeto havia sido anunciado em 2007, pelo então presidente do país, Luiz Inácio Lula da Silva, entretanto foi rejeitado no mês passado pela Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio. Mas isso não significa que as certificações estejam em baixa. Ao contrário. Segundo especialistas é cada vez maior o número de usinas que buscam algum tipo de selo para comprovar a sustentabilidade de sua produção. Atualmente há diversos mecanismos existentes pelo mundo, mas os que mais interessam ao Brasil são aqueles certificados que possibilitam a venda do combustível para mercados importantes como o norte-americano e o europeu. “O Brasil já tem um número significativo de usinas certificadas e a procura tem aumentado, especialmente pelo selo da agência de proteção ambiental americana

Tarcilo Rodrigues, do Ietha

(EPA) visando a entrada nos EUA”, afirmou Tarcilo Rodrigues, do IETHA - International Ethanol Trade Association. Ainda não há dados que mostrem o impacto comercial das certificações de etanol no mercado de exportação brasileiro, mas há um consenso entre especialistas sobre a importância desse tipo de selo para a tão buscada commoditização do etanol e também funcionam como uma amostra do comprometimento do setor com a sustentabilidade. Segundo o gerente de Sustentabilidade da União da

Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Luiz Fernando do Amaral a certificação é um instrumento importante para demonstrar a sustentabilidade dos produtos e é considerado um diferencial, porém não tem sido suficiente para facilitar o acesso do etanol brasileiro ao mercado da Europa, por exemplo. “Setorialmente as certificações são importantes no sentido dar força, demonstrar as boas práticas do setor. Ajudam a quebrar alguns mitos, além de trazer garantias para os consumidores. Mas as certificações por si só devem ser analisadas no contexto do mercado”, afirmou.


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Mesmo com certificações é difícil entrar no mercado europeu Desde sua criação, em abril de 2011 até agora, 29 usinas sucroenergéticas, das quais 27 são brasileiras e duas australianas foram certificadas pela Bonsucro, iniciativa global que avalia a sustentabilidade dos produtos fabricados a partir da cana. Isso significa que mais de dois bilhões de litros de etanol de cana-de-açúcar foram produzidos no mundo com o selo da Bonsucro. “Um avanço tão rápido só foi possível graças a uma cultura corporativa já estabelecida nas empresas, assim como um controle estruturado dos processos sobre o tema”, afirmou o gerente de Sustentabilidade da Unica. Em 2011, a certificação tornou-se exigência para as empresas que exportam o biocombustível para a União Europeia e, desde então, usinas brasileiras começaram a aderir aos padrões. Segundo Natasha Schwarzbach, chefe de engajamento da Bonsucro, com isso, além de conquistar mercado, as usinas podem ter ganhos em reputação, agregar valor à marca, e contribuir para uma produção com mais respeito ao meio ambiente e aos

consumidores. Entretanto a certificação por si só não aumentou a quantidade exportada para a União europeia. “Embora o Brasil já tenha etanol certificado de acordo com padrões exigidos pelos europeus, o volume importado pela Europa ainda é irrisório, pois a tarifa de importação é muito elevada”, afirmou a assessora sênior da Presidência da Unica —União da Indústria de Cana-deAçúcar para Assuntos Internacionais, Géraldine Kutas, ao participar de um evento na Holanda no mês passado. Para a entrada do etanol brasileiro no mercado norte-americano como combustível avançado é exigido um certificado que comprove que o produto está dentro das normas da Renewable Fuel Standard (RFS-2), um conjunto de regras que regula a produção e a utilização de biocombustíveis no território americano. O selo é emitido pela Agência de Proteção Ambiental Americana (EPA). Segundo o Ietha, atualmente, mais de 100 usinas do Brasil já receberam o registro para exportar o combustível aos Estados Unidos. (FM)

Natasha Schwarzbach, da Bonsucro

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Exportações americanas de etanol estão em queda FABIANA MARQUES,

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As exportações norte-americanas de etanol devem ser reduzidas em 2013, mas se o clima não atrapalhar a produção, como ocorreu no ano passado, os números voltarão a subir em 2014. Essa foi a avaliação de especialistas entrevistados. A principal razão apontada para essa queda foi a alta do preço do milho, causada principalmente pela seca que assolou as plantações do grão no ano passado, reduzindo a disponibilidade de matéria-prima. Segundo dados da RFA Renewable Fuels Association as exportações americanas caíram um terço de janeiro a fevereiro deste ano, chegando a um total de 42,5 milhões de galões de etanol. Uma redução de 30% em relação ao mesmo período do ano passado. A estimativa da associação é de que os Estados Unidos estejam a caminho de exportar algo em torno de 550 a 650 milhões de galões até o final do ano. Em 2012, o número chegou a 739 milhões de galões de etanol. “Essa queda era esperada devido a estiagem de 2012 que causou

uma redução de matéria-prima, o que fez o preço do grão saltar. Portanto, a produção de etanol caiu e consequentemente houve menos excedente para ser exportado”, resumiu o vice-presidente de Pesquisas e Análises da RFA, George Cooper. Já na opinião de Maxwell Thomassen, responsável pelos combustíveis renováveis da trade norte-americana CHS Inc., o motivo da queda nas exportações não foi somente a alta do milho, mas as restrições europeias ao produto produzido nos EUA. “Atualmente as exportações do biocombustível estão decrescendo ano a ano e uma das principais razões é a tarifa antidumping imposta ao etanol americano importado para a Europa”, afirmou. Recentemente, a Comissão Europeia aprovou a imposição de uma tarifa antidumping de 9,6 por cento em todo o etanol proveniente dos Estados Unidos, alegando que os exportadores americanos vendem o biocombustível a preços ilegalmente baixos, após receber subsídios. A tarifa entrou oficialmente em vigor em 23 de fevereiro deste ano.

Maxwell Thomassen: restrições europeias entre os motivos da queda


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Se o clima não atrapalhar, os números voltarão a subir em 2014 De acordo com dados divulgados pelo USDA (United States Department of Agriculture) estima-se que a safra de milho deste ano será uma das maiores da história, o que deve baixar os preços da matéria-prima e consequentemente melhorar as margens para as destilarias de etanol, o que possibilitará um incremento na produção. “Se não houver nenhuma reviravolta climática neste ano, uma colheita recorde de milho é esperada no país, o que deve baixar os preços do milho e possibilitar um incremento na produção de etanol. “Se se não houver nenhuma reviravolta climática neste ano e todas estas expectativas realmente se confirmarem, então as exportações devem se recuperar em 2014 e alcançar os níveis de 2011/2012”, declarou o Vice Presidente de Pesquisas e Análises da RFA. Para o consultor da britânica LMC International, John Adams, uma safra recorde de milho por si só não é garantia de aumento nas exportações, há outros fatores a serem considerados nessa equação. Segundo ele, se o governo norte-americano atender às solicitações da indústria e liberar um aumento da mistura de etanol à gasolina (atualmente o limite permitido é de 10%, o que é chamado de Blend Wall), a demanda interna vai crescer, usando quase toda a produção do país o que deixaria pouco etanol para ser exportado. Apesar da perspectiva de aumento na

Demanda interna pode crescer se o governo norte-americano aumentar mistura de etanol à gasolina

produção e do etanol de milho ser mais barato do que o etanol de cana produzido no Brasil, ainda assim os Estados Unidos precisarão importar uma quantia significativa do biocombustível brasileiro para cumprir com a meta do RFS

(Renewable Fuels Standard) de combustíveis avançados, requisito preenchido pelo biocombustível de cana. Segundo dados da RFA, estima-se que os EUA vão importar do Brasil cerca de 400 milhões de galões de etanol brasileiro em

2013/14. “Os Estados Unidos passaram de maior importador de etanol a maior exportador e agora devem voltar a importar”, resumiu o diretor da consultoria alemã da F.O. Licht Christoph Berg. (FM)


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Energia da cana supre mais de 15% da matriz nacional A cana está entre as principais culturas apresentadas nos “Cenários territoriais para 15 produtos agroenergéticos”, título do novo documento técnico lançado pela Embrapa, disponível para download gratuito em: http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bits tream/doc/953669/1/DOC12.pdf. Os dados coletados pelos pesquisadores em 2011 revelam que o etanol e a bioeletricidade obtidos da cana-de-açúcar foram responsáveis por 15,7% do suprimento energético nacional, enquanto a lenha e o carvão vegetal responderam por cerca de 9,7 % e o biodiesel por pouco menos de 1%. O documento conclui que para que se possa aumentar a quantidade de energia proveniente da biomassa será necessário aumentar a produtividade física das culturas, em termos de açúcares, lignina e óleos vegetais por unidade de área e de massa e também devem ser realizados esforços no sentido de diversificar e regionalizar a produção dos cultivos agrícolas e florestais. Um dado relevante muito questionado e que contesta alguns ambientalistas é a questão da ocupação da cana em regiões do Pantanal e Floresta Amazônica, pois o

documento mostra que a área de cana-deaçúcar, por exemplo,no Estado do Mato Grosso alcançará menos de 120.000 hectares em 2014, "área muito pequena para causar abalos no uso da área agricultável do Estado e em regiões situadas no sudoeste matogrossense e que estão muito longe de invadir ou mesmo ameaçar a Floresta Amazônica", segundo a

publicação da Embrapa. Ainda de acordo com o documento, atualmente apesar do petróleo ser a principal fonte de energia, tendo respondido, em 2011, por cerca de 38,6 % da matriz energética brasileira, a energia derivada da biomassa (etanol, bioeletricidade, lenha, carvão vegetal e biodiesel) contribuiu com 30,5%, enquanto

a contribuição da hidroeletricidade foi de 14,7%. O relatório revela ainda que a expectativa do Plano Nacional de Energia 2030, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), é de que em 2030, esse perfil se mantenha, com o petróleo respondendo por 30%, a biomassa por cerca de 26% e a hidroeletricidade por 13%.

Valor bruto de produção da cana deve atingir recorde em 2013 O valor bruto de produção da cana acumulado para 2012 deve atingir recorde de R$ 47,8 milhões, com variação positiva de 9,7%, em relação ao mesmo período de 2012, quando o valor médio anual recebido pelos produtores atingiu R$ 43,5 milhões. A estimativa do valor bruto da produção (VBP) das principais lavouras do Brasil em 2013 é de R$ 271 bilhões, resultado 10,2 % superior ao de 2012, quanto alcançou R$ 246 bilhões. O valor previsto este ano é maior desde o início da série histórica iniciada em 1989. As informações são da AGE/Mapa Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento. Os maiores aumentos esperados do valor bruto devem ocorrer na batatainglesa, 29,3 %; feijão, 14,5 %; fumo, 15,6 %; laranja, 28,8 %; milho, 11,9 %; soja, 18,3 %; tomate, 76,2 % e trigo, 18,9 %. Com elevações pouco abaixo destas estão o arroz, banana, cana e mandioca. Esses resultados decorrem de combinação de melhores preços e quantidades maiores do que as observadas no ano passado. No Sudeste os resultados da cana-deaçúcar e laranja em São Paulo, e do café, cana-de-açúcar, milho e soja em Minas Gerais foram essenciais na determinação do valor da produção.


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Aumento da mistura contribui para a melhoria do caixa O anidro sempre tem um preço melhor do que o hidratado, observa Luiz Custódio Cotta Martins RENATO ANSELMI, FREE

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CAMPINAS, SP

JORNALCANA

O pacote de medidas para o setor sucroenergético, anunciado pelo governo federal em abril, confirmou a volta da mistura de 25% de etanol anidro na gasolina, conforme já tinha sido divulgado anteriormente. Esse aumento do índice em 5%, que começou a vigorar em 1º de maio, vai consumir 30 milhões de toneladas de cana para a produção de aproximadamente 2,5 bilhões de litros de etanol, levando-se em consideração um rendimento industrial que transita na faixa dos 80 litros por tonelada, segundo cálculos de Luiz Custódio Cotta Martins, coordenador do Fórum Nacional Sucroenergético. Apesar de não significar nenhum ato de redenção da atividade, a medida é considerada positiva por representantes do setor. Essa resolução resgata, na verdade, o índice adotado antes de outubro de 2011 quando a adição de anidro na gasolina foi reduzida de 25%

para 20%. Na ocasião, o governo alegou que a decisão tinha a finalidade de garantir o abastecimento e evitar a escalada dos preços. O retorno dos 25% poderá contribuir para melhorar o “caixa” das unidades e grupos sucroenergéticos, pois o anidro sempre tem um preço melhor do que o hidratado, afirma Luiz Custódio, que é também presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Açúcar e Álcool. O aumento da mistura ocorre também num momento oportuno, pois a safra 2013/14 deverá ter uma moagem de 589,60 milhões de toneladas de cana, de acordo com projeção da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), o que equivale a uma elevação de 10,67% em relação aos 532,76 milhões de toneladas processadas na safra anterior. Dos 25,37 bilhões de litros de etanol que serão produzidos no atual ciclo, 11,20 bilhões de litros referem-se ao etanol anidro – conforme informações da Unica –, o que representa considerável alta de 28,29% em comparação ao volume produzido na última safra. O hidratado deverá ter uma produção de 14,17 bilhões de litros, um aumento de 12,18% em relação aos 12,63 bilhões de litros produzidos na safra anterior. A maior produção de anidro projetada pela Unica está diretamente relacionada à elevação da mistura do produto na gasolina.

Luiz Custódio Cotta Martins, coordenador do Fórum Nacional Sucroenergético


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Cana “carimbada” regula oferta de produtos no mercado Elevação do índice da mistura de anidro evita grande disponibilidade de açúcar e de etanol hidratado

Medida melhora qualidade do ar e diminui internações A decisão em retornar a mistura ao patamar existente até outubro de 2011 é positiva na medida em que gera demanda adicional e garantida pelo etanol anidro, beneficiando produtores e consumidores, já que o incremento na mistura de etanol gera uma redução nas emissões de gases causadores do efeito estufa, avalia a Unica em comunicado – divulgado em abril – sobre as medidas do governo federal voltadas ao setor sucroenergético. O aumento de etanol na gasolina melhora a qualidade do ar e diminui as internações hospitalares, segundo Luiz Custódio. A menor incidência de problemas respiratórios e de outras doenças, decorrentes da redução dos níveis de poluição, tem ainda outro efeito positivo nessa área: diminui custos do Sistema Único de Saúde (SUS). (RA)

Em decorrência do aumento de sua produção, o anidro deverá desempenhar um papel de regulador da oferta de produtos no mercado sucroenergético. Boa parte do volume adicional de cana na safra 2013/14 – em comparação à moagem do ciclo anterior – já está “carimbada” por conta do aumento da mistura de etanol na gasolina, comenta Antonio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar. Esta situação faz com que o maior volume de cana não crie condições para incrementar a oferta de açúcar – que não apresenta preço satisfatório – e nem do etanol hidratado, com teto de preço dependente do valor da gasolina, segundo avaliação do diretor da Unica. Em relação à maior disponibilidade de matéria-prima nesta safra, Luiz Custódio Cotta Martins destaca que o novo cenário é consequência dos elevados investimentos realizados pelas unidades sucroenergéticas, nos dois últimos anos, em plantio e renovação de canaviais. As usinas estão também totalmente preparadas na área industrial para aumentar a produção de anidro, assegura o coordenador do Fórum Nacional Sucroenergético. Não há nenhum problema nesse sentido. As unidades sucroenergéticas têm capacidade instalada para dar conta da nova demanda, ressalta. (RA)

Antonio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da Unica


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Mais anidro na gasolina beneficia também a Petrobras Aumento da mistura reduz importação em 30% e ajuda a desafogar a logística de distribuição do combustível A mistura de 25% de etanol anidro voltou para ficar? Representantes do setor sucroenergético avaliam que o índice não fará mais parte de uma “gangorra” que tem alterado o percentual, nos últimos anos, para que sejam feitos ajustes emergenciais na produção e comercialização de combustíveis. Além da redução em outubro 2011, o governo diminuiu a mistura para 20% em 1º de fevereiro de 2010 com o objetivo de controlar o preço do etanol na entressafra. A medida teve validade por três meses. O retorno dos 25% em maio de 2013 é resultante de uma fase mais produtiva de negociações com o governo federal – conforme análises de líderes do setor – que está entendendo a necessidade das unidades sucroenergéticas recuperarem a competitividade. Outro fator também deverá garantir a manutenção desse percentual: a atual situação da Petrobras que tem importado gasolina, a um preço mais elevado do que é praticado no mercado brasileiro, com o objetivo de dar conta da demanda interna. Luiz Custódio observa que o aumento do índice de anidro, de 20% para 25%, possibilita a redução de 30% de importação de gasolina pela Petrobras. Segundo ele, a estatal estava importando 70 mil barris/dia de gasolina até a entrada em vigor da nova medida em 1º de maio. Todo aumento de oferta de etanol carburante ajuda a diminuir a importação de gasolina, enfatiza Antonio de Pádua Rodrigues. Mais anidro na gasolina não é um bom negócio

somente para as contas da Petrobras. A redução de volumes de importação também gera benefícios para a balança comercial do país. Há outro fator que deverá ser considerado ainda na avaliação dos benefícios proporcionados pelo aumento da mistura: a compra no exterior de grandes volumes de gasolina afeta diretamente a logística de distribuição do produto que

acaba perdendo eficiência. No caso de aumento da importação, há maior necessidade de transporte do produto por caminhões a partir de portos que apresentam problemas de infraestrutura. Em consequência disso, ocorre a elevação de custos e o risco de desabastecimento, principalmente em regiões mais distantes. (RA)


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Movimento no mundo é lento, porém contínuo Apesar de os Estados Unidos e o Brasil serem destacadamente os grandes mercados de anidro no mundo, a ideia de adicionar etanol na gasolina está sendo disseminada gradativamente em outros países, principalmente por causa das metas de diversos governos que buscam fontes mais limpas e renováveis de energia, com a finalidade de reduzir a emissão de gases de efeito estufa. Mesmo que a adoção de medidas nessa área, no âmbito internacional, não esteja ocorrendo na velocidade esperada, conforme as expectativas de anos atrás, as sinalizações positivas projetam um aumento da demanda mundial por anidro. Existem inúmeros países onde a mistura de etanol na gasolina está ganhando espaço, afirma Luiz Gustavo Junqueira Figueiredo, diretor comercial da Usina Alta Mogiana, de São Joaquim da Barra, SP. “Isto é positivo”, ressalta. Segundo ele, não há nenhum país diminuindo a adição de etanol. Ocorre um aumento – observa – gradativo da mistura em diversos lugares. “É um movimento lento, mas contínuo”, constata. Na Tailândia, a comercialização da gasolina com 10% de etanol – exemplifica – já predomina no mercado interno. “Isto há três anos era impensável”, comenta. Existem dois tipos de gasolina na Tailândia: a pura e a com 10% de etanol. “Estas coisas vão acontecendo e a gente

Luiz Gustavo Junqueira Figueiredo: “Inúmeros países onde a mistura está ganhando espaço”

não percebe, porque não é um mercado natural de exportação do Brasil. Mas, a demanda está aumentando. Isto ajuda o etanol a se tornar uma commodity, a partir do momento em que é fabricado e consumido em vários

lugares do mundo”, diz. Luiz Gustavo Figueiredo observa que na Índia a adição de 5% de etanol na gasolina passa a ser obrigatória em 2013. De acordo com ele, este mercado não é grande, porque a Índia consome bastante

diesel. “Mas, os indianos não têm condição de suprir toda a demanda. É bem possível que importem meio bilhão de litros este ano, o que não deixa de ser também um alento para o mercado mundial”, afirma. (RA)


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Uso em outros veículos pode ampliar mercado do etanol Motos flex seguem mesma trajetória percorrida pelos carros bicombustíveis, porém, em ritmo menos veloz RENATO ANSELMI, FREE

DE

LANCE PARA O

CAMPINAS, SP

JORNALCANA

O etanol precisa superar alguns desafios para ampliar o seu espaço no mercado interno. Além de consolidar o seu uso como a melhor alternativa para o abastecimento do carro flex – que comemora o décimo aniversário em 2013 –, o biocombustível de cana tem que transpor alguns obstáculos para contar com um consumo em larga escala em outros veículos, principalmente em ônibus e caminhões. Em qualquer situação, políticas públicas e medidas governamentais – como as que foram anunciadas em abril – podem alargar ou estreitar caminhos para a produção e comercialização de etanol. No caso de motocicletas flex, o cenário é mais positivo. Existe a tendência de ampliação de consumo de etanol nesses veículos que seguem a mesma trajetória percorrida pelos carros bicombustíveis, porém em ritmo menos veloz, avalia Alfred Szwarc, consultor de emissões e tecnologia da União da Indústria de Cana-deAçúcar (Unica). “É mercado de massa”, destaca. Ele observa que o aumento de consumo para abastecimento de motos depende da competitividade do etanol em relação à gasolina. Se estiver com preço melhor, o biocombustível é o escolhido pelo consumidor, como acontece no abastecimento de carros flex. Apesar de ter um número de modelos relativamente reduzido, esse tipo de moto já conta com uma participação superior a 60% no mercado, chegando a se aproximar dos 70%, informa o consultor da Unica. É que entre as motos flex estão os modelos – explica – campeões de vendas. “Quando a Honda lançou a primeira moto flex tinha a expectativa que mais ou menos a

Alfred Szwarc: mercado de motos é positivo por ser de massa

metade da produção do modelo fosse flex e a outra metade, a gasolina. Depois de alguns meses, a receptividade da tecnologia foi tão boa que praticamente ocorreu uma padronização da produção em moto flex”, relata. Esse mercado deve crescer ainda mais com o lançamento de novos modelos. A primeira moto flex, a CG 150 Titan Mix, foi lançada pela Honda em 2009. “As empresas guardam a sete chaves informações sobre novos produtos”, observa. De acordo com Alfred Szwarc, é sempre um desafio fazer a transposição de uma tecnologia de um automóvel para uma moto, porque há menos espaço e tudo tem que ser miniaturizado. Mas, atualmente, a tecnologia – afirma – é totalmente dominada. E caiu no gosto dos consumidores.

Concorrência do óleo diesel limita competitividade A busca por opções competitivas no mercado de veículos comerciais torna-se complicada por causa da concorrência do óleo diesel, opina Alfred Szwarc. “No Brasil, há uma tendência histórica de procurar preservar o preço desse combustível, atribuindo-lhe um caráter de produto social”, comenta. Mesmo com a ausência de uma política de combustível mais definida e equilibrada, os caminhões a etanol já começam a dar os primeiros passos nesse mercado. A Scania lançou em 2011 o primeiro caminhão movido a etanol da história da indústria brasileira de veículos comerciais, o modelo semipesado P 270 6x4. A Iveco está desenvolvendo o Trakker Bi-Fuel Ethanol-Diesel, que já possibilitou na fase de avaliação do protótipo a substituição de 40% de diesel por etanol. Estudos indicam que o índice de biocombustível utilizado nesse veículo pode ser ampliado. O Trakker conta com dois tanques de combustível, um para o etanol e outro para o diesel. Um sistema eletrônico gerencia as dosagens de cada um deles. A empresa Man também desenvolve projeto nessa área. “Seria muito interessante que o setor sucroenergético olhasse com atenção para essas tecnologias, porque estaria, dessa forma, utilizando o seu próprio produto. Existe uma visão de muitos empresários de que se for mais rentável vender o etanol do que usá-lo internamente, então ele prefere comercializar o etanol”, diz o consultor de emissões e tecnologia da Unica. Alfred Szwarc enfatiza que o maior desafio para o crescimento do mercado desses modelos de caminhão é a competitividade do etanol em relação a outros combustíveis. De acordo com André de Oliveira, gerente de produto para sistemas de ônibus urbanos da Scania, é necessário que o poder público ofereça incentivos para transportadoras que adquirirem caminhões movidos a combustíveis alternativos e também para operadoras que realizarem investimentos em ônibus a etanol. No caso do caminhão a etanol, ele diz que o P 270 é voltado para as empresas que estão procurando soluções mais sustentáveis para o transporte. “Diversos clientes estão testando o veículo”, informa. O modelo semipesado P 270 6x4, da Scania, com motor de 9 litros, desenvolve torque de 1.200Nm. É ofertado na versão chassi rígido, com quatro opções de trações: 4x2, 6x2, 6x4 e 8x2. Pode ser usado tanto no segmento rodoviário quanto no fora-de-estrada, em estradas de terra e pisos não pavimentados. O caminhão está homologado com CMT (carga máxima total) inferior ou igual a 45 toneladas. O modelo emite menos 90% de CO2, em comparação ao diesel. (RA)


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Benefícios ambientais abrem caminhos para venda de ônibus

Aumento do consumo vai gerar benefícios para a saúde pública

Apesar de ter o seu crescimento limitado a questões de custos e de competitividade em relação ao diesel, o ônibus movido a etanol, também disponibilizado pela Scania, apresenta forte apelo por causa dos benefícios proporcionados para o meio ambiente e para a saúde pública. A expectativa de representantes do setor é que políticas públicas nessa área levem em consideração as externalidades ambientais, sociais e econômicas positivas geradas na cadeia de produção de etanol. Única fabricante de ônibus movido a biocombustível de cana, a Scania comercializou 60 chassis a etanol para operadoras do transporte público urbano de São Paulo, em 2011 e 2012, informa André de Oliveira, gerente de produto para sistemas de ônibus urbanos da Scania. Nesse total, incluem-se 50 veículos que estão sendo utilizados pela MobiBrasil (antiga Viação Metropolitana) e 10 unidades pertencentes à Tupi Transportes. “Em função dos bons resultados operacionais dos veículos, com destaque para a confiabilidade e também para a ótima aceitação dos passageiros, acreditamos no potencial do crescimento em São Paulo”, afirma. A expectativa positiva é gerada também pelos objetivos do programa Ecofrota, que prevê a substituição integral de

“Olhando para o futuro, o mercado de veículos leves continuará sendo o grande consumidor de etanol, o de duas rodas crescente e o de veículos comerciais extremamente dependente de políticas públicas que reconheçam o valor ambiental do etanol”, resume Alfred Szwarc, da Unica. Além do impacto econômico e social, o uso do etanol em outros veículos poderá gerar grandes benefícios para a saúde pública e a qualidade do ar, principalmente nas grandes cidades. Um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) demonstra, por exemplo, que se toda a frota de ônibus da região metropolitana de São Paulo substituísse diesel por etanol, haveria importantes ganhos, como redução de internações hospitalares, diminuição de mortes precoces e também redução de custos sociais associados à doenças e mortalidade. “A grande vantagem da tecnologia 100% etanol da Scania é que conseguimos substituir integralmente a utilização de um combustível fóssil por uma fonte renovável e sustentável. É bom para a saúde pública, já que reduz as emissões de material particulado em até 50% e bom para saúde do planeta, reduzindo em até 90% as emissões de gás de efeito estufa, o CO2”, ressalta André de Oliveira. (RA)

Scania comercializou 60 chassis a etanol para operadoras do transporte público de São Paulo

combustíveis fósseis em toda a frota de ônibus da capital paulista até 2018. Fora de São Paulo, a Scania tem trabalhado – relata – a abertura de outros mercados, como o transporte de funcionários da indústria sucroenergética e também com empresas que possuem metas de redução de emissão de carbono. A Scania disponibiliza no Brasil os modelos F270, com motor dianteiro, e o K270, de motor traseiro. De acordo com André de Oliveira, o F270 possui versão de tração 4x2 e pode ser utilizado em aplicações severas, em pavimentos irregulares e ambientes rurais, no fretamento de curtas e médias distâncias e também na cidade, por causa da robustez de sua estrutura. O motor dianteiro do modelo possui 9 litros. O K270 pode ser ofertado nas trações

4x2 (para modelo convencional ou piso baixo), para utilização no transporte urbano e fretamento e na tração 6x2*4 (para encarroçamento no exclusivo chassi de 15 metros da Scania com piso baixo), para utilização no transporte urbano. Os modelos F270 e K270 desenvolvem 270cv de potência e torque de 1.200Nm. Segundo o gerente da Scania, a empresa disponibiliza na Suécia o motor a etanol há 20 anos. Na Europa, rodam atualmente aproximadamente 800 ônibus e 50 caminhões movidos a etanol. “Os ônibus são utilizados em aplicações urbanas e intermunicipais no transporte público e os caminhões são usados em operações de distribuição de mercadorias nos centros urbanos e no recolhimento de resíduos”, detalha. (RA)


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Produção de etanol ao vivo Microdestilaria simula, em proporções reduzidas, a operação de uma planta industrial de fabricação de álcool combustível CARLOS ALBERTO PACHECO, FREE

LANCE PARA O

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SÃO PAULO, SP

JORNALCANA

A unidade alagoana do Senai - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial irá montar a sua Microdestilaria Didática de Etanol, que prestará ensino “in loco”, mostrando a sua funcionalidade durante um encontro em São Paulo, no mês de junho. Segundo informações do Senai, a microdestilaria mostrará algumas virtudes importantes: a estrutura é móvel e flexível, além de propiciar locomoção e transporte com segurança. A microdestilaria ‘móvel’ talvez seja um diferencial no processo, pois facilita a realização de experimentos e estudos fora dos grandes centros urbanos. “Sem dúvida, a mobilidade é um fator muito importante”, declarou o diretor técnico do Senai de Alagoas, Marcelo Carvalho. Essa pequena unidade industrial possibilita o controle dos procedimentos por meio de sensores, motores, válvulas e bombas centrífugas monitorados por um controlador lógico programável (CLP). Trata-se de equipamento eletrônico digital com hardware e software compatíveis com aplicações industriais. Assim, todas as etapas do processo produtivo da microdestilaria possuem monitoramento e controle sem margem de risco ou erro. Segundo informações de Carvalho, o sistema é automatizado, desde o acionamento da moenda,

Senai: ensino itinerante de produção de etanol

tratamento de caldo, fermentação, até a destilação final para a extração do álcool combustível. Ou seja, todas as fases de fabricação do produto passam por uma rígida supervisão, nos mesmos moldes de uma destilaria industrial. “Esse equipamento pode ser utilizado pela indústria e por instituições de pesquisa para experimentos de produção de etanol”, garante o diretor-técnico. A produção obtida pela microdestilaria permite, em custo e escala reduzidos, o desenvolvimento de novas tecnologias. O Senai de Alagoas informa que, por meio dessa

pequena usina, é possível capacitar profissionais nas áreas de instrumentação e controle de processos, operação de produção de álcool, sistemas de destilação e de processo de fabricação, entre outros. Tais áreas são alvos de cursos profissionalizantes realizados pela entidade, cuja procura vem crescendo nos últimos anos. O equipamento conquistou o prêmio Inova Senai 2010. Carvalho revela, ainda, que a microdestilaria vem sendo utilizada por produtores de cana-de-açúcar de 14 estados.


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Microdestilaria de etanol alagoana cruzou o Brasil Em 2011, a microdestilaria de etanol alagoana cruzou o Brasil até chegar ao Sul. No segundo semestre daquele ano, o Senai do Paraná comprou o equipamento. Hoje, graças a essa aquisição, são formados vários profissionais para atuar no setor sucroenergético de Maringá (local de instalação de usina) e norte do estado. A compra surgiu num momento em que havia – e ainda há – grande demanda por mão de obra qualificada ou não para o setor. O presidente da Associação dos Produtores de Álcool e Açúcar do Paraná (Alcopar-PR), Miguel Rubens Tranin, disse, na época, que a “ microdestilaria é que vem ao encontro dos esforços de inserir os trabalhadores braçais, cortadores de cana em atividades melhores remuneradas em um ambiente de trabalho mais agradável”. Do Sul ao Norte. Em julho de 2012, o Senai de Araguaína, TO instalou uma planta da microunidade industrial, com um objetivo plenamente cumprido. A entidade a transformou em principal recurso didático da área de automação industrial aos alunos do curso de aperfeiçoamento durante as aulas práticas. A instalação da microdestilaria de etanol integra o laboratório de Automação Industrial instalado no Centro de Educação e Tecnologia do Senai de Araguaína, considerado o único laboratório dessa

natureza em todo o Estado do Tocantins. No Nordeste, microdestilaria também atraiu as atenções. Em setembro do ano passado, durante a Feira do Empreendedor realizada em João Pessoa (PR), o Centro de Educação Profissional Odilon Ribeiro Coutinho, ligado ao Senai daquele Estado, expôs o equipamento. Os alunos acompanharam o processo de produção de biocombustível. A exemplo do Paraná e Tocantins, a miniusina atendeu ao objetivo de qualificar trabalhadores para o setor – exigência que explica também a grande demanda por pessoal capacitado a atuar na área sucroenergética existente na Paraíba. Líderes do setor defendem abertamente o desenvolvimento de microdestilarias por todo o País. Em recente manifestação, o presidente da Comissão Nacional de Cana-de-Açúcar da CNA - Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, Gerson Carneiro Leão, foi além: defendeu a formação de cooperativas de pequenos produtores que possam viabilizar financeiramente essas estruturas industriais. Leão ressaltou a importância da criação de linhas de financiamento para fornecedores que produzam cana em até 20 hectares em associação com cooperativas, visando a fabricação de etanol, açúcar e outras fontes renováveis de energia. (CAP)


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ENTREVISTA – Cid Caldas

NÓS SÓ QUISEMOS AJUDAR! Diretor do Mapa critica insatisfação do setor com as medidas de incentivo à retomada do crescimento ANDRÉ RICCI, DA REDAÇÃO

Em entrevista exclusiva ao JornalCana, Cid Caldas, diretor do Departamento de Cana-de-Açúcar e Agroenergia do Mapa — Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, criticou a forma como alguns representantes do setor receberam as últimas medidas de incentivo para retomada do crescimento, elaboradas pelo governo. O representante falou sobre o mercado de etanol, açúcar, biomassa e logística. JornalCana: Que avaliação o senhor faz sobre o setor sucroenergético? Cid Caldas: O setor começou a tomar um novo rumo em 2012, após problemas financeiros e de produtividade ocorridos em 2008. O segmento está se reerguendo e a perspectiva é promissora. A que se deve esta recuperação? No último ano, disponibilizamos um programa de financiamento para a renovação dos canaviais, o ProRenova, porque tivemos uma perda de produtividade em decorrência da falta de práticas adequadas. Foram destinados R$ 4 bilhões para este projeto, que no início, passou por algumas dificuldades burocráticas, mas que ao longo do ano foram superadas. Nunca houve um programa com prazos tão longos como este. Em 2013, renovamos a iniciativa, que conta com mais R$ 4 bilhões à disposição do produtor, com uma taxa muito atrativa, no caso 5,5%. O segundo programa é a questão do financiamento de estoque. O dinheiro estava à disposição e não foi usado, pois não havia nada para estocar. Mas os produtores nos solicitaram que nesta safra o programa fosse refeito e nós atendemos. Só quisemos ajudar. Como o senhor avalia o pacote de incentivos ao etanol? Todas as medidas anunciadas até agora são positivas. Logo no início do ano, o aumento do preço da gasolina já trouxe competitividade do etanol hidratado em relação ao combustível fóssil. Mas é muita reclamação. Os representantes do setor nunca estão satisfeitos. Qual medida apontada que não tomamos? Claro que todos querem uma política de preços diferenciada. Mas não é só o etanol que movimenta a economia. Quando você alinha, por exemplo, o preço da gasolina com o mercado internacional, você pode aumentar a inflação no país. E isso não afeta só o setor, mas o país como um todo. O Brasil conseguirá alinhar os preços da gasolina com o mercado exterior? Se lá na frente o preço dos barris caírem, este setor vai aceitar? Tenho certeza que não. Mais uma vez, vão querer que o governo tome uma medida para conter o preço. É muito discurso e pouca ação. Gostaria de ver estes representantes na cadeira do governo para saber se eles tomariam essas medidas. O anidro foi esquecido pelo governo neste pacote? O aumento da mistura de 20 para 25% de etanol na gasolina acarretará 1,9 bilhões de litros de etanol nesta safra, o que já é um grande incentivo. Existem também as regras de comercialização da ANP — Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, onde as distribuidoras são obrigadas a fazer contratos, o que traz

uma garantia ao produtor. Essa regra foi implementada na safra passada, aperfeiçoada para a atual e trará resultados. Além do financiamento de estoque, que vale para os dois tipos de etanol. São três medidas que o governo tomou que contemplam o etanol anidro. É viável pensarmos em apenas um tipo de etanol no país? Isso já foi colocado em pauta pelo Ministério de Minas e Energia. Estamos fazendo testes técnicos para saber se será favorável. Não vejo nenhuma mudança em curto prazo neste sentido. Teríamos que passar as barreiras técnicas e tributárias, já que de um produto

para o outro existem diferenças. Caso fosse possível ultrapassar essas duas barreiras, podemos pensar em mudanças. Sobre os problemas de logística do setor. quais as perspectivas? Não podemos comparar o problema da safra de grãos com a do setor sucroenergético. As exportações de açúcar se dão em meados de junho e julho, quando não teremos a mesma magnitude do problema que vemos agora com os grãos. Já o etanol adicional não vai causar transtorno, como já não vem causando. Não vejo maiores problemas nesta parte.


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#minasgerais Estado de Minas Gerais partiu nesta safra para a 2ª colocação no ranking de cultivo ANDRÉIA MORENO, DA REDAÇÃO

A área de cana-de-açúcar brasileira destinada à produção na safra 2013/14 deverá crescer 4,8% ou 408 mil hectares em relação à safra passada. Os dados foram divulgados no início de abril pela Conab - Companhia Nacional de Abastecimento. O que impulsiona a alta é a área de renovação e/ou novas áreas de canaviais previstas para acontecer na atual temporada estimada em 16,92% das lavouras atuais. E disso, Minas Gerais entende muito bem, pois a consolidação das novas usinas dará um grande impulso na produção atual. Nesse cenário otimista, Minas Gerais poderá voltar para a segunda colocação no ranking de cultivo. Da área total cultivada com cana-de-açúcar colhida na safra 2013/14 estimada pela Conab em 8,89 mil hectares, Minas Gerais poderá se tornar o segundo maior estado produtor, ultrapassando o estado de Goiás. No ranking do cultivo estimado pelo órgão em 2013, São Paulo produz 51,3% (4.560,88 mil hectares) da área plantada e Minas Gerais cultiva 9,31% (827,97 mil hectares), contra a diferença mínima dos 9,3% (827,03 mil hectares) de Goiás. Já o Paraná vem na quarta colocação, com cultivo de 7% (624,02 mil hectares), seguido do Mato Grosso do Sul, 6,6% (586,22 mil hectares) e dos estados do Nordeste: Alagoas com 5% (441,25 mil hectares) e Pernambuco, com 3,3% (295,39 mil hectares).

A projeção do cultivo de cana no país será menor em relação à safra passada, pois o Centro-Sul deverá ter um incremento de 489,34 mil hectares na área de cana-deaçúcar, ou 17,91% nas áreas de canaviais. Para a Região Norte/Nordeste há uma projeção de aumento de 13,57 mil hectares de cana-de-açúcar. Os estados com maiores áreas de expansão devem ser: São Paulo,

Goiás, Minas Gerais, Paraná e Mato Grosso do Sul, de acordo com a Conab. A área de renovação dos canaviais no Brasil, prevista para a safra 2013/14 pela Conab, deverá alcançar 968,38 mil hectares. "Na Região Centro-Sul, a área de renovação deverá atingir 867,27 mil hectares, correspondendo a 11,45% das lavouras atuais", diz o boletim.

A empresa destacou. nesse aspecto. os estados de São Paulo, Paraná, Goiás e Minas Gerais, que juntos, devem responder por 718 mil hectares de área de renovação no Brasil. A Região Norte/Nordeste deverá apresentar mais de 100 mil hectares de áreas renovadas, ou 9,01% das lavouras da safra 2013/14, revela a Conab em seu boletim.


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Consolidação e recuperação agrícola dão fôlego à safra mineira Não há dúvida que os últimos anos foram sacrificantes para os estados produtores de cana, mas uma série de fatores fez com que Minas Gerais voltasse à posição de destaque no cenário nacional. Apesar da chuva que atrasou a safra atual em torno de 20 dias, 2012 foi o ano da recuperação agrícola no estado. Prova disso é a produtividade agrícola que chegou a 73 toneladas/ha, contra o número abaixo de 70 t/ha da safra anterior. Apesar dos números mais conservadores que os da Conab, a Siamig (Associação das Indústrias Sucroenergéticas do Estado de Minas Gerais) estima uma safra de 57 milhões de toneladas, ou 10% maior do que a temporada anterior. “Se os dias parados forem recuperados e o clima ajudar, o estado poderá chegar próximo de 60 milhões de toneladas”, reforça o secretário executivo da entidade, Mário Campos. Para ele, não é somente a produtividade que irá impulsionar a safra, mas também o crescimento na área de moagem. “As usinas que entraram em operação nos últimos anos estavam em seu processo de consolidação e houve grande renovação em 2012, principalmente em cana de 18

meses, que não foi colhida, e será colhida em 2013. O clima ajudou, a cana está mais nova e mais produtiva, houve renovação e expansão, o que vai aumentar a área colhida e vai elevar a produção”, diz. De acordo com o executivo, a grande questão que vai definir se o estado irá ultrapassar Goiás é a questão do aproveitamento de tempo. “Tudo vai depender da quantidade de chuva”, lembra. Na opinião de André Rocha, presidente do Sifaeg, a moagem de Minas e Goiás devem ser bem próximas, mas também acredita que irá depender das chuvas e do inverno. “Minas poderá superar Goiás este ano, mas com o surgimento de novas unidades, a próxima safra goiana será maior. Em 2013, o estado ganhará duas novas unidades, a Cambuí e a SJC Cachoeira Dourada, além de outra que será reativada, chamada Uruaçu, que foi vendida há dois anos e reformada. A usina Boa Vista, Jataí e da Tropical da BP ainda serão reformadas”. Por ainda não divulgar seus números de safra, Rocha apenas adiantou que serão maiores do que da safra 2012/2013 que foi de 52,7 milhões de toneladas. (AM)

Mário Campos, de Minas Gerais: estado poderá chegar próximo de 60 milhões de toneladas


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Paraná deve “empatar” safra e ter cana menos “doce” Das 30 unidades do Estado, 27 estarão em operação na safra 2013/14 do Paraná, mas a chuva foi a grande protagonista deste início de safra. "A chuva prejudicou o início de safra, tanto é que no dia 16 de abril a cana apresentava 98 kg ATR por tonelada, quando no mesmo período de 2012, estava com 112 kg de ATR. Quanto mais a cana vegeta, menos concentra açúcar, pois tivemos neste período 12,2% menos açúcar do que o período de 2012”, enfatiza José

Adriano Dias, superintendente da Alcopar, que prevê um empate nos números de moagem desta temporada. Em 2012, o estado fechou com uma média de 137 kg de ATR/t, mas Dias acredita na queda este ano. “A cana aumenta o peso com a chuva, fica inchada. A qualidade da cana está sendo beneficiada com a chuva, mas a quantidade de açúcar poderá ser influenciada negativamente", ressalta. (AM)

José Adriano Dias: chuva foi a grande protagonista deste início de safra

Estado investe em estradas

MOAGEM BEIRA 40 MILHÕES DE TONELADAS - A previsão de moagem do Paraná para o ciclo atual é de 39,7 milhões de toneladas. Adriano Dias revela que apenas a Central do Paraná iniciará a moagem em junho, devido a menor quantidade de matéria-prima disponível.

A grande novidade da temporada ficou por conta do anúncio do governador do Paraná, Beto Richa, que irá disponibilizar R$ 300 milhões até 2016 para recuperação das estradas que escoam a safra canaveira. O anúncio faz parte do programa "Caminhos do Desenvolvimento Sucroalcooleiro", que vai melhorar a infraestrutura nas estradas rurais entre as áreas de plantio da cana-de-açúcar até as usinas de processamento. O investimento é parte de uma parceria entre Estado e o setor produtivo, através da Alcopar - Associação dos Produtores de Álcool e Açúcar do Estado do Paraná e objetiva até o final de 2014 beneficiar 73 municípios do Noroeste e Norte Pioneiro, e 25 usinas, cuja produção canavieira tem forte impacto na economia e onde vivem cerca de 1,5 milhão de paranaenses. Segundo o governo, nos dois primeiros anos serão investidos R$ 168 milhões e as prefeituras vão participar aderindo ao programa e, depois, realizando manutenções nas novas pontes e estradas que forem melhoradas. (AM)


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Alto índice de renovação do canavial fará safra Centro-Sul crescer 10% Unica prevê que o adicional de cana pode ficar para o próximo ciclo ANDRÉ RICCI,

DA

REDAÇÃO

A safra 2013/14 no Centro-Sul deve crescer 10,67%. É o que indica a estimativa da Unica - União da Indústria de Cana-de-Açúcar, que prevê uma moagem de 589,60 milhões de toneladas. O incremento se dará também na área de cana-de-açúcar disponível, que deve expandir 6,50% de acordo com a entidade. O aumento se deve ao elevado índice de renovação do canavial na região. Cerca de 20,49% da área total passou pelo processo de renovação, o que diminui a idade média da lavoura a ser colhida. Como reflexo deste maior índice, estima-se um aumento de cerca de 3,10% na produtividade. Esse é o chamado efeito tombamento, que relaciona a idade do canavial à produtividade agrícola média da área. Condições climáticas favoráveis e demais variáveis que também devem influenciar o rendimento agrícola, como a incidência de florescimento, probabilidade de geada, índice de infestação de pragas e doenças devem redundar em um crescimento adicional de 4,57% na produtividade, de acordo com informações da Unica. Quanto a produtividade agrícola, a região deve atingir 80 toneladas por hectare, sendo que no último ciclo, chegou a 74,30 toneladas de cana-de-açúcar por hectare. Este aumento de 6,50% na área de colheita deverá resultar em um crescimento total superior a 14% na disponibilidade

de cana-de-açúcar para a produção de açúcar e de etanol, conforme boletim da Unica. Com o período chuvoso do início da safra, boa parte da matéria-prima adicional não deve ser colhida. "Dificilmente conseguiremos compensar essa perda ao longo da safra e, portanto, assumimos que o valor histórico de 1,5% de cana bisada poderá atingir 3,5% em 2013/2014, ou seja, 3,5% da matéria-prima disponível deverão ser processadas apenas no começo da safra 2014/2015”, explica o diretor técnico da Unica, Antonio de Pádua Rodrigues. De acordo com a pesquisa periódica realizada pela Unica, em 1º de maio 220 usinas estavam em safra na região Centro-Sul, frente a 154 apuradas no mesmo período do ano anterior.

Abag prevê dificuldades neste ciclo e alerta para adoção de novas variedades Durante a 11ª edição do Seminário Guarani, realizado em 24 de abril, em São Paulo, Luiz Carlos Corrêa Carvalho (Caio), presidente da Abag - Associação Brasileira de Agribusiness, falou sobre as perspectivas da safra 2013/14. “A tarefa fica mais difícil a cada ano, já que os fatores que interferem a produção são diversos. Antes, sabíamos mais ou menos os meses em que choveria. Hoje, com as intempéries climáticas, é complicado apontar como será. No último ciclo, por exemplo, moemos mais em um período atípico”, comentou. Avaliando o trabalho de entressafra, Caio prevê dificuldades neste ciclo e alerta para a adoção de novas variedades de cana-de-açúcar nos próximos ciclos. “Estamos passando por um período de envelhecimento dos canaviais, aprendizado na adoção da mecanização e de incertezas políticas. Bem por isso, precisamos de novas variedades, que sejam capazes de suportar as adversidades”, disse. Caio se mostrou reticente em relação as últimas medidas do governo para retomada do crescimento do setor sucroenergético. “Enxergo as últimas medidas de incentivo ao etanol como uma espécie de “puxadinho”. Elas são temporárias, não definitivas. Não é disso que precisamos”, reiterando as críticas aos parlamentares. O representante lembrou que é necessário um planejamento ao tomar as decisões. “O tempo político é completamente diferente do tempo técnico. O segmento não é tratado como prioridade no país. Nem o agronegócio, em geral, é lembrado no país. Exemplo disso é a questão logística, que se encontra apavorante. Não dá para continuar com regras que mude a cada governante”, finalizou. (AR)


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PRODUÇÃO

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Guarani estima aumento da produção de etanol Diretor-presidente entende que sinalização do governo em relação ao biocombustível foi importante ANDRÉ RICCI,

DE

SÃO PAULO, SP

Em evento realizado no dia 24 de abril, em São Paulo, a Guarani, uma das maiores companhias do setor, indicou que sua produção de etanol no ciclo 2013/14 ficará entre 650 e 700 milhões de litros, valor relativamente maior do que a perspectiva inicial, que apontava a produção de 600 milhões de litros. A informação foi passada pelo diretorpresidente da empresa, Jacyr Costa, que se mostrou otimista com as recentes medidas de incentivo ao etanol anunciadas pelo governo. "Fiquei animado com a sinalização em relação ao biocombustível, até porque o beneficio deve ficar na produção e com isso teremos preços médios 15% mais altos que na safra anterior”, disse. Questionado se o etanol será prioridade neste ciclo, Costa diz que ao menos na Guarani, não. “Esse aumento na produção de etanol não deve impactar na queda do açúcar. Vamos moer mais e com isso produzir o mesmo de açúcar que na safra passada”, explicou. Sobre investimentos, o representante apontou que o momento não é de expansão, mas sim de aprimoramento da estrutura atual. “Estamos focados em aumentar a produtividade. Com o aumento da demanda mundial por etanol, precisamos garantir sua competitividade

Jacyr Costa, diretor presidente do Grupo Guarani: animado

futura. Estamos triplicando nossa cogeração até 2015, investindo na renovação de técnicas agrícolas, melhorando a eficiência industrial, além de aumentar as fábricas para uma otimização da escala. Nesse momento temos de buscar ganhos de eficiência para depois pensar em um crescimento externo”, finalizou. A Guarani conta com sete unidades industriais localizadas no Noroeste do Estado de São Paulo, sendo a de Cruz Alta, de Olímpia, Severínia, em Severínia, São José , de Colina, Tanabi, de Tanabi, Andrade, de Pitangueiras, Mandu, de Guaíra e Vertente, de Guaraci - onde tem participação de 50%. Ao todo, as unidades têm capacidade de produção de 20 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, 1,9 milhão de toneladas de açúcar, 860.000 m³ de etanol e 400 GW/h de energia. (AR)

Usina São Jose, do Grupo Guarani

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LOGÍSTICA & TRANSPORTES

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Senado aprova MP dos Portos, mas Dilma pode vetar artigos ANDRÉIA MORENO, DA REDAÇÃO

Por 53 votos a favor, sete contra e cinco abstenções a medida provisória conhecida como MP dos Portos foi aprovada no último dia 16 de maio pelo Senado. A aprovação aconteceu horas antes de perder a validade. Em seguida, o texto foi encaminhado para sanção da presidente Dilma Rousseff. O prazo para apreciação da presidente expira no dia 5 de junho. A MP 595/2012 prevê modernizar os portos e atrair novos investimentos através de um novo marco regulatório para o

sistema portuário brasileiro. Essa medida estabelece novas regras para a exploração e arrendamento para a iniciativa privada de terminais de movimentação de carga em portos públicos. A presidente Dilma Rousseff estuda vetar alguns artigos da MP dos Portos, segundo a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti. De acordo com ela, um dos pontos que devem ser revistos é a prorrogação dos contratos. Para ela, é preciso ter eficácia na operabilidade, por isso será preciso reestruturar os portos. “Não podemos mais ter nos portos brasileiros terminal de grão ao lado do terminal de líquido”, revela.

Entenda a Medida Provisória A Medida Provisória dos Portos já sofreu mais de 150 modificações desde o início de sua tramitação. A partir de sugestões de parlamentares, o senador Eduardo Braga (PMDB-AM), acatou sugestões apresentadas pelos parlamentares e propôs alterações em relação ao texto original. Veja algumas delas, segundo a Agência Brasil: Terminal indústria – Foi criada a figura do terminal indústria, que movimenta apenas carga própria. Será dispensada a chamada pública e o processo seletivo, desde que isso não interfira

indevidamente no funcionamento do porto organizado. Coibir concentração – O novo texto inseriu dispositivos que vedam às empresas com mais de 5% de participação societária de empresas de navegação (armadores) a participar em licitação para arrendar ou a obter autorização para operar terminais de Uso Privado. Critérios de licitação – Os critérios de licitação foram reformulados, de forma a privilegiar a maior eficiência com a menor tarifa. Foi retirado do texto a menção de maior movimentação de cargas por se tratar de aspecto fora do domínio do arrendatário. Renovação dos contratos – Os contratos celebrados antes de 1993 poderão ser renovados pelo prazo de até cinco anos. Outros, em vigor, poderão ter sua prorrogação antecipada desde que o arrendatário assuma a obrigação de realizar investimentos.


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Colhedora Multi Row foi premiada na Agrishow FULVIO PINHEIRO MACHADO, DE

SÃO CARLOS, SP

CONSULTOR

DO

JORNALCANA

Um dos destaques na recente Agrishow 2013 foi o lançamento da colhedora de cana A8800 Multi Row da Case IH, que pelas suas características inovadoras foi premiada com o Troféu Ouro do Prêmio Gerdau Melhores da Terra, na categoria novidades. Essa colhedora possui um exclusivo e patenteado sistema de divisores de linha, que tem como característica a flexibilidade de atender à colheita em diferentes espaçamentos por ser ajustável mediante as necessidades do produtor. Segundo Fábio Balaban, especialista de marketing para colhedoras de cana da Case IH para América Latina, o sistema de divisores de linhas é configurado para trabalhar em diversos tipos de canaviais. “Esse novo sistema desenvolvido pela Case IH, atende tanto espaçamentos reduzidos como combinados. A colhedora A8800 Multi Row possibilita a colheita de linhas adjacentes de 1,5m, totalizando 3m de largura de corte mecanizado”, destaca Balaban. Além da colhedora Multi Row, a Case IH expôs as colhedoras de cana-de-açúcar da série A8000 e A4000, modelo 2013, que apresentam uma série de características aprimoradas. A Case IH também fez na Agrishow o lançamento comercial da versão 2013 do simulador das colhedoras de cana série A8800. O equipamento conta com tecnologia de ponta, que usa realidade virtual para capacitação de mão de obra e ganha uma nova versão, agora com 16 módulos, que vão do modo iniciante ao avançado, estando disponível em toda a rede de concessionários da marca.

Colhedora de Cana Case IH A8800 Multi Row

A Case Construction também esteve presente com máquinas que são originalmente aplicáveis à área de construção civil, mas que no entanto vem ganhando usuários também no setor sucroenergético para obras de arruamentos, transporte de bagaço e insumos, entre outras atividades. Estiveram expostas as máquinas de construção mais usadas no agronegócio em geral: pás carregadeiras 621D e 721E versão canavieira, pá carregadeira W20E, escavadeiras hidráulicas CX160B e CX220B, motoniveladora 865B, retroescavadeira 580N, miniescavadeiras CX55B, midiescavadeira CX80B e minicarregadeiras SR175 e SV185.

“Não existe uma fazenda de grãos ou uma usina de açúcar que não precise de uma pá-carregadeira para carregar insumos, a produção e fazer serviços gerais. Muitas máquinas de construção têm larga aplicação no agronegócio”, explica Roque Reis, diretor geral da Case Construction para a América Latina. A marca recebeu no evento 130 pedidos de máquinas. “A empresa investe para atender o agronegócio e a Agrishow é uma feira muito importante para divulgar nossos equipamentos. A participação do segmento nas vendas dobrou nos últimos três anos e já chega a 8%”, declara Reinaldo Remião, gerente nacional de vendas.


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Piloto automático facilita operações de campo Massey Ferguson e Valtra apresentam o Auto Guide 3000 na Agrishow 2013 O Grupo AGCO, através de suas marcas de comercialização Massey Ferguson, Valtra e Santal apresentou na Agrishow 2013, uma linha completa de equipamentos voltados para a Agricultura de Precisão. O Auto Guide 3000, um sistema de piloto automático oferecido pela Massey e pela Valtra, possibilita até 3 níveis de precisão: submétrico, até 30 cm de precisão entre as passadas; decimétrico, 10 cm de precisão na passada; e por fim, o centimétrico que por meio de sinal RTK consegue uma precisão de até 2,5 cm na passagem dos equipamentos. Os comandos são executados em uma tela touchscreen de 12,1 polegadas. Outra novidade é a rede RTK, que consiste em bases que corrigem o sinal dos satélites utilizados nos sistemas de georreferenciamento e direcionamento das máquinas. “O sinal dos satélites contém erros que são normais, e para o utilizarmos em máquinas agrícolas precisamos usar de métodos para a correção destes erros, com o objetivo de melhorar a precisão dos equipamentos embarcados nas máquinas. A correção de sinal RTK é o mais preciso dos métodos, conferindo uma precisão de até 2,5 cm. Estas redes vêm oferecer ao cliente a possibilidade de utilizar essa tecnologia sem a necessidade de adquirir uma base RTK apenas para sua propriedade”, explica Niumar Dutra Aurélio, coordenador de marketing de produto ATS Massey Ferguson. O Auto Guide 3000 possui um software de funções avançadas que permitem operar a modalidade de Sistema de Tráfego Controlado. Esse conceito permite a

Auto Guide 3000 instalado em trator

implantação de programas de padronização de larguras de trabalho e bitola das máquinas, além do planejamento das operações no campo para concentrar a passagem de máquinas e implementos em uma área específica, utilizando o mesmo rastro e integrando todas as operações na lavoura, eliminando assim a compactação nas demais áreas. Por meio da unificação de ferramentas como piloto automático, o trabalho das máquinas torna-se mais preciso e planejado,

aumentando o controle das operações no campo. O fabricante afirma que de acordo com pesquisas, em sistemas de cultivo que utilizam o tráfego aleatório de máquinas, a compactação do solo pode chegar a 86%. Já com a implantação do conceito de tráfego controlado este percentual pode cair para até 14%. O aumento da densidade do solo acarreta em perdas, como: crescimento lento e distorcido de raízes, redução de porosidade, aeração e infiltração de água no solo. (FPM)


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Ferramenta de agricultura de precisão facilita geração de linhas de plantio A Agricultura de Precisão, ou AP, como comumente é denominada já vem trazendo resultados importantes para a lavoura canavieira, com ferramentas que possibilitam uma melhor adequação da lavoura na área agrícola, aplicação de insumos em quantidades adequadas a cada segmento e facilidades no gerenciamento e tomada de decisões. A Sysgraph, uma empresa do grupo Hexagon, uma multinacional sueca que também comercializa os produtos de georreferenciamento Leica Geosystems, fornece uma ferramenta de Agricultura de Precisão denominada SmartAgri, constituída de três módulos que são diretamente voltados ao aumento de produtividade e redução de custos de produção na lavoura: Geração de Linhas de Passada para Piloto Automático, Tecnologia de Aplicação em Taxa Variada e Portal Web para Gestão Agrícola. “O Sistema de Geração de Linhas de Passada foi implantado com sucesso na Usina Guaíra, localizada em Guaíra-SP. Essa tecnologia permite maior segurança e confiabilidade no plantio, pulverização ou colheita, uma vez que a utilização do piloto automático permite aumentar as linhas de plantio por hectare em relação ao método convencional, através de um

Lucas Trindade da Leica Geosystems

projeto racional, realizado no escritório e com base em um levantamento do terreno e das características dos equipamentos”,

afirma Lucas Trindade, responsável pela área de agricultura da Leica Geosystems na América Latina.

“Agora é possível ter uma visão espacial de toda a área do talhão antes de iniciar os trabalhos, dispensando as gravações in loco com os tratores para gerar linhas mestres, o que gastava tempo e combustível, além de impossibilitar simulações que otimizassem o resultado, como é o caso hoje” declara Alfredo Barbosa Neto, Coordenador de Geotecnologia na Fazenda Rosário, pertencente à Usina Guaíra. O Sistema implantado pela Sysgraph possibilitou a padronização das entidades geométricas, multiplicação em massa de linhas retas ou curvas, simulação de pontos críticos de curva, inteligência na suavização de curvas, validações dos limites dos ângulos nas curvas, plotagem de mapa de orientação do trabalho, além de acabamentos vetoriais nos limites dos talhões. Ainda de acordo com Alfredo, problemas como linhas que precisam ser estendidas ou aparadas, ou ainda que são propagadas mas que não serão utilizadas ficaram fáceis de se editar. “O processo de melhoria no trabalho de geração automática de linhas de passadas tornou-se mais rápido, possibilitando uma análise criteriosa do projeto”, conclui. (FPM)

Implementos maiores reduzem custos na lavoura canavieira Grades super pesadas abreviam o tempo no preparo do solo O crescente aumento de capacidade das unidades produtoras, quer pela implantação de novas unidades com maior poder de processamento localizadas nas novas fronteiras da lavoura canavieira, quer pela ampliação das usinas já existentes, tem demandado novas soluções em máquinas e implementos na área agrícola de forma a atender as necessidades do aumento de produção. Paralelamente, com o avanço da colheita mecanizada, novas sistemáticas de trabalho têm sido desenvolvidas com o objetivo de assegurar um aumento de rendimento operacional, uma vez que a quantidade de cana a ser manejada tem aumentado significativamente e o espaço de tempo disponível para as operações agrícolas tem permanecido praticamente o mesmo. Diante deste cenário, o desenvolvimento e a fabricação de máquinas e implementos maiores e mais eficientes que proporcionem mais agilidade e redução de custos têm sido o objetivo dos fabricantes para atender estes novos padrões de demanda. Considerando as necessidades do mercado e a disponibilidade atual de tratores de maior potência, a Civemasa, empresa voltada a área canavieira da Marchesan, fabricante de máquinas e

William Henrique Rossi e José Luiz Bortolucci, da Civemasa, juntos à grade GASPRC-495 26

implementos sediada em Matão-SP, projetou as grades aradoras super pesadas da linha GASPRC-495 para atender as necessidades de preparo profundo do solo. As grades desta linha possuem estruturas tubulares e estão disponíveis em sete modelos de diferentes capacidades, de 12 a 26 discos de 36 a 40 polegadas e para serem tracionadas por tratores de 230 a 530cv, dependendo do tamanho grade. Esta linha de grades recentemente

recebeu mais um modelo, que foi apresentado na Agrishow 2013. Trata-se da GASPRC-495 26, com 26 discos de 40”, que se tornou o sétimo modelo e a maior da linha, necessitando de tratores de 460 a 530cv para tracionamento. Os cubos dos rodeiros são dotados de dois rolamentos cada, devidamente protegidos contra poeira e umidade. A barra offset é perfurada, o que permite deslocamentos laterais com melhor ajuste em diferentes condições de tração.

Estas grades da linha GASPRC-495 são equipadas com um conjunto estabilizador que atua no nivelamento das seções de discos e a barra de tração é ajustável para deslocamento angular da grade. Este é um exemplo de como os fabricantes de implementos tem se mobilizado para oferecer equipamentos de maior capacidade para atender as novas necessidades da lavoura canavieira de maior rendimento e redução de custos. (FPM)


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Agricultura de precisão revoluciona a lavoura Tecnologia traz novas perspectivas para o aumento de produtividade Nos últimos anos a lavoura canavieira evoluiu consideravelmente graças à absorção de novas tecnologias que têm contribuído com o objetivo de se aumentar a produtividade e consequentemente a rentabilidade dos canaviais. Uma dessas tecnologias que proporciona um grande impacto em perspectivas e resultados é a Agricultura de Precisão, também conhecida pela sigla AP. Como toda tecnologia em fase de assimilação, a AP muitas vezes não é perfeitamente compreendida, o que faz com que os investimentos efetuados em máquinas e equipamentos não atinjam plenamente os resultados desejados. "Agricultura de Precisão não se restringe ao uso de máquinas, computadores e tecnologia GPS para o monitoramento da propriedade agrícola. Trata-se antes de saber identificar as diferenças do campo e respeitá-las, para que não haja desperdício, tanto no bolso quanto para o meio ambiente”, explica o coordenador da Rede de Agricultura de Precisão da Embrapa, Ricardo Inamasu. Segundo ele, antes do agricultor preocupar-se com a aquisição de tecnologia é preciso que ele entre em contato com o real objetivo da agricultura de precisão: o gerenciamento detalhado das atividades agrícolas, levando-se em consideração a chamada variabilidade espacial e climática. Na Agricultura de Precisão deixa-se de considerar a lavoura como um único bloco homogêneo, como na agricultura tradicional, para identificar as características específicas de cada fração do terreno. Portanto, por exemplo, ao invés de se

Ricardo Inamasu, coordenador da Rede de Agricultura de Precisão da Embrapa

aplicar uma formulação fixa de corretivo de solo por toda a área, é feita a dosagem específica para cada segmento de área de acordo com as características de cada ponto. É isto, que não só possibilita uma aplicação mais racional de insumos, mas também gera uma grande economia e também livra o ambiente de aplicações excessivas. No entanto, como a necessidade de amostragens se torna extremamente elevada e também a localização precisa de cada segmento de área, a técnica de AP não pode ser feita pelos métodos habituais. É necessário se lançar mão de sistemas de determinação por sensoreamento e de

posicionamento georreferenciais. Assim, a Agricultura de Precisão só se tornou uma possibilidade prática a partir da existência dos sistemas de posicionamento globais, como o GPS e seus similares mais recentes, como o GLONASS. Também, para que as medições das características desejáveis da lavoura sejam possíveis, métodos de sensoreamento indiretos, como condutividade do solo, foram desenvolvidos para quantificação de uma determinada variável. Para que se atinjam os resultados almejados com a AP, também é necessária a mecanização de todas as atividades, sem o que, o trabalho de determinação das

variáveis e práticas culturais subsequentes não pode ser realizado em um período de tempo adequado ao ciclo da lavoura. Outro aspecto importante, à medida que se multiplicam os equipamentos e sensores para a AP fornecidos pelos diversos fabricantes é a comunicabilidade entre eles. Para tanto, esforços estão sendo realizados para o uso de um protocolo de dados padrão, o ISOBUS. Assim, através da mecanização intensiva das lavouras e o emprego da Agricultura de Precisão, já é possível antever que em um futuro não distante, várias operações agrícolas sejam realizadas automaticamente e controladas remotamente. (FPM)


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Kit “Colheben” da DMB exposto na Agrishow 2013

Implementos aumentam a eficiência das colhedoras DMB oferece kit que permite o corte simultâneo de até 3 linhas A DMB Máquinas e Implementos Agrícolas, empresa sediada em Sertãozinho-SP, oferece uma extensa linha de produtos para a lavoura de cana-deaçúcar que são empregados nas áreas agrícolas das usinas brasileiras e de seus fornecedores, como também exporta equipamentos para diversos países em vários continentes.

Através de seu Departamento de Engenharia, a DMB desenvolveu e fabrica um kit para aumentar a capacidade das colhedoras de cana denominado de “Colheben” que permite a colheita em 2 ou 3 linhas, com acionamento independente do lado direito e esquerdo. O “Colheben”, que também esteve presente no estande da DMB na Agrishow 2013, pode ser acoplado a todas as colhedoras do mercado, possibilitando a colheita de até três linhas de cana simultaneamente, nos espaçamentos de 1,0 a 1,5m. Dotada desse acessório, a colhedora opera proporcionando uma redução de até 60% no tempo necessário para o corte,

resultando em uma economia de combustível da ordem de 40% em litros/tonelada de cana colhida e transportada. Uma outra vantagem do dispositivo é diminuir o tráfego de veículos e o número de máquinas empregadas, o que resulta em benefício para as socas de cana que ficam menos sujeitas a desagregação e consequentemente perda de plantas, além de possibilitar que as máquinas excedentes possam ser utilizadas em outras frentes, aumentando seu índice de aproveitamento. Com o uso desse kit, o corte é feito de forma paralela ao solo, através de discos côncavos flutuantes abaixo dos discos de

corte de base. O resultado é um índice menor de perdas e danos às socas, quando comparado ao corte inclinado da colhedora. A instalação do “Colheben” é simplificada, pela colocação dos suportes de fixação à colhedora. Uma vez instalado, seu acoplamento ou retirada, pode ser realizado em um período de tempo não superior a 15 minutos. Segundo a orientação técnica da DMB, em canaviais com rendimento de até 70 toneladas/hectare colhe-se em três linhas. Acima desta produtividade é opcional a colheita em 2 ou 3 linhas, dependendo do estado do canavial. (FPM)


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Falta de treinamento reduz produtividade e eleva custos Desaceleração de programas nessa área, após a expansão do setor, foi “erro de gestão”, afirma especialista RENATO ANSELMI, FREE

DE

LANCE PARA O

CAMPINAS, SP

JORNALCANA

O setor sucroenergético precisa ampliar os investimentos em treinamento e desenvolvimento de pessoas, pois a redução de programas de qualidade nessa área afeta a produtividade em usinas e destilarias e, consequentemente, elevam os custos, alertam especialistas. Após o período de expansão da atividade sucroenergética entre 2004 e 2009, diversas unidades e grupos produtores abandonaram programas de formação de lideranças com foco na gestão, exemplifica José Darciso Rui, diretor executivo do Grupo de Estudos em Recursos Humanos na Agroindústria (Gerhai). A desaceleração de programas de treinamento e de desenvolvimento de pessoas foi um “erro de gestão”, enfatiza Rui. Esta área é a primeira a ter cortes de gastos – afirma – em períodos de crise. Segundo ele, o setor tem dois grandes desafios na formação e qualificação de

José Darciso Rui, do Gerhai, pede retomada da formação e qualificação

profissionais. Um deles está relacionado à preparação adequada de pessoas que atuam na área operacional tanto na indústria como na atividade agrícola. As usinas ainda necessitam de soldadores, caldeireiros, especialistas em destilação, operadores de colhedoras, mecânicos de máquinas agrícolas, entre outros profissionais. A demanda não está restrita, no entanto, à área operacional. Existe a necessidade da formação de líderes que não sejam somente técnicos qualificados, mas que tenham conhecimentos em gestão de pessoas, diz Rui, que é também diretor da Caerha Consultoria, de Iracemápolis, SP. “Muitos profissionais foram promovidos a líderes devido à qualificação técnica”, comenta. Atualmente as exigências são maiores. “O líder deve atuar como líder e não simplesmente como chefe”, afirma. De acordo com ele, o perfil desse profissional requer conhecimentos em gestão de pessoas, custos, orçamento. Além disso, precisa ter facilidade de trabalhar em equipe. “O líder deve ter uma visão do processo de gestão da empresa”, ressalta. Apesar de algumas empresas do setor já contarem com lideranças mais maduras, diversas unidades e grupos sucroenergéticos – observa José Darciso Rui – ainda estão patinando quando o assunto é qualificação de líderes. “É necessário que ocorra uma evolução nessa área”, recomenda.


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Escolha de líder por “decurso de prazo” não é a melhor solução Qualificação de profissional que exerce função de liderança deve ir além dos conhecimentos adquiridos em sua área de atuação “O líder vira líder em diversas usinas por decurso de prazo”, brinca Jorge Ruivo, presidente da Wiabiliza Soluções Empresariais. Segundo ele, o profissional vai ficando na empresa, se destaca em algumas operações e torna-se, com o tempo, líder na sua área de atuação. “Mas, não foi preparado para a nova função. Em decorrência dessa situação, ele não exerce liderança, exerce mando. É diferente”, comenta. O profissional que atua como líder com esse perfil – somente com poder de mando – desempenha a sua função utilizando os seus próprios conhecimentos que não são, em muitos casos, o melhor para a empresa, observa o presidente da Wiabiliza. Ele tem dificuldades para atribuir tarefas para que sejam realizadas no melhor tempo possível, com a melhor qualidade possível, sem retrabalhos – detalha. “O comandado vai executar a tarefa de acordo com o que estiver entendendo”, diz. Com demanda aquecida de empregos

Jorge Ruivo: despreparados não exercem liderança, mas mando

no mercado de trabalho, a falta de qualificação da liderança pode se tornar um obstáculo para a empresa colocar em prática uma política de retenção de bons profissionais. “É necessário ter uma liderança que saiba que o mercado não tem mão de obra disponível. Se perder aquele profissional, a usina vai ficar trinta, cinquenta ou sessenta dias sem a pessoa exercendo determinada função”, alerta. Há inclusive uma perda de investimento que foi

realizada na formação desse profissional. O custo do turnover – ou seja, da rotatividade de pessoal – é bastante elevado, enfatiza Jorge Ruivo. “O líder sem preparação adequada, que apresenta dificuldades para exercer sua função, acaba fazendo muitas substituições sem necessidade, o que acaba se tornando prejudicial à empresa”, afirma. E ele nem sempre sabe – acrescenta – qual é o custo da troca de um profissional.

O próprio empresário não tem conhecimento dos custos elevados escoados pelo turnover. “Quase ninguém faz essa conta”, observa. Se estiver ocorrendo muita substituição em uma determinada área é preciso avaliar porque isto tem ocorrido. “O problema é da área, do equipamento ou da liderança?” – indaga. Ele responde: “Se estiver relacionado à liderança é necessário desenvolver esse líder, para evitar a substituição em massa”. (RA)


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Programa envolve desde o encarregado até o presidente

Desenvolvimento é mais do que “um final de semana feliz” Para a obtenção de resultados positivos é necessário que ocorra acompanhamento do trabalho do líder A falta de desenvolvimento de lideranças é um problema que tem afetado o setor sucroenergético e praticamente todos os segmentos da economia, segundo Jorge Ruivo, presidente da Wiabiliza. Há também programas de treinamentos disponíveis no mercado – avalia – que não atendem as necessidades da empresa. Em diversos casos, o líder vai para a sala de aula para receber treinamento de 16 ou 24 horas. Ele sai com determinado nível de conhecimento, para depois utilizar essas informações na relação com os seus

liderados. “Só que essa carga de conhecimento é muito pequena”, constata. O líder tem uma atuação mais operacional, nestes casos, do que um trabalho voltado à busca de resultados a partir do desempenho de sua equipe, deixando de colocar em prática o verdadeiro sentido de liderança – analisa. O treinamento somente em sala de aula, sem fechar compromisso com os participantes, geralmente realizado no sábado e domingo ou na sexta-feira e sábado, se torna apenas um “final de semana feliz”, alerta o presidente da Wiabiliza. Na segunda-feira, tudo vai funcionar como era antes. Na melhor das hipóteses, o participante da atividade vai aplicar muito pouco daquilo que foi abordado no treinamento. O programa deve ser feito com uma carga maior – recomenda –, começando com um treinamento de até 24 horas. Depois de 15 a 20 dias, deve ser realizada uma

atividade em sala de aula – com 8 horas, por exemplo – para avaliar o que e como está sendo aplicado o que foi abordado anteriormente, quais são as dificuldades encontradas, os resultados obtidos, etc. Esta avaliação deve ser feita novamente após um mês, dois meses e assim por diante, seguindo um programa anual de desenvolvimento de lideranças, esclarece Jorge Ruivo. Se ocorrer a aplicação de uma determinada carga horária de treinamento, sem a realização de acompanhamento, não há geralmente um resultado positivo – comenta. O investimento acaba não sendo bem aproveitado. “Se a empresa promover apenas um treinamento de 16 horas vai gastar dinheiro à toa”, ressalta. O setor de Recursos Humanos não tem tempo de fazer o acompanhamento e o líder que esteve em sala de aula não vai conseguir aplicar aqueles ensinamentos, porque não teve apoio e suporte. (RA)

Existem diferenças entre treinamento, capacitação e desenvolvimento. Desenvolver é dar conceitos de liderança para um profissional – exemplifica o presidente da Wiabiliza – e criar condições para o desenvolvimento dele nessa área. Treinamento é algo mais pontual – compara – relacionado a uma determinada operação, como preparar uma pessoa para operar uma colhedora. “Capacitação é disponibilizar os conhecimentos básicos, teóricos e técnicos, para um profissional operar, por exemplo, uma colhedora. Capacitar é dar instrução, informação, treino no equipamento e acompanhamento para verificar se o profissional está operando a máquina de maneira correta”, explica. Segundo Jorge Ruivo, o desenvolvimento está sempre mais voltado para liderança. “Líder pode ser o supervisor, coordenador, gerente, diretor. O desenvolvimento de liderança envolve desde o encarregado até o presidente da empresa”, diz. Ele informa que o trabalho da Wiabiliza, que é uma consultoria que atua em todas as áreas de Recursos Humanos com escritórios em São Paulo e Ribeirão Preto, SP, inclui a chamada “Academia de Lideranças” voltada ao desenvolvimento e treinamento de profissionais dessa área. A empresa tem também forte atuação em seleção e remuneração. Trabalha com programas de cargos e salários, acesso a carreiras, gestão por competência, entre outros. (RA)


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Pacote pronto não proporciona mudanças concretas Atividade de treinamento e desenvolvimento deve ser elaborada de acordo com a realidade e características de cada usina Para a realização de um programa de treinamento e desenvolvimento de lideranças é necessário fazer um diagnóstico profundo do trabalho realizado pelos profissionais que atuam nessa área da empresa. O programa deve ser montado de acordo com as características de cada unidade sucroenergética, observa Jorge Ruivo. Segundo ele, todos os cases que foram marcantes na usina, que retratam problemas ou soluções, precisam ser apresentados no treinamento para objetivar conhecimento, demonstrando o que deu certo e errado e os motivos que possibilitaram que isto acontecesse. A ideia é discutir o dia a dia de quem está na sala de aula. Caso não ocorra o desenvolvimento de um programa específico voltado à realidade de cada usina, a empresa corre o risco – constata – de comprar um pacote que é aplicado, da mesma maneira, em diversas unidades sucroenergéticas, sem proporcionar mudanças concretas nas atividades da usina. “Existe muita venda de pacote no mercado”, enfatiza. “Para o líder buscar resultado por meio da performance de sua equipe, precisa ter visão de processo, visão de como acionar cada liderado, condições de avaliar as melhores competências de cada um. O treinamento na sala de aula não está sendo suficiente para ele colocar isto em prática”, argumenta. Nas situações em que a empresa permite que ocorra a expansão do programa, a Wiabiliza dá o treinamento para o líder e acompanha a atuação dele – informa – para verificar como estão sendo colocados em

prática os conhecimentos recebidos. Esse programa de desenvolvimento de lideranças faz a conexão entre as dificuldades do líder e as dificuldades da operação, procurando avaliar quais são os aspectos que devem ser abordados de maneira mais profunda. “E, em diversos casos, traz parte da equipe ou até a equipe inteira para a sala de aula para que possa ser dado um treinamento sobre a visão que o líder deve ter em relação a uma determinada atividade”, afirma. Jorge Ruivo ressalta que o líder não deve ter uma visão somente operacional. “É necessário ter conteúdo no desenvolvimento de seu trabalho, ou seja, deve saber o que está fazendo, para que serve, qual é o impacto que isto

causa na empresa”, diz. Segundo ele, se a liderança não tiver essa visão mais global, consequentemente essa situação afetará também o trabalho do operador e do executor. Em decorrência disso, a produtividade do profissional brasileiro é baixa, quando comparada a de outros países. Haverá muita dificuldade em aumentar a produtividade sem a realização de investimentos em treinamento e desenvolvimento de pessoas – afirma. “Não adianta dar equipamento novo, não adianta dar tecnologia, se o profissional não tiver formação adequada para utilizar esses recursos. Treinamento e capacitação precisam passar por uma reformulação muito forte”, destaca. (RA)


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Treinamento deve estar voltado à obtenção de maior eficiência Atividade na área operacional geralmente não valoriza as possibilidades de obtenção de melhores resultados O índice de treinamento nas unidades sucroenergéticas brasileiras é considerado muito baixo. Na área comportamental, onde se enquadra o desenvolvimento de lideranças, o treinamento não ocorre em 20% das usinas, calcula Jorge Ruivo. Na área operacional, esse índice é maior, pois existe a necessidade de treinar profissionais quando há a aquisição de uma máquina nova, como uma colhedora ou uma caldeira. Se isto não acontecer, não haverá condição de colocar o equipamento em funcionamento, “Esse treinamento é obrigatório, não é uma questão de opção”, constata. “A usina está dando treinamento mais para evitar que a máquina quebre do que para o operador obter maior eficiência do equipamento novo. A atividade é geralmente restrita à operação e com receio que o profissional faça alguma coisa errada no equipamento. Na verdade, esse treinamento deixa muito a desejar”, avalia. De acordo com ele, as atividades nessa área

não devem estar voltadas somente às questões relacionadas à operação. É preciso abordar – propõe – as possibilidades de obtenção de melhores resultados. O trabalho da Wiabiliza inclui consultoria – informa – sobre como deve ser formatado o treinamento na área operacional. Não adianta falar somente – observa – como deve ser operada a

máquina tecnicamente. “Isto ele aprende até com certa facilidade. Como obter eficiência desse novo equipamento muitas vezes não é abordado. Participamos do treinamento para fornecer outras orientações, além das que são somente técnicas”, afirma. Na opinião de Jorge Ruivo, no momento em que as usinas procuram

resultados a todo custo, continua se gastando dinheiro e tempo com treinamento elaborado de uma forma que já se automatizou no mercado. “Se for medir o equipamento em várias usinas, o resultado em cada uma delas é diferente. Isto ocorre porque tem alguma coisa que funciona em uma e não funciona na outra”, constata. A maior preocupação nessa área deve estar voltada à produtividade. “O que mais falamos em todo treinamento, em toda capacitação, em todo desenvolvimento é a necessidade de se produzir mais, racionalizar contingente porque não há mão de obra suficiente e otimizar o recurso existente”, afirma. Apesar da situação que o setor está passando, com muitas usinas em situação difícil, no momento em que essas unidades se recuperarem haverá um aumento – prevê – da demanda por profissionais. “É preciso ter pessoal qualificado até para racionalizar a quantidade de profissionais nas usinas. De acordo com ele, uma pessoa treinada, desenvolvida, produz muito mais do que um profissional que não tem orientação nenhuma. “As usinas que conseguem trabalhar com contingentes menores, acabam melhorando custos e resultados”, afirma. Em muitos casos, a empresa não vai precisar demitir, mas não terá necessidade de contratar – exemplifica – se houver requalificação das pessoas e racionalização da sua estrutura. (RA)


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ARTIGO

CONDUTA EMPRESARIAL PREVENTIVA *CARLOS ANDRÉ R. SARMENTO

O setor sucroenergético sempre contribuiu significativamente para a economia do país. Não obstante, este segmento empresarial sempre enfrentou inúmeras dificuldades de defesa perante a Justiça Laboral. Por enquanto, a legislação trabalhista sempre terá o hipossuficiente economicamente (trabalhador), como aquele que deve ser protegido nas relações entre o capital e o trabalho, inclusive em sua matriz constitucional. O Direito do Trabalho é ramo jurídico de inclusão social e econômica, garantidor de direitos sociais e individuais fundamentais do ser humano (art.7º, CF/1988). Nesse passo, o Direito do Trabalho não busca somente proteger o trabalhador, mas harmonizar as relações trabalhistas. Por outro lado, não se pode acirrar conflitos laborais de maneira ideologizada, ativista e parcial, porque a legislação trabalhista já é naturalmente parcial. Obviamente, não se trata de favorecer juridicamente o empregado em detrimento do empregador. Não há segredo. Apenas, toda organização empresarial, e no nosso caso, as usinas de açúcar, devem minimizar os riscos com reclamações trabalhistas de modo preventivo.

E, ações preventivas devem ser manejadas cotidianamente pelos diversos departamentos das usinas, com atuação premente dos seus gestores: diretoria, administração, RH, departamento jurídico, segurança e medicina do trabalho, etc. No particular, os departamentos jurídicos trabalhistas atuam muito mais eficazmente quando adotam práticas preventivas, não somente na defesa contenciosa, mais principalmente, identificando potenciais causas de demandas trabalhistas, sendo para isso necessário: a) identificar os problemas e suas causas; b) atuar para evitar a ocorrência de problemas jurídicos trabalhistas; c) orientar juridicamente as melhores ações necessárias; e d) implementar treinamentos jurídicos preventivos na área trabalhista. No contexto, o Grupo Carlos Lyra (Usina Caeté, e suas Unidades Cachoeira, Marituba e Paulicéia) sempre zelou preventivamente no âmbito de sua administração, e no último dia 10/4, o departamento jurídico trabalhista, através de sua coordenação, ministrou palestra sobre Dano Moral por Acidente de Trabalho e/ou Doença Equiparada à Acidente de Trabalho, no setor sucroenergético. *Carlos André R. Sarmento é advogado trabalhista e coordenador jurídico trabalhista do Grupo Carlos Lyra

Desafio do gestor ainda é destravar carreiras ANDRÉ RICCI, DA REDAÇÃO

Oferecer mecanismos para o desenvolvimento dos colaboradores de uma usina é um dos desafios dos atuais gestores, que buscam a melhor maneira de trabalhar individualmente cada colaborador. Marcelo Silva, Consultor em Desenvolvimento de Lideranças no Hay Group, participou da última reunião do Gerhai - Grupo de Estudos em Recursos Humanos na Agroindústria, quando o assunto foi tema do PDC - Programa de Desenvolvimento Continuado. O encontro aconteceu em 17 de maio, em Ribeirão Preto, SP. O especialista conta que há uma pesquisa para avaliar as deficiências deste processo no setor canavieiro. “É preciso entender cada empresa, saber seus modelos de negócios, para então apontar quais comportamentos seguir”, diz. A conscientização das empresas não é o maior obstáculo neste processo – destaca o consultor, mas sim, quais ações tomar. “Existe, sim, a preocupação com o desenvolvimento dos colaboradores. As empresas reconhecem a importância das pessoas como diferencial competitivo. Entretanto, quanto mais disputado é o ramo de atuação da empresa, bem como, o grau de profissionalização de uma organização, maiores são os investimentos”,

afirma Marcelo Silva. O desenvolvimento não se restringe apenas ao conhecimento intelectual. O representante explica que nos últimos anos o Brasil evoluiu muito no quesito acadêmico, mas ainda peca na parte comportamental.Para Silva, ações simples podem trazer bons resultados. “Quando olhamos para ferramentas que podem auxiliar no desenvolvimento comportamental dos colaboradores é essencial que elas ampliem o autoconhecimento e identifiquem o que precisa ser melhorado. Além disso, para gerar maior mobilização é muito importante o entendimento do impacto que essas atitudes terão nos ambientes organizacionais e nos negócios”. Sobre a relação custo/benefício, Silva é enfático ao apontar a melhora. Os investimentos em comportamentos mais eficazes de liderança podem resultar ganhos financeiros na ordem de 28% para a empresa”, afirma. A reunião do Gerhai contou ainda com as habituais apresentações da comissão de trabalho, seguida por um painel interativo, apresentado por Erotides Gil Bosshard e pela equipe da comissão de Relações Trabalhistas. Na ocasião, o tema discutido foi ‘negociação sindical - como anda o processo negocial nas diversas regiões do Centro-Sul’. O grupo volta a se reunir no dia 21 de junho, em Ribeirão Preto, SP.


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ENTREVISTA - Beatriz Rossi Resende de Oliveira, presidente do Gerhai

PESSOAS NÃO QUEREM EMPREGO, MAS UMA CAUSA Setor enfrenta desafio de investir em pessoas em meio à crise ANDRÉIA MORENO,

DA REDAÇÃO

Os desafios da nova gestão e da gestão de RH nas usinas, com o quadro de crise persistente do segmento sucroenergético. Esse é o tema da entrevista com a nova presidente do Gerhai (Grupo de Estudos em RH na Agroindústria), Beatriz Rossi Resende de Oliveira. Para a executiva, que também é gerente da Divisão de RH na Usina Batatais, agora é hora de mudar a sintonia e o modelo de ação, o perfil, a conduta e a forma de administrar a área. Na entrevista também fala dos desafios de estar à frente do Gerhai no momento conturbado pelo qual o setor atravessa. JornalCana - O que representa estar à frente do Gerhai nos dias de hoje com a sequência de crises no setor? Beatriz Rossi Resende de Oliveira Dizem que na crise é onde as melhores soluções são buscadas e descobertas. Para as empresas isto não é diferente. Os itens gestão de pessoas e de liderança nas organizações do nosso segmento estão na fila há tempo para se tornarem assuntos prioritários ou também importantes. Talvez eles devam ser repensados com maior profundidade e com olhar mais estratégico nesse momento. Isto por si só torna o nosso papel nas empresas de extrema importância e é por isto que um grupo forte como o Gerhai, que representa essa fatia de profissionais de RH no segmento, precisa estar forte e preparado para esses desafios que já estão aí, bem antes das últimas crises. A intenção dos desafios é antiga, estamos precisando assumi-los de fato. Quero ainda ver muita coisa evoluir, principalmente o aspecto da mentalidade do negócio, dos gestores, dos profissionais e das relações de trabalho. O que precisa mudar no segmento? A primeira mudança é o sentido, o nosso sentido e missão como profissionais de RH: e temos que começar por nós. Se não sairmos do lugar comum em que sempre vivemos, não conseguiremos dizer aos nossos empresários que precisamos mudar como organização. O gestor de RH do segmento já teve que viver outros papéis no passado, desbravando muita coisa, e isto fez muito sentido. Mas é hora de mudar a sintonia e o modelo de ação, o perfil, a conduta e a forma, por isto, a proposta de renovação do grupo. Precisamos ver isso acontecer de fato e não isoladamente. Precisamos ficar conhecidos no setor não por nomes de peso e pelas ações, mas pelas sementes corajosas que irão abrir caminhos para o futuro. Por que hoje o quadro anunciado é de escassez de investimentos, já que

Beatriz Rossi Resende de Oliveira também é gerente da Divisão de RH na Usina Batatais

ficou provado que investir em pessoas dá resultados? Acho que o grande problema quando se tem que reduzir algo e quando não há um planejamento estruturado e uma clareza do que deve ser priorizado ou do que não pode ser suprimido é que o mais simples fica sendo o corte ou a supressão,

sem um estudo ou análise maior. Portanto, investir em pessoas continua sendo o principal foco de uma política estratégica de gestão de RH em empresas que buscam excelência, evolução, longevidade e outros objetivos de negócio. Mas é preciso investir certo e isto vale não só para treinamento. Vale para

remuneração, benefícios, apoio à formação, oportunidades e outros. Dá para fazer boa gestão, com recursos otimizados e utilizados com sabedoria. Não é porque estamos ou vamos entrar numa crise que devemos esquecer daquilo que é a essência do negócio: o seu quadro de pessoal, seu maior patrimônio e garantia de sucesso. Muitos gestores de RH ficam de mãos atadas frente a falta de verba para os recursos humanos e a qualificação. Qual melhor postura que deve ser adotada neste caso? Acho que o RH fica de mãos atadas quando se sente impotente frente a situações onde falta, por parte da empresa, a visão da valorização, do reconhecimento, da retenção de pessoas competentes e da falta de oportunidades maiores para pessoas que demonstram bons resultados e posturas. Conviver com a escassez de recursos e com “nãos” sempre foi uma realidade para nós de RH e temos que saber lidar com isto. Não é aceitar e se conformar, é buscar alternativas que possam ser trabalhadas e implantadas, mesmo que não sejam aquelas que sonhávamos. Não podemos permanecer na postura de vítimas. Temos que buscar, argumentar, trazer soluções e fazer mudanças. Sair do tradicional. Quais as ferramentas atuais ou modernas dessa área de RH e de gestão? As ferramentas são inúmeras e para todos os “gostos” e realidades. O importante a ressaltar aqui é o uso delas X o grau de maturidade da organização a ser implementada. O que vale para uma empresa pode não valer para outra, num determinado momento. Citando ferramentas e práticas, podemos falar de gestão de competências, gestão de desempenho, formação de liderança e gestão, coaching, gestão de carreira e sucessão, formação de jovens talentos, planos de incentivos, remuneração estratégica, entre outras. Quais os principais desafios da gestão de pessoas? É revisar suas políticas de gestão de pessoas e o sentido e o tratamento que têm dado a esse assunto em suas empresas. As relações de trabalho mudaram e as pessoas na atualidade não querem mais somente um emprego, elas querem pertencer a uma causa e querem ser felizes e realizadas no trabalho. Se as empresas souberem mobilizar essa vontade e força para atingir os resultados que precisam, elas terão verdadeiros “touros” como parceiros de crescimento e sucesso. E o desafio para nós de RH é saber mostrar isso para as organizações de forma concreta, mas com o entusiasmo necessário que as faça ter vontade de tentar. Não devemos aceitar a dificuldade, a resistência, a história e os exemplos como impedimentos. O olhar agora é renovado: os tempos são outros e as empresas terão que acompanhá-los.


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Avião agrícola é alternativa eficaz no combate a incêndios Plano de Auxílio Mútuo, torres de observação e brigadas bem treinadas também são recursos importantes RENATO ANSELMI, FREE

DE

LANCE PARA O

Estrutura pode ser montada em 60 dias

CAMPINAS, SP

JORNALCANA

É fogo! Basta uma bituca de cigarro, um ato de vingança ou de vandalismo, ou mesmo a queima da palha fora de controle, para que o estrago, provocado por incêndio, se torne grande no canavial. O período mais seco do ano é também propício para aumentar o risco da ocorrência de fogo. De acordo com o especialista Sérgio Ceccarelli, diretor da Ceccarelli CSI - Centro da Difusão Cientifica e Tecnológica em Segurança contra Incêndio, existem maneiras eficazes de evitar esse transtorno e de combater incêndio, caso realmente ocorra. Para a prevenção, o ideal é a implantação de torres de observação em partes altas de áreas onde há grande concentração de canaviais para que um funcionário com binóculo e rádio comunicador possa fazer a detecção e dar o alerta no caso do primeiro sinal de fumaça. Outra medida para evitar incêndios – que pode não ser economicamente vantajosa em muitos casos – é afastar os canaviais das margens das estradas que ficariam, nesses casos, distantes dos tocos de cigarros. No combate a incêndios, existe a possibilidade do uso da aviação agrícola – propõe Sérgio Ceccarelli – como medida altamente eficaz de controle. A utilização desse recurso não é tão inacessível como pode aparentar num primeiro momento. A alternativa é o uso compartilhado. Segundo ele, proprietários de usinas podem fazer um acordo com uma empresa de aviação

agrícola, montando uma base num centro geográfico de plantações de cana. “Quando ocorre uma emergência, é só convocar o serviço. É necessário pagar o combustível, a hora do piloto, o liquido retardante de chamas utilizado nessa operação. Mas, há a economia com prejuízos que o fogo causa com a perda da cana”, afirma. Podem ser usados, por exemplo, os aviões agrícolas Ipanema – fabricados no Brasil – que são empregados na pulverização de agroquímicos. Aliás, a dupla função é uma aliada, nesse caso, para viabilizar o uso da aviação. O diretor da Ceccarelli CSI lembra que a Força Aérea Brasileira teve diversos aviões cisternas, que foram encostados por

serem considerados antiquados para combate, em uma missão de defesa nacional, mas que poderiam ser utilizados na proteção de canaviais e de florestas. Ele informa que esses aviões foram vendidos para o México e Estados Unidos, a preço “de banana”, como sucata de alumínio. Este tipo de avião pode ser abastecido não somente quando está parado, mas também em movimento, relata Sérgio Ceccarelli. O piloto solta uma mangueira – que fica enrolada dentro do avião – ligada a uma bomba que suga água de um rio ou um lago para um reservatório no avião com capacidade de 3 a 4 toneladas. “Isso dá um ganho de tempo significativo”, comenta.

Pelo ar ou pela terra, é possível contar com uma boa estrutura de combate a incêndio que pode ser organizada em até 60 dias, calcula Sérgio Ceccarelli. É tempo suficiente para contatar empresas que fazem a locação de aviões, comprar líquido retardante de chamas que nunca está pronto na prateleira e até mesmo treinar equipe de brigadistas – no caso de controle do fogo por terra –, em parceria com o Corpo de Bombeiros. “Dessa maneira, a empresa terá uma estrutura para o resto da vida que a gente espera que nunca seja utilizada. Só haverá necessidade de atualização do treinamento e dos equipamentos”, observa o diretor da Ceccarelli CSI, empresa que realiza pesquisa e cursos na área de segurança contra incêndio. Um passo importante, nessa jornada contra o fogo, é colocar em prática o Plano de Auxílio Mútuo, que utiliza, em situações de emergências, recursos de usinas e destilarias e do Corpo de Bombeiros de uma mesma região. Ceccarelli destaca que para combater incêndio, além de equipamentos eficientes, não pode faltar uma brigada – que não precisa ser grande – muito bem preparada. (RA)


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ENTREVISTA - Sérgio Ceccarelli

Risco maior de incêndio no canavial vai até outubro RENATO ANSELMI, FREE

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LANCE PARA O

CAMPINAS, SP

JORNALCANA

As unidades sucroenergéticas precisam estar preparadas para combater incêndios, incluindo o treinamento adequado de brigadas. Este é o alerta de Sérgio Ceccarelli, diretor da Ceccarelli CSI Centro da Difusão Cientifica e Tecnológica em Segurança contra Incêndio. Confira a entrevista: JornalCana - O aumento de incêndios em canaviais no período mais seco do ano é significativo? Sérgio Ceccarelli – De maio a outubro, ocorre o período mais seco do ano. Os incêndios em canaviais aumentam bastante nessa época. Em novembro, começam as chuvas de Primavera, depois já vêm as de Verão. Quais são as causas mais comuns desses incêndios? Como os canaviais chegam até a beira da rodovia, mesmo tendo acostamento e uma pequena margem, a bituca de cigarro, lançada de veículos, torna-se uma das principais causas. A queima da palha, que saiu do controle, também está entre os maiores problemas. Existe a causa proposital. Uma vingança de um exfuncionário, de um vizinho, ou de alguém que foi maltratado por alguém da usina. A pessoa ultrapassa o limite da compreensão humana, a pessoa vai lá e joga propositalmente um chumaço de algodão, um jornal enrolado. Esse é o caso de quem quer dar o troco, faz para prejudicar mesmo. Tem uma possibilidade grande de acontecer. Existe ainda o incêndio provocado por uma brincadeira estúpida, só pelo prazer de ver a coisa queimar. Outros fatores menos comuns também podem ter efeito desencadeador? O escapamento do caminhão, por exemplo, é uma possibilidade remota, mas é possível. Se o motorista aciona o acelerador dentro de uma passagem, de um aceiro ou de uma divisão de plantação, a própria fagulha do escapamento pode provocar um incêndio. É uma possibilidade bem remota. Mas, existe. Empresas que trabalham com produtos inflamáveis costumam colocar filtro na ponta do escapamento. Se isto não acontecesse, não precisaria. No canavial não existe a proteção. As próprias colhedoras podem provocar incêndio, porque elas têm escapamento. Por incrível que pareça, uma garrafa quebrada, pode transformar-se em uma lente, concentrando o raio de Sol, e começar a fazer um pequeno fogo num pedacinho de palha, que pode evoluir ou não. Algumas pessoas falam que o incêndio pode ser provocado por raio. Mas, no período seco, essa possibilidade é pequena, praticamente inexistente. Quais são as medidas preventivas que podem ser adotadas para minimizar o risco de incêndio em canaviais?

Sérgio Ceccarelli

Um professor que dá aula em nossos cursos foi para os Estados Unidos e viu que as raras plantações de cana existentes por lá não ficam tão perto da rodovia. Isto elimina o risco de incêndio por ponta de cigarro. Eles têm também postos de observação, nas partes mais altas do terreno, onde ficam funcionários com binóculo e rádio. Essa torre tem cinco, sete metros de altura, dependendo do terreno. Consegue detectar o incêndio no começo. Todas as usinas nos Estados Unidos têm uma brigada, que não é grande. Mas, muito eficaz, com bons equipamentos e pessoal bem treinado. Algumas propriedades têm bombeiro mesmo, munido com rádio, que faz a ronda com motocicleta. No Brasil, essa questão de

distanciar o canavial da beira da rodovia não é algo mais complicado para ser colocado em prática? Imagina considerar 15 metros para dentro do limite da propriedade, num frontal da estrada de três quilômetros, vai totalizar uma área grande perdida para plantação. O fazendeiro jamais vai tolerar isto. Ele precisa avaliar se vale a pena fazer isto e perder na plantação, mas ganhar com a diminuição de incêndio. Ele é quem tem que saber porque está ali no local o dia inteiro. A ronda é uma alternativa para prevenir incêndios em canaviais no Brasil? Eu vejo a torre como uma alternativa melhor. A ronda pode passar por um local

e não ver nada e daqui a cinco minutos começar o incêndio. Com a torre, a pessoa tem uma visão mais rápida e mais eficiente e vê a primeira fumaça. Estes dois fatores fazem diferença para evitar o incêndio: o maior distanciamento da rodovia e a torre de observação. Quais são as medidas que podem ser adotadas para o combate a incêndios? Na parte de combate, o Chile, por exemplo, utiliza os aviões de pulverização agrícola que têm dupla função. Se tiver incêndio, esses aviões param no mesmo lugar – que costumam pousar para abastecer com agroquímico – e abastecem com água e um líquido especial, o retardante de chamas. Os aviões são compartilhados, então fica barato. Muitos desses aviões são importados do Brasil. É uma forma bastante eficaz de combater incêndios. A brigada bem preparada não deixa também de ser uma boa alternativa? Além dos aviões que poderiam ser compartilhados, a brigada bem preparada é capaz de dar conta do recado. Para isto é necessário contar com caminhão pipa e um pessoal muito bem treinado na operação do sistema de esguicho. Outra opção é o Plano de Auxílio Mútuo: uma usina tem um caminhão, a outra, vizinha, tem dois e o Corpo de Bombeiros mais dois, o que totaliza, nesse caso, cinco caminhões para cercar o fogo e fazer o domínio. Agora se o fazendeiro contar só com o dele, a situação fica mais difícil. O treinamento dos brigadistas é essencial para que ocorra um combate eficiente? O Plano de Auxílio Mútuo é composto pelos brigadistas da fazenda e pelos bombeiros. Os brigadistas têm que ser muito bem treinados. Eu já pedi uma demonstração em uma fazenda, sem fogo, é claro. O operador do esguicho levou de 8 a 10 minutos para chegar até onde estava o caminhão. Em dez minutos, o fogo já fica fora de controle. Seguimos por mais cinco minutos até onde poderia estar ocorrendo o incêndio. Na hora de utilizar o equipamento, ele apontou o esguicho para a própria cabine do caminhão. Molhou o motorista. Levou o esguicho para a direita e para a esquerda, sem acertar o alvo. Não tinha treinamento adequado. Demorou mais dois ou três minutos para entender a operação do esguicho. Houve a perda de muito tempo. E o deslocamento até o local de incêndio pode durar mais, de 10 a 15 minutos. Se o fogo fugir do controle é preciso considerar o tempo até a chegada do bombeiro que não tem recursos humanos e materiais para um rápido atendimento. O treinamento é essencial. Mas, nem sempre é feito de forma adequada. O problema é que o empresário acha que a fazenda dele nunca vai ser assaltada, nunca vai pegar fogo. Acha que sempre vai acontecer com o vizinho. É uma maneira errada de ver as coisas.


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TECNOLOGIA INDUSTRIAL

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Caldeiras recebem atenção concentrada Uma só empresa faz projetos, fabrica componentes e monta os equipamentos FULVIO PINHEIRO MACHADO, DE

SÃO CARLOS, SP

CONSULTOR

DO

JORNALCANA

A Proboiler, empresa sediada em Piracicaba-SP, foi constituída em 1994 a partir de uma equipe técnica que já detinha larga experiência em projetos e construção de caldeiras de diferentes capacidades e pressões de trabalho, para diversos segmentos industriais, notadamente o sucroenergético. Executando projetos, consultorias, assessorias técnicas e comerciais, estudos e assistência técnica nas áreas de geração e distribuição de vapor, a Proboiler participou de diversos projetos para clientes como: Cosan, Açúcar Guarani, Abengoa, Grupo Ometto (Iracema), Grupo Santa Terezinha. Pouco tempo depois de iniciar suas atividades e ciente das necessidades do mercado, foram criadas mais duas empresas: a Engetubo Indústria e a Engetubo Service. A Engetubo Indústria se dedica à dobragem e conificação de tubulações de caldeiras, superaquecedores e economizadores e fabricação de painéis

aletados. Para a realização desses trabalhos a empresa possui máquinas para dobragem de tubos (Bending Machine), conificação de tubos (Reducing Machine) e fabricação de painéis aletados, de alta performance. Além de executar tratamento térmico das pontas conificadas, a Engetubo Indústria também corrige traçados de tubulações decorrentes de superaquecimento, dilatações diferenciais não compensadas, montagens anteriores inadequadas ou para se obter melhoria de performance através do fluxo de gases. Adicionalmente às tubulações, a empresa fornece: Internos de tambor de vapor, Dosadores de combustíveis, Préaquecedores de ar de combustão, Desaeradores de água e Grelhas do tipo Basculante, Rotativa, Fixa, Flat Pin Hole, entre outros componentes para caldeiras. A Engetubo Service presta serviços de montagem completa de caldeiras e seus equipamentos auxiliares, incluindo reformas, envolvendo: substituição de tubulações de fornalha e feixe de convecção, superaquecedores, economizadores, pré-aquecedores de ar, grelhas, selagens e invólucros, estruturas metálicas, dutos de ar e gás, refratários e isolantes. Executa também montagens de equipamentos auxiliares de caldeiras, tais como: ventiladores, bombas de água de alimentação, válvulas, tubulações, desaerador e equipamentos para coleta de fuligem.

Fabricação de painéis aletados na Proboiler/Engetubo

Caldeiras de alta pressão exigem água de alimentação com alta pureza Com a crescente instalação de caldeiras de alta capacidade de produção e elevadas pressões de trabalho, tendo em vista a geração de energia excedente para venda ao mercado, na modalidade denominada cogeração, tornou-se imperativo obter uma água de alimentação das caldeiras de elevada pureza. Isso se faz necessário para se evitar que impurezas orgânicas ou minerais possam causar danos aos componentes internos das caldeiras, como: feixes tubulares, superaquecedores e paredes d'água, ou às turbinas de múltiplos estágios que acionam os geradores nas estações de cogeração. Com essas novas condições operacionais, empresas têm investido em oferecer soluções que possibilitem se fazer o tratamento de água de tal forma a preencher todos os requisitos dessas novas estações de geração de vapor. A GE Water & Process, uma divisão especializada em tratamento de água da General Electric, oferece o Propak®, um sistema integrado que inclui em um único equipamento módulos de ultrafiltração pressurizados e membranas de osmose reversa, capaz de atender as rígidas exigências de pureza necessárias às

Interior da Unidade Móvel de tratamento de água da GE Water & Process

unidades geradoras termoelétricas instaladas nas usinas. A GE Power & Water é uma empresa que tem investido em novas tecnologias e estratégias que trazem benefícios para o setor sucroenergético. A unidade de negócios da GE Energy dispõe de dois laboratórios, instalados em Sorocaba-SP e Cotia-SP e ainda conta com uma frota exclusiva para tratamento móvel da água. Esses laboratórios também realizam testes e simulações de novas tecnologias em insumos para o processamento industrial de açúcar e etanol. A frota móvel da GE Power & Water produz água desmineralizada para alimentação de caldeiras e torres de resfriamento. Uma de suas aplicações é a de prover um tratamento alternativo por ocasião de paradas dos sistemas de tratamento de água existentes na indústria, tanto no caso de manutenções programadas como em situações onde os equipamentos estão passando por uma reforma. Deste modo, sistemas vitais para o funcionamento da indústria podem ser substituídos sem que haja a quebra de continuidade dos processos produtivos. (FPM)


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Projeto e fabricação criteriosos garantem maior vida útil a ventiladores e sopradores Os requisitos de capacidade dos equipamentos complementares das caldeiras, como ventiladores e sopradores, aumentam na mesma proporção em que as unidades sucroenergéticas instalam maiores caldeiras, isto exige concepções de projeto mais criteriosos em relação ao desempenho e consumo de energia. Além disso, em função do expressivo aumento da colheita de forma mecanizada há um aumento na quantidade de impurezas minerais trazidas com a cana, que por sua vez acabam se misturando ao bagaço usado como combustível nas caldeiras. O aumento dessas impurezas trouxe um risco maior de danos por abrasão não somente aos internos das caldeiras, como feixes tubulares, mas também aos ventiladores de tiragem ou exaustores, que necessitam agora levar em conta mais esta particularidade em seu projeto e em seus materiais construtivos. Portanto, os fornecedores precisam estar qualificados para projetar e fabricar esses equipamentos com uma qualidade que assegure sua vida útil. A Equilíbrio, localizada em Sertãozinho, projeta e fabrica ventiladores e sopradores industriais para caldeiras, pesados e extra pesados, dos tipos centrífugos e axiais com tamanhos e configurações variadas. Eles podem ser arranjados de modo direto ou indireto, com simples e dupla aspiração, proporcionando pressões estáticas de até 900mmH2O, em vazão de simples estágio e até 7000mmH2O em múltiplo estágio, com eficiência de até 90%.

Equilíbrio projeta e fabrica ventiladores e exaustores para caldeiras

A engenharia da Equilíbrio determina qual o rotor mais adequado para a aplicação entre modelos de rotor aberto e fechado, com pás retas ou curvadas, em função das características de projeto. Para os ventiladores de grande capacidade são usados perfis

aerodinâmicos que permitem maior eficiência e economia de energia no acionamento. Quando usados na tiragem forçada de caldeiras à bagaço, as pás são revestidas com materiais mais resistentes à abrasão, o que proporciona uma operação mais adequada dos rotores prolongando a vida útil do equipamento.

Segundo Lúcia Weber, gerente de projetos e desenvolvimento, “além da qualidade de fabricação dos ventiladores é necessária um trabalho de engenharia de aplicação criteriosa na escolha da configuração adequada a um determinado projeto, já que cada caso é único”. (FPM)

Caldeiras de alta capacidade se impõem no mercado Na última década, tanto em novas implantações, como em ampliações de usinas já existentes, o setor de geração das unidades industriais produtoras de açúcar e etanol optaram pela instalação de caldeiras de grande porte e elevada capacidade. Nos chamados projetos “greenfield”, instaladas em regiões de expansão canavieira, isso foi uma escolha natural, em função da capacidade instalada da indústria. Nas unidades existentes, que expandiram sua capacidade de produção foi a oportunidade para se reduzir custos de manutenção e aumentar a eficiência energética pela substituição de caldeiras menores e de tecnologia mais antiga. Em todos estes casos, a perspectiva de aumento da capacidade de geração e a produção de um excedente energético comercializável foram levados em conta nas análises de investimento. A Caldema, fabricante de caldeiras sediada em Sertãozinho-SP, foi uma das empresas que propiciaram esse avanço tecnológico ao oferecer ao mercado as

caldeiras do tipo AMD Monodrum®, dotadas de um só tubulão de vapor. Este tipo de caldeira foi desenvolvido principalmente para atender as

necessidades das Centrais Termoelétricas gerando vapor em médias e altas pressões que queimam biomassa, podendo utilizar óleo e gás como combustíveis auxiliares.

As caldeiras AMD permitem partidas e paradas mais rápidas, pois não há tubos mandrilados ao tubulão de vapor, o qual fica fora do circuito de gases, não havendo portanto diferenciais de temperatura entre os tubos e o costado do tambor. Entre as vantagens da Monodrum® por suas características estão a impossibilidade de vazamento ou desmandrilamento. O superaquecedor é drenável, o que permite sua preservação via úmida, assim como, em caso de incrustação permite executar lavagem química ou ácida. Sua fornalha opera pelo princípio de queima em suspensão, adequada para altas capacidades de geração com melhor qualidade de queima. Essas caldeiras da Caldema estão entre as de maior capacidade já fornecidas para o segmento sucroenergético, como as instaladas na Unidade Cocal II (350t/h – 67kgf/cm2 @ 520°C), Usina Conquista do Pontal (320t/h - 67kgf/cm2 @ 520°C), Zillor Macatuba (300t/h - 94kgf/cm2 @ 520°C) e Grupo Santa Terezinha (300t/h - 65kgf/cm2 @ 480°C). (FPM)


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Caldeira HPB-Simisa instalada na Guarani

Leito fluidizado abre novas perspectivas Com a possibilidade de comercialização de excedentes energéticos com a consequente geração de renda adicional para as unidades produtoras de açúcar e etanol, a concepção das usinas sofreu uma grande mudança no sentido de se reduzir a demanda de energia no processo produtivo, gerando adicionais para fornecimento externo. Dentre essas novas concepções de projeto se destaca o uso de caldeiras de pressão mais elevada alimentando turbinas de múltiplo estágio, tanto de extração como de condensação, para acionar geradores e o uso de motores elétricos em substituição às turbinas de simples estágio no acionamento de moendas e equipamentos de preparo da cana. Deste modo aproveita-se melhor a energia contida no bagaço pelo uso de uma maior queda entálpica. O aumento de eficiência energética também tem sido acompanhado de novas proposições no projeto de caldeiras, tornando-as mais eficientes e flexíveis quanto as características do combustível, principalmente agora em que a palha proveniente da colheita mecanizada também tornou-se uma fonte de combustível adicional ao bagaço. Para tanto, novas tecnologias são bem vindas, como é o caso das caldeiras dotadas de leito fluidizado em sua fornalha, que são capazes de queimar bagaço com teor de umidade de até 65%, além de outros combustíveis, representando uma grande vantagem em relação aos demais sistemas normalmente utilizados nas usinas. Além disso, o reduzido teor de emissão de NOx, faz desse tipo de caldeira uma opção oportuna com vistas a atender a evolução das exigências ambientais.

A HPB-Simisa, sob licença da norte-americana Babcock &Wilcox foi a empresa pioneira em oferecer um projeto de caldeiras com leito fluidizado ao setor sucroenergético em fornecimentos para a Usina São Martinho e Grupo Guarani. Essa evolução não ocorreu somente na concepção construtiva das caldeiras, mas também em seus acessórios, como os lavadores de gases, que possibilitam eliminar a fuligem decorrente da queima e consequentemente trazer um benefício para o meio ambiente. Outro fator importante que favoreceu a implantação destas caldeiras de grande capacidade e pressão de trabalho foi a rápida evolução dos sensores e sistemas de automatização, dotados de sofisticados algoritmos de controle e elevado nível de confiabilidade, sem os quais seria impossível a operação destas caldeiras de forma segura. Estes mesmos sistemas fazem uso de protocolos de comunicação que permitem que a operação das centrais de geração de vapor se façam remotamente, incluindo todos os comandos e ações emergenciais, todas devidamente com registros e indicações das diversas variáveis que podem facilmente serem consultadas à distância via internet. Com isto, em poucas décadas, chegamos às modernas caldeiras que hoje já romperam a barreira dos 100kgf/cm², com capacidades de produção de mais de 300 toneladas por hora de capacidade de geração de vapor e que são o coração energético das modernas usinas, o que possibilitou que o bagaço da cana conquistasse uma posição destacada na matriz energética nacional.

Expandidores para tubos A Lemagi, empresa sediada em Limeira-SP, desenvolve e fabrica ferramentas de qualidade para montagem de tubos utilizados em trocadores de calor em usinas produtoras de açúcar e álcool e em outros segmentos industriais Sua linha compreende expandidores fixos e reguláveis, ranhurador e controlador de torque, além de ferramentas auxiliares. Essas ferramentas são fundamentais por ocasião da montagem durante a fabricação ou manutenção dos feixes tubulares em trocadores de calor em geral, tais como: aquecedores de caldo, evaporadores, cozedores, incluindo também feixes tubulares em caldeiras e seus acessórios.

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Ciclo regenerativo aumenta a eficiência na geração de energia TGM está implementando projeto para a Odebrecht Agroenergia FULVIO PINHEIRO MACHADO, DE

SÃO CARLOS, SP

CONSULTOR

DO

JORNALCANA

A evolução das tecnologias empregadas na construção de caldeiras e sistemas de geração tem proporcionado novas opções de aumento do rendimento energético para as usinas produtoras de açúcar e etanol. A TGM, sediada em Sertãozinho-SP, fabricante de uma linha completa de turbinas de alta potência, de contrapressão, extração ou condensação, com potência de até 150MW, também dispõe de uma equipe de engenheiros e técnicos com larga experiência, aptos a estudar e recomendar aos seus clientes a melhor maneira de obterem um maior rendimento energético em suas plantas, não só através de suas turbinas, mas também pela eletrificação de moendas. “Uma tecnologia que tem se mostrado como uma tendência é a adoção do Ciclo Regenerativo nas plantas de geração de energia das usinas. Estamos

implementando um projeto para a Odebrecht Agroenergia usando esse conceito de aproveitamento energético”, explica Marcelo Severi, Gerente Comercial de Turbinas da TGM. O conceito desse sistema, simplificadamente, consiste na utilização do vapor que é gerado a mais pela mesma quantidade de combustível com o objetivo

de aquecer o condensado, que por sua vez retorna à caldeira. O sistema de geração por ciclo regenerativo está fundamentado na utilização do vapor de diversos estágios da turbina, e com isto aumenta-se a temperatura do condensado, o que aumenta a eficiência do ciclo. O seu efeito principal pode ser

explicado na redução da vazão de vapor que chega no condensador e redução das correspondentes perdas na fonte fria. Entre os fatores que influenciam o rendimento do ciclo a vapor destaca-se a temperatura da água de alimentação da caldeira e a temperatura do ar de combustão. Partindo deste princípio, com a água e ar devidamente pré-aquecidos utiliza-se menos combustível, porque está sendo injetada na caldeira uma energia externa. São diversos os benefícios desta nova configuração para a planta de geração de energia. Entre os principais, destaca-se o maior rendimento do ciclo a vapor, fator este que tem influenciado decisivamente a adoção do ciclo regenerativo pelas usinas sucroenergéticas. No ciclo sem regeneração, a temperatura de alimentação da caldeira é de 110°C a 120°C. Já no regenerativo a temperatura é maior, estando em torno dos 160°C a 180°C, podendo chegar em muitos casos a 230°C, dependendo das condições de pressão do sistema. “Esta tecnologia pode ser aplicada não só para novas plantas, como também para unidades existentes, as quais muitas vezes se encontram em seu limite máximo de produção, com baixas eficiências, surgindo assim, a necessidade de otimização dos equipamentos existentes ou a melhoria na concepção do ciclo de geração de energia”, finaliza Severi.


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Novas tecnologias são incorporadas ao segmento sucroenergético O Grupo WEG, sediada em Jaraguá do Sul-SC, é uma empresa nacional que ao longo dos tempos se tornou multinacional, com fábricas na Argentina, México, China, Portugal, Índia, Áustria e Estados Unidos e que também possui o controle societário de várias empresas brasileiras, fornece uma linha completa de equipamentos e acessórios para eletrificação de diversos segmentos industriais. No setor sucroenergético a empresa é conhecida pelo fornecimento de motores elétricos aplicáveis aos seus vários setores de processo e também está presente no fornecimento de turbogeradores e seus complementos, tais como: painéis de comando, transformadores, sistemas de proteção e de supervisão. A recente aquisição da Electric Machinery permitiu que a WEG aumentasse a capacidade de geração por máquina, até então, de 62,5MVA em IV polos, disponibilizando turbogeradores II polos com potência de até 150MVA. Há mais de cem anos no mercado, a Electric Machinery, agora pertencente ao Grupo WEG, é uma companhia norteamericana que atua no segmento de geração de energia, papel e celulose, óleo e gás, separação de ar, saneamento e mineração. Já fabricou mais de 1.000 turbogeradores II polos, totalizando 20 GW de potência instalada, desde a década de 50. Como resultado dessa aquisição,

Gerador WEG ST-40

baseada em conceitos atualizados em máquinas girantes, sua própria tecnologia na fabricação de geradores de IV polos e a experiência adquirida em projetos de geração consolidados no setor sucroenergético, o Grupo WEG agora agrega a experiência da Electric Machinery oferecendo sua mais recente linha de turbogeradores, a ST40. O resultado são máquinas compactas, com baixos níveis de ruído e vibração, e possibilidade de customização, atendendo às demandas técnicas exigidas pelo segmento. Além disso, intervalos de manutenção são favorecidos pela robusta construção do rotor, mancais e estrutura mecânica da carcaça e estator. A Linha de Geradores ST-40 traz inovações como: Integração do retificador à excitatriz; Sistema de dutos de refrigeração internos otimizados; Novo método de refrigeração da cabeça de bobina do rotor; Nova tecnologia de retenção do enrolamento do rotor e novos modelos de mancais. Opcionalmente o conjunto de excitação pode ser fornecido com roda de diodos redundante, evitando paradas de máquina em função de eventual queima de diodos. Essa solução é reconhecida pela indústria de óleo e gás, e frequentemente utilizada em turbogeradores de II polos. Outra opção é o sistema de excitação sem escovas (brushless) Electric Machinery. (FPM)

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Redutores abrangem diversas Energia para a indústria e modalidades de geração de energia campo já pode ser ininterrupta Um dos componentes equipamentos instalados é vitais em sistemas de suficiente para iluminar o geração de energia são os Nordeste, Sudeste e Sul do redutores de velocidade. Brasil durante 1 mês e a Independentemente do tipo Alemanha durante 2 meses, da fonte geradora, quer seja considerando o consumo ela hidroelétrica, médio de 40 MW para cada combustível fóssil, biomassa 600 mil habitantes”, e até mesmo eólica, eles exemplifica Jamile Golfetto, estão sempre presentes de gerente de Marketing. forma a possibilitar que os “No último Leilão de geradores propriamente Rolf Ramminger, diretor Energia A-5 de 2012, no ditos sejam acionados com a comercial da Renk Zanini resumo da habilitação por velocidade correta na tarefa fonte, considerando as de produzir energia elétrica. categorias dos projetos em oferta por A Renk Zanini, empresa sediada em potência (MW), a Renk Zanini responde em Cravinhos-SP, especializada no projeto e capacidade por 71%, com um total de construção de redutores especiais de alta 14.181 MW, distribuídos em 525 projetos potência, tem fornecido seus produtos para que incluem Biomassa, Hidroelétricas, equipar diversos projetos de geração de PCH, Eólica e Gás Natural, segundo a energia no Brasil e também na América EPE”, complementa a Gerente de Latina. Marketing. A gama de turborredutores da Renk Nos projetos financiados pelo FINEP a Zanini atendem faixas de potência até 80 empresa vem se destacando nas altas MW, com velocidades tangenciais de 150m/s potências dos turborredutores, com e baixos níveis de ruído e vibração. Eles estão capacidade de até 80MW. “A Renk Zanini é presentes desde as plataformas de petróleo líder de participação na cogeração, pois 73% até os sistemas de geração de energia das dos projetos autorizados pela ANEEL usinas produtoras de açúcar e etanol. contam com redutores Renk Zanini, o que “Desde 1978, A Renk Zanini já demonstra a confiabilidade e a qualidade do forneceu 952 turborredutores no Brasil. A nosso produto”, informa Rolf Ramminger, quantidade de energia gerada com os diretor comercial da empresa. (FPM)

A energia elétrica nos dias de hoje é indispensável em todos os setores da atividade humana. É cada vez maior a utilização de sistemas e equipamentos que necessitam de uma fonte ininterrupta de energia para o seu funcionamento, como processamento de dados e sistemas de segurança operacional, que necessitam operar mesmo em condições emergenciais. Há também situações onde não se pode contar com uma fonte de energia próxima, como é o caso de sistemas de bombeamento e irrigação como os utilizados na lavoura canavieira. A Germek Equipamentos oferece diversas opções de grupos geradores para aplicações na indústria e no campo projetados de acordo com as características da rede de energia elétrica e seus tipos de cargas ou origens de consumo. Os Grupos Geradores Germek são fornecidos em conjuntos montados sobre base de vigas laminadas e podem ser equipados com motores Volvo-Penta, MTUMercedes-Benz ou MWM, acoplados a geradores sem escovas (brushless) dos fabricantes WEG ou Bambozzi. Quanto ao combustível, há opções para diesel, etanol ou ainda biogás. A Germek também projeta e fabrica painéis específicos para seus conjuntos geradores, de acordo com a aplicação, que

Conjunto gerador Germek, movido a biogás, exposto na Agrishow 2013

atendem todos os requisitos de proteção e comando do grupo gerador, com acionamento manual ou automático. No caso de sistemas de energia ininterrupta, a Germek fornece painéis do tipo USCA, com sistema de partida automático, dotado de todas as proteções e atendendo todos os requisitos desse tipo de sistema. Além dos grupos geradores, a Germek projeta e fabrica também conjuntos para bombeamento para serem utilizados nas tarefas de irrigação e fertirrigação na lavoura, como os empregados para a aspersão de vinhaça no campo. Estes conjuntos podem ser acionados por motores elétricos ou a combustão de até 700cv e são dotados de sistema de parada automática para proteção do motor. Os conjuntos motobomba são disponíveis nas versões para carreta ou em base fixa. (FPM)


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Tecnologia permite estender geração de energia ao período úmido do ano Cocal Açúcar e Álcool trabalha com ciclo regenerativo e turbinas com escape axial A Siemens está fornecendo para a Cocal Açúcar e Álcool dois turbogeradores com capacidade de 51,3 MW cada, com solução de ciclo regenerativo e também otimização do balanço térmico. “Esse projeto envolve tecnologias capazes de impulsionar a eficiência energética no mercado sucroenergético brasileiro. O investimento, antes visto pelo setor como um desafio tecnológico e também cultural, permite às usinas duas opções: consumir a mesma quantidade de combustível e gerar excedente de energia ou manter a geração e reduzir a quantidade de combustível”, afirma Fernando Alves dos Santos, engenheiro de vendas da Siemens. “Trata-se da aplicação de uma tecnologia dominada pela Siemens e já aplicada em outros mercados, e que possibilita às usinas de açúcar e etanol estenderem a geração de energia ao período úmido do ano. Em linhas gerais, com os novos equipamentos, a energia que era gerada em oito meses, correspondentes ao período seco do ano, pode ser estendida aos quatro meses finais, em que ocorre o

Turbina Siemens SST-300

período úmido. Ou seja, a economia de combustível favorece o potencial para gerar energia nos períodos de parada ou entressafra”, complementa o engenheiro de vendas. Além dos dois turbogeradores adquiridos pela Cocal, com implantação prevista para junho deste ano e abril de 2014, respectivamente, o contrato envolve também a modalidade de escape axial, solução Siemens que reduz o tamanho da área ocupada pelos turbogeradores, possibilitando um ganho de 7 a 8 metros

de altura na edificação da casa de força. Este contrato com a Cocal demonstra o avanço da Siemens no setor sucroenergético no Brasil e no aumento da capacidade de produção e entrega de equipamentos. Nos últimos cinco anos, a empresa mais que triplicou a produção de turbinas e projeta expansão para os próximos anos “Acreditamos que, nos últimos anos, o mercado de Açúcar e Etanol vem atingindo uma maturidade em termos de evolução tecnológica. E, neste contexto, a Siemens tem como atributo a

consistência na cogeração de energia aliada ao ciclo regenerativo, que atende as necessidades atuais do mercado”, informa Santos. A Siemens já conta com turbinas de alto desempenho 100% nacionalizadas, fabricadas em sua unidade de Jundiaí-SP, onde também é feita a manutenção destas máquinas. “Nesta unidade da Siemens está instalado o único equipamento da América do Sul capaz de realizar balanceamento de rotores em altas velocidade e ensaios de sobrevelocidade. Este investimento possibilitou a produção local de uma gama de rotores no Brasil que anteriormente eram produzidos na Alemanha, por necessidade de balanceamento. Hoje, a balanceadora aumentou nossa capacidade fabril e, consequentemente, competitividade, além de outras vantagens operacionais que o equipamento oferece aos nossos clientes. De 2006 até hoje, nossa fábrica de turbinas duplicou”, complementa Fernando. Além da Cocal, a Siemens está fornecendo turbogeradores para outras grandes empresas do setor, como o Grupo Guarani, no Brasil, incluindo também turbinas com escape axial, além de contratos internacionais como a Bioenergy, na Colômbia, contando com a mesma tecnologia e empresas na Guatemala e El Salvador, com potências superiores a 60 MW. (FPM)


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USINAS EVOLUEM EM BUSCA DA EFICIÊNCIA Normas e controle de qualidade se impõem na indústria moderna FULVIO PINHEIRO MACHADO, DE

SÃO CARLOS SP

CONSULTOR

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Ao se comparar o estado da arte a que chegaram as modernas usinas atuais com aquelas de apenas algumas décadas atrás é possível notar que certamente houveram ganhos sensíveis em capacidade e produtividade. No entanto isso não foi gratuito, pois

também houve um correspondente aumento tanto do número, como da complexidade dos equipamentos e seus acessórios pela introdução de novas tecnologias. Equipamentos de maior capacidade e rendimento muitas vezes necessitam de materiais construtivos mais elaborados como também técnicas de manutenção mais sofisticadas. Assim, fabricantes tiveram não só de lançar mão de novas técnicas construtivas, mas também submeter-se a rigorosos controles de qualidade em que a empresa deve se enquadrar desde o projeto até a execução final através de registro dos procedimentos adotados. Estão obrigados também a seguir todo o conjunto de

Normas Reguladoras, as conhecidas NR, em todos os seus quesitos. A soldagem em suas várias modalidades, uma técnica usada em praticamente todos os equipamentos, em muitos casos, como nos vasos de pressão, devem ser executadas por profissionais devidamente credenciados seguidos de ensaios e inspeção por empresa certificada em concordância com a NR13. Por outro lado, os usuários tiveram de capacitar os operadores e adequar as equipes de manutenção de ferramental e instrumental adequado de forma a poderem manter esses novos equipamentos que requerem uma maior disciplina em sua manutenção. Com todas essas exigências, criaram-

se empresas especializadas em prestar assistência em metrologia, inspeções, ensaios e atividades afins para prestar serviços tanto a fabricantes como a usuários. Portanto pode-se dizer que houve um refinamento geral em toda a estrutura operacional da indústria, que se encontra hoje muito distante dos tempos de “quebra-galho” como se assistia no passado. Muitos investimentos têm sido feitos no aprimoramento de todos os aspectos da indústria, que muitas vezes podem ser considerados penosos, no entanto o resultado dessa evolução se traduz em maior eficiência industrial e consequentemente maior rentabilidade.


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Veja quando a manutenção regular de ventiladores é indicada para o rotor A execução de uma manutenção regular e correta dos equipamentos de uma usina produtora de açúcar e etanol é fundamental para que sua vida útil seja ampliada. Esse cuidado é particularmente importante para os equipamentos rotativos em geral, já que operam ininterruptamente durante a safra e de acordo com sua aplicação estão sujeitos a condições agressivas de trabalho. A Equilíbrio, empresa sediada em Sertãozinho-SP, e que também dispõe de uma filial em Recife-PE para atender a Região Nordeste, fabrica ventiladores industriais de grande porte e peneiras rotativas, estando apta a também reformar e ampliar a capacidade de equipamentos existentes. Luís Mendes Júnior, engenheiro e responsável pelo departamento comercial da Equilíbrio, obseva: “Para se garantir a durabilidade do equipamento recomendamos que a manutenção dos ventiladores e exaustores seja feita periodicamente ao término de cada safra. É imprescindível que esse serviço seja executado por uma empresa especializada em ventilação de grande porte como a Equilíbrio. Uma manutenção mal feita ou a falta dela pode ocasionar ruídos, vibrações, superaquecimento, deformações físicas, dificultando e até reduzindo o rendimento da máquina”. A manutenção em ventiladores e exaustores centrífugos, por exemplo, geralmente acontece no conjunto girante (eixo/rotor/polias ou eixo/rotor/acoplamento) ou na parte girante (mancal/rolamento e correias de transmissão). “A frequência de inspeção é determinada pela severidade da aplicação e pelas condições locais. Uma vez definida a tabela de manutenção, esta deve ser rigorosamente cumprida”, reforça o engenheiro. A manutenção regular de ventiladores é indicada para o rotor quando há acúmulo de pó ou material estranho,

Luís Mendes Júnior indica manutenção ao término de cada safra

desgaste excessivo proveniente de pó abrasivo, parafusos frouxos no cubo ou palhetas deformadas, pois estes últimos podem comprometer a segurança do operador. Quando o modelo em questão utilizar acionamento por correias em “V”, deve ser objeto de manutenção se houver desalinhamento e desgaste e no acoplamento, quando a unidade for por acionamento direto e faltar lubrificação, bem como nos mancais, rolamentos e parafusos.

Para os exaustores centrífugos também é recomendada manutenção, já que estão sujeitos a desgastes por abrasão e por sua localização, antes ou depois dos lavadores, o que provoca a corrosão das partes girantes. A Equilíbrio também realiza o serviço de balanceamento de rotores de ventiladores e exaustores, que é recomendado no caso de uma manutenção corretiva para o bom desempenho, eficiência e durabilidade de todo o equipamento, principalmente aqueles que

operam em alta rotação . A empresa também faz balanceamento de outros tipos de equipamentos rotativos usados nas usinas, como é o caso de cestos de centrífugas de açúcar. “Com máquinas estacionárias modernas e com diferentes capacidades, a Equilíbrio realiza o balanceamento de equipamentos com comprimentos que vão desde 100mm até 6.000mm, aceitando um peso máximo de até 10.000 kg e diâmetros de 80mm a 2.600mm”, complementa Júnior. (FPM)


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Inspeções e ensaios são essenciais para os equipamentos Empresa realiza inspeções de fabricação e ensaios para a indústria A Welding, empresa sediada em Sertãozinho-SP, presta serviços de inspeções técnicas, análises, ensaios de materiais e recondicionamento de peças e equipamentos por soldagem. A empresa possui certificação ISO 9001 desde 2006. Para atender seus clientes a empresa dispõe de diversos laboratórios dotados de equipamentos adequados e profissionais treinados para a realização de Ensaios e Análise de Materiais, Análises Metalográficas, Análises Químicas e Ensaios mecânicos para apoio aos seus clientes. O Laboratório de Ensaios e Análises de Materiais da Welding participa ativamente na Análise de Falhas de equipamentos e componentes mecânicos atendendo aos diversos segmentos industriais. Com recursos tecnológicos apropriados e profissionais capacitados, este laboratório tem atendido aos mais diversos ramos de indústrias. Para Análises Metalográficas, seu laboratório possui microscópios óticos e estereoscópicos, microdurômetros, equipamentos de suporte para corte refrigerado, embutimento a quente e a frio, polimento com alumina, pasta de diamante e eletrolítico, e recursos para uma grande variedade de ataques químicos, além de ser equipado com um banco metalográfico. O Laboratório de Análises Químicas é equipado com um espectrômetro de fluorescência de Raios-X que permite análises precisas de materiais como aços, ferros fundidos, ligas de cobre, alumínio, níquel, cromo, cobalto, entre outros, além de produtos de corrosão e incrustações. Este laboratório também está capacitado para realizar análises químicas de produtos de pouca superfície, como por

Laboratório de Metalografia da Welding

exemplo, arames, telas e microcomponentes, já que conta com um moderno forno de indução para fusão desses produtos em atmosfera controlada com argônio, o que possibilita a análise espectrométrica por Raios-X destes componentes após fundição de amostras, porém, sem perdas por volatização. O Laboratório de Ensaios Mecânicos da Welding conta com máquinas de ensaios de tração, compressão, impacto, dureza, microdureza, dobramento, achatamento e expansão de tubos, entre outros. Esse laboratório também realiza ensaios dinâmicos para determinação de tenacidade à fratura, curvas de fadiga, entre outros.

A Inspeção de fabricação de diversos equipamentos e componentes mecânicos é uma das principais atividades da Welding. Com o suporte do Laboratório de Ensaios e Análises de Materiais a Welding realiza os mais diversos tipos de inspeção de fabricação, além de elaborar Especificações Técnicas de Produtos (ETPs) que auxiliam seus clientes em compras técnicas. Dentre os ensaios mais realizados, destacam-se os ensaios por ultrassom, partículas magnéticas, líquidos penetrantes, medição de espessuras e avaliações visuais e dimensionais. (FPM)


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Gemea debate crescimento sustentável ANDRÉ RICCI, DA REDAÇÃO

Focando o desenvolvimento de equipes, redução de custos e novas tecnologias, o Gemea — Grupo de Estudo para a Maximização das Eficiências Agroindustriais no Setor Sucroalcooleiro, realizou em 26 de abril, mais um encontro na cidade de Goiânia, GO. Sabendo das dificuldades que o setor sucroenergético enfrenta, os organizadores têm elaborado temas específicos para os desafios futuros. “Teremos, em um curto espaço de tempo, que aumentar a lucratividade com a mesma matéria-prima. A cada reunião levamos este ponto em consideração para elaborar o conteúdo programático”, explica Hélio Belai, diretor de marketing do Gemea. Um dos temas debatido foi a ‘Visão Estratégica para homologação de Fornecedores’, que segundo Belai, necessita de atenção dentro das usinas. “Foram apresentadas ferramentas e ações para homologação e desenvolvimento dos fornecedores, abordando pontos críticos, como:

procedimentos fiscais, trabalhistas, éticos e relacionados ao meio ambiente”. Já Fernando Medeiros, consultor em fabricação de açúcar, falou sobre a tecnologia da cristalização da sacarose, importante assunto dentro das unidades industriais atualmente. “Aumentar a eficiência da fábrica e reduzir perdas na cristalização é o desejo de todos. São detalhes na operação que podem determinar estes pontos”, diz Hélio. Cogeração também teve espaço no debate. Javier Echezarreta, engenheiro mecânico, falou sobre o custo/benefício da instalação de sistema de limpeza a seco da cana. “Echezarreta focou-se na necessidade de otimização energética nas usinas, fator que pode se tornar uma importante fonte de renda para as unidades, além de ajudar o Brasil”, finalizou o diretor do Gemea. Outros temas como ‘Aumento da Recuperação de Açúcar com Sistema de Cristalização’ e ‘A importância do Controle Microbiológico na Indústria Sucroenergética’ também foram discutidos.

Entre outros temas, grupo debateu tecnologia da cristalização da sacarose

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Biagi Filho critica medidas de incentivo ao etanol Agrishow teve público recorde, anúncio de investimentos, homenagem e críticas ao governo ANDRÉ RICCI,

DE

RIBEIRÃO PRETO, SP

De 29 de abril a 3 de maio, a cidade de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, sediou a 20ª edição da Agrishow — Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação. Durante a cerimônia de abertura, Maurílio Biagi Filho, presidente do evento, anunciou investimentos na ordem de R$ 15 milhões em infraestrutura para os próximos três anos. O valor engloba, inclusive, a criação da casa da Embrapa — Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Biagi aproveitou a presença de nomes como Geraldo Alckmin, governador do Estado de São Paulo, e Antônio Andrade, ministro da Agricultura, para criticar as medidas de incentivo ao etanol anunciada em meados de abril. “O aumento da mistura de 20% para 25% de etanol na gasolina, por exemplo, é visto

como uma maravilha. Só não disseram que antes a quantidade era essa e ela foi reduzida. Isso é uma vergonha. É uma burrice o governo não incentivar a produção de etanol para evitar esse déficit de 8 milhões de dólares para a Petrobras no primeiro trimestre”, reclamou. Para Biagi Filho, mesmo com todos os problemas, há uma medida válida dentre as anunciadas. “O único incentivo do pacote foi a redução tributária. A desoneração fiscal é o único ganho real desse pacote, de R$ 0,12 por litro de etanol produzido”, lembrando que os impostos PIS/Cofins foram zerados. Já Geraldo Alckmin, que foi homenageado no evento por ter ajudado na permanência da Agrishow em Ribeirão Preto pelos próximos 30 anos, anunciou o lançamento do projeto executivo do Museu da Agricultura. "Serão 4 mil m² de área construída, um museu interativo, mostrando a história da tecnologia agrícola. Teremos, por exemplo, as primeiras mudas de cana até as últimas mudas desenvolvidas pelo IAC – Instituto Agronômico de Campinas”, destacou o governador. Segundo dados divulgados pela organização da Feira, o valor dos negócios gerados no evento fechou em torno de R$ 2,6 bilhões, crescimento de 16% em relação à edição passada. O evento contou com 790 expositores e teve a presença de 150 mil pessoas que passaram pela feira em seus cinco dias.

Maurílio Biagi Filho: É uma burrice o governo não incentivar a produção de etanol


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Civemasa destaca plantadora automática de cana picada Aproveitando a oportunidade de relacionamento com diversos clientes, além de buscar novos parceiros, a Civemasa, que atua no mercado de implementos agrícolas, esteve presente na Agrishow 2013. “O evento superou as nossas expectativas, tanto em público como em negócios. Focamos neste ano em uma linha de equipamentos pesados voltados aos tratores de grande porte que estão no mercado atualmente. Levamos implementos para tratores acima de 400cv, além da nossa tradicional linha canavieira”, explica José Luiz Bortolucci, coordenador administrativo de vendas e marketing da empresa.

Um dos destaques foi a Plantadora Automática de Cana Picada – PACC 2L, que reduz o custo de plantio e também possibilita o plantio durante os doze meses do ano, já que diminui a mão-de-obra empregada. A máquina conta com sistema de acionamento individual das esteiras metálicas através de comando eletrônico e válvula proporcional, o que proporciona ao usuário a opção de trabalhar com apenas uma esteira em caso de arremate de plantio e alterar a velocidade das esteiras separadamente sem ter que parar a plantadora. Entre outros pontos, a PACC possui também correção automática da quantidade distribuída de mudas e fertilizantes, controlado eletronicamente de acordo com a velocidade do trator.

Santal reitera colhedora com sistema de esteiras Criada em 1960, em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, a Santal foi mais uma empresa voltada ao setor sucroenergético presente na Agrishow. Recentemente, a empresa lançou um produto que marcou sua entrada no segmento de colhedoras com sistemas de esteiras, a S5010. A máquina, que tem um conjunto de

esteiras que demonstrou ter de 20 a 40% mais vida útil que as atuais do mercado, conta com projeto inovador e capacidade de colheita em todo tipo de canavial. A colhedora oferece ainda um opcional específico para a colheita de mudas: o kit mudas. Através de fácil substituição é possível transformar o equipamento para colheita de muda ou colheita industrial.

Metagro se apresenta ao mercado brasileiro De origem guatemalteca, a Metagro fornece soluções de alta qualidade nas necessidades de transporte para o agronegócio. Entre os maquinários produzidos estão semirreboques, transbordo de cana, cultivador, entre outros. Segundo Marcos Rocha, gerente de projetos da empresa, explica um pouco da história da Metagro. “Chegamos ao Brasil há oito meses, somos novos por aqui. Estamos estudando parcerias com outras empresas, buscando levar tecnologias para a América Central, onde já encontramos pessoas interessadas nesta área. Posso dizer que viemos para ficar”, aponta. Sobre

a participação na Agrishow, o representante se mostrou satisfeito com o movimento ao longo dos cinco dias de evento. “É importante estarmos aqui para que as pessoas nos conheçam. Nesse primeiro momento estamos buscando visibilidade. Já conhecemos vários visitantes que podem se tornar clientes”, explicou. A Metagro conta ainda com um grande estoque de peças e assistência técnica especializada. A padronização de peças de reposição e componentes é outra vantagem oferecida pelo equipamento, reduzindo os custos de manutenção além de facilitar sua aplicação.


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New Holland lança kit canavieiro para a linha T7 e T8

Massey Ferguson cumpre metas de negócios

É fundamental que um trator possa realizar diversas operações durante a safra. Pensando nisso, a New Holland lançou um kit canavieiro. O item é comercializado individualmente para as linhas de tratores T7 e T8. Ele oferece em um único pacote as soluções de eixo com bitola de três metros e freio pneumático, garantindo mais facilidade na operação. Possui ainda extensores nos eixos dianteiros e eixos passantes nas rodas traseiras que garantem maior versatilidade do trator. “Os tratores de alta potência são fundamentais nas operações de preparo de solo e plantio, as quais ocorrem em momentos distintos aos da atividade de colheita. Portanto, viabilizar e otimizar o uso dos tratores para diferentes operações é uma versatilidade desejada”, explica o coordenador de marketing da New Holland, Samir Fagundes.

A Massey Ferguson encerrou a Agrishow 2013 com crescimento no volume de negócios em comparação com o ano passado, tendo como destaque o pulverizador autopropelido MF9030. “Tivemos um expressivo crescimento em produtos de maior volume agregado, como colheitadeiras axiais; tratores de alta tecnologia como os da Série MF 8600 e MF 7000 Dyna-6; nosso pulverizador o MF 9030”, explica Eduardo Nunes, gerente regional de vendas da empresa. Uma das novidades da empresa foi a apresentação do piloto automático Auto Guide 3000, com um sistema de direcionamento que oferece até 3 níveis de precisão: submétrico, até 30 cm de precisão entre as passadas; decimétrico, 10 cm de precisão na passada; e por fim o centimétrico que por meio de sinal RTK consegue uma precisão de até 2,5 cm na passagem dos equipamentos. Pela primeira vez a marca oferece ao mercado colheitadeiras, tratores e pulverizadores com precisão centimétrica de fábrica.

Valtra vende mais de 100 colhedoras de cana Santal na Agrishow Durante a 20ª edição da Agrishow, a Valtra comercializou mais de 100 colhedoras S5010 da Santal, empresa recém-adquirida pelo grupo AGCO. A colhedora conta com um sistema rodante de esteiras metálicas VTrack, mais resistente e capaz de proporcionar melhor distribuição de carga, garantindo menor compactação e baixos danos às soqueiras. Sua elevada vida útil também é um diferencial, pois contribui diretamente à diminuição dos custos de manutenção do equipamento. Além deste equipamento, a Valtra lançou a plantadora PDM2, que realiza todas as operações do plantio (abre sulco, aplica o adubo, distribui as mudas, aplica inseticida, fecha e compacta o sulco) em duas linhas simultaneamente.


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Grupo Agrimec fechou positivamente Demanda por kit inovador o balanço da Agrishow surpreende Grupo Tracan O Grupo Agrimec, combinando inovação, versatilidade, respeito ao meio ambiente, robustez e eficácia, atraiu a atenção de pequenos, médios e grandes produtores durante a Agrishow. Fernando Abreu, consultor de vendas do Grupo, revelou que a meta comercial era atingir 100% do status de vendas do ano passado. Com uma série de negociações em andamento, o resultado parcial já representa o dobro da meta. Os implementos mais procurados foram a Plaina Niveladora Multilâminas e o MP4. O último, o Multicultivador e

Pulverizador Canavieiro Sob Palha, executa quatro operações simultâneas, a subsolagem, a adubação e a pulverização por debaixo da palha, bem como o enleiramento da mesma ao devolver a palha para o solo. É indicado para o uso na lavoura canavieira pós-colheita.

O Grupo Tracan, como um todo: indústria TMA Máquinas Agrícolas, Concessionárias Case IH e ATX Pneus, alcançaram resultados maiores que os divulgados pela feira, já que o aumento nas vendas chegou a 18% em relação ao ano anterior. O kit que transforma a colhedora de cana de uma linha Case IH A 8800 em colhedora de duas linhas e múltiplo espaçamento foi o grande destaque da

TMA no evento. A empresa informou que a demanda foi tanta que a indústria, localizada em Ribeirão Preto, SP, terá que criar uma linha de produção exclusiva para o equipamento.

ATX comemora presença BRN anuncia parceria com FH Equipamentos Especiais de clientes no evento A ATX do Brasil, que oferece soluções tecnológicas nos pneus para os segmentos agrícola, florestal, industrial e OTR, também esteve presente no evento. Consultores especialistas estiveram presentes e orientaram os visitantes sobre os melhores produtos para cada necessidade, tornando o investimento mais eficiente por gerar menor consumo de

combustível e desgaste do pneu. “Nosso sucesso na Agrishow só foi possível devido a presença maciça de nossos clientes. Pudemos apresentar a mais moderna linha de pneus radiais para tratores de grande porte e pneus radiais de aço para caminhões utilizados em transbordo de cana”, destaca Anderson Jacon, diretor da empresa.

A BRN, empresa 100% brasileira especializada em exportação e importação de máquinas, implementos e peças agrícolas, encerrou a Agrishow 2013 satisfeita. A empresa expôs sua linha de máquinas e serviços para exportação, além de peças agrícolas de reposição, como discos agrícolas, itens para colhedora de cana, mangueiras e conexões hidráulicas. “Nossa participação foi um sucesso, especialmente pela oportunidade de apresentar a parceria firmada com a FH Equipamentos Especiais, em que assumiu a

comercialização, e constatar a sua grande aceitação pelo mercado”, diz Márcio Miwa, representante da BRN. Como destaque, a empresa apresentou a Plantadora de Cana PC 7500 e o PMS 2L (Preparo Mínimo de Solo) para o plantio da cana-de-açúcar.


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DMB marcou presença na Feira Fundada em Sertãozinho, interior de São Paulo, a DMB Máquinas e Implementos Agrícolas recebeu seus clientes na Agrishow numa área de 900m² toda coberta, onde pôde apresentar seus principais produtos para a cultura da cana-de-açúcar. A empresa fabrica uma extensa linha

de implementos que são utilizados em todas as fases de desenvolvimento da cultura da cana-de-açúcar. Entre eles estão subsoladores, sulcadores, cobridores, cultivadores "quebra-lombo", cultivadores para cana crua e queimada, carretas para distribuição de torta de filtro, adubadeiras de superfície, adubadores para cana crua com aplicação em profundidade, aplicadores de inseticidas em soqueiras, desenleiradores para cana crua.

Germek apresenta motores industriais movidos a biogás e etanol

Eutímio Jr., representante do NE; Alberto Borges, diretor e Auro Pardinho, gerente de marketing

A Germek Equipamentos, que atua nas áreas industrial e agrícola, se destaca como fornecedora de conjuntos motobombas nos mais diversos segmentos da tecnologia. Em 2013, a empresa esteve mais uma vez presente na Agrishow. “Participamos desde a 1ª edição do evento e neste ano constatamos um crescimento comercial significativo comparado aos anos anteriores. Notamos

que o público estava focado em negócios, buscando condições comerciais diferenciadas e novidades tecnológicas preparadas para o evento”, diz Richelle Marcilli, do departamento comercial da empresa. Entre as novidades foram apresentados os equipamentos com motores industriais movidos a biogás e etanol.

Carregadeiras multifuncionais foram os destaques: as SDLG A SDLG apresentou suas carregadeiras multifuncionais durante o evento. Estiveram expostos os modelos com aplicações voltadas para o agronegócio, como a LG918, LG938L e LG959. “Nossos equipamentos são versáteis, robustos e confiáveis. Fáceis de operar, têm simples manutenção e possuem capacidade para trabalhar muitas horas

Distribuidor de calcário e fertilizantes é destaque da Sollus A Sollus Mecanização Agrícola apresentou quatro lançamentos em sua linha de produtos. Quem visitou o estande da empresa conheceu um distribuidor de calcário e fertilizantes, modelo Spander AP 12.000 – H, uma máquina que veio para o mercado para fazer Agricultura de Precisão. Uma das vantagens da máquina, segundo o gerente comercial da Sollus, João

Roberto Nascimento Filho é que ela interage com todos os fabricantes de equipamentos de Agricultura de Precisão. O Subsolador modelo SPP 2000 com sistema de pulverização em profundidade para combate de Migdolus e a Spander 2800 DAC, uma carreta distribuidora de Adubo e Calcário em filetes na soqueira de cana, também foram novidade.

sem intervalo, com baixo consumo de combustível”, aponta Enrique Ramirez, diretor de negócios da empresa na América Latina. Neste ano, além da exposição de equipamentos, a SDLG apresentou o seu serviço de manutenção preventiva, que identifica e corrige irregularidades antes que elas aconteçam.


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Por Fábio Rodrigues – fabio@procana.com.br

Service Renk Zanini A Renk Zanini realiza serviços de manutenção em redutores inclusive de outras marcas. Uma manutenção de qualidade é essencial para o bom funcionamento dos equipamentos e da empresa como um todo. Como destaque dos trabalhos executados, a Renk Zanini realizou os serviços de manutenção e reparo nos redutores para convertedor de aciaria da CSN, Unidade GGMA – Gerência Geral Metalurgia do Aço. Trata-se de um conjunto de redutores com projeto e fabricação japonesa. O redutor fornecido, que entrou em operação em dezembro de 2012 é responsável pelo acionamento do convertedor. O acionamento é altamente solicitado, pois o convertedor tem uma carga de aproximadamente 230 toneladas a cada 45 minutos. “A Renk Zanini nos atendeu de forma extremamente proativa, sempre visando solucionar os problemas e com máximo profissionalismo", avaliou o Sr. Robson Barbosa Batista, Técnico de Desenvolvimento da CSN. A Renk Zanini forneceu todo o conjunto secundário, incluindo os 4 pinhões de saída das primárias, reparou os redutores primários e concluiu a montagem do conjunto (redutor secundário e 4 redutores primários) nas instalações da CSN.

Grundfos amplia portfólio Ampliando o portfólio de bombas destinadas ao setor industrial, a Grundfos coloca no mercado a versão em aço inoxidável (Stainless Steel, SS) dos modelos base-luva NK/NKG e monobloco NB/NBG. Como diferencial, os produtos trazem

todas as partes em contato com o líquido bombeado em aço inoxidável. Ambas as linhas também são back-pull-out, característica que permite que todo o conjunto seja desmontado sem a necessidade da retirada da bomba das tubulações de sucção e recalque.

Inox, bronze, alumínio e tecnil A Idema Engrenagens, de Santa Maria, RS, está expandindo seu portfólio de produtos. A novidade é o fornecimento de peças usinadas em materiais, como: inox, bronze, alumínio e tecnil. Os produtos desenvolvidos atenderão especificações técnicas próprias de cada cliente. Tradicional fornecedora de engrenagens agrícolas e industriais, a empresa que há 3 anos está sob o controle do Grupo Agrimec, investiu na modernização de sua planta industrial, na aquisição de novas máquinas e na ampliação de seus processos como no tratamento térmico e superficial de componentes.

Projeto pioneiro em Camaçari A Endress+Hauser, empresa europeia em instrumentação e soluções em automação para processos industriais, está atuando no Projeto Complexo Acrílico no Polo Petroquímico de Camaçari, primeira fábrica de ácido acrílico e superabsorventes do grupo Basf na América do Sul. No local serão produzidos polímeros superabsorventes, acrilato de butila e ácido acrílico. O início dos testes dos equipamentos no Brasil ocorrerá no segundo semestre de 2013 e a partida da planta no início de 2014. Serão instalados instrumentos para controle e medição, dentre os quais, medidores de nível, vazão, pressão e temperatura. Com investimento de 500 milhões, considerado o maior aporte da Basf em 100 anos na América do Sul, a implantação irá gerar cerca de 2 mil empregos durante a construção. Já no início da produção, serão geradas 230 vagas diretas e 600 indiretas.

Destaque-se Sugestões de divulgação de lançamento de produtos, informativos, anúncios de contratações e promoções de executivos e demais notas corporativas ou empresariais devem ser enviadas a Fábio Rodrigues, email: fabio@procana.com.br


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PESQUISA & DESENVOLVIMENTO

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ENTREVISTA - Raquel Souza

Estudo revela impacto das mudanças climáticas no setor elétrico Trabalho mede sensibilidade da energia hidroelétrica à variação climática e sua participação na matriz elétrica ANDRÉ RICCI, DA REDAÇÃO

A assessora técnica e coordenadora da Câmara Temática de Energia e Mudança do Clima do CEBDS — Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável, Raquel Souza, participou do ‘Estudo Sobre Adaptação e Vulnerabilidade à Mudança Climática: o caso do setor elétrico brasileiro’. O trabalho foi desenvolvido de maio de 2011 a abril de 2013, com o apoio da Way Carbon. O objetivo era mostrar a sensibilidade da energia hidroelétrica à variação climática e a sua elevada participação na matriz elétrica nacional, além de apresentar novas fontes de energia, que colocam a biomassa como alternativa. O JornalCana conversou com a especialista, que relata as medidas necessárias para que o setor possa fazer parte deste projeto. JornalCana: Quais os resultados obtidos com o estudo? Raquel Souza: Apontaram a necessidade da diversificação da matriz elétrica brasileira, com a complementaridade da geração de energia hídrica e, consequentemente, aumento da segurança energética. Ressalta-se, entretanto, que a diversificação da matriz elétrica deve considerar não apenas os custos econômicos e as avaliações de impactos socioambientais, mas também, as emissões de gases de efeito estufa. Nesse sentido, ganham espaço a energia proveniente de fontes renováveis como a biomassa, eólica e a fotovoltaica. Que impactos a manutenção do atual modelo de geração de energia pode trazer ao país? O estudo ressalta a maior vulnerabilidade do sistema elétrico por ser composto predominante por usinas hidrelétricas e também pelo crescente aumento de usinas hidrelétricas a fio d’água (sem reservatórios), as quais

Especialista Raquel Souza: biomassa está consolidada como fonte de energia elétrica

tornarão o sistema ainda mais vulnerável. Obviamente que a solução não é a construção de grandes reservatórios – que causam impactos socioambientais de ampla magnitude. Mas é necessário que no contexto das mudanças climáticas seja considerado um planejamento energético de longo prazo, para melhor avaliar as alternativas que garantam o acesso a energia elétrica por todos os brasileiros de forma limpa e segura. O contexto da mudança climática não pode ser ignorado no planejamento energético do país. Segundo a Universidade de San Diego, na

Califórina, pela primeira vez em mais de 3 milhões de anos será registrado uma concentração de CO2 na atmosfera superior a 400 partes por milhão. Isto significa que alcançar a meta de aumento de temperatura global de 2ºC torna-se cada vez mais difícil. O que é possível fazer para reverter tal cenário? Primeiro, é de suma importância um maior e melhor entendimento sobre os impactos das mudanças climáticas na matriz elétrica e sua vulnerabilidade. Segundo, a diversificação da matriz elétrica

e o incentivo à eficiência energética tanto na ponta, consumidor final, como e, principalmente, na transmissão e distribuição da energia, reduzindo as perdas do sistema. De que maneira o setor sucroenergético pode auxiliar neste processo? O segmento tem um grande potencial de produção de energia elétrica que deve ser aproveitado, visto que a produção de biomassa ocorre em períodos de seca. Logo, o sistema pode ser suprido por uma energia limpa e renovável, de grande potencial e disponível próxima aos grandes centros de consumo do país, o que reduz a necessidade de grandes investimentos em linha de transmissão. A biomassa se consolida então na matriz elétrica? Sim. Primeiro por ser uma fonte renovável e, segundo, por ser complementar a matriz elétrica brasileira, estimulando ‘um processo de descentralização das áreas de produção de energia. O uso da biomassa para a produção de energia elétrica contribui para a diversificação da matriz elétrica nacional, com o aumento da participação da energia renovável e da segurança energética. Entretanto é necessário também desenvolvimento de estudos e pesquisas sobre os possíveis impactos das mudanças climáticas na produção de biomassa, bem como em outras fontes renováveis de energia. Perguntas, tais como ‘Quais serão os impactos na produção da cana-de-açúcar com o aumento da concentração de CO2 na atmosfera? E do aumento da temperatura? Será que as atuais regiões produtoras continuarão a ser propícias à cana em um cenário de maior temperatura, menor precipitação e maior concentração de CO2?’ devem ser respondidas e incorporadas no planejamento. Da parte governamental, quais as medidas necessárias? Planejamento de longo prazo incorporando uma maior diversificação da matriz elétrica, de políticas e instrumentos que favoreçam o alcance deste objetivo. Já o setor sucroenergético, o que precisa fazer? Investimento na produção de cana-deaçúcar e em equipamentos que permitam uma produção mais eficiente de energia elétrica que possa ser conectada à rede.


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Governo Federal revoga veto ao subsídio e aumenta valor destinado aos produtores nordestinos

GOTA DE ESPERANÇA

André Ricci, Da Redação

Em 8 de maio último, os produtores de cana-de-açúcar viram o último fio de esperança se esvair. De Brasília, a notícia de que a presidente Dilma Rousseff vetou o subsídio aos trabalhadores afetados pela pior seca dos últimos 40 anos revoltou a classe. “Foi uma notícia desastrosa para todos nós, pois contávamos com essa subvenção para amenizar o nosso prejuízo”, lamentou o presidente da Asplan — Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba, Murilo Paraíso. Cerca de uma semana depois, em reunião realizada no Ministério da Fazenda, a informação de que o Governo Federal retrocedeu, voltando à subvenção aos produtores nordestinos, já seria o suficiente para dar sobrevida a região. Contudo, representantes do segmento negociaram e conseguiram que o valor, anteriormente fixado em R$ 10, subisse para R$ 12 por tonelada de cana

fornecida. “A dimensão do impacto e do prejuízo foram apresentados detalhadamente, contribuindo para que o governo pudesse reparar o que seria um significativo erro com o segmento agrícola”, diz o presidente da Unida —

União Nordestina dos Produtores de Cana, Alexandre Andrade Lima. O benefício não é uma política nova do Governo Federal. Há três anos o produtor recebe o auxílio da Conab — Companhia Nacional de Abastecimento.

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Até o ano passado, a subvenção equivalia a R$ 5,00 por tonelada de cana fornecida às usinas, até o limite de mil toneladas por produtor. “O auxílio será importante para dar sustentabilidade na região canavieira. Isso porque a seca promoveu uma perda de R$ 18 por tonelada de cana. O benefício vem ao socorro dos produtores da Zona da Mata, que também sofriam com os efeitos da estiagem. Além do mais, a subvenção auxilia o produtor economicamente diante da crise vivida por toda a cadeia sucroenergética, devido à política da Petrobras de incentivo à gasolina”, afirma Lima. Apenas na região citada, no último ciclo, um terço da produção foi perdida e 15% da nova já foi afetada com a morte de socarias. Lá, a cana-de-açúcar, que em média vive seis safras, está morrendo antes do tempo por conta do déficit hídrico no solo. “Investimentos em obras estruturantes são imprescindíveis para redução dos danos causados pela seca, principalmente na Mata Norte do Estado de Pernambuco”, aponta Renato Cunha, presidente do Sindaçúcar — Sindicato das Indústrias do Açúcar e do Álcool do Estado de Pernambuco. (AR)

Subsídio não salva safra nordestina 2013/14

Barragens e variedades resistentes à seca são necessárias

A notícia de que o Governo Federal concedeu o subsídio de R$ 12 por tonelada aos produtores nordestinos afetados pela seca amenizou apenas em parte o problema vivido na região. Isso porque no último ciclo, apenas em Pernambuco, a falta de chuva provocou a redução de cerca de 23% da cana disponível, gerando queda no faturamento de até 29% em relação ao da safra anterior. O ano mudou, mas o clima não. A estiagem vivida neste início de ano comprometeu seriamente a safra 2013/14, mantendo os representantes em alerta. “Com certeza teremos redução neste ciclo. O impacto foi na mortalidade das socorrias. Assim, além da perda produtiva, também antecipou a necessidade do replantio de muitas áreas. A renovação dos canaviais acontece normalmente de seis em seis safras, período médio da vida da planta. Os estados mais afetados foram Pernambuco, Alagoas e Rio Grande do Norte”, aponta Alexandre Andrade Lima, presidente da Unida — União Nordestina dos Produtores de Cana. Já Renato Cunha, presidente do Sindaçúcar — Sindicato das Indústrias do Açúcar e do Álcool do Estado de Pernambuco, diz que são necessários investimentos que amenizem os problemas da estiagem, já que as intempéries climáticas são inevitáveis. “A seca é o desequilíbrio climático imponderável que requer árduos mecanismos de prevenção e convivência. O problema prejudicou os rendimentos nos canaviais e consequentemente, retraiu futuros investimentos. Portanto, certamente, pelos próximos dois anos, teremos quebra na

Ao mesmo tempo em que os problemas causados pela forte seca que atinge o Nordeste brasileiro são apontados, soluções também são elaboradas. A estiagem tem tirado o sono dos produtores de cana-de-açúcar, que ano a ano, observam uma queda cada vez mais acentuada na produção . Para o presidente da Unida — União Nordestina dos Produtores de Cana, Alexandre Andrade Lima, três ações podem amenizar os problemas da região. “Políticas públicas de médio e longo prazos, construção de pequenas barragens para irrigação, e uma variedade resistente à seca, se possível uma variedade transgênica. Com essa composição, teríamos uma melhora significativa”, explica. Questionado em quais pontos as usinas podem agir, Lima reitera que a ‘lição de casa’ precisa ser feita. “Precisamos aumentar a capitação da água no período das chuvas para otimizar sua utilização no período de seca. O custo é muito alto para os produtores, no entanto, as usinas já estão desenvolvendo a referida ação, com destaque para as usinas alagoanas”, indica. Contudo, Renato Cunha, presidente do Sindaçúcar - Sindicato das Indústrias do Açúcar e do Álcool do Estado de Pernambuco, diz que com o atual rendimento financeiro dos produtores, é inviável sugerir investimentos, ainda que sejam necessários. “As unidades no estado de Pernambuco, por exemplo, investem em sistemas de irrigação

Alexandre Andrade Lima: Pernambuco, Alagoas e Rio Grande do Norte, os mais afetados

produção”, explicou. Lima, que também está à frente da AFCP — Associação dos Produtores de Cana de Pernambuco, diz que o subsídio é válido, mas não resolve todos os problemas da região. Como exemplo, ele cita, em números, os prejuízos. “Posso adiantar que haverá redução em cima de redução, ou seja, a quebra desta safra será com base na redução do ciclo 2012/13, quando só produzimos 13 milhões de toneladas”, afirma. Como alento, o representante cita a única chance de melhora na produtividade ainda nesta safra. “Torcemos para que chova bem até outubro, o que poderia amenizar a situação. Mas, climatologicamente, isto seria anormal, visto que a estação chuvosa na Zona da Mata nordestina vai de abril a julho”, finaliza. (AR)

Renato Cunha: baixo rendimento financeiro dos produtores inviabiliza investimentos

complementar (racionalizando assim o uso da água). Usamos também a fertirrigação, ou seja, irrigação com uso da vinhaça, reduzindo assim, a utilização de fertilizantes, prática ecologicamente sustentável. Porém com essa seca, tornase inviável tais investimentos. No momento, o essencial é buscar políticas públicas que possam nos dar segurança hídrica”. Segundo dados do Mapa — Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a área ocupada com cana-de-açúcar pelos fornecedores do Nordeste é de aproximadamente 327 mil hectares, sendo o rendimento agrícola médio de 55 toneladas por hectare – o que corresponde a uma capacidade de produção de 18 milhões de toneladas de cana. (AR)


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De onde virá o socorro para o Nordeste? Fornecedores e usinas já perderam 35% da safra este ano e o desestímulo é como um contágio Luiz Montanini, De Carpina, PE

“Pernambuco está liquidado para a cana-de-açúcar”. A frase, se dita por alguém de pouca relevância, nenhum efeito produziria. Dita, porém, por Antonio Celso Cavalcanti, ex-presidente da Feplana - Federação dos Plantadores de Cana do Brasil e um dos maiores fornecedores de cana do Nordeste Brasileiro, toma ares de vaticínio, mesmo dando um desconto ao estilo “pronto falei” do autor. O problema se torna sério quando a Antonio Celso se juntam outros fornecedores insatisfeitos com os rumos do setor sucroenergético no Nordeste. Edmilson Rosa, fornecedor na Mata Norte de Pernambuco (Carpina, Nazaré da Mata e Tracunhaém), possui 800 hectares plantados com cana. As agruras da estiagem e a falta de incentivos têm desanimado o produtor. “Há quatro anos eu cortava 36 mil toneladas, no ano passado a produção baixou para 22 mil e neste ano a previsão é de cortar 10 mil e olhe lá, e na mesma área de terra”. Pior é que Edmilson não tem grandes perspectivas. “Não vejo solução porque há usinas que estão fechando e não temos mais a quem vender”. Das 42 usinas existentes há vinte anos, hoje apenas dezoito estão moendo em Pernambuco e a tendência é este número diminuir ainda mais, observa Antonio Celso. E prognostica: “Em poucos anos vão ficar

Antonio Celso Cavalcanti: “Estamos todos desiludidos”

cinco, seis usinas. E os fornecedores vão sofrer junto, porque o açúcar é produto de um comprador, a usina no caso, e sempre o fornecedor fica em suas mãos”. A propriedade de Antonio Celso, em Carpina, já foi considerada a melhor fazenda de cana do estado de Pernambuco. Ano retrasado, 2010, moeu 30.800 toneladas. Ano passado registrou perda de mais de 10 mil toneladas e a safra não passou de 20 mil. Este ano, especialmente por conta da grande estiagem, dificilmente passará de 8 mil toneladas colhidas. “É triste ver isso”, lamenta Antonio Celso.

“LEI 48/70 EM DESUSO TEM QUE VOLTAR A SER UTILIZADA” Não é apenas a seca que tem prejudicado os fornecedores de cana do Nordeste. De acordo com Antonio Celso Cavalcanti, a forma de pagamento da cana também os prejudica. “Antes, no tempo

´Dá vontade de chorar´ — Nunca tinha visto uma seca assim. Em 1993 tivemos uma, mas igual a essa, nunca. A triste frase acima foi dita por George Tavares, técnico agrícola responsável há 14 anos pelas fazendas de cana e outras de Antonio Celso Cavalcanti. Enquanto mostra a fazendas e suas paisagens desoladas, com dezenas de hectares como que completamente raspados, com as soqueiras mortas, sem qualquer capacidade de rebrote, George Tavares informa que na média a quebra de safra no estado de Pernambuco gira em torno de 35%. — É tudo igual, é a mesma fotografia. Só desolação. De acordo com ele, o déficit hídrico no início de maio era de 80%. “O resultado é também desolador: “O que temos aqui agora é o fenômeno da cana anã, que só traz folhas, não tem um gomo com açúcar” — diz. “Dá vontade de chorar, especialmente porque a maioria dos fornecedores e boa parte das usinas não têm seguro agrícola”.

George Tavares, técnico agrícola: tudo a mesma fotografia

“O grande problema é a socaria”, explica Jorge. “Porque não há mais tempo dela rebrotar. Mesmo que chova agora, como começou a chover, não haverá tempo hábil de crescimento para podermos fazer o corte a partir de setembro, quando começa a safra. Uma cana destas vai crescer o quê? A produtividade, portanto, será mínima. (LM)

do IAA - (Instituto do Açúcar e do Álcool) roçava minha cana toda em troca de açúcar. Uma tonelada por um saco. Era a forma de pagamento mais justa porque o açúcar é uma commodity. Se o preço subia, eu subia junto. Se caia eu perdia junto com as usinas. O pagamento de referência era em produto, o açúcar e é isto que defendo, a volta do pagamento em produto”. — A solução para o fornecedor é cumprir a regulamentação — opina Antonio Celso. “Faz 20 anos que digo isso e vou morrer dizendo”. E explica: “Acabaram com o IAA não colocaram nada no lugar. Mas a Lei 48/70 e seus vinte artigos continuam em vigor. Entre eles, o de que a usina poderia produzir 40% da cana e os outros 60% tinham que ser ofertados pelo fornecedor. Era uma forma de distribuir riqueza”. Outro texto da Lei 48/70 lembrada por Antonio Celso: “O fornecedor tinha direito de receber da usina três litros de melaço por tonelada de cana. Parece pouco, mas isto ajudava em muito o fornecedor, porque o melaço servia de complemento na alimentação do gado. Mas hoje ninguém fala nisso. Ora, a lei ainda existe. Onde é que foi revogada? Qual foi a lei que revogou ou substituiu a 48/70? Qual foi o ato, a portaria? Mostrem-na que eu fico calado. O Ministério da Indústria e Comércio diz que a lei está em desuso. Ora, se está em desuso tem que voltar a ser utilizada”. Antonio Celso anda mesmo indignado com a falta de regulamentação do setor no Brasil. “Andei por 23 países e em todos há regulamentação. Porque sabem que é necessária, uma vez que a cultura da cana

é oligopônica, é monocultura. Ela precisa de respaldo”, defende. Como possui várias propriedades em três estados (Pernambuco, Alagoas e Paraíba), Antonio Celso toma suas precauções e faz acordos com algumas usinas em moldes antigos e mais vantajosos para ambas as partes, acordos próximos da Lei 48/70. Com Baia Formosa, na Paraíba, acertou que cada 10 toneladas de cana são transformadas em 40 litros de anidro. Dez toneladas então renderiam 40 mil litros de etanol. Com a Usina Taquara, de Alagoas, o acordo reza que a cada tonelada de cana ele recebe 1 saco de açúcar, com CCT — Corte Carregamento e Transporte — incluídos, ressalva, como nos moldes do acordo de priscas eras. Ainda que se garanta em algumas situações, Antonio Celso se mostra desanimado. Por ele e por seus colegas fornecedores: — Não tem ninguém que goste mais do que eu de cana, mas estou saindo. E há muita gente procurando sair do ramo de cana no Nordeste, tanto usinas quanto fornecedores. Não falam abertamente, mais isto vem acontecendo já há algum tempo. Estão migrando para outros centros ou vendendo suas terras, que se valorizaram por estar, na maioria, próximas do litoral. A chegada das indústrias, como Fiat e as empresas que gravitam em torno dela, fábricas de bebidas, o porto e empresas de logísticas a ele ligadas, tudo isto inflou o mercado e muitos estão vendendo terras. No que sobra, já estão experimentado outras culturas, como eu e outros, eucalipto ou pastagem. Estamos todos desiludidos. (LM)

Filhos dos produtores não querem saber do canavial A continuidade da tradição familiar centenária dos fornecedores de cana do Nordeste parece estar com os dias contados. Os filhos dos produtores não querem saber de plantar cana. Francisco Lima Edmilson e Gabriel Rosa Francisco Eduardo de Lima Andrade, filho de Antonio Celso Cavalcanti, é um exemplo. promissor”. Ele parou com cana há cinco anos, em — É um problema sério porque não 2008 e investiu em fazendas de gado no estamos fazendo substitutos — Pará. Viaja sempre para passar metade preocupa-se Antonio Celso Cavalcanti. do mês trabalhando naquele estado e Sua esperança agora é ver um de seus não se arrepende. Está convicto de que netos, Eduardo de Andrade Lima, 12 fez a coisa certa. “Ali, ganho muito mais. anos, seguir seus passos. Dudu O fornecedor de cana está em extinção”, realmente parece a exceção desta regra: preconiza. gosta de cavalgar, cuidar de assuntos do Gabriel Moraes Rosa, 19 anos, filho campo e dos animais. É nele que o do também fornecedor Edmilson Rosa, velho Antonio Celso deposita suas diz que seguirá outra carreira. “Pelo que esperanças de continuidade do amor estou vendo não vai ser mercado ao canavial. (LM)


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SUCRONOR FOI VITRINE DO SETOR EM PERNAMBUCO

Acqua Protec - Fluid Brasil

Águia Representações

Citrotec

CPFL Brasil

DLG Automação

TOTVS

Alusolda

Cashco

Engclarian

JornalCana

Salvi

Flávio Castelar, do Apla e Ivan, da CSJ Metalúrgica

Frascold

Infratemp

Klinger


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SUCRONOR FOI VITRINE DO SETOR EM PERNAMBUCO

KSB Válvulas

Luís Fernando, da Mecat e alguns clientes

Netzsch

Nicsa

Novus

Orion

Oximig

Pedro Biguetti, do Ceise e cliente

Pernambuco Distribuidora

Prosugar e Coremal

Rede Petro, de Pernambuco

Renner

Rentank

Rolimec

Sesi


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SUCRONOR FOI VITRINE DO SETOR EM PERNAMBUCO

Ronaldo e Paulo, da Alusolda

SEW

Sherwin Williams

SR Tubos

Sullair

Syngenta

Tec Tor

Total Light

Tubos Ipiranga

Valley – Valmont

VEC

Silton, da Gasil


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Educação conecta comunidade à sustentabilidade ambiental Usinas direcionam ações a funcionários, familiares e moradores das áreas de abrangência Renato Anselmi, de Campinas, SP Free lance para o JornalCana

A questão da responsabilidade ambiental nunca esteve tão presente no dia a dia de usinas, destilarias e de empresas de diversos segmentos. A preservação da flora e da fauna, o desenvolvimento de projetos de reuso da água, o aproveitamento de resíduos agroindustriais, entre outras iniciativas, são considerados fundamentais para a aplicação do conceito de sustentabilidade. Mas, tudo isto ainda não basta. É preciso conectar funcionários, seus familiares e moradores das regiões de atuação das empresas ao mundo ambientalmente sustentável. Responsabilidade ambiental depende também de ações na área de educação. Unidades sucroenergéticas têm se preocupado com essa questão. Exemplo disso é o projeto Nardini Sempre Verde, realizado pela Usina Nardini, de Vista Alegre do Alto, SP, que desenvolve diversas ações na área ambiental durante a Semana Mundial de Meio Ambiente, em junho, e no Dia da Árvore, em setembro. O

Projeto Nardini Sempre Verde cultiva mais de 200 mil mudas plantadas

projeto tem o objetivo de promover a conscientização ambiental de estudantes do ensino fundamental das escolas públicas de 20 municípios da área de

abrangência da Nardini, informa o engenheiro ambiental da usina, Anderson Rodrigo Robes. Segundo ele, nessas ocasiões são

Dia do meio ambiente é pretexto para ensinar sobre preservação

Iniciativas da Nardini despertam interesse de escolas As ações sustentáveis da Nardini sempre foram difundidas entre os colaboradores e na comunidade do entorno da usina, observa Anderson Robes. “A instalação das represas para manutenção da fauna e flora, o aparecimento de animais silvestres, a criação do viveiro de mudas nativas, o reaproveitamento de subprodutos da cana-de-açúcar na cadeia produtiva e a implantação da estação de tratamento para efluentes despertaram a curiosidade também de escolas públicas da região”, relata. De acordo com o engenheiro ambiental da usina, as direções das escolas da região de Vista Alegre do Alto – engajadas na conscientização ambiental de seus alunos – passaram a realizar constantes pedidos de visita à usina, o que motivou a Nardini a criar um projeto, o “Nardini Sempre Verde”, que atendesse também a comunidade escolar. A direção da usina não queria, no

realizados eventos na usina, com apresentações sobre temas ambientais do trabalho desenvolvido pela Policia Ambiental da região, distribuição de cartilhas educativas e, ao final, é feito o plantio de mudas. Desde que foi implantado o projeto, em 2007, mais de 10 mil cartilhas de reciclagem e 5 mil dicionários ambientais foram distribuídos. O “Nardini Sempre Verde” contabiliza um total – destaca – de 200 mil mudas de árvores cultivadas, aproximadamente 150 hectares reflorestados e centenas de estudantes conscientizados. Este projeto foi o vencedor na categoria “Educação e Cultura” do prêmio MasterCana Social 2012, promovido pela ProCana Brasil e Gerhai. Além de receber instruções e materiais específicos sobre o tema, os alunos que participam das atividades conhecem os trabalhos sustentáveis desenvolvidos na usina e visitam áreas de preservação. No final do passeio, os estudantes plantam nas áreas de preservação permanente (APPs) da empresa, mudas de árvores nativas como: sangra-d’água, pororoca, aroeira, mogno e ipês de diferentes espécies. O projeto Nardini Sempre Verde também começou a ser desenvolvido há dois anos na filial da Usina Nardini, localizada em Aporé, GO.

Visitas a empresa deram origem a projeto voltado à conscientização ambiental

entanto, um projeto que contemplasse apenas visitas monitoradas à empresa. “Professora aposentada da disciplina de Geografia, a presidente da Nardini, Guiomar Della Togna Nardini, sempre acreditou que a construção da cidadania passa também pela conscientização ambiental e que comportamentos ambientalmente corretos devem ser assimilados desde cedo pelas crianças, fazendo parte do seu dia a dia”, conta Anderson Robes. Dessa forma, surgiu a ideia de criar um projeto que estreitasse os laços entre a escola e a usina e também auxiliasse os professores nas disciplinas relacionadas à Educação Ambiental.

São Fernando realiza atividades para estudantes e funcionários A Usina São Fernando, de Dourados, MS, também realiza palestras nas escolas da região, além de desenvolver diversas atividades de educação e conscientização ambiental para seus colaboradores. “As práticas educativas têm o objetivo de demonstrar que a preservação ambiental está diretamente ligada à qualidade de vida”, afirma Neil Hamilton Zangarini Grisi de Oliveira, supervisor de Saúde, Segurança e Meio Ambiente (SSMA) da São Fernando. (RA)

Ações de preservação ambiental da usina, como: gerenciamento de resíduos, programas de monitoramento ambiental, coleta seletiva e reciclagem, uso racional da água e energia elétrica, entre outros, são abordadas nas palestras educacionais e nos treinamentos ambientais internos, segundo Neil Grisi de Oliveira. Além de participarem de treinamentos específicos nessa área, os funcionários da usina recebem informações sobre questões ambientais no DDS (Diálogo Diário de Segurança) que é realizado em cada setor da São Fernando. De acordo com o supervisor de Saúde, Segurança e Meio Ambiente, os novos colaboradores recebem orientações no treinamento realizado durante a integração, sobre quais as atitudes ambientalmente adequadas que devem ser adotadas no cotidiano de trabalho, visando o comprometimento deles com a política ambiental da usina. No Dia do Meio Ambiente (5 de junho) – informa –, com o intuito de sensibilizar os funcionários sobre a importância da preservação ambiental, ocorre a distribuição de mudas para plantio e a fixação de cartazes e faixas para a divulgação de mensagens educativas. (RA)


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BIOELETRICIDADE

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ENTREVISTA - Zilmar de Souza

Bioeletricidade do bagaço superará 10 mil MW médios até 2021 Gerente em bioeletricidade da Unica avalia a importância do setor na geração de energia elétrica André Ricci, Da Redação

O JornalCana entrevistou Zilmar de Souza, gerente em bioeletricidade da Unica — União da Indústria de Cana-de-Açúcar, que explica os benefícios da bioeletricidade, como deve ser implantada e os investimentos necessários para que ganhe cada vez maior espaço na matriz elétrica nacional. JornalCana: Como o senhor avalia o uso da bioeletricidade no Brasil? Zilmar de Souza: A geração da bioeletricidade fica próxima ao grande centro consumidor do país, que é o Centro-Sul. Em 2012, foi gerado um total aproximado de 1.400 MW médios, equivalente a 3% do consumo nacional de energia elétrica ou 10% do consumo residencial de energia elétrica no Brasil. No entanto, temos potencial para ir além. Segundo o próprio governo, o potencial técnico de produção da bioeletricidade, considerando-se apenas o bagaço, supera os 10 mil MW médios até 2021. A Unica estima que, agregando também a palhada da cana, o potencial da bioeletricidade atingirá 15,3 MW médios até 2020/21, energia equivalente à produção de três usinas Belo Monte. Quanto se economizaria de água com a tecnologia? A bioeletricidade da cana é uma energia premium, renovável e estratégica para o sistema elétrico brasileiro. De acordo com o Operador Nacional do Sistema (ONS), para cada 1 mil MW médios de bioeletricidade, de abril a novembro, há economia de 4% dos reservatórios no período da seca, na Região Sudeste/Centro-Oeste. E como torná-la viável? O governo deveria mudar a forma de contratação nos leilões regulados, nossa principal porta de entrada no

setor elétrico. A biomassa tem qualidades que não são observadas no leilão genérico, que mistura diferentes empreendimentos, selecionando-os apenas pelo preço e não considerando as externalidades positivas e negativas de cada fonte. O mecanismo de leilão deveria reconhecer adequadamente os benefícios da bioeletricidade, entre eles, a complementaridade com a fonte hidrelétrica. Como tornar a palha deixada no campo rentável? Esse aproveitamento passa pela retomada do investimento em bioeletricidade em geral e, portanto, de uma política de longo prazo para essa fonte. Em 2008, chegamos a comercializar quase 600 MW médios nos leilões regulados, mas, de 2009 a 2012, sem política setorial bem definida e de longo prazo, o total comercializado anualmente pela bioeletricidade no ambiente regulado ficou em apenas 85 MW médios. Uma política “stop and go”

desarticula a cadeia produtiva. Isto é que temos que evitar, construindo conjuntamente uma política de longo prazo para a bioeletricidade junto aos demais produtos do setor sucroenergético, sobretudo o etanol. Bioeletricidade e etanol são produtos altamente sinérgicos. Quais as últimas novidades do setor de bioeletricidade? O governo está para definir as diretrizes para os leilões que ocorrerão ao longo de 2013. Seria uma ótima notícia para o setor sucroenergético que fossem consideradas na formulação dos parâmetros desses leilões, as externalidades positivas da bioeletricidade. Deve-se diferenciar uma fonte premium como a bioeletricidade em comparação com uma fonte não renovável e com pesadas emissões de gases de efeito estufa.


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Bussola investe em tecnologia do corte há 50 anos Empresa exporta para mais de 20 países distribuídos nas Américas, África e Oceania Desde sua fundação há 50 anos, em 1963, a Bussola Ferramentas Agrícolas Ltda esteve sempre presente atuando e se destacando no cenário nacional sucroalcooleiro como uma indústria de vanguarda na produção de facas e ferramentas para o corte da cana-de-açúcar. A mecanização da colheita da cana levou a Bussola a se preparar para desenvolver e fabricar componentes para as colheitadeiras de cana. O diferencial dos produtos levou a empresa a iniciar o processo de exportação no ano de 1995. Atualmente, a Bussola exporta para mais de 20 países distribuídos nas Américas, África e Oceania. Após extensas pesquisas e grandes investimentos em profissionais altamente qualificados, máquinas, equipamentos e infraestrutura, em 2000 a Bussola inaugurou seu novo parque industrial. A moderna indústria estava pronta e preparada para fabricar as melhores facas e equipamentos para colheitadeiras de cana. Neste ano, a Bussola comemora 50

Estande da Bussola na Agrishow 2013

anos de sua fundação e marcou a data com mais uma presença na última edição da Agrishow 2013 e promoveu alguns lançamentos entre eles, a Pá Primária Retangular para ser utilizada nas colheitadeiras John Deere, uma novidade patenteada pela Bussola, que chega para inovar o sistema de limpeza de cana colhida mecanicamente. A Pá Primária Retangular foi desenvolvida para aumentar a limpeza da

cana-palha e reduzir o volume de palha transportada. Sua utilização permite o fornecimento de cana muito mais limpa, com menor quantidade de palha. A Pá Primária Retangular proporciona várias vantagens, entre elas, a instalação simplificada, porque utiliza o mesmo conjunto de fixação; maior fluxo de ar no extrator primário, bem como redução no custo do transporte, o que contribui para a economia de combustível porque reduz o

número de viagens e proporciona maior volume de cana transportada. A Bussola lançou ainda: as Pás dos Extratores Primário – High Tech e a Coroa Sonda, componentes que certamente vão acrescentar vantagens na sua utilização. Bussola, a tecnologia do corte. Bussola 16 3221.9000 www.bussola.ind.br


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INFORME AGRÍCOLA

ALFATEK LANÇA O VIVÊNCIA BUS, A SOLUÇÃO E ECONOMIA SOBRE RODAS Produto é autopropelido e tem fabricação modular, conforme necessidade da empresas, além de auto-suficiência energética As necessidades da vida moderna, em que o uso funcional do tempo e espaços pressionam, cada vez mais, as empresas, motivam e impulsionam a criação de novas formas de estruturar o trabalho no campo, com economia de tempo e dinheiro. O VIVÊNCIA BUS, da ALFATEK, encaixa-se nessa situação. Segundo o seu Diretor, Luiz Carlos Massoni, “ele apresenta o diferencial maior de, na sua fabricação, possibilitar a adaptação modular, de acordo com a necessidade da empresa, seja para a área de refeitório(NR 31), seja para a capacitação de empregados no próprio local de trabalho, facilitando, assim, a prática imediata das orientações, seja para escritórios móveis, para técnicos e engenheiros, em contato direto com os empregados, seja para pulverizações, com carregamento de água para o preparo de herbicidas e chuveiros”. Além do diferencial da fabricação modular, cujo objetivo é manter, cada vez mais, o empregado no seu campo de atuação, Luiz Carlos assinala que o

VIVÊNCIA BUS é produto ecológico e sustentável, já que possui auto-suficiência energética (placas solares), com iluminação interna e externa com led,tratamento imediato dos dejetos, com EPI-01 biodegradável, coleta seletiva de lixo reciclável e orgânico, uso racional da água, com coleta e tratamento, bebedouros movidos à energia solar, tampas laterais articuladas, proporcionando conforto térmico, entre outros quesitos. O Diretor da ALFATEK - divisão carreta, ao falar sobre a fabricação modular, diz que “O VIVÊNCIA BUSREFEITÓRIO(NR31) atende às normas sanitárias a tal fim e tem piso em alumínio veicular, quadro de avisos, sanitários

rotomoldados(M/F), com chuveiros pressurizados, mictórios e lavatórios, além dos quesitos comuns a todos os VIVÊNCIA BUS. O VIVÊNCIA BUS- CAPACITAÇÃO oferece painéis para data show, cadeiras articuladas, para assistência a cursos de formação, espaço para os professores/orientadores, mesas e outros móveis necessários a tal objetivo. O VIVÊNCIA BUS – PULVERIZAÇÃO pode ser adaptado, também, segundo as necessidades da empresa, tais como os compartimentos para estoque de água, para a guarda dos equipamentos de pulverização, para a coleta de vestimentas contaminadas no trabalho e para chuveiros, item que trará

uma economia de 2 horas, em média, por trabalhador, que não terá de voltar à empresa para fazer a sua assepsia. Luiz Carlos disse à reportagem que a empresa ALFATEK - divisão carreta está aberta a novos projetos que pretendam deslocar os serviços para perto do trabalhador,conforme a demanda. “Se a empresa precisa otimizar o tempo gasto com a qualidade do trabalho de seus empregados, estamos prontos e com estrutura de produção para atender a essa necessidade”, afirma Luiz Carlos Massoni. Alfatek 17 3531.1075 vendas1.alfatek@terra.com.br


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Filtro autolimpante evita paradas constantes da produção

Vista aérea da Perfortex

Pintura prolonga vida útil do equipamento Por trabalhar com produtos corrosivos, manter a pintura sempre em dia das máquinas, das caldeiras, tanques e da estrutura física das usinas de açúcar e álcool é fundamental para proteger o patrimônio da empresa e a qualidade do que produz. A Perfortex, fabricante de tintas à base de solvente, a base d´água, sem solvente, revestimentos anticorrosivos e vernizes para os mais diferentes segmentos, especialmente manutenção industrial do setor de açúcar e álcool, atua no mercado desde 1992. Visando maior durabilidade, resistência ao desgaste e preservação das

estruturas nas usinas, a Perfortex dispõe da mais completa linha de tintas industriais, onde se destacam alguns sistemas de pintura: Sistema epóxi poliamida, epóxi poliamina, epóxi isocianato, epóxi alcatrão de hulha, epóxi cicloalifático, epóxi antiderrapante, verniz epóxi, alquídico convencional, poliuretano modificado, poliuretano alifático, etil silicato de zinco, silicone modificado e acrílico. Perfortex 19 3526.1109 www.perfortex.com.br

A Marc-Fil Engenharia dispõe de tecnologias que auxiliam diretamente o setor sucroenergético, mantendo a indústria em perfeito funcionamento durante toda a safra e ainda reduzindo os custos de manutenção na entressafra. A empresa atende ainda usinas Filtro autolimpante Reverflux hidrelétricas, alimentícias, siderúrgicas, indústrias centrífugas. químicas, de papel e celulose. Parceiro Marc-fil: Novasep Process Para filtrar o caldo clarificado, o vinho combina diferentes técnicas: filtração, levedado, a água captada no rio e nos lagos de membrana tangencial, troca iônica, adsorção, decantação e a água dos resfriadores e cromatografia, osmose reversa, etc, com trocadores de calor em circuito fechado, a prioridade para as refinarias de cana-deempresa oferece o filtro autolimpante açúcar. Estes métodos permitem uma Reverflux. Totalmente automático, remove os redução significativa de custos operacionais e sólidos em suspensão nos líquidos em regime de investimentos, contribuindo para a de vazão e fluxo ininterrupto. proteção ambiental. É constituído de múltiplos elementos filtrantes com processo de limpeza Marc-Fil automático. Isso evita paradas constantes da 18 3905.6156 produção para limpeza do filtro e das www.marcfil.com.br

Plant-Rubber reuniu representantes General Chains desenvolve corrente do setor na Agrishow diferenciada para distribuidora de mudas Participar de uma feira no setor de agronegócio como a Agrishow é imprescindível para uma empresa que busca estar em evidência e ser competitiva no mercado atual. A Plant-Rubber informa que conseguiu atingir seus objetivos. Apresentou as evoluções de seus produtos Kit plantio e rolo levantador. Informa, ainda, que seus lançamentos já estão “a todo vapor” em algumas usinas. São equipamentos como o quinta roda, rolos transportadores em PU, batentes e também projetos para indústrias de usinas que estão em desenvolvimento, como o kit industrial/impureza, rolos compactadores de solo e pino bola.

A Agrishow foi a oportunidade de reunir os clientes em um momento especial e de descontração, onde a empresa recebeu profissionais de diferentes usinas e grupos em um mesmo local. Foi produtivo para seu departamento técnico acompanhar estes profissionais questionando tecnicamente os produtos em suas unidades. Não é a todo o momento que se consegue reunir profissionais do Grupo da Pedra, Raízen e São Martinho, informa a empresa. Plant-Rubber 16 3969.9777 www.plantrubber.com.br

Estande da Plant-Rubber na Agrishow

Hoje o foco das usinas e destilarias está voltado para o setor agrícola. Os investimentos nesse setor estão sendo levados muito a sério pelas unidades produtoras, e com isso a cobrança tende a aumentar cada vez mais, principalmente no setor de manutenção, que vem incansavelmente buscando equipamentos e componentes com maior durabilidade e de fácil reparo e reposição, ou seja, buscando o melhor custo-benefício. Pensando nisso, a General Chains desenvolveu uma corrente diferenciada para a máquina distribuidora de mudas de cana, que facilita a manutenção e aumenta a disponibilidade do equipamento. A corrente está sendo testada e apresentou um desempenho surpreendente, com mais de 1.500 horas de trabalho, e não apresentou desgaste nos rolos e nem travamento dos elos. A maior vantagem disso é que as taliscas trabalharam em posição correta e não entortaram o que melhorou muito a eficiência da distribuidora na dosagem de cana. Apresentou características importantes, a saber, o espaçamento entre

Corrente facilita a manutenção e aumenta a disponibilidade do equipamento

o rolo e a lateral é maior, evitando acúmulo de sujeira e posterior travamento, todos os pinos são presos com contrapinos e não soldados, facilitando assim a substituição dos elos danificados no trabalho. General Chains 19 3417.2800 www.generalchains.com.br


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Leito Fluidizado Borbulhante (BFB) é realidade no segmento sucroenergético Fornecedora e fabricante da maior caldeira do setor sucroenergético da América Latina queimando bagaço e palha de cana através do sistema de combustão em leito fluidizado borbulhante, a HPB-Simisa se destaca no ramo de geração de energia térmica e elétrica, principalmente através da cogeração. Ser eficiente em um cenário conturbado economicamente se tornou imprescindível. No setor sucroenergético, os equipamentos que compõem a parte industrial de uma usina estão intimamente ligados aos resultados finais. Pensando nisso, a HPB-Simisa, empresa que fornece em regime "turn-key" geradores de vapor de última geração e alta performance, com elevado conteúdo tecnológico, para produção de vapor de processo ou para geração de energia elétrica, vem constantemente introduzindo melhorias em seus equipamentos, e como consequência, tem se destacado no mercado principalmente pela sua maior característica centrada na confiabilidade e disponibilidade operacional de sua caldeiras durante as safras ou períodos necessários de operação. Localizada em Sertãozinho, interior de São Paulo, a empresa conta já com oito caldeiras comercializadas no setor contemplando sistemas de alta eficiência de combustão em ambiente de leito fluidizado borbulhante, sendo que três delas já estão em operação. “Ao todo, os projetos totalizam aproximadamente 2 mil toneladas de vapor/ hora. As da Guarani - unidades Cruz Alta e São José, e São Martinho, já estão em funcionamento”, conta Maurício Moisés, diretor comercial da HPB-Simisa. Esta última se destaca mundialmente, já que é considerada a maior no ramo. “Instalada, hoje, a caldeira da Usina São Martinho, de Pradópolis, SP, é a maior do mundo, com capacidade para 300 toneladas de vapor/hora, pressão de 68kgf/cm² e temperatura de

s

Caldeira da Usina São Martinho, de Pradópolis, SP

525ºC", explica o representante. Já Renato Malieno Nogueira, presidente da empresa, destaca a importância de novas tecnologias e como consequência destes novos equipamentos. "Eles terão a função de produzir vapor e energia elétrica com alta eficiência global, justificando os novos investimentos e aqueles destinados no processo de substituição das caldeiras antigas de baixa pressão e ineficientes operacionalmente". As demais unidades foram comercializadas para o Grupo Cocal, unidades Narandiba e Paraguaçu,

GranBio, e Odebrecht Agroindustrial, unidades Eldorado I e II. “A da GranBio, por exemplo, será a primeira unidade já em instalação para produzir etanol de 2ª geração. As duas unidades vendidas para a Odebrecht, unidade Eldorado, passarão a ser as maiores do mundo com esta tecnologia queimando biomassa da cana-deaçúcar, lembra Maurício Moisés. HPB Simisa 16 3511.0100 www.hpbsimisa.com.br


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PRESTAÇÃO DE SERVIÇO

As mudanças regulatórias atuais e os impactos para as usinas de biomassa CPFL aborda as mudanças nas regras do setor elétrico e seus impactos no mercado livre de energia O ano de 2013 será de consolidação das significativas mudanças iniciadas em 2012. A renovação das concessões e as novas regras introduzidas na comercialização de energia alteraram as estratégias de contratação tanto no mercado regulado quanto no Mercado Livre de Energia. Para o mercado de energia regulado, as mudanças trouxeram uma redução média de 16% nas contas de energia. Já para o Mercado Livre, a Lei 12.783/13 alterou o prazo de retorno do consumidor especial para o ambiente de contratação regulada, aumentando para 5 anos e a possibilidade de cessão de contratos de energia. Outra mudança importante foi a alteração da metodologia de cálculo das garantias financeiras, estabelecendo critérios e condições para efetivação de registro de contratos de compra e venda de energia elétrica no âmbito da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). A CPFL responde a duas importantes questões nessa área: Alguma mudança impactaria os contratos de energia das usinas de biomassa de cana-de-açúcar? As usinas de biomassa do setor sucroenergético que firmaram contratos de venda deverão registrar a quantidade vendida ex-ante; a regra atual considera a entrega baseada na geração efetiva, desta forma, haverá descasamento entre o que foi registrado e o gerado causando exposições e custos desnecessários. Por exemplo, se a geração prevista e registrada pelo Gerador for de 1.000 unidades e no mês de entrega ocorrer chuvas que impeçam

a extração da cana no campo e o gerador não conseguir cumprir esta entrega, em consequência, haverá menor faturamento e estará sujeito a penalidades do mercado. Conclusão, a regra deverá contemplar distinção para os agentes de cogeração do setor sucroenergético que optarem vender a curva de energia gerada. A partir de 1º de julho de 2013, no momento do registro dos contratos, serão exigidas informações de preços contratuais, que permitirão à CCEE calcular e divulgar indicadores de preços praticados no mercado livre, com o objetivo de propiciar maior transparência e eficiência ao mercado de energia elétrica. Como as condições atuais do Sistema Elétrico Brasileiro afetam hoje o Mercado Livre?

Os reservatórios das principais usinas do Sistema Elétrico Brasileiro alcançaram níveis de armazenamento verificados pouco acima de 2001, com a diferença de que hoje o sistema possui usinas térmicas que asseguraram o atendimento da demanda e confiabilidade do sistema elétrico. Neste contexto vemos a importância da diversidade das fontes de geração, por isso destacamos que a energia de biomassa do setor sucroenergético é complementar ao regime hidrológico, portanto, deve ser estimulada. É preciso aliar uma política para o etanol que proporcionaria maior competitividade para o setor sucroalcooleiro no país e traria para as usinas de biomassa de cana-de-açúcar maiores oportunidades nos leilões de energia.


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Scania apresenta linha off-road para segmento canavieiro A Scania apresenta sua linha off-road 2013 com nova versão do P 310 6x4. O modelo passa a ofertar aos segmentos de cana-de-açúcar e madeira uma opção para tracionar 100 toneladas, possível graças a um redutor nos cubos dos eixos traseiros. O veículo com capacidade máxima de tração (CMT) de 78 toneladas, sem redução nos cubos, permanece no portfólio. A família off-road 2013 da Scania, de motores Euro 5, é formada pelas cabines P e G. A cabine P possui os modelos P 250, P 310 e P 360, todos com configuração de roda 6x4. Já a cabine G disponibiliza os caminhões G 440 e G 480, também comercializada na tração 6x4. “A linha off-road 2013 da Scania oferece aos clientes que atuam nas aplicações de cana e madeira a mais completa gama de modelos, versões de tração, distâncias entre eixos, pacotes de itens de série e opcionais e produtos customizados”, afirma Celso Mendonça, gerente de Pré-Vendas da Scania do Brasil. “A nova gama ainda proporciona máxima produtividade, eficiência na dirigibilidade, segurança, robustez, durabilidade, ergonomia e conforto ao operador.” O novo P 310 6x4 com redução nos cubos amplia ainda mais a cobertura da marca. “A Scania ouviu seus clientes e aumentou a capacidade de carga do modelo para que seja possível escolher os veículos certos para cada operação e assim

Opção traciona 100 toneladas

melhorar a rentabilidade”, diz Mendonça. “A Scania é a única fabricante a comercializar a caixa de câmbio automatizada, o Scania Opticruise, para a faixa de 310cv de potência.” “Para desenvolver a nova gama de motores Euro 5 com identidade para o

setor off-road, nosso departamento de pesquisa e desenvolvimento adaptou a cabine, o motor, o Scania Opticruise, o Scania Retarder e a suspensão traseira, entre outros itens, para oferecermos um produto ideal em operações fora de estrada”, explica o gerente. “Dessa

necessidade de segmentação e a partir do conceito de evolução contínua, surgiu a nova linha off-road da Scania”. Scania 11 4344.9333 www.scania.com.br


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Equipamentos Brumazi destacam-se pela qualidade e alta performance A Brumazi é hoje uma das empresas com maior competência para o fornecimento de sistemas completos e equipamentos para o mercado sucroenergético. Homologada para a fabricação de Tachos Contínuos com tecnologia Fives Lille do Brasil, recentemente, entregou para a Cocal II, unidade Narandiba, um equipamento com capacidade 2.500HL e com câmara dupla. Comprometida com as necessidades do cliente, a Brumazi construiu o equipamento em 85 dias, assegurando qualidade na fabricação, atendendo as normas exigidas pelo cliente (Asme e NR 13), realizando também todos os ensaios exigidos por norma. O bom relacionamento da Brumazi com a Fives Lille do Brasil e a Procknor foi fundamental para o desenvolvimento do projeto e o cumprimento das metas de fabricação e entrega do equipamento. Segundo os engenheiros Márcio Lima e Antoine Sarrau, da Fives, os cozedores contínuos consomem menos vapor, têm circulação natural da massa cozida vigorosa, sem necessidade de agitadores mecânicos, é completamente automatizado, apresenta maior superfície de troca térmica por volume, é mais compacto, apresenta tamanho uniforme dos cristais, pode ser instalado ao tempo, é flexível quanto ao aumento de capacidade e podem operar com V1, V2 ou V3. Os cozedores contínuos da Fives estão disponíveis em capacidades de até 3000 HL. Cozedores contínuos são mais baratos que cozedores bateladas, quando comparadas instalações com a mesma capacidade de produção e mesmo nível de automação. Juntamente com o fornecimento do Tacho Contínuo, visando assegurar o desempenho dos equipamentos no processo, a Brumazi é a homologada exclusiva de fabricação das bombas Rota e Sumo, também com tecnologia Fives Cail, com alta performance para

Cozedor contínuo fabricado pela Brumazi

bombeamento de massa cozida. “Os resultados apresentados pelos tachos e bombas produzidos pela Brumazi são muito satisfatórios e comprovam a eficiência e qualidade no processo de cozimento. Mostram a excelência dos equipamentos”, diz

Marcos Fávero, Presidente da Brumazi. Brumazi 16 3946.8777 www.brumazi.com.br


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Parceiros da Fenasucro 2013 estimulam pesquisa e tecnologia Meta para 10 anos prevê aumentar produtividade do etanol de sete para 12 mil litros por hectare. A 21ª Fenasucro, Feira Internacional de Tecnologia Sucroenergética confirma sua posição de vanguarda no incentivo e fomento às tecnologias do setor sucroenergético ao ter como parceiro de sua edição 2013 o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), entidade ligada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. O IAC é responsável pelo Centro Apta Cana IAC, considerado um dos principais polos de excelência tecnológica para o setor da cana-de-açúcar. Por meio da Fapesp, o centro tem estimulado pesquisas nas áreas de bioenergia, fabricação de biocombustíveis, biorrefinarias, aplicações para motores automotivos, impactos socioeconômicos, entre outros. Os projetos do IAC também têm incentivo do programa BIOEN (Bioenergy Program – criado pela Fapesp), que até fevereiro de 2013 multiplicou por dez o número de projetos relacionados ao uso de biomassa, destinando mais de R$ 80 milhões a grupos de pesquisa de instituições como USP, Unicamp, Unesp, entre outros. Em artigo publicado em fevereiro de

2013, Mônika Bergamaschi, secretária de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Estado de São Paulo revela que estão previstos também investimentos de cerca de R$ 100 milhões através das três universidades estaduais de São Paulo, por conta do êxito do BIOEN. A especialista prevê, desta forma, que dentro de 10 anos será possível chegar à produtividade de 12 mil litros de etanol por hectare, muito além dos sete mil litros obtidos atualmente, índice considerado bom.

Um dos principais fatores que motivam a pesquisa em biomassa é justamente a quantidade de energia armazenada na parede celular da cana-deaçúcar (que compõe o bagaço), maior do que a energia no caldo da planta. Essa utilização também evita o aumento da área cultivada. O Brasil produz atualmente mais de 1 bilhão de toneladas de matéria orgânica vegetal, e a expectativa é que o país consiga aumentar a produção de etanol, através de biomassa, entre 30% e

40% por hectare. Entretanto, é necessário tornar a produção do etanol mais rentável do que é hoje, apontam especialistas. Dessa forma, o surgimento da Nova Fenasucro, em 2013, é fundamental nas discussões, investimentos e parcerias que podem abrir espaço para um novo patamar da produção energética nacional. Multiplus 16 2132.8936 www.reedmultiplus.com.br


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Lã mineral é solução da Isover para isolamento industrial Lã mineral feita à base de rocha vulcânica A Isover traz para o mercado brasileiro uma solução para completar sua linha de produtos, o Ultimate: uma lã mineral feita à base de rocha vulcânica, rocha basáltica e vidro que vêm para atender a requisitos de alta temperatura exigidos pelos novos equipamentos do mercado sucroalcooleiro. Com um diferencial sobre as lãs minerais convencionais, o Ultimate é uma lã de rocha extremamente leve e de alta performance, isolando tubulações e equipamentos até 750°C. Vantagens do Ultimate: rocha fibrada como vidro garante uma lã sem resíduos e muito leve; altas temperaturas de serviço, até 750°C; excelente isolamento térmico e acústico, economia no transporte e no armazenamento devido à alta compressibilidade; solução rentável. Qualquer que seja a sua necessidade – isolamento térmico, isolamento acústico, despenho em incêndio, resistência à compressão, resistência à vibração, operação em alta temperatura, operação em baixa temperatura… o Ultimate da Isover é a solução certa.

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Ferrusi Fundição inaugurará nova fábrica e sede social A empresa Ferrusi Fundição está construindo nova fábrica e sede social. A nova Ferrusi contará com 2 galpões prémoldados de 1.600 m² cada um, 1 barracão metálico de 1.702 m², 1 barracão metálico de 444 m², laboratório metalográfico completo, engenharia com PCP e projetista de moldes, SAC - Serviço de Atendimento ao Cliente, modelação para desenvolvimento de modelos e reparos, setor de usinagem média completa para fornecimento de peças de reposição para usinas e moderno centro administrativo, financeiro e comercial. A fábrica será toda projetada com 2 novos fornos a indução para capacidade de 4 toneladas de metal/hora, 2 misturadores contínuos com capacidade total de 15 toneladas/hora, 1 recuperador de areia com capacidade de 10 toneladas/hora, 1 cabine de jateamento moderna e ainda 3 pontes rolantes com capacidade de 10 toneladas cada uma, 1 ponte rolante de 5 toneladas e

braços giratórios em toda a extensão dos barracões de duas toneladas cada um. Todas as máquinas trabalharão com energia elétrica e mínima emissão de resíduos eólicos e sólidos. Em torno de 90% da areia utilizada no processo de fundição será recuperada, o que confira um trabalho ecologicamente correto. Próxima ao Distrito Industrial, a nova Ferrusi tem ótima localização para a logística e escoamento de materiais nas principais rodovias da região. A empresa também irá dispor de uma área para reserva ambiental onde manterá intactas árvores nativas e frutíferas. Todo este investimento é para melhor acomodar seus parceiros e fornecedores e atender os clientes de forma personalizada e qualitativa. Ferrusi 16 3946.4766 www.ferrusifundicao.com.br

Conheça todas as possibilidades da Isover, agendando uma visita. Isover 11 2202.4721 www.isover.com.br

Atual fachada da Ferrusi Fundição


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