JornalCana 244 (Maio/2014)

Page 1

JC 244

4/23/2014

4:41 PM

Page 1

Ribeirão Preto/SP

Maio/2014

Série 2

EM ALTA Ferramentas integradas facilitam tomada de decisões e impulsionam produtividade da Usina Guaíra

E S P E C I A L

SOLUÇÕES & SAÍDAS PARA A CRISE

Viabilização do etanol 2G e alavancagem da biomassa estão entre as possíveis salvações da lavoura

Nº 244

R$ 20,00


JC 244

4/23/2014

4:41 PM

Page 2


JC 244

4/23/2014

4:41 PM

Page 3


JC 244

4/23/2014

4

4:41 PM

Page 4

ÍNDICE DE ANUNCIANTES

Maio 2014

Í N D I C E ACESSÓRIOS INDUSTRIAIS FRANPAR

16 21334383

COLHEDORAS DE CANA 30

ACIONAMENTOS RENK ZANINI

16 35189001

45

ACOPLAMENTOS VEDACERT

16 39474732

88

FRANPAR

16 21334383

30

11 38181821

20

AÇOS-INOXIDÁVEIS APERAM

ANTI - INCRUSTANTES

www.eubce.com

38

SÃO FRANCISCO GRÁFICA

43

FORÚM GESUCRO

16 38779171

60

GUINDASTES

COMBATE A INCÊNDIO - EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS

PROCANA BRASIL

16 35124300

59, 65

REED ALCANTARA

16 21328936

83

SINATUB

16 39111384

6

9

JOHN DEERE

19 33188330

ARGUS

19 38266670 19 33018101

68

SUGARSOFT

19 34023399

98

CONTROLE DE FLUIDOS METROVAL

19 21279400

75

CORRENTES AGRÍCOLAS

PRODUQUÍMICA

11 30169619

42

SUDAMÉRICA PROLINK

16 39515080

75

COZEDORES

PRODUQUÍMICA

11 30169619

42

CITROTEC

WALLERSTEIN

11 38482900

49

DECANTADORES

ÁREAS DE VIVÊNCIA 3

AUTOMAÇÃO AGRÍCOLA 18 36212182 11 26826633

39 29

AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL AUTHOMATHIKA

16 35134000

11

METROVAL

19 21279400

10

BALANCEAMENTOS INDUSTRIAIS VIBROMAQ

16 39452825

98

BOMBAS HIDRÁULICAS AUTO PECAS MAURILIO

16 36260716

82

16 35149966

15

16 32519900

31

METALÚRGICA RIO GRANDE 16 31738100

93

CABOS DE AÇO OKUBO

CALDEIRARIA GBA

CALDEIRAS ENGEVAP

16 35138800

95

CAPAS DE PROTEÇÃO PARA TRANSMISSORES USICAP

18 33617224

88

17 35311075

3

16 39461800

METROVAL

BUSSOLA

16 32219000

2

PRODUQUÍMICA

LEMAGI - SP

19 34431400

68

IRRIGAÇÃO GERMEK IDEX DO BRASIL RAESA BRASIL

84

10

11 30169619

42

19 36827070 19 38713500 19 35441550

52 51 79

REFRATÁRIOS RIBEIRÃO

16 36265540

DESTAK IDEIAS

17 33611575

BUSSOLA

METALÚRGICA RIO GRANDE 16 31738100

93

MANUTENÇÃO INDUSTRIAL

11 30432125

27

IHARA

15 32357914

62

NUFARM

11 21338866

24

METALÚRGICA RIO GRANDE 16 31738100 VEDARIB 16 34429952 AGRIMEC CASE IH (COM) COHYBRA SOLLUS

72

EDITORA 59, 65

ANTRACTOR - VTRACK ITR SOUTH AMERICA

19 34669300

18

32227710 21077400 30412225 34211100

66 9 91 37

19 31295151 11 33407555

99 23

MECANIZAÇÃO - SERVIÇOS

ENERGIA ELÉTRICA - ENGENHARIA E SERVIÇOS SANARDI

55 41 16 18

17 32282555

NUTRION

16 36904900

57

19 33038311

41

VILLARES METALS

ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO CIVIL 19 34391101

72

RENK ZANINI

ENGEVAP

16 35138800

95

MONTAGENS INDUSTRIAIS

58

CONGER ENGEVAP GBA

ANSELL

11 33563100

16 35189001 19 34391101 16 35138800 16 32519900

11 56450800

72

FERRAMENTAS PNEUMÁTICAS

AUTHOMATHIKA

16 35134000

11

LEMAGI - SP

19 34431400

68

PARKER HANNIFIN

12 40093591

19

IHARA PRODUQUÍMICA UBYFOL

64 34425584

57

PEÇAS E ACESSÓRIOS AGRÍCOLAS

12 40093591

19

FERTILIZANTES CATAFÓS

15 32357914 11 30169619 34 33199500

ESPECIALIDADES QUÍMICAS

18 36231146

54

ALCOLINA

16 39515080

75

PRODUQUÍMICA

11 30169619

42

11 30937088

69

NEOBRAX

17 33243955

76

YARA BRASIL

16 997419549

81

16 35132600

47

PRODUQUÍMICA

11 30169619

42

FIOS E CABOS CONSTRUFIOS

11 50538383

53

PENEIRAS ROTATIVAS

16 38182305

96

VIBROMAQ

54 32392000

RODOTREM RONTAN SERGOMEL

EVAPORADORES

CATRACAS 35 38510400

96

16 39452825

98

CENTRÍFUGAS

CITROTEC

16 33039796

25

SOLUÇÕES

GBA

16 32519900

31

GEORREFERENCIAMENTO

METALÚRGICA RIO GRANDE 16 31738100

93

JRM GEO

14 34136856

45 72 95 31

NUTRIENTES AGRÍCOLAS

APS COMPONENTES

EQUIPAMENTOS HIDRÁULICOS

ANTRACTOR - VTRACK COHYBRA OKUBO UNIMIL

AGRIMEC

80

11 30169619

42

19 38713500

51

PULVERIZAÇÃO IDEX DO BRASIL

QUÍMICA E DERIVADOS NEOBRAX

17 33243955

19 16 16 19

76

REDUTORES INDUSTRIAIS BONFIGLIOLI DO BRASIL

11 43371806

73

RENK ZANINI

16 35189001

45

16 36265540

97

15 33352432

89

REFRATÁRIOS ROLAMENTOS SAÚDE - CONVÊNIOS E SEGUROS 16 08007779070

77

SINALIZADORES INDUSTRIAIS RONTAN

11 30937088

69

AGAPITO

16 39479222

98

COMASO ELETRODOS

16 35135230

44

MAGISTER

16 35137200

17

SOLDAS INDUSTRIAIS

SUPRIMENTOS DE SOLDA COMASO ELETRODOS

16 35135230

40

16 35149966

15

TELAS OKUBO

TORRES DE DESTILAÇÃO 93

TRANSBORDOS 16 39461800

21

TRATORES CASE IH (COM)

41 21077400

9

JOHN DEERE

19 33188330

43

MASSEY FERGUSON

51 34628000

100

VALTRA

11 47954233

61

TROCADORES DE CALOR 62 42 5

31295151 30412225 35149966 21050800

99 91 15 12

16 39452825

98

55 32227710

66

AGAPITO

16 39479222

98

16 21334383

30

TUBOS E CONEXÕES FRANPAR

VÁLVULAS INDUSTRIAIS FOXWALL

11 46128202

22

FRANPAR

16 21334383

30

VÁLVULAS PNEUMÁTICAS AUTO PECAS MAURILIO

PLAINAS 70

16 21011200

PRODUQUÍMICA

DMB

MOENDAS E DIFUSORES

CONGER

EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO

BASEQUÍMICA

METALÚRGICA RIO GRANDE 16 31738100

METAIS 26

68

SÃO FRANCISCO SAÚDE 93 98

MATERIAIS RODANTES 16 35124300

ELETROCALHAS

21

19 33018101

INA 2

MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

DESTILARIAS 19 34391101

16 32219000

BOSCH ENGENHARIA LTDA

REFRATÁRIOS RIBEIRÃO 78

MANCAIS E CASQUEIROS

BASF

DISPAN

97

LIMPEZA E ESTERILIZAÇÃO DE BAGS

31

PROCANA BRASIL

21

ISOLAMENTOS TÉRMICOS 13

16 39461800

PRODUTOS QUÍMICOS

19 21279400

16 32519900

CONGER

55

INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO E CONTROLE

71

RANDON

VIBROMAQ

12 31284200

IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS DMB

DMB

PLANTAS INDUSTRIAIS

25

PARKER HANNIFIN

CARROCERIAS E REBOQUES

SISPONTO

19 34234000

67

INSUMOS AGRÍCOLAS

EQUIPAMENTOS E MATERIAIS ELÉTRICOS

CARRETAS ALFATEK

85

DEFENSIVOS AGRÍCOLAS

AUTOMAÇÃO DE ABASTECIMENTO DWYLER

82 33279632

FERRAMENTAS

LIEBHERR BRASIL

PLANTADORAS DE CANA 16 21014151

16 33039796

GBA 17 35311075

11 55484226

10

STAB

CORRENTES INDUSTRIAIS

ALCOLINA

AGM TECH SOLINFTEC

35

BOSCH ENGENHARIA LTDA

16 39515080

ALFATEK

GRÁFICA

EU BC&E 2014

41 21077400

ALCOLINA

ANTIBIÓTICOS - CONTROLADORES DE INFECÇÕES BACTERIANAS

A N U N C I A N T E S

FEIRAS E EVENTOS

CASE IH (COM)

CONSULTORIA/ENGENHARIA INDUSTRIAL

AÇOS

D E

16 36260716

82

VEDAÇÕES E ADESIVOS PARKER HANNIFIN

12 40093591

19

VEDACERT

16 39474732

88


JC 244

4/23/2014

4:41 PM

Page 5

CARTA AO LEITOR

Maio 2014

índice Agenda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6 Usina do Bem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7

5

carta ao leitor Josias Messias

josiasmessias@procana.com

Eventos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .10 a 12 Giro do setor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13 a 16 Política Setorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17 a 25

Uma conversa um tanto confusa Usinas devem se adequar à “lei da balança” até 2019 Três perguntas para André Rocha

Mercado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .26 a 37

Para sair da crise setor precisa encontrar soluções e saídas Mercado de açúcar será melhor no segundo semestre Antes do apagão, pode haver luz no fim do túnel Viabilidade do Etanol 2G ainda gera discussões Fim do sistema de quotas para mercado europeu excluirá açúcar brasileiro

Produção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .38 a 41

Capa – Usina Guaíra é campeã brasileira de produtividade agrícola Pesquisa & Desenvolvimento 42 a 44 Executivos do etanol 2G revolucionam produção de biocombustível

Homenagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .46

MAMMA MIA!

Impacto Social . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .48 a 52 SAUDOSA MALOCA - Município e ex-colaboradores sentem impacto da hibernação da Usina Jardest

Administração & Legislação . . . . . . . . . . . . . . . .53 a 56 Gatua Sul elege Conselho Deliberativo Gerhai traça perfil profissional em novo mercado de trabalho Falta de chuvas em janeiro e fevereiro deverá reduzir oferta de matéria-prima na safra 2014/15

Impacto Ambiental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .58 a 60 Impactos do El Niño nos próximos meses geram temor no mercado mundial de açúcar

Usinas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .62 Tecnologia Industrial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .64 a 74

Recepção e preparo de cana precisam se adaptar à colheita mecanizada Concorrência gera benefícios para a extração do caldo Laboratório pode ser o fiel da balança na unidade industrial Com Safra 360, usinas podem optar por safra contínua e parada curta

Tecnologia Agrícola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .76 a 86

CCT muda de nome e enfrenta novos desafios Fitotécnico debaterá formas para manter produtividade elevada Muda Pré-Brotada proporciona melhor controle de espaçamento

Ação Social & Meio Ambiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . .87 Óleo de cozinha será atração na Copa

Destaques do setor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .88 Negócios & Oportunidades . . . . . . . . . . . . . . . . .90 a 98

LEGADO

Uma segunda via Na turbulência gerada pela atual crise, boa parte dos gestores do setor sucroenergético, apreensivos, apertam os cintos das empresas que comandam e tomam medidas duras, tais como: a dispensa de colaboradores e a interrupção das atividades da própria usina ou de alguma unidade. Para alguns, a linha do horizonte demonstra que há um longo caminho a percorrer e muitos duvidam se possuirão fôlego para tanto. Mas, outros, olham para esta mesma linha e distância como um espaço novo e desafiador a ser explorado e vencido. Isto porque, na maioria das vezes, a própria busca efetiva por soluções abre oportunidades para inovar e até recriar caminhos. Da nossa parte, a ProCana Brasil optou pela segunda via, como demonstra o caso do novo portal do JornalCana (www.jornalcana.com.br). Neste momento difícil pelo qual estamos passando junto com todo o setor, decidimos por investir e renová-lo completamente, da estrutura à aparência, ampliando a qualidade e relevância das informações, por meio de matérias, notas, suítes especiais e infográficos. O resultado é que em apenas um mês as visualizações do portal aumentaram em cerca de 40%. Somente em visitas a páginas únicas, o crescimento foi de cerca de 20%. A novidade atraiu novos leitores e tornou os tradicionais mais assíduos. Em nossa experiência, descobrimos na prática, que poderíamos modernizar sem, necessariamente, trocar equipamentos ou colaboradores. Por estarmos atualizados no quesito tecnológico, reavaliamos a equipe de colaboradores e, ao final, decidimos que queríamos mudar “as pessoas” e não “de pessoas”. Ao fazê-las saber que as valorizamos, trouxemos tranquilidade ao grupo e os resultados começam a aparecer. Há muito ainda a fazer, temos consciência disso, mas estes resultados nos levam a ver o horizonte com outros olhos. Nosso exemplo não é exclusivo. Grupos e unidades industriais que semearam inovação estão colhendo alta performance. É o caso da Usina Guaíra, que obteve na safra 2013/14 produtividade média de 103,5 toneladas/ha, a maior do ano entre as mais de 250 usinas que disponibilizam seus dados (veja nas páginas 38 a 41).

“Porque, como os novos céus, e a nova terra, que hei de fazer, estarão diante da minha face, diz o Senhor, assim também há de estar a vossa posteridade e o vosso nome”. (profeta Isaías no capítulo 66, verso 22, de seu livro)

Decerto que apenas inovar da “porteira para dentro” não é suficiente. É preciso encontrar alternativas para fazer frente à diversidade de desafios do mercado (confira matéria nas páginas 26 a 30). As circunstâncias pedem mais do que o discurso. Inovação e fé representam a segunda via – talvez a única que resta ao setor, neste momento, para sobreviver com saúde física e espitirual, até que a “tempestade” das eleições seja superada. Que Deus nos ajude!

NOSSOS PRODUTOS

O MAIS LIDO! ISSN 1807-0264 Fone 16 3512 4300 Fax 3512 4309 Av. Costábile Romano, 1.544 - Ribeirânia 14096-030 - Ribeirão Preto - SP procana@procana.com.br

NOSSA MISSÃO Prover o setor sucroenergético de informações relevantes sobre fatos e atividades relacionadas à cultura da cana-de-açúcar e seus derivados, e organizar eventos empresariais visando: Apoiar o desenvolvimento sustentável do setor (humano, socioeconômico, ambiental e tecnológico); Democratizar o conhecimento, promovendo o intercâmbio e a união entre os integrantes; Ser o porta-voz e centro de informações do setor; Manter uma relação custo/benefício que propicie parcerias rentáveis aos clientes e demais envolvidos.

DIRETORIA Josias Messias josiasmessias@procana.com.br Assessoria Mateus Messias presidente@procana.com.br

w w w. jo r n a lc a n a . c o m . b r

ADMINISTRAÇÃO REDAÇÃO Editor Luiz Montanini - editor@procana.com.br Coordenação e Fotos Alessandro Reis editoria@procana.com.br Editor de Arte - Diagramação José Murad Badur Reportagem Andréia Moreno - redacao@procana.com.br André Ricci - reportagem@procana.com.br Arte Gustavo Santoro Revisão Regina Célia Ushicawa

Gerente Administrativo Luis Paulo G. de Almeida luispaulo@procana.com.br Financeiro contasareceber@procana.com.br contasapagar@procana.com.br

TIC E PLANEJAMENTO Asael Cosentino - asael@procana.com.br

MARKETING Gerência Fábio Soares Rodrigues fabio@procana.com.br Assistente Lucas Messias lucas.messias@procana.com.br

BIO & Sugar International Magazine

www.jornalcana.com.br O Portal do setor sucroalcooleiro

Mapa Brasil de Unidades Produtoras de Açúcar e Álcool

JornalCana A Melhor Notícia do Setor Prêmio BestBIO Brasil

Prêmio MasterCana Os Melhores do Ano no Setor

PUBLICIDADE Comercial Gilmar Messias 16 8149.2928 gilmar@procana.com.br Leila Milán 16 9144.0810 leila@procana.com.br Matheus Giaculi 16 8136.7609 matheus@procana.com.br

EVENTOS Rose Messias - rose@procana.com.br

ASSINATURAS E EXEMPLARES

PÓS-VENDAS

11 3512.9456 www.jornalcana.com.br/assinaturas

Thaís Rodrigues - thais@procana.com.br

Anuário da Cana Brazilian Sugar and Ethanol Guide

Artigos assinados (inclusive os das Tiragem auditada pelos seções Negócios & Oportunidades e Vitrine) refletem o ponto de vista dos autores (ou das empresas citadas). JornalCana. Direitos autorais e 10.000 exemplares comerciais reservados. É proibida a Publicação mensal reprodução, total ou parcial, distribuição ou disponibilização pública, por qualquer meio ou processo, sem autorização expressa. A violação dos direitos autorais é punível como crime (art. 184 e parágrafos, do Código Penal) com pena de prisão e multa; conjuntamente com busca e apreensão e indenização diversas (artigos 122, 123, 124, 126, da Lei 5.988, de 14/12/1973).


JC 244

4/23/2014

6

4:41 PM

Page 6

AGENDA

Maio 2014

A C O N T E C E TECNÓLOGOS EM BIOCOMBUSTÍVEIS O curso de graduação em biocombustíveis da Fatec Nilo de Stéfani - Jaboticabal é gratuito; contempla a produção de biocombustíveis sólidos (madeira e biomassa), líquidos (etanol e biodiesel) e gasosos (biogás), além de abordar atividades que são relacionadas ao setor sucroenergético como a produção de açúcar, bioeletricidade, gestão de subprodutos, dentre outros. O curso é oferecido no período da manhã, das 8h20 às 11h50 e da noite, das 19h às 22h30, com 40 vagas cada. O vestibular, para início das aulas em agosto de 2014, ocorrerá em 15 de junho e as inscrições seguem de 14 de abril até 14 de maio. Mais informações no site www.fatecjab.edu.br.

FERSUCRO A Stab Leste realiza no período de 8 a 11 de julho de 2014, no Centro de Convenções de Maceió, AL, a 11ª edição da Fersucro – Feira Regional Sucroalcooleira. Mais informações através do site www.fersucro.com.br.

FENASUCRO A Fenasucro&Agrocana acontece de 26 a 29 de agosto de 2014, em Sertãozinho, SP, oferecendo aos visitantes a oportunidade de explorar toda a cadeia de produção: preparo do solo, plantio, tratos culturais, colheita, industrialização, mecanização e aproveitamento dos derivados da cana-deaçúcar. Mais informações www.fenasucro.com.br.

PRÊMIO MASTERCANA CENTRO-SUL

BESTBIO E FÓRUM PROCANA

Em 2014, a edição Centro-Sul do MasterCana terá muitas novidades. Uma delas é a mudança de local, sendo realizado no dia 25 de agosto, em Ribeirão Preto, SP. Já o MasterCana Nordeste acontece em 13 de novembro, em Recife, PE. Por último, em 25 de novembro, será realizado o MasterCana Brasil, em São Paulo, capital.

O Prêmio BestBIO, que acontece em 18 de setembro, em Ribeirão Preto, SP, é uma iniciativa independente que tem por objetivo central incentivar a sustentabilidade através da divulgação e reconhecimento aos melhores cases da bioeconomia brasileira, com ênfase no desenvolvimento e geração de energias limpas e renováveis. Mais informações acesse www.bestbio.com.br.


JC 244

4/23/2014

4:41 PM

Page 7

USINA DO BEM

Maio 2014

Retificação Na edição 242 do JornalCana, (março de 2014), o nome da empresa GranBio foi grafado como GraalBio, antiga nomenclatura utilizada.

PRESERVANDO A MATA Apoiar a recuperação e preservação de matas nativas e de áreas de preservação permanente (APPs) de regiões onde estão localizadas as unidades Estivas e Giasa é objetivo do Programa Approximar da empresa Biosev, que iniciou sua programação no dia 7 de abril. O projeto conta com oficinas, cursos e patrocinará a construção de viveiros em 20 comunidades próximas às unidades na Paraíba e Rio Grande do Norte. Segundo os gestores, o projeto tem se tornado referência na região por promover ações que contribuam para o desenvolvimento sustentável em 20 comunidades próximas às usinas de Estivas, em Arez (RN), e Giasa, em Pedras de Fogo (PB). No total serão 12 oficinas, com temas variando de agricultura familiar a cidadania, e agroecologia a reciclagem, e direcionadas a educadores, estudantes, agricultores e qualquer outro interessado. A primeira a receber o programa Approximar foi Imbiribeira, comunidade de Pedras de Fogo (Paraíba), próxima à Giasa.

PRÓXIMAS OFICINAS 5 a 9 de maio – Invasões biológicas e Água, Ar e Energia; 2 a 6 de junho – Associativismo e Cooperativismo; 21 a 25 de julho – Elaboração de projetos ambientais e Plano de Ação para gestão ambiental. LOCAL: Escola Municipal Severino A. Barbosa. Inscrições Gratuitas

Alcoeste investe em treinamentos para operadores de colhedoras A Usina Alcoeste realizou no dia 4 de abril, um treinamento teórico e prático para operadores de colhedoras. A turma também acompanhou as aulas no dia 24 de março. Os treinamentos foram divididos em aulas teóricas e práticas, ministradas pelo instrutor do Senar, Marcelo Baccar, com duração de 40 horas. Os treinamentos são direcionados à manutenção e operação de máquinas agrícolas e segundo o instrutor, contribuem para a formação técnica dos colaboradores da Alcoeste. “Eles também proporcionam conhecimentos específicos relacionados à segurança do trabalho e o uso de equipamentos de segurança individuais e coletivos, o que garante colaboradores preparados para o exercício correto de suas funções, sempre privilegiando a segurança e a qualidade de vida”, revela a assessoria.

7

JornalCana inova e atrai maior número de leitores digitais

NOVO SITE JORNALCANA ACESSOS NO PERÍODO DE 10 DE MARÇO A 9 DE ABRIL

O JornalCana estreou, no início de março, uma a nova versão de seu site. Completamente renovado, da estrutura à aparência, ampliando a qualidade e relevância das informações, por meio de matérias, notas, suítes especiais e infográficos. As notícias estão mais bem agrupadas. A leitura dos textos está mais fácil. As páginas carregam mais rapidamente. O resultado é que em apenas um mês as visualizações do portal aumentaram em cerca de 40%. Somente em visitas a páginas únicas, o crescimento foi de cerca de 20%. A novidade atraiu novos leitores e tornou os tradicionais mais assíduos. “O JornalCana tem se dedicado a integrar editorial e graficamente as diferentes plataformas que o leitor acompanha. O novo site está mais organizado e rápido, cumprindo a missão de ser o principal meio de comunicação do setor sucroenergético”, afirma Alessandro Reis, coordenador da Redação do JornalCana.

BEABÁ DA PRODUÇÃO DE ÁLCOOL No dia 9 de abril, a Usina Agro Serra, localizada em São Raimundo das Mangabeiras, MA, recebeu a visita de 20 aprendizes da turma do curso de Técnicos em Produção de Álcool, alunos do convênio de aprendizagem firmado entre a Agro Serra e Senai de Balsas no Maranhão. Os alunos foram recebidos pela equipe de Recursos Humanos e pelo engenheiro químico responsável por processos Industriais, Marden José Cavalcante. Os jovens receberam informações sobre o processo de produção do álcool, desde o recebimento da cana no pátio passando pelos procedimentos de moagem, fermentação, destilação ao armazenamento do produto final. Também receberam orientações sobre o funcionamento das caldeiras.

Alunos receberam informações sobre o processo de produção do álcool

Aprendiz Legal - A parceria da Agro Serra com o FIEMA – Senai de Balsas – MA está ampliando sua atuação em oferta de vagas para formação de Jovens no Programa Aprendiz, para cursos voltados para a área agrícola. “O objetivo primordial da capacitação é a formação de profissionais no Estado do Maranhão, principalmente municípios circunvizinhos à sede da Agro Serra, gerando emprego e sustentabilidade à população, com profissionais habilitados e aptos ao mercado de trabalho, contribuindo assim para o desenvolvimento da educação e empregabilidade nessas regiões e consequentemente no Brasil”, afirmam Elen Kaliany Pereira, gerente de RH e Roberta Silveira, coordenadora de T&D.

Ação social transforma a vida de mais de 160 mil pessoas O Grupo Odebrecht, por meio de sua diretora de sustentabilidade, Carla Pires, apresentou no dia 13 de março, em um evento em Ribeirão Preto, SP, os casos de sucesso de seus programas socioambientais, entre eles o Programa Energia Social para a Sustentabilidade Local. Em projetos realizados na área de educação que envolve capacitação da comunidade, infraestruturas de escolas, pós-graduação para professores, foram contempladas mais de 2,5 mil pessoas, onde 65% foram contratadas pela empresa. O programa Energia Social recebeu até o momento investimentos da ordem de R$ 15 milhões, em 35 projetos realizados e beneficiou diretamente 50 mil pessoas e foram 162

Programa promove desenvolvimento sustentado

mil pessoas potenciais beneficiadas nos nove municípios em que a Odebrecht Agroindustrial atua. “Temos indicadores que provam que o programa faz sentido para a

comunidade. A empresa investiu nas construções de laboratórios, UTI neonatal, na recuperação de trilhas ecológicas, biomonitoramento para preservação da fauna e da flora, educação ambiental, gerenciamento de resíduos sólidos com construção de aterros sanitários em parceria com prefeituras, capacitação, entre outros”, lembra. O Programa promove o desenvolvimento sustentado das regiões, através de ações e investimentos que envolvam as comunidades e o governo local, com o objetivo de contribuir para a melhoria da qualidade de vida destas comunidades onde a empresa está inserida.


JC 244

4/23/2014

4:41 PM

Page 8


JC 244

4/23/2014

4:41 PM

Page 9


JC 244

4/23/2014

10

4:41 PM

Page 10

EVENTOS

Maio 2014

Laureados do BestBIO em 2013

Ribeirão Preto sediará o BestBIO e Usinas de Alta Performance ANDRÉIA MORENO, DA REDAÇÃO

O BestBIO Brasil 2014, prêmio que reconhece as melhores empresas e profissionais da bioeconomia brasileira, será realizado no dia 18 de setembro em Ribeirão Preto (SP). Ele será o evento social de encerramento do Fórum ProCana Usinas de Alta Performance 2014. A premiação destaca os melhores cases e profissionais do país nas áreas de biocombustíveis, bioenergia, bioeletricidade, biotecnologia e de sustentabilidade empresarial. Inclusive, as empresas interessadas têm até 30 de julho para fazer as inscrições dos cases. Na edição passada, entre os premiados com o troféu BestBIO estiveram William Lee Burnquist, gerente de Desenvolvimento Estratégico e coordenador de Biotecnologia do CTC – Centro de Tecnologia Canavieira,

como “Man Of The Year em Biotecnologia”, e a Açucareira Guaíra foi reconhecida como “Empresa do Ano em Sustentabilidade”. “O BestBIO destaca a marca dos patrocinadores junto ao público top do setor com status diferenciado de anfitrião e parceiro, ação que deixa nítido o comprometimento da empresa com a bioeconomia sustentável. E fortalece o relacionamento extracomercial com empresários e executivos do mercado. Sem contar que o sucesso no evento é amplificado para todo o mercado através da ampla divulgação no JornalCana, na revista BIO&Sugar e no novo JornalCana Online”, afirma Rose Messias, gestora de eventos da ProCana Brasil. O BestBIO conta com o apoio das principais entidades da área, como a Unica —União da Indústria de Cana-de-açúcar, Apla — Arranjo Produtivo Local do Álcool, Anace — Associação Nacional dos

SERVIÇO Prêmio BestBIO Brasil 2014 e Fórum ProCana Usinas de Alta Performance 2014 Data: 18/09/2014 Local: Ribeirão Preto (SP) Mais informações: fone 16 3512.4300 rose@procana.com.br

Consumidores de Energia, Cogen — Associação da Indústria de Cogeração de Energia, CBCN — Centro Brasileiro para Conservação da Natureza e Desenvolvimento Sustentável, Renabio — Rede Nacional de Biomassa para Energia e SBAG — Sociedade Brasileira de Agrosilvicultura.

SOBRE O FÓRUM O Fórum ProCana Usinas de Alta Performance 2014 é um evento desenvolvido com o foco de apresentar aos empresários e executivos do setor, casos de resultados comprovados no incremento da rentabilidade e da competitividade das usinas. O programa do Fórum, que será realizado no mesmo dia e local do Prêmio BestBIO Brasil 2014, inclui temas como: Modelos de negócios sustentáveis, compatíveis com a diversidade de desafios e a alta volatilidade do mercado sucroenergético; Alternativas inovadoras na reestruturação & capitalização das empresas; Metodologias consagradas na redução de custos e melhorias de eficiência nos processos; e Tecnologias em estágio comercial que permitem alcançar pleno potencial agroindustrial da cana-deaçúcar.


JC 244

4/23/2014

4:41 PM

Page 11


JC 244

4/23/2014

12

4:41 PM

Page 12

EVENTOS

Maio 2014

Fenasucro traz alternativas para gerar novos negócios no setor sucroenergético Maior feira mundial do setor reunirá no Centro de Eventos Zanini, em Sertãozinho, toda a cadeia produtiva Considerada a maior feira mundial do setor sucroenergético, a 22ª Fenasucro acontece, neste ano, entre os dias 26 e 29 de agosto, no Centro de Eventos Zanini, na cidade de Sertãozinho. Com expectativa de receber mais de 33 mil visitantes, o evento será uma plataforma para novos negócios e também cenário para discussões que fomentem o setor na busca de alternativas para as empresas expositoras e os visitantes compradores. Para isso, a Fenasucro – organizada pela Reed Exhibitions Alcantara Machado, em conjunto com o CEISE Br – Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis, reunirá toda a cadeia produtiva do mercado sucroenergético, entre eles, 550 expositores nacionais e internacionais e as principais lideranças e referências do setor. “Nosso objetivo é reunir propostas eficientes para aumentar a produtividade nos diferentes setores da cadeia da cana, oferecer alternativas e assim garantir que bons negócios sejam concretizados. A Fenasucro é, atualmente, um vetor de soluções para o setor, principalmente por conta do momento que

Vista aérea da Fenasucro

estamos passando, onde as empresas buscam cada vez mais ferramentas eficazes para ampliar e manter a gestão de seus negócios”, explica Juan Pablo De Vera, presidente da Reed Exhibitions Alcantara Machado. Além de trazer novas tecnologias para potencializar a produtividade em todo o segmento, a Fenasucro também sediará importantes eventos que mapearão as necessidades e colocarão em debate soluções para o setor, entre eles: o congresso Datagro, reunião Gerhai; Seminário Agroindustrial Gegis; 2º Congresso de Automação e Inovação Tecnológica Sucroenergética; Encontro de

Produtores Canaoeste/Orplana; Rodada de Negócios Internacional Apla/Apex e Rodada de Negócios organizada pela Fiesp e Sebrae. O público feminino também está englobado com o evento Cana, Substantivo Feminino, reforçando a importância da mulher no cenário sucroenergético. Outro importante evento do setor que acontecerá durante a feira é o Prêmio Master Cana, que tradicionalmente abre a semana dedicada ao setor. Em uma área concentrada de 75 mil m², a 22ª Fenasucro contou com importantes investimentos realizados em segurança, ampliação da praça de alimentação, sistema de

valet e espaços verdes. Com seu foco voltado para negócios, a feira congrega grandes setores como: Agrocana (setor agrícola voltado para a lavoura), Forind (Fornecedores Industriais), Indústria e Transporte, e Logística abrangendo toda a cadeira produtiva da cana-de-açúcar, incluindo seus derivados. Com a sua importância reconhecida, a feira passou a integrar o calendário mundial de eventos da Reed Exhibitions. Reed Exhibitions Alcantara Machado 16 2132.8936 www.reedalcantara.com.br


JC 244

4/23/2014

4:41 PM

Page 13

GIRO DO SETOR

Maio 2014

13

Giro do Setor – América Latina BRASIL PATRICIA BARCI,

SURINAME DE

RIBEIRÃO PRETO

No Suriname, país vizinho à Guiana Francesa e do Brasil, um projeto que envolve a Staatsolie Maatschappij Suriname N.V., a empresa petrolífera estatal do país, quer colocar em funcionamento uma unidade produtora de etanol a partir de cana-de-açúcar. Uma planta-piloto, bem-sucedida, já está em funcionamento desde 2008. A empresa espera gastar pelo menos 250 milhões de dólares para produzir etanol em larga escala até 2015, eletricidade até 2016 e açúcar em 2018. Espera-se que sejam plantados um total de 9.000 hectares de cana-de-açúcar para o empreendimento.

PARAGUAI A demanda anual de importação no mercado de açúcar paraguaio na safra 2012/13, é de aproximadamente 140 mil toneladas. Deste total, o governo federal paraguaio, acredita que entre 90 mil e 100 mil toneladas vem de contrabando. Mais de 60 % do açúcar produzido no Paraguai é orgânico, sendo que a maior parte da produção, é destinada a mercados de exportação, incluindo a União Europeia, Canadá, Estados Unidos, Coreia, Austrália, Nova Zelândia e Peru.

CUBA

Brasil exportou 1,556 milhões de toneladas de açúcar no mês de março, volume abaixo dos 1,801 milhões de fevereiro e dos 1,943 milhões de março do ano passado, de acordo com dados da F.O. Licht. Exportações de açúcar bruto ficaram em 1,14 milhão de toneladas, a partir de 1,51 milhão de toneladas do mesmo período no ano passado; e de açúcar branco foram 433.100 mil toneladas a partir de 416,2 mil toneladas em 2013

Especialistas do setor no país, disseram que mudanças estruturais feitas na indústria do açúcar em Cuba, não conseguiram quebrar o ciclo de inatividade e ineficiência nas suas principais linhas de produção, e apesar de todos os problemas, foi noticiado que, investimentos nacionais e estrangeiros, na indústria de açúcar de Cuba, tiveram um crescimento de 13% no ano passado, em relação ao ano anterior, de acordo com dados de Agência de Estatística cubana.


JC 244

4/23/2014

4:41 PM

Page 14


JC 244

4/23/2014

4:41 PM

Page 15


JC 244

4/23/2014

16

4:41 PM

Page 16

GIRO DO SETOR

Maio 2014

Giro do Setor – América Latina

Giro do Setor – Europa

MÉXICO

ALEMANHA

México se encontra em meio a uma batalha judicial com o governo norte-americano, desde que produtores de açúcar dos EUA alegaram que os mexicanos violaram o acordo de livre comércio com a América do Norte e estão praticando dumping no mercado americano. Petições antidumping foram apresentadas pela Coalizão do Açúcar Americano em nome de várias associações de açúcar, e alegam que a indústria mexicana vendeu açúcar para os EUA 40% abaixo dos preços domésticos, apoiada por subsídios dos governos federais e estaduais mexicanos. A prática de dumping viola as regras estabelecidas no Acordo de Livre Comércio da América do Norte, que até então, permite livre fluxo de açúcar entre os dois países. Em resposta, na semana passada, o governo do México criticou os produtores de açúcar americanos, que os acusaram da prática, e disse através de um porta-voz, que o governo irá defender os direitos da indústria nacional a qualquer preço, de acordo com o Latin American Herald Tribune . Ele disse ainda que o Acordo de Livre Comércio com a América do Norte tem sido implementado gradualmente, desde sua entrada em vigor em 1 de janeiro de 1994, acordo este, que ajudou a criar um mercado norte-americano coeso, em que o México exporta açúcar para os Estados Unidos ao mesmo tempo que importa xarope de milho dos EUA. O governo mexicano promete esgotar todas as vias legais disponíveis em defesa dos direitos da indústria mexicana. A Sugar Alliance dos EUA disse que essa prática poderia custar aos produtores de açúcar americanos cerca de 1 bilhão de dólares nesta safra.

Na Alemanha, uma planta-piloto, desenvolvida no Centro Fraunhofer para Biotecnologia e Processos Químicos, está produzindo substitutos de petróleo a partir de matérias-primas renováveis, e poderá obter isobuteno ou isobutileno, a partir de açúcar ao invés de petróleo, pela primeira vez. A descoberta não tem intenção de ameaçar o abastecimento alimentício, uma vez que, a longo prazo, o açúcar deve vir a partir de madeira ou de palha e não da beterraba sacarina, de acordo com informações da própria empresa.

ARQUIPÉLAGO DA MADEIRA

COSTA RICA O Governo da Costa Rica apresentou uma solicitação formal ao governo dos EUA, para tentar solucionar as controvérsias do Acordo de Livre Comércio entre os EUA, América Central e República Dominicana. Isto porque os americanos acabaram com as quotas de 31 milhões de litros de etanol desidratado, dado à Costa Rica como parte do acordo, e como consequência, impôs o pagamento de uma taxa de 2,5% referente às importações do etanol desidratado.

De acordo com a DRA- Direção Regional de Agricultura, a produção de cana-de-açúcar no arquipélago da Madeira, conjunto de ilhas pertencentes a Portugal, situado no Oceano Atlântico, deve atingir 6 mil toneladas em 2014, entre seus 719 produtores. Os dados do DRA indicam que de 2000 até 2013, a produção foi de 2.871 toneladas, com rendimento de 387.585, para 5.824 toneladas, com rendimento de 1.572.480 euros. As regiões de maior produção de canade-açúcar, estão localizadas na costa sul do arquipélago, chamadas de Ponta do Sol, Calheta, Ribeira Brava e Câmara de Lobos, e a cultura serve basicamente para produção de açúcar, melado e aguardente, de acordo com informações da Agência Lusa.


JC 244

4/23/2014

4:41 PM

Page 17

POLÍTICA SETORIAL

Maio 2014

17

UMA CONVERSA UM TANTO CONFUSA Dificuldade financeira aumenta e setor busca apoio em ações públicas ANDRÉ RICCI, DA REDAÇÃO

Os números apontam mais de 40 usinas de cana-de-açúcar fechadas nos últimos anos. Entre março e abril, podemos citar duas, Jardest e Unaçúcar. A primeira, localizada no interior de São Paulo, desestimulará a economia da pacata Jardinópolis, cidade com 40 mil habitantes. A segunda, situada em Água Preta, na Zona da Mata Sul, PE, fará com que cerca de duas mil pessoas fiquem sem emprego. Insensível à questão, o governo anunciou em meados de março a liberação de R$ 5 bilhões em financiamento para renovação de canaviais e estocagem. Contudo, dada a gravidade da crise, parte das usinas não têm acesso ao dinheiro, disseminando, a cada safra, tradicionais unidades produtoras. A presidente da Unica – União da Indústria de Cana-de-Açúcar, Elizabeth Farina, por diversas vezes definiu o diálogo do setor com o governo como uma conversa entre “surdo e mudo”, já que mensalmente os problemas e também possíveis soluções são levados ao Planalto Central. “Eles dizem que não há subsídios para a gasolina, sendo

Lideranças do setor articularam manifestações públicas para os dias 24 de abril e 13 de maio

que a própria Petrobras confirma o auxílio. A prioridade do controle de preço da gasolina é a inflação e não o mercado de combustíveis”. Por esses e outros motivos, lideranças do segmento canavieiro articularam para os dias 24 de abril e 13 de maio manifestações públicas. O objetivo é fazer com que o governo enxergue os reais problemas do setor. “Chegou a hora de mudarmos o tom, de endurecermos a luta para preservar o

patrimônio construído com a produção do combustível verde e amarelo que é o etanol”, afirmou Arnaldo Jardim, presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Setor Sucroenergético. A primeira tem como foco mobilizar as cidades produtoras, culminando, em 13 de maio, em um movimento unificado em Brasília, DF. “O setor tem consciência das poucas, ou quase nulas, possibilidades do

governo tomar alguma medida que cause grande impacto positivo na atual safra. Contudo, existe uma bandeira viável que pode ajudar a aumentar os preços médios do etanol ao mesmo tempo em que reduz os déficits da Petrobras e do Brasil com a importação de gasolina. Trata-se do aumento da mistura de anidro de 25% para 27,5% na gasolina”, aponta Josias Messias, presidente da ProCana Brasil.


JC 244

4/23/2014

18

4:41 PM

Page 18

POLÍTICA SETORIAL

Maio 2014

Renato Cunha: teremos “apagões” no setor de combustível

Roberto Hollanda Filho: governo é insensível a crise do setor

Líderes falam sobre momento político-econômico Há mais de três anos o setor sucroenergético busca o auxílio do governo para retomar sua curva de crescimento. Neste período, pacotes de incentivo surgiram, mas que aliviam o problema e não o soluciona. Cercado por dívidas e sem socorro governamental, ano a ano a produção se torna mais difícil. Previsibilidade é a palavra-chave, assim como uma política de preços dos combustíveis justa. Em 2013, a paciência acabou. Ao menos duas manifestações foram feitas, além da criação da Frente Parlamentar em Defesa do Setor Sucroenergético, um movimento apartidário e que hoje luta pelos interesses do segmento em Brasília. Renato Cunha, vice-presidente do Fórum Nacional Sucroenergético, fala sobre o assunto. “As manifestações são válidas e democráticas, principalmente

quando são ordeiras. Não aguentaremos cronogramas futuros. Nesta situação virão seguramente apagões também nos combustíveis”, lembra ele, fazendo referência ao caos energético provocado pela atual estiagem. O setor já definiu os pontos necessários para que o trabalho possa fluir. É necessário a volta da Cide – Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico sobre a gasolina; o aumento da mistura de etanol anidro na gasolina de 25% para 27,5%; melhoria da eficiência do motor flex e a intensificação do uso de bioeletricidade gerada a partir da palha e do bagaço da cana. “A falta dessa política pode ser observada na decadência do setor, com o fechamento de muitas usinas e outras tantas em recuperação judicial. O Governo Federal precisa definir qual será a política

pública de médio e longo prazos para o setor sucroenergético. Além do discurso, é preciso efetivamente colocá-lo em prática”, diz Alexandre Andrade Lima, presidente da Unida - União Nordestina dos Produtores de Cana. O representante lembra que manifestações públicas já trouxeram resultados positivos ao segmento. Na época em que o presidente da República era Luiz Inácio Lula da Silva, os produtores se uniram e tiveram o objetivo alcançado. “As manifestações são sempre bem vindas. Porém, é preciso que seja realizada de forma que unifiquem todo o setor. Tudo é resultado da demonstração de unidade, organização e mobilização política da classe. A subvenção econômica para os produtores nordestinos, por exemplo, foi resultado de manifestações dos canavieiros, quando Lula ainda era presidente, no seu

segundo mandato”, recorda. Roberto Hollanda Filho, presidente da Biosul – Associação dos Produtores de Bionergia de Mato Grosso do Sul, é mais uma liderança a entoar o coro que de mudanças são necessárias. “Nossa crise é evidente e estamos levando esses problemas aos parlamentares. O país perde muito com a crise do setor. É uma insensibilidade do governo permitir chegar a este ponto. Precisamos de uma definição urgente”, afirma. Por fim, Alexandre Andrade Lima deixa um recado aos produtores de todo o país. “O setor precisa se unir cada vez mais para alcançar as reivindicações desejadas. Precisamos procurar formas de nos mantermos mais articulados, bem como com a classe política. Não há outra forma de sucesso. O individualismo não leva a nada e nem ninguém a lugar algum”. (AR)


JC 244

4/23/2014

4:41 PM

Page 19


JC 244

4/23/2014

20

4:41 PM

Page 20

POLÍTICA SETORIAL

Maio 2014

Usinas devem se adequar à “lei da balança” até 2019 RENATO ANSELMI,

DE

CAMPINAS, SP

Ele não conseguiria participar de rolezinhos em shoppings centers nem mesmo de manifestações em avenidas de grandes cidades. Não teria autonomia também para protestar em redes sociais. Mas, se falasse, se pudesse exibir faixas em locais públicos ou postar mensagens no twitter, o rodotrem – muitos deles, talvez – não deixariam de expressar sua indignação: “#Nãomereçoserpunidopor transportarcana” – diria. As manifestações, se fossem possíveis de acontecer, teriam seus motivos. Após passar por um verdadeiro “banho tecnológico” durante anos, essa composição canavieira – a mais utilizada no setor ¬–, está sendo olhada com desconfiança e certa desconsideração, principalmente em Minas Gerais e Goiás. Mas, foi no Triângulo Mineiro que o caldo entornou. Quinze usinas precisaram assinar o TAC —Termo de Ajustamento de Conduta, com o MPT — Ministério Público Trabalho, que estabelece a necessidade das unidades sucroenergéticas se adequarem gradativamente até 2019 às exigências da legislação de trânsito. A desatualizada “lei da balança” – que é o apelido dado ao conjunto de resoluções do Contran — Conselho Nacional de Trânsito, que regulam o transporte de carga ¬– determina que o

Penalizado pelo Contran, setor deixa de lado o chororô e encaminha nova proposta ao órgão

equipamento, no caso o rodotrem, não ultrapasse o PBTC — Peso Bruto Total Combinado, de 74 toneladas. Para cada composição, como o treminhão e o biminhão – que é muito pouco usado -, há um limite diferente. “Além de estar com dificuldade financeira, o setor adquiriu recentemente uma frota nova que ainda não foi depreciada. Há uma preocupação por causa da adequação que exigirá um aumento do número de viagens. Isto eleva o custo operacional para transportar a mesma quantidade de cana”, afirma Mário Ferreira Campos Filho, presidente executivo da Siamig – Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas

Gerais. Segundo ele, o mercado disponibiliza equipamentos que têm cavalos mecânicos com capacidade de tração de até 150 toneladas. “Infelizmente, existe uma legislação de trânsito no Brasil que não reconhece os avanços tecnológicos que os equipamentos tiveram nos últimos anos”, comenta. Deixando de lado qualquer chororô, o setor resolveu reagir e encomendou detalhado estudo para uma empresa especializada que desenvolveu e testou soluções voltadas ao aumento da carga transportada. Caso seja aprovada, essa proposta – que estava sendo protocolada em abril no

Contran pelo Fórum Nacional Sucroenergético –, vai possibilitar a homologação de vários layouts de equipamentos, informa o presidente da Siamig que apoiou, de maneira intensa, a elaboração desse estudo. Uma das novas configurações do rodotrem – conforme o estudo técnico – amplia o PBTC de 74 para 91 toneladas, com o aumento de 9 para 11 eixos. Há ainda a possibilidade do Peso Bruto Total Combinado chegar a 108 toneladas com a inclusão de julieta ou semirreboque na composição, o que exige o aumento do comprimento de 30 para 40 metros. Neste caso, não há necessidade de mudança do número de eixos.


JC 244

4/23/2014

Maio 2014

4:41 PM

Page 21

POLÍTICA SETORIAL

21

Aprovação de nova proposta valeria até postagem de selfies Se forem aprovadas, as novas de criar condições técnicas e legais composições poderiam substituir as para a utilização dos equipamentos já manifestações públicas pela postagem existentes, aumentando o número de de selfies (autorretratos) no Instagram julietas, reboques, explica Mário – caso isto fosse possível – e em outras Campos. redes de compartilhamento. Mas, para “Não queremos mexer no que a comemoração aconteça, aumento de limite por eixo, pois essa é principalmente na realidade não uma briga do setor de transporte virtual, há ainda longo caminho a ser nacional. A nossa proposta é aumentar percorrido. De preferência, sem a o número de eixos ou o comprimento ocorrência de multas e sanções. do equipamento para possibilitar o Não é possível criar uma transporte de uma maior quantidade expectativa em relação ao prazo para de cana”, enfatiza. que o impasse no transporte de cana O setor está em crise e não tem seja solucionado, avalia Mário condições para a troca de todos os Campos. De acordo com ele, a equipamentos de imediato e nem proposta do Fórum Sucroenergético mesmo, em diversos casos, de fazer deverá ser discutida por câmaras reformas – comenta. temáticas do Contran e pelos A utilização de um equipamento integrantes – que são representantes com 40 metros de comprimento – que de diversos ministérios – do Conselho permite um PBTC de até 108 toneladas Nacional de Trânsito. – estará vinculada a diversos fatores, Há otimismo, no entanto, em como localização, topografia da área, relação ao resultado que poderá ser existência de pista dupla e movimento obtido pela proposta de atualização das estradas por onde trafegam esses das regras voltadas ao transporte de veículos, entre outros fatores, detalha o cana. “Foi feito uma série de estudos presidente da Siamig. técnicos que demonstra a segurança “É possível que em alguns casos, dos equipamentos que estão sendo haja necessidade de redução da propostos”, ressalta. velocidade mínima para que seja dada Mário Campos: há um longo caminho para o setor comemorar mudanças na legislação Segundo ele, houve a realização ainda mais segurança aos de testes de frenagem, de aceleração em equipamentos”, observa. rampa, travessia de rodovia, entre outros. Os Essas mudanças têm o objetivo de possibilitar um As AETs — Atorizações Especiais de Trânsito, resultados foram muito bons, o que credencia o setor a novo layout para o equipamento, com o aumento de 9 fornecidas pelos órgãos ligados a essa área, ainda pleitear as modificações – afirma. para11 eixos, elevando o PBTC para 91 toneladas, ou precisarão ser retiradas – informa. (RA)


JC 244

4/23/2014

22

4:41 PM

Page 22

POLÍTICA SETORIAL

Maio 2014

Acordo exige adequação até 2019 Solução inclui aumento do número de eixos

A proposta do Fórum Sucroenergético tem a finalidade de acabar com a lacuna existente entre tecnologia e legislação. Mas, este não é o único objetivo. Não se trata somente de uma questão legal de trânsito, diz Mário Campos. O objetivo é afastar também qualquer problema – esclarece – na área trabalhista. Em Minas Gerais, o Ministério Público do Trabalho de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, alegou que o excesso de carga no transporte de canade-açúcar – acima do que estabelece as resoluções do Contran nº 210, 211 e 258 – estaria colocando em risco a atividade do motorista. Por isso, diversas usinas foram Excesso de carga coloca em risco atividade do motorista autuadas. O judiciário considerou inclusive procedentes as ações civis mudam automaticamente, prevê uma das públicas ajuizadas pela Procuradoria do cláusulas do documento assinado pelas Trabalho em Uberlândia, não permitindo usinas. ou tolerando que caminhões circulem com O Termo de Ajustamento de Conduta excesso de peso. estabelece que 10% das viagens em 2015 “O acordo foi necessário, naquele devem estar adequadas à legislação, não momento, em virtude das decisões judiciais ultrapassando o PBTC de 74 toneladas no em primeira e segunda instâncias que caso do rodotrem. Esse índice deverá estavam ocorrendo contra as usinas da dobrar a cada ano: 20% das viagens em região”, afirma Mário Campos, ao relatar a 2016; 40% em 2017; 80% em 2018, necessidade de assinatura dos TACs pelas chegando a 100% em 2019. Em 2014, unidades sucroenergéticas do Triângulo haverá uma tolerância de 40% sobre o Peso Mineiro. Não havia outra saída – diz. A Bruto Total Combinado. Siamig acompanhou, passo a passo, todo Apesar de ter sido feito na região do esse processo. Triângulo Mineiro – o principal polo Enquanto não houver mudanças na sucroenergético do estado ¬–, o acordo está “lei da balança” – com a aprovação, por sendo utilizado pelo Ministério Público do exemplo, da proposta do Fórum Nacional Trabalho para atingir todo o estado, Sucroenergético –, estará vigorando esse informa Mário Campos. A usina pode – ou acordo que determina a adequação não – assinar o TAC. “Se quiser assumir o completa do transporte de cana das usinas risco de um processo judicial, a empresa é até 2019, a partir do cumprimento de que deve tomar essa decisão”, afirma. percentuais anuais. Se ocorrer a mudança Todas as usinas do Triângulo Mineiro da legislação, os parâmetros do acordo assinaram o TAC – informa. (RA)

As mudanças na lei da balança, que estão sendo propostas pelas entidades que fazem parte do Fórum Sucroenergético, procuram contemplar também questões que envolvem a infraestrutura logística no país. “O Código Nacional de Trânsito é válido para vias públicas e dá ao Contran as prerrogativas para estabelecer os limites para tráfego de carga nesses locais. Boa parte dos lugares onde as usinas trafegam é via pública, seja ela pavimentada ou sem pavimento, com obra de arte ou sem obra de arte”, constata Mário Campos. Não existe na legislação brasileira distinção entre essas áreas – observa. “Nas áreas canavieiras, a maioria das usinas faz a manutenção das rotas usadas para o transporte de cana, que são as vias não pavimentadas. E mantém essas estradas em bom estado de conservação. Infelizmente, há problema de legislação que precisa ser adequado”, afirma. O núcleo urbano se aproximou muito das usinas mais antigas. E nas usinas mais novas, a questão da logística é importante, pois há sempre uma estrada pavimentada

para trafegar – detalha. A solução hoje não passa só pela questão de trafegar pelas estradas sem pavimento. Mas, também em estradas pavimentadas. “Temos que trabalhar e lutar pelo aumento das capacidades permitidas também nessas estradas pavimentadas, onde é preciso respeitar sempre a questão de peso por eixo. É o excesso de peso por eixo que pode danificar o pavimento. Isso tem que ser mudado, aumentando o número de eixos, de 9 para 11, por exemplo”, diz. Segundo ele, o mercado tem desenvolvido também novos equipamentos – que são modulados – e utilizam materiais leves e resistentes. “A minha percepção é que teremos, no final desse processo, uma legislação com limites maiores para o transporte de carga. E, por parte da indústria, haverá equipamentos mais leves e resistentes, ou seja, com tara menor, com peso menor. E assim sobra espaço para aumentar a carga líquida transportada nas composições. Nos equipamentos já existentes, é possível aumentar o número de eixos”, afirma. (RA)

Siamig quer legislação com limites maiores para o transporte de carga


JC 244

4/23/2014

4:41 PM

Page 23


JC 244

4/23/2014

24

4:41 PM

Page 24

POLÍTICA SETORIAL

Maio 2014

Atualização da “lei da balança” mobiliza todo o setor A questão da atualização da “lei da balança” tem sido um problema nacional do setor que sentiu a necessidade de se mobilizar para a mudança da legislação, de acordo com Mário Campos. Em decorrência de autuações em Minas Gerais e também no estado de Goiás, o setor percebeu que era preciso buscar alternativas, pois a aplicação das resoluções do Contran tem um efeito drástico na redução imediata dos volumes atuais transportados. A preocupação é que a tese do Ministério Público do Trabalho de Uberlândia, que teve rápida receptividade pelo judiciário, se espalhe por outros polos canavieiros. “Para quem o problema ainda não chegou, a situação é mais confortável. Mas, um dia pode chegar”, diz o presidente da Siamig. Para o diretor da Sigma Consultoria Automotiva, de Bauru, SP, o engenheiro mecânico Luiz Nitsch, a assinatura do TAC em Minas Gerais abre um precedente, que pode ser considerado uma confissão tácita de que alguma coisa estava errada. Mas, ele reconhece, no entanto, que a situação em Minas Gerais estava insustentável. “O acordo foi uma maneira de ganhar tempo. Se alguma coisa mudar mais adiante, esse TAC perde força e alguns itens deixam de valer”, avalia. Não há fundamento na ação fiscalizatória do Ministério Público do Trabalho que considera risco para o trabalhador o transporte de cana em rodotrem com PBTC que exceda 74 toneladas, opina Luiz Nitsch. Segundo ele, os atuais equipamentos têm condições técnicas para

Projeto amplia PBTC para 99 toneladas

Luiz Nitsch

transportar, com segurança, volumes que ultrapassam o Peso Bruto Total Combinado de 100 toneladas. O consultor contesta também o uso da “lei da balança” por órgãos de trânsito com a

justificativa de preservar estradas e obras de arte. “Até hoje nenhuma ponte caiu. O asfalto desgasta em alguns lugares por causa da qualidade do material que é péssima”, argumenta. (RA)

Com o objetivo de propor uma solução para o impasse existente no transporte de cana, Luiz Nitsch elaborou um projeto que prevê uma mudança no rodotrem, com o aumento de 9 para 12 eixos. Essa modificação possibilita a ampliação do PBTC de 74 para 99 toneladas – informa. A proposta de Luiz Nitsch, caso seja adotada pelo setor, cria condições para que ocorra o aproveitamento da frota já existente. O custo da reforma de cada equipamento é em torno de R$ 90 mil – observa. Um protótipo do rodotrem, com 12 eixos, já está sendo testado inclusive em uma unidade sucroenergética de Goiás há quatro safras, apresentando resultados bastante positivos. Segundo ele, a distribuição de peso por eixo, nesse projeto, fica até abaixo do que a lei da balança preconiza. Mas, o PBTC — Peso Bruto Total Combinado ultrapassa o que é estabelecido pela legislação. Existe também, neste caso, a necessidade de alteração de resoluções do Contran. (RA)


JC 244

4/23/2014

4:41 PM

Page 25

POLÍTICA SETORIAL

Maio 2014

ENTREVISTA — André Rocha, presidente do Fórum Nacional Sucroenergético

Três perguntas para André Rocha ANDRÉ RICCI, DA REDAÇÃO

1 2 3

Como o senhor avalia as manifestações públicas por políticas favoráveis ao setor? O setor se encontra desesperado. Diversos trabalhadores perderam seus empregos, outros tantos estão em vias de perder, além dos que deixaram de ser contratados no início da safra. A manifestação é algo natural, dado o cenário que vivemos, uma vez que, também é um problema social. Municípios dependem desta renda para manter sua economia. Essa não é uma manifestação política e nem partidária. É uma ação de um setor importante para a economia nacional, que em algumas regiões chega a ser fundamental e que precisa desesperadamente de socorro. Como está o diálogo entre setor e governo? O Fórum Nacional Sucroenergético, as frentes parlamentares e a indústria de base, buscam dialogar, mostrar os problemas e até possíveis soluções. É um trabalho permanente e que tem avançado. Contudo, as soluções não vieram. O aumento da mistura de anidro da gasolina traria fôlego ao setor? Sim, mas não houve nenhuma mudança. Membros do governo repetem que o setor precisa definir as prioridades, ao invés de propor várias soluções. Mas quando o setor foca em alguns pontos o governo os rechaça. Por exemplo, sempre pedimos um papel claro do etanol e da bioeletricidade na matriz energética brasileira, fato que o governo não definiu. Não estamos pedindo subsídio ao etanol como já foi mencionado por representantes do governo, mas sim, que nosso concorrente não o receba. Isso torna o mercado totalmente desigual e desleal.

25


JC 244

4/23/2014

26

4:42 PM

Page 26

MERCADO

Maio 2014

Setor que usar o melhor da experiência de ex-ministro ALESSANDRO REIS, DA REDAÇÃO

A Unica – União da Indústria de Cana-de-Açúcar confirmou no dia 17 de março, que o exministro da agricultura Roberto Rodrigues será indicado para o cargo de presidente do conselho da entidade na próxima assembleia extraordinária da entidade, marcada para o dia 20 de maio. O ex-ministro assumirá o lugar do executivo Pedro Parente, atual presidente da Bunge no Brasil, que deixará o cargo executivo na multinacional em junho. Como presidente do conselho da Unica, Parente deixou seu cargo no fim da safra 2013/14. Rodrigues, foi ministro da Agricultura do país de 2003 a 2006. Além de conhecer bem o setor sucroenergético, foi indicado, sobretudo, por sua competência política. A expectativa é que ao se juntar à atual presidente-executiva da Unica, Elizabeth Farina, o setor obtenha sucesso nas negociações com o governo sobre as questões mais pontuais. “Para mim foi um privilégio receber o convite de alguns dos acionistas da Unica, para integrar novamente ao setor que conheço bem, já que nasci nele”, afirma o ex-ministro da agricultura. Um dos temas pontuais de discussão com o governo é a energia da biomassa, que pode suprir parte das necessidades da matriz elétrica brasileira, nesse momento de crise energética e contribuir com o caixa das usinas. Setor e governo debateram o assunto no seminário “1º de abril: dia da verdade sobre a bioeletricidade”, realizado em Brasília pelo Projeto Agora e pela Frente Parlamentar em Defesa do Setor Sucroenergético; o setor externou sua

insatisfação à falta de incentivo do governo. Lá os líderes do segmento sucroenergético exigiram medidas emergenciais para incentivar mais a bioeletricidade, como o leilão por fontes e regiões. Todavia, está claro, que na atual conjuntura do setor, sua alavancagem depende mais de ações efetivas de seus próprios players, que devem encontrar soluções e saídas para vencer a crise. Na safra passada o setor optou por um mix mais alcooleiro. Nesta safra, de acordo com especialistas que o JornalCana ouviu, há previsões de que os preços do açúcar no mercado externo estarão em alta, dando ao produtor de açúcar a oportunidade de fazer fixações de preços acima dos níveis atuais. A fusão de Copersucar e Cargill, anunciada em 27 de março, propondo um acordo para unir suas atividades globais de comercialização de açúcar em uma nova joint venture, que originará, comercializará e atuará no trading de açúcar bruto e branco, visa aumentar a eficiência, a qualidade e os serviços na cadeia produtiva de açúcar. Portanto, o setor precisa estar atento sobre quais serão seus próximos passos. Os mesmos problemas climáticos que prejudicarão, conforme especialistas, a produção de cana no Brasil, também pode contribuir com os produtores de açúcar brasileiros. Isto porque o travesso fenômeno climático, intitulado El Niño, promete causar peripécias ao mercado de açúcar internacional. Quanto a viabilidade do Etanol 2G, que promete também rentabilizar o setor ainda gera discussões. Os primeiros produtores garantem que o subproduto é uma realidade, mas seu processo de produção ainda gera discussões. Com todas as nuances que o mercado apresenta ao setor, saber onde apostar seus investimentos é fundamental, e é o que as próximas páginas pretendem indicar.

Roberto Rodrigues


JC 244

4/23/2014

4:42 PM

Page 27


JC 244

4/23/2014

28

4:42 PM

Page 28

MERCADO

Maio 2014

Mercado de açúcar será melhor no segundo semestre ANDRÉ RICCI,

DA

REDAÇÃO

Início de safra é hora de analisar o mercado para definir o mix de produção nas usinas. No último ano, as unidades optaram por produzir mais etanol, principalmente anidro, em função dos preços não remuneradores do conglomerado açucareiro. Contudo, especialistas apontam que o setor sucroenergético é cíclico e os empresários precisam estar atentos. De acordo com Júlio Borges, sócio-diretor da Job Economia, os preços do açúcar podem melhorar no segundo semestre. “O mercado externo sugere preços em alta. Logo, o produtor de açúcar terá a oportunidade de fazer fixações de preços acima dos níveis atuais”, diz. No que diz respeito ao etanol, é sabido que em 2014 qualquer alteração na política de combustíveis é improvável, já que estamos em ano de eleição e a política populista exercida até o momento deve continuar. Assim, surge uma oportunidade do mercado voltar a ser açucareiro, apesar

da cautela dos empresários. “Tudo vai depender dos preços do açúcar em relação aos do etanol. O produto que remunerar melhor será o preferido das usinas na produção da nova safra”, explica Borges. O consultor fala ainda da forte estiagem que atinge a região Centro-Sul, que deve provocar uma quebra considerável na safra 2014/15. Para se ter ideia, em 7 de abril, o Sistema Cantareira, o maior administrado pela Sabesp - Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, chegou a seu mais baixo nível da história, com 13% de sua capacidade. No mesmo dia do ano passado, o nível do reservatório estava em 62%. “É justamente em função da seca que os preços externos do açúcar estão em alta neste momento. Com isso, as usinas têm adotado uma postura cautelosa”. As intempéries climáticas afetam, também, a chamada ‘lei de oferta x demanda’, que rege as oscilações do mercado. “A condição de abastecimento interno de açúcar e etanol está mais restrita que o registrado na safra 2013/14. Isto porque teremos menor produção com demanda crescente, o que tende a deixar também as exportações menores”, finaliza Borges.

Júlio Borges: mercado externo sugere preços em alta


JC 244

4/23/2014

4:42 PM

Page 29

MERCADO

Maio 2014

Terminal da Copersucar em Santos

Copersucar e Cargill se unem Copersucar e Cargill anunciaram, em 27 de março, um acordo para unir suas atividades globais de comercialização de açúcar em uma nova joint venture, que originará, comercializará e atuará no trading de açúcar bruto e branco. As envolvidas terão uma participação igual de 50% e depende de aprovação das autoridades regulatórias, esperada para o segundo semestre de 2014. A joint venture visa aumentar a eficiência, a qualidade e os serviços na cadeia produtiva de açúcar. Concluído em um momento de margens apertadas no setor sucroenergético, o acordo deve gerar economias e ganhos de escala para as empresas, que possuem negócios complementares. Luís Roberto Pogetti, presidente do Conselho de Administração da Copersucar, comenta a negociação. “Com a nova empresa, reforçamos a estratégia de consolidar nossa presença global no mercado de açúcar, além do modelo de negócios diferenciado, baseado na oferta

em larga escala, capacidade logística e integração de todos os elos da cadeia, dos produtores aos clientes”. A Copersucar une a produção de 47 usinas sócias e 50 usinas parceiras em um sistema integrado de logística, transporte, armazenamento e vendas. Já a Cargill, destaca-se pela capacidade logística em várias regiões do mundo. Olivier Kerr, vice-presidente corporativo da Cargill, explica. “Acreditamos que a sólida capacidade analítica de nossas equipes de trading e comercialização combinada com a presença global dessa nova joint venture oferecerá aos nossos clientes um entendimento único do mercado global”. A nova empresa será uma joint venture independente de suas duas controladoras com um novo nome, a ser anunciado quando a transação for concluída. As atividades de trading serão sediadas em Genebra, na Suíça. Não fazem parte dessa transação os negócios de etanol e os ativos fixos das duas empresas, como terminais e usinas. Essas atividades continuarão sendo negócios separados, individualmente controlados pela Cargill e Copersucar.

29


JC 244

4/23/2014

30

4:42 PM

Page 30

MERCADO

Maio 2014

ENTREVISTA: Arnaldo Luiz Corrêa, gestor de riscos da Archer Consulting

“Fusão entre Copersucar e Cargill diminui chance de negociação para as usinas menores” Ao projetar o mercado de açúcar na safra 2014/15 é preciso lembrar da fusão entre Copersucar e Cargill, duas gigantes que se unem e afunilam ainda mais os nichos de comercialização. De acordo com Arnaldo Luiz Corrêa, gestor de riscos da Archer Consulting, o acordo é excelente para as empresas envolvidas, mas ruim para as usinas de pequeno porte, que perdem um comprador em potencial. Em entrevista ao JornalCana, o especialista fala sobre o assunto e também traça um panorama do mercado açucareiro para a safra 2014/15. JornalCana: Em função dos contratos firmados até o momento, que panorama é possível traçar? Arnaldo Luiz Corrêa: O mercado, em termos de preço, deve ser melhor no segundo semestre. Isso porque teremos uma ideia mais consistente em relação a produção da safra. Vejo que justamente estes números vão colocar os preços do açúcar em um patamar mais elevado se comparado ao que temos hoje. Isso significa que serão mais remuneradores para as usinas. A forte seca que atinge o CentroSul tem influenciado o mercado? Sem dúvida nenhuma estamos sentido na pele. O mercado subiu em função da percepção de que teremos uma safra bem menor do que estávamos esperando. Previa-se um crescimento no

número de cana, mas a seca mudou tudo. Toda essa expansão, que faria com que o Centro-Sul moesse em torno de 620 milhões de toneladas de cana, não vai se concretizar. Já se fala em algo próximo a 575 milhões de toneladas, número inferior ao do ano passado. Como podemos definir o momento? Não podemos nos enganar. O mercado não é bom em termos de solidez, haja visto que temos muitas usinas em dificuldade. Outro detalhe recente é a fusão da Copersucar com a Cargill, que implica em um player a menos no que diz respeito a comercialização de açúcar. O acordo afeta as usinas? Estamos falando de um comprador a menos no mercado. Então, as usinas menores tendem a ter mais dificuldade. A chance de negociar e ter alternativas diminui e não será fácil para as usinas pequenas. As tradings são ruins para o setor? O mercado mundial de açúcar fica mais forte, pois está nas mãos de pessoas com mais oportunidades. Por outro lado, ele enfraquece a origem, que no caso, são as usinas. Em linhas gerais, para o mercado, não é bom. Para as duas empresas, é maravilhoso. Uma grande estratégia traçada. As empresas tendem a se unir? O setor já passa há muito tempo por uma fase de concentração de negócios. Aliado a isso, a política de combustíveis do governo, que congelou o preço da gasolina, vem matando o setor. Isso provoca uma fuga de novos investimentos, torna um investidor

Arnaldo Luiz Corrêa

potencial em arredio. Ninguém imaginava que as consolidações fossem dessa maneira. Qual o caminho para as usinas de menor porte? Precisam se estruturar e profissionalizar cada vez mais. É um caminho sem volta. A safra tende a ser alcooleira ou açucareira? Temos uma diminuição do superávit de açúcar no mundo, assim como um

crescimento anual no consumo de combustível em função dos carros flex e também do aumento da frota. Só com essa demanda, precisaríamos ter aproximadamente 35 milhões de toneladas de cana a mais e não teremos. Muito pelo contrário. Isso fará com que a cana seja disputadíssima entre se produzir etanol anidro ou açúcar. Vai depender muito da arbitragem, dos preços negociados no mercado interno e externo.


JC 244

4/23/2014

4:42 PM

Page 31


JC 244

4/23/2014

32

4:42 PM

Page 32

MERCADO

Maio 2014

Bioeletricidade poder ser luz antiapagão no final do túnel Energia da biomassa pode suprir parte das necessidades da matriz elétrica neste momento de crise energética ANDRÉIA MORENO, DA REDAÇÃO

Em tempos de crise energética e de riscos de apagão, muito se questiona sobre o papel da bioeletricidade, que pode gerar renda extra para o produtor e suprir parte da falta de energia no país, tornando-se uma luz no fim do túnel para a matriz elétrica brasileira. No seminário “1º de abril: dia da verdade sobre a bioeletricidade”, realizado em Brasília pelo Projeto Agora e pela Frente Parlamentar em Defesa do Setor Sucroenergético, o setor externou sua insatisfação à falta de incentivo do governo. Lá os líderes do segmento sucroenergético exigiram medidas emergenciais para incentivar mais a bioeletricidade, como o leilão por fontes e regiões. Um dos moderadores do debate, o deputado Arnaldo Jardim, presidente da Frente Parlamentar pela Valorização do Setor Sucroenergético, diz que o segmento precisa de uma nova lógica de leilão. “Precisamos de mudanças pela relação amigável da bioeletricidade com o meio ambiente, pela geração de empregos, pelo custo e por ser uma alternativa complementar de renda neste momento difícil, que coloca em risco a própria existência do setor. Foram 48 usinas fechadas nos três últimos anos, por isso, necessitamos de uma politica pública que contemple a bioeletricidade”, avalia. A atual sistemática dos leilões leva em conta apenas o menor preço para a

Modelo aplicado nos leilões de energia deve valorizar a bioeletricidade

demanda especificada pelas distribuidoras, independente do local de geração da energia e sua fonte. Por isso, o secretário de Energia do Estado de São Paulo, José

Aníbal, acredita que o modelo aplicado nos leilões de energia deve mudar para valorizar a biomassa. “É preciso considerar as externalidades e as particularidades de

Altino Ventura Filho

cada fonte por região. Cada Megawatt gerado pelo setor emprega quatro vezes mais pessoas do que outro tipo de fonte de energia”. Elizabeth Farina, presidente da Unica, afirma que as fontes são complementares e o país não pode se dar ao luxo de subutilizar o potencial da bioeletricidade. “Precisamos de política de longo prazo para a bioeletricidade, mais do que o que está previsto no Plano Decenal. Para alavancar a bioeletricidade no país, além dos leilões por fontes e por regiões, precisamos ter preços remuneradores. Se houvesse a alteração do limite de injeção de 30 Megawatts para 50 Megawatts, com direito a desconto na tarifa de uso na rede, seria possível gerar uma oferta adicional de 100 Megawatts médio, ou um aumento de 6% na oferta de energia na safra 2014/15. Precisamos de ações para viabilizar os retrofits e o aproveitamento da palha. Tudo isso atrairia novas usinas exportadoras, pois apenas 40% delas vendem energia”, lembra.

Situação financeira do setor dificulta ação do governo O questionamento do setor sucroenergético sobre o motivo do governo não acelerar o incentivo à bioeletricidade chegou a um debate realizado recentemente em Brasília. Na ocasião, Altino Ventura Filho, secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério das Minas e Energia, afirmou que o problema conjuntural enfrentado pelo setor sucroenergético é o grande entrave para o avanço e incentivo da bioeletricidade. “O governo sabe da importância da biomassa na matriz energética brasileira, e sabe das dificuldades que o setor enfrenta na atualidade. O plano governamental não segue no ritmo esperado, porque o setor está enfrentando problemas por conta do clima, e da competição do etanol com gasolina e isso provocou a falta ou a lentidão dos investimentos na renovação

nos canaviais”. Ele revela que das 57 usinas que o MME acompanha a produção de energia em capacidade instalada que entraram nos leilões, dos 1380 Megawatts médio de energia garantida, apenas 818 Megawatts são gerados na atualidade, menos do que o sistema tinha expectativa de receber. “O Plano Decenal de Expansão de Energia pretende dobrar a capacidade instalada da biomassa de 10 mil Megawatts, para algo em torno de 20 mil Megawatts. Dessa forma, a biomassa saltará de 8% para 10% de sua capacidade instalada. Mas para o setor crescer em bioeletricidade precisa ter ganho de eficiência e produtividade. A questão ambiental, no quesito licenças ambientais, também dificulta a viabilidade de projetos energéticos. O Brasil precisa de 7 a 8 mil Megawatts por ano de novas instalações para suprir a demanda. E

dentro disso, desejamos que a biomassa continue se desenvolvendo de forma sustentável”, enfatiza. Em defesa do setor, Elizabeth Farina, presidente da Unica, explica que a bioeletricidade é fundamental para fechar a equação financeira econômica do segmento e tem grande representatividade. “Foram realizados muitos investimentos em bioeletricidade de 2008 a 2013, já que os desembolsos do BNDES totalizaram R$ 6,7 bilhões. A receita do setor em 2012/13 foi acrescida em R$ 2,9 bilhões pela bioeletricidade, o que representa 4% da receita total. A bioeletricidade fornecida à rede em 2013 equivale a 8 milhões de residências atendidas. Em 2013, a bioeletricidade fornecida à rede economizou 7% das águas dos reservatórios e evitou emissão 7,5 milhões de toneladas de CO2”, diz. (AM)

Pedro Mizutani, vice-presidente da Raízen


JC 244

4/23/2014

4:42 PM

Page 33

MERCADO

Maio 2014

Campanha pode esclarecer potencial da bioeletricidade Uma campanha que valorize o potencial da bioeletricidade e que envolva toda cadeia produtiva, comunidade e o governo. Essa é a sugestão de Onório Kitayama, consultor da Nascon Agroenergia. “Para se tentar evitar um racionamento ou até mesmo falta de energia elétrica, as térmicas sujas e caras estão gerando nas suas capacidades máximas. Por outro lado, o momento do setor sucroenergético também é muito ruim, pela política de preços dos combustíveis líquidos, e pela equivocada interpretação da modicidade tarifária que impede o aproveitamento do potencial de bioeletricidade existente no setor”, avalia. O consultor explica que os alertas, sugestões, apelos e até críticas feitas pelo setor não estão sendo considerados na análise da modicidade tarifária para o aproveitamento do potencial do segmento, por isso orienta uma mudança de estratégia. “Devemos elaborar um plano de maximização da geração, com o aproveitamento do bagaço da usina que não gera, e aperfeiçoar o aproveitamento da palha na safra para aumentar o combustível e gerar também em dezembro, janeiro, fevereiro ou dependendo das necessidades do setor elétrico ou do clima”, explica. Para ele, o setor deveria anunciar esse plano de esforço de máxima geração, mostrando claramente, que essa ajuda ficaria limitada pelo cerceamento do aproveitamento de todo o potencial das usinas. “Seria uma demonstração ao governo do real potencial de economia de água nos reservatórios e o que essa geração teria um custo bem menor. Nesse plano

SEIS AÇÕES PARA ALAVANCAR A COMERCIALIZAÇÃO DA BIOMASSA DA CANA 1 - LEILÕES REGULARES DEVEM CONTEMPLAR FONTES REGIONAIS “É preciso realizar leilões regulares por fontes e regiões para aproveitar as particularidades e externalidades das fontes”. Altino Ventura Filho, do MME

Onório Kitayama

seriam envolvidos o setor sucroenergético (produtores, entidades de classe), o setor de energia elétrica, governo e a sociedade civil, pois a campanha deveria ser muito divulgada na mídia, esclarecendo e mostrando a ineficiência e a insegurança do sistema”, diz. Potencial das caldeiras – Segundo pesquisa divulgada em 2010 pelo CTC, 2% das 128 usinas consultadas possuíam caldeiras com idade menor que 40 anos; 11% de 10 a 20 anos; 19% possuíam caldeiras com mais de 10 anos de existência; 31% de 20 a 30 anos e 37% de 30 a 40 anos. O engenheiro mecânico, Raul Bragheto, gerente comercial da UniSystems do Brasil, explica que hoje o setor de bioenergia de cana no Brasil ainda é muito tradicionalista e opta por caldeiras convencionais de grelhas com lavador de gases úmidos e com classes de pressão em torno de 900 Psi, diferente dos clientes do exterior que utilizam caldeiras com sistema de queima por leito fluidizado e sistemas de depuração de gases, como precipitadores eletrostáticos e filtros de

mangas com sistemas de dessulfurização. “Estas caldeiras possuem flexibilidade para queimar distintos combustíveis diferentemente das caldeiras convencionais (caldeiras de grelha). Além disso, o leito fluidizado permite um controle de emissões, principalmente de anidridos sulfurosos, junto com a queima do combustível”, diz. Segundo o engenheiro, as inovações no setor de caldeiras para cogeração de energia deve levar em conta o aprimoramento e utilização de materiais e aços liga na fabricação das caldeiras, principalmente nas partes de pressão e trocas de calor, visando uma melhor eficiência. “Na queima de caldeiras, atualmente o setor utiliza sistemas antes implantados somente em indústrias de waste energy, papel e celulose, entre outros setores mais exigentes como a de leito fluidizado borbulhante, leito fluidizado circulante e leito fluidizado circulante atmosférico. Atualmente o setor de geração de energia não busca apenas caldeiras eficientes energeticamente, mas também ecologicamente eficientes”, finaliza. (AM)

Preço do MW deveria ultrapassar R$ 200,00 Os preços desatualizados da energia exportada também foi tema de debate recente em Brasília. Durante o “1º de abril: dia da verdade sobre a bioeletricidade”, Pedro Mizutani, vice-presidente da Raízen, avaliou que o preço do MWh de energia exportada nos leilões deveria superar os R$ 200,00. Em um retrospecto rápido, disse que foi um grande avanço quando o governo incentivou os preços a R$ 154,00/MWh no passado, mas para ele, o momento atual não remunera e nem anima os empresários. “Hoje nada é incentivador para o empresário investir no setor de bioeletricidade, se não corrigir os preços. Atualmente o preço está em R$ 141,00/MWh. O setor tem como dobrar a produção de energia oferecidos ao sistema, se o preço melhorar. Hoje temos potencial de 5 Gigawatts de energia e produzimos apenas 1,7 Gigawatts. Precisamos de

33

medidas emergenciais. Somos um produto sustentável, energia rápida, concentrado no maior centro consumidor. Pedimos a Aneel incentivo ao sistema de transmissão, desoneração de PIS e Cofins, de ICMS, isso ajuda no preço, mas queremos incentivo para o empresário investir. Ele investe porque quer ganhar dinheiro, pois a função do empresário é ganhar dinheiro”, diz em tom de desabafo. Ele explica que a Raízen poderá dobrar a capacidade de geração se utilizar os dias não efetivos e de chuvas e usar turbinas de condensação. Dessa forma será possível gerar 9% a mais de energia. “Na entrassafra com uso de turbina, palha e bagaço poderemos produzir 18% a mais, se usarmos os retrofits poderemos produzir 81% a mais. Essa é a realidade de todas usinas do setor que produzem energia”. Indignado, Mizutani diz não entender

porque com risco de apagão, o governo prefere utilizar térmicas sujas (de fontes não renováveis) para gerar energia. “Por que não incentivar o setor sucroenergético? O setor está em dificuldades e a indústria de base está falindo. Como cumprir as perspectivas estabelecidas pelo governo?”, lembra. Onório Kitayama, consultor da Nascon Agroenergia afirma que poderia ocorrer uma sinergia com a produção de açúcar, etanol e bioeletricidade, e que tornaria o setor sucroenergético mais competitivo e contribuiria para minimizar a crise econômica e financeira, mas infelizmente é prejudicada por ações equivocadas do governo. “Em função disso, temos usado a crise energética, já detectada no ano anterior, para apontar esses erros, e no caso da bioeletricidade, alertando o governo da necessidade de aperfeiçoar o modelo do setor elétrico brasileiro”, enfatiza. (AM)

2 - PREÇOS REMUNERADORES QUE RECONHEÇAM EXTERNALIDADES E VANTAGENS DE CADA FONTE “Ações que contribuam para viabilizar retrofits e para o aproveitamento da palha, atrairão novas usinas exportadoras, pois apenas 40% delas exportam energia. Dessa forma, seria possível melhorar a competitividade do etanol e as condições para a energia”. Elizabeth Farina, presidente da Unica 3 - DESCONTO DE TARIFA NO USO DA REDE “Uma alteração do limite de injeção de energia de 30 megawatts para 50 megawatts, com direito a desconto na tarifa de uso na rede, pode gerar oferta adicional de 100 megawatts médio já na próxima safra”. Elizabeth Farina, presidente da Unica 4 - DEFINIR MELHOR AS NECESSIDADES “O setor sucroenergético precisa detalhar quais os principais incentivos para os investimentos que necessita para alavancar projetos de bioeletricidade, como: valor dos preços nos leilões e necessidade de linhas de transmissão”. Mendes Thame, deputado federal 5 - ESTABELECER METAS VIÁVEIS DE CURTO PRAZO “Cada megawatt gerado pelo setor emprega quatro vezes mais pessoas do que outro tipo de fonte de energia. O segmento precisa estabelecer metas viáveis de curto prazo e o parlamento precisa tomar decisões nesse sentido”. José Aníbal, secretário de energia de SP 6 - PREÇO DO MWH DE ENERGIA EXPORTADA NOS LEILÕES PRECISA SUPERAR OS R$ 200,00 “O incentivo que o empresário precisa para investir no setor de bioeletricidade é uma correção dos preços de comercialização. Os empresários do setor investem porque querem ganhar dinheiro”. Pedro Mizutani, vice-presidente da Raízen


JC 244

4/23/2014

34

4:42 PM

Page 34

MERCADO

Maio 2014

Planta de etanol 2G da GranBio

ANDRÉ RICCI, DA REDAÇÃO

Viabilidade do Etanol 2G ainda gera discussões GRANBIO

Unidade: Bioflex Agroindustrial Localização: São Miguel dos Campos, AL| Capacidade: 82 milhões de litros ao ano Previsão de início: Primeiro semestre de 2014

RAÍZEN

Localização: Piracicaba, SP Capacidade: 40 milhões de litros ao ano Previsão de início: Segundo semestre de 2014

A crise econômica do setor sucroenergético, que trouxe queda de produtividade nos canaviais, fez com que as pesquisas em torno do etanol de segunda geração ganhassem ainda mais importância. A tecnologia promete um aumento significativo na produção de biocombustível com a mesma quantidade de matéria-prima, que pode trazer fôlego aos caixas das empresas. Assim como toda novidade, dúvidas e curiosidade despertam o interesse de quem vive de cana-de-açúcar. GranBio, Raízen e CTC – Centro de Tecnologia Canavieira saíram na frente e vão inaugurar suas plantas ainda em 2014. Em março, a Sinatub Tecnologia, em parceria com a ProCana Brasil, realizou o 1º curso técnico sobre etanol 2G, oportunidade em que mais de 70 especialistas puderam debater sobre o assunto. Do encontro, alguns pontos foram colocados como importantes para serem discutidos. Como se encontra a questão dos custos das enzinas? Haverá mais dificuldades do recolhimento da palha no campo? E as opiniões divergem até mesmo entre as empresas que estão no negócio. De acordo com Alan Hitner, vicepresidente da GranBio, empresa pioneira no negócio no Brasil, o objetivo de fazer com que o combustível seja mais

CTC

Localização: São Manuel, SP Capacidade: Escala semi-industrial Previsão de início: Junho de 2014

competitivo do que o etanol de 1ª geração está próximo. "Posso garantir que já estamos conseguindo isso", disse. Já Evandro Curtolo da Cruz, gerente de Novas Tecnologias da Raízen, evita afirmar que a tecnologia será mais barata em um primeiro momento. O representante explica que a Raízen trabalha com um prazo de dois anos para afinar todas as etapas do processo, e então, equiparar o custo do 1G com o 2G. Fator preponderante para a questão dos preços são as enzimas. Por não serem fabricadas no Brasil, representam um alto investimento e as empresas buscam formas de baratear a importação do produto. “O desenvolvimento de

enzimas, cada vez mais eficientes, é feito de forma consistente ao longo de vários anos e será acelerado quando a escala comercial de etanol celulósico for atingida. Acreditamos que por meio da parceria entre Raízen e Novozymes atingiremos um patamar de custos bastante competitivo nos próximos anos”, explica Cruz. Sobre a questão do recolhimento da palha no campo, que poderia aumentar ainda mais os custos de produção, o representante da Raízen explica. “Pretendemos enfrentar este desafio trazendo a palha juntamente com a cana e utilizando os sistemas já disponíveis em escala comercial para separação desta”. Em Munique, na Alemanha, a Clariant produz a partir da palha do trigo cerca de 2,5 milhões de litros do combustível de segunda geração por ano. De acordo com o diretor de Biocombustíveis da Clariant, Markus Rarbach, se o Brasil consegue transportar milhões de toneladas de cana para as usinas, a palha não será problema. “A demanda de matérias-primas para a produção de etanol celulósico será menor do que isso”. José Pradella, pesquisador do CTBE - Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol, lembra de outro gargalo, dessa vez, fora dos canaviais e da indústria. Ele afirma ser necessária a criação de uma política que regulamente a tecnologia no setor. "Se empresas de todo o mundo estão vindo para cá em busca dessa tecnologia, é óbvio que o governo precisa criar uma política de regulamentação. Isso é uma riqueza nacional. E isso precisa ser feito logo, em no máximo quatro ou cinco anos¨.

Markus Rarbach: demanda de Destilaria da Usina Costa Pinto, em Piracicaba, que também produzirá etanol 2G

matérias-primas para etanol celulósico será menor


JC 244

4/23/2014

4:42 PM

Page 35


JC 244

4/23/2014

36

4:42 PM

Page 36

MERCADO

Maio 2014

ENTREVISTA: Célia Galvão, pesquisadora líder de projeto no CTC

“O objetivo é que o etanol de 2G chegue ao consumidor com preço mais acessível e desempenho idêntico ao convencional” Ainda em caráter experimental mas já de olho no futuro, o CTC – Centro de Tecnologia Canavieira se prepara para o etanol 2G. Sua fábrica, que será acoplada com a Usina São Manoel, no interior de São Paulo, se utilizará de procedimentos da fabricação tradicional, acrescentando as tecnologias necessárias para o processo. A previsão do início de operação da planta é junho de 2014. Contudo, com os vários debates sobre o assunto, alguns gargalos foram surgindo em relação ao processo de fabricação. Especialistas apontam, por exemplo, uma mudança no processo de fermentação do etanol 2G em relação ao convencional. Essa e outras questões foram respondidas por Célia Galvão, pesquisadora líder de projeto no CTC, que em entrevista ao JornalCana, passou detalhes de como a empresa pretende encarar os novos desafios. JornalCana: Em 2014 o CTC inaugura sua fábrica de etanol 2G. O que foi preciso para viabilizar a tecnologia no Brasil? Célia Galvão: A tecnologia para essa produção vem sendo desenvolvida e aprimorada pelo CTC desde 2007 e agora em 2014 será lançada em escala semi-industrial para validação definitiva. Nesta trajetória rumo à viabilização da tecnologia no Brasil, foi fundamental o entendimento de que era preciso oferecer ao setor uma alternativa que tivesse total aderência ao processo de primeira geração já existente na usina e que fosse desenvolvida especificamente para a biomassa brasileira, ou seja, para a biomassa da cana-de-açúcar (bagaço e palha). Além disso, outro ponto de extrema relevância foi o estabelecimento de parcerias estratégicas com uma usina de açúcar e etanol para sediar o projeto, uma empresa de engenharia e uma empresa do ramo de equipamentos. Quanto foi investido? Este projeto conta com investimento de aproximadamente R$ 80 milhões, parte da verba de R$ 350 milhões provenientes do Projeto Paiss - Plano Conjunto de Apoio à Inovação Tecnológica Industrial dos

Setores Sucroenergético e Sucroquímico, com financiamento do BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e da Finep Financiadora de Estudos e Projetos. Especialistas indicam que haverá dificuldade em recolher palha no campo. Como pretendem lidar com o desafio? O CTC já vem trabalhando em uma solução que permita trazer algo em torno de 50% da palha que fica no campo, de forma viável tanto técnica quanto economicamente, com vistas à disponibilização de maior quantidade de bagaço para produção de etanol, sem comprometimento do balanço energético da planta, ou seja, garantindo fornecimento de energia tanto para a planta de primeira quanto de segunda geração. Este projeto está focado principalmente na questão do enfardamento de palha. Sobre as enzimas utilizadas, como foi possível baixar os custos e tornar a produção comercial viável? Desde o início do projeto estamos estudando diversas iniciativas que possibilitem disponibilizar ao mercado um amplo leque de opções para o fornecimento das enzimas necessárias no processo, de modo a tornar o custo final do produto, o etanol celulósico, cada vez mais baixo e competitivo. Estimam-se que o etanol celulósico seja mais barato que o convencional? Sim. O objetivo das pesquisas desenvolvidas pelo CTC é de que o etanol de segunda geração chegue ao consumidor com preço mais acessível e com desempenho idêntico ao do biocombustível de primeira geração. Para o consumidor final, além das vantagens ambientais, o novo processo, quando implantado em larga escala, permitirá estabelecer novos negócios, com a produção de outros equipamentos e insumos sustentáveis com geração de empregos de alta qualidade. O etanol celulósico recoloca o Brasil na liderança mundial dos biocombustíveis e leva riqueza para o interior do País. Outro ponto debatido é a mudança da fermentação do etanol 2G em relação ao convencional. Como funciona e qual a diferença entre elas?

Célia Galvão, pesquisadora do CTC

A tecnologia CTC prevê um processo de fermentação de C6 (açúcares típicos do processo 2G) completamente integrado à primeira geração, ou seja, utilizando a mesma infraestrutura (equipamentos) atualmente instalada nas usinas e também a mesma levedura (Saccharomyces cerevisiae). Com a maturidade da tecnologia e a partir do uso de leveduras mais especializadas que as atualmente empregadas no processo 1G, será possível também fermentar açúcares que hoje não estão disponível no processo convencional (C5). Esta fermentação poderá ocorrer tanto de forma simultânea, na mesma dorna de fermentação, como separadamente. A tecnologia para disponibilização ao mercado de uma levedura capaz de fermentar com alta eficiência esses dois tipos de açúcares (C5 e C6) ainda está sob desenvolvimento e sua viabilização é de crucial importância para o processo de produção de etanol 2G. (AR)


JC 244

4/23/2014

4:42 PM

Page 37

MERCADO

Outubro/2013

Fim do sistema de quotas para mercado europeu excluirá açúcar brasileiro PATRICIA BARCI,

DE

RIBEIRÃO PRETO, SP

A produção europeia de açúcar pode chegar a 20 milhões de toneladas, após o fim das quotas para importação em 1 de outubro de 2017, de acordo com dados da Rabobank Internacional. Atualmente, limitada pela política de quotas, a produção de açúcar deve necessariamente ser de 13,3 milhões de toneladas. A União Europeia consome atualmente cerca de 17 milhões de toneladas de açúcar por ano, consequentemente, pelo sistema de quotas, 3,3 milhões de toneladas devem vir de fora, de acordo com dados do Departamento de Agricultura e Desenvolvimento Rural da Comissão Europeia. Com a possibilidade de monopólio de mercado, os produtores da União Europeia podem aumentar a produção sem restrição alguma, exportando a oferta excedente para os mercados internacionais. De acordo com Ian Bacon, presidente da Tate and Lyle Sugars, um dos maiores fabricantes de açúcar do Reino Unido e da Europa, o fim do sistema de quotas para o

mercado de açúcar na Europa é inevitável e tem acontecido gradualmente até atingir seu ápice em 2017. "Esta medida se fazia necessária para valorizar o nosso próprio açúcar, e acredito que isso irá excluir totalmente o açúcar brasileiro do mercado até 2017. Tanto o brasileiro quanto o australiano, quanto o cubano. Com a presença das barreiras de importação não terá como se manter no nosso mercado. Se analisarmos bem, já é possível perceber essa dificuldade de competitividade nesses últimos anos", disse Para Rob Vierhout, Secretario Geral da e-Pure, a grande mudança de mercado acorrerá um pouco mais adiante, mais precisamente em 2020, e envolverá tanto o mercado de açúcar quanto o de etanol. “ O que sabemos é que após 2020 a atual legislação terá um fim. Para 2017, na minha opinião, é que qualquer previsão ainda é um tanto incerta. Pelo que posso ver, entre os europeus ainda existe muita discordância, no que se refere à esse tipo de legislação. Se eu tivesse a oportunidade de apostar dinheiro com alguém, em relação ao que vai acontecer eu não apostaria, porque provavelmente perderia dinheiro. O que acontece dentro dessas reuniões com a Comissão Europeia é sempre muito imprevisível”, explica.

Ian Bacon, presidente da Tate and Lyle Sugars

37


JC 244

4/23/2014

38

4:42 PM

Page 38

PRODUÇÃO

Maio 2014

Usina Guaíra é campeã brasileira de produtividade agrícola de 2013/14 Ferramentas facilitam tomada de decisões e impulsionam produtividade ANDRÉIA MORENO, DA REDAÇÃO

Apesar dos desafios que o setor sucroenergético vem enfrentando nos últimos anos, principalmente na área agrícola, a Usina Açucareira Guaíra só tem o que comemorar. Isso porque foi eleita pelo CTC (Centro de Tecnologia Canavieira) e o Grupo Idea, como Usina Campeã Brasileira de Produtividade Agrícola – Safra 2013/14. A empresa obteve na safra em questão a produtividade média de 103,5 toneladas/ha, considerada a maior produtividade do ano entre as mais de 250 usinas que disponibilizam seus dados ao CTC. Tal resultado advém, entre outros fatores, da aplicação da mais alta tecnologia de produção da cana-de-açúcar. Neste sentido, para auxiliar nos expressivos resultados, a unidade utiliza desde 2009, as soluções da iLab Sistemas para planejamento e otimização, que auxiliam na tomada de decisões (iRef, iPlan, iCol, iFrota, iPop e iMap). Marcelo Ulian, gerente de planejamento agrícola da Guaíra, explica que o uso disciplinado das

Unidade alcançou produtividade média de 103,5 toneladas/ha

ferramentas é fundamental para a organização e otimização dos recursos, o que leva a melhores resultados. “Colher uma determinada variedade dentro do período adequado, por exemplo, evita que ela isoporize. Isso evita perdas de açúcar e de produtividade. Então podemos dizer que essa gestão ajuda a melhorar nossos índices”, lembra. De acordo com o Programa de Benchmarking CTC - Safra 2013/2014 de dezembro último, a Usina conquistou importante índice: o maior ATR de cana

própria da região de Ribeirão Preto (SP) com 135,65 kg por tonelada de cana; maior tonelada/ha de cana soca com 95,9 e 14 de TAH (tonelada de ATR por ha), o maior do país. “Notamos que 43,30% da área colhida nesta safra está acima do quarto estágio, o que significa maior longevidade do canavial. Também somos a única unidade do programa a atingir 14 toneladas de ATR/ha”, diz Ulian. Ulian explica que nos últimos anos a empresa tem obtido excelentes índices, como produtividade e ATR. “Acreditamos

ser resultado de práticas corretas, envolvendo um bom manejo de todas as etapas do processo produtivo. Entendemos que com certeza ganhamos muito com as ferramentas implantadas, já que conseguimos planejar levando em consideração o que é essencial, eliminando falhas que antes não conseguíamos enxergar. À medida que executamos nossos planos, passamos a ter maior domínio da gestão e conseguimos administrar os recursos de maneira mais eficiente”, lembra.


JC 244

4/23/2014

4:42 PM

Page 39


JC 244

4/23/2014

40

4:42 PM

Page 40

PRODUÇÃO

Maio 2014

Sistema para planejamento de colheita simula cenário futuro Planejar a colheita para toda uma safra, através da simulação de diferentes estratégias que considerem não apenas as informações relativas às áreas de cultivo e projeção de qualidade da matéria-prima, mas, também, as restrições logísticas, os requerimentos industriais e os critérios de seleção e manejo agronômico otimizando os resultados finais, de produtividade e de margem de contribuição, é o desafio resolvido por um dos sistemas da iLab. Trata-se do iCol – Sistema de Planejamento de Colheita, que consegue determinar a data ideal de corte da cana para cada talhão. Essa é uma das ferramentas de destaque na Usina Açucareira Guaíra, que auxiliou a empresa nas tomadas de decisões e resultou na produtividade média de 103,5 toneladas/ha na safra 2013/14. “Através da simulação de cenários agrícolas passamos a enxergar problemas que antes atrapalhavam os processos, mas não eram visíveis, e conseguimos corrigi-los antes de executar uma tarefa”, ressalta o gerente de planejamento agrícola da Guaíra, Marcelo Ulian. Segundo o gestor, não adianta ter um canavial bem cuidado, bom perfil varietal e não realizar corretamente a

colheita. “Podemos ter grandes perdas se não fizermos um bom planejamento e procurarmos ter a maior aderência possível. Neste sentido o iCol nos auxilia muito, pois hoje conseguimos inserir as variedades dentro de seu período e idade adequados e extrair o máximo delas, tanto em produtividade como também em ATR, e automaticamente, colocandoa em condições de ser colhida da mesma forma no ano seguinte”, frisa. De acordo com Ulian, com essa ferramenta é possível fazer análises para ver em que pontos a estratégia, delineada pelos gestores agrícolas, através de regras e restrições, não está atendendo e ajustar até que se consiga o ideal. “Algo interessante nesse sistema também é que ele pode trabalhar com meu histórico de curvas de maturação, ou seja, estará sempre tentando colher as variedades no pico de maturação, levando em consideração o comportamento delas na minha região. Quando fomos implantar esses sistemas consideramos outros fornecedores e visitamos vários clientes. Percebemos que a iLab tem maior credibilidade no mercado e seus sistemas estavam implantados na maioria das usinas. Então, não tivemos dúvida”, diz Marcelo Ulian.

Marcelo Ulian, gerente de planejamento agrícola da Usina Guaíra


JC 244

4/23/2014

4:42 PM

Page 41

PRODUÇÃO

Maio 2014

Ferramentas auxiliam no aumento da produtividade agrícola A gestão Agrícola e Logística da Usina Açucareira Guaíra ganhou, nos sistemas iLab, importantes aliados que auxiliam a empresa na tomada de decisões através de técnicas e ferramentas de otimização. As ferramentas tornaram-se tão importantes para os resultados da empresa que a Guaíra, pelo segundo ano consecutivo, foi eleita pelo CTC (Centro de Tecnologia Canavieira) e Grupo IDEA, Usina Campeã Brasileira de Produtividade Agrícola – Safra 2013/14, com média de 103,5 toneladas/ha. Um dos entusiastas da tecnologia da iLab Sistemas é Eduardo Junqueira, sócio-diretor da Usina Açucareira Guaíra, que em entrevista exclusiva ao JornalCana, fala das vantagens dos sistemas, principalmente para o aumento da produtividade agrícola. JornalCana - Por que a usina decidiu adquirir os sistemas iLab? Eduardo Junqueira - A implantação do sistema aconteceu na safra 2009/2010, com o intuito de auxiliar na gestão das informações agrícolas, otimizando o planejamento e as decisões de curto e longo prazos da área agrícola da usina. Os produtos (iRef, iPlan, iCol, iFrota) foram adquiridos ao mesmo tempo. O iPop e o iMap, foram adquiridos em conjunto. Para aquisição do iPop, a usina contribuiu com capital e know-how, já com o iMap somente com know-how. De que forma a iLab ajudou a Usina a conquistar a premiação de Melhor Usina do Brasil em Produtividade pelo 2º ano consecutivo? Em quanto tempo isso ocorreu? A utilização destas ferramentas no planejamento das atividades agrícolas da Usina contribuiu com um melhor gerenciamento de todas as atividades, levando em consideração um grande número de variáveis que outrora não eram consideradas na tomada de decisão. Embora envolva um amadurecimento da utilização destas ferramentas, a melhora pode ser sentida logo nos primeiros meses da implantação do sistema, que, aliado ao manejo utilizado pela empresa nas diversas etapas do processo produtivo, permitiu atingir índices elevados que nos garantiram os prêmios de maior produtividade agrícola do Brasil. Quais os principais índices de destaque que a unidade conquistou com o sistema iLab? Os altos índices que obtivemos (longevidade do canavial, toneladas de açúcar/hectare) se devem ao longo trabalho

Eduardo Junqueira, sócio-diretor da Usina Açucareira Guaíra

de manejo e investimentos na lavoura. Entendo que o benefício maior do sistema está em criar diversas simulações, levando em consideração inúmeras variáveis e nos orientar às melhores estratégias para a tomada de decisão, o que resultará em melhores índices. Como era o sistema utilizado pela usina antes da aquisição? As planilhas eram feitas em Excel, sem previsão no cenário futuro? Utilizávamos planilhas de Excel para gerenciar as atividades e com isso não conseguíamos obter cenários de longo prazo utilizando um grande número de variáveis para a tomada de decisão. Em resumo, uma visão macro sem muito detalhamento. De que forma é possível prever problemas durante a safra, principalmente durante a colheita? No início da safra escolhemos a simulação que se aproxima de um ideal, levando em consideração as restrições que são inerentes ao processo produtivo. Durante a safra temos uma série de interferências que impedem a total aderência do planejado inicialmente. Por isso é vital que toda equipe esteja comprometida no sentido de, periodicamente, refletir estas interferências no planejamento anterior e buscar uma nova solução ótima, que espelhe a realidade do campo. Por que é importante colher a cana no seu melhor momento? Para obter os maiores ganhos e, assim, aumentar a margem de contribuição gerada pela agrícola. A otimização também ajuda a reduzir o custo de produção que, atualmente, está muito elevado.

41


JC 244

4/23/2014

42

4:42 PM

Page 42

PESQUISA & DESENVOLVIMENTO

Maio 2014

QUEM SÃO E O QUE PENSAM OS EXECUTIVOS DO SETOR!

Executivos do etanol 2G revolucionam produção de biocombustível RENATO ANSELMI,

DE

CAMPINAS, SP

O tema novas tecnologias tem sido atração em eventos do setor, gerado diversos projetos e criado muita expectativa em relação ao que poderá acontecer nessa área nos próximos anos. Em meio a uma badalada agenda, teórica e prática, de inovação tecnológica, o que está movimentando a atividade sucroenergética, de uma maneira especial, é o revolucionário etanol de segunda geração, que está prestes a se tornar realidade com a inauguração de unidades voltadas à fabricação deste produto. A viabilização dessa nova maneira de produzir biocombustível não está acontecendo por acaso. É resultado da dedicação, persistência e conhecimento de diversos profissionais – que podem ser batizados como “executivos do etanol 2G” – , entre os quais, o engenheiro químico Jaime Finguerut, assessor técnico da presidência do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC). Entre diversos momentos de sua trajetória profissional, ele destaca a atual oportunidade de entender e colocar em prática um novo processo potencialmente revolucionário que é o desenvolvimento e produção do etanol de segunda geração. “Essa tecnologia fará uso das novas e potentes ferramentas da biotecnologia, biologia sintética, informática e quem sabe até da nanotecnologia. São enormes oportunidades para um engenheiro”, comenta. Segundo ele, na planta piloto montada no CTC em Piracicaba, SP, é possível analisar cada etapa do processo de produção. Essa nova tecnologia terá um salto importante no início do segundo

Jaime Finguerut; tecnologia permitirá estabelecer novos negócios

semestre – informa –, quando o Centro de Tecnologia Canavieira vai inaugurar na Usina São Manoel, no município de São Manoel, SP, planta de demonstração da viabilidade do processo em escala industrial

que terá capacidade de produzir três milhões de litros de etanol celulósico por ano. O processo desenhado pelo CTC aproveita diversas correntes da atual

técnica de primeira geração, otimizando o consumo de água, energia, matéria-prima e demais utilidades, afirma Jaime Finguerut “Dessa maneira, o fato do processo de produção do etanol de segunda geração ser totalmente integrado com a produção de etanol de primeira geração já existente na usina permite que o investimento necessário seja menor e, consequentemente, seu custo de produção”, enfatiza. Na opinião dele, o etanol de segunda geração desempenhará um papel estratégico para a recuperação e retomada do crescimento da atividade sucroenergética no Brasil. “O novo processo, quando implantado em larga escala, permitirá estabelecer novos negócios, com a produção de outros equipamentos e insumos sustentáveis com geração de empregos de alta qualidade. O etanol celulósico recoloca o Brasil na liderança mundial dos biocombustíveis e leva riqueza para o interior do país”, diz. Além de estar participando do desenvolvimento do etanol 2G, Jaime Finguerut já esteve envolvido também com grandes mudanças ocorridas no setor, que resultaram em aumentos significativos de produtividade, eficiência e reduções drásticas de custo. O executivo do CTC participou, por exemplo, das mudanças radicais do processo fermentativo industrial com o esclarecimento da dinâmica das populações de levedura no processo, o que possibilitou a elucidação de causas da queda de rendimento nesta etapa da produção de etanol. Com pós-graduação em Engenharia Bioquímica, fermentação e processos biotecnológicos, ele tornou-se especialista em produção industrial de etanol. “Nos últimos anos tenho trabalhado na parte estratégica procurando novos temas de pesquisa, novas tecnologias, novos talentos e novos parceiros”, revela.


JC 244

4/23/2014

4:42 PM

Page 43


JC 244

4/23/2014

44

4:42 PM

Page 44

PESQUISA & DESENVOLVIMENTO

Maio 2014

QUEM SÃO E O QUE PENSAM OS EXECUTIVOS DO SETOR!

Novo produto ampliará ganhos de usinas, diz consultor

Evandro Cruz; etanol celulósico é o que apresenta o melhor custo-benefício

Gerente participa da implantação de projeto da Raízen “Acreditamos que no longo prazo o projeto do etanol de segunda geração será viável economicamente e irá se equiparar com o de primeira geração. Até lá, são necessários investimentos, apoio e incentivo”. Quem afirma isto é o engenheiro químico Evandro Curtolo da Cruz, gerente de Novas Tecnologias da Raízen, que tem também atuação destacada no desenvolvimento do etanol celulósico. Evandro Cruz enfatiza que a sua participação no projeto da Raízen voltado à produção em escala comercial do etanol celulósico é com certeza um dos momentos marcantes de sua carreira. Outro fato que ele considera relevante em sua trajetória é o de ter contribuído no processo de formação da Raízen em 2011. Segundo o gerente de Novas Tecnologias da empresa, existe atualmente uma demanda pela busca de novas fontes renováveis de energia e, entre as opções existentes, o etanol celulósico é o que apresenta o melhor custo-benefício. “Nós

vamos aproveitar um material já existente – a palha – e atingir 100% de aproveitamento da matéria-prima, extraindo, assim, o valor máximo da cana-de- açúcar”, diz. A primeira planta da Raízen de etanol celulósico está prevista para entrar em funcionamento até o final do ano – informa. Com capacidade para produção de 40 milhões de litros de etanol por ano, a unidade está sendo instalada em Piracicaba, SP, ao lado da usina Costa Pinto. Os investimentos neste projeto são de aproximadamente R$ 230 milhões. “A companhia prevê a instalação de mais sete plantas de etanol celulósico até 2024, todas elas próximas às unidades de produção de primeira geração já existentes”, observa. De acordo com Evandro Cruz, o grande desafio é fazer o etanol de segunda geração economicamente viável, em termos de investimentos, custos e biomassa. “Temos também um grande desafio no campo logístico, isto é, levar a palha do campo para a indústria a preços competitivos. Neste caso, a Raízen possui grandes vantagens, uma vez que pode utilizar as sinergias da estrutura energética das plantas já existentes”, comenta.

Outro “executivo do etanol 2G” que tem contribuído, de maneira relevante, para o desenvolvimento dessa nova tecnologia é o engenheiro químico Fernando Cullen Sampaio, diretor da FCS Engenharia e Consultoria, de Campinas, SP. Com 28 anos de atuação no setor, ele já trabalhou no Centro de Tecnologia da Copersucar (atual CTC) e nos grupos São Martinho e Zilor. Um dos focos na sua atividade profissional, que é voltada à área industrial, tem sido a questão da produtividade. “É necessário fazer mais com menos. No caso do etanol 2G, conseguimos produzir aproximadamente de 35 a 40 litros de etanol a mais por tonelada de cana, sem necessidade de aumentar a área de plantio.”, diz. Na opinião dele, este é um diferencial da tecnologia, pois usinas com dificuldades de crescimento devido à falta de área disponível, principalmente no estado de São Paulo, poderão aumentar a sua produção, aproveitando a palha e bagaço. As possibilidades de ampliação de ganhos com a nova tecnologia não param aí. Estudos indicam que o etanol celulósico vai custar 20% a menos do que o de primeira geração. “O custo estimado é de R$ 0,75 a R$ 0,80 por litro”, revela. Na cadeia, o novo produto vai reduzir o custo final do etanol, considerando-se a soma dos valores dos biocombustíveis de primeira e de segunda geração – constata. Como é produzido por uma fonte não alimentícia, o etanol de segunda geração, que utiliza a celulose e a hemicelulose, poderá ter um diferencial no preço de venda para o exterior – prevê. “O mercado da Califórnia valoriza bastante produto com apelo ambiental e paga um ‘plus’ para esse álcool que é significativo”, exemplifica ele que coordenou o “1º Curso Técnico de Produção de Etanol 2G”, realizado em março pela Sinatub Tecnologia com apoio da ProCana Brasil. O etanol celulósico vai ser a grande revolução no setor, pois permitirá uma maior produção, com um custo mais baixo e provavelmente com um plus no produto final – resume. (RA)


JC 244

4/23/2014

4:42 PM

Page 45


JC 244

4/23/2014

46

4:42 PM

Page 46

HOMENAGEM

Empresas do setor apoiam relação de mães e filhos e mantêm até creche para crianças

Maio 2014

MAMMA MIA!

ANDRÉIA MORENO, DA REDAÇÃO

Em comemoração ao Dia das Mães, o JornalCana homenageia, através de histórias da vida real, mulheres que são profissionais competentes e, que conseguem conciliar o trabalho, com a vida agitada de mãe. A técnica de segurança do trabalho na Unidade Paraíso, do Grupo Tonon, Daniela Bardalatti, sabe bem como é batalhar para crescer na carreira e ter apoio da empresa na relação com seu filho. Mãe de Daniel, um menino de dois anos, tem uma rotina movimentada e deixa seu filho na creche mantida pela unidade. “Minha mãe leva meu filho bem cedo, às 7 horas e o busca às 16h, pois nesse horário já preciso estar preparada no meu posto de trabalho na usina”. Hoje ela confia plenamente em deixar seu bem mais precioso nas mãos das funcionárias do Centro de Educação Infantil (CEI) Zilda Francini Pinheiro, seu antigo local de trabalho, e que existe há quase 10 anos. “Se essa creche não existisse eu teria dificuldades para trabalhar, pois não confio de deixar meu filho pequeno com qualquer pessoa. Como

Crianças do Centro de Educação Infantil mantido pelo Grupo Tonon

Daniela Bardalatti, do Grupo Tonon, e seu filho Daniel

conheço a rotina da creche, não hesitei em buscar uma vaga lá”, diz. Cerca de 70 crianças – com até seis anos de idade – são atendidas pelo CEI, o único da cidade de Brotas que funciona em tempo integral. Segundo ela, o filho representa sua vida. “A partir do momento que tive meu filho passei a respirar por ele. “Meu filho é o bem mais precioso que poderia ter na vida. Recebo total apoio tanto da minha mãe como da usina. A Tonon é meu alicerce e se conquistei algo atribuo a ela.

Aqui tive meu primeiro emprego e hoje aos 28 anos me sinto realizada de ter uma mãe maravilhosa, de ser mãe e de ter um ótimo emprego. Fica mais fácil trabalhar com o apoio da empresa”, lembra. Há oito anos, Daniela começou a trabalhar na usina como faxineira da creche. Estudou, fez o curso técnico de segurança do trabalho e aproveitou a oportunidade oferecida pela usina. Está há sete anos no departamento de segurança e muito realizada com a vida de mãe e profissional do setor.

Colaboradoras recebem apoio de gestores A analista de PCP - Planejamento e Controle de Produção da unidade Madhu, da Rekuna do Brasil, Patrícia Esperança da Silva, formada em análise de sistemas, mãe de dois filhos: João Guilherme (22 anos) e Luiz Flávio (20 anos), viu sua vida se transformar num piscar de olhos ao iniciar seu trabalho na empresa há seis anos. Na época era professora e dava aula para gestores da unidade, quando surgiu a oportunidade. “Quando entrei na Usina, meus filhos tinham bolsa de 100% na escola que eu lecionava, por isso, não podia abandonar completamente esse trabalho. Então, com apoio da empresa e da direção da escola, consegui jogar as minhas aulas para o horário de almoço. Em 2010, quando terminaram o colegial, parei com as aulas. Eu fiz isso tudo pelo futuro deles. Foi um período muito compensador, pois tinha as noites livres para curtir meus filhos adolescentes, em vez de lecionar. Meus filhos são tudo para mim. É difícil mensurar o tamanho de nosso amor, mas tentamos passar para os filhos o que é bom e certo da vida. A mãe tem o poder de dar o amor, encorajamento, determinar pontos principais para a vida deles. Só tentamos ser as melhores mães do mundo”, diz. Outra colaboradora que também recebeu muito apoio na relação com seus filhos e com a Usina foi a soldadora, Leila de Fátima de Jesus, da unidade Madhu da Renuka do Brasil. Aos 39 anos, já é avó de Kaylan, de sete anos e Sara, de três meses. A

Leila de Fátima de Jesus, da unidade Patrícia Esperança da Silva, e os filhos, João Guilherme e Luiz Flávio

colaboradora tem três filhas: Dávini, de 22 anos, mãe das duas crianças, Rilary de 19 anos, que já cursa administração de empresas e Rayssa de 13 anos. Quando iniciou na Usina em 2003 como cortadora de cana, sempre pensava que um dia estaria na indústria. “Parecia um sonho distante, mas virou realidade. Sempre trabalhei fora, e sei que fui um pouco ausente como mãe, mas tinha que ser pai e mãe ao mesmo tempo. Fiz isso por eles, pois são tudo para mim. E quando os netos nascem, a relação de carinho se torna ainda maior, mais intensa, o amor aumenta”. De acordo com ela, a empresa é a melhor da região e sempre a apoiou em tudo que precisava. “Deus me deu muitas oportunidades através dessa empresa, só foi

preciso fazer minha parte, e sou grata por isso”, revela. Adriana Ribeiro, analista de controles industriais na Tonon - Unidade Santa Cândida está há 20 anos na empresa. Ex cortadora de cana, passou parte de sua vida na Usina, formou uma família e hoje possui uma filha de oito anos (Nayara) e um casal de gêmeos, Nicoly e Fernando de 3 anos. Ela conta que recebeu e recebe total apoio da empresa em tudo que precisa. “Sempre que preciso sair mais cedo para ir às reuniões da escola ou comemorações, a empresa me libera. O papel da mãe é muito importante, é primordial na vida de uma criança, por isso, faço questão de acompanhar”, lembra. Ela conta com orgulho tudo que conquistou com o apoio da unidade.

Madhu, da Renuka do Brasil

“Comecei cortando cana, mas com apoio da Usina fiz curso técnico de secretariado e muitos outros cursos, inclusive treinamentos fora, em Bauru, Piracicaba”. Segundo ela, com o salário que ganha na empresa hoje é possível pagar uma babá para seus filhos. “O ônibus me deixa próxima de casa e a babá fica com as crianças até eu chegar e já deixa até a janta pronta, para que eu fique o máximo com minhas crianças. Todo tempo em casa, dedico a eles. Meus filhos são minha vida, sem eles minha vida não teria sentido. Também criei uma relação de carinho com a Tonon e sou feliz por fazer parte dessa empresa. Agora sonho que meus filhos sejam engenheiros e que trabalhem na Usina”, conclui. (AM)


JC 244

4/23/2014

4:42 PM

Page 47


JC 244

4/23/2014

48

4:42 PM

Page 48

IMPACTO SOCIAL

Maio 2014

CHORO NO JARDIM Município e ex-colaboradores sentem impacto da hibernação da Usina Jardest, e saudades de seus áureos tempos ANDRÉIA MORENO, DA REDAÇÃO

A pequena Jardinópolis, cidade vizinha a Ribeirão Preto, SP, ainda sente o aroma doce da velha usina de açúcar e álcool, Jardest, que depois de mais de 30 anos de existência irá parar por tempo

Osvaldo Estelai, funcionário da Jardest desde a primeira safra

indeterminado, ou, conforme, eufemismo, usado pelo Grupo Biosev, “hibernar”. Em todos os cantos da cidade é possível ver pessoas que têm ou tiveram uma relação de carinho com a antiga unidade. A Jardest foi, na verdade, mais uma vítima da crise que assombra há algum tempo o setor sucroenergético e que provocou o fechamento de mais de 40 usinas em todo o país nos últimos anos. Rui Chammas, CEO da Biosev, explica que a Jardest não apresentava os resultados esperados, por isso a hibernação. “É uma usina pequena dentro do nosso portfólio. Dado o seu tamanho e condições de mercado, não estava gerando caixa da maneira que gostaríamos, então a decisão é mantê-la hibernada até as coisas melhorarem”. A pequena, mas acolhedora unidade tem feito parte da vida de centenas de pessoas que contribuíram de alguma forma para o seu funcionamento desde que era uma empresa familiar, e que hoje, com a hibernação da unidade, conforme diz o samba do poeta Adoniran Barbosa, só os resta lembrar, da saudosa maloca. É o caso de um dos mais antigos funcionários: Osvaldo Estelai, um motorista aposentado que fala com orgulho de tudo que conquistou com o trabalho na Usina.

Usina Jardest em 2007; unidade hibernou sem data para despertar

Estelai começou a trabalhar na Jardest em 1982 e permaneceu na empresa até 2009. "Participei da primeira safra, época em que João Carlos de Figueiredo Ferraz era o superintendente e o Gilberto de Almeida Prado, um dos principais acionistas. Eu era um funcionário de confiança e fazia serviços de banco, serviços para a diretoria, coleta de peças e documentos. Comecei trabalhando na lavoura, puxando torta de filtro e depois de vinhaça. Também ajudava no transporte de funcionários com os ônibus no ponto do posto da Arthur Costacurta. Tenho orgulho de ter trabalhado na Jardest e às vezes por estar aposentado, me sinto inútil, pois minha

vida era muito agitada naquela época. Hoje eventualmente, passo meu tempo em frente ao cemitério, pensando na vida”, revela. Estelai lembra que com o salário da Usina conseguiu construir sua casa e comprar um carro e mais recentemente, um caminhão. “Até hoje guardo os holerites antigos, desde os primeiros salários e isso me traz ótimas lembranças”, comenta. Até o fechamento da edição, a maioria dos colaboradores haviam recebido folga e aguardavam em casa uma posição da empresa. Em nota, no começo de abril, a Biosev informou que 250 funcionários já haviam sido remanejados para outras unidades.


JC 244

4/23/2014

4:42 PM

Page 49

IMPACTO SOCIAL

Maio 2014

49

Dos cursos de qualificação profissional ao diploma universitário A Jardest também proporcionou o crescimento profissional de centenas de colaborares e de ex-funcionários. Agnaldo de Souza, operador de fermentação 3, atual colaborador que recebeu folga da empresa, cresceu em Jardinópolis e desde adolescente sonhava em trabalhar na unidade. Foi nessa época que entre uma folga e outra, começou a fazer seus trabalhos eventuais como garçom em um dos restaurantes mais conhecidos da cidade. “Comecei em 2007 na Jardest, meu segundo emprego registrado. Quando entrei lá não tinha curso e consegui fazer o de soldador, de brigada de emergência e de operador de fermentação. Atribuo isso a usina, ela me deu oportunidade e cresci. Nesses sete anos, consegui terminar a reforma de minha casa e comprar um carro. Tudo com o suor da Jardest. Também consegui colocar meus filhos para estudar no Sesi”, afirma. Um antigo funcionário, que hoje trabalha em uma empresa fornecedora do setor, Ronaldo Tardivo conquistou seu primeiro emprego na Jardest em 2005 e por lá permaneceu por sete anos. Mas sua vida se transformou dentro da empresa mais disputada para vagas de empregos na cidade. “A

Jardest abriu portas no mercado de trabalho. Na época eu trabalhava no setor de processos químicos e isso me despertou o desejo de cursar engenharia química. Me lembro que as vagas para entrar na usina eram muito disputadas e quem conseguia era muito reconhecido em Jardinópolis. Esse trabalho me ajudou a conquistar um curso universitário e hoje, trabalho na área como engenheiro de aplicação desde maio de 2013, em uma empresa fornecedora. Consegui boa experiência profissional na Jardest e me sinto orgulhoso de ter feito parte da história dessa empresa. Hoje tenho um carro que também consegui comprar com o salário da época. A hibernação da Usina irá impactar a vida da maioria da população direta ou indiretamente, sem contar a falta que farão os benefícios, como o convênio médico”, lembra. Segundo a orgulhosa mãe de Ronaldo, Maria Inês Tardivo, a Jardest foi uma segunda mãe para seu filho e uma empresa muito importante para a cidade. “Eles o incentivaram muito a fazer faculdade e sou muito feliz por ter esse diploma. A Usina foi tudo de bom na vida de minha família e fará falta para a cidade”, avalia. (AM)

Agnaldo de Souza, ex-operador de fermentação, atualmente faz “bico” como garçom

Ronaldo Tardivo graduou em engenharia química, graças à Jardest


JC 244

4/23/2014

50

4:43 PM

Page 50

IMPACTO SOCIAL

Maio 2014

Vendas caem 30% A crise do setor sucroenergético chegou ao comércio de Jardinópolis e indiretamente está afetando a vida da comunidade. A clientela da Usina frequentava supermercados, lojas de eletrodomésticos, de roupas, celulares. Isso porque, segundo um lojista do centro, sempre foi bom vender para as esposas dos funcionários e para os próprios colaboradores devido ao bom crédito na praça. Centenas de funcionários e parentes realizam suas compras no comércio central, mas somente com a notícia da hibernação, os comerciantes já sentiram queda de cerca de 30% nas vendas. É o caso de Débora Carneiro, proprietária de uma loja de roupas feminina, esposa de um funcionário da Jardest. “A pessoa entra, olha e diz que depois volta. Elas têm medo de fazer prestação. Preciso pensar em uma estratégia de atrair clientes, como: lançar uma liquidação, reduzir meus preços ou mesmo oferecer brindes. Cem por cento dos meus clientes tinham vínculos com a Usina, até mesmo esposas de fornecedores de cana frequentavam a loja. Manter a clientela não será tão fácil. Acho que a Associação comercial e industrial de Jardinópolis precisava ser mais atuante nessa questão”, reforça. Outra que também sentiu uma reação negativa foi um conhecido magazine. A vendedora Sheila Donato comprova que na primeira quinzena do mês, geralmente a fila para pagamentos estava na porta, mas agora o cenário mudou. “Sentimos uma inadimplência no mês de março, tanto é que percebi 5% de inadimplência na minha carteira de clientes. A cidade está muito parada e a praça tem vagas sobrando para estacionar. Há um ano, nesse período, o fluxo de vendas era maior. A loja percebeu queda de 30% no movimento nos quatro primeiros dias de abril, período em que o fluxo é maior. Vendi há um ano 10% acima do meu salário base, mas agora (de 1 a 4 de abril) percebi uma alta de apenas 5%”, enfatiza. Mariana Roque, sócia-proprietária de uma empresa cerealista, também percebeu que a Jardest tem muita

Débora Carneiro: movimento de sua

Sheila Donato: inadimplência aumentou

loja caiu depois que usina hibernou

depois que a Jardest hibernou

Mariana Roque: queda significativa

Alberto Galego faz “bico” como moto

nas vendas de seu negócio

entregador, depois que usina hibernou

influência no comércio da cidade e que há um receio em relação às compras. “Sentimos uma queda significativa nas vendas, mas ainda não consegui mensurá-la. Com os clientes que conversamos sentimos certa preocupação para comprar. Eles são ótimos e muito assíduos e alavancaram nosso negócio, agora aguardam uma decisão da empresa”, diz. O aposentado, Alberto Galego, também sente saudades da rotina agitada da Usina Jardest. Hoje faz entregas de

serviços gerais com sua moto. Ele revela que vários membros da família também deverão ser impactados com a hibernação da Jardest, pois tem sobrinho, tio, cunhado, compadre e primo que trabalham na Usina. “O fechamento vai impactar a comunidade e o meu trabalho, pois faço entregas para o depósito de material de construção e o pessoal da usina compra lá. Já percebi uma certa queda no número de entregas. Agora devo tentar fazer entregas para outras cidades”, conclui. (AM)

“Vou de bike”

Luiz Alencar, ex-lubrificador industrial, se desloca de bicicleta para economizar

Francisco de Araújo, ex-operador de extração, sente falta do trabalho na usina

Com bom humor e otimismo, Luiz Alencar, lubrificador industrial, que completará 25 anos de Jardest no dia 15 de abril, decidiu deixar o carro e a moto em casa, para andar de bicicleta. Ele é um dos colaboradores que também aguardam a decisão da empresa em casa. “Eu andava de carro para todos os lados e agora optei pela bike para economizar. Também estou fazendo diversos exames através do convênio da empresa porque não sei o dia de amanhã”, afirma. Há um ano, Alencar deu entrada na aposentadoria. Nesse período de espera, observou uma evolução em sua vida profissional e pessoal. Emocionado, comenta que considera os amigos de trabalho uma família. “Lá criamos uma família. Vejo que gerações passaram pela empresa. Por ser muito emotivo, criei um vínculo muito forte com meus amigos do trabalho. Inclusive, sempre estamos ligando um para o outro para saber notícias e nos encontrando nesse período de folga. Quando a Usina fixou os turnos fizemos um grupo de amizade e quando alguém saía era muito triste. Senti muita falta de um amigo que aposentou, inclusive tive um começo de depressão. Agora me considero preparado emocionalmente”, comenta.

Alencar começou sua vida adulta e profissional na Usina e de lá guarda muitas recordações e conquistas. “Entrei no auge da adolescência na Usina com 18 anos e já registrado. Nesse período consegui minha carteira de habilitação. Em 1992 comprei uma moto nova, que depois troquei, comprei um carro, um terreno e não tenho do que me queixar da empresa. Também tenho meu som, minha televisão, minha bicicleta e com o tempo se não tiver outro serviço, terei que vender meus bens, mas a vida continua”, avalia. Francisco de Araújo, um migrante do Piauí, que dará entrada na aposentadoria, se estabeleceu na cidade, formou família e cresceu na carreira dentro da Jardest. Entrou na empresa como safrista em 1987 e está até hoje. Na época fazia serviços gerais e atualmente é operador de extração 3, na área de recepção de cana. “Hoje tenho minha casa, meu carrinho, minha família e me estabeleci na cidade e daqui não saio. Nesse período, a empresa me forneceu cursos de operador de ponte rolante, guincho e de retroescavadeira. A Usina me deu muitas oportunidades internamente e foi muito boa para mim, não tenho nada a reclamar, mas estou triste porque vai fechar”, lembra. (AM)


JC 244

4/23/2014

4:43 PM

Page 51


JC 244

4/23/2014

52

4:43 PM

Page 52

IMPACTO SOCIAL

Maio 2014

Crise força fechamento de mais de 50 usinas A Jardest não foi a única vítima da crise financeira que vem se arrastando no setor desde 2008. Dados do segmento comprovam que cerca de 50 unidades fecharam as portas nos últimos anos (44 delas entraram com processo de recuperação judicial) e pelo menos outras 12 devem suspender suas operações em 2014, segundo a presidente da Unica, Elizabeth Farina. Ninguém poderia imaginar que as usinas de Pernambuco, um dos estados mais tradicionais na produção de açúcar do Brasil, poderiam encerrar suas atividades de forma tão inesperada. Atualmente, apenas 16 usinas continuam moendo, no estado que já contou com 38 nos anos 70 e 80, sem contar nos primórdios da produção do açúcar. Renato Cunha, presidente do Sindaçúcar/PE, diz que em Pernambuco, em função das secas e de políticas de segurança hídrica espasmódicas, o estado moeu 19,7 milhões de toneladas em 2007/2008, 17,9 milhões de toneladas em 2009/10 e caiu para 13,5 milhões de toneladas em 2012/13. Recentemente, outra unidade industrial que decidiu encerrar suas operações foi a Usina Unaçúcar (antiga Santo André), de Água Preta, na Zona da Mata Sul de Pernambuco. Por lá, mais de cinco usinas fecharam, nos últimos cinco anos. Alexandre Andrade Lima, presidente da Associação dos

Fornecedores de Cana de Pernambuco, explica que algo precisa ser feito urgentemente para evitar o colapso total do setor. “A crise pode ser atenuada por meio de uma ação inédita do governo do Estado, que objetiva estimular a formação de cooperativas de produtores de cana para retomar o funcionamento das usinas. O governador Eduardo Campos está prestes a definir uma política pública onde os produtores assumirão a gestão das usinas Cruangi e Pumaty, fechadas em 2012. O Estado auxiliará os agricultores, em sua grande maioria, de antigos fornecedores de cana”, diz. No início de abril foram idealizadas duas cooperativas de canavieiros. A cooperativa da Mata Norte ficará responsável pela usina Cruangi, em Timbaúba e a cooperativa da Mata Sul administrará a usina Pumaty, de Palmares. Outra solução para tentar levantar novamente a empresa em dificuldades é a recuperação judicial. O engenheiro de produção Fernando Perri acredita que, se ajustado, o processo de recuperação judicial pode evoluir e reestabelecer, de fato, as usinas. “O sistema traz equilíbrio entre os agentes e possibilita a solução de situações conflitantes. No entanto, um dos fatos que tem dificultado a recuperação é a ausência de capital novo para investimento”, lembra. (AM)

Elizabeth Farina: ao menos 12 usinas devem fechar em 2014


JC 244

4/23/2014

4:43 PM

Page 53

ADMINISTRAÇÃO & LEGISLAÇÃO

Maio 2014

53

Gatua Sul elege Conselho Deliberativo Grupo debate gestão de ativos e passivos financeiros e vantagens tributárias não utilizadas ANDRÉ RICCI,

DA

REDAÇÃO

Em 11 de abril, o Gatua - Grupo das Áreas de Tecnologia das Usinas de Açúcar, Etanol e Energia aproveitou a realização de sua primeira reunião em 2014 para eleger os membros do Conselho Deliberativo da área sul. O encontro aconteceu na cidade de Ribeirão Preto, interior de São Paulo. Fazem parte do novo conselho deliberativo do Gatua Sul, Ricieri Casadey, do Grupo Andrade; Reginaldo Torres, da Usina Ruette; Fernando Verga, do Grupo Unialco; além de outros dois nomes a serem confirmados, pois não puderam comparecer à reunião. Entre outras atividades, eles serão responsáveis pelos temas a serem apresentados nas reuniões bimestrais e também pela formatação do evento anual do Gatua. "Começamos bem esse ano. A reunião contou com a presença de 14 usinas, que acompanharam debates sobre várias atividades já em curso, como a montagem da

10ª edição do Congresso Anual, que acontece em novembro próximo”, explica Carlos Barros, também conhecido como Bill, coordenador nacional do Grupo. Com relação ao conteúdo programático, fizeram parte temas como ‘Gestão de ativos e passivos financeiros’ e ‘Vantagens tributárias não utilizadas’. O palestrante do primeiro assunto foi Tadeu Machado, contador formado pela USP, com MBA em Controladoria e Finanças pela FGV-SP. “As duas palestras foram excelentes. Focamos nas questões de necessidades das usinas, trazendo aspectos relacionados às áreas Financeira e Fiscal/Tributária”, destaca Bill. Já o segundo tema foi exposto por Marcelo Samartino, administrador de empresas que atua nas áreas Contábil e Fiscal desde 1992. Atualmente é diretor executivo da Painel Fiscal Consultoria. “É uma honra estar presente nestas reuniões, uma vez que somos certificados com o Selo Gatua de Qualidade. Essa parceria nos aproximou ainda mais do setor sucroenergético, aumentando a responsabilidade pela constante evolução na qualidade dos nossos produtos e serviços”, afirma Samartino. O Grupo oferece fóruns de discussões, que auxilia o profissional que precisa de informações para resolver um problema ou mesmo de indicações.

Tadeu Machado, da FGV – SP, falou sobre gestão de ativos e passivos financeiros

Carlos Barros, conhecido como Bill


JC 244

4/23/2014

54

4:43 PM

Page 54

ADMINISTRAÇÃO & LEGISLAÇÃO

Maio 2014

Gerhai traça perfil profissional em novo mercado de trabalho Na 2ª reunião de 2014, Grupo discute as recentes mudanças mercadológicas e o comportamento exigido ANDRÉ RICCI,

DE

SERTÃOZINHO, SP

Entrar no mercado de trabalho, e por consequência, se manter ativo, tem se tornado tarefa cada vez mais difícil. Ainda que o número de oportunidades de emprego se mantenha em alta, se encaixar no perfil exigido é tarefa para poucos. Em sua segunda reunião no ano, realizada em 11 de abril, em Sertãozinho, SP, o Gerhai - Grupo de Estudos em Recursos Humanos na Agroindústria levou José Augusto Minarelli, consultor de carreiras, para falar sobre as mudanças mercadológicas nos últimos anos. É sabido que em tempos de crise é preciso fazer mais com menos. Bem por isso,

José Augusto Minarelli

José Roberto Squinello

os contratantes buscam pessoas qualificadas, que tenham percepção de mercado e que estejam preparadas para qualquer desafio. “O profissional precisa saber gerar trabalho e renda, pois vivemos em um mundo em que se tem mais trabalho do que emprego. É preciso inteligência mercadológica para enxergar oportunidades onde os outros não veem”, diz Minarelli.

O consultor compara os profissionais com pequenas empresas individuais, prestadoras de serviço e que precisam estar cientes do seu papel. A figura do tradicional trabalhador, que há 50 anos atua na mesma empresa, é algo raro neste novo cenário. Em média, o profissional contribui de três a cinco anos em cada empresa. “Essa relação de troca precisa ser compreendida e

“A troca de ideias, em um mundo tão competitivo, é essencial. Ela agrega valor ao trabalho executado do dia a dia. Gestão e liderança, hoje, são o assuntos em evidência. Em um momento de crise, nada melhor do que termos profissionais capacitados para minimizar os impactos causados. Falando sobre o setor sucroenergético, vejo que em termos de gestão estamos até atrasados. Quanto mais desenvolvida for essa área, melhores serão os resultados”. Osvaldo Antônio de Carvalho, gerente de Recursos Humanos da Usina Batatais

“O Gerhai desenvolve um trabalho técnico há muito tempo e serve de apoio estratégico para o setor canavieiro. O desafio de gestão de pessoas sempre foi tema muito abordado, não só neste setor, mas em todos da economia. É um diferencial para se buscar resultados cada vez melhores. Entendo que inovação não vem apenas de tecnologias e equipamentos, mas também de pessoas. Não adianta termos equipamentos avançados sem mão de obra qualificada. Precisamos fazer mais com menos. Por isso, a busca por bons profissionais é essencial”. Wendell Dias, gerente de Recursos Humanos das Usinas Ipiranga

praticada. Hoje, o mercado pede contratações mais qualificadas, ou seja, até mesmo os mais antigos precisam se atualizar. A demanda tem feito com que as mudanças sejam rápidas”. Questionado sobre se as competências se restringem ao conhecimento intelectual, Minarelli lembra que vivemos a era da comunicação, fator intrínseco ao sucesso. “O mercado de trabalho é composto de pessoas. Portanto, é preciso ser conhecido, lembrado e se fazer presente de maneira inteligente. O networking também é um fator a se trabalhar em busca do êxito profissional”. Mas, dizer que não há nenhuma semelhança entre o mercado de trabalho atual com o de décadas atrás também é um equívoco. Para o especialista, existem certos preceitos que perduram anos e nunca saem de moda. “De nada adianta estar preparado e ser conhecido se não se portar como um profissional correto e honesto, que honre seus compromissos e deveres. São qualidades que nunca vão sair da lista de exigências das empresas de sucesso”, finaliza.

“Participo do Gerhai há vários anos. Vejo com grande importância essa questão de troca de informações entre os profissionais. Com as reuniões, criamos um vínculo de confiança com os colegas, necessário ao se falar de assuntos, muitas vezes, confidenciais. No Gerhai temos pessoas unidas e de bom relacionamento. A cada mudança na legislação, processo de trabalho, ou qualquer assunto relacionado, temos a oportunidade de debater e encontrar o melhor caminho a seguir”. Carlos René do Amaral, gerente de Recursos Humanos da Renuka do Brasil


JC 244

4/23/2014

4:43 PM

Page 55


JC 244

4/23/2014

56

4:43 PM

Page 56

ADMINISTRAÇÃO & LEGISLAÇÃO

Maio 2014

NA SECA! Falta de chuvas em janeiro e fevereiro deverá reduzir oferta de matéria-prima na safra 2014/15 RENATO ANSELMI,

DE

CAMPINAS, SP

A gestão da comercialização de açúcar e etanol não é tarefa das mais simples, pois está sempre vinculada a fatores de mercado, políticas públicas e até mesmo climáticos, entre outros. A volatilidade de preços, oferta e demanda costuma fazer parte de diferentes cenários, marcados por momentos de euforia – que estão escassos ultimamente –, indefinição e instabilidade. Enfrentando uma crise histórica que ainda não tem data para acabar, as unidades sucroenergéticas brasileiras já convivem com custos crescentes de produção, preços insatisfatórios do açúcar devido ao excesso do produto no mercado internacional e também margens comprimidas do etanol hidratado por causa do preço da gasolina que é mantido artificialmente mais baixo em relação ao do mercado internacional. Não bastasse tudo isto, usinas e destilarias precisarão administrar, na safra 2014/15, outras variáveis, principalmente o efeito causado pela inesperada estiagem, que ocorreu em janeiro e fevereiro, no período da entressafra no Centro-Sul.

No verão, a combinação entre calor, umidade e o período de luminosidade durante o dia faz a planta se desenvolver, observa Martinho Seiiti Ono, diretor da SCA Etanol do Brasil. “Infelizmente, a temperatura acima do normal e a falta de umidade prejudicaram muito o crescimento da cana”, constata. Em decorrência disso, tudo indica que haverá uma menor oferta de matéria-prima em relação à safra passada – afirma. “Não arrisco a dizer de quanto será essa queda em termos percentuais. O mercado está falando em uma moagem de 570 milhões de toneladas de cana. Mas, é difícil cravar um número”, comenta. Há ainda expectativa de que as chuvas ocorridas em março possam diminuir essas perdas. Para Martinho Ono, a quebra poderá ser acentuada se for considerado que a expectativa em relação a safra 2014/15, dentro de uma normalidade climática, era de 610 a 620 milhões de toneladas de cana. “Haveria de 20 a 30 milhões de toneladas a mais em relação ao período anterior”, enfatiza. O Centro-Sul moeu, no ciclo 2013/14, um total de 596 milhões de toneladas.

Martinho Seiiti Ono, diretor da SCA

Diversas medidas podem Setor deverá priorizar demanda reduzir custos logísticos de anidro no mercado interno

Na hora de fazer a gestão da comercialização de seus principais produtos, unidades e grupos sucroenergéticos precisam buscar alternativas para driblar as dificuldades geradas pela infraestrutura logística adequada. “No Brasil, essa questão continua pesando. Para exportar, há problema de custo logístico elevado”, diz Martinho Ono. De acordo com ele, o congestionamento portuário e o custo alto de óleo diesel estão entre os principais problemas enfrentados pelo setor nessa área. A adoção de algumas medidas por parte de usinas e destilarias, como investimentos em equipamentos, terminais, intermodalidade e flexibilidade no trading, podem ajudar a reduzir custos, segundo especialistas. Uma gestão logística eficiente deve incluir planejamento a médio e longo prazo, além da escolha criteriosa do transportador que precisa disponibilizar serviços de qualidade. As empresas que atuam nessa área devem ter, por exemplo, equipamento novo e próprio, rastreador, seguro bem elaborado e certificação ambiental. (RA)

Buscar alternativas para driblar as dificuldades é fundamental para o setor

Se a redução da oferta de matéria“Os Estados Unidos vinham com prima for confirmada, o setor vai uma cota crescente, que já chegou ao priorizar a demanda de anidro no teto. Haveria uma forma de ampliar a mercado interno, que é adicionado à oferta, que seria o aumento da mistura gasolina, em detrimento ao hidratado, do E10 para o E15, por exemplo. afirma Martinho Ono, projetando o Como não concordam em fazê-lo, estão cenário do etanol para a safra 2014/15. reduzindo a meta inicialmente E, pensando, em um prazo curto, a estabelecida”, explica. oferta vai estar atrelada ao preço – Em decorrência disso, poderá avalia. ocorrer a diminuição da exportação de “A questão do preço do etanol anidro em relação ao ano passado, hidratado deverá continuar observa. A redução da cota no mercado complicada, porque é um ano político, americano está afetando – enfatiza – o de eleições. Não haverá, próprio etanol de milho. provavelmente, aumento da gasolina A exportação de açúcar também antes de outubro. Até esse período, deverá ter mudanças neste ano. Neste será preciso conviver com o preço de caso, a estiagem na entressafra no gasolina atual que limita a Centro-Sul brasileiro poderá interferir Setor deve priorizar a demanda remuneração do produtor”, diz. na precificação. de anidro no mercado interno Segundo o diretor da SCA – Etanol do “O Brasil é o grande exportador de Brasil, como o último aumento da gasolina foi no final de açúcar. Na medida em que ocorra a confirmação da redução novembro, o setor começa a safra com um cenário de preço de cana e, consequentemente, a diminuição da produção, a levemente superior ao ano passado. “Acho que deve se partir de julho ou agosto, quando metade da safra estará sustentar até uma próxima alta”, avalia. colhida, é possível que se confirme a expectativa de que o Em relação à gestão da comercialização do etanol é açúcar tenha melhor precificação”, analisa. preciso considerar ainda as atuais condições para a Para Martinho Ono, o mundo está reticente, achando exportação. A estiagem também deverá interferir, nesse caso, que a quebra brasileira pode se recuperar com as chuvas que na oferta e na precificação. Mas, não é só isto. De acordo com caíram após a estiagem. “A redução da safra brasileira ainda Martinho Ono, há uma questão importante que precisa ser não foi considerada no preço internacional de açúcar”, de levada em conta na venda de anidro para os Estados Unidos: acordo com ele, ao avaliar em abril as perspectivas da a redução da cota de utilização de etanol. comercialização desse produto. (RA)


JC 244

4/23/2014

4:43 PM

Page 57


JC 244

4/23/2014

58

4:43 PM

Page 58

IMPACTO AMBIENTAL

Maio 2014

MENINO LEVADO Impactos do El Niño nos próximos meses geram temor no mercado mundial de açúcar PATRICIA BARCI,

DE

RIBEIRÃO PRETO

O evento climático El Niño é um aquecimento da temperatura da superfície do mar no Pacífico, que altera a distribuição de calor e umidade em várias partes do globo. Pode ocorrer a cada 4

Christoph Berg: assustado com o El Ninõ, não arrisca fazer previsões

anos ou ter um intervalo de até 12 anos, sendo que o pior já registrado foi no final de 1990 e matou mais de 2.000 pessoas, causando bilhões de dólares em prejuízos. As indicações meteorológicas apontam, que o fenômeno climático deve começar a ser sentido nos próximos meses e deve durar de 6 a 18 meses, de acordo com informações da agência de notícias Reuters Internacional. O fenômeno, afeta principalmente países na Oceania, como Fiji e Austrália, e países do Sudeste Asiático, como Indonésia, Tailândia e Índia, trazendo a seca, a verões tipicamente úmidos. Já na América do Sul e América do Norte ocorre um calor mais intenso, com possibilidade de secas mais severas, em algumas regiões, assim como, aumento das chuvas, o que seria positivo para os reservatórios das hidrelétricas da região Sul do Brasil, por exemplo. Já na região Sudeste, que já vem enfrentando uma das maiores secas, já registradas nestes últimos meses, o impacto é considerado mais irregular, alternando entre seca e o excesso de chuva. De forma que, o seu impacto, se for mais ou menos severo é preocupante para a produção de açúcar, já que quase todos os grandes produtores e exportadores mundiais da commodity se encontram na “faixa global” diretamente afetada pelo evento climático. O último El Niño, que ocorreu em

Seca na Austrália provocada pelo El Niño

2009, por exemplo, trouxe excesso de chuvas ao Centro-Sul do Brasil, reduzindo consideravelmente o rendimento da produção de cana-de-açúcar, de acordo com porta-voz da Marex. Em algumas regiões da Austrália, já existem relatos de perdas na colheita de cana-de-açúcar, devido à uma seca inesperada, já um indício do que pode acontecer nos próximos meses, de acordo com dados da MDA Weather Services. Para Christoph Berg, Diretor

Administrativo da F.O. Licht, seria precipitado fazer qualquer previsão a respeito do fenômeno climático El Niño, por enquanto. “Ainda é muito cedo para fazer alguma previsão referente a possíveis perdas causadas pelo fenômeno meteorológico. Não sabemos se o El Niño terá um impacto tão dramático na produção de açúcar mundial. De qualquer maneira devemos ser vigilantes, porque é um fenômeno de grande abrangência”, ponderou.


JC 244

4/23/2014

4:43 PM

Page 59


JC 244

4/23/2014

60

4:43 PM

Page 60

IMPACTO AMBIENTAL

Preços do açúcar já subiram em março Mundo está se preparando para o El Niño Os indicadores de preços do açúcar-bruto mostraram que os preços da commodity subiram 7,9% em março, a maior alteração desde julho de 2012, o que seria consequência da seca no Brasil e da redução de produção de cana-de-açúcar na Tailândia. Para a FAO — Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura, ambos os países, têm grande probabilidade de serem duramente afetados pelo evento climático El Niño, no final deste ano, e essas oscilações bruscas de preços já seriam um indicativo deste fato. No mês passado , a Organização Meteorológica Mundial das Nações Unidas disse que havia uma "grande possibilidade" do El Niño chegar até meados de 2014. “O mundo está se preparando para o El Niño, que se confirmado, poderia causar danos e fortes quedas nos preços de algumas commodities", disse Vanessa Tan, analista de investimentos da Phillip Futures em Cingapura para a Reuters Internacional. Especulações à parte, de acordo com dados do Centro Australiano de Meteorologia, a água no Pacífico já aqueceu significativamente ao longo dos últimos dois meses, abaixo da superfície, anunciando o aumento das temperaturas, o que seria de fato, um indicador-chave do evento climático El Niño . O banco britânico Standard Chartered Bank já se adiantou e atualizou suas previsões de preços para as commodities para o segundo semestre de 2014, e já demonstra em suas ações de mercado, acreditar que a produção será de fato prejudicada. O Canegrowers, grupo de produtores australianos, já fez um corte nas previsões de colheita, de cerca de 2 milhões de toneladas das 30 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, para a safra 2014/15, pelo mesmo motivo, de acordo com a Commonwealth Bank of Australia.

Maio 2014


JC 244

4/23/2014

4:43 PM

Page 61


JC 244

4/23/2014

62

4:43 PM

Page 62

USINAS

Maio 2014

Nardini espera moer 3,7 milhões de toneladas Em 10 de abril, a Nardini Agroindustrial, localizada em Vista Alegre do Alto, SP, começou a safra 2014/15. A expectativa é ter novamente um ciclo expressivo, com moagem de 3,7 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. Para acompanhar o bom desempenho da safra passada, a usina realizou investimentos nas áreas agrícola e industrial, com objetivo de minimizar, ao máximo, as paradas do período. “Na indústria, instalamos mais um terno de moenda para aumentar a capacidade de moagem diária e da extração da cana, proporcionando melhor

Depois de safra recorde, Guarani mantém otimismo Em mais um início de safra, desta vez, a 2014/15, a Guarani ainda comemora os resultados do último ciclo. Na ocasião foram processadas 19,7 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, volume recorde na Companhia. No período, foram produzidos 1,6 milhão de toneladas de açúcar, 602 milhões de litros de etanol e 720 GWh de energia para a comercialização. No que se refere à produtividade agrícola, a Guarani registrou um rendimento de 92 t/ha, 10,6% mais que a média do setor no Estado de São Paulo. De acordo com o Alberto Pedrosa, diretor presidente da empresa, a expectativa é de mais um ciclo positivo. “Apesar da falta de chuvas nos primeiros meses do ano, estamos confiantes de que iremos além do recorde da safra passada”, afirma Pedrosa. “Precisamos ainda estimar qual o impacto da seca do início do ano, mas acreditamos que será possível aumentar nosso volume de moagem e bater um novo recorde”, finaliza.

eficiência e continuamos a investir na manutenção preventiva. No campo, foram realizados investimentos na aquisição de novas máquinas colhedoras, caminhões e tratores”, afirma o diretor Vanderlei Adauto Caetano. Com o aumento da mecanização e uso da tecnologia no campo, a área agrícola estará melhor preparada para alimentar a indústria. “A expectativa é que, durante a safra, sejam produzidos 120.000 m³ de etanol, 5.900.000 sacos de açúcar de 50 kg, 2.500 toneladas de levedura e 125.000 megawatts de energia elétrica”, diz Caetano.

Delta Sucroenergia celebra início da safra 2014/15 De 18 a 20 de março, a Delta Sucroenergia, com usinas localizadas no Triângulo Mineiro, realizou as tradicionais missas em ação de graças, que marcam o início da safra 2014/15. Estiveram presentes colaboradores, fornecedores, parceiros e autoridades durante a celebração. A primeira missa foi realizada na unidade Volta Grande, no dia 18, e contou com cerca de 600 pessoas. Já no dia 19, com o mesmo número de pessoas, foi a vez da unidade matriz Delta receber os participantes. Por fim, em 20 de março, a unidade Conquista de Minas recebeu aproximadamente 300 pessoas. Juntas estas unidades representam uma das maiores produções canavieira em Minas Gerais, com moagem prevista de 10 milhões de toneladas.

Coruripe inicia safra 2014/15 Em 24 de março a Usina Coruripe deu início a safra 2014/15. A unidade Limeira do Oeste, no Triângulo Mineiro, foi a primeira a enviar suas máquinas a campo. A previsão é que a unidade esmague 1,4 milhão de toneladas de cana e produza 120,57 milhões de litros de etanol. As outras usinas do Grupo também entraram em operação. A Filial Campo Florido deve moer 3,60 milhões de toneladas de cana e produzir 4,54 milhões de sacas de açúcar, 149 milhões de litros de etanol e 134 mil MWh de energia elétrica. Já a unidade Carneirinho prevê um incremento de 35% na moagem com relação à safra anterior, e deverá moer 2,05 milhões de toneladas de cana, o que vai gerar 4,40 milhões de sacas de açúcar e 48 mil MWh de energia. Por fim, a Iturama tem previsão de moer 3,45 milhões de toneladas de cana e produzir 5,53 milhões de sacas de açúcar, 131 milhões de litros de etanol e 124 mil MWh de energia.


JC 244

4/23/2014

4:43 PM

Page 63


JC 244

4/23/2014

64

4:43 PM

Page 64

TECNOLOGIA INDUSTRIAL

Maio 2014

Recepção e preparo de cana precisam se adaptar à colheita mecanizada Em função do aumento da cana picada, os sistemas de preparo deverão passar por inovações, que já estão em progresso ANDRÉIA MORENO, DA REDAÇÃO

Com o aumento da mecanização da colheita de cana, cada vez mais, os sistemas de recepção e preparo de cana eliminarão antigos equipamentos e adotarão técnicas diferenciadas. Nos sistemas de recepção, a inovação fica por conta do desenvolvimento de sistemas de descarga e alimentação mais simples e de alta capacidade aplicáveis à cana picada, que em diversas unidades tem se aproximado cada vez mais da totalidade da cana fornecida. Também em função do aumento da cana picada, os sistemas de preparo deverão passar por inovações, que já estão em progresso, eliminando picadores de cana e esteiras metálicas, simplificando sobremaneira sua instalação. Para a limpeza da cana, diversas opções para efetuar a limpeza a seco estão em pleno desenvolvimento, com o desafio de serem sistemas com baixo consumo de energia, com alta eficiência, de baixo investimento inicial e baixo custo de manutenção. A informação é do consultor Paulo Delfini, da Delfini Consultoria e Projetos Industriais. “No sistema de recepção, a grande vantagem se refere à possibilidade de uma maior padronização dos equipamentos para o transporte da cana e maior

Sistema de limpeza de cana da Usina Nardini

simplicidade da operação de descarga e alimentação. Isso facilitará a automação da operação neste setor”, diz. De acordo com o consultor, no sistema de preparo de cana as vantagens estão relacionadas à possibilidade de redução do consumo de energia, cuja diferença pode representar uma maior quantidade de energia elétrica a ser vendida na rede, e com a redução dos custos de manutenção, representados pela redução da quantidade de equipamentos de preparo e da eliminação da esteira metálica que é necessária nos equipamentos de preparo convencionais. “Com relação aos sistemas de limpeza de cana a seco as vantagens estão relacionadas com o aumento da capacidade de processamento de cana, melhoria da extração, notadamente no caso de difusores, e possibilidade de um melhor aproveitamento da matéria vegetal”, explica.

Paulo Cesar Costa, diretor de Bioeletricidade do Grupo Energisa, que firmou com o Grupo Tonon, um consórcio para exploração de negócios de energia, explica que a Termoelétrica de Vista Alegre, de Maracaju (MS) ganhará um sistema de limpeza a seco composto de sistemas de limpeza da palha, desfibramento/trituração da palha, transporte da palha e impureza minerais, transporte da palha desfibrada/triturada. A capacidade máxima do projeto é de 770 TCH (tonelada de cana por ha) de cana picada com um teor de impurezas vegetais de 10% e de impurezas minerais de 1,5%. “Com isso, haverá reduções dos níveis de impurezas vegetal e mineral a serem processadas pela moenda, ocasionando ampliação da capacidade de moagem e diminuição dos desgastes dos equipamentos deste setor. Do lado energético passamos a ter um incremento

no PCI (poder calorífico inferior) do bagaço que será queimado nas caldeiras na ordem de 5%, o que proporciona maior bloco de energia destinado a exportação pela UTE. Também ocorre menor desgaste nos equipamentos da UTE devido à redução da quantidade de impureza mineral residual do bagaço de cana, reduzindo os custos de O&M (operação e manutenção), além do aumento de disponibilidade da UTE (maior tempo disponível para a operação)”, lembra. O Grupo Energisa e a Tonon Bioenergia, formaram um consórcio onde o Energisa é proprietário das áreas de Geração de Vapor e Energia (UTE Unidade Termoelétrica) e a Tonon da usina de açúcar e etanol. O consórcio é constituído de exploração do negócio de energia onde a Energisa é a líder de 85% da UTE I e de 100% da UTE II (ambas na Vista Alegre).

Sistema de limpeza a seco tem eficiência de até 89% A limpeza a seco tem alcançado eficiência de até 89%. Segundo especialistas, dependendo do nível de ventilação da colhedora, a mecanização aumenta entre 3% a 8% o percentual de impurezas vegetais na indústria. De acordo com o engenheiro Murilo Sgobbi Teixeira, supervisor de vendas da Simisa, na opção de Sopragem Dupla entre esteiras de borracha de cana picada com câmara conforme projeto conceitual “CTC”, o índice registrado em seu primeiro teste de performance foi de 89%. “A expectativa é que este sistema opere com uma média de 60% de eficiência. A Simisa está desenvolvendo um quarto tipo de câmara cuja expectativa de eficiência média fique em torno de 70%, com tetos constantes de 75%”, garante. Segundo o engenheiro, entre as vantagens do sistema de limpeza a seco estão a redução dos percentuais de impurezas minerais e vegetais e facilitação para os processos de decantação e clarificação do caldo, reduzindo o consumo de produtos químicos, como enxofre polímeros, etc. “É através das impurezas

Sistema de limpeza de cana a seco, da Usina Vista Alegre

minerais que ocorre boa parte da contaminação por microrganismos que causam sérios prejuízos e aumento do gasto de insumos, entre outros”, lembra. Wagner Rocha, coordenador de engenharia da Sermatec Zanini, explica que

as vantagens mais significativas na limpeza de cana a seco e aproveitamento da palha, estão na redução do impacto ambiental pela não utilização de água neste processo; redução significativa da perda de sacarose (entre 1% e 2%) que seria arrastada no

processo de lavagem; remoção das impurezas vegetais e minerais com ganho na capacidade e eficiência de moagem. “Há ganhos ao longo do processo industrial, além de redução nos custos de manutenção de equipamentos como moendas, tubulações, bombas, etc”, informa. Rocha diz que nos sistemas convencionais (lavagem em mesas), utiliza-se até 5 m3/hora de água para cada tonelada de cana a ser processada. “Existe o impacto da maior captação de água necessária pela planta, uma vez que o volume de reposição do sistema é algo entre 5% e 10% do volume que passa pelo circuito. Nos novos projetos de sistema de limpeza a seco há redução a zero da água de lavagem, já os sistemas adaptados reduzem a água de lavagem entre 60% a 70%”, reforça. O especialista explica que a eficiência de separação de impurezas vegetais e minerais na sopragem gira em torno de 40% a 70%, devido a dependência de diferentes parâmetros, como: variedades de cana, tipos de solo, condições climáticas, forma de colheita, etc. (AM)


JC 244

4/23/2014

4:43 PM

Page 65


JC 244

4/23/2014

66

4:43 PM

Page 66

TECNOLOGIA INDUSTRIAL

Maio 2014

Concorrência gera benefícios para a extração do caldo Disputa pelo mercado sucroenergético ocasionou a modernização de equipamentos RENATO ANSELMI,

DE

CAMPINAS, SP

A concorrência entre moenda e difusor no processo de extração de caldo em usinas e destilarias está gerando diversos benefícios para unidades sucroenergéticas. É que os dois equipamentos passaram, nos últimos anos, por vários aprimoramentos tecnológicos que têm proporcionado ganhos significativos nesta importante etapa do processo de produção de açúcar e etanol. A moenda que vivia abraçada ao sucesso, adormecida sobre os “louros da vitória”, precisou acordar quando teve a sua supremacia ameaçada. Por isso, passou por mudanças mais significativas em relação ao concorrente. O difusor já contou também com algumas melhorias, apesar de sua presença mais recente no mercado sucroenergético. “O fabricante de moenda – que reinava absoluto –, começou a se

Concorrência entre moenda e difusor gera diversos benefícios para usinas

preocupar a partir do momento em que novas unidades começaram a optar pelo uso do difusor”, afirma o engenheiro José Ieda Neto, diretor da Ieda Neto Engenharia e Consultoria Industrial. Segundo ele, existe uma série de inovações tecnológicas na moenda que foram resultados da

concorrência com o difusor. Além disso, a demanda das usinas por elevação da eficiência impulsionou a evolução desses equipamentos. “As unidades têm uma margem muito pequena. A busca pela eficiência, tanto operacional, como de extração de sacarose

e de redução de manutenção, leva todo o parque produtivo a desenvolver equipamentos que tenham maior capacidade, melhor eficiência e menor custo”, comenta. Houve uma evolução por causa da concorrência, do tempo, da tecnologia e da necessidade do consumidor – resume. A moenda incorporou diversas soluções técnicas “Os castelos dos equipamentos novos foram redesenhados. Ficaram mais fáceis de serem montados e desmontados”, observa Ieda Neto. Essa e outras modificações reduziram o custo de manutenção. “De maneira geral, as moendas foram modernizadas. Houve ampliação no grau de regulagem do equipamento. Existem atualmente vedações para o mancal. É possível recuperar o óleo”, detalha. Para o engenheiro químico Fernando Cullen Sampaio, diretor da FCS Engenharia e Consultoria, esse sistema de extração tem apresentado avanços significativos “Hoje temos moendas de 100 polegadas. E isto muda bastante o conceito de extração”, afirma. Entre as modificações ocorridas nesse equipamento, ele cita o sistema construtivo dos rolos, a drenagem do caldo, a questão de acionamento e a automação. “Essas são algumas coisas diferentes que estão acontecendo”, ressalta.

Até mesmo o difusor já passou por modificações O lançamento de novos difusores fez com que esse tipo de equipamento para extração tivesse também melhorias tecnológicas, apesar de seu uso no setor sucroenergético ser mais recente. Como equipamento disponível no mercado – utilizado inclusive em outros segmentos – o difusor é tão antigo como a moenda, revela José Ieda Neto.

Entre as modificações ocorridas no difusor, ele destaca a forma de alimentação do equipamento e a maneira de acioná-lo. Além disso, o mercado oferece atualmente difusor com – ou sem – correntes. O sistema de funcionamento do difusor não tem muito o que mudar. A evolução ocorreu com os itens periféricos – constata. (RA)

Novos difusores contêm melhorias tecnológicas


JC 244

4/23/2014

4:43 PM

Page 67


JC 244

4/23/2014

68

4:43 PM

Page 68

TECNOLOGIA INDUSTRIAL

Maio 2014

Cana picada abre caminho para preparo extrapesado

Funcionamento não é como ligar liquidificador na tomada

Mudanças no processo de extração de usinas e destilarias estão ocorrendo no preparo da matéria-prima que é utilizada para alimentar a moenda ou o difusor. Algumas unidades têm utilizado o preparo extrapesado, que é feito com desfibrador com maior capacidade, com mais potência, afirma José Ieda Neto. O picador tende a se tornar um equipamento desnecessário nas plantas industriais de usinas e destilarias que fazem exclusivamente a colheita de cana picada – diz. “Quem ainda recebe cana inteira, não pode se desfazer desse equipamento. A unidade que recebe só cana picada, e possui desfibrador para processar toda a matériaprima, pode dispensar o uso do picador. Porém, cada caso é um caso”, comenta. Em sistemas que não utilizam o picador, a matéria-prima vai direto para o desfibrador e, se este equipamento for mais potente, a tendência é que opere melhor – explica o diretor da Ieda Neto Engenharia e Consultoria Industrial. “Pode ser utilizado o mesmo desfibrador extrapesado para moenda ou difusor. É só fazer uma regulagem diferente para cada equipamento”, esclarece.

A moenda e o difusor apresentam uma eficiência limite de extração, o que não depende somente do equipamento. Os resultados obtidos variam de acordo com a operação, o preparo e a capacitação da própria equipe da usina, afirma José Ieda Neto. “Moenda e difusor não são como liquidificador que é ligado na tomada e pronto”, brinca. Segundo ele, o difusor tem um potencial para proporcionar uma extração melhor do que a da moenda, podendo chegar a 98% de eficiência. “Os difusores melhores operados obtêm esse resultado. É preciso aprender a usar e a operar esse equipamento tanto quanto a moenda”, afirma. A moenda chega a uma média de 97% de eficiência. “Em momentos de picos, pode ter 97,5% em alguns casos. Mas, não vai ter esse resultado na safra inteira”, observa. “Existem algumas dificuldades em relação ao difusor que na moenda já estão dominadas. A moenda aguenta mais variações. É preciso estar tudo certinho com o difusor para obter os 98%. Resultados com a moenda na faixa de 97,3% não são fora do comum atualmente. Achar um difusor operando com 98% de eficiência é muito difícil”, observa Fernando Cullen, da FCS Engenharia e Consultoria. (RA)

Moendas chegam a uma média de 97% de eficiência


JC 244

4/23/2014

4:43 PM

Page 69

TECNOLOGIA INDUSTRIAL

Maio 2014

69

Moenda e difusor também Escolha do equipamento está podem se tornar parceiros vinculada a diversos fatores

Em alguns casos, moenda e difusor são parceiros na busca de soluções no processo de extração do caldo. Em uma unidade sucroenergética da região de São José do Rio Preto, em São Paulo, o sistema de extração conta com um terno de moenda na entrada, antes do difusor, que extrai 60% a 70%, revela Fernando Cullen. “Neste caso, o difusor virou um difusor de bagaço. Não é mais um difusor de cana. Com isto, há um aumento da capacidade de extração”, comenta. Duas moendas são ainda utilizadas na saída desse sistema para a secagem do bagaço. De acordo com ele, a maioria dos difusores na África do Sul já vem com essa concepção, funcionando como difusor de bagaço e não de cana. Esse “arranjo” tem outra vantagem interessante. “Com a moenda, é possível separar o caldo em dois – o primário e o secundário. Com o difusor sozinho, não há essa possibilidade”, diz. (RA)

Fernando Cullen, consultor

A escolha entre moenda e difusor deve estar relacionada à necessidade e à estratégia da empresa. “Os dois equipamentos são bons e os dois têm suas peculiaridades. Cada um deles apresenta soluções e problemas diferentes, opina José Ieda Neto. O difusor é mais simples de operar e de manter, tem um custo menor de manutenção e gasta menos energia – diz. Se a preocupação é fazer uma usina que vai ter alta extração, baixo custo e bastante exportação de energia, o difusor pode ser a melhor opção – avalia. Uma das vantagens da moenda é processar muito mais cana do que o difusor em um mesmo espaço. “Em uma usina de grande porte, é possível utilizar uma moenda com capacidade de moagem extremamente grande. A unidade sucroenergética pode contar com uma moenda de 20 mil toneladas de cana/dia, enquanto o difusor pode ter uma capacidade máxima de 15 mil toneladas”, compara. Segundo ele, a questão do critério de escolha estar atrelado à necessidade de produção de açúcar de qualidade é polêmica. “Se o caldo obtido no processo de extração for tratado de maneira adequada, a usina vai fabricar um açúcar de boa qualidade, tanto utilizando moenda como difusor”, opina Em qualquer situação, há necessidade de contar com o tratamento correto para a solução dos problemas que surgirão. O caldo do difusor tem menos impureza mineral e tem mais “sujeira orgânica” dissolvida – diz. “No difusor, a cana fica dentro de uma caixa por uma hora a 90 graus. Além da sacarose, a água

Tratamento de caldo

quente extrai outros componentes que deverão ser separados mais adiante no processo. O tratamento químico, neste caso, tem que ser mais primoroso. O caldo do difusor é mais colorido”, detalha. (RA)


JC 244

4/23/2014

70

4:43 PM

Page 70

TECNOLOGIA INDUSTRIAL

Maio 2014

Laboratório pode ser o fiel da balança na unidade industrial Com uso de equipamentos modernos, análises têm papel importante no controle de qualidade e rendimento RENATO ANSELMI,

DE

CAMPINAS, SP

O laboratório industrial de unidades sucroenergéticas pode não ser tão badalado como sistemas de extração e tratamento de caldo ou etapas do processo voltadas especificamente para a produção de etanol, açúcar e bioeletricidade. Mas, não há como questionar a sua importância para controlar a qualidade da matéria-prima e do produto final. Com a utilização de equipamentos e instrumentos cada vez mais modernos, o laboratório cumpre papel importante para a avaliação de perdas em cada fase do processo produtivo, transmitindo dados diretamente para os sistemas de controle das usinas por meio da utilização de recursos da Tecnologia da Informação (TI). A tendência inclusive é o uso da automação nos equipamentos que fazem

Laboratório é fundamental para controlar a qualidade da matéria-prima e do produto final

parte dos laboratórios – revela um especialista da área – visando a diminuição de mão de obra e, consequentemente, a redução de custos, repetindo o que aconteceu em outras áreas

da unidade industrial. A ampliação das atividades de análises e controle em usinas e destilarias, com o objetivo de elevar a eficiência e o aumento da rentabilidade, tem atribuído um papel ainda mais importante ao laboratório. Exemplo disso foi o surgimento, na produção de etanol, da necessidade de controle da atividade das leveduras, sua viabilidade e da presença de microorganismos – responsáveis por infecções no mosto – que possam reduzir o rendimento da fermentação. Como consequência dessa demanda, o laboratório passou a realizar também análises microbiológicas. Outra mudança, nessa área, está relacionada à descentralização do laboratório, que foi exigida em decorrência da adoção do sistema de pagamento de cana pelo teor de sacarose. Usinas perceberam a necessidade do desenvolvimento dessa atividade em local mais próximo da recepção de cana na indústria. O laboratório acaba sendo o fiel da balança na unidade sucroenergética, afirma Tadeu Andrade, diretor da Universidade Canavieira, de Piracicaba, SP, que realiza diversos cursos on-line nas

áreas agrícola e industrial, incluindo o “Boas Práticas de Laboratório” e o “Metodologias Analíticas para o Controle do Açúcar e Álcool”, voltados para profissionais que atuam em laboratórios. Em relação à importância dessa atividade, ele enfatiza que uma leitura errada do teor de sacarose vai dar uma diferença substancial no pagamento de cana de uma usina. Não é só isto. Uma variação de leitura na análise de seus produtos terá um grande impacto no final da safra para uma usina que produz milhões de litros de etanol e milhares de quilos de açúcar – ressalta. O trabalho desenvolvido pelo laboratório industrial ganha uma dimensão ainda maior se for levado em conta a necessidade das usinas brasileiras estarem atentas às constantes alterações nos protocolos do comércio internacional de commodities, como a exigência por certificações e novos parâmetros de qualidade. A incorporação de novas tecnologias nas unidades sucroenergéticas, como as que estão voltadas à produção de etanol de segunda geração, expandirá ainda mais a atuação do laboratório industrial, que precisará desenvolver um trabalho cada vez mais especializado.

Capacitação profissional não atende necessidades da área Os instrumentos e equipamentos utilizados nos laboratórios tiveram uma evolução tecnológica muito grande e atendem as atuais demandas de usinas e destilarias, afirma Tadeu Andrade, que atuou por aproximadamente dez anos na direção da área de Pesquisa & Desenvolvimento do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC). Segundo ele, esse avanço não está sendo acompanhado, no entanto, pela formação e reciclagem de profissionais que atuam nessa área. “As usinas colocam para operar esses equipamentos, em diversos

casos, funcionários que não possuem formação profissional adequada”, diz As unidades sucroenergéticas não têm demonstrado grande preocupação com a capacitação dos profissionais que trabalham nos laboratórios – ressalta. As usinas contratam alguns funcionários para o laboratório que têm formação técnica. Outros são “caseiros”, formados na própria unidade – constata o diretor da Universidade Canavieira. “Mesmo os que são técnicos de laboratório não têm formação específica, na maioria dos casos, para análise de etanol,

açúcar, fibra. Esse grupo de profissionais cuida da análise de milhões de litros de etanol e milhares de quilos de açúcar”, comenta Na opinião de Tadeu Andrade, a grande crise que existe hoje é de capacitação profissional não só no laboratório, mas em toda a unidade. “Tanto na área industrial como na agrícola, o treinamento é mínimo”, ressalta. De acordo com ele, na aquisição de um equipamento é dada uma orientação geral. “Isto é considerado treinamento. Não se faz reciclagem”, critica. (RA)

Tadeu Andrade


JC 244

4/23/2014

4:43 PM

Page 71


JC 244

4/23/2014

72

4:43 PM

Page 72

TECNOLOGIA INDUSTRIAL

Atividade precisa estar sintonizada às mudanças de parâmetros É necessário também superar questões básicas, como a calibragem correta de equipamentos A atualização de profissionais, de equipamentos e de toda a infraestrutura utilizada no laboratório industrial é fundamental para a Bons resultados dependem de atualização de profissionais e equipamentos obtenção de bons resultados nessa área. Em alguns casos, as usinas têm dificuldades para laboratórios de usinas e destilarias enfrentam problemas acompanharem os novos parâmetros utilizados nos na superação de questões básicas. processos de certificação de seus produtos, afirma Tadeu Uma delas é a calibragem correta dos equipamentos Andrade. utilizados nessa atividade, exemplifica o diretor da Unidades sucroenergéticas acabam, em algumas Universidade Canavieira. “A calibragem é o alicerce do situações, terceirizando serviços nessa área, recorrendo a laboratório”, ressalta. Se isto não for feito de maneira laboratórios credenciados – observa. correta – diz –, não adianta aplicar normas, usar a receita Além de dificuldades de atualização em relação às de bolo completa. “Não adianta ter um equipamento hiper modificações de normas e constantes alterações nos calibrado e colocar um profissional despreparado para protocolos do comércio internacional de commodities, os operá-lo”, enfatiza. (RA)

Maio 2014

Curso aborda métodos analíticos para açúcar e etanol Para suprir demandas de formação técnica na atividade laboratorial, a Universidade Canavieira disponibiliza o curso online “Métodologias Analíticas para o Controle do Açúcar e Álcool” que aborda metodologias e procedimentos voltados à eficiência do processo de controle de qualidade, incluindo operação, calibração de equipamentos até a execução de ensaios técnicos. O curso aborda nove técnicas diferentes, sendo seis métodos analíticos para açúcar: determinação da cor Icumsa; polarização; cinzas condutimétricas; amido por espectrofotometria; dextrana por espectrofotometria e sulfito por espectrofotometria. Outros três métodos analíticos são voltados para etanol: determinação da massa específica e teor alcoólico em álcool etílico por densimetria eletrônica; acidez total em álcool etílico e potencial hidrogeniônico em álcool etílico anidro (pHe). A Universidade Canavieira oferece, nessa área, o curso “Boas Práticas de Laboratório”, que aborda qualidade e recursos do laboratório de análises; rastreabilidade das calibrações e medições; instrumentos do laboratório; reagentes e soluções; segurança em laboratório, entre outros assuntos. (RA)


JC 244

4/23/2014

4:43 PM

Page 73

Maio 2014

TECNOLOGIA INDUSTRIAL

73

Etanol 2G e gaseificação ampliarão exigências Com a utilização da biomassa para a fabricação de novos produtos, o trabalho do laboratório será ampliado e exigirá o aprimoramento de profissionais que atuam nessa área, alerta Tadeu Andrade. O próprio etanol 2G, que está prestes a ser produzido pelo setor sucroenergético brasileiro, requer análises que não são realizadas hoje em dia – afirma. É preciso identificar a quantidade de açúcar de seis carbonos (hexose), utilizado para a fabricação de etanol, que vai estar presente no processo para que ocorra a avaliação do rendimento – exemplifica. O laboratório terá também novas funções quando for viabilizada a gaseificação da biomassa, uma tecnologia que está mais

Curso online aborda metodologias e procedimentos laboratoriais

distante para ser colocada em prática. “É um processo para daqui a 10 anos, pois precisa evoluir bastante no Brasil”, observa. Com a gaseificação da palha e do bagaço, entre outros tipos de biomassa, será possível produzir adubo nitrogenado, adubo fosfatado, potássio, gasolina, etanol, metanol. “Se essa tecnologia estivesse pronta, o laboratório da usina não teria condições de realizar as análises exigidas pelo processo de gaseificação”, comenta. Segundo ele, é preciso inserir a atualização e a reciclagem profissional na agenda das atividades para que seja possível também acompanhar as mudanças que estão sendo proporcionadas pelas novas tecnologias. (RA)

Laboratório de pesquisa para etanol 2G


JC 244

4/23/2014

74

4:44 PM

Page 74

TECNOLOGIA INDUSTRIAL

Com Safra 360, usinas podem optar por produção contínua e parada curta de uma ou duas semanas

Maio 2014

SEM PARAR

ANDRÉIA MORENO, DA REDAÇÃO

A cada ano o setor sucroenergético deve otimizar suas paradas de entressafra e aproveitar o período para agregar novos produtos, como a cogeração de energia, gerando caixa e praticamente sem parar seu maquinário industrial. A proposta é de José Ieda Neto, consultor industrial da INEL Engenharia. Ele explica que a manutenção industrial irá existir porém de forma preditiva. “Essa revolução já deve começar agora, com capacitação de pessoas e adaptações tecnológicas. Somente a fabricação de açúcar e etanol não pagam as contas. Na entressafra é a melhor época

José Ieda Neto: manutenção industrial tornou-se inviável

para se produzir energia do bagaço. As paradas deverão ser repensadas e durar no máximo uma semana”. Ele cita o exemplo de uma fábrica de papel. “O empresário não compra uma fábrica de papel para ter que parar um ano depois para manutenção, essa tecnologia terá que durar mais tempo, até cinco anos, por exemplo”, diz. De acordo com o consultor, a mudança não será fácil tanto financeiramente como culturalmente, mas diz que é preciso tomar uma decisão de cada vez. “Não será fácil, mas vejo isso como uma tendência de futuro. A implantação de um projeto como esse que já está sendo estudado por uma usina do setor e deve durar de três a cinco anos”, revela o consultor. Para o especialista, por ser muito cara, a manutenção industrial está se tornando inviável. “O setor terá que agregar outros produtos para ajudar no seu orçamento como a cogeração e o etanol de segunda

geração. Também vejo que as usinas ainda poderão no futuro processar soja, milho. Por isso teremos que mudar aos poucos e realizar muitos treinamentos. A manutenção terá que ser preditiva e as unidades e os fornecedores vão precisar modernizar-se rapidamente para acompanhar o processo”, conclui. Valentin Rabaldelli, supervisor de administração do RGD da Dedini, explica que normalmente as usinas fazem as aquisições dos principais itens com antecedência, deixam alguns itens para o período da entressafra, e daqueles que só podem ser reformados ao término da safra. “Já temos sinalização de algumas usinas que desejam antecipar seus pacotes de manutenção nos próximos meses. A tendência do futuro é que as usinas parem um período bem menor para as manutenções. Para isso precisam se preparar com aquisição de componentes de reserva. A Dedini está preparada para

atender o mercado sucroenergético através do Sistema RGD na demanda de componentes que podem ser substituídos durante a safra e em paradas programadas”, lembra. Segundo ele, a manutenção sem paradas ou com uma parada reduzida é viável se as usinas adquirem componentes que possam ser fabricados durante a safra, período de baixa carga nas unidades fabril, e substituída nas paradas programadas ou no período da entressafra reduzida. “Evitando a necessidade de contratação em período de alta e dispensas nos períodos de baixa. Mas os custos poderão aumentar devido ao maior número de horas extras trabalhadas. Dessa forma, os custos tendem a ser maiores do que os normais. Assim ficaremos à disposição nas paradas por motivos de chuvas ou em uma parada programada mais reduzida onde os componentes antigos poderão ser trocados pelos novos”, reforça.

USINA FAZ MANUTENÇÃO DURANTE A SAFRA No interior do Paraná, há duas safras a Usina Dail (Clarion) de Ibaití realiza sua manutenção industrial durante período de safra já que trabalha apenas em horário comercial. A informação é de Edson de Medeiros, o Cheba, supervisor de produção da empresa. Segundo ele, nesta safra a empresa deverá também emendar o período de moagem com a safra 2014/15. “Geralmente a Clarion roda somente um horário, das 7h às 17h. Quando paramos fazemos a manutenção pendente, pois temos o intervalo de um dia sem moer em final de ciclo. Preferimos fazer a manutenção preventiva já há quatro safras”. Cheba explica que em final de safra a cana chega em volumes menores, mas quando começar o próximo ciclo em abril, o intervalo será menor. “A partir de abril a usina também deverá rodar somente um horário. Estamos rodando sem novidades, tranquilamente desta forma”, diz. Mauro Moratelli, gerente comercial de Serviços da TGM e Leonardo Matos, gerente de Serviços da TGM explicam que os tempos entre as safras são cada vez mais

Usina Dail (Clarion), de Ibaití, PR

curtos, por isso é crescente a quantidade de clientes que opta pela manutenção preditiva. “E esse é o caso da modalidade de Contrato de Longo Prazo (CLP) onde, durante a safra e operação dos equipamentos, é desenvolvida toda uma

rotina e sequência de análises, sendo possível acompanhar o estado dos equipamentos e desgaste natural dos componentes durante os anos, e determinar com antecipação o momento da substituição dos componentes. Na manutenção preditiva

o cliente opta por manter em sua planta um estoque mínimo de peças de reposição para uma rápida manutenção”, diz. Segundo os especialistas, ao se detectar, o desgaste de algum componente durante as análises, é possível em alguma parada programada durante a safra ou mesmo no final da safra, substituir somente o componente desgastado. “Nessa modalidade é reduzido, drasticamente, o tempo de serviços durante a entressafra, havendo até a possibilidade de não se fazer nenhuma intervenção nos equipamentos, reduzindo custos e antecipando a preparação para o próximo ano. A TGM acredita ser possível haver moagem constante no futuro próximo, dados os avanços no setor agrícola e da crescente crise energética. Inclusive possuímos clientes de outros segmentos que já operam durante todo o ano, com paradas programadas de poucos dias, onde não seria possível fazer a manutenção de todos os equipamentos em somente 10 ou 15 dias. Seguramente, o custo de uma manutenção preditiva é muito menor do que de uma manutenção corretiva de entressafra”, avaliam. (AM)


JC 244

4/23/2014

4:44 PM

Page 75


JC 244

4/23/2014

76

4:44 PM

Page 76

TECNOLOGIA AGRÍCOLA

Maio 2014

Erros sequenciais derrubam produtividade agrícola Queda é parcialmente atribuída ao acelerado processo de mecanização da colheita e do plantio RENATO ANSELMI,

DE

CAMPINAS, SP

A mecanização acelerada da colheita e do plantio nas lavouras de cana-deaçúcar é considerada um dos fatores para a queda da produtividade agrícola nos últimos anos. Erros sequenciais são responsáveis por resultados negativos – alguns deles “medíocres” rendimentos de 30 a 40 toneladas por hectare (TCH) –, segundo o engenheiro mecânico Luís Antonio Ferreira Bellini, presidente do Gmec - Grupo de Motomecanização do Setor Sucroenergético. Os problemas começam com a escolha do local onde será implantado o canavial, e prosseguem com o preparo, nivelamento e sistematização dessa área, plantio, cultivo, colheita e replantio = resume. “O que tem afetado a produtividade é um conjunto de procedimentos, principalmente os que estão ligados à mecanização”, ressalta. Na avaliação dele, o trabalho desenvolvido pelas plantadoras não apresenta a mesma qualidade que havia no plantio manual. “As colhedoras não colhem a cana da forma que era colhida manualmente. Anteriormente o corte não afetava tanto a soqueira, ocorria a preservação da entrelinha, a cana era cortada no melhor ponto dela”, afirma Luís Bellini que coordena reuniões do Gmec onde o tema qualidade das operações mecanizadas é bastante discutido. O próprio Grupo de Motomecanização realizou pesquisa, com a participação de aproximadamente 20 unidades produtoras, cujo resultado

Luís Antonio Ferreira Bellini, presidente do Gmec

apontou alta taxa de rejeição ao plantio mecanizado. Apesar da migração que está ocorrendo para esse sistema, o plantio

manual ainda foi considerado o que proporciona alto índice de satisfação entre os gestores agrícolas entrevistados.

O presidente do Gmec lembra que o plantio mecanizado nem sempre é uma opção, tornando-se uma imposição em diversas situações. Com o crescimento da colheita mecanizada, que já ultrapassou o índice de 87% no Centro-Sul, torna-se antieconômico manter um batalhão de trabalhadores para a realização do plantio manual, que ocorre em grande parte na entressafra. De acordo com Luís Bellini – que é também diretor da Belmec Consultoria e Assessoria Agrícola –, é necessário superar alguns problemas para que o plantio mecanizado possa apresentar resultados mais satisfatórios. Existe a necessidade de distribuir a cana de forma homogênea dentro do sulco, com uma boa quantidade de gemas viáveis para que ocorra a brotação, afirma. “Mas, isto nem sempre acaba acontecendo. Há muita falta de conhecimento técnico. A área agrícola da usina acha que plantou, porque sulcou e jogou terra por cima. Mas, em diversos casos, não sabe se tem cana lá embaixo e se essa cana vai brotar e, via de regra, não brota”, comenta. Segundo ele, existem usinas que fazem o plantio com mais qualidade, porque têm maior conhecimento do processo. “Mesmo assim não conseguem fazer igual ao plantio manual”, compara. Luís Bellini observa que nas novas fronteiras agrícolas de cana-de-açúcar, a performance da mecanização ficou comprometida devido à falta de experiência, que inclui profissionais do corpo operacional e do gerencial. Os maiores problemas no plantio mecanizado são a distribuição irregular de toletes e os danos causados às gemas durante a colheita de mudas – enfatiza. Para compensar essas falhas, a operação de plantio distribui gemas em excesso no sulco. “No plantio manual, 12 a 14 eram suficientes. No mecanizado, a usina acaba colocando 30 gemas por metro. Isto é custo. Fica caro demais”, diz.


JC 244

4/23/2014

4:44 PM

Page 77


JC 244

4/23/2014

78

4:44 PM

Page 78

TECNOLOGIA AGRÍCOLA

Maio 2014

Pisoteio das soqueiras também causa perdas expressivas Diversos problemas precisam ser equacionados para que a colheita mecanizada não afete o rendimento agrícola Não é somente ao plantio que deve ser atribuída a parcela de responsabilidade da mecanização na redução da produtividade agrícola. A colheita mecanizada, quando feita de maneira inadequada, também tem muito a ver com isto. “Sem dúvida o pisoteio das soqueiras está causando perdas expressivas nos canaviais”, afirma o engenheiro agrônomo José Alencar Magro, diretor da Camporfértil Assessoria e Consultoria Agronômica, de Ribeirão Preto, SP. Além de afetar o rendimento agrícola em toneladas por hectare, o pisoteio tem consequências negativas para a longevidade dos canaviais. Outro vilão da colheita mecanizada é o corte de base que está causando perdas significativas devido ao mau uso dos recursos da colhedora, constata Alencar Magro. Existem diversos problemas que precisam ser equacionados para que o corte mecanizado possa apresentar resultados mais positivos. “A superfície dos terrenos está sendo preparada de maneira inadequada, algumas variedades de cana não são as ideais, os espaçamentos não são apropriados e a formação dos operadores dos equipamentos está deixando a desejar”, observa. A questão da qualificação da mão de obra tem sido inclusive um desafio não só para colheita, como também para o plantio mecanizado. É preciso orientar os operadores das colhedoras sobre como devem ser usados os recursos da máquina para que não ocorram perdas e também para que não sejam transportadas cana com palha e terra, comenta o consultor. De acordo com Luís Bellini, do Gmec,

Rendimento médio chegou a 81,6 TCH na safra 2009/10 A produtividade média nos canaviais brasileiros manteve-se acima de 81 toneladas por hectare (TCH) entre as safras 2007/08 e 2009/10 quando alcançou 81,6 TCH, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A partir desse resultado positivo – a melhor performance desde o ano 2000 –, o rendimento começou a registrar queda, chegando a 67,1 TCH no ciclo 2011/12. Depois disso, a produtividade começou a trilhar um caminho de recuperação nas duas safras seguintes, chegando a 74,7 TCH em 2013/14. Os números não são nada animadores para uma cultura que tem potencial de rendimento muito maior – de acordo com especialistas –, principalmente se forem considerados os avanços agronômicos, como desenvolvimento de novas variedades, e de manejo da cultura. Apesar da queda ser atribuída parcialmente a fatores climáticos e econômicos, que criaram dificuldades para a adubação, realização de tratos culturais e renovação dos canaviais, não há como deixar de serem avaliados os efeitos indesejados causados pela mecanização acelerada. (RA) José Alencar Magro, diretor da Camporfértil

uma sequência de falhas que começa com a sistematização inadequada da área, também acaba interferindo na qualidade da colheita mecanizada. “Se os tratos culturais, o cultivo, o quebra lombo, o paralelismo não forem bem feitos, a colheita também será afetada”, avalia. Com a mecanização das lavouras, os gestores e a equipe operacional da área agrícola estão “reaprendendo” o manejo da

cultura. Para afastar a baixa produtividade e a diminuição da longevidade dos canaviais, é preciso também – segundo especialistas da área – adotar práticas que minimizam a compactação do solo, utilizar tecnologias para uniformização do espaçamento e da altura de corte de base, usar mudas pré-germinadas, aplicar fungicidas no plantio mecanizado, realizar treinamento intensivo de operadores, entre

outros procedimentos. Existe, na verdade, uma grande quantidade de medidas e de tecnologias que podem ser adotadas com a finalidade de tornar o processo de mecanização um grande aliado da qualidade, eficiência e rentabilidade. A escolha e o uso desses procedimentos estão diretamente ligados à realidade de cada unidade produtora. (RA)


JC 244

4/23/2014

4:44 PM

Page 79


JC 244

4/23/2014

80

4:44 PM

Page 80

TECNOLOGIA AGRÍCOLA

Maio 2014

CCT agora é CTT, para encarar novos desafios RENATO ANSELMI,

DE

CAMPINAS, SP

O Corte, Carregamento e Transporte (CCT) já não é mais o mesmo. Até o seu nome e sigla estão passando por mudanças. Em diversas unidades sucroenergéticas, esse setor que tem a importante incumbência de abastecer a indústria com matéria-prima “atende” agora pela denominação Corte, Transbordagem e Transporte (CTT). Há quem já batizou essa área de Colheita, Transbordagem e Transporte, utilizando também a sigla CTT. A alteração do nome é apenas uma das séries de mudanças que está ocorrendo nessa área em consequência da mecanização da colheita da cana-de-açúcar. Outra novidade nos últimos anos, que inclusive justifica a nova denominação é a presença cada vez maior de transbordos nos canaviais, que fazem a transferência de cana picada para os veículos de transporte. Aliás, tetraminhões, pentaminhões, rodotrens, ou seja, composições canavieiras cada vez maiores passaram a se tornar predominantes em polos sucroenergéticos. E, com os novos equipamentos de transporte, que podem apresentar um Peso Bruto Total Combinado (PBTC) superior a 100 toneladas, surgiram dificuldades com a “lei da balança” que limita o PBTC – no caso do

rodotrem – em 74 toneladas. (Leia matéria nas páginas 20 a 24) Esse impasse fez com que o Fórum Nacional Sucroenergético encomendasse detalhado estudo, que está sendo encaminhado ao Conselho Nacional de Trânsito (Contran), com o objetivo de pleitear a alteração da legislação vigente nessa área. Dizem que os avanços tecnológicos resolvem antigos problemas, mas criam novos. É isto que tem acontecido também com a mecanização do corte de cana-de-açúcar que deixou para trás os problemas ambientais causados pela queima da palha e as dificuldades geradas pela falta de mão de obra, para a colheita manual, em muitas regiões. Mas, apesar de ser considerado uma evolução, o sistema de mecanização da colheita carrega uma parcela da responsabilidade pela queda da produtividade agrícola devido ao pisoteio da soqueira, falhas no sistema de corte de base que aumentam as perdas no campo e a sistematização inadequada da área. Diversas questões que envolvem a colheita mecanizada têm sido discutidas, encaminhadas e algumas delas até mesmo equacionadas. As colhedoras, por exemplo, já apresentaram melhorias; novos procedimentos no preparo da área estão sendo adotados.

Pisoteio de soqueira, queda de produtividade, limites da “lei da balança” são alguns problemas que precisam ser superados


JC 244

4/23/2014

4:44 PM

Page 81

TECNOLOGIA AGRÍCOLA

Maio 2014

81

Espaçamento adequado otimiza colheita mecanizada Existe atualmente um amplo debate no setor sobre o melhor espaçamento que deve ser adotado no plantio com o objetivo de evitar o pisoteio da soqueira e otimizar a colheita mecânica de cana crua. Mudanças na bitola da colhedora criaram condições inclusive para a adoção do duplo alternado, com espaçamentos de 0,90 m x 1,50 m e 0,90 x 1,60 m, os mais utilizados nesse sistema que hoje tem sido a alternativa mais adotada para quem está fugindo do plantio convencional, com sulco simples (1,40 m ou 1, 50 m), e buscando uma solução para evitar o pisoteio. Além disso, o duplo alternado melhora o rendimento da máquina, que percorre até 40% menos em metros lineares de terreno em comparação ao plantio convencional (sulco simples), colhendo a mesma quantidade de cana por hectare. Alguns especialistas e profissionais de usinas estão apostando na volta do sulco base larga, pesquisado pelo IAA/Planalsucar na década de 70, que tem espaçamento de 1,80 metro, 2,00 m ou 2,20 m, possibilitando que máquinas e veículos trafeguem nos canaviais sem causar danos às soqueiras. Os defensores desse sistema argumentam que o base larga cria condições, entre outras vantagens, para uma melhor distribuição de mudas no sulco, o que possibilita também melhor brotação e aproveitamento de adubo.

Mercado disponibiliza novos equipamentos que reforçam “batalha” contra o pisoteio da soqueira

Na “batalha” pela preservação das soqueiras, o mercado tem disponibilizado algumas opções de equipamentos, como o

transbordo descentralizado com pneus de alta flutuação que anda na entrelinha sem causar problemas de pisoteio. Outra

inovação é a colhedora de duas linhas, utilizada em locais onde é adotado o sistema de plantio duplo alternado. (RA)


JC 244

4/23/2014

82

4:44 PM

Page 82

TECNOLOGIA AGRÍCOLA

Maio 2014

Falta de mão de obra qualificada é problema persistente Dimensionamento Para assegurar a qualidade das operações do corte, carregamento, transbordagem e transporte, há um desafio que ainda precisa ser superado pelo setor sucroenergético: o de formação e capacitação de mão de obra para a operação e manutenção de equipamentos. Persistente, esse problema se agravou nos últimos anos devido ao “boom” do setor automotivo como um todo, com recordes de vendas sendo batidos constantemente e a abertura de novas concessionárias de veículos, caminhões, tratores, colhedoras, implementos rodoviários e agrícolas, conforme avaliação de Luiz Nitsch, diretor da Sigma Consultoria Automotiva, de Bauru, SP A concorrência da safra de grãos de grande volume, que gerou alta demanda de veículos de transporte e de pessoal (motoristas, mecânicos, eletricistas, borracheiros, etc.) – afirma – tornou a situação ainda mais preocupante. Por esses e outros motivos, o setor perdeu

correto da frota evita interrupção da moagem

Setor perdeu parte de sua mão de obra especializada

parte de sua mão de obra especializada. Para recuperá-la, Luiz Nitsch propõe – entre outras ações – a formação contínua

de pessoas via treinamento intensivo e a adoção de uma política salarial compatível com o mercado. (RA)

“Fazer o óbvio” é a melhor maneira de reduzir custos Em meio a novos problemas e soluções, a gestão do CCT ou CTT se empenha para elevar a eficiência operacional e reduzir custos das atividades nessa área que ficam entre 24% e 35% do valor da tonelada de cana posta na mesa de recepção da usina, conforme cálculos de Luiz Nitsch. A realização de operações no campo de maneira correta, seguindo os parâmetros e a realidade de cada usina, é o melhor “remédio” para se obter a redução de custos de forma sustentável, sugere. Mas, não é isto o que acontece em diversos casos. “Usinas ficam se digladiando para ver quem colhe mais cana por dia. Este é o caminho mais curto para o crescimento geométrico dos custos de operação e principalmente de manutenção, sem falar na indisponibilidade mecânica”, comenta.

Segundo ele, perfis, tipos e topografias de solo, aliados à variedade das canas, geram diferentes resultados para máquinas de estado mecânico idêntico. “Parece que o pessoal responsável pelas operações de campo e da manutenção, salvo honrosas exceções, não consegue digerir este conceito”, alfineta. Luiz Nitsch enfatiza a necessidade das

usinas colocarem em prática o óbvio, ou seja, a sistematização total da área, a excelência na operação das máquinas e a manutenção primária impecável. Ele destaca inclusive que as colhedoras são máquinas sofisticadas hidráulica, mecânica, elétrica e eletronicamente, exigindo operação cuidadosa e manutenção criteriosa. “O CTT envolve outros equipamentos, como caminhões transportadores, caminhões rebocadores, implementos rodoviários, tratores rebocadores de transbordos, caminhões-transbordos providos de reboques, caminhões auxiliares (oficina, bombeiro, borracheiro), veículos ágeis para transporte de peças de emergência, almoxarifado/campo, etc. Toda esta frota deve estar em ordem, caso contrário haverá muitos percalços na safra”, enfatiza. (RA)

A eficiência operacional do CTT, com custos otimizados, tem a finalidade de assegurar o abastecimento da indústria durante todo o tempo – exceto quando isto não é possível por causa de adversidades climáticas –, evitando que ocorra a interrupção da moagem por falta de matéria-prima. Para que o trabalho do Corte, Transbordagem e Transporte alcance as suas metas, existe a necessidade de que ocorra, entre outros procedimentos, o dimensionamento correto da frota. No caso das colhedoras, precisa ser considerado o volume total de toneladas de cana que cada frente de trabalho deve contribuir para manter constante a moagem horária da indústria, afirma Luiz Nitsch. “Se a frente ‘X’ tem que contribuir com 3.000 toneladas, nas 24 horas, e considerando que a média histórica de colheita das máquinas, sem quebras graves, naquela área é de 500 toneladas a cada jornada de 17 ou18 horas, o dimensionamento seguro desta frente é incorporar sete colhedoras”, exemplifica. No cálculo do consultor de Bauru, a inclusão da sétima máquina acaba suprindo qualquer eventualidade. Além disso, ele afirma que são raríssimas as usinas brasileiras, operando em três turnos, que conseguem colher mais de 18 horas por dia. “Mas a indústria mói 24 horas. Este é o eterno descompasso”, ressalta. (RA)


JC 244

4/23/2014

4:44 PM

Page 83


JC 244

4/23/2014

84

4:44 PM

Page 84

TECNOLOGIA AGRÍCOLA

Maio 2014

Fitotécnico debaterá formas para manter produtividade elevada ANDRÉ RICCI

E

WELLINGTON BERNARDES,

DA

REDAÇÃO

Um dos grupos de estudo do setor sucroenergético que mais recebe participantes é o Fitotécnico. Em 15 de abril, cerca de 200 pessoas se reuniram no Centro de Cana IAC, em Ribeirão Preto, SP, para a 2ª reunião em 2014. Desta vez, o tema foi o manejo de sphenophorus levis, também conhecido como ‘bicudo-dacana’. Neste ano, de acordo com Marcos Landell, coordenador do Grupo, as reuniões foram programadas para conscientizar os produtores de que a produtividade pode ser melhor. “Temos meios de gerar saltos importantes na produtividade da cana-de-açúcar no Centro-Sul. Deveria ser proibido pensar em produzir a média histórica, que é 85 toneladas por hectare”. De fato, estão distribuídos ao longo do ano debates sobre pragas, agricultura de precisão, nutrição, controle de mato, novas variedades, qualidade de mudas, entre outros. “Claro que todos estes itens precisam estar alinhados com um bom planejamento. Juntos, podem, num futuro

Marcos Landell, coordenador Grupo Fitotécnico é um dos que mais recebe participantes

próximo, resultar em um salto importante de produtividade”, explicou. Questionado sobre a questão da mecanização neste cenário, Landell diz que a colheita, ao menos, já foi superada. Nesta etapa, de acordo com o pesquisador, o trabalho tem sido satisfatório, podendo, sempre, ser ajustado. Mas é no plantio que mora o problema. “Principalmente o volume de mudas que se coloca no sulco

ainda é algo para ser revisto. Além do custo ser maior, traz como consequência maior competição pelo excesso de touceiras que nascem no metro distribuído”, afirmou. Por fim, o especialista faz uma análise da safra 2014/15, que logo de início, se deparou com condições climáticas deveras diferentes. “Sempre falamos que uma safra não é igual a outra. Mas este ano não temos base para comparação. Tivemos, em

do Grupo Fitotécnico

janeiro e fevereiro, um período de severa seca e temperaturas elevadas, o que fez com que a planta perdesse água e não tivesse como repor. São danos irreversíveis, já que, ainda que haja precipitações a partir de agora, não substitui o outro. Não dá para definir de quanto, mas haverá redução”, afirma. A próxima reunião do Grupo Fitotécnico acontece em 27 de maio.


JC 244

4/23/2014

4:44 PM

Page 85


JC 244

4/23/2014

86

4:44 PM

Page 86

TECNOLOGIA AGRÍCOLA

Maio 2014

Muda pré-brotada proporciona melhor controle de espaçamento W ELLIGNTON B ERNARDES , D A R EDAÇÃO

Aconteceu nos dias 2 e 3 de abril a 4ª edição do Curso Teórico e Prático de Formação de Mudas Pré-brotadas, no Centro de Cana do IAC, em Ribeirão Preto, SP. Pioneira no desenvolvimento de MPB – Mudas PréBrotadas, o curso tem o objetivo de difundir a técnica de produção dessas mudas, que substituem o conhecido plantio do colmo-semente pela planta já em formação, reduzindo assim o volume de matéria necessária para plantio por hectare. Atualmente são gastos em média 18 toneladas por hectare para o plantio com o tolete. Com o uso da MPB seria necessário apenas uma tonelada para a mesma área. Outra vantagem é o controle de espaçamento do plantio, já que há controle do local das plantas, fato que não ocorre com o uso de colmo-semente, no qual o brotamento e sucesso do plantio são incertos. De acordo com Mauro Xavier, pesquisador do IAC e coordenador do curso, a preocupação é qualificar e formar bons viveiros. E assim resgatar os benefícios de tais processos de base de criação de viveiros de muda no setor. “Nada impede o uso e o desenvolvimento para áreas maiores, em escalas comerciais. Mediante ao baixo custo e facilidade no manejo, a técnica é acessível para todos os produtores”, explicou.

COMPARATIVO ENTRE (MPB) MUDA PRÉBROTADA E TOLETE DE CANA CONVENCIONAL Redução de volume de plantio Tolete – 18 a 20 toneladas/ha MPB – 1 a 2 toneladas/ha Garantia de sanidade Tolete – Sem tratamento MPB – Tratamento térmico e químico

Controle de espaçamento Tolete –Não há controle do local de brotamento MPB – Muda é transplantada já com a planta brotada, possibilitando o manejo do local de plantio

Custo Tolete – Baixo custo de implantação e baixo nível tecnológico; produto final com baixo valor agregado MPB – Baixo custo de implantação e baixo nível tecnológico, com produto final de elevado valor agregado.

MECANIZAÇÃO O plantio das Mudas Pré-Brotadas ainda não possui mecanização, é realizado com transplantadoras de hortifrutis, café e eucalipto. Uma possível demanda para o setor, com a consolidação dessas mudas é a fabricação de máquinas próprias para o plantio de MPB.

Mauro Xavier, pesquisador do IAC


JC 244

4/23/2014

4:44 PM

Page 87

AÇÃO SOCIAL & MEIO AMBIENTE

Maio 2014

87

Óleo de cozinha será atração na Copa Biodiesel fabricado com esse produto abastecerá veículos que farão transporte de convidados internacionais de eventos paralelos RENATO ANSELMI,

DE

CAMPINAS, SP

O biodiesel feito com óleo reciclado deverá ser uma das atrações paralelas da Copa do Mundo 2014. Uma das iniciativas para a divulgação desse biocombustível durante o evento está sendo colocada em prática pelo projeto Bioplanet, proposto pela Biotechnos Projetos Autossustentáveis, de Santa Rosa, RS. Entre outras ações, o Bioplanet prevê o uso do B20 (mistura de 20% de biodiesel adicionado ao diesel fóssil) em veículos que farão o transporte de convidados internacionais que participarão de eventos promovidos pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), conforme informações de Márcia Werle, presidente do Conselho da Biotechnos. Até o início de abril, já estava definido o uso de biodiesel, para essa finalidade, em Fortaleza, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Além disso, esse biocombustível será utilizado em geradores na Fan Fest que vai acontecer em Porto Alegre, RS, durante a Copa do Mundo. Para suprir a demanda de biocombustível nessas iniciativas estão sendo organizados Arranjos Produtivos

Márcia Werle, presidente do Conselho da Biotechnos

Locais (APLs) que serão responsáveis pelo fornecimento de biodiesel fabricado a partir de óleos e gorduras residuais (OGR). O projeto prevê a inclusão de catadores de materiais recicláveis e a educação ambiental de crianças e adolescentes. Outras ações estão sendo estruturadas, como o uso de uma usina móvel, para demonstrar a importância da utilização de óleo reciclado na fabricação de biodiesel. Uma das metas do Bioplanet durante a Copa do Mundo é o uso do B20 em

ônibus que transportarão as delegações (jogadores, comissão técnica) participantes da disputa. Segundo Márcia Werle, está havendo falta de apoio de órgãos oficiais para que essa iniciativa seja viabilizada, apesar do Bioplanet ter sido escolhido para integrar o Plano de Promoção do Brasil na Copa do Mundo de 2014 a partir de uma seleção pública de projetos. Segundo ela, o Bioplanet tem apresentado um resultado bastante positivo em relação ao envolvimento da

Bioquerosene abastecerá aeronaves em 200 voos comerciais Na terra e no ar, os biocombustíveis terão seu espaço assegurado no evento de futebol mais badalado do mundo. Companhia aérea transportadora oficial da Seleção Brasileira de Futebol na Copa do Mundo 2014, a Gol se prepara também para realizar cerca de 200 voos comerciais entre as cidadessede durante o evento, a partir de 12 de junho, com aeronaves que serão abastecidas com bioquerosene adicionada ao combustível Aeronaves serão abastecidas com bioquerosene comum. Deverá ser usado até adicionado ao combustível convencional de aviação 10% do produto sustentável nesses voos. Em 2012, durante a Rio+20, a empresa operou seu biocombustível produzido a partir de óleo de milho não primeiro voo com biocombustível em caráter experimental. comestível e gorduras residuais. A empresa pretende No dia do aviador, em 23 de outubro, a Gol fez o primeiro incorporar o uso de bioquerosene – adicionado a voo comercial, utilizando um Boeing 737-800 no trajeto querosene convencional de aviação – no abastecimento de entre São Paulo e Brasília, que foi abastecido com 25% de suas aeronaves nos próximos anos. (RA)

comunidade. O APL baseia-se no engajamento e o Bioplanet, sob a plataforma de mobilização da Copa é uma iniciativa que visa enfrentar, entre outros, o problema do descarte inadequado de 1,5 bilhões de litros de óleos residuais ao ano no meio ambiente por 50 milhões de residências e pequenos estabelecimentos do ramo da alimentação – detalha. “Considerando que um litro de óleo residual, segundo o Conama, contamina 12 mil litros de água, o envolvimento comunitário é fundamental. E, estamos surpresos com a mobilização dos estudantes e a capacidade produtiva dos catadores”, comemora. Lançado nacionalmente em 2013, o projeto já contabiliza resultados importantes, de acordo com a presidente do Conselho da Biotechnos. “Durante a Jornada Mundial da Juventude – JMJ Rio 2013, a execução do Bioplanet protegeu 60 milhões de litros de água e promoveu a redução de 12,6 toneladas de carbono equivalente (CO2e) com o uso de biodiesel em geradores de energia do palco do Papa Francisco e na orla de Copacabana”, exemplifica. O projeto vai utilizar a plataforma da Copa para se fortalecer visando a criação de uma conscientização ambiental de que é necessário dar uma destinação adequada ao óleo. “A ideia é levantar a bandeira de que o óleo de fritura não pode ir para o ralo da pia e que tem outras destinações nobres. E uma delas é para a produção de biodiesel”, afirma. “O Bioplanet é um projeto para sempre e não apenas para a Copa”, ressalta. Márcia Werle afirma que também “está em construção” a participação do Bioplanet na Olimpíada de 2016, que acontecerá no Rio de Janeiro.

B20 pode ser utilizado no transporte coletivo nas cidades-sede As ações de divulgação dos benefícios proporcionados pelo uso de biocombustíveis durante a Copa do Mundo não devem se restringir as ações do projeto Bioplanet. A União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio) está defendendo a implementação do B20 Metropolitano no transporte coletivo urbano das 12 cidades-sede da Copa do Mundo 2014. A iniciativa é considerada pela entidade como uma proposta objetiva para tornar realidade a “Copa do Mundo Verde” no Brasil. O setor de biodiesel pretende posteriormente expandir a utilização do B20 no transporte urbano, de maneira gradativa, para outras capitais. O B20 Metropolitano já é realidade em algumas cidades do Brasil. O exemplo de maior representatividade é o da cidade de São Paulo que utiliza essa mistura em 2.000 ônibus – informa a Ubrabio –, que transportam dois milhões de passageiros por dia. O biodiesel gera diversos benefícios para a saúde humana, a qualidade de vida e o meio ambiente. Com o B20 toda a população é beneficiada, pois o biodiesel, além de ser isento de enxofre, reduz significativamente os demais poluentes emitidos pelo diesel fóssil, inclusive os cancerígenos. (RA)


JC 244

4/23/2014

88

4:44 PM

Page 88

DESTAQUES DO SETOR

Maio 2014

Por Fábio Rodrigues – fabio@procana.com.br

Basequímica em festa

DuPont Escola

O Grupo Basequímica está em festa. A empresa, fundada em 1991, comemora no mês de abril os seus 23 anos de história, reconhecida pelo respeito ao indivíduo, à conservação do meio ambiente, à sociedade e aos seus negócios. Para celebrar mais um ano de tradição, a Basequímica contemplou os seus colaboradores com um café da manhã, preparado com muito carinho na sede do Grupo, no dia 1/4. O evento foi marcado pela descontração e também pelo momento de confraternização entre toda a equipe. O Grupo Basequímica conta com um complexo de quase 50 mil m² e cerca de 300 colaboradores. Hoje o Grupo mantém três empresas dentro da sua estrutura corporativa, sendo a Basequímica a matriz do grupo, contando com uma linha de 300 itens variados de produtos químicos. ARQUIVO ERB

Novo disjuntor da ABB

TGM participa da inauguração de cogeração na Bahia

A ABB criou a combinação perfeita de controle, facilidade de uso, conectividade e desempenho, para atender as demandas atuais de eficiência e antecipando as necessidades do futuro. O Emax2 contém recursos novos para o mercado, superiores às soluções existentes, sendo a melhor escolha para as necessidades das redes de baixa tensão. O produto não somente protege, mas também monitora a alimentação e controla as instalações elétricas com eficiência e simplicidade, desde as mais tradicionais, até as mais complexas, tornando-se um gerenciador de energia completo. O Emax2 possui vários recursos que, ou são totalmente novos para o mercado ou superiores às soluções existentes, sendo a melhor escolha para as necessidades das redes de baixa tensão. Veja mais no site: www.abb.com.br.

No final de março, foi inaugurada a primeira planta de cogeração de energia a vapor a partir da queima de biomassa de eucalipto, no Complexo Industrial de Aratu, em Candeias, BA. O projeto, pioneiro no setor petroquímico e o primeiro da ERB em parceria com a TGM a entrar em funcionamento no Brasil, abastece a maior unidade da Dow, com energia limpa, substituindo parte do gás natural que abastece a empresa atualmente. O equipamento fornecido é uma

Turbina TGM de reação de 17 MW de potência, modelo BTE 32 com extração controlada que fornecerá dois tipos de vapor ao processo da Dow, sendo 17 e 6 bar (angel) de pressão e, ainda, energia elétrica. Com este projeto, a Dow substitui 150 mil metros cúbicos diários de gás natural.

A DuPont Proteção de Cultivos, em parceria com a Secretaria de Educação do município de São João da Ponte (MG), realizou no último dia 21 de março a entrega de prêmios na Escola Municipal Belarmina Ferreira da Silva. A companhia é mantenedora do programa socioambiental DuPont Escola, que incentiva a produção de textos e trabalhos artísticos sobre boas práticas agrícolas. O projeto focaliza a valorização da vida no campo e o papel central desempenhado pelo agricultor na segurança alimentar dos brasileiros. O vencedor do melhor desenho e redação, com o tema “Meu herói, o agricultor”, foi o estudante Patrick Fernandes Silva. Ele foi contemplado com uma bicicleta. A escola recebeu da DuPont um microcomputador com impressora. Participaram do projeto 51 alunos do 4º e 5º anos do ensino fundamental. Na solenidade de premiação, a empresa apresentou a esse grupo de alunos uma palestra sobre a importância da sustentabilidade da atividade agrícola. DuPont Escola faz parte da plataforma Segurança e Saúde no Campo, o programa de caráter socioambiental da DuPont que concentra investimentos em 5 projetos focalizados no uso correto e seguro de defensivos agrícolas e na preservação do meio ambiente.

Destaque-se Sugestões de divulgação de lançamento de produtos, informativos, anúncios de contratações e promoções de executivos e demais notas corporativas ou empresariais devem ser enviadas a Fábio Rodrigues, email: fabio@procana.com.br


JC 244

4/23/2014

4:44 PM

Page 89


JC 244

4/23/2014

90

4:44 PM

Page 90

NEGÓCIOS & OPORTUNIDADES

Maio 2014

Empresa lança motobomba Nufarm oferece linha de defensivos para cultura da cana-de-açúcar para queima de etanol A Germek Equipamentos, empresa com 32 anos de mercado projeta, fabrica, comercializa e aluga, grupo geradores e motobombas para as mais diversas aplicações, como: combate a incêndio, industriais, agrícolas e sucroalcooleiro. A empresa lança comercialmente a primeira motobomba no mercado nacional concebida inteiramente para queima de etanol como combustível. Na contramão da crise que o setor sucroenergético atravessa, Primeira motobomba concebida inteiramente que também afeta a todos os para queima de etanol como combustível fornecedores da cadeia e faz ainda com que os investimentos e pesquisas sejam Algumas experiências anteriores já drasticamente reduzidos ou “congelados”, a haviam sido feitas e propagandas com muito Germek Equipamentos inova e acredita alarde, mas não houveram comprovações de ainda mais que melhores dias estão por vir. resultados efetivos viáveis. O uso de blocos Neste lançamento traz sua contribuição de motores e componentes mal adaptados, para diminuição de custos e da dependência utilização de motores veiculares de alta externa para a área agrícola das unidades rotação foram alguns dos caminhos produtoras de etanol, inicialmente abraça o escolhidos e resultaram na pouca setor de fertirrigação que há décadas faz uso durabilidade e baixa vida útil dos de motobombas diesel ou para aspergir ou equipamentos, deficiências estas que o setor para levar a vinhaça até a lavoura de canaabomina. de-açúcar e num próximo passo, levar o etanol para outras aplicações que Germek demandam uso de fontes de energia hoje 19 3682.7070 dominados pelo diesel. www.germek.com.br

Alinhada com sua missão de trazer soluções aos produtores oferecendo produtos e serviços que promovam o seu sucesso bem como de seus Distribuidores, a Nufarm obteve mais um importante registro: o herbicida Nufuron, para cultura da cana-de-açúcar. Herbicida do grupo químico das Sulfoniluréias, tendo como princípio ativo o Metsulfurommetílico 600 g/Kg WG, usados na aplicação em pré-emergência das plantas daninhas de folhas largas. Com isso, a Nufarm demonstra a importância de participar deste setor com seu portfólio, através dos Herbicidas: crucial

(Glifosato de alta concentração, mistura de dois sais, o que confere sua diferenciação no potencial de controle das plantas daninhas); U-46 BR (pós-emergente sistêmico à base de 2,4D 600 g/L de ácido 806 SL); Navajo (800 g/Kg de ácido do 2,4D, em formulação exclusiva 970 WG – única no mercado); Cention SC (Diurom 500 g/L); SUMYZIN 500 (Flumioxazin, pré-emergente seletivo) e do Inseticida NUPRID 700 WG (Imidacloprid com tecnologia Nufarm). Nufarm 11 2133.8866 www.nufarm.com.br

Fachada da Nufarm

Empresa faz análise minuciosa nos Empresa oferece peças novas com pneus para consertos de vulcanização valor próximo aos recondicionados Fundada em 1993 a Mult Pneus se destaca no mercado pela qualidade de seus serviços, sendo referência em vulcanização e duplagem de pneus. Sempre atenta ao meio ambiente, a empresa passou a ser o ecoponto de Ribeirão Preto, SP, onde são recebidos os pneus sucatas inservíveis ou pneus desgastados que são enviados para empresas homologadas onde é descartado de forma ambientalmente correta, conforme a Resolução Conama 416 de 30/09/2009. A empresa faz uma análise minuciosa nos pneus para consertos de vulcanização e após verificar as condições dos pneus e atestar que podem ser consertados, eles são enviados para o processo de “lpara”, que é um vulcanizador, que mantém a qualidade e segurança no serviço prestado. A empresa também trabalha com a duplagem de

pneus agrícolas que recebe um reforço de lona para trabalhos extremos e extrapesados. A Mult Pneus possuí os equipamentos mais modernos e uma equipe devidamente preparada para este tipo de trabalho com duplagem de pneus agrícolas. A empresa atende todo o Brasil com uma equipe especializada e transporte próprio. Mult Pneus 16 3628.4436 www.multpneus.com

Desde 1965 atuando no mercado de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, além de Minas Gerais e Goiás, o Grupo Auto Peças Maurilio oferece ao setor sucroenergético uma gama de produtos fabricados no Brasil, como câmaras de freio e válvulas pneumáticas, todos com garantia de fábrica. Os produtos contam com o dobro de segurança e durabilidade quando comparados com os recondicionados oferecidos no mercado. Em parceria com a empresa “Engatcar”, o Grupo Auto Peças Maurilio tem como objetivo oferecer peças novas com um valor próximo aos usados. A empresa dispõe também de toda linha de implementos rodoviários e canavieiros, representando e distribuindo as mais importantes marcas do mercado, entre elas: Gaff, Ferrol, Casappa, Engatcar e Mauv. Com produtos 100% fabricados no Brasil, o Grupo Auto Peças Maurilio oferece também toda a linha de conexões, tomadas de força, comandos e bombas hidráulicas. Tradição e confiança que faz a empresa a cada dia zelar por seus parceiros.

SOBRE A EMPRESA A Auto Peças Maurílio nasceu como fruto de muito trabalho e esforço de seu empreendedor. Um começo simples,

dispondo apenas de uma locação pequena em um espaço de oficina para realizar serviços de soldagem. Ali nasceram os pilares da Auto Peças Maurílio: trabalho que tem ênfase na qualidade e no relacionamento de longo prazo com o cliente, funcionários e fornecedores. A evolução para a atenção total na satisfação dos seus parceiros, com foco na solução e em como agregar o valor de uma empresa preocupada com o atendimento, e respeito ao cliente, centrada numa fórmula de negócio justo, na qual todos ganham. Esta é a chave para do sucesso da Maurílio Auto Peças Auto Peças Maurilio 16 3626.0716 www.autopecasmaurilio.com.br


JC 244

4/23/2014

4:44 PM

Page 91

NEGÓCIOS & OPORTUNIDADES

Maio 2014

91

Magíster produz peças para a próxima entressafra Mesmo sendo recente o início oficial da safra da região Centro-Sul, no último dia 1º de abril, a Magíster de Sertãozinho, SP, já dispõe de uma carteira considerável de pedidos para fornecimento de peças e serviços para o próximo período de revisão das usinas que ocorrerá em dezembro deste ano. Esta antecipação por parte de vários grupos de usinas, se deve ao fato de que os períodos de entressafra estão cada vez mais curtos, e com isto, as usinas estão se preocupando em adquirir componentes de moendas antecipadamente. “Nesta última entressafra, não tivemos mais do que 45 dias úteis entre o recebimento, execução do reparo, revisão e devolução dos componentes para nossos clientes”, comenta Marcos Mafra, diretor da Magister. Segundo ele são vários os itens cruciais de moendas que normalmente atrasam a montagem e que podem ser adquiridos durante o transcorrer do ano, como: camisas e flanges de moendas, bagaceiras, pentes, desfibradores, martelos e facas, componentes estes, fabricados, revestidos ou reformados pela Magíster. Ainda segundo Mafra, esta antecipação não só beneficia a redução de tempo de montagem na entressafra, como melhora os aspectos econômicos da negociação, uma vez que, ocupando a ociosidade do parque fabril das empresas, os custos tendem a ser menores e naturalmente, a economia na produção das

açúcar de álcool.

ESPECIALIDADES

Mandrilhadora em operação na Magíster

peças é repassada para as usinas. Portanto, manter peças reservas nas usinas torna-se um bom negócio.

SOBRE A EMPRESA A Magister está estrategicamente situada no parque industrial de Sertãozinho, SP, cidade que abriga um dos maiores polos fabris para o setor

sucroalcooleiro, a Magíster, com amplas e modernas instalações, em local de fácil acesso para veículos pesados e de grande porte. Conta com equipe de profissionais do mais alto nível técnico, continuamente treinados e qualificados para realizar múltiplas atividades nas áreas de soldagem, corte e usinagem em componentes e equipamentos industriais para usinas de

Revestimentos convencionais ou especiais em bagaceiras e pentes de moendas Metalização de bagaceiras, pentes, rodas dentadas etc Revestimentos automatizados ou manuais em camisas de moendas Fabricação ou reforma de flanges de moendas Fabricação ou reforma de placas desfibradoras Fabricação ou reforma de placas de rotores de desfibradores e picadores Fabricação, recuperação e revestimento de martelos desfibradores e facas Reforma de rodetes e engrenagens em geral Recuperação de carcaças e componentes de bombas Recuperação e usinagem de acoplamentos em geral Soldagem ou restauração dimensional em eixos em geral Serviços de oxi-corte e corte plasma automatizado Usinagem de peças em geral

Magíster 16 3513.7200 www.magister.ind.br


JC 244

4/23/2014

92

4:44 PM

Page 92

NEGÓCIOS & OPORTUNIDADES

Maio 2014

Prolink Correntes completa 20 anos Instalada em Piracicaba, interior de São Paulo, a Prolink Correntes atua na fabricação e prestação de serviços de correntes e equipamentos transportadores em todo o Brasil e América Latina, atendendo aos mais diversos mercados como: sucroenergético, agrícola, papel e celulose, sucocítrico, cimento e mineração, entre outros. Em 2014, a Prolink Correntes completa 20 anos de atuação no mercado e se destaca por ter uma equipe altamente qualificada e por investir em equipamentos de alta tecnologia, sempre com o objetivo de melhorar a qualidade e confiabilidade de seus produtos, além de manter grandes estoques para atender todas as necessidades

dos setores em que atua. Para isso, a Prolink Correntes possui um laboratório dentro de sua fábrica, com equipamentos de última geração, testados e aferidos constantemente, com o intuito de analisar todos os materiais produzidos, seguindo todas as normas e padrões de qualidade. Além da fabricação, a Prolink Correntes presta serviços de manutenção e reforma em correntes e equipamentos transportadores, mantendo a mesma qualidade de produtos novos em seus produtos reformados. Prolink Correntes 19 3423.4000 www.correntesprolink.com.br

Vista aérea da Prolink Correntes, em Piracicaba, SP

Bancada de teste para componentes hidráulicos de equipamentos agrícolas

u

Cohybra vende bancada de teste para o Grupo Odebrecht A venda de mais uma bancada de teste para o Grupo Odebrecht marca o início de ano da Cohybra, Desta vez o destino é a Angola. A Cohybra Hidráulica está fornecendo para o Grupo Odebrecht (Biocom – Angola), mais uma moderna bancada de teste para componentes hidráulicos de equipamentos agrícolas, esta bancada de testes fabricada pela Cohybra é referência nacional, sendo a segunda adquirida pela Odebrecht Agroindustrial. A primeira que se encontra na Unidade Conquista do Pontal opera à quase três anos sem ter necessidade de uma manutenção pela Cohybra até hoje,

confirmando a satisfação da qualidade do equipamento. Temos a compra deste novo teste para exportação. “Esta bancada além de possuir o que há de mais moderno na área hidráulica, simulando o funcionamento de uma colhedora de cana é equipada com um potente motor a diesel, aumentando sua durabilidade e criando maior adaptabilidade para qualquer ambiente por não precisar de uma rede elétrica para seu funcionamento. De fato, atualmente, uma das melhores do mercado”, afirma Valtencir Figueiredo, vulgo Paraná.

Prontos para a safra de 2014 Iniciou-se mais uma safra para a maioria das usinas nos meses de abril e maio. Pensando no aumento constante da colheita mecanizada, que de acordo com a Unica — União da Indústria de Cana-de-Açúcar, encontra-se com 88,8% da colheita no Estado de São Paulo, a Cohybra está cada vez mais preparada para atender, desde os clientes mais exigentes aos pequenos produtores, com extrema agilidade. “O segredo da agilidade no nosso atendimento 24 horas é sem dúvida nossa ampla base de troca, com cerca de 300 itens entre motores, bombas e cilindros das diversas marcas de colhedoras. Outro ponto

importantíssimo é uma grande equipe e ampla frota de veículos novos”, afirma Alex de Angelis, proprietário da Cohybra. “A safra 2014/15 será semelhante a do ano passado, pois a baixa rentabilidade do setor, motivado pelo preço da gasolina e o preço internacional do açúcar não incentivou a ampliação da indústria, mas devemos estar preparados e otimistas por uma melhora”, comentou Cleiton de Angelis, também proprietário da Cohybra. Cohybra 16 3041.2225 www.cohybra.com.br

w


JC 244

4/23/2014

4:44 PM

Page 93

Maio 2014

NEGÓCIOS & OPORTUNIDADES

Renk Zanini exporta Torqmax 2.0® para países da América do Sul A Renk Zanini acaba de fechar duas vendas importantes para grandes usinas açucareiras da Colômbia e Peru. Nos últimos anos, a empresa consolidou sua presença no continente com participação expressiva em países como Peru, Colômbia, Bolívia, Argentina e Equador. Desta vez, os Torqmax 2.0® foram destinados ao Ingênio Mayaguez na Colômbia e ao Ingenio Cartavio no Peru, ambos já clientes tradicionais da Renk Zanini e defensores da tecnologia e confiabilidade dos redutores Torqmax®. Consagrado no Brasil e no exterior, este tipo de acionamento é o preferido pelas usinas, pois além de oferecer a confiabilidade necessária para o processo de extração da cana-de-açúcar, representa a melhor relação custo-benefício do mercado, de acordo com a Renk Zanini. O Ingênio Mayaguez, situado na cidade de Cali, grande produtor de açúcar, etanol e energia elétrica, irá substituir um redutor planetário por um Torqmax 2.0®, que será instalado no segundo terno da moenda de 84” da usina. No total são quatro Torqmax® em operação no Mayaguez. Já o Ingênio Cartavio adquiriu um novo Torqmax 2.0 para sua moenda de 78”, o qual também irá substituir o acionamento planetário. O novo Torqmax 2.0® será o terceiro equipamento em operação no local. O Ingênio Cartavio faz parte do Grupo Glória – maior grupo açucareiro peruano ̶ , responsável pela produção de 60% do açúcar produzido naquele país: um verdadeiro conglomerado industrial com negócios presentes na Argentina, Porto Rico e Equador. De acordo com o responsável pelas exportações dos novos redutores, Marcelo Scatena, o Torqmax 2.0® suporta safras contínuas e oferece o bom desempenho que as usinas da América Latina necessitam, com baixos custos de manutenção, menores custos operacionais, alta performance e maior rendimento energético. Renk Zanini 16 3518.9001 www.renkzanini.com

Torqmax 2.0: confiabilidade garantida

93


JC 244

4/23/2014

94

4:44 PM

Page 94

NEGÓCIOS & OPORTUNIDADES

Maio 2014

Seletividade de herbicidas é base do sucesso do controle químico Um dos processos mais importantes no cultivo da cana é o controle da matocompetição, que está baseado no método químico em quase todas as áreas. É um processo complexo porque o resultado final depende de vários fatores relacionados ao cenário, como: solo, clima, tipo de canavial e manejo, herbicidas — características, ação, doses — e às plantas daninhas — população, infestação, propagação, estágio e distribuição da emergência. O resultado esperado é o melhor controle sem danos ao canavial. Eficiência sem seletividade ou seletividade sem controle é relativamente fácil. Mas atingir os dois objetivos é que faz esse processo ser mais complexo. Um controle deficiente pode provocar perdas da ordem de 20 a 30 t/ha de cana em um canavial com produtividade estimada em 100 t/ha. Por outro lado, trabalhos mostram que a intoxicação da cana-de-açúcar por herbicidas podem acarretar perdas na ordem de 10 a 20 t/ha (Montorio et al., 1997) e de 14 a 19 t/ha (Fagliari, et al., 2001). Sendo assim, a decisão sobre o melhor tratamento ocorre sob a pressão de dois fatores de perdas de produtividade: o risco de perdas por mato-competição devido a um controle deficiente e o risco de perdas de produtividade por intoxicação irreversível por herbicidas. É preciso equilibrar os dois lados. Uma forma de

Eficiência na seletividade resulta em aplicações sem danos ao canavial

Tratamento químico Dentre os fatores relacionados aos tratamentos químicos podem se destacar a dose utilizada, a combinação de produtos e a formulação. Os componentes presentes na formulação também podem influenciar na seletividade de herbicidas para a cultura. Segundo Oliveira Júnior & Inoue, 2.011 substâncias conhecidas como adjuvantes são geralmente adicionadas para melhorar as propriedades de formulações líquidas e podem aumentar ou diminuir a toxicidade de certos herbicidas.

PLANTAS E SUAS CARACTERÍSTICAS A variedade da cana-de-açúcar é um fator de seletividade importante, porém poucos estudos têm sido dedicados neste sentido. As respostas das variedades aos herbicidas se devem à sua morfologia e/ou metabolismo. Para aplicações em área total, outro ponto importante é o estágio do canavial no momento da aplicação. Existem herbicidas que podem ser aplicados sobre a cana brotada, independentemente do porte, desde que não haja limitação na distribuição uniforme da calda no alvo. São exemplos desse grupo; s-metolachlor, metribuzim, mesotrione, atrazina e o 2,4 D.

FATORES DO SOLO, CLIMA E MANEJO Sob a ótica da seletividade, canaviais em solos mais adsortivos toleram maiores doses quando comparados aos canaviais em solos menos adsortivos, principalmente quando a via de absorção principal é a radicular. Sendo assim, a escolha dos tratamentos deve

passar pela textura do solo e os teores de matéria orgânica do local. Para alguns produtos é necessário ainda adequar a dose em função da umidade de solo ou mesmo da proximidade da época úmida em relação ao momento de aplicação. O ciclo produtivo da cana também é importante. Em relação à seletividade, todos os herbicidas utilizados em cana planta podem ser utilizados na soca. Por outro lado, nem todo herbicida que é utilizado em cana-soca pode ser aplicado em cana-planta com segurança. Em áreas de plantio, a preocupação com o estabelecimento do estande do canavial limita a utilização de certos produtos. Isso ocorre principalmente pela fluidez e desnivelamento do solo. Nestas condições é muito comum o deslocamento de herbicida para as regiões mais baixas, justamente onde são depositadas as mudas no plantio. Essa situação pode provocar altos níveis de intoxicação e falha no estande do canavial. Nas socas, devido à maior estabilidade e nivelamento do solo, o risco deste problema é menor. Extraído do artigo original: Seletividade de herbicidas para a cultura da cana-de-açúcar. Autorizado pelos autores: Marcos Kuva e Tiago Salgado, ambos da Herbae Consultoria e Projetos Agrícolas Ltda Syngenta 11 5643.2049 www.syngenta.com.br

racionalizar a tomada de decisão é modificar o paradigma e passar a calcular o custo por tonelada produzida ao invés de considerar o custo por unidade de área. A seletividade de herbicidas é a base para o sucesso do controle químico de plantas daninhas; uma medida da resposta de diversas espécies de plantas a um herbicida. Quanto maior a diferença de tolerância entre a cultura e a planta daninha, maior a segurança de aplicação (Oliveira Júnior & Inoue, 2011). A seletividade dos herbicidas é uma manifestação das complexas interações entre plantas, herbicidas e ambientes. Os herbicidas utilizados na cana, quando promovem intoxicação na cultura, podem resultar em sintomas aparentes ou em danos ocultos. Os sintomas aparentes são aqueles que podem ser detectados visualmente mesmo na ausência de testemunha e dependem do modo de ação do herbicida. Podem ser temporários e não reduzir a produtividade ou permanentes causando perdas de produtividade. Já nos danos ocultos não há sintomas visuais na parte aérea, mas há redução significativa de crescimento e até produtividade. Na ausência de testemunhas estes danos podem passar despercebidos. A seletividade de tratamentos herbicidas para cana-deaçúcar é função de fatores relacionados ao tratamento, plantas, e solo.

Variedade da cana um fator de seletividade importante


JC 244

4/23/2014

4:44 PM

Page 95

NEGÓCIOS & OPORTUNIDADES

Maio 2014

95

Fila única de transbordos otimiza tempo e equipamentos na colheita Líder em automatização agrícola no setor de bioenergia do país, a Solinftec desenvolve e produz equipamentos e tecnologias para automatização de ativos móveis e processos de logística da agroindústria. São computadores de bordo, monitoramento on-line, certificado digital de cana, entre outras soluções, voltadas a otimizar o processo de colheita da cana desde o campo até a usina. Uma das tecnologias desenvolvidas pela empresa que mais tem se destacado é a fila única de transbordo, que organiza de forma automática uma fila de transbordos no malhador para atenderem as colhedoras que necessitarem de um novo transbordo. O sistema forma automaticamente a fila, calcula a porcentagem de enchimento dos transbordos envolvidos na colheita e determina o momento exato de chamar um novo transbordo. A automação permite que todo o processo aconteça com a mínima intervenção dos operadores, envolvendo somente o operador do transbordo que aceita ou não o chamado da colhedora. A operação é realizada pelos computadores de bordo MAG300, produzidos pela Solinftec e instalados nas colhedoras e transbordos, e utiliza o MAG400 nos transbordos, no qual o operador obtém ajuda visual para navegação com informações detalhadas do processo. A fila única de transbordos funciona com suporte de uma rede de telemetria que

permite a intercomunicação em rede própria de 900MHz. Através dela, todo o processo de comunicação entre os computadores de bordo das colhedoras e transbordos na frente de corte se realiza de forma automática, sem depender das redes de telefonia celular GPRS.

VANTAGENS O sistema de fila única de transbordos Solinftec tem demonstrado um aumento significativo no tempo produtivo das máquinas. Sem a fila, as colhedoras perdem até duas horas aguardando

transbordos. Além de diminuir o tempo perdido, o sistema otimiza a quantidade de transbordos necessários para realizar a tarefa. “Um exemplo disso são os resultados de testes pilotos realizados na safra passada pela Raízen, na usina Bom Retiro, que fizeram o grupo decidir instalar o sistema em suas 21 unidades ainda em 2014”, afirma Anselmo Del Toro Arce, diretor de desenvolvimento de negócios da Solinftec.

NOVIDADES Além da tecnologia da fila única de

transbordos, a Solinftec lança vários novos produtos no mercado em 2014, tais como: a rede de telemetria SolinfNet, sistema de controle on-line de pneus, sistema de alerta por aproximação entre máquinas e pessoas, painel de monitoramento de tráfego de caminhões, painel de gerência assistida (PGA) e painel de metas produtivas, entre outros. Solinftec 18 3441.0238 www.solinftec.com


JC 244

4/23/2014

96

4:44 PM

Page 96

NEGÓCIOS & OPORTUNIDADES

Maio 2014

Banjo Corporation passa a ter representante no Brasil

Empresa disponibiliza difusores modulares sem correntes de até 25.000 tcd

A americana Banjo Corporation, fundada em 1959, é focada no desenvolvimento de soluções para o trabalho com líquidos, possuindo um leque de produtos extenso e reconhecidamente de alta qualidade, como válvulas, filtros, bombas de transferência, válvulas elétricas, tampas, fluxômetros, desconexões secas, acessórios para tanques IBC e infinitas opções de conexões e engates rápidos. Em 2011, finalmente, a Banjo Corporation passou a contar com um representante no Brasil responsável por suas atividades, fazendo a ponte entre os clientes sul-americanos e a matriz nos EUA. "Para as multinacionais que trouxeram a Banjo já embarcada em seus projetos, os desafios foram menores, pois era necessário um suporte maior no entendimento de processos de exportação, que são complexos, e no atendimento ao pósvendas. Porém os fabricantes locais têm necessidades diferentes, mesmo porque o poder financeiro também é diferente, mas a Banjo sempre se demonstrou disponível a fazer todos os esforços para atender essas empresas da melhor maneira possível. Isso explica o sucesso da Banjo na

A Bosch Engenharia estabeleceu-se em Piracicaba, SP, em 2008, quando o conceito do difusor modular sem correntes foi introduzido no Brasil. Como parte da empresa Bosch Projects, situada na África do Sul, a empresa oferece tecnologias, equipamentos, gerenciamento de projetos, engenharia e serviços de consultoria para o setor de açúcar, etanol e energia, para o Brasil e em toda a América Latina, além de outros países. Nos últimos 6 anos, 9 difusores modulares sem correntes foram instalados na América Latina, sendo que o maior deles tem capacidade para 20.000 tcd. Agora, a Bosch Engenharia desenvolveu ainda mais esta tecnologia e oferece unidades de até 25.000 tcd. Com muitas instalações ao redor do mundo, também oferecemos outros

Sede da Banjo Corporation nos EUA

América do Sul, onde temos 90% dos fabricantes utilizando produtos Banjo e com crescimento médio de 100% ao ano." comemora Marlon de Oliveira. Hoje a Banjo está estruturada no Brasil com 03 distribuidores, além de seu próprio gerente. A Agrishow é estratégica para a Banjo, pois é a oportunidade para representantes da diretoria visitarem o Brasil e coletarem informações de seus clientes para dar continuidade ao trabalho da empresa: o contínuo desenvolvimento de produtos de alta qualidade. Maiores informações com Marlon de Oliveira, gerente de desenvolvimento de mercado, através do e-mail: mdeoliveira@idexcorp.com. Banjo Corporation 19 99702.3247 www.banjocorp.com

equipamentos para a indústria de açúcar, etanol e energia, incluindo cozedores contínuos a vácuo, como o que está sendo instalado na Usina São Martinho. A Bosch Engenharia também oferece serviços de consultoria, engenharia e gerenciamento de projetos. Outro serviço oferecido é gestão terceirizada para fábricas, onde é feito o gerenciamento da operação da fábrica de açúcar para o cliente. Nossos colaboradores ocupam posições-chave na estrutura de gerenciamento da usina e, com apoio do escritório, implementa as melhores práticas. A melhoria de performance da fábrica é garantida. Bosch Engenharia 19 3301.8101 www.boschengenharia.com.br

Difusores modulares sem correntes produzidos pela Bosch Engenharia


JC 244

4/23/2014

4:44 PM

Page 97

NEGÓCIOS & OPORTUNIDADES

Maio 2014

97

Ourofino debate produção de cana durante AgroEncontro A Ourofino Agrociência, unidade de defensivos agrícolas da Ourofino Agronegócio, realizou nos últimos dias 2 e 3 de abril o AgroEncontro – 1º Dia de Campo dos parceiros da Cana-de-açúcar. Criado com o objetivo de reunir profissionais do setor para apresentar novas tecnologias de produção agrícola, o evento passa agora a fazer parte do calendário oficial de atividades da companhia. A primeira edição do AgroEncontro teve foco no cultivo de cana-de-açúcar. Cerca de 500 pessoas participaram, entre responsáveis por usinas e cooperativas, fornecedores de cana, gerentes agrícolas, administradores rurais, pesquisadores e consultores. Com patrocínios da Syngenta e do Banco do Brasil, o evento reuniu ainda importantes empresas do setor canavieiro, como Canavialis, Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Ridesa Brasil, Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) e Colorado John Deere. “Convidamos nossos parceiros para debater as variedades na área e o uso da tecnologia para produção agrícola”, afirma Jurandir Paccini, presidente da Ourofino Agrociência. Novas edições do AgroEncontro estão previstas abordando práticas em diferentes culturas. Durante o evento, a Ourofino apresentou sua linha de produtos para a produtividade da cana-de-açúcar, como o DemolidorBR, FortalezaBR e CoronelBR,

Dia de campo reuniu especialistas, que apresentaram novas tecnologias de cultivo

utilizados para ervas daninhas, e DiamanteBR e SingularBR, soluções para insetos. “O DiamanteBR combate as cigarrinhas-das-raízes (Mahanarva fimbriolata), uma das piores pragas que afetam a cana-de-açúcar e trazem prejuízo aos produtores. Já o SingularBR é um produto à base de Fipronil, um dos

principais inseticidas do mercado”, explica Antônio Nucci, engenheiro agrônomo e gerente técnico da Ourofino Agrociência. O AgroEncontro também marca uma nova fase para a Ourofino, já que foi a primeira oportunidade da empresa abrir as portas de sua fazenda experimental, em Guatapará, SP, ao público. A unidade,

recém-inaugurada, oferece capacitação profissional gratuita e reúne centros de pesquisas veterinária e agrícola, e criação de gado nelore de elite. Ourofino Agronegócio 16 3518.2000 www.ourofino.com


JC 244

4/23/2014

98

4:44 PM

Page 98

NEGÓCIOS & OPORTUNIDADES

Maio 2014

Enzima alfa amilase Usina Santa Isabel instala aumenta rendimento na caldeira de alta pressão produção de açúcar produzida pela Engevap O amido é considerado uma substância indesejável presente na cana-de-açúcar, pois causa problemas durante o processamento nas usinas. Dentre os principais problemas relacionados a este polissacarídeo ao longo do processo podemos citar: o aumento da viscosidade do caldo, do xarope, do mel; dificuldade de cristalização; redução da taxa de centrifugação e baixa qualidade do açúcar — cor, pontos pretos, filtrabilidade, etc. Atualmente as usinas que fabricam o açúcar VHP têm dificuldades em enquadrar esse açúcar na especificação de amido, a não ser que usem enzimas. O uso de alfa amilases em usinas visa esse enquadramento. Porém o benefício do uso da enzima é muito maior que o simples enquadramento da concentração de amido presente no açúcar. Com o uso da alfa amilase observa-se uma diminuição da viscosidade do xarope, uma cristalização mais fácil e aumento da qualidade do açúcar. Foi realizado um teste aplicando a enzima alfa amilase em uma usina produtora de açúcar branco. Observou-se um aumento médio de 5,9% em relação ao aproveitamento (t de cana x sacas de açúcar) durante o período onde a

A Engevap está se preparando para um novo ciclo de crescimento com investimentos em treinamentos, máquinas, melhorias de processos, layout, segurança e outros. Ano passado, a empresa entregou da caldeira de alta pressão da Granol (60t/h; 67kgf/cm2 e 490ºC). A receptividade do cliente comprovou o bom trabalho da empresa. A montagem da caldeira de alta pressão da Usina Santa Isabel (230t/h; 66kgf/cm2 e 490ºC) atestou a competência da empresa, pois este é o terceiro equipamento seguido adquirido pela unidade industrial. A montagem encontrase em andamento e a caldeira certamente estará pronta para a próxima safra, de acordo com a empresa.

"Somos otimistas quanto ao futuro do nosso país. Entendemos que a nossa indústria deve crescer e com ela também a quantidade de empregos qualificados", afirma a direção da Engevap. A empresa garante que as perspectivas de vendas para os próximos meses são promissoras. A Engevap demonstra com seu trabalho e equipamentos entregues, que é possível reunir tecnologia, qualidade e durabilidade em uma empresa 100% nacional, quando o trabalho, honestidade e ética estão presentes no topo de seus princípios. Engevap 16 3513.8800 www.engevap.com.br

Uso da alfa amilase cristaliza facilmente e aumenta qualidade do açúcar

enzima foi aplicada e o período sem enzima. Durante uma semana foi interrompido o uso de enzima e o aproveitamento voltou a cair, mostrando que a enzima tem um efeito importante no rendimento da produção do açúcar. Prozyn 11 3732-0000 www.prozyn.com

Colaboradores da Engevap


JC 244

4/23/2014

4:44 PM

Page 99


JC 244

4/23/2014

4:45 PM

Page 100


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.