JornalCana 250 (Novembro/2014)

Page 1

JC 250

10/22/2014

10:47 PM

Page 1

Ribeirão Preto/SP

Novembro/2014

EDIÇÃO COMEMORATIVA

JornalCana 250

“A DIVISÃO É A FRAQUEZA DO SETOR” Maurílio Biagi Filho: liderança dividida impediu crescimento, agravou crise e enfraqueceu a relação com o governo

Série 2

Nº 250

R$ 20,00


JC 250

10/22/2014

10:47 PM

Page 2


JC 250

10/22/2014

10:47 PM

Page 3


JC 250

10/22/2014

10:47 PM

Page 4


JC 250

10/22/2014

10:47 PM

Page 5


JC 250

10/22/2014

6

10:47 PM

Page 6

ÍNDICE DE ANUNCIANTES

Novembro 2014

Í N D I C E ACESSÓRIOS INDUSTRIAIS FRANPAR

16 21334385

COLHEDORAS DE CANA 16

AÇOS APERAM

11 38181821

36

FRANPAR

16 21334385

16

JATINOX

11 21720405

68

ANTI - INCRUSTANTES 16 39515080

45

GASIL

81 34718543

22

A N U N C I A N T E S

ENERGIA ELÉTRICA - ENGENHARIA E

ESPECIALIDADES QUÍMICAS

CASE IH

41 21077400

27

SERVIÇOS

ALCOLINA

16 39515080

45

JOHN DEERE

19 33188330

92

CPFL BRASIL

19 37953900

66

QUÍMICA REAL

31 30572000

26

SANARDI

17 32282555

12

COMBATE A INCÊNDIO - EQUIPAMENTOS E

ENFARDAMENTO

SERVIÇOS ARGUS

19 38266670

25

CASE IH

OKUBO

16 35149966

9

19 34758101

23

INFORMA FNP

11 45041414

69

INFECÇÕES BACTERIANAS ALCOLINA BETABIO / WALLERSTEIN

16 39515080 11 38482900

CONSULTORIA INDUSTRIAL

44

BMA BRASIL

17 35311075

3

CPFL BRASIL

AUTOMAÇÃO DE ABASTECIMENTO DWYLER

11 26826633

BOSCH ENGENHARIA LTDA

19

19 37953900

19 21279400

AUTHOMATHIKA

16 35134000

13

CONTROLE DE UMIDADE

BMA BRASIL

11 30979328

79

MUNTERS

FERTRON

16 39465899

88

METROVAL

19 21279400

24

BALANCEAMENTOS INDUSTRIAIS VIBROMAQ

16 39452825

41 33175050

16 33335252

ENGEVAP

16 39462700 16 35138800

82

CARRETAS ALFATEK

17 35311075

3

CARROCERIAS E REBOQUES RODOTREM

18 36231146

80

SERGOMEL

16 35132600

85

CENTRÍFUGAS

COMASO ELETRODOS

REED ALCANTARA

11 30605000

73

ENGEVAP

16 35138800

82

TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

SINATUB

16 39111384

8

ENGENHARIA INDUSTRIAL 11 30979328

79

LEMAGI - SP

74

FERRAMENTAS PNEUMÁTICAS LEMAGI - SP

19 34431400

74

YARA BRASIL

51 32301300

54

PETROFISA

41 36261531

78

11 50538383

48

81 34718543

22

GASIL

81 34718543

22

IMAGEM GEOSISTEMAS

VLC

19 38129119

14

GESSO AGRÍCOLA

12 39468907

16 39413367

6

30

TELECOMUNICAÇÃO /

51 32301300

54

RADIOCOMUNICAÇÃO 11 21014069

72

AVANZI

PENEIRAS ROTATIVAS 16 39452825

90

16 39426852

90

AGRONELLI

PLANTADORAS DE CANA 16 39461800

10

PLANTAS INDUSTRIAIS

CANAVIALIS

19 35124143

49

DUPONT

11 41668683

29

IHARA

15 32357914

58

OUROFINO QUIMICA

16 35182319

33

SÃO FRANCISCO GRÁFICA 19 34172800

MARTIN SPROCKET & GEAR 19 38779400

ANSELL

34 70

11 33563100

32

64

34 33191300

16 21014151

16 39461800

10

TESTON

44 33513500

2

BETABIO / WALLERSTEIN

11 38482900

44

CASE IH

41 21077400

27

PROSUGAR

81 32674760

35

JOHN DEERE

19 33188330

92

16 36265540

89

PRODUTOS QUÍMICOS

DMB

16 39461800

TROCADORES DE CALOR

77

APERAM

11 38181821

FRANPAR

16 21334385

16

PETROFISA

41 36261531

78

EQUIPAMENTOS HIDRÁULICOS

CPFL BRASIL

HELIBOMBAS

16 33335252

19 21279400

24

DESTAK IDEIAS

17 33611575

84

16 08007779070

91

11 30979328

79

VÁLVULAS INDUSTRIAIS

SEPARADORES MUNTERS

LIMPEZA E ESTERILIZAÇÃO DE BAGS 50

SÃO FRANCISCO SAÚDE

METROVAL

89

36

TUBOS E CONEXÕES

BMA BRASIL

16 36265540

65

62

SECADORES

REFRATÁRIOS RIBEIRÃO

90

11 50586118

16 39797009

88

13

16 39462130

TORFER

ROLIMAC

SAÚDE - CONVÊNIOS E SEGUROS 10

AGAPITO

81

16 39465899

83

16 35134000

14

15 33352432

FERTRON

AUTHOMATHIKA

19 38129119

INA

INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO E CONTROLE

APS COMP ELÉTRICOS LTDA 11 56450800

VLC

TRATORES

60

IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS

ISOLAMENTOS TÉRMICOS

ENERGIA ELÉTRICA - COMERCIALIZAÇÃO 67

DMB

TRANSBORDOS

TRATAMENTO DE ÁGUA/EFLUENTES

ENGRENAGENS

EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO

28

35

74

REFRATÁRIOS RIBEIRÃO

GRÁFICA

GENERAL CHAINS

DESTILARIAS

81 32674760

19 33018101

ROLAMENTOS 5, 21

TINTAS E REVESTIMENTOS PROSUGAR

PINTURAS EM GERAL

REFRATÁRIOS

DEFENSIVOS AGRÍCOLAS

19 37953900

17 32791500

YARA BRASIL

66

EQUIPAMENTOS E MATERIAIS ELÉTRICOS

COLETORES DE DADOS

KIMBERLIT

BOSCH ENGENHARIA LTDA

GEORREFERENCIAMENTO

19 34669300

71

FIOS E CABOS

75

GASIL

DISPAN

72

18 36212182

DMB

15

90

11 21014069

SOLINFTEC

FIBRA DE VIDRO

19 34234000

16 39452825

AVANZI

COLORBRÁS 24

20

58

VIBROMAQ

FERTILIZANTES

67

PROLINK

VIBROMAQ

MARKANTI

19 34431400

16 35135230

15 32357914

NUTRIENTES AGRÍCOLAS IHARA

FERRAMENTAS

76

SUPRIMENTOS DE SOLDA

82

74

11 30432125

18 36315000

16 35138800

79

BASF

IRBI MÁQUINAS

ENGEVAP

GASES INDUSTRIAIS

ELETROCALHAS

31

64

34

79

11 33407555

19 34391101

19 34172800

11 30979328

MATERIAIS RODANTES

CONGER

GENERAL CHAINS

BMA BRASIL

11

SUPERFÍCIES - TRATAMENTO E PINTURA

MONTAGENS INDUSTRIAIS

CONSTRUFIOS

19 34391101

16 35137200

27

64

CORRENTES INDUSTRIAIS

CONGER

MAGISTER

41 21077400

51

50

17

20

CASE IH

16 35124310

CALDEIRAS CALDEMA

MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

19 34176600

DECANTADORES HELIBOMBAS

90

16 35135230

PROCANA BRASIL

90

BOMBAS HIDRÁULICAS

16 39462130

COMASO ELETRODOS

FEALQ

CONTROLE DE FLUIDOS METROVAL

AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL

19 33018101

AGAPITO

ITR SOUTH AMERICA

FEIRAS E EVENTOS

9

64

CONSULTORIA/ENGENHARIA INDUSTRIAL

ÁREAS DE VIVÊNCIA ALFATEK

11 30979328

79

SOLDAS INDUSTRIAIS 16 35149966

19 34391101

BMA BRASIL 45

11 30979328

OKUBO

CONGER

CONSULTORIA AGRÍCOLA ANTIBIÓTICOS - CONTROLADORES DE

LONAS PLÁSTICAS

EVAPORADORES BMA BRASIL

ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO CIVIL

CONSÓRCIOS

ALCOLINA

D E

FOXWALL

11 46128202

46

FRANPAR

16 21334385

16

19 32733999

87

41 33175050

75

GATEC

19 21060888

18

VENTILAÇÃO INDUSTRIAL

IMAGEM GEOSISTEMAS

12 39468907

66

VLC

VEDAÇÕES FLUKE

SOFTWARES

19 38129119

14


JC 250

10/22/2014

10:47 PM

Page 7

CARTA AO LEITOR

Novembro 2014

7

carta ao leitor índice

Josias Messias

josiasmessias@procana.com

Agenda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .8 Usina do bem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .10 e 11 Mercado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12 a 19

Clima e política podem afetar próximas safras

Ações de curto prazo podem melhorar resultados da safra 2015/16

Administração & Legislação . . . . . . . . . . . . . . . .20 a 26

Gestão de pessoas pode mitigar impactos da legislação trabalhista

Ação Social & Meio Ambiente . . . . . . . . . . . . . . .27 a 30

Projeto DuPont na Escola 2014 abordou o tema “Meu herói, o agricultor”

Incêndio criminoso pode causar prejuízo de R$ 10 mil/ha em 2015

Produção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31

Em certas regiões do Brasil ainda é cultivado o hábito das usinas celebrarem seus inícios de safra. Poucas, contudo, são as unidades que fazem festa quando a última cana é esmagada no ano. Em uma safra difícil como esta, então, não haveriam motivos para celebração. Entretanto, minha visão é de que precisamos resgatar a cultura da celebração no setor, e apresento aqui alguns argumentos tangíveis para isso.

Giro do setor

Homenagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .32 a 44

Estamos vivos!

A MELHOR NOTÍCIA DO SETOR!

Tecnologia Agrícola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .46 a 67

Arrendamento e distância elevam custo da produção agrícola

Fome oculta de micronutrientes afeta canaviais

SUPER MÁQUINAS

Em tempos de crise, Usina Guaíra apresenta produtividade acima da média

Primeiramente porque celebração independe da situação atual. Exatamente. O foco da celebração não deve ser o momento presente, ou mesmo o passado, mas em mudar o futuro! Ainda que a situação atual seja de dificuldades, celebrar abre oportunidades para olharmos acima dos problemas, respirar e vislumbrar o futuro com otimismo.

Tecnologia Industrial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .67 a 84

Usinas aprovam e indicam o Kit MC de desinfecção industrial

Automação proporciona melhor rendimento do processo produtivo

Válvulas de controle ganham espaço na indústria

Perdas industriais continuam difíceis de identificar

Pedra Agroindustrial reduz uso de água na aplicação de herbicidas

Política Setorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .86

ENTREVISTA — Maurílio Biagi Filho, presidente da Maubisa

Celebrar desestressa e aumenta nossa capacidade sensorial, emocional e intelectual e libera nossa energia e nosso foco em aspectos antes pouco perceptíveis, mas que podem mudar completamente o conceito de nossa realidade. E isto funciona em nós tanto como indivíduos quanto como empresa. Um segundo argumento é de que a celebração não tem foco nos resultados,

Negócios & Oportunidades . . . . . . . . . . . . . . . . .87 a 90

mas na existência. Quando o cenário é favorável e conseguimos uma safra de bons resultados, então é fácil celebrar. Porém, se os resultados atuais são desanimadores

MANTENHA A ESPERANÇA! ““Apeguemo-nos com firmeza à esperança que professamos, pois aquele que prometeu é fiel”.

e conseguimos sobreviver num cenário desfavorável, então podemos celebrar não os resultados, mas nossa luta pela sobrevivência! Para nós da ProCana Brasil, e eu particularmente, temos uma forte razão para

(Escritor da carta aos Hebreus, no capítulo 10, verso 23)

celebrar, pois esta é a 250ª edição sob nossa responsabilidade, desde que assumimos o JornalCana em 1993. Há 26 anos estamos sobrevivendo e crescendo junto com o setor, e este é um grande motivo de celebração. Olhando bem, você também tem motivos para celebrar. Vamos celebrar juntos!? NOSSOS PRODUTOS

O MAIS LIDO! ISSN 1807-0264 Fone 16 3512.4300 Fax 3512 4309 Av. Costábile Romano, 1.544 - Ribeirânia 14096-030 — Ribeirão Preto — SP procana@procana.com.br

NOSSA MISSÃO Prover o setor sucroenergético de informações relevantes sobre fatos e atividades relacionadas à cultura da cana-de-açúcar e seus derivados, e organizar eventos empresariais visando: Apoiar o desenvolvimento sustentável do setor (humano, socioeconômico, ambiental e tecnológico); Democratizar o conhecimento, promovendo o

intercâmbio e a união entre os integrantes; Manter uma relação custo/benefício que propicie

parcerias rentáveis aos clientes e demais envolvidos.

DIRETORIA Josias Messias josiasmessias@procana.com.br Controladoria Mateus Messias presidente@procana.com.br

REDAÇÃO Editor Luiz Montanini - editor@procana.com.br Coordenação e Fotos Alessandro Reis - editoria@procana.com.br Editor de Arte - Diagramação José Murad Badur Reportagem Andréia Moreno - redacao@procana.com.br André Ricci - reportagem@procana.com.br Wellington Bernardes - wbernardes@procana.com.br Arte Gustavo Santoro Revisão Regina Célia Ushicawa

w w w. jo r n a lc a n a . c o m . b r

ADMINISTRAÇÃO

MARKETING

Gerente Administrativo Luis Paulo G. de Almeida luispaulo@procana.com.br Financeiro contasareceber@procana.com.br contasapagar@procana.com.br

Gerência Fábio Soares Rodrigues fabio@procana.com.br

PUBLICIDADE

Asael Cosentino asael@procana.com.br

Comercial Gilmar Messias 16 8149.2928 gilmar@procana.com.br Leila Milán 16 9144.0810 leila@procana.com.br

EVENTOS E PÓS-VENDAS

ASSINATURAS E EXEMPLARES

Thaís Rodrigues thais@procana.com.br

11 3512.9456 www.jornalcana.com.br/assinaturas

TIC E PLANEJAMENTO

PUBLICAÇÕES

EVENTOS

JornalCana - O MAIS LIDO! Anuário da Cana Brazilian Sugar and Ethanol Guide A Bíblia do Setor! JornalCana Online www.jornalcana.com.br BIO & Sugar International Magazine Mapa Brasil de Unidades Produtoras de Açúcar e Álcool

Prêmio MasterCana Tradição de Credibilidade e Sucesso Prêmio BestBIO Brasil Um Prêmio à Sustentabilidade Fórum ProCana USINAS DE ALTA PERFORMANCE SINATUB Tecnologia Liderança em Aprimoramento Técnico e Atualização Tecnológica

Artigos assinados (inclusive os das seções Negócios & Oportunidades e Vitrine) refletem o ponto de vista dos autores (ou das empresas citadas). JornalCana. Direitos autorais e comerciais reservados. É proibida a reprodução, total ou parcial, distribuição ou disponibilização pública, por qualquer meio ou processo, sem autorização expressa. A violação dos direitos autorais é punível como crime (art. 184 e parágrafos, do Código Penal) com pena de prisão e multa; conjuntamente com busca e apreensão e indenização diversas (artigos 122, 123, 124, 126, da Lei 5.988, de 14/12/1973).


JC 250

10/22/2014

8

10:47 PM

Page 8

AGENDA

Novembro 2014

A C O N T E C E U

A C O N T E C E 10º CONGRESSO ANUAL GATUA

O GSO VOLTOU Durante os dias 8, 9 e 10 de outubro, em São Paulo (SP), aconteceu a Fisp — Feira Internacional de Segurança e Proteção, considerada a 2º maior do mundo nesta área. Representado por seu diretor presidente, Mário Márcio, o GSO - Grupo de Saúde Ocupacional começa a movimentar a volta de suas reuniões com novas ideias para 2015. O representante esteve presente no Encontro Nacional dos Técnicos de Segurança do Trabalho, evento paralelo a Fisp, debatendo sobre os grupos técnicos nas ações integradas da cultura prevencionista.

Acontece de 25 a 27 de novembro, em Ribeirão Preto (SP) o 10º Congresso Anual Gatua — Grupo das Áreas de Tecnologia das Usinas de Açúcar, Etanol e Energia. A edição 2014 pretende atrair seu maior público, oferecendo um conjunto de novidades tecnológicas ligadas ao setor sucroenergético. Hardwares, softwares, serviços e soluções, além de palestras e temas também voltados às áreas industrial, agrícola, financeira e controladoria, RH, entre outras. www.congresso.gatua.com.br

MANEJO DE PRAGAS E NEMATOIDES EM CANA-DE-AÇÚCAR De 26 a 28 de novembro, no Centro de Cana IAC, em Ribeirão Preto (SP), acontece o curso ‘Manejo de pragas e de nematoides em cana-deaçúcar’. O objetivo é apresentar os diversos parâmetros para implantação de programas de manejo de áreas infestadas por pragas e por nematoides, incluindo estudos sobre a biologia, danos, métodos de levantamentos populacionais (amostragens), nível de dano econômico e nível de controle e eficiência de medidas de controle das espécies mais importantes de pragas e de nematoides em cana-de-açúcar. www.infobibos.com/pragascana

O FUTURO DO SETOR Josias Messias, presidente da ProCana Brasil e do Pró-Usinas, falou sobre “O Futuro do Setor Sucroenergético – Desafios que o segmento deverá enfrentar diante da nova conjuntura política do país”, no último dia 1 de outubro, no Centro Universitário Estácio – Uniseb, em Ribeirão Preto (SP). O jornalista também abordou temas como: a manutenção da capacidade de processamento em um número reduzido de unidades; recuperação da capacidade de investimento; recuperação da produção de açúcar; desafios tecnológicos e a consolidação do etanol de segunda geração. “Acredito que o ritmo de expansão do setor dependerá fundamentalmente do mercado doméstico de etanol carburante”, lembra. Durante o evento apresentou ainda previsões de produção de etanol e biodiesel no mundo, demanda e consumo de açúcar e etanol, evolução de preços dos combustíveis, política governamental, produtividade da cana, custos e as perspectivas de futuro.

MASTERCANA NORTE-NORDESTE E BRASIL Em 2014, a edição Nordeste do MasterCana será realizada no dia 13 de novembro, em Recife (PE). Por último, em 24 de novembro, será realizado o MasterCana Brasil, em São Paulo, capital. www.mastercana.com.br


JC 250

10/22/2014

10:47 PM

Page 9


JC 250

10/22/2014

10

10:47 PM

Page 10

USINA DO BEM

Novembro 2014

Interior de SP ganha projeto de educação ambiental da Biosev A Biosev e o Sesi/SP levarão à três cidades do interior paulista, o programa Educação para a Sustentabilidade. O programa objetiva sensibilizar professores da rede pública municipal de ensino para a redução de consumo de recursos naturais e a destinação correta de resíduos com a implantação da coleta seletiva nas cidades de Aguaí, Colômbia e Morro Agudo. No total, quase 100 professores participarão da primeira edição do programa. O Educação para a Sustentabilidade teve início em agosto e

será realizado até dezembro. Segundo os organizadores, os educadores serão treinados para desenvolver vivências ambientais nas escolas, estimulando o diálogo e a participação de crianças e adolescentes por meio de dinâmicas interativas e exercícios práticos. Entre os conceitos que serão divididos com os professores estão: consumo consciente, sustentabilidade, resíduos, coleta seletiva, educação ambiental, água e energia renovável.

Célio Oliveira, prefeito de Penápolis e José Basseto Júnior, da Clealco

Clealco faz doação de R$ 90 mil ao Pronto-Socorro de Penápolis

Cerca de 100 professores participarão da primeira edição do programa

Ao atendimento de um compromisso com o Ministério Público do Trabalho, o Grupo Clealco entregou na última semana, ao Pronto-Socorro de Penápolis (SP), diversos materiais hospitalares em benefício à instituição, que totalizaram R$ 90 mil. Pelo acordo, a empresa teria que reverter R$ 90 mil em doações para

alguma entidade filantrópica de sua escolha. O Grupo Clealco optou pelo município de Penápolis para realizar a ação. Entre os materiais entregues estão: camas para adultos e crianças, poltronas reclináveis, eletrocardiogramas, monitores multiparâmetros, entre outros.


JC 250

10/22/2014

10:47 PM

Page 11

USINA DO BEM

Novembro 2014

Educação para o Trabalhador da Jalles forma 27 pessoas O Projeto Educação para o Trabalhador, uma parceria do Sesi com a Jalles Machado, formou mais uma turma de Ensino Médio. No total, 27 alunos, funcionários da empresa, dependentes e pessoas da comunidade, receberam os certificados no dia 3 de outubro, na antiga Escola Luiz César, local onde funciona o projeto. Luis Eduardo Alves, 23 anos, é motorista na Unidade Otávio Lage e o Projeto também foi a oportunidade de que precisava para voltar a estudar.

“Aqui fazem tudo para que nós, trabalhadores, possamos estudar. A equipe educadora entende o nosso dia a dia e nos ajuda a conciliar o trabalho e os estudos. Pretendo fazer vestibular para Agronomia e cursar a Faculdade”, afirma. Atualmente, o projeto Educação para o Trabalhador possui 203 alunos matriculados, que cursam do 5º ano do Ensino Fundamental ao 4º período do Ensino Médio, incluindo uma turma no povoado de Juscelândia.

Formandos do projeto

11

Usina planta uma árvore para cada criança nascida em Brotas e Bocaina em 2014 No dia 19 de setembro, a Tonon Bioenergia promoveu o plantio de mais de 200 árvores, ou seja, número relativo aos nascimentos registrados neste ano nas cidades de Brotas e Bocaina, que abrigam duas de suas unidades. O plantio foi realizado em suas áreas de preservação permanentes (APPs), em comemoração ao Dia da Árvore, celebrado no dia 21. A ação contou com a participação de cerca de 80 alunos de escolas municipais, que realizaram o plantio e afixaram nas mudas Pedro Rodrigues e Raissa de Melo uma etiqueta contendo o plantaram suas primeiras árvores nome das crianças nascidas. “É a primeira vez que planto Raissa Alves de Melo, 9 anos, gostou uma árvore. Achei muito legal poder tanto da ação que se encarregou de cultivar participar, agora vou pedir para meus pais três mudas ao lado de uma de suas amigas. fazerem o mesmo em casa”, relata Pedro “Já é a segunda vez que venho. Espero Henrique Rodrigues, de 7 anos. ajudar novamente no próximo ano”, diz.


JC 250

10/22/2014

12

10:47 PM

Page 12

MERCADO

Novembro 2014

Clima e política podem afetar próximas safras ANDRÉ RICCI, DA REDAÇÃO

Ao passo que a safra 2014/15 avança e as revisões indicam retração na maioria dos indicadores, a nova gestão presidencial cria um misto de incerteza e confiança aos produtores canavieiros, que precisam planejar seus investimentos futuros. A seca, sofrida principalmente nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro, alterou o andamento da colheita e diversas usinas estão antecipando a entressafra por falta de matéria-prima. Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da Unica – União da Indústria de Cana-de-Açúcar, espera uma queda de R$ 6 bilhões no faturamento com a mudança. Não bastasse o déficit hídrico, no exercício futurológico dos produtores existe a possibilidade do fenômeno conhecido como El Niño, que traz seca para a Ásia e chuvas pesadas para a América do Sul. Certo mesmo é que a safra 2014/15 será menor. A Unica revisou sua previsão para o Centro-Sul, maior região produtora, e aponta moagem de 545 milhões de cana, queda de 5,8% em relação à estimativa inicial e 11,7% se comparada ao último ciclo.

ELEIÇÕES Pressionada por seus desafiantes ao posto, a presidente Dilma Rousseff (PT) anunciou em 10 de setembro que açúcar e etanol passaram a fazer parte do Programa Reintegra, benefício criado pelo Governo Federal que possibilita que algumas empresas brasileiras exportadoras recuperem até 3% da receita decorrente da exportação. No mesmo dia, o ministro Guido Mantega informou a liberação de linhas

de financiamento em condições diferenciadas para a construção de armazéns de açúcar no país. O objetivo é fazer com que o Brasil amplie sua capacidade de armazenamento, atualmente em níveis bastante inferiores aos dos principais países produtores e exportadores de açúcar. Apesar de importantes, as medidas são insuficientes para a recuperação do setor, concluiu a Unica. “É preciso uma visão de longo prazo, principalmente no que se refere ao etanol e à biomassa, com políticas públicas claras, estáveis, consistentes e que possibilitem a recuperação da competitividade do setor e um ambiente propício a novos investimentos”, informou a entidade em um comunicado. Especialistas dizem que o próximo presidente terá que priorizar alguns setores para incentivar o desenvolvimento da economia e a competitividade no país. O sucroenergético, por suas características, é um deles. A seu favor estão o mercado mundial de açúcar, etanol e bioeletricidade, demandando ainda mais consumo de alimento, combustível e energia. Contudo, em ano eleitoral, falar sobre cenários econômicos é uma tarefa um tanto arriscada. Até que se formem os Ministérios da Agricultura e de Minas e Energia, por exemplo, a incógnita permanece. Certo, mesmo, é que é preciso estar preparado, com visão estratégica e foco na eficiência. “Quando você tem uma visão clara e bem elaborada, fica mais fácil encontrar a aceitação e aprovação dos envolvidos. O setor tem que voltar a sonhar com etanol, afinal ninguém resiste ao poder de uma ideia quando chega o seu tempo”, diz Luis Nassif, jornalista especializado em economia.

Plantio da safra 2015/16 começou em outubro durante as eleições


JC 250

10/22/2014

10:47 PM

Page 13


JC 250

10/22/2014

14

10:47 PM

Page 14

MERCADO

Novembro 2014

Exportações de etanol caem e consumo interno tende a aumentar O ano de 2015 deverá ser melhor para os produtores, ao menos no que diz respeito ao etanol. Estopim da crise, a perda de competitividade em relação gasolina precisa ser corrigida. O preço do combustível fóssil possivelmente será reajustado, variando, entretanto, o mecanismo corretório utilizado. (Até a publicação desta edição nenhuma correção do preço foi feita). Outra boa nova diz respeito ao aumento percentual de etanol anidro na gasolina. Dilma Rousseff sancionou em 25 de setembro a Lei 13.033, que prevê o aumento para até 27,5%. Para que isso aconteça, falta agora a conclusão dos testes técnicos que estão sendo realizados pelo Cenpes/Petrobras. Caso seja aprovada, a medida deve gerar uma demanda adicional de anidro de 1,2 bilhão de litros, valor que pode suprir a lacuna financeira gerada pela proposta da Agência de Proteção Ambiental (Environmental Protection Agency - EPA) de redução no volume de biocombustíveis consumidos anualmente no Estados Unidos em cerca de 40%. Mesmo sem ter sido referendada pelo governo americano, a proposta tem ditado as regras do mercado. Em julho foram exportados 90,7 milhões de litros de etanol, valor 74,1% menor em comparação aos 350,5 milhões de litros embarcados em julho de 2013. A queda

é contínua, haja visto que em junho deste ano foram comercializados 167,3 milhões de litros, volume 45,8% menor. Conscientes do novo cenário, os produtores já se planejam para atender a demanda. “O foco da empresa hoje é apenas o mercado interno”, diz José Roberto Dalla Coletta, presidente da Della Coletta Bioenergia. Para a safra 2014/15, a Unica – União da Indústria de Cana-de-Açúcar estima que sejam produzidos 24 bilhões de litros de etanol, queda de 7,2 % frente à projeção inicial, realizada em abril, e de 6,14 % em relação à safra passada. Este, é outro fator importante na decisão do aumento da mistura. Além de constatar a viabilidade técnica, o governo aguarda o resultado final da produção do biocombustível para saber se haverá estoque suficiente para suprir a demanda. “Mesmo com esta redução, ao final da safra teremos um mix mais alcooleiro, pois a disponibilidade de cana nos principais Estados produtores de açúcar é inferior àquela verificada em Estados com número elevado de destilarias autônomas”, diz Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da entidade. Em detalhes, a produção de etanol anidro deve crescer 2,8 % ante 2013/14, enquanto a produção de hidratado cairá quase 13 % em mesma comparação. (AR)

Mistura gerará demanda adicional de 1,2 bilhão de litros de etanol anidro


JC 250

10/22/2014

10:47 PM

Page 15

MERCADO

Novembro 2014

15

Empresas estão estocando açúcar para a entressafra A seca trouxe boas e más perspectivas ao mercado brasileiro. Isso porque no Centro-Sul, que responde por 90% da moagem de cana do país, o déficit hídrico fez com que diversas usinas antecipassem o fim da safra e, consequentemente, diminuíssem suas produções. A Unica — União da Indústria de Cana-de-Açúcar diz que as condições de demanda e de preços têm gerado incentivo à produção do etanol, para o qual foram destinados 60% da cana moída na segunda quinzena de setembro. “O anidro é o produto que melhor remunera a usina, possivelmente não vai se mexer nessa produção. Vai se fazer o mínimo possível de açúcar”, afirma o consultor Júlio Maria Borges, comentando o preço da commodity que atingiu neste segundo semestre os menores níveis em quatro anos na bolsa de Nova York. Com este cenário, diversas empresas estão estocando mais açúcar para a entressafra. Exemplo disso são as companhias que produzem açúcar e têm capital aberto na BM&FBovespa. No resultado do primeiro trimestre da safra 2014/15, por exemplo, o grupo São Martinho apresentava um estoque de 153 mil toneladas da commodity, 113% mais que no período 2013/14. As usinas da Raízen também apresentaram estoques de açúcar 83,5% maiores, na casa de 800 mil toneladas. Em contrapartida, a seca que aflige

Açúcar atingiu neste segundo semestre os menores níveis em quatro anos

a Rússia, grande consumidora mundial de açúcar, é um dos fatores que deve estimular o mercado na safra 2015/16. Isso porque o país poderá importar cerca de 1 milhão de toneladas do produto e o Brasil é forte candidato nessa disputa.

Pelo Governo, além do Reintegra, que possibilita que empresas brasileiras recuperem até 3% da receita decorrente da exportação, foi anunciado que os produtores de açúcar poderão contar com os financiamentos por meio do PCA — Programa para Construção e Ampliação de

Armazéns, acrescidos de juros de mora de 1% ao ano. Em nota divulgada pelo Ministério da Fazenda, o objetivo é que a capacidade de armazenagem do produto expanda. Na safra 2014/15, o volume de recursos destinado ao PCA é R$ 3,5 bilhões. (AR)


JC 250

10/22/2014

16

10:47 PM

Page 16

MERCADO

Novembro 2014

Ações de curto prazo podem melhorar resultados da safra 2015/16 ANDRÉ RICCI, DA REDAÇÃO

Quarenta milhões de toneladas. Esta, segundo a Unica — União da Indústria de Cana-de-Açúcar, será a quantidade de cana perdida nesta safra por conta da forte estiagem e sequência de incêndios na época da colheita. A falta de matéria-prima fará com que em novembro a safra 2014/15 se encerre no Centro-Sul, tornando o planejamento para o próximo ciclo ainda mais importante. Mas, como ser mais rentável a curto prazo? Como ter melhores resultados, tanto econômico quanto produtivo? Cada empresa tem a própria necessidade e precisa detectar como agir. O tema foi amplamente debatido durante o Fórum Usinas de Alta Performance realizado pela ProCana Brasil no mês de setembro. Luiz Fernando Abussamra, diretor comercial da Usina Ruette, falou sobre o assunto. “A questão é quantificar os riscos. A maioria das empresas sabem quais pontos precisa melhorar. Agora, como lidar com o problema e quais as consequências que podem surgir, são os desafios. Para se prevenir ou até mesmo combatê-lo, é preciso se preparar”, afirmou. Dario Gaeta, presidente da Zanini Renk e que já esteve à frente da Paraíso Bioenergia, corrobora com a opinião de que muitas usinas ainda precisam se conscientizar de seus problemas internos. “Mitigar riscos ainda é deixado de lado pelas usinas. Alguns grupos produtores já pensam neste trabalho, mas de maneira geral, há negligência. Existem muitas variáveis importantes nas usinas e é preciso identificar as principais. Você começa a ganhar quando deixa de perder”, explicou. Mais de 20 grupos produtores estiveram reunidos no encontro. Em comum, investimentos em mão de obra, tecnologia e gestão, foram citados como prioridades na busca por melhores resultados. “O mercado é cada vez mais

Luiz Fernando Abussamra, da Ruette: a questão é quantificar os riscos

exigente. Produzir cana com excelência não basta. Precisamos de profissionais capacitados em todas as áreas de atuação”, disse Gustavo Villa Gomes, diretor agrícola da Usina Açucareira Guaíra, lembrando que a empresa, mesmo com índices acima da média em termos de produtividade agrícola, precisa se aprimorar em gestão de pessoas. Mão de obra, inclusive, se tornou um

gargalo do setor. Em todas as regiões, faltam profissionais capacitados e comprometidos com o trabalho. O problema já foi detectado e soluções precisam ser encontradas. Antonio Carlos Viesser, gerente industrial da Tonon Bioenergia, tem mudado a forma de trabalhar. Ele diz que a maioria dos gestores, graduados em áreas técnicas, não tem capacidade para lidar

com desafios interpessoais nas empresas. “O apagão nesta área é nítido. Como segurar bons colaboradores? Confesso que tenho sido de tudo um pouco. Me coloco no papel de pai, amigo, irmão, enfim, procuro entender as necessidades do funcionário para poder ajudá-lo. Nem sempre é só a questão salarial. Esta, quem define é o mercado, não a empresa. É preciso repensar a forma de trabalhar”, finaliza.


JC 250

10/22/2014

10:47 PM

Page 17


JC 250

10/22/2014

18

10:47 PM

Page 18

MERCADO

Novembro 2014

Falta de cana faz com que safra termine mais cedo Considerando que sejam criadas as devidas políticas públicas ao setor, que haja profissionais capacitados e que os riscos sejam mitigados nas usinas, todos os problemas estariam resolvidos? Em 2014, com as peculiaridades climáticas que afetaram a essência de toda a cadeia produtiva, no caso, a cana-de-açúcar, não. Isso porque não há matéria-prima suficiente em grande parte das usinas, seja pela má formação da planta em decorrência do déficit hídrico ou pelos diversos incêndios que atingiram os canaviais em todo Estado de São Paulo. De acordo com dados da Unica — União da Indústria de Cana-de-Açúcar, desde o início da safra a região registrou cerca de três mil focos de queimadas em canaviais, aumento de 140% em relação ao mesmo período do ano passado. Com isso, 5% dos 4,5 milhões de hectares plantados nesta safra foram perdidos, provocando prejuízos aos produtores que podem chegar a R$ 2,2 bilhões, estima a entidade. A Usina Pitangueiras, localizada no nordeste do Estado, não deve atingir a moagem prevista no início do ano, de 2,7 milhões. Os problemas climáticos se aliam ainda a uma terceira via, como lembra Gilmar Galon, gerente industrial da usina. “Costumo dizer que estamos na ‘faixa de Gaza’ do setor. É uma área onde existem outras unidades nos arredores e o trabalho com fornecedores precisa ser muito bem

Falta matéria-prima para grande parte das unidades produtoras

feito. Caso contrário, ficamos sem cana suficiente”. Na Usina Açucareira Guaíra as queimadas também estão tirando o sono dos produtores. “Sabemos que diversas usinas estão sofrendo com este problema. Está complicado trabalhar com todos estes percalços”, afirma Gustavo Villa Gomes, diretor agrícola da empresa.

A Usina Santo Antônio, pertencente ao grupo Balbo e localizada em Sertãozinho (SP), viu 40 mil toneladas de cana-de-açúcar serem queimadas em uma semana. A usina produz açúcar orgânico e não utiliza cana queimada no processo. “Vejo que matéria-prima é sim um gargalo a ser resolvido pela maioria dos produtores. Sem ela, toda projeção de

crescimento é em vão. Em 2014, diversas usinas estão passando aperto por não ter o que moer”, afirma uma fonte do setor. As estimativas da Unica para a safra 2014/15 apontam uma redução de aproximadamente 15% na produtividade agrícola da área a ser colhida, com uma perda de quase 40 milhões de toneladas de cana. (AR)


JC 250

10/22/2014

10:47 PM

Page 19

MERCADO

Novembro 2014

‘É preciso produzir mais com menos’ A quantidade de variáveis em uma usina torna a discussão por aumento de rentabilidade sem fim. São diversas as ações possíveis, e como já foi mostrado nesta matéria, cada usina deve identificar em que área precisa focar seus esforços. Contudo, existem investimentos necessários para toda e qualquer unidade. Mesmo com as tecnologias de ponta disponíveis ao setor, simples práticas e cuidados podem garantir um safra positiva do ponto de vista produtivo. A Usina Açucareira Guaíra é exemplo disto. De acordo com dados do Controle Mútuo Agronômico Anual’, feito pelo CTC – Centro de Tecnologia Canavieira, a usina obteve 10 toneladas acima da média de Ribeirão Preto (SP), além de 5 kg a frente quando o assunto é ATR – Açúcares Totais Recuperáveis no mês de junho. “Fazer o arroz com feijão ainda é fundamental. Adubar, controlar pragas, enfim, realizar um bom manejo agrícola é fundamental. Não adianta ser produtivo e não ser rentável. É preciso critérios”, explica Gustavo Villa Gomes, diretor agrícola da empresa, lembrando que as condições climáticas, neste caso, precisam ser favoráveis. Outro exemplo é o Grupo São

Martinho, tido como o maior processador de cana do mundo. Na empresa, foi adotado desde 2003 o programa ‘Viva a Cana’, que prevê a gestão racional das operações no campo e promove a adequação dos equipamentos e máquinas para a preservação das soqueiras e a não compactação do solo, favorecendo assim o desenvolvimento do canavial. “É claro que a empresa mantém os investimentos em novas tecnologias, além de estar sempre atenta às pesquisas e mudanças do mercado que possam nos trazer crescimento. Mas todo este cenário precisa estar acompanhado das premissas básicas do campo”, explica René de Assis Sordi, assessor de tecnologia do Grupo São Martinho. É sabido também, que pela falta de recursos algumas empresas acabam deixando este trabalho de lado. No popular, o investimento é adiado para o próximo ciclo. Contudo, Antonio Carlos Viesser, gerente industrial da Tonon Bioenergia, alerta: “Sabemos que hoje existe a necessidade de se produzir mais com menos. Contudo, existem conceitos e práticas que não devemos ignorar. É preciso correr alguns riscos”. (AR)

Bem cuidado, canavial auxilia na busca por rentabilidade

19


JC 250

10/22/2014

20

10:47 PM

Page 20

ADMINISTRAÇÃO & LEGISLAÇÃO

Novembro 2014

TI ELEVADA! Tecnologia da Informação ganha relevância em tempos de crise RENATO ANSELMI,

DE

CAMPINAS, SP

Com a profissionalização de unidades e grupos, a TI – Tecnologia da Informação passou a desempenhar papel importante para o processo de gestão, trabalhando com foco em projetos, nos controles das atividades e na redução de custos, priorizando o atendimento das necessidades das empresas. Em períodos de crise, como o atual que tem abalado seriamente o setor, as atividades desenvolvidas pela área de Tecnologia da Informação tornam-se ainda mais relevantes. O segmento passa por um momento de preços baixos e isso está impactando as empresas – constata Petrucio Medeiros Barros, gerente corporativo de TI da Coruripe, do Grupo Tércio Wanderley, que tem a matriz em Alagoas e quatro unidades em Minas Gerais. Nesse contexto, a Tecnologia da Informação assume papel decisivo para as áreas de planejamento, gestão e controle orçamentário e de

custos, para as áreas financeira e de suprimento, analisa. “Estamos trabalhando fortemente na simulação de cenários de planejamento e na geração de demonstrativos de resultados”, enfatiza. O desafio da TI, em meio à crise, é o de se consolidar como altamente alinhada aos negócios da empresa, otimizando processos das demais áreas, afirma Rommel Agra, gerente corporativo de Tecnologia da Informação do Grupo Santo Antônio, que possui a Central Açucareira Santo Antonio (matriz) e a Usina Camaragibe, ambas em Alagoas. Segundo ele, a redução de custos e a otimização de serviços são exaustivamente requisitados em situações de crise. “Todas as corporações buscam ferramentas que possam alavancar negócios e suportar atividades de forma competitiva e eficaz. Sem dúvida alguma, um dos atores deste novo contexto é a área de TI, com seus profissionais, técnicas e sistemas”, ressalta. Em tempos de crise, aumenta a necessidade de controles mais eficazes em relação a custos e de informações gerenciais que possam orientar o processo decisório da empresa, enfatiza Marcelo Junqueira Botelho de Melo, gerente de TI da Guarani, que conta com sete unidades industriais localizadas na região noroeste do estado de São Paulo.

Petrucio Medeiros Barros: tecnologia da informação assume papel decisivo

Implantação de soluções requer quebra de paradigmas

O processo de implantação de um sistema de TI requer, em diversos casos, mudança cultural e a quebra de alguns paradigmas. “O grande desafio encontrado quando a empresa resolve implantar uma gestão por processos está relacionado às pessoas”, afirma Rommel Agra. De uma maneira ou de outra, os usuários dos recursos de TI também precisam estar envolvidos, com responsabilidades bem definidas, na elaboração das soluções geradas pela Tecnologia da Informação. Em relação ao trabalho desenvolvido em TI na Santo Antonio, o gerente observa que o plano é manter os profissionais da área atualizados às melhores práticas de mercado, unindo os recursos tecnológicos às demandas corporativas, como forma de agregar valor, segurança e vantagem competitiva à empresa. Para atender as duas unidades do grupo e o escritório central, em Maceió, a estrutura da empresa nessa área conta com uma gerência de TI corporativa, uma supervisão e treze colaboradores, distribuídos por diversas funções. Além de ERP e BI, possui softwares e aplicativos, com soluções para diferentes áreas e atividades da empresa, incluindo folha de pagamento, segurança, medicina do trabalho, controle de custos, sistema agrícola, manutenção de frota, entrada de cana, tráfego, controle de abastecimento de combustível, sistema supervisório para a fábrica, entre outras. Com uma gerência e três coordenações (Sistemas, Infraestrutura e Service Desk), a área de Tecnologia da Informação da Coruripe é subordinada à diretoria financeira. Possui uma equipe formada por 33 pessoas: um gerente, dezoito profissionais na coordenação de sistemas, cinco no Service Desk e nove na Infraestrutura. A área de TI da Guarani está dividida em dois grupos: um deles é responsável pelas aplicações de negócio e outro pela infraestrutura de apoio a estas aplicações, bem como pelo atendimento aos usuários – informa Marcelo Junqueira. Entre os recursos utilizados, incluem-se plataforma e metodologias para desenvolvimento, gerenciamento de projetos e Service Desk. (RA)


JC 250

10/22/2014

10:48 PM

Page 21


JC 250

10/22/2014

22

10:48 PM

Page 22

ADMINISTRAÇÃO & LEGISLAÇÃO

Novembro 2014

Atividade é fundamental para a simulação de cenários Em qualquer situação – com ou sem crise – a Tecnologia da Informação deixou de ser uma ferramenta auxiliar na execução de determinadas tarefas, para tornar-se fundamental no dia a dia das unidades sucroenergéticas e no planejamento das atividades das usinas. “Quando vamos implantar qualquer sistema sempre nos lembramos do princípio que diz: se algo que não funciona é automatizado, o único resultado alcançado será a produção de problemas numa velocidade ainda maior”, comenta Rommel Agra, da Central Açucareira Santo Antonio, para demonstrar a importância da TI no cotidiano da empresa. Para o funcionamento do sistema de controle orçamentário, implantado no grupo, foi fundamental a participação total da Tecnologia da Informação em sincronia com as áreas envolvidas – exemplifica. “A nova gestão da Coruripe, com foco na segurança dos colaboradores, no controle dos processos e no conceito de ‘fazer mais com menos’ tem possibilitado que a TI seja a

grande ferramenta de apoio às áreas da empresa, para agilizar e gerir os processos, na apuração dos indicadores e na simulação de cenários”, revela Petrucio Barros. De acordo com ele, os processos agrícolas e industriais estão sendo reestruturados com foco nos controles, na apuração e apropriação dos custos e na otimização. A área de TI tem enfrentado desafios para atender as novas exigências provenientes do atual momento do setor. Na Coruripe, os planos estão voltados ao atendimento das demandas geradas pelo uso do BI – Business Intelligence em diferentes áreas, pelo planejamento estratégico e simulações de cenários, revela. As ferramentas da Tecnologia da Informação têm sido importantes também para o processo de gestão da Guarani, principalmente no controle orçamentário e contábil e na operação, incluindo o controle de qualidade industrial, de estoques, de transportes e gestão do plantio e da colheita de cana – destaca Marcelo Junqueira. (RA)

Rommel Agra: sistemas de TI fazem parte do cotidiano da Santo Antonio


JC 250

10/22/2014

10:48 PM

Page 23

ADMINISTRAÇÃO & LEGISLAÇÃO

Novembro 2014

23

Sistema integrado de gestão consolida dados e processos A Tecnologia da Informação tem um potencial enorme para contribuir com os processos de gestão de unidades e grupos sucroenergéticos. Mas, para isto, precisa contar com infraestrutura adequada que inclui ferramentas eficientes e compatíveis com a realidade de cada empresa. Um dos recursos importantes para a consolidação de todos os dados e processos de uma organização, que tem sido cada vez mais adotado pelas usinas e destilarias, é o ERP – Enterprise Resource Planning, ou seja, um sistema integrado de gestão empresarial. De acordo com Marcelo Junqueira Melo, da Guarani, o ERP proporciona rastreabilidade de ações e registros, controle de acesso por função e melhor integração de processos dependentes, como, por exemplo, compras, recebimento, gestão de estoque e contas a pagar. Entre outras vantagens desse sistema de gestão estão a confiabilidade dos dados, que podem ser monitorados em tempo real, e a diminuição do retrabalho, destaca Rommel Agra. Além disso, o ERP disponibiliza dados de qualidade e otimiza o fluxo da informação. “Há também a incorporação de melhores práticas, codificadas no ERP, aos processos internos da empresa”, afirma. O sistema integrado de gestão foi implantado na Santo Antonio em 1999. Para o sucesso desta mudança teve papel fundamental a formação de um comitê gestor que tratou dos assuntos pertinentes à

Ferramentas apresentam avanços significativos Para atender demandas e expectativas do setor sucroenergético, o mercado fornecedor de produtos na área de Tecnologia da Informação e as próprias usinas têm procurado aprimorar algumas ferramentas e soluções. Na área agrícola há avanços significativos nos controles operacionais, na agricultura de precisão, na automação dos apontamentos agrícolas e no uso de imagens, observa Petrucio Barros, da Coruripe. “Na indústria, melhorias ocorreram nos processos e na automação da apuração dos indicadores”, diz. E na área administrativa, as novas soluções estão voltadas à automação dos processos de compras e vendas, gestão dos serviços contratados, controles da área fiscal, gestão e governança dos processos como um todo – detalha. (RA) Business Intelligence também proporciona melhorias em diversas áreas

transição do sistema antigo para o novo ERP – relata. A implantação do ERP na Coruripe, que ocorreu em junho de 2011, forçou a empresa a rever e a reestruturar todos os seus processos, diz Petrucio Barros. “Identificamos melhorias significativas em todas as áreas, principalmente na padronização e gestão dos processos, na apuração dos tributos, na auditoria dos

processos, nos critérios contábeis e financeiros, na rastreabilidade das transações e na governança da empresa”, observa. Segundo o gerente de TI, a Coruripe tem utilizado também ferramentas de BI – Business Intelligence na área de suprimentos, no controle orçamentário, na apuração de indicadores da indústria e da área agrícola. “Temos projeto em andamento para usar BI para as áreas comercial, contábil, financeira e

de custos”, informa. Na Santo Antonio, a utilização de BI ocorre principalmente nas áreas comercial e financeira. Rommel Agra observa que a solução adotada proporcionou melhoria no processo de planejamento de vendas, aprimorou o controle nas receitas e despesas e criou condições para uma maior velocidade na análise das informações, o que contribuiu para a tomada de decisões.


JC 250

10/22/2014

24

10:48 PM

Page 24

ADMINISTRAÇÃO & LEGISLAÇÃO

Carina Ferreira: técnicos jurídicos asseguram normas corretas

Novembro 2014

José Eduardo Pastore: RH precisa reduzir o impacto econômico

Gestão de pessoas pode mitigar impactos da legislação trabalhista ANDRÉIA MORENO, DE RIBEIRÃO PRETO, SP

Não há dúvidas de que a legislação trabalhista provoca grandes mudanças dentro de uma empresa, inclusive no que se refere a gestão de pessoas. Uma das conclusões discutidas no XIII Seminário do Gerhai, em Ribeirão Preto, em 19 de setembro passado, foi de que a grande parte dos problemas trabalhistas não são jurídicos, mas de gestão de pessoas. “Posteriormente se transforma em problema jurídico. O cuidado na gestão de pessoas já evita que se transforme em um problema jurídico. É preciso mudar de dentro para fora e não só esperar mudança na legislação, assim será possível reduzir o passivo trabalhista”, comentou José Eduardo Pastore, consultor da

Confederação Nacional da Indústria - CNI e da Associação Brasileira de Recursos Humanos - ABRH/SP, durante suas explanações no evento. Pastore defende um bônus para o setor de Recursos Humanos pelos problemas trabalhistas que evitar e lembra que muitos empresários não olham para sua área de gestão de pessoas. “É preciso investir pesado no RH, na mudança de cultura organizacional da empresa, pois se o empresário não quiser mudar sua gestão, qualificar mais a mão de obra, olhar para questão preventiva, dar devida atenção para o trabalhador para evitar que vá a justiça, o RH ficará refém do dono da empresa. Além de qualificação, os gestores precisam conhecer sobre código de ética, como evitar dano moral”, resume o advogado trabalhista, José Pastore.

Carina Ferreira, gerente jurídica da Siamig explicou que a segurança jurídica é um gargalo e enfatizou a complexidade do sistema normativo das relações do trabalho. “É preciso uma integração da área de gestão de pessoas com a assessoria jurídica das empresas. A mitigação de problemas trabalhistas pode começar pelo processo de gestão de pessoas. Cada vez mais os processos de gestão de pessoas precisam estar de acordo com grande número de normas e posições da fiscalização, por isso é essencial a presença e o conhecimento do técnico jurídico”, ressalta. Manoel Carlos Toledo Filho, Desembargador do Tribunal Regional do Trabalho de Campinas, fez uma explanação sobre as reclamações trabalhistas mais recorrentes no setor e

apresentou algumas estratégias para evitar processos. “Na questão das horas de percurso, a empresa já deveria controlar a jornada desde o momento do ingresso do veiculo que vai fazer o transporte; há reclamações na questão dos sanitários nas lavouras e sua adequação; questão de pausas nos intervalos; do pagamento das horas extras. As relações de trabalho são dinâmicas e acho que podemos melhorar”, diz. Fernando Vicente, diretor industrial da Usina Alta Mogiana, afirma que é fundamental o investimento na gestão. “As pessoas que têm poder de decisão, do comando mais simples à direção, merecem tratamento de formação diferenciado, treinamento e concordo que o caminho é a gestão. É uma mudança que vem para ficar”, revela.


JC 250

10/22/2014

10:48 PM

Page 25


JC 250

10/22/2014

26

10:48 PM

Page 26

ADMINISTRAÇÃO & LEGISLAÇÃO

Novembro 2014

Metodologia da Valormax recupera o valor de usinas PRAZOS PARA RECUPERAÇÃO

DA REDAÇÃO

Neste mês de outubro a Valormax assinou o contrato de parceria com a Finbio — Finanças e Investimentos em Bioenergia, e passou a ser parte do portfólio do Pró-Usinas, que viabiliza soluções que apresentam resultados comprovados no incremento da eficiência e da rentabilidade das usinas e grupos produtores. De acordo com Fernando Braga, sóciodiretor da Valormax, a empresa, que atua em processos de fusões e aquisições e de reestruturação de usinas, possui grande expectativa neste acordo. “O momento é oportuno. Muitas usinas não conseguem ter seus processos transparentes e regras alinhadas com a governança corporativa e não contam com profissionais qualificados o suficiente para dar uma guinada positiva nos resultados. Nosso trabalho é contribuir através de técnicas de gestão para a correções dos processos para que a empresa volte a ter resultados financeiros, tornando-a apta a captar recursos no mercado financeiro e um ativo interessante para o processo de fusões e aquisições”, explica. Braga afirma que este é um processo interno de geração de valor. “Empregamos uma nova metodologia, que entre outras ações revisa organogramas, qualifica os colaboradores, adota ferramentas de

Braga afirma que não é possível mensurar o tempo exato da recuperação de uma empresa, uma vez que isto depende da profundidade da crise em que ela se encontra e da flexibilidade em adotar novas medidas. Todavia, a experiência da Valormax demonstra que esse prazo nunca é inferior a um exercício inteiro — equivalente a safra e entressafra. “O trabalho de reestruturação cria novos paradigmas, muda a cultura empresarial, a conscientização, principalmente dos acionistas, executivos e colaboradores sobre a necessidade de repaginar toda a empresa, e isto é determinante para o prazo da recuperação”.

RECUPERAR E AGREGAR VALOR Josias Messias, presidente da ProCana Brasil e do Pró-Usinas, e Fernando Braga, sócio-diretor da Valormax

controle, com cálculo de taxa de retorno de todos os produtos e serviços. Determinamos um plano de ação, com medidas que visam eliminar gargalos, mitigar pontos negativos e potencializar pontos positivos da empresa”, elucida.

PLANO DE RECUPERAÇÃO Contudo, se uma usina está em profunda crise financeira, a Valormax usa o a mesma metodologia de geração de valor para adequar a empresa a um

processo de recuperação extrajudicial ou judicial. “Elaboramos um plano de reestruturação da empresa no âmbito da recuperação judicial mas não consideramos este instrumento para “barrigar” credores. Só assessoramos uma usina, neste âmbito, se seus acionistas concordarem em elaborar um plano exequível, que será cumprido com o objetivo de atender os credores e recuperar a empresa dos pontos de vista produtiva, econômico e social”.

Para Josias Messias, presidente da ProCana Brasil e do Pró-Usinas, o setor sucroenergético apresenta um cenário de desafios econômicos, proporcionando uma demanda por soluções muitas vezes não convencionais, mas que já demonstraram sua eficácia. “Nosso trabalho é facilitar o acesso dos tomadores de decisão a soluções que permitam às usinas superarem os constantes desafios do mercado e permanecerem competitivas e sustentáveis. É o caso dos serviços da Valormax, que disponibiliza uma alternativa inteligente para recuperar e agregar valor financeiro às usinas”, afirma. Finbio www.finbio.com.br


JC 250

10/22/2014

10:48 PM

Page 27

AÇÃO SOCIAL & MEIO AMBIENTE

Novembro 2014

27

Projeto DuPont na Escola 2014 abordou o tema “Meu herói, o agricultor” Neste ano de 2014 iniciou-se uma parceria entre a Noble, Coplacana e DuPont, que surgiu para o desenvolvimento de projetos sociais e ambientais, com intuito de levar conhecimento às crianças que vivem e estudam nas comunidades onde o grupo Noble possui suas unidades de cana-de-açúcar e onde a DuPont e a Coplacana também atuam junto a estas comunidades locais. O projeto “DuPont na Escola”, que neste ano trouxe o tema “Meu Herói, o Agricultor” e o projeto DuPont Natureza, que neste ano desenvolveu tema “Sustentabilidade, como a vida deve ser” em parceria com o projeto desenvolvido pela Noble “ Futuro mais verde”, levaram de forma direta e lúdica uma grande quantidade de informações sobre as boas práticas agrícolas, importância do agricultor no processo de desenvolvimento mundial e a preservação do meio ambiente a mais de 800 crianças, com idades entre sete e dez anos. Estas empresas realizam anualmente vários projetos socioambientais para os mais diversos públicos, e acreditamos que essa sinergia ao somar forças entre as diferentes experiências pode proporcionar a partir de agora uma nova etapa de ações voltadas às comunidades rurais, sempre muito carentes de informação e conhecimento. Temos como objetivo nestes processos, auxiliar na formação de cidadãos conscientes, e quem sabe de futuros profissionais, que poderão fazer parte deste fantástico processo da cadeia de produção agrícola e no futuro possivelmente, poderão ser parte destas empresas. Conforme ressaltou Eliete Palhares Benetti, coordenadora de responsabilidade social da Noble Agri, a parceria trouxe benefícios para todos, pois veio ao encontro dos Programas de conscientização

Projeto levou informações sobre as boas práticas agrícolas para alunos

socioambiental que temos desenvolvido com as comunidades vizinhas às unidades operacionais. O projeto DuPont na Escola foi direcionado para cidades e escolas onde já desenvolvemos projetos sociais. Foram oito escolas de oito cidades: Catanduva, Catiguá, Tabapuã, Novais, Sebastianópolis, Meridiano, Votuporanga e Ida Iolanda. “As escolas já nos procuraram dizendo que querem continuar com o projeto em 2015 devido à dimensão que as ações alcançaram, segundo os diretores e professores, o projeto proporcionou mais motivação e uma forma de aprendizagem sobre o meio ambiente diferenciada, com uma didática envolvente e estratégias que levam realmente à construção do conhecimento”, afirma Benetti. A Coplacana investe em projetos e trabalhos socioambientais, sendo um dos seus pilares. São vários segmentos priorizados pela cooperativa, tais como: recomposição de APPs, manutenção de praças, sistematização de áreas de plantio com a preservação de solos e mananciais, mantém central, postos de recebimento de embalagens vazias e também realiza recebimento itinerante; treinamentos ambientais para produtores rurais; peças de teatro e palestras com temas baseados na sustentabilidade para estudantes de escolas rurais e urbanas do ensino fundamental. “A Coplacana estabelece suas parcerias cujas premissas, incluem-se também esses projetos e a DuPont tem nos apoiado nessa caminhada, fomentando também parcerias importantes como a Noble. Nós, gestores dessas empresas temos por obrigação apoiar projetos que inspirem cidadania em nossos cooperados, seus familiares e das comunidades a que pertencem. A Coplacana continuará trabalhando firmemente nesses propósitos”, disse Arnaldo Bortoletto, presidente da Coplacana.


JC 250

10/22/2014

28

10:48 PM

Page 28

AÇÃO SOCIAL & MEIO AMBIENTE

Novembro 2014

FOGO!

Colhedora incendiada na Cerradão, MG: incêndio criminoso pode causar prejuízo de R$ 10 mil/ha em 2015 ANDRÉIA MORENO, DA REDAÇÃO

Uma prática que tem atingido diversas unidades neste ano atípico de seca severa no Centro-Sul, principalmente nos estados de Minas Gerais e São Paulo, é o incêndio criminoso ou acidental. “O impacto desta prática na próxima safra de cana pode chegar a R$ 10 mil por ha, se planta não puder ser colhida”, segundo Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar). Segundo ele, mais de 50% dos incêndios atingiram áreas que já haviam sido colhidas este ano. “O fogo queimou a

cana vegetando, com dois, três e quatro meses. Ela torrou e terá que rebrotar. O grande risco é essa área não ter ponto de corte em 2015, o que impactará na oferta de cana na próxima safra. Se não for colhida, a perda chegará a R$ 10 mil por ha”, diz. De acordo com ele, quando o fogo atinge a cana que não está pronta para ser colhida, e que grande parte dela ainda teria um período vegetativo e de maturação, causa sérios danos. “Nessas áreas houve perdas de 12% do potencial da produtividade agrícola, já que se colheu uma matéria-prima com 9 toneladas aquém do efetivo e com 10 kg de açúcar

abaixo do potencial. Isso gera um prejuízo na ordem de R$ 1500,00 a R$ 1700,00 por ha por não ter atingido o ponto ideal de corte”, lembra. Além disso, Padua ainda ressalta que muitas empresas tomaram multas porque a cana foi colhida sem autorização da queima. “Em outros casos, houve autorização para colheita porque a Cetesb entendeu que houve um crime. Acreditamos que o clima impactou até 95% na perda da produtividade agrícola, e cerca de 5% foi fruto de incidência de incêndio, com uma quebra maior em função da queima fora do período correto de maturação”, pontua.

Incêndios causam prejuízos econômicos e afetam a qualidade do ar No último 23 de junho, o fogo atingiu um canavial de Itumbiara, em Goiás e causou um prejuízo de pelo menos R$ 1 milhão. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) relatou que o fato foi provocado por um homem alcoolizado, que colocou fogo no mato seco às margens da BR-153, onde fica localizada a propriedade, e em seguida o suspeito foi preso. Outro incêndio que causou estragos nos canaviais aconteceu no Rio de Janeiro. Na ocasião, as chamas consumiram uma plantação de cana-deaçúcar da Coagro – Cooperativa Agroindustrial do Estado do Rio de Janeiro, equivalente a 50 campos de futebol no dia 18 de junho, em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense. A direção da usina informou que o terreno queimado é de um dos cooperados e o prejuízo estimado foi de R$ 300 mil. No interior paulista, uma ação coordenada pela equipe de fiscalização da Alcoeste, Polícia Ambiental e até da população, resultou na detenção de um homem no dia 4 de junho, acusado de atear fogo em diversos pontos em áreas de plantio de cana. “Recebemos várias ligações da população, comunicando a ocorrência de incêndios, em áreas que não havia operação agrícola naquele dia e começamos a desconfiar que pudesse ter a origem criminosa”, conta Nevaildo Cavalcanti, gerente da Alcoeste. Segundo informações da Alcoeste, o fogo ateado intencionalmente causou a destruição de 1,294 hectares de vegetação exótica em área comum e 0,022 ha de vegetação dentro da área de preservação permanente. Causam sempre danos à qualidade do ar no entorno de até 10 km dos focos. (AM)


JC 250

10/22/2014

10:48 PM

Page 29


JC 250

10/22/2014

30

10:48 PM

Page 30

AÇÃO SOCIAL & MEIO AMBIENTE

Novembro 2014

Usina de MG perde cerca de R$ 3 milhões com incêndios Todos os dias os colaboradores da Usina Cerradão contabilizam algum tipo de foco de incêndio nos canaviais da empresa, localizada em Frutal (MG). Somente nesta safra a empresa contabilizou um prejuízo de cerca de R$ 3 milhões com incêndios criminosos ou acidentais que atingiram 2 mil ha de canaviais, pastos e mata ciliar. O último ocorreu durante uma celebração religiosa (peregrinação) no dia 12 de outubro, localizada próxima dos canaviais da usina. “Algumas pessoas perderam o foco da celebração e começaram a ingerir bebidas alcóolicas. Com isso, muitos fogos de artifícios e bitucas de cigarro acabaram provocando um início de incêndio que prontamente foi controlado pela equipe de plantão e queimou apenas 30 ha”, diz Michel da Silva Fernandes, supervisor de planejamento e qualidade da Cerradão. Ele explica que os incêndios na maioria das vezes tomaram uma proporção maior devido às condições climáticas atípicas desta safra, clima seco e quente. “Além de soqueiras e palha, perdemos muita cana queimada fora da época de colheita”, revela. Para que o trabalho de combate ao incêndio funcione a unidade mantém equipes de plantão formadas por 15 caminhões pipas e operadores da brigada de incêndio. “Se não fosse os incêndios, talvez poderíamos reduzir dois a três caminhões. Para manter cada caminhão

Incêndio na Cerradão, MG: condições climáticas atípicas ampliam proporções dos focos

gastamos mais de R$ 15 mil por mês, contando com custo de deslocamento, mão de obra, manutenção, entre outros. É um custo muito alto que poderia ser reduzido”, comenta. O fogo também deixa suas marcas no meio ambiente, na fauna e na flora dos locais atingidos. Um filhote de

onça parda foi encontrado gravemente ferido e com marcas de queimadura por todo o corpo dentro de um canavial, na cidade de Conceição das Alagoas, no Triângulo Mineiro, no final de setembro passado. O canavial foi alvo de um incêndio criminoso ou acidental e tomou

grandes proporções na região. O filhote teve queimadura nos olhos, focinho e pelos. A visão não foi totalmente comprometida, mas por ter apenas duas semanas de nascido, existem chances do filhote não se adaptar com a amamentação artificial. (AM)


JC 250

10/22/2014

10:48 PM

Page 31

PRODUÇÃO

Novembro 2014

31

Giro do setor ÍINDIA PATRICIA BARCI,

RÚSSIA DE

A indústria açucareira da China está imersa em uma crise, devido à pressão dos concorrentes estrangeiros, de acordo com a agência de notícias chinesa Xinhua. De acordo com as últimas estatísticas da China Sugar Association (CSA), os fabricantes entregaram cerca de 13.318 milhões de toneladas de açúcar na safra 2013/14, que durou de outubro do ano passado a setembro deste ano. Mas foi vendido apenas 77% do que no ano anterior, com 10,24 milhões de toneladas vendidas até o final de agosto. Com a chegada do inverno, as vendas têm tido, consequentemente, uma queda e a situação preocupante não mostra sinais de melhora.

RIBEIRÃO PRETO, SP

Uma das maiores usinas de açúcar da Índia, a Mawana Sugars Ltd, que deve cerca de INR2.5 bilhões (US $ 40 milhões) a um consórcio de credores, não Caldeira da Usina Mawana Sugars pagará sua dívida por causa da queda nos preços do açúcar no mercado interno na Índia, de acordo com um funcionário da empresa. “Estamos perdendo INR5-INR6 por kg de açúcar que produzimos, não temos como pagar este valor com o preço atual do açúcar e da cana-de-açúcar”, disse Rajendra Khanna, diretor da empresa que registrou um prejuízo INR245.2 milhões nos últimos três meses. “Nós optamos por um empréstimo a prazo devido à disparidade dos preços da cana e do açúcar”, Khanna, disse à Reuters. Os preços do açúcar caíram quase 13% nos últimos 12 meses; em contrapartida o preço da cana-de-açúcar subiu 65% em cinco anos. De acordo com especialistas, os preços continuarão sob pressão devido ao amplo estoque pelo quinto ano consecutivo e boas perspectivas de produção. O país começou a nova safra com 7,5 milhões de toneladas nos estoques e deverá produzir 25 milhões de toneladas este ano contra o consumo local de cerca de 23 milhões de toneladas.

CHINA

A Rússia deverá reduzir em cerca de um milhão de toneladas a sua produção de açúcar de beterraba e produzir somente 4,3 milhões de toneladas de açúcar nesta safra, de acordo com dados da indústria e do centro de pesquisa agrícola Ikar para a Agra-Net. A queda na produção é devido às altas temperaturas que afetam negativamente o crescimento das plantas. A produção de açúcar foi de 4,4 milhões de toneladas no ano anterior para os 4,3 milhões nesta safra. A estimativa para esta temporada, que começou em agosto e vai até março do ano que vem, era de produção recorde, que chegaria a 5 milhões de toneladas, de acordo com previsão feita pelo Ministério da Economia, antes das altas temperaturas afetarem a lavoura.


JC 250

10/22/2014

32

10:49 PM

Page 32

HOMENAGEM

Novembro 2014

A MELHOR NOTÍCIA DO SETOR! JornalCana chega a 250 edições; veja até a página 44 alguns dos momentos marcantes de sua história ANDRÉ RICCI, DA REDAÇÃO

Aliado do produtor canavieiro, o JornalCana chega a sua edição de número 250. Antes de iniciar este especial, que trará momentos que marcaram esta história, a equipe ProCana Brasil, empresa que edita este e outros produtos editoriais voltados ao setor, agradece a você, fiel leitor que deposita em nós sua confiança e que fizeram do JornalCana, a melhor notícia do setor. É por vocês que nos reunimos semanalmente em busca de matérias relevantes, que levem informações que agreguem valor e os ajude no desenvolvimento de seus negócios. Foi através das palavras que o JornalCana interligou as regiões

produtoras. Em um país com dimensões continentais e caracterizado por sua diversidade cultural, a cana-de-açúcar é ponto comum entre os que vivem dela. Ao longo destes 26 anos, diversas histórias foram registradas. Trabalhadores veem seus feitos expandir fronteiras. Momentos políticos são constantemente temas de discussão. Tecnologias, a cada mês, evoluem, e ainda que por muito tempo, os produtores carregaram a fama de conservadores, hoje; estão ávidos por ferramentas que tragam maior eficiência. Oswaldo Alonso, consultor agrícola e engenheiro agrônomo,

acompanha o JornalCana desde suas primeiras edições. Ele ressalta a importância da publicação. “Por si só, as 250 edições já espelham a importância e receptividade do JornalCana em todos os elos do setor. Somem-se matérias bem elaboradas e importantes dicas tecnológicas, ambientais e sociais. Todo mês, a expectativa de recebê-lo e devorá-lo é grande”, diz. A publicação mantém ao longo de sua história o comprometimento em ressaltar ações ambientais e sociais. Afinal, trata-se de um setor com grande importância

econômica, que provê o sustento de milhares de famílias, mantém diversas cidades economicamente ativas, e contribui com a preservação do meio ambiente. João Henrique de Andrade, diretor industrial e administrativo da Usina Pitangueiras, faz parte da nova geração que tem assumido as rédeas das usinas. Com a evolução do segmento, sabe da importância em se manter informado por um veículo de comunicação de credibilidade. “Em uma única edição é possível ficar por dentro de tudo que está acontecendo no setor e trazer paradentro de cada unidade o melhor em termos de resultados e tomadas de decisões”, afirma.


JC 250

10/22/2014

10:49 PM

Page 33


JC 250

10/22/2014

34

10:49 PM

Page 34

HOMENAGEM

Novembro 2014

DMB consolida sua marca em parceria com o JornalCana Ao longo destas 250 edições, o JornalCana teve participação importante em boa parte da trajetória de inúmeras empresas. Uma delas é a DMB Máquinas e Implementos Agrícolas, localizada na cidade de Sertãozinho (SP). O engenheiro agrícola, Auro Pereira Pardinho, que também é gerente de marketing da empresa, conta mais sobre esta história. “O JornalCana contribui bastante conosco. Divulgamos nossos produtos e mostramos, através de matérias pertinentes às práticas agrícolas, como se encaixam no mercado”. Questionado sobre a importância em manter a parceria com a publicação, Pardinho lembra de sua abrangência, chegando a todas as usinas sucroenergéticas do país. “É o principal veículo de informação do segmento, portanto é o primeiro lugar que escolhemos para a divulgação de um novo equipamento ou de uma informação sobre a linha de produtos de nossa empresa”. Atualmente, a DMB conta com infraestrutura moderna instalada em uma área de aproximadamente 50 mil m². No local são fabricados uma extensa linha de implementos, como subsoladores, sulcadores, cobridores, cultivadores "quebra-lombo", cultivadores para cana crua e queimada, carretas para distribuição de torta de filtro,

Auro Pereira Pardinho, diretor de marketing da DMB

adubadeiras de superfície, adubadores para cana crua com aplicação em profundidade, aplicadores de inseticidas em soqueiras e desenleiradores para cana crua. Pardinho afirma que o profissionalismo de toda a equipe do JornalCana é o grande diferencial visto nestas 250 edições, além de

citar o Prêmio MasterCana como um reforçador de marca. “A premiação também teve grande importância na consolidação da marca DMB como principal fabricante de máquinas e implementos para a cultura da cana. O MasterCana perpetuou o slogan “A marca

da cana” vinculado a marca DMB”, disse. Todo este trabalho se tornou referência no mercado, permitindo que os negócios da empresa fossem expandidos para outros países produtores de cana. América do Sul, América Central, Caribe e África trabalham com a DMB. (AR)


JC 250

10/22/2014

10:49 PM

Page 35

HOMENAGEM

Novembro 2014

35

Novidades industriais chegam às usinas

Parcerias de décadas trazem resultados

“O JornalCana contribui para que o planeta enxergue que a TGM está presente no dia a dia de todos nós”. A frase é de Adalberto Marchiori, coordenador de marketing da TGM, empresa fabricante de turbinas a vapor, redutores de velocidade, além de prestadora de serviços nessa área. Experiente na área, Marchiori diz que as empresas estão mais conscientes do papel da comunicação. A globalização tem acelerado este processo de aprendizagem, se fazendo necessário aparecer em publicações que de fato alcancem o público interessado. “É de fundamental importância manter um diálogo transparente com a sociedade. A comunicação já faz parte da estratégia para fortalecer este contato”, explicou. Sediada em Sertãozinho, no interior de São Paulo, a TGM é uma empresa de capital 100% brasileira. Possui outras três unidades localizadas em Maceió (AL), São José dos Campos (SP) e Nürnberg, na Alemanha. Em seu portfólio conta com a fabricação de mais de 1.000 turbinas a vapor que totalizam 10.2 GW de energia, 1.330 redutores planetários, 460 redutores paralelos, 28 redutores especiais e 550 turbinas repotenciadas. Questionado sobre o diferencial do JornalCana, Adalberto Marchiori diz. “A seriedade, competência e

“Parceiros desde o começo, a Sergomel se identificou com a forma de trabalhar do JornalCana. Sua ampla divulgação leva nossa marca por todo o país”, foi o que disse a diretora de marketing da Sergomel, Elaine Cristina Gomes. A empresa, situada em Sertãozinho (SP), maior região canavieira do país, produz uma linha completa de Estande da Sergomel durante a Fenasucro 2014 carrocerias para o transporte de cana, sendo cadastrada na Anfir – Associação Nacional dos sobrevivência do segmento”. Fabricantes de Implementos Rodoviários, e Durante a Fenasucro 2014, realizada credenciada junto ao CTC - Centro de em agosto, a Sergomel apresentou aos Tecnologia Canavieira desde 2000, quando visitantes a Transplantadora Canavieira e o iniciou a produção de carrocerias. Rodotrem Linha Leve. A primeira é Elaine faz parte da nova geração do utilizada no plantio mecanizado e conta setor. Ela cresceu acompanhando seu pai, com quatro caixas de carga, acionadas de Osvaldo Gomes, fundador da empresa. forma hidráulica por dois cilindros (por “Sabemos que as publicações são claras, caixa), tornando o sistema ágil e de fácil objetivas e abrangem todo o segmento. operação. Já o Rodotrem Linha Leve foi Fornecedores, produtores, colaboradores, construído pensando diretamente na clientes, enfim, todos têm acesso ao jornal”. melhor relação entre o peso bruto total e O momento econômico do setor não é tara do produto. Com ele, a empresa dos melhores. Bem por isso, Elaine acredita conseguiu elevar o volume de carga ser fundamental o papel da comunicação transportada, atendendo as expectativas de neste cenário. “Opiniões, novidades e fatos seus clientes. relevantes nos ajudam no dia a dia. Isso “Sabemos que ao divulgar no traz o desenvolvimento das empresas e JornalCana as novidades e o trabalho usinas. Divulgar os cenários dos novos realizado aqui, as pessoas terão mercados e também as tecnologias conhecimento do que está sendo feito e disponíveis é fundamental para a oferecido”, finaliza. (AR)

Adalberto Marchiori, coordenador de marketing da TGM

o profissionalismo para tratar de temas relevantes da agroindústria canavieira são os diferenciais que a equipe deste periódico conduz com maestria”. Sobre o futuro, diz que acredita no crescimento tanto da TGM quanto do JornalCana. Hoje, a empresa tem importante papel na economia local, já que gera empregos e está sempre atenta na conservação do meio ambiente. “Por ser de suma importância para a cadeia produtiva, espero que o jornal continue sendo uma bandeira no setor”. (AR)


JC 250

10/22/2014

36

10:49 PM

Page 36

HOMENAGEM

Novembro 2014

JORNALCANA E A LINHA DO TEMPO Momentos históricos que fizeram parte destas 250 edições

Em setembro de 1993, o JornalCana, sob nova direção, de

Anúncio da publicação veiculado no ano de 1988

Josias Messias, recomeça a circular no setor sucroenergético

Josias Messias discursa na primeira edição do Prêmio MasterCana (iniciado como prêmio JornalCana), em 1994

Em 1994, o primeiro Prêmio JornalCana teve presença maciça dos principais líderes do país; Hoje, o Prêmio MasterCana,

Malotes do JornalCana prontos

Josias Messias acompanha

que o sucedeu, está consagrado como o maior do País.

para serem distribuídos em 1995

a edição impressa do JornalCana


JC 250

10/22/2014

10:49 PM

Page 37


JC 250

10/22/2014

38

10:49 PM

Page 38

HOMENAGEM

Novembro 2014

JORNALCANA E A LINHA DO TEMPO Momentos históricos que fizeram parte destas 250 edições

Antiga sede do JornalCana

Uma das equipes do JornalCana, reunida em feira sucronergética. O JornalCana é a única publicação a participar ininterruptamente da Fenasucro desde sua primeira edição

Exemplares do JornalCana em 1997

Ministro Marcus Vinicius Pratini de Moraes é premiado em 1999

JornalCana presente em todos os momentos importantes

Carlos Lyra recebe Prêmio MasterCana, em 2001

do setor, como quando a Vale do Rosário firmou contrato com a CPFL, em 2000

O JornalCana viaja há 25 anos a todos os lugares do país

Nomes como Rubens Ometto e José Pessoa foram

Dois dos empresários mais emblemáticos do segmento,

onde o assunto é cana e seus derivados

contemplados pelo MasterCana, em 2001

Antonio Toniello Filho e Maurilio Biagi Filho


JC 250

10/22/2014

10:49 PM

Page 39

HOMENAGEM

Novembro 2014

39

GENTE QUE CURTE O JC “O JornalCana é de extrema importância para o desenvolvimento da indústria sucroenergética no Brasil. Ao divulgar iniciativas, analisar oportunidades e pontos de atenção do setor, com padrão e qualidade editorial, o JornalCana estimula a reflexão e forma opinião, consolidando-se como uma das principais fontes de informação e conhecimento desse mercado”. Rui Chammas, CEO da Biosev

“Em 2011, quando recebi o título de Cidadão Paulistano na Câmara Municipal, lembro de todo apoio do Josias Messias. O JornalCana fez a cobertura completa e queria agradecer por isto. A publicação, pioneira no setor, trata dos mais variados temas e é muito importante para toda cadeia produtiva”. Pedro Mizutani, VP da Raízen

"O JornalCana tem cumprido com competência o papel de comunicar as demandas do setor e de informar as tendências nas áreas de gestão e tecnologia

“Informação é um dos recursos fundamentais para que façamos uma boa gestão. O JornalCana contribui para o setor através de suas publicações sempre atualizadas, com matérias sérias, competentes e inovadoras. Seu conteúdo proporciona ao leitor conhecimento sobre o cenário nacional e, de fato, agrega valor ao conhecimento. É muito bom poder contar com jornal e site de elevado nível especializado no setor”. Robert Carlos Lyra, presidente da Delta Sucroenergia

agrícola e industrial". Jucelino Sousa, diretor presidente da Usina Coruripe

“São em momentos como os atuais que vemos a importância de poder contar com um jornal dessa qualidade e com tradição na defesa do setor, levando informação, conscientizando, trabalhando em prol da sustentabilidade. São anos de parceria e empenho visando o desenvolvimento de um segmento que mostra seu valor não só no aspecto ambiental, mas também econômico e social. Que venham mais 250 edições e outras tantas”. Miguel Rubens Tranin, presidente da Alcopar

“O JornalCana contribui para a ampliação do conhecimento sobre o setor sucroenergético, através da divulgação de um conteúdo profundo e atualizado de todos os temas de interesse. É um veículo que valoriza as ações e ajuda a propagar uma imagem positiva do segmento para a sociedade brasileira de modo geral, mostrando as dificuldades, realizações, tendências e o potencial de um dos maiores setores do agronegócio nacional”. Mário Campos, presidente da Siamig

“Entendo que a mídia especializada ocupa um papel importante no desenvolvimento de qualquer setor. Com o sucroenergético não é diferente. Neste sentido, o JornalCana traz matérias de especial relevância para a atualização de todos os envolvidos diariamente com a produção de açúcar, etanol, energia e todos seus derivados. Além disso, usa uma linguagem que propicia um entendimento completo, desde o mais humilde colaborador ao mais especializado, sem deixar de retratar assuntos mais complexos. Parabéns a toda equipe do JornaCana, neste momento em que coloca em circulação sua edição de número 250”. José Roberto Dalla Coletta, presidente da Della Coletta Bioenergia

“É o informativo mais lido do setor. É imprescindível para a tomada de decisões mais importantes”. Eduardo Junqueira da Motta Luiz, sócio diretor da UAG – Usina Açucareira Guaíra

“O JornalCana é um eficiente arauto do setor sucroenergético. Um segmento moderno, sustentável e com foco em tecnologia de ponta precisa de veículos de comunicação com cunho científico, indutores da inovação e do empreendedorismo. O JornalCana compartilha ações que acarretam transformações positivas para a indústria de cana-de-açúcar e cadeia produtiva”. Renato Cunha, presidente do Sindaçúcar PE


JC 250

10/22/2014

40

10:49 PM

Page 40

HOMENAGEM

Novembro 2014

GENTE QUE CURTE O JC “Ao longo dos últimos anos, o JornalCana vem acompanhando e cobrindo o intenso trabalho que a Unica — União da Indústria de Canade-Açúcar e seus associados realizam para o aprimoramento das práticas de trabalho no setor sucroenergético. Normas trabalhistas, particularmente as que envolvem a saúde e a segurança dos trabalhadores sempre são alvo de encontros organizados pela entidade e com frequência estes temas são repercutidos pelo JornalCana. A cobertura isenta e informativa da publicação auxilia bastante na repercussão e divulgação do trabalho”. Elimara Sallum, consultora para assuntos sindicais e trabalhistas da Unica

“O JornalCana é um veículo de extrema importância ao desenvolvimento do setor. As matérias falam das mais variadas áreas que envolvem o segmento, seja sobre economia, tecnologias nas áreas industrial e agrícola, política, custos e muitas outras. Gostaria de deixar aqui meu sincero agradecimento ao Josias Messias, que nunca abandonou a ideia de estar divulgando e ajudando nosso setor com as matérias do JornalCana”. João Henrique de Andrade, diretor industrial e administrativo da Usina Pitangueiras

“O JornalCana é o mais importante canal de comunicação do setor. Com notícias atuais, busca retratar as evoluções e oportunidades do setor, além de declarar com imparcialidade a importância da cana na matriz energética nacional. É um canal de fundamental importância para todos os que, direta ou indiretamente, estão associados ao setor sucroenergético. Gostaria de parabenizar a garra, o pioneirismo e a competência do JornalCana, de seu diretor, o Josias Messias e de toda a equipe”. Walter Di Mastrogirolamo, gerente industrial da Cerradinho Bioenergia

“Não existe futuro sem passado e nem passado sem registro. Por esta razão entendo que o JornalCana contribui e continuará contribuindo para a nossa história. Através de um jornalismo sério e competente tem apresentado a toda sociedade, em especial aos nossos governantes, a dura batalha que enfrentamos para poder sobreviver. Existem coisas que não temos como mudar e uma delas é a história do JornalCana, que nesses anos esteve sempre ao lado do setor. Parabéns família JornalCana”. Antonio Carlos Viesser, gerente industrial das unidades Paraíso e Santa Cândida do Grupo Tonon

“O JC tem através de seu poder de penetração de grande alcance uma enorme importância para o setor, pois sempre traz notícias atualizadas sobre fatos, ocorrências, e dados técnicos de tecnologia avançada, de forma a elevar e contribuir para o conhecimento de toda a cadeia, começando pelos operadores, pessoal administrativo e chegando até a alta direção das empresas ligadas direta e indiretamente com o setor”. Paulo César Costa, diretor da Energisa Bioeletricidade

“O acompanhamento da tecnologia e a divulgação real dos números dão ao JornalCana a credibilidade necessária para despontar entre os melhores do mundo nas áreas agrícola e industrial do setor sucroenergético. Parabéns e muito obrigado pela riqueza de notícias”. Eduardo Prezinhas, gerente agrícola da Usina Pitangueiras

“O JC é um poderoso meio de comunicação ágil e versátil, seja em sua versão impressa ou digital. Quero destacar a preocupação e luta desta equipe junto ao governo, alertando a posição do setor no mercado mundial, entre muitas outras informações. Tenho o prazer de acompanhar as notícias do JornalCana há 20 anos e vejo sua crescente história, tendo, a cada mês, uma surpresa. Não posso deixar de destacar a contribuição e parceria com o GSO — Grupo de Saúde Ocupacional, levando informações atualizadas sobreo assunto. Josias Messias e sua equipe, pelo amor que tem pela comunicação e pelo setor, sabem fazer muito bem este trabalho”. Mário Márcio dos Santos, gerente do departamento de SST da Usina Guaíra

“O JornalCana é um dos meios de comunicação de maior credibilidade do setor. Visualizo a importância deste meio pois entendo que o conteúdo das informações e matérias buscam a evolução e melhoria das nossas práticas, o que é fundamental para um amadurecimento sustentável do nosso setor. Ressalto também a prestação e reconhecimento as práticas, pessoas e empresas que veem fazendo a diferença neste contexto, e isso o JornalCana é exemplo”. José Bassetto Júnior, diretor superintendente Grupo Clealco

“O JornalCana é um veículo de informação de magnitude e expressão sem iguais dentro do setor. O mesmo se confunde com grande parte da história desse tão sofrido e importante segmento. Nele temos a multiplicidade de assuntos técnicos, além de informações sobre bastidores políticos que refletem no dia a dia das usinas. É difícil imaginar nosso dia a dia sem jornal”. Hélio Tavares Santos Junior, diretor superintendente do Grupo Ruette


JC 250

10/22/2014

10:50 PM

Page 41

HOMENAGEM

Novembro 2014

41

JornalCana forma opinião há 26 anos Defensor das causas do setor e instrumento de mudança nas mais diversas áreas, o JornalCana é reconhecido por formar opiniões. Ao longo dos anos, vem debatendo temas que ainda hoje são atuais. Veja algumas das capas e matérias relevantes que repercutiram ao longo dos anos.

Na edição número 1 da série 2 do JC, o então presidente da Sopral, Luiz Antonio Ribeiro Pinto, dizia em entrevista que as acusações de sonegação deviam ser apuradas. E a Copercana fazia anúncio na primeira página desejando sucesso à nova fase do JornalCana.

A edição de número 2 trouxe entrevista com Cícero Junqueira Franco, então diretor superintendente da Usina Vale do Rosário. Nela, Franco abordava a busca do setor por um acordo para integração comercial do país ao Mercosul.

José Guilherme Queiroz, das usinas Cruangi e Maravilhas, divulgava já em fevereiro de 1994, as vantagens agrícolas e ambientais de se colher cana crua. “A cana da (Cruangi) é colhida crua e o resultado é um solo protegido e fértil”, garantia.

José Pilon, um dos grandes defensores do etanol, falou sobre a falta de incentivo ao setor, em fevereiro de 1994.

Jairo Balbo antecipava-se às tendências e anunciava, em março de 1994, a cogeração como solução energética e rentável no futuro.

Há 17 anos, quando o Cerrado não passava disso, o JornalCana anunciava o sucesso da Usinas Itamarati, que acreditava no sucesso do setor sucroenergético fora do eixo Centro/Sul-Nordeste.

Em meio à crise, o governo continuava em cima do muro, e o JornalCana divulgava para o setor toda essa indecisão.

No meio do ano de 2000, o setor foi a Brasília gritar pelo emprego e produção; trabalhadores e produtores reivindicaram a retomada na fabricação de carros a álcool.

A Barralcool inaugura a primeira fábrica de biodiesel em fábrica contígua à sua usina de açúcar e etanol, em Barra do Bugres, MT, para alegria de João Petroni, na foto da capa com o presidente Lula.


JC 250

10/22/2014

42

10:50 PM

Page 42

HOMENAGEM

Novembro 2014

JornalCana forma opinião há 26 anos Defensor das causas do setor e instrumento de mudança nas mais diversas áreas, o JornalCana é reconhecido por formar opiniões. Ao longo dos anos, vem debatendo temas que ainda hoje são atuais. Veja algumas das capas e matérias relevantes que repercutiram ao longo dos anos.

Hoje está evidente que a edição número 100 do JornalCana foi denominada Edição de Ouro com justiça. Ali, antecipando-se, o JC informava que o álcool começava a recuperar sua energia.

Jovens e ousados empresários partiam para investir no Oeste Paulista, transformando antigas e degradadas pastagens na segunda maior região produtora de açúcar e álcool do país, atrás apenas de Sertãozinho e São Paulo.

“Em 2004, o JornalCana proporcionou-me essa matéria especial. Uma das experiências mais ricas e inesquecíveis que tive. Será levada por toda a vida”. As palavras são do gerente administrativo da ProCana Brasil, Luis Paulo de Almeida, que na época, vivenciou um dia de cortador de cana.

A melhoria genética do setor ganha novos investidores, como o Grupo Votorantim. Ainda assim, a falta de investimentos em pesquisa e desenvolvimento era gritante. É o que fez o JornalCana, gritou.

Matéria de capa em janeiro de 2006 alertava que o setor precisava de R$ 400 milhões de investimentos em pesquisas particulares nos próximos cinco anos. O tempo se esgotou e o valor não foi investido.

Uma operadora de painel de moenda posa para foto na unidade Gasa, do Grupo Cosan. Uma das várias edições que valorizaram o trabalho das mulheres nas usinas.

Nesta edição, o JornalCana ressaltou a importância do manejo agrícola no resultado final da produção.

A entrada da mecanização marcou a história do setor. O período de aprendizagem agora começa a ser deixado para trás. Mas, em 2000, foi o início de tudo.

Alessandro Reis, coordenador da redação, entrega ao então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, uma edição do JornalCana durante a Fenasucro.


JC 250

10/22/2014

10:50 PM

Page 43

HOMENAGEM

Novembro 2014

43

ENTREVISTA — Josias Messias, presidente da ProCana Brasil

“Sempre que pressionado, o setor reage” ANDRÉ RICCI, DA REDAÇÃO

Foram inúmeras histórias contadas ao longo destas 250 edições do JornalCana. Do desespero a euforia, da crise ao auge. Na vanguarda de todo este cenário está o presidente da ProCana Brasil, Josias Messias. Nesta entrevista, o empresário e jornalista faz uma retrospectiva dos momentos marcantes, além de uma análise do presente e futuro sucroenergético. JornalCana — Qual a nova formatação do setor nos próximos anos? Josias Messias — Acho que estamos chegando na fase das consolidações. Antes, os grupos com esse poder estavam represando suas decisões de investimentos. Agora há o encontro de fundamentos. O Brasil é o único que pode atender em larga escala tanto o mercado de açúcar quanto de etanol. É inevitável que hajam investimentos aqui. Creio que até 2025, 80% da produção estará nas mãos de 20 grupos. Acredita em melhoras em curto prazo? Sempre que pressionado, o setor reage. Por conta das dificuldades da política macroeconômica creio que não haverá muito o que o novo governo fazer logo de início. Fala-se que com o alto nível de endividamento das usinas a criação de um Refis seria importante. Confesso que não vejo ambiente para isso. O que precisamos é que termine essa embromação por parte do governo. Qual a diferença desta para as demais crises? Em todas as outras tínhamos margem de aprendizagem, de incorporação de tecnologia, de metodologia e de gestão. Nesta, não. As ferramentas estão disponíveis, mas nem todas as empresas estão preparadas para este novo cenário. A maioria das usinas perdeu o timing de algumas decisões. Deixaram de fazer reformas que eram necessárias, não contam com cadastro para acesso a linhas de financiamento, tiveram queda de produtividade agrícola, entre outros pontos. Soma-se a isso a falta de mão de obra, introdução da mecanização, dificuldade política, enfim, são vários os fatores que tornam esta a pior das crises. O que é preciso para as usinas voltarem a crescer? Exceto as que estão deitadas em berço esplêndido, a maioria precisa de um salto de produtividade. Em São Paulo, pelo menos 60 delas precisam deste aumento. O que se vê hoje é que as empresas aplicam técnicas e chegam a conclusão de que ou estão ‘empatando’ ou ‘perdendo pouco’. Isso é inadmissível no mercado atual.

Josias Messias

Existem alternativas para ganhar o jogo, mas que passam por uma quebra de paradigma. Quais alternativas? Tudo começa pela visão empresarial. Não dá para administrar uma usina como há 10 anos atrás. Como tem sido debatido, é preciso elaborar uma estratégia baseada nos ambientes favoráveis de cada usina, além de contar com estrutura financeira capaz de suportar tais mudanças. Em 2008, as usinas estavam em processo de investimento para ganhar escala e no meio os recursos cessaram, deixando muitas pelo caminho. Gestão financeira é fundamental. Sem capital de giro e planejamento, é impossível se desenvolver. Estamos chegando ao fim da crise? Tudo acena para que sim, ainda que sejam necessárias uma ou duas safras para isso. É preciso lembrar da severidade da crise. A nosso favor está a crescente demanda por energia, combustível e açúcar.

Como aconteceu a consolidação do JornalCana? Nosso maior diferencial é o comprometimento. Não entramos em disputas internas e nem em jogos de vaidade. Conseguimos nos comprometer com o setor como um todo, sem tomar partidos. Outro ponto é nossa resiliência. Somos persistentes. Se a crise tem afetado toda a cadeia produtiva, imagina para nós, que somos a ponta do iceberg. Mas temos capacidade de nos reinventar, inovar e sobreviver. E o setor sabe disso. Em anos de crise, além das revistas com suporte das entidades, só o JornalCana se mantém. Isso graças aos amigos que fizemos ao longo dos anos. Como o setor vê o JornalCana? Inegavelmente o setor reconhece nossa contribuição. Sempre que surge um fato que afete ou agregue valor aos canavieiros, nós estamos lá. Nos desdobramos e levamos a informação ao mercado. Não somos especialistas em tudo, mas temos

base suficiente para dar espaço aos especialistas. Temos muitos amigos e até mesmos entusiastas. E somos referência em credibilidade. Somos vistos como catalisador, voz e meio de interação entre as usinas, que vivem distantes uma da outra. Não somos visto apenas como um veículo a serviço do setor, mas sim parte dele, elo entre unidades e toda a cadeia produtiva. E isto muito nos honra. Qual seu projeto para o JornalCana? No futuro, acredito que precisamos avançar nas análises, uma vez que hoje nosso foco está em fatos, pessoas e ideias. Além disso, estamos caminhando para ser uma mídia ‘multiplataforma’. Isto é fundamental. O jornal impresso já não vive sozinho. Temos o Portal do JornalCana e queremos outros meios de facilitar este acesso. Sempre valorizando as realizações dos eventos da ProCana Brasil, que nos aproximam das pessoas. Este é um círculo virtuoso que queremos aprimorar para trazer mais ao setor.


JC 250

10/22/2014

44

10:50 PM

Page 44

HOMENAGEM

Novembro 2014

ARTIGO

Jornal, cana e futuro *POR MÔNIKA BERGAMASCHI

São Paulo é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar, açúcar e etanol deste derivado. Além de aspectos econômicos e ambientais, o setor sucroenergético é um importante gerador de empregos. As dificuldades são visíveis, e as perspectivas, complexas. O aumento dos custos de produção, a artificialidade na política de preços dos combustíveis e da energia gerada a partir de biomassa não trazem nenhum alento. Endividamento e falta de incentivo que não combinam com o momento em que o mundo busca o crescimento social e econômico com conservação dos recursos naturais e preservação do meio ambiente. O caminho fundamental para a superação da crise do setor deve ser pautado em políticas públicas que evidenciem e diferenciem as externalidades positivas das energias limpas, de fontes renováveis, além de planejamento de médio e longo prazos, que por sua vez carecem de uma clara orientação política sobre a participação do etanol e da energia elétrica de biomassa na matriz energética brasileira. O governo paulista tem manifestado seu apoio e confiança no setor. Um importante passo foi a desoneração da carga tributária do etanol hidratado, reduzindo o ICMS para 12% (nos demais Estados da Federação o índice médio varia de 25 a 28%). A Política Estadual de Mudanças Climáticas, PEMC, lançou voluntariamente a meta de que em 2020 a participação das energias limpas na matriz energética paulista seja de 69%. A pesquisa tem trabalhado em sintonia fina com o setor privado. Melhoramento genético, sanidade, produção de mudas, enfim, tecnologia de ponta a serviço do setor.

Mais do que isso, o governo paulista está ciente da necessidade de recompor uma história vitoriosa, e conta com a união de todos os elos da cadeia para a proposição das medidas necessárias. No entanto, a recolocação do etanol e do setor sucroenergético na trajetória de excelência que é sua, de fato e de direito, depende muito da comunicação. O JornalCana, que completa 250 edições, vem ajudando a cumprir esse importante papel de divulgar as externalidades positivas e o potencial do setor para o Brasil. Temas

técnicos, macro e microeconômicos, tendências, lançamentos de novos produtos e opiniões de grandes especialistas estão sempre presentes em todas as edições. Na certeza de que em futuro próximo o setor sucroenergético retomará seu crescimento, fica o desejo de que o JornalCana continue acompanhando de perto essa trajetória de sucesso. * Mônika Bergamaschi é engenheira agrônoma e ocupa o cargo de secretária de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo


JC 250

10/22/2014

10:50 PM

Page 45


JC 250

10/23/2014

46

1:56 AM

Page 46

TECNOLOGIA AGRÍCOLA

Novembro 2014

Produção canavieira possui potencial para crescimento WELLINGTON BERNARDES,

D EPO I M ENTOS

RIBEIRÃO PRETO, SP

Durante o 6º encontro do Grupo Fitotécnico, realizado no dia 7 de outubro no Centro de Cana do IAC de Ribeirão Preto, SP, especialistas apresentaram aos participantes ferramentas e técnicas para impulsionar altas produtividades no campo, mesmo com vários fatores que pressionam o crescimento desta, como o clima e baixos orçamentos. Marcos Landell, pesquisador e coordenador do grupo, afirmou que é viável a produtividade canavieira acima de 100 toneladas mesmo em condições climáticas desfavoráveis, e para assegurar os participantes, Landell apresentou resultados científicos e relatos de usinas. “Falar sobre este tema (alta produtividade agrícola) parece contrassenso se pensarmos nas secas vividas nos canaviais do país, porém existem empresas que mesmo neste cenário conseguiram produzir de maneira eficiente. Procuramos mapear os principais itens e estratégias que levam a esta produtividade”, explicou. O professor da Esalq/USP, Fábio Ricardo Marin, conversou com os presentes sobre o potencial da cultura canavieira em incrementar a produtividade utilizando as mesmas condições de infraestrutura, solo e recursos. O pesquisador estuda a viabilidade de aumentar a produtividade agrícola através de padrões fisiológicos apresentados nas safras do país. Marin observou que este levantamento é realizado há décadas nos Estados Unidos para outras culturas, como a soja e o milho, culturas que possuem máxima eficiência agrícola, ao contrário da cana, que apresenta ainda um gap produtivo, ou seja, uma diferença entre a produtividade atual e a máxima. “O que percebemos é que ainda há espaço para crescimento produtivo da cana-de-açúcar no país com as mesmas condições de plantio. Assim

“ ATUALIZAÇÃO “Acompanhamos novidades do mercado e do setor acadêmico, estas possibilitam que tracemos estratégias para alcançar a produtividade com qualidade. Além deste encontro com colegas e professores, essencial para nossa atualização”. Wesley Carlos Rossini de Souza, coordenador de planejamento agrícola da Usina Santa Júlia/Bunge

Gaspar Korndorfer: práticas de adubação implicam em uma série de manejos

devemos destacar a importância de manejo, há desafios tecnológicos que seguram a produção e atualmente são barreiras para o desenvolvimento positivo da cultura nos próximos anos, como a operação mecânica do solo, que atualmente apresenta problemas com compactação. Temos ainda limitações em manejo nutricional e dificuldades relacionadas à época e local de plantio. Identificando estes entraves podemos aumentar a produção sem expandir nossas áreas”, afirmou o professor. A adubação eficiente nos canaviais pode resultar em bons números de produção, para isto é necessário que o manejo seja feito em tempo e quantidades certos, para que este investimento não

retorne em prejuízo. O professor e pesquisador da Universidade Federal de Uberlândia, Gaspar Korndorfer, apresentou resultados aplicados práticos e científicos sobre esta relação de adubação e produção. “Adotar práticas de adubação em sistemas de alta produção implicam em uma série de manejos, como a rotação de culturas, correção dos solos com calcário e fosfato e níveis mais elevados de adubação para uma produtividade mais elevada”, comentou. Korndorfer ressaltou que a adoção desta adubação mais intensificada deve ser monitorada com cuidado para que os resultados não sejam negativos. O professor assegurou que os investimentos com este manejo trás retorno produtivo capaz de cobrir tais custos.

INOVAÇÕES AGRÍCOLAS “A qualidade técnica do evento nos motiva a buscar novas soluções em nossas unidades. As informações divulgadas no Fitotécnico são fundamentais para um planejamento técnico alinhado com as últimas inovações do setor”. Gustavo Stuchi, gestor de tratos culturais do Grupo Guarani

DE


JC 250

10/23/2014

1:56 AM

Page 47


JC 250

10/23/2014

48

1:56 AM

Page 48

TECNOLOGIA AGRÍCOLA

Novembro 2014

Conjunto de embreagem hidráulica dura até trinta mil horas O avanço tecnológico tem proporcionado a inclusão de vários recursos em modelos de diversos fabricantes. Nos tratores Puma, da Case IH, o operador pode gravar determinadas ações realizadas durante o início e o fim de uma linha de preparo de solo, plantio ou outra operação, com apenas um toque no botão da cabine. Da mesma maneira, é possível executar as operações gravadas, como aumentar ou abaixar a rotação, ligar ou desligar a tração dianteira ou bloqueio de diferencial, subir implemento ou abaixar o mesmo quando engatado nos levantes hidráulicos, entre outras ações, conforme explica Rafael Tonette. A linha de tratores canavieiros da John Deere possui também características importantes. O especialista em marketing e produtos tratores da empresa, Marcos Balsan, destaca algumas delas: o chassi que aumenta a durabilidade e longevidade dos componentes e a transmissão Power Quad que garante mais facilidade na operação. Os equipamentos da empresa contam também com o sistema AMS - Soluções em Gerenciamento Agrícola. Segundo ele, outro diferencial é o conjunto de embreagem hidráulica que pode durar em média quinze mil horas, chegando até trinta mil horas em alguns casos. “Isso é importante, pois aumenta a vida útil do trator que atua em um setor que exige bastante das máquinas, com equipamentos trabalhando mais de quatro mil horas por ano”, comenta. A John Deere tem uma ampla linha de tratores de pequeno, médio e grande porte, disponibilizando modelos utilizados para o preparo de solo, plantio e transbordo no setor de cana-de-açúcar, incluindo os tratores 6145J, 6165J, 6180J, os da Série 7J (7195J, 7210J e 7225J), os da Série 8R (8295R e 8335R) – informa Marcos Balsan. A novidade da empresa nessa área é o 6205J – lançado na Expointer, realizada em Esteio, RS, de 30 de

Transmissão Power Quad, da John Deere, garante facilidade na operação

agosto a 7 de setembro –, que será focado para o mercado canavieiro, afirma. “É um equipamento de chassi integral que evita esforços de tração e torção no conjunto motor/transmissão, garantindo uma durabilidade superior. A localização dos filtros e pontos de inspeção também foi projetada ao alcance do operador, o que facilita a

manutenção de rotina, O assento com suspensão a ar fornece mais conforto em longas jornadas de trabalho”, detalha. De acordo com ele, a opção de piloto automático possibilita menos desgaste e redução na utilização de insumos. (RA)


JC 250

10/23/2014

1:56 AM

Page 49


JC 250

10/23/2014

50

1:56 AM

Page 50

TECNOLOGIA AGRÍCOLA

Novembro 2014

Perde validade Medida Provisória para licenciamento de tratores WELLINGTON BERNARDES, DA REDAÇÃO

Apresentada no dia 27 de maio deste ano, a Medida Provisória que alteraria o Código de Trânsito Brasileiro, perdeu a eficácia na última semana de setembro, dia 24, quase quatro meses após ser protocolada no Senado. Das 71 emendas apresentadas, 16 foram anexadas, assim, a MP simplificaria o licenciamento obrigatório de máquinas agrícolas, que seria feito uma única vez para aquelas que transitassem em vias públicas, porém sem clareza sobre quais máquinas se enquadrariam nesta exigência. A proposta também habilitaria condutores da categoria B a operar tal maquinário em estradas e rodovias. O descontentamento do setor agrícola foi decorrente da obrigatoriedade do licenciamento de máquinas fabricadas a partir de 1º de agosto, que circulassem em vias públicas. No dia 1º de outubro houve o encerramento do prazo de vigência desta MP, sendo declarada encerrada no dia 3. Na semana seguinte haveria reunião da Comissão Mista para apresentação do projeto de decreto legislativo, porém esta não ocorreu.

CG P300 transforma caminhão convencional em equipamento agrícola

Prolongador de bitolas preserva soqueira A preservação da soqueira é também preocupação da empresa Carcaças Guimarães que desenvolveu o prolongador de bitolas CG P300 que transforma o caminhão convencional em um equipamento agrícola, permitindo ao eixo do veículo expandir e retrair, criando condições para tornar o corte mecanizado de cana-deaçúcar mais produtivo. Com o prolongador, a distância de centro a centro das

rodas pode chegar a três metros, fazendo com que o caminhão se ajuste à distância da rua da cana, tornando o processo de canteirização um aliado da qualidade e rentabilidade. “Hoje, em média, são feitos cinco cortes na mesma cana, sem necessidade de plantio, o que representa cerca de cinco anos. Porém, para ela crescer boa e ordenada do primeiro ao último ano, a soqueira deve ser preservada”, ressalta Valter Pereira, diretor da empresa. (RA)


JC 250

10/23/2014

1:56 AM

Page 51


JC 250

10/23/2014

52

1:56 AM

Page 52

TECNOLOGIA AGRÍCOLA

Novembro 2014

Pacote pode incluir piloto automático e computador de bordo Alguns recursos tecnológicos já se tornaram praticamente comuns na maioria dos modelos de tratores, de diferentes empresas, disponibilizados para a cana-deaçúcar, apesar de serem itens opcionais em grande parte das máquinas que já vêm, no entanto, preparadas – ou pré-dispostas, conforme a linguagem do segmento – para receber piloto automático. Computador de bordo e telemetria também fazem parte do “pacote” em muitos casos. As linhas de tratores para cana-deaçúcar da Valtra (marca da AGCO) possuem sistema de piloto automático Auto-Guide 3000 com várias opções de correção de sinal (submétrico, decimétrico e centimétrico com correção RTK) chegando até dois centímetros com repetibilidade, afirma Winston Quintas, supervisor de marketing de produto da empresa. Os tratores também podem ser equipados com o sistema de telemetria da Valtra, o AGCommand, que permite realizar o gerenciamento em tempo real e à distância de toda a frota – observa.

Outras características e diferenciais colocam em destaque as linhas BH Geração III (composta pelos modelos BH135i, BH180, BH200 e BH210i) e BT HiSix (BT150, BT170, BT190 e BT210). “Ambas possuem sistema hidráulico de alta vazão (170 e 162 l/min respectivamente), a maior do mercado, motores AGCOPower que trazem além da robustez e alta performance, um baixo consumo de combustível, por ser um motor desenvolvido para agricultura”, enfatiza. Segundo ele, o que difere as linhas é a transmissão. A BH possui transmissão mecânica Heavy Duty de doze velocidades para frente e quatro velocidades para trás. “Esse câmbio é reconhecido no segmento pelo baixo custo de manutenção e durabilidade”, diz. A BT HiSix conta com transmissão powershift de 24 velocidades para frente e 24 velocidades para trás, três tipos de trabalho com cinco programações diferentes – detalha. Winston Quintas diz que a linha BM também pode executar algumas operações no segmento pela sua

simplicidade e transmissão com multitorque de dezesseis velocidades a frente e oito para trás. “A Massey Ferguson (também da AGCO) tem participado ativamente na história da mecanização da cana-de-açúcar. Hoje, oferece uma linha completa de tratores, desde baixa potência de 50 cv até 370 cv. Alguns deles possuem configurações especialmente desenvolvidas para o segmento de cana-de-açúcar”, afirma Eder Dornelles Pinheiro, coordenador de marketing do produto tratores Massey Ferguson. De acordo com ele, dois modelos têm se destacado nos canaviais: o MF 7180 da Série MF 7100, conhecida pela robustez e economia de combustível, e o MF 7390 da Série MF 7000 Dyna-6, com a transmissão automática. “A transmissão inteligente Dyna-6 permite programação prévia e troca automática de marchas para determinada faixa de rotação e velocidade, proporcionando alto desempenho aliado à economia de combustível. Este sistema também não exige acionamento de embreagem para a troca de marchas,

Winston Quintas: câmbio Heavy Duty oferece baixo custo de manutenção

aumentando a eficiência operacional”, observa. Para complementar a linha de tratores para o segmento de cana, a Massey Ferguson tem disponibilizado máquinas na faixa de 110 a 130 cv, agora também com transmissão Dyna, que já equipa modelos de potência acima de 150 cv. De maneira geral, os fabricantes de tratores oferecem opções que vão de baixa a alta potência. Na linha Magnum, da Case IH – com modelos até 340 cv – o mais utilizado é o de 235 cv, que geralmente é empregado no preparo do solo, podendo ser usado também para puxar uma plantadora, observa Rafael Tonette. Na linha Puma, os mais comercializados são os de 170 cv, 185 cv e de 205 cv, que é o carro-chefe da empresa para cana, entre outras opções. As chamadas versões canavieiras da Case IH possuem kit de freio pneumático – usado para frear também o transbordo –, o engate pino bola, que é utilizado para engatar o transbordo, e o eixo de três metros que tem a finalidade de evitar o pisoteio.(RA)


JC 250

10/23/2014

1:56 AM

Page 53

TECNOLOGIA AGRÍCOLA

Novembro 2014

53

TECNOLOGIA DE RESULTADOS! Em tempos de crise, Usina Guaíra apresenta produtividade acima da média WELLINGTON BERNARDES,

DE

GUAÍRA, SP

Envolta em uma crise, que afeta toda a cadeia, a equipe da Usina Açucareira Guaíra demonstra que mesmo assim é possível apresentar resultados relevantes. Situada no interior de São Paulo, na histórica Fazenda Rosário, a unidade produtora, tem como premissa a incansável busca por qualidade. Com produtividade acima das médias regionais, a usina fortalece o tom das empresas que estão no mercado em busca de eficiência. Através de olhar holístico para o meio em que está inserida, a usina foi capaz de transformar a sociedade em seu entorno, levando melhores condições de vida para a população. Alinhada com os mais rigorosos padrões ambientais, a Guaíra é referência em produção sustentável de cana-de-açúcar, com ações que ultrapassam os canaviais e refletem positivamente em seus colaboradores e sociedade. Não faltam números para evidenciar o

Unidade atingiu ATR 3% superior à média da região Centro-Sul

trabalho realizado pela equipe da UAG, que se reúne diariamente para interpretar os dados que chegam e, caso seja preciso, realizar novos planejamentos que se adequem às constantes mudanças do universo canavieiro. Para o diretor agrícola da usina, Gustavo Villa Gomes, o monitoramento permite uma visão minuciosa do processo, identificando possíveis perdas produtivas ou

metodologias ineficazes. “Quando percebemos que há um detalhe novo, refazemos nosso planejamento, isto não é comum em todas as usinas, é importante monitorarmos ponto a ponto, para identificarmos ganhos e possíveis perdas”, explica. Para o diretor agrícola, este trabalho é responsável pelos incrementos produtivos ao longo dos anos. Quando perguntado sobre a

fórmula para driblar a crise do setor, Gomes é enfático. “Não existe receita de bolo. Nossos resultados são oriundos de trabalho a longo prazo. Mudamos diariamente os planejamentos em nosso setor, é inviável seguirmos planos traçados no início de safra, há muitas intempéries e variáveis. O constante acompanhamento e interpretação destes dados possibilitam esta flexibilização, que traz bons números”.


JC 250

10/23/2014

54

1:56 AM

Page 54

TECNOLOGIA AGRÍCOLA

Novembro 2014

Softwares diminuem tempo entre coleta de dados e tomada de decisão Para ingerir nos processos, a equipe conta com inúmeros softwares, que diminuem o tempo entre a coleta de dados e a tomada de decisão, mas Gomes garante que não é a tecnologia que fornece os reais resultados para a empresa. “Estas facilidades trouxeram dinamismo. Há sempre muito trabalho para obter informações precisas. No entanto, mais do que obter a informação e preciso saber administrá-la”, explica. Cinco pessoas compõem cargos de gerência e diretoria, estes, estão sempre em sintonia para que decisões sejam abrangentes e não segmentadas por setor, viabilizando a maior eficiência dos processos executados. “O êxito de nossa eficiência está na comunicação entre os departamentos, decidimos de maneira coletiva. Isto, é fundamental no processo”, ressalta Gomes. Na atuação de sua equipe

em campo e na gerência é indiscutível que as ferramentas utilizadas fazem diferença para entendimento de toda a cadeia agrícola. São nove softwares, que otimizam os processos em níveis estratégicos, táticos e operacionais. Facilitando a sistematização da reforma agrícola, otimização do plantio, planejamento da colheita e sequenciamento das frentes de colheita. Este empenho em interpretar o andamento do canavial para obter o melhor desenvolvimento da cultura, redunda em excelentes resultados. Na safra 2013/14 a usina atingiu ATR médio de 136, aproximadamente 3% superior à média da região Centro-Sul, que obteve 132,1. A produção média de açúcar, neste mesmo período, foi superior às regiões em que a usina está inserida, sendo 35% maior que a média do CentroSul. (WB)

Gustavo Villa Gomes: mais do que obter informação é preciso saber usá-la


JC 250

10/23/2014

1:56 AM

Page 55

Novembro 2014

Manejo deve harmonizar conhecimento e experiência Por trás dos números, estão os manejos que devem soar em harmonia com conhecimento e experiência. A equipe agrícola, que soma mais de 1.700 pessoas, trabalha em sintonia com a diretoria. Gomes afirma que a comunicação interna deve ser aberta e facilitada. “Não é porque sou diretor que sei mais que minha equipe, todos possuem importância no exercício de suas atividades. É preciso que saibam que para nossa usina funcionar o empenho deles é fundamental”. Trabalho este que em consecutivas safras apresenta bons resultados. Há mais de nove safras a usina possui produtividade média superior à região, segundo dados referentes ao Levantamento de Safras da Conab. Para a safra 2014/15 a produtividade esperada é de 97,67 toneladas por hectare, 31,17% superior em relação à previsão de safra da Conab para o Centro-Sul, estimada em 74,46 t/ha. A safra anterior apresentou recorde nesta variação positiva, a usina ficou 35% acima da produtividade média da região, com 106,3 t/ha, enquanto o valor médio regional ficou em 79 t/ha. (WB)

TECNOLOGIA AGRÍCOLA

55


JC 250

10/23/2014

56

1:56 AM

Page 56

TECNOLOGIA AGRÍCOLA

Novembro 2014

Ações eficientes resultam em sustentabilidade na Guaíra No campo, as práticas refletem a performance da usina. Mateus Sebastião Gonçalves da Silva, engenheiro agrônomo e coordenador do setor de mecanização agrícola, explica que a visão da usina é trabalhar com eficiência atrelada à qualidade, visando a produção sustentável. Para que o produto final tenha ótima qualidade, todas as etapas da fenologia da planta passam por manejos. Em fase inicial, o crescimento radicular destas são estimulados através da aplicação de calcário em profundidade utilizando a aração. O silicato também é adicionado ao solo, colaborando para a correção química deste, além de fornecer silício para a planta, que promove maior tolerância à seca. Durante a reforma dos canaviais, o fosfato é aplicado para garantir maior longevidade destes, sendo este elemento essencial para o crescimento vegetal. O uso da torta, resíduo da agroindústria canavieira, é utilizado como fonte de matéria orgânica e fósforo, prática que contribui para a melhor retenção de água e manutenção da temperatura em épocas mais frias. Utilizado como ferramenta para

Mateus da Silva: crescimento radicular é estimulado com aplicação de calcário

manejo de pragas, o uso do triturador de pontas, instalado nas colhedoras, facilita a retirada da palha das linhas, melhorando o controle da cigarrinha da cana-de-açúcar. Como forma de recuperar o solo, a usina faz rotação de culturas com soja. Esta prática permite reciclagem de nutrientes e fixação de nitrogênio, além de evitar que o maquinário fique ocioso nos galpões. A leguminosa é cultivada em plantio direto, processo que preserva a estrutura do solo, protegendo e incrementando a matéria orgânica deste, reduzindo desperdícios com águas e fertilizantes. Nesta última safra a usina colheu 52 sacas por hectare do grão, recorde para a empresa; para Mateus Sebastião Gonçalves da Silva, este resultado só é possível graças à boa articulação entre todos os níveis da empresa. “A comunicação com a equipe de campo e a diretoria facilita estes resultados, pois estamos sempre monitorando as atividades agrícolas, estes dados são catalogados e apresentados diariamente aos superiores em nossas reuniões, possibilitando melhor estruturação de nosso planejamento”, explica. (WB)


JC 250

10/23/2014

1:56 AM

Page 57

TECNOLOGIA AGRÍCOLA

Novembro 2014

57

Boas práticas no campo reduzem impacto ambiental Consciente da necessidade de inserção de manejos que reduzam os impactos da atividade na natureza, o Departamento de Meio Ambiente da UAG, trabalha para que as diferentes atividades realizadas na usina se adequem às normas ambientais. O trabalho desenvolvido nesta área atua amplamente na empresa, estando presente em todos os segmentos da UAG, influenciando a maneira como colaboradores e sociedades articulam com usina e meio ambiente. Para Wender Cardoso Vilela, monitor ambiental, as medidas tomadas pela equipe possuem relevância para toda comunidade. “O trabalho que realizamos na Usina Guaíra contribui não apenas com a empresa, mas também para o meio ambiente e qualidade de vida de todos, colegas de trabalho e comunidade”. À frente do departamento está Anderson Faria Malerba, engenheiro ambiental responsável pelo departamento de meio ambiente. Para ele, as ações da usina vão de encontro com uma agricultura que utiliza racionalmente os recursos disponibilizados, minimizando os impactos das atividades agrícolas e trazendo melhor qualidade de vida para todos. Anderson explica que o tema sustentabilidade possui grande relevância para a empresa, a criação do PGAI - Programa de Gestão Ambiental Integrada, reforça seu discurso, cuja a função é promover iniciativas que possibilitem a redução de danos causados à natureza durante toda a cadeia produtiva. “Implantamos uma política ambiental na empresa, com investimentos para o estabelecimento e manutenção de procedimentos que permitam monitorar, avaliar, e melhorar os aspectos ambientais, especialmente no que diz respeito ao cumprimento das legislações ambientais vigentes”, afirma Anderson.

Wender Cardoso Vilela: bom trabalho

Anderson Faria Malerba: usina utiliza

é refletido na comunidade

racionalmente os recursos disponíveis

Para Wender, a presença constante da equipe de meio ambiente em campo facilita a tomada de decisões. “Acompanho as atividades em campo, assim posso levar o real panorama do que está acontecendo; destas ações nascem as medidas preventivas”, comenta. Com esta visão, a empresa

já obtém resultados positivos inclusive em atividades socioambientais, envolvendo todos os níveis organizacionais da empresa e da comunidade. “Tentamos inserir a sociedade em nossos projetos ambientais para que esta filosofia seja passada para a comunidade”, conclui Malerba. (WB)


JC 250

10/23/2014

58

1:56 AM

Page 58

TECNOLOGIA AGRÍCOLA

Novembro 2014

Qualidade certificada Buscar a certificação para um produto com enorme valor agregado foi um processo natural, assim no primeiro semestre de 2014 a Usina Açucareira Guaíra em parceria com Bayer implantou a certificação Valore em seus canaviais. O Programa de Certificação Valore, da Bayer, tem como objetivo agregar valor aos produtos agrícolas, assegurando a competitividade em um mercado com várias normas e exigências. “A Usina Açucareira Guaíra é fundamental para o programa Valore, assim como o Valore se encaixa perfeitamente nos padrões de produção sustentável de Cana pela Açucareira Guaíra”, relatou Paulo Donadoni, gerente de cana da Bayer, em entrevista ao Valor. Com cumprimento dos 140 requisitos do programa, a Usina Guaíra conquistou excelência operacional, sendo a primeira usina a atender a totalidade dos itens. Alguns destes abordam o respeito às legislações do setor, responsabilidade socioambiental e preocupação com o manejo sustentável da cana-de-açúcar. Para Gustavo Villa Gomes, a implementação deste projeto só ocorreu graças ao trabalho conjunto de toda a equipe da Usina Guaíra, possibilitando uma visão holística de todo o processo. “O Programa Valore nos mostrou que temos um diferencial em relação às outras empresas que conquistaram esta certificação, pois atingimos 100% dos

requisitos necessários, o que nenhuma empresa consegui até hoje”, afirma o diretor agrícola da usina. A implementação do projeto e a importância desta iniciativa para disseminar práticas sustentáveis em outras usinas conferiu reconhecimentos às duas empresas. No dia 18 de setembro, em Ribeirão Preto (SP), a Usina Guaíra recebeu o prêmio BestBio como melhor empresa do ano em Sustentabilidade, com o case “Preservando hoje para garantir amanhã”. O Programa de Certificação Valore também foi premiado, recebeu o primeiro lugar na categoria “Tecnologia” do Prêmio von Martius de Sustentabilidade 2014, com o case da UAG, que conquistou a certificação Valore Bronze. “Esta premiação reconhece nosso compromisso com a sustentabilidade na agricultura brasileira, por meio do Valore e da viabilização econômica do negócio dos nossos clientes, do engajamento social e de uma atuação ambientalmente correta”, explica Fabrício Rezende, gerente de serviços da Bayer. Estas conquistas atestam a excelência produtiva da Usina Açucareira Guaíra, que uniu eficiência e qualidade para alavancar seus resultados em campo e indústria, com consciência que este mérito só é alcançado quando há articulação com a sociedade e respeito ao meio ambiente. (WB)

Anderson Malerba recebe prêmio BestBio como empresa do ano em sustentabilidade


JC 250

10/23/2014

1:56 AM

Page 59

TECNOLOGIA AGRÍCOLA

Novembro 2014

Engajamento social da Usina Guaíra resulta em melhor qualidade de vida da população Consciente da importância da inserção na comunidade local, a Usina Guaíra realiza e incentiva projetos sociais para reduzir as diferenças e melhorar a qualidade de vida da população. Três cidades em seu entorno são beneficiadas, Guaíra, Barretos e Ipuã, através de financiamento de projetos idealizados pelas prefeituras e instituições, com apoio mensal para sustentação destes. Dentre os programas realizados pela usina, o “Natal dos Sonhos” é citado como

59

Projeto Natal dos Sonhos mobiliza comunidades e colaboradores

Giuliano Francisco de Oliveira: natal da população carente é celebrado

destaque pela mobilização das comunidades e colaboradores. Realizado nas três cidades assistidas, em instituições como Apae, Sogube, asilos e creches, o evento promove a entrega de brinquedos para crianças carentes e doação de roupas para idosos, juntamente com uma festa de confraternização para celebrar a data. Este será o décimo oitavo ano consecutivo que o natal da população carente destas cidades é celebrado com maior alegria. “Muitas crianças não

teriam a oportunidade de receber presentes, ver a gratidão deles transformada em carinho é algo único”, afirma Giuliano Francisco de Oliveira, assistente de diretoria. Para Oliveira, que é responsável pelos projetos sociais, as ações são benéficas para todos. “Esta vivência é mágica. Nestes 22 anos de UAG passei por momentos em que não consegui segurar as lágrimas. Sou grato a usina por ter proporcionado esta experiência”, diz Giuliano. (WB)


JC 250

10/23/2014

60

1:56 AM

Page 60

TECNOLOGIA AGRÍCOLA

Novembro 2014

Arrendamento e distância elevam custo da produção agrícola RENATO ANSELMI, DE CAMPINAS

Usinas, destilarias, produtores de cana enfrentam uma verdadeira “batalha” pela sobrevivência no campo, que tem a redução de custos como uma de suas principais estratégias. Tudo, ou quase tudo, que precisava ser feito para “enxugar” gastos, sem perda de qualidade na produção agrícola, já foi colocado em prática pelas unidades e grupos com gestão profissionalizada. Há pelo menos um item – com peso significativo ¬– que ainda precisa ser otimizado: o gerenciamento das áreas utilizadas para o cultivo de cana-de-açúcar. Para ficar mais criterioso em relação aos arrendamentos e fornecimento de matériaprima, o setor deve considerar um conjunto de fatores, como o valor da terra arrendada, a distância de novos canaviais e a eventual troca de áreas entre usinas, afirma Luiz Gustavo Junqueira Figueiredo, diretor comercial da Usina Alta Mogiana, de São Joaquim da Barra, SP. “Quando se fala em arrendamento é necessário entender que essa questão não se restringe a ser mais ou menos agressivo no valor – em tonelagem de cana por hectare –

que é oferecido aos proprietários da terra. Deve ser considerada a logística envolvida”, avalia. Segundo ele, se uma determinada unidade com áreas localizadas em um raio médio de 25 quilômetros – o que é normal para a atividade– tiver a ideia de crescimento para diluir custo fixo e, para isto, começar a buscar matéria-prima a cinquenta, sessenta, oitenta quilômetros de distância, terá essa cana chamada de ‘marginal’ como um fator de comprometimento do resultado da usina. “Só o fato de uma unidade não buscar matéria-prima a oitenta quilômetros de distância, já possibilita a liberação dessa área de cana para uma usina que esteja mais próxima. Isso traz uma acomodação do mercado”, pondera. Algumas unidades têm áreas longe de seus canaviais e próximas de usinas consideradas “vizinhas”, apesar da distância. A situação inversa também ocorre paralelamente: “vizinhos” com plantações próximas dessas mesmas unidades. “Poderia haver uma troca de áreas. Mas, por incrível que pareça., o setor não é aberto a esse tipo de negociação”, constata. É necessário abandonar áreas que estão muito longe – enfatiza.

Luiz Gustavo Figueiredo: trocas entre usinas podem enxugar gastos


JC 250

10/23/2014

1:56 AM

Page 61

TECNOLOGIA AGRÍCOLA

Novembro 2014

61

Concorrência entre usinas contribui para o aumento de preço Em todas as regiões canavieiras importantes, o valor do arrendamento em tonelagem de cana teve aumento, afirma Luiz Figueiredo, da Alta Mogiana. Nos últimos dez anos, quando ocorreu a expansão do setor, os custos de arrendamento subiram, na maioria dos casos, um total de 30% – calcula. “É significativo”, ressalta. Considerando que o arrendador (aquele que aluga a terra) faça contrato com uma usina de primeira linha, ele praticamente não terá risco nenhum – avalia. “A usina corre o risco da atividade e, em diversos casos, tem prejuízo, enquanto o proprietário da terra obtém resultado positivo todo ano. Não sei se isto está justo. Se a pessoa quer uma atividade que não oferece risco, deve ganhar menos”, opina. Existem alguns fatores que interferem no custo do arrendamento de terra, considerado elevado, para a produção de cana-de-açúcar. Um deles é a concorrência entre as próprias usinas que disputam áreas disponíveis, fazendo oferta de valores mais altos, o que cria uma “espécie de leilão”, de acordo com o engenheiro agrônomo Jacinto Francisco da Costa, conhecido como “Chicão”. Segundo ele, essa concorrência fortalece o arrendador e dificulta as negociações em novos contratos. Chicão produz cana em uma área total de aproximadamente 2.000 hectares, sendo

Competição fortalece proprietário de terras e dificulta negociações

1.365 arrendados. As suas plantações estão localizadas na região de Presidente Prudente, SP, onde ele paga de arrendamento dezesseis toneladas de cana por hectare e em Nova Andradina, MS, onde o custo é de doze toneladas. “Na região de Ribeirão Preto, o custo está em trinta toneladas. Não tem mais espaço. As usinas pagam o que os

proprietários de terra pedem”, comenta. Ele diz que já considera alto o valor de dezesseis toneladas. O custo de arrendamento para boi ou soja, na região de Presidente Prudente, é equivalente a metade do valor pago para cana – compara. Chicão afirma que está conseguindo “equilibrar” financeiramente a sua atividade, porque tem um custo um pouco

menor em relação a outros produtores. Ele é diretor da Cana Planta, de Taciba, SP, que presta serviços voltados ao processo de produção de cana, incluindo preparo de terra, plantio, colheita. A empresa conta com mais de cem máquinas e veículos, incluindo colhedoras, plantadoras, tratores, carregadoras, caminhões e a frota de apoio – informa. (RA)


JC 250

10/23/2014

62

1:56 AM

Page 62

TECNOLOGIA AGRÍCOLA

Novembro 2014

Risco zero do proprietário deixa todo prejuízo com produtor No Paraná, a concorrência também ajuda a inflacionar o preço do arrendamento de terras para cana-deaçúcar. Mas, nesse estado, a disputa é outra. “Competimos com soja (com preço de arrendamento equivalente ao da cana), milho, mandioca e outros tipos de lavoura. É uma situação diferente em relação a São Paulo onde uma usina está próxima da outra”, diz Pedro Teston, produtor de cana e diretor da Teston – Implementos para Transporte, que fica em Cianorte, PR. Com uma área de cana de dois mil hectares, sendo mais de 1.600 arrendados, ele diz que paga de arrendamento 16,5 toneladas de cana por hectare. “Esse custo sempre pesou muito. E não é só agora que o setor está em crise. O arrendamento leva embora 50% do faturamento”, calcula. Pedro Teston também faz críticas ao risco zero do proprietário de terra que “não quer saber se choveu, se houve doença, se o canavial não produziu”. Plantações de cana no Paraná enfrentam ainda problemas com geada. “Com a seca, uma cana que daria cem toneladas por hectare nesta safra na região de Presidente Prudente, está com a produtividade de 75 TCH”, exemplifica Jacinto Francisco da Costa, o Chicão. O prejuízo, decorrente de instabilidade climática ou da crise do setor, fica somente com o arrendatário, ou seja, os produtores e as unidades– comenta. O que está acontecendo é que algumas

Pedro Teston: arrendamento leva embora 50% do faturamento

usinas não estão pagando os arrendadores. Algumas delas estão fechando e outras entraram em recuperação judicial – relata. Mas, nem assim o proprietário da terra fica no prejuízo. “Se não receber, ele consegue

uma reintegração de posse e vende a cana, que está na área, para outras usinas”, diz. Existem diversas modalidades de contratos, principalmente em relação do período de vigência, entre arrendadores e

os produtores de cana ou as unidades. Mas, na maioria dos casos, a duração é para um ciclo (cinco anos) ou dois ciclos (dez anos). No Paraná, por exemplo, os contratos preveem a prorrogação por mais uma ou duas safras por ciclo, dependendo da longevidade do canavial. Apesar do valor elevado e das dificuldades, Chicão considera que o arrendamento é ainda uma alternativa interessante. Se o fornecedor ou a usina tiver algum recurso, em vez de comprar terra, pode usar esse dinheiro para investir no plantio e em máquinas – afirma. De acordo com Pedro Teston, um dos fatores que contribui para o preço alto do arrendamento de terra é o valor investido pelo proprietário da área que paga entre R$ 80 mil a R$ 120 mil por alqueire, em determinadas regiões do Paraná, que têm terras planas e roxas, bastante valorizadas. Na opinião dele, o maior problema enfrentado pelos produtores e as unidades é a falta de uma política pública setorial que está inclusive inviabilizando a atividade. Existe a expectativa de que algo aconteça a partir do próximo ano – enfatiza. “Hoje, para se produzir uma tonelada de cana e colocá-la na indústria, o custo é de R$ 85,00 por tonelada. Nós vendemos ao preço de R$ 55,00 a R$ 57,00. Quem tem canavial no final do ciclo, está indo para outra cultura. Quem está no primeiro ou segundo corte, o que vai fazer?” – indaga. (RA)


JC 250

10/23/2014

1:56 AM

Page 63

TECNOLOGIA AGRÍCOLA

Novembro 2014

63

Fome oculta de micronutrientes afeta canaviais RENATO ANSELMI,

DE

CAMPINAS, SP

A produtividade média dos canaviais brasileiros está abaixo do potencial produtivo da cultura. A deficiência de micronutrientes é considerada como uma das principais causas desse rendimento agrícola insatisfatório. O pior é que esse problema nem sempre é percebido. A cana-de-açúcar pode estar enfrentando um fenômeno, que é bastante comum de ocorrer, conhecido como “fome oculta” de micronutrientes, revela Estêvão Vicari Mellis, pesquisador científico do Centro de Solos e Recursos Ambientais do Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, que é vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Essa situação acontece quando a planta aparenta estar bem nutrida, mas na realidade não está, o que diminui a produtividade na lavoura. – explica. Normalmente as plantas quando têm deficiência nutricional apresentam sintomas aparentes, como folhas amareladas, enroladas, etc. Na fome oculta, esses sintomas podem não aparecer visualmente. Segundo ele, os micronutrientes são importantes para o crescimento e desenvolvimento da cultura, bem como para o perfilhamento, enraizamento, fotossíntese, resistência a pragas e

Estêvão Vicari Mellis: planta aparenta estar bem nutrida, só que não

doenças, podendo também aumentar a qualidade industrial da matéria-prima. Os considerados essenciais para a cana-

de-açúcar são: boro (B), cobre (Cu), ferro (Fe), manganês (Mn), molibdênio (Mo) e zinco (Zn).

Embora sejam muito importantes, os micronutrientes são requeridos pelas plantas em quantidades pequenas, podendo ser supridos, em diversos casos, pelos teores disponíveis naturalmente nos solos – observa. “Porém, com o uso intensivo da terra, estes teores podem diminuir e passar a ser insuficientes para nutrir as plantas, necessitando ser repostos por meio da adubação”, esclarece. Além disso, outros fatores precisam ser considerados. “A cultura tem se expandido para áreas com solo de baixa fertilidade, muitas vezes arenosos e normalmente ácidos, com baixa capacidade de retenção de água e disponibilidade de macro e micronutrientes”, afirma Estêvâo Mellis, que coordena juntamente com José Antonio Quaggio – também do Centro de Solos e Recursos Ambientais do IAC – um programa de pesquisa com micronutrientes em cana-de-açúcar. Com a realização de 25 experimentos no estado de São Paulo desde 2005, o programa tem o apoio da Fapesp que financiou 80% dos estudos, além de contar com a colaboração de diversas usinas paulistas: Branco Peres, Moema, Batatais, São João, da Pedra, Cocal, Guaíra, Colorado, Guarani, Vista Alegre, Grupo Virgulino Oliveira (unidades José Bonifácio e Itapira), Grupo Cosan (Unidade Costa Pinto) e Agroterenas S.A. Cana.


JC 250

10/23/2014

64

1:56 AM

Page 64

TECNOLOGIA AGRÍCOLA

Novembro 2014

Zinco e molibdênio proporcionam os maiores ganhos Em relação à resposta de aplicação dos micronutrientes, os estudos dos pesquisadores do IAC indicam que o zinco e o molibdênio são os que proporcionam os maiores ganhos de produtividade. “Devem ser utilizados no sulco de plantio em áreas de solos arenosos e com baixa fertilidade”, recomenda Estêvão Vicari Mellis. A adubação do boro, que é considerado importante para o perfilhamento da cana, deve ser feita com cuidado, pois o fornecimento em excesso pode causar toxicidade nas plantas e afetar a produção da cana – alerta. “As respostas para o cobre e manganês são pequenas, portanto deve ser feita apenas a adubação de prevenção quando os solos apresentarem baixos teores disponíveis”, orienta. De acordo com o pesquisador, normalmente não há necessidade de aplicação de cloro e ferro devido à abundância desses nutrientes nos solos brasileiros. Antes de qualquer decisão quanto à aplicação de micronutrientes é imprescindível a análise de solo que também deve ser realizada para macronutrientes – enfatiza. É preciso considerar também – diz – que a resposta da cana-de-açúcar para a aplicação de micronutrientes depende do tipo de solo, clima e variedade.

Entre outras avaliações, os experimentos demonstraram que a melhor forma de aplicação, para cobre, manganês, molibdênio e zinco, é no sulco de plantio. O boro deve ser aplicado junto com a adubação de cobertura, na operação chamada de quebra lombo – orienta Estêvâo Mellis. Os resultados indicaram também que as doses ideais de zinco e molibdênio são bem mais altas que as recomendadas e que o retorno também é muito maior com o uso dessas novas doses – comenta. Um trabalho que resultou no desenvolvimento de uma nova forma de aplicação de micronutrientes com doses elevadas, realizado em área da Agroterenas, em Paraguaçu Paulista, SP, foi premiado em junho na quinta edição do Top Etanol – iniciativa do Projeto Agora – na modalidade de inovação tecnológica. A pesquisa "Aplicação de micronutrientes na operação de plantio da cana-de-açúcar", coordenada por Estevão Mellis, teve a participação de outros pesquisadores do IAC. “Recentemente foi instalado um novo experimento em Deodápolis, MS, para verificar o efeito da aplicação de altas doses de micronutrientes na produção de cana-de-açúcar nessa região”, informa. (RA)

Aplicação de micronutrientes depende do tipo de solo, clima e variedade


JC 250

10/23/2014

1:56 AM

Page 65

TECNOLOGIA AGRÍCOLA

Novembro 2014

65

Uso de subprodutos pode dispensar complementação anual

Gustavo Dalto: aplicação de boro gera crescimento vigoroso à planta

Cada micronutriente proporciona benefícios específicos. O zinco cria condições favoráveis para o crescimento horizontal das plantas (elongação dos internódios), o melhor enraizamento, a formação de novos perfilhos e a resistência à falsa ferrugem da cana, exemplifica Gustavo Dalto, especialista agronômico da Yara Brasil Fertilizantes. O boro proporciona também diversos benefícios, como a formação de regiões meristemáticas – principalmente as gemas apicais –, a emissão de raízes pela planta, o auxílio no transporte de carboidratos das folhas para o colmo e o aumento da resistência da planta a algumas doenças e ao déficit hídrico, detalha. “Uma planta deficiente em boro, além de diminuir a eficiência da adubação potássica, provoca perdas de sacarose e aminoácidos, que são consumidos por pragas que atacam a cultura”, enfatiza. Segundo ele, o molibdênio tem ação direta sobre as enzimas redutase do nitrato e nitrogenase, que atuam para o melhor aproveitamento do nitrogênio aplicado no solo pelas plantas, trazendo um crescimento mais vigoroso à lavoura, o que reflete em um maior potencial produtivo do canavial. “A ausência ou incorreta aplicação de zinco, boro e molibdênio na cultura de

cana resultará em menores acréscimos na produtividade de colmos, acarretando deficiências no crescimento e desenvolvimento da lavoura canavieira”, ressalta. E são justamente o boro, zinco, molibdênio, além do cobre, com problemas maiores nos dois primeiros elementos, que apresentam maior deficiência nas lavouras de cana, afirma Gustavo Dalto. Em áreas de cana com uso intensivo de subprodutos, como torta de filtro, vinhaça e cinzas – que contêm certos teores de micronutrientes em sua composição – pode ser que não haja necessidade, no entanto, de complementação anual com fertilizantes à base de micronutrientes, observa. “Nos locais onde se realiza a correção do solo com calcário, pode ocorrer queda na disponibilidade de micronutrientes, principalmente os metálicos (zinco, cobre, magnésio e ferro), devido às interações destes elementos com os constituintes do solo e do calcário e às alterações de pH”, diz. Nestes casos, deve ser feita a aplicação de um fertilizante com a presença destes elementos para garantir um suprimento satisfatório para o canavial – recomenda. (RA)

Eficiência de absorção deve ser considerada Para que o produtor de cana-deaçúcar escolha corretamente seu produto, diversos critérios devem ser levados em conta, como praticidade de aplicação, fácil dosagem, quantidade de micronutrientes contidos, fluidez na aplicação, afirma Gustavo Dalto, da Yara Brasil. De acordo com o especialista agronômico, outros fatores precisam ser considerados, como compatibilidade para misturas de tanque com defensivos, eficiência de absorção dos micronutrientes pelo tecido vegetal ou pelo solo e custo do

nutriente aplicado por unidade de área. O mercado oferece produtos, com menor preço, contendo sais, que apresentam, na maioria dos casos, baixa concentração de micronutrientes e quantidades elevadas de nitrogênio, que proporcionam um efeito visual a curto prazo na lavoura, observa. Mas, não fornecem os micronutrientes de maneira eficiente para o desenvolvimento e aumento de produtividade para a lavoura – alerta. Além disso, produtos a base de sais

podem provocar entupimentos e corrosão nos equipamentos de aplicação, trazendo transtornos ao produtor, comenta. De acordo com ele, a Yara, por meio de seus investimentos em pesquisa e inovação, oferece tecnologia avançada de formulação em seus produtos, que já trouxeram resultados comprovados no campo. Para a cana-de-açúcar, a empresa disponibiliza a linha de fertilizantes YaraVita, que contém os principais micronutrientes voltados à cultura. (RA)

Mercado não fornece micronutrientes de maneira eficiente


JC 250

10/23/2014

66

1:56 AM

Page 66

TECNOLOGIA INDUSTRIAL

Novembro 2014

Usinas aprovam e indicam o Kit MC de desinfecção industrial Empresa atua no processo de fermentação etanólica de mais de 50 usinas do Brasil e exterior Desde 2006, a MC Desinfecção Industrial atua no controle microbiológico efetivo do processo de fermentação etanólica de mais de 50 usinas no Brasil e América Latina. A empresa desenvolveu uma metodologia consagrada que contempla a implementação de diagnósticos e protocolos laboratoriais oficiais, os quais vêm apresentando resultados expressivos em desinfecção industrial e controle microbiológico. A metodologia permite aos responsáveis pelo processo industrial tomarem medidas preventivas ou corretivas específicas, obtendo estabilidade e crescimento na produção de etanol. A MC Desinfecção Industrial segue rigorosamente todos os protocolos da Anvisa/Mapa.

DIAGNÓSTICO RÁPIDO Após anos de pesquisas e validações, a MC Desinfecção Industrial disponibiliza ao mercado uma metodologia inovadora, que permite quantificar de forma precisa o nível de contaminação bacteriana da fermentação e a tomada de decisão corretiva em tempo hábil, pois o diagnóstico sai em até uma hora. Para Elizangela Alves da Usina Santa Isabel, de Mendonça (SP), os resultados do uso do Kit foram surpreendentes. “O treinamento foi proveitoso e a forma como foi conduzido nos deixou à vontade. Fizemos ensaios com o Kit MC e, com as instruções do professor Mário César, encontramos o diagnóstico correto, concluindo que há mínimas chances de erro analítico”. Sidmara da Silva, analista de processos industriais da Cerradinho Bio,

Professor Mário César, com Elizangela Alves, Wellington Canova e Maria Arruda, da Usina Santa Isabel

garante a rapidez do resultado. “Os testes foram ótimos. Em 15 minutos consegui quantificar o nível de contaminação da fermentação nas dornas e nas cubas. O resultado é confiável, comparado com a microscopia e petrifilm”. Maria Angélica Garcia, biomédica da Usina Santa Adélia destaca a praticidade do manuseio. “É prático e rápido. Esse tipo

de análise não pode demorar, por isso em poucos minutos descobrimos o nível de contaminação da fermentação. Recomendo a todas as usinas, principalmente as que não têm condições de fazer o plaqueamento”. Por fim, Silvana Lima, técnica em química da Usina São Francisco/Balbo, de Sertãozinho, (SP), ressaltou o sistema

de cores. “Foi ótimo o teste com o Kit, pois facilita o dia a dia dos laboratórios. Gostei do sistema de cores, que segue rigorosamente o gabarito. Está aprovado!”. MC Desinfecção Industrial 16 3512.4310 www.mcdesinfeccaoindustrial.com.br


JC 250

10/23/2014

1:56 AM

Page 67


JC 250

10/23/2014

68

1:56 AM

Page 68

TECNOLOGIA INDUSTRIAL

Novembro 2014

Automação proporciona melhor rendimento do processo produtivo RENATO ANSELMI,

DE

CAMPINAS, SP

O investimento em automação não é um gasto supérfluo, nem mesmo uma medida que deve ser relegada a segundo plano. Pelo contrário. A implantação – ou a atualização – de sistemas e projetos nessa área precisa ser considerada um fator relevante para o aumento da eficiência operacional e a elevação da competitividade das unidades. Apesar de apresentar resultados bastante positivos, essa tecnologia nem sempre é valorizada. “Muitas usinas ainda não se deram conta de que a automação, bem projetada, bem implantada e utilizandose de equipamentos de primeira geração, é uma solução que traz retorno enorme”, afirma Antônio José de Gusmão, diretor da Authomathika. Os investimentos são pequenos em relação aos ganhos financeiros e a segurança que a automação proporciona para a usina – enfatiza. Segundo ele, essa tecnologia deve ser tratada pelo empresário do setor como uma

Antônio José de Gusmão: automação é solução que traz retorno enorme

aliada, pois o ajuda imensamente nas reduções de custos, evitando desperdícios, processos trabalhistas, mão de obra excessiva, Além disto, as soluções de automação criam condições para que ocorra o melhor rendimento do processo produtivo, possibilitando a maximização do aproveitamento da matéria prima que é tão cara – destaca. A automação também evita perdas no processo de produção tanto na área industrial como na agrícola – observa. Há anos os recursos dessa tecnologia fazem parte de máquinas e dos processos produtivos – ressalta. “A função da automação foi sempre manter o processo estabilizado para se evitar perdas e problemas de segurança física e patrimonial”, comenta. É preciso estar atento, no entanto, para que não sejam adquiridos sistemas de automação – alertam especialistas da área – de empresas sem estrutura, com tecnologia inadequada e expertise insuficiente, o que poderá provocar transtornos e enormes prejuízos.

Avanços tecnológicos facilitam controle mais apurado Os sistemas de automação apresentam evolução extremamente rápida, tanto nos hardwares como nos softwares. Existem muitos avanços tecnológicos que facilitam a administração e o controle mais apurado dos processos – comenta Antônio Gusmão, da Authomathika. As usinas brasileiras também descobriram há poucos anos que o SDCD – Sistema Digital de Controle Distribuído é o mais indicado para o controle de processo para a produção de etanol, açúcar e energia, embora essa alternativa tecnológica seja utilizada no mundo todo há mais de quatro décadas, nas áreas química, petroquímica, de alimentos, fabricação de açúcar, siderurgia, entre outros segmentos, exemplifica. A “descoberta” e a adoção do SDCD

Sistema Digital de Controle Distribuído é o mais indicado para o controle de processo

começaram a ocorrer, provavelmente, porque as soluções eletrônicas modernas conseguiram fazer com que os custos dessa alternativa tecnológica ficassem bem mais acessíveis à indústria do açúcar e do etanol – pondera. “Foi relevante também a entrada de novos empreendedores no setor, com visão de controle de processo vindo de outros segmentos, dando mais ênfase á automação”, comenta. De acordo com ele, muitas ferramentas, de softwares, podem ser utilizadas atualmente para garantir um controle mais próximo dos limites, ou seja, extrair mais do processo, melhorando rendimento e diminuindo perdas. “O SDCD facilita estas implementações”, enfatiza. (RA)


JC 250

10/23/2014

1:56 AM

Page 69


JC 250

10/23/2014

70

1:56 AM

Page 70

TECNOLOGIA INDUSTRIAL

Novembro 2014

Novas soluções equacionam gargalos da indústria A busca por novas opções tecnológicas que atendem as demandas do setor tem sido constante. Uma das preocupações da Authomathika é inclusive disponibilizar soluções nessa área, que têm o objetivo de equacionar alguns gargalos da indústria de açúcar e etanol. Entre as inovações oferecidas pela empresa, um dos destaques é o SLV, que é uma solução renovada dos sensores de Chute Donelly. “Esse produto substitui os modelos antigos, com tecnologia já ultrapassada”, observa Antonio Gusmão. A Authomathika está disponibilizando um produto, com duas versões, para a medição contínua do nível do Chute Donelly, o DCLT – 1C e 1L. Em fase final de homologação, confecção de manuais e acertos de patente, essa novidade – afirma o diretor da empresa – será um ganho enorme para melhorar o controle de processo da moenda. Outra solução oferecida pela Authomathika é o DPG, que é um medidor de deslocamento de rolo da moenda e do difusor. “É de fácil instalação, preciso e repetitivo. Tem atendido em plenitude sua função”, afirma. O DPG possui uma programação simples e intuitiva. De acordo com ele, a empresa desenvolveu também uma alternativa tecnológica mais avançada, utilizando a sonda de micro-ondas alemã, a Pro-M-Tec, para resolver definitivamente a medição da densidade do mosto e do lodo. (RA)

Empresa desenvolve projetos e fornece produtos

Medição da densidade do mosto e do lodo estão entre as inovações

A Authomathika tem expertise para fornecer projetos de automação para as plantas industriais de usinas e destilarias, oferecendo também soluções para a área elétrica, desde CCMs até sistemas completos de cogeração. O trabalho da empresa inclui montagem, posta em marcha, assistência técnica e o fornecimento de diversos produtos, como transmissores, posicionadores, controladores e medidor de densidade Pro-M-Tec. A empresa conta também com a Authomathika Services que presta serviços de revisões e substituições de diversos instrumentos de diferentes marcas. Além disso, os laboratórios metrológicos da empresa estão equipados para a execução de serviços de calibração de diversos instrumentos. Segundo Antônio Gusmão, a Authomathika Services atua também como distribuidora de instrumentos. “Possui estoque de equipamentos, e está preparada para atender o setor nesta entressafra”, afirma. (RA)


JC 250

10/23/2014

1:56 AM

Page 71


JC 250

10/23/2014

72

1:57 AM

Page 72

TECNOLOGIA INDUSTRIAL

Novembro 2014

Ferramentas melhoram o gerenciamento do sistema de energia “A automação tem ferramentas que melhoram o gerenciamento da energia e tudo que passa a ser gerenciado produz redução de custos”, afirma Hebert Machado, gerente de engenharia da Sanardi, empresa que oferece soluções em integração de sistemas de energia, com foco em geração e cogeração de energia elétrica. Outro benefício importante proporcionado pela automação nessa área é a estabilização do processo por meio de controles integrados. “Os controles aliados a ferramentas de supervisão e históricos são fundamentais para uma perfeita operação e correção de falhas”, enfatiza. Existem inúmeras vantagens decorrentes da automação dos sistemas de energia das unidades. “Quando avaliamos uma manutenção corretiva, um grande fator de sucesso é o tempo gasto para localizar o defeito e solucioná-lo. Com um sistema de automação temos informações em tempo real e históricos que são ferramentas fundamentais para reduzir o tempo de parada de planta”, observa. Hebert Machado diz que sempre o incomodou escutar que a automação tem sua principal função na redução de pessoas. “Como técnicos buscamos obter melhorias do processo produtivo ou mais informações para tomadas de decisão, principalmente no setor de energia que é crucial na indústria”, comenta. De acordo com ele, cada projeto é único e tem suas particularidades. “Mas,

Automação reduz tempo gasto para localizar defeito e solucioná-lo

quando temos a liberdade de utilizar as melhores técnicas, com protocolos de comunicação segundo a Norma IEC 61850, por exemplo, proporcionamos uma seletividade muito superior. Podemos tomar decisões em milissegundos, isolando uma falha e causando menor impacto no processo produtivo”, ressalta. O expertise na automação de sistemas

de energia é um fator preponderante para o equacionamento de diversas questões que envolvem os projetos nessa área. A Sanardi, por exemplo, tem experiência na implantação de mais de 400MW em projetos de geração e cogeração de energia – informa o gerente de engenharia da empresa. “E isto contribui para que os produtos que fabricamos atendam a real

necessidade de nossos clientes”, afirma. Na área de automação, a Sanardi desenvolve soluções dos sistemas de automação para casa de força e subestação de energia, com a elaboração de sistemas de supervisão e controle dos turbogeradores da casa de força, controle de importação e exportação de energia, operação e monitoramento da subestação. (RA)


JC 250

10/23/2014

1:57 AM

Page 73


JC 250

10/23/2014

74

1:57 AM

Page 74

TECNOLOGIA INDUSTRIAL

Novembro 2014

Válvulas de controle ganham espaço na indústria RENATO ANSELMI,

DE

CAMPINAS, SP

A importância de válvulas de qualidade para o bom funcionamento das plantas industriais de usinas e destilarias é indiscutível. Estão presentes em praticamente todas as etapas da produção, desempenhando funções essenciais, como o controle e bloqueio de gases, líquidos e de vapor em vários tipos de processos e equipamentos. As mais usadas nas unidades são as do tipo globo, gaveta, borboleta, dessuperaquecedora de vapor, de descarga contínua, de descarga de fundo, entre outras. Em decorrência do aumento da automação em usinas, as chamadas válvulas de controle estão ganhando espaço. Operando em pontos críticos do processo, esses modelos possuem um sistema de atuação que empregam ar comprimido e, em alguns casos, acionamento elétrico. Quando bem especificadas e fabricadas, atendendo aos mais criteriosos processos de qualidade, as válvulas de controle proporcionam ganhos significativos, como maior produtividade, eficiência do processo, mais qualidade no produto final do cliente devido à estabilidade na fabricação, de acordo com Roberto Tremonte, diretor comercial da Foxwall, que é fabricante de válvulas de controle.

E, em consequência desse processo mais favorável, os operadores da unidade industrial têm uma maior disponibilidade de tempo que pode ser dedicado às atividades de análise de produção – comenta. Roberto Tremonte observa que as

válvulas atuadas On-Off e controle têm um campo muito vasto de aplicação e um deles é a utilização em vasos de pressão e caldeiras com a finalidade de controlar temperatura, nível, pressão e vazão. No caso das caldeiras, existem válvulas de controle – exemplifica – de nível da água

de caldeira, de partidas/início de operação e as que controlam a pressão utilizada também nos vasos de pressão. Está ocorrendo um maior interesse por válvulas de controle devido aos fatores positivos proporcionados por este tipo de produto, afirma. (RA)


JC 250

10/23/2014

1:57 AM

Page 75

TECNOLOGIA INDUSTRIAL

Novembro 2014

Aquisição do produto deve ser feita de maneira criteriosa O mercado oferece atualmente uma grande variedade de tipos e tamanhos de válvulas que têm diversas aplicações nas plantas industriais das unidades. Os produtos de qualidade apresentam características e padrões que atendem as exigências dos usuários. Na hora de adquirir válvulas, é necessário, no entanto, levar em consideração alguns critérios. “Antes de tudo, manter contato com as empresas e pessoas que tenham conhecimento e tecnologia para dimensionar e especificar o produto de maneira correta”, recomenda Roberto Tremonte, da Foxwall. É preciso verificar também a capacidade que a empresa consultada tem de fabricar e entregar um equipamento 100% confiável – observa. A Foxwall, por exemplo, está constantemente investindo em pesquisas de novos materiais, modelos de válvulas, testes de performance, atuadores pneumáticos que proporcionam mais velocidade de resposta com a utilização de menos ar comprimido, detalha o engenheiro Peterson Tremonte, diretor industrial da empresa. Outro diferencial dos produtos da Foxwall são as peças intercambiáveis entre os diversos modelos para que o cliente tenha menor spare-parts (peças sobressalentes) em estoque para a manutenção das válvulas – diz. Segundo ele, os modelos disponibilizados pela empresa têm construção robusta, porém apresentam condições que facilitam a montagem e desmontagem da tubulação e inversões em campo. Além de experiência no mercado, as empresas idôneas devem fornecer pré e pós-vendas com assistência técnica, garantia assistida, rastreabilidade, certificados de procedência e certificado de qualidade – diz Everson Lorenzato, da Tecnoval.

Roberto Tremonte: fabricante deve manter contato com as empresas

Essa empresa fabrica válvulas de controle, atenuadores de ruídos, visores de nível, dessuperaquecedores, e principalmente válvulas de segurança – informa – que seguem em seus projetos normas ASME 1 para caldeiras, e ASME 8 para diversos segmentos na planta, como linha de vapor, gases e líquidos. A Tecnoval atende também os requisitos da norma ASME B16,5 para flanges, tanto para válvulas de segurança como para válvulas de controle.

75

Funcionamento inadequado ocasiona baixa produtividade As válvulas fazem parte de um conjunto chamado de malha de controle, onde cada uma tem sua função específica, observa Everson Sidnei Lorenzato, diretor da Tecnoval, empresa de fabricação e manutenção de válvulas. Se por algum motivo não funcionarem bem, com certeza o resto da malha irá apresentar algumas instabilidades e a planta industrial passará a ter falhas em outros setores, podendo ocasionar baixa produtividade, má qualidade dos produtos fabricados pela planta – avalia. Para que uma malha tenha um bom desempenho e a planta uma produção satisfatória é fundamental que as válvulas estejam operando perfeitamente – enfatiza. Dimensionamento, correta aplicação, automação de boa qualidade são extremamente necessários para o funcionamento eficiente das válvulas de controle – diz. Outros cuidados também precisam ser observados para os diferentes tipos de válvulas, segundo especialistas da área. A montagem correta deve seguir as orientações dos fabricantes em relação à posição na linha e ao tipo de flange a ser utilizado, No caso dos atuadores é necessário fazer a escolha adequada do material usado no diafragma por ocasião da manutenção realizada na entressafra. Se o material for inadequado, poderá haver ruptura do diafragma, o que deixará a válvula inoperante. (RA)


JC 250

10/23/2014

76

1:57 AM

Page 76

TECNOLOGIA INDUSTRIAL

Novembro 2014

Peterson Tremonte: válvula de qualidade precisa de acessórios de qualidade

Especificações inadequadas geram desgastes prematuros Quando fabricada conforme parâmetros internacionais normatizados, a válvula bem especificada e selecionada não costuma ser exigente em relação à manutenção. “Requer apenas as manutenções periódicas préplanejadas”, observa Roberto Tremonte. Para a recuperação de válvulas de controle de diferentes marcas, a empresa Encon – que faz parte do grupo da Foxwall – executa inclusive serviços de jateamento, retíficas, lapidação, troca de peças fundamentais, como gaxetas e juntas, entre outros procedimentos. “Analisamos o desgaste das partes críticas das válvulas, como corpo, sede, gaiola, obturadores, haste e verificamos se os mesmos não tiveram algum desgaste prematuro ou mesmo se estão sofrendo algum tipo de ataque, como corrosão, cavitação, flashing,

etc, proveniente de fenômenos causados pelo fluido”, detalha. Segundo Roberto Tremonte, a avaliação leva em consideração se estes problemas são decorrentes de especificações não muito bem elaboradas ou de alterações ocorridas no processo. “Diante dessas situações, não basta apenas ‘recuperar’ o produto, é preciso emitir um laudo, conversar com o cliente e dar a orientação correta para evitar que esta situação se repita após a nova montagem da válvula no processo”, esclarece. Com a realização de manutenções preditiva e preventiva, executadas por empresas capazes e credenciadas, certamente uma planta não vai parar devido a falhas em válvulas, afirma Everson Lorenzato, da Tecnoval. “Se as manutenções forem realizadas de

maneira que atenda os requisitos do fabricante, com sobressalentes de boa qualidade, o cliente terá uma produção tranquila sem eventuais problemas que possam ser acarretados por estes equipamentos”, ressalta. A Tecnoval conta com estrutura, incluindo usinagem própria, que possibilita a execução da manutenção num curto espaço de tempo, fazendo a recuperação de diferentes tipos de válvulas. “Temos bancadas de teste, para produtos com até 1500#, que asseguram a qualidade de nossos serviços”, observa. Segundo ele, a empresa possui uma estrutura logística, com uma ampla frota própria e guindaste, que auxilia na retirada e instalação de válvulas. “Contamos ainda com equipes de campo para oferecer maior comodidade aos nossos clientes”, diz. (RA)

Qualidade de acessórios também é importante A aquisição de acessórios de controle também deve ser feita com cuidado. De nada adiantaria selecionar, especificar e fabricar uma válvula com excelente qualidade se os acessórios escolhidos não corresponderem ao mesmo padrão – afirma Peterson Tremonte. Os comandos enviados para o elemento final, que é a válvula de controle, poderiam comprometer o desempenho do equipamento caso os acessórios não sejam de qualidade, explica o diretor industrial da Foxwall. (RA)


JC 250

10/23/2014

1:57 AM

Page 77


JC 250

10/23/2014

78

1:57 AM

Page 78

TECNOLOGIA INDUSTRIAL

Novembro 2014

Perdas industriais continuam difíceis de identificar RENATO ANSELMI,

DE

CAMPINAS, SP

As perdas industriais no processo de produção industrial de açúcar, etanol e bioeletricidade vão deixando pelo caminho uma parte dos ganhos financeiros das unidades sucroenergéticas, que podem se tornar relevantes caso não haja um sistema eficiente para monitorálas e reduzi-las. Se uma dorna de fermentação de um milhão de litros, por falta de automatização no antiespumante, começa a derramar, a situação pode se tornar incontrolável – exemplifica Hélio Teixeira Belai, diretor de marketing e assuntos institucionais do Gemea – Grupo de Estudo de Maximização da Eficiência Industrial. “A unidade perde mais ou menos de 30% a 40%, ou seja, até 400 mil litros, que têm em torno de 7% de teor alcoólico, o que equivale a 28 mil litros de etanol. Isto acontece em meia hora. Não tem o que segura”, diz ele, observando que este é um caso drástico de perda industrial. Para afastar esse transtorno da destilaria, a solução não é tão complicada. Considerando o preço do litro do etanol de R$ 1,3, o prejuízo com o “derramamento” totaliza R$ 36,4 milhões. Esse valor é suficiente para pagar a automação de quatro dornas que está em torno de R$ 9 mil cada uma – calcula. As perdas industriais podem não ser

Hélio Belai: perdas industriais reduzem ganhos financeiros

tão visíveis e contundentes como nos “trágicos” transbordamentos. Mas, correm o risco de provocar estragos em diferentes etapas do processo de produção. Aliás, algumas perdas que se consolidam na indústria começam a ser “concebidas” na área agrícola. A qualidade da matéria-prima é o fator mais importante na produção de açúcar, etanol e energia – destaca Octávio

Antonio Valsechi, professor do CCA/UFSCar – Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de São Carlos. “A indústria apenas extrai e transforma o açúcar produzido no campo por meio da fotossíntese da planta. Desta forma, se a cana-de-açúcar apresentar problema de qualidade como baixo teor de sacarose, contaminações físicas, químicas e

biológicas, as eficiências dos processos serão afetadas”, afirma. A quantidade de impurezas minerais e vegetais, danos causados por pragas e doenças (broca, migdolus, podridão vermelha, etc), tempo de queima estão entre os fatores que interferem na qualidade da matéria-prima e, consequentemente, no processo de produção.


JC 250

10/23/2014

1:57 AM

Page 79

TECNOLOGIA INDUSTRIAL

Novembro 2014

79

Prejuízos começam na recepção e são ampliados na extração Os problemas costumam começar, em diversos casos, pelo descarregamento da matéria-prima na unidade industrial. “O sistema de descarga das usinas geralmente é muito arcaico. Ao descarregar o caminhão, os prejuízos já são enormes. A cana cai e o guincho empurra essa matériaprima para o monte, amassando essa cana. Isto provoca contaminação e perda de caldo”, observa Hélio Belai. Entre o desfibrador e o picador, a maioria das unidades – que processa cana picada – tem uma perda de 0,7% a 1% de matéria-prima, segundo o diretor do Gemea. “Algumas usinas fazem uma calha embaixo para recolher essa matéria-prima que é bombeada para a moenda. A maioria não adota, no entanto, esse procedimento”, diz. De acordo com ele, esse índice se refere exclusivamente à perda no processo de

desfibragem. Mas, o prejuízo pode ser maior se a esteira tiver vazamento. É preciso contar com um sistema muito bom de sopragem ou de limpeza com vapor no esteirão – afirma – para que os problemas não se avolumem durante as etapas que precedem a extração do caldo. No processo de moagem da cana-deaçúcar, as perdas podem se tornar ainda mais significativas, enfatiza Hélio Belai, que é diretor industrial da Usina Vale do Verdão, de Maurilândia, GO. Unidades sucroenergéticas com matéria-prima e moendas com qualidade similar chegam a ter uma variação de 2% a 3% – entre a 94% a 96% – na eficiência de extração, compara. A redução de dois por cento para uma usina que mói três ou quatro milhões de toneladas de cana tem um peso enorme para o equilíbrio econômico-financeiro da unidade. (RA)

Qualificação de pessoas faz diferença na obtenção de resultados Após uma experiência de 33 safras no setor, Hélio Belai diz que chegou a uma conclusão importante nos últimos anos: 60% da diferença nos resultados obtidos estão nas pessoas e 40% nos equipamentos. A equipe deve estar preparada para ter metodologia, procedimento, capacidade analítica, controle de perdas bem apurado, ressalta. A empresa precisa investir – avalia – em motivação, treinamento e capacitação. “O pessoal da extração, além de usar um pirômetro para medir a temperatura dos mancais e dos redutores, precisa utilizar os cinco sentidos. É necessário cheirar para verificar se tem óleo queimado, olhar se tem bagacilho, averiguar se tem ruído, vazamento de óleo.

É só utilizar os cinco sentidos que o funcionário vai dar bastante lucro para a empresa. Se ele ficar jogando no celular, contando piada, a usina perde. Vai faltar água, embuchar, vazar e ele não vai tomar providência”, comenta. O principal componente do processo de produção de açúcar, etanol e bioenergia em uma biorrefinaria é a equipe de profissionais, ressalta Octávio Valsechi, da UFSCar. “De nada adianta a empresa possuir os mais modernos e avançados equipamentos de análises e processos, se não houver pessoas capacitadas, conscientes e qualificadas para operá-los. Investir em educação é investir no futuro e na saúde financeira da empresa”, destaca. (RA)


JC 250

10/23/2014

80

1:57 AM

Page 80

TECNOLOGIA INDUSTRIAL

Novembro 2014

Impurezas vegetais roubam espaço da cana-de-açúcar

Sistema de limpeza a seco resulta em aumento na capacidade de extração

Limpeza a seco proporciona diversos benefícios “O lucro proporcionado pela limpeza a seco é inimaginável. Tem uma série de ganhos”, afirma Hélio Belai, do Gemea. A palha chega na indústria com zero de açúcar e queima na caldeira com aproximadamente 2% de açúcar – calcula. “É uma perda absurda”, enfatiza. Quando a palha entra na unidade industrial junto com a matéria-prima, a usina que programa uma moagem de mil toneladas de cana por hora, processa 1,1 mil toneladas no total. Se tirar a palha, a unidade ganha teoricamente 10% de moagem – observa. Considerando que os sistemas de limpeza apresentam uma eficiência de 60% a 70%, haverá um ganho, nesse caso, de 6% a 7% no processo de extração. “É como se aumentasse a capacidade de extração da usina ou

reduzisse a safra”, afirma. Outro benefício proporcionado por essa tecnologia está relacionado ao aumento do poder calorífico do bagaço. “Vamos considerar uma caldeira que utiliza bagaço com umidade de 52%. Se a palha tiver 22% de umidade, após ser separada e picada no sistema de limpeza a seco e misturada na caldeira, vai aumentar o poder calorífico e diminuir a umidade do bagaço”, diz. Além de ganhos na extração, na geração de energia e com os 2% de pol que a usina deixa de perder, o acréscimo de 7% de moagem agrega valor à unidade sucroenergética. “Se a usina processava quatro milhões, com o sistema a seco vai processar 4,28 milhões de toneladas. Há também uma valorização da unidade”, afirma. (RA)

No mapeamento de perdas em unidades é preciso considerar também que os prejuízos já acontecem no transporte da matéria-prima, do campo para a indústria, conforme observações de Octávio Valsechi. Nessa operação é transportado material que não contém açúcar, como pontas, folhas e palhas, que ocupa lugar da própria cana. São feitas mais viagens para transportar a mesma quantidade de açúcar – afirma. “As pontas, folhas e palhas não possuem açúcar, porém após passarem pelo processo de extração, sairão como bagaço contendo certa quantidade de açúcar. Aí temos mais uma perda, ou seja, entramos com maior volume de material sem açúcar e saímos com ele adocicado”, constata o professor que integra o Departamento de Tecnologia Agroindustrial e Socioeconomia Rural do Centro de Ciências Agrárias da UFSCar, localizado em Araras, SP. Os sistemas de preparo e extração de cana são dimensionados por tonelada de fibra/hora. Só que essa fibra seria a da cana, não a da impureza vegetal – observa o engenheiro de processos Marcus Menato, que atua na área de engenharia de aplicação de açúcar e etanol da Zanini, de Sertãozinho, SP. “Se o sistema já estiver no limite da capacidade de moagem, pode haver a necessidade de alongar a safra em função desse acréscimo de fibra/hora”, afirma. Segundo ele, a impureza não afeta somente a extração. Interfere no consumo de potência, porque vai ser gasto mais energia para o processamento da mesma cana. “O aumento do consumo de potência reduz a exportação de energia”, diz. Para evitar essas perdas, ele defende a importância da instalação do sistema de limpeza de cana a seco, principalmente em usinas e destilarias que apresentam elevado índice de impurezas mineral e vegetal na matériaprima transportada do campo para a indústria. Em diversos casos, o total de impureza vegetal trazido com a cana picada para a indústria varia de 12% a 15% e o de impureza mineral fica entre 3% e 4% – informa Marcus Menato, baseando-se em levantamentos realizados pela própria Zanini. (RA)


JC 250

10/23/2014

1:57 AM

Page 81


JC 250

10/23/2014

82

1:57 AM

Page 82

TECNOLOGIA INDUSTRIAL

Novembro 2014

Contaminações microbiológicas estão entre os principais problemas “As principais perdas na produção de açúcar e etanol são provocadas pelas contaminações microbiológicas”, ressalta Octávio Valsechi. E esta contaminação da matéria-prima é consequência – detalha – do manuseio nas operações de corte, carregamento e transporte, do tempo decorrido entre o corte e processamento, da infestação de pragas, da inclusão de pontas e de solos que acompanham a matéria-prima. “As perdas iniciam-se ainda no campo e acentuam-se nas operações de extração, tratamento do caldo e assim por diante”, afirma. Estes contaminantes produzem metabólitos que utilizam o açúcar da cana para a produção de componentes indesejáveis nos processos – enfatiza. (RA)

Folhas, pontas e palhas provocam danos em equipamentos A adoção de medidas para a redução de impurezas minerais e vegetais durante a colheita e carregamento da cana, ou mesmo a instalação de um sistema de limpeza a seco é considerada fundamental para evitar perdas na indústria. A falta de cuidados gera prejuízos também por causa da maior necessidade de manutenção. “Quem tem limpeza a seco, economiza com desgaste de materiais de fundição aproximadamente R$ 1,5 milhão por ano, para uma usina que tem uma moagem de quatro milhões de toneladas de cana”, calcula Hélio Belai. As folhas, pontas e palhas possuem altos teores de sílica, material muito abrasivo que certamente aumenta o desgaste de martelos, facas, rolos, etc,

demandando mais insumos nos reparos dos equipamentos, ressalta Octávio Valsechi. “Devemos considerar também que este material por ser mais abrasivo, quando queimado, irá provocar maior abrasão nos tubos das caldeiras, chegando muitas vezes a perfurá-los, necessitando nestes casos, de revestimentos especiais”, comenta. Há outros estragos provocados pelas impurezas. “A maior quantidade de microrganismos encontra-se justamente nos ponteiros das canas, em função da água que se acumula nas bainhas das folhas e com isto introduzse mais contaminantes nas fábricas que fatalmente interferirão diretamente nas eficiências de recuperação”, avalia o professor da UFSCar. (RA)

Investimento em pessoal e equipamentos é fundamental O desenvolvimento e a implantação de métodos eficientes de medição são considerados fundamentais para a avaliação das perdas. “Por mínima que seja, qualquer perda representa grande soma monetária. Desta maneira, o investimento, inicialmente, em pessoal e em equipamentos garante maior recuperação dos açúcares que entram na indústria. Como sempre se diz o que não se mede e nem se avalia não pode ser melhorado”, afirma Octávio Valsechi. De acordo com ele, atualmente muitos equipamentos e processos estão sendo automatizados e com isto facilitando as operações e manuseios. “Porém, o ser humano é ainda peça fundamental na área analítica das biorrefinarias”, enfatiza. Estes equipamentos e processos requerem – destaca – aferições, ajustes e calibrações periódicas que são realizadas por pessoal capacitado e com conhecimentos específicos. “Não cansamos em dizer que o investimento em mão de obra é fator preponderante para o aumento das eficiências e diminuição das perdas”, ressalta. (RA)


JC 250

10/23/2014

1:57 AM

Page 83

TECNOLOGIA INDUSTRIAL

Novembro 2014

83

Processo de fermentação etanólica precisa ser aperfeiçoado Na avaliação do professor da UFSCar, Octávio Valsechi, as perdas mais significativas na fabricação de etanol acontecem na fermentação. “O meio, ou seja, o mosto não é esterilizado e ali se encontram os contaminantes que acompanham a matéria-prima. Como se pretende trabalhar com microrganismos selecionados, estes são substituídos, em função dos contaminantes, na sua totalidade ou em parte dela, acarretando diminuição nas eficiências fermentativas”, explica. E é justamente no processo de fermentação dos açúcares para a fabricação de etanol que os índices de eficiências apresentam resultados inferiores em relação a outras operações, abaixo de 90%. “Precisa ser aperfeiçoado”, afirma. Nos outros processos de produção, em decorrência dos estudos, pesquisas e investimentos no setor, as eficiências industriais nas operações unitárias estão quase todas acima dos 95%, constata. “Há uma série de fatores que devem ser levados em consideração na fermentação: temperatura, porcentagem de levedo, controle microbiológico eficiente” – exemplifica Hélio Belai De maneira geral, as perdas industriais são classificadas como determinadas, ou seja, aquelas que são possíveis de serem aferidas. E as indeterminadas, como o próprio nome

Dornas de fermentação

sugere, são calculadas e estimadas – esclarece Octávio Valsechi. Segundo ele, se for considerado que uma tonelada de cana-de-açúcar

apresenta teor de açúcar teórico recuperável (ATR) de 13,5%, ao valor de R$ 0,50 o quilo, pode-se dizer que para cada 1% de perda em uma unidade que

processa aproximadamente um milhão de toneladas anualmente, ocorre um prejuízo em torno de R$ 675 mil por safra. (RA)


JC 250

10/23/2014

84

1:57 AM

Page 84

TECNOLOGIA INDUSTRIAL

Novembro 2014

Pedra Agroindustrial reduz uso de água na aplicação de herbicidas Além de proporcionar benefícios ambientais, medida diminui custo operacional de maneira significativa RENATO ANSELMI,

DE

CAMPINAS, SP

Em período de crise hídrica histórica no estado de São Paulo e em outras cidades do Sudeste, a economia de água na aplicação de agroquímicos – e em outras etapas do processo de produção – é muito bem-vinda. Bom exemplo disso é o Grupo Pedra Agroindustrial – sediado em Serrana, SP – que reduziu o volume médio de água utilizado na aplicação de herbicidas nas lavouras de cana-de-açúcar. A economia é significativa: atualmente as unidades do grupo consomem entre120 a150 litros por hectare, praticamente a metade do volume utilizado alguns anos atrás que ficava entre 200 a 300 l/ha, de acordo com informações com Diogo Sartori Alarcon, coordenador técnico agronômico da Pedra Agroindustrial. A redução do volume não afeta a eficiência dos herbicidas. “A água é apenas um veículo, uma vez que o agroquímico é que controla as ervas daninhas. O limite adotado pela Pedra Agroindustrial é de 120 a 150 l/ha, dependendo da situação. Alguns trabalhos mostram a possibilidade de trabalhar com vazões ainda menores. Mas, é preciso realizar mais testes”, comenta. Para a redução de volume de calda, a tecnologia de aplicação se torna mais importante – enfatiza. “Isso quer dizer que devemos nos atentar ainda mais ao tamanho de gotas, pressão, bicos a serem utilizados, entre outros procedimentos”, diz. Além dos benefícios ambientais

Diogo Sartori Alarcon: menor consumo de água beneficia o “caixa”

proporcionais pelo menor consumo de água, a medida é também interessante para o “caixa” das unidades e grupos sucroenergéticos. Há uma significativa redução do custo operacional. A diminuição no volume de calda significa menor transporte de água, redução da quilometragem rodada pelo tanque, maior rendimento das máquinas nas áreas aplicadas e menor tempo de espera para abastecimento – detalha Diogo Alarcon. A adoção de novas práticas na aplicação de herbicidas, como a própria redução de volume e o uso de novos tipos de bico de aplicação, entre outras, começaram a fazer parte do dia a dia de unidades do grupo a partir dos resultados

obtidos pelas usinas da Pedra e Buriti que participaram de ensaios do Provar – Programa de Valorização da Água em Pulverizações Agrícolas, realizado pelo CEA/ IAC – Centro de Engenharia e Automação do Instituto Agronômico, de Campinas. Os experimentos desse programa demonstraram que a redução do volume de calda não influencia negativamente no controle de ervas e na operação, comprovando ainda a queda nos custos de aplicação – ressalta o coordenador técnico agronômico. Diogo Alarcon informa que a Pedra Agroindustrial – com quatro unidades no estado de São Paulo – tem reduzido também o consumo de água na aplicação

de inseticidas no sulco de plantio e cana soca com uso de equipamentos tratorizados e diminuído o volume nas aplicações aéreas. Além das usinas da Pedra, localizada em Serrana, e a Buriti, em Buritizal, o grupo possui ainda a Ibirá, em Santa Rosa de Viterbo e a Ipê, em Nova Independência. Outras unidades e grupos sucroenergéticos também têm adotado medidas voltadas à utilização da tecnologia de aplicação de agroquímicos de maneira ambientalmente correta, visando o consumo de menor volume possível de água e com o mínimo de contaminação de outras áreas. Além disso, a redução de custos é uma meta “perseguida”, de maneira persistente, nessas operações.


JC 250

10/23/2014

1:57 AM

Page 85


JC 250

10/23/2014

86

1:57 AM

Page 86

POLÍTICA SETORIAL

Novembro 2014

ENTREVISTA — Maurílio Biagi Filho, presidente da Maubisa

“A divisão é a nossa fraqueza” Liderança dividida impediu crescimento, agravou crise e enfraqueceu a relação com o governo ALESSANDRO REIS, DA REDAÇÃO

Maurílio Biagi Filho, primogênito de Maurílio Biagi — principal empreendedor da época de ouro do Proálcool, é a mais emblemática personalidade do setor. Aos 72 anos de idade e praticamente a mesma de experiência na área, já que nasceu, cresceu e debutou profissionalmente na fazenda da Usina Santa Elisa, é um dos mais bem-sucedidos empresários brasileiros.

“Empresários de outros segmentos ficam horrorizados com nossa inoperância política” Atualmente, dedica-se aos negócios juntamente com os filhos, Marcelo, Rodrigo e Roberto, como presidente da holding Maubisa, que atua em negociações com tradings, mercado de capitais, imobiliário e de agronegócio — área que permeou toda sua carreira profissional. Por conhecer profundamente o universo que envolve a cana-de-açúcar, nesta entrevista, o executivo revela fraquezas do setor, demonstrando que a falta de políticas públicas por parte do Governo Federal, o clima desfavorável ao cultivo e o revés econômico mundial são apenas a “ponta do iceberg” da crise que afeta a agroindústria canavieira. JornalCana — Como o senhor define a situação do setor em 2014? Maurílio Biagi Filho — Defino em uma palavra: tristeza. Demoramos para acreditar que as coisas iam piorar. O setor errou em não apresentar ao Governo, desde o início da atual gestão, uma proposta mais composta. Estamos em um momento de difícil reversão. Quem está em dificuldade, sofrerá para superar esta fase. O que falta ao setor? Unidade. Isto sempre faltou. Há uma liderança pulverizada. Precisamos unificar a agricultura para organizar as mudanças, e não promover a criação de novas entidades, que acabam enfraquecendo o todo. Com a entrada de multinacionais, de extrema experiência, há várias vozes articulando com o governo. Essa divisão fortalece o desprezo que o atual governo tem pelo setor.

Maurilio Biagi Filho, presidente da Maubisa

Mas o Fórum Nacional Sucroenergético não é o porta-voz do setor? Ele deveria ser, mas não é. Toda a parte política deveria ser feita através dele, pois há nele pessoas competentes. Mas não existe unanimidade. Os produtores de São Paulo só apoiarão com relevância se tiverem a presidência. No começo os empresários paulistas cuidavam da parte econômica, porém, não concordavam com a articulação política, feita pelo pessoal do Nordeste, que neste quesito dá de dez a zero na turma de São Paulo.

“Defino a situação do setor em uma palavra: tristeza” Por que o setor é dividido? Porque não alinham seus interesses. Há mais de vinte anos admiti encabeçar nossa entidade de classe. Eu estava engajado. Tive uma longa conversa com o João Guilherme (Sabino Ometto) mostrei que estava disposto a deixar meus cargos e ir para a capital encabeçar o projeto. Mas ao perceber que a divisão ainda existia, desisti e nunca mais me envolvi. O que falta ao setor? Falta visão. Nunca houve uma reunião com os membros mais importantes do setor para trocar ideias abertamente, confrontar opiniões e experiências. No setor, cada um é dono de sua própria verdade. No próprio conselho da Unica não há unanimidade e isso leva o setor a situação em que está.

Esta é a fraqueza do setor. Houve uma época em que fomos mais fortes que a Petrobras — que nos chamou para compor uma mistura de 50% etanol na gasolina, mas nem paramos para ouvir a proposta. O setor teve grandes oportunidades mas sua fraqueza o impediu de se tornar mais forte. Como serão os próximos anos? Ruins. Podem ser ainda piores. Dos candidatos à Presidência neste segundo turno, um pode acabar com o setor rapidamente, o outro dá esperança. O atual governo demonstrou abertamente que não gosta do setor. Fomos o único segmento que não recebeu sequer um copo de garapa como ajuda. Veja, o Brasil é como uma empresa, e a presidente tem horror a ouvir não, e isso é exatamente o contrário do que aprendi como empresário. Tive sucesso porque não me cerquei de gente subserviente. Dilma está cercada de pessoas que não a confrontam. A pior coisa do mundo é estar cercado de pessoas que estão de acordo com você o tempo todo. A coisa que mais ouvi na vida foi não, e isto é o que oxigena a vida e rende boas discussões. Meu pai sempre dizia muito não. Aprendi isto com ele, eu ficava irritado quando ele colocava ideias contrárias as que eu sugeria para testar até que ponto eu estava convicto. Quando contestamos uma ideia podemos ver os fundamentos dela, e isto é muito bacana. O senhor acredita que o novo executivo trará pessoas do setor para o governo? Para atuar na ANP, por exemplo? Acredito que sim. Olha... faltam pessoas do setor na ANP, não por decisão

de um presidente, mas porque o setor nunca se esforçou para que isso acontecesse. Empresários de outros segmentos ficam horrorizados com nossa inoperância política. Qual plano político o setor deve apresentar ao próximo governo? Um plano que defina a precificação da gasolina, a fabricação de um só tipo de etanol, no caso, o anidro, que possui inclusive melhor desempenho nos motores; aumento da mistura, que deve ser discutido com maior rigor técnico. O principal é encontrar uma equalização, uma fórmula que consiga dar horizonte de possibilidades para o setor, e uma realidade de preços que seja rentável. O setor superará a crise? Sim, porque é importante para o país, mas voltará de uma forma tímida. Certamente os produtores de etanol e açúcar voltarão a ganhar dinheiro. Principalmente com os novos subprodutos, como a venda da energia cogerada, por exemplo, que tem muito potencial. No passado, produtores vislumbraram a possibilidade de exportar etanol para os Estados Unidos, Europa e Japão e, com aparente apoio do governo Lula, compraram e construíram novas unidades. Em contrapartida, o senhor estava vendendo suas usinas. Por quê? Porque tinha visão. O presidente Lula fazia uma propaganda maior que a nossa realidade, o que de certa forma foi bom, porém, esquecemos de nossas limitações. Deveríamos ter estudado melhor o mercado americano, que é mais competitivo que o nosso. Veja, o país crescia, mas eu não via o dinheiro entrando, o setor estava acumulando dívida. No momento dado como “o melhor”, ninguém estava ganhando dinheiro. Todos, sem exceção, que fizeram grandes investimentos nessa época estão atualmente apertados financeiramente. Inclusive os grandes grupos? Principalmente eles. A Cargill, LDC e Bunge, por exemplo, que foram as empresas que compraram meus investimentos, estão com muitos endividamentos. A Odebrecht, um dos maiores grupos brasileiros, se tivesse seus negócios somente no setor, estaria quebrado. Este grupo está fazendo o que é certo, está investindo, inclusive na África, uma região na qual eu acredito que se deve investir. Lá não é necessário ter só dinheiro, mas também poder político. Acredito muito no potencial de Angola. Tive a oportunidade de realizar grandes fusões com grupos importantes, porém sempre defendi a venda, baseado na falta de rentabilidade do setor. Hoje tem empresas que, apesar dos problemas, conseguem manter o caixa equilibrado, porém o grande problema do passado e que se repete hoje é a falta de perspectivas.


JC 250

10/23/2014

1:57 AM

Page 87

NEGÓCIOS & OPORTUNIDADES

Novembro 2014

87

Inteligência geográfica inova a produção agrícola

Leveduras personalizadas são o futuro da fermentação

O uso de tecnologias geoespaciais, ou geotecnologias é um tema em ascensão na área agrícola das usinas do setor. No dia a dia vivenciamos uma crescente demanda por procedimentos e técnicas para a gestão e aquisição de dados georreferenciados, processamento, tratamento, integração de bases de dados, análise e visualização de informações de processos das operações agrícolas em diferentes escalas, espacial, temporal ou espaço-temporal. Visando atender a demanda do setor, a empresa Imagem que este ano completa 28 anos de experiência no mercado de geotecnologias, vem criando valor para as principais empresas brasileiras por meio de Soluções de Inteligência Geográfica. Uma recente solução é a PGI Agro (Plataforma de Gestão Integrada de Informações das Operações Agrícolas) que pode ser empregada nas usinas para o aprimoramento do planejamento agrícola, precisão na execução de atividades — preparo do solo, plantio mecanizado, tratos e colheita, monitoramento e controle das operações, correção e padronização de processos; tudo isso visando melhores resultados na produção. Com a solução os usuários podem facilmente configurar suas próprias aplicações para analisar o desempenho da safra e verificar se há ocorrência de padrões espaciais das

POR SILENE

Instalações da Imagem Geosistemas e Comércio

informações agrícolas juntamente com uma análise real das informações apuradas no campo. Desta forma, é possível obter indicadores de desempenho das lavouras e usar a localização geográfica a favor da eficiência na gestão e precisão na execução de atividades. Imagem Geosistemas e Comércio 12 3946.8907 www.img.com.br

DE

LIMA PAULILLO

A Fermentec mais uma vez inova e é pioneira em otimização do processo fermentativo com objetivo de reduzir custo, aumentar rendimento e diminuir o uso de água para produção de etanol. O monitoramento das leveduras no processo (análises de cariotipagem e DNA mitocondrial) trouxe descobertas importantes sobre a capacidade das leveduras de dominar e permanecer em sua unidade e se tornar uma linhagem “personalizada”. Desde 2007, a Fermentec vem introduzindo leveduras personalizadas, juntamente com até 1.200 kg de leveduras selecionadas. Em 2013 a produção de etanol produzida por estas leveduras passaram de 1,2 bilhões de litros. A superioridade destas leveduras foi inquestionável, pois atingiram 100% de persistência nas dornas e com uma média de 89% de dominância, o que representa maior estabilidade do processo fermentativo. Como são isoladas e reintroduzidas na própria usina, estão adaptadas ao processo da unidade, por isso apresentam persistência, dominância e podem ter suas habilidades melhoradas para trabalhar de

acordo com as particularidades da usina, como por exemplo, na redução da característica de formação de espumas. Na safra de 2014, 14 leveduras Personalizadas foram reintroduzidas em usinas para iniciarem a safra. O uso de leveduras personalizadas pode trabalhar com teores alcoólicos elevados (acima de 10%v/v – média de safra). Desta forma reduz o uso de água no tratamento de fermento, reduz o custo da distribuição da vinhaça que pode chegar a mais de 3 milhões de reais/safra e reduz as perdas causadas por contaminações bacterianas quando comparadas com as leveduras de panificação. Estas perdas podem chegar a R$ 170 mil/dia para uma destilaria que produz 800 mil litros de etanol/dia. Fermentec 19 2105.6100 www.fermentec.com.br


JC 250

10/23/2014

88

1:57 AM

Page 88

NEGÓCIOS & OPORTUNIDADES

Novembro 2014

Martin Sprocket & Gear Cohybra comemora quatro anos de sucesso oferece produtos inovadores Há quatro anos no município de Sertãozinho surgia a Cohybra Hidráulica. Trabalhando sempre de forma séria e humilde, neste mês, consolida quatro anos contando com várias parcerias de sucesso. Tendo como seu maior ponto forte o atendimento de agilidade com uma base de troca com mais de 300 itens hidráulicos para colhedoras de cana-de-açúcar, vem conquistando e fidelizando clientes de vários estados do país, como: São Paulo, Minas Gerais e Paraná. Em função de manter a satisfação de seus clientes a Cohybra também possui vários critérios de seleção de

fornecedores, estes que por sua vez acabam se tornando grandes parceiros. “Apesar do visível período de crise no setor sucroalcooleiro a Cohybra se mantém em constante crescimento, isso prova que o bom trabalho e a dedicação são as maiores ferramentas para vencer qualquer crise. Agradecemos aos nossos clientes e fornecedores por mais um ano de vitórias”, segundo os sócios proprietários Cleiton de Angelo e Alex de Angelis. Cohybra Hidráulica 16 3041.2225 www.cohybra.com.br

Ao longo de seus 60 anos de história, a Martin Sprocket & Gear desenvolveu produtos inovadores na área de transmissão de potência mecânica (sprockets, engrenagens, polias, acoplamentos e buchas) e na área de equipamentos para transporte de materiais (transportadores helicoidais, elevadores de canecas e transportadores de corrente) para melhorar o transporte de açúcar seco, úmido e bagaço. A fábrica da Martin instalada na cidade de Artur Nogueira (SP), conta com equipamentos modernos e equipe altamente especializada, capaz de fabricar equipamentos segundo projetos existentes, bem como desenvolver produtos sob medida.

SOBRE A EMPRESA

Fachada da Cohybra Hidráulica

Martin Sprocket & Gear é uma empresa familiar, com mais de 60 anos de experiência na manutenção industrial e nos processos de movimentação de materiais. Somos fabricante de produtos de transmissão de potência, transporte de material a granel, ferramentas de mão e tambores para correias transportadoras. A Martin está presente em 31

localizações através das Américas para fornecer serviço superior aos principais mercados e indústrias. A Martin é a empresa que você pode confiar para estoque e produto especial. Possuímos grandes capacidades de manufatura para atendimentos emergenciais e suporte em campo para análises técnicas de suas transmissões e opções de melhoria Martin Sprocket & Gear Brasil 19 3877.9400 www.martinsprocket.com


JC 250

10/23/2014

1:57 AM

Page 89

NEGÓCIOS & OPORTUNIDADES

Novembro 2014

89

Alta Mogiana homenageia Zanini Renk por parceria de sucesso Ao reconhecer a parceria de 30 anos com a Zanini Renk, a Usina Alta Mogiana por meio do Programa Parceria de Sucesso, prestou homenagem a uma de suas principais fornecedoras. A honraria foi entregue pelo diretor presidente da Alta Mogiana, Luiz Octávio Junqueira Figueiredo à Luiz Biagi, sócio da Zanini Renk, no último dia 22 de agosto, na sede da unidade, em São Joaquim da Barra (SP). Também participaram do evento Mauro Cardoso, CEO da Zanini Renk; Reinaldo Lourenço, diretor comercial da Zanini Renk; Fernando Vicente, diretor industrial da Usina Alta Mogiana; Rogério Soares Junqueira de Mattos, gerente de suprimentos da Alta Mogiana; Anderson Carlos de Russo, administrador de contratos da Alta Mogiana e gestores responsáveis pela área industrial da usina. Fernando Vicente explica que a ideia é homenagear a Zanini Renk em voto de agradecimento pelos anos de parceria. “O grupo possui 24 Torqmax, marca única por unidade dentro do setor e há 19 safras estamos sem trocar rolamentos dos Torqmax”, lembra. Rogério de Mattos, da Alta Mogiana, explica que a Zanini Renk é uma parceira de muita confiança, pois está sempre junto da usina. O diretor presidente da Alta Mogiana, Luiz Octávio Junqueira de Figueiredo, relembrou o relacionamento das empresas, desde as primeiras tratativas e ressaltou a

Equipe Zanini Renk recebe homenagem da Usina Alta Mogiana pelos 30 anos de parceria

saga de sucesso de Maurílio Biagi, pai do empresário Luiz Biagi. “Maurílio Biagi teve um papel importantíssimo no setor e para o etanol no país, através da Zanini. Tivemos a felicidade de contratar os serviços da empresa desde o início da usina e foi tudo entregue na mais perfeita ordem, dentro do prazo. É um prazer estar com vocês depois de 30 anos e queremos que essa parceria continue. Agradeço ao trabalho de seu pai e a todos colaboradores da Zanini”, comenta.

Luiz Biagi, sócio da Zanini Renk, ressalta a importância da confiança depositada pela usina. “Convivi com o crescimento da usina e isso para mim é um motivo de orgulho. É muito difícil manter essa harmonia e o êxito nessa época em que vivemos, por isso tenho orgulho do trabalho de vocês”. Anderson Carlos de Russo, administrador de contratos da Alta Mogiana, revela que tem grande abertura

dentro da Zanini Renk. “Vou da usinagem até a sala do superintendente. Sempre fui bem atendido e pude atuar dentro da indústria. Quando chego tudo está encaminhado, sem problemas. Não trocaria a Zanini Renk por outra empresa”, finaliza. Zanini Renk 16 3518.9000 www.zaninirenk.com.br


JC 250

10/23/2014

90

1:57 AM

Page 90

NEGÓCIOS & OPORTUNIDADES

Novembro 2014

Engenovo lança prensa desaguadora hidráulica para secagem de lodo de fuligem Produto gera adubação nitrogenada eficiente e uniforme para a planta

Longevita traz soluções para a rentabilidade da lavoura Para que o produtor canavieiro amplie a rentabilidade de sua lavoura e o número de cortes sem perder a produtividade, a Yara apresenta o Programa Nutricional Longevita. É uma solução que propõe, por meio da utilização de fertilizantes com nutrientes adequados e completos, manter a viabilidade da produção da lavoura e aumentar assim o número de cortes da cana e consequentemente a longevidade do canavial. O programa prevê o uso da linha de fertilizantes YaraMila, um NPK no grão que contém duas formas de nitrogênio, nítrico e amoniacal, que trazem uma adubação nitrogenada eficiente e uniforme para a planta, além de diferentes formas de fósforo, que cobrem todo o ciclo da planta dentro do corte, de forma a suprir a energia necessária para a lavoura canavieira; e da linha de fertilizantes

YaraVita, uma linha de micronutrientes concentrados e voltados ao tratamento de toletes e aplicações foliares, que contém altas concentrações e tecnologia de formulação e garante uma nutrição eficiente e completa, aumentando a produtividade e rentabilidade da lavoura. Com o Programa Nutricional Longevita, a Yara busca difundir um novo conceito para a adubação dos canaviais, proporcionando a elevação da rentabilidade das lavouras por meio de uma melhor produtividade e o aumento da longevidade dos talhões e do número de cortes, reforçando o compromisso da empresa pela busca contínua do rendimento no campo. Yara Brasil 51 3230.1300 www.yarabrasil.com.br

A Engenovo, sempre atenta às necessidades e requisitos dos seus clientes, desenvolveu uma prensa desaguadora para a secagem de lodos de ETALGs – Estações de Tratamento de Água de Lavagem de Gases de caldeiras, para capacidades de até seis toneladas de matéria seca por hora. A prensa desaguadora produzida pela empresa, possui concepção robusta, é fabricada em estrutura de aço carbono com câmara de compactação em aço inoxidável, e opera de forma automática através de sistema de compactação hidráulico controlado por PLC, sendo capaz de atingir umidade final no lodo inferior a 55%. Em comparação às diferentes tecnologias disponíveis para a secagem

final de lodos, a prensa desaguadora da Engenovo apresenta como vantagens: menor investimento de aquisição, baixo custo de operação e manutenção, menor espaço de instalação, além de não necessitar de sistemas complexos auxiliares, tais como geradores de vácuo, dispositivos contínuos para limpeza de telas, e dosagem de produtos químicos. Fornecida como componente das ETALGs da Engenovo, pode também ser instalada com facilidade em sistemas de tratamento de água de fuligem existentes. Engenovo 21 2223.0899 www.engenovo.com.br

Prensa desaguadora possui concepção robusta e estrutura de aço carbono


JC 250

10/23/2014

1:57 AM

Page 91


JC 250

10/23/2014

1:57 AM

Page 92


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.