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Ribeirão Preto/SP
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Série 2
Nº 252
R$ 20,00
SETOR FAZ A LIÇÃO DE CASA E SUPERA A CRISE HÍDRICA Tecnologia de reúso tem sido fundamental em períodos de prolongamento da estiagem
MasterCana premia empresário e executivos do ano Eduardo Junqueira da Motta Luiz, da Usina Açucareira Guaíra
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ÍNDICE DE ANUNCIANTES
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Í N D I C E ACESSÓRIOS INDUSTRIAIS FRANPAR
16 21334385
32
ACOPLAMENTOS VEDACERT
16 39474732
66
AÇOS FRANPAR
16 21334385
32
ANTIBIÓTICOS - CONTROLADORES DE INFECÇÕES BACTERIANAS BETABIO/WALLERSTEIN
11 38482900
18
ALFA TEK
3
19 33018101
52
DMB
RBC ENGENHARIA
19 34135440
47
INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO E CONTROLE
PLANTADORAS DE CANA
SUCRAL
11 30443332
33
METROVAL
DMB
CONSULTORIA FINANCEIRA E INVESTIMENTOS 23
VALORMAX
11 32554477
23
CONTROLE DE FLUIDOS
19 21279400
PINTURAS EM GERAL 13
30
62 30883881
4
ISOLAMENTOS TÉRMICOS
11 26826633
19
11 22024701
15
REFRATÁRIOS RIBEIRÃO
16 36265540
65
30
16 35134000
9
19 21279400
17 33611575
27
19 34669300
26
16 39452825
ELETROCALHAS
OKUBO
13
19 33018101
52
11 38482900
18
16 36265540
65
REFRATÁRIOS
SAÚDE - CONVÊNIOS E SEGUROS 16 08007779070
67
16 39462130
66
COMASO ELETRODOS
16 35135230
16
MAGÍSTER
16 35137200
7
AGAPITO
16 35149966
16 39461800
66
SOLDAS INDUSTRIAIS
ENFARDAMENTO VIBROMAQ
BETABIO/WALLERSTEIN
SÃO FRANCISCO SAÚDE
16 35124310
30
BALANCEAMENTOS INDUSTRIAIS
BOSCH ENGENHARIA
REFRATÁRIOS RIBEIRÃO 60
11
DESINFECÇÃO INDUSTRIAL MC DESINFECÇÃO INDL
16 39426852
PRODUTOS QUÍMICOS
ISOVER
DESTAK IDEIAS 19 34234000
COLORBRAS
PLANTAS INDUSTRIAIS
CORRENTES INDUSTRIAIS
DISPAN METROVAL
IRRIGA EQUIPAMENTOS
16 35124310
19 21279400
16 39461800
IRRIGAÇÃO
FINBIO
PROLINK
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL AUTHOMATHIKA
IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS
BOSCH ENGENHARIA
LIMPEZA E ESTERILIZAÇÃO DE BAGS 17 35311075
AUTOMAÇÃO DE ABASTECIMENTO DWYLER
A N U N C I A N T E S
CONSULTORIA/ENGENHARIA INDUSTRIAL
METROVAL
ÁREAS DE VIVÊNCIA
D E
17
SUPERFÍCIES - TRATAMENTO E PINTURA
64
ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO CIVIL IRBI MÁQUINAS
BOMBAS HIDRÁULICAS HELIBOMBAS
ENGEVAP
16 33335252
14
16 35138800
58
CALDEIRAS ENGEVAP
ALFA TEK
17 35311075
3
CARROCERIAS E REBOQUES RODOTREM
18 36231146
54
SERGOMEL
16 35132600
8
CENTRÍFUGAS VIBROMAQ
16 39452825
64
MARKANTI
16 39413367
68
JOHN DEERE
19 33188330
59
53 9
16 35124310
25
CONSULTORIA ABS CONSULTORIA
19 34431400
DMB
16 39461800
13
TESTON
44 33513500
55
AGAPITO
52
LONAS PLÁSTICAS
19 34431400
52
OKUBO
16 35149966
17
16 39462130
66
AGRIPEÇAS
16 30112988
28
FRANPAR
16 21334385
32
VÁLVULAS INDUSTRIAIS
MONTAGENS INDUSTRIAIS
FIOS E CABOS 11 50538383
49
ENGEVAP
16 35138800
58
NUTRIENTES AGRÍCOLAS
GEORREFERENCIAMENTO 12 39468907
50
16 21014151
2
UBYFOL
34 33199500
5
PENEIRAS ROTATIVAS
GRÁFICA SÃO FRANCISCO GRÁFICA
51
TUBOS E CONEXÕES
FERRAMENTAS PNEUMÁTICAS
IMAGEM GEOSISTEMAS
18 36212182
TROCADORES DE CALOR 14
FERRAMENTAS
ARGUS
31
SOLINFTEC
EQUIPAMENTOS HIDRÁULICOS
COMBATE A INCÊNDIO - EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS
16
TRANSBORDOS
16 35134000
16 33335252
16 35135230
TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO 24
11 56450800
CONSTRUFIOS
19 38266670
11 33563100
AUTHOMATHIKA
LEMAGI
COLHEDORAS DE CANA
COMASO ELETRODOS
61
APS COMP ELÉTRICOS
LEMAGI
COLETORES DE DADOS
19 34172117
EQUIPAMENTOS E MATERIAIS ELÉTRICOS
HELIBOMBAS
57
SUPRIMENTOS DE SOLDA
EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO ANSELL
18 36315000
58
ENTIDADES ESALQ – USP
CARRETAS
16 35138800
VIBROMAQ
16 39452825
64
FOXWALL
11 46128202
20
FRANPAR
16 21334385
32
VEDAÇÕES E ADESIVOS FLUKE
19 32733999
63
EDACERT
16 39474732
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CARTA AO LEITOR
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carta ao leitor
índice
Josias Messias
josiasmessias@procana.com
Agenda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6 Usina do Bem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7 Política Setorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .8 a 10
Frente pela valorização do setor prepara novas ações
Usinas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11 a 13
Retomada da Pumaty pela Agrocan é modelo para o Nordeste
Administração & Legislação . . . . . . . . . . . . . . . .14 a 23
Quem vê crise antecipa soluções Demissões atingem a cadeia produtiva Planejamento não faz milagre mas ameniza efeitos da crise Setor se prepara para implantação do E-social ENTREVISTA — Rui Chammas, presidente da Biosev
Tecnologia Agrícola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24 a 30
Gmec discute problemas causados pelo diesel Variedade da Ridesa lidera intenção de plantio para 2015 Mecanização dos canaviais exige novas estratégias de manutenção Irrigação informatizada gera aplicação precisa no uso da água
Mercado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .32
Açúcar indiano será menos competitivo em 2015
Setor em Destaque . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33 a 46
MasterCana premia primeira mulher presidente de usina no NE ENTREVISTA — Alexandre Andrade Lima, presidente da Unida Raízen inaugura sua primeira planta de etanol 2G
Produção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .47 e 48
Aneel muda regra e teto da PLD será menor GIRO DO SETOR
Tecnologia Industrial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .49 a 60 Assepsia de moendas reduz contaminação no processo industrial Setor faz a lição de casa e supera a crise hídrica Escolha correta assegura eficiência de equipamentos de controle Manuseio correto da cana industrial reduz custos
Cana Rápidas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .60 Negócios & Oportunidades . . . . . . . . . . . . . . . . .61 a 66
EM PÉ E ATENTO “Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não caia”. (Apóstolo Paulo, no verso doze do capítulo dez de sua primeira carta aos discípulos de Cristo que moravam na cidade de Corinto)
A sobrevivência tornou-se um trunfo Por incrível que pareça, sobreviver virou um trunfo! Nunca antes na história esse setor vivenciou tanta pressão negativa como a atual. Desprezo político, preços atrelados aos de concorrentes fósseis, alto endividamento, baixa produtividade, custos de produção crescentes, inacessibilidade ao capital e outros fatores adversos vem sufocando o setor. Do lado positivo, só permanece a demanda por etanol e por açúcar, demanda esta que não se traduz em preços remuneradores aos produtores por conta da distorção na lei de oferta e demanda gerada pelo controle ideológico dos preços da gasolina. Quando tudo parece sem solução, eis que estas próprias pressões fazem surgir em boa parte dos empreendedores do setor um movimento de reação pela sobrevivência. As fortes pressões geradas pela crise nos últimos anos já se incumbiram de deixar pelo caminho muitos dos “marinheiros de primeira viagem” e os empreendedores menos comprometidos com a atividade canavieira, cujas unidades e grupos foram fechados ou entraram em recuperação judicial. Quem esperava vender usinas se deparou com a seguinte questão: quem vai comprar se cada tonelada de cana moída representa mais prejuízo para o comprador administrar? Então, se há um fator positivo nesta crise é a quebra na falsa segurança de que “pior não pode ficar”. Resta apenas aos empreendedores sérios e comprometidos com a atividade uma única opção: sobreviver ou sobreviver! Ainda que esta decisão muitas vezes implique em cortar na própria carne e abrir mão de muita coisa, como a vaidade das decisões centralizadas e baseadas nas experiências e técnicas próprias. A luta pela sobrevivência nos trouxe humildade para reconhecer que os problemas atuais são maiores do que nossa capacidade para resolvê-los e, se queremos solução, devemos estar abertos para enxergar além dos nossos próprios paradigmas e estar dispostos a receber ajuda externa. Os sobreviventes concluíram que não podem depender do mercado ou da política. E nesta busca pela sobrevivência o que temos visto é um movimento que se abre para alternativas não convencionais e que leva a mudanças de paradigmas, especialmente na formulação de estratégias, nas finanças e na gestão das usinas. A luta pela sobrevivência acabou tornando-se um trunfo, capacitando os sobreviventes a um alto nível de maturidade e flexibilidade empresarial. Um próspero 2015 aos sobreviventes!
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O MAIS LIDO! ISSN 1807-0264 Fone 16 3512.4300 Fax 3512 4309 Av. Costábile Romano, 1.544 - Ribeirânia 14096-030 — Ribeirão Preto — SP procana@procana.com.br
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intercâmbio e a união entre os integrantes; Manter uma relação custo/benefício que propicie
parcerias rentáveis aos clientes e demais envolvidos.
Josias Messias josiasmessias@procana.com.br Controladoria Mateus Messias presidente@procana.com.br Regina Célia Ushicawa regina@procana.com.br
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AGENDA
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A C O N T E C E U
A C O N T E C E
Gegis se despede de 2014 Em 21 de novembro, o Gegis — Grupo de Estudos em Gestão Industrial do Setor Sucroalcooleiro se reuniu pela última vez neste ano. A programação contou com a tradicional apresentação dos indicadores industriais da safra 2014/15, feita por Márcio Móri, da Tonon Bioenergia, além de palestras conduzidas por empresas. Foram debatidos temas como: tecnologia do transportador airbelt e biodigestão de vinhaça; utilização do sacarímetro NIR, no laboratório de sacarose; entre outros. O Grupo agora volta a se reunir no primeiro semestre de 2015.
Grupo se reunirá no primeiro semestre de 2015
Edição 2014 do Prêmio MasterCana Centro-Sul
SINATUB
AGRISHOW
MASTERCANA
FENASUCRO
Nos dias 26 e 27 de fevereiro, a Sinatub Tecnologia, em parceria com a ProCana Brasil, promove o curso de ‘Gerenciamento de Projetos’. O evento acontece na cidade de Ribeirão Preto (SP) e será conduzido por Alexandre Gonçalves Pedroso, gerente de projetos regional, que responde pela área em sete unidades do grupo Raízen. Ele mediará debates entre os participantes visando à transformação do conhecimento em experiência prática. www.sinatub.com.br
De 27 de abril a 1º de maio, a cidade de Ribeirão Preto (SP) sediará a Agrishow, única feira do Brasil que conta com a presença de pequenos, médios e grandes fabricantes expondo. No evento é possível encontrar uma enorme variedade de produtos e serviços que atende a todos os produtores rurais. www.agrishow.com.br
O Prêmio MasterCana Centro-Sul já tem data marcada. Agendado para o dia 24 de agosto, o evento abre a semana da Fenasucro. Já a edição ‘Brasil’ da premiação acontece em outubro, assim como a ‘Nordeste’, em novembro. Realizados desde 1988, os eventos MasterCana reúnem representantes de mais de 2/3 da produção brasileira, em momentos de celebração e network diferenciados. www.mastercana.com.br
Está marcado para os dias 25, 26, 27 e 28 de agosto, em Sertãozinho (SP), o maior evento mundial em tecnologia e intercâmbio comercial para usinas e profissionais do setor sucroenergético, a Fenasucro. Trata-se do principal encontro entre produtores, profissionais e os principais fabricantes de equipamentos, produtos e serviços para a agroindústria da cana-de-açúcar. www.fenasucro.com.br
RETIFICAÇÃO A colhedora da foto da página 28 da edição 250 do JornalCana (matéria “Fogo!”) não pertence à Usina Cerradão.
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USINA DO BEM
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Odebrecht inaugura núcleo cultural JornalCana foi um dos finalistas do Prêmio Abigraf
A Odebrecht Agroindustrial inaugurou no dia 10 de dezembro, o Ponto de Cultura da Sustentabilidade de Nova Alvorada do Sul (MS), espaço que recebeu investimentos em torno de R$ 1,5 milhão a partir do terreno doado pela Prefeitura. O núcleo, construído por meio do Programa Energia Social para Sustentabilidade Local, em parceria com a Prefeitura e a comunidade, irá apoiar a demanda cultural do município em um ambiente moderno e com projeto arquitetônico totalmente sustentável. Com capacidade para atender 300 pessoas por mês, o Ponto de Cultura da Sustentabilidade oferecerá aulas de viola, violão, acordeom, teatro, pintura em tela, entre outras. As instalações contemplam sala administrativa, cozinha, quadra para ensaio da banda, sala de aula, banheiros, passarelas, concha acústica e espaço aberto com paisagismo. De acordo com Carla Pires, responsável por Sustentabilidade na Odebrecht Agroindustrial, trata-se da
Comunidade participa ativamente de projetos
primeira construção totalmente sustentável da região Centro-Oeste do país. “Todo o projeto arquitetônico foi planejado de modo que aliasse os conceitos de sustentabilidade com a funcionalidade que o estabelecimento necessita, proporcionando o aprendizado e a prática neste espaço”.
Usina de MG recebe selo inédito No último dia 3 de dezembro, a Santa Vitória Açúcar e Álcool (SVAA) foi contemplada com o Selo Verde 2014 do Programa de Certificação pelo Compromisso com a Gestão Socioambiental Responsável (Procert) promovido, desde 2007, pelo Instituto Internacional
Socioambiental Chico Mendes. O Selo Verde recebido na capital paulista é dado às empresas que praticam uma gestão sustentável, baseada em práticas e soluções que ajudam a melhorar, por meio de programas e ações, as condições sociais e ambientais da região em que atuam.
Em parceria com a São Francisco Gráfica e Editora, o JornalCana foi um dos cinco finalistas do Prêmio Abigraf 2014. O periódico impresso pela São Francisco concorreu na categoria Jornais de Circulação Não – Diária e levou o segundo lugar da premiação, perdendo apenas para o Le Monde Diplomatique. A edição finalista foi a 245, do mês de junho de 2014, cujo título de capa é “Tudo joia”. A premiação da Associação Brasileira da Indústria Gráfica aconteceu no dia 25 de novembro, em São Paulo e contou com a presença de Valdenize Uzuelle Cardoso, diretora da Gráfica São Francisco, Breno Uzuelle Cardoso, gerente da Gráfica e de Josias Messias, presidente do JornalCana.
A Abigraf instituiu o Prêmio de Excelência Gráfica “Fernando Pini” em 1990, com o objetivo de estimular o desenvolvimento e o aperfeiçoamento técnico das empresas que compõem o universo gráfico. Tratase de um concurso anual do qual participam as mais expressivas empresas gráficas do mercado brasileiro. “Essa distinção honra não só a São Francisco Gráfica e Editora pela excelência de qualidade gráfica, como é extensiva ao Editor do referido jornal, uma vez que a avaliação técnica do material é abrangente envolvendo todo o conjunto – forma e conteúdo”, revela o gerente de marketing da São Francisco, Merhy Seba.
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Frente pela valorização do setor prepara novas ações Renato Anselmi, de Campinas, SP
O setor brasileiro vai continuar travando em 2015 uma verdadeira batalha por sua sobrevivência. O objetivo desta luta não é apenas sair de um estado gravíssimo, que já deixou moribundas diversas unidades e feriu de morte dezenas de outras. Vai além disso. A meta é criar condições para que esse paciente combalido não precise mais “respirar com a ajuda de aparelhos” e possa também recuperar a sua vitalidade para caminhar, de maneira saudável, rumo a uma nova fase de crescimento. Para reescrever o seu prontuário – que registra boa saúde em raríssimos casos –, o setor conta com a dedicação e empenho de suas entidades representativas, profissionais especializados em bioenergia e políticos, entre outros. Um desses pilares de apoio é a Frente Parlamentar pela Valorização do Setor Sucroenergético, de âmbito nacional, lançada em novembro de 2013, que já prepara as suas ações para este ano. No radar da Frente do Etanol, como também é conhecida, está o retorno da Cide – Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, considerada atualmente uma questão central para a atividade, segundo o presidente desse colegiado, o deputado federal Arnaldo Jardim (PPS-SP).
Arnaldo Jardim: elevação da mistura adicionará ao mercado 1,3 bilhão de litros de etanol
O monitoramento da implementação do aumento da mistura de etanol anidro na gasolina, de 25% para 27,5% – que já foi aprovado e deverá ser anunciado oficialmente em fevereiro –, também será outra missão da Frente Parlamentar. A medida vai se tornar inclusive um “remédio”, de ação imediata, para
amenizar os efeitos da forte crise que tentam minar a resistência do setor. “A elevação da mistura adicionará ao mercado 1,3 bilhão de litros de etanol, o que vai provocar um impacto altamente positivo não apenas no setor, mas também ao meio ambiente e consumidores”, ressalta Arnaldo Jardim, que seguirá na
presidência dessa Frente Parlamentar. O aumento do índice de anidro adicionado à gasolina foi inclusive uma das bandeiras hasteadas pelas mobilizações em defesa do etanol e também consequência de emendas patrocinadas e defendidas por integrantes da Frente.
Ajustes naturais ocorrerão na próxima legislatura
Duarte Nogueira reforçará luta pelo setor
“A Frente teve uma marca, que nós devemos preservar, que é o caráter suprapartidário, ou seja, contar com um conjunto de parlamentares, tanto de oposição como da situação, de todos os partidos”, afirma Arnaldo Jardim ao comentar o trabalho desse colegiado para a próxima legislatura que começa em 2 de fevereiro. Segundo ele, ocorrerão algumas
modificações na diretoria para a incorporação de novos deputados que foram eleitos e a substituição de alguns parlamentares que deixarão a Frente por diversos motivos. “O secretário geral da Frente era o deputado Renan Filho (PMDBAL) que foi eleito governador de Alagoas. Terá ajustes naturais. Mas, vamos tratar disso a partir de fevereiro”, afirma. Apesar de considerar a não reeleição
do deputado Antonio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP) uma perda significativa, ele afirma que o trabalho terá grandes parceiros, como Duarte Nogueira (PSDBSP) e Nilson Leitão (PSDB-MT), entre outros. “O deputado Marcos Montes (PSDMG), que foi reeleito, vai assumir a presidência da Frente Parlamentar da Agropecuária. Vamos atuar em sintonia com ele”, diz. (RA)
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POLÍTICA
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Compromisso é reforçar a luta pela reversão do atual cenário A agenda 2015 voltada à recuperação da atividade está repleta. O fortalecimento do setor não dependerá exclusivamente de um item. Vai requerer um conjunto de ações. A realização de leilões específicos para a contratação de energia a partir da biomassa da cana estará entre as prioridades, afirma o presidente da Frente Parlamentar pela Valorização do Setor Sucroenergético. De uma maneira ou de outra, a criação de condições mais favoráveis à produção de bioeletricidade fará parte de pautas e de pleitos. Uma emenda do deputado Arnaldo Jardim que reduz a zero as alíquotas do PIS/Pasep e Cofins, incidentes sobre a produção da energia elétrica gerada a partir da queima de biomassa, foi inclusive aprovada em dezembro pela comissão especial que analisa a Medida Provisória 656/2014. Se o texto for aprovado integralmente pela Câmara e Senado, o zeramento do PIS/Pasep e Confins significará uma redução de 9,25% sobre a receita bruta da venda da biomassa e vapor destinados à geração de energia elétrica pelas empresas que têm o imposto de renda tributado com base no lucro presumido, segundo o
Leilões e contratação de energia de biomassa serão prioridade
parlamentar paulista. O fim da tributação trará maior competitividade à bioeletricidade. “Vamos continuar insistindo para que o governo apoie as pesquisas voltadas ao etanol de segunda geração, de base celulósica”, afirma. A desoneração de pagamento, com redução da alíquota do INSS incidente sobre a receita da produção de cana, açúcar, etanol e bioeletricidade, para 1% e estímulos aos ganhos de eficiência técnica no Inovar-
Auto também fazem parte, entre outras demandas, do plano de ação da frente pela valorização da atividade sucroenergética. “O compromisso é reforçar a luta pela reversão do atual cenário de dificuldade econômica enfrentada pelo setor” – ressalta. Em um segundo momento, quando usinas e destilarias superarem o período de “convalescença”, outra etapa do processo de recuperação poderá ser colocada em prática. “Hoje estão fechadas 60 usinas; 74
entraram em recuperação judicial. O resto do setor está endividado, sem capacidade de investimento”, comenta. Em um cenário de rentabilidade, haverá possibilidade de se pleitear um programa de reestruturação para que o setor renegocie as suas dívidas – opina. Antes disso, unidades sucroenergéticas não terão fôlego para saldar novos financiamentos – constata. “Estou mais otimista em relação ao momento que nós estamos vivendo”, afirma. Segundo ele, a indicação de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda significa uma alteração do posicionamento político da presidente Dilma Rousseff que não teve, até agora, ênfase no combate a inflação nem zelou pelos marcos macroeconômicos da forma como se esperava. A nomeação do novo ministro é um passo adiante para preservar a estabilidade monetária, que é uma questão primeira para o desenvolvimento – enfatiza. Arnaldo Jardim acredita também que a presidente Dilma, apesar de não ter demonstrado simpatia pelo segmento, vai ter que se conformar em negociar com o setor pelo que ele representa e devido à atual situação de toda a cadeia produtiva. (RA)
Conquistas evitaram que efeitos fossem ainda mais devastadores A atuação da Frente do Etanol em 2014 foi vitoriosa, avalia o deputado federal Arnaldo Jardim. De acordo com ele, uma das consequências desse trabalho foi tornar o debate sobre o setor como um dos assuntos de destaque da campanha presidencial. “Os principais candidatos se posicionaram sobre isto. A presidente Dilma foi muito cobrada em relação a este tema”, comenta. Apesar de não ter conseguido ainda uma resposta positiva a diversas questões que afetam a atividade, as ações da Frente fizeram com que pelo menos o efeito da crise não fosse ainda mais devastador, avalia. O movimento pró-etanol conseguiu avanços legislativos, como a própria elevação do teto
da mistura de anidro à gasolina dos atuais 25% para 27,5% e a isenção do PIS/Cofins da cana. Em decorrência da militância da Frente, houve ainda outra conquista: a redução de IPI para os carros com motores flex movidos a etanol com maior eficiência energética. A proposta apresentada por Arnaldo Jardim na MP 638 foi inserida no Inovar-Auto (Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica e Adensamento da Cadeia Produtiva de Veículos Automotores). A redução de impostos incluirá os carros com motores flex cuja relação de consumo entre etanol e gasolina seja superior a 75%. (RA)
Proposta apresentada por deputado na MP 638 foi inserida no Inovar-Auto
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Retomada da Pumaty pela Agrocan é modelo para o Nordeste Em dois meses, fornecedores e operários reativam a unidade, que estava parada havia dois anos LUIZ MONTANINI,
DE
JOAQUIM NABUCO, PE
Para um estado que há 20 anos tinha em torno de 40 usinas em funcionamento e hoje possui apenas 15, a reativação oficial em novembro de 2014 da Usina Pumaty, em Joaquim Nabuco, na Mata Sul de Pernambuco, é uma grande notícia. Pode, aliás, ser considerada uma das grandes notícias do setor sucroenergético nordestino em 2014. A destilaria estava fechada há dois anos e meio e passou a ser gerida pela cooperativa Agrocan, de fornecedores de cana, e operários desempregados, com ajuda do Ministério Público do Trabalho. A reativação da destilaria trouxe alívio a colaboradores e fornecedores de cana da região, principalmente a Gerson Carneiro Leão, presidente do Sindicape – Sindicato dos Cultivadores de Cana-de-Açucar no Estado de Pernambuco. Com a ajuda de Alexandre Andrade Lima, da AFCP – Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco, conseguiu colocar as
moendas novamente em operação em menos de 90 dias. A Pumaty está em recuperação
judicial, mas através da administração da Agrocan, voltou a funcionar em 6 de novembro. A reabertura da unidade só foi
possível por conta da sentença judicial em favor da Agrocan - Cooperativa do Agronegócio de Cana-de-Açúcar, que solicitou o seu arrendamento para evitar maiores prejuízos aos canavieiros, já que outras usinas fecharam as portas este ano e eles não teriam a quem oferecer suas canas. De acordo com Gerson Leão, a unidade deverá moer entre 500 a 600 mil toneladas de cana nesta safra e produzir cerca de 40 milhões de litros de etanol. A fábrica de açúcar aguarda uma verba prometida, mas a estimativa é que seja implantada em duas ou três safras. “Para que a Pumaty voltasse a moer, esperávamos investir R$ 3 milhões, mas a unidade estava inteira com suas chaparias e no fim apenas precisamos recuperar dornas, caldeiras e chaminé, além da parte elétrica. O investimento total deverá girar em torno de R$ 1,2 milhão”, explicou. “Fico satisfeito em ver 3 mil trabalhadores indiretos e cerca de dois mil fornecedores voltarem a sorrir”, comemora Gerson Carneiro Leão. Ele sabe do que está falando. Enquanto a usina estava fechada, Leão, que também é fornecedor de cana, diz que sofria muito. “Tinha que tomar Lexotan para dormir, de tanto aperreio. O comércio em Joaquim Nabuco, cidade que abriga a destilaria, estava quebrado, mas agora vejo a moenda em funcionamento e o comércio da cidade em movimento e fico feliz”.
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D EPO I M ENTOS
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USINA NO SANGUE
“É um contrato de risco. Aceitei o convite porque tenho usina no sangue. E vejo cada um cooperando para o levantamento da empresa, cada um oferecendo seu esforço e acreditando. Reginaldo Morais, gerente da nova Pumaty. Já foi gerente geral da Roçadinho e Pedroza.
EU ACREDITEI
Gerson Carneiro Leão sonha em reabrir novas usinas no mesmo sistema
O MATO COBRIA TUDO “Até eu que não sou daqui fiquei feliz ao ver a usina voltar a moer porque também a tinha visto parada, com o mato cobrindo tudo e aquilo me enchia de tristeza. O mato chegava a dois metros de altura. Fiquei feliz ao ver o pessoal cortando o mato, pintando paredes e maquinários, ajeitando tudo para a usina voltar a moer” Anderson Justino, 27 anos, motorista do Sindicape
“
Gerson Carneiro Leão é um entusiasta do cooperativismo. Para ele, a reativação da Pumaty marca o início de uma nova era na gestão de usinas que foram fechadas ou estão em vias de fechar as portas. “Começou a era do fornecedor de cana. No que depender de nós, não vamos deixar mais usinas fecharem porque este é o modelo para o Nordeste”. O modelo a que Gerson Carneiro Leão se refere é o cooperativismo. Embora esteja com apenas 71 anos, Gerson diz ter cumprido sua missão, mas no Recife todos sabem que o grandalhão grisalho está blefando porque ele ´sempre está envolvido com ações que beneficiam o setor sucroenergético nordestino. Ele mesmo se trai na conversa: “Vamos reabrir novas usinas com este sistema...”. Agora mesmo já trabalha para recolocar em pé a Usina Cruangi, também fechada. (LM)
“É um sonho realizado. Uma bênção. Poucos acreditavam na reativação da Pumaty. Eu acreditei e orei por isso” Ismael Lino Gregório, trabalhador na moenda da Usina Pumaty. Ele mora na vila da empresa. É casado com Josilene e pai de Jamiris.
Gerson Carneiro Leão: usina moendo deu fim ao aperreio
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Gregório Maranhão, Aluísio Lessa, Gerson Carneiro Leão e Reginaldo Morais
Pumaty é exemplo para muitas usinas fechadas em Pernambuco A reativação da Pumaty foi rápida. “A região tinha 1 milhão de toneladas de cana sobrando e precisávamos fazer alguma coisa”, relembra Gerson Carneiro Leão. “Falei com Alexandre Andrade Lima, da Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco. Em um mês fizemos o apontamento e colocamos a usina para moer no início de novembro de 2014. Não desarmamos (desmontamos), a usina
porque vimos que o equipamento estava bom. Apenas os lubrificamos e botamos para moer. No início surgiram alguns problemas, mas os resolvemos todos e no final deu certo”, lembra Gerson Carneiro Leão. Carneiro Leão está convicto do sucesso do empreendimento. “É o primeiro modelo em Pernambuco e solução para os fornecedores de cana. Vamos abrir mais
usinas”, promete. “A Pumaty é um exemplo para muitas usinas fechadas em Pernambuco”. O deputado estadual por Pernambuco Aluísio Lessa também teve participação importante na reativação da Pumaty, assim como Gregório Maranhão, ex-presidente da Unida e reconhecido defensor do setor sucroenergético do Nordeste. Aluísio Lessa revela a receita de sucesso
no trabalho de reativação da Usina Pumaty: “engenhosidade, articulação política e porrada. Só assim a gente consegue bons resultados”. Ele lembra que a Pumaty é uma das mais tradicionais usinas da região e gera muitos empregos. Recentemente ele visitou o local, acompanhando o secretário estadual de Agricultura de Pernambuco, Aldo Santos, e ficou impressionado com a empolgação dos operários. (LM)
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Quem vê crise antecipa soluções LUIZ MONTANINI
“Em gestão de crise é preciso agir rapidamente porque na maioria das vezes o processo se torna irreversível”. A frase de Luiz Gustavo Junqueira Figueiredo, diretor comercial da Alta Mogiana, soa como alerta a todo o setor sucroenergético brasileiro. Especialmente em um momento crítico como o atual, em que várias empresas estão pedindo ou cogitando tomar o remédio amargo da recuperação judicial. Luiz Gustavo Junqueira observa que as instituições atuam como acionistas indiretos das usinas e por isso têm interesse em ver as empresas se reerguerem, ainda que o acesso aos créditos seja burocrático e muitas vezes oferecido apenas a quem está no azul. “É preciso recuperar a competitividade e muitas vezes isto só é possível com a chamada de capital dos donos ou a entrada de novos investidores”. Nos últimos anos não se ouviu notícia de que alguma usina tenha se recuperado depois de entrar em recuperação judicial. A avaliação de Junqueira para este fenômeno é a de que os preços não se recuperaram de forma consistente a ponto de salvar estas indústrias. “Além disto, a maioria tinha problemas de competitividade que dificultaram a sua recuperação definitiva”. Quem possui pensamento semelhante ao de Gustavo Junqueira é Josias Messias, diretor do Pró-Usinas, portfólio de soluções integradas que beneficiam as usinas em praticamente todas as áreas da porteira para dentro. — No cenário atual as empresas não podem depender de nenhum benefício externo, seja político ou mercadológico. Se já há sinais de insolvência então esta é a hora de antecipar a gestão da crise, que contempla medidas extraordinárias com o foco único na manutenção
Luiz Gustavo Junqueira Figueiredo: na crise é preciso agir rapidamente
das atividades da empresa — observa Messias. “O que eu tenho percebido é que a gravidade da crise tem afetado diretamente a percepção dos empresários do setor, sendo que alguns deles perdem o foco e acabam aceitando atalhos como se fossem caminhos de recuperação. Sem um plano exequível não há atividades e não há geração de caixa. Sem caixa mais cedo ou mais tarde perde-se o patrimônio.”
As dificuldades começam no real diagnóstico da situação financeira das empresas e de qual o melhor remédio a ser adotado, análises estas muitas vezes comprometidas pelo próprio ambiente viciado que gerou ou impulsionou a crise. “É prudente contar com a percepção e colaboração de especialistas com histórico de êxito na recuperação de empresas e não apenas na protelação de crises”, ressalta Messias.
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A recuperação pode estar na produtividade ociosa Convictos de que a solução para a atual crise não virá do governo ou do mercado, as usinas buscam compensação na melhoria da produtividade. E isto em todos os aspectos que envolvem a unidade produtora. Estudos da ABS Consultoria, empresa especializada em Excelência Operacional, apontam a existência de um potencial de melhoria da produtividade de até 47% nas usinas. Vital Balboni, CEO da ABS, observa que em recente estudo com diversas usinas foi constatado um cenário de baixíssima produtividade. “Para se ter uma ideia, identificamos percentuais de oportunidades que podem se traduzir em dobrar o Ebitda. Se ele estiver negativo, adotando a excelência operacional é possível terminar a safra no azul”. Para ele, a regra é ter produtividade sempre, já que o mercado muda e aquele que imprime uma melhor relação preço e margem, lidera pressionando os demais players a seguirem pelo mesmo caminho. De acordo com Sérgio Werther Duque Estrada, diretor da Valormax, consultoria financeira especializada
em reestruturação empresarial, fusões e aquisições, assessoria financeira e captação de recursos, para se reestruturar é preciso, entre outros itens importantes, ter uma gestão profissionalizada, governança corporativa e um planejamento que integre todas as áreas. “É preciso ter um planejamento transparente e exequível. A corporação precisa construir um projeto capaz de ser cumprido, e obviamente, gerar caixa positivo”. A metodologia desenvolvida pela Valormax tem se revelado eficaz na recuperação do valor de algumas empresas. “Nosso trabalho é contribuir através de técnicas de gestão para as correções dos processos para que a empresa volte a ter resultados financeiros, tornando-a apta a captar recursos no mercado financeiro e um ativo interessante para o processo de fusões e aquisições”, explica Duque Estrada. Contudo, se uma usina está em profunda crise financeira, a Valormax usa a mesma metodologia de geração de valor para adequar a empresa a um processo de recuperação extrajudicial ou judicial.
Vital Balboni, CEO da ABS Consultoria
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Reestruturação, recuperação judicial e o processo de consolidação POR SÉRGIO WERTHER DUQUE ESTRADA, SÓCIO-DIRETOR E FUNDADOR DA VALORMAX
Há décadas o setor sucroenergético intercala períodos de bonança com os de borrasca. Porém, as crises dos anos 2000 e, sobretudo, a que hoje assola o setor estão trazendo mudanças estruturais que deverão alterar definitivamente a configuração do setor. O processo de consolidação que já levou ao desaparecimento de dezenas de usinas tenderá a continuar, agravado desta vez pela pior seca dos últimos 30 anos, pelas erráticas políticas governamentais, pelos efeitos nefastos dos níveis de endividamento do setor (inclusive em dólar) e por uma capacidade de moagem superior tanto à demanda prevista, quanto à própria produção de cana-de-açúcar. A seca estende-se como nunca ao setor de crédito, uma vez que os tradicionais provedores de recursos públicos estão retraídos e os privados ainda mais reticentes: da torneira para o capital de giro não sai nem um pingo. Isoladamente nenhum destes fatores deveria surpreender, pois já são todos velhos conhecidos do setor. Porém, o que assustou – e vem mudando a configuração do setor – é a sua concomitância, que serviu como catalisador para processos de fusões e aquisições, reestruturações e recuperações judiciais (RJ). E, como afirmei, não chegamos ao fim da linha: o processo continuará e uma nova onda de consolidações já está a caminho, com a aceleração de fusões e aquisições e com novos pedidos de RJ.
Reestruturação (“Turnaround”) O setor sucroenergético, neste caso, assemelha-se a outros que já passaram por essa transformação, a saber; têxtil; calçadista; autopeças; bancário, revestimentos cerâmicos; e mais recentemente o de ensino superior. Todos têm em comum um fator econômico: escala. Modelos econômicos baseados em economias de escala que permitem a diluição dos custos de produção exigem volumes cada vez maiores de produção. E assim surgem os Consolidadores e os Consolidados. Os sobreviventes deste processo de seleção natural serão os que se prepararam e encontram-se aptos para se aproveitarem da crise. Esses são os Consolidadores, que lutarão pelos melhores ativos no mercado. São empresas com
capacidade mínima de moagem da ordem de 4MM de toneladas, endividamento compatível com a geração de caixa, saúde financeira equilibrada, isto é, calcada em índices de liquidez e de produtividade razoáveis o suficiente para atender às necessidades dos receosos credores. Dentre os grandes Consolidadores encontramos diversos que passaram por profundos processos de reestruturação na década passada, adotando mudanças de gestão baseadas nos princípios da governança corporativa. Estou falando de grandes grupos nacionais como Odebrecht, Raízen e também de multinacionais de peso. Um processo de Turnaround não é “trabalho para inglês ver”: é um compromisso que a empresa assume com mudanças na sua forma de fazer negócios, na transformação de um “modelo empreendedor” para um “modelo empresarial”. Implica em planejamento estratégico com gerenciamento de riscos, definição de metas qualitativas e quantitativas, seleção de profissionais capacitados (experiência e conhecimento) e um sistema de meritocracia que permita a preservação e manutenção de talentos. Muitas usinas hoje trabalham ainda com sistemas baseados na confiança ao invés de adotarem o imprescindível binômio {confiança & competência}. O segredo do sucesso na Reestruturação está intimamente ligado ao “timing”, ou seja, ao momento de início dos trabalhos: quanto mais cedo for o ataque aos sinais de desgaste (ou de
crise), mais chances terá a empresa de se recuperar e de retomar suas atividades normalmente. Nas reuniões que tenho tido com o setor bancário, três fatores são sempre citados como fundamentais para a concessão de crédito – são eles: (i) gestão profissional com times financeiro, operacional e comercial devidamente qualificados tecnicamente e com comprovada experiência no mercado; (ii) geração de caixa operacional (Ebitda positivo); e planejamento com projeções mercadológicas consistentes. A concessão de crédito torna-se cada vez mais um processo de análise árduo. Naturalmente um histórico de “bom pagador” sempre ajuda. Essa tendência de adoção de parâmetros de governança corporativa chegou ao setor sucroenergético com algum atraso. Talvez pela forte preponderância de antigos grupos familiares, esse modelo que visa a transparência em todos os níveis tenha tido dificuldade de ser digerido por estruturas mais centralizadoras. Porém, a mudança é irreversível e temo que aqueles que se opuserem a este cenário certamente estarão dentre os consolidados. Vale aqui uma observação relevante sobre o papel dos consolidados. Faz parte do processo de evolução de um setor o desaparecimento de algumas empresas, principalmente em setores em que imperam as economias de escala. No entanto, existem diferentes tipos de consolidados e basicamente os dividiria em 2 grupos principais: aqueles que conseguirão maximizar valor das suas empresas e vendê-las em processos disputados, podendo até em alguns casos vir a optar por tornarem-se sócios das empresas compradoras (naturalmente como minoritários); e, no extremo oposto, aqueles que verão o valor de suas empresas derreter e no limite chegarão à venda em leilão na Recuperação Judicial (via Artigo 60, por exemplo), ou ainda na falência.
A Eficácia da Recuperação Judicial A RJ é o tratamento extremo para casos de reestruturação. É o remédio mais violento, a “quimioterapia”: só deve ser usada na total ausência de alternativas de negociação com credores (casos, por exemplo, da reestruturação “benigna” ou da recuperação extra-judicial). Já vi casos de empresas cogitarem de pedir RJ acreditando que essa alternativa é uma panaceia, a “cura de todas as dívidas”. Nada mais enganoso. Cada vez mais os Planos de
Recuperação Judicial (PRJ) exigem maior sofisticação e análise e, apesar da dívida tributária não estar contemplada na Lei 11.101 de 09/02/2005, sua inclusão nas considerações do PRJ são cada vez mais necessárias. No fundo sempre deveriam ter sido, mas no início, quando do surgimento da lei, as dívidas tributárias eram mencionadas apenas por alto. Fluxos de caixa sem embasamento começam a ser glosados; análises de mercado requerem maior escrutínio, assim como os estudo sobre capacidades operacional e comercial. A própria qualidade do conhecimento dos administradores judiciais e também dos juízes, que vem melhorando exponencialmente, tem contribuído para processos mais sérios e exigentes. Muitas vezes ouvi a expressão “PRJ de Prateleira” – alusão aos documentos aonde muda-se apenas o nome da empresa, mas o conteúdo é o mesmo. Se isso é real, certamente tal prática tem seus dias contados. A RJ pode sim ser um instrumento eficaz para a real recuperação de uma empresa e cumprir seu propósito na economia. Mas é preciso sobretudo que os seus acionistas estejam verdadeiramente engajados com a finalidade do instrumento. As vantagens são muitas, dentre as quais destaco: (i) interrupção das cobranças de dívidas de todas as naturezas e anteriores ao Pedido de RJ (exceto as previstas no artigo 49 3o e as tributário-fiscais, como já aludido) - o que em tese permite que a empresa se concentre na reativação de sua atividade produtiva; (ii) suspensão, ao menos temporária, de processos de alienação fiduciária e mesmo de trava bancária. Na alienação fiduciária, a jurisprudência tem sido flexível e, em muitos casos, o prazo para a utilização do ativo dado em garantia tem superado os 180 dias de “stay period” previsto na lei. O mesmo não se pode dizer da trava bancária: apesar de decisões sem homogeneidade nos diversos estados da federação, o STJ vem decidindo a favor da trava, ou seja, dos credores. No entanto, sob a ótica do stress financeiro a que empresas insolventes são submetidas, a RJ traz uma pausa que permite uma reflexão. Porém não nos iludamos: tal pausa é circunstancial e tem dia e hora para acabar. Por isso, as empresas que pedirem a RJ devem encará-la com seriedade e se empenharem em aproveitar a oportunidade para efetivamente mudarem seus hábitos e assim recuperarem o valor, em boa medida dissipado por práticas administrativofinanceiras erráticas.
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Demissões atingem a cadeia produtiva ANDRÉIA MORENO, DA REDAÇÃO
Não é novidade que a crise financeira do setor provocou o fechamento de mais de 50 usinas desde 2008, e tem desestabilizado diversas empresas da indústria de base. A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) estima que, das 66 unidades que pediram proteção da Justiça contra credores nos últimos seis anos, apenas 20 estão de fato conseguindo operar. De janeiro a novembro, o total de dispensas nas indústrias de Sertãozinho, SP, superou 1,7 mil, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Sertãozinho concentra o maior polo de indústrias que fornecem peças e equipamentos para as usinas, onde as cerca de 700 fábricas empregam mais de 10 mil trabalhadores. E hoje, não é difícil ouvir que as empresas da cidade estão passando por dificuldades. As usinas também estão dispensando por não encontrar outra alternativa viável. Questionado, um dos funcionários demitidos de uma empresa do setor no final de novembro, alegou que toda a cadeia produtiva tem sentido a crise financeira que afetou primeiro as usinas. “Há algum tempo vemos que as empresas estão cortando gastos e buscando novas formas de se trabalhar. Tornou-se motivo de sobrevivência tais transformações, mas claro, nunca imaginamos que possa acontecer conosco. Ainda que a situação seja difícil, ser demitido não estava nos planos”, relata. O diretor executivo do Gerhai, José Darciso Rui, consultor da Caerha já previa há dois anos esse quadro de demissões. “O setor está encolhendo com o fechamento de unidades. A defasagem de preços faz com que as unidades em operação reduzam seus investimentos, novos maquinários, equipamentos e manutenção. Há 70 empresas em recuperação judicial e até hoje, todas que aderiram a este instrumento jurídico de gestão continuam
Crise provocou fechamento de diversas empresas e aumentou quadro de demissões
em dificuldades extremas, ou ainda, estão prestes a encerrar suas atividades, pois o mercado de usinas, na atual conjuntura, não é apetitoso a outros empresários”, confirma. Ele confirma que as demissões afetaram todos os cargos e níveis, como operacional, média gerência (supervisão, líderes) e alta gerência (diretores e gerentes). “As demissões em usinas de Ribeirão Preto foram elevadas para o segmento. Muitas unidades fizeram adequação de quadro e reduziram atividades, ou ainda, fecharam suas portas. Creio pelos números que temos num volume de mais de 10 mil demissões nos
últimos quatro anos. No setor de bens de serviços e de equipamentos o número ultrapassa cinco mil empregos, precisamente em Sertãozinho. No Brasil, o setor desempregou mais de 60 mil trabalhadores diretos nestes últimos anos, em razão da crise instalada desde 2008 no país”, lembra. Segundo ele, apesar da situação ser crítica, há boas perspectivas de retomada de crescimento. “O mercado tende a reagir. Esperamos uma melhoria nos preços dos produtos através do equilíbrio do preço da gasolina e um ano com uma condição climática melhor que 2014. Algumas unidades estão com bom rendimento com
a cogeração de energia. O preço do açúcar pode melhorar no mercado externo em razão da baixa do estoque mundial. No entanto, se as empresas não melhorarem seus processos de gestão empresarial buscando a eficiência e a eficácia em produtividade, qualidade e custos, de nada adiantará qualquer melhoria acima exposta”, avisa. Para ele, o crescimento dependerá de alguns fatores voltados para ações empresariais (gestão sustentável), ações governamentais (crédito e equilíbrio de preços de combustíveis) e ações climáticas (chuvas), além da retomada do crescimento da economia do Brasil.
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Planejamento não faz milagre mas ameniza efeitos da crise RENATO ANSELMI,
DE
CAMPINAS, SP
O planejamento estratégico é peça fundamental no processo de gestão de unidades e grupos. Especialistas e profissionais da área não têm dúvidas em relação aos benefícios proporcionados por essa atividade. Usinas que fazem costumeiramente o planejamento, de maneira eficaz, estão sentindo menos os efeitos da crise em comparação às unidades que não adotam essa prática. Conseguem inclusive ganhar dinheiro mesmo neste período turbulento. Não há, no entanto, nenhum ato “milagreiro” que possa ser feito, de uma hora para outra, pelo planejamento para quem não costuma adotá-lo. A crise tem dificultado inclusive, em alguns casos, a sua realização. “O que eu tenho ouvido hoje é que a situação está complicada até mesmo para se fazer planejamento estratégico. O ambiente está muito instável”, comenta Carlos Eduardo de Freitas Vian, professor da Esalq/USP – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo. Segundo ele, as indefinições em relação às políticas públicas para o etanol e ao mercado de açúcar criam uma situação de incertezas. As usinas não sabem para onde o setor está caminhando – observa. Carlos Vian lembra que há muitos anos se fala da participação do etanol na matriz energética brasileira, sem que ocorra uma definição. “Ninguém
resolveu isto. As políticas são muito imediatistas”, constata. Apesar das dificuldades e instabilidades, algumas empresas estão tentando fazer planejamento – diz. A incorporação dessa atividade no processo de gestão ajuda bastante, mas tem coisas que estão fora do alcance da empresa. “A ausência de políticas públicas é uma delas”, destaca. A empresa que tem a visão de planejamento provavelmente vai “sofrer” menos os efeitos de uma crise, pois se prepara melhor para os problemas – enfatiza. “Têm menos prejuízo ou voltam a crescer mais rapidamente do que outras”, afirma. A realização do planejamento estratégico não vai resolver, de maneira imediata, os problemas relacionados à saúde financeira das empresas em decorrência da crise, opina Carlos Eduardo Osório Xavier, pesquisador na área canavieira e professor de MBAs e cursos do Pecege – Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas da Esalq/USP. O planejamento estratégico de longo prazo é que vai ajudar, com ações para recuperação financeira no futuro. As unidades e grupos sucroenergéticos com grandes problemas financeiros – que são maioria no setor – estão na fase executiva e de negociação financeira de arranjos de financiamento. De acordo com o pesquisador, apenas 15% das empresas do setor estão ainda ganhando dinheiro. “As outras 85% estão empatando ou perdendo”, afirma.
Planejamento estratégico é peça fundamental no processo de gestão de unidades e grupos
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Definição de caminhos prepara empresa para o futuro
Atividade exige avaliação da concorrência e do mercado Para proporcionar resultados positivos, o planejamento estratégico deve ser bem elaborado, enfatiza Carlos Vian, que é professor do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Esalq. Se for mal feito, no entanto, não traz grandes contribuições. “Existem empresas que acabam confundindo planejamento estratégico com orçamento”, observa. Essa atividade não se restringe à simulação de faturamentos, custos e receita – ressalta. O orçamento é um dos itens utilizados no planejamento. Para a realização de um planejamento estratégico eficiente é necessário fazer a análise de tendências de mercado, avaliar a atuação da concorrência ou mesmo verificar se alguma empresa está fazendo algo diferente – afirma. A partir dessa análise, projetam-se algumas tendências. Com o planejamento estratégico é possível prever a obtenção de determinado resultado, caso as medidas adotadas sejam bem-sucedidas – diz. “Quando se faz planejamento, existe uma margem para aquilo que é totalmente
Carlos Vian: planejamento mal feito não traz grandes contribuições
inesperado ou para o que pode dar errado no processo de gestão”, explica. O planejamento estratégico benfeito envolve a empresa inteira. Todas as áreas precisam estar preparadas e sintonizadas no mesmo objetivo: agrícola, industrial, administrativa, marketing, vendas. Segundo ele, existe a necessidade de avaliar o que a empresa tem de positivo e o que precisa ser mudado “É um processo que vai sendo ajustado. Precisa ser revisto periodicamente de acordo com as variáveis que vão mudando”, observa. (RA)
A ideia do planejamento é definir o caminho e as estratégias para se alcançar um determinado objetivo. A empresa pode almejar, por exemplo, um crescimento na participação de mercado. Neste caso, deve definir quanto pretende crescer, quais serão as bases para isto e o que precisará ser feito para atingir a meta estabelecida ¬– detalha Carlos Vian, que é também coordenador do Grupo de Extensão e Pesquisa em História da Agricultura e dos Complexos Agroindustriais, da Esalq/USP. Com planejamento estratégico, a empresa tem condições mais satisfatórias para pensar em alternativas no caso de queda de preços de seus produtos, podendo recorrer à exportação, mudança de mix, corte de custos ou utilizar uma eventual reserva financeira – comenta. “Fazer planejamento estratégico não é adivinhar o futuro. É pensar no que pode dar errado e já ter um caminho traçado, para que seja possível agir de uma maneira mais rápida ou até mesmo evitar que problemas possam acontecer”, ressalta. (RA)
Ferramentas ajudam a identificar ameaças e oportunidades A realização do planejamento estratégico requer o diagnóstico preciso da situação da empresa a partir da utilização de metodologias clássicas. Uma delas é a Análise SWOT, uma ferramenta usada na avaliação de cenário a partir de quatro fatores que dão origem a essa sigla do idioma inglês: forças (Strengths), fraquezas (Weaknesses), oportunidades (Opportunities) e ameaças (Threats). “É preciso olhar para fora da empresa e traçar um panorama, levando-se em consideração questões relacionadas a preço, área política, prováveis comportamentos do consumidor de determinado produto. Neste panorama, tenta-se identificar as ameaças para a empresa, o que pode afetar as vendas, os custos”, exemplifica Carlos Vian, da
Esalq/USP. Segundo ele, é necessário avaliar também quais são as oportunidades que a empresa pode ter neste processo, como aumento das vendas ou lançamento de um produto novo. “E, posteriormente, é preciso olhar para dentro da empresa, a partir desse cenário, para verificar o que deve ser feito para aproveitar essas oportunidades ou para evitar que essas ameaças afetem a empresa de maneira significativa”, detalha A eficiência das ferramentas utilizadas para a realização do diagnóstico depende da forma como estão sendo aplicadas, do engajamento e do comprometimento das pessoas na sua utilização – afirma. “Nessas ameaças e oportunidades, as pessoas têm, às vezes, percepções um pouco diferentes.
Existem grupos que são mais dinâmicos e reconhecem com mais facilidade e aproveitam melhor as oportunidades”, exemplifica. Outra ferramenta utilizada no processo de elaboração do planejamento estratégico – informa – é a de metodologia de análise de concorrência, do Michael Porter. “Essa visão é mais centrada na relação dos concorrentes com os compradores, fornecedores. É um modelo que pode ser utilizado, complementado a do SWOT”, observa. De acordo com Carlos Vian, essas metodologias estão também avançando. “Algumas empresas acrescentam algumas coisas e mudam o nome dessas metodologias. Mas, na essência, os trabalhos são baseados nesses processos de gestão”, diz. (RA)
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Mudanças e inovação podem mitigar riscos da atividade Um grande risco da atividade sucroenergética pode estar relacionado à resistência às mudanças, afirma Carlos Eduardo Osório Xavier. Segundo ele, o grupo de pesquisa na área canavieira do Pecege tem inclusive discutido até que ponto a dificuldade do setor em adotar mudanças e formas de inovação pode estar atrapalhando, ou seja, criando obstáculos para a mitigação de riscos da atividade. “O que temos visto nos últimos anos é que o negócio não tem sido atrativo. E, ao mesmo tempo, as práticas fundamentais de produção e a forma de organização não mudam muito. Continua sendo replicada a receita do passado que não está convergindo em resultado atraente”, avalia. De acordo com Carlos Xavier, este poderia ser o momento do setor tentar mudanças, coisas novas. “Não seria o caso de privilegiar os exemplos de empresas bem-sucedidas, por diversas razões, nas áreas de planejamento, de organização, de tecnologia?” – indaga. O principal risco da atividade sucroenergética é ficar muito passiva e não tomar atitudes para mudanças – ressalta. Na avaliação do pesquisador do Pecege, um processo de gestão que minimize riscos e perdas deve privilegiar também o capital humano. “É necessário preparar a equipe, principalmente operadores para melhor uso dos equipamentos. Em nossa pesquisa, a gente observa que a diferença de custos entre a empresa mais produtiva e a menos produtiva é de 150%”, compara. Segundo ele, o desafio de uma unidade produtora é enorme. “Durante 24 horas por dia e 250 dias por ano é necessário colher cana, transportar e processar essa matériaprima. Uma usina média processa quinhentas toneladas por hora. Em cada hora está chegando dez caminhões na unidade industrial – um caminhão a cada seis minutos. É muita gente trabalhando para isto acontecer. Tem que ser tudo muito bem alinhado, sincronizado, afinado”, afirma.
Carlos Xavier observa que a possibilidade de erros é enorme. “E eles acontecem muito mais do que deveriam acontecer por diversas razões, inclusive porque o setor não pode se dar ao luxo, nesse momento, em investir nas
tecnologias mais eficientes”, opina. O setor tem ainda espaço para muitas melhorias, para valorização do capital humano e para iniciativas que possam proporcionar mudanças positivas – enfatiza. (RA)
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ENTREVISTA — Rui Chammas, presidente da Biosev
“Não nasce cana na Faria Lima” Executivo ignora clima pessimista e mostra que gestão de sucesso acontece fora do escritório ALESSANDRO REIS,
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Decidimos mantê-la pronta para voltar a moer caso um dia assim decidamos. Ela não foi fechada definitivamente. Isso dependerá das condições de mercado e produtividade dos nossos canaviais naquela região. Em Ribeirão Preto nós temos um polo de 18 milhões de toneladas em capacidade. Onde nós tínhamos cinco usinas, hibernamos a Jardest e redirecionamos este ativo biológico para as outras quatro usinas. Principalmente MB, Vale do Rosário e Santa Elisa. Não foi somente a cana que foi redirecionada, muitas pessoas foram transferidas. Aproveitamos a mão de obra agrícola e industrial e muitos foram convidados para trabalhar nas unidades localizadas na região.
SÃO PAULO, SP
O executivo paulistano Rui Chammas assumiu a presidência da Biosev, segundo maior grupo produtor de cana-de-açúcar brasileiro no final de 2013. Seu primeiro encontro com o setor se deu quando ainda era executivo da Braskem, onde participou do desenvolvimento do plástico verde, feito a partir da cana. Chammas assumiu o comando da Biosev, no momento em que o setor enfrentava e ainda enfrenta sua pior crise, abalando até mesmo os grupos bem edificados. Prova disto é que uma das primeiras ações do gestor foi hibernar a Usina Jardest, localizada em Jardinópolis, SP. Mas o que parece ser inabalável é o otimismo de Rui Chammas. Ele não dá ouvidos às más notícias. Com semblante simpático e ponderado, ao ser questionado sobre o clima pessimista que paira sobre os produtores, responde com a calma de quem parece — apenas parece, não se engane — desconhecer o assunto: — O pessoal não está otimista? E tampouco sua aparente surpresa não é demonstração de quem está alienado entre as quatro paredes de seu escritório localizado na Avenida Faria Lima em São Paulo. Ao contrário, Chammas afirma viver nos últimos doze meses uma profunda imersão no setor, visitando e conhecendo profundamente as onze unidades do grupo. “Não nasce cana na Faria Lima. Por isto, visito constantemente as usinas, porque é lá que as coisas realmente acontecem”, afirma o executivo, que como uma espécie de missionário em suas peregrinações pelas usinas, conhece de perto os gestores e colaboradores. Em entrevista ao JornalCana o executivo fala sobre perspectivas de mercado, política setorial e aponta caminhos para o sucesso administrativo, comprovado por uma gestão que fez com que a Biosev apresentasse prejuízo líquido menor em comparação ao mesmo período do ano anterior, mantivesse os números de moagem pareados aos da safras anteriores e aumentasse o ATR no último trimestre, feitos estes que lhe renderam o troféu MasterCana como executivo do ano. Confira. JornalCana — Qual o impacto de assumir a Biosev durante a pior crise do setor? Rui Chammas — A Biosev tem um
Rui Chammas
time forte e os ativos são bons, além de uma capacidade de produção grande, com um acionista controlador que possui uma visão de longo prazo. Claro que quando assumi o impacto foi desafiador, mas no momento, acredito que o ciclo de baixa do setor dará sinais de arrefecimento caminhando para um ciclo de alta a partir da próxima safra. Como manter o otimismo em momentos de dificuldade? Esse é um negócio cíclico, ele passa por períodos de baixas, talvez este tenha sido o de maior declive. Independentemente da ocasião é importante preparar a empresa para momentos assim. Quais são as perspectivas de mercado para o setor na safra 2015/16? Considere dois componentes: o primeiro é o mercado de açúcar. O mundo viveu de 2010 a 2014 um superávit, uma produção maior que a demanda, fruto dos investimentos que foram feitos em 2010. Durante este intervalo acumulou-se estoques em todo mundo. Portanto, pela primeira vez em 4 anos, creio que teremos um déficit, com oferta menor que demanda, o que é positivo para o mercado de açúcar brasileiro. O segundo é o etanol, que dependerá de políticas de combustíveis. Temos nos manifestado junto ao governo através de nossas associações pela volta da Cide, que coloca de volta no preço da gasolina o custo das externalidades que o combustível tem, por ser um produto de origem fóssil, menos sustentável que o etanol. São dois vieses positivos para a próxima safra. Um deve acontecer naturalmente e o outro dependerá da política de combustíveis do governo.
Quais os resultados produtivos e financeiros que o grupo pretende alcançar na próxima safra? Nessa atual safra que termina em março de 2015 temos o objetivo de transformar a Biosev uma empresa geradora livre de caixa, ou seja, estamos trabalhando para trazer resultados que nos permitam pagar todos os investimentos de manutenção em entressafra, manutenção em nosso canavial, de trato do nosso canavial, o pagamento dos juros e ainda sobre algo para gerar um caixa positivo ou se não neutro. Esse é nosso objetivo, ao mesmo tempo que estamos reestruturando e reforçando todos os nossos processos transversais. Quais estratégias de gestão fizeram diferença nessa safra? Fizemos uma análise granular de todos os nossos ativos. Ao avaliarmos cada um deles decidimos deixar uma das nossas usinas em hibernação, que é a Jardest. Também analisamos nossos processos internos, que nos permitiram organizar diferentemente a companhia com uma diminuição no número de gerentes e gestores, o que nos trouxe uma redução de custo, além de agilidade e responsabilidade pela decisão no nível de cada um dos nossos quatro polos. E nesse processo de descentralização, houve uma aproximação muito grande com nossos fornecedores. A Biosev entende que o valor se gera ao longo da cadeia, uma usina ou uma empresa. Como a Biosev nunca será próspera sozinha, toda a cadeia deve prosperar. Por isso temos um diálogo aberto com os fornecedores de cana, com as empresas e famílias que nos arrendam fazendas, bem como uma relação próximas com nossos fornecedores de serviços e clientes. A Jardest voltará a moer? A Usina Jardest está hibernada.
Qual o impacto social que as unidades geram nas cidades onde as usinas estão instaladas? Gera empregos qualificados. Pessoas que moram em cidades de médio e pequeno porte que não teriam a oportunidade de emprego com essa tecnicidade passam a ter. Gera um resultado muito importante nos fornecedores de cana e nas fazendas que nos arrendam as terras. Não podemos esquecer que do faturamento de uma empresa, aproximadamente 60% do lucro fica com os fornecedores de cana, que acaba irrigando toda a economia da região. Por isso afirmo que é um negócio inclusivo e que traz prosperidade para a região. Em um estudo que fizemos no Matogrosso do sul onde temos duas unidades em um mesmo município, Rio Brilhante. A cidade antes e depois das usinas é muito diferente. Reduziu-se a migração da população local, que ia para cidades como São Paulo e Campo Grande atrás de empregos. Esse para mim é um dos grandes méritos do negócio. Há também a qualificação dos operadores dos equipamentos mais modernos. Vencida a barreira da mecanização, você passa a ter a oportunidade de criar vagas de operador de colhedoras ao invés de cortadores de cana. Para mim, a mecanização no setor sucroenergético aconteceu num momento perfeito na história do país. Momento no qual vivíamos o bônus demográfico e uma demanda por mão de obra em outros setores, como serviços e comercio. Acho que com isso conseguimos fazer o movimento de mecanização ao mesmo tempo que as taxas de mecanização não explodiram. Elenque cinco passos para a gestão excelente de um grupo sucroenergético. Ter uma equipe forte. Trabalhar com conceito de excelência, buscando se cercar dos melhores. Definir processos que sejam robustos e indiquem os pontos de melhorias. Fazer uma análise granular dos ativos e dominar questões ligadas à agricultura e indústria, pois é lá que o açúcar e o etanol são produzidos.
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Setor prepara-se para implantação do E-social DE
SERTÃOZINHO, SP
A gestão de pessoas no setor passa por constante atualização e diálogo entre seus atuantes, prova do empenho na busca por melhoria no relacionamento com seus colaboradores é o fortalecimento do Grupo de Estudos em Recursos Humanos na Agroindústria (Gerhai). Com este sentimento aconteceu a última reunião do grupo de 2014, a 184ª nos 28 anos de atuação. O encontro aconteceu no dia 28 de novembro em Sertãozinho, SP, e reuniu 60 profissionais ligados ao setor de recursos humanos no setor e de agronegócio. José Darciso Rui, um dos fundadores do grupo, afirmou que expressiva participação dos profissionais demonstra a importância deste canal de comunicação. “É satisfatório observar a resposta dos participantes em nossas reuniões, o diálogo ultrapassa as palestras, com isso o desenvolvimento de melhorias para todos os colaboradores ligados às empresas de açúcar e etanol realmente acontece”, explica. Para a última reunião do ano, o
Paulo Magaroto: projeto simplifica obrigações prestadas para a administração pública federal
grupo trouxe Paulo Roberto Magaroto, chefe da equipe de Fiscalização da Superintendência da Receita Federal do Brasil na 8ª Região Fiscal de Marília, SP.
Magaroto explicou os conceitos gerais, objetivos e funcionamento prático do E-social, projeto do Governo Federal que unificará as informações pelo empregador de seus empregados. “É um tema que resultará na simplificação das obrigações acessórias prestadas para a administração pública federal. Todas as empresas devem se preparar para este projeto que haverá, englobando várias áreas da empresa, como financeira, jurídica, contábil e de recursos humanos”, afirma. Durante o encontro aconteceram seis palestras que trataram de comunicação, casos de sucesso e remuneração nas empresas, bem como a discussão de temas contemporâneos das questões trabalhistas. No evento também aconteceram as eleições para a gestão deste ano de 2015. O Presidente do grupo eleito foi Luiz Haroldo Dóro, gerente de RH da Usina São José da Estiva; para vice-presidente, Weldell Pereira da Cruz Dias, gerente de RH do Grupo Ipiranga; José Darciso Rui, assumiu a direção executiva, e Erotides Gil Bosshard, consultor da Abengoa BioEnergia, a diretoria de relações institucionais.
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ATUALIZAÇÃO
“Aqui encontro colegas que sempre estão abertos ao diálogo, durante o evento, além de compreender as novas tendências para o setor, fico atualizado sobre as últimas novidades em gestão”. Devanir Neves, encarregado de departamento pessoal da Usina Pitangueiras
NOVOS CONTATOS “O contato com profissionais do segmento de recursos humanos é importante para discutirmos entraves e soluções para o desenvolvimento desta área no agronegócio”. Alexandro Ferreira da Silva, gerente de recursos humanos da Citrosuco
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Gmec discute problemas causados pelo diesel RENATO ANSELMI,
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PIRACICABA, SP
Os problemas proporcionados pela qualidade do diesel, a rigidez da norma brasileira sobre vibrações ocasionadas por máquinas e alternativas para o transporte rodoviário de cana foram alguns assuntos discutidos na última reunião de 2014 do Gmec – Grupo de Motomecanização do Setor Sucroenergético, realizada em 19 de novembro, na Caterpillar, em Piracicaba, SP. Segundo integrantes do grupo e da empresa, existe atualmente a necessidade da utilização de aditivo no diesel para que sejam evitados transtornos causados pelo produto nos equipamentos, e também para a melhoria do desempenho do combustível. Alguns problemas ocorrem, por exemplo, quando as máquinas ficam paradas na entressafra ou em outros períodos. A mistura do biodiesel ao diesel (o B7) e o uso do S10, com baixo teor de enxofre, estão desencadeando também contratempos, como o surgimento de borras, a contaminação microbiológica e a necessidade de manutenções mais frequentes dos equipamentos. Profissionais da área de motomecanização de usinas têm recorrido à utilização de aditivos com ação bactericida ou mesmo para a eliminação de microbolhas de água que se formam no tanque de combustível. Não existe ainda uma solução única e padronizada. De acordo com o coordenador do Gmec, Humberto Rampazzo, falta a definição da especificação do aditivo, vinda do fabricante, com garantia de qualidade do produto. “Não é o usuário que deve buscar uma alternativa para tentar resolver o problema com este ou aquele aditivo”, comenta. A expectativa é que a ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis defina a especificação do aditivo que deve inclusive integrar a composição do diesel, observa Humberto Rampazzo, A ideia é encaminhar à agência reivindicação neste sentido a partir de estudos que estão sendo realizados pelos fabricantes de equipamentos. A Caterpillar se comprometeu a realizar testes e avaliações sobre qual é a especificação mais adequada do aditivo que deve ser utilizado no diesel – informa. O grupo de motomecanização tem mantido contato com outros fabricantes de equipamentos, que também atribuem ao
Participantes da reunião realizada no auditório da Caterpillar
diesel problemas de desempenho das máquinas. “Se tivermos essa especificação, vamos ter força técnica para encaminhar a reivindicação para a ANP”, enfatiza Humberto Rampazzo. A reunião do Gmec discutiu outra questão que está gerando preocupação aos responsáveis pela área de motomecanização de usinas e destilarias: as exigências referentes aos limites de exposição às vibrações de mãos e braços e de corpo inteiro durante as operações de máquinas, conforme estabelece a NR 15 – Atividades e Operações Insalubres, É que a norma brasileira é mais rigorosa do que a única especificação, a europeia, existente no mundo nessa área – afirma Humberto Rampazzo, que é também gerente de desenvolvimento agrícola da NovAmérica. “Essas regras dificultam o trabalho dos usuários e fabricantes de equipamentos que não têm condições de atender a norma”, enfatiza.
Do jeito que está, a norma brasileira inviabiliza tanto os equipamentos de transporte rodoviário como as máquinas agrícolas – afirma o coordenador do Gmec. A reunião do Grupo de Motomecanização contou com a participação de sessenta pessoas, incluindo integrantes da equipe Caterpillar. Os profissionais da empresa foram muito receptivos e solidários com os problemas enfrentados pelo setor, relacionados ao óleo diesel e vibração, e com os demais itens debatidos referentes à evolução dos equipamentos, segundo Humberto Rampazzo. A programação incluiu visita à fábrica da Caterpillar em Piracicaba, A empresa produz, entre outros itens, nesta unidade e na localizada em Campo Largo, PR, equipamentos da marca utilizados pelo setor, como tratores de esteira D6N; motoniveladoras 12K, 140K, 12M, 140M; carregadeiras de rodas 924K, 930K, 938K (a mais difundida no setor) e 950H; retroescavadeiras 416E; além de escavadeiras hidráulicas, rolos compactadores de solo e manipulador hidráulico.
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Variedade da Ridesa lidera intenção de plantio para 2015 DE
RIBEIRÃO PRETO, SP
Encerradas as operações nos meses finais de 2014, grupos e usinas já planejavam as atividades para este ano. Tomada de decisão importante para o bom andamento da safra, a escolha da variedade a ser plantada pode trazer bons resultados caso acertada. Consciente da importância desta etapa, o Centro de Cana do IAC de Ribeirão Preto, SP, reuniu pesquisadores e profissionais ligados diretamente à escolha e desenvolvimento de variedades para traçar os melhores caminhos para esta nova safra. Para realização do encontro, usinas responderam um questionário sobre a intenção de plantio em 2015, especificando a variedade e a área correspondente. Ao todo, 40 usinas forneceram seus planejamentos, somando uma área de 199,840 mil hectares, locados nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. Para a apresentação e validação dos dados estiveram presentes representantes dos maiores centros de pesquisa em melhoramento de cana-deaçúcar do país.
Marcos Landell, coordenador do Grupo Fitotécnico
Dos quase 200 mil hectares, a maior parte será destinada à variedade RB867515 (12,02%), seguida pela CTC4 (10,94%) e RB966928 (10,37%). A variedade RB867515 é maioria nos canaviais pesquisados desde 2011. A CTC4 tem
apresentado juntamente com a IACSP955000 (7,22%) crescimento nas intenções de plantio dos últimos anos. Até o momento da pesquisa, 94,1 mil hectares, ou 47,09% da área total, seriam plantados com variedades da Ridesa, sendo as RB867515 (25,74%), RB966928 (22,21%) e RB92579 (14,39%) as preferidas entre as disponíveis. As desenvolvidas pelo CTC ocupavam o segundo lugar, com intenção de plantio de 52,2 mil hectares (26,1%), com destaque para CTC4 (43,09%), CTC15 (12,32%) e CTC2 (10,85%). Com 28,2 mil hectares (14,12%), os materiais do IAC apareceram na terceira posição, sendo as variedades IACSP95-5000 (52,36%), IAC911099 (29,78%) e IAC87-3396 (8,14%) as três mais citadas. Para Marcos Landell, coordenador do Centro de Cana do IAC, a pesquisa demonstrou inovação nos canaviais nacionais, que têm crescido em área e investido em variedades adaptadas à nova realidade do setor, como a colheita mecanizada. O coordenador da Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético (Ridesa), Hermann Paulo Hoffmann, afirmou que através da pesquisa e discussão é possível planejar melhor o desenvolvimento dos canaviais.
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PANORAMA DE PLANTIO
“Com este panorama de plantio dos grupos mais a conversa com pesquisadores, podemos alinhar nossos planejamentos pensando sempre em aumentar a produtividade”. Adilson de Souza Costa, técnico agrícola do Grupo Zilor
VARIEDADES “A oportunidade de debater o possível desempenho das variedades escolhidas com profissionais dos programas de melhoramento prepara melhor os canaviais para 2015”. Marcos Sanches Vieira, professor e pesquisador da UFSCar
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Mecanização dos canaviais exige novas estratégias de manutenção RENATO ANSELMI,
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CAMPINAS, SP
A mecanização das lavouras de canade-açúcar não alterou somente o processo de plantio, produção e colheita, proporcionou mudanças também na área de manutenção em decorrência da utilização de plantadoras e colhedoras. As máquinas usadas no corte mecanizado demandam inclusive maior atenção devido à diversidade de itens que exigem revisão e manutenção corretiva. Com a utilização de diferentes estratégias, usinas, destilarias e unidades produtoras de cana-de-açúcar têm alguns objetivos comuns no planejamento e execução desses serviços: assegurar a eficiência das operações no campo, aumentar a disponibilidade de máquinas durante a safra e reduzir custos. Algumas unidades optam em realizar a revisão e a manutenção da maioria das colhedoras durante o período de corte da cana, adotando um sistema de rodízio e utilizando máquinas reservas. Mas, isto nem sempre é possível devido à quantidade de colhedoras. A Usina Santa Isabel, de Novo Horizonte, SP, por exemplo, realiza a manutenção mais pesada e trabalhosa durante a entressafra. Mas, faz isto baseando-se no histórico de cada equipamento. “Se não tiver planejamento, troca-se tudo sem necessidade. É preciso trabalhar a máquina visando uma boa colheita na safra seguinte dentro do menor custo possível”, afirma Wilson Agapito, gerente de motomecanização dessa unidade sucroenergética. No período de colheita, a usina recorre às preventivas, realizadas semanalmente, para que sejam evitados maiores transtornos. Com a utilização desse tipo de manutenção, houve uma redução do índice de paradas de máquinas – revela. Em frentes de colheita, onde o índice de
Atividade inclui modificações nas plantadoras “O que dá mais trabalho na plantadora, para o pessoal de manutenção é fazer alterações para melhorar a eficiência da máquina”, enfatiza Wilson Agapito, da Santa Isabel. Segundo ele, as modificações têm a finalidade de aprimorar a distribuição de mudas visando a realização de um plantio de melhor qualidade. Existem alguns artifícios que são utilizados para melhorar a distribuição, como mudanças de posicionamento de bica, de rolo compactador e do controle de profundidade de sulcação. As alterações não têm o objetivo de reduzir a quantidade de mudas usadas no plantio – esclarece. De acordo com ele, o consumo de toletes depende da quantidade de entrenós de cada variedade, entre outros fatores. (RA) Wilson Agapito: se não houver planejamento, troca-se tudo sem necessidade
indisponibilidade mecânica estava em 15%, ocorreu uma diminuição para 6% ou 7% – exemplifica. Segundo ele, a preventiva utiliza o check list da máquina do fabricante, fazendo uma adequação dessa lista de
verificações de acordo com a necessidade e a realidade do trabalho desenvolvido na usina. Informações fornecidas pelos operadores também são utilizadas. Há uma averiguação de vazamentos, folgas, entre outros itens.
“Só terceirizamos a confecção de alguma peça e algum serviço diferenciado de usinagem. Mas, a mão de obra e o corriqueiro da corretiva são feitos na usina”, afirma o gerente de motomecanização da Santa Isabel.
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Soluções internas asseguram execução rápida de serviços A estratégia na manutenção de colhedoras e plantadoras, adotada pela NovAmérica – com unidades produtoras de cana em Tarumã, SP, e Caarapó, MS – tem a finalidade de concentrar a maior parte dos serviços durante o período de safra. Para isto, a empresa estruturou a área de manutenção para a realização de serviços de maneira rápida e eficiente. “Buscamos soluções internas de atendimento. Temos os principais componentes de reposição de colhedoras já revisados e montados, como material rodante, corte de base, picador, elevador. É preciso ter também a equipe certa para agir quando ocorre o problema para que aquela máquina fique o mínimo de tempo parada”, afirma Humberto Rampazzo, gerente de desenvolvimento agrícola da NovAmérica. A realização de serviços reduzidos e pontuais é outra medida adotada pela empresa na área de manutenção. “Usamos os componentes até o fim. Trocamos aquilo que realmente precisa. A NovAmérica não faz mais aquela manutenção pesada, quando se desmontava tudo e trocava-se diversos componentes para garantir a safra seguinte”, observa. Em algumas situações, há necessidade de uma intervenção maior e mais profunda em alguma máquina – relata. Nesses casos, a manutenção é feita na entressafra. A grande maioria dos serviços é realizada internamente. Para colhedoras, a
Humberto Rampazzo: deve-se trocar só o que realmente precisa
terceirização ocorre apenas em situações que há necessidade de recondicionamento de motor e de peças e na manutenção de componentes da parte eletrônica, para a qual a empresa ainda não tem qualificação para executar – informa o gerente de
desenvolvimento agrícola. Corte de base, picador, elevador e sistema hidráulico são os quatro itens que apresentam problemas mecânicos nas colhedoras com maior frequência, afirma Humberto Rampazzo. “Nas plantadoras,
os serviços mais comuns são de caldeiraria que realizamos internamente. Nenhuma das nossas máquinas para o plantio mecanizado tem eletrônica embarcada”, esclarece. A manutenção da colhedora é mais complexa, porque há grande quantidade de itens que precisam ser verificados – diz Wilson Agapito, gerente de motomecanização da Usina Santa Isabel. Os maiores problemas que precisam ser corrigidos são estruturais, como trincas de chassi e desgastes de embuchamentos, como os de elevadores, da mesa do giro e de divisores de linha da dianteira – detalha. Outras demandas, na manutenção de colhedoras, são rolamentos e mangueiras – exemplifica. “Se a usina estiver fazendo um trabalho preventivo na safra, com inspeções periódicas, não há tanto problema com desgaste de peças”, comenta. A manutenção das plantadoras é mais simples. Os maiores problemas dessas máquinas estão relacionados à questão do embuchamento – observa. “As plantadoras requerem mais ajustes para eliminação das folgas para que não ocorram falhas de plantio”, afirma. A manutenção de plantadoras inclui também rolamentos e outros problemas provocados por desgastes de peças por abrasão devido ao contato com o solo – diz. (RA)
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Irrigação informatizada gera aplicação precisa no uso da água WELLINGTON BERNARDES, DA REDAÇÃO
Em busca de mitigar perdas, usinas investem constantemente em sistemas e equipamentos para garantia de seu maior ativo, a cana-de-açúcar. Para isso softwares acompanham todos os processos agrícolas, coletando dados e possíveis demandas, como a necessidade de abastecimento de um veículo em atividade no canavial, sem a interferência humana, levando o campo para telas de computadores e gadgets, como tablets e smartphones. Todas as etapas da cultura podem ser monitoradas e otimizadas através de sistemas. Na Usina Agrovale, localizada em Juazeiro, BA, a irrigação, ferramenta importante para o correto desenvolvimento da cultura na região, já opera por sistemas informatizados e integrados à estação climatológica. Os sistemas, através de dados da cultura, clima, solo e tipo de manejo da irrigação adotado, fornecem aos operadores dados com menores erros, assegurando a tomada de decisão para programação e aplicação da lâmina de água. A usina utiliza três softwares, dois desenvolvidos na linguagem Pims e implantados em 2001, sendo um para irrigação localizada (gotejamento subsuperficial) e o outro para aspersão do tipo pivô e central. O terceiro utiliza linguagens Mumps e auxilia nas irrigações de superfície (sulco de infiltração). Gabriel Henrique Leite, gerente de irrigação da Agrovale, explica que a informatização desta etapa resultou em incrementos produtivos, pois forneceu dados para a otimização do uso da água pela planta nas condições climáticas vivenciadas diariamente. “As ferramentas utilizadas têm nos ajudado a conseguir excelentes resultados, pois fornecem dados climatológicos confiáveis e com a frequência necessária. Assim realizamos o manejo dentro das
Gabriel Leite: ferramentas de TI oferecem dados climatológicos confiáveis
necessidades da cultura, através de interpretações estatísticas”, explicou. Inserida em ambiente cujo o fator
limitante é a água, a produtividade da água baseada em quilos por metro cúbico é importante mensurador da eficiência deste
recurso, possibilitando a redução de custos através da racionalização tanto de água como energia.
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Do campo ao tablet Para acompanhar o andamento de todas as operações agrícolas, resultados produtivos e dados climatológicos não é mais necessário reunir-se diariamente com diferentes gestores para obtenção destes números. Com o uso de sistemas de ERP, que em português significa Sistema Integrado de Gestão Empresarial é possível receber todos os dados coletados em campo e todos os resultados obtidos na indústria em tablets, celulares ou computadores, basta ter acesso à internet. Nas usinas do Grupo Serra Grande, localizadas no município de São José da Laje, AL, e Sirinhaém, PE, o sistema opera desde 2008 e permite que dirigentes acompanhem as operações agrícolas com maior agilidade, diminuindo erros e assegurando flexibilização na tomada de decisão. Escolhido pela possibilidade de constante atualização e capacidade de integração com diversos setores da empresa, o SAP foi escolhido para acompanhar o fluxograma de produção das usinas. Segundo Frederico Mayrinck, gerente de tecnologia da informação do grupo, a integração de todas as atividades em forma de resultados dinâmicos facilita a discussão sobre
as futuras operações em campo. “Hoje fornecemos todas as informações de campo para os dirigentes agrícolas, eles recebem todos os dados via tablet ou smartphone e assim acompanham o funcionamento da usina, monitoram as condições climáticas, recebem a produtividade do dia anterior e ainda conseguem acompanhar o funcionamento das usinas”, explica. Mayrinck explica que a informação inserida no sistema é coletada em campo por operadores treinados, munidos de gadgets (tablets e smartphones) ou notebooks. A implantação do sistema passa não somente pela atualização tecnológica do grupo, bem como a capacitação de toda a equipe, que necessita além de conhecer o ambiente operacional da ferramenta, entender a importância desta para a eficiência da empresa. No Grupo Serra Grande, como explica Frederico, após a instalação do sistema houve o incentivo ao aprendizado e entendimento da nova dinâmica. “Toda mudança tem um processo de adaptação, nossa preocupação em estimular nossa equipe a assimilar o ambiente do software foi fundamental para o sucesso do processo”, afirma. (WB)
Frederico Mayrinck: dirigentes agrícolas acompanham processos em tempo real
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Comunicação assegura eficiência da operação agrícola O uso de ferramentas para monitorar o andamento de máquinas agrícolas assegura a execução do processo como também aumenta a confiabilidade da cadeia, mitigando erros operacionais, como a velocidade. O benefício deste acompanhamento resulta na diminuição de custos com máquinas ociosas, combustível e possíveis fraudes. Criada em 2014, a Átimo Solutions, vinculada ao Grupo Avanzi, trouxe o sistema de DVR veicular, que possibilita o controle total da frota. Sendo possível monitorar em tempo real o itinerário dos veículos, além de registrar todas as atividades, facilitando o gerenciamento caso haja algum problema ou dúvida durante o processo, como possíveis acidentes ou roubos. Os modelos disponíveis contam com GPS integrado, com isto as coordenadas geográficas ficam registradas junto às imagens, permitindo a localização exata no momento da transmissão destas. Alexandre Avanzi, gerente administrativo da Átimo, afirma que o setor tem procurado a tecnologia por facilitar o controle operacional das frotas. “Este tipo de gerenciamento é uma tendência de em todos os segmentos. Monitorar em tempo real o que está acontecendo no campo, e ainda poder verificar posteriormente alguma ocorrência, devido a gravação das imagens em servidor da empresa, resulta em maior confiança nos processos operacionais”, explica. Com informações de rotas e velocidades, as atividades agrícolas ocorrem com menor erro. Desenvolvida pela Solinfitec, o sistema de Fila Única de Transbordo, organiza automaticamente a fila de transbordos no malhador, atendendo as colhedoras que necessitem de novo transbordo. O sistema calcula a porcentagem de enchimento destes e assim determina o momento de realizar a troca. A operação ocorre através dos computadores de bordo, produzidos pela
Alexandre Avanzi: tecnologia facilita controle operacional das frotas
empresa, MAG300 e MAG400, que permitem ao operador informações detalhadas sobre o processo. Para que a comunicação do sistema ocorra, há instalação de uma rede de telemetria, na qual computadores instalados em colhedoras e transbordos trocam informações sem a dependência da rede GPRS, utilizada por celulares. Conforme informou a empresa, a utilização do sistema aumenta o tempo produtivo das máquinas, devido à eliminação das filas, as colhedoras não precisam mais esperar até duas horas por transbordos. “Um exemplo do sucesso são os resultados de testes pilotos realizados na safra passada pela Raízen, na usina Bom
Retiro, que fizeram o grupo decidir instalar o sistema em suas 21 unidades ainda em 2014”, explicou Anselmo Del Toro Arce, diretor de desenvolvimento de negócios da Solinftec. A empresa de tecnologia Endress+Hauser, também possui clientes no setor. A ferramenta requerida é a WirelessHart desenvolvida para fornecer segurança dos dados e coexistência com outros protocolos sem fios na indústria. A tecnologia foi desenvolvida para aplicações de controle de monitoramento e trabalha na frequência de 2.4 Ghz utilizando uma rede “Mesh”. Segundo Fabrício Andrade, gerente de produto da Endress+Hauser, o uso do
wireless está fortemente difundido em nosso cotidiano, para garantir que as operações ocorram sem interferências e protegidas é preciso garantir o funcionamento de um bom sistema. “A tecnologia wireless estará presente nos instrumentos de campo e na indústria, seu correto funcionamento assegura que os dados não serão perdidos e nem poderão ser roubados por conta da segurança envolvida na tecnologia”, explica. Empresas e usinas entrevistadas nesta matéria asseguram que investimentos em tecnologias para melhorias na produção são rapidamente pagas, uma vez que asseguram a otimização dos recursos e assim a redução de custos. (WB)
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Açúcar indiano será menos competitivo em 2015 WELLINGTON BERNARDES, DA REDAÇÃO
Segundo maior produtor mundial de açúcar, a Índia enfrenta incertezas sobre o futuro da comercialização internacional de sua produção. Após o término da safra 2013/14 em setembro de 2014, o governo indiano anunciou a extinção do subsídio para exportação de açúcar. Iniciado em fevereiro do ano passado, o incentivo à exportação era na ordem de 55 dólares por tonelada exportada. No final da safra, 1,2 milhão de toneladas atravessaram as fronteiras indianas, sendo 700 mil viabilizadas por este incentivo. Sem os subsídios a indústria açucareira não tem condições de ofertar a seus fornecedores de cana-de-açúcar preços melhores, compatíveis com os atuais custos produtivos, elevados em decorrência da presença de baixa pluviosidade durante toda a safra e a ocorrência de tornados. Os custos se elevaram na mesma proporção para as usinas, que foram prejudicadas pela contínua desvalorização da commodity no mercado internacional. Para Abinash Verma, diretor geral da Associação das Indústrias Açúcar Indianas (ISMA) a indústria não conseguirá competir internacionalmente sem ajuda de políticas de incentivo. “Os preços internacionais não se enquadram em nosso custo atual, cessar este suporte retira a competitividade de nosso produto, podendo até resultar em término da exportação”, explicou. Ambos setores, industrial e canavieiro, buscam acordos com o governo para sanar este problema. Fornecedores articulam a fixação do preço da tonelada em 57 dólares, motivados por esta insegurança ao longo da cadeia produtiva do açúcar. Até o fechamento desta edição nenhuma declaração sobre o tema foi emitida pelas autoridades locais.O início deste novo ciclo de produção começou conturbado, a moagem começou com algumas unidades paradas. Das 119 usinas, 82 entraram em
Desvalorização internacional da commodity afeta produção de açúcar indiana
atividade até o começo de dezembro. Mesmo com estes entraves a ISMA estima que a produção desta safra seja maior. Apenas nos dois primeiros meses de moagem (outubro e novembro) a indústria gerou 1,8 milhão de
toneladas de açúcar, 56% a mais em relação ao mesmo período de 2013. A previsão é que o país produza 25,5 milhões de toneladas até novembro deste ano. O mercado brasileiro será privilegiado
com esta decisão, juntamente com a Tailândia e Austrália, pois refinarias localizadas no Oriente Médio, antes compradoras do açúcar indiano, buscarão novos acordos comerciais.
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MasterCana premia primeira mulher presidente de usina no NE LUIZ MONTANINI,
DO
RECIFE, PE
Cerca de 180 dos mais importantes representantes da cadeia produtiva sucroenergética do Nordeste participaram na noite de 13 de novembro do Prêmio MasterCana Norte/Nordeste 2014, em Recife (PE). A cerimônia contou com peculiaridade de premiar a primeira mulher presidente de usina no Nordeste, Daniela Petribu Oriá, da Petribu, como “Executiva do Ano”. Na abertura do Prêmio, o presidente da ProCana Brasil, Josias Messias, exaltou a necessidade de celebração nos momentos de crise. “Estamos vivos e apenas os vivos realizam ações importantes”, disse. Renato Cunha, presidente do Sindaçúcar de Pernambuco (Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool), premiado na categoria “Liderança Institucional”, agradeceu a Josias Messias por sua tenacidade em trabalhar com o setor brasileiro, em especial Nordestino. Ao receber seu prêmio, Daniela Petribu Oriá, presidente da Usina Petribu, homenageou seu avô, Paulo Petribu. “Ele foi meu espelho”. Sobre o momento atual do segmento, enfatizou que “ser eficiente no bom momento é fácil, mas no momento ruim é difícil”. Lourenço Lopes, diretor presidente da Asplana de Alagoas (Associação dos Plantadores de Cana), homenageado como “Líder do Ano”, e que esteve acompanhado de sua esposa Maria das Graças, reivindicou a volta da Cide, melhorias nos rendimentos dos motores a etanol, mais campanhas de esclarecimento sobre os benefícios ambientais do etanol, além da perenização das subvenções ao setor no Nordeste.
Hall da Fama
Daniela Petribu: ser eficiente no bom momento é fácil, mas no momento ruim é difícil
Personalidade do Ano — Pedro Eugênio de Castro Toledo Cabral, deputado federal Formado em Economia pela UFPE — Universidade Federal de Pernambuco, Pedro Eugênio Toledo Cabral tornou-se mestre e professor da universidade. Foi nomeado Secretário da Agricultura do governo de Pernambuco em 1987 e assumiu em 1989 as pastas do Planejamento e da Fazenda, em 1995. Elegeu-se deputado estadual em1994 e em 1998 foi eleito deputado federal. Voltou à Câmara nas eleições de 2006 e reelegeu-se em 2010.
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Liderança Institucional — Renato Augusto Pontes Cunha, presidente do Sindaçúcar-PE Ocupa atualmente os cargos de Presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar) e vice-presidente do Fórum Nacional Sucroenergético. Foi premiado pelo MasterCana Brasil como um dos “Mais Influentes” do setor em 2013. É um dos maiores defensores do setor sucroenergético não apenas de Pernambuco, mas de todo o Nordeste. É ouvido por políticos em todo o País e possui liderança reconhecida no Centro-Sul do País.
Líder do Ano — Lourenço Lins Ferreira Lopes, diretor presidente da Asplana Lourenço Lopes está em seu terceiro mandato à frente da Asplana, que se encerra em 2018. Na entidade, promoveu a reforma dos imóveis da Asplana, regularizou pendências salariais e trabalhistas, melhorou o atendimento de saúde aos fornecedores de cana e participou da conquista de três edições do programa de subvenção da cana.
Empresário do Ano — Gilberto Carvalho Tavares de Melo, presidente do Grupo Olho D’Água Gilberto Carvalho formou-se em engenharia agronômica pela UFPE — Universidade Federal de Pernambuco, quando iniciou a carreira na Usina Estivas (RN). No Sindaçúcar–PE iniciou como diretor operacional em 1995, sendo presidente do sindicato de 1999 até 2001. É diretor presidente da Usina Central Olho D'Água e da COMVAP Açúcar e Álcool desde 2004.
Executiva do Ano — Daniela Petribu Oirá, diretora presidente da Usina Petribu Daniela Petribu Oriá é a primeira mulher a assumir a presidência de uma usina no Nordeste. Formada em Administração de Empresas, pela UFPE, com MBA em Gestão Empresarial e Especialização em Comércio Exterior, Daniela assumiu a presidência do Grupo Petribú em janeiro de 2014, tendo atuado como diretora financeira e de controladoria desde o ano 2000.
Profissional do Ano — Área Comercial — Célido Ricardo, diretor comercial do Grupo JB Célido Ricardo é graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Católica de Pernambuco. Desde 2002 no Grupo JB, tornou-se responsável pela comercialização nos mercados interno e internacional dos produtos: açúcar, álcool e cachaça, das unidades de Pernambuco e do Espírito Santo, bem como prospecção de novos mercados.
Profissional do Ano — Área Financeira — Maria Irene Sibaldo Leite, diretora financeira do Grupo Carlos Lyra / representada por Gilson Santos, gerente administrativo do Grupo Carlos Lyra Maria Irene Sibaldo Leite trabalha no Grupo Carlos Lyra desde 1986. Iniciou como recepcionista e passou por diversos departamentos da empresa. Graduada em Ciências Econômicas, com MBA em gestão financeira e controladoria pela FGV, atua desde de 2008 como diretora financeira da companhia.
Profissional do Ano — Tecnologia da Informação — Rommel Agra, gerente corporativo de Tecnologia da Informação do Grupo Santo Antonio Alagoano, Rommel Batinga Agra é engenheiro civil e pós-graduado em Gestão Empresarial e Tecnologia da Informação. Trabalha na empresa desde 1985, sendo responsável pela implantação de todo o processo de informatização do Grupo, composto pela Central Açucareira Santo Antônio, Filial Camaragibe e Central Energética Jitituba.
Profissional do Ano — Área Ambiental — Paulo Araújo de Melo, gerente administrativo da agroindustrial Tabu Paulo Araújo de Melo é gerente administrativo há mais de oito anos na Agroindustrial Tabu. Ao longo deste período tem se destacado por implantar programas de aprimoramento pessoal e tecnológico.
Profissional do Ano — Área Agrícola — Pedro José Pontes Carnaúba, gerente agrícola da Usina Coruripe Pedro José Pontes Carnaúba assumiu em 2013 o cargo de Gerente Agrícola do Grupo Tércio Wanderley, em Alagoas. É responsável pela gestão de uma área de 38.870 hectares, a maioria cultivada com cana-de-açúcar. Amigo do ambiente, gerencia mais de 6.000 hectares de matas nativas e áreas reflorestadas.
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Profissional do Ano — Área Industrial — Emanuel Pinheiro, gerente industrial da Miriri Gerente industrial na Miriri Alimentos e Bioenergia S/A., Emanuel Pinheiro de Melo utiliza toda a formação como químico industrial e especialização em Gestão da Qualidade Total para garantir a qualidade alimentícia na fabricação dos produtos
Destaque Institucional — Unida, representada por Alexandre Andrade Lima, presidente da entidade Criada para defender os interesses dos pequenos e médios produtores independentes de cana do Nordeste, a Unida (União Nordestina dos Produtores de Cana) surgiu em 1998, como movimento de luta, e em 2003, se institucionalizou. Ela congrega as associações de fornecedores e plantadores de cana de todo o Nordeste. A força política da Unida é reconhecida hoje por todo o setor produtivo do país.
MasterCana Desempenho — Estratégia & Gestão — Agrocan — Cooperativa do Agronegócio da Cana-deAçúcar, representada por Gerson Carneiro Leão, presidente do Sindicape e Reginaldo Moraes, gerente geral da Usina Pumaty A Cooperativa do Agronegócio de Cana-de-Açúcar (Agrocan) foi responsável pela reabertura da Usina Pumaty, graças a uma sentença judicial favorável à entidade, que solicitou prejuízo maior aos canavieiros da região, pois não teriam onde moer 800 mil toneladas de cana, devido ao fechamento de outras usinas.
MasterCana Desempenho — Responsabilidade Social — Usina Petribu, representada por Jorge Petribu Filho, vice-presidente O programa socioeducativo de cunho esportivo Atleta do Futuro, da Petribu, desenvolve o hábito da prática esportiva, cultural e de inclusão social, proporcionando desenvolvimento físico, pessoal e social de crianças e adolescentes, estimulando um dos valores da Usina Petribu que é o respeito pelo desenvolvimento, segurança e saúde do capital humano da Empresa.
MasterCana Desempenho — Preservação Ambiental — Agroindustrial Tabu — representado por Paulo Araujo – Gerente Administrativo A área da Agro Industrial Tabu está inserida na Bacia Hidrográfica do Abiaí-Popocas, compreendendo os Riachos Lava Mangaba e Rio Cupissora que limitam-se com a propriedade à norte e sul, respectivamente. A Tabu não mede esforços para manter praticamente intocável este verdadeiro santuário ecológico.
MasterCana Desempenho — Tecnologia da Informação e Comunicações — Usina São João, representada por Jordão Dias Florindo, gerente de Tecnologia da Informação e Comunicações A Companhia Usina São João implantou um moderno sistema de ERP que automatiza e integra em tempo real os processos de todas as áreas da empresa. O sistema oferece controle e possibilidade de análises das informações necessárias para as tomadas de decisões de forma rápida e segura.
MasterCana Desempenho — Bioenergia — Grupo Carlos Lyra, representado por Luiz Magno Epaminondas Tenório de Brito, diretor geral A Usina Caeté, do Grupo Carlos Lyra, instalou um sistema de cogeração de energia alimentado por bagaço de cana e lignina, um subproduto da produção do etanol de segunda geração. Com este incremento, além de atender às necessidades da usina, a caldeira gera um excedente de energia elétrica de 135.000 MWh/ano, vendido no mercado – o suficiente para abastecer uma cidade de 300 mil habitantes.
MasterCana Desempenho — Bioeletricidade — Grupo JB Açúcar e Álcool, representado por Carlos Beltrão, sócio-diretor do Grupo JB Fundado em 1964, o Grupo JB é reconhecido pela sua diversificação de produtos e agregação de valor à cadeia da cana-de-açúcar. Desde os anos 2000 iniciou um maciço investimento em geração de eletricidade a partir da biomassa da cana, concentrando-se na unidade de Pernambuco, a Companhia Alcoolquímica Nacional. Atualmente, a UTE JB produz em média 25 MW, sendo 12 MW para consumo próprio e 13 MW são exportados.
MasterCana Desempenho — Mecanização Agrícola — Agroindustrial Tabu — representada por Alexandre Bandeira de Melo, gerente agrícola A Agroindustrial Tabu iniciou na safra passada testes com uma cortadeira de cana que trabalha em relevos acidentados. Por enquanto a colheita mecanizada é realizada com cana queimada, mas já existem testes para a colheita de cana crua. 46% da área de cana da usina pode ser trabalhada com corte mecanizado.
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Fornecedor Mais Indicado — Área Administrativa — Serviços — CPFL Brasil, representada por Luis Ricardo Vargas, gestor de comercialização
Área Industrial — Produtos e Insumos — Engclarian, representada por Silvio Roberto Alves Bezerra, gerente filial nordeste
Fornecedor Mais Indicado — Área Agrícola - Produtos e Insumos — Ubyfol, representado por Igor Ricardo Batista Vieira de Melo, representante técnico de vendas
Fornecedor Mais Indicado — Área Industrial — Produtos e Insumos — representada por Antonio Gomes Alves Filho, gerente regional Norte Nordeste da GE Power & Water
Fornecedor Mais Indicado — Área Industrial — Produtos e Insumos — Prosugar, representado por José Raimundo Filho, diretor de Tecnologias da Prosugar S.A
Fornecedor Mais Indicado — Área Industrial — Gasil, representada por Raimundo Nonato Coelho Silton, diretorpresidente
Fornecedor Mais Indicado — Área Agrícola — Produtos e Insumos — Syngenta, representada por Paulo Padilha, gerente de vendas da região Nordeste
Fornecedor Mais Indicado — Área Agrícola — Produtos e Insumos — Usifértil, representada por Arnold Lima, gerente geral
Fornecedor Mais Indicado — Área Agrícola — Produtos e Insumos — Fertine, representada por Edmundo Moura Leite Filho, sócio-diretor
Fornecedor Mais Indicado — Área Agrícola - Máquinas e Equipamentos — Base Máquinas, representada por Flávio Albuquerque, sócio-diretor
Fornecedor Mais Indicado — Serviços para a área Elétrica e Automação — Emprotec, representada por Alice Costa, diretorapresidente e Anselmo Ueda, representante comercial da WEG
Inovação Tecnológica — Área Agrícola — Fundo de Tecnologia do Sindaçúcar, PE, representado por Luiz Cláudio Melo, engenheiro
PATROCINADORES Reginaldo Duarte
Maurício Moisés,
Chaves, coordenador
diretor da HPB
comercial da unidade de
Energia
negócios da TGM Nordeste
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ENTREVISTA Alexandre Andrade Lima
‘Motores flex precisam de paridade nos consumos de gasolina e etanol’ Diferença de 30% no consumo entre um e outro prejudica competitividade do etanol LUIZ MONTANINI,
DE
Sim, e esta é crucial. Precisamos padronizar as alíquotas de ICMS porque elas interferem diretamente nos preços por estados. Em Pernambuco a alíquota é de 25%, em São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso são 12%. No Rio Grande do Norte é 27%. Passei no posto agora e vi o etanol a R$ 2,39 e a gasolina a R$ 2,69. Assim não é possível.
RECIFE, PE
Integrante do Hall da Fama do setor sucroenergético do Nordeste, o produtor de cana, presidente da Unida – União Nordestina dos Produtores de Cana-deAçúcar e da AFCP – Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco, Alexandre Andrade Lima tem conseguido direcionar o importante poder político de abrangência nacional e regional das duas instituições para obter vitórias importantes. O caminho entre Pernambuco e Brasília ficou pequeno para Lima, que se desloca diversas vezes neste trajeto para acompanhar e levar as reivindicações dos produtores. Defensor e conquistador de subvenções aos produtores nordestinos, sempre ajudado por deputados, senadores e presidentes das associações dos produtores nordestinos, como Renato Cunha, do Sindaçúcar PE e Gerson Carneiro Leão, do Sindicape PE, reivindica ações de apoio do governo federal e do estado. Neste janeiro de 2015 Alexandre Andrade Lima deixa a presidência da Unida. Em seu lugar deve assumir o vicepresidente José Amado, do Sergipe. Nesta entrevista, Alexandre não foge de nenhum tema polêmico e defende a paridade nas alíquotas de ICMS entre estados e mais pesquisas de equivalência de potência para os motores flex, a fim ampliar a competitividade do etanol frente à gasolina. Confira:
“A gente sempre teve um relacionamento bom com a Presidente Dilma e mantém a esperança de que o governo bote os olhos sobre o setor” Como presidente da Unida, como você vê o setor no Nordeste hoje? Está como no Centro-Sul. Estamos em uma dificuldade tremenda, não há políticas do governo em relação ao setor. Esta que a gente está moendo é a segunda safra depois de passarmos a maior seca dos últimos 50 anos. A seca daqui é diferente, a mortalidade acontece nas socarias, com diminuição na produtividade. Nosso custo de produção calculado pela Esalq é de R$ 87,00 por
“Precisamos padronizar as alíquotas de ICMS porque elas interferem diretamente nos preços por estados” Há alguma outra reivindicação do setor? Sim, a diminuição do INSS na tributação da folha dos empregados, tanto das usinas como de fornecedores. Mais de 30 segmentos já conseguiram essa redução e o momento exige que ela seja estendida também a um setor fundamental como o sucroenergético.
Alexandre Andrade Lima: custo de produção dá prejuízo de R$ 17,00 por tonelada
tonelada e estamos recebendo R$ 70,00, com diferença de R$17,00. São R$ 17,00 de prejuízo por tonelada, o que não é pouca coisa. Há algum paliativo? O que ameniza a situação é a subvenção em nível federal, de R$ 12,00 por tonelada de cana, mas que hoje, por causa do crise, o governo não conseguiu honrar a Lei 12.999, que beneficia os fornecedores independentes e a Lei 13.000, voltado a auxiliar os produtores de etanol. Era para começarem a nos pagar em julho e não pagaram até agora (novembro de 2014). Como vocês estão se virando? Estamos procurando moer a atual safra com dificuldade e aguardando liberação do governo. Na verdade esta é a quinta subvenção. Todo ano é uma guerra para receber este dinheiro. Desde que eu assumi a Unidade temos recebido, mas sempre é uma luta. Como o setor nordestino vê a reeleição da Presidente Dilma? A gente sempre teve um relacionamento bom com a Presidente Dilma. Ela veio duas vezes à nossa casa (sede da Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco, no Recife), uma como ministra e outra como Presidente. A gente mantém a esperança de que o governo bote os olhos sobre o setor. Os pleitos dos fornecedores, da Feplana, Unida, Orplana e
do Fórum Sucroenergético estão lá, e são praticamente os mesmos. Quais as principais necessidades do setor como um todo? Era a volta da Cide na gasolina, e isto foi alcançado. Com ela acredito que o etanol volte a ser um pouquinho mais competitivo, mas ainda não é suficiente. Depois, em nível de Nordeste é a continuidade do programa de subvenção, que ele se torne permanente. Está comprovado que a gente não tem condição de subsistir no Nordeste sem uma defesa, uma barreira que nos proteja. Há alguma outra área que necessita de melhorias para levar o setor a um novo patamar? Sim, temos que melhorar a tecnologia flex, porque ela foi desenvolvida com a mesma taxa de compressão do antigo motor a gasolina. Precisamos melhorar este motor. Assim, conseguiremos elevar o parâmetro dos 70% atuais do etanol em relação a gasolina para 100%. Com isto, a competitividade de ambos ficará realmente parelha. Já existem pesquisas neste tom, do Ministério da Ciência e Tecnologia e montadoras, e elas indicam que este salto é possível. (O JornalCana publicará matéria especial a este respeito na edição 253). Há no curto prazo alguma outra maneira de se aumentar o consumo de etanol sem que seja necessário partir para pesquisas, em geral mais demoradas?
O senhor pensa em partir para a vida pública em nível político? Fui convidado, mas não quis. Penso de forma diferente de muitos. Entendo que na hora em que você vai para a vida pública precisa escolher entre um, ficar no setor e defendê-lo como produtor e outro, sair do setor e defendê-lo como político. Qual seu grande desafio hoje? É um desafio não apenas meu mas de toda a cadeia produtiva nordestina. É o de mostrar que o cooperativismo vai dar certo, através da unidade e atuação de fornecedores de cana em todos os sentidos,
“Temos que melhorar a tecnologia flex, porque ela foi desenvolvida com a mesma taxa de compressão do antigo motor a gasolina” até mesmo reativando e tocando usinas que pararam de moer, como aconteceu na Pumaty, com a Agrocan (veja matéria da retomada da Pumaty nas páginas 11 a 13) e no Rio de Janeiro. Não vejo outa solução para o fornecedor a não ser o cooperativismo. Por exemplo: trabalhamos assim para diminuir o custo de produção de nossos associados, deu certo, e o mercado teve que se adequar ao que nós precisávamos e queríamos, a um preço justo, e não a imposições.
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Prêmio MasterCana reúne lideranças em São Paulo Principais grupos produtores marcaram presença em evento com mais de 200 pessoas ANDRÉ RICCI,
DE
SÃO PAULO, SP
Mais de 200 dos principais representantes de empresas, usinas e entidades do setor sucroenergético estiveram presentes em São Paulo, capital, para a realização do Prêmio MasterCana Brasil no dia 24 de novembro. Participaram do evento grupos como Raízen, Biosev, Guarani, São Martinho, Clealco, Noble Brasil, Coruripe, BP Biocombustíveis, Itamarati, Tonielo, Guaíra, Estiva (SP), Ruette, Pitangueiras, Bioenergética Aroeira, CerradinhoBIO, Petribu, Energisa, entre outros. Presidente da HPB Energia, Renato Malieno Nogueira destaca o valor de incentivar o trabalho do setor. “As principais personalidades passam pelo MasterCana e apoiar esta iniciativa
Elite do setor marcou encontro na capital paulista
evidência os princípios e comprometimento de nossa empresa com esse segmento”. Arnaldo Jardim, deputado federal e presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Setor Sucroenergético, foi homenageado na categoria “Autoridade do Ano”. Em seu discurso, lembrou que ao
Marina Silva: sociedade precisa perceber o potencial do setor
menos 74 usinas estão em recuperação judicial e outras 60 fecharam as portas. “Vivemos um momento de desafio. Estamos pagando caro o intervencionismo imposto pelo governo. As perdas dos plantadores e fornecedores de cana são inimagináveis”, afirmou.
Contudo, ele diz que há motivos para celebrar. “O trabalho dos empresários que aqui estão é motivo de celebração. Esse espírito de perseverança é o diferencial desta cadeia produtiva. Temos que continuar a colher referências nas mais diversas áreas que permeia este segmento. Existem bons trabalhos sendo realizados por todo país, independente do cenário político”. De fato, há tantos bons trabalhos que o Prêmio MasterCana Brasil aumentou o número de representantes destacados na categoria ‘Executivos do Ano’. “É nesta hora que o setor se reinventa”, afirma Josias Messias, presidente da ProCana Brasil. Mauro Moratelli, gerente comercial da unidade de serviços da TGM, ressalta a força do segmento. “Este foi um ano difícil, com perdas ao longo do caminho. Mas, assim como este setor, somos guerreiros. O ano vai acabar e outro virá, com uma nova esperança. Estamos prontos para ajudar este setor”. O Prêmio MasterCana Brasil conta com os patrocinadores ‘Master’ HPB Energia e TGM, além dos ‘Standandar’ CPFL Brasil e Syngenta.
Antonio Christiano: é possível combater a crise
Natural candidata à Presidência reforça importância do setor ANDRÉ RICCI DE
E
ALESSANDRO REIS,
SÃO PAULO, SP
A natural candidata à Presidência da República nas eleições em 2018, Marina Silva recebeu o troféu MasterCana Brasil na categoria ‘Personalidade do Ano’. Durante o evento, que aconteceu no dia 24 de novembro, em São Paulo (SP), disse que para melhor comunicar os benefícios da agroindústria canavieira, o setor precisa diferenciar o que é propaganda e o que é narrativa. “É preciso aprofundar cada vez mais sua narrativa para que a sociedade possa perceber seu grande potencial para os graves problemas ambientais do nosso
planeta e país, que possui soluções econômicas para geração de emprego, produção de açúcar e combustível limpo”. A ex-ministra do Meio Ambiente, e natural candidata às eleições presidenciais em 2018, acredita que o setor carece de uma ação que o leve a ter políticas estruturais. “Estas ações farão com que o setor caminhe com suas próprias pernas, desde que não seja interditado por políticas erráticas como as que são apresentadas pelo atual governo, subsidiando a gasolina e prejudicando o etanol”. Quem também esteve na premiação foi Antonio Carlos Christiano, presidente da Usinas Itamarati, na categoria ‘Executivo do Ano’. O representante foi
homenageado pelo trabalho que vem realizando na empresa, localizada no sudoeste do Mato Grosso, na cidade de Nova Olímpia. “Fizemos uma completa reestruturação da companhia, diminuindo as despesas significativamente. Temos contado também com uma grande ajuda dos fornecedores e estamos tentando alongar a dívida passada. Devemos terminar a entressafra em 30 de março com todos os fornecedores deste ano pagos, coisa que não vinha acontecendo”, afirma. Ele se refere ao trabalho de recuperação das finanças da usina. Há cerca de um ano, assumiu o desafio e estabeleceu estratégias de trabalho. Um fato que chama a atenção é o trabalho de
escambo promovido pela usina. A prática, utilizada durante os primórdios da colonização portuguesa do Brasil, se caracteriza pela troca ou permuta entre produtos. “Voltamos ao passado neste quesito. Hoje, recebemos herbicida e óleo diesel, por exemplo, e trocamos por etanol. Com isso, mantemos as contas em dia”, diz Christiano. A usina conta com capacidade de moagem de 6,3 milhões de toneladas de cana por safra, sendo capaz de produzir diariamente 1.500 m³ de etanol e 2 mil toneladas de açúcar. A unidade é autossuficiente em energia elétrica, com capacidade de produção de 36 MW a partir do bagaço da cana.
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Autoridade do Ano — Arnaldo Jardim, deputado federal Arnaldo Jardim tem uma forte relação com o setor sucroenergético. Como deputado estadual lançou à Frente Parlamentar pela Energia Limpa e Renovável, que resultou na redução do ICMS do etanol em São Paulo e na lei que disciplina a colheita mecanizada da cana. Atualmente, o deputado federal Arnaldo Jardim lidera articulações em Brasília em favor de toda a cadeia produtiva.
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Personalidade do Ano — Marina Silva, excandidata à presidência da República A historiadora Marina Silva é professora, psicopedagoga, ambientalista e política brasileira. Exministra do Meio Ambiente, foi candidata à Presidência da República em 2010 e 2014. Defende o setor sucroenergético brasileiro e, principalmente a retomada do etanol. É candidata natural à Presidência da República em 2018.
Empresário do Ano — Eduardo Junqueira da Motta Luiz, sócio diretor da Usina Açucareira Guaíra A formação em técnica agrícola e medicina veterinária beneficiou a carreira executiva de Eduardo Junqueira da Motta Luiz. Em 1980, ingressou como sócio-fundador da UAG, atuando nas áreas agrícola, informática, segurança do trabalho, assistência social e marketing.
Destaque Institucional — Orplana, recebido por Geraldo Majela de Andrade Silva, assessor técnico Aos 38 anos, a Orplana mantém o mesmo foco, que é organizar a classe dos produtores e ampliar sua representatividade no país e exterior. A entidade promove assessoria técnica, jurídica e atua na difusão do conhecimento entre as Associações de Fornecedores de Cana.
Executivos do Ano — Rui Chammas, presidente da Biosev Atualmente diretor-presidente da Biosev, o engenheiro pelo ITA Rui Chammas ocupou posições executivas na Rhodia e na Braskem. Tem colocado à disposição do setor sucroenergético a experiência adquirida no setor químico. No primeiro ano de sua gestão, recuperou o prestígio da Biosev como a segunda maior processadora de cana do País.
Executivos do Ano — Fábio Venturelli, presidente da São Martinho Fábio Venturelli assumiu em 2007 o desafio de liderar o Grupo São Martinho, recém-listado na Bovespa, ocupando as posição de Presidente. Atua, ainda, como Presidente da Nova Fronteira Bioenergia - uma joint venture entre São Martinho e Petrobras Biocombustível e integra os Conselhos de Administração da SMA (parceria entre São Martinho e Amyris Biotech), da Santa Cruz Açúcar e Álcool e do CTC — Centro de Tecnologia Canavieira.
Executivos do Ano — Paulo Fernando Bolini Kronka, diretor superintendente da Noble Brasil Desde 2010 Paulo Kronka é diretor superintendente do Grupo Noble Brasil. Responde pela área sucroenergética do Grupo em quatro Unidades de produção (Sebastianópolis do Sul, Meridiano, Potirendaba e Catanduva).
Executivos do Ano — José Antônio Bassetto Júnior, diretor superintendente (CEO) da Clealco José Antônio Bassetto Júnior é profissional de carreira da Clealco. Trabalha no grupo há 20 anos, onde iniciou com 18 anos como estagiário; Percorreu diversas áreas da empresa e recentemente foi promovido ao mais alto cargo Executivo, de diretor superintendente (CEO).
Executivos do Ano — Antonio Carlos Christiano, diretor-presidente da Usinas Itamarati Antonio Carlos Christiano assumiu, em dezembro de 2013, a função de diretor-presidente da Usinas Itamarati, tendo como desafio recuperar a liderança nos mercados onde atua, função na qual tem obtido sucesso.
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Executivos do Ano — Daniela Petribu Oirá, diretora presidente da Usina Petribu Daniela Petribu Oriá é a primeira mulher a assumir a presidência de uma usina no Nordeste. Formada em Administração de Empresas, pela UFPE, com MBA em Gestão Empresarial e Especialização em Comércio Exterior, Daniela assumiu a presidência do Grupo Petribú em janeiro de 2014, tendo atuado como diretora financeira e de controladoria desde o ano 2000.
Executivos do Ano — Paulo José Mendes Passos, diretor comercial e logística da Guarani Paulo José Mendes Passos é formado em engenharia mecânica pela UFRJ — Universidade Federal do Rio de Janeiro. Possui sólida experiência como executivo nas áreas Administrativa, Financeira e Comercial, atuando na Guarani há 15 anos, assumiu a posição de Diretor Comercial e Logística.
Executivos do Ano — Luiz Gustavo Junqueira Figueiredo, diretor comercial da Usina Alta Mogiana Luiz Gustavo é formado em administração pela FEAUSP, pós-graduado em finanças pela FVG, é diretor comercial da Usina Alta Mogiana desde 1994, membro do conselho consultivo da Câmara de Açúcar e Etanol da BMF/Bovespa, tendo presidido a mesma nos últimos seis anos e é também Membro do Conselho Deliberativo da Unica — União da Indústria de Cana-de-Açúcar
Executivos do Ano — Luiz Eduardo S. Cintra, diretor de projetos da BP Biocombustíveis O engenheiro mecânico Luiz Cintra é especialista em gestão sucroalcooleira pela Unicamp. Trabalha na BP Biocombustíveis desde 2010 e atualmente ocupa o cargo de diretor de operações do Grupo.
Executivos do Ano — Antonio Eduardo Tonielo Filho, diretor do Grupo Tonielo Antonio Eduardo Tonielo Filho é o atual presidente do Ceise-Br (Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis); é primeiro vice-diretor do Ciesp Sertãozinho (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo); e diretor da Usina Viralcool (Pitangueiras), e da Destilaria Santa Inês (Sertãozinho).
Executivos do Ano — Sandro Cabrera, conselheiro e diretor da Usina Estiva O conselheiro e diretor da Usina Estiva, Sandro Henrique Sarria Cabrera foi destaque por sua eficiência e dinamismo à frente da diretoria comercial. Este ano, a Usina Estiva recebeu nove indicações ao prêmio MasterCana Social tronando-se a Empresa do Ano em Responsabilidade Empresarial. resultado de competência e trabalho de equipe, característicos de Sandro Cabreira.
Executivos do Ano — João Henrique de Andrade, Diretor Industrial e Administrativo da Usina Pitangueiras A Usina Pitangueiras tem investido em busca de melhorias nas áreas agrícola e industrial e João Henrique de Andrade participa ativamente deste processo. Exemplo disso é recolhimento e desfardamento da palha, que tem melhorado seu rendimento agrícola com início da rebrota mais rápido, além de gerar um faturamento extra com a cogeração de energia na entressafra.
Executivos do Ano — José Rubens Bevilacqua, diretor da Bioenergética Aroeira José Rubens Bevilacqua iniciou sua trajetória na AKZ Turbinas. Na Zanini, foi vice-presidente, membro do Conselho de Administração e vice-presidente da Zanini Internacional. Em 1983 fundou as empresas Planalcool e CP Construplan e foi vice-presidente da Destilaria Cachoeira. Atualmente, exerce os cargos de sócio-diretor industrial da Bioenergética Aroeira e das empresas CP Construplan e Perplan.
Executivos do Ano – Bioeletricidade — Paulo Cesar Costa, diretor do Grupo Energisa O engenheiro químico Paulo Cesar Costa é responsável pela administração do Contrato de Operação e Manutenção das unidades com o Grupo Tonon, nas UTE´S de Santa Cândida (SP) e Vista Alegre (MS). Atua diretamente nas ampliações das termelétricas dos atuais 60 MW para 175 MW com um capex previsto de R$ 350 milhões. Atua também com sucesso na prospecção de novos negócios na área de biomassa.
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MasterCana Desempenho — Sustentabilidade — São Martinho, representada por Fábio Venturelli, presidente da São Martinho O Grupo São Martinho utiliza as mais modernas técnicas de conservação da terra como a rotação de culturas, o cultivo em nível, terraços e preparo reduzido e localizado. Ações como estas provam que a sustentabilidade é um dos pilares estratégicos da empresa.
MasterCana Desempenho — Preservação Ambiental - Usina Açucareira Guaíra, representada por Anderson Faria Malerba, engenheiro ambiental A Usina Açucareira Guaíra preserva hoje para garantir o amanhã. No final de 2013, iniciou o processo de certificação ambiental com o “Programa Valore” da Bayer, já sendo certificada com o selo bronze em junho de 2014. A empresa foi a primeira a atingir 100% de conformidade em todos os 140 requisitos do programa.
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MasterCana Desempenho — Estratégia & Gestão Biosev S.A, representada por Rui Chammas, presidente A Biosev conseguiu resultados expressivos com a receita de energia a partir do bagaço de cana, além de promover inovações em diversas áreas da empresa. No primeiro semestre da safra 2014/15, a empresa lucrou 35% a mais com a bioeletricidade e o volume de cogeração cresceu 21,4% no segundo trimestre.
MasterCana Desempenho — Responsabilidade Social - Usina São José da Estiva, representada por Sandro Cabrera, conselheiro e diretor da Usina Estiva Em 50 anos a Estiva construiu uma reputação sólida no setor sucroenergético, com ênfase no desenvolvimento socioeconômico da comunidade. Investimentos pontuais ou perenes mantêm dezenas de projetos que atendem da criança ao idoso, em ações de forte impacto. Destaque para nove projetos que alcançaram, ou alcançam, 40 mil pessoas e representam investimentos acima de R$ 4,3 milhões.
MasterCana Desempenho — Bioenergia — CerradinhoBIO, representada por Luciano Sanches Fernandes, presidente Instalada em Chapadão do Céu, GO, a Cerradinho Bioenergia possui capacidade para moer 4 milhões de toneladas de cana e tem conseguido incrementar o caixa através dos bons resultados da produção de bioeletricidade. O excedente tem sido negociado no mercado à vista, gerando um saldo que deverá ser reinvestido no parque industrial.
MasterCana Desempenho — Tecnologia Agrícola — representada por Paula e Sofia Junqueira da Motta Luiz, assessoras de diretoria A Usina Guaíra possui sistemas de planejamento em todos os cenários do processo agrícola, com regras que indicam insumos adequados e apontamento de operações via GPRS. Em agricultura de precisão possui GPS em 100% do plantio e boa parte da colheita, que há 5 safras é 100% mecanizada. Aplicação de corretivos de solo em taxa variável e equipamentos de alta tecnologia contribuem para o aumento da sua produtividade.
PATROCINADORES
MasterCana Desempenho — Atendimento ao cliente interno e externo – Raízen — representada por Walter Favaretto Junior, gerente de recursos humanos e CSC A Raízen se destaca como uma das empresas do setor sucroenergético mais competitivas do mundo. Aposta na inovação, na tecnologia e no talento de cerca de 40 mil funcionários para gerar soluções sustentáveis que contribuem para o desenvolvimento econômico do país de forma ética, com respeito às pessoas e ao meio ambiente.
“Este foi um ano difícil, com perdas ao longo do caminho. Mas, assim como este setor, somos guerreiros. O ano vai acabar e outro virá, com uma nova esperança. Estamos prontos para ajudar este setor”. Mauro Moratelli, gerente comercial da unidade de serviços da TGM
“As principais personalidades passam pelo MasterCana e apoiar esta iniciativa evidencia os princípios e comprometimento de nossa empresa com esse segmento”. Renato Malieno Nogueira, presidente da HPB Energia
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Fornecedor Mais Indicado — Comercialização & Finanças — CPFL Brasil — representada por Luiz Ricardo Vargas, gestor de comercialização de energia
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Fornecedor Mais Indicado — Agrícola/CCT — Produtos e Insumos — Syngenta — representada por Adriano Vilas Boas - diretor de marketing de cana
Fornecedor Mais Indicado — Administração & Finanças — Valormax Consultoria — representada por Sérgio Duque Estrada, sócio-diretor e fundador da empresa
Fornecedor Mais Indicado — Comercialização & Finanças — SCA Etanol do Brasil — representada por Martinho Seiiti Ono, diretor
Fornecedor Mais Indicado — Administração & Finanças — ABS Consultoria — representada por Vital Balboni, CEO
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Raízen inaugura sua primeira planta de etanol 2G JOSIAS MESSIAS,
DE
PIRACICABA, SP
A Raízen inaugurou na manhã do dia 17 de dezembro, sua primeira unidade de etanol celulósico no país. No final de novembro, produziu o biocombustível que foi comercializado em um posto da rede Shell. Para celebrar a chegada do novo etanol aos consumidores, a Raízen disponibilizou no dia da inauguração 200 mil litros do combustível em um posto de abastecimento da cidade. O etanol de segunda geração da companhia será destinado à comercialização no Brasil. Localizada em Piracicaba (SP), a planta terá capacidade
para gerar anualmente 40 milhões de litros de etanol celulósico. A companhia aposta fortemente no biocombustível, que é obtido a partir de bagaço e palha da cana-de-açúcar. O projeto tem potencial para aumentar em até 50% a produção de etanol da Raízen. Parte dos recursos vindos do BNDES, R$ 237 milhões, foram investidos na planta, construída estrategicamente ao lado da unidade Costa Pinto, já dedicada à produção de etanol de primeira geração. A proximidade e a sinergia entre as duas unidades conferem ganhos logísticos e de custo, proporcionando eficiência e competitividade a todo o processo produtivo.
Grupo é pioneiro em produzir o biocombustível de biomassa em escala material
Parceria com empresa canadense de biotecnologia
Enzimas são fornecidas pela Novozymes
Raízen planeja construir mais 7 plantas de etanol celulósico até 2024 As enzimas que atuam na conversão do material celulósico em açúcar – uma das etapas do processo de fabricação do etanol – são fornecidas pela Novozymes, parceira da Raízen no fornecimento e aprimoramento da tecnologia enzimática. Além da primeira unidade em
Piracicaba, a Raízen planeja a construção de mais sete plantas de etanol celulósico até 2024, todas próximas a unidades de produção de primeira geração já existentes. A expectativa é que, operando com capacidade máxima, as unidades produzam um bilhão de litros
de etanol. O etanol de segunda geração é um produto sustentável e a solução apresentada pela indústria sucroenergética para a construção de um futuro com cada vez menos emissões de carbono. (JM)
Desde 2012, a Raízen, em parceria com a Iogen Corporation, empresa canadense de biotecnologia, mantém uma planta teste de etanol celulósico na cidade de Ottawa, no Canadá com o objetivo de adquirir a expertise necessária para implementar a primeira unidade comercial da Raízen no Brasil. Os testes incluíram o envio de mais de 1.000 toneladas de bagaço de cana-deaçúcar para o Canadá para o aprimoramento das técnicas de produção de etanol celulósico. Juntas, Raízen e Iogen Corporation são acionistas da Iogen Energy, uma joint venture 50% / 50%, detentora da tecnologia de processo da biomassa para produção do etanol de segunda geração. “Com o aprendizado adquirido durante os testes no Canadá, a Raízen acredita no potencial do etanol celulósico para atender à demanda crescente por biocombustíveis no Brasil e no mundo e seguirá investindo nesta tecnologia”, afirma Pedro Mizutani, vice-presidente de Etanol, Açúcar e Bioenergia da Raízen. (JM)
Raio X do Grupo
Grupo conta com mais de 30 mil funcionários
O grupo se destaca como uma das empresas de energia mais competitivas do mundo e uma das cinco maiores em faturamento no Brasil, atuando em todas as etapas do processo: cultivo da cana, produção de açúcar, etanol e energia elétrica, comercialização, logística interna e de exportação, distribuição e varejo de combustíveis. A companhia conta com mais de 30 mil funcionários, que trabalham todos os dias para gerar soluções sustentáveis que contribuam para o desenvolvimento do país, como a produção de bioeletricidade e do etanol de segunda geração a partir dos coprodutos da cana-de-açúcar.
Com 24 unidades produtoras, a Raízen produz cerca de 2 bilhões de litros de etanol por ano, 4,5 milhões de toneladas de açúcar e gera mais de 900 MW de energia elétrica a partir do bagaço da canade-açúcar. A empresa também está presente em 58 aeroportos, possui 60 terminais de distribuição e comercializa aproximadamente 23 bilhões de litros de combustíveis para os segmentos de transporte, indústria e varejo. Conta com uma rede formada por 5.245 postos de serviço com a marca Shell, responsáveis pela comercialização de combustíveis e mais de 900 lojas de conveniência Shell Select. (JM)
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Aneel muda regra e teto do PLD será menor Teto do PLD de R$ 822,83, cairá para R$ 388,48/MWh em 2015 ANDRÉ RICCI, DA REDAÇÃO
A crise hídrica que trouxe prejuízos, principalmente, ao Estado de São Paulo, sobretudo aos canaviais desta região, ofertou aos empresários a possibilidade de comercializar energia elétrica ao mercado spot. Diversas usinas canavieiras aproveitaram a oportunidade para equilibrar as finanças, como é o caso da Usina Pitangueiras, no interior de São Paulo.
Contudo, para o próximo ano, ainda que as condições hídricas se mantenham, os ganhos serão menores. Isso porque em 25 de novembro a Aneel — Agência Nacional de Energia Elétrica homologou os limites máximo e mínimo do PLD — Preço de Liquidações de Diferenças em R$ 388,48/MWh, ante R$ 822,83; e R$ 30,26/MWh, ante R$ 15,62; respectivamente. A decisão levou em consideração a Consulta Pública 9/2014 e a Audiência Pública nº 54/2014. Na definição do limite máximo foram considerados os custos variáveis das usinas termelétricas e para o limite mínimo, os custos operacionais das usinas hidrelétricas, segundo a Agência. O novo limite, diz a Aneel, contribui para reduzir o risco financeiro do
mercado de curto prazo, sem prejudicar a expansão do sistema e os sinais de preço para o comportamento eficiente da demanda. De acordo com uma fonte do setor, o limite máximo aprovado para o PLD ainda é elevado quando comparado, por exemplo, com o preço médio de aquisição das distribuidoras no ano de 2014, da ordem de R$ 159/MWh. “Nesse sentido, o principal efeito do novo limite é a redução do risco de exposição ao mercado de curto prazo, o que beneficia tanto geradores quanto consumidores”. Zilmar de Souza, gerente em bioeletricidade da Unica — União da Indústria de Cana-de-Açúcar, explica que as regras previstas para os leilões de energia permanecem as mesmas e que a
Aneel: definição do limite máximo considerou custos de termelétricas
proposta visa a mudança apenas para a comercialização adicional de energia, via mercado spot. A Aneel ainda implementará, em 2015, aperfeiçoamentos na sinalização de preços para o consumidor cativo, cuja demanda representa cerca de 75% da carga do Sistema Interligado Nacional. O primeiro deles é a criação do sistema de bandeiras tarifárias, a partir de janeiro, onde a tarifa será ajustada mensalmente, conforme o patamar de PLD, para indicar ao consumidor o custo de produção da energia consumida mensalmente. O segundo é a incorporação da exposição involuntária prevista para o ano corrente nas movimentações tarifárias em processamento, em vez de repassar somente no ano seguinte.
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Nigéria pretende produzir 5 milhões de toneladas de cana a partir de 2015/16 WELLINGTON BERNARDES, DA REDAÇÃO
O governo federal da Nigéria anunciou em 8 de dezembro o avanço na implantação do programa de produção de cana-de-açúcar em larga escala. Com o funcionamento desta iniciativa, o país terá um salto produtivo, atualmente 1,3 milhão de toneladas de cana-de-açúcar são produzidas anualmente. Em pleno funcionamento, o programa permitirá uma produção superior a 5 milhões de tonelada por ano. Com a queda no preço do barril de
Transporte de cana na Nigéria
Tailândia exportará 500 mil t de açúcar no 1º trimestre de 2015 Na primeira semana de dezembro de 2014, dia 4, a Tailândia fechava acordos comerciais para exportação de açúcar. O produto, que será entregue para a China, Japão, Indonésia e Coreia do Sul, chegará aos países no primeiro trimestre deste ano. No total serão 500 mil toneladas de açúcar enviadas para estes países. Traders que comercializam com o país afirmaram que lotes de dezembro já haviam esgotado no final de novembro e a Tailândia se adiantava em comercializar no mercado spot montantes para 2015. Segundo apurou o jornal Daily Times, 350 mil toneladas foram enviadas para os portos logo após negociação. A Tailândia aproveita as incertezas no mercado internacional causadas pela indefinição de auxílio à exportação de açúcar para as usinas na Índia. Até o momento traders indianos não fecharam acordos comerciais.
petróleo, investimento para a diversificação na geração de renda são importantes para estabilidade econômica do país africano. A cultura canavieira além de gerar renda aos agricultores, proverá diversos produtos que abasteceram o mercado doméstico, como biocombustível e açúcar. Conforme anunciou o ministro da indústria, comércio e investimento, Olusegun Aganga, a expectativa é que o projeto funcione plenamente a partir da safra 2015/16, diminuindo a necessidade de importação de açúcar e aquecendo a indústria local, com criação de empregos e renda para a população local.
Fiji articula financiamento europeu para logística da cana Indústrias do setor de açúcar de Fiji articulam para que o fundo de apoio europeu forneça os 17 milhões de dólares para desenvolvimento da cultura canavieira no país. Fornecedores argumentam que estes recursos facilitarão as etapas de corte, colheita e transporte (CCT) da matériaprima. O governo local sinalizou a destinação de 4 milhões de dólares para melhorias nas rodovias do país. Caso liberado, o recurso europeu será destinado à melhoria de rodovias, ferrovias e pontes que integram a logística da cana entre usinas e fornecedores. Três regiões do país serão beneficiadas, Koronubu, Drasa e Malolo. A Usina Rarawai, localizada em Ba, região pertencente a Koronubu, detém os melhores números de moagem no país, em 2014 a usina moeu 592 mil toneladas de cana-deaçúcar.
Usinas do Paquistão ofertarão energia elétrica ao país Motivadas pelos incentivos do governo à geração de energias renováveis, usinas de açúcar no Paquistão se inscreveram em um programa para obtenção de licença para produção de energia termelétrica através da queima do bagaço da cana-de-açúcar. Segundo porta-voz do governo, diversas usinas já apresentaram projetos para fornecimento de energia ao país. Nesta sexta-feira, 21, o governo confirmou o interesse de mais três usinas, que juntas acumulam oferta de 90 megawatts para suprimento nacional. O Paquistão é o quinto maior produtor de cana-de-açúcar, com produção superior a 50 milhões de toneladas por ano, que geram aproximadamente 10 milhões de toneladas de bagaço que podem ser destinados à cogeração. O país atualmente compra o excedente energético de sete usinas. A safra no Paquistão acontece de novembro até abril, época em que o país possui baixa oferta energética devido à escassez de água e gás. A inclusão de fontes renováveis ajudará na diminuição de gastos com importação de petróleo.
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Assepsia de moendas reduz contaminação no processo industrial RENATO ANSELMI,
DE
CAMPINAS, SP
Limpeza na dose certa nunca foi demais. E ela é muito bem-vinda, principalmente se der “sinal de vida” com frequência, em uma das principais portas de entrada das plantas industriais de usinas e destilarias: a moenda. Em tempos de colheita mecanizada, essa é uma das medidas consideradas importantes para afastar – ou pelo menos reduzir – a contaminação bacteriana do processo de produção. A assepsia de moendas forma inclusive uma boa dupla com a cana limpa, que tenha baixa quantidade de impurezas minerais e vegetais. Aliás, matéria-prima de qualidade também é “festejada” no setor de recepção da unidade industrial que conta, em diversos casos, com a ajuda do sistema de limpeza a seco. Características indesejáveis da cana, como baixo índice de impurezas e tempo de queima inadequado – onde ainda é adotada essa prática – ajudam, no entanto, a proliferar microrganismos em diversos pontos da moenda. Em qualquer situação, a assepsia é considerada fundamental para o processo. Apesar de o caldo passar por uma “pasteurização”, que inclui o seu aquecimento, isto não é nenhuma garantia, afirma Antonio Carlos Viesser, gerente industrial das usinas paulistas Santa
Unidades da Tonon lavam equipamentos com água fria nos três turnos
Cândida e Paraíso (Grupo Tonon). Quanto melhor esse caldo chegar para a etapa de tratamento, melhores são os resultados obtidos no processo de produção. Além disso, ocorre uma diminuição da quantidade de insumos utilizados. Essas unidades usam, na assepsia das moendas, bactericida quando há necessidade e lavagem com água fria – informa. Segundo ele, a utilização de água
é feita com baixo volume, porém com alta pressão. A lavagem é realizada diariamente, nos três turnos de trabalho da unidade industrial. Cada um deles faz a assepsia em uma parte específica do sistema de moagem. A Santa Cândida e a Paraíso deixaram de usar água quente – que é utilizada por diversas usinas e destilarias – por causa do risco de acidentes para os
funcionários da empresa, observa Viesser. “A água quente pode espirrar no colaborador, queimando o rosto ou a mão. Às vezes, escapa a mangueira quando passa alguém por perto”, detalha. Em outras situações, o profissional que está fazendo a lavagem com água quente não percebe a presença de uma pessoa do outro lado, podendo provocar também acidente neste caso – diz.
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Análise da área de microbiologia identifica pontos mais críticos O sistema adotado pela Santa Cândida e Paraíso tem sido eficiente, afirma Antonio Carlos Viesser. “O segredo é não deixar proliferar bactérias”, enfatiza. Esse trabalho conta com o acompanhamento da área de microbiologia. “O laboratório, na verdade, é quem determina a periodicidade da limpeza e avalia os pontos que estão mais críticos a partir da utilização de um check list”, revela. “Pode ser que a lavagem dos ternos esteja programada para um determinado dia, porém a microbiologia identifica que as caixas estão em piores condições. Neste caso, a programação é mudada e ocorre, primeiramente, a lavagem das caixas”, exemplifica. De acordo com ele, o trabalho é planejado em conjunto pela microbiologista e os líderes de extração. Entre os pontos mais críticos de contaminação estão a gamela – onde cai o caldo embaixo da moenda – calhas, peneira, rosca, destaca Viesser. “Mas, é necessário ficar atento a todos os locais. A área de microbiologia faz a análise diária. É preciso trabalhar dentro de um limite aceitável”, comenta. Quando há a identificação de um aumento de bactérias em determinado ponto, existe a necessidade da adoção de medidas especificas. A lavagem com água fria é o procedimento adotado na maioria dos casos. Em algumas situações especificas, ocorre a utilização de bactericida. Esse produto é usado com pouca frequência, afirma Viesser. A entrada de cana mais velha na indústria, que é acompanhada de aviso da área agrícola, já pode ser motivo para o uso de bactericida, observa o gerente industrial. Apesar de não utilizar mais queima da palha para a colheita, o fogo torna necessário o emprego de produto químico, para evitar o aumento de bactérias, em algumas situações específicas. “No caso de incêndio acidental na lavoura, há todo um trâmite para cortar essa cana. É preciso fazer um boletim de ocorrência e esperar a liberação por parte do órgão da área ambiental. Às vezes,
Antônio Viesser: bactericida é utilizado em situações específicas
demora dez dias. O prazo compromete a qualidade da matéria-prima. A usina não vai jogar a cana fora. Não tem nem onde por”, detalha
Segundo ele, a usina precisa realmente moer essa cana velha, que pode gerar problemas de contaminação no processo industrial. “Nessa hora, é bom fazer uma
dosagem de bactericida”, diz. De maneira geral, o produto é aplicado para dar um choque, quando há um alto índice de infecção – ressalta. (RA)
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Tecnologia de reúso leva setor a vencer crise hídrica RENATO ANSELMI,
DE
CAMPINAS, SP
Unidades industriais de usinas e destilarias não tiveram, de maneira geral, grandes transtornos com a crise hídrica que abalou seriamente a região Sudeste, principalmente o estado de São Paulo, em 2014. E isto não aconteceu por acaso. “Felizmente, o setor já fez a lição de casa há muito tempo”, afirma o engenheiro civil André Elia Neto, consultor ambiental e de recursos hídricos da Unica – União da Indústria de Cana-de-Açúcar. Usinas e destilarias têm atualmente uma demanda de água dez vezes menor em comparação a trinta, quarenta anos atrás, enfatiza. “Isto foi diminuindo paulatinamente”, observa. O setor reduziu a captação, que ficava entre quinze a vinte metros cúbicos de água por tonelada de cana processada, para um a dois metros cúbicos. Essa performance altamente positiva na gestão hídrica deu uma certa tranquilidade ao setor – esclarece André Elia – em relação à concorrência com a captação de outros segmentos. Se problemas ocorreram em 2014 na atividade devido à falta de água no processo de produção industrial, estiveram restritos a poucos casos isolados. O consultor da Unica teve conhecimento de apenas uma situação em que uma usina paulista, de pequeno porte, passou por alguns transtornos. Apesar de ter uma utilização significativa de água, o setor pratica o reúso, o que acaba exercendo menor pressão nos recursos hídricos – observa. “A mesma água é reutilizada várias vezes no processo. Houve o fechamento de circuitos, a partir do desenvolvimento de projetos de engenharia, o que exigiu
André Elia Neto: investimentos em reúso da água diminui captação
bastante investimento”, comenta. Além de adotarem uma prática de sustentabilidade ambiental, as usinas e destilarias se precaveram, com a redução da captação, em relação à cobrança pelo uso da água que teria um impacto econômico muito grande nos patamares de antigamente – avalia. O valor da cobrança de água é pequeno quando a usina está enxuta – afirma. E essa redução de despesa tornou-se um componente positivo para viabilizar projetos
do setor voltados ao reúso e de fechamento de circuito. “A cobrança teria um impacto mais severo se fosse circuito aberto”, afirma. De acordo com ele, até 2017, ou no máximo 2018, vinte Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado de São Paulo, dos 22 existentes, vão estar cobrando pelo uso da água. “Emitindo boleto em 2014, o total não passou de dez. Em 2015, o número deve aumentar para quinze”, informa.
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Novas medidas reduzem captação e evitam surpresas A estiagem foi um dos fatores responsáveis pela queda da produtividade agrícola nas lavouras de cana-de-açúcar na safra 2014/15. Mas, não afetou ainda, de maneira geral, o processo de produção industrial. Se o baixo índice pluviométrico persistir durante o verão e se a estiagem se prolongar por mais um ano, certamente o setor vai ter que se preocupar com um plano de contingência – alerta André Elia Neto, da Unica. “Haverá pressões de outros segmentos, principalmente do setor urbano, para que as captações diminuam e, provavelmente a atividade será afetada como todas as outras indústrias”, comenta. A implantação de novas medidas que reduzam ainda mais a captação deve ser pensada a curto prazo caso haja um prolongamento da estiagem e também a longo prazo para as usinas se prepararem em relação a situações futuras – afirma. A realização de investimentos em tecnologias e novas medidas, que proporcionam economia ainda maior de água, não pode ser descartada. Uma das soluções nessa área é a implantação de sistemas que possibilitem a utilização de maior quantidade de água contida na própria cana-de-açúcar, como o uso de tecnologias voltadas à concentração de vinhaça – observa o especialista. A abertura de mais poços de água
Reúso é importante em períodos de prolongamento da estiagem
subterrânea, com as devidas outorgas, para se ter uma reserva técnica, também deve ser considerada – diz. Segundo ele, outra ações
recomendadas são a construção de pequenas barragens e reservatórios para o armazenamento de água da chuva e a intensificação do uso de efluentes.
“Essas medidas podem evitar que o setor seja pego de surpresa com o agravamento da crise hídrica”, enfatiza. (RA)
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Usinas ainda precisam se enquadrar
Bacia hidrográfica do complexo Cantareira
“Há poucas usinas no estado de São Paulo que têm uma captação média acima da que é praticada pelo setor, que é de um a dois metros cúbicos por tonelada de cana”, afirma André Elia Neto, Algumas unidades sucroenergéticas estão abaixo dessa média, captando 0,7 m³ por tonelada de cana – exemplifica. “As usinas que estão fora dos indicadores vão ser obrigadas, de certa forma, a correr atrás desses resultados. As certificações já estão impondo esse nível de captação”, ressalta. Segundo ele, na média, o setor está muito bem nessa área. (RA)
Atividade sucroenergética pode se Diana faz destinação correta de resíduos tornar autossuficiente em água A normalização da situação das bacias hidrográficas ainda vai demorar, mesmo que ocorra a intensificação das chuvas. Dos 22 Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado de São Paulo, quinze deles têm usinas – informa André Elia Neto. “A vantagem é que o setor não depende de grandes reservatórios, como o Sistema Cantareira. Há, nesse caso, um reflexo indireto. As usinas na região do Cantareira ficam mais abaixo de Campinas, onde há um pouco mais de disponibilidade de água”, diz Em relação à oferta mínima de água no estado de São Paulo, o setor demanda de 1,7% a 3,5% do total, calcula o consultor da Unica. “O peso varia conforme a bacia hidrográfica. O setor está enxuto em termos de pressão nos recursos hídricos. É claro que a ideia é reduzir ainda mais”, afirma A tendência é que a atividade industrial de usinas e destilarias se torne cada vez mais autossuficiente em água, reproduzindo em relação aos recursos hídricos o que já acontece com a geração de energia – ressalta. “Uma parte da água da cana é utilizada. Na fabricação do açúcar, as águas condensadas são reaproveitadas para processos menos problemáticos, como lavagem de equipamentos. No final, todas as águas residuárias acabam
indo para a lavoura, ajudando um pouco na irrigação de salvamento da soca de cana”, detalha. Segundo ele, essa medida amenizou um pouquinho a queda de produtividade agrícola nessa época de crise. Outra parte da água da cana, que ainda não é totalmente aproveitada no processo, está na vinhaça. Mas, a sua reutilização depende da implantação da tecnologia de concentração desse efluente da produção de etanol. “Há aproximadamente uma dezena de usinas que adota esse sistema. Proporciona economia na distribuição de vinhaça nas lavouras de cana. Mas, ainda é muito caro e, provavelmente não tem, em diversos casos, uma equação de viabilidade econômica. A tendência é que isto venha a acontecer, com equipamentos cada vez mais modernos e baratos”, prevê. André Elia Neto lembra ainda que o setor praticamente parou de lavar a cana. Muitas usinas fazem inclusive limpeza a seco. A implantação de novas tecnologias tende a tornar a atividade sucroenergética cada vez menos dependente da captação. Esses investimentos podem substituir inclusive a necessidade de adoção de outras medidas, como furar novos poços. Mas, economicamente essas ações ainda não são vantajosas – avalia. (RA)
A economia de água não é a única preocupação das unidades sucroenergéticas na área de preservação ambiental. Além de adotar medidas para tratamento e reúso de água, a Usina Diana, de Avanhandava, SP, faz a destinação correta, por exemplo, de todos os resíduos produzidos, que são encaminhados a uma central. A partir disso, são destinados a aterros licenciados ou para a reciclagem – se for o caso –, de maneira a atender a legislação vigente, afirma Luiz Afonso Kool Artioli, gerente de sustentabilidade dessa unidade sucroenergética. “As embalagens de defensivos agrícolas são encaminhadas a uma central fiscalizada pela Secretaria de Agricultura. Também possuímos estação de tratamento de esgotos domésticos”, informa. As ações na área ambiental da Usina Diana contam com a participação e o envolvimento dos funcionários da empresa. “Os colaboradores são orientados quanto à destinação correta dos resíduos gerados, e a importância da economia e reúso da água”, ressalta Luiz Artioli. Segundo ele, a empresa também possui dois projetos anuais para os filhos dos colaboradores. “Neles são sempre abordados a questão da preservação ambiental”, observa. (RA)
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Escolha correta assegura eficiência de equipamentos de controle RENATO ANSELMI,
DE
CAMPINAS, SP
A preocupação de usinas e destilarias com a sustentabilidade ambiental da atividade sucroenergética tem sido acompanhada por alternativas e soluções tecnológicas que criam condições para a destinação e aproveitamento correto de efluentes e resíduos industriais, redução da poluição, economia e reúso de água. O mercado fornecedor disponibiliza também equipamentos de controle ambiental, como filtros e lavadores de gases, que têm a finalidade de reduzir as emissões de poluentes provenientes da queima da biomassa da cana nas caldeiras. A opção mais adequada vai depender das características de cada projeto de geração de energia e dos equipamentos utilizados para controle de poluentes. A queima de bagaço gera em torno de quinhentas toneladas de gases, que contêm aproximadamente cem toneladas de água, no caso da utilização de uma caldeira com capacidade de produzir duzentas toneladas/hora de vapor. Em decorrência disso, um projeto elaborado adequadamente deve levar em conta a necessidade de cuidados especiais para que a temperatura na parte superior da caldeira não esteja próxima ao ponto de orvalho, o que acarreta condensação e sérios problemas de corrosão. Se a opção para a separação de fuligem for o uso de lavadores de gases, poderá
haver um aumento dos problemas de corrosão nos dutos posteriores das caldeiras. Para que sejam evitados contratempos, a orientação de especialistas, neste caso, é a construção de dutos em chapas de aço inoxidável. Existe atualmente, no entanto, uma alternativa, considerada avançada, que é a utilização de precipitadores eletrostáticos, que não requerem o consumo de água. Esse
tipo de equipamento faz a separação dos particulados por meio de eletrodos de coleta especialmente projetados para essa finalidade. O sistema opera por meio da aplicação de alta voltagem, permitindo que as partículas sejam carregadas eletricamente. Pode atingir uma eficiência de separação de até 99%. O mercado oferece ainda filtros de mangas com sistema de limpeza automático por meio
da utilização de jatos de ar comprimido. Para aumentar a eficiência do sistema de geração de vapor, existe também a necessidade da escolha de ventiladores e exaustores que apresentam capacidade proporcional ao tamanho das caldeiras. Caso isto não ocorra, poderá haver prejuízo ao sistema de ventilação/exaustão e também para o rendimento na produção de vapor da caldeira. (RA)
Tecnologias modernas contribuem para a preservação ambiental Existem diversos processos e equipamentos que contribuem para a preservação ambiental nas plantas industriais de usinas e destilarias. Alguns deles desempenham um papel importante para o reaproveitamento e economia de água, como sistema de limpeza a seco, condensador evaporativo, concentrador de vinhaça, evaporador para concentração de caldo. Com o fim da queima da palha da cana e a implantação do sistema mecanizado de cana crua, unidades substituíram a lavagem da cana na mesa alimentadora por algum tipo de sistema de limpeza a seco que utiliza processos de ventilação e tombamento visando a eliminação de impurezas da matériaprima. As tecnologias voltadas à concentração da vinhaça também favorecem a redução do consumo hídrico, pois possibilitam o aproveitamento da água retirada deste efluente da destilação do etanol no processo industrial. O volume de vinhaça é de treze litros, em média, por litro de etanol produzido na destilaria. Com a concentração, esse volume cai para 1,3 litro de vinhaça por litro de etanol. Esses sistemas possibilitam a diminuição significativa de custos com o transporte e a distribuição da vinhaça utilizada na adubação das lavouras de
Sistema de limpeza a seco é aliado da economia de água
cana-de-açúcar, além da redução de despesas com fertilizantes. A vinhaça concentrada possui, em média, trinta quilos de potássio por metro cúbico; sem concentração, a quantidade de potássio fica em torno de cinco kg/m³. Entre outras soluções ambientalmente corretas disponibilizadas pelo mercado fornecedor, o condensador evaporativo – ainda pouco utilizado no setor– se destaca
pelo baixo consumo energético e, principalmente, pela economia significativa de água, dispensando a utilização de torres de resfriamento e de sprays aspersores. O condensador evaporativo é autônomo e não requer a utilização de fontes externas de água. Elimina a captação e o bombeamento que fazem parte dos sistemas convencionais. Pode ser instalado em equipamentos que exigem
uma condensação final de vapor, como cozedores e turbinas de condensação. Em diversas situações, a água de reposição do condensador evaporativo é o próprio condensado que é recuperado do sistema. Esse equipamento não requer a utilização de produtos químicos, incluindo algicida, pois não há necessidade de tratamento de água, como ocorre nas torres. Outra vantagem do condensador evaporativo é o baixo custo de manutenção. Modernos sistemas de evaporação de caldo, que usam o condensador evaporativo, são também aliados da redução do consumo de água nas plantas industriais de unidades. A economia de água tem sido um diferencial importante de diversas soluções tecnológicas existentes atualmente. Um processo de filtração do lodo proveniente da decantação do caldo de cana, entre outros exemplos, apresenta uma redução de 50% do consumo de água para lavagem da torta e tela quando comparado com a prensa desaguadora. Toda essa economia, proporcionada por diversos equipamentos, torna-se ainda mais relevante quando associada a implantação de sistemas de tratamento de efluentes e de reúso de água. O mercado oferece também processos econômicos e equipamentos de qualidade nessa área. (RA)
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Manuseio correto da cana industrial reduz custos WELLINGTON BERNARDES,
DE
RIBEIRÃO PRETO, SP
Fundamental para o desenvolvimento da agroindústria canavieira, o correto manuseio da cana-deaçúcar desde a colheita até a moagem pode incrementar a produtividade industrial, resultando em produtos com menores custos e maior qualidade. Atentos a esta importante etapa do fluxograma de produção de açúcar e etanol, a Sinatub tecnologia em parceria com a ProCana Brasil organizou em Ribeirão Preto, SP, o Curso de Recepção, Preparo e Extração. O evento ocorreu nos dias 27 e 28 de novembro e ofereceu aos 100 participantes 16 palestras, um painel para discussão sobre o tema com os principais gestores industriais de usinas, além da integração com as atuais tecnologias disponíveis no mercado, com a apresentação de produtos de 13 diferentes empresas na feira de utilidades. Para esta edição, 15 usinas participaram através de seus gestores e diretores, permitindo a ilustração de diferentes casos e experiências sobre o tema. Luiz Cláudio, diretor da Sinatub, explicou que evento supre uma demanda já existente no setor. “A presença de gestores da área de extração é fundamental para fortalecer a discussão em nossas palestras, podemos entender a realidade de cada grupo e usina e discutir as melhores tomadas de decisão”. O engenheiro Paulo Rogério Vizin, gerente da divisão açúcar e etanol da Fundição Moreno, foi responsável pelas duas palestras inaugurais do evento e abordou o torque e potência em moendas e posteriormente falou sobre a utilização de camisas perfuradas para melhoria do desempenho das moendas.
Para Vizin, é importante trazer estes temas para compreensão do correto manejo e processamento industrial da matéria-prima. “Temos que desmistificar os conceitos que envolvem o torque necessário para o trabalho da moenda e a potência necessária para a realização do seu trabalho. Em novas instalações ou nas ampliações de capacidade, erros podem ocorrer na seleção dos acionamentos, podendo comprometer o desempenho do processo de moagem”, explicou. Ao final do primeiro dia de palestras, o painel com os gestores foi formado para apresentar a realidade nas usinas do país. Participaram do debate, Guilherme Prado, assessoria de tecnologia do Grupo São Martinho; Paulo de Tarso Delfini, consultor em extração e preparo do Grupo Raízen; Luiz Magazoni, diretor industrial da Usina São Domingos; Ricardo Steckelberg, gerente corporativo da Jalles Machado e Oscar Ramiro Carrasque, gerente industrial da Nardini. A moderação do debate ficou com Anderson Trigo, diretor da Spectra. Durante a conversa, os participantes abordaram os profissionais sobre os maiores entraves experimentados em suas empresas. Para os gestores é preciso maior enfoque no treinamento dos envolvidos nestes processos de recepção, preparo e extração. Luiz Magazoni iniciou o debate afirmando que devemos nos atentar a dois pontos, custo e gestão de pessoas. “Seja qual for a tecnologia adotada nas usinas, tem que ter o envolvimento do nosso pessoal; o responsável pela moenda é fundamental para que o processo aconteça de maneira correta”, explica. Paulo Delfini, complementou ressaltando a importância de capacitar a equipe para entender o processo industrial. “As equipes que manejam a matéria-prima na indústria são carentes de informação e treinamento, isto atrasa todo o processo e diminui nossa eficiência produtiva”, explicou.
D EPO I M ENTOS
“
RENOVAR CONHECIMENTO
“A atualização neste segmento é muito importante, precisamos sempre renovar nosso conhecimento teórico e prático, e isto é possível na proposta do curso”. Fábio Soares, mecânico de manutenção da Usina Batatais
ENCONTRO PROFISSIONAL “Viemos para aprofundar nosso conhecimento sobre o assunto, mas notamos que além de conteúdo apresentado, podemos interagir de maneira facilitada com outras usinas e empresas, essencial para o nosso desenvolvimento profissional”. Pedro Cury, gerente industrial da Usina Ouroeste
“
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Josias Messias e Nelson Nakamura assinam contrato entre Pró-Usinas e Soteica do Brasil
Tecnologia permite gerenciar e otimizar usinas em tempo real Algumas características da atividade sucroenergética, como a qualidade e produtividade da matéria-prima, tornam o gerenciamento da produção industrial uma tarefa muito complexa. A composição química da cana-de-açúcar é bastante variável devido a fatores como a variedade, região de cultivo, clima, solo, adubação, idade e forma de colheita, dentre outros. Os múltiplos objetivos e processos interrelacionados, somados aos também múltiplos mercados (açúcar, etanol e geração de energia elétrica) - com suas respectivas oscilações em preços e demandas - e as restrições ambientais crescentes ampliam esta complexidade,
observa Nelson J. Nakamura, diretor da Soteica do Brasil. De acordo com Nakamura, este cenário indica que o gerenciamento industrial deve se adequar rapidamente à dinâmica do negócio, que necessita de ferramentas, métodos e procedimentos que permitam uma rápida e contínua atuação nos diversos parâmetros operacionais. Neste processo, algumas questões devem ser levadas em consideração como, por exemplo, a de saber como as plantas são operadas atualmente. “A planta está ajustada em função da qualidade da cana processada neste momento? O setor responsável pela geração de vapor
conhece a demanda do setor de evaporação em função de uma maior embebição para melhoria da extração da moenda? O vapor está com qualidade necessária? Os operadores têm informação dos Indicadores de Performance da última hora? Quanto há de estoque de açúcar ensacado e em processo neste momento?... estas perguntas precisam de respostas imediatas”, explica o especialista. Segundo Nelson Nakamura, muitos colaboradores do setor dirão que dispõem de dados de eficiência do dia anterior, da semana passada... mas isto é passado e o lucro possível ficou também no passado.
Nakamura afirma que é possível operar com maior eficiência sem investimentos em novos equipamentos através da aplicação dos conhecimentos de engenharia e informática, consolidados em técnicas como simulação de processos, leitura e otimização dos dados em tempo real. “Hoje é possível coletar as informações de processo em tempo real, simular o comportamento da planta nestas condições, buscar uma melhor forma de operação, sugerir as alterações, mensurar os ganhos resultantes, acompanhar as implementações e até atuar automaticamente nos set points”, lembra.
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Ganhos de R$ 8,7 milhões apenas no primeiro ano A Soteica do Brasil comercializa há quatro anos uma solução completa para gerenciamento e otimização em tempo real de toda a planta de açúcar e etanol. A suíte denominada S-PAA possui três módulos principais: de gerenciamento e otimização de energia, de gerenciamento e otimização do processo produtivo e de laço fechado. Os dois primeiros módulos fornecem soluções que permitem ganho econômico quando comparado à condição atual. São mudanças sutis, por exemplo, na pressão e temperatura das caldeiras, gerenciamento da carga dos turbo-geradores, gerenciamento do consumo de insumos, melhor uso da extração e contrapressão
Uma ponte com as usinas Cumprindo seu papel de facilitar o acesso dos tomadores de decisão a soluções que permitam às usinas superarem os constantes desafios do mercado, permanecendo competitivas e sustentáveis, o Pró-Usinas assinou o contrato de associação da Soteica neste mês de dezembro, incluindo a suíte S-PAA em seu portfólio de soluções. O setor sucroenergético apresenta um cenário de desafios econômicos, proporcionando uma demanda por soluções muitas vezes não convencionais, mas que já demonstraram sua eficácia no incremento da eficiência e da rentabilidade de usinas. “É o caso da Soteica, que disponibiliza uma tecnologia aprimorada por décadas no setor petroquímico e que agora proporciona ganhos significativos para usinas e grupos produtores”, afirma Josias Messias, presidente da ProCana Brasil e do Pró-Usinas. “Chega de tentar reinventar a roda! As usinas que estão adotando tecnologias maduras e confiáveis são as que vão sobreviver às crises”, completa Messias.
nos geradores, melhor aproveitamento do vapor de processo, etc. O terceiro módulo já permite que alguns “set points” sejam alterados automaticamente pelo sistema, agilizando as implementações propostas e estabilizando o processo em um novo patamar de rentabilidade. Implementado atualmente em sete unidades produtoras, o sistema está em uso contínuo de 24 horas por dia, fornecendo recomendações que geraram ganhos totais de R$ 8,7 milhões apenas no primeiro ano. “O tempo médio de retorno do investimento observado nas usinas instaladas é de 90 dias após a implementação”, afirma Nakamura.
PRINCIPAIS INDICADORES DE UMA USINA MODELO
ITENS
INDICADORES PRODUÇÃO Mix produtivo (%) Taxa evaporação global (kg/h m2) Recuperação Fábrica (%) Cristais Massa A (%) Cristais Massa B (%) Esgotamento Massa A (%) Esgotamento Massa B (%) Relação Produção Álcool (%) INDICADORES ENERGIA Consumo Específico Vapor (kg vapor/ton cana) Eficiência Energética (kw/ton cana) Sobre Bagaço (ton/h) Consumo Vapor Moenda (ton/h) Geração Energia (kW)
CUSTO OPERACIONAL ATUAL
CUSTO OPERACIONA ÓTIMO
ECONOMIA
R$/h 4.682
R$/h 4.464
R$/h 218
ATUAL
ÓTIMO
DELTA
67,29 20,25 82,69 46,72 45,12 56,99 53,42 97,13
67,72 20,87 83,08 46,78 45,32 57,05 53,44 97,52
0,03 0,62 0,39 0,06 0,20 0,06 0,02 0,39
482,69 18,78 19,69 105,69 31169,55
481,52 18,78 20,36 105,39 31996,36
-1,17 0 0,67 -0,30 826,81
R$/ano 1.090.000
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Basf incrementa negócio com utilização de biofábrica móvel Com o objetivo de realizar a originação de material genético de cana-deaçúcar, utilizando-se de gemas da planta de variedades definidas previamente, a Basf incrementa o modelo de negócio AgMusaTM e passa a agregar no sistema a utilização da biofábrica móvel. Para manter a qualidade das mudas, a empresa possui acordos de originação e licenciamento com os principais institutos e empresas de melhoria varietal do País, entre os quais: Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético (Ridesa). “Com isso, a empresa tem acesso a 99% do portfólio de variedades com a intenção de plantio”, afirma Cássio Teixeira, gerente de Marketing AgMusa.
SOBRE O SISTEMA AGMUSATM Para incrementar a produtividade dos canaviais do País, a Basf lançou em 2013 o sistema de produção de mudas sadias e formação de viveiros com alta qualidade. Trata-se do Sistema AgMusa™. Esta tecnologia garante ao produtor mudas com qualidade elevada que incrementam o potencial produtivo dos canaviais. Além de contar com esse diferencial, o sistema permite a introdução de um novo cultivar de forma acelerada. No método convencional de multiplicação e formação de viveiros, o produtor multiplica uma
Biofábrica: sistema permite introdução de novo cultivar de forma acelerada
nova variedade durante cerca de seis anos antes do uso comercial. Com este sistema, o processo pode ser acelerado para três anos. A aceleração de acesso às novas variedades e o plantio simplificado permitem ao produtor explorar o potencial produtivo e usufruir por mais tempo da inovação, maximizando sua rentabilidade. Os estudos para introdução do sistema ocorreram a partir de 2009 em diversas regiões produtoras, em parceria com clientes e pesquisadores e na Estação
Experimental Agrícola da Basf, em Santo Antônio de Posse (SP). A Basf desenvolveu um processo de alta tecnologia a partir de viveiros básicos formados com variedades obtidas diretamente do melhorista genético. As mudas da empresa passam por um tratamento exclusivo que confere alto vigor e garantia de sanidade, além de uma identidade genética homogênea para a formação de viveiros. Atualmente, o processo é conduzido na biofábrica da
empresa na estação experimental. Em maio último, a Basf também passou a recomendar a seus clientes e parceiros um novo método de manejo para o Sistema AgMusaTM, consorciado às culturas de soja ou amendoim pelo plantio em Meiosi ou “método inter-rotacional”, ocorrendo simultaneamente. BASF 11 3043.2125 www.agro.basf.com.br
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Yara inaugura unidade misturadora mais moderna do País A Yara inaugurou no dia 11 de novembro, em Sumaré (SP), a Unidade Misturadora de fertilizantes mais moderna do País. Com investimentos de R$ 115 milhões e capacidade de mistura de 750 mil toneladas, o empreendimento atenderá, principalmente, o estado de São Paulo, mas parte da produção será destinada a Mato Grosso do Sul e Paraná. A nova unidade, que também se destaca pela excelência operacional, viabilizada pela automatização dos processos e regras de qualidade de produtos e segurança, garante velocidade no atendimento ao cliente, segurança e melhor qualidade do produto final. Segundo Lair Hanzen, presidente da Yara Brasil, a inauguração da unidade consolida a estratégia de elevar o padrão de qualidade e de eficiência operacional do mercado de fertilizantes no País, assim como reforça o compromisso da empresa com o desenvolvimento da agricultura brasileira. “A Unidade Misturadora de Sumaré está próxima a importantes rodovias que ligam a região aos principais polos agrícolas e ao Porto de Santos, além de estar integrada ao modal ferroviário, o que facilita a entrega com mais rapidez ao produtor. A proximidade do Porto de Santos também beneficia o agricultor, pois facilita o escoamento de produtos finais e a chegada de matérias-primas para mistura na unidade”, diz Hanzen. Localizada no terreno e ao lado do
Equipamentos têm capacidade de mistura de 750 mil toneladas
Terminal Intermodal de Cargas da Rumo, a unidade possibilita a integração entre os modais rodoviário e ferroviário, propiciando uma importante solução logística para a empresa e seus clientes. “A Yara, em parceria com a Rumo, utilizará a logística inversa na nova unidade. Os caminhões que chegam à Rumo para descarregar açúcar, que serão transportados por trem para o Porto de Santos, serão os mesmos que transportarão os fertilizantes produzidos pela Yara às regiões produtoras”, acrescenta Hanzen.
Com área total de 80 mil metros quadrados e área fabril de 34 mil metros quadrados, a planta contará com 90 funcionários e será especializada em produtos nitrogenados e nas linhas especiais de fertilizantes da Yara, compostos por YaraMila, YaraBela, YaraLiva e YaraVita, fontes mais eficientes de NPK (nitrogênio, fósforo e potássio) e micronutrientes, otimizados para melhores resultados e menor impacto ambiental. Outra vantagem de Sumaré é o clima seco, que auxilia na armazenagem e proporciona
ao agricultor um produto com mais qualidade. A nova unidade misturadora possui inúmeros diferenciais que a tornam a mais moderna do País e se destaca pela inovação e tecnologia aplicada em equipamentos e processos - como descarga, armazenamento, mistura, ensacamento e carregamento. A tecnologia “Forma, Enche e Sela”, do inglês Form, Fill and Seal (FFS), está presente nas máquinas na planta, garantindo maior nível de automatização no carregamento, ensaque, montagem de paletes e transporte da carga para o caminhão. A armazenagem e o controle de umidade nas unidades de ensaque garantem segurança no manuseio dos produtos. A unidade também conta com laboratório de análises químicas, armazém para produtos paletizados próximo a área de ensaque, linhas de carregamento independentes para o transporte de big bags e produtos paletizados, além de doca para descarga de contêineres, o que torna a mistura de matérias-primas mais segura e ágil. “A inauguração da unidade em Sumaré faz parte da estratégia da Yara para melhorar o desempenho de nossos clientes e na consolidação da posição de liderança no mercado de fertilizantes nacional”, finaliza Hanzen. Yara Brasil 51 3230.1300 www.yarabrasil.com.br
Sanardi realiza confraternização No dia 21 de novembro a Sanardi realizou a 2° Edição do Buteco Sanardi, que é a festa de confraternização realizada para clientes e parceiros da empresa. O Evento que já está se tornando tradição no setor, por ter como convidados, não somente os contatos diretos da empresa, mas como seus familiares, tem como o prato principal a deliciosa leitoa desossada pururucada, elaborada pelo diretor presidente da Usina Coopcana, Fernando Vizzotto, que prestigia o evento todos os anos. “Para nós da Sanardi é uma honra muito grande ter o Fernando em nosso evento, que além de cliente é um grande amigo, e de forma tão humilde e sincera, abrilhanta o nosso evento, juntamente com a sua equipe” comenta Felipe Prata, sócio e diretor da empresa. Em seu discurso de acolhida aos convidados, a empresa dedicou o evento aos clientes, aos parceiros, à família, e à sobrevivência da empresa neste ano tão
difícil para o setor. “Que safra difícil! E para uma empresa de médio porte, sentimos em uma velocidade muito maior qualquer instabilidade do mercado. Então, viva a sobrevivência, viva a paixão pelo que se faz. Temos muito a celebrar”, disse Prata. A Sanardi acredita na retomada do setor em 2015. “Há uma movimentação para realização de um leilão de energia renovável para venda de energia para o mercado livre a partir de projetos desenvolvidos dentro do Estado de São Paulo. É mais uma sinalização de uma retomada dos projetos de geração a partir de fontes renováveis. Vamos nos preparar para este “boom” que está por vir. Estamos no caminho certo”, destaca Berilo Bezerra, sócio e Diretor Comercial da Empresa. Sanardi 17 3228.2555 www.sanardi.com.br
Antonio Crepaldi, da Guarani; Felipe Prata e Berilo Bezerra, da Sanardi; Luiz Magazoni, da São Domingos e Josias Messias, da ProCana Brasil
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Redutor planetário TGM aumenta eficiência e reduz custos de manutenção Muitas unidades produtoras de açúcar, etanol e energia no Brasil processam até 800 mil toneladas de cana por safra. O maior desafio no tocante avanço do setor é quanto aos aspectos econômicos e sua eficiência operacional. Que as turbulências econômicas e a estiagem desértica vêm afetando o setor, isto é fato. Unidades de pequeno e médio portes seguem o caminho de grandes usinas, ainda mais quando o assunto é eficiência. É o caso da Usina Granelli, situada em Charqueada, região oeste do Estado de São Paulo. Fundada em 1987, a primeira moagem da Usina Granelli aconteceu em 90 e, atualmente, tem capacidade de produzir 600 mil toneladas de cana. De olho nas inovações tecnológicas, os executivos da Usina renunciaram as convencionais volandeiras e passaram a utilizar os planetários TGM. Em 2008, início da crise financeira internacional, quando 65 unidades produtivas interromperam a produção, José Valdir Granelli, sócio-gerente da Unidade, decidiu investir em inovação, principalmente na moagem. O primeiro redutor planetário TGM, modelo RPZ 3.300 P foi comprado para acionar um terno de moenda de 48 polegadas. Ao trocar as moendas em 2010, a Granelli adquiriu mais quatro planetários TGM, totalizando cinco equipamentos modelo 3.300, os quais estão operando ininterruptamente há cinco anos, sem
manutenção. Segundo Zezinho, como é chamado na Usina, os equipamentos nunca interromperam a moagem por qualquer defeito ou peça danificada. Somente houve troca de óleo ou aditivo, conforme indicado pelo fabricante como ação preventiva; e que, assim mesmo, todas as análises de óleo realizadas não apresentaram desgastes do equipamento ou alguma anormalidade. Na opinião de Luiz Wagner Sicchieri, responsável pelo Departamento Técnico da Copacesp, apesar das dificuldades de muitas indústrias de pequeno e médio portes captar recursos e investimentos a longo prazo, existem unidades que dominaram ao longo do tempo e se tornaram especialistas, pois buscaram novas tecnologias com eficiência; e isso é um caminho sem volta. Em 2012, o executivo comprou mais um planetário TGM, modelo 385 para acionamento central de uma moenda de 54 polegadas, que já opera em sua terceira safra. “Até hoje o redutor não parou nem para apertar um parafuso. Saímos de um Fusca para andar em uma Mercedes. Foi uma mudança radical que trouxe redução de custos com manutenção, redução de mão de obra, insumo, baixo consumo de óleo e, principalmente, elevou a eficiência”, finalizou. TGM 16 2105.2600 www.tgmtransmissoes.com.br
Conjunto de redutores planetários TGM instalados na Usina Granelli
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Wallerstein e Lallemand comemoram parceria de sucesso Velhas parceiras no mercado cervejeiro, Wallerstein e Lallemand estabeleceram uma nova parceria para o mercado sucroalcooleiro. A Wallerstein com os seus extratos de lúpulo TetraBio, IsoBio e BetaBio e a Lallemand com o Protemosto e uma nova linha de fermentos. Todos os produtos focados em oferecer uma melhor fermentação, melhorando rendimento e rentabilidade. Prática comum em vários mercados, uma parceria visa sobretudo melhorar o atendimento ao cliente tanto na parte técnica quanto comercial. Porém as empresas precisam ter afinidade e respeito com os produtos de ambas e interesses em comum. Conversas iniciadas em 2013 e contrato firmado em 2014, já mostrou que o negócio veio para dar certo. Para o próximo ano as empresas pretendem aumentar sua participação de mercado com várias ações de Marketing, estando presentes, recebendo os amigos e clientes no encontro anual da Fermentec, Fenasucro, entre outras participações. Desde 2007 no mercado sucroalcooleiro, a Wallerstein inovou com a aplicação dos extratos de lúpulo para controle bacteriano com o BetaBio e mais recentemente com os extratos TetraBio e IsoBio. Lallemand com sua respeitada linha de fermentos e Protemosto entrou mais recentemente no mercado sucroalcooleiro brasileiro.
Fernando Feitosa, da Wallerstein
Com a qualidade dos produtos já comprovada por várias usinas, o setor sucroalcooleiro pode contar com soluções tecnológicas para melhorar sua competitividade frente ao cenário tão adverso que as usinas passam a cada ano.
Vale lembrar como já comentado em outras matérias, a Wallerstein também oferece um serviço de balanço econômico da fermentação. Isso permite calcular o volume de álcool que se perde diariamente na fermentação, levantando o
custo/benefício da utilização dos extratos de lúpulo. Betabio/Wallerstein 11 3848.2900 www.betabio.com.br
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Bagaceira de aplicação
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Flexdur
Magíster dispõe de ligas especiais para soldagem A Magíster de Sertãozinho (SP) além de produzir componentes e realizar atividades de manutenção em desfibradores e moendas, também dispõe de uma linha de produtos destinados à revestimentos e metalizações antidesgaste em componentes para os setores industriais ou agrícolas de usinas ou outros segmentos. A empresa comercializa uma linha de ligas especiais a base de Níquel/Cromo e Tungstênio que apresenta ótimo desempenho. O item principal da linha,
denominado FlexDur, constitui-se de um fio de níquel revestido por carbonetos de tungstênio e destinado à aplicação de revestimentos de alta resistência à abrasão acompanhada de corrosão ou choques; fornecido em carretéis de 15 kg, o produto caracteriza-se por um cordão flexível de 5 ou 6 mm de fácil manuseio e aplicado pelo processo oxi-acetilênico, processo este, onde não há fusão entre o material depositado e o metal de base da peça, garantindo desta forma, uma boa formatação da camada e superior
resistência à original da peça, mesmo quando aplicada em reduzidas espessuras. Já os produtos Tungdur e Borodur, ambos em pó, são indicados para aplicação pelo processo de aspersão térmica, também conhecido como metalização, que promove a aplicação de depósitos a partir de 0,8 mm com resistência ao desgaste por abrasão severa (Tungdur) e abrasão combinada com desgaste friccional (Borodur), são fornecidos em módulos de 500g elaborados para acoplagem na maioria dos maçaricos de metalização.
É ampla a lista de segmentos que podem utilizar os produtos da família Flexdur, começando pela indústria de açúcar e álcool, moto-mecanização agrícola, mineração, fundições, papel & celulose e muitos outros, proporcionando significativo aumento de vida útil de componentes sujeitos a abrasão severa em meio líquido ou seco. Para mais informações consulte o site. Magister 16 3513.7200 www.magister.ind.br
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NEGÓCIOS & OPORTUNIDADES
Janeiro 2015
Engclarian adiciona Arla 32 em seu portfólio Voltada para o setor, a Engclarian é referência em qualidade e profissionalismo, está consolidada com parcerias de extrema importância no mercado nacional e com empresas de renome mundial. Em 2014 a Engclarian adicionou mais um item em sua vasta gama de produtos, o Arla 32. A empresa possui registro no Inmetro e é certificada pela ISO 9001, o que garante a qualidade do produto. Arla 32 é uma solução de Ureia de alta qualidade e pureza. É usado juntamente com o sistema de Redução Catalítica Seletiva (SCR) para reduzir as emissões de óxidos de nitrogênio presentes nos gases de escape dos veículos a diesel. Não é combustível, nem aditivo. Precisa ser utilizado em um tanque específico em seu veículo diesel SCR e seu abastecimento é feito de forma semelhante ao diesel. Vários fatores podem afetar a qualidade do Arla 32. Para prevenir a contaminação é necessário que a solução não entre em contato com materiais estranhos. Utilizar o Arla 32 contaminado pode levar a uma inevitável substituição do catalisador. O Arla 32 da Engclarian segue rígidos padrões de segurança no processo de fabricação, além de seguir todas as especificações exigidas pelo Inmetro. Arla 32 reduz emissões de óxidos de nitrogênio
SOBRE A EMPRESA A Engclarian iniciou suas atividades em 2002 na cidade de Ribeirão Preto com o intuito de atender ao setor sucroalcooleiro com produtos químicos de alta performance. Motivada pela constante expansão do setor, a empresa desenvolve produtos para processos industriais de açúcar, álcool e tratamento de água.
No final de 2007, o desenvolvimento da empresa aliado ao aumento dos negócios viabilizou a aquisição de uma área 34.000 m² na cidade de Sertãozinho para a construção de uma nova planta produtiva que permitisse o desenvolvimento de novos produtos e, consequentemente, o aumento da
capacidade produtiva. Em constante crescimento era inevitável que a demanda também crescesse, por isso em 2010 a filial Engclarian Paratibe foi fundada em Pernambuco, com a mesma infraestrutura e suporte da matriz pronta para atender os clientes dessa região.
A empresa conta com quadro de funcionários qualificados, alguns deles técnicos com mais de 20 anos de experiência na área sucroalcooleira. Engclarian 16 3963.9300 www.engclarian.com.br
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