Ribeirão Preto/SP
Março/2015
Série 2
Nº 254
R$ 20,00
QUEM INOVA, ACREDITA! Confiante na recuperação do setor, Grupo HPB continua a investir em tecnologias de ponta Renato Malieno Nogueira, diretor da HPB Energia
4
ÍNDICE DE ANUNCIANTES
Março 2015
Í N D I C E ACESSÓRIOS INDUSTRIAIS FRANPAR
16 21334385
CENTRÍFUGAS 46
16 35189001
23
16 39474732
58
16 21334385
46
ANTI-INCRUSTANTES GASIL
MARKANTI
16 39413367
4, 60
GENERAL CHAINS
81 34718543
12
ABS CONSULTORIA
19 34172800
40
16 35124310
33
CONSULTORIA FINANCEIRA E INVESTIMENTOS FINBIO
16 35124310
31
ANTIBIÓTICOS - CONTROLADORES DE INFECÇÕES BACTERIANAS
VALORMAX
16 35124310
31
BETABIO/WALLERSTEIN 11 38482900
CONSULTORIA/ENGENHARIA INDUSTRIAL
22
ÁREAS DE VIVÊNCIA ALFATEK
17 35311075
RBC ENGENHARIA 3
ARTIGOS DE BORRACHA VEYANCE
11 47727610
27
DWYLER
11 26826633
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
SYNGENTA
16 35134000
9
ELETROCALHAS
METROVAL
19 21279400
8
DISPAN
VIBROMAQ
16 39452825
56
CALDEIRAS ENGEVAP HPB ENERGIA
11 56450800
15
AUTHOMATHIKA
16 35134000
9
19 34135440
16 35138800 16 35134600
44 13
3
16 39461800
AGRISHOW
11 35987800
47
INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO E
FEALQ
19 34176600
16
CONTROLE
FENASUCRO
11 30605000
51
METROVAL
REED ALCANTARA
11 30605000
51
IRRIGAÇÃO
SINATUB
16 39111384
6
19 21279400
IRRIGA EQUIPAMENTOS 62 30883881
ISOVER
34
BETABIO/WALLERSTEIN 11 38482900
22
REDUTORES INDUSTRIAIS 45
ZANINI RENK
16 35189001
23
REFRATÁRIOS RIBEIRÃO 16 36265540
57
REFRATÁRIOS
8
4
SAÚDE - CONVÊNIOS E SEGUROS
11 22024701
49
REFRATÁRIOS RIBEIRÃO 16 36265540
57
59
SEMENTES AGRICOMSEEDS
ISOLAMENTOS TÉRMICOS
19 981334041
14
SOLDAS INDUSTRIAIS COMASO ELETRODOS
16 35135230
30
MAGÍSTER
16 35137200
7
DESINFECÇÃO INDUSTRIAL SUPRIMENTOS DE SOLDA MC DESINFECÇÃO IND 16 35124310
19 21279400
MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E
11
GRUPO FERRANTE
17 32791200
38
UBYFOL 44
LEMAGI
19 34431400
44
18 36231146
52
EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO
SERGOMEL
16 35132600
50
ANSELL
11 33563100
45
TESTON
44 33513500
2
42
LEMAGI
19 34431400
44
PETROFISA
VIBROMAQ
16 39452825
COLORBRAS
16 39426852
16 36261531
20
DMB
16 39461800
19 38129119
36
AGAPITO
16 39462130
58
TUBOS E CONEXÕES 5
FRANPAR
16 21334385
46
VÁLVULAS INDUSTRIAIS 56
58
PLANTADORAS DE CANA
FIBRAS DE VIDRO 18
34 33199500
VLC
TROCADORES DE CALOR 44
PINTURAS EM GERAL
FERRAMENTAS PNEUMÁTICAS
ENTIDADES
16 35138800
PENEIRAS ROTATIVAS
FERRAMENTAS 40
23
MONTAGENS INDUSTRIAIS
10
ENGRENAGENS
RODOTREM
16 39461800
TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES 16 35189001
NUTRIENTES AGRÍCOLAS
17 32282555
11 32514563
DMB 39
17, 19
19 34669300
19 34172800
30
MOENDAS E DIFUSORES ZANINI RENK
16 35138800
16 35135230
TRANSBORDOS
EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS
19 34234000
11 56432049
35 COMASO ELETRODOS
8
SANARDI
ENGEVAP
53
SÃO FRANCISCO SAÚDE 16 08007779070
ENGEVAP
ABISOLO
CARROCERIAS E REBOQUES
16 21014151
ENERGIA ELÉTRICA - ENGENHARIA E SERVIÇOS
GENERAL CHAINS 17 35311075
PRODUTOS QUÍMICOS
IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS DMB
ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO CIVIL
CARRETAS ALFATEK
SÃO FRANCISCO
APS
DEFENSIVOS AGRÍCOLAS
AUTHOMATHIKA
BALANCEAMENTOS INDUSTRIAIS
GRÁFICA
CORRENTES INDUSTRIAIS PROLINK
21
EQUIPAMENTOS E MATERIAIS ELÉTRICOS
CONTROLE DE FLUIDOS METROVAL
AUTOMAÇÃO DE ABASTECIMENTO
A N U N C I A N T E S
FEIRAS E EVENTOS
CONSULTORIA
AÇOS FRANPAR
56
CORRENTES INDUSTRIAIS
ACOPLAMENTOS VEDACERT
16 39452825
COLETORES DE DADOS
ACIONAMENTOS ZANINI RENK
VIBROMAQ
D E
45
FOXWALL
11 46128202
26
FRANPAR
16 21334385
46
VEDAÇÕES E ADESIVOS FLUKE VEDAÇÕES
19 32733999
55
VEDACERT
16 39474732
58
CARTA AO LEITOR
Março 2015
5
carta ao leitor índice
Josias Messias
josiasmessias@procana.com
Agenda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6 Usina do Bem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7 e 8
Giro do Setor
10
Produção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11 e 12
É bom negócio cogerar energia na entressafra?
Tecnologia Industrial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .14 a 32
Manutenção adequada assegura o sucesso da extração do caldo
Diagnóstico rápido reduz perdas na fermentação
Grupo HPB comemora 20 anos e acredita em recuperação do setor
Citrotec obtém exclusividade industrial com o Ecovin JL
Iniciativas na área industrial viram trunfo contra a crise
Tecnologia Agrícola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33 A 40
Alta rotação!
A salvação está na irrigação?
Política Setorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41
Governo retoma tributos sobre a gasolina
Administração & Legislação . . . . . . . . . . . . . . . .42 a 50
Investimento em liderança ajuda o setor a enfrentar a crise
Mercado Fornecedor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .50 a 52
Continental adquire Veyance após aprovação do Cade
Ação Social & Meio Ambiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . .54
5 perguntas para Michel Santos, da Bunge Brasil
Negócios & Oportunidades . . . . . . . . . . . . . . . . .55 a 58
TUDO É POSSÍVEL “E Jesus disse-lhe: Se tu podes crer, tudo é possível ao que crê”. (Fala de Jesus em Marcos 9:23 ao pai de um jovem na multidão, antes de curá-lo de um espíriro mudo.)
Quem acredita, inova! Rezam os manuais de autoajuda e a maioria dos livros religiosos que é imprescindível acreditar, sempre. Entretanto, em momentos de crise é que devemos acreditar, mais do que nunca. Felizmente podemos contar com pessoas e empresas no setor que não se rendem jamais ao desânimo. Esta edição do JornalCana mostra, entre outras matérias importantes, duas destas empresas sempre perseverantes. A primeira é o Grupo HPB, objeto de nossa reportagem de capa. Embora sua diretoria reconheça o momento difícil do setor e do mercado como um todo (veja entrevista de Renato Malieno Nogueira nas páginas 20 a 22), a empresa sempre investiu em aprimoramento tecnológico. Insistiu na adoção de geradores de vapor em altas pressões e introduziu sistemas modernos de queima do bagaço e palha, primeiro em grelhas rotativas e, mais recentemente, em ambiente de leito fluidizado borbulhante, com ciclos regenerativos de calor. A Citrotec, por sua vez (veja matérias nas páginas 24 e 25), após sete anos de burocracias, obteve a patente do Ecovin JL, um potente evaporador de concentração de vinhaça acoplado à destilaria, desenvolvido em parceria com o cientista em destilarias Jaime Lacerda, quando ainda vivo. O diretor da Citrotec, Paulo Sampaio, diz que é gratificante ver um trabalho como este reconhecido, especialmente por ser equipamento genuinamente brasileiro, hoje reconhecido em 5 países estratégicos para o etanol: África do Sul, Austrália, Brasil, Colômbia e Índia. Ações como estas, somadas a outras como as do portfólio do Pró-Usinas, que viabiliza soluções que apresentam resultados comprovados no incremento da eficiência e da rentabilidade das usinas, vem sendo implementadas com sucesso. Simultaneamente o mercado começa a reagir. O ritmo de importações de fertilizantes cresceu 63% neste fevereiro diante de igual período de 2014, segundo dados da Cacex. É um dado importante, porque mostra o agronegócio investindo na produção. Estes dados justificam a manchete de capa e animam o setor. Afinal, quem inova, acredita. E, quem acredita, inova. NOSSOS PRODUTOS
O MAIS LIDO! ISSN 1807-0264 Fone 16 3512.4300 Fax 3512 4309 Av. Costábile Romano, 1.544 - Ribeirânia 14096-030 — Ribeirão Preto — SP procana@procana.com.br
NOSSA MISSÃO Prover o setor sucroenergético de informações relevantes sobre fatos e atividades relacionadas à cultura da cana-de-açúcar e seus derivados, e organizar eventos empresariais visando: Apoiar o desenvolvimento sustentável do setor (humano, socioeconômico, ambiental e tecnológico); Democratizar o conhecimento, promovendo o
intercâmbio e a união entre os integrantes; Manter uma relação custo/benefício que propicie
parcerias rentáveis aos clientes e demais envolvidos.
DIRETORIA Josias Messias josiasmessias@procana.com.br Controladoria Mateus Messias presidente@procana.com.br Regina Célia Ushicawa regina@procana.com.br
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6
AGENDA
Março 2015
A C O N T E C E CEO MEETING Facilitador da discussão entre diretores e gestores em cargos estratégicos no setor, o CEO Meeting acontece para traçar o panorama do setor, levantando as perspectivas e planejamentos dos principais líderes da cadeia de açúcar, etanol e energia do país. O encontro ocorre no dia 25 de março, em São Paulo, SP. Informações através do fone: (16) 3512-4300 ou email: josiasmessias@procana.com.br
AGRISHOW A 22ª Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação acontece em Ribeirão Preto, SP, durante os dias 27 de abril a 1º de maio. A Agrishow está entre as três maiores feiras de tecnologia agrícola do mundo, e em 2014 atraiu 160 mil visitantes, que puderam conhecer as 800 marcas participantes. Com área de 440 mil metros quadrados, mais 100 hectares para exposições em campo, a feira se prepara para a edição deste ano. Maiores informações no site: www.agrishow.com.br
PRÊMIO MASTERCANA As datas das três edições do Prêmio MasterCana de 2015 já estão definidas. No dia 24 de agosto acontece em Ribeirão Preto, SP, o Prêmio MasterCana Centro-Sul, que tradicionalmente antecede a Fenasucro. No dia 24 de setembro, acontece em São Paulo, SP, o Prêmio MasterCana Brasil. O Prêmio MasterCana Nordeste acontece dia 19 de novembro, em Recife, PE, e encerra as premiações do ano. Em 2014 o Prêmio MasterCana reuniu em cada edição cerca de 200 pessoas, com 40 premiações. Realizados desde 1988, os eventos MasterCana reúnem representantes de mais de 2/3 da produção brasileira, em momentos de celebração e network diferenciados. Informações através do fone: (16) 3512 -4300 ou e-mail: eventos@procana.com.br
FENASUCRO Sertãozinho, SP, recebe nos dias 25 a 28 de agosto a 23ª Feira Internacional de Tecnologia Sucroenergética. Referência na agroindústria canavieira, a feira é o maior evento mundial em tecnologia e intercâmbio comercial para usinas e empresas do setor. Em 2014 a feira registrou aumento de 9% na visitação; foram 33,240 pessoas, com a presença de 50 países. Informações sobre como se tornar um expositor ou programação em: www.fenasucro.com.br
USINA DO BEM
Março 2015
7
C A R T A S PRAZER NA RETOMADA DA PUMATY Tive o Prazer de Ler no JornalCana N°252, a reportagem sobre a retomada da Usina Pumaty pela Arocan, sendo um modelo para o Nordeste e, ainda sobre a possibilidade da retomada da Usina Cruangi. Estes exemplos têm de ser seguidos não apenas pelas usinas do Nordeste, mas também pelas do Sudeste que estão sem moer, causando grande prejuízo para a economia do Brasil e também para os nossos trabalhadores. O JornalCana, juntamente com os expoentes do setor sucroalcooleiro, tais como, Unica, Agrocan, e pessoas como Josias Messias, do JornalCana, Gerson Carneiro Leão, Alexandre Andrade Lima, Renato Cunha, Elisabeth Farina e tantos outros que exijam do Governo Federal a elaboração de um Plano de Recuperação para o Setor. Lembro que em datas passadas, o próprio Governo Federal declarou em edições do JornalCana que não deixaria que o Setor fosse prejudicado. Carlos Fabin, engenheiro de desenvolvimento de produtos da empresa Máquinas Piratininga Indústria e Comércio S/A, Jaboatão dos Guararapes, PE
Programa Aprendiz ganha nova edição na Clealco O Programa Aprendiz ganhou nova edição este ano, o Grupo Clealco, em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), iniciou em fevereiro, dia 4, o curso de mecânico.A turma, composta por 16 alunos selecionados a partir das 70 inscrições, reúne jovens com idades de 17 a 22 anos. O objetivo do curso é capacitar estes estudantes para facilitar a entrada destes no mercado de trabalho. As aulas acontecem no centro cultural e educacional Kenkiti Kimura, em Clementina, SP.
8
USINA DO BEM
Março 2015
Projeto Doce Vida retoma atividades na Barralcool Com o fim das férias escolares, centenas de crianças carecem de atividades extracurriculares para preencher o período oposto ao seu turno na escola. Atenta a esta demanda, a Usina Barralcool iniciou as atividades do Projeto Doce Vida, programa que oferta cursos e oficinas fora do horário escolar para crianças. Mantido pela associação Barralcool de Assistência Social. O projeto começou no dia 9 de fevereiro com 200 crianças inscritas, porém a expectativa é que este o número chegue a 500, conforme afirma Julio Cesar Geraldo, coordenador do projeto. “Isso se deve em função dos inúmeros projetos realizados, fruto da conscientização que nós conseguimos ao longo desses anos com os contadores e eles com os empresários para fazer doações junto ao fundo municipal de assistência social”, afirma. Contemplam as atividades oficinas de bonecas, dança, handebol, jiu jitsu, mini orquestra, teatro, violão, violino e xadrez. A meta dos organizadores é incluir mais sete atividades até o final do ano.
Crianças no programa Doce Vida, da Barralcool
Usina Paineiras contribui para ampliação de hospital no ES A Usina Paineiras, localizada na cidade de Itapemirim, ES, contribuiu para ampliação de leitos da Santa Casa de Misericórdia de Cachoeiro de Itapemirim. O hospital receberá mais 9 leitos na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), totalizando 35. Orçada em 142,6 mil, a Usina Paineiras repassou cerca de 70% do total estimado para a ampliação do hospital, montante igual a R$ 100 mil reais. Referência regional no atendimento às vítimas de acidentes graves, a Santa Casa recebe tal montante conforme previsto no Termo de Ajuste de Conduta (Tac), assinado pela usina com o Ministério Público do Trabalho (MPT).
Representantes da Usinas Paineiras em visita à Santa Casa
Caldema investe no Projeto Material Amigo Na edição 2015 do Projeto Material Amigo, a Caldema levou a importância da conscientização ambiental para os participantes. No evento, que distribuiu kits escolares para estudantes da pré-escola à pós-graduação, aconteceram ações para enfatizar a importância da preservação dos recursos naturais. O tema deste ano foi “Conscientização do uso da água” e contou com uma peça teatral que trabalhou o assunto utilizando o humor para levar a mensagem aos presentes. O projeto entregou 500 kits escolares, além de promover atividades para estimular a criatividade dos estudantes, como os concursos de redação e cartazes. Com passeios de trenzinho, sorteio de brindes, atividades educacionais e a distribuição de lanches, o projeto ultrapassa a marca dos 10 anos demonstrando a importância de ações sociais para a comunidade de Sertãozinho, SP.
10
PRODUÇÃO
Março 2015
GIRO DO SETOR
Refinaria Al Khaleej Sugar garante estoque
Rússia deve importar 550 mil toneladas de açúcar
Dalmia Bharat Sugar, na Índia, compra mais uma usina
Com estoque aproximado de 1,5 milhão de toneladas, a refinaria Al Khaleej Sugar, em Dubai, anunciou esta semana que possui reservas suficientes para o ano de 2015. Em seu estoque há tanto o produto refinado quanto em estado bruto. Segundo informou a refinaria, com esse montante não serão necessárias novas importações do produto, já que esta quantidade atende a demanda da empresa.
Conforme expectativa da Russia's Sugar Producers' Union, a importação de açúcar em 2015 deve ficar na faixa de 500 a 550 mil toneladas. Em 2013 o país importou 530 mil toneladas da commodity, em 2014 entraram 557,5 mil toneladas de açúcar. O país é um dos principais importadores de açúcar no mundo, o crescimento da produção doméstica da commodity não afetou esta posição. O principal entrave é o enfraquecimento da moeda daquele país, o Rublo, que dificulta relações comerciais com o país.
A Usina Dalmia Bharat Sugar, localizada em Deli, segunda maior cidade na Índia, confirmou a aquisição da cooperativa Ninaidevi, localizada em Sangli, distrito de Maharashtra. Com a aquisição, a usina pretende se tornar a 3ª maior produtora de açúcar no país. O grupo já detém três usinas no estado de Uttar Pradesh e uma em Maharashtra, comprada há dois anos atrás, com o nome de Datta. A cooperativa enfrentava problemas judiciais e estava desativada desde o final de 2006. Segundo estimativa do grupo, a unidade possui capacidade para processar 1,25 mil toneladas de cana diariamente.
Incerteza na safra brasileira sustenta preço do açúcar Incertezas em relação à próxima safra brasileira refletem nos indicadores internacionais. Divulgado esta semana, o Índice de Preços para o açúcar, produzido pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), relevou certa estabilidade entre os últimos valores divulgados, relativos aos meses de dezembro de 2014 e janeiro de 2015. Para janeiro, o índice atingiu o valor de 217,7, muito próximo dos 217,5 do mês anterior. Para a organização, a crescente oferta da commodity por países como, Índia, Tailândia e membros da União Europeia, neutraliza os aspectos negativos da safra brasileira no indicador, minimizando os impactos no índice, praticamente estável este mês. A instabilidade produtiva dos canaviais do maior produtor mundial de açúcar refletiu no mercado internacional, sendo responsável pela sustentação dos preços praticados. Em análise anual, o valor continua em queda, a expectativa de maior oferta no mercado pode aumentar esta média no decorrer do ano. Wellington Bernardes, Da Redação
PRODUÇÃO
Março 2015
É bom negócio cogerar energia na entressafra? Gerar eletricidade para consumo durante fase de reforma de equipamentos é estratégico?
Aneel oficializa Delta e Iacanga para entrega em 2019
D ELCY MAC CRUZ, DE R IBEIRÃO PRETO, SP
Cogerar energia elétrica a partir da biomassa da cana e utilizá-la nas próprias dependências, durante a fase de reforma e adequação do maquinário é interessante neste momento de alta no preço da energia elétrica? Humberto Vaz Russi, da Aliança Engenheiros Associados, entende que uma decisão como essa precisa ser muito bem avaliada antes da implementação. “A cogeração em período de entressafra deve ser analisada e estudada, tanto do ponto de vista técnico, operacional e também econômico”, diz. “Cada usina tem uma condição e estrutura diferenciada das demais”. Diante dos altos preços da conta de energia, que também afetam as usinas principalmente no período da entressafra, o engenheiro acredita que elas precisam fazer estudo em eficiência energética dos equipamentos utilizados na safra e na entressafra. “Esse estudo também deve abranger as iluminações existentes e utilizadas, que
Humberto Vaz Russi: usinas precisam antecipar estudo de eficiência energética
precisam ser otimizadas, passando a ser alimentadas por um sistema de geração fotovoltaico ou híbrido, combinando geração fotovoltaica com pequenas centrais eólicas ou PCHs inclusive; Ou seja, com a inserção de novas fontes de geração de energia renováveis na matriz energética da usina”. Estas emendas seriam as responsáveis
por gerarem toda a energia elétrica necessária para o consumo interno na safra, ou mesmo parte dele e o de entressafra das usinas, aumentando assim inclusive seu potencial de exportação de energia elétrica na safra e reduzindo ainda o seu custo ano com energia elétrica consumida da concessionária local.
As Usinas Termelétricas Delta, da Usina Delta S.A, e a Iacanga, da Usina Iacanga Açúcar e Álcool S.A, foram oficializadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para fornecer eletricidade produzida pela biomassa da canade-açúcar a partir de primeiro de janeiro de 2019. A Delta e a Iacanga integram o grupo de 12 empreendimentos cogeradores que venceram o Leilão 6/2014 da Aneel, do qual participou energia comercializada por 51 habilitados. Segundo a Aneel, a UTE Delta tem capacidade instalada de 31,8 megawatts (MW), enquanto a UTE Iacanga tem capacidade instalada de 57 MW. (DMC)
11
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PRODUÇÃO
Março 2015
Bioletricidade terá três leilões até julho
Zimar de Souza: setor gerou 443 gigawatts-hora (GWh), ou 80,5% acima
Setor gerou 80,5% mais eletricidade da cana em janeiro Somente entre os dias 1 a 27 de janeiro último, na comparação com mesmo período de 2014, o setor sucroenergético gerou 443 gigawatts-hora (GWh), ou 80,5% acima. A avaliação é do engenheiro Zilmar de Souza, responsável pela área de bioeletricidade da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica). Segundo Souza, a geração de eletricidade da biomassa (bagaço e demais biomassas)
equivale a 6% de toda a geração térmica ocorrida no mês de janeiro de 2015 no Brasil. “Tudo isto na entressafra, mostrando que, caso o PLD máximo (preço de liquidação de diferenças), que baliza o mercado de curto prazo não tivesse sido reduzido a menos da metade, o setor da biomassa poderia contribuir em muito para mitigar essa severa crise hídrica por que passamos”, afirma. (DMC)
Os cogeradores de energia elétrica do setor sucroenergético têm confirmados três leilões nos quais podem participar para a venda de eletricidade, fora um quarto leilão anunciado pelo ministro das Minas e Energia, Eduardo Braga, mas ainda sem data confirmada. Em abril, serão realizados dois dos três leilões. No Leilão de Fontes Alternativas (LFA), previsto para o dia 27 de julho, a fonte biomassa concorrerá somente com ela mesma, por contratos de 20 anos, cujo início de fornecimento será a partir do dia 1 de janeiro de 2016 — para empreendimentos novos ou existentes — 1 de julho de 2017 — para novos empreendimentos de geração. A fonte Eólica concorrerá em outro produto, com início de suprimento em 2017. “Para esse certame, a fonte biomassa cadastrou 40 projetos somando 2.067 MW (14% do total cadastrado)”, diz Zilmar José de Souza, gerente de bioletricidade da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica). Já no Leilão A-5, agendo para 30 de abril, a biomassa concorrerá diretamente com a fonte gás natural e carvão, apartada da fonte eólica, em contratos com início de suprimento da energia em 2020. No terceiro evento já confirmado, o Leilão A-3, previsto para o dia 24 de julho, a biomassa concorrerá diretamente apenas com
a fonte gás natural. Eólica concorrerá em outro produto. “Os empreendedores que quiserem propor a inclusão de projetos de geração no certame deverão requerer o cadastramento e a habilitação técnica dos respectivos projetos à Empresa de Pesquisa Energética até às 12 horas do dia 10 deste mês”, lembra Souza. (DMC)
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TECNOLOGIA INDUSTRIAL
Março 2015
Manutenção adequada assegura o sucesso da extração do caldo Cuidados especiais com os componentes e equipamentos que compõem o sistema completam a receita R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP
A busca incessante de usinas e destilarias por elevação de eficiência e redução de custos passa obrigatoriamente pela realização de manutenção adequada de todos os equipamentos e de seus componentes que compõem o sistema de preparo e extração das unidades industriais. Além disso, a utilização de materiais e acessórios de boa qualidade assegura uma performance positiva dessas importantes etapas do processo produtivo. Para a obtenção de resultados satisfatórios no preparo da cana, por exemplo, existe a necessidade de substituição frequente de facas do picador e de martelos do desfibrador por causa do desgaste proporcionado pelas próprias características da fibra da cana e das condições de operação. O uso de componentes adequados no sistema de preparo é fundamental para garantir a eficiência do processo de extração, realizado tanto por moendas como por difusores. O índice de abertura de células da matéria-prima, empregada na fabricação de açúcar e etanol, pode ficar entre 89% e 91,5% no caso de uso do desfibrador
vertical. No sistema convencional, a eficiência chega até a 89%. A manutenção correta dos equipamentos nesta etapa do processo torna-se fundamental, portanto, para a obtenção desses resultados. Uma alternativa inclusive para manter a eficiência e ampliar a periodicidade de troca de facas e martelos – o que possibilita a redução de custos – é a utilização de produtos, disponibilizados pelo mercado, para revestimento e recuperação da superfície desses componentes. Essa solução pode ser adotada também para outros itens da planta industrial submetidos a desgastes, como bagaceiras, rodetes, engrenagem de acionamento. Os cuidados com os componentes do setor de preparo e extração incluem os mancais e casquilhos que também estão submetidos aos desgastes provenientes das condições severas de operação das plantas industriais de unidades sucroenergéticas. Antes de mais nada é preciso ter atenção especial na etapa de instalação desses componentes, principalmente em relação às folgas e alinhamento para que sejam evitados desgastes prematuros. No período de entressafra, existe a necessidade de verificação da área de contato do casquilho em relação ao eixo que será utilizado, como também fazer a limpeza no interior das serpentinas. Outros cuidados estão relacionados à realização de lubrificação adequada com o uso de óleos e graxas recomendadas para cada aplicação. No caso de mancais refrigerados, que são utilizados inclusive em moendas, é importante que o sistema seja alimentado por água de boa qualidade.
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Sistemas hidráulicos requerem testes e verificações periódicas Lubrificação centralizada também exige atenção redobrada, o que inclui trocas de filtros de ar e das juntas de vedações das tampas Com uma diversidade de itens, peças e acessórios, as moendas são bastante exigentes em relação à manutenção. Entre os componentes que requerem procedimentos criteriosos de avaliação no sistema de extração incluem-se os acumuladores hidráulicos que são vasos de pressão e, em decorrência disso, devem estar submetidos à NR13. De modo geral, existe a necessidade – segundo especialistas em manutenção industrial – da realização anual de testes e avaliações mais detalhadas dos componentes dos sistemas hidráulicos das moendas, bem como a verificação e pré-carga de nitrogênio. A manutenção pode ser feita a cada dois anos no caso de usinas que tenham um plano nessa área e controle da pureza dos óleos utilizados no sistema. O principal item de segurança dos acumuladores hidráulicos é a válvula de segurança, que é inclusive exigência da NR 13. Deve ser instalada entre o cabeçote hidráulico e o acumulador. Se houver necessidade de incorporação de outro equipamento nesse circuito, uma válvula
Cursos, como os da Sinatub, levam técnicos em vasos de pressão a atualização constante
adicional deverá ser instalada entre o cabeçote e o novo equipamento. É uma área delicada, que exige atualização constante, por meio de cursos, como os promovidos pela
Sinatub. O Sistema de Lubrificação Centralizada de moendas também requer atenção redobrada para que não ocorra risco de
parada não programada durante a safra. No período de manutenção, após as verificações de praxe, pode haver necessidade, por exemplo, da troca das juntas de vedações das tampas e de todos os filtros instalados nos sistemas de lubrificação, especialmente os filtros de ar. Essas medidas são necessárias para evitar que impurezas contaminem os reservatórios. É que a variação do nível de lubrificante cria condições para a constante entrada e saída de ar dos reservatórios por meio de filtros de ar e de eventuais frestas de juntas ressecadas das tampas. Para a realização de pintura de componentes do sistema, deve ser utilizada tinta com especificações compatíveis com o lubrificante e o ambiente onde esses itens estão instalados. A manutenção de superfície metálica, que não aceita pintura, requer a aplicação de uma película de lubrificante que também esteja de acordo com o produto de lubrificação usado no equipamento. Os sistemas de lubrificação centralizada, da mesma maneira que os hidráulicos, devem ter válvulas de segurança que precisam ser inspecionadas e testadas anualmente. Todos os cuidados adotados para a manutenção desse sistema evitam os indesejados transtornos provocados pelas paradas não programadas por causa do desgaste e quebra dos acionamentos de moendas. (RA)
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Produtos e técnicas melhoram produtividade e performance O acoplamento flexível, por exemplo, reduz a possibilidade de danos no eixo do rolo e mancais do acionamento A importância da manutenção adequada do sistema de preparo e extração é indiscutível. Além disso, existem outros procedimentos, técnicas, materiais, acessórios e equipamentos que podem melhorar a produtividade nessas etapas do processo, reduzindo inclusive, em diversos casos, até mesmo a necessidade de manutenção. “Chapisco”, “picote”, sistema para medição de torque, acoplamentos flexíveis, aço inoxidável são alguns exemplos de soluções e produtos, que podem melhorar – dependendo de cada caso – o dia a dia de quem lida com preparo de cana e extração do caldo. Um dos aliados da otimização do processo de moagem – bastante conhecido e difundido no setor – é o aumento da rugosidade dos rolos de moenda, que melhora a performance de processamento. A quantidade de matéria-prima a ser moída depende também da capacidade dos rolos “puxarem” a cana desfibrada, além do
Aumento da rugosidade dos rolos de moenda melhora a performance de processamento
tamanho da moenda e da constante alimentação da extração. A utilização de eletrodos especiais nos flancos e na crista dos rolos possibilita o aumento da rugosidade. Essas técnicas conhecidas como “chapisco” e “picote” criam condições para o aumento do ângulo de
pega da moenda e, em consequência disso, a sua capacidade de processamento. Com o objetivo de assegurar boa performance do sistema de extração é necessário estar atento também ao torque dos redutores. Os novos sistemas de acionamento empregam materiais e técnicas especiais que permitem a transmissão de maior torque. Para evitar a diminuição da vida útil de seus componentes e garantir uma operação adequada, a recomendação é não ultrapassar o torque máximo permitido. O mercado disponibiliza inclusive sistemas para medição e também para monitoramento contínuo do torque real que deve ser aplicado aos redutores para moendas e difusores. A utilização de acoplamentos flexíveis para moendas, em substituição a luvas e palitos, tem sido outra solução adotada por usinas para reduzir danos ao sistema de acionamento e, consequentemente, diminuir as demandas na área de manutenção. Esse tipo de acoplamento compensa o desalinhamento entre eixos, o que cria condições favoráveis para maior flutuação do rolo superior e elimina a rigidez existente no conjunto luva/palito. O acoplamento flexível reduz a possibilidade de danos no eixo do rolo e mancais do acionamento. Outro benefício desse produto é a proteção do acionamento, caso ocorra ruptura do eixo do rolo superior. (RA)
Aço inoxidável apresenta maior resistência à corrosão A utilização de aço inoxidável, em substituição ao aço carbono, tem sido também um recurso importante para reduzir a manutenção nos equipamentos de preparo e extração de cana-de-açúcar. É que este tipo de material apresenta maior resistência à corrosão, provocada principalmente pela quantidade de impureza mineral processada juntamente com a matériaprima. Apesar de seu preço mais elevado em relação ao aço carbono, o aço inoxidável acaba se tornando compensador devido à diminuição da necessidade de manutenção e ao aumento da vida útil dos equipamentos. A durabilidade é o grande diferencial desse produto. A viabilização do uso de inox ocorreu com o surgimento de novos tipos de materiais com elevada competitividade. Os aços inoxidáveis possuem um percentual máximo de 1,2% de carbono, um índice mínimo de 10,5% de cromo e outros elementos. O níquel é utilizado adicionalmente nos aços inoxidáveis austeníticos, que apresentam excelente resistência em relação à corrosão, soldagem e conformação. (RA)
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Diagnóstico rápido reduz perdas na fermentação D EPO I M ENTOS
Entrave na fabricação de etanol, a quantificação demorada da contaminação bacteriana na fermentação, pode causar redução do aproveitamento da sacarose, gastando maior quantidade de matéria-prima para obtenção do etanol. Ciente da demanda por indicadores que possam agilizar a tomada de decisão da equipe de laboratório das usinas, a MC Desinfecção em parceria com a ProCana Brasil elaboraram o Curso de Controle Microbiológico da Fermentação Etanólica e Bioprocessos. No evento, que aconteceu nos dias 12 e 13 de fevereiro em Ribeirão Preto, SP, o professor Mário César Souza, apresentou o Kit MC de Diagnóstico Rápido, produto que integra o portfólio da Pró-Usinas. Para o professor, a oportunidade de discutir o processo fermentativo somado à apresentação de uma ferramenta que torna o diagnóstico mais rápido e preciso, capacita os profissionais e fornece técnicas para uso eficiente da ciência a favor da indústria. “Podemos fornecer conhecimento para os profissionais e ainda apresentar uma ferramenta inovadora no controle microbiológico, as usinas procuram
tecnologias que permitam ganhos com redução de custo, a microbiologia pode contribuir”, afirma. Durante o curso, os participantes receberam conteúdo geral sobre o processo fermentativo e seus entraves, com as possíveis soluções. Para a palestrante Silva Lina Schmith Vitti, a capacitação desses profissionais é fundamental para a indústria produzir com melhor controle. “Todas as perdas durante este processo fermentativo estão ligadas à microbiologia, o entendimento desta etapa e a possível oportunidade de controle, aperfeiçoam o processo industrial”, ressalta. Na avaliação dos participantes, o conteúdo e a apresentação do Kit reforçam a contínua evolução tecnológica da microbiologia, que acompanha a demanda de setores estratégicos para a economia nacional. “Como microbiologista, estou satisfeita por participar desta evolução no segmento fermentativo, que precisa aprimorar metodologias para tornar a produção de etanol mais eficiente”, afirma Catarina Alves dos Santos Rodrigues, microbiologista da Usina Rio Vermelho
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FERRAMENTA QUE VEIO SOMAR
“É uma ferramenta que veio para somar, que tem possibilidade de auxiliar o processo fermentativo e assegurar nossa tomada de decisão em tempo hábil”. Rodrigo Basso, gerente administrativo da Edeniq
APRIMORAR CONHECIMENTO “No curso consegui aprimorar meus conhecimentos na área e descobrir esta ferramenta que é capaz de simplificar e tornar mais preciso a quantificação de bactérias, evitando perdas no processo”. Denise Aparecida Scucuglia, assistente de laboratório, Grupo Clealco
CONTROLE E EFICIÊNCIA “No curso consegui entender as etapas necessárias para a fabricação de etanol de qualidade, com controle e eficiência”. Renan Augusto Pedroso, estudante de engenharia química
GERAÇÃO DE RENDAS “Temos que buscar inovações que possam agregar nos processos, ferramentas que é facilitem a geração de renda são bem-vindas”. Luiz Carlos, gerente de controle de processos industriais da Usina Estiva
PRECISÃO NAS ANÁLISES “Fico muito satisfeita, como microbiologista, que novas ferramentas cheguem ao mercado para facilitar e mensurar com precisão as análises microbiológicas, este movimento trás maior segurança nas tomadas de decisão e consequente redução de custos para toda a indústria sucroenergética”. Catarina Alves dos Santos Rodrigues, microbiologista, da Usina Rio Vermelho
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Curso mostrou aos participantes como fazer rápido diagnóstico da fermentação
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ENTREVISTA — Renato Malieno Nogueira, sócio-diretor presidente da HPB Energia
Grupo HPB comemora 20 anos e acredita em recuperação financeira do setor JornalCana — Após vinte anos de sociedade do Grupo HPB, como explicar esta harmonia até os dias de hoje? Renato Malieno Nogueira — Apesar da nossa convivência anterior à criação da HPB, realmente é um feito muito difícil de ser conseguido. Esta harmonia é proveniente do respeito e a amizade reinante entre todos e tem sido o principal pilar para a saudável continuidade do grupo. O foco constante, priorizando a empresa na busca de sua estabilidade e sustentabilidade a longo prazo e, a adoção de outros princípios éticos nas operações do dia a dia, compõem a mola propulsora para seguirmos em frente. Claro que nem tudo são flores mas, dentro deste ambiente, sempre encontramos as saídas para as dificuldades que aparecem. Hoje, após a longa jornada já percorrida, sentimos de perto o orgulho da participação e ajuda dos nossos filhos.
DA R EDAÇÃO
A HPB - High Pressure Boilers - Engenharia e Equipamentos Ltda, completou 20 anos, recentemente. Foi fundada por cinco sócios em Outubro de 1994, em Sertãozinho, SP, para fornecer geradores de vapor – caldeiras - em alta pressão, atendendo as tendências futuras de eficiência energética em processos térmicos e de cogeração de energia elétrica, aos mercados sucroenergético, papel e celulose, mineração, alimentos e petróleo e gás. Desde sua fundação até 2009 atuou em parceria com fabricantes e montadoras destes equipamentos, concentrando-se, neste período, principalmente, na engenharia de concepção e aplicação do produto. Devido a crescente aceitação de seus fornecimentos, a empresa tornou-se referência internacional em toda a América Latina. Após a crise de 2008, com fortes e negativos reflexos em todos os mercados, principalmente no sucroenergético, houve a necessidade de uma mudança no rumo da empresa e, em Janeiro de 2010, a HPB Holding participou, em partes iguais, da fundação da HPB-Simisa, uma joint venture com a empresa Simisa, também de Sertãozinho, SP, objetivando fornecer os mesmos geradores de vapor para os segmentos sucroenergético e de alimentos. A nova empresa caracterizava-se pela instalação de uma nova fábrica. Em maio de 2014 a Simisa vende sua total participação para a HPB Holding, que passa a deter 100% das ações do capital social da HPB-Simisa e, a partir de então, a empresa passou a se chamar HPB Sistemas de Energia Ltda. Ainda em 2014, surge a oportunidade estratégica de incorporar as operações da empresa TPI, fabricante de Ventiladores, para
fornecimento de equipamentos utilizados nos sistemas de ar e gases dos geradores de vapor nascendo, deste movimento, a HPB Ventiladores Ltda, com tecnologia da empresa alemã Rotamill Ventilatoren GmbH. Todo este conjunto forma hoje o Grupo HPB. Na entrevista a seguir, Renato Malieno Nogueira, sóciodiretor presidente da HPB Energia fala sobre as empresas e as expectativas para o mercado nos próximos anos.
Quais foram as principais contribuições das empresas para o mercado? A relação das empresas do Grupo HPB com evolução tecnológica é muito forte e uma de suas principais razões de ser. Inicialmente foi insistir na adoção dos projetos e fornecimentos de geradores de vapor em altas pressões, quando o normal do mercado sucroenergético ainda era 21 kg/cm². A introdução dos sistemas de queima do bagaço e palha da cana-de-açúcar, primeiro em grelhas rotativas e, mais recentemente, já contando com a licença tecnológica da Babcock & Wilcox, a queima de multicombustíveis em ambiente de leito fluidizado, com ciclos regenerativos de calor, dentre outras, como consequência, todas estas modernizações contribuem para reduções de custos operacionais e uma melhor eficiência na geração global de energia, conferindo aos fornecimentos alta confiabilidade e disponibilidade operacional.
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Caldeiras queimam biomassa em leito fluidizado borbulhante, com alta eficiência operacional Em termos de evolução tecnológica, qual foi a contribuição da licença com Babcock & Wilcox? Após dez anos de sua fundação e de contínuo sucesso nos fornecimentos em toda a América Latina, a HPB Engenharia entrou no radar dos maiores fornecedores mundiais de geradores de vapor e, devido a isto, fomos procurados pela B&W, empresa americana com mais de 130 anos de experiência, para fornecermos, em conjunto, uma caldeira para o setor de papel e celulose queimando biomassa em ambiente de Leito Fluidizado Borbulhante. O fornecimento se concretizou com grande sucesso, o que disparou um relacionamento de extraordinária convivência culminando, em 2005, com a assinatura do Contrato de Licença Tecnológica, exclusiva para todo território latino-americano e que perdura até hoje. A infusão dos conceitos tecnológicos da B&W na concepção de nossos projetos amplificou nossa gama de equipamentos em magnitude e complexidade inexistentes, até na própria B&W. Por isso, projetamos e fornecemos as maiores caldeiras existentes queimando biomassa em leito fluidizado borbulhante, com ciclos regenerativos de calor, com alta eficiência operacional. Este foi um ganho significativo que dividimos com o mercado em geral. Como foi a experiência de criar a empresa HPB-Simisa num território com tantas fábricas e forte concorrência? Foi um passo ousado. A ideia era conceber uma empresa visando o futuro e com diferenciais em relação às existentes na região. Só assim faria sentido. No final de 2009, o próprio mercado sucroenergético sinalizou com bons olhos uma aproximação entre as competências da HPB Engenharia e da Simisa. Devido a isto fundamos a HPBSimisa Sistemas de Energia Ltda, utilizando os projetos de geradores de vapor concebidos pela HPB Engenharia. Foi decidida a construção de uma nova e moderna fábrica, utilizando equipamentos de última geração, para produzir as partes de pressão em ambiente de alta produtividade. Com as instalações prontas em Novembro de 2011 e tendo já uma significativa carteira de encomendas, a empresa passou a ser gerida integralmente nas novas instalações, contando com uma força de trabalho de mais de 400 funcionários. Em Janeiro passado completou-se os seus primeiros cinco anos de existência. Quais as estratégias para manter a empresa relevante no mercado em tempos de crise? Uma empresa que quer ter sucesso contínuo, ou mesmo sobreviver, tem de ter extrema atenção com tudo, o dia todo, todos os dias. O fundamental é buscar vendas, pois sem elas nada acontece. Ao mesmo tempo
promover as ações de adequação na estrutura organizacional, de reduções de custos e despesas, cuidando religiosamente do fluxo de caixa e dos socorros financeiros. Todas estas ferramentas são fundamentais para a sequência da empresa. No entanto, tão importante quanto aos tópicos anteriores, aparece o total comprometimento para com os clientes, na certeza do cumprimento integral dos compromissos contratualmente assumidos.
Nosso produto nem sempre é o de menor preço mas, temos a certeza de que ele apresenta a melhor relação custo-benefício. Durante a crise dos mercados qual foi a maior dificuldade enfrentada? E qual a lição a ser absorvida? A queda acentuada das vendas e de suas margens. Este tem sido, de forma recorrente, o grande problema a ser vencido. Crises sempre irão acontecer e delas sempre se aprende um pouco! Além dos problemas internos estamos expostos aos do mundo globalizado. Portanto, você deve sempre estar preparado para elas e mesmo quando a euforia dos bons ventos bate forte, o melhor é curti-la com os pés no chão. A mão firme na direção sempre leva um veículo ao seu destino, mesmo nas piores vias. Você pode, e deve, ser evoluído, ousado, eficaz, bem instalado mas, sem ser simplista, nunca deve deixar de ser simples. Deixar os exageros e gigantismos de lado e, claro, nunca gastar mais do que você tem. Evitar repetir erros e, com visão de longo prazo, buscar crescer sempre. Isto é o que temos aprendido e isto é o que temos procurado fazer. Quais são as estratégias de mercado para as empresas no curto e longo prazo? No curto prazo, pelos cenários restritivos que atualmente temos convivido, acreditamos que o mercado de geração de energia elétrica será um grande atrativo na maioria dos segmentos onde se faz possível a sua geração ou cogeração. Dentro desta fonte limpa de geração de energia termoelétrica, através da queima de biomassa, entendemos ser a de melhor potencial a ser explorada. No médio e longo prazo dependemos de um melhor ambiente de investimentos no país. Além de novos produtos, como foi o caso com a incorporação da linha de ventiladores, continuaremos atentos às oportunidades de fornecimentos de equipamentos e serviços em todos os mercados que atuamos.
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Capacidade de investimento das unidades deve melhorar, acredita a HPB (continuação da entrevista de Renato Malieno Nogueira iniciada nas páginas 20 e 21)
Com 27% de etanol e reincidência da CIDE na gasolina, quais são as expectativas de mercado sucroenergético? Olhando o mercado de etanol, estas medidas devem amenizar bastante os efeitos nocivos da política governamental que vigorou até então. Com certeza teremos um maior volume a ser comercializado e uma margem maior de venda melhorando, desta forma, a amortização dos custos. Acreditamos que deva haver uma recuperação da saúde financeira das usinas e destilarias melhorando, no médio prazo, a capacidade de investimento destas unidades. O setor sucroenergético voltará ao patamar de crescimento que viveu em 2005/06? Etanol, açúcar, energia elétrica, etanol 2G e outros subprodutos compõem a cesta de produtos do setor. Levando-se em consideração a magnitude e os riscos inerentes de todo o processo, entendemos que, sem um plano de definição da matriz energética e sem as regras contratuais claras, vigentes por um longo prazo, não será possível, tão cedo, ocorrer novas ondas de grandes investimentos neste setor, como as que ocorreram há 10 anos. No entanto, como tudo passa também pelos objetivos políticos e, sabedores do jeito Brasil de ser, normalmente à mercê das ondas do sobe e desce, dos improvisos e empirismos, nada impede que estes exercícios de futurologia estejam completamente equivocados. Como é comemorar os cinco anos da HPB Energia durante este período difícil? Renato Malieno Nogueira — Sem grande euforia, mas temos mesmo que comemorar. Apesar de todas as dificuldades, em todos os mercados, continuamos a merecer a confiança dos clientes. Dos poucos e significativos investimentos que houveram nestes anos passados, nós fomos
Caldeira de combustão em leito fluidizado borbulhante: lançamento de ousadia e coragem
os contemplados com a maior fatia. Temos acertado nas estratégias de melhorias tecnológicas de nossos produtos e de gestão das operações e isto tem fortalecido a preferência da escolha pelas nossas soluções. Nosso produto nem sempre é o de menor preço mas, temos a certeza de que ele apresenta a melhor relação custobenefício. Esta é a melhor resposta que sempre desejaremos receber. Acreditamos que o rumo e a forma adotados na condução da empresa foram os fatores mais importantes para se lograr a presente posição. Durante sua gestão qual foi a evolução da HPB Energia? Renato Malieno Nogueira — Desde a fundação em 2010 ocupei a posição de diretor-presidente na diretoria executiva. Nascida do zero, colocamos uma nova e grande empresa em pé, da qual, hoje, somos os únicos acionistas. Sedimentamos a sua
imagem em todo o mercado da América Latina, como um grande e confiável fornecedor de geradores de vapor, de alta qualidade e performance. Num passo de ousadia e coragem lançamos, com exclusividade e pioneirismo no setor sucroenergético, a combustão de bagaço e palha da cana-de-açúcar em leito fluidizado borbulhante, combinado com os ciclos regenerativos de calor. Em termos de evolução econômica da empresa, apesar da baixa rentabilidade, partimos de um faturamento de R$ 119 milhões em 2010 e chegamos a R$ 283 milhões em 2014, ou seja, mais do que dobramos o faturamento no período. Foram conquistas importantes para todo o grupo. Conforme combinado entre os acionistas, a partir de Janeiro deste ano passei a função da presidência da empresa ao meu sócio Valter José Peruch que, com sua competência e apoio de todos, continuará levando a mesma a novas e bem-sucedidas operações.
Como o Grupo HPB encara as perspectivas de progresso no futuro? Atualmente estamos vivenciando uma situação muito complicada. Apesar de termos condições naturais extremamente favoráveis e um significativo mercado interno, ainda carecemos de melhor planejamento e gestão em nosso país. A nossa imagem piorou no exterior. Tudo isto, de forma inevitável, abala a confiança dos investidores e sem investimentos não existem vendas e, sem vendas, não existem empresas. Além disto é muito difícil e custoso ser empresário no Brasil. As dificuldades são enormes e apesar de tanto emprego que conseguimos gerar, nem sempre se tem o apoio necessário! Dentro deste cenário não existe clima para vislumbrar grandes progressos no futuro. Podia ser melhor. Temos que continuar trabalhando da melhor maneira, acreditando que não há mal que não se acabe. Somos brasileiros e sentimos que estamos colaborando na construção do nosso país e o nosso objetivo será sempre o de evoluir, acreditando, ainda que em ciclos, que tempos e condições mais prazerosas haverão de vir. O senhor se considera realizado profissionalmente? Plenamente realizado. Após 46 anos de formação e gratificante trabalho por onde passei, sinto o prazer do dever cumprido. Participei de tantas e importantes conquistas e fiz inúmeros amigos. Todo este relacionamento, ao qual sou grato e jamais esquecerei, muito contribuiu para a sequência e aprimoramento de minha carreira profissional. Como empresário, tenho totalmente preenchido o meu sonho de sê-lo. A minha convivência, trocando experiências, com todos os clientes, fornecedores e colaboradores, que de alguma forma nos acompanharam nesta caminhada, trouxe-me imensa satisfação e aprendizado. Com os meus sócios e familiares divido o prazer e orgulho de ser um dos proprietários de um grupo de empresas de sucesso comprovado e, da criação de um sonho que tem dado certo.
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Citrotec obtém exclusividade industrial com o Ecovin JL Sistema que concentra vinhaça acoplada à destilaria é reconhecido em 5 países estratégicos para o etanol: África do Sul, Austrália, Brasil, Colômbia e Índia DA R EDAÇÃO
Foram sete anos de luta para conseguir o direito de exclusividade comercial e industrial sobre um inovador produto voltado ao setor sucroenergético. A Citrotec, empresa que atua nos mais diversos segmentos industriais, conseguiu junto ao INPI — Instituto Nacional de Propriedade Industrial, a carta de patente do sistema para concentração de vinhaça, reconhecido nacionalmente como Ecovin JL. Trata-se de um sistema acoplado para concentração de vinhaça desenvolvido em parceria com o cientista em destilarias Jaime Lacerda, referência na área industrial no setor. Foi o especialista, aliás, quem alertou a
Sistema acoplado para concentração de vinhaça Ecovin JL
empresa da necessidade em se patentear o processo desenvolvido. “Com sua experiência, Lacerda nos disse que a demanda por este equipamento seria grande, e que por isso, precisávamos patentear antes que fôssemos imitados”, explica Paulo Sampaio, diretor da Citrotec. Potente evaporador de concentração de vinhaça, o Ecovin JL é um sistema que,
utilizando o princípio de névoa turbulenta descendente acoplada às colunas de destilação, permite a produção de álcool com a vinhaça já concentrada, sem consumo adicional de vapor. Sampaio fala com orgulho do reconhecimento obtido não só no Brasil, mas também no mundo. A patente foi deferida na África do Sul, Austrália e Colômbia. “É
gratificante ver um trabalho como este reconhecido. É um equipamento genuinamente brasileiro, uma tecnologia criada aqui. Do que desejávamos, não conseguimos apenas a patente americana porque erámos inexperientes nesta área”, diz ele. O executivo se refere ao ano de 2008, quando a Citrotec deu entrada com os pedidos de patente. Na época, a empresa contratou um escritório especializado para cuidar de todo o processo, o que acabou não trazendo o resultado esperado. “A dificuldade foi tanta que nem no Brasil achávamos que fosse possível conseguir”. Em meados de 2012, Renan Botega, agente da Propriedade Industrial/INPI, foi contratado para atuar no departamento de patentes da Citrotec, algo raro nas empresas brasileiras. O profissional reescreveu todo o documento da patente e deu sequência no trabalho, acompanhando e gerenciando o processo dia a dia. “É importante dizer que a patente é a base tecnológica de todo o mundo. Países desenvolvidos, como: Japão, China, Estados Unidos, Alemanha e França depositam inúmeras patentes por ano. Tudo que é criado em termos de tecnologia precisa ser patenteado. Com isso, é possível mapear o potencial tecnológico de cada país”, afirma Botega.
Empresa possui moderno complexo industrial Localizada em Araraquara, no interior de São Paulo, a Citrotec conta com um moderno complexo industrial capaz de atender todas as necessidades de seus clientes. O processo de fabricação, assim como os serviços de manutenção, une tecnologia de última geração a profissionais altamente capacitados. Em 2005 a empresa deu início ao trabalho voltado ao setor sucroenergético. Concentração de vinhaça era o foco, já que, de acordo com Paulo Sampaio, as fábricas de álcool chegam a produzir até 13 vezes mais
vinhaça que etanol. “Fabricamos evaporadores de névoa turbulenta com baixíssimos níveis de incrustação. Vimos no início que instalar um evaporador que consumia vapor extra não seria viável. Foi quando conhecemos, já em 2007, o senhor Jaime Lacerda”. Jaime, que é especialista em destilaria, apresentou a ideia de fabricar um evaporador que não consumisse vapor vivo, como é chamado. Seu objetivo era utilizar vapor alcoólico que até então era condensado em condensadores casco/cubo com água de refrigeração. “Entendemos que esse era um
projeto viável, afinal, já tínhamos um evaporador que era o Ecovin. Projetamos, então, o Ecovin JL, em homenagem a ele. O equipamento é acoplado à destilaria e recebe energia do vapor alcoólico. Representa um grande avanço, já que concentra toda vinhaça da destilaria sem necessidade de gerar mais vapor. É uma energia que se encontra lá”, explica. Desde então, a Citrotec trabalha para se tornar referência dentro do setor. Por ser relativamente nova no ramo, busca a confiança dos gestores com um trabalho de
qualidade. “Já temos equipamentos em várias usinas, como: no Grupo São Martinho, Raízen, Guarani, Usina Rio Pardo, Noble. Enfim, desenvolvemos um equipamento que hoje as usinas sabem qual a importância”, relata Sampaio. Até por este motivo, Jaime Lacerda os aconselhou a patentear suas tecnologias. Hoje, além do Ecovin JL que já foi deferida, a empresa trabalha com outras demandas. “Temos mais novidades que já foram depositadas em busca da propriedade industrial”, adianta Renan Botega.
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Patente à Citrotec ressalta desenvolvimento tecnológico Além do cargo que ocupa na Citrotec, Renan Botega é agente concursado do INPI. A atribuição o credencia a falar sobre o assunto com propriedade. De acordo com o especialista, o fato de uma empresa requerer uma patente pode promover o desenvolvimento do setor em que atua. Isso porque para poder usufruir da tecnologia as outras empresas precisam se licenciar e até mesmo pagar royalties para quem possui a propriedade industrial. Caso não queira, o interessado é estimulado a criar um produto semelhante ou até melhor do que o que já existe. “A concorrência, baseada em um sistema patenteado, mantém as empresas sempre um passo à frente. Isso significa desenvolvimento”, afirma. Paulo Sampaio, diretor da Citrotec, ressalta que o objetivo em se patentear um equipamento é, entre outros pontos, proteger o que é seu por direito.
Paulo Sampaio, diretor da Citrotec; patente protege direitos
Reprodução da patente do Ecovin JL
No caso da Citrotec, desde 2008 quando o requerimento foi depositado, a empresa vem sofrendo ameaças de uma empresa americana que alegava ter a propriedade industrial do sistema baseado no Ecovin JL. “O que queremos é que nossa tecnologia, resultado de muito esforço, seja respeitada. Criamos algo inédito no mundo, tanto é que os americanos não se conformam que algo
assim possa ter sido desenvolvido por nós, brasileiros”. Contudo, ao ver que a patente havia sido deferida em diversos países, a empresa americana desistiu. “Este é um trabalho constante. No próprio Ecovin JL temos aperfeiçoamentos que já estão depositados como patentes. A cada safra desafios surgem e precisamos ajustar um
Brasil precisa evoluir para encostar nos países desenvolvidos De acordo com o último relatório anual da WIPO — Organização Mundial de Propriedade Intelectual, o número de patentes válidas no Brasil está atrás de países considerados referência em inovação. O levantamento, realizado entre os 20 maiores escritórios de concessão de patentes no mundo, traz dados de 2012 e aponta os Estados Unidos em primeiro lugar, com 2,2 milhões de patentes, seguido do Japão, que tem 1,6 milhão. O Brasil está na 19ª posição, com 41.453 patentes válidas. Os números comprovam o que Renan Botega, agente da Propriedade Industrial INPI/Citrotec, afirma: a descrença sobre patentes no Brasil é tamanha que não se sabe ao certo sua importância. Mais do que isso. Crê-se que ela não funciona. “Com exceção das multinacionais, as empresas daqui não se dão conta que precisam patentear suas inovações. Exemplo disso é o setor sucroenergético, extremamente desenvolvido, com tecnologias genuinamente brasileiras, mas cru quando o assunto é patente”. Para que se possa entender melhor, a patente é uma concessão pública, conferida pelo Estado, que garante ao seu titular a exclusividade ao explorar comercialmente a sua criação. Em contrapartida, pontos essenciais são disponibilizados para acesso ao público. “No nosso caso, ela comprova
ponto ou outro. Estamos atentos para estar com tudo em dia”. Questionado sobre os motivos que levaram a Citrotec a investir em patentes, Sampaio diz. “Apostamos na propriedade intelectual de nossos colaboradores. Nos países desenvolvidos as coisas funcionam dessa maneira. Por aqui espero que tenhamos avanços”.
USINAS COM EQUIPAMENTOS DA CITROTEC ECOVIN JL: Usina NG Bioenergia – Grupo Noble Agri – Potirendaba/SP Usina Jataí – Grupo Raízen – Jataí/GO Usina Ivinhema – Grupo Adecoagro – Ivinhema/MS (início em 2015)
CONDENSADOR EVAPORATIVO PARA TURBINAS:
Renan Botega: empresas nacionais precisam patentear suas inovações
que a tecnologia de produção de etanol e concentração de vinhaça sem consumo extra de vapor é brasileira”, diz Renan. Outro ponto importante é a valorização de todo o processo de criação. Paulo Sampaio relata que muitos gestores se esquecem de todo o investimento que permeia o processo de criação, jogando o valor dos equipamentos
tecnológicos bem abaixo do que foi investido. “É desleal quando um concorrente apresenta um preço abaixo do praticável e vence a disputa. Ele não demandou tempo e dinheiro para nada. O sistema já estava pronto”, desabafa, ressaltando que a patente tem como objetivo, também, valorizar este trabalho junto ao mercado.
Usina Rio Pardo – Cerqueira César/SP Usina São Martinho – Grupo São Martinho – Pradópolis/SP Usina Cocal II – Grupo Cocal – Narandiba/SP Usina Tanabi – Grupo Guarani – Tanabi/SP (início em 2015) Usina Ivinhema – Grupo Adecoagro – Ivinhema/MS (início em 2015) Usina Cerradinho Bio – Chapadão do Céu/GO (início em 2015)
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Iniciativas na área industrial viram trunfo contra a crise Usinas, fabricantes e profissionais buscam aprimorar processos de recepção, preparo e extração R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP
A necessidade de superação para sobreviver e manter-se competitivo na cadeia produtiva sucroenergética, seriamente afetada pela crise, não tem sido tarefa das mais fáceis. O empenho e a dedicação de usinas, fabricantes e profissionais de diversas áreas na busca de alternativas voltadas ao aprimoramento e à otimização de processos produtivos têm sido, no entanto, um trunfo importante para minimizar os efeitos negativos gerados pelos momentos de instabilidade. Iniciativas na área industrial, por exemplo, estão cumprindo um papel relevante para elevar a eficiência e reduzir custos, que são alvos bastante comentados e insistentemente perseguidos na atividade sucroenergética. Somente nos setores de recepção de matéria-prima, preparo de cana e extração do caldo existem diversas ações voltadas à melhoria e modernização do processo. Algumas delas começaram a ser desenvolvidas durante a fase de expansão do setor, outras no período de crise e há ainda as que continuam sendo avaliadas e testadas. Todo esse esforço só pode resultar mesmo em evolução tecnológica. Entre as usinas que tem se movimentado para incorporar novas tecnologias na sua planta industrial incluem-se as unidades de Mato Grosso do Sul do Grupo Adecoagro: Angélica e Ivinhema, que são também os nomes dos municípios onde estão localizadas. Nessas usinas, novidades já começaram a ser implantadas logo no sistema de recepção de cana. O gerente industrial
Usina Angélica, do Grupo Adecoagro
Luiz Fernando Pereira Alves, do Grupo Adecoagro: eficiência e redução de custos
corporativo do grupo – que possui também a Usina Monte Alegre, de Monte Belo, MG –, Luiz Fernando Pereira Alves, conta que as duas unidades sul-mato-grossenses possuem descarga de cana sem mesa alimentadora. “São descargas duplas em esteira metálica”, descreve. Esse sistema foi implantado na Angélica em 2010, quando houve inclusive a ampliação dessa unidade que começou a operar em 2008. A Ivinhema possui esse modelo de recepção desde o início de suas operações em 2013. A unidade mais nova da Adecoagro já está também em fase de expansão que será concluída nesse ano. Para a safra 2015/16, essa usina deverá moer inclusive 5 milhões de toneladas de cana; a Angélica, em torno de quatro milhões e a Monte Alegre, 1,2 milhões, o que totalizará mais de dez milhões de toneladas processadas pelo grupo Adecoagro.
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Desfibrador vertical tem maior eficiência na abertura de células Índice varia de 89% a 91,5% e supera entre 2% a 3%, na média, o resultado obtido pelo preparo convencional Na Usina Ivinhema, as inovações tecnológicas na planta industrial estão presentes também no sistema de preparo de cana, que conta com o desfibrador vertical. Esse equipamento eliminou o tradicional esteirão de cana que usa picador e desfibrador convencionais, informa Luiz Fernando Alves. “A instalação é mais simplificada”, afirma. O desfibrador vertical apresenta maior eficiência em relação ao preparo tradicional na abertura de células. O índice supera entre 2% a 3%, na média, o resultado obtido pela dupla picador e desfibrador, avalia o gerente industrial da Adecoagro. O vertical tem uma eficiência na abertura de 89% a 91,5%, enquanto o sistema convencional varia de 87% a 89% – compara. A performance depende, no entanto, de alguns fatores, como a incidência de impurezas minerais, desgastes, manutenção dos equipamentos, detalha. Nesta nova configuração de preparo de cana, ganhos ocorrem também com a
No processo usual de picagem e desfibragem há uma perda de caldo de 0,5% a 2%
eliminação do esteirão metálico de cana que é uma fonte de perdas importante, observa. No processo usual de picagem e desfibragem há uma perda de caldo de 0,5% a 2% conforme estudos realizados por uma consultoria em outras unidades, revela Luiz Fernando Alves.
No sistema com desfibrador vertical, uma esteira de borracha faz a alimentação do equipamento que descarrega, em seguida, a matéria-prima na esteira de cana desfibrada. Não há, nesse caso, problemas com perdas. (RA)
Bate-volta fora da usina também gera ganhos As novidades na Usina de Ivinhema já começam na chegada da cana-de-açúcar na unidade industrial. O sistema bate-volta é feito fora da balança. “Quando a matériaprima é recebida na indústria, a cana é imediatamente pesada, analisada e moída. Isto evita a eventual queda na qualidade da matéria-prima que fica estocada”, afirma. Segundo ele, o “estoque” de cana é fora da usina. Outro benefício dessa medida é o registro online da quantidade de cana moída por hora. O sistema possibilita também uma redução expressiva da frota agrícola. “Como a gente faz o bate-volta fora da usina, os nossos caminhões não perdem o tempo, que normalmente se perde, na balança, na sonda e na descarga”, diz. Quando o caminhão deixa o semirreboque carregado – esclarece – o manuseio dessa cana na usina é feita por tratores. “O caminhão está sempre fazendo transporte de cana e não as operações de pesagem, amostragem e descarga. Com isto, há uma diminuição do tempo de cada ciclo de viagem de cana e a redução da frota”, observa. As vantagens não param aí. “Tudo isto é feito com trator que custa um terço do preço de caminhão canavieiro. Outro aspecto é que essa movimentação interna é realizada por cinco ou seis tratores, possibilitando que os operadores, que trabalham exclusivamente nessa atividade, sejam mais especializados”, afirma. (RA)
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Angélica aprimora sistema de limpeza de cana a seco Durante todo o processo de desenvolvimento e operação foram identificados diversos pontos de melhorias As tecnologias voltadas aos sistemas de limpeza de cana a seco ainda não estão consolidadas. “Existem variantes de conceitos de empresas de consultoria, engenharia e fabricação”, constata Luiz Fernando Alves, da Adecoagro, que seguindo a trilha da busca incessante por eficiência, resolveu aprimorar o sistema de limpeza instalado na Angélica. Inicialmente concebido pelo CTC – Centro de Tecnologia Canavieira, o processo teve algumas mudanças e adaptações antes de entrar em operação. “Fizemos alterações em função da nossa vivência e de pesquisas que realizamos em outras usinas”, observa Fernando Alves. Implantado em 2010, o sistema ainda passa por alguns aperfeiçoamentos visando o aumento de eficiência na separação de impurezas minerais e vegetais que está em torno de 65%. “Esse número nos deixou relativamente satisfeito. Mas, em função do nosso conhecimento do sistema, chegamos a conclusão que poderíamos melhorar a performance com algumas modificações”, relata. Segundo ele, na entressafra estão sendo realizadas mais algumas alterações. “Com isto, a gente espera ter uma eficiência de limpeza acima de 75% na safra 2015/16”, planeja. Durante todo o processo de desenvolvimento e operação desse sistema foram identificados diversos pontos de melhorias. “Não dava para imaginar, na fase do projeto conceitual, que essas mudanças poderiam ocorrer. Aprendemos com o dia a dia”, enfatiza. Um das soluções, desenvolvida e implementada na
Angélica, está relacionada aos problemas causados por uma característica do sistema, conforme explicações de Luiz Fernando Alves: “Era aberto. Limpava a cana relativamente bem, mas fazia uma sujeira muito grande na usina, contaminando as áreas anexas. Resolvemos isto com a montagem de chicanas, anteparos e dutos”. Outra decisão voltada ao aprimoramento do sistema foi a utilização de desfibrador de palha em vez de picador, o que proporciona um consumo de potência muito mais baixo – diz. De acordo com ele, a economia é expressiva, pois os picadores disponíveis no mercado possuem motores de 700 cv até 900 cv, enquanto o desfibrador utilizado na usina da Adecoagro tem motor de 200 cv. “Houve também uma modificação na largura dos martelos desse desfibrador. Com isto, foi obtida uma eficiência muito maior no processo de desfibragem”, revela.
Além disso, ocorreram pequenos ajustes em detalhes do sistema que funciona há quatro anos na Angélica. Com a obtenção dos resultados esperados para a safra 2015/16 nessa unidade – ou seja, eficiência acima de 75% – o sistema será “replicado” para a Usina Ivinhema. As duas unidades têm inclusive 100% de colheita de cana picada. A instalação do processo de cana a seco poderá ocorrer, num segundo momento, na Usina Monte Alegre, de Monte Belo, MG, que tem um histórico de mais de oitenta anos na região, e foi adquirida pelo Grupo Adecoagro em 2005. Com um índice de mecanização da colheita em torno de 75% na safra 2014/15 e a expectativa de chegar próximo de 100% nesse ano, a usina espera reduzir com a implantação do sistema a seco a quantidade de impurezas minerais e vegetais, no processo industrial, proveniente do corte de cana picada. (RA)
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Brumazi sempre busca melhor performance de tecnologia Objetivo é garantir elevada eficiência na separação de impurezas em relação ao volume de cana A busca por melhor performance do sistema de limpeza a seco tem sido constante por parte de empresas e unidades sucroenergéticas. A Brumazi, fabricante de equipamentos de Sertãozinho, SP, por exemplo, possui equipe qualificada para definir o melhor layout de instalação em projetos novos e adequações em plantas existentes. Os equipamentos que compõem o processo de limpeza a seco são de fácil instalação, o que torna sistema flexível, observa o engenheiro mecânico Bruno Lemes Falson, supervisor de engenharia da Brumazi. A empresa adquiriu recentemente a tecnologia de limpeza a seco desenvolvida e consolidada inicialmente pela Empral – informa. Com a experiência de fabricante e o feedback das diversas unidades sucroenergéticas que já instalaram o sistema, a Brumazi está sempre buscando a melhor performance desse processo de limpeza a seco, em conjunto com o cliente, visando garantir elevada eficiência na separação de impurezas em relação ao volume de cana – enfatiza. “O volume de água utilizado no processo de lavagem da cana é representativo no consumo geral da indústria e com o emprego do sistema de limpeza a seco a redução do consumo é considerável. A separação das impurezas da cana-deaçúcar é realizada pelo insuflamento de ar proveniente da instalação de ventiladores”, afirma Bruno Falson. O sistema da Brumazi pode ser instalado tanto em mesas alimentadoras quanto em linha com transportadores de cana, sendo do tipo contracorrente onde o
fluxo da cana é de cima para baixo e o fluxo de ar é de baixo para cima – detalha. Possui uma câmara onde ocorre a precipitação das impurezas que são depositadas sobre um transportador de borracha denominada Câmara Inercial. A tecnologia conta com um sistema de processamento de biomassa que tem como objetivo triturar essa matéria-prima – que deixa de ser considerada impureza vegetal após a sua separação – para que seja utilizada na geração de energia da indústria.
Dois equipamentos fazem o processamento da biomassa. “O primeiro é responsável pela classificação da biomassa, separando as impurezas minerais”, explica. O segundo faz a trituração dessa matéria-prima para a geração de energia. “Nesta etapa o nível de trituração é importante para que o tamanho das fibras esteja adequado para que não prejudique a queima da biomassa e, consequentemente, a eficiência da caldeira”, afirma. O triturador utiliza martelos e placa desfibradora para o processamento da
biomassa. “Contempla também em seu projeto eixos oscilantes, batentes, portas de inspeção e carcaça tripartida que facilitam o acesso para inspeção e manutenção em um curto espaço de tempo”, detalha. Além da economia de água, a tecnologia de limpeza a seco trouxe para o processo industrial diversos benefícios – destaca –, como a redução do desgaste dos equipamentos e, consequentemente, o aumento de sua vida útil, qualidade do processo, redução do consumo de potência dos equipamentos, entre outros. (RA)
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Eletrificação dos acionamentos possibilita ganho expressivo Controle da rotação da moenda, por meio de motores elétricos e inversores de frequência, é muito mais preciso, afirma gerente industrial A instalação de sistemas modernos e eficientes de acionamentos é considerada também uma medida importante para elevar a eficiência energética das plantas industriais, principalmente para usinas e destilarias que comercializam bioeletricidade, o terceiro produto do setor. As duas unidades de Mato Grosso do Sul do Grupo Adecoagro, por exemplo, já contam com a eletrificação dos acionamentos utilizados nos sistemas de preparo e extração desde o início de suas atividades. Aliás, as plantas industriais dessas usinas são eletrificadas. “Temos turbinas somente no gerador de energia, que são inclusive equipamentos grandes com elevada eficiência”, diz Luiz Fernando Alves. Com a eletrificação, há um ganho energético expressivo – enfatiza o gerente industrial. “O rendimento dos motores é muito próximo de 98% a 99%”, observa. Outra vantagem desse sistema é a simplificação da instalação, que não requer as tubulações, de alta pressão, usadas nas
Gegis discute em Dourados alternativas para redução de perdas
Controle da rotação por meio de motores elétricos e inversores de frequência é mais preciso
usinas tradicionais para a alimentação da turbina e para o escape da turbina. O controle da rotação da moenda. por meio de motores elétricos e inversores de freqüência, é muito mais preciso – afirma. “Esse aspecto gera uma possibilidade de ganho significativo de extração”, comenta. Em relação ao tipo de redutor utilizado no sistema de acionamento, ele conta que o projeto foi iniciado com a instalação do modelo planetário, mas a experiência não foi bem-sucedida. Nos ternos novos, na expansão da Ivinhema, já ocorreu a opção pelo redutor paralelo. Na Angélica, todo o
sistema de extração contava com planetários. Nessa unidade, houve a substituição de um equipamento por redutor paralelo. “Temos ideia de fazer isto em outros”, planeja. A opção pelo redutor paralelo, apesar dele apresentar um preço inicial mais elevado, tem ocorrido por causa do custo de manutenção mais baixo e a confiabilidade que é muito superior em relação ao planetário, afirma Luiz Fernando Alves. Segundo ele, os fabricantes têm aperfeiçoado, no entanto, as novas linhas de redutor planetário. (RA)
As questões relacionadas ao aprimoramento dos setores de recepção, preparo e extração, incluindo sistemas de acionamento, também fazem parte da agenda de reuniões do Gegis – Grupo de Estudos em Gestão Industrial do Setor Sucroalcooleiro de Mato Grosso do Sul, que realiza os seus encontros na cidade de Dourados. Eletrificação de moendas e limpeza a seco estão entre os temas abordados em palestras e por meio de troca de informações e experiências em reuniões, informa Luiz Fernando Alves, que é coordenador do Gegis – MS. “São formas de reduzir perdas, melhorar a eficiência e, com isto, garantir a sobrevivência”, ressalta. (RA)
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Customização de redutores possibilita a otimização de custos Zanini Renk fabrica equipamentos no dimensionamento adequado que atende os requisitos de cada aplicação Fabricantes de acionamentos têm se empenhado para desenvolver soluções que possam contribuir para a otimização de plantas industriais de usinas e destilarias. É o caso da Zanini Renk, de Cravinhos, SP, fundada em 1972, que tem uma longa história no setor, desenvolvendo tecnologias, nessa área, para atender demandas da atividade sucroenergética. Um dos diferencias dos acionamentos Zanini Renk é o dimensionamento do equipamento de acordo com a necessidade do cliente, afirma Reinaldo Lourenço, diretor comercial da empresa. “Fabricamos o equipamento com a dimensão exata, nem um pouco maior nem um pouco menor, para atender os requisitos da aplicação. A empresa se destacou no mercado com a fabricação de redutores especiais”, afirma. Essa “customização” possibilita a otimização dos custos – ressalta. A Zanini Renk tem diversas soluções para acionamentos voltadas aos sistemas de extração de unidades sucroenergéticas. “É a única empresa que tem as três opções de acionamento: o redutor paralelo, com divisor de torque; o planetário central e o planetário rolo a rolo”, observa. A linha Torqmax 2.0 de redutores de eixos paralelos, com divisor de torque, utilizada em moendas, é inclusive um dos destaques do portfólio da empresa. “É uma linha totalmente confiável, que está há mais de 25 anos no mercado, com mais de trezentos equipamentos instalados”, afirma. Entre os diferenciais desse modelo incluem-se a robustez do produto, a vida útil mais longa, a elevada disponibilidade durante a moagem. “Em inúmeros casos comprovados, há equipamentos, operando há vinte anos sem interrupção no período de safra, que nunca tiveram necessidade de manutenção e substituição de rolamentos. Ocorreram somente troca de retentores e de peças de
Mudanças proporcionaram maior confiabilidade para os planetários
desgaste durante a entressafra”, diz. Na linha de redutores planetários, que são inclusive mais compactos, a Zanini Renk disponibiliza o Pentamax 2.0 para acionamento central que teve sua concepção tecnológica de projeto totalmente modificada, resultando em equipamentos mais robustos e confiáveis. Essa versão inovadora está operando com sucesso há mais de três anos em usinas do Brasil e exterior. A empresa disponibiliza também a linha de planetários Fleximax 2.0, rolo a rolo, que dispensa o uso de rodetes, informa Reinaldo Lourenço. Há ainda a linha exclusiva para difusores. “Segue os mesmos conceitos do Pentamax e do Fleximax. É um redutor montado no eixo”, explica.
Para preparo de cana, a Zanini Renk oferece a linha RMS, que é de aplicação mais geral, usada no esteirão de cana, guincho hillo, nos picadores e desfibradores. Com o objetivo de facilitar a manutenção dos redutores fabricados pela empresa, a Zanini Renk lançou, na Fenasucro do ano passado, o sistema de monitoramento CheckMax. “Ajuda o cliente na manutenção preditiva. Monitora o óleo do equipamento, temperatura, vibração, pressão do óleo no trocador de calor. Cria condições para o cliente programar uma parada, caso uma dessas variáveis saia fora dos padrões pré-estabelecidos”, diz. Essa ferramenta adicional tem o objetivo de aumentar a disponibilidade do equipamento – enfatiza. (RA)
Os primeiros redutores planetários, de todos os fabricantes, exigiam bastante manutenção e as linhas mais antigas ainda enfrentam esse problema, observa Reinaldo Lourenço. Em 2012, a Zanini Renk lançou a versão 2.0 das linhas Pentamax e Fleximax. “Foram aplicados novos conceitos no projeto que trouxeram aos redutores maior confiabilidade e mais facilidade na manutenção e inspeção. E também são ainda mais compactos, apresentando maior densidade de torque”, revela. De acordo com ele, os problemas antigos foram resolvidos nessas novas versões. “Uma das inovações é que todos os estágios têm lubrificação independente. O óleo de um estágio não passa para o estágio seguinte. Ele volta para o sistema de resfriamento e filtragem. Esses estágios são herméticos”, diz. O estágio paralelo na entrada trouxe mais confiabilidade ao produto e aumenta a disponibilidade em função da quantidade muito menor de rolamentos, o que reduz o índice de falhas – observa. A Zanini Renk está lançando agora uma segunda geração do planetário Fleximax 2.0, rolo a rolo, informa Reinaldo Lourenço. “Não houve alterações no conceito do projeto. Mas, mudanças no processo de fabricação para torná-lo mais competitivo”, diz. O redutor ficará ainda mais leve do que o da versão anterior. Segundo ele, o planetário rolo a rolo da Zanini Renk já é o que transmite mais torque por quilo. (RA)
Novas concepções substituíram engrenagens abertas Os acionamentos têm apresentado, de maneira geral, evolução significativa nos últimos anos. O sistema predominante para moendas era composto anteriormente por uma turbina a vapor de simples estágio, acionando um redutor de alta, e engrenagens abertas na redução final. Esse modelo de acionamento geralmente atendia dois ternos em conjunto. Para moendas de menor porte, o sistema era utilizado até para quatro ternos. A substituição de turbinas começou a ser viabilizada com o desenvolvimento dos inversores de frequência utilizados na variação da rotação dos motores elétricos, que possibilitaram um salto importante no acionamento de moendas.
A praticidade dos motores elétricos criou condições também para o surgimento de novas concepções de acionamento em substituição às engrenagens abertas, que passaram a atender as demandas geradas pela maior capacidade de extração das novas unidades sucroenergéticas. Além disso, com o avanço dos sistemas de preparo de cana, alimentação e de extração, as usinas mais antigas também exigiram acionamentos mais eficientes e com maior potência. Em decorrência disso, redutores de eixos paralelos, mais compactos do que equipamentos antigos, ganharam espaço. Outra inovação, nessa área, foi a utilização
de redutores do tipo planetário, que possibilitam o acionamento rolo a rolo de um terno de moenda. Para que possam apresentar desempenho satisfatório, os redutores precisam, no entanto, apresentar características compatíveis com as condições e as plantas industriais em que vão operar. Diversos fatores devem ser levados em consideração na hora de escolher o acionamento adequado para o sistema de extração, como aspectos técnicos e econômicos, confiabilidade do equipamento, escala de produção e até a região onde está instalada a indústria. (RA)
Reinaldo Lourenço, da Zanini Renk: equipamentos na dimensão exata
TECNOLOGIA AGRÍCOLA
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ALTA ROTAÇÃO! Palha estimula surgimento de novos mercados e mantém papel de redutora de custos nas áreas agrícola e industrial WELLINGTON B ERNARDES, DA R EDAÇÃO
Antes reduzida a cinzas, a palha tem ganhado papel principal em toda a cadeia da cana-de-açúcar. Em destaque por sua capacidade de gerar combustível e energia, este novo insumo faz a diferença no campo. Sua versatilidade possibilita que pesquisadores e empresas tragam soluções para reduzir os custos nas áreas agrícola e industrial. Hoje o produto, tal qual a mitológica ave Fênix, até aceita virar cinza, desde que dali ressurja como produto, como a energia elétrica ou, quando não é queimada, triturada ao limite, até se transformar em etanol de segunda geração. Mas a palha não perde um de seus principais atributos, no próprio campo. Por meio da rotação de culturas, ela continua responsável pelo controle de erosão,
Palha é versátil no campo, na queima e na indústria
manutenção da umidade do solo e prevenção da infestação de algumas pragas e doenças. Na rotação de culturas, o plantio mínimo de uma leguminosa ocorre em solo coberto com palha. Na técnica, há melhorias para posterior estabelecimento da cana, pela sinergia da palha com a nova cultura. O pesquisador da Agência Paulista de
Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Denizart Bolonhezi, afirma que a técnica reduz despesas com maquinários. “O custo para incorporar estes resíduos ao solo é muito maior em comparação à aplicação do mínimo revolvimento, com manejo correto desta palha para aplicação de uma outra cultura”, explica.
Quando destinada à indústria, a palha passa a ser considerada matéria-prima, exigindo que o campo trabalhe este material com maior cuidado. “A retirada do campo para indústria é um processo crucial. Se não feito com equipamentos adequados, pode comprometer a qualidade do produto”, explica Flávio Leite, gerente geral da Vermeer no Brasil. Flávio explica que esta nova demanda fez com que a empresa analisasse os reais entraves no campo antes de apresentar os maquinários. “Estudamos durante cinco anos o segmento de palha da cana antes de apresentar nossos produtos. Acreditamos que o setor de cogeração tem muito a crescer. É muito importante acompanhar este crescimento, para entender a real demanda e trazer as melhores soluções”, explica. Empresas do setor apostam nestas projeções otimistas para a palha. Marcelo Pupin, coordenador de marketing de produto da Valtra afirma que tecnologias deste segmento tendem a se especializar cada vez mais. “O que mais cresce dentro da empresa são soluções designadas para o recolhimento da palha da cana. Atualmente é possível trazer aos nossos clientes equipamentos de alta qualidade e fácil operação”, explica.
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TECNOLOGIA AGRÍCOLA
Marcelo Pupin: palha subaproveitada é desperdício energético
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Flávio Leite: primeira etapa do transporte da palha é crucial
Fabricantes buscam perfeição no manejo da palha O aprimoramento do uso da palha na indústria acompanha a valorização dos produtos oriundos desta. Cientes desta janela de oportunidades, usinas e fabricantes de máquinas apostam no crescimento destes mercados e desenvolvem técnicas e ferramentas cada vez mais especializadas no aproveitamento desta matéria-prima. Marcelo Pupin, da Valtra, observa que nos canaviais do país há grande disponibilidade deste material. “Existe um elevado índice de palha no campo, que é subaproveitada, o que representa um desperdício energético para o país”. Para
Pupin, a gestão errônea deste material impede incrementos na receita das usinas. “O recolhimento da palha é mais uma fonte de renda para usinas do setor”, explica. Etapa importante, este recolhimento tem influência direta na qualidade da matériaprima que chega à indústria. A redução de resíduos minerais, oriundos do solo é o maior desafio para os fabricantes. “A primeira etapa do transporte da palha é crucial para retirarmos este material; é preciso enleirar com menor movimentação de solo”, alerta Flávio Leite, da Vermeer. Conhecida por atender todo o
fluxograma da palha para a cogeração, a Vermeer possui enleiradores que reduzem esta contaminação. Com sistema de suspensão individual em suas rodas, o implemento é capaz de copiar as irregularidades do solo com maior precisão, facilitando o trabalho das enfardadoras. Entrave na logística dos fardos, a compactação do material é fundamental para que o custo com o frete seja justificável. Capaz de produzir mais de 60 fardos por hora, a enfardadora Challenger 2270 da Valtra, consegue alta densidade destes, minimizando a presença de espaços com ar.
Há 40 anos no mercado, a Implanor desenvolveu dois carregadores de palha, um para trabalhar no campo e outro na indústria, sendo capazes de carregar três fardos simultaneamente, representando 70 fardos de 500 quilos a cada 15 minutos; importante para agilizar esta etapa. “A demora para retirar estes fardos do campo é prejudicial; desenvolvemos este produto para dinamizar esta etapa. O carregamento deve ocorrer com agilidade e sem compactação do solo, preservando as socarias”, explica Hermano de Paula, gerente geral da empresa. (WB)
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Rotação de culturas assegura produtividade e renda extra Sucessivos plantios de cana em mesma área tendem a decrescer a produtividade, fenômeno que ocorre, entre outros fatores, pela degradação da matéria orgânica e aumento da incidência de determinadas pragas e patógenos, exigindo maiores quantidades de insumos para manutenção da produção. Com a proposta de quebrar este ciclo e tornar o ambiente naturalmente favorável ao desenvolvimento da cana, a rotação de culturas pode ser uma alternativa para controle de custos atrelado a incrementos na produtividade, com possibilidade de diversificação da produção. Na rotação, espécies leguminosas, com destinação comercial ou apenas com a finalidade de adubação verde são cultivadas em áreas com canavial que sofrera o último corte. A semeadura da cultura sucessora ocorre em plantio mínimo, somando assim os benefícios da presença da palha ao solo ao do crescimento radicular da leguminosa. A disponibilidade de canaviais em reforma e a viabilidade econômica da atividade são fatores que podem impulsionar a técnica nos próximos anos. Segundo Denizart Bolonhezi, da APTA, nesta safra 2014/15 cerca de um milhão de hectares no Centro-Sul estão em reforma; destes, 70% estão aptos a receber uma outra cultura durante a entressafra. Bolonhezi explica que no fluxograma da rotação o ideal é plantar dois ciclos com leguminosa comercial, intercalando com a adubação verde, para somente seguir com a cana-deaçúcar. Entre as espécies comerciais mais comuns estão a soja e o amendoim, respectivamente. A crotalária tem sido a leguminosa mais utilizada na adubação verde. Com duração de 18 meses, o ciclo recomendado pode ser inviável para as usinas, que possuem escala elevada de moagem. Prática comum entre estas, a alternância entre cana e leguminosa comercial pode ser uma solução pela limitação de tempo. “Este não é o conceito completo da rotação, porém a quebra no plantio é benéfica para o ambiente”, ressalta Denizart.
Denizart Bolonhezi, da APTA: monocultura leva à redução da produtividade
Edgar Alves da Silva, gerente agrícola da unidade Otávio Lages, do Grupo Jalles Machado, em Goiás, adota a rotação nos canaviais da empresa e afirma que com planejamento é possível reduzir custos e melhorar o ambiente para o futuro canavial. “A prática contribui para melhor condução da futura produção. Conseguimos reduzir custos com manejos e favorecer o desenvolvimento da cana em solo mais fértil e com menor presença de pragas”, afirma. Para o fornecedor, que representa 30% da cana plantada no Centro-Sul, a diversificação pode significar sua sobrevivência na atividade, fornecendo outras fontes de renda. “Quanto mais diversificado, mais seguro para o
agricultor, que sente, de maneira mais efetiva, ciclos negativos do setor”, explica Bolonhezi. Na tomada de decisão, escolher a leguminosa comercial requer análise mercadológica. “A cultura precisa estar em concordância com a comércio da região. No entorno de Jaboticabal, SP, é mais viável o estabelecimento do amendoim, pela presença de cooperativas, viabilizando o frete e a disponibilidade de máquinas e insumos”, conclui. Fora as leguminosas, o sorgo e milho têm sido utilizados na rotação para suprir demandas internas. O primeiro atuando na cogeração de usinas e o segundo na produção de ração para gado por fornecedores pecuaristas. (WB)
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Comercialização facilita entrada de recursos Oportunidade para equilibrar custos, a produção comercial na rotação de culturas tem assegurado a sobrevivência de produtores e garantido maior caixa às usinas. O estabelecimento destas, além dos benefícios agronômicos, garante capitalização em período de ociosidade e possibilidade de oferta de energia. Dois modelos têm sido desenvolvidos no plantio comercial, a incorporação da atividade pela usina ou produtor, com compra de máquinas e implementos para atividade ou a realização de parcerias, com o arrendamento da terra a produtores especializados na cultura. Nas parcerias, os produtores arcam com todas as despesas, do plantio ao escoamento. A vantagem desta modalidade é a flexibilização do capital, não é preciso mobilizar dinheiro com maquinário, galpões e estruturas para a cultura. Além das vantagens da rotação, é possível economizar em alguns insumos, como fertilizantes, utilizados por estes produtores na safra, beneficiando a canavial seguinte. Quando a opção é se tornar produtor da nova cultura, a venda da produção, somada aos aproveitamentos de mão de obra e alguns implementos que estariam ociosos são as principais vantagens. Mercado atrativo pelos preços pagos, a
Caubi Freitas quer ampliar presença do sorgo em áreas de canaviais
geração de energia tem estimulado usinas a produzir sorgo neste sistema. Similar à cana, ele não possui os benefícios das leguminosas para ciclagem de nutrientes, porém é eficiente no controle de nematoides. Visando o mercado nacional de agroenergia, a Agricomsseds chega ao Brasil
Cogeração estimula plantio do sorgo na reforma dos canaviais
com duas variedades de sorgo de alta produção de biomassa e uma para geração de etanol. Caubi Freitas, responsável pelo marketing da empresa, explica que crescente demanda pela diversificação de culturas, atrelada ao aquecimento do mercado de energia favorecem o
desenvolvimento de negócios no país. “Nossa proposta é trazer ao setor elevadas produtividades de sorgo, que justifiquem a aplicação da cultura nos canaviais. Solução para usinas que querem produzir energia na entressafra e realizar melhorias no ambiente agrícola”. (WB)
Adubação verde prepara futuros canaviais R:\(JORNALCANA)\JC 254\Wellington\Plano de mídia\2015-02-18 Crotalaria.JPG Legenda: Crotalária, leguminosa comum na adubação verde O uso de adubos verdes tem garantido redução de custos com manejo e melhores respostas da cultura em solos antes com baixa fertilidade. Ferramenta usada para preparar ambientes deficientes para oferecer melhor resposta às demandas da cana-de-açúcar, este manejo tem contribuído para o uso eficiente dos recursos financeiros e ambientais. As leguminosas são utilizadas
preferencialmente nesta prática por serem espécies mais rústicas, que não demandam manejos. Seu baixo custo de manutenção e elevado benefício para o campo justificam seu plantio. Estas plantas possuem eficiente controle de nematoides, ajudam na diminuição plantas daninhas e fixam nitrogênio para a cana. Vantagem para solos com histórico de baixa fertilidade, os adubos verdes auxiliam no preparo de ambientes que necessitariam maiores manejos para alcançar boa produtividade. “Os adubos verdes têm papel importante no desenvolvimento de ambientes
deficientes. Sua utilização reduz custos com manejos e possibilita boas respostas para a futura produção”, explica Denizart Bolonhezi, da Apta. Na unidade Otávio Lages do Grupo Jalles Machado, o uso da crotalária tem auxiliado a redução de custos com manejo. “Conseguimos proteger o solo contra erosão, incorporar matéria orgânica e ainda melhorar a fertilidade da área, tornando o solo mais apto a fornecer condições ideais para o desenvolvimento da cana”, afirma Edgar Alves da Silva, gerente agrícola do grupo. (WB)
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A SALVAÇÃO ESTÁ NA IRRIGAÇÃO? WELLINGTON B ERNARDES, DA R EDAÇÃO
Responsável pelo decréscimo produtivo que acomete a safra 2014/15, a seca refletiu na agroindústria do Centro-Sul, que moeu 30 milhões de toneladas a menos no ano de 2014, queda de 5% em relação ao ano passado. Segundo último relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), o índice de chuvas na América Latina pode ser reduzido em até 30%. Neste cenário, é possível que a região adote a irrigação como manejo contínuo para a manutenção da produtividade? Fornecer água para planta demanda planejamento econômico e estudos para a real viabilidade deste manejo. Algumas regiões vivem períodos de seca, porém, retomam a pluviosidade normal no decorrer dos anos. Outras, como o Noroeste de São Paulo e o Triângulo Mineiro são conhecidas pelo baixo volume de chuvas. Nestes canaviais, há demanda por sistemas mais sofisticados de irrigação, porém, a descapitalização do setor impede investimentos na área. Nilceu Piffer Cardozo, pesquisador da Canaplan, explica que a viabilidade econômica impede que esta prática seja mais comum. “O interesse por sistemas de irrigação é grande, usinas locadas em regiões com grandes déficits possuem demanda por equipamentos mais sofisticados, mas o
Cássio Manin Paggiaro, da Clealco: plano diretor de irrigação
cenário de retração do setor reduziu o capital para aplicação em manejos mais avançados”, afirma. Períodos mais secos no Sul de São Paulo ocorrem no inverno, quando há menor comprimento de luminosidade e baixas temperaturas. Mesmo com fornecimento de água, não haverá produção vegetal ótima, como no verão. “Dependendo da época, a resposta da planta à irrigação não justifica o investimento”, afirma. Ciente desta conjuntura, o Grupo Clealco, estuda com cautela a implantação da irrigação em seus canaviais. Para o diretor
Marcos Kawasse: chuvas escassas no Centro-Sul abrem espaço à irrigação
agrícola da empresa, Cássio Manin Paggiaro, é necessário um estudo aprofundado para compreender a resposta da cana, em diferentes ambientes, ao manejo. “Estamos trabalhando num plano diretor de irrigação, para estudar quais ambientes melhor respondem ao fornecimento de água e quais as lâminas necessárias. Temos que avaliar a viabilidade econômica desta atividade”. Para Marcos Kawasse, gerente key accounts e produtos da Netafim, a outorga de água e a falta de energia elétrica são entraves na expansão da irrigação no Centro-Sul, porém a região tem apresentado maior
demanda por este manejo. “As chuvas escassas e mal distribuídas que ocorreram nos últimos 3 anos, aumentaram consideravelmente a procura por sistemas de irrigação para garantir a estabilidade da produção”. Kawasse enfatiza a importância de estudo e acompanhamento para eficiência destes projetos. “Estudar e acompanhar as áreas irrigadas é uma etapa importante e contínua. Nossa empresa possui um departamento agronômico focado apenas em auxiliar os clientes na condução de seus projetos, para que haja sucesso nesta implantação”.
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Setor enfrenta crise hídrica com ciência e experiência Para driblar a escassez de água, o setor canavieiro experimenta ações que minimizem o déficit hídrico nos canaviais. No Sudeste pesquisadores buscam a real demanda de água pela cana, enquanto usinas utilizam fertirrigação para estimular crescimento vegetal e brotação. Marcos Kawasse, da Netafim, afirma que alguns métodos podem contribuir para redução do insumo. “A irrigação por gotejamento proporciona uma economia de água que pode chegar a 50% em relação a outras técnicas de irrigação, pois a água é aplicada diretamente na zona das raízes da planta, além de permitir a aplicação de
nutrientes, produtos químicos e vinhaça diluída, reduzindo os custos com maquinário e mão de obra”. Na Universidade de São Paulo (USP), pesquisadores procuram entender a real demanda da cana por água em condições de elevada temperatura e baixa pluviosidade. Indicativo importante na irrigação, o Kc (coeficiente da cultura), considerado constante, pode sofrer variações conforme a região microclima em que a planta está inserida. Segundo o pesquisador Daniel Nassif, estudante de doutorado em sistemas agrícolas, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”
(Esalq), em condições de estresse hídrico, a planta cria mecanismos de defesa para reduzir a perda natural de água para o ambiente. Para o pesquisador, a pergunta é se esta constante (Kc) realmente não varia. Segundo dados de sua tese de doutorado, ela pode variar conforme o ambiente em que a cana está inserida. Na região em que montamos os experimentos, Piracicaba, SP, descobrimos que não precisamos aplicar tanta água na cultura segundo o Kc estabelecido, gerando economia de água e redução de custos para os produtores”, explica. Usinas mais capitalizadas têm adotado
a adubação complementar para recuperar este atraso no crescimento dos canaviais; a aplicação de ureia e adubos nitrogenados contribui para a produção vegetal. O uso da fertirrigação, através da vinhaça, também tem mostrado alguma efetividade. Cássio Manin Paggiaro, diretor agrícola da Clealco, explica que em alguns períodos do ano, a vinhaça contribui para repor a umidade. “O principal objetivo da vinhaça é repor o potássio no solo, porém, conseguimos observar, de maneira menor em relação à irrigação, o estímulo à brotação, principalmente em épocas mais secas e frias”, ressalta. (WB)
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No Nordeste, irrigação é questão de sobrevivência Com mais de um milhão de hectares plantados com cana-de-açúcar, cerca de 492,6 mil hectares, dos nove Estados que integram a região Nordeste, possuem algum tipo de irrigação, representando 49% do total. Alagoas é o Estado com maior percentual de área irrigada, 75% de seus canaviais utilizam o manejo, são 300 mil hectares irrigados, dos 401 mil totais. Para Antonio José Rosário de Souza, diretor técnico da Associação dos Plantadores Técnicos de Cana de Alagoas (Asplana), este resultado é reflexo de anos de investimento em tecnologias que viabilizassem a alta produtividade no Estado. “A irrigação em Alagoas acontece há mais de 30 anos, aqui, este manejo é questão de sobrevivência, a empresa que não investiu, com certeza, não é competitiva na região”, afirma. Sandra Maria da Silva, coordenadora de irrigação da Usina Coruripe, ressalta a importância da irrigação para a permanência
e sucesso no setor. “A irrigação da Usina Coruripe tem ajudado a melhorar sua produtividade, assim como torna possível sua permanência e estabilidade no mercado. Sem a Irrigação seria inviável produzir cana-deaçúcar”, alerta. Pernambuco detém a segunda maior área irrigada da região; são 40,8 mil hectares. Na Usina Central Olho D’Água, em Camutanga, PE, cujos 50% dos canaviais estão situados numa região de planossolos, que possuem menor profundidade e tendência à salinidade, a sensibilidade à seca é alta. Conforme analisou Marcos Ferreira Mendonça, engenheiro agrônomo da usina, os campos sem irrigação sofreram com a seca que ocorreu nos meses de novembro e dezembro de 2014. “O uso da irrigação em nossa região é imprescindível, sem esta ferramenta não seria possível plantar cana no verão”. Mendonça explica que a contínua avaliação para melhorias deste processo é responsável pelos ganhos em produtividade.
Panorama da irrigação no Nordeste
Fonte: Unida
“Para utilizarmos a água de maneira eficiente, a atualização dos sistemas empregados deve ocorrer periodicamente,
Sandra Maria da Silva, coordenadora de irrigação da Usina Coruripe
sempre alinhando o correto manejo da irrigação a outras tecnologias agronômicas, como emprego de variedades responsivas, adequação da colheita e manejo nutricional da cultura, para que a produção tenha máximo incremento possível”, afirma. Em paralelo a este conceito, os canaviais da Coruripe obtêm produtividade até 67% maior em relação às áreas de sequeiro. Sandra afirma que atingir a relação ideal entre produtividade e custo-benefício é o maior entrave. “Sabemos que a suplementação hídrica faz a diferença; o desafio é fornecer água à planta buscando produtividade, viabilidade econômica e manejo sustentável”, conclui. A demanda por suplementação hídrica é característica dos canaviais nordestinos. Por esta razão, a União Nordestina dos Produtores de Cana (Unida) catalogou as possíveis áreas de expansão da irrigação. Segundo a pesquisa, Alagoas e Pernambuco, líderes em área irrigada, possuem os maiores potenciais, com 150 mil e 110 mil hectares, respectivamente. Ceará apresenta a menor proporção de áreas irrigadas, com apenas 5%; seguido de Pernambuco (15%) e Maranhão, Rio Grande do Norte e Sergipe, com 35%. (WB)
POLÍTICA SETORIAL
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Governo retoma tributos sobre a gasolina PIS, Cofins e Cide devem fazer governo arrecadar R$ 12,18 bilhões em 2015 DA R EDAÇÃO
Em 19 de janeiro, o setor sucroenergético, enfim, recebeu a notícia que há muito esperava. Joaquim Levy, ministro da Fazenda, anunciou que a partir 1º de fevereiro as tributações incidentes sobre a gasolina e o diesel estariam de volta. O impacto do aumento gira em torno de R$ 0,22 para a gasolina e de R$ 0,15 para o diesel. A expectativa do governo é arrecadar R$ 12,18 bilhões com esta medida em 2015. Na prática, está valendo desde 1º de fevereiro o aumento do PIS — Programa de Integração Social e a Cofins — Contribuição para Financiamento da Seguridade Social, uma vez que a alta da Cide —Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico precisa de 90 dias para ser implementada, ou seja, a partir de maio. Elizabeth Farina, presidente da Unica — União da Indústria de Cana-de-Açúcar, diz que o efeito potencial da medida vai depender da decisão da Petrobras, de repassar o custo ao consumidor ou não. "Mas não tenha dúvida de que o preço da gasolina vai subir. Isso vai aumentar a competividade do etanol na bomba, que deve ficar muito
Joaquim Levy, ministro da Fazenda
mais atrativo em um país com 70% da frota com capacidade de rodar a etanol". Para a executiva, não é possível saber o efeito real da medida. "Os produtores de etanol têm estoque até outubro e a procura vai depender do consumidor, mas é um
momento propício, que deve ser distribuído ao longo da cadeia. Isso pode melhorar o cenário, mas ainda não indica um quadro de investimentos. Precisamos saber qual é a política do governo, que envolve as escolhas de matriz energética."
João Henrique de Andrade, diretor industrial e administrativo da Usina Pitangueiras, não acredita que a atitude do Governo Federal tenha se baseado na crise vivida pelo setor. Ainda assim, ressalta sua importância. “Com a melhora do preço do etanol hidratado e com os produtores movimentando seu mix para o biocombustível, em pouco tempo devemos ter uma melhora também nos preços do açúcar. É um fôlego a mais depois de anos de sofrimento”, afirma. A expectativa agora é pelo aumento da mistura de etanol anidro na gasolina. A proposta para que o valor saia dos atuais 25% para 27% precisa passar pela aprovação da presidente Dilma Rousseff. “Para resolver os problemas do setor, precisamos primeiro ajustar a situação do etanol. Caso a mistura realmente seja aprovada, nosso produto voltará a ter expressão na matriz energética nacional”, diz Andrade. Eduardo Junqueira da Motta Luiz, sócio-diretor da Usina Açucareira Guaíra, concorda que a decisão não foi tomada em função dos problemas vividos pelo segmento. Até por isso, ressalta. “É importante entendermos que esse estímulo da Cide não pode acontecer ao sabor de políticas de conveniência para o governo. Tem que haver seriedade diante de um produto nacional, de fonte renovável e que gera empregos, conseguido com muito esforço e que de repente foi desprezado e abandonado!”
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Investimento em liderança ajuda o setor a enfrentar a crise Gerentes e diretores devem estar preparados para direcionar equipe à superação de dificuldades R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP
Nos momentos de crise e incertezas, como o que tem afetado o setor sucroenergético nos últimos anos, aumentam as dúvidas e indefinições em relação à maneira como deve ser conduzida a gestão de pessoas. “A primeira coisa é trabalhar as lideranças. São elas que ditam o ritmo na empresa, fazendo as pessoas produzirem mais e melhor, ou não”, afirma Mário Íbide, especialista em gestão, de Assis, SP. Segundo ele, se uma unidade ou grupo sucroenergético precisar fazer um investimento a toque de caixa para melhorar o seu processo de gestão nessa área, a opção deve ser investir na liderança. “Encontramos bons técnicos ocupando cargos de gestão. Mas, eles nem sempre são habilidosos para lidar com as pessoas”, constata. Nas empresas onde ocorre esse tipo de situação, o investimento deve estar voltado para o treinamento dos líderes na área comportamental. O desafio é capacitar os gestores para que eles tenham condições de preparar adequadamente a equipe visando a superação de dificuldades provenientes do momento de crise. O objetivo é interferir no comportamento do “time” para que ocorra a partir da mudança de atitude, uma melhoria no desempenho – explica. “Em diversos casos, as pessoas não estão produzindo tanto quanto deveriam. ‘Saber fazer’ depende se elas foram treinadas. Agora, ‘querer fazer’ depende de como as pessoas são tratadas. É isto que gera
comprometimento”, comenta. A presença de líderes preparados em usinas e destilarias, para conduzirem inclusive a sua equipe em momentos de pressão decorrentes de situações de crise, varia de empresa para empresa, afirma Mário Íbide. “Não dá para generalizar”, diz. Em situações de crise, aumentam as
demandas pessoais de gerentes e diretores. “Eles precisam de mais subsídios para suportar esse momento”, afirma Jackson Soares, especializado em coaching, de Campinas, SP. De acordo com ele, quando o setor está em uma situação mais favorável, trabalham-se competências, como desenvolvimento estratégico. Em períodos
de crise, há necessidade de abordar fatores, como ansiedade e falta de tranquilidade. Uma gestão de pessoas eficientes, associada a uma gestão financeira cautelosa e bem estruturada, faz muita diferença para a empresa continuar a desenvolver o seu trabalho no mercado mesmo nesse momento de dificuldades – comenta Mário Íbide.
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Gestor precisa ter vontade de conhecer o comportamento humano Algumas características, consideradas essenciais, devem fazer parte do perfil de profissionais de média e alta gerência para que tenham condições de desenvolver seu trabalho voltado à orientação e motivação da equipe. “O principal aspecto que precisa ser trabalhado com o líder é a vontade dele em conhecer o comportamento humano. Da mesma forma que ele conhece a parte técnica da agrícola ou da indústria, precisa ter o mesmo empenho para participar de programas que mostram como as pessoas funcionam”, comenta o especialista em gestão, Mário Íbide. As pessoas são diferentes, por isso é preciso adotar estilos diferentes de liderança de acordo com os grupos de profissionais existentes na empresa – observa. “Um funcionário mais jovem, que chamamos de principiante empolgado, requer um estilo de liderança. Para um veterano na empresa, que tenha um nível de qualificação maior, o estilo utilizado deve ser outro. No caso do colaborador relutante, que ora está bem ora não está, ora está motivado ora não está, a liderança deve ocorrer de outra maneira” – compara. “O líder precisa de um programa de treinamento, com técnicas específicas, voltadas ao comportamento humano” – enfatiza. De acordo com ele, esses treinamentos devem ter um acompanhamento. “O problema da liderança não é solucionado em oito, dez ou doze horas”, observa. O programa de desenvolvimento não se limita ao treinamento, apesar dele ser considerado importante. “Deve incluir principalmente o trabalho de coaching, que é o desenvolvimento individualizado das pessoas”, afirma Mário Íbide. Os integrantes do grupo de gestão precisam ser orientados de maneira individual, porque as necessidades dessas pessoas são diferentes – constata. “Um líder tem mais dificuldade na parte de planejamento, outro no aspecto de relacionamento. Há ainda o que é mais centralizador, tendo
Mário Íbide propõe atividades de coaching individual e coletivo
dificuldade para delegar”, exemplifica. O desenvolvimento customizado, por gestor, é o que apresenta melhores resultados – ressalta. O programa de coaching que dirige tem duração de dezoito meses e encontros a cada quinze ou vinte dias – informa o diretor da empresa. Para atendimento da grande quantidade de líderes e gestores de uma usina, podem ser adotadas duas maneiras de se trabalhar o coaching – esclarece Mário Íbide. Uma delas é
o individual com o pessoal de alta gestão, incluindo diretores, gerentes e supervisores, que desempenham também o papel de multiplicadores dos conceitos assimilados. Outra maneira de trabalhar esse programa é a realização do coaching coletivo, voltado para até quinze pessoas, com a participação de chefias intermediárias, como encarregados. É uma forma também de viabilizar essa atividade para a empresa. (RA)
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Teoria das emoções primárias é utilizada no diagnóstico Ferramenta faz diagnóstico da tendência de comportamento, levando em consideração as escolhas do gestor Para dar o “remédio” certo é preciso conhecer o perfil comportamental do líder. “Existem algumas ferramentas no mercado que são utilizadas para identificar qual é a tendência de comportamento de determinada pessoa”, informa Mário Íbide. Esse recurso cria condições para diagnosticar se a pessoa é mais introvertida ou extrovertida, se assume mais riscos ou se é mais restritiva em relação à tomada de decisão – detalha. De acordo com ele, a aplicação desse tipo de ferramenta leva em consideração as escolhas do gestor, baseando-se na teoria das emoções primárias, que associa a psicologia, a matemática e a TI – Tecnologia da Informação. “Um software faz a composição do perfil comportamental a partir das escolhas da pessoa. O índice de acerto é de 90% a 95%. É um instrumento que ajuda a direcionar melhor o trabalho de coaching”, afirma. Esse trabalho possibilita, entre outros diagnósticos, avaliar quais são os pontos fortes que podem se converter em limitações. “Às
vezes, um gestor é muito bom em comunicação. Mas, se ele abusar disso, querendo virar a ‘cereja do bolo’, pode criar aversão no grupo. Aquilo que pode ser uma habilidade, uma competência, pode se voltar contra ele. Neste caso, ele tem esse recado: olha, toma cuidado com essa atitude”, exemplifica. Tudo isto demonstra que é necessário fazer um trabalho mais específico – observa. “Não dá para ficar usando as mesmas receitas do passado que não surtiram efeito na melhoria da qualificação das lideranças”, ressalta. Uma das diferenças entre coaching e treinamento é a medição de resultados. “Aplicamos dois instrumentos de mensuração.
Um deles é a pesquisa de clima. Quando o trabalho é iniciado, queremos saber como a liderança está sendo avaliada por seus funcionários. A outra ferramenta é para verificar como o líder está sendo avaliado pelos chefes. Neste caso, é utilizada a avaliação de desempenho”, diz Mário Íbide. Após dozes meses, essas ferramentas são novamente aplicadas para medir se houve melhoria na performance da liderança. No coaching coletivo, trabalha-se o desenvolvimento de competências, definidas pela empresa, também com foco em resultados. Organização de trabalho, tomada de decisão podem ser alguns aspectos abordados coletivamente – observa. (RA)
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Atividade gera benefícios para a vida pessoal O líder deve ser um profissional que saiba incentivar, motivar as pessoas, traduzir as necessidades de cada um, levar a informação mais corretamente possível da empresa para os funcionários; deve fazer também um elo entre a parte estratégica da corporação com o processo, afirma Jackson Soares, especialista em coaching. “A atividade de treinamento ou de coaching não fica restrito à empresa. É um trabalho que está sendo feito para a pessoa, que se aplica inclusive nos seus relacionamentos na família. Muitos problemas nessa área acabam sendo resolvidos com os trabalhos de orientação sobre comportamento”, comenta. Os funcionários, que estão sendo treinados em relacionamento, acabam absorvendo essas informações que são utilizadas também na vida pessoal. “O relacionamento não ocorre somente no âmbito empresarial”, constata. Um processo normal de coaching trabalhado em duas competências tem uma duração média de doze meses, com uma reunião mensal de noventa minutos a duas horas. Esses encontros podem ser também quinzenais, o que diminui a duração do coaching para seis meses. “As reuniões abordam sempre aspectos de relacionamento e de comportamento. Se ocorrer uma situação específica, como uma promoção durante o trabalho de coaching, a duração da atividade pode aumentar em função das exigências, no aspecto comportamental, da nova atribuição”, esclarece. (RA)
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Gestão de conflito e comunicação estão entre os temas abordados
Jackson Soares: usinas continuam investindo no seu corpo gerencial
Usinas têm demonstrado maior interesse pelo coaching Está havendo demanda mesmo em empresas que não estão em uma situação financeira favorável, revela Jackson Soares As unidades e grupos sucroenergéticos têm adotado diversas reações, na área de gestão de pessoas, em relação à crise, afirma o especialista em coaching Jackson Soares. “Algumas empresas resolveram cortar pessoas para diminuir custos. Mas, o que se percebe de diferente nesse momento é que
mesmo com as dificuldades, muitas usinas continuam investindo no seu corpo gerencial como uma forma de dar tranquilidade para esses profissionais desenvolverem o seu trabalho”, revela. Diversas empresas estão contratando o programa de coaching, objetivando dar maior harmonia, melhorar a visão coletiva – observa. “Isto não ocorria em outras épocas. Esse trabalho tem se ampliado nas usinas. Desde o ano passado, aumentou bastante”, ressalta. Segundo ele, está havendo demanda mesmo em empresas que não estão em uma situação financeira favorável. “O líder tem que estar preparado para manter o clima saudável mesmo na
adversidade. Apesar de ser afetado pela situação, ele tem que trabalhar nessas circunstâncias”, enfatiza. Para comandar um processo de recuperação, o gestor precisa arregimentar as pessoas e fazer com que elas acreditem nesse processo de mudança – diz. De acordo com Jackson Soares, um dos focos atuais no desenvolvimento de pessoas é a área de relacionamento. Esse fator é um “guarda-chuva” maior que abrange não só a liderança, mas o relacionamento entre pares, chefias – afirma. “A forma de liderar a equipe é fundamental. O relacionamento positivo, saber ouvir, dar feedback, o trabalho de motivação são importantes”, destaca. (RA)
“As usinas têm atualmente consciência de que os resultados advirão das pessoas. Unidades e grupos sucroenergéticos estão fazendo investimentos importantes em treinamentos e coaching”, enfatiza Jackson Soares. A demanda do Grupo JJ tem inclusive aumentado. O trabalho da empresa é voltado à área comportamental, o que inclui a realização de coaching para gerentes, diretores, além de treinamentos em grupos para supervisores, chefes de setores, líderes das áreas agrícola, industrial e administrativa. Liderança, comunicação, gestão de conflito são temas, entre outros, abordados nesses treinamentos. “Algumas ações são privilegiadas conforme o diagnóstico realizado para a identificação das maiores carências. Quando se fala em trabalho na área comportamental, dificilmente se consegue trabalhar, de maneira eficiente, mais do que três competências, tanto em treinamentos de grupos como no trabalho de coaching”, diz. Jackson Soares observa ainda que a questão de relacionamento na empresa não se restringe a líderes e a sua equipe de trabalho. “Há também o relacionamento entre pares. Os maiores problemas estão justamente nesse nível”, revela. Os gestores não têm ainda muita habilidade para lidar com outros diretores e gerentes, que estão na mesma situação hierárquica – constata. “Essas relações, que nem sempre ocorrem de uma forma satisfatória, são muito emocionais e pouco racionais. Um dos principais trabalhos da área de coaching é o desenvolvimento desses relacionamentos de uma maneira mais equilibrada. Isto é fundamental para a empresa. Ainda mais nesse momento existe a necessidade de se adotar decisões rápidas. Não se pode deixar uma atitude emocional atrapalhar essa decisão”, afirma. (RA)
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ENTREVISTA – Fábio Venturelli
“Jeito de Ser” é um dos diferenciais da São Martinho Esforços de profissionais, durante décadas, tornam a empresa referência no mercado junto a todos os seus públicos, segundo o presidente do grupo
em cargos de liderança? Ser um exemplo para os demais, respeitando todas as questões de governança corporativa e os direcionamentos da estratégia de negócio. Mais do que capacidade técnica para tomar as melhores decisões, ter atitude de liderança e conduta ética, acima de tudo. A São Martinho desenvolve ações para atrair e reter talentos na empresa, como programas de remuneração e de valorização profissional? Fazemos constantes pesquisas de remuneração para avaliar e atualizar este importante quesito. Construímos um modelo consistente para atrair e reter talentos que congrega um pacote de remuneração competitiva. A São Martinho também prioriza o recrutamento interno como forma de valorizar seu colaborador, a quem destina um programa chamado Valores em Ação, iniciativa que oferece aos interessados oportunidades de crescer dentro da empresa para cargos de liderança. E temos também nosso programa de trainees, que vem atraindo talentos recém-formados em instituições de renome. Por fim, nosso excelente ambiente de trabalho é um grande fator de retenção.
R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP
As pessoas são responsáveis pelo sucesso da São Martinho, afirma Fábio Venturelli, presidente do grupo, que está sempre realizando investimentos voltados a uma melhor profissionalização de sua equipe e ao aprimoramento do processo de gestão. A empresa adota inclusive uma expressão, conhecida como “Jeito de Ser” da São Martinho, que retrata “um sentimento de orgulho e satisfação das pessoas por trabalharem na companhia e que envolve atributos como companheirismo e dedicação”, observa Fábio Venturelli. Alguns pilares da área de gestão de pessoas, como os de Desenvolvimento, Remuneração Competitiva e Gestão de Relacionamento, são adotados em todas as unidades da empresa que está entre os maiores grupos sucroenergéticos do Brasil, com capacidade aproximada de moagem de 22 milhões de toneladas de cana, sendo 20 milhões de capacidade proporcional à sua participação acionária. O grupo possui quatro usinas em operação: São Martinho, em Pradópolis, SP; Iracema, em Iracemápolis, SP; Santa Cruz, em Américo Brasiliense, SP, além da unidade Boa Vista, em Quirinópolis, GO, que é uma joint-venture com a Petrobras Biocombustível. JornalCana - O papel desempenhado pelos funcionários da empresa tem sido importante para o sucesso do Grupo São Martinho? Fábio Venturelli - Sim, tem sido primordial. O grande diferencial do Grupo São Martinho são as pessoas. Trata-se de um valor da companhia, consolidado em todos os níveis. Acreditamos que as pessoas são responsáveis pelo sucesso que alcançamos. Valorizar as pessoas que trabalham conosco é uma tradição da São Martinho e faz parte de nossa cultura. A São Martinho adota um modelo específico de gestão de pessoas? Sim, estamos sempre investindo nesta área na busca de uma melhor profissionalização e gestão de pessoas. Em recente reestruturação, construímos um modelo de RH Corporativo em sintonia com o RH transacional e com as unidades. Dentro deste desenho também criamos um comitê permanente de compliance. O trabalho se dá em três níveis: estratégico, tático e operacional. Queremos, com isso, aperfeiçoar
O que muda na gestão de pessoas em momentos de crise? Nossa missão nestes momentos é a de estabelecer e estimular a confiança nas pessoas. Quando o colaborador sente segurança e transparência na gestão e na direção da empresa, certamente dará o seu melhor para superar o momento de crise.
a qualidade da gestão das pessoas ao mesmo tempo em que preparamos as equipes a atuar com mais velocidade para atender ao processo de crescimento sustentável do Grupo São Martinho, que impõe desafios cada vez maiores. O que é o “Jeito de Ser” da São Martinho? É um sentimento de orgulho e satisfação por trabalhar na companhia e que envolve atributos como companheirismo e dedicação. Não se trata de uma expressão superficial ou fabricada artificialmente, mas fruto de uma história que se tornou tradição. São anos, ou melhor, décadas, de esforços buscando sempre ser referência no mercado junto a todos os nossos públicos de interesse. Por isso estamos entre as 150 melhores empresas para se trabalhar de acordo com a pesquisa Você SA, conquistando posições de destaque em diferentes indicadores. Quais são as principais ações do grupo na área de gestão de pessoas, incluindo programas voltados à formação e qualificação profissional? As ações na área de gestão de pessoas são padronizadas e adotadas em todas as unidades do grupo. Estabelecemos em nosso
modelo alguns pilares fundamentais. O primeiro é o de Desenvolvimento, com ações e capacitações técnicas e comportamentais. Temos também os pilares de Remuneração Competitiva, bastante alinhado com o mercado, e o de Gestão de Relacionamento, que visa melhorar o dia a dia dos colaboradores, inclusive com uma célula de trabalho voltada especificamente para aperfeiçoar as relações entre empresa e seus colaboradores em todas as fases da sua carreira, da seleção à aposentadoria. A empresa desenvolve programas específicos voltados à capacitação de lideranças? Sim e com especial ênfase. A São Martinho investe em capacitação técnica e comportamental de forma continuada, com ações e eventos específicos para quem tem a responsabilidade e o papel de líder. Promovemos todos os anos dois encontros fundamentais: o de líderes, para cargos intermediários, e o de gestores, que envolve coordenadores, gerentes e diretores com atividades voltadas para o planejamento e sucesso da safra. Qual é o papel que deve ser desempenhado pelos profissionais que atuam
Como preparar adequadamente a equipe para superar as dificuldades provenientes do atual momento de crise e para enfrentar novos desafios após a sua superação? Entendemos que a melhor maneira de se preparar para uma crise é antevê-la no sentido de saber que um dia ela pode chegar e, assim, minimizar seus reflexos. Como? Nunca considerar que os bons momentos são permanentes, pois nosso setor é caracterizado por oscilações históricas. Desta maneira, constantemente aperfeiçoamos o controle de custos e os orçamentos. Nossas equipes são desafiadas a ter esta cultura, o que nos protege em situações de turbulência econômica. Quais são as principais demandas na área de gestão de pessoas da São Martinho e do setor sucroenergético? Não somente para a São Martinho, mas também para todo o setor sucroenergético, o principal desafio na gestão de pessoas é investir em educação e capacitação. É uma demanda dos novos tempos e temos que nos preparar para concretizar com consciência e orçamento factível. A educação a distância, numa realidade de crescente adaptação das pessoas às novas tecnologias, certamente será uma importante ferramenta nesta cruzada de democratização do conhecimento.
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Foco deve estar voltado aos ganhos de produtividade Usinas devem cuidar melhor da “porta de entrada”, sendo mais criteriosas e cuidadosas no processo seletivo R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP
“Temos falado muito para o pessoal de gestão que o setor precisa ganhar em produtividade. A gente tem se deparado com problemas estruturais, com uma quantidade de pessoas sendo utilizadas nos processos operacionais acima daquilo que seja, talvez, suportável para as usinas”, comenta o especialista em gestão, Mário Íbide, de Assis, SP. Segundo ele, há ainda muito desperdício, retrabalho, funcionários sem qualificação para determinadas funções. “O setor tem um histórico de trabalhar com mão de obra semiqualificada. É necessário dar um salto. Essas questões são abordadas nos treinamentos e nas orientações para as diretorias das empresas”, diz ele, que trabalhou durante 23 anos no Grupo Nova América, onde atuou inclusive como diretor corporativo de Recursos Humanos. Mário Ibide observa que as usinas e destilarias precisam ter um pessoal de gestão mais qualificado. “O setor sempre aproveitou muito os autodidatas, que nem sempre têm
nível de formação para fazer análises de ganhos de produtividade”, avalia. As empresas também devem cuidar melhor da “porta de entrada” – afirma. De
acordo com ele, é preciso ser mais cuidadoso e criterioso no processo seletivo para a contratação e promoção de pessoas. “Existem ferramentas e recursos que nem sempre são
aplicados”, constata. Algumas contratações são baseadas no ‘feeling’ de gerentes e diretores. “Pode contratar que esse é bom, costumam dizer. Mas, não é bem assim. Em diversas situações, não se investigou direito se o novo contratado tem boas habilidades para motivar a equipe”, revela. Uma pessoa pode até entrar na empresa por competências técnicas. “Mas, o que faz o profissional crescer e evoluir na carreira é a habilidade em lidar com as pessoas. Para ocupar um cargo de maior destaque é necessário conversar com a equipe de trabalho, fornecedores, bancos, sindicatos, associações de classe, órgãos técnicos. A habilidade relacional é o que faz a carreira progredir”, diz. Diversas unidades e grupos sucroenergéticos não medem tão bem essa habilidade do profissional na porta de entrada, no processo seletivo, tanto para contratação, como para promoção, enfatiza. “É preciso deixar de lado a subjetividade, o achismo, para usar ferramentas adequadas para que sejam trazidas para a empresa pessoas que realmente produzam resultado. E, para isto, elas têm que ser boas em relacionamento”, destaca. Esse processo criterioso deve incluir – recomenda – desde um selecionador com boa qualificação, uso de ferramentas como os instrumentos de tendência comportamental, entrevista bem conduzida e até dinâmicas de grupos em que os candidatos são observados em situações de pressão e de conflito.
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MERCADO FORNECEDOR
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Continental adquire Veyance após aprovação do Cade A Continental adquiriu a empresa de borracha americana Veyance Technologies Inc., em Fairlawn, Ohio, EUA, em 30 de janeiro, após o Cade - Conselho Administrativo de Defesa Econômica, em 29 de janeiro, também ter aprovado a transação, obtendo assim as aprovações antitrustes necessárias. A Continental, fornecedora internacional da indústria automotiva e fabricante de pneus, impulsiona globalmente seus negócios na área industrial com a mais significativa aquisição de sua história corporativa recente. O volume da transação é de 1,4 bilhão de euros. A Veyance opera no mundo todo na área de tecnologia de borracha e materiais plásticos, e obteve em 2013 um volume de vendas de 1,5 bilhão de euros, dos quais cerca de 90 por cento procedentes dos negócios na área industrial. No final de 2013 as 27 fábricas em todo o mundo empregavam um total de 8.500 funcionários. A Veyance Technologies gera cerca de metade de seu faturamento nos Estados Unidos. Outros mercados importantes são a América Latina, África, China e outros países asiáticos. A Veyance trabalha focada na comercialização de correias transportadoras, mangueiras e correias de transmissão de potência. ContiTech e Veyance somaram em 2013 um volume de negócios de 5,4 bilhões de euros e empregavam aproximadamente 38.000 funcionários em todo o mundo. “Com a integração da Veyance em nossa divisão ContiTech, fortalecemos nossa posição nas áreas de tecnologia de borracha e materiais plásticos em todo o mundo. Além disso, com esta aquisição, a Continental deu um passo significativo na direção do objetivo estratégico de aumentar ainda mais a participação de vendas na área industrial”, disse o presidente do conselho administrativo da Continental, Elmar Degenhart. A Continental financiou esta aquisição inteiramente com recursos de caixa e linhas de crédito disponíveis. A Veyance trará imediatamente uma contribuição positiva para os resultados do Grupo.
Elmar Degenhart, presidente do conselho administrativo da Continental
“A fusão das duas empresas será de grande valia tanto para os funcionários quanto para os clientes”, disse HeinzGerhard Wente, membro do conselho administrativo da Continental e CEO da Divisão ContiTech. De acordo com o conselheiro, a Veyance complementará a ContiTech nos mercados onde sua participação é pequena. “Através da aquisição, expandiremos significativamente nosso negócio na área
industrial e, assim, alcançaremos com a ContiTech uma participação de vendas de quase 60 por cento fora do equipamento original automotivo”, afirma. Em especial, as áreas comerciais da ContiTech que mais se beneficiarão deste posicionamento global otimizado são: Conveyor Belt Group (Correias Transportadoras), Fluid Technology (Mangueiras e Conjuntos Montados de Mangueiras) e Power Transmission Group
(Produtos de Transmissão de Potência e Acionamento). Devido à importância da aquisição, autoridades antitrustes no mundo todo realizaram nos últimos onze meses investigações sobre a compra e seus efeitos sobre os mercados relevantes. Continental Pneus 0800-170-061 www.continental-corporation.com
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MERCADO FORNECEDOR
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Grupo Ferrante é certificado como parceiro Platinum da Motorola atendimento e aperfeiçoar ainda mais nossa prestação de serviços: a manutenção da política de qualidade, que é o cumprimento dos compromissos assumidos com o cliente, o padrão de atendimento sem distinção, o desenvolvimento profissional da nossa equipe e a melhoria contínua dos processos de trabalho.
DA R EDAÇÃO
O Grupo Ferrante, localizado em Olímpia, SP, está há nove anos no mercado distribuindo produtos e serviços na área de radiocomunicação. Em sua busca por melhorar continuamente a implementação dos processos de comunicação recebeu no dia 2 de fevereiro a visita oficial do gerente de canais da Motorola para o interior de São Paulo e região Centro-Oeste do Brasil, Marcio Bianchini, que festejou com o grupo os números expressivos alcançados pela Ferrante em 2014 e informou oficialmente a empresa de sua certificação como parceira na categoria Platinum. Além disso, o representante conheceu as dependências do novo prédio e traçou metas e objetivos para o grupo em 2015. Na entrevista a seguir, Lucas Ferrante Fonseca, sócio-diretor da Ferrante, fala sobre esta conquista e planos futuros.
De que forma o grupo atende as usinas com os serviços de radiocomunicação? Atendemos toda a parte de radiocomunicação, desde manutenção preventiva, corretiva, venda e locação. Oferecemos toda a infraestrutura para os sites de repetição, abrigo para equipamentos, torres e os demais itens necessários.
Marcio Bianchini, da Motorola, e Lucas Ferrante Fonseca, do Grupo Ferrante
Quais os diferenciais do grupo na prestação de serviços ao setor? Nosso atendimento é “in loco”, com toda estrutura de peças e laboratório móvel. Fornecemos infraestrutura completa para montagem de torres e sistema de radiocomunicação. Atualmente, a prestação de serviços ocorre em nível nacional e internacional.
JornalCana - Qual o valor desta certificação para a empresa? Lucas Ferrante Fonseca - O valor é simbólico, mas significa chegar ao nível máximo entre as revendas no país. Esta certificação nos coloca em destaque perante outros fornecedores e mostra nossa força de atuação no segmento, além de validar a credibilidade do Grupo Ferrante como fornecedor de produtos e serviços de radiocomunicação. Foi difícil conseguir a certificação da Motorola? São poucas as revendas que detêm esse nível de parceria, considerando a metodologia da Motorola. Somos a única do interior de São Paulo. Que passos foram dados para conseguir esta certificação? Foram anos de trabalho e dedicação,
Quais empresas parceiras trabalham com o grupo para atender o setor? Temos como parceira o grupo Avanzi, que certifica a qualidade nos nossos serviços.
Fachada do Grupo Ferrante
buscando a qualidade e excelência no atendimento ao cliente e na prestação de serviços.
De que forma o grupo pretende manter a certificação? Precisamos manter o nível de
Há algum trabalho ou atendimento diferenciado às usinas? Além da venda e manutenção dos radiocomunicadores, atendemos todo o sistema, com a infraestrutura em torres e abrigos para os equipamentos. Atendemos todo o Brasil, inclusive uma unidade da Odebrecht Agroindustrial em Luanda, na Angola. Grupo Ferrante 17 3279.1200 www.grupoferrante.com.br
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AÇÃO SOCIAL & MEIO AMBIENTE
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5 PERGUNTAS PARA MICHEL SANTOS
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Qual a quantidade de açúcar exportado com a certificação Bonsucro pela Bunge em 2014? A Bunge Brasil foi a primeira empresa no mundo a efetuar uma exportação de açúcar bruto a granel, dentro do padrão Bonsucro, selo que certifica a produção de cana-de-açúcar dentro dos parâmetros socioambientais. Mais de 17 mil toneladas do produto foram embarcadas com destino ao Canadá. Em que período aconteceu? A Bunge Brasil fez a embarcação no último trimestre de 2014. Sabendo que foi a primeira vez no mundo que isso aconteceu, qual a importância do negócio para a Bunge? Essa primeira venda global de açúcar certificado para o mercado internacional demonstra a preocupação da Bunge Brasil em estar presente em um mercado crescente e promissor, com matérias-primas selecionadas. Com a certificação Bonsucro garantimos o controle de toda a cadeia relacionada à produção sustentável de cana-de-açúcar e seus derivados, permitindo um diferencial aos clientes que valorizam esse tipo de gestão de impactos e responsabilidade socioambiental. A transação comercial foi importante por mostrar agilidade comercial da empresa, atendendo a uma demanda internacional, além de integração com seus escritórios fora do Brasil. Esta agilidade foi possível, também, graças à gestão da empresa, que pode garantir a qualidade necessária na quantidade e momento adequados. Michel Santos, gerente de sustentabilidade da Bunge Brasil
Essa é uma alternativa para aumentar as vendas já que o mercado interno não tem favorecido o setor? Esperamos que o mercado interno recupere sua força e estamos confiantes que o aumento do percentual de etanol na gasolina irá auxiliar nessa recuperação, bem como os devidos ajustes fiscais para os combustíveis. O setor sucroenergético abastece o mundo com açúcar de primeira qualidade, combustível de fontes renováveis e energia elétrica. Em nossa empresa, mais de 70% da energia elétrica usada na produção de todas as áreas de negócio é gerada, equivalentemente, por nossas usinas. Enquanto isso, o mercado da certificação vai se abrindo para o setor, que pode comprovar as vantagens em sustentabilidade aos seus clientes que têm interesse em soluções socioambientais mais adequadas. Ainda é pequeno, mas um passo importante para o setor.
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A previsão é de ampliar as exportações certificadas no futuro? Se sim, em quanto? Atualmente, cerca de 4% do processamento global de cana está nos padrões Bonsucro, uma cifra interessante se considerarmos como estão os esquemas de certificação em outras commodities agrícolas. Na Bunge, estamos preparados para atender em certificações mundiais, bem como regionais, como o mercado norte-americano. Com os compromissos públicos das grandes empresas em apenas comprar açúcar certificado, acreditamos que a demanda global cresça e nossa logística de amplitude mundial poderá se beneficiar com isso. Atualmente, cerca de 25% da produção de cana-de-açúcar da Bunge tem o selo Bonsucro, mas os cuidados se aplicam a 100% do que produzimos. São certificadas as usinas Moema, Guariroba Ouroeste e Frutal.
Certificações garantem açúcar orgânico da Jalles Machado no exterior É da região do Vale do São Patrício, em Goiás, que sai uma parte do açúcar orgânico consumido em todo o mundo. Mais especificamente no município de Goianésia, a Jalles Machado mantém 10 mil hectares de cana orgânica, que tem como destino final, já como Açúcar Itajá, o exterior. Com as inúmeras certificações da empresa, que conta com mais uma unidade, a Otávio Lage, o produto é exportado para a Alemanha, Austrália, Bélgica, Canadá, Japão, França, Espanha, Estados Unidos, Holanda, Inglaterra, Suíça e Suécia. O trabalho é feito desde 2003. Ao todo são produzidas anualmente 45 mil toneladas de açúcar orgânico, que se difere do cristal por ser produzido sem aditivos químicos, tanto no cultivo da cana quanto no processamento industrial do produto. "É prioridade para nós garantir a qualidade dos nossos produtos e a satisfação dos nossos clientes. Temos um programa de segurança alimentar, um rígido controle de qualidade e compromisso com o desenvolvimento sustentável", diz Otávio Lage de Siqueira Filho, diretor-presidente da Jalles. E a iniciativa vem dando certo. No início de 2015, a empresa conseguiu mais uma certificação, desta vez, para atuar no mercado chinês. Para que isso fosse possível, a empresa
Otávio Lage de Siqueira Filho, diretor-presidente da Jalles: programa de segurança alimentar
promoveu um extenso trabalho promocional do produto participando de uma feira em Xangai. Como resultado, duas auditorias chinesas estiveram na usina para auditar a produção de açúcar orgânico. A auditoria foi aprovada. Com retorno positivo, conquistado através de boas
práticas ambientais e produtivas, solidificadas pelos inúmeros selos já conquistados pelo grupo, as auditorias aprovaram o sistema de produção do açúcar orgânico e concederam o selo ao grupo. “Em 2014 recebemos mais de 20 auditorias externas de clientes e empresas
certificadoras. As certificações são muito importantes para nós, pois nos tornam aptos a fornecer para os mercados mais exigentes do mundo”, finaliza o diretor-presidente. A previsão é de que sejam exportadas mil toneladas de açúcar orgânico no decorrer deste ano ao mercado chinês. (AR)
NEGÓCIOS & OPORTUNIDADES
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Torqmax 2.0 é o mais recomendado pelas usinas do exterior Fortalecendo sua posição de fornecedora de redutores de velocidade de alta confiabilidade, a Zanini Renk se orgulha em comunicar ao mercado a venda de cinco redutores Torqmax® 2.0 para o mercado externo, ultrapassando a marca de mais de 100 equipamentos instalados em engenhos das Américas. Os acionamentos Torqmax® 2.0 serão instalados nos cinco ternos da moenda 84” do Ingenio La Gloria, pertencente ao Grupo Azucarero del Trópico localizado no México onde operam duas usinas do Grupo. Esta foi a segunda venda de acionamentos Torqmax® 2.0 para o Grupo, o que demonstra a satisfação e confiança do cliente em relação aos equipamentos Zanini Renk. Disponibilidade operacional indiscutível é o que comprova o Torqmax® 2.0. Em razão disto, os engenhos da América Latina estão optando, cada vez mais, por esta tecnologia consagrada, reafirmando a melhor relação custo-benefício do mercado quando o assunto é acionamentos para moendas e difusores. De acordo com o responsável pela venda, Marcelo Scatena, o Grupo Azucarero del Trópico optou por ter a confiabilidade que somente os equipamentos Torqmax® 2.0 podem assegurar, além dos baixos custos com manutenção e o consumo de energia reduzidos quando comparados com outras tecnologias. O engenheiro Edmundo Herrera, diretor
Equipe da Zanini Renk comemora venda de mais cinco redutores Torqmax® 2.0 para o mercado externo
técnico do Grupo, afirma que com a instalação do Torqmax® 2.0, o Grupo pretende aumentar sua capacidade de moagem atual de 530 para 550 toneladas de cana/hora na próxima safra. “O redutor supera todas as expectativas. Mesmo tendo sido instalado recentemente, já notamos melhora nos resultados de consumo de
energia e de moagem da cana”, explica. Para Mauro Cardoso, presidente da Zanini Renk, a liderança dos acionamentos Torqmax® 2.0 no mercado externo se fortalece a cada ano devido à confiabilidade operacional proporcionada pelos redutores. “Exportamos o primeiro Torqmax® 2.0 há 15 anos e não temos registros de paradas de
operação de moenda por falha de acionamento; a disponibilidade operacional deste redutor é incontestável e o mercado reconhece”. Zanini Renk 16 2105.4422 www.zanini.ind.br
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NEGÓCIOS & OPORTUNIDADES
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Grupo Ferrante oferece soluções em radiocomunicação O Grupo Ferrante, com sede em Olímpia, SP, é umas das principais referências em soluções de comunicação unificada com excelência, sendo hoje uma das melhores e mais equipadas distribuidoras de produtos e serviços na área de radiocomunicação. O principal objetivo da empresa é a satisfação de seus clientes através de preços
competitivos e serviços de alta qualidade, contando com uma equipe treinada e pronta para atender as necessidades mais exigentes desse mercado de comunicação. A empresa possui excelência no atendimento e instalação e eficácia na manutenção. Trabalha com tecnologia para facilitar a conectividade a qualquer momento
e em qualquer lugar, aumentando a produtividade de seus clientes. O grupo Ferrante disponibiliza os sistemas de radiocomunicação, propiciando imediato aproveitamento das suas facilidades com ampla assessoria nos itens de infraestrutura, com total garantia sobre os equipamentos que comercializa, bem como
sobre os serviços que executa. O grupo recentemente foi certificado como parceiro de canal Platinum pela Motorola. Grupo Ferrante 17 3279.1200 www.grupoferrante.com
NEGÓCIOS & OPORTUNIDADES
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Esalq investe na qualidade de seu laboratório de análise de solo O Laboratório de Análise Química do Solo (LAQS) do Departamento de Ciência do Solo da Esalq/USP (LSO) atua na área de análises para fins de classificação e de avaliação da fertilidade do solo há mais de 30 anos. Conta atualmente com uma equipe altamente qualificada, composta por um engenheiro florestal, três químicos, um engenheira ambiental e três técnicos de laboratório, além de eficiente pessoal de apoio administrativo e técnico. De acordo com o professor Luís Reynaldo Alleoni, coordenador do laboratório, o LAQS recebeu em 2012 a acreditação pelo Inmetro segundo a Norma Brasileira NBR/ISO 17025, intitulada “Requisitos gerais para competência de laboratórios de ensaio e calibração”. É um dos poucos laboratórios brasileiros credenciados pelo Inmetro nessa norma. Implantamos um sistema moderno de gerenciamento de informações e estamos enviando os resultados em sete dias, tanto de fertilidade como de classificação. Fazemos análises para as quais a Cetesb exige laboratórios credenciados (PAV - Plano de Aplicação de Vinhaça, por exemplo). Estamos na lista dos laboratórios com as maiores notas no Programa de
Proficiência (Controle de Qualidade) do IAC — Instituto Agronômico de Campinas. É o único laboratório brasileiro acreditado para realização de análise de solo que contempla simultaneamente ensaios de avaliação da fertilidade e para fins de classificação. A verba do laboratório tem sido utilizada para melhoria das condições de infraestrutura de ensino, pesquisa e extensão universitária do Departamento de Solos da Esalq, com aquisição de veículos para experimentos de campo e reforma de sete salas de aula do departamento, com reboque, pintura, troca de carteiras, telas de projeção, computadores e datas-show. Como prova do reconhecimento da qualidade do laboratório de análise de solo da Esalq, no ano passado o LAQS realizou a análise de solo da Arena de São Paulo (“Itaquerão”), que recebeu a partida de abertura da Copa do Mundo de 2014. Analisou também os solos da Arena Pantanal (Cuiabá), do Beira-Rio (Porto Alegre) e da Arena das Dunas (Natal). Fealq 19 3417.2129 www.fealq.org.br Luís Reynaldo Alleoni, coordenador do laboratório do LAQS
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NEGÓCIOS & OPORTUNIDADES
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Dispan lança catálogo técnico de produtos
Projeto Material Amigo aborda uso consciente da água
Projetar obras de infraestrutura fica mais descomplicado quando o profissional tem em mãos a possibilidade de consultar as soluções e ideias para cada caso. Foi pensando nisso que a Dispan lançou o novo catálogo técnico de produtos. Trata-se de uma verdadeira biblioteca em eletrocalhas, perfilados, leitos e aramados. O conteúdo foi elaborado pela equipe técnica da empresa, tanto na teoria quanto na prática com a realização de diversos testes, pois os itens devem ser de fato soluções para a construção e aplicação em projetos. “O mercado necessitava de um catálogo com essa dimensão de informações. São milhares de itens distribuídos em 150 páginas, com detalhes que auxiliam engenheiros e projetistas”, diz Laércio Ferrari, engenheiro da Dispan. O catálogo traz as versões em português e inglês e pode ser solicitado gratuitamente pelo site da empresa, a qual fornece o
Ao longo de sua história, a Caldema desenvolve com toda energia, ações socioambientais que agregam qualidade de vida a seus colaboradores e dependentes, por isso, promove mais uma vez, o evento: Material Amigo. Tradicionalmente conhecido por valorizar e estimular a educação, distribui kits de materiais escolares, além de promover ações de conscientização dos colaboradores e de seus dependentes estudantes da pré-escola à pós- graduação. Para este ano, o tema do evento foi “Conscientização do uso da água” e contou com a presença de uma equipe teatral ilustrando o tema do projeto de forma lúdica. Houve também a distribuição de aproximadamente 500 kits de materiais, concurso de redação e desenho sobre o tema, sorteio de brindes, passeio de trenzinho, brincadeiras e foi servido um delicioso
lanche com cachorro quente, pipoca, algodão doce, picolé, sucos e refrigerantes. Realizado há mais de 10 anos, o evento do Projeto Material Amigo conta todos os anos com presenças ilustres de parceiros e autoridades da Prefeitura e Câmara Municipal, das Secretarias do Desenvolvimento Social e Cidadania, da Indústria e Comércio e da Educação, do Ceise Br, do IFSP, do Sesi, do Senai, Sermed Saúde e dos principais veículos de comunicação. Esta é mais uma ação promovida pela Caldema e que consolida a história de geração de energia sustentável para o Brasil e o mundo. Caldema 16 3946.2701 www.caldema.com.br
material impresso por meio de sua equipe técnica, que levará pessoalmente até os solicitantes. Para visualizar o catálogo acesse o site da empresa e solicite o catálogo técnico de produtos. Dispan 19 3466.9300 www.dispan.com.br
Grupo apresenta peça teatral sobre conscientização do uso da água