JornalCana 256 (Maio/2015)

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Ribeirão Preto/SP

Maio/2015

Série 2

Nº 256

R$ 20,00

Cresce demanda por clarificante à base de óxido de magnésio ativo Caltec faz análise química do minério bruto em tempo real

Pitangueiras chega enxuta aos 40


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ÍNDICE DE ANUNCIANTES

Maio 2015

Í N D I C E ACESSÓRIOS INDUSTRIAIS FRANPAR

16 21334385

CARRETAS 36

ACIONAMENTOS ZANINI RENK

16 35189001

11

ACOPLAMENTOS VEDACERT

16 39474732

74

16 21334385

36

RODOTREM

18 36231146

66

DISPAN

RONTAN

11 30937088

24

SERGOMEL

16 35132600

7

MARKANTI

81 34718543

MC DESINFECÇÃO

ELETROCALHAS

16 39452825

74

16 39413367

4, 76

FEIRAS E EVENTOS

16 35124310

8

19 34669300

18

ENERGIA ELÉTRICA - ENGENHARIA E SERVIÇOS SANARDI

COLETORES DE DADOS

ANTI-INCRUSTANTES GASIL

3

CARROCERIAS E REBOQUES

VIBROMAQ

A N U N C I A N T E S

DESINFECÇÃO INDUSTRIAL 17 35311075

CENTRÍFUGAS

AÇOS FRANPAR

ALFATEK

D E

17 32282555

54

ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO CIVIL ENGEVAP

16 35138800

40

ETEC ENGENHARIA

34 33346400

65

ARGUS

19 38266670

63

11 28701000

16 35124310

11 47727610

51

AUTOMAÇÃO DE ABASTECIMENTO

11 30605000

59

NEW HOLLAND

08007776423

19

FÓRUM PROCANA

16 35124300

41

VALTRA

11 47954233

75

SINATUB

16 39111384

6

BUSSOLA

11 26826633

9

16 35134000

32369200

16 36261531 11 45280090

45 32

DMB

INVESTIMENTOS

NONINO

14

FINBIO

16 35124310

31

35

VALORMAX

16 35124310

31

81 34718543

48

BALANCEAMENTOS INDUSTRIAIS 16 39452825

METROVAL

19 21279400

CALCÁRIO

PROLINK

19 34234000

16 39461800 17 33445500

34

CALDEIRAS

GASIL

COLORBRAS 58

40

BASF

11 30432125

5, 53

16 34431160

72

17

ANSELL

48

23

11 33563100 16 39698080

IRRIGA ENGENHARIA

19 21050800

16 39452825

16 39426852

74

55 32227710

42

16 39461800

4

16 35134000

10

16 35135230

46

MAGÍSTER

16 35137200

13

COMASO ELETRODOS

16 35135230

46

DMB

16 39461800

21

TECNIPLAS

11 45280090

32

VLC

19 38129119

25

21

16 39462130

72

TUBOS E CONEXÕES APERAM

11 38181821

20

FRANPAR

16 21334385

36

TECNIPLAS

11 45280090

32

VÁLVULAS INDUSTRIAIS FOXWALL

11 46128202

26

FRANPAR

16 21334385

36

16 35189001

11

SAÚDE - CONVÊNIOS E SEGUROS 49

TROCADORES DE CALOR

30

ZANINI RENK

62

EQUIPAMENTOS E MATERIAIS AUTHOMATHIKA

COMASO ELETRODOS

BETABIO/WALLERSTEIN 11 38482900

REDUTORES INDUSTRIAIS

16 32219000

SOLDAS INDUSTRIAIS

27

DESTAK IDÉIAS

BUSSOLA

35

16 39515080

LIMPEZA E ESTERILIZAÇÃO DE BAGS

ELÉTRICOS

16 35124310

SOFTWARES

AGAPITO

PLAINAS

ALCOLINA

MANCAIS E CASQUEIROS

24

TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES 74

14

62 30883881

17 33611575

11 30937088

TRANSBORDOS 61

22 71

SINALIZADORES INDUSTRIAIS

SUPRIMENTOS DE SOLDA

PLANTADORAS DE CANA

IRRIGAÇÃO

DISTRINOX 81 34718543

34 33199500

PRODUTOS QUÍMICOS EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO

DEFENSIVOS AGRÍCOLAS 16 35138800

40

21

DMB 19 21279400

37

47

14

DECANTADORES 11 21620551

EXPRESSO RISO

VIBROMAQ 12 31284200

16 35124310

67

INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO E

METROVAL

CORRENTES INDUSTRIAIS 74

UBYFOL

AGRIMEC

CONTROLE DE FLUIDOS 38

16 35138800

NUTRIENTES AGRÍCOLAS

UNIMIL 16 21014151

SOCIUS

SOTEICA

MONTAGENS INDUSTRIAIS

PEÇAS E ACESSÓRIOS AGRÍCOLAS

CONTROLE 08007033673

11

ONGS

IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS

16 35124310

AUTOMÓVEIS

16 35189001

PINTURAS EM GERAL

60

CONSULTORIA FINANCEIRA E 10

49

40

SEGURANÇA EMPRESARIAL

RONTAN ZANINI RENK

16 32219000

41 36417200

MOENDAS E DIFUSORES

ENGEVAP

LIEBHERR BRASIL

16

19 21279400

ENGEVAP

FENASUCRO

PENEIRAS ROTATIVAS

SOTEICA

CALCÁRIO ITAÚ

15, 64

GUINDASTES

METROVAL

VIBROMAQ

42

17 32791200

CONSULTORIA E ENGENHARIA EVOLUTION PROCESS CONSULTING

AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL

FORD MOTOR COMPANY

55 32227710

GRUPO FERRANTE

SÃO FRANCISCO

AGROINDUSTRIAL

AUTHOMATHIKA

AGRIMEC

GRÁFICA

33

ARTIGOS DE BORRACHA

DWYLER

16 12

CONSULTORIA ABS CONSULTORIA

VEYANCE

19 34176600 16 35124300

GASIL 3

EMG DO BRASIL

GASES INDUSTRIAIS

64

ÁREAS DE VIVÊNCIA 17 35311075

AGRÍCOLAS

MASTERCANA

TECNIPLAS

COMPONENTES ELÉTRICOS APS

ALFATEK

SECADORES INDUSTRIAIS

FEALQ

PETROFISA

INFECÇÕES BACTERIANAS 30

MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS 68

FIBRAS DE VIDRO COMBATE À INCÊNDIO

BETABIO/WALLERSTEIN 11 38482900

16 35124300

FERRAMENTAS

48

ANTIBIÓTICOS - CONTROLADORES DE

BESTBIO

SÃO FRANCISCO SAÚDE 16 08007779070

2

VEDAÇÕES E ADESIVOS VEDACERT

16 39474732

74

FLUKE VEDAÇÕES

19 32733999

73


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CARTA AO LEITOR

Maio 2015

índice

carta ao leitor

Agenda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6 Eventos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .8 e 9 Usina do Bem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .10 Giro do Setor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12 e 13 Administração & Legislação . . . . . . . . . . . . . . . .14 a 18

Setor pede definição sobre posição de etanol na matriz energética Cogeração pode garantir sobrevivência

Política Setorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .20 a 28

Novos investimentos dependem da renegociação das dívidas “Endividamento gera tensão no setor” “A crise do setor foi criada pelo próprio Governo” “Não basta um Proer, é preciso investir em tecnologia”

Mercado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29 a 33

Maior demanda em Minas Gerais favorece elevação de preço Menor desembolso imediato aumenta venda nos postos Campanhas despertam interesse do consumidor

Tecnologia Industrial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .34 a 49 Indústria e pesquisa debatem produção de etanol celulósico no país Usaçucar revoluciona gestão industrial com software de otimização em tempo real Caltec expande e automatiza fábrica para produção da Clarisina Processo de otimização melhora performance da peneira

Tecnologia Agrícola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .50 a 55

CCT estimula corrida tecnológica no campo

Usina do Mês . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .56 a 61

Usina Pitangueiras: A VIDA COMEÇA AOS 40!

POR UMA BOA GARGALHADA!

Produção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .64 a 66

Águas de março melhoram vigor vegetativo da cana Perspectiva para o hidratado é boa nesta safra

josiasmessias@procana.com

O exemplo vem da nova geração “Não adianta querer ser melhor, sem aprender com os outros ou com aquele que já faz bem”. A frase não é dita por um senhor idoso do setor sucroenergético, mas pelo jovem João Henrique de Andrade, de apenas 32 anos, executivo da Usina Pitangueiras, homenageada nesta edição por seus 40 anos de existência. Vista do exterior, aliás, a usina parece uma senhora de meia-idade. Mas, basta conversar com seus executivos para entender sua jovialidade. A Pitangueiras é nova porque é dirigida por cabeças jovens. Supervisionados a uma distância segura pelo pai, João Batista de Andrade, os filhos João Henrique de Andrade, 32 anos, e Rafael de Andrade Neto, 34, têm trazido nova forma de pensar à unidade, da administração às áreas de tecnologia industrial e agrícola. Com estes dois jovens no comando, a Pitangueiras investe bastante em tecnologia, mas de pés no chão. Os dois irmãos saem sempre para conhecer outras unidades e grupos conhecer e aprender com suas iniciativas de sucesso – e olha que são muitas, conforme o leitor verificará nas páginas 57 a 61. João Henrique e Rafael fazem parte do grupo JSS (Jovens do Setor Sucroenergético),

Saúde e Segurança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .68 a 69

Josias Messias

para, assim, aprender com eles. Ao mesmo tempo abrem as portas a quem quiser

Bem Estar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .62

5

Batatais e Lins adotam atitudes seguras em suas atividades

formado por rapazes herdeiros ou executivos de usinas. Eles se reúnem regularmente com seus pares para trocar ideias, informações e, sobretudo, para investir na reciprocidade.

Pesquisa e Desenvolvimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70 Negócios & Oportunidades . . . . . . . . . . . . . . . . .71 a 74

Ao contrário de muitos empresários da antiga geração, estes não se veem como concorrentes mas cooperadores uns dos outros, sempre dispostos a aprender com o novo e a não reter seu conhecimento.

OUVIDO DE SÁBIO “O coração do entendido adquire o conhecimento, e o ouvido dos sábios busca a sabedoria.”

Apesar de reconhecerem que sempre há rivalidades no setor por questões de terra ou disputas por fornecedores próximos, o próprio João Henrique não vê a concorrência como acirrada. Ele observa que hoje há uma geração de usinas cooperativas que não estão

(Provérbios 18:15)

interessadas apenas no crescimento próprio, mas, sobretudo no crescimento do setor como um todo e na lucratividade das empresas. Este é o tipo de visão que o setor precisa! Que surjam mais henriques e rafaeis! Boa leitura!

NOSSOS PRODUTOS

O MAIS LIDO! ISSN 1807-0264 Fone 16 3512.4300 Fax 3512 4309 Av. Costábile Romano, 1.544 - Ribeirânia 14096-030 — Ribeirão Preto — SP procana@procana.com.br

NOSSA MISSÃO Prover o setor sucroenergético de informações relevantes sobre fatos e atividades relacionadas à cultura da cana-de-açúcar e seus derivados, e organizar eventos empresariais visando: Apoiar o desenvolvimento sustentável do setor (humano, socioeconômico, ambiental e tecnológico); Democratizar o conhecimento, promovendo o

intercâmbio e a união entre os integrantes; Manter uma relação custo/benefício que propicie

parcerias rentáveis aos clientes e demais envolvidos.

DIRETORIA

www.jor nalcana.com.br

Josias Messias josiasmessias@procana.com.br Controladoria Mateus Messias presidente@procana.com.br Regina Célia Ushicawa regina@procana.com.br

ADMINISTRAÇÃO REDAÇÃO Editor Luiz Montanini - editor@procana.com.br Editor de Arte - Diagramação José Murad Badur Reportagem Wellington Bernardes - wbernardes@procana.com.br Arte Gustavo Santoro Revisão Regina Célia Ushicawa

Gerente Administrativo Luis Paulo G. de Almeida luispaulo@procana.com.br Financeiro contasareceber@procana.com.br contasapagar@procana.com.br

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JornalCana - O MAIS LIDO! Anuário da Cana Brazilian Sugar and Ethanol Guide A Bíblia do Setor! JornalCana Online www.jornalcana.com.br BIO & Sugar International Magazine Mapa Brasil de Unidades Produtoras de Açúcar e Álcool

Prêmio MasterCana Tradição de Credibilidade e Sucesso Prêmio BestBIO Brasil Um Prêmio à Sustentabilidade Fórum ProCana USINAS DE ALTA PERFORMANCE SINATUB Tecnologia Liderança em Aprimoramento Técnico e Atualização Tecnológica

Artigos assinados (inclusive os das seções Negócios & Oportunidades e Vitrine) refletem o ponto de vista dos autores (ou das empresas citadas). JornalCana. Direitos autorais e comerciais reservados. É proibida a reprodução, total ou parcial, distribuição ou disponibilização pública, por qualquer meio ou processo, sem autorização expressa. A violação dos direitos autorais é punível como crime (art. 184 e parágrafos, do Código Penal) com pena de prisão e multa; conjuntamente com busca e apreensão e indenização diversas (artigos 122, 123, 124, 126, da Lei 5.988, de 14/12/1973).


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AGENDA

Maio 2015

A C O N T E C E FERSUCRO

PRÊMIO BESTBIO

SIMPÓSIO DE CALDEIRAS, VAPOR E ENERGIA

Durante os dias 8 a 10 de julho acontece a 12ª Fersucro em Maceió, AL. Serão três dias de evento, com a presença de expositores, técnicos, grupos e usinas para discutir o cenário sucroenergético da região Norte e Nordeste do país. Durante a feira acontece, em paralelo, o XXXII Simpósio da Agroindústria da Cana-de-açúcar de Alagoas, com a presença dos principais diretores de usinas da região para traçar o comportamento do setor. Informações no site: www.fersucro.com.br.

Em paralelo ao Forúm Usinas de Alta Performance, no dia 15 de outubro, acontece o Prêmio BestBIO. A premiação é uma iniciativa independente que incentiva a sustentabilidade através da divulgação e reconhecimento dos melhores cases da bioeconomiabrasileira, com ênfase no desenvolvimento e geração de energias limpas e renováveis.

Tradicional treinamento da Sinatub Tecnologia, o Simpósio de Caldeiras, Vapor e Energia acontece nos dias 25 e 26 de junho, em Ribeirão Preto (SP). Com enfoque em apresentar técnicas de otimização industrial e agrícola para geração de energia e biocombustíveis, o evento reúne pesquisadores e profissionais do setor para articular as novas tendências e entraves do momento. Mais informações em: (16) 3911-1384 ou sinatub@procana.com.br.

PRÊMIO MASTERCANA 2015

USINAS DE ALTA PERFORMANCE Acontece no dia 15 de outubro, em Ribeirão Preto (SP), o Fórum Usinas de Alta Performance. O evento tem o objetivo de apresentar casos de sucesso na implantação de ações que facilitem a rentabilidade e competitividade das usinas no curto prazo. A última edição do evento contou com a participação de 20 usinas e grupos.

A realização das três edições do Prêmio MasterCana de 2015 já estão definidas. No dia 24 de agosto, em Ribeirão Preto (SP), acontece o Prêmio MasterCanaCentro-Sul, que tradicionalmente antecede a Fenasucro. No dia 24 de setembro, em São Paulo (SP), acontece o Prêmio MasterCanaBrasil. As premiações serão encerradas no dia 19 de novembro, em Recife (PE), com o Prêmio MasterCana Nordeste. Em 2014 o Prêmio MasterCana reuniu em cada edição cerca de 200 personalidades, com 40 premiações. Realizados desde 1988, os eventos MasterCana reúnem representantes de mais de 2/3 da produção brasileira, em momentos de celebração e network diferenciados. Informações através do fone: (16) 3512 -4300 ou e-mail: eventos@procana.com.br


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EVENTOS

Maio 2015

Ipanema 203: novo modelo de avião movido a etanol é apresentado na feira

Esta 22ª edição da Agrishow deve atrair cerca de 160 mil visitantes

Mais de 800 marcas apresentam novidades nesta Agrishow Conhecida como vitrine para as principais tecnologias do agronegócio, a 22ª Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação (Agrishow), acontece a partir deste dia 27 de abril até 1º de maio em Ribeirão Preto (SP), com a expectativa de aquecer o mercado de máquinas agrícolas. Ao final desta feira, mais de 160 mil visitantes do Brasil e do exterior terão passado pelos estandes e conhecido as novidades para setor. A Agrishow é responsável por apresentar as novas tendências e lançamentos da agricultura mundial. São mais de 800 marcas presentes em uma área de 440.000 m². Tratando o agronegócio como ele realmente é, heterogêneo, a feira divulga ferramentas para

os diferentes segmentos, interessada em englobar todas as formas de agricultura e estilos de produção. Para os organizadores, a relevância da Agrishow no aquecimento de vendas de máquina agrícolas no país é evidente. “Historicamente, a feira sempre impulsionou a realização de negócios durante e depois do evento, levantando o ânimo do setor e fomentando novos investimentos”, observa Fabio Meirelles, presidente da Agrishow. Nesta edição, a feira conta com o Polo de Agricultura de Precisão, espaço destinado para apresentações de tecnologias de última geração que possibilitam otimizar a produção agrícola. Na área, acontecem demonstrações

de veículos aéreos não tripulados (Vants), que permitem o monitoramento de biomassa, falhas de plantio e presença de déficit nutricional. O espaço também apresenta equipamentos com sensores para leitura de clorofila e indicadores de incidência de plantas daninhas. E variadas tecnologias que otimizam os manejos necessários para incrementar a produtividade agrícola. Nesta edição, a Valtra lança sua primeira colhedora de cana-de-açúcar. Denominada BE1035, a máquina possui alta performance com economia de combustível. Equipada com sistema de telemetria, controladores na usina podem monitorar a máquina em tempo real. Outra estreia que movimenta a feira é a

aeronave Ipanema 203, desenvolvida pela Embraer, o avião passou por novas modificações para garantir maior estabilidade durante as operações agrícolas. Agora com dois metros a mais de asa em relação ao modelo anterior e hopper com capacidade 16% maior, a aeronave, movida a etanol, pode cobrir uma faixa de deposição 20% maior. Importante difusor de tecnologia, a 22ª Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação, recebe um público diversificado, constituído por pequenos, médios e grandes produtores, empresários, lideranças setoriais, e representantes de todas as esferas do governo.


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EVENTOS

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Mesa de abertura do Fórum

Fórum Abisolo promove parceria entre indústria e pesquisa O VI Fórum e Exposição Abisolo aconteceu em Ribeirão Preto (SP), durante os dias 15 e 16 de abril. O evento trouxe boas perspectivas para o desenvolvimento da indústria de fertilizantes especiais no país. Na ocasião, o Secretário da Agricultura, Arnaldo Jardim, assinou um protocolo de intenções entre a Abisolo e a Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, com o objetivo de integrar as indústrias do segmento de nutrição vegetal com os institutos de pesquisas do Estado. “Queremos estabelecer uma parceria com a Abisolo no sentido de difundir ao máximo o conhecimento”, anunciou Jardim. “Para tanto, estamos colocando à disposição das indústrias do segmento o acervo de dados dos nossos institutos, de forma a estimular a inovação e o desenvolvimento de novos produtos”. Organizado pela Associação Brasileira das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal (Abisolo), o fórum conseguiu difundir as principais atualidades do setor para as mais de 1500 pessoas presentes. O tema desta edição foi “Fertilizantes Especiais: um Novo Patamar de

Produtividade na Agricultura”. No evento, os organizadores promoveram articulações entre a indústria e pesquisa. Segundo Clorialdo Roberto Levrero, presidente da Abisolo, o fórum conseguiu promover este diálogo. “Notamos que os visitantes ficaram satisfeitos com as palestras e também com os temas abordados. Com isso, nossos objetivos, que eram o de difundir conhecimento, trocar ideias sobre inovação e novas tecnologias e tratar de gestão, foram alcançados”, avaliou. No evento, a indústria traçou um panorama para os próximos anos. Para Gean Carlos Silva Matias, diretor técnico da Abisolo, os resultados que esta indústria promove são inquestionáveis para a produção agrícola. “Observamos um grande interesse por parte das indústrias em novas tecnologias. Cada vez mais, notamos que o aumento de produtividade estará associado ao uso e o manejo correto das novas tecnologias”. A meta dos organizadores é tornar o evento o maior da América Latina. A próxima edição do fórum está agendada para 2017.

Clorialdo Levrero: sinergia no aprimoramento da agricultura brasileira

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USINA DO BEM

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Usina Estiva realiza missa de início de safra Aconteceu no dia 31 de março, a missa para celebrar o começo da safra 2015/16 e os 51 anos da Usina Estiva, localizada em Novo Horizonte (SP). Conduzida pelo bispo diocesano dom Otacílio Luziano da Silva e o padre Carlos Eduardo Cristófaro, a missa foi realizada na mesma data em que a usina celebrou mais um ano de atividade. A celebração contou com a participação de 800 colaboradores, do prefeito da cidade Toshio Toyota, do delegado seccional Marcos Cornachia e outros convidados.

Unidade Bonfim da Raízen conquista Selo Energia Verde

Missa celebra os 51 anos da Usina Estiva e o início da safra

Alcoeste dá posse a membros da Cipa A Alcoeste, localizada em Fernandópolis (SP), deu posse no dia 27 de março a membros das duas Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (Cipa). Importante ferramenta na segurança do trabalho, as duas Cipas, uma na área agrícola e outra na industrial, irão trabalhar para a prevenção e manutenção da segurança no ambiente de trabalho. Marcelo Badaró, gerente de Recursos Humanos, realizou a cerimônia, acompanhado de toda a diretoria da empresa, gerentes de diversos setores e colaboradores, além dos seus conselheiros, Kosuke e Riromassa Arakaki.

Diretoria da Alcoeste e membros da Cipas

Localizada em Guariba (SP) a Usina Bonfim, da Raízen, recebeu o Selo Energia Verde, certificação elaborada pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) em parceria com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Para receber a certificação a unidade atestou a geração de energia a partir da biomassa da cana-de-açúcar, a usina produz 42 KWh por tonelada de cana e atende às exigências do Protocolo Agroambiental do Setor Sucroalcooleiro Paulista. Esta é a décima unidade da Raízen certificada. As outras usinas que cogeram com o selo são: Barra Bonita, Caarapó, Ipaussu, Gasa, Jataí, Univalem, Costa Pinto, Rafard e Maracaí.

Seis colaboradores da Barralcool têm histórias registradas em livro

Alunos em unidade móvel, parceria Jalles Machado e Senai

Jalles Machado e Sesi comemoram capacitações Formado a partir da parceria do Grupo Jalles Machado com a Prefeitura Municipal de Goianésia e a Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg),o Núcleo Integrado Sesi Senai, fundado em 2013 realizou a matrícula de aproximadamente 1.850 alunos. Em comemoração aos bons números e a chegada de mais duas unidades móveis do Senai para Goianésia (GO), representantes da prefeitura, do Sesi e da usina se reuniram para conhecer as novas instalações e celebrar o trabalho realizado na região. Para

Otávio Lage Filho, a parceria trouxe desenvolvimento à toda a região. “Todos têm a ganhar com essa soma de esforços. A empresa passa a ter uma mão de obra qualificada, a população tem a oportunidade de crescer e melhorar a sua qualificação profissional, retornando maior renda e desenvolvimento para toda a cidade”, ressaltou. Em parceria com o Pronatec, o núcleo atualmente oferece 15 cursos, com total de 510 alunos matriculados.

Seis colaboradores do Grupo Barralcool tiveram suas histórias registradas em um livro e documentário. Todos são antigos participantes do programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA), desenvolvido através da parceria Sesi – Mato Grosso com a usina. O livro, intitulado “Memórias da educação de Jovens e Adultos do Sesi-MT: Discursos em múltiplas linguagens”, reporta a trajetória destes alunos e a importância da educação na melhoria da qualidade de vida. O documentário captou o depoimento de alguns estudantes do programa. Para gerente de recursos humanos do Grupo Barralcool, Roberto Romas Gomes dos Santos, a oferta destes cursos tem motivado os colaboradores, refletindo internamente na usina. Começamos em 2010 e de lá para cá só estamos colhendo bons frutos. O que a gente tem observado é uma melhoria das relações nos setores, das relações entre líderes e liderados”, afirmou.


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Etanol de milho está mais caro para produtor nos Estados Unidos A desvalorização do barril de petróleo implicou em menor remuneração do litro do etanol nos Estados Unidos. Com redução nos ganhos, produtores têm repassado as perdas aos fornecedores de milho. Na contramão do mercado de combustíveis, o custo produtivo nas fazendas de milho tem aumentado. Com orçamento reduzido, as indústrias estão remunerando menos os agricultores, que passam a vender a matéria-prima próxima de seu custo de produção. Conduzir uma usina de etanol de milho em solo norte-americano está mais oneroso em relação ao ano passado. Em Iowa, este aumento atingiu 10%, conforme pesquisa realizada pela Iowa State University.

Fornecedores de milho são atingidos pelos baixos preços do petróleo

Fiji inicia nova safra em junho

Fiji Sugar Corporation estima moagem de 2 milhões de toneladas de cana-de-açúcar

A nova safra de cana-de-açúcar em Fiji está programada para começar na primeira metade de julho. Detentora de quatro usinas na ilha, a Fiji Sugar Corporation (FSC), pertencente ao governo local, anunciou previsão de moagem de aproximadamente 2 milhões de toneladas para este novo ciclo. A primeira a usina a iniciar as atividades será a Labasa, localizada em Vanua Levu, seguida pelas usinas Rarawai e Penang, estabelecidas em Viti Levu. A última a entrar em atividade será a Usina Lautoka, também em Viti Levu, que deve iniciar a moagem no começo de julho. Em 2014 a FSC processou 1,83 milhões de toneladas, gerando 226 mil toneladas de açúcar demerara.


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GIRO DO SETOR

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Indústrias são atraídas por déficit

País asiático importou 124 mil

País registra produtividade média

doméstico de açúcar na Indonésia

toneladas da commodity

de 42,5 tc/h, uma das mais baixas do mundo

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Indofood planeja nova usina na Indonésia

China reduz em 24% a importação de açúcar em fevereiro

Belize busca incrementos em produtividade para sobrevivência

Visando abastecer o crescente consumo doméstico de açúcar na Indonésia, a Indofood investirá em uma nova usina de cana-de-açúcar no país. O custo previsto de unidade é de US$ 150 milhões. A atual produção média de 2,5 milhões de toneladas de açúcar por ano não é suficiente para abastecer a demanda interna de 5,5 milhões de toneladas no país. Este déficit de 3 milhões de toneladas atrai investidores interessados em ofertar o produto no mercado doméstico. Atualmente o governo indonésio detém 60% do comércio, com 52 usinas ligadas ao Estado.

As importações de açúcar feitas pela China no último fevereiro chegaram a 124 mil toneladas, redução de 24% em relação ao ano passado. O volume não alcançou nem a metade esperada pelas refinarias chinesas. Segundo informações locais, a diminuição ocorreu pelo atraso de navios e incertezas quanto a nova política de cotas para importação de açúcar no país, que permite a entrada de maior volume do produto. O governo chinês enfrenta pressões para diminuir as taxações ao açúcar que entra no país, usinas locais reclamam do elevado preço pago aos fornecedores de cana do país, o que torna a commodity menos competitiva em relação a grandes produtores, como Brasil e Tailândia.

Em constante queda produtiva, a cultura canavieira em Belize, na América Central, pode comprometer o desempenho da indústria nos próximos anos. Para evitar que isto aconteça, empresas e entidades ligadas ao setor devem estimular o desenvolvimento de manejos e variedades que incrementem a produtividade por área. Com um dos mais baixos índices de produtividade para a cana-de-açúcar no mundo, Belize registra produção média de 42,5 toneladas por hectare (t/ha). Muito diferente da atual situação brasileira, que busca a produção superior a 100 t/ha.


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8 perguntas para Ricardo Junqueira, Presidente do Conselho da Usina Diana LUIZ MONTANINI

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A Usina Diana está com 35% do total dos lotes de açúcar pré-fixados neste começo de safra. prefixarlotes é uma boa saída em tempos de crise? Entendo que sim, desde que as contas e os controles sejam bem feitos e confiáveis e os custos estejam cobertos. É uma boa saída sempre, não só em tempos de crise. Nós procuramos sempre iniciar a safra tendo entre 30% à 40% dela já préfixada. Em nossa filosofia aqui na Diana, como somos conservadores , utilizamos a pré fixação, o hedge , a NDF como instrumentos de defesa e de proteção. Fazemos isso com parcimônia e sem o intuito de aposta, pois isso eleva muito o risco e vira cassino, algo que não aprovamos. Existe um percentual indicado para uma prefixaçãode lotes em início de safra ou a necessidade financeira da usina é preponderante na decisão? Tudo é importante, não existe uma regra rígida, mas desde que esteja tudo nos moldes CNTP (Condições Normais De Temperatura e Pressão), nós procuramos entrar na safra com pelo menos 1/3 dela já pré-fixada. Obviamente, antes de qualquer decisão há que se levar em conta a necessidade do fluxo de caixa da companhia, bem como avaliar o cenário do mercado e como a usina está posicionada nele, além de várias outras variáveis. Após tudo analisado, maturado, aí sim o colegiado toma a melhor decisão para aquele momento. A prefixaçãoainda é a melhor saída para uma usina gerar capital de giro para tocar a safra? Por que não recorrer a bancos e esperar preço melhor? Eu, particularmente, não gosto muito da opção de recorrer a bancos devido ao risco elevado. Se o preço de venda do produto não melhorar e/ou piorar, além da companhia perder dinheiro na venda do produto, ainda aumenta o seu custo de produção, pois terá de acrescer ao custeio esse juro a ser pago ao banco. Acho que tudo deve ser feito com prudência e bom senso, nem prefixartudo e também não ficar totalmente apostando que o preço vai melhorar. Pelo menos fazemos assim aqui na Diana. Se a Diana fixasse agora o seu saldo e 65% o preço médio geral da tonelada cobriria os custos e geraria caixa positivo ao final da safra. Vale o risco não aproveitar o momento para prefixar toda ela? Por quê? Vale. Primeiro porque os preços em US$ estão em patamares muito baixos. Depois que a safra do Brasil, maior produtor mundial, ainda está muito no começo e podemos ter a surpresa de uma safra um pouco mais alcooleira do que inicialmente estimado pelo mercado, além de que após muito tempo devemos ter uma safra deficitária em temos de superávit de açúcar. Além disso nesse cenário temos também que avaliar quantas usinas vão parar de moer nesse ano, se a moeda (dólar) deve se estabilizar e em que patamar, quando o Banco Central dos EUA vai aumentar os juros... de qualquer maneira temos que ficar atentos sim e talvez tomarmos essa decisão de fixarmos esse saldo de 65%, mas com calma, sem pressa e sem perder o foco. Nossa equipe tem trabalhado nisso há 29 anos e, Graças a Deus e graças também a muito trabalho e competência, temos conseguido sobreviver e crescer, superando as dificuldades ano após ano. Nossa receita tem sido a parcimônia, a prudência, o bom senso, sempre com muito foco , muita calma e muita atenção.

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Ao deixar 65% da produção ainda por negociar a Diana está sinalizando que acredita em obter preço melhor ao longo da safra? Se sim, em que patamar pensam em chegar? Talvez sim, talvez não. Temos que ficar atentos e, eventualmente, aproveitar as oportunidades que aparecerem. Infelizmente no preço de venda nós não mandamos, então temos que focar em nossos custos e em nossa produtividade. Em termos comparativos a Usina Diana moeu em 2009 757 mil toneladas de cana com 1.225 colaboradores e produziu 42 mil toneladas de açúcar e 30 mil m3 de etanol. Nessa safra 2015/16 vamos moer 1.500.000 toneladas de cana com 975 colaboradores e produziremos 90 mil toneladas de açúcar e 56 mil m3 de etanol. O senhor demonstra ser adepto do jargão ´muita calma nessa hora´, ao negociar seus produtos? É seu estilo ou o momento de crise exige mesmo essa calma? Apesar de acreditar nisso na realidade sou um pouco ansioso. Mas, felizmente não decido e nada faço sozinho. Trabalhamos em equipe na Diana e esse time, com certeza, está entre os melhores do mercado. Ele dá o tom, o qual eu sigo sem o menor problema pois também acredito como diz o caipira que do couro sai a correia. Que padrões e situações dos mercados externo e interno o senhor leva em conta antes de decidir negociar seu açúcar? Primeiro olhamos para dentro de casa. Olhamos para os nossos custos e as nossas produtividades. O preço de venda tem que ser maior do que o de custo, lógico e, onde e como dentro de casa podemos agregar valor para depois analisamos e montarmos o nosso cenário. E conversamos com os nossos parceiros, bancos, traders e consultores. Analisamos até a infraestrutura de escoamento dos nossos produtos no Brasil que está péssima situação, aliás. Como o senhor vê o setor? Nada está fácil, principalmente nesse setor sucroalcooleiro energético. Mas ele é maravilhoso e pujante. Emprega tanta gente no campo, agrega tantas divisas em exportação ao País, traz tantos benefícios ao meio ambiente, mesmo sendo tão maltratado e esquecido pelo nosso Governo Federal.


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Situação econômica do setor é tema de simpósio trabalhista Durante o dia 10 de abril, em Sertãozinho (SP), 120 profissionais ligados ao segmento de recursos humanos no setor sucroenergético se reuniram para discutir a atual posição do setor na economia nacional e seus reflexos no mercado de trabalho. Foi o IV Simpósio Trabalhista Sindical, realizado em parceria do Gerhai - Grupo de Estudos em Recursos Humanos na Agroindústria e o CeiseBr - Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis. O evento possibilitou a articulação dos setores político, privado e sindical, todos engajados no desenvolvimento econômico da indústria sucroenergética. Com o diálogo, foi possível compreender todos entraves que impedem o fortalecimento da cadeia produtiva do açúcar e etanol. Presente no simpósio, o secretário da agricultura do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim, ressaltou seu contínuo diálogo com o governo estadual em busca de estímulos ao setor. “Nos próximos dias, vamos lançar uma linha de crédito para o financiamento de viveiros de cana pré-brotada. Tentativa de ampliar a produtividade”. Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), alertou sobre a fragilidade dos caixas das usinas. “A volta da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre a gasolina, trouxe maior competitividade ao etanol hidratado, porém esta movimentação não recupera os caixas de usinas em curto prazo. O setor está fragilizado e com dificuldades em buscar recursos”. O simpósio discutiu algumas questões trabalhistas, como a desoneração da folha de pagamento, minirreforma da previdência, e as novidades da Lei dos Motoristas. Debate conduzido por Mauro Garcia, gerente de RH do grupo Toledo, e o advogado trabalhista, Erotides Bosshard. Ao final do evento, João Reis, advogado do CeiseBr, Antônio Vitor, presidente da Confederação Nacional dos

Antonio de Padua Rodrigues alertou sobre a fragilidade dos caixas das usinas

Trabalhadores na Alimentação, Arthur Camargo e Bosshard conversaram com os presentes sobre as Negociações Coletivas de 2015. Os presentes concordaram que a situação necessita de um diálogo uníssono. “Em certas ocasiões, as negociações não satisfazem nem o empregador e nem o empregado. Porém neste ano, devido às particularidades que o setor vive, a palavra de ordem é equilíbrio", afirmou Reis.

Para José Darciso Rui, diretor executivo do Gerhai, a reunião de importantes articuladores do setor refina o diálogo com o governo e fortalece as possíveis estratégias internas para recuperação de mercado. “É fundamental reunir importantes representante políticos, sindicais e empresariais para discutirmos a atual situação do setor e como esta refletirá em toda a cadeia produtiva. Somente com este diálogo poderemos preparar nossa alavancagem”, explica.


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Setor pede definição sobre posição de etanol na matriz energética A instabilidade econômica e a falta de uma matriz energética definida impedem que o setor almeje nova retomada. Representantes de diferentes segmentos apontam a volatilidade de preços como repressor do desenvolvimento do etanol nas bombas do país. A elevação de preço da gasolina moveu uma parcela significante do consumo para o etanol. Migração motivada pela revolta em relação à volatilidade destes preços. Em contrapartida, este fenômeno também atinge o etanol, que acompanha o combustível fóssil, sendo responsável pela insegurança na implantação de medidas de estimulo ao consumo do biocombustível. Para Antonio de Padua Rodrigues, da Unica, esta instabilidade gera insegurança nos produtores, que desconhecem a real demanda brasileira pelo biocombustível. “A volatilidade de preços para os combustíveis é um grande problema para o etanol, é preciso estabilidade destes valores, para que possamos trabalhar com planejamento e entender qual a real demanda do país por nosso produto”. Sem segurança quanto aos preços praticado para o consumidor final, o setor produz combustível às escuras, dependente apenas de movimentações estratégicas a favor da gasolina. Segundo Manuel Ortolan, presidente da Orplana, não existe uma definição

Simpósio Trabalhista Sindical foi organizado pelo Gerhai e CeiseBr

sobre o papel do etanol na matriz energética nacional. “Temos uma política voltada para a gasolina, é necessário

definir nossa matriz e mostrar ao mercado o espaço do etanol. Há indefinições do governo, quanto ao planejamento do

etanol na matriz, que precisam ser tomadas”, explica. O debate aconteceu durante o Simpósio Trabalhista Sindical.


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D EPO I M ENTOS

PREPARO PARA OS DESAFIOS

"Esta articulação entre nomes políticos e gestores de empresas promove um importante fortalecimento para os atuais desafios que enfrentamos" Wendel Alves Batista, coordenador de desenvolvimento de pessoas da Baldin Energia

TROCA DE CONHECIMENTO "A troca de experiências colabora em nossa tomada de decisão. Já aplicamos as inovações aqui discutidas. Acredito que somente com este continuo diálogo podemos nos aprimorar as relações de trabalho" Débora Pires, coordenadora de treinamento e desenvolvimento da Agropecuária Irmãos Paro

Antonio Eduardo Tonielo Filho: leilões trazem maior segurança aos investimentos em bioeletricidade

COGERAÇÃO PODE GARANTIR SOBREVIVÊNCIA Em busca de saídas para geração de caixa, o setor tem investido continuamente em produção de energia. Com preços atrativos, a cogeração tem ajudado a balancear os entraves enfrentados com o açúcar e etanol. A valorização do dólar pressiona os preços do açúcar, que tendem a acompanhar as oscilações do real, reduzindo a remuneração de usinas pela venda da commodity. A volatilidade de preços da

gasolina amarra o etanol a uma política atrasada que esbarra no desenvolvimento sustentável do país. Descompassos que, somados aos preços praticados em leilões e mercado spot, tem facilitado a decisão de vender energia. Antonio Eduardo Tonielo Filho, presidente do CeiseBr, a realização de leilões de energia específicos para a biomassa, traz maior segurança aos investimentos em bioeletricidade. Segundo

Tonielo, este segmento trará novo ânimo à indústria de base. O presidente da entidade comentou a relevância do dólar para o comércio internacional. “O dólar em alta aquece as exportações e estimula o consumo interno, dificultando a entrada de produtos importados. A valorização do real nos últimos anos, resultou na perda 400 bilhões de dólares”. Arnaldo Jardim, secretário da

agricultura do Estado de São Paulo, confirma a importância deste produto para recuperação do setor. E sinaliza a articulação de facilitadores para implantação desta tecnologia nas usinas. “Vamos caminhar sobre a questão da cogeração, de modo que esse complemento de renda do setor possa ser feito de maneira muito maior, e o país, que vive de uma produção cara de energia, possa ter acesso a essa implantação, que é mais rápida e mais limpa”.


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Novos investimentos dependem da renegociação das dívidas Lançamento de um programa nos moldes do Pesa pode ser alternativa para todo o agronegócio

R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

A criação de um programa para a recuperação financeira de unidades e grupos sucroenergéticos endividados é fundamental nesse momento para que ocorram novos investimentos nas áreas agrícola e industrial, afirma Miguel Rubens Tranin, presidente da Alcopar – Associação dos Produtores do Estado do Paraná. Segundo ele, de nada adiantaria, atualmente, a disponibilidade de crédito para a retomada de investimentos no setor, porque o nível de endividamento de uma parte das empresas é tão grande que não permite o acesso a qualquer tipo de empréstimo. Teria que ter uma renegociação, um alongamento da dívida – enfatiza. O ex-ministro da Agricultura e ex-presidente do Conselho Deliberativo da Unica, Roberto Rodrigues, defendeu, no início do ano, a reedição do Proer (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional), implementado pelo governo Fernando Henrique Cardoso para ajudar os bancos. O programa – de acordo com ele – deve ser, no entanto, adaptado às usinas. Um problema grave hoje para a viabilização de uma proposta voltada à recuperação de usinas é a crise do governo federal em relação ao déficit, à dívida pública e à falta de dinheiro. “O cobertor começa a ficar curto”, constata Jorge dos Santos, diretor executivo do Sindalcool/MT –

Miguel Tranin, da Alcopar: alto nível de endividamento impede acesso a empréstimos

Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras do Estado de Mato Grosso. Ou seja, não há disponibilidade de recursos para o atendimento das demandas de diversos segmentos. Existe a necessidade de considerar, no entanto, que o

fechamento de uma empresa do setor sucroenergético tem um impacto econômico e social muito grande – pondera Miguel Tranin. “Eu não gosto muito do nome Proer, que foi para banco. O que existiu de fato para o agronegócio foi o Pesa – Programa Especial de Saneamento de Ativos, utilizado para a renegociação de dívidas agrícolas. A ideia é o relançamento de um programa nesses moldes”, propõe. “Naquela época o Tesouro emitiu títulos, com vencimento em até vinte e cinco anos. Esses títulos lastreavam a dívida. Era uma segurança para o agente financeiro que tinha um recebível”, detalha. A empresa endividada comprava – conforme o modelo do Pesa – um título do Tesouro, que tinha um valor de mercado, equivalente à dívida. Havia um prazo de 20 a 25 anos para o pagamento desse título, ou seja, ocorria um alongamento da dívida – explica. A partir dessa negociação, as portas se abriam novamente no mercado financeiro – comenta – para a obtenção de novas linhas de crédito. Há uma questão que precisa ser alterada, no entanto, caso seja feito um novo programa desse tipo. Segundo ele, o título do governo – dado como garantia – é indivisível. Isto faz com que se uma usina utilizar a unidade industrial como sua garantia para a dívida, não conseguirá a liberação de parte desse ativo, mesmo que pagar parcialmente essa dívida. “No caso de uma garantia divisível como dez lotes, é possível obter a liberação gradativa dos imóveis a medida que ocorrer a realização de pagamentos”, exemplifica. É preciso discutir uma forma de liberação da garantia, que é muito superior, em diversos casos, ao residual de dívida existente – observa. Segundo ele, além da reedição do modelo do Pesa, há necessidade de fracionar e liberar a garantia. “O programa não seria específico para o setor sucroenergético. Mas, voltado para o agronegócio como um todo”, afirma.


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Juros e carência devem ser compatíveis com a realidade do setor Programa de renegociação deve ser acompanhado por medidas específicas voltadas à retomada de crescimento da atividade sucroenergética Medidas como o retorno da Cide, o aumento da mistura de anidro na gasolina, de 25% para 27%, o Reintegra, a possibilidade do Inovar-Auto criam um horizonte de médio e longo prazo que o setor não tinha anteriormente, opina Miguel Tranin. “Isto é muito favorável. Permite fazer um planejamento para o futuro”, ressalta. Mas, não existe ainda nenhuma medida de impacto imediato – observa. “Embora o governo tenha acenado com a possibilidade de disponibilidade de recursos, as empresas que estão com maiores dificuldades não têm como contrair novos empréstimos. Por isso, a nossa insistência pela busca por uma renegociação e um alongamento da dívida”, ressalta. É preciso ter um alívio imediato para que seja possível investir na lavoura e na indústria – afirma. “O setor assumiu um índice de endividamento com o mercado e eventualmente com o Poder Público em

Jorge dos Santos: carência nos financiamentos precisa de tempo maior

termos de impostos que efetivamente inviabiliza qualquer tipo de empréstimo”, enfatiza Jorge dos Santos, diretor do Sindalcool/MT. É evidente que um Proer só vai ter sentido se ocorrer a adoção de medidas voltadas à retomada da atividade sucroenergética, como a criação de leilão específico para a energia da biomassa e de uma política definitiva para o etanol – avalia. De acordo com ele, um programa de recuperação financeira deve ter uma taxa de juros compatível com a rentabilidade do setor, que é baixíssima. A carência para o início do pagamento deve ser suficientemente longa – afirma –, porque a cana tem uma maturação maior. “Deve ser levado em consideração que cana não é soja que é plantada agora e colhida daqui a quatro meses. Para a canade-açúcar ter a primeira colheita demora pelo menos dezoito meses. É preciso de uma carência de dois anos”, opina. Jorge dos Santos argumenta que esses fatores devem ser levados em conta em uma renegociação da dívida. “Se puder entrar um dinheiro novo, ótimo” – diz. O canavial está com idade média de três anos e meio, constata. “Com os 27% e a volta da Cide, pode ser que o setor consiga provar aos bancos que dá para pagar um novo empréstimo pelo menos a fim de recuperar o canavial e adotar uma melhor estratégia de produção”, observa. (RA)


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ENTREVISTA - Arnaldo Jardim, Secretário de Agricultura de São Paulo

“Endividamento gera tensão no setor” O Secretário estadual da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim, é favorável a um Proer para o setor sucroenergético. Mas não no momento. Confira suas opiniões nesta entrevista concedida a Delcy Mac Cruz no último dia 15 de abril, em Ribeirão Preto, SP.

disposição e a real efetivação de pedidos há uma distância real. E como a Secretaria da Agricultura pode ajudar a impulsionar o setor? Estamos trabalhando em três frentes básicas: na produtividade agrícola, por meio do Instituto Agronômico em pesquisas de novas variedades de cana-de-açúcar, e estamos muito entusiasmados com o sistema de mudas pré-brotadas. Achamos que isso é importante para recuperar a produtividade agrícola, que no estado de São Paulo, há três a produtividade era de 86 toneladas de cana por hectare, e no ano passado caiu para 75; na logística, apoiando, por exemplo, o alcoolduto e a instalação do terminal de embarque de Itirapina, na região de São Carlos, e na cogeração de eletricidade. Já houve toda uma questão de diferencial de ICMS para a aquisição de novos equipamentos para fazer o chamado retrofit. E estudamos agora medidas complementares que possam apoiar a cogeração de energia. A Cesp deverá participar ativamente deste processo. Ela terá papel proativo. O estado de São Paulo usará seu poder de compra de bioletricidade para induzir a produção dessa energia. Estamos discutindo que outro tipo de apoio tributário poderá ser feito do ponto de vista da conexão da bioeletricidade.

JornalCana - O senhor acredita que é o momento de o setor ter uma espécie de Proer, ou seja, um programa de refinanciamento bancário em relação ao endividamento bancário? Arnaldo Jardim - Não tenho dúvidas de que o setor está endividado. Mesmo com bancos. E há um endividamento dentro da própria cadeia sucroenergética. Há fornecedores com muitas dívidas, assim como vendedores de insumos que possuem crédito a receber. Portanto, estamos em uma situação de que há endividamento estrutural dentro do setor e isso acaba gerando tensão na cadeia produtiva. Mas eu não acho que o setor deva ir em busca de um Proer agora. Por quê não? Entendo que uma espécie de Proer teria sentido se houvesse um cenário em que se tivesse fechado a equação da rentabilidade do setor. Então, se pediria para repactuar as dívidas porque haveria um novo fluxo e com isso se apontaria uma situação de futuro. E isso ainda não aconteceu. Embora tenhamos a questão da Cide, que embora tardia foi importante, e a questão da mistura de mais anidro à gasolina, que também demorou mas foi importante, e deram fôlego adicional neste começo de ano, ainda não temos uma certeza de inserção tanto do etanol como da bioeletricidade na matriz energética. Enquanto não tivermos um cenário previsível, de médio prazo, acho que simplesmente fazer um processo de reestruturação da dívida sem o setor estar resolvido seria empurrar para algo mais grave. Acho que agora a energia do setor deve ser canalizada para fechar a equação da

bioeletricidade, que se revelou elemento fundamental. Em 2014, as empresas conseguiram operar com alguma rentabilidade, ainda que limitada ao permitido pelo governo, para essa energia elétrica. É uma ação política, portanto? Sim, do ponto de vista de futuro, precisamos consolidar essa equação, garantir do governo a tranquilidade sobre a participação do etanol na matriz dos combustíveis. Desta forma será possível criar um quadro de segurança que permitirá ao setor ter uma perspectiva de médio prazo.

Como o governo do Estado de São Paulo pode ajudar a resolver esta equação? Primeiro, há definições que são nacionais. Estamos pressionando politicamente. O governador Geraldo Alckmin integra a comissão de governadores da frente pelo etanol. Como está o setor perante o governo federal? As autoridades federais têm mostrado gestos contraditórios. Ora um ministro ou a ministra da Agricultura (Kátia Abreu) dão sinais de que o setor será priorizado pelo governo, e nós saudamos isso, mas entre essa

O apoio à cogeração então está sendo menos burocrático? Sim. Em fevereiro, o governo anunciou a simplificação do processo de cogeração. Muitas vezes tem-se uma empresa que é dona do canavial, outra que é dona da usina e uma outra que constituiu sociedade para queimar o bagaço e produzir energia. Havia um burocracia sobre o ICMS disso, com crédito temporal que levava até anos para ser processado. Busca-se agora a simplificação, que dá até adicional de renda porque quando se faz isso de forma ágil, ganha-se até 6% de rentabilidade.


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ENTREVISTA – José Goldemberg

“A crise do setor foi criada pelo próprio Governo” I SAC ALTENHOFEN, DE VALINHOS, SP

Neste que é um dos momentos mais delicados pelos quais o setor sucroenergético está passando é preciso estar atento à realidade e encarar o fato de que no passado as crises do setor não dependiam apenas do Brasil para resolver a situação. Haviam outras implicações externas. Nesta entrevista, José Goldemberg, doutor em Ciências Físicas pela Universidade de São Paulo, com experiência em diversos cargos públicos em níveis estadual e federal, enfatiza que a solução dos problemas pode e deve vir de iniciativas do governo Brasileiro. JornalCana - O senhor entende que a crise hídrica é a cabeça principal da hidra que aterroriza o setor de energia brasileiro? José Goldemberg - Não. A crise hídrica é uma das cabeças da hidra. Outras cabeças são as políticas equivocadas adotadas pelo Governo Federal nesta área.

“A crise hídrica é uma das cabeças da hidra. Outras são as políticas equivocadas adotadas pelo Governo Federal” No que o Governo Federal está falhando nesse momento? O congelamento do custo da gasolina em 2008, que levou a Petrobras a ter prejuízos estimados em dezenas de bilhões de reais, uma vez que importava gasolina no mercado internacional (com o barril de petróleo a mais de cem dólares) e a vendia a preços menores dentro do país prejudicou demais o setor. Uma das vítimas desta política – um verdadeiro “dano colateral” – foi o etanol cujo preço de venda é indexado ao da gasolina.O custo de produção de

Governo Federal é o que tem a solução para a crise que ele mesmo criou


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etanol aumentou desde 2008, mas este aumento não pode ser transferido ao preço de venda devido ao congelamento do preço da gasolina. O uso de etanol deixou de ser competitivo na maioria dos estados brasileiros exceto em São Paulo onde o ICMS é mais baixo. Acho que resolvidos estes problemas o setor se recuperaria rapidamente.

“Nas crises anteriores a fonte dos problemas era o custo do barril do petróleo no exterior ou problemas tecnológicos que foram resolvidos com os motores flex” No que o senhor acha que essa crise atual seja diferente das demais pelas quais o setor sucroenergético já passou? Ela foi diferente no sentido que foi criada pelo próprio Governo. Nas crises anteriores a fonte dos problemas era o custo do barril do petróleo no Exterior (sobre o qual o Brasil não tem controle) ou problemas tecnológicos que foram resolvidos com os motores flex-fuel.

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No que é vantajoso à população brasileira os incentivos do governo para o desenvolvimento crescente do setor sucroenergético? As vantagens sociais do uso do etanol como combustível são enormes. O setor gera, por exemplo, cerca de 1 milhão de empregos. A melhor ajuda é a de um ajuste de preços da gasolina e álcool. A reestruturação das usinas em dificuldades pode ser resolvida com refinanciamento. O senhor continua a acreditar que o biocombustível, como o etanol, seja uma grande solução energética para o Brasil e mundo? Por quê? Sem dúvida, pois ele é um combustível renovável (na realidade, energia solar convertida em um líquido), não poluente e com características (octanagem) melhor do que a gasolina. Qual seu nível de otimismo em relação à chegada das novas tecnologias de segunda geração? Elas seriam mesmo necessárias para o Brasil tropical? Razoável. Elas não são necessárias para produzir etanol para consumo interno no Brasil porque a 1ª geração com cana-deaçúcar é satisfatória, mas poderia permitir ao país exportar etanol para os Estados Unidos onde o etanol de 2ª geração tem bônus especiais que aumentam o preço de venda. Existem hoje no mercado 5 grandes empreendimentos (cada um com cerca de 100 milhões de litros por ano) que estão em testes operacionais.


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ENTREVISTA - Roberto Rodrigues

“Não basta um Proer, é preciso investir em tecnologia” fazer para tentar minimizar os impactos do ajuste fiscal? Defendo a tese de que os preços irão subir no próximo ano, devido também ao câmbio e fatores subsequentes. De modo que a única forma de compensar isso é haver mais crédito, e mais barato. Porém o ajuste fiscal prevê menos crédito, mais caro e mais seletivo. Viveremos um problema de renda. É inevitável porque fará parte do ajuste fiscal. O produtor rural terá que ficar com as barbas de molho. Com investimento zero ou somente aquilo que é necessário para sobreviver. E dar o passo do tamanho da perna.

D ELCY MAC CRUZ, DE R IBEIRÃO PRETO

Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) no período de 2003 a 2006, possui papel relevante como defensor do fortalecimento do agronegócio na economia e desenvolvimento do país. Rodrigues esteve em Ribeirão Preto (SP), no dia 17 de abril, para o evento de abertura do programa educacional Agronegócio na Escola, promovido pela Abag - Associação Brasileira do Agronegócio de Ribeirão Preto. O programa possui 15 anos de existência e nesse período foi responsável pela capacitação de mais 165 mil alunos e 8,5 mil professores.

“Viveremos um problema de renda. É inevitável porque fará parte do ajuste fiscal. O produtor rural terá que ficar com as barbas de molho” Tradicionalmente presente em todas as edições do evento, Roberto Rodrigues falou para jovens e educadores sobre o atual cenário da produção agrícola do Brasil e sua relevância para a manutenção da segurança alimentar global. Em entrevista ao JornalCana, o exministro afirmou defender um plano de recuperação financeira junto a bancos para o setor sucroenergético. Seria um programa semelhante ao Programa de Revitalização do Setor Cooperativo (Recoop) e ao Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (Proer), ambos instituídos nos anos 90.

Roberto Rodrigues, defensor do fortalecimento do agronegócio e do setor sucroenergético

JornalCana - O senhor acredita que é hora de defender um Proer para o setor sucroenergético? Roberto Rodrigues - Quando estava na União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) [foi presidente do Conselho Deliberativo até janeiro último], defendia um Recoop para o setor. Não era geral, mas para cada unidade, porque cada um tem uma situação diferente. São problemas de gestão, administrativo e tecnológico. São diferentes problemas que causaram uma só crise. Por isso é preciso tratar as causas de forma diferente. Mas essa não é uma tese usada pelo setor de uma forma geral.

E hoje? Continuo achando que deveria haver uma medida de negociação com o setor, que tratasse diferentemente os diferentes agentes. Mas não basta um Proer. É preciso investir em tecnologia, e vem vindo um pacote tecnológico para a cana que é algo revolucionário, como as mudas pré-brotadas, sementes para cana, novas mudas, novas técnicas como plantio em duas ruas. Mas tecnologia custa dinheiro e, para ter dinheiro, é preciso ter renda. Então é preciso uma recuperação da renda para que a tecnologia entre no setor. Como a cadeia do agronegócio deve

Isso vale para o setor sucroenergético? O setor sucroenergético está praticamente no fundo do poço. Vem de três anos trágicos, mas nesta virada de ano aconteceram três fatos. Primeiro a Cide voltou, não completamente, mas deu um certo alívio no comportamento de preços do etanol. Segundo, a mistura maior de anidro em 2%, que vão demandar mais 1 bilhão de litros. O terceiro fato está em Minas Gerais, que baixou o ICMS sobre o hidratado, e isso fez subir o consumo. Em março último tivemos um exemplo inédito: o preço do etanol foi lá embaixo porque havia estoque demais. Mas temos uma ligeira melhora econômica. Como o senhor vê o setor neste ano? Choveu demais em março. E tem chovido mesmo em abril, assim como em fevereiro, e isso vai melhorar o aspecto dos canaviais e a produtividade. Então, primeiro tivemos uma recuperação de preços e, agora, de produção. Na contramão disso, há a notícia ruim de que a Tailândia subsidia a produção de cana, e com isto mais 2 milhões de toneladas de açúcar devem ir para o mercado, o que relaxa o preço. O agricultor brasileiro não sabe deixar de investir, mas nesse momento entendo que deve dar uma recuada.


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Executivos discutem o setor em ambiente privado no Ceo Meeting Evento em São Paulo foi uma ‘reunião de trabalho’ fechada com executivos de grandes e tradicionais players do setor Com o objetivo de, entre outros temas, discutir a respeito da condução de usinas do setor em cenário de incertezas políticas e elevação do dólar, executivos do setor se reuniram em 25 de março em São Paulo (SP) para participar do 1º Ceo Meeting do setor sucroenergético. O evento foi uma ‘reunião de trabalho’ fechada com executivos de grandes e tradicionais players do setor e teve como apresentador dos debates o presidente da ProCana Brasil, Josias Messias. A singular reunião foi convocada para também aproximar e ampliar o diálogo entre os principais responsáveis por tomadas de decisões nas usinas. “O encontro proporcionou efetiva troca de experiências entre jovens acionistas e empresários consagrados, assim como entre o pessoal de usinas independentes e executivos de grandes grupos”, avaliou Josias Messias. No Ceo Meeting os participantes analisaram também a posição mercadológica dos produtos oriundos da cultura da cana frente ao enfraquecimento do real. Um questionário foi distribuído aos participantes. Os nomes dos respondentes

Josias Messias: troca de experiências entre pessoal de usinas independentes e executivos de grandes grupos

foram preservados pela organização do Ceo Meeting. Uma das questões colocadas em debate foi se o governo federal deveria agir em favor do setor sucroenergético e criar, por exemplo, programas imediatos de refinanciamento ou de extensão para o pagamento das dívidas financeiras? As respostas foram divididas. A maioria dos participantes é favorável à criação de programas de apoio à reestruturação financeira das empresas do setor sucroenergético, sejam elas usinas ou fornecedores de bens e serviços. Entende que o endividamento junto a bancos tem penalizado boa parte dessas companhias e uma estratégia seria buscar meios de refinanciar essas dívidas, em ações que poderiam ser semelhantes às do Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional), lançado pelo governo nos anos 90 e que estimulou a reestruturação de bancos. Parte dos executivos do Ceo Meeting foi contrária à proposta. “O setor precisa de outras medidas que se transformem em lucratividade”, disse um deles. “Não adianta refinanciar a dívida e continuar perdendo dinheiro e aumentar o endividamento”. A avaliação geral ao final do evento foi de aprovação. Outros encontros semelhantes devem ser promovidos pela ProCana Brasil.


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Cenário favorável para o etanol não garante safra alcooleira Recuperação da cana em São Paulo, Estado mais afetado pela seca em 2014, deve aumentar a produção de açúcar R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

A volta da Cide, o aumento da mistura de anidro na gasolina (de 25% para 27%) e a redução do ICMS em Minas Gerais (de 19% para 14%) criam condições para tornar o etanol, principalmente o hidratado, mais competitivo na safra 2015/16 e, consequentemente mais atraente para o produtor, avalia Luiz Gustavo Junqueira Figueiredo, diretor comercial da Usina Alta Mogiana, de São Joaquim da Barra, SP. O cenário favorável para o etanol não é, porém, nenhuma garantia que a safra vai ser mais alcooleira, apesar da forte tendência para que isto aconteça. “Com as chuvas de fevereiro e março, que foram muito boas, a cana se recuperou bem em relação ao estresse hídrico do ano passado. Essa recuperação está ocorrendo, de maneira mais forte, em São Paulo – o mais afetado pela seca de 2014 –, que é um estado mais açucareiro”, pondera. A medida que a cana de São Paulo se recupera do estresse hídrico, essa matériaprima adicional acaba tendo um mix um pouco mais açucareiro – observa. Além

Luiz Gustavo Junqueira Figueiredo: cenário favorável ao etanol não garante safra alcooleira

disso, há outro fator que está acontecendo no mercado de açúcar que pode também interferir na produção e comercialização. O preço deste produto tem mudado, principalmente no Brasil, conforme o câmbio sofre alterações – constata. É um ano em que as remunerações do açúcar e do etanol vão caminhar relativamente juntas pelo menos no começo da safra – afirma. Segundo ele, as remunerações dos dois produtos estavam bastante parecidas em abril. Na avaliação do diretor comercial da Alta Mogiana, é difícil dizer o que vai acontecer do meio da safra em diante. “O nosso cenário básico contempla uma melhora significativa nas cotações de etanol no segundo semestre diante do incremento da demanda que está muito forte”, destaca. Os movimentos em relação a essas ocorrências – aumento da produção de açúcar em São Paulo, a elevação da demanda de etanol – é que vão determinar o mix. “Com bons preços no segundo semestre, essa situação, na teoria, levaria o mix mais para o etanol. Vai ser interessante acompanhar como um produto vai conviver com o outro”, diz. A Alta Mogiana terá uma safra parecida – informa – com a de 2014/15, com uma moagem em torno de 5,3 milhões toneladas. “O mix também será assemelhado ao do ano passado, eventualmente um pouco mais alcooleiro”, afirma. Em 2014/15, o etanol teve participação de 63% no mix. A definição vai depender, no entanto, do mercado.


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Maior demanda em Juros altos e endividamento adiam investimentos em energia Minas Gerais favorece Mesmo que os preços sejam atrativos, haverá somente projetos elevação de preço pontuais entrando no sistema, avalia diretor comercial O setor continua tendo muito interesse em energia elétrica. Mas, não deverá fazer grandes investimentos nessa atividade nos próximos dois anos, prevê Luiz Gustavo Figueiredo. Apesar da melhoria do preço – R$ 281,00 o valor do teto do megawatt-hora (MWh) para o leilão de 30 de abril –, as condições de financiamento pioraram muito, afirma o diretor comercial da Usina Alta Mogiana.

Projetos possibilitam a diversificação do uso de modal, como o escoamento de combustível por etanolduto e o transporte de açúcar por meio de ferrovia “Há um cenário com juros muito mais altos do que dois ou três anos atrás. As usinas estão com um nível de endividamento bastante elevado. Mesmo que os preços de energia elétrica sejam atrativos, haverá projetos pontuais entrando no sistema”, comenta. Existem outros motivos para o adiamento dos

investimentos. Os grandes grupos já fizeram um movimento significativo para ampliação da capacidade de cogeração – observa. Além disso, empresas do setor de menor porte não têm atualmente, na maioria dos casos, condição de realizar investimentos nessa área. Na avaliação dele, os investimentos em cogeração deverão ocorrer assim que as margens melhorarem – como é o caso de 2015 e dos próximos anos – e o endividamento diminuir. “Aí sim haverá um novo ciclo de investimento mais relevante”, ressalta. De acordo com ele, é necessário ter muito cautela nesse momento. “O setor precisa passar por uma desalavancagem financeira e melhoria de margens. Vai demorar de dois ou três anos para que as unidades e grupos sucroenergéticos voltem a ter musculatura para investir de maneira mais forte”, diz. (RA)

A diferença de preço entre o etanol hidratado e a gasolina, em Minas Gerais, nunca esteve tão favorável como nos últimos tempos – afirma Luiz Gustavo Figueiredo. “Minas é o segundo maior estado consumidor de combustíveis no Brasil. E o etanol hidratado tem uma participação historicamente muito baixa, em torno de 15% do total de ciclo otto. Não é difícil constatar que há muito mercado para ganhar neste estado”, observa. Segundo ele, em São Paulo o hidratado divide mercado com a gasolina. Em Minas Gerais, é só 15% - compara. “Se em Minas o market share do hidratado for o mesmo que São Paulo, a demanda nesse estado vai triplicar. E este deverá ser outro fator que favorecerá os preços de etanol no segundo semestre”, destaca. (RA)


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Menor desembolso imediato aumenta venda nos postos Campanhas despertam interesse do consumidor

Com pouco dinheiro na carteira, consumidor prefere abastecer com etanol, mesmo se a relação custo-benefício, no aspecto financeiro, estiver “empatada” com a gasolina Vai abastecer com etanol ou gasolina? Essa dúvida geralmente dirimida pelo preço desses combustíveis tem com a crise na economia brasileira – que atinge diferentes segmentos da população – um novo componente que está sendo levado em consideração. Agora não é somente o valor do litro de etanol em até 70% do preço da gasolina – em decorrência do menor rendimento do biocombustível de cana – que está pesando na decisão dos proprietários de carro flex. Além dos benefícios ambientais que podem pender a escolha para o lado do etanol, o menor desembolso imediato, exigido para o abastecimento com esse biocombustível – que sempre tem um preço mais baixo do que a gasolina –, está sendo fator determinante para a escolha em diversos casos. Com pouco dinheiro na carteira, no banco e a maior necessidade de controlar as despesas, o consumidor prefere gastar menos com etanol mesmo se der “empate” – ou

pequena vantagem para a gasolina – na relação custo-benefício, no aspecto financeiro, entre os dois combustíveis. “Não tenho dúvida que há muito consumidor fazendo essa conta” – afirma Luiz Gustavo Figueiredo, da Alta Mogiana. Segundo ele, a necessidade de menor desembolso está proporcionando uma

surpresa bastante positiva nos últimos meses: o renascimento do consumo de hidratado na região Nordeste. Esse movimento pró-etanol, em decorrência do menor gasto, tem acontecido inclusive em diversas cidades. E tende a aumentar enquanto persistir a crise de “desabastecimento” do bolso do consumidor. (RA)

O bom trabalho de marketing para divulgação do combustível, realizado pela Unica (União da Indústria de Cana-deAçúcar), também está contribuindo para aumentar a demanda pelo etanol. Ocorreram duas campanhas publicitárias, nos últimos anos, que tiveram a finalidade de despertar o interesse do consumidor pelo produto. “O objetivo foi conseguido”, avalia Luiz Gustavo Junqueira Figueiredo, da Alta Mogiana. De acordo com ele, essas campanhas solidificaram o etanol como uma opção vantajosa para o consumidor. “O setor deve dar, agora, uma pausa neste tipo de ação, porque muitos grupos não podem contribuir por estarem fragilizados financeiramente”, comenta. Além disso, hoje não seria necessária uma campanha nacional, pois a demanda está muito boa – observa. “Evidentemente que isto pode ser revisto no decorrer da safra”, opina. Em Minas Gerais, a Siamig lançou a campanha publicitária “Eu Vou de etanol” no rádio e nas mídias sociais, visando aumentar a comercialização de etanol hidratado no Estado. O objetivo é reforçar a atual competitividade do produto frente à gasolina, devido a redução do ICMS do biocombustível de 19% para 14%. (RA)


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Investimentos da iniciativa privada reduzem custos logísticos Investimentos privados e a diversificação do uso de modal têm ajudado a minimizar o impacto do custo logístico no preço de etanol e açúcar. Grupos sucroenergéticos e empresas de outros segmentos já realizaram investimentos significativos em logística, incluindo etanolduto, ferrovia, barcaça, terminais rodoviários, ferroviários e portuários.

Projetos possibilitam a diversificação do uso de modal, como o escoamento de combustível por etanolduto e o transporte de açúcar por meio de ferrovia No caso do açúcar, a alternativa ferroviária cumpre papel importante para a redução de custos, observa o economista Samuel da Silva Neto, analista de mercado logístico da Esalq-Log – Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. Em São Paulo, há um número considerável de terminais de transbordo ferroviário, constata. A maioria deles está ligada, de alguma forma, aos investimentos

Samuel da Silva Neto, da Esalq-Log: ferrovia cumpre papel importante no açúcar

dos grandes players e proporcionam maior competitividade em relação à minimização dos custos de transporte – destaca. Segundo ele, nos últimos oito anos,

diversos terminais foram reformados ou inaugurados. Esse mesmo movimento está ocorrendo também em relação ao etanol, como a

construção do etanolduto pela Logum Logística, que está em operação entre Ribeirão Preto e Paulínia. “Esse tipo de escoamento tende a minimizar os custos de transporte de forma representativa”, enfatiza. As soluções da iniciativa privada na área logística não param aí. “A região de Araçatuba, em São Paulo, que é importante polo produtor, é deficitária em alternativas modais, tanto para açúcar como para etanol, quando comparada com as regiões de Ribeirão Preto e de São José de Rio Preto”, diz Samuel da Silva Neto. De acordo com ele, a alternativa, no caso do etanol, é o projeto da Logum que prevê a integração entre o modal hidroviário e o dutoviário. “Entretanto, com a seca do ano passado, essa integração ficou um pouco prejudicada no curto prazo. Mas, deverá ser retomada”, acredita. O analista de mercado da Esalq-Log considera que a realização de investimentos para o aumento da capacidade de armazenagem, com a eliminação da sazonalidade, poderá reduzir os custos com logística no médio e longo prazo. “É possível ter um equilíbrio maior de preço ao longo do ano e, com isto, um planejamento mais consolidado por parte da unidade produtora e também pelo transportador que poderá diminuir a sua capacidade ociosa. Ele vai ter carga o ano todo e não somente em períodos de pico de escoamento”, afirma. (RA)


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D EPO I M ENTOS

AGREGAÇÃO DE VALOR

“Acho que é irreversível esta tecnologia, ela agrega muito valor à produção. Com uma mesma área de cana plantada, podemos obter 40 litros a mais de etanol por tonelada de cana”. Fernando Cullen Sampaio, diretor da FCS

AUMENTO DE EFICIÊNCIA “O Etanol celulósico não é apenas uma opção tecnológica. Representa um aumento da eficiência da usina. Não há competição entre eletricidade e etanol, na verdade são complementares”. Jaime Finguerut, gerente de Desenvolvimento estratégico do CTC

Curso discutiu entraves para expansão do etanol celulósico

Indústria e pesquisa debatem produção de etanol celulósico no país A crescente produção de combustíveis celulósicos no mundo reforça a importância desta tecnologia para a otimização dos recursos naturais. No Brasil, o etanol celulósico ganha espaço e passa integrar os produtos sucroenergéticos. Elaborado a partir da biomassa ou palha da cana-de-açúcar, o combustível, também denominado de segunda geração (2G), é responsável pela inauguração e reestruturação de usinas, interessadas na versatilidade da cana-de-açúcar.

Atentos a esta nova janela de oportunidades, profissionais e pesquisadores se reuniram em Ribeirão Preto (SP) para discutir os atuais entraves na expansão deste produto. O encontro aconteceu no 2º Curso Técnico de Produção de Etanol 2G, no dia 20 de março. Viabilizado pela parceria entre a ProCana Brasil com a Sinatub Tecnologia Industrial. Segundo o diretor técnico da Sinatub, Luiz Cláudio Pereira Silva, trazer profissionais responsáveis pelo

pioneirismo desta tecnologia no país, facilita o planejamento de crescimento dos diferentes segmentos tecnológicos envolvidos nesta cadeia de produção celulósica de etanol. “Temos que nos preparar para impulsionar esta tecnologia nos próximos anos. Reunir os principais atuantes desta implantação no país para traçar metas e perspectivas para o segmento é de suma importância para o desenvolvimento tecnológico”. (Veja mais sobre o tema etanol celulósico na página 42).


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Laboratório de usina deve funcionar como orquestra Tudo deve estar em harmonia: instrumento “afinado”, ou seja, calibrado e deve ser operado por alguém que não saia do ritmo R ENATO ANSELMI,

DE

CAMPINAS, SP

A adoção de boas práticas, a utilização de equipamentos e instrumentos de qualidade – que devem ser calibrados corretamente –, a capacitação técnica e a reciclagem dos profissionais que atuam nessa área são alguns requisitos fundamentais para o funcionamento eficaz dos laboratórios industriais e de pagamento de cana por teor de sacarose de usinas e destilarias. Uma coisa depende da outra – afirmam especialistas da área. Laboratório deve funcionar como uma orquestra, de maneira harmônica, com seus integrantes atuando em sintonia. Não adianta ter instrumentos “afinados”, ou seja, calibrados, se alguém sair do ritmo. Métodos, procedimentos, amostras, equipamentos também devem fazer parte, de maneira uníssona e ajustada, dos ensaios e das análises. Uma questão essencial, neste tipo de trabalho, é a preparação técnica adequada que se torna cada vez mais necessária devido à ampliação das atividades de análise e controle em usinas e destilarias, com o objetivo de elevar a eficiência e aumentar a rentabilidade. A importância dos laboratórios para

controlar a qualidade da matéria-prima e do produto final não abre mais espaço para soluções improvisadas, ou seja, o aproveitamento de funcionários que não tenham capacitação técnica específica para essa atividade. A formação nessa área deve abranger conhecimentos, entre outros temas, de diferentes métodos analíticos para açúcar e etanol, operação e calibração de equipamentos, execução de ensaios técnicos, segurança em laboratório, boas práticas. Tudo deve ser minuciosamente cuidado na atividade laboratorial. Em diversos procedimentos, como na análise de sacarose por polarimetria, por exemplo, é necessário estar atento à utilização de equipamentos (sacarímetros, refratômetro e balanças) eficientes e com manutenção adequada, rede elétrica estabilizada, qualidade da água, temperatura ambiente e da solução, entre outros fatores. Para a obtenção de resultados positivos, os profissionais envolvidos nas atividades devem adotar procedimentos técnicos e específicos para cada metodologia analítica. Mas, não podem esquecer também dos cuidados básicos que evitam riscos às pessoas e ao meio ambiente, como iniciar as atividades somente com a utilização de EPIs – Equipamentos de Proteção Individual, não usar adereços e acessórios que possam ocasionar acidentes, proteger feridas expostas, descartar adequadamente resíduos e amostras já utilizadas, além de uma série de recomendações. Não devem ser negligenciadas também as técnicas de limpeza que evitam diversos contratempos, como a contaminação de amostras por materiais de laboratório e resíduos de outras análises.

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Mercado exige trabalho cada vez mais especializado Os laboratórios precisam funcionar de maneira eficiente para que possam cumprir suas atribuições com precisão. Uma leitura equivocada do teor de sacarose resultará, por exemplo, em uma diferença substancial no pagamento de cana de uma usina. Erros de análise podem dificultar a identificação de problemas e a adoção de medidas que têm a finalidade de evitar perdas no processo de produção industrial.

Competitividade impulsiona unidades sucroenergéticas a estarem sintonizadas aos novos parâmetros de qualidade É preciso estar atento às prováveis causas que provocam resultados incorretos, como utilização de método inadequado, falta de treinamento de técnicos, amostragem não representativa, contaminação, calibração errada de instrumentos, entre outras. Os trabalhos desenvolvidos pelos laboratórios têm sido mais específicos e detalhados devido à necessidade das usinas e destilarias elevarem a sua eficiência. Além da avaliação da qualidade da matéria-prima, há uma demanda crescente pelo controle de cada etapa do processo de produção industrial.

Entre outras atribuições, existe a necessidade da realização de análises para o atendimento de especificações feitas por clientes, levando-se em consideração determinados parâmetros, como cor, turbidez, amido, dextrana, granulometria. A atividade laboratorial está exigindo um trabalho cada vez mais especializado,

pois a competitividade no mercado impulsiona as unidades sucroenergéticas brasileiras a estarem sintonizadas às mudanças nos protocolos do comércio internacional de commodities, o que inclui a exigência por certificações e novos parâmetros de qualidade. Além disso, o funcionamento de usinas

e destilarias como biorrefinarias e a produção de etanol de segunda geração, a partir da biomassa de cana-de-açúcar, devem ampliar as atividades dos laboratórios, aumentando a necessidade de reciclagem dos profissionais e exigindo a aquisição de equipamentos e instrumentos mais modernos e avançados. (RA)


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SuperTurbo revela eficiência na geração de energia Linha de redutores atende sistemas que incluem uso de turbinas a vapor de até 60 MW de potência DA R EDAÇÃO

Com experiência consolidada em projetos, fabricação e instalação de redutores, a TGM disponibiliza a linha ST SuperTurbo para aplicações em acionamento de geradores de energia por turbinas a vapor de até 60 MW de potência. Desde 2014, a linha ST, considerada o novo patamar de redutores de eixos paralelos da TGM, já é utilizada em várias unidades com ótimos resultados. Para o desenvolvimento dos redutores SuperTurbo, a TGM aplicou conceitos e conhecimentos adquiridos ao longo de toda sua trajetória, com a fabricação, manutenção e operação de equipamentos para geração de energia elétrica. Cerca de 70% da energia produzida por biomassa na matriz energética brasileira ocorrem inclusive por meio de turbinas TGM, que é responsável por 10,7 GW de potência instalada. Os turborredutores são considerados equipamentos especiais quando se fala em redutores para geração de energia, afirma José Paulo Figueiredo, diretor de Engenharia

Vicente de Paula Silva Jr, coordenador comercial da Unidade de Negócio Transmissões TGM

da TGM. “Em quase todas as aplicações são os redutores que recebem os esforços do conjunto, principalmente das variações decorrentes de carga e dos outros equipamentos”, observa. A empresa identificou em alguns casos condições de operações severas e que ultrapassam os limites operacionais de equipamentos nessa área. Segundo Vicente de Paula Silva Jr, coordenador comercial da Unidade de Negócio Transmissões TGM, houve inclusive a constatação de graves desvios operacionais e a existência de

José Paulo Figueiredo, diretor de Engenharia da TGM

esforços externos aplicados ao turborredutor. Em decorrência das demandas existentes nessa área, a empresa percebeu a necessidade de desenvolver uma máquina específica para esta aplicação – enfatiza José Paulo Figueiredo. Esse desenvolvimento é resultado da experiência bem-sucedida da TGM, ao longo de sua trajetória, na fabricação de redutores, afirma Vicente de Paula Silva Jr. “O nosso foco é ir além das necessidades dos nossos clientes e assegurar alta performance para esses redutores” –

ressalta o coordenador comercial. As novidades implantadas pela equipe técnica da TGM, detectadas por meio de pesquisas e monitoramento em campo, acarretaram soluções eficientes. Esta série é uma grande evolução por incluir características consagradas da linha RTS e resultados dos aperfeiçoamentos realizados pela TGM. Outro diferencial da linha SuperTurbo é a utilização dos acoplamentos flexíveis, desenvolvidos pela TGM, que permitem aos redutores operarem sem a interferência de fatores externos.


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Empresa salvadorenha utiliza redutor planetário da TGM Aquisição de equipamentos G3 Full vai contribuir, por exemplo, para a elevação dos níveis de produtividade na extração de sacarose Considerada a maior exportadora brasileira no segmento de turbinas a vapor, redutores planetários e turborredutores, a TGM realizou recentemente a venda de outro redutor planetário para a El Angel, em El Salvador, agora de 2.400 K.Nm. A empresa salvadorenha encontrou na solução planetária TGM – equipamentos G3 Full – maior eficiência, segurança e disponibilidade operacional em relação a outros tipos de acionamentos. A El Angel produz açúcar e energia elétrica de forma sustentável, preocupando-se sempre com a qualidade de seus produtos A aquisição de redutores planetários TGM, que contribuirão para a elevação dos níveis de produtividade na extração de sacarose da empresa, faz parte da estratégia de El Angel visando o aumento de competitividade e o seu fortalecimento no mercado. Os equipamentos G3 Full apresentam estrutura compacta, maior robustez, baixo custo de obra civil e de manutenção. Esses redutores ainda contribuem, de maneira significativa, com o

balanço energético, principalmente na geração e exportação de energia elétrica. No segmento específico de redutores, a TGM é pioneira e líder em instalação de planetários para aplicação em moendas na forma rolo a rolo e central, bem como mantém a liderança em aplicação nos difusores de cana.

Com sede em Sertãozinho, SP, e tecnologia 100% brasileira, a TGM possui unidades em Maceió, AL, São José dos Campos, SP, e em Nürnberg, na Alemanha. Maior empresa da América Latina no segmento, a empresa responde também pela maior parte das aplicações de turbinas a vapor, redutores planetários e turborredutores

no mercado nacional. A TGM está presente em mais de quarenta países com cerca de 550 clientes atendidos anualmente. A empresa já produziu e acima de 1.000 turbinas, 1.350 redutores planetários, 550 redutores de eixos paralelos, além de ser responsável por 500 turbinas repotenciadas e 1.500 revisadas.


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Como disponibilizar a glicose a partir da hidrólise no G2 é a questão Pioneira na produção comercial de etanol celulósico no país, a Raízen, através de seu diretor executivo de produção, Antonio Alberto Stuchi, trouxe o atual panorama deste mercado durante o 2º Curso Técnico de Produção de Etanol 2G, acontecido no dia 20 de março, em Ribeirão Preto (SP). O curso foi realizado em parceria entre a ProCana Brasil e a Sinatub Tecnologia Industrial. “É possível alcançar o mesmo custo produtivo do etanol convencional na tecnologia celulósica. Como podemos produzir em sinergia com usinas de etanol ou ainda produzir em unidades específicas, temos que avaliar as diferenças de custos específicos, como logística e energia”. A empresa já disponibiliza 1 milhão de litros do biocombustível em postos da rede Shell de Piracicaba (SP). Para a pesquisadora Rosana Goldbeck, a

ampliação deste mercado esbarra na otimização de alguns processos do fluxograma industrial, como melhorias no pré-tratamento da biomassa e a redução dos custos das enzimas necessárias na etapa de hidrólise e o melhoramento genético dos micro-organismos fermentadores.“O grande desafio na produção de etanol celulósico é determinar a melhor maneira de disponibilizar a glicose a partir da hidrólise desta biomassa”, explica. Para o pesquisador Jaime Finguerut o etanol é complementar à bioeletricidade e gera um negócio muito importante para o país, o desenvolvimento de tecnologias. “Precisamos conduzir estas plantas pioneiras em atividade até uma tecnologia mais apurada. Para isso, é necessário investir em inovação e tecnologia”. (Veja mais sobre o tema etanol celulósico na página 34).

Antonio Alberto Stuchi, da Raízen, trouxe o atual panorama do projeto em etanol celulósico

FEIRA DE UTILIDADES

Adib Pedro Basílio e Fabrício Coelho, da TorkFlex

Lucas Messias, da Pró-Usinas

Representantes da Spectra

Dupla eficiente da Dinatécnica

Equipe da ProSugar

Representantes da Citrotec


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Usaçucar revoluciona gestão industrial com software de otimização em tempo real JOSIAS M ESSIAS, ENVIADO A MARINGÁ, PR

Um sistema que gerencia e otimiza em tempo real toda a planta de açúcar e etanol, incluindo o balanço de vapor e energia, conquistou a USAÇUCAR, quinto maior grupo em moagem de cana-de-açúcar no Brasil e o maior produtor do Estado do Paraná. O Grupo Usaçucar foi o primeiro a implementar o S-PAA, uma tecnologia considerada uma revolução no gerenciamento industrial de usinas. A suíte denominada S-PAA possui três módulos principais: de gerenciamento e otimização de energia; de gerenciamento e otimização do processo produtivo; e o de laço fechado. Os dois primeiros módulos fornecem soluções que permitem ganhos econômicos quando comparado à condição atual. São mudanças sutis, por exemplo, na pressão e temperatura das caldeiras, gerenciamento da carga dos turbo-geradores, gerenciamento do consumo de insumos, melhor uso da extração e contrapressão nos geradores, melhor aproveitamento do vapor de processo, etc. O terceiro módulo já permite que alguns “setpoints” sejam alterados automaticamente pelo sistema, agilizando as implementações propostas e estabilizando o processo em um novo patamar de rentabilidade. Avesso à “inovação por inovação”, o Grupo Usaçucar comprou o projeto do SPAA exatamente pela importância estratégica e pelos resultados econômicos. “Para sermos mais eficientes em um mundo competitivo, qualquer detalhe que traga ganhos precisa ser buscado. Neste sentido, o software S-PAA assume fundamental importância pois interliga todo o processo visando o máximo aproveitamento industrial.”, afirma Wilson José Meneguetti, diretor executivo da unidade Terra Rica. O responsável pelo projeto de implementação do software no Grupo Usaçucar foi Sérgio Galinari, gerente de TI, o qual concedeu entrevista exclusiva ao JornalCana. JornalCana - Onde o S-PAA se encaixa na estratégia do Grupo? Galinari - Temos o S-PAA como uma ferramenta de tomada de decisão. Ele é isso. Na medida em que o operador acompanha e enxerga o que tem que ser feito, são emitidos alertas e o sistema, com as lógicas pré-estabelecidas, recomenda algumas atuações para que o processo apresente a melhor performance dentro das metas de produção. Do ponto de vista gerencial, solicitamos agregar a função de ‘historizador’ ao sistema, permitindo aos gerentes tomar conhecimento do que ocorreu em cada momento, analisando os motivos pelos quais o operador não atuou diante de cada recomendação. E a informação chega em todos os níveis

Sérgio Galinari e Sidney Meneguetti, do Grupo Usaçucar e Douglas Castilho Mariani, da Soteica, em frente ao dashboard do Canal Usaçucar instalado na sede do Grupo

PRODUÇÃO DO GRUPO USAÇUCAR Safra 2014/2015 Cana 18.235.000 tons Açúcar 1.680.000 tons Etanol 477.000m³ Energia exportada 368.000MWh 2015/2016 (Estimativa) Cana 19.500.000 tons Açúcar 1.700.000 tons Etanol 485.000m³ Energia exportada 348.000MWh

de gestão. A partir de um extrato de dados do S-PAA, elaboramos um relatório diário para a diretoria que inclui números como consumo e economia de vapor e demais eficiências operacionais. Mesmo sendo um grupo discreto em termos de inovações tecnológicas, no caso da otimização em tempo real vocês assumiram o papel de vanguarda. Como foi o desenvolvimento do S-PAA? O Grupo oferece espaço para novas tecnologias. Exemplo disso é que toda parte agrícola é georreferenciada; e em algumas unidades 85% da nossa colheita mecânica já é feita com piloto automático. Somos um

grupo com 10 unidades e aqui toda inovação, ainda que seja desenvolvida em uma primeira unidade, precisa de estudos para ser adotada nas demais. Nosso negócio é açúcar, álcool e energia elétrica e não tecnologia. E em se tratando de tecnologia da informação, como é o caso do software S-PAA, o foco é usá-la para conferir confiabilidade, agilidade e estabilidade ao processo, além do retorno econômico. Como o projeto do S-PAA foi apresentado à Santa Terezinha? Nossa história com a Soteica começou em 2008 com uma conversa entre o Douglas (engenheiro da Soteica) e o nosso presidente, Sidney Meneguetti, na época diretor da unidade Iguatemi. Feito isso, fizemos um projeto com a unidade Tapejara, que era a maior do grupo e naquele momento uma das unidades mais automatizadas, porque entendíamos que a automação era necessária para o projeto. Hoje sabemos que a automação não é fundamental, pois o S-PAA busca as informações em qualquer fonte de dados. Nosso objetivo inicial foi a eficiência energética por isso implantamos o Visual Mesa (software que deu origem ao S-PAA). Como vendemos excedentes de eletricidade, então quanto melhor utilizar o vapor, mais energia pode ser vendida ou sobrar mais bagaço.

Como foi a aceitação da equipe da indústria à implementação do S-PAA? Quando se ganha confiança no projeto e nos colaboradores que fazem parte dele, que se convenceram que a solução é boa, então você entra numa espiral de êxito. Fomos apresentando os resultados para a diretoria o que serviu para consolidar o S-PAA no Grupo, deixando claro às unidades que estavam iniciando a implementação de que, se o trabalho fosse feito corretamente, os resultados seriam positivos. A unidade que já operava com a ferramenta há dois anos continuava apresentando resultados cada vez melhores. E quanto ao futuro, quais são suas expectativas para o S-PAA? A solução está mais do que consolidada, ainda que não seja uma solução estática. Na medida em que são incorporados e utilizados novos recursos, a equipe aprende a lidar e questionar a ferramenta e vai procurando sempre extrair mais resultados. Hoje, se tirássemos o S-PAA das unidades, haveria um vácuo no gerenciamento industrial já que nossa equipe se acostumou a trabalhar com os resultados. Aliás, levamos o S-PAA a um passo além: na safra passada o sistema passou a atuar diretamente nos principais setpoints na unidade Terra Rica. Enfim, consideramos nossa parceria com a Soteica bastante consolidada e de um relacionamento fácil. Nosso nível de satisfação é bastante grande!


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Caltec expande e automatiza fábrica para produção da Clarisina Clarificante industrial a partir de óxido de magnésio ativo é próprio para o processo canavieiro DA R EDAÇÃO

Foi no ano de 1998 que a Caltec, empresa que atua no fornecimento de insumos e serviços para a indústria de base, chegou ao setor sucroenergético. Na época, a novidade foi o lançamento da Clarisina, um clarificante industrial à base de óxido de magnésio ativo, próprio para o processo canavieiro. Visando expandir ainda mais seu negócio, a empresa elaborou um pacote de investimentos finalizados em março deste ano. Construiu, por exemplo, uma nova planta totalmente automatizada que, segundo a empresa, permite a fabricação do clarificante industrial com reatividade superior aos produtos similares. O resultado, de acordo com Carlos Eduardo Furquim Bezerra, diretor comercial da Caltec, é um menor consumo e maior estabilidade durante o processo para as usinas. O processo de separação online da matéria-prima, o mineral dolomita, é inovador. Inédito na América Latina, ele se utiliza de tecnologia de ponta para análise química em tempo real do minério bruto, permitindo a

Fábrica da Caltec

segregação imediata do mineral que contenha impurezas acima do limite estabelecido pelo set-up do processo. “Este equipamento garantirá níveis mínimos de impurezas com baixa variabilidade. Consequentemente, há maior estabilidade na qualidade do produto”, explica Bezerra. Acompanhado de um equipamento de análise por fluorescência de laboratório, este processo consegue identificar os elementos

químicos presentes na matéria-prima de forma muito mais rápida e precisa. “A dolomita que não atinge a especificação determinada para produção da Clarisina é destinada à construção civil, permitindo assim melhora sensível na homogeneidade e qualidade do leite de cal produzido na usina”, explica o diretor comercial. Para contar com a novidade sem aumentar os custos na produção, a Caltec

investiu em estudos para a aplicação desta matéria-prima, composta em sua maioria por carbonatos impuros, na indústria da construção civil. “Fomos atrás de equipamentos importados e também de sistemas de expedição automatizados. Fora isso, buscamos estudos técnicos, promovemos palestras e até montamos um laboratório próprio”, conta Bezerra, citando o equipamento de separação aerodinâmica como exemplo das aquisições.


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Processo de lavra feito pela Caltec

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Separador on line

Pacote de serviços auxilia no ganho de eficiência em mais de 80 usinas Dezessete anos se passaram desde que a Clarisina chegou ao setor. De lá para cá, a Caltec tornou-se uma das principais fornecedoras de cal no segmento canavieiro, condição que exige evolução constante em um mercado tão competitivo. Visando um atendimento mais próximo das usinas, que oferecesse melhorias na aplicação de magnésio durante o processo, a Caltec criou o Sistema HidratecClarisina, que consiste em serviços fornecidos para a otimização do produto.

De acordo com Carlos Eduardo Furquim Bezerra, diretor comercial da Caltec, mais de 80 usinas já usufruíram deste pacote de benefícios. Os serviços oferecidos são: comodato de um reator para completa hidratação do magnésio, manutenção preventiva durante a safra, revisão completa do equipamento na entressafra, um leque de treinamentos operacionais que abrangem desde a operação do reator, manuseio de big-bags até o tratamento do caldo pela usina,

monitoramento dos estoques, gestão do abastecimento e entregas, além da logística reversa das embalagens. Outro diferencial é o chamado ‘Caminhão Teste’, um equipamento adaptável a qualquer tipo de indústria, montado sobre o chassi de um caminhão e levado até a empresa que deseja comprovar a eficiência dos produtos antes de comprálos. “Este trabalho é destinado a todas as usinas interessadas em melhorar seu processo de caleação e tratamento de

caldo”, observa Bezerra. Todo este portfolio faz com que o Sistema Hidratec-Clarisina seja reconhecido pelo mercado como uma das melhores maneiras de controlar incrustações, reduzir consumos excessivos, aumentar o nível de segurança e a eficiência global do processo. “Visamos a melhoria contínua da companhia no setor sucroenergético, mantendo nosso posicionamento de liderança neste mercado”, finaliza Bezerra.


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Soluções para produção de etanol elevam competitividade Tecnologias criam opções para o aproveitamento da vinhaça

Alternativas, para o processo de destilação, podem contemplar também a ampliação do mix, o que inclui a fabricação de hidratado neutro e extra neutro R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

Quem investe em inovação, modernização e otimização tecnológica consegue, na maioria dos casos, elevar a sua competitividade no mercado ou mesmo apresentar maior resistência aos contratempos, principalmente em períodos de crise. E isto vale, na cadeia produtiva sucroenergética, tanto para as empresas fabricantes e fornecedoras de equipamentos, como também para unidades e grupos produtores de açúcar, etanol e bioeletricidade. Para a fabricação de etanol, há um esforço para a obtenção de melhores resultados, por exemplo, na destilação, desidratação e destinação correta da vinhaça. Os projetos procuram considerar diversos fatores que possibilitam a diminuição dos custos operacionais e a viabilidade do investimento para implantação de determinada tecnologia ou sistema. É preciso levar em conta também, nesses casos, a necessidade de redução do consumo de vapor e a sustentabilidade ambiental do processo, o que implica em menor consumo de água e diminuição do descarte de efluentes. A questão da qualidade do produto final é outro aspecto fundamental, principalmente quando se trabalha com projetos nas áreas de destilação e desidratação de etanol. As soluções voltadas à implantação de

sistemas de destilação podem contemplar também a criação de condições técnicas para a ampliação do mix. Além da produção de hidratado padrão combustível em pressão atmosférica ou sob vácuo, as alternativas tecnológicas nessa área podem oferecer a

possibilidade de obtenção de etanol hidratado neutro e extra neutro em pressão atmosférica ou em duplo efeito, atendendo, dessa forma, as necessidades de unidades sucroenergéticas e as demandas existentes nessa área.

Com a finalidade de disponibilizar opções para a destinação correta da vinhaça, o mercado fornecedor tem desenvolvido sistemas de concentração deste efluente, que reduzem o seu volume em até dez vezes. Esse tipo de solução possibilita uma diminuição do custo na distribuição da vinhaça, permitindo também uma escolha mais criteriosa da área de cana que vai receber esse produto que apresenta elevado teor de potássio. Empresas, universidades, instituições de pesquisa têm realizado estudos visando o desenvolvimento de processos voltados à otimização do aproveitamento e distribuição da vinhaça. Uma pesquisa da Unesp – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, campus de São José do Rio Preto, SP, por exemplo, está desenvolvendo um sistema que produz material sólido, rico em carbono e nutrientes, para ser utilizado como fertilizante, além de gerar água clarificada para reuso no processo de produção industrial. O sistema consiste na carbonização hidrotérmica da vinhaça, com controle da temperatura, tempo de reação e acidez. A pesquisa – que já resultou em um pedido de patente – foi realizada por Laís Fregolente no programa de pós-graduação em Química, tendo como orientadora a professora Marcia Bisinoti, do Laboratório de Estudos em Ciências Ambientais e, coorientador, o professor Odair Ferreira, do Laboratório de Materiais Funcionais Avançados. Estudos direcionados ao detalhamento e escalonamento da tecnologia, assim como para aplicações adicionais dos produtos gerados, continuam sendo realizados pelos laboratórios envolvidos neste projeto. (RA)


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São Manoel já teve várias experiências com sistemas de desidratação O mercado fornecedor e as próprias unidades sucroenergéticas buscam, de uma maneira ou de outra, soluções para a desidratação etanólica que apresentam desempenho satisfatório em relação a aspectos econômicos e ambientais.

Diminuição dos custos operacionais, redução do consumo de vapor e energia na planta estão entre os motivos que levaram usina a optar pela peneira molecular Um dos sistemas que tem ampliado o seu espaço no setor, nos últimos anos, é o de desidratação via peneira molecular. Outras tecnologias também atendem, no entanto, as demandas nessa área, conforme as estratégias e as necessidades de cada unidade e grupo sucroenergético. A Usina São Manoel, localizada no município de São Manuel no Estado de São Paulo, já passou por várias fases nas rotas de desidratação de etanol, conta Alexandre Oliveira Calegari, gerente

Peneira molecular em funcionamento na unidade São Manoel, SP

industrial da unidade. O primeiro processo de desidratação, implantado na usina, foi via glicerina, passando depois pelo benzol, ciclohexano e, por último, pela peneira molecular, que é o sistema utilizado atualmente pela unidade – detalha. A São Manoel não teve experiência somente com o MEG – Mono Etileno Glicol, entre os processos geralmente adotados no setor sucroenergético brasileiro. A redução de consumo de vapor e energia na planta, a diminuição dos custos operacionais, o alto nível de automação e o domínio da tecnologia foram alguns motivos que levaram a São Manoel a optar, no final de 2007, pela peneira molecular – afirma. O início da operação desse sistema ocorreu em 2008. Outro fator, que influenciou a decisão da usina, foi a questão ambiental, pois a peneira molecular elimina a necessidade de utilização de desidratantes químicos. Em decorrência disso, possibilita também o atendimento de determinadas exigências do mercado. Na avaliação do gerente industrial, além de dispensar o uso de agentes químicos desidratantes, a peneira molecular apresenta vantagens em relação a outros sistemas, como operação automatizada confiável, redução de custos operacionais e de utilidades e maior segurança.


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Processo de otimização melhora performance da peneira A peneira molecular apresenta uma relação custo-benefício interessante, avalia Alexandre Calegari, gerente industrial da Usina São Manoel, de São Manuel, SP. “Ficou evidente que os menores custos operacionais da planta automatizada e os de manutenção, com layout enxuto e utilidades reduzidas, tornaram a peneira molecular efetivamente viável”, comenta o gerente industrial da São Manoel.

Diversas modificações implantadas pela São Manoel ampliaram resultados positivos da tecnologia que apresenta, por exemplo, baixíssimo índice de reposição das zeólitas A performance satisfatória da peneira molecular, implantada na usina, não é consequência apenas das características positivas dessa tecnologia. O sistema passou por um processo de otimização que incluiu diversas mudanças e aprimoramentos, como modificação de série para paralelo na água de resfriamento dos condensadores de flegma e etanol anidro, além da utilização de

uma torre de resfriamento de água exclusiva para a peneira. Houve também a instalação de um tanque pulmão de retorno do flegma para bombeamento contínuo para coluna B, com a finalidade de estabilizar o processo de retificação, informa Alexandre Calegari. A implantação de bypass na bomba de vácuo possibilitou a lavagem do filtro sem interrupção do processo da peneira, o que aumentou a disponibilidade operacional do sistema – observa. “Outras modificações foram a substituição de todas as sedes de válvulas manuais de EPDM para Neoprene e aumento da pressão de entrada e saída dos vasos. A entrada era 2,3 à 2,5 kgf/cm² e passou para 2,5 à 2,7 kgf/cm², a saída era 2,5 kgf/cm² e passou para 2,7 à 2,8 kgf/cm²”, detalha. A otimização da peneira molecular na São Manoel criou condições para a ampliação dos resultados positivos proporcionados por essa tecnologia. “Houve uma redução do tempo de campanhas dos vasos. Antes o ciclo era de 960 segundos e passou para 900 segundos”, afirma Alexandre Calegari. Segundo ele, a produção efetiva atingiu 600 m3/dia de anidro 99,7 / 99,8 INPM, com padrão de qualidade que atende as exigências das especificações ANP e também Copersucar industrial A-2. Durante seis safras não foi necessário sequer “peneirar” as zeólitas, que apresentam baixíssimo índice de reposição – revela. (RA)

Alexandre Calegari, da São Manoel: peneira molecular tem relação custo-benefício interessante


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ATRAPALHA ESSA PALHA? WELLINGTON BERNARDES, DE RIBEIRÃO PRETO,SP

A presença da palha nos canaviais mudou as interações no ambiente agrícola. Responsável pela proteção e fertilidade dos solos, esta biomassa tem alterado a dinâmica de populações de plantas daninhas e pragas. Atrativa para a indústria, sua retirada gera dúvidas quanto aos possíveis malefícios no desenvolvimento vegetal da cana-de-açúcar. Para Marcos Landell, coordenador do Grupo Fitotécnico de cana-de-açúcar, a nova forma da colheita mudou a maneira de planejar os manejos no campo. “Quase a totalidade de nossos canaviais é mecanizada, enfrentamos entraves no início deste processo, é natural que alguns apareçam nesta fase. Precisamos analisar quais são os desafios desta nova dinâmica, ainda em evolução” explica. Por esta razão, durante o dia 14 de abril, no Centro de Cana do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), em Ribeirão Preto (SP), o grupo discutiu as implicações deste recolhimento nos canaviais. Para a pesquisadora da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) Rafaella Rosseto, é preciso equacionar a retirada da palha, para que os benéficos não sejam perdidos. “A presença da palha no solo facilita o desenvolvimento de microrganismos e reduz a necessidade de adubação e custos com manejo. Sua retirada significa exportação de alguns nutrientes”. A pesquisadora alerta: há o risco de redução da produtividade agrícola com contínuos manejos desta palha. “Entendo que seja atrativo o uso deste material para a indústria, mas a equipe agrícola deve se atentar que a retirada deste material significa a exportação de nutrientes que seriam disponibilizadas para a cultura. Deve existir um equilíbrio, para que o campo continue recebendo os benefícios da palha”. Tais benefícios são sentidos em todo o campo, favorecendo o aumento de populações

Participantes acompanham debate sobre as implicações da palha nos manejos culturais

Raffaella Rossetto: É preciso balancear a

Leila Dinardo: Presença da palha alterou as

Carlos Azanha: Colheita mecanizada favoreceu

retirada de palha do campo

populações de pragas

enriquecimento do banco de sementes

antes pouco encontradas na cultura. Plantas daninhas que eram suprimidas pela ausência de umidade e temperatura ideais, hoje encontram um ambiente propício para a germinação e dispersão. “Neste novo sistema houve um enriquecimento do banco de sementes, o predomínio das espécies está mudando”, observa Carlos Alberto Mathias Azania, pesquisador do IAC. Muitos apostavam que a presença da palha dificultaria o crescimento das plantas daninhas. Esta biomassa no solo, mesmo em elevado adensamento, permite a passagem de

luz e água suficientes para a germinação. Antes, no sistema de queimadas, apenas três espécies eram recorrentes. Com a palha esse número subiu para onze. Para diminuir a expansão destas daninhas, Azania recomenda controlar durante a reforma dos canaviais. “Neste momento os manejos e produtos são mais efetivos na redução deste banco de sementes”. Novas pragas também apareceram neste sistema de cana crua, quando não há queimadas. Para a pesquisadora do IAC Leila Dinardo, o fogo impedia que algumas

pragas completassem o ciclo, por eliminar as condições ótimas de desenvolvimento. “A palha funciona como abrigo para muitas pragas, como o bicudo da cana, que fica protegido das variações climáticas. Com as queimadas, os ovos destas pragas eram eliminados, hoje este ciclo não é interrompido na colheita”. Versátil na indústria e no campo, a palha exige planejamento holístico, para que seu manejo e aproveitamento sejam balanceados, resultando em otimização da produção vegetal e industrial.


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Ponto eletrônico homologado

Relógio de ponto

Markanti firma parcerias e apresenta novidades Novas soluções podem ser flexibilizadas para atender todos os níveis e necessidades dos clientes DA REDAÇÃO

Desde a implantação do SREP — Sistema de Registro Eletrônico de Ponto, regulado pela Portaria 1.510/09 do Ministério

do Trabalho e Emprego, a demanda pelo registrador eletrônico cresceu. Até então, diversas unidades sucroenergéticas utilizavam o registro manual de ponto, sendo obrigadas a se adequar e implantar o novo sistema. Trata-se de um equipamento de automação usado para o registro de jornada de trabalho, com capacidade para emitir documentos fiscais e realizar controles de natureza fiscal, referentes à entrada e à saída dos empregados nos locais de trabalho. A Markanti Tecnologia, empresa que oferece serviços e produtos para soluções em

automação comercial e industrial, atua há 27 anos neste mercado e tornou-se sinônimo de confiança e credibilidade no setor. Recentemente, firmou parcerias com a Topdata e Nydus Systems, empresas 100% brasileiras, com foco em qualidade e experiência em softwares em Gestão de Recursos Humanos. O objetivo desta união, que demandou longo estudo de mercado, é agregar ainda mais qualidade as soluções de controle de ponto e acesso. As novas soluções podem ser flexibilizadas para atender todos os níveis e necessidades dos clientes. O foco inicial é

uma solução para controle de ponto, onde o cliente dispõe de um valor mensal e tem em contrapartida um REP — Relógio de Ponto Eletrônico Inner e um Software de Tratamento de Ponto RHNydus.net (Software 100% Web), com suporte e manutenção inclusas. Em um período onde as empresas buscam melhor eficiência e redução de custos, a implementação desta solução surge como uma importante opção. “Para as usinas que têm como objetivo atualizar o seu parque e priorizam minimizar o investimento, este é o equipamento ideal”, afirma o comunicado disponibilizado pela Markanti.


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CCT estimula corrida tecnológica no campo WELLINGTON B ERNARDES, DE

R IBEIRÃO PRETO, SP

Etapa importante para assegurar à indústria uma matéria-prima de qualidade, o CCT – Corte, Colheita e Transbordo –, é a operação final no ambiente agrícola, cujos manuseios e metodologias estão em constante discussão. Ponte entre o campo e a usina, o CCT enfrenta entraves para assegurar a máxima eficiência destes três processos. Variações durante corte, elevado peso das máquinas e custos de manutenção, têm segurado o avanço destas tecnologias no campo. Para Paulo Teston, diretor da empresa paranaense Teston, tais operações devem ser menos onerosas e eficientes, para minimizar os impactos de um maquinário pesado em ambiente agrícola. “O CCT corresponde por até 50 % dos custos do canavial. O setor precisa de máquinas mais eficientes, que garantam menor compactação do solo, e assim não comprometam a condução e produtividade da cultura”. Estes entraves tendem a ser vencidos e aquecem a corrida tecnológica pela otimização destas operações. Para Rogerio Nicola, diretor da Solinftec, o mercado de máquinas e tecnologias cresce continuamente. “Por seu alto custo, o CCT apresenta maiores desafios e, consequentemente, as melhores oportunidades para empresas que trabalham

Desafio e disposição em reduzir erros impulsiona novas tecnologias

com tecnologia. A otimização destas operações representará grandes ganhos para as usinas”. Cientes que as dificuldades existem, empresas deste segmento apresentam continuamente soluções para reduzir os custos operacionais. Desenvolvido pela Case IH, o recurso Smart Cruise, presente em

colhedoras da série A8800, seleciona automaticamente a melhor rotação para o motor, otimizando o consumo de combustível para as diversas condições dos canaviais. A ação resulta em menor manutenção da máquina, pois há menor esforço no sistema hidráulico e redução da dependência do operador no ajuste de rotação do motor.

A preocupação com a compactação motiva as montadoras de máquinas agrícolas a desenvolver colhedoras menos agressivas ao solo. A colhedora 3522, da John Deere, por exemplo, possui sistema automático de flutuação, minimizando os impactos da carga sobre o solo e promovendo maior estabilidade em terrenos irregulares.


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Integração de tecnologias auxilia o CCT O CCT não se resume ao simples recolhimento e transporte da cana-de-açúcar. Neste etapa, há um fator qualitativo decisivo para o campo e indústria, a qualidade da matéria-prima colhida. O ideal nestes três processos – corte, colheita e transbordo –, é que a cana seja colhida em sua totalidade, com otimização de energia e menor impacto ao canavial. A demanda por tecnologias mais eficientes para esta etapa, impulsiona o mercado de máquinas e sistemas. Com sistemas integrados para otimização das atividades no campo, a Solinftec reduziu custos de usinas através do controle da operação. “Temos usinas que reduziram seu consumo de combustível de 5% a 15%. Algumas observaram que melhor produtividade permitia diminuir o número de equipamentos”, explica Rogerio Nicola, da Solinftec.

“É importante conciliar tecnologias com a capacitação dos profissionais do campo” Segundo Nicola, a empresa trabalha com a integração de dados durante a operação, o que reduz erros que podem influenciar nos custos. “O controle do corte e carregamento é uma tendência. Através dos COA (Centros de Operação Agrícola) tais processos deixam de ser centralizados e passam a ser distribuídos de forma automática, onde indicadores e suas metas passam a ser controlados em tempo real no campo e não somente em uma central”. Para Fábio Balaban, especialista de marketing da Case IH para a América Latina, é importante conciliar tecnologias com a capacitação dos profissionais do campo. Este processo auxilia na melhor execução das atividades e melhor desenvolvimento da equipe. Visando alcançar este objetivo, a empresa lançou um simulador em parceria com o Senai

Transbordo eficiente pode reduzir consumo de diesel em até 20%

Rogerio Nicola: “É possível reduzir custos com sistemas integrados”

para capacitar jovens a operar as colhedoras da empresa. “O simulador possibilita a integração completa do operador com a máquina. Quando ele sai para a prática no campo, consegue aplicar com muito mais segurança tudo o que viu nos simuladores”, explica Fábio Balaban. Visando otimizar a eficiência no transbordo, a Teston desenvolveu o Transbordo Gigante 22.000 BR, com capacidade de transportar 22 toneladas de carga. A inovação do equipamento está na redução no consumo de diesel em até 20% e no incremento do desempenho de colhedoras e tratores em até 15% (veja mais na página ao lado). Necessárias para que este ciclo tenha êxito, máquinas cada vez mais modernas aparecem no mercado. Para Paulo Teston, este é um mercado em contínuo aquecimento pelos próximos anos. “Embora tenhamos um nível de tecnologia elevado, nosso rendimento operacional ainda é muito abaixo do desejado. Como o CCT é uma operação de extrema complexidade, algumas usinas acabem perdendo eficiência”.


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ENTREVISTA com Paulo Sérgio Teston, diretor administrativo do Grupo Teston

Cultura da Teston é a de ser eficiente no campo e no atendimento DA R EDAÇÃO

Localizada na cidade de Cianorte, no Paraná, a Teston, empresa que fabrica, comercializa e fornece assistência técnica para equipamentos de colheita mecanizada, é uma das poucas que tem investido mesmo em um período econômico complicado no país. Considerada uma empresa inovadora, uma vez que lançou no setor um transbordo com o dobro da capacidade dos equipamentos existentes, a Teston se prepara para num futuro próximo ser autônoma quando o assunto é maquinário de colheita mecanizada. Paulo Sérgio Teston, diretor administrativo da empresa, conta um pouco desta história. JornalCana: Como começou o Grupo Teston? Paulo Sérgio Teston: Nossa família planta cana desde 1980, quando meu pai, já falecido, iniciou tudo. A partir de 1994 eu e meu irmão, Pedro, começamos a plantar cana. Sempre estivemos nesse meio e as coisas foram acontecendo. Hoje, prestamos serviço para as usinas e fabricamos equipamentos direcionados ao chamado ‘CC’, que é o corte e carregamento de cana. Como surgiu a ideia do Gigante, transbordo com capacidade para 22 toneladas de cana? Isso começou lá atrás, quando existiam transbordos com capacidade para no máximo oito toneladas. Eu cuidava das frentes de colheita e ficava pensando: por que não fabricam um transbordo que enche o caminhão de uma só vez? Quanto maior o número de operações, mais tempo você acaba perdendo e com isso vem a queda de rendimento. Foi então que surgiu a ideia de fazer um transbordo maior. De início, o objetivo era para suprir a nossa necessidade na prestadora de serviço, não imaginava comercializar. Quais as dificuldades encontradas? Foram várias. Nós procuramos ajuda com engenheiros de Curitiba e as coisas começaram a fluir. Em 2007, surgiu o primeiro protótipo, sendo 10 no total. Já com ele em funcionamento, as pessoas me perguntavam o motivo de não fabricar o equipamento. A verdade é que estávamos buscando uma solução para o nosso problema e que acabou se estendendo ao mercado. Como foi o trabalho com o primeiro protótipo? Ele carregou, de início, 19 toneladas. Já considerávamos um grande avanço, afinal, o valor era mais que o dobro dos que existiam. Contudo, quando a carga chegava ao caminhão, notamos que ainda estava um pouco rasa. Foi então que aumentamos para o de 22 toneladas. Uma única carga desta enche a carroceria de um caminhão ou uma julieta de dois eixos. Já para as julietas de

Paulo Sergio Teston e Pedro Teston, em frente ao transbordo Gigante

quatro eixos, vão dois transbordos Gigantes mais rasos, não pode ser lotado. O operador já tem a informação e carrega um pouco menos neste caso. Quantos ‘Gigantes’ já foram comercializados? Demos início quando a fábrica MetalCana surgiu. Considerando desde 2010, foram em torno de 700, número expressivo para nós. Não fosse a crise do setor, que fez com que nossas vendas em 2013 e 2014 caíssem pela metade, o número poderia ser ainda melhor. Além da capacidade de carga, quais outros diferencias do equipamento? A agilidade. Nenhum outro transbordo chega próximo quando o assunto é rendimento. Ele é muito rápido em todas as suas operações e também o mais leve do mercado. Temos todo o sistema patenteado. Sobre o sistema hidráulico, o que pode dizer? O nosso sistema é muito simples, não tem nada elétrico. As questões elétricas são complicadas para quem está no campo. Pode acontecer de quebrar um fio, queimar um fusível, enfim, o trabalho é interrompido. O nosso transbordo, não para. Se o operador realizar a manutenção mínima, que é lubrificar o equipamento, ele termina a safra sem problemas.

Quais as vantagens do penta, transbordo com cinco eixos? Temos um cliente com uma área extremamente arenosa e que por isso encontrava dificuldade no deslocamento dos equipamentos. Fomos até lá, testamos e identificamos os problemas. Foi então que surgiu a ideia do penta, pois com um eixo a mais, teríamos uma área maior de apoio ao solo e com isso não forçaria tanto o trabalho. Fizemos três protótipos que foram para testes. A surpresa foi muito boa pois não resolvemos só o problema pelo tipo de solo, mas também a questão da compactação e melhorou demais a estabilidade em locais de extrema inclinação do terreno. Outro ponto que nos surpreendeu foi a melhora significativa na questão da tração do equipamento pelo trator pois em comparação em saídas de fundos de áreas com alto índice de inclinação do terreno o trator engatado ao Penta sai com maior facilidade forçando menos e com índice de patinação muito menor. Comparando o Gigante de quatro eixos com o penta, a diferença de compactação chega a ser 30% menor. Tem mais produtividade e é leve para o trator. Já sobre os concorrentes, o valor é 39%. A Teston agora utiliza a coloração chumbo em seus equipamentos. Qual o motivo da mudança? Queremos mostrar nossa cara no mercado e achamos importante ter uma cor própria, uma identidade. Estamos investindo alto em tecnologia, robotizando totalmente

nossa fábrica, dobrando a capacidade de produção, novos barracões, tudo em busca de mais tecnologia, eficiência e qualidade. Toda essa ampliação e modernização não estão vindo somente pelos transbordos, mas sim por outros produtos que vão ser feitos num futuro próximo. A fábrica será maior então? A ideia do Grupo Teston é ter uma fábrica eficiente e rápida, além de contar com uma equipe de profissionais cada vez mais capacitados. Queremos reduzir ao máximo um possível erro humano. Como analisa a importância da assistência técnica? A Teston tem como cultura ser muito eficiente no atendimento e fazer com que a máquina volte ao trabalho rapidamente. Se acontecer alguma quebra, toda a diretoria tem ciência e atua para minimizar o tempo de parada. Nós sabemos as necessidades das usinas. Nossa experiência em colheita mecanizada passa também para este trabalho de prestador de serviço em colheita. Quais os planos da Teston para o futuro? Queremos ser autônomos com o maquinário de colheita mecanizada. A ideia é contar com tudo o que for necessária dentro da nossa prestadora de serviço. Num futuro próximo teremos tudo que precisamos para fazer a colheita mecanizada com equipamento próprio.


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A VIDA COMEÇA AOS 40! Usina Pitangueiras chega à meia-idade com a vitalidade de um garoto de 25

“Somos uma família!” (João Batista de Andrade)

LUIZ MONTANINI, DE PITANGUEIRAS, SP

Quem observa o desempenho e vigor físico do lateral Zé Roberto, do Palmeiras, acha difícil acreditar que ele tenha 40 anos. Assim como o jogador Zé Roberto, a Usina Pitangueiras chega aos 40 com a vitalidade de um garoto de 25. Sua disposição em estar aberta à modernidade, por meio de investimentos constantes em tecnologia de ponta, aliado ao fato da usina ser referência para a pesquisa na indústria e no campo fazem da usina exemplo nacional e internacional de jovialidade. A Usina Pitangueiras sustenta uma administração familiar e próxima da comunidade. O diretor-presidente João Batista de Andrade é inclusive prefeito na cidade. Ele se orgulha de ter confiado a direção da empresa aos filhos. João Henrique de Andrade, 32 anos, diretor administrativo, financeiro e industrial e Rafael de Andrade

Foto tirada por drone, uma das tecnologias utilizadas pela jovial Pitangueiras

Neto, 34 anos, diretor da área agrícola, têm demonstrado responsabilidade, profissionalismo e eficiência. Na intenção de seguir crescendo, a Usina Pitangueiras investe alto em inovações tecnológicas, mas sempre com pé no chão. Um exemplo dessas tecnologias são as máquinas enfardadoras e desenfardadoras de palha, que agilizam sua logística e reduzem impurezas no transporte à usina. “Um bom resultado na colheita acontece quando você

traz junto com a cana para a indústria menos impurezas, menos brocas, fungos e doenças”, observa Rafael de Andrade Neto. A usina também investe em projetos para aumentar a cogeração de energia por meio de turbinas de condensação, condensadores evaporativos e eletrificação das moendas. Atualmente, a unidade produz açúcares cristal VHP e branco, etanóis hidratado e anidro, leveduras inativa seca e autolisada,

bagaços hidrolisado e cru e energia elétrica. A Usina Pitangueiras possui capacidade instalada para moer 600 toneladas de cana por hora. Tem fábrica para produzir 32.000 sacas de açúcar por dia e 320 m³/dia de etanol anidro e 500 m³/dia de etanol hidratado. Consegue exportar 16,5 MWh de energia na safra e 18 MWh na entressafra, através da queima de cavacos de madeira. Sua capacidade total de geração é de 26 MWh. Mesmo em constante evolução e crescimento, a Usina Pitangueiras mantém a identidade de uma empresa que se importa com seus colaboradores, fornecedores e com a população da cidade. Ao oferecer projetos sociais e benefícios aos funcionários, a empresa é reconhecida por possuir valores de fidelidade e companheirismo não como os de uma sociedade coorporativa, mas como de uma grande família, a “Família Pitangueiras”, define João Batista de Andrade, o pai.

De drones a caldeiras modernas, Pitangueiras investe em automação ISAC ALTENHOFEN

A Usina Pitangueiras possui hoje uma área industrial de 39,8 mil hectares, área agrícola de corte de 28,96 mil hectares, mói mais de 2,4 milhões de toneladas de canade-açúcar, produz cerca de 67.000m³ de etanol, ensaca mais de 4,2 milhões de sacas de 50 kg de açúcar e gera um total de 140.000MWh por ano em energia. Através da alta tecnologia aplicada nas linhas de produção, a usina tem extraído da cana levedura seca, óleo fúsil, bagaço hidrolisado e in natura e tem fornecido açúcar, etanol, levedura e energia. Nas áreas de tecnologia industrial foram colocados succionadores no primeiro e no último terno para melhorar a extração e umidade do bagaço que vai para as caldeiras. Foi instalado também nas moendas equalizadores de pressão nos hidráulicos de todos os ternos da moenda, para melhorar a extração do caldo. A biomassa é utilizada na produção de energia sustentável, o que torna o processo menos agressivo para o meio ambiente. Está também em andamento projetos que visam o aumento de geração de energia a fim de diminuir o custo e haver retorno no capital investido. Atualmente a empresa tem capacidade de gerar 26MWh. A previsão é que com esse projeto a geração total dobre. Assim, em vez de exportar apenas 18MWh, se exportaria cerca de 30MWh. O plano consiste em utilizar turbinas de condensação, condensadores evaporativos e eletrificação das moendas servindo uma melhor eficiência energética com menor consumo de vapor por MW e consumindo menor energia. A caldeira da Pitangueiras foi

desenvolvida e instalada com rapidez. “Ficamos satisfeitos com esta caldeira porque é um ótimo produto, de tecnologia avançada e tem o diferencial da participação do próprio dono na montagem e na assistência técnica de que precisamos. Sem contar que o custo do equipamento foi em conta”, elogia João Henrique de Andrade.

Resta à concessionária CPFL liberar o ponto de conexão para a Pitangueiras. Hoje o linhão de distribuição não suporta demanda maior. João Henrique conclui que de nada vale montar uma grande caldeira para gerar energia para a indústria e não poder distribuir o resto porque não conseguirá amortizar o investimento. A usina está

aproximadamente com 65% de automação. As empresas químicas são bem vindas para testar novos produtos em seus domínios. Ali há também controle biológico de pragas, por meio da Cotésia e, dentre outras tecnologias, está sendo utilizado o drone que, entre outras utilidades, faz fotos da unidade e monitora taliões de cana.


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ENTREVISTA - João Henrique de Andrade, diretor administrativo da Usina Pitangueiras

Pés no chão e aprendizado externo marcam a gestão da Pitangueiras ISAC ALTENHOFEN

Uma nova forma de pensar o setor tem surgido. A preocupação exagerada com a concorrência, o exigir demasiado dos fornecedores de cana e o desenvolver-se sem calcular riscos são coisas do passado. Em entrevista ao JornalCana, o diretor administrativo da Usina Pitangueiras João Henrique de Andrade conta como é na prática o pensar da geração atual de empreendedores. Ele também reconhece a importância de se investir com sabedoria e de ver as demais usinas como cooperadoras, com o objetivo comum de atender bem ao mercado consumidor e parceiras nas estratégias de crescimento a fim de que todos sejam beneficiados. JornalCana - O que faz a Usina Pitangueiras ter 40 anos e esta “cabeça jovem”? João Henrique – Nós investimos bastante em tecnologia, mas sempre com pés no chão. Buscamos também conhecer como as usinas maiores estão crescendo e, ao mesmo tempo, instruir as mais novas. Fazemos parte do grupo JSS (Jovens do Setor Sucroenergético) que tem como objetivo a cooperação entre as usinas através de uma nova forma: nos vermos acima de tudo não como concorrentes, mas como cooperados uns dos outros que estão sempre dispostos a aprender e a ensinar. ISAC ALTENHOFEN

Quais estratégias a direção aplica para manter um bom relacionamento comercial com seus fornecedores de cana? A própria usina toma conta de tudo. Ela planta, cuida, depois do corte faz a cobertura e faz os tratos culturais. Nossa estratégia é a seguinte: descontamos o custo do plantio do fornecedor nos dois anos seguintes, no primeiro e no segundo cortes. Assim, fica tranquilo para ele. Não tiramos dinheiro do seu bolso e descontamos o custo principal, o do plantio, em duas etapas. Se ele desembolsasse o custo de plantio no primeiro ano ele não ganharia nada e talvez até ficasse devendo. Lógico que não plantamos de graça, mas o fornecedor não tira o dinheiro do bolso. Ele apenas indica a área para nós e a gente planta. Se, por algum motivo, não dá para o fornecedor pagar naquele ano a gente amplia o prazo. Pode cair uma geada e a cana queimar toda. O que importa é que temos uma parceria de fato. Quais são os benefícios de vocês estarem associados à uma cooperativa, no caso a Copersucar? Nossa preocupação termina na produção e armazenagem. A venda, frete e porto, é tudo por conta da Copersucar. Em momentos difíceis, como o atual, a Copersucar consegue oferecer, dentro da produção que garantimos, uma margem de empréstimo com preço que nenhum banco tem. E nos adianta pagamentos. Há juros, lógico, mas eu consigo trazer essa antecipação e trabalho com a cooperativa como se fosse um banco. É um pouco melhor, porque a taxa é melhor. E se eu

João Henrique de Andrade, à direita, ao lado do pai, João Batista de Andrade: experiência e juventude

preciso pegar dinheiro lá fora (no mercado) por ser cooperado consigo uma taxa de juros menor. Nos anos de crise, está sendo bom permanecer lá dentro porque há a garantia de quem compra e do preço. Nesse momento de crise do setor, há espaço para crescimento? Sim. É preciso ousar, em alguns momentos. Aqui, instalei um terno de moenda a mais, por exemplo. Assim, tirei quase 1% a mais de extração. Antes, se

entrasse na moenda 100kg de açúcar pela cana, eu tirava efetivamente 96kg do produto. Com os mesmos 100kg agora eu tiro 97,2kg. É muita coisa. No final da safra faturei R$ 2,5 milhões a mais. Sem esse novo terno o bagaço ia queimar na caldeira. Não é moendo mais que ganho mais dinheiro, mas sim extraindo o máximo. No caso deste terno, eu nem terminei o prazo de pagá-lo e ele já se pagou. Dos dois anos de carência do financiamento Finame que eu recebi, eu já paguei pelo tanto de açúcar

que tirei a mais dele. Quais as metas para o futuro? Esperamos em um futuro próximo chegar a moagem de 3 milhões de toneladas/safra. Colocar em marcha nossa ampliação da cogeração, eletrificação do preparo e de todos os ternos da moenda. Também esperamos que os nossos produtos sejam mais valorizados, pois possuímos produtos sustentáveis. E, quem sabe, montar outra unidade produtora. (LM)


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Pitangueiras enfarda e já utiliza 5% da palha na geração de vapor João Henrique conta a tradição da Usina Pitangueiras em servir de “cobaia” para novas tecnologias. Ano passado foi instalada uma máquina de palha, a enfardadeira. Ela é uma tecnologia alemã já existente. Não era para cana, porém acabou sendo desenvolvida pela indústria alemã Krone na própria usina com fins experimentais. Deu certo. Com isto a usina consegue utilizar 5% de palha na geração de vapor. Geralmente as máquinas normais de enfardar só recolhem e enfardam a palha comprida e com até 380kg. A grande novidade desta nova enfardadeira é que o equipamento faz a palha do fardo sair quebrado; ela pica e forma fardo de cerca de 700kg no mesmo metro cúbico. Pelo fato dos alemães ainda estarem testando-a, a média no ano passado foi de 570 kg. Hoje ela é desenvolvida diretamente para a cana. Alguns ajustes foram feitos na usina, tornando-a pioneira no uso da máquina. Em suma, a área é cedida pela Usina Pitangueiras e o resultado final dos ajustes da máquina fica com eles. O processo para desenfardar o tijolão de cana é simples: o fardo é levado ao desenfardador. A palha é picada e cai quase que em pó e é transportada em esteira para a caldeira. O conteúdo de impureza mineral

resultante do processo é baixo. A máquina para desenfardar os blocos de palha não existia. Foi desenvolvida na própria indústria. É um tipo de picador e pica o fardo inteiro. Na usina também existe o succionador que suga boa parte da poeira. Com isto, retira ainda mais as impurezas e deixa a palha mais limpa e com melhor qualidade. A unidade não queima a palha verde, informa João Henrique de Andrade: “Queimada, a palha verde libera cloro e ele

detona a caldeira por dentro, nos dutos e na tubulação; ela come tudo. Agora se depois de cortada a palha ficar de cinco a sete dias na lavoura, o cloro volatiliza. Esse simples cuidado trouxe enorme vantagem econômica para a usina. Aqui não temos sistema de limpeza a seco e nunca teremos. Um sistema desse custa hoje em torno de R$ 10 milhões. Nós gastamos em toda essa parafernalha em torno de R$ 2,1 milhões desde o ano passado (2014)”. Em 2014, aliás, foram puxadas para a

indústria cerca de doze mil toneladas de palha. Esse ano há uma meta para quarenta mil toneladas. O número do ano passado foi baixo devido ao fato das máquinas estarem em fase de testes e de adaptação da enfardadora e da desenfardadora. No final do ano passado foi comprada outra enfardadora com previsão de chegada para o final deste maio. Um fardo de palha tem tamanho médio de 50cm por 2,80m, num total de cerca de 2,50m³. O peso máximo é de 820kg. (LM)

Odair José corre para cortar a cana antes que lhe botem fogo ISAC ALTENHOFEN

Odair José Facina e o filho Luiz Fernando, fornecedores de cana: relacionamento de amigos

Odair José Facina é um dos 515 fornecedores distribuídos em 630 propriedades da Usina Pitangueiras. Como os demais, declara-se fiel à unidade, pela parceria de anos, pelo tratamento pessoal recebido e, claro, pelo preço que pagam por sua cana, sempre acima da tabela e da média. Hoje com 48 anos, Odair Facina é mais que vizinho da usina. Quando criança e jovem, jogava futsal na quadra da unidade com os então herdeiros João Henrique e Rafael de Andrade. O tempo passou mas a amizade continua, em certa medida, uma vez que, agora adultos, todos trabalham e muito. O avô de Odair Facina possuía terras na região desde meados de 1939. Seu pai, José Facina foi criado junto com João Batista de Andrade, o fundador da empresa e pai de seus amigos. Para Odair, é bom fornecer cana para a Usina Pitangueiras pela amizade e por ser fácil o conversar com os diretores. “Eles pagam bem. E estamos pertinho da usina. É interessante para a usina e para nós porque o que encarece

muito nesta atividade é o frete”. Odair José Facina faz parte da terceira geração que está trabalhando na terra. Sempre trabalhou com lavoura de feijão e batata irrigada. Há cerca de 23 anos, desde 1992, presta serviços à Pitangueiras. Hoje, trabalha com mais 18 funcionários. Com área de fornecimento equivalente a 40 hectares transporta a cana para a usina e a maioria das atividades do cultivo é ele quem faz. Geralmente Odair faz o possível para cortar sua cana entre julho e agosto. Quanto menos tempo ela fica no campo melhor é, diz ele. É que tem havido incêndios frequentes em sua plantação. “Muitos deles por pura maldade”, lamenta Odair. Quando os incêndios acontecem ele perde muito na palha. Nesses anos o filho de Odair, Luiz Fernando Facina, de 18 anos, tem seguido seus passos. Faz tudo o que é preciso e trabalha de manhã à tarde, seja na enxada ou dirigindo o belo trator. O rapaz gosta do que faz e pretende dar continuidade aos negócios na sua geração. (LM)


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Pitangueiras preocupa-se com os de dentro e os de fora Se alguém perguntar ao diretor-presidente como vê a Usina Pitangueiras ele certamente responderia algo assim: “Somos uma família!”. João Batista de Andrade sempre acreditou que os colaboradores têm a ver com 100% do sucesso de uma empresa. “Sem eles nada seria produzido, a usina sequer existiria”. O diretor agrícola Rafael de Andrade Neto ressalta a importância de investir num ambiente fraterno que gere amizades. “Investir em tecnologia significa, principalmente, investir em pessoas. Não há tecnologia sem pessoas”. A Usina Pitangueiras possui as certificações ISO 9.000 e ISO 22.000 e cogita a certificação Bonsucro. A unidade investe para que todos os seus funcionários tenham pelo menos o conhecimento de Boas Práticas de Fabricação, fazendo treinamentos internos e com consultoria de fora. A usina implantou recentemente o projeto UP! (Unindo Potenciais), que inclui até mesmo a troca de seu sistema operacional. O programa oferecerá dados em tempo real que permitirão acelerar as tomadas de decisões, treinamentos de liderança e redução de custos indesejáveis nos processos de produção. Todos os colaboradores passam por treinamentos específicos para cada Área. A usina fornece benefícios aos colaboradores como ajuda em 40% na mensalidade da Faculdade, especialmente se o curso for voltado ao setor; convênios oferecem descontos em todas as farmácias da cidade, ajuda em 50% do convênio médico e doação de leites especiais para os filhos de funcionários que necessitam desse atendimento. Há 15 anos a Usina Pitangueiras mantém a instituição Maria Gianni de Andrade (nome da Mulher de Rafael de Andrade, fundador da usina). Ali são acolhidas 150 crianças e adolescentes de 12 a 18 anos, onde aprendem canto, violão, corte e costura, informática, esportes e recebem acompanhamento psicológico de profissionais.

Para a usina, investir em tecnologia significa, principalmente, investir em pessoas

É repassada também a cota do porcentual do Imposto de Renda para projetos culturais e de esportes. A unidade patrocina o projeto “Educando pelo Esporte”, onde 120 adolescentes praticam futebol e vôlei duas vezes por semana durante o ano. É um trabalho profissional, com treinadores contratados. “Quem sabe não despontamos uma jovem promessa para o esporte nacional ou internacional”, imagina João Henrique de Andrade. A consciência ambiental é valorizada na unidade e na

comunidade. Há projetos de reflorestamento, onde estudantes das escolas municipais participam do plantio de mudas. A Pitangueiras trabalha para preservar o meio ambiente com reflorestamento e reservas legais. Mantém um viveiro com mais de 50 mil mudas e várias espécies de árvores nativas. Neste 2015 a unidade está investindo na coleta de 100% das águas industriais para fazer o tratamento e reutilizá-las no processo e na limpeza de equipamentos e chão de fábrica. (LM)


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Pedro Miguel, 60 anos de trabalho, recebeu homenagem em vida ISAC ALTENHOFEN

Imagine alguém chegar para almoçar no novo refeitório de uma usina e encontrar uma placa de inauguração dando seu nome em vida ao local. Mais: imagine ter uma festa-surpresa toda para si, ser aplaudido e honrado por todos, a começar do diretor-presidente. Foi o aconteceu na Usina Pitangueiras com o senhor Pedro Miguel que, mesmo aposentado, continua a trabalhar nas empresas da família há quase 60 anos. Natural de Pontal, SP, Pedro Miguel veio para Pitangueiras com a família, que dedicava-se à lavoura de cana-de-açúcar. Na época ofereceu seus serviços à família Andrade. Na fazenda que depois daria lugar à usina aprendeu a dirigir. Com o tempo viajava e pescava com Rafael Andrade, fundador da usina. Era um braço direito do patrão. “Era amigo de meu avô”, esclarece João Henrique de Andrade. Seo Pedro tem 78 anos, está aposentado há 21 mas continua disposto e ativo. Com porte físico e voz ainda forte diz: “Quero ficar trabalhando na usina enquanto eu puder andar!” No dia da solenidade, 10 de março de 2013, parecia que tudo estava dando errado para o seo Pedro. Ele planejava ir a Ribeirão Preto mas lembra que o enrolaram para não sair. Na hora do almoço, em vez de ir como sempre no ônibus fretado que atende a usina, fizeram-no ir a pé. Confuso, pensou consigo mesmo: “Aí tem alguma coisa ruim pro meu lado”. Quando chegou ao novo refeitório foi surpreendido pelas palmas dos presentes e recebido por seus patrões na entrada. A diretoria da família Andrade tirou fotos com Seu Pedro Miguel que ficou muito emocionado; ele jamais imaginara receber tamanho reconhecimento. A placa de homenagem ao seo Pedro traz a seguinte inscrição: “Que as novas gerações tenham a inspiração no seu talento, bom caráter, profissionalismo e comprometimento”. O “Refeitório Pedro Miguel” tem capacidade para 240 pessoas e área externa com 130 cadeiras de descanso, com sombra e água fresca e vestiário com chuveiros bem equipados. (LM)

Pedro Miguel: “Vou trabalhar na usina enquanto eu puder andar!”


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POR UMA BOA GARGALHADA! Cientes da importância do humor no trabalho gestores discutem técnicas para suavizar as interações sociais WELLINGTON B ERNARDES, DE S ERTÃOZINHO, SP

O uso do bom humor no ambiente de trabalho ganha espaço em diversos setores. No da cana-de-açúcar, o sorriso ainda é de canto de boca, pressionado pelo momento de tensão. Ainda assim, cientes da importância de uma boa gargalhada nas relações trabalho, gestores e diretores começam a discutir técnicas que suavizem as interações no ambiente profissional. Diretor de recursos humanos em uma multinacional por 10 anos, Fernando Brancaccio entendeu que somente com muitos sorrisos é possível conduzir de forma responsável e humana as atividades de uma empresa. “Ganhar dinheiro tem que ser uma consequência do que fazemos, e não o princípio. Para isso temos que ter respeito a todos os envolvidos no processo: fornecedores, colaboradores, acionistas e principalmente ao cliente”. Chief smile officer da FairFun, empresa especializada em bom humor organizacional, Brancaccio acredita que o clima interno é fundamental para retenção de talentos. “O estresse é doença do século XXI. É o segundo maior motivo de afastamento das empresas, atrás somente de problemas relacionados à coluna”. Para Beatriz Rossi Resende de Oliveira, consultora organizacional e de carreiras na Coerhência, o clima interno possui grande papel no funcionamento de companhias, sendo responsável pelo desempenho e satisfação pessoal da equipe. “O item bom humor já consta da lista de crenças e

Fernando Brancaccio: clima interno é fundamental para retenção de talentos

princípios de algumas organizações que buscam ambientes diferenciados de trabalho e já é competência esperada e medida pelas empresas”. Eficaz para estimular a criatividade e produtividade, é possível que o bom humor consiga combater as inseguranças criadas pela atual instabilidade no setor sucroenergético? Fernando ressalta que o uso do bom

humor, especialmente em momentos de crise, pode inspirar e engajar a todos, mas para isto, as lideranças devem estar em paralelo com esta ideologia. “Somente com bom humor, seriedade e transparência, líderes conseguirão criar um ambiente com profissionais mais engajados e dispostos a enfrentar estes períodos turbulentos”. Este é um ponto crítico na gestão, pois

somente com melhorias no clima interno será possível atrair e reter talentos nas companhias, acredita o profissional. Pessoas com melhor estado de humor tendem a desempenhar suas funções com maior qualidade, favorecendo a produção da empresa. A implantação desta cultura, afirmam gestores de RH, deve partir das lideranças, para que esta ideia seja transmitida para toda a empresa.


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PRODUÇÃO

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Águas de março melhoram vigor vegetativo da cana Estiagem de 2014 impactará desenvolvimento da planta, preveem especialistas do CTBE R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

As chuvas de fevereiro e março, acima da média, não são suficientes para a recuperação da cana-de-açúcar que foi impactada pela estiagem de 2014, avalia Michelle Cristina Araujo Picoli, pesquisadora do CTBE – Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol. “A seca já causou um problema no desenvolvimento dessa cana e por isso ela não consegue se recuperar” – enfatiza.

A cana está se desenvolvendo melhor, mas não estará tão produtiva por causa das consequências da seca Se chovesse pouco, abaixo da média, em fevereiro e março, a situação ficaria pior – observa Michelle Picoli, que é coordenadora pelo CTBE do Boletim de Monitoramento da Cultura de Cana-de-Açúcar no Estado de São Paulo, elaborado em parceria com a Feagri/Unicamp – Faculdade de Engenharia Agrícola da Universidade Estadual de Campinas. O período de estiagem acabou impactando em tudo, observa Daniel Garbellini Duft, especialista em geotecnologia

Michelle Cristina Araujo Picoli: se chovesse abaixo da média em fevereiro e março a situação ficaria pior

do CTBE. Segundo ele, a cana até teve uma maior concentração de açúcar, mas como a planta estava menor e menos desenvolvida, a safra 2014/15 acabou tendo um resultado pior em relação ao ciclo anterior. “A cana-de-açúcar, na safra 2015/16, está se desenvolvendo melhor. Não há canavial seco. Mas, não vai estar tão produtiva, como poderia estar, caso não tivesse sofrido esse impacto da seca. No final de tudo, a produção em toneladas por hectare vai ser algo parecido com o ano passado”, diz Daniel Duft, que também integra a equipe do Boletim de Monitoramento. O cenário é um pouco diferente em relação a 2014,

pois a cana apresenta um melhor vigor vegetativo. Isto já e consequência das chuvas de fevereiro e março – diz Michelle Picoli. Outra mudança na relação entre clima e canaviais, em 2015, é o atraso no início e término das chuvas. “Ao invés de começar no final de outubro ou em novembro, a chuva teve início em dezembro. Era para acabar em março, mas deve se estender um pouco mais, por causa da demora do início do período chuvoso”, segundo avaliação da pesquisadora realizada em abril. O atraso do término da chuva interfere tanto na colheita como no acúmulo de sacarose – constata Daniel Duft.


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Boletim fornece informações para o monitoramento das lavouras Com o objetivo de fornecer subsídios para a tomada de decisão de gestores, o Boletim de Monitoramento da Cultura de Cana-de-Açúcar no Estado de São Paulo, lançado em novembro, é uma ferramenta para o monitoramento e dimensionamento de ganhos e perdas da lavoura. “A ideia é que seja um boletim colaborativo”, enfatiza Michelle Picoli.

Índices de vegetação e acompanhamento da precipitação retratam condições de desenvolvimento das plantações Elaborado pelas equipes da área de geotecnologia do CTBE e da Feagri/Unicamp os boletins – que têm periodicidade mensal – apresentam as condições da cultura da canade-açúcar em campo, a partir de índices de vegetação e do acompanhamento da precipitação. Podem ser acessados pelo link http://bit.ly/1zdLMuN. Os Índices de vegetação são usados para o monitoramento global das condições da vegetação e estão correlacionados com vários parâmetros, como índice de área foliar

(IAF), biomassa, cobertura do dossel. A divulgação do índice de vegetação – que está ligado ao vigor vegetativo da planta – ocorre a partir da utilização da metodologia do semáforo e tem a finalidade de avaliar o comportamento da safra. O vermelho mostra que a área apresenta um desempenho pior em relação à média histórica; o amarelo, que está dentro da média e verde, que houve superação da média histórica da região em termos de vigor vegetativo – detalha Michelle Picoli. Os dados do vigor vegetativo são provenientes de imagens de satélite. O boletim divulga gráficos por região, comparando os dados em relação à safra anterior. É mostrado também o déficit de precipitação do mês da publicação do boletim, que é sempre relacionado ao mesmo

Daniel Duft: havia uma necessidade no Brasil desse monitoramento

período da safra anterior – informa. “Havia uma necessidade no Brasil desse monitoramento. Estados Unidos, China, Paquistão, União Europeia fazem boletins mensais de várias culturas agrícolas e no Brasil, isto não ocorre. Essa é uma lacuna que a gente tenta preencher para cana. O ideal é que tivesse também para soja, milho, café. Não há boletins para essas culturas com essa metodologia do CTBE/Feagri”, comenta o pesquisador. Existem planos para incluir no boletim outros produtos meteorológicos, como o déficit hídrico por solo, o que deverá ocorrer ainda nesta safra – revela Daniel Duft. Com a ampliação da equipe, a ideia é inserir a divulgação de dados de outros estados produtores de cana, planeja Michelle Picoli. (RA)


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PRODUÇÃO

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Perspectiva para o hidratado é boa nesta safra Volta das chuvas e da Cide aquecem as moendas e trazem novo fôlego aos produtos sucroenergéticos WELLINGTON B ERNARDES

A safra 2015/16 inicia com otimismo na região Centro-Sul. Afetado pelo elevado déficit hídrico e pela dificuldade em competir com a gasolina subsidiada nas bombas do país, o setor estima melhores resultados neste novo ciclo. A volta das chuvas e da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) para gasolina aquecem as moendas e trazem novo fôlego aos produtos sucroenergéticos. Com previsão de crescimento em 3,1% na produção de cana-de-açúcar, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima produção de 654, 6 milhões de toneladas. Acréscimo de 19,8 milhões, em comparação a 2014/15, quando 634,8 milhões de toneladas foram colhidas. Montante que será plantado em aproximadamente 9 milhões de hectares, crescimento 0,7% na área plantada. A companhia estima crescimento produtivo de 3% no Centro-Sul, que deve moer 592,7 milhões de toneladas. O Nordeste, com aumento de 4,3%, terá processamento próximo de 61,9 milhões na safra 2015/16. Segundo informou a Conab, a produção de anidro irá aumentar em 1 bilhão de litros, passando de 11,73 para 12,73 bilhões de litros. Enquanto o hidratado sofrerá redução de 2,8%, com produção de 467,4 milhões de litros a menos. Para o diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Antonio de Padua Rodrigues, esta não é a realidade do setor. “Abrimos a safra com grande volume de anidro, temos estoque suficiente para comercialização. Expandir a

Maior parte da cana será destinada ao etanol nesta safra

produção de açúcar não é atrativo, visto os baixos preços praticados no mercado internacional”. Segundo dados de acompanhamento de

safra da Unica, as vendas de etanol pelas usinas do Centro-Sul totalizaram 26,15 bilhões de litros no acumulado da safra 2014/15, aumento de 2,23% em relação à

safra anterior. Impulsionado pela expansão de mercado do hidratado, com produção total de 15,39 bilhões de litros, cerca de 1,44 bilhão a mais em relação a 2014. Responsável pelo comércio de 78,8% de combustíveis no país, o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom) apontou crescimento de 11,8% nas vendas de etanol hidratado durante 2014. Em 2014 foram comercializados pelas distribuidoras associadas ao Sindicom cerca de 8 milhões de litros de etanol hidratado, saldo positivo ante aos 7,1 milhões de litros. O bicombustível alcançou a terceira posição em vendas, com participação em 7,6% nos 104,8 bilhões de litros vendidos no ano passado. Para o açúcar, a Conab estima produção de 37,35 milhões de toneladas. Variação positiva de 5% em relação à safra passada, quando o setor atingiu 35,56 milhões de toneladas.


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Batatais e Lins adotam atitudes seguras em suas atividades Programa visa afastar práticas e comportamentos inadequados no ambiente de trabalho e na vida R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

Afastar as práticas inseguras das atividades desenvolvidas nas áreas agrícola, industrial e administrativa tornou-se um compromisso de todos os lideres e colaboradores das usinas Batatais e Lins, localizadas em cidades homônimas no Estado de São Paulo. Essas unidades sucroenergéticas – pertencentes ao mesmo grupo – adotaram desde outubro do ano passado o “Atitude Segura”, que define as ações voltadas à segurança do trabalho. Com dez princípios de atitude segura, o programa conta também com seis perguntas de autoavaliação das atividades. Entre as ações que fazem parte do “Atitude Segura”, estão o Programa Observar, que é focado na mudança comportamental das pessoas; o Entressafra Agrícola, voltado ao treinamento e capacitação dos colaboradores durante a entressafra; os Diálogos Semanais de Segurança (DSS) e

Palestra interativa na Batatais: disposição de toda a equipe

os treinamentos periódicos que têm a finalidade de atender as normas regulamentadoras.

Além disso, com a parceria de uma consultoria especializada, a empresa está Implantando o Sistema de Gestão de SST–

Saúde e Segurança no Trabalho, focado na norma OHSAS 18001, informa Alex Pupin, gerente de Divisão Administrativa.


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Semanas de prevenção visam chegar ao fim da safra sem qualquer arranhão As Sipats (Semanas Internas de Prevenção de Acidentes de Trabalho) também contribuem bastante para a conscientização dos colaboradores sobre a importância em adotar práticas seguras no ambiente de trabalho, afirma Antônio de Carvalho, gerente de RH – Administração de Pessoal – responsável pela área de segurança do trabalho na Usina Batatais. A Semana Interna ocorre, no entanto, anualmente e o trabalho de conscientização deve ser contínuo – observa. “Ao longo do ano as usinas Batatais e Lins buscam conscientizar seus colaboradores por meio de DSS Especiais (Diálogo Semanal de Segurança), quando são abordados temas voltados à prevenção de acidentes”, diz. Segundo ele, a empresa também conta com um informativo mensal de segurança do trabalho para o compartilhamento, com os gestores, de boas práticas, treinamentos e ocorrências nessa área. Osvaldo Carvalho destaca ainda que a empresa atende na íntegra a Instrução Técnica do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo nº 17/14. Para tanto, instituiu uma Brigada de Emergência, para a indústria e agrícola, cujos integrantes são treinados periodicamente. Estabeleceu também procedimentos para o atendimento de ocorrências por meio do PASE – Plano de Atendimento a Situações de Emergência, que identifica os cenários emergenciais e define a forma de atuação, por parte da Brigada de Emergência, para cada situação. O programa Atitude Segura, por sua vez, divulga boas práticas e princípios de segurança, reforça aos colaboradores a importância do uso do EPI – Equipamento

Osvaldo Antônio de Carvalho, gerente de Sipat - Semanas Internas de Prevenção de Acidentes de Trabalho

RH da Batatais: conscientização contínua

Alex de Sousa Pupin: boas práticas e Treinamento em segurança de parte do pessoal da área agrícola

de Proteção Individual, apoia projetos, ações e treinamentos na área (os já existentes e as novas iniciativas), de acordo com Alex de Sousa Pupin, responsável pela

área na Usina Lins. Na opinião do gerente de RH Osvaldo Carvalho, o maior desafio hoje na segurança é a mudança comportamental das pessoas,

princípios de segurança

fazendo com que elas passem a enxergar essa área como um valor essencial não só no ambiente de trabalho, mas em todos os momentos de suas vidas. (RA)

ATITUDE SEGURA – PARA TODAS AS HORAS

DEZ PRINCÍPIOS DE SEGURANÇA

As seis perguntas de autoavaliação que integram o programa “Atitude Segura” são as seguintes:

Os dez princípios de atitude segura que fazem parte do programa adotado pelas usinas Batatais e Lins são os seguintes:

Eu conheço os riscos de cada etapa do meu trabalho? Eu penso na melhor forma de executar o meu trabalho com segurança? Eu utilizo somente as ferramentas adequadas às atividades que executarei? Eu conheço os procedimentos de segurança? Eu oriento as pessoas que cometem um comportamento inadequado? Eu executo todas as minhas atividades com ATITUDE SEGURA?

1. Use e conserve o seu EPI de maneira correta. 2. Siga os procedimentos e instruções de trabalho. 3. Tenha uma atitude prevencionista e atenção aos riscos. 4. Não improvise! 5. Melhore continuamente o ambiente de trabalho. 6. Mantenha o seu local limpo e organizado. 7. Tenha atitudes e comportamentos seguros. 8. Comunique ao seu superior imediato qualquer situação de risco. 9. Converse na hora com seu colega, caso o veja tendo uma atitude errada ou desconhecida. 10. Não brinque em serviço. Máxima atenção para evitar acidentes.


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PESQUISA & DESENVOLVIMENTO

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Novas leveduras diminuem tempo de fermentação em 25% Linhagens obtidas em experimentos deverão proporcionar redução significativa de contaminação R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

A diminuição do tempo de fermentação de oito para seis horas, o que equivale a um aumento de três para quatro rodadas por dia dessa etapa do processo de produção etanólica, é um dos benefícios que pode ser proporcionado por uma pesquisa com novas leveduras que está sendo realizada na UFSCar – Universidade Federal de São Carlos.

Testes pilotos serão realizados em usinas durante esta safra Esse resultado, que representa uma redução do tempo de fermentação em 25%, foi obtido com duas linhagens de leveduras, informa Anderson Ferreira da Cunha, professor do Departamento de Genética e

Evolução do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da UFSCar, que é um dos pesquisadores responsáveis pela pesquisa. Para a realização desse trabalho foram isoladas cinco linhagens que têm a habilidade de fermentar a 42ºC, diferente das outras que necessitam de temperaturas de 30ºC – compara. Esses dados são de experimentos de laboratório. Testes pilotos serão realizados em usinas durante esta safra. Se tudo correr bem, essa tecnologia estará disponível para o mercado

Testes incluem linhagens resistentes a altas concentrações de açúcar e de etanol A pesquisa com novas leveduras inclui testes com linhagens resistentes a altas concentrações de açúcar e de etanol que podem criar condições para uma produção ainda maior do biocombustível de cana, informa Anderson Ferreira da Cunha. Este trabalho da UFSCar vem sendo desenvolvido desde 2009 quando os pesquisadores começaram a isolar linhagens selvagens de usinas e caracterizá-las em relação a resistência a diferentes estresses. “Atualmente contamos com um banco de aproximadamente quatrocentas linhagens, entre as quais existem algumas que fermentam a temperaturas mais elevadas, mais especificamente a 42ºC”, detalha. Desde 2012, o trabalho vem sendo financiado por um projeto PITE (Programa Pesquisa em Parceria para Inovação Tecnológica). Além de Anderson Cunha, a pesquisa conta com a participação do professor Iran Malavazi, quatro alunos de Iniciação Científica e uma aluna de pósdoutorado. (RA)

provavelmente em 2016 – prevê. Além do aumento do rendimento da fermentação, a expectativa é que outros benefícios sejam obtidos com essa pesquisa. “Com a fermentação em altas temperaturas, estima-se que a contaminação tanto por bactérias quanto por leveduras contaminantes tenha uma redução significativa”, comenta. Em consequência disto, haverá uma diminuição do uso de antibióticos. “Existe a possibilidade de redução de uso das bombas de resfriamento, que serão

usadas apenas se a temperatura ultrapassar 42ºC, o que é muito raro”, diz. E essa medida também gera ganhos, pois as bombas requerem grande quantidade de água e manutenções constantes para que fiquem em funcionamento. Para a obtenção dos resultados provenientes desse processo de fermentação com as novas leveduras, as unidades sucroenergéticas precisarão fazer apenas pequenas adequações na torre de captação de CO2 – esclarece.

Anderson Ferreira da Cunha, da UFSCar, um dos pesquisadores responsáveis pela pesquisa


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Distrinox aumenta portfólio de produtos e atende a outros setores A Distrinox, tradicional empresa ribeirão-pretana com mais de 15 anos de mercado e pioneira no segmento de EPIs para o setor agrícola, expandiu sua estrutura e aumentou consideravelmente sua variedade de produtos, atendendo agora a todos os setores. Essas mudanças fizeram com que a empresa investisse na abertura de um varejo com o nome de Gigatudo. A Gigatudo oferece milhares de produtos para casa, lazer e trabalho diretamente ao público em sistema de autoatendimento. Desde lixeiras, organizadores, jardinagem, piscinas infláveis, churrasqueiras e ferramentas manuais e elétricas de grande porte.

Mesmo com esse novo braço, a diretoria não deixou de fortalecer sua distribuição que ainda carrega o nome Distrinox, aumentando a linha de EPIs — Equipamentos de Proteção Individual. Toda essa evolução veio acompanhada por importantes parcerias sendo que a Distrinox é distribuidora de grandes marcas como: Altiseg, Bracol, Bosch, Danny, MSA, Nutriex, Orion, Pro Safety, Simonaggio e Vicsa. Destaca-se também, o amadurecimento da indústria Guardian DX de Uniformes Especiais NR10, que garantem resistência ao fogo protegendo dos efeitos de variação térmica provenientes do arco elétrico ou fogo

repentino, uma reconhecida linha de EPIS presente nas maiores usinas, indústrias, mineradoras e concessionárias de energia de todo país. Para complementar todo esse trabalho e também acompanhando a atualização do mercado, foi desenvolvido um e-commerce para facilitar a busca de produtos de vários segmentos. A nova estrutura fica localizada na Avenida Mogiana em Ribeirão Preto, SP, e conta com mais de 5.500m² envolvendo distribuição, revenda, fabricação e showroom. Toda comunicação do varejo foi baseada em modelo de grandes franquias, pois seguindo o ritmo de crescimento, logo a

marca Gigatudo estará presente fisicamente nos quatro cantos do Brasil. “Passamos de uma empresa familiar para um grande grupo de negócios. Temos uma equipe competente e comprometida com o cliente, estamos sempre agregando valores e trabalhando cada dia mais para continuar evoluindo independente das adversidades do mercado. A Gigatudo é casa, lazer e literalmente trabalho para oferecer sempre o melhor a nossos clientes”, comenta o diretor Alexandre Leão. Distrinox 16 3969.8084 www.distrinox.com.br


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Chapisco com liga de carbonetos suporta a abrasão das impurezas minerais Chapisco é a operação de soldagem nas laterais dos frisos de moenda durante a moagem da cana, objetivando um melhor arraste da cana e aumentando com isso a extração do caldo. Além de “pega”, ele também tem a função de evitar desgastes dos frisos, pois a camada de revestimento de solda auxilia na preservação do seu perfil. A taxa de aplicação varia de acordo com vários fatores, sendo os principais: tipo de moenda, composição do solo, sendo em média de seis gramas de consumível por tonelada moída de cana. A aplicação deve ser repetida com intervalos máximos de 3 a 4 dias, para que não haja redução de moagem e queda de extração significativa. A aplicação pode ser feita de forma manual, utilizando-se eletrodos revestidos, ou automatizada, utilizando-se assim arames tubulares. A composição dos chapiscos, à base de ligas especiais de carbonetos, foi desenvolvida para suportar a abrasão ocorrida devido às impurezas minerais que acompanham a cana e apresentam ótima aderência e alta rugosidade para uma adequada tração do bagaço, gerando alto índice de extração a um ótimo custobenefício. A Comaso também disponibiliza porta-eletrodos especialmente desenvolvidos para esta aplicação. Comaso 16 3513.5230 www.comaso.com.br

Operação de soldagem nas laterais dos frisos de moenda


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Zanini Renk reafirma tecnologia de ponta adquirindo potente bancada de testes A Zanini Renk, fabricante de redutores especiais de velocidade reafirma investimentos em tecnologia de ponta ao adquirir a potente bancada de testes. A concepção deste projeto foi realizada em parceria com a Renk AG da Alemanha e dimensionada com os engenheiros de inovação da Zanini Renk. O equipamento testará redutores planetários, turborredutores de alta velocidade e redutores de alto torque para os mercados de açúcar e etanol, mineração, cimento e óleo e gás. A bancada de testes é um sistema composto por diversos equipamentos, entre eles, estação de transformadores especiais, motores elétricos de alta performance, sistema de lubrificação de alta pressão e sistema completo de monitoramento. Toda essa tecnologia instalada no redutor — na fase final de testes — simula as condições reais de trabalho do equipamento em operação na unidade produtora e aponta os seguintes parâmetros: temperatura em todos os mancais, temperatura de entrada e saída de óleo, pressão de entrada de óleo, vazão de óleo, vibração dos mancais e ruído ao ar. Em regime full de trabalho, já passaram diversos redutores de alta velocidade pela bancada de testes como é o caso do lote de turborredutores com potência de até 52MW entregues à Odebrecht Agroindustrial com sucesso. De acordo com o gerente de qualidade, Walter Gabriel, o equipamento tem um

processo de motorização de 2.000 kW, o qual possibilita através dos dispositivos de frequência e ajustes mecânicos testes em rotação de até 8000 rpm. O CEO da empresa, Mauro Cardoso, afirma que a Zanini Renk investe continuamente em Inovação & Tecnologia em

parceria com a Finep, o que demonstra a preocupação da empresa com a satisfação dos clientes. “Investimos cerca de 2 milhões de reais na bancada de testes mais potente do mercado, pois é de extrema importância saber previamente como será o desempenho dos nossos equipamentos no campo. Projetos como

este trarão para a empresa e para o cliente maior confiabilidade e performance a longo prazo”, finaliza. Zanini Renk 16 3518.9000 www.zaninirenk.com.br


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Linha de fertilizante Geofert aumenta rentabilidade e produtividade da cana

Empresa gerencia e projeta sistemas de fertirrigação em regime Turn Key

Irriga Engenharia oferece soluções integradas de engenharia agronômica A Irriga Engenharia é focada no desenvolvimento e implementação de soluções integradas de engenharia, gerenciamento e fornecimento de projetos de sistemas de fertirrigação, em regime Turn Key, para o setor, oferecendo soluções integradas de engenharia agronômica, com uma gestão arejada e governança corporativa. As experiências, ao longo de anos, em razão do desenvolvimento e profissionalização do segmento, permitem a Irriga Engenharia oferecer um suporte incisivo nas diversas fases de implantação de seus projetos, com soluções diferenciadas nos projetos de fertirrigação, aliando a execução e conhecimento técnico; contemplando captações de água bruta; construção de reservatórios impermeabilizados; travessias de APP e

pátios de carregamento; montagem de adutoras enterradas de PRFV, RPVC. A empresa reconhece a importância da fertirrigação como manejo constante dos canaviais do Centro-Sul, e dá a devida importância na promoção do aproveitamento dos nutrientes da vinhaça na própria cultura, com aumento considerável de produtividade e vida útil dos canaviais. A correta destinação dos resíduos químicos-orgânicos também é fator de sustentabilidade aplicada, refletindo em redução dos custos de fertilização do solo e redução da sazonalidade do plantio da cana em períodos secos do ano. Irriga Engenharia 62 3088.3881 www.irrigaengenharia.com.br

Na agricultura brasileira atual, o manejo da fertilidade do solo envolve o uso de corretivos e fertilizantes de forma eficiente que permite potencializar a produtividade e atender à crescente demanda por alimentos e energia no mundo de forma sustentável. Os fertilizantes se destacam como uma tecnologia que busca o aumento da produtividade das lavouras repondo e fornecendo ao solo os principais nutrientes essenciais ao crescimento das plantas com a finalidade de manter, e principalmente, ampliar o potencial produtivo das culturas. A maior eficiência desses fertilizantes está associada à disponibilização gradual dos nutrientes à planta com consequente redução das perdas de nutrientes, à melhora das propriedades físicas do solo — estruturação, armazenamento de água e drenagem interna nos microporos no solo — e ao favorecimento da diminuição da variação brusca de temperatura do solo que interfere em seus processos biológicos e na absorção de nutrientes pelas plantas. Neste contexto, com o objetivo de levar tecnologia e inovação aos produtores, a Geocilo Biotecnologia S/A

desenvolveu uma linha de fertilizante especial denominada Geofert. A linha de fertilizantes Geofert é fruto do investimento em pesquisa e desenvolvimento nos últimos seis anos em parceria com intuições como a Universidade Federal de Uberlândia, Embrapa, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e IFTM, e associa o controle de liberação de nutrientes ao estímulo ao desenvolvimento vegetal através da presença de substâncias húmicas ativas em uma matriz orgânica de alto valor agregado. O processo de produção inovador da linha de fertilizantes consiste na transformação de trota de filtro, subproduto do setor sucroalcooleiro, em composto orgânico de alta atividade, associado a um processo industrial de peletização, que promove a inserção de matérias primas minerais contendo macro e micronutrientes, ao composto orgânico. Geociclo 34 3293.5100 www.geociclo.com.br

Manejo da fertilidade do solo envolve o uso corretivo de fertilizantes


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