Ribeirão Preto/SP
Junho/2015
Série 2
CHEGA AO FIM O ESTIGMA DOS 70% Parâmetro real de custo-benefício entre o etanol e a gasolina pode chegar até a 78,6%
Nº 257
R$ 20,00
4
ÍNDICE DE ANUNCIANTES
Junho 2015
Í N D I C E ACIONAMENTOS ZANINI RENK
COMBATE À INCÊNDIO 16 35189001
7
ARGUS
19 38266670
ACOPLAMENTOS
COMPONENTES ELÉTRICOS
VEDACERT
APS COMPONENTES
16 39474732
66
17 35311075
3
ARTIGOS DE BORRACHA VEYANCE
11 47727610
19
AUTOMAÇÃO DE ABASTECIMENTO DWYLER
11 26826633
9
16 21054945
25
AUTHOMATHIKA
16 35134000
6
METROVAL
19 21279400
12
SOTEICA
16 35124310
47
BALANCEAMENTOS INDUSTRIAIS
41
54
BESTBIO
16 35124300
58
ETHANOL SUMMIT
11 30934949
35
FEALQ
19 34176600
14
FERSUCRO
82 33279632
57
GERHAI
19 34562298
27
IRRIGAÇÃO
66
30
3
CARROCERIAS E REBOQUES RODOTREM
18 36231146
60
RONTAN
11 30937088
16
SERGOMEL
16 35132600
52
ISOLAMENTOS TÉRMICOS
FÓRUM PROCANA
16 35124300
58
ISOVER
16 32369200
30
METROVAL
19 21279400
16 39413367
65
17 33611575
MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS
PROLINK
19 34234000
11
AGRÍCOLAS
DESINFECÇÃO INDUSTRIAL
DISPAN
45
56
DMB
16 39461800
15
GRUPO FERRANTE
17 32791200
48
ZANINI RENK
18
16 35189001
7
ENGEVAP 37
16 35138800
UBYFOL
34 33199500
16
16 35124310
47
SOFTWARES
SOLDAS INDUSTRIAIS COMASO ELETRODOS
16 35135230
46
MAGÍSTER
16 35137200
10
SUPRIMENTOS DE SOLDA COMASO ELETRODOS
SOLINFTEC
16 35135230
46
18 36212182
53
30
DMB
16 39461800
15
TESTON
44 33513500
2
5
TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES VLC
ENGEVAP
16 35138800
30
PENEIRAS ROTATIVAS
ETEC ENGENHARIA
34 33346400
40
VIBROMAQ
16 39452825
66
19 38129119
31
TUBOS E CONEXÕES APERAM
AUTHOMATHIKA
11 30937088
NUTRIENTES AGRÍCOLAS
ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO CIVIL
GENERAL CHAINS
47
TRANSBORDOS
MONTAGENS INDUSTRIAIS
SERVIÇOS 19 37562755
16 35124310
TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
MOENDAS E DIFUSORES 19 34669300
48
LIMPEZA E ESTERILIZAÇÃO DE BAGS
38
11 38181821
59
11 45854676
29
PLANTADORAS DE CANA 19 34172800
38
DMB
16 39698080
24
FIBRAS DE VIDRO PETROFISA
16 36261531
21
16 21014151
63
15
6
SÃO FRANCISCO
TURBINAS SIEMENS
PROSUGAR
16 39466610
51
VÁLVULAS INDUSTRIAIS
QUÍMICA REAL
16 39655337
13
FOXWALL
ZANINI RENK
16 35189001
11 46128202
28
VEDAÇÕES E ADESIVOS
REDUTORES INDUSTRIAIS
GRÁFICA 16 35134000
16 39461800
PRODUTOS QUÍMICOS
ELÉTRICOS 4
REFRATÁRIOS RIBEIRÃO 16 36265540
DESTAK IDÉIAS
EQUIPAMENTOS E MATERIAIS MARKANTI
17
19 34172800
16 35124310
RONTAN
11 22024733
GENERAL CHAINS
MC DESINFECÇÃO
41 36417200
SINALIZADORES INDUSTRIAIS
SOTEICA 12
67
SEGURANÇA EMPRESARIAL SOCIUS
AGROINDUSTRIAL
66
COLETORES DE DADOS
4
42
DISTRINOX 16 39452825
62 30883881
61
EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO VIBROMAQ
12
11 30605000
ENGRENAGENS
CENTRÍFUGAS
EMG DO BRASIL 19 21279400
16 35124300
CARRETAS 17 35311075
METROVAL
SÃO FRANCISCO SAÚDE 08007779070
SECADORES INDUSTRIAIS
CONTROLE
FENASUCRO
EVOLUTION PROCESS
SAÚDE - CONVÊNIOS E SEGUROS 15
INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO E
MASTERCANA
CPFL SERVIÇOS ALFATEK
16 39461800
CONSULTORIA E ENGENHARIA
ENERGIA ELÉTRICA - ENGENHARIA E 16 35138800
DMB
IRRIGA ENGENHARIA
ELETROCALHAS
CALDEIRAS ENGEVAP
16 35124310
11 35987800
CORRENTES INDUSTRIAIS
ATMA ENGENHARIA
16 39452825
20
IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS
AGRISHOW
CONTROLE DE FLUIDOS
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
VIBROMAQ
ABS CONSULTORIA
A N U N C I A N T E S
FEIRAS E EVENTOS 23
CONSULTORIA
ÁREAS DE VIVÊNCIA ALFATEK
11 28701000
D E
7
VEDACERT
16 39474732
66
CARTA AO LEITOR
Junho 2015
índice
5
carta ao leitor
Agenda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6
Josias Messias
josiasmessias@procana.com
Cana Livre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .8 Política Setorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9 a 11
Indústria sucroenergética toma a frente pela retomada do setor
Giro do Setor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12
Perder para ganhar!
Mercado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .14 a 21
Capa — Estudo e tecnologia derrubam estigma dos 70% do etanol Principais do país traçam cenário para 2015 e próximos anos
Pesquisa e Desenvolvimento . . . . . . . . . . . . . . . 22 e 24
Novo motor pode tornar o etanol tão eficiente quanto o diesel
Produção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .26 e 27
Usina Paineiras adia safra para aproveitar a chuva Safra 2015/16 no Centro-Sul é beneficiada por chuvas de início de ano
Administração & Legislação . . . . . . . . . . . . . . . .28 a 33
QUE TRABALHO! Pessoal treinado ajuda a combater os efeitos nocivos da crise
Tecnologia Agrícola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .36 a 43
Setor precisa dar novo passo na agricultura de precisão Novos estudos recomendam aplicação de zinco em dobro
Usinas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .44 Tecnologia Industrial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .45 a 51
Novo desafio de usinas é fabricar VHP com menos pó Cuidados com as bombas evitam problemas na produção
Setor em Destaque . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .52 a 55
Tecnologia sucroenergética apresenta bons números e atrai estrangeiros ProCana Brasil abre inscrições para o Prêmio MasterCana
Logística & Transportes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .56 Saúde e Segurança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .58 a 62
PRESERVE COM CUIDADO!
Negócios & Oportunidades . . . . . . . . . . . . . . . . .64 a 66
ACHADO ENTRE OS PERDIDOS “Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á” (Jesus Cristo, o Senhor, no verso 25 do capítulo dezesseis do evangelho de Mateus )
RETIFICAÇÃO A foto publicada na página 18 da edição 256 do JornalCana não é de Antonio Eduardo Tonielo Filho, presidente do Ceise Br, mas de seu pai, Antonio Eduardo Tonielo. A imagem correta está publicada nesta edição, na página 11.
No último dia 19 de maio foi anunciado que a comercialização de etanol no estado de Minas Gerais vem batendo recordes. Os novos índices passaram a ser obtidos após o aumento do ICMS — Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços incidente sobre a gasolina de 27% para 29% e a redução da alíquota incidente sobre o etanol hidratado, de 19% para 14%. É verdade que a alíquota era altíssima e desproporcional ao que se pratica em São Paulo, por exemplo, que tem a menor taxa do País, 12%. Mas a ação do governo mineiro automaticamente tornou o preço do etanol mais competitivo frente ao da gasolina e pode abrir precedente para que outros estados, a maioria com tributação de 25% até 30% de ICMS sobre o hidratado, sigam seu exemplo. De acordo com a Siamig - Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais, apenas em março, mês que a redução do ICMS passou a valer a partir da segunda quinzena, a comercialização somou 105 milhões de litros de etanol hidratado, o que significou avanço de 101% frente a março de 2014 e de 26% sobre o volume comercializado em fevereiro. A perspectiva da entidade, que vem se confirmando, é ter consumo médio mensal a partir de abril de 150 milhões de litros, com recordes históricos sucessivos mês a mês. O presidente da Siamig, Mário Campos, não esconde a satisfação em ver recompensada uma luta política de mais de dez anos por parte do setor mineiro. Ele disse que após a redução do ICMS os preços do etanol hidratado ficaram mais competitivos que os da gasolina e, com isso, o estado está registrando consumo cada vez maior. O lamentável nesta história é saber que o setor sucroenergético brasileiro precisa lutar anos a fio para conseguir reduções de alíquotas quando estão comprovados seus benefícios, especialmente nos estados produtores. A alíquota diferenciada de 12% para o ICMS incidente no etanol em São Paulo, por exemplo, resulta em expressivo benefício para a economia paulista. Essa é uma das conclusões de estudo coordenado por especialistas das universidades Esalq/USP, UFSCar e USP, que o JornalCana mostrará em reportagem especial sobre o tema. Enfim, a contribuição do etanol para a sustentabilidade socioeconômica e ambiental do estado e do País é comprovada, e há anos. Mas alguns governos estaduais insistem em manter as alíquotas altas, porque não sabem fazer a conta básica de que alíquota menor sobre maior consumo pode resultar em arrecadação maior, sem contar os benefícios socioeconômicos e ambientais advindos. São Paulo deu o exemplo e reduziu em 2003 suas alíquotas em mais da metade, de 25% para 12% e desde então só colheu excelentes frutos da medida. Minas Gerais segue agora na mesma direção. Servem de exemplo para que outros estados acordem e implantem rapidamente medida semelhante pois, ficou provado que, neste caso, perder é ganhar.
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O MAIS LIDO! ISSN 1807-0264 Fone 16 3512.4300 Fax 3512 4309 Av. Costábile Romano, 1.544 - Ribeirânia 14096-030 — Ribeirão Preto — SP procana@procana.com.br
NOSSA MISSÃO Prover o setor sucroenergético de informações relevantes sobre fatos e atividades relacionadas à cultura da cana-de-açúcar e seus derivados, e organizar eventos empresariais visando: Apoiar o desenvolvimento sustentável do setor (humano, socioeconômico, ambiental e tecnológico); Democratizar o conhecimento, promovendo o
intercâmbio e a união entre os integrantes; Manter uma relação custo/benefício que propicie
parcerias rentáveis aos clientes e demais envolvidos.
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6
AGENDA
Junho 2015
A C O N T E C E
Ethanol Summit 2015
VII Simpósio Tecnologia de Produção de Cana-de-açúcar O VII Simpósio Tecnologia de Produção de Cana-de-açúcar acontecerá nos dias 15, 16 e 17 de julho de 2015, em Piracicaba, SP, no Teatro Unimep, Campus Taquaral, Km 156 da Rodovia do Açúcar. Esta é a 7ª edição do evento, que se consolidou como um dos principais na difusão de tecnologias para o setor sucroenergético. Em 2013, contou com mais de 600 inscritos. O encontro buscará difundir tecnologias e informações relacionadas às tecnologias de produção e ao manejo do solo de forma eficiente de modo a gerar discussões e levantar necessidades de pesquisa sobre o assunto. O evento contará com cerca de 700 vagas e o público alvo abrangerá produtores, gerentes, técnicos, pesquisadores e estudantes que tenham interesse no assunto e busquem maneiras eficientes de aumentar a produção agrícola. Maiores informações: www.simposiodecana.com
A quinta edição de um dos principais eventos mundiais para os produtos do setor sucroenergético, o Ethanol Summit, acontece nos 6 e 7 de julho, no Golden Hall do World Trade Center (WTC), em São Paulo (SP). O Ethanol Summit 2015 reunirá empresários, autoridades de diversos níveis governamentais, pesquisadores, investidores, fornecedores e acadêmicos do Brasil e do exterior. A expectativa é de 1.500 participantes para acompanhar as 100 palestras que acontecerão em quatro plenárias, 15 painéis temáticos e cerimônias de abertura e encerramento, além de eventos paralelos. Durante o evento, que terá o portal JornalCana como mídia oficial, será lançada a edição 2015 do Anuário da Cana, considerada a publicação de maior relevância para obtenção de dados no setor.
USINAS DE ALTA PERFORMANCE Evento que reconhece as soluções e inovações no setor, o Fórum Usinas de Alta Performance, acontecerá no dia 15 de outubro, em Ribeirão Preto (SP). No encontro serão apresentados os casos de sucesso na implantação de ações que facilitem a rentabilidade e competitividade das usinas no curto prazo. A última edição do evento contou com a participação de 20 usinas e grupos.
PRÊMIO MASTERCANA 2015
PRÊMIO BESTBIO
As edições do Prêmio MasterCana em 2015 já estão definidas. No dia 24 de agosto, em Ribeirão Preto (SP), acontece o Prêmio MasterCana CentroSul, que tradicionalmente antecede a Fenasucro. No dia 24 de setembro, em São Paulo (SP), acontece o Prêmio MasterCana Brasil. As premiações serão encerradas no dia 19 de novembro, em Recife (PE), com o Prêmio MasterCana Nordeste. Em 2014 o Prêmio MasterCana reuniu em cada edição cerca de 200 personalidades, com 40 premiações. Realizados desde 1988, os eventos MasterCana reúnem representantes de mais de 2/3 da produção brasileira, em momentos de celebração e network diferenciados. Informações através do fone:(16) 3512 4300 ou e-mail: eventos@procana.com.br
Em paralelo ao Forúm Usinas de Alta Performance, no dia 15 de outubro, acontece o Prêmio BestBIO. A premiação é uma iniciativa independente que incentiva a sustentabilidade através da divulgação e reconhecimento dos melhores cases da bioeconomia brasileira, com ênfase no desenvolvimento e geração de energias limpas e renováveis.
CALDEIRAS, VAPOR E ENERGIA
Guaíra foi premiada em 2014
Treinamento que movimenta diferentes setores da agroindústria canavieira, o Simpósio de Caldeiras, Vapor e Energia acontece nos dias 25 e 26 de junho, em Ribeirão Preto (SP). Realizado pela Sinatub Tecnologia, o simpósio possui enfoque em apresentar técnicas de otimização industrial e agrícola para geração de energia e biocombustíveis. Mais informações em: (16) 3911-1384 ou sinatub@procana.com.br.
8
CANA LIVRE
Junho 2015
Museu mostra trajetória da cana-de-açúcar no Brasil
Grupo Barralcool inaugura Centro de Treinamento
O Museu da Cana-de-Açúcar de Piracicaba foi aberto ao público no último dia 21 de maio. Diversas autoridades estiveram no Galpão 5B, na abertura da exposição “Saccharum – Canas do Brasil”. A mostra evidencia a trajetória da cana-deaçúcar no Brasil, desde as primeiras espécies até as plantadas atualmente. O Galpão 5B pertence ao Engenho Central de Piracicaba, construção histórica de 1881, que terá cinco de seus edifícios inteiramente restaurados, um projeto da Prefeitura Municipal de Piracicaba por meio da Secretaria da Ação Cultural da cidade (Semac), e com apoio do Ministério da Cultura. “É um resgate histórico e cultural de um dos mais importantes ciclos econômicos do Brasil”, declarou o prefeito Gabriel Ferrato dos Santos, uma das muitas autoridades presentes. Rubens Ometto, um dos principais financiadores da obra, destacou o legado histórico do museu. “Precisamos valorizar aquelas pessoas que lutaram para a valorização do setor sucroalcooleiro e será um verdadeiro legado para as futuras gerações; e Piracicaba é o berço do agronegócio. A minha alegria é imensa em poder colaborar para este empreendimento, em um local privilegiado como o Engenho Central. Na primeira visita guiada à exposição o
No final de abril, dia 23, o Grupo Barralcool fortaleceu seu compromisso de capacitação em toda a região de Barra do Bugres (MT), município que acolhe a usina. Na ocasião, foram inauguradas duas unidades de treinamento: o Espaço Senai e o Centro de Treinamento do Grupo Barralcool. O Espaço Senai é o primeiro integrado a uma indústria no Estado de Mato Grosso, e conta de 20 computadores conectados à internet. Poderá ser utilizado para diferentes cursos, inclusive fora do segmento industrial. Com capacidade para receber até 80 pessoas, o Centro de Treinamento da Barralcool, está equipado com uma minidestilaria, uma máquina para
Rubens Ometto, na inauguração do espaço em Piracicaba
museu recebeu os jovens do projeto Pequeno Cidadão. Ao longo do restauro do Galpão 5B, eles foram alunos do projeto Pequeno Restaurador, em que participaram de aulas práticas e teóricas de restauro, preservação e memória com a arquiteta Isabela Galvez, diretora técnica do Instituto.
instrumentação e uma sala de treinamento. O complexo educacional é destinado a formação de profissionais qualificados para o setor sucroalcooleiro de Mato Grosso. Os cursos de ambas unidades não serão restritos aos colaboradores do grupo, e serão abertos a toda comunidade de Barra do Bugres. A equipe do Grupo Barralcool presenciou o evento. Estiveram presentes, o diretorpresidente, João Nicolau Petroni; o diretor industrial, Afrânio Delgado; o diretor agrícola, Aléssio Sansão e os diretores executivos, Cidimar Sansão, Wilson Galera e Dante Petroni Neto. Além da presença do vicepresidente do Sistema FIEMT, Silvio Rangel.
SERVIÇO: Exposição Temporária “Saccharum – Canas do Brasil” Período: de 21/05 a 25/06 Funcionamento: de quinta a sábado, das 10h às 17h Endereço: Av. Dr. Maurice Allain, 454, Galpão 5B – Parque do Engenho Central de Piracicaba/SP. Entrada gratuita
Biocana passa por mudanças e executiva deixa a presidência Principal entidade representativa dos empresários produtores de açúcar, etanol e energia localizada no noroeste paulista, a Biocana, passou recentemente por uma reestruturação física e administrativa. Depois de 10 anos, a executiva Leila Alencar Monteiro de Souza, que presidiu a Associação por 3 mandatos, deixou, em abril, as atividades estratégicas para atuar em outro setor. Atualmente, a profissional está dirigindo a Comunicação Corporativa da Paranapanema S.A., gigante do segmento de cobre, sendo a maior produtora não integrada de cobre refinado, vergalhões, fios trefilados, laminados, barras, tubos, conexões e suas ligas. A empresa é responsável por 100% do volume de cobre produzido no país. A companhia possui quatro plantas industriais, sendo uma produtora de cobre refinado (ou cobre primário) localizada em Dias d'Ávila (BA) e três de produtos de cobre e suas ligas – duas em Santo André (SP) e uma em Serra (ES). A logística de distribuição é realizada pelo CDPC – Centro de Distribuição de Produtos de Cobre -, com unidades na Bahia e no Rio de Janeiro. De acordo com Leila, a mudança ocorreu num momento em quem o setor sucroenergético passa por grandes transformações. “Nos últimos anos, a recessão econômica afetou duramente muitas usinas e o número de empresas associadas encolheu. As indústrias tiveram
Leila Alencar Monteiro de Souza, presidiu a associação por 3 mandatos
que arcar com os altos custos de produção; as margens ficaram extremamente apertadas e o etanol não estava se mostrando competitivo em virtude do preço da gasolina, mantido ‘artificialmente’ por muito tempo. Além disso, choveu pouco nas últimas safras, fato que prejudicou a produtividade no campo. Toda esta situação, aliada a ausência de uma política pública de médio e longo prazo para o setor, provocou algumas rupturas no caixa de boa parte das usinas no país. Muitos postos de
trabalho foram perdidos; companhias foram fechadas e, de uma maneira geral, outros setores, como a indústria de base, também foram fortemente afetados. Agora, o momento para muitas companhias é de adaptação ao novo cenário e também de recomeço, talvez de uma forma consolidada”, ressalta Leila. Por outro lado, a ex-presidente destaca as importantes conquistas obtidas ao longo do trabalho à frente da Biocana. “Quando cheguei a Catanduva, percebi uma imagem bastante ‘arranhada’ do setor, visto por uma parcela da sociedade como assistencialista. Desmistificamos esta imagem, nos aproximamos de nossos pares, das comunidades do entorno e o setor passou a ser um parceiro da sociedade como um todo, amplamente reconhecido como gerador de empregos, impostos, desenvolvimento e atuante em processos sustentáveis. Isso foi muito gratificante. Entendo que, durante o tempo em que estive à frente deste projeto, sempre apoiada pelas usinas que compunham a Biocana e por uma equipe competente, deixei um legado que foi a construção de uma nova imagem consolidada com ações práticas; participamos ativamente nas áreas de educação com a implantação de um polo da UFSCar para implantação do MTA, curso de especialização em gestão da produção industrial sucroenergética, execução do Programa Jovem Agricultor do Futuro, em
parceria com o Senar e Sindicato Rural, atuação na área de saúde com doações feitas ao hospital Padre Albino, infraestrutura, meio ambiente, entre outras importantes ações que tanto contribuíram para o desenvolvimento da sociedade regional”, disse. E completa: “Foi um período de grande aprendizado; tempo em que pude conhecer profundamente a cadeia produtiva e seus pares. Hoje, meu desejo é de que o setor sucroenergético se recupere o quanto antes e retome o caminho do crescimento, pois a agroindústria canavieira é muito importante para o país e sua matriz energética, dado ao seu potencial de produzir uma energia limpa e renovável, além de sua extensa contribuição social e ambiental. Tenho um enorme carinho por este setor onde fiz grandes amigos pessoais e profissionais. Aos empresários, colegas da imprensa, entidades e empresas parceiras, grupos de trabalho e, aqui, cabe um agradecimento especial ao Gerhai e aos demais grupos de estudos que tanto contribuem para a diferenciação da agroindústria canavieira, deixo meu agradecimento. A vida é assim: fecha-se um ciclo, inicia-se outro”, conclui. Com a reestruturação da Biocana, o empresário Gilberto Colombo, assumiu a presidência e a sede da Associação, que também está em novo endereço: Rua 21 de Abril, nº 466, Edifício Minas Center, 7º andar, sala 78, em Catanduva, SP.
POLÍTICA SETORIAL
Junho 2015
Sérgio Souza: no comando da Frente pelo setor
Vamos aprender com a crise e sair fortalecidos, diz presidente da Frente “O produtor [do setor sucroenergético] passa por crise, e não é segredo, que temos de aprender e sair mais fortalecidos [dessa crise]”, disse em 7 de maio o deputado federal Sérgio Souza (PMDB/PR), que assumiu a presidência da lançada Frente Parlamentar pela Valorização do Setor Sucroenergético. A Frente terá papel importantíssimo na mitigação que afeta a crise do setor e deverá fazer com que a sociedade entenda a
importância do setor. Em sua opinião, o grande desafio será a cogeração, a verticalização do setor sucronergético. “Antes, somente produção de açúcar, depois de açúcar e de etanol e, agora, também de energia”, disse. “Todos assistimos que há baixa nos reservatórios e a cogeração vem para dar segurança energética”. Segundo ele, será preciso, com o Ministério das Minas e Energia, criar política adequada para a bioeletricidade.
CNA anuncia apoio político Criada em 2013 para levar as principais demandas do setor às diversas instâncias do poder público, a Frente Parlamentar pela Valorização do Setor Sucroenergético foi relançada no último dia 7 de maio, na nova legislatura, presidida pelo deputado Sérgio Souza (PMDB/PR). A Frente também atua para estimular os debates, especialmente no parlamento, em torno da cadeia produtiva da cana-de-açúcar. Para o presidente da Comissão Nacional de Cana-de-Açúcar da CNA, Ênio Fernandes, “a Frente cumpre papel decisivo, junto com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) de incentivar o investimento no setor e promover mais renda para o
campo”. Nesse sentido, segundo Fernandes, são altas as expectativas da CNA com relação à atuação da Frente. O presidente da Frente Parlamentar pela Valorização do Setor Sucroenergético, deputado Sérgio Souza, lembrou o protagonismo do Brasil na produção de energia limpa e a participação efetiva de combustíveis renováveis na matriz energética do país, o que reforça o compromisso com a sustentabilidade ambiental. Segundo Souza, apesar do Brasil estar na vanguarda da produção energética com responsabilidade ambiental, “o setor sucroenergético foi deixado em segundo plano pelo governo nos últimos anos”, o que justifica, em sua visão, o relançamento da Frente Parlamentar.
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POLÍTICA SETORIAL
Indústria sucroenergética toma a frente pela retomada do setor Responsável por representar a indústria sucroenergética, o Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis (Ceise Br) articula junto ao governo e em movimentações pelo setor a recolocação de toda a agroindústria canavieira e seus produtos em melhor posição de mercado. Membro permanente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Açúcar e do Álcool, a entidade compreende que a união do empresariado é fundamental para que as demandas sejam ouvidas e atendidas. Com forte participação no relançamento da Frente Parlamentar pela Valorização do Setor Sucroenergético, que aconteceu no dia 7 de maio em Brasília, DF (veja matéria sobre a Frente Parlamentar na página anterior), o Ceise Br busca com outras entidades medidas para estimular
toda a cadeia, como a criação de leilões de energia específicos para biomassa. Para a entidade, a expectativa de crescimento produtivo e melhores resultados financeiros para a safra 2015/16 não satisfazem a indústria de base, que se movimenta para tornar novamente atrativo o setor aos olhos de investidores, estimulando a criação de novas usinas no país. Conforme explica o diretor técnico do Ceise Br, Paulo Gallo, é preciso acreditar no crescimento da indústria nacional através de iniciativas internas e não apenas exigir medidas governamentais. “Neste momento delicado que o país vive não podemos mais ficar dependendo, exclusivamente, de ações do governo. Nós, empresários e empreendedores da indústria, precisamos acreditar, pois é possível superar esta fase”.
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ENTREVISTA - Antonio Eduardo Tonielo Filho, presidente do Ceise Br
Frente Parlamentar recebe apoio político do Ceise Br WELLINGTON B ERNARDES, DA R EDAÇÃO
O Ceise Br tem buscado articulação em todos os segmentos relacionados à indústria de base do setor sucroenergético. Participou ativamente na criação da Frente Parlamentar pela Valorização do Setor Sucroenergético e dos avanços alcançados após a sua criação. Grande parte das suas reivindicações foi intermediada pela Frente e colocada em prática pelo governo, como a volta da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre a gasolina, o aumento de 25% para 27% de anidro na gasolina, e a implantação de leilões de energia específicos para biomassa. O Ceise Br ainda integra, como membro permanente, a Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Açúcar e do Álcool – órgão consultivo ligado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Confira a entrevista do presidente Antonio Eduardo Tonielo Filho.
JornalCana — Como está a articulação do Ceise Br com a Frente Parlamentar pela Valorização do Setor Sucroenergético? Antonio Eduardo Tonielo Filho — O envolvimento e a força política do Ceise Br conferem à instituição a possibilidade de acompanhar e participar ativamente no desenvolvimento das ações
da Frente Parlamentar – assim como em outras competências do governo federal –, através das indicações de demandas do setor sucroenergético, principalmente da indústria de base, identificadas em parceria com outras entidades ligadas ao setor. Há ainda muito trabalho a ser feito e novos desafios pela frente. O Ceise Br continuará à disposição e contribuindo com o trabalho da Frente, agora sob a coordenação do deputado federal Sérgio Souza, que se comprometeu a não medir esforços pela retomada total da nossa cadeia. As atuais movimentações para fortalecimento do setor sucroenergético e a recolocação do etanol na matriz energética nacional têm movimentado a indústria ligada ao setor? Acreditamos que elas sirvam para colocar no radar de governos as necessidades e reivindicações da indústria ligada ao setor. As ações recentemente tomadas poderão refletir positivamente na indústria no médio e longo prazo, caso as mesmas forem combinadas com outras medidas, como: o estímulo à produção de energia elétrica pelo setor sucroenergético, a implantação de um programa específico de renegociação de dívidas e outro para criação de crédito para investimentos. Após estas medidas, a confiança dos investidores será reconquistada, estimulando naturalmente o crescimento.
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POLÍTICA SETORIAL A safra 2015/16 começou com expectativa de maior produção e comercialização. A indústria também prevê crescimento? A expectativa de maior produção e comercialização é um sinalizador de possibilidade de aumento de demanda para a indústria. No entanto, a atual crise afetou profundamente o humor do investidor, e a retomada de crescimento da indústria depende da conjunção de fatores que devolvam a confiança desse investidor. O crescimento na produção e comercialização gera um crescimento correspondente à manutenção e troca de alguns equipamentos. O que irá impulsionar a retomada do crescimento da indústria de base será a implantação de novas plantas de cogeração e de novos projetos greenfields.
Tonielo Filho: “Crescimento da indústria depende do retorno da confiança do investidor”
Os leilões específicos para biomassa trazem expectativas para a indústria de base? A nossa expectativa era de que mais projetos de biomassa entrassem nos dois leilões realizados recentemente, em 27 e 30 de abril. Dos 62 inscritos, apenas 11 entraram. Os preços médios de energia negociados, R$ 209 e R$ 278 por MWh, primeiro e segundo leilões, respectivamente, não atraiu o interesse das usinas
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como esperávamos. Porém, mesmo assim, o número de projetos garantidos já provoca certa demanda para a indústria de base. Esperamos que o próximo leilão possa conquistar um volume mais expressivo de projetos de biomassa. Será necessária manutenção dos preços na média de R$ 278, para que se restabeleça a confiança do investidor. O Ceise Br articulou com o Ministério de Minas e Energia (MME), no início deste ano, um pacote de incentivos ao retrofit. Qual o andamento deste diálogo e quais benefícios a implantação deste trará para a indústria canavieira? O retrofit é um projeto prático e eficiente que, no curtíssimo prazo, pode aumentar a oferta de energia limpa e sustentável, gerar emprego e renda, impulsionando imediatamente a indústria de base do setor sucroenergético. Porém, para sua implementação, o mesmo depende do aval de diversas competências do governo federal, e não só do Ministério de Minas e Energia, por exemplo. Até agora, o plano vem sendo bem avaliado, porém esbarra na questão de qual instituição disponibilizará o recurso e como este será captado, já que passamos por um momento de cautela econômica no país.
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GIRO DO SETOR
Holding quer estar entre os 10 principais players de açúcar até 2020 Com mais de 50 anos de existência, a MSM Malaysia Holdings Berhad, uma das maiores refinarias de açúcar na Malásia, anunciou meta de estar entre os dez principais players de açúcar do mundo até 2020. Com planos de expansão da capacidade de Companhia possui 64% do mercado de açúcar da Malásia. refino, a empresa irá inaugurar um escritório em Dubai, para auxiliar na comercialização tanto do produto bruto quanto refinado. Em 2014 a companhia refinou 986,115 toneladas, crescimento de 5% em relação a 2013, quando 938,203 toneladas de açúcar refinado foram produzidas. A participação da MSM no mercado doméstico da Malásia também cresceu. Em 2014 o país consumiu 801,020 toneladas da companhia, ante as 730,040 do ano anterior. Atualmente a companhia possui 64% do mercado de açúcar da Malásia.
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Índia aumenta produção em 14,27% Iniciada em outubro de 2014, a nova safra de cana-de-açúcar na Índia gerou até o mês de abril, 23,37 milhões toneladas; incremento de 14,27% em relação ao ciclo anterior. Segundo a Associação das Usinas de Açúcar da Índia (ISMA), Índia produziu 23,37 milhões de toneladas da commodity nesta safra um dos principais motivos para este aumento foi a maior produtividade por hectare nos Estados de Maharashtra e Uttar Pradesh. Maior produtor de açúcar na Índia, Maharashtra entregou 10,35 milhões de toneladas nesta safra. No ciclo anterior, a região produziu 7,71 milhões de toneladas. Uttar Pradesh produziu 7,02 milhões de toneladas. Acréscimo em relação as 6,51 milhões de toneladas produzidas em igual período na safra passada. Segundo estimativa da ISMA, a safra indiana, que termina em setembro deste ano, deve alcançar 28 milhões de toneladas; incremento de 3,5 milhões em relação à safra anterior. Até o final de abril, 130 usinas operavam na Índia.
Produção na Tailândia será semelhante à da safra passada Tereos compra Napier Brown por US$ 52,27 milhões Iniciada em novembro passado, a safra 2014/15 na Tailândia está próxima de ser concluída. Com produção voltada para o açúcar, o país moeu aproximadamente 106 milhões de toneladas na temporada. Recorde produtivo para o país, que processa em média 100 milhões de toneladas de cana-deSafra foi prejudicada por severa seca em algumas regiões açúcar. Na contramão da produção vegetal, a fabricação de açúcar fechará a safra com produção similar à anterior. Consultorias estimam produção de 11,3 a 12,23 milhões de toneladas da commodity. Todas as estimativas foram reduzidas após a Tailândia passar por intenso período de seca no ano, o que prejudicou a qualidade da matéria-prima para indústria. Em 2014, a Tailândia exportou 7,3 milhões de toneladas de açúcar.
A produtora francesa de açúcar Tereos concordou em adquirir a distribuidora londrina de açúcar Napier Brown, pertencente a Real Good Food por US$ 52,27 milhões. Com mais de 90 anos de fundação, a Napier Brown, detentora da marca Whitworths Sugar, é a Tereos, na França: empresa parte para outras aquisições maior distribuidora de açúcar da Europa, com comercialização anual estimada em 300 mil toneladas. Quinto maior produtor mundial de açúcar, a Tereos Internacional fortalecerá sua rede de distribuição. O fim das cotas para o açúcar europeu em 2017 pode ser um atrativo para investimentos neste segmento, preparando a empresa para competir no mercado internacional.
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MERCADO
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Participação de 27% do anidro reduzirá importação de gasolina WELLINGTON B ERNARDES
Aprovado no dia 16 de março, o aumento da participação do etanol anidro na composição da gasolina, de 25 para 27%, foi possibilitado após diversos testes apontarem a viabilidade técnica e ambiental desta mistura. Este incremento aconteceu pela alteração da Lei nº 13.033, em 25 de setembro de 2014, que condicionou o aumento da mistura à comprovação de sua viabilidade técnica. Com mix produtivo tendendo à produção de etanol em toda a safra 2015/16 o setor assegura o abastecimento interno do biocombustível, mas não com excedente para pensar em exportações. A decisão pelo aumento do mix em favor do etanol foi baseada na necessidade de liquidez pelas usinas, reflexo da desvalorização do preço do açúcar no mercado internacional e a valorização do biocombustível no mercado doméstico. Assim, o abastecimento do biocombustível no país está assegurado e o fluxo de caixa aumentará um pouco, o que ajudará os combalidos caixas das empresas. Segundo estima a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) cerca de um bilhão de litros deixarão de ser exportados durante esta safra, suprindo a demanda interna e reduzindo a necessidade de importação. Por esta razão, a entidade estima que este mercado adicional de um bilhão de litro de
Usinas produzirão mais etanol do que açúcar para abastecer mercado interno e os próprios caixas
anidro no país aliviem as importações de gasolina feitas pela Petrobras. Antonio de Pádua Rodrigues, diretor Técnico da Unica, entende que não há preocupação quanto à capacidade de abastecimento de anidro com esta nova mistura. A atual produção deste tipo de etanol suporta a demanda interna. “Abrimos a safra com grande volume de anidro. Temos estoque suficiente para comercialização. Como expandir a produção de açúcar não é atrativo, visto os baixos preços praticados no
mercado internacional, as usinas optarão pelo tipo hidratado”, explica. Na região Centro-Sul, o tipo de anidro, que participa da mistura com a gasolina, crescerá 1,78% em relação à safra anterior, com previsão de produção de 10,95 bilhões de litros em 2015/16. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) haverá aumento de um bilhão de litros de anidro no país para esta safra, passando de 11,73 para 12,73 bilhões de litros. Impulsionado pelo restabelecimento
parcial da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), o ajuste do PIS/Cofins aplicado ao derivado e a ampliação da competitividade do etanol hidratado pelas mudanças nas alíquotas de ICMS sob a gasolina em diversos Estados, o hidratado deve ser produzido em maior escala e com maior potencial para crescimento. Para a safra 2015/16 é estimada a produção de 16,33 bilhões de litros de etanol hidratado, incremento de 6,1% em relação à safra anterior.
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MERCADO
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Estudo e tecnologia derrubam estigma dos 70% do etanol Aplicação de novos recursos e mudanças no motor flex podem melhorar o índice de rendimento do biocombustível de cana R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP
O etanol trava uma luta árdua para se tornar competitivo em relação à gasolina. Apesar de ser um produto limpo e renovável, fabricado com tecnologia amplamente dominada pelas usinas brasileiras, o biocombustível de cana tem sido prejudicado por uma política de preços favorável à gasolina nos últimos anos. Essa perda começa a ser timidamente amenizada com o retorno da Cide – Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, cobrada sobre o seu concorrente. Além da necessidade de derrubar as injustiças geradas pela política de preços, o etanol precisa superar também o estigma dos 70%, ou seja, a marca que pode obter no máximo esse índice de eficiência no motor flex quando comparado ao rendimento da gasolina. Estigma? Mas, esse não seria um aspecto técnico relacionado ao limite imposto pelo poder calorífico dos dois combustíveis? A questão não é tão simples assim.
Levantamento da Ecofrotas, empresa da área de gestão de frota, já demonstrou, por exemplo, que o parâmetro de custo-benefício entre o etanol e a gasolina é de 78,6%, considerando alguns fatores, como octanagem e proporção estequiométrica. O estudo levou em conta o rendimento de 410 mil carros (aproximadamente mil diferentes tipos de veículos, variando de modelo e ano de fabricação) abastecidos com etanol, utilizados por clientes no período de agosto de 2009 a março de 2012. Especialistas na área dizem que mudanças no motor também podem melhorar esse índice de eficiência. O próprio governo reconhece que o limite dos 70% não é irrefutável, pois prevê no Inovar-Auto a redução da alíquota de IPI para veículos com motor flex que tiverem relação de consumo entre etanol hidratado e gasolina superior a 75%. Há ainda pesquisadores que consideram que o etanol pode atingir a paridade com a gasolina no quesito rendimento. Ou até mesmo ultrapassá-la. É possível aumentar a eficiência desse biocombustível de cana com a aplicação de tecnologia, afirma Ramon Molina Valle, professor do Departamento de Engenharia Mecânica da UFMG Universidade Federal de Minas Gerais. “Não estamos aproveitando ao máximo as propriedades do nosso etanol”, enfatiza. Segundo ele, existe a necessidade da realização de algumas pesquisas em relação à elevação da eficiência.
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MERCADO
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Melhoria da eficiência é uma medida estrutural para o setor É fundamental que isto ocorra para que o etanol tenha um papel preponderante na matriz energética A melhoria da eficiência do motor flex visando aumentar o rendimento do etanol é um grande desafio, uma medida estrutural para o setor sucroenergético, afirma Adriano Pires, diretor do CBIE – Centro Brasileiro de Infraestrutura, com sede no Rio de Janeiro, RJ. “Qualquer aumento de percentual no rendimento traria maior competitividade para o etanol”, comenta. Segundo ele, o governo precisa sentar à mesa com a indústria automobilística, com os produtores de etanol e, dentro do Inovar-Auto, colocar para as montadoras a exigência de um investimento maior para a melhoria dos motores flex no Brasil. “É fundamental que isto ocorra se a gente quer que o etanol tenha um papel preponderante na matriz”, ressalta. A elevação da eficiência do motor flex é uma medida direcionada exclusivamente para o setor de etanol. “É possível aumentar o índice de rendimento. É uma questão de investimento, o que não tem ocorrido”, constata. Na opinião dele, sempre faltou vontade política para que isto acontecesse. A própria volta da Cide e o aumento da mistura para 27%, apesar de serem importantes, são medidas muito mais voltadas para atender a Petrobras do que o setor – comenta. “Não sabemos até quando isto vai durar”, observa. O setor tem trabalhado essa questão há algum tempo. Essa pauta tem sido encaminhada à Presidência da República desde maio do ano passado, informa André Rocha, presidente do Fórum Nacional Sucroenergético. Os motores flex tiveram pouca inovação desde 2003 – avalia. Apesar disto, existem algumas situações melhores –
Adriano Pires: qualquer aumento de percentual no rendimento traria maior competitividade ao etanol
constata – do que este número mágico de 70%. “Essa proporção varia de acordo com o motorista, o local onde se dirige. Em testes padrões já temos vários veículos que têm um índice melhor do que 70%”, observa. Segundo ele, o setor está cobrando que o programa Inovar-Auto incentive as empresas a buscarem soluções que melhorem o consumo do etanol para aumentar a eficiência do motor flex. “Seria interessante para o setor e para a sociedade como um todo, ter motor com mais tecnologia, mais eficiente, mais
econômico. O país ganha. O meio ambiente ganha, a saúde pública ganha”, enfatiza. O motor que originou o flex foi o da gasolina, que tem taxa de compressão diferente do motor a etanol, lembra Alexandre Andrade Lima, presidente da Unida – União Nordestina dos Produtores de Cana. “Um dos nossos pleitos junto à Casa Civil é justamente a realização de pesquisas voltadas à evolução do flex, visando a diminuição da diferença entre o rendimento do etanol e da gasolina”, destaca. (RA)
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Maneira de dirigir e modelo do carro melhoram desempenho Torque maior cria condições para melhor aproveitamento do etanol e obtenção de índice de 75% nas estradas
Adriano Pires: qualquer aumento de percentual no rendimento traria maior competitividade ao etanol
A relação de 69% ou 70% de rendimento do etanol em comparação à gasolina, no motor flex, leva em conta os veículos ensaiados no teste padronizado do programa brasileiro de etiquetagem veicular do Inmetro, constata Francisco Nigro, professor da Escola Politécnica da USP – Universidade de São Paulo. Todos os modelos novos precisam ser certificados a partir da realização desses testes. Mas, dependendo da maneira do motorista dirigir e do modelo do carro é possível obter um melhor rendimento com etanol nas rodovias, sem mudanças no motor. “Dá para chegar a 75%”, afirma. Isto ocorre porque o etanol possibilita um torque maior e uma potência maior em relação à gasolina – explica. “Na estrada, o motorista embala na descida e eventualmente não troca de marcha na subida, e obtém uma vantagem adicional. No teste padronizado, não dá para fazer isto”, esclarece. Esse rendimento só pode ser conseguido, no entanto, em modelos que permitem um torque maior com o uso do etanol – ressalta. “Para isto, é preciso ter mais pressão na câmara de combustão. Se a estrutura mecânica do motor não oferece condições para aumentar a pressão na câmara, não é possível conseguir essa vantagem”, afirma. Há vários modelos vindos da Europa, convertidos para flex, que apresentam o mesmo torque tanto para etanol como para gasolina. “É preciso utilizar o modelo certo que tenha torque. Se o carro não tiver essa característica, afunda as válvulas do motor, estoura os parafusos do cabeçote, porque fica no gargalo. E no limite do motor, não há o que fazer”, alerta. (RA)
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MERCADO
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Rendimento do etanol pode igualar ou até superar a performance da gasolina A redução do consumo e a elevação da eficiência do motor flex, quando ocorre o uso de etanol, ainda dependem de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia no Brasil. Com o incentivo do Inovar-Auto devem surgir trabalhos nessa área – avalia Ramon Valle, que é também coordenador do CTM – Centro de Tecnologia da Mobilidade, da UFMG. Segundo ele, esse programa do governo pode desencadear uma série de pesquisas no motor flex. “É possível chegar aos 100% de rendimento da gasolina, porque o etanol tem um calor latente de vaporização bem alto, mais do que o dobro em comparação à gasolina. Essa propriedade não está sendo muito aproveitada. Quando se obtém uma boa evaporação do álcool é possível resfriar bem o motor”, explica.
É possível chegar aos 100%, porque o etanol tem um calor latente de vaporização bem alto, que possibilita um maior resfriamento do motor Resfriando mais o motor, consegue-se trabalhar com taxas maiores de compressão. “E isto leva a reduzir a detonação e a trabalhar numa condição específica para o etanol, o que não é possível com a gasolina” – detalha. Há quem argumente que essa performance pode se tornar ainda mais elevada. “Estudos mostram que é possível, trabalhando bem as propriedades do etanol, atingir a eficiência do diesel, ou seja, muito maior do que a da gasolina. Isto tem que ser comprovado”, diz o professor da UFMG.
A Universidade Federal de Minas Gerais está iniciando em 2015, em parceria com a Fiat e a Bosch, uma pesquisa que tem a finalidade de melhorar o desempenho do etanol. O estudo é voltado à utilização da injeção direta a etanol em um motor monocilíndrico de pesquisa – e não diretamente em um motor flex –, informa Ramon Valle. Os conhecimentos adquiridos neste projeto – financiados pelo BNDES e com duração prevista para dezoito meses – poderão ser utilizados no motor flex, favorecendo inclusive o rendimento do álcool combustível, ressalta. A ideia é gerar um protótipo de pesquisa para futuramente se transformar em um projeto para produção – observa. “Queremos melhorar a eficiência do motor a etanol. Aproveitando as propriedades desse combustível, podemos chegar ao mesmo consumo da gasolina para a mesma potência, o mesmo torque”, comenta. De acordo com ele, isto é possível com mudanças no motor e no gerenciamento
eletrônico, ou seja, na calibração. “Seriam criados, desta forma, novos mapas de injeção”, diz. O Brasil nunca projetou o motor a etanol, que é consequência de uma série de testes realizados a partir do motor a gasolina – afirma –, que não chegou inclusive a ser otimizado. “Tiramos todos os problemas que existiam de corrosão. Mas, não houve um projeto de motor a álcool”, avalia. Para otimizar o motor a álcool é necessário projetá-lo do zero – enfatiza. “Automaticamente, estaria se trabalhando também no flex”, esclarece. A melhoria do rendimento do etanol no motor flex pode ocorrer somente com novas calibrações – observa Ramon Valle. Só com esse procedimento, seria possível ganhar entre 5% a 10%. Segundo ele, algumas tecnologias utilizadas em outros países, como a injeção direta a etanol, pode gerar benefícios tanto para o álcool combustível como para a gasolina. (RA)
Aprimoramento do motor reduz consumo Com o aprimoramento do motor flex para o uso do etanol, sem alterar o padrão mundial nessa área, é possível chegar ao rendimento de 75% nos testes do programa de etiquetagem veicular – avalia Francisco Nigro. “Na estrada, talvez dê para obter um rendimento um pouco mais elevado, entre 78% e 80%, aproveitando o torque maior do etanol”, observa. Para aumentar a eficiência do motor flex para que ocorra maior rendimento quando se utiliza etanol é preciso levar em consideração alguns aspectos. “Primeiramente, a estrutura do motor precisa ser robusta o suficiente para se trabalhar com picos de pressão na câmara de combustão mais elevados para que ocorra melhor aproveitamento do etanol”, exemplifica. Segundo ele, novas tecnologias estão sendo introduzidas no sistema. “Todas as montadoras vão caminhar para a diminuição do tamanho do motor e a utilização de um turbocompressor” – afirma. Com essas inovações, haverá uma redução do consumo de combustível. “Mas, como o etanol aguenta uma taxa maior, esses recursos poderão ser explorados de uma maneira muito melhor. Nesses motores, o etanol poderia ter mais vantagem do que tem hoje”, observa. No curto prazo, se o motor tiver estrutura, é possível fazer um comando de válvulas variável, de tal modo que a taxa de compressão que o motor estiver enxergando, mude efetivamente com álcool e gasolina – explica. “Com isto, é possível criar condições para a taxa de compressão efetiva ficar maior, o que permite também um melhor aproveitamento do etanol”, afirma. (RA)
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Principais do país traçam cenário para 2015 e próximos anos XIII Seminário Tereos Guarani foi realizado no último dia 20 de maio na capital paulista O XIII Seminário Tereos Guarani, realizado no último dia 20 de maio na capital paulista, reuniu alguns dos principais analistas do setor sucroenergético para traçar um cenário sobre o setor neste 2015 e nos próximos anos. O JornalCana esteve no evento e traz os principais destaques apresentados pelos analistas. O economista Alexandre Schwartsman focou o ajuste fiscal em fase de implantação pelo Governo Federal. Segundo o economista, durante 2016 o setor sucroenergético, assim como toda a sociedade brasileira, ainda sentirão o impacto do ajuste fiscal. De positivo, emendou, os resultados desse ajuste virão ainda a partir de 2016. "A atividade econômica deverá começar trajetória de crescimento [já a partir de 2016]", disse. "2015 é um ano de regime insustentável de política econômica para alternativa mais estável. Haverá custos: queda de produto e emprego, que conviverá com inflação mais alta, por conta da correção dos abusos dos últimos anos", resumiu. Em projeção, o diretor da SCA, Martinho Ono, avalia que em 2020 o
Alexandre Schwartsman avaliou o ajuste fiscal em fase de implantação pelo Governo federal
mercado nacional terá condições de consumir 27,8 bilhões de litros de hidratado, praticamente 11 bilhões acima desse etanol a ser processado na safra em vigor. Como dar conta dessa demanda
estimada? Segundo Ono, o Centro-Sul teria de ter à disposição 800 milhões de toneladas de cana no ciclo 2020/21, 160 milhões de toneladas acima da oferta existente hoje. A projeção em alta para o hidratado da SCA
reflete o avanço da presença do hidratado na matriz energética do ciclo Otto. Essa presença foi de 16,5% em 2013, subiu para 17% em 2014 e, conforme o executivo, irá superar os 20% neste ano.
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Setor precisa oferecer 2 bilhões de litros adicionais de hidratado, prevê Caio Para Luiz Carlos Corrêa Carvalho, o Caio, diretor da Canaplan, os produtores terão de garantir neste 2015 uma oferta adicional de 2 bilhões de litros de hidratado por conta da demanda maior do mercado interno, e outros 2 bilhões de litros a serem transferidos pelo Centro-Sul para as regiões Norte e Nordeste, nas quais o consumo do hidratado também avança. Conforme projeções apresentadas no Seminário Tereos Guarani, Caio revela que neste ano, em relação a 2014, o mercado de combustíveis crescerá nos seguintes patamares: etanol anidro (mais 11,4%), etanol hidratado (mais 9,2%) e gasolina C (mais 2,7%). Em sua palestra, Bruno Zanetti, da INTL FCStone, lembrou que o mercado mundial de açúcar entra no quinto ano seguido em superávit. E que em setembro próximo, quando é encerrada oficialmente a safra, o estoque mundial deverá ficar em 81 milhões de toneladas. O consumo mundial de açúcar, conforme ele, segue em alta de 2% ao ano por conta do crescimento vegetativo da população e do consumo maior em países produtores do alimento. Em resposta à pergunta de participante do seminário sobre se a possível abertura de painel na OMC teria impacto imediato nos preços subsidiados de açúcar praticados pela Tailândia e pela Índia, Zanetti foi direto: "A situação diplomática é complicada e essas sanções costumam levar tempo para gerar impacto. No curto prazo, dificilmente essa
Luiz Carlos Corrêa Carvalho
medida terá efeito nos preços. No médio prazo, sim." Em sua palestra, que encerrou o Fórum
Tereos Guarani, Adriano Pires lembrou que naquele dia, 20 de maio, o preço da gasolina vendida no Brasil estava em 8% do preço
vendido no mercado internacional. E que, diante da situação da Petrobras, a estatal não possui mais margem para manter uma defasagem de preços como fez no passado recente, simplesmente porque hoje precisa fazer caixa. Com isso, conforme Pires, o etanol tem oportunidades para crescer no mercado nacional de combustíveis. "Com a crise financeira e institucional da Petrobras, as refinarias projetadas estão sem previsão para conclusão e as refinarias existentes já atingiram o limite do nível de utilização; há a consequente necessidade de ampliação da importação de gasolina, mais cara, para atender a demanda interna, mas esta opção esbarra nos gargalos existentes na infraestrutura portuária e na logística de transporte de derivados no país", lembrou, e finalizou. “O etanol surge como estratégia para amenizar este cenário”. Dias antes, em evento de abertura de safra, Jacyr da Silva Costa Filho, diretor da Divisão Brasil do Grupo Tereos, disse ao JornalCana que estava otimista. “Nós temos a alternativa do etanol, que está sendo motivo, hoje, de atenção por parte do governo. Estamos otimistas com relação a isso”. Costa lembrou que as medidas que foram tomadas pelo governo federal e a mudança do ICMS em Minas fazia com que cressem em uma boa safra: “Até porque o Brasil vai precisar de etanol devido ao crescimento da demanda e fechamento de refinarias.”
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PESQUISA & DESENVOLVIMENTO
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Novo motor pode tornar o etanol tão eficiente quanto o diesel FOTOS: LEANDRO NEGRO/FAPESP
Projeto começa a ser desenvolvido por centro de pesquisa que se dedicará à realização de estudos voltados ao uso de diferentes biocombustíveis R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP
O aprimoramento do motor a etanol poderá abrir um novo mercado para o setor sucroenergético, na cidade e no campo, voltado ao abastecimento de utilitários, máquinas agrícolas, caminhões que transportam cana ou mesmo etanol, entre outros veículos que usam diesel, que apresenta maior eficiência do que o álcool combustível. Essa nova perspectiva na comercialização do produto poderá se tornar realidade a partir do resultado de um estudo conceitual de um motor avançado movido exclusivamente a etanol, que é o primeiro projeto do Centro de Pesquisa em Engenharia Professor Urbano Ernesto Stumpf, lançado em novembro. “Se o projeto for bem-sucedido, ou seja, possibilitar a obtenção de uma eficiência no uso de etanol, próxima ou equivalente ao diesel, haverá a abertura de um nicho de mercado muito interessante para motores puros a etanol”, afirma o coordenador do estudo e do centro de pesquisa, Waldyr Luiz Ribeiro Gallo, que é professor da Faculdade de Engenharia Mecânica da Unicamp – Universidade Estadual de Campinas.
Representantes das instituições participantes do projeto na solenidade de assinatura do contrato
O prazo para o desenvolvimento desse projeto é de quatro anos. Com a finalidade de realizar pesquisas voltadas ao desenvolvimento de motores movidos a biocombustíveis em geral, o centro já conta com uma programação de investimentos de R$ 32 milhões em dez anos, sendo que R$ 8 milhões virão da Fapesp ¬– Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo, R$ 8 milhões da PCBA ¬– Peugeot Citroën do Brasil e aproximadamente R$ 16 milhões das instituições de pesquisa participantes
que são responsáveis pelas despesas operacionais e pagamento de salários. Sediado na Faculdade de Engenharia Mecânica da Unicamp, esse centro de pesquisa conta também com a participação da USP ¬– Universidade de São Paulo, do ITA ¬– Instituto Tecnológico de Aeronáutica e do IMT – Instituto Mauá de Tecnologia. Além do motor avançado movido a etanol, a expectativa é que novos projetos venham a ser apresentados ao centro – observa Waldyr Gallo. Mas, esses estudos
serão desenvolvidos com outro orçamento a partir da participação de outras empresas – esclarece. Os projetos poderão estar voltados a pesquisas com biodiesel, etanol de segunda geração, hidrocarbonetos produzidos a partir de biomassa que é a linha que está sendo usada, por exemplo, para querosene de aviação (bioquerosene) – exemplifica. “A ideia é trabalhar sempre na área de motores com o emprego de biocombustíveis, podendo envolver – ou não – mistura”, diz.
Algumas tecnologias estudadas poderão ser aplicadas no carro flex “Não estamos querendo reviver o carro movido a etanol, porque eu acredito que o veículo flex veio para ficar”, enfatiza Waldyr Gallo, coordenador do Centro de Pesquisa em Engenharia Professor Urbano Ernesto Stumpf.
A utilização de turboalimentação, recirculação de gás queimado, comando de válvula variável será avaliada no motor a etanol Segundo ele, o flex resolveu o problema para o fabricante de automóvel de passeio, que não precisa produzir um veículo com motorização a etanol e outro a gasolina. É interessante para o consumidor que não fica refém do preço de um determinado combustível – comenta. “Para veículos comerciais leves, eu vejo que é possível pensar em um motor dedicado a etanol. Abre um mercado interessante para as usinas”, ressalta.
Waldyr Gallo (centro): existem várias tecnologias para serem trabalhadas no motor a etanol
Waldyr Gallo afirma que existem várias tecnologias para serem trabalhadas no motor a etanol, entre as quais, comando de válvula
variável, turboalimentação, recirculação de gás queimado. Esses recursos tecnológicos nunca foram aplicados num motor dedicado
a etanol. “A pesquisa com motores exclusivamente a álcool parou na época do carburador”, constata. “Existe a possibilidade inclusive de avanços maiores, como diferentes concepções de motores que trabalham com taxa de compressão variável. Essas coisas, de maneira combinada, podem levar a eficiência do motor a etanol parecida com a do diesel, se é que não vai ficar igual”, afirma. De acordo com ele, se o projeto do centro de pesquisa obtiver os resultados que estão sendo esperados, é possível conseguir também até uma paridade do etanol com a gasolina. O estudo poderá também contribuir para a melhoria do desempenho do etanol no carro flex. “O motor a etanol, normalmente, com a tecnologia atual, é mais ou menos tão eficiente quanto a gasolina. A gente quer jogar a eficiência dele muito acima do motor a gasolina para que ainda compense usar etanol mesmo com o seu poder calorífico mais baixo”, diz. Alguns dos conceitos que serão trabalhados no motor a etanol poderão ser usados no flex. “Outros vão ser específicos para motor a etanol”, esclarece.
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PESQUISA & DESENVOLVIMENTO
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Vem aí um novo concorrente para o etanol Trata-se da gasolina renovável, obtida a partir de produto gasoso do combustível fóssil D ELCY MAC CRUZ
Vem aí uma nova ameaça ao etanol: a francesa Global Bioenergies e a alemã Audi anunciam a chegada da gasolina renovável. A novidade foi apresentada em 21/05 durante conferência para a imprensa em Pomacle, vila localizada nas proximidades de Marne, conhecida por sediar polo tecnológico de biocombustíveis e onde está instalado o centro de tecnologia e biorrefinaria ARD. O primeiro lote de gasolina renovável, chamada de isooctane, foi produzida após
pesquisas na planta industrial-piloto Pomacle-Bazancourt, e foi entregue para a empresa química Arkema no comecinho de maio. O produto passa por nova etapa de desenvolvimento. Após passar pela Arkema,
está agora no Instituto Fraunhofer da refina Leuna, perto de Leipzig, na Alemanha, onde a Global implanta usina. Mas o que é isooctane? Trata-se de um aditivo atualmente utilizado para melhorar a qualidade da gasolina e que também poderia
ser usado como um combustível. Conforme a Global, o isooctane é o padrão da qual foi definida a octanagem. Em sua forma pura ia ser rotulado ‘100 sem chumbo’. Além da qualidade do combustível, a tecnologia da Global apresenta a grande vantagem de que o processo de fermentação resulta em um produto gasoso que dispensa a fase líquida por evaporação espontânea. Para Marc Delcourt, CEO da Global, este primeiro lote de gasolina renovável “é um marco histórico.” “É o pontapé inicial de uma nova grande escala e descentralizada da indústria que respeita o meio ambiente e gradualmente substituirá hidrocarbonetos fósseis tradicionais”, disse. Não há informações sobre a chegada da gasolina renovável ao mercado, nem sobre custos de produção.
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PRODUÇÃO
Junho 2015
Safra 2015/16 no Centro-Sul é beneficiada por chuvas de início de ano Risco de florescimento pode prejudicar qualidade da matéria-prima As chuvas que marcaram o início de 2015 asseguraram maior produção vegetal na região Centro-Sul para a safra 2015/16. Segundo estimativa da União da Indústria de cana-de-açúcar (Unica) a região processará 590 milhões de toneladas de cana, aumento de 18,66 milhões de toneladas em relação à safra anterior, que acumulou 571,34 milhões de toneladas processadas.
Chuvas mitigam danos causados pela baixa renovação dos canaviais Antonio de Pádua Rodrigues: redução na renovação
Para Antonio de Pádua Rodrigues, diretor Técnico da Unica, as chuvas possibilitaram maior produção vegetal da cultura, mitigando os prejuízos causados pela baixa renovação dos canaviais. “A retração na renovação dos canaviais no último ano e o consequente envelhecimento da lavoura devem ser mascarados pelo regime hídrico mais adequado ao crescimento da planta
dos canaviais reflete a situação financeira das usinas
observado no início de 2015.” Segundo a Unica, a cana de primeiro corte nesta safra representará apenas 14,5% da área total disponível para colheita. No ciclo 2014/15 este número chegou a 17,6%. “A redução na taxa de renovação dos canaviais reflete a difícil situação financeira observada em parcela
significativa das unidades produtoras e, apesar de ter seu impacto minimizado este ano, deverá promover uma redução na disponibilidade de cana para colheita em algum momento nas próximas safras”, explica Pádua. A estimativa para a quantidade de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) por
tonelada de cana é de 135,00 kg na safra 2015/2016, contra 136,58 kg registrados no período anterior. O clima seco favoreceu a concentração de açúcares pela cultura, comportamento que não será repetido neste ano, o que pressiona a estimativa de qualidade da matériaprima. Segundo a entidade, é possível que haja florescimento neste ciclo, o que reduzirá ainda mais o teor de açúcares na planta. A Unica estima que 58,10% da cana processada seja destinada à produção de etanol, incremento de 1,12% em relação ao ciclo anterior. A produção de açúcar no país deve ficar próxima da safra passada, com total estimado em 31,80 milhões de toneladas, ante as 31,99 milhões de toneladas de 2014/15. A produção total de etanol deve ficar próxima dos 27,28 bilhões de litros, incremento de 4,33% em comparação aos 26,15 bilhões de litros produzidos na safra 2014/2015. Deste somatório, 10,95 bilhões de litros serão de etanol anidro (variação positiva de 1,78% em relação ao ciclo anterior) e 16,33 bilhões de litros de etanol hidratado (aumento de 6,10%). Com o provável fechamento de 10 usinas nesta safra, o Centro-Sul perderá capacidade de moagem de 12,5 milhões de toneladas. Pádua alerta para uma possível redução no processamento da cultura, caso o período chuvoso seja superior à média histórica.
PRODUÇÃO
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Usina Paineiras adia safra para aproveitar a chuva Unidade prevê início da moagem neste junho, com menor oferta devido à estiagem de 2014 A temporada de chuvas serviu como estratégia para a Usina Paineiras, de Itapemirim (ES), e para produtores de canade-açúcar. A unidade, que normalmente começa a safra em abril, desta vez deverá iniciar a moer a partir de junho. Irá aproveitar o tempo chuvoso para que a cana cresça um pouco mais, com o ganho em açúcar, ou Açúcares Totais Renováveis (ATR). A estratégia também é adotada pelos produtores da matéria-prima do etanol de Itapemirim, que também aproveitam as chuvas das últimas semanas para preparar as mudas para as próximas safras. Segundo o Climatempo, há previsão de incidência pluviométrica por pelo menos mais esta semana em Itapemirim e região próxima. Aproveitar os benefícios das chuvas favorece a Paineiras e os produtores, que, assim como em outras regiões canavieiras do país, enfrentaram forte estiagem no ano passado.
“A produção de cana já vinha caindo um pouco a cada ano, devido principalmente às estiagens e ao desestímulo do governo federal para com todo o setor sucroalcooleiro”, diz Antonio Carlos de Freitas, diretor de Negócios da Usina Paineiras. “Neste ano, no entanto, devido à estiagem ter sido ainda mais intensa, vamos moer 300 mil toneladas, ante 780 mil do ano passado.” Pequenos produtores Além de cana própria, a Paineiras conta também com a produção de mais de 500 pequenos produtores ligados à Cooperativa Agrícola dos Fornecedores de Cana (Coafocana). A oferta de matéria-prima, no entanto, será reduzida. “A seca acabou com quase tudo, e não deve haver cana dos cooperados para moagem neste ano. A que havia foi destinada à pecuária, principalmente, porque não tinha condições de ser moída. Os poucos produtores que estão plantando, é para ter mudas para 2016”, afirma o presidente da Coafocana, Gilberto Fernandes. Mais de 90% dos pequenos agricultores ligados à cooperativa produzem apenas canade-açúcar. Apesar disso, nos últimos anos, conforme a entidade, eles têm sido excluídos do acesso a subsídios federais concedidos a produtores de estados vizinhos que passaram por situações de estiagem similares.
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ADMINISTRAÇÃO & LEGISLAÇÃO
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QUE TRABALHO! Negociações Coletivas de 2015 para o setor continuam na pauta de gestores de recursos humanos Da R EDAÇÃO
Sem previsão de resolução, as Negociações Coletivas de 2015 para o setor continuam na pauta de gestores de recursos
humanos (RH), que buscam ferramentas para equilibrar as solicitações dos trabalhadores com a viabilidade das empresas. Cientes que este cenário necessita de contínua articulação para troca de experiências e busca de resoluções, profissionais de RH se encontraram em Sertãozinho (SP), durante o dia 22 de maio, para a 186ª reunião do Grupo de Estudos em Recursos Humanos na Agroindústria (Gerhai). A professora da BI International
Regina Barreto, palestrou sobre a comunicação empática na gestão de conflitos. A docente focou na importância em compreender e solucionar as necessidades de equipes e colaboradores com visão no ser humano, evitando assim o surgimento de entraves e conflitos nas relações de trabalho. Maria Hemília Fonseca, professora e pesquisadora na Universidade de São Paulo (USP) abordou o reflexo das mudanças na atual legislação trabalhista frente às relações capital e trabalho. Segundo
Fonseca, no Brasil a ideia de flexibilização, que pode resultar em redução de direitos, será discutida por um tempo no país, devido à possibilidade de diferentes interpretações. A reunião contou com a participação de 65 pessoas, que puderam relatar experiências em suas usinas e regiões. Em debate, os presentes alertaram que mesmo com o possível aquecimento do setor para esta safra, alguns problemas vividos pela retração econômica da agroindústria canavieira serão sentidos por um longo período.
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ADMINISTRAÇÃO & LEGISLAÇÃO
Discussões sobre negociação coletiva não avançam no estado de São Paulo Segundo José Darciso Rui, diretor executivo do Gerhai, as palestras e os debates facilitam a compreensão sobre cenário nacional. “As discussões sobre Negociação Coletiva não estão avançando no estado de São Paulo, estamos com poucas propostas de negociações no Centro-Sul. Porém este é o momento de reunirmos para entender qual o panorama atual e quais as possíveis resoluções”, explica.
José Darciso Rui: poucas propostas de negociações no Centro-Sul
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ADMINISTRAÇÃO & LEGISLAÇÃO
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D EPO I M ENTOS ENTENDIMENTO SOBRE O SETOR
MESMO CENÁRIO
“O encontro possibilita o entendimento das tomadas de decisões em outras usinas, porque as empresas do setor vivem o mesmo cenário em praticamente qualquer estado. O diálogo facilita a compreensão dos problemas e a comunicação auxilia em suas resoluções”. Paulo Roberto de Oliveira, analista de RH, Bambuí Bioenergia
“Debates como este fortalecem nosso dia a dia no departamento de recursos humanos. As palestras e as discussões facilitam o entendimento sobre as movimentações neste segmento”. Edson Caseiro, gerente de RH, Terracal
FLEXIBILIZAÇÃO NO BRASIL “A ideia de flexibilização no Brasil é a possibilidade de nos momentos de crise as negociações sobre perdas de direitos sejam discutidas. Esta será uma questão para interpretação”. Maria Hemília Fonseca, professora e pesquisadora na Universidade de São Paulo (USP)
FOCAR NA COLABORAÇÃO “Gestores e profissionais precisam perceber que a insatisfação gera conflitos, gerados na maneira como lidamos com estes impasses. Precisamos focar na colaboração, e focar em certas insatisfações que não são atendidas. Com isto chegamos na origem do problema, o que permite identificar as possíveis soluções para todas as partes”. Regina Barreto, professora na BI International
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Pessoal treinado ajuda a combater os efeitos nocivos da crise Falta de iniciativas voltadas à qualificação de funcionários deixa as empresas suscetíveis a instabilidades e turbulências RENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP
O pior da crise é não saber o que fazer com ela e com os seus efeitos. É ficar a reboque dos acontecimentos, como um carro abalroado, danificado e desgovernado que desce ladeira abaixo. No caso de acidente, existe a necessidade de utilizar recursos ainda disponíveis no veículo para frear, usar a marcha certa ou até mesmo acelerar. Para controlar a situação, é preciso ter no volante um motorista habilidoso, bem preparado e treinado. Empresas afetadas pela crise, seja ela setorial ou conjuntural, também necessitam de pessoal capacitado para que ocorra a adoção de medidas adequadas visando a redução de custos, aumento da produtividade, da eficiência operacional e elevação da competitividade. E isto não se faz também sem a qualificação do quadro de funcionários por meio de iniciativas voltadas à reciclagem e capacitação profissional. O desenvolvimento de pessoas faz parte do DNA de algumas unidades e grupos
Treinamento na Destilaria Santa Inês: criatividade no investimento de pessoas
sucroenergéticos que ficam, em decorrência disso, mais resistentes aos efeitos nocivos gerados pela crise. Diversas empresas do setor fazem apenas, no entanto, o mínimo necessário nessa área e, por isso, são mais fortemente
atingidas pelas turbulências e instabilidades – avaliam especialistas em Recursos Humanos. “É importante, neste momento, focar no treinamento. Ao invés de ser óbvio, enxergando essa atividade como custo, as empresas devem,
dentro da sua realidade, se ‘reinventar’ e investir nas pessoas”, opina Nander Vieira Fernandes, assistente pessoal de Recursos Humanos da Destilaria Santa Inês (Grupo Tonielo), de Sertãozinho, SP. Segundo ele, as empresas precisam ter o funcionário do seu lado, bem treinado, para melhorar o processo de produção, minimizar custos e elevar a eficiência. Muitas delas consideram a área de RH, incluindo as atividades de treinamento e desenvolvimento, como um custo – observa. “Na verdade, neste atual momento econômico e político, é necessário investir em treinamento para que a equipe esteja melhor preparada para enfrentar as dificuldades, ou seja, buscar alternativas”, enfatiza. Vital Balboni, CEO da ABS Consultoria, acredita no treinamento quando aplicado a processos maduros de gestão. Mas é cético quando esse processo descasa o teórico do prático. Crê que esse tipo de iniciativa propicia, no máximo, uma ilusão de melhoria. De acordo com Balboni muitas empresas querem manter seu status de boa administradora, mas não conseguem agregar valor efetivo porque lhes falta treinamento e capacitação profissional nos processos de gestão. Não é incomum colocarem teóricos para treinar pessoal experiente. “É importante entender que o que se deve trabalhar no desenvolvimento profissional de cada setor é aquilo que se identifica como imprescindível”, observa. “Por isto o nível de maturidade de cada negócio deve ser levado em conta”.
Criatividade, esforço e parcerias viabilizam diversas ações
Santa Inês desenvolve projetos voltados a adolescentes
“O treinamento é vital, é para sempre. Não se deve parar de treinar. Se a capacitação não acontecer, com o tempo as pessoas vão ficando desmotivadas. O treinamento também ocorre para isto: dar motivação para os funcionários”, ressalta Nander Vieira Fernandes, que é formado em Administração de Recursos Humanos, com MBA em Gestão Estratégica de Pessoas. Mesmo com as dificuldades do momento, a Destilaria Santa Inês tem procurado viabilizar diversas ações voltadas à capacitação e qualificação dos funcionários, revela o assistente de RH que exerce, na prática, um trabalho de coordenação da área. Para isto, não tem faltado esforço e criatividade. “Procuramos adotar medidas, para reduzir o custo, sem deixar de fazer o treinamento”, diz. Uma das alternativas utilizadas é promover cursos de reciclagem, com o aproveitamento do que já foi apresentado anteriormente. Para a realização de curso de aplicação de herbicida, disponibilizado pelo Senar, essa unidade sucroenergética de Sertãozinho fez parceria com o sindicato rural patronal da cidade – exemplifica. Esse tipo de ação possibilita reciclar os funcionários que já fizeram o curso, além de capacitar os novos que iniciaram suas atividades na destilaria. Parceria tem sido uma estratégia adotada pela Santa Inês na área de Recursos Humanos,
A Destilaria Santa Inês desenvolve também algumas ações para a formação de adolescentes, como o Jovem Aprendiz Rural, que ensina adolescentes de 14 a 17 anos a trabalhar com a terra. Neste projeto – coordenado pelas áreas ambiental e de serviço social da destilaria –, Nander Fernandes ministrou inclusive um treinamento, mostrando – a partir de uma dinâmica -, dentre outros conceitos, que é
que está vinculada ao setor administrativo da empresa, comandado pela diretora Cláudia Tonielo. “Buscamos alternativas nas instituições que temos contato, como: Senar, Senai, Sesi. A empresa paga contribuições mensais e, a partir disso, podemos utilizar serviços, que têm custo baixo em relação a outras opções do mercado”, observa Nander Fernandes. No ano passado, a Destilaria Santa Inês realizou atividades em conjunto com o Senai e o Pronatec. “O Senai ofereceu a parte pedagógica e a estrutura. Neste caso, houve uma ampliação dos cursos do Pronatec. Fizemos a indicação dos funcionários para a realização dos cursos”, detalha. Existem treinamentos específicos em que o custo é totalmente assumido pela destilaria. “Os eletricistas precisam fazer o curso da NR-10. De dois em dois anos, tem que fazer a renovação. Além disso, existem diversos treinamentos previstos em outras normas regulamentadoras”, afirma. Outra preocupação está relacionada à formação e aprimoramento da liderança. Em novembro, ocorreu inclusive o workshop “Projeto de lideranças - alinhamento organizacional” em um hotel de Sertãozinho, que contou com a participação de encarregados, líderes, chefes de área. Para 2015, a meta – revela – é fazer uma reciclagem voltada para o desenvolvimento de lideranças.
importante cada um fazer o que gosta na área profissional, procurando aquilo que realmente “arrepia”, sem ficar ligado exclusivamente à questão financeira. Além desse projeto, a destilaria tem uma parceria com o Senai, para a realização do Menor Aprendiz. “A prioridade para participação nessas atividades é dada, inicialmente, para filhos dos funcionários e, depois, para a comunidade”, esclarece.
Nander Fernandes faz dinâmica com adolescentes na Santa Inês: treinamento é vital e para sempre
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Líder deve entender que não trabalha somente com máquinas “Quem tem aquela postura antiga e retrógrada de chefe, precisa enxergar que deve ter a visão de parceria com o funcionário. O desenvolvimento do trabalho, de maneira bem-sucedida, só ocorre se o líder conseguir colocar o funcionário do lado da empresa”, comenta Nander Fernandes. De acordo com ele, durante o evento da Santa Inês para líderes no ano passado, houve inclusive a abordagem de temas, como: o conceito de liderança, a necessidade de respeito nas relações de trabalho com os “subordinados”. “O encarregado agrícola ou de oficina mecânica não trabalha exclusivamente com máquinas que somente conseguem se movimentar e produzir com o trabalho de pessoas, que têm sentimentos, frustrações, problemas, desmotivações. Essas pessoas precisam ser bem treinadas e acompanhadas em suas atividades”, afirma. Segundo ele, existem profissionais que possuem liderança nata. Para outras pessoas, há necessidade de desenvolver e trabalhar a questão da liderança. “A ideia é aprimorar também a formação de quem já tem esse espírito de liderança”, diz. Para Nander Fernandes, não adianta ser apenas negativo e pessimista neste difícil momento econômico e político que afeta o país. “Nós, profissionais da área de Recursos Humanos, sentimos muito na pele as consequências dessa situação, porque temos o contato direto, o olho no olho com o funcionário, e a gente vê que as dificuldades atingem também as famílias. Fazemos como
Em Recursos Humanos, responsáveis pela área têm que orientar funcionários e, ao mesmo tempo, estar do lado do empresário
empresa e, como parte dela na área de RH, o que é possível fazer”, observa. Uma das iniciativas é incentivar o funcionário a realizar cursos, como os da Etec (Escola Técnica Estadual), que são
gratuitos. “Se a pessoa é auxiliar e faz um curso de mecânico, pode conseguir, com o tempo, uma nova oportunidade na empresa. A área de Recursos Humanos tem o papel de orientar e, ao mesmo tempo, estar do lado do
Processo adequado a cenário e ciclo transforma treinamento em diferencial competitivo
empresário”, afirma. Consultor de excelência operacional em processos, Vital Balboni acredita que para manter a boa imagem, empresas devem aplicar processos maduros de gestão.
Indústrias do setor recrutam talentos em outros segmentos
I SAC ALTENHOFEN, DE VALINHOS, SP
De acordo com Vital Balboni, CEO da ABS Consultoria, tanto o processo agrícola como o industrial precisam ser administrados por meio de fases que ditem o ritmo produtivo do negócio, uma vez que a eficiência de qualquer setor é determinada quando os processos são eficazes. A atuação da consultoria passa a se concentrar nas atividades externas orientando melhores rotinas no campo. O consultor entende que a rotina da chamada média chefia foi se transformando com o tempo em cargas burocráticas e ações reativas que desvirtuaram o foco do gestor para uma atuação deficiente. Tanto para o cultivo quanto para a colheita, como nos processos industriais de uma usina, o que tem dado resultado é a aplicação de rotinas que façam as atividades de valor serem maiores que as do processo inerente. A sugestão é que essa rotina não seja pensada a partir do dia que se inicia, mas por aquilo que se deve entregar no dia seguinte. Para resolver a questão de modo prático Vital propõe que antes de se definir treinamentos, as empresas se preocupem em
Vital Balboni: rotina não deve ser pensada para o dia vigente, mas para o seguinte
terem seus processos adequados aos cenários e ciclos de seu negócio, permitindo que os treinamentos possam ser, de fato, o diferencial competitivo. Os negócios diferem entre si mesmo se estiverem inseridos no mesmo setor ou região. Há variações que devem ser consideradas à parte em uma análise comparativa, observa Vital Balboni.
No Sudeste – onde se concentra a maior produção sucroenergética do país — há maior concentração de força no seu próprio desenvolvimento. Assim, tanto fornecedores quanto parceiros ganham competitividade em torno do ambiente econômico, o que fortalece a cadeia produtiva. Não é de se admirar, portanto, que o Sudeste tenha maior vantagem estratégica, conclui Balboni.
Com a crise no setor sucroenergético e a queda significativa na aquisição de equipamentos por parte de usinas e destilarias, a indústria de base de Sertãozinho tem atuado junto a outros segmentos, como o naval e, até mesmo, aproveitando o mercado proveniente do présal – exemplifica Nander Fernandes. Mas, para buscar outros mercados, é preciso contar com pessoal preparado, que tenha esse tipo de visão – destaca ele, que é também integrante do Comitê Técnico de Recursos Humanos do Ceise Br – Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis. Um dos focos desse comitê é a formação, qualificação e requalificação da cadeia produtiva sucroenergética, “É composto por consultores de RH e profissionais das indústrias e usinas de Sertãozinho e região, que vivem na ‘pele’ o dia a dia e discutem os problemas enfrentados na área, fornecendo sugestões para o Ceise Br, que divulga essas alternativas para empresas filiadas à entidade. Há a realização de workshops e seminários que abordam assuntos na área trabalhista, como as mudanças na ´lei dos motoristas”, informa.
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TECNOLOGIA AGRÍCOLA
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Setor precisa dar novo passo em agricultura de precisão WELLINGTON B ERNARDES, DE
R IBEIRÃO PRETO, SP
A inserção de tecnologias que auxiliem na condução da produção permite a coleta de diferentes dados do ambiente agrícola, facilitando a compreensão das reais necessidades da cultura. Dependentes da condução dos canaviais para obter a melhor qualidade da cana-de-açúcar, equipes agrícolas têm utilizado diferentes ferramentas para entendimento holístico do ambiente agrícola e otimização dos inúmeros manejos no campo. O uso da agricultura de precisão (AP) tem permitido que o setor canavieiro produza cana-de-açúcar com otimização dos recursos disponíveis e redução de custos, estratégia essencial não somente pelo momento delicado da atividade, como também para reforçar o viés sustentável da produção sucroenergética. Conforme explica Carlos Barros, coordenador nacional do Grupo das Áreas de Tecnologia das Usinas de Açúcar, Etanol e Energia (Gatua), a otimização de dados e manejos através destas tecnologias responde em números positivos para a agricultura. “O uso da tecnologia da informação permite ações mais eficientes no campo, possibilitando a
redução de até 20% dos custos agrícolas, com ganhos de até 25% na produtividade”. Com necessidade de adoção de máquinas e equipamentos que viabilizassem a colheita mecanizada da cultura, a agricultura de precisão avançou nestes últimos três anos. Porém, Alexandre Marques, gerente para o setor de agronegócio na Imagem, alerta sobre necessidade de aprimorar a gestão de dados, integrando variáveis do ambiente produtivo para alavancar a produção. “O setor precisa dar um novo passo na área de agricultura de precisão. É preciso incluir a gestão da variabilidade do ambiente, através da integração de dados. Esta compreensão mais detalhada permitirá ganhos em produtividade”, afirma. Segundo especialistas, o capital necessário para implantação de novos sistemas não é o principal freio desta atualização tecnológica. A barreira cultural a ser vencida é grande, um problema endógeno na agricultura nacional. “Existem excelentes soluções de tecnologia agrícola no setor de agricultura de precisão, porém a aceitação por estas ferramentas que substituem o papel e a caderneta ainda causam desconfiança”, observa Barros.
Alexandre Marques, gerente para o setor de agronegócio na Imagem
TECNOLOGIA AGRÍCOLA
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Precisão além da mecanização é mais do que rima barata, é solução A adoção da agricultura de precisão está em ritmo inferior ao previsto no país e a agroindústria canavieira acompanha este padrão. O uso de tecnologias nos canaviais enfrenta barreiras culturais e entraves econômicos para avançar. Preocupados com este cenário, empresas e entidades do segmento trabalham para que a agricultura de precisão não fique estagnada no setor. Com amplo uso de máquinas agrícolas para realização de manejos agrícolas, incluindo a colheita, o setor trabalha com a coleta de dados para aplicação localizada de
fertilizantes ou a identificação de áreas atingidas por deficiências nutricionais. Especialistas reconhecem o elevado nível tecnológico da produção da cana-de-açúcar, porém ressaltam que há um potencial a ser aproveitado através de uma gestão integrada de diferentes dados do ambiente produtivo. “No Brasil ainda predomina a adoção de tecnologias de pronto uso, como pilotos automáticos, barra de luz, GPS, telemetria de máquinas e implementos para aplicação de fertilizantes e defensivos”, afirma Alexandre Marques, gerente para o setor de agronegócio
na Imagem. Para o coordenador nacional do Grupo das Áreas de Tecnologia das Usinas de Açúcar, Etanol e Energia (Gatua), Carlos Barros, as vantagens de tecnologias que integrem diferentes variáveis não têm atraído muitos produtores e grupos no país. “Mesmo com os benefícios da AP na produção, vemos que seu uso é baixo. Na atividade canavieira o uso de máquina para colheita e análises agrícolas já faz parte do manejo, mas há muito a crescer em tecnologia em nossos campos”, observa.
O especialista Gustavo de Azevedo Valentini explica que somente com o entendimento da utilização destas ferramentas e de seus benefícios para o orçamento da propriedade é possível vencer entraves culturais e financeiros. “Percebemos que o custo é um breque na aquisição destas ferramentas. Produtores preferem continuar com os mesmos métodos de gestão da área agrícola para evitar maiores gastos. Nosso trabalho é mostrar que este investimento inicial resultará em menores custos de produção ao final da colheita”. (WB)
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TECNOLOGIA AGRÍCOLA
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De olho em usinas, empresas de tecnologia seguem apostando em inovações Enquanto o cenário para adoção de novas tecnologias de agricultura de precisão no país é lento, a produção de ferramentas e máquinas para contínua elevação da produção agrícola não para de apresentar novidades. Cientes de que a tecnologia no campo fortalece a sustentabilidade da produção agrícola, empresas trabalham para otimizar o uso de recursos naturais e diminuir os custos produtivos. Líder em soluções de inteligência geográfica, a Imagem trabalha para que a tecnologia seja enraizada ao campo. Com soluções para coletas de dados com uso de smartphones e integração de diferentes dados da produção, a empresa trabalha para gerar o máximo de informações sobre a produção, facilitando a tomada de decisão e colaborando para um manejo mais eficiente. A empresa utiliza a Plataforma ArcGIS, da Esri, para construção e apresentação destes dados. “Com esta tecnologia, nossos clientes possuem aplicações personalizadas e de rápida implantação, podendo visualizar em um mapa cada talhão do ambiente agrícola. Inserimos informações relevantes, como: histórico de safras, dados de declividade, tipos de solo e diversas outras que o cliente desejar, oriundas de um sistema de ERP agrícola. Assim o cliente pode ter um mapa inteligente, repleto de informações”, explica Alexandre Marques, gerente para o setor de agronegócio. Com forte presença no segmento de radiocomunicação, o Grupo Avanzi investe na agricultura de precisão para o gerenciamento da produção agrícola. Braço do grupo, Átimo Solutions oferta ao setor o DVR Veicular. O aparelho permite ao usuário gerenciar e monitorar através de imagens, frotas de caminhões, colhedoras e qualquer veículo. Para Alexandre Avanzi gerente administrativo da Átimo, esta é uma demanda crescente no setor. “Há uma tendência em gerenciar e acompanhar os segmentos produtivos. A visualização em tempo real das frotas permite a verificação dos motivos de possíveis falhas durante a
Gustavo de Azevedo Valentini, diretor da Terracafé Agroconsult
colheita, além de assegurar que todas as informações, como rotas e velocidade, atendem os procedimentos adotados pela usina”, explica. Para Gustavo de Azevedo Valentini, diretor da Terra Café Agroconsult, a elevada extensão espacial de cultivo da cana-deaçúcar justifica a implantação da agricultura de precisão, com projetos de coleta de amostra de solo e folhas georreferenciadas,
elaboração de mapas de produtividade, fertilidade e compactação. A empresa assegura à equipe agrícola maior entendimento do andamento do canavial. “A produção agrícola chegou a um patamar que o mínimo pode fazer a diferença. Precisamos investir em tecnologias que possibilitem saltos produtivos nos canaviais do país”, explica. A baixa demanda por estas tecnologias,
provocadas pelo momento de insegurança da economia do setor, não afeta os investimentos destas empresas em novas ferramentas e serviços que otimizem a compreensão do ambiente agrícola. As empresas são unânimes em enfatizar que estes investimentos vão voltar, seja pela necessidade de otimizar seus recursos ou pela visão de incrementar a produtividade sem expandir em área. (WB)
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TECNOLOGIA AGRÍCOLA
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Novos estudos recomendam aplicação de zinco em dobro Experimentos indicam que carência atinge diversas regiões
Quantidade deve ser utilizada para áreas de cana com teores disponíveis de Zn abaixo de 0,5 mg dm-3 R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP
Zinco (Zn) na medida certa faz muito bem para a saúde dos canaviais. A dose de máxima eficiência econômica desse micronutriente deve ser de dez quilos por hectare, para áreas de cana no estado de São Paulo, com teores disponíveis de Zn abaixo de 0,5 mg dm-3. Essa quantidade equivale ao dobro da dose que era recomendada pelo IAC – Instituto Agronômico de Campinas, vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, que tem realizado pesquisas com zinco e outros micronutrientes (boro, cobre, manganês, molibdênio) utilizados em cana-de-açúcar. Além de elevar a produção da cana planta, a aplicação de zinco em dobro proporciona efeito residual e aumenta a produtividade também em pelo menos duas soqueiras subsequentes, afirma Estêvão Vicari Mellis, que coordena os estudos sobre micronutrientes, juntamente com o pesquisador José Antonio Quaggio “O aumento da produtividade com a
Estêvão Vicari Mellis: produtividade maior em pelo menos duas soqueiras subsequentes
aplicação dessa dose depende de vários fatores, como mineralogia do solo, ambiente, condições edafoclimáticas, variedade plantada, entre outros”, comenta Estêvão Mellis, que é pesquisador científico do Centro de Solos e Recursos Ambientais do IAC. Segundo ele, nos experimentos conduzidos pelo Instituto Agronômico o ganho médio foi de trinta toneladas por hectare em três safras de cana, ou seja, dez toneladas por hectare por safra. A aplicação de zinco e outros
micronutrientes não deve ser considerada, no entanto, a salvação das lavouras – observa. O efeito do uso desses nutrientes só será positivo se a adubação com nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio e magnésio for feita corretamente. “É preciso estar atento a todos os tratos culturais para que a cana não sofra ataque de pragas e doenças. Para que a aplicação de zinco seja um sucesso, é necessário fazer o manejo da cana-de-açúcar adequadamente, desde o preparo do solo até a colheita”, afirma.
Apesar de ser difícil quantificar com precisão a carência de zinco nos canaviais, resultados de pesquisas indicam que muitas lavouras podem estar carentes desse micronutriente – observa Estêvão Vicari Mellis. De acordo com ele, os solos arenosos de baixa fertilidade, normalmente apresentam baixos teores de zinco. Mas, a deficiência de Zn pode acontecer também em solos argilosos, de fertilidade mais alta, localizados em regiões tradicionais de cultivo de cana. “A adubação com micronutrientes, entre os quais o zinco, não é muito praticada, ou seja, não se tem a reposição do que é exportado pela cultura”, afirma. Com o cultivo intensivo por muitos anos, a quantidade de micronutrientes no solo vai se exaurindo, e, consequentemente, pode haver a carência desses nutrientes, explica. O programa do IAC já conduziu aproximadamente vinte experimentos com micronutrientes em cana, constatando que em todas as regiões do estado de São Paulo há solos com baixos teores de Zn. “A falta de zinco pode ocorrer também em outras regiões do Brasil, principalmente nas áreas de expansão no cerrado, Centro Oeste e Triângulo Mineiro, onde predominam solos arenosos e ácidos”, diz. (RA)
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Uso de Zinco em áreas de cana deve ser baseado na análise do solo Para a aplicação, que é feita no sulco de plantio, a recomendação é utilizar 60% desse micronutriente na forma de sulfato O melhor caminho para o produtor verificar se há ou não necessidade de se aplicar micronutrientes é fazer a análise do solo. Mas, isto nem sempre acontece. “São poucas as unidades produtoras de cana que fazem a análise de micronutrientes nos solos. Essa situação precisa mudar para tornar o agronegócio cana mais sustentável”, alerta Estêvão Mellis. Baseando-se nos resultados das pesquisas do IAC, ele observa que a melhor opção para fornecer a dose de Zn necessária, para as áreas de cana, é por meio do sulfato de zinco, que apresentou os maiores ganhos de produtividade na cana planta nos experimentos realizados. Em solos mais argilosos o óxido de zinco também pode ser uma alternativa viável. “Apesar dessa fonte proporcionar ganhos de produtividade ligeiramente inferiores ao sulfato na cana planta, o efeito residual nas soqueiras é semelhante”, comenta. A recomendação, portanto, é a aplicação de dez quilos de Zn por hectare no sulco de plantio, utilizando preferencialmente 60% na forma de sulfato, que pode ser aplicado junto com o tratamento fitossanitário diluído no tanque de aplicação e 40% na forma de óxido, que pode ser fornecido junto a fórmula NPK – ressalta. Outra alternativa é a utilização de oxi-sulfato. O IAC tem também desenvolvido estudos em parceria com empresas privadas para viabilizar a aplicação da dose recomendada. O resultado desse trabalho rendeu o prêmio
Top Etanol 2014 em inovação tecnológica – iniciativa do Projeto Agora – à equipe coordenada pelos pesquisadores Estêvão Vicari Mellis e José Antonio Quaggio. “Em relação ao efeito da aplicação em soqueiras, atualmente não existem trabalhos científicos que comprovem a eficiência da técnica. A melhor forma de se fornecer Zn para todo o ciclo da cana é a aplicação de doses mais altas no sulco de plantio”, esclarece Mellis. Para solos com teores médios de zinco, com disponibilidade entre 0,6 e 1,0 mg dm-3, deve ser feita uma adubação de reposição, utilizando a dose de cinco quilos por hectare desse micronutriente no sulco de plantio, principalmente se a área plantada exigir a prática da calagem – orienta. O aumento do pH do solo diminui a disponibilidade de Zn. (RA)
Benefícios incluem maior tolerância à seca Além de elevar a produtividade, a aplicação de zinco pode aumentar o perfilhamento, o enraizamento, e por consequência disso, proporcionar uma maior resistência à seca e a diminuição da incidência da ferrugem na cana – informa Estêvão Mellis. O excesso de zinco, como de qualquer nutriente, pode prejudicar o desenvolvimento e a produção da cana – afirma. Por isso, a aplicação deve ser feita baseada na análise de solo. O produtor deve fazer também o monitoramento das condições nutricionais das lavouras por meio da diagnose foliar – recomenda. (RA)
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TECNOLOGIA AGRÍCOLA
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Ubyfol comemora 30 anos de sucesso no cenário agrícola brasileiro Com a intensificação do processo de produção, as reservas do solo estão se esgotando, pelo fato dos nutrientes ali presentes não serem corretamente repostos no sistema de produção, colheita após colheita, trazendo para a lavoura a necessidade da complementacao nutricional. Segundo Bruno Rosseti Sardinha, gerente técnico nacional, na cultura da cana o fator deficiência nutricional é um dos maiores gargalos para a retomada das produtividades dos canaviais. Esse fato pode ser constatado através dos incrementos obtidos com os tratamentos nutricionais da Ubyfol, onde em trabalhos realizados em todo o Brasil, são constatados incremento de 8 a 15% para TCH. A Ubyfol é detentora de tecnologia exclusiva em nutrição complementar na canade-açúcar, e há 30 anos vem aperfeiçoando seu programa nutricional junto a importantes unidades produtoras e fornecedores de cana. Israel Lyra, gerente comercial, responsável pelas operações da Ubyfol no estado de Sao Paulo, ressalta que a retomada da
Empresa está finalizando maior e moderno parque industrial para produção de fertilizantes especiais da América Latina
lucratividade do setor passa por uma revolução na lavoura. “É preciso encarar que existe um alto potencial genético a ser explorado nos canaviais e a utilização da nutrição complementar é indispensável nesta corrida.” Lyra ressalta ainda que a viabilidade da ferramenta pode ser constatada em números, onde a margem de contribuição para o investimento no universo agrícola é da ordem
de R$ 4,00 para cada R$ 1,00 investido e pode chegar a R$ 14,00 no universo agroindustrial, em um curto período de recuperação do capital, pois na maioria dos casos, os canaviais são tratados entre 6 e 8 meses após o corte. Tantos benefícios promovidos pelos programas nutricionais Ubyfol, fizeram dela a mais real e segura ferramenta para o incremento da lucratividade e produtividade.
Para atender à crescente demanda que vem sendo gerada, a empresa está finalizando o maior e mais moderno parque industrial para produção de fertilizantes especiais da América Latina, com capacidade para mais de 100 mil t/ano de produto acabado. A fábrica também contará com os mais modernos e exclusivos equipamentos produtivos, garantindo assim seu posto de excelência em nutrição vegetal.
TECNOLOGIA AGRÍCOLA
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Estudo revela estados onde deve ocorrer maior florescimento D ELCY MAC CRUZ
Levantamento da consultoria Canaplan revela quais estados canavieiros são vítimas potenciais do florescimento na safra 2015/16. Estudo foi apresentado durante o Seminário Tereos Guarani, em São Paulo. Segundo maior produtor de cana-de-açúcar depois do estado de São Paulo, Goiás lidera a lista negra do florescimento. É o estado canavieiro com maior possibilidade de ser afetado pela florescência nesta safra 2015/16. Na safra 14/15, Goiás processou 66,8 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, conforme o Sindicato da Indústria de Fabricação de Etanol do Estado de Goiás (Sifaeg). Em segundo lugar, no ranking de risco, está Minas Gerais, no qual as chances de florescimento vão de 75% a até 95% em parte dos canaviais. Já no estado de São Paulo, segundo a Canaplan, os riscos de florescimento vão de 75% a 85%. O florescimento gera perdas de peso final da produção em toneladas e também resulta na perda quanto ao açúcar, em quilo de ATR/tonelada, uma vez que parte do açúcar
armazenado é consumido desde o início do desenvolvimento até a emissão das panículas (formação de flores). Segundo Luiz Carlos Corrêa Carvalho, diretor da Canaplan, o florescimento integra a lista de visões negativas para a safra 15/16, junto com a possibilidade de ocorrência do El Niño e da queda de produtividade da ATR por hectare.
No ciclo 14/15, Carvalho, conhecido como Caio, lembra que cinco das principais variedades de cana cultivadas tiveram 38% de chances de serem afetadas pelo florescimento. Dessa lista de variedades, a SP81-3250 é que teve mais possibilidades de contrair o problema, com 15% de chances.
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USINAS
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Cana faz lucro da Adecoagro avançar 15,6% Companhia tem canaviais próprios para 95% de suas operações A Adecoagro, uma das principais cooperativas agrícolas da América do Sul, controlada pelo megainvestidor George Soros, informa que teve no primeiro trimestre do ano, um lucro líquido de US$ 109,2 milhões, um aumento de 15,6% sobre os US$ 94,5 milhões do mesmo período do ano passado. Produtora de commodities como algodão, café e açúcar, a companhia credita ao setor sucroenergético a explicação para o salto de seus lucros líquidos entre janeiro e março últimos, ante igual período de 2014. No primeiro trimestre, a Adecoagro computou US$ 17,9 milhões relativos a negócios com açúcar, etanol e energia elétrica, alta de 370,4% sobre os US$ 3,8 milhões registrados no mesmo período do ano passado. Na atual safra, 2015/16, a Adecoagro processa cana-de-açúcar cultivada em 126,9 mil hectares, área 20,9% superior aos 104,9 mil hectares cultivados no ciclo anterior. Explicações Em videoconferência, o CEO da Adecoagro, Mariano Bosch, explica porque o setor sucroenergético ajudou a companhia a registrar salto positivo, apesar das turbulências econômicas internacionais. “Em
Adecoagro: produção está, literalmente, a todo vapor
nosso negócio de açúcar, etanol e energia, tivemos um bom começo de colheita, embora o primeiro trimestre não seja relevante em termos de ganhos”, disse. “Eu gostaria de destacar alguns pontos que demonstram a consolidação de nossas operações e as perspectivas para o ano: nossas plantações de cana estão em muito boas condições, todas as melhorias refletem os investimentos em nossas operações agrícolas, que começam a se transformar em maior produtividade”. Segue Bosch: “apesar do ciclo de baixa das
commodities, que estamos atravessando, continuamos gerando margens positivas. Este é o resultado de nosso competitivo fator de custo, conduzido pelo fato de termos algodão de excelente qualidade para a indústria, com remuneração muito competitiva, e porque processamos 95% da cana em nossas unidades, com alta produtividade”. Além disso, gostaria de destacar que nossas equipes comerciais e financeiras foram capazes de desenvolver estratégias de ajuste eficientes que contribuíram para aumentar
Ipiranga e Iacanga registram lucro líquido no ciclo 2014/15 O grupo Usina Ipiranga de Açúcar e Álcool, que controla duas usinas de açúcar e etanol no Estado de São Paulo, informou que teve no exercício encerrado em 31 de março (safra 2014/15) um lucro líquido de R$ 68,9 milhões, praticamente estável frente aos R$ 68,6 milhões do exercício anterior. Em divulgação do resultado no dia 18 de maio no Diário Oficial Empresarial de São Paulo, a empresa informou uma receita líquida de R$ 658,4 milhões, 10,4% acima do realizado no exercício anterior, e um lucro bruto 1,34% maior, de R$ 151,6 milhões. A dívida bancária da empresa cresceu 22% em 2014/15, para R$ 549,719 milhões, ante os R$ 451,2 milhões de 2013/14. A dívida líquida em 31 de março estava em R$ 360,1 milhões; acima dos R$ 332,7 milhões de 2013/14. Na temporada 2014/15, sobre a qual se refere o balanço, as duas usinas processaram 3 milhões de toneladas de cana-de-açúcar — a unidade Descalvado processou 1,5 milhão e a Mococa, 1,5 milhão. Também pertencente ao grupo, mas com balanço independente, a Usina Iacanga, também divulgou seus resultados referentes à safra 2014/15. Com sede no município paulista de Iacanga (SP), a unidade teve no exercício, lucro líquido de R$ 45,3 milhões. O montante é 28,5% maior que os R$ 35,5 milhões de lucro obtidos em 2013/14.
Usina Ipiranga
nossos preços e rentabilidade”, emenda. “Alguns exemplos são a estratégia de transporte de etanol no ano passado e hedge de US$ 0,157 por tonelada de açúcar. Em resumo, embora estejamos no início da colheita 2015-2016 e ainda existam muitos desafios e riscos à frente, estamos bem posicionados para obter um ótimo ano”. “Estamos colhendo bons rendimentos em nossas principais culturas, e isto ajuda a compensar o menor ciclo de commodities que estamos vivenciando”, finaliza.
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TECNOLOGIA INDUSTRIAL
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Zanini Renk e Odebrecht Agroindustrial viabilizam a cogeração de energia para o mercado brasileiro A Zanini Renk, desde 1976, é líder absoluta no fornecimento de turborredutores. Os turborredutores são instalados nas casas de força de indústrias com a finalidade de auxiliar no processo de cogeração. O grande diferencial dos turborredutores Zanini Renk é a tecnologia dos seus projetos, devidamente dimensionados por engenheiros treinados na Alemanha para assegurar a disponibilidade operacional e a segurança que este tipo de acionamento requer. A Zanini Renk é a única empresa brasileira fornecedora de turborredutores fabricados dentro dos mais elevados conceitos de precisão de acordo com normas API, DIN E AGMA. Recentemente a empresa realizou a venda de sete turborredutores com capacidade de gerar até 60 MW de potência por unidade para a Odebrecht Agroindustrial. Rogério Carlos Perdoná, diretor da área de tecnologia, geração de energia elétrica e automação da Odebrecht, explica que a empresa busca em suas parcerias tecnologia e confiabilidade, por isso optaram pelos equipamentos da Zanini Renk. Dentre esses redutores, a Zanini Renk deverá instalar sua mais nova
tecnologia – TurboMax – que possui excelente performance operacional e alta capacidade de absorver altos torques de curto circuito, e protege o conjunto turbina, redutor e gerador contra possíveis vibrações ressonantes do sistema devido a baixa rigidez torsional do conjunto mecânico. De acordo com o responsável pela venda, Marcos Martins, os turborredutores Zanini Renk são os preferidos das principais cogeradoras de energia porque possuem baixa manutenção e baixos níveis de vibração. Além disso, a disponibilidade operacional do processo de cogeração é cada vez maior devido aos onerosos contratos de venda de energia, exigindo equipamentos de alta confiabilidade. De acordo com Mauro Cardoso, presidente da Zanini Renk, os projetos dos turborredutores Zanini Renk são consagrados e altamente confiáveis. Desde 1976, a empresa já forneceu mais de 1.080 turborredutores com diferentes capacidades, operando nas mais diversas plantas termoelétricas da América Latina. Para os nossos clientes é a garantia de confiabilidade operacional em seus processos de cogeração, afirma Cardoso.
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TECNOLOGIA INDUSTRIAL
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Novo desafio de usinas é fabricar VHP com menos pó Medida tem a finalidade de afastar risco de explosão e evitar a contaminação da água nas regiões dos portos R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP
O setor sucroenergético brasileiro tem se preocupado cada vez mais, com a fabricação de um açúcar de qualidade, visando a comercialização de um produto com maior valor agregado. A adoção de medidas voltadas à elevação da eficiência em diferentes etapas do processo, principalmente na cristalização e cozimento, está se tornando também prioridade na fabricação de VHP. Existe hoje uma tendência de se produzir este tipo de açúcar, que é transportado a granel, com muito menos pó. O desafio das usinas é atender as exigências de uma nova norma, que está sendo discutida por representantes dos setores sucroenergético e portuário, entre outros, para a redução da quantidade de pó no produto, observa o engenheiro Francisco Lupo Filho, supervisor de produção de açúcar, álcool e utilidades da Usina Branco Peres, de Adamantina, SP. Há dois motivos para mudanças das exigências na granulometria do açúcar. Um deles é minimizar o risco de explosão por causa da quantidade do pó gerado pelo produto. O outro está relacionado à questão ambiental, ou seja, a diminuição da quantidade dessas partículas para evitar a contaminação da água nas regiões dos portos. A discussão e definição de novas medidas estão aumentando a preocupação das unidades sucroenergéticas para a obtenção de um açúcar de melhor qualidade, mesmo que seja o VHP – enfatiza Francisco Lupo. O desafio é fabricar um produto mais uniforme, ou seja, com menos açúcar fino e menor quantidade de pó – esclarece. “A nova exigência leva as unidades produtoras de açúcar a terem uma operação de cristalização e de cozimento muito mais profissional”, comenta. Diversas usinas estão avaliando o seu processo de produção, para que o produto não deixe de atender as especificações, o que poderá inclusive – em casos mais extremos – impedir o seu descarregamento no porto. Apesar de exigir uma produção mais criteriosa em todos os processos, existe uma maior dificuldade para a obtenção de açúcar com menos pó no sistema de cozimento contínuo
Unidades trabalham para obter açúcar de melhor qualidade, mesmo que seja o VHP
em relação ao tacho em batelada – avalia Francisco Lupo. Para o vácuo contínuo, a obtenção de determinados resultados é mais complicada devido à dificuldade em corrigir falhas do magma no cozedor. Mas, se a equipe produzir um magma de qualidade não haverá problemas – observa o supervisor de produção da Branco Peres que implantou o cozimento contínuo desde o início das atividades da fábrica de açúcar da usina em 2002. Essa unidade sucroenergética de Adamantina, SP – que produz 75 mil toneladas de VHP por safra –, é inclusive uma das pioneiras no país no uso desse sistema na massa A – informa. De acordo com ele, ainda existem poucas usinas que usam o cozimento contínuo neste tipo de massa. A tecnologia é mais empregada para a produção das massas B e C.
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Sucesso do cozimento contínuo depende de magma de qualidade A Branco Peres sempre se empenhou em fabricar um açúcar de qualidade. No cozimento contínuo, é necessário inclusive fazer um bom magma. “O cuidado no processo tem que ser maior”, afirma Francisco Lupo. “No tacho em batelada, é possível dar uma lavada no magma, que dissolve os cristais finos e as pontas de cristais. No sistema contínuo, se for usado um magma que não seja de boa qualidade, com cristal fino, não há condição de fazer um ajuste, uma lavagem.”, compara. E é a partir desse magma que vai ser produzido o açúcar. Para evitar que ocorram problemas no atendimento das novas exigências do sistema portuário, a Branco Peres está adotando uma série de medidas para assegurar a produção do VHP com menor quantidade de pó. “Estamos avaliando o processo e os equipamentos para saber quais ajustes operacionais poderão ser necessários”, revela. É preciso ter também um pessoal bem treinado – observa. “Vamos saber somente no final da safra se conseguiremos atender a granulometria conforme a exigência da norma – que ainda não está em vigor. No primeiro mês de produção em 2015 não percebemos nenhum problema. Estamos conseguindo um cv – coeficiente de variação aceitável”, comenta. Segundo ele, diversos fatores acabam interferindo na geração de pó. “O tempo mais úmido cria dificuldade para o
Cozedor contínuo da Branco Peres: usina avalia interferência dos equipamentos periféricos na formação de cristais
desprendimento do pó na hora da descarga”, exemplifica. O pó pode entrar no magma ou também ser formado no cozimento por alguma operação errada no tacho – explica. A usina está atualmente avaliando os
equipamentos periféricos, como: bombas de massa, bombas de magma, centrífugas contínuas para verificar a interferência deles na qualidade do açúcar. “A gente sabe que equipamentos de
processo quebram cristal. Queremos saber quanto quebra. Não dá para afirmar se haverá necessidade de trocar algum equipamento. Pode ser que seja preciso algum ajuste”, diz. (RA)
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Maior cuidado com a automação é importante A padronização da cristalização é um fator importante para reduzir o índice de pó no açúcar produzido. A Branco Peres tem adotado diversos procedimentos para assegurar a obtenção de resultados positivos nesta etapa do processo. “É preciso trabalhar bastante no núcleo, na semente e, depois na cristalização. A gente tem um trabalho voltado à produção de uma boa semente”, afirma Francisco Lupo. A usina desenvolveu e fabricou inclusive o seu próprio moinho. “É muito maior do que o convencional e oferece condição para se ter um tempo maior de processamento e um acompanhamento diferenciado”, diz o supervisor de produção.
Produção é de 20% a 30% maior em relação ao tacho em batelada Entre as vantagens do cozimento contínuo, Francisco Lupo cita a estabilidade do vapor e a maior produção em relação a um tacho em batelada da mesma capacidade, porque o sistema contínuo não tem ociosidade. O aumento da produção fica entre 20% a 30% em relação ao tacho em
batelada – destaca. “Para o operador, o cozimento contínuo é bastante tranquilo. Ele tem que fazer uma visualização física da massa a cada duas horas por meio de visores”, observa. Esse sistema exige menos operações do que o tacho em batelada, proporcionando, em decorrência disto, redução de mão de obra. (RA)
O treinamento operacional da equipe envolvida no processo e o maior cuidado com a automação são fatores importantes para a obtenção de resultados satisfatórios na padronização da cristalização. O sistema de cozimento contínuo também precisa operar todo automático. “O equipamento não aceita trabalhar de forma manual, pois os resultados, sem automação, são muito ruins”, afirma Francisco Lupo. Segundo ele, é preciso automatizar todo o processo, incluindo brix, vazão de magma, vazão de xarope. “Tem que estar tudo medindo corretamente. Qualquer desvio na automação complica a estabilidade da massa”, enfatiza. (RA)
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Cuidados com as bombas evitam problemas na produção Equipamentos estão presentes em quase todas as etapas do processo, desde a moagem até o carregamento de etanol R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP
As unidades produtoras de açúcar, etanol e bioeletricidade possuem bombas espalhadas por toda a planta industrial. Por isso, o cuidado com elas deve ser redobrado para que não ocorram sérios problemas no processo de produção. Como estão presentes em quase todas as fases, desde a moagem até o carregamento do produto final – no caso do etanol –, esses equipamentos são um dos componentes mais importantes em usinas e destilarias, enfatiza Biagio Pugliese, diretor comercial da KSB Bombas Hidráulicas. Se forem bem aplicados, proporcionam um eficiente bombeamento. Caso contrário, essa função pode tornar-se penosa – alerta. “As bombas têm a função de fornecer energia a fluidos ou massas com a finalidade de transportá-los de um ponto a outro. Em tese, recebem energia mecânica e a transformam em energia de pressão e cinética”, explica Carlos Eduardo Ferreira de Souza, diretor da Century do Brasil.
Boa preditiva praticamente zera riscos de quebra As bombas costumam apresentar problemas somente quando não há uma manutenção periódica correta, afirma Carlos Eduardo de Souza, da Century. Segundo ele, com a realização de uma boa preditiva em uma bomba de qualidade, os riscos de quebras praticamente não existem. A consequência mais grave da manutenção inadequada das bombas não é o custo de novas peças ou dos serviços – observa. “O gravíssimo é a interrupção de toda uma produção por causa de um equipamento barato em comparação ao custo de uma usina parada. O valor de uma bomba é praticamente insignificante perto de uma moenda parada por algumas horas”, ressalta. A maioria dos sistemas das usinas precisa ter bomba reserva para que sejam evitados transtornos causados pela interrupção da produção – sugere José Cândido, da Calbombas. “Caso o problema ocorra na bomba de caldeira, é complicado. Se a usina estiver no topo da moagem, e parar por uma semana a dez dias, vai ter um grande prejuízo”, afirma. Para a moenda, caso não tenha bomba reserva, é possível por um pequeno período, desviar o caldo de um reservatório para outro – diz.
As bombas estão presentes em praticamente todos os setores de uma usina – lembra. “A lista de aplicações é extensa: torres de resfriamento, caldo clarificado, carregamento de etanol, vinhaça, dornas, caldo com bagaço, água com bagaço, água clarificada, resfriamento de
mancais da moenda, condensados, caldo decantado, água bruta, água reciclada, fábrica de açúcar, caldeira de vapor, lodo; enfim, em todo o sistema, onde requer movimento de fluidos e massas”, resume Carlos Eduardo de Souza. Para José Henrique Cândido, supervisor de
Procedimentos básicos de manutenção minimizam desgastes A realização da manutenção adequada das bombas tem sido cada vez mais frequente nas unidades sucroenergéticas, opina José Henrique Cândido, da Calbombas. “Mas, existem ainda muitos problemas, principalmente devido à falta de profissionais especializados nessa área”, diz. De acordo com ele, falha operacional e falta de conhecimento do equipamento são os maiores problemas relacionados ao funcionamento das bombas. Em diversas usinas, esses equipamentos quebram e são consertados várias vezes, sem que as causas sejam identificadas – constata. “As bombas são equipamentos mecânicos rotativos e mesmo que tenham sido bem projetadas, instaladas e operadas, estão sujeitas, com o tempo, a desgastes físicos”, pondera Biagio Pugliese da KSB. A adoção de procedimentos básicos de manutenção evita a ocorrência de grandes transtornos. Preventivamente é importante acompanhar variações de corrente, temperaturas nos mancais, vibrações anormais, ruídos estranhos, lubrificação das gaxetas, níveis de óleo e pressões de entrada e saída da bomba – recomenda. A análise de vibrações para a verificação da necessidade de troca de rolamentos e a
avaliação das condições de rotor são consideradas fundamentais. “Na parada para manutenção devemos examinar engaxetamento ou selagem, eixo, buchas, anéis, acoplamento, alinhamento e nivelamento do conjunto, esforços na tubulação”, afirma Biagio Pugliese. Os principais problemas que ocorrem, como consequência de uma manutenção inadequada – constata –, são: o rápido desgaste dos rolamentos e gaxetas, aquecimento e vibrações dos mancais. “O surgimento destas alterações indica a necessidade imediata de ações corretivas”, alerta.
manutenção da Calbombas, é difícil escolher qual é a mais importante. Ele destaca, porém, a que faz a alimentação da caldeira, bombeando a água para a produção de vapor. “Uma bomba dessa mal aplicada, pode parar uma usina ou uma cogeração. Ela é muito minuciosa”, observa.
Acoplamentos inadequados e eixos mal alinhados geram transtornos Existem diversos fatores que devem ser considerados para o bom funcionamento de uma bomba que deve ser instalada em uma base plana, nivelada, alinhada, afirma José Henrique. “A tubulação não pode estar pressionando a bomba nem na entrada nem na saída do fluido”, diz. A escolha correta do tipo de acoplamento e seu perfeito alinhamento são essenciais para a operação das bombas, ressalta Biagio Pugliese, da KSB. Segundo ele, os acoplamentos inadequados e eixos mal alinhados são os responsáveis por muitos problemas nas máquinas, ocasionando aumento de vibrações, maior consumo de energia, maior desgaste dos rolamentos. “O acoplamento deve fornecer uma confiável transmissão de força entre o acionador e a bomba”, comenta. Para o funcionamento eficiente das bombas, ocorre também a utilização – detalha – de registro na sucção, descarga, válvula de retenção após bomba, válvula de pé (exceto em bombas afogadas) para manutenção do escorvamento, manômetros na entrada e saída da bomba.
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Processo de fabricação reflete na vida útil do equipamento O processo de fabricação é essencial para a longevidade e a performance das bombas, afirma Carlos Eduardo de Souza, diretor da Century do Brasil, que tem um portfólio com sessenta modelos. A preocupação com análise de materiais e espessuras de paredes é de fundamental importância – ressalta. “Temos casos de nossas bombas rodando há mais de dez anos sem troca de peças no segmento de açúcar e etanol”, revela. Segundo ele, existem alguns concorrentes no mercado, que para venderem mais bombas e peças, fabricam equipamentos com paredes finas, o que provoca desgastes prematuros e, em decorrência disso, prejuízos significativos para usinas devido a paradas não programadas no processo de produção. Para Biagio Pugliese, da KSB, a adoção de práticas adequadas no processo de fabricação significa produzir com qualidade, sem poluir, diminuindo resíduos industriais. Isto reflete também no aumento da vida útil do equipamento. A KSB está certificada em vários sistemas de gestão, como: Qualidade (ISO9001), Ambiental (ISO14001), e Segurança/Saúde Ocupacional (OHSAS18001) – informa. “Nossas bombas centrífugas transportam todo tipo de fluido – com temperaturas extremas –, corrosivo ou abrasivo”, afirma. Dependendo da aplicação da bomba,
Carlos Eduardo de Souza: análise de materiais e espessuras é fundamental na produção de bombas
não existe hoje muita diferença entre os produtos disponibilizados pelo mercado, pois a maioria dos fabricantes mantém um bom padrão de qualidade no processo de produção, opina José Henrique, da Calbombas, que realiza serviços de
manutenção e assistência técnica nessa área. A empresa faz a desmontagem dos equipamentos, diagnóstico de eventuais problemas, consertos, ajustes, limpeza, além de fazer o start up e as preditivas e
preventivas de bombas durante o período de safra. “Essas manutenções evitam muitos problemas”, diz. Se o rolamento estiver com ruído, não é preciso esperar que ocorram danos no mancal ou no rotor para que sejam adotadas providências – exemplifica.
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SETOR EM DESTAQUE
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MasterCana Social
ProCana Brasil abre inscrições para o Prêmio MasterCana Inscrições para a maior e reconhecida premiação do setor sucroenergético vão até 30 de junho Estão abertas as inscrições para o Prêmio MasterCana, realizado pelo grupo ProCana Brasil. O prêmio reconhece o mérito de diversos cases do setor sucroenergético que trabalham por uma agroindústria canavieira sustentável, pujante e dinâmica, premiando profissionais e usinas que se destacaram pelo aprimoramento tecnológico, humano e socioeconômico do setor. Estarão presentes no evento: lideranças empresariais, autoridades, fornecedores e demais agentes do mercado do setor, empresas de bens de capital da cadeia produtiva, entidades
representativas e fornecedores de produtos e serviços, que contribuem para a promoção do bem-estar social e do desenvolvimento sustentável. Não há limite de cases. A empresa poderá inscrever-se em todas as categorias. A realização das três edições do Prêmio MasterCana de 2015 já estão definidas. No dia 24 de agosto, em Ribeirão Preto (SP), acontece o Prêmio MasterCana Centro-Sul, que tradicionalmente antecede a Fenasucro. No dia 24 de setembro, em São Paulo (SP), acontece o Prêmio MasterCana Brasil. A última das premiações acontecerá no dia 19 de novembro, em Recife (PE), com o Prêmio MasterCana Norte/Nordeste. Em 2014 o Prêmio MasterCana reuniu em cada edição cerca de 200 personalidades, com 40 premiações. Os eventos MasterCana reúnem representantes de mais de 2/3 da produção brasileira, em momentos de celebração e network diferenciados.
DEZ CATEGORIAS TERÃO DESEMPENHO PREMIADO
I – Estratégia & Gestão II – Gestão Comercial/Financeira III – Programas de Qualidade Total IV – Tecnologia da Informação e Comunicações V – Bioeletricidade VI – Tecnologia na Produção de Álcool VII – Tecnologia na Produção de Açúcar VIII – Automação e Controle de Processos IX – Eficiência Industrial X – Tecnologia Agrícola XI – CCT e Mecanização Agrícola
Já estão abertas no site do Gerhai as inscrições até 30 de junho para a 8ª Edição do Prêmio MasterCana Social. Idealizado pelo Gerhai - Grupo de Estudos em Recursos Humanos na Agroindústria e com apoio da ProCana Brasil, o Prêmio MasterCana Social é uma iniciativa que visa incentivar, reconhecer e premiar práticas de gestão de pessoas e responsabilidade socioambiental das empresas do setor sucroenergético, empresas de bens de capital da cadeia produtiva, entidades representativas e fornecedores de produtos e serviços que contribuem para a promoção do bem-estar social e do desenvolvimento sustentável. Não há limite de cases, ou seja, a empresa poderá inscrever-se em todas as categorias número ilimitado de cases. São estas as categorias laureadas pelo MasterCana Social:
SERVIÇO Prêmio MasterCana 2015 Inscrições até 30 de junho Email: rose@procana.com.br
I – Educação e Cultura II – Sustentabilidade/Meio Ambiente III – Valorização da Diversidade IV – Saúde Ocupacional V – Desenvolvimento Humano VI – Qualidade de Vida VII – Comunidade VIII – Comunicação e Relacionamento IX – Empresa do ano em Responsabilidade Socioempresarial (concorre a empresa com mais de 05 cases inscritos) X – Destaque Empresa Fornecedora XI – Destaque Entidade
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SETOR EM DESTAQUE
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Setor apresenta novidades durante Agrishow 2015
Tradicional nos canaviais do país, a DMB exibiu seus diversos
A Motorola trouxe para a Agrishow, os rádios digitais Motorola. Os aparelhos
produtos para facilitar as operações agrícolas nas lavouras.
possuem fácil instalação e baixa manutenção, ideais para empresas e indústrias.
A equipe da Teston apresentou transbordos capazes de transportar
A Valtra trouxe a nova enfardadora de alta densidade Challenger 2270XD.
até 22 toneladas de carga. Os equipamentos impressionaram os visitantes.
A máquina é capaz de produzir mais de 60 fardos por hora.
A Bussola confirmou sua tradição em ofertar as diversas peças e
A Plant-Rubber exibiu as diversas peças para manutenção
componentes para a automação da colheita da cana-de-açúcar.
de toda a cadeia sucroenergética, no campo e indústria.
SETOR EM DESTAQUE
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Tecnologia sucroenergética apresenta bons números e atrai estrangeiros R EDAÇÃO
Responsável por congregar mais de 800 marcas do setor de tecnologia agrícola, a 22ª Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação (Agrishow) apontou, mesmo em cenário econômico desfavorável, novas tecnologias e ferramentas para incrementar a produtividade agrícola. Em 22 anos de feira, esta é a primeira vez que as entidades realizadoras (Abag, Abimaq, Anda, Faesp e SRB) atestam redução no volume de vendas, que somou R$ 1,9 bilhão, valor 30% menor em relação a 2014, que movimentou R$ 2,7 bilhões. Este desaquecimento não ofuscou a presença do setor sucroenergético, que apresentou o resultado da inserção de alta tecnologia do campo e atraiu o interesse de países que pretendem alavancar o plantio da cultura nos próximos anos. O avanço da colheita mecanizada no Estado de São Paulo trouxe bons resultados para a Agrishow. Conforme anunciou a Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo durante a feira, o total de água necessária para a moagem de cana atingiu o total de 1,12 metros cúbicos por tonelada, volume cinco vezes menor em relação a década de 1990. Resultado obtido em conjunto com a evolução dos
Assinatura de acordo para transferência tecnológica
Tecnologia sucroenergética possibilitou
sucroenergética entre Brasil e México
economia de água em toda a cadeia
processos industriais, que otimizaram a utilização deste recurso na indústria. A mecanização do setor evitou a emissão de 5,7 milhões de toneladas de gases de efeito estufa. A presença da embaixadora do México no Brasil, Beatriz Elena Paredes Rangel, reforçou o avanço da cultura canavieira no agronegócio nacional. No dia 29 de abril a embaixadora assinou um protocolo de intenção para transferência de tecnologia sucroenergética com o México. A parceria possibilitará que o Instituto Agronômico de
Campinas (IAC) auxilie o México na retomada das atividades canavieiras, estagnada nas últimas décadas. A Agrishow 2015 aconteceu durante os dias 27 de abril a 1º de maio em Ribeirão Preto (SP) e reuniu cerca de 160 mil visitantes, autoridades políticas nacionais e internacionais, que puderam conferir as últimas novidades em tecnologias agrícolas nos mais de 440 mil metros quadrados de feira. A feira é considerada um dos três principais eventos de tecnologia agrícola do mundo e a maior e mais importante na América Latina.
Senai inaugura escola móvel de manutenção de colhedoras de cana
Novo modelo de Ipanema, avião agrícola à etanol, é apresentado na Agrishow
Avião à etanol é atualizado para atender novas demandas agrícolas A Agrishow 2015 foi o local escolhido para lançamento do novo modelo do avião agrícola Ipanema, produzido pela Embraer. Sua nova versão, Ipanema 203, possui dois metros a mais de envergadura de asa em relação ao modelo anterior, permitindo uma faixa de deposição 20% maior, e tanque de pulverização (hopper) com capacidade 16% superior em volume. Reconhecida por ser a primeira aeronave produzida em série no mundo a sair de fábrica certificada para voar com etanol hidratado, a Ipanema é líder no mercado de aviação agrícola no Brasil e já teve mais de 1.360 unidades entregues. O avião tem passado por constantes atualizações para alinhar eficiência na aplicação de produtos agrícolas com menor custo de utilização. “Estamos trazendo para o mercado uma aeronave mais avançada, com ganhos na produtividade, conforto e que seguirá tendo o melhor custo-benefício do mercado, sendo a única do mundo produzida em série para voar com etanol”, ressalta Fábio Bertoldi Carretto, Gerente Comercial da Embraer.
Com o propósito de capacitar mão de obra nas áreas de manutenção agrícola, a escola móvel de colhedora de cana, elaborada através da parceria do Senai-SP com o Grupo AGCO, foi inaugurada durante a feira, no dia 29 de abril, pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf. Considerada a maior unidade itinerante de capacitação profissional da América Latina, a escola demandou um investimento de R$ 3,5 milhões. Conforme explica Celso Taborda Kopp, gerente de Assistência à Empresa e à Comunidade do Senai-SP, o investimento resultará em maior acesso à capacitação de técnica em diferentes localidades. “Podemos levar esta estrutura para empresas ou prefeituras da região onde houver demanda de ensino”. Composta por laboratórios, salas de aula e kits didáticos, a escola soma 180 metros quadrados e promoverá cursos para a manutenção preventiva e corretiva de máquinas colhedoras de cana-de-açúcar. Customizada através de duas carretas conjugadas, a oficina itinerante pretende levar conhecimento para todas as regiões carentes deste treinamento. "Queremos oferecer um treinamento diferenciado com conteúdo para conhecimentos específicos e que deixe o participante em condições de fazer toda a manutenção da máquina, assim como identificar e dar uma resposta rápida na manutenção”, explica Alexandre Landgraf, gerente de treinamento concessionárias AGCO Academy.
Paulo Skaf (ao centro) durante inauguração da maior unidade itinerante de capacitação profissional da América Latina
Primeira colhedora Valtra promete alinhar economia e produtividade
Valtra lança primeira colhedora de cana da marca A primeira colhedora de cana-de-açúcar da Valtra foi apresentada durante a Agrishow 2015. Consolidada no setor sucroenergético por oferecer diferentes máquinas para o setor agrícola, a Valtra expande seu portfólio e oferece ao setor não apenas mais uma opção de máquina, mas a confirmação que a corrida tecnológica para este nicho está aquecida. A colhedora, intitulada BE1035, promete aliar economia e elevada produtividade. Com um novo sistema de telemetria, implementado pela primeira vez em uma máquina do grupo, haverá a possibilidade de monitorar a máquina em tempo real. “Por ser uma marca consolidada no setor, a Valtra conhece todas as particularidades deste nicho, e agora, passa a oferecer em seu portfólio uma máquina excelente para a colheita em canaviais de alta produtividade”, explica Marco Antônio Gobesso, gerente de marketing de equipamentos de cana-de-açúcar AGCO.
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LOGÍSTICA & TRANSPORTES
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Futura ferrovia pode acelerar exportação de açúcar Projeto de sistema ferroviário ligará o oceano Atlântico ao Pacífico Plano de cooperação assinado no dia 19 de maio entre a presidente Dilma Rousseff e o primeiro-ministro da China, Li Keqiang, prevê 35 acordos até 2021. Entre eles, está o que trata de estudos de viabilidade para construção de uma ferrovia para ligar o Brasil ao Oceano Pacífico, passando pelo Peru, chamada de Ferrovia Transoceânica. “A ferrovia vai cruzar o país de leste a oeste, portanto, o continente, porque ligará o Oceano Atlântico ao Pacífico. É um novo caminho que se abrirá para a Ásia, reduzindo distâncias e custos. Um novo caminho que nos levará diretamente ao Pacífico, até os portos da China”, explicou Dilma, em declaração de imprensa, após a assinatura de acordos com o chinês. A redução de distâncias e custos permitida pela futura ferrovia interessa muito ao setor sucroenergético brasileiro. Isso porque a China é um cliente potencial do
açúcar de cana. Nos primeiros quatro meses do ano, por exemplo, os chineses foram o segundo maior importador de açúcar brasileiro, atrás apenas de Bangladesh. Entre janeiro e abril, a China importou US$ 264,2 milhões FOB (até o porto) em açúcar brasileiro, alta de 14,20% sobre o volume do mesmo alimento importado nos quatro primeiros meses de 2014. Portanto, se a logística menor e custos reduzidos impulsionarem esse mercado, o setor sucroenergético tem o que comemorar com o plano de cooperação assinado no último dia 19 de maio. O plano também tem data-limite, 2021, o que permite um horizonte sobre investimentos a serem feitos na futura ferrovia. Não se sabe, até a tarde dessa terça, quem irá operar o sistema ferroviário. Serão os chineses, uma estatal brasileira? Ou a gestão será entregue, através de parceria público-privado, para uma companhia do setor? À espera de novos capítulos, a novela da ferrovia Transoceânica está apenas no início. E favorece, ao menos em parte, os negócios do setor sucroenergético.
Keqiang, primeiro-ministro chinês, e Dilma: ferrovia ligará o Atlântico ao Pacífico
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SAÚDE & SEGURANÇA
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Problemas de segurança sempre surgirão, mas como evitá-los? Socius oferece plano de segurança empresarial a fim de mitigar riscos, preservar o patrimônio e manter a boa imagem da empresa Usinas do setor sucroenergético possuem zonas de risco que merecem cuidado e atenção em todas as áreas, tanto logística, como produtiva e agrícola. Por isso é importante ter sempre disponível um Plano Diretor de Segurança Empresarial. A Socius Facilities fornece consultoria especializada na gestão de riscos empresariais. A empresa trabalha com a premissa de que três pilares são fundamentais para o sucesso de uma companhia: pessoas, tecnologia e processos. Assim, elabora planos com objetivo de gerar inteligência na segurança empresarial das usinas. De acordo com Celso Bonfante, diretor de operações da Socius, fraudes, furtos e desvios internos, desinteligência (às vezes seguida de morte) e sequestros são riscos recorrentes. Por isto merecem maior atenção, até mesmo de um Plano Diretor de Segurança. Neste Plano Diretor, o planejamento de curto, médio e longo prazo é o que uma empresa precisa desenvolver a fim de definir todos os processos de gestão de riscos que são
de segurança, sofre prejuízos financeiros sem medidas”, explica Celso Bonfante. Baseada na Norma orientadora ABNT NBR ISO 31000:2009, a Socius analisa profundamente o cenário no qual a empresa está inserida, faz um diagnóstico nos processos agroindustriais, expondo problemas que geralmente não são monitorados. Essa metodologia foi implantada em um case de 10 usinas, onde as análises dos riscos corporativos e os processos implantados trouxeram resultados imediatos comparados ao custo x benefício. “Definições de processos bem estruturados, de diretrizes definidas com base nos riscos identificados e um controle assíduo dos indicadores de segurança, fazendo com que as equipes trabalhem com metas de redução, elaboração de relatórios técnicos e gestão operacional, direcionada ao controle de acesso, entrada e saída de produtos, materiais e pessoas são soluções práticas para mitigar os riscos e reduzir perdas a pessoas e ao patrimônio da empresa”, confirma Celso Bonfante. E conclui: “Para o sucesso desse projeto é fundamental o desenvolvimento de políticas de segurança, Procedimentos Operacionais Padrão (POP) e treinamentos direcionados dentro das necessidades encontradas nos estudos para a consolidação do Plano Diretor.” ligados às pessoas, processos e patrimônio. Por meio deste plano, a empresa norteará suas decisões de controlar, monitorar, mitigar,
eliminar ou aceitar os riscos a que está ou estará exposta. “Quando uma companhia não investe corretamente em estruturas nas áreas
SOCIUS 16 34419091 www.sociusfacilities.com
SAÚDE & SEGURANÇA
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PRESERVE COM CUIDADO! Workshop no Instituto Butantan ensina cuidados e preservação de serpentes nos canaviais I SAC ALTENHOFEN, DE SÃO PAULO, SP
Topar o bico da bota em algum animal peçonhento não é situação incomum nos canaviais brasileiros. Em geral, quando o encontro indesejado acontece o mais vulnerável recebe sentença de morte, pelo corte do podão ou paulada na cabeça. De serpentes venenosas ou não a aracnídeos de várias matizes, o que importa no momento do susto é a preservação pessoal, ainda que isto custe a morte do bicho que, coitado, estava na hora e lugar errados. Será esta a melhor solução, nestes modernos tempos de preservação animal e ambiental? O que fazer nestes casos? Para tentar ajudar os trabalhadores nos canaviais das usinas a enfrentar da melhor forma este problema, foi criado o projeto Cana Conviver. Parceria da Unica com o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), com apoio do Ministério do Meio Ambiente e patrocinado pela FMC, seus responsáveis
Carolina Matos, especialista ambiental do Butantan, participou ativamente do workshop
realizaram no Museu Biológico do Instituto Butantan, em São Paulo, um workshop gratuito, no último dia 29 de abril. Durante todo o dia os participantes aprenderam na prática a reconhecer e manusear com segurança animais peçonhentos. O público era composto por biólogos, ecólogos, veterinários, engenheiros de produção, líderes agrícolas e técnicos em segurança
no trabalho. Especialistas do Instituto Butantan sintetizaram o que de mais importante era preciso saber sobre serpentes peçonhentas. Além do reconhecimento das cobras em si, ensinaram sobre a ação dos venenos ofídicos, sua distribuição geográfica, prevenção de acidentes, primeiros socorros e manejo prático de serpentes e uso dos equipamentos
adequados para sua conservação em vida e envio ao instituto. Foi feito também uma trilha monitorada para ensinar pessoas a antever perigos e visualização de serpentes vivas. Márcia Rodrigues, analista ambiental do ICMBio, destacou a importância do workshop, porque levou os presentes a obter conhecimento técnico e a identificar na prática um animal peçonhento, proporcionando responsabilidade e segurança no campo. Carolina Matos, especialista ambiental do Butantan, participou ativamente do workshop, até mesmo no manuseio dos ofídios. Devido à redução das queimadas nos canaviais, a biodiversidade nas lavouras da cana-de-açúcar tem sido preservada. Animais como serpentes e aranhas vivem nesses lugares, uma vez que são propícios para a caça de pequenos mamíferos como ratos e camundongos. Inadvertidamente acabam tornando-se uma ameaça para os seres humanos que trabalham nesses locais. O professor e diretor do Instituto Butantan, Giuseppe Puorto, questionou os alunos se eles tinham o hábito de matar animais peçonhentos logo que o avistavam e, ao ouvir que a maioria faz isso, falou sobre a necessidade do homem deixar de lado seus mitos religiosos e folclóricos e pensar na preservação de tais animais, pois eles têm importância inclusive na pesquisa de medicamentos.
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SAÚDE & SEGURANÇA
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Conhecer hábitos dos peçonhentos é prevenção que evita aflição A importância de preservar até mesmo animais peçonhentos nas lavouras é uma ideia que ganha corpo nas unidades sucroenergéticas. Já não se mata mais cobras, aranhas e escorpiões como antigamente. Com isso, naturalmente, estes bichos estão se multiplicando e inevitavelmente, os acidentes acontecem. Saber mais sobre os hábitos destes animais e seu manejo são prevenções que, levadas ao pé da letra, evitam as aflições, dores e a necessidade de correr para o hospital ou ambulatório para tomar o antídoto. A maioria das serpentes, por exemplo, possui hábito terrícola, ou seja, passa a maior parte do tempo e realiza suas atividades de reprodução e caça sobre a terra. Geralmente, o trabalhador no campo levanta o fardo da cana-de-açúcar sem observar embaixo, ocorrendo assim, um dos ataques de cobras mais comuns nos canaviais. “Das 386 espécies de serpentes no Brasil, apenas 15% são perigosas, ou seja, peçonhentas. As jararacas (Bothrops) são as que mais causam acidentes no território nacional e no Estado de São Paulo. Nos canaviais 90% dos acidentes acontecem com elas”, explica Giuseppe Puorto, diretor do
Alunos e professores na área externa do Instituto Butantan
Instituto Butantan. Giuseppe ressalta a importância de ser prudente. Sempre antes de levantar um fardo de cana, por exemplo, deve-se usar um pedaço de pau ou alavanca semelhante, pois é comum a picada na mão por serpentes que se escondem entre a palha da cana. A bióloga do Butantan, Silvia Cardoso, ressalta que é importante levar a vítima a um pronto
atendimento mais próximo e não utilizar de métodos arcaicos (veja o quadro: Mitos e verdades sobre as serpentes, na página 54). Outro cuidado que os canavieiros devem ter são com aranhas. “Aranhas venenosas do tipo loxosceles (aranha-marrom) são as mais comumente encontradas nas lavouras de cana-de-açúcar do sul e sudeste brasileiro. As aranhas-marrons não atacam, só se
defendem quando se sentem ameaçadas. Por isso todo cuidado é pouco com uniformes e equipamentos de proteção individual deixados no campo ou em banheiros. Calçar uma bota com uma aranha lá dentro é picada na certa”, explica o professor Paulo Goldoni. Os acidentes com ofídios costumam ser mais comuns em época de chuva. Quando começa a chover o clima fica mais úmido e quente, até chegar ao auge do calor em março e abril. Nessas épocas há maior oferta de caça para os animais. De maio a agosto é mais frio, portanto, acontecem menos acidentes. Pelo fato de estar muito frio os animais se escondem e dificilmente as pessoas os enxergam. Giuseppe Puorto explica que o veneno da cobra, quando é injetado na pessoa, tem o potencial de matar ou deixar sequelas. Porém, quando ele é retirado separadamente e pesquisado, descobre-se que é valioso e traz grandes benefícios. Captopril, por exemplo, é o medicamento contra pressão alta mais vendido no mundo e foi descoberto a partir do veneno da jararaca”, lembra o biólogo. “Alguns venenos também podem auxiliar na ação contra células cancerosas”, finaliza. (IA)
Serpentes e onças mantêm equilibrado o ciclo da cadeia alimentar A preservação das espécies de serpentes peçonhentas mantém o ciclo da cadeia alimentar e esse equilíbrio é importante, lembra Giuseppe Puorto. Ele lembra que se, por exemplo, reduzir o número de serpentes e onças nos canaviais ou matas próximas ali aumentará automaticamente o número de ratos e capivaras. E, como eles gostam de se alimentar de cana a safra será prejudicada. Identificar se um animal, sobretudo serpentes, é peçonhento, deve ser o foco principal do trabalhador nos canaviais. As cobras naturalmente atacam quando se sentem ameaçadas. Se alguém for picado por uma serpente não peçonhenta não há necessidade de pânico, mas apenas de higienização no local ferido e, em alguns
casos, de uma vacina antitetânica, pois a picada costuma causar um ferimento contaminado por bactérias, como qualquer outro, observa Silvia Cardoso, bióloga do Instituto Butantan. Silvia ainda desmitificou métodos hoje considerados arcaicos na identificação de serpentes venenosas ou não e outros equívocos. (Veja quadro na página 54). Além das palestras, os alunos fizeram uma pequena trilha, acompanhados dos biólogos Marcelo Bellini. Lucas e Danusa Maia. Próximos a ela, haviam escondido serpentes, escorpiões e aranhas empalhados ou embalsamados. Os caminhantes precisavam achar o bicho, identificar seu habitat natural e os perigos que eles
apresentam. No trajeto, quase ninguém percebeu a presença dos animais um pouco escondidos. No final do workshop os alunos tiveram uma aula prática de manuseio e captura com gancho de cobras peçonhentas e não peçonhentas. “Ao instruir de forma correta o manejo e a conservação da biodiversidade, penso que beneficiamos todos os envolvidos na cadeia produtiva, tanto na indústria quanto principalmente na comunidade que vive e trabalha no campo”, observa Elizabeth Farina, presidente da Unica, e completou: “Além disso, o encontro serviu para que os profissionais do setor sucroenergético pudessem trocar experiências sobre o trato diário com a fauna local”. (IA)
Giuseppe Puorto: identificar se um animal é peçonhento é a prioridade ao encontrá-lo
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SAÚDE & SEGURANÇA
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ENTREVISTA – Orestes Nunes, Rafael Lucas e João Marcelo Antunes, da Usina São Luiz
PRINCIPAIS SERPENTES DOS CANAVIAIS PAULISTAS
OS TRÊS DEFENSORES DO AMBIENTE Orestes Nunes, técnico em segurança no trabalho, João Marcelo Antunes, encarregado de meio ambiente e Rafael Lucas, líder agrícola, colaboradores da Usina São Luiz, participaram das instruções recebidas no workshop sobre animais peçonhentos no instituto Butantan. Os três mosqueteiros do ambiente informam nesta entrevista que atitudes práticas já têm observado e o que pretendem aplicar na unidade a partir de agora. JornalCana – O que vocês levarão deste workshop para a unidade? João Marcelo – Levaremos a consciência da preservação como ensino e advertência aos colaboradores, tanto dentro da usina quanto na lavoura. Este conhecimento é necessário pelo fato deles estarem em contato direto com os animais. Orestes Nunes – Essas informações ajudarão a manter o equilíbrio ambiental na área do plantio. O primeiro passo a ser dado será informar o que aprendemos aqui ao gerente de segurança do trabalho, que é o próprio diretor da usina. A partir disso, nós passaremos as instruções para todas as lideranças que desenvolverão o trabalho de divulgar para os canavieiros. Rafael – A partir dos ensinamentos que nos foram dados nas palestras instruirei o pessoal enfatizando a questão da importância da preservação, do manejo correto dos animais e de como podemos nos prevenir de acidentes indesejados. No que o aprendizado do manejo dos animais foi útil para vocês que trabalham com saúde e segurança? Orestes – Teremos a oportunidade de
URUTU-CRUZEIRO Está totalmente dentro da área produtiva de cana do Estado de São Paulo.
aplicar este manejo com os animais de uma forma segura. Nós não exterminaremos estas serpentes. Como a São Luiz trabalha a questão ambiental? João – Estamos cumprindo a Lei e trabalhando cada vez mais, com menos queimadas, praticamente zero, para recuperar as áreas de preservação permanente - APPs. Temos uma área reservada, em estágio bem avançado de recuperação. Ali os animais ficam livres e ninguém da usina terá mais contato com ela. Já tiveram caso de incidência com os animais peçonhentos como: cobras, aranhas, escorpiões, na área dos canaviais? João – Não tivemos pelo fato de já termos orientação dos técnicos de segurança. Mas encontramos vários animais peçonhentos. Principalmente nos canaviais próximos às reservas, próximo das matas. Esses animais geralmente ficam na borda do canavial. O canavial é um ambiente de fácil acesso para eles e oferece grande fonte de alimento. Se houver um acidente, como vocês agirão na prática? Orestes – Quando acontecer algum caso ou até mesmo na instrução das informações, os líderes dos canaviais chamarão os técnicos de segurança via rádio. Iremos até eles e será feito o atendimento. Por isso que foi importante também nos atualizarmos nas questões do atendimento de primeirossocorros e saber que não podemos fazer o torniquete, por exemplo (veja quadro sobre isto nesta página). (IA)
JARARACA COTIARINHA A menor das jararacas. Possui habitat no centro do Estado. Tem desaparecido dos canaviais, pois muitos canavieiros matam com frequência.
JARARACA COMUM Entra pouco na área de cana. Aparece na metade leste do Estado de São Paulo.
JARARACUÇU Abrange boa parte da área canavieira do Estado, muito conhecida nos canaviais da região de Itapetininga.
CAIÇACA A incidência deste ofídio abrange uma pequena parte do norte do Estado de São Paulo, por isso é comum nos canaviais.
MITOS E VERDADES SOBRE AS SERPENTES MITOS Formato
da cabeça triangular é peçonhenta, e redonda, não é peçonhenta.
Serpentes
com pupila dos olhos em fenda vertical são peçonhentas e com fenda redonda não são peçonhentas. A cobra hipnotiza.
Deve-se
fazer um torniquete logo acima da ferida após ser picado. Chupar o sangue no local da picada retira o veneno?
Cobras
picam com a língua ou com a cauda?
Tocar
no espinhaço ou esqueleto da serpente envenena? Veneno da jararaca do rabo branco é pior, mais forte? O bafejar da jiboia é hipnótico ou venenoso? O
que difere cobras peçonhentas das não peçonhentas é a cor?
Cauda
fina e cauda grossa servem para diferenciar peçonhentas de não peçonhentas?
É
Orestes, Rafael e João Marcelo: nova visão a respeito dos animais peçonhentos
impossível identificar serpentes peçonhentas de não peçonhentas pelas fossetas?
VERDADES No
Brasil, devido a diversidade de serpentes até da própria espécie, não é possível estabelecer esse parâmetro de identificação. O que difere é que geralmente serpentes com a pupila vertical possuem hábitos noturnos e as com olhos arredondados têm hábitos diurnos. O fato é que a estrutura do olho da cobra não permite a ela piscar ou fechá-lo, o que não significa que ela possua poder hipnótico. O soro antiofídico é hoje bastante acessível no país. O torniquete não é indicado. Não é possível tirar todo o veneno, porque ele entra rapidamente na corrente sanguínea e o ato pode causar infecções por bactérias tanto no ferido quanto no socorrista. Cobras só utilizam as presas para picar; as não peçonhentas abrem a boca para atacar e podem apenas machucar por ter pequenos dentes. O veneno da cobra está só na glândula que produz o veneno e na presa. O rabo branco ou amarelado é apenas uma característica de jararacas jovens. Não acontece. É somente uma forma de defesa para intimidar os predadores. Não é possível identificá-las pela cor pelo fato do Brasil ser um país tropical; na maioria das vezes, a mesma espécie de serpente possui diferentes tonalidades. A espessura da cauda é geralmente referente ao seu gênero: fêmeas possuem caudas finas, machos caudas grossas. É possível. Todas as serpentes do Brasil, com exceção da coral, possuem após os olhos e o nariz dois orifícios que são as fossetas loreais, ou popularmente chamadas de ventosas. No interior geralmente a população chama essas espécies de cobras de quatro ventas devido aos dois orifícios do nariz e às duas fossetas loreais.
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NEGÓCIOS & OPORTUNIDADES
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Radiocomunicação é um São Francisco Saúde oferece investimento fértil para o agronegócio parceria diferenciada para o setor O agronegócio desponta como um dos setores da economia mais promissores do Brasil. Com PIB de R$ 1,13 trilhão (23% do PIB brasileiro), o setor projeta crescer até 10% em 2015 (dados da TrendQuest). Para assegurar esta expansão, a tecnologia deve estar no foco dos investimentos. Soluções de TIC garantem controle, gerenciamento e produção e, neste leque, se destaca a radiocomunicação, que permite integrar áreas do agronegócio, controlar processos, máquinas e pessoas, facilitar a comunicação e aumentar a produtividade de equipes de campo, obter respostas rápidas e melhorar a tomada de decisão. “A radiocomunicação permite que a informação circule em toda a operação do agronegócio, da produção à exportação, sem demandar locomoção ou acarretar interrupções de trabalho”, comenta Mozart Magalhães, gerente de Vendas de Soluções em Radiocomunicação da Agora Telecom. A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura prevê o aumento
da produção agrícola em 60% até 2050 e, para isso, os investimentos terão de subir de atuais R$ 23 bilhões para R$ 128 bilhões ao ano. “A tecnologia será o alicerce desta expansão. Soluções como as de radiocomunicação permitirão alavancar a produtividade do setor, garantindo gestão assertiva e articulada à agricultura de precisão”, destaca Lucas Ferrante, do Grupo Ferrante, revenda da Agora Telecom. Grupo Ferrante 17 3279.1200 www.grupoferrante.com.br
Para o setor sucroenergético, hoje, um dos mais produtivos do País, um atendimento de saúde moderno, com padrão diferenciado e adequado para seus trabalhadores é vital para a aceitação de seus produtos no mercado internacional. Esta exigência faz da São Francisco Saúde uma das preferidas do setor, por oferecer planos de saúde com melhor relação custobenefício, apoiados numa visão de assistência integral à saúde, além de uma rede de atendimento estrategicamente localizada próxima às indústrias do setor. E como um importante diferencial oferece o programa Viver Bem, que desenvolve ações de educação, prevenção, promoção e acompanhamento em saúde. Sem nenhum custo adicional, esse programa é integrado por uma equipe multidisciplinar que esclarece dúvidas, efetua agendamentos
e presta todo auxílio necessário para assegurar uma melhor qualidade de vida aos associados. Adicionalmente, conta com equipes móveis que se deslocam até às empresas, facilitando o atendimento. Criativo e muito flexível, oferece ainda o resgate do clássico conceito de “médico de família”, promovendo visitas domiciliares, para permitir uma melhor compreensão do perfil de saúde dos participantes. “Graças a sua expertise em atender o setor, a São Francisco Saúde tornou-se uma parceira fundamental para o aumento da produtividade e redução do absenteísmo”, afirma Lício Cintra, superintendente geral da São Francisco Saúde. São Francisco Saúde 0800 777.9070 www.saofrancisco.com.br/saude
Sistemas da Solinftec garantem gestão agrícola inteligente Atualmente, gerenciar a área agrícola de uma usina é um grande desafio. Por um lado, o gestor é desafiado a produzir mais e mais, pois todos sabem que cana é o maior e melhor ativo de uma unidade produtora. Por outro lado os custos crescem, o fluxo financeiro se impõe e reduzir despesas é mais que uma obrigação, é sobrevivência. Máquinas agrícolas espalhadas pelo campo e com insumos caríssimos surgem como uma fonte inesgotável de gastos e o gestor, por vezes, se sente desprotegido e em algumas situações, até mesmo perdido. Como resolver isso? Várias formas de controle podem e devem ser implementadas, mas sem tecnologia o desafio é quase intransponível. Neste cenário, a Solinftec surge como a parceira ideal, por ser especialista em automação agrícola e não está preocupada apenas com máquinas, mas sim com o negócio. Isso quer dizer que linha amarela, tratores, colhedoras e caminhões são apenas parte do processo a ser controlado e as tecnologias da Solinftec cuidam da produção de cana com Certificado Digital de Cana; organizam equipamentos com FUT – Fila Única de Transbordos, SolinfRoute – Controle de Rota de Caminhões, CDP – Certificado de Plantio e CI – Controle de Equipamentos de Irrigação e outras tecnologias aplicadas ao negócio. Todo esse controle da operação e máquinas são condensados em painéis
Tecnologias da empresa cuidam da produção de cana
tácticos que permitem às usinas trabalharem com COA — Centro de Operações Agrícolas, integrados, inteligentes e, principalmente, em tempo real. Com os equipamentos e processos seguramente controlados e a informação disponível para os gestores, a Solinftec está caminhando para uma agricultura mais inteligente, onde os dados são transformados em indicadores que passam a ser tratados,
armazenados e trabalhados de forma inteligente de acordo com as diretrizes da gestão, distribuindo a tomada de decisão para quem está na linha de frente do campo. Essa agricultura inteligente se transforma em uma pirâmide de decisões, onde as ações estratégicas da gestão agrícola são distribuídas para a operação e garantidamente controladas pela Central de Controle.
Gerenciar a área agrícola é um desafio, mas a Solinftec com sua expertise e experiência de ser uma das empresas de automação agrícola mais presente no setor é uma das melhores parceiras dos gestores para conseguir vencer esses desafios. Solinftec 18 3622.2270 www.solinftec.com
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Sergomel disponibiliza seus equipamentos de linha leve ao mercado Em 1975, surge no mercado a Sergomel Mecânica Industrial, uma empresa do ramo de reforma de trucks (3º eixo), fundada por Osvaldo Ilceu Gomes. Após 13 anos de experiência no ramo, a Sergomel realizou uma parceria com a empresa Iderol S.A. começando a montar trucks (3º eixo). Osvaldo Gomes, em meados de 90, viu a necessidade de aumentar o portfólio, seguindo a tendência da região, que se tornava cada vez mais forte no ramo sucroalcooleiro. Assim, a Sergomel passou também a dedicar-se às reformas e adaptações de carrocerias e reboques canavieiros. Em 2000 ocorreu a fabricação e homologação do 1° equipamento de transporte canavieiro produzido pela Sergomel, contando ainda com o cadastro junto a Anfir — Associação Nacional de Fabricantes de Implementos Rodoviários. Localizada no município de Sertãozinho, SP, a empresa atende não somente ao mercado da região, onde a indústria canavieira possui índices elevados de atividade, mas também está presente em todo o território nacional e América Latina. Seus produtos são: Carrocerias – canavieira e prancha; Dolly; Semirreboques e reboques canavieiros e base reta; Prancha Carrega-tudo;
Bitrem e tritrem florestal; Basculante – plataforma e semirreboque; Transplantadora Canavieira.
A empresa se diferencia em produzir com qualidade, de acordo com as especificações individuais de cada cliente. A Sergomel possui ainda uma estrutura completa de máquinas e equipamentos para
manutenção de seus produtos, prestando este tipo de serviço para inúmeros clientes, bem como vendas de peças com uma gama de itens para reposição com agilidade no atendimento. A Sergomel participa da feira Agrocana — Exposição de equipamentos canavieiros, que acontece anualmente na cidade de Sertãozinho, no mês de setembro, expondo seus equipamentos da Linha Leve,
construídos em aços especiais, e também da Feira Três Lagoas Florestal, que acontece em junho, no município de Três Lagoas, MS, expondo o Tri — Trem Linha Leve, sendo o mais leve e resistente da categoria, no Brasil. Sergomel www.sergomel.com.br 16 35132600
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NEGÓCIOS & OPORTUNIDADES
Junho 2015
Authomathika desenvolve sensor APS mostra a importância da que evita embuchamento da cana instrumentação de processos Há tempos a Authomathika se incomodava com o número de problemas reportados por seus clientes a respeito dos sensores utilizados no Chute Donelly. Problemas do tipo capacitivo que não correspondem às expectativas, falham na leitura e por conta disso, travam a moenda por embuchamento da cana. A moenda é o processo de entrada, precisa funcionar bem para todo o resto embalar no ritmo. Com a certeza de que precisava contribuir em soluções para seus clientes, a Authomathika desenvolveu o Sensor de Nível SLV-1A. Com tecnologia de ponta, utiliza modulação ponto a ponto e calibração inteligente para não haver falsas medidas, resultando na extinção do problema de embuchamento.
A apresentação do SLV-1A ocorreu na Fenasucro 2014. O sucesso foi imediato. Os clientes avaliaram, queriam saber das novidades técnicas e aprovaram, ansiosos em substituir os sensores que causavam transtorno no processo da moenda. Desde o lançamento já foram mais mil pontos instalados. Um retorno espetacular! Cliente satisfeito com o produto é a certeza de que a empresa contribui na melhoria dos processos, entendendo o que ocorre no dia a dia das usinas de etanol e açúcar e apresentando soluções. Authomathika 16 3511.1400 www.authomathika.com.br
A instrumentação é essencial em um processo industrial, pois é dessa forma que se faz o monitoramento, controle e medição de todas as variáveis nos processos de produção. A instrumentação inclui diversos dispositivos, tais como: transmissores de pressão e temperatura, posicionadores e outras ferramentas que são capazes de modificar um parâmetro de controle e fornecer outros tipos de recursos. A modernização dos processos de produção oferece aos profissionais atuais a opção de trabalhar e analisar dados de salas de controle, de onde conseguem saber como se encontra o nível de medição de fluxos, pressão, temperatura, densidade e demais variáveis. Por exemplo, uma máquina automatizada controla a vazão e a pressão com mais qualidade e menos desperdícios, além de diminuir a mão de obra envolvida no processo e elimina erros e atrasos que podem gerar inconstância ou prejuízo. A instrumentação industrial de alta tecnologia é um investimento indispensável e
seu retorno é imediato já que uma vez em funcionamento, essas ferramentas podem aumentar consideravelmente a qualidade, produtividade e lucro da empresa, além de coletar dados que auxiliam na produção e no produto gerado. “Trabalhamos com os produtos ABB e orientamos nossos clientes sempre a optar por produtos de qualidade, pois a garantia do investimento e o sucesso da operação está na escolha desses produtos”, afirma Juvenal Pereira, Gerente de vendas externas na APS. APS Componentes Elétricos 11 2870.1000 www.apscomponentes.com.br