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Ribeirão Preto/SP
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O EXEMPLO VEM DE MINAS! Estado junta-se a São Paulo, reduz a alíquota de ICMS sobre o etanol e pressiona outros a imitá-los
Mário Ferreira Campos Filho, do Siamig e Líder do Ano do Prêmio MasterCana Centro-Sul 2015: “Seremos o segundo estado em consumo de etanol”
Série 2
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ÍNDICE DE ANUNCIANTES
Agosto 2015
Í N D I C E ACIONAMENTOS BOSCH REXROTH ZANINI RENK
11 44145600 16 35189001
69 11
16 39474732
74
FINBIO
BETABIO/WALLERSTEIN 11 38482900
DECANTADORES
26
17 35311075
3
ARTIGOS DE BORRACHA ANHEMBI
11 26013311
73
11 26826633
21
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL AUTHOMATHIKA FERTRON SOTEICA
16 35134000 16 39465899 16 35124310
6 32 51
BALANCEAMENTOS INDUSTRIAIS VIBROMAQ
16 39452825
74
BRONZE E COBRE - ARTEFATOS TERMOMECÂNICA
11 43669930
12
19 37562755
24
19 34343433 19 34343433
50 50
17 35311075
3
CARROCERIAS E REBOQUES RODOTREM SERGOMEL
18 36231146 16 35132600
66 22
16 39452825
74
CENTRÍFUGAS VIBROMAQ
COLETORES DE DADOS MARKANTI
16 39413367
4, 76
11 26013311
73
16 21014151
71
17 41
16 35124310
CPFL BRASIL
PROBOILER GERHAI MIN DA AGRICULTURA
19 37953900
16 35124310
DISTRINOX
55
43
47
17 33611575
70
VEYANCE CONTINENTAL 11 28213232
23
55 32227710
34
57 38
11 43669930
12
16 35189001
ENGETUBO
19 34343433
50
11 56432049
41
34 33199500 51 32301300
29 68
19 21050800
44
PENEIRAS ROTATIVAS
64
VIBROMAQ
16 39452825
AGRIMEC
55 32227710
34
PLANTADORAS DE CANA DMB
16 39461800
33
28
JUNTAS DE EXPANSÃO
ETANOL 2ª GERAÇÃO 59
SENIOR BRASIL
11 41364514
52
IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS
FEIRAS E EVENTOS 40 27, 72 67 57
DMB
16 39461800
33
16 39465899
11 26435000 11 38482900 18 36311313 81 32674760 41 33414444
31 26 52 20 59
REDUTORES INDUSTRIAIS
INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO E CONTROLE FERTRON
BERACA SABARÁ BETABIO/WALLERSTEIN CENTERQUIMICA PROSUGAR VALMET
32
BOSCH REXROTH ZANINI RENK
49
16 35124310
51
SOFTWARES SOTEICA
SOLDAS INDUSTRIAIS AGAPITO
16 39462130
74
COMASO ELETRODOS
16 35135230
16
MAGÍSTER
16 35137200
9
SUPRIMENTOS DE SOLDA COMASO ELETRODOS
16 35135230
16
VOESTALPINE BOHLER 11 56948377
15
SOLINFTEC
PROSUGAR
11 21195600 16 35189001
TESTON
18 36212182
35
81 32674760
20
44 33513500
2
TRATAMENTO DE ÁGUA/EFLUENTES VLC
AGAPITO
19 38721220
42
16 39462130
74
ENGETUBO
19 34343433
MANNESMAN
31 33282121
63
PETROFISA
41 36261531
46
69 11
50
11 45854676
8
TURBINAS SIEMENS JUNDIAÍ
PRODUTOS QUÍMICOS
ESPECIALIDADES QUÍMICAS
16 35124310
TUBOS E CONEXÕES 74
PLAINAS 48 6 24
SOCIUS
TROCADORES DE CALOR
PEÇAS E ACESSÓRIOS AGRÍCOLAS UNIMIL
SEGURANÇA EMPRESARIAL
TRANSBORDOS
NUTRIENTES AGRÍCOLAS UBYFOL YARA BRASIL
75
TINTAS E REVESTIMENTOS
MUDAS DE CANA SYNGENTA
SÃO FRANCISCO SAÚDE 16 08007779070
TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO 11
MONTAGENS INDUSTRIAIS
55 24 50
19 34562298
16 35124300 16 35124300 11 30605000 19 34561355
16 35124310
MANGUEIRAS E CORREIAS
ZANINI RENK
EQUIPAMENTOS E MATERIAIS ELÉTRICOS
FÓRUM PROCANA MASTERCANA REED ALCANTARA SEMINÁRIO GERHAI
25
MOENDAS E DIFUSORES
55
50
41 33414444
DESTAK IDÉIAS
TERMOMECÂNICA
19 34343433
31 30572000
11 22024733
METAIS
19 37953900 19 37562755 19 34343433
APS COMP ELÉTRICOS 11 56450800 AUTHOMATHIKA 16 35134000 CPFL SERVIÇOS 19 37562755
MSBIO
AGRIMEC
53
19 37953900
16 39698080
ISOVER
MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS
ENERGIA ELÉTRICA - ENGENHARIA E SERVIÇOS CPFL BRASIL CPFL SERVIÇOS PROBOILER
4
LIMPEZA E ESTERILIZAÇÃO DE BAGS
ENERGIA ELÉTRICA COMERCIALIZAÇÃO
VALMET
CONSULTORIA CONTÁBIL E TRIBUTÁRIA DIRETRIZ
MC DESINFECÇÃO
QUÍMICA REAL
CONSULTORIA/ENGENHARIA INDUSTRIAL CPFL BRASIL
46
EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO
CARRETAS ALFA TEK
11 30432125 11 56432049
41 36261531
GRÁFICA SÃO FRANCISCO
SAÚDE - CONVÊNIOS E SEGUROS 62 30883881
LEVEDURAS
ENTIDADES
CALDEIRAS ENGETUBO PROBOILER
42
68
GAXETAS ANHEMBI
19 38721220
51 32301300
ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO CIVIL
CABINAS CPFL SERVIÇOS
13
IRRIGA ENGENHARIA
ISOLAMENTOS TÉRMICOS
FIBRA DE VIDRO PETROFISA
19 34234000
DEFENSIVOS AGRÍCOLAS BASF SYNGENTA
FERTILIZANTES YARA BRASIL
23
54
DESINFECÇÃO INDUSTRIAL
AUTOMAÇÃO DE ABASTECIMENTO DWYLER
PROLINK VLC
ÁREAS DE VIVÊNCIA ALFA TEK
45
VEYANCE CONTINENTAL 11 28213232
CORRENTES INDUSTRIAIS
IRRIGAÇÃO
FERMENTA
16 35124310
ANTIBIÓTICOS - CONTROLADORES DE INFECÇÕES BACTERIANAS
A N U N C I A N T E S
FERMENTAÇÃO
CORREIAS TRANSPORTADORAS
ACOPLAMENTOS VEDACERT
CONSULTORIA FINANCEIRA E INVESTIMENTOS
D E
VÁLVULAS INDUSTRIAIS FOXWALL
11 46128202
10
VEDAÇÕES E ADESIVOS ANHEMBI
11 26013311
73
VEDACERT
16 39474732
74
VENTILAÇÃO INDUSTRIAL VLC
19 38721220
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CARTA AO LEITOR
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carta ao leitor
índice Agenda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6
Josias Messias
josiasmessias@procana.com
Mercado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .8 a 14
O EXEMPLO QUE VEM DE MINAS!
Biosev aposta na diversificação para ampliar ganhos financeiros
Giro do Setor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .18 Administração & Legislação . . . . . . . . . . . . . . . .20 a 25
Plano de Mídia - Jornal da Santa Inês tem linha editorial diferenciada
Espaço Gerhai - Inovação em RH pode trazer fôlego às equipes
TEM QUE DEVOLVER!
Política Setorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .26 e 28
Dilma usa evento em Piracicaba para se reaproximar do setor
Tecnologia Agrícola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29 a 41
Certa na indústria, palha deixa dúvidas nos canaviais
Plano de Mídia — MUITO A MELHORAR!
Cana energia pode dar novo impulso aos negócios
Tecnologia Industrial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .42 a 53
Descontaminação bacteriana ecológica é eficaz
Plano de Mídia - Acessórios acompanham evolução tecnológica das
caldeiras
Ação Social & Meio Ambiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . .54
Cana ecológica de Minas Gerais é premiada em responsabilidade
ambiental
Produção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .56 e 57
Raízen inaugura 1ª unidade de produção de etanol 2G
Setor em Destaque . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .58 a 66
Ethanol Summit 2015 tenta reposicionar o etanol na economia
Governador Alckmin participa do lançamento do Anuário da Cana 2015
Logística & Transportes . . . . . . . . . . . . . . . . . . .68 e 69
Capital privado é atalho para logística nacional
Saúde & Segurança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .70
Com bandeira da prevenção, São Martinho reduz acidentes em usinas
Negócios & Oportunidades . . . . . . . . . . . . . . . . .72 a 74
SÃO TUAS! “E ele lhe disse: Filho, tu sempre estás comigo, e todas as minhas coisas são tuas” (Parábola de Jesus, ensinando como Deus Pai nos ama, em Lucas 15:31)
O setor contra a Lava Jato Recentemente a Presidente Dilma Roussef mudou radicalmente seu posicionamento em relação ao setor sucroenergético. Primeiro ela considerou estratégica a parceria com os Estados Unidos para ampliar o mercado de etanol. “Nós consideramos fundamental a renovação dos canaviais, assim como a estrutura logística do setor, com a conclusão do etanolduto, além de construir uma malha ferroviária que também dará maior viabilidade a logística do setor”, declarou ela no final de julho durante o lançamento da planta de etanol 2G da Raízen (veja matéria na página 26). Interessante que até o final do ano passado, Dilma só fazia prejudicar o setor com suas políticas equivocadas, conduzindo-o a uma das piores crises da história com o fechamento de mais de setenta unidades. Situação que só não é pior para as usinas porque até os credores tiveram que flexibilizar, com os bancos brasileiros aceitando renegociar dívidas para evitar um calote generalizado por novos pedidos de recuperação judicial e os fundos estrangeiros transformando dívidas em equities (ações). Consumindo os despojos da crise, tradicionais grupos com o GVO (Grupo Virgolino de Oliveira) e Antonio Ruette estão prestes a ter seus controles acionários repassados a fundos de capital. O que faria uma governante mudar assim tão radical e rapidamente de postura? Simples. O desmoronamento de sua popularidade mantida artificialmente alta em seu primeiro mandato às custas de políticas assistencialistas e populistas, como a redução das contas de energia elétrica e o ufanismo do pré-sal. Agora que, literalmente, caiu a casa do PT, com a operação Lava Jato, recessão na economia e ameaça de impeachment, a Presidente volta seu discurso aos setores de real expressão socioeconômica, como o sucroenergético, apresentando-se como uma versão feminina de caixeiro viajante do desenvolvimento sustentável. Claro que esta repentina postura pró-etanol seria oportunamente aproveitada. Não é à toa que na inauguração da planta de etanol 2G em Piracicaba, Rubens Silveira Mello, presidente do conselho da Cosan, elogiou a presidente Dilma e afirmou ser ela uma mulher de fibra. Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, Rubens, considerado o rei do etanol, disse que a presidente Dilma Rousseff “mudou muito” e que o governo está “indo na direção certa”. O empresário, que no primeiro mandato de Dilma fez duras críticas à sua gestão, se mostrou otimista agora. O rei do etanol adianta-se em ocupar uma posição estratégica diante do governo, atitude que faz todo sentido tendo em vista que as medidas oficiais adotadas até o momento, como aumento da mistura e volta da Cide, apenas deram um fôlego extra à maioria das usinas, mas são insuficientes para garantir a sobrevivência até o próximo ciclo positivo. No início desta safra, de dez usinas da região Centro/Sul que procuraram os serviços de assessoria financeira da FINBIO, uma entrou em recuperação judicial, duas conseguiram restruturação formal de suas dívidas e as demais conseguiram manter suas atividades normais. Contudo, no avançar da safra, com a queda nos preços do etanol mesmo diante do aumento no consumo do biocombustível, passou a ficar nítida a inviabilização financeira de todas as dez usinas até o início da próxima safra. O rei do etanol está certo! Já que a Dilma tenta usar o setor como propulsão contra a crise política e econômica, as lideranças devem aproveitar esta oportunidade para obter correções e consolidar políticas públicas que tragam de volta a competitividade ao setor, como a alíquota integral da Cide e até um novo Proer. Quem sabe agora a Presidente Dilma aprenda a lição e comece a investir em políticas que gerem real desenvolvimento socioeconômico? Não custa tentar!
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O MAIS LIDO! ISSN 1807-0264 Fone 16 3512.4300 Fax 3512 4309 Av. Costábile Romano, 1.544 - Ribeirânia 14096-030 — Ribeirão Preto — SP procana@procana.com.br
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intercâmbio e a união entre os integrantes; Manter uma relação custo/benefício que propicie
parcerias rentáveis aos clientes e demais envolvidos.
Josias Messias josiasmessias@procana.com.br Controladoria Mateus Messias presidente@procana.com.br Eventos Rose Messias rose@procana.com.br Marketing Digital Lucas Messias lucas.messias@procana.com.br
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AGENDA
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A C O N T E C E
PRÊMIO MASTERCANA 2015 A primeira edição do Prêmio MasterCana acontece em Ribeirão Preto (SP) no dia 24 de agosto. Realizada no Espaço Golf, a solenidade é conhecida por premiar personalidades, empresários e executivos de usinas, empresas fornecedoras e grupos produtores. A premiação é o evento que abre a Fenasucro & Agrocana 2015, o maior evento técnico-comercial mundial para agroindústria canavieira.
FENASUCRO Considerada a maior feira do setor sucroenergético, a 23ª Feira Internacional de Tecnologia Sucroenergética (Fenasucro), acontecerá durante os dias 25 a 28 de agosto, em Sertãozinho (SP). Local de encontro de usinas e empresas de mais de 40 países, a Fenasucro movimentou mais de R$ 2,2 bilhões e atraiu cerca de 33 mil visitantes, que conferiram as novidades apresentadas pelos 550 expositores. Expositores e visitantes podem consultar o site para maiores informações: www.fenasucro.com.br
MASTERCANA BRASIL E NORTE/NORDESTE No dia 24 de setembro, em São Paulo (SP), acontece o Prêmio MasterCana Brasil. Em 2014 o Prêmio MasterCana reuniu em cada premiação cerca de 200 personalidades - como a ex-ministra Marina Silva -, e somou 40 premiações. As premiações serão encerradas no dia 19 de novembro, em Recife (PE), com o Prêmio MasterCana Norte/Nordeste. Realizados desde 1988, os eventos MasterCana reúnem representantes de mais de 2/3 da produção brasileira, em momentos de celebração e network diferenciados. Informações através do fone: (16) 3512-4300 ou e-mail: eventos@procana.com.br
USINAS DE ALTA PERFORMANCE Evento que reconhece as soluções e inovações no setor, o Fórum Usinas de Alta Performance, acontecerá no dia 15 de outubro, em Ribeirão Preto (SP). No encontro serão apresentados os casos de sucesso na implantação de ações que facilitem a rentabilidade e competitividade das usinas no curto prazo. A última edição do evento contou com a participação de 20 usinas e grupos.
PRÊMIO BESTBIO Em paralelo ao Forúm Usinas de Alta Performance, no dia 15 de outubro, acontece o Prêmio BestBIO. A premiação é uma iniciativa independente que incentiva a sustentabilidade através da divulgação e reconhecimento dos melhores cases da bioeconomia brasileira, com ênfase no desenvolvimento e geração de energias limpas e renováveis.
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MERCADO
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O EXEMPLO QUE VEM DE MINAS! Redução de 5% na alíquota de ICMS sobre o etanol pressiona outros estados a imitar mineiros e paulistas R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP
A redução da alíquota de ICMS sobre o etanol, de 19% para 14%, em Minas Gerais não está gerando impacto apenas no setor sucroenergético mineiro, que teve em maio um consumo de 142,8 milhões de litros, um aumento superior a 170% em relação aos 52,8 milhões comercializados no mesmo mês do ano passado. A medida reabre e aquece o debate sobre a tributação de combustíveis no Brasil. O exemplo de Minas Gerais, além de dar um pouco de fôlego para unidades sucroenergéticas, caminha no sentido de mostrar para a sociedade os benefícios, ambientais, sociais e econômicos do etanol, comenta o economista Haroldo José Torres da Silva, gestor de projetos e pesquisador do Pecege – Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas, da Esalq/USP. Segundo ele, Minas Gerais e São Paulo – que já adotam a alíquota de 12%
de ICMS – estão demonstrando ao Brasil que abrem mão de uma parcela da arrecadação, mas obtêm benefícios com aumentos da produção, do PIB setorial, de emprego e renda nesta atividade. De um jeito ou de outro, a medida está movimentando o setor. Diversas usinas mineiras vendem para outros estados, da mesma forma que produtores de outros estados comercializam etanol para Minas Gerais. Mas, não é só isto. O ranking dos maiores produtores do país também deverá ter alterações. “Minas é o segundo maior mercado de combustível do Brasil. Mas, ficava em quarto ou quinto lugar no consumo de etanol. Agora efetivamente vamos ser o segundo estado em consumo de etanol”, afirma o economista Mário Ferreira Campos Filho, presidente da Siamig – Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais. Para cada cem litros de gasolina consumidos em Minas Gerais em 2014, houve um consumo de 15 litros de etanol. Esse número em 2015 deve dobrar – calcula Mário Campos. “Com esse aumento, Minas Gerais pode chegar no ano civil a pouco mais de 1,5 bilhão de litros. Em 2014, foram 750 milhões de litros. No ano safra, o setor sucroenergético mineiro pode alcançar até dois bilhões de litros”, detalha.
Mário Ferreira Campos Filho: 2º maior mercado de combustível ficava em 4º ou 5º lugar no consumo de etanol
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MERCADO
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Demanda reflete preço favorável do produto em relação à gasolina O mercado em Minas Gerais começou a mudar antes mesmo da entrada em vigor da redução de ICMS em 18 de março por causa dos efeitos da elevação da tributação sobre a gasolina que aumentou o preço deste combustível, observa Mário Campos. Apesar de ter contado com alíquota menor de ICMS em menos da metade do mês, março já teve um aumento significativo no consumo de etanol: houve a comercialização de 105,6 milhões de litros, mais do que o dobro em comparação aos 52 milhões de março de 2014.
Paridade tem ficado em 66,5% na média, mas em algumas cidades e postos o etanol apresenta preço de 60% em relação ao valor do litro de seu concorrente Em abril o consumo de etanol continuou em disparada. Foram vendidos 140 milhões de litros, um volume 147% maior do que os 56,7 milhões do mesmo período do ano passado.
Posto de combustível em São João Del Rey: consumo de etanol em disparada no Estado
Essa nova situação em Minas Gerais reflete o preço favorável do etanol em relação à gasolina – que precisa ficar abaixo de 70% do seu concorrente nas bombas dos postos. O índice tem ficado, em média, em 66,5%. “Este era inclusive a projeção de paridade para Minas Gerais quando pensamos e propomos a alteração”, revela
Mário Campos Filho, presidente da Siamig. Em algumas cidades e em alguns postos, o etanol tem se mostrado ainda mais competitivo, mantendo um índice em torno de 60%. Para estimular as vendas de etanol hidratado no estado, a Siamig realizou também a campanha publicitária “Eu Vou de etanol” no rádio e nas mídias sociais. (RA)
9
Divisão de margens tem o objetivo de possibilitar recuperação do setor O “boom” do etanol em Minas Gerais está colocando em pauta outra questão: a necessidade dos produtores ficarem com uma margem maior de remuneração em decorrência das alterações tributárias, consideradas importantes para o aumento da competitividade do produto. Nos primeiros meses de redução do ICMS as margens de postos e distribuidoras aumentaram significativamente e os produtores mantiveram um preço abaixo da expectativa e da necessidade de remuneração. “O objetivo é que o setor se recupere, volte a investir, inclusive para aumentar a sua produção para atender essa demanda”, afirma Mário Campos, do Siamig. Mas, se não tiver boa remuneração, não vai se recuperar – ressalta. A expectativa é que o mercado faça um ajuste na divisão de margens. (RA)
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MERCADO
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Maior rentabilidade atende necessidade de geração de caixa A adoção de políticas públicas em prol do etanol, como a redução do ICMS em Minas Gerais, se encaixa no atual panorama do setor A deterioração das margens econômicas do setor sucroenergético vem ocorrendo desde a safra 2007/08, quando o Pecege começou inclusive a acompanhar os custos de produção da atividade, constata Haroldo Torres, pesquisador do Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas, da Esalq/USP. Na opinião dele, a adoção de políticas públicas em prol do etanol, como a redução do ICMS em Minas Gerais, se encaixa no atual panorama do setor. De acordo com o economista, hoje o etanol é o produto mais rentável e também de maior liquidez, atendendo a necessidade de geração de caixa das unidades e grupos que apresentam elevado nível de endividamento. O açúcar vem de um momento de baixa no mercado internacional,
Haroldo José Torres da Silva: aumentos da produção, do PIB setorial, de emprego e de renda
principalmente em função do comportamento de outros players, como Índia e Tailândia, por isso a tendência
deste produto é demorar um pouco mais para reagir, principalmente em termos de recuperação de preço – analisa.
“Neste contexto, o etanol tem sido um ativo mais rentável e, principalmente, com maior liquidez. Em decorrência disto, diversas empresas estão produzindo mais este produto. Alguns grupos mais consolidados têm direcionando sua produção para o açúcar esperando uma reação do mercado internacional, pensando numa estratégia de estoque e numa recuperação do preço do produto lá fora, ou por terem contratos já fixados de longo prazo”, comenta. O Brasil é um grande player no mercado internacional de açúcar, assim como em outras commodities, mas ainda é tomador de preço – observa. “A única oportunidade do Brasil se destacar como formador de preço é no etanol”, afirma Haroldo Torres, que é coordenador do projeto do Pecege voltado ao levantamento de custos de produção de cana-de-açúcar, etanol, açúcar e bioenergia. Segundo ele, o objetivo dessas políticas de redução de ICMS é dar um pouco mais de fôlego para o setor e, além disso, mostrar para a sociedade os benefícios ambientais deste combustível. A volta da Cide também caminhou nesta direção. O aumento da mistura de anidro na gasolina, de 25% para 27%, tem ajudado a melhorar os ganhos do setor – observa. (RA)
Variação muito grande de preço prejudica o mercado Um produto competitivo na bomba para que o consumidor crie o hábito de abastecer o seu veículo com etanol e a garantia de melhor rentabilidade para o produtor não devem ser as únicas consequências das mudanças que estão interferindo nos preços e na competitividade dos combustíveis. Para que o mercado se torne mais previsível a todos os seus atores, existe a necessidade de que ocorra uma menor oscilação de preço. “Essa grande variação prejudica o mercado de forma geral. Prejudica a percepção que o consumidor e o dono do posto têm do produto”, comenta o presidente da Siamig.
Segundo Mário Campos, os proprietários de postos têm feito investimentos em novos bicos e bombas para o etanol que hoje está viável. “Mas, se não estiver mais daqui a seis meses porque o preço aumentou muito na produção, daí ele vai se decepcionar, como já se decepcionou em outras ocasiões”, diz. Essa variação entre um preço muito baixo e um preço muito alto é ruim para toda a cadeia e gera desconfiança em relação ao etanol – enfatiza. “Oscilação é comum no mercado. O grande problema é quando a oscilação é muito grande e vem de uma forma muito rápida. O impacto não é bom”, avalia. (RA)
Posto em São João Del Rey: etanol voltou a ser atrativo na bomba
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Goiás e Paraná, favoráveis, mas não para agora
Beto Richa, Geraldo Alckmin e Marconi Perillo
Neste Ethanol Summit realizado no início de julho em São Paulo, três governadores participaram de uma plenária para discutir o desenvolvimento do setor nos seus respectivos estados. O tema recorrente foi menor oneração no ICMS, para alavancar o consumo, especialmente. Geraldo Alckmin ficou em situação confortável, porque seu estado é o que cobra menor alíquota de ICMS — reduziu a alíquota de 25% para 12%. Marconi Perillo Jr, governador de Goiás e Beto Richa, do Paraná, saíram pela tangente. Pressionados, ambos disseram concordar com a redução do tributo, mas disseram que não podem abrir mão desta diferença para maior de arrecadação neste momento. (Luiz Montanini)
Diminuição da alíquota reabre debate sobre imposto ambiental Isonomia estimula produção e consumo em outros estados
A sobrevivência de unidades e grupos sucroenergéticos está ligada à inovação e à tecnologia que são caminhos pelos quais o setor tem trilhado, afirma Haroldo Torres. “Mas, depende também de uma política mais clara de combustíveis”, observa. Segundo ele, a redução do ICMS em Minas Gerais, além de reabrir o
Alteração tributária coloca novamente em discussão a questão da precificação do carbono debate sobre a tributação do etanol em outros estados, coloca novamente em discussão a questão da precificação do carbono. No caso da diminuição da alíquota, embora ocorra uma
redução da arrecadação estadual, a medida traz um aumento do PIB inclusive para a geração de emprego, de renda e proporciona benefícios para toda cadeia – pondera. “Se o estado deixa de arrecadar por um lado, há um crescimento da atividade econômica por outro” – avalia. Para Haroldo Torres, as políticas públicas devem levar em consideração o “imposto ambiental”, ou seja, as diferenças nas tributações devem internalizar os grandes benefícios ambientais e sociais do etanol. Além da redução do ICMS, o retorno da Cide a patamares anteriores – que ficavam em torno de R$ 0,40 e R$ 0,60 – é uma medida que pode ser adotada. Outra opção é a criação de um fundo de estabilização de preços, para garantir um pouco de previsibilidade para o setor. “Esta discussão está começando a ser implementada”, revela. O fundo, com leilões e ajustes semanais de preços, teria a finalidade de assegurar a competitividade do etanol – diz. “Funcionaria como um mercado de energia à base de leilões”, esclarece. (RA)
A isonomia na tributação de ICMS sobre o etanol é outra medida considerada importante por Haroldo Torres, do Pecege, porque evita as guerras fiscais e estimula a produção e o consumo deste biocombustível em outros estados. “A equiparação ajuda o setor a olhar para o longo prazo e a realizar investimentos visando um aumento contínuo de produção”, enfatiza. Apesar dos benefícios, ele considera muito difícil a implementação dessa medida de imediato, por causa da dificuldade de alguns estados – que já registram queda de receita – abrirem mão de impostos nesse momento de crise econômica. “No médio ou longo prazo, a isonomia pode ser, no entanto, viável” – acredita. (RA)
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Biosev aposta na diversificação para ampliar ganhos financeiros Grupo tem obtido bons resultados com a produção de açúcar líquido, álcool neutro e ração animal, entre outros itens R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP
Algumas usinas continuam apostando no aumento da produção de tipos especiais de açúcar e etanol, como opção para elevar a rentabilidade. “A diversificação do mix e a fabricação de produtos com maior valor agregado são importantes iniciativas para a Biosev. A companhia é líder na produção de açúcar líquido e álcool neutro utilizados na indústria de alimentação, bebidas e farmacêutica”, afirma Enrico Biancheri, diretor comercial da empresa. Além disso, a companhia tem alcançado bons resultados no melhor aproveitamento de subprodutos do processo de industrialização, como o bagaço de cana, melaço, levedura e ração animal – revela. Em 2014, a empresa inaugurou inclusive a sua terceira fábrica de ração animal, que está anexa à unidade de Lagoa da Prata. O empreendimento exigiu investimentos de R$ 5,3 milhões. A
Fábrica de ração animal da Biosev, anexa à unidade de Lagoa da Prata
Enrico Biancheri: pela diversificação do mix e fabricação de produtos com maior valor agregado
companhia também possui fábricas de ração anexas às Usinas Vale do Rosário e MB, ambas em Morro Agudo, no estado de São Paulo. A capacidade total de produção de ração da Biosev é de 85 mil toneladas por ano. Com onze unidades em operação, a Biosev tem atualmente capacidade de processamento de 36,4 milhões de toneladas/ano de cana-de-açúcar e 1.346 GWh/ano de energia elétrica renovável excedente, gerada a partir da utilização do bagaço de cana-de-açúcar e outras biomassas. A companhia produz ainda açúcar VHP, cristal e refinado, além de etanol hidratado e anidro e álcool neutro.
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Produto de maior valor agregado nem sempre gera lucro Fabricação de itens especiais deve levar em conta a apropriação correta dos custos indiretos A produção de diferentes tipos de açúcar e de etanol, com maior valor agregado, sempre foi considerada uma boa estratégia para melhorar o desempenho financeiro de unidades e grupos sucroenergéticos. Mas, com a crise setorial e conjuntural e a maior competitividade no mercado, essa prática está sendo reavaliada. O que parecia ser algo permanentemente positivo, nem sempre proporciona benefícios. Uma decisão assertiva nessa área deve levar em conta a apropriação correta dos custos e a boa arbitragem entre as commodities e produtos de maior valor agregado, alerta Josias Messias, presidente do Pró-Usinas, portfólio de soluções voltadas ao incremento da eficiência e da rentabilidade de empresas sucroenergéticas. É necessário também avaliar o impacto que a fabricação desses itens especiais – como açúcar líquido, refinado, açúcar para confeiteiro, álcool neutro, entre outros – pode ter no processo industrial e na logística interna da unidade, afirma. Uma análise financeira mais profunda desses produtos pode, inclusive, causar surpresas em diversas situações. Há o caso de uma usina que fabricava mais de 10 tipos de açúcar, mas só computava o custo direto de fabricação e não apropriava as despesas indiretas com a logística interna, dimensionamento da equipe, perdas no ensaque e custos com o armazenamento, além da época correta para aproveitamento do ART para aquele tipo de produto” ¬– exemplifica. Algumas empresas que tinham vários tipos de açúcar no portfólio restringiram bastante a disponibilidade de itens, informa Josias Messias.
Decisão assertiva depende de análise do mercado
Josias Messias: portfólios diversificados surgiram em condição do mercado diferente da de hoje
Segundo ele, os portfólios mais diversificados surgiram em um período em que a condição do mercado era diferente do que é hoje. “Os preços estavam bons e
algumas usinas aproveitavam nichos de mercado não apenas para ter produtos de maior valor agregado, mas também para fidelizar receitas e clientes”, observa. (RA)
A decisão para a fabricação de produtos com maior valor agregado depende também de uma avaliação do mercado que pode aferir se determinada iniciativa nessa área pode tornar-se compensadora – ou não. Para a produção de açúcar líquido a usina costuma ter contrato com fábricas de refrigerantes e indústrias alimentícias, constata Josias Messias. É mais estável. “Poucas usinas conseguem essa escala para álcool neutro, por exemplo”, observa. Segundo ele, em alguns momentos o prêmio para o açúcar refinado compensa e em outros não. Por isso, muitas usinas têm aberto mão desse produto, porque se há perda de dinheiro com o VHP, corre-se o risco de uma perda ainda maior com o refinado, dependendo do processo da usina. “A conta tem que fechar. A expertise, a acuracidade da apropriação dos custos e a gestão da logística têm que ser acompanhadas de perto”, ressalta. (RA)
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Impactos na indústria e na logística devem ter avaliações corretas Rentabilidade ilusória e a complexidade da gestão do processo de produção e comercialização podem levar a decisões equivocadas A fabricação de um produto com maior valor agregado deixa de ser interessante quando não se tem uma boa apuração dos custos e despesas. Essa conta que deveria fechar e ser óbvia num primeiro momento, acaba sendo camuflada pela rentabilidade ilusória e a complexidade da gestão do processo de produção e comercialização desses itens especiais. O produto com maior valor agregado precisa também de profissionais com expertise na venda, na produção e na logística. “Se não tiver pessoas que dominem o assunto, a produção pode não compensar. Em diversos
Boa avaliação considera o melhor momento do campo, o mercado e a capacidade de adaptação industrial a cada momento
casos, a diretoria é convencida a fabricar esses produtos pelo pessoal da área comercial devido à oportunidade para elevar o faturamento da empresa, sem que ocorra a avaliação correta do impacto que essa decisão tem na indústria e na logística e, consequentemente, nos custos – constata Josias Messias.
Antes de qualquer ação voltada à diversificação, existe a necessidade da realização de uma boa arbitragem entre produtos. “Não se trata de fazer a arbitragem entre cogeração, hidratado, anidro e açúcar. Qualquer usina que queira ser competitiva tem que fazer isto, que é básico e estratégico”, observa. Tampouco esta regra vale para a
“Mudança de chave” também precisa ser levada em consideração Um aspecto que precisa ser ponderado é o impacto do produto de maior valor agregado na “mudança de chave” da planta industrial, ou seja, a necessidade de desviar o processo para a fabricação de um determinado item. “O sustento de uma usina está nas commodities, que requer escala”, observa Josias Messias. Utilizar matéria-prima, pessoas e parte da estrutura da unidade industrial, em determinados momentos, para fabricar produtos bem específicos pode não compensar – avalia o presidente do PróUsinas. É preciso saber qual é o impacto que a mudança de chave vai ter na escala dos produtos principais da unidade sucroenergética. Se a usina agrega valor, mas não consegue apropriar o custo de produção e
Bioplástico
as despesas indiretas, geradas pela mudança do processo, não vai ter a dimensão exata do que pode representar a fabricação de itens especiais. “Cada vez que ocorre a mudança de processo, há uma perda. E não são todas as usinas que computam essa perda. Há ainda as mudanças do ensaque, estoque”, diz. De acordo com ele, o período de aproveitamento do ATR também deve ser levado em conta. Nem sempre dá para casar o período de entrega de um açúcar especial com o período de colheita da matéria-prima mais apropriada à sua fabricação, o que faz a usina carregar um estoque e deixar dinheiro parado. “Se a empresa não tiver uma gestão apurada de custos, vai ficar seduzida pela receita maior, mas não terá lucro” – comenta. (RA)
diversificação a partir de subprodutos do processo de industrialização, como leveduras e ração, tendo em vista que estes não concorrem com os demais produtos pela matéria-prima. A arbitragem passa a ser entre produtos considerados commodities, açúcar VHP e etanol, e um açúcar especial ou um álcool neutro – diz. Uma boa avaliação tem que considerar o melhor momento do campo, o mercado, a capacidade de adaptação da planta industrial a cada momento. “Quem consegue ter uma boa arbitragem nisso, pode agregar valor à receita da empresa”, comenta. Existe a necessidade de considerar também que as plantas industriais estão passando por transformações e os custos devem ser atualizados de acordo com a nova realidade. Pode não compensar parar uma linha de produção para atender a fabricação de um produto específico com pequena representatividade, que exige mudança de processo e de foco de boa parte da equipe – afirma. (RA)
Itens com plantas específicas apresentam maior viabilidade A fabricação do produto de maior valor agregado pode ser interessante se a empresa tiver um bom sistema de arbitragem, a área comercial respeitar o tempo da matériaprima – que em alguns períodos é mais adequada para determinado produto – e ainda se a logística interna do processo for bem estudada – ressalta Josias Messias. Além disso, é preciso ter assertividade na apropriação de custos. Fica mais fácil fabricar produto de maior valor agregado se a opção for por determinados itens – como açúcar líquido ou invertido, por exemplo –, que exigem uma planta dedicada para isto. “Não há necessidade de ficar virando a chave da fábrica, pois esses produtos têm uma linha específica e ganham escala própria”, afirma. (RA)
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GIRO DO SETOR
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Fusão de players americanas fortalece setor de etanol nos EUA A americana Pacific Ethanol anunciou no início do mês de julho a finalização do processo de fusão com a Aventine Renewable Energy Holdings. Em pronunciamento realizado para imprensa Neil Koehler, CEO da Pacific Ethanol, afirmou que a sinergia das duas companhias possibilitará a duplicação da capacidade produtiva de etanol, além da possibilidade de expandir a área de atuação da empresa. A produção de etanol da Aventine, que utiliza milho em suas indústrias como matéria-prima, é de 1,2 bilhão de litros nas quatro unidades da companhia, localizadas no Centro-Oeste americano, nos Estados de Illinois e Nebraska. Juntas as companhias somam uma produção de 1,95 bilhão de litros de etanol por ano. Somada à estrutura de comercialização da Pacific Ethanol, a expectativa é de venda superior a 3 bilhões de litros do biocombustível anualmente. Com a aquisição, a Pacific Ethanol dobrará sua capacidade produtiva e pretende avançar em novos mercados nos Estados Unidos. Atualmente a companhia possui quatro usinas de etanol espalhadas nos Estados da Califórnia, Oregon e Idaho. Além destas usinas, quatro novas usinas da Aventine estão inseridas na produção da companhia, localizadas em Illinois e Nebraska.
Pacific Ethanol agora é o sexto maior produtor do biocombustível em solo norte-americano
Gulf Petrochem construirá usina de etanol na Índia
British Sugar reduz em 15% preço da beterraba ao produtor
A petroleira Gulf Petrochem está de olho na elevada demanda por etanol na Índia. Ciente que a oferta do biocombustível está estagnada, a empresa decidiu diversificar seus investimentos e construir uma unidade produtora de etanol no país. Com capacidade para produção de 60 milhões de litros de etanol por ano, a usina de etanol da Gulf Petrochem está orçada em US$ 157,7 milhões. O etanol indiano possui 90% de sua produção baseada na cana-de-açúcar. A empresa, porém, pretende adaptar as futuras instalações para também produzir o biocombustível através da casca de arroz. Há mais de uma década o governo indiano estipulou a mistura de 5% de etanol na gasolina, medida em paralelo com as iniciativas globais de redução de gases poluentes na atmosfera. Esta porém não é a realidade na Índia. A adição do biocombustível não ultrapassa os 2% e o principal motivo é a baixa oferta de etanol no mercado doméstico. Para alcançar esta meta o país precisa produzir cerca de 1,15 bilhão de litros; a atual produção do país atinge aproximadamente 800 milhões de litros.
Os produtores britânicos de beterraba receberão 15% a menos pelo produto entregue às indústrias de açúcar da British Sugar. A decisão foi tomada em conjunto pela British Sugar e a divisão de açúcar da National Farmers Union (NFU). Indústria e produtores enfrentam dificuldades devido a contínua queda do preço do açúcar no mercado internacional, pressionada pelo quinto ciclo de superávit produtivo. O preço acordado entre as partes ficou estipulado em £ 20,30/t (libra esterlina por tonelada). O preço será utilizado tanto para os contratos in natura quanto para contratos com a indústria, que demanda o produto para a produção de açúcar e biocombustível. Os contratos vigentes nesta safra possuem valor de 24 libras esterlinas por tonelada de beterraba.
Empresa investirá US$ 157,7 milhões em usina de etanol
Fornecedores de cana na Índia tomam empréstimos com agiotas Preços internacionais afetam a saúde financeira e emocional de setor canavieiro indiano Pressionada pelos baixos preços internacionais do açúcar, a indústria açucareira indiana não consegue arcar com os pagamentos aos agricultores locais, gerando enorme endividamento na região de Mandya, conhecida por ser um cinturão canavieiro no Estado de Karnataka. A produção de cana continua na região, porém a falta de dinheiro e a baixa qualidade de vida preocupam autoridades locais. Sem recursos, alguns agricultores fazem empréstimos através de agiotas, o que pode complicar ainda mais a saúde financeira dos produtores de cana-de-açúcar da região. Fornecedores, porém, culpam o governo por não olhar para o valor da commodity no mercado externo. Para eles, o açúcar exportado deveria possuir maior valor de mercado em relação ao comercializado na Índia.
Produtor receberá £ 3,7 a menos pela tonelada
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Jornal da Santa Inês tem linha editorial diferenciada O slogan “Você faz parte dessa história” destaca o caminho que tem sido trilhado pela publicação desde o lançamento em julho de 2011 R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP
Apesar da concorrência das mídias eletrônicas, o jornal interno – conhecido também como house organ – continua sendo um veículo importante no processo de comunicação de diversas empresas do setor sucroenergético. Na Destilaria Santa Inês (Grupo Tonielo), de Sertãozinho, SP, a interação com funcionários é um dos destaques de reportagens do Jornal DSI, que tem uma linha editorial diferenciada em relação a publicações internas de outras empresas, que divulgam quase exclusivamente matérias institucionais. O Jornal DSI procura ter como foco o dia a dia do trabalhador e assuntos do país, explica Nander Vieira Fernandes, assistente pessoal de Recursos Humanos da Santa Inês, que coordena a publicação que não deixa de divulgar as ações da empresa e retratar a trajetória da destilaria que completou 47 anos em 16 de julho.
O objetivo, desde o início, era elaborar um jornal voltado para o funcionário, conta Nander Fernandes. O slogan “Você faz parte dessa história”, veiculado na primeira página, destaca o caminho que tem sido trilhado pela publicação desde o lançamento em julho de 2011. Com uma linguagem própria – que “dribla” alguns padrões por causa da criatividade ou mesmo da imprecisão –, o jornal tem alcançado o seu objetivo: a boa receptividade por parte de seus leitores. Tem funcionário que faz coleção da publicação, desde a primeira edição – exemplifica Nander Fernandes. De periodicidade trimestral, a publicação, com quatro páginas, tem uma tiragem de mil exemplares, ficando também disponível no site da Destilaria Santa Inês. Os assuntos de cada edição são discutidos em uma reunião de pauta da equipe que conta com o trabalho de uma jornalista, que presta serviços para a empresa. O apoio da diretoria à linha editorial mais aberta, menos institucional, tem sido fundamental para o projeto – afirma. O jornal está vinculado ao setor administrativo da empresa, comandado pela diretora Claudia Tonielo.
Fernando Mermejo saiu da TI para ser auxiliar de cozinha por um dia
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Reportagens acompanham o dia a dia de funcionários Matérias e artigos abordam também a questão ambiental e assuntos de âmbito nacional O ponto forte do Jornal DSI é a produção de matérias que possibilitam uma reflexão sobre atividades e atitudes relacionadas ao dia a dia da vida e do trabalho dos funcionários. Exemplo disso foi a reportagem publicada na edição Nº 3, de janeiro de 2012, que retratou o projeto “Sentindo na pele”. O funcionário do setor de TI – Tecnologia da Informação, Fernando Mermejo, teve a oportunidade de trabalhar como auxiliar de cozinha por um dia, vestindo inclusive a roupa apropriada para a atividade. Ele executou serviços, como servir os frequentadores do restaurante, lavar, separar e cortar legumes e verduras, além de outras tarefas da cozinha. A equipe do Jornal DSI foi conferir a sensação do funcionário de TI diante da nova experiência que “ficou impressionado com a limpeza do ambiente, a organização dos produtos, a rotina de trabalho, o grau de coleguismo da equipe”. A ideia do projeto e
também da matéria é valorizar as diferentes atividades executadas na empresa – comenta Nander Fernandes. Em outra reportagem, o Jornal DSI acompanhou a rotina de um trabalhador rural desde a hora que ele acorda, visitando inclusive a casa dele. O objetivo foi demonstrar que as dificuldades do dia a dia não impedem que as pessoas trabalhem e contribuam para a sociedade – observa o coordenador da publicação. O Jornal DSI fez também uma “blitz” na geladeira de um funcionário, com a participação de uma técnica de nutrição, que deu dicas sobre acondicionamento e aproveitamento de alimentos. Outra edição publicou matéria sobre a avaliação de marmitas de funcionários de diversos setores da destilaria, realizada por um médico nutrólogo que deu dicas sobre o que precisava ser mudado na alimentação. “Começamos a discutir também assuntos de âmbito nacional. Queremos informar o funcionário sobre o atual momento que o país está enfrentando”, enfatiza. A questão ambiental também é abordada com destaque na publicação. “O Jornal DSI é dinâmico. A pauta do jornal tenta ‘enxergar’ o momento que está sendo vivido”, afirma. (RA)
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Inovação em Recursos Humanos pode trazer fôlego às equipes Cientes da difícil tarefa que é gerir o setor de recursos humanos na cadeia sucroenergética, profissionais da área se reúnem para conhecer o atual cenário em diferentes empresas e buscar em meio à dificuldade soluções e inovações. E assim, levar segurança aos milhares de colaboradores envolvidos nesta agroindústria. Levar ideias e entender a demanda de suas equipes. Este foi o tom do encontro do Grupo de Estudos em Recursos Humanos na Agroindústria (Gerhai), que aconteceu em Sertãozinho (SP), no dia 3 de julho. Enfático na relevância de uma gestão que pense fora dos atuais padrões, José Darciso Rui, diretor executivo do grupo, afirma que somente com profissionais de RH proativos será possível inovar e crescer. “Além de nos preocuparmos em entender o atual cenário das negociações coletivas em cada empresa, entendemos a necessidade de trazer novas tecnologias para incentivar a inovação na agroindústria. A
compreensão do atual cenário somada à contínua capacitação resulta em esforços por um setor mais preparado para vencer os atuais desafios”. Para levar um caso de sucesso aos colegas de recursos humanos, Nilton César de Brito, gerente de saúde e segurança do trabalho corporativo do Grupo São Martinho apresentou o atual programa de gestão de segurança do trabalho do grupo. Mostrou os conceitos de prevenção e educação como ferramentas para mitigar o número de acidentes dentro das usinas. A MWB ficou responsável por apresentar inovações aos presentes. Por este motivo, Mauro Bonon, sócio-diretor da empresa, dedicou sua palestra à relevância de criar um ambiente estimulante, no qual os colaboradores possam adquirir a cultura de inovar, possibilitando a renovação do ambiente de trabalho e de seus processos. Durante o encontro o grupo debateu as
relações sindicais, no qual participantes de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso do Sul e Goiás abordaram o atual desenrolar das negociações coletivas nestes estados. Conforme levantado durante o debate, muitas usinas fizeram negociações isoladas de acordo com suas necessidades e realidade local, principalmente em São Paulo. Para entender a atual legislação trabalhista, o grupo organizou um debate com especialistas no assunto. De forma ampla, foi possível articular sobre os problemas da nova Lei dos Motoristas e da Lei da Terceirização. Estiveram presentes para conduzir as opiniões, Omar Hakin Junior, advogado e assessor da Federação dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado de São Paulo, Maria Lucia, representante do Ministério do Trabalho e Emprego e Paulo Gallo, diretor técnico do Ceise Br. O debate foi conduzido pelo advogado João Reis.
D EPO I M ENTOS
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MELHOR GESTÃO INTERNA “Nestas reuniões conseguimos captar como estão as movimentações da área de recursos humanos em usinas e na indústria, o que contribui para nossa gestão interna” Sabrina Ortolani Campinini, analista de recursos humanos
TECNOLOGIAS E TENDÊNCIAS “O encontro permite disseminar as últimas tecnologias e tendências de nosso setor, permitindo a estruturação não só de toda a cadeia sucroenergética, como de toda a agroindústria” Patrícia Paolillo de Crescenzo, JJ Assessoria
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Evento incluiu debate sobre atual legislação trabalhista
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MAIS PROTEÇÃO E MENOS ALGUNS MILHÕES EM PERDAS Tendo como base a norma ISO 31000:2009, empresa aumenta o nível de proteção e bem estar com Plano Diretor de Segurança Empresarial DA R EDAÇÃO
Responsável por movimentar cargas e produtos de valor elevado e ter alto nível de exposição, empresários e executivos de usinas se deparam com o desafio de proteger seus colaboradores e ativos contra a ação de criminosos. No momento em que as usinas estão repensando seus sistemas de proteção, a Socius Soluções em Serviços Facilities propõe agregar inteligência ao planejamento da segurança tendo como base os procedimentos da norma orientadora ABNT NBR ISO 31000:2009, a qual fornece orientações para o desenho, implementação e manutenção de processos de gestão de riscos em toda a organização. A consultoria em gestão de riscos desenvolvida pela Socius permite à usina estabelecer o Plano Diretor de Segurança Empresarial com base na norma ISO 31000: 2009, o qual assegura sucesso nas ações preventivas e resulta na redução significativa de perdas para a empresa e num ambiente de bem estar para colaboradores e visitantes. Para Celso Bonfante, diretor da Socius, a adoção de uma estratégia nesta área permite que as usinas não sejam surpreendidas com gastos extras ou com sinais tardios de desvios. “Por não ter um plano diretor de segurança, as
Celso Bonfante, diretor da Socius, e Josias Messias, presidente do Pró-Usinas
empresas não conhecem efetivamente seus riscos. Sendo assim, esses riscos não são gerenciados e não há identificação e quantificação das perdas”, afirma. Vítimas de elevada visibilidade, empresários e executivos do setor também devem tomar precauções para sua proteção pessoal. “O primeiro passo é o proprietário, herdeiro ou executivo ter consciência de sua atratividade para o crime organizado, independentemente de estar ligado a uma grande corporação ou simplesmente possuir influência na comunidade”, observa Bonfante.
Análises críticas agregam inteligência e menor esforço Ainda que os objetivos sejam aumentar o nível de proteção e capturar valor com a prevenção e recuperação de perdas, o fato é que ao agregar inteligência aos procedimentos, o Plano Diretor de Segurança Empresarial implementado pela Socius permite à usina uma redução de custos quando comparado aos modelos convencionais de segurança. Como exemplo, Bonfante explica que, através do Plano Diretor, pequenos investimentos conseguem inibir perdas de cargas e produtos agrícolas de custo elevado. Dada a diversidade de cenários e complexidade das atividades sucroenergéticas, o plano diretor de segurança empresarial deve ser suportado por análises críticas realizadas por especialistas em gestão de riscos e segurança. O planejamento especializado das possíveis ameaças facilita a compreensão dos pontos críticos na usina, inibindo e evitando novas ocorrências. “O ideal é empregar a inteligência no desenvolvimento dos processos e analisar o escopo necessário para cada atividade. Identificar os riscos potenciais e definir um plano de treinamento baseado nas atividades e políticas internas é essencial. Porém, implantar um plano diretor de segurança empresarial coloca a usina num nível superior de proteção e economia”, observa Celso Bonfante. Devido aos resultados proporcionados pela metodologia Socius de implantação do Plano Diretor de Segurança Empresarial, a empresa passou a compor o portfólio do Pró-Usinas, que facilita o acesso dos tomadores de decisão a soluções muitas vezes não convencionais, mas que já demonstraram sua eficácia em usinas. “Nosso papel é apresentar alternativas para que as empresas superem os constantes desafios do mercado e permaneçam competitivas e sustentáveis mesmo neste cenário de crise”, afirma Josias Messias, presidente do Pró-Usinas e da ProCana Brasil.
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ARTIGO
TEM QUE DEVOLVER! Receita terá que restituir contribuições recolhidas sobre serviços prestados por cooperativas de trabalho
inconstitucionalidade da citada contribuição, restando às empresas apenas o trabalho de análise, revisão e pleito administrativo das contribuições recolhidas indevidamente. Esclarece que o inciso IV do Artigo 22, da Lei 8.212/91 foi julgado inconstitucional por ferir o Artigo 195 da Constituição Federal, pois a base de cálculo não se enquadrava em nenhuma das estabelecidas neste artigo constitucional. Além disso, teria que ser instituída por meio de Lei Complementar, com base nos Artigos 195, § 4º e 154, inciso I, da Constituição Federal. As empresas precisarão estruturar seus requerimentos de compensação ou restituição de forma bastante cautelosa, evitando que a Receita Federal encontre vulnerabilidades no pedido e ao final glose o crédito já reconhecido pelo STF. Para tanto, será necessário uma profunda análise dos documentos, declarações e valores envolvidos estruturando o pedido de forma acertada.
*PAULO ALVES PINTO
Em meio à turbulência enfrentada pelas empresas por conta da crise política e econômica que vem assolando o Brasil, com forte prejuízo para o setor sucroenergético, que há muito tempo pede apoio da União para suportá-la, precisamos ficar atentos às oportunidades de recuperação de créditos tributários provenientes de pagamentos indevidos. Dentre eles, os provenientes de decisões judiciais do Supremo Tribunal Federal - STF favoráveis aos contribuintes. Um excelente exemplo desse tipo de oportunidade que pode estar passando despercebido aos olhos dos empresários é o direito à compensação ou restituição dos valores recolhidos de contribuição previdenciária a cargo das empresas de 15% sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços. São relativos a serviços que lhe são prestados por
Paulo Alves Pinto, da Diretriz Consultores e Auditores
cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho, previsto no inciso IV do Artigo 22, da Lei 8.212, de 24 de julho de 1991, julgada inconstitucional pelo STF.
De acordo com o advogado Ricardo Henrique Fernandes da Advocacia Najjarian Batista, o STF – Supremo Tribunal Federal, já se pronunciou em definitivo sobre a
*Paulo Alves Pinto é consultor tributário da Diretriz Consultores e Auditores Diretriz 16 3635.3355 / 3632.8409 www.diretrizconsultores.com.br
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Dilma usa evento em Piracicaba para se reaproximar do setor DA R EDAÇÃO
No lançamento da planta de etanol de segunda geração da Raízen, em Piracicaba, SP, no último dia 22 de julho, (veja cobertura da inauguração na página 56), Rubens Ometto Silveira Mello, presidente do conselho da Cosan elogiou a Presidente Dilma Rousseff e afirmou ser ela uma mulher de fibra. “Desde que era ministra de Minas e Energia e Chefe da Casa Civil Dilma nos incentivou a ser mais do que produtores de etanol e açúcar, mas nos tornar uma empresa de energia. Hoje é fácil criticá-la, mas temos que reconhecer os méritos que ela tem”. Presente no evento, a Presidente Dilma Rousseff afirmou que a inauguração da planta é um salto em direção ao futuro. “Saúdo Rubens Ometto por todas as realizações presentes nesta planta. Isso é produtividade: aumentar 50% da produção de etanol sem ampliar a área plantada. Além disso, o etanol 2G emitirá 15% menos carbono na atmosfera do que o etanol de primeira geração”, afirmou. A presença de Dilma Rousseff no evento é estratégia do governo de tentar uma reaproximação com o setor sucroenergético. Desde a campanha eleitoral, quando veio à tona a crise profunda do agronegócio canavieiro, com demissões e fechamento de usinas, o setor cobra do governo, sem sucesso, uma política pública para tentar se reerguer. No evento, Ometto também elogiou e agradeceu o BNDES que subsidiou a construção da planta. Sobre a viabilidade do combustível. O presidente do conselho da Cosan diz ter certeza que o etanol 2G poderá competir de igual para igual com o etanol de primeira geração. A Presidente disse acreditar que a planta de etanol 2G qualifica o Brasil para negociações globais de baixo carbono. O governo considera firmar acordo onde até 2030 pretende destacar as fontes de combustíveis renováveis para reduzir emissões de CO2 e pretende levar esta
proposta para a COP21, que se realizará em Paris. A iniciativa, segundo Dilma, irá gerar demanda global de etanol 2G em todo o mundo. A Presidente demonstrou interesse em voltar a apoiar o setor e citou algumas iniciativas que seu governo pretende ter. “Nós consideramos fundamental a renovação dos canaviais, assim como, a estrutura logística do setor, com a conclusão do etanolduto, além de construir uma malha ferroviária que também dará maior
viabilidade à logística do setor”, garantiu. Dilma garantiu que não houve apoio maior ao projeto do pré-sal em detrimento do programa de etanol. “Sabemos que o pré-sal trouxe novas perspectivas para o país. É importante saber também que não há contradição entre o pré-sal e a produção de etanol. A grande capacidade e o grande potencial desse setor é que eles são complementares", tergiversou. A Presidente Dilma também elogiou o presidente da Cosan, Rubens Ometto. "É
imprescindível para algumas realizações a determinação e o comprometimento dos líderes que diante das dificuldades são capazes de construir um caminho". O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga (PMDB) agiu de forma propositiva em relação ao setor. Disse que os produtos da cana representam 15,7% da oferta interna de energia - "quase do tamanho de Belo Monte", comparou. "O governo tem o firme propósito de manter o país com a matriz energética mais limpa possível", afirmou.
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José Paulo Stupiello pede unidade ao setor Governo irrita fornecedores ao ignorar pagamento de subvenções Após um ano da sanção da lei federal 12.999, que autorizou uma subvenção para socorrer os produtores de cana do Nordeste e do Rio de Janeiro, prejudicados com a última seca, o Ministério da Fazenda se reuniu em 15 de julho, em Brasília, com as principais entidades do setor, para informar que não há formas de pagar o benefício em razão da crise econômica. A Unida e a Aflucan, principais órgãos da classe canavieira no Nordeste e no Rio de Janeiro anunciaram que a posição do governo brasileiro de não depositar os subsídios transformaram a Presidente Dilma Rousseff e o ministro Joaquim Levy em ‘personas non grata’ para o setor, e adiantam que terá protesto Ministro Joaquim Levy, ‘persona non grata’ para os quando algum deles visitar os estados fornecedores, assim como Dilma Rousseff produtores de cana dessas localidades. A decisão pelo não pagamento foi repassada pelo secretário executivo Tarcísio do pagamento. A revolta foi geral quando Godói, segundo homem na linha sucessória da Godói disse que não há dinheiro para pagar a pasta, aos dirigentes da União Nordestina dos subvenção e não tem como anunciar mais nada Produtores de Cana (Unida) e da Associação em relação à data de pagamento. O problema é Norte Fluminense dos Produtores de Cana que a lei perde a validade no final deste ano. (Aflucan). “O sentimento dos dirigentes canavieiros foi As entidades, que representam 27 mil imediato: sentiram-se enganados”, lamenta agricultores, sentiram-se traídas, já que o Alexandre Andrade Lima, presidente da governo sempre deu esperanças para o início entidade nordestina Unida.
Os investimentos no setor sucroenergético não serão retomados apenas por questões de mercado, nem por soluções pontuais dos governos. "Mais do que nunca, o setor precisa é trabalhar de forma unida", afirma o agrônomo, com especialização em engenharia química, José Paulo Stupiello, presidente da Sociedade dos Técnicos Açucareiros e Alcooleiros do Brasil (Stab). Com 80 anos de idade, 52 dos quais de trabalho na agroindústria canavieira, Stupiello diz que o setor é vítima de uma crise não provocada pelo setor. A previsão de possível restabelecimento do mercado mundial de açúcar em 2017, e do crescente mercado doméstico de hidratado não animam o presidente da Stab. "Temos de ser otimistas, mas sem união não será possível trabalhar pelo setor", reafirma.
Stupiello participou como convidado do VII Simpósio de Tecnologia de Produção de Cana-de-Açúcar realizado pela Esalq, em 17 de julho, no teatro Unimep, em Piracicaba, SP.
Três usinas deixam de ser construídas por falta de incentivos fiscais no MS De acordo com publicação do Diário Oficial do Mato Grosso do Sul, o governo cancelou incentivos fiscais para a implantação das usinas: Açúcar e Álcool Três Lagoas Ltda, Dourados Álcool e Açúcar Ltda e Campo Grande Agroenergia S.A., que desistiram de construir suas unidades produtoras no estado. Entre 2005 e 2007 as empresas pediram
incentivos fiscais do governo para instalar as unidades ao longo dos anos. Agora, decidiram descontinuar seus projetos, porque os incentivos não chegaram. De acordo com a Biosul — Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul, o Mato Grosso do Sul possui 22 usinas em operação e a maioria ainda não atingiu sua capacidade de produção.
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Teston marca presença no lançamento do Anuário da Cana Os irmãos Paulo Teston e Pedro Teston, estiveram presentes no lançamento do Anuário da Cana 2015, que aconteceu no último dia 7 de julho de 2015, no Ethanol Summit, em São Paulo-SP (veja cobertura do evento nas páginas 60 a 62). De acordo com Paulo Teston, foi muito importante a participação da Teston no lançamento do Anuário, uma vez que ele é a principal fonte de informações técnicas e confiáveis sobre o setor sucroenergético. Ele fez elogios à capa do Anuário da Cana. Ficou satisfeito pela qualidade, especialmente porque trouxe estampada imagem do transbordo Gigante 22.000. Localizada na cidade de Cianorte, no Norte do Paraná, a Teston é empresa que fabrica, comercializa e fornece assistência técnica para equipamentos de colheita mecanizada. Hoje é considerada uma empresa inovadora, uma vez que lançou no setor um transbordo com o dobro da capacidade dos equipamentos existentes. Nenhum outro transbordo chega próximo quando o assunto é rendimento e agilidade. Ele é muito rápido em todas as suas operações e também o mais leve do mercado. Com sistema hidráulico simples, não traz nada elétrico. “As questões elétricas são complicadas para quem está no campo. Pode acontecer de quebrar um fio, queimar um fusível, enfim, o trabalho é interrompido. O nosso transbordo, não. Se o operador realizar a manutenção mínima, que é lubrificar o equipamento, ele termina a safra sem problemas”, garante Paulo Teston. Pedro Teston informa que a indústria está trabalhando e investindo alto em tecnologia, robotizando totalmente sua fábrica, dobrando a capacidade de produção, com novos barracões, tudo em busca de mais eficiência e qualidade. Toda essa ampliação e modernização não chegam somente pelos transbordos, mas sim por outros produtos que estão em desenvolvimento e serão fabricados num futuro próximo. A ideia do Grupo Teston é ter uma fábrica eficiente e rápida,
Pedro Teston, Josias Messias e Paulo Teston, no lançamento do Anuário da Cana 2015, em São Paulo
além de contar com uma equipe de profissionais cada vez mais capacitada. “Queremos reduzir ao máximo possível o erro humano”, explica Paulo Teston.
Teston 44 3351.3500 www.teston.com.br
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AgMusa recebe atenção especial em centro de experimentos LIA MONTANINI
Sistema de propagação e plantio de cana-de-açúcar com mudas sadias e outras tecnologias são mostradas pela Basf A Basf, uma das maiores fabricantes de defensivos agrícolas do mundo, apresentou no início de julho, em Campinas e Santo Antônio de Posse, SP, os principais investimentos, resultados e lançamentos de produtos da empresa nos últimos anos, durante encontro realizado com jornalistas brasileiros. O papel da agricultura brasileira no cenário mundial foi o tema central do encontro, pautado pelas iniciativas que a multinacional alemã vem desenvolvendo para contribuir com produtores e parceiros do setor agrícola. A ação reforça as atividades da empresa no ano em que completa 150 anos de existência, sendo mais de 100 deles no Brasil dedicados em grande parte à agricultura. A estação experimental de Santo Antônio de Posse é a única da companhia instalada no Hemisfério Sul e hoje é a maior da Basf em todo o mundo em extensão territorial. Sua finalidade é realizar pesquisa e desenvolvimento, seja em laboratórios, casas de vegetação ou campo, com defensivos agrícolas e outras tecnologias ligadas ao agronegócio mundial. Os principais fatores para a instalação da estação em Santo Antônio de Posse foram a posição geográfica e as condições favoráveis de solo, temperatura, clima e outros fatores característicos da região, além da proximidade de diversas instituições de pesquisa no estado de São Paulo. Atualmente, a estação possui capacidade para realizar aproximadamente 1.000 ensaios a campo anuais e testar inúmeros novos compostos químicos ou novas formulações desenvolvidas para mercados ao redor do mundo. Conta com uma equipe de 160 pessoas formada por pesquisadores,
Evento em Campinas e Francisco Verza (abaixo): “Saímos do plantio de toletes para plantio de mudas”
técnicos agrícolas, estagiários e cooperados. Em 2012, foram acrescidos 50 hectares à Estação Experimental, totalizando uma área de 110 hectares. O investimento dessa aquisição foi de US$ 2.5 milhões de dólares. O AgMusa recebe atenção especial no centro de experimentos da Basf. É um sistema de propagação e plantio de cana-deaçúcar com mudas sadias. Seu objetivo é formar canaviais mais produtivos, de maior longevidade e de uma forma simplificada. É um sistema integrado de produção, com
parceria da Basf com os principais obtentores de variedades (CTC, Ridesa, IAC) e, através das quais recebe autorização para multiplicação das novas variedades. Com as mudas prontas, parte para o plantio. “Aí vem a grande mudança” — observa Francisco Verza, vice-presidente da Unidade de Proteção de Cultivos da Basf para o Brasil. “Saímos do plantio de toletes para um plantio de mudas. Neste plantio oferecemos as mudas já com toda a tecnologia e garantimos a formação de toda a área. Ou
seja, nós levamos as mudas de caminhão ao cliente, com horário e dia combinados e ele não precisa se preocupar com nada de logística para a movimentação da planta. Entregamos e plantamos com o sistema totalmente desenvolvido pela Basf, com a plantadora Basf – desenvolvida em parceria com a Jacto — e isto simplifica muito o processo”, observa. Além da formação de viveiros, a Basf posiciona a muda com possibilidade de replantes de falhas provocadas por perdas de soqueiras. O sistema é acompanhado de um serviço de plantio Basf que garante um alto índice de pegamento. A Basf informa que, desde 1980, investiu mais de R$ 65 milhões na Estação Experimental de Santo Antônio de Posse. Estiveram presentes no encontro, o membro da Junta Diretiva da companhia, Harald Schwager; o presidente global da Divisão de Proteção de Cultivos, Markus Heldt; o vice-presidente sênior da Unidade de Proteção de Cultivos para América Latina, Eduardo Leduc; e o vice-presidente da Unidade de Proteção de Cultivos para o Brasil, Francisco Verza.
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Certa na indústria, palha deixa dúvidas nos canaviais WELLINGTON B ERNARDES, DE
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A presença da palha no solo, ocasionada pela colheita mecanizada, produziu uma nova dinâmica no solo. Neste cenário, não há mais grandes variações térmicas ao longo do dia, favorecendo a germinação de daninhas que antes não apresentavam incidência no campo. Porém, a equação não para na relação solo e palha. A demanda industrial por esta matériaprima, seja para cogeração ou produção de etanol, modificou novamente as interações agrícolas. A dúvida dos especialistas é quanto a retirada de palha para a indústria pode alterar o banco de sementes dos canaviais. Os impactos desta retirada no campo e os benefícios para a indústria foram
discutidos durante o quarto encontro do Grupo Fitotécnico, que aconteceu no dia 21 de julho no Centro de Cana do IAC, em Ribeirão Preto (SP). Para entender melhor este novo cenário, foram discutidos estes extremos da cadeia da palha. Ricardo Alan Verdú Ramos, pesquisador da Unesp de Ilha Solteira (SP) explica que o retorno com projetos de energia e a necessidade de diversificação de renda no setor estimulam a busca por melhores técnicas para o aproveitamento da palha como combustível energético. “É preciso haver uma sintonia entre o campo e a indústria. O setor entende que a palha é uma boa opção para a geração de energia. Para crescermos neste segmento teremos que desenvolver tecnologias que permitam maior aproveitamento desta palha”. Segundo
Ricardo Ramos, da Unesp de Ilha Solteira
Ramos os investimentos são justificáveis, pois o retorno com a diversificação da palha, destinada para produção de etanol celulósico ou energia elétrica, asseguram tais aportes. Para os pesquisadores, somente o diálogo entre indústria e campo viabilizará um manejo racional desta palha, com otimização dos processos agrícolas e aumento dos ganhos com produção final. Segundo Carlos Alberto Mathias Azania, pesquisador do IAC e especialista em plantas daninhas, os impactos desta nova tendência devem ser mensurados agora, para evitar surpresas no futuro. “Vivemos uma nova realidade no manejo dos canaviais, com certeza isto terá impacto nas daninhas presentes no campo”. Azania explica que o entendimento das espécies e a incidência destas trará otimização no controle de plantas daninhas.
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Monitoramento de daninhas assegura manejo correto O aproveitamento da palha deixado no campo pela indústria modifica novamente o ambiente agrícola. Com esta nova dinâmica especialistas em plantas daninhas alertam sobre o surgimento de novas espécies nos canaviais. Sem repostas neste momento, a solução é monitorar para preparar novos manejos no combate a estas plantas. Os impactos desta retirada da palha ainda não podem ser mensurados. Para Carlos Alberto Mathias Azania, pesquisador do IAC, as consequências desta atividade na flora do canavial são incertos. “Quando a colheita da cana passou a ser mecanizada, a flora nos canaviais mudou. Agora estamos novamente mexendo no manejo. Sabemos que haverá mudanças quanto as daninhas presentes neste novo sistema, mas não temos como afirmar quais serão ou em quanto tempo isto acontecerá”, explica. Como a diversidade do banco de semente é grande, as equipes agrícolas precisam elaborar um plano de acompanhamento das daninhas, facilitando a tomada de decisão quanto a época de aplicação e os tipos de herbicida que serão utilizados. “As usinas já entendem a necessidade e a importância deste levantamento. Como podem aparecer diferentes espécies em diferentes épocas, é necessário, independente da metodologia, fazer esta identificação para assegurar o controle eficiente”. Para o pesquisador esta é a solução para
Carlos Azanha, pesquisador do Centro de Cana do IAC
garantir que não haja prejuízos na produtividade da cana. Este levantamento permite atuar baseado no histórico de
incidência de daninhas, com ações efetivas em épocas de provável infestação. “Podemos amenizar a alternância de flora realizando
este acompanhamento e controle. Sabendo o período de maior infestação é possível mitigar os danos”, afirma Azania. (WB)
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Guaíra otimiza processo de entrada da cana e economiza R$ 1 milhão por ano Sistema desenvolvido pela Açucareira Guaíra possibilita geração automática das informações necessárias ao processo Devido à crise que o setor vem sofrendo ao longo destes últimos anos, as empresas buscam reduzir custos e otimizar mão de obra. Diante deste cenário, em dezembro de 2014, os setores de Corte, Carregamento e Transporte (CCT) e Planejamento Agrícola da Açucareira Guaíra, tiveram a iniciativa de utilizar uma tecnologia já existente para otimizar o processo de entrada de cana, criando o Projeto Certificado de Pesagem Eletrônico. Já em uso nesta safra, o projeto foi desenvolvido intelectualmente pela equipe técnica da unidade, a qual convidou a Hexagon, que é sua parceira no desenvolvimento e melhorias de seus sistemas, para aprimorá-lo. Este Certificado é o resultado da integração do sistema SAP com os sistemas de planejamento da empresa fornecedora, possibilitando a geração automática de todas as informações necessárias neste processo, uma vez que todas elas se encontram nestes sistemas. Antes da integração destes sistemas o processo era realizado com a geração das ordens de colheita no sistema SAP e posteriormente encaminhadas às frentes de colheita através de um pen-drive, onde era transferida para um coletor de dados que permitia ao usuário criar o certificado de pesagem com as informações da área colhida, colhedora, caminhão, reboques e motorista. Estas informações eram gravadas em um smartcard (cartão inteligente) e entregues ao motorista, que ao chegar à balança de pesagem descarregava as informações no leitor de dados, liberando o veículo para pesagem. Além de ser um processo mais demorado, não havia total confiança da
Entrega de cana na Usina Açucareira Guaíra
informação, pois embora o coletor realizasse algumas validações, erros de digitação eram inevitáveis. Com o Certificado de Pesagem Eletrônico o processo se tornou rápido e eficiente, iniciando pela abertura da ordem de colheita, que passou a ser feita no Sistema de Planejamento de Operações (IPOP), onde o usuário pode visualizar a programação mensal do Sistema de Planejamento de Colheita (Icol), e selecionar para quais propriedades deseja realizar a abertura de ordem. Concluída esta operação, a ordem é gravada automaticamente no sistema SAP e enviada para o sistema de logística IFrota, que é utilizado na empresa para otimizar o envio de caminhões ao campo, reduzindo as
filas operacionais e garantindo a entrega de cana na usina. Quando destinado um caminhão à frente de colheita, o sistema IFrota associa a ele todas as informações referentes ao carregamento de cana, como: ordem de colheita; colhedora; reboques; e motorista, emitindo automaticamente o Certificado de Pesagem Eletrônico. Ao dar entrada para descarregar a cana na usina, o sistema de pesagem da balança identifica o certificado associado ao caminhão e o libera rapidamente para pesagem. A implementação do IFrota e sua integração com os demais sistemas trouxeram vários benefícios à empresa, como: agilidade
nas operações; controle mais eficiente dos certificados utilizados; maior confiabilidade nas informações; economia de combustível, visto que antes era necessário levar as informações até o campo; otimização de mão de obra, onde a atividade que era realizada por 28 colaboradores (noteiros), passou a ser realizada por 3 colaboradores, sendo um por turno de trabalho. Esta nova ferramenta possibilitará à empresa economizar o equivalente a R$ 1 milhão por ano. Levando em consideração que o CCT é responsável por cerca de 25% dos custos totais de produção e a crise que envolve o setor, esta redução de custo é muito importante.
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MUITO A MELHORAR! Crise atingiu toda a cadeia produtiva sucroenergética mas não intimidou os investimentos em tecnologias WELLINGTON B ERNARDES, DE
R IBEIRÃO PRETO (SP)
Ativo que movimenta a economia sucroenergética, o material vegetal escolhido para produzir nos canaviais tem importância estratégia na geração de produtos e no desempenho produtivo frente às condições ambientais adversas. Com demanda diversificada, que exige da cana-de-açúcar qualidades que agreguem em produção de fibras e sacarose, empresas e institutos ligados ao melhoramento da cana continuam a investir em tecnologia para a cultura, cientes da contínua demanda por novos cultivares. A redução de investimentos atingiu toda a cadeia produtiva do etanol, açúcar e energia, porém não intimidou os investimentos em novas tecnologias. Um exemplo é o desenvolvimento pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) de variedades selecionadas para a mecanização, motivada pela diminuição de renovação de canaviais pelas usinas. “Hoje, o principal fator que impacta a longevidade e produtividade do canavial é o plantio e a colheita mecânica. As variedades desenvolvidas por nós e selecionadas sob mecanização desde o seu nascimento, são inteiramente adaptadas aos novos tempos da cana-de-açúcar”, explica
Edelclaiton Daros: continuidade nos investimentos é importante
Hugo Campos, gerente de melhoramento genético do CTC. Segundo explica Edelclaiton Daros, professor da Universidade Federal do Paraná e integrante da Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético (Ridesa), a continuidade nos investimentos é importante, pois prepara o setor para superar possíveis entraves no futuro. “O investimento em melhoramento reflete no desempenho econômico do setor. Um exemplo é o caso da RB72454, a variedade mais cultivada no mundo, que infelizmente foi suscetível à ferrugem alaranjada, no ano de 2010. Imagine se não houvesse uma substituta a altura, no caso a RB867515, qual seria o prejuízo para o setor? Penso que este exemplo justifica o investimento e o retorno financeiro para o setor”.
Cana chega com mais tecnologia ao campo Novas variedades são planejadas e testadas continuamente. Em sincronia com a demanda da cadeia produtiva, profissionais de melhoramento trabalham observando os atuais entraves e planejando possíveis gargalos no futuro. Segundo Edelclation Daros, pesquisador da Ridesa, um entrave para utilizar todo o potencial das variedades está no manejo agrícola dos canaviais. Estudos nas áreas de manejo de solo e adubação de crua são na lista do professor como necessárias para otimizar a produtividade. “Dificilmente sairemos dos atuais patamares produtivos sem o alinhamento com um manejo mais afinado, que possibilite o desenvolvimento pleno da variedade”. Mesmo pressionada pelas condições agrícolas, a cana-de-açúcar está em constante melhoramento. Cientes da necessidade de variedades com maturação cada vez mais precoce, programas focam no lançamento destes materiais. “Em breve lançaremos comercialmente variedades muito precoces, que entregam às usinas e aos fornecedores maior produtividade, maior longevidade e tolerância a doenças”, afirma
Hugo Campos: necessidade de variedades precoces para início da safra é um grande desafio
Hugo Campos do CTC. Para Daros, esta é uma resposta ao atual panorama produtivo, estável ou até em declínio há algumas safras. “Como os ambientes de produção na maioria das unidades apresentam média ou baixa produtividade, a necessidade de variedades precoces, para início da safra, é um grande desafio em nosso segmento”, confirma Daros. Não limitados a estes desafios, grupos investem em pesquisa para trazer à cana o mais recente da tecnologia vegetal. Ferramenta importante para reposicionar a produtividade da cultura, a biotecnologia já está na pauta do setor. “Durante os próximos anos deve chegar ao mercado o resultado de nossas pesquisas com o uso da biotecnologia: canas-de-açúcar com tecnologia pioneira, brasileira e com alto investimento de qualidade para o produtor”, explica Campos. A bioenergia já aparece na pesquisa por novas variedades. Atividade que demanda uma cana com maior teor de fibra, o desafio é trazer materiais versáteis, que possam atender ao diversificado mix industrial. “Temos atualmente cinco universidades ligadas a Ridesa pesquisando nesta linha. Podemos adiantar que avançamos muito na
obtenção de cana biomassa, com foco na cana Tipo I, aquela com fibra até 19% e pol cana (sacarose aparente) entre 10 a 13%”, observa Edelclaiton. No Centro de Cana do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) são realizados trabalhos relacionados ao desenvolvimento de variedades específicas para a produção de etanol de segunda geração. As variedades têm que apresentar um perfil de alta produção de biomassa (alta produtividade) e elevado teor de fibra de açúcares. “Estas variedades de biomassa ou cana energia como alguns a denominam (veja mais sobre a cana energia nas páginas 40 e 41), deverão ter um elevado teor de fibra associado a alta produção de biomassa e longevidade. Para tanto, alguns programas tem utilizado genótipos da espécie Saccharum spontaneum, para atingir este fim, já com relativo sucesso. Nos próximos anos deveremos ter várias ações nesta direção, e com certeza, um grupo de variedades colocadas à disposição pelos programas de melhoramento que também tem caminhado nesta direção”, explica Marcos Landell, pesquisador do IAC. (WB)
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Demanda fortalece programas de melhoramento
Marcos Landell: tecnologia de manejo contribui para o desempenho das variedades
Os programas de melhoramento de cana-de-açúcar têm expandido seus materiais pelo país, além de contribuir para produtividade nacional. Referência no desenvolvimento de variedades da cultura, o Brasil continua a investir em tecnologia canavieira. Com maior área plantada no país, a Ridesa lidera em todos os Estado produtores de cana-de-açúcar, com percentuais acima de 50%. No Paraná, as variedades da rede atingem o percentual de 83% da área cultivada. Em nível nacional esta área está próxima dos 70%, meta da rede em sua última liberação de materiais em 2010. Com vinte anos de atuação o Programa Cana IAC foi responsável por 23% das variedades lançadas no Brasil na última década e pelo aumento de 30% na produtividade, com o manejo pelo critério da Matriz de Ambiente. “Em 17 anos lançamos 22 variedades. Desenvolvemos conjuntamente com as variedades, novas estratégias de manejo varietal que têm otimizado a performance destas variedades,
não apenas do IAC, mas de todas as outras disponíveis no mercado”. Segundo Landell, a inserção de tecnologia de manejo é fator que contribui para o desempenho das variedades, por esta razão, o instituto tem trabalhado em aprimorar a qualidade e sanidade dos materiais vegetais. “A inserção de novas visões no manejo, tais como: a matriz de ambientes, a produtividade de 3 dígitos e o desenvolvimento da muda pré-brotada (MPB), permite otimizar todo o esforço dos grupos de melhoramento”. Demanda por novas variedades existe. Lauro Marcos Aparecido Ivant, diretor agrícola responsável pela área de variedades da Usina Guaíra explica que somente com atualização do ativo biológico será possível conciliar as novas tecnologias presentes no campo com elevada produtividade. “Sem dúvida é muito importante a implantação de novos cultivares para os canaviais. Com o advento do plantio e colheita mecanizados tornou-se fundamental e estratégico fazer uso de variedades adaptadas a esta nova situação". (WB)
Participação de usinas é fundamental no desenvolvimento de variedades O sucesso de uma nova variedade de cana-de-açúcar será comprovado nos canaviais das usinas. Por esta razão a articulação entre pesquisa e empresas é essencial para a consolidação de um material. Marcos Landell, pesquisador do IAC, explica que esta relação de comunicação facilita o desenvolvimento de variedades mais fiéis. “Esta ativa participação de parceiros, permite-nos estabelecer estratégias de desenvolvimento para regiões e ambientes de produção específicos”. O Programa Cana do instituto conta com redes experimentais em 11 Estados, promovendo o melhor entendimento dos materiais desenvolvidos. Para Landell, o entendimento por partes das usinas da necessidade de realizar testes nos canaviais facilita a pesquisa. “Seria impossível estabelecermos uma rede complexa e com tantos pontos, caso não tivéssemos o apoio de usinas e associações, que complementam o grupo de estações experimentais pertencentes a rede Apta/IAC”. Momento em que a cana mostrará seu desempenho frente à realidade produtiva das usinas, esta articulação é a ponte que justifica o investimento em pesquisa para o progresso de um setor. “Penso que os clones somente devem ser liberados após serem observados resultados em usinas. Nestes locais, com plantio e colheita mecanizados, e manejos próprios das usinas, é que será possível mensurar o desempenho desta cana quando for liberada como variedade”, observa Edelclaiton Daros, pesquisador da Ridesa. Lauro Marcos Aparecido Ivant, diretor agrícola da Usina Guaíra, afirma que este diálogo é importante para as usinas, interessadas em materiais que possam contribuir para o desempenho dos canaviais. O diretor explica que a inserção de novos
Mudas de plantas de cana-de-açúcar
materiais, já lançados pelos grupos de melhoramento, passa por criteriosa avaliação de desempenho, a fim de analisar se as características fornecidas pelas empresas são coerentes com a realidade produtiva da usina. “No momento da avaliação do potencial produtivo de cada variedade levamos em consideração alguns pontos cruciais para a alocação destes materiais,
como por exemplo, o desempenho na colheita, florescimento, resistência a pragas e doenças, brotação de soqueira, longevidade e vários outros”. Ivant explica que o teste destes materiais acontece em áreas específicas e também nos ambientes produtivos, para produção de maior número de resultados, que caso positivo, serão introduzidos na
usina. “Confirmado o potencial produtivo destas, começamos a multiplicação em escala. Respeitamos algumas premissas quanto à distribuição das variedades pela época de colheita e procuramos não exceder 15% de uma determinada variedade em nosso perfil varietal, evitando assim um impacto de pragas e doenças que possam vir a surgir nestas novas variedades”. (WB)
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Cana energia pode dar novo impulso aos negócios Algumas lavouras dessas variedades já estão inclusive fornecendo matéria-prima para caldeiras RENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP
Em um cenário composto por alto culto de produção, baixa produtividade dos canaviais, crise econômica conjuntural e setorial, as variedades de cana energia surgem como uma nova e promissora opção para a ampliação dos ganhos das unidades sucroenergéticas. Com maior disponibilidade de biomassa, a cana energia está sendo cultivada principalmente para a produção de bioeletricidade e de etanol de segunda geração. Algumas variedades de cana energia já estão começando inclusive a alimentar caldeiras de usinas e empresas de outros segmentos. A Bunge Brasil, por exemplo, tem plantado cana energia na região do município de Pedro Afonso, no Estado de Tocantins, onde a companhia possui a Usina Pedro Afonso. A Vignis já implantou lavouras por conta própria com suas variedades de cana energia, entregando matéria-prima diretamente ao cliente final – por meio de contratos de longo prazo –, seja usina, destilaria ou empresas de
outros segmentos que necessitam de bagaço para queima em suas caldeiras. O programa de melhoramento genético da Vignis – exclusivo para cana energia – foi iniciado em 2010. A empresa não disponibiliza suas variedades para terceiros pelo menos por enquanto. Sete delas já estão inclusive protegidas no Ministério da Agricultura – informa Sizuo Matsuoka, diretor da Vignis que tem inclusive um número muito maior de variedades de cana energia que foram desenvolvidas. A cana energia pode apresentar um
potencial de produtividade de 300 toneladas por hectare, como é o caso da variedade – batizada de “supercana” – que está sendo desenvolvida pelo Centro de Cana do IAC – Instituto Agronômico, de Campinas, vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. A supercana possui uma altura quase três vezes maior do que a planta tradicional, o que justifica inclusive a sua denominação. Deverá ser lançada no mercado daqui a três anos. Pesquisas com a cana energia fazem
parte também dos trabalhos realizados pela Ridesa – Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético e o Bioen - Programa Fapesp de Pesquisa em Bioenergia. A GranBio – empresa brasileira de bioctecnologia industrial que possui fábrica de etanol celulósico em Alagoas – planeja lançar até o final do ano a sua primeira variedade de cana energia, a Vertix, que deverá ter uma produtividade superior a 180 toneladas de cana por hectare e um teor de fibras em torno de 33%.
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Variedades apresentam maior quantidade de ATR por hectare A cana energia possui também alto perfilhamento, boa resistência ao pisoteio e a estresses, especialmente deficiência hídrica “Quando pensamos no uso da cana energia por usinas e destilarias, não se deve pensar somente no bagaço, pois a maioria de nossas variedades tem aproximadamente 100 kg de ATR por tonelada de cana”, afirma Sizuo Matsuoka, diretor da Vignis. Se for feita a multiplicação desta quantidade de ATR pela produtividade – que pode chegar ao triplo em relação a variedades convencionais –, haverá mais quilos de ATR por hectare do que a canade-açúcar convencional, além da produção de três vezes mais de bagaço – compara. Com elevada produtividade de biomassa e teor médio de açúcares fermentescíveis, as variedades de cana energia possuem alto perfilhamento, boa resistência ao pisoteio e a estresses, especialmente deficiência hídrica, longevidade de soqueira, maior resistência à broca – detalha. “Devido ao alto perfilhamento e à
melhor capacidade de brotação de suas gemas, a razão de multiplicação da cana energia Vignis é pelo menos quatro vezes maior, o que obviamente se constitui numa vantagem muito significativa”, comenta. Segundo ele, a baixa taxa de multiplicação da cana tem sido um dos maiores problemas do setor atualmente, pois resulta em maior custo de terra e de logística no transporte da muda. Nessa avaliação, é preciso considerar ainda as falhas no canavial. Outra vantagem da cana energia é a possibilidade de extensão da safra que pode ser maior do que a da cana convencional porque suporta muito mais o pisoteio devido ao seu vigoroso e profundo sistema radicular – explica. E como a cana, neste período de prolongamento de safra é destinada à produção de etanol a pequena variação em açúcares totais nos períodos de solo mais úmido não chega a ser muito significativa – opina. A versatilidade de uso é outra característica da cana energia. A Vignis pretende fornecer, no futuro, matéria-prima para qualquer utilização que modernas tecnologias estão demandando, como etanol de segunda geração, pirólise para produção de bio-óleo e carvão, gaseificação, outros produtos químicos, pasta de celulose, pellets, informa Sizuo Matsuoka. (RA)
Sizuo Matsuoka: versatilidade de uso é outra característica da cana energia
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Curso estimula debate sobre as novas tecnologias das caldeiras de alta pressão D EPO I M ENTOS
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DIÁLOGO RICO
Cláudio Pereira Silva, diretor técnico da Sinatub. Os participantes contaram ainda com um debate reunindo gestores dos setores sucroenergético e de celulose, que tiraram as dúvidas dos participantes e explicaram sobre os desafios na indústria. “O debate tem papel fundamental para fortalecer o conteúdo discutido nas palestras, pois é neste momento
que há troca de informações entre os gestores e empresas”, explica. Paralelamente ao curso, aconteceu durante os dois dias a feira de utilidades, com diversos expositores que apresentaram novidades tecnológicas para o setor. “A feira é um complemento dos ciclos de palestras, local onde as tecnologias discutidas no curso são apresentadas de forma prática”, afirma Luiz.
“Tais discussões fortalecem nosso segmento. A reunião de diferentes agentes do setor prove um diálogo riquíssimo, possibilitando um conhecimento apurado de todas as variáveis que podem influenciar nas tomadas de decisões”. Carlos Alberto Pedrosa, diretor da Pedrosa Consultoria
FEIRA DE UTILIDADES
ENTENDIMENTO SOBRE O SETOR “Temos muitas novidades no mercado, porém pensar em tecnologia e geração de energia requer um planejamento amplo. Cursos como este facilitam o entendimento sobre o setor e seus possíveis caminhos”. Rogério Perdoná, diretor de elétrica, automação, geração de energia e tecnologia do Grupo Odebrecht Agroindustrial
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Durante os dias 22 e 23 de julho Ribeirão Preto (SP) recebeu a 13ª edição do Curso de Caldeiras, Vapor e Energia. Tradicional nas indústrias sucroenergéticas e de celulose, o evento possibilitou o debate sobre as novas tecnologias das caldeiras de alta pressão, gerações de vapor e de energia elétrica. Com o objetivo de levar a atual visão dos grupos produtores sobre as novas tecnologias das caldeiras de alta pressão, gerações de vapor e de energia elétrica, o evento contribuiu para facilitar o diálogo sobre os atuais entraves e novas tecnologias no segmento. O curso foi composto por 14 palestras, que abordaram diversas áreas envolvendo caldeiras de alta pressão, cogeração, vapor, energia, tratamento de água, entre outros assuntos. “O simpósio permitiu a difusão tecnológica de diversas empresas deste segmento. Com a apresentação de cases de sucesso, por representantes da indústria, pudemos entender qual a direção do mercado e quais as futuras demandas”, explicou Luiz
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Descontaminação bacteriana ecológica é eficaz Solução utiliza produto que combate amplo espectro de bactérias e não prejudica o ambiente e a saúde pública R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP
A obtenção de resultados positivos no processo de fermentação etanólica depende, entre fatores, do controle eficiente da contaminação bacteriana. Além da utilização de uma ferramenta quantificadora precisa do nível de infecção, é preciso usar um descontaminante adequado, da maneira correta, que não desencadeie o fenômeno da multirresistência nem provoque prejuízos ao meio ambiente e à saúde pública. O biomédico Mário César Souza e Silva defende a necessidade de usinas e destilarias adotarem um projeto de desinfecção industrial limpa e ecologicamente correto. Diretor da MC Desinfecção Industrial, empresa integrante do programa Fermentação de Alto Desempenho do Pró-Usinas, ele é favorável ao uso de uma nova solução,
em substituição aos antibióticos, para combater o amplo espectro de bactérias e microorganismos que causam transtornos à fermentação etanólica e a todo o processo de produção industrial. Segundo ele, o que hoje está mais em evidência nessa área é o Peroxide P170, um esterilizante e desinfetante biodegradável que age por meio de efeito oxidante, sem gerar resíduos agressivos ao meio ambiente. Com elevada eficiência no controle da infecção bacteriana, o Peroxide P170 foi testado e aprovado em protocolos oficiais por laboratórios da Reblas-Anvisa – Rede Brasileira de Laboratórios Analíticos em Saúde da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, além ser registrado no Mapa – Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O Peroxide P170 é indicado também para usinas e destilarias que fazem secagem de leveduras para ração, pois é considerado produto antimicrobiano orgânico por não deixar resíduos. Outra vantagem é o preço, que é bem mais acessível do que antibióticos. “Por exemplo, o Peroxide, que age contra um largo espectro de bactérias, custa entre 20 e 30% do custo do princípio ativo monensina (antibiótico)” – compara.
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Soluções ecologicamente corretas substituem antibióticos A solução do Peroxide P170 é adotada nos Estados Unidos, Canadá, Europa, como uma tecnologia de desinfecção industrial limpa (clean industrial disinfection), observa Mário César Souza e Silva. “É conhecida em diversos países há mais de cinquenta anos”, enfatiza. De acordo com ele, existe um consenso mundial de que desinfecção industrial limpa é diminuir a carga microbiana de forma efetiva e consciente usando produtos ecologicamente corretos que não criam condições para as bactérias desencadearem resistência a princípios ativos antimicrobianos.
Especialistas internacionais rejeitam produtos que possam criar condições para as bactérias desencadearem resistência a princípios ativos antimicrobianos A utilização de antibiótico em plantas industriais não é aceita pela União Europeia e pelos Estados Unidos, que substituíram estes produtos de forma inteligente, visando a preservação do meio ambiente. Em diversos países, há também uma mobilização de pesquisadores, especialistas das áreas de ambiental e saúde – informa – para que não aconteça a disseminação do uso preventivo de antibióticos na avicultura, principalmente na ração. No Brasil, a solução do Peroxide P170 é utilizada principalmente em indústrias do setor alimentício. O próprio diretor da MC tem experiência com aplicação do produto em empresas das áreas de cosméticos, alimentos e laticínios. (RA)
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Análises microbiológicas definem quantidades adequadas No setor sucroenergético brasileiro, a MC está disponibilizando o Peroxide P170 em projetos de descontaminação bacteriana. A empresa não faz a comercialização somente do produto – informa. Vende o projeto de descontaminação que define, a partir de estudos e análises microbiológicas, a quantidade necessária do Peroxide P170 para cada caso, especificamente para cada equipamento e etapa do processo. “Temos que ter a consciência de que o Peroxide P170 é um esterilizante eficaz e, se não for feita a adequação Mário César Souza e Silva defende a necessidade de unidades adotarem do produto com ppms projeto de desinfecção industrial limpa e ecologicamente correto específicas, a gente pode matar as leveduras” – esclarece. Na grande maioria das usinas e destilarias do país, processo fermentativo algumas usinas não obtêm bons o controle da contaminação bacteriana ainda é feito por resultados. Há o uso excessivo do produto ou em meio de antibióticos. Em diversas unidades quantidades abaixo da necessidade. “Tanto em uma ponta sucroenergéticas, que ainda não aplicam uma ferramenta como em outra haverá a possibilidade das bactérias quantificadora precisa da contaminação, há a aplicação desencadearem o fenômeno da resistência”, ressalta. incorreta de uma dosagem fixa de antibióticos sem Quando os resíduos de antibióticos são lançados em considerar as variações nos níveis de contaminação – outros locais por meio da vinhaça – exemplifica –, a alerta. situação se torna mais complicada, pois contaminam o Mesmo utilizando diferentes tipos de antibióticos no ambiente e o ciclo de produção. (RA)
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Efeito oxidante não dá chances para as bactérias O Peroxide P170 pode ser usado em todas as etapas do processo de fermentação etanólica. A maneira de agir por efeito oxidante é outro diferencial do produto que não dá chances para as bactérias criarem resistência, porque a ação dele é muito rápida, explica Mário César Souza e Silva. “Os compostos do Peroxide P170 perdem um dos elétrons do último par (ficam sem um elétron). Quando isto ocorre, é dada origem a um fenômeno de produção chamado radical livre. Esses radicais livres perfuram a bactéria, entram nelas e destroem por completo todas as enzimas essenciais”, detalha. O mecanismo de ação do Peroxide é diferente dos antibióticos que possibilitam, em diversos casos, a criação de resistência por parte das bactérias. “Esses produtos permeiam as bactérias. A membrana plasmática das bactérias tem permeabilidade seletiva. Deixa passar os nutrientes, alguns compostos, mas seleciona isto. Após um certo tempo, o antibiótico vai destruir a síntese protéica total dessas bactérias e matá-las”, diz. O radical livre é muito mais rápido e não dá chance para a bactéria tentar se defender – enfatiza. É um produto eficaz mas que requer cuidados especiais na sua aplicação. O profissional que vai manusear o Peroxide P170 deve estar com todos os EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) e receber treinamento específico – observa. “É um produto desinfetante e esterilizante. Mata fungo, bactéria, vírus”, enfatiza. Com a adoção de diversas medidas de controle bacteriano, que inclui análises microbiológicas criteriosas e o uso do Peroxide P170, é possível colocar o setor sucroenergético brasileiro no mesmo patamar de desinfecção industrial e de rendimento fermentativo da Europa, Estados Unidos, Canadá e Japão – afirma. (RA)
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Sucesso da fermentação na Coruripe é fruto de um conjunto de medidas O bom rendimento da fermentação etanólica não está vinculado exclusivamente ao controle da infecção bacteriana, considerado fundamental para o processo. Depende também da adoção de diversos procedimentos, que começam com cuidados no campo visando a produção de uma matéria-prima de qualidade.
Assepsia adequada, controle de temperatura e uso de automação são alguns procedimentos que asseguram ganhos importantes na fermentação Laboratório da MSBIO em Maceió, AL
A Usina Coruripe, de Coruripe, AL, por exemplo, tem obtido ganhos importantes nesta etapa do processo de produção de etanol a partir de um conjunto de ações, que inclui redução de impurezas, tratamento de caldo, duplicação da linha de mosto, assepsia, controle da contaminação bacteriana, dornas fechadas, controle de temperatura e uso da automação na fermentação. A seleção de leveduras foi iniciada pela Coruripe em seu próprio laboratório. Em 2002 a unidade firmou parceria com a MSBIO (antiga Microserv) para trabalharem
juntas, o que fazem até hoje. No formato atual, durante a safra a usina envia mensalmente amostras do fermento resultante do processo ao laboratório da MSBIO. Ali, as leveduras são purificadas, transformadas em lisas e antes do início da safra seguinte são colocadas todas em competição para verificar qual a que faz mais etanol com menos açúcar e mais rapidamente. “Todas essas medidas possibilitam um melhor controle da nossa fermentação e, em consequência disto, uma elevação do rendimento”, enfatiza João Macedo, gerente
industrial da Coruripe. A unidade alagoana, como outras usinas nordestinas, tem uma característica diferente na fermentação em relação a diversas unidades do Centro-Sul: trabalha com caldo e mel esgotados, pois utiliza três massas para a fabricação de açúcar. Nem a adoção deste sistema de cozimento tem impedido, no entanto, a melhoria de performance da fermentação. Uma das primeiras medidas nessa área visando o aprimoramento do processo, foi a substituição da fermentação com caldo direto
pelo tratamento do caldo, que sai da moenda e vai até a destilaria – revela João Macedo. Além disso, houve a adoção de alguns procedimentos de assepsia, como a duplicação da linha de mosto, da moenda até a fermentação, o que tornou possível a realização alternada de limpeza das linhas. A assepsia na Coruripe é feita com água quente e dosagem de bactericida – informa. Segundo o gerente industrial, o laboratório da usina é aparelhado para fazer a análise da contaminação bacteriana, possibilitando a obtenção de um diagnóstico preciso. (RA)
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Usina alagoana utiliza a mesma levedura há doze anos
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Com a preocupação de obter resultados positivos na fermentação, a Usina Coruripe tem feito a seleção de cepas de leveduras no próprio laboratório da usina há mais de vinte anos – observa João Macedo. “A de melhor desempenho sempre foi isolada para a safra seguinte”, diz. Para aperfeiçoar ainda mais o processo de seleção de leveduras, em 2002 a Coruripe fez uma parceria com a MSBIO, de Maceió, AL. A partir desse trabalho conjunto houve a seleção de uma levedura, utilizada desde aquela época, que tem apresentado alta performance na fermentação.
MSB27 apresenta condição muito rápida de multiplicação “Essa cepa é resistente para a nossa condição do Nordeste e ao meio de fermentação. Tem sido predominante o ano todo”, afirma o gerente industrial. Segundo ele, a usina chegou a adquirir há alguns anos fermento pronto, mas não foram obtidos resultados positivos. “Preferimos continuar com a nossa levedura selecionada”, afirma. Essa levedura apresenta teor alcoólico elevado, condição muito rápida de multiplicação e produção de pouca espuma,
João Macedo, gerente industrial da Coruripe: cepa de melhor desempenho sempre foi isolada para a safra seguinte
segundo Teresa Cristina Vieira Viana, diretora da MSBIO, que faz parte do programa Fermentação de Alto Desempenho do Pró-Usinas. Obtida no vigésimo sétimo dia de safra,
essa levedura foi batizada com o nome de MSB27. “Estamos obtendo a cada safra uma MSB27 com características ainda melhores. É um resultado progressivo”, afirma Teresa Cristina. (RA)
Reunião diária avalia metas de redução de impurezas Apesar de ter um índice de mecanização da colheita de cana de 10%, a Coruripe adota algumas medidas visando a redução da quantidade de impurezas minerais e vegetais transportadas para a indústria. A usina realiza reunião diária entre as áreas agrícola e industrial quando avalia os índices de impurezas da matéria-prima e quais as medidas a serem tomadas. Existem metas a serem cumpridas que proporcionam premiação ao pessoal da agrícola – informa João Macedo. A lavagem de cana retira também boa parte da impureza mineral. Para a redução das impurezas nos 10% colhidos mecanicamente são feitas análises da quantidade transportada que podem resultar em adequações de máquinas no campo – exemplifica o gerente industrial. Para assegurar a qualidade da matéria-prima, a Coruripe tem também preocupação com o tempo de queima que fica abaixo de quarenta horas. “Há corte diário de cana, inclusive nos domingos e feriados”, afirma. (RA)
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Acessórios acompanham evolução tecnológica das caldeiras Equipamentos e produtos têm se adaptado às mudanças ocorridas no processo de produção agroindustrial R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP
A performance do sistema de geração de energia de usinas e destilarias não depende exclusivamente de caldeiras eficientes – novas ou reformadas –, dotadas de configurações compatíveis às demandas de cada unidade sucroenergética.
Dagoberto Barbosa
Os acessórios, como ventiladores, sopradores de fuligem, válvulas, entre outros, também cumprem papel importante no
processo de geração de bioeletricidade. Alguns desses equipamentos e produtos – como são os casos de exaustores e ventiladores – têm se adaptado às mudanças ocorridas na produção agroindustrial, como a utilização da palha na geração de energia e a maior quantidade de impurezas, que é transportada para a indústria. Além disso, a evolução na concepção construtiva de caldeiras tem exigido modificações em projetos de acessórios. “Sem dúvida, nos últimos anos, houve uma significativa mudança tecnológica e os ventiladores, como peça fundamental, também acompanham esta evolução”, afirma Dagoberto Barbosa, diretor técnico da AFC Brasil. De acordo com ele, cada projeto de ventilador para caldeira é elaborado para
desempenhar a sua função com eficiência, ou seja, proporcionar uma queima eficiente do combustível (bagaço de cana) com o menor consumo de energia. Os ventiladores centrífugos são os modelos da AFC utilizados no sistema de geração de energia de usinas e destilarias. “Esses equipamentos são idealizados em função da capacidade da geração de vapor da caldeira”, observa. Segundo o diretor técnico da empresa, os ventiladores são poucos exigentes em relação à manutenção devido aos materiais utilizados em sua fabricação. Esses equipamentos geralmente não causam grandes problemas por causa de interrupções no seu funcionamento. “Uma verificação para pequenos reparos é necessária a cada seis meses”, orienta.
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Soprador de fuligem aumenta eficiência térmica e diminui custo Manutenção adequada assegura boa performance de equipamento que elimina incrustações das paredes dos tubos das caldeiras Outro integrante de destaque no sistema de geração de energia é o soprador de fuligem, que não pode ser considerado simplesmente como um limpador do combustível não queimado e das cinzas que se acumulam nos tubos de transferência térmica da caldeira. A principal função deste equipamento é aumentar a eficiência térmica da caldeira e, com isto, reduzir o consumo de combustível, diminuindo o custo do megawatt/hora para quem gera energia elétrica, afirma Mário de Melo, diretor operacional da Herom. Todo combustível sólido, principalmente o bagaço de cana, quando é queimado na caldeira gera fuligem e cinza que se incrustam de tal forma nos tubos das caldeiras que dificultam a transferência térmica e, consequentemente, ocorre perda de eficiência – explica. Os jatos de vapor saturado ou superaquecido dos sopradores de fuligem eliminam as incrustações das paredes dos
tubos das caldeiras, observa o gerente de engenharia da Promoen, Jonas Canesin Gomes. “Nem todas as usinas dão a devida importância ao soprador de fuligem e por isso acabam tendo um custo maior do megawatt/hora, porque há um maior consumo de combustível”, constata Mário de Melo, da Herom. Segundo ele, algumas unidades até precisam comprar bagaço de cana por causa da baixa eficiência térmica, pois o que produzem de biomassa acaba não sendo suficiente para suprir a demanda. Há usinas que não usam o soprador, que fica quebrado e parado por muito tempo. Outras não fazem a manutenção adequada, o que provoca perda de eficiência do soprador – revela. “Os cuidados que devem ser adotados na manutenção do soprador de fuligem são a manutenção mecânica, elétrica e lubrificação. A inspeção deve ser feita diariamente. A manutenção preventiva deve ocorrer a cada trinta dias para evitar que se faça a corretiva”, recomenda. Se a manutenção for realizada somente após o término do período de moagem, o soprador chega na entressafra com diversos problemas. “É possível fazer a manutenção dele, durante a safra, com a caldeira funcionando”, observa. (RA)
Mário de Melo e sopradores de fuligem fixos
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Mercado disponibiliza diversos equipamentos de qualidade Opções oferecidas por empresas incluem projetos de acordo com a caldeira do cliente e produtos fabricados com materiais especiais Para o aproveitamento de todo o potencial do soprador de fuligem e, consequentemente, dos seus benefícios, é preciso definir parâmetros em relação à sequência e frequência da sopragem, o tipo e as condições do vapor, a localização do equipamento e o modelo do soprador a ser utilizado, segundo Mário de Melo. O mercado oferece inclusive diversos tipos de equipamentos nessa área. A elevada eficiência de limpeza e o baixo custo de manutenção estão entre as principais características dos sopradores de fuligem da Herom, que são fabricados com materiais especiais, destaca o diretor operacional da empresa que fabrica quatro modelos desse equipamento: o rotativo fixo, o retrátil, o retrátil de travessa e o semiretrátil. A execução de projetos de acordo com a caldeira dos clientes é um dos diferenciais
Jonas Gomes: vários tipos de sopradores
dos sopradores da Promoen, enfatiza Jonas Gomes. A fabricação desses equipamentos segue as exigências da NR12 – Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos. Com certificação ISO 9001, a Promoen
possui dez tipos de sopradores, entre modelos fixos (elétricos e manuais), retráteis e um semi-retrátil, que podem ser utilizados em caldeiras nas unidades industriais de usinas e destilarias. (RA)
Válvula de drenagem de condensado evita queda de performance As válvulas são também acessórios importantes do sistema de geração de energia de usinas e destilarias. A Herom, por exemplo, possui três tipos de válvulas, além das que já fazem parte dos sopradores de fuligem fabricados pela empresa, informa Mário de Melo. Um dos destaques desta linha de produtos da Herom é a de drenagem de condensado. “Agregamos valor nessa válvula, fazendo com que o sistema de drenagem ficasse automático. É muito interessante o uso dessa válvula, porque o condensado que queima vapor diminui muito a eficiência do soprador”, explica. A empresa disponibiliza ainda a válvula de sopragem de grelha Pin Hole, que foi inclusive redesenhada, e a de bloqueio e dreno. A Promoen também possui uma linha de válvulas, como as de bloqueio, dreno, descarga de fundo, sopragem de grelha e redutoras de pressão, que podem ser aplicadas em usinas de açúcar, etanol e energia e em indústrias alimentícias, papeleiras e de bens de consumo. (RA)
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Planta faz o tratamento de água residuária do lavador de gás Sistema é composto por clarificadores, peneiras e filtros, utilizando processos de sedimentação e filtração A sustentabilidade ambiental é outro requisito que deve fazer parte da elaboração e da implantação de projeto do sistema de geração de energia de usinas e destilarias. Para isto, uma planta voltada para o tratamento de água residuária do lavador de gás das caldeiras é peça fundamental. “Nenhum órgão ambiental credencia a compra de uma caldeira sem o tratamento de suas águas residuárias”, afirma Juliano Porta, gerente de marketing da VLC, que oferece inclusive solução nessa área. O sistema de recuperação de águas da empresa é composto por clarificadores, peneiras e filtros, utilizando processos de sedimentação e filtração, que têm a finalidade de assegurar resultados positivos nessa operação – enfatiza. A planta para tratamento de água
residuária proporciona, entre outros benefícios, elevação da eficiência das caldeiras, baixo consumo de energia elétrica e redução da captação de água bruta. “O sistema proporciona água de boa qualidade para reúso na indústria e também aproveita a torta rica em nutrientes – com baixo teor de umidade – para auxiliar na adubação da lavoura”, destaca. Além disso, pode receber as águas da lavagem de cana e de limpeza das correntes e esteiras da limpeza a seco. Outra consequência da implantação desse sistema é redução da emissão de particulado pela chaminé. As vantagens não param aí. A planta de tratamento de água residuária do lavador de gás aumenta a vida útil das tubulações, spray ball, válvulas, exaustores e chaminé – diz Juliano Porta. Com alta disponibilidade de funcionamento, o equipamento não necessita de operador exclusivo e possibilita que o controle de torque do clarificador seja ligado no painel de controle da caldeira. “Atualmente, mais de 150 plantas da empresa estão em operação, totalizando mais de 120 mil metros cúbicos por hora de água tratada/ recuperada”, informa o gerente de marketing. (RA)
Juliano Porta: tratamento de água residuária é requisito ambiental
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Cana ecológica de Minas Gerais é premiada em responsabilidade ambiental A Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig) foi a vencedora da categoria Responsabilidade Ambiental 2015 no 9º Prêmio da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), entregue no início de junho último em solenidade em São Paulo, com o trabalho ´Produção Ecológica da Cana-de-Açúcar Sem Queima Contribui para o Meio Ambiente e a Biodiversidade”. A entidade concorreu com 12 trabalhos inscritos nessa mesma categoria. O trabalho premiado discorreu sobre a sustentabilidade da produção de cana-deaçúcar em Minas Gerais, que já alcançou um índice de 100% de mecanização nas áreas de colheita com declividade abaixo de 12%, o que possibilitou a redução na emissão dos gases do efeito estufa, a redução do uso da água na indústria, maior proteção ao solo com a palha que fica no campo, mão de obra mais qualificada e o retorno dos animais ao canavial. O presidente da Siamig, Mário Campos, disse que a premiação é o reconhecimento do esforço feito pelos produtores mineiros de cana, açúcar, etanol e bioeletricidade na eliminação da queima da cana e introdução da mecanização da lavoura, cumprindo o
Protocolo assinado pelo governo em 2008, quando assumiram eliminar esse procedimento até o final de 2014. Esta edição do Prêmio AEA contou com 47 trabalhos inscritos nas seis
categorias: Acadêmica, Jornalística, Responsabilidade Ambiental, Responsabilidade Social, Tecnologias Diesel e Tecnologias Otto. Os trabalhos foram minuciosamente analisados por uma banca
de jurados, liderada por Alfredo Castelli, diretor de Acreditação de Laboratórios da AEA. (Veja matéria especial sobre o setor sucroenergético mineiro nas páginas 8 a 12 desta edição).
Etanol evitou emissão de 300 milhões de toneladas de gás carbônico em 12 anos
Cana pode gerar extras de R$ 87 bi com CO2
R$ 87 bilhões é quanto a cana-de-açúcar poderá gerar de benefício adicional com a venda de créditos de carbono. O montante equivale a uma projetada comercialização de créditos entre 2015 e 2030, segundo levantamento do Itaú BBA apresentado
durante o VII Seminário de Tecnologia da Canade-Açúcar realizado pela Esalq, em Piracicaba (SP), entre os dias 15 e 17/07. Segundo as projeções o Brasil pode adicionar 571 milhões de toneladas de carbono (tCO2) entre 2015 e 2030.
A utilização de etanol anidro e hidratado no Brasil evitou a emissão de mais de 300 milhões de toneladas de gás carbônico na atmosfera nos últimos 12 anos, de março de 2003 a maio de 2015, de acordo com a União da Indústria de Canade-Açúcar (Unica). Conforme a entidade, para atingir essa mesma redução com o cultivo de árvores seria preciso plantar e manter ao longo de 20 anos mais de 2,1 bilhões de plantas nativas. O cálculo foi realizado pelo Carbonômetro, ferramenta criada pela Unica para acompanhar a quantidade de poluente que deixou de ser emitida com o uso do etanol nos veículos flex. De acordo com a associação, o uso do biocombustível ajudou a mitigar mais gás carbônico do que a soma das emissões anuais da Argentina (190 milhões de toneladas), Peru (53,1 milhões
de toneladas), Equador (35,7 milhões de toneladas), Uruguai (7,8 milhões de toneladas) e Paraguai (5,3 milhões de toneladas). “A redução é bastante expressiva. Os dados são da mesma ordem de grandeza que a emissão anual de gás carbônico da Polônia (317 milhões de toneladas), país considerado um dos grandes emissores mundiais de gases causadores do efeito estufa”, diz, em nota, o consultor em Emissões e Tecnologia da Unica, Alfred Szwarc. “O biocombustível brasileiro continua sendo objeto de barreiras tarifárias em diversos países, principalmente na União Europeia. É incompreensível que isso ocorra no momento em que o mundo busca por soluções ambientalmente sustentáveis e o etanol poderia ser utilizado em maior escala”, pondera.
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PRODUÇÃO
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Raízen inaugura 1ª unidade de produção de etanol 2G Nova unidade coloca o Brasil como referência global em combustíveis celulósicos WELLINGTON B ERNARDES, DE PIRACICABA, SP
A primeira unidade de produção de etanol de segunda geração da Raízen foi inaugurada no dia 22 de julho, em Piracicaba (SP). Com investimento total de R$ 237 milhões e capacidade anual de produção de 42 milhões de litros, o projeto é um marco no setor e irá contribuir para que o Brasil se torne referência internacional na utilização de tecnologia avançada na produção de etanol de segunda geração, também conhecido como celulósico. Construída ao lado da unidade Costa Pinto, a nova usina permitirá integração entre os dois tipos de etanol, além de facilitar operações de logísticas para o grupo, que possui complexa estrutura na região. “O etanol de segunda geração é uma grande revolução no mercado. Fomos uma das primeiras empresas do mundo a produzir esse novo biocombustível. Acreditamos no potencial do produto para atender à crescente demanda por biocombustíveis, tanto no Brasil quanto no exterior”, afirma Vasco Dias,
Antonio Alberto Stuchi, diretor executivo de tecnologias e projetos da Raízen
presidente da Raízen. Segundo Antonio Alberto Stuchi, diretor executivo de tecnologias e projetos da Raízen, o etanol 2G será produzido em escala comercial a partir de 2020. A empresa acredita que em quatro anos poderá se chegar a custos parecidos com o etanol de primeira geração. Para o diretor a viabilidade do combustível celulósico depende da otimização de três custos. O primeiro é relativo a logística da biomassa, sendo necessário o desenvolvimento de
tecnologias que simplifiquem esta etapa; o segundo está ligado a produção de enzimas, ainda em desenvolvimento; o terceiro é investimento injetado na construção da unidade. “No caso da planta que inauguramos, o investimento foi pesado. Estamos trabalhando em cima destes três pilares para trazer o custo de produção para um patamar competitivo”. Além da unidade em Piracicaba, a Raízen planeja construir mais sete plantas de etanol celulósico. O objetivo da empresa
é dar continuidade a implantação destas unidades quando a produção da primeira planta estiver consolidada como viável comercialmente, igualando o custo de produção do etanol de segunda geração com o tradicional, de primeira geração. As próximas unidades deverão seguir a mesma linha da primeira, sendo todas integradas às plantas de produção de etanol de primeira geração, possibilitando incrementos produtivos próximos a 50% da capacidade de produção de etanol nestas usinas.
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Usinas de porte médio são a bola da vez na ciranda da crise Opinião é de Antonio de Pádua Rodrigues; 100 usinas estão na linha de risco, alerta Itaú BBA Se apareceu alguma luz no fim do túnel esta foi apenas para clarear o tamanho do precipício logo adiante. O diretor técnico da Unica – União da Agroindústria Canavieira, de São Paulo, Antonio de Pádua Rodrigues, acredita que a bola da vez nesta ciranda da crise que o atravessa são as usinas medianas, as que processam ou têm capacidade instalada para esmagar até 10 milhões de toneladas por safra. Pádua deu esta informação durante o último Ethanol Summit, em São Paulo. Opinião semelhante tem Alexandre Figliolino, diretor de Agronegócios do Itaú BBA. De acordo com ele, a conjuntura econômica desconfortável, com juros altos e futuro próximo sem avanços, sinaliza um novo triste episódio para o setor sucroenergético, que já enfrenta crise agravada há três anos. Figliolino traçou uma estimativa negativa de curto prazo para parte das 300 usinas em atividade nesta safra 2015/16 em andamento na região Centro-Sul do país e que deve ser iniciada a partir de setembro nas regiões Norte e Nordeste. Ao avaliar a crise enfrentada pelo setor
Pádua: juros altos e economia ruim do País só agravam a situação
Alexandre Figliolino antecipou em entrevista ao portal JornalCana que, diante da situação, cerca de 100 usinas em operação não duram mais 3 safras. “O setor sucroenergético atravessa sua maior crise dos últimos tempos. Já dura 3 anos. Com preços de açúcar deprimidos no mercado internacional, a indefinição de políticas públicas para o etanol e ausência de mecanismos de reajustes de preços de longo prazo para a gasolina, continuará a agravar a situação em um horizonte de tempo previsível”, observou. Veja a entrevista de Alexandre Figliolino a Delcy Mac Cruz: JornalCana: Como está o consumo interno e a rentabilidade em etanol do setor hoje?
Alexandre Figliolino – Neste ano deverão ser consumidos 30 bilhões de litros de etanol. Para melhorar a rentabilidade do setor, há dependência [de ações] do Governo em relação ao aumento da Cide sobre a gasolina e paridade internacional de preços da gasolina. A defasagem hoje está em 20%. Quais outras ações podem ser tomadas pelos governos? Aumento do mix de anidro na gasolina, que hoje está em 27% e pode ir aos sonhados 30%. E o ICMS, que teve impacto maravilhoso em Minas Gerais [onde caiu para 18% desde fevereiro último], também pode ser reduzido em outros estados. E quais as medidas que o setor deve tomar? Elevar a produtividade agrícola, aumentar eficiência da indústria, crescer a cogeração, empregar etanol de milho na entressafra e alongar o período da moagem. Outras medidas de longo prazo: tarifa sobre a gasolina, reconhecendo-se a competitividade do combustível renovável, e adicionar maior valor agregado ao mix do setor, como etanol celulósico. Com medidas assim, a taxa de retorno de capital sairia de atuais 6,9% ao ano para 13%. O ganho de produtividade faria a taxa de retorno alcançar 14,9%. Mas há o cenário econômico atual que emperra isso... O cenário de endividamento, agravado pela alta dos juros, coloca em risco 35% das unidades em função do peso das despesas financeiras nos seus resultados. Está-se
chegando ao limite. Estamos em uma conjuntura macroeconômica muito negativa. O ambiente de negócios no Brasil está muito ruim. O clima de aversão a riscos é enorme. Estamos em um ambiente de restrição de crédito. Só parte do setor hoje consegue crédito. Outra parte do setor não consegue. Então como é que faz? Para manter o negócio, sacrifica-se, por exemplo, a renovação dos canaviais e mói-se até onde der. Com isso, penhora-se o futuro. Graça a Deus a cana é uma bichinha resistente. Qual sua previsão para estas unidades? As que estão mais perto do fim da linha têm condições de avançar mais duas ou três safras. Quantas usinas do país estão nesta linha de risco? Umas 100 unidades estão em situação de agravamento contínuo. Isso tem um limite. E o que fazer? Criar um Proer para estas unidades? Hoje é difícil. Dependeria muito da melhora nas condições. E atrair investidores de fora do Brasil? O setor precisa ficar mais atrativo para que capitais de fora entrem, para que o preço dos ativos se recuperem. O que aconteceu hoje é que o endividamento por tonelada cresceu e os valores de negociação que os possíveis investidores estariam dispostos a pagar são muito inferiores. Tem empresa hoje com o valor dela negativo. Então não há saída? Saída agradável não há.
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Guarani avança ao investir em pessoas e em novas tecnologias Novos gestores e equipamentos modernos ampliam índices agrícola, industrial e de cogeração de energia do grupo A ênfase na gestão da empresa através de pessoas qualificadas e tecnologias de ponta tem resultado em expressivos avanços nas sete usinas da Guarani, controlada pelo Grupo Tereos. Nos últimos quatro anos as unidades receberam investimentos que melhoraram de forma significativa suas produtividades agrícola, industrial e de cogeração de energia. De acordo com Jacyr Costa Filho, diretor da região Brasil da Tereos, pode-se dizer que o grupo atingiu a maturidade nos projetos. Ele cita um exemplo: “Decidimos por investir desde 2011 na cogeração de energia e ampliamos nossa capacidade instalada de 300 mil MWh para 1,2 milhão MWh. O resultado é que na safra anterior chegamos ao número de 1 milhão de megawatts hora/ano e a previsão é de fecharmos a atual com 1,1 milhão de MWh/ano”. Outro investimento importante foi direcionado às áreas agrícolas das sete unidades do grupo, todas instaladas no estado de São Paulo: Vertente (Guaraci), Tanabi, Cruz Alta (Olímpia), Severínia, Mandu (Guaíra), Andrade (Pitangueiras) e São José, de Colinas, SP: — Adotamos o censo varietal e investimos bastante em tecnologias agrícolas de última geração, como agricultura de precisão, utilização de GPS e drones para nos auxiliar nos tratos culturais, adubação e colheita — observa Jacyr Costa Filho. “Com isto, na safra 2013 atingimos a produtividade agrícola de 92,6 toneladas de cana por hectare em canaviais com idade média de 3,5 anos enquanto a média do Centro-Sul foi de 83 tc/h”. No ano passado, mesmo afetados
Jacyr Costa Filho, diretor da região Brasil da Tereos
pela seca o grupo colheu média de 79 toneladas de cana por hectare ante média regional de 73 tc/h. A Guarani celebra ainda a melhora em açúcar total recuperado por hectare: na safra 2013 retirou da cana campo 12,4 toneladas de açúcar por hectare e nesta safra prevê recuperar cerca de 10% acima da média do Centro-Sul. A Guarani direciona agora suas atenções à área industrial. “Estamos avançando, fazendo mudanças importantes de gestão e contratando novos profissionais
no setor, com este objetivo”, explica Jacyr Costa Filho. São profissionais experientes, como: José Henrique Ayusso, que era responsável pela área industrial das 4 usinas do grupo GVO (Virgolino de Oliveira). Ele assumiu a gerência de unidade da Tanabi. Hélio Tavares, ex-diretor superintendente da Ruette, assumiu função semelhante na Usina Mandu. A Guarani trouxe também Yves Delamare, executivo da Tereos que trabalhava na França, para assumir a gerência da unidade Cruz Alta e ainda o
diretor da Tereos, Bruno Larras, também francês, que ficou responsável por aumentar a produtividade industrial de todo o grupo. — São todos profissionais muito experientes. Eles se juntaram à nossa equipe para somar esforços e agregar valor em funções fundamentais —, observa Jacyr Costa Filho. E comemora: “Estamos cumprindo a meta no grupo, que é a de fazer uma gestão de resultados com pessoal de expertise comprovada e acesso às tecnologias de última geração”.
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Ethanol Summit 2015 tenta reposicionar o etanol na economia Evento com 85 palestrantes e 1.200 participantes foi dividido em 10 painéis de debates e quatro grandes plenárias Elo importante entre a sustentabilidade e o progresso, o etanol brasileiro luta por maior espaço nas bombas de combustíveis. Imerso em uma economia doméstica fragilizada, o biocombustível – caso valorizado –, pode ser uma alternativa para o crescimento econômico brasileiro. Para abordar esta e outras centenas de temáticas que envolvem o etanol, mais de mil pessoas se encontraram no Golden Hall do Word Trade Center, em São Paulo (SP) durante os dias 6 e 7 de julho para a quinta edição do Ethanol Summit. O evento foi dividido em 10 painéis de debate, quatro grandes plenárias e duas cerimônias. Ao todo, o Ethanol Summit 2015 reuniu mais de 1.200 participantes e contou ao todo com 85 palestrantes. Durante a cerimônia de abertura, Elizabeth Farina, presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) reforçou a importância do evento para posicionar o etanol na economia mundial. “É necessária uma estreita operação entre países consumidores e produtores. Esta é a forma mais eficiente de avançarmos numa agenda global para a consolidação do etanol como commodity internacional”. Luiz Pogetti, presidente do Conselho
Abertura do Ethanol Summit 2015
Deliberativo da Unica, explicou que a oferta nacional do biocombustível cresce 20% anualmente, assegurando menor dependência da importação de combustíveis fósseis. “Essa quantia já é suficiente para contribuir com pelo menos 5 bilhões de litros de gasolina que deixaram de ser importados e a mitigação de uma quantia equivalente a 10 milhões de toneladas de carbono”.
Aldemir Bendine, presidente da Petrobras, reforçou a relevância do etanol para segurança energética nacional. “O etanol é importante para que se diminua cada vez mais a importância do refino, e a Petrobras vai continuar buscando o desenvolvimento de uma matriz energética limpa a partir de outras alternativas”. Julio Cesar Maciel Ramundo, diretor do
BNDES, reforçou o apoio da instituição à cadeia de sucroenergética. “Passamos por um momento de dificuldade no setor, principalmente em renovação de canaviais. Neste segmento inserimos R$ 7 bilhões em programas como o Prorenova para reduzir a idade dos canaviais. Há mais de 4 anos o BNDES reforça que o setor só pode se fortalecer com a renovação”. Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda e do Planejamento, participou durante o segundo dia da plenária sobre o cenário macroeconômico do país e a busca pela competitividade para as energias renováveis. Para Delfim as externalidades do etanol, que não podem ser colocadas no valor do litro, devem ser valorizadas pelos governantes. “O poder público não entendeu que aquilo não pode ser apropriado pelo preço, pois são vantagens ambientais, tem que ser resolvido na esfera política. As insatisfações do setor apontam que houve um erro fundamental na política econômica para o etanol”. No segundo dia, além dos diferentes painéis, que ocorreram em formato 360º, possibilitando o acompanhamento simultâneo de diferentes assuntos, houve plenária com os três governadores dos principais estados produtores de cana-de-açúcar no país. Geraldo Alckmin (PSDB-SP), Beto Richa (PSDB-PR) e Marconi Perillo (PSDB-GO) comentaram sobre o atual cenário da agroindústria de cana-de-açúcar em seus estados e as medidas aplicadas para estimular a cultura e a inserção do etanol na economia estadual. Para os governadores, faltam políticas federais para apoiar os estados e o setor no fortalecimento da atividade.
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Etanol é estratégico na demanda nacional por combustíveis, afirma ANP A participação do etanol na economia nacional tem gerado redução de custos ao país. Seu uso é capaz de suprir parte da demanda pela gasolina importada, aliviando gastos com a entrada de combustíveis fósseis produzidos no mercado internacional. Nos últimos cinco anos a participação média do etanol do hidratado foi de 17,5% em relação a utilização de combustíveis do ciclo Otto. Isto é uma oportunidade para o etanol. “Temos déficit de ciclo Otto para um cenário de dez anos que pode chegar a 600 mil barris por dia. Há um grande espaço para o etanol avançar e substituir o grande volume de gasolina importada que chega ao nosso país”, afirma Magda Chambriard,
diretora-geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP). Caso o uso do hidratado mantenha esta média nos próximos dez anos, a produção deverá aumentar anualmente de 3,5 a 4% para suprir a demanda doméstica de combustíveis. “Esta é uma possibilidade para o etanol, já há elevada importação de gasolina. Se esta puder ser substituída pelo etanol, será um alívio para balança comercial nacional”, explica Chambriart. Nos últimos 15 anos a comercialização do biocombustível permitiu economia de US$ 80 bilhões aos caixas do país, uma redução de US$ 5,5 bilhões anualmente. Para Chambriard, a participação do etanol tem
Magda Chambriard, diretora-geral da ANP
ajudado economicamente o país. “O uso do etanol possibilitou a redução das importações de gasolina A pelo Brasil. Fora as exportações do biocombustível, que também representam ganhos econômicos”. Segundo a diretora, o setor deve olhar para novas inserções tecnológicas, para trabalhar na superação deste déficit que acontecerá na próxima década. Porém, ressalta, sem a articulação das diferentes esferas envolvidas na atividade, será difícil chegar a um consenso sobre o papel do etanol no Brasil, prejudicando seu enorme potencial de crescimento. “Existe uma oportunidade de negócios para o etanol, mas depende de uma competividade e esforço conjunto.
Ninguém conseguirá fazer isso sozinho. Produtores, indústria e governantes não conseguirão alinhar esta oportunidade caso não haja um planejamento e uma definição da posição do etanol na matriz energética”. Elizabeth Farina, diretora-presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) reforçou a necessidade de reposicionar o etanol também no mercado nacional. “Se temos todo este espaço para crescer, há uma necessidade urgente pela retomada da atividade no país, que sofreu pelo controle de preços. Este segmento, que deveria ser produtivo e lucrativo, perdeu continuamente renda. Todo o setor precisa se rentabilizar rapidamente”.
Elizabeth Farina, presidente da Unica
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Governadores articulam reposicionamento do etanol Governadores de três importantes estados para o setor se encontraram no segundo dia do Ethanol Summit para discutir os atuais entraves e medidas para promoção desta agroindústria. Coligados ao PSDB, o resumo desta plenária trouxe à luz as dificuldades de estados e municípios em promover políticas de incentivo sem o apoio da esfera federal. Geraldo Alckmin (PSDB-SP), Beto Richa (PSDB-PR) e Marconi Perillo (PSDBGO) abordaram as iniciativas adotadas em seus mandatos para incentivar a produção de etanol e bioenergia, bem como a necessidade
de políticas federais mais consistentes para que o segmento tenha confiança para investir. Para Marconi é necessário a união dos governadores dos sete maiores estados produtores de cana-de-açúcar do país para pressionar o Governo Federal. Seu estado teve um crescimento ascendente neste segmento. Passou de 12 usinas em 1999 para 38 atualmente. “Os governos estaduais podem contribuir muito para a competitividade do setor. Nós, governadores, temos a obrigação de oferecer uma política fiscal acirrada, acompanhada de estratégias de captação de investimentos construídas
Governador do Paraná Beto Richa
sobre a égide do planejamento, para fomentar um setor que muito contribui para a geração de empregos”. O governador Beto Richa anunciou durante a plenária uma série de medidas, já formalizadas em decreto, para recuperação e fortalecimento do setor sucroenergético do Paraná. O decreto instituiu o Programa de Reativação da Expansão do Setor Sucroalcooleiro, com medidas para estimular o aumento do plantio e da produtividade dos canaviais com incentivos fiscais e melhoria da infraestrutura e logística das estradas paranaenses. A participação da energia
elétrica oriunda da biomassa de cana está nos planos do Paraná, assim como o investimento em infraestrutura e logística. Com as ações o estado estima investimentos privados na ordem de R$ 4,5 bilhões nos próximos três anos e a criação de 12,8 mil empregos diretos e 30 mil indiretos. “O conjunto de medidas terá amplos benefícios na geração de empregos, ampliação da renda local, fortalecimento das cadeias produtivas regionais, ativação da indústria fornecedora de máquinas e equipamentos e aumento da arrecadação de tributos municipais, estaduais e federais”, enfatizou Richa.
Governador de Goiás Marconi Perillo
Indústria automotiva vê no etanol Alckmin reforça compromisso oportunidade de investimento com indústria sucroenergética A indústria automotiva trabalha para trazer ao mercado tecnologias que conciliem alto desempenho e sustentabilidade. Para isto, é estratégico pensar no mercado brasileiro, nicho que já produz carros com motores flexíveis, capazes de realizar combustão de gasolina e etanol hidratado. Oportunidade para fabricantes, a pesquisa e desenvolvimento de motores mais eficientes para o etanol pode estimular o desenvolvimento de tecnologias limpas para veículos, tecnologia demandada em escala global. Cientes que o aumento da demanda interna por etanol pressionará a indústria a entregar motores com melhor desempenho para o biocombustível, articuladores do setor automotivo veem no país uma oportunidade para desenvolver tecnologia limpa. “O uso do etanol para atração de tecnologias mais avançadas para o país, cujos benefícios de eficiência energética serão transferidos para gasolina, é uma grande oportunidade para a indústria nacional”, explica Francisco Nigro, professor, departamento de engenharia mecânica da Poli/USP. Para o professor a tecnologia tornará os veículos nacionais mais competitivos no mercado internacional. Para os diferentes setores da indústria automotiva, a demanda doméstica por etanol, somada a políticas de incentivo à produção do biocombustível podem ser o gatilho inicial para a criação de uma
tecnologia nacional. Conforme explica Henry Joseph, vice-presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a ação conjunta, de todos os setores envolvidos, somada ao entendimento e participação do governo são fundamentais para consolidar tais planos. “Não é só o montador o responsável por trazer estas novas tecnologias, mas sim o conjunto. É preciso um diálogo aberto com o governo para alcançarmos a produção e o desenvolvimento de tecnologias com melhor aproveitamento do etanol”. O avanço destes motores pode mudar o comportamento do consumidor frente ao biocombustível. Com desempenho e preços atrativos, os motores flex podem colocar o etanol como primeira escolha nas bombas. “É necessário que o compromisso flex favoreça o etanol e não seja simplesmente uma bandeira. É preciso que o etanol seja viável nestes motores para ser escolhido”, afirma Ricardo Simões de Abreu, do Sindipeças. Simões faz coro ao papel do governo brasileiro para impulsionar este mercado. Cita como exemplo o possível estabelecimento de vantagens de IPI para motores que tenham poder calorífero superior. “Este movimento pode colocar a engenharia brasileira e as exportações em outro patamar”.
Maior produtor mundial de cana-deaçúcar, respondendo por 56,2% da produção brasileira, o estado de São Paulo trabalha para fornecer não somente facilidades à produção, como ferramentas tecnológicas que viabilizem a especialização do setor. Durante encontro de governadores no Ethanol Summit, Geraldo Alckmin reforçou a importância do setor no estado para o desenvolvimento sustentável e garantia de segurança energética no país. “Retiramos o ICMS para o alcoolduto, que já está em funcionamento e estamos apoiando o governo federal no setor ferroviário, que é importante para o açúcar, com o ferroanel, aqui em São Paulo”. No estado o ICMS (Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias) aplicado ao etanol é de 12%, o menor do país. O governador paulista destacou os trabalhos realizados pelos institutos de pesquisa da Secretaria de Agricultura, entre eles, a biofábrica que produz mudas de cana-de-açúcar livres de doenças para o Sistema de Mudas PréBrotadas (MPB) e a linha de crédito do Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (Feap) com o objetivo de financiar a construção de viveiros para a reprodução destas mudas. Com utilização de energia limpa na matriz energética acima da média, São Paulo prioriza ações para fortalecer a bioeletricidade. No país a média de utilização
Governador Geraldo Alckmin
de energia limpa chega a 45%, em São Paulo este percentual atinge 55%. “Do ponto de vista ambiental, de desenvolvimento sustentável, é uma energia limpa, uma energia renovável. Nós precisamos fortalecer este setor que gera empregos, produz riqueza e ajuda a economia”. Presentes na planária, Beto Richa do Paraná e Marconi Perillo de Goiás se comprometeram a adotar medidas que possam diminuir a alíquota do ICMS em seus estados. Os três governadores assumiram no evento o empenho em um trabalho conjunto para fortalecer o segmento de maneira nacional, em uma tarefa que possa dar mais segurança a produtores e empresários do setor.
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Governador Alckmin participa do lançamento do Anuário da Cana 2015 A nova edição do Anuário da Cana foi lançada durante o coquetel de encerramento do Ethanol Summit, em 7 de julho último, em São Paulo. Foram distribuídos exemplares da publicação como cortesia, permitindo que os participantes obtivessem em primeira mão os dados atualizados do setor no Brasil. Já tradicional no evento, a publicação deste ano contou com uma novidade, que foi o lançamento simultâneo do Anuário da Cana Online, que terá atualizações constantes durante toda a safra. Os governadores dos estados de São Paulo, Paraná e Goiás, receberam e aprovaram o Anuário da Cana. Os principais executivos de grupos e usinas sucroenergéticas e fornecedores tiveram a mesma classificação. Interessados em adquirir o Anuário da Cana 2015 podem acessar a loja virtual no endereço: www.loja.jornalcana.com.br ou enviar email para: atendimento@procana.com.br ou, se preferir, ligar para 16 - 3512-4300.
Governador Geraldo Alckmin exibe o Anuário da Cana 2015
Governador de Goiás
Presentes no Ethanol Summit
Anuário da Cana é principal fonte de
Marconi Perillo (PSDB)
esperaram até o final para receber seu exemplar
consulta de dados de produção do País
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Líder do Ano do MasterCana Centro-Sul é o mineiro Mário Campos Ricardo Nardini é o Empresário do Ano e Rui Chammas, principal executivo da Biosev, foi o CEO escolhido Até o fechamento desta edição, em 28 de julho, já estavam confirmados vários representantes de grupos e personalidades premiadas no setor sucroenergético que estarão presentes na cerimônia e jantar de gala do MasterCana Centro-Sul 2015. O evento acontece na noite do dia 24 de agosto, no Espaço Golf, em Ribeirão Preto, SP. O Líder do Ano é Mário Campos, Presidente do Siamig — Sindicato da Indústria de Fabricação do Álcool no Estado de Minas Gerais. Ele é capa desta edição do JornalCana, que traz matéria especial sobre o bom desempenho do setor em Mina Gerais. O Empresário do Ano é Ricardo Nardini, diretor da Nardini Agroindustrial Ltda. O CEO do Ano é Rui Chammas, principal executivo da Biosev. Os escolhidos como Profissionais do Ano na premiação do MasterCana Centro-Sul são: Reginaldo Lopes de Carvalho Junior, superintendente do polo Ribeirão Preto da Biosev (Administração); Helder Luiz Gosling, diretor comercial e de logística do Grupo São Martinho (Comercial); Celso Cardoso de Oliveira, diretor industrial do Grupo CMAA – Vale do Tijuco (Área Industrial) e Rogério Bremm Soares, gerente corporativo agrícola da Bunge (Área Agrícola). O Destaque Institucional será dado à Socicana - Associação dos Produtores de Cana de Guariba SP. As unidades e grupos premiados com o MasterCana Desempenho são as seguintes: São Martinho (Estratégia & Gestão); Odebrecht (Tecnologia Industrial); Açucareira Guaíra (Manutenção Automotiva
Composto por empresários, usinas, grupos e os principais players, o principal objetivo do MasterCana Brasil é destacar os mais influentes do setor em âmbito nacional e reconhecer seus méritos. Usinas que apresentarem os melhores cases e indicadores administrativos e produtivos serão premiados com o troféu MasterCana Desempenho. Já as companhias do setor que apresentaram os melhores cases e indicadores nas áreas de responsabilidade socioambiental e gestão de pessoas, receberão o troféu Mastercana Social, oferecido em parceria com o Gerhai – Grupo de Estudos em Recursos Humanos na Agroindústria. Nessa edição, entendendo a importância do Prêmio MasterCana, a empresa TGM optou pelo patrocínio Master, tornando-se corealizadora do evento. As empresas: Sanardi Engenharia, São Francisco Gráfica, CPFL Brasil, Authomathika e Ubyfol são patrocinadoras Standard. O Prêmio tem apoio da empresa Markanti. Mais informações pelo email rose@procana.com.br ou fone 16-99153 8690. Serviço: PRÊMIO MASTERCANA
Rui Chammas, da Biosev: CEO do Ano no MasterCana Centro Sul
e Tecnologia Agrícola); Diana Açúcar & Etanol (Gestão Agroindustrial); Usina São José da Estiva (Eficiência na Extração); Usinas Itamarati S/A (Tecnologia da Informação e Comunicações) e Usina Coruripe (Gestão Comercial) O MasterCana Centro/Sul abrirá a programação social do maior evento técnicocomercial do setor no mundo, a Fenasucro & Agrocana 2015. O Prêmio é realizado desde 1988 e tornou-se referência em credibilidade e sucesso. "É a mais tradicional premiação,
que destaca quem é quem no setor sucroenergético", observa o presidente da ProCana Brasil, empresa promotora do evento e editora responsável pelo JornalCana, entre outros produtos de comunicação especificamente voltados ao setor sucroenergético. A cada ano o MasterCana reúne nos três eventos – Centro-Sul, Norte/Nordeste e Brasil – em torno de 75% da cadeia produtiva sucroenergética nacional para a festa.
MasterCana Centro-Sul (Desempenho/Social) Dia 24/08/2015 Local: Espaço Golf Festas e Eventos Rodovia Dr. Antônio Duarte Nogueira, Km 316, Anel Viário/Contorno Sul Ribeirão Preto-SP. MasterCana Brasil Dia 24/09/2015 Local: Centro de Eventos São Paulo Center Av. Lineu de Paula Machado, 1088, São Paulo - SP. MasterCana Norte/Nordeste Dia 19/11/2015 Local Spettus Steak House Av. Engenheiro Domingos Ferreira, 1500 Boa Viagem, Recife – PE
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Capital privado é atalho para logística nacional A infraestrutura da logística nacional tem impactos diretos no agronegócio. Com produção diversificada, os produtos da agroindústria sucroenergética necessitam de um sistema funcional para evitar perdas e atrasos durante o transporte. O açúcar nacional tem percorrido maiores distâncias marítimas. Os países asiáticos respondem por 53,8% das exportações, pressionando o surgimento de medidas que tornem o produto competitivo frente aos fornecedores locais, como Tailândia e Índia. Maior exportador da commodity, o país
necessita de atualização de seus portos, para garantir a contínua oferta. “Os terminais de açúcar precisam investir em eficiência e capacidade”, alerta Helder Luiz Gosling, diretor do Grupo São Martinho. Em resposta a esta demanda, o setor investiu mais de R$ 11 bilhões em logística. Os esforços foram para fortalecer e assegurar o escoamento da produção, com investimento na implantação de um complexo dutoviário, na estruturação do sistema portuário e na potencialização das ferrovias. Segundo Luiz Antonio Fayet, consultor
para logística e infraestrutura da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), existe um déficit portuário que prejudica todo o agronegócio. “Nas Novas Fronteiras tivemos uma redução de capacidade de embarque de grãos na ordem de 64 milhões de toneladas em 2014, aos quais se somam os incrementos anuais de demanda de 3 a 5 milhões de toneladas”. Para o consultor, o país viverá esta dificuldade em seus portos por mais algumas décadas. “Se conseguirmos construir cinco milhões de capacidade de despacho a cada
ano, levaremos de 18 a 20 anos para equilibrar a demanda com a oferta de terminais de exportação”. Com elevados custos internos para operações logísticas, especialistas apontam a criação de novas rotas e normas como forma de aliviar o escoamento da produção agrícola. A participação de capital privado em portos, a ampliação de rodovias e o aproveitamento de linhas inoperantes da malha ferroviária, podem ser, a curto prazo, uma saída para amenizar o lento e burocrático processo logístico nacional.
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Rodoviário mantém posto de principal modal do setor A produção de açúcar e etanol é escoada majoritariamente via modal rodoviário. Seguindo comportamento da logística nacional, setor não consegue diversificar o escoamento de seus produtos. Segundo último levantamento do IBGE, em 2013 aproximadamente 770 milhões de toneladas de cana-de-açúcar chegaram às usinas exclusivamente via modal rodoviário. Transformada em etanol ou açúcar, os produtos oriundos desta matéria-prima são escoados prioritariamente pelo mesmo modal. No país, o açúcar percorre cerca de 500 km até os portos, distância menor quando comparado com a logística dos grãos, que em média viajam mais de 700 km até serem embarcados. O mercado doméstico de açúcar é em sua totalidade abastecido via modal rodoviário. A destinação de etanol nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro é diversificada, sendo 63% via rodoviário, 25% ferroviário e 12% dutoviário. No restante do país, a produção do biocombustível é escoada 100% via rodoviário. No comércio internacional o padrão é invertido. O transporte do açúcar nacional até os portos é feito 57% via rodoviário e 43% ferroviário. Para o etanol, o transporte acontece 100% por rodovias. Ciente da demanda por melhorias e ampliações na malha rodoviária, o estado de São Paulo investiu 13.599 milhões de reais
para a extensão de 8,6 mil quilômetros de rodovias. Até 2018 serão entregues mais 7,23 mil quilômetros, resultantes de 16,9 milhões de reais. A distribuição do etanol é tema central na agenda do estado de São Paulo, para o
secretário de logística e transportes Duarte Nogueira, vencer os desafios de infraestrutura para o setor é participar de um movimento global pelo desenvolvimento sustentável. “O etanol é o principal contribuinte para uma política de redução
de emissões de gás carbônico. O inventário de emissões feito pela SLT indicou que cerca de 60% da redução das emissões deste gás depende da ampliação do uso do etanol como combustível principal da frota flexível”.
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SAÚDE & SEGURANÇA
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Com bandeira da prevenção, São Martinho reduz acidentes em usinas Uma das maiores referências no setor sucroenergético, o Grupo São Martinho, possui números grandiosos não somente em sua produção. Composto por mais de 13 mil funcionários, que atendem a quatro usinas e com mais de 300 mil hectares de canaviais, o grupo foi capaz de reduzir em até 87% a taxa de gravidade na safra 2014/15. O trabalho foi iniciado muito antes das moendas começarem a esmagar a cana. Segundo Nilton César de Brito, gerente de saúde e segurança do trabalho corporativo do Grupo São Martinho, é preciso incorporar o entendimento da segurança como um dos processos necessários para a produção, pois sem segurança ao colaborador nenhuma atividade deve ser realizada. “Qualquer projeto realizado numa indústria deve incluir em seu escopo normas relativas à segurança e saúde. Do contrário, a atividade não poderá ser executada até que a equipe responsável aprove ou modifique determinadas barreiras à segurança dos operadores”. Brito coordena uma equipe composta por 107 profissionais, dedicados exclusivamente ao planejamento e execução de medidas de prevenção e segurança aos milhares de colaboradores do grupo. O gerente comprovou que é possível criar no ambiente de uma empresa a consciência da saúde ocupacional, e esta refletir positivamente na redução de incidência de acidentes. Durante a safra 2014/15 a taxa de gravidade caiu de 943 para 119. Estes resultados foram alcançados após a implantação da cultura da prevenção e da saúde ocupacional. Quando a metodologia foi inserida na empresa, a equipe de Brito analisou a funcionalidade e condição de todas as máquinas. Em segundo momento, elaborou sistemas de gestão para definir padrões e metodologias a serem seguidos. O último e mais importante passo foi transmitir esta filosofia aos colaboradores, pois deles parte a decisão de cumprir os procedimentos. “A tarefa mais complicada é lidar com o aspecto humano. Nós fornecemos treinamento e reforçamos a importância de seguir as regras, mas para que tudo ocorra
Nilton César de Brito, gerente de saúde e segurança do trabalho corporativo do Grupo São Martinho
em seu devido eixo é preciso que o colaborador entenda e aceite tais requisitos para a segurança dele e de seus colegas”. Para profissionais de saúde e segurança do trabalho, este movimento reflete o posicionamento do setor na economia
nacional. O tema é articulado e desenvolvido de diferentes maneiras, com a meta de criar a cultura da prevenção. João Augusto de Souza, diretor executivo do Grupo de Saúde Ocupacional da Agroindústria Sucroenergética (GSO) explica que este
entendimento tem crescido rapidamente pela internacionalização de diversos grupos e usinas. “A entrada de multinacionais no setor despertou nas usinas a importância de políticas e programas de segurança e saúde no trabalho nos seus empreendimentos”.
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Química Real estuda influência da temperatura e população bacteriana na fermentação Há uma grande influência da temperatura na curva de desenvolvimento microbiano das bactérias presentes na fermentação etanólica. O processo de crescimento, fase estacionária e morte de uma bactéria, assim como todos os microrganismos vivos na fermentação, dependem de reações químicas que são alteradas pela temperatura. Para o controle bacteriano em uma planta de fermentação as ações tomadas se iniciam antes mesmo da fermentação, na etapa de tratamento térmico do caldo, que é a principal e mais importante etapa para reduzir a população bacteriana tanto da fermentação, quanto da fábrica de açúcar, além de contribuir para a remoção de impurezas insolúveis, gases e reduzir a viscosidade. Nesta fase a temperatura do caldo deve ficar próximo aos 110°C, contribuindo assim para a decantação dos coloides formados pela aplicação de polímeros e para a redução da carga bacteriana. Com a temperatura acima dos 110°C o sistema poderá reduzir contaminações bacterianas de concentrações em 106 UFC/ml para 101 UFC/ml, além de contribuir para maior permanência de leveduras selecionadas. Algumas bactérias são resistentes a
altas temperaturas, cujo crescimento ótimo se apresenta entre 45 e 60°C, e em temperaturas mais elevadas, possuem a capacidade de produzirem esporos (cápsulas de resistência) que garantem a sobrevivência da espécie em várias etapas do processo de fabricação do etanol e açúcar. E para inativação destes esporos é
necessário temperaturas na faixa de 117°C com uma residência de no mínimo 5 minutos nesta temperatura. Quando o tratamento térmico é ineficaz, esta classe de bactérias sobrevive e contamina a fermentação. Pensando nisto, a Química Real informa que desenvolve dois produtos eficazes no
controle destas bactérias, o Corstan e o HJ Emulsão. De acordo com a empresa, estes dois produtos possuem alto poder de dispersão e ação bactericida rápida. QUÍMICA REAL LTDA www.quimicareal.com.br 31 30572000
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ARTIGO
Projeto Etecalda visa atender a todas as leis e normas vigentes da atividade agrícola *ANA LÚCIA COELI S ILVA
A identificação do gerador de resíduo da empresa bem como a qualificação da equipe responsável e a elaboração de um plano de ações, são conceitos cruciais que ao serem bem aplicados levam a bom termo o gerenciamento de resíduos e que afetam diretamente o cronograma físico-financeiro na hora da execução. Atender a Legislação de cada setor dentro de uma metodologia aplicada para classificação dos resíduos é uma boa prática principalmente no que diz respeito à elaboração e execução de procedimentos. Dentro de um diagnóstico da situação atual é possível detectar e atacar áreas específicas com ações direcionadas e processos mais eficientes, acompanhando desde a coleta, transporte e acondicionamento dentro da empresa, até o controle da reciclagem e ou destinação final dos resíduos gerados. O Projeto Etecalda, da Etec Engenharia tem como finalidade principal atender a todas as leis e normas vigentes da atividade agrícola, bem como, proteger o meio ambiente, controlar o consumo dos defensivos eliminando os desperdícios
promovendo maior segurança dos trabalhadores com a otimização do processo, dos recursos financeiros, visando o aumento da produtividade e o respeito aos recursos naturais. Contempla a construção de um complexo de edificações denominado Etecalda, Unidade de Manejo de
Agrotóxicos, dentro dos padrões de controle, economia e qualidade. Neste projeto estão incluídas todas as documentações técnicas de arquitetura e engenharia, necessárias para a execução da obra até seu orçamento. Desde os estudos conceituais para adequação do complexo às características específicas da empresa, fazenda ou indústria
em que será implantado, até os cálculos, projetos técnicos e especificações para sua construção. O Projeto Etecalda, da Etec, atende a todas as normativas e leis vigentes do setor: NR 16 – Atividade e Operações Perigosas; NR 10 – Segurança em Serviços e Instalações Elétricas; NR 20 – Atividades com Líquidos, Combustíveis e Inflamáveis; Lei 7.802 – Produção, Transporte, Armazenamento, Comercialização, Utilização, Destinação de Resíduos e Embalagens, Controle, Inspeção e Fiscalização de Agrotóxicos; Lei 9.605 – Lei de Crimes Ambientais; Lei 9.974 – Inclui a Obrigatoriedade da Tríplice Lavagem; Resolução 334 – Dispõe sobre o Licenciamento Ambiental e Exigências mínimas para Instalações para Estabelecimentos de Recebimento de Embalagens Vazias; NR 31 – Segurança e Saúde do Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura. *Ana Lúcia Coeli Silva é engenheira e diretora operacional da Etec Engenharia. Conheça mais sobre a empresa e o projeto acessando o site www.etecprojetos.com.br
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Aperam trabalha com inox AISI 317L para colunas de sulfitação A Aperam trabalha no desenvolvimento de aplicações em aço inox buscando a otimização de diversas etapas de produção, sem abrir mão da competitividade necessária a todas as indústrias. Os principais benefícios da substituição dos materiais tradicionalmente empregados por aço inox são refletidos principalmente em maior vida útil, redução significativa de manutenção e consequentemente diminuição de mão de obra, além da possibilidade de redução de peso devido às propriedades mecânicas e elevada resistência à corrosão dos aços inoxidáveis, pois não há necessidade de aplicar sobrespessura ou pintura. Um exemplo de sucesso foi realizado na etapa de clarificação do caldo, no sistema de sulfitação, que é empregado nas unidades produtoras de açúcar branco. A fase deste processo é sem dúvida a mais agressiva aos
materiais empregados. Além das altas temperaturas das etapas anteriores, que normalmente funcionam como catalisador para reações que levam à oxidação e corrosão, estão presentes os ácidos sulforoso e sulfúrico, extremamente corrosivos. Sabendo destas condições extremas, a Aperam oferece a solução com seu portfólio de produtos em aço inox. APERAM INOX 11 38181821 www.arcelormittalinoxbrasil.com.br
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Evolution busca os melhores resultados na automação de qualquer segmento A empresa Evolution garante que tem a solução para sua planta de automação industrial, atendendo as necessidades de qualquer tipo de aplicação na área de produção. Trabalhar com automação industrial requer dedicação, pois é muito complexo e depende de vários fatores e pessoas para que tudo saia conforme a aplicação do cliente, informa a diretoria da empresa. Assim, trabalha para que seus produtos (equipamentos de campo, serviços, software, engenharia) façam a diferença para se obter os resultados desejados pelos clientes. A empresa informa que trabalha
com parcerias de extrema qualidade e competência, apresentando soluções inovadoras e de alta performance. “Trabalhamos com produtos de medição e controle para todas as plantas industriais em todos os segmentos. Também trabalhamos com produtos novos, remanufaturados e conserto de equipamentos. Realizamos a manutenção de todos os produtos que oferecemos e em equipamentos de outros fornecedores”, informa a diretoria. EVOLUTION PROCESS CONSULTING COM. E SERV. LTDA 16 992420385
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