JornalCana — Edição 270 / Julho 2016

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O MAIS LIDO! w w w . j o r n a l c a n a . c o m . b r Ribeirão Preto/SP

Julho/2016

Turbina SST600 fabricada em Jundiaí para a Delta Sucroenergia

Inovação e tecnologia Siemens inaugura maior turbina do setor com 73,5MW com acoplamento direto ao gerador

IMPRESSO - Envelopamento autorizado. Pode ser aberto pela ECT.

Série 2

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ÍNDICE DE ANUNCIANTES

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Í N D I C E AUTOMAÇÃO DE ABASTECIMENTO DWYLER

11 26826633

15

ENERGIA ELÉTRICA - ENGENHARIA E SERVIÇOS SANARDI

17 32282555

GRÁFICA SÃO FRANCISCO

MUDAS DE CANA 16 21014151

2

IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS

BMA BRASIL

11 30979328

31

DANFOSS DO BRASIL

11 21355400

33

METROVAL

19 21279400

6

ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO CIVIL

DMB

ENGEVAP

INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO E CONTROLE

16 35138800

26

ENGENHARIA INDUSTRIAL AUTOMÓVEIS

BMA BRASIL 0800 703 3673

A N U N C I A N T E S

11 30979328

METROVAL

16 39461800

GERHAI 16 35138800

19 21279400

6

31

SERGOMEL

16 35132600

16 39698080

MICHELIN

20

16 39461800

27

21 36214415

29

PRODUTOS QUÍMICOS EQUIPAMENTOS E MATERIAIS ELÉTRICOS

17

19 35080300

44

3

CARROCERIAS E REBOQUES

DURAFACE

PNEUS DISTRINOX

17 35311075

21

36

EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO ALFATEK

16 35124312

PLANTADORAS DE CANA

26

CARRETAS

MSBIO

DMB 19 34562298

39

PEÇAS E ACESSÓRIOS AGRÍCOLAS

ENTIDADES ENGEVAP

0800 7044304

LEVEDURAS 27

7, 9

CALDEIRAS

SYNGENTA

38

AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL

FORD MOTOR

D E

PROSUGAR

81 32674760

DANFOSS DO BRASIL

11 21355400

33

SAÚDE - CONVÊNIOS E SEGUROS

FORTLIGHT

11 20876000

32

SÃO FRANCISCO SAÚDE 08007779070

25

51

CENTRÍFUGAS BMA BRASIL

11 30979328

31

COLETORES DE DADOS MARKANTI

16 39413367

ESPECIALIDADES QUÍMICAS

SOLDAS INDUSTRIAIS

QUÍMICA REAL

31 30572000

18

AGAPITO

SOLENIS

19 34753055

43

MAGÍSTER

16 35137200

11

SPAA

16 35124312

19

16 39461800

27

16 35124300

23

4, 52

EVAPORADORES CONSULTORIA INDUSTRIAL BMA BRASIL

11 30979328

BMA BRASIL

11 30979328

31

FEIRAS E EVENTOS METROVAL

19 21279400

6

DMB

FENASUCRO

11 30605000

45

SINATUB

16 35124300

16

TREINAMENTO PROUSINAS FAR

CORRENTES INDUSTRIAIS PROLINK

19 34234000

FERMENTAÇÃO 24

DEFENSIVOS AGRÍCOLAS SYNGENTA KOPPERT DO BRASIL

0800 7044304 15 34719090

MSBIO

16 35124312

21

39

DURAFACE

19 35080300

20

42

ELETROCALHAS 11 42313778

37

TROCADORES DE CALOR

IRRIGAÇÃO IRRIGA ENGENHARIA

FERRAMENTAS

62 30883881

4

19 35080300

BINOVA

16 36158011

10

MONTAGENS INDUSTRIAIS

KOPPERT DO BRASIL

15 34719090

42

ENGEVAP

16 35138800

AGAPITO

16 39462130

50

TUBULAÇÕES PARA VINHAÇA

MANCAIS E CASQUEIROS DURAFACE

FERTILIZANTES

OXIMAG

50

TRANSBORDOS

31

CONTROLE DE FLUIDOS

16 39462130

20

STRINGAL

11 43479088

26

VÁLVULAS INDUSTRIAIS 26

FOXWALL

11 46128202

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CARTA AO LEITOR

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carta ao leitor

índice

Josias Messias

josiasmessias@procana.com.br

Agenda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6 Mercado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .8 Empresas começam a dar os primeiros passos rumo ao fim da crise

Administração & Legislação . . . . . . . . . . . . . . .10 a 16 Certificação não garante incorporação da cultura de qualidade Competentes, mas desempregados O batom sobe lentamente ao alto escalão

Produção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .18 Os 5 pontos que merecem atenção nesta safra

Tecnologia Agrícola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19 a 28 Em busca da colheita perfeita Novas soluções podem revolucionar colheita de cana-de-açúcar Erva maldita

Tecnologia Industrial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .30 a 38 CAPA – Siemens e Delta Sucroenergia inauguram maior turbina do

setor Retrofit cria condições para elevação da oferta de energia Denusa comemora resultados com super cepa de levedura Mais três usinas implantam gestão industrial avançada

Ação Social & Meio Ambiente . . . . . . . . . . . . .40 a 44 Quem bate? Cana inspira estudantes brasileiros a criar inovações sustentáveis

Política Setorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .46 Não ao diesel em carros de passeio

Negócios & Oportunidades . . . . . . . . . . . . . . . .47 a 50

QUEM É DEUS, SENÃO O SENHOR? “Quem é Deus, senão o Senhor? E quem é rochedo, senão o nosso Deus?”. (Cântico de Davi, verso 32 do capítulo 22 do segundo livro de Samuel)

Nem tudo são flores O primeiro semestre termina apontando um cenário bastante promissor para o setor sucroenergético brasileiro. Vejamos: déficit mundial superior a 7 milhões de toneladas de açúcar na safra 2016/2017, com a queda na produção de países asiáticos, incluindo a Índia, que pressionam os preços internacionais. O dólar apreciado também remunera melhor o produtor brasileiro. preços remuneradores para o etanol, que estão 16,75% maiores neste primeiro trimestre da safra 2016/17 comparado com safra passada, segundo o Indicador Semanal Etanol Hidratado Cepea/Esalq. estabilidade na cogeração, considerando que mais de 80% dos excedentes de bioeletricidade estão contratados com preços superiores ao PLD e cobrem pelo menos os custos de produção e amortização dos investimentos. a agroindústria da cana criou mais de 26 mil vagas de trabalho no acumulado da safra 2016/2017 (abril e maio), em comparação com apenas 4 mil em 2015 (veja que há desemprego ainda mas já há reações positivas na página 14). Todos estes fatores fazem com que até os agentes mais conservadores concordem que este ciclo positivo deve durar pelo menos 3 safras, incluindo a atual. Mas nem tudo são flores para as usinas. Há diversos pontos que merecem a atenção dos produtores e executivos: a valorização do dólar em relação ao real, que agrava o endividamento da maior parte das usinas, e isto em meio à pior crise de crédito do Brasil em duas décadas. As possibilidades de se obter ou renovar financiamentos caiu pela metade e os custos da dívida dobraram! incertezas no cenário financeiro internacional quanto aos efeitos indiretos do Brexit, a médio prazo, como uma menor liquidez, maior aversão a risco e redução do fluxo de investimentos. “ano molhado” na região centro/Sul, onde boa parte das usinas sofreu com paradas de vários dias por conta das chuvas, causando maior volume de impurezas na cana, redução no ATR e queda no índice geral de produtividade. a mistura de safra chuvosa com escassez de recursos, que deve afetar significativamente a produtividade agrícola, a qual já vem sofrendo com a redução na renovação dos canaviais, e a industrial que, impulsionada pelo mix virado para o açúcar, sobrecarrega as demais etapas de produção, em especial a fermentação. as indefinições políticas, que dificultam traçar cenários de planejamento, “pois vários fatores podem variar em grau acentuado e em curto espaço de tempo: cotação do dólar, afetando os preços do açúcar e custos de produção; indefinição na política de combustíveis, que afeta diretamente o preço do etanol”, alerta Roberto Holland, CEO da USJ Estiva, de Novo Horizonte (SP), em entrevista na página 18). indefinições legais, especialmente “quanto à lei da terceirização da colheita e peso bruto das cargas dos caminhões”, também alerta Holland. Diante deste cenário, os grupos sucroenergéticos tendem a controlar rigorosamente seus gastos e investimentos, priorizando aqueles que proporcionam geração de caixa no curto prazo, e continuar a reduzir a alavancagem. Os espinhos sugerem que as usinas devem aproveitar esta safra para “arrumar a casa”, sem investimentos em expansão. Afinal, nem tudo são flores neste mercado. Boa leitura!

NOSSOS PRODUTOS DIRETORIA

O MAIS LIDO! ISSN 1807-0264 Fone 16 3512.4300 Fax 3512 4309 Av. Costábile Romano, 1.544 - Ribeirânia 14096-030 — Ribeirão Preto — SP procana@procana.com.br

NOSSA MISSÃO Prover o setor sucroenergético de informações relevantes sobre fatos e atividades relacionadas à cultura da cana-de-açúcar e seus derivados, e organizar eventos empresariais visando: Apoiar o desenvolvimento sustentável do setor (humano, socioeconômico, ambiental e tecnológico); Democratizar o conhecimento, promovendo o

intercâmbio e a união entre os integrantes; Manter uma relação custo/benefício que

propicie parcerias rentáveis aos clientes e demais envolvidos.

Josias Messias josiasmessias@procana.com.br Controladoria Mateus Messias presidente@procana.com.br Eventos Rose Messias rose@procana.com.br Comercial & Marketing Lucas Messias lucas.messias@procana.com.br

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AGENDA

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A C O N T E C E U COPERCANA O Agronegócios Copercana, evento voltado exclusivamente aos cooperadores do sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred, aconteceu de 21 a 24 de junho no centro de eventos da Copercana em Sertãozinho, SP. O evento marcou o encerramento do 1º semestre, período tradicional de negócios para o setor canavieiro e apresentou excelentes oportunidades de compras para os produtores. É uma verdadeira vitrine de produtos e serviços para uso nas lavouras de cana-de-açúcar e grãos. Os expositores também levam para o Agronegócios Copercana novidades tecnológicas em máquinas e equipamentos para os pequenos e médios produtores, e na edição de 2015 contou com 3.000 visitantes, 76 expositores e 160 milhões em negócios.

A C O N T E C E

FENASUCRO & AGROCANA 2016 PRÊMIOS MASTERCANA 2016 Está chegando a primeira das três edições do Prêmio MasterCana: o MasterCana Centro/Sul será realizado em 22 de agosto, em Sertãozinho, SP, no dia anterior ao da abertura da Fenasucro & Agrocana; o MasterCana Brasil acontecerá em 19 de outubro, em São Paulo, SP e os troféus do MasterCana Norte/Nordeste serão entregues em 24 de novembro, em festa no Recife, PE. Agende estas datas.

Diretores do Ceise Br, e o secretário de Desenvolvimento Econômico de Sertãozinho, Carlos Roberto Liboni, aproveitaram visita ao estande da entidade na 31ª Feira Internacional da Mecânica no Anhembi, em São Paulo, SP para lançar, oficialmente, a 24ª edição da Fenasucro & Agrocana 2016. A Fenasucro & Agrocana acontecerá nos dias 23 a 26 de agosto, em Sertãozinho, SP e reunirá os líderes do mercado e seus principais compradores vindos de todo o Brasil e de mais de 40 outros países. Neste ano, a expectativa é receber mais de 30 mil visitantes/compradores e chegar a uma geração de negócios de cerca de R$ 2,8 bilhões, concluídos até seis meses após o evento.


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MERCADO

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Empresas começam a dar primeiros passos rumo ao fim da crise DA R EDAÇÃO

Ainda dentro de um cenário negativo na economia nacional, algumas empresas começaram a apresentar lucro e mostrar sua volta ao equilíbrio. E esse pequeno começo pode simbolizar a recuperação do setor sucroenergético. Como exemplo, a Biosev, segunda maior processadora de cana-de-açúcar do mundo, em primeiro de junho fechou o quarto trimestre da safra 2015/16 com lucro líquido de R$ 50 milhões, contra prejuízo de R$ 222 milhões em igual período da safra anterior. O resultado também marca o segundo trimestre consecutivo de lucro líquido, após ganho de R$ 163 milhões nos três meses até dezembro. A produtividade média da Biosev aumentou em 14,3% no consolidado da safra chegando a 76,2 toneladas de cana por hectare. O resultado foi impulsionado principalmente pelos Polos de Mato Grosso do Sul e de Leme e Lagoa da Prata, com elevação de 19,8% e 35,9%, respectivamente. O TCH de 85,5 t/ha no MS marcou novo recorde de produtividade. “Avançamos em tecnologia agrícola e melhoria operacional, refletida no Ebitda de R$ 1,4 bilhão, uma evolução importante em relação aos resultados históricos, e com gestão financeira eficiente e disciplinada, que nos permitiu reduzir a alavancagem e alcançar lucro líquido de R$ 50 milhões no trimestre”, disse o presidente da Biosev, Rui Chammas. A moagem total na safra foi de 31 milhões de toneladas, aumento de 9,3% em relação ao ano anterior. A utilização de capacidade instalada chegou a 85%, aumento de 7,3 pontos percentuais em relação à safra anterior. Tanto a moagem como a taxa de utilização são as maiores registradas nas últimas cinco temporadas. O ATR produto, produção medida pelo volume de Açúcar Total Recuperado, chegou a 3,95 milhões de toneladas, crescimento de 6,5% na comparação anual. O Ebitda ajustado, lucro antes de juros, impostos, depreciações, amortizações e variações no valor justo do ativo biológico, foi de R$ 1,4 bilhão na safra 2015/16, aumento de 8% em comparação à safra anterior. O resultado antes da provisão para imposto de renda e contribuição social foi de R$ 46 milhões na safra 15/16, ante resultado negativo de R$ 669 milhões na safra 2014/15. No 4T16, o resultado do período foi positivo em R$ 50 milhões, uma reversão de R$ 271 milhões em relação ao prejuízo de R$ 222 milhões registrado no 4T15. No ano, a alavancagem financeira da Biosev recuou de 3,1x para 2,95x, refletindo, principalmente, o avanço do Ebitda ajustado no período e a posição de caixa, que foi superior a R$ 2 bilhões. Para a safra 2016/17, a Biosev anuncia o guidance, moagem entre 30,5 e 33,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar; ATR Cana entre 129kg/t e 133 kg/t e ATR Total entre 3,93 milhões de toneladas a 4,46 milhões de toneladas. “Estamos confiantes nos resultados a serem alcançados nesta safra que se inicia e

Usinas obtêm maior volume de vendas de etanol Na Usina Santa Fé em Nova Europa, SP, o total do ativo em 2016 foi de R$ 733,228 milhões, R$ 6,604 milhões a menos do que em 2015 e o total passivo de R$ 761,323 milhões, R$ 18,355 milhões a mais do que em 2015, e um lucro bruto de R$ 82,057 milhões superior a 2015 com R$ 67,719 milhões. O lucro líquido do Grupo São Martinho nos doze meses da safra 2015/16 alcançou R$ 194,3 milhões, o montante é 32,1% inferior aos doze meses da safra anterior, conforme os resultados da safra 15/16 divulgados pela empresa, que controla diretamente três usinas de cana-de-açúcar e é sócia da Petrobras Biocombustível na Nova Fronteira Bioenergia, que, por sua vez, controla a usina Boa Vista, no estado de Goiás. Segundo a São Martinho, os motivos do recuo no lucro líquido são o aumento das despesas com variação cambial nos doze meses de 2016 e o ganho não recorrente de R$ 79,9 milhões no exercício anterior, resultado da venda de participação na Agropecuária Boa Vista, prejudicando a comparabilidade. No quarto trimestre da safra, o lucro líquido da São Martinho totalizou R$ 68,9 milhões, crescimento de 21,9% em relação ao quarto trimestre do ano anterior. Nesse trimestre também o Ebitda ajustado da Companhia totalizou R$ 346,3 milhões, representando um crescimento de 8,3% em relação ao anterior. No acumulado do ano, o Ebtida ajustado cresceu 19,2%, atingindo R$ 1,3 bilhão. O aumento do indicador foi resultado do maior volume de vendas de etanol e melhores preços de açúcar e etanol.

permanecemos concentrados em executar o nosso Plano de Negócios de forma disciplinada”, afirmou Rui. Outro exemplo de positividade foi a Usina São Domingos. A diretoria aprovou o aumento do capital social da companhia sucroenergética em R$ 26,7 milhões. O aumento foi aprovado em abril e assim, o capital social da unidade passa para R$ 131,7 milhões. Os R$ 26,7 milhões de aumento do capital social foram deliberados a partir da emissão de 64.337.350 novas ações ordinárias, nominativas e sem valor nominal, ao preço unitário de R$ 0,415, as quais foram subscritas exclusivamente pelos dois acionistas majoritários. R$ 13,350 milhões com a emissão de 32.168.675 ações ordinárias, nominativas e sem valor nominal pelo acionista Hélio Zancaner Sanches e R$ 13,350 milhões com a emissão de 32.168.675

ações ordinárias, nominativas e sem valor nominal pelo acionista Evandro Sanchez. O aumento aprovado será totalmente integralizado pelos acionistas subscritores mediante a capitalização de seus respectivos créditos junto à sociedade decorrentes de aportes para futuro aumento de capital. A Tereos Internacional divulgou também resultados financeiros positivos relativos ao ano fiscal findo em 31 de março de 2016. A receita total foi de R$ 10,2 bilhões, mais 27% conforme divulgado, mais 7% em moeda constante; contribuição positiva de todos os segmentos devido ao impacto de moeda, volume e preço. As despesas financeiras líquidas aumentaram para R$ 288 milhões frente aos R$ 235 milhões registrados em 2014/15, dado que parcela considerável da variação cambial é classificada como hedge de fluxo de caixa. O lucro líquido atribuível aos acionistas

da controladora foi de menos R$ 127 milhões contra menos R$ 139 milhões em 2014/15 principalmente em consequência da desvalorização do Real frente ao US$. Em 31 de março, a dívida líquida da Tereos Internacional, incluindo partes relacionadas, totalizava R$ 5,0 bilhões, comparado a R$ 4,3 bilhões em 31 de março de 2015. Este aumento se deve, principalmente, à incorporação da Vertente, além da depreciação do Real em relação ao USD e ao Euro. Os preços do açúcar e do etanol permanecem elevados desde agosto de 2015 e melhora na eficiência da indústria, assim como na colheita e transporte da cana-deaçúcar. O último aporte de capital realizado pela Petrobras Biocombustível foi de R$ 268 milhões, concluindo o investimento original total na Guarani.


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Certificação não garante incorporação da cultura de qualidade Benefícios proporcionados pela implantação de um sistema de gestão nessa área “explodem” no médio e longo prazo R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

A importância, a necessidade e os benefícios da implantação de um sistema de gestão da qualidade são defendidos de maneira quase unânime por gestores e altos executivos de unidades e grupos sucronergéticos. Isto ocorre pelo menos de forma conceitual e teórica, discutindo-se, nesses casos, uma ou outra vertente sobre o assunto. Na prática, a valorização de sistemas de melhoria contínua parece ser diferente. Uma das dúvidas, nessa área, refere-se a até que ponto empresas do setor aderiram de fato à cultura de qualidade, mesmo nos casos das unidades que obtiveram a certificação ISO 9000. Existe atualmente a necessidade de avaliar como as usinas têm efetivamente feito uso da gestão da qualidade na perspectiva de extrair mais valor dessa prática, ou seja, explorar melhor o potencial deste tipo de inovação gerencial. Essa ponderação é de

Nilson Antonio Modesto Arraes, professor da Feagri/Unicamp

Nilson Antonio Modesto Arraes, professor da Feagri/Unicamp – Faculdade de Engenharia Agrícola da Universidade Estadual de Campinas, que tem coordenado estudos e projetos nessa área. “A incorporação de uma cultura de qualidade não acontece do dia para a noite. Em um primeiro momento, dá muito trabalho e pouco resultado”, afirma. De acordo com ele, no médio prazo começam a ser colhidos resultados e, mais no longo prazo, os benefícios do sistema de gestão de qualidade passam ocorrer periodicamente com processos de melhoria contínua e o reflexo disso com a fidelização de clientes e a expansão do mercado. Os ganhos mais imediatos estão relacionados aos aspectos de melhor organização da empresa, melhoria dos processos, redução de perdas, garantia do mercado – detalha. “Há impactos no sistema produtivo e no estabelecimento de relações com o mercado”, enfatiza o professor da Feagri que ministra aulas, na graduação e pós-graduação, em disciplinas relacionadas à gestão da produção, a aspectos de qualidade na gestão de processos e aspectos ligados à sustentabilidade da produção agrícola. Os benefícios gerados pelo sistema de qualidade “explodem” no médio e longo prazo – destaca – quando são abertas possibilidades para a empresa ingressar em novos mercados, quando há a fidelização de clientes e do envolvimento dos colaboradores no processo de melhoria contínua.


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Workshop discutirá como extrair mais valor do processo de melhoria Com o objetivo de discutir e avaliar a possibilidade de ampliar a extração de valor e de benefícios do sistema de gestão da qualidade, será realizado na Feagri/Unicamp, em 31 de agosto, um workshop que abordará as perspectivas e desafios da gestão da qualidade no setor sucroenergético.

Projeto prevê a aplicação de um questionário junto a unidades sucroenergéticas para avaliar como a gestão da qualidade tem sido adotada e disseminada O evento tem a finalidade de reunir auditores de qualidade, gestores dessa área de usinas e destilarias, consultores de empresas que dão suporte a unidades sucroenergéticas em processos de melhoria e certificação – informa Nilson Arraes, que está coordenando a realização do workshop. A programação prevê, para o período da manhã, um conjunto de relatos de unidades e grupos sucroenergéticos sobre experiências com a gestão da qualidade e sobre como pretendem dar continuidade ao processo de melhoria contínua – revela.

No período da tarde haverá uma mesaredonda, com a participação de representantes de usinas e acadêmicos convidados, para discutir as perspectivas e desafios para se obter mais benefícios da gestão da qualidade no setor. Os agentes técnicos que atuam na área poderão validar, neste evento, a continuidade de um projeto – em discussão e formatação na Feagri – que pretende disseminar junto a usinas a importância de explorar melhor a potencialidade da gestão da qualidade em relação aos benefícios que pode proporcionar para o setor.

Uma das ações em decorrência desse projeto – caso seja validado pelo workshop – deverá ser a aplicação de um questionário junto a unidades sucroenergéticas para avaliar como essa inovação gerencial tem sido adotada e disseminada – observa. A partir disso, serão elaboradas recomendações ao setor sobre o que pode ser feito para a extração de benefícios deste tipo de inovação. A ideia deste projeto, que terá a participação de alunos da graduação e da pós-graduação, surgiu a partir da realização de dois trabalhos de iniciação

cientifica – também coordenados por Nilson Arraes – que foram apresentados em 2014 no Simpep – Simpósio de Engenharia de Produção, realizado em Bauru, SP, e em 2015 no Enegep – Encontro Nacional de Engenharia de Produção, que aconteceu em Fortaleza, CE. Esses estudos estão disponíveis no site do Núcleo Interno de Economia e Administração Rural – www.feagri.unicamp.br/niear –, onde podem ser obtidas também mais informações do workshop sobre gestão da qualidade no setor sucroenergético. (RA)


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“Atores” têm visões e interpretações diferentes sobre o tema

Empresas precisam estender benefícios para funcionários “Os primeiros trabalhos que estudaram qualidade, que tinham ainda uma vertente um pouco polarizada ideologicamente, buscavam olhar essa inovação gerencial como uma forma de se apropriar do conhecimento tácito dos colaboradores de uma empresa”, comenta Nilson Arraes. Segundo ele, essa visão considerava que o sistema de qualidade aumentava o controle sobre o funcionário e proporcionava benefícios para a empresa, mas não necessariamente para o colaborador. “A discussão sobre a polarização de interesses avançou muito pouco”, constata. A tensão entre capital e trabalho, de certa maneira, está sempre colocada, embora os estudos na área valorizem o envolvimento do trabalhador com o processo de melhoria contínua, levando em conta o maior compromisso dele com a qualidade – observa. “Não se conquista esses requisitos dos funcionários simplesmente com a ameaça

– ou não – da demissão”, comenta. A cultura da qualidade exige um envolvimento mais intenso. “Isto se constrói muito lentamente, com exemplos das lideranças, das chefias. É um trabalho de base”, diz. A própria experiência dos executores e dos colaboradores é importante para a adoção de sistemas de gestão de qualidade – destaca Nilson Arraes. Por isso, os ganhos da empresa decorrentes das melhorias dos processos devem ser usados também para o reconhecimento do trabalho dos funcionários por meio de sistemas de premiação – afirma. “Se a empresa quiser que os seus funcionários fiquem mais comprometidos com o processo de melhoria contínua, deve valorizar o trabalho do colaborador por meio de ganhos salariais. Esse reconhecimento é fundamental. Caso contrário, não se consegue implantar de fato uma cultura de qualidade”, ressalta. (RA)

Existem diversas questões que devem ser consideradas no processo de implantação de um sistema de gestão da qualidade. Um dos principais desafios do setor, nesse momento de crise e instabilidade, é avaliar se há espaço para extrair mais valor dessa inovação gerencial, afirma Nilson Arraes, que é engenheiro agrícola, com mestrado na área de sistemas e doutorado na área de meio ambiente. Os “atores” que protagonizam os sistemas de gestão de qualidade em usinas e destilarias apresentam, no atual cenário de incertezas, diferentes interpretações para o tema. Para uma parte do setor produtivo, a crise é traduzida como uma necessidade urgente de redução de despesas. Segundo o professor da Unicamp, as empresas que defendem este ponto de vista consideram que

o importante é cortar gastos, em diversas áreas, para sobreviver, o que inclui a gestão da qualidade. “As consultorias que estão obviamente interessadas em vender seus serviços, dizem que é exatamente na crise que há necessidade de melhorar os processos produtivos para a elevação da eficiência”, observa. Os caminhos da melhoria são avaliados de maneira diferente pelos agentes que atuam no setor – diz. “Um lado traduz a redução de custo como não reformar o canavial, não atualizar equipamento. É uma maneira de sucatear um pouco o sistema produtivo”, constata. A outra visão, que inclui também unidades e grupos sucroenergéticos, defende que é necessário aprimorar os processos em vez de sucatear o sistema de produção. (RA)

Avaliações incluem a defesa da importância da melhoria de processos e a necessidade de cortar gastos, em diversas áreas, para assegurar a sobrevivência


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COMPETENTES, MAS DESEMPREGADOS! Desemprego no Brasil aumenta e profissionais especializados do setor também sofrem LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP

Não é novidade que o trabalhador é o mais afetado com a crise econômica do país. O desemprego no Brasil está alcançando números assombrosos, e existem hoje 10,2% de trabalhadores fora do mercado e sem ocupação. É a maior taxa do IBGE desde 2012. O setor sucroenergético mantinha uma taxa de 4,5 milhões de empregos diretos e indiretos, mas nos últimos três anos, com ênfase em 2015 e 2016, partindo do fechamento de usinas, 450 mil trabalhadores do setor ficaram desempregados. Outros fatores que contribuíram para o crescimento desse número foram os aumentos da automação industrial, da mecanização agrícola, da informatização de processos administrativos

e a extinção de alguns projetos e atividades sociais. Além das usinas, no período de 2011 a 2015, em Piracicaba e Sertãozinho, SP, mais de 30 mil empregos ligados diretamente à cadeia produtiva sucroenergética foram perdidos. As empresas se tornaram mais exigentes e buscam por profissionais polivalentes, ou seja, um empregado da área de produção, tanto industrial como agrícola; e para isso algumas estão elaborando um programa de avaliação de desempenho, principalmente para competências técnicas que balizem o quadro de carreira e o desenvolvimento interno do seu quadro orgânico, evitando novas contratações e dando oportunidades aos seus atuais empregados, apoiando seu crescimento profissional. Mesmo com as limitações, ainda existem vagas abertas para contratações dentro da área produtiva e de manutenção. No entanto, estas vagas são abertas especialmente no início da safra canavieira em março e abril, e podem chegar à números superiores a 50 mil empregos safristas, principalmente na região CentroSul, considerando contratações da parte agrícola e industrial.

Emerson vive com o que resta da rescisão Também formado em engenharia agronômica, Emerson Matheus Moreti, irmão de Edson, iniciou sua carreira em 2007 também no grupo Noble Bioenergia, em Sebastianópolis do Sul, SP, onde trabalhou por sete anos como líder de produção agrícola, atuando na área de pesquisa e desenvolvimento e planejamento agrícola. Com muito esforço conseguiu a promoção para supervisor. Emerson recebeu uma proposta da Bunge Bioenergia para o mesmo cargo que exercia antes. Como supervisor agrícola esperava iniciar um novo projeto com uma estufa para mudas de cana-de-açúcar, mas a mudança na diretoria da empresa cancelou o projeto como consequência de redução de gastos, o que incluiu a demissão de Emerson depois de um ano e nove meses. Casado e sem filhos, a esposa de Emerson também não está trabalhando o que dificulta a rotina do casal, que vive hoje com a renda ganha através do pouco que resta da rescisão do contrato com a

Emerson Moreti, agrônomo especializado em pesquisa e planejamento agrícola

empresa. “Faz seis meses que estou desempregado, já enviei currículos para mais de trinta empresas, e ainda não fui chamado nem para entrevistas”, entristecese Emerson. (LB)

Contratações têm saldo positivo em maio O setor começa a reagir. Em maio deste ano, o setor sucroenergético brasileiro registrou saldo líquido de geração de 9.669 postos de trabalho com carteira assinada ante as 892 vagas criadas pelo segmento no mesmo período de 2015, conforme levantamento Unica a partir de dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados em 24/6.

O estado que mais se destacou na geração de empregos foi São Paulo, onde as usinas contrataram 1.856 pessoas em maio. Depois dos paulistas, outra boa performance no número de vagas criadas ficou por conta das unidades produtoras localizadas nos estados de Goiás e Maranhão, que geraram 1.613 e 1.274 empregos formais, respectivamente.

Edson de Jesus Moreti, agrônomo: de repente você é cortado e não sabe o que fazer

“A gente fica meio sem chão” O engenheiro agrônomo Edson de Jesus Moreti, de Votuporanga, SP, formou-se em 2010 e logo ingressou na carreira profissional, atuando na área de controle de qualidade do grupo Noble Bioenergia em Sebastianópolis do Sul, SP, onde trabalhou por mais de cinco anos. Foi um dos pioneiros nesse setor da empresa e era responsável por toda a equipe que ele mesmo havia formado. Esforçando-se para que o trabalho fosse bem desenvolvido, realizou vários projetos com sucesso. Com a saída do antigo gerente, a nova diretoria trouxe também uma nova equipe, o que causou uma dispensa em massa e corte de gastos. O resultado é que 80% do quadro de funcionários do controle de qualidade foram dispensados. “O setor de qualidade foi o mais afetado com as mudanças na empresa”, lembra Edson. — “Quando acontece uma dispensa dessa forma a gente fica meio sem chão. Eu nunca fiquei desempregado na minha vida. Com 24 anos de casado, sempre trabalhei procurando fazer da melhor forma possível. Eu tinha um projeto, um sonho de crescer dentro da empresa, realizar um bom trabalho e de repente você é cortado e não sabe o que fazer”, lamenta. Edson tem experiência em campo e um conhecimento amplo na área de qualidade de todas as peculiaridades da

cana-de-açúcar, desde o preparo do solo até a colheita, incluindo os tratos culturais e outras variedades da cana. E segundo ele, falta oportunidades dentro da própria empresa, onde muito se fala em criar e capacitar os profissionais, mas acabam trazendo funcionários de outras empresas e dispensando os que já trabalhavam. “O mais doloroso é a surpresa”, observa. “O dispensado não tem tempo para se organizar, e já se encontra desempregado em um mercado de trabalho que está cada vez mais difícil de entrar”. Edson constatou na pele que hoje é muito difícil conseguir um bom emprego. “Mesmo nessa região de Votuporanga, onde existem várias usinas, está tudo parado. Já fui em agências de emprego, mas não consigo respostas e isso vai dando uma sensação de fracasso, pois eu sei da minha capacidade e sei que posso exercer um cargo de confiança”, finaliza. Até o último dia 24 de junho, ainda desempregado, Edson se mantinha graças ao emprego de sua esposa, e a ajuda que dá ao seu pai em seu sítio, com plantação de milho irrigado. Sobrevive, mas com dificuldades. Foi necessário que fizesse corte de gastos e que mudasse a rotina e reduzisse o padrão da família, que nunca foi alto, diga-se. Empresas interessadas em contatar o Edson, enviem email para: edsonjesusmoreti@hotmail.com. (LB)


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O BATOM SOBE LENTAMENTE AO ALTO ESCALÃO! Mulheres em altos cargos ainda ganham salário inferior ao dos homens no setor LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP

Apesar da grande melhora contra os preconceitos ao trabalho das mulheres dentro das empresas sucroenergéticas, as diferenças ainda existem, principalmente nas áreas administrativas. Porém, algumas mulheres já superaram o tabu e sobem ao poder, ainda que lentamente. De acordo com o IBR — International Business Report, Women in Business, uma pesquisa realizada em 36 países, mostrou que o número de mulheres em funções executivas cresceu de cinco para vinte por cento no ano de 2015. As empresas brasileiras apresentam um baixo índice de contratações de mulheres executivas quando comparados a outros países. A média global é de 24% e o Brasil atinge apenas 19% de cargos de alto escalão ocupados por mulheres, estando à frente ainda do México, Argentina e China. Apenas a Rússia garante que possui 100% de companhias com ao menos uma executiva líder trabalhando. No Brasil, no ano passado, a rotatividade de executivos no topo das organizações aumentou de 10,9% para 21,1%, a maior taxa dos últimos quatro anos. Em uma pesquisa com apenas 33 empresas, apenas 4 delas indicaram mulheres para o mais alto cargo executivo. Em 2014, nenhuma mulher ascendeu ao cargo nas empresas que tiveram a transição para CEOs. No setor sucroenergético as mulheres representam nove por cento na área agrícola e quando somadas à área administrativa passam para onze por cento. A União da Indústria de Cana-de-açúcar — UNICA, é presidida por Elizabeth Farina desde 2012, a primeira mulher a liderar a unidade. “O rótulo do sexo frágil não existe mais. As mulheres mostram todos os dias que são capazes de gerenciar a casa, cuidar do marido e dos filhos e, ainda assim, trilhar novos rumos e trabalhar em qualquer área. A minha vida não é diferente. Assumir a presidência da Unica foi um desafio que enfrento com entusiasmo, determinação e energia”, explica Farina. Segundo José Darciso Rui, diretor executivo do Gerhai — Grupo de Estudos em Recursos Humanos na Agroindústria, o setor tem aproximadamente vinte executivas nas áreas de RH. “O salário é próprio de cada empresa. Ainda há um diferencial

Elizabeth Farina, presidente da Unica

quando comparado ao sexo masculino, porém não dá para afirmar se é regra ou exceção”, observa. Uma pesquisa realizada no início de 2015 apontou que mesmo mulheres que alcançam cargos de diretoria, presidência e chefia, possuem um salário 30% inferior quando comparado com salários de homens do mesmo cargo. A pesquisa anual da Catho, site de classificados de empregos, mostra que quanto menor o cargo, maior é a diferença. No cargo de técnico, por exemplo, um homem ganha em torno de R$ 2.300,00 e uma mulher R$ 1.800,00. Já na área de executivos de alto escalão um gerente ganha aproximadamente R$ 19.200,00, enquanto uma gerente do sexo feminino recebe R$ 18.600,00. A mudança deve começar dentro do conceito do mercado e da indústria. Muitas empresas de recrutamento e seleção olham com desconfiança para mulheres, duvidando de suas capacidades de conciliar emprego e vida pessoal. Estudos feitos pela professora Regina Madalozzo mostram que empresas com conselho de administração reduzem 12,5% as chances de uma mulher ocupar o cargo. O conselho majoritariamente masculino diminui a chance de escolha de uma CEO do sexo feminino. “A baixa identificação com uma candidata CEO, devido as diferenças naturais do gênero, pode influenciar negativamente a escolha dessa profissional para o cargo”, explica a pesquisadora. Desde 2002, a participação feminina na liderança aumentou 109,93% e o salário tem subido ano a ano. Se as mudanças em relação aos preconceitos e discriminações mantiverem esse mesmo ritmo, espera-se que a igualdade seja notada em um curto período de tempo.

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O QUE O SENHOR NOS ACONSELHA? Além de decisões e reuniões o presidente do conselho deve zelar pela transparência e controle da gestão empresarial LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP

Foi-se o tempo em que o Senado Federal do Brasil era considerado uma casa de velhotes senis que passavam tardes jogando conversa fora, apenas carimbando as decisões da Câmara dos Deputados. Hoje, sua atuação é fundamental para o país. Da mesma forma, foi-se o tempo em que os presidentes de conselhos das empresas não passavam de um lugar onde os empresários pioneiros apareciam apenas para encontrar velhos funcionários da empresa e rememorar epopeias de trinta anos atrás. Hoje, eles são conselheiros fundamentais. Dentro de todas as empresas é necessário um setor para administração de todos os departamentos, formado por um corpo de membros eleitos ou designados pelos colaboradores da unidade em que vão exercer a função. O conselho de administração tem essa exata função. É o órgão máximo da empresa e funciona como um colegiado responsável pelo processo decisório da organização em relação ao seu direcionamento estratégico. É constituído por profissionais em recursos humanos, finanças, comércio, administração e gestão, além do presidente do conselho que geralmente é o dono da empresa. Mas ainda são poucas as usinas em que os conselhos de administração funcionam efetivamente. Esta é uma prática recente no setor. A visão principal é a transparência e controle da gestão empresarial. Segundo o administrador

Mário Íbide, o grupo responsável pelo conselho atua como elo entre os sócios e a diretoria, orientando e supervisionando a gestão executiva, garantindo que esta cumpra as metas estabelecidas. Portanto, tem a finalidade de proteger e valorizar o patrimônio da empresa e de maximizar o retorno dos investimentos dos acionistas no longo prazo. Mas não se deve confundir os cargos de presidente do conselho com o de presidente executivo da empresa. “Para que não haja concentração de poder e prejuízo ao dever de supervisão do conselho em relação à diretoria, o acúmulo das funções de presidente e diretorpresidente por uma mesma pessoa deve ser evitado”, aconselha Mário. Esse modelo é uma prática das empresas multinacionais, que com a preocupação de formação de sucessores, compartilham decisões e as necessidades de obediências das filosofias e conceitos específicos da companhia. Para Pascoal Muniz, especialista em gestão, o poder de um presidente de conselho tem que ser encarado de duas formas: legal e prática. Ele é responsável final pelas decisões, mas em alguns casos não cumpre, passando a função para um dos outros membros do conselho, não assumindo a postura que deveria. “A implantação de conselhos pelas empresas demonstra as preocupações e define o grau de maturidade da unidade”, finaliza Pascoal. O presidente, diferentemente dos outros membros e funcionários, não precisa cumprir horas na empresa, mas isso não significa que seu trabalho não seja carregado de responsabilidades. Mesmo em casa ou em seu escritório é preciso acompanhar os números e a conduta da unidade, analisar estratégias, mercado, movimentos políticos e sociais, além de se preparar para as reuniões que irá presidir. Mesmo não participando dos encontros em geral é ele quem estabelece o calendário anual e as pautas que serão discutidas.

Pascoal Muniz, especialista em gestão empresarial

Mário Ibide, administrador


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OS 5 PONTOS QUE MERECEM ATENÇÃO NESTA SAFRA Ganhar produtividade sem gastar com ‘milagres’ é um deles

ROBERTO HOLLAND, DA SÃO JOSÉ DA E STIVA

O CEO da Usina São José da Estiva, Roberto Holland Filho, falou ao repórter do portal JornalCana, Delcy Mac Cruz, o que entende ser os 5 principais gargalos e cuidados a serem fechados e tomados para se obter sucesso na safra. Confira:

1. CRISE POLÍTICA E ECONÔMICA “A indefinição política é o motivo de maior preocupação. Não nos sentimos confortáveis em fazer cenários de planejamento, num momento onde vários fatores podem variar em grau acentuado em curto espaço de tempo: cotação do dólar, afetando os preços dos produtos, principalmente do açúcar e dos custos de produção; indefinição na política de combustíveis, que afeta diretamente no preço do etanol; indefinição quanto à inflação, linhas de crédito para a produção e investimentos;... isso nos deixa engessados em projetos futuros. A indefinição quanto a lei da terceirização da colheita e peso bruto das cargas dos caminhões e a falta de definição

Roberto Holland Filho: indefinição Gestores precisam tomar cuidado para evitar perdas na safra

política, nos deixam vulneráveis junto à justiça”.

2. CLIMA “Influencia diretamente na qualidade da matéria-prima e da produtividade. Com certeza já temos um efeito negativo quanto ao ATR, maior vegetação, quantidade grande de “brotões ou chupões” em algumas variedades”.

3. MOAGEM “Procura maximizar a capacidade de

moagem da empresa, porém, com a instabilidade climática. Temos que atentar ao efeito na produtividade dos canaviais colhidos ao final da safra 15/16. Teremos cana suficiente ou a compraremos no mercado spot a preços inflacionados?”

4. CUSTOS “Controla de forma absoluta os custos e sua efetiva redução, realiza trabalhos focados em redução de estoque de almoxarifados,

política é a maior preocupação

foco em manutenção preventiva e preditiva com diminuição do CRM”.

5. PRODUTIVIDADE “Visa aumentar da produtividade do canavial, não deixando de reformar canaviais improdutivos, não deixando de fazer todas as operações necessárias no cultivo da soqueira, porém, sem gastar com produtos milagrosos. Tem em vista a redução de área plantada total, diminuição do raio médio e renegociação de arrendamentos”.


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DOUTORES DA CANA! Os cases de quem partiu na frente na corrida pelas altas produtividades À frente do departamento agrícola da Usina Monte alegre, que fica localizada em um ambiente extremamente limitante, em Mamanguape, PB, em área de baixa fertilidade, poucas reservas hídricas e mínimas precipitações anuais, João Pereira Valões Filho desenvolve junto à sua equipe um trabalho de referência, utilizando as tecnologias mais modernas para alcançar índices de produtividade que superam as expectativas daquela região. A Usina Monte Alegre foi pioneira na região Nordeste em fazer uso da nutrição foliar para cana. As primeiras experiências iniciaram por volta do ano de 2003, tendo como parceiro a empresa Ubyfol, e desde então, tem feito uso desta ferramenta que proporciona excelente ganho na produtividade da cana. “Até se tornar uma prática agrícola de retorno garantido em nossa unidade, a nutrição foliar percorreu um caminho longo de testes e observações. Ano após ano os testes foram acompanhados por análises de solos e folhas, identificando as carências nutricionais da cana, as formas que poderíamos modificar para que o produto atingisse a massa foliar com uma cobertura eficiente e qual o estágio vegetativo da cana ideal para obtenção de resultados positivos”, explica João Pereira Valões Filho. Após muito trabalho com acertos e erros, conclui-se que para obtenção de resultados satisfatórios na nutrição foliar, não se pode prescindir de outras técnicas e ou práticas agrícolas, que permitam à cultura da cana-de-açúcar estar em seu pleno estado vegetativo e com condições de ambiente favoráveis, garantindo assim ganhos expressivos de acréscimo

João Pereira Valões Filho, gerente agrícola da Usina Monte Alegre

na produtividade. A empresa está situada nos tabuleiros costeiros da Paraíba, que por definição, são áreas de baixa fertilidade,

poucas reservas hídricas e precipitações anuais que podem variam de 600 mm a 2.000 mm. E isto torna um desafio enorme produzir economicamente qualquer tipo de cultura, sem lançar mão das tecnologias de ponta disponíveis no mercado para se ter aumento de produtividade. Outra realidade de comprovada eficácia é a utilização do molibidato de potássio no sulco de plantio, fazendo hoje parte da nossa prática agrícola rotineira, por proporcionar um aumento significativo na brotação das gêmeas e por interferir diretamente na absorção do Nitrogênio proporcionando um desenvolvimento vigoroso das mudas e comprovadamente um aumento na produtividade, observa Valões Filho. Nesta última década a Usina Monte Alegre vem investindo maciçamente em irrigação, fazendo a correção do solo necessária com utilização de matéria orgânica e vinhaça em 100% de todas suas áreas agricultáveis. Também tem feito adubações em função da produtividade esperada e utilizado no seu plantel variedades mais responsivas aos ambientes de produção. Desta forma a Usina Monte Alegre tem se destacado nos últimos 5 anos com produtividades acima da média do Nordeste, chegando a alcançar um TCH de 72 na safra 2014/2015. “Com o custo de produção a cada ano mais elevado e a volatilidade dos preços de nossos produtos, precisamos estar atentos às janelas de oportunidades que as tecnologias nos proporcionam para aumentos gradativos de produtividade, colocando o custo de produção como meta principal para nos mantermos competitivos no mercado”, finaliza João Pereira Valões Filho. UBYFOL 34 3319 9500 www.ubyfol.com.br


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EM BUSCA DA COLHEITA PERFEITA! Desafio é elevar eficiência operacional, diminuir perdas e reduzir custos no processo mecanizado R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

A invasão das máquinas nas áreas de cana-de-açúcar resolveu antigos problemas das atividades no campo. Mas, criou novos. As dificuldades ocasionadas pela falta de mão de obra, os transtornos gerados pela queima da palha – entre outros inconvenientes – ficaram para trás. Alguns problemas – decorrentes da mecanização – passaram a incomodar, no entanto, os gestores da área agrícola, como: a necessidade de utilização de maior quantidade de mudas durante o plantio, o aumento da compactação do solo, a perda da produtividade. Existe atualmente um esforço de pesquisadores, profissionais de usinas e fabricantes para superar diversos desafios visando a elevação da eficiência operacional, a diminuição de perdas, a redução de custos no processo mecanizado. O engenheiro mecânico Jorge Luís Mangolini Neves que trabalhou durante trinta anos no CTC – Centro de Tecnologia Canavieira, onde atuou até abril, tem se dedicado, nos últimos anos, a um projeto batizado como “colhedora do futuro”, que tem como objetivo aprimorar a performance dessa máquina. Entre outras empreitadas, ele estuda uma nova forma de processar a palha no campo, que poderá ser triturada na própria colhedora. A mudança no manejo dessa biomassa vai ser tema de um projeto de pós-doutorado de Jorge Mangolini que será desenvolvido na Faculdade de Ciências Agronômicas da Unesp, campus de Botucatu, SP. Ele

Invasão das máquinas aos canaviais resolvem antigos, mas criam novos problemas

possui pós-graduação em Engenharia Agrícola e MBA em Estratégias Econômicas de Negócios. A ideia é colocar um componente, chamado de triturador de palha, em cima do extrator primário. Segundo o

pesquisador, a palha pode ser triturada no extrator e jogada no chão quando o dólar estiver alto e o fertilizante, caro. Quando o preço da energia elétrica estiver alto e o fertilizante com bom preço, por exemplo, essa palha pode ser transportada até a

indústria. “Neste caso, a boca do extrator é virada para jogar a palha triturada, junto com a cana, no transbordo”, explica. A palha enviada para a indústria, com a cana-de-açúcar, pode ser separada na estação de limpeza a seco – observa.


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“Plantio de estaca” utiliza o mesmo conceito da MPB No embalo da MPB - Muda Pré-Brotada, o professor da UFSCar – Universidade Federal de São Carlos, Rubismar Stolf, está resgatando um trabalho feito nessa área, em 1990, com o objetivo de contribuir com a busca de soluções para o aprimoramento do plantio. Foi o primeiro experimento com MPB em cana-de-açúcar no Brasil – revela. Segundo ele, novos testes deverão ser realizados em área de cana de uma unidade sucroenergética que está sendo contatada. O experimento tem a finalidade de resolver alguns problemas relacionados a outras pesquisas com a MPB, como a necessidade de aumento do rendimento do plantio. O sistema desenvolvido por Rubismar Stolf, batizado como “plantio de estaca”,

Rubismar Stolf, o pai e resgatador do plantio de estaca

utiliza no lugar do sulcador, pequenas hastes subsoladoras adubadoras. As plântulas são distribuídas previamente por um trabalhador na superfície do terreno preparado, observando a distância de 40 a 60 centímetros. Outra pessoa introduz a planta por meio de uma estaca de madeira, com dimensões semelhantes às utilizadas para demarcação de ensaio ou mesmo às ripas de madeiramento do telhado. “Duas pessoas plantam um hectare por dia. É muito mais rápido do que qualquer outro método”, afirma. A quantidade de mudas utilizada neste sistema é igual aos projetos MPB – que têm sido desenvolvidos nos últimos anos –, ou seja, 1,5 tonelada por hectare. (RA)

Setor busca alternativas para minimizar a compactação Há diversos caminhos a serem trilhados no universo da mecanização visando solucionar questões relacionadas à eficiência das atividades das máquinas no campo. O pesquisador e consultor Jorge Mangolini observa que a produtividade dos canaviais teve também queda significativa na Austrália – de 10% a 20% – quando foi iniciada a mecanização pesada nas áreas de cana daquele país, principalmente por causa da compactação do solo. No Brasil, o efeito da maior presença de equipamentos no campo tem sido bastante negativo. No corte manual, um caminhão

trafegava na área de cana compactando o solo, mas carregava cinco linhas – observa Rubismar Stolf –, entrando apenas na terceira linha onde era colocada toda a cana pelos trabalhadores. A colhedora que trafega linha a linha provoca uma compactação bem maior – constata. Além disso, é preciso considerar a utilização do transbordo no sistema de mecanização. A partir de 2005, as unidades sucroenergéticas passaram a adotar algumas medidas que proporcionaram resultados positivos. Uma delas foi tirar o caminhão da lavoura e colocar um transbordo – diz

Rubismar Stolf. A roda do caminhão tem pressão de noventa, enquanto o rodado do transbordo conta com pneu de baixa pressão e alta flutuação. “Esse pneu reduz a pressão pela metade, é mais largo, então expõe uma área maior. Aumentando a área, diminui a pressão; reduzindo a pressão, diminui a compactação. Esta foi uma medida bastante interessante” – comenta. De acordo com ele, mesmo assim se não ajustar a bitola, o transbordo passa na linha de cana. “Com o espaçamento da cana de 1,50 m, o transbordo pode andar com duas linhas no

meio dos rodados dele, regulado para o dobro de 1,50 m, ou seja, 3,00 metros ou 2,80 m. O transbordo vai entrar bem no centro da entrelinha”, detalha. O professor da UFSCar observa que os tratores normalmente não são construídos para abrir a bitola conforme a necessidade das áreas de cana. “As próprias usinas começaram a fazer uma adaptação. Hoje tem empresas especializadas nesse trabalho de aumentar a bitola do trator”, diz. No caso das colhedoras, o uso de esteira é uma alternativa para minimizar a compactação. (RA)


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Sistema mecanizado deve ser trabalhado de maneira integrada Opções de espaçamento do plantio, como o duplo alternado e o sulco base larga, evitam o pisoteio Não são apenas adaptações e mudanças nas máquinas e nos seus rodados que melhoram os resultados nas áreas de canade-açúcar. O sistema mecanizado é um processo com várias etapas que devem ser trabalhadas e abordadas de maneira integrada. Segundo Rubismar Stolf, é preciso ter alternativas de espaçamento no plantio de cana para evitar a compactação. “Com 1,50 m – que é mais comum do que 1,40 m – já houve um pouco de alívio. A colhedora não anda tão próxima, nesse caso, da linha que não colheu”, constata. Uma boa alternativa é o sulco combinado, conhecido também como duplo alternado. “Se for o combinado, há a opção de 0,90 m por 1,40 m. Há quem prefira 0,50 m ou 0,70 m, porque torna-se mais fácil a realização da colheita. Pode ser usado também 0,70 m por 1,40 m. Existem vários espaçamentos que evitam o pisoteio”, detalha. Outra opção é o sulco base larga. Rubismar Stolf destaca que na Austrália – onde esteve em 2015 – o maior produtor cana utiliza o espaçamento de 1,80 m

Austrália usa nivelamento a laser no preparo do solo

Imagem de pesquisa sobre plantio em sulco base larga realizada na década de 1970 por pesquisadores do extinto Planalsucar (Coordenadoria regional Sul, com sede em Araras, SP)

(fazendo um plantio tipo base larga). “Devido a uma certa insegurança em relação ao resultado, há resistência na adoção do base larga no Brasil”, comenta o professor da UFSCar que ministra aulas nas áreas de mecanização agrícola, manejo de solos, poluição e impactos ambientais.

Algumas experiências com o base larga em usinas ou mesmo trabalhos realizados por pesquisadores do extinto Planalsucar na década de 1970 já demonstraram que este sistema pode ser uma boa alternativa para elevar a eficiência operacional na colheita e aumentar a produtividade da cana-deaçúcar. (RA)

O preparo do solo também é considerado fundamental para o sucesso do sistema mecanizado. Todos os cuidados devem ser adotados nesta etapa do processo para que ocorra uma redução de perdas na colheita e a diminuição de impureza mineral transportada para a indústria. Na Austrália fazem nivelamento a laser – destaca Jorge Mangolini. O uso dessa tecnologia faz com que a diferença de desnivelamento fique próxima de centímetros – explica. As marcações com laser não criam condições para a formação de torrões, evitando que a colhedora “bata em montinhos”. No Brasil, esse recurso já é utilizado em obras fora de estrada. (RA)


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Novas soluções podem revolucionar colheita da cana-de-açúcar Mudanças já adotadas proporcionam melhorias, mas não alteram conceito de funcionamento da máquina “A adequação das máquinas é um problema crônico no sistema mecanizado”, afirma Wilson Agapito, gerente corporativo de motomecanização do Grupo Santa Isabel, que tem unidades em Mendonça e Novo Horizonte, no estado de São Paulo. Segundo ele, algumas coisas estão sendo aprimoradas. Falta, no entanto, um conceito de mudança. “Tudo o que se pensa em relação às colhedoras é projeto das décadas de 60 e 70, da Austrália. Muda alguma coisa, melhora em um lugar ou no outro, Mas, nada que revolucione o mercado”, comenta. Piloto automático, alguma pá diferente do extrator, material de esteira mais resistente, a telemetria da máquina, a utilização de recurso para gerenciar o motor diesel estão entre as melhorias. “Não há um conceito diferente de máquina de colheita de cana. O corte de base é o primeiro projeto. Não tem ainda uma inovação”, enfatiza. Na opinião dele, uma das iniciativas que está procurando mudar o conceito da máquina é o projeto coordenado por Jorge Mangolini que

prevê corte de base duplo, individualizado. “O sincronismo de recolhimento de cana é um pouco diferente, proporcional à transação da máquina. O sistema de limpeza da palha, ao invés de usar extrator, utiliza insuflador”, resume. A pesquisa sempre vai criando condições para a evolução da máquina – afirma Rubismar Stolf, da UFSCar. “Pode se chegar a um corte a laser. Há um sistema de uso da água. Com alta pressão, a água corta até ferro. Não existe ainda estudo nesse sentido. Uma iniciativa para aprimorar a colheita é o projeto do CTBE (Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol), que é a longo prazo”, avalia. Com sede em Campinas, SP, o CTBE desenvolve uma solução denominada ETC – Estrutura de Tráfego Controlado, com nove metros de largura, que possibilita a passagem dos pneus sobre faixas dedicadas permanentemente ao tráfego de máquinas e libera o restante da superfície para o desenvolvimento da planta. A ETC tem o objetivo de reduzir em 80% a incidência de tráfego sobre o solo, aumentar a produtividade e diminuir o consumo de combustível. O projeto desta máquina não visa desenvolver apenas uma colhedora, mas um processo de colheita que tem a finalidade de melhorar o corte de base, reduzir as perdas, aprimorar a limpeza da cana, entre outros itens.

Wilson Agapito, gerente corporativo de motomecanização do Grupo Santa Isabel


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Projeto prevê redução de perdas e aumento do rendimento “Colhedora dos sonhos” deverá ter corte de base múltiplo e independente, limpeza por insuflamento e novo sistema para recolhimento da cana

Um dos grandes desafios no sistema mecanizado é desenvolver uma colhedora mais eficiente, com um melhor desempenho no corte de cana por tonelada/hora, que tenha uma perda menor e transporte menos impureza, tanto a vegetal como a mineral, para a indústria, além de evitar a queda de produtividade por causa da compactação – afirma Jorge Mangolini Neves. Para o desenvolvimento desse projeto, ele tem mobilizado usinas, fabricantes e profissionais de diferentes áreas para a discussão e encaminhamento de soluções técnicas visando a viabilização da “máquina dos sonhos” para a colheita mecanizada de cana-de-açúcar. Está sendo formado um “pool de consultores” de diferentes áreas que atuarão em bloco neste projeto – informa. Jorge Mangolini trabalha principalmente com colheita e plantio de cana. O grupo contará com profissionais das áreas de fitossanidade, palha, projeto, de propriedade intelectual, entre outras. “Existe muita coisa que pode ser melhorada na máquina. Uma demanda do setor é o corte de base multifuncional”, destaca. De acordo com ele, para a limpeza da cana, existem várias opções. “A máquina usa atualmente um extrator. Estamos pensando em fazer insuflamento”, diz. Em cada sistema da máquina, dá para fazer alguma coisa diferente – enfatiza. Uma colhedora, com tecnologia avançada, deve ter novas formas de recolhimento da cana para inclusive acompanhar a pesquisa de melhoramento genético.

Jorge Mangolini Neves: mobilização em busca da colhedora dos sonhos

“As canas mais robustas, com mais açúcar, vão ficar mais pesadas naturalmente. Não há como os melhoristas gerarem a cana do futuro ereta, pois quanto mais forte ela for, vai ficar mais pesada, vai cair. Se cair no chão, a operação torna-se difícil para a colhedora, se não houver formas independentes, flutuantes, para recolher essa cana”, comenta. É necessário mudar as máquinas para que colham mais de uma linha – afirma Jorge Mangolini. “Uma nova máquina, mais

eficiente, deve colher duas ou três linhas, ou até quatro com o espaçamento combinado. Estão tentando fazer isto. O mercado já oferece colhedoras que cortam mais de uma linha”, diz. Segundo ele, a média de rendimento da colheita mecanizada está em cinquenta toneladas por hora, o que equivale a um total de cem a cento e vinte mil toneladas por colhedora/ano. “É muito pouco. A eficiência é de 50%. Quando a máquina colher de duas a três linhas, a produção

aumentará para cem toneladas por hora”, calcula. A colheita mecanizada costuma ter perdas significativas por causa do preparo do solo. “A máquina não flutua”, diz Jorge Mangolini Neves que é inclusive um dos autores da patente de uma tecnologia que prevê cortes de base múltiplos e independentes – um corte de base para cada linha. A incorporação deste recurso nas colhedoras está sendo, inclusive, tratada com fabricantes de máquinas – revela. (RA)


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Critério econômico é decisivo para a escolha de sistema de irrigação Baixo custo operacional, consumo de água e eficiência energética são fatores importantes que devem ser avaliados R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

A análise econômica tem hoje em dia um grande peso para a escolha de um sistema de irrigação, afirma Luiz Eugenio Costa Cardozo, gerente agrícola da Usina Porto Rico (Grupo Olival Tenório), de Campo Alegre, AL. Segundo ele não deve ser avaliado somente o investimento inicial. Precisa ser considerado também o custo operacional. “No caso do canhão de irrigação (aspersor), o investimento para implantação é menor em relação a outros sistemas. Mas, o custo de manutenção e operação é alto” – exemplifica. O mais recomendável, neste momento, é optar por uma tecnologia que possa ser conduzida, de maneira leve, com menos gastos – enfatiza –, mesmo que seja necessário investir, inicialmente, um valor mais elevado. Para as usinas que pretendem implantar um novo sistema de irrigação, os mais interessantes são o pivô e o gotejamento subterrâneo – opina. A escolha do modelo

mais adequado de pivô vai depender da geometria do talhão e do layout da área, de acordo com o gerente agrícola da Porto Rico. “Para áreas mais extensas, o mais indicado é o linear porque pode ser utilizado, neste caso, de uma forma mais racional”, exemplifica. Além da utilização desse sistema de pivô nos canaviais alagoanos, ocorre também o uso do circular rebocável que marca posições em diferentes pontos na área irrigada – diz.

O custo inicial do gotejamento é bem mais alto, o que dificulta bastante a sua implantação na atual situação de crise no setor e na economia do país – comenta. Este sistema exige também maior disponibilidade de água, porque trata-se, neste caso, de uso de irrigação plena. Em compensação, apresenta elevada eficiência – observa. O investimento nesta tecnologia deve ser retomado nos próximos anos, prevê Luiz Eugenio que é coordenador do Comitê de

Irrigação da Stab Leste – Sociedade dos Técnicos Açucareiros e Alcooleiros do Brasil. O gotejamento é o sistema que tem o melhor aproveitamento de água – o consumo é alto por ser uma irrigação plena. “Com elevada eficiência energética, possui uma baixíssima potência instalada”, diz. Em seguida, o pivô é o que tem melhor aproveitamento no consumo de energia e de água. O canhão e o carretel apresentam os piores desempenhos – compara.


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Implantação de pivô torna-se opção preferida em novos projetos Com dezoito mil hectares de cana-deaçúcar, a Porto Rico tem irrigação suplementar em doze mil hectares. A usina utiliza o pivô linear e o circular, o sistema convencional com canhão e o carretel irrigador. Para os canaviais que passaram a contar com irrigação mais recentemente, essa unidade alagoana tem optado pela implantação de pivô circular e o sistema linear – revela Luiz Eugenio.

Usina utiliza gotejamento em área experimental e obtém produtividade acima de cem toneladas por hectare “Nas áreas irrigadas com efluentes, com água de lavagem e vinhaça, é bastante utilizado o carretel que se torna uma alternativa interessante, porque racionaliza a mão de obra. Apesar de exigir muita potência para a mangueira, o carretel é uma boa opção para a fertirrigação” – enfatiza o gerente agrícola da Porto Rico. Do total da área irrigada, a usina usa pivô em sete mil hectares, além do canhão (aspersão) e o carretel irrigador em cinco mil hectares. O gotejamento é utilizado em uma área experimental de setenta hectares,

onde é obtido um rendimento acima de cem toneladas por hectare (TCH). Com três anos de seca na região e a crise no setor que afetou até mesmo a adubação, houve uma queda significativa da produtividade em canaviais – com ou sem irrigação – de diversas unidades nordestinas, observa Luiz Eugenio. Sem considerar esse período, historicamente a Porto Rico tem uma produtividade média de 60 TCH, que alcança de 70 a 75 TCH no canavial irrigado e fica em 50 TCH na área de sequeiro – detalha.

ALIADA IMPORTANTE A expectativa para a próxima safra é a recuperação da produtividade no setor sucroenergético nordestino, afirma Luiz Eugenio. Em qualquer época, a irrigação tem sido uma aliada importante para a obtenção de resultados mais favoráveis – ou para evitar quedas mais bruscas – no rendimento agrícola dos canaviais. Somente Alagoas conta com uma área irrigada de aproximadamente duzentos mil hectares – informa. O estado possui trezentos mil hectares de cana. “Prevalecem o canhão e o carretel. Mas, o pivô tem predominado nos projetos mais recentes”, diz. Em algumas unidades, que apresentam uma situação mais estável, o gotejamento tem ampliado o seu espaço – constata.


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ERVA MALDITA! Aumento de ervas daninhas forçam pesquisadores a pensar em alternativas DA R EDAÇÃO

O aumento da resistência das plantas daninhas aos herbicidas tem ganhado tamanha proporção e preocupação no mundo a ponto de especialistas se reunirem

para tentar uma solução contra o crescimento e prevenção da praga. Existem aproximadamente vinte tipos diferentes de plantas daninhas, que se estabelecem em diversos tipos de plantações. Na lavoura de cana-de-açúcar as mais comuns são popularmente chamadas de cordas de viola, cipó cabeludo e mamona, e podem aparecer em qualquer época do ano, mas são frequentes durante a primavera e o verão, podendo reduzir em até 85% a produtividade do canavial. Para o doutor Carlos Alberto Mathias

Azania, pesquisador científico do Instituto Agronômico – Centro de Cana – IAC, os principais meios de combate são: químicos, com herbicidas, ou biológicos. “O combate químico é eficiente tanto com aplicações em pré-emergências, que age no banco de sementes das ervas no solo, como em aplicações de pós-emergências, que age nas plantas já desenvolvidas. Mas o combate biológico tem pouca eficácia, pois utiliza organismos vivos para impedir o crescimento, como: competição, parasitismo e predação”, esclarece Carlos.

Doutor Carlos Alberto Mathias Azania, pesquisador do Centro de Cana do IAC

Resistência de plantas daninhas aumenta 6,2% ao ano Uma empresa brasileira que traz soluções diferenciadas e atualizadas em proteção e nutrição de cultivos para o agricultor brasileiro criou o Wolf Team, um grupo de renomados especialistas de todo o Brasil que se reúne para pensar e planejar o futuro da resistência de plantas daninhas aos herbicidas. O objetivo do grupo é chegar a conclusões que possam ajudar os produtores a anteverem a evolução das plantas daninhas e diminuir o impacto na produtividade das lavouras. Com o lema “unidos somos mais fortes”, pesquisadores de diversas culturas e que trabalham em várias regiões do país, juntaram-se para os primeiros debates sobre o tema. “Temos uma situação de resistência das plantas daninhas ao glifosato crescente a cada safra. Estamos todos preocupados com esse futuro”, explica um dos idealizadores, Luciano Zanotto. “Prevendo este problema, nos unimos para discutir o que fazer hoje para evitar que o produtor seja afetado daqui a alguns anos. Em 2025, por exemplo, como será? Precisamos entender o problema para pensar nas soluções e depois agir. Nada melhor do que os principais pesquisadores pensando juntos para que o resultado seja ainda mais efetivo”, complementa Luciano. Outro fator que preocupa os pesquisadores são os prejuízos aos produtores. A queda na produtividade das lavouras chegou em 20% na produção de soja e 22% na produção de milho. Dados da consultoria Sparks Companies Inc. mostram que a resistência de plantas daninhas aumenta 6,2% ao ano e um dos principais produtos para isso em diversas culturas tem 48% menos rendimento do que possuía quando começou a ser utilizado. Para um melhor rendimento nas pesquisas, o Wolf Team reúne estudiosos em soja, milho, algodão, cana-de-açúcar, arroz e pastagem. “Cada pesquisador traz a realidade da região e da cultura em que trabalha, mas no fim o problema é o mesmo. São experiências diferentes e que podem contribuir para uma solução para todos”, afirma Sylvio Henrique Bidel Dornelles, pesquisador da Universidade Federal de Santa Maria, que trabalha com

Corda de viola

pesquisas voltadas para a cultura do arroz, na cidade do Rio Grande do Sul. “Esta primeira reunião do grupo pode

desencadear soluções importantes para todos os produtores no Brasil. Esses estudos em grupo geram conhecimento que

podem e devem ser difundidos para que nossas lavouras sejam mais produtivas no futuro”, finaliza Zanotto.


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Siemens e Delta Sucroenergia inauguram maior turbina do setor Imponência e segurança marcam entrada em operação de turbina capaz de gerar 376 GWh/ano Com imponência e segurança, entrou em operação no último dia 30 de abril na Delta Sucroenergia, em Delta, MG, a SST600, maior turbina do setor sucroenergético. Projetada e fabricada pela Siemens no Brasil, a turbina "gigante do setor" permitirá à usina gerar até 376GWh de energia por ano. O equipamento Siemens, de 73,5 MW de potência, faz parte do projeto de expansão da principal planta do Grupo Delta Sucroenergia, que possui 3 usinas em operação. A turbina pode ser utilizada tanto para condensação quanto para extração e está apta para altas condições de pressão e temperatura de vapor. O projeto visa a otimização da usina de açúcar e álcool a fim de maximizar a geração de energia durante os períodos de safra e entressafra, por meio da implementação de uma turbina com tecnologia de ponta e ciclo regenerativo. Esta solução influencia positivamente no rendimento da operação, contribuindo para geração adicional de energia, ou seja, mais MWh com a mesma quantidade de combustível. A partir desta safra a Delta Sucroenergia terá capacidade para suprir sua necessidade de consumo interno e comercializar os excedentes para o Sistema Integrado Nacional — SIN. Desta forma, cerca de 56MW, ou seja, um excedente quatro vezes maior do que o consumido pela usina, será injetado à rede elétrica nacional. Os mais de 376 mil MWh/ano são quantidade suficiente de energia para abastecer as residências de uma cidade de grande porte, como Ribeirão Preto, em São Paulo. A Siemens prestou assessoria especializada à usina na

Esta é a primeira turbina a vapor do setor que se acopla diretamente ao gerador, dispensando o uso do redutor de velocidades

elaboração do balanço de massa e energia, garantindo confiabilidade e desempenho do equipamento. Esta é a primeira turbina a vapor do setor que acopla diretamente ao gerador, garantindo maior segurança operacional e eficiência energética ao conjunto. Além disso, a Siemens e a Delta Sucroenergia também inovaram no layout de instalação outdoor, reduzindo significativamente os gastos com obras civis. A SST600 é uma família de turbinas a vapor projetada para capacidades entre 10 e 150MW. O equipamento é altamente customizado e fornece excelente desempenho com

alta confiabilidade. A tecnologia apresenta ótima relação custo-benefício para instalação e operação, além de oferecer excelente flexibilidade para processos industriais complexos. A SST600 pode ser utilizada tanto para condensação quanto para contrapressão e está apta para altas condições de pressão e temperatura de vapor. A turbina atende diferentes condições de instalação, como em soluções de escape axial, que permitem otimização adicional no CAPEX. Produzida no Brasil, a turbina teve sua aquisição facilitada pelos recursos do BNDES — Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, via Finame.


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Balanço termodinâmico indicou a necessidade de turbina maior e mais eficiente A Delta Sucroenergia sempre foi considerada ousada e inovadora na busca por equipamentos com tecnologia de ponta que tragam diferenciais para o setor. Neste projeto voltado à otimização do balanço de bagaço, a primeira inovação da usina partiu da caldeira de leito fluidizado borbulhante (BFB), com capacidade de geração de 330 toneladas de vapor por hora através da queima de bagaço. Logo surgiu o projeto da turbina, com o objetivo de exportar ousados 50MW. Nesta fase, a Delta contou com o suporte especializado da Siemens, cujo balanço termodinâmico indicou a possibilidade de ter uma turbina maior e mais eficiente. O presidente da Delta Sucroenergia, Robert Lyra, entende quem em termos de tecnologia desenvolvida e consolidada, além de know-how, a Siemens está à frente dos concorrentes no mercado. As usinas de cana-de-açúcar precisam manter-se atentas às novas tecnologias do setor. “A Siemens é uma empresa altamente qualificada em geração de energia a turbina da família SST600, além de gerar mais energia com a mesma quantidade de vapor, possui know-how comprovado internacionalmente. Então fiquei tranquilo pelo equipamento ser assinado e fabricado pela Siemens”, afirma o presidente.

Há alguns anos a Delta Sucroenergia montou uma moenda, com barracão e ponte da forma tradicional, o que fez os acionistas pensarem na possibilidade de inovar nos métodos da turbina e gerador. Para uma máquina do tamanho desta nova turbina, com 70 toneladas e gerador de 95 toneladas, foi preciso desenvolver um projeto econômico e inteligente, com facilidade para movimentação dentro do espaço. “Todos os técnicos da Siemens que vieram até aqui possuíam capacidade indiscutível, fora a segurança que passaram para nossa equipe, desde a montagem, até a engenharia e comissionamentos”, elogia Robert Lyra. Lyra conta que no início foi analisada a opção de manter em funcionamento as duas turbinas existentes, ambas com capacidade para até 15 MW, mas após os estudos e balanços realizados foi provado que as máquinas levariam a um consumo maior. De modo geral, a turbina é consolidada em vários lugares do mundo e mesmo com a cultura do setor, depois dos estudos apresentados, os acionistas e a presidência estavam tranquilos para tomar a decisão. Com o trabalho árduo das duas equipes não foram necessárias grandes modificações na planta da empresa, mas apenas ajustes pontuais..

Robert Lyra, presidente do Grupo Delta Sucroenergia

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Fornecimento envolveu inovação e ineditismo

Murilo Sgobbi Teixeira, gerente de vendas da Siemens dedicado ao setor sucroenergético

Novo equipamento trouxe mudança cultural positiva na usina Com a nova turbina, a Delta Sucroenergia que antes gerava 6 MW, obteve salto de geração de 1.140%. Hoje gera 50 MW a mais. Além disso, ao instalar a turbina de 73,5 MW a empresa garantiu uma forte redução do OPEX, já que não terá gastos com manutenções por pelo menos cinco anos. Este projeto traduz a forma moderna como os acionistas encaram a cogeração em usinas de açúcar e etanol. A termoelétrica foi projetada para atender com igual importância os seus três clientes: os processos térmicos internos, consumo elétrico da usina e o Sistema Integrado Nacional (SIN). A Delta Sucroenergia não tem nenhum operador para a turbina que é totalmente automatizada, o que traz à empresa maior confiabilidade devido ao sistema avançado de

controle e segurança. Esta é uma mudança cultural na unidade. A proteção da máquina é muito maior, mas confiar, acostumar e mudar os vícios antigos adquiridos por trabalhar de maneira diferente, leva tempo. “Ficamos 45 dias com a equipe da Siemens dentro da nossa empresa, portanto não tivemos grandes problemas com confiança tanto na parceria como no equipamento”, afirma o presidente da Delta Sucroenergia, Robert Lyra. O presidente da usina finaliza dizendo que grande parte dos empresários do setor sucroenergético se espelham muito no que já deu certo e investimentos como esse serão multiplicados por outras unidades. “O Brasil voltará a crescer e nisto precisará de investimento na área da energia, em linhas de distribuição para não ter perdas. Estamos nos preparando para o futuro”.

A Siemens já fabricou mais de 1000 turbinas em território nacional com potências desde 650kW até 100MW e, para cada um de seus projetos promove uma pesquisa de satisfação com seus clientes durante faseschaves dos projetos. Na pesquisa feita com o cliente Delta, o feedback sobre a Siemens foi muito positivo. “Esse reconhecimento é mérito de toda a equipe da Siemens”, explica Rodrigo Antônio Panham, gerente do projeto. De acordo com Márcio Campos, diretor de vendas de turbinas a vapor para a Siemens América Latina, o fornecimento para a Delta Sucroenergia é um marco para todo o segmento sucroenergético e para a Siemens também. “A empresa se orgulha em fazer parte desta história, principalmente pelo grande sucesso do projeto e pelo alto grau de satisfação do cliente”. O gerente de vendas Murilo Sgobbi Teixeira, que tem atuação focada no setor sucroenergético, também considera o fornecimento como um marco para o setor, pois contou com uma série de características inovadoras e inéditas, contidas no know-how da Siemens cujo objetivo é sempre trazer tecnologia de ponta aos clientes. “A Siemens acredita ter atendido às expectativas deste cliente tão exigente em uma série de aspectos. Alicerçado em um espírito de parceria e cooperação, os dois grupos têm um relacionamento com alto nível de profissionalismo entre ambas empresas, que para os colaboradores foi essencial para o êxito deste empreendimento” “Mais uma vez a Siemens é pioneira ao fornecer a maior turbina a vapor do setor sucroenergético, com tecnologia inovadora e fabricação nacional, mostrando que a empresa fincou definitivamente a bandeira em território brasileiro, contribuindo para o desenvolvimento do país”, explica Márcio Campos. “Com seriedade e compromisso com os resultados e indicadores específicos dos clientes deste segmento, a Siemens tem sido

Márcio Luiz Campos, diretor de vendas da Siemens

bem-sucedida em aumentar sua presença e market-share no setor sucroenergético”, comenta Murilo Teixeira.

Siemens no Brasil A Siemens está presente no Brasil há mais de cento e dez anos e é atualmente o maior conglomerado de engenharia elétrica e eletrônica do país, com suas atividades agrupadas pelas divisões: Power and Gas; Wind Power and Renewables; Power Generation Services; Energy Management; Digital Factory; Mobility; Building Technologies; Healthcare; Process Industrial and Drives. Hoje, os equipamentos e sistemas da Siemens são responsáveis por 50% da energia elétrica gerada no País, 30% dos diagnósticos digitais por imagem realizados no Brasil e estão presentes em 2/3 de todas as plataformas offshore brasileiras projetadas nos últimos 8 anos. No Brasil, o Grupo Siemens conta com 12 fábricas e 7 centros de pesquisa e desenvolvimento espalhados pelo País.


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Mais três usinas implantam gestão industrial avançada Bevap, São José da Estiva e Vertente, do Grupo Guarani, iniciam a safra com software que otimiza a cogeração e produção em tempo real

de turno das usinas e as equipes da Soteica e de TI estão configurando o envio automático de informações do sistema aos e-mails dos gestores. Nos três projetos foram contemplados, além da modelagem rigorosa do processo produtivo e otimização on-line, o controle de set-points estratégicos em Laço Fechado, garantindo que as soluções de otimização e de estabilidade dos processos sejam garantidas. Os Laços Fechados implementados atualmente são:

JOSIAS M ESSIAS, DA R EDAÇÃO

Apesar da elevada incidência de chuvas que atingiram as usinas no estado de São Paulo durante o processo de implantação, e que pararam as unidades por cerca de dez dias, as usinas Vertente, do Grupo Guarani, São José da Estiva e Bevap, já estão usufruindo dos benefícios gerados pelo SPAA, software de simulação e otimização em tempo real de toda a planta industrial. As usinas Guarani Vertente e São José da Estiva estão localizadas no estado de São Paulo, respectivamente nas cidades de Guaraci e Novo Horizonte, e a Bevap localiza-se em Minas Gerais, no município de João Pinheiro. Considerando que o foco do S-PAA é gerar ganhos operacionais e econômicos, a Soteica priorizou a implantação de controles automáticos de alguns set-points pelo próprio sistema, denominados de Laços Fechados, antecipando ganhos e resultados para as três usinas antes mesmo da entrega do sistema completo. Nas três usinas, os cronogramas seguem dentro dos prazos estipulados e a avaliação, qualitativa por enquanto, dos benefícios gerados tem sido bastante positiva e tem motivado alguns clientes,

BEVAP Hugo Cagno Filho, da Usina Vertente: SPAA

Fernando Calsoni, da Bevap: qualquer

é a solução para a busca da melhor

ganho na eficiência industrial amplifica os

performance na indústria

resultados econômicos

como a Guarani/Usina Vertente, a solicitar o aumento da abrangência dos Laços Fechados de controle em seu processo produtivo. Na opinião de Hugo Cagno Filho, diretor executivo da Usina Vertente, o SPAA é a solução para a busca da melhor performance na indústria. “Em tempo real conseguimos corrigir os desvios de produção e, assim, obter os melhores resultados”. Já a Bevap, uma empresa que visa sempre superar suas metas e melhorias de processo, vê no S-PAA um caminho mais ágil e eficiente na busca incessante por resultados. “Nossa equipe já está utilizando o software, ajustando-o à nossa realidade e todos da equipe estão muito motivados com sua implantação. Considerando que, num ano de preços melhores, todo e qualquer ganho

Usinas Rondon e Pitangueiras ampliam utilização do S-PAA Ainda neste semestre o S-PAA ampliou a abrangência em clientes que já utilizam a aplicação, como a Usina Rondon, localizada na cidade paranaense do mesmo nome, e a Usina Pitangueiras, localizada em Pitangueiras, região de Ribeirão Preto (SP). A Usina Rondon que é cliente do S-PAA há mais de três anos, finaliza no mês de junho a implantação do Controle de Embebição da moenda com base na Fibra e na Extração e vem notando resultados positivos em termos de extração e redução da umidade do bagaço. Já equipe da Usina Pitangueiras, que teve seu processo de implantação finalizado na safra passada, está desenhando em conjunto com os engenheiros da Soteica um controle em Laço Fechado para garantir a estabilidade de vazão e qualidade de mosto, complementando a bem-sucedida implantação do sistema de controle de dornas, desenvolvido em conjunto com Silvio Andrietta, especialista no assunto. Os cases demonstram a crescente a adesão das usinas ao conceito de gestão industrial avançada, desenvolvido pelo Pró-Usinas a partir da diversidade de ferramentas proporcionadas pelo software de simulação e otimização em tempo real da cogeração e demais processos da planta industrial. Quer seja nas novas implementações ou nos ganhos contínuos que o S-PAA proporciona, a aplicação segue em expansão no setor, reduzindo perdas e aumentando a eficiência nos processos das usinas clientes.

na eficiência industrial amplifica ainda mais os resultados econômicos”, afirma Fernando Cesar Calsoni, gerente da Divisão Industrial da Bevap. Até o final do mês de junho, os projetos nas usinas se encontravam na fase de comissionamento da aplicação, onde os clientes utilizam o software com o suporte mais atento da equipe da Soteica e fazem ajustes e detalhamento nos complexos modelos. Nesta fase também são configurados os relatórios e a integração do S-PAA com demais sistemas das usinas, como ERPs e supervisórios de processo. Todo o resultado do balanço gerado pelo S-PAA pode retornar a quaisquer sistemas dos clientes. Os relatórios do S-PAA já estão complementando os relatórios de fechamento

Controle Embebição do Difusor com base na Fibra e na Extração Estabilização Caldo Processo aproveitando potencial dos captadores do Difusor Carregamento de Dornas garantindo o ART Constante e Repetibilidade

SÃO JOSÉ DA ESTIVA

Controle Embebição Moenda com base na Fibra, Extração e na Rotação do 1º Terno Controle da Geração de Energia e Estabilização do Vapor de Processo Controle Fluxo de Caldo para Evaporação com base na Eficiência dos Evaporadores

VERTENTE

Controle Embebição do Difusor com base na Fibra e na Extração Controle da Geração de Energia e Estabilização do Vapor de Processo Carregamento de Dornas garantindo o ART Constante e Repetibilidade

Extenso treinamento e ao menos 30 horas de utilização assistida Em todas as usinas as equipes de supervisão e operação de todos os turnos receberam extenso treinamento e tiveram ao menos 30 horas de utilização assistida pelos engenheiros da Soteica. Como ponto de destaque, ressalte-se o excepcional interesse e envolvimento das equipes e a aderência à operação com o software. A previsão é que até o início mês de agosto estas Treinamento para operação do S-PAA no COI da Guarani/Usina Vertente usinas já tenham mensurados os benefícios obtidos com a ferramenta na safra de sua implantação. No entanto, o benefícios já começam mesmo sem a aplicação estar próprio processo de implementação do S-PAA já “rodando” completamente. As equipes de gestão e trouxe ganhos para as usinas, pois além de operação acabam elevando também o seu nível de modelagem matemática rigorosa, a Soteica conta em conhecimento objetivo da planta. sua equipe com consultores renomados no mercado, Todos os pontos identificados pela consultoria como o engenheiro Fernando Cullen Sampaio. são posteriormente monitorados pelo S-PAA, que Cullen faz uma análise de todo o processo do mostra o potencial máximo de rendimento em cada cliente utilizando os dados gerados pelo S-PAA e já processo com base na qualidade da matéria-prima apresenta soluções de melhoria operacional ou processada a cada instante, além dos demais fatores potenciais pouco explorados pela usina. Ou seja, os relacionados.


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Denusa comemora resultados com super cepa de levedura Trabalho em planta foi altamente produtivo, superando as expectativas, afirma gerente de produção

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Em busca da máxima eficiência de fermentação, menor consumo de insumos e aumento na produção de etanol, a equipe industrial da Denusa, destilaria de etanol localizada em Jandaia, Goiás, decidiu inovar na partida do fermento para esta safra. Após detalhado estudo, a equipe optou por iniciar a fermentação com uma Super Cepa MSB, levedura fornecida pela MSBIO que apresenta alta taxa de conversão do ART em etanol e adequada ao perfil produtivo da Denusa. O processo incluiu a multiplicação in loco da levedura, que chegou em 20 litros e produziu cerca de 150 mil litros de fermento em 56 horas. “Foi um trabalho alcançado em equipe, cujos resultados em nossa planta foram altamente produtivos, superando nossas expectativas”, afirma Neusa Aoki, gerente de produção da Denusa. “Em relação à safra anterior, estamos com um ganho de 0,5% na eficiência da fermentação”, ressaltou. Para Benedito Ferreira Barbosa, diretor industrial da Denusa, mesmo após 2 meses da partida da safra os resultados da fermentação estão muito bons, apresentando um grau GL alto e com uma recuperação de 3 litros de etanol

a mais por tonelada de cana em relação à safra passada. “Se persistirem os resultados teremos um ganho de 2% na eficiência geral da indústria”, afirmou Neusa. Há 36 anos no mercado, o parque industrial da Denusa tem capacidade para moagem de 1,6 milhão de toneladas de cana-de-açúcar e produção de 150 milhões de litros de etanol, entre hidratado e anidro, bem como a geração de energia para atender seu processo industrial. As Super Cepas de leveduras MSB foram fornecidas pela MSBIO, que compõe o portfólio de soluções do PróUsinas. A MSBIO destaca-se como especialista na seleção e

desenvolvimento de leveduras das próprias usinas, que apresentam alta performance no rendimento fermentativo e baixo consumo de insumos. Conta com um laboratório de pesquisas, já tendo selecionado 7 super cepas de leveduras com desempenho superior às mais utilizadas nas usinas brasileiras e descoberto uma bactéria que destrói até 20% do ART na fábrica de açúcar. “O case da Denusa é mais um exemplo do foco da MSBIO, que é gerar ganhos produtivos e econômicos e não apenas estudos acadêmicos”, finaliza Josias Messias, presidente do Pró-Usinas.

Equipe Denusa

Destilaria Denusa

Equipe Denusa

Josias Messias; Vagner Fernandes, supervisor de fabricação de álcool; Teresa Cristina, da MSBIO; Neusa Aoki, gerente de produção e Benedito Ferreira Barbosa, diretor industrial da Denusa

ARTIGO

Mudaram os parâmetros da fermentação? JOSIAS M ESSIAS*

Neste início de safra tem sido comum a ocorrência de problemas na fermentação das usinas da região Centro-Sul. Marcado por um período chuvoso, com paradas e questões relacionadas à qualidade da matéria-prima, impurezas, entrada de leveduras floculantes e mudanças forçadas no volume e mix de produção, as usinas vêm enfrentando dificuldades para manter a fermentação estável, com bom rendimento e baixo consumo de insumos. A busca por soluções adequadas se apresenta como um grande desafio aos gestores e profissionais da área industrial. Ainda que estas dificuldades, em sua maioria, sejam velhas conhecidas do setor, nesta safra

elas vêm ocorrendo com maior intensidade e em novas formas, nem sempre respondendo aos tratamentos tradicionais ou exigem aplicações de insumos que aumentam em muito os custos de produção! Chamada para colaborar com usinas nesta situação, a equipe do Programa Fermentação de Alto Rendimento do PróUsinas conclui que as causas, em sua maioria, se encontram em 3 vertentes: q Mudanças na matéria-prima, que alteram significativamente as correlações entre os parâmetros usuais da fermentação; q Mudanças no equilíbrio físico-químico e microbiológico do processo, inclusive com novos tipos de contaminações bacterianas e aumento da resistência nos microrganismos conhecidos; q Baixa capacidade das equipes de

operação em analisar e resolver situações atípicas, por falta de conhecimento e experiência técnica, e os gestores nem sempre dispõem de tempo para se concentrar nesta questão. Para atender todas estas vertentes, qualquer proposta de solução eficaz passa por uma revisão dos principais parâmetros e procedimentos que impactam a fermentação. Neste sentido, o Pró-Usinas oferece o serviço de diagnóstico especializado da fermentação o qual, a partir de análise estatística dos dados do processo – como gráficos de correlação, de controle e coeficientes de variação – localiza, identifica e quantifica os Principais Pontos de Atenção e Controle (PPACs) do processo, envolvendo matéria-prima, instalações, leveduras e procedimentos.

A solução é implementada através de recomendações técnicas à gestão e torna-se mais eficiente e produtiva com o treinamento personalizado da equipe, que capacita e integra os profissionais na análise dos dados e situações específicos da unidade, utilizando Ferramentas Analíticas e Práticas. O que se observa é que somente uma equipe motivada, capacitada e integrada consegue obter soluções eficazes e ganhos contínuos diante da constante transformação dos ambientes e organismos que compõem o processo de fermentação. * Josias Messias é presidente da ProCana Brasil, que edita o JornalCana e outros produtos voltados ao setor sucroenergético e CEO do Pró-Usinas.


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Retrofit cria condições para elevação da oferta de energia Estímulos para investimentos na produção de bioeletricidade da cana dependem de política setorial que garanta preços mais favoráveis R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

O potencial de geração de energia a partir da biomassa da cana-de-açúcar é enorme. Segundo a EPE – Empresa de Pesquisa Energética, a bioeletricidade da cana pode ser responsável pela geração de 24% da energia da rede até 2024, o que equivale a seis vezes a oferta de 2015 que alcançou 4,3% do total consumido no país. Esta previsão faz parte do último Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE 2024), que leva em consideração o aproveitamento pleno da biomassa – bagaço e palha – dos canaviais existentes. As perspectivas para a bioeletricidade da cana são altamente positivas, mesmo que ocorram algumas variáveis, como a destinação de parte da biomassa para a fabricação de etanol 2G que pode ser compensada pelo aumento da produtividade e da produção de cana. Para que se torne viável a ampliação da participação da energia da biomassa de cana

Palha Flex, na Ferrari: tecnologia atende as principais rotas de recolhimento de palha

no sistema elétrico brasileiro, existe a necessidade, no entanto, da adoção de algumas medidas para a superação de dificuldades que afetam essa atividade. Uma delas é a definição de uma política setorial que crie condições favoráveis, entre outras medidas, para um preço mais remunerador à bioeletricidade, levando-se em conta as externalidades positivas e negativas de cada fonte nos leilões regulados. Com maior estímulo e segurança para a realização de investimentos, é possível planejar e executar um retrofit das plantas

industriais para que ocorra um melhor aproveitamento do bagaço, da palha e até mesmo do biogás obtido a partir da vinhaça. Este trabalho tem a finalidade de proporcionar otimização do consumo energético, confiabilidade operacional e venda de excedente de energia. A modernização das unidades industriais inclui a avaliação da necessidade de substituição de caldeiras de baixa pressão por outras de média ou alta pressão. O retrofit da planta deve considerar também a possibilidade de reforma do equipamento já existente, para que ocorra um aumento de

sua capacidade de queima da biomassa e para que possa operar de maneira eficiente e confiável. O retrofit pode incluir – dependendo de cada caso – a eletrificação da moagem, a avaliação dos acionamentos utilizados no preparo e na moagem e até mesmo a melhoria ou a troca de equipamentos utilizados no processo de fabricação para que ocorra uma diminuição do consumo de vapor por quilo de açúcar ou litro de etanol. Pode haver necessidade também de instalação de novas turbinas e geradores, de maior capacidade.


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Palha aumenta disponibilidade de bioeletricidade para o sistema O melhor aproveitamento da palha no processo de cogeração é um dos grandes desafios do setor sucroenergético para aumentar a exportação de energia para o sistema elétrico brasileiro. Com o objetivo de atenderem essa nova demanda, usinas, destilarias, instituições de pesquisa e algumas empresas têm procurado criar soluções voltadas ao manejo desta biomassa, que inclui o recolhimento e transporte da palha, além do seu processamento na unidade industrial.

Usinas, empresas e instituições de pesquisa desenvolvem soluções para o manejo da biomassa que incluem recolhimento, transporte e processamento na unidade industrial O CTC – Centro de Tecnologia Canavieira, com sede em Piracicaba, SP, desenvolveu, por exemplo, o Palha Flex, tecnologia que atende de forma completa as principais rotas de recolhimento de palha (em fardos; sistema de limpeza a seco ou sistema híbrido), que pode ser customizada de acordo

com a realidade de cada usina. O Palha Flex foi lançado em setembro com a inauguração de uma planta demonstração na Usina Ferrari, de Pirassununga, SP, para o processamento de cem mil toneladas de palha enfardada por safra. “Possui um sistema de descarga de caminhões, armazenagem intermediária e alimentação, contando com equipamentos para retirada dos barbantes, limpeza da palha, trituração e despoeiramento

com processos automatizados”, detalha Viler Janeiro, diretor de Etanol Celulósico e Assuntos Corporativos do CTC. A energia elétrica adicional, disponibilizada por essa biomassa, pode variar de acordo com a umidade do material (vinculada ao tipo de rota adotada para o aproveitamento da palha) e em função das condições de vapor utilizadas na termelétrica – esclarece.

A destinação adequada da palha proporciona outros benefícios além do aumento da quantidade de energia cogerada. “No caso dos sistemas de limpeza a seco, a redução do volume de palha que se destinaria à moenda implica no aumento da capacidade horária de moagem, melhor extração e qualidade do caldo e menor desgaste de equipamentos”, observa o diretor do Centro de Tecnologia Canavieira. (RA)


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Tecnologia define passo a passo para a destinação adequada Com o aumento da colheita mecanizada de cana crua – que atinge índices de 100%, ou próximos a este percentual, em diversas unidades do Centro-Sul –, a grande quantidade de palha disponibilizada nas áreas de cana tem exigido a adoção de alguns procedimentos para o manejo dessa biomassa.

No campo, parte da palha é enleirada e compactada em fardos para ser transportada por caminhões até a indústria A tecnologia Palha Flex, do CTC, estudou, avaliou e definiu o passo a passo para a destinação adequada desse material. No campo, após a colheita da cana, parte da palha deixada no solo é enleirada e compactada em fardos de aproximadamente quinhentos quilos que são amarrados com barbantes pela própria máquina enfardadora. Um equipamento faz o recolhimento no campo e empilha para o

transporte à usina, que é feito por caminhões que carregam até sessenta fardos – informa Viler Janeiro. A quantidade de palha a ser recolhida por hectare pode variar em função do solo, clima, variedade da cana colhida na área e a idade de corte entre outros fatores, explica o diretor de Etanol Celulósico e Assuntos Corporativos. Segundo ele, o Centro de Tecnologia Canavieira realizou trabalhos específicos nesta área, para garantir a retirada da quantidade correta de palha, sem causar prejuízos para a cultura. O CTC tem inclusive pesquisado o manejo da palha desde o final dos anos 90, quando juntamente com o Banco Mundial e o MCT-Ministério da Ciência e Tecnologia conduziu um projeto visando o aproveitamento total da biomassa da cana. “Até os dias atuais, o material produzido neste trabalho é uma das principais referências e fontes de consulta sobre o assunto”, observa. No Palha Flex, o CTC conta com a parceria de diferentes empresas de engenharia industrial para a construção da solução conforme as necessidades de cada cliente. Para o sistema implantado na Usina Ferrari o projeto teve apoio da Finep junto ao Programa PAISS. (RA)

Viler Janeiro: trabalhos específicos para garantir a retirada da quantidade correta de palha, sem prejuízos à cultura

Redução de impurezas e granulometria evitam mudanças na caldeira Na unidade industrial, equipamentos que compõem o Palha Flex, como peneira rotativa e triturador, têm a função de reduzir as impurezas na palha e adequar a granulometria final para níveis próximos a granulometria do bagaço de cana – afirma Viler Janeiro. De acordo com ele, até o momento, como na maioria das usinas a quantidade de palha

misturada ao bagaço é relativamente pequena – em torno de 5% –, não tem sido observados grandes problemas operacionais nas caldeiras. “Não vemos também necessidade de modificações adicionais na caldeira desde que a granulometria da palha seja adequada e as impurezas minerais da palha sejam parcialmente retiradas”, enfatiza.

Na opinião dele, os equipamentos mais antigos e otimizados para aumento de produção, com velocidades internas elevadas, podem sofrer mais com desgaste em função da maior quantidade de impurezas minerais presentes na palha em comparação ao bagaço. De acordo com Viler Janeiro, o volume mais elevado de impurezas pode acarretar

maior desgaste por abrasão nas tubulações das caldeiras. “Fatores como velocidade dos gases, tamanho de fornalha e outras características podem influenciar na manutenção”, diz. Estudos realizados pelo CTC em caldeiras com queima de até 5% de palha de cana no bagaço não constataram alterações significativas nesses equipamentos – afirma. (RA)


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QUEM BATE?

LIA MONTANINI

Especialistas sugerem treinamento nas usinas para casos de tempestades, geadas e incêndios LUIZA BARSSI, DE CAMPINAS, SP

Para um bom aproveitamento no final da safra é preciso cuidados prévios que vão além de cuidar do solo e do plantio. Manterse atualizado com as condições climáticas pode salvar a plantação de uma chuva, tempestade ou de fortes geadas. E, como esta safra se mostra climaticamente atípica com chuvas e geadas, é aconselhável acompanhar e tentar se antecipar às previsões. O Cepagri - Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura da Unicamp disponibiliza site específico para Campinas e região, que atende toda a parte climática relacionada à agricultura, com uma previsão de 90% em uma margem de cinco dias. Em contrapartida, o site da Agritempo abrange informações para todos os estados do Brasil. Suas previsões não são apenas para temperatura e umidade, o site conta com um sistema completo para monitoramento de estiagem e índice de secas. Segundo Jurandir Zullo Junior, pesquisador do Cepagri, para conseguir resultados mais positivos, seria necessário um treinamento dentro das usinas e

Jurandir Zullo Junior, pesquisador do Cepagri

empresas, para casos de tempestades repentinas e geadas. “Chuvas fortes, microexplosões e geadas podem ser previstas, porém, o ideal seria um acompanhamento real com tecnologia avançada para uma melhor precisão, mas o Brasil ainda não disponibiliza tal equipamento”, explica Jurandir. “Em grandes empresas, o necessário seria disponibilizarem um treinamento mensal para os funcionários em casos de grandes tempestades, geadas e até incêndios”. Se uma tempestade com ventos acima de 100km/h atinge plantações, elas ficarão

acamadas, deitadas, causando grande prejuízo. As colheitas teriam que parar imediatamente e os equipamentos não conseguem mais trabalhar, o que pode resultar em grande perda da produção. O pesquisador explica que cada planta tem uma sensibilidade diferente. Plantas tropicais, por exemplo, são mais sensíveis e a principal preocupação dos agricultores são as geadas. Por isso deve-se estar sempre atento para fazer um planejamento correto. “O agricultor é um grande tomador de decisões. O que comprar? O que plantar? Quando colher? O sistema Agritempo tem a função de

Chuvas intensas prejudicam plantações de cana As fortes chuvas registradas em maio e no começo de junho se tornaram um pesadelo para as usinas paulistas de cana-de-açúcar. Interrupção na colheita e na produção foram apenas dois sérios problemas. Retomar a colheita tem gerado transtornos extras porque a cana chega para a indústria com maior incidência de impurezas. Fora a questão produtiva, as usinas estão penalizadas também em termos de mercado. Sem produzir, e com estoques baixos, não têm como comercializar volumes expressivos de etanol, e assim ficam sem entrada de caixa justamente quando os preços do biocombustível têm registrado alta. Levantamento do Cepea, da Esalq - USP, revela que apenas na semana encerrada no início de junho, em comparação com a anterior houve uma mudança relevante: os preços do etanol para as usinas subiram 5,1% no caso do anidro e em 2,6% no caso do hidratado. Há também a questão do açúcar. Embora não tenha mesma volatilidade na comparação com o etanol, as unidades têm contratos para entrega do produto e qualquer atraso incide em multas e em demais problemas. Levantamento feito a partir de dados da ProCana Estatísticas revela que na média as chuvas interromperam a moagem de cana por 3,5 dias durante o mês de maio. “É preciso lembrar

Chuva em excesso e cana deitada: problema em dobro

que essa interrupção só não foi maior porque as chuvas ganharam intensidade apenas a partir da segunda quinzena do mês”, diz Josias Messias, diretor do serviço de estatísticas da ProCana. Conforme a ProCana Estatísticas, nos primeiros oito dias de junho as unidades paulistas suspenderam a safra em quatro dias. Somados aos 3,5 dias de safra parada em maio, as unidades paulistas interromperam a safra 16/17 por 7,5 dias. Significa que elas deixaram de produzir nesse período 800 mil toneladas de açúcar e 650 milhões de litros de etanol, 264 milhões de litros de anidro e 386 milhões de litros de hidratado. Com a interrupção da safra as unidades paulistas deixaram de faturar líquidos R$ 2,3

milhões. Esse montante, referente ao mercado spot, representa R$ 1,04 milhão apenas com o etanol não produzido, levando em conta o indicador Cepea, da Esalq - USP. Já as perdas financeiras relacionadas ao açúcar chegaram a R$ 1,26 milhão, considerando levantamento de junho do Cepea. A ProCana Estatísticas chegou aos volumes não fabricados levando em conta a produção das unidades da região Centro-Sul na primeira quinzena de maio, divulgada pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar — Unica. Para chegar aos dados das unidades paulistas, o levantamento leva em conta que as unidades paulistas representam 80% da produção do Centro-Sul.

auxiliar essas decisões, com ajuda de tabelas, boletins e mapas. Os dados do site são oficiais, e em alguns casos podem servir para um financiamento em banco”, afirma. O site disponibiliza também dados de tabelas com informações específicas para melhor época para cada cultura e solo que são atualizados anualmente, de safra em safra. “O programa de zoneamento agrícola surgiu com o objetivo de reduzir os riscos na agricultura, orientando o crescimento, já que uma expansão desorientada não é boa para o agricultor nem para o país nem para o consumidor”, finaliza Jurandir.

Grupo Toniello teve grandes prejuízos Apenas como exemplo, as chuvas que ocorreram na metade de junho deixaram as unidades do Grupo Toniello com a moagem de cana-de-açúcar parada por 15 dias nas unidades Santa Inês, de Sertãozinho, SP e Viralcool, de Pitangueiras, SP e 20 dias na Viralcool 2, localizada em Castilho, SP. “Moemos 30 mil toneladas por dia. Com 15 dias parados em duas unidades e outros 20 em uma delas, deixamos de moer cerca de 500 mil toneladas”, calcula o presidente do grupo Antônio Toniello. Apesar do revés climático, o presidente acredita que a safra será boa e que as unidades esmagarão a quantidade de canade-açúcar estabelecida como meta. “A safra vai bem. Mesmo após esse período chuvoso, que prejudicou em parte o andamento. Não sabemos se voltará a chover, mas como começamos a safra adiantada, no mês de abril, o grupo manterá sua meta de moagem proposta”, comentou Toniello. O grupo Toniello processará até o mês de novembro 6 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, produzindo 250 milhões de litros de etanol e cerca de cinco milhões de toneladas de açúcar, com produtividade de 90 toneladas de cana por hectare.


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Usina Caeté apoia realização da Ação Global em Alagoas A 23ª edição da Ação Global foi realizada no dia 21 de maio, numa realização do Serviço Social da Indústria — Sesi, da Rede Globo em parceria com Usina Caeté S/A e Prefeitura Municipal de São Miguel dos Campos, AL. A Ação Global aconteceu simultaneamente em todos os estados e no Distrito Federal. Em Alagoas, as atividades foram realizadas na Escola Conceição Lyra, unidade de ensino mantida desde a década de 60 pela Usina Caeté S/A.

Foram prestados serviços gratuitos, como emissão de documentos, atendimento jurídico e um casamento coletivo, reunindo mais de 144 casais da região. Na ocasião, aconteceram ainda atividades culturais, educativas e recreativas, além de uma oficina culinária voltada para as crianças. A comunidade que marcou presença ao evento teve acesso às ações de saúde, como consultas, exames de glicemia, aferição de pressão arterial e testes de HIV, além de avaliações nutricionais e atendimento

odontológico. Ao todo foram mais de 5 mil pessoas atendidas. Para a gerente de gestão de pessoas, Marta Luciana Sampaio, a parceria mantém um papel social de extrema importância para a comunidade. “Temos a certeza que todos os serviços que estão sendo realizados trarão inúmeros benefícios à comunidade da região, reafirmando efetivamente o compromisso socioeducativo do Grupo Carlos Lyra”. “O evento teve como foco a promoção

de serviços voltados à cidadania e à responsabilidade social, pilares importantes no processo de desenvolvimento do nosso município. Oportunizando ações como esta, estamos fortalecendo o presente e construindo um futuro melhor para a nossa população”, destacou a empresária Elizabeth Anne Lyra Lopes de Farias. Usina Caeté S/A, Matriz (São Miguel dos Campos/AL) 82 3271.3200


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Cana inspira estudantes brasileiros a criar inovações sustentáveis LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP

Estudantes de ensino médio e de faculdades de todo Brasil têm sido inspirados pela cana-de-açúcar a criar projetos acadêmicos usando a biomassa da cana como base para novas criações de produtos biodegradáveis. De todas as ideias apresentadas pelos estudantes, duas soluções inovadoras se destacaram e foram premiadas no exterior: um detergente de origem renovável com potencial para ajudar no combate ao Aedes aegypti sem causar grandes impactos ao meio ambiente e uma bandeja de bagaço e palha de cana que pode substituir algumas embalagens de isopor usadas por padarias e supermercados. “É estimulante notar como a cana continua contribuindo para o futuro da ciência brasileira, motivando estes jovens pesquisadores a criarem produtos cada vez mais alinhados com a questão ambiental”, avalia o consultor de emissões e tecnologia da União da Indústria de Cana-de-Açúcar — Unica, Alfred Szwarc. O Projeto Bandeja, tem como principal objetivo reduzir a quantidade de isopor descartado no meio ambiente, onde o processo de decomposição do material pode durar até 300 anos, especialmente aquelas embalagens de carne, embutidos, frutas e verduras encontradas nas prateleiras de padarias e supermercados.

Alfred Szwarc, da Unica: é estimulante ver jovens pesquisadores alinhados com a questão ambiental

Motivada por este objetivo, a aluna do ensino médio Sayuri Miyamoto Magna criou essa solução sustentável e inovadora: bandejas a partir do bagaço da cana-de-açúcar. “Se mantida em estoque, com boas condições de preservação, a embalagem se mantém boa para o uso por até dois anos. Quando vai para os lixões e aterros sanitários, em menos de 6 meses já está decomposta. E se ficar em

contato constante com a água, em 4 horas já está dissolvida”, informa a jovem de 16 anos. Sayuri teve apoio do programa Iniciação Científica do colégio Bom Jesus, em Curitiba, PR, criou o produto a partir de um processo de fabricação relativamente simples, em que fez uso da biomassa de cana, temperos naturais e uma cola caseira feita de água e farinha. A ideia lhe rendeu medalhas na feira de ciências

da Usina Itaipu, Foz do Iguaçu – PR, o terceiro lugar na Olimpíadas dos Gênios, em Nova York, e o título “Jovens Inventores” do programa Caldeirão do Huck, exibido pela TV Globo. De acordo com a jovem, o maior desafio de seu projeto foi encontrar um modo para dar uma função antimicrobiana à bandeja, garantindo mais segurança alimentar para o consumidor. “Pesquisei nos produtos de limpeza, vi o que era utilizado, e encontrei uma substância que não teria nenhum efeito tóxico sobre o bagaço de cana”, explica, guardando segredo sobre o componente usado. “Há sempre algo que você deve melhorar e que pode ser ainda mais refinado”, complementa a menina. Segundo o orientador da pesquisa de Sayuri e coordenador do projeto, o professor Cornélio Schwambach, no programa de Iniciação Científica do colégio Bom Jesus estão em cursos outros projetos visando a redução do uso de adubos químicos em monoculturas como a canavieira. “A cana tem um potencial fenomenal que pode ser mais investigado. Creio que o Brasil tem potencial para fazer uma revolução agrícola que considere fatores econômicos, sociais e ambientais”, explica. “Sempre pergunto aos meus alunos: O que te incomoda? Crie soluções simples para problemas simples. Quantos problemas simples os produtores de cana devem ter? Muitos. Isto é fazer ciência”, encerra Schwambach.


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Biodetergente pode ser eficaz no combate ao Aedes Aegypti

Biodetergente é menos agressivo ao ambiente

O segundo projeto premiado foi o Biodetergente, criado pelos alunos Paulo Franco e Guilherme Fernando Dias Perez, do campus de Lorena da USP, Universidade de São Paulo que conceberam o detergente “verde”. O projeto foi reconhecido na premiação “Idea to Products”, organizado pela Universidade do Texas, nos Estados Unidos. Com características de aplicação semelhantes a outros produtos fabricados a partir de derivados do petróleo, o biodetergente apresentou o diferencial de ser menos agressivo ao ambiente graças à presença do bagaço de cana em sua composição. Segundo o professor que orientou o trabalho dos estudantes no desenvolvimento do projeto do biodetergente, Silvio Silvério da Silva, o uso deste resíduo de origem renovável, que é abundante no território brasileiro e de menor custo operacional em relação às fontes fósseis, faz com que o produto tenha o preço reduzido em relação aos seus concorrentes não biodegradáveis. “Além disso, sendo um produto natural produzido a partir do bagaço de cana, há diversos estudos que apontam vantagens como a biodegradabilidade e a toxicidade frente aos detergentes sintéticos, não apresentando riscos ambientais e a saúde”, explica.

Outra vantagem, de acordo com Silva, é que ele também tem características de um larvicída biológico, e pode ser usado para combater o Aedes Aegypti, transmissor da dengue, vírus Zika e febre Chikungunya. “Testamos sua eficácia no combate de larvas de Aedes, em testes in vitro, demonstrando seu potencial neste sentido”, conclui o docente. Após quatro anos de desenvolvimento, a novidade já foi patenteada e, por enquanto, segue disponível nos laboratórios da USP para mais estudos. A inovação surgiu em 2012, e depois de quatro anos o detergente finalmente ficou pronto. Segundo um dos responsáveis pelo projeto, o objetivo inicial da pesquisa era criar um inseticida que não atingisse o meio ambiente ou os animais, tanto na produção quanto no uso, por isso a escolha dessa matéria-prima. O detergente é, na verdade, à base de micro-organismos que são cultivados com o bagaço da cana-deaçúcar. Funciona da seguinte forma: em contato com a água, o produto reduz a tensão da superfície, o que desestabiliza as larvas do Aedes Aegypti, fazendo com que elas afundem. Além disso, elas se desfazem em até 48 horas. A eficácia do produto já foi comprovada, segundo o doutorando em biomedicina Paulo Franco, um dos responsáveis pelo projeto. (LB)


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Copersucar entra em campanha global favorável ao etanol DA R EDAÇÃO

A companhia sucroenergética Copersucar acaba de se juntar a grandes empresas globais na promoção de soluções de combustíveis mais sustentáveis, como é o caso do etanol. Trata-se da campanha “below50”, uma junção das palavras “be” (seja, em tradução livre do inglês) e “low” (baixo, também traduzindo), algo como menos 50% de CO2. O principal objetivo da campanha

“below50” é o engajamento pelas empresas no mercado de combustíveis emissores de no mínimo 50% a menos de CO2 de emissões, que os tradicionais de origem fóssil. O movimento engloba empresas, produtores e demais públicos de todo o mundo, com a intenção de atingir a meta de emissões acertada em Paris na COP-21 e, consequentemente, destacar os benefícios da nova economia de baixo carbono. Esta campanha é promovida por três grandes organizações que apoiam o mercado

de energia limpa, World Business Council for Sustainable Development — WBCSD, o qual a Copersucar é membro, Roundtable for Sustainable Biomaterials — RSB e Sustainable Energy for All —SE4ALL. A companha reforça, com a adesão, a defesa de políticas públicas que beneficiem o etanol, pois acredita que a iniciativa fortalece ainda mais seu compromisso com a sustentabilidade. O Brasil é um exemplo de sucesso na mitigação dos gases de efeito estufa há 40 anos. Dados divulgados pela União da

Indústria de Cana-de-açúcar – Unica, recentemente apontam que desde a criação do carro flex, há 13 anos, o Brasil evitou a emissão de quase 352 milhões de toneladas de CO2 com a utilização do bioetanol como combustível. O lançamento oficial da “below50” ocorreu neste 1º de junho de 2016, durante o Low Carbon Technology Partnerships initiative — LCTPi, em São Francisco, nos Estados Unidos. O encontro foi voltado a empresas interessadas em tecnologias de baixo carbono.


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NÃO AO DIESEL EM CARROS DE PASSEIO! Produtores de etanol de MG repudiam projeto do diesel e clamam pelas energias renováveis DA R EDAÇÃO

A Siamig — Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais, é uma das apoiadoras do manifesto de repúdio ao Projeto de Lei 1.013/2011, que libera a fabricação e a venda de carros de passeio a diesel no Brasil. O projeto está em andamento para ser aprovado em uma das comissões especiais da Câmara dos Deputados, de onde irá diretamente para o Senado. O manifesto, organizado pelo Observatório do Clima, foi enviado em meados de junho à comissão e traz assinaturas de entidades representativas das energias renováveis, médicos, cientistas especialistas em poluição do ar, organizações de pesquisa, entidades ambientalistas e de defesa do consumidor, empresários e de cinco ex-ministros do Meio Ambiente, Rubens Ricupero, José Carlos Carvalho, Marina Silva, Carlos Minc e Izabella Teixeira. “O Brasil precisa se unir em torno da descarbonização da economia, com a redução da emissão dos gases do efeito estufa, e a aprovação desse projeto seria um retrocesso neste sentido”, afirma Mário Campos. O país precisa incentivar os combustíveis limpos e renováveis, como o etanol, que reduz em 90% as emissões de gases do efeito estufa e contribui para diminuir o aquecimento global. Uma legislação como essa vai contra, segundo ele, tudo que foi dito na COP 21, em defesa das

Marina Silva, uma das personalidades que assinaram o manifesto

energias renováveis e do meio ambiente, afirma. Se aprovado, o projeto causará também danos à saúde pública, liberando no país veículos altamente poluentes, que vêm sendo condenados nos países desenvolvidos; as cidades

de Paris e Londres, por exemplo, anunciaram que esses carros serão banidos de suas ruas em 2020 e prejudicará a economia, forçando o país a importar mais óleo diesel e encarecendo o transporte de cargas.

Projeto está na contramão dos PL do diesel será retrocesso diante dos compromissos assumidos pelo Brasil na COP21 esforços para reduzir emissões Para Jorge Abrahão, diretor-presidente do Instituto Ethos, há um risco adicional na proposta, o da credibilidade internacional do Brasil. “A aprovação na comissão da Câmara de Deputados do PL do diesel será um grave retrocesso em relação aos compromissos assumidos pelo Brasil na COP21. O Brasil tem a oportunidade de ser um dos líderes da agenda do clima com preservação e inclusão social, mas decisões como esta trarão insegurança e colocarão em risco os investimentos e empregos na direção da economia de baixo carbono”, diz. Segundo a Agência Internacional de Energia, para

cumprir a meta do acordo do clima de limitar o aquecimento global a menos de 2ºC, será preciso que as emissões do setor de transportes atinjam o pico e comecem a declinar ainda nesta década, e o número de carros elétricos precisará chegar a 150 milhões em 2030. O PL 1.013 vai contra esses dois objetivos. Além disso, cria dificuldade adicional para o cumprimento da meta do Brasil, já que amplia a participação de combustíveis fósseis na matriz e cria um desestímulo aos carros a álcool, combustível que precisa ter seu uso enormemente ampliado para que o Brasil possa cumprir a meta.

Jorge Abrahão, do Instituto Ethos: risco adicional é o da perda da credibilidade internacional do Brasil

de gases de efeito estufa

Para André Ferreira, diretor-presidente do Iema — Instituto de Energia e Meio Ambiente, organização integrante do Observatório do Clima, o projeto está na contramão dos esforços para reduzir emissões de gases de efeito estufa. “Deveríamos estar discutindo como viabilizar um combustível renovável em substituição ao diesel, e, não o oposto. Os veículos leves a diesel concorrerão diretamente com os automóveis flex e portanto, com o etanol. Sem falar que se trata de uma barreira a mais para o avanço da eletricidade no setor de transporte”. O médico Paulo Saldiva, diretor do Instituto de Estudos Avançados da USP e um dos maiores especialistas do Brasil em poluição atmosférica urbana, afirma que o projeto de lei traz risco potencial de danos à saúde de milhões de habitantes de metrópoles brasileiras. “Os veículos a diesel são as principais fontes de compostos como particulados finos e óxidos de nitrogênio e enxofre, que causam problemas sérios de saúde. Deveríamos discutir como ampliar o transporte coletivo e reduzir o uso de diesel, mas o projeto propõe o inverso: mais transporte individual e mais diesel. Ou seja, mais congestionamento, ar mais poluído e, potencialmente, mais mortes precoces”. “O Brasil não tem políticas suficientemente robustas para mitigar os impactos ambientais dos carros a diesel”, afirma Cláudio Considera, presidente do Conselho Diretor da Proteste Associação de Consumidores. “Antes de considerar a suspensão das restrições de carros a diesel, a União deveria implementar outras medidas que visam proteger a saúde e qualidade do ar provocadas pelas fontes energéticas já existentes, como gasolina, álcool e o próprio diesel em veículos leves comerciais e veículos pesados”, afirmou.


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UMA CULTURA DE GIGANTES! Em abril de 2016, o Grupo Teston inicializou seu projeto social “Livro Livre” com o intuito de aproximar seus colaboradores a uma biblioteca de qualidade, fácil acesso e custo zero. O que motivou o Grupo Teston a desenvolver o projeto foi levar cultura às pessoas. “A leitura nos oferece um batalhão de coisas boas. Quando lemos, além de aprender um conteúdo a mais, estamos aperfeiçoando nossa escrita, nossa forma de nos comunicar, melhorar nossa atenção e muito mais, sem falar que é um momento de prazer”, diz uma das fundadoras do projeto. Os livros ficam expostos a todos os colaboradores, depois de escolher a obra que irá ler, o colaborador tem um prazo de 30 dias para devolver o livro. “Queríamos fazer algo que não demandasse verba, que fosse algo simples e que pudéssemos ser exemplo à outras empresas, precisávamos somente de uma coisa, livros. Então porque não arrecadar esses livros de doações? Fizemos uma campanha rápida para arrecadação destes livros e o resultado foi incrível! Recebemos tantos livros que nem acreditamos”, diz Claudia Teston, responsável pelo projeto Livro Livre. A prateleira dos livros do Projeto Livro Livre tem todo tipo de obra, do romance à autoajuda para agradar a todos. “Para motivar ainda mais os colaboradores a ler, existe uma ‘competição’, quem ler mais livros durante o mês ganha um prêmio e isso está acontecendo de forma cada vez mais acirrada”.

O único gasto que tiveram para implantar o projeto foi o valor de R$ 96,00 para um banner. Todos os mais de cinquenta livros foram arrecadados através de doações e eles não param de chegar toda semana. “O projeto Livro Livre me incentivou a ler, antes do projeto eu não tinha o hábito da leitura, e agora leio um livro por mês desde que o projeto foi iniciado”, diz Kellen Kátia, colaboradora do Grupo Teston. Outro colaborador beneficiado, Luiz Lopes cita “Já li de um tudo depois do Projeto Livro Livre; meus preferidos são os livros que me proporcionam melhorias no meu dia a dia”. “Antes eu não tinha acesso tão fácil como tenho agora com o Projeto Livro Livre, posso pegar um livro a hora que eu quiser” diz Vinícius Pitta. O Projeto é novo, mas já é um sucesso, praticamente não demanda dinheiro algum e traz crescimento para os colaboradores. “O Projeto Livro Livre é um projeto aberto e a qualquer empresa amiga que se interessar pela implantação do Projeto em sua empresa, forneceremos o material do Projeto Livro Livre, como layout de banner, logomarca, sem problema algum, o que queremos é fazer a diferença”, diz Claudia Teston. “Se pelo menos metade das empresas adquirissem o Projeto Livro Livre teríamos um Brasil melhor”. Teston 44 3351 3500 www.teston.com.br

Luiz Lopes, colaborador Teston

Kellen Kátia, colaboradora Teston

Vinícius Pitta, colaborador Teston


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Solenis expande atuação para o setor sucroenergético Com aquisição da Quimatec, especializada em insumos químicos para fabricação de açúcar e etanol, multinacional norte-americana fecha seu primeiro contrato para tratamento de águas com usina A Solenis deu um importante passo na América Latina ao fechar seu primeiro contrato no início da safra para tratamento de águas com uma usina de açúcar e etanol. O negócio, que envolveu a comercialização de especialidades químicas de alto desempenho e a instalação de equipamento específico para o processo, foi realizado com a usina Vale do Paraná e marcou a entrada da multinacional norte-americana no mercado sucroenergético. Líder na América Latina no fornecimento de especialidades químicas para processos de produção de papel e celulose e uma das principais do mundo em tratamento de águas industriais, a Solenis ganhou espaço no mercado sucroenergético em dezembro de 2015, com a aquisição da Quimatec Especialidades Químicas. Localizada em Araraquara, SP, a Quimatec liderava o fornecimento de insumos químicos para processos de fabricação de açúcar e etanol. Segundo o vice-presidente da Solenis para América Latina, Wanderley Flosi Filho, a união das duas empresas ampliou o portfólio e abriu novas possibilidades de negócios. “Enquanto a Solenis é uma das maiores em tratamento de águas, a Quimatec atendia 90% das usinas de açúcar e etanol do Brasil”, explica Flosi Filho. “A complementação de portfólio irá tornar a empresa a mais completa no setor em tecnologia, produtos e expertise.” Essa aquisição impulsionou a estratégia de crescimento da Solenis, com sua ampla gama de produtos inovadores, serviços com foco no cliente e profissionais altamente especializados para oferecer soluções sob medida, e não só no Brasil. “Em maio, iniciamos a internacionalização das operações para levar a tecnologia de açúcar e etanol a outros países, como: Colômbia, Guatemala, México, Argentina e Estados Unidos”, revela Flosi Filho. O novo contrato firmado com a Vale do Paraná comprova que a aquisição da Solenis foi certeira, e tornará sua expansão próspera. Localizada em Suzanápolis, SP, a usina era atendida pela extinta Quimatec desde 2011. O vendedor que cuidava da conta, Marcelo de Felice Esteves, enxergou na união entre as empresas uma nova oportunidade de negócio. Com o apoio do executivo de contas em tratamento de águas industriais da Solenis, Ubirajara Secco, foi traçada a proposta. “Após o alinhamento com nosso gestor comercial, marcamos uma visita, fizemos o levantamento técnico da torre de resfriamento que apresentava um problema recorrente e entregamos uma solução”, conta Esteves. “Além das especialidades químicas de alto desempenho no processo de tratamento de águas industriais, o nosso grande diferencial foi a instalação de nosso equipamento OnGuard™, que controla

Marcelo Esteves e Ubirajara Secco, representantes de vendas da Solenis

automaticamente e com precisão a dosagem de aplicação dos químicos”, explica o executivo de contas em tratamento de águas industriais, Ubirajara Secco. “Com isso, a Vale do Paraná conquistou melhores resultados utilizando menos produtos nesse processo.” De acordo com Secco, outra vantagem que contou muitos pontos para o fechamento do contrato com a usina foi o serviço oferecido pela Solenis, com o acompanhamento quinzenal de técnicos de campo para avaliação do sistema e indicação de melhorias. Para o gerente industrial da Vale do Paraná, Gilberto Stuchi, a Solenis foi

escolhida como fornecedora pelo trabalho técnico, rapidez nas entregas, produtos de qualidade e pós-venda. “Devido aos bons resultados que tínhamos com a Quimatec, percebi que poderíamos ter o mesmo sucesso no nosso tratamento de águas”, ressalta Gilberto, que pretende ampliar o contrato com a Solenis para atender de forma global às necessidades da unidade.

GLOBAL E COMPLETA Com atuação em 118 países e em cinco continentes, a Solenis é líder global em especialidades químicas para processos e tratamento de águas industriais. É fornecedora também de sistemas de ponta

para monitoramento e controle, além de suporte especializado. Seu grande diferencial é agregar produtos de alta performance com soluções customizadas. Os especialistas da Solenis fazem um estudo do processo no cliente para atender suas necessidades e, dessa forma, garantir metas de lucratividade e de qualidade nos resultados. Focar no cliente, para um pósvenda de excelência, é outra importante característica da companhia, ao construir fortes parcerias comerciais. Solenis 19 3475 3055 www.solenis.com


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Solar: mais energia renovável para o setor sucroenergético Uma nova fonte de energia alternativa está sendo inserida na Matriz Elétrica do Brasil: a energia fotovoltaica. Assim como nos projetos com biomassa, um dos grandes custos dos projetos fotovoltaicos é com a conexão ao sistema elétrico das concessionárias de energia. Esta é uma grande oportunidade para as usinas que investiram em projetos de cogeração: esta infraestrutura já está pronta, e geralmente há disponibilidade nos transformadores das subestações, que pode ser utilizada com um projeto complementar de energia fotovoltaica entre 1.000 e 3.000kWp. Esta energia complementar contribuirá para atender parte da energia consumida pela usina, disponibilizando assim mais energia do seu projeto de biomassa para comercialização. Atende ainda parte do seu consumo de energia na entressafra. A energia fotovoltaica tem muitos pontos positivos, mas os mais fortes são: o baixo custo de O&M e o fato da sua fonte primária, o sol, ter custo zero, e ser abundante no Brasil. A energia fotovoltaica cresce 30% ao ano, é a que mais cresce no mundo. Alemanha, China e Estados Unidos, pela ordem, são os que mais investem na energia solar. A Sanardi acredita muito nesta oportunidade para o setor sucroenergético, pois além de potencializar o seu projeto de cogeração com Biomassa, fortalece a sustentabilidade do setor. Já foram realizados três leilões de

energia desta fonte, que juntos comercializaram cerca de 3GW, com preço médio comercializado no último leilão de R$ 297,75/MWh.

A Sanardi como integradora de sistemas de energia, coloca-se à disposição para fazer um estudo de viabilidade de implantação de uma usina fotovoltaica em sua usina.

SANARDI 17 3228 2555 www.sanardi.com.br

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Uso de lúpulos na fermentação alcoólica controla contaminação

Usina Nova Gália alcança 90% de desempenho nas moendas

A Hopsteiner vem, desde 1845, atuando com fornecimento de lúpulos, principalmente para o mercado cervejeiro e também outros mercados oferecendo os lúpulos como coadjuvante tecnológico. A tradição e experiência de 170 anos fez da Hopsteiner uma das maiores fornecedoras. Com respeito ao cliente e focada em tecnologia está sempre abrindo novas fronteiras. No Brasil a Wallerstein é a representante oficial da Hopsteiner e participou da introdução do uso do lúpulo na fermentação alcoólica nas usinas no controle da contaminação microbiana. Para tanto, buscou a Fermentec como parceiro tecnológico no desenvolvimento da aplicação. As pesquisas começaram em 2004 e em 2007, estava comercializando o BetaBio 45 com excelente aceitação pelos maiores grupos sucroalcooleiros, principalmente os grupos que têm a levedura como produto de comercialização. Com uma gama de produtos à base de lúpulo, como: o TetraBio, Tetra iso alfa ácido e IsoBio, Iso alfa ácido, que ao lado do BetaBio 45, Beta ácido, reduzem a contaminação na fermentação e promovem a desfloculação. A Wallerstein tem oferecido tecnologia para as usinas. Segundo Fernando Feitosa, com a experiência adquirida nesse mercado, percebemos que juntamente com a comercialização dos nossos produtos era necessário apoio técnico para obter melhores resultados e redução de custos operacionais. Principalmente porque há concorrentes indiretos de baixo custo unitário, como o dióxido de cloro, que são usados para controle da contaminação, porém com efeitos indesejados na levedura, equipamentos e segurança. Como os ácidos de lúpulo promovem um tempo de campanha maior segurando a contaminação em níveis aceitáveis, conseguimos ser competitivos e ao mesmo tempo oferecer um produto natural, seguro e eficiente. Para provar a eficiência do produto, precisa primeiramente ser feita a identificação do problema realizada por um especialista mapeando o processo, indicação das ações a serem tomadas e melhor

Localizada em Paraúna, GO, a área de moagem da Usina Nova Gália é composta atualmente por seis ternos de moendas com capacidade para processar dois milhões de toneladas de cana por safra. Um dos principais desafios na moagem de cana-deaçúcar é garantir a disponibilidade e desempenho das moendas utilizadas para processar o produto. As moendas são o coração da usina, se a moagem para, todo o processo fica atrasado e implica em altos gastos com manutenção. Para evitar esse problema na fabricação de etanol, a usina goiana Nova Gália escolheu a Danfoss para aumentar a disponibilidade e a confiabilidade da solução, além de reduzir o custo de manutenção e contar com pós-venda personalizado de acordo com as necessidades da usina. Os acionadores de moendas de motor único não alcançavam o desempenho desejado e ficavam parados para manutenção além do tempo ideal. A Danfoss propôs a aplicação do conversor de frequência VLT® AutomationDrive, instalado nas ternas de moenda. Essa solução gera menor nível de Harmônicas, THD na rede elétrica. O conversor de frequência da Danfoss fica em um painel elétrico testado e certificado mundialmente, o que aumenta a confiabilidade e maior resistência ao ambiente extremamente agressivo em que está instalado. O projeto inclui filtros de entrada e saída que protegem tanto o conversor de frequência quanto o motor acionado. Iniciado em 2011, o projeto foi implantado durante a entressafra de 2013 e alcançou eficiência de uso de mais de 90% nas safras nos dois anos seguintes. “Uma usina é um ambiente extremamente agressivo para equipamentos eletrônicos. A robustez do nosso produto foi fundamental para que os resultados chegassem a um desempenho superior a 90%. Além de trazer eficiência energética, o equipamento pode ficar a até 300 metros do motor acionado, o que proporciona muito mais segurança”,

aplicação dos produtos, acompanhamento dos resultados e com alguns parceiros realizando um balanço de produção de ácido lático, acético e manitol, determinando quanto de açúcares foram desviados pelas bactérias e deixaram de produzir álcool. O Manitol, por exemplo, não faz parte das análises de rotina e cada molécula significa uma molécula de frutose que deixou de produzir álcool. Para uma destilaria de 800.000 litros de álcool/dia, uma concentração de 0,5 % de manitol no vinho significa uma perda de 25.000 litros de álcool/dia. Contatos para desenvolvimento: Fernando Feitosa 11 99488 3760 fernandofeitosa@hopsol.com.br Marcos Hirata 11 3848 2900 marcos.h@landmann.com.br www.hopsteiner.com BETABIO WALLERSTEIN 11 3848 2900 www.betabio.com.br

destaca Sandro Paulauskas, gerente comercial da Danfoss, que também adaptou os drives para a operação do cliente. Foi executada programação personalizada por meio de um software para aplicação na moenda. Ao todo, foram instalados cinco conversores de frequência de 1.250 cavalos de força em 690 volts na usina. Com a instalação dos conversores de frequência da Danfoss, as moendas da Usina Nova Gália trabalham a safra inteira sem paradas para manutenção corretiva. O custo de manutenção corretiva em três safras foi mínimo. “A Nova Gália ficou satisfeita com a qualidade dos drives e atendimento. Tanto que optamos por fechar pacotes não apenas para a moenda, como para as caldeiras, casa de força e torres de resfriamento”, destaca Wendel Bueno, encarregado da elétrica da usina goiana. Bueno completa que a usina ganhou padrão de funcionamento, qualidade, facilidade de manuseio das IHMs e mudança em tempo de manutenção. Danfoss do Brasil 11 2135 5400 www.danfoss.com


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