JornalCana — Edição 272 / Setembro 2016

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O MAIS LIDO! w w w . j o r n a l c a n a . c o m . b r Setembro/2016

Série 2

Nº 272

160 MW Turbinas de alta eficiência da TGM acionam uma das maiores termelétricas do setor, na Cerradinho Bioenergia

IMPRESSO - Envelopamento autorizado. Pode ser aberto pela ECT.


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ÍNDICE DE ANUNCIANTES

Setembro 2016

Í N D I C E ACIONAMENTOS SEW-EURODRIVE ZANINI RENK

CENTRÍFUGAS 11 24899078 16 35189001

49 11

11 21355400

53

ANTARES

52 32186800

80

MARKANTI

16 39413367

MOTOCANA

19 34121234

CORRENTE PARA COLHEDORA

BETABIO / WALLERSTEIN11 38482900

CONSULTORIA INDUSTRIAL

METALPARK

48

AR-CONDICIONADO 64 36452576

90

ÁREAS DE VIVÊNCIA ALFATEK

17 35311075

3

ARTIGOS DE BORRACHA ANHEMBI

11 26013311

86

DWYLER

11 26826633

13

16 11 11 19

35134000 30979328 21355400 21279400

15, 17 55 53 10

0800 703 3673

41, 43

AUTOMÓVEIS FORD MOTOR

BALANCEAMENTOS INDUSTRIAIS EQUILÍBRIO VIBROMAQ

16 39462433 16 39452825

87 90

BRONZE E COBRE - ARTEFATOS TERMOMECÂNICA

11 43669930

20

16 39462700 16 35138800 16 35111300

19 50 51

CALDEIRAS CALDEMA ENGEVAP HPB ENERGIA

CARRETAS ALFATEK

17 35311075

3

CARROCERIAS E REBOQUES RODOLINEA SERGOMEL

43 35357047 16 35132600

77 27

FERTILIZANTES 19 34562298

68

BINOVA KOPPERT DO BRASIL

DISTRINOX

51 30386200 11 30979328 19 34172800

16 39698080

84

GAXETAS

4 79 88

ANHEMBI

EQUIPAMENTOS E MATERIAIS ELÉTRICOS AUTHOMATHIKA CPFL EFICIÊNCIA DANFOSS DO BRASIL

16 35134000 19 37566071 11 21355400

CPFL BRASIL CPFL EFICIÊNCIA

19 37953900 19 37566071

15, 17 33 53

31 33

16 21014151

81

16 39461800 11 44177700

21 9

16 33039796

67

10

62 30883881

7

DURAFACE

19 35080300

57

TERMOMECÂNICA

11 43669930

20

11 42313778

70

37

ZANINI RENK

48 45

REDUTORES INDUSTRIAIS SEW-EURODRIVE ZANINI RENK

11 24899078 16 35189001

49 11

16 36265540

89

REFRATÁRIOS REFRATÁRIOS RP

SÃO FRANCISCO SAÚDE 16 8007779070

91

AGAPITO MAGÍSTER SPAA

16 39462130 16 35137200 16 35124312

90 23 32

16 35138800

VOESTALPINE

11 56948377

65

TRATORES

16 35189001

11

SDLG

59

TRANSBORDOS

MONTAGENS INDUSTRIAIS ENGEVAP

BETABIO / WALLERSTEIN11 38482900 PROSUGAR 81 32674760

SUPRIMENTOS DE SOLDA

MOENDAS E DIFUSORES 73 71 83 47

21 36214415

SOLDAS INDUSTRIAIS

METAIS

17 0800 772 2492 15 32357914 0800 7044304 15 34719090

21

SAÚDE - CONVÊNIOS E SEGUROS

19 21279400

MANCAIS E CASQUEIROS

50

MOTOCANA TESTON

19 34121234 44 33513500

83

TROCADORES DE CALOR

79 2

MUDAS DE CANA

19 37953900 19 37566071

19 37566071 17 32282555

SYNGENTA

33 14

SOLENIS

BMA BRASIL

IHARA MIIKA UBYFOL

11 30979328

55

LEVEDURAS

FERMENTAÇÃO MSBIO

50

11 30605000

85

PEÇAS E ACESSÓRIOS AGRÍCOLAS

TECNOVAL

DURAFACE UNIMIL

VEDAÇÕES E ADESIVOS

16 35124312

28, 29

55

DURAFACE

19 35080300

57

TUBULAÇÕES PARA VINHAÇA STRINGAL

11 43479088

64

MSBIO

SIEMENS JUNDIAÍ 16 35124312

11 45854676

25

28, 29

VÁLVULAS INDUSTRIAIS

FERRAMENTAS

ENGENHARIA INDUSTRIAL

71 61 35

90

TURBINAS

FEIRAS E EVENTOS FENASUCRO

15 32357914 31 37715496 34 33199500

16 39462130

60

EVAPORADORES

ENGEVAP

11 30979328

AGAPITO

19 34753055

ESPECIALIDADES QUÍMICAS 31 33

ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO CIVIL 16 35138800

0800 7044304

NUTRIENTES AGRÍCOLAS

ENERGIA ELÉTRICA - ENGENHARIA E SERVIÇOS

BMA BRASIL

SÃO FRANCISCO

IRRIGA ENGENHARIA

10

ENERGIA ELÉTRICA COMERCIALIZAÇÃO

CPFL EFICIÊNCIA SANARDI

90

GRÁFICA

METROVAL

ELETROCALHAS

CPFL BRASIL CPFL EFICIÊNCIA

81 35215971

IRRIGAÇÃO

39

16 39461800

86

INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO E CONTROLE

DEFENSIVOS AGRÍCOLAS

OXIMAG

MEGA TUBOS

DMB ITM

COZEDORES

DOW AGROSCIENCES IHARA SYNGENTA KOPPERT DO BRASIL

MICHELIN 11 26013311

IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS

55 34

19 34234000

DMB

PRODUTOS QUÍMICOS

CORRENTES INSTRUSTRIAIS

CITROTEC

75 47

GERADOR DE CONDENSAÇÃO

CONTROLE DE FLUIDOS 19 21279400

PLANTADORAS DE CANA 16 36158011 15 34719090

PNEUS

CONSULTORIA/ENGENHARIA INDUSTRIAL

PROLINK

AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL AUTHOMATHIKA BMA BRASIL DANFOSS DO BRASIL METROVAL

BMA BRASIL GENERAL CHAINS

METROVAL

AUTOMAÇÃO DE ABASTECIMENTO

GERHAI

EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO

ANTIBIÓTICOS - CONTROLADORES DE INFECÇÕES BACTERIANAS

MAIS AR

55 90

COLHEDORAS DE CANA

ACOPLAMENTOS

A N U N C I A N T E S

ENTIDADES 11 30979328 16 39452825

COLETORES DE DADOS

ACIONAMENTOS ELÉTRICOS DANFOSS DO BRASIL

BMA BRASIL VIBROMAQ

D E

19 35080300 19 21050800

57 42

ANHEMBI

16 39449900

11 26013311

69

86

PENEIRAS ROTATIVAS EQUILÍBRIO VIBROMAQ

16 39462433 16 39452825

87 90

VENTILAÇÃO INDUSTRIAL EQUILÍBRIO

16 39462433

87


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CARTA AO LEITOR

Setembro 2016

índice

5

carta ao leitor Josias Messias

josiasmessias@procana.com.br

Agenda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6 Cana Rápidas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .8 Produção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .10 a 18 Usinas enfrentam desafio contra o relógio e a inércia

Acelerar ou frear, eis a questão!

Geadas e efeitos climáticos afetam cultura da cana-de-açúcar

Tecnologia Agrícola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .20 a 32 Os inibidos Abalo na fuselagem

Administração & Legislação . . . . . . . . . . . . . . .34 a 36 Modelo de gestão da Petribu parte para a excelência Empresa pode creditar gasto com produção e cultivo de cana, diz Carf

Pesquisa & Desenvolvimento . . . . . . . . . . . . . .38 a 42 Projeto de biodiesel no Brasil está se reerguendo

Ação Social & Meio Ambiente . . . . . . . . . . . . .44 a 47 Cana ajuda a resfriar o clima do cerrado brasileiro Energia renovável passa dos 42% da matriz energética brasileira

Saúde & Segurança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .48 e 50 Grupo aborda cuidados com gases em espaços confinados

Tecnologia Industrial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .52 a 71 Usina Vertente comemora resultados da gestão industrial avançada Equipe da Bevap festeja implantação de software de última geração Novas soluções melhoram desempenho da unidade industrial Cuidados com vasos de pressão evitam transtornos

Logística & Transportes . . . . . . . . . . . . . . . . . .72 a 82 Troca de matéria-prima é operação ganha-ganha interessante

Setor em Destaque . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .84 Pádua, da Unica, é o líder do ano no MC Centro-Sul

Negócios & Oportunidades

. . . . . . . . . . . . . . .86 a 90

ESCUDO INTRANSPONÍVEL “Pois tu, Senhor, abençoarás ao justo; circundá-lo-ás da tua benevolência como de um escudo”. (Salmos 5:12)

Olhando o cenário que se vislumbra positivo para o setor nos próximos três anos, muitos dos empresários são tentados a acelerar nos investimentos, seja em expansão da produção ou até em aquisições, como fez recentemente a CMAA, que adquiriu a unidade Limeira D’oeste da americana ADM. Após mais de sete safras de crise aguda, o que é fácil encontrar são ativos subavaliados por problemas estratégicos e ou financeiros, mas com excelente potencial operacional. Ainda agora, mesmo em meio à crise política e de credibilidade pela qual passa o Brasil, não é difícil encontrar parceiros estratégicos interessados em investir em usinas, inclusive emergentes players internacionais. Mas a estrada pode não ser tão tranquila quanto parece. Fantasmas persistem assombrando as usinas, como a instabilidade institucional brasileira, que vai muito além do impeachment de Dilma Rousseff. Aprofunda na falta de segurança quanto a questões intrínsecas ao bom andamento da atividade sucroenergética, como câmbio, preço da gasolina e da bioeletricidade oriunda da biomassa da cana. Não é porque abriu um raio de sol que se pode esquecer a escuridão e as tempestades que têm marcado a viagem do setor com o governo federal nos últimos anos. A qualquer momento a lógica da política pode se inverter e, novamente, quem vai pagar o pato são as usinas. Outro fator que requer prudência são as mudanças no modelo de negócios das usinas, as quais ainda não viraram a curva de aprendizagem e podem impactar negativamente os resultados econômicos do setor. Não é incomum ver bons planejamentos baseados em bons paradigmas do setor que foram surpreendidos pelo peso dos novos paradigmas. Atire a primeira pedra a usina que, entra safra e sai safra, continua sem superar velhos erros. Quem quer acelerar precisa conhecer bem o estado e condições do seu veículo, bem como todos os desafios da estrada. Um bom exemplo disso veio da Biosev, que anunciou em meados de agosto a contratação de hedge em um volume de 645 mil toneladas de açúcar, ao preço de 18,35 cUS$/lb, e um volume de US$ 178 milhões, ao preço de R$ 3,692/US$. Esse volume representa 40% da exposição da Biosev para a safra 17/18, sendo que os preços do açúcar superam em 26% os preços da safra atual. Combina muito com uma frase que tenho repetido bastante: num mercado de commoditties como o nosso, a maior ousadia é insistir em ser prudente. Afinal, neste momento, acelerar fundo é para poucos! Tenha uma excelente leitura.

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O MAIS LIDO! ISSN 1807-0264 Fone 16 3512.4300 Fax 3512 4309 Av. Costábile Romano, 1.544 - Ribeirânia 14096-030 — Ribeirão Preto — SP procana@procana.com.br

NOSSA MISSÃO Prover o setor sucroenergético de informações relevantes sobre fatos e atividades relacionadas à cultura da cana-de-açúcar e seus derivados, e organizar eventos empresariais visando: Apoiar o desenvolvimento sustentável do setor (humano, socioeconômico, ambiental e tecnológico); Democratizar o conhecimento, promovendo o

intercâmbio e a união entre os integrantes; Manter uma relação custo/benefício que

propicie parcerias rentáveis aos clientes e demais envolvidos.

DIRETORIA Josias Messias josiasmessias@procana.com.br Controladoria Mateus Messias presidente@procana.com.br Eventos Rose Messias rose@procana.com.br Comercial & Marketing Lucas Messias lucas.messias@procana.com.br

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AGENDA

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A C O N T E C E U 6ª FEIRA INTERNACIONAL DE SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO Na Expo Center Norte, em São Paulo – SP, durante os dias 5 a 7 de agosto aconteceu a 6ª Feira Internacional de Saúde e Segurança no Trabalho. O GSO — Grupo de Saúde Ocupacional da Agroindústria Sucroenergética, esteve presente no evento e aproveitou para realizar a reunião da OBESST — Organização Brasileira das Entidades de Segurança e Saúde no Trabalho e do Meio Ambiente nas dependências da feira no dia 12 de agosto. O evento teve a presença e palestra do diretor presidente do GSO, Mário Márcio dos Santos.

CONGRESSO DA ABAG Reforçar os investimentos em inovação tecnológica para alavancar a produtividade do agronegócio brasileiro foi o tema dominante no primeiro painel do 15º Congresso Brasileiro do Agronegócio, promovido pela Abag — Associação Brasileira do Agronegócio, no dia 8 de agosto, em São Paulo, e cujo tema central foi Liderança e Protagonismo. “Entre as várias prioridades que o grave momento vivido pelo país demanda, pedimos muita atenção com a propriedade intelectual e com a inovação tecnológica”, reforçou o presidente da Abag, Luiz Carlos Corrêa Carvalho, na solenidade de abertura do evento, que contou com a presença de 900 participantes.

A C O N T E C E RESISTÊNCIA DE PRAGAS O Conselho Científico para Agricultura Sustentável — CCAS, participa do Simpósio de Resistência de Pragas, Plantas Daninhas e Fungos a Produtos Fitossanitários, entre os dias 5 e 6 de setembro, no Sindicato Rural de Rio Verde – GO. O evento é promovido pelo Grupo de Estudos “Luiz de Queiroz” da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” — ESALQ/USP. Entre os coordenadores está o diretor financeiro do CCAS, José Otávio Menten, também VicePresidente da Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior — ABEAS, Eng. Agrônomo, Mestre e Doutor em Agronomia, Pós-Doutorados em Manejo de Pragas e Biotecnologia, Professor Associado da ESALQ/USP. O público-alvo serão os influenciadores dos processos de tomada de decisão nos setores produtivos agrícolas brasileiros, com o foco na área de defesa vegetal e uso de produtos fitossanitários. O Simpósio também servirá como treinamento para os estudantes da graduação e pós-graduação de Ciências Agrárias de todo país. http://agriculturasustentavel.org.br

GESTÃO DE NEGÓCIOS ON LINE O curso EAD — Educação a Distância, sobre MBA em Gestão de Negócios da Esalq/USP, está com inscrições abertas. Todas as aulas serão online e os alunos participarão sem sair de casa. As aulas começarão em 6 de outubro, com duração de 18 meses. As mensalidades custam R$ 590,00 reais, além da taxa de inscrição. http://www.pecege.org.br/

José Otávio Menten, diretor do Conselho Científico para Agricultura Sustentável

MASTERCANA BRASIL SERÁ EM 19 DE OUTUBRO

FENASUCRO & AGROCANA 2016

O MasterCana Brasil acontecerá em 19 de outubro, em São Paulo, SP, na casa de eventos Villa Bisutti, Vila Olímpia e os troféus do MasterCana Norte/Nordeste serão entregues em 24 de novembro, no Recife, PE. A primeira das três edições do Prêmio MasterCana acontece hoje, dia do lançamento desta edição do JornalCana, em Sertãozinho, SP. Agende estas datas.

A 24ª edição da Fenasucro & Agrocana 2016 está acontecendo nestes dias 23 a 26 de agosto, em Sertãozinho, SP. Reúne os líderes do mercado e seus principais compradores vindos de todo o Brasil e de mais de 40 outros países. Devem circular pelos estandes aproximadamente 30 mil visitantes/compradores com geração de negócios de cerca de R$ 2,8 bilhões, concluídos até seis meses após o evento, preveem os organizadores.


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CANA RÁPIDAS

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Fórmula Inter movida a etanol é exemplo de desempenho e sustentabilidade Alta performance e sustentabilidade são dois conceitos cada vez mais presentes no automobilismo mundial. No Brasil, a recémcriada Fórmula Inter, movida 100% a etanol e com o desenvolvimento de peças e veículos nacionais, é a mais recente categoria a seguir esta tendência. O consultor de Emissões e Tecnologia da União da Indústria de Cana-de-Açúcar — Unica, Alfred Szwarc, exalta a iniciativa por apostar em uma nova geração de pilotos que enxerga o biocombustível como uma fonte limpa e renovável capaz de reduzir em até 90% a emissão de CO2 em relação ao seu principal concorrente de origem fóssil, a gasolina, e ainda aumentar a potência e o desempenho dos motores. “Hoje temos outras modalidades utilizando o etanol para abastecer os carros

de corrida no mundo, como a Fórmula Indy, Le Mans e a Nascar. Isso demonstra que são reconhecidas as vantagens ambientais e competitivas do biocombustível em categorias que exigem boa performance atrelada à baixa emissão de poluentes”, destaca Alfred. O pontapé inicial da Fórmula Inter aconteceu em meados de julho, com a realização do “The Victory Day”, evento para testes e certificações dos pilotos interessados em participar da competição, cujo calendário está em fase final de elaboração. A ação desta semana teve o patrocínio da Unica, que por meio de suas associadas forneceu 1.200 litros de etanol para abastecer os sete automóveis que circularam na pista do Esporte Clube Piracicabano de Automobilismo, em Piracicaba, São Paulo.

Caeté AL amplia investimentos em eucalipto A Usina Caeté, controlada pelo Grupo Carlos Lyra, com sede em Maceió (AL) amplia os investimentos na Caetex Florestal S. A., empresa formada pela companhia sucroenergética e pela Duratex Florestal Ltda. A subsidiária da Caeté acaba de receber R$ 25,4 milhões provenientes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social — BNDES, destinados à ampliação da floresta de eucalipto em Alagoas. Segundo a Agência Alagoas de Notícias, do governo alagoano, o investimento representa a segunda etapa de implantação da indústria de beneficiamento do eucalipto no Estado. O investimento, conforme a Agência, foi aprovado pela Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste — Sudene e financiado pelo Banco do Brasil. A ampliação das fazendas ocorrerá nos municípios de Maceió, Flexeiras, Messias e Barra de Santo Antônio. “Com a implantação

de uma indústria de beneficiamento de eucalipto, produzindo placas de MDF e MDP, abrimos portas para um mercado importante que promove grande geração de emprego e renda em um novo setor produtivo em Alagoas”, afirma o secretário de

Desenvolvimento Econômico e Turismo — Sedetur, Helder Lima. Além disso, o plantio do eucalipto se tornou alternativa econômica para o cenário sucroenergético, substituindo a cana-deaçúcar.

Campanha do agasalho esquenta na Santa Adélia A Usina Santa Adélia, de Jaboticabal, SP começou em 31 de maio deste ano, a Campanha do Agasalho. Com a ajuda das prefeituras de Jaboticabal, Pereira Barreto e Sud Mennucci e em parceria com o Fundo Social de Solidariedade — Fusse, a Santa Adélia mobilizou seus colaboradores para participar do movimento social e até 24 de junho já possuíam 1.200 peças prontas para doação. O foco da campanha neste ano foram cobertores, mas tudo que foi doado foi aproveitado e entregue às famílias e entidades carentes da região. Este é o quarto ano do trabalho, que teve início em 2013.

Setor registra saldo positivo na geração de empregos O segmento sucroenergético brasileiro mais uma vez demonstrou a sua importância para a criação e manutenção de postos de trabalho no país. Ao final do primeiro semestre de 2016, a cadeia produtiva da cana registrou saldo líquido de 4.870 vagas com carteira assinada, uma significativa evolução em comparação ao número verificado no mesmo período de 2015, quando houve a perda de 3.204 empregos formais. Esta é uma das principais conclusões do levantamento feito pela União da Indústria de Canade-Açúcar — Unica, a partir de dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados — Caged. O diretor Técnico da Unica, Antonio de Pádua Rodrigues (Líder do Ano no Prêmio MasterCana Centro-

Sul), ressalta que este número poderia ser ainda mais positivo se houvesse um programa mais amplo de políticas públicas para o setor. “A geração de novos postos de trabalho seria maior se tivéssemos medidas de longo prazo para estimular a expansão da oferta de etanol, biocombustível que além de proporcionar renda, também contribui para o meio ambiente e saúde da população”, observa o executivo. Os dados do Caged são ainda mais expressivos quando se referem ao saldo acumulado no período da atual safra, contabilizando os meses de abril a junho, com a indústria canavieira sendo responsável pelo surgimento de 34 mil vagas ante apenas oito mil nos primeiros três meses do ciclo agrícola 2015/2016.

Drones agilizam pesquisas agroenergéticas Com o uso de uma câmera termográfica embarcada em um drone, os cientistas da Embrapa — Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, têm agora à disposição uma técnica inovadora que proporciona maior rapidez na avaliação de plantas. As imagens capturadas permitem identificar e selecionar as plantas mais tolerantes a determinado tipo de estresse, a partir da temperatura da copa. Nesta perspectiva, a Embrapa Agroenergia adquiriu esses equipamentos para avaliar genótipos de cana-de-açúcar, utilizando as técnicas de

fenotipagem de plantas por imagem. O pesquisador da Embrapa Agroenergia, Carlos Sousa, responsável por esse trabalho, observa que as novas ferramentas de fenotipagem de plantas que estão surgindo são complementares às técnicas tradicionais. Porém, os resultados obtidos possibilitam a avaliação de parâmetros que interferem na tolerância à seca ou a qualquer outro tipo de estresse abiótico, como altas ou baixas temperaturas, salinidade, alumínio e seca em plantas.


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PRODUÇÃO

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Homenagem à francesa

Jacyr da Silva Costa Filho, do grupo francês Tereos: Cavalheiro do Mérito Agrícola

Setor deve focar nos resultados sem parar de investir Em 2015 quase todas as usinas do grupo francês Tereos Internacional melhoraram índices operacionais LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP

Com unidades produtoras no Brasil, Europa, Oceano Índico, China e Indonésia, o grupo francês Tereos Internacional é o terceiro maior produtor mundial de açúcar. No Brasil, o grupo controla a empresa Guarani Tereos Açúcar & Energia, com capacidade de até 23 milhões de toneladas de

cana por safra. O Diretor Região Brasil do grupo Tereos, Jacyr da Silva Costa Filho orgulha-se em informar que, das sete usinas produtoras do grupo, todas apresentam melhorias constantes. “Em relação ao ano de 2015, quase todas as usinas melhoraram seus índices operacionais, aumentando o nível de satisfação de toda a equipe”. Mesmo nesse ainda momento de crise do setor Jacyr afirma que não se pode parar de investir. No Tereos Internacional ninguém parou e para esta safra o Grupo Guarani mantém uma boa perspectiva de mercado. “Continuamos fazendo os mesmos investimentos, principalmente nas variedades da cana-de-açúcar, agricultura de precisão e melhorias operacionais. O foco é nos resultados. Com um cenário favorável para os próximos dois anos, precisamos usar esse

tempo para nos preparar para uma possível caída na produção futuramente”, diz. Segundo o diretor, a safra 2016/17 começou com dificuldades devido à seca no começo do ano, mas em junho, a chegada das chuvas trouxe um novo alento para a produção, mesmo interrompendo temporariamente as moagens. Contratempos à parte, a produção está correndo de acordo com a previsão inicial, alcançando os números previstos. Ele conta ainda que o mercado está muito favorável para o açúcar e etanol, desde o ano passado com um nível de sustentabilidade importante. Isso indica uma safra de volta a rentabilidade. “O fato do mercado estar favorável é motivo de comemoração para essa safra que se iniciou”, comemora Jacyr.

No início de junho deste ano o Diretor Região Brasil do grupo Tereos, Jacyr da Silva Costa Filho, recebeu uma importante homenagem da Embaixada Francesa no Brasil, a comenda de Cavalheiro do Mérito Agrícola. A homenagem foi entregue pelo embaixador da França no Brasil, Laurent Bili. Jacyr Costa foi considerado uma referência no setor sucroenergético, além de embaixador do Brasil na França com relação aos assuntos do setor. Para ele a homenagem tem grande significado, pois trata-se de uma deferência do ministério francês, representado pela Embaixada no Brasil. "A Tereos é a maior cooperativa agrícola da França, com importantes ativos no Brasil. Hoje, o Brasil já representa 20% de todo o faturamento do grupo, por isso somos estratégicos e a Tereos vai continuar investindo em nosso país, pela alta relevância que possui", afirmou Jacyr. Como CEO, ele lamenta as dificuldades que o grupo enfrentou na recessão da última safra. “O Brasil todo está enfrentando um processo recessivo e isso afeta a demanda de açúcar do mercado doméstico e do etanol. O grande desafio é fazer com que a empresa se torne mais produtiva e que consiga se sustentar mesmo em momentos de mercado mais baixo”. Por outro lado, ele comemora os índices operacionais que vêm melhorando ao longo do tempo, que são importantes para a produtividade. (LB)


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Ainda há muita terra para plantio no Brasil LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP

O Brasil possui hoje espaço próximo a 372 milhões de hectares úteis para a agricultura no país. Esse número equivale a mais de três trilhões de metros quadrados, 37,5% da área total do Brasil, tamanho superior ao do estado do Amazonas, maior do país. Dessa área disponível, 128 milhões podem ser aproveitados por diferentes culturas. “Vemos que ainda há fronteiras abertas para o crescimento do agronegócio no país e seguimos investindo neste sentido”, aponta Robert Crain, vice-presidente sênior para as Américas da companhia multinacional AGCO. De acordo com Paulo Manduca, pesquisador do Nipe — Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético da Unicamp, por precisar de muito espaço para plantio de cana, a tendência do setor é investir mais em produtividade, (o chamado crescimento vertical) do que propriamente em nova terras.

No Nordeste há dificuldade para crescimento, em razão da topografia acidentada e da baixa produtividade e, especialmente porque os canaviais, que costumeiramente são plantados nas zonas das matas litorâneas estão dando lugar a grandes empreendimentos imobiliários, de turismo e industriais. No Sudeste a cana também compete com a especulação urbana, condomínios nas zonas de transição urbana e rural, mas a diferença é que nesta região, incluindo o Centro-Oeste, o espaço para a agricultura é pelo menos 6 vezes maior do que no Nordeste. E no Centro Oeste a cana é restringida por competir em desigualdade de condições com a soja e o milho. Manduca aprova os cuidados que o país tem tido nos zoneamentos em geral, especialmente no da cana. “É importante restringir a área da cana para não ser estigmatizada no mercado internacional. O etanol já recebe muitas críticas e fica difícil defender sua inclusão na matriz energética em países onde o movimento ambientalista é forte”, observa.

Paulo Manduca pesquisador do Nipe: tendência é o setor investir mais em produtividade

Etanol corre risco de tornar-se produto de mercado restrito

Pecuarista perde dinheiro ao destinar largas extensões de terras a pastagens

Piauí, Tocantins, Sul da Bahia e Maranhão podem ser a fronteira da vez Os estados do Piauí, Tocantins, Sul da Bahia e Maranhão podem ser a fronteira da vez para a cana-de-açúcar. Nestas regiões os preços de terras ainda não estão inflacionados e o problema logístico foi amenizado com a entrada em operação do Porto do Itaqui, em São Luís, MA. Itaqui já integra o segundo maior complexo portuário em movimentação de cargas no país. Com a ampliação do Canal do Panamá e por sua localização estratégica, no vértice norte do País, em poucos anos se tornará excelente ponto de partida e chegada para os mercados asiáticos. Estas regiões precisam de incentivo fiscal e financiamento para investimentos em tecnologia,

especialmente de irrigação e da produção. Estas regiões (Piauí, Tocantins, Sul da Bahia e Maranhão) são habitualmente conhecidas por abrigar gado de engorda, em pastos abertos. A tecnologia do confinamento e semiconfinamento utilizada hoje comprova que se perde dinheiro ao destinar largas extensões de terras a pastagens, porque o gado anda demais e não ganha tanto peso e o grande espaço de terra fica subutilizado. A tendência é que muitos pecuaristas comecem a utilizar mais os espaços pequenos para suas criações e migrem boa parte de suas pastagens para a agricultura, a fim de investir em soja, milho e cana-de-açúcar. (LB)

Para o pesquisador Paulo Manduca do Nipe — Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético da Unicamp, o etanol corre o risco de tornar-se um produto de mercado restrito e o problema da indústria está sobretudo no ambiente internacional. Um exemplo disso é a FAO - Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, que não está convencida de que os biocombustíveis podem conviver bem com o mercado de alimentos e enquanto isso não mudar, sempre haverá relatórios negativos à expansão do etanol. “A indústria tem que perceber que o

investimento necessário é em marketing de imagem, que permita ampliação do mercado internacional, aliás, só a massificação do mercado, tornar o etanol um combustível global pode garantir um ciclo de crescimento do setor”, completa o pesquisador. Portanto, a diversificação é um trunfo do setor sucroenergético, mas ficar entre álcool e açúcar é pouco, o grande filão está no combustível para aviação. O melhor marketing seria oferecer precocemente um combustível para aviação, pois isso pode atrair positivamente as atenções e induzir novos investimentos. (LB)


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Usinas enfrentam desafio contra o relógio e a inércia Atenções estão voltadas à diminuição de horas de parada de máquinas e à eficiência da indústria LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP

Os desafios do novo período produtivo estão relacionados ao contexto econômico, aliando desenvolvimento tecnológico e sustentável. As usinas enfrentam corajosamente a luta contra o relógio e a inércia. Na indústria, as atenções estão voltadas à diminuição de horas de parada de máquinas e à eficiência industrial como um todo. No campo, o trabalho segue para ampliar a produtividade e sanidade da canade-açúcar. A Usina Alta Mogiana, localizada em São Joaquim da Barra, SP, que iniciou sua safra em 11 de abril, projetou um aumento de 7% na matéria-prima processada e também aumento produtivo, em relação à safra anterior. A previsão da usina é de processar 5 milhões e 700 mil toneladas de cana e produzir, aproximadamente 9 milhões e 200 mil sacas de açúcar, 160 milhões de

litros de etanol e obter uma cogeração de energia elétrica de 174.700 MWh. Toda a colheita continuará sendo realizada de forma 100% mecanizada e não há queima programada nas lavouras, extinta desde 2012. Segundo informações da usina, deve-se, também, consolidar o recolhimento de palha no campo, para aumentar o volume de biomassa destinada à produção e cogeração de energia elétrica. Em busca de eficiência com qualidade, o diretor superintendente agroindustrial, Luiz Eduardo Junqueira Figueiredo, conta o que espera para a nova safra: "A safra 2016 deve ser de recuperação, tanto de preços como da produtividade agrícola. Estamos focando no aumento da utilização da capacidade instalada da indústria, redução de custos operacionais e melhora da qualidade do produto. Os últimos anos foram muito amargos para o setor sucroenergético: muitas usinas fecharam e várias delas estão muito endividadas, reflexo de políticas econômicas equivocadas que levaram o Brasil a uma recessão não vista desde 1929, que foi a pior crise da história. Estamos diante de grandes desafios e sabemos que não existe mal que nunca se acabe. Portanto, devemos nos preparar para o futuro e às novas oportunidades que, somente quem estiver preparado, poderá aproveitar”.

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Foco nas unidades é investir em tecnologia agrícola Em busca de superar os desafios do novo período produtivo, o foco é investir em tecnologia agrícola, que pode trazer resultados positivos tanto para a produtividade quanto para as operações da empresa. O diretor agrícola da Biosev, Ricardo Lopes, explica que a empresa não mediu esforços nos investimentos e concluíram a implantação dos centros de operações agrícolas nas suas onze unidades agroindustriais. Com essa ferramenta de gestão, a empresa conseguiu aprimorar o monitoramento das atividades agrícolas no campo, em especial a performance das frentes de colheita, e consequentemente, aumentar a eficiência operacional. Ricardo diz que a Biosev não faz projeções sobre as próximas safras, mas mantém os índices para a atual, com projeção de moagem entre 30,5 e 33,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, ATR Cana entre 129 kg e 133 kg por tonelada e ATR Total entre 3,93 milhões de toneladas a 4,46 milhões de toneladas. A ideia é investir no aumento da produtividade dos seus canaviais a partir da incorporação de tecnologia nas

Nazareno Hilário Gonçalves, diretor agrícola da Usina Alta Mogiana

atividades agrícolas, combinada com a melhoria da gestão dos canaviais. “A empresa está desenvolvendo um projeto

piloto de Agricultura de Precisão, cujo objetivo é adequar seus processos às ferramentas de análise, recomendação e

aplicação de insumos”, conta o diretor. Segundo ele, as informações georreferenciadas possibilitam a elaboração de mapas para aplicação otimizada em taxa variável, permitindo melhor distribuição e maior controle, além da maior eficiência nos processos agrícolas. Os primeiros testes estão sendo realizados na unidade Santa Elisa, em Sertãozinho, SP, para aplicação de corretivos de solo, e na unidade Vale do Rosário, localizada em Morro Agudo, SP, para os insumos de plantio através de controladores de vazão nas plantadoras, garantindo assim uniformidade da distribuição. Outro desenvolvimento tecnológico em andamento na Biosev é a utilização de mudas pré-brotadas — MPB. A adoção dessa tecnologia permite a produção de cana a partir de mudas devidamente selecionadas e de alta qualidade, livres de doenças e pragas, o que garante uma taxa de multiplicação maior quando comparada com o sistema de plantio tradicional devido ao alto vigor dos materiais. Na safra 15/16 foram plantadas mais de 3 milhões de mudas com essa nova tecnologia. (LB)

Alta Mogiana aprimora seus sistemas logísticos A Usina Alta Mogiana em São Joaquim da Barra, SP, focada em melhorar cada vez mais a produtividade no decorrer das safras, busca inovar e aprimorar seus sistemas de logísticas. O diretor agrícola da empresa, Nazareno Hilário Gonçalves explica que para as futuras safras, a Alta Mogiana busca novas alternativas de sistemas de plantio de cana, para a renovação adequada do canavial e inserção de novas variedades. Hilário conta que para os próximos períodos produtivos, a empresa planeja aumentar a produtividade e alcançar os três dígitos (tonelada de cana/ha) de forma sustentada, com especial atenção aos princípios básicos agronômicos e operacionais na redução de custos.

“Como ferramentas para suportar o plano de aumento de produtividade, apontamos algumas ideias de como melhorar os sistemas de logísticas aplicados à colheita, transporte de matéria-prima e demais operações agrícolas”, esclarece Nazareno. Além disso, a usina conta com outros recursos, como: o uso de agricultura de precisão, visando aumento de produtividade e redução dos impactos negativos das operações mecanizadas na cultura da cana; melhorar a utilização dos resíduos industriais no campo; usar novas técnicas e produtos na busca por aumento de produtividade do canavial e se concentrar na política de renovação de frota voltada para aumento de produtividade e redução de custo. (LB)

Usina Alta Mogiana, em São Joaquim da Barra, SP


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Geadas e efeitos climáticos afetam cana-de-açúcar DA R EDAÇÃO

Dados do grupo Fitotécnico de Cana-deaçúcar mostram que somente em Ribeirão Preto, SP, 48 mil hectares foram afetados pela geada em julho deste ano. Em algumas usinas a perda foi de 10% da plantação. Os produtores são forçados a planejar diferentes alternativas para não sofrerem os prejuízos causados pelas geadas. A pesquisa foi feita em quatro usinas, todas da mesma região de São Paulo, e de acordo com os responsáveis as alternativas variam entre aguardar a brotação, roçar ou fazer o corte antecipado para moagem. O assunto foi discutido na 5ª reunião do Grupo Fitotécnico IAC — Instituto Agronômico, com o tema “Geadas e efeitos climáticos na cultura de cana-de-açúcar”. O evento foi realizado no último dia 30 de agosto no Centro de Cana IAC, em Ribeirão Preto, SP. Existem diversas técnicas aplicadas na prevenção e no combate aos efeitos causados pela geada. Estas podem ser classificadas em preventivas e diretas. Entre os métodos preventivos há os de longo prazo, em geral, mais eficientes do que todos os demais e de médio prazo. As medidas preventivas de longo prazo variam entre cultivo em terrenos bem drenados, livres de acumulação de ar frio e, portanto, pouco propícios para a ocorrência

de geadas, evitar o plantio em baixadas e encostas baixas, em espigões muito planos e extensos, em terrenos de configuração côncava, em bacias fluviais com gargantas estreitas a jusante da lavoura, não deixar vegetação alta e densa, como mata, abaixo da cultura, remover a mata das gargantas a jusante, pelo menos numa faixa de cerca de 100 metros de largura, formando um escoadouro para a saída do ar frio, deixar mata alta ou plantar árvores como o eucalipto

ou outra espécie de porte alto acima das culturas, formando um renque bem fechado para evitar a entrada do ar frio no terreno cultivado e quando houver vales acima da cultura, manter a garganta entre estes vales o mais fechado possível com matas densas e altas, para evitar a entrada de ar frio. Mas ainda existem as medidas preventivas de médio prazo, como conservar o solo da cultura o mais limpo possível de mato e palha durante os meses de inverno.

Danos podem chegar a afetar até 15% da cana-de-açúcar Os executivos de usinas de cana-deaçúcar dos estados de Goiás, Mato Grosso do Sul e de regiões de Minas Gerais e de São Paulo contabilizam as perdas com a geada de julho último. Os danos chegam a afetar entre 10% e até 15% da cana-de-açúcar. Em decorrência da geada registrada em 18 de julho, apenas uma usina de Goiás registrou danos em 17 mil hectares. O impacto deve somar uma perda de 120 mil toneladas de cana na safra. Gestores projetam que cerca de 25% dos canaviais localizados entre Goiás e Mato Grosso do Sul sofreram com os -3C registrados nas noites do final de julho. Em função da geada, usinas enfrentam o risco de ter menor disponibilidade de cana. Para elas, a saída será comprar matériaprima. “Mas se não houver cana para compra, o encerramento da safra será antecipado até para o fim de outubro”, diz o executivo de usina do interior paulista cuja área também foi afetada pela geada de julho e a meta inicial era concluir a safra em novembro. Fora a perda da cana, as usinas enfrentam a queda de produtividade agrícola. “A cana que foi vítima da geada precisa ser colhida antes do tempo e registra altas perdas de produtividade”, diz o diretor de usina em Goiás.

Os executivos das usinas de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e de São Paulo asseguram que não há como proteger a cana de geadas. “É torcer para que esse fenômeno climático não ocorra

novamente”, diz um deles. Atentos aos serviços de meteorologia, os gestores não têm informações sobre previsões de novas geadas em áreas canavieiras dos estados vitimizados pelo fenômeno em julho.

Isto favorece a acumulação da energia solar pelo solo durante o dia, fazendo com que a temperatura caia menos durante a noite e limpar as baixadas sujas a jusante da cultura, manter a cultura bem tratada e adubada, principalmente com potássio, pois plantas mais vigorosas resistem melhor à geada. Existem hoje também métodos diretos, por meio do sistema mecânico como o método de nebulização com máquina termonebulizadora.

Plantio deve ser evitado no inverno na região sul de Mato Grosso do Sul Pesquisadores da Embrapa Agropecuária Oeste afirmam, em um estudo realizado, que o plantio da cana-de-açúcar no inverno deve ser evitado na região sul de Mato Grosso do Sul. O motivo é que os meses de junho, julho e agosto configuram um período de alto risco climático. Portanto, a recomendação é seguir o zoneamento de risco climático para a canade-açúcar em Mato Grosso do Sul, que vai de outubro a abril. Os pesquisadores estudaram o desenvolvimento do plantio da cana-deaçúcar no inverno, levando em consideração água disponível no solo no plantio, deficiência hídrica, temperaturas do solo e do ar favoráveis e risco de geada. Entre as estratégias que podem refletir em maior produtividade, competitividade e sustentabilidade do setor estão o planejamento de longo prazo, a adequação da infraestrutura própria ou terceirização de parte dos plantios e serviços e a maximização dos recursos disponíveis. De acordo com os pesquisadores essas formas aceleram a expansão das áreas agrícolas nas unidades de produção em plantios nas épocas mais adequadas.


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Datagro reduz estimativa de moagem do Centro-Sul Usinas devem processar 597,25 milhões de toneladas, 28 milhões a menos do previsto em maio DA R EDAÇÃO

Usinas de açúcar e etanol do Brasil deverão processar 597,25 milhões de toneladas de cana na atual temporada 2016/17. São 28 milhões de toneladas a menos do que a previsão inicial, realizada em maio, de 625 milhões de toneladas pela consultoria Datagro. A redução se deve ao tempo seco em meses recentes e de baixos investimentos nos canaviais. O Centro-Sul, principal região produtora, que responde por 90 por cento da produção de cana-de-açúcar do Brasil, passou por condições mais secas que o normal em março, abril, início de maio e fim de junho, informou o presidente da consultoria, Plínio Nastari. Consequentemente, a região vai produzir apenas 34,1 milhões de toneladas de açúcar nesse período abril-março, abaixo da estimativa realizada em maio pela consultoria, de 35,2 milhões de toneladas, disse. "Apesar das chuvas no fim de maio e no início de junho, nossas pesquisas estão

mostrando que a cana-de-açúcar tem estado sensível ao tempo seco nos últimos meses," disse Nastari. "Portanto, esperamos que o rendimento seja menor mais perto do fim do período de processamento." O primeiro contrato em Nova York subiu 1,6 por cento na manhã de terça-feira após a Datagro divulgar a nova estimativa a clientes, incluindo comerciantes e grandes consumidores de açúcar. Mas os contratos de

outubro terminaram o dia praticamente inalterados a 19,36 centavos de dólar. Além do tempo seco desacelerando o desenvolvimento da cana, Nastari disse que a menor safra em usinas com problemas financeiros e uma maior infestação de pragas também afetarão a produtividade no CentroSul. De acordo com Plínio, com menos cana, as usinas da região deverão reduzir sua

produção de etanol para 26,1 bilhões de litros nesta temporada, ante 27,8 bilhões de litros estimados em maio. Compensando parcialmente a menor moagem prevista para o Centro-Sul, usinas do Nordeste deverão processar 53,5 milhões de toneladas de cana, ante 50 milhões da previsão de maio. A região deverá produzir 3,3 milhões de toneladas de açúcar, ante 2,9 milhões estimados em maio.


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OS INIBIDOS! Com inibidores dos indesejáveis florescimentos, Biosev consegue manter boa produtividade Cobrindo mais de 32 mil hectares com inibidor de florescimento, Biosev espera resultados positivos no final da safra do segundo semestre de 2016. O florescimento da cana-de-açúcar é uma característica indesejada para a produção que acarreta uma série de prejuízos. A isoporização, por exemplo, diminuiu a densidade e o peso da cultura, onde as perdas agrícolas podem chegar em até 20% da tonelada de ATR por hectare, além de dificultar a extração do açúcar reduzindo o rendimento do processo industrial. O monitoramento anual desse evento, pela equipe da Biosev, ocorre antes e durante o período do florescimento em cada região produtora da empresa. A tomada de decisão no controle é feita com base no modelo de acompanhamento de florescimento dos locais, contemplando as variáveis de clima, época de colheita, variedade da

cultura, altitude e histórico de florescimento dos locais. “Analisando o clima, nem todo ano agrícola é florífero para a região centro-sul. Em média temos 30% a 40% de anos floríferos variando dentro de cada região produtora”, afirma o diretor agrícola da Biosev, Ricardo Lopes. Após a análise severa dos estudos em torno de mais de 30 variedades de cana-açúcar a aplicação aérea do inibidor foi feita em seis usinas cobrindo uma área total de 32.300 hectares. Segundo os colaboradores do projeto, o uso do produto é amplamente difundido dentro do setor sucroenergético sendo uma boa opção para controle do florescimento e isoporização que podem ser completamente inibidos pela aplicação. O prazo para aplicação do produto é curto, em 2016, a aplicação iniciouse em janeiro e foi finalizada em março e os resultados só aparecerão junto com a colheita do segundo semestre. “Ainda não se pode falar em lucros ou prejuízos. Só teremos números no final da primeira colheita do segundo semestre deste ano”, explica Ricardo.

Ricardo Lopes, diretor agrícola da Biosev


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ABALO NA FUSELAGEM Empresas de aviação agrícola também sofrem estilhaços causados pelo estouro da crise LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP

Embora dê sinais de arrefecimentos, os estilhaços da crise do setor sucroenergético ainda estão fazendo estragos. Os resultados negativos não estão prejudicando apenas produtores e usinas, mas também todos os colaboradores indiretos desse setor tão vasto. O setor de aviação agrícola, por exemplo, tem sentido impactos fortes em sua fuselagem. O Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola — Sindag, tem como base todo o território brasileiro. O sindicato representa as empresas de Serviços Aéreos Especializados de Proteção à Lavoura, com o objetivo de proteger ou fomentar o desenvolvimento da agricultura em qualquer de seus aspectos, fazendo a aplicação de fertilizantes, defensivos, sementes, combate a pragas, povoamento de águas e até combate a incêndios, além do comprometimento com a preservação do meio ambiente e saúde da população. Júlio Augusto Kampf, atual presidente

Júlio Augusto Kampf, atual presidente da Sindag

da Sindag, conta que a empresa sempre manteve o crescimento de 7% a 8% ao ano, mas a crise do país e principalmente a crise do setor, fez com que nos últimos dois anos esse número caísse para 5% a 6%. “O mercado todo parou nos últimos tempos. Além da crise, isso pode ser também resultado das questões climáticas no Brasil. Por outro lado, na área de prestação de serviços a nossa companhia registrou um

crescimento de 10% ao ano”, comemora Júlio. O Brasil possui hoje aproximadamente 230 empresas de aviação agrícola e é considerado o segundo maior na frota de aviões, com 2.200 aeronaves registradas. O avião movido a etanol está sendo bem aceito em algumas regiões do país, porém o crescimento se estagnou quando a crise começou. Segundo Júlio o avião a etanol se

adapta melhor em regiões específicas do país, especialmente onde há mais produção de álcool, como por exemplo Mato Grosso, Mato Grosso do Sul. E o maior registro de aviões movidos a etanol está no estado de São Paulo. A empresa Aero Agrícola Santos Dumont, especializada na formação de pilotos agrícolas aponta que o preço médio de uma aplicação aérea, no Brasil, varia de 18 a 50 reais, por hectare voado e pulverizado, dependendo das variáveis, tamanho da lavoura, vazão aplicada e tempo de translado da aeronave da pista até a lavoura. Em pulverizações de líquidos, por exemplo, principalmente inseticida em ultrabaixo volume, na qual a vazão em litros por hectare pulverizado é de 1, 2 ou, no máximo, 10 litros por hectare, pode-se fazer cargas na aeronave Ipanema Emb 201 de 60 ou mais hectares por voo. Sua capacidade de carga é de 600 litros de produto. Assim, o avião Ipanema pode alcançar uma produtividade média de 100 hectares por hora, chegando à marca de mais mil hectares pulverizados em um dia de trabalho. Mesmo com a expansão do mercado para a atividade devido ao crescimento da produção nacional, existem pouco mais de mil pilotos registrados na Anac — Agência Nacional de Aviação Civil, para a aviação agrícola. O número é menor, inclusive, ao de aeronaves cadastradas no país, 1.633.


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Tecnologias de ponta atendem demandas no campo Do plantio ao gerenciamento da frota, soluções e inovações ajudam usinas a elevar a eficiência operacional e a aumentar a produtividade R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

A importância que a cana-de-açúcar vem ganhando principalmente na matriz energética brasileira tem gerado necessidade de novas tecnologias em todas as variáveis do ciclo sucroalcooleiro. Desde a pesquisa e desenvolvimento de novas plantas até a modernização de processos agrícolas e industriais, passando pela capacitação do profissional, o País tem buscado tecnologia de ponta em todos os setores para atender as suas demandas, reforçando assim sua vocação de manter-se na vanguarda tecnológica no cenário canavieiro. Nesta e na próxima página estão alguns exemplos destes esforços.

MPB reduz quantidade de mudas

Novos espaçamentos no plantio A mecanização da colheita está exigindo que as unidades sucroenergéticas busquem novos espaçamentos no plantio de cana, com o objetivo de evitar o pisoteio da soqueira e a compactação da linha da cana. O duplo alternado – conhecido também como sulco duplo ou combinado – está ampliando o seu espaço nos canaviais. Uma das vantagens desse sistema é o menor caminhamento da colhedora que percorre 4.000 metros por

hectare no 0,90 m x 1,60 m ou 4.555 metros no 0,90 m x 1,50 m, que são as medidas mais adotadas no duplo alternado. Apesar de pouco difundido no Brasil, o base larga – que utiliza geralmente o espaçamento 1,80 m ou 2,00 m – tem se tornado também uma boa solução, pois melhora as condições do canavial, facilitando, por exemplo, a canteirização, ou seja, o cultivo exclusivamente na linha da cana.

O desenvolvimento do sistema de Mudas Pré-Brotadas, conhecido como MPB, está criando novas perspectivas para o cultivo de cana-de-açúcar no Brasil. Além de permitir a rápida produção de mudas, o MPB eleva o padrão de fitossanidade e uniformidade do plantio, favorecendo o aumento de produtividade agrícola. Outra vantagem é a quantidade de mudas utilizadas, que tem uma redução de dezoito a vinte toneladas no plantio convencional, para duas toneladas no MPB. O sistema tem sido divulgado mais intensamente desde 2009 pelo IAC – Instituto Agronômico, de Campinas, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

Piloto automático, taxa variada e drone A melhoria do paralelismo nos canaviais, proporcionada pelo piloto automático, tem contribuído para a redução significativa de perdas na colheita mecanizada. Mas, não é só isto. Esse recurso tecnológico – considerado uma vertente da agricultura de precisão – possibilita ainda maior velocidade nas operações e trabalho no período noturno, entre outros fatores que geram ganhos de rendimento. Atividade que está fortemente ligada à agricultura de precisão, a aplicação de insumos em taxa variada, como: calcário, fósforo, potássio, tem gerado resultados positivos, explorando o potencial produtivo de cada área a partir da análise detalhada

Variedades se adaptam às mudanças das necessidades nutricionais. O drone também está se tornando um novo aliado da agricultura de precisão, pois pode identificar a existência de pragas, falhas em lavouras, áreas atingidas por erosão, deficiências hídricas e assoreamento de rios.

Novas variedades estão ajudando o setor a se adaptar às mudanças que estão ocorrendo nos canaviais. Boa adaptação à colheita mecanizada, elevado teor de sacarose, resistência a doenças, como a ferrugem alaranjada, são algumas características dos novos materiais, lançados pelos programas de melhoramento genético

do país nos últimos anos. Pesquisas nessa área estão voltadas também para o desenvolvimento da cana transgênica, que deverá ser lançada em 2018. Outra novidade que começa a ser disponibilizada para o setor é a cana-energia, com elevado teor de fibra, apropriada para a geração de bioeletricidade e para a produção de etanol celulósico.


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Insumos turbinam performance dos canaviais

Ferramentas gerenciam frota e manutenção

Produtividade “transborda” com o gotejamento

Alguns insumos estão ajudando a turbinar a produtividade agrícola dos canaviais. Entre eles, destacam-se os adubos foliares, que fornecem micronutrientes, como: Boro, Magnésio, Zinco, Enxofre, que são importantes para as atividades metabólicas das plantas. Produtos denominados bioestimulantes, como: biorreguladores, ácidos húmicos, aminoácidos, entre outros, também ajudam a elevar a produtividade, pois melhoram a resistência da planta ao estresse hídrico, aumentam a eficiência da adubação, favorecem até mesmo o melhor aproveitamento da matéria orgânica.

A utilização de ferramentas para o gerenciamento em tempo real da frota de caminhões e colhedoras reduz os tempos de fila ou espera, proporcionando uma diminuição significativa de custos do corte, carregamento e transporte em unidades sucroenergéticas. As soluções existentes no mercado incluem desde a comunicação entre máquinas até a conexão com os gestores da empresa, o que possibilita o gerenciamento mais eficiente de todo o sistema. Outro recurso na área de motomecanização são os softwares de gestão da manutenção, que abrangem o gerenciamento dos serviços e de diversos itens, como: combustíveis, lubrificantes, peças, pneus e mão de obra.

Com elevada eficiência energética, o sistema de irrigação por gotejamento é considerado uma tecnologia de ponta que cria condições para que o canavial tenha alta performance em relação à produtividade agrícola. Esse sistema possibilita que a água, juntamente com vinhaça e até mesmo com fertilizantes e defensivos, seja aplicada diretamente na raiz da planta, o que diminui custos com o volume hídrico, energia, insumos e mão de obra. Apesar de exigir um investimento elevado para a sua implantação, o gotejamento torna-se compensador, pois pode aumentar a produtividade em até 200%.


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O FUTURO JÁ ESTÁ AQUI DA REDAÇÃO DA TESTON

No mundo em que vivemos, a correria é constante, as informações são instantâneas e o que era novidade ontem já se tornou ultrapassado hoje. É por isso que as empresas atuais precisam estar sempre cinco passos a frente de seus concorrentes, para que sempre tragam novidade ao mercado. Ao final do expediente, todo executivo que tem nas mãos a responsabilidade da condução de uma empresa, deveria se recostar na sua cadeira, fechar os olhos e pensar o que é que poderia ter feito melhor naquele dia. E, envolvendo o momento da nossa Nação – quando não temos controle da maioria das coisas que compõe o nosso cenário –, quanto mais contemplativo formos, quanto mais planejamento fizermos, maiores chances de vitória teremos. É assim que o Grupo Teston age, e esta é a forma de administrar que dá certo. O diretor do Grupo Teston, o Sr. Paulo Sérgio Teston, fala nesta entrevista sobre como vê o mercado e qual é o diferencial da sua marca para estar tão forte no mercado. “Nosso papel no setor sucroenergético é produzir equipamentos com tecnologia avançada e que atenda todas as necessidades de nossos clientes”, informa. “Quando estamos em fase de desenvolvimento, o nosso dia a dia é avaliar as informações que recebemos sobre a performance que nossos protótipos e produtos têm tido em campo; imaginamos como poderíamos fazer melhor cada segmento da tarefa que nos propomos”. Paulo Sérgio Teston continua: “Os protótipos são testados em nosso dia a dia, e todos os problemas encontrados são trabalhados até que o mesmo seja completamente solucionado, isso leva tempo e muito trabalho. Depois de solucionarmos todos os problemas, testado o equipamento por no mínimo uma safra, só então o projeto passa a ser aprovado com o aval de todos os envolvidos nos testes de campo e também dos engenheiros da fábrica que acompanham o equipamento”. O diretor Paulo Sérgio Teston observa que além da experiência de mais de 20 anos como prestadores de colheita de cana mecanizada para as usinas, a Teston investe fortemente em sua equipe de engenheiros, para que cheguem à perfeição ou perto dela. “Nossos equipamentos foram pensados minuciosamente e testados de forma efetiva em nossas próprias mãos antes de ir ao mercado. Os desenhos iniciais de um transbordo nasce em nosso Campo de Provas próprio com 2.500 hectares plantados com cana e áreas sob prestações de serviço em 10 Usinas do Paraná e no MS; colhemos nestas unidades mais de 4 milhões de toneladas/ano, nas mais variadas condições de solo, declividade e situação de clima diversos”. Está claro que o Grupo Teston sempre apostou na ousadia e no impossível. Paulo Sérgio Teston informa: “Na fase de desenvolvimento confrontamos conceitos, discutimos paradigmas. Nenhuma proposta é definitiva, tudo é questionável, tudo tem que

Novo pavilhão industrial da Teston, com 3 mil m2

ser provado muitas vezes. Algumas vezes nos damos bem, muitas outras, quebramos a cara. Mas este é um momento em que se pode errar, para que, ao final do projeto, possamos ter o prazer de chegar a concepção de um produto espetacular pois, se dá pra imaginar, dá para fazer”. Paulo Sérgio Teston lembra que desde outubro de 2013 está em operação no Campo de Provas a mais nova versão do transbordo de 22 toneladas que será comercializada em 2017. Ele foi submetido a mais de 6 mil horas de trabalho, durante mais duas safras inteiras, antes de entrar em linha de produção. O modelo estará disponível para venda a partir do mês de setembro de 2016.

PRINCIPAIS MUDANÇAS NO MODELO 2017: 1- Peso estrutural de 850 kg mais leve; 2- Capacidade de carga de 850 kg a mais; 3- Maior estabilidade; 4- A altura da máquina foi reduzida em 100 mm; 5- Projetado para atender ao sistema de colheita por GPS e RTK. Estabilidade: neste projeto a Teston centralizou e baixou o centro de gravidade, fazendo com que o transbordo opere com segurança e estabilidade em qualquer tipo de declividade, facilitando as operações de manobras, mesmo sob controle operados por GPS ou RTK. Qualquer bitola: seus eixos foram planejados para trabalhar em qualquer perfil de plantio (1m40 – 1m50 – 0m90 x 1m50 – do tradicional até ao que ainda não existe), isso em um único equipamento. Em 4 horas de oficina seus eixos são ajustados e montados para trabalharem em qualquer bitola. “Você não limitará sua inventividade agrícola por causa da bitola do transbordo que tem em seu parque de equipamentos”, lembra Paulo Sérgio Teston.

Peso: foi reduzido ainda mais o peso. Embora todo o sistema estrutural tenha sido reforçado, testado à exaustão até se assegurarem do ponto de fadiga – muito aquém de sua exposição normal, o modelo 2017 terá 850 kg a menos de peso estrutural e transportará 850 kg a mais de cana. “Já comece a fazer comparações: calcule a economia de combustível por deixar de transportar uns 3 a 4 mil quilos, durante 18 horas de operação/dia em comparação com equipamentos de outras marcas por toda uma safra. Isso faz a diferença no bolso das empresas que optam pela compra dos produtos Teston”, observa Paulo Sérgio Teston. Manobrabilidade e pisoteio: A empresa conseguiu desenvolver neste projeto o menor espaço de giro do mercado. Isto representa rapidez, agilidade e menor pisoteio. O equipamento consegue acompanhar com perfeição e exatidão o rastro do trator, escorregando pouco em terrenos inclinados quando comparado a outros modelos. Em plantio com muitas curvas ele faz a diferença, pois o giro direcional proporcionado pelo sistema de rala é perfeito no acompanhamento da soqueira de cana. Na saída de carregadores sua compactação é mínima. A rapidez na manobra e retorno à maquina podem ser feitas em 30 a 45 segundos, um tempo excelente. Tempo para engate e desengate: o equipamento utiliza o sistema “boca de lobo”. Para executar o engate no trator dá-se marcha à ré, encaixa e clica e o engate está feito. Nada de pino bola com flanges e parafusos, calços de madeira e macaco hidráulico. “Numa operação que pode passar de uma hora fazemos em menos de 5 minutos. Se algum equipamento atolar por perto, o trator desengata, presta o socorro, volta, engata e continua a trabalhar de forma rápida e segura”. Área de segurança operacional: o grau da torre foi projetado para que na operação de transbordamento, o transbordo fique a uma

distância de até 1m10 da carroceria em vez dos 40cm ou 50cm dos concorrentes, evitando acidentes com o caminhão e o próprio transbordo. Na torre existe um dispositivo de trava de segurança para operação de manutenção do equipamento onde se ergue a uma certa altura e faz o travamento das torres para assim poder fazer qualquer manutenção na máquina com muito mais segurança. Manutenção: com a utilização do sistema tandem, com buchas tratadas termicamente, sem rolamentos, sem sistemas de molejo, sem sistemas de pistões e elétricos para dar ré, este transbordo é, de longe, o equipamento de menor custo de manutenção do mercado. Nova fábrica: Paulo Sérgio Teston celebra: “Para abrigar a linha de robótica, construímos um novo pavilhão com 3 mil m², atingindo 10 mil m² de construção e 90 mil m² de pátio, Com este investimento passamos a soldar roboticamente 90% de nossas máquinas, e toda a linha de corte de tubos passa a ser realizada por máquinas de Comando Numérico Computadorizado, o que minimiza erros, garante precisão, constância e qualidade”. “Não importa o sistema de plantio ou de colheita que você esteja usando ou planejando utilizar, na Teston não é o plantio que se adapta às máquinas, mas sim, as máquinas que se adaptam ao seu sistema de plantio. Estamos seguros de lhe oferecer o melhor equipamento do mercado! Os transbordos Teston são os mais econômicos, flexíveis, robustos, produtivos e com o mais belo design”, garante Paulo Sérgio Teston. E finaliza: “Melhor do que o Gigante Teston 22.000, talvez sejam os sistemas que estão sendo projetados para o futuro onde estamos trabalhando desde 2013 para revolucionar o sistema de colheita e transbordamento da cana-de-açúcar”. Teston 44 3351 3500 www.teston.com.br


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Mudanças mexem com desenvolvimento e alocação de variedades Novas demandas estão exigindo seleção de materiais resistentes a doenças, tolerantes ao estresse hídrico e com boa adaptação à mecanização R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

Um canavial diferente está sendo moldado gradativamente pelas mudanças que têm ocorrido no plantio, produção e colheita. Muitas coisas estão ficando para trás por causa das operações mecanizadas e da necessidade de elevação da produtividade. Novas práticas, tecnologias e procedimentos estão sendo adotados do preparo do solo ao corte da cana. Até algumas pragas, doenças e plantas daninhas, que não costumavam frequentar as áreas de cana, acabaram invadindo os canaviais. Nem o período de safra continua o mesmo. Em nome da busca da excelência – e da redução de custos –, um novo tempo abre espaço e cria perspectivas promissoras para inovações tecnológicas. E isto tudo mexe, de maneira incisiva, com as variedades –

incluindo desenvolvimento e alocação – e as técnicas de manejo da cultura. As demandas, geradas pelas mudanças nas áreas de cana, estão sendo incorporadas ao processo de desenvolvimento e seleção de novas variedades, afirma o engenheiro agrônomo Roberto Giacomini Chapola, que é pesquisador do PMGCA/UFSCar – Programa de Melhoramento Genético da Cana-deAçúcar da Universidade Federal de São Carlos, campus de Araras. “Exemplo disso tem sido o trabalho para seleção de variedades resistentes à ferrugem alaranjada, doença detectada no Brasil em 2009” – observa. Segundo ele, um fator determinante para que uma variedade permaneça entre as mais cultivadas é a resistência às principais doenças. “Materiais suscetíveis apresentam menor longevidade e, consequentemente, reduzem a rentabilidade do produtor”, enfatiza Roberto Chapola que possui mestrado e doutorado em Fitopatologia pela Esalq/USP – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo, de Piracicaba, SP. Além disso, as pesquisas têm procurado desenvolver variedades com características que proporcionam – avaliam especialistas da área – elevada produtividade, adaptação à mecanização, tolerância ao estresse hídrico, entre outras.

Roberto Giacomini Chapola, pesquisador da UFSCar

Plantio mecanizado e duração da safra interferem no manejo Mecanização da colheita, presença da palha, o surgimento de novas plantas daninhas, pragas e doenças em decorrência das mudanças no processo de produção de cana-de-açúcar têm interferido na escolha de variedades. Mas, não é só isto. Está ocorrendo um processo contínuo de alteração e ampliação da lista de fatores que exigem avaliação criteriosa no manejo varietal.

Diversos fatores estão exigindo avaliação cada vez mais criteriosa durante o processo de escolha de variedades A mecanização do plantio e o aumento do período de safra, entre outros aspectos, têm influenciado a alocação de variedades – destaca Roberto Chapola. O ambiente de produção, longevidade e produtividade de TAH (tonelada de ATR por hectare) também devem ser considerados na hora de definir quais variedades serão utilizadas na reforma ou mesmo em áreas novas de cana – afirma Valter Sticanella, gerente agrícola da Usina Jacarezinho (Grupo Maringá), localizada no município do mesmo nome no Paraná. De acordo com Hermes Augusto

Guimarães Arantes, gerente da Divisão Agrícola da usina Bevap – Bioenergética Vale do Paracatu, de João Pinheiro, MG,

outras características precisam ser observadas: brotação pós- colheita, acamamento, quantidade produzida de

palha no campo, teor de fibra, resposta a maturadores químicos e velocidade de crescimento. (RA)


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Definição correta dos ambientes de produção é essencial Para que a alocação de variedades seja realizada de maneira adequada é preciso ter a carta de solos e, consequentemente, os ambientes de produção bem definidos – afirma Valter Sticanella, da Jacarezinho. É necessário também contar com informações precisas sobre o desempenho das variedades em cada ambiente – observa.

Implantação de campos experimentais regionais é medida importante para a obtenção de resultados positivos O conhecimento da reação dessas variedades às principais doenças que ocorrem na região de cultivo é outro aspecto a ser considerado, diz Roberto Chapola, pesquisador da UFSCar. Para que o manejo seja bem-sucedido – ressalta –, a colheita deve ser realizada nas épocas recomendadas pelos programas de melhoramento. Uma medida importante para a obtenção de resultados positivos no manejo varietal é a implantação de campos experimentais regionais, que possibilitem a

Hermes Augusto Guimarães Arantes, gerente da Divisão Agrícola da Bevap, MG

seleção de clones e ou variedades mais adaptados, enfatiza Hermes Augusto Guimarães Arantes, gerente agrícola da Bevap. Localizada no município de João Pinheiro, na região do Vale do Paracatu no Noroeste do estado de Minas Gerais, essa usina tem convênios com três importantes

instituições (Ridesa, IAC, CTC) para a realização de experimentos em diversos campos de competição de variedade e introdução de novos clones – informa. Procedimento semelhante é adotado – inclusive com os mesmos parceiros – pela Usina Jacarezinho para a avaliação de novas variedades. (RA)

RB é predominante na maioria dos canaviais As variedades desenvolvidas pelos programas de melhoramento genético das universidades federais que fazem parte da Ridesa - Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético, conhecidas como RB, são predominantes na maioria dos canaviais brasileiros. No censo de 2015 realizado em São Paulo e Mato Grosso do Sul as RB tiveram participação de 65% tanto em áreas de plantio como em área total – informa Roberto Chapola. “A tendência é que em 2016 essa predominância continue, com boa participação das variedades RB966928, RB867515, RB92579, RB855156, RB855453, RB975201, RB965902, entre outras”, observa. (RA)


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Reposição de nutrientes favorece rendimento elevado

Ridesa libera materiais competitivos e resistentes As instituições de pesquisa e as empresas que desenvolvem variedades de cana-de-açúcar estão cada vez mais atentas às exigências do setor. Com o objetivo de disponibilizar novos materiais para serem utilizados ao longo da safra nos mais diferentes ambientes, a Ridesa lançou em novembro dezesseis variedades que foram desenvolvidas por sete universidades entre as dez que fazem parte da Rede.

“Esses materiais são competitivos e resistentes às principais doenças. Além disso, todos foram avaliados em diferentes condições de solo e clima, em ensaios conduzidos por até quatro cortes e apresentaram excelentes resultados, especialmente nas soqueiras, inclusive em colheita mecanizada. Portanto, são variedades com boa longevidade de cortes e adaptadas à mecanização”, comenta Roberto Chapola, da UFSCar. (RA)

A adubação adequada é outro importante aspecto para que as variedades apresentem elevada performance. Na avaliação de Valter Sticanella, até agora ocorreram poucas mudanças por causa da colheita de cana crua. “Apenas elevamos a dose de nitrogênio e diminuímos a de potássio”, diz. Segundo ele, o que precisa ser feito, no entanto, é um estudo mais aprofundado para calibrar os nutrientes com mais informação e conhecimento sobre o que está acontecendo com as mudanças no processo de produção. “Neste novo ambiente, temos uma nova interação de agentes biológicos do solo” – comenta. De maneira geral, especialistas observam que a reposição dos nutrientes na cana, além de contribuir para o rendimento mais elevado do canavial em toneladas por hectare, desempenha também papel importante para aumentar a longevidade e melhorar os índices de ATR e POL da matéria-prima. O manejo adequado da adubação não depende apenas da análise do solo. Podem ser utilizados, para uma avaliação com maior precisão, outros recursos, como análise foliar, histórico e potencial da lavoura instalada. A adubação correta não deve se restringir – afirmam técnicos – à preocupação com o uso de nitrogênio (N) e potássio (K). Há necessidade também de atenção especial com a reposição de outros nutrientes, o que inclui a aplicação de cálcio (Ca) e magnésio (Mg) via calagem, e fósforo (P), enxofre (S) e micronutrientes via fertilizantes. Para a otimização da adubação, Hermes Arantes, da Bevap, destaca que existe a necessidade de desenvolvimento de implementos mais adaptados às condições dos canaviais devido a presença da palha. (RA)


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Performance depende da adoção de práticas adequadas O planejamento adequado da colheita é essencial para que possam ser aproveitadas, da melhor maneira possível, as características positivas das variedades em relação à produtividade. Se isto não for feito, parte do trabalho de manejo da cultura poderá ser desperdiçado. “É preciso colher as variedades no momento de máximo TAH (tonelada de ATR por hectare)”, destaca Valter Sticanella.

Cuidados devem ser observados em todas as etapas do processo de produção para que as variedades possam expressar o seu potencial Para que as variedades de cana-deaçúcar tenham um desempenho de acordo com o seu potencial, o gerente agrícola da Jacarezinho ressalta que os cuidados devem ser adotados desde a implantação do canavial até a colheita. Nutrição adequada – levando-se em conta as necessidades de cada ambiente de produção –, atenção com tratos culturais, colheita com qualidade e tráfego controlado pelo RTK fazem parte da lista de recomendações de Valter Sticanella.

Valter Sticanella, gerente agrícola da Usina Jacarezinho

Preparo e correção do solo, controle de pragas e plantas infestantes, formação de viveiros e uso de mudas sadias também são fundamentais para que os canaviais tenham alta performance, segundo Roberto Chapola, da UFSCar. “Outro fator essencial é colher a cana sem que o solo apresente excesso de umidade e sem pisotear a

soqueira”, comenta. Para situações específicas, a utilização de algumas tecnologias torna-se decisiva para que as variedades apresentem bom desempenho. No caso da Bevap, a irrigação tem sido determinante para a obtenção de resultados satisfatórios. “A nossa situação climática é muito

crítica, com evapotranspiração chegando a 8 mm/dia. Sem a irrigação, a lavoura tem potencial produtivo abaixo de 30 toneladas por hectare (TCH)”, diz Hermes Arantes. Com o uso da irrigação, os canaviais da Bevap conseguem, em média, uma produtividade de 89,2 TCH e uma longevidade de 4,8 anos. (RA)


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Manejo integrado desperta interesse de usinas e destilarias R ENATO ANSELMI,

DE

CAMPINAS, SP

A maioria das unidades sucroenergéticas prefere utilizar o MIP Manejo Integrado de Pragas do que usar exclusivamente o controle químico devido ao menor custo desse sistema que reúne diversas técnicas voltadas à redução da população de insetos, quando se torna praga e atinge o nível de dano econômico. Na cultura da cana-de-açúcar tem sido utilizado com sucesso o controle biológico para combater a cigarrinha da raiz, a cigarrinha da folha e a broca da cana, além da técnica do feromônio sexual para o controle do migdolus. As usinas e destilarias não usam o manejo integrado com maior frequência, porque não existem métodos de controle para outras pragas, que possam substituir o químico, afirma José Maurício Simões Bento, professor do Departamento de Entomologia e Acarologia da Esalq/USP – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo, de Piracicaba, SP. Além das vantagens econômicas, o

MIP proporciona ganhos ambientais, pois evita a contaminação, gera menos resíduo, preserva inimigos naturais que vão se tornar úteis para o manejo, ajudando a controlar pragas – diz. Há ainda os benefícios sociais, pois o manejo integrado torna-se um aliado da saúde dos trabalhadores, que ficam menos expostos aos riscos que podem ser proporcionados pelo manuseio e aplicação de produtos químicos. Estão sendo desenvolvidos atualmente estudos e experimentos para o controle do bicudo da cana, o Sphenophorus levis, com o uso de fungos entomopatogênicos – informa. “Mas, ainda não se tem uma metodologia estabelecida com a eficiência esperada”, observa. Outra novidade voltada ao controle de pragas, que evitará a utilização de agroquímicos, deverá ser lançada em 2018 pelo CTC – Centro de Tecnologia Canavieira. Trata-se da variedade transgênica resistente à broca da cana que exigirá menor uso de inseticidas, proporcionando também economia de máquinas, combustível e água.

José Maurício Simões Bento, do Departamento de Entomologia e Acarologia da Esalq/USP


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Controle biológico em cana-de-açúcar é considerado modelo As usinas reconhecem que os custos do controle biológico, que são variáveis de uma unidade para outra, são menores em comparação ao controle químico, observa Maurício Bento, professor da Esalq. A partir do momento em que se deixa de utilizar um controle químico ou mesmo a realização de outro tipo de aplicação, há uma economia no consumo de produtos, mão de obra, equipamentos, manutenção de máquinas – detalha. “As áreas que apresentam nível de controle geralmente são extensas. Quando se deixa de fazer uma aplicação, a economia é muito grande” – ressalta. O manejo integrado é o uso de uma ou mais técnicas combinadas – explica o professor da Esalq. “Podem ser utilizados o controle químico, o biológico, por comportamento com feromônio, por resistência de plantas, incluindo plantas transgênicas” – diz. Segundo ele, a ideia é fazer o uso racional de produtos químicos. “Muitas vezes não se consegue eliminar na safra algumas aplicações. Mas, se a usina reduzir o número de aplicações e, em algumas situações até eliminar, a economia é bastante significativa”, afirma. O controle biológico em cana-de-açúcar é considerado modelo em relação ao uso dessa estratégia de controle de pragas na agricultura – enfatiza Maurício Bento. A cana-de-açúcar utiliza, por exemplo, o controle biológico com o uso de vespas

Vespinhas e fungos geram economia no controle de pragas

(cotesia flavipes) para a broca da cana, fungos (metarhizium anisopliae) para a cigarrinha da raiz no Centro-Sul e para o controle da cigarrinha da folha no Nordeste. “Estes são casos clássicos de uso do

controle biológico com alta eficiência e com grandes benefícios para a cadeia produtiva da cana”, comenta. O controle biológico tem sido extremamente eficiente para combater essas

pragas. “Eventualmente em algumas situações específicas há necessidade do uso do controle químico, como em casos excepcionais quando há um surto muito elevado ou dificuldades para se conseguir o inimigo natural em determinada região”, exemplifica. Atualmente o acesso às vespinhas e aos fungos tem se tornado mais fácil devido ao aumento no mercado de empresas que estão comercializando esses inimigos naturais. Outra opção tem sido a produção própria de vespinhas e de fungos em laboratórios de usinas. De maneira geral, se o controle biológico for bem conduzido e feito corretamente, não há necessidade de controle químico. Está mais do que comprovado cientificamente que esse método funciona muito bem para o combate dessas pragas – ressalta. Outra técnica bem-sucedida no manejo integrado de pragas é voltada ao controle do migdolus – besouro que ataca o sistema radicular. Neste caso, ocorre o emprego do feromônio sexual que é uma substância química que a fêmea libera para atrair o macho para acasalamento. Este feromônio foi identificado por um grupo da Esalq, coordenado pelo professor Maurício Bento, na década de 90. “É uma forma de controle sem o uso de inseticida, bem conhecida pelas usinas e destilarias, sendo utilizada para fazer o monitoramento e a coleta massal”, diz. (RA)


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Empresa pode creditar gasto com produção e cultivo de cana, diz Carf DA R EDAÇÃO

As indústrias do setor sucroenergético podem usar os gastos no cultivo de cana-deaçúcar, que servem de insumo produtivo, para creditamento de PIS e Cofins. Assim entendeu a 4ª Câmara do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais — Carf ao dar, por maioria de votos, parcial provimento ao recurso de uma empresa (não divulgada pelos advogados) e anular parcela do crédito tributário relativa à reversão de todas as glosas de serviços agrícolas e compra de óleos e graxas. O tributarista e ex-conselheiro do Carf, Fábio Calcini, sócio do escritório Brasil Salomão e Matthes, explica que esse entendimento garante o creditamento, não só dos gastos incorridos na produção direta de açúcar e álcool, mas também no cultivo do insumo. O recurso voluntário foi apresentado pela empresa para que o acórdão da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Ribeirão Preto, SP, fosse reformado. Em primeiro grau ficou mantido o Auto de Infração, lavrado por causa de créditos vindos de descontos sobre a aquisição de serviços para o cultivo de cana-de-açúcar e da suposta omissão de receita sujeita à incidência de PIS e Cofins. O Fisco afirma que a empresa registrava contabilmente, em conta do passivo, o IPI a pagar por causa da venda de cana-de-açúcar,

Fábio Calcini, advogado

mas não o declarava ou o recolhia. Argumentou que à medida em que a fiscalização perdia o direito de cobrar os débitos contabilizados, a empresa dava baixa nas obrigações tributárias não pagas e as deduzia na apuração do lucro líquido, mas não as adicionava na determinação do lucro real, ficando demonstrado que não se tratavam de provisão, mas de obrigação de IPI frente ao Fisco. Argumenta ainda o Fisco que a empresa aproveitou indevidamente créditos das contribuições para o PIS e a Cofins calculados sobre gastos relacionados ao cultivo da cana destinada à produção própria de açúcar e álcool. Para a fiscalização, os custos citados não geram créditos de PIS e Cofins porque não podem ser classificados como gastos com insumos. Isso porque a produção não tem similaridade com a fabricação de açúcar e álcool, que são produtos resultantes do processamento industrial da cana colhida na lavoura. Já a empresa apontou que as leis 10.637/2002 e 10.833/2003 são claras ao definir que as receitas referentes às “reversões de provisões e recuperações de créditos baixados como perda, que não representem ingresso de novas receitas”, estão fora da base de cálculo do PIS e da Cofins. Disse ainda ser um absurdo a afirmação de que a baixa contábil resultaria em acréscimo patrimonial, pois o simples registro do montante não mudou em nada seu patrimônio.


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Usinas podem ser beneficiadas com recente decisão do Carf A recente decisão do Carf — Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, de reconhecer o direito da agroindústria canavieira de creditar PIS/Cofins dos insumos aplicados na lavoura de cana traz alívio às unidades que já adotam o procedimento. Além disso, técnicos jurídicos acreditam que 30% das usinas que exploram sua atividade na modalidade da agroindústria e ainda não se beneficiam dos créditos referentes aos insumos aplicados na lavoura de cana-de-açúcar poderão fazê-lo. “O principal ponto de discussão é a definição de insumo para efeito de PIS/Cofins. O Fisco entende que o conceito de insumo se aplica somente a matéria-prima, material secundário e produto de embalagem, tal qual é a

definição do ICM e IPI”, explica Paulo Pinto, da Diretriz Consultoria. Paulo argumenta que insumo é todo tipo de bens e serviços necessários para o desenvolvimento do processo produtivo, e que com isso o entendimento do Fisco está incorreto. Ele também afirma que na agroindústria canavieira ainda há outro questionamento errôneo do Fisco, que entende que a lavoura de cana-de-açúcar não é parte inerente do processo produtivo. Porém, tendo o Carf recentemente decidido favoravelmente à uma usina do Grupo Alto Alegre, um precedente foi aberto para que outras unidades também possam ser favorecidas com a definição correta sobre insumos, tendo seus direitos de crédito aplicados na lavoura, também reconhecidos.

Paulo Pinto: “30% das usinas poderão se beneficiar dos créditos”

Créditos de PIS e Cofins ficaram vinculados ao uso legal dos insumos Em relação aos créditos de PIS e Cofins a 4ª Câmara do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais — Carf afirmou que a única condição imposta pelo legislador para a apuração dos valores foi que os insumos sejam usados na produção ou fabricação dos produtos destinados à venda, sendo irrelevante que sejam consumidos ou que tenham sofrido desgaste pelo contato direto com o produto produzido, o que é característica para incidência de IPI. O Carf explicou que a empresa, mesmo vendo a norma como inconstitucional e não pretendendo pagá-la, deve sempre contabilizar os valores da obrigação legal no passivo pelo regime da competência na época do

fato gerador. A exceção, observa o conselho, seria a existência de um provimento judicial definitivo autorizando a atitude. O colegiado demonstrou que as contas de tributos a pagar são obrigações legais de valor e prazos certos, não sendo consideradas provisões e devem ser registradas como obrigações pelo regime de competência. Assim, não é possível sua reversão para exclusão da base de cálculo das contribuições não cumulativas. A 4ª Turma destacou ainda não ser válido o argumento da empresa, de que a baixa dos valores das obrigações por causa da decadência não representaria o ingresso de novos recursos tributáveis pelo PIS e pela Cofins.

“A decadência do tributo, tal como o perdão de uma dívida, representa um acréscimo patrimonial para o devedor, cuja consequência é o nascimento da capacidade contributiva. A extinção do crédito tributário pela decadência constitui uma receita, que não pode ser qualificada como financeira, vez que não decorre de ganho em face da disponibilidade de recursos para terceiros em certo período de tempo, o que a caracteriza como uma receita tributável pela Cofins e pelo PIS”, escreveu a conselheira Maria Aparecida Martins de Paula, relatora do caso. A relatora seguiu o entendimento do colegiado sobre a aceitação dos créditos relativos a bens e serviços usados como insumos que são

essenciais ao processo produtivo ou à prestação de serviços, ainda que neles sejam utilizados indiretamente. Ela ainda citou que a fase agrícola também é parte do processo produtivo, para aproveitamento de créditos das contribuições sociais não cumulativas. Diante da falta de comprovação, pela empresa, de que certos gastos seriam vinculados e essenciais ao cultivo da cana-de-açúcar, algumas glosas das aquisições de óleos e graxas foram mantidas. Já as comprovadas foram revertidas. Sobre os serviços agrícolas, todas as glosas foram revertidas, pois esses serviços foram considerados pelo Carf como essenciais e pertinentes ao cultivo da cana-de-açúcar.


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ADMINISTRAÇÃO & LEGISLAÇÃO

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Falta de credibilidade é a principal geradora da crise LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP

O país e o setor começam a enxergar as primeiras luzes do fim do túnel, mas ainda sofrem com a falta de credibilidade. Esta é a opinião de André Silva, gerente de capital humano na S4B – Solutions for Business. Esta desconfiança é a grande geradora da crise, afirma. Um passo importante para sair da crise foi dado com a formação da nova equipe econômica. De acordo com André Silva, a mudança foi bem aceita, principalmente por este ser um time de técnicos no tema e não políticos, garantindo crédito frente ao mercado. André Silva, 14 anos de experiência na área de Recursos Humanos e pós-graduado em Gestão de Pessoas, afirma que o país começou a vivenciar melhorias em perspectiva a partir das últimas análises e prognósticos desenvolvidos pelas agências econômicas e investidores. — Com certeza, a definição da crise política, com o impeachment da Presidente Dilma juntamente com as eleições municipais darão um novo horizonte para o

país —, comenta o empresário, e complementa: “Teremos um ano de 2016 para esquecer, com PIB em queda (em torno de -3,3%) e 2017 para voltar ao plumo, e quem sabe fazer um resultado positivo, com o PIB por volta de 0,5%”. André Silva está palestrando sobre o tema no Workshop Temático do Gerhai — Grupo de Estudos em Recursos Humanos na Agroindústria neste 23 de agosto na Fenasucro & Agrocana 2016, em Sertãozinho, SP. O workshop é realizado em parceria com o Ceise — Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis. O setor agrícola teve sua importância majorada no PIB de 2015, explica André Silva. Entretanto, para ele, o segmento ainda sofrerá bastante com o momento atual. Como exemplo, ele lembra que a fatia do PIB do agronegócio que representava 21% em 2014 saltou para 23% no ano passado. — Alguns números de nossa economia evidenciam uma melhora lenta e gradual na indústria geral, sinalizando que a queda acentuada que experimentamos ficou para trás. Pensamento positivo e muito trabalho, é o que precisamos —, explica André.

André Silva, gerente de capital humano

Momento é de precaução para os CEO’s das empresas Além das tristezas causadas pela queda na produção, corte de empregos que afetam famílias inteiras, há o desafio de manter a estrutura organizacional e fluxo de caixa no verde, visto que parte dos grandes problemas deste momento foi criado pela forma enviezada como os líderes olham para a crise e a retransmitem. Para Henrique Augusto Gomes, também gerente de capital humano, na S4B – Solutions for Business, consultor, coach e palestrante especializado no desenvolvimento humano e organizacional, falar a verdade em qualquer ambiente e situação não é apenas importante, é fundamental. Tentar colocar panos quentes como se nada estivesse acontecendo é considerado impossível hoje com tanta informação, observa; ele aponta algumas ações que os líderes podem e devem tomar para diminuir a ansiedade, o medo e a paralisia profissional. Uma delas é ter uma comunicação clara e transparente. “A falta de informação produz tanta ansiedade e preocupação que se transforma em problemas físicos nos colaboradores, causando diversos males”. E continua: “O colaborador, por sua vez, evita ir ao médico, com medo de entrar em uma possível lista de corte, mas ao chegar no trabalho comenta com outros e isto gera um clima desfavorável e preocupante”. Por motivos como o escrito acima o responsável deve manter uma linha de comunicação clara e eficiente. “Não espere a “rádio peão” trazer informações. Leve você informações a todos, inclusive aos organizadores da rádio peão. Se possível formalize em comunicados e reuniões periódicas”, orienta o especialista. Outro fator essencial é ter propósito claro e definido. Sem um propósito as

pessoas trabalham pelo dinheiro, pela necessidade comercial, mas isso não provoca engajamento, ainda que crie compromisso. “Neste momento é importante manter a energia da equipe naquilo que queremos obter e não naquilo que afeta sua

moral”. Os líderes precisam resolver problemas e não gerá-los, explica Henrique. Henrique Augusto Gomes finaliza afirmando que o líder é responsável por compartilhar esta visão, este propósito,

criando um contraponto com todo o pessimismo que se vê nos meios de comunicação. São nestes momentos difíceis e de grande desafio, inclusive moral, que os verdadeiros líderes mostram quem são e a que vieram. (LB)


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Novas soluções reduzem custo de enzimas para etanol 2G Crescem os experimentos voltados ao aumento da eficiência do processo de hidrólise da biomassa R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

Apesar de estar ainda dando os seus primeiros passos no mercado sucroenergético, a tecnologia de produção de etanol de segunda geração já tem alguns desafios que precisam ser superados. Um dos principais é conseguir um custo competitivo em relação ao etanol de primeira geração. Existe hoje um grande esforço que inclui a realização de estudos, pesquisas e experimentos, visando tornar o processo de produção de etanol celulósico cada vez mais eficiente e viável economicamente. Para isto, está sendo necessário, por exemplo, criar condições para a produção de enzimas com preços mais acessíveis. Novas soluções nessa área estão derrubando barreiras que têm atrapalhado a decolagem do etanol 2G. O CTBE – Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol, localizado em Campinas, SP, conseguiu em sua pesquisa a diminuição do custo da enzima para menos de US$ 0,10 por litro de etanol, beirando US$ 0,05 por litro, a partir da melhoria dos microorganismos, dos coquetéis e do processo de produção. Estudos nessa área revelam que o custo da enzima estava, até pouco tempo atrás, em torno de US$ 0,20 por litro de etanol que é considerado um valor bastante elevado. A tecnologia do CTBE adota para a

Produção integrada de enzimas na planta da Alemanha

fabricação de enzimas o sistema conhecido como produção on site, que utiliza toda a infraestrutura da usina, incluindo utilidades (eletricidade, vapor) e matérias-primas, como: bagaço, caldo, melaço de cana. O processo já foi testado em escala semi-industrial, na PPDP – Planta Piloto para Desenvolvimento de Processos do

CTBE. O próximo passo será a avaliação dessa tecnologia em ambiente industrial. Outras instituições brasileiras também desenvolvem pesquisas visando a obtenção de coquetéis enzimáticos para a desconstrução da biomassa. Uma delas é a Universidade de Caxias do Sul, que trabalha desde os anos 1980 com um fungo isolado do

intestino de um inseto, obtendo inclusive uma linhagem eficiente na produção de um coquetel enzimático para etanol 2G. Empresas que atuam no mercado mundial de enzimas – como a Clariant, Novozymes e DSM – têm também desenvolvido soluções para a hidrólise da biomassa de cana-deaçúcar.

Tecnologia integra etapas e componentes do processo de produção As alternativas para a obtenção de enzimas eficientes e econômicas podem ocorrer por meio de pacotes tecnológicos completos voltados à produção de etanol de segunda geração, como é o caso da tecnologia sunliquid disponibilizada pela Clariant, com sede mundial na Suíça. Esse processo inclui pré-tratamento, produção de enzimas e fornecimento de leveduras adequadas para fermentação dos açúcares C5 e C6 no mesmo fermentador.

Empresa disponibiliza pacote que inclui enzimas desenvolvidas especificamente para o bagaço – e também para a palha – de cana “O que diferencia a tecnologia da Clariant é uma integração de todas as etapas e dos componentes para produção de etanol

2G. Os outros processos foram desenvolvidos com dois, três ou quatro fornecedores de tecnologias que estão tentando se integrar para conseguir uma solução no final”, explica Martin Mitchell, gerente de desenvolvimento de negócios para as Américas da empresa. Segundo ele, a Clariant decidiu desenvolver o pacote completo e integrado, desde o primeiro dia quando começou a atuar nessa área em 2005. A empresa possui uma planta pré-comercial do processo sunliquid, voltado para a produção de etanol celulósico, em Straubing, na Alemanha. A tecnologia para produção de enzimas da Clariant permite avaliar, de forma rápida, em torno de cem mil tipos de enzimas e testá-las no bagaço de cana para descobrir quais são mais eficazes para hidrolisar essa biomassa. Após anos e anos fazendo isto, consegue-se cada vez mais a otimização dos coquetéis – destaca. “Temos enzimas desenvolvidas especificamente para bagaço – e também para a palha – de cana no Brasil. Não oferecemos enzimas que vão funcionar mais ou menos com todos os tipos de biomassa”, esclarece. (RA)

Armazenamento e manuseio de bagaço em planta alemã


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Projeto de biodiesel no Brasil está se reerguendo LUIZA BARSSI DE VALINHOS, SP

A ideia inicial do projeto biodiesel era tornar o Brasil o maior fornecedor de combustíveis renováveis do mercado mundial. O projeto que se formou com o governo Lula perdeu as forças no governo Dilma Rousseff. Agora, parece que está se reerguendo, nesta nova guinada política. Ainda que lentamente, dá alguns sinais de renascimento. Em visita ao Pará em 1999, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil teria os requisitos necessários para ser o maior fornecedor de combustíveis renováveis do mercado mundial e que o seu

governo iria transformar o biodiesel na segunda maior matriz energética brasileira. “Produzir o biodiesel é uma forma de tornar o Brasil mais independente das necessidades do petróleo, que um dia pode acabar. Este projeto é vital para garantir ao país um pouco mais de independência aos olhos do mundo, na medida em podemos ser um grande exportador de biodiesel", afirmou Lula à época. No seu primeiro mandato como Presidente Lula apoiou o biodiesel e chegou a participar da inauguração da fábrica contígua à Barrálcool, no MT. Mas seu segundo governo encantou-se com os royalties e dividendos do Pré-Sal e o biodiesel foi relegado a outros e últimos planos. O biodiesel foi tão importante nos

governos de Fernando Henrique Cardoso e Lula que deu origem a um programa nacional. Na sua esteira, muitos países no mundo adicionaram porcentagens de biodiesel ao seu diesel, para reduzir emissões poluentes na atmosfera. Para o setor sucroenergético este despertamento foi interessante, pois o óleo de mamona, soja e outras culturas podem (e precisam, no geral) ser adicionados ao etanol (que é combustível mais eficiente) para este se tornar o biodiesel que será adicionado no final do diesel fóssil, advindo do petróleo. Desde o início do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel — PNPB, o Brasil produziu 8,2 milhões de m³ de biodiesel. O programa, durante os 7

primeiros anos, reduziu as importações de diesel em um montante de US$ 5,3 bilhões, ou R$ 9,5 bilhões ao câmbio de 1,80, contribuindo positivamente para a Balança Comercial brasileira. Essa é uma das vantagens econômicas, além do agronegócio que está vinculado ao biodiesel e abrange a produção de matérias-primas e insumos agrícolas, dando assistência técnica, financiamentos, armazenagem, processamento, transporte e distribuição. Juntas essas atividades geram efeitos multiplicadores sobre a renda, emprego e base de arrecadação tributária e alavancam o processo de desenvolvimento regional, o que pode ser potencializado, a médio prazo, com as exportações desse novo combustível.

“Brasil trocou o modelo Arábia Saudita Verde pelo modelo Venezuela” O diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura — CBIE, Adriano Pires lembra que o projeto inicial de biodiesel tinha como bandeira no setor sucroenergético o estímulo a aumentar o consumo de energia renovável no país. Para garantir sua funcionalidade foram criados os incentivos ao consumo de etanol e o Programa Nacional do Biodiesel. Porém, de acordo com ele, o projeto foi levantado dentro da lógica errada de que a energia viria de mamonas, dendê e soja que se originariam em pequenas propriedades rurais. “E este foi o primeiro erro do então governo para a quebra do programa”, observa. Entretanto, para Adriano Pires, o projeto já esteve pior do que está hoje. “O erro inicial foi a puxada de tapete que o governo deu nos investidores e nas fábricas logo após a criação do programa”, explica. A partir de 2008, com o anúncio do Pré-Sal, o governo trocou o modelo “Arábia Saudita Verde” pelo modelo “Venezuela”, esquecendo o etanol, esquecendo o biodiesel, priorizando no petróleo. Esse sistema durou um grande período até a chegada de Dilma Rousseff ao

poder. A partir dali várias empresas foram fechadas e outras prejudicadas, lembra Adriano Pires. O marco regulatório do biodiesel foi esquecido e a mistura do diesel que deveria aumentar gradativamente ao longo do tempo, dando continuidade ao programa, não aconteceu. Hoje permanecem as empresas integradas que produzem biodiesel através da soja ou do sebo do boi. “Agora com o fim do governo Dilma, foi aprovado o novo marco regulatório onde a mistura vai crescer e onde tem boas safras de soja pode até aumentar a mistura no diesel. Isso trouxe novos ares ao setor sucroenergético”, acredita Adriano Pires. “Paralelamente à situação trágica da Petrobras o governo não controla mais o preço da gasolina, fazendo com que o biodiesel seja competitivo ao diesel”, lembra Pires. E finaliza: “Creio que tanto o etanol como o biodiesel devem ter nos próximos anos, ao contrário dos governos passados, um bom momento. O mundo está cada vez mais preocupado com a questão do biodiesel e ainda vamos passar por mais desafios”. (LB)

Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura


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Espera-se adição de 10% no biodiesel até 2017 O renomado físico e ativista ambiental José Goldemberg, afirma que o congelamento dos preços da gasolina e derivados do petróleo em 2008 prejudicou o projeto biodiesel, bem como o programa do álcool. “Foi preciso que a Petrobras direta ou indiretamente subsidiasse o biodiesel para que ele pudesse competir com o diesel do petróleo”, comenta Goldemberg. Mesmo assim os planos para adicionar 10% de biodiesel ao diesel de petróleo ficaram distantes de alcançar seus objetivos. Uma das razões para isto é que a maior parte do biodiesel no Brasil é feito com soja, uma “commodity” cujo preço é fixado pelo mercado internacional. “A medida mais eficaz seria aumentar a porcentagem de contribuição da Cide — Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, o que beneficiaria também o programa de etanol da cana-de-açúcar e está sendo considerado pelo atual Governo. Com isso as condições de competitividade do biodiesel aumentariam”, sugere o secretário, sem receio da observação ser apontada como antipopular. Entretanto, segundo o MME — Ministério de Minas e Energia, o projeto do biodiesel está avançando a pleno vapor neste ano. O MME informa que em março foi elevada a porcentagem de mistura de biodiesel ao diesel e garante que está fazendo estudos e definições necessárias para aumentar a produção e, principalmente, o consumo do produto.

José Goldemberg, Secretário Estadual de Ciência e Tecnologia

O MME anunciou no Diário Oficial, no dia 20 de junho, a criação do Grupo de Trabalho que desenvolverá ações necessárias para a realização de testes e ensaios em veículos e motores para validar

a elevação da mistura de biodiesel ao óleo diesel, em percentuais superiores aos atuais 7%. A Portaria nº 262/2016 define que o MME coordenará o Grupo de Trabalho e

estabelece prazos máximos para a conclusão dos testes que deve ir até 23 de março de 2017, para a adição de 10% - B10, e 23 de março de 2019, para a adição de 15% B15. (LB)


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Energia renovável passa dos 42% da matriz energética brasileira LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP

Entre o final de 2015 e o início de 2016 o Ministério de Minas e Energias — MME, constatou que as energias renováveis correspondem a 42,5% de toda a matriz energética brasileira. Se considerada apenas a geração de energia elétrica, o uso de fontes renováveis chega a 84%. O destaque fica para o crescimento da participação das energias renováveis alternativas à geração hidrelétrica, como a eólica, a solar e a biomassa. Em dez anos, esse tipo de energia renovável cresceu 30%, passando de 2,8% de toda a oferta de energia interna em 2004 para 4,1% em 2014. A matriz energética do Brasil é composta por diversas fontes, que também incluem, por exemplo, o petróleo e seus derivados, como a gasolina, e o gás de cozinha. O ex-Secretário de Planejamento Energético do MME, Altino Ventura, explica que esse cenário faz parte da política do Ministério de diversificação da matriz energética brasileira, que considera uma forma mais eficiente do uso de recursos naturais do planeta. Para ele, essa composição de diferentes fontes faz com que o país tenha uma matriz mais limpa, já que ela tem uma participação pequena de emissões dos chamados gases de efeito estufa, que contribuem para as

Altino Ventura, ex-secretário de Planejamento Energético do MME

mudanças climáticas no planeta. Quando se considera apenas a geração de energia elétrica, a participação das energias renováveis é ainda maior. Até o final de 2015, mais de 84% da energia elétrica gerada no país derivava de fontes renováveis. As hidrelétricas ainda fazem parte de mais da metade da geração, mas outras fontes vão representar cerca de 16% de toda energia elétrica brasileira. Segundo Ventura, a incorporação efetiva de outras formas de produzir energia, como a solar e a eólica, tem também uma necessidade de suprir o consumo de eletricidade de acordo com o cenário mundial de energia limpa. Altino finaliza dizendo que a partir dos anos 1970 até o 2000, o Brasil priorizou a hidroeletricidade. “O país possui uma indicação nos próximos 30 anos de que esgotaremos esse potencial. Então é importante que o Brasil desenvolva novas fontes para a produção de energia elétrica dentro da política de diversificar a matriz, que é o que tem acontecido nos últimos 15 anos”. O incentivo às energias renováveis pode ser considerado uma meta coletiva, não só do Ministério de Minas e Energia. O governo federal, por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento — BNDES, investiu mais de R$ 97 bilhões em forma de financiamento para 285 inciativas de energias renováveis no período de 2003 a 2015. Somente na energia eólica, foram mais de R$ 19 bilhões em financiamento.

Biomassa será Brasil tem vantagens para se fortalecer no mercado de bioenergia base da energia O Brasil apresenta algumas vantagens para se fortalecer no mercado de bioenergia, não somente por causa da cultura energética que está se modificando e crescendo, mas também por conta dos incentivos para se produzir energia de maneira sustentável, de modo a minimizar os impactos na natureza. A gaseificação é um deles. É o processo de transformar um sólido em um gás combustível, sendo que qualquer material orgânico pode ser utilizado como insumo básico. A principal justificativa para se utilizar a gaseificação é que o gás produzido por este processo é mais fácil de ser empregado que o combustível sólido. A gaseificação do carvão se tornou um processo comercial em 1812, objetivando a iluminação pública. Porém, devido ao custo elevado, passou a ser aplicado em aquecimento, como matéria-prima para a indústria química e mais posteriormente, para a geração de eletricidade. Nos últimos dez a quinze anos, renasceu o interesse pela gaseificação, principalmente, por causa do custo da energia, do aumento do preço do barril de petróleo, da grande demanda por energia e das questões ambientais, com a possibilidade de gaseificar a biomassa do lixo urbano, dos resíduos florestais, dos resíduos da agricultura, do esgoto sanitário e dos dejetos de animais. A capacidade de gaseificação do mundo tem

renovável nas próximas décadas

Fardo de Biomassa

aumentado substancialmente e a biomassa, por ser um combustível renovável, é considerada um importante insumo para a produção de gás combustível por meio da gaseificação. Em todo o mundo existem cerca de 20 plantas de gaseificação em operação. Os sistemas que se baseiam na gaseificação de carvão mineral e de óleos muitos viscosos são conhecidos como IGCC — Gaseificação Integrada para Ciclos

Combinados. Já a versão em que se emprega biomassa é conhecida pela sigla BIG-CC — Gaseificação Integrada de Biomassa a Ciclos Combinados. A integração de um sistema BIG-CC a uma usina de açúcar e etanol, para viabilizar sua operação no modo cogeração durante a safra, requer a redução da demanda de vapor de processo para índices da ordem de 250 a 300 kg/tc. (LB)

O agronegócio mundial deverá se estruturar em quatro grandes segmentos nas próximas décadas: alimentação e fibras, plantas ornamentais, nichos especializados e biomassa. Além de se tornar a base da energia renovável, a biomassa servirá também como insumo para a indústria química, o que fará com que esse segmento movimente o maior volume de recursos das transações agrícolas internacionais, a partir de 2050. Portabilidade, capacidade de estocagem e densidade energética são fatores fundamentais para a consolidação de uma determinada fonte na matriz energética de um país. Esses atributos o etanol possui, ao contrário da energia gerada por hidrelétricas, que tem limitações de transmissão, por exemplo. Mesmo o bagaço da cana pode ser estocado e transportado, se necessário. Já os biocombustíveis derivados de óleo vegetal possuem características semelhantes ao etanol, porém apresentam maior densidade energética, o que reduz os custos relativos de transporte e estocagem, quando medido pela energia potencial por unidade de peso ou volume. (LB)


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Crédito de carbono está em débito no Brasil Sistema de compensação financeira de empresas de países poluentes a limpo está na berlinda LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP

No final de 2015, O Brasil e a União Europeia propuseram às Nações Unidas a criação de um novo mecanismo de mercado para emissões de carbono. Pela proposta, países em desenvolvimento, governos locais e até mesmo empresas e associações poderiam transacionar direitos de poluição e descontálos de suas metas de redução. A proposta significa que o Brasil poderia eventualmente comprar créditos de carbono gerados por países onde fosse mais barato reduzir emissões, desde que não houvesse dupla contagem desses créditos. Esses papéis poderiam ajudar no cumprimento da INDC, a meta nacional proposta no âmbito do novo acordo do clima. O Protocolo de Kyoto, assinado por 141 países no Japão em janeiro de 2005, estabelece metas para a redução de emissão de gases do efeito estufa para países industrializados da Europa e Ásia, além do Canadá. Estima-se que a temperatura global reduza entre 1,4°C e 5,8°C até 2100, entretanto, isto dependerá muito das negociações que acontecem desde 2012, pois há comunidades científicas que afirmam categoricamente que a meta de redução de 5,2% em relação aos níveis de 1990 é insuficiente para a mitigação do aquecimento global. O Brasil, sendo um país em desenvolvimento, tem como função, pelo Protocolo, diminuir as emissões a partir de mecanismos de desenvolvimento limpo, o chamado MDL. Além disso, o país assume a função de sequestrar dióxido de carbono do ambiente através de suas florestas. Porém, o país adiou para 2017 a decisão sobre implementação de mecanismo doméstico de

compra e venda de emissões, que tem entre seus desafios o desinteresse do setor privado. Para Marcelo Vieira, vice-presidente da Sociedade Rural Brasileira, o assunto “Crédito de Carbono” tem rendido boas discussões no novo governo, principalmente no que se refere a questão de preservação ambiental com recursos do mecanismo do “Redd +” — Redução de emissões decorrentes do desmatamento e da degradação de florestas. “Estamos vendo um potencial de progresso. A médio prazo o Brasil vai voltar a discutir isso em debates internacionais com o objetivo de conseguir recursos, principalmente para apoiar o agronegócio”,

afirma Marcelo. Para ele, a parte mais importante quando se fala de Crédito de Carbono é a questão do financiamento de mecanismos que reduzem as emissões. A cana-de-açúcar deveria ser um dos focos principais, já que possui o mecanismo de conseguir energias renováveis e biomassa. Hoje, esses mecanismos não estão funcionando como deveriam, mas com a implementação dos acordos climáticos, o Crédito de Carbono vai ter que ser valorizado e colocado para funcionar. “Precisamos nos atentar mais nesse assunto e na importância que tem”, frisa Marcelo. O vice-presidente complementa dizendo

que o setor sucroenergético precisa ter uma atuação forte nessa área. A externalidade na produção de energia renovável tem que ser vista e reconhecida pelo mercado.

“IMPOSTO SERIA MAIS EFICIENTE” De acordo com Adriano Pires, Diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura — CBIE, o Brasil não está em perfeito equilíbrio quando se trata de Crédito de Carbono. O projeto ainda está de pé, mas dada as características do país em função da crise e novo momento político precisaria ter uma política de imposto ambiental, que seria consideravelmente mais eficiente do que o projeto atual de crédito de carbono.

Tentativa agora é de gerar crédito de carbono em terras indígenas A partir de junho deste ano, a Fundação Nacional do Índio — Funai, poderá opinar sobre seu parecer técnico a respeito de projetos para geração de Crédito de Carbono em terras indígenas, observando aspectos, como: consentimento da comunidade, equidade na repartição dos benefícios e respeito ao conhecimento tradicional dos povos indígenas. A Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle — CMA, pode examinar ainda projeto da Câmara dos Deputados que estabelece as características obrigatórias das embalagens de frutas e verduras não processadas. A senadora Lídice da Mata, do PSB, explicou que o PLC 203/2015 reforça a necessidade

de os invólucros desses produtos serem mantidos higienizados, apresentando dimensões que permitam empilhamento, preferencialmente em paletes, que são as plataformas usadas para o transporte em bloco de grande quantidade de material. Outra proposta na pauta da CMA é o PLS 587/2015, do senador José Agripino, que inclui nos Planos de Recursos Hídricos a promoção de campanhas educacionais para estimular o uso racional da água. Agripino justifica que as mudanças climáticas poderão tornar mais frequentes e intensas as estiagens. Por isso, para ele, é preciso promover o consumo consciente do líquido não apenas em períodos de racionamento. (LB)


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Cana ajuda a resfriar o clima do cerrado brasileiro Milho e soja provocaram aquecimento médio de 1,55ºC; plantio de cana possibilitou resfriamento de 0,93ºC DA R EDAÇÃO

Estudos de universidades americanas mostram que a cana-de-açúcar ajuda a resfriar o clima da região do cerrado brasileiro. O esfriamento do clima de uma determinada região se deve à queda da temperatura do ar em torno das plantas à medida que elas liberam água e refletem a luz solar de volta para o espaço. A cana é a planta mais eficiente no processo de conversão da radiação solar em energia química, por meio da fotossíntese, em comparação com outras culturas como milho e arroz, e principalmente em relação às pastagens. A descoberta do estudo não significa, porém, que a substituição da vegetação original pela cana-de-açúcar seja algo positivo. A pesquisa mostra a superioridade da cana apenas frente à pecuária e a outros tipos de cultura. Um dos pesquisadores responsável pelo projeto conta que se tratando de clima, os resultados do plantio da

cana é onde se pode alcançar temperaturas menores quando comparadas aos pastos extensivos e ineficientes presentes na maior parte do cerrado já desmatado. Entre as culturas, a cana-de-açúcar é sem dúvida alguma a menos danosa ao meio ambiente. E de acordo com os especialistas é a que menos aplica defensivos, adubos e com maior controle da erosão. Mas como qualquer

atividade humana, se for mal conduzida, pode trazer danos. A pesquisa demonstrou através de cálculos que a substituição da vegetação natural do cerrado por pastagens ou outras culturas como milho e soja, provocou um aquecimento médio de 1,55ºC. Já o plantio de cana possibilitou um resfriamento de 0,93ºC, ou seja, um aquecimento de 0,62ºC

em relação à vegetação natural. Professores da USP — Universidade de São Paulo afirmam que com exceção das plantas nativas, a cana é a mais eficiente nesse processo, que se reflete na quantidade de água evaporada e transpirada. No entanto, a transpiração só ocorre em todo o seu potencial se houver disponibilidade de água. Na seca, as diferenças tendem a desaparecer.


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É preciso constantes adequações às novas realidades de trabalho LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP

Desde 2005, quando foi estabelecida a NR 31 — norma para saúde e segurança no trabalho rural, muita coisa mudou nas usinas devido à exigência da legislação para a aplicação de um sistema de gestão de segurança e saúde no trabalho. Apesar das melhorias geradas nos últimos anos, empregadores ainda têm muitos desafios na hora de cumprir algumas determinações. Ainda hoje, o maior risco no setor à saúde e segurança do trabalhador no campo é o corte manual de cana. Erivelton Laat, docente de Educação Física na Universidade Estadual do Centro Oeste, explica que a NR 31 não deveria ser interpretada sozinha, pois se torna insuficiente no combate aos riscos no caso dos cortadores. Ele explica que o disposto na NR 31 deveria ser observado em conjunto com o da NR 17, a qual versa sobre ergonomia, com o objetivo de estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores. Segundo o que o professor e pesquisador comprovou em pesquisa realizada na região de Piracicaba, a atividade de corte manual é semelhante à de um maratonista, com alto grau de estresse. Apesar das facilidades da colheita mecanizada, o uso da tecnologia não está livre de riscos. Neste caso, a prevenção deve estar na relação direta do trabalhador na operação do equipamento e da sua manutenção. Leonardo Galvão, professor e diretor técnico da Risco Rural concorda e garante que os riscos apenas se alteram. Na colheita manual, os riscos são mais relacionados à ergonomia, quando na mecânica os maiores riscos são de acidentes. O professor ainda alerta sobre os riscos e cuidados que devem ser vistos na colheita mecanizada como de tombamentos de maquinário, devido a irregularidades no terreno, acidentes causados por desqualificação dos operadores, manutenções

realizadas de maneira incorretas, riscos com as partes móveis, sistemas de intertravamento e trânsito de pessoas nos locais de execução da colheita. Para Mário Márcio dos Santos, diretor presidente do GSO — Grupo de Saúde Ocupacional da Agroindústria Sucroenergética, a NR 31 não tem urgência em ser revista, mas alguns itens precisam ser avaliados. Um deles é a exigência quando se trata de agrotóxicos e inseticidas, a norma exige um curso com carga horária de 20 horas. “Um contratado que pretende trabalhar com inseticidas, herbicidas, precisaria fazer o curso, mas como o administrador vai fazer com que todos os novos funcionários participem do curso?”, questiona Mário. Outro item da norma que precisaria de alteração, é o que se refere a Segurança no Trabalho em Máquinas e Implementos Agrícolas, pois deveria o órgão competente fazer com que os fabricantes cumpram com a legislação vigente no quesito de proteção de máquinas e equipamentos. As proteções, dispositivos e sistemas de segurança previstos nesta Norma devem integrar as máquinas desde a sua fabricação, não podendo ser considerados itens opcionais para quaisquer fins. — Acredito que ocorrem falhas neste quesito, pois inúmeros acidentes ocorrem devido à falta de proteção, e após ocorrência fica a empresa totalmente responsável pelo acidente, e desta forma perguntamos como fica o fabricante? Comenta Mário. Para o setor sucroenergético a ferramenta que pode impactar de forma positiva é o sistema de gestão integrada de informações que envolvem a área prevencionista, como a capacitação tanto da mão de obra como dos profissionais da Segurança e Saúde do Trabalho. Portanto, não existe a necessidade de criação de uma nova norma para atender a nova colheita, mas como a tecnologia de maquinários muda constantemente, será preciso constantes adequações às novas realidades de trabalho.

Mário Márcio dos Santos, diretor presidente do GSO


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SAÚDE & SEGURANÇA

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Grupo aborda cuidados com gases em espaços confinados Gestão em altura digital e movimentação cuidadosa no campo também foram temas abordados no 2º Entec O Grupo de Saúde Ocupacional do setor da Agroindústria Sucroenergética — GSO, realizou o seu 2º Entec do ano de 2016, no dia 15 de julho, no Senac, Unidade de São José do Rio Preto – SP, contando com a presença de aproximadamente 200 visitantes. Foi a primeira vez que o grupo manteve em seu cronograma seis apresentações de grande importância e repercussão. Um dos temas mais importantes, NR-33 Detecção de Gases em Espaços Confinados, foi apresentado pelo palestrante Rafael Monteiro, especialista em detecção de gases da Honeywell. A NR35.5.1.2 Check EPI: Gestão em Altura Digital também foi abordada no evento pelo engenheiro Julio Cezar Vilhena. Sua apresentação contou com tópicos sobre quais os motivos para inspecionar o cinto de segurança de forma digital e quais suas vantagens. O especialista em proteção pessoal, Guilherme Dias, trouxe dinâmica para o evento, interagindo com a plateia. Ele aplicou

testes de protetores auriculares plug e concha, informando a importância de comprovar a eficácia dos protetores em campo, servindo tais informações para o e.social e para perícias trabalhistas. De acordo com o diretor presidente do GSO, Mário Márcio dos Santos, que falou sobre o tema “As Interfaces do PPRA, LTCAT, PCMSO, EPI, ASO e PPP”, é de imensa importância um planejamento de sistema de gestão integrado em uma organização. Sua palestra foi voltada a como elaborar documentos exigidos pela legislação vigente,

seja ela trabalhista ou previdenciária. Ele citou como exemplo o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA, Laudo Técnico das Condições de Meio Ambiente de Trabalho - LTCAT, Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO, Equipamento de Proteção Individual e Coletivo - EPI/EPC, Sugestão de controle e entrega de EPIs, Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP, Atestado de Saúde Ocupacional - ASO. Outro assunto de grande repercussão foi o apresentado por Paulo Agnoletto Filho,

gerente geral da Itacuã Motos Yamaha, com o tema “Soluções para Movimentação e Transportes na Área Agrícola”. Ele observa que a ideia é desenvolver um projeto para levar soluções em movimentação e transportes para área agrícola, aproveitando a estrutura de cada empresa, além de gerar condições facilitadoras para que a negociação seja de fato, interessante para ambas as partes. (O JornalCana vai publicar matéria sobre o uso e benefícios das motocicletas nas usinas, especialmente na área agrícola).


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Novas soluções melhoram desempenho da unidade industrial Tecnologias inovadoras, como o software S-PAA, criam condições favoráveis para a redução de custos e aumento da lucratividade

a estabilidade operacional a partir de correções ou novas implementações no processo. Diversos cases têm comprovado os ganhos financeiros significativos proporcionados pela aplicação do conceito de gestão industrial avançada do S-PAA nos processos de produção de açúcar, etanol e bioeletricidade.

Caldeiras com alta eficiência

R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

Conheça as principais tecnologias e produtos que revolucionaram a indústria sucroenergética brasileira, e que estão em uso nos dias de hoje nas mais modernas usinas em operação. Ainda que algumas destas tecnologias sejam convencionais, são todas tecnologias otimizadas, eficientes e competitivas. De norte a sul do Brasil e no exterior, os produtos e serviços tornam a produção e os processos eficientes, econômicos e ambientalmente mais sustentáveis. Para cada usina e cada objetivo há uma solução. Porém, o que mais se sobressai é a criatividade e a capacidade profissional dos fornecedores brasileiros de tecnologia, que moldam os produtos e serviços a cada necessidade e o resultado é uma revolucionária eficiência, aliada à modernidade.

Separação e trituração da palha O corte mecanizado de cana crua mudou muita coisa no processo de produção agroindustrial de usinas e destilarias, exigindo, por exemplo, o desenvolvimento de tecnologias voltadas para a limpeza da cana, separação e processamento da palha. Entre as diversas iniciativas nessa área por parte de empresas – em alguns casos, em parceria com usinas – estão soluções que combinam a separação da palha por meio de um sistema de limpeza a seco com a utilização de um terno de secagem que faz a

As caldeiras de alta pressão tornaram-se fundamentais em unidades sucroenergéticas, principalmente em projetos greenfield que valorizam a geração de bioeletricidade. Um dos destaques dos equipamentos disponibilizados pelo mercado nessa área é a caldeira de leito fluidizado borbulhante, que proporciona maior eficiência na queima e maior flexibilidade, pois mantém a estabilidade operacional mesmo em uma faixa maior de umidade do combustível. Outro diferencial deste equipamento é a baixa emissão de NOx e CO.

Cozimento contínuo aumenta produção trituração dessa biomassa.

Inovações melhoram preparo e extração Inovações tecnológicas têm aprimorado o processo de preparo da matéria-prima e extração do caldo. Com a mecanização da colheita, algumas usinas estão usando, no preparo da cana, o desfibrador extrapesado. Essa solução não inclui picador, pois a cana colhida mecanicamente já é picada durante o corte. Uma das vantagens desse sistema é a maior eficiência em relação ao preparo tradicional na abertura de células, apresentando um desempenho superior – que varia de 2% a 3%, na média – ao processo que utiliza picador e desfibrador.

Na extração, uma das novidades é a instalação na moenda da camisa de alta drenagem – conhecida como camisa perfurada – que contribui para a redução da umidade do bagaço, criando condições para um melhor aproveitamento dessa biomassa na produção de bioeletricidade.

S-PAA gerencia e otimiza a planta Uma solução completa para gerenciamento e otimização em tempo real de toda a planta industrial de usinas e destilarias tem sido disponibilizada pela Soteica – empresa que integra o portfólio do Pró-Usinas – por meio do software S-PAA. Funcionando como um “Super Consultor 24h”, o software possibilita a padronização e

Algumas tecnologias têm gerado também benefícios para a fabricação de açúcar. Exemplo disso é o cozimento contínuo que apresenta uma maior produção em relação a um tacho em batelada da mesma capacidade, porque esse sistema não tem ociosidade. O aumento da produção pode ficar entre 20% a 30% em comparação ao tacho batelada. O cozimento contínuo – que é totalmente automatizado - requer menos operações do que o tacho em batelada, resultando, em decorrência disto, em uma menor demanda de mão de obra.

Peneira é destaque na desidratação A peneira molecular tem sido a tecnologia de destaque para a desidratação etanólica visando a produção de álcool anidro. Apesar de exigir um investimento inicial mais elevado, esse sistema apresenta inúmeras vantagens em relação a processos concorrentes, como baixo custo operacional, menor consumo de água de resfriamento, facilidade de operação por ser uma tecnologia automatizada. Além disso, esse sistema é recomendado para a fabricação de álcool especial, pois não deixa resíduo. É um processo físico de desidratação.

Ganhos expressivos na fermentação Performance da fermentação etanólica com eficiência superior a 92% durante a safra é o resultado que pode ser obtido a partir de ações disponibilizadas pela MSBIO, empresa especializada em fermentação de alto rendimento do Pró-Usinas. O “pacote” de soluções da MSBIO inclui a realização de detalhada análise técnica, a seleção e a introdução de leveduras mais resistentes e produtivas, o treinamento e a integração da equipe de usinas, o que proporciona ganhos financeiros expressivos e contínuos para unidades produtoras de etanol.


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Usina Vertente, da Guarani, comemora resultados da gestão industrial avançada “Otimização em tempo real será a realidade das usinas em futuro próximo e quem já a utiliza saiu na frente”, afirma diretor industrial JOSIAS M ESSIAS, DE R IBEIRÃO PRETO, SP

As diretorias da Tereos Guarani e da Usina Vertente, localizada em Guaraci (SP), comemoram a evolução dos indicadores operacionais da cogeração e de processos após dois meses de implantação do S-PAA, software de simulação e otimização em tempo real da cogeração e da planta industrial. — Os resultados são evidentes e superaram nossas expectativas em tão pouco tempo. Ganhamos na estabilização da operação da planta, diminuímos em 40% as perdas na destilaria e outros 5% no consumo específico de energia, bem como aumentamos em 0,45% a extração da moenda e 1% na recuperação da fábrica —, comemora Alexandre Jardim, diretor industrial da Tereos Guarani, grupo do qual a Vertente faz parte. “Um efeito colateral do S-PAA foi a melhora de performance na gestão dos processos da planta, através das informações em tempo real proporcionado pelo software”, acrescenta Jardim.

O gerente industrial da Vertente, Roberto Oliveira, apontou a importância da equipe no processo de implantação do software. “O sucesso na implantação de qualquer novo processo está nas pessoas, por isso, os resultados obtidos pelo S-PAA são mérito de toda equipe que se engajou no projeto”. “Outro benefício da ferramenta é que os operadores, por exemplo, ganharam um olhar técnico do processo como um todo, não apenas do setor de sua responsabilidade”,

explica Oliveira. “Nossa proposta é melhorar ainda mais os conhecimentos técnicos da nossa equipe através do software”. “Os resultados obtidos nos primeiros 40 dias em funcionamento do S-PAA pagam o investimento com a ferramenta”, informa Alexandre Jardim, acrescentando que a expectativa da Tereos Guarani é ampliar o número de laços fechados para outras duas áreas da Vertente, bem como estender a implantação do S-PAA para as demais unidades do grupo.

O COI (Centro Operacional Integrado) foi outra área que ganhou com o software pois, além de centralizar as informações da usina, passou a coordenar a otimização em tempo real de todo o processo da planta. “A otimização em tempo real será a realidade das usinas num futuro próximo e quem já a utiliza saiu na frente”, afirma Alexandre Jardim. “Em geral as usinas até conseguem melhorar os resultados sem a fermenta, mas os ganhos são menores e o esforço é muito maior”, finaliza.

MasterCana premia Vertente em automação e controle de processos Planejada para operar com alto nível de automatização desde a concepção do projeto, a Usina Vertente tornou-se a primeira usina a ter sua planta 100% automatizada por uma das maiores empresas de automação industrial do mundo. A partir do COI (Centro Operacional Integrado), todas as etapas de produção, desde a extração de caldo, cogeração, tratamento de caldo, fábrica de açúcar e destilaria, são monitoradas e podem ser operadas automática e remotamente, seja através de controles regulatórios ou avançados. Considerando que a área industrial de uma usina envolve produção e transformação de vapor, denominada de utilidades, e processos físico-químicos e biológicos que são contínuos, com cada setor de produção atuando de forma interdependente dos demais, a Vertente percebeu que, apesar de ser 100% automatizada, somente com um sistema que fechasse o balanço de massa e energia em tempo real é que seria possível maximizar os ganhos operacionais de toda a planta e não apenas de cada setor individualmente. Por esta razão, a Vertente foi escolhida a primeira unidade do grupo Tereos Guarani para implantar o sistema de gestão avançada S-PAA, software que simula e otimiza toda a cogeração e planta industrial em tempo real. Agora em agosto a empresa comemora os ganhos operacionais e econômicos do S-PAA,

Roberto Oliveira, Luiz Fabiano, Hugo Cagno e Alexandre Jardim

que fecha os balanços de massa e energia a cada minuto e altera diretamente os set-points que encontram-se em laço fechado, além de emitir alertas e recomendações de mudanças aos operadores que atuam em laço aberto, ou seja, que alteram os set-points manualmente.

A infraestrutura de automação, a celeridade no processo de implantação e os expressivos resultados obtidos com o S-PAA, destacaram o case da Vertente como vencedor no Prêmio MasterCana Centro/Sul em Automação e Controle de Processos. A

premiação abre a programação da Fenasucro & Agrocana 2016, na noite deste 22 de agosto, no Espaço Golf, em Ribeirão Preto (SP), premiando lideranças, produtores, profissionais, usinas e empresas do mercado sucroenergético.


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Escritor e gestor, Hugo Cagno Filho é premiado em Administração A Usina Vertente, localizada em Guaraci (SP), comemora junto com a indicação para o prêmio de Automação e Controle de Processos Industriais a de Profissional do Ano em Administração no MasterCana Centro-Sul 2016. Hugo Cagno Filho, engenheiro agrônomo e diretor executivo, receberá o prêmio MasterCana Centro Sul 2016, neste dia 22 de agosto, em Sertãozinho. Descendente de latino-italianos, Hugo Cagno Filho está na quarta gestão de empresas familiares. Publicou ainda dois livros sobre o assunto: ‘Gestão a perder de vista’ e ‘Empresa familiar contemporânea – gestão do patrimônio x gestão do negócio’. Seu foco principal sempre foi voltado à

valorização de pessoas e de seus atributos profissionais. “Eu apoio a valorização das pessoas em qualquer empresa. Precisamos também reciclar e aprender sempre, independentemente da idade, interagir os velhos com os mais novos vice-versa, pois todos nascemos aprendendo e assim morreremos”, ressaltou. Para Hugo Cagno Filho, a premiação é o resultado do trabalho de toda a equipe. “Já é a segunda vez que recebo com muito orgulho o prêmio MasterCana e o dedico a toda minha equipe e familiares. O MasterCana é um prêmio muito importante e respeitado pelo setor sucroenergético, pois reconhece o trabalho realizado pelas equipes das usinas”, finaliza.(JM)

Hugo Cagno Filho: Profissional do Ano em Administração

Alexandre Jardim: Diretor Industrial da Guarani, Tereos Açúcar & Energia Brasil

Tereos Guarani é destaque em eficiência energética Ao apresentar resultados expressivos na eficiência energética, o grupo Tereos Guarani também foi vencedor do Prêmio MasterCana Centro Sul 2016, na categoria Bioeletricidade. Na eficiência energética, a Guarani apresentou uma redução de 10% no consumo específico de vapor (kg/ton cana) com novos projetos e melhorias operacionais e redução da umidade do bagaço de 51% para 49,5%. Com os dois fatores houve uma queda significativa no consumo de bagaço. “Por meio de ações de melhoria nos processos e investimentos em equipamentos, tivemos o ganho proporcionado pela redução no

consumo de vapor em uma safra”, explica o diretor industrial do grupo, Alexandre Jardim. Além disso, a Guarani partiu uma nova planta de cogeração na unidade de Tanabi, SP, a qual acrescentou 30 MW na capacidade instalada do grupo. “A eficiência energética gera resultados econômicos e ecológicos, pois o planeta também ganha por extrair menos recursos naturais”, destaca Jardim. Sobre a importância do Prêmio MasterCana, Jardim enfatiza que “o prêmio tem credibilidade no mercado, além de motivar os times das usinas a buscarem melhores resultados”. (JM)


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Bevap obtém R$ 3,6 milhões de ganhos com gestão industrial avançada Em busca da máxima eficiência e rendimento industrial, a Bevap Bioenergia, localizada no Vale do Paracatu em Minas Gerais, vem investindo fortemente em inovações tecnológicas. Nos primeiros meses desta safra, a usina comemora ganhos expressivos na extração do caldo, exportação de energia e recuperação de fábrica com a implantação do SPAA, software simulação e optimização da cogeração e da planta industrial em tempo real. “O software de gestão industrial avançada é uma excelente ferramenta e rapidamente apresentou ganhos em todo o processo, que somam mais de 3,6 milhões de reais em uma safra de 4.500 horas, confirmando o pay-back do projeto em 38 dias apenas com os ganhos já apurados, que não incluem ainda os resultados na fabricação de etanol”, afirmou o Gerente da Divisão Industrial da Bevap, Fernando César Calsoni. “No geral, com a implantação do software, ganhamos na estabilidade de processo e melhor aproveitamento da matéria-prima”, complementa. Com o envolvimento de toda a equipe no projeto, da concepção à operação, a empresa obteve crescimento de 0,53% na extração do caldo, redução de 12,7% na degradação da pureza ao longo do processo, aumento da recuperação de fábrica em 0,31%, além de gerar cerca de 1MW de energia com sobra de bagaço. “Já que toda nossa equipe aprovou e acredita na ferramenta, nossa expectativa é ampliar o uso do S-PAA, implementando novos laços fechados na planta e melhorando

GANHOS COM O S-PAA NA BEVAP TIPO DE GANHO

PRODUTO

RETORNO FINANCEIRO

Extração Moenda

23.310 sacas de açúcar + 367.740 l de etanol 14.535 sacas de açúcar 3.600 Mwh Em avaliação

R$ 2.068.237,00

Recuperação de Fábrica Exportação Energia Rendimento Fermentativo Ganho

R$ 944.775,00 R$ 622.800,00 Em avaliação

já apurado R$ 3.635.812,00 em uma safra de 4.500 efetivas Não contabiliza ganhos com maior estabilidade da planta/processo e melhor aproveitamento da matéria-prima. Pay-Back projeto em cerca de 38 dias apenas com ganhos já apurados Destaca-se o envolvimento de toda a equipe no projeto como fator preponderante para o resultado

nossos hábitos de gestão do processo” diz Calsoni. A Bevap, inclusive, bateu recorde histórico na produção de açúcar cristal, produzindo 32.400 sacas de 50k em um único dia. “Apesar das constantes adversidades, particularmente estou muito feliz com os resultados desse ano, porém iremos em busca de mais na safra 2017/18”, lembrou o gerente industrial. A Usina Bevap irá moer nesta safra cerca de 2,5 milhões de toneladas de cana-de- açúcar, produzir cerca de 4,5 milhões de sacas de açúcar (Branco e VHP) e 68 milhões de litros de etanol.

Após recorde na produção, gerente industrial receberá prêmio MasterCana O gerente industrial da Bevap Bioenergia, Fernando César Calsoni, receberá o prêmio MasterCana Centro-Sul 2016 de Profissional do Ano na Área Industrial, após coordenar a equipe que bateu recorde histórico na produção de açúcar cristal na usina: 32.400 sacas de 50kg de açúcar cristal em um único dia. Com foco na excelência operacional e melhoria dos índices de eficiência e rendimento industrial, Calsoni vem implementando diversas inovações nas áreas de extração de caldo, cogeração e processos, com destaque para os sistemas de Planejamento e Controle da Manutenção (PCM) e de Gestão Industrial Avançada, com

o software S-PAA, e a seleção da melhor levedura do próprio processo, a MSB Bevap 17. “Fico lisonjeado pela premiação, pois é o coroamento de todo um trabalho de garra, afinco e determinação. Este prêmio é muito importante e de qualidade, pois valoriza e enaltece os feitos dos profissionais do setor”, celebrou Calsoni. A cerimônia do Prêmio MasterCana Centro-Sul 2016 abrirá a programação da Fenasucro & Agrocana 2016, na noite de 22 de agosto, no Espaço Golf, em Ribeirão Preto (SP), premiando lideranças, produtores, profissionais, usinas e empresas do mercado sucroenergético.

Fernando César Calsoni: Profissional do Ano na Área Industrial


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Equipe da Bevap comemora implantação de software de última geração Envolvimento de toda a equipe no projeto é responsável por ganhos que superam R$ 3,6 milhões na safra DA R EDAÇÃO

Na primeira semana de agosto, a Bevap completou a apuração dos ganhos obtidos com a implantação do software de simulação e otimização em tempo real da cogeração e da planta industrial – S-PAA, considerado o “estado da arte” em gerenciamento industrial já aplicado a usinas e destilarias. Para comemorar o êxito do projeto, que soma mais de R$ 3,6 milhões nesta safra, a equipe industrial, liderada pelo gerente Fernando César Calsoni, realizou um churrasco num centro de eventos de Brasilândia de Minas, cidade onde se localiza a usina. Além da equipe da área industrial da Bevap, o evento contou com a presença de Josias Messias e Ângelo Barboza, do Pró-Usinas. No evento, Messias fez questão de agradecer a confiança da diretoria e de toda a equipe da Bevap, que apostaram na viabilidade do S-PAA, e parabenizou toda a equipe industrial que efetivamente fez o projeto tornar-se uma realidade.

proporciona ganhos operacionais e econômicos significativos para usinas e grupos produtores”, afirma Messias. “Chega de tentar reinventar a roda! As usinas que estão adotando tecnologias maduras e confiáveis são as que vão sobreviver às crises”, completa.

Uma ponte de rentabilidade

Ganhos de R$ 40 milhões por safra

O setor sucroenergético apresenta um cenário de desafios econômicos, proporcionando uma demanda por soluções muitas vezes não convencionais, mas que já demonstraram sua eficácia no incremento da eficiência e da rentabilidade de usinas. “É o caso do S-PAA da Soteica, que disponibiliza uma tecnologia aprimorada por décadas no setor petroquímico e que agora

O S-PAA é um software de simulação e otimização em tempo real, que trabalha como um Super Consultor 24h, gerenciando todos os equipamentos e processos da cogeração e planta industrial para a máxima performance operacional e econômica. Desde 1987 a Soteica utiliza conhecimentos de engenharia

para modelar processos industriais visando auxiliar os tomadores de decisão. Há sete anos, desenvolveu e comercializa uma solução completa para gerenciamento e otimização em tempo real de toda a planta de açúcar e etanol – o S-PAA. A suíte denominada S-PAA possui três módulos principais: de gerenciamento e otimização de energia, de gerenciamento e otimização do processo produtivo e os laços fechados, que altera os set points diretamente nos controles regulatórios/avançados. Implementado atualmente em onze unidades produtoras, o sistema está em uso contínuo de 24 horas por dia, fornecendo recomendações que geram ganhos superiores a R$ 40 milhões por safra. “O tempo médio de retorno do investimento observado nas usinas instaladas é de 60 dias após a implementação”, afirma Nelson Nakamura, diretor da Soteica.


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Boa extração é resultado de qualidade do produto com procedimentos corretos É de conhecimento geral que para obter uma boa performance da moenda com relação à extração, um dos fatores importantes é a operação de chapisco. O desempenho do chapisco influencia diretamente na capacidade de puxar o bagaço e na proteção dos frisos, ajudando assim na manutenção dos picotes. Muitos acreditam que esta responsabilidade depende totalmente do eletrodo/arame tubular de chapisco. De fato, a qualidade dos consumíveis usados é muito importante, porém o que determina o bom desempenho é a maneira que eles serão utilizados. Ao longo dos anos, a Voestalpine Böhler Welding notou a falta de conhecimento e preparo de muitos profissionais responsáveis pela aplicação de chapisco. Ciente desta grande deficiência, a empresa adotou uma estratégia eficiente para driblar esta situação. Além de investir no desenvolvimento de produtos de alta performance, a companhia decidiu dar mais destaque ao seu suporte técnico de campo, aumentando o número de técnicos, para poder oferecer um serviço diferenciado, eficiente e gratuito. Os especialistas do setor sucroenergético da empresa se deslocam até as usinas para treinar equipes de chapiscadores, ministrando cursos teóricos e práticos, com o propósito de conscientizá-los da importância dos procedimentos de

melhoria do desempenho do chapisco. E adotaram o tema “a melhor ferramenta não trará o resultado esperado, caso não seja utilizada da forma correta”. Ao adquirir consumíveis para chapisco, os clientes recebem a visita dos técnicos que analisam como o chapiscamento está sendo realizado e fazem um diagnóstico com relação às deficiências existentes. Durante os treinamentos, alguns conceitos e cuidados básicos são apresentados de forma simples e

clara, como: cabos, fontes de solda, aterramento, parâmetros elétricos, conhecimento do soldador, técnica de aplicação do chapisco e frequência de aplicação. Graças a este suporte, a Voestalpine notou uma sensível melhora não só na qualidade do chapisco, como também no nível de conhecimento e comprometimento dos chapiscadores. Imediatamente a eficiência dos consumíveis de chapisco

aumentou podendo ser mensurada através do menor consumo de eletrodo/arame de chapisco (g/t de cana) e menor frequência de aplicação (maior durabilidade do chapisco). Estas e muitas outras soluções podem ser encontradas no site e serão apresentadas na Fenasucro 2016 – Stand BA 96 – Pavilhão 1. Voestalpine Böhler Welding www.voestalpine.com/welding 11 5694 8377


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Turbina de condensação de grande porte instalada na Cerradinho Bioenergia, Chapadão do Céu, GO

Equipamentos TGM operam em uma das maiores termoelétricas a biomassa de cana do Brasil Turbinas e redutores produzem 160 MW A Cerradinho começou a ser implantada em 2007, na região de Chapadão do Céu/GO. A TGM participou do projeto desde o começo, com equipamentos que geravam 70 MW de potência, e, já em 2009, processou sua primeira safra de 1,4 milhão de toneladas de cana. Em 2014, no mês da Fenasucro, a Cerradinho consolidou a contratação de mais duas grandes turbinas para atender os

diversos processos industriais e maximizar a geração de energia elétrica, proporcionando um incremento da energia disponível para exportação. Hoje, em operação essas quatro turbinas TGM geram 160 MW. O gerente comercial de turbinas e redutores, Marcelo Severi, conta que essas novas turbinas trouxeram como solução o Ciclo Regenerativo. “Nós produzimos uma turbina a vapor de reação, modelo CTE, com pressão de 64 bar (a) e temperatura de 515°C, que trouxe o Ciclo Regenerativo. Ele aumentou a eficiência da planta, gerou

mais vapor com o mesmo combustível e utilizou parte do mesmo para aquecer o condensado que retroalimenta a caldeira”, explica Severi. Os equipamentos entraram em operação na safra de 2015/2016 e já exportam 260 mil megawatts de bioeletricidade (de bagaço de cana), processam cerca de 4,8 milhões de toneladas de cana e produzem 402 milhões de litros de etanol. “A Cerradinho é hoje uma das maiores unidades autônoma do Brasil, com capacidade instalada para processar 2,8 mil

metros cúbicos por dia”, conta o gerente. O diretor Agroindustrial da Cerradinho Bionergia, Fernando Tersi, explica que eles ampliaram a capacidade de geração de vapor com a construção de uma nova caldeira e da capacidade de cogeração de energia com a instalação de duas novas turbinas e geradores de alta eficiência, aumentando a capacidade dos atuais 70 MW para 160 MW. “Aplicamos novos conceitos de padronização de turbinas de condensação da TGM, as quais possuem excelente tecnologia e assistência técnica de qualidade”, explica o diretor.

Turbinas e redutores TGM estão presentes em 75% das usinas geradoras de energia Com equipamentos de alta tecnologia, desempenho e disponibilidade operacional, a TGM tem números expressivos na produção de energia do mercado sucroenergético e já é a maior indústria do segmento na América Latina. Hoje, suas turbinas e redutores turbo geram mais de 8176 MW, sendo que, só no Brasil, são 6820 MW nesse setor. Em março de 2016, o portal Nova Cana publicou um ranking com as 50 usinas que mais geram eletricidade usando o bagaço da cana- deaçúcar e, após análise dessas informações, comprovamos que, 75% dessas usinas usam turbinas TGM e das dez maiores exportadoras, estamos presentes em nove

delas, todos com equipamentos instalados e em pleno funcionamento. Para o gerente de serviços da TGM Leonardo Matos, isso mostra a eficiência, segurança e disponibilidade dos nossos produtos. “Essas usinas realizam a cogeração de energia e o nosso objetivo é potencializar e maximizar isso, com soluções eficazes e tecnológicas, além de fornecer também, produtos novos. Tudo para garantir o sucesso da safra”, conta ele. “Além disso, criamos o projeto “Energia”, um estudo para explorar o que de melhor a planta pode oferecer elevando sua eficiência energética”, completa Matos.

Expedida na semana da Fenasucro 2015 essa turbina faz parte dos 160 MW na Cerradinho


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TGM realiza serviços em seis turbinas de grande porte de outro fabricante As usinas aproveitam o período de entressafra para realizar a manutenção e os reparos necessários, para que, na próxima safra, tudo ocorra da melhor maneira possível. Assim, duas plantas da Raízen aproveitaram esse período para contratar a prestação de serviços da TGM, que tem em seu know-how, serviços realizados em mais de 80 turbinas de grande porte de outros fabricantes. Dos seis equipamentos, três turbinas foram abertas em campo e seus conjuntos rotativos, diafragmas, buchas de labirinto e outras partes foram enviadas a matriz, em Sertãozinho, SP, para revisão geral, recuperação e fabricação de peças. Nas três demais, pertencentes a outra unidade, foram feitos serviços de revisão geral em uma turbina e revisão parcial nas outras duas.

Após realizarem todos os serviços em fábrica, a equipe TGM entrou em ação para reinstalar os equipamentos. Ali, ainda foi realizado o realinhamento dos conjuntos de turbinas, turborredutor e gerador; comissionamento do sistema de controle e segurança; startup e acompanhamento do conjunto em operação. Também foi realizado um laudo padrão de acompanhamento geral de todas as etapas do projeto, sendo isso discutido previamente com o cliente. O engenheiro de campo da TGM Flávio Natal, integrou essa equipe. “As turbinas entraram em operação com sucesso, deixando o cliente plenamente satisfeito. Além disso, eles estão entusiasmados com os trabalhos prestados por nós”, diz Natal.

Turbinas instaladas e em plena operação após serviços TGM

TGM se consolida como fornecedora nº 1 de redutores planetários para a indústria sucroenergética Com uma história de pioneirismo comprovado, a TGM ganhou o mercado com uma tecnologia inovadora, know-how em soluções, produtos, prestação de serviços eficientes e um atendimento que garante a segurança que os clientes necessitam, alcançando assim, a surpreendente marca de 1375 planetários instalados nas formas central, rolo a rolo, assist drive e difusores. O primeiro planetário usado em moendas foi instalado há 12 anos pela TGM, e até então, essa tecnologia nunca tinha sido aplicada para

tal finalidade. De lá para cá, as moendas foram incrementadas e o torque do planetário acompanhou esse aumento, garantindo uma maior disponibilidade operacional. Para atender às expectativas do mercado e considerando as necessidades de cada instalação, muitos foram os desafios até que se conseguisse desenvolver um produto completo. Hoje, o G3 Full venceu barreiras, sedimentou credibilidade e está em plena operação, inclusive no exterior. O coordenador de engenharia, Aristides Mattar,

afirma que o desempenho da empresa é o diferencial na conquista desses grandes feitos. “É um número surpreendente de planetários vendidos nesse curto espaço de tempo. Podemos nos orgulhar de ser uma marca de confiança, com aprimoramento intensivo e desenvolvimento constante de novos produtos. Além de um pronto atendimento na operação dos equipamentos”, conta ele. O diretor de engenharia, José Paulo Figueiredo, reforça: “Uma comprovada eficiência mecânica, um engrenamento

robusto suportado por uma elaborada construção de porta planetas e carcaça reforçada, rolamentos mais robustos com maior capacidade de carga, lubrificação individualizada por estágio, somado ao moderno sistema eletrônico de proteção e monitoramento integrado, rolamentos mais robustos com maior capacidade de carga e a lubrificação individualizada por estágio fazem dos planetários G3 Full da TGM um produto de sucesso no mercado”, finaliza o engenheiro.

Engrenagens: anéis de dentes internos nitretados do G3 Full Planetário TGM instalado na Cerradinho contribui no balanço energético global da planta

proporcionam durabilidade superior ao conjunto rotativo


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Redutores SuperTurbo ST com acoplamento GearFlex® é melhor opção, garante a TGM Elevada disponibilidade operacional e segurança são características desses equipamentos Os redutores turbo TGM nasceram em meados de 2005. Após alguns anos, sua tecnologia foi aperfeiçoada, e, após vários estudos, a TGM chegou na solução perfeita que, transformou o redutor turbo no SuperTurbo ST: seu próprio acoplamento flexível e a solução para implementar o acoplamento em instalações já operantes, tudo desenvolvido pela equipe de colaboradores da TGM. Tradicionalmente aplicado em unidades turbogeradoras, o redutor turbo é um equipamento indispensável nas instalações de geração de energia das usinas de até 60 MW de potência, e, justamente por isso, a TGM desenvolveu a mais moderna linha de redutores de alta rotação do mercado com o conceito de interface flexível entre o redutor e o gerador, uma exclusividade da linha ST. Além disso, a solução é pioneira nas potências acima de 15 MW e já se encontra operando em mais de 30 unidades. O engenheiro de projetos de transmissões, Rodrigo Cesar Momesso, vê nessa tecnologia a melhor solução. “O conceito de queixo duro (termo usado para interface rígida eixo-eixo) ficou pelo caminho com essa solução da TGM. Afinal, só com a total flexibilidade entre redutor e gerador, a condição ideal de distribuição de carga no dentado pode ser garantida”, afirma ele. Para o integrante do projeto ST, Heinz Koch, o segredo

Turborredutor SuperTurbo e GearFlex: acoplamento de engrenagens permite flexibilidade entre redutor e gerador

do elevado desempenho dos novos redutores turbo está na configuração do acoplamento, pois permite total liberdade de compensação de desalinhamentos dos dois eixos

acoplados. “A solução do acoplamento flexível da TGM é segura e única no mercado, estando consolidada por inúmeras vendas”, complementa ele.


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“Arroz com feijão” bem-feito reduz quantidade de impurezas na indústria Colheita mecanizada correta reduz problemas no tratamento de caldo por excesso de folhas, pontas e terra R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

A maior quantidade de impurezas minerais e vegetais na indústria é uma das consequências da colheita mecanizada de cana crua. Em decorrência disso, houve um aumento das dificuldades para o tratamento de caldo no processo de produção de açúcar e etanol. “Quando vai muita folha e ponta para a indústria, acabam indo também muitas biomoléculas, principalmente amido, fenol, ácidos e outros polissacarídeos”, constata Gustavo Henrique Gravatim Costa, professor da USC - Universidade do Sagrado Coração, de Bauru, SP. As impurezas vegetais e minerais geram diferentes problemas para o processo de produção, exigindo diversas soluções, como: o aumento de insumos no tratamento de

Gustavo Henrique Gravatim Costa, professor da Universidade do Sagrado Coração, de Bauru, SP

caldo e maior investimento em equipamentos para filtragem. Para minimizar os problemas provocados pela terra e as biomoléculas é preciso reduzir as impurezas no campo. “Fazendo bem o arroz com feijão é possível conseguir resultados satisfatórios”, afirma o professor da USC.

Segundo ele, antes da colhedora, esses problemas – maior quantidade de terra, folhas e pontas – não existiam. “Se a usina trabalhar certinho no campo é possível obter resultados muito parecidos como os que eram conseguidos antes da colheita mecanizada”, comenta.

Biomoléculas no caldo de cana causam diversos transtornos A maior presença de biomoléculas na indústria interfere na qualidade do açúcar e do etanol, exigindo intervenções específicas para minimizar os seus efeitos. O amido aumenta a viscosidade do caldo – exemplifica Gustavo Costa. “O tratamento de caldo utilizado principalmente para o açúcar VHP, que é a caleagem simples, remove muito pouco do amido”, explica o professor da Universidade do Sagrado Coração. Com o aquecimento do caldo, o amido gelatiniza. “E, quando isto ocorre, não se consegue mais a remoção. O amido fica retido no cristal no final do processo”, afirma. De acordo com ele, não há nenhuma interferência para quem consome esse açúcar diretamente – adicionado no suco, por exemplo. Empresas que utilizarem esse açúcar com amido para a fabricação de refrigerantes e de alimentos vão ter transtornos. No processo de produção é preciso diluí-lo em água e filtrá-lo para remover alguma impureza. No produto com muito amido, essa calda com diluição de açúcar fica viscosa, o que aumenta o tempo de filtragem. “O rendimento de processo dessas empresas é prejudicado”, constata. O açúcar com muito amido é desvalorizado no mercado. “Quando é feito o corte mecanizado no campo é importante despontar a cana de maneira correta para retirar o máximo possível de folha para que seja produzido um açúcar de melhor qualidade sob o ponto de vista do amido”, ressalta. Outra biomolécula é o fenol, que aparece principalmente nas pontas e na cana atacada por broca ou cigarrinha. “O processo químico até consegue remover uma quantidade considerável de composto fenólico”, diz Gustavo Costa. Mas, é preciso ter cuidado com a quantidade dessa biomolécula no processo. “Quanto mais fenol tiver no caldo, maior vai ser a cor do açúcar, porque ele faz uma reação com compostos de ferro e com o oxigênio”, diz. A presença de fenol também afeta a produção de etanol. Experimentos demonstram que 400 a 500 ppm dessa

Amido desvaloriza o açúcar no mercado, enquanto fenol eleva a cor do produto e provoca queda na viabilidade de levedura na fermentação etanólica

biomolécula no caldo é suficiente para começar a interferir na fermentação, ocorrendo queda da viabilidade de leveduras – revela. “Como a levedura acaba morrendo, a rodada seguinte de fermentação gasta açúcar para gerar novas leveduras. O rendimento da fábrica vai caindo pouco a pouco”, observa. (RA)

Outra medida para reduzir o volume de impurezas na indústria é a implantação do sistema de limpeza de cana a seco. “Mas, infelizmente poucas usinas a adotam. Os primeiros sistemas, que surgiram no mercado, apresentavam alguns problemas técnicos. Quando o sistema ficou mais eficiente e as usinas estavam interessadas em adquiri-lo, veio a crise”, observa. No tratamento do caldo, um cuidado essencial que diversas unidades sucroenergéticas não cumprem é respeitar o volume do decantador e o tempo de decantação – diz Gustavo Gravatim Costa, que é professor no curso de graduação de Engenharia Agronômica e no programa de mestrado em Ciência e Tecnologia Ambiental da USC. “Em alguns casos, a usina processa muita cana de uma vez só, aumenta o fluxo de caldo e diminui o tempo de decantação. Com isto, as impurezas não decantam direito, gerando resíduos no caldo clarificado, o que se torna um problema tanto para o açúcar como para o etanol”, comenta. É necessário levar em consideração o que foi projetado – recomenda – e procurar não acelerar o processo, porque isto pode trazer prejuízos para a indústria.

Pesquisa avalia substituição de polímeros por produtos orgânicos A acácia negra e a moringa oleifera poderão se tornar alternativas para a substituição de polímeros no tratamento de caldo. O assunto será abordado por Gustavo Gravatim Costa no 10º Congresso Nacional da Stab, em Ribeirão Preto, SP, de 20 a 22 de setembro. Ele apresentará o trabalho “Floculantes orgânicos no tratamento do caldo de cana”. De acordo com o professor da USC, o polímero é um insumo relativamente caro para a indústria. “Há trabalhos que mostram que se a usina usar muito polímero, principalmente acima da recomendação de 5 ppm, ele pode ficar retido no cristal do açúcar, o que se torna um problema, pois ele é cancerígeno”, alerta. Para substituição dos polímeros surgem algumas opções, como um floculante feito a partir da planta acácia negra, que é muito usado no tratamento de água – informa. A planta moringa oleifera, originária da Índia, é outra opção. As sementes amassadas da moringa são usadas na Índia, África e Nordeste brasileiro para clarificar e tornar a água potável. “Testes demonstram que esse efeito de clarificação e de precipitação das impurezas também ocorre com o caldo de cana. Estamos trabalhando para obter um resultado similar ao do polímero, porque esses produtos por serem orgânicos, dependendo da variedade de cana trabalhada e da impureza que se tenha no caldo, não apresenta a mesma eficiência”, revela. Os experimentos foram feitos, até agora, nas condições de laboratório. “Estamos trabalhando desde 2010. É preciso melhorar alguns detalhes para aumentar a escala”, planeja. Gustavo Costa começou a estudar o assunto na Unesp Jaboticabal, onde fez mestrado e doutorado em Microbiologia Agropecuária, sendo orientado pela professora Márcia Mutton. Como docente da Universidade do Sagrado Coração, ele continua a desenvolver e orientar estudos e pesquisas voltadas à clarificação do caldo de cana por meio da utilização de plantas. (RA)


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Índice elevado de ácido aconítico aumenta consumo de cálcio Além de amido e fenol, outro problema decorrente da impureza vegetal é a maior quantidade de ácidos, principalmente os orgânicos, no processo industrial. “O tratamento de caldo, de uma maneira geral, consegue reduzir bastante a acidez do caldo”, afirma o professor da USC.

Impureza mineral afeta a qualidade do açúcar, provoca contaminação bacteriana e aumenta o desgaste de diversos equipamentos da planta industrial Um grande problema, no entanto, tem sido a grande quantidade de ácido aconítico, que compete pelo cálcio na hora da clarificação do caldo – diz Gustavo Gravatim Costa. Em consequência disto, há efeito residual de cálcio no caldo clarificado devido ao aumento do uso desse produto por causa do índice elevado de ácido aconítico. “Este residual vai incrustar os tubos do conjunto da evaporação e o cozedor”, constata. O uso de grande quantidade de cálcio interfere na qualidade do açúcar e promove a floculação no fermento na

Polímero deve obedecer ao limite estipulado por alguns países de 5 ppm

fabricação de etanol. Há ainda a contaminação bacteriana provocada pela impureza mineral, que reduz a viabilidade da levedura e aumenta o tempo de fermentação. “A terra pode virar um núcleo de crescimento de cristal e prejudicar a qualidade do açúcar”, diz. Além disso, a impureza mineral provoca desgaste em diversos equipamentos da planta industrial. Com o aumento de impureza mineral, a usina acaba produzindo bastante torta de filtro, o que provoca alguns problemas. “É preciso levar essa terra de volta para o campo. Em muitas situações, a torta acaba

tendo mais pol, ocorrendo perda de sacarose”, afirma. “As usinas que trabalham com turbofiltros, hidrociclones, logo após o peneiramento do caldo, conseguem retirar uma boa quantidade de terra. O tratamento químico remove também bastante terra”, detalha Gustavo Costa, que é formado em tecnologia em biocombustíveis, agronomia/processos industriais pela Faculdade de Tecnologia de Jaboticabal. Se o processo de colheita for realizado de maneira correta, a elevação de gastos com insumos poderia ser evitada – enfatiza.

Com o maior volume de impurezas, há necessidade de aumento da quantidade de insumos para limpeza de equipamentos e do consumo de polímeros usados para decantar o caldo. “No caso do polímero, a usina deve respeitar o máximo do limite estipulado por alguns países que é de 5 ppm. A ideia é que se trabalhe com 2 a 2,5 ppm. Quando a matéria-prima vem com muita terra, geralmente há um aumento para 3 ppm. Se ultrapassar 5 ppm, o polímero fica como residual no caldo, ocorrendo problema de floculação”, afirma. (RA)


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Cuidados com vasos de pressão evitam transtornos Projeto, instalação, operação, manutenção, inspeção, treinamento devem seguir exigências da Norma Regulamentadora Nº 13 R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

As usinas e destilarias devem estar atentas a diversos detalhes referentes à aquisição, instalação, operação, inspeção e manutenção dos vasos de pressão para que sejam evitados – alertam especialistas – transtornos devido à fiscalização e principalmente por causa de problemas gerados para a saúde e segurança do trabalhador em decorrência de acidentes. Um parâmetro obrigatório para a adoção de medidas e procedimentos adequados nessa área é a NR-13 que aborda diversos aspectos relacionados aos vasos de pressão, definidos – conforme a própria norma regulamentadora – como equipamentos que contêm fluidos sob pressão interna ou externa, diferente da atmosférica. Apesar da tendência de diminuição de vasos de pressão nas plantas industriais mais novas e compactas, as unidades sucroenergéticas possuem

Evaporador na Vale do Paranaiba: usinas contam com vasos de pressão em todos os processos

grande quantidade e diversidade desses equipamentos. As usinas contam com vasos de pressão em todos os processos, desde a entrada da cana até a saída do etanol ou açúcar, como garrafas hidráulicas e trocadores de calor nas moendas, evaporadores, cozedores, condensadores, colunas de destilação. O projeto e construção dos vasos de pressão devem seguir uma série de procedimentos especiais que exigem o conhecimento de normas e a utilização de materiais adequados para cada tipo de aplicação. Os subsídios para a elaboração e o desenvolvimento de projetos e para especificações técnicas também podem ser encontrados na NR13 e na norma ASME - American Society of Mechanical Engineers, entre outras. A Norma Regulamentadora Nº 13 fornece informações e esclarecimentos sobre a prevenção de acidentes e as medidas que devem ser adotadas para assegurar boas condições de trabalho com vasos de pressão e caldeiras. É um verdadeiro manual, de cumprimento obrigatório, para profissionais que atuam nas áreas de projeto, operação, manutenção, treinamento, inspeção, segurança e saúde. Além disso, estabelece diretrizes para gestores, empresários, sindicalistas, auditores e fiscais do trabalho.


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Adequação requer avaliação e diagnóstico dos equipamentos Na hora de adquirir vasos de pressão, é importante observar se foram fabricados conforme as normas estabelecidas. Os equipamentos mais antigos, que estiverem em desacordo com os padrões exigidos, precisarão passar por um processo de readequação caso isto ainda não tenha sido feito. O primeiro passo é elaborar um planejamento a partir da avaliação e diagnóstico da situação dos vasos de pressão que fazem parte da planta industrial.

Dispositivos de segurança, documentação atualizada e treinamento estão entre as exigências para o funcionamento dos vasos de pressão Existem diversos acessórios e requisitos que são obrigatórios – conforme a NR-13 – para o funcionamento de vasos de pressão, entre os quais: válvulas de segurança, sistemas ou dispositivos de segurança; placa de identificação, que deve incluir dados sobre a definição da categoria e grupo de risco que se enquadra o equipamento, entre outras informações. Projeto de instalação, manual de

Cursos, como o da Sinatub, abordam o tema vasos de pressão em profundidade

operação, livro de registro de segurança, relatório de inspeção, projeto de alteração ou reparos estão entre os itens exigidos para a operação dos vasos de pressão. Há necessidade ainda da realização de treinamento dos operadores que devem ser supervisionados por um profissional habilitado, ou seja, engenheiro responsável por esses equipamentos. O não cumprimento dos requisitos pode acarretar multa e interdição da usina – até a regularização – nos casos mais graves que

provocam riscos de acidentes. A portaria Nº 594 do Ministério do Trabalho e Emprego, de 28 de abril de 2014 (publicada em 2 de maio de 2014), estabeleceu inclusive o prazo de um a dois para o atendimento de alguns itens específicos, que pode ser estendido até quatro anos – contados a partir da data de publicação da portaria – mediante apresentação de justificativa técnica que contenha plano de trabalho e cronograma para adequação às exigências do novo texto.

Para a implantação de medidas voltadas ao atendimento da norma – no caso de não conformidades –, empresas especializadas prestam serviços nessa área que incluem a elaboração e a execução de planos de adequação e correção dos vasos de pressão e caldeiras, além da avaliação e atualização da documentação técnica. A atualização no tema vasos de pressão é fundamental aos profissionais. Cursos, como o da Sinatub, abordam-no em profundidade. (RA)


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LOGÍSTICA BRASILEIRA AINDA ESTÁ CONGESTIONADA Área de transportes vem melhorando desde 2014, mas ainda há muito trabalho a fazer LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP

É comum ouvir especialistas apontarem a deficiência logística brasileira como o gargalo para que o País tenha propulsão planeta afora. E estão certos. Embora a malha logística brasileira venha melhorando desde 2014, há muitos buracos de estradas a tapar, barcos a construir, corporativismos portuários e sindicatos corrompidos a enfrentar, trilhos e bitolas largas a construir, barcaças melhores a lançar às águas, rios

assoreados a aprofundar e etanoldutos a funcionar. Enfim, há ainda muito trabalho a fazer. A deficiência logística brasileira não permite que o Brasil suba ao pódio. A partir desta página até a página 87, estamos publicando um especial sobre a dificuldade de escoamento logístico neste País. A atual safra 2016/2017 conta com estimativas de moagem que variam de 580 milhões de toneladas a 691 milhões. É muita cana, que exigiu muito insumo. É muito açúcar, muito etanol, muito tudo. E este tudo exige uma logística funcional em todos os aspectos porque o setor é totalmente vinculado e dependente do transporte em todos os seus processos, desde o plantio da cana, cultivo, colheita e o escoamento final por rodovias, portos, ferrovias, etanoldutos e até hidrovias. Todas estas vias precisam funcionar muito bem, mas a realidade é que há problemas sérios em todas.

Apenas 12% da malha rodoviária País precisa pensar a logística de nacional é pavimentada forma estratégica, pede Renato Cunha A CNT — Confederação Nacional do Transporte aponta em pesquisa que apenas 12% da malha rodoviária nacional é pavimentada. Entre as rodovias pavimentadas, 44,7% apresentam desgastes e 19,1% exibem trincas e remendos. A CNT realizou um estudo onde foram percorridos quase 100 mil quilômetros no país. Deste total, apenas 32,4% apresentavam perfeitas condições. E publicaram ainda na pesquisa que 12% da malha rodoviária nacional é pavimentada, entre elas 44,7% apresentam desgastes e 19,1% exibem trincas e remendos. O setor sucroenergético, bem como outros setores da agricultura brasileira, são dependentes do transporte rodoviário. Essa dependência gera custos como alto consumo de combustível, elevado custo operacional e a perda de safras por permanência na estrada. Somente a região Centro-Oeste, destacada pela grande produção de grãos, apresentou 26,8% de aumento de custos de manutenção de suas rodovias, taxa inferior apenas a do norte do país. A pavimentação

da malha rodoviária da BR-163 é considerada essencial para o encaminhamento dos grãos aos portos para exportação. Quando se trata de produtos com pouco valor agregado é primordial que todos os processos sejam eficientes. Mesmo sem a revolução no sistema de transporte que o país precisa, as empresas já têm opções para incrementar suas condições logísticas, como o uso de galpões logísticos bem estruturados e equipados, com localização estratégica para o escoamento dos bens. “No modal rodoviário, precisamos de um plano de investimento que contemple o incremento, a manutenção e a interligação com portos, ferrovias e aeroportos. Quando se tem uma logística planejada e integrada, o resultado se reflete em redução de custos e maior escala no escoamento da produção. Essa é a lição das economias mais desenvolvidas e que não podemos esquecer”, comenta Renato Cunha, presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco — Sindaçúcar, PE. (LB)

Para Renato Cunha, presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco — Sindaçúcar, PE, é preciso que o país pense estrategicamente a este respeito. Ele entende que a tributação de combustíveis, a arrecadação da Cide — Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico devem ser destinadas também para a infraestrutura de transportes. “Essa é uma forma de gerar empregos e edificar a malha de transportes, de bens e pessoas, imprescindível para a geração de renda e tributos”, explica Cunha e complementa, “No Brasil e principalmente no Nordeste, há muito ainda a fazer. Precisamos integrar os modais logísticos, visando a competitividade da produção no mercado interno e externo. Isso inclui ampliarmos o modal marítimo e hidroviário e também o ferroviário”, complementa. Por outro lado, ressalva Cunha, esses investimentos devem ser criteriosos, com gestão e fiscalização, num planejamento perene. O ranking de logística do Banco Mundial — Bird, que mostra a eficiência dos sistemas de transportes em 160 países, apontou em 2014, uma queda do Brasil em 20 posições, passando a ocupar o 65º lugar, a pior colocação desde que a listagem foi lançada, em 2007. Neste ano a atualização do ranking lançada em junho trouxe resultados mais animadores. O Brasil subiu dez posições chegando a 55ª posição entre mais de 150 países, mas espera-se que o país consiga chegar no mesmo nível que se encontrava em 2014, ocupando o 45º lugar no ranking. E que baixe para bem mais honrosa posição nos anos seguintes. De acordo com Adriano Pires, Diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura — CBIE, as malhas brasileiras ainda não estão nada bem. Ele ressalta que a estrutura e a logística do Brasil são problemas contínuos que se estenderam por anos, mas espera que a partir deste ano melhore com as mudanças

Renato Cunha, presidente do Sindaçúcar, PE

do novo governo. “No governo Lula a única novidade na área foi a fusão que aconteceu na compra da ALL — América Latina Logística pela Rumo Logística que resultou em investimentos e melhorias. Mas isso não foi suficiente para melhorar a logística o quanto precisava”, lembra Adriano. O diretor complementa dizendo que as soluções que já foram tomadas no passado são pequenas quando comparadas com a dimensão do problema. Tanto na malha ferroviária, como na hidroviária e rodoviária, faltam investimentos privados, o que ele espera que mude com a confirmação do governo Temer. “Seria necessário um novo modelo de negócio e um novo modelo regulatório. O modal rodoviário pode ser considerado o mais desenvolvido, porém ainda precisa de investimentos. Os modais hidroviário e ferroviário ainda precisam se desenvolver para chegarem onde seria considerado o ideal”, finaliza Pires. (LB)


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Governo federal tenta tapar alguns buracos O governo federal tenta tapar alguns buracos. Dando continuidade a manutenção das rodovias federais que cortam o Maranhão, a Superintendência Regional do DNIT — Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, está realizando serviços em diversos trechos das BR's 135/MA, 222/MA, 226/MA, 230/MA e 316/MA. As melhorias que se iniciaram em agosto de 2016, visam dar boas condições de trafegabilidade e proporcionar segurança aos usuários. Segundo o Superintendente Gerardo Fernandes, foi possível intensificar os serviços dos contratos existentes e iniciar os dos novos contratos com o fim do período das chuvas. “Agora a malha rodoviária do Maranhão, que tem 3.500 km de rodovias pavimentadas, está com contratos de manutenção para toda a sua extensão. Hoje, a quase totalidade da nossa malha está em boas condições, com obras bem adiantadas em várias rodovias. O objetivo é estar com cem por cento das BR's recuperadas o mais breve possível”, informa. Na BR 135/MA, que vai de Peritoró (km 224,5) a Presidente Dutra (km 341,5), estão

em andamento os serviços de tapa-buracos, remendos profundos e demais serviços de conservação corretiva rotineira, como: roçada, capina, limpeza e pintura de meio-fio, obras que foram iniciadas em dezembro de 2015 com contrato de dois anos.

O contrato mais recente em andamento é o responsável pelas intervenções na rodovia de Miranda do Norte (km 249,2) a Santa Luzia do Tide (km 406,2). O contrato também contempla a manutenção rotineira de tapaburacos, remendo profundo, limpeza e

reposição de dispositivos de drenagem, além dos serviços de restauração da rodovia, como: a reestabilização de base, recapeamento asfáltico e microrrevestimento. As obras iniciaram em junho deste ano, com contrato de 3 anos de duração. (LB)

Porto do Itaqui é cordão Fila de navios para embarque e que verga o Arco Norte desembarque ainda é gargalo em Santos A principal aposta logística do agronegócio brasileiro para a próxima década será o chamado Arco Norte, região que compreende os estados de Rondônia, Amazonas, Amapá, Pará e segue até o Maranhão. Este foi o tema do Fórum de debates realizado no município de Santarém, no estado do Pará, em junho deste ano. O cordão que verga com força este Arco Norte é o Porto de Itaqui, projetado e construído para ser a porta de entrada e saída da região Norte. De calagem profunda e moderno, é capaz de escoar todo o grão produzido na região Centro-Oeste, além de açúcar e etanol, se necessário. O encontro em Santarém teve como objetivo ouvir os principais atores públicos e privados, além de aprofundar os debates e colher sugestões para o estudo que abrange a viabilidade dos projetos, que já estão em andamento, e irão conectar por rodovias, ferrovias e hidrovias a produção do CentroOeste aos portos do Norte. Durante o evento, o ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil, Maurício Quintella destacou a importância de viabilizar de forma efetiva o escoamento da produção agrícola pelo Arco Norte. “Hoje, 80% do escoamento ainda são feitos pelas regiões sul e sudeste. Precisamos equilibrar esta distribuição de riqueza, passando a utilizar o corredor norte como saída prioritária da produção, aproximando o nosso mercado ao mercado asiático”, ressaltou o ministro. A proposta de estudos logísticos voltados para o Arco Norte foi levada pelo presidente do Cedes — Centro de Estudos de Direito Econômico e Social, deputado Lúcio Vale, como sugestão ao Poder Executivo, para que sejam agilizadas as ações governamentais em direção ao incremento do corredor norte para o escoamento de produção.

Fórum de debates sobre logística em Santarém, PA

“A abertura da logística de transporte do Arco Norte amplia o potencial de escoamento e a competitividade da produção nacional e possibilita ao produtor menores custos em transporte, além de potencializar o crescimento e o desenvolvimento econômico da região centro-norte”, destaca o ministro. Para a viabilização dos projetos ligados ao Arco Norte, o ministro Quintella, o ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho, também presente no debate, e o diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura — DNIT, Valter Casimiro, assinaram uma ordem de serviço para início dos estudos de viabilidade para obras das rodovias BR-210 e BR-163. De acordo com Casimiro, a União está trabalhando para concretizar os projetos que irão conectar, por meio de rodovias, ferrovias e hidrovias, a produção do Centro-Oeste aos portos do Norte. “O governo federal vai priorizar a área de infraestrutura. Com isso, poderemos tocar importantes obras como a BR 163/MT, a BR 230/MA e BR 319, além da Ferrovia NorteSul e da hidrovia do Rio Tocantins. Todas essas obras vão dar continuidade ao padrão de investimentos do Arco Norte e contribuirão para integrar a Região Norte ao restante do País”, ressaltou Casimiro. (LB)

O total de navios que aguardavam para embarcar açúcar nos portos brasileiros aumentou de 34 para 38 na semana do dia 20 de junho deste ano, segundo levantamento da agência marítima Williams Brazil. O relatório considerou embarcações já ancoradas, aquelas que estavam ao largo esperando atracação e também as que chegariam até o dia 17 de agosto. Na semana seguinte o número baixou de 38 para 37, mudança que não foi muito significativa em comparação aos 34 do começo daquela semana. Foi agendado o carregamento de 1,51 milhão de toneladas de açúcar. A maior quantidade foi embarcada no Porto de Santos, em São Paulo, de onde saíram 1,11 milhão de toneladas ou 74% do total.

O Porto de Paranaguá respondeu pelos 26% restantes, totalizando 397,56 mil toneladas. Em Santos, o terminal da Copersucar embarcou em torno de 295 mil toneladas. No da Rumo, foram 638,49 mil toneladas, no Teag 149,25 mil e no da Noble, 31,50 mil. A maior parte do açúcar embarcado foi da variedade VHP, açúcar bruto de alta polarização, com 1,42 milhão de toneladas. Outras 83,80 mil toneladas são de cristal B150, carregado ensacado. Estes números revelam que o Porto de Santos continua o líder do setor nos embarques brasileiros e que é o que mais precisa de ajustes, que resultem especialmente em maior rapidez nos embarques e desembarques. (LB)


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Participação na balança comercial é a maior dos últimos 20 anos no Porto de Santos O Porto de Santos apresentou no primeiro semestre deste ano as maiores participações mensais na movimentação da balança comercial brasileira nas duas últimas décadas. Todos os índices mensais obtidos até junho deste ano ficaram acima dos registrados em anos anteriores, inclusive no segundo semestre. Em janeiro, o Porto de Santos respondeu por 28,0% da movimentação da balança comercial. O crescimento em fevereiro foi para 30,7%, em março para 30,8%, em abril para 30,1%, em maio atingiu 29,4% e em junho 29,0%. No primeiro semestre, a movimentação do porto, em valores, atingiu US$ 45,6 bilhões, 29,0% do total Brasil (US$ 156,9 bilhões). As exportações somaram US$ 26,8 bilhões, 29,7% do total Brasil (US$ 90,3 bilhões) e as importações US$ 18,8 bilhões, 28,2% de tudo o que o país importou (US$ 66,6 bilhões). Os cinco países dos quais o Brasil mais importou, através do Porto de Santos, foram: a China (19,7%), os Estados Unidos (17,6%), a Alemanha (10,5%), o Japão (4,8%) e a Coreia do Sul (4,3%). Já os principais destinos das exportações brasileiras foram: a China (19,5%), os Estados Unidos (11,0%), a Argentina (6,0%), os Países Baixos (4,6%) e o México (3,1%). Entre as cargas mais importadas através de Santos aparecem o gasóleo (óleo diesel), vindo, principalmente, dos Estados Unidos, Reino Unido e Emirados Árabes Unidos, representando 1,69% das importações; seguido de outras caixas de marchas, provenientes do Japão, Indonésia e Coreia do Sul, com participação de 1,30%, e outras partes para aviões ou helicópteros, vindas do Japão, Estados

Unidos e Espanha, com 1,26%. Nas exportações sobressaíram-se a soja, embarcada para a China, Tailândia e Irã, com participação de 17,0%; o açúcar, para a China, Argélia e Índia, com 9,38%; e o café, para os Estados Unidos, Alemanha e Japão, com 6,7%. Já na movimentação física, em toneladas, o Porto de Santos atingiu, no primeiro semestre deste ano, o maior movimento de cargas de sua história para o

período, somando 57,77 milhões de toneladas, registrando seis recordes mensais sucessivos. O número supera em 4,7% o recorde registrado no mesmo período do ano passado (janeiro a junho), que atingiu 55,19 milhões. Açúcar, soja e milho responderam por 41,5% do total movimentado. As exportações também foram recorde, com 43,25 milhões de toneladas, ficando 11,1% acima do volume embarcado nesse período do ano passado (38,94 milhões) e as

importações (14,51 milhões) recuaram 10,7% em relação a 2015, com 16,25 milhões de toneladas. O açúcar, segunda carga de maior movimento, atingiu 8,33 milhões de toneladas, acréscimo de 15,5%. As cargas conteinerizadas somaram 1,68 milhão teu, unidade equivalente a um contêiner de 20 pés, apresentando redução de 8,1% se comparado ao primeiro semestre do ano passado com 1,83 milhão de toneladas. (LB)

Arrendamento de portos brasileiros pode ser uma solução O arrendamento de portos brasileiros é uma solução pensada e em andamento. De acordo com a Secretaria de Portos do Brasil, o Programa de Arrendamentos Portuários está inserido no Plano de Investimento em Logística dos Portos — PIL Portos, com a previsão de 15.8 bilhões de reais em investimentos até o ano 2017, envolvendo áreas nos portos públicos mais importantes e estratégicos do país. A partir da nova Lei dos Portos, o governo retomou as autorizações para Terminais de Uso Privado — TUP, e outras instalações portuárias. São investimentos fora do âmbito dos portos organizados que deverão somar esforços aos arrendamentos para garantir a infraestrutura necessária ao escoamento da produção. O SEP — Sistema Elétrico de Potência, conta com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento — PAC, para obras portuárias que visam ampliar e modernizar os acessos aos portos. Estão previstas intervenções em praticamente

todos os portos organizados, com obras de melhoria de acesso marítimo e terrestre, dragagem, terminais de passageiros, recuperação de cais, entre outros. O quadro da evolução da movimentação de carga, por instalação portuária, indica um crescimento de 83,74% entre 2001 e 2013 e a taxa de crescimento projetada da movimentação portuária é de 5,7% ao ano, de 2010 a 2030. Será um aumento da capacidade de 219 milhões de toneladas por ano. Para o período de 2012 a 2030, a projeção é de que a movimentação total tenha um incremento de 150%. O complexo portuário brasileiro movimentou, em 2013, 931 milhões de toneladas de carga bruta, apresentando um crescimento de 2,9% em relação a 2012. Sozinho, o setor portuário é responsável por mais de 90% das exportações do país. Dessa movimentação, 338 milhões de toneladas, 36%, foram realizadas pelos Portos Organizados e 593 milhões, 64%, pelos Terminais de Uso Privado — TUP. (LB)


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Brasil precisa de mais de R$ 55 bilhões para reformar e construir novas ferrovias O Brasil possui dimensões continentais e ricas bacias hidrográficas, que sugerem um potencial para o desenvolvimento das hidrovias e da malha ferroviária. Porém, ironicamente, o território brasileiro é vastamente cortado por rodovias, resultado da força econômica de países ricos que trouxeram ao Brasil suas fábricas de caminhões, em detrimento do investimento em ferrovias e hidrovias, por exemplo, mais baratas. O resultado disso é um alto custo para as atividades produtivas, que conta com menos opções para a movimentação e escoamento dos produtos para o exterior. Em 2015 o IBGE — Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, divulgou o mapa mural “Logística dos Transportes no Brasil”. O gráfico revelou que 61,1% da carga transportada pelo país usa o modal rodoviário, enquanto somente 21% utiliza a malha ferroviária.

Seriam necessários investimentos de grande porte para conseguir uma mudança significativa desses números. De acordo com o levantamento da CNI — Confederação Nacional da Indústria, o país precisa de mais de R$ 55 bilhões na reforma e construção de novas ferrovias. O Programa de Investimentos em Logística, conhecido como PIL, busca solucionar isso, mas esbarra em desafios como a burocracia e a escassez de recursos no período de crise econômica nacional e setorial. Segundo a APN Trilhos — Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos, o Brasil tem atualmente 30 mil km de ferrovias, sendo 23 mil operacionais, mas apenas cerca de 10 mil com transporte realmente denso. Com todo o planejamento do PIL, a expectativa é chegar a 34 mil km até 2025. Ainda é menos do que os 38 mil km que o país tinha na década de 70. (LB)

Etanolduto ainda opera com 60% de ociosidade Projetado para ser a principal artéria a bombear o etanol produzido no Centro-Sul do país até os grandes centros consumidores do Sudeste e ao mercado externo, o etanolduto construído e operado pela Logum Logística ainda opera com 60% de ociosidade. Três anos após ter sido inaugurado, suas tubulações construídas até agora representam menos de 30% do total previsto no projeto original. Em 2015 o volume transportado já foi consideravelmente maior. A Logum movimentou o dobro do realizado nos doze meses de 2014, e pretende continuar crescendo até o final deste 2016. No ano passado, foram mais de dois bilhões de litros, o dobro do ano anterior. O chamado Sistema Logístico Multimodal de Etanol está baseado na criação de corredores de transporte dutoviário e hidroviário de etanol, que se integram de forma multimodal ao sistema de distribuição já existente nestas regiões. O etanol é captado em terminais e transportado por dutos que interligam as principais regiões produtoras do país aos grandes centros de consumo do combustível, tais como: as cidades de Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro. Esse sistema apresenta benefícios ambientais e econômicos, pois além da redução de custos logísticos em todo o processo, oferece uma nova alternativa de transporte que proporciona uma redução significativa na emissão de poluentes, e contribui para redução do impacto do tráfego rodoviário nos grandes centros urbanos. Até hoje, mais de R$ 1,8 bilhão foram investidos para construir 352 quilômetros de dutos ligando a produção de etanol de Uberaba e Ribeirão Preto ao polo petroquímico de Paulínia, também em São Paulo, onde se concentram as

principais distribuidoras de combustíveis do país. O projeto original, adiado até que a produção de etanol no país volte a crescer, previa a construção de 1,3 mil quilômetros ao longo de 45 municípios nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul. Prevê também a integração ao sistema hidroviário com utilização de barcaças na bacia Tietê-Paraná, cujas obras estão paralisadas. Após os investimentos já feitos, com uso de recursos vindos de "empréstimos-ponte", uma vez que ainda não foi aprovado o financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social — BNDES, os sócios agora estão realizando aportes de capital para bancar a operação, que ainda não traz retorno suficiente. Em 2015, os acionistas aportaram R$ 120 milhões, divididos de forma proporcional de acordo com as respectivas participações.

No bloco de controle da Logum estão a Copersucar, maior trading de etanol do mundo, a Raízen, maior produtora de etanol e segunda maior distribuidora de combustíveis do país, a Odebrecht TransPort e a Petrobras, cada uma com 20% de participação. A Camargo Corrêa, que chegou a negociar sua saída do negócio, permanece no capital com 10%. A Uniduto Logística é dona dos 10% restantes. A estratégia da empresa para crescer, apesar da crise do setor de etanol no país, será ampliar a capilaridade da entrega do biocombustível, hoje restrita a Paulínia e Barueri em São Paulo e Duque de Caxias no Rio de Janeiro. O foco é fazer com que o etanol de Uberaba e Ribeirão Preto chegue às cidades de Guarulhos e São Caetano, na Grande São Paulo, o que depende de uma reorganização dos fluxos dos dutos da Petrobras para essas regiões, atualmente ocupados com outras demandas. (LB)

Buracos para as obras do etanolduto ainda não foram cavados em Goiás Com previsão de chegar a Goiás ainda no primeiro semestre do ano passado, neste 2016 os buracos para as obras do etanolduto ainda não foram cavados nas terras goianas. O atraso se deve a decisão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social —BNDES, de travar o financiamento de R$ 5,8 bilhões para a empresa Logum Logística continuar a obra. O motivo para o BNDES protelar o financiamento é o suposto envolvimento de três empresas sócias que compõem a Logum serem investigadas na Operação Lava Jato da Polícia Federal. A Petrobras, que detém 20% de participação, a Odebrecht, que tem outros 20%, e a própria Construtora Camargo Corrêa, com 10%. Outro ponto de avaliação é a ex- diretoria da Logum. O então presidente Roberto Gonçalves, é ex-integrante de uma equipe que se reportava ao ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, delator na Lava Jato. A empresa foi submetida a uma auditoria interna. No início do segundo semestre de 2014, a Logum revelou que Goiás receberia a implantação do etanolduto. E que o município de Itumbiara, no sul do estado receberia um terminal terrestre. Quirinópolis e Jataí também receberiam o etanolduto. Porém em julho de 2016, a assessoria da Logum afirmou que o projeto ainda está em fase de licenciamento, mas não revela data, prazo e o andamento das obras. (LB)


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Renovação da malha paulista da Rumo é a primeira que deve sair As concessões ferroviárias caminham em trilhos firmes no Brasil e seus interessados já discutem suas renovações. A renovação da malha paulista da Rumo é a primeira que deve sair. Ela integra o "corredor Norte", entre Rondonópolis, MT e o porto de Santos, SP, onde a companhia tem participação ou opera terminais portuários para exportar a carga que transporta pelos trilhos. A empresa pede mais prazo para poder amortizar os R$ 8 bilhões que promete investir. Atualmente a Rumo e a Agência Nacional de Transportes Terrestres — ANTT discutem as regras para a renovação por mais 30 anos da exploração desse traçado. O prazo atual expira em 2028. Com a extensão, vai até 2058. "É o que está mais maduro para sair", diz o superintendente de Infraestrutura e Serviços de Transporte Ferroviário de Cargas da ANTT, Alexandre Porto sobre os principais projetos que estão para sair entre este semestre e o primeiro trimestre de 2017. Além da renovação da Rumo, citou as licitações da Ferrogrão e da Ferrovia Norte-Sul. Com a injeção de recursos, as tarifas poderão ser mais "atrativas", disse o presidente da Rumo Logística, Julio Fontana, devido à geração de eficiência e ganhos de produtividade. "Tenho de concorrer com essa logística, com toda a expansão que está tendo para o Norte", afirmou o executivo. "É o maior projeto logístico em desenvolvimento hoje no país, que propõe elevar o volume de 30 milhões de toneladas para 65 milhões de toneladas em 2025. Isso vai reduzir o custo Brasil". Em relação à Ferrovia Norte-Sul, o governo decidiu unir em um só lote dois trechos que originalmente seriam licitados de forma separada no Programa de Investimento em Logística — PIL, da presidente afastada Dilma Rousseff. Serão unidos o trecho sul da ferrovia, de Anápolis, GO, a Estrela D'Oeste, SP, que não despertou o interesse da iniciativa privada; e o trecho norte, de Anápolis a Porto Nacional, TO, considerado mais estratégico. A ideia é fazer uma única concessão

verticalizada de Porto Nacional até Estrela D'Oeste, acessando os portos de Santos e Itaqui, MA, em mesma bitola. O modelo deverá incluir a possibilidade de o licitante vencedor construir o ramal de Três Lagoas, de Água Boa e o trecho Açailândia, MA, a Barcarena, PA. Já a possibilidade de a licitação da ferrovia incluir áreas portuárias, conforme o governo cogitou para tornar o negócio

mais atraente, perdeu força nos últimos meses, apurou o Valor. Não existe consenso jurídico de que se possa realizar uma só licitação envolvendo os dois modais no atual marco regulatório. Contudo, isso já foi feito no Brasil. A Ferronorte é um exemplo considerado bem-sucedido, cuja concessão dos trilhos no acesso ao porto de Santos previu também a exploração de uma área de 100 mil metros quadrados no cais. (LB)


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Troca de matéria-prima é operação ganha-ganha interessante Permuta da cana produzida em áreas distantes gera economia no transporte e diminui impacto do custo logístico R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

Uma usina que tem uma área de cana distante de seu parque industrial, porém próxima de uma unidade sucroenergética que possui outra área perto dessa usina, pode fazer a troca de matéria-prima com o objetivo de reduzir o seu custo logístico. A permuta de cana-de-açúcar entre duas usinas que tenham áreas de cana (próprias, arrendadas ou de fornecedores) distantes da sua unidade industrial torna-se uma operação ganha-ganha interessante devido à economia com o transporte de cana, uso de equipamentos, consumo de óleo diesel, entre outros itens. Além disso, ocorre a diminuição do risco de acidentes devido aos percursos menores. Essa negociação de troca de matériaprima tem mais chances de ocorrer nas regiões de Ribeirão Preto e Catanduva, no estado de São Paulo, onde há maior concorrência e densidade de plantações de cana – exemplifica Luiz Gustavo Junqueira Figueiredo – diretor comercial da Usina Alta Mogiana, de São Joaquim da Barra, SP. “Em regiões sem concorrência de matéria-prima – ou que tenham concorrência pequena –, as usinas estão com o seu ‘quintal’ em ordem. Não imagino que a troca seja comum nestes casos”, diz. Segundo ele, mesmo em regiões com maior densidade de cana, essa prática deve ser ainda incipiente. “Na hora de buscar cana, as usinas são concorrentes. Criar um ambiente de ganhaganha entre empresas que estão, na teoria, concorrendo com as mesmas áreas é o

Luiz Gustavo Junqueira Figueiredo, diretor comercial da Usina Alta Mogiana, de São Joaquim da Barra, SP

primeiro obstáculo”, observa. Deve haver uma aproximação da alta diretoria – afirma. Não é uma área operacional que vai conversar com a outra sobre isto antes de qualquer decisão das empresas. A segunda dificuldade são as diferenças entre os canaviais em relação às variedades utilizadas, produtividades obtidas – constata. Uma plantação de cana pode estar no segundo corte e outra, no terceiro – compara. “Estabelecer critérios desta troca é algo relativamente complexo”, afirma.

De acordo com o diretor comercial da Alta Mogiana, é possível criar formas de compensação. “Mas, não é uma tarefa fácil, pois não existe um canavial igual ao outro”, comenta. O terceiro ponto está relacionado à questão logística e à qualidade das operações. “Como vai ser feito o transporte? Como vai ficar a qualidade do corte? Como vai ser mensurado se a colheita foi bemfeita?” – questiona Luiz Figueiredo. Na avaliação dele, o assunto é delicado. “Uma parte da cana pode ser deixada no

campo se o corte não for feito de maneira correta. Pode ter pisoteio“ – diz. “A troca de matéria-prima é algo que faz muito sentido. É uma tendência. Mas, ainda é incipiente devido à dificuldade na sua execução. Essa prática vai aumentar ao longo do tempo, mas gradativamente”, pondera. A Alta Mogiana tem algumas experiências pontuais com a troca de matéria-prima em áreas de cana não muito extensas – revela. Segundo ele, os resultados têm sido positivos.


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Negociação entre usinas deve estabelecer critérios de avaliação Desde que haja um acordo saudável e de confiança, pode ser planejada e executada uma logística que beneficiará as duas unidades envolvidas na negociação de troca de matéria-prima – avalia Júlio Vieira de Araújo, gerente agrícola da Usina São José da Estiva, de Novo Horizonte, SP. “É preciso ponderar as variáveis: existe confiança, qualidade na colheita, a época do acordo foi adequada, o volume de cana foi bem processado e está bem registrado?”, indaga. Há ganhos na logística da colheita, principalmente no transporte que se torna o vilão por causa da distância – diz. Outros benefícios estão relacionados ao apoio da operação, porque há um aumento de custos em função do quilômetro rodado quando a área de cana está longe da usina – observa. Para a troca da matéria-prima proveniente de áreas de cana de duas usinas, Júlio Araújo diz que o critério de

Troca precisa considerar o volume de açúcar produzido por tonelada de cana, além de ponderar o custo de transporte e colheita avaliação deve levar em conta a produção em toneladas de cana por hectare, considerando o volume de açúcar gerado pela matéria-prima. “Troca-se quilo de açúcar na usina, e não tonelada de cana, em uma época que as duas unidades queiram fazer da melhor maneira possível esse manejo”, esclarece. De acordo com ele, a diferença deve ser ajustada

em um ATR médio, transformando-se esse volume em tonelada para que o acerto seja feito em cana – conforme a quantidade de açúcar – ou em pagamento da tonelagem. Essa diferença deve ser ponderada com o custo de colheita e transporte, ou seja, considerando ainda a quantidade produzida de açúcar e o custo pré-fixado da colheita de uma tonelada de cana-de-açúcar – detalha. “Nunca vai empatar em quilo de açúcar. A partir de uma boa parceria se faz um ajuste. Ambos vão ganhar com isto”, ressalta. A Estiva faz a troca de matéria-prima produzida em uma fazenda, distante da usina e próxima de uma unidade da Cofco (trading estatal chinesa que adquiriu a Noble), de Potirendaba, SP, que tem uma área perto da Estiva, localizada em Novo Horizonte, SP – informa. Essa parceria ocorre há quatro anos. “É o nosso único caso de troca de

matéria-prima, pois as nossas áreas são bem localizadas, ficam próximas da usina”, diz o gerente agrícola. Essa permuta de matéria-prima produzida em áreas distantes pode amenizar o impacto do custo logístico, principalmente o de transporte, de unidades sucroenergéticas – avalia Júlio Araújo. “Não é uma prática muito comum no setor. Precisa ter muita confiança entre as partes e um bom relacionamento. O ideal seria trocar as áreas em definitivo. Se isto acontecesse, não haveria necessidade de se fazer, com frequência, negociações e ajustes”, comenta. Segundo ele, há diversos fatores que impedem a troca definitiva. “Se a área for arrendada, o proprietário da terra pode não ter interesse em fazer negócio com outro parceiro”, exemplifica. A permuta de matéria-prima acaba sendo, nesses casos, uma forma de amenizar o custo. (RA)


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Pádua, da Unica, é o líder do ano no MC Centro-Sul Lodovico Trevizan Filho, diretor-presidente da Bevap, é o Executivo do Ano LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP

Antonio de Pádua, o diretor técnico da Unica – União da Indústria de Cana-deAçúcar, é o Líder do Ano do setor surcroenergético e Lodovico Trevizan Filho, diretor-presidente da Bevap, é o Executivo do Ano do Prêmio MasterCana Centro-Sul, que está sendo entregue neste dia 22 de agosto aos profissionais que mais se destacaram no ano na região. Além de reconhecer o mérito daqueles que trabalham por uma agroindústria canavieira sustentável, o Prêmio MasterCana premia há 28 anos, pessoas e organizações que se destacam na busca pelo aprimoramento tecnológico, humano e socioeconômico do setor sucroenergético. O MasterCana é considerado uma tradição setorial e as cerimônias de premiação acontecem anualmente em São Paulo – SP, Ribeirão Preto – SP e em Recife – PE. O evento reúne cerca de mil convidados dentre os quais representantes de

75% da produção sucroenergética do país, líderes empresariais, fornecedores, traders, bancos e corretoras. De acordo com Rosemeire Ferreira Messias, gestora de eventos da ProCana Brasil, responsável pela organização do evento, a expressiva participação dos empresários e profissionais do setor, tanto na pesquisa quanto nos eventos de premiação transformaram o Prêmio MasterCana em referência de credibilidade, e o selo MasterCana em símbolo de reconhecimento do setor. “Os eventos têm crescido cada ano em número de patrocinadores por acreditarem na força de networking e organização impecável em todas as áreas. Temos nos tornado referência em premiação”, comemora Rose. O JornalCana, além de ser a maior fonte de informação do setor sucroenergético do país, também é o responsável há 19 anos consecutivos pela pesquisa, organização e entrega do Prêmio MasterCana. Em 2016 a edição Centro-Sul está acontecendo neste dia 22 de agosto, em Sertãozinho – SP, dia anterior ao da abertura da Fenasucro & Agrocana. O MasterCana Brasil acontecerá em 19 de outubro, em São Paulo – SP, na casa de eventos Villa Bisutti, Vila Olímpia e a última edição do ano acontecerá no dia 24 de novembro, em Recife – PE.

Antonio de Pádua, diretor técnico da Unica

MasterCana Social é símbolo de incentivo e reconhecimento Dentro da programação do Prêmio MasterCana Centro-Sul acontecerá a festa de entrega do MasterCana Social, premiação feita em parceria entre o Gerhai — Grupo de Estudos em Recursos Humanos na Agroindústria, e a ProCana Brasil. O prêmio visa incentivar, reconhecer e premiar práticas de gestão de pessoas e responsabilidade socioambiental das empresas sucroenergéticas do Brasil, como também das entidades representativas e das empresas fornecedoras de produtos e serviços ao setor, que contribuam para a promoção do

José Darciso Rui, diretor executivo do Gerhai, em premiação do MasterCana Social

bem-estar social e do desenvolvimento sustentável. O MasterCana Social recebeu 103 projetos, de concorrência acirrada em todas as categorias. Os pontos principais de análise e de critérios de avaliação da comissão foram baseados em investimento e desempenho, objetivos e resultados atingidos, grau de inovação, abrangência e número de beneficiados e satisfação do público beneficiado. “O evento tem uma grande importância para o setor sucroenergético, visto que apresenta para o mundo

empresarial, governistas e sociedade em geral os programas sustentáveis aplicados pelo setor nas comunidades garantindolhes uma maior e melhor qualidade de vida, educação, desenvolvimento, cultura e respeito”, observa José Darciso Rui, diretor executivo do Gerhai. “O Prêmio MasterCana Social destaca casos de sucesso de unidades de modo a criar benchmarking e levar outras unidades a replicá-las”, finaliza Josias Messias, presidente da ProCana Brasil, que edita o JornalCana, entre outros produtos líderes do setor sucroenergético.


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Pneus radiais Michelin ampliam a produtividade Clientes atestam os benefícios das tecnologias Michelin nas diversas culturas Com o aumento da população mundial, o agronegócio enfrenta o desafio, cada vez maior, de produzir em larga escala sem agredir o meio ambiente. Em função dos investimentos em tecnologia, hoje é possível oferecer ao agricultor um pneu de alta durabilidade, capaz de reduzir a compactação do solo e economizar combustível. Liderada pela Michelin, a radialização do mercado constitui uma das principais alavancas do desenvolvimento do setor no Brasil, onde a agricultura representa cerca de 23% do PIB do país, de acordo com dados do Cepea — Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada. “A radialização dos pneus agrícolas é importante porque vem para otimizar o funcionamento das máquinas, podendo trazer benefícios econômicos para o país”, enfatiza Daniel Gatto, do Condomínio Irmãos Gatto, produtor de soja, milho e pés de algodão em Barreiras (BA). Marcio Ideriha, produtor de hortaliças de Sorocaba (SP), tem comprovado na prática as vantagens dos pneus radiais MICHELIN. “Enquanto os pneus diagonais comuns trabalham cerca de 1.800 horas, os radiais trabalham até acima de 4.000 horas sem problema algum, em terrenos mais difíceis. Já a compactação do solo é menor porque sua área de contato é maior, distribuindo melhor o peso que o pneu diagonal”, explica. Ideriha também destaca que o operador é a primeira pessoa que percebe esta diferença, principalmente, em momentos de manobras e na chuva. “É extremamente penoso, por exemplo, fazer ré com um trator, numa área molhada ou inclinada. Com os pneus radiais MICHELIN, ficou muito mais fácil realizar manobras, colaborando com o trabalho do

Pneu Michelin MACHXBIB

operador e aumentando muito o rendimento”, afirma. Opinião compartilhada por Fábio Schebeski, diretor do Grupo Schebeski: “Com a tecnologia do pneu Michelin foi possível ter uma melhor pré-disposição do trator sem causar danos à produção. Observamos benefícios como maior conforto e facilidade na condução do equipamento; considerável ganho de tração, facilitando a execução das tarefas; significativa redução da patinagem, diminuindo o tempo de realização dos trabalhos; e maior disponibilidade do trator mesmo em dias chuvosos”, complementa. Guilherme Almeida, da FAEL (Família Almeida Empreendimentos Ltda), produtora de soja e milho na Fazenda Alvorada, no Triângulo Mineiro (MG), explica que o

problema de afundamento dos pneus originais em solo úmido, e, como consequência, a compactação do solo nestas áreas, foi resolvido com os pneus Michelin Ultraflex (uma inovação no setor agrícola que, graças à sua capacidade para trabalhar com baixa pressão: compacta menos o solo e obtém melhor rendimento agrícola). “Estamos convencidos de que foi um excelente investimento. O pneu proporciona uma maior tração, trazendo maior estabilidade do equipamento, além de mais conforto na dirigibilidade para o próprio operador. Em função de sua construção de carcaça, ainda nos possibilitou antecipar nossas operações”, explica. Fato comprovado pela Colorado Máquinas (SP). Ao avaliar os pneus com tecnologia Michelin Ultraflex, a empresa constatou uma redução considerável do gasto de combustível em relação aos pneus radiais convencionais do mercado: 19% no consumo em litros por hectare trabalhado - número que evidencia o aumento da velocidade de trabalho, mais hectare por hora trabalhada. Já Marcelo Sato, produtor de hortaliças de Mogi das Cruzes (SP), conta que desde o momento em que começou a utilizar os pneus Michelin, em 1995, já teve resultados. Por exemplo, uma economia de 20% no consumo de combustível: enquanto o pneu diagonal consome 24 litros por hora, com os pneus Michelin, este consumo cai para 19 litros por hora. No quesito produtividade, ele ainda destaca uma maior tração do trator, que patina menos, oferecendo uma redução de 16% no tempo de serviço. “A tecnologia Michelin Ultraflex atende 100% as minhas expectativas. O investimento se paga só com a economia em combustível e em tempo de serviço que proporciona”, conclui Sato. Michelin 21 36214415 www.michelin.com


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Irriga foca na rentabilidade e na sustentabilidade do setor Trabalhando sempre com técnicas apuradas de engenharia, segurança no trabalho e qualidade, a Irriga Engenharia consolidou-se no Brasil e tornou-se líder na execução de obras de fertirrigação e referência para o setor sucroenergético. Tudo começou com a oportunidade na implantação e gerenciamento de projetos de fertirrigação, através de regime Turn-key, nas usinas de açúcar e álcool. A empresa se desenvolveu, a equipe cresceu e diversos profissionais de elevada capacidade técnica e analítica fizeram a diferença, dando sequência a capítulos promissores dessa trajetória. Depois de sete anos, os valores de ética, qualidade, comprometimento e inovação ainda são fortalecidos. Com o desenvolvimento e profissionalização do setor sucroenergético, a empresa passou a desenvolver e implementar projetos de engenharia e documentação detalhada (BoD - Basis of Design; P&ID Piping and Instrumentation Diagram; PFD Process Flow Diagram; Layout, As Built e Engenharia mecânica/hidráulica) e dessa forma, assegurando a qualidade, segurança, prazos e suporte incisivo nas diversas fases dos projetos. Na execução de obras, a política de segurança, qualidade, organização e a performance dos profissionais nos canteiros de obras tem sido destaque. "A equipe é coesa, dinâmica e trabalha com procedimentos, o que facilita a verificação da execução da obra pelo cliente no campo,

refletindo no resultado final dos nossos projetos ", explica o engenheiro Wilson Roma, diretor da Irriga Engenharia e completa, “Aliando a execução de obras com o conhecimento técnico de engenharia, o nosso cliente percebe a otimização das soluções nos projetos de fertirrigação”. A empresa implementa projetos de captações de água bruta, reservatórios impermeabilizados, travessias de Área de

Proteção Permanente — APP, pátios de carregamento de caminhão, montagem de adutoras enterradas de grandes diâmetros de PRFV e RPVC. Com a missão permanente de utilizar-se das melhores práticas, com foco em rentabilidade, sustentabilidade e responsabilidade socioambiental no setor sucroenergético, a Irriga Engenharia mantém o compromisso de superar as expectativas e

construir um relacionamento de confiança e parceria. Ao longo dos anos, a empresa não adquiriu apenas experiência, qualidade e tecnologia, mas também grandes e importantes clientes que ajudaram a construir a sua história e, hoje, dividem grandes projetos em todo Brasil. Irriga Engenharia 62 3088 3881


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Duraface anuncia produtos com versatilidade e excelente custo-benefício A Duraface, empresa com mais de 20 anos no mercado e líder na fabricação de peças para colhedoras de cana-de-açúcar, transformou-se em referência no mercado sucroenergético mundial nas áreas de colheita mecanizada e processamento industrial da cana. Um dos pontos fortes dos seus produtos é a versatilidade e incrível custo-benefício, apresentando um valor muito mais atraente quando comparados a outras marcas, garante a empresa.

O caminho natural de uma companhia como a Duraface, reconhecida pela sua ousadia e capacidade de inovação, é trazer constantemente para o mercado novas soluções para seus clientes. Desta forma, traz três novidades que irão ajudar as empresas neste ramo cada vez mais competitivo. Sua primeira novidade é a Máquina de Preparo Mínimo de Solo 90 (PMS90), que atua no preparo da terra com capacidade para realizar quatro operações, gradagem intermediária, subsolagem, gradagem pesada

e gradagem leve, em duas linhas de 0,90m por 1,50m. A segunda, chamada Máquina de Preparo Mínimo de Solo (PMS140), conta com a mesma capacidade de quatro operações, mas dessa vez, em duas linhas de 1,40m por 1,50m. O terceiro lançamento é a Plantadora Duraface, a mais leve do mercado, capaz de ser tracionada por um trator de apenas 180cv. Possui um sistema exclusivo de basculamento de 45º para abastecer a

esteira, evitando a danificação da gema da cana. Esses três implementos trazem ao consumidor opções ainda melhores para o dia a dia no campo, garante a empresa. Tudo isso com a qualidade Duraface, que desde 1993 vem escrevendo seu nome na história da agricultura global. Duraface 19 3509 0300 www.duraface.com.br


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ARTIGO

Monitoramento no campo minimiza os prejuízos da cigarrinha-das-raízes JOSÉ ANTONIO ROSSATO J R*

A despeito dos efeitos que um fenômeno la niña possa influenciar a região Centro-Sul ainda este ano e prorrogar o início da estação chuvosa, seguramente na presença de umidade e temperatura, haverá a eclosão das ninfas presentes nos canaviais e o início de mais um ciclo de infestação da cigarrinhadas-raízes, conhecida também como Mahanarva Fimbriolata. Pesquisas recentes acerca dos prejuízos causados por este inseto-praga sugador vão além da queda de TCH no campo, o estresse promovido às plantas, em decorrência do ataque de cigarrinha aumenta o teor de substâncias orgânicas que comprometem a qualidade do caldo e acarretam prejuízos dentro da indústria. Dentre estes, destacam-se a diminuição da viabilidade e concentração da levedura, queda da eficiência fermentativa na produção do etanol, clarificação do caldo mais lenta, formação de gomas que comprometem a cristalização e o aumento da cor do açúcar (valor Icumsa). Esses impactos geram custos adicionais à indústria e comprometem a qualidade do produto final a ser comercializado. Segundo o doutor José Antonio Rossato Junior, docente e consultor em entomologia agrícola, a fim de minimizar os prejuízos da cigarrinha-das-raízes na produtividade e na

qualidade da matéria-prima produzida é fundamental o monitoramento da praga no campo. Com o início das chuvas primaveris e quando estas perfizerem o volume de cerca de 70 mm acumulado, normalmente 20 dias depois, ocorre a eclosão das primeiras ninfas no campo. A partir deste momento, recomenda-se realizar o monitoramento da população de ninfas e efetuar o controle tão logo a praga atinja o nível de ação (0,5 ninfa/m para o controle biológico). O controle biológico é realizado através da aplicação do fungo entomopatogênico

Metarhizium anisopliae, considerado uma ferramenta sustentável e que proporciona níveis de parasitismo de cigarrinha superior a 70%, valor este considerado extremamente relevante para o controle biológico aplicado. Para atingir tal sucesso, é importante estar atento à qualidade do produto biológico adquirido, utilizar a dose recomendada (1x1012 conídios/ha), realizar a aplicação respeitando as condições climáticas favoráveis ao microorganismo (T<25°C e UR>80%) e se certificar de que a aplicação do fungo está direcionada à base da touceira

a fim de que este entre em contato direto com as ninfas e inicie o parasitismo. Vale ressaltar que o controle biológico é específico e não provoca desequilíbrios no ambiente. Trata-se de um controle de pragas técnico, eficaz, e uma ferramenta de investimento na fauna benéfica e na construção de um ambiente de produção de cana-de-açúcar sustentável. Prof. Dr. José Antonio Rossato Jr.: É docente e consultor em entomologia agrícola (Faculdade Dr. Francisco Maeda – Fafram)


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Sanardi e CerradinhoBio são parceiros em ampliação da central de cogeração A CerradinhoBio, em Chapadão do Céu – GO, ampliou sua capacidade de geração em 90MW, instalando dois novos turbogeradores de 45MW cada, consolidando-se como um dos maiores exportadores de energia do setor sucroenergético. Com capacidade total instalada de 160MW, injetará 500GWh/ano no Sistema Interligado Nacional — SIN, suficiente para abastecer uma cidade de até 600.000 habitantes. A Sanardi foi a responsável pelo fornecimento do Sistema Elétrico e Automação da Ampliação da UTE e da Subestação 138kV, compreendendo gerenciamento do projeto, supervisão da obra, projetos elétricos, sistema de automação e instrumentação, equipamentos elétricos, montagem eletromecânica, painéis de média e baixa tensão, comissionamento, Start-Up e operação assistida. “A Sanardi atendeu as nossas expectativas com sua equipe qualificada e comprometida com o cronograma e os objetivos do projeto, contribuindo para o sucesso do nosso empreendimento. A Sanardi tem participado de nossos projetos de expansão, e a cada fornecimento vem se consolidando como um importante parceiro”, comenta Walter di Mastrogirolamo, gerente industrial da unidade. Sanardi 17 3228 2555 www.sanardi.com.br


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