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Ribeirão Preto/SP
Agosto/2014
Série 2
Nº 247
R$ 20,00
Pedro Carnaúba, gerente agrícola da Usina Coruripe, AL
GUARDIÕES DA PRODUTIVIDADE
Quem são e o que pensam os executivos que driblam crises econômicas, adversidades climáticas e pragas para elevar o rendimento dos canaviais
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ÍNDICE DE ANUNCIANTES
Agosto 2014
Í N D I C E ACIONAMENTOS RENK ZANINI
COLETORES DE DADOS 16 35189001
63
ACOPLAMENTOS VEDACERT
16 39474732
82
19 31192184
7
ANTI - INCRUSTANTES PRODUQUÍMICA - SP
11 30169619
38
ANTIBIÓTICOS - CONTROLADORES DE INFECÇÕES BACTERIANAS PRODUQUÍMICA - SP
11 30169619
CASE IH
41 21077400
17 35311075
3
FIBRA DE VIDRO
APS COMPONENTES
11 56450800
65
PETROFISA
AUTHOMATHIKA
16 35134000
8
EQUIPAMENTOS HIDRÁULICOS
COMBATE A INCÊNDIO - EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS
HELIBOMBAS
16 33335252
55
GRÁFICA
PARKER HANNIFIN
12 40093591
19
SÃO FRANCISCO GRÁFICA
ARGUS
ESPECIALIDADES QUÍMICAS
19 38266670
27
PRODUQUÍMICA - SP
11 30169619
38
BOSCH ENGENHARIA LTDA
19 33018101
62
QUÍMICA REAL
31 30572000
36
CPFL BRASIL
19 37953900
59
11 26826633
15 34719090
17
METROVAL
SUDAMÉRICA
8
11 50334333
43
CORRENTES INDUSTRIAIS
METROVAL
19 21279400
42
PROLINK
79
82
BIG BAG'S
VLC
19 38129119
18
75
16 39461800
39
11 30169619
38
REDUTORES INDUSTRIAIS BONFIGLIOLI DO BRASIL
11 43371806
28
RENK ZANINI
16 35189001
63
SAÚDE - CONVÊNIOS E SEGUROS 25
SÃO FRANCISCO SAÚDE
16 08007779070
83
AGAPITO
16 39479222
82
COMASO ELETRODOS
16 35135230
34
MAGISTER
16 35137200
21
METROVAL
19 21279400
42
TESTO
19 37315800
81
11 30169619
38
17 35319600
32
11 22024814
17 33611575
11 26183611
34
AGM TECH SOLINFTEC
18 36212182
31
AVANZI
11 21014069
70
69
TELECOMUNICAÇÃO / RADIOCOMUNICAÇÃO 11 21014069
70
AVANZI
MANUTENÇÃO INDUSTRIAL BUSCARIOLI
16 35135230
TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
12
LIMPEZA E ESTERILIZAÇÃO DE BAGS DESTAK IDEIAS
SUPRIMENTOS DE SOLDA COMASO ELETRODOS
ISOLAMENTOS TÉRMICOS
DEFENSIVOS AGRÍCOLAS
11 26435000
PRODUQUÍMICA - SP
SOLDAS INDUSTRIAIS
ISOVER 13
16 21014151
BERACA SABARÁ
INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO E CONTROLE
METALQUIP
19 34234000
81
INTERCAMBIÁVEIS
DECANTADORES
BALANCEAMENTOS INDUSTRIAIS
DMB
PRODUQUÍMICA - SP 42
11 55484226
16 35134000
ENDRESS + HAUSER
16 38182305
INSUMOS AGRÍCOLAS
CORRENTES AGRÍCOLAS
AUTHOMATHIKA
16 39452825
41
19 21279400
37
IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS
CONSULTORIA/ENGENHARIA INDUSTRIAL
KOPPERT DO BRASIL
PRODUTOS QUÍMICOS 41 36261531
FIOS E CABOS CORDEIRO CABOS
CONTROLE DE FLUIDOS
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
VIBROMAQ
15
EQUIPAMENTOS E MATERIAIS ELÉTRICOS
CONTROLE BIOLÓGICO
AUTOMAÇÃO DE ABASTECIMENTO DWYLER
4
A N U N C I A N T E S
38
ÁREAS DE VIVÊNCIA ALFATEK
16 39413367
COLHEDORAS DE CANA
AGRICULTURA DE PRECISÃO TRIMBLE
MARKANTI
D E
48
TRANSBORDOS
BONSUCESSO
19 32891333
66
BASF
11 30432125
23 E 35
MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS
DMB
16 39461800
25
SOLUÇÕES
16 38182305
81
BAYER
11 56947251
84
CASE IH
TESTON
44 33513500
2
DUPONT
11 41668683
51
MATERIAIS RODANTES
IHARA
15 32357914
33
ITR SOUTH AMERICA
11 33407555
KOPPERT DO BRASIL
15 34719090
41
FERRUSI
16 39464766
TERMOMECÂNICA
11 43669930
19 34391101
62
16 35124300
47 E 67
19 34669300
50
BOMBAS HIDRÁULICAS HELIBOMBAS
16 33335252
55
BRONZE E COBRE - ARTEFATOS FERRUSI
16 39464766
TERMOMECÂNICA
11 43669930
16
19 37562755
59
16 35149966
11
DESTILARIAS
CABINAS CPFL SERVIÇOS
CABOS DE AÇO OKUBO
16 30198110
54
CALDEIRAS ENGETUBO
19 34343433
57
ENGEVAP
16 35138800
64
PROBOILER ENGENHARIA
19 34343433
57
CARRETAS ALFATEK
PROCANA BRASIL
17 35311075
3
CARROCERIAS E REBOQUES
RENK ZANINI
ENERGIA ELÉTRICA - COMERCIALIZAÇÃO
FEIRAS E EVENTOS
CPFL BRASIL
10º CONGRESSO GATUA
16 33294281
PROCANA BRASIL
16 35124300
59
ENERGIA ELÉTRICA - ENGENHARIA E SERVIÇOS
REED ALCANTARA
CPFL BRASIL
19 37953900
59
FERRAMENTAS
PROBOILER ENGENHARIA
19 34343433
57
LEMAGI - SP
ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO CIVIL
19 34431400
44
63
TUBOS E CONEXÕES
ENGEVAP
16 35138800
64
PETROFISA
10
PROBOILER ENGENHARIA
19 34343433
57
FERTILIZANTES
16 39452825
82
19 34562298
77
16 39479222
82
19 34343433
57
41 36261531
37
11 45854676
49
47 E 67
IHARA
15 32357914
33
SIEMENS JUNDIAÍ
KIMBERLIT
17 32791500
53
VÁLVULAS INDUSTRIAIS
PRODUQUÍMICA - SP
11 30169619
38
FOXWALL
11 46128202
26
UBYFOL
34 33199500
5
TECNOVAL
16 39449900
61
64
PENEIRAS ROTATIVAS PLANTADORAS DE CANA
16 35132600
15
TURBINAS
NUTRIENTES AGRÍCOLAS
19
SERGOMEL
41 21077400
TUBOS DE CONCRETO ENGETUBO IND.
12 40093591
PARKER HANNIFIN
AGAPITO
57
VIBROMAQ
64
18
TROCADORES DE CALOR
62
64
16 35138800
CASE IH
19 34391101
19 34431400
GERHAI
16
19 34343433
LEMAGI - SP
ENGEVAP
19 38129119
TRATORES
58 E 71
FERRAMENTAS PNEUMÁTICAS
74
VLC
ENGETUBO
62
ENTIDADES
29
CONGER
19 34391101
18 36231146
VIBROMAQ
16 35189001
CONGER
RODOTREM
CENTRÍFUGAS
TRATAMENTO DE ÁGUA/EFLUENTES
MONTAGENS INDUSTRIAIS
ELETROCALHAS
19 37953900
15
MOENDAS E DIFUSORES
EDITORA
DISPAN
CALCÁRIO CALCÁRIOS ITAÚ
CONGER
41 21077400
DMB
16 39452825
16 39461800
PRODUQUÍMICA - SP
11 30169619
38
PLANTAS INDUSTRIAIS
YARA BRASIL
16 997419549
45
BOSCH ENGENHARIA LTDA
19 33018101
VEDAÇÕES E ADESIVOS 82
25
FLUKE
19 32733999
PARKER HANNIFIN
12 40093591
78 19
VEDACERT
16 39474732
82
VENTILAÇÃO INDUSTRIAL 62
VLC
19 38129119
18
CARTA AO LEITOR
Agosto 2014
índice
carta ao leitor
Agenda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6
Josias Messias
Usina do Bem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .8 e 9
Tudo para salvar a safra
Política
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .10 a 12
Setor teme que governo use aumento da mistura de forma eleitoreira
Produção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13 a 29
Usinas superam dificuldades e se destacam por desempenho
Valor do ATR precisa de 40% de reajuste para tirar produtor do vermelho
Costa Rica é craque no futebol e nos canaviais
Mercado
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .30 a 33
Subprodutos da cana-de-açúcar são utilizados em cosméticos artesanais
Administração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .34 a 38
5
Jornal da Pedra Agroindustrial comemora marca histórica
Tecnologia Agrícola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .40 a 56
Ações de pestes na cana contabilizam perdas de 20% ao ano
Executivos agrícolas driblam com classe as adversidades
Irrigação é inócua sem manejo do canavial e solo fértil
Novas variedades ganham espaço no Nordeste
Eventos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .57 Tecnologia Industrial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .58 a 69
Fersucro promove diálogo entre produtores nordestinos
Diagnóstico rápido é fundamental para o sucesso da fermentação
Microdestilaria soluciona formação de mão de obra
Pesquisa & Desenvolvimento . . . . . . . . . . . . . . . .70 a 74
Brasil e Inglaterra firmam parceria para desenvolvimento de tecnologias
Estados Unidos preparam-se para uma nova era energética
Pesquisas identificam caminhos para desenvolvimento da cana-energia
Levedura descoberta na Santa Adélia faz sucesso na Europa
Destaques do Setor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .76 Negócios & Oportunidades . . . . . . . . . . . . . . . . .78 a 82
CEM POR CENTO “E outra semente caiu em boa terra, e deu fruto: um a cem, outro a sessenta e outro a trinta” (Parábola do semeador, contada por Jesus, no livro de Mateus, capítulo 13, verso 8.)
josiasmessias@procana.com
"A cadeia produtiva do etanol, uma das mais promissoras que o país tinha em 2010, passa por um processo de destruição", observou o colunista J. R. Guzzo na revista Exame de abril deste ano. “O setor sucroalcooleiro está "moendo usinas, e não cana", lamentou, em maio último, Mônika Bergamaschi, Secretária de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. As duas frases acima refletem a seriedade da situação econômica das usinas, sinalizando a necessidade de medidas externas urgentes para que mais usinas não terminem a safra "moídas" pelos prejuízos e dívidas. Jogadas para escanteio pela Copa do Mundo e pelo momento político, e pressionadas pelo clima e pelo mercado, as usinas lutam para salvar a safra. Nesta edição mostramos algumas usinas e grupos que estão superando dificuldades e se destacando por desempenho. A Raízen se mantém como líder em vendas. A Lincoln Junqueira apresenta melhor performance em lucro ajustado e a Usina Coruripe é a primeira colocada no ranking das maiores empresas sucroenergéticas do Nordeste, Norte e Centro-oeste e oitava posição no ranking geral das 50 maiores companhias do agronegócio brasileiro. O Anuário da Cana 2014, pronto para ser lançado agora em agosto, durante a Fenasucro, traz dados como estes e mais. Desde o início deste ano temos mostrado nas edições do JornalCana especiais mostrando quem são e o que pensam os principais executivos em cada área do setor. Nesta, trazemos três importantes nomes da área agrícola que têm tido sucesso em criar condições para a elevação do rendimento da cana em toneladas por hectare, mesmo em meio a muitas adversidades (pg 40 a 42). São executivos agrícolas que driblam com classe as adversidades. Estes e outros fatos demonstram que o setor segue a rota do desenvolvimento pela produtividade, buscando formas para superar-se a si mesmo. Tudo para salvar esta safra, enquanto torce para que em outubro o Brasil experimente uma profunda mudança em sua política econômica, que não continue desperdiçando a biomassa como solução alimentícia e energética. Afinal, a esperança é a última que morre.
NOSSOS PRODUTOS
O MAIS LIDO! ISSN 1807-0264 Fone 16 3512.4300 Fax 3512 4309 Av. Costábile Romano, 1.544 - Ribeirânia 14096-030 — Ribeirão Preto — SP procana@procana.com.br
NOSSA MISSÃO Prover o setor sucroenergético de informações relevantes sobre fatos e atividades relacionadas à cultura da cana-de-açúcar e seus derivados, e organizar eventos empresariais visando: Apoiar o desenvolvimento sustentável do setor (humano, socioeconômico, ambiental e tecnológico); Democratizar o conhecimento, promovendo o
intercâmbio e a união entre os integrantes; Manter uma relação custo/benefício que propicie
parcerias rentáveis aos clientes e demais envolvidos.
DIRETORIA Josias Messias josiasmessias@procana.com.br Controladoria Mateus Messias presidente@procana.com.br
w w w. jo r n a lc a n a . c o m . b r
REDAÇÃO
ADMINISTRAÇÃO
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AGENDA
Agosto 2014
A C O N T E C E U
A C O N T E C E
BIOENERGIA BRITÂNICA
GRADUAÇÃO EM BIOCOMBUSTÍVEIS
Em meados de junho foi realizada no Centro Brasileiro Britânico em São Paulo (SP), a “Conferência de Biocombustíveis 2014. O evento reuniu empresas e pesquisadores de universidades brasileiras para estreitar relações entre brasileiros e ingleses no âmbito do desenvolvimento de tecnologias para o setor sucroenergético. Além disto, discutiu o futuro da bioenergia, focando em sustentabilidade, tecnologia e o papel desta fonte na mitigação das mudanças climáticas. “Ficou claro o interesse britânico em desenvolver algo relativo ao setor sucroenergético no Brasil”, avaliou Flávio Castelar, diretor executivo do Apla — Arranjo Produtivo Local do Álcool, um dos apoiadores da conferência.
A Fatec — Nilo de Stéfani em Jaboticabal (SP). oferece curso gratuito de graduação em biocombustíveis. Contempla a produção de biocombustíveis sólidos, como madeira e biomassa; líquidos, como etanol e biodiesel e gasosos, como biogás, além de outras atividades relacionadas ao setor, como a produção de açúcar, bioeletricidade, gestão de subprodutos, dentre outras. O curso é oferecido pela manhã, das 8h20 às 11h50 e à noite, das 19h às 22h30, com 40 vagas cada. O curso é semestral. www.fatecjab.edu.br
FENASUCRO A Fenasucro&Agrocana acontece de 26 a 29 de agosto, em Sertãozinho (SP), oferecendo aos visitantes a oportunidade de explorar toda a cadeia de produção: preparo do solo, plantio, tratos culturais, colheita, industrialização, mecanização e aproveitamento dos derivados da canade-açúcar. www.fenasucro.com.br
FÓRUM PROCANA O Fórum ProCana 2014 – Usina de Alta Performance acontece no mesmo dia do Prêmio BestBIO, 18 de setembro, em Ribeirão Preto (SP). Colocará em discussão casos que apresentam resultados comprovados, de curto prazo, no incremento da rentabilidade e da competitividade das usinas; além de modelos de negócios sustentáveis, compatíveis com a diversidade de desafios e da alta volatilidade do mercado sucroenergético. www.bestbio.com.br
10º CONGRESSO ANUAL GATUA Flávio Castelar, diretor executivo do Apla
Acontece de 25 a 27 de novembro, em Ribeirão Preto (SP) o 10º Congresso Anual Gatua — Grupo das Áreas de Tecnologia das Usinas de Açúcar,
BESTBIO O Prêmio BestBIO acontece em 18 de setembro, em Ribeirão Preto (SP). É uma iniciativa independente que tem por objetivo incentivar a sustentabilidade através da divulgação e reconhecimento dos melhores cases da bioeconomia brasileira, com ênfase no desenvolvimento e geração de energias limpas e renováveis. www.bestbio.com.br
Etanol e Energia. A edição 2014 pretende atrair seu maior público, oferecendo um conjunto de novidades tecnológicas ligadas ao setor sucroenergético. Hardwares, softwares, serviços e soluções, além de palestras e temas também voltados às área industrial, agrícola, financeira e controladoria, RH, entre outras. www.congresso.gatua.com.br
MASTERCANA CENTRO-SUL Em 2014, a edição Centro-Sul do MasterCana terá novidades. Uma delas é a mudança de local. Será realizado no dia 25 de agosto, em Ribeirão Preto (SP). O MasterCana Nordeste acontece em 13 de novembro, em Recife (PE). Por último, em 25 de novembro será realizado o MasterCana Brasil, em São Paulo, capital. www.mastercana.com.br
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USINA DO BEM
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Arraial na Jalles Machado A Associação Esportiva Jalles Machado promoveu, no dia 5 de julho, o 7º “Arraiá do Canaviar”. O evento contou com a participação dos colaboradores das usinas Jalles Machado e da Unidade Otávio Lage, que participaram da tradicional quadrilha, além de assistirem a shows de música sertaneja. O evento contou com a presença do diretor-presidente da Jalles Machado, Otávio Lage de Siqueira Filho. “Agradeço a todos que ajudaram a realizar essa festa que já é tradição na nossa empresa. Uma noite para toda a família, muito animada e divertida. Parabéns aos organizadores e a todos que participaram”, disse.
Evento contou com a participação dos colaboradores das usinas Jalles Machado e Representantes da Tonon recolhem roupas para doação e transporte
da Unidade Otávio Lage
Etanol abasteceu frota da Fifa na Copa Tonon promove campanha do agasalho O combustível verde e sustentável movimentou os motores da frota de apoio da Fifa durante a Copa do Mundo no Brasil. Os carros flex da Hyundai, modelo HB20 Edição Copa do Mundo da FIFA, rodaram pelas ruas e estradas do Brasil movidos com etanol. Segundo a Unica — União da Indústria de Cana-de-açúcar, que enaltece e parabeniza a iniciativa do “Football for the Planet”, programa ambiental oficial da FIFA que tem por objetivo atenuar o impacto negativo de suas atividades sobre o
meio ambiente. Para a Unica a adoção do etanol é uma das medidas para evitar, reduzir e neutralizar as emissões de dióxido de carbono (CO2) lançado na atmosfera. Para o consultor em Emissões e Tecnologia da União da Indústria de Canade-Açúcar (Unica), Alfred Szwarc, a iniciativa do programa da FIFA é extremamente adequada, pois o etanol de cana, quando comparado com a gasolina, reduz em até 90% as emissões de gases causadores das mudanças climáticas.
Cerca de 400 peças de roupas foram doadas pelos colaboradores da Tonon Bioenergia durante o mês de junho para a Campanha do Agasalho de Bocaína (SP). A empresa também cedeu 150 cobertores à Prefeitura de Maracaju, cidade onde está localizada a Unidade Vista Alegre (UVA).
Leila Azambuja, primeira-dama de Maracaju, conta que o apoio que a Tonon Bioenergia deu à campanha foi fundamental para que a prefeitura da cidade alcançasse sua meta. “Isso prova que a empresa realmente se preocupa com o bem-estar da nossa população”, disse.
Alunos visitam destilaria No dia 25 de junho, alunos do “Programa Aprendizagem Rural – Jovem Agricultor do Futuro” realizaram uma visita à Destilaria Generalco, do Grupo Aralco, para conhecer todo o processo de fabricação de etanol. Ao todo, foram 35 participantes, divididos em duas turmas, uma com 17 alunos, nas atividades
matinais e outra com 18 alunos, nas atividades vespertinas. A ação faz parte do Projeto Menor Aprendiz, onde os alunos têm aulas teóricas e práticas sobre cultivos de variadas espécies de monocultura, e hortaliças em canteiros, fazendo uso de práticas orgânicas de produção sem uso de agrotóxicos.
RETIFICAÇÃO
Elismar Dorneles da Silva é quem aparece na foto da página 48, edição 246 do JornalCana, na matéria “Projetos sociais de usinas revelam talentos esportivos”. Ele joga atualmente no América de Morrinhos, time da segunda divisão de Goiás.
Interior do HB20 Edição Copa do Mundo, movido a etanol, utilizado pela FIFA
Diferentemente do que foi publicado na lista das 66 usinas que deixaram de moer desde 2008, na página 18 da edição 246, a unidade Ibirá, do Grupo Da Pedra, segue normalmente suas atividades.
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USINA DO BEM
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EM BUSCA DO CLIQUE PERFEITO Usina revela talentos da fotografia em concurso interno
Campanha de Meio Ambiente. Além das premiações para os quatro primeiros lugares, todos os outros participantes receberam um kit de presente como forma de agradecimento”, conta.
ANDRÉIA MORENO, DA REDAÇÃO
BOA RELAÇÃO COM MEIO AMBIENTE Quem poderia imaginar que dentro das usinas sucroenergéticas poderiam existir tantos talentos da fotografia? Foi o que as unidades Madhu e Revati da Renuka do Brasil, no interior de São Paulo, descobriram ao promover um concurso fotográfico interno em Comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente. O Concurso foi lançado no dia 12 de maio e divulgado aos colaboradores da usina. O tema do concurso foi “Para você, o que representa o Meio Ambiente?”. O vencedor foi Marcos Ribeiro, supervisor da elétrica, automação e cogeração da Renuka do Brasil, que fotografou um casal de canarinhos. “Não esperava ganhar. Fotografei a imagem durante as férias na casa de meus pais, na colônia de uma usina hidrelétrica. Me sinto feliz por fotografar o meio ambiente, pois para mim, representa a grandeza de Deus como criador do universo”, avalia. A premiação foi realizada no dia 6 de junho, no encerramento da Campanha da Semana do Meio Ambiente, e os prêmios
Fotos do concurso em exposição para julgamento
oferecidos foram: um tablet para o 1º lugar, uma máquina fotográfica digital para o 2º lugar, uma bicicleta para o 3º lugar e um jantar para o 4º lugar. As fotografias ficaram em exposição nas Usinas Madhu e Revati de 29 de maio a 2 de junho, onde os funcionários puderam votar na foto preferida. Segundo Ana Graciano, assessora de imprensa da empresa, a eleição teve 770 votos. Ana explica que a ideia partiu do setor de meio ambiente da empresa. “As 89 fotos inscritas no concurso foram avaliadas por um fotógrafo profissional, Cleber Grecco”, que afirmou que as fotos estavam muito interessantes e criativas. “Além de
colaboradores, vocês possuem artistas”, comentou. As fotos também foram avaliadas por um comitê técnico composto por sete funcionários da empresa. “Todos elogiaram as fotos selecionadas. O departamento de meio ambiente, que recebeu as fotos, se surpreendeu pela qualidade e criatividade das imagens”, contou a assessora de imprensa da usina. Ana Graciano explica que o objetivo foi atingir todas as áreas da empresa. “Com as fotos recebidas, constatamos que o objetivo foi cumprido. A premiação foi uma maneira de incentivar a participação no concurso, e envolver os funcionários com a
Mostrar a relação da cultura canavieira com o meio ambiente foi o objetivo do segundo colocado, Luis Henrique Ferreira, advogado do departamento jurídico da Renuka do Brasil no interior de São Paulo, ao procurar o melhor local para fotografar. Durante a competição, o fotógrafo nas horas vagas, saiu com uma colega de trabalho em busca do “click” perfeito. “Saí buscando nas fazendas da usina o local perfeito, em meio ao canavial, e que representasse o respeito que o setor tem pela natureza. Foi quando minha amiga disse que uma imagem do pôr do sol por detrás do capim, típica dos canaviais, poderia ser a combinação perfeita para o que procurava. Ali mesmo me deitei e fiz a foto, que particularmente, foi a minha preferida entre as que tirei no dia”, lembra. Segundo o advogado, atualmente as usinas têm uma relação de respeito pelo meio ambiente. “O setor segue a legislação e é consciente com o seu papel em prol da natureza”, analisa.
AS 4 MELHORES FOTOS E SEUS AUTORES
1º lugar — Marcos Antonio Ribeiro (Manutenção Elétrica)
2º lugar — Luís Henrique Ferreira (Jurídico)
3º lugar — Rodrigo Fernandes Pires (Tecnologia Agrícola)
4º lugar — Wilson Deoclécio Nunes dos Santos (Financeiro)
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Setor teme que governo use aumento da mistura de forma eleitoreira ANDRÉ RICCI, DA REDAÇÃO
A liderança sucroenergética critica novamente a presidente Dilma Rousseff e seus companheiros, dos ministérios da Agricultura e das Minas e Energia. Tudo começou em janeiro deste ano, quando a Unica — União da Indústria de Cana-de-Açúcar reivindicou aumento da mistura de etanol na gasolina, de 25% para 27,5%. A medida traria fôlego tanto para a Petrobras, que se endivida cada vez mais, quanto ao setor, que passa por sua pior crise. Representantes da ANP e do Mapa, decidiram estudar a viabilidade do pleito,
para comprovar que a alteração não trará prejuízo aos consumidores, e exigiram garantias de que o setor é capaz de atender a demanda — equivalente ao acréscimo de 1 bilhão de litros de etanol. O setor se colocou à disposição para auxiliar no levantamento das informações. Mas o governo postergou o assunto. Finalmente, graças à insistência do setor, o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, se pronunciou no início de junho. “O assunto é estudado pelo ministério de Minas e Energia e pelo Centro de Pesquisas da Petrobras para verificar as condições técnicas para o aumento da mistura. Se o resultado for positivo, nós a faremos”, afirmou Lobão, prevendo que o estudo
levará três meses para ser concluído. O aparente avanço na verdade foi um retrocesso. Elizabeth Farina, presidente da Unica, compreende que a demora anulou os benefícios que o aumento da mistura traria, uma vez que no período em que os resultados do estudo forem publicados, o mix de produção da safra já estará definido, impossibilitando a produção necessária de etanol exigida pelo governo. O que causa estranheza é que o prazo estabelecido para a conclusão dos estudos coincide com as eleições presidenciais e abre precedente para a interpretação de que o governo quer aprovar a lei na esperança de resgatar o apreço do eleitorado sucroenergético. Isto, porque a
popularidade da presidente Dilma está em franca decadência com o setor há um bom tempo. A presidente não compareceu aos últimos expressivos eventos que envolviam o setor, como o Top Etanol, realizado pela Unica, que contou com a presença de seus dois principais concorrentes ao cargo presidencial, que apresentaram suas propostas às lideranças e produtores canavieiros. Nos bastidores do setor, representantes demonstraram que são favoráveis a mudança na legenda do poder executivo, pois acreditam que esta será a solução que o setor, outrora reluzente, precisa para voltar a brilhar.
Dilma Rousseff e Edison Lobão: governo posterga estudos sobre aumento da mistura para período eleitoral
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PAISS Agrícola vai financiar R$ 1,9 bi
Renato Cunha, presidente do Sindaçúcar PE
Usinas comemoram subvenção ao etanol Quando o setor industrial nordestino recebeu a notícia de que o Governo Federal aprovou a lei 13.000 de 18 de junho, que autoriza política pública para o etanol da região, comemorou. Para Renato Cunha, presidente do Sindaçúcar PE, sindicato que representa as usinas do Estado, o Governo Federal agiu com decência e equilíbrio na aprovação da lei, face a seca da safra 2012/13, que foi a maior dos últimos 50 anos, quando a produção só em Pernambuco caiu 24%. “Esse mecanismo ajuda no bloqueio das quebradeiras da agroindústria da cana na nossa região, e inicia uma recuperação de grandes perdas sofridas, além de colaborar com a retomada da competitividade”. Conforme a lei, as usinas receberão R$ 0,25 por litro de etanol produzido no período.
O PAISS Agrícola, programa voltado ao segmento sucroenergético, vai financiar R$ 1,9 bilhão em projetos de inovação agrícola até 2018. O programa é desenvolvido pela Finep — Financiadora de Estudos e Projetos e pelo BNDES — Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. O volume a ser financiado, divulgado pelo jornal Valor Econômico, é quase 30% superior ao orçamento inicial do programa, de R$ 1,48 bilhão. De acordo com o diretor de inovação da Finep, Fernando Ribeiro, o edital do PAISS já previa a possibilidade de ampliação do orçamento. Serão apoiados 35 planos de negócio apresentados por 29 empresas. Eles foram selecionados a partir dos 61 planos de negócios inscritos e habilitados no programa, que somavam demanda de R$ 4,52 bilhões. Ribeiro negou a possibilidade de uma nova edição do programa por enquanto, bem como descartou o desenvolvimento de outro tema no âmbito do Inova Empresa.
Programa financiará projetos de inovação agrícola até 2018
Otávio Lage de Siqueira Filho
Otávio Lage Filho é eleito presidente do Conselho do Sifaeg No final de junho, associados do Sifaeg e do Sifaçúcar, sindicatos que representam os produtores de etanol e açúcar em Goiás, elegeram os novos integrantes dos Conselhos Deliberativo e Fiscal das duas entidades e também os delegados junto à Fieg. O novo presidente do Conselho Deliberativo é o diretorpresidente da Jalles Machado, Otávio Lage de Siqueira Filho. O mandato vai até junho de 2017, em substituição a Segundo Braoios Martinez que presidiu o Conselho ao longo dos últimos 12 anos.
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Usinas superam dificuldades e se destacam por desempenho Agronegócio impulsiona economia brasileira e setor integra lista das maiores empresas do país
maior valor desde 1996. O setor sucroenergético, que desde 2008 passa por uma crise que paralisou a moagem de 65 usinas — de acordo com pesquisa do Anuário da Cana —, mantém sua força. Prova disto, é o número de usinas e grupos produtores de todo o Brasil mencionadas na lista das 400 maiores do agronegócio, publicada na edição “Melhores & Maiores” da revista Exame. Com base nos dados, a ProCana Estatísticas elaborou um comparativo elencando os destaques em vendas, crescimento, lucro ajustado e rentabilidade no ano safra 2013. Veja os resultados a seguir:
ANDRÉ RICCI, DA REDAÇÃO
Números do IBGE — Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística apontam que o PIB — Produto Interno Bruto cresceu 2,3% em 2013, 1% mais que no ano anterior. O setor agrícola foi o que mais cresceu, com alta de 7%,
RANKING DE VENDAS
RANKING DE CRESCIMENTO
RANKING DE LUCRATIVIDADE
RANKING DE RENTABILIDADE
Unidade Produtora Vendas em 2013 ( US$ Milhões) Raízen 3,380.8 Biosev 1,766.8 Usaçúcar 862 Lincoln Junqueira 832.9 Guarani S.A. 801.4 Zilor 728.6 Odebrecht 704.9 Usina Coruripe 612.7 GVO 595.8 Usina São Martinho/Iracema 592.1
Unidade Produtora Crescimento Odebrecht 49.00% Agro Energia Santa Luzia 44.80% Destimel 42.60% Usina Santa Fé 31.10% Usina Eldorado 30.70% Jalles Machado 24.50% Grupo Balbo 19.35% Nova Fronteira 19.10% Adecoagro Vale do Ivinhema 19.00% Usina Sonora 18.70%
Unidade Produtora
Unidade Produtora Rentabilidade Destimel 31.00% Uberaba 26.40% Usina Olho D'agua 21.90% Grupo Balbo 20.05% Ferrari Agroindústria 20.00% Coprodia 19.00% Clealco 17.20% Usina São Luiz 16.10% Usina Santa Isabel 15.90% Usina São José da Estiva 14.60%
Lucro US$ Milhões) Lincoln Junqueira 110.6 Usaçúcar 79.6 Raízen 45.3 Usina Colombo 44.6 Clealco 33.6 Grupo Balbo 31.3 Usina S. Manoel 30.4 Usina São Martinho/Iracema 28.3 Usina Coruripe 27.2 Usina Ipiranga 19.3
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Usina Alto Alegre Usina Tarumã, do Grupo Raízen
Raízen líder em vendas Com capacidade instalada para processar 66 milhões de toneladas da matéria-prima por safra, a companhia, controlada pela Cosan e pela Shell, possui 24 usinas de cana-de-açúcar no Centro-Sul.
Juntas, têm capacidade de produzir cerca de 2 bilhões de litros de etanol e 4 milhões de toneladas de açúcar. No ano safra 2013, registrou US$ 3,380 milhões em vendas, sendo a líder neste quesito.
Lincoln Junqueira obteve melhor performance O Grupo Lincoln Junqueira, que compõe as unidades Alto Alegre e Alta Mogiana, registrou US$ 110.6 milhões em lucro ajustado no ano safra 2013, sendo destaque neste quesito. A empresa mantém a performance dos últimos anos, tanto que no anterior recebeu o troféu na categoria
Estratégia & Gestão do Prêmio MasterCana Brasil, promovido pela ProCana Brasil. Na época, os critérios se basearam no exercício de 2012, quando a empresa se destacou no topo do ranking de performance econômica entre os grupos produtores sucroenergéticos.
Usina Alcídia, do Grupo Odebrecht
Odebrecht obtém crescimento em vendas A Odebrecht Agroindustrial aumentou em 49% suas vendas de 2012 para 2013. Inicialmente denominada ETH Bioenergia, a empresa investiu mais de R$ 9 bilhões em nove unidades agroindustriais localizadas em quatro estados brasileiros (São Paulo, Goiás, Mato Grosso e Mato
Grosso do Sul) desde 2007, quando entrou no segmento. As unidades possuem capacidade instalada para a moagem de 40 milhões de toneladas de cana e produção de 3 bilhões de litros de etanol, 700 mil toneladas de açúcar e 3.100 GWh de energia elétrica.
Usina Ipiranga
Ipiranga A Usina Ipiranga Açúcar e Álcool, que controla duas usinas em São Paulo, sendo uma em Mococa e outra em Descalvado, teve na safra 2013/14, lucro líquido de R$ 68,6 milhões, 73% acima
dos R$ 39,6 milhões registrados no exercício anterior. A receita líquida da empresa cresceu 18,7%, para R$ 596,9 milhões, ante os R$ 502,2 milhões do ciclo 2012/13.
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Usina Coruripe
Coruripe Unidade moeu 2 milhões de toneladas; 40% mais do que no ano anterior
Destimel é a mais rentável Geadas fizeram com que parte da produção paranaense de cana-de-açúcar fosse perdida em 2013. Contudo, nem o clima conseguiu atrapalhar o desempenho da Destimel, destilaria com duas unidades de etanol no norte do Estado. A unidade moeu 2 milhões de toneladas de cana, 40% mais do que no ano anterior, e faturou 92 milhões de dólares. Obteve a melhor taxa de rentabilidade do setor, chegando a 31%. “O segredo foi aumentar a produção com a mesma estrutura, o que reduziu o custo fixo”, diz Gastão de Souza Mesquita, presidente da Destimel à revista Exame.
A Usina Coruripe foi a primeira colocada no ranking das maiores empresas sucroaenergéticas do Nordeste-Norte e Centro-oeste e oitava posição no ranking geral das 50 maiores companhias do agronegócio das regiões brasileiras citadas. Entre os dados, a pesquisa revela que a empresa é a oitava geradora de empregos diretos. No quesito investimentos, ficou na 66ª colocação, entre as 100 maiores do país devido à aquisição de terras, veículos e implementos agrícolas, expansão da lavoura e ampliação de fábricas em Iturama e Carneirinho. “Temos trabalhado muito para reduzir nossos custos e produzir mais com menos. Vamos continuar investindo no crescimento, sem perder o foco na sustentabilidade e segurança”, afirmou Jucelino Sousa, presidente da usina. Hoje, a Usina Coruripe Matriz em Alagoas integra o Grupo Tércio Wanderley, que conta ainda com quatro unidades industriais em Minas Gerais: Iturama, Campo Florido, Limeira do Oeste e Carneirinho, além da Coruripe Energética.
Usina Unialco, de Guararapes (SP)
Grupo Unialco O Grupo Unialco, possui duas unidades produtoras, a Usina Unialco, de Guararapes (SP) e a Usina Alcovale, de Aparecida do Taboado (MS). O grupo tem expectativa de moer até 3,6 milhões de toneladas durante a safra 2014/15. Inicialmente, previa moer até 3,8 milhões de toneladas, mas a forte estiagem que atingiu a região de Araçatuba (SP), onde fica uma das unidades da empresa, mudou os planos. Ainda assim, a previsão supera a moagem passada, quando foram processadas 3,4 milhões de toneladas de cana.
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Empacotamento de açúcar na usina Santa Cândida, de Bocaina (SP)
Tonon A Tonon Bioenergia, grupo com três usinas — Santa Cândida, em Bocaina (SP), Paraíso, em Brotas (SP) e Vista Alegre, de Maracaju (MS) —, tem expectativa de moer 8 milhões de toneladas de cana. A empresa, que atua
na fabricação de açúcar (granulado refinado e VHP) e etanol anidro e hidratado, produtos comercializados no Brasil e no exterior, planeja expandir sua capacidade para 10 milhões de toneladas em 2016/17.
RANKING DE VENDAS LÍQUIDAS EM 2013 NOME
VENDAS EM 2013 ( US$ MILHÕES)
Raízen Biosev Usaçúcar Lincoln Junqueira Guarani S.A. Zilor Odebrecht Usina Coruripe GVO Usina São Martinho/Iracema Renuka Usina Colombo Cerradinho BIO Usina da Pedra Clealco Abengoa Agroindústria Tonon Grupo Balbo Usina Santa Isabel Usina Batatais Usina Santa Adélia Adecoagro Vale do Ivinhema Usina Delta Usina Santa Cruz Agroindustrial Santa Juliana Usina Bazan Usina S. Manoel Jalles Machado Nova Fronteira Usina Santa Fé Agro Energia Santa Luzia Usina São João
3,380.80 1,766.80 862.00 832.90 801.40 728.60 704.90 612.70 595.80 592.10 485.50 450.00 445.00 415.80 353.80 277.00 272.90 272.30 271.50 270.30 247.80 228.40 204.90 203.90 182.40 176.20 175.60 175.10 174.60 173.30 172.20 171.70
NOME
VENDAS EM 2013 ( US$ MILHÕES)
Usina São José (SP) 162.70 Grupo Colombo 158.70 Usina São José da Estiva 156.20 Usina Ipiranga 154.80 Bioenergetica Vale do Paracatu 140.60 Barralcool 133.40 Usina Furlan 132.30 Usina Pitangueiras 124.90 Ferrari Agroindústria 123.00 Usina São Luiz 120.80 Coprodia 120.40 Pedro Afonso Açúcar e Bioenergia118.40 Unialco 117.00 Umoe 104.40 Usina São Domingos 104.30 Usina Eldorado 101.60 Usina Ester 100.70 Uberaba 96.30 Usina Jacarezinho 93.30 Destimel 92.00 Della Coletta 89.70 Usina São José (PE) 85.80 Agropecuária NS Carmo 82.10 Usina Olho D'agua 79.50 Aralco 79.50 Agrovale 78.30 Iaco 77.00 Usina Iacanga 75.90 Agroterenas 75.20 Usina Trapiche 74.20 Usina Sonora 74.20 Usina Alvorada 73.80
FONTE: ‘Melhores & Maiores’ da revista Exame
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Valor do ATR precisa de 40% de reajuste para tirar produtor do vermelho ANDRÉ RICCI, DA REDAÇÃO
Com uma produção de aproximadamente 400 mil toneladas de cana-de-açúcar, o produtor Sérgio Donizetti Pavani sofre com a evolução do preço médio do ATR — Açúcares Totais Recuperáveis. De acordo com dados do Consecana — Conselho de Produtores de Cana-de-açúcar, Açúcar e Etanol do Estado de São Paulo, o valor registrado em junho foi de R$ 0,4666 por quilo. “O que é pago não é compatível com os gastos. Para manter os investimentos na produção de cana, é necessário ajustar em 40% o valor do quilo de ATR”, afirma Pavani. Ao analisar os valores registrados nos últimos anos é possível perceber uma queda Área de coleta de amostragem através de sonda obliqua
Sérgio Donizetti Pavani, produtor
considerável. Em abril de 2011, por exemplo, o valor era R$ 0,5704 por quilo. Nesta safra, não passou de R$ 0,4802. “As contas não fecham e o endividamento só aumenta. É preciso melhorar o Consecana ou encontrar novas formas de remuneração”, sugere Pavani. A preocupação faz sentido. Paralelo a queda da remuneração, segue o contínuo aumento nos custos para se produzir, fato que tem esvaziado ainda mais o caixa do produtor, refletindo negativamente no fim da safra. “Todos os investimentos estão
ficando de lado, inclusive os tratos culturais. Assistiremos a mais uma queda de produtividade. É só esperar pra ver”. O custo da produção de cana aumentou e a liderança do setor está consciente disto. No início do ano, Elizabeth Farina, presidente da Unica — União da Indústria de Cana-de-Açúcar, disse que durante os anos de crescimento do setor, entre 2002 e 2010, o custo de produção agrícola chegava a 15 dólares por tonelada. Hoje, está na casa dos 30 dólares por tonelada.
Pavani, que produz cana na região de São José do Rio Preto (SP), lembra que diversas normas são criadas e, além de onerar o trabalho, não levam em consideração as particularidades do segmento. “Temos que lidar com uma legislação trabalhista que não foi feita para o campo. Temos também exigências na questão do transporte rodoviário que são de primeiro mundo, mas o serviço oferecido é de terceiro mundo. É preciso ter fé, já que a luz no fim do túnel está apagada e quem pode acendê-la, está cego”, finaliza.
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EVOLUÇÃO DO PREÇO MÉDIO DO ATR NAS ÚLTIMAS 6 SAFRAS VALORIZAÇÃO DO ATR NA SAFRA SAFRA ..........................................................VALOR 2007/08 ................................................-18.31% 2008/09.................................................26.52% 2009/10.................................................44.62% 2010/11.................................................35.54% 2011/12 ...............................................-11.34% 2012/13................................................-10.13% 2013/14 .................................................10.47%
COMPORTAMENTO DO ATR EM JUNHO EM RELAÇÃO ÀS SAFRAS ANTERIORES SAFRA ..........................................................VALOR 2008/09.......................................................11% 2009/10.......................................................20% 2010/11.......................................................13% 2011/12..................................................47.36% 2012/13 ..................................................-5.43% 2013/14 ..................................................-6.10%
DESEMPENHO DO ATR NESTA SAFRA SAFRA 2014/15 Abr .............................................................2.75% Mai .............................................................4.16%
COMPORTAMENTO DO ATR SAFRA 2013/2014 2014/2015
MÊS Abr 0.4470 0.4802
Fonte: ProCana Estatísticas
Mai 0.4363 0.4602
Jun 0.4416
Jul 0.4415
Ago 0.4436
Set 0.4441
Out 0.4412
Nov 0.4637
Dez 0.4831
Jan 0.4812
Fev 0.4867
Mar 0.4938
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Costa Rica é craque no futebol e nos canaviais PATRICIA BARCI,
DE
que antecede a Fenasucro, em Sertãozinho (SP)”, explica Flávio Castelar, diretor executivo do Apla.
RIBEIRÃO PRETO
A seleção de futebol da Costa Rica, pequeno país localizado na América Central, com apenas cinco milhões de habitantes, será lembrada pelos brasileiros pelo bom desempenho na Copa do Mundo da FIFA, realizada no Brasil, depois de ter desbancado três campeões mundiais, inclusive a Itália. Fora dos gramados e dentro dos canaviais, o país também é craque. Nos últimos anos, a Costa Rica se destaca entre os produtores da América Central na produção de etanol. De acordo com informações do Apla — Arranjo Produtivo Local do Álcool, o país caminha para produzir etanol de cana-de-açúcar em larga escala, e assim reduzir ou substituir por completo o uso de combustíveis fósseis em sua frota de veículos. Para alcançar esta proeza, o país precisa de investimentos do governo, através de políticas mais claras. Ainda assim, o setor no país avança. A Recope, por exemplo, que é a companhia petroleira estatal, constrói uma unidade de processamento de biocombustíveis. Além disso, o governo elabora um plano para o desenvolvimento do setor nos próximos anos. “Tamanha é a importância do setor no país que o Congresso Latino Americano dos Técnicos Açucareiros acontecerá na Costa Rica em agosto deste ano, na semana
CULTIVO O cultivo de cana-de-açúcar foi desenvolvido na Costa Rica desde a segunda metade do século XIX, e hoje a plantação se estende por cerca de 50 mil hectares, em regiões como Guanacaste, Vale Central, Pacífico Central, Caribe e Brunca. Ao todo as unidades produtoras esmagam cerca de 4,4 milhões de toneladas de cana, de acordo com a Laica — La Liga Agrícola Industrial de la Caña de Azúcar.
RAIO X DO SETOR NA COSTA RICA Cultiva 50 mil hectares Esmaga 4,4 milhões de toneladas de cana Produz 400 mil toneladas de açúcar Fonte: Laica — La Liga Agrícola Industrial de la Caña de Azúcar Corte mecanizado de cana na Costa Rica
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Costa Rica é autossuficiente em combustível QUEDA NA PRODUÇÃO DE AÇÚCAR
As condições climáticas tropicais, consideradas adequadas para cultivo da cana-de-açúcar, se impõem diante da dependência que o país tem de importação de petróleo. Produzir etanol é o meio para que o país se torne autossuficiente em produção de combustível veicular, conforme estudo realizado pelo Coordenador do Programa Hemisférico de Agroenergia e Biocombustíveis do IICA, o brasileiro Frederique Abreu, conforme estudo encomendado pelo Apla. “Produzir etanol em larga escala, é a opção para competir no setor de biocombustíveis e bioenergia”, constata Abreu. Entretanto, o pesquisador esclarece que para atingir esta meta a legislação da Costa Rica deve ser revista, para assegurar o uso obrigatório da mistura de etanol na gasolina, além de incentivar seu uso, que atualmente compõe 8% na mistura com a gasolina. Além disso, o país pode exportar seu excedente. Os principais destinos do etanol do país são Holanda e Estados Unidos, aponta o estudo.
ENERGIA Dentro da política energética, a Costa Rica faz parte daqueles que apresentam resultados positivos e encorajadores na utilização de biomassa para geração de energia elétrica,
Condições climáticas do país colaboram com cultivo
juntamente com Austrália, Belize, Guatemala, Estados Unidos, China e principalmente o Brasil, que para os
produtores costarriquenhos é referência na cogeração através da queima do bagaço de cana-de-açúcar. (PB)
A cada ano, o setor produz oito milhões de sacas de 50 quilos de açúcar, dos quais 40% são para exportação e os 60% restantes para consumo local. Dados do setor no país indicam que a Costa Rica tem exportado cada vez menos ao longo dos anos. Na safra de 2012/13, por exemplo, o país exportou cerca de 111 mil toneladas de açúcar, o que equivale a uma queda de 31% em relação à safra 2011/12. Na safra 2013/14, estima-se que a Costa Rica exporte cerca de 106 mil toneladas de açúcar. Para se ter uma ideia da queda, em safras anteriores, como a 2009/10, a Costa Rica exportou cerca de 154 mil toneladas de açúcar, principalmente para o Canadá, Rússia e Estados Unidos. Ivannia Chávez, diretora de exportações da Laica — Liga Agrícola Industrial da Cana-de-Açúcar da Costa Rica afirma que as exportações refletem a queda na produção de cana-de-açúcar, que tem sido prejudicada por fortes chuvas no início das colheitas, principalmente entre novembro e dezembro. (PB)
USINAS DIVIDIDAS POR ZONAS De acordo com a Apla, as usinas da Costa Rica estão divididas por zonas. Na zona Turrialba estão as usinas Atirro e Juan Viñas. Na zona Pacífico estão as usinas Argentina, Costa Rica, Porvenir, Providencia, San Ramón e Victoria. Na zona San Carlos ficam as usinas Cutris, Quebrada Azul e Santa Fé. Na Zona Guanacaste estão as usinas El Palmar, Catsa, El Viejo e a maior e mais destacada do setor na Costa Rica, a Toboga.
A Taboga é atualmente, a maior produtora de açúcar na Costa Rica e tem capacidade de moagem de sete mil toneladas de cana-de-açúcar por dia, com produção de cerca de 1,8 milhão de sacas de 50 kg de açúcar. Sua destilaria produz cerca de 25 milhões de litros de álcool anidro e também para produção de bebidas. O álcool anidro produzido na Costa Rica é certificado pela Agência de Proteção Ambiental Americana. (PB)
Máquinas para corte mecanizado em canavial costarriquenho
Desafios futuros Dados da Laica — Liga Agrícola Industrial da Cana-de-Açúcar da Costa Rica e da Dieca — Diretoria de Pesquisa Extensão Canavieira, mostram que o ambiente no país é favorável para a implementação de uma agricultura de precisão, com a finalidade de diminuir os custos e aumentar a produtividade, dentro de um ambiente cada vez mais sustentável.
Há uma demanda interna crescente por álcool anidro e etílico para combustível e bebidas, assim como a produção de açúcar para produtos de confeitaria, além da energia elétrica que pode ser gerada através da biomassa. No âmbito do desenvolvimento industrial, o país se destaca na produção de produtos orgânicos, tendo um trabalho de qualidade no controle de pragas. (PB)
Usina Atirro, em Turrialba
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Giro do setor PAQUISTÃO PATRICIA BARCI,
DE
RIBEIRÃO PRETO
As exportações de açúcar do Paquistão caíram 46,12% desde julho de 2013 até maio de 2014. Dados da Associação das Usinas de Açúcar Paquistanesas revelaram que em onze meses foram exportados cerca de 580 mil toneladas ao preço de 255,8 milhões de dólares, em comparação com as cerca de 950 mil toneladas, rendendo cerca de 475 milhões de dólares, no mesmo período do ano passado. Essa queda é resultado das políticas adotadas pelo governo do país, que restringem as exportações a quantidades
insatisfatórias diante de estoques abarrotados de açúcar. Durante o mês de junho, produtores de açúcar, protestaram no país para que tivessem o direito de exportarem seus excedentes de produção, sem precisarem de autorização do governo. O presidente da Associação, Punjab, Riaz Qadeer, disse que o último prejuízo foi no mês de junho, quando o setor deixou de ganhar cerca de 700 mil dólares. De maneira que, a quantidade excedente nos estoques, disponíveis para tal finalidade, iria exceder as quotas para exportação impostas pelo governo, de 250 mil toneladas de açúcar para os meses de maio e junho.
Transporte de cana-de-açúcar no Paquistão
ÍNDIA
ETIÓPIA
A maioria das usinas de açúcar nos Estados do Norte da Índia, especialmente em Uttar Pradesh, estão com dívidas mais elevadas do que o valor de seus estoques; consequentemente o governo do país concordou em ficar com estas fábricas, para assim, pagar os atrasos com os agricultores, com uma cláusula de pagamento obrigatório, para só então garantir os incentivos que foram recentemente anunciados, como o aumento do imposto sobre importação de 15% para 40%, entre outros, de acordo com o jornal “Business Standard” da Índia.
Na Etiópia, do total de 10 usinas de açúcar, que serão construídas como parte do GTP — Plano de Transformação e Crescimento do País Africano, sete delas operarão ainda em 2014, de acordo com informações da “Ethiopian News Agency”. Dentre elas estão a Tendaho 1 e 2, OmoKuraz 1, a Kesem, e a Tana Beles e ArjoDedesa e espera-se que a produção de açúcar no país chegue a 1,58 milhão de toneladas por ano. O Plano prevê que em poucos anos, a Etiópia terá 10 usinas com capacidade de produção anual total de 2,25 milhões de toneladas.
NIGÉRIA
VIETNÃ
Uma nova unidade “Esta empresa produtora de açúcar e proporcionou empregos etanol, no Estado de Kogi, para nada menos que mil na Nigéria, tem previsão indígenas no Estado. Esta de produzir cerca 100 mil região precisava toneladas de açúcar e desesperadamente de também etanol, num investidores respeitáveis projeto que terá sua para aproveitarem os seus primeira fase finalizada recursos abundantes”, em 18 meses, de acordo disse. com CajNews África. Ele acrescentou que o O governador do governo continuará a Idris Wada, governado do Estado, Idris Wada, em incentivar os investidores Estado de Kogi, na Nigéria visita à unidade esta a irem para o Estado e semana, se mostrou satisfeito com o que o governo os ajudará a superarem os resultado do projeto, localizado numa desafios que podem encontrar, caso região conhecida como Jamata. decidam fazer negócios no país.
Para popularizar o uso de biocombustíveis, o governo do Vietnã afirma que o etanol será vendido em todas as localidades do país até 2015, de acordo com Shangaidaily.com. Em julho de 2013, o JornalCana já havia reportado que apesar das intenções do governo, biocombustível era praticamente desconhecido no Vietnã. De acordo com o porta-voz, desde então, produtores têm se preparado para vender o E5 ou 5% de etanol na gasolina, em pelo menos sete províncias em 2014. Estas áreas incluem a capital Hanói, além das
principais cidades do Sul e do Norte como Ho Chi Minh, Hai Phong e Da Nang, entre outras. O país tem atualmente seis unidades produtoras de biocombustível a partir da mandioca, com capacidade de produzir cerca de 535 milhões de litros de etanol por ano. Com base nesta capacidade, as usinas poderiam atender completamente a demanda do país por biocombustíveis até ano que vem. Atualmente, o preço do E5 é o mesmo que o preço da 92-RON, nome dado à gasolina mais utilizada no país.
CUBA Produção de açúcar em Cuba foi 12% abaixo do esperado, com 1,6 milhões de toneladas, de acordo com o jornal Havana Times. Porta-voz da Azcuba — Organización Superior de Dirección Grupo Azucarero, disse à imprensa que apenas seis províncias do país cumpriram as estimativas de produção, estabelecidas para as 49 refinarias em operação. O rendimento também demonstra deficiência no setor, com 43 toneladas de cana por hectare, quando a média mundial fica acima de 60 toneladas. Para piorar, este é o segundo ano consecutivo
que o país não cumpre as metas de produção. Na safra de 2012/13, a produção ficou 11% abaixo do plano, que de acordo com especialistas, é resultado da ineficiência do processo industrial, como a falta de treinamento dos trabalhadores envolvidos nas usinas de açúcar, dentre outros problemas de gestão. Registros históricos mostram que, no auge da revolução, mais de 150 refinarias de açúcar estavam em operação, com produção estimada em mais de 6 milhões de toneladas, na época.
Usina açucareira cubana
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Clima ajuda e colheita segue em ritmo acelerado no Mato Grosso do Sul Em 11 de julho, a Biosul – Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul apresentou dados referentes à safra 2014/15 na região. Até o momento, o volume processado de cana foi de 11,98 milhões de toneladas, valor 3,96% menor em relação ao mesmo período da safra anterior. Observando apenas a segunda quinzena de junho, foram processados 3,223 milhões de toneladas de cana e o ATR – Açúcares Totais Recuperáveis por tonelada atingiu 119,11 kg, número 3,37% menor que o registrado no mesmo período em 2013. Roberto Hollanda Filho, presidente da
Biosul, disse que o clima ruim no início da safra e a colheita de cana que ainda não estava no ponto de corte fizeram com que a quantidade de cana moída e a qualidade fossem baixas. “A partir de agora, a expectativa é de que a safra entre no seu ritmo normal, buscando crescimento de 6,7% em relação ao ano passado”, afirma Hollanda. Em relação à produção, foram fabricados 309 mil toneladas de açúcar, quantidade 24,45 % menor que o registrado no último ciclo. Já a produção de etanol registrou a 650 milhões de litros de biocombustível produzidos, valor 0,40% maior que na safra passada.
Roberto Hollanda Filho, presidente da Biosul
Antonio de Padua Rodrigues: queda no rendimento dos canaviais preocupa produtores
Tempo seco acelera safra no Centro-Sul A moagem de cana no Centro-Sul do País atingiu 202,94 milhões de toneladas até 1º de junho, de acordo com dados divulgados em 11 de julho pela Unica – União da Indústria de Cana-de-Açúcar. Na última safra, o valor foi de 182,74 milhões de toneladas, gerando aumento de 11,05%. Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da entidade, fala sobre os resultados. “A comparação dos dados apurados entre os meses de junho deste ano com o do ano passado deve ser feita com cautela. No último ciclo, as chuvas intensas e o aumento no número de dias parados pelas usinas impactaram severamente a colheita. Neste ano,
entretanto, o cenário foi oposto: o clima seco praticamente não gerou qualquer interrupção das atividades de colheita da cana”, afirmou. O representante diz ainda que o clima excessivamente seco tem preocupado os produtores devido à expressiva queda no rendimento dos canaviais colhidos. “Ainda não concluímos as estatísticas referentes à produtividade agrícola de junho, mas já podemos afirmar que ao final desta safra ela deverá ficar aquém daquela inicialmente prevista, com prejuízo à oferta de cana-de-açúcar e possível antecipação do término da moagem em várias regiões produtoras”.
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Grupo Toledo esmagou 3,34 milhões Formado por quatro usinas, o Grupo Toledo moeu 3,34 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na safra 2013/14, sendo 74% destinada à produção de açúcar. Com forte abastecimento de matéria-prima, 71% da cana esmagada na usina foi de origem própria. Fornecedores enviaram 16% do total. Seguindo o enfoque regional do Nordeste, local que abriga três usinas do grupo, Capricho, Sumaúma e Paisa; a produção total das quatro unidades preteriu o açúcar, com produção total de 8,22 milhões de sacos, oriundos de 2,57 milhões de toneladas de cana-deaçúcar. O etanol, produzido em maior escala pela unidade Ibéria, localizada no município de Borá, no Estado de São Paulo, teve produção de 96,22 mil litros, com a usina paulista responsável por aproximadamente 60%.
Do montante colhido, 74% da moagem foi destinada à produção de açúcar
Trapiche chega ao final da safra com 1,7 milhão de t moídas
Colheita totalizou 20,78 milhões de toneladas até 1º de julho
Minas gerais moeu até 1º de julho 34,93% do previsto Em Minas Gerais a colheita da cana-de-açúcar totalizou 20,78 milhões de toneladas até 1º de julho, valor correspondente a 34,93% do total previsto. O número também mostra um avanço de 8,89% frente ao volume colhido em igual período anterior. Os dados foram divulgados pela Siamig – Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais. Ainda de acordo com a associação, a concentração de ATR – Açúcares Totais Recuperáveis atingiu 120,61 kg por tonelada de cana, volume 0,68% maior em relação ano anterior. O clima seco é o grande fator para o avanço na colheita e melhoria na qualidade da matéria-prima. No acumulado da safra, a produção de açúcar registrou 984,4 mil toneladas, volume 9,51% superior ao registrado em igual período produtivo. Já a produção de etanol chegou a 862,5 mil metros cúbicos, volume 9,66% maior que o registrado em igual período da safra 2013/14.
Em 246 dias de atividade na safra 2013/14, a Usina Trapiche, localizada no município de Sirinhaém, PE, moeu 1,71 milhão de toneladas com eficiência de 407,1 toneladas por hectare. Estas resultaram em 133 mil toneladas de açúcar e 25 mil metros cúbicos de etanol anidro. Na produção de açúcar, o tipo refinado foi o enfoque da empresa, representando 96,5% do total, com 128 mil toneladas. Os 3,5% restantes foram do tipo demerara, que teve produção de 4,6 mil toneladas. O rendimento do quilo de açúcar em relação à tonelada de cana ficou em 86,33. A usina produziu 100% de etanol anidro.
Usina obteve eficiência de 407,1 toneladas por hectare
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Setor precisa moer 23 mi de t para atender demanda de 33 bi de litros Nos próximos cinco anos, em 2019/20, o consumo de combustíveis poderá ser de 19 bilhões de litros de hidratado, 14,1 bilhões de litros de anidro e 42,2 bilhões de litros de gasolina, segundo estimativas. Apenas para atender à demanda de etanol no período, considerando que o status atual permaneça inalterado, a necessidade mínima de cana poderá atingir 21,6 milhões de toneladas em 2015/16, 21,9 milhões em 2016/17, 22,3 milhões de toneladas em 2017/18, 22,6
Usina Ester iniciou sua moagem no dia 5 de abril
Com 116 anos de história, Usina Ester busca recorde de moagem milhões de toneladas em 2018/19 e 23 milhões de toneladas em 2019/20.
Em busca de uma safra recorde, a Usina Ester, fabricante de açúcar e etanol, iniciou sua moagem no dia 5 de abril. A meta é ultrapassar as 2 milhões de toneladas, além de obter produtividade agrícola, referente a produção de cana própria, de 84,0 toneladas por hectare. No quesito eficiência industrial, a empresa
trabalha com a meta de 93,1%, já em eficiência agroindustrial, o valor é de 10,3 toneladas por hectare. Localizada em Cosmópolis, interior de São Paulo, a usina moeu 1.932.648 toneladas de cana na safra 2013/14. Em 2 de março, comemorou 116 anos de existência, sendo fundada em 1898.
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Coruripe colheu 1,08 milhão de toneladas no 1º trimestre Localizada no município que dá nome à unidade, a Usina Coruripe, no Estado de Alagoas, divulgou recentemente seus dados relativos às safras passadas. Em 2013/14, a unidade moeu 2,927 milhões de toneladas de cana, sendo 1,823 milhão de toneladas de cana própria, oriundas das seis fazendas que abastecem a usina. Os fornecedores entregaram 1,104 milhão de toneladas de cana-de-açúcar. O começo do ano já fora proveitoso para a matriz, que colheu 38% a mais em relação a dezembro de 2013. A evolução mensal da safra para a Coruripe teve acréscimo de 57% entre janeiro e março deste ano, período em que 1,087 milhão de toneladas foram
colhidas. Entre os meses de setembro e dezembro do ano passado, o somatório de cana colhida foi de aproximadamente 735,3 mil toneladas. Nos três meses iniciais de 2014, a usina colheu 59% de toda sua área, o que resultou em acréscimo de 47% de toneladas colhidas em relação aos quatro últimos meses de 2013, nos quais apenas 41% da área havia sido colhida. Como resultado, a produção de 2013/14 gerou aproximadamente 67,87 milhões de litros de etanol, sendo 62,72 milhões de anidro e 5,15 milhões de hidratado. Para o açúcar, foco da região nordestina, a produção atingiu 5,21 milhões de sacas de 50 kg.
Usina Coruripe
Terminal da Copersucar, no Porto de Santos
Copersucar reduz estimativa de moagem em 5 milhões no CS A maior trading de açúcar e etanol do mundo, Copersucar, revisou sua estimativa da safra 2014/15 no Centro-Sul, indicando uma moagem de 565 milhões de toneladas, 5 milhões a menos que o estimado inicialmente. A informação foi dada pelo presidente do conselho da companhia, Luis Roberto Pogetti, ao The Wall Street Journal. A expectativa é que sejam produzidas 32 milhões de toneladas de açúcar e 24,6 bilhões de litros de etanol, dos quais 22 milhões de toneladas de açúcar e 1 bilhão
de litros de etanol serão destinados para exportação. Em sua primeira estimativa, a Copersucar projetava produção de 32 milhões de toneladas de açúcar e 25,4 bilhões de litros de etanol. Pogetti acredita também que o mercado global de açúcar deve registrar déficit de 3 milhões de toneladas. Isso porque o mercado ainda não assimilou os efeitos da severa estiagem sofrida no início do ano no Brasil. “Acho que ainda veremos uma elevação dos preços do açúcar nos próximos meses”, explicou.
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Subprodutos da cana-deaçúcar são utilizados em cosméticos artesanais
DOCE PERFUME
ANDRÉIA MORENO, DA REDAÇÃO
lém de contribuir com a melhora do meio ambiente, produtos à base de cana-de-açúcar, também colaboram com a beleza. A engenheira química Linda Cristina de Oliveira, constata em estudo, que os insumos provenientes da cana-deaçúcar possuem propriedades com as quais é possível produzir produtos de beleza. Sais sódicos e de zinco do PCA — Ácido Prirrolidona Carboxílico, glicoproteína, hidrogeis de sacarose e o ácido glutâmico — um agente neutralizante ou controlador de pH — agem como aditivos, melhorando a hidratação e a maciez dos cabelos. “Os derivados do açúcar possuem propriedades cicatrizantes, anticongelantes e crioterápicas e são considerados conservantes naturais”, afirma. A engenheira química explica que o sal sódico do PCA caracteriza-se por ser
A
Sabonetes em barra — com formato de discos de vinil
umectante em formulações para pele, sendo também biodegradável e não pegajoso ao toque; apresenta efeito antiestático quando usado em formulações de xampus, proporcionando maciez aos cabelos. Por sua vez, a glicoproteína — mistura de açúcar e proteína com ação
hidratante — atua sobre a redensificação dérmica, com estímulo à síntese de colágeno do tipo I e IV e elastina. O fabricante de cosméticos artesanais veganos e sustentáveis, de Curitiba (PR), “Feito Brasil”, lançou diversos produtos derivados de um ingrediente obtido a partir
Águas perfumadas feitas com ingredientes à base de cana
da fermentação do melaço da cana. Espumas de banho, com fragrâncias de açaí e ameixa; gel de ducha, com perfume de caju e carambola; xampu refrescante capilar e corporal; espuma de banho líquida; sabonetes em barra — com formato de discos de vinil, e águas perfumadas, compõem o portfólio da empresa. “Nossos produtos são derivados do ácido glutâmico, um aminoácido presente no NMF — fator natural de hidratação, que apresenta excelentes propriedades umectantes. O aminoácido é um mecanismo natural da pele, que consiste em reter água nos tecidos mantendo sua hidratação", explica Andreia Sanfelice, farmacêutica responsável pelos produtos. Ela conta que nos produtos para limpeza da pele, esse ativo derivado da cana proporciona sensação agradável após enxágue, minimizando possíveis efeitos de irritação e ressecamento da pele, mantendo-a macia e hidratada após o banho. Nos produtos para cabelo, esse mesmo ativo melhora a maleabilidade, promove maciez e sedosidade, e ainda reduz a eletrostática dos fios evitando que eles se quebrem ao pentear. Nas águas perfumadas, ele atua como um agente umectante, pois possui composição similar ao NMF, mantendo a hidratação da pele. “Vale lembrar que devido à sua biodegradabilidade é considerado ecologicamente seguro e sustentável, pois ainda é possível utilizá-lo no processo a frio de fabricação”, completa a farmacêutica responsável. O açúcar também é uma opção utilizada nos salões de cabelereiros. A Dalie Coiffer, fabricante de produtos cosméticos de Cravinhos (SP), comercializa o Kit Cliente Vip Açúcar, com xampu, condicionador e máscara. Ele promete penetrar profundamente no córtex para reparação do substrato proteico danificado, onde se encontra a cistina e a arginina. Segundo o fabricante é rico em enzimas lacto, que condicionam e hidratam o substrato dos cabelos elásticos, fortalecendo-os, interrompendo o rompimento dos fios, por excessiva elasticidade.
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Britney Spears, uma das artistas que gostam de perfumes exóticos
Cantoras norte-americanas aderem a perfume extraído da cana Até os famosos aderiram ao doce perfume dos cosméticos de cana-de-açúcar. Prova disso é que no início de 2013, a cantora norte-americana Britney Spears lançou sua 12ª fragrância em parceria com a Elizabeth Arden, a Island Fantasy. O nome muito sugestivo promete lhe remeter a uma fragância floral frutal, e a sensação de uma rápida viagem para uma ilha tropical, segundo o fabricante. O perfume contém notas de jasmim, frésia e violeta misturados com um
coquetel de frutas cítricas, tangerina, clementina, frutas vermelhas e melancia. Ainda tem notas de almíscar suave e canade-açúcar, qpara fazer com que o aroma não fique excessivamente doce. O frasco acompanha o desenho da linha Fantasy, agora nas cores azul e verde, em versões de 50 ml e 100 ml. Seguindo a linha para pele, há dois anos, um grupo de alunos da Fatec, que participavam do SIFE Brasil 2012 — campeonato onde equipes criam
oportunidades econômicas em diferentes grupos com necessidades específicas, capacitaram as mulheres do Espaço Artesão na produção de sabonete esfoliante com o bagaço da cana. Seguindo a tendência do uso do açúcar, principalmente no que se refere aos salões de cabeleireiros, a Care Liss, lançou um pó descolorante com os grãos em sua formulação. Esse é o Care Liss Açúcar que existe em quatro versões para todos os tipos de cabelos e pelos.
Até mesmo alisante de cabelo contém cana em sua fórmula. No passado, um fabricante de cosméticos havia lançado um tratamento sem formol indicado para cabelos loiros, crespos, coloridos ou com mechas, que prometia alisar as madeixas. Mas o grande diferencial do produto era seu enriquecimento com aminoácidos da canade-açúcar, que ajudavam a reparar e tratar fios danificados, potencializando o efeito da escova, de acordo com o fabricante na época. (AM)
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Garapa vira sabão Os sabões glicerinados — bases glicerinadas — necessitam de água e certa dosagem de açúcar para sua elaboração. Mas uma ideia desenvolvida em Campinas, SP, pelo engenheiro mecânico doutor, especialista em administração e gerência de materiais, serviços e produção, Elvio Gregolin, há quase quatro anos, quebrou esse paradigma. “O sabão natural de cana Soapness não utiliza estes ingredientes na sua forma tradicional. Desde as primeiras etapas de obtenção do sabão bruto, toda a água é substituída por caldo de cana (garapa), mesmo durante a preparação da lixívia de sódio. O açúcar, que normalmente é utilizado na sua forma refinada, é substituído integralmente pelo açúcar natural contido no caldo da cana”. De acordo com ele, os aproximadamente 15% de açúcar encontrado no caldo são suficientes para isso. Atualmente, cada sabão de 120 gramas custa R$ 5,50. Gregolin explica que na sua versão mais sofisticada, o sabão final é composto de duas partes. “A primeira é um sabão elaborado com óleos de coco babaçu e óleo de palma com a lixívia preparada com a garapa. Depois da pasta de sabão pronta e estabilizada (mas ainda quente) é enriquecida com uma alta dosagem de açúcar mascavo, garantindo a ela um aroma bem pronunciado de rapadura. Depois de fria, esta pasta (com cerca de 10% de umidade
apenas) é extrudada na forma de grãos utilizando um simples moedor de carne adaptado para este fim. Os grãos formarão a parte interna do sabão glicerinado final, numa dosagem aproximada entre 40 e 50% do peso final do sabão”, diz. Na segunda parte da elaboração, uma base glicerinada é fabricada a partir da combinação de sabão de óleos de babaçu e palma, álcool de cereais, açúcar mascavo, caldo de cana e glicerina. “O resultado final é a obtenção de um sabão de banho extremamente suave para a pele, tanto para uso corporal como facial, resultado do contato direto do açúcar na pele”, lembra. O engenheiro afirma que a ideia surgiu na procura de sustentabilidade e simplicidade do produto final. “Também busquei elementos representativos da nossa cultura. Como o acesso a óleos mais exóticos (abundantes no Norte e Nordeste) é difícil aqui em São Paulo, o jeito foi buscar outras alternativas”, afirma. Por mês o artesão entre outros tipos de sabões, fabrica e vende cerca de 60 unidades do sabão de cana, que são muito procurados por clientes naturalistas, como Bia Zen, sócia proprietária do Restaurante Raízes Zen, de Campinas, que também o revende. “Eu adoro esse produto. Ele rende muito, faz boa espumação e tem um aroma agradável”, avalia. (AM)
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GENTE QUE FAZ! Colaboradora do Grupo Aralco conta sobre trajetória de 30 anos em um dos tradicionais grupos do setor ANDRÉIA MORENO, DA REDAÇÃO
A assistente de benefícios do Grupo Aralco, Marilsa Aparecida Lima, traz na bagagem quase 30 anos de história. Apesar de jovem, a colaboradora de 47 anos, ingressou no setor no início do Proalcool, quando a oferta de recursos para a assistência social era grande. Aos 18 anos, tornou-se auxiliar e mais tarde, com a aposentadoria de outras funcionárias passou a liderar a área. Posteriormente, cursou uma universidade e realizou o sonho de ter um diploma na área. Marilsa conta que ao ingressar na usina, depois de uma rápida passagem por um banco da cidade de General Salgado, SP, havia uma explosão de crescimento devido aos investimentos do Proalcool e a meta da unidade produtora era moer um milhão de toneladas de cana. Ela diz que conquistou seu diploma de assistente social com muito sacrifício, pois estudava à noite em São José do Rio Preto. “Foi muito prazeroso poder estudar. Agradeço também o apoio da empresa por subsidiar parte de meus estudos”, diz. Entre as recordações, existiram algumas tristes por conta de acidentes, mas pelo fato de acompanhar de perto a família passava a ser positiva a convivência, e sem dúvida o fato marcou todos os envolvidos. “Vivo um pouco da
Marilsa Lima, durante atendimento em uma das usinas do Grupo Aralco
vida dos funcionários desde sua entrada na empresa, casando-se e vendo seus filhos trabalharem no Grupo”, lembra. A assistente social explica que existia um guarda mirim há alguns anos, que cresceu e hoje trabalha no departamento contábil da empresa. “O Robson Alves sempre foi muito próximo de mim e um amigo. Sou feliz por saber que influenciei as pessoas e isso mudou seus destinos. Ao mesmo tempo me sinto um pouco frustrada por não poder ajudar a todos da mesma forma. Eu vi muitas pessoas evoluindo e outras que não cresceram. Sou feliz pelos que vi crescer e triste pelos que não evoluíram”, relata.
Quando perguntado se quer aposentar, Marilsa é enfática em dizer que ainda tem muita disposição e que não pretende parar tão cedo. “Quero uma velhice em paz e tranquila e saber que fui importante dentro da empresa. Sinto o reconhecimento por meu trabalho, o carinho e o respeito que as pessoas têm por mim”, enfatiza. Entre os desafios de 30 anos atrás, Marilsa lembra que apesar de nunca se sentir descriminada, a área não tinha tanto acesso a reuniões gerais. “Atualmente tudo é diferente, há muito espaço para crescer. Os próximos desafios são ter maior aproximação com os
funcionários da outras unidades. Daquela época sinto falta das pessoas que se foram e do desenvolvimento e da pujança do setor sucroenergético. Eu acredito que o setor irá se recuperar financeiramente e que haverá incentivos. Aqui há funcionários engajados por essa conquista, é preciso ter pensamento positivo”, lembra. Para a profissional, a área de serviço social representa tudo na sua vida. “É parte do que sou e do que eu tenho. O Grupo Aralco faz parte de mim. Agradeço pelo espaço que me deram para desenvolver meu trabalho e o respeito de todos por mim”, finaliza.
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Colaboradora lutou por direitos dos funcionários O assistente social precisa ter a vocação em ajudar ao próximo e tentar o melhor para sua área dentro da empresa, visando a qualidade de vida dos funcionários. Foi por esse objetivo que a assistente de benefícios, Marilsa Aparecida Lima, trabalha há quase 30 anos pelo Grupo Aralco. Um dos direitos concedidos pelo trabalho da colaboradora há 12 anos é o Auxilio Óculos, que subsidia parte da compra das tão sonhadas lentes. “Me lembro que antigamente alguns funcionários não faziam os óculos por falta de condições financeiras. Então busquei junto a diretoria esse benefício e no mesmo instante fui atendida”, avalia. Também me recordo dos trabalhos voluntários junto à comunidade de General Salgado, onde nasci e vivi parte de minha vida. “Eu sentia necessidade de ajudar as instituições como creches, asilos e sempre recorria para a empresa, que sempre ajudava. A empresa dava um auxílio alimentação por mais de 10 anos para compra de alimentos à Apae, também um benefício que a assistência social conquistou”, lembra. Outro fato que marcou sua vida foi o acompanhamento de gestantes que trabalhavam na empresa. Segundo ela, na Generalco havia uma funcionária do Nordeste, recém-chegada na cidade, que ao ser contratada na época para o corte de cana, engravidou de gêmeos. “Uma grande equipe se empenhou por ajudá-la já que morava em condições precárias. “Foi uma luta para trazêla para área interna da empresa, mas no final, conseguimos. Arrecadamos roupas para os bebês, móveis, uma enfermeira iria medir sua pressão em casa e as suas condições de vida melhoraram. Ela foi trabalhar no ambulatório contando soros reidratantes, como auxiliar de produção. Depois que as crianças nasceram ela voltou para a terra natal. Foi uma experiência muito marcante e que
Marilsa Lima assina contrato dos menores aprendizes do Grupo Aralco
nos sensibilizou”, diz. Outro programa que ajudou a lançar há dois anos foi o “Aprendizagem Rural - Jovem Agricultor do Futuro. O público-alvo deste programa são os filhos de produtores e trabalhadores rurais. Os participantes precisam ter idade mínima de 14 anos e máxima de 17 anos. “O programa se iniciou com 35 crianças que desempenham trabalho junto
ao Senar e plantam, colhem e cuidam de animais nas dependências do Clube da Associação dos Funcionários de General Salgado, SP. Durante o lançamento as crianças não sabiam sobre os benefícios e salários, inclusive dos registros como funcionários. O programa fez tanto sucesso que este ano tinha mais de 100 jovens interessados em se inscrever”. (AM)
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Jornal da Pedra Agroindustrial comemora marca histórica em 1970, o jornal já tinha inclusive o objetivo de aproximar a comunidade da cidade de Serrana à Usina da Pedra. “Ao Com o objetivo de atingir os diferentes longo dos anos, diversas mudanças públicos da Pedra Agroindustrial, com sede aconteceram, seja no formato, tipo de em Serrana, SP, a área de comunicação papel, impressão e também em relação ao desse grupo sucroenergético utiliza, de público-alvo”, detalha Érika Moretini. E, maneira eficiente, diversos veículos e desde 2009 está também disponível para ferramentas. Um deles, no entanto, tem consulta no site destaque especial. Trata-se do jornal www.pedraagroindustrial.com.br. Observador que conquistou em maio uma Considerado o principal veículo de expressiva marca em sua comunicação da trajetória: a publicação empresa, esse jornal da edição de número completou 40 anos de 500. história em dezembro de O Observador 2010. Em comemoração desempenha um papel a essa data houve estratégico no processo inclusive, a divulgação ao de comunicação da longo de um ano, de uma empresa, que possui retrospectiva do quatro unidades (usinas Observador. Em 2011, da Pedra, Buriti, Ibirá e quando a Pedra Ipê). “Utilizado como Agroindustrial completou ferramenta de trabalho 80 anos de atividades, para os funcionários, traz uma edição especial do informações Observador publicou o institucionais selo comemorativo e uma abrangentes e detalhadas retrospectiva histórica da que buscam a unidade empresa e do jornal por do grupo. É também um meio de depoimentos de Edição de número 500 do Observador, que tem importante instrumento funcionários e vasto mais de 40 anos de existência, foi publicada em maio de integração e um elo de arquivo de imagens. RENATO ANSELMI,
DE
CAMPINAS, SP
relacionamento entre os trabalhadores e familiares com a empresa”, comenta Érika Moretini, coordenadora de Comunicação da Pedra Agroindustrial. O jornal cumpre também o papel de levar informação para fora da empresa – afirma. O Observador é distribuído em diversas instituições educacionais, prefeituras, sindicatos, fornecedores e parceiros de cana das cidades na área de atuação da empresa. Quando foi fundado
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ATIVIDADES SÃO BASTANTE ABRANGENTES O trabalho de comunicação com o público interno e externo da Pedra Agroindustrial vai muito além da publicação do Observador. Outras ferramentas importantes são utilizadas nesse processo, como o jornal mural “Fique Informado”, site, e-mails institucionais, boletins, programa de visitas “Portas Abertas”. As atividades da área de comunicação da Pedra Agroindustrial, voltadas à diversos públicos, são bastante abrangentes, incluindo veículos de comunicação interna, ações de responsabilidade social e relacionamento com a comunidade, assessoria à confecção de campanhas e materiais de divulgação interna e externa e assessoria de Imprensa. Há ainda a participação em eventos de valorização dos funcionários como Relógio de Ouro, Bate Papo de Ouro, programa Papai Noel, Projeto Mulher, Programa de Malas Prontas, detalha Érika Moretini. De acordo com ela, a equipe do departamento de comunicação é corporativa, ou seja, atua nas quatro unidades da empresa, desenvolvendo e disponibilizando ferramentas adequadas às estratégias e planejamento do grupo.
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Comunicação desenvolve papel importante para a integração Atividades nessa área fazem a conexão das políticas e diretrizes estratégicas da empresa ao pensamento de toda a organização O engajamento dos funcionários de todos os departamentos tem sido fundamental para que as iniciativas do setor de comunicação sejam bemsucedidas. “Todos os departamentos são fontes de informação. É a partir deles e para eles que buscamos novidades, realizamos ações, campanhas, planejamos e aplicamos propostas que visam disseminar a comunicação de maneira eficaz”, afirma Érika Moretini. Na opinião dela, a compreensão das pessoas em relação ao papel que a comunicação exerce como fonte de informação segura, motivação, diálogo e integração a torna importante para a identidade do grupo e valorização das pessoas que nele atuam. “A área de comunicação da Pedra Agroindustrial parte do princípio de que
Érika Moretini, coordenadora de Comunicação da Pedra Agroindustrial
sua ação é orientada para tornar comum: objetivos, estratégias e resultados da empresa, incluindo as áreas de responsabilidade social e ambiental”, enfatiza. De acordo com ela, utilizando seus vários recursos, a comunicação faz a conexão das políticas e diretrizes estratégicas da empresa ao pensamento de
toda a organização. O trabalho tem sido incessante. “Nosso desafio é aliar tradição com inovação e para isso visamos utilizar outros canais de comunicação e não apenas os tradicionalmente conhecidos”, comenta. Érika Moretini informa que novas propostas da área de comunicação estão
em fase de avaliação por parte da diretoria da empresa. Alguns projetos já foram aprovados recentemente, como o desenvolvimento de uma campanha de comunicação interna que utilizará intervenções artísticas – destaca – e exposições nas dependências da empresa, entre outras iniciativas.
Todos os setores participam de ações desenvolvidas na Nardini
Vista Panorâmica da Nardini Agroindustrial
A área de comunicação da Nardini Agroindustrial atua em várias frentes para atender a todos os stakeholders da usina – que está localizada em Vista Alegre do Alto, SP –, resume a jornalista Monise Centurion, que atua como analista de comunicação e marketing da empresa. “Os projetos e as ações de comunicação contam com a colaboração de todos os setores, incluindo as áreas administrativa, agrícola, automotiva e industrial”, informa. O departamento de
comunicação da usina Nardini está vinculado à área de Recursos Humanos e à diretoria da empresa. Para facilitar a circulação da informação em todos os níveis hierárquicos dentro da organização – afirma Monise Centurion –, a Nardini conta com site, a revista interna “Atuação”, de veiculação trimestral, e os canais internos de comunicação: murais, emails e um sistema interno de mensagens instantâneas.
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Executivos agrícolas driblam as adversidades com classe Executivos têm a incumbência de criar condições para a elevação do rendimento em toneladas por hectare RENATO ANSELMI,
DE
CAMPINAS, SP
Os desafios dos executivos da área agrícola de unidades e grupos sucroenergéticos são enormes. Eles precisam driblar a falta de recursos por causa de crises econômicas, adversidades climáticas, problemas causados por infestação de doenças e pragas, entre outros imprevistos. Uma das funções desses profissionais é atuar como “guardiões” da produtividade agrícola e, sempre que possível, criar condições para a elevação do rendimento em toneladas por hectare (TCH), o aumento da ATR e a melhoria da eficiência operacional. Entre os profissionais de destaque nessa área, inclui-se Marcelo Stábile Ulian, gerente de planejamento agrícola da UAG – Usina Açucareira Guaíra, de Guaíra, SP, que tem
Marcelo Stábile Ulian, gerente de planejamento agrícola da UAG
batido recordes em produtividade e obtido uma performance agrícola bastante positiva. Na safra 2013/14, por exemplo, essa unidade sucroenergética alcançou a produtividade média de 103,5 TCH. Além disso, tem um elevado índice de performance agrícola, a partir de um critério que considera a combinação do resultado em tonelada por hectare, idade média do canavial e ATR. “A nossa ideia é sempre trabalhar em cima da eficiência, buscando maior longevidade possível, extraindo de cada ciclo o melhor resultado possível”, afirma Marcelo
Ulian. Com uma área de cana de 35 mil hectares e uma moagem em torno de 2,9 milhões a 3 milhões de toneladas, a Guaíra tornou-se referência no setor por causa também dos investimentos em tecnologia. Mas, não é só isto. O canavial na Guaíra é muito bem cuidado – ressalta o gerente de planejamento agrícola. “O controle de pragas e de ervas daninhas é muito benfeito” – exemplifica. O planejamento das atividades agrícolas é outro ponto forte dessa unidade sucroenergética. “Envolve tudo o que a gente
vai fazer, como a definição dos percentuais de reforma; as variedades que precisamos expandir; percentuais de precoce, média e tardia; planejamento da colheita; uma série de coisas que são fundamentais”, afirma. Segundo ele, os resultados positivos da usina estão vinculados à boa capacitação técnica da equipe. Além disso, a área agrícola tem uma interação muito grande com a diretoria. “Temos reuniões semanais. As soluções dos problemas são muito rápidas, diferentes de outras empresas que demoram, em diversos casos, para resolver as coisas”, constata. “É um desafio continuar a obter esses resultados. Agricultura é uma empresa com barracão a céu aberto. O fator climático pesa bastante”, avalia. Marcelo Ulian tem quase toda a sua trajetória profissional ligada à UAG. Em 1987, teve a sua primeira passagem pela usina quando trabalhou no laboratório da indústria durante uma safra. No final de 1991, retornou à Guaíra – onde está até hoje – como técnico agrícola, para atuar na área de topografia. Com o passar dos anos, tornou-se encarregado de planejamento e topografia. Formado em “Tecnologia em Logística”, Marcelo Ulian desenvolveu ainda atividades relacionadas ao meio ambiente. Em 2008, assumiu o cargo de gerente de planejamento agrícola.
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Desafio é transformar inovação tecnológica em eficiência operacional Um dos segredos do sucesso da Usina Guaíra é a utilização de diversas práticas diferenciadas que contribuem para o aumento da produtividade agrícola e a elevação da eficiência operacional. A inovação tecnológica faz parte do dia a dia dessa unidade sucroenergética. A UAG realiza experimentos, por meio de parcerias com empresas e instituições, para a avaliação de novas variedades e tecnologias. Atualmente, estão sendo feitos testes, por exemplo, com o sistema de mudas prébrotadas (MPB) e com adubo organomineral, informa o gerente de planejamento agrícola, Marcelo Ulian, que tem também a função de coordenar a execução das atividades no campo. Em 2009, essa unidade sucroenergética atingiu o índice de 100% de colheita mecanizada de cana crua – revela. A mecanização do corte foi iniciada, na UAG, em 2000. A adoção de medidas nessa área está associada à preocupação da Guaíra com a sustentabilidade e o meio ambiente – comenta – e também à visão da própria diretoria de que a palha traz muitos benefícios à lavoura. Outro avanço é a mecanização de 100% do plantio, porque havia necessidade de fechar o ciclo em relação à mão de obra, que
Corte mecanizado em lavoura da Usina Guaíra
era utilizada anteriormente no corte e no plantio manual – conta Marcelo Ulian. Com a mecanização da colheita, não seria mais viável usá-la apenas no plantio. “Tínhamos anteriormente a questão das falhas. Ainda se trabalha bastante nisso. Mas, reduzimos esse problema. Agora o plantio mecanizado está quase tão bom como o manual”, diz. Segundo ele, a quantidade de mudas é ainda um pouco alta em relação ao sistema não mecanizado. A Guaíra utiliza de 16 a 18 toneladas de cana por hectare. A usina adota, sempre que possível, a rotação com soja nas áreas de reforma, observa o gerente de planejamento agrícola. O
plantio de cana é feito diretamente na palhada da soja e da cana. E o da soja diretamente na palha da cana. “Nós mexemos o mínimo possível no solo. Fazemos isto somente quando é preciso incorporar calcário ou onde há compactação”, afirma. O uso de piloto automático em 100% do plantio é outra prática diferenciada dessa unidade sucroenergética. A usina utiliza a taxa variável na aplicação de corretivos. ”Esta tecnologia possibilita a racionalização de alguns insumos. Isto ocorre não apenas por causa da economia. É uma questão de sustentabilidade”, avalia. Outra solução tecnológica de destaque,
utilizada pela Guaíra é o controle biológico de pragas, como no caso da broca. “Este tipo de controle é bastante eficiente. Mas, precisa ser bem direcionado”, observa. Não são todas as novidades que têm aceitação na UAG. No caso do espaçamento do plantio, por exemplo, a usina utiliza o convencional, de 1,50 metro. “Somos conservadores nessa questão. Temos algumas reservas em relação ao duplo alternado. É algo muito teórico ainda. Existe também a necessidade, nesse sistema, de mudar toda a frota de colhedora. Adotamos o convencional em toda a área. Não temos nem testes com duplo alternado”, comenta Marcelo Ulian.
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Sistemas de irrigação fazem parte da trajetória de Pedro Carnaúba Entre os momentos marcantes da trajetória profissional do engenheiro agrônomo Pedro José Pontes Carnaúba, gerente agrícola da Usina Coruripe, de Coruripe, AL, destacam-se as suas atividades relacionadas à implantação de sistemas de irrigação nessa unidade sucroenergética. Em março de 1988, ele iniciou a sua trajetória profissional na usina alagoana – onde sempre trabalhou – como coordenador de irrigação. Naquela época, a Coruripe contava com 8 mil hectares irrigados. O uso desses sistemas foi sendo ampliado e hoje são utilizados em aproximadamente 25 mil hectares. “Implantamos novas tecnologias, formamos a equipe nessa área que conta atualmente com 1.000 pessoas”, informa. Há 14 meses, Pedro Carnaúba assumiu o cargo de gerente agrícola da empresa. Engenheiro agrônomo formado pela Universidade Federal da Paraíba, ele tem curso de especialização em Gestão Agrícola na Copersucar, fez MBA em Gestão Internacional de Negócios e em Gestão Estratégica do Agronegócio pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Para implantar a tecnologia de irrigação de maneira mais ampla na usina, houve a necessidade de ruptura com alguns paradigmas – revela. “Os níveis de adubação, as variedades utilizadas antigamente até a implantação da irrigação deixaram de ser referência”, conta. Segundo ele, tornou-se necessário o desenvolvimento de novos materiais e novas práticas junto a Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Embrapa, Ridesa, CTC e outras instituições científicas e empresas. Alguns experimentos estão sendo feitos, com a finalidade de avaliar variedades adequadas à realidade da região e às novas tecnologias. “Começamos com um sistema muito pouco tecnológico que era o de elevação do lençol freático, ou seja, a irrigação de baixo índice de eficiência nas várzeas. Depois, passamos para aspersão convencional. Em seguida, aspersão com pivô. E, por último, o gotejamento que é o top da tecnologia”, detalha. Com uma área de cana com cultivo próprio de 30 mil hectares, a Usina Coruripe tem uma área irrigada de 24.500 hectares. O sistema que predomina é o de aspersão com carretel, que é utilizado em 19 mil hectares. “Mas, o que está mais se adequando à nossa realidade, proporcionando maior crescimento de produtividade agrícola, é o de gotejamento”, afirma.
Pedro Carnaúba: é preciso romper paradigmas
Apesar de ter um custo bem maior de implantação, o gotejamento apresenta um resultado bastante expressivo – ressalta. De acordo com ele, as áreas não irrigadas tiveram, no último ano, uma produtividade em torno de 50 toneladas por hectare, enquanto as áreas irrigadas com gotejo estão acima de 100 TCH. “É uma opção para a sustentabilidade do nosso negócio”, diz. Esse sistema é utilizado em 2.400 hectares na Coruripe. E o pivô lateral é adotado em 3100 hectares. Com a irrigação, está sendo possível manter a produtividade acima de 70 TCH, mesmo com a seca dos últimos anos. “Estávamos com uma produtividade de 82 TCH, que baixou para 70 TCH. Mas, vamos subir na próxima safra para 75 TCH e no ciclo seguinte, 82 TCH novamente. Queremos alcançar 85 TCH e ficar oscilando entre 80 e 90 toneladas por hectare”, planeja.
A implantação da irrigação nos canaviais dessa usina alagoana está sendo acompanhada pela introdução de novas tecnologias. “Além do desenvolvimento de novas variedades, estamos utilizando o sistema mudas prébrotadas (MPB) para o replantio em canaviais que apresentam falhas em decorrência, por exemplo, de uma infestação de broca”, observa. As mudas pré-brotadas possibilitam também a redução do prazo para a utilização de novas variedades – afirma. A usina utiliza a adubação verde na cana de dezoito meses, está iniciando a implantação da colheita mecanizada e faz experimentos com o equipamento Penta visando a canteirização – informa. “O grande momento, na minha trajetória foi a implantação de todo o sistema de irrigação na Coruripe. E, agora, o desafio é manter a usina com lucratividade e com uma gestão agrícola sustentável”, enfatiza.
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Workshop Internacional discute o atual cenário do setor PATRÍCIA BARCI DE
E
WELLINGTON BERNARDES,
PIRACICABA, SP
Aconteceu nos dias 22 e 24 de julho o I Workshop Internacional sobre Cadeia Sucroenergética, em Piracicaba, SP. O evento, sediado no Anfiteatro da Engenharia da Esalq, foi resultado da parceria entre o Grupo Hugot —Bioenergia, da USP de Piracicaba, com a Universidade de Georgia e o Sugar Processing Research Institute, dos Estados Unidos. Foram abordados quatro temas durante os painéis do workshop, considerados cruciais para a otimização da produção sucroenergética: qualidade de matérias-primas: produção de energia; processos industriais; novas tecnologias e processos; e política, ambiente e sustentabilidade. As 23 palestras discorridas no anfiteatro da universidade acompanharam os temas centrais do evento e interligaram a evolução tecnológica da cadeia produtiva da cana-de-açúcar com as soluções para vencer os atuais gargalos produtivos e políticos do setor nacional e internacional. Para o professor da Esalq, Fábio Marin, um dos participantes, é uma oportunidade de trocar experiências e uma chance dos palestrantes internacionais entenderem o que se passa com nosso setor. “Não existe outra maneira de entender o que se passa aqui no Brasil a
Público presente no workshop da Esalq
não ser estando aqui e sentindo na pele. Lá de fora é muito difícil compreender com exatidão o que chamamos de crise. Além disso, é uma ótima maneira de trocar ideias para desenvolvimento de novas tecnologias”, disse.
O professor e pesquisador da Unesp de Jaboticabal, SP, Marcos Marques Omir, abordou no primeiro dia a questão da qualidade da cana-de-açúcar com a colheita mecanizada. Para o pesquisador, há diferenças sobre a visão
de qualidade entre produtor e cliente, sendo que o primeiro está preocupado com o fornecimento de matéria-prima em adequação às exigências do comprador, e este, vincula à qualidade o valor desta.
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Marcos Marques Omir, professor e pesquisador da Unesp de Jaboticabal
Erros no processo de colheita acarretam prejuízos
Fábio Marin, professor da Esalq
Marcos Marques Omir, relatou que o processo de colheita é crucial para manutenção do produto obtido em campo, e para isso é preciso atenção sobre este processo. “O operador da colhedora deve ter consciência que qualquer erro nesta etapa acarretará em prejuízos para a geração dos produtos sucroenergéticos”, explica. Marques relatou os principais erros cometidos na
colheita: uso de velocidade da colhedora acima da qual esta fora projetada; falta de sistematização do canavial, que gera erros no processo de corte; e desligamento de sopradores de palha das colhedoras. Tais práticas contribuem para incrementos de impurezas, que geram redução produtiva dos produtos, inclusive da nova tecnologia, o etanol celulósico.
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Irrigação é inócua sem manejo do canavial e solo fértil Aspersão convencional ainda predomina no Nordeste, principalmente em áreas agrícolas com declives elevados WELLINGTON BERNARDES,
DE
aplicada e a qualidade da cana-de-açúcar. Jânio de Souza, pesquisador na UFCG — Universidade Federal de Campina Grande, que estudou a importância da irrigação para o desenvolvimento da cultura, afirma que sem esta, a produtividade decrescerá. “O uso da irrigação na cultura da cana-deaçúcar no Nordeste é essencial para o crescimento, desenvolvimento e aumento de produtividade. A aspersão convencional ainda predomina na região, principalmente em áreas agrícolas com declives elevados, devido à facilidade de manejo desse sistema com relação aos outros. Os sistemas de irrigação mecanizados como os autopropelidos, pivô central, pivô rebocável e linhas laterais móveis são muito usados nos tabuleiros costeiros da região e proporcionam grandes aumentos de produtividade”, explica.
MACEIÓ (AL)
O setor sucroenergético nordestino enfrenta uma variável presente há anos na região, a falta de chuvas. O clima seco é responsável pela diminuição da produtividade dos canaviais no Nordeste. A ferramenta mais eficaz para combater este decréscimo é conhecida nos canaviais nordestinos e sua aplicação está cada vez mais difundida. A irrigação da cana-de-açúcar pode suprir as necessidades que as condições climáticas não atendem, é já está comprovada em diferentes talhões. A Usina Coruripe, localizada na cidade homônima, no Estado de Alagoas, já aplica com sucesso o manejo da irrigação. Oito fazendas realizam o abastecimento com cana própria, sendo que 81% de toda essa área é irrigada, são quase 21,2 mil hectares irrigados que possibilitaram que a TCH – Tonelada de cana por hectare, chegasse a média de 73,88, aumento de 34% em relação a área não irrigada, que ficou em 55,06. A também alagoana, Usina Caeté, sitiada no município de São Miguel dos Campos, irriga 80% de toda sua área, com TCH médio de 79,03, enquanto os 20% de sequeiro apresentaram apenas 47,4. Para o pesquisador da Ufal – Universidade Federal de Alagoas, Iêdo Teodoro, a irrigação não pode atuar sozinha, sem o manejo do canavial e da fertilidade do solo não haverá resultado positivo. “A manutenção ou até mesmo o aumento dos rendimentos desses canaviais deve ser almejado através de replantio e aprimoramento do manejo da irrigação no sentido de evitar entupimentos para melhorar a uniformidade da distribuição da água e dotação de rega”, explica. A aplicação da vinhaça pode auxiliar neste processo, como explica Antônio Carlos Fonseca Pimentel, da usina Caeté. “A vinhaça auxilia o enraizamento em profundidade, melhorando a oxigenação do solo, o desenvolvimento radicular, o melhor aproveitamento da água pelas plantas e aumenta a eficiência de fertilizantes”, afirma. Para Carlos Henrique Farias, pesquisador da destilaria Miriri, sitiada em Santa Rita, na Paraíba, irrigação e fertilidade caminham juntos para um manejo mais eficiente da cultura. “A irrigação da cana-de-açúcar no Nordeste brasileiro deve ser acompanhada de um plano de nutrição para a cultura”, explica. Para o pesquisador há forte correlação entre a lâmina de água
SEQUEIRO
Iêdo Teodoro, pesquisador da Ufal
Para os canaviais localizados na costa Leste do Nordeste, há tolerância de até 30% da região que será cultivada sob o sistema de sequeiro, Iêdo Teodoro, explica que nestas regiões a produtividade é menor. “É possível que alguns locais adotem o sistema de plantio em sequeiro para pequenas áreas, contudo, a irrigação tem papel fundamental para suplantar o déficit hídrico regional”, observa. A área não irrigada da Coruripe na safra 2013/14 foi de aproximadamente 3,9 mil hectares, com TCH de 49,29, enquanto a área irrigada exclusivamente com pivô, apresentou ganhos em produtividade de 63,9% em relação a área de sequeiro.
PRECIPITAÇÃO NESTA SAFRA PARA AS USINAS EM ALAGOAS Dados referentes ao período de janeiro a junho/2014 USINA Cachoeira Caeté Capricho Coruripe Marituba Porto Alegre Porto Rico Paisa Serra Grande Seresta Sinimbu Santa Clotilde Santa Maria Santo Antônio Sumaúma Terra Nova Utinga Leão Triunfo
TOTAL (MM) 1124.2 878.96 780.277 601.15 631.66 1024.62 667.305 898.7 818.7 664.9 801 1009.2 1215.69 1171.5 992.8 885.75 990.94 671.2
FONTE: ProCana Brasil Região cultivada sob o sistema de sequeiro
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Ações de pestes na cana contabilizam perdas de 20% ao ano WELLINGTON BERNARDES, DA REDAÇÃO
As condições climáticas brasileiras são grandes catalizadores para a multiplicação de pragas em canaviais do país. A cultura da cana-de-açúcar, manejada com alta tecnologia, pode criar o ambiente favorável ao desenvolvimento destes organismos, capazes de influenciar negativamente a produtividade. Segundo a Embrapa — Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, em todo o mundo, a ação de pestes na cana-deaçúcar contabiliza perdas de 20% ao ano. São mais de 80 pragas catalogadas para a cultura, destas, seis são consideradas principais pela constante presença e elevados prejuízos. A broca do colmo, Diatraea saccharalis, é a praga mais letal à cultura. Em sua fase de lagarta, se alimenta do colmo da planta, criando galerias. Como resultado do ataque, há diminuição do peso, enraizamento aéreo e redução de sacarose. Para uma produtividade de 80 toneladas por hectare, as perdas ocasionadas pela broca, para cada 1% de intensidade de infestação são de 616 quilos de cana, 28 quilos de açúcar e 16 litros de álcool, aproximadamente. O controle biológico, com a vespa Cotesia flavipes, para redução da população de lagartas nos canaviais tem se mostrado eficiente. As formigas também são pragas
Diatraea saccharalis, a broca: a praga mais letal à cana
danosas, com atuação na parte aérea da planta, o ataque destes insetos reduz a área folhear pela desfolha causada, diminuindo a capacidade fotossintética da planta. Os cupins atuam de forma generalizada, causam danos aos toletes, colmos e rizomas, o controle destes insetos deve ser feito com produtos químicos ou rotação de culturas, sempre integrado com o monitoramento de incidência. As pragas
de solo também causam grande perdas. Nematoides, como o Meloidogyne javanica podem reduzir a produção de colmos em até 43%, resultando em prejuízos próximos a 20% na cultura. A cigarrinha-da-raiz, Mahanarva fimbriolata, também apresentou aumento de incidência no campo. Este inseto foi beneficiado com a colheita da cana crua, método que mantém a umidade do solo
alta, já que há deposição de biomassa neste, propiciando condições excelentes para a reprodução da cigarrinha. O bicudo da cana-de-açúcar, Sphenophorus levis, é a praga mais recente nos canaviais. Semelhante aos bicudo do algodoeiro, o inseto, que se desenvolve em pedaços de cana fermentados no solo, já foi encontrado em mais de 40 municípios do Estado de São Paulo.
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O SETOR ESTÁ BICUDO ANDRÉ RICCI, DA REDAÇÃO
Os produtores estão preocupados com os prejuízos que o Sphenophorus levis, popularmente chamado de “bicudo da cana”, que inicialmente atacou os canaviais paulistas e se espalhou por lavouras de outras regiões. Em Minas Gerais, há seis anos, a WD Agroindustrial, do Grupo Detoni, foi apresentada a larva, capaz de causar prejuízos da ordem de 30 toneladas de cana por hectare, além de reduzir a longevidade do canavial. Desde então, a usina, que produz açúcar e etanol, trabalha no combate e prevenção da praga. Medidas de controle recomendadas por pesquisadores e também algumas soluções desenvolvidas por seus colaboradores são alguns dos artifícios. “O controle é realizado de duas formas: o preventivo em cana planta e o curativo em cana soca”, explica Jorge Carlos Detoni, diretor da WD. No primeiro caso é feito o tratamento diretamente nos toletes, que são inseridos em um recipiente apropriado, contendo calda com água e inseticida. Depois de submersos, os toletes são encaminhados para as plantadoras. No caso do tratamento curativo, realizado em cana soca, a planta recebe aplicação de inseticida com o cortador de soqueira. “Observamos sempre a questão
climática. Se está seco, usamos um inseticida. Com clima úmido, o produto é outro”, esclarece Detoni. O diretor da WD faz um alerta aos produtores sobre a importância do trabalho preventivo, já que depois de inserida a praga, os prejuízos causados são imediatos. “As perdas nas áreas atacadas são significativas, afetando, até, 30% da produção a cada ano”. Localizada em João Pinheiro (MG), a WD Agroindustrial iniciou sua trajetória produzindo apenas etanol, incorporando a fabricação de açúcar anos mais tarde. Atualmente, tem 100% de sua colheita mecanizada e conta com capacidade de moagem de 1,5 milhão de toneladas de cana, além de ser capaz de fabricar 40 milhões de litros de etanol e 150 mil toneladas de açúcar. Após dar sequência no trabalho, a WD Agroindustrial tem colhido os resultados. Jorge Carlos Detoni, diretor da usina, é quem explica os detalhes. “Todos os recursos que utilizamos têm refletido diretamente nos números da produção. Já obtivemos aumento de produtividade”. O representante da usina mineira lembra ainda que as condições, tanto de solo, como de clima, mudam constantemente, e isso faz com que as pesquisas para o controle da doença não parem. “Mantemos vários experimentos de controle desta praga junto a empresas de defensivos, controle biológico e institutos como IAC e Embrapa”, afirma.
Sphenophorus levis, o “bicudo da cana”, causa prejuízos em lavouras mineiras
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Controle efetivo traz aumento de produtividade A complexidade no combate ao Sphenophorus levis fez com que o Grupo Fitotécnico reservasse uma de suas reuniões para tratar do assunto em encontro realizado no primeiro semestre. “Escolhemos debater o bicudo da cana pois é a principal praga no Estado de São Paulo e já migrou para outras regiões. É preciso tirar as dúvidas dos agricultores, compartilhar experiências e estratégias para combatê-lo”, disse Marcos Landell, pesquisador do IAC e coordenador do Grupo. A preocupação se dá pela necessidade de aumento na produção. A cada safra, as usinas se veem obrigadas a produzir mais com menos, tornando cada etapa do processo fundamental. Landell explica que com os atuais métodos de trabalho é possível render mais no campo. “Temos meios de gerar saltos importantes na produtividade do Centro-Sul.”. Por fim, Landell lembra que um controle efetivo de pragas, utilização de métodos de agricultura de precisão, nutrição, novas variedades, qualidade de mudas, entre outros, podem trazer resultados significativos. “Claro que todos estes itens precisam estar alinhados com um bom planejamento. Juntos, podem, num futuro próximo, resultar em um salto importante de produtividade”, explicou. (AR)
DISPERSÃO ATRAVÉS DAS MUDAS
As larvas do Sphenophorus levis (Bicudo da cana) alimentam-se do rizoma da planta, provocando a morte dos perfilhos, comprometendo o vigor e brotação da soqueira Provocam drástica queda de produtividade, podendo em caso de grandes infestações, reduzir uma cana planta em apenas dois cortes Os seguidos ataques nas áreas de soqueiras geram perdas cumulativas nos cortes, obrigando a reformas precoces do canavial Com restrita capacidade de voo, o bicudo da cana é dispersado através das mudas retiradas de local infestado e levado a novos talhões
FONTE: ProCana Brasil Marcos Landell, pesquisador do IAC
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Novas variedades ganham espaço no Nordeste WELLINGTON BERNARDES,
DE
MACEIÓ (AL)
Para que haja sucesso de uma planta em campo, não basta o suprimento de suas necessidades fisiológicas, como irrigação e fertilidade do solo. O êxito do material vegetal em um ambiente depende de seu DNA. Sabendo desta condição, usinas e produtores de cana-de-açúcar realizam constantes testes com diferentes variedades para identificar as mais adaptadas às condições locais. Na região Nordeste, que produziu 49,5 milhões de toneladas de cana na safra passada, as usinas investem em pesquisas sobre variedades para reforçar seus canaviais contra intempéries climáticas. A Usina Santo Antônio, em São Luiz do
Quitunde, (AL), trabalha em parceria com a Ridesa — Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético, há mais de dez safras. O resultado desta parceria é o sucesso da variedade RB 951541, que começou na safra 2004/05 com 121 hectares plantados. Hoje, a expectativa da usina é plantar aproximadamente cinco mil hectares do material na safra 2014/15. A também alagoana Usina Coruripe, localizada no município que dá nome à unidade, plantou 18 variedades em seus canaviais na safra 2013/14. A empresa obteve aproximadamente 42,36% da variedade RB 92579, que representou 840,8 mil toneladas de cana, plantados em 13 mil hectares, que representa quase a metade dos canaviais da empresa, 44,27%. Para 2014/15 a intenção de plantio é reduzir a mesma.
PRINCIPAIS VARIEDADES UTILIZADAS USINA CORURIPE Variedades . . . . . .Área Colhida (ha) . . .TCH . . . . . . .ATR (Kg) RB92579 . . . . . . .11014.68 . . . . . . . . . .76.33 . . . . . .135.72 RB93509 . . . . . . .5804.22 . . . . . . . . . . .67.26 . . . . . .137.92 RB867515 . . . . . .3835.87 . . . . . . . . . . .58.85 . . . . . .132.59 SP791011 . . . . . .1490.19 . . . . . . . . . . .48.19 . . . . . .131.39 RB845210 . . . . . .763.69 . . . . . . . . . . . .59.75 . . . . . .140.2 CAETÉ Variedades . . . . . .Área Colhida (ha) . . .TCH . . . . . . .ATR RB92579 . . . . . . .2236 . . . . . . . . . . . . . .65.4 . . . . . . .127.83 SP81-3250 . . . . .2018 . . . . . . . . . . . . . .62.76 . . . . . .121.6 SP92-1631 . . . . . .1815 . . . . . . . . . . . . . .70.31 . . . . . .129.51 VAT90-212 . . . . . .1779 . . . . . . . . . . . . . .86.3 . . . . . . .130.68
DESEMPENHO DA RB 951541 10 safras na Usina Santo Antônio SAFRA . . . . . . . . .Área (ha) . . . . . . . . . .TCH . . . . . . .ATR 04/05 . . . . . . . . . .121 . . . . . . . . . . . . . . .94 . . . . . . . . .128.34 05/06 . . . . . . . . . .158 . . . . . . . . . . . . . . .86 . . . . . . . . .144.59 06/07 . . . . . . . . . .191 . . . . . . . . . . . . . . .100 . . . . . . .135.97 07/08 . . . . . . . . . . .201 . . . . . . . . . . . . . . .101 . . . . . . .138.85 08/09 . . . . . . . . . .300 . . . . . . . . . . . . . . .86 . . . . . . . . .139.57 09/10 . . . . . . . . . .770 . . . . . . . . . . . . . . .85 . . . . . . . . .132.67 10/11 . . . . . . . . . .1181 . . . . . . . . . . . . . .97 . . . . . . . . .127.21 11/12 . . . . . . . . . .1655 . . . . . . . . . . . . . .91 . . . . . . . . .129.46 12/13 . . . . . . . . . .2003 . . . . . . . . . . . . . .75 . . . . . . . . .134.07 13/14 . . . . . . . . . .3450 . . . . . . . . . . . . . .83 . . . . . . . . .121.04 FONTE: ProCana Brasil
Variedade RB 951541 se destaca dentre as novas cultivares nordestinas
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Alagoas plantou doze variedades diferentes As variedades RB 93509 e RB951541 ganharão mais espaço, representando 26,43% e 16,19%, respectivamente. Primeira unidade do grupo Carlos Lyra, a Usina Coruripe, localizada no município de São Miguel dos Campos, em Alagoas, plantou em suas fazendas doze variedades diferentes, porém a distribuição foi mais homogênea para os materiais mais produtivos na região. A RB 92579 foi plantada em 23,29% da área, enquanto a SP81-3250 teve 14,32%. O professor Antônio José Rosário de Souza, pesquisador da rede interuniversitária na Ufal — Universidade
Federal de Alagoas, observa que as usinas nordestinas e produtores não esperam mais a liberação do material para iniciar sua utilização. “Elas estão testando mais, arriscando em áreas maiores para conseguir resultados mais expressivos. Isso traz segurança inclusive para produtores próximos, que acompanham os resultados do vizinho e passam a testar dentro de suas porteiras”, explica. Durante a 11ª Fersucro, em Maceió, a rede interuniversitária apresentou nove clones promissores para a região Nordeste, todos testados em usinas, em ambiente irrigado e todos tiveram TCH superior a 100 e ATR superior a 124.
PLANTAS PROMISSORAS Variedades testadas em unidades nordestinas Variedades RB01494 RB01640 RB03611 RB05638 RB05642 RB05643 RB05876 RB06404 RB07312 Antônio José Rosário de Souza, pesquisador da Ufal
TCH 112 159 152 153 160 152 144 104 101
ATR 139.41 142.21 154.68 156.2 159.64 155.42 150.37 124.53 140.57
TATR_HA 15.61 22.61 23.51 23.89 25.54 23.62 21.65 12.95 14.19
Tipo Irrigado precoce Irrigado tardio Irrigado hiper precoce Irrigado Tardio Irrigado Tardio Irrigado Tardio Irrigado Tardio Irrigado Tardio Irrigado Tardio
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Novas variedades proporcionam ganhos significativos RENATO ANSELMI,
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CAMPINAS, SP
Muita coisa tem mudado nas lavouras de cana-de-açúcar nos últimos anos. A necessidade de conciliar otimização de recursos e elevação da produtividade tornou obrigatória a busca por novas práticas e tecnologias. Para atender demandas e desafios gerados por este cenário, as pesquisas desenvolvidas pelas áreas de melhoramento genético de empresas e instituições públicas têm disponibilizado materiais que estão agregando valor às plantações de cana. As novas variedades apresentam características que proporcionam ganhos importantes para as unidades sucroenergéticas, como resistência às doenças e pragas, adaptação à mecanização, alta produtividade no mesmo espaço já plantado e tolerância ao estresse hídrico, exemplifica Marcos Virgílio Casagrande, gerente de desenvolvimento de produtos do CTC – Centro de Tecnologia Canavieira. “Além disso, atualmente temos a ferramenta da biotecnologia que pretende trazer saltos de produtividade que irão atender às demandas do setor”, comenta. A expansão da fronteira agrícola da cana-de-açúcar é outro componente importante da nova realidade da atividade
Marcos Virgílio Casagrande, gerente de desenvolvimento de produtos do CTC
sucroenergética no país, que tem ampliado a demanda por soluções e inovações no processo de produção. O CTC lançou recentemente sua primeira série de variedades regionais, ou seja, desenvolvidas especificamente para um tipo de solo e clima, informa Marcos Casagrande. A série 9000 – que inclui as variedades
CTC9001, CTC9002 e CTC9003 – possui características necessárias para um bom desempenho no cerrado brasileiro. De acordo com testes já realizados, essas variedades, se bem manejadas, chegam a atingir até 29% a mais de produtividade, afirma o gerente de desenvolvimento de produtos. “Atualmente, o CTC está
trabalhando em alguns projetos com foco tanto em melhoramento genético convencional, como no uso da biotecnologia e em breve teremos novidades”, observa. Mas, para que seja possível a obtenção de resultados satisfatórios, é necessário um posicionamento de variedades conforme os ambientes edafoclimáticos, que são considerados um dos três pilares vitais para obtenção de produtividade, segundo o executivo do Centro de Tecnologia Canavieira. Os outros dois são: boas variedades e manejo adequado da cultura. O conceito de ambiente de produção está diretamente associado atualmente à alocação correta de variedades nas áreas de cana. Para auxiliar o produtor nessa atividade, o CTC criou os ambientes de produção edafoclimático (solo + clima). São cinco categorias de solo, de A a E, sendo a categoria A composta pelos melhores solos e a E pelos piores. Quanto ao clima, são também cinco categorias de I a V, sendo a categoria I a mais propícia para o desenvolvimento da cana-de-açúcar e a V a menos favorável – explica Marcos Casagrande. “Ao cruzarmos os dois grupos, temos 25 possibilidades edafoclimáticas, da mais favorável A I até a mais restritiva E V. Esta matriz também é fundamental para dar suporte ao programa de produção regional de variedades CTC”, afirma.
RESULTADOS POSITIVOS DEPENDEM DE MANEJO ADEQUADO
Material desenvolvido para o cerrado proporciona até 29% a mais de produtividade
Existem diversos fatores que devem ser levados em conta no manejo da cultura para que as novas variedades de cana-deaçúcar tenham um desempenho de acordo com o seu potencial genético e produtivo. Segundo o gerente de desenvolvimento de produtos do CTC, é preciso conhecer profundamente as características de solo e clima dos locais de plantio, respeitar a “bula” de recomendação técnica das variedades, utilizar mudas de qualidade comprovada.
Há ainda outros procedimentos que devem ser observados, como conduzir o canavial de maneira eficiente – controlando ervas daninhas e pragas –, realizar a colheita com equipamento adequado e mão de obra especializada, detalha. “É necessário lembrar que a produtividade depende do alinhamento de tecnologias, as quais devem estar em harmonia com o ambiente e com as plantas”, comenta. (RA)
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Muda sadia é essencial para o processo de produção agrícola As características positivas das novas variedades podem “cair por terra”, caso não seja observado, por exemplo, um fundamento da produção agrícola de cana-de-açúcar que é considerado básico, apesar de não ser seguido em diversas situações: a utilização de mudas sadias, cultivadas de maneira adequada. Com esta preocupação, algumas empresas e instituições têm desenvolvido trabalhos diferenciados nessa área. A Basf é uma delas. Lançou em junho do ano passado o AgMusa, um sistema de alta tecnologia para a produção de mudas sadias de cana-de-açúcar a partir de viveiros básicos formados com variedades nobres e mais produtivas, que são atualmente fornecidas pelo CTC, IAC e Ridesa. Esse projeto, que começou a ser desenvolvido em 2010, criou condições para a construção de um processo de produção de mudas pré-germinadas em larga escala para atender a demanda do mercado, afirma Cássio Teixeira, gerente de marketing do AgMusa. A técnica utilizada para a propagação industrial das mudas é simples, mas possui parâmetros operacionais rigorosos – observa. “Partindo de material (cana adulta) sabidamente sadio de um provedor de variedade ocorre a extração das gemas na unidade industrial da Basf”, diz. Em seguida, é feito um tratamento dessas gemas com um “pacote” de agroquímicos da empresa. “A germinação ocorre em um ambiente controlado”, informa. O processo produtivo integrado do AgMusa, desde a origem da matériaprima até a entrega do viveiro plantado, conta com práticas adequadas de manejo que garantem a identidade genética, rastreabilidade e sanidade das mudas. “Não há mistura varietal. Essa cana não possui doenças sistêmicas, como raquitismo e escaldadura. Isso faz toda a
Sistema garante identidade genética, rastreabilidade e sanidade, aumentando quantidade de gemas viáveis
Cássio Teixeira
diferença para que produtores e usinas tenham um canavial de alta expressão produtiva”, ressalta. Com sessenta dias de vida no mínimo, as mudas são transplantadas, nos viveiros das usinas, com raízes formadas e geralmente com três pares de folhas. O sistema proporciona um aumento de produtividade de até 40% de gemas viáveis em relação aos sistemas convencionais de produção de mudas, conforme apontam levantamentos iniciais. Em consequência disto, a área para formação de mudas torna-se menor. A Basf pode oferecer solução completa para a usina e o produtor. “Neste caso, o viveiro é entregue plantado, tratado, protegido e com garantia de qualidade”, afirma. Cássio Teixeira. Mas, o modelo de negócio pode
ser customizado de acordo com o interesse e a necessidade do cliente. Outro diferencial desse sistema é a simplicidade do plantio – destaca o gerente de marketing. A Basf desenvolveu inclusive uma plantadora específica para o AgMusa O processo produtivo desse sistema acelera a disponibilidade de novas variedades para as unidades sucroenergéticas, o que possibilita a antecipação da rentabilidade proporcionada pelos novos materiais – comenta. No método convencional de multiplicação e formação de viveiros, a multiplicação de uma nova variedade demora aproximadamente seis anos antes do uso comercial. Com o AgMusa, o processo pode ser reduzido para três anos – compara. (RA)
Adubação correta contribui para cana expressar o seu potencial O cuidado especial com a nutrição é outro fator importante para que a cana-deaçúcar se desenvolva e expresse todo o potencial produtivo, afirma Maristela Chimello, gerente de agroindústria da Mosaic Fertilizantes. “As plantas precisam dos nutrientes em volume e em forma balanceada”, enfatiza. Segundo ela, a adubação correta deve levar em consideração a necessidade da cana-de-açúcar em função da produtividade desejada e a quantidade de nutrientes presentes no sistema. Essas informações podem ser obtidas por meio da coleta e análise do solo. Aspectos como análise foliar, histórico e potencial da lavoura instalada também colaboram na definição do manejo da adubação –observa. “A produtividade é limitada pelo nutriente presente em menor quantidade em relação à necessidade da
planta, o que na agronomia chamamos de Lei dos Mínimos”, comenta. Com um suprimento adequado de nutrientes no plantio do canavial, é possível estabelecer, desde o início, uma lavoura de alta produtividade – diz. “Um bom exemplo disso é a larga disponibilização de fósforo (P) no solo, que pode induzir a um maior crescimento inicial, tanto em perfilhamentos como em diâmetro de colmo”, diz. Maristela Chimello enfatiza que a boa reposição dos nutrientes na cana, além de manter o rendimento em toneladas por hectare em níveis maiores, também ajuda a elevar a longevidade do canavial e a melhorar os índices de ATR e POL. Em diversas situações, no entanto, a adubação correta não é adotada – constata –, adicionando-se à cultura apenas nitrogênio (N) e potássio (K), o que reduz muito a disponibilidade de nutrientes no sistema.
Maristela Chimello
De acordo com ela, pesquisas acadêmicas e alguns consultores têm recomendado cuidados especiais na reposição de nutrientes, o que inclui a aplicação de cálcio (Ca) e magnésio (Mg) via calagem, e de nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), enxofre (S) e micronutrientes via fertilizantes. No caso da cana-de-açúcar, zinco, boro, cobre, magnésio e molibdênio são os micronutrientes mais frequentemente repostos – informa. O sucesso da adubação depende também da eficiência da fonte de fertilizantes. Existem diversos produtos de qualidade disponíveis no mercado. A Mosaic, por exemplo, dispõe de uma completa linha de fertilizantes. A gerente de agroindústria afirma que entre as soluções da empresa para cana-de-açúcar, as que mais se destacam são as linhas de produtos MicroEssentials, ATR+ e K-Mag. (RA)
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BestBIO 2014 amplia período de inscrições Usinas terão até 29 de agosto para inscreverem cases; evento encerrará Fórum ProCana 2014 Usinas de Alta Performance
SOBRE O FÓRUM
ANDRÉIA MORENO, DA REDAÇÃO
As usinas terão até dia 29 de agosto para inscreverem seus cases no Prêmio BestBIO deste ano. O evento, que reconhece as melhores empresas e profissionais da bioeconomia brasileira, está repleto de novidades em 2014. Ele será o evento social de encerramento do Fórum ProCana 2014 - Usinas de Alta Performance e acontecerá em Ribeirão Preto, SP, no dia 18 de setembro. As inscrições devem ser feitas através do site: www.bestbio.com.br/cases. O BestBIO 2014 irá destacar os cases e profissionais do país nas áreas de biocombustíveis, bioenergia, bioeletricidade, biotecnologia e responsabilidade ambiental e empresarial. “As usinas e empresas relacionadas ao segmento devem participar para mostrar sua força, ressaltar os investimentos e a tecnologia empregada”, diz Josias Messias, presidente da ProCana Brasil empresa promotora do evento.
Willian Burnquist, um dos laureados do BestBIO 2013
Em 2013, William Lee Burnquist, gerente de Desenvolvimento Estratégico e coordenador de Biotecnologia do CTC – Centro de Tecnologia Canavieira, foi premiado com o troféu “Man Of The Year – Biotecnologia” e falou sobre os benefícios no melhor aproveitamento da bioenergia. “Estamos vendo os desafios que o setor tem enfrentado para aumentar sua produtividade. Acredito que a biotecnologia possa ser uma ferramenta muito importante neste processo”, explicou.
O BestBIO conta com o apoio das principais entidades da área, como a Unica — União da Indústria de Cana-de-açúcar, Apla — Arranjo Produtivo Local do Álcool, Anace — Associação Nacional dos Consumidores de Energia, Cogen — Associação da Indústria de Cogeração de Energia, CBCN — Centro Brasileiro para Conservação da Natureza e Desenvolvimento Sustentável, Renabio — Rede Nacional de Biomassa para Energia, Sindustrial Engenharia e SBAG — Sociedade Brasileira de Agrosilvicultura.
O Fórum ProCana 2014 - Usinas de Alta Performance é um evento com o objetivo de apresentar aos empresários e executivos do setor, casos de resultados comprovados no incremento da rentabilidade e da competitividade das usinas. O programa do Fórum, que será realizado no mesmo dia e local do Prêmio BestBIO Brasil 2014, inclui temas como Modelos de negócios sustentáveis, compatíveis com a diversidade de desafios e a alta volatilidade do mercado sucroenergético; Alternativas inovadoras na reestruturação & capitalização das empresas; Metodologias consagradas na redução de custos e melhorias de eficiência nos processos; e Tecnologias em estágio comercial que permitem alcançar pleno potencial agroindustrial da cana-deaçúcar. O evento conta com o patrocínio da Ami Brasil e apoio da Sindustrial Engenharia.
SERVIÇO Prêmio BestBIO Brasil 2014 e Fórum ProCana 2014 - Usinas de Alta Performance Data: 18/9/2014 Local: Ribeirão Preto (SP) www.bestbio.com.br/cases Mais informações: fone 16 3512.4300 eventos@procana.com.br
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Fersucro promove diálogo entre produtores nordestinos WELLINGTON BERNARDES,
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MACEIÓ (AL)
Considerado o maior evento do setor sucroenergético para as regiões Norte e Nordeste, a 11ª Fersucro, aconteceu nos dias 9 e 11 de junho, no Centro de Convenções, em Maceió (AL). A feira levou para os mais de dois mil visitantes, aproximadamente 30 exposições tecnológicas ligadas à cadeia produtiva do açúcar e etanol. Paralelamente ocorreu o XXXI Simpósio da Agroindústria da Cana-deaçúcar de Alagoas, que reuniu mais de 700 participantes para acompanhar as 43 palestras, sobre temas ligados às áreas agrícola, industrial e administrativa. Para o organizador da feira e presidente da STAB Leste, Cândido Carnaúba Mota, a feira é uma ferramenta que fortalece o diálogo entre os envolvidos no setor sucroenergético no Estado de Alagoas e região. “Um evento deste nível, que promove o debate científico e congrega expositores com portfólio tecnológico de última geração, possibilita a articulação e a capacitação dos agentes do setor sucroenergético”, explicou. Para Cândido, ainda com todos os entraves que o setor enfrenta é importante que haja eventos como este para estimular e preparar todos os envolvidos, e garante que o retorno dos participantes é o maior estímulo para continuidade do evento. “Mesmo com as dificuldades que o setor
Participantes nos corredores da Fersucro
passa, ouvi agradecimentos de vários participantes, que ressaltaram a importância da feira para demostrar que acreditamos no setor e em nosso Estado”, conclui. Para Jorge Sandes Torres, membro da equipe técnica do Sindaçúcar Alagoas, a feira cumpre o papel de apresentar novas tecnologias e permite que se crie um espaço para que haja o acesso a tais ferramentas. “A Fersucro existe como uma oportunidade de mostrar o que tem de mais moderno no setor sucroenergético; os debates que acontecem nas inúmeras palestras surgem
como instrumentos para discutir o acesso a tais tecnologias”, explicou. A Fersucro deste ano contou a palestra inaugural do presidente da Abag, Luiz Carlos Corrêa de Carvalho, que comentou o atual cenário sucroenergético nacional e mundial. “O momento é bom, porém estamos morrendo na praia. A demanda pelos produtos do setor é crescente, mas há dificuldades para geração desta oferta. Como faremos, até 2045, para gerar as novas 44 milhões de toneladas de açúcar necessárias para atender a demanda mundial?”, indagou ao público presente.
Debates na área agrícola abordaram o manejo da irrigação em canaviais, uso de novas variedades e o comportamento das safras no Nordeste. A sala administrativa reuniu as discussões sobre a melhor gestão de usinas, como reduzir os acidentes no ambiente de trabalho e maneiras de incluir profissionais portadores de deficiências. A parte industrial do simpósio contou com a apresentação de tecnologias e soluções para as etapas de produção do açúcar e etanol, como a exposição de técnicas para a redução de custos e aumento da eficiência.
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O SETOR MARCA PRESENÇA NO NORDESTE WELLINGTON BERNARDES,
DE
MACEIÓ (AL)
Uma das principais feiras do setor sucroenergético do Norte/Nordeste, a 11ª edição da Fersucro aconteceu de 9 a 11 de julho no Centro de Convenções de Maceió. Durante os três dias empresas expuseram seus produtos, oferecendo serviços e contribuindo para a geração de negócios. Para o presidente da STAB Leste, o engenheiro agrônomo Cândido Carnaúba Mota, com onze anos de existência no setor, a feira é um evento consolidado nacionalmente e é hoje uma das maiores oportunidades que o setor possui para a geração de grandes negócios. “Quem investe na feira sabe que o retorno é garantido. Participar é ter a certeza de que grandes negócios serão feitos”, garante Carnaúba. Em um espaço amplo, moderno e climatizado os visitantes puderam conferir a apresentação e desenvolvimento de novas tecnologias do setor, além da exposição de equipamentos, serviços e produtos. Confira os melhores momentos:
Cândido Carnaúba Mota, presidente da STAB Leste
Estande da Alcolina
Estande da Artnor
Estande da Gasil
Marcos Fontanetti e Thiago Falcão, da Raesa
Estande da John Deere
Estande da Valtra
Equipe da Volvo
Marcos Germek, da Germek
Equipe da TGM
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Diagnóstico rápido é fundamental para o sucesso da fermentação Método cria condições para que antibiótico seja usado na dose certa, para controle da contaminação bacteriana RENATO ANSELMI,
DE
CAMPINAS, SP
Alta performance nas diferentes etapas do processo de produção agroindustrial tem sido o grande trunfo de unidades sucroenergéticas, visando a eliminação ou a redução dos efeitos “perversos” da crise. Na fermentação etanólica, o foco não é diferente. A meta é afastar qualquer ameaça, em qualquer ponto, que possa contribuir para o baixo rendimento. Medidas preventivas e corretivas adequadas e, principalmente, o diagnóstico preciso são, neste caso, aliados importantes para combater e controlar a contaminação bacteriana que pode ser responsável pela redução de até 30% da produção de etanol. Uma dorna com um milhão de litros a serem fermentados consegue uma produção de 10% de etanol, ou seja, 100 mil litros, caso sejam observadas uma relação de 108UFC/ml de leveduras por 106UFC/ml de bactérias – exemplifica o biomédico Mário César Souza e Silva, diretor da MC Desinfecção Industrial, de Ribeirão Preto, SP. Se houver um aumento da contaminação, com uma constatação de 108UFC/ml de leveduras por 107UFC/ml de bactérias, o rendimento fermentativo pode cair, no entanto, para 7% a 8%. A redução de três pontos percentuais equivale, nesse mesmo exemplo, à perda de 30 mil litros, ou seja, 30% por dorna fermentada.
Kit MC de Diagnóstico Rápido
Esse processo – que tem a duração de dez a doze horas – ocorre duas vezes por dia. No final da safra, caso nada seja feito, o prejuízo se torna enorme, calcula Mário César. A necessidade de estancar a quantidade de etanol que sai pelo “ralo” da destilaria devido à competição das bactérias com as leveduras pela sacarose exige uma intervenção ágil e segura que possa reverter esse processo. Pensando nisto, a MC Desinfecção Industrial lançou o Kit MC de Diagnóstico Rápido, que é um método cromogênico utilizado para quantificar a contaminação bacteriana de caldos do processo fermentativo, incluindo mosto, fermento (cuba tratada e não tratada) e dorna de fermentação. Com o uso do kit, o tempo para
diagnosticar o nível de contaminação bacteriana do processo fermentativo é de 30 a 60 minutos – enfatiza o diretor da MC. Além de possibilitar uma ação rápida, essa tecnologia cria condições para que o produto – antibiótico ou antimicrobiano – seja utilizado na dosagem certa, sem abuso. O kit possui metodologia patenteada que utiliza plaqueamentos prévios por Petrifilm, com uma série de diluições corrigidas, explica Mário César, que é o idealizador dessa tecnologia, testada em mais de 50 usinas durante quatro anos de pesquisa. “Fiz mais de 14 mil plaqueamentos ao longo desse período para ter uma estatística de confiabilidade do resultado”, ressalta. Lançado no final de 2012, o kit tem
gerado ganhos significativos. “A utilização dessa metodologia possibilitou um aumento de 1,5% durante a safra 2013/14 na produção de etanol de uma unidade de Minas Gerais, o que equivale a algo entre oito a nove milhões de reais”, afirma. Há também benefícios ambientais relevantes. O diagnóstico preciso da microbiota bacteriana contaminante evita a utilização de antibiótico de forma indiscriminada, como ocorre em diversas unidades sucroenergéticas, constata Mário César, que é microbiologista especializado em desinfecção industrial. O uso de grande quantidade do produto – alerta – cria condições para o surgimento das chamadas bactérias multirresistentes, que são consideradas um sério problema de saúde pública.
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Programa verifica resultados Alta performance depende de gerados no laboratório inovação e capacitação de pessoas É necessário também rastrear a matéria-prima em diversos pontos do processo de produção, para que se obtenha um diagnóstico mais preciso e um controle mais especifico, destaca Mário César. Além de disponibilizar o Kit de Diagnóstico Rápido, a MC tem inclusive várias soluções voltadas à melhoria do rendimento da fermentação etanólica. Essa empresa de Ribeirão Preto montou, por exemplo, um programa de gerenciamento estatístico por regressão linear, ou seja, um estudo mais aprofundado de estatística que possibilita a checagem de valores do PCTS ¬– Pagamento de Cana por Teor de Sacarose – até a fermentação. Os gráficos, disponibilizados pelo programa, criam condições para o estudo das curvas de possibilidade e de confiabilidade – explica – que permitem verificar se os resultados gerados nos laboratórios são reais. “É outra novidade”, enfatiza. (RA)
Kit proporciona diagnóstico mais preciso
O diagnóstico eficiente e ágil da contaminação bacteriana é um recurso estratégico para a obtenção de resultados positivos na fermentação. A alta performance nesta etapa do processo de produção de etanol não está associada apenas ao rendimento elevado. Depende também de muita mudança, inovação tecnológica, capacitação de pessoal, educação continuada, afirma Mário César Souza e Silva, que atuou como professor universitário das disciplinas de microbiologia e imunologia de 1984 a 2005. O diretor da MC Desinfecção Industrial lembra que a preocupação com o desempenho da fermentação deve começar com os cuidados adotados para a Mário César Souza e Silva, diretor da MC Desinfecção Industrial preservação da qualidade da matéria-prima transportada do campo para a indústria. “A constata. impureza que está sendo carreada para a indústria é moída Segundo ele, as unidades sucroenergéticas precisam junto com a cana. Aumenta sensivelmente a possibilidade adotar medidas preventivas para assegurar a qualidade da de contaminação”, observa. fermentação. Uma delas deveria ser a utilização de água Diversas bactérias são provenientes do campo, diz o tratada na diluição do mel secundário proveniente da microbiologista. “O corte mecanizado pica a cana em fábrica de açúcar, o que não é uma prática utilizada pelas pedaços. Cada ápice desse pedaço tem sacarose em usinas. “Essa água bruta está fornecendo bactéria para o exposição. Sacarose é alimento para bactéria. Por isso, a processo, aumentando ainda mais a competitividade com as cana tem que chegar na usina o mais rápido possível”, leveduras padrões”, avalia. (RA)
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Medidas preventivas diminuem contaminação bacteriana A adoção de medidas preventivas é considerada estratégica para o controle da contaminação bacteriana no processo de fermentação. A Denusa – Destilaria Nova União –, de Jandaia, GO, por exemplo, tem a preocupação de reduzir a quantidade de impurezas minerais e vegetais, transportadas do campo para a indústria junto com a matéria-prima. “Índice elevado contribui para o aumento da contaminação”, observa a química Neusa Maria Aoki, gerente de produção industrial da unidade. Para diminuir o volume de impurezas, a Denusa implantou, entre outras medidas, a remuneração variável (RV) que possibilita a obtenção de ganhos adicionais conforme o cumprimento de determinadas metas. Essa prática tem dado certo. A unidade obtém resultados considerados positivos em relação à média do setor sucroenergético: transporta nove quilos de impureza mineral por tonelada de cana e de 10% a 11% de vegetal por tonelada de matéria-prima – informa Neusa Aoki. A colheita mecânica de cana crua tem exigido atenção especial em relação à quantidade de impurezas. Mas, ao mesmo tempo, evita os problemas de contaminação por causa da exsudação proporcionada pela queima que é utilizada no corte manual – compara. Com a cana
colhida mecanicamente – a Denusa tem 98% de corte mecanizado –, é preciso levar em contar a maior área de exposição da matéria-prima à contaminação, avalia. “O fato de ser picada, fica mais exposta. Mas, aí tem a questão do tempo de transporte e processamento dessa matéria-prima. Ninguém pode ficar estocando cana”, diz. Outro fator preventivo usado na Denusa é a assepsia da moenda, destaca a gerente de produção. “Não usamos bactericida. Fazemos limpeza com água quente. Foi o método que apresentou melhores resultados”, revela. Segundo ela, o nível de infecção nas dornas da unidade tem sido 106 ou 107. Além da assepsia da moenda, outra prática importante é o tratamento eficiente do caldo – enfatiza. Neusa Aoki considera também o diagnóstico preciso outro fator relevante para possibilitar o bom rendimento da fermentação. Na safra passada, a unidade experimentou o Kit MC de Diagnóstico Rápido. De acordo com ela, o método apresenta elevada eficiência. “Dá para conseguir em duas ou três horas, o que demora 24 horas no sistema convencional. Isto em termos de controle de infecção é quase tempo real. Além da contagem é possível identificar onde é o foco. Há maior precisão. É possível fazer a avaliação em vários pontos ao mesmo tempo”, afirma. (RA)
Redução de impurezas e assepsia de moenda diminuem contaminação
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Fabricação de dornas deve seguir exigências da norma API 650 A realização da fermentação etanólica, sem transtornos e imprevistos, depende também da utilização de equipamentos eficientes, projetados de maneira correta, que tenham pintura, material e fabricação em conformidade com as exigências e especificações da norma API 650, informa Sérgio Reis Malaquias, diretor da Metalúrgica Rio Grande, de Igarapava, SP. De acordo com ele, os problemas mais comuns com dornas de fermentação, que não têm um processo de fabricação de qualidade, estão relacionados à pintura interna devido à falta de um tratamento adequado. Precisa ter micragem correta, suportar alta temperatura e seguir também as especificações da norma – observa. Diversas unidades sucroenergéticas não estão preocupadas com isto – constata. “Acham que pode ser feita de qualquer jeito”, comenta. Mas, se a pintura não for executada de maneira correta começa a soltar e a contaminar o vinho, aumentando a população de bactérias. “Compromete a fermentação inteira”, enfatiza. Há casos ainda mais graves, apesar de raros. “Teve dorna que caiu devido à falta de fusão de solda ou por causa da estrutura que não suportou o equipamento. Isto é erro de projeto”, afirma. Para assegurar a eficiência de equipamentos utilizados na fermentação, a Metalúrgica Rio Grande – que fabrica
Equipamentos de qualidade evitam transtornos e imprevistos
dornas, cubas e torres de CO2 para esta etapa do processo – segue rigorosamente as exigências da API 650, garante Sérgio Malaquias. A empresa fabrica, transporta e monta os equipamentos. Além disso, pode desenvolver o projeto conforme a necessidade do cliente. Há diversos detalhes que precisam ser observados. No caso da dorna é necessário estar atento ao fundo do equipamento que impacta na
performance da fermentação, observa o diretor da Metalúrgica Rio Grande. “O fundo depende do tamanho e do sistema que o cliente vai utilizar na fermentação (batelada ou contínua). Se for batelada, geralmente a opção é trabalhar com 45 graus. Não pode ser menos do que isto. Se o projeto for do cliente e tiver problema em relação ao fundo da dorna, a gente questiona. Não deixamos fazer errado”, comenta.
A preocupação da Metalúrgica Rio Grande é com a qualidade em todo o processo de fabricação do produto, afirma. A empresa possui inclusive a ISO 9000 (sistema de gestão da qualidade). “Na área de chaparia, todo o processo é rastreado, desde a compra da chapa até a fabricação do equipamento. Se uma chapa dessas trincar ou tiver algum problema na usina, há como identificar o fornecedor. As chapas são todas certificadas”, detalha. (RA)
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Com a casa arrumada, bactericida desempenha papel importante Além de reduzir a contaminação bacteriana, produto natural torna-se opção para quem comercializa leveduras RENATO ANSELMI,
DE
Sistema de limpeza eficiente evita proliferação de microorganismos
CAMPINAS, SP
As usinas sempre tiveram problemas de contaminação bacteriana devido à qualidade da matéria-prima. O processo de colheita tanto manual quanto mecanizado arrasta muitas impurezas e, por consequência, bactérias, avalia Fernando Feitosa, diretor da Hopsol, empresa que comercializa bactericidas naturais para o controle da contaminação no processo de fermentação. “Processos eficientes de limpeza da cana-de-açúcar ajudam a diminuir a incidência de bactérias”, afirma. Segundo ele, boas práticas de produção dentro das usinas, como limpeza CIP, controle de temperaturas no processo, uso de água tratada, entre outros procedimentos, também contribuem para a manutenção da contaminação em níveis aceitáveis. Com a “casa arrumada”, o uso de coadjuvantes de tecnologia para controle de bactérias, como os extratos de lúpulo BetaBio, TetraBio e IsoBio, desempenham papel importante para o aumento da eficiência produtiva, enfatiza Fernando Feitosa. Esses produtos são fabricados pela Hopsteiner nos Estados Unidos e distribuídos pela Wallerstein no Brasil, que é representada comercial e tecnicamente pela Hopsol – que tem a parceria da Lallemand na comercialização. Entre esses bactericidas naturais, o BetaBio 45 é o mais antigo, estando disponível no mercado desde 2007. O produto tem apresentado desempenho similar aos antibióticos utilizados para controle de bactérias, afirma Fernando
Para evitar a proliferação de microorganismos indesejáveis no processo de fermentação é necessário contar com um sistema eficiente de assepsia das dornas. O desenvolvimento de um projeto nessa área precisa considerar, entre outros parâmetros – segundo especialistas da área –, impacto, distância e padrão do jato. O sistema de limpeza deve contar também com a menor vazão possível visando a redução de custos com energia. O processo de limpeza mais recomendado é o automático de alta pressão – há ainda o automático de baixa pressão e o manual –, pois é considerado mais eficiente e consome menor quantidade de água, entre outras vantagens. Fernando Feitosa, diretor da Hopsol
Feitosa. “Além disso, a rotação de princípios ativos possibilita que as bactérias não criem resistências”, observa. Pesquisas, realizadas pela Fermentec desde 2004, apontam inclusive que o BetaBio 45 proporciona redução na contaminação bacteriana, melhorando inclusive índices produtivos – informa. Para quem comercializa levedura, a segurança do produto tem sido fundamental devido à ausência de
resíduos maléficos à saúde humana e animal – afirma. Ele destaca também os benefícios proporcionados pelos bactericidas naturais para a segurança do trabalhador, pois diversos casos de câncer estão relacionados à ocupação profissional e mais especificamente à exposição a produtos químicos. Esses produtos não deixam resíduos tóxicos e, em decorrência disso, não agridem o meio ambiente.
Desde o ano passado, a Wallerstein está distribuindo no mercado brasileiro o IsoBio e o TetraBio, também extratos de lúpulo que são comercializados no setor cervejeiro há mais tempo. “O principal indicador do desempenho dos nossos produtos é o rendimento na produção de etanol”, diz. É isso o que demonstra a relação custo- benefício vantajosa proporcionada pelo uso desses bactericidas naturais – enfatiza.
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ENTREVISTA - Maria Angélica Garcia, biomédica especializada em microbiologia industrial
Levedura descoberta na Santa Adélia faz sucesso na Europa Biomédica fala de sua saga e da grande descoberta da década de 1990 que transformou o processo de fabricação de etanol
adaptavam ao processo fermentativo. Essa iniciativa foi motivada por duas infestações de leveduras não fermentativas (selvagens) como eram chamadas. Foi nesse momento que conseguiram isolar a levedura SA1? A safra de 1990 foi muito tranquila, iniciada com fermento de panificação Itaiquara. Foi então que resolvemos conhecer com qual fermento estávamos trabalhando. Aí veio a surpresa, fizemos as culturas, isolamos a cepa em questão que foi encaminhada para o CTC e depois para a Unicamp onde foi feita a cariotipagem. Descobrimos que não era nenhuma das linhagens conhecidas, então foi batizada de SA1 (Santa Adélia 1). Desde então, trabalhamos com o "nosso fermento".
ANDRÉIA MORENO, DA REDAÇÃO
Há 28 anos, a analista de laboratório da Usina Santa Adélia, Maria Angélica Garcia, biomédica especializada em microbiologia industrial trabalha na unidade e traz na bagagem uma história de vitórias dentro do setor. Formada em biomedicina na década de 1980, desde criança se interessa por laboratórios por achar interessante o processo de transformação nos diversos experimentos. Ela descobriu a SA1, uma cepa de levedura que foi selecionada de um processo em batelada para fabricação de etanol com reciclo total de células. A levedura faz sucesso pelo mundo, principalmente na Europa. Prestes a se aposentar, a pesquisadora que contribuiu de forma significativa nas pesquisas de importantes leveduras para fabricação de etanol, fala ao JornalCana sobre a levedura utilizada na Usina Santa Adélia. JornalCana — Como iniciou sua carreira no setor até chegar à descoberta da levedura? Maria Angélica Garcia — Com apenas um ano de experiência no setor, na época eu sempre solicitava o anúncio da Usina que trabalhava em Minas para um jornal de Ribeirão Preto. Como eu tinha
Como se sente ao saber que deixou um legado super importante no mercado? Sinto-me muito bem por participar dessa descoberta, pois é uma contribuição para a melhoria do setor sucroenergético. Antes eram só as leveduras de panificação que precisavam de um tempo maior para se adaptarem à produção do etanol.
interesse em voltar para região e trabalhar com pesquisas fui atrás da oportunidade e fui contratada pela Santa Adélia. Na época “áurea do setor” iniciamos junto com o CTC o desenvolvimento de novas
metodologias que facilitariam os cálculos de rendimento e aproveitamento da matéria-prima. Em seguida, iniciamos os estudos para selecionar as cepas (levedura Saccharomyces cerevisiae) que mais se
Levedura descoberta pela pesquisadora Maria Angélica Garcia
Depois essa levedura foi comercializada para a Europa? Algum tempo depois, essa cepa, junto com mais algumas já isoladas, foram adquiridas por uma empresa francesa Lallemand que trabalhava com o processo de multiplicação de leveduras no Canadá. Desde então, a cepa SA1 está no mercado oferecendo resultados satisfatórios e sendo indicada por grandes estudiosos do setor. Sua área de interesse sempre foi a microbiologia? A microbiologia foi meu maior interesse no período acadêmico e continua até hoje. Trabalhar na Usina sempre foi gratificante, mesmo com o fim do “Tempo Áureo” vivido pelo setor. A Santa Adélia nunca deixou de olhar para esse trabalho, oferecendo à equipe do laboratório as condições necessárias para o desenvolvimento desse trabalho. Não atuo somente na fermentação, todas as atividades relacionadas à microbiologia em geral fica sob minha responsabilidade. As águas industriais, consumo humano, açúcar (produto final), também são de responsabilidade (avaliação de coliformes, bactérias, etc) do laboratório de microbiologia. O que representa a Santa Adélia na sua vida? Estar há 28 anos na Santa Adélia só me traz orgulho, pois sempre pude contar com a confiança da empresa. No ano de 2015, encerro o tempo de contribuição para a aposentadoria. É bem difícil falar em parar, ainda não tenho nada definido, mas pretendo passar meus conhecimentos e experiência para os mais novos do setor.
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Microdestilaria soluciona formação de mão de obra WELLINGTON BERNARDES,
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MACEIÓ (AL)
A complexidade envolvida no processo industrial de produção do etanol é grande, por isto, há carência de mão de obra especializada que consiga compreender o fluxograma produtivo. Percebendo a carência de treinamentos voltados para a indústria do etanol, o Senai Alagoas desenvolveu um equipamento que permite uma visão total da produção de álcool combustível. O equipamento foi batizado como “microdestilaria”. Ela funciona como uma usina de etanol em proporções reduzidas, e engloba desde a moagem da cana até análises qualitativas do etanol. A unidade é toda informatizada, os processos ocorrem através da operação de seu sistema, da mesma forma como ocorre em escala industrial. Segundo o coordenador de área do Senai Alagoas, Jean Barbosa Cavalcante, a função da microdestilaria é levar para as usinas, operadores com conhecimento prévio
ÁREAS PROFISSIONAIS ENGLOBADAS PELA MICRODESTILARIA Instrumentação e Controle de Processo Operador de produção de álcool Operador de processo de preparação de mosto Operador de processo de fermentação e de controle do brix Operador de trocadores de calor Operador de sistemas de destilação Operador de sistemas de controle de processos industriais Operador de sistemas de controle de inspeção do produto final Segurança de processo de fabricação
Jean Barbosa Cavalcante, coordenador de área do Senai Alagoas
do processo. “As usinas sempre tiveram muita dificuldade para formar profissionais, o que geralmente ocorria no chão de fábrica. Assim, era delegado a um funcionário uma atividade que ele não possuía total domínio”, explica. Como a unidade permite análises químicas e microbiológicas, é uma ferramenta importante para a pesquisa de
processos industriais do etanol. Como exemplo, os seguintes testes podem ser realizados na microdestilaria: análise química de caldo, preparação de mosto, análise de proliferação de leveduras e análise de qualidade da cana. O custo da microdestilaria pode chegar a 500 mil reais. O equipamento já foi difundido para outros Senais do país, além
de universidades e institutos federais. Segundo André Francisco de Araújo, instrutor de instrumentação industrial do Senai, atualmente funcionam 14 unidades no Brasil, e a demanda por este equipamento é continua. Comumente, as usinas se interessam em capacitar seus funcionários nas unidades Senais que já contam com a estrutura e instrutores.
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Brasil e Inglaterra firmam parceria para desenvolvimento de tecnologias PATRÍCIA BARCI,
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RIBEIRÃO PRETO, SP
No encontro "Conferência de Biocombustíveis 2014" realizado dia 10 de junho, no Centro Brasileiro Britânico em São Paulo, capital, empresas e pesquisadores de universidades brasileiras demonstraram que é possível estabelecer uma cooperação entre Brasil e Inglaterra no desenvolvimento de tecnologias para o setor sucroenergético. Um dos temas abordados foi o desenvolvimento de tecnologia para fabricação de etanol de segunda geração ou 2G. A exemplo de outros países europeus, que já têm grandes investimentos nessa área, como a recém-inaugurada unidade de Crescentino, na Itália, a Inglaterra se mostra bastante interessada em se associar
Phil New, presidente da BP Biofuels
Apla vê parceria com bons olhos
Típico ônibus inglês de dois andares movido a etanol
à experiência brasileira, na produção de combustível de segunda geração. O tema, no entanto, está longe de ser uma unanimidade, principalmente entre produtores europeus. Há cerca de um ano, cerca de dois meses antes da inauguração em Crescentino, Phil New, presidente da BP Biofuels, empresa global de combustíveis, com sede inclusive no Brasil, para desenvolvimento de tecnologia para fabricação de biocombustíveis, disse em entrevista à Reuters, que a empresa não tinha planos de investir em etanol de segunda geração na Europa. "Não
pensamos em investir em etanol 2G na Europa pela simples razão de que não há certeza suficiente sobre as quais condições futuras do mercado de biocombustíveis na Europa”, disse. Ironia, ou não, recentemente, a BP, fez parceria com uma unidade produtora de biocombustíveis na Grã-Bretanha, através de uma joint-venture com a Vivergo. A planta, que usa o trigo como matéria-prima, teve que lidar com a menor safra da cultura, no país, em mais de uma década, e consequentemente, o país teve que importar biocombustíveis no perído 2013/14.
Brasileiros e ingleses afinal, parecem ter muitas razões para discutirem sobre o desenvolvimento de etanol de segunda geração. Para Flávio Castelar, diretor executivo do Apla- Arranjo Produtivo Local do Álcool, um dos apoiadores da Conferência, o tema tem sido cada vez mais constante e vê com “bons olhos” o interesse de um desenvolvimento conjunto entre os dois países. “Ficou claro o interesse britânico em desenvolver algo relativo ao setor sucroenergético no Brasil. Foi uma troca de experiência entre brasileiros e ingleses, ou seja, o que podemos fazer por eles e o que eles podem fazer por nós. Além disso, foi reafirmada a importância do etanol de segunda geração para manter a competitividade do setor”, disse. (PB)
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20 eventos aproximarão Meta de uso de biocombustíveis de 10% o Reino Unido e o Brasil em 2020 é considerada inalcançável
Alex Ellis, Embaixador britânico no Brasil, anunciou que cerca de 20 eventos, irão acontecer no período aproximado de um ano, com o intuito de buscar a aproximação entre o Reino Unido e o Brasil, para um intercâmbio de negócios e ideias. “Os bicombustíveis são assunto prioritário em reuniões de sustentabilidade e é vital que conheçamos as tendências mais inovadoras e de vanguarda para avançar em um tema tão delicado e urgente. O Reino Unido é a sede de diversas empresas e instituições ligadas ao setor de bioenergia e biocombustíveis e a embaixada espera aproximar brasileiros e britânicos além de estimular a geração de cooperações futuras”, afirma. (PB)
Alex Ellis, Embaixador britânico no Brasil
A União Europeia inicialmente, estabeleceu uma meta de uso de biocombustíveis em 10%, para todos os veículos até 2020. No entanto, com a crise econômica que se abateu sobre a Europa nesses últimos anos e o temor pela alta do preço dos alimentos, ou pelo seu uso na fabricação de biocombustíveis, a política climática deixou de ser prioridade do ponto de vista econômico para os governantes europeus. Consequentemente, no ano passado, o Parlamento Europeu decretou, em votação, um limite de apenas 6% como meta do uso de biocombustíveis nos transportes dos países que fazem parte da União Europeia, Simon Gibbons, diretor operacional e Ian Bacon, presidente da Tate and Lyle Sugars deixando-os cada vez mais longe da meta de 10% em 2020. biocombustíveis. Autoridades dizem que a proposta energética e Para especialistas, desde então, a produção de etanol climática da Comissão Europeia provavelmente vai incluir de segunda geração, para países europeus, com pouco uma meta compulsória de redução de emissões de 35% a espaço para cultivo, parece ser a solução mais viável, para 40% até 2030. Mas as metas seriam aplicadas à União que assim as metas possam ser cumpridas, sem que isto Europeia como um todo, não a cada país individualmente. interfira na produção ou no preço de culturas usadas como Alguns membros temem pela generalização das alimento. políticas, que apenas em teoria teriam sucesso homogêneo, “Temos discutido muito sobre etanol de segunda mas que dificilmente englobariam as necessidades de cada geração, além da produção de açúcar, em todos os eventos país e suas particularidades econômicas, principalmente do setor”, disse Ian Bacon, presidente da Tate and Lyle com questões relativas à agricultura e a produção de Sugars. (PB)
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ENTREVISTA - Gláucia Mendes de Souza, pesquisadora
Pesquisas identificam caminhos para desenvolvimento da cana-energia Em quanto tempo o etanol celulósico a partir da cana-energia deverá chegar ao mercado? Em média leva-se 10 anos para surgir uma nova cultivar. Existem cultivares com mais fibras, mas ainda não garantem os melhores resultados na fermentação, na hidrólise. Demora muito tempo para ver se essa cultivar funciona do ponto de vista de engenharia de processos, e antes de 10 anos não teremos plantações para etanol celulósico no Brasil e faremos com bagaço. Mas ao aprender a partir o carbono será possível desenvolver uma cana desenhada para produção de compostos químicos diferentes baseados em biomassa.
ANDRÉIA MORENO, DA REDAÇÃO
Apesar da ciência tentar reinventar a cana em busca de mais etanol, os desafios provam que a tarefa não é fácil. Tanto, que há 14 anos, a bióloga e doutora em bioquímica, Gláucia Mendes de Souza, coordena várias iniciativas em genômica de cana-de-açúcar e tenta superar os desafios da biotecnologia dessa cultura no país. Atualmente coordena uma rede de pesquisa em biomassa interessada em estudar os aspectos básicos da biologia da cana, gerar plantas transgênicas e ferramentas biotecnológicas. Ao presidir o Bioen — Programa Fapesp de Pesquisa em Bioenergia, Gláucia trabalha em duas importantes linhas de pesquisas: avaliação global da sustentabilidade da expansão de bioenergia e nos estudos da biomassa da cana para desenvolvimento da canaenergia. Em entrevista exclusiva, a pesquisadora explica quais os próximos desafios dos projetos e as etapas para se tornarem realidade. JornalCana — Como está o projeto da “Cana-energia”? Gláucia Mendes de Souza — Durante nossas análises identificamos genes que poderiam participar da chamada partição de carbono, pois 1/3 do carbono da cana está na forma de açúcar. Buscávamos genes que poderiam aumentar a produtividade da cultura e identificamos pontos que poderiam ser utilizados no melhoramento para a cana-energia. Agora os pesquisadores se focam na identificação de genes para melhorar o teor de fibra, alterar a partição de carbono, e criar uma cana mais tolerante a seca, a chamada cana-energia. Finalizamos o sequenciamento do genoma referencial da cana. Esse trabalho conta com a participação da Microsoft, pois esse genoma é tão gigante e complexo que a empresa topou o desafio de desenvolver um algoritmo que separa os mais de 100 cromossomos da cana. Em seguida vamos publicar um primeiro conjunto de dados de cromossomos, artigo muito importante para o melhoramento e biotecnologia da planta. Como surgiu a cana? Há algumas pesquisas nesse sentido? Criada pelo homem, os cultivares modernos surgiram há 200 anos de um cruzamento de duas espécies. Para a canaenergia temos que encontrar o gene dos ancestrais mais produtivos para aumentar a fibra, e por isso resolvemos sequenciar os ancestrais. Utilizamos cultivares da Ridesa, da Serra do Outro, AL, que resultou no sequenciamento da cultivar SP 80-3280. A partir disso será possível encontrar candidatos, genes completos e desenvolver ferramentas de biotecnologia tanto para melhoramento tradicional, como pela transgenia.
Quais os números ideais que gostaria de chegar? A produtividade da safra atual 2013/14 é de 74 toneladas/ha, mas o potencial teórico é 384 t/ha. Estamos muito longe, porém imaginamos a possibilidade de atingirmos 200 t/ha. O grande debate mundial de sustentabilidade é como prover essa biomassa. Será que o setor consegue atingir esse potencial? Nunca iremos chegar ao número teórico, mas já existe um jardim varietal de 200 toneladas por ha, contudo as canas não ficam em pé, pois as ligações de carbonos da fibra diminuíram e a planta tomba.
Esse estudo será um passo a mais para produção da cana-energia? Exatamente, através do sequenciamento espontâneo descobrimos muitos genes que trabalham na montagem da parede celular da cana (fibra). Já temos esse conjunto de genes do ancestral que é mais tolerante a seca e resistente à doença.
Então teremos que desenvolver transgênicos, testá-los e aplicá-los. Por enquanto estamos na etapa de prospecção, em busca de informações e agora teremos que aplicá-las. O estudo da Fapesp possui o escopo mais abrangente e ataca a maioria dos aspectos necessários para desenvolver conhecimento fundamental para melhorar a produção de energia de forma sustentável.
Em dez anos teremos plantações para etanol celulósico no Brasil
Quais os resultados da Avaliação Global da Sustentabilidade da Expansão de Bioenergia? Estamos com quase todos os capítulos prontos da avaliação global da bioenergia, e publicaremos os resultados em outubro, no evento “Brazilian Bioenergy Science and Technology Conference (BBEST)”, realizado em outubro, em Campos de Jordão, SP . Trata-se de uma visão global desse cenário, uma visão de cientista, pois existem muitos conhecimentos acumulados e tentamos sintetizar e priorizar o que é mais importante para aumento da produção de bioenergia no mundo. No começo de 2015 deveremos promover um evento na Fapesp para divulgar estas descobertas. O que falta para as pesquisas em bioenergia avançarem no país? Falta o Brasil desenvolver sua indústria de biotecnologia, de energia, de fármacos, de biodiversidade, mas não há plataforma para inovação nas universidades. Uma patente leva 14 anos para ser analisada e isso não é condizente com o que acabei de expor. Essa tecnologia acaba não sendo rapidamente absorvida pela sociedade porque não conseguimos inovar. E nossa indústria não consegue ser competitiva e nem aproveitar o seu potencial sustentável. Os programas federais da cana não evoluíram nos últimos anos e não há políticas alinhadas com o potencial do setor.
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Estados Unidos preparam-se para uma nova era energética WELLINGTON BERNARDES, DA REDAÇÃO
Com pacotes milionários de investimentos, a maior economia do mundo se prepara para os novos desafios da geração de energia: desenvolver tecnologias sustentáveis e reduzir a dependência de combustíveis fósseis. Com essa preocupação, o Secretário da Agricultura americano Tom Vilsack, anunciou em junho a liberação de 14,5 milhões de dólares para geração de energia limpa. Desta quantia, o Instituto Nacional de Alimentos e Agricultura, vinculado ao USDA – Departamento de Agricultura do Estados Unidos, proverá 2,5 milhões de dólares que serão destinados ao financiamento de companhias que desejam substituir suas tecnologias baseadas em combustíveis fósseis para tecnologias renováveis, movidas à biocombustível. Os outros 12 milhões de dólares serão investidos no desenvolvimento tecnológico de biorrefinarias, através do programa americano de assistência em energia. Indústrias, que tenham iniciado suas atividades em junho de 2008 ou antes, podem receber investimentos para aplicar em tecnologias de produção de calor ou de energia à base de bioenergia, gerados através de biomassa. “Esses investimentos do USDA fazem parte do plano estratégico em energia da administração Obama, e beneficiarão nossa economia assim como nosso meio ambiente”, afirmou Vilsack. Para o secretário, os investimentos nessas tecnologias sustentáveis são benéficos para a manutenção do clima e para fortalecer o desenvolvimento econômico rural do país, além de reduzirem a dependência de fontes externas de combustíveis fósseis. Em convergência com a nova política energética americana, o DOE Departamento de Energia dos Estados Unidos liberou 100 milhões de dólares para a pesquisa em bioenergia no país. O
Ernest Moniz: nossos maiores talentos científicos estudarão novas energias
Objetivo do programa é acelerar o desenvolvimento de tecnologias que tornem a bioenergia mais acessível e produtiva para o país, a expectativa do DOE, é que o país avance em técnicas de produção, armazenamento e de utilização da mesma. Segundo o Secretário de Energia americano, Ernest Moniz, os investimentos em tecnologias de geração de bioenergia produzirão também um importante desenvolvimento tecnológico para o país. “Estamos mobilizando alguns de nossos maiores talentos científicos para unir foças e buscar importantes avanços que definirão a base energética americana no futuro”, afirmou. “O fundo de apoio que lançamos
possibilitará inovações tecnológicas e científicas na área de biocombustíveis”, concluiu. O DOE recebeu várias propostas de projetos científicos. Dos duzentos enviados ao departamento, 32 foram selecionados e receberão o fundo de apoio, que será de 2 a 4 milhões de dólares por ano para cada centro de pesquisa. Entre aprovados, 23 projetos estão em universidades. O Departamento de Marinha dos Estados Unidos também alinhado com a segurança energética americana, lançou uma licitação para obter pelo menos 37 milhões de galões de biocombustíveis “drop-in”, que possuem em sua
constituição hidrocarbonetos e são compatíveis com a mecânica de aviões e navios. A meta é adicionar o “drop-in” aos combustíveis oficiais F-76 e J-5, utilizados em navios e aviões respectivamente. A medida visa atender o pedido da Agência de Defesa Logística, feito no dia 9 de junho. As licitações iniciaram no mês de julho; a entrega dos combustíveis está marcada para 1º de abril de 2015. A especificação de ambos combustíveis, F-76 e J-5, permitem a adição de até 50% de componentes derivados de hidrocarbonetos, como é o caso do biocombustível “drop-in”.
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DESTAQUES DO SETOR
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Por Fábio Rodrigues – fabio@procana.com.br
Siemens produz maior turbina fabricada no Brasil O setor sucroenergético receberá a maior turbina fabricada no Brasil. O equipamento Siemens, de 73,4 MW de potência fará parte da expansão de uma das principais plantas da Usina Delta, em Minas Gerais, que terá capacidade de geração total de 376.503 MWh/ano, quantidade suficiente para abastecer mais de 200 mil residências por ano. A turbina Siemens está em fase de produção no complexo industrial de Jundiaí (SP) e deve entrar em operação no fim de 2015.
Renk Zanini tem novo diretor No mês de maio, o engenheiro Reinaldo Lourenço assumiu o cargo de Diretor Comercial na empresa Renk Zanini. Profissional com mais de 30 anos de experiência na área comercial de redutores de velocidade, Reinaldo será o responsável pelas negociações referentes aos mercados interno e externo.
Reinaldo Lourenço
Destaque-se Sugestões de divulgação de lançamento de produtos, informativos, anúncios de contratações e promoções de executivos e demais notas corporativas ou empresariais devem ser enviadas a Fábio Rodrigues, email: fabio@procana.com.br
O projeto visa a otimização da usina de açúcar e álcool a fim de maximizar a geração de energia durante os períodos de safra e entressafra, por meio da implementação do ciclo regenerativo. Esta solução influencia positivamente no rendimento da operação, contribuindo para geração adicional de energia. Neste contexto, a Delta terá capacidade para suprir a necessidade de consumo interno, e comercializar os excedentes para o Sistema Integrado Nacional.
Projeto da Siemens dispensa o uso do redutor com acionamento direto para o gerador
AGCO anuncia nova diretoria da fábrica de colheitadeiras A AGCO anunciou Alberto Neto como novo diretor de manufatura da fábrica de colheitadeiras do grupo, em Santa Rosa (RS). Graduado em engenharia mecânica pela Universidade Federal de Santa Maria (RS) e engenharia de produção pela Universidade Federal do Rio Grande
do Sul, o executivo possui experiência nas áreas de produção, processos de desenvolvimento e implementação de designer baseado em Lean Manufacturing, acumulando passagem por importantes empresas, como Monitowoc, Randon, Kepler Weber, Volkswagen, Audi do Brasil e
Jonh Deere. Alberto assume o comando da planta de Santa Rosa com o desafio de manter os altos índices de qualidade e excelência operacional conquistados na fabricação de toda a linha de colheitadeiras de grãos das marcas Massey Ferguson e Valtra.
Planetário em acionamento central é seguro e eficiente Este ano, a aplicação dos planetários completou uma década de operação no mercado sucroenergético. Neste propósito, a TGM se tornou pioneira no setor ao desempenhar com credibilidade as inovações tecnológicas em busca da eficiência industrial e da competitividade. Ao longo desses anos, a multinacional brasileira comprovou sua eficiência, segurança e operação no mercado para acionamento de moendas e difusores. Ao consagrar o funcionamento em grandes plantas industriais, a aplicação de planetários TGM apresentou ótimos resultados com 10 safras de sucesso no setor e vida útil estendida. Segundo a empresa, em um estudo comparativo é possível analisar o quanto o G3 Full é mais eficiente, considerando o conjunto relacionado às perdas mecânicas. De acordo com o coordenador comercial da unidade de negócios de transmissões, Vicente de Paula Silva Junior, esta eficiência é superior e representa uma economia significativa e ganhos energéticos. “O G3 Full é incomparável, além de ser uma máquina mais robusta, é mais confiável e permite grandes aplicações. A durabilidade
G3 Full máquina mais robusta e mais confiável
também é maior nos rolamentos e a individualização de lubrificação dá maior confiabilidade à máquina”, descreveu. Outros pontos que merecem destaque da terceira geração de redutores são: ciclo de manutenção de até 10 safras garantidas pelo dimensionamento dos rolamentos para 100 mil horas, além de possuírem tratamento superficial em Black Oxide, que
contribui com a redução do atrito entre os componentes, sistema individualizado de lubrificação e a segurança com monitoramento e proteção eletrônica através dos sistemas Monitork e Protetork, que permitem operação em elevados níveis de torque. Nos últimos anos, o planetário foi o mais vendido.
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Pulverizadores para cana da John Deere trazem rendimento Para a John Deere, cada detalhe faz diferença. Com esse conceito a empresa oferece para o mercado sucroenergético um portfólio completo para obter rentabilidade e produtividade nas lavouras, por meio de alta tecnologia e elementos inovadores. Os principais destaques da empresa são as novas versões canavieiras dos já consagrados pulverizadores 4630 e 4730, que chegam aos lugares mais remotos da lavoura. Sua alta qualidade e desempenho representam uma produtividade diária 6% maior, devido ao seu raio de giro e velocidade de aplicação. As versões são equipadas com proteções adicionais e banco para instrutor, além do sistema AMS de agricultura de precisão e pingentes opcionais. Com mais facilidade para manobras e total eficiência operacional, proporciona menos pisoteio nas cabeceiras e 25% menos tempo gasto com manutenção. Indicado para propriedades de até dois mil hectares, o pulverizador 4630 para cana possui 165 cavalos, motor agrícola John Deere e tanque de solução de 2.261 litros. Já o 4730 para cana, indicado para grandes propriedades é um pulverizador maior, com 245 cavalos, barra de aplicação de 30,5 metros e tanque de solução de 3.028 litros. “Os produtos garantem, além de qualidade de aplicação em diferentes condições de trabalho, facilidade de manutenção, alta produtividade e baixo consumo. Deste modo, o agricultor tem
Pulverizadores 4630 e 4730 chegam aos lugares mais remotos da lavoura
maior proteção às culturas e controle de infestações, com rendimento operacional e lucratividade”, diz Luís Paiva, especialista em tratos culturais da John Deere. Os pulverizadores 4630 e 4730 para cana são fabricados na unidade da John Deere em Catalão (GO). Como parte da estratégia de expansão e fortalecimento da
empresa no setor, a fábrica recebeu, em março de 2014, um investimento de US$ 40 milhões para aumentar em 30% a capacidade de produção de pulverizadores e colhedoras de cana. “O setor canavieiro se desenvolve rapidamente e a John Deere investe em tecnologia para levar aos produtores sistemas que tornem o processo
de produção da cana-de-açúcar cada vez mais seguro e eficiente”, afirma Celso Schwengber, diretor de vendas para América Latina da John Deere. John Deere 19 3318.8330 www.deere.com.br
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Radares Endress+Hauser tem melhor custobenefício em aplicações de tanques de etanol O controle de volume de etanol nos tanques de armazenamento é tradicionalmente feito por medições manuais que geram imprecisão na medição e oferecem riscos ao operador. Com a utilização de radares para medição contínua de nível é possível controlar o volume, identificar perdas, reduzir custos e riscos com mão de obra para medição manual, além de garantir a segurança contra transbordo. Os radares Endress+Hauser oferecem o melhor custo-benefício em aplicações de tanques de etanol. Desenvolvidos com a mais alta tecnologia existente no mercado, oferecem precisão e medição direta em distância, o que elimina erros de medição provocados por variações de temperatura. Aliados à tecnologia de transmissão sem fio WirelessHart, dispensa investimentos com cabeamento no parque de tanques. Mesmo um radar padrão pode se tornar um instrumento sem fio, sem necessidade de aquisição de instrumentos específicos, por meio da tecnologia simplificada adotada. A empresa é uma das líderes mundiais em tecnologias e soluções de instrumentação aplicadas à indústria, com forte presença nas usinas. A empresa é líder global em instrumentação de medição, serviços e soluções para engenharia de processo industrial. O grupo emprega mais de 11 mil
funcionários no mundo inteiro, gerando uma venda líquida de 1,8 bilhão de euros em 2013.
ESTRUTURA Com centros de vendas dedicados e uma forte rede de parceiros, a Endress+Hauser assegura suporte competente no mundo inteiro. Nossos centros de produção em 11 países atendem as necessidades dos clientes e as especificações de forma rápida e efetiva. O grupo é gerenciado e coordenado por uma empresa de holding em Reinach, Suíça. Como um negócio de família bem-sucedido, a empresa está estabelecida para independência e autonomia contínuas.
PRODUTOS A Endress+Hauser fornece sensores, instrumentos, sistemas e serviços para medição de nível, vazão e temperatura, bem como análises e aquisição de dados. A empresa oferece suporte aos clientes por meio de engenharia de automação, logística e serviços e soluções de TI. Nossos produtos estabelecem padrão de qualidade e de tecnologia. Endress+Hauser 11 5033.4333 www.br.endress.com
Micropilot Wireless fabricado pela Endress+Hauser
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Comaso Eletrodos lança linha de arames tubulares
Colunas em aço inox são solução para corrosão no sistema de sulfitação
O mercado possui diversas opções de processos de soldagem, e a escolha do mais indicado para cada aplicação deve levar em conta as características físicas da peça e metalúrgicas do metal de base, assim como as propriedades do material revestido e o custo. Quando é necessário obter uma liga especial, os processos mais indicados são os eletrodos revestidos e arames tubulares. Os processos apresentam algumas diferenças que são detalhadas a seguir. O processo de eletrodo revestido foi o pioneiro e ainda é muito utilizado, pois não necessita de equipamentos complexos, consumíveis, tem baixo custo e opera em amperagens mais baixas. A principal desvantagem é a baixa produtividade. O processo de arames tubulares
Atenta às necessidades do mercado, a Aperam trabalha no desenvolvimento de aplicações, buscando o desenvolvimento das etapas produtivas. O novo case de sucesso foi constatado no sistema de sulfitação: o enxofre é queimado em fornos rotativos em que o próprio calor da combustão funde o elemento, oxidando o dióxido de enxofre, que por sua vez, segue em fluxo ascendente pela garrafa onde é resfriado para temperaturas inferiores a 200 ºC, evitando a formação de trióxido de enxofre. Em seguida, o SO2, solúvel em água, entra em contato com o caldo em contra corrente, ocorrendo então a sulfitação. A fase úmida deste processo é a mais agressiva aos materiais empregados. Além das altas temperaturas das etapas anteriores, que funcionam como catalisador para reações que levam à oxidação e corrosão, estão presentes os ácidos sulforoso e sulfúrico, extremamente corrosivos, principalmente ao aço carbono convencional. Devido às condições extremas, a solução ideal é alterar a especificação das colunas para Aço Inox Aperam AISI 317L que possui em sua composição química
apresenta como principal vantagem uma maior produtividade e também permite automatização do processo, diminuindo assim o custo de mão de obra. Como desvantagem exige maior investimento em equipamentos e os consumíveis têm um maior custo. Nos últimos 10 anos, visando principalmente um aumento de produtividade, houve um grande aumento no uso de arames tubulares. Para acompanhar esta mudança de mercado, a Comaso Eletrodos está lançando sua linha de arames tubulares de fabricação própria, visando com isso dar mais opções aos seus clientes. Comaso 16 3513.5230 www.comaso.com.br
Aço Inox Aperam AISI 317L oferece maior resistência à corrosão
maiores níveis de cromo, níquel e molibdênio, oferecendo resistência à corrosão, superior até mesmo ao 316L. Arcelormittal – Acesita 11 3818.1821 www.aperam.com
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Metalúrgica Rio Grande participa da Fenasucro pelo 8º ano consecutivo A Fenasucro é um dos eventos de grande referência em tecnologia e intercâmbio comercial para usinas e profissionais, no Brasil e em 40 países diferentes. Por isto, a Metalúrgica Rio Grande sempre atenta em seu ramo de atuação participa há 7 anos da Fenasucro, entendendo a importância do evento para o setor. A empresa contribui para o evento com o seu conhecimento e expertise em fabricação de equipamentos como: reservatórios de etanol; montagem mais rápida do mercado, com tecnologia de macacos eletromecânicos. Dispensa guindaste, calandragem de chapas, minimiza a utilização de andaimes, trabalhando em nível operacional baixo, permitindo que seja montado e soldado 50% mais rápido do que o método com guindaste. A empresa provê maior segurança garantindo melhor qualidade em: caldeiraria leve, caldeiraria pesada, montagem industrial, fabricação de equipamentos, usinagem em geral, fabricas de açúcar e etanol, fábricas de fertilizante. Conhecida como referência em montagem de reservatórios de etanol, a Metalúrgica Rio Grande é uma empresa focada em soluções tecnológicas para o ramo sucroenergético. Possui uma equipe comercial experiente e com rápida atuação nas respostas a seus clientes.
Montagem de tanques de armazenamento para a Logum Logistíca
SOBRE A EMPRESA A partir de uma iniciativa dos próprios funcionários que se uniram e fundaram em 21 de setembro de 1999 a Cooper — Caldeiraria dos Produtores de Artigos para Caldeiraria Industrial. A empresa iniciou suas atividades em 5 de novembro de 1999 em uma área construída com cerca de 5 mil m². Em 5 de janeiro de 2008 mudou sua
razão social para CCRG Equipamentos Industriais LTDA e passou seu nome fantasia de Cooper Caldeiraria Rio Grande para Metalúrgica Rio Grande que conta hoje com uma área construída de 10 mil m² e uma área total de 100 mil m². Todo processo de produção da empresa busca atingir maior qualidade e eficiência para o mercado. Munidos de equipamentos
modernos e eficientes de alta tecnologia em engenharia, o planejamento interno da fábrica favorece a dinâmica da produção, contribuindo para rapidez da montagem e excelência do produto final. Metalúrgica Rio Grande 16 3173.8100 www.metalurgicariogrande.ind.br
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Parceria entre APS e ABB facilita distribuição de produtos
Isolamento térmico e acústico Ultimate cria ambientes confortáveis
A APS Componentes Elétricos, através da parceria com a empresa ABB, passou a atuar na distribuição e prestação de serviços elétricos, com o objetivo de ser um centro de excelência no atendimento dos produtos e soluções ABB. “Oferecemos ao mercado produtos e serviços para projetos e instalação de soluções completas para modernização, automação de sistemas e reparos, retrofits/reprojetos, manutenção preditiva, preventiva e corretiva. Nossa assistência técnica oferece comissionamento e startup, manutenção em campo ou em laboratório, inversores de frequência CA, CC, softstarters, estudo para correção de fator de potência, substituição de disjuntores antigos por outros de última geração através de kit’s retrofiting, sempre preservando a segurança de seus profissionais e do sistema”, afirma Alexandre Leal, gerente geral da APS. A empresa fornece ao mercado sucroenergético inversores de frequência, soft-starters, chaves seccionadoras, disjuntores em baixa e média tensão, banco de capacitores, instrumentação elétrica e de processos. Segundo Alexandre Leal, gerente geral, a empresa foi fundada em 2000 com o objetivo de ser um distribuidor
A Isover oferece ao mercado nacional o isolante Ultimate, uma nova lã mineral, com soluções que garante ambientes confortáveis termicamente e acusticamente para construções de aço e alumínio, que atende prontamente ao requisito de proteção contra incêndio classe A60, suportando até 750ºC. O Ultimate proporciona isolamento térmico e acústico de alto desempenho para criar ambientes Produto da Isover se adapta a confortáveis. O produto de qualquer estrutura, pois tem alta flexibilidade fácil instalação se adapta a qualquer estrutura graças à sua alta flexibilidade, que reduz o número de está em atender às necessidades, cada vez recortes. mais desafiadoras, da indústria Além disso, devido a sua alta sucroenergética, em economia de energia, compressibilidade, cada pacote de material oferecendo excelente desempenho, com pode conter até 40% mais material que as redução significativa de peso — cerca de lãs convencionais. Por isso, o novo produto 38% mais leve do que a lã de rocha resulta em economia de custos, convencional. armazenagem, transporte e reduzindo possíveis acidentes com a mão de obra Isover Saint-Gobain instaladora. 0800 055.3035 O principal diferencial da empresa www.isover.com.br
APS passou a atuar na distribuição e prestação de serviços elétricos
diferenciado de produtos e serviços ABB. “A parceria oferece ao mercado acesso a toda a tecnologia da marca ABB, oferecendo soluções e fornecimento de equipamentos de forma ágil e simplificada com foco na necessidade do cliente. A APS é um canal de distribuição que complementa e viabiliza o atendimento de qualquer cliente independente do seu porte, desde aplicações residenciais até as industriais mais complexas”, diz. APS 11 2870.1000 www.apscomponentes.com.br
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