JornalCana 260 (Setembro/2015)

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Ribeirão Preto/SP

Setembro/2015

Série 2

Nº 260

R$ 20,00

Redutor desenvolvido pela TGM traz inovações tecnológicas e amplia eficiência operacional em potências de até 60 MW

SuperTurbo! CIRCULA NA




4

ÍNDICE DE ANUNCIANTES

Setembro 2015

Í N D I C E ACESSÓRIOS INDUSTRIAIS FRANPAR

16 21334385

CARRETAS 14

11 44145600 11 24899078 16 35189001

36 53 23

ACOPLAMENTOS ANTARES VEDACERT

0800 9701909 16 39474732

50 114

16 21334385

14

ANTI-INCRUSTANTES ALCOLINA GASIL

16 39515080 81 34718543

44 66

ANTIBIÓTICOS - CONTROLADORES DE INFECÇÕES BACTERIANAS ALCOLINA 16 39515080 BETABIO/WALLERSTEIN 11 38482900 LNF 54 25213124

44 52 100

ÁREAS DE VIVÊNCIA ALFA TEK

17 35311075

3

ARTIGOS DE BORRACHA ANHEMBI

11 26013311 16 31022866 11 26826633 16 16 11 16 16

21054945 35134000 30979328 39465899 35124310

16

16 39452825

CPFL SERVIÇOS

16 39413367

4, 116

19 38266670

DIRETRIZ

CAIXA FINBIO

ENGEVAP ETEC ENGENHARIA PROBOILER

16 35138800 34 33346400 19 34343433

26 67 74

ENGENHARIA INDUSTRIAL 87

BMA BRASIL ETEC ENGENHARIA

11 30979328 34 33346400

16 991524808

16 35124310

0800 7260101 16 35124310 11 30979328 34 33346400 16 31022866

19 37953900 16 32369200

ELLO CORRENTES GENERAL CHAINS PROLINK

11 29430688

75

DECANTADORES

BANCO DO BRASIL CAIXA GASIL

16 21056400 19 34172800 19 34234000

84

METAIS 44 103 47

EVAPORADORES BMA BRASIL CITROTEC

11 30979328 16 33039796

77 63

FEIRAS E EVENTOS FENASUCRO

11 30605000

34 32935100 51 32301300

88 38

41 36261531 11 45280090

54 60

61 33107474 0800 7260101

59 57 34

81 34718543

66

11 26013311

112

19 37562755

71

BASF SYNGENTA

11 30432125 0800 7044304

4

DESINFECÇÃO INDUSTRIAL 16 35124310

45

SENIOR FLEXONICS 19 34172800

DISTRINOX

16 39698080

7

EQUIPAMENTOS E MATERIAIS ELÉTRICOS

61

APS COMP ELÉTRICOS 11 56450800 AUTHOMATHIKA 16 35134000 CPFL SERVIÇOS 19 37562755

ENERGIA ELÉTRICA COMERCIALIZAÇÃO 19 37953900

GENERAL CHAINS

62

EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO

DESTILARIAS 16 21054422

ISOVER 11 22024733 REFRATÁRIOS RIBEIRÃO 16 36265540

ENGRENAGENS

19 113

108

11 41364514

88

83 15 71

59 57

16 35124310

39

MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS AGRIMEC

55 32227710

SÃO FRANCISCO SECADORES BMA BRASIL

PROSUGAR

16 39461800 16 21054422

23

11 26435000 11 38482900 18 36311313 54 25213124 81 32674760 41 33414444 11 29731010 11 24899078 16 35189001

15 33352432

16 39461800

21

TESTON

44 33513500

2

TECNIPLAS

11 45280090

60

TROCADORES DE CALOR AGAPITO

16 39462130

114

TORFER

11 50586118

24

ENGETUBO

19 34343433

74

53 23

TUBOS E CONEXÕES FRANPAR

16 21334385

14

113

VALLOUREC

31 33282121

81

PETROFISA

41 36261531

54

TECNIPLAS

11 45280090

60

NG METALÚRGICA

19 34297272

85

SIEMENS JUNDIAÍ

11 45854676

51

TEXAS TURBINAS

82 21212000

79

105 115

11 30979328

77

16 35124310

41

16 35124310

43

18 36315000

DMB

104

SOLDAS INDUSTRIAIS

IRBI MÁQUINAS

60

TUBOS DE CONCRETO

114 22 9

SUPERFÍCIES - TRATAMENTO E PINTURA 10

11 45280090

TRATAMENTO DE ÁGUA/EFLUENTES

16 08007779070

16 39462130 16 35135230 16 35137200

65

TRANSBORDOS

73 52 80 100 65 95

SOFTWARES AGAPITO COMASO ELETRODOS MAGISTER

81 32674760

TORRES DE RESFRIAMENTO TECNIPLAS

21

SEGURANÇA EMPRESARIAL SOTEICA

61 33107474 0800 7260101

LEVEDURAS MSBIO

10

ROLAMENTOS

SOCIUS

LINHAS DE CRÉDITO BANCO DO BRASIL CAIXA

55 32227710

SAÚDE - CONVÊNIOS E SEGUROS

JUNTAS DE EXPANSÃO 13 70

114

REFRATÁRIOS RIBEIRÃO 16 36265540

ISOLAMENTOS TÉRMICOS

66

16 39452825

REFRATÁRIOS

62 30883881

49

TELECOMUNICAÇÃO/ RADIOCOMUNICAÇÃO 42

21

INA - SCHAEFFLER

102

18 36212182

TINTAS E REVESTIMENTOS

SEW - EURODRIVE ZANINI RENK

72 104

11 42274300

SOLINFTEC

102

REDUTORES INDUSTRIAIS

16 39465899 11 29731010

INTER TELECOM

17 32791200

99

16 39461800

20

TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

11 42274300

16 21014151

INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO E CONTROLE

22

11 56948377

GRUPO FERRANTE

104

WEBTRAC

16 35135230

VOESTALPINE

INTER TELECOM

PLANTAS INDUSTRIAIS ZANINI RENK

COMASO ELETRODOS

56

19 21050800

11 29731010

GRÁFICA

IRRIGA ENGENHARIA

5, 64 38

PLANTADORAS DE CANA

RASTREAMENTO

FERTRON WEBTRAC

34 33199500 51 32301300

PRODUTOS QUÍMICOS

IRRIGAÇÃO

81 34718543

AGRIMEC DMB

IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS

59 57

VIBROMAQ

WEBTRAC

DMB

70

PENEIRAS ROTATIVAS

GESTÃO DE OPERAÇÕES AGRÍCOLAS

SÃO FRANCISCO

74 26

PLAINAS

GAXETAS ANHEMBI

0800 7044304

PEÇAS E ACESSÓRIOS AGRÍCOLAS

GASES INDUSTRIAIS

89 62 11

SYNGENTA

BERACA SABARA BETABIO/WALLERSTEIN CENTERQUIMICA LNF PROSUGAR VALMET

GASIL

19 34343433 16 35138800

MUDAS DE CANA

UNIMIL

METALÚRGICA VIANNA 22 27221122

61 100

ENGETUBO ENGEVAP

106

FUNDIÇÃO

77 67 98

82

MONTAGENS INDUSTRIAIS

UBYFOL YARA BRASIL

FINANCIAMENTO RURAL

57 35

SUPRIMENTOS DE SOLDA 11 43669930

101

FERTILIZANTES GEOCICLO YARA BRASIL

TERMOMECÂNICA

NUTRIENTES AGRÍCOLAS

FERMENTAÇÃO

BANCO DO BRASIL CAIXA

61 33107474 0800 7260101

DEFENSIVOS AGRÍCOLAS

CPFL BRASIL

16 39515080 11 21870788 31 30572000

FIBRA DE VIDRO

37

63

82

ZANINI

ALCOLINA ICL QUÍMICA REAL

PETROFISA TECNIPLAS

16 33039796

11 43669930

MC DESINFECÇÃO

ESPECIALIDADES QUÍMICAS

FERMENTA 77 67

CORRENTES INDUSTRIAIS

CRÉDITO RURAL

18 74 26 69 74 23

ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO CIVIL

CONSULTORIA E ENGENHARIA AGROINDUSTRIAL

59 57

39462700 34343433 35138800 35110100 34343433 21054422

61 71 74 12

CONSULTORIA FINANCEIRA E INVESTIMENTOS

61 33107474 0800 7260101

16 19 16 16 19 16

37953900 37562755 34343433 32282555

CONSULTORIA CONTÁBIL E TRIBUTÁRIA

CITROTEC

CALDEIRAS CALDEMA ENGETUBO ENGEVAP HPB ENERGIA PROBOILER ZANINI RENK

ALENCAR

COZEDORES

CABINAS

77 79 114

19 19 19 17

CONSULTORIA AGRÍCOLA

114

BRONZE E COBRE - ARTEFATOS TERMOMECÂNICA

ARGUS

CPFL BRASIL EVOLUTION

BOMBAS CENTURY BOMBAS

17

CPFL BRASIL CPFL SERVIÇOS PROBOILER SANARDI

COMBATE A INCÊNDIO EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS

93 15 77 72 43

BANCOS E INST. FINANCEIRAS BANCO DO BRASIL CAIXA

ENERGIA ELÉTRICA - ENGENHARIA E SERVIÇOS

COLETORES DE DADOS

98

BALANCEAMENTOS INDUSTRIAIS VIBROMAQ

11 30979328 82 21212000 16 39452825

BMA BRASIL ETEC ENGENHARIA FURCO ENGENHARIA

AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL ATMA AUTHOMATHIKA BMA BRASIL FERTRON SOTEICA

BMA BRASIL TEXAS TURBINAS VIBROMAQ

A N U N C I A N T E S

3

CENTRÍFUGAS

CONSULTORIA INDUSTRIAL

AUTOMAÇÃO DE ABASTECIMENTO DWYLER

16 35132600

112

ASSESSORIA INDUSTRIAL FURCO ENGENHARIA

SERGOMEL

MARKANTI

AÇOS FRANPAR

17 35311075

CARROCERIAS E REBOQUES

ACIONAMENTOS REXROTH SEW - EURODRIVE ZANINI RENK

ALFA TEK

D E

97

TURBINAS

VÁLVULAS INDUSTRIAIS FOXWALL

11 46128202

8

FRANPAR

16 21334385

14

VARIEDADES DE CANA CTC

19 34298199

86

VEDAÇÕES E ADESIVOS ANHEMBI

11 26013311

112

VEDACERT

16 39474732

114


CARTA AO LEITOR

Setembro 2015

carta ao leitor

índice Agenda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6 Cana Livre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .8 e 9 Administração & Legislação . . . . . . . . . . . . . . . .10 a 21

Pró-Usinas cria ponte entre os problemas e as soluções

S-PAA impede que indicadores se tornem fotografia do passado

Isto sim é Babilônia!

Setor em Destaque . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .22 a 32

Especial - 40 Anos de Proálcool!

Giro do Setor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .34 Mercado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .36 a 40

Venda direta de etanol gera polêmica no setor

Política Setorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41

7 Perguntas Para Renato Cunha

Produção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .42 a 54

O Espírito Santo está cheio de problemas!

Quero distância!

Logística & Transportes . . . . . . . . . . . . . . . . . . .55 a 62

Brasil, país do etanol e da falta de atenção para sua grande riqueza

Tecnologia Agrícola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .64 a 78

Sem sintonia não há economia

Bioestimulante é considerado um avanço no manejo da cana

Tecnologia Industrial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .80 a 104

Lubrificação industrial não deve ser negligenciada

Mudanças na matéria-prima interferem no tratamento de caldo

Problemas com a matéria-prima dão origem às perdas industriais

Impureza mineral é a vilã do desgaste de equipamentos

Rendimento Fermentativo estável acima de 92%, é possível?

Pesquisa & Desenvolvimento . . . . . . . . . . . . . .106 e 107

5

Cana versus milho

Negócios & Oportunidades . . . . . . . . . . . . . . .108 a 114

PALAVRA VIVA! “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”. (Apóstolo João, a respeito de Jesus, o Senhor, na primeira frase do seu evangelho)

Josias Messias

josiasmessias@procana.com

O importante é ter, e fazer dinheiro! Os balanços das usinas referente ao ano safra 2014/15 publicados na 42ª edição Melhores & Maiores da revista Exame, revelam que a crise financeira que atinge o setor sucroenergético não escolhe tamanho nem região produtora. 58% das usinas citadas na publicação apresentaram lucro líquido no exercício, em sua maioria, apenas lucro residual, 31,5% apresentaram prejuízo e 9,5% não informaram os dados. Os números confirmam nosso entendimento de que a produção sucroenergética é uma atividade essencialmente financeira. O empresário que não entende isso sofre as consequências. As usinas e grupos produtores que apresentam melhor desempenho econômico são aquelas que adotaram como estratégia dispor de capital, ou acesso a ele, o suficiente para suportar os longos ciclos produtivos e mercadológicos do segmento. Foi o caso da, muitas vezes criticada, Odebrecht Agroindustrial, que teve “funding” para suportar safras seguidas com problemas operacionais, mas que, aproveitando especialmente a capacidade de exportação de bioeletricidade, emplacou 4 de suas coligadas entre as dez empresas sucroenergéticas nos cinquenta Maiores Lucros do Agronegócio. Exemplo ao inverso são alguns dos grupos que adotaram a estratégia de imobilizar grandes recursos em expansão e aquisição de terras, sem avaliar corretamente se aquelas terras ou ativos remunerariam o capital investido diante de todos os riscos comuns à atividade. Uma segunda análise que os números nos permitem fazer é que não adianta dispor de capital, ou ter acesso facilitado a ele, se não se adotar uma gestão avançada que priorize o desenvolvimento das pessoas, o estabelecimento de procedimentos e tecnologias que agregam valor às atividades e uso de sistemas inteligentes e integrados com foco em redução de custos e aumento de produtividade. Como diz o provérbio “quem não tem competência, não se estabelece”. Num setor altamente complexo e mundialmente competitivo como o sucroenergético, o que importa é ter, e fazer dinheiro! NOSSOS PRODUTOS

DIRETORIA

O MAIS LIDO! ISSN 1807-0264 Fone 16 3512.4300 Fax 3512 4309 Av. Costábile Romano, 1.544 - Ribeirânia 14096-030 — Ribeirão Preto — SP procana@procana.com.br

NOSSA MISSÃO Prover o setor sucroenergético de informações relevantes sobre fatos e atividades relacionadas à cultura da cana-de-açúcar e seus derivados, e organizar eventos empresariais visando: Apoiar o desenvolvimento sustentável do setor (humano, socioeconômico, ambiental e tecnológico); Democratizar o conhecimento, promovendo o

intercâmbio e a união entre os integrantes; Manter uma relação custo/benefício que propicie

parcerias rentáveis aos clientes e demais envolvidos.

Josias Messias josiasmessias@procana.com.br Controladoria Mateus Messias presidente@procana.com.br Eventos Rose Messias rose@procana.com.br Marketing Digital Lucas Messias lucas.messias@procana.com.br

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PUBLICIDADE REDAÇÃO

ADMINISTRAÇÃO

Editor Luiz Montanini - editor@procana.com.br Editor de Arte - Diagramação José Murad Badur Arte Gustavo Santoro - arte@procana.com.br Revisão Regina Célia Ushicawa Jornalismo Digital Alessandro Reis - editoria@procana.com.br

Gerente Administrativo Luis Paulo G. de Almeida luispaulo@procana.com.br Financeiro contasareceber@procana.com.br contasapagar@procana.com.br

PÓS-VENDAS Thaís Rodrigues thais@procana.com.br

Comercial Leila Luchesi 16 99144-0810 leila@procana.com.br Matheus Giaculi 16 98142.8008 matheus@procana.com.br

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JornalCana - O MAIS LIDO! Anuário da Cana Brazilian Sugar and Ethanol Guide A Bíblia do Setor! JornalCana Online www.jornalcana.com.br BIO & Sugar International Magazine Mapa Brasil de Unidades Produtoras de Açúcar e Álcool

Prêmio MasterCana Tradição de Credibilidade e Sucesso Prêmio BestBIO Brasil Um Prêmio à Sustentabilidade Fórum ProCana USINAS DE ALTA PERFORMANCE SINATUB Tecnologia Liderança em Aprimoramento Técnico e Atualização Tecnológica

Artigos assinados (inclusive os das seções Negócios & Oportunidades e Vitrine) refletem o ponto de vista dos autores (ou das empresas citadas). JornalCana. Direitos autorais e comerciais reservados. É proibida a reprodução, total ou parcial, distribuição ou disponibilização pública, por qualquer meio ou processo, sem autorização expressa. A violação dos direitos autorais é punível como crime (art. 184 e parágrafos, do Código Penal) com pena de prisão e multa; conjuntamente com busca e apreensão e indenização diversas (artigos 122, 123, 124, 126, da Lei 5.988, de 14/12/1973).


6

AGENDA

Setembro 2015

A C O N T E C E PRÊMIO BESTBIO Em paralelo ao Forúm Usinas de Alta Performance, no dia 15 de outubro, acontece o Prêmio BestBIO. A premiação é uma iniciativa independente que incentiva a sustentabilidade através da divulgação e reconhecimento dos melhores cases da bioeconomia brasileira, com ênfase no desenvolvimento e geração de energias limpas e renováveis.

MASTERCANA BRASIL No dia 24 de setembro acontece em São Paulo (SP) o Prêmio MasterCana Brasil. Em 2014, o Prêmio MasterCana reuniu em cada premiação cerca de 200 personalidades — como a ex-ministra Marina Silva —, e somou 40 premiações. As premiações serão encerradas no dia 19 de novembro, em Recife (PE), com o Prêmio MasterCana Nordeste. Realizados desde 1988, os eventos MasterCana reúnem representantes de mais de 2/3 da produção brasileira, em momentos de celebração e network diferenciados. Informações através do fone:(16) 3512 -4300 ou e-mail: eventos@procana.com.br

RECOLHIMENTO DE PALHA E APROVEITAMENTO DE BIOMASSA A cogeração e produção de etanol celulósico demandam manejos adequados com a palha deixada no solo. Por esta razão a Sinatub Tecnologia reunirá profissionais e especialistas para discutirem o tema em Ribeirão Preto (SP). O evento acontece no dia 18 de setembro. Maiores informações em: sinatub@procana.com.br ou (16) 3911-1384.

CURSO DE VASOS DE PRESSÃO

USINAS DE ALTA PERFORMANCE Evento que reconhece as soluções e inovações no setor, o Fórum Usinas de Alta Performance, acontecerá no dia 15 de outubro, em Ribeirão Preto (SP). No encontro serão apresentados os casos de sucesso na implantação de ações que facilitem a rentabilidade e competitividade das usinas no curto prazo. A última edição do evento contou com a participação de 20 usinas e grupos.

Separado em cinco módulos, o Curso de Vasos de Pressão da Sinatub tecnologia abordará projeto na área de acordo com o ASME Code, Section VIII, Division 1 e Legislação e Inspeção de acordo com a NR13. O curso ocorre nos dias 10 a 13 de Novembro. Maiores informações em: sinatub@procana.com.br ou (16) 3911-1384



8

CANA LIVRE

Setembro 2015

Programa Conecta, da Copersucar, inicia período escolar As aulas do Programa Conecta, parceria entre a Copersucar e o Instituto Crescer, iniciaram as atividades na primeira semana de agosto, dia 7. O programa desenvolverá ações socioeducativas nas comunidades onde a Copersucar atua. A primeira unidade a receber a iniciativa é a de Paulínia (SP), onde está instalado o Terminal Copersucar de Etanol (TCE). Nesta edição 60 alunos participarão do programa, que inclui atividades como oficinas de arte e educação; curso de qualificação profissional; atividades de promoção da saúde e qualidade de vida; fóruns em roda e cafés culturais. As aulas e as atividades serão conduzidas pelos profissionais do Instituto Crescer.

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Alguns dos participantes e organizadores do seminário, em Fernandópolis

Alcoeste realiza seminário sobre nutrição de plantas

Raízen promove teatro em Santos e Cubatão

Com o objetivo de atualizar a equipe agrícola quanto ao cenário de nutrição de plantas, a Usina Alcoeste realizou no final do mês de julho, dia 31, um seminário sobre o tema. O evento foi conduzido pelo professor Gaspar Henrique Korndorfer, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), que abordou temas como nutrição de plantas, correção e adubação de solo e o uso de bioestimulantes na cultura de cana-de-açúcar. Gaspar abordou as melhores técnicas de nutrição para a cana-de-açúcar na região da usina, em Fernandópolis (SP), e comentou sobre sistema de produção com foco em melhores ganhos na fertilidade da cana, refletindo na maior produtividade e otimização de custos.

A peça teatral “Fora do Ar!”, elaborada para os alunos do ensino médio, chega aos estudantes das cidades paulistas de Santos e Cubatão no mês de agosto. Os espetáculos, que constituem a Campanha Energia em Cena, apoiada pela Raízen, levam aos jovens questões delicadas da sociedade de maneira leve e com linguagem apropriada para despertar a cultura da conscientização sobre os perigos da dependência química em drogas lícitas. O objetivo do projeto é estreitar o relacionamento da Raízen com as comunidades e investir em práticas capazes de estimular a aprendizagem das crianças, adolescentes e jovens de maneira didática. A campanha pretende atingir 20 mil alunos até seu término.

Nesta edição 60 alunos participarão do programa


CANA LIVRE

Setembro 2015

9

Abag RP e usinas da região lançam campanha contra incêndio A grande ocorrência de incêndios em 2014 movimentou usinas a se precaverem destes incidentes prejudiciais para a saúde da população, o meio ambiente e a produção agrícola. Cientes que este trabalho deve acontecer em conjunto, a Associação Brasileira do Agronegócio de Ribeirão Preto (Abag/RP) em conjunto com produtores rurais e usinas da região lançaram uma ação que pretende despertar a população para os cuidados com atitudes que possam iniciar incêndios. A iniciativa conta com anúncios para TV, rádio, jornais e revistas. Placas de alerta serão colocadas em estradas, com telefones de usinas próximas para viabilizar a rápida comunicação e o combate aos incêndios em menor tempo. A ação distribuirá cerca de 100 mil cartilhas para as comunidades e escolas nos entornos das usinas, que também disponibilizarão a seus técnicos, palestras sobre o tema.

Lançado o livro ‘Temas de Agronegócio’ Projeto sem fins lucrativos, o livro ‘Temas de Agronegócio’ reúne 14 especialistas em diversas áreas de um dos mais relevantes setores econômicos nacionais. Com apresentação do professor Luiz Gustavo Nussio, diretor da Esalq/USP e prefácio de Roberto Rodrigues, exministro da agricultura, o livro privilegia uma visão multidisciplinar por meio da colaboração de vários profissionais. O lançamento do livro aconteceu no dia 28 de agosto.

Palestras são uma das ações que visam a precaução a incêndios

Mato Grosso recebe Programa Acreditar Jr, da Odebrecht Aconteceu no dia 11 de agosto, em Alto Araguaia (MS) a aula inaugural da primeira turma do Programa Acreditar Jr. Realizado pela Odebrecht Agroindustrial em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), a iniciativa tem o objetivo de formar filhos e familiares dos integrantes da empresa. Esta é a primeira turma do Estado, que possui 25 alunos, de 18 a 22 anos, que participarão da formação em Operador de Processo na Indústria Sucroenergética. O curso possui 1.630 horas de duração, e as aulas são dividas em teóricas, no Senai, e práticas, na Odebrecht Agroindustrial, com o acompanhamento de instrutores e líderes da empresa. Em setembro o curso de Assistente Administrativo iniciará as atividades na cidade, e será ofertado a 20 alunos. Em sexta edição, o Acreditar Jr da Odebrecht está implantado nas unidades Santa Luzia (MS), Morro Vermelho (GO) e Rio Claro (GO) e beneficiou mais de 145 alunos.


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Pró-Usinas cria ponte entre os problemas e as soluções Nos últimos meses uma divulgação no JornalCana tem despertado bastante atenção do meio sucroenergético. Trata-se da publicidade e dos eventos do Pró-Usinas, que provoca o público com a mensagem de que “sempre é possível ser mais, agregar mais valor”. Para falar sobre esta iniciativa, o presidente do Pró-Usinas, Josias Messias, concedeu esta entrevista ao JornalCana. JornalCana - O que é o Pró-Usinas? Josias Messias - É uma nova divisão do Grupo ProCana Brasil criada para facilitar o acesso dos tomadores de decisão nas usinas a soluções que podem aumentar a eficiência e rentabilidade de suas empresas. Tendo em vista que a ProCana Brasil é o principal grupo do setor voltado à mídia e eventos, como nasceu esta ideia de vender soluções para as usinas? Da percepção de que, ao mesmo tempo em que a maioria das usinas estavam reclamando de problemas em diversas áreas, existiam cases de soluções com eficácia comprovada em algumas unidades, mas as empresas que implementaram estas soluções não detinham estratégias ou recursos para expandi-las a todo o mercado. Isto corroborado e somado ao fato de que ao longo dos mais de 25 anos de relacionamento que cultivo no setor, a maioria das indicações que fiz a empresários e profissionais de usinas acabaram dando certo, decidi formalizar uma ponte entre as soluções disponíveis e as usinas que apresentam demanda. Desta visão nasceu o Pró-Usinas. Quais soluções compõem o portfólio do Pró-Usinas? Temos parcerias estratégicas com empresas e especialistas que disponibilizam soluções nas áreas de estratégia, governança, tributária, gestão, plano diretor de segurança empresarial, excelência industrial através de software de otimização em tempo real e o programa de fermentação de alto desempenho. São áreas em que, percebemos, a maioria das usinas pode obter resultados significativos e em menos de uma safra. São muitas áreas. O senhor domina todas?

Josias Messias, no Prêmio MasterCana Brasil 2014

Claro que não! E nem preciso, pois quem domina e implementa as soluções são nossos parceiros estratégicos. Meu papel é certificar a eficácia das soluções e a idoneidade dos parceiros. A partir daí, crio a ponte promovendo as soluções para ajudar as usinas a superarem os desafios que estão enfrentando nas áreas nas quais atuamos e podemos contribuir. E quais são os resultados obtidos até o momento? Os resultados são animadores! Minha alegria é ver uma pequena destilaria da região Nordeste alcançando um rendimento fermentativo superior a 93%, o que é uma questão de sobrevivência no cenário atual. Quando vejo que conseguimos ajudar um grupo a transformar uma complicada

recuperação judicial em uma renegociação com os credores, processo que está sendo finalizado com a venda do grupo para um fundo/trading, com a vantagem da continuidade das usinas em operação, mantendo empregos e benefícios sociais, além dos antigos acionistas continuarem a fornecer cana, já que conseguiram preservar as fazendas. Apesar dos baixos preços do etanol, conseguimos também evitar a recuperação judicial de outra unidade através de um processo de restruturação empresarial, que culminou com uma renegociação e alongamento das dívidas. Sem falar dos resultados proporcionados pelas demais soluções do Pró-Usinas, os quais não temos autorização para divulgação pública. Cases como o do

software de simulação e otimização em tempo real da cogeração e planta industrial, que está gerando milhões de reais em ganhos, ou redução de perdas, para algumas usinas. São conquistas que geram uma grande satisfação pessoal e profissional. Minha percepção é que através do Pró-Usinas fomos obrigados a vivenciar as dificuldades e necessidades das usinas e aprender rapidamente como as coisas acontecem desde a presidência até o “chão de fábrica”, como o pessoal diz. Desta forma, vejo que estamos sendo mais efetivos no cumprimento de nossa missão, que é promover o desenvolvimento humano, técnico e socioambiental do setor, buscando ajudar as usinas a superarem a grave crise atual.



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S-PAA impede que indicadores se tornem “fotografia do passado” Obtenção de ganhos reais por meio da intervenção imediata na operação e na performance da planta industrial já é uma realidade RENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

“O que pode ser medido, pode ser melhorado”. Esta frase clássica e cultuada no mundo corporativo, de autoria de Peter Drucker, considerado o pai da administração moderna, além de sintetizar um conceito de gestão, tem impulsionado diversas empresas a buscarem informações referentes à performance de diferentes áreas do processo de produção. O chamado KPI - Key Performance Indicator, ou seja, Indicador-Chave de Desempenho, tornou-se uma ferramenta de destaque no processo de medição e gerenciamento. A utilização dos KPIs já é bastante difundida no setor sucroenergético. “O problema é que as empresas costumam

Nelson Juniti Nakamura, da Soteica. fotografia do passado pode invalidar possibilidade de ganhos

avaliar esses indicadores depois de um dia, uma semana, um mês ou um ano”, revela Nelson Juniti Nakamura, diretor da Soteica. “Esta fotografia do passado pode invalidar a possibilidade de ganhos financeiros que seriam proporcionados pelos KPIs”, enfatiza. Com o objetivo de otimizar a cogeração e o processo industrial em tempo real, a Soteica

desenvolveu uma solução, o software S-PAA, que possibilita a avaliação e a intervenção na performance da fábrica, com ciclos de até um minuto, no mesmo período ou dia. “Se o indicador de performance estiver ruim, é possível atuar de forma online, para que ele possa ser melhorado de imediato”, afirma

Como solução de Otimização em Tempo Real, o S-PAA cria condições para a obtenção de ganhos reais por meio da avaliação de todo o conjunto do processo industrial. “O software é inteligente. É como se a usina tivesse um super engenheiro 24 horas por dia, durante toda a safra, olhando uma série de indicadores e verificando qual é o melhor balanço de massa e energia. Simulando e recomendando os “set points” mais adequados para que a planta apresente a melhor performance econômica”, observa Nakamura. O S-PAA pode fazer, por exemplo, uma recomendação equilibrada de embebição que crie condições para a obtenção de máximo desempenho na extração. E consegue elaborar, neste caso, uma sugestão que não afete a eficiência na produção de vapor devido ao excesso de umidade do bagaço e que não exija a elevação do consumo de energia no processo de concentração do caldo durante a fabricação de açúcar, por causa da quantidade de água. “O S-PAA permite enxergar todo o conjunto. Não adianta ter eficiências ótimas em determinadas etapas, afetando outras e prejudicando a obtenção do lucro”, comenta.

Ganhos financeiros por safra são bastante significativos O aumento do lucro depende, entre outros fatores, da situação de cada usina e da maneira como ocorre a utilização dos dados As soluções otimizadas do S-PAA, da Soteica, proporcionam ganhos financeiros bastante significativos. Em 7 plantas já instaladas, a ferramenta tem possibilitado um aumento médio de R$ 1,450 milhão por safra no lucro de cada unidade. “Há caso de ganhos superiores a três milhões de reais por

João José Marafão, gerente industrial da Terra Rica: um crescimento contínuo

ano”, informa Nakamura. O aumento do lucro operacional depende, entre outros fatores, da situação de cada usina e da maneira como o cliente vai aproveitar o sistema, mas o retorno do investimento acontece no máximo em cinco meses – afirma. Mais do que ganhos financeiros, toda a equipe industrial agrega conhecimento utilizando a ferramenta, pois fica livre para atuar estrategicamente. “Temos reuniões semanais para discutir as ocorrências, gráficos de eficiência e debatemos as causas e as soluções. Aí padronizamos nossos procedimentos em níveis superiores de eficiência. Com o S-PAA podemos aprender com os parâmetros adotados em um ano e

buscar novos deltas ótimos para o próximo ano. É um crescimento contínuo, e a Soteica tem parte importante neste ciclo de evolução”, declarou o gerente industrial da unidade Terra Rica, João José Marafão, em entrevista ao JornalCana. Para Josias Messias, presidente da ProCana Brasil e do Pró-Usinas, as usinas enfrentam um cenário de desafios produtivos e econômicos, demandando soluções que encontram-se disponíveis e já demonstraram sua eficácia. “A missão do Pró-Usinas é facilitar o acesso dos tomadores de decisão a soluções como o S-PAA da Soteica, que permite às usinas superarem os constantes desafios do mercado e permanecerem competitivas e sustentáveis”, afirma. (RA)



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Módulo de energia aproveita a flexibilidade da planta industrial Sem prejudicar o funcionamento da fábrica, software propõe solução para o aumento da exportação de bioeletricidade O software é adaptado à realidade de cada usina, explorando os limites e as potencialidades de toda a planta industrial. Possui três módulos, de Energia, de Processos e de Laço Fechado. O de gerenciamento e otimização de energia faz o balanço térmico, verificando a quantidade de calor, vapor e energia para cada etapa do processo de produção. Levando em conta a condição do bagaço, as características dos diferentes tipos de caldeiras da planta, entre outros aspectos, o S-PAA avalia qual é a melhor maneira de produzir energia, com o menor custo possível, explica Nelson. O módulo faz recomendações constantes de atuação para o aumento na exportação de energia, aproveitando a flexibilidade da planta industrial, sem que ocorra prejuízo no funcionamento da fábrica e também sem a

necessidade de investimentos em caldeira ou turbina nova – afirma. A otimização da produção de açúcar e

de etanol está entre os objetivos do módulo de gerenciamento do processo produtivo, que fornece inclusive subsídios relacionados aos

custos industriais, para que a usina faça, em tempo real, uma boa arbitragem entre os seus principais produtos. Verifica também se determinado item, como o etanol anidro, por exemplo, não está sendo fabricado com uma especificação acima das exigências, desperdiçando ART e vapor – constata o diretor da Soteica. O desperdício pode acontecer também com o envio de maior quantidade de vapor do que a demanda exigida para a operação de um determinado equipamento ou sistema. “O software detecta quais trocadores de calor estão sujos e desperdiçando vapor. Se a eficiência de um equipamento estiver baixa, o S-PAA vai apontar”, diz. Existe um sinergismo entre o módulo de processo e o de energia visando a economia de vapor – destaca. Outro módulo é o de operação em laço fechado. O software da Soteica permite que alguns “set points” sejam operados automaticamente pelo sistema. “O S-PAA fecha alguns laços de imediato. Para os mais complexos, o software emite recomendações objetivas para o operador atuar. Mas, dependendo da condição de instrumentação e de confiabilidade, começamos a atuar em laço fechado, sem a necessidade de atuação direta do operador”, observa.

Redução de investimentos em instrumentos de medição

Desafio é estabilizar a performance da usina

O software proporciona também ganhos marginais, com a redução de investimentos em instrumentos de medição. “Na hora em que são feitos os balanços e os cálculos de indicadores, o S-PAA utiliza certos conceitos de engenharia para determinar alguns valores para determinadas etapas da planta industrial que não têm medição”, observa. Utilizando modelos de engenharia, é possível estimar quanto está tendo de bagaço excedente para estocagem, sem que

Na hora em que se começa a trabalhar com o S-PAA, tendo uma frequência maior da medição inclusive das eficiências demonstradas pelos indicadores de desempenho, percebe-se que a performance oscila ao longo do tempo em decorrência de diversos fatores, avalia o diretor da Soteica. De acordo com ele, o ideal é estabilizar essa variação em níveis superiores de desempenho. “A média é considerada um bom indicador. Mas, não é suficiente. Hoje pode estar sendo feita uma embebição que é

a usina adquira um medidor especifico para essa finalidade – exemplifica. No caso de moendas acionadas a vapor, a ferramenta da Soteica possibilita avaliar o consumo, de forma individualizada, de cada conjunto turbina/moenda. “Com o nosso sistema, em função da cana e do bagaço, a partir da utilização de curvas de eficiência, chega-se ao cálculo da quantidade de vapor que deveria ser usada para acionar a moenda, comparando-se o previsto com o realizado”, esclarece. (RA)

considerada acima do normal. E, depois, abaixo do normal. Em média, a empresa pode estar satisfeita com esse indicador”, diz. Mas, na prática, o resultado é inferior. “O que se propõe com a utilização do S-PAA é que todas as médias sejam acompanhada por um avaliador de desvio, reagindo às oscilações e fazendo com que a usina opere de uma maneira mais estável, em níveis superiores, para que sejam obtidos ganhos em todo o conjunto”, finaliza. (RA)



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ISTO SIM É BABILÔNIA! Modernização do campo realmente fala a mesma língua de seus operadores? A presença de máquinas e computadores é realidade na agricultura global e a cultura da cana-de-açúcar acompanha este processo. Responsável por otimizar a produção agrícola e mitigar impactos ambientais, além de prover melhores condições aos trabalhadores do campo, a modernização do campo realmente fala a mesma língua de seus operadores? Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), a pedido do Sistema Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), há certo desentendimento das partes. A pesquisa apontou que 42% das lavouras do Mato Grosso possui algum tipo de agricultura de precisão inserida na produção. Porém cerca de 88% dos proprietários dos 710 mil hectares estudados afirmaram não investir em tecnologia por escassez de mão de obra qualificada. Para Tiago Mattosinho Correa, superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) de Mato Grosso, o uso da tecnologia no campo é um desafio. Além da resistência por mudanças, novos equipamentos exigem sólida capacitação para compreensão total do funcionamento destes. “O operador destas máquinas agrícolas mais modernas, com tecnologias de agricultura de precisão inclusas, necessita de muito treinamento e experiência para extrair tudo que a máquina oferece. Além disto, é necessário resolver os problemas que aparecem no caminho, como uma manutenção pontual. Este é um dos grandes entraves hoje”, explica. Segundo João Henrique Mantellatto Rosa, pesquisador do Pecege/USP a falha pode estar no treinamento aplicado aos operadores pelas empresas de máquinas e tecnologia. Preocupadas em apenas informar como manusear o equipamento, a falta do entendimento completo do funcionamento destas máquinas reduz o aproveitamento destas pelos operadores. “Geralmente, as capacitações são direcionadas no sentido de ensinar o interessado a operar a máquina, o que é consolidado na prática, durante o dia a dia. Pouco se aborda o conceito da máquina e sua respectiva operação no contexto do sistema de produção. A abordagem é feita de forma individualizada, pontual, sem se atentar muito para o todo, que é o que importa na verdade”.

A afirmação de Mantellatto é comprovada pela pesquisa, que revelou que a maioria dos trabalhadores que operam os maquinários de ponta e receberam treinamento das empresas que venderam o equipamento, estavam insatisfeitos com os cursos recebidos. O nível de satisfação destes funcionários não atingiu 50% no Estado de Mato Grosso. Treinamentos não abordam total potencialidade de máquinas agrícolas A presença de inúmeras máquinas no campo, integradas a ferramentas capazes de suprir demandas locais nos canaviais mudou a forma como os trabalhadores realizam suas funções. Incumbidos de operar novas tecnologias, o desafio das equipes agrícolas é utilizar toda a potencialidade destas para obtenção de maior produtividade. A intensa mecanização obriga o aprimoramento profissional dos operadores. Responsáveis diretos por transformar o investimento tecnológico em ganhos de produtividade, estes trabalhadores necessitam de constante treinamento e entendimento total da máquina operada. “O setor sucroenergético vive uma fase em que a qualificação da mão de obra não é uma opção, mas sim uma obrigação, dado o avanço da mecanização das operações, exigindo um maior número de operadores. A questão da continuidade do treinamento recebido por estes deixa um pouco a desejar”, explica João Henrique Mantellatto Rosa, pesquisador do Pecege/USP. Beatriz Rossi Resende de Oliveira, diretora da Coerhência, explica que o setor sempre investiu na capacitação dos operadores destas máquinas, porém tais treinamentos não se preocupam em desenvolver todas as potencialidades dos alunos, reduzindo a aprendizagem. “Empresas do setor investem bastante em treinamentos para qualificação técnica. O que sempre faltou e nunca esteve encaixado na cultura do segmento foi investimento para melhorar a inteligência emocional, ou seja, parte comportamental e atitudinal dos colaboradores e líderes”. Tiago Mattosinho Correa, superintendente do Senai – MT, afirma que há uma possível mudança neste segmento de treinamentos. Como mediadores do retorno produtivo através do investimento tecnológico, operadores necessitam conhecer a tecnologia que manuseiam. “Os produtores estão mais conscientes sobre a capacitação. Este movimento promove melhorias no campo e também na vida dos funcionários, que têm a oportunidade de trabalhar com ferramentas e máquinas mais modernas e entender o propósito e potencial destas”.

João Henrique Mantellatto Rosa,

Tiago Mattosinho Correa,

pesquisador do Pecege

superintendente do Senai MT



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Capacitação tecnológica pode refletir na produtividade Como a maior parte dos manejos inseridos nos canaviais, a agricultura de precisão requer profissionais extremamente capacitados para entender as necessidades produtivas e buscar as soluções nas ferramentas disponíveis. Com déficit na formação, decorrente do corte de custo por empresas do setor, estão os operadores utilizando ao máximo a tecnologia agrícola? Especialistas afirmam que existe uma ponte entre a compreensão total dos equipamentos utilizados e os treinamentos aplicados, resultando em melhor produtividade. Com conhecimentos básicos destas ferramentas somente a eficiência dos processos agrícolas é atingida, como a colheita de um talhão em menor tempo. Porém a produtividade pode permanecer semelhante a um sistema sem inserção de tecnologias de agricultura de precisão. “As pessoas têm que entender que agricultura de precisão pode se limitar ao conhecimento básico”, reforça Tiago Mattosinho Correa, superintendente do Senai – MT. Segundo João Henrique Mantellatto Rosa, pesquisador do Pecege/USP, apenas a capacitação do profissional não pode ser responsável pela produtividade do canavial, porém esta integra uma importante cadeia de fatores no ambiente agrícola. “O sucesso de uma operação agrícola mecanizada é determinado por uma série de fatores, que envolvem aspectos da máquina em questão, das características agronômicas da cultura a que está se aplicando a mecanização e dos pontos de gestão envolvidos, no qual é inserida a aptidão do operador. A sinergia dos fatores é que direciona os benefícios da máquina no campo”. Para Carlos Barros, coordenador nacional do Grupo das Áreas de Tecnologia das Usinas de Açúcar, Etanol e Energia (Gatua), os treinamentos ofertados ajudam ao menos no entendimento básico, o que garante a otimização dos processos agrícolas. “Como o momento econômico é desfavorável, acredito que ao menos o amplo conhecimento na área garanta ao menos o uso adequado das máquinas”.

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Troca de informações é fundamental para a gestão de suprimentos Integração de diferentes áreas tem o objetivo de conseguir preços competitivos e atender demandas da produção e manutenção R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

O planejamento e a gestão eficaz na área de compras e suprimentos sempre foram importantes para a redução de custos e a otimização dos recursos. Com a crise setorial e a conjuntural – que não dão trégua –, o cuidado com todos os procedimentos e detalhes que envolvem a atividade tem se tornado essencial para a sobrevivência de usinas e destilarias. Para que tudo seja planejado e executado da melhor maneira possível, mesmo com as atuais turbulências no mercado, é importante que ocorra a integração entre as áreas de suprimentos, financeira e de produção. As informações fornecidas pelos setores agrícola e industrial são importantes para o planejamento da área de compras, o que inclui a programação da aquisição de produtos e serviços. O planejamento de outros setores, que precisam estar atentos a

Objetivo da integração é obter preços competitivos e condições satisfatórias de pagamento

prazo de entrega de materiais e de pagamentos, depende também das informações geradas pela área de suprimentos. O objetivo dessa integração é conseguir preços competitivos e condições satisfatórias de pagamento, além de atender às necessidades das áreas agrícola e industrial em relação à produção e manutenção. “Fazer o máximo com o mínimo” pode ser também uma boa diretriz, nesse

momento, para compras e suprimentos. Para colocar essa estratégia em prática, a gestão dos almoxarifados torna-se também peça fundamental nesse esforço conjunto de otimização. O recomendável é ter o menor estoque possível – observam especialistas da área –, sem que ocorram prejuízos ou interrupções nas operações de produção e manutenção. O enxugamento dos almoxarifados está obrigatoriamente associado a informações

precisas sobre atividades na agrícola e indústria, análise do giro dos produtos, avaliação do vencimento e da validade de diversos itens, confiabilidade dos estoques, entre outros fatores. A compatibilidade do controle contábil com os itens físicos existentes no almoxarifado é essencial para evitar determinados transtornos, como a possibilidade de desvio de material e dificuldades de planejamento em compras.


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Planejamento evita emergências e contratações de última hora Um dos principais benefícios do planejamento na área de suprimentos é evitar que as empresas fiquem dependentes de emergências. A aquisição de produtos e a contratação de serviços de última hora acabam exigindo maior disponibilidade de tempo e de recursos financeiros. Aumentam também, nestes casos, o risco de atrasos nas entregas e de prolongamento do tempo de paradas não programadas. As negociações antecipadas e a realização de contratos criam condições, na maioria das situações, para a obtenção de preços mais satisfatórios.

É preciso também avaliar a qualidade e a durabilidade de cada item adquirido para que o mais barato não se torne o mais oneroso Negociações antecipadas criam condições para a obtenção de preços satisfatórios

Em muitas ocasiões, o melhor negócio não é a aquisição do produto que apresenta menor valor – alertam gestores de compras e suprimentos. É preciso avaliar a qualidade e a durabilidade de cada item adquirido para que o mais barato não se torne o mais oneroso. A preocupação não deve ser a compra do produto com preço mais baixo, mas o que tenha a melhor relação custo-benefício. Esse

procedimento, apesar de básico, exige atenção redobrada nesse momento de crise – enfatizam profissionais da área –, pois muitas empresas, que estão com o caixa apertado, podem “cair na tentação” de fazer economia da forma errada. Outra medida que pode facilitar a gestão de suprimentos é a parceria com fornecedores

por meio da realização de contratos de longa duração. Além de favorecer o planejamento de custos, o relacionamento mais estável e duradouro cria condições para que os fornecedores de produtos e serviços tenham um maior comprometimento com a empresa. A formalização das aquisições via contratos é uma maneira de evitar surpresas

negativas para o bom andamento da produção. Além disso, define questões trabalhistas, ambientais, técnicas, entre outras, que devem ser atendidas pelo fornecedor. O contrato de longa duração é ainda uma maneira do fabricante ou do prestador de serviços planejar a realização de investimentos em sua infraestrutura. (RA)


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Inteligência vale muito e gera economia na hora de ir às compras Uma gestão mais estratégica dos sistemas de suprimentos depende também da utilização de recursos da “Inteligência em Compras”. Para isto, existe a necessidade de quebra de paradigmas em diversas unidades e grupos sucroenergéticos, que resistem à mudança de atitudes e de procedimentos. A consolidação da profissionalização nessa área – dizem especialistas – é uma questão de tempo. E também de sobrevivência. A “Inteligência em Compras” permite um aprofundamento do processo de gestão, criando condições, por exemplo, para o acompanhamento do mercado visando identificar as melhores oportunidades de negócio. As commodities requerem inclusive um monitoramento mais detalhado, pois os preços desses produtos estão sujeitos às regras de mercado. O objetivo das ações, subsidiadas pela “Inteligência em Compras”, é monitorar o ambiente externo, incluindo fornecedores, preços, tecnologias e desenvolvimento de novos produtos. (RA)

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Negociação de itens estratégicos pode reduzir custos para a empresa A categorização dos fornecedores, de acordo com a importância dos produtos para a atividade, continua sendo uma prática importante para a redução de custos a partir da gestão eficaz na área de compras. Nesse sistema, os produtos são divididos em críticos, estratégicos, simples aquisição e de livre concorrência. Essa classificação possibilita a adoção de medidas diferentes para cada situação. A negociação para a aquisição dos itens estratégicos – que apresentam custo elevado e são de extrema importância – pode representar economia significativa para a empresa, mesmo com a redução de pequeno percentual no valor do produto. Nessa categoria incluem-se equipamentos para o processo de produção agroindustrial, como tratores, plantadoras, colhedoras, caldeiras, moendas, entre outros.

Processo de compra de itens de simples aquisição, que apresentam preços mais baixos, deve ser simplificado Os produtos classificados como críticos, apesar de apresentarem baixo custo, são também fundamentais para as usinas e destilarias, como insumos industriais e fertilizantes. Na categoria dos produtos de livre concorrência estão inseridos os que apresentam alto risco e baixo custo, como material siderúrgico. Os itens de simples aquisição, de baixo custo e de baixo risco para a atividade, como parafusos, arruelas e material de

Insumos industriais e fertilizantes: classificados como críticos e fundamentais

escritório, demandam geralmente bastante tempo do comprador devido ao grande número de fornecedores e de produtos. Para a aquisição desses itens, recomenda-se a simplificação do processo de compra que pode ser feita por meio de ferramentas e sistemas eletrônicos. (RA)


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40 ANOS DE PROÁLCOOL! I SAC ALTENHOFEN, DE PIRACICABA, SP

Em lembrança dos 40 anos de implantação no Brasil do Proálcool – Programa Nacional do Álcool – professores e pesquisadores econômicos apresentaram, em 22 de junho último, discussões e dados referentes aos desafios enfrentados pelo etanol nos últimos anos. A efeméride foi contextualizada e utilizada para que se discutissem estratégias, conceitos, balanço de dados e alternativas para melhorar o desempenho do setor. Organizado por Carlos Eduardo de Freitas Vian e Eliana Tadeu Terci, o evento foi realizado na Esalq – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, e contou com um público sobretudo de estudantes de economia e profissionais ligados ao setor.

Estudos mostram crescimento, potencialidades, desafios e possibilidades de desenvolvimento de cidades e regiões que abrigam usinas O objetivo do evento foi o de gerar reflexão a respeito dos 40 anos da implantação do Proálcool no país, dos impactos de investimentos locais e nas regiões onde o Brasil cultiva a cana-de-açúcar e, por extensão, onde abriga ou pode receber usinas. Professores e pesquisadores econômicos apresentaram avaliações e resultados importantes para o setor sucroenergético. Por meio de estudos e dados econômicos foram lembrados os desafios que o setor tem enfrentado nestes últimos anos e as

possibilidades estratégicas para os que virão. Duas mesas de discussão foram montadas. A primeira foi coordenada por Eliana Tadeu Terci, responsável pelo Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Esalq e incluiu Sebastião Neto Ribeiro Guedes (Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara – FCLAR/Unesp), Gustavo Moraes (Pontifícia Universidade

Católica – PUC-RS), Márcia Azanha Dias de Moraes (Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Esalq) e Antonio César Ortega (Universidade Federal de Uberlândia – UFU). A segunda mesa foi coordenada por Gesmar Rosa dos Santos do Ipea — Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Contou com Pery Shikida (Universidade Estadual do

Oeste do Paraná – Unioeste), Luciano Rodrigues (União da Indústria de Cana-deAçúcar – Unica) e Mirian Rumenos Piedade Bacchi (Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Esalq). Os dois grupos abordaram em palestras o tema Agroindústria canavieira e impactos sobre o desenvolvimento local – estudos de casos e perspectivas.



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Usinas melhoraram as economias de suas regiões O lançamento do Proálcool em 1975, automaticamente, levou o setor sucroenergético à maior visibilidade nacional e a ser mais influente e percebido na economia nacional. Apenas essa constatação já é suficiente para comprovar que o programa fez um bem enorme a toda a cadeia. Embora se atribua ao petróleo boa parte das mazelas do setor de etanol brasileiro, a crise provocada em 1973 pelos xeiques da Opep – Organização dos Países Exportadores de Petróleo que não embarcaram seu ouro negro até conseguir um preço exorbitante despertou alguns países para a necessidade de criação de alternativas energéticas ao combustível fóssil. Era um tempo de crise mundial e o que aconteceu naquele momento no país poderia muito bem ser usado hoje como exemplo de sucesso em palestras motivacionais: literalmente, a crise transformou-se em uma grande oportunidade e o Brasil soube aproveitá-la. Menos de dois anos depois, em 1975, surgiu o Proálcool, a reboque de incentivos governamentais para implantação de unidades no Centro-Sul, especialmente. Quem tinha alguma terra, um mínimo de recurso guardado, disposição e coragem, agarrou a oferta e, no geral saiu-se muito bem. Famílias tradicionais do setor partiram para construir ou aparelhar suas destilarias em São Paulo, principalmente, e novos empreendedores também saíram à caça de lugares para instalar suas plantas, como João Nicolau Petroni, que foi abrir sua unidade, a Barralcool, naquele tempo, nos confins do Mato Grosso, em Barra do Bugres, hoje região próspera e conhecida. Desde então o setor começou a participar e participa do maior projeto mundial de energia alternativa ao uso de combustíveis fósseis e altamente poluentes, o petróleo. O etanol combustível, na época conhecido apenas como álcool, foi responsável por acelerar a produção de

Sebastião Neto: o Proálcool permitiu a expansão socioeconômica da cultura canavieira em todo o território

automóveis movidos a álcool, fazendo a economia do país e o próprio setor crescer significativamente. Por essa época surgiu o primeiro carro a álcool da era do Proálcool, o hatch Dodge Polara, o famoso Doginho. A produção de álcool no Brasil no período de 1975-76 foi de 600 milhões de litros; no período de 1979-80 saltou para 3,4 bilhões e na safra 1986-87 chegou ao auge daquele primeiro período, com 12,3 bilhões de litros. O Programa começou a ruir na medida em que o preço internacional do petróleo baixava, tornando o álcool combustível pouco vantajoso tanto para o consumidor quanto para o produtor. Para agravar o problema, em 1989 o preço do açúcar começou a aumentar no mercado internacional na mesma época

em que o preço do petróleo baixava, fazendo com que fosse mais vantajoso produzir açúcar no lugar do álcool. A opção pelo dinheiro da exportação de açúcar em detrimento do suprimento interno de álcool foi o estopim para a grande crise do álcool. Houve falta de álcool combustível nos postos, e isto levou a maior parte dos consumidores e das montadoras de automóveis a perder a confiança no setor e no programa como um todo. A procura por veículos a álcool minguou a ponto das montadoras desistirem de fabricar carros com estes motores. Mesmo com a retomada dos preços do petróleo no final da década de 1990, favorecendo o álcool e com a manutenção de incentivos fiscais dos carros movidos a esse

combustível, as vendas de carro a álcool não aumentaram significativamente. O setor só conseguiu reverter a crise de credibilidade quatro anos depois, e curiosamente, também em decorrência de uma, desta vez menor, crise mundial do petróleo. Em 2002 a crise impulsionou a fabricação de novos carros a álcool, dessa vez, com uma nova tecnologia de motores: os carros flexfuel, que surgiram em 2003, com o Gol Total Flex, da Volkswagen, na dianteira. Estes novos motores garantiram aos consumidores não ficar na mão na eventual falta de um dos combustíveis, gasolina ou etanol. A chegada desta nova tecnologia mudou paradigmas, ao ponto da nomenclatura álcool ser mudada para etanol. (IA)



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Agroindústria da cana trouxe desenvolvimento ao interior do país A partir desse cenário constata-se a importância da agroindústria canavieira no desenvolvimento do interior do país. Os empresários envolvidos foram como que bandeirantes modernos. Também pode ser equiparado a um Projeto Rondon moderno, uma vez que suas ações trouxeram desenvolvimento e integração ao interior do país. O professor Sebastião Neto Ribeiro Guedes da Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara Unesp (FCLAR) apresentou como exemplo no seminário, em Piracicaba, três casos de desenvolvimento de municípios paulistas associados à chegada de usinas na localidade. Palestina, José Bonifácio e Castilho. Ele apontou impactos e efeitos socioeconômicos que a presença das usinas sucroenergéticas exerceram nessas cidades entre os anos 2000 a 2010. — A crítica feroz aos impactos econômicos, sociais e ambientais que as usinas causariam sobre a sociedade em geral, em especial nas cidades e nos entornos das instalações mudou. O Proálcool, nos anos 70 permitiu a expansão socioeconômica da cultura canavieira em todo o território nacional. Alguns fatores foram responsáveis por essas mudanças. A mecanização da colheita da cana, por exemplo, impactou a produtividade da terra e do trabalho, observa

Gustavo Moraes: municípios que abrigam usinas possuem melhores condições de vida

Ribeiro Guedes. Embora esteja causando a redução da quantidade de empregos, tem levado unidades a investir em capacitação técnica e forçado os trabalhadores a estudar e a investir no aprimoramento da carreira. Muitos antigos cortadores de cana das usinas hoje são operadores de máquinas ou trabalham em outras áreas menos insalubres. Um impacto positivo para o país foi a expansão da cana em todo território nacional. Estados, como: Paraná, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, são exemplos

dessa dispersão fundiária. A formação de grupos econômicos nacionais e internacionais diversificados e com tipos modernos de governança mudou radicalmente o modo de como os profissionais da agroindústria canavieira são vistos. Até a década de 1970/80 não era incomum a escravidão e o trabalho infantil nessa atividade. Hoje, tem-se criado medidas de incentivo de especialização ao colaborador e de oportunidades de estudo a seus filhos. O

resultado é o desenvolvimento das usinas nas cidades que abrigam as unidades. As três cidades apontadas pelo professor Sebastião Neto Ribeiro Guedes demonstram, de modo geral, a importância que uma usina canavieira tem para a sua região. O objetivo do estudo foi comparar um conjunto de indicadores no período anterior e posterior à instalação da usina. Os três municípios têm menos de 50 mil habitantes. A quantidade de bolsas-família, o PIB per capita e o IDH da cidade foram fatores sociais observados que revelaram as mudanças. As usinas observadas oferecem projetos sociais de amparo à população carente e à integração de jovens da região. Houve crescimento no número de trabalhos formais e informais nessas regiões. A qualidade de vida e, consequentemente o senso de dignidade, aumentaram. Houve crescimento no interesse pelos estudos entre os colaboradores. O Professor Gustavo Moraes da PUCRS, desenvolveu um indicador parecido com o conhecido IDH para identificar os benefícios e problemas advindos de uma unidade sucroenergética em qualquer região e mostrar eventuais diferenças entre municípios agrocanavieiros e não ligados ao setor. De acordo com ele, os municípios que abrigam usinas sucroenergéticas possuem melhores condições de vida no contexto do estado de São Paulo, do que aqueles municípios que não participam. (IA)



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SETOR EM DESTAQUE

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Estudo aponta impactos socioeconômicos do setor desde o Proálcool

Márcia Azanha: regiões canavieiras recebem inúmeros benefícios sociais e econômicos

A pesquisadora do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Esalq, Márcia Azanha Dias de Moraes, apresentou os principais impactos socioeconômicos que o setor teve nos últimos anos desde a origem do Proálcool. Um item significativo do estudo elaborado por Márcia Azanha é que o setor é grande gerador de empregos. “São mais de 1 milhão de empregos formais contratados com todos os direitos decorrentes da legislação trabalhista”, observa. E apenas as usinas em todo o Brasil contam com mais de 500 mil trabalhadores. Na produção de álcool estão envolvidos mais de 200 mil trabalhadores. “Observa-se um crescimento bastante significativo ano após ano, mesmo em tempos de crise”, destaca. Segundo informa Márcia, a cana-deaçúcar representa 20% dos 2,5 milhões dos empregos agrícolas. E, diferentemente das outras atividades agrícolas e agropecuárias, o nível de formalização é grande na cana, 80% possuem emprego formal contra menos de 40% da agricultura como um todo. “No estado de São Paulo, o índice de trabalho legalizado chega a mais de 90%”.

De um modo geral, o setor cria novas possibilidades de desenvolvimento para áreas rurais, observa Azanha. Além da geração de empregos, o estímulo a comércio e serviços locais, urbanização, impactos sobre a renda e expansão populacional e crescimento da arrecadação municipal, são fenômenos positivos nas regiões canavieiras. A exemplo de Sebastião Neto Ribeiro Guedes, a pesquisadora Márcia Azanha apontou dois casos de cidades entre as muito beneficiadas pelo setor: Nova Alvorada do Sul e Rio Brilhante, ambos no Mato Grosso do Sul. Ela apresentou informações de como eram suas regiões antes e depois da chegada de usinas. Os resultados do estudo foram favoráveis. As chegadas das usinas trouxeram vários impactos positivos nos dois casos. As companhias canavieiras favoreceram o surgimento de serviços e atividades relacionadas à própria usina como também ao longo da cadeia produtiva. Como exemplo mostrou que fornecedores de cana locais enriqueceram e engenheiros obtiveram grande espaço na construção civil das cidades e no fornecimento de máquinas para as usinas. Os impactos sobre a renda e mercado local são crescentes nestas regiões, com aumento relevante do PIB, concluiu a pesquisadora. (IA)

O que deve ser discutido é o estímulo da oferta do etanol O gerente de economia e análise setorial da Esalq, Luciano Rodrigues, mostrou em estudo, como ao longo destes 40 anos de Proálcool as políticas dos combustíveis para a gasolina e o etanol se relacionam. Ele identificou também os desafios que as companhias sucroenergéticas terão daqui em diante. De acordo com o pesquisador há dois elementos principais que fazem os combustíveis, sejam fósseis ou e renováveis, competirem entre si: garantia de suprimento e preços acessíveis. É visto, em ambos, uma série de políticas públicas de regulamentação, pautadas para o atendimento desses dois itens. Ele também observou que, por serem estratégicos em termos até de segurança nacional, a própria condução do mercado é criteriosa. Países como os EUA, por exemplo, mantêm estoques de segurança de petróleo para, em caso de guerra por exemplo, garantirem o suprimento. Assim, se pensarmos como o Proálcool foi concebido, deve-se levar em conta mais a questão estratégica do que efetivamente o viés associado à inflação. — Atualmente não há previsão de que novas usinas sucroenergéticas sejam instaladas no País nos próximos quatro ou cinco anos — acredita Luciano Rodrigues. “No ano passado foram fechadas oitenta companhias, e estão previstas que no mínimo

Luciano Rodrigues: regulamentação de mercado para veículos leves é tema de estudo

outras dez, este ano, fechem as portas”. Luciano acredita na retomada ao setor. “O que deve ser discutido é o estímulo da

oferta do etanol”. Investir em logística de exportação do biocombustível é fundamental, em sua opinião. “O etanol é bem visto no

exterior, pelo aspecto ambiental. O país precisa entrar por esta janela de oportunidade”. (IA)



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SETOR EM DESTAQUE

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Etanol brasileiro é bem visto no exterior Por meio da cultura canavieira em boa parte do território nacional tem-se a partir da cana, produtos de segurança tanto na área energética (o etanol) como na área alimentar (o açúcar). Por isso a cana-de-açúcar e suas commodities são de grande importância para o Brasil, especialmente o etanol no ponto de vista socioeconômico, que é importante fator de segurança para a economia brasileira, observa o pesquisador Pery Shikida, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste. — O biocombustível brasileiro é assunto relevante no mercado internacional, sobretudo nos EUA. Lá eles valorizam mais a segurança militar, ao passo que nós a energética. Pery observa que o Brasil, devido ao tamanho geográfico e às ótimas condições climáticas, é um dos únicos países a conseguir colher duas safras de cana por ano, uma no Sudeste do País e outra no Nordeste e isto colabora muito com a economia do setor. “O setor sucroenergético do Brasil hoje possui PIB semelhante ao do Uruguai, que é próximo dos US$ 43 bilhões”, lembra o pesquisador. Infelizmente, o setor carece de políticas de melhor incentivo, especialmente em Pesquisa e Desenvolvimento, aponta Pery. Ele observa que a cana de três dígitos — com produtividade igual ou semelhante a 100 toneladas por hectare — tem que chegar. “Se não chegar, a situação fica complicada”. E afirma: “Caso tivéssemos cana de três dígitos hoje, com certeza a situação seria bem mais tranquila do que está atualmente porque alta produtividade do canavial é sinônimo de dinheiro em caixa para as usinas”. (IA)

Pery Shikida: o biocombustível brasileiro é assunto relevante no mercado internacional

Setor quer políticas públicas transparentes e de longo prazo

Mirian Rumenos: Essa é a melhor alternativa, mas os profissionais do setor hoje não estão tão voltados para aspectos ambientais que o etanol oferece.

Estudo sugere que o etanol é mesmo combustível ‘completão’ Desde o início do Proálcool e por muito tempo o governo regulava os preços dos combustíveis, sobretudo o etanol. Os valores eram regulados conforme as planilhas de produção. Esses dados geravam remuneração diferenciada para usinas mais eficientes. Assim, a economia do setor sucroenergético era protegida e de certa forma controlada, o que fazia aumentar a produtividade. Mirian Rumenos Piedade Bacchi, pesquisadora do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Esalq, indica que na década de 70 – época do surgimento do Proálcool – o país produzia em média quatro mil litros por hectare de etanol. De maio de 2000 até a última safra de 2014/15 tem sido comum uma escassez de oferta de etanol na entressafra. Entretanto, tem-se hoje um movimento sazonal

maior do que o país tinha antes e isto é bom para os planejamentos de usinas em termos de crescimento, e também para o consumidor, em termos de orçamento de custos mensais. Colocar o etanol num patamar de combustível “completão”, como o setor tenta fazer de dois anos para cá é a melhor alternativa, na opinião da pesquisadora. Mas os empresários do setor partem para a competição pura e simples com a gasolina e parecem ignorar o valor de se investir em marketing que valorize aspectos ambientais do etanol. E nisto, perdem. É fundamental que o setor invista pesado em campanhas publicitárias e de esclarecimento público que levem o consumidor a preferir o etanol na bomba, mesmo pagando um pouco mais caro, se for o caso, porque ele estaria comprando um mundo ambientalmente melhor, sugere Mirian. (IA)

O JornalCana entrevistou Adriano Pires, do CBIE (Centro Brasileiro de Infra-estrutura), que tem se especializado em setor sucroenergético. Ele entende que o Proálcool trouxe inúmeros benefícios econômicos para o país em todas as localidades. “Porém, políticas equivocadas do governo vigente, especialmente nos últimos cinco anos, atrasaram o desenvolvimento do setor”, observa. Pires não acha que seja necessário uma espécie de segundo Proálcool no País. "O que precisamos é de políticas públicas transparentes e de longo prazo que estimulem o setor, tornando as decisões mais claras e o combustível mais atraente ao consumidor", sugere. (IA)

Adriano Pires: cinco anos de políticas equivocadas do governo



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SETOR EM DESTAQUE

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OS GRANDES NOMES DO PROÁLCOOL Lamartine Navarro Júnior, Cícero Junqueira Franco e Maurílio Biagi

Os engenheiros Lamartine Navarro Júnior e Cícero Junqueira Franco são considerados "os pais do Proálcool", junto com o empresário Maurílio Biagi. O programa de incentivos para o desenvolvimento de motores a álcool foi encampado pelo físico José Walter Bautista Vidal e pelo engenheiro Urbano Ernesto Stumpf, este último conhecido como o pai do motor a álcool. Lamartine possuía notável visão

Lamartine

Cícero

Maurílio

Navarro Junior

Junqueira Franco

Biagi

estratégica. Com sua experiência empreendedora, comercial e boa liderança foi o primeiro a assinar a “certidão de batismo” do Proálcool. Assim, Navarro honrava o legado da família. Seu trisavô, o Barão de Cabo Verde, que no início do século XIX possuíra um engenho de açúcar em Cabo Verde, MG. A principal proposta do seu projeto era simples: fazer do Brasil um país autossuficiente em energia limpa, a fim de tornar-se uma referência para o mundo. No ano que o Proálcool foi criado Lamartine fundou na fazenda Teodoro Sampaio, em

Paranapanema, SP, a Destilaria Alcídia. Ela foi a primeira usina implantada no Programa Nacional do Álcool e Navarro a presidiu até 2001, ano de seu falecimento. Outro visionário da época do surgimento do Proálcool foi Cícero Junqueira Franco. Ele pode ser considerado também o pai da cogeração de energia elétrica no Brasil. Além de um dos idealizadores do Proálcool — teve a honra de testar o primeiro carro movido a etanol do Proálcool. Foi incentivador do aproveitamento da biomassa da cana para cogerar energia elétrica. Ainda vivo, deseja trabalhar para o

setor até o fim de sua vida e sonha em ver um dia o etanol se tornar o principal combustível do mundo. Maurílio Biagi foi o principal empresário empreendedor da época de ouro do Próálcool. Quando os militares desenvolveram o Proálcool para enfrentar o primeiro choque do petróleo, Biagi investiu ainda mais no setor. Não era um simples usineiro. Foi também um industrial inovador. Criou empresas de base como a Zanini e a Sermatec, que construíram e forneceram equipamentos para várias usinas que existem hoje no Brasil. (IA)

O Dodge Polara de José Walter Bautista Vidal e Ernesto Stumpf Os engenheiros brasileiros José Walter Bautista Vidal, e Urbano Ernesto Stumpf são considerados os idealizadores do motor a álcool. Em 1973 era sentida a primeira crise do petróleo no Brasil. O Centro Técnico Aeroespacial (CTA) de São José dos Campos, SP, ligado do governo brasileiro, incumbiu Urbano Stumpf de realizar estudos técnicos sobre o etanol. Urbano experimentou o biocombustível em diversos motores e já em 1975 apresentou o resultado dos seus estudos a Ernesto Geisel, então

Presidente da República. Esse fato contribuiu grandemente para que o governo criasse o programa de substituição de combustíveis derivados de petróleo por álcool. Naquele mesmo ano, começou a circular o primeiro veículo movido a álcool, o Dodge Polara, inaugurando assim o Proálcool no Brasil. José Walter Bautista Vidal foi responsável pela implantação de 30 instituições de pesquisas e centros tecnológicos, no Brasil e participou ativamente do Programa Nacional do Álcool. (IA)

Dodge Polara, o Polarinha, o primeiro carro a álcool foi fabricado a partir de 1973 pela Chrysler



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GIRO DO SETOR

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Cinturão canavieiro de Fiji Índia discute medidas para quer modernizar produção aquecimento da economia canavieira Considerado o cinturão canavieiro de Fiji, Nadroga repensa as tecnologias aplicadas em seus campos a fim de aperfeiçoar a produção da cultura na ilha. A atualização de fornecedores e proprietários de terras já acontece na região. O objetivo é levar atualização aos agentes responsáveis pela produção da matéria-prima da indústria sucroenergética. A atividade, carente de atualizações tecnológicas, necessita de novo planejamento para continuar a entregar para a indústria um produto sustentável e rentável. O objetivo desta discussão é promover a sustentabilidade dos canaviais de Fiji sem esquecer a relevância de máquinas e tecnologias para impulsionar o binômio

Manutenção pode atrasar safra 2015/16 em Cuba A província cubana de Villa Clara enfrenta um desafio para iniciar a safra 2015/16 conforme planejado. Tradicionalmente canavieira, a região abriga dez usinas de cana-de-açúcar, que enfrentam sérios problemas de manutenção agrícola e industrial, fatores que podem prejudicar o andamento da moagem. Profissionais do setor afirmam que há carência de profissionais de manutenção na região. Por esta razão usinas esperam por longos períodos para solucionar desde problemas graves até pequenos reparos. A cadeia sucroenergética em Cuba movimenta esforços para mitigar esta carência e prepara treinamentos e workshops para profissionais da área.

O segundo maior produtor de açúcar, a Índia, vive dificuldades em toda a cadeia sucroenergética. Pressionados pela baixa remuneração que a atividade tem ofertado, usinas e fornecedores estão com dificuldades para manter a produção. Ciente desta dificuldade, o governo local reuniu seus ministros para debater soluções de curto prazo para estimular a economia canavieira. Na pauta foram discutidos o aumento da participação do etanol na mistura com a gasolina e a maior exportação de açúcar.

AÇÚCAR

sustentabilidade e produtividade. Segundo especialistas, a produção de cana-de-açúcar na ilha necessita de investimentos em mecanização, para trazer aos trabalhadores melhores condições e à indústria, menores custos.

Irã importou 150 mil toneladas de açúcar brasileiro Autoridades ligadas ao Ministério da Agricultura do Irã confirmaram a compra de 150 mil toneladas de açúcar brasileiro. A carga, negociada antes da finalização do acordo nuclear, ainda não chegou ao destino final. E será direcionada às refinarias iranianas para refino do produto e posterior abastecimento do país. Com consumo anual próximo a 2,5 milhões de toneladas, as importações da commodity no Irã representam 50% do consumo doméstico.

Com demanda interna desaquecida, o governo indiano planeja aumentar o volume da commodity exportado para agilizar a entrada de capital no segmento. Nesta safra o país deverá produzir aproximadamente 28,3 milhões de toneladas do produto, aumento expressivo em relação às 24,3 toneladas da safra anterior. Atualmente as usinas não conseguem pagar seus fornecedores de cana-de-açúcar em razão dos baixos preços internacionais da commodity. Somado a isto, o país vive

um período com elevado estoque de açúcar, que pressiona os preços locais. Atualmente a Índia possui 10 milhões de toneladas estocadas. O custo de produção do quilo do açúcar no país é de US$ 0,47, enquanto o preço de venda doméstica atinge os US$ 0,3. Em junho deste ano o governo indiano liberou um pacote de US$ 93 milhões para ser utilizado no quitamento destas dívidas.

ETANOL O governo local vê a produção de etanol como uma saída para diminuir a elevada produção de açúcar e alternativa para diversificação da produção e renda. A produção indiana do biocombustível é de 1,15 milhão de litros. O governo planeja aumentar este número para 2,3 milhões de litros e assim reduzir de 3 a 4 milhões de toneladas a produção de açúcar. Como aconteceu no Brasil, o aumento da mistura do etanol na gasolina favoreceu a produção do biocombustível e reduziu a dependência pela gasolina importada. Com esta mesma estratégia, ministros indianos articulam com o governo local, o aumento da mistura de 5 para 10%.



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MERCADO

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Venda direta de etanol gera polêmica no setor Investimento em distribuidora de combustíveis pode se tornar atividade interessante para usinas que buscam a diversificação dos negócios R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

A venda direta de etanol para os postos de combustíveis é um assunto que gera polêmica e ainda está longe de ter uma unanimidade no setor sucroenergético. Posições divergentes sobre o tema avaliam se essa medida que ainda depende de autorização e mudanças na legislação – pode ser um bom negócio para aumentar a rentabilidade de usinas e destilarias. Para o presidente do Fórum Nacional Sucroenergético, André Luiz Baptista Lins Rocha, essa questão não é tão simples e precisa ser melhor discutida. “Sem conhecer esse mercado, fica difícil saber se a venda direta é vantajosa ou se essa atividade não compensa”, observa. O diretor comercial da Usina Alta Mogiana, de São Joaquim da Barra, SP, Luiz Gustavo Junqueira Figueiredo, não

acredita que uma eventual autorização para venda direta traria grandes benefícios para usinas e consumidores devido aos obstáculos existentes para a comercialização do etanol nessa modalidade. Segundo ele, a inclusão do business de distribuição de combustíveis no portfólio de grupos e unidades sucroenergéticas, que buscam a diversificação dos seus negócios, pode ser uma atividade interessante e atraente, a partir do momento em que as usinas e destilarias apresentarem uma situação financeira mais favorável. “A venda direta deve ocorrer. Porém, de maneira alternativa”, afirma Renato Augusto Pontes Cunha, presidente do Sindaçúcar – Sindicato na Indústria do Açúcar no Estado de Pernambuco. Na opinião dele, o proprietário do posto deve ter a “prerrogativa” de fazer a opção. “Ele poderá adquirir o produto na modalidade atual e também por meio do sistema de venda direta”, opina. O presidente do Sindaçúcar observa que as usinas não querem ocupar o espaço das distribuidoras. “Não somos contra a atuação dessas empresas. O papel do ‘downstream’ é importante. Em alguns locais, no entanto, é preciso que o país economize e não desperdice transporte, diesel. Existe a necessidade de maior eficiência e produtividade na distribuição”, comenta.

André Luiz Baptista Lins Rocha: questão não é tão simples e precisa ser melhor discutida


MERCADO

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Medida evita passeios desnecessários do produto Tour do etanol aumenta, de maneira desnecessária, o consumo de óleo diesel, pois os caminhões transportadores geralmente utilizam este tipo de combustível É importante que o canal de distribuição seja mais flexível, principalmente quando a distância entre usinas e postos for curta, afirma Renato Cunha, do Sindaçúcar. “Isto evita os passeios desnecessários do etanol. Não faz sentido uma usina, perto de postos de combustíveis, ter que enviar o produto para uma base de distribuição distante. E essa base enviar o etanol de volta para um posto perto da usina”, detalha. Esse “tour” do etanol aumenta, de maneira desnecessária, o consumo de óleo diesel, pois os caminhões transportadores geralmente utilizam este tipo de combustível – constata. A logística disponível deve ser considerada na comercialização de etanol – observa o presidente do Sindaçúcar –, por isso é importante contar com as duas alternativas de distribuição.

Na opinião de Renato Cunha, as mudanças necessárias para a viabilização da venda direta de etanol são pequenas. De acordo com ele, a fidelização dos postos não deve ser imposta por resoluções da ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. “Isto prejudica o

livre mercado e a concorrência saudável”, opina. A quantidade de postos bandeira branca é menor. É importante que todos os postos possam comprar de quaisquer distribuidoras, como sempre ocorreu no passado – afirma. (RA)

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Distribuidoras apresentam resultados bastante positivos Não faz mais sentido ter um setor de produção, sem margem de remuneração, com grandes dificuldades, e ao mesmo tempo contar com um segmento de distribuição com grandes empresas obtendo resultados muito positivos, compara o presidente do Sindaçúcar. “Essa crise não passa pelas distribuidoras, só atinge o produtor”, diz. Segundo Renato Cunha, o produtor precisa sobreviver. No momento e da forma em que a distribuição está concebida somente as distribuidoras estão conseguindo margens, fazendo balanços positivos, enquanto o produtor tem fechado as portas – ressalta. “Temos o direito de participar dessa verticalização. Queremos a alternativa e a chance de vendermos diretamente para o posto. Com essa medida, o produtor e o fornecedor de cana – que recebe pelo Consecana – poderiam ter melhor remuneração”, afirma.


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MERCADO

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Direito de comercialização no varejo não pode ser cerceado Uma maior criatividade na distribuição criará condições para a ampliação dos ganhos das usinas “O açúcar é vendido nas gôndolas dos supermercados. No passado, há trinta anos, esse produto era comercializado apenas no atacado. Hoje se vende no varejo, com empacotamento diferente. Houve uma melhoria na rentabilidade da distribuição do açúcar”, relata Renato Cunha. No mercado de outras commodities e do açúcar, é possível vender por meio de atacadista ou diretamente no varejo – constata. De acordo com ele, esse direito não pode ser cerceado na comercialização de etanol. “O papel do distribuidor é importantíssimo. Ninguém vai ferir esse papel. É preciso conciliar”, diz. O presidente do Sindaçúcar observa que o produtor perdeu o controle total da comercialização de etanol nas bombas. “Se houver promoção, ou ocorrer outra iniciativa, o produtor não tem participação no canal final. É preciso que esse mercado seja ampliado para as usinas que tenham condições e boa logística”, ressalta. A ANP sempre sinaliza que está estudando essa questão – informa. “Mas, a gente sente que as coisas estão muitas lentas. Parece que só há preocupação com o

abastecimento, o que inclui os números da produção. Quem vai viabilizar o abastecimento é o produtor. E ele precisa ter competitividade. Mas, não tem uma remuneração que cubra os seus custos”, avalia. As unidades sucroenergéticas precisam de programas de produção, não apenas de programas de consumo que são voltados para

a ponta do abastecimento. “É necessário que haja uma revisão nas políticas públicas de produção”, argumenta Renato Cunha, que é também vice-presidente do Fórum Nacional Sucroenergético. Uma maior criatividade na distribuição, além de permitir o convívio harmônico e alternativo das duas formas, criará também

condições para ampliação dos ganhos das usinas. “O assunto deve ser encarado sem preconceito para que o consumidor ganhe, o produtor continue a existir, a distribuidora tenha seus lucros e o proprietário de posto possa fazer a sua opção para que tenha flexibilidade na compra”, resume. (RA)


MERCADO

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Avaliação detalhada pode demonstrar se atividade é vantajosa Viabilização da medida exige mudança na regra de fidelidade das bandeiras e modificação na legislação sobre tributação de ICMS Uma avaliação detalhada do mercado de distribuição de combustíveis vai demonstrar se a venda direta é vantajosa, observa André Rocha, presidente do Fórum Nacional Sucroenergético. Ele diz que essa questão não é tão simples e por isso não tem uma posição definida sobre o assunto. É necessário conhecer diversos fatores que interferem nesse mercado para saber se a venda direta é plausível – diz. A viabilização dessa modalidade de distribuição pode exigir também diversas mudanças. “Há a questão da fidelidade das bandeiras, ou seja, dos postos de bandeira que compram somente das distribuidoras da mesma bandeira. É preciso ver com a ANP a possibilidade de mudança dessa regra. Caso isto não seja possível, vai sobrar um mercado pequeno. Será que valerá a pena?” – questiona. Outro aspecto a ser levado em conta é o fato de que o mesmo caminhão da usina não pode deixar o etanol em três ou quatro postos. “Tem que ser no mesmo local”, diz.

Atualmente, o mesmo caminhão da usina não pode deixar o etanol em três ou quatro postos

Haverá necessidade de modificar a legislação sobre a tributação, que hoje é dividida entre usinas e distribuidoras. “Quem vai fazer o recolhimento do ICMS? Existem outros aspectos que precisam ser considerados: a estrutura necessária para a distribuição, o crédito de quem vai comprar, a localização da usina”, detalha.

De acordo com ele, cada estado pode fazer a discussão sobre a viabilidade da venda direta com o sindicato dos produtores e dos revendedores. Se for adotada, essa modalidade de distribuição pode ser tratada como facultativa, sugere André Rocha, que é também presidente do Sifaeg – Sindicato da Indústria de

Fabricação de Etanol do Estado de Goiás. “Existe também a possibilidade de grandes grupos realizarem a compra direta nas usinas. Algumas unidades sucroenergéticas podem querer também realizar a venda diretamente para algum grupo de varejo. Há muita coisa para ser discutida”, observa. (RA)


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MERCADO

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Investimento em distribuidora pode ser uma boa alternativativas para as usinas A venda direta de etanol é uma situação complexa, porque há vários interessados na cadeia, inclusive os próprios governos estaduais e o federal, que não querem perder receita, observa Luiz Gustavo Junqueira Figueiredo, diretor comercial da Usina Alta Mogiana. Poderia haver um problema de evasão em algumas situações, envolvendo usinas mais fragilizadas – exemplifica.

Venda direta de etanol não traria benefícios significativos para consumidores e unidades sucroenergéticas, opina diretor comercial de usina Luiz Gustavo Junqueira Figueiredo, da Usina Alta Mogiana: vários interessados na cadeia

Segundo ele, a margem obtida na comercialização de etanol por parte das distribuidoras não é tão grande como se imagina, por isto a venda direta não traria benefícios significativos ao consumidor e às usinas. Existe ainda a questão do risco de crédito relacionado ao pagamento de etanol por parte dos postos. Ele também considera que a questão da fidelização das bandeiras é outro obstáculo.

Para Luiz Figueiredo, uma boa alternativa para as unidades sucroenergéticas ampliarem os seus ganhos é o investimento em distribuidoras. “No momento em que as usinas estiverem numa situação financeira melhor, elas podem – juntas ou isoladamente – buscarem uma diversificação que inclua o business de distribuição de combustíveis no portfólio de seus negócios”, afirma. Este cenário das usinas interessadas, em

algum momento, por ativos de distribuição é mais provável do que a alternativa de venda direta – avalia. Ele cita a Raízen, que investiu em distribuidora, como um bom exemplo de atuação nessa área. “Se o setor de distribuição de combustíveis se tornar muito rentável, vai atrair novos entrantes. Entre esses investidores, as usinas seriam ótimas candidatas”, afirma. (RA)

Produto apresenta baixa competitividade em Brasília A venda direta, o investimento em distribuidoras ou mesmo a utilização de outras modalidades de distribuição e comercialização podem criar alternativas para a venda do produto em mercados regionais onde o etanol apresenta baixa competitividade. Em Brasília, por exemplo, esse biocombustível chega a ter um preço, nos postos, de R$ 0,80 por litro superior ao de Rio Verde, GO, que compra o produto pelo mesmo valor do Distrito Federal, revela André Rocha, presidente do Fórum Nacional Sucroenergético. O mercado bastante concentrado, o custo da mão-de-obra e de imóveis, a alíquota de ICMS interferem parcialmente no preço do litro do etanol em Brasília – explica. “As distribuidoras costumam, no entanto, vender o produto por um preço mais elevado para os postos”, comenta. A mudança no índice de ICMS, que deverá ser reduzida de 25% para 19%, poderá aumentar a competitividade do produto na capital federal, observa André Rocha. A melhoria da paridade do preço do etanol, que chega a ficar em 80% do valor do litro da gasolina, é importante, pois “Brasília não deixa de ser uma vitrine para o produto” – destaca. (RA)


POLÍTICA SETORIAL

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Sete perguntas para Renato Cunha ISAC ALTENHOFEN, DE VALINHOS, SP

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O setor nordestino e pernambucano como um todo sofre mais os efeitos da crise que o Sudeste e Centro-Oeste atravessam? Por quê? Existem duas agendas, a nacional e a local. A primeira e acarreta adversidades para todos, uma vez que estão nos submetendo ao atrelamento a preços irreais, artificialmente contidos da gasolina, com uma política imprevisível para a precificação. A local é muito dependente de clima, da hora de chover, com os atrasos comprometendo o desenvolvimento do potencial agrícola. Isso ocorre com frequência no Nordeste. Além disso, temos questões regionais de topografia. As regiões produtores de cana no Nordeste apresentam topografia acidentada e isso se reflete num custo de mão de obra mais elevado. No Centro-oeste e Sudeste, os canaviais estão em regiões planas, o que permite a mecanização. Nesse contexto, é uma distorção o governo federal pouco valorizar quem gera mais empregos. Todo o esforço do setor em prover emprego agrícola – até com melhores condições do que os empregos gerados nos centros urbanos – não tem reconhecimento pelo poder público federal. Não existe, por exemplo, política pública para a compra de equipamentos individuais de proteção; os EPIs. Em resumo, se criam muitos custos e zero de reconhecimento, estímulo e cooperação. Como o setor nordestino vai enfrentar esta próxima safra? A agricultura no Nordeste segue o Brasil. Canaviais idosos, produtividade aquém do potencial e descapitalização. O setor foi submetido a uma catástrofe em seus preços de venda. Os fornecedores de cana foram ainda mais afetados neste último ano? Se não há parceria federal, a espiral é descendente para todos os elos da cadeia sucroenergética. O senhor ainda tem esperanças de que este governo venha a ajudar efetivamente o setor sucroenergético nordestino? Nós que empreendemos com tantas adversidades na nossa região sempre acreditamos em luz no fim do túnel. A nossa resiliência não se aprende na academia, no ambiente acadêmico. É fruto, sobretudo da convivência com nosso ambiente de produção. Somos resistentes e extremamente determinados, mas as sequelas serão graves.

Renato Cunha é presidente do Sindaçucar-PE

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E de medidas que venham a ajudar o setor sucroenergético brasileiro como um todo? A Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, a Cide, sobre a gasolina, como instrumento regulador, onerando quem não acarreta bônus ao meio ambiente, é a saída para uma política mais equilibrada. Que outras medidas são necessárias para o setor? Os produtores de etanol transferem, por imposição do modelo vigente, muita renda para as distribuidoras. A Agência Nacional do Petróleo, a ANP, deveria criar um modelo com mais equidade para os elos da cadeia. Mas teria que criar uma agenda propositiva de revisão do modelo de distribuição atual e para isso teria que ter coragem para desagradar e reparar equívocos. Qual sua maior esperança hoje relacionada ao setor nordestino? Não depender em nada do governo federal, o que é utópico. É preciso um modelo que eleve a produção horizontalmente e verticalmente a fim de não ficarmos condenados a complementar o abastecimento do mercado interno com outros produtos de fora.


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PRODUÇÃO

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O Espírito Santo está cheio de problemas! D ELCY MAC CRUZ, DE R IBEIRÃO PRETO

O Espírito Santo estaria com problemas? A Terceira Pessoa da Trindade jamais, mas o estado brasileiro que lhe tomou de empréstimo o nome, sem dúvida. A safra capixaba 2015/16 está marcada por problemas climáticos e de preços baixos ao produtor, mesmo com aumento no consumo de etanol hidratado. Os reflexos negativos decorrentes da crise econômica do país afetam e muito o estado do Espírito Santo. Tradicional polo sucroenergético, com unidades antigas, como a Paineiras, em atividade desde 1912, se pudesse, o setor capixaba cancelaria a safra 2015/16 tal o número de problemas. Na região, definitivamente, esta é uma safra para esquecer. O Espírito Santo, assim como outros estados canavieiros do país, viveu o auge do etanol no começo da segunda metade da década de 90. Foi quando o grupo Infinity Bio-Energy chegou ao Estado e adquiriu, em 2006, duas unidades sucroenergéticas, a Disa e a Cridasa. A euforia, como se sabe, durou pouco e o setor sucroenergético mergulhou em um pesadelo ainda hoje presente. A Infinity BioEnergy entrou com pedido de recuperação judicial em 2009. Ademais, as condições climáticas foram contrárias à cana-de-açúcar em 2013 e 2014, especialmente na região Sul

Safra capixaba 2015/16 está marcada por problemas climáticos e de preços baixos ao produtor

do estado, onde fica a unidade Paineiras, instalada no município de Itapemirim. Como saldo da estiagem desértica, a Paineiras encerrou a safra já neste mês de agosto, com incompletos quatro meses de moagem. “Vamos chegar, no máximo, a moer 300 mil toneladas de cana”, disse o diretor de Negócios da empresa, Antonio

Carlos de Freitas. O montante equivale a 25% da capacidade instalada de moagem, que é de 1,2 milhão de toneladas. Na temporada anterior, a Paineiras moeu 780 mil toneladas. “Estamos operando com 75% de capacidade ociosa”, lamenta o executivo. Com as 300 mil toneladas, emenda, será possível chegar a

300 mil sacos de 50 kg e a 11 milhões de litros de etanol. Na safra vigente, 50% da cana é de propriedade da Paineiras. Segundo Freitas, esta foi menos penalizada pela estiagem por ficar em parte próxima a várzeas. O prejuízo mesmo ficou com os 50% restantes da cana, pertencentes a produtores parceiros.



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Fraco desempenho da Paineiras é apenas reflexo de todas as outras unidades do Espírito Santo O fraco desempenho da Paineiras reflete entre as demais unidades sucroenergéticas do estado. Estimativas dão conta de que as quatro unidades em atividade nesta safra 2015/16 chegarão no máximo a 2,8 milhões de toneladas de cana moídas. Essa previsão de moagem reflete o

impacto climático, que afetou gravemente a região Sul do Espírito Santo, onde fica a Paineiras, e o desalento que impacta o setor sucroenergético brasileiro como um todo. Assim como em outros estados canavieiros, a pressão de lideranças do setor capixaba é por medidas que aliviem a próxima safra, a 16/17. Uma destas

reivindicações é a mobilização por reduzir a incidência do ICMS sobre o etanol hidratado, como fez, este ano, Minas Gerais. A busca de saídas tributárias é um meio de o setor sucroenergético capixaba ver chances de sobrevivência na 16/17. A temporada seguinte também será afetada

pela estiagem porque não foi possível cultivar cana de forma adequada. Sendo assim, as previsões menos pessimistas de mercado de açúcar e de etanol para 2016, como sinalizam agentes de mercado, podem não trazer bons resultados no Espírito Santo por conta da baixa produção. (DMC)


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Lideranças capixabas pedem ICMS menor para o etanol A mobilização pela redução do ICMS sobre o hidratado em Espírito Santo reúne lideranças do setor sucroenergético do estado e de instituições ligadas à indústria, como a Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes). O objetivo é fazer com que o governo do estado altere o ICMS sobre os combustíveis, para estimular o consumo de etanol hidratado. No Espírito Santo, o ICMS sobre o etanol e a gasolina é de 27%. A proposta das lideranças é a de que essa incidência caia para 15% para o hidratado e suba para a gasolina. Desde março último, Minas Gerais reduziu o do álcool, de 19% para 14%, e subiu o da gasolina em 2%. Com isso, a produção mineira deve saltar de 714 milhões de litros para dois bilhões, em apenas um ano. “Medidas similares têm vigorado em São Paulo, Pernambuco e Piauí”, explica Antonio Carlos de Freitas, diretor da Usina Paineiras. Assim como ocorrem nesses estados, o consumo de hidratado subiria no Espírito Santo, dando fôlego ao setor sucroenergético local. Com o aumento dessas vendas, em médio e longo prazo, o valor de ICMS arrecadado no Espírito Santo seria o mesmo ou até maior que o atual, conforme já ocorre em outros estados brasileiros. (DMC)


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CAPIXABAS NO SETOR Usina Paineiras Instalada em 1912 pelo Governo do Espírito Santo, dando início à formação de um parque industrial de grande importância para o estado, a unidade, por meio de leilão de privatização em 1937, foi comprada pelo agrônomo mineiro Ataliba de Carvalho Britto. Localizada no município de Itapemirim, a Paineiras tem capacidade de moagem de 1,2 milhão de toneladas de cana-de-açúcar. Bioenergética Boa Esperança Criada em 2011, a Bioenergética Boa Esperança é controlada pelo Grupo Delta Energia em Boa Esperança (ES). A unidade tem capacidade para moer 1,5 milhão de toneladas de cana-de-açúcar por safra. Alcon A Companhia de Álcool Conceição da Barra (Alcon) fica na Rodovia BR 101, km 35,5, em Sayonara, no município de Conceição da Barra (ES). Lasa Criada em 1974, a Linhares Agroindustrial S/A (Lasa) fica na Rodovia BR 101 Norte, km 141, Fazenda Córrego das Pedras, no município de Linhares. A unidade é controlada pelo Grupo JB Açúcar e Álcool, do Recife (PE). Também integram o Grupo JB as unidades Alcoolquímica (ex-JB), em Vitória de Santo Antão (PE), e as empresas Carbo Gás, Lastro, Tecab e Ello, além da Lasa. Disa Fundada em 1980 e controlada pela companhia Infinity Bio-Energy, a Disa - Destilaria Itaúnas S.A está localizada no município de Conceição da Barra (ES) e atualmente está em recuperação judicial. O pedido de recuperação foi oficialmente protocolado em 2009. Cridasa Também controlada pela companhia Infinity Bio-Energy, a Cristal Destilaria Autônoma de Álcool S.A (Cridasa), constituída em 1977 em Pedro Canário (ES), está em recuperação judicial.

Governo defende falência do Grupo Infinity Em 10 de julho último, o Secretário de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca do Espírito Santo, Octaciano Neto, encaminhou um ofício ao juiz Paulo Furtado, da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Foro da Capital, em São Paulo, manifestando a apreensão do Governo do Espírito Santo quanto aos desdobramentos da crise financeira que atinge as empresas Infinity Bio-Energy Brasil Participações S.A. e outras [“Grupo Infinity”]. O grupo encontra-se em processo de recuperação judicial e apresentou à Justiça um novo “Plano de Recuperação Judicial”. Conforme o secretário, estima-se que somente com fornecedores a Infinity Bio-Energy possua uma dívida que ultrapasse os R$ 2 bilhões. Para o secretário de Estado da Agricultura, o novo “Plano de Recuperação Judicial” apresentado pelo “Grupo Infinity” representa mais uma tentativa de postergar o cumprimento de suas obrigações com os milhares de funcionários do setor sucroalcooleiro capixaba que já foram demitidos, com os produtores de cana-deaçúcar e com os demais credores, dentre eles o estado do Espírito Santo. Octaciano Neto defende que seja decretada a falência do grupo. “Com a decretação da falência e a indicação de um interventor poderemos ter mais garantias de que os compromissos assumidos por esse grupo empresarial junto aos mais diversos setores da cadeia produtiva serão, de fato, cumpridos. A

Octaciano Neto: nomeação de interventor dá esperança de retomada das operações

nomeação de um interventor nos dá a esperança de que os ativos do grupo, principalmente suas usinas, sejam vendidos para novos administradores que possam retomar a operação das usinas. Um novo plano

de recuperação judicial vai depreciar ainda mais os ativos do grupo empresarial e fazer com que a dívida bilionária da empresa com seus credores não seja quitada”, afirma o secretário. Segundo Octaciano Neto, desde 2008 a

situação só vem se agravando. “E o que é pior: o não cumprimento de acordos, alguns inclusive determinados pela Justiça, têm sido uma das principais marcas desse grupo empresarial”, ressalta Octaciano. (DMC)



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São Martinho lidera em moagem, aponta Anuário da Cana O reposicionamento do etanol na matriz energética de combustíveis nacional, somado às melhores condições climáticas nesta safra, estimulam a atividade agroindustrial no setor. As usinas estão moendo e vendendo mais no ciclo 2015/16. É o que aponta o Anuário da Cana 2015. A publicação, editada pela ProCana Brasil e lançada durante a quinta edição do Ethanol Summit, apresenta os melhores desempenhos de moagem no ciclo. Os 25 grupos com maior moagem nos últimos 12 meses processaram cerca de 332,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. Líder em investimento nos últimos doze meses, segundo a revista Exame, a Raízen foi o grupo com maior moagem no setor: as 24 unidades do grupo processaram 57 milhões de toneladas. Foi seguida pela Biosev, grupo com 11 unidades no país, responsável pelo moagem de 28,32 milhões de cana-deaçúcar. O ranking com as 25 maiores unidades produtoras soma 105 milhões de toneladas. A Usina São Martinho lidera com moagem de aproximadamente 9,3 milhões de toneladas.

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OS MAIORES LUCROS Empresa . . . . . . . . . . .Lucro (Milhões de US$) Odebrecht (Agroenergia Santa Luzia) . .108 Odebrecht (Conquista do Pontal) . . . . .95,7 Odebrecht (Rio Claro) . . . . . . . . . . . . . . .69,4 Usaçucar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .56,4 Raízen (Energia) . . . . . . . . . . . . . . . . . . .50,8 Usina Iracema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .46,8 Raízen (Unidade Tarumã) . . . . . . . . . . . .47,8 Odebrecht (Usina Eldorado) . . . . . . . . .42,3 Alto Alegre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .30,99

MAIOR CRESCIMENTO Empresa . . . . . . . . . . . . . . . .Crescimento (%) Usina Iaco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .77 Usina Brenco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .71.1 Usina Iacanga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .36.5 Cerradinho Bioenergia . . . . . . . . . . . . . .34.8 Usina Boa Vista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33.9 Adecoagro Vale do Ivinhema . . . . . . . . . .32.7 Agroterenas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28.2 Abengoa Agroindústria . . . . . . . . . . . . . .24.9 Usina Rio Claro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .23.1 Agropecuária Terra Novas . . . . . . . . . . . .21.6

MAIORES INVESTIDORES Empresa . . . . . . .Investimentos imobilizados (Milhões de reais) Raízen Energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . .1087.6 Adecoagro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .453.6 Clealco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .316.8 Raízen . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .315.5 Guarani . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .294.9 Rumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .270.7 Usina Iracema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .268.6 ALL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .261.5 Usina Coruripe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .237.7 Biosev . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .230.9 Biosev Bioenergia . . . . . . . . . . . . . . . . .230.1 Usina Alto Alegre . . . . . . . . . . . . . . . . . . .228

AS 25 MAIORES MOAGENS POR GRUPOS

Vendas do setor somam mais de R$ 66 bilhões em 2014 WELLINGTON B ERNARDES, DE

R IBEIRÃO PRETO, SP

Integrante do segmento com maior representatividade no Produto Interno Bruto (PIB) nacional, o setor de açúcar e etanol continua com boa colocação entre os maiores destaques do agronegócio. Diversos entraves têm pressionado o fortalecimento econômico da atividade sucroenergética no país. Prejudicado principalmente pela manutenção de preços da gasolina nos últimos anos, o setor teve redução no volume de vendas e dificuldade na captação de financiamentos. Maior produtor e exportador de açúcar no mundo, grupos e usinas do setor não deixaram de figurar entre as maiores empresas do agronegócio. É o que revela a 42ª edição da publicação Melhores e Maiores da revista Exame, que enumera as empresas que obtiveram melhor desempenho econômico nos últimos doze meses. Das quatrocentas melhores empresas listadas pela Exame no agronegócio nacional, 73 são do setor sucroenergético, participação de 18,3% no ranking das melhores. Juntas estas obtiveram cerca de R$ 66,55 bilhões em vendas líquidas. A Copersucar lidera em vendas com R$ 11,4 bilhões. A cooperativa tem a exclusividade na comercialização dos volumes de açúcar e etanol produzidos por 43 unidades

AS 25 MAIORES MOAGEM POR UNIDADES

associadas, localizadas nos Estados de São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Goiás. A participação no ranking de lucro do setor é de igual porcentagem. Nove usinas estão entre os cinquenta maiores lucros no agronegócio, segundo a publicação Maiores e Melhores, participação de 18%. Líder em lucro no setor, a Odebrecht somou cerca de US$ 315,4 milhões em quatro unidade do grupo – Santa Luzia, Conquista do Pontal, Rio Claro e Eldorado. Juntas as nove unidades processadoras de cana geraram US$ 548,1 milhões. Grupos e usinas também estão entre os principais em investimentos. Das cem empresas que mais investiram no último ano, doze são ligadas ao setor. Juntas, desembolsaram R$ 4,19 bilhões em investimentos. A Raízen Energia foi quem mais investiu, com montante igual a R$ 1,08 bilhão. O cenário pessimista não impediu que empresas apresentassem crescimento nas vendas. Das cinquenta maiores companhias de agronegócio em crescimento do país, dez são do setor. A Usina Iaco está em primeiro lugar no setor, com crescimento de 77%, seguida pela Usina Brenco, com 71,1%. O ranking publicado pela Revista Exame foi elaborado pela Fundação Feficafi, da Universidade de São Paulo (SP). Veja os principais

AS 25 MAIORES EMPRESAS DO SETOR NO AGRONEGÓCIO NACIONAL

Grupo.............................................................Moagem (t)

Grupo.............................................................Moagem (t)

Raízen.................................................................57,000,000 Biosev................................................................28,315,000 Odebrecht ........................................................23,759,000 São Martinho ...................................................20,910,961 Guarani .............................................................20,200,000 Usaçucar - Santa Terezinha ..........................17,220,856 Tércio Wanderley............................................13,571,953 Linconln Junqueira..........................................13,418,326 Noble Group....................................................12,586,057 Renuka ...............................................................10,679,735 Zilor....................................................................10,126,000 Pedra Agroindustrial ......................................10,044,442 Delta Sucroenergética.....................................9,408,000 Clealco ................................................................9,242,355 Moreno.................................................................9,075,820 Colorado..............................................................8,760,314 Colombo...............................................................7,916,784 Vale do Verdão ...................................................7,635,448 Tonon....................................................................7,260,981 Usina Batatais....................................................6,371,255 Titoto ....................................................................6,236,537 BP Biofuels.........................................................6,200,000 Abengoa..............................................................5,816,502 Santa Adélia.......................................................5,612,006 Santa Isabel ........................................................5,102,733 TOTAL ....................................................................332,471,065

São Martinho......................................................9,292,910 Colorado..............................................................7,065,339 Alta Mogiana ......................................................5,304,241 Renuka Madhu ...................................................5,172,900 Itamarati ...............................................................4,706,305 Grupo Pedra - Unidade Serrana....................4,601,246 Nova Fronteira Bioenergia ...............................4,472,271 São Martinho - Santa Cruz .............................4,431,000 SJC Bioenergia - Quirinópolis........................4,260,300 Odebrecht - Santa Luzia .................................4,200,000 Usina Batatais....................................................4,104,033 Usina Colombo - Ariranha ...............................3,934,257 Alto Alegre ..........................................................3,660,970 CMAA - Vale do Tijuco.....................................3,510,000 Odebrecht - Conquista do Pontal .................3,500,000 Santa Terezinha -Tapejara ...............................3,465,806 Renuka - Revati..................................................3,405,167 Noble - Sebastianópolis ..................................3,392,581 Moreno - Coplasa............................................3,384,405 Coopcana - São Carlos....................................3,367,865 Nardini .................................................................3,364,448 Adecoagro - Angélica ......................................3,363,004 São Fernando .....................................................3,283,870 Noble - Catanduva............................................3,266,211 Vale do Verdão...................................................3,226,488 TOTAL ....................................................................105,735,618

Empresa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Vendas Líquidas . . . .Crescimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .(em milhões de R$) . . . . . . . . . . .(%) Coopersucar - Cooperativa . . . . . . 11,434.40 . . . . . . . . . . .0.7 Coopersucar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6,407.90 . . . . . . . . . .18.70 Raízen Energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6,217.00 . . . . . . . . . .-2.80 Biosev - Bioenergia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2,291.40 . . . . . . . . . . .5.00 Raízen Tarumã . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2,129.60 . . . . . . . . .50.40 Usaçúcar - Santa Terezinha . . . . . . . . . . . . . .2,023.10 . . . . . . . . . .-5.80 Guarani . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .1,636.70 . . . . . . . . . . .6.40 Usina Iracema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .1,616.80 . . . . . . . . . . .9.60 UsinaCoruripe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .1,554.50 . . . . . . . . . . .1.80 Alto Alegre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .1,388.60 . . . . . . . . . . .2.10 Delta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .1,233.50 . . . . . . . . . . . . . .Usina da Pedra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .1,152.40 . . . . . . . . . .11.20 Brenco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .1,150.50 . . . . . . . . . .71.10 Usina Colombo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .1,055.80 . . . . . . . . . . . . . .Usina Caeté - Grupo Carlos Lyra . . . . . . . . . . . .969.2 . . . . . . . . .16.40 Renuka . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .877.4 . . . . . . . . . .-1.80 Abengoa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .862.5 . . . . . . . . .24.90 Clealco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .851.2 . . . . . . . . . .-3.50 Usina Batatais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .777.5 . . . . . . . . .15.40 Adecoagro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .755.7 . . . . . . . . . .32.70 Virgulino de Oliveira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .755.1 . . . . . . . . . .-6.90 Usina Santa Isabel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .702 . . . . . . . . . . .3.70 Tonon Bioenergia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .696.1 . . . . . . . . . . .2.30 Usina Santa Adélia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .670.1 . . . . . . . . . . .8.50 Usina Boa Vista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .582.9 . . . . . . . . .33.90 Cerradinho Bio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .527.9 . . . . . . . . .34.80

Fonte: Anuário da Cana 2015

Fonte: Anuário da Cana 2015

Fonte: Maiores e Melhores 2015



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QUERO DISTÂNCIA! Como as usinas distantes do polo central no Brasil enfrentam e vencem desafios para se manter ativas I SAC ALTENHOFEN, DE SÃO S EBASTIÃO DO CAÍ, RS

Segundo dados do Anuário da Cana 2015, o Brasil possui hoje 423 usinas em atividade espalhadas pelo país. Ainda segundo o Anuário, são 10 milhões de hectares voltados tanto à área agrícola quanto industrial em todo o território nacional. A maioria e mais conhecidas unidades se concentram nos estados de São Paulo, Goiás, Paraná, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, entre outros do Sudeste e Centro Oeste e no Nordeste, nos estados de Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Sergipe, principalmente. Todas possuem uma característica, a de funcionarem um pouco distante uma da outra, forçadas, obviamente, pela

necessidade de terem cana à disposição e para fugir dos chamados leilões de cana que fornecedores acabam por fazer quando há duas ou mais processadoras próximas de seu canavial. Mas existem algumas usinas que foram além. Muito além, aliás. Estas usinas, verdadeiras heroínas da resistência, foram instaladas em lugares muito distantes dos polos principais de produção do país, nos confins do Rio Grande do Sul ou nas lonjuras do Maranhão. Estas insistem em nadar contra a correnteza e, anualmente, e com perseverança, partem para a safra para vencer muito mais do que as dificuldades que todas as outras unidades brasileiras passam em outros lugares, especialmente em momentos de crise como o atual. Esquecem suas limitações e enfrentam as adversidades com galhardia. As principais desvantagens destas unidades distantes e às vezes isoladas são a dificuldade de acesso a insumos e serviços para suprir as atividades das companhias e ao suporte técnico para as áreas produtivas, principalmente a industrial. Equipamentos, materiais e novas tecnologias, demoram para

Usina Coopercana, localizada no Rio Grande do Sul

chegar nessas usinas. Apesar de um crescente avanço na velocidade da tecnologia da informação, a falta de assistência técnica de precisão e demais elementos de apoio são fatores que muitas vezes prejudicam os ciclos da produção canavieira por aquelas plagas. Além destas dificuldades técnicas, as usinas mais afastadas observam que, se já existem poucas políticas incentivadoras do governo para as regiões que abrigam mais usinas, muito menos política de incentivo há para as instaladas em regiões distantes e de pequena tradição no setor. Assim, o governo não investe mesmo em áreas que não têm tradição na cultura canavieira e dali surgem problemas de logística e transporte nas regiões. Porto Xavier, por exemplo, onde foi implantada a Usina Coopercana, é um pequeno município localizado no extremo noroeste do estado do Rio Grande do Sul, banhado pelo rio Uruguai e com fronteira fluvial com a Argentina. Ali, o transporte de cargas e pessoas é feito, na maioria das vezes, pelo Porto Internacional de Porto Xavier. As estradas que circunvizinham a região

da Coopercana, por exemplo, são, em sua maioria, de chão batido. Apresentam dificuldades quando chove, como: atoleiros, vias estreitas, buracos, falta de sinalização, etc. Porém, apesar de sofrer com esses problemas de estrutura nas estradas, a usina possui ou arrenda os canaviais num raio de 25 quilômetros do campo ao parque industrial e isto facilita sua logística de produção. Seu modal principal é o caminhão truck e alguns veículos de maior porte. Para o escoamento da produção também não há grande dificuldade, uma vez que estão a dois quilômetros da BR 392 e da RST 472, que são boas rodovias, comparadas com as do restante do País. A maranhense Itapecuru, localizada na cidade de Aldeias Altas, região leste do estado do Maranhão, realiza o escoamento de sua produção por meio do modal rodoviário regional. A unidade possui um terminal de carregamento através da ferrovia Transnordestina. As dificuldades que encontra estão na escassez de caminhões para o modal e na estrutura reduzida de descarregamento no terminal portuário em São Luís.

Usina Itapecuru, localizada no Maranhão



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Unidades ‘importam’ pessoal qualificado Outro desafio enfrentado por estas duas unidades e, por associação, por todas as outras usinas isoladas do país, aparece quando precisam contratar pessoal qualificado. Quando iniciou suas atividades no final da década de 1980, a Usina Coopercana, de Porto Xavier, importou profissionais de diversas partes do país. Na época realizou programas de treinamento que funcionam até hoje. Segundo Ricardo Hammacher, engenheiro agrônomo da usina, para cada função existe no mínimo dois colaboradores capazes de cumprir com qualidade a tarefa proposta. A companhia oferece viagens de troca de experiências para seus colaboradores, cursos e até intercâmbio internacional com a usina “Ingenio Azucarero De San Javier” da Argentina, que apesar de ser em outro país, dista apenas cinco quilômetros da unidade. Mesmo admitindo atraso em nível tecnológico e recursos humanos quando comparado ao restante do país, Ricardo salienta que a empresa não possui nenhum colaborador que não seja nativo da região. Da mesa forma, a Usina Itapecuru, na época de implantação da companhia, em meados de 2006, importou colaboradores especializados. Chegaram profissionais qualificados dos estados de Alagoas e Pernambuco. Segundo Vander Gonçalves, CEO da Itapecuru, a usina hoje possui diversos treinamentos e seu foco de contratação e aproveitamento de mão de obra são exclusivamente a profissionais residentes do Estado do Maranhão. (IA)

Ricardo Hammacher, engenheiro agrônomo da Usina Coopercana, de Porto Xavier

Solo e clima das regiões nem sempre ajudam Outra diferença encontrada nas usinas distantes são as condições edafo-climáticas. A estrutura fundiária, onde as propriedades são menores, geralmente com menos de dez hectares, é significativa. Ricardo Hammacher observa que o solo cultivado na Coopercana gaúcha é semelhante ao de Ribeirão Preto e Sertãozinho, SP. “Tecnicamente chamamos de lato ou latossolo vermelho-amarelo distrófico, com teor de argila

superior a 35% conhecido na região como "terra vermelha". As variedades se adaptaram bem, com produtividades em locais de tecnologia mais avançadas semelhantes a outras regiões”. A cana-de-açúcar precisa de bastante chuva e bastante sol para crescer e ter um desenvolvimento saudável, lembra Hammacher. O regime pluviométrico no Sul é mais regular que o restante do país, ou seja, não possui

estação chuvosa definida, chove inclusive no inverno. Isso gera dificuldade na colheita. “O frio no Rio Grande do Sul é bom, pois paralisa o crescimento da planta e acelera sua maturação; todavia, o excesso do frio produz geadas que trazem perdas qualitativas e quantitativas na região”. A Itapecuru, por seu turno, está localizada em uma região cujo solo possui textura arenosa, no Maranhão. O tratamento nutricional e de

defensivos na planta não difere no padrão das demais regiões tradicionais de cultura canavieira. “Nossos canaviais são 100% irrigados, no modelo aspersão com pivot rebocáveis e canhões de autopropulsão” afirma o gerente agrícola, Agostinho Elias de Medeiro Junior. Segundo ele, a usina possui um processo contínuo de pesquisa a fim de encontrar um melhor material genético para adaptação da cana em sua região. (IA)



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PRODUÇÃO

Setembro 2015

ENTREVISTA - Cristiano Correia de Oliveira Soares, diretor agrícola

Retorno da Usina Cruangi aquece economia em Pernambuco WELLINGTON B ERNARDES, DA R EDAÇÃO

Parada desde 2011, a Usina Cruangi volta a processar cana-de-açúcar a partir da movimentação de fornecedores. O restabelecimento da unidade aconteceu através da movimentação da Cooperativa da Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (Coaf). Orçada em três milhões de reais, a volta da usina já movimenta o comércio da região de Timbaúba (PE) e os canaviais dos mais de 300 fornecedores. Quem explica nesta entrevista os desafios desta retomada é Cristiano Correia de Oliveira Soares, diretor agrícola responsável pela restruturação dos canaviais da usina. JornalCana - Como aconteceu este processo de ativação da usina pelos fornecedores? Cristiano Correia de Oliveira Soares A Cruangi está sendo reativada pela nossa cooperativa de fornecedores, que possui atividade há cinco anos. No começo o propósito da Coaf era unir força para compra de insumos e assim diminuir o custo de produção. Porém, desde o término das atividades da usina, em 2011, a cooperativa trabalha para reativar esta indústria. Com o término da moagem na região, tivemos que direcionar a produção para outras usinas, e com isto vem problemas como custos operacionais e logísticos.

Cristiano Correia de Oliveira Soares

As usinas da região não sofreram com este direcionamento para a Cruangi? Não haverá problemas. Na safra anterior as usinas da região tiveram que estender o período de moagem pelo elevado número de cana que foi entregue. Por esta razão, algumas usinas priorizarão nesta safra a cana de seus canaviais, fato que gera incerteza para nós, fornecedores.

Qual a previsão de moagem para a safra 2015/16? Neste primeiro momento vamos dar prioridade aos canaviais dos cooperados, são cerca de 10 mil hectares, que devem entregar aproximadamente 450 mil toneladas de cana para usina. Concomitantemente trabalharemos o desenvolvimento dos canaviais próprios da usina, área com 1,8 mil

hectares. Vamos aplicar vinhaça e trabalhar o manejo agrícola deste local para que nas próximas safras tenhamos mais cana para processar. Mas adianto que nosso enfoque é moer a cana dos cooperados e contribuir para a economia da região. Podemos estimar a produção da usina? Nossa produção será destinada totalmente ao etanol. Fortalecido no mercado doméstico, preferimos iniciar a atividade da usina produzindo apenas o biocombustível. A produção de açúcar será adiada, vamos observar a viabilidade para as próximas safras, e caso haja condições, retornaremos a produzir. O custo de manutenção industrial do setor açucareiro é muito mais oneroso quando comparado à destilaria. Em relação ao etanol, projetamos entregar cerca de 75 litros por tonelada de cana. Assim o resultado será superior a 30 milhões de litros de etanol até o encerramento da safra. Como está a região com este recomeço de safra? A safra 2015/16 está prevista para iniciar no dia 15 de setembro e mesmo antes desta data percebemos maior movimentação em nossa região. O retorno da Cruangi trouxe certa demanda por produtos agrícolas e serviços de manutenção, fenômeno que atrai profissionais e tecnologias para a região. Com isso, há entrada de capital, o que favorece o desenvolvimento de nossa economia.


LOGÍSTICA & TRANSPORTES

Setembro 2015

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Brasil, país do etanol e da falta de atenção para sua grande riqueza País carece de logística favorável para melhor escoamento do produto aos portos e para o abastecimento interno JARY MÉRCIO, DE MARINGÁ, PR

O Brasil é o maior exportador mundial de etanol, biocombustível que vem sendo adotado mais e mais a cada ano no planeta como alternativa sustentável ao combustível fóssil, recurso finito e de alto teor poluente. Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), só o estado de São Paulo originou em 2015 2,13 bilhões de litros de etanol anidro, tendo como destino além do próprio estado, outros 19 estados brasileiros. Em relação ao etanol hidratado, foram 3,22 bilhões de litros para consumo próprio e destinados para mais 13 estados. As exportações de etanol tiveram como principais destinos em 2015 os Estados Unidos, a China, a Coreia do Sul, o Japão, a Holanda e a Colômbia. Também importam o produto do Brasil, segundo dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), países, como: Nigéria, Gana, Suíça, Taiwan, Cingapura, Angola e México, entre outros. Essa contribuição do País ao mundo – sem contar, naturalmente, o próprio mercado

interno brasileiro – é apoiada no tripé plantio/produção/logística, cada um desses momentos com seus problemas próprios e bem específicos, mas é na logística que as dificuldades e a falta de uma visão estratégica orgânica por parte do poder público ficam mais evidentes – e que o barato começa a sair caro. O uso predominante do transporte rodoviário em detrimento de uma maior utilização de hidrovias e alcooldutos provoca transtornos de toda ordem desde a partida

das áreas de plantio da cana e usinas de produção de etanol até a chegada nos centros de distribuição ou nos portos, com inúmeros gargalos e consequente encarecimento de custos. É de se notar, ainda, que o transporte rodoviário da cana e do etanol no País ainda é feito por caminhões, treminhões e carretastanque abastecidas de óleo diesel de matriz petrolífera, o que não deixa de ser um contrassenso. As alternativas de transporte por hidrovias e dutos esbarram em políticas

públicas que ainda não contemplam esses modais com a atenção e o sentido de urgência que não somente o etanol, mas grande parte da produção agrícola do País faz há muito por merecer, pela valiosa contribuição que prestam ao Brasil e ao mundo, o que faz do agronegócio, não por acaso, e apesar da falta de infraestrutura para o escoamento de seus produtos, o único setor com números permanentemente favoráveis na balança comercial brasileira. O grande alcoolduto de mais de 1.300 km que deverá percorrer os estados de São Paulo, Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul e que poderá transportar 21 milhões de m³ de etanol/ano e possibilitar o armazenamento de mais de 800 milhões de litros tem sua operação prevista a partir de 2018, mas hoje está empacado, entre outros motivos, por problemas judiciais de diretores e exdiretores da Petrobras, Odebrecht e Camargo Corrêa, integrantes do consórcio encarregado de construir o duto. Nada que não possa ser resolvido, mas por enquanto as obras estão paradas. Quanto ao transporte hidroviário, a principal hidrovia a servir o setor do etanol é a Tietê-Paraná. Mas o baixo nível das águas do Tietê à jusante de Nova Avanhandava, devido à prioridade dada pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) à produção de energia hidrelétrica, impede a navegabilidade do rio, situação que talvez venha a ser resolvida só no início do ano que vem, com o período das chuvas.


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LOGÍSTICA & TRANSPORTES

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Alcoolduto está sob suspeita e Hidrovia do Tietê sem água

A falta d´água chegou ao Tietê

Duas das principais alternativas da logística do etanol estão empacadas por problemas circunstanciais, mas sem uma saída imediata à vista. O alcoolduto que deve cortar mais de 1.200 quilômetros do País, passando por São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Goiás, transportando de 21 milhões de m³ de etanol/ano, opera em alguns trechos do estado de São Paulo, mas, com previsão para operar em sua totalidade em 2018, está com as obras atrasadas devido à decisão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de travar o financiamento de R$ 5,8 bilhões para o consórcio responsável pela construção e operação do alcoolduto, a Logum Logística, continuar a obra.

A Hidrovia Tietê Paraná não é uma opção a curto prazo para o transporte de equipamentos, insumos, cana e, finalmente, do etanol por um motivo evidente: falta água no rio Tietê. Mas o que é evidente nem sempre é simples e pode envolver desde questões climáticas até problemas com licitações e definição de prioridades para a tomada de decisões por parte dos governos. Fonte do governo de São Paulo explica que a falta de navegabilidade do Tietê, especialmente no trecho de cerca de 8 quilômetros à jusante da eclusa de Nova Avanhandava, onde a lâmina de água está tão baixa que faz aparecerem as rochas que emergem do fundo do rio, deve-se a dois fatores: um, a decisão do Operador Nacional do Sistema (ONS), órgãoautoridade no campo da produção e distribuição de energia elétrica no País, de represar o máximo de água possível do alto Tietê nos reservatórios de Três Irmãos e Ilha Solteira, que são conectados e servem às hidrelétricas de Ilha Solteira e Três Irmãos, no rio Paraná; o outro fator é a suspensão de uma licitação para o derrocamento (quebra e retirada de rochas) do leito do Tietê – a licitação está suspensa até que se julgue o recurso impetrado por uma das empresas participantes, que se sentiu prejudicada pelo resultado. O ONS prevê que entre fevereiro e março, com a chegada das chuvas, a lâmina d'água do Tietê terá maior profundidade. O derrocamento do trecho, para permitir a passagem de embarcações com maior calado, contudo, depende de decisão judicial para ser iniciado e só depois de concluídas as obras é que se saberá quão navegável estará o rio. Porque aí vai depender, de novo, das condições do tempo. Enquanto isso, o etanol vai rodar pelas rodovias, em caminhões movidos a óleo diesel. (JM)

Problemas da Petrobras, Odebrecht e Camargo Corrêa com a Lavajato faz BNDES suspender financiamento para consórcio que constrói o Alcoolduto; sem condições de navegabilidade, Hidrovia do Tietê é só uma esperança de alternativa ao transporte rodoviário do etanol A protelação do financiamento, pelo BNDES, deve-se ao fato de três empresas que compõem a Logum estarem sendo investigadas na Operação Lava Jato da Polícia Federal. A Petrobras, que detém 20% de participação, a Odebrecht, que

tem outros 20%, e a própria Construtora Camargo Corrêa, com 10%. Outro problema é a própria ex-diretoria da Logum. O então presidente Roberto Gonçalves, é ex-integrante de uma equipe que se reportava ao ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, delator na Lava Jato. A empresa foi submetida a uma auditoria interna. A assessoria da Logum não reconhece o atraso no andamento das obras, que estariam ainda em fase de licenciamento, nem divulga o cronograma da construção do alcoolduto. (JM)





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LOGÍSTICA & TRANSPORTES

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ENTREVISTA - Rogério Avellar, da Comissão nacional de cana, da CNA

‘Há muito o que melhorar’, diz Avellar, da CNA “Há muito o que melhorar na logística do etanol no País”. Quem expressa essa preocupação é Rogério Avellar, assessor técnico da Comissão Nacional de Cana-deAçúcar da Confederação Nacional da Agricultura (CNA). Para ele, há a necessidade da busca de novas alternativas, como os alcooldutos, para evitar gargalos e diminuir os custos do produto, no sentido de torná-lo mais competitivo. Entrevistado pelo JornalCana, Rogério Avellar elencou outros problemas da logística do etanol. JornalCana — O senhor considera satisfatória a logística do setor do etanol para o abastecimento do mercado interno e escoamento para os portos? Rogério Avellar — Apesar do aumento significativo dos investimentos em armazenamento, rodovias, ferrovias e hidrovias, ainda temos muito que melhorar neste setor. Mesmo utilizando veículos especializados no transporte de etanol (caminhões-tanque), nossos custos permanecem altos, e novas alternativas, como as dutovias, devem ser implantadas para melhorar a eficiência das operações. A carência de uma infraestrutura logística adequada no País também reflete nos resultados deste setor. Quais seriam os gargalos da logística do etanol no País? A predominância do modal rodoviário e

uma reduzida integração dos diversos modais de transporte são gargalos que devem ter uma atenção especial nos próximos anos. A melhoria do acesso aos portos para exportação e um planejamento integrado são um caminho para solução destes gargalos. Qual é o estado da arte do alcoolduto que deverá cortar vários estados do País? Em que medida o alcoolduto virá resolver os problemas relacionados ao escoamento da produção de etanol do País? Este projeto está em maturação, com uma parte já em funcionamento, e deverá percorrer 1.300 km pelos estados de São Paulo, Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. Terá capacidade de transporte de 21

milhões de m³ de etanol/ano e de armazenamento de mais de 800 milhões de litros. Os cronogramas preveem a operação, como um todo, a partir de 2018. Este modal melhora sensivelmente a eficiência operacional e econômica do escoamento da produção. Em que medida a atual crise econômica pelo qual passa o País afeta os projetos de logística do setor? Sempre nestes momentos de crise econômica ocorre uma restrição na disponibilidade de recursos para investimentos e o encarecimento das linhas de financiamento. Consequentemente, projetos são revistos e o ritmo das obras

Para assessor técnico da Comissão Nacional de Cana-de-Açúcar da Confederação Nacional da Agricultura, há falta de um planejamento integrado das ações, reunindo as entidades governamentais e a iniciativa privada, para uma solução dos problemas da logística do etanol pode ser afetado e novos investimentos adiados. Qual a principal preocupação, hoje, da CNA, no tocante à logística do etanol no País? A maior preocupação se refere à necessidade de um planejamento integrado das ações, reunindo as entidades governamentais e a iniciativa privada, para uma solução definitiva dos problemas relativos à logística do etanol. (JM)



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LOGÍSTICA & TRANSPORTES

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ARTIGO

Logística do etanol: mudanças de infraestruturas THIAGO G UILHERME PÉRA JOSÉ VICENTE CAIXETA-FILHO

A gestão da cadeia de suprimentos do etanol é responsável pelo planejamento integrado da movimentação dos insumos e produtos, integrando oferta e demanda entre usinas e empresas (fornecedores de insumos agrícolas e de cana-de-açúcar, bases de distribuição, transportadoras, etc.) em diversos elos, tendo como atividades básicas: fornecimento, aquisição, conversão e logística. Particularmente, a logística do etanol envolve o planejamento e operações dos sistemas físicos, informacionais e gerenciais necessários para que o combustível chegue ao lugar certo, na hora certa, em condições adequadas e que se gaste o menos possível com isso. Neste sentido, a matriz de transporte recebe uma importância fundamental por ser responsável pela fluidez da movimentação de etanol no território nacional, afetando uma série de indicadores – dentre eles, a segurança da via, emissões de gases de efeito estufa, tempo de viagem e custos. De acordo com a Confederação Nacional de Transportes (CNT, 2014), a matriz brasileira de transportes de cargas é composta pela participação do modal rodoviário na ordem de 61,1%; do ferroviário de 20,7%; do aquaviário de 13,6% e dos demais modais (dutoviário e aéreo) com 4,6%. Especificamente, na logística de distribuição de etanol das usinas e destilarias do setor sucroenergético para as bases de distribuição e portos, existe uma predominância ainda muito grande do modal rodoviário, acima de 90%. Atualmente, a logística de etanol tem passado por algumas mudanças em sua estrutura, decorrência principalmente da entrada da dutovia, a qual já é uma realidade e tem demonstrado uma competitividade para a minimização dos custos logísticos envolvendo um nível de serviço desejável.

Exportações brasileiras de etanol por destino Valores acumulados de janeiro até dezembro de 2014 PAÍSES ESTADOS UNIDOS CORÉIA DO SUL JAPÃO NIGÉRIA TAIWAN CINGAPURA ANGOLA GANA MÉXICO SUÍÇA OUTROS TOTAL

VOL. (M³) 719,232 421,204 90,664 46,269 30,279 16,250 15,524 15,097 9,061 8,159 22,336 1,394,076

PARTICIPAÇÃO (%) 51.6% 30.2% 6.5% 3.3% 2.2% 1.2% 1.1% 1.1% 0.6% 0.6% 1.6% 100.0%

No ano de 2014, segundo dados da Logum, a movimentação de etanol na dutovia foi na ordem de 1,4 milhão de metros cúbicos, sendo que a movimentação em Ribeirão Preto representou 44% do total. Segundo as informações do Sistema de Informações de Fretes (Sifreca-EsalqLog/USP), o indicador do preço de frete rodoviário de etanol de Ribeirão Preto para Paulínia no mês de junho/2015 foi de R$ 50 por metro cúbico, enquanto o frete dutoviário do mesmo trecho é na ordem de R$ 24 por metro cúbico, uma economia de 52%. Em um estudo recente desenvolvido pelo Grupo Esalq-Log, o custo médio de transporte de etanol no Centro-Sul brasileiro é da ordem de R$ 71,70 e R$ 68,45 por metro cúbico para etanol hidratado e anidro, respectivamente. A expectativa que se tem para um cenário de longo prazo (2020) é que

esses custos venham a ter reduções acima de 20%, com a entrada completa do sistema duto-hidrovia para a logística do etanol, o qual pretende movimentar cerca de 20 milhões de metros cúbicos. O grande fator de competitividade no transporte multimodal é a paridade dos custos logísticos entre rodovia, hidrovia e dutovia. Os principais desafios da logística do etanol dizem respeito às melhorias nas distribuições de etanol em regiões mais remotas com um déficit muito grande de infraestrutura e que tenham uma alta dependência do modal rodoviário em rotas de longas distâncias, afetando fortemente a competitividade do produto. Mais ainda, é buscar economias de escalas logísticas compatíveis às observadas com os derivados do petróleo. O Grupo Esalq-Log da Escola Superior

de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, dentre outras atividades realiza levantamentos contínuos de informações de fretes rodoviários de produtos do agronegócio, em todo o território brasileiro, através do Sistema de Informações de Fretes (Sifreca-Esalq-Log/USP), bem como projetos de pesquisa no ambiente da logística. Mais informações podem ser obtidas em http://esalqlog.esalq.usp.br/ Thiago Guilherme Péra é engenheiro agrônomo pela Esalq/USP e coordenador do Grupo Esalq-Log, Universidade de São Paulo José Vicente Caixeta-Filho é professor titular do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Esalq/USP e coordenador geral do Grupo Esalq-Log, Universidade de São Paulo



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TECNOLOGIA AGRÍCOLA

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ENTREVISTA - Antonio José Barros de Lima, coordenador agrícola da São José Agroindustrial

DOUTORES DA CANA! Os cases de quem partiu na frente na corrida pelas altas produtividades JornalCana — Qual a visão da São José Agroindustrial sobre a importância da produtividade agrícola dentro do processo sucroenergético? Antonio José Barros de Lima — Custos de produção em elevação, preços das commodities açúcar e álcool defasados, mecanização da colheita contribuindo nas perdas de produtividade, países produtores protegendo a atividade com fortes subsídios. Este é o cenário sombrio que paira sobre o setor sucroenergético brasileiro e que pede ações urgentes no sentido da redução de custos e do aumento da produtividade. A grande estrutura imobilizada em uma unidade sucronenergética, associada ao fato de que na sua grande maioria também são produtoras da cana, sua matéria-prima, reforça ainda mais a necessidade da busca de melhores índices de produtividade agrícola, de forma que os custos fixos e operacionais da atividade sejam cada vez mais diluídos por unidade dos produtos finais produzidos. Assim, os investimentos em tecnologias agrícolas que alavanquem a produtividade agroindustrial fazem parte da

Antonio José Barros de Lima, da São José Agroindustrial

estratégia da São José como forma de viabilizar o resultado final da Empresa. Quais decisões vêm sendo tomadas, que refletem na manutenção das altas produtividades dos canaviais da São José Agroindustrial, mesmo sob efeito de adversidades climáticas? A região litoral Norte do estado de Pernambuco, na qual estão inseridas 90% das terras agrícolas da São José Agroindustrial, caracteriza-se por uma precipitação média anual em torno de 1.400mm, concentrada entre os meses de abril e agosto, e solos na sua quase totalidade de formação de barreiras

e baixa fertilidade natural. Desta forma, o uso de irrigação como tecnologia para incrementar a produtividade agrícola e diminuir o efeito das adversidades climáticas sobre a produção agrícola da empresa é fundamental como ferramenta de sobrevivência no negócio. Nos últimos 12 anos a São José Agroindustrial tem investido no aumento da área irrigada e fertirrigada dos seus canaviais partindo praticamente do zero e hoje contando com 50% das suas terras, que recebem ao menos 60 mm de lâmina de irrigação. Ainda há muito a ser feito, seja ampliando as áreas irrigadas ou aumentando a lâmina de irrigação dos projetos já existentes, e estamos trabalhando neste sentido apesar das dificuldades pelas quais passa o setor. Outra tecnologia que estamos utilizando com sucesso há 3 anos em todo plantio da São José Agroindustrial e que tem contribuído com o aumento da produtividade é o uso de bioestimulantes enraizadores, compostos com hormônios vegetais e molibdênio. Temos observado, inclusive, efeito deste maior enraizamento na soqueira subsequente. É perceptível o maior desenvolvimento e uma maior resistência das plantas nos períodos de estiagem tanto em cana planta como em soca. Dentro do pacote tecnológico adotado pela São José, como configura-se a nutrição

complementar? Como já citado, estamos inseridos em uma área edáfica de formação de barreiras e de baixa fertilidade natural. Desta forma, atenção especial deve ser dada aos aspectos nutricionais da cultura. Há carência de macro e micronutrientes. Observamos nas nossas análises foliares deficiências de praticamente todos os micronutrientes em especial Mn, B e Zn. Dos macronutrientes o nitrogênio aparece em destaque quando falamos de carência na planta. Sendo assim, a adoção da complementação nutricional através de adubação foliar se configura como uma importante ferramenta no pacote tecnológico adotado na São José Agroindustrial. O que é imprescindível à alta produtividade da cana-de-açúcar? Fatores bióticos e abióticos concorrem para determinar a produtividade na agricultura. Cabe a nós, técnicos responsáveis por fazer acontecer a produção de alimentos, fibras e energia, a desafiante missão de minimizar os efeitos indesejáveis da inter-relação destes fatores e maximizálos no sentido da produtividade. Entendemos que o planejamento da lavoura de cana-deaçúcar não pode prescindir de mudas de qualidade, nutrição adequada, variedades de cana manejadas corretamente e irrigação onde for necessário.



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TECNOLOGIA AGRÍCOLA

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Sem sintonia não há economia WELLINGTON B ERNARDES, DE

R IBEIRÃO PRETO, SP

O uso de máquinas na atividade canavieira passa por nova fase. Presentes em todas as etapas, o desafio é fazer com que estes equipamentos colham e transportem o principal ativo biológico do setor com maior eficiência. Operação que reflete diretamente no desempenho industrial, o processo de Corte, Colheita e Transbordo (CCT) ainda passa por afinação em algumas etapas. A modernização do campo não ficou limitada ao maquinário. Paralelamente, sistemas capazes de integrar informações que otimizem a operação agrícola foram criados e aperfeiçoados, sincronizando as atividades e mitigando erros de produção. “Estas ferramentas auxiliam a equipe agrícola a mitigar as inúmeras variáveis que o campo sofre, além de eliminar imprevistos no processo, pois há completo entendimento e controle do maquinário envolvido”, explica Carlos Barros, coordenador nacional do Grupo das Áreas de Tecnologia das Usinas de Açúcar, Etanol e Energia (Gatua). O controle não se restringe às variáveis. O uso de softwares que permitem a comunicação de máquinas durante o transbordo da cana permitiu à área agrícola minimizar falhas durante todo o processo de CCT, como resultado, o custo do processo diminui. Além de menores perdas pós-colheita, tais sistemas integram todas as frentes de

trabalho no CCT, permitindo visão holística sobre a atividade. É possível otimizar o uso de combustíveis, reduzir o número de máquinas em campo e ainda identificar possíveis problemas durante a operação. Esta otimização acontece pela automação de processos produtivos, conforme explica o diretor comercial da Solinftec, Daniel Padrão. “Os ganhos deste tipo de solução são facilmente mensurados, dada a redução direta em equipamentos, insumos e mão de obra”. O diretor cita o sistema Fila Única de Transbordos, que atua na relação entre transbordo e colhedora. “Neste sistema acontece o despacho automático de transbordos em função da demanda das colhedoras. Acompanhando com nossos clientes o uso deste sistema, nos foi relatado aumentos significativos de produtividade do conjunto”. Para o presidente do Grupo Avanzi, Dary Bonomi Avanzi, estes sistemas facilitam o olhar amplo sobre toda a atividade agrícola, favorecendo gestores em decisões mais assertivas e maior segurança quanto a execução de planejamentos. “Estas tecnologias fornecem para empresa o monitoramento em tempo real sobre a atividade que é executada no campo. Ainda é possível rastrear os veículos, recebendo informações de rotas executadas e de velocidade. Além de todo monitoramento para assegurar que normas e procedimentos de segurança da empresa estão sendo adotadas”.

Daniel Padrão: otimização acontece pela automação de processos produtivos



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Tecnologias para CCT estão mais atrativas para as usinas Movimento natural na agricultura, a presença de softwares será cada vez maior, assegurando máximo usufruto do potencial de máquinas agrícolas. Com a demanda em ascensão, empresas de tecnologia apostam em produtos cada vez mais inteligentes, com preços mais acessíveis, integrados a um pacote de transferência tecnológica, possibilitando a capacitação profissional de colaboradores. A garantia de sinal em extensas áreas ainda é um gargalo, que pode ser visto como oportunidade para o segmento avançar em toda a agricultura. Cientes desta nova demanda, empresas da área trabalham no desenvolvimento de expansão da rede. Segundo Daniel Padrão, diretor comercial da Solinftec, o avanço na cobertura permitirá maior captação de informações, facilitando a tomada de decisão. “A ampliação da comunicação entre os mais diversos equipamentos possibilitará a maior integração dos processos produtivos, aumentando o controle e criando sinergias”. O Grupo Avanzi também articula novos passos nesta área, a preocupação da empresa é que não haja descontinuidade no tráfego de informações em regiões sem sinais. “Estamos trabalhando no desenvolvimento de novos módulos de comunicação para transmissão das informações, tornando o equipamento híbrido para localização mesmo em locais de sombra e sem sinal de telefonia”, explica Dary Bonomi Avanzi, presidente grupo. O custo de implantação da tecnologia ainda inibe o amplo investimento. Segundo Dary, o desafio é desenvolver a tecnologia no país para

assim reduzir o custo com importação, que acaba sendo repassado aos clientes. “Por alguns produtos serem importados, a alta do dólar influencia no preço final repassado aos nossos clientes”. Visando diminuir esta dependência da moeda estrangeira, o presidente explica que desenvolver a tecnologia no país pode assegurar um valor mais acessível. “Temos projetos de fabricar alguns equipamentos no Brasil, isto permitirá um maior controle de preço e incentivos fiscais”. Para o diretor comercial da Solinftec,

Daniel Padrão, as usinas entendem que a informatização do transbordo resulta em maior segurança na produção e nos caixas da empresa. “O mercado reconhece estas soluções como ferramentas importantes para o aumento da eficiência dos processos agrícolas, principalmente, no que diz respeito a mecanização”. Segundo o diretor, um desafio é a baixa oferta de profissionais capacitados neste segmento, que pressionou empresas a entregar não somente a tecnologia, mas o conhecimento.

“Uma das principais dificuldades encontradas pelas usinas que pretendem implantar esta tecnologia está na escassez de profissionais com experiência neste tipo de projeto” explica Daniel. Atentos a esta necessidade as empresas passaram a realizar a capacitação de funcionários internos, serviço benéfico para as usinas e colaboradores. “Participamos de todas as etapas, desde a determinação das necessidades até a total finalização do projeto, tornando a implantação uma transferência de tecnologia”, afirma o diretor. (WB)



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Bioestimulante é considerado um avanço no manejo da cana Produto eleva a produtividade, aumenta a eficiência da adubação e melhora a resistência da planta ao estresse hídrico R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

Em sua jornada pelo aumento de produtividade, a cultura de cana-de-açúcar conta com um aliado importante, que ainda não é amplamente disseminado: o uso de bioestimulante. Esse produto age no metabolismo da planta, proporcionando mudanças positivas no seu desenvolvimento. A sua utilização é considerada um avanço no manejo da cultura. Além de terem efeitos positivos no rendimento agrícola, os bioestimulantes melhoram a resistência da planta ao estresse hídrico, aumentam a eficiência da adubação, favorecem até mesmo o melhor aproveitamento da matéria orgânica. Alguns produtos podem contribuir também para a elevação do teor de sacarose da cana. Biorreguladores, ácidos húmicos, aminoácidos, entre outros, podem ser considerados bioestimulantes que formam uma nova categoria de produtos agrícolas, de acordo com estudiosos do assunto.

Uma das maneiras mais comuns de disseminação de bioestimulantes na cana-deaçúcar tem sido por meio da utilização do ácido húmico, que possui uma substância que favorece a produção de hormônio de crescimento por parte da planta. Os ácidos húmicos podem ser provenientes da rocha leonardita e do estrato de turfa que gera um produto de elevado padrão de qualidade

devido à maior quantidade de carbono e de radicais orgânicos. A aplicação da maioria desses produtos ocorre preferencialmente sobre os toletes, as folhas ou as linhas de cana já cortadas. Para ser bem aproveitado, o bioestimulante precisa ter contato direto com a planta, pois é constituído por moléculas grandes que não se movimentam com facilidade. Caso seja

aplicado diretamente no solo acaba sendo desestruturado até alcançar a planta. Além disso, o aproveitamento do seu potencial está associado às condições físicas, químicas e biológicas do solo. Alguns especialistas recomendam que este tipo de produto seja aplicado, inicialmente, em pequenas áreas para que ocorra a avaliação do seu impacto de maneira criteriosa.



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TECNOLOGIA AGRÍCOLA

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Carência de micronutrientes provoca queda na produtividade Análise de solo avalia necessidade de aplicação desses elementos, que pode ser suprida pelo uso de torta de filtro, vinhaça e cinzas R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

Em tempo de vacas magras, a estratégia é fugir de canaviais debilitados e com baixo rendimento. Manter a produtividade em alta é mais do que necessário para reduzir o custo da tonelada de cana por hectare e disponibilizar boa quantidade de matériaprima de qualidade, com teor de sacarose satisfatório para a indústria. Um dos fatores que deve ser olhado com atenção, no caso de queda do rendimento agrícola, é a carência de micronutrientes nas plantações de cana, que é uma das principais causas da baixa produtividade. Além disso, esses elementos, embora sejam requeridos em pequenas quantidades pelas plantas, são importantes para o crescimento e desenvolvimento da cultura, perfilhamento, enraizamento, fotossíntese, resistência a pragas e doenças, podendo também contribuir para o aumento de ATR da cana-de-açúcar. Existem, portanto, motivos de sobra para mantê-los com quantidades satisfatórias nos

Aplicação de torna de filtro em canavial da Usina Barralcool

canaviais. Em algumas situações, não necessitam ser repostos por meio de adubação química, pois as demandas das plantas podem ser supridas por teores disponíveis nos solos. Em outros casos, o uso de subprodutos, como torta de filtro, vinhaça e cinzas – que contêm determinada quantidade de micronutrientes em sua composição – pode

descartar a necessidade de uso de fertilizantes à base de micronutrientes. É a análise de solo que vai indicar, no entanto, se haverá necessidade de aplicação desses produtos, da mesma maneira que ocorre com os macronutrientes. Para a canade-açúcar, os micronutrientes mais importantes são: boro (B), cobre (Cu), ferro

(Fe), manganês (Mn), molibdênio (Mo) e zinco (Zn). No caso de utilização de fertilizantes com esses elementos, é preciso levar em conta alguns critérios na hora de escolher o produto, como quantidade de micronutrientes existente, eficiência de absorção pelo tecido vegetal ou pelo solo, facilidade de aplicação.



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Aplicação pode melhorar fertilidade em áreas de expansão da cana O zinco e o molibdênio são os micronutrientes que proporcionam os maiores ganhos de produtividade O uso intensivo da terra tem sido um dos fatores responsáveis pela necessidade de micronutrientes em diversas áreas de cana. A expansão da cultura, a partir de 2003, ocorreu inclusive em regiões com solos de baixa fertilidade, geralmente arenosos e normalmente ácidos, que apresentam carência de macro e micronutrientes. Para melhorar as condições dessas e de outras áreas, cada micronutriente cumpre uma função específica. O zinco e o molibdênio são os que proporcionam os maiores ganhos de produtividade, conforme demonstra pesquisa com micronutrientes em cana-de-açúcar do Centro de Solos e Recursos Ambientais do IAC - Instituto Agronômico, de Campinas, que é vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Coordenado pelos pesquisadores do IAC, Estêvão Vicari Mellis e José Antonio Quaggio, esse programa que já realizou mais de vinte experimentos no estado de São Paulo desde 2005, conta com o apoio da Fapesp e a participação de diversas usinas. O Instituto Agronômico de Campinas é inclusive pioneiro na pesquisa com micronutrientes em cana-de-açúcar no Brasil, que começou a ser realizada no início dos anos 60. Com a criação do Proálcool em 1975, os trabalhos nessa área despertaram maior interesse. (RA)

Estêvão Vicari Mellis, um dos coordenadores da pesquisa com micronutrientes em cana do IAC

Maior resistência a seca e doenças está entre os benefícios Aplicados na quantidade, forma e momento adequados, os micronutrientes fazem bem à saúde dos canaviais. Proporcionam diversos benefícios, segundo especialistas da área. Além de contribuir para o aumento de produtividade, o zinco melhora o enraizamento e o perfilhamento da planta, e em decorrência disso, aumenta a resistência a seca, além de favorecer a redução da incidência da ferrugem na cana. O boro ajuda na formação de regiões meristemáticas, auxilia no transporte de carboidratos das folhas para o colmo e contribui para o aumento da resistência da planta a algumas doenças e ao déficit hídrico, entre outros efeitos positivos. Outro exemplo de benefícios provenientes do uso de micronutriente está relacionado à aplicação de molibdênio que atua sobre as enzimas redutase do nitrato e nitrogenase, possibilitando um melhor aproveitamento do nitrogênio, o que resulta em um crescimento mais vigoroso da planta. De maneira geral, a resposta da canade-açúcar à utilização dos micronutrientes, principalmente em relação à produtividade, varia de acordo com a forma de aplicação, dosagem recomendada, tipo de solo, variedade, clima. (RA)



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Teston realiza Machine Tour e apresenta novidades ao mercado O mês de agosto hospeda anualmente a realização de alguns dos principais eventos do setor rural pelo país. Na sede da Teston, em Cianorte, no noroeste do Paraná, foi a vez do Machine Tour apresentar as novidades da marca ao mercado Sucroalcooleiro. Alguns dos principais clientes da Teston, de todas as regiões do Brasil, foram convidados no início do mês para conhecerem de perto o funcionamento de cada processo e do desenvolvimento dos protótipos até ao produto final. A recepção aconteceu no próprio parque industrial da fábrica de transbordos Gigante 22.000. Logo no começo da tarde, um descontraído coffe break serviu para a troca de experiências e contatos entre os próprios convidados, que seguiram por um tour por toda a empresa e assistiram a uma palestra completa sobre produtos e projetos futuros da Teston, que reafirmou, mais uma vez, seu compromisso com os clientes. O Machine Tour concluiu o ciclo de apresentações com o lançamento da área de vivência. Foi um sucesso. O evento contou com a presença de várias usinas da região. Os convidados constaram que há no mercado um produto robusto, que conta com banheiros, cobertura térmica, iluminação artificial, mesas e cadeiras fixas para refeições e armário com chaves para guarda dos pertences. A estrutura é sólida. O cambão de engate é equipado com mola para facilitar o engate e evitar acidentes no momento da atividade. Possui, ainda, pia para higienização das mãos em material resistente com capa protetora e altura ideal para facilitar o transporte e o engate. É equipado com escada móvel para ajudar no transporte com corrimão e caixa para armazenar dejetos, evitando que toda vez que seja transportada seja necessário abrir uma nova fossa. A Teston vem investindo alto em tecnologia,

robotizando totalmente sua unidade produtora, dobrando a capacidade de produção, construindo novos barracões, tudo em busca de mais tecnologia, eficiência e qualidade. A ideia do Grupo Teston é ter uma fábrica eficiente e rápida, além de contar com uma equipe de profissionais cada vez mais capacitados, otimizando a produção.

LOCAÇÃO DE TRANSBORDOS

Machine Tour, na Teston: alguns dos principais clientes de todas as regiões do Brasil conhecerAm de perto o funcionamento de cada processo e do desenvolvimento dos protótipos até ao produto final

A outra grande novidade ao mercado sucroenergético é a locação de transbordos, com possibilidade de compra ao findar do prazo. É uma grande alternativa para os clientes que estão esperando linhas de crédito. 100% dos clientes aderem a essa modalidade comercial. O aluguel funciona da seguinte forma: Se, por algum motivo, o cliente está com dificuldades de conseguir financiamento ou não quer financiar o equipamento, ele tem a opção de fazer um contrato de locação com compromisso de compra. O prazo pode variar de 12, no máximo, 24 meses. Após a aprovação do cadastro o cliente assina um contrato com a empresa. Em seguida o equipamento é entregue ao cliente, que dá início a um pagamento mensal como um aluguel normal. Ao findar o prazo do contrato ou a qualquer tempo antes do vencimento o cliente efetua o pagamento do transbordo no valor da nota fiscal e recebe de volta 50 % do valor pago de aluguel. Desta forma, ele ganha tempo para conseguir recurso próprio ou bancário para quitar sua compra sem burocracia de maneira simples. A Teston convida você a visitar seu estande na Fenasucro&Agrocana 2015 para conhecer todas essas novidades e lançamentos no mercado sucroenergético.


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Gesso agrícola amplia produtividade e longevidade das soqueiras Se o solo não possuir impedimento químico ao crescimento radicular, ou seja, for verificada presença de cálcio em profundidade e ausência de alumínio tóxico, as aplicações de gesso agrícola podem ser ministradas no sentido do fornecimento nutricional de cálcio e enxofre. Para tanto, as doses podem variar de 300 a 400 kg/ha/ano. Quando o solo apresentar ausência de cálcio em profundidade (< 5 mmolc/dm3), excesso de alumínio (> 4 mmolc/dm3) ou altos valores de saturação por alumínio (> 30%), as doses recomendadas para aplicação de gesso agrícola podem ser calculadas em função da saturação por bases desejadas e da CTC observada (VITTI, 2005):

DA R EDAÇÃO

Desde a criação do Proálcool o Brasil assumiu uma posição de destaque na produção de açúcar oriundo da cana e combustíveis renováveis, estando hoje na vanguarda da tecnologia mundial. O incremento do setor foi possível graças à melhoria tecnológica empregada ao longo dos anos, notadamente com o desenvolvimento de novas cultivares, otimização de máquinas e equipamentos, uso de defensivos adequados para cada situação e no manejo da fertilidade do solo e nutrição da cultura. Basta lembrar que a média da produtividade da cana-deaçúcar, em 1975, era de 47 t/ha, contra 82,1 t/ha avaliada na última safra. O gesso agrícola vem sendo utilizado nos canaviais brasileiros desde a década de 1980, trazendo benefícios relevantes às usinas e fornecedores de cana-de-açúcar, através do aumento de produtividade e da longevidade das soqueiras. Esse insumo pode ser usado como fonte de cálcio e enxofre, pois possui teores nutricionais de 20 e 15% respectivamente e também como condicionador de subsuperfície, trazendo melhorias ao ambiente radicular das plantas, diminuindo a saturação por alumínio do meio, distribuindo bases no perfil do solo, possibilitando assim, o aumento do sistema radicular das plantas.

Insumo pode ser usado como fonte de cálcio e enxofre

Plantas com raízes profundas conseguem absorver água de camadas até então inexploradas, aumentando a resistência a períodos de secas prolongadas e veranicos, pois como todos sabem, o solo seca de cima para baixo. Outro ponto importante é que, ao se absorver água de camadas mais profundas do solo, as raízes conseguem recuperar nutrientes perdidos pela lixiviação natural, muito comum com o potássio e,

principalmente, o nitrogênio. Esse ganho na absorção de nutrientes, conseguido pelo incremento do sistema radicular proporcionado pela aplicação do gesso agrícola, faz a diferença no ganho de produtividade e qualidade tecnológica no momento da colheita. As recomendações para aplicação do insumo podem variar em função dos objetivos do produtor e técnico.

Essa aplicação visa o fornecimento de cálcio e enxofre suficientes para vários anos agrícolas, diminuir a toxicidade do alumínio, distribuir bases, sobretudo o cálcio, no perfil do solo e melhorar o ambiente radicular, sem contudo, promover a movimentação de nutrientes para camadas além do alcance das raízes.


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Adubação foliar continua em alta na lavoura de cana Muitos esforços têm sido feito pelas unidades sucroenergéticas para se obter ganhos de produtividade na lavoura canavieira. Exemplos dessa dedicação são a escolha de variedades mais adaptadas com maior teor de sacarose e novas modalidades de manejo e adubação, além da crescente mecanização e adoção de ferramentas que permitam uma melhor gestão da lavoura, como a agricultura de precisão. A adubação foliar é uma das técnicas que tem merecido a atenção de agrônomos e técnicos pelos benefícios que traz. Já muito utilizada em outras lavouras, a adubação foliar tem o propósito de fornecer micronutrientes, elementos que são essenciais às diversas atividades metabólicas das plantas. Elementos como Boro, Magnésio, Zinco, Enxofre e outros são necessários em pequenas quantidades e sua ausência pode acarretar diversas deficiências na evolução e crescimento das plantas. Esses micronutrientes complementam a adubação convencional com os macronutrientes Nitrogênio, Fósforo e Potássio (NPK) proporcionando um crescimento vigoroso e sadio do canavial. Sua aplicação diretamente nas folhas permite uma rápida absorção pela planta, além de facilitar a aplicação.

Micronutrientes colaboram no crescimento do canavial

O fornecimento complementar de nutrientes proporciona às plantas um pleno crescimento dentro e reforça as defesas naturais contra o ataque de pragas e doenças. Essa modalidade de adubação tem ganhado adeptos na lavoura de cana, pelos

bons resultados alcançados. Com o aumento do emprego dessa modalidade de fornecimento de micronutrientes às plantas, estima-se que em 2020 as lavouras canavieiras sejam o maior mercado para os adubos foliares, superando todas as demais culturas.

Essa perspectiva se deve principalmente à ampliação das áreas cultivadas nas regiões com solos arenosos, mais deficientes em micronutrientes, como é o caso da Região Centro-Oeste, que se tornou uma nova fronteira com acelerada expansão para a lavoura de cana-de-açúcar.

Desafios na área agrícola continuam

Sistemas de gestão são essenciais no controle do canavial

Especificamente na área agrícola os desafios de gestão são enormes, envolvendo a identificação das áreas quanto aos tipos de solo e declividade, manejo varietal, tratos culturais, colheita. Os procedimentos de colheita (corte, carregamento e transporte) possuem grande importância, pois representam aproximadamente 25% dos custos totais de produção. Além disso, a correta operação da indústria é dependente do fluxo constante de matéria-prima, no caso a cana-de-açúcar, para que também possa ter uma performance correspondente à produtividade desejada. O correto equacionamento através da gestão dos recursos existentes, como

As usinas sucroenergéticas modernas requerem uma atividade multidisciplinar perfeitamente integrada para que se alcance o resultado desejado, o que torna sua gestão bastante complexa, principalmente por conter no espectro de sua atuação fatores não perfeitamente previsíveis, como fatores climáticos ou decorrentes da logística que podem alterar totalmente a performance esperada. Esses fatores diferenciam bastante a atividade de produção de açúcar e etanol de outros tipos de indústrias de características seriadas, como aquelas baseadas em linhas de montagem, que embora possam ter um alto grau de sofisticação, também podem ter seus parâmetros operacionais mais facilmente avaliados. Nos últimos anos, com o aumento de produção generalizado de todas as unidades industriais produtoras de açúcar e etanol, acompanhado de uma necessidade cada vez maior de aumento de produtividade e redução de custos para se manter a competitividade, tornou-se imperativo o uso de ferramentas de gestão que permitam não só informar situações e ocorrências em tempo real, mas também permitir a tomada de decisões no mínimo espaço de tempo possível. A informática fornece ferramentas adequadas a tratar de grande quantidade de dados, incluindo estratégias de ação prédefinidas, que consistem nos chamados SIG – Sistemas Integrados de Gerenciamento. No

máquinas e mão de obra são fundamentais para o sucesso da operação, que envolve várias frentes ao mesmo tempo e em situações de trabalho diferentes. Isto se torna mais evidente ainda com a crescente adoção da mecanização da lavoura, com suas múltiplas máquinas e necessidades logísticas. Focando essas necessidades, várias empresas têm atuado no sentido de fornecer softwares específicos para essas atividades, possibilitando uma gestão eficaz dos recursos disponíveis na usina. Para que esse trabalho seja consistente, é importante que os programas utilizados para cada área de atividade sejam capazes de se comunicar entre si, permitindo uma total integração.

Gestão integrada é fundamental nas modernas usinas

entanto, foi somente com o avanço da microeletrônica, produzindo processadores mais potentes e o advento dos sistemas baseados na arquitetura cliente/servidor, tornando os custos desses sistemas mais baixos e funcionais, que foi possível generalizar seu uso. A adoção desses sistemas permite várias vantagens organizacionais, como: eliminar interfaces manuais, agilizar o fluxo e a qualidade das informações, eliminar atividades duplicadas, facilitar o processo de gerenciamento e decisão, reduzir o “leadtime” e suas incertezas, e ainda incorporar práticas pré-definidas em seu código. Assim, hoje, é impensável a gestão de qualquer empreendimento sem essas ferramentas. No caso das usinas, seu uso pode ser dividido, grosso modo, em três áreas: administrativa, industrial e agrícola.



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Lubrificação industrial não deve ser negligenciada Resultados positivos dependem de cuidados especiais que incluem uso de produto adequado e treinamento R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

Lubrificação não é simplesmente jogar um óleo ou usar uma graxa em alguns equipamentos. Pode até não ser a tarefa mais complicada do universo industrial. Mas, exige cuidados especiais em relação a diversos aspectos. Apesar do avanço da manutenção no setor sucroenergético, ocorre ainda uma certa negligência na realização dessa operação em muitas usinas e destilarias que lidam com técnicas modernas, como análise de vibração, termografia e análise dos lubrificantes, entre outros ensaios preditivos. Para a obtenção de resultados positivos, é preciso, antes de mais nada, a elaboração de um plano de lubrificação que leve em consideração as condições operacionais, a especificação do produto, a quantidade indicada, a frequência de relubrificação, o método de trabalho mais adequado, entre outros itens. Devem ser considerados também aspectos de segurança, saúde e meio ambiente. Alguns equipamentos requerem atenção

A moenda, por exemplo, exige trabalho mais pesado e criterioso na lubrificação

redobrada durante a execução da lubrificação. A moenda, por exemplo, exige um trabalho mais pesado e criterioso devido a quantidade de itens que fazem parte desse sistema de extração, como mancais, rodetes, volandeiras e engrenagens intermediárias. É preciso observar a necessidade de uso de lubrificantes específicos para equipamentos e componentes das plantas industriais, que operam sob condições

operacionais diferentes. Entre estes itens estão os próprios mancais de moendas, compressores de ar, redutores de engrenagens, turbogeradores, motobombas, sistemas hidráulicos. No processo de fabricação de açúcar, devem ser utilizados lubrificantes de grau alimentício nos pontos onde podem ocorrer contatos do produto com partes lubrificadas. Existe também a necessidade de

treinamento da equipe para que ocorra a aplicação, manuseio e armazenamento adequados dos lubrificantes. Se tudo for feito de maneira correta, a lubrificação vai cumprir sua missão com eficiência. Essa operação tem inclusive a finalidade de assegurar o máximo de disponibilidade operacional, evitar desgastes prematuros e garantir maior vida útil possível dos equipamentos.



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Mudanças na matéria-prima interferem no tratamento de caldo BNDES compara o etanol de cana ao de milho; usina flex pode auxiliar o setor a superar a crise, afirma estudo R ENATO ANSELMI,

DE

CAMPINAS, SP

As mudanças na matéria-prima, em decorrência do corte mecanizado de cana crua, estão exigindo adaptações no processo de produção industrial de usinas e destilarias. A maior quantidade de impurezas, transportadas para as unidades industriais, tem dificultado o tratamento e filtragem de caldo, afirma Cláudio Hartkopf Lopes, professor do Dtaiser/UFSCar – Departamento de Tecnologia Agroindustrial e Socioeconomia Rural da Universidade Federal de São Carlos. A impureza vegetal acaba carreando muito material corante – como polissacarídeo, amido – que prejudica a clarificação, explica o professor da UFSCar. Outra substância intrusa no caldo é a dextrana, que geralmente é resultante de cana velha – observa. Para minimizar os efeitos do aumento de impurezas, as unidades

sucroenergéticas têm adotado algumas medidas. Uma delas é o uso de filtros com áreas maiores – constata Cláudio Lopes. “Uma usina que conseguia operar tranquilamente com meio metro quadrado de filtro por tonelada de cana processada por hora, hoje necessita de um metro quadrado para o mesmo volume de matéria-prima. Dependendo do tipo do filtro é preciso de uma área até um pouco maior”, diz. Em função das impurezas, está sendo gerada uma maior quantidade de torta. Com o objetivo de aprimorar o processo de filtragem, o mercado tem disponibilizado também novas opções de equipamentos nessa área – informa. Existe também um esforço, em diversas usinas, voltado à diminuição da quantidade de impurezas, principalmente as vegetais, antes da matéria-prima começar a ser processada na unidade industrial. Além de programas adotados no campo, está ocorrendo um aumento gradativo do uso de sistemas de limpeza de cana a seco. Mas, mesmo assim passam muitas impurezas vegetais – constata Cláudio Lopes. A mineral, que entra na indústria, costuma ser separada pelas peneiras e acaba virando torta de filtro. Se não for retirada do processo sobrecarrega equipamentos – alerta –, afetando a eficiência da produção industrial.

Cláudio Hartkopf Lopes, professor do Dtaiser/UFSCar



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Escolha do sistema de extração também causa impacto Com o uso do difusor, a dificuldade para o tratamento de caldo é menor, pois ocorre uma correção de pH durante o processamento no próprio equipamento. Não é apenas a quantidade de impurezas que interfere no tratamento de caldo. Existem outros fatores que afetam essa etapa do processo de produção. Até mesmo a escolha de moenda ou difusor, na extração do caldo, tem impacto no tratamento. “Quando a usina utiliza difusor, o trabalho para tratamento de caldo é menor, pois já é feita uma correção de pH durante o processamento no próprio equipamento. Parte das impurezas acaba se precipitando e sai com o bagaço”, detalha Cláudio Hartkopf Lopes, professor da UFSCar. O difusor produz uma quantidade de torta de filtro, que equivale a metade do total gerado pela moenda – compara. Neste caso, com o bagaço contendo maior volume de impurezas, principalmente a mineral, o “prejuízo” fica para a caldeira que tem maior desgaste. Com uma clarificação prévia, o difusor facilita o tratamento. “Mas, como este equipamento tem uma capacidade de extração muito elevada, extrai também precursores de cor, como polifenóis. Por isso, algumas unidades preferem a moenda para fazer açúcar de boa qualidade, com baixa cor Icumsa”, observa.

Com o uso do difusor, a dificuldade para o tratamento de caldo é menor

Quando a usina possui difusor, há necessidade de fazer a correção no tratamento de caldo por meio do uso de maior quantidade de ácido fosfórico –

exemplifica. Mas, é possível também adaptar o tratamento para fazer açúcar cristal mesmo com a utilização desse sistema de extração – opina. (RA)

Novos desafios aumentam demanda por produtos químicos O aumento das impurezas está impondo novos desafios para as unidades sucroenergéticas no tratamento de caldo. “Há maior necessidade de aplicação de produtos químicos, polímeros. Ocorreu também um crescimento de demanda por ácido fosfórico. O tratamento químico ficou mais complexo”, afirma Cláudio Lopes. A “batalha” das usinas é assegurar condições para a fabricação de um açúcar de qualidade. As maiores dificuldades estão relacionadas à produção do açúcar cristal. Mas, até mesmo as exigências para o VHP – que é único tipo de açúcar fabricado por várias unidades sucroenergéticas – tornaram-se maiores em um mercado que está cada vez mais competitivo. Para o VHP, a meta em diversos casos é não ultrapassar 1200 de cor Icumsa – exemplifica. No caso de produção de VHP – bastante requisitado, atualmente, no mercado –, as exigências em relação à cor já estão em torno de 400 de cor Icumsa, o que requer também a adoção de medidas visando minimizar os efeitos das impurezas vegetais, constata. (RA)



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Estudos devem definir escolha de equipamento mais adequado Existem benefícios e desvantagens na hora de optar entre o filtro rotativo e a prensa desaguadora, segundo professor da UFSCar Outro ponto polêmico, em relação ao tratamento de caldo é o uso de filtro rotativo ou prensa desaguadora – observa Cláudio Lopes. Para avaliar os benefícios e as desvantagens na escolha de um ou outro equipamento é preciso fazer um estudo que leve em consideração o tipo de cana que está sendo processado, o tipo de açúcar que está sendo produzido – diz. O filtro é mais robusto, não requer a utilização de grande quantidade de polímeros, tem um bom desempenho em locais com terra argilosa, consome menos água de lavagem, gera um filtrado mais concentrado – detalha. “Porém, é um equipamento extremamente pesado, precisa de investimento em estrutura metálica para ser instalado numa posição elevada, por causa do multijato para fazer o vácuo. Tem um custo alto por causa da tela, contratela. A torta é mais úmida”, pondera. Entre as vantagens da prensa desaguadora, ele cita o baixo custo, o fato de não necessitar de bagacinho, além de apresentar maior facilidade de limpeza.

Exige, no entanto, maior consumo de água e energia e requer a adição de cal. “É preciso fazer uma avaliação caso a caso, não uma solução única. Em algumas situações uma tecnologia é muito superior a outra e acaba substituindo a anterior. Às vezes, elas convivem, como são os casos da moenda com o difusor, do decantador rápido com o lento, do filtro rotativo com a prensa desaguadora ”, enfatiza. (RA)

Tendência é a utilização do decantador rápido Existe hoje uma tendência de uso do decantador rápido, que é considerada uma evolução no tratamento de caldo, segundo Cláudio Lopes. Esse equipamento apresenta uma menor perda indeterminada de sacarose, ocasiona pouco escurecimento do açúcar e proporciona maior facilidade na manutenção por não possuir bandeja. O decantador lento chega a formar cor no próprio aparelho, sendo mais recomendado para o tratamento de caldo para a produção de etanol – opina o professor da UFSCar. Um problema na utilização do decantador rápido, no entanto, é a necessidade de uso de maior quantidade de produtos químicos, principalmente polímeros, avalia. Apesar disso, os novos projetos estão preferindo este tipo de equipamento – informa. (RA)

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Manutenção eficiente e treinamento são considerados essenciais Resultados positivos no processo de filtragem dependem também do conhecimento das metas e objetivos a serem seguidos O preparo de lodo é um dos itens mais importantes para se conseguir uma boa performance no processo de filtragem, o que inclui temperatura, concentração, dosagem de bagaço, dosagem de polímero e água de embebição, afirma Delsione Luiz da Silva, supervisor pós-venda da VLC Sistemas de Filtração e Sedimentação. Segundo ele, o comprometimento dos operadores é fundamental e somente com o treinamento há a possibilidade de conseguir a excelência nos resultados do processo de filtração. É necessário fazer com que saibam da importância dos resultados e tenham em mente o quanto se perde com baixa eficiência do filtro – diz. “É muito comum visitarmos usinas em que os operadores não têm conhecimento das metas de perda ou do objetivo a ser seguido”, constata o supervisor pós-venda. Como os filtros possuem muitos itens de desgaste, a realização da manutenção adequada é muito importante para evitar perdas de vácuo – recomenda. “É preciso

Delsione Luiz da Silva: treinamento leva a excelência nos resultados da filtração

fazer uma manutenção preventiva durante a safra”, ressalta. Segundo Delsione Silva, a VLC possui uma linha específica para clarificação e filtragem para tratamento de lodo em usinas, incluindo filtro rotativo, prensa desaguadora, o filtro ASF. “O filtro SCF é nosso último desenvolvimento para o tratamento de lodo”, informa. Esse equipamento alia as melhores características do filtro rotativo e da prensa

desaguadora – enfatiza. Pol mais baixa, filtrado mais limpo e com maior teor de brix, menor consumo de água e menor custo de manutenção são os principais ganhos proporcionados pelo filtro SCF – destaca. “O SCF consome somente nove metros cúbicos por hora de água para lavagem da torta e dez m³/h para lavagem da tela, enquanto na prensa esse consumo é em torno de quarenta m³/h (lavagem da tela +

lavagem da torta)”, detalha. O baixo custo de manutenção é outro ponto de destaque do SCF quando comparado ao filtro rotativo e à prensa desaguadora. “Temos histórico de que telas do filtro SCF duram até três safras e na prensa há necessidade de dois a três jogos por safra”, revela. A substituição da tela, além de ter um custo elevado, diminui a disponibilidade operacional devido ao tempo necessário para troca – comenta. (RA)



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Geradores de grande porte ampliam flexibilidade das operações Linha SuperTurbo da TGM para acionamentos de geradores traz segurança e disponibilidade operacional Na geração de energia elétrica em termelétrica são utilizados vários equipamentos como caldeira, turbina, redutor, gerador, painel e sala de controle. Cada um tem suas particularidades e a integração total entre eles faz de um ciclo de conversão de energia, de térmica em mecânica e mecânica em elétrica. Os conceitos apurados e aplicados pela TGM no ciclo de geração de energia elétrica em mais de 250 turborredutores propiciaram uma evolução sistemática que culminou no desenvolvimento e instalação da linha SuperTurbo, cujo redutor foca, especialmente, na eficiência e na confiabilidade operacional aplicados com potência de até 60 MW. Este equipamento carrega características consagradas na linha RTS, possui dimensionamento robusto e é instalado com a linha TGM de Acoplamentos Flexíveis – GearFlex. A solução SuperTurbo com acoplamento flexível é segura e garante a operação em alta performance ao compensar os esforços externos que provocam desalinhamentos angulares, de

SuperTurbo traz características consagradas na linha RTS

paralelismo e axiais entre os eixos dos turbogeradores. Os acoplamentos de engrenagens, desenvolvidos e patenteados pela TGM, podem ser aplicados em turborredutores de qualquer fabricante e estão disponíveis nos

modelos F e T, que permitem a utilização em instalações flangeadas, alterando apenas o acoplamento do redutor. Os demais componentes e as bases de instalação permanecem inalterados. Para José Paulo Figueiredo, diretor de

Engenharia da TGM, os turborredutores são considerados equipamentos especiais quando se fala em redutores para geração de energia. ”Em quase todas as aplicações são os redutores que recebem os esforços do conjunto, principalmente, das variações decorrentes de carga e dos outros equipamentos. Por conta disso, foi necessário desenvolver uma máquina específica para esta aplicação”, afirmou. Dentre as unidades que operam com a linha SuperTurbo com desempenho excepcional está a Usina São Francisco, localizada em Sertãozinho, SP. “A UFRA contratou a Empral para que o corpo técnico da empresa juntamente com a equipe TGM analisasse o turbogerador. Após análises, concluíram que existiam fatores externos nos turborredutores que levavam às irregularidades operacionais. Diante disso, foi instalado o acoplamento flexível, entre o gerador e o redutor, desenvolvido pela TGM”, comentou Jairo Balbo, diretor da usina. O diretor disse ainda que “após a instalação do acoplamento, foi corrigida a irregularidade, visto que na safra 2014/2015 o conjunto operou sem apresentar os problemas das safras anteriores. Assim, entendemos que os resultados obtidos por aplicação de acoplamentos flexíveis são bastante promissores e acreditamos ser a solução definitiva dos problemas que tivemos no passado”, concluiu Balbo.

Cresce fatia de planetários G3 Full na safra atual Safra 2015/2016 opera com mais de 60 destes redutores planetários TGM no Centro-Sul, no Nordeste e no exterior Com mercado cada vez mais competitivo e antenado nas inovações tecnológicas para ter mais eficiência energética, controle da moagem, maior segurança e economia em manutenção das moendas e difusores, a busca por equipamentos com esses requisitos é constante no setor. Com dois anos do lançamento da linha de redutores planetários, o G3 Full TGM tornou-se um marco no mercado em acionamento de moendas e difusores em várias regiões do Brasil e até mesmo na América do Sul. Até hoje, mais de 60 redutores estão instalados no campo. A ascensão deste equipamento se deve pela versatilidade e menor custo de implantação. “Atribuo o crescimento G3 Full pelo diferencial no ciclo de manutenção de até 10 safras e também por permitir aplicação rolo a rolo e central”, comentou o coordenador comercial da Unidade de Negócio Transmissões TGM, Vicente de Paula Silva Jr. Entre as unidades que adquiriram são: BP Tropical, Nardini, Guarani S.A., Raízen, SJC Bioenergia, Biosev, Da Mata, São José da Estivas, Uberaba, Vale do Tijuco entre outras. No Nordeste, a Usina Camaragibe, de Alagoas e a Monte Alegre, da Paraíba instalaram o G3 Full para esta safra. “Desde que o primeiro planetário G2 TGM foi instalado, a moagem melhorou significativamente e vai progredir ainda mais. É um equipamento muito simples, com grande versatilidade e não requer manutenção”, relatou Marcos Pontes, engenheiro mecânico da Camaragibe. A Monte Alegre está com quatro redutores planetários

G3 Full TGM tornou-se um marco no mercado de acionamento de moendas e difusores

TGM no total. “Estamos muito confiantes quanto ao desempenho do redutor por ser o mais moderno no Brasil, atualmente”, disse Marlene de Fátima Oliveira, gerente industrial da Monte Alegre. No exterior, os redutores planetários TGM também estão presentes. Na La Corona, El Angel e Los Balcanes, o G3 Full vai elevar o nível de produtividade na extração e contribuir no fortalecimento do processo industrial. Isso só é possível porque os planetários apresentam estrutura compacta, têm

maior robustez, baixo custo de obra civil e de manutenção. Eles ainda contribuem com o balanço energético, principalmente, na geração e exportação de energia. Vale lembrar que a TGM conta com uma equipe especializada no desenvolvimento e aplicação dos redutores planetários com conceitos diferenciados e estudados em campo para ter mais eficiência e segurança, tendo em vista que estes são um dos principais pontos para elevar o volume e a continuidade de geração de energia.


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Retrofit é saída para a retomada de investimentos nas plantas Fomentar o aumento da geração de energia elétrica a partir da biomassa nas indústrias sucroenergéticas é a alma do negócio pelo mundo. Durante anos, o foco das indústrias era gerar vapor de baixa pressão/temperatura para a autossuficiência em energia e para os processos. Com a recente reestruturação do setor elétrico brasileiro, as usinas começaram a investir em outras vertentes: caldeiras de alta pressão e alta temperatura combinadas com turbinas a vapor de contrapressão e de condensação para exportação do excedente de energia ao Sistema Interligado Nacional (SIN).

Processo de modernização fomenta o aumento dos MWh gerados e ainda garante receita à indústria sucroenergética Rotores de turbinas de vários tamanhos de máquinas

O lucro que vem da cana (biomassa) – Mesmo em tempos de escassez de recursos para financiar novas plantas (greenfields), a solução em retrofit possibilita sustentar a necessidade de crescimento da oferta de energia e garantir receita adicional oriunda da venda do excedente. Além disso, é

possível aumentar a confiabilidade operacional, otimizar os processos e dar mais eficiência às plantas existentes. Para o Retrofit acontecer são necessários: linha de crédito já disponibilizada pelo BNDES, com taxa de juros adequadas e prazo de pagamento de 20

anos; facilitar e reduzir o volume de garantias e valorizar a venda do excedente de energia; precificar o MWh em, no mínimo, R$ 250,00 excluindo a conexão e a distribuição e ter rapidez dos órgãos responsáveis na liberação da conexão e distribuição da energia elétrica.

Marcelo Severi, gerente do departamento comercial da Unidade Negócios Turbinas TGM, afirma que as indústrias que ainda utilizam caldeiras e turbinas de baixa pressão se enquadram, perfeitamente, no plano de Retrofit. “Os acionamentos feitos por turbinas de bombas d’água, ventiladores e exaustores, na sua maioria, não operam na melhor faixa de eficiência e são recomendados a modernização, substituição por turbinas mais eficientes ou eletrificação do acionamento”, disse. Com a eletrificação, o vapor é direcionado para as turbinas de geração de energia aumentando a potência gerada em 40%. “Aplicando o mesmo conceito de eletrificação dos acionamentos do preparo e moagem, o vapor é direcionado também às turbinas do gerador nas mesmas condições de pressão e temperatura, podendo gerar um incremento de até 15%”, descreveu o gerente. Severi também compara a potência gerada nas diferentes condições de vapor vivo para 1 ton de vapor em uma turbina de contrapressão de 1,5 kgf/cm², acionando gerador de energia elétrica e a potência gerada nas diferentes condições de vapor vivo em uma turbina de condensação. “Com o equipamento retrofitado, é possível iniciar a exportação de excedente de energia podendo chegar em até 75 kW/Ton cana”, disse. A implantação do Retrofit pode ser realizada em 24 meses. Tempo menor que uma nova planta.

Contrato em longo prazo reduz riscos de paradas e gastos excessivos Maior previsibilidade nos investimentos, eficiência industrial, disponibilidade e segurança nos processos da matriz energética do Brasil são metodologias de gestão em planejamento que retratam o cerne estrutural de um Contrato em Longo Prazo (CLP). Com base nos conceitos de planejamento de manutenção, esta prática garante reduzir riscos de paradas indesejadas, desgastes prematuros dos equipamentos e gastos excessivos com manutenção.

Conceito de manutenção avança com solidez, principalmente nas indústrias que buscam eficiência, disponibilidade e segurança nos processos Um dos destaques do setor em CLP é a TGM, que busca o pleno funcionamento dos equipamentos através da estrutura de engenharia, industrialização e campo para suprir as necessidades dos clientes. De acordo com Mauro Moratelli, gerente comercial da Unidade de Negócio Serviços, a TGM vem implantando o CLP nas empresas com êxito. Até hoje, o montante soma mais de 400 equipamentos assistidos e afirma que o conceito avança com solidez,

setor, especialistas da TGM ministraram palestras nos principais eventos técnicos do setor: Sinatub (Ribeirão Preto, SP); Grupo de Estudos em Gestão Industrial do Setor Sucroalcooleiro (GEGIS), em Sertãozinho, SP e em Dourados, MS e Simpósio da Agroindústria da Cana-de-açúcar de Alagoas, que aconteceu durante a Fersucro. O serviço 24h de assistência técnica TGM tornou-se um ícone, garante a empresa, pois a escolha por contratos de manutenção em longo prazo e atendimento de emergências seguem um padrão de referência no critério de 100% de disponibilidade da planta.

RETROFIT NOS EVENTOS

TGM vem implantando com êxito o CLP nas empresas

principalmente nas indústrias, que buscam garantir eficiência, disponibilidade e segurança nos processos. “Estamos conseguindo níveis de disponibilidade de equipamentos idênticos às unidades industriais mais críticas, tais como: petróleo, químico, papel e celulose. Esse trabalho é um marco para a evolução da disponibilidade de equipamentos, garantindo, assim, o faturamento do cliente”, comentou. Os clientes da TGM planejam a manutenção e garantem que esse serviço é

sinônimo de gestão de qualidade/negócios, pois em médio e longo prazo tal prática vai propiciar maior rentabilidade à planta. Alfredo Benelli, coordenador de CLP, mostra ao cliente a realidade do fornecimento terceirizado de manutenção planejada global através de cases, expõe a disponibilidade de estoque; as regras de priorização de atendimento; a definição de criticidade de equipamentos e as análises de falhas. Por conta da importância do assunto no

4ª Conferência Datagro Dia: 25 de agosto de 2015 – das 8h às 12h30 Local: Espaço de Conferências Fenasucro Conferencista: Marcelo Severi – gerente do departamento comercial da Unidade de Negócio Turbinas TGM Assunto: Potencial de expansão da cogeração no Brasil Conferência de Bioenergia Ceise Br/Unica Dia: 26 de agosto de 2015 – das 8h às 18h Local: Espaço de Conferências Fenasucro Conferencista: Marcelo Severi – gerente do departamento comercial da Unidade de Negócio Turbinas TGM Assunto: Retrofit x O potencial da bioeletricidade no Estado de São Paulo: oportunidades e desafios


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Vanguarda mundial em turbinas a vapor de reação chega ao Brasil

Perttu Henttonen, director licensing & IP legal, Markus Fluck, director Strategy & business development e Daniel Wahler, vice president industrial steam turbine, da Alstom, Rogério Fanini Jr, diretor comercial e Giovanni Gobbin, diretor geral de operações da NG.

NG e Alstom assinam acordo de transferência tecnológica A NG e a Alstom estabeleceram um acordo de transferência de tecnologia com o objetivo de oferecer para o mercado brasileiro a linha GRT (Geared Reaction steam Turbine) de turbinas do tipo de reação de alto desempenho. A linha GRT é uma nova família de turbinas a vapor do tipo de reação, de construção modular, e contém o mais atual e eficiente projeto de palhetas de reação, de perfil variável, e adequadas para potências de até 80 MW, com condições limites de vapor de admissão de 125 bar / 540 °C ou 130 bar / 530 °C. Essa nova família de máquinas foi concebida, no caso das turbinas de condensação, com as carcaças de saída de fluxo axial, o que, além de produzir um projeto compacto, diminui significativamente o investimento com a construção civil das casas

de força e o tempo de instalação no campo. "A vasta experiência de ambas as empresas irá facilitar uma rápida entrada no mercado em um momento em que o Brasil precisa urgentemente aumentar a sua capacidade de geração industrial de energia, principalmente da biomassa, como uma fonte confiável de energia elétrica", disse Daniel Wahler, vice presidente do setor de turbinas industriais a vapor da Alstom. Segundo Giovanni Gobbin, diretor geral de operações da NG, "a combinação da avançada tecnologia Alstom com a tradição da NG no mercado brasileiro, e seu conhecimento das necessidades das indústrias de açúcar e etanol e de outros setores, irá trazer uma nova e moderna opção de máquinas para os clientes que necessitam de energia eficiente".

José Antonio Mari, 62 anos, engenheiro mecânico pela Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá (Unesp), trabalha com turbinas a vapor há 38 anos e é responsável pela gerência de engenharia da NG. Com o recente acordo firmado com a Alstom, tendo como objetivo a fabricação no Brasil de turbinas a vapor do tipo de reação, foi designado para coordenar a transferência de tecnologia entre as duas empresas. Nesta entrevista ele fala das expectativas com relação ao tema. JornalCana - Como o senhor situa a tecnologia Alstom de turbinas a vapor no cenário mundial? José Antonio Mari - A Alstom representa a vanguarda tecnológica mundial em termos de turbinas a vapor. Com sede em Baden, na Suíça, nas dependências da antiga Brown Boveri Company, possui um fantástico centro de desenvolvimento, que veio reunir toda tradição tecnológica de longos anos de experiência com o que há de mais moderno em termos de recursos e critérios de projeto de engenharia. Qual é o principal diferencial da família de turbinas GRT? As turbinas industriais da série GRT foram desenvolvidas para garantir extrema confiabilidade operacional, a partir de um projeto compacto e eficiente, garantindo elevadas receitas operacionais no comércio de energia elétrica, com o mínimo investimento em obras civis e instalação em geral. Como avalia as perspectivas de mercado para esse tipo de máquina no Brasil? Espera-se que o Brasil retome em breve a linha de desenvolvimento necessária para o

José Antonio Mari, gerente de engenharia da NG

crescimento financeiro e social do país, para o que uma grande quantidade adicional de energia será requerida. A experiência da NG em adaptar tecnologias de alta eficiência às necessidades típicas das empresas geradoras de energia no Brasil garante que essa nova tecnologia seja disponibilizada de maneira muito competitiva, confiável e com elevada eficiência operacional, garantindo o retorno de investimento, em curtíssimo prazo. Dessa forma, vejo que as turbinas da Série GRT representarão um grande atrativo comercial para os investidores brasileiros de geração industrial de energia elétrica. NG Metalúrgica Ltda 19 3429 7272 www.ngmetalurgica.com.br comercialenergia@ngmetalurgica.com.br



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Impureza mineral é a ‘vilã’ do desgaste de equipamentos Redução do volume de terra e palha, manutenções adequadas, treinamento de operadores são algumas medidas que diminuem custos na unidade industrial R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

Medidas para a redução e controle de desgastes de tubulações e equipamentos, utilizados no processo de produção industrial, podem significar diminuição de custos e elevação da eficiência operacional, o que é muito bem-vindo neste momento de dificuldades financeiras do setor. Algumas ações dependem, no entanto, de investimentos, outras exigem ajustes e planejamento. Redução de impurezas minerais e vegetais, operação dos equipamentos de acordo com os parâmetros recomendados, utilização de aço inox e de revestimentos, manutenções preditiva e preventiva, treinamento de operadores fazem parte da lista de procedimentos que podem diminuir custos gerados pelos desgastes que aumentam os gastos com manutenção e reduzem a vida útil dos equipamentos.

A grande vilã dos desgastes é a impureza mineral, transportada para a indústria junto com a matéria-prima, provocando abrasão no sistema de preparo de cana, esteiras, moendas, caldeiras – destaca Luiz Magazoni, diretor industrial da Usina São Domingos. Com a mecanização da colheita houve um aumento da quantidade de impurezas na unidade industrial – constata. Se os canaviais – próprios ou de fornecedores – estiverem em solo arenoso, os equipamentos da usina terão problemas ainda maiores com abrasão. “A areia é muito mais abrasiva do que a argila”, afirma. A situação se torna ainda mais complicada em período de chuva. Usinas localizadas em áreas com solo argiloso convivem melhor com a impureza mineral e têm um custo muito menor de manutenção, de desgaste e de troca – compara Luiz Magazoni. De maneira geral, o custo com a abrasão é bastante significativo. “Mas, é difícil medi-lo”, observa. Para minimizar desgastes em equipamentos, a redução das impurezas minerais deve tornar-se prioridade para usinas e destilarias. “Esse trabalho começa no campo e prossegue na indústria com a utilização de um sistema de limpeza de cana a seco que seja realmente eficiente”, afirma.

Luiz Magazoni, diretor industrial da Usina São Domingos

Palha pode gerar perdas no transporte e na eficiência

Controle depende também dos cuidados adotados no campo

O maior prejuízo causado pela impureza vegetal está relacionado à eficiência da planta industrial. “Se não for separada no sistema de limpeza, a palha entra na moenda, reduz a extração e acaba carregando, quando há umidade, a impureza mineral junto”, diz Luiz Magazoni. No transporte de cana-de-açúcar para a indústria, a presença de impurezas vegetais também provoca perdas: a carga de matériaprima torna-se menor. “Tem usina que até procura transportar mais palha para usá-la na caldeira para a geração de energia, fazendo a separação antes dela entrar na moenda. Para quem não tem sistema de limpeza a seco, a impureza vegetal é terrível: ocupa espaço de cana na extração e atrapalha bastante”, enfatiza. Os estragos proporcionados pelas impurezas vegetais podem ser maiores ou menores dependendo da eficiência do processo de limpeza a seco. Segundo o diretor industrial da São Domingos, as unidades sucroenergéticas têm procurado melhorar a eficiência desses sistemas que ficam na faixa de 60% a 70%. Com chuva, a eficiência cai pela metade, tornando-se muita baixa – observa. “As impurezas minerais e vegetais grudam na cana e o sistema separa muito pouco”, diz. (RA)

A qualidade das operações realizadas na área agrícola também pode interferir no desgaste dos equipamentos industriais. Para a redução de impurezas minerais e vegetais é necessário investir, por exemplo, no preparo do solo, plantio, colheita e treinamento de operadores. Há diversos procedimentos que precisam ser aprimorados no campo, incluindo a sistematização do terreno para o corte mecanizado, afirma Luiz Magazoni. “Ainda estamos na fase de transição. Existem áreas de cana que não foram preparadas para a colheita mecanizada. Foram plantadas para o corte de cana inteira. Mas já estão sendo utilizadas para a colheita mecânica que traz, nestes casos, mais terra para a indústria”, diz. De acordo com ele, os plantios feitos recentemente estão sendo sistematizados. “Com certeza, essa cana vem com melhor qualidade do que aquela que foi plantada para ser colhida inteira”, compara. (RA)

Manutenção em dia e aço inox proporcionam retorno positivo Apesar das dificuldades provenientes da crise, as usinas devem fazer as manutenções em dia visando a redução dos custos gerados pelo desgaste de equipamentos – recomenda Luiz Magazoni. “Caldeira, tubulação, bombeamento são os mais afetados. É possível evitar grandes problemas com as moendas por meio do chapisco e de uma manutenção preventiva eficiente”, afirma. A utilização de materiais de melhor qualidade na planta industrial como o aço inox é outra aliada do controle de desgastes. “O açúcar e o caldo provocam corrosão. Quem tiver possibilidade de trabalhar com inox, além de prevenir essas corrosões, consegue ganhar na qualidade. Não há dúvida que o investimento vai ter retorno”, diz. (RA)

Operação fora dos parâmetros gera transtornos na unidade industrial Os equipamentos da unidade industrial devem ser otimizados para que apresentem boa performance, sem desgastes desnecessários e excessivos. “A velocidade alta em caldeira é como um esmeril na tubulação do feixe tubular. A areia afeta também algumas tubulações, bombeamento em curvas, bombas”, alerta Luiz Magazoni. Em decorrência disto, o projeto de caldeiras deve definir velocidade baixa de gases. Essas caldeiras antigas, que passaram por um processo de reforma e repotenciamento, têm velocidades altas de gases e acabam causando problemas sérios no feixe tubular – enfatiza. No caso de bombas, a recomendação é usar baixa rotação – diz. Segundo ele, diversas usinas estão trabalhando a questão da velocidade e outros itens, redimensionando equipamentos. Apesar de não ser frequente, a operação fora dos parâmetros indicados é uma das causas de desgaste – observa. “Um redutor que opera numa potência maior para a qual foi dimensionado terá uma durabilidade menor. Uma caldeira que vai gerar 100 toneladas não deve ser operada para produzir mais do que isto. Alguns até ‘forçam’ o equipamento devido à necessidade. Mas, este procedimento causa mais estragos” – comenta. Se uma usina utilizar mais cana para a extração em uma moenda que tem uma determinada capacidade, é lógico que o equipamento vai apresentar problemas com maior rapidez – afirma. A decisão, neste caso, depende de cada situação, “Se a usina tiver mais cana e precisar utilizá-la, é necessário ponderar”, avalia. (RA)



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Problemas com a matéria-prima dão origem às perdas industriais Queda do rendimento na extração do caldo pode interferir no equilíbrio econômico-financeiro de unidades sucroenergéticas R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

Existem diversos fatores que têm proporcionado perdas no processo de produção de açúcar, etanol e bioeletricidade em usinas e destilarias. Além de prejuízos significativos causados pelas impurezas minerais e vegetais, que provocam desgastes em equipamentos e reduzem a eficiência na extração, há outros aspectos originários no campo que afetam o processo de produção. O baixo teor de sacarose, os danos causados por pragas e doenças (broca, migdolus, podridão vermelha, etc), o tempo de queima – onde ainda existe o corte manual de cana – estão entre os fatores que interferem na qualidade da matéria-prima. Quando chega na indústria, essa cana ainda corre o risco de ser “maltratada” em usinas que possuem sistemas de descarregamento mais antigos. Em diversos casos, o guincho empurra para o monte a matéria-prima descarregada pelo caminhão, amassando a cana, o que provoca contaminação e perda de caldo. As chamadas perdas industriais podem continuar no processo de preparo de cana

principalmente se houver desajustes neste sistema, como vazamento na esteira. E elas se tornam ainda maiores quando grande quantidade de impurezas vegetais é processada juntamente com a cana-deaçúcar, o que afeta a eficiência na extração. As perdas não param aí. As folhas,

pontas e palhas, que passam pela extração, roubam certa quantidade de açúcar do processo. Se o sistema de moagem já estiver no limite da sua capacidade, poderá haver a necessidade de alongamento da safra por causa da presença das impurezas vegetais.

De maneira geral, a diferença no rendimento das extrações pode atingir um índice de 2% a 3% entre uma usina e outra, de acordo com a avaliação de especialistas da área. Esse percentual pode ser inclusive determinante para o equilíbrio econômicofinanceiro da unidade.

Qualificação da equipe é fundamental para afastar prejuízos Diversas soluções para a redução de perdas industriais são bastante conhecidas no mercado. A implantação de algumas delas esbarra, no entanto, na falta de recursos para a realização de investimentos, principalmente neste momento de crise. Outras carecem de uma avaliação mais precisa da relação custobenefício. Há ainda a questão da resistência à inovação tecnológica, que acaba adiando a implantação de algumas medidas.

Kit MC de Diagnóstico Rápido e leveduras MSBIO são algumas soluções disponibilizadas pelo mercado para reduzir perdas Uma prática considerada consensual no setor como forma de minimizar perdas industriais é a necessidade da qualificação profissional. De acordo com gestores da área industrial, a equipe deve estar preparada para ter capacidade analítica que possibilite, por exemplo, a identificação de perdas e rendimentos insatisfatórios. Os seus integrantes devem ter capacitação para a

operação de modernos e avançados equipamentos de análises e processos. Para o controle da contaminação bacteriana, as recomendações incluem a realização de uma boa assepsia em moendas, tubulações de caldos e trocadores de calor. Além disso, é necessário realizar um diagnóstico preciso da microbiota contaminante. A MC Desinfecção Industrial

disponibiliza inclusive o Kit MC de Diagnóstico Rápido, que pode ser utilizado para quantificar os níveis de bactérias nos seguintes caldos do processo: primário, misto, mosto de alimentação, PCTS, fermento tratado e não tratado, dornas em fermentação, dorna pulmão, tubulações. A utilização de leveduras selecionadas MSBIO – empresa de Maceíó, AL– tem sido uma solução adotada por diversas usinas para

a obtenção de maior eficiência na fermentação. Proporcionando maior rendimento na fermentação, essas leveduras produzem pouca espuma e, consequentemente, eliminam transbordamentos nas dornas, possibilitando expressiva redução das perdas de mosto em fermentação, incluindo leveduras, mosto de alimentação, nutriente e etanol. Além disso, diminuem o consumo de dispersante e antiespumante. (RA)



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Contaminação bacteriana afeta fabricação de açúcar e etanol A queda no rendimento fermentativo, durante o processo de produção de etanol, pode se tornar inclusive extremamente significativa As contaminações microbiológicas estão entre os principais fatores que provocam perdas no processo de produção de açúcar e etanol. A presença de contaminantes causa transtornos nas operações de extração, tratamento do caldo e fermentação. Bactérias consomem matéria-prima (sacarose) e afetam também os produtos finais. Algumas bactérias são responsáveis também pelo surgimento de amido e dextrana que interferem no processo de produção de açúcar. A multiplicação de bactérias biodeterioradoras gera gases ácidos orgânicos, sendo o ácido lático considerado o principal deles. Com teor elevado na dorna, a bactéria lática provoca alguns transtornos no processo de

Dornas de fermentação: transbordamento pode gerar prejuízos sérios

fermentação: afeta a performance da levedura e ocasiona também a formação de flocos. Na produção de etanol, as perdas causadas pela contaminação são extremamente significativas. Durante a fermentação etanólica, quando há uma relação de 108UFC/ml – Unidade Formadora de Colônias/mililitro de levedura por 106UFC/ml de bactérias, uma dorna com um milhão de litros a serem fermentados consegue, por exemplo, uma produção de 10% de etanol, ou seja, 100 mil litros a cada oito a dez horas. Segundo o diretor da MC Desinfecção Industrial, de Ribeirão Preto, SP, Mário César Souza e Silva, se a contaminação estiver em 107UFC/ml de bactérias, o rendimento fermentativo, nessa mesma dorna, tem uma queda para 8%, o que equivale a uma produção de 80 mil litros. A situação se torna mais grave se a contaminação chegar a 108UFC/ml, pois a produção atinge no máximo 6%, ou seja, 60 mil litros de etanol. Outro grave problema enfrentado, na fabricação de etanol, é o transbordamento de dornas, que pode se tornar descontrolado por algum tempo e gerar perdas extremamente importantes. (RA)

Sistema de limpeza a seco precisa ser eficiente Além da implantação de programas voltados à redução de impurezas minerais e vegetais durante a colheita e o transporte de matériaprima, a utilização de um sistema eficiente de limpeza de cana a seco também é considerada fundamental para a redução de perdas industriais.



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Rendimento fermentativo estável acima de 92%, é possível? Com o reaquecimento do consumo de hidratado, a elevação da eficiência da fermentação é considerada estratégica para “turbinar” o faturamento das usinas DA R EDAÇÃO

Com a demanda aquecida pelo etanol hidratado, os gestores das usinas voltam não apenas a chave do mix, mas a atenção para a fermentação, principal ponto de recuperação do ART em etanol e que, portanto, tem grande impacto econômico para as empresas. A obtenção de Rendimento Fermentativo estável acima de 92% depende da adoção de diversos procedimentos, que começam com cuidados no campo visando a produção de uma matéria-prima de qualidade. Tendo em vista que esta etapa é de responsabilidade da área agrícola, quais procedimentos podem ser adotados exclusivamente pela área industrial? Segundo Teresa Cristina Vieira Possas, diretora da MSBIO, que faz parte do programa Fermentação de Alto Desempenho do Pró-Usinas, é necessário que a usina utilize a melhor das melhores leveduras presentes em seu processo de fermentação.

Teresa Cristina Vieira Possas

Para ela, o primeiro passo é estabelecer um processo contínuo de seleção e introdução de leveduras mais resistentes, predominantes e produtivas, obtidas a partir do cruzamento das melhores leveduras presentes no seu processo de fermentação e de “super cepas” disponíveis no mercado. “A melhor e mais recente levedura deve ser injetada no processo sempre que o Rendimento Fermentativo ficar abaixo do esperado”, esclarece. Teresa mostra o caso da Itapecuru Bioenergia, de Aldeias Altas, MA, que em meados de agosto estava injetando um

fermento do próprio processo, o melhor préselecionado no mês de julho. “No relatório gerencial percebe-se um aumento de teor alcoólico com o mesmo ART do mosto, o que se refletiu num aumento do rendimento fermentativo de 92% para 93%”, afirma. O segundo procedimento, conforme a longa experiência de Teresa, é seguir à risca o controle microbiológico, onde a razão de acidez deve ser no máximo 2,0 (acidez formada na fermentação em detrimento da formação de etanol) e a razão de infecção menor que 5% ou, utilizando a nomenclatura mais comum no setor, uma infecção na fermentação em torno de 106 (dez a sexta). Já para o biomédico Mário César Souza e Silva, Rendimento Fermentativo acima de 92% passa a ser padrão quando as usinas e destilarias adotam um programa de desinfecção industrial limpa e ecologicamente correta. Para o programa ser efetivo é fundamental adotar uma metodologia de diagnóstico da contaminação bacteriana que seja correta e disponibilize um valor confiável – enfatiza. Segundo ele, no entanto, este procedimento não é prática na maioria das usinas. O setor sucroenergético brasileiro ainda usa, em diversos casos, a microscopia por bastonete que é considerada ultrapassada – revela. “Essa metodologia não acusa pelo microscópio o nível verdadeiro da microbiota contaminante”, esclarece. Em relação à técnica do lactímetro –

também empregada para avaliar a contaminação bacteriana –, ele observa que esse procedimento não mede ácido lático total, que é produzido por no máximo 64% das bactérias contaminantes da fermentação. “O lactímetro não é um bom quantificador da microbiota bacteriana contaminante do processo”, afirma. Na opinião dele, é obrigatória, no controle microbiológico, a utilização de uma ferramenta quantificadora confiável do nível de contaminação bacteriana. “A mais precisa é o plaqueamento”, ressalta. Mas, a prática gerou um equívoco na maneira de aplicar essa metodologia no setor – alerta. “As bactérias do processo de fermentação são exigentes. No ambiente em que elas vivem há aspectos nutricionais e físico-químicos, como temperatura e o pH. As usinas que fazem plaqueamento, em sua grande maioria, não utilizam os meios de cultura corrigidos. Usam água esterilizada e, às vezes, utilizam água peptonada, mas não corrigem o pH e outros aspectos nutricionais”, comenta. Esses procedimentos são contrários ao conceito básico da técnica de plaqueamento. “Para se expressar nas placas de petrifilm, qualquer ser vivo precisa de alimento e de condições normais de vida”, ressalta. Se não houver a correção das condições nutricionais e ambientais para a aplicação correta do plaqueamento, há chances da bactéria não crescer e, em consequência disso, gerar um diagnóstico falso.



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Uma vitória da microbiologia contra o tempo Com a finalidade de disponibilizar uma avaliação precisa da contaminação bacteriana, a MC Desinfecção Industrial lançou o Kit MC de Diagnóstico Rápido, que pode ser utilizado para quantificar os níveis de bactérias nos seguintes caldos do processo: primário, misto, mosto de alimentação, PCTS, fermento tratado e não tratado, dornas de fermentação, dorna pulmão, tubulações. Essa ferramenta tem um papel importante para estancar a quantidade de etanol que sai pelo “ralo” da destilaria devido à competição das bactérias com as leveduras pela sacarose. “A metodologia do Kit é validada por plaqueamentos, devido à precisão desta técnica em quantificar a microbiota bacteriana contaminante do processo, produtoras ou não de ácido lático. Essa ferramenta é uma vitória da microbiologia contra o tempo. O resultado em petrifilm que sai em até 48 horas, com o Kit MC ocorre entre trinta minutos e uma hora”, destaca Mário César Souza e Silva. O diagnóstico em menor tempo proporciona um ganho com a intervenção mais rápida, pois a contaminação bacteriana pode ser controlada com maior agilidade. “Além disso, o diagnóstico preciso do Kit MC possibilita a utilização de uma quantidade específica, para cada caso, de antibiótico e antimicrobiano”, diz.

Mário César Souza e Silva: avaliação precisa da contaminação bacteriana



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Um descontaminante que não desencadeia o fenômeno da multirresistência Para uma desinfecção industrial limpa e ecologicamente correta, além da utilização de uma ferramenta quantificadora precisa do nível de infecção, é preciso usar um descontaminante adequado, da maneira correta, que não desencadeie o fenômeno da multirresistência nem provoque prejuízos ao meio ambiente e à saúde pública. Diretor da MC Desinfecção Industrial, empresa integrante do programa Fermentação de Alto Desempenho do Pró-Usinas, o professor Mário César é favorável ao uso de uma nova solução, em substituição aos antibióticos, para combater o amplo espectro de bactérias e microrganismos que causam transtornos à fermentação etanólica e a todo o processo de produção industrial. Segundo ele, o que hoje está mais em evidência nessa área é o Peroxide P170, um esterilizante e desinfetante biodegradável que age por meio de efeito oxidante, sem gerar resíduos agressivos ao meio ambiente. Com elevada eficiência no controle da infecção bacteriana, o Peroxide P170 foi testado e aprovado em protocolos oficiais por laboratórios da Reblas-Anvisa – Rede Brasileira de Laboratórios Analíticos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, além ser registrado no Mapa – Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O Peroxide P170 é indicado também para usinas e destilarias que fazem secagem de leveduras para ração, pois é considerado produto antimicrobiano orgânico por não deixar resíduos. Outra vantagem é o preço,

que é bem mais acessível do que antibióticos. “O Peroxide, que age contra um largo espectro de bactérias, custa entre 20 e 30% do custo do princípio ativo monensina

(antibiótico)” – compara. Completando os procedimentos para a obtenção de um Rendimento Fermentativo superior a 92%, Teresa Cristina Vieira

Possas, diretora da MSBIO, destaca a necessidade de adição de micronutrientes na fermentação. “Sempre é bom compensar a completa reação de formação de etanol com a adição de micronutrientes, tais como: magnésio, zinco e manganês”, observa. João Scavuzzi, diretor de consultoria da empresa pernambucana Fermenta Biotecnologia Industrial & Meio ambiente, está certo de que o máximo rendimento fermentativo é a força inspiradora dos grandes grupos de pesquisas e das tecnologias empresariais. "Seremos sempre restrito-dependentes de fatores imutáveis, do metabolismo microbiano, chegando ao limitante, quase sempre não conseguidos, de 92%". A máxima tecnologia da engenharia metabólica em uso das técnicas de evolução dirigida e transgenia tem sido eficiente em conseguir resultados pouco acima dos 92%, porém com o resultado deletério de algumas rotas metabólicas necessárias à vivência das leveduras nas adversidades do ambiente fermentativo, observa Scavuzzi. "O resultado tem sido a morte prematura destes microrganismos, necessitando a renovação do processo". Scavuzzi ressalta, entretanto, que a busca pelos 92% é uma equação inerente aos fatores agrícola, industrial e humano. "Constato que estamos conseguindo manter a eficiência de fermentação próxima ao máximo com maior facilidade e por mais tempo ao longo das safras”.



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PESQUISA & DESENVOLVIMENTO

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CANA VERSUS MILHO BNDES compara o etanol de cana com o de milho; usina flex pode auxiliar o setor a superar a crise, afirma estudo I SAC ALTENHOFEN, DE VALINHOS, SP

O BNDES — Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social elaborou em 2014, um estudo avaliando vantagens e desvantagens da produção de etanol feito a partir das biomassas da canade-açúcar e do milho. Mediu principalmente as dimensões ambientais e econômicas na produção de uma usina flex. O artigo enfatizou sobretudo as diferenças entre o milho e a cana-de-açúcar e observou os resultados de análises ambientais e econômicas de uma usina flex. Verificou também os benefícios que essas tecnologias poderiam trazer para a economia brasileira.

Estudo comprova que etanol oriundo da cana é mais produtivo do que o do milho por unidade de área

O banco avaliou diversos critérios econômicos, sociais, ambientais e estratégicos, como segurança nacional por exemplo, para

escolha da biomassa que melhor atende a essas normas. De acordo com o estudo, a biomassa ideal consiste nas seguintes

características: alta produtividade agrícola, curtos ciclos produtivos, baixo consumo energético, menor custo de produção, diminuição dos níveis de contaminantes e pequena demanda por nutrientes. O estudo afirma que o etanol oriundo da cana é mais vantajoso em diversos aspectos do que a do milho por unidade de área. Isso quer dizer que apesar da cana ter um ciclo de colheita superior ao do milho, os custos de produção do biocombustível são mais baixos. Entretanto, durante a entressafra, a cana-de-açúcar não pode ser processada, já que não há possiblidade de ser estocada como o milho. No aproveitamento industrial, o milho rende em média 400 litros de etanol por tonelada contra 80 litros por tonelada de cana. No rendimento por hectare, a cana produz 2,4 mil litros ante 6,8 mil litros do milho. Já na questão ambiental, a cana possui índices mais elevados na redução de CO² do que o milho e produz 85 toneladas por hectare contra apenas 6 toneladas por hectare do grão.

Como funcionaria na prática uma usina flex

Emissão de gases de efeito estuda é fator ambiental determinante

O estudo aponta que é possível integrar a cultura da cana-de-açúcar com outras culturas energéticas. Isso ampliaria a sustentabilidade do etanol brasileiro como bioenergia. O desenvolvimento de usinas flex capazes de processar milho e cana pode auxiliar o setor sucroenergético a superar a crise. Esse contexto adverso tem-se dado por causa dos baixos níveis de rentabilidade do etanol, especialmente aquele produzido pelas agroindústrias instaladas na Região CentroOeste do Brasil. Esse fato fez com que fosse reduzido o investimento em novas usinas. Deflagrou também uma busca maior por inovações, potencializando jovens usinas a integrar o processamento de milho para a produção de etanol. É o caso da Usimat, de Campos de Júlio (MS). Ela já possui característica de uma usina flex. Utiliza parte da estrutura já instalada na fábrica convencional para produção do biocombustível a partir do milho. Tem faturado cerca de R$ 60 milhões durante os períodos da entressafra. Entretanto, o estudo ressalta que os custos logísticos de escoamento do excedente

O estudo avaliou as emissões de GEE com critérios econômicos, dividindo os impactos entre os produtos conforme a receita gerada por cada um deles. Um importante indicativo de desempenho ambiental é fazer um balanço de GEE – Gases de Efeito Estufa. Esses gases possuem características específicas de absorção radioativa cujo aumento antinatural de sua concentração na atmosfera, gera um aquecimento da superfície terrestre, provocando o fenômeno de aquecimento global. O balanço de GEE é obtido pela contabilização do sequestro (pela incorporação na biomassa) e da emissão de GEE no ciclo de vida do biocombustível. Foi analisada a abrangência desse ciclo por meio dos processos de produção do etanol que vão desde a fase agrícola, até o transporte do subproduto e finalmente a fase industrial. Segundo os autores do artigo, é importante que a biomassa tenha balanço de carbono favorável quando mensurado por avaliações de ciclo de vida que consideram toda a cadeia de produção e o uso dos biocombustíveis. Além do etanol, a cana-de-açúcar dá

Usimat, em Campos de Júlio, MS, já possui característica de uma usina flex

de produção são altos e o milho tem baixo valor agregado e a produção só é atrativa em períodos de altos preços internacionais do produto. Uma ideia proposta pelo estudo seria processar o milho durante a entressafra numa média de 120 dias. Outra possibilidade é a existência de uma planta paralela para a produção de etanol do grão compartilhando as utilidades (vapor e energia elétrica) disponíveis em uma usina canavieira que tem potencial para operar durante toda a safra e entressafra. (IA)

origem ao açúcar e à energia elétrica, produzida com base no bagaço oriundo da moagem (e, em alguns casos, também da palha). Essa flexibilidade de produção tem valor estratégico para as usinas de cana-deaçúcar, pois na medida em que permite a elas capturar valor em diferentes mercados, depende dos preços relativos. Enquanto o etanol de milho disponibiliza entre 1,9 e 2,3 unidades de energia para cada unidade de energia fóssil usada em sua produção, o etanol de cana-deaçúcar pode disponibilizar até nove unidades de energia para cada unidade de energia fóssil usada em sua produção. Esse é um dos principais fatos que conferem vantagem ambiental e econômica ao biocombustível feito a partir da biomassa da cana-de-açúcar. O reconhecimento foi analisado inclusive nos Estados Unidos. De acordo com dados da Environmental Protection Agency, EPA – a Agência de Proteção dos EUA – o etanol de milho reduz as emissões de GEE em apenas 21% contra 61% do etanol de cana, tornando-se um biocombustível avançado no ponto de vista ambiental. (IA)


PESQUISA & DESENVOLVIMENTO

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Usinas flex ascenderiam o etanol novamente no país Desde 2013, o país tem alcançado boa expressão no crescimento da frota de veículos leves, e o etanol tem acompanhado no mesmo ritmo. “As usinas flex são estratégicas, especialmente nos períodos de entressafra”, observa Artur Yabe Milanez, gerente do departamento de biocombustíveis do BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Ele explica que devido ao custo alto do milho em muitas regiões, o produto se torna desinteressante economicamente para as usinas destinarem-no à produção de etanol. No Brasil não há muito investimento no milho como opção à cana-de-açúcar por ele ser uma commodity fundamental de alimento. O milho e seus derivados são os principais e mais acessíveis alimentos da população da maior parte dos países do planeta, especialmente os mais pobres. Além de ser mais caro em termos de produção e industrialização, não é interessante, nem ambientalmente correto e tampouco socialmente aceitável destiná-lo em seu todo à produção de energia. É possível que sua aplicação como bagaço seja possível na produção de etanol de segunda geração, especialmente em tempos em que se faz etanol até mesmo de sobras de pão fermentado em padarias, conforme noticiou o site do JornalCana. (Veja matéria no link http://goo.gl/fRmOym) O estudo argumenta que a melhor opção ainda é aumentar a produção doméstica de etanol, pois tem potencial de gerar ganhos econômicos para os produtores, ganhos sociais para a população local no entorno dos projetos e ganhos ambientais para o Brasil e o mundo. Neste caso, uma usina flex pode ser uma boa alternativa, pois garante a

Artur Milanez: banco fez comparativo de prós e contras na produção

rentabilidade da produção de etanol. A variação do nível de rendimento da transformação de milho em etanol coloca-se

como o principal fator de impacto nos custos. Apesar disso, o estudo confirma que agregar o milho às usinas de cana-de-açúcar

Financiamento aplica as mesmas condições dos projetos de energia renovável Para investir em usinas flex, o BNDES utiliza as mesmas condições oferecidas pelos projetos de energia renovável. Avaliando aspectos tanto ambientais como econômicos, o banco atenta também para a necessidade de reduzir o déficit comercial na importação de combustíveis líquidos pelo Brasil. De acordo com o estudo, usinas flex poderiam chegar a quase 2,7 bilhões de litros de etanol. Isso é o equivalente a 10% da produção atual do biocombustível no Brasil. Essa produção exigiria onze novas usinas canavieiras com capacidade de moagem de 3 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por safra, o que demandaria 413 mil hectares em novas áreas e pelo menos quatro anos para que essa capacidade fosse plenamente atingida, devido ao ciclo da cana ser mais longo. Por outro lado, devido ao fato do ciclo agrícola do milho ser mais curto e podendose utilizar equipamentos ociosos da indústria durante a entressafra a produção de etanol seria adicionada mais rapidamente, dependendo apenas do tempo de reforma das usinas para introdução do sistema de

processamento do milho. O estudo aponta que em 2013, o consumo de etanol (anidro e hidratado) no Centro-Oeste alcançou cerca de 2,5 bilhões de litros e a produção dessa região chegou a 6 bilhões de litros. Nos cenários mais favoráveis, as usinas flex adicionariam cerca 2,7 bilhões de litros de produção no CentroOeste, o que representa mais de 100% do

consumo e 45% da produção da região. É oportuno que se avalie a criação de mecanismos que fomentem os investimentos em usinas flex no Brasil e, com isso, se construa uma solução, de curto prazo, tanto para a urgente necessidade de aumentar a produção interna de etanol quanto para a viabilização sustentável do crescimento da oferta de milho safrinha. (IA)

aumentaria grandemente o volume produzido do etanol. Aumentaria a segurança energética do Brasil e também garantiria o abastecimento do país em momentos críticos, como na entressafra da cana-de-açúcar, por exemplo. A vantagem de armazenamento do milho poderia ser usada em momentos de preços favoráveis, que é geralmente na entressafra da cana, quando o etanol costuma subir. Produzir etanol de milho traria redução da sazonalidade de preços do biocombustível ao longo de todo ano. A tendência é aumentar a atratividade econômica das usinas flex na medida em que aumenta a quantidade processada de milho. Os números estimados pelo estudo indicam que grandes volumes de milho poderiam ser usados para a produção de etanol. Como consequência de maior demanda por milho, o preço dessa commodity tenderia a subir, o que daria aos produtores maior incentivo para a produção do grão. Se considerarmos apenas o milho safrinha nos estados do Centro-Oeste, há espaço para a produção regional aumentar em pouco mais de 40 milhões de toneladas. Essa situação difere do atual contexto, de preços de milho pouco remuneradores e previsão de redução de 8% do volume produzido na safra 2013-2014. O último ponto que o estudo avaliou do ponto de vista econômico foi o comércio exterior. Usinas flex aumentariam a disponibilidade interna do produto, dariam novo fôlego ao setor sucroenergético, especialmente nas regiões fronteiriças. Melhorando a situação dos produtores de milho e aumentando o volume produzido dessa matéria-prima também para outros segmentos de consumidores. (IA)

Monitoramento traria equilíbrio entre uso energético e alimentar do milho É significativamente crescente o aumento do plantio do chamado milho safrinha, que vem gerando baixa pressão sobre os preços do grão, principalmente nos Estados do Centro-Oeste. Evitar choques inflacionários e consequentes efeitos positivos e negativos que podem surgir na commodity, são os principais motivos de monitoramento no uso do milho. O estudo observa que o usar excessivamente milho para produção de etanol intensifica o debate sobre o hipotético dilema “biocombustível versus alimentos”, o que não ocorre com a commodity da cana. Assim, de acordo com o artigo, é prudente a criação desses mecanismos de monitoramento que restrinja o uso do milho para fins energéticos. Os EUA, por exemplo, estabelecem um limite de produção de etanol de milho que pode ser misturado à gasolina. (IA)


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Markanti Tecnologia oferece REP Móvel para controle de ponto Desde a implantação do SREP — Sistema de Registro Eletrônico de Ponto, regulado pela Portaria 1.510/09 do Ministério do Trabalho e Emprego, a demanda pelo registrador eletrônico cresceu. Até então, diversas unidades sucroenergéticas utilizavam o registro manual de ponto, sendo obrigadas a se adequar e implantar o novo sistema. O sistema trata-se de um equipamento de automação usado para o registro de jornada de trabalho, com capacidade de emitir documentos fiscais e realizar controles de natureza fiscal, referentes à entrada e à saída dos empregados nos locais de trabalho. A Markanti Tecnologia, empresa que oferece serviços e produtos para soluções em automação comercial e industrial, atua há 27 anos neste mercado e tornou-se sinônimo de confiança e credibilidade no setor. Uma parceria de sucesso com a SCI (empresa 100% brasileira focada em qualidade oferece o REP Móvel da SCI para controle de ponto possuindo a confiança e credibilidade já existente. O objetivo desta união, que demandou longo estudo de mercado, é agregar ainda mais qualidade às soluções de controle de ponto e acesso, otimizando o processo operacional das gestões de RH. Em um período onde as empresas buscam melhor eficiência e redução de custos, a implementação desta solução surge

como uma importante opção. “Para as usinas que têm como objetivo atualizar o seu parque e priorizam minimizar o investimento, este é o equipamento ideal”, afirma o comunicado disponibilizado pela Markanti. O REP Móvel Bio Prox homologado pelo Ministério do Trabalho atende 100% a Portaria 1.510/09. Possui as seguintes características: Impressora com guilhotina, com autonomia entre 1.000/1.200 comprovantes de marcação de ponto para o funcionário; Módulo Biométrico com alta precisão (não aceita dedo falso) para identificação do funcionário, com capacidade para até 1.600 usuários; Pode ser ligado na tomada, veículo ou, nos casos de emergência, em uma bateria externa com autonomia de 9/10 horas; A comunicação básica é via pen drive, mas pode ter como opcional, comunicação via GPRS, Wifi e Bluetooth. Essa é apenas uma das inúmeras soluções que a Markanti dispõe em seu portfólio. Markanti Tecnologia 16 3941-2476 www.markanti.com.br

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Centerquímica oferece soluções no controle bacteriano da fermentação A Centerquímica, empresa brasileira fundada há 29 anos, na região de Araçatuba/SP, com atividade industrial voltada para o setor sucroenergético, informa que quebrou paradigmas ao lançar, recentemente, o mais novo conceito em controle bacteriano de fermentação etanólica. Trata-se de uma tecnologia inovadora baseada em fundamentos científicos, cujo objetivo principal é a eliminação total do uso do ácido sulfúrico na fermentação. O moderno conceito baseia-se na

diminuição da acidez no processo fermentativo. Desintoxica as leveduras, consequentemente aumentando a eficiência da fermentação. O sistema chama-se BAC-CEN 20-14 A/C. Consiste em dois produtos que agem em sinergia. Controlam a infecção em níveis aceitáveis (10 5 a 10 6 ) sem prejudicar as leveduras, inclusive sem restrição para quem seca as mesmas; pois não se trata de antibióticos, garante a Centerquímica. A empresa trabalha para atender as usinas no tocante a riscos de acidentes

com colaboradores e nos riscos ambientais. O novo conceito diminui acentuadamente tais fatores. Outra vantagem com a implantação do Sistema BAC-CEN 20-14 é que a vinhaça — estando com menor acidez — considera a diminuição de corretores de pH no solo, tais como o calcário e o gesso, nas áreas de irrigação. Com todos esses benefícios, a Centerquímica afirma que na maioria dos casos estudados com as unidades produtoras já implantadas e em fase de

implantação do sistema BAC-CEN 20-14, o custo de produção diminuirá consideravelmente. Os produtos do novo sistema, BAC-CEN 20-14 A e BAC-CEN 20-14 C, possuem toda a documentação necessária para homologação junto a certificadoras para ISO 22000, inclusive o Certificado Kosher. Centerquímica 18 3631-1313 www.centerquimica.com

CASES DE USINAS QUE USAM O PROCESSO USINA BARRALCOOL

Antes da Aplicação Após Aplicação

POPULAÇÃO CEL. V/ml Leveduras/ml

VIABILIDADE %

BROTAMENTO %

INFECÇÃO Bastonetes/ml

RELAÇÃO POPULAÇÃO

ÍNDICE DE INFECÇÃO

7,12E+08 6,14E+08

66,42 73,70

10,67 5,50

2,99E+08 4,10E+05

2 1.498

41,99 0,06

99,86

POPULAÇÃO CEL. V/ml Leveduras/ml

VIABILIDADE %

BROTAMENTO %

INFECÇÃO Bastonetes/ml

RELAÇÃO POPULAÇÃO

ÍNDICE DE INFECÇÃO

REDUÇÃO DA INFECÇÃO

2,44E+08 6,50E+08

50,46 76,5

Leveduras/bastonetes

REDUÇÃO DA INFECÇÃO %

USINA DIANA

Antes da Aplicação Após Aplicação

Leveduras/bastonetes

4,83 8,43

4.61E+07 3.30E+06

5 196

%

19,00 0,50

97,36


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NEGÓCIOS & OPORTUNIDADES

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Caldeira Zanini opera com sucesso na unidade Tanabi do Grupo Guarani Liderando o mercado de fornecimento de caldeiras aquatubulares a Zanini possui mais de 500 projetos em operação com alta performance e eficiência. Atua em grande parte do continente americano e dispõe de várias tecnologias para sistemas de queima, desde os convencionais flat pin hole, grelha rotativa, queima em suspensão até o leito fluidizado. Diante do sucesso da tecnologia das Caldeiras ZS com sistema de queima em suspensão instalado na Usina Vertente, que pertence ao Grupo Guarani e Grupo Humus, a Guarani adquiriu o mesmo projeto para a sua unidade Tanabi, localizada em Tanabi, no Estado de SP. Guilherme Antoneli, gerente de engenharia da Zanini, informa que a caldeira está operando na sua capacidade total e com excelentes resultados operacionais. O projeto fornecido, foi devidamente estudado e concebido. Empregou modernos conceitos de tecnologia para caldeiras que queimam biomassa de cana-de-açúcar. De acordo com a empresa é importante salientar que nesses projetos a umidade do combustível considerada para o dimensionamento das caldeiras foi de 54%. Portanto, todos os parâmetros técnicos foram obedecidos rigorosamente a fim de se evitar surpresas indesejadas durante a operação. Assim, o projeto garantiu a eficiência térmica elevada e maior durabilidade na definição do volume adequado da fornalha. Desse modo, o

Caldeira Zanini instalada no Grupo Guarani (Unidade Tanabi) com capacidade de 200TVH, 67 kgf/cm2 de pressão e temperatura de 525oC.

tempo de resistência e temperatura de saída dos gases tornaram-se mais adequados ao combustível que seria queimado. As áreas dos trocadores de calor e seus respectivos espaçamentos foram dimensionados para que as temperaturas fossem alcançadas com as menores velocidades possíveis. Além dos pontos citados acima, os projetos utilizam folgas na seleção de equipamentos. Bombas e sistema de alimentação fazem com que as caldeiras superem a produção de vapor especificada.

Alguns cuidados garantiram a disponibilidade do equipamento nesse novo projeto: o uso da metalização nos pontos mais vulneráveis a abrasão e de préaquecedores de ar a vapor. Eles evitam os processos de condensação que eventualmente podem ocorrer nos recuperadores de calor, principalmente quando a caldeira está em baixa carga ou em dias frios. Nessas condições é possível provocar a corrosão. Outro cuidado é a aplicação do cinturão

refratário, que garante alta eficiência de combustão inclusive em momentos onde a umidade do combustível aumenta. Dessa forma a Zanini garante que vem se pautando na lisura técnica e na capacitação das suas equipes de engenharia, o que a torna reconhecida pelos técnicos de grandes grupos do setor sucroenergético. Zanini 16 2105 4429 www.zanini.ind.br

Voestalpine apresenta metodologia de soldagem que otimiza os processos de soldagem de revestimento Tempo tem sido o produto mais importante em nossos dias, pois em todos os segmentos industriais cada vez o que menos existe é tempo para execução de trabalhos e tarefas importantes. Desencadeia-se, assim, a busca por otimização e racionalização dos processos. No setor sucroenergético o fator tempo é sentido principalmente na entressafra, período em que são feitas as manutenções e reparo de peças e equipamentos. O prazo é curto. Essa mesma busca ocorre também para os processos utilizados durante a safra. A Voestalpine Böhler Welding apresenta processos de soldagem de revestimentos duros e contribui na redução dos tempos das tarefas. Por meio desses métodos automatizados e semi-automatizados, oferece altas taxas de deposição de metais/hora, o que no final representa grande economia de tempo para execução de tarefas rotineiras ou de técnicas específicas. Este “pool” de novidades em opções de procedimentos de soldagem de alta performance com as taxas de deposição, vêm se juntar a “expertise” de uma grande linha de ligas de materiais de soldagem para união, reparo, revestimentos duros e metalização.

Cladding com Fita + Fluxo para os processos Arco Submerso e Eletro Escória

Revestimento de flanges, base de castelo, manga de eixo; Taxa de deposição metálica até 24 Kg/h; Diluição de 8 a 15%; Camadas de até 5 mm de espessura; Ligas disponíveis de aços carbono e baixa liga, inoxidável das séries 300 e 400, ligas de níquel, e revestimentos duros martensíticos com dureza de 55 HRC.

Automatização da aplicação de chapisco e revestimento de camisas:

Revestimento por Metalização via Laser: revestimento de bagaceiras, pentes, facas, rodetes, eixos

Taxa de deposição metálica: 20 Kg/h; Baixíssima diluição; Cada camada de depósito pode variar de 0,3 mm a 4 mm.

Fontes de solda sinérgicas, com curvas específicas para arames para chapisco e para revestimento de frisos, propiciando menores perdas com maior eficiência; Equipamento portátil e de fácil operação; Arames tubulares que operam com baixas correntes; Equipamento programável, podendo ser programado de forma customizada.

A Voespaltine convida todos os participantes da Fenasucro 2015 a conhecer seu estande que ficará no Pavilhão 1 – Stand BA 96, a fim de apresentar mais detalhes e agendar demonstrações. Voestalpine Böhler Welding 11 5694 8370 www.voestalpine.com/welding


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Motorola Solutions reforça suas participações em feiras e eventos Nos dias 27 de abril a 1 de maio, a cidade de Ribeirão Preto interior de São Paulo, recebeu a 22ª Agrishow 2015, uma das maiores e mais completas feiras de tecnologia agrícola do mundo. A Motorola Solutions, seus distribuidores – Agora Telecom e Rontan Telecom – e seis revendedores da região, sendo eles: Bird Soluções, Eletrônica Mendonça, Grupo Ferrante, JRM Radiocomunicação, Kero Telecom e Prime RF, marcaram presença no evento. O principal objetivo de participar deste evento foi unir esses parceiros, a fim de otimizar e disponibilizar soluções

PARCEIROS MOTOROLA SOLUTIONS Empresas parceiras estiveram no evento. Veja os revendedores abaixo: Alguns integrantes da equipe de desenvolvedores de aplicativos e parceiros estratégicos da Motorola Solutions

Bird Soluções www.birdsolucoes.com.br Eletrônica Mendonça www.eletronicamendonca.com.br Grupo Ferrante www.grupoferrante.com JRM Comunicação jrmcomunicacao@netsite.com.br KERO Telecom www.kerotelecom.com.br Prime RF www.primerf.com.br

inovadoras em comunicação para o setor sucroenergético; também compartilhar as principais informações sobre os produtos e a tecnologia DMR MOTOTRBO, que oferece às empresas uma solução completa de voz e dados. A Motorola Solutions apresentou na Agrishow deste ano a nova linha de produtos que proporciona mais agilidade na entrega. Mostrou aos clientes que boa parte dos equipamentos digitais é de fabricação local e são totalmente

Tonon Bioenergia investe no maior avanço aplicado à tecnologia rolo a rolo Com mais de 50 anos de história, a Tonon Bioenergia, uma das mais importantes empresas do setor sucroenergético brasileiro, formada pelas unidades Santa Cândida - Bocaina-SP, Paraíso - Brotas-SP e Vista Alegre - Maracaju-MS, acaba de adquirir a tecnologia revolucionária da Zanini Renk para aplicações rolo a rolo, o Fleximax 2.0®. A venda para a Tonon Bioenergia totaliza 12 acionamentos planetários Fleximax 2.0® que serão instalados nos rolos da moenda de 78” da Unidade Vista Alegre. Os acionamentos acompanham o inovador sistema de monitoramento de redutores CheckMax® para auxiliar o cliente quanto ao controle de trabalho e rendimento do equipamento. Para Marcos Martins, responsável pela venda para a Tonon Bioenergia, a conclusão deste projeto inovador foi fruto do trabalho hercúleo dos profissionais da Zanini Renk que sempre buscam as melhores soluções técnicas para seus clientes prezando pela qualidade e confiabilidade de seus produtos. O novo projeto reúne todas as características inovadoras e de vanguarda em acionamentos planetários como a densidade de torque que está entre as mais elevadas do mundo, menor consumo de óleo, menor consumo de energia e não menos importante a Tradição e Confiabilidade que somente uma empresa com experiência de 40 anos em redutores de velocidade é capaz de oferecer. A Zanini Renk convida os visitantes da Fenasucro 2015 a visitar seu estande e conhecer as vantagens do Fleximax 2.0 – Alto desempenho com a assinatura Zanini Renk. Zanini Renk 16 3518-9000 www.renkzanini.com

customizados para atender a real necessidade de cada cliente. Isso é uma grande conquista da Motorola Solutions que fabrica os equipamentos analógicos no país desde 2001. Outro destaque foram as visitas recebidas no estande. Neste espaço estavam reunidos os principais desenvolvedores de aplicativos e parceiros estratégicos da Motorola Solutions. O objetivo foi demonstrar aos clientes e visitantes inovações tecnológicas para o

setor sucroenergético em Radiocomunicação. “A Motorola Solutions fica muito satisfeita em poder reunir parceiros para encontros como este, em que é possível conhecer melhor as soluções, gerar relacionamento de qualidade, e desenvolver oportunidades reais de negócios”, agradece a diretoria. Motorola Solutions www.motorolasolutions.com/br


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Setembro 2015

Etecalda auxilia na estocagem e novas tecnologias no manuseio de defensivos agrícolas A partir do uso de tecnologias e soluções ambientais em projetos arquitetônicos, estruturais, industriais, urbanístico e florestal, a Etec Engenharia mostra um inovador formato de trabalho. É norteado pela política de melhoria contínua, normas aplicáveis, e ainda, é respaldada pelo conhecimento técnico e multidisciplinar. São profissionais especializados nas áreas de arquitetura, segurança do trabalho e engenharias civil, elétrica, ambiental e de produção. A empresa auxilia — através do Projeto Etecalda — indústrias, produtores rurais e empresários do agronegócio no acesso à tecnologia de manuseio e aplicação de defensivos agrícolas na lavoura. O Projeto Etecalda tem como finalidade principal atender a todas as leis e normas vigentes da atividade agrícola, bem como proteger o meio ambiente, controlar o consumo dos defensivos, eliminando os desperdícios, promovendo maior segurança dos trabalhadores com a otimização do processo, dos recursos financeiros, visando o aumento da produtividade e o respeito aos recursos naturais. De acordo com Ana Lúcia Coeli Silva, engenheira e diretora operacional da Etec Engenharia, identificar o gerador de resíduo da empresa, qualificar uma equipe responsável e elaborar um plano de ações, são importantes na hora de executar o cronograma físico-financeiro. “Atender a

Ana Lúcia Coeli Silva

Legislação de cada setor dentro de uma metodologia aplicada para classificação dos resíduos é uma boa prática, principalmente no que diz respeito à elaboração e execução de procedimentos”. Os processos vão desde a coleta, transporte e acondicionamento dentro da empresa até o controle da reciclagem e/ou destinação final dos resíduos gerados, explica Ana Lúcia. O complexo de edificações Etecalda conta com uma unidade de manejo de agrotóxicos dentro dos padrões de controle, economia e qualidade. Estão incluídas no projeto todas as documentações técnicas de arquitetura e engenharia necessárias para a execução da obra até seu orçamento.

O Projeto Etecalda atende a todas as normativas e leis vigentes do setor: NR 16 – Atividade e operações perigosas NR 10 – Segurança em serviços e instalações elétricas NR 20 – Atividades com líquidos combustíveis e inflamáveis Lei 7.802 – Produção, transporte, armazenamento, comercialização, utilização, destinação de resíduos e embalagens, controle, inspeção e fiscalização de agrotóxicos. Lei 9.605 – Lei de crimes ambientais Lei 9.974 – Inclui a obrigatoriedade da tríplice lavagem Resolução 334 – Dispõe sobre o licenciamento ambiental e exigências mínimas para instalações para estabelecimentos de recebimento de embalagens vazias. NR 31 – Segurança e saúde do trabalho na agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura. Etec Engenharia 34 3334 6400 www.etecprojetos.com.br


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Magíster supera expectativas na redução de custos industriais Em tempos de economia fraca e desafios cada vez maiores, é crescente o número de empresas que buscam formas de minimizar seus custos e maximizar a eficiência. Desta forma, e contribuindo para este objetivo, a Magíster, empresa localizada em Sertãozinho, e especializada em revestimentos antidesgastes, tem se destacado neste cenário por sua importante contribuição às reduções de custos operacionais do setor sucroenergético, por meio da otimização de componentes industriais e agrícolas sujeitos aos desgastes. A Magíster vem investindo continuamente na pesquisa de processos e desenvolvimento de materiais que suportem a alta carga atual de trabalho imposta a componentes, em especial, aqueles ligados à extração do caldo da cana, sejam os de preparo, compostos pelos picadores e desfibradores, assim como os das moendas. Dentre os resultados bem-sucedidos destacam-se os desfibradores, compostos principalmente por rotor, martelos e placa desfibradora, componentes que têm contato direto e intenso com a cana e suas impurezas, sejam elas minerais ou vegetais. A redução de custos de manutenção e de paradas na safra, com o aumento de vida útil dos martelos desfibradores, onde as peças fabricadas e ou reformadas pela Magíster, tem superado expectativas cada vez maiores em usinas que antes apresentavam índices insuficientes de performance de seus componentes, explica Marcos Mafra, diretor da Magíster.

Conjunto de martelos usados para desfibrar mais de 1 milhão de toneladas de cana

Marcos Mafra, diretor e Roberto Barreto, gerente comercial da Magíster

Marcos Mafra cita um exemplo recente de comprovação de sucesso na Usina Cerradinho, de Chapadão do Céu, GO, em um

desfibrador modelo extra pesado, onde os martelos produzidos pela Magíster possibilitaram um aumento de 250% na vida

útil do conjunto, superando a casa de 1 milhão de toneladas de cana processadas, contra um resultado anterior próximo a 400 mil/toneladas. Mafra observa ainda que outros bons resultados com martelos produzidos pela empresa já foram obtidos anteriormente em algumas usinas de outras regiões, mas ressalta que os resultados podem variar substancialmente, em função da região em que a usina estiver instalada, natureza dos abrasivos, porcentagem de fibra da cana, sílica e outros fatores que variam de uma usina para outra. Outro componente de destaque são os pentes de moenda revestidos pela Magíster, que já foram publicados em matérias do JornalCana. Estes pentes têm sido cada vez mais reconhecidos como essenciais para aumento de performance das moendas, não só pela redução de peças necessárias à operação, que representa diminuição no custo direto, mas também, segundo Roberto Barreto, gerente comercial da Magíster, pela otimização do tempo disponível da moenda e contribuição para a eficiência industrial da usina. A Magíster tem se consolidado não só pela eficiente manutenção de componentes que realiza em moendas e desfibradores, mas como parte importante na redução de custos com soluções diferenciadas do mercado. Magíster 16 3513 7200 www.magister.ind.br


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NEGÓCIOS & OPORTUNIDADES

Setembro 2015

Comaso lança novo produto para Alimentador de bagaço revestimento de facas e martelos Shark Teeth evita o “encabelamento” das biomassas

No momento da presente crise que o setor enfrenta, usinas e seus fornecedores procuram cada vez mais reduzir seus custos operacionais. Recentemente a Comaso lançou um produto novo no mercado. O eletrodo revestido Cromodur, também chamado CR6510 para revestimento de facas e martelos. O produto é feito à base de carboneto de cromo e outras microligas. Dentre as inúmeras vantagens, as principais são: elevada durabilidade (dureza entre 63 a 65 HRc), possibilidade de realizar vários passes de solda, facilidade de aplicação com alto rendimento de depósito e preço

bem competitivo. “Conseguimos desenvolver uma liga inovadora que apresenta excelente durabilidade nas facas e martelos, com um custo baixo” explica o engenheiro Luiz Frederico Caspari, diretor da Comaso, e conclui: “Com isso, possibilitamos aos nossos clientes uma grande redução nos custos de manutenção de facas e martelos sem que haja redução em sua durabilidade”. Comaso Eletrodos 16 3513-5230 www.comaso.com.br

O Shark Teeth é o mais novo lançamento da Caldema, para a alimentação de bagaço, palha de cana e outras biomassas. Esse alimentador é aplicável nas concepções das caldeiras modernas Caldema, e para projetos de caldeiras já existentes, inclusive de outros fabricantes. Em razão de suas características construtivas e diferenciais, o alimentador Shark Teeth evita o “encabelamento” do bagaço/palha nos rotores alimentadores. As pás são serrilhadas e construídas em inox 410-D. Evitam a interrupção da alimentação da caldeira, além disso, apresenta maior durabilidade do material contra corrosão (cloro/enxofre) e abrasão (areia) devido às impurezas e partes verdes (folhas/pontas) encontradas no bagaço. Suas carcaças em chapas de inox SA 240 410-D são parafusadas a fim de facilitar a montagem e a manutenção sustentada por uma base metálica. Internamente tem dois rotores dotados de dentes de tração construídos na própria chapa de inox e eixo em barra laminada

SAE 1045. Os rotores são sustentados por mancais de rolamento. Em uma das extremidades dos eixos dos rotores são fixadas as engrenagens de transmissão que estão interligadas a um acoplamento com capa metálica de proteção entre o alimentador e o acionamento. Seu acionamento é compacto e de fácil instalação e adaptação. É composto por um motorredutor com potência de 5 HP e fator de serviço mínimo de 1,5; o acoplamento entre motorredutor e alimentador é flexível, sem necessidade de lubrificação. Caldema 16 3946-2701 www.caldema.com.br




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