JornalCana — Edição 268 / Maio 2016

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O MAIS LIDO! w w w . j o r n a l c a n a . c o m . b r Ribeirão Preto/SP

Maio/2016

Série 2

Nº 268

R$ 20,00

Lucas Susin, da John Deere e César De Sordi, da ITM, fornecedor partner: excelência

CORAJOSOS! Empresas como a ITM Latin America enfrentam a crise com ousadia e são premiadas

IMPRESSO - Envelopamento autorizado. Pode ser aberto pela ECT.


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ÍNDICE DE ANUNCIANTES

Maio 2016

Í N D I C E ACIONAMENTOS ZANINI RENK

EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO 16 35189001

31

DISTRINOX

59

EQUIPAMENTOS E MATERIAIS ELÉTRICOS

ACIONAMENTOS ELÉTRICOS DANFOSS

11 21355400

AUTHOMATHIKA

AR-CONDICIONADO MAIS AR

64 36452576

66

ÁREAS DE VIVÊNCIA ALFATEK

17 35311075

3

MFURCO

16 981284866

4

AUTOMAÇÃO DE ABASTECIMENTO DWYLER

11 26826633

9

16 35134000

11 21355400

59

DURAFACE

11 20876000

52

MÁQUINAS E CAMINHÕES

EQUIPAMENTOS PARA INCÊNDIO

11 42313778

PROSUGAR

81 32674760

19 34753055

16

ZANINI RENK

13

16 35189001

31

16 36265540

65

REFRATÁRIOS

16 35124312

29

SOLDAS INDUSTRIAIS

FAR - TREINAMENTO

16 35124312

28

AGAPITO

16 39462130

MSBIO

16 35124312

27

MAGÍSTER

16 35137200

17

SPAA

16 35124312

25

22 3

FERRAMENTAS DURAFACE

21 4, 68 23

SÃO FRANCISCO SAÚDE 16 8007779070

19 35080300

39

ALTA

41 30719100

19

BINOVA

16 36158011

8

KOPPERT

15 34719090

37

TELECOMUNICAÇÃO / RADIOCOMUNICAÇÃO

55

RADIOCOM

VOESTALPINE

58

16 21051200 16 21014151

57

MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS CASE IH

LIEBHERR BRASIL

MOENDAS E DIFUSORES

12 31284200

53

18 36222270

24 11

17 32791200

49

DMB

16 39461800

47

TESTON

44 33513500

2

16 39461800

ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO CIVIL ENGEVAP

METROVAL

MORGAN

19 21279400

41 21077400

CASE IH

41 21077400

23

VALTRA

11 47954233

41

TRATORES 23

SIMISA

16 21051200

51

TROCADORES DE CALOR

47

ZANINI RENK

16 35189001

31

AGAPITO

45

MONTAGENS INDUSTRIAIS

IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS

INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO E CONTROLE

22

51

GUINDASTES

SANARDI

42

11 56948377

TRANSBORDOS

GRÁFICA SÃO FRANCISCO

37

SOLINFTEC

FUNDIÇÃO SIMISA

12

66

TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

FINANCIAMENTO BANCO CNH

18

67

SUPRIMENTOS DE SOLDA

FERTILIZANTES

DMB

16 35138800

61

SOLENIS

ENERGIA ELÉTRICA - ENGENHARIA E SERVIÇOS 17 32282555

21 36214415

PRODUTOS QUÍMICOS

FAR - DIAGNÓSTICO

ELETROCALHAS OXIMAG

MICHELIN

SAÚDE - CONVÊNIOS E SEGUROS

DEFENSIVOS AGRÍCOLAS 15 34719090

64

64

REFRATÁRIOS RP

CORRENTES INDUSTRIAIS

KOPPERT

47

63

CONTROLE DE FLUIDOS

19 34234000

16 39461800

PNEUS

33

COLHEDORAS DE CANA

PROLINK

DMB

11 30605000

COLETORES DE DADOS

19 21279400

39

11 30605000

CARROCERIAS E REBOQUES

METROVAL

39

FEIRA DA MECÂNICA

CARRETAS

41 21077400

19 35080300

10

CALDEIRAS

CASE IH

5

PLANTADORAS DE CANA

REDUTORES INDUSTRIAIS

FERMENTAÇÃO

16 39413367

DURAFACE

50

18

MARKANTI

65

31 30572000

19 21279400

16 35132600

35 36949852

34 33199500

QUÍMICA REAL

METROVAL

SERGOMEL

EXP. NEPOMUCENO

19 35080300

UBYFOL

PEÇAS E ACESSÓRIOS AGRÍCOLAS

ESPECIALIDADES QUÍMICAS

59

17 35311075

16 36265540

FORTLIGHT

11 21355400

ALFATEK

REFRATÁRIOS RP

DANFOSS

DANFOSS

16 35138800

7

ISOLAMENTOS TÉRMICOS MANCAIS E CASQUEIROS

FENASUCRO

ENGEVAP

NUTRIENTES AGRÍCOLAS 62 30883881

FEIRAS E EVENTOS

AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL AUTHOMATHIKA

IRRIGA ENGENHARIA

10

11 29714444

A N U N C I A N T E S

IRRIGAÇÃO 62

16 35134000

SECUR

ASSESSORIA INDUSTRIAL

16 39698080

D E

ENGEVAP

16 35138800

22

MSBIO

66

STRINGAL

11 43479088

22

VÁLVULAS INDUSTRIAIS

LEVEDURAS 18

16 39462130

TUBULAÇÕES PARA VINHAÇA

16 35124310

27

FOXWALL

11 46128202

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CARTA AO LEITOR

Maio 2016

índice

5

carta ao leitor

Agenda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6

Luiz Montanini

Política Setorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6 a 9

Novo governo precisa renovar a confiança

“Novo” governo precisa criar condições para a volta da confiança

Cana Livre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .10 e 12 Os artistas da crise

Mercado Fornecedor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .14 e 15 CAPA - Empresas enfrentam a crise com coragem

Administração & Legislação . . . . . . . . . . . . . . .16 a 20 Custo elevado do dinheiro dificulta negociação das dívidas Qualificação não é luxo, é investimento

Tecnologia Industrial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .22 a 34 Laboratórios ajudam a monitorar desvios e perdas no processo Peneira molecular é destaque na desidratação de etanol Antecipando os benefícios do COI antes de sua implementação Impactos dos pontos críticos de processo na Fermentação alcoólica

Na Estrada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .36 e 37 Gente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .38 A LUTA NUNCA PAROU – Entrevista com Gilvanize Lacerda

Tecnologia Agrícola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .40 a 48 DOUTORES DA CANA: Entrevista com André Cândido de Paula Bicudo insiste em arrasar canaviais Área de motomecanização prioriza melhoria da eficiência

Mercado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .50 e 52 Empresas enfrentam a crise com coragem

Pesquisa & Desenvolvimento . . . . . . . . . . . . . . . . . .54 A crise não é motivo para parar qualquer pesquisa

Ação Social & Meio Ambiente . . . . . . . . . . . . . .55 e 56 Desafio da bioeletricidade é ser parceiro de peso

Produção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .58 e 60 Estratégia: Usina Caeté antecipa balanço

Saúde & Segurança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .62 Negócios & Oportunidades . . . . . . . . . . . . . . . .64 a 66

CONCEITO REAL DE FELICIDADE “Feliz é o homem que persevera na provação, porque depois de aprovado receberá a coroa da vida, que Deus prometeu aos que o amam”. (Tiago, no verso 12 do primeiro capítulo de sua carta - versão NVI)

editor@procana.com.br

A Câmara dos Deputados decidiu, no dia 17 de abril (por 25 votos a mais do que os dois terços necessários), pela continuidade do processo de impedimento da Presidente Dilma Rousseff. Ainda que o processo se arraste por alguns meses, deverá haver mudança no cargo mais importante da República e Dilma provavelmente será destituída e substituída. Chegue quem for ao poder, por herança do cargo ou novas eleições fora de época, o fato é que o tal terá um árduo trabalho à frente. Se o país já está parado hoje, imagine ficar por até seis meses neste vácuo de poder, que é o tempo que pode demorar todo o processo de cassação? Certamente, o sucessor encontrará a casa em ruínas. Terá que reconstruí-la do zero, depois que limpar os escombros. As questões econômicas, políticas e sociais são os três pilares que precisarão ser reconstruídos. A economia, coluna de sustentação principal dos outros dois, está no seu limite. A situação beira o insuportável. Na retomada, a prioridade do novo governo deve ser a criação de condições para a volta da confiança nos rumos do país, dizem os especialistas (veja matéria completa nas páginas 6 a 9 e 16 a 18). Um governo de coalizão, equilibrado, precisará realizar reformas consideradas fundamentais, como a política e a trabalhista. As medidas são essenciais para se criar as condições de um novo ciclo de crescimento socioeconômico sustentável. Espera-se um governo de transição, que faça as correções e as reformas que, somadas à volta da confiança, traga o retorno do capital externo (infelizmente qualquer país no mundo hoje depende dele), para que vivamos dias melhores. O Brasil é rico em recursos naturais. Mas, pobre em capital. Este, precisa voltar. Com isto, será possível sair de uma postura defensiva para uma postura construtiva, sair da reatividade para a proatividade, dizem os analistas. Políticas claras precisam ser definidas caso o país queira a expansão da oferta de etanol, porque no Brasil hoje não existe refinaria para produzir gasolina e, em consequência disto, está havendo um aumento da importação, consequência da incompetência na gestão energética. Enfim, é preciso definir as políticas macros e deixar o mercado funcionar. A definição de política pública é essencial para o setor sucroenergético. Urgentes e essenciais são as soluções às questões de logística e infraestrutura. O País não conseguirá dar mais nenhum passo sem resolver estas antigas pendências.

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O MAIS LIDO! ISSN 1807-0264 Fone 16 3512.4300 Fax 3512 4309 Av. Costábile Romano, 1.544 - Ribeirânia 14096-030 — Ribeirão Preto — SP procana@procana.com.br

NOSSA MISSÃO Prover o setor sucroenergético de informações relevantes sobre fatos e atividades relacionadas à cultura da cana-de-açúcar e seus derivados, e organizar eventos empresariais visando: Apoiar o desenvolvimento sustentável do setor (humano, socioeconômico, ambiental e tecnológico); Democratizar o conhecimento, promovendo o

intercâmbio e a união entre os integrantes; Manter uma relação custo/benefício que

propicie parcerias rentáveis aos clientes e demais envolvidos.

Josias Messias josiasmessias@procana.com.br Controladoria Mateus Messias presidente@procana.com.br Eventos Rose Messias rose@procana.com.br Comercial & Marketing Lucas Messias lucas.messias@procana.com.br

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POLÍTICA SETORIAL

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“Novo” governo precisa criar condições para a volta da confiança Com reformas e correções essenciais será possível sair da postura defensiva R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

A economia brasileira tem caminhado com dificuldades nos últimos tempos. Mais recentemente chegou ao limite. A situação beira o insuportável. Famílias, trabalhadores autônomos, empresas de todos os portes, de diferentes segmentos, estão sendo abaladas pelos momentos de incertezas e instabilidades que estão se agravando com a crise política. Existe uma grande expectativa sobre o que um "novo" governo – seja ele do Michel Temer, do PT recomposto, ou ainda de um governo escolhido em eleições diretas para a presidência da República – poderá fazer para mudar a situação do país, do agronegócio e especificamente do setor sucroenergético. Em meio a conversas, teses, movimentações sobre impeachment, cassação, delações premiadas, Lava Jato, recursos judiciais, a situação era ainda de indefinição até a primeira quinzena de abril. “A gente está vivendo um período terrível. É difícil prever qualquer coisa. Não sei se vamos sofrer com os ventos que

Luiz Carlos Corrêa Carvalho, presidente da Abag: sair da reatividade para a proatividade

vierem. Temos visto, até agora, só vento leste. É o que causa perturbações, chuvas terríveis, tempestades, etc”, de acordo com avaliação e desabafo de Luiz Carlos Corrêa Carvalho (Caio Carvalho), presidente da

Abag – Associação Brasileira do Agronegócio. Mas, há um momento em que isto vai mudar – prevê. “Se vai ser de uma vez ou o saneamento continuará coando essa sujeira,

passo a passo, com outras definições acontecendo, não dá para saber. A minha impressão é que mudanças deverão ocorrer em uma magnitude razoável para que o país volte aos trilhos”, afirma. A prioridade de um novo governo deve ser a criação de condições para a volta da confiança nos rumos do país – diz. ”O nível de desconfiança que estamos vivendo está trazendo o investimento e o desemprego para uma situação apavorante”, enfatiza. Segundo ele, um governo de coalizão, equilibrado, precisará realizar determinadas reformas consideradas fundamentais, como a política e a trabalhista. As medidas são essenciais para se começar a respirar novamente – diz. “Espera-se que um governo de transição – se porventura vier a acontecer – faça as correções e as reformas essenciais, que somadas a volta da confiança, traga o retorno do capital externo para que possamos viver dias melhores. O Brasil é rico em recursos naturais. Mas, pobre em capital”, observa. Com isto, é possível sair de uma postura defensiva para uma postura construtiva – acredita. “Sair da reatividade para uma proatividade”, ressalta. Na Argentina, com o simples fato da presidência ter mudado de uma linha bolivariana para uma situação normal, houve uma melhora impressionante – comenta. “A gente espera que isto aconteça também no Brasil”, afirma.

A C O N T E C E CURSO DE FERMENTAÇÃO

FENASUCRO & AGROCANA

Em 18 e 19 de maio próximo acontece no Oásis Tower Hotel, em Ribeirão Preto, SP, o curso de fermentação e seus aspectos técnicos, organizado pelo PróUsinas. O encontro abordará a influência da qualidade da matéria-prima no processo de maturação, floração, cana bisada, tipo de corte, impurezas vegetais e minerais entre outros, e a microbiologia do processo, preparo da cana e moagem, tratamento do caldo, melaço e mosto. Abordará com destaque os aspectos da fermentação, pré-tratamento do fermento, centrifugação e fermentação. E contará com a presença de Nadir Caetano Jr., consultor técnico do Pró-Usinas e da consultora técnica Lina Silber Schmidt Vitti. Informações com Rose através do email: rose@procana.com.br

A Fenasucro & Agrocana acontece nos dias 23 a 26 de agosto de 2016 em Sertãozinho, SP. É o principal encontro entre produtores, profissionais e os principais fabricantes de equipamentos, produtos e serviços para a agroindústria da cana-deaçúcar. A Agrocana promete ser um evento completo que oferece oportunidade de explorar toda a cadeia de produção: preparo do solo, plantio, tratos culturais, colheita, mecanização, aproveitamento dos derivados de cana, transporte e logística do produto e subprodutos da cana.

MICROBIOLOGIA AGRÍCOLA Nos dias 3 a 5 de maio acontecerá, das 8h às 17h, na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/Esalq), o 2º Simpósio de Microbiologia Agrícola, que propõe aperfeiçoar a formação intelectual e promover a qualificação profissional nas áreas de Microbiologia e Biotecnologia. O simpósio contará com minicursos, palestras e apresentação de pôsteres, com a proposta de tentar aproximar academia e empresas que usam os conhecimentos em microbiologia agrícola como mecanismo para melhorar as condições sustentáveis de desenvolvimento agrícola. Contatos: pedro890@hotmail.com ou ljs@usp.br

PRÊMIOS MASTERCANA 2016 Marque as datas das três edições do Prêmio MasterCana: o MasterCana Centro/Sul será realizado em 22 de agosto, em Sertãozinho, SP, no dia anterior ao da abertura da Fenasucro & Agrocana; o MasterCana Brasil acontece em 25 de outubro, em São Paulo, SP e os troféus do MasterCana Norte/Nordeste serão entregues em 24 de novembro, no Recife, PE.

AGRISHOW A 23ª edição da Agrishow — Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação será realizada entre os dias 25 a 29 de abril de 2016, no Polo Regional de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios do Centro-Leste, em Ribeirão Preto, SP. Para obter mais informações sobre a Agrishow 2016, entrar em contato com a organização do evento através do e-mail: visitante.agrishow@informa.com.

ALTA PERFORMANCE INDUSTRIAL O Fórum Usinas de Alta Performance Industrial acontecerá no dia 22 de Setembro, em Ribeirão Preto. Reunirá os maiores especialistas do país no tema. Agende esta data ou receba maiores informações com Rose através do email: rose@procana.com.br


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Definição de política pública é essencial para o setor sucroenergético Existem diversos aspectos que precisam ser trabalhados por um governo de coalizão. “Se pensar no agronegócio, há as questões de logística e infraestrutura que são essenciais. Não vamos dar mais nenhum passo sem arrumar isto”, prevê. Para o setor sucroenergético, a lógica do que o governo pensa e quer fazer do ponto de vista de energia é fundamental – avalia o presidente da Abag. “Açúcar sempre foi mercado. O essencial é a política pública para energia. O país vai ter políticas claras que penalizam as emissões de carbono? – indaga.

Condições de mercado possibilitam recuperação

As perspectivas estão vinculadas também ao que será realizado para o Brasil cumprir o que foi assumido em relação à descarbonização na COP 21 Vinculações incluem os leilões de energia elétrica

As perspectivas do setor estão vinculadas também ao que será definido e realizado, incluindo os leilões de energia elétrica, para o Brasil cumprir o que foi assumido em relação à descarbonização na COP 21 em dezembro de 2015. “Políticas claras precisam ser

definidas caso o país queira a expansão da oferta de etanol, porque não temos refinaria para produzir gasolina e, em consequência disto, está havendo um aumento da importação. Há ainda problemas de balança comercial e de logística”, analisa. É preciso definir as políticas macros e

deixar o mercado funcionar – destaca. “O setor de combustível não pode depender da caneta de uma pessoa”, diz. De acordo com ele, existe a necessidade de uma política elaborada, planejada, como uma política de Estado, não como uma política de governo. (RA)

“Os estragos que o governo fez ao setor sucroenergético nos últimos quatro anos são muito maiores do que os estragos da crise”, compara Caio Carvalho. “O setor sofreu de uma forma incomensurável por causa do caos energético que esse governo criou. Está havendo agora uma recuperação devido à queda de estoques do açúcar no mercado internacional. Em função do massacre dos últimos anos, a oferta acabou ficando muito apertada em relação à demanda e os preços do etanol melhoraram no mercado interno”, constata. A partir de setembro de 2015 as condições de mercado estão melhores do que antes, apesar dessa bagunça e desse desastre que o país está vivendo – comenta. “Independentemente da ausência de governo – que praticamente a gente não tem mais –, o setor segue com as próprias pernas e está caminhando com um vento um pouco melhor do que aquele que nós tivemos anteriormente”, diz. (RA)


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POLÍTICA SETORIAL

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Negócios da Petrobras com etanol e biodiesel fracassam A ausência de uma política clara para os biocombustíveis fez uma vítima no próprio governo: a Petrobras que acumulou prejuízos nos seus negócios com biodiesel e etanol. “O fato do governo ter olhado muito para o pré-sal e pouco para os biocombustíveis nos últimos anos acabou levando também ao fracasso da Petrobras”, afirma Adriano Pires, diretor do CBIE – Centro Brasileiro de Infraestrutura, com sede no Rio de Janeiro, RJ.

Além de enfrentar problemas internos, empresa é vitima da falta de política do governo para o setor de biocombustíveis Segundo ele, é preciso considerar que o setor de biocombustíveis não teve bom desempenho, está endividado e muitas empresas da área de etanol e biodiesel foram fechadas ou vendidas. “A Petrobras foi mais uma vítima da política do governo”, enfatiza. Os problemas não pararam aí. “Os erros da Petrobras foram semelhantes a outros investimentos que a empresa fez nos últimos anos. Houve, talvez, uma avaliação equivocada de taxa de retorno do investimento”, observa. A Petrobras não foi bem no setor de biocombustíveis também por causa dos seus problemas internos – diz. “A PBio (Petrobras

Biocombustível) fazia parte mais de um projeto político de ter a empresa enfiada em todos os setores da área de energia do Brasil para que a Petrobras fosse de uma certa forma uma espécie de um coringa, podendo estar arbitrando para o governo, indo para a direção A ou para uma direção B”, diz. De acordo com Adriano Pires, a Petrobras perdeu o foco do seu negócio principal que é produzir e explorar petróleo e começou a atuar nas áreas de etanol, biodiesel, fertilizante, petroquímica, geração de energia elétrica. Como parte da política de desinvestimento, a venda dos ativos nas áreas de etanol e biodiesel estão no radar da empresa – acredita. “O problema é quem compra. O mercado não está comprador de nada. Acho que a Petrobras vai esperar uma melhor oportunidade de venda que pode ser para os próprios sócios em algumas situações”, observa. Os prejuízos estão explodindo há algum tempo – constata. “A cada dia que passa a gente tem uma novidade ruim da Petrobras. A empresa tem intenção de vender ativos que fazem parte do seu core business nas áreas de transporte e distribuição de gás, além de parte da BR Distribuidora – afirma. Para Adriano Pires, a empresa deveria priorizar a venda de ativos que não fazem parte de sua área de atuação, como a sua participação em unidades de etanol e biodiesel. “A Petrobras precisa ser reconstruída, reinventada. No médio e no longo prazo deveria ser uma empresa dedicada quase exclusivamente a explorar e produzir petróleo e gás”, opina. (RA)

Adriano Pires: Petrobras perdeu o foco do negócio principal que é produzir e explorar petróleo

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CANA LIVRE

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AMANTES DA NATUREZA SÃO PREMIADOS Siamig recebe VI Prêmio Hugo Werneck de Sustentabilidade & Amor à Natureza LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP

A Siamig — Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais, acaba de receber o VI Prêmio Hugo Werneck de Sustentabilidade & Amor à Natureza. O mérito da instituição não foi baseado em um único projeto. Foi reconhecimento de um trabalho que procura mostrar os avanços que os associados tiveram ao longo do tempo. Esse trabalho é de no mínimo 20 anos, principalmente focado na área ambiental, informa Mário Campos, o presidente. O objetivo da sucroenergia é ter uma produção 100% sustentável no agronegócio. Para isso é necessário que vários projetos andem em conjunto. E segundo a Siamig, o

Mário Campos recebeu o prêmio entregue à Siamig: melhor parceiro sustentável

setor está quase lá. Principalmente na área da cana, que por ser organizado, facilitou as conquistas.

O tema da premiação era focado na água e a Siamig mostrou como as usinas nos últimos anos reduziram a quantidade de

água utilizada para produzir etanol e seus outros derivados. Um exemplo é o projeto que colocou fim à queima da cana e possibilitou o fim da sua lavagem, com limpeza a seco, economizando, em decorrência, muito mais água. O processo de eliminação da queima exigiu a participação ativa das usinas em todas as fases para um resultado positivo. O envolvimento da Siamig auxiliou, além de tudo, Minas Gerais, mudando a forma de como o estado lida com o meio ambiente. Durante todo o processo, o maior desafio foi reverter o histórico negativo em relação ao setor sucroenergético. Os maus hábitos e os desperdícios já duram em média uns 450 anos no Brasil, mesmo tendo um setor que tem vocação de utilizar todos os produtos, gerando economias e melhorando todo o setor, lamenta Mário Campos. Ele observa: “Hoje, na questão água, ao reciclar e fazer uso de circuitos fechados, reduz-se o volume de captação de água e ajuda de forma positiva o meio ambiente”. E conclui: “No setor nada se perde, tudo se utiliza”.

Crise afeta Fittipaldi, mas não sua confiança no etanol No início deste abril o bicampeão da F1, duas vezes vencedor das 500 Milhas de Indianápolis e campeão da Indy de 1989, Emerson Fittipaldi, teve seu nome associado a dificuldades financeiras importantes. Em suas entrevistas, disse que o investimento em usina de etanol foi o início de suas agruras. Ele chegou a desenvolver e correr com um carro que levou o nome da Copersucar. “Investi muito dinheiro em uma refinaria de etanol no Brasil. Com grandes investidores e empresas multinacionais, tínhamos a expectativa de que o preço do etanol poderia pagar o investimento. Mas, o governo estabeleceu um preço que era muito difícil para qualquer refinaria sobreviver”. Fittipaldi garantiu que honrará seus compromissos e aproveitou para reclamar das

políticas públicas equivocadas para o setor: “O Brasil é o país perfeito para etanol a partir de cana-de-açúcar. A tecnologia do carro flex foi

desenvolvida pela Bosch e Magneti Marelli, então você pode colocar qualquer tipo de combustível e o carro vai andar ou você pode

misturar 50/50. A indústria brasileira investiu muito para se desenvolver e o que aconteceu? Eles usaram os investidores privados como eu e, apenas lá, perdi R$ 7 milhões. Isso é muito dinheiro e foi o início dos meus problemas. Isto é o que eu chamo de falta de governança, falta de compromisso para um projeto que teria desenvolvido o campo no país. Em vez disso, o dinheiro brasileiro passou a comprar petróleo dos árabes em outros países. Esse dinheiro poderia ter ficado no Brasil. Esse dinheiro teria circulado, o que levaria a uma melhor infraestrutura. Eu diria que é um desastre de governança. E há os bancos. Só para se ter uma ideia, a tarifa mais barata que você pode obter em um empréstimo é de cerca de 20% ao ano. Como você pode fazer negócios onde você precisa pagar 20%?"


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CANA LIVRE

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Antonio Carlos de Freitas, da Usina Paineiras: mudança no modelo de negócios

José Roberto Coletta, presidente da Della Coletta Bioenergia S.A

OS ARTISTAS DA CRISE LUIZA BARSSI,

DE

VALINHOS, SP

A crise está presente em todos os aspectos do setor sucroenergético, e mesmo depois de quase oito anos ainda é assunto insistente. Dentro das usinas, proprietários, presidentes, diretores e demais integrantes precisam achar uma segunda alternativa para manter o ritmo das produções sem serem prejudicados. A falta de investimento e a economia atual do país desmotivam ainda mais, e é preciso contar com a criatividade e o esforço de toda a equipe.

Na Usina Paineiras, Antonio Carlos de Freitas diz que o necessário foi a mudança no modelo de negócios, estabelecendo parcerias para a produção de canas e terceirizações, onde fosse possível. Além disso, a empresa implementou um “pente fino” na estrutura organizacional e nos processos de trabalho decorrente nos custos e despesas. José Roberto Coletta, presidente da DCBio — Della Coletta Bioenergia S/A de Bariri, SP, conta que, neste momento de crise a única alternativa é vencer as dificuldades, e para isso foi necessário a

redução de custos e melhoria da produtividade. Informou que para que tudo isso ocorresse a empresa vem, há mais de dois anos, adotando medidas que visam atingir esses objetivos. “Parte da redução de custos foi conseguida graças à diminuição significativa no quadro de colaboradores via melhora de produtividade, principalmente pela ampliação e melhoria do processo de colheita mecanizada e demais processos”, disse. Um ponto importante na Usina Paineiras foi a iniciativa do presidente do Conselho de Administração de implantar e

dar uma boa dinâmica no Comitê de Resultados, formado pelos presidentes da companhia e do Conselho e por um membro do Conselho com expertise no assunto usinas, que se debruçou sobre os números analisando as oportunidades onde a empresa poderia obter ganhos, sempre tendo em mente o lema "fazer mais com menos." Além disso, a implementação da gestão por competência para a alta liderança da empresa, bem como toda remodelação efetuada neste nível administrativo também deu resultado.


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Nova máquina da Case IH pode aumentar a produção e reduzir custos DA REDAÇÃO

A Case IH lançou sua mais nova máquina. Com evoluções em mais de 40 pontos das versões anteriores, a A8800 traz tecnologias para o aumento da produtividade na colheita de cana. A empresa, que está com quase setenta anos de tradição, se anima com o lançamento do novo produto porque comprovou que este gera maior produtividade. Para Mirco Romagnoli vice-presidente da Case IH o resultado só foi possível com esforço da equipe toda, e diz: “O investimento que estamos fazendo para o desenvolvimento de novos produtos são uma prova inquestionável do nosso compromisso com a agricultura brasileira e também deriva do trabalho de todo o grupo”. Christian Gonzalez, diretor de marketing, ressalta que a inovação e a tecnologia estão entre os principais pilares do projeto para aperfeiçoar ainda mais seus produtos e além disso a participação dos clientes no desenvolvimento da máquina foi fundamental. “Sinto orgulho de dizer que estamos entregando uma máquina 100% projetada em parceria com nossos clientes. Todo o processo de desenvolvimento foi validado por eles antes do lançamento”, afirma o executivo. Os clientes que participaram da elaboração do novo projeto representam 25% do mercado de cana produzido no Brasil. O resultado dessa parceria fez com que a

colhedora apresentasse três pontos para melhorar a produtividade. A máquina apresenta maior disponibilidade, com peças mais robustas e resistentes que possibilitam maior vida útil dos componentes, além da facilidade nas manutenções. Os novos rolamentos dos rolos alimentados tiveram uma redução de 83% no seu tempo de troca, de 15 horas, para duas horas e meia para troca de todos os rolamentos. Possui menor custo operacional, com uma economia de até R$ 30 mil por safra. O conjunto de alterações, como a nova mesa de giro e o novo filtro Blow-by c, geram uma redução de custo que chega a 15%. Além da tecnologia Pro 700+ que conta

com o exclusivo gerenciamento de linhas individualizadas e de produtividade. Roberto Biasotto, gerente de marketing de produto da Case IH, explica que a máquina traça a mesma rota do trator garantindo o melhor controle do tráfego da lavoura, diminuindo a compactação do solo e possíveis danos no canavial.

SOLUÇÕES A Case IH apresentou uma série soluções para elevar o rendimento da colheita durante o 18º Seminário de Mecanização e Produção de Cana-de-Açúcar, que aconteceu em Ribeirão Preto, SP, nos dias 30 e 31 de março. No primeiro dia do evento, Roberto

Biasotto, gerente de marketing de produto, mostrou diferentes tecnologias para gestão e aumento de produtividade na colheita mecanizada de cana-de-açúcar. Na apresentação, Biasotto explicou que a marca tem trabalhado constantemente para entregar produtos e soluções sob o conceito efficient power, que visa reduzir custos, aumentar a produtividade e a capacidade operacional das máquinas. De acordo com Biasotto, participar destes seminários é fundamental para a Case IH: "Nele, temos a possibilidade de encontrar e trocar informações com o nosso público-alvo e também compartilhar informações entre todos os envolvidos no setor”.


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ITM Latin America é premiada pela John Deere por excelência de seus produtos e serviços DA R EDAÇÃO

Em um enfrentamento corajoso da crise econômica e política brasileira, em vez de se resignar à paralisia algumas empresas investem em qualidade, pessoas e processos. Com isto, têm obtido sucesso e até mesmo sido premiadas pela excelência de suas ações. A empresa ITM Latin America, com sede em Atibaia, SP, e parte do grupo americano Titan, recebeu em 4 de março último o prêmio de Fornecedor Partner da John Deere Brasil. Não é uma premiação qualquer. Ao contrário, esta 11ª edição do encontro anual John Deere contemplou os fornecedores que atingiram nível máximo de excelência nos quesitos entrega, qualidade, suporte técnico, relacionamentos e gestão de custos. A ITM Latin America representada pelo diretor presidente César De Sordi, foi

uma das grandes vencedoras. Após a premiação De Sordi lembrou que, mais do que o troféu, aquele momento era de reconhecimento e coroação do trabalho dedicado de sua equipe e de investimentos contínuos da ITM Latin America e do próprio grupo multinacional. — Perseguimos a excelência em todo o tempo — observa César De Sordi, que está na empresa desde 2002. Ele conta que a ITM Latin America está investindo muito de seu capital anualmente em desenvolvimento e processos, mesmo em tempos de crise como o atual. “Nossos clientes são exigentes e essa também é nossa cultura”, observa o presidente De Sordi. “Montamos uma linha de pintura nova, tratamento térmico novo, investimos em pessoas, treinamentos, desenvolvimento de novos processos, e não hesitamos um só instante porque, independentemente de haver crise ou não temos que seguir em frente”.

César De Sordi, diretor presidente da ITM Latin America

Entregas não podem ser depois e nem antes do prazo, mas no dia exato Produtos em constante desenvolvimento atendem as características e necessidades do mercado O diferencial da empresa no Brasil, de acordo com o diretor, o engenheiro César De Sordi é que, por ser multinacional, a ITM Latin America procura fazer um produto que atenda à aplicação local e se adapte às suas condições. “A gente tropicaliza os produtos, adaptando-os às características do solo e topografias do canavial brasileiro”, observa. Ao longo dos anos a ITM Latin America fez mudanças e adaptações significativas em seus produtos para aplicações no mercado brasileiro: esteiras reforçadas, para evitar desgastes prematuros, roletes para aplicação heavy duty e esteiras rotativas, para permitir que trabalhe um período maior sem incorrer em manutenção da máquina. De Sordi explica o que significou a premiação, entregue por Lucas Susin,

supply base manager da John Deere: “Não é um prêmio qualquer. Para uma empresa ser reconhecida pela John Deere terá que ser perfeita o ano todo. Se, por um descuido, chegar uma peça com problema, a empresa é desqualificada senão como fornecedora mas já para o prêmio”. Ele conta que a definição dos premiados é medida pela performance de entrega, qualidade, propostas para reduzir os custos e de melhoria do produto. “Há toda uma cartilha onde a empresa é monitorada mensalmente. Ou seja, o nível de excelência deve ser de 100%”. De Sordi não esquece sua equipe de 350 colaboradores: “Quero agradecer a todos que participaram diretamente ou indiretamente na conquista desse resultado, especialmente nossos integrantes. Sabemos que para se conseguir um resultado como esse dependemos muito de pessoas”.

A excelência no fornecimento faz com que a ITM Latin America mantenha-se como fornecedora das principais montadoras instaladas no Brasil, entre elas: AGCO, Bomag, Ciber, CNH, Deere-Hitachi, Doosan, Hyundai, JCB, John Deere, Liu Gong, Volvo entre outras. “Para se manter como uma das principais e premiadas fornecedoras de empresas do porte da John Deere trabalhamos de forma incansável para chegar ao nível de excelência que o cliente quer”, comenta De Sordi, ao explicar o segredo do sucesso da empresa. Ele relaciona os quesitos que foram levados em conta para a premiação e comenta a respeito. “Para ser considerado fornecedor partner do ano precisamos ser impecáveis na entrega, ou seja, não podemos entregar depois do prazo e nem antes, mas no dia determinado em contrato. A qualidade das peças precisa estar totalmente em conformidade, sem um único refugo em todo o ano, o suporte técnico deve estar a postos em todo o tempo e, em nosso caso, engenheiros acompanham na montadora os processos, técnicos fazem visitas semanais, nosso after sales vai ao campo e à montadora e a solução é sempre rápida. Os relacionamentos possuem a mescla de profissionalismo com o atendimento pessoal

amigável e a gestão de custos exigida pela empresa, no caso a John Deere envolve até propostas nossas para barateamento do material fabricado por nós”. A 11ª edição do encontro anual de fornecedores John Deere Brasil aconteceu no The Royal Palm Plaza, em Campinas, SP, e

teve como objetivo alinhar as estratégias futuras da montadora junto a sua cadeia produtiva e premiar os melhores fornecedores do ano de 2015. A ITM Latin America Indústria de Peças para Tratores Ltda. é uma empresa que fornece material rodante e acessórios para veículos motorizados como, colhedoras de cana-de-açúcar, tratores, escavadoras etc.


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Custo elevado do dinheiro dificulta negociação das dívidas Rolagem, venda da empresa e até mesmo fusão estão entre as soluções, dependendo da situação de cada usina R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

A grave crise econômica que afeta o país, a disparada dos juros bancários, a desvalorização do real e a elevação do custo de produção estão complicando a situação de unidades e grupos sucroenergéticos que possuem elevado índice de endividamento. A luta tem sido árdua visando a diminuição do montante de dívidas. Em dezembro, já se falava em um endividamento total acima de R$ 90 bilhões, segundo o economista Mário Ferreira Campos Filho, presidente da Siamig – Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais. Existem estimativas em relação a este valor – observa. “A condição de endividamento é muito diferente entre as usinas do país. É preciso separar as unidades em alguns grupos: as que estão bem, aquelas que estão mais ou menos e as que estão muito mal”, constata. Para algumas delas, a solução vai ser muito difícil. “E, nestes casos, logo a gente pensa em uma alternativa de venda ou de

Mário Ferreira Campos Filho, presidente da Siamig: três situações distintas

fusão com outra empresa que esteja numa situação melhor para diluir essa dívida. Hoje vejo muita dificuldade em identificar possíveis grupos que sejam consolidadores no futuro. Não sei se o setor está com esse apetite”, comenta. O objetivo das empresas, que estão em situação melhor, é rolar a dívida. “Mas, quando vão para o mercado, há uma condição muito desfavorável, porque os juros

estão elevados. O risco de mercado e da economia brasileira está muito alto em função de uma série de aspectos extremamente políticos. Isto prejudica muito esta condição de rolagem de dívida”, explica Mário Campos. De acordo com ele, os problemas não se restringem, no entanto, à crise política. “Há também o déficit fiscal. De maneira geral, o risco da economia brasileira tem aumentado.

O país tem caído nas classificações de rating. Tudo isto eleva o custo do dinheiro para as empresas brasileiras”, comenta. Atualmente não há disponibilidade de linhas especiais – afirma – que possibilitem renegociação e alongamento da dívida em melhores condições. Isto envolveria a atuação do setor público que tem outras prioridades e está totalmente desorganizado – diz.


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Novo panorama cria condições favoráveis para aumento da receita Apesar das dificuldades geradas pela crise econômica, existem alguns fatores que têm criado novas perspectivas para o setor. Os riscos da atividade sucroenergética estão diminuindo – avalia Mário Campos. Em 2015, a situação começou a mudar. “Houve notícias boas no mercado internacional. A própria desvalorização do real começou a auxiliar o segmento que é altamente exportador de açúcar. O aumento do preço da gasolina deu maior competitividade ao etanol”, detalha. Segundo ele, o câmbio também prejudica o maior concorrente do setor, a Petrobras, que tem uma dívida muito alta. “Isto nos dá uma condição de proteção, pelo menos em médio prazo, a qualquer nova iniciativa de interferência no preço de gasolina, inclusive de redução por causa da queda do preço do petróleo no mercado internacional”, opina. O novo panorama tem criado condições favoráveis para a elevação do faturamento de usinas e destilarias. “Fala-se no mercado que em 2016 o setor pode ter um aumento de receita em torno de vinte por cento. E se ficar nesse percentual, a maior parte das empresas vai ter uma redução da exposição. O próprio mercado financeiro vai exigir isto. Ou seja, será preciso diminuir essa dívida”, observa. Para o presidente da Siamig, o segmento tem boas perspectivas. “O que antes de setembro era uma dificuldade generalizada até para rolar as dívidas, hoje passa a ser uma dificuldade apenas de precificação por quanto a dívida está sendo rolada. As empresas têm conseguido renegociar. Mas, com o custo de mercado atual, que não é o custo que se observava até 2014”, compara. Há a dificuldade, no entanto, do risco gerado pela situação econômica do país. “O setor sucroenergético teria melhores condições para renegociar ou alongar essa dívida se a economia brasileira estivesse numa condição mais favorável”, enfatiza. De acordo com ele, a crise tem provocado outra

Elevação do preço da gasolina proporcionou, por exemplo, maior competitividade ao etanol

preocupação: “Para o ano de 2016, há um indício muito forte de redução de consumo de ciclo otto no Brasil devido à queda da renda, aumento dos preços dos combustíveis e

diminuição da venda dos veículos novos. A falta de crescimento da economia brasileira vai impactar o mercado de etanol”, diz. (RA)


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Proposta de pagamento deve incluir carência por até dois anos Governos estaduais também podem contribuir com o processo de diálogo e renegociação da dívida, sugere presidente da Alcopar Todas as agências que fazem análise do mercado de açúcar e etanol projetam uma situação de maior estabilidade. Isto facilita a realização de um diálogo para renegociação, avalia Miguel Tranin, presidente da Alcopar – Associação dos Produtores de Bioenergia do Estado do Paraná. “Com a realidade atual de preços do etanol e do açúcar é bem mais fácil fazer propostas, porque o cenário para 2016 é bom e, para 2017 não vai ser diferente. Nossa expectativa é que isto facilite o diálogo e o entendimento com os agentes financeiros”, ressalta. Uma grande renegociação deveria incluir a carência de toda a dívida por um prazo de um a dois anos para que o setor tenha condições de sair da atual situação – argumenta. Segundo ele, após esse período de carência e com um cenário mais positivo, o setor terá melhores condições para o pagamento da dívida. Nos dias de hoje, isto se torna complicado devido às dificuldades geradas pela situação de instabilidade enfrentada pelas unidades e grupos sucroenergéticos nos últimos anos – observa. Para Miguel Tranin, deveria haver uma iniciativa dos governos estaduais para que ocorressem o diálogo, a busca de entendimento e a renegociação. Ele lembra que o impacto econômico e social da atuação do setor nos estados é bastante significativo, o que justifica a adesão de governadores e outros políticos nessa empreitada.

Miguel Tranin: setor terá melhores condições para o pagamento da dívida

As consequências da crise setorial não afetam apenas as unidades produtoras de açúcar, etanol e bioeletricidade. Há fechamento de empresas, perda de empregos, de arrecadação – exemplifica. Em decorrência de suas características, as indústrias sucroenergéticas estão, na maioria dos casos, em municípios pequenos do interior do país, com dez, quinze, vinte

mil habitantes – constata. “O fechamento de uma usina, que gera de mil a três mil empregos, tem um impacto violento em uma cidade dessas. Desmobiliza e coloca em dificuldades uma série de segmentos. Tudo isto tem que ser considerado numa renegociação. O peso econômico e social do setor é muito grande”, ressalta. (RA)

Aumento da Cide continua no radar do setor Mesmo com as dificuldades de negociação com o governo federal, em decorrência das crises econômica e política, o setor sucroenergético continuará defendendo a ideia de estabelecimento de uma taxa de carbono linkada a uma visão de combustível renovável versus combustível fóssil, observa Mário Campos, presidente da Siamig. “Uma das opções é o aumento da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) que é algo mais fácil e mais rápido de ser implementado. Isto gera uma condição de receita muito melhor para o etanol” – destaca. Ele lembra que o setor encaminhou a questão de elevação do valor da Cide no segundo semestre de 2015. “O cenário político conturbou essa discussão. Mas, isto não vai fugir, de forma alguma, do radar do setor”, afirma. Houve inclusive a realização de um estudo – diz – que estabelecia como meta o valor de Cide sobre a gasolina em sessenta centavos, com o objetivo de precificar as consequências negativas que o combustível fóssil traz à sociedade em termos de emissão, aquecimento global, mudanças climáticas, saúde pública. (RA)


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Qualificação não é luxo, é investimento LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP

A crise enfrentada pelo Brasil somada aos anos difíceis vividos pelo setor, que resultou no fechamento de mais de 80 usinas, fez com que existisse hoje uma grande oferta de mão de obra para todas as áreas e especialidades. No início de 2016, existiam vagas em aberto para mais de vinte cargos diferentes, desde estágios até gerências de planejamento e direção de operações em unidades de todo Brasil. Cada empresa que atua no setor tem sua característica, cultura e carência de profissionais em áreas específicas. Parte disso pode ser explicada pela crise, mas outra parte é responsabilidade do próprio setor. Poucos grupos tiveram capacidade de investimento em projetos greenfields (projetos inovadores onde não existe uma estrutura física prévia), por conta das dificuldades vividas pelo setor. Isso fez com que um número restrito de profissionais fosse qualificado dentro deste novo paradigma da indústria sucroenergética. Um exemplo de ação na contramão da crise é o da Odebrecht Agroindustrial que busca contratar e capacitar profissionais das localidades onde as unidades estão instaladas, qualificando os moradores das regiões. Ao estimular o desenvolvimento, contribuem para o desenvolvimento econômico e social da comunidade. Em parceria com o Senai, a Odebrecht

Genésio Lemos Couto, vice-presidente de Pessoas, Sustentabilidade e Comunicação da Odebrecht Agroindustrial

desenvolveu o Programa Acreditar, que foi criado em 2008. O programa capacita pessoas da comunidade local para atuar no mercado de trabalho e contribui para reduzir a migração. E desde o ano passado iniciaram o programa Acreditar Jr., direcionado para filhos e parentes dos colaboradores, ainda em idade escolar e sem formação técnica. Desta forma, quando tiverem maioridade, já terão uma especialização, observa Genésio Lemos Couto, vicepresidente de Pessoas, Sustentabilidade e Comunicação da Odebrecht. “Principalmente para as áreas onde existe maior dificuldade de recrutamento específico, que são a industrial e a de manutenção”. — Como nascemos 100% mecanizados, conseguimos nos antecipar na manutenção automotiva, que é outro gargalo de mão de obra”, explica Lemos Couto. Ele reconhece que a veia de construção civil da Organização Odebrecht os ajudou nisso. “Temos uma equipe forte de manutenção, pois conseguimos aproveitar a transversalidade de carreira, de profissionais capacitados que vieram de outros Negócios da Odebrecht”. Genésio ainda acrescenta que mesmo com a crise, a empresa segue com a convicção que a saída passa necessariamente pela educação e qualificação. Para empresas que acham que qualificação é luxo e não investimento, certamente essas oportunidades vão ficar mais restritas e terão dificuldades no momento de retomada do crescimento.


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Uso de ácidos de lúpulo no controle de bactérias na fermentação O uso de ácidos de Lúpulo para controle de bactérias em processos fermentativos já é uma realidade afirmada e empregada no setor sucroenergético há cerca de 8 anos. A LNF Latino Americana é uma empresa de biotecnologia com atuação em diversos segmentos do ramo de alimentos e energia. Atua desde 1996 no mercado de usinas com a produção e comercialização das Leveduras Selecionadas LNF PE-2, CAT-1, BG-1, SA, FT858 e Fermel. As cepas foram selecionadas por laboratórios de pesquisa de renome, como a Fermentec e o CTC. Estas cepas são hoje responsáveis por quase 70% do etanol brasileiro produzido em todas as safras. A empresa também é pioneira na aplicação de enzimas para hidrólise de amido e dextrana no açúcar. Distribuidora dos produtos Novozymes, as enzimas contribuem para melhorar a qualidade do produto e reduzir custos com diminuição de outros insumos no processo açucareiro.

Empresa atua no fornecimento de alfa-ácidos LactoStab e IsoStab Especificamente, desde 2008, a empresa atua no fornecimento de alfa-ácidos LactoStab e IsoStab para o controle de bactérias na fermentação e o beta-ácido LupuStab para controle de bactérias em mosto e caldo da moenda. Os derivados de Lúpulo da LNF são produzidos pela Betatec. Atualmente dezenas de usinas utilizam em sua fermentação os alfa-ácidos LactoStab e IsoStab. Os produtos têm uma enorme eficiência contra bactérias gram + e são muito eficazes na redução da floculação da fermentação. Os alfa-ácidos têm um mecanismo de ação diferenciado, em relação a outros produtos, sendo que atuam na forma como as bactérias se alimentam. Esse

Exemplo de resultado observado após aplicação de LactoStab numa fermentação que anteriormente usava Monensina a 5ppm e dosava a cada 3 ou 4 dias

aspecto combinado com outros fatores permite que o tempo de ação do produto na fermentação seja mais prolongado. Isso diminui o número de aplicações por determinado período, o que torna os produtos muito viáveis economicamente. Outro fator importante dos alfa-ácidos é que são produtos 100% naturais, portanto liberados para uso nos processos que secam leveduras ou que não aceitam o residual de antibióticos sintéticos na vinhaça. “O tempo mais prolongado de ação dos alfa-ácidos

permite à usina reduzir o número de aplicações de antibióticos na fermentação. Esse fator torna os produtos muito competitivos, tanto é que temos dezenas de clientes que utilizam o produto há vários anos”, destaca Eduardo Bihre, engenheiro de alimentos da LNF. Para receber uma proposta de trabalho com algum dos produtos LNF, favor entrar em contato pelo email Etanol@LNF.com.br ou Eduardo@LNF.com.br. Um Engenheiro da empresa fará uma visita para poder atendêlo da melhor forma possível.


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Laboratórios ajudam a monitorar desvios e perdas no processo Todos os cuidados devem ser adotados para que as análises apresentem resultados precisos e confiáveis R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

Os laboratórios de unidades sucroenergéticas são fundamentais para a avaliação, a correção e a garantia da qualidade de diferentes etapas da produção de açúcar e etanol. Resultados em desacordo com determinados padrões e especificações podem indicar a existência de desvios e perdas no processo industrial. Da mesma maneira que outros setores das usinas e destilarias, os laboratórios requerem uma gestão eficaz, o que exige, por exemplo, a supervisão constante das amostragens. A frequência e a representatividade das amostras desempenham inclusive um papel importante para o controle das operações. Deve haver também uma preocupação com a formação e treinamento contínuo dos profissionais da área. Todos os cuidados devem ser adotados

para que os laboratórios forneçam resultados precisos e confiáveis em suas análises. O uso de métodos inadequados, a má qualidade de equipamentos, calibrações erradas, amostragens não representativas, interferências – geradas pela temperatura, por exemplo –, contaminação das amostras são alguns fatores que podem comprometer os resultados. O planejamento para a obtenção, manuseio e análise das amostras pode ser decisivo para o sucesso das atividades laboratoriais que estão voltadas, na indústria, para o controle do processo e para o pagamento da matéria-prima por teor de sacarose. Há uma grande diversidade de materiais que podem ser avaliados na unidade industrial, como: bagaço, caldos, torta de filtro, xarope (normal e tratado), massas cozidas, açúcar, mosto, fermento, etanol, vinhaça, entre outros. Para assegurar a eficácia do trabalho é preciso também definir procedimentos para transporte, manipulação, estocagem e descarte das amostras. As análises devem atender especificações do Icumsa, ABNT, padrões estabelecidos pelas próprias unidades sucroenergéticas, além de especificações exigidas pelos clientes (empresas e trades).

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Equívocos dificultam a identificação e a correção de problemas O importante papel desempenhado pelos laboratórios para o controle da qualidade da matéria-prima e do produto final não abre mais espaço para o improviso e para a falta de planejamento. Todas as etapas e procedimentos devem ser minuciosamente avaliados e cuidados nessa atividade.

Os procedimentos adequados envolvem desde questões básicas até a aplicação correta de conhecimentos específicos referentes a metodologias analíticas Equívocos no desenvolvimento desse trabalho podem dificultar a identificação de problemas e a adoção de medidas que têm o objetivo de evitar perdas no processo de produção industrial. A leitura equivocada do teor de sacarose poderá gerar uma diferença significativa no pagamento de cana de uma usina. Os procedimentos adequados envolvem desde questões básicas, que evitam riscos às pessoas e ao meio ambiente, até a aplicação correta de conhecimentos específicos referentes a metodologias analíticas.

O trabalho no laboratório requer obrigatoriamente o uso de EPIs – Equipamentos de Proteção Individual, que são fundamentais para a segurança e saúde dos profissionais da área. O uso de máscaras de proteção, por exemplo, é essencial quando ocorre a utilização de produtos que liberam gases tóxicos. Outras regras simples, porém importantes, não podem ser negligenciadas, como não usar adereços e acessórios que possam ocasionar acidentes, proteger feridas

expostas, descartar adequadamente resíduos e amostras já utilizadas, entre outras. Não devem ser deixadas de lado também as técnicas de limpeza que evitam diversos transtornos, como a contaminação de amostras por materiais de laboratório e resíduos de outras análises. A organização é outro aspecto a ser considerado: objetos de uso pessoal não devem ser guardados em gavetas e armários utilizados para materiais de laboratório. A bancada precisa ficar livre de qualquer objeto que não faça parte da atividade laboratorial.

Todas as precauções têm que ser adotadas. Para a obtenção de resultados positivos, os profissionais envolvidos nas atividades precisam seguir os procedimentos técnicos para cada metodologia. Na análise de sacarose por polarimetria, por exemplo, é necessário estar atento a utilização de equipamentos (sacarímetros, refratômetro e balanças) eficientes e com manutenção adequada, rede elétrica estabilizada, temperatura ambiente e da solução, qualidade da água, entre outros itens. (RA)


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Métodos analíticos são necessários para verificação da cor Icumsa do açúcar

Competitividade do mercado requer aprimoramento profissional A aplicação de diferentes métodos de análises de controle de qualidade de açúcar e etanol exige uma formação adequada dos profissionais que atuam nessa área em usinas e destilarias. Os técnicos de laboratórios precisam estar bem preparados para a adoção de procedimentos corretos em todas as etapas do trabalho, incluindo a operação e calibração de equipamentos, as boas práticas, segurança em laboratório até a execução de ensaios técnicos. A competitividade do mercado requer um maior refinamento na formação dos profissionais da área, o que exige uma atualização constante em relação às mudanças nos protocolos do comércio internacional de commodities, nas certificações e novos parâmetros de qualidade. A operação de equipamentos e instrumentos mais modernos e avançados tem exigido também o

Técnicos da área precisam de atualização para a operação de equipamentos e instrumentos mais modernos e avançados aprimoramento dos profissionais da área. O trabalho nos laboratórios de usinas é cada vez mais amplo e detalhado. No caso do açúcar, há necessidade, por exemplo, da aplicação de métodos analíticos para verificação da cor Icumsa, polarização, cinzas condutimétricas, além da averiguação da dextrana e amido por espectrofotometria, entre outros exemplos.

Para o etanol, os métodos de análise têm o objetivo de constatar, entre outros itens, a massa específica e teor alcoólico em etanol etílico, acidez total em álcool etílico, potencial hidrogeniônico em etanol etílico anidro. O monitoramento e a avaliação das especificações exigidas por clientes, levando-se em conta determinados parâmetros referentes a cor, turbidez, granulometria, amido, dextrana é outra função dos laboratórios.

ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS A necessidade de elevar a eficiência no processo e aumentar a rentabilidade tem ampliado as atividades de análises e controle em usinas e destilarias. Em consequência disto, o papel do laboratório ganha importância cada vez maior na unidade

industrial. Entre as novas demandas, nos últimos anos, destacam-se as análises microbiológicas. O controle da atividade das leveduras e de sua viabilidade, da presença de microorganismos responsáveis por infecções no mosto – que podem reduzir o rendimento da fermentação – tornou-se uma questão estratégica para unidades e grupos sucroenergéticos. Além de capacitar os profissionais de laboratórios para o desenvolvimento das atividades vinculadas à fabricação de açúcar e etanol, o treinamento e a reciclagem devem se preocupar com a atualização de técnicos em decorrência das novas demandas nessa área. Algumas delas deverão ser geradas pela produção de etanol de segunda geração e a utilização da biomassa de cana para a fabricação de novos produtos. (RA)


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Peneira molecular é destaque na desidratação de etanol O mercado fornecedor tem diversas soluções para a otimização do processo de produção em destilarias R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

Existe tempo para tudo. Há tempo para esperar, sobreviver apenas, inovar, ousar, investir. A escolha da medida adequada para o momento certo pode ser diferente para cada um. E isto também ocorre para unidades e grupos sucroenergéticos que buscam gerenciar e planejar as suas atividades da melhor maneira possível, apesar das dificuldades geradas pelo período de incertezas e turbulências. Com a recuperação dos preços e melhor saúde financeira, algumas usinas encontram fôlego para a realização de investimentos. Outras – talvez, a maioria – , estão em compasso de espera. Há as que sequer podem pensar nessa possibilidade. O mercado fornecedor tem diversas soluções para a otimização de plantas industriais. No caso da produção de etanol, equipamentos e sistemas podem otimizar a destilação, a desidratação e criar condições para o melhor aproveitamento da vinhaça. Para a desidratação etanólica visando a produção de anidro, o grande destaque,

Luiz Magazoni, diretor industrial da Usina São Domingos, de Catanduva, SP

nos últimos anos, tem sido a peneira molecular. “Sem dúvida, é o melhor sistema nessa área”, enfatiza Luiz Magazoni, diretor industrial da Usina São Domingos, de Catanduva, SP. A peneira molecular apresenta algumas vantagens em relação a outras soluções disponíveis no mercado, apesar de requerer um investimento inicial mais elevado. “No custo de operação, só há gasto com vapor. O consumo de vapor, para desidratar o etanol, é baixo”, observa Luiz Magazoni. Para a produção de álcool especial, a peneira é também a mais recomendada entre as soluções disponíveis no mercado. “É um processo físico. Não deixa resíduo”, diz. Essa tecnologia também se diferencia no mercado devido à redução de consumo de água de resfriamento e por ser um processo automatizado e de fácil operação. Outro sistema para desidratação, que tem sido bem aceito no mercado sucroenergético é o MEG – Monoetilieno Glicol, que é utilizado inclusive pela Usina São Domingos. Possui características consideradas positivas: o desidratante empregado não é volátil e não é inflamável; o consumo de vapor e água é menor em relação a outros sistemas, exceto peneira molecular. O investimento para a implantação do MEG é menor em comparação ao da peneira molecular – constata Luiz Magazoni.


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“Safena” na coluna “A” quase dobra produção na destilaria Sistema a vácuo, que otimiza consumo de vapor, pode se tornar solução interessante a partir da melhoria da capacidade de investimento das usinas Algumas tecnologias avançadas podem tornar as destilarias brasileiras mais eficientes e competitivas. É o caso da destilação a vácuo que ainda não aportou de vez por aqui – apesar de alguns ensaios –, devido às dificuldades do setor em realizar investimentos. “Em termos de conceito, a destilação a vácuo é interessante, porque otimiza a necessidade de vapor. No sistema a vácuo, abaixa-se o ponto de ebulição do etanol, ocorrendo uma redução do consumo de quilo de vapor por litro de álcool. É mais eficiente energeticamente e estável”, explica o diretor industrial da Usina São Domingos. O valor de investimento é considerado, no entanto, bem mais elevado em comparação a outros sistemas. A destilação convencional tem alguns tipos de colunas que apresentam custo e eficiência variáveis. “A coluna calotada é a mais estável, porém exige um investimento mais elevado. Tem maior quantidade de material e é mais trabalhosa. A valvulada é

São Domingos: destilação a vácuo otimiza a necessidade de vapor

intermediária. E a perfurada é bastante agitada, qualquer variação de teor ou de pressão de vapor interfere no processo”, afirma Luiz Magazoni. Se o momento não tem sido favorável para a realização de altos investimentos na destilaria, alguns “arranjos” no processo permitiram, nos últimos tempos, a otimização nos equipamentos mais antigos. Para aumentar a produção, a maioria das usinas

adotou algumas medidas. Segundo o diretor da São Domingos, a unidade que usava benzol – que teve o seu uso proibido – ou ciclo hexano para desidratar e adquiriu um sistema novo, como o MEG ou peneira molecular, ficou com a destilaria inteira liberada para produzir etanol. “Nesses casos, foi feita uma ‘safena’ na coluna A. Com isto, o que sai da A passou a

ser jogado na B e na C, possibilitando quase dobrar a destilaria. Houve também o aumento de uma bandeja na coluna A”, detalha. Essa alteração na configuração da planta já foi adotada por muitas unidades sucroenergéticas – ressalta. Na São Domingos, que implantou o sistema de desidratação MEG, as duas destilarias foram “safenadas”, o que praticamente dobrou a produção – informa. (RA)


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Manejo da vinhaça inclui aquecimento indireto e sistema de concentração Tecnologias podem ser um bom negócio para usinas que transportam vinhaça com caminhão e têm um custo alto para fazer a aplicação na lavoura. Um outro caminho para a otimização e modernização do processo de fabricação de etanol está relacionado ao manejo da vinhaça que pode incluir, caso haja possibilidades da realização de investimento, o uso de tecnologia voltada à concentração desse efluente. “Não havia anteriormente grande preocupação com a vinhaça. A ‘borbotagem’ de vapor era feita diretamente nas colunas. As usinas mais modernas, que querem reduzir o volume de vinhaça, precisam ter um aquecedor indireto, um reboiler, na destilaria. Com a própria vinhaça é possível produzir vapor para tocar a destilaria”, observa Luiz Magazoni. De acordo com ele, as usinas mais novas e modernas, realizaram investimento nessa área. Um exemplo é o da Usina Adecoagro, de Ivinhema, MS. As plantas antigas também podem ser otimizadas com aquecimento indireto na destilaria – comenta. Antes de ser colocado o concentrador de

Concentração de vinhaça na Adecoagro: usinas novas e modernas investiram nessa área

vinhaça, é necessário gerar menor volume de vinhaça na destilaria. “A unidade não pode borbotar o vapor e depois concentrar vinhaça. É um contrassenso. Dessa maneira, o dinheiro é gasto da forma errada”, alerta.

Tanto a instalação do sistema de aquecimento indireto como a tecnologia de concentração de vinhaça – que exige um investimento mais alto – pode ser um bom negócio para usinas que transportam

vinhaça com caminhão e têm um custo elevado para fazer a aplicação na lavoura. O retorno do investimento para concentração da vinhaça ocorre em três anos, calcula o diretor da São Domingos, que ainda não conta com esse sistema. “Há poucas usinas que instalaram o sistema de concentração de vinhaça. Em uma época em que está tudo bem, é possível pensar em um investimento deste tipo. Em um período em que a luta é pela sobrevivência, poucas unidades podem investir dinheiro nisto. Para as usinas que têm condições de implantar essa tecnologia é um bom negócio”, avalia. Segundo ele, uma unidade, que borbota e trabalha com um teor de 9% a 10%, gera doze litros de vinhaça por litro de etanol. “Com um sistema de concentração eficiente, sem borbotar vapor, há uma redução para 2,5 a 3 litros de vinhaça por litro de álcool”, diz. Entre os principais benefícios da tecnologia de concentração de vinhaça estão a redução de custos da distribuição e a diminuição da necessidade de adubo a partir do aproveitamento racional do potássio. Para as usinas que distribuem a vinhaça com o uso de caminhão, o custo está em torno de R$ 7,00 o metro cúbico, que é altíssimo – informa. Esse processo possibilita também o aproveitamento da água – retirada da vinhaça – na unidade industrial, diminuindo a necessidade de captação. (RA)


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Gestão de perdas no chão de fábrica THIAGO DA S ILVA JORNADA*

“Fazer mais com menos” é a frase que rege o setor sucroenergético no que diz respeito a eficiência industrial. Fato que se torna cada dia mais comum seja em usinas modernas ou usinas tradicionais; necessidade que é imposta ao processo principalmente em tempos de crise no setor. Uma boa gestão dos recursos do processo, parte, da conscientização de todos os envolvidos, de forma que cada um destes saiba, não só sua própria função, mas os impactos e consequências das funções e das atitudes de cada membro da equipe. Uma variável que é mais bem compreendida por todos, seja no nível operacional ou corporativo, é a variável econômica, e quantificá-la, deixa muito mais claro, qual a importância de “não perder”. Com as constantes flutuações do mercado econômico, quedas e altas nas bolsas de valores, torna-se dificultoso mensurar sucessivamente perdas pontuais de processo em moeda vigente. Por meio de uma planilha Excel, pode-se perceber, alimentando esta com os valores analíticos: volume da perda por hora, e preço do açúcar e álcool no período, qual o tamanho da perda em cifras. Por meio desta análise quantitativa, pode-se obter o envolvimento esperado da equipe, comparando e equiparando esses valores a possíveis benfeitorias, não só para a organização, mas para todos os indivíduos comprometidos com a eficiência do processo, e ainda viabilizar possíveis investimentos em recursos materiais para melhorias no processo. A gestão de processos na fabricação de açúcar e álcool historicamente é embasada na experiência de cada gestor ou ainda de cada operador de processo. Mas na indústria contemporânea, o papel do gestor tem sido conciliar as necessidades do processo com as necessidades de cada indivíduo, o que pode se chamar de “uma maior valorização do fator humano” no processo, sem deixar de lado os objetivos da organização. A participação de todos os membros da equipe em uma gestão de perdas, o que não é função exclusiva do gestor, parte da formação destes indivíduos, não a formação acadêmica, mas a formação do “espírito organizacional”. Espírito este que vai guiar o profissional à excelência por onde ele passar. “Só há uma coisa pior que formar colaboradores e eles partirem... é não formar e eles permanecerem. ” (Henry Ford).

APLICAÇÃO PRÁTICA Analisando a eficiência industrial ou eficiência de ART de uma usina de cana-deaçúcar, produtora de açúcar e álcool, sabemos que os maiores pontos se encontram, no bagaço, torta e fermentação. Mas há perdas pontuais, as quais passam despercebidas, na sua grande maioria por uma característica cultural: “pode-se perder desde que se produza”. Cultura esta que está sendo mudada através de métodos de gestão

à vista como, por exemplo, o PDCA (PlanDoCheck-Act). A planilha de gestão de perdas tem por objetivo, “decodificar” valores que para muitos parecem “ocultos”. A linguagem técnica mesmo explanada podese tornar um tanto confusa para alguns colaboradores ainda que corriqueira para níveis de gestão. Esta planilha vem para falar a linguagem econômica. Tomemos como ponto de partida uma bomba de caldo misto com vazamento na gaxeta, aparentemente pequeno. Com um Becker de 200 ml, quantificamos os vazamentos dentro do período de 60s (1 minuto). Obtém-se nesse minuto o volume de 180ml. Consideremos para a exemplificação: Brix= 13° Pol = 12 Ar= 0,64 Açúcar R$/Sc= 84,00 Etanol R$ Litro= 2,20 Então temos a figura abaixo: Quando dizemos que 180ml de caldo misto correspondem a R$ 60,88 em açúcar e R$ 51,62/dia em etanol, a visão de perda de todo colaborador muda, de tal forma que leva a várias linhas de raciocínio: • As metas a serem superadas seriam muito mais possíveis se considerarmos perdas desse tipo; • A remuneração talvez pudesse ser mais satisfatória se esse tipo de perda pudesse ser evitado; • A capacitação técnica do quadro funcional poderia evoluir se esse tipo de perda pudesse ser evitado; • Um investimento em outra tecnologia como selo mecânico, por exemplo, poderia evitar esse tipo de perda; • Uma melhor rota de manutenção poderia prever ou evitar esse tipo de perda; Enfim, quando ciframos as perdas, a visão do conjunto organizacional muda, sendo que, toda organização visa lucro, e a possibilidade de potencializar esse lucro através de redução de perdas, vem de encontro com as necessidades da empresa e de seus colaboradores. Concluindo: perdas no processo só podem ser evitadas com a colaboração de todos os membros de uma determinada equipe. Conhecer a perda e saber o que ela representa é o começo, saber evitá-la é o próximo passo. Tudo depende da descentralização da incumbência de gerir as perdas, através de uma mudança de atitude e de cultura organizacional. Cada perda, por mais minúscula que seja, representa um valor, valor esse que poderia ser empregado em benfeitorias a todos os colaboradores da organização. Gestão a vista é “perder nunca, produzir mais com menos recursos e lucrar sempre, ainda que esse lucro não seja em valores econômicos”. * Thiago da Silva Jornada é técnico em química, administrador de empresas, gestor de processos e pessoas na fabricação de açúcar e álcool e líder de produção na Usina Abengoa Bioenergia (São João da Boa Vista)


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A “caixa de pandora” na fermentação alcóolica NADIR CAETANO E LINA VITTI*

“Minha fermentação está com alto rendimento. Não necessito de melhorias”. Esta frase, até há bem pouco tempo comumente usada no setor, tem sido reformulada por muitos gerentes de área nos últimos tempos. Estes especialistas se deram conta de que não é tarefa fácil medir efetivamente o rendimento da fermentação. Diversas formas de cálculo têm sido usadas, mas sempre fica a incerteza se a régua de cálculo está corretamente aferida. Isto porque muitas vezes se observa fermentações com dificuldades de operação, floculação, alta contaminação, baixa viabilidade, mas apresentando rendimentos na faixa de 90% a 92%, enquanto fermentações bem conduzidas apresentam rendimentos de, no máximo 88% 89%. O fato é que fermentações de alto rendimento só podem acontecer quando alguns parâmetros adequados de trabalho são observados à risca: leveduras robustas e altamente produtivas, baixa contaminação bacteriana, temperatura adequada, nutrientes em quantidade suficiente, mosto de qualidade, centrifugações que mantenham alta concentração de fermento com baixo reciclo de vinho, pouca produção de subprodutos; e outros fatores importantes devem ser avaliados. Ou seja, a levedura necessita de estabilidade para ter alta produção. Isto sem contar que para manter alguns desses parâmetros em valores adequados há uma interdependência no restante do processo: área agrícola, extração, tratamento de caldo, fábrica de açúcar, além do próprio setor de fermentação e centrifugação. Estas áreas impactam diretamente na qualidade da fermentação. O tema lembra a lenda da caixa de Pandora segundo a qual, quando uma caixa com um conteúdo desconhecido foi aberta, todo o mal do mundo foi liberado. Percebendo o erro que cometera, Pandora se apressou em fechar a caixa. Com isso, ela conseguiu preservar o único dom positivo que fora depositado naquele recipiente: a esperança. Dessa forma, o mito da caixa de Pandora explica como o homem é capaz de manter-se perseverante mesmo quando as situações se mostram adversas. Semelhantemente, o processo de fermentação é uma caixa de Pandora com vários pontos desconhecidos. Ao abrirmos essa caixa nos deparamos com diversos pontos críticos que podem afetar o processo de fermentação. Porém, é necessário que eles sejam expostos para poder controlá-los. Ou seja, devemos sempre

caminhar da fermentação para trás, quando avaliamos os problemas e para melhor entendê-los. Neste caminho inverso, saindo da fermentação, caminhamos em direção ao resfriamento e preparo do mosto. No processo de resfriamento a limpeza do sistema e um dimensionamento correto dos equipamentos são de importância vital na qualidade microbiológica do mosto que alimentará o fermento. No setor de preparo é preciso estar atento à qualidade do caldo, água e melaço que vão compor o alimento do fermento, para que apresentem além de qualidade microbiológica adequada, a ausência de compostos inibidores da fermentação. Em seguida, deve-se adentrar na fábrica de açúcar, de onde provêm o melaço utilizado no mosto e seguir todo o caminho de sua produção. Chegando ao tratamento do caldo tanto do caldo para açúcar quanto para álcool, verificamos se está realmente sendo eficiente na redução da contaminação bacteriana, na retirada de gomas, ceras e impurezas que podem estar sendo acumuladas no melaço ou indo para a fermentação via mosto. O próximo passo é avaliar a assepsia no setor de extração. Completando o sentido inverso, vamos ao campo para verificar quanto a matéria-prima tem contribuído positiva ou negativamente para o rendimento fermentativo. Apenas após todas essas avaliações podemos nos certificar que o rendimento da fermentação está indicando alta conversão do açúcar pela levedura. Para isso é necessário sair da zona de conforto e pensar em outros pontos para melhorar a fermentação, através do uso de um relatório de observação e ação sobre esses novos pontos descobertos. Também é importante compreender que, mesmo em situações adversas, somos capazes de resolver o problema quando avaliamos os principais pontos críticos de ação e controle, ferramentas bastante adequadas para trabalhar nessas situações. O ponto principal que se deve avaliar quando a fermentação apresenta problemas deve ser o fluxograma de processo, com todas as entradas e saídas do sistema. Nele, em algum ponto do circuito descobriremos os principais pontos críticos que influenciam na fermentação e haverá facilidade em corrigi-los. Concluindo: sempre há oportunidade de melhoria no processo quando avaliamos em conjunto todos os pontos principais. *Nadir Caetano e Lina Vitti são consultores Pró-Usinas


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Antecipando os benefícios do COI antes de sua implementação Tecnologia observa o processo de forma integrada e contínua, compilando os dados em informação e controlando todo o processo de acordo com os objetivos definidos pelos gestores N ELSON NAKAMURA*

Na década de 80, em seu livro “A Terceira Onda”, Alvin Toffler descrevia a evolução da sociedade humana, “desde o tempo do predomínio das atividades agrícolas, passando pela fase industrial, até a era pós-industrial, a era da informação”. Quando o livro foi lançado estávamos no início da “era da informação”. Nesta sociedade a vantagem competitiva seria baseada na informação e no conhecimento. Para que um dado torne-se uma “informação útil”, estes precisam ser coletados, armazenados, processados e interrelacionados. Com exceção do interrelacionamento, as demais funções são executadas com maior precisão e velocidade pelos computadores, razão pela qual eles se tornaram auxiliares fundamentais nesta sociedade. Hoje, provavelmente, ainda estamos surfando em alguma destas sub-ondas da “era da informação”. Termos como mecanização, controle, automação, computação em nuvem, internet, mecanismos de busca da informação, etc, fazem parte do dia-a-dia e permeiam todas as atividades, sejam elas agrícolas, industriais ou de serviços. É interessante observar que o setor sucroenergético é composto pelos representantes das três ondas: agrícola, industrial e informação/conhecimento, sendo que esta última permeia todas as atividades. Na atividade industrial, os sensores, controladores e supervisórios estão presentes na maioria das usinas para assegurar maior eficiência, controle, segurança, qualidade e confiabilidade ao sistema produtivo. A diferença entre as usinas está no grau de instrumentação/automatismo e na forma como estão alocados organizacionalmente estes recursos (descentralizado ou centralizado). Como os setores industriais das usinas são normalmente divididos em (i) Extração; (ii) Tratamento do Caldo; (iii) Fábrica de Açúcar; (iv) Fábrica de Álcool; (v) Caldeiras e Tratamento de Água; e (vi) Geração de Energia, os equipamentos e sistemas de controle destes setores nem sempre são fornecidos num único pacote e/ou por um único fornecedor, é natural que os estes controles nasçam descentralizados. Neste cenário, cada um dos setores conta com sistema e equipe própria para atuar em cada um dos seus equipamentos. A tendência observada no mercado sucroenergético é a centralização destes diversos sistemas e equipes em um único Centro Operacional Integrado

Tela de supervisório descentralizado na Usina Estiva

(COI) - também chamado de Centro de Operações Industriais -, agregando também neste local a visão de pontos estratégios da planta através de equipamentos de CFTV, os quais, além de tudo, promovem um aumento da segurança patrimonial. A literatura é rica em explorar os aspectos positivos e negativos de descentralizações e centralizações em diversos tipos de atividade. No caso do COI, pesam contra a centralização os custos referentes a recabeamento, arquiteturas redundantes para garantir a operação 7x24, sistemas para integração de ambientes heterogêneos, supervisórios e equipamentos auxiliares. As principais vantagens citadas são: Aumenta a eficiência e a rapidez na tomada de decisões; Diminui os tempos de paradas e manutenções de processo; Otimiza o processo de fabricação; Reduz o custo e a insegurança operacional; Aumenta a produtividade dos operadores; Permite explorar a flexibilidade das instalações de processo; Aumenta a disponibilidade do sistema de automação; Reduz o tempo de configuração de engenharia; Sincronização automática dos dados; Redução no tempo de detecção e eliminação de falhas; Integração entre os operadores de diferentes setores. É interessante observar que muitos dos benefícios do COI estão relacionados a integração entre operadores, o que possibilitaria um melhor entendimento do processo como um todo e uma agilidade na tomada de decisões, visando uma redução no custo operacional e elevação na eficiência e dos ganhos. Com o COI as informações dos diversos setores encontram-se disponíveis num mesmo ambiente, permitindo que as decisões possam ser tomadas considerando a usina como um todo. Como tendência, a empresa passa a se estruturar de forma vertical, com surgimento de um líder de COI ou gestor, que será o “maestro” de cada uma das partes da planta, para que todos sejam direcionados para a melhoria do desempenho da usina como um todo. O COI por sí só não garante que todos os benefícios supracitados sejam alcançados, pois na era da informação, não é suficiente armazenar e integrar os dados. É necessário transformá-los em informação e em conhecimento, sendo que cabe ao líder do COI ou ao gestor, processar e correlacionar as informações em tempo hábil para determinar os melhores pontos (set-points) de operação ao longo do turno. Tarefa que se torna bastante complexa pois, para tomar a decisão de alterar os set-points, o líder do COI ou o gestor precisa, mesmo que empiricamente, fechar os balanços de massa e energia da planta e considerar os impactos em cada etapa do processo, tanto nos setores fornecedores quanto nos consumidores.

Otimização em tempo real com e sem COI Considerando a complexidade e importância da função do gestor industrial ou líder de COI das usinas, uma ferramenta que vem se destacando em auxiliá-los na tomada de decisão visando a melhor performance operacional e econômica de toda a planta industrial é a tecnologia de Otimização em Tempo Real (RTO). Na estratégia convencional de controle, a camada de otimização em tempo real calcula os valores ideais de operação de cada um dos set-points de processo e uma camada inferior (controle) implementa este valor otimizado junto ao processo, conforme ilustra a Pirâmide de Gestão Industrial a seguir:

Em relação ao COI, precisamos considerar que às vezes o que está sendo centralizado é o Controle Regulatório, que busca manter a saída no set-point estabelecido, atuando de modo a minimizar o transtorno causado pelos distúrbios.

Já o que se busca com o software de RTO é a determinação de um novo set-point que redunde em ganho para a usina, com o controle regulatório atuando para alcançar e manter o novo set-point. Dentro desta visão, não é pré-requisito a existência de um COI para que seja implementada a otimização em tempo real. Como exemplos desta possibilidade, citem-se as usinas de Tapejara e Cidade Gaúcha, do Grupo paranaense USACUCAR, que iniciaram com o software de RTO S-PAA nos setores de energia e processo, respectivamente, sem a existência de um COI. A implementação permitiu colher os frutos e vivenciar as vantagens de uma visão e gestão industrial integrada antes da implementação de um COI físico. Atualmente, a Usina São José da Estiva, de Novo Horizonte (SP), é um exemplo desta vertente. A implementação do S-PAA, também envolvendo toda a planta industrial, está sendo efetivada em um ambiente sem um COI. Um software de RTO, como o S-PAA da Soteica, em uma usina com COI é uma poderosa ferramenta de análise integrada do processo e equivale a diversos engenheiros trabalhando 24 horas por dia para transformar dados em informação e informação em conhecimento, de forma a auxiliar o trabalho do líder de COI, permitindo que o “maestro” alinhe a planta ao objetivo comum, que é o aumento do lucro. Já em uma usina sem COI, esta será muito provavelmente a única ferramenta que irá observar o processo de forma integrada e contínua, compilando os dados em informação e controlando todo o processo de acordo com os objetivos definidos pelos gestores, potencializando assim a capacidade crítica dos envolvidos e os liberando para as inúmeras demandas desta nossa era da informação. *Nelson Nakamura é diretor da Soteica, que compõe o portfólio de soluções do Pró-Usinas


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Usina Santa Maria

Destilaria Dasa: Marcilio, engenheiro químico e

Destilaria Nova União Denusa: Vagner Fernandes

Manoel Freitas, supervisor de produção

do Nascimento, supervisor de fabricação de álcool

Usina Nova Gália: Marília, gerente de produção e

Usina Nova Gália: Marília, gerente de produção e

suas meninas do laboratório, com Josias Messias

Maurício Borges, supervisor de produção, com Josias Messias

Rodando o Brasil, apresentando inovações e soluções de gestão industrial avançada e fermentação de alto rendimento: Gestão Industrial Avançada, O S-PAA, software de simulação e otimização em tempo real, que trabalha como um Super Gestor 24h, gerenciando todos os equipamentos e processos de sua planta industrial para a máxima performance operacional e econômica. O S-PAA se paga em menos de 90 dias, e está gerando mais de R$ 30 milhões de ganhos/safra em 9 usinas instaladas. Fermentação de Alto Rendimento do PróUsinas (FAR), que permite às usinas obter uma eficiência superior na fermentação, acima de 92%, de forma estável, durante a safra, a partir de 3 principais ações: 1. Seleção da levedura mais resistente e produtiva da própria usina, ou inserção de uma Super Cepa MSB. 2. Diagnóstico para localizar, identificar e quantificar os principais pontos de melhoria no processo (PPACs), envolvendo matéria-prima, instalações, leveduras e procedimentos. 3. Treinamento que integra e incentiva sua equipe na busca por ganhos contínuos, através da análise dos dados específicos de sua unidade e Ferramentas Analíticas e Práticas.


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Usina Unial Lajedão: Dr. Figueiredo e

Usina Vale do Verdão: Sergino Ribeiro de

Usina Carolo: treinamento sob o tema microbiologia para

Ângelo Barboza, do Pró-Usinas

Mendonça Neto, diretor-presidente e Josias Messias

multiplicação da cepa selecionada da própria fermentação

Usina Vale do Verdão: Márcio Ramos,

Usina Bevap: equipe recebendo treinamento

Usina Bevap: Fernanda, microbiologista,

gerente industrial e Maria Aparecida Vieira, supervisora

de microbiologia do Pró-Usinas para multiplicação in loco

avaliando a viabilidade do fermento antes de iniciar

de processos, com Josias Messias

para a partida na fermentação safra 2016-2017

multiplicação na planta.


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GENTE

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“A LUTA NUNCA PAROU”

LIA MONTANINI

Gilvanize Lacerda ainda trabalha pelo setor e mantém viva a memória do marido e ícone Jaime Lacerda

LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP

Mesmo depois de sete anos da morte de seu marido Jaime Lacerda, Gilvanize Lacerda continua o trabalho que foi começado por ele há mais de 60 anos. Assim, mantém viva a memória e a honra de um dos ícones do setor sucroenergético. Ainda assim, entretanto, não escapa de ataques sexistas. Mas mantendo-se firme, de cabeça erguida e espinha ereta, tem conquistado o respeito e a admiração por qualquer usina que visite ou evento do qual participe. Gilvanize conta que há muito tempo o tabu sobre a presença das mulheres em posições de destaque nas empresas vem sendo quebrado, mas o muro ainda não foi totalmente demolido. Dentro do setor sucroenergético as mulheres representam aproximadamente 10% das vagas da área agrícola, e 12% quando somadas as áreas industriais e administrativas. Mas ainda há diferenças, especialmente salariais. Seus contracheques, não raro para as mesmas funções, trazem sempre valores menores do que os dos seus colegas. Gilvanize Lacerda hoje faz consultoria para várias empresas. Mas conta que precisou de muito esforço nessa caminhada. Embora não esconda que o setor sugou muito de sua família, em razão das ausências de Jaime, hoje ela afirma que é apaixonada pelo setor. Iniciou na área administrativa na Usina Laisa, em Pernambuco, onde conheceu Jaime Lacerda, especialista em etanol. E todo seu trabalho foi reconhecido quando foi convidada a trabalhar com Jaime em uma empresa de álcool em Lençóis Paulista, SP. A parceria deu certo, e a partir daí se tornaram sócios e abriram um escritório em Maceió, AL e depois em Recife, PE. Casaram-se em 1983, e em 2001 mudaram-se para Valinhos, SP onde Nize, diminutivo pelo qual é carinhosamente conhecida, passou a dar consultoria junto com seu marido, absorvendo todas as informações desse trabalho que sempre admirou. Jaime faleceu em 2008 e para não deixar morrer uma história, ela continuou o trabalho sozinha. Como mulher, Nize conta que no começo passou por algumas situações desagradáveis, por insistir em continuar atuando nas usinas. Sua credibilidade não era a mesma de

Gilvanize Lacerda venceu todos os ataques sexistas

Jaime, e era constantemente apontada como inábil, ainda que exercendo o mesmo trabalho que ele. Ela sabia bem que todo aquele ataque nada mais era que sexismo disfarçado, por isso trabalhava com sabedoria em cada situação e assim conseguia reverter constrangimentos. No fim, quem ficava encabulado era seu algoz. Hoje, felizmente, muita coisa mudou, ela conta. “A visão dos homens a respeito das mulheres dentro das

A crise está longe de acabar De acordo com Gilvanize Lacerda o setor sucroenergético sempre foi maltratado. “Não é algo recente, que começou com a crise. Mesmo tendo um material nativo do país, a desvalorização é evidente”. — O que ajudou um pouco o Brasil e o nosso setor foi o mercado internacional e suas tecnologias — garante Gilvanize Lacerda. “Se o setor dependesse do mercado interno estaria ainda mais quebrado”. Ela lembra que hoje os produtores oriundos de empresas familiares e tradicionais precisam desenvolver soluções alternativas para proteger seus patrimônios que já duram 100 anos, e brigam para mantê-los já que não encontram financiamento para manter a safra ou para novos equipamentos. “Só no estado de Pernambuco, há quarenta anos, havia mais de cem usinas em funcionamento, hoje, existem apenas dezesseis. O setor sofre por conta da política do governo do

país”, diz Nize. “Os valores e as referências foram perdidos.” Em seu ponto de vista vai demorar muito para tudo se reestabelecer como deveria. “Será uma recuperação lenta, tanto por ser um setor que abrange várias áreas quanto pela bagunça gerada pela estagnação da economia”. Outro grande problema apontado por ela é a falta de confiança dos investidores nas empresas que precisam do investimento. O setor está repleto de profissionais capacitados e competentes, ainda tem todo seu potencial, porém falta investimento, falta dinheiro para desenvolver os projetos que poderiam levantar o setor, e começar uma nova fase de sucesso. Nize, que hoje acompanha a política nacional e a crise setorial de perto, diz que ainda tem esperança: “Meu sonho é ver o setor pleno, equilibrado, com empresários investindo, e tudo voltando aos trilhos da recuperação. Também sonho com a maior valorização dos nossos produtos.” (LB)

indústrias já melhorou”. Mas ainda existe resquícios de preconceito, ela conta. “Por exemplo, em algumas empresas, até usinas, mulheres têm um salário inferior mesmo que exerça o mesmo cargo que o homem dentro da unidade”. Ainda assim, Nize encoraja outras mulheres e diz que a luta nunca parou: “Cada mulher deve se portar, manter a postura e mostrar sua capacidade”.

Precursor do Proálcool, morreu trabalhando Jaime Lacerda, o falecido marido de Gilvanize Lacerda, sempre foi um apaixonado pelo setor sucroenergético, e passou a maior parte de sua vida trabalhando no que ama. Nos anos 60 adaptou equipamentos importados que até então não funcionavam em território brasileiro para que passassem a funcionar. Até hoje alguns fabricantes de colunas de destilação os usam. Foi contratado pelo antigo IAA —Instituto do Açúcar e do Álcool, para montar um laboratório no seu novo prédio em São Paulo. Jaime faleceu em 2008, aos 85 anos, e trabalhou até os últimos dias. Foi um dos precursores do Proálcool, era especializado em destilação e fermentação, renomado projetista de colunas e cientista estudioso de alcoolquímica. Recebeu muitas homenagens depois de sua morte por todo trabalho feito, e segundo Gilvanize, Jaime sempre dizia: “Eu amo o que eu faço”. Faleceu trabalhando. (LB)


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ENTREVISTA — André Cândido de Paula

DOUTORES DA CANA! Os cases de quem partiu na frente na corrida pelas altas produtividades

Dentre as principais atitudes que temos implementado, estão o investimento na melhora dos tratos e preservação da soqueira, monitorando a fertilidade e aplicando corretivos anualmente, quando necessário; inclui-se aqui também o planejamento melhorado da sistematização das áreas e de definição de um projeto de implantação da lavoura, investimento em um bom preparo de solo e melhor conhecimento de toda a área cultivada. Esperamos que até o final de 2016 tenhamos mapeado 100% dos 17.000 ha cultivados nos polos São Paulo e Mato Grosso do Sul, com melhorias do manejo integrado de pragas e na efetividade e planejamento do controle de plantas.

LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP

André Cândido de Paula é diretor, ao lado do irmão Alexandre Cândido de Paula, da ACP Bioenergia, uma das maiores fornecedoras de cana-de-açúcar no estado de São Paulo, no Pontal do Paranapanema, em Teodoro Sampaio, SP. Formado em Administração de empresas, André ama o setor sucroenergético, onde trabalha há dez anos. Sua empresa especializou-se no cultivo de cana-de-açúcar e conta com mais de 13 mil hectares de terra. Gera acima de 400 empregos diretos, com produção de mais de 1 milhão de toneladas de cana. Para ele, a lucratividade está automaticamente associada à longevidade, com produtividade, da lavoura. As práticas culturais corretas, como preservação das soqueiras e monitoramento da fertilidade por meio de tecnologias agrícolas avançadas e de precisão são ferramentas fundamentais neste processo. Confira sua entrevista:

Dentro do pacote tecnológico disponível para a cultura da cana-de-açúcar, a nutrição complementar via folha configura-se como uma ferramenta de relevância? Por quê? Sim, essa ferramenta está consolidada e faz parte do nosso manejo da nutrição, complementando a adubação via solo em praticamente 40% da área. Anualmente, realizamos a aplicação e deixamos alguns talhões, tendo resultados positivos em 90% das avaliações. No nosso manejo, a nutrição foliar é feita em áreas selecionadas de forma criteriosa, buscando aplicar no início do período das chuvas. André Cândido de Paula, diretor da ACP Bioenergia

JornalCana — Qual sua visão sobre a importância da produtividade agrícola dentro do processo produtivo sucroenergético? André Cândido de Paula — É fundamental para a viabilidade de qualquer fornecedor de cana. Mas não podemos nos basear somente neste aspecto, pois a lucratividade nesse modelo de

negócio só é possível quando obtemos longevidade na lavoura. Todo o nosso foco hoje está em buscar longevidade, mantendo o potencial produtivo das áreas. Quais decisões vêm sendo tomadas que refletem na manutenção das altas produtividades dos canaviais?

Como está a evolução da ACP na sua região? Tem evoluído de forma expressiva nos últimos anos. Já caminhamos bastante, mas ainda temos muitas oportunidades de melhora e estamos trabalhando fortemente nelas. Acredito que estamos no caminho certo, mas isso só tem sido possível por contarmos com uma equipe (colaboradores, diretoria, consultoria) unida, que veste a camisa da empresa e cresce junto com ela.


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BICUDO INSISTE EM ARRASAR CANAVIAIS CTC

A partir de maio e até setembro é a melhor época de caça ao bicudo, por meio da eliminação da soqueira DA R EDAÇÃO

A praga é pequena e mede aproximadamente 1,5 cm, mas a força é grande e capaz de dizimar um canavial inteiro. O Sphenophorus Levis, conhecido como Bicudo da cana, é capaz de destruir 100% de um canavial. O bicudo parece ter predileção por canas novas e recém-cortadas. Após o primeiro corte, em geral mecanizado, a cana brota, mas em seguida começa a morrer, muitas vezes, deixando apenas 30% de brotação. Um dos sinais da presença bicuda é a pouca palha na colheita, com aspecto amarelado nas folhas. Às vezes, mesmo o tratamento químico preventivo da área não é capaz de eliminar a praga. Um canavial infestado pode apresentar perda média de 20 a 23 toneladas/ha/ano, reduzindo a longevidade do canavial e também o ATR da cana. Isso acontece por causa dos ferimentos provocados no colmo e inversão da sacarose, que comprometem a quantidade de açúcar e álcool extraído por cada tonelada processada. A praga lembra o bicudo do algodão. Permanece no solo em torrões e restos vegetais ou entre os perfilhos na base da touceira e quando tocado o bicho finge de morto. Os danos piores acontecem nas fases anteriores ao adulto, quando atacam os rizomas da cana, deixando o local cheio de uma serragem fina característico da presença da praga. A utilização de mudas de qualidade pode amenizar o problema ou até mesmo ser a solução destes transtornos. São

Bicudo da cana adulto

Larva do bicudo da cana

é, também, uma das soluções apontadas pelos especialistas. Metodologias de controle costumeiramente implementada no campo é a implantação de iscas, que consistem em colmos de cana com cerca de 30 cm de comprimento rachados ao meio e mergulhados em uma calda inseticida. O controle químico é mais indicado em infestações menores. Em áreas de reforma do canavial o melhor método adotado é o Eliminador Mecânico de Soqueira (E.M.S) destruindo as touceiras, picando-as e matando as formas de larvas e de pupas existentes na área, sendo mais favorável entre os meses de maio a setembro. Outra forma de combate ao bicudo é excluir as mudas infestadas e reservar a área para uso comercial e queimar a cana.

INÍCIO NA REGIÃO DE PIRACICABA

De nome pomposo e poder destrutivo terrível, Sphenophorus Levis pode causar prejuízos de até 23 toneladas/ha

necessárias mudas de boa sanidade, já que a praga na forma de larvas vem nos colmos da cana, geralmente próximo a região da

base da planta. O corte basal mais distante do solo, que evita carregar a praga para dentro dos colmos

Os primeiros registros do bicudo ocorreram na região de Piracicaba, SP, no final da década de 1970, mas hoje ele está presente no Norte do Paraná e Minas Gerais. Quando presente na área deixa as linhas de cultivo da cana com grandes falhas de brotação, touceiras debilitadas com menor porte, amarelecimento, murcha em condições de estresse hídrico e seca foliar em estágios mais avançados de ataque. Manifesta-se com a presença de formas larvais, geralmente de ocorrência em condições de clima mais frio e seco (maio a setembro), onde a praga tendo raízes à sua disposição, ataca-a comprometendo a produtividade agrícola.


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Cerrado está obtendo mais cana com menos água na irrigação DA R EDAÇÃO

As pesquisas em irrigação da cana-de-açúcar, com experimentos na Embrapa Cerrados e em algumas usinas de Goiás, especialmente, mostram o grande potencial da prática para aumentar a produtividade da cultura no Cerrado. Com a irrigação, a cana-planta atinge produtividade de colmos de até 255 t/ha e a primeira soca até 220 t/ha para as melhores variedades – índices muito superiores à média da região Centro-Sul do País, normalmente inferior a 80 t/ha. Em produtividade de açúcar, o sistema irrigado tem atingido 38 t/ha na cana planta e 31 t/ha na cana soca, enquanto a região Centro-Sul produz em média 12 t/ha. Com esses níveis de produtividade da cana irrigada, os investimentos em irrigação são pagos já no primeiro ou segundo cortes. Segundo o pesquisador Vinicius Bufon, a irrigação também promove a verticalização da produção de palhada da cana, cada vez mais importante para a receita das usinas. O sistema de produção irrigado produz, em média, três vezes mais palhada que o sistema utilizado atualmente. "A produtividade aumenta significativamente até regimes hídricos entre 50% e 70% do atendimento da evapotranspiração potencial da cultura para a maioria das variedades avaliadas. Isso indica que a maioria dos sistemas de irrigação instalados nas usinas está subdimensionado para atingir a máxima produtividade", afirma. Bufon ressalta que, além de aumentar a produtividade, o sistema de produção irrigado de cana permite atingir eficiência de uso da água maior que o do sistema de sequeiro, ou seja, produzir mais cana e açúcar consumindo menos água. Enquanto um sistema de sequeiro produz em torno de 7 kg de cana e 1,4 kg de açúcar para cada metro cúbico de água que consome, o sistema irrigado pode produzir até 40 kg de cana e 3,1 kg de açúcar com a mesma quantidade de água. O pesquisador destaca o potencial do sistema de produção para, onde houver água disponível, poupar os recursos hídricos do País, o que representa um diferencial de sustentabilidade.

Efeitos do manejo do solo em áreas de expansão são avaliados Os pesquisadores também avaliam os efeitos do preparo do solo e o manejo da compactação, o manejo cultural e a fitossanidade nas áreas de expansão da cana-de-açúcar. "Os temas foram identificados como demandas do setor produtivo para a melhoria da produtividade. As pesquisas de campo em manejo da cana no Cerrado realizadas nas usinas e na Unidade já apresentam resultados preliminares úteis para a cadeia produtiva", afirma o pesquisador Thomaz Rein. O sistema de plantio direto, sem preparo do solo na reforma do canavial, é avaliado nas usinas Goiasa e Jalles Machado (Goianésia, GO). Na Goiasa, a produtividade da cana renovada sob plantio direto com sulcação sobre o palhiço, avaliada em dois cortes, foi equivalente à obtida com preparo do solo com grade aradora. Na Jalles Machado, o plantio direto e o preparo convencional propiciaram produtividades similares à da cana-planta estabelecida em solo ácido de pastagem, com a aplicação superficial e sem

incorporação de calcário e gesso no caso do plantio direto. Segundo os pesquisadores Marcos Carolino de Sá e João de Deus dos Santos, esses resultados preliminares apontam o plantio direto como uma alternativa promissora para reduzir os custos de reforma do canavial e melhorar o balanço energético com a economia em máquinas e combustíveis, além de permitir melhor conservação do solo por meio da manutenção da cobertura com o palhiço até o momento da sulcação. Mas eles ponderam que ainda são necessários mais experimentos para recomendar a prática, principalmente para as áreas colhidas com solo úmido, condição comum no início e final de safra no Cerrado e que favorece a compactação do solo. Sobre a compactação do solo, resultados de um experimento na Goiasa mostram que a operação anual de escarificação para descompactação da entrelinha do plantio não resultou em ganhos de produtividade da cana colhida em início de safra.

Palhiço ajuda a reduzir perda de água por evaporação na Jalles Machado

Expansão da cana no cerrado

Experimentos nas usinas Goiasa e Jalles Machado mostram efeito positivo do palhiço na redução da perda de água do solo por evaporação na fase de rebrota da cultura, mesmo com níveis de palhiço remanescente inferiores a 50%. Segundo os pesquisadores Cláudio Franz e Marcos Carolino de Sá, não houve nos dois experimentos perda de produtividade pela remoção total do palhiço, o que sugere a viabilidade do recolhimento parcial da biomassa para diversos fins na indústria.

Por outro lado, no experimento em que a renovação do canavial foi realizada com plantio direto, perdas de produtividade da cana colhida em início de safra foram observadas com o recolhimento total do palhiço. "Os estudos de decomposição do palhiço nesses experimentos mostram que cerca de um terço da quantidade inicial após a colheita mecanizada permanece sobre a superfície do solo após um ano", completa a pesquisadora Arminda Carvalho.

Na última década, o Brasil Central se tornou a principal fronteira agrícola para a expansão do setor sucroalcooleiro devido à disponibilidade de áreas cultiváveis, clima favorável à cultura e topografia relativamente plana, propícia à mecanização. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2000 e 2012, a área com cana-de-açúcar cresceu 108% no estado de São Paulo, que responde por 53% da área plantada no País. Mas no mesmo período, Minas Gerais teve crescimento de área de 202% – a maior parte no Cerrado mineiro – e a região Centro-Oeste de 312%. O setor sucroalcooleiro no bioma já alcança mais de dois milhões de hectares.


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Área de motomecanização prioriza melhoria da eficiência Sistematização diferenciada, plantio com piloto automático e gestão da informação são medidas para reduzir custos R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

O dia a dia do CTT – Corte, Transbordo e Transporte de usinas e destilarias é buscar a melhoria da eficiência para reduzir custos, afirma Wilson Agapito, gerente corporativo de motomecanização do Grupo Santa Isabel, que tem unidades em Novo Horizonte e Mendonça, no estado de São Paulo. Para isto, algumas práticas estão se tornando prioritárias, como a sistematização diferenciada da área de cana visando um maior rendimento da colhedora. “É preciso mudar a base para colher mais”, enfatiza. Outra medida recomendada é o plantio referenciado com piloto automático. “Com isto, não há perda de linha de colheita. Neste caso, o operador cuida mais da máquina do que da linha da cana”, observa. A utilização da telemetria na colheita é também um recurso importante que auxilia na gestão da informação, diz Wilson Agapito, que é integrante e um dos coordenadores das reuniões do Gmec – Grupo de Motomecanização do Setor Sucroenergético.

Wilson Agapito, integrante e um dos coordenadores das reuniões do Gmec

Com essa tecnologia, existe a possibilidade, por exemplo, de melhorar a administração do tempo na troca de turnos dos operadores de colhedoras. Algumas unidades chegam a perder em torno de uma hora por dia na troca dos três turnos – revela.

“Se a usina tiver dez máquinas, haverá uma perda de dez horas de colheita”, calcula. “A partir da montagem de uma sistemática em cima de indicadores que a usina consegue levantar, podem ser criadas condições para a redução desse tempo para

vinte minutos”, exemplifica. Dessa forma, ganha-se quarenta minutos de colheita por máquina diariamente. Uma situação em que há perda de tempo de colheita, além do necessário, ocorre quando o operador interrompe a atividade, antes do horário de troca de turno, para fazer a limpeza da máquina. Ele deve parar a colheita, no entanto, somente quando chegar o operador que irá substituí-lo – afirma. Isto evita também perda de tempo em decorrência de eventuais atrasos do substituto. “Quem entra na máquina para iniciar o turno é que deve fazer a pré-limpeza. Perdese no máximo dez minutos, e não mais vinte ou trinta minutos. Durante a jornada do operador, quando há o abastecimento, pode ser feita nova limpeza. Há um melhor aproveitamento do tempo”, diz. Segundo o gerente de motomecanização da Santa Isabel, esse é apenas um dos detalhes a ser considerado. A melhoria da eficiência operacional só é obtida com ferramenta de gestão – enfatiza – que fornece informações para a análise dos gargalos. Se estiver ocorrendo a perda de tempo no transbordo, a solução de gestão de frotas possibilita a automatização das atividades dos equipamentos. “Dessa forma, não se depende mais do operador para chamar o transbordo”, esclarece. Com o sistema “fila única”, a máquina “chama”, de forma automática, o caminhão, o trator, evitando que ocorra interrupção das operações – constata.


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Gmec faz levantamento de falhas em equipamentos Outra preocupação relacionada à melhoria da performance operacional e, consequentemente, à redução de custos está relacionada à eficiência dos equipamentos utilizados no campo. O Gmec tem feito inclusive um levantamento junto a usinas, por meio de questionários, dos problemas apresentados por máquinas e caminhões.

Problemas com motores, transmissões e câmbio de marcas específicas têm provocado transtornos, incluindo paradas na produção As reclamações de gerentes e profissionais da área de motomecanização de unidades sucroenergéticas, com representantes no Gmec, incluem problemas com motores de tratores e colhedoras, transmissões de tratores, câmbio e motor de caminhões, constatados em três marcas de equipamentos – informa Wilson Agapito, do Grupo de Motomecanização. “Há casos de problemas relacionados a transmissões dianteiras e traseiras de tratores, a bronzinamento de motores e desgaste nas engrenagens de câmbio em caminhão”, revela. Os dados estão sendo compilados para

serem enviados aos fabricantes das marcas avaliadas, que participarão de reuniões com o Gmec para o fornecimento de esclarecimentos, discussão dos problemas ou para a divulgação de medidas que poderão ser adotadas visando a correção de eventuais falhas. “Os problemas que têm ocorrido envolvem valores altos e também paradas de produção”, comenta. Questões importantes relacionadas ao transporte de cana, como enlonamento de

carga e lei da balança, são temas que fazem parte da pauta de discussões das reuniões do Gmec. A redução de custos nas operações de corte, transbordo e transporte tem sido outro assunto bastante debatido nos encontros dos participantes do Grupo de Motomecanização. Wilson Agapito ressalta que a abordagem dessa questão está sempre relacionada à melhoria da eficiência, o que possibilita a queda do custo. Para isto, as usinas não

devem deixar de lado – de acordo com ele – a adoção de medidas que assegurem o bom funcionamento do CTT. Com a implantação parcial de telemetria e o aprimoramento da gestão da informação, a Usina Santa Isabel, por exemplo, tem obtido resultados positivos na área de motomecanização. “Houve um aumento do rendimento das máquinas em 15%, de 2014 para 2015, somente com a gestão”, comemora. (RA)


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Boa colheitabilidade depende de sistematização adequada A sistematização adequada da área de cana continua sendo prioridade para a obtenção de uma performance positiva no corte mecanizado. “É preciso fazer um preparo diferenciado para ter um bom rendimento na colheita, o que inclui a elaboração de mapa com sulcação planejada, eliminação de bicos.

Se ficar fazendo manobras, a colhedora não produz”, observa Wilson Agapito. Existe a necessidade de adoção de medidas para garantir uma boa colheitabilidade da área – enfatiza. “Para reduzir o custo, é preciso melhorar o rendimento, sem que ocorra a realização de grandes investimentos”, afirma. (RA)

Adubação fosfatada pode aumentar produtividade Através da pesquisa feita pela Embrapa Cerrados (DF) comprova-se que as práticas de adubação fosfatada corretiva e o manejo da irrigação da cana-de-açúcar podem aumentar a produtividade. O experimento foi feito em algumas usinas dos estados de Goiás e Minas Gerais, principalmente em áreas de primeira reforma, onde os solos têm baixa disponibilidade de fósforo. O resultado obtido foi objetivo, comparado com os métodos tradicionais, a adubação fosfatada corretiva a lanço com incorporação mostrou um aumento na produtividade de colmos de até 18 t/ha por corte para cana-planta e socas, além de aumentos proporcionais na produtividade de açúcares. Na Usina Goiasa, de Goiatuba, GO, também foi verificado aumento de 10t/ha a 20t/ha nos rendimentos de colmos por corte devido à adubação fosfatada anual de manutenção da soqueira que foi aplicada superficialmente sobre o palhiço. Alguns outros experimentos provaram que pode ainda existir a possibilidade de substituir totalmente a adubação fosfatada no sulco de plantio pela adubação a lanço com incorporação. Essa prática procriou maiores produtividades em experimentos na Embrapa Cerrados em solo argiloso e na Destilaria Veredas em solo de textura média. Os pesquisadores Thomaz Rein e Djalma Martinhão ressaltaram que as práticas de adubação fosfatada corretiva e de manutenção ainda são pouco usadas na região: "As

Usina Goiasa: aumento de 10t/ha a 20t/ha nos rendimentos de colmos

condições climáticas desfavoráveis — na região do Cerrado e outros fatores que restringem o desenvolvimento e a produtividade da cultura, como ausência de irrigação de salvamento para a rebrota e colheita em final de safra, geram diminuição nas respostas ao fósforo e modos de aplicação do fertilizante", explica Martinhão. Já experimentos de correção da acidez superficial e sub-superficial do solo

comprovaram que a cana-de-açúcar tem elevada tolerância à acidez. Os ganhos de produtividade obtidos em resposta à calagem e ao gesso foram menores em relação aos obtidos para culturas anuais nos mesmos tipos de solos. Em outros testes foram observados ganhos de produtividade de 18% em resposta ao gesso complementando a calagem. As usinas de GO e MG tiveram respostas que

foram similares ou tiveram ausência de resposta da cana ao gesso. "Em todos esses experimentos, os solos apresentavam alta saturação de alumínio ou teores muito baixos de cálcio na superfície, o que os classificaria como responsivos ao gesso, ou seja, com expectativa de aumento de produtividade com a sua aplicação", explica o pesquisador João de Deus dos Santos. (RA)

Setor contribui em boletim de conservação do solo e da água A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo recebeu grande número de manifestações de empresas, entidades e especialistas técnicos do setor produtivo da cana-de-açúcar para a elaboração do novo “Boletim de Conservação do Solo e da Água da Cultura da Cana-deaçúcar”. O material, que atualiza as recomendações técnicas para conservação do solo da água, legislação, conceitos de classificação e as práticas do segmento, ficou disponível para consulta pública no site da Pasta entre os dias 11 e 25 de março de 2016, possibilitando aos interessados enviarem por e-mail sugestões, críticas e informações para orientar os produtores rurais. Entre as colaborações recebidas,

destacam-se as informações sobre a sistematização de áreas e melhor manejo do solo, além da indicação de novas legislações, expansão do glossário e inclusão de tabelas informativas. De acordo com o responsável pela Assessoria Técnica da Secretaria, José Luiz Fontes, “a consulta pública possibilitou o aprimoramento do trabalho desempenhado pelo grupo de técnicos e acadêmicos. Como as manifestações são de pessoas que estão muito ligadas ao setor sucroenergético, representantes da iniciativa privada, entidades do setor ou extensionistas, foi possível obter diferentes pontos de vista sobre cada capítulo do boletim, fazendo com que as informações fiquem ainda mais consistentes e possam contribuir para o manejo adequado do solo”, explicou.

José Luiz Fontes, assessor técnico da Secretaria de Agricultura de São Paulo

Todas as sugestões estão sendo analisadas de forma criteriosa pela equipe que elaborou o material, para que novas informações possam ser incorporadas ao texto. O Boletim será lançado oficialmente em 15 de abril, Dia Nacional da Conservação

do Solo, durante um evento do Instituto Agronômico (IAC), de Campinas. “Ao consultar os especialistas de segmento para concluir a publicação, estamos cumprindo a determinação do governador Geraldo Alckmin de aproximar a pesquisa do setor produtivo”, afirmou o secretário de Agricultura e Abastecimento, Arnaldo Jardim. O grupo técnico que elaborou o Boletim é composto por representantes das Coordenadorias de Defesa Agropecuária (CDA); e de Assistência Técnica Integral (Cati); do Polo Regional de Piracicaba da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta); do Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, e da Assessoria Técnica do Gabinete da Secretaria.


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Perspectivas estão atreladas ao equacionamento da crise política Continuidade ou impeachment da presidente interferirá na variação cambial, endividamento, preços dos derivados do petróleo e dos produtos do setor R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

O desfecho da crise política é que vai definir as perspectivas para o setor sucroenergético em 2016 – e é claro, para outros segmentos da economia –, criando um cenário bastante promissor se ocorrer o fim do governo do PT ou uma situação desfavorável caso as decisões nas tribunas e nos tribunais contrariem as expectativas do mercado e da maior parte da população. A continuidade ou o impeachment da presidente Dilma Rousseff (que será definido pelo Senado, em meados de maio) interferirá, de maneira decisiva, em questões fundamentais da economia e do mercado, como variação cambial, preços dos derivados de petróleo (gasolina e diesel) e dos produtos do setor (etanol e açúcar), nível de endividamento das usinas e acesso ao crédito, conforme avaliação de Luiz Gustavo Junqueira Figueiredo, diretor

O futuro de Dilma Rousseff, que será definido pelo Senado, interferirá nos rumos econômicos e de mercado

comercial da Usina Alta Mogiana, de São Joaquim da Barra, SP. “Se continuar o governo do PT, o câmbio tende a ser mais alto e se for destituído evidentemente deve ter um nível bem mais baixo”, observa. Aliás, sinalizações de queda do dólar aconteceram, por exemplo, em meados de abril, porque o mercado já estava considerando – segundo Luiz Figueiredo – a possibilidade do fim do governo petista como altamente provável. O comportamento do câmbio é a grande questão do ano para o produtor brasileiro – destaca. “Isto tem implicações muito grandes nos produtos do setor e no endividamento”, afirma. Outro fator importante, que interferirá nos negócios das unidades e grupos sucroenergéticos, é como vão se comportar os preços de gasolina e diesel no mercado doméstico depois de equacionada a questão política, ou seja, se vai haver uma estabilidade ou se ocorrerá alguma alteração – observa o diretor comercial da Alta Mogiana. “Por alteração de preços, subentendese que pode ser para cima ou para baixo. Uma hipotética redução ocorreria com um câmbio e preço do petróleo baixos. O cenário de elevação de preços da gasolina estaria relacionado ao aumento da Cide que não deve ser descartado”, diz. E tudo isto também vai impactar fortemente os preços de etanol e de açúcar nos próximos meses – pondera.


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Cenário favorável possibilitará melhoria das condições de crédito Consolidação do processo de mudança de governo criará um ambiente de negócio mais positivo e o retorno da confiança Com a dualidade do cenário político, os bancos ficaram também muito reticentes em aumentar a exposição ao setor de açúcar e etanol – e também para outros segmentos da economia –, comenta Luiz Gustavo Junqueira Figueiredo, da Usina Alta Mogiana. No caso de um cenário político-econômico mais favorável, estará ocorrendo uma melhora gradativa do crédito para o setor sucroenergético e dos preços de seus produtos – prevê. Mas, se continuar a deterioração do quadro político e, consequentemente econômico, haverá um aumento do endividamento em dólar, muita restrição de crédito e queda de preços num primeiro momento – avalia. “Se as usinas não tiverem acesso ao crédito precisarão vender seus produtos com um pouco mais de velocidade e isto é ruim para o mercado, principalmente para o etanol. E consequentemente poderá haver uma volatilidade muito grande”, diz. Segundo ele, as perspectivas serão bem mais positivas com a mudança de governo – o que poderá ocorrer ainda em maio com a instauração do processo de impeachment no Senado e o afastamento da presidente Dilma, inicialmente, por um período de até 180 dias. Após essa decisão do Senado (caso seja confirmada), haverá uma melhora no ambiente de negócio e o retorno da confiança – acredita Luiz Figueiredo. “É o que a gente precisa. O mercado financeiro, e também o empresarial é muito dependente de confiança. No momento em que o produtor tem confiança na economia, na safra e no mercado, acaba sendo criado um cenário mais positivo. É uma profecia autorrealizável. Fica todo mundo mais otimista, esperando coisas melhores e coisas melhores acabam acontecendo”, afirma. Segundo ele, estando equacionado qual será caminho político, e consequentemente econômico, deverá haver ao longo dos próximos meses uma estabilização e uma melhora gradual nos preços dos produtos do setor. (RA)

Luiz Gustavo Junqueira Figueiredo, diretor comercial da Usina Alta Mogiana

Preços mais altos e boa produtividade amenizam situação Apesar dos efeitos negativos da crise, as usinas têm apresentado números mais favoráveis, referentes aos ganhos financeiros, em relação à média da safra do ano passado, compara Luiz Gustavo Figueiredo. A situação do setor está melhor em relação a 2015 – observa. “Iniciamos esta safra com preços mais altos do que os preços que começamos a safra do ano passado. Temos conseguido também uma produtividade agrícola muito boa. A junção desses dois fatores é altamente positiva para o

setor”, enfatiza. De acordo com ele, o aspecto negativo, no início da safra 2016/17, é o crédito que continua ainda muito restrito e mais caro. “Se não tivesse essa situação de preços mais favoráveis, o cenário seria muito pior. Evidentemente que para os grupos menos endividados, as perspectivas são bem mais positivas do que para os grupos mais alavancados que vão demorar mais tempo para sair da crise”, constata. (RA)


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PESQUISA & DESENVOLVIMENTO

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A crise não é motivo para parar qualquer pesquisa FOTOS: LIA MONTANINI

LUIZA BARSSI, DE CAMPINAS, SP

Dentro do setor sucroenergético, assim como em todas as áreas produtivas, a de pesquisa e desenvolvimento precisa estar sempre ativa e atualizada para viabilizar o crescimento de toda a empresa, trazendo novas tecnologias para o aprimoramento dos resultados. Disso depende, automaticamente, o próprio crescimento de um país. A crise ora instalada no Brasil jamais pode ser utilizada como desculpa ou pretexto para parar qualquer pesquisa em qualquer país. Estas são opiniões enfáticas do professor Isaías de Macedo, mestre em engenharia mecânica e consultor e pesquisador colaborador do Nipe — Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético na Unicamp. Requisitado e reconhecido como um dos maiores especialistas em sucroenergia, Isaías Macedo lamenta que o setor tenha crescido, de acordo com ele, de forma errática. “Algumas áreas avançaram e outras ficaram estagnadas, sempre em desequilíbrio, passando por crises sucessivas”. Ele lembra que nem sempre foi assim. “O setor já foi muito forte na área de desenvolvimento, tão forte que o país tinha uma das melhores tecnologias em cana-deaçúcar, em produção e transformação e acabou ficando imbatível no custo de produção”. De acordo com Isaías Macedo, a crise que se iniciou em 2008 e que ainda está presente possui diversos tipos de consequências. Para algumas usinas, que não foram muito afetadas, o ritmo da produção se mantém. Para outras, os resultados não estão em equilíbrio e não há avanço. E, infelizmente, para uma considerável parte das usinas brasileiras não houve alternativa a não ser o encerramento das atividades. O professor lembra que as usinas que iam começar a funcionar em 2008 tinham projetos de quanto deveriam produzir anualmente, e de

Professor Isaías Macedo, no Nipe, Unicamp

como aumentar os números nos anos seguintes, mas devido a economia e a falta de acompanhamento pelo governo, os índices de produção caíram ou voltaram ao mesmo lugar. Não cresceram, provando que o setor reage ao ambiente externo. De acordo com Isaías Macedo, hoje, no momento em que a crise se encontra, com o setor de energia inteiro desequilibrado, faltam regras claras e permanentes que deveriam ser instruídas pelo Governo Federal. “A transparência faria com que os proprietários e responsáveis pelas usinas se organizassem

dentro das regras para gerar um rendimento de sucesso”. Muitas companhias têm investido em bioeletricidade, mas para Isaías, no caso de usinas antigas esse investimento (conhecido como retrofit) não compensa, pois seria imprescindível a troca de caldeiras e um alto investimento que pode não ser importante neste momento e prejudicar a empresa. Mas para as novas empresas que estão começando, Isaías entende, como a maioria dos outros especialistas, que é recomendável que já iniciem produzindo eletricidade a partir da

biomassa. Ele está convicto de que para o negócio da bioeletricidade se firmar dentro do setor sucroenergético serão necessários pelo menos dez anos. Isaías ressalva, porém, que a biomassa tem um futuro enorme, principalmente no Brasil que tem disponibilidade de muita massa (no caso, o bagaço, a principal matéria-prima hoje utilizada de forma ambientalmente correta na queima termoelétrica). “Futuramente será inevitável olhar para a matrizes de combustível sem pensar em biomassa. Só é preciso investir e persistir”, finaliza.

Professor Doutor Isaías Isaias de Carvalho Macedo é casado, tem três filhos e três netos. Possui graduação em engenharia mecânica pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica, mestrado em engenharia mecânica pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica — ITA, doutorado em mechanical engineering - thermal sciences pela University of Michigan (Ann Arbor) e pós-doutorado pela University of Michigan (Ann Arbor). Foi professor na Unicamp até 1980. Depois migrou para o setor privado, onde foi diretor da área industrial de uma empresa de açúcar por 20 anos e se aposentou em 2000. Hoje é consultor e pesquisador colaborador do Nipe — Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético na Unicamp e orienta alguns alunos, incluindo profissionais reconhecidos. Um deles é José Tomaz Vieira Pereira. Hoje, trabalham juntos como pesquisadores e colaboradores dentro da universidade.

José Tomaz Vieira Pereira, antigo aluno e Professor Isaías Macedo


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Desafio da bioeletricidade é ser parceiro de peso Consumo de energia crescerá 40% em dez anos e bioeletricidade quer aumentar sua cota de participação LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP

Dentre todos os métodos para produção de energia, a eletricidade gerada a partir do bagaço da cana-de-açúcar está garantindo e aumentando seu espaço. Suas vantagens, como a contribuição na redução de emissões de gases do efeito estufa, fez com que em 2013 essa atividade originasse 16% da energia de todo o país. Estima-se que nos próximos dez anos o consumo de energia crescerá 40% no Brasil. Com isso a oferta de energia precisará aumentar para atender a demanda sem correr o risco de futuros apagões. O desafio é garantir a geração firme para diminuir a dependência das hidrelétricas. A EPE — Empresa de Pesquisa Energética, junto com o Ministério de Minas e Energia iniciaram um processo para estimular o desenvolvimento de novos projetos de geração térmica através de leilões federais, como o leilão chamado A-5 (venda futura para entrega em 5 anos). Nesse ritmo o governo passou a considerar a bioeletricidade como uma fonte de geração

Zilmar de Souza: bioeletricidade já chegou a originar 16% da energia de todo o país

de base, informa Zilmar Souza, gerente de bioeletricidade da Unica. Os projetos de maior custo de geração

são os de gás natural e carvão, portanto o preço-teto cresceu para que se tornassem menos viáveis. A partir disso os outros

projetos de bioeletricidade, mesmo os que estavam esquecidos há quase dez anos, voltaram para a competição. Em julho de 2015 a capacidade total dos projetos no Brasil era de 12.368MW2, que representa 8,62% da matriz elétrica brasileira. Entre 2008 e 2011 foram vendidos apenas 263 MW de capacidade em projetos de bioeletricidade por ano, e em 2012 não houve venda alguma, o que fez com os preços da energia elétrica despencassem, inviabilizando uma maior participação. Porém no ano seguinte, com a exclusão dos leilões de eólica e de biomassa e com a retomada do preço, os projetos voltaram a vender em grande quantidade. Cada projeto tem sua particularidade, e a porta de entrada tem sido os projetos nos leilões reguláveis. Hoje, através do leilão do governo federal, o contrato tem duração de 25 anos, portanto, ao fazer uma venda, garante-se um futuro mais seguro. Zilmar Souza, gerente de bioeletricidade da Unica, informa que, no período entre 2004 e 2015, a empresa vendeu por volta de 120 projetos no leilão regulado, e diz: “A bioeletricidade está sendo muito bem recebida no setor sucroenergético”. O que falta são recursos para novos investimentos. O leilão, que aconteceu em fevereiro deste ano, contratou energia elétrica para ser entregue em 2021, e tinha cadastrado 64 projetos por biomassa, onde predominaram os provenientes do bagaço e palha da canade-açúcar.


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Selo Energia Verde faz um ano com 50 empresas certificadas São certificados somente empresas que tenham pelo menos 20% de energia elétrica consumida adquirida de usinas de biomassa Em janeiro de 2015 a Unica — União da Indústria de Cana-de-Açúcar e a CCEE — Câmara de Comercialização de Energia Elétrica lançaram o Selo Energia Verde, que representa a entrada do Programa de Certificação da Bioeletricidade, permitindo a troca de informações entre as duas empresas para comprovar a origem contratual da energia comercializada pelas usinas movidas a biomassa de cana no mercado livre de energia.

São certificados somente aqueles que tenham pelo menos 20% de energia elétrica consumida adquirida junto a usinas de biomassa de cana-de-açúcar, entre outros critérios. Já as unidades que produzem bioeletricidade podem receber o Selo desde que atendam a requisitos de sustentabilidade e algumas normas de eficiência energética. Em 2014 foram produzidos 20.815 mil gigawatts/hora (GWh) de energia elétrica da fonte biomassa. Essa quantidade é capaz de abastecer 11 milhões de casas, e mesmo assim a bioeletricidade pode ir além. “Com o pleno uso energético da biomassa da cana, o potencial técnico dessa

Certificação é voltada a empresas produtoras e consumidoras de uma energia limpa e renovável

fonte poderia chegar a 20 mil MW médios até 2023, o que corresponde à energia produzida por duas usinas Itaipu. E, certamente, este programa de certificação contribuirá para aproveitarmos cada vez mais o seu potencial”, avaliou Elizabeth Farina, presidente da Unica, durante a

cerimônia de lançamento do Selo Energia Verde. Em dezembro de 2015, a Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (ABRACEEL) uniu-se a Unica e passou a fazer parte da certificação. Passado pouco mais de um ano da

chegada do selo, embora pouco se fale sobre ele, a Unica garante que é um sucesso e a tendência natural é que seja adotado por mais empresas. De acordo com a entidade, o projeto está vivo até hoje e conta com mais de 50 empresas que ostentam o Selo Energia Verde.


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Estratégia: Usina Caeté antecipa balanço Numa decisão estratégica, que refletirá numa melhor análise dos números consolidados, a Usina Caeté antecipou para o último dia 31 de março a data de divulgação do seu Balanço Patrimonial. Anteriormente, a comunicação era realizada sempre

ao final do mês de dezembro. Com a mudança será permitida a otimização do comparativo dos números com outras empresas do setor, além de uma melhor avaliação das instituições financeiras. Outro aspecto importante

com a nova data escolhida para divulgação do balanço é que a Usina Caeté terá concluído o período de moagem em todas as quatro unidades produtoras de açúcar, etanol e bioeletricidade, sendo três localizadas em Alagoas e uma em São Paulo.


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Guarani inicia safra com previsão de moer 20,5 milhões de toneladas Companhia prevê incremento de quase um milhão de toneladas de cana para ciclo iniciado em abril A Guarani, empresa controlada pelo Grupo cooperativo Tereos, iniciou oficialmente a safra 2016/17 no dia 14 de abril último, com evento na cidade de Bebedouro, SP para mais de 1.100 fornecedores de cana-de-açúcar de suas sete unidades industriais. Durante o encontro, a companhia anuncia a previsão de moagem de 20,5 milhões de toneladas de cana para este ciclo, incremento de quase um milhão de toneladas em relação à safra anterior, além dos resultados dos investimentos realizados no ano passado. Jacyr Costa Filho, diretor da Divisão Brasil do Grupo Tereos, explica que no último ciclo, a Guarani Tereos Açúcar e Etanol Brasil investiu aproximadamente R$ 510 milhões em renovação de canaviais, crescimento de produtividade e conservação de energia. “Todos esses fatores permitirão melhores resultados na safra 2016/17”, acrescenta. Na última safra, a Guarani Tereos Açúcar e Etanol Brasil atingiu capacidade instalada de 1,2 milhão de MWh. A expectativa da empresa é exportar para o Sistema Interligado mais de 1 milhão de MWh em 2016. Devido ao primeiro déficit global da commodity nos últimos cinco anos, o preço do açúcar seguirá valorizado no mercado internacional em 2016. “O etanol também estará em alta por conta da forte demanda, que deve permanecer estável ou superior em relação ao último ano,

Jacyr Costa Filho: R$ 510 milhões investidos em renovação de canaviais

com base nos recordes de venda do biocombustível em 2015”, afirma Pierre Santoul, Diretor-Presidente da Guarani Tereos Açúcar e Etanol Brasil.

Em relação ao clima, o diretor Agrícola da Guarani Tereos Açúcar e Etanol Brasil, Jaime Stupiello, explica que 2016 começou com chuvas acima da média histórica,

influenciadas pelo fenômeno El Niño, porém, a partir de maio, espera-se a volta da normalidade climática (veja texto abaixo).

Fenômeno La Niña vem para ajudar

# Biosev — No último dia 8 de abril foi realizada a solenidade de abertura da safra sucroalcooleira 2016/2017 pela Biosev. O evento aconteceu na Usina Rio Brilhante, em Mato Grosso do Sul. Contou com a participação do Governador do Estado, Reinaldo Azambuja; do presidente da Biosev, Rui Chammas; do presidente da Biosul, Roberto Hollanda Filho e do presidente da Sulcanas, Luis Alberto Moraes Novaes.

A safra 2015/2016 sofreu e ainda sofre alguns prejuízos por conta do El Niño — fenômeno climático que aquece de forma anormal as águas do Oceano Pacífico Equatorial. Para a safra de cana, chuvas mais intensas podem melhorar a parte que ainda está se desenvolvendo, mas dificultam a colheita, já que as máquinas não conseguem entrar nos campos, além de problemas com a quantidade de açúcar nas plantas e redução no ATR (Açúcar Total Recuperável), menos aproveitamento dos canaviais entre outros. Porém, conforme esse fenômeno vai perdendo sua força, abre espaço para La Niña, que está previsto para final de 2016 e início de 2017, e tem o efeito contrário, o que pode ser favorável para as plantas. Segundo o economista da consultoria Datagro Bruno Freitas, não haverá perdas com a chegada de La Niña. As expectativas são de um tempo menos chuvoso no último trimestre da safra, e isso pode beneficiar a concentração de sacarose da cana, o que beneficiaria a produção de açúcar. Contudo, ainda é cedo para afirmar que isso influencia nas cotações.


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Saúde é o que interessa. E o etanol pode ajudar! Aumentar o uso do etanol combustível dos 28 bi de litros para 50 bi em 2030 pode render economia de US$ 23 bilhões para o SUS DA R EDAÇÃO

O que teria a ver o aumento do uso do etanol com benefício ao Sistema Único de Saúde, o SUS? De acordo com um trabalho da USP, saúde é mesmo o que interessa e o etanol pode ajudar. Aumentar o uso do etanol combustível dos atuais 28 bilhões de litros para cerca de 50 bilhões em 2030 poderá propiciar uma economia de US$ 23 bilhões para o Sistema Único de Saúde (SUS). A cifra - R$ 82,8 bilhões na cotação atual – é uma projeção do estudo “Aumento da Participação do Etanol até 2030 e Impacto Epidemiológico Estimado em Saúde” do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). O trabalho, lançado em 2014 e atualizado em outubro de 2015 pela maior instituição acadêmica do País, analisou os

gastos na rede pública decorrentes de problemas respiratórios e cardiovasculares associados ao uso de combustíveis fósseis em oito regiões metropolitanas, que juntas congregam mais de 50% da população urbana do País. “Este incremento no consumo do etanol nos próximos 14 anos proporcionaria uma redução adicional de emissões estimada em 571 milhões de toneladas de CO2, o que evitaria a morte de quase 7 mil pessoas no período”, informa a presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Elizabeth Farina. Segundo dados publicados no último levantamento realizado pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o uso de gasolina e diesel no setor de transporte foi responsável pela emissão de aproximadamente 200 milhões de toneladas de CO2 em 2014. O trabalho desenvolvido por pesquisadores da USP avaliou a presença de material particulado fino (MP2,5), considerado o poluente de maior efeito nocivo à saúde humana, nas cidades de São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e Vitória. Para medir o impacto destas partículas geradas pela queima de combustíveis por veículos, o estudo considerou o uso de gasolina aditivada e etanol hidratado.

Brasil se comprometeu a reduzir emissões em 43% até 2030 De acordo com a sua Contribuição Nacionalmente Determinada do Brasil (INDC, em inglês) apresentada durante a COP21, o País se comprometeu a reduzir em 43% as suas emissões de gases de efeito estufa até 2030 - comparado aos níveis observados em 2005. Até lá, um dos pontos mais importantes do plano prevê que a participação dos biocombustíveis na matriz energética brasileira deverá atingir 18%, o que para o

caso do etanol significará saltar de uma produção de 28 para 50 bilhões de litros. Cálculos da Unica indicam que para isso serão necessárias políticas públicas de longo prazo e um ambiente regulatório saudável para atrair investimentos da ordem de R$ 40 bilhões no setor sucroenergético, cujo etanol e a biomassa da cana representam hoje 40% de toda a energia renovável ofertada internamente.


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Na contramão da crise Duraface contrata e investe A Duraface, uma das líderes do mercado no segmento de corte de cana-deaçúcar, surpreendeu ao revelar seu balanço de 2015 e as perspectivas para este ano que avança. Contrariando todos os prognósticos, o momento econômico do país e os mais pessimistas, a empresa sediada em Araras continuou a investir, contratar e a se preparar para novos desafios e demandas do agronegócio, cada vez mais atrelado à tecnologia e soluções inovadoras. Ou seja, apesar de todo um cenário nebuloso, a Duraface continua crescendo em um ritmo muito acima do que se imaginava. Em primeiro lugar, ela busca obstinadamente o aperfeiçoamento! Hoje se apresenta ao mercado como uma empresa completa, não apenas fabricante de peças para corte. Do plantio ao corte, passando pela manutenção, a Duraface atualmente oferece excelentes opções ao agricultor, com equipamentos que passaram pelo maior teste que pode existir: o do consumidor; com um catálogo que conta com peças de desgaste, de reposição e linhas personalizadas completas, de acordo com a demanda de cada usina. O atendimento, de acordo com a empresa, também é um dos diferenciais que explicam o seu sucesso. Com uma equipe que está sempre próxima, tratando as necessidades de cada cliente como prioridade, fidelizam e passam a confiança necessária que constrói a confiabilidade, marca registrada da Duraface. Há um time

completo zelando pelo funcionamento correto e durabilidade dos equipamentos que o cliente adquiriu. No mercado há mais de 20 anos, conquistando paulatinamente clientes do Brasil todo e de vários outros países, a Duraface entra em 2016 com força total amparada em lançamentos.

O palco ideal para apresentar ao público os grandes lançamentos é a Agrishow 2016. Uma linha completa de implementos agrícolas chega agora, completando a linha da Duraface, que se impõe como um ponto fora da curva quando o assunto é crise. Prova definitivamente que planejamento, aliado à equipe correta, leva a conquistas para muitos

inesperadas. Pelo que se nota, a trajetória da Duraface é pavimentada com muita seriedade e uma busca obsessiva por qualidade, inovação e tecnologia de ponta. Duraface – Duraparts 19 3508 0300 www.duraface.com.br


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Sistema de limpeza a seco da Simisa é de alta eficiência São grandes as dificuldades provocadas pela quantidade em excesso de impurezas na cana-de-açúcar a ser processada. É necessário maior dispêndio de recursos para contorná-las, utilizando mais insumos e trocando mais peças de reposição devido ao desgaste prematuro. No caso de cana colhida mecanicamente sem ser queimada, a forma mais eficaz de reduzir a quantidade de impurezas é através de um sistema de limpeza por efeitos aerodinâmicos. Além do que, a palha separada por este sistema pode ser beneficiada e utilizada para geração de energia. A separação de impurezas por efeitos aerodinâmicos é dada pela incidência de jatos de ar em uma “cortina de cana” formada pela queda gravitacional na descarga de um transportador de correia. Após a separação, o

escoamento de ar deve ser amortecido e as impurezas decantadas dentro de uma câmara. É muito importante que esta câmara seja corretamente projetada para que o ar possa ser liberado limpo ao ambiente, sem causar sujidades nos arredores do sistema. Outro quesito muito importante a ser observado em um bom sistema de limpeza é a sua alta eficiência de separação de impurezas. Um indicativo, além dos testes que contabilizam o seu desempenho, é o nível de impurezas que permanecem na cana a ser processada. Fornecemos hoje sistemas de limpeza com mais de 70% de eficiência de separação e que deixam a cana a ser moída com níveis de impurezas similares aos de quando se fazia a queima. Este resultado foi aferido no sistema instalado pela Brookfield

na Usina Vista Alegre – Tonon. É bastante desejável que o sistema de limpeza seja compacto. Isso facilita sua instalação em usinas com restrição de espaço. Também, tem seu custo de implantação reduzido. Alguns sistemas de limpeza de alta eficiência do tipo sopragem entre correias são adaptáveis em recepções de cana que utilizam mesas alimentadoras, como no caso da Usina Boa Vista – São Martinho. Depois de separada, a palha passa por um processo de beneficiamento para queima em fornalha, gerando energia. Primeiramente, faz-se a separação de terra da palha em uma peneira rotativa. Na sequência, a palha é desfibrada para facilitar sua mistura com o bagaço e a sua combustão. O processo de desfibramento deve ser o mais econômico

possível, com baixa potência instalada e trocas menos frequentes dos componentes de desgaste. O Sistema de limpeza a seco desenvolvido pela Simisa reúne todos esses requisitos. O jato de ar em “co-corrente” com o fluxo de cana e a otimização do ângulo de ataque permitem executar um sistema altamente eficiente, compacto e com menor potência instalada. Os vórtices formados dentro da câmara coletora fazem com que as impurezas decantem no seu interior sem serem liberadas ao ambiente, mantendo-o limpo. Simisa 16 2105 1200 www.simisa.com.br


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Linha de vida retrátil tem risco zero de morte =A definição de trabalho em altura é toda atividade executada acima de 2 metros do piso de referência. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, uma das principais causas de mortes e 30% de todos os acidentes de trabalho ocorridos nos últimos anos envolve queda de pessoas e materiais durante a execução do trabalho em altura. Para tanto, são criadas soluções cada vez mais apropriadas para evitar esse tipo de situação, a linha EZ-LINE™, da DBI SALE, é a linha de vida horizontal mais amigável e rápida de instalar, remover e armazenar do mercado hoje! É retrátil e após a instalação o trabalhador poderá ancorar o seu sistema de proteção contra quedas na linha de vida e iniciar o trabalho inteiramente protegido. Acomoda dois usuários por vão e até 6 usuários por sistema, oferecendo completa

mobi¬lidade horizontal e proteção de queda com mãos livres. É linha de vida mais segura do mercado. “Especializamos nossa equipe e temos estoque disponível para atender à uma grande demanda de empresas, pois ao meu ver é um produto cuja necessidade se aplica desde a simples limpeza de um telhado até montagens de grandes estruturas, ou seja, o trabalho em altura está presente até mesmo em nosso dia a dia doméstico”, relata Alexandre Leão, diretor da Gigatudo by Distrinox, distribuidora de soluções para trabalhos em altura de Capital Safety, DBI Sala e Altiseg, todas do Grupo 3M. Distrinox 16 3969 8080 www.distrinox.com.br

Modelo foi projetado por Roberto José Galvão

Galvão Projetos faz treinamento de preparo e extração na Guarani A Galvão Projetos realiza treinamentos de preparo e extração em usinas. Um deles aconteceu na Usina Guarani, do Grupo Tereos. O treinamento teve como principal objetivo informar e capacitar a equipe de colaboradores que tenham maior envolvimento no acompanhamento e montagem destes setores. Mostrou, por exemplo, como é feito um ajuste perfeito do desfibrador (posição do desfibrador, tambor alimentador e placa desfibradora, sua potência e velocidade para um bom índice de preparo). Apresentou, ainda, como é feito a montagem das moendas, posição dos rolos, bagaceira, diâmetro do flange, posição dos pentes superior e inferior, densidade da cana

(donnelly) e regulagem do donnelly. A Galvão Projetos informa que esse treinamento é feito sempre na própria usina para que o máximo de colaboradores possa participar. Engloba, também, outros temas, como a classificação das impurezas vegetais e minerais, preparo da cana, capacidade e cálculo de moagem, aberturas dos rolos de saída em trabalho e de pressão, dimensionamento do castelo, eficiência das moendas e pressão hidráulica nos cabeçotes, além do passo a passo do traçado da bagaceira, entre outros itens. Galvão Projetos galvãocad@yahoo.com.br 17 9631 1782


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