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w w w . j o r n a l c a n a . c o m . b r Fevereiro/2017
Série 2
Nº 277
Aquisições e investidas revelam confiança no setor
Tereos compra 100% de participação em usina, Raízen atrai investidores e Glencore quer assumir unidades: provas de fé na retomada
IMPRESSO - Envelopamento autorizado. Pode ser aberto pela ECT.
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ÍNDICE DE ANUNCIANTES
Fevereiro 2017
Í N D I C E ACIONAMENTOS ELÉTRICOS DANFOSS DO BRASIL
11 21355400
64 36452576
MICROSERV
11 26826633
82 33725270
29
MONTAGENS INDUSTRIAIS 42
ENGEVAP
AUTOMAÇÃO DE ABASTECIMENTO DWYLER
A N U N C I A N T E S
LEVEDURAS 13
AR-CONDICIONADO MAIS AR
D E
16 35138800
18
NUTRIENTES AGRÍCOLAS
15
UBYFOL
34 33199500
5
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL AUTHOMATHIKA
16 35134000
16
PEÇAS AGRÍCOLAS E INDUSTRIAIS
DANFOSS DO BRASIL
11 21355400
13
E-MACHINE
METROVAL
19 21279400
8
DMB
16 39452825
42
16 35138800
18
16 39461800
11
PRODUTOS AGRÍCOLAS
CALDEIRAS ENGEVAP
39
PLANTADORAS DE CANA
BALANCEAMENTOS INDUSTRIAIS VIBROMAQ
16 35119000
SIPCAM NICHINO
34 33195550
19
PRODUTOS - HERBICIDAS E CARROCERIAS E REBOQUES SERGOMEL
16 35132600
3
16 39452825
42
FERTILIZANTES ARYSTA
11 30941000
31
16 36265540
41
CENTRÍFUGAS VIBROMAQ
REFRATÁRIOS REFRATÁRIOS RP
COLETORES DE DADOS MARKANTI
16 39413367
82 33725270
29
CONTROLE DE FLUIDOS METROVAL
19 21279400
8
ADAMA
43 33719000
21
KOPPERT DO BRASIL
15 34719090
17
ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO CIVIL 16 35138800
9
18
ethanolsummit.com.br
FENASUCRO
11 30605000
35
AGAPITO
16 39462130
42
SINATUB
16 35124300
6
MAGÍSTER
16 35137200
7
15 34719090
17
16 21014151
28
KOPPERT DO BRASIL
SÃO FRANCISCO
SOLDAS INDUSTRIAIS
SOFTWARES INDUSTRIAIS
GRÁFICA
S-PAA
16 35124312
33
44 33513500
2
TRANSBORDOS TESTON
IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS DMB
EQUIPAMENTOS E MATERIAIS
44
ETHANOL SUMMIT
FERTILIZANTES
DEFENSIVOS AGRÍCOLAS
ENGEVAP
SÃO FRANCISCO SAÚDE 16 8007779070
FEIRAS E EVENTOS
CONSULTORIA INDUSTRIAL MICROSERV
SAÚDE - CONVÊNIOS E SEGUROS
4
16 39461800
11
TROCADORES DE CALOR AGAPITO
16 39462130
42
INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO E
ELÉTRICOS AUTHOMATHIKA
16 35134000
16
CONTROLE
DANFOSS DO BRASIL
11 21355400
13
METROVAL
TUBULAÇÕES PARA VINHAÇA 19 21279400
8
DHC TUBOS
18 36437923
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CARTA AO LEITOR
Fevereiro 2017
carta ao leitor
índice
Josias Messias
Agenda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6 Cana Livre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7 NÃO DEU SAMBA!
Ação Social & Meio Ambiente . . . . . . . . . . . . . . . . . .8 Diana mostra a realidade do trabalho para filhos de funcionários
Mercado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .10 a 12 Perspectivas para o açúcar continuam promissoras As demandas do açúcar e do etanol em 2017
Usinas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .14 Cofco Agri se reergue em 2016 e espera crescer mais em 2017
Tecnologia Agrícola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15 a 19 Doutores da Cana! Usina do Amazonas investe na verticalização da produção
Logística . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .20 Gmec chega aos 30 e continua confiável!
Setor em Destaque . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28 a 29 Temporada informal de aquisições de usinas foi aberta
Produção
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .30
Maioria dos grupos do setor define calendário deste 2017
Tecnologia Industrial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .32 a 34 SERÁ O FIM DAS GAMBIARRAS?
Pesquisa & Desenvolvimento
5
. . . . . . . . . . . . .36 a 38
PROCURA-SE PARCEIROS! Parque Tecnológico de Piracicaba aposta no empreendedorismo
Negócios & Oportunidades . . . . . . . . . . . . . . . .40 a 42
JARDIM REGADO “E o Senhor te guiará continuamente, e fartará a tua alma em lugares áridos, e fortificará os teus ossos; e serás como um jardim regado, e como um manancial, cujas águas nunca faltam”. (Profeta Isaías, no verso onze do capítulo 58 da Palavra de Deus)
josiasmessias@procana.com.br
Prenúncios de uma boa safra! Ao mesmo tempo em que o Norte/Nordeste reduz o ritmo de sua moagem, que parte para o final, o Centro-Sul aproveita a entressafra para atualizar, reformar ou restaurar seus equipamentos e implementos agrícolas e industriais com renovado ânimo. Especialmente porque neste início de 2017, enquanto a manutenção é feita nos barracões, a chuva cai lá fora no momento e em quantidade certas e os preços de mercado, especialmente do açúcar, continuam remuneradores no mercado internacional. São grandes notícias para o setor sucroenergético. O açúcar deverá ter bons preços em decorrência de novo déficit na produção mundial, o que diminui a relação entre estoque e consumo. A queda na produção mundial de açúcar e, consequentemente, a manutenção dos preços do produto em patamares elevados está proporcionando reflexos positivos na gestão estratégica e financeira de unidades e grupos sucroenergéticos brasileiros. Assim, a elevação da demanda de açúcar em outros países deve se tornar ótima oportunidade para melhorar o caixa ou reduzir o endividamento das usinas. O cenário do etanol deverá se manter remunerador, ainda que com uma tendência de preço médio inferior ao obtido no ano passado, e o retorno da cobrança do PIS/Cofins pode reduzir a rentabilidade do hidratado em relação ao açúcar e perder competitividade frente à gasolina. Já a demanda pelo etanol anidro deve permanecer crescente. O mercado e grupos estrangeiros já perceberam que a janela de oportunidades se abriu novamente no Brasil e começam a investir em aquisições, inclusive para não perder a taxa ainda favorável do dólar que reduz o custo dos ativos. Alguns grupos do setor também sentiram a brisa da janela aberta e recompraram ações de suas próprias unidades, como aconteceu com a São Martinho e a Tereos em relação à Guarani. Estas movimentações prenunciam um bom 2017 para o setor. Anunciam que bons ventos voltaram a soprar e a tempestade passou. Um cenário de bonança que permite a entrada de novos players e inovações na navegação dos tradicionais produtores e investidores. Afinal, como preconiza um provérbio do setor: nenhuma safra é igual à outra! Boa leitura. E ótima safra! NOSSOS PRODUTOS
DIRETORIA Presidência Josias Messias josiasmessias@procana.com.br Controladoria Mateus Messias presidente@procana.com.br Eventos Rose Messias rose@procana.com.br Comercial & Marketing Lucas Messias lucas.messias@procana.com.br
ISSN 1807-0264 Fone 16 3512.4300 Fax 3512 4309 Av. Costábile Romano, 1.544 - Ribeirânia 14096-030 — Ribeirão Preto — SP procana@procana.com.br
NOSSA MISSÃO Prover o setor sucroenergético de informações relevantes sobre fatos e atividades relacionadas à cultura da cana-de-açúcar e seus derivados, e organizar eventos empresariais visando: Apoiar o desenvolvimento sustentável do setor (humano, socioeconômico, ambiental e tecnológico); Democratizar o conhecimento, promovendo o
intercâmbio e a união entre os integrantes; Manter uma relação custo/benefício que
propicie parcerias rentáveis aos clientes e demais envolvidos.
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ADMINISTRAÇÃO
Editor Luiz Montanini - editor@procana.com.br Editor de Arte - Diagramação José Murad Badur Arte Gustavo Santoro - arte@procana.com.br Revisão Regina Célia Ushicawa Jornalismo Digital Alessandro Reis - editoria@procana.com.br
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AGENDA - CANA LIVRE
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A C O N T E C E U ACONTECEU Realizado do dia 6 a 10 de janeiro em Cascavel, PR, o Show Rural Coopavel 2017 trouxe mais de 520 expositores e contou com a presença de mais de 200 mil pessoas entre personalidades do agronegócio e visitantes. O principal objetivo do Show Rural Coopavel 2017 é a difusão de tecnologias voltadas ao aumento de produtividade de pequenas, médias e grandes propriedades rurais. A entrada foi gratuita e o show destacou áreas, como: administração rural, agricultura, avicultura e suinocultura, educação rural, hortifrutigranjeiros, integração lavoura e pecuária, máquinas e equipamentos, meio ambiente, ovinocultura, pecuária de leite e de corte, pequenas propriedades, pequenos animais e piscicultura.
A C O N T E C E
Siamig proporciona acesso à arte através de circuito cultural LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP
CURSOS SINATUB EM 2017 Líder na realização de cursos e treinamentos técnicos para a área industrial das usinas, a ProCana Sinatub divulga sua agenda de cursos deste 2017. Todos os eventos acontecerão em Ribeirão Preto, SP. 15 e 16 de fevereiro Custos, Perdas e Gestão Industrial Diversificação e Máximo Aproveitamento Agroindustrial 21 e 22 de junho Caldeiras, Vapor e Energia 20 e 21 de setembro Processos e Fermentação Destilação, Desidratação e Aproveitamento de Vinhaça
29 de novembro Recepção, Preparo e Extração (Moenda e Difusor) 30 de novembro Fabricação, Secagem e Embalagem de Açúcar
ProCana Sinatub 16 3512 4300 www.sinatub.com.br
Realizado de 10 julho a 4 de outubro de 2015 no maior município produtor de cana-deaçúcar de Minas Gerais, Uberaba, o Circuito Cultural de Uberaba realizado pela Siamig reuniu ao todo mais de 13 mil participantes de todas as idades para apresentações culturais e educativas. O projeto de responsabilidade sociocultural realizado pela Siamig — Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais, com patrocínio das usinas WD Agroindustrial, Delta Sucroenergia e Santo Ângelo, trouxe apresentações que visaram a inclusão de todo tipo de público: infantil, adulto e familiar, com um total de 13 mil participantes. A programação foi sempre
realizada nos finais de semana, de sexta a domingo e contou com 11 apresentações, três grandes espetáculos gratuitos ao ar livre, sempre com a abertura de bandas e grupos de teatro locais. Somaram oito as apresentações teatrais, no Teatro Sesi de Uberaba, parceiro no evento, com a comercialização dos ingressos a preços populares, propiciando o máximo de acesso à arte. O lado social aparece também com a doação de cerca de 20% dos ingressos de cada espetáculo teatral para as crianças da Casa de Proteção Infanto-juvenil de Uberaba e cerca de 15% para os colaboradores das usinas. Todo o serviço necessário para a realização do evento foi locado na cidade de Uberaba, como a contratação de uma produtora de apoio, além de trabalhos de impressão e segurança, envolvendo ao todo 50 pessoas.
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CANA LIVRE
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NÃO DEU SAMBA! Imperatriz Leopoldinense canta sobre os fazendeiros e seus agrotóxicos e todo o setor reage, ofendido LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP
O que era um simples tema de escola de samba virou polêmica neste início de janeiro quando a Imperatriz Leopoldinense anunciou seu samba enredo intitulado “Xingu: o clamor que vem da floresta”, para o Carnaval Rio 2017. Praticamente todos os setores do agronegócio se levantaram em notas de repúdio e críticas contrárias. A canção exalta a luta dos povos indígenas e alerta para os riscos que sofrem as etnias nativas e de acordo com a agremiação, não é uma crítica direta ao agronegócio. Mas, segundo as associações e cooperativas agropecuárias a letra expõe um segmento tão importante da economia brasileira aos olhos do mundo de forma pejorativa e equivocada. Em uma demonstração de total desconhecimento do agronegócio brasileiro, os autores ofenderam gratuitamente um setor que gera riquezas, empregos, alimentos, bem-estar social, consolida novas fronteiras, faz surgir modernas cidades nos mais diversos rincões, além de gerar nos difíceis momentos econômicos do país, superávits comerciais; irritaram em coro a cadeia do agronegócio.
“Jardim sagrado, o caraíba descobriu/Sangra o coração do meu Brasil/O Belo Monstro rouba as terras dos seus filhos, devora as matas e seca os rios/Tanta riqueza que a cobiça destruiu”, diz trecho do samba-enredo, interpretado como uma crítica por lideranças do agronegócio. Além da canção, o desfile vai trazer alas que tratam de ameaças sofridas pelos índios. A que gerou mais polêmica se chama “Fazendeiros e seus agrotóxicos”. O mundo todo vê o Brasil como o grande provedor de alimentos e segundo José Otavio Menten, Diretor Financeiro do CCAS — Conselho Científico Agro Sustentável. Por isso é importante que a imagem do agro reflita, de maneira fidedigna, o que o país produz com qualidade. “É inadmissível aceitarmos uma propaganda enganosa e injusta do agro brasileiro, em especial neste momento. Estamos
tentando conquistar novos mercados. E vem uma crítica destrutiva e improcedente que vai chegar para muitos consumidores”, diz José Otavio Menten. Segundo Renato Cunha, presidente do Sindaçúcar-PE — Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco, a agricultura do Brasil é terciária e consolida um agricluster eficiente e fundamental para a vida no país, não se admitindo, nem de longe, quaisquer ilações com objetivos que tentem desvirtuar o construtivo papel que o agronegócio exerce. "O agronegócio não aguentará mais sem a devida resposta as ações injustas e que denigram a atuação imprescindível de nossos agentes de produção no desenvolvimento da segurança energética e alimentar do país”, relata Cunha. A Abimaq — Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos considera ser um desserviço à nação atribuir ao agronegócio a responsabilidade pelo desmatamento e agressão a fauna e flora. De acordo com o presidente da CSMIA — Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas, Pedro Estevão Bastos, tal menção revela total desconhecimento da legislação em vigor, das práticas agrícolas e do papel relevante do agronegócio na economia nacional. “Essa citação é desrespeitosa com os agricultores que trabalham para alimentar o Brasil e as centenas de países aos quais exportamos nossos excedentes agrícolas”, acrescenta o presidente executivo da Abimaq, José Velloso.
7
VEJA A LETRA POLÊMICA Brilhou… a coroa na luz do luar! Nos troncos a eternidade… a reza e a magia do pajé! Na aldeia com flautas e maracás Kuarup é festa, louvor em rituais na floresta… harmonia, a vida a brotar sinfonia de cores e cantos no ar o paraíso fez aqui o seu lugar jardim sagrado, o caraíba descobriu sangra o coração do meu Brasil o belo monstro rouba as terras dos seus filhos devora as matas e seca os rios tanta riqueza que a cobiça destruiu Sou o filho esquecido do mundo minha cor é vermelha de dor o meu canto é bravo e forte mas, é hino de paz e amor sou guerreiro imortal derradeiro deste chão o senhor verdadeiro semente eu sou a primeira da pura alma brasileira Jamais se curvar, lutar e aprender escuta menino, Raoni ensinou liberdade é o nosso destino memória sagrada, razão de viver andar onde ninguém andou chegar aonde ninguém chegou lembrar a coragem e o amor dos irmãos e outros heróis guardiões aventuras de fé e paixão o sonho de integrar uma nação kararaô… kararaô… o índio luta pela sua terra da imperatriz vem o seu grito de guerra! Salve o verde do xingu… a esperança a semente do amanhã… herança o clamor da natureza a nossa voz vai ecoar… preservar!
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AÇÃO SOCIAL & MEIO AMBIENTE
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Diana mostra a realidade do trabalho para filhos de funcionários DA R EDAÇÃO
Nem sempre misturar família e trabalho é uma boa ideia, mas transmitir para as crianças o que significa ter responsabilidades e se esforçar para conquistar o que deseja é tarefa importante para os pais. Pensando nisso, a Usina Diana, de Avanhandava, SP, criou um projeto a fim de familiarizar as crianças com o ambiente de trabalho, onde elas estarão um dia. O “Projeto Conhecer” visa ressaltar a importância da proximidade das crianças com o local de trabalho de seus pais, não apenas para matarem a curiosidade infantil, mas familiarizá-las com o trabalho e o grau de responsabilidade que envolve o dia a dia de uma empresa. Sem contar no orgulho das crianças em saber que através de seu trabalho, seus pais são responsáveis pelo desenvolvimento e sucesso da Usina Diana e vice-versa. O projeto é destinado aos filhos dos funcionários que são transportados até a usina e levados de setor em setor onde cada criança localiza seu pai, tira uma foto junto ao seu local de trabalho e recebe uma breve explicação sobre o trabalho ali desenvolvido. Todo o roteiro é acompanhado por técnicos de segurança do trabalho e monitores, geralmente colaboradores do setor de recursos humanos. Após realizada toda a visita as crianças são encaminhadas ao refeitório da usina onde o lanche preparado pelas cozinheiras da unidade é servido. Ao final é realizada uma atividade extra com as crianças com apresentação de peças de teatro, exibição de filmes em cinema, brincadeira em parques de diversões, etc. Devido à complexidade dos processos que envolvem a atividade sucroenergética, a cada ano os responsáveis escolhem um setor específico para dar uma explicação mais aprofundada sobre as atividades desenvolvidas, explica a equipe colaboradora do projeto. O projeto existe desde a fundação da
empresa, mas com mais afinco desde o ano de 2011, conforme registros digitais. Com os projetos de expansão e políticas para aumento da produção, os criadores depararam-se com uma realidade comum hoje no mercado de trabalho: a escassez de mão de obra e a elevação da faixa etária média da população economicamente ativa. Numa visão voltada para o futuro e considerando o crescimento constante da empresa, o setor de recursos humanos da
Usina Diana resolveu aproveitar a influência dos pais para instigar e despertar o interesse das crianças em almejar uma vaga de trabalho na empresa, além de incentivar os estudos a fim de obter esta vaga, ou até mesmo outra vaga em uma empresa distinta. Para isso passaram a levá-las para conhecer todos os processos o campo, principalmente o local de trabalho dos próprios pais. Estes por sua vez também assumem a obrigação de proporcionar o desenvolvimento de seus
filhos e sentem-se lisonjeados pela visita e interação das crianças no seu local de trabalho. O Conhecer é avaliado principalmente pela satisfação dos funcionários em ver seus filhos participando do seu dia a dia de trabalho, em ver suas fotos junto aos respectivos pais nos jornais da cidade e no jornal interno da usina. Até o ano de 2016 foram investidos mais de R$ 17.600,00 na realização do projeto.
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MERCADOS
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Perspectivas para o açúcar continuam promissoras Produto deverá ter bons preços em decorrência de novo déficit na produção mundial, o que diminui a relação entre estoque e consumo
R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP
A queda na produção mundial de açúcar e, consequentemente, a elevação do preço do produto está proporcionando reflexos positivos na gestão financeira e comercial de unidades e grupos sucroenergéticos brasileiros. A elevação da demanda de açúcar, em outros países, pode se tornar uma ótima oportunidade para melhorar o “caixa” ou reduzir o endividamento – segundo especialistas da área ¬–, dependendo da estratégia adotada pelas usinas. Os números e o panorama mundial demonstram que as perspectivas para o açúcar continuam promissoras. “Haverá novamente bons preços para o produto, como ocorreu no ano passado, o que será consequência muito provavelmente de um novo déficit”, avalia Luiz Carlos Corrêa Carvalho (Caio Carvalho), presidente da
Luiz Carlos Corrêa Carvalho, o Caio, presidente da Abag: otimista
Abag – Associação Brasileira do Agronegócio. Além da safra 2015/16 – finalizada em 30 de setembro – contabilizar um déficit
superior a sete milhões de toneladas, o ciclo 2016/17 – iniciado em 1º de outubro – tem uma estimativa de déficit que deverá ficar entre três a cinco milhões de toneladas, de
acordo com analistas de mercado. Anteriormente, cogitava-se um déficit superior a oito milhões, o que não deverá ser confirmado. Essa situação favorável para a comercialização do açúcar ocorre após cinco anos de superávit. “Não é tão grande, mas é um déficit. De qualquer modo, o importante é conceitualmente ter um déficit nesta safra. Isto significa que há uma redução ainda maior da proporção estoque e consumo. Com isto, a tendência é de preços melhores. Vai ter volatilidades, dependendo das safras que entram e das que terminam“, comenta Caio Carvalho, que é também diretor da Canaplan. Segundo ele, do ponto de vista prático, diversas usinas brasileiras já fixaram preço. “Entram na safra com preço fixado. Acredito que o valor médio fixado é bem maior do que na safra passada”, diz. As projeções para os negócios com açúcar estão também diretamente ligadas ao que vai acontecer com o etanol. “Essa arbitragem entre açúcar e etanol é dependente, em primeiro lugar, das alternativas de mercado”, constata. A discussão sobre qual será o preço do etanol tem movimentado o mercado. ”A demanda, que no primeiro semestre tende ainda a ser suave, deve aumentar no segundo semestre à medida que a economia melhore. É claro que se na safra 2017/18 no Brasil – que não deve ser boa –, ainda tiver algum percalço de clima, os preços do etanol podem subir”, observa.
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MERCADOS
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Fator Brasil é determinante para o mercado global Os preços do etanol também serão dependentes da política pública “ensaiada” pelo governo federal – afirma Caio Carvalho. “Se sair a política pública em relação à precificação do carbono, o preço do álcool também vai ser melhor. Estou animado com a safra” – diz. De acordo com ele, o setor poderá ter os dois produtos (açúcar e etanol), nesta safra, com preços competitivos.
Provável implantação de política pública, que provocará aumento da produção de etanol, contribuirá para elevação do preço do açúcar O peso do Brasil é muito relevante no mercado internacional de açúcar – enfatiza – que sempre depende do que acontece no setor sucroenergético brasileiro do ponto de vista de oferta e do que acontece na Ásia sob o ponto de vista de demanda. “Se houver um aumento da produção de etanol no Brasil, com uma política pública mais definida, vai ter menos açúcar no mercado. A tendência, neste caso, é ter um preço mais elevado de açúcar. O Brasil detém 45% do mercado
Se houver aumento da produção de etanol no Brasil, com política pública melhor definida, deverá haver menos oferta de açúcar no mercado
internacional. O primeiro ponto que sempre é observado é o que está acontecendo no país”, analisa.
Segundo ele, a safra brasileira de 2017, para o açúcar, vai ser positiva. “A de 2018 ainda pode ser boa. Mas, já começará a ter
mais açúcar no mercado. Vai ser a safra de transição. E, a partir disto, este produto entra de novo no período de baixa: cai o preço do açúcar e o do etanol fica melhor. A safra torna-se mais alcooleira. Enquanto não houver claramente uma política e uma perspectiva para o etanol, vai haver este tipo de volatilidade”, constata. A partir do momento em que ocorrer a implantação de uma política pública bem elaborada, mesmo com o preço do açúcar sendo bom, haverá um aumento da produção do etanol – avalia. A primeira tendência para a safra 2017/18 no Brasil é repetir o mix da safra 2016/17, que está com 46% a 47% de açúcar – constata. “Pode ser um pouco mais açucareira, com 48% de açúcar, alguma coisa assim. Portanto, vai ser uma safra alcooleira de novo. Claro que já teve 58% ou 59%. Houve uma redução da proporção entre os dois produtos, por causa do aumento da produção de açúcar”, diz. Na avaliação de Caio Carvalho, o quadro é bem mais animador. “Só não é melhor por causa do elevado grau de endividamento”, observa. De acordo com ele, o governo Michel Temer tem outra sensibilidade e é muito mais interessado nas questões relacionadas ao setor do que o governo Dilma Rousseff. Além disso, a redução da taxa de juros, a queda da inflação, e a provável implantação de uma política pública para o etanol estão criando condições para um ciclo positivo. (RA)
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MERCADOS
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Entrevista - Cleide Edvirges Santos Laia, da Conab
As demandas do açúcar e do etanol em 2017 LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP
Tendo como base de comparação a safra passada, os grupos e usinas se preocupam com a atual que depende ainda mais do clima e dos preços do mercado. A diretora de política agrícola e informações da Conab — Companhia Nacional de Abastecimento, Cleide Ediviges Santos Laia explica o atual cenário do setor e o que ele deve esperar para esta safra em termos de açúcar e de etanol. JornalCana — Quais são os atuais estudos que estão sendo feitos na área de cana? Cleide Laia — A Conab faz o acompanhamento regular do mercado da cana e de seus derivados. Os estudos apresentam dados sobre produção, produtividade, área plantada, volume destinado à produção de etanol e açúcar, evolução dos preços no mercado interno e internacional, quadro de suprimento, total exportado, utilização da biomassa da cana na matriz energética nacional, entre outras informações pertinentes ao setor sucroenergético. Qual a expectativa de plantio e colheita de cana para essa safra? A área colhida no Brasil de cana-de-açúcar destinada à atividade sucroenergética na safra 2016/17 deverá ser de 9,1 milhões de hectares, de acordo com o 3º Levantamento da safra 2016/2017 divulgado em dezembro pela Conab. Aumento de 456,1 mil hectares, ou 5,3% em relação à safra anterior. Se confirmada, será a maior área colhida no Brasil. A estimativa para o plantio é de 1 milhão de hectares, entre área de renovação e expansão. Qual a expectativa de preços para o açúcar nessa safra? Os preços devem permanecer elevados ao longo do anosafra, considerando que o volume de oferta global será inferior à demanda. Existe a expectativa de um déficit mundial da ordem de 2,6 milhões de toneladas. Quais as estimativas de produção de cana para esta safra? A produção de cana-de-açúcar na safra 2016/17 terá acréscimo de 4,4% em relação à safra passada. Em números absolutos estima-se uma produção de 694,5 milhões toneladas de cana-de-açúcar, frente às 665,6 milhões de
Cleide Edvirges Santos Laia, diretora de política agrícola e informações da Conab
toneladas na safra 2015/16. Em São Paulo, maior produtor nacional, as informações coletadas no terceiro levantamento indicam crescimento absoluto em torno de 32 mil toneladas. As excelentes condições climáticas e as boas condições de umidade do solo contribuem para que haja o aumento da produção. Se por um lado as boas condições climáticas auxiliam no desenvolvimento das lavouras, por outro, excesso de chuva na safra passada impediu, em muitos casos, a colheita da cana-de-açúcar. Com isso, há previsão de aumento de cana bisada, que será colhida na safra 2016/17. Quais as previsões do açúcar e etanol para essa safra? A produção de açúcar deverá atingir 39,8 milhões de toneladas, 18,9% superior à safra 2015/16. A produção de etanol deverá alcançar cerca de 27,9 bilhões de litros, redução de 8,5% em razão da preferência pela produção de açúcar. A produção de etanol anidro, utilizada na mistura com a gasolina, deverá ter aumento de 1,5%, alcançando 11,3 bilhões de litros, impulsionada pelo aumento do consumo de gasolina em detrimento ao etanol hidratado. Para a produção
de etanol hidratado, o total poderá atingir 16,5 bilhões de litros, redução de 14,3% ou 2,8 bilhões de litros, resultado do menor consumo deste combustível. Até quando a safra deverá ser açucareira? O Brasil sempre destinou mais ATR — Açúcar Total Recuperável, para a produção de etanol. Este ano, a estimativa é que 47% do ATR seja destinada à produção de açúcar. Em 2011/12 este percentual atingiu o seu maior patamar, 49,8% e até hoje é muito variável em razão da demanda de cada um dos produtos. Quais as perspectivas para retomada de produção maior de etanol? O cenário é animador, devido às maiores cotações obtidas no ano passado. No entanto, o retorno da cobrança do PIS/Cofins pode reduzir a rentabilidade do etanol hidratado em relação ao açúcar e perder competitividade frente à gasolina. Já a demanda pelo etanol anidro deve permanecer crescente.
Cana colhida no Brasil na safra 2016/17 deverá ser de 9,1 milhões de hectares
Expectativa é de déficit mundial próximo a 2,6 milhões de toneladas de açúcar
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USINAS
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Cofco Agri se reergue em 2016 e espera crescer mais em 2017 LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP
Consolidada em 2016 por meio da aquisição dos 49% restantes da Noble Agri, a Cofco Agri, com quatro usinas no estado de São Paulo e capacidade para moer 15 milhões de toneladas de cana-de-açúcar comemora os bons resultados do ano anterior e espera manter o bom ritmo em 2017. A empresa que atua na negociação e processamento agrícola de produtos originados em regiões de baixo custo e opera no abastecimento de regiões com alta demanda, tem sua participação no segmento sucroenergético operando tradicionalmente na produção de açúcar, etanol e geração de energia através da utilização do bagaço da cana. De acordo com o atual presidente da Cofco Agri, Marcelo de Andrade, esta safra será menor para todo o setor, consequência da cana bisada, mas mesmo assim ele espera uma moagem equivalente a da safra anterior com números entre 14 milhões e 14,5 milhões de toneladas. “Tudo vai depender do clima, da quantidade de chuva. A safra vai atrasar, começando em abril e dependerá também de como a cana vai se comportar em seu crescimento”, explica Marcelo. Os projetos da Cofco Agri buscam criar um novo modelo para o setor sucroenergético, desde o plantio da cana,
n a
com a utilização de alta tecnologia até o corte mecanizado, minimizando os custos logísticos e maximizando a rentabilidade do projeto. Sua visão é tornar-se uma empresa internacional de agronegócio em nível mundial, operando uma cadeia de valor integrada que abrange desde a exploração agrícola até a mesa de jantar. Além disso, a empresa se dedica ao comércio e processamento de produtos agrícolas, que é originária de regiões produtoras de excedentes como a América do Sul, a África do Sul, a Europa Oriental, a América do Norte e a Austrália, para abastecer regiões com alta demanda como
China, Ásia e Oriente Médio. Operando ainda ativos de logística e processamento em locais estratégicos dentro dos principais fluxos de comércio global. A Cofco Agri registrou vendas de US $ 16,9 bilhões no ano passado e entregou 47 milhões de toneladas de produtos em todo o mundo, com 45 locais de ativos e 10 mil funcionários em 29 países. O presidente conta que a empresa fez investimentos pesados durante todo o ano de 2016 e pretende manter este ritmo em 2017. Tais investimentos foram focados na área de Pesquisa & Desenvolvimento, principalmente em automação, equipamentos agrícolas,
controle de equipamentos de campo e em tecnologia de campo. “Temos um investimento em bens de capital bem forte para o ano de 2017 com novos equipamentos e não temos economizado recursos para termos um dos melhores canaviais”, comenta Marcelo. Durante o período de crise que prejudicou o setor, a Cofco Agri, assim como outras empresas, perdeu muito dinheiro, mas em 2016 tiveram um ano de recuperação e segundo o presidente foi o melhor ano em açúcar da história da Cofco Agri, sendo também o primeiro ano de lucro depois dos momentos difíceis da crise.
Projeto social beneficia 130 crianças no estado de São Paulo Com a missão de proporcionar oportunidades e afastar as crianças e jovens dos riscos que a rua e a ociosidade oferecem, a Cofco Agri Brasil, com unidades em várias regiões de São Paulo, investiu no projeto “Os Sonhadores” que beneficia mais de 100 crianças em Fernandópolis, SP. “Os Sonhadores” são integrantes de uma entidade que atende 130 crianças e jovens de 7 a 17 anos, com aulas de violão, violino, teclado, bateria e fanfarra. O projeto possui uma equipe multidisciplinar composta por psicóloga e assistência social com atendimento individual e grupal. É feito também um acompanhamento escolar bimestral e mensalmente são realizadas palestras com os pais para auxiliá-los no cotidiano educacional de seus filhos. O projeto tem entre seus principais objetivos o desenvolvimento pessoal e social de crianças e jovens por meio do estímulo à cultura e à prática da arte musical, incluindo aulas de violão, violino, teclado, bateria e fanfarra. Inclui promoção e defesa dos direitos da criança e do adolescente através do planejamento ou execução de programas e projetos, promoção da cidadania da população carente através da inclusão de temas pertinentes junto aos programas e trabalha com o desenvolvimento da compreensão de que ao jovem é possível planejar e construir seu próprio futuro. Fornece instrumentos conceituais que permitam a transformação do jovem, seu preparo para atuar de modo
cooperativo na transformação da própria comunidade, promoção do resgate de vínculos familiares, comunitários e sociais, igualdade e respeito mútuo, conhecimento sobre ensino religioso, independente de religião. Contribui, ainda, para a melhoria dos indicadores sociais e desenvolvimento de atividade de proteção ambiental, cultural, artística e esportiva.
São beneficiadas diretamente 130 crianças e jovens de 7 a 17 anos da cidade de Fernandópolis, SP. O Instituto de Desenvolvimento Pessoal e Social “Os Sonhadores” foi fundado em 2001, mas somente em 2008 é que foi criado um estatuto social. A instituição realizou suas atividades durante 9 anos debaixo de uma árvore e somente em 2012 a empresa
conseguiu um espaço apropriado para realização das atividades. Todo o trabalho realizado é gratuito para a comunidade e ainda disponibilizam os instrumentos musicais, pois o público atendido é muito carente. Em 2014 a empresa recebeu um ofício do presidente da entidade solicitando uma visita para conhecer a realidade do local. O projeto chamou a atenção pela sua honestidade e genuína solidariedade em relação às crianças atendidas. A ideia central de promover a educação e cidadania através da música comoveu a diretoria da empresa que solicitou maiores informações sobre o projeto e suas pretensões. Foi possível ouvir as dificuldades que o projeto vinha enfrentando e o desafio de dar continuidade ao programa planejado para aquele ano. Após ouvir os relatos, a diretoria da Cofco Agri resolveu destinar uma parte dos recursos voltados às ações sociais para o apoio ao Projeto Sonhadores. Foi absorvido o pagamento dos professores de música e foram feitas doações de material didático, açúcar e 40 carteiras universitárias. Desde então a empresa acompanha o desenvolvimento do projeto, faz visitas periódicas, leva atividades diferenciadas como palestras e convites para serem parceiros em eventos internos da empresa, tendo como exemplo os cultos ecumênicos. São investidos R$ 2.500,00 mensais para pagamento dos professores e apoio em demais eventos das crianças e jovens. (LB)
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ENTREVISTA — Dante Hugo Vasconcelos Guimarães
DOUTORES DA CANA! Os cases de quem partiu na frente na corrida pelas altas produtividades DA R EDAÇÃO
Localizada no estado da Paraíba, a Usina Japungu possui uma capacidade de moagem de aproximadamente 1,8 milhão de toneladas de cana-de-açúcar por safra e está entre as mais produtivas usinas da região nordeste. O gerente de plantio e tratos culturais da unidade, Dante Hugo Vasconcelos Guimarães, revela a importância e as necessidades da produtividade e nutrição do canavial. Veja a seguir sua entrevista: JornalCana — Qual a sua visão sobre a importância da produtividade agrícola dentro do processo produtivo sucroenergético? Dante Vasconcelos — A produtividade agrícola tem uma importância fundamental para a cultura da cana-de-açúcar, principalmente aqui no Nordeste onde nós temos deficiência hídrica acentuada e solos com baixa fertilidade e reduzida capacidade de retenção de água. Como ela tem uma relação direta com o custo da cultura, nós como gestores temos que perseguir incansavelmente o aumento da produtividade para cada vez mais reduzirmos o seu custo e podermos competir com as outras regiões produtoras de cana-de-açúcar. Quais decisões vêm sendo tomadas por sua empresa que refletem na manutenção das
altas produtividades dos canaviais? Além das práticas usuais como conservação do solo e meio ambiente, preparo e correção do solo, controle de pragas, doenças e ervas daninhas, variedades, nutrição, adição de matéria orgânica e manejo adequado na colheita, o principal investimento que está sendo feito no Grupo Japungu aqui na Paraíba para aumento da produtividade agrícola tem sido no setor de irrigação por gotejamento e pivots centrais fixos. Dentro do pacote tecnológico disponível para a cultura da cana-de-açúcar, a nutrição complementar via folha configura-se como uma ferramenta de relevância? Com toda certeza, principalmente nos tabuleiros costeiros da Paraíba, onde nós temos solos com baixo teor de matéria orgânica, solos bastante arenosos e com carências acentuadas de micronutrientes, principalmente de manganês. Nessa situação a nutrição foliar passa a ser uma ferramenta importante e fundamental na complementação da adubação mineral para correção desses micronutrientes. A Ubyfol com sua equipe técnica aqui no Nordeste tem sido uma parceira constante na busca por uma solução efetiva para um melhor uso dessa ferramenta tão importante para nossa região canavieira.
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Dante Hugo Vasconcelos Guimarães, gerente de plantio e tratos culturais da Usina Japungu
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Usina do Amazonas investe na verticalização da produção Jayoro adota diversas medidas para recuperar produtividade que teve queda em decorrência da mecanização da colheita de 98% do canavial R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP
Com uma área limitada para o plantio de cana-de-açúcar devido à sua localização, a única usina do Amazonas, a Jayoro, tem colocado em prática, desde 2013, um plano de ação para a verticalização da produção agrícola. Entre as medidas adotadas incluem-se o plantio de cana por meio do sulco de base larga, a utilização de MPB – Mudas Pré-Brotadas, o preparo profundo do solo. Uma das pioneiras no uso da colheita mecanizada de cana crua, essa unidade
Usina Jayoro, de Presidente Figueiredo, AM, é uma das pioneiras no uso da colheita mecanizada de cana crua
sucroenergética – que fica em Presidente Figueiredo, distante 107 quilômetros de Manaus – enfrentou uma queda contínua da produtividade agrícola e a redução da longevidade a partir da safra 2010/11, quando deixou de efetuar a queima da palha da cana, segundo Fabrício Resende Fregonezi, gerente agrícola da usina.
“A mecanização de 98% do canavial, sem a plena sistematização dos talhões, elevou os problemas de pisoteio e arranquio de soqueiras, devido ao espaçamento de 1,40 metro ao solo muito argiloso com preparo raso e de baixa fertilidade”, detalha. Além disso, a elevada umidade no ambiente, somada às chuvas que ocorrem mesmo nos meses de colheita e a
aceleração da compactação do solo agravaram os problemas. A região de Presidente Figueiredo tem uma precipitação anual média de 2.900 mm, que pode chegar até a 3.300 mm. Existe a necessidade da superação de alguns desafios provenientes das características edafoclimáticas da região que possui latossolo amarelo muito argiloso distrófico álico, temperatura e umidade favoráveis às pragas – diz. A floresta, que é hospedeiro natural da broca gigante, tem umidade relativa do ar acima de 85% no segundo e terceiro turno de trabalho, o que dificulta a limpeza da cana colhida – observa. Segundo o gerente agrícola, a falta de condições climáticas para a maturação natural do canavial impõe a aplicação de maturadores. “Cada ano agrícola é único e específico quanto ao clima, exigindo flexibilidade de planejamento das operações”, ressalta. Além disso, a usina tem uma janela de moagem muito pequena – observa Waltair Prata Carvalho, superintendente da Jayoro. O período de safra se inicia em meados de julho e termina em meados de novembro.
Plano de ação inclui preparo do solo localizado e profundo Um dos objetivos do plano de ação da Jayoro é recuperar a produtividade agrícola que atingiu o pico, em 2010, de 93,05 toneladas de cana por hectare (TCH) – com produção de 345 mil toneladas de cana-de-açúcar – e que teve queda em 2014 para apenas 56,10 TCH. Essa diminuição da produtividade foi resultante também da longa estiagem que gerou déficit hídrico em seis meses do período de desenvolvimento vegetativo, além dos problemas causados pela mecanização da colheita – observa Fabrício Fregonezi. A longevidade do canavial, que antes era de 4 a 4,5 cortes, caiu para 3 a 3,5 cortes – informa. As medidas adotadas já estão surtindo efeito. A usina tem recuperado a sua produtividade agrícola que está beirando 72 TCH, segundo Waltair Prata, superintendente da Jayoro. “Esperamos reduzir os índices que levam
A meta da Jayoro é chegar ao pico de produção de 345 mil toneladas de cana anualmente à reforma, produzir linearmente ao longo dos cortes, e por meio da maior produção, aumentar o TPH (tonelada de pol por hectare), já que a maturação da cana na região amazônica não ocorre por estímulos climáticos. Temos TCH médio de 74,05 em 13 anos de safra, com pico de 93,05 e quebra com 56,10 TCH. O ATR médio é de 103,43, com 118,43 registrados na safra 2015 devido ao efeito da seca, e mínimo de 97,42”,
Fabrício Resende Fregonezi, gerente agrícola da Usina Jayoro
informa o gerente agrícola. As mudanças nas áreas de cana da Jayoro começaram pelo preparo do solo. “Até 2013 usava-se apenas grade pesada, arrastada por trator de esteira. Passamos a realizar o modelo de preparo de solo, em faixa, localizado e dinâmico, com arraste por trator de pneus, com piloto automático, assegurando o paralelismo das faixas subsoladas, bem como nos tratores das plantadoras mecanizadas, garantindo o paralelismo das linhas de cana”, detalha Fabrício Fregonezi. A meta da Jayoro é chegar ao pico de produção de 345 mil toneladas de cana anualmente – revela – após a estabilização do novo sistema de plantio encanteirado, nas faixas subsoladas por equipamento que faz, além da subsolagem, a quebra dos torrões, a aplicação de corretivo, enleiramento da palha e incorporação do corretivo. (RA)
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Sulco base larga é definido como sistema de plantio padrão A definição do sistema de plantio sulco base larga como padrão em 2014, com a utilização do espaçamento de dois metros – associado ao preparo de solo localizado – tem sido uma das medidas de destaque do plano de ação da Usina Jayoro visando a recuperação da sua produtividade agrícola. Outras mudanças acompanharam o novo sistema de plantio da usina. Uma ação imediata foi a utilização da técnica de posicionamento RTK para preparo, plantio e colheita – conta Fabrício Fregonezi. “Todos os transbordos tiveram bitola alterada para encaixar sobre o canteiro de cana”, diz. A principal mudança neste novo sistema, que está inclusive em desenvolvimento, é a do comportamento varietal – afirma o gerente
Sulco de base larga na Usina Jayoro
agrícola. “Além dos padrões utilizados, temos diversas variedades em ensaios para serem observadas”, revela.
Apesar do pouco tempo de “oficialização” do base larga, esse sistema já tem proporcionado alguns benefícios. “O resultado imediato foi o aprofundamento do sistema radicular, bem como maior e melhor distribuição das raízes, devido ao encanteiramento e à maior porosidade e permeabilidade das faixas tratadas e plantadas após o preparo profundo” – constata. O controle do tráfego, decorrente do novo espaçamento, também deverá contribuir para o aumento da longevidade do canavial. “O sulco base larga evita o pisoteio sobre a linha, além de melhorar o enraizamento e o perfilhamento, criando condições para o aumento de produtividade”, enfatiza o engenheiro agrônomo Victorio Furlani Neto, que realizou serviços de consultoria para a
Jayoro durante o processo de implantação deste sistema de plantio. A usina de Presidente Figueiredo fez ainda experimentos com o duplo alternado que foi, inicialmente, descartado devido à necessidade de uso de colhedoras específicas. Em um segundo momento, o plano de ação da usina inclui a instalação de área piloto, com espaçamento de 1,40/1,50 m x 0,50 m e do triplo alternado, utilizado em algumas unidades do Nordeste, mas em áreas irrigadas – informa Fabrício Fregonezi. “O objetivo é analisar o comportamento deste espaçamento na Jayoro, comparando com o base larga de 2,0 m nas variedades disponíveis. Para o triplo alternado, com toda a certeza, haverá a necessidade de substituição das colhedoras”, diz.
Usina fornece açúcar para empresa que produz concentrados de bebidas A Jayoro possui 4.000 hectares de canade-açúcar, além de 560 hectares de guaranazal. Produz de 13.000 a 17.000 toneladas de açúcar cristal, dependendo da demanda gerada pelos parceiros. “Por ser uma usina muito pequena, sua produção está plenamente comprometida com seus parceiros de longa data”, explica Waltair Prata. A usina produz também etanol hidratado carburante e álcool neutro (potável) – informa. “A RIAL – Recofarma Indústria do Amazonas Ltda. é a nossa maior parceira
comercial. Mas, temos empacotadoras e exportadoras de açúcar que também compram o produto excedente fabricado pela usina. O álcool hidratado carburante é fornecido a dois distribuidores locais”, observa o superintendente da usina. A Recofarma, localizada em Manaus, produz concentrados e bases de bebidas para a fabricação da Coca-Cola. Os concentrados de bebidas e refrigerantes produzidos pela Recofarma abastecem os mercados da Colômbia, Paraguai, Venezuela e Uruguai, além do Brasil. (RA)
Fabrício Fregonezi e Waltair Prata mostram detalhes das MPBs na Jayoro
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MPB e melhorias nas plantadoras estão entre as medidas adotadas A redução do hectare cultivado no base larga, de 7.142 m para 5.000 m incentivou a usina amazonense a iniciar o processo produtivo de MPB – Mudas Pré-Brotadas em viveiro próprio. “Não podíamos ter falhas. Na safra 2015/16 utilizamos mais de 900 mil mudas no replantio em cana planta e canasoca”, observa Fabrício Resende Fregonezi. A Jayoro adotou outras medidas voltadas à verticalização da produção agrícola, como parcelamento da adubação de soqueira, aumento da dosagem de calcário, testes com gesso, desenvolvimento varietal, tratamento da muda – detalha. Além disso, foram realizadas adaptações e melhorias constantes nas plantadoras para a melhor distribuição das mudas de cana nos 50 cm do sulco base larga. Uma máquina com cobridor, modificada e adaptada na Jayoro para
espaçamento de dois metros, é pioneira no Brasil para o plantio no sistema base larga – destaca. “Houve também o plantio de mudas de cana (sulquitos), no canteiro, ao lado da cana plantada originalmente, assegurando mudas para a eliminação de falhas, de tamanhos e idades idênticas a da cana planta”, diz o gerente agrícola. Entre as medidas adotadas, incluem-se o uso de molécula para controle da broca gigante, utilização de VANT – Veículo aéreo não tripulado, implantação de ensaios em todas as etapas do manejo, melhoria no apontamento – saindo do papel para smartphone –, aperfeiçoamento do controle de qualidade nas operações, formação regional de operadores e treinamento contínuo. (RA)
Cobrição simultânea aproveita a umidade do solo que aparece logo após a sulcação
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LOGÍSTICA & TRANSPORTE
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GMEC CHEGA AOS 30 E CONTINUA CONFIÁVEL! Grupo de motomecanização comemora três décadas e prepara-se para outros tantos LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP
Uma canção famosa, do tempo da Jovem Guarda, nos primórdios do rock brasileiro, alertava os jovens para não confiar em ninguém com mais de 30 anos. No caso dos associados ao
GMEC — Grupo de Motomecanização do Setor Sucroenergético, entretanto, esta máxima não tem aplicação em razão da interatividade e seriedade do grupo, conhecido no setor por ser um dos que mais trocam ideias entre as usinas a respeito de sua área. Da interatividade é comum surgirem grandes soluções ou compartilhar das soluções. No último dia 23 de novembro os integrantes do Gmec se reuniram em Ribeirão Preto para comemorar 30 anos e traçar o trabalho para os próximos desafios agrícolas do setor. É um dos grupos mais atuantes e interligados do setor, com inúmeras trocas de informações, seja para dirimir dúvidas a respeito de um engate de transbordo até indicações de um bom óleo de motor
diesel. A ideia inicial de reunir os responsáveis pela manutenção e motomecanização do setor canavieiro nasceu em um treinamento de gerência de manutenção de frota na fábrica da Mercedes Benz, em São Bernardo do Campo, em 1986. Naqueles idos, há 30 anos, a mecanização praticamente se restringia a caminhões e implementos. Máquinas para colheita ainda eram para poucos e o plantio mecanizado era considerado um tabu. Hoje a realidade é outra. Em São Paulo a mecanização dos canaviais passa dos 90% e novas máquinas, implementos e tecnologias desafiam usinas e fornecedores a extraírem delas o máximo da performance.
Em 3 décadas grupo fez mais de 300 reuniões itinerantes O Gmec foi essencial para que o nível tecnológico dos canaviais chegasse ao patamar de hoje. Em 30 anos, com mais de 300 reuniões itinerantes, cerca de 10 mil profissionais se debruçaram diante do desafio de usar as máquinas com o máximo de eficiência e fazer a produtividade crescer junto com a mecanização. De acordo com Edimilson Gomes Leal, gerente de manutenção automotiva da Usina Ferrari, de Pirassununga, SP, e que há 28 anos está trabalhando na área, o GMEC inicialmente tinha como objetivo principal, o benchmarking entre as unidades produtoras, discutindo e disseminando as boas práticas operacionais, experiências e desenvolvimentos entre seus membros. As reuniões com os fabricantes de equipamentos passaram a ter grande importância em sua agenda, pois criou um canal de comunicação entre usuários e a engenharia das fábricas, o que revolucionou e proporcionou condições adequadas para a implementação e consolidação da mecanização da cultura de cana-de-açúcar. “Em função desse relacionamento, hoje temos máquinas e equipamentos com muito mais recursos e tecnologia embarcada, que permitem realizar nossas operações com maior produtividade, eficiência e eficácia, reduzindo custos e melhorando as condições de competitividade”, conta Edimilson. Como se trata de um grupo sem fins lucrativos, com foco em desenvolvimento técnico, o gerente de manutenção automotiva explica que as maiores dificuldades encontradas ao longo do tempo, estão relacionadas à análise de dados, visto que não dispõem de condições-padrão de produção de canade-açúcar nas unidades produtoras. “São muitas as variáveis, tais como: espaçamento de plantio da cana, colheita de uma ou duas linhas, tipos de solos, tratos culturais, manejo varietal, efeitos de compactação e pisoteio, que dificultam estudos comparativos de desempenho e
Edimilson Gomes Leal, da Usina Ferrari e coordenador do Gmec
performance entre as unidades. Nem sempre o que é bom para uma unidade, pode ser bom para outra”, relata Edimilson. Para este ano Edimilson Gomes Leal informa que o Gmec espera que as empresas sejam ainda mais participativas, onde as experiências e o desenvolvimento possam ser amplamente discutidos e compartilhados. No planejamento de suas reuniões ordinárias, buscam tratar de temas que provoquem, instiguem o interesse de todos, sempre na busca da participação efetiva e constante dos membros. Nas reuniões realizadas em fábricas, tem como objetivo o conhecimento de novas tecnologias, apresentação de novos equipamentos e produtos, onde tratam também de reclamações técnicas de desempenho e performance dos mesmos.
NOVO SITE AMPLIARÁ A INTERATIVIDADE Edimilson conta ainda que o grupo está com um novo site em desenvolvimento e pretendem torná-lo uma ferramenta interativa, de fácil acesso, onde possam publicar informações técnicas, experiências e divulgar assuntos relacionados ao setor, mantendo os membros atualizados. O sistema de e-mail continua funcionando normalmente. É a base de todas as consultas e pesquisas, uma ferramenta importantíssima para sanar dúvidas e compartilhar informações e experiências e tem hoje cerca de 300 profissionais de várias unidades associados ao GMEC e a participação é gratuita. (LB)
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SETOR EM DESTAQUE
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TEMPORADA INFORMAL DE AQUISIÇÕES DE USINAS FOI ABERTA LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP
Ninguém deu o tiro para a largada inicial, mas uma temporada de aquisições de unidades sucroenergéticas no Brasil está informalmente aberta. Grandes grupos já consolidados no setor anunciam novos negócios e até empresas estrangeiras como a suíça Glencore revela-se disposta a ampliar suas fatias. No último dia 28 de dezembro a Tereos anunciou a assinatura de um acordo para aquisição da participação de 45,97% detida pela Petrobras na Guarani, por meio de sua subsidiária Petrobras Biocombustível, pelo valor de US$ 202 milhões. Por meio desta transação, a Tereos, que já detinha 54,03% do capital social da Guarani, aumentou sua participação para 100%, tornando-se assim a única acionista da Companhia. Ao assumir todo o negócio, a Tereos dá provas de que acredita plenamente na recuperação, retomada e desenvolvimento do setor sucroenergético já no médio prazo. Após essa aquisição, a Guarani foi renomeada Tereos Açúcar & Energia Brasil. "Estou muito satisfeito com o acordo que alcançamos com a Petrobras e quero agradecê-los pelo seu compromisso com a Guarani desde 2010. Essa transação está em linha com o anúncio da Petrobras de concentrar a sua atuação na exploração e produção de petróleo e gás natural. Para a Tereos esta aquisição é uma oportunidade
Amerra americana quer assumir usina da família de Bumlai
Plínio Nastari: indefinição do mercado só aumenta o período de transição
para fortalecer sua presença no Brasil, líder global na produção de açúcar”, anunciou Alexis Duval, diretor-presidente da Tereos. Em meados de dezembro do ano passado a Petrobras já havia fechado outro negócio então, com a São Martinho, que
detinha os outros 51%, para venda de sua fatia de 49% na produtora de etanol Nova Fronteira, por um valor estimado de US$ 133 milhões. O Cade — Conselho Administrativo de Defesa Econômica, aprovou o acordo sem restrições.
Outra empresa que decidiu entrar nesse ritmo foi a gestora americana de fundos Amerra, que está negociando com os principais credores da Usina São Fernando, de Dourados, MS, pertencente à família do empresário José Carlos Bumlai preso no âmbito da operação Lava-Jato, e que está em recuperação judicial. A proposta ainda não havia sido formalizada até o fechamento desta edição, mas o Grupo Amerra apresentou aos credores a possibilidade de adquirir a usina em troca de assumir a dívida da companhia com desconto. Atualmente, a usina tem uma dívida em torno de R$ 1,5 bilhão. A intenção do fundo é adquirir a usina assumindo um endividamento entre R$ 950 milhões e R$ 1 bilhão. Esse valor corresponde a uma aquisição de aproximadamente US$ 68 por tonelada de cana de capacidade instalada, uma vez que a usina tem capacidade de moer até 4 milhões de toneladas por safra. O valor seria exatamente 60% acima da última aquisição de usina sucroenergética realizada no país, de US$ 40 dólares por tonelada. (LB)
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SETOR EM DESTAQUE
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“Vários ativos estão disponíveis para serem consolidados” De acordo com Plínio Nastari, presidente da Datagro Consultoria Agrícola, esse movimento de aquisições é resultado da crise que atingiu o setor sucroenergético fazendo com que vários ativos ficassem disponíveis para serem consolidados. “A expectativa é que gradualmente o setor vá sendo capaz de reduzir seu endividamento, desde que ocorra a desejada e necessária regularização do mercado de combustíveis”, ressalva. A Raízen Fuels Finance S. A., subsidiária da Raízen, da Shell e da Cosan, captou US$ 500 milhões no mercado em bônus para serem ressarcidos em dez anos. A operação oferece taxa de retorno ao investidor de 5,3% ao ano. No mercado sucroenergético, a pergunta é o que a
Raízen fará com o dinheiro. O perfil do grupo foi até hoje o de adquirir usinas e não há evidências de que seja mudado agora. Guilherme José de Vasconcelos Cerqueira, diretor Financeiro e de Relações com Investidores, da Raízen, explica que se iniciou em 9 de janeiro de 2017, o processo de reunião com investidores no âmbito da potencial emissão de instrumento de Notes pela subsidiária da companhia, a Raízen Fuels Finance S.A. O volume e prazo da potencial emissão não foram ainda determinados, uma vez que serão fixados após eventual procedimento de bookbuilding, o qual só ocorrerá após a conclusão do processo de reunião com investidores. (LB)
Glencore entra em leilão por Unialco e quer assumir Clealco Ainda lidando com dívidas, a Unialco, de Guararapes, SP, atualmente controlada pela empresa do grupo Unialco, está em processo de recuperação judicial. A trading de commodities suíça Glencore apresentou a oferta mais alta em leilão para a venda da usina e está bem posicionada para assumir o controle da unidade. A gigante suíça de commodities ofereceu cerca de R$ 350 milhões de reais pela unidade, superando ofertas de cinco companhias que participaram do leilão. A unidade tem capacidade instalada para processar 2,5 milhões de toneladas de cana por ano e possui cerca de R$ 700 milhões em dívidas, que seriam assumidas pela Glencore. A Glencore ainda foi alvo de especulações. Notícias da última semana de janeiro anunciavam ainda a possível compra das três usinas do Grupo Clealco em Clementina, Queiroz e Penapólis, todas no estado de São Paulo. A Glencore não se manifestou, mas se o negócio sair, este grupo suíço poderá se tornar uma das novas
gigantes do setor. A gestora americana Black River também participou da onda de compras e vendas das empresas do setor e comprou as duas usinas de cana-de-açúcar que pertenciam ao grupo sucroenergético Ruette. As unidades, localizadas nos municípios paulistas de Paraíso e Ubarana, pertenciam a Antônio Ruette Agroindustrial (Grupo Ruette), e foram adquiridas no fim de 2015 por um fundo de investimentos em agricultura da Black River. O negócio envolveu um montante de R$ 830 milhões, sendo R$ 530 milhões em assunção de dívidas e os R$ 300 milhões restantes em aportes na operação. “A atual indefinição do mercado só aumenta esse período de transição. A procura ainda é incipiente, mas se for definido um horizonte para o desenvolvimento do setor nós acreditamos que pode ocorrer uma retomada ainda maior do interesse de investimentos no setor de açúcar e etanol”, finaliza Plínio Nastari. (LB)
Odebrecht Agroindustrial não está à venda, garante companhia Em meio às aquisições e fusões dentro do setor sucroenergético nos últimos seis meses, várias notas sobre vendas de grandes empresas circularam pelos jornais online e impressos, porém com poucas confirmações. A Odebrecht Agroindustrial, com sede em Salvador, Bahia, foi apontada como interessada em vender seus negócios sucroenergéticos no País. A Odebrecht estaria procurando um comprador para todas as suas operações de açúcar e álcool no Brasil. A empresa se manifestou em nota,
contrariando as afirmações e especificando que essas vendas não aconteceram e nem irão acontecer, reafirmando a estabilidade da companhia. “Está no Programa de Ação do Líder de Negócio Luiz de Mendonça a atração de sócios que compartilhem da visão de longo prazo para ampliar nossos investimentos no setor, sempre com a Odebrecht S.A. mantendo o controle e a gestão do negócio. A venda da Odebretch Agroindustrial não é uma possibilidade”, afirmou Alexandre Perazzo, responsável por finanças e relações com investidores da empresa. (LB)
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PRODUÇÃO
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Maioria dos grupos do setor define calendário deste 2017 LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP
Conheça os novos projetos e perspectivas dos principais grupos do setor sucroenergético para este ano de 2017. O caçula dos grupos, o GIFC — Grupo de Irrigação e Fertirrigação de Cana-deAçúcar, fundado em 2012, promoveu seu 29º Encontro, no dia 16 de fevereiro, em sua sede, em Ribeirão Preto, SP, no Supera Parque. Seus associados trataram sobre a importância da agrometeorologia como ferramenta para a melhoria do manejo da cana-de-açúcar. O GIFC abriu sua agenda de atividades em 2017 com a realização do encontro que abordou, com especialistas de universidades, centros de pesquisa e usinas do setor sucroenergético. Discutiram como a agrometeorologia pode contribuir para o planejamento da safra, monitoramento e prevenção, além da escolha dos mais adequados sistemas e lâminas para irrigação. De acordo com Marco Viana, superintendente do GIFC, os eventos agendados para fevereiro, que inauguraram a agenda do grupo em 2017, dão uma boa
Encontro do GIFC em Ribeirão Preto, SP
noção das metas do GIFC para o ano. “Nosso foco é aprofundar as discussões sobre a importância da boa gestão da água e da
vinhaça nas usinas, sobre o manejo do solo, plantio e colheita na relação com a irrigação, e avaliar e propor soluções para práticas e
sistemas utilizados por usinas, como estamos promovendo com o trabalho da comissão de adutoras”, resume.
Gerhai passa dos 30 anos com corpinho de 19 Em outubro de 2016 o Gerhai — Grupo de Estudos em Recursos Humanos na Agroindústria, completou 30 anos de existência e continua jovem, forte e atuante, como se tivesse apenas 19. O Gerhai congrega profissionais e executivos de várias unidades produtoras de açúcar, etanol e energia do país. Traz em sua bagagem uma história de contribuições importantes ao setor sucroenergético. Atualmente possui rol de cerca de 170 unidades associadas. De acordo com o diretor executivo José Darciso Rui, neste ano, o Gerhai terá suas
reuniões, workshops e seminários focados em organizações sustentáveis, a missão do desenvolvimento humano e organizacional na formação de equipes de alta performance e diferencial competitivo. “O Gerhai está há 30 anos fazendo a diferença no setor sucroenergético”, lembra Rui, como é conhecido. “Eu o considero o divisor de águas na gestão de pessoas do setor”, afirma. Os eventos do Gerhai já estão planejados para o ano todo. A sua primeira reunião ocorreu em 17 de fevereiro e sua última será em primeiro de dezembro. (LB)
Fitotécnico enfocará verticalização, qualidade das mudas e novas variedades O Grupo Fitotécnico de Cana-de-açúcar completou seus 25 anos em 2015 e nos últimos anos tem realizado sete reuniões por ano, todas abordando temas técnicos e reunindo uma grande frequência de pessoas, não se restringindo apenas ao estado de São Paulo. Segundo a coordenação do grupo, alguns temas para as reuniões de 2017 já estão previamente definidos, como: intenção de plantio, variedades mais adotadas, pragas, nutrição em adubação e manejo de plantas daninhas. “Para este ano nós temos uma expectativa bem interessante, principalmente nos aspectos técnicos e certamente iremos manter e aumentar os investimentos na parte de tecnologia para verticalizar as produtividades, nas qualidades de mudas e novas variedades”, informa Marcos
Landell, diretor do IAC Fitotécnico. Para este ano espera-se uma série de ações que irão fazer com que a colheita seja de maior produtividade, mudando o perfil das empresas. Além da produtividade, a expectativa é de que os novos mecanismos de mudas de médio prazo aumentem o número de gomos gerando, consequentemente, menos pisoteio, aumentando os cortes e reduzindo custos. A primeira reunião do Fitotécnico está programada para a primeira semana de março deste ano, sem tema principal estabelecido até o final desta edição do JornalCana. O Gegis — Grupo de Estudos em Gestão Industrial do Setor Sucroalcooleiro está com o website momentaneamente indisponível e não retornou os contatos. (LB)
José Darciso Rui, diretor executivo do Gerhai
GSO investirá em normas para melhorar higiene ocupacional O GSO — Grupo de Saúde Ocupacional da Agroindústria Sucroenergética também já possui uma agenda pré-definida. A previsão é de que o primeiro encontro aconteça na última semana do mês de março em Bebedouro, SP. “Estou animado com este ano; 2016 foi um ano muito positivo e esperamos manter o ritmo e se possível melhorar ainda mais”, comemora Mário Márcio dos Santos, diretor presidente do GSO. Para 2017 o grupo preparou quatro eventos que abordarão temas
de grande valia de interesse dos participantes, como cases sobre avaliação de agentes ambientais, tanto rurais como industriais, utilizando a metodologia NHO — Norma de Higiene Ocupacional, pouco utilizada, mas de importância relevante. Além disso, de 16 a 18 de agosto acontecerá a 7ª Feira Internacional de Saúde e Segurança no Trabalho, a Expo Proteção, e a equipe do GSO estará presente durante toda a realização do evento. (LB)
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SERÁ O FIM DAS GAMBIARRAS? Consertos paliativos e quebra-galhos de última hora podem ser prejudiciais às usinas LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP
Prática muito comum em algumas empresas, as gambiarras e ajustes técnicos paliativos são mais notados em equipamentos de grande produção, onde impactam mais, principalmente pelas perdas das funções mecânicas que resultam em custos operacionais e improdutividade maiores e significativos. Estes quebra-galhos podem resolver o problema por algum tempo, mas em futuro pouco distante certamente prejudicam o processo produtivo e até mesmo os equipamentos. Tecnicamente, as gambiarras são todas as alterações amadoras realizadas em equipamentos visando melhorias na funcionalidade ou solução de problemas recorrentes, suprindo deficiências técnicas dos equipamentos nas mais diversas operações. E ser amador, neste caso específico, não é prerrogativa que se aceite. Às vezes a gambiarra é feita por motivos econômicos, pela falta de tempo, para otimizar a produção e adiar a parada de manutenção do sistema de produção. Às vezes é feita sem o conhecimento da supervisão, até mesmo negligenciando procedimentos existentes, dando prioridade ao cronograma e produção em detrimento da segurança. E por vezes a gambiarra é feita com a melhor das intenções, por completa falta da percepção do risco. “O brasileiro tem mania de achar que tem experiência, e que tem todas as respostas e adota soluções, alternativas ou gambiarras temporárias, crendo que tudo vai dar certo, mas acabando por gerar um acidente”, complementa o especialista. Segundo Carlos Barbouth, especialista em segurança no trabalho as gambiarras são mais presentes em circuitos e equipamentos elétricos, onde são feitos todos os tipos de consertos, com fios e nas caixas de eletricidade e em trabalhos em altura, sem cuidados com a proteção de queda. “E isto pode causar fatalidades”. “As gambiarras precisam ser olhadas em diversos pontos de vista, um deles é o do impacto psicológico, na população, nos trabalhadores, na empresa”, alerta Carlos Barbouth. Para ele as gambiarras podem se encaixar em três aspectos. O primeiro é quando o funcionário, por conta própria resolve fazer a gambiarra e a empresa não percebe, o que significa que a segurança da empresa não é atenta e não dá muita importância. O segundo acontece quando o funcionário faz a gambiarra, a empresa tem ciência disso e mesmo assim não interfere, representando o mesmo nível de desinteresse e falta de segurança quanto ao primeiro
Reynaldo Chavez Rojas, especialista na área industrial
aspecto, além de demonstrar falta de disciplina para com os funcionários. O terceiro aspecto acontece quando a própria empresa sugere que uma gambiarra seja feita, o que pode gerar a impressão de que a companhia não tem condição financeira suficiente para tomar as atitudes corretas, além de não se preocupar com os riscos que a gambiarra pode trazer. Falhas técnicas de projeto de máquinas e equipamentos impactam na performance e desempenho dos produtos em campo. “No setor é possível citar muitos exemplos desta prática, como por exemplo: alterações em colhedoras de mudas para plantio de cana possibilitando ajustes no tamanho do tolete, utilização de materiais mais resistentes ao desgaste em assoalhos de elevadores, alterações em pás-extratoras para melhorar o sistema de limpeza, instalação de filtros absolutos adicionais na linha de combustível e hidráulico, dispositivos de controle de profundidade em plantadoras, implementos para quebra de casca de terra para facilitar germinação e perfilho das mudas, são muitas dentre a infinidade de outras soluções e alterações que vemos em nossas unidades”, explica Edimilson Gomes Leal, gerente de manutenção automotiva da Usina Ferrari e coordenador do Gmec –
Grupo de Motomecanização do Setor Sucroenergético. O grande problema em se realizar estes tipos de alterações é a não utilização de procedimentos técnicos, falta de projeto e cálculos absolutos, principalmente na área de resistência de materiais, que podem impactar em problemas maiores nos equipamentos e nas operações. De acordo com Reynaldo Chavez Rojas, especialista na área industrial, as gambiarras impedem o avanço nas tecnologias sustentáveis e de alta qualidade e custos baixos, que são necessárias para enfrentar os mercados cada vez mais em busca de boas práticas. “As exigências do mercado vão ser mais fortes em 2017 e só sobreviverão os mais capacitados, modernos e agressivos”, acredita Rojas. Um exemplo de solução paliativa que se tornou permanente aconteceu com obrigatoriedade de cobertura de carga por lona, que foi imposta sem que houvesse o desenvolvimento de sistema homologado, adequado e seguro pelos fabricantes. Isto gerou inúmeras soluções caseiras, quase beirando à gambiarra. “Antes termos palha de cana nas estradas que pedaços de ferros espalhados, colocando os usuários da rodovia em risco”, observa Edimilson Gomes Leal.
TIPOS DE GAMBIARRAS NA ÁREA DE SEGURANÇA Sobrecarga de sistemas elétricos através do uso de Ts; Utilização de cabos elétricos com emendas fora dos padrões de segurança; Deixar de utilizar plugues e flechas elétricas usando as pontas dos fios expostas para conexão elétrica de ferramentas, luminárias; Utilização de equipamentos elétricos em ambientes úmidos, por exemplo, sem proteção adequada, contrachoque elétrico (necessário uso de disjuntor DR); Utilização de ferramentas para fins ou para os quais elas não foram projetadas; Acessos provisórios improvisados, fora dos padrões de segurança, isso envolve andaimes, escadas, plataformas de trabalho aéreo (PTAs); Reparos apressados e amadores em equipamentos de pressão, caldeiras e vasos de pressão.
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Os riscos das gambiarras na área de segurança Assim como qualquer outra, a área de segurança não está livre das gambiarras e do “jeitinho brasileiro” de resolver as coisas. Mas os riscos que elas oferecem são altos, podendo até prejudicar a saúde dos funcionários e o meio ambiente. O ambiente rural tem um volume preocupante de improvisações e alterações de projetos, ferramentas e equipamentos que representam alto risco de acidentes. Um exemplo está na utilização de solda elétrica para consertos, reformas e reparos que envolve equipamentos sujeitos a exigência severa de operação com pressão, temperatura ou cargas significativas. A própria solda, muitas vezes não especificada e sem testes anteriores, repara um ponto da estrutura e trinca em outro levando a ruptura e até mesmo explosão de equipamentos e sistemas operacionais. Um tipo de gambiarra crítica é a inibição de dispositivos de segurança como válvulas de alívio de pressão ou utilização de equipamentos fora de especificação. A área de segurança também
faz gambiarras em seus sistemas de detecção e proteção contra incêndio, por exemplo. Para o instrutor sênior da Survival Systems do Brasil, Erny Francisco Pereira da Silva, as gambiarras comprometem a segurança das pessoas e do meio ambiente, da produção e da perpetuidade do negócio. E pode chegar a comprometer o bemestar, saúde e integridade física das pessoas em primeiro plano, provocando agressões significativas ao meio ambiente e comprometendo resultados de produção, a ponto de em algumas situações levar a acidentes em que as empresas se obrigam a fechar pelo comprometimento financeiro resultante de multas, paralisações de produção, interdições e indenizações. “Considero que estamos melhorando nesse sentido. Acho que as soluções alternativas estão ou estavam, muito ligadas à falta de conhecimento, informação e treinamento, além da falta de documentação e procedimentos operacionais e de manutenção”, observa Carlos Barbouth, com a concordância de Erny. (LB)
Carlos Barbouth: soluções alternativas eram criadas por desconhecimento
Para alguns, jeitinho brasileiro; para os críticos, estigma nacional As gambiaras são um jeitinho brasileiro para alguns e um estigma brasileiro para os críticos. É difícil de evitar, mas espera-se que diminuam devido à crise econômica e às exigências das multinacionais que controlam grandes usinas e são conhecidas por exigir excelência em todas as áreas. No Brasil, há quem acredite que estes paliativos nunca acabem. Isto acontece também em usinas que enfrentam deficiências e necessidades operacionais diariamente em inúmeras áreas. “Temos feito um esforço de conscientização, mas o espírito de professor Pardal e imaginação fértil são muito fortes e presentes nos profissionais que trabalham nas empresas brasileiras”, resigna-se Edmilson. (LB)
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Aparecido Luiz é o novo presidente do Ceise Br A diretoria do Ceise Br — Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis, deu posse a seu novo presidente no dia 11 de janeiro. Ao assumir, o empresário Aparecido Luiz anunciou que dará continuidade à gestão 2016/18 do presidente licenciado Paulo Roberto Gallo que assumiu no dia 1º de janeiro último o cargo de secretário municipal de Desenvolvimento Econômico de Sertãozinho, SP. Em cerimônia que reuniu também autoridades locais, empresários e imprensa, o presidente empossado reforçou em seu discurso a boa perspectiva para toda a cadeia produtiva sucroenergética, tendo Sertãozinho a indústria de base como vocação, tão importante para o desenvolvimento econômico-sustentável do país. “Estamos vislumbrando um cenário positivo. Sentimos o esforço do governo federal em criar políticas claras de longo prazo para o setor. Também observamos uma crescente demanda mundial pelas produções de etanol, açúcar e energia limpa e renovável”, pontuou Aparecido Luiz. Segundo ele, assumirá para dar continuidade a um trabalho intenso que vem sendo feito há pelo menos sete anos, de promover a indústria de base e os benefícios que todo o setor proporciona, além de estreitar cada vez mais o relacionamento com os governos estadual e federal no sentido de levar as reivindicações e conseguir inseri-las nas pautas de discussões para o crescimento do Brasil.
Aparecido Luiz pretende dar continuidade ao trabalho feito por Gallo
“Nós temos um trabalho em nível federal, estadual e municipal que vem sendo feito nos últimos anos. O governo precisa direcionar políticas claras de longo prazo para o setor para que as coisas funcionem da forma correta”. Aparecido conta que sua experiência vem da infância e adolescência, pois já nasceu dentro o setor, desde o plantio,
colheita, produção, transporte até chegar na indústria. Além disso vem acompanhando e trabalhando junto com o setor. “Na área de gestão para negócios, trago minha experiência que conquistei dentro do próprio Ceise Br em contato direto com a diretoria como secretário, tesoureiro, gerente e atuando e trabalhando anos em feiras, eventos e viagens dentro do setor”, lembra o
novo presidente. No segundo semestre de 2016, o Ceise já pôde vislumbrar a falta de interferência direta do governo nos preços do etanol, o que para Aparecido Luiz é uma coisa positiva. “O governo precisa focar em interferir de forma positiva para ajudar o setor neste momento de retomada”, comenta. À frente da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Sertãozinho, Paulo Gallo agradeceu o apoio da diretoria do Ceise Br nas ações realizadas durante o ano de 2016 e reforçou que a Pasta continuará parceira da entidade, numa sinergia visando a promoção e desenvolvimento da indústria local, o que, consequentemente, reflete nos demais setores econômicos da cidade. “Fizemos a lição de casa como cidade, como empresa, como trabalhador e estamos preparados agora para surfar nessa onda nova que vai chegar. Estou muito otimista”, ressaltou Gallo. O prefeito de Sertãozinho, José Alberto Gimenez, destacou a união de empresários, trabalhadores e administração municipal durante o momento difícil do setor e da economia como um todo nos últimos anos, o que acabou preparando o município para esta retomada. “Continuo acreditando na cadeia sucroenergética e tenho certeza que com os preços recuperados, com o fim da influência sobre o preço da gasolina, que o segurava e derrubava a competividade do etanol, teremos um ano muito melhor”, diz o prefeito. (LB)
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PROCURA-SE PARCEIROS! Parceria entre governo e setor privado ainda é a melhor solução para voltar a investir LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP
A partir deste 2017 os centros de pesquisas públicos voltados ao setor sucroenergético esperam retomar seus projetos, engavetados nos últimos sete anos em razão da crise. Para manter essa continuidade sem sobressaltos e planejar e apresentar novos esboços, precisam, entretanto, selar um acordo com os governos federal e estaduais das regiões produtores a fim de receberem apoio e recursos financeiros nesse novo momento. Os centros privados, por sua vez, carecem também de algum apoio público e, principalmente, de que as empresas particulares beneficiadas voltem a investir em pesquisa e desenvolvimento. Em ambos os casos, público e privado, o que realmente falta é recurso, e os governos não podem se omitir agora. Precisam focar e priorizar algumas áreas. O que se espera com a retomada econômica do país é que esse problema
Guy de Capdeville, pesquisador e chefe geral da Embrapa Agroenergia
seja rapidamente resolvido porque o país precisa, em todas as áreas, voltar a crescer, a trabalhar e a colher resultados da pesquisa para o desenvolvimento. “É de suma importância que o governo faça
seu papel de definir claramente as políticas que envolvem os investimentos e as novas tecnologias para que possam financiar mecanismos para captar recursos a fim de fazer os trabalhos
Renovar os canaviais é a primeira e urgente necessidade Todas as áreas do setor foram afetadas, lembra o pesquisador. “Portanto todas precisam ser reerguidas”. Na área de produção, por exemplo, é preciso renovar os canaviais, alerta. No campo é necessário aumentar a produção e assim até que todos os setores tenham conseguido se estabilizar. Outra dificuldade é ter matérias-primas mais produtivas. Fora isso, para poder aumentar a dificuldade, o país está muito próximo do limite de produção no setor. “Se quisermos ser players de destaque na produção, precisamos de maior infraestrutura porque o setor privado não pode cuidar disso sozinho. Precisa do governo”, observa Capdeville. Para Capdeville, uma das alternativas é não olhar apenas para o açúcar e o etanol. Isso seria uma lógica ultrapassada, acredita. “E preciso pensar de maneira mais agressiva, ampliando a quantidade de matéria-prima e os investimentos em pesquisas avançadas, como um tratamento prévio de biomassa, além de investir em tecnologias industriais, implantar outros açúcares e conquistar mais ganhos de produção”. Pensando em todos os pontos que precisam ser analisados cautelosamente para alavancar o setor, a Embrapa está trabalhando em um projeto que consegue, com a irrigação, aumentar a produção de
cana-de-açúcar, sem ter preocupações com a sustentabilidade, anuncia Guy de Capdeville. “O trabalho está sendo bem planejado, mas é importante lembrar que, assim como os outros futuros projetos, não
pode ser financiado apenas pelo governo. Precisa ser uma junção entre o governo e o setor privado. E ambos precisam voltar a investir em pesquisa e desenvolvimento”, finaliza Guy. (LB)
agressivos que precisam ser feitos”, afirma Guy de Capdeville, pesquisador e chefe geral da Embrapa Agroenergia — Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.
Maioria dos centros de pesquisa ainda passa aperto por causa da crise A Embrapa, assim como a maioria dos outros centros de pesquisa do setor está passando dificuldades financeiras por conta da crise. “Nós temos as condições técnicas para o setor, mas precisamos esperar passar esse momento crítico, pois a falta de recursos afeta todos os órgãos e quando o dinheiro falta os centros de pesquisa são quase sempre os primeiros a serem penalizados com cortes de repasses ”, comenta o pesquisador. Guy de Capdeville conta que há dois anos a situação financeira dos projetos era até satisfatória. Mas quando a crise nacional ajudou a fortalecer ainda mais a crise do setor os projetos ficaram sem recursos para financiamento e passaram apenas por manutenções, sem novos investimentos. Isto, de acordo com ele, se assemelha a um período de entressafra, quando o setor perde a força. “A situação é igual para todos os centros, até mesmo o setor privado não está tendo a capacidade de fazer um aporte financeiro em pesquisas públicas. Todos estão esperando passar esse momento ruim para dar sequência e pelo menos retomar o volume anterior”, espera Guy Capdeville. (LB)
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Parque Tecnológico de Piracicaba aposta no empreendedorismo LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP
Inserido no Sistema Paulista de Parques Tecnológicos, o Parque Tecnológico de Piracicaba, em Piracicaba, SP, é vetor de desenvolvimento estratégico e com forte ênfase para o setor sucroenergético paulista e brasileiro. Neste ano, a diretoria pretende trabalhar na atração de capital e financiamento para as empresas agregadas através de bancos e fundos de investimentos, evoluindo ainda mais o parque. Com terreno de 688.276,64 mil metros quadrados o parque nasceu da convergência de visões de pessoas determinadas nos governos do Estado e do Município e tem como objetivo promover a informação tecnológica, estimular a cooperação entre centros de pesquisas, universidades e empresas, além de dar suporte ao desenvolvimento de atividades empresariais. Os programas de inovação tecnológica, serviços associados e empreendimentos que são desenvolvidos no Parque Tecnológico de Piracicaba estão voltados a diferentes tecnologias para a conversão de diversas fontes de biomassa em combustíveis renováveis. Processos, como: produção de etanol, biodiesel, cogeração de energia e segunda geração de biocombustíveis são otimizados pela proximidade entre empresas, capital intelectual e mão de obra especializada, disponíveis num mesmo espaço. O engenheiro executivo do parque Flávio Castellari comemora a finalização da primeira fase de implantação, agregando quinze empresas que desenvolvem os projetos instalados no núcleo do parque e outras que, mesmo não estando no núcleo, trabalham de forma integrada. O parque está entrando na fase de consolidação, o cronograma está dentro do determinado no planejamento estratégico que foi realizado
com a participação de toda cadeia produtiva. “Este ano estamos ampliando a área do parque com a inclusão de área da Esalq — Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, no perímetro do parque e vamos ultrapassar os dois milhões de metros quadrados que formam o local com áreas públicas e privadas. Estamos caminhando para consolidar uma parceria entre público e privado de sucesso, contamos inclusive com empresas de fora do Brasil e centros de pesquisa que estamos trabalhando em cooperação, algumas inclusive com projetos de instalação de laboratórios no núcleo do parque”, explica Flávio. Vinculados ao parque estão o CTC — Centro de Tecnologia Canavieira, IAC — Instituto Agronômico de Campinas, Esalq,
Fatec — Faculdade de Tecnologia de São Paulo, IFSP — Instituto Federal de São Paulo, Cena — Centro de Energia Nuclear na Agricultura, Unimep — Universidade Metodista de Piracicaba, Fumep — Fundação Municipal de Ensino de Piracicaba, Desenvolve SP, Investe São Paulo, Apex, BNDES — Banco Nacional do Desenvolvimento, Finep — Financiadora de Estudos e Projetos, Fapesp — Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, Acipi — Associação Comercial e Industrial de Piracicaba, Simespi — Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas, de Material Elétrico, Eletrônico, Siderúrgicas, Fundições e Similares de Piracicaba e Região, Coplacana — Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo, Ceise Br — Centro Nacional das Indústrias
do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis, Ciesp Piracicaba — Centro das Indústrias do Estado de São Paulo, Secretaria de Desenvolvimento do Estado de São Paulo, Ministério de Relações Exteriores, Ministério do Desenvolvimento, Ministério da Agricultura, Ministério de Minas e Energia, entre outros participantes. O foco é criar um ambiente empreendedor e prover a infraestrutura para o desenvolvimento de parcerias e negócios sustentáveis de base tecnológica, voltados para as cadeias de bioenergia e bioprodutos. “Estamos trabalhando em muitas frentes, na África, América Latina e Ásia, também fazemos um trabalho de fortalecer e promover nosso setor na Europa, buscando investidores e oportunidades de parcerias tecnológicas”, explica Castellari.
Projetos do Apla contribuíram com o setor nos anos de crise
Flávio Castellari, engenheiro executivo do Parque Tecnológico de Piracicaba
Para manter o bom ritmo de seu funcionamento mesmo durante os últimos cinco anos de crise no mercado interno, muitas empresas têm procurado os projetos do Apla — Arranjo Produtivo Local do Álcool e estão alcançando resultados positivos e se beneficiando com o suporte provido pelos projetos, informa o diretor executivo Flávio Castellari. Nos últimos nove anos, o Apla vem sendo o gestor de um programa de promoção da exportação de máquinas, equipamentos e serviços em parceria com a Apex que foi renovado quatro vezes. Além deste, o Apla realizou em conjunto com a Apex dois projetos, uma mostra tecnológica no Brasil e uma na África. Também nos últimos anos, os projetos vêm sendo usados como fonte de consulta e apoio de vários órgãos e instituições nacionais e internacionais, como BNDES — Banco Nacional do Desenvolvimento, MRE — Ministério das Relações Exteriores e isso nas questões relacionadas à produção e
processamento de cana-de-açúcar bem como de abertura e construção de mercado, principalmente para o continente Africano. Durante estes anos o projeto vem construindo e levando a imagem do setor sucroenergético para o mundo, participando em congressos, reuniões governamentais, missões comerciais, organizando rodadas de negócios e apresentações técnicas. “Levando nosso modelo de negócios que integra produção de alimento e energia e mostrando que a flexibilização e diversificação são as palavras-chave do sucesso do modelo brasileiro”, afirma o engenheiro executivo Flávio Castellari. Em números, foram um total de 66 missões internacionais organizadas pelo projeto, 35 países visitados, 106 empresas brasileiras participantes do Projeto Brazil Sugarcane 2016, 2.923.138.585 dólares em exportação das empresas participantes do projeto, 150 empresas apoiadas durante o período entre 2009 e 2016 e 110 países como destino das exportações. (LB)
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Produção de etanol a partir do sorgo volta à prancheta LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP
Está confirmado: a cultura de sorgo sacarino apresenta características agroindustriais que torna a matéria-prima economicamente promissora para a produção de bioetanol. Destaca-se por ciclo produtivo curto, baixo custo de implantação, propagação por sementes, processo totalmente mecanizado, além de apresentar elevada eficiência energética. Antes de seu florescimento, o sorgo sacarino é parecido com a cana-de-açúcar. Seu cultivo pode ser totalmente mecanizado, do plantio à colheita. Já o bagaço obtido após a extração do colmo é de ótima qualidade se comparado ao da cana, apresentando boa digestibilidade para alimentação animal direta. Os grãos também podem ser usados com esta finalidade, na forma de ração. Em pesquisa realizada pela Unesp — Universidade Estadual Paulista, de Jaboticabal – SP, o caldo de sorgo sacarino foi submetido a tratamento químico por calagem simples e posterior tratamento com enzimas amilolíticas alfa-amilase e amiloglucosidase, resultando no mosto. Após iniciar o processo fermentativo, o vinho foi recuperado e caracterizado, sendo calculadas a eficiência fermentativa e produtividade de etanol. O processamento de colmos integrais reduziu a produção de etanol, as épocas de colheita afetam a qualidade tecnológica do caldo aumentando os teores de fenol, refletindo sobre o processo fermentativo. De acordo com pesquisadora da Embrapa Clima Temperado, em Pelotas, RS, o processo de produção de etanol a partir do
Rafael Augusto da Costa Parrella, pesquisador de sorgo e de melhoramento de sorgo
sorgo usa tecnologia similar ao da cana. Por conta disso, as usinas não necessitam de grandes ajustes em suas estruturas. As maiores diferenças ocorrem no plantio, que no caso do sorgo é feito por meio de sementes e plantadeiras. Por ser rico em fibras, o resíduo do vegetal é bom para ser queimado junto com o bagaço de cana para a cogeração de bioeletricidade. O sorgo
sacarino também pode ser utilizado na fabricação de açúcar. Segundo Rafael Augusto da Costa Parrella, pesquisador de sorgo e de melhoramento de sorgo na Embrapa — Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária não existem muitas empresas que disponibilizam projetos e pesquisas a respeito do sorgo.
Brasil possui condições naturais favoráveis à produção de biomassa A escassez de recursos hídricos que tem afetado o Brasil nos últimos anos fez com que o país repensasse a matriz energética e o próprio consumo. A exemplo de outros países mais desenvolvidos, o Brasil voltou os olhos para alternativas sustentáveis na produção de energia. A energia produzida por meio de biomassa é uma das boas alternativas de energia limpa e vem ganhando mais espaço no mercado, principalmente no setor de usinas e indústrias que conseguem reaproveitar subprodutos de sua produção original. O sorgo se destaca entre os diferentes tipos de matérias-primas que podem ser usadas na produção energética com biomassa. Qualquer empresa que produza energia por meio de queima de biomassa em suas caldeiras pode utilizar o sorgo, que não necessita de nenhuma tecnologia específica para seu cultivo. Além de ser uma matéria-prima especial, que garante um aproveitamento melhor e total do produto, possui alto poder calorífico que otimiza o processo de geração de energia. Com as novas medidas governamentais que incentivam a microgeração e as
resoluções da COP 21, em que o Brasil traçou como meta aumentar de 28% para 33% as fontes renováveis de energia até 2030, é hora de avaliar também o tipo de matéria-prima que será utilizada nessa produção levando em conta o aproveitamento, custo e tempo. O cenário atual para estes produtos é
positivo e tudo indica que 2016 será um ano promissor. Diferente da energia eólica e solar, os fornecedores de biomassa são nacionais e seus preços não são muito afetados pela alta do dólar. Além disso, os incentivos apontados pelo governo podem facilitar o desenvolvimento de novas tecnologias para caldeiras e compra de equipamentos. (LB)
A Embrapa trabalha com o desenvolvimento dessa cultura desde os anos 70, mas quando aconteceu a crise do Proálcool houve uma paralização nacional nas pesquisas. Em 2008 a Embrapa retomou os projetos e continua o trabalho até hoje. O sorgo para produção de etanol de primeira geração, ou sorgo etanol, é recomendado para cultivo durante a entressafra da cana-de-açúcar, visando fornecer matériaprima adicional e aumentar a operacionalização das usinas, reduzindo a ociosidade neste período. Além da produção de etanol, o bagaço do sorgo é equivalente ao da cana para geração de energia, permitindo aumento das divisas, agregando valor à cultura. O crescimento da cultura do sorgo está associado ao setor sucroenergético do país. Os baixos preços praticados pelo etanol e energia no último ano não têm estimulado o investimento em novas tecnologias para ampliação da produção. No entanto, com a melhora no preço do etanol, este ano estão reaparecendo novos grupos interessados na cultura. “O crescimento do sorgo acompanha o crescimento do setor sucroenergético, e a crise atual do setor afetou o sorgo também. A ideia é que o sorgo chegue com a principal função de somar algo ao setor, aumentar a produção sem deslocar a cana-deaçúcar, mas preencher a lacuna das entressafras”, explica o pesquisador. A Embrapa continua trabalhando fortemente com o programa de melhoramento de sorgo para produção de etanol, desenvolvendo híbridos adaptados a esta finalidade, bem como aumentando a produtividade e rusticidade dos novos materiais para enfrentar os diferentes ambientes produtivos.
Em 12 anos e até 2015 BNDES financiou 285 projetos de geração de energia Entre 2003 e 2015, o BNDES — Banco Nacional do Desenvolvimento, destinou recursos a 285 projetos de geração de energia. Destes, 108 empreendimentos foram de energia eólica e biomassa, que receberam um total de R$ 22,7 bilhões em financiamentos. Em 2016, estima-se que a geração por biomassa vá adicionar 145 Megawatts de energia à matriz energética. O número ainda é pequeno quando comparado com energia eólica, que deve adicionar 2,9 Gigawatts, mas está abrindo caminho para crescer ainda mais nos próximos anos. O aumento na utilização de biomassa reduz o consumo de combustíveis fósseis, como petróleo e seus derivados, que não são matérias-primas renováveis. O Brasil possui condições naturais favoráveis à produção de biomassa e, portanto, tem tudo para assumir uma posição de destaque neste cenário. (LB)
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Equilíbrio desenvolve ciclone para secagem de DDG de milho no MT Para atender a demanda de uma usina de etanol derivado do milho, localizada no Estado de Mato Grosso, a Equilíbrio desenvolveu um ciclone para atuar na separação de particulados dos gases provenientes do sistema de secagem do subproduto DDG — Grãos Secos por Destilação. O equipamento atua na separação de resíduos com granulometria de 10 a 50 (μm) por meio de uma força centrífuga que age sobre as partículas carregadas pelo fluxo de gás, empurrando-as em direção às paredes, e retirando essas partículas do fluxo gasoso, obtendo assim, sucesso no processo.
Equipamento retém o farelo de milho, rico em proteína, evitando o descarte no meio ambiente De acordo com Alan Zanineli Amaral, um dos engenheiros responsáveis pelo projeto, no processo de fabricação do etanol de milho é gerada uma massa composta de milho e fermento rica em proteína. Deste composto proteico é extraída a levedura ou farelo do milho, alternativa economicamente viável para alimentação animal. A usina em
questão necessitava secar essa massa úmida para obter o máximo de aproveitamento do farelo do grão, reduzindo perdas e sem poluir o meio ambiente. “Com a instalação do novo ciclone da Equilíbrio foi possível ampliar a produção de DDG de milho, reduzindo perdas e o descarte no meio ambiente”, explicou. O equipamento tem aplicabilidade para usinas e plantas que tem exaustão e se torna atrativo pelo custo-benefício e simplicidade da aplicação. De acordo com Amaral, o ciclone da Equilíbrio tem também, entre suas vantagens, a resistência à corrosão e a altas temperaturas, até 400°C, além de baixa perda de carga. “Outra questão importante é o custo e o baixo consumo de energia, sendo um produto muito mais econômico”, acrescentou. O tempo médio para desenvolvimento e entrega do ciclone pela Equilíbrio varia de 45 a 90 dias, dependendo da complexidade da demanda e localidade do cliente. No entanto, o engenheiro garante que a manutenção deste equipamento é baixíssima e pode operar por um longo período. “Tudo vai depender do combustível ou do gás que está passando pelo equipamento e seu teor corrosivo e abrasivo”, concluiu. Equilíbrio 16 3946 2433 www.equilibrio.ind.br
Robô de chapisco se torna solução definitiva para moendas O processo de chapisco das moendas é um grande problema para as usinas. Chapiscar de forma manual é perigoso e ineficiente, com processos trabalhistas e falta de mão de obra. Os robôs de arame também não resolvem o problema de forma satisfatória, devido a necessidade de supervisão constante de um operador, baixa gramatura do chapisco e principalmente o alto custo do consumível. Para resolver o problema de forma definitiva, a Duo Automation, empresa com mais de 20 anos de experiência em robótica, desenvolveu e patenteou o primeiro Robô de Chapisco que utiliza o eletrodo como consumível. O eletrodo oferece a gramatura ideal do chapisco, o que gera uma maior aderência do bagaço e proteção das camisas. Além disso, os gastos com consumíveis podem ser 4 vezes menores do que o arame, uma economia de mais de 1 milhão de reais por moenda na safra. Em desenvolvimento desde 2012, o equipamento é totalmente automatizado e independente, atuando dentro das normas de segurança e projetado para duração de 10 anos dentro das condições da moenda com proteção IP65. A primeira unidade do robô operou com sucesso na Usina Junqueira do Grupo Raízen durante a safra de 2016. Duo Automation 19 3454 0415 www.duo.com.br
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Duraface passa a oferecer equipamentos para a preparação do solo e plantio Há muito tempo o agronegócio busca soluções tecnológicas que contribuam com o desempenho no campo, gerando, consequentemente, aumento na produção, diminuição no desperdício e redução de custos com mão de obra. Todas as marcas entenderam que investir em pesquisas é fundamental para o ganho de participação em um mercado sempre competitivo, mas que hoje, mais que nunca, exige que inovações façam parte do dia a dia das atividades no campo. A Duraface, líder mundial em soluções para o corte de cana, é uma das empresas que tem investido pesado em novos produtos, complementando sua linha e avançando a passos largos para ampliar sua gama de produtos. Hoje a Duraface também oferece equipamentos para a preparação do solo e plantio. Por exemplo, o novo PMS é um canteirizador que substitui vários outros implementos e funções, tornando a preparação mais eficaz, com menor custo. Ágil, necessita apenas de um trator de no mínimo 185cv, sistema hidráulico independente, com capacidade de 380 litros, acionados através de uma bomba hidráulica acoplada à tomada de força do trator, dispensando o uso do cardan. Dois trocadores de calor evitam o aquecimento do sistema hidráulico e a perda de torque. Quatro discos de corte plano oscilantes e flutuantes cortam a palha, duas hastes subsoladoras aletadas com desarme automático de mola helicoidal descompactam o solo até 900mm, dois discos recortados direcionam o solo descompactado para o rotor rotativo, dois rotores rotativos com vinte e quatro facas destorroam e incorporam a matéria orgânica a 200mm do solo e dois tubos niveladores se encarregam do acabamento. O PMS é a resposta que a Duraface deu ao produtor que exige cada vez mais, que trabalha com prazos sempre justos e sofre também pressões do mercado. Um equipamento multifunções cumpre o que se espera de uma empresa que trabalha com um corpo técnico de vanguarda. Hoje a existência de tratores autônomos já é tratada como
certeza para os próximos anos. Ou seja, focar em tecnologia, produtos versáteis e robustos é um caminho sem volta. As empresas que perceberem isso rapidamente dominarão um mercado que tem muito espaço para crescer ainda.
Duraface 19 3508 0300 www.duraface.com.br
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Em retrospectiva, E-Machine mostra desafios vencidos em 2016 A E-Machine, empresa comercial 100% brasileira, localizada em meio a maior concentração de usinas e destilarias de álcool e de açúcar do mundo em Ribeirão Preto, SP, tem, à sua disposição, os principais fornecedores de máquinas e equipamentos do setor, as melhores terras para o cultivo da cana-de-açúcar e os mais avançados centros de pesquisa e tecnologia. André Alioti, diretor E-Machine explica sobre os desafios de 2016 e as perspectivas para 2017. “Desafiador! Eis a definição para o ano
de 2016. Investimentos travados e mudanças na economia, na política e na sociedade em geral transformaram a maneira de fazer negócios. Mesmo diante das incertezas que pairavam no horizonte político-econômico do país, no segundo semestre, o mercado passou a sinalizar alguma reação. A reação também foi sentida no setor sucroenergético, a qual se refletiu nas operações da E-Machine, tradicional e maior empresa comercial de máquinas e equipamentos do citado setor, com pátio com 48.000m².
Os investimentos promovidos pela EMachine durante o ano de 2016 incidiram sobre a duplicação de suas instalações (2.600 metros quadrados de barracão e escritórios) e no seu corpo de profissionais e em ferramentas de gestão, sendo a única empresa do segmento a contar com o SAP Business One Cloud. Mas não é só. A E-Machine, além do comércio de máquinas e equipamentos sucroenergéticos, passou a atuar no comércio de peças novas relacionadas ao ambiente automotivo, agrícola e industrial.
Para tanto, construiu diferenciado depósito de peças com 1.200 m², onde se pode encontrar e comprar, com rapidez e comodidade, os mais variados tipos de peças. “Fé, inovação, investimento muita dedicação e planejamento. 2016 serviu-nos de inspiração para fazermos ainda mais em 2017”, conclui a diretoria. E-Machine 16 3511 9000 www.e-machine.com.br
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