JornalCana 279 (Abril/2017)

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w w w . j o r n a l c a n a . c o m . b r Abril/2017

Série 2

Nº 279 CARLOS SILVA DOS SANTOS

20% SOBRE O ETANOL IMPORTADO JÁ! Setor em peso foi a Brasília pedir pela volta da taxação

IMPRESSO - Envelopamento autorizado. Pode ser aberto pela ECT.


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ÍNDICE DE ANUNCIANTES

Abril 2017

Í N D I C E ANTIBIÓTICOS - CONTROLADORES DE INFECÇÕES BACTERIANAS BETABIO / WALLERSTEIN11 38482900

D E

A N U N C I A N T E S

GRÁFICA SÃO FRANCISCO

16 21014151

40

22

IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS ÁREAS DE VIVÊNCIA ALFA TEK

DMB

17 35311075

17

INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO E

AUTOMAÇÃO DE ABASTECIMENTO DWYLER

16 39461800

3

11 26826633

CONTROLE

25

METROVAL

19 21279400

13

62 30883881

4

AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL AUTHOMATHIKA

16 35134000

14

DANFOSS DO BRASIL

11 21355400

43

METROVAL

19 21279400

13

IRRIGAÇÃO IRRIGA ENGENHARIA

MONTAGENS INDUSTRIAIS ENGEVAP

BALANCEAMENTOS INDUSTRIAIS VIBROMAQ

16 39452825

42

CALDEMA

16 39462700

11

ENGEVAP

16 35138800

31

17 35311075

3

31

NUTRIENTES AGRÍCOLAS

CALDEIRAS

UBYFOL

34 33199500

5

PEÇAS AGRÍCOLAS E INDUSTRIAIS E-MACHINE

CARRETAS ALFA TEK

16 35138800

16 35119000

39

PLANTADORAS DE CANA DMB

16 39461800

17

CARROCERIAS E REBOQUES SERGOMEL

16 35132600

PRODUTOS AGRÍCOLAS

38

SIPCAM NICHINO

CENTRÍFUGAS VIBROMAQ

16 39452825

MARKANTI

16 39413367

CONTROLE DE FLUIDOS METROVAL

19 21279400

15 34719090

16 35138800

7

31

DANFOSS DO BRASIL

16 35134000 11 21355400

15

DATAGRO

11 41333944

19

REED ALCANTARA

11 30605000

23

SINATUB

16 35124300

6, 12

SUGAR & ETANOL BRASIL 44 (0) 2033773658 20

KOPPERT DO BRASIL

22

REFRATÁRIOS REFRATÁRIOS RP

27

16 36265540

41

SOLDAS INDUSTRIAIS MAGÍSTER

16 35137200

9

SOFTWARE INDUSTRIAIS S-PAA

16 35124312

29

44 3351 3500

2

TRANSBORDOS

FERTILIZANTES

EQUIPAMENTOS E MATERIAIS ELÉTRICOS AUTHOMATHIKA

19 34753055

ETHANOL SUMMIT

ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO CIVIL ENGEVAP

SOLENIS

FEIRAS E EVENTOS 13

DEFENSIVOS AGRÍCOLAS KOPPERT DO BRASIL

BETABIO / WALLERSTEIN11 38482900

ESPECIALIDADES QUÍMICAS 4, 44

21

PRODUTOS QUÍMICOS

42

COLETORES DE DADOS

34 33195550

15 34719090

14

GESTÃO INDUSTRIAL

43

PRÓ-USINAS NA ESTRADA 16 35124300

7

TESTON

TUBULAÇÕES PARA VINHAÇA 28

DHC TUBOS

18 36437923

8


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CARTA AO LEITOR

Abril 2017

índice

carta ao leitor

Agenda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6

Josias Messias

Cana Livre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .8 e 9

Hora de valorizar nosso etanol!

Vede os campos... e os fotografe Entrevista - Cinthia Xavier Martins de Lima (Dia Internacional da Mulher)

Tecnologia Industrial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .10 a 16 Eletrificação de acionamentos otimiza plantas industriais Usina faz mudanças e aprimora sistema de limpeza de cana

Tecnologia Agrícola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 a 25 Doutores da Cana Envelhecimento dos canaviais impulsiona retomada da reforma Artigo - Fatores que afetam a maturação da cana (Carlos Crusciol) ESPAÇO FITOTÉCNICO – Grupo discute todas as áreas do plantio Usinas se envolvem na luta contra a mosca-dos-estábulos

Ação Social & Meio Ambiente . . . . . . . . . . . . . . . . .26 Dia mundial da água é também de alerta para as usinas SANTA VITÓRIA AMBIENTAL!

Logística & Transportes . . . . . . . . . . . . . . . . . .28 a 30 Setor mineiro pensa em alternativas para reduzir custos de transporte Logística canavieira atrai olhares internacionais

Política Setorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31 e 32 Capa - Maioria do setor quer volta da tarifa de 20% sobre o etanol

importado

Administração & Legislação . . . . . . . . . . . . . . .34 a 36 COMUNIQUE-SE OU FRACASSE! Qualificação pode ser a melhor aposta para o final da crise

Saúde & Segurança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37 e 38 Usinas mantêm boas práticas na área de segurança do trabalho

Produção

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .40 e 41

Parque Quissamã não teve chance de começar Este primeiro semestre é decisivo para o setor

Negócios & Oportunidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .42

AMOR DE VERDADE “O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor”. (Paulo, no capítulo 13 da primeira carta aos Coríntios , versos 4 e 5)

josiasmessias@procana.com.br

Uma audiência com o ministro da Agricultura Blairo Maggi no último dia 15 de março acabou transformada em movimento político que pressionou o governo a reativar a taxação de 20% sobre o etanol importado, zerada desde 2011 pelo governo Dilma. Também serviu como palanque para o setor reafirmar que contribuirá com o governo para o sucesso do RenovaBio, o plano nacional de desenvolvimento do setor de biocombustíveis, lançado em dezembro último e que pretende dobrar a produção brasileira de etanol até 2030. Saudado pelo setor como o primeiro grande plano efetivamente de ação e de orientação para o setor, o RenovaBio, contudo, ainda é embrionário e precisa ser sempre lembrado nos corredores do Poder para manter a vontade política em sua implementação. Mas há uma outra solicitação do setor que possui todas as justificativas para que o governo a encampe, ainda que venha a ser criticada como reserva de mercado. Trata-se da reivindicação da reativação da taxação pelo Governo de 20% sobre a importação de etanol pelo Brasil. O documento de mais de 400 páginas foi entregue por 18 parlamentares, entre senadores e deputados federais, pelos principais representantes do setor nordestino, mineiro, paranaense e goiano a Blairo Maggi (veja matéria nas páginas 31 e 32). Nele, o setor explica ao governo que a manutenção da tarifa zero de importação para o etanol ampliará o impacto negativo que o setor vem sentindo. O estado de Alagoas, por exemplo, não vendeu uma gota de etanol à BR Distribuidora de janeiro a março deste ano. Os outros estados também sofrem com a concorrência, que consideram desleal, uma vez que os importadores não pagam a mais pelo produto e ao mesmo tempo também não precisam arcar com as obrigações que o produtor tem, como manter o estoque e garantir o abastecimento, entre outras. É uma diferença que hoje gira em torno de R$ 400,00 por metro cúbico e, pior, que não é repassada em desconto na bomba para o consumidor. Na formação do preço em relação à gasolina, o etanol da cana-de-açúcar precisa ser mais valorizado financeiramente do que o derivado do milho, em razão da sua sustentabilidade e de seu balanço energético superior. Diretrizes estratégicas contidas no RenovaBio preconizam parâmetros ambientais, como a quantificação de quanto cada biocombustível contribui para a descarbonização da atmosfera. A tendência é de que mais cedo ou mais tarde (esperamos que seja mais cedo) o percentual de descarbonização seja levado em conta nos cálculos de preços mundiais, sendo o etanol já uma commodity global ou não. O que importa agora é que o setor precisa se resguardar e voltar a ser protegido pela taxação de 20% sobre o etanol importado porque isto ajudará todas as regiões produtoras, especialmente o Nordeste. Para isto, basta uma decisão favorável da Camex, a Câmara de Comércio Exterior. Valorizar o elo mais exigido da cadeia é a melhor forma de valorizar o etanol e nosso Brasil!

NOSSOS PRODUTOS

COMITÊ DE GESTÃO Presidência Josias Messias josiasmessias@procana.com.br

ISSN 1807-0264 Fone 16 3512.4300 Fax 3512 4309 Av. Costábile Romano, 1.544 - Ribeirânia 14096-030 — Ribeirão Preto — SP procana@procana.com.br

Administração Luis Paulo G. de Almeida luispaulo@procana.com.br

Comercial & Eventos Rose Messias rose@procana.com.br

www.jor nalcana.com.br RELACIONAMENTO COM CLIENTES Áreas ADM & Agrícola Lucas Messias 16 99128.6551 lucas.messias@procana.com.br

NOSSA MISSÃO

Comercial & Marketing Lucas Messias lucas.messias@procana.com.br

sucroenergético, disseminando conhecimentos, estreitando relacionamentos e gerando negócios sustentáveis”

Controladoria & TI Mateus Messias presidente@procana.com.br

Assistente Thaís Rodrigues thais@procana.com.br

Jornalismo Alessandro Reis editoria@procana.com.br

REDAÇÃO Editor Luiz Montanini editor@procana.com.br

Editor de Arte - Diagramação José Murad Badur

Área Industrial Robertson Fetsch 16 9 9720 5751 publicidade@procana.com.br

“Desenvolver o agronegócio

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Assinaturas & Exemplares Paulo Henrique Messias (16) 3512-4300 atendimento@procana.com.br www.loja.jornalcana.com.br

Arte Gustavo Santoro arte@procana.com.br

Revisão Regina Célia Ushicawa

Marketing Luciano Lima luciano@procana.com.br

FINANCEIRO contasareceber@procana.com.br contasapagar@procana.com.br

PUBLICAÇÕES

EVENTOS

JornalCana - O MAIS LIDO! Anuário da Cana Brazilian Sugar and Ethanol Guide A Bíblia do Setor! JornalCana Online www.jornalcana.com.br BIO & Sugar International Magazine Mapa Brasil de Unidades Produtoras de Açúcar e Álcool

Prêmio MasterCana Tradição de Credibilidade e Sucesso Prêmio BestBIO Brasil Um Prêmio à Sustentabilidade Fórum ProCana USINAS DE ALTA PERFORMANCE SINATUB Tecnologia Liderança em Aprimoramento Técnico e Atualização Tecnológica

Artigos assinados (inclusive os das seções Negócios & Oportunidades e Vitrine) refletem o ponto de vista dos autores (ou das empresas citadas). JornalCana. Direitos autorais e comerciais reservados. É proibida a reprodução, total ou parcial, distribuição ou disponibilização pública, por qualquer meio ou processo, sem autorização expressa. A violação dos direitos autorais é punível como crime (art. 184 e parágrafos, do Código Penal) com pena de prisão e multa; conjuntamente com busca e apreensão e indenização diversas (artigos 122, 123, 124, 126, da Lei 5.988, de 14/12/1973).


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AGENDA

Abril 2017

A C O N T E C E FENASUCRO & AGROCANA 2017

SEMINÁRIO FITOTÉCNICO O 19º Seminário de mecanização e produção de cana-deaçúcar do grupo Fitotécnico aconteceu nos dias 29 e 30 de março de 2017. O encontro foi realizado no Centro de Eventos Taiwan em Ribeirão Preto, SP. O evento abordou temas, como: agilidade no tempo de reposição de peças, manutenção mecânica integrada às operações agrícolas, a polêmica sobre o sistema de preparo profundo do solo, a aplicação da lei da balança sobre as grandes composições no transporte de cana, as novidades no preparo de solo e plantio mecanizado, entre outros assuntos.

A Fenasucro & Agrocana acontece nos dias 22 a 25 de agosto, no Centro de Eventos Zanini, em Sertãozinho, SP e reúne os líderes do mercado e seus principais compradores vindos de todo o Brasil e de mais de 40 outros países. Neste ano, a expectativa é receber mais de 32 mil visitantes/compradores e chegar a uma geração de negócios de cerca de R$ 3 bilhões, concluídos até seis meses após o evento.

CURSOS SINATUB EM 2017 A ProCana Sinatub, líder na realização de cursos e treinamentos técnicos para a área industrial das usinas, divulga sua agenda de cursos deste 2017. Todos os eventos acontecerão em Ribeirão Preto, SP.

PRÊMIOS MASTERCANA A agenda da maior premiação do setor sucroenergético brasileiro já está fechada para este 2017. Em 22 de agosto, em Ribeirão Preto, acontece o Prêmio MasterCana CentroSul; em 6 de novembro será realizado o prêmio MasterCana Brasil, em São Paulo, capital. Agende-se. www.mastercana.com.br

17 e 18 de maio Custos, Perdas e Gestão Industrial Diversificação e Máximo Aproveitamento Agroindustrial

29 de novembro Recepção, Preparo e Extração (Moenda e Difusor)

21 e 22 de junho Caldeiras, Vapor e Energia

30 de novembro Fabricação, Secagem e Embalagem de Açúcar

20 e 21 de setembro Processos e Fermentação Destilação, Desidratação e Aproveitamento de Vinhaça

ProCana Sinatub 16 3512 4300 www.sinatub.com.br


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CANA LIVRE

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VEDE OS CAMPOS... E OS FOTOGRAFE 12º Prêmio New Holland de Fotojornalismo já tem os seus vencedores; foram quase 1.600 imagens inscritas DA R EDAÇÃO

O 12º Prêmio New Holland de Fotojornalismo já tem os seus vencedores. Os quatro premiados foram escolhidos pelos jurados e receberão o prêmio durante a Agrishow 2017, que acontece em Ribeirão Preto (SP), no início de maio. Ao todo, foram inscritas 1.592 imagens no Prêmio deste ano.

O fotógrafo brasileiro Sérgio Ranalli foi o vencedor do Grande Prêmio na categoria Profissionais. Ele receberá R$ 15 mil com a melhor foto da América do Sul. O Prêmio Especial na categoria Profissionais Máquinas New Holland, com imagens de produtos da marca no campo, teve como vencedor Alberto Alejandro Elias, da Argentina. Ele também levará um prêmio de R$ 15 mil. Já Flávio Benedito Conceição, do Brasil, foi o ganhador na categoria Aficionados (amadores) e levará R$ 5 mil pela foto Raios de Sol sobre o trigo. O vencedor na categoria Aficionados Máquinas foi o argentino Verkuyl Victor Marcelo e receberá o mesmo valor. Além das quatro fotos premiadas, o júri selecionou outras 26 imagens para compor uma exposição itinerante que vai percorrer os

1º lugar profissional geral: Sérgio Reghin Ranalli com a foto “O agricultor observa o céu de geada”

países participantes da América do Sul. O prêmio New Holland de fotojornalismo tem como objetivo contemplar o trabalho dos apaixonados pela fotografia na agricultura, analisando sob os critérios de originalidade, enquadramento, relevância e contextualização. Formado por sete pessoas, o júri desta edição foi composto por fotógrafos profissionais e especialistas em agronegócio. Secretário-geral do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Neri Geller considera o prêmio um estímulo ao que acontece na agricultura atualmente. “Valoriza a arte e o que está dando certo no País. Saio daqui muito animado. É uma obrigação nossa, do ministério, apoiar e acompanhar estes eventos porque mostra

para a sociedade o que fazemos no campo”, afirma o ministro. O fotógrafo Angel Amaya, editor do diário La Capital (Argentina), notou que há, principalmente entre os aficionados, uma paixão pela fotografia. “O prêmio une diferentes países pela imagem, nos une como povo latino-americano. Foi maravilhoso poder desfrutar este tempo aqui”. Em 12 anos de concurso, foram inscritas cerca de 21 mil imagens e realizadas 190 exposições em 105 cidades de cinco países para um público de 500 mil pessoas. O prêmio é um projeto cultural realizado pela Mano a Mano Projetos, apoiado pela Lei de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura e patrocinado pela New Holland e Banco CNH Industrial.

Flávio Benedito Conceição: ganhador na categoria Aficionados com a foto “Raios de Sol sobre o trigo”


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Entrevista — Cinthia Xavier Martins de Lima

“De superação, a mulher entende bem” todos os eventos, reuniões e oportunidades. Além disso, precisamos ter um olhar crítico e cuidadoso nos processos seletivos internos.

LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP

A gerente de recursos humanos da Usinas Itamarati, Cinthia Xavier Martins de Lima conta como foi a evolução do papel da mulher dentro do setor sucroenergético e como elas ganharam seu espaço que ainda hoje precisa crescer mais e ser mais valorizado. O JornalCana a entrevistou como forma de homenagear a todas as mulheres envolvidas com o setor sucroenergético. Veja a entrevista comemorativa ao Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março: JornalCana — Quais são as principais dificuldades da mulher dentro do setor? Cinthia Xavier Martins de Lima — Historicamente, até há alguns anos só se admitia mulheres para as atividades administrativas, rural (manual), limpeza e alimentação. Essas atividades eram entendidas como as mais apropriadas às mulheres, por questões culturais e até de preconceito. Essa foi a grande barreira que nós tivemos que romper no setor. As mulheres, acabavam se acomodando e aceitando essa situação. Para fazer a mudança, elas precisaram voltar a estudar e se qualificar a fim de buscar outras oportunidades que não eram, até então, disponibilizadas. Foi necessário que elas se qualificassem em outras áreas, por exemplo, nas operações de mecanização agrícola e nos processos industriais. Um outro grande desafio foi romper os paradigmas internos quanto a sua “condição feminina”, de “fragilidade e necessidades especiais”. Quais são as medidas da Itamarati para ajudar na inclusão da mulher e para acabar ou reduzir a mentalidade machista e sexista em muitas empresas?

Quais são os motivos que as mulheres têm para comemorar neste mês de março? Motivos não faltam para comemorarmos. A mulher ganhou autonomia, projeção social e política, respeito e valorização no mercado de trabalho. Estão ocupando outros cargos nas empresas, anteriormente destinados aos homens. Ganhamos destaque nas redes sociais e conscientização quanto aos nossos direitos como mulher, mãe e cidadã. O número de mulheres no setor anda crescendo? Vai crescer mais? O número de mulheres vem crescendo muito e não vai parar. É uma realidade que não tem volta. Mulheres são estudiosas, cuidadosas com seus equipamentos, quebram menos as máquinas e veículos, controlam os próprios temperamentos e são muito focadas em resultados.

Cinthia Xavier Martins de Lima, gerente de recursos humanos da Usinas Itamarati

Seria necessário criar programas em várias vertentes, como na aceleração da escolaridade; qualificação e aperfeiçoamento nas operações agrícolas e industriais, além da mudança de cultura sobre as condições de trabalho para o público feminino e conscientização e valorização da mulher. O tema vem sendo trabalhado interna e externamente, na Semana Socioambiental, há 10 anos aqui na empresa e em

Quais medidas precisam ser tomadas para melhorar ainda mais esse cenário? O Brasil precisa avançar em políticas públicas para mulheres. Assim como as empresas precisam de políticas e projetos especiais para a inclusão da mulher, dando a elas os mesmos direitos ao crescimento na carreira e salários iguais aos dos homens. Quando a mulher aumentar sua representatividade no panorama político do país, poderá fazer com que as mudanças necessárias à quebra de paradigmas das minorias e do sexo frágil sejam finalmente realizadas e superados. E de superação, a mulher entende bem.


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Eletrificação de acionamentos otimiza plantas industriais Tecnologia possibilita uso de redutores avançados, proporcionando obtenção de ganhos na extração de caldo e na geração de energia R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

A eletrificação dos acionamentos tem sido fundamental para a otimização das plantas industriais de unidades sucroenergéticas, possibilitando, por exemplo, a obtenção de ganhos expressivos para quem comercializa bioeletricidade. “As turbinas, utilizadas antigamente para acionamento de moenda, tinham pouca eficiência. Acionamento elétrico economiza muito mais vapor”, compara Edson Donizeti Barbosa, supervisor de manutenção elétrica e automação da Usina Vale do Paraná, de Suzanápolis, SP. Segundo ele, a eletrificação possibilitou o surgimento de redutores mais eficientes. As usinas têm optado por

acionamentos elétricos há algum tempo – diz. “A utilização de acionamentos com turbina agora é rara. Não faz mais sentido. É tudo eletrificado”, enfatiza. A substituição de turbinas começou a ser viabilizada com o desenvolvimento dos inversores de frequência utilizados na variação da rotação dos motores elétricos, que possibilitaram um avanço importante no acionamento de moendas – explicam especialistas da área. A praticidade dos motores elétricos criou condições também para o surgimento de novas concepções de acionamentos, voltados ao atendimento das demandas geradas pela maior capacidade de extração das novas unidades sucroenergéticas. O sistema de controle e automatização dos acionamentos elétricos é “mais preciso e mais fino”, possibilitando a obtenção de ganhos na extração do caldo e na geração de energia com a redução de umidade do bagaço – observa Edson Barbosa. “Para quem exporta energia, a eletrificação é o ideal. A usina tem um ganho elevado. A cogeração é uma fonte de renda muito importante”, destaca.

Edson Donizeti Barbosa, supervisor de manutenção elétrica e automação da Usina Vale do Paraná, de Suzanápolis, SP

Vale do Paraná deve moer em torno de 1,5 milhão de toneladas Com início programado para meados de abril, a safra 2017/18 deverá moer entre 1,5 milhão a 1,6 milhão – prevê Edson Barbosa. “Vai cair um pouco, porque no ano passado houve problema com produção de matériaprima”, comenta. A Vale do Paraná está sendo preparada para moer de 1,9 a 2 milhões em 2020. Com aumento da moagem, haverá maior disponibilidade de bagaço para cogeração de

energia – afirma. A expansão da usina de Suzanápolis tem sido viabilizada pelos investimentos e iniciativas dos grupos guatemalteco Pantaleon e o colombiano Manuelita – proprietários dessa unidade –, que são parceiros de longa data. O projeto de ampliação da capacidade de geração de energia conta também com investimentos da francesa Albioma. (RA)


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Vale do Paraná exportará energia elétrica a partir de 2021 A performance positiva, obtida com o sistema de acionamento, faz parte de um conjunto de medidas adotadas pela Vale do Paraná visando garantir e elevar a eficiência energética de sua planta industrial. A usina tem inclusive autorização para a implantação de termelétrica voltada à venda de bioeletricidade. A Vale do Paraná firmou contrato com a Aneel – Agência Nacional de Energia Elétrica para a entrega de 20 megawatts-hora (MWh) a partir de abril de 2021.

Manutenção da turbina é mais complicada e trabalhosa Outra vantagem do sistema eletrificado está relacionada à manutenção que tem menor custo. “É muito mais difícil o motor apresentar problema. A manutenção da turbina precisa ser feita com maior frequência. Além disso, é mais complicada e

trabalhosa” – constata Edson Barbosa. A vida útil do motor elétrico, que varia entre 25 a 30 anos, dependendo do modelo, é maior do que a da turbina, que é de 15 a 20 anos. “Há uma diferença de cinco a dez anos. É um fator positivo”, enfatiza. (RA)

Usina adota diversas medidas para aumentar a geração de bioeletricidade, incluindo principalmente a implantação de termelétrica O projeto está em fase de encaminhamento do processo de licenciamento ambiental – informa Edson Barbosa, supervisor de manutenção elétrica e automação. “Estamos correndo para deixar tudo pronto em 2020”, afirma. A Vale do Paraná fará um retrofit da caldeira, que atualmente trabalha com 21

kgf/cm². A nova configuração terá 65 kgf/cm², 520 graus, 210 toneladas de vapor. Além da obra civil, a termelétrica exigirá ainda a aquisição de mais uma turbina e mais um gerador e a implantação de uma linha de conexão – detalha. “Vamos instalar uma máquina de 30 MW. Haverá uma faixa para vender no spot”, diz. Do total de energia que será cogerada, 20 MW estão comprometidos com a Aneel. Foram vendidos em leilão, a um preço fixo. Outros 10 MW estarão disponíveis para o mercado. Para o consumo interno, a Vale do Paraná gerou aproximadamente 9 MWh na safra 2016/17 – revela. A usina produzia exclusivamente etanol anidro e hidratado até o ano passado. Com a entrada em operação da fábrica de açúcar VHP no ciclo 2017/18 – prevista para maio –, o total gerado para consumo deverá ficar entre 10 a 11 MWh – calcula Edson Barbosa. A fábrica estará preparada para produzir até 17 mil sacos de açúcar por dia. A usina tem capacidade de moagem instalada para 12 mil toneladas de cana por dia, o que equivale a mais de 2,5 milhões de toneladas para uma safra de 210 dias. No ciclo 2016/17, essa unidade sucroenergética moeu um pouco mais de 1,6 milhão. (RA)


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Planetário rolo a rolo possibilita automação mais eficiente O sistema de acionamento da Vale do Paraná é totalmente eletrificado. Na moenda, essa unidade sucroenergética de Suzanápolis utiliza redutores planetários, modelo individual, um para cada rolo – informa Edson Barbosa.

Uso de tecnologia mais avançada corrigiu problemas de modelos de redutor que exigiam bastante manutenção quando foram lançados “O rolo a rolo é o melhor, porque possibilita uma automação mais eficiente. O de aplicação central não tem o mesmo desempenho nessa área”, observa. Segundo Edson Donizeti Barbosa, supervisor de manutenção elétrica e automação da Usina Vale do Paraná, de Suzanápolis, SP, o planetário apresentava, quando foi lançado no setor sucroenergético, problemas de manutenção, pois era caracterizado por um fator de serviço muito baixo. Em consequência disto, havia muito problema com rolamento e com as próprias engrenagens – revela. Para acionamento de moenda, como o

Acionamento em funcionamento na Usina Vale do Paraná, de Suzanápolis, SP

torque é muito alto, as empresas melhoraram o fator de potência dos planetários. Apesar de ter iniciado as suas operações em 2008, a própria Vale do Paraná já trocou os seus planetários, passando a contar com equipamentos dotados de uma tecnologia mais avançada. “No início, a usina utilizava acionamentos com fator 1 ou 1,5; há três anos adquiriu equipamentos com fator de serviço 3. Melhorou muito”, diz. Em outros setores do processo de produção, a planta industrial da usina Vale do

Paraná conta com redutores paralelos ou planetários, dependendo da necessidade de cada área. “A usina tem planetário na mesa alimentadora e paralelo no gerador”, exemplifica Edson Barbosa. O setor de preparo de matéria-prima para extração não usa redutor. “É acionamento direto. Possui um motor, de 6.000 cv, instalado diretamente no eixo”, explica. A Vale do Paraná utiliza o desfibrador extrapesado. Não tem o picador no preparo de matéria-prima, que é inclusive colhida mecanicamente, ou

seja, já vem picada do campo. “É uma máquina só, com motor direto, de alta potência, que trabalha em 13.8. Com isto, há também ganho de eficiência na caldeira com economia no consumo de vapor”, destaca. O sistema de preparo da cana com desfibrador extrapesado costuma apresentar maior eficiência em comparação ao preparo convencional na abertura de células. De maneira geral, o índice supera entre 2% a 3% o resultado obtido pela dupla picador e desfibrador. (RA)


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Usina faz mudanças e aprimora sistema de limpeza de cana Processo original exigia manutenção com frequência e tinha baixa disponibilidade operacional R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

Os sistemas de limpeza de cana não têm, em diversos casos, apresentado um desempenho satisfatório em relação à remoção de impurezas minerais e vegetais ou mesmo no quesito disponibilidade do equipamento, exigindo frequentes intervenções de manutenção durante a safra. Com o objetivo de equacionar problemas apresentados por equipamentos adquiridos junto ao mercado fornecedor, usinas e destilarias estão realizando mudanças e adaptações em sistemas de limpeza de cana, contando com a parceria – ou não – de fabricantes. O resultado deste trabalho de aprimoramento da tecnologia tem sido positivo. Entre as experiências bem-sucedidas no setor sucroenergético, um dos destaques é a iniciativa de uma equipe da área industrial da Usina São José da Estiva, de Novo Horizonte, SP, que resolveu agir por conta própria – sem a participação do fornecedor – em um sistema de limpeza de cana a seco adquirido por essa unidade. “Havia necessidade de manutenção com frequência. Quebrava muito. Ficava bastante tempo parado”, revela Sérgio Luiz Corinto Silva, encarregado de moenda. Na Usina Estiva, as mudanças extrapolaram o trabalho de aprimoramento da tecnologia. Houve uma mudança de conceito do sistema de limpeza a seco para outro processo que utiliza também água, sem deixar de lado a preocupação com a redução do consumo. A lavagem, neste processo, é da palha, e não da cana como ocorria antes da colheita mecanizada. O sistema dessa unidade

Transportadores de palha para o terno de 26” x 48” e acionamento na Usina Estiva

Sistema de limpeza de cana na Usina Estiva, de Novo Horizonte, SP

sucroenergética de Novo Horizonte continua usando o recurso da ventilação na cana para separação das impurezas. O ventilador centrífugo faz a remoção de impurezas no momento em que a cana é descarregada da mesa para a esteira. No projeto original, a palha – separada pela sopragem – caía numa esteira de borracha que transportava essa biomassa da cana. “Agora uma cortina de água é lançada por cima dessa palha que ganha peso e acaba sendo direcionada para baixo”, explica Sérgio Corinto. Para a condução dessa palha é usado um cush-cush com peneira – detalha. A tela é responsável pela separação da impureza vegetal da mineral junto com a água.


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Terno de moenda prepara a palha para queima na caldeira No projeto anterior, a palha era transportada para trituradores/picadores que preparavam a biomassa para a queima na caldeira. No atual, a palha é conduzida até um terno de moenda convencional onde é esmagada – observa Sérgio Corinto. Nesta etapa, ocorre também a retirada do restante da água desse material decorrente da lavagem no cush-cush. Com a substituição do conceito de picar para o de esmagar, a palha passou a apresentar características físicas mais adequadas para a queima na caldeira. Para a diminuição da umidade – que atinge índices entre 50% a 55% –, a palha é misturada a uma grande quantidade de bagaço, ficando em

Sistema conta com automação eficiente que utiliza, por exemplo, o intertravamento para evitar problemas de sobrecarga e embuchamento. repouso de um a dois dias, antes da queima, diz o encarregado de moenda da usina. O processo de limpeza de cana da

Estiva conta também com um sistema de automação eficiente. Há a utilização do conceito de intertravamento. Quando qualquer equipamento para, o seguinte também interrompe a operação – diz. “É para não ter problema de sobrecarga, embuchamento”, comenta. Há ainda intertravamentos individuais de diversos equipamentos que podem evitar a ocorrência de transtornos. Um exemplo é no redutor planetário do acionamento do terno, onde há verificação da pressão e fluxo do óleo de lubrificação. Possui chave desacoplamento do motor. Entre outras soluções proporcionadas pelo intertravamento, o sensor de bucha do Donelly desliga os cush-cush e ventiladores

caso o nível do Donelly ultrapasse um valor máximo. A automação do sistema possibilita facilidade de operações por meio de controles PID (Proporcional-IntegralDerivativo) e monitoramento de variáveis. Com a utilização de controlador lógico programável e sistema de supervisão, toda a operação – informa a Usina Estiva – é realizada no supervisório da moenda, na sala de controle. Entre os benefícios proporcionados pela automação do sistema inclui o controle da vazão de água da cortina para mantê-la estável visando a obtenção de máxima eficiência no direcionamento da palha e areia para o cush-cush. (RA)

Sistema de limpeza de cana na Usina Estiva, de Novo Horizonte, SP

Redução de impurezas minerais evita desgastes em equipamentos O processo de limpeza de cana, modificado e aprimorado pela Usina Estiva,

Solução desenvolvida pela Estiva possui circuito fechado de água e tem baixo índice de reposição tem apresentado resultados positivos. As adaptações começaram a ser projetadas e implantadas em 2013 e o “novo” sistema entrou em operação no ano seguinte – conta Sérgio Corinto. Há diversos ganhos proporcionados pelo sistema, como a elevação do

rendimento da extração. A palha separada pela ventilação/sopragem não vai mais para a moagem junto com a cana. Somente na safra 2016/17 foram retiradas 44.590,477 toneladas de palha do processo – informa. A usina teve uma moagem de 3,259 milhões de toneladas de cana. A redução das impurezas minerais é outro benefício proporcionado pelo sistema, o que evita entupimentos em bombas, desgastes em diversos equipamentos, como: moendas, caldeiras, decantadores, entre outros transtornos. Em consequência disto, há uma diminuição de gastos com manutenção industrial. No primeiro mês de funcionamento do sistema, em junho de 2014, as medições de retirada de impurezas minerais, indicaram uma eficiência que variou entre 27% a 38%.

Segundo o encarregado de moenda da usina, para a obtenção de um resultado mais positivo na remoção de impurezas minerais, haveria necessidade de uma mesa alimentadora mais adequada, com maior capacidade, para que ela “tivesse uma rotação com menor velocidade”. A cana picada cai, de maneira rápida, sobre as esteiras para atender a necessidade de moagem da unidade. Haveria condição mais favorável para essa mudança, no entanto, se o projeto fosse desenvolvido, desde o seu início, pela equipe da área industrial da Estiva – diz. “De maneira geral, a melhora é significativa em relação ao sistema de limpeza de cana a seco original. O outro era bastante ineficiente. O processo atual tem muito pouca manutenção. O desgaste que o terno preparador/secador sofre é pequeno.

Não há quase nada de manutenção durante a safra. Em outros sistemas, é preciso fazer manutenção com frequência”, compara. Além da disponibilidade do equipamento, outro destaque do processo modificado e aprimorado pela Estiva é o preparo da palha para a queima da caldeira. “Eu acho que o terno de moenda é o mais adequado. A palha sai com o tamanho ideal”, ressalta. Em relação ao consumo de água, ele esclarece que o sistema funciona em circuito fechado. Há uma demanda inicial para a partida. E, depois tem a reposição. “Ocorrem as perdas naturais devido à evaporação ou por causa de algum vazamento. A própria palha arrasta um pouco dessa água. Se for medir essa reposição deve chegar a 5% por safra”, observa. (RA)


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ENTREVISTA — Antônio Carlos de Oliveira Junior

DOUTORES DA CANA! Os cases de quem partiu na frente na corrida pelas altas produtividades Como gestor agrícola na Denusa - Destilaria Nova União S/A, Antônio Carlos de Oliveira Junior não para um instante. Realiza e gerencia o planejamento de safra, bem como a gestão dos setores de Pesquisa & Desenvolvimento, em busca de desenvolvimento de novas variedades, manejo integrado de pragas, experimentação e novas tecnologias para o setor. É responsável pelo planejamento e gerenciamento dos setores de tratos culturais, plantio mecanizado, irrigação e fertirrigação, manejo varietal e classificação de solos e ambientes de produção. Atua no preparo de solo e na sistematização de novas áreas e desenvolvimento de projetos em AutoCad e AgroCad para implementação de agricultura de precisão. Não bastasse todas estas atribuições atua no planejamento e desenvolvimento dos setores de Pesquisa & Desenvolvimento, focado em controle de pragas, experimentação agrícola, multiplicação varietal, fitotecnia e fitossanidade da unidade. É responsável ainda, pelo desenvolvimento e supervisão do setor de qualidade agrícola e formação de auditores de campo, desenvolvimento de projetos de preservação e reflorestamento de matas ciliares e reservas legais e multiplicação de vegetação silvícola. Responde também pelo desenvolvimento de estudos de reaproveitamento de dejetos orgânicos, para produção de compostos. Confira sua entrevista:

Quais decisões vêm sendo tomadas que refletem na manutenção das altas produtividades dos canaviais? A utilização de variedades modernas, manejando-as dentro do terceiro eixo. Essa ação já vem sendo realizada a alguns anos e vimos que se tomarmos os cuidados básicos, como manutenção da lavoura em relação ao controle de plantas infestantes, nutrição e conservação do solo, podemos elevar nossa produtividade em tempo hábil sem onerar ainda mais nosso custo. Dentro do pacote tecnológico disponível para a cultura da cana-de-açúcar, a nutrição complementar via folha configura-se como uma ferramenta de relevância? Sim, principalmente em se tratando de micronutrientes, pois os solos do cerrado goiano são muito pobres em Zinco, Boro, Manganês e Molibdênio que são essenciais à absorção de macronutrientes com Nitrogênio e Potássio. Uma vez que as doses de micronutrientes são diminutas, acredito que uma das melhores formas de aplicação visando uma menor perda seria via folha.

Antônio Carlos de Oliveira Junior, gestor de planejamento agrícola da Denusa

JornalCana - Qual a sua visão sobre a importância da produtividade agrícola dentro do processo produtivo sucroenergético? Antônio Carlos de Oliveira Junior - A produtividade agrícola está diretamente ligada ao custo, uma vez que eles são inversamente proporcionais. Portanto, buscamos sempre elevar a nossa produtividade no campo a fim de diminuir os custos no processo produtivo como um todo.

Como se consegue obter uma condição adequada de desenvolvimento da planta? Defendo que uma das melhores formas de se produzir cana-de-açúcar é mantendo a nutrição do solo e da planta em equilíbrio. Porém ressalto que para atingirmos patamares elevados de produtividade agrícola temos que alinhar o manejo nutricional ao manejo de colheita correto, promovendo assim uma condição adequada de desenvolvimento da planta. Ubyfol 34 3319 9500 www.ubyfol.com


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Envelhecimento dos canaviais impulsiona retomada da reforma Renovação é um dos caminhos para evitar baixa disponibilidade de matériaprima para a indústria sucroenergética R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

O envelhecimento dos canaviais, a queda da produtividade agrícola e a necessidade de aumentar a disponibilidade de matéria-prima são fatores que deverão impulsionar o setor sucroenergético a se aproximar, em 2017, do seu índice histórico de renovação das lavouras, que é de 18% – avaliam especialistas da área. As crises setorial e conjuntural, além de fatores climáticos – que tiveram consequências mais drásticas em algumas regiões canavieiras –, causaram problemas de “caixa” nos últimos anos e fizeram os patamares de reforma descerem ladeira abaixo em diversas unidades sucroenergéticas. E tudo isto acendeu o sinal de alerta: ou usinas e produtores esforçam-se para a viabilização de índices satisfatórios de renovação ou terão que contabilizar perdas decorrentes da matéria-prima – para a fabricação de açúcar, etanol e geração de energia – que deixou de ser produzida. Levantamento do Instituto Agronômico

Valter Sticanella, gerente agrícola da área de fornecedores da Usina Jacarezinho

(IAC) – vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo –, feito com 217 usinas e destilarias no CentroSul, revelou que o índice médio de área nova de cana, o que inclui ampliação e reforma, ficou em apenas 10,6% nessas unidades em 2016, o segundo pior já registrado, pois o menor é o percentual de 8% de 1999. Este trabalho – divulgado no final de novembro – apontou ainda que o índice de área nova em relação ao total cultivado alcançou 13,4% na região de Ribeirão Preto e 14,3% na de Jaú. A redução da renovação não é um bom negócio. Além de diminuir a produtividade,

aumenta o custo agrícola. A decisão sobre o momento certo de realização da reforma vai depender do potencial de produtividade do talhão – observa o engenheiro agrônomo Valter Sticanella, gerente agrícola da área de fornecedores da Usina Jacarezinho (Grupo Maringá), localizada na cidade do mesmo nome no estado do Paraná. Em um ambiente mais fértil, classificado como A, B ou C, onde há uma expectativa de produtividade entre 80 e 100 toneladas por hectare (TCH), quando ocorre uma queda para 60 TCH, o custo não justifica mais manter essa área – exemplifica. Este critério considera um canavial que

teve um desenvolvimento normal, sem a ocorrência de algum evento excepcional, como infestação de pragas ou ervas daninhas, que pudesse reduzir drasticamente a produtividade – observa. Quando isto acontece, há necessidade de antecipação da reforma – diz. Em um ambiente menos favorável, com expectativa de produtividade média de 70 TCH, em situações sem imprevistos, a queda para 40 a 60 TCH já ocorre geralmente no quarto corte, o que indica a necessidade de reforma. No ambiente mais fértil, a renovação costuma acontecer a partir do quinto ou sexto corte – compara.

Variedade com teor de sacarose elevado é uma das prioridades da Ufal A protelação da reforma não causa prejuízos somente por causa da perda de produtividade em decorrência do envelhecimento dos canaviais. Adia também a possibilidade de utilização de novos materiais disponibilizados pela pesquisa, como as variedades desenvolvidas, por exemplo, pelo PMGCA/Ufal – Programa de Melhoramento

Genético da Cana-de-Açúcar da Universidade Federal de Alagoas. O trabalho de pesquisa nessa área, realizado pela Ufal é uma das referências entre os programas de melhoramento de cana do Brasil. Integra inclusive a Ridesa – Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético, que conta com a participação de dez

universidades federais. A obtenção de materiais com teor de sacarose mais elevado e com maior resistência a pragas está entre as prioridades da pesquisa de melhoramento genético da universidade de Alagoas que fez a sua última liberação de variedades RB – República do Brasil (denominação usada pela Ridesa) em junho de 2016 e a

penúltima há seis anos. A próxima está prevista para 2020, podendo haver, no entanto, a liberação de algum material no próximo ano. Canavial renovado no tempo certo tem mais chance também de contar, em menor prazo, com as novidades disponibilizadas pela Ufal e por programas de pesquisas de outras instituições e empresas. (RA)


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Decisão correta é essencial para a “saúde” da atividade A decisão da reforma no momento certo, após avaliações agronômicas e financeiras, é fundamental para a saúde e sobrevivência da atividade. “Se a usina perder matéria-prima, vai perder o maior insumo da indústria sucroenergética que é a cana”, afirma Valter Sticanella, da Jacarezinho. Reformar canavial é a mesma coisa que fazer reforma de moenda na indústria – diz. “São duas coisas que a usina nunca pode deixar de lado, porque senão será pago, posteriormente, um preço alto”, ressalta.

Usina não pode deixar de reformar canavial nem moenda para não pagar, posteriormente, um preço elevado, alerta Valter Sticanella Mas, para quem faz a lição de casa, tanto em relação à renovação como a outras práticas agrícolas, como é o caso da Usina Jacarezinho, os resultados são satisfatórios. Essa unidade paranaense tem uma produtividade média em torno de 80 TCH e

projeta para a safra 2017/2018, um rendimento agrícola de 82 TCH. No ciclo 2016/17, a usina fechou com 90,5 TCH, média entre a performance da cana própria (área de 11.000 hectares) e a de fornecedores (19.500 hectares), que totalizam 30.500 hectares. O resultado bem acima da média foi decorrente de alguns fatores: cana bisada, clima favorável, além da renovação que mantém índices adequados aos ambientes de produção. A área de reforma de cana própria na Jacarezinho, em 2017, deverá ficar em 18% – diz Valter Sticanella. A usina tem mantido a taxa de renovação próxima a esse índice. A área dos fornecedores – que costumam reformar em torno de 10% do canavial – vai subir para 15%. “O índice de renovação dos fornecedores é menor, porque eles têm áreas com solo mais fértil, classificadas como A e B. O fornecedor mantém canavial de sexto até oitavo cortes com boa produtividade. Além disso, com menor custo em relação à usina, ele obtém lucratividade no canavial com rendimento de 70 TCH”, esclarece. De maneira geral, Valter Sticanella avalia que as usinas estão retomando – com exceção de quem tem sérios problemas de “caixa” – a reforma dos canaviais, motivadas principalmente pela melhor remuneração de seus produtos. (RA)

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ARTIGO

FATORES QUE AFETAM A MATURAÇÃO DA CANA-DE-AÇÚCAR CARLOS ALEXANDRE C. CRUSCIOL*

Para garantir elevado retorno econômico, a indústria sucroalcooleira depende de material de alta qualidade tecnológica, o que pode ser atribuído principalmente ao alto conteúdo de sacarose e baixo teor de açúcares redutores nos colmos. Não há dúvidas quanto à importância de se aumentar a produtividade de colmos de cana-de-açúcar, no entanto, o grande desafio do produtor é elevar a produtividade de açúcar, o que é definido na fase de maturação da cultura. Nesta fase são necessárias algumas condições ideais para que a planta pare de vegetar e inicie o processo de acúmulo de sacarose nos colmos e o principal fator é o clima. Quando a planta já produziu adequada quantidade de biomassa e as condições climáticas são consideradas ideais, com diminuição da temperatura e da precipitação, a maturação da cana-de-açúcar ocorre naturalmente, havendo diminuição do crescimento das plantas e, consequentemente, o saldo dos produtos fotossintetizados deixam de ser utilizados para manutenção do metabolismo de crescimento vegetativo e passam a ser armazenados nos colmos. Um fator essencial para que ocorra este saldo de fotossintatos é a incidência de luminosidade neste período, tendo em vista que a falta de luminosidade pode ocasionar paralisação ou diminuição do processo fotossintético, limitando a quantidade de açúcares armazenados. Quando as condições climáticas não são ideais para que ocorra a maturação natural da cana-de-açúcar e o acúmulo de sacarose é insatisfatório, o uso de tecnologias como a aplicação de maturadores é recomendado. Os maturadores atuam no metabolismo das plantas e promovem, em início de safra, diminuição do crescimento vegetativo, precocidade da maturação, incremento do teor de sacarose nos colmos e, consequentemente, aumento da produtividade de açúcar. Seu uso em meio de

safra pode garantir maior teor de sacarose, principalmente em regiões com ocorrência de chuvas. Em final de safra, os maturadores inibem a retomada do crescimento vegetativo e mantém o teor de sacarose elevado por maior período de tempo. Independente da época em que os maturadores são utilizados, um bom manejo destes produtos proporciona maior qualidade tecnológica da matéria-prima e pode elevar o rendimento industrial. Outro fator que pode limitar o potencial produtivo da cana-de-açúcar é o desequilíbrio nutricional. Mesmo quando não há detecção de deficiência, este desequilíbrio pode ocasionar redução da síntese e partição de sacarose. O manejo nutricional na época de maturação da cultura pode elevar o potencial produtivo e melhorar o acúmulo de sacarose, possibilitando aumentar a resposta dos maturadores potencializando o efeito no incremento da produtividade de açúcar. O manejo da planta associado às condições ambientais e ao uso de tecnologias, como os maturadores e a suplementação nutricional, visando melhorar a qualidade da maturação da cana-de-açúcar, pode proporcionar aumento do potencial produtivo da cultura, expressando ganhos em produtividade. *Carlos Alexandre C. Crusciol é professor da Unesp (crusciol@fca.unesp.br)

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Primeira reunião do Fitotécnico discute todas as áreas do plantio Pesquisa realizada em 71 unidades do Centro-Sul revela que 41% das empresas já utilizaram a tecnologia de Mudas Pré-Brotadas para plantar os seus viveiros nesse verão e que 34% das empresas já possuem produção própria de MPB LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP

Diferentemente do modelo convencional das reuniões, o Grupo Fitotécnico de Canade-açúcar do IAC — Instituto Agronômico, realizou sua primeira reunião do ano de modo despojado e informal no dia 7 de março em Ribeirão Preto, SP. Atingindo um número de aproximadamente 380 pessoas, o encontro serviu para trocar ideias e experiências entre especialistas do setor. “A reunião foi muito positiva. Tivemos a chance de expor nossos projetos para as empresas de máquinas agrícolas que podem investir nas novas

ideias que visam aumentar a produtividade”, disse Marcos Landell, diretor do IAC. O plantio foi o tema principal que serviu de base para todas as discussões, abrangendo o assunto para os aspectos gerais sobre o plantio de cana, plantio convencional mecanizado e plantio de MPB — Mudas PréBrotadas. De acordo com o especialista Rubens Braga, palestrante do evento, que falou sobre a análise da evolução das áreas de plantio na região Centro-Sul do Brasil, os dados levantados no Censo Varietal IAC mostraram que os produtores da região Centro-Sul estão projetando um aumento nas suas áreas de plantio. Entre abril de 2015 e março de 2016 a relação entre plantio e cultivo foi igual a 10,5%, ou seja, apenas 10,5% da área total

cultivada foi ocupada com plantios. Já para o período de abril de 2016 e março de 2017 a relação entre plantio e cultivo foi estimada em 14,3%, valor próximo da média histórica para a região. Outro tema de destaque foi a análise histórica da idade da cana na região CentroSul do Brasil. A palestra também foi dirigida por Rubens, que explicou que a idade média do canavial deverá crescer na safra 2017/18. “Os resultados mostraram que o estágio médio de corte, estimado em 3,86, atingirá o maior valor histórico das últimas 30 safras agrícolas. Esse valor é 7% superior ao obtido na safra 2016/17”, observa. Esse aumento no estágio médio de corte deverá provocar uma quebra de

aproximadamente três toneladas de cana por hectare, considerando as mesmas condições climáticas. Além disso foram apresentados também os resultados da pesquisa sobre o manejo no plantio do verão de 2017. A pesquisa foi realizada em 71 unidades produtoras da região Centro-Sul. As principais informações obtidas destacaram que 41% das empresas já utilizaram a tecnologia de Mudas PréBrotadas para plantar os seus viveiros nesse verão e mostraram ainda que 34% das empresas pesquisadas já possuem produção própria de MPB. “A essência do método de Mudas Pré-Brotadas está mostrando resultados em viveiros muito satisfatórios, alcançando o que era previsto”, finalizou Rubens.


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Usinas se envolvem na luta contra a mosca-dos-estábulos FOTOS: PAULO CANÇADO/EMBRAPA GADO DE CORTE

O problema se tornou mais grave a partir de 2009 quando passou a ser registrado surtos em vários estados R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

Unidades sucroenergéticas estão mais conscientes em relação à necessidade de adoção de medidas que evitem a proliferação da mosca-dos-estábulos (Stomoxys calcitrans) em canaviais – localizados em regiões de pecuária –, onde ocorre, principalmente, a aplicação de vinhaça sobre a palhada. Essa avaliação é feita pelo médico veterinário Antonio Thadeu Medeiros de Barros, pesquisador da Embrapa Gado de Corte, de Campo Grande, MS, que realiza inclusive workshops sobre o tema. Segundo ele, após um período de negação do problema, unidades sucroenergéticas perceberam que estavam realmente envolvidas e melhoraram a forma como lidam com a possibilidade de ocorrência de surtos de mosca-dos-estábulos. “Algumas levam isto bastante a sério, outras certamente deixam a desejar. A mesma coisa acontece com os pecuaristas” – constata. Mais de 95% dos surtos têm origem nas áreas de usinas localizadas em estados que são grandes produtores de cana e possuem

Mosca-dos-estábulos atacando bezerro

pecuária forte também – informa o pesquisador da Embrapa –, como Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo. O problema começou a ter proporções

mais graves a partir da proibição gradativa da queima da palha de cana que passou a formar uma camada sobre o solo – observa. “Quando se joga vinhaça, a camada de palha fica encharcada, dando umidade e nutrientes

Fazenda de gado também deve adotar práticas preventivas

Animais atacados por mosca-dos-estábulos

No período de entressafra, quando a usina não produz matéria orgânica vegetal, há maior quantidade de mosca nas fazendas de gado. Durante a safra, ela é atraída para áreas de cana pelo odor da vinhaça para onde vão fazer postura. “Precisa haver a adoção de medidas preventivas e práticas de manejo na fazenda de gado durante o ano inteiro e, principalmente, na entressafra”, destaca. De acordo com ele, o pecuarista mantém a mosca na entressafra, a usina multiplica a população na safra e a mosca-dos-estábulos retorna para a fazenda de gado para se alimentar. “Ela chupa sangue. Com o

aumento da infestação, o gado fica reunido, faz rodeio. O fato é que os animais se agrupam e passam o dia no pasto, enquanto há luz, sem comer. Há perda significativa de peso”, detalha. A multiplicação da mosca-dos-estábulos é rápida. Ela precisa se alimentar, deslocando-se para onde vai encontrar hospedeiros. Além do gado bovino, a mosca ataca aves, cavalos, porcos, cães, entre outros. Os animais sofrem bastante. “Em termos econômicos, a pecuária é a mais atingida”, observa. Os bovinos têm perdas de 10% a 30% no ganho de peso e até 50% de diminuição na produção leiteira. (RA)

para as larvas”, explica Thadeu Barros. Dessa forma é criada uma condição favorável para a proliferação. A ampliação de casos de mosca-dosestábulos, provenientes de áreas de usinas, ocorreu a partir de 2009 com o registro de surtos em vários estados – diz. Além da proibição da queima, a expansão da atividade sucroenergética, que contou com a inauguração de várias usinas, de 2008 a 2010, em regiões tradicionais de pecuária, foi outro fator para o aumento da incidência de surtos. “A quantidade despejada gera condição favorável para o desenvolvimento da moscados-estábulos. Para cada litro de etanol são produzidos de 12 a 13 litros de vinhaça, podendo ocorrer uma variação entre 10 a 15 litros. É muita vinhaça”, enfatiza. De acordo com ele, no período anterior à colheita mecanizada de cana crua, quando não havia palha e a vinhaça era absorvida diretamente pelo solo, a situação era tranquila, ou seja, não ocorriam surtos de mosca-dos-estábulos nessas áreas. A torta de filtro, se não for manejada adequadamente, pode criar condições mais favoráveis para a disseminação da mosca do que a palha – constata. A torta só não tem a mesma importância da palha porque se limita a um pátio, enquanto a biomassa da cana está presente em milhares de hectares de canavial – compara. Para evitar maiores transtornos existe a necessidade de fazer a compostagem da torta de maneira correta antes de levá-la para o campo onde é usada na adubação – recomenda.


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Antonio Thadeu Medeiros de Barros, pesquisador da Embrapa Gado de Corte, de Campo Grande, MS

Recolhimento da palha seria medida ideal para evitar proliferação A prevenção é a melhor alternativa para evitar a ocorrência de surtos de mosca-dosestábulos nas regiões de cana e pecuária. “O recolhimento da palha nas áreas onde há a aplicação de vinhaça seria excelente”, afirma Antonio Thadeu Medeiros de Barros, pesquisador da Embrapa Gado de Corte, de Campo Grande, MS.

A queima da biomassa depositada sobre o solo – não a da pré-colheita, com a cana em pé –, antes da aplicação da vinhaça, também combate a infestação Mesmo considerando os benefícios agronômicos proporcionados pela palha, o pesquisador da Embrapa Gado de Corte considera que o balanço dessa biomassa da cana tende ir mais para o lado do malefício nos locais onde há o registro de surtos. “Deixar 50% de palha é bastante coisa para a mosca se desenvolver. Ela não precisa dos 100% nem de trinta centímetros de palha sobre o solo. Cinco ou dez centímetros já são suficientes”, avalia. Essa biomassa da cana pode ser usada,

em alguns locais, para a geração de energia – exemplifica. “Houve recentemente a inauguração da primeira fábrica de celulose que utiliza a palha da cana. Essa é uma forma alternativa de uso”, diz. Segundo ele, por algumas limitações técnicas, não dá para recolher 100% da palha, porque muita sujeira e terra, neste caso, acabam indo para os equipamentos da usina. Para eliminar toda a palhada antes da aplicação da vinhaça e, emergencialmente, quando há infestação em determinada área, a queima pode se tornar uma ação eficiente. Essa medida, em um primeiro momento, pode parecer um retrocesso após muita luta para a sua proibição – observa. “Na verdade, é outra queima, por outro motivo. Não é a queima pré-colheita, com a cana em pé, gerando incêndios como era antes. Mas, a queima da palhada no solo, antes da aplicação da vinhaça”, esclarece. De qualquer maneira, essa medida necessita de autorização de órgão ambiental que é obtida em alguns casos e negada em outros. “Varia em função do órgão competente, do local, da região, estado”, revela. Além do manejo da palha, outras medidas podem ser adotadas, como: a subsolagem e escarificação do solo para melhor absorção da vinhaça; distribuição mais homogênea e regular deste subproduto do etanol; quando possível, uso de tecnologia de concentração da vinhaça; limpeza de canais de fertirrigação, entre outras. (RA)

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Dia mundial da água é também de alerta para as usinas DA R EDAÇÃO

Instituído pela ONU – Organização das Nações Unidas, em 22 de março de 1992, o Dia Mundial da Água visa a conscientização da população a respeito dessa valiosa substância. Para as usinas, que dependem 100% do valioso produto nas duas principais áreas produtivas (agrícola e industrial) e chegam a consumir 200 mil litros de água por dia durante a safra, mesmo com eventual reaproveitamento parcial do líquido, o cuidado precisa ser dobrado. A escassez de água doce e as poucas alternativas de suprimento hoje existentes são desafios a serem vencidos. Um relatório do Banco Mundial, divulgado em maio do ano passado revela que a disponibilidade de água doce cairá em 2050 para até menos dois terços da água disponível em 2015. Em um exemplo simples e que pode ser aplicado em escala global, um açude que hoje armazena em média 600 mil litros não receberá mais do que 200 mil litros de água em 2050. A queda brusca na oferta de água, conforme o relatório, ocorrerá por alterações climáticas e pela competição por parte de setores como a energia ou a agricultura. Intitulado High and Dry: Climate Change, Water and the Economy, o relatório do Banco Mundial revela que algumas regiões do mundo poderão ver suas taxas de crescimento caírem 6% do Produto Interno

Usina Água Bonita, em Tarumã, SP

Bruto (PIB) até 2050. Essa ameaça pode ser revertida caso ocorram melhorias nas políticas de gestão da água. Mas, para o setor sucroenergético, o alerta entra na lista de sinais vermelhos, junto ao custo crescente das dívidas e da falta de políticas públicas sobre o etanol na matriz energética, o que emperra novos investimentos. Grande consumidor de água, o setor agrícola precisa se alinhar a soluções que aumentam a eficiência sem escassear o recurso. No Brasil, cerca de 72% da água

captada no país vai para a produção agrícola, o que não difere da média mundial de 70%. Embora o País tenha fama de ter água o bastante para todos é preciso aprender a geri-la de forma mais eficiente e combater os desperdícios. “O desafio atual da agricultura mundial consiste em aumentar a produção de alimentos sem aumentar os impactos negativos ao meio ambiente. É certo que o incremento de produção necessária para suprir o aumento de demanda terá de vir da intensificação de terras agrícolas já existentes”, defende em artigo Lineu Neiva Rodrigues, pesquisador da Embrapa

Cerrados e coordenador da rede Agrohidro. É um desafio grande, tanto que a FAO, braço das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura defendeu recentemente que, com o crescimento da demanda por comida e também da escassez hídrica é chegada a hora de tratar as águas residuais como um recurso para o crescimento das lavouras. A FAO afirma que, se devidamente geridas, águas residuais podem ser usadas com segurança para apoiar a produção agrícola, seja diretamente por meio da irrigação, ou indiretamente a partir da recarga de aquíferos.

Programa de Educação Ambiental: palestras, visitas e eventos culturais a estudantes que moram ou estudam na região

SANTA VITÓRIA AMBIENTAL! Programa de educação ambiental de usina mineira beneficia mais de 12 mil pessoas LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP

No município de Santa Vitória, MG, e região, onde a Usina Santa Vitória está localizada, foi identificada a oportunidade de levar conhecimentos e boas práticas relacionados à preservação do meio

ambiente aos alunos das escolas da rede pública e privada de ensino. Com isso, a unidade se empenhou em criar projetos que beneficiem a população e ao meio ambiente. Mediante parceria com a Secretaria Municipal de Educação, a usina criou o PEA — Programa de Educação Ambiental, para organizar palestras, atividades educacionais, visitas técnicas e eventos culturais para estudantes que moram ou estudam na região. Dessa forma, não só as escolas de Santa Vitória podem ser positivamente impactadas, mas também as unidades dos municípios vizinhos como Ipiaçu e Gurinhatã, ambas em MG.

Os funcionários das usinas, professores, pais e alunos das escolas da rede pública e privada de ensino foram beneficiados com o projeto, que foi criado em 2009 e, todos os anos, diversas atividades são estabelecidas com as escolas, sempre em parceria com a Secretaria Municipal de Educação, em um esquema de revezamento. As visitas previamente agendadas são monitoradas por instrutores que enfatizam o potencial de conservação ambiental, a importância das espécies de cerrado e mostram a vegetação típica da região, sempre explorando o raciocínio lógico e incentivando a capacidade de observação e reflexão, além de apresentar conceitos ecológicos e

estimular a prática investigadora. Nos últimos sete anos, desde que foi criado e implementado o programa PEA, a Santa Vitória Açúcar e Álcool conseguiu envolver todas as unidades de ensino da região, como a Escola Estadual José Paranaíba, Tancredo Neves, Geraldo Ribeiro e São José. No total, foram mais de 12 mil pessoas beneficiadas. Algumas escolas, após a participação nos eventos do PEA, incluíram as atividades de reciclagem e de preservação ambiental no seu calendário interno de eventos, replicando o conhecimento e as boas práticas relacionados à preservação do ambiente aos seus professores e alunos.


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Setor mineiro pensa em alternativas para reduzir custos de transporte LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP

O setor sucroenergético pensa em alternativas para reduzir custos de transporte. Por meio de parceria feita entre federações, associações e organizações de Minas Gerais, investe em um projeto de um novo modelo de veículo para transporte de cana-de-açúcar. O objetivo é reduzir os custos logísticos para o setor, um dos maiores gargalos da indústria sucroenergética. O projeto já começou a ser desenvolvido e foi pensado pela FIEMG — Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, Siamig — Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais e com as empresas Trucks Hélio, Inmeco e Help Car Plataforma Hidráulica. O setor sucroenergético de Minas Gerais vem enfrentando problemas com o MPT — Ministério Público do Trabalho, quanto ao peso das carretas que transportam a cana, o que gerou, inclusive, a assinatura de um TAC — Termo de Ajustamento de Conduta pelos produtores. Devido a isso, a Siamig levou o problema à FIEMG e dentro do PCIR — Programa de Competitividade Industrial Regional, vem desenvolvendo um projeto que visa a integração de vários segmentos no estado, para construção de um implemento rodoviário com preço mais baixo e mais leve, adequado às novas regras do Contran — Conselho Nacional de Trânsito, que permitirá a adoção de um rodotrem com até 11 eixos e PBTC — Peso bruto total combinado, de 91 toneladas. Os envolvidos contam que identificaram que esse é um dos maiores gargalos no campo para a indústria sucroenergética e o desenvolvimento desse veículo pode trazer melhorias na produção e nos custos para o setor. E em um futuro próximo, os estudos já mostrarão se o desenvolvimento e fabricação do veículo é ou não economicamente viável.

Mário Campos, presidente da Siamig

“Minas Gerais tem uma indústria siderúrgica e metal mecânica competitiva e avançada, porém, não produz implementos rodoviários para o setor. Por isso, além do projeto atender o setor sucroenergético, é uma oportunidade de integração da cadeia produtiva mineira para produção de um equipamento inovador de menor custo final e mais leve”, observa Mário Campos, presidente da Siamig. Para a equipe, o mais importante é tornar a cadeia produtiva do setor mais eficiente, além de impulsionar outros elos da indústria em Minas, como os setores metal mecânico, agroindústria, logística e engenharia. O equipamento usado para transportar a cana do campo até as usinas, chamado de “rodotrem canavieiro”, tem 30 metros de comprimento, considerando o cavalo mecânico e os implementos, e pesa mais do que a própria capacidade de carga líquida. O

transporte da cana representa cerca de 40% do custo final do produto. Em outras palavras, isso significa que o “rodotrem canaviero” é mais pesado do que a quantidade de cana-deaçúcar, em quilos, que ele pode transportar. O peso excessivo também aumenta o consumo de combustível do equipamento. A capacidade máxima do rodotrem é de cerca de 74 toneladas, mais 5% de tolerância, mas só o equipamento pesa praticamente 40 toneladas. Por isso, a ideia do projeto é apresentar um veículo que tenha como principal diferencial, o peso. E, uma vez mais leve, a tendência é que o consumo do combustível usado, normalmente o óleo diesel, reduza. Através de emprego de novas tecnologias e materiais, espera-se reduzir o peso da tara (implementos) do equipamento, composto por reboque e semirreboque. “O principal desafio é encontrar parceiros que coloquem recursos no desenvolvimento do protótipo. Ao fazerem os investimentos, essas empresas terão a oportunidade também de ampliar seus negócios seja no Estado ou no país”, acrescentou Mário. O desenvolvimento do novo veículo também deve ajudar as empresas a se adequarem à legislação, que impõe limites de peso e regras de segurança para o transporte da cana. E para Mário, a expectativa é de que já possam colher alguns frutos do programa ainda neste ano. O setor sucroenergético mineiro é composto por 34 usinas, gera 72 mil empregos diretos e está presente em cerca de 120 municípios do Estado. Minas é o terceiro maior produtor de cana e etanol e segundo de açúcar do Brasil e para a Siamig, o Estado tem todas as condições de construção do protótipo, além de contar com um mercado importante, já que possui cerca de mil conjuntos de transporte de cana, fora os equipamentos dos fornecedores, além da necessidade de “retrofit” em muitas frotas.


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Logística canavieira atrai olhares internacionais LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP

Atraindo a atenção de olhares internacionais, a área de logística canavieira vem crescendo também no Brasil. Professores e mestres se reúnem cada vez com mais frequência para debater sobre o assunto e trazer novas perspectivas e inovações. O Grupo Esalq-Log — Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial, já está realizando eventos e seminários sobre o tema, reunindo em cada encontro personalidades nacionais e internacionais do setor canavieiro com temas voltados para o CTT — Corte, Transbordo e Transporte. Cenário e gestão, tecnologias e inovações e regulamentação e perspectivas serão alguns dos pontoschave. Marco Ripoli, gerente do segmento de cana para América Latina da John Deere, explica que uma das atuais dificuldades na área de CTT é a ociosidade das máquinas tanto quando colhedoras aguardam transbordos como quando transbordos aguardam caminhões. “Outra dificuldade é a necessidade de um sistema completo de envio de tratores e caminhões, buscando dar operacionalidade e reduzir custos a todo sistema e de uma conectividade rural virtual para transmissão de dados”, comenta Marco. Um dos conceitos fundamentais do segmento é lembrar a importância de uma boa seleção de áreas agrícolas e manutenção de boas vias de transporte com o objetivo de apresentar boas condições estruturais para as operações de CTT e da manutenção de um ambiente de trabalho de CTT bem controlado, selecionando boas áreas de produção e manutenção de boa estrutura de vias de transporte.

Murilo Mancuso, especialista de logística corporativa da Raízen

De acordo com Carlos Eduardo Osório Xavier, engenheiro de computação, especificamente na área de planejamento para manutenção de um ambiente de trabalho de CTT bem controlado, ainda há dificuldades em realizar a organização de informações referentes à variabilidade espacial e temporal da produção, das práticas de produção assim como de rendimentos e desembolsos financeiros nas operações. “Essas informações são fundamentais para criação de uma infraestrutura de banco de dados a ser usada como material para desenvolvimento de ferramentas de análises para criação de planejamentos otimizados do CTT. Ou seja, a área de CTT, na maior parte das empresas do setor, ainda convive com o desafio de consolidar a definição de procedimentos para organização de dados e seu uso para desenvolvimento de ferramentas de suporte com a tomada de decisão nas operações de CTT”, afirma o especialista. Para tanto, é necessária uma gestão organizada realizando todo o processo e segundo Murilo Mancuso, especialista de logística corporativa da Raízen, a gestão do CTT precisa passar por pessoas, equipamentos e custos. “Gestão de Pessoas é o foco principal da alta performance, equipe engajada, com conhecimento dos objetivos, trabalhando de forma segura e num ambiente agradável é o que vai dar retorno”, explica. Mas para ele é na gestão de equipamentos que se percebem os erros, através da automação dos equipamentos, com computadores de bordo, mostrando o histórico do que está sendo feito e onde estão os erros. “Essa gestão, juntamente com a de custos, que é grande parte controlada através dos números de pessoas, aumento de rendimento e utilização de recursos de forma racional, são os grandes desafios que precisamos enfrentar sem medo para uma boa produtividade”, observa Murilo.


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Projeto de monitoramento melhora logística agrícola Um dos maiores custos de todo planejamento agrícola é o de mecanização, seja com o conjunto de tratores, implementos, pulverizadores, colhedoras, seja com os caminhões que retiram a produção do campo e a leva até seu destino final, seja o packing house, silo, fábrica, agroindústria ou o porto. Levando em consideração a necessidade desse bom planejamento, o engenheiro agrônomo da Imagem, de São José dos Campos, SP, Gustavo Fedrizzi da Silva conta que a empresa desenvolveu o projeto “Solução de Monitoramento de Frota e Otimização Logística”, que permite a integração com os mais variados tipos de sensores e soluções de telemetria, garantindo maior eficiência e redução de custos nas operações de logística agrícola. Desenvolvidos na plataforma Esri, líder mundial na área de softwares de mapeamento e análises, o monitoramento de frota e otimização logística são processos, métodos e análises que a Imagem adquiriu expertise ao longo de anos de trabalho ao lado de seus clientes. O projeto possibilita também o monitoramento em tempo real de toda a frota e a otimização de rotas para as atividades logísticas de carregamento e transporte da produção até os locais de

Painel gerencial da Solução de Monitoramento de Frota e Otimização Logística

armazenamento, agroindústria e comercialização. “A solução permite que a partir da base destas informações seja possível identificar veículos fora de rota ou com o tempo de permanência excedido, além de identificar gargalos que resultam em aumento do custo e ineficiência”, explica Gustavo. O produtor pode criar sua base de arruamento rural, configurar regras de negócio, monitorar toda sua frota com uma plataforma tecnológica integrada, que

disponibiliza mapas, análises geográficas, painéis de gestão e alertas, além de aplicativos que facilitam o entendimento e acompanhamento da sua operação logística. “Nossos clientes relatam economia na ordem de milhões de reais, por meio do cálculo de melhores rotas para o transporte da área de produção até a fábrica, inclusive utilizando múltiplos modais, rodoviário, ferroviário e hidroviário”, conta o engenheiro. Mesmo que atualmente exista o questionamento sobre o devido mapeamento

da área rural, o principal diferencial da plataforma é que as próprias empresas constroem a malha dentro do aplicativo e aplicam as regras de negócios objetivando sempre o menor custo. Outro ponto a ser destacado é a gestão de pessoas, para monitorar além de máquinas, a operação agrícola e identificando gargalo. “Especificamente para a solução de Monitoramento de Frota, estamos levando ao mercado a visão e efetivação que as empresas devem ter acesso e não só disponibilidade aos seus dados, com a possibilidade de criação de ferramentas intuitivas para análises de indicadores, independentemente do fabricante de hardware e dos sensores, utilizando mapas, análises geográficas, painéis de gestão e alertas, além de aplicativos que facilitam o entendimento e acompanhamento da operação logística”, diz Gustavo. Já para otimização logística, os clientes podem realizar análises avançadas, incluindo o tempo de tráfego instantâneo para a tomada de decisões mais rápidas e a possibilidade de ter um aplicativo navegador GPS em áreas rurais que funciona sem conexão com a internet e guia os caminhões que trazem a cana para a indústria, diminuindo erros operacionais. (LB)

As possíveis rotas de recolhimento de palha e seus benefícios O atual modelo de recolhimento de palha, que visa a geração de excedentes de energia elétrica para serem comercializados no mercado livre, faz com que, quando o valor do mercado está baixo, as usinas percam o interesse no recolhimento, o que pode acarretar prejuízos na produtividade. Mas segundo especialistas, 2017 pode mudar este cenário e trazer boas expectativas. A CCEE — Câmara de Comercialização de Energia Elétrica projetou boas perspectivas para 2017, onde o valor da energia no mercado livre deve se situar em um patamar que remunera o processo. Além disso, o desenvolvimento das máquinas agrícolas de recolhimento de palha, aliada a ajustes operacionais do processo agroindustrial e no processo industrial propriamente dito tendem a reduzir o custo do recolhimento e processamento desta biomassa. Outras boas perspectivas dizem respeito ao acordo assinado pelo país na COP21, onde o compromisso em aumentar a produção de etanol e de energia elétrica produzida de fontes renováveis direciona para um aproveitamento mais racional da palha. De acordo com Francisco Antônio Linero, especialista do CTC — Centro de Tecnologia Canavieira, existem duas principais rotas de recolhimento de palha, o enfardamento e a colheita integral e cada uma é indicada de acordo com as necessidades individuais de cada canavial. Após a colheita mecânica convencional da cana, cerca de 75% do total da palha presente no canavial é deixada sobre o solo. Este material pode ser coletado após alguns dias e utilizado nas caldeiras das indústrias

para geração de energia. Cada tonelada de palha colhida nestas condições tem capacidade para gerar cerca de 0,75 MWh de Energia Elétrica Excedente. Este processo utiliza o enfardamento da palha em fardos de aproximadamente 500 quilos, que são transportados para a indústria. Esse processo de enfardamento é utilizado visando aumentar a densidade da palha e reduzir os custos de transporte. A outra rota de recolhimento, colheita integral, considera que as colhedoras de cana piorem a limpeza por ventilação no momento da colheita mecanizada. Assim, mais palha segue junto com a cana para as usinas e menos palha permanece sobre o canavial, caindo de 75% para 50% por tonelada. Neste caso, a densidade de carga nos caminhões de cana cai significativamente e aconselha-se a ter uma estação de limpeza de cana a seco na indústria para evitar que toda esta palha passe pelos equipamentos de extração reduzindo suas eficiências. A palha separada nestas condições gera menos energia por unidade de massa, cerca de 0,6 MWh por tonelada. “Para locais mais distantes da indústria, a rota do enfardamento apresenta um custo inferior à rota da colheita integral, além disto, a palha é coletada, transportada e consumida com menor umidade, o que é favorável a sua utilização nas caldeiras”, explica o especialista. Por outro lado, a instalação de sistemas de limpeza a seco permite uma grande flexibilidade nas operações industriais e pode aumentar a capacidade de processamento de cana nos equipamentos de extração, além de outros benefícios. (LB)

Francisco Antônio Linero, especialista do CTC


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Maioria do setor quer volta da tarifa de 20% sobre o etanol importado CARLOS SILVA DOS SANTOS

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O retorno da cobrança da tarifa de 20% para importação do etanol foi defendido no último dia 15 de março, em Brasília, pelos representantes do setor sucroenergético, em reunião com o ministro da Agricultura Blairo Maggi. De acordo com Edmundo Coelho Barbosa, do Sindalcool (veja entrevista na próxima página), o ministro garantiu que iniciará um processo de recomposição da taxa junto à Camex – Câmara de Comércio Exterior. A reunião contou com a presença de dezoito parlamentares, a maioria dos estados produtores do Nordeste. Renato Cunha, presidente do Sindaçúcar de Pernambuco, levou seis parlamentares a Brasília, entre eles, o Senador Armando Monteiro Neto; Pedro Robério Nogueira, do Sindaçúcar de Alagoas, levou, entre outros, o Senador Benedito de Lira. Edmundo Coelho Barbosa, do Sindalcool, da Paraíba, levou quatro deputados federais paraibanos (Efraim Filho, Rômulo Gouveia, Benjamin Maranhão e André Amaral). Participaram, ainda, os presidentes dos sindicatos do setor do Paraná (Miguel Tranin, Alcopar), Minas Gerais (Mário Campos, Siamig) e de Goiás (André Rocha, Sifaeg e do Fórum Nacional Sucroenergético). Renato Cunha, do Sindaçúcar, PE, reivindicou: “Da mesma forma que o produtor nacional não pode vender diretamente aos postos também não é correto, no nosso modo de ver, a tolerância das distribuidoras importarem sem acarretar benefício algum para o consumidor”. Cunha entende que o produto precisa ser visto como um diferencial para a geração de emprego e renda para a região em vez do descaso a que tem sido relegado. O setor decidiu pedir com urgência por esta taxação ao fazer as contas e concluir que as importações de etanol bateram recorde em fevereiro, com 259.097 m3 contra 40.675

Mário Campos, Miguel Tranin, Blairo Maggi, André Rocha e Renato Cunha: pela volta dos 20% de taxação ao etanol importado

m3 no mesmo período de 2016. Ficou claro que, isenta de tarifa, a importação do etanol compete com o nacional e causa distorções no mercado. A carta entregue pelos produtores ao ministro destaca que as importações são nacionalizadas e comercializadas de forma contínua no Nordeste em época, inclusive, em que a produção nordestina é suficiente para o pleno abastecimento regional. De acordo com Pedro Robério Nogueira, do Sindaçúcar, AL, as distribuidoras importam dos EUA cerca de 600 milhões de litros de etanol apenas nos primeiros meses do ano, o equivalente a cerca de 38% da produção atual nordestina, de aproximadamente 1,6 bilhão de litros. A tarifa de importação, que era de 20% até dezembro de 2011, foi zerada no governo Dilma. O setor aceitou a mudança

e alguns líderes até a apoiaram na esperança de que o produto logo viesse a ser transformado em commodity global, o que não aconteceu. O acordo era que as taxas fossem zeradas tanto pelo Brasil quanto pelos Estados Unidos, mas os EUA retiraram suas taxas apenas um ano e meio depois que o Brasil zerou as suas, lembra Edmundo Barbosa. Durante a audiência do setor com o Ministro Blairo ele determinou o exame urgente e recebeu os documentos com a fundamentação do pleito de elevação do Imposto para 20% como era até dezembro de 2011 das empresas produtoras de etanol do Brasil para a revisão da lista de exceções da Camex. O secretário Odilson Silva, de Relações Internacionais recebeu o documento e informou que deu encaminhamento para definição rápida. O setor aguarda.


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ENTREVISTA –Edmundo Coelho Barbosa, Presidente do Sindicato da Indústria de Fabricação do Álcool do Estado da Paraíba

“SIM, QUEREMOS RESERVA DE MERCADO AO ETANOL” LUIZ MONTANINI, DE VALINHOS, SP

Edmundo Coelho Barbosa, presidente do Sindicato da Indústria de Fabricação do Álcool do Estado da Paraíba, concedeu a seguinte entrevista ao JornalCana em defesa da volta da taxação de 20% sobre o etanol importado. Confira: JornalCana - Que impacto negativo o senhor vê para o setor, especialmente nordestino, caso o governo não volte a aplicar a tarifa de 20% na importação de etanol? Edmundo Coelho Barbosa - O impacto maior é no faturamento. Por exemplo, de janeiro a março, o estado de Alagoas não vendeu uma gota de etanol para a BR Distribuidora. Temos hoje um volume de importação muito grande, desordenado, chegando ao país em plena safra e prejudicando nossa produção e preços. Qual a diferença de preços por metro cúbico entre o etanol importado e o produzido hoje no Nordeste? É de em torno de R$ 400,00 por m3. Sem taxação ao importado o etanol produzido localmente perde a competitividade. E o pior é que essa janela de oportunidade especulativa vai se manter, caso nada seja feito. Ainda mais porque quem está importando não tem as mesmas obrigações do produtor local, a quem lhes é exigido pela ANP – Agência Nacional de Petróleo de manter estoques e garantir abastecimento, por exemplo. Ou seja, as distribuidoras estão importando da mesma forma que estão importando gasolina e diesel. O mercado está totalmente spot e isto prejudica o setor. Edmundo Coelho Barbosa: O mercado está totalmente spot e isto prejudica o setor

O senhor vê alguma outra solução além da política, que seria o de tarifar o etanol importado e configurar oficialmente uma reserva de mercado? Olha, a decisão, basicamente é política, mas usinas formadoras de mercado na BM&F poderiam ajudar no processo. Veja: 46% do volume americano exportado neste início de ano veio para o mercado brasileiro. Chega no Porto de Itaqui, no Maranhão, é nacionalizado em condições negativas e entra em Suape (PE) e Cabedelo (PB) como se fosse produto local. Por isso é que queremos, sim, uma reserva de mercado ao etanol brasileiro, pelo menos nestes momentos de dificuldades. Qual o pleito principal do setor nordestino e outros na Camex? É o seguinte: entendemos que produtos de matérias-primas diferentes estão tendo o mesmo tratamento. Todos sabem que o etanol de milho possui balanço energético diferente e sua contribuição ambiental e sustentável é questionável. Nosso principal argumento para se obter este pleito, além da defesa de mercado, que assumimos, é que estes etanóis são produtos diferentes que estão recebendo o mesmo tratamento e é preciso mudar o parâmetro.

Que parâmetros seriam esses? Olha, basta aplicar ao Brasil os mesmos critérios americanos. Eles mesmos fazem estes cálculos, dimensionando inclusive as emissões do produto desde o ponto em que foi produzido até onde foi consumido. Ao aplicar no Brasil este parâmetro o etanol de cana-de-açúcar automaticamente levará toda a vantagem e valorização ambiental. Quem está errando nisto é o Brasil. O programa RenovaBio não foi pensado como solução para problemas como este? Sim. Nas diretrizes estratégicas contidas no RenovaBio, a primeira delas refere-se ao reconhecimento de cada biocombustível, o quanto ele contribui para a descarbornização. As demais referem-se a políticas de Estado, que ajude o setor a recuperar a indústria de base, que haja mercado futuro com maior previsão para o produtor. Nisto temos unanimidade. O que não temos unanimidade é em relação à taxação ao etanol importado, porque há empresas poderosas interessadas em que não seja aplicada. Mas agora a questão é de sobrevivência. E até mesmo em São Paulo já há uma maioria de empresas interessadas em uma convergência em torno desse pleito, embora ainda haja resistências.

E a gente espera que o pessoal de São Paulo tome o protagonismo nessa luta. São Paulo então, a seu ver, tem papel preponderante? Todos temos uma percepção deste pioneirismo. É hora de somar forças e criar esta reserva de mercado, ainda que seja temporária. O ideal é uma situação de livre mercado, mas neste momento ele não é possível porque o produtor local está com seu estoque sobrando e em meses de negociação com contratos com os distribuidores (como este março) temos uma super oferta de produto importado. O que o setor nordestino propõe? Entendemos que é hora de deixar de lado as divisões internas entre usinas, distribuidores e importadores. Temos que trabalhar juntos pelo nosso mercado. As próprias distribuidoras também estão querendo enxergar um mercado futuro. Esta extrema concentração de mercado também atrapalha. O mercado está se concentrando cada vez mais e está comprovado que quanto mais concentrado for haverá menor competição. Há uma desigualdade, um desequilíbrio, imperfeições de mercado... e a única forma de equalizar tudo isto é trabalhando com a precificação do

RenovaBio, ou seja, precisamos ser remunerados de acordo com o que cada usina sequestra de carbono e emite ao longo da produção. Precisamos de certificações de peso e atuantes. Na Califórnia, EUA, há acompanhamento das emissões e do sequestro de carbono e isto resulta em valores diferenciados para o etanol. Com isto, as empresas recebem valor melhor ou pior e isto gera competição saudável. Precisamos de critérios semelhantes no Brasil e nossa esperança é o RenovaBio e que haja mercados futuros de etanol. Como o senhor imagina este mercado futuro de etanol? Pensamos em um mercado futuro de etanol conjunto (com etanol derivado do milho e da cana). Seria muito melhor porque o de cana-de-açúcar é mais competitivo, mas o outro também tem seu espaço. Veja que o Mato Grosso já possui usina que faz etanol com os dois produtos e para aquela região o modelo é perfeito (A pioneira Usimat, de Campos de Júlio, MT, fez a primeira safra de etanol a partir do milho, em 2011). Há uma expectativa também de que volte o aumento de PIS/Cofins para a gasolina, o que seria bom para o etanol brasileiro.


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ENTREVISTA – Gilvan Falcão, gestor de negócios

Como navegar sem risco de naufrágio rumo à boa gestão Seria algo como um coaching enriquecido pela tecnologia? A expressão coaching atualmente vem sendo muito utilizada. É preciso compartilhar o conhecimento de forma tal que seja absorvido por todos, para que seja iniciado um processo de multiplicadores, onde se é possível ver o valor do negócio dentro da gestão, mostrando que a participação da área de TI, no apoio a tomada de decisão, faz a diferença. No processo de Governança de TI, é a soma dos processos, dos procedimentos, das pessoas, da tecnologia, entre outros, é que levam ao sucesso.

DA R EDAÇÃO

Formado em ciências da computação, especialização em análise de sistema, com MBA em gestão de negócios e outras atribuições, Gilvan Gomes Falcão Junior decidiu utilizar sua experiência de mais de trinta anos em gestão de tecnologia, nos setores bancários, soja e sucroenergético, e recentemente no Grupo Delta Sucroenergia (Usina Delta, Usina Volta Grande e Conquista de Minas), para contribuir com o setor em consultorias e fomento de negócios. Entre outros ensinos valiosos, explica o que significa efetivamente fazer mais com menos e a diferença entre poder posicional e pessoal. Veja sua entrevista: JornalCana - Como ser uma empresa de sucesso em dias como os atuais? Gilvan Falcão – Uma empresa de sucesso deve ter consciência de mercado, estar atenta às oportunidades além de ter uma visão sempre fora da caixinha do dia a dia: melhorar os processos, investir em tecnologias, atenta as necessidades do mercado, e principalmente estando alinhado com seu time. Valorizar pessoas, especialmente em suas motivações, oferecendo direcionamento específico para exercerem o máximo de suas capacidades. Por isso, além de suporte tecnológico oferecemos em nosso pacote de serviços treinamentos específicos e palestras motivacionais, para contribuir no engajamento dos colaboradores. Hoje se fala em fazer mais com menos. Esta expressão tornou-se um chavão para se economizar nas empresas e reduzir estruturas ou embute algo realmente significativo? A expressão tem seu valor. O que é preciso, entretanto, é ir além do slogan. É fundamental saber primeiro o que se tem em mãos, seja em ações concretas ou mesmo em potenciais, apenas com a consciência do que se tem é que se consegue fazer mais. O que acontece, infelizmente, é que muitos gestores desconhecem o que têm em mãos, a capacidade e potencial do seu TIME. Diante a isso tem dificuldade de consegui fazer mais com menos, ficam sempre no menos. Nosso trabalho foca em mostrar o que a organização e/ou pessoas tem em mãos, identificar seus limites e possibilidades e assim levá-los a se expandir. Pode citar algum exemplo? Sim. Ao fazer implementação de um BI - Business Intelligence, por exemplo, preciso definir indicadores, desk boards, etc, como de praxe. Mas antes de partir para estes passos práticos, é fundamental responder perguntas do tipo: os dados que tenho hoje possuem maturidade para se fazer um BI? Estão validados e/ou automatizados? Possuem coleta de dados acessíveis? Caso a resposta seja negativa a

Gilvan Falcão: “A informação é que faz a diferença para o sucesso”

estas questões, o melhor é retomar todo o processo do inicio, porque não há como fazer BI usando planilha Excel ou na base da cadernetinha. É necessário definir o que é possível para ser utilizado em um BI, pois sem os dados validados e com a correta coleta dos mesmos, o resultado não será atingido. Quais os maiores bugs nestas situações? Existe uma expressão que diz: “A expectativa é a aliada número um da decepção”. E é verdade. Hoje há muitos que, temerariamente, chegam anunciando que vão transformar o negócio de um empresário em puro sucesso. Criam uma expectativa no cliente, mas não faz as perguntas certas, que são: Como está seu negócio? O que você espera dele? Qual sua visão? Dentre outras. Sem uma análise dos processos atuais da empresa, prometem sucesso sem comunicação, gerando uma expectativa daquilo que “acham”, e o cliente acaba iludido de que o gestor ou consultor tem tudo o que ele precisa. O que o senhor costuma propor nas suas consultorias? Identificamos de forma objetiva os passos anteriores para se fazer mais com menos. Validamos a maturidade dos processos, o engajamento de todos os envolvidos, deixando claro onde devemos chegar, definindo as “ondas” de implementação, melhorando a comunicação para que possamos visualizar não apenas a ponta do “iceberg” que temos como desafio. Pois a ponta do “iceberg” é o que está visível, o que fica sob as águas com certeza é bem maior. Feito isso, iremos facilitar a navegação sem risco de naufrágio. Neste processo o fator motivacional parece que se torna fundamental... Sim, porque é neste instante que você vai encontrar aliados e sinergia para os processos. Afinal, só posso gerar conhecimento e informação se tiver identificado o que realmente possuo; é necessário ter uma comunidade com a mesma visão.

Quais as principais dificuldades das empresas hoje na área de gestão, no seu modo de ver? O envolvimento da Diretoria é a condição sine qua non para iniciarmos um processo de mudança, pois sem tal envolvimento há uma dificuldade de em implementar as boas práticas. Os valores existentes nas equipes, juntamente com o conhecimento das mesmas diante do negócio, necessitam ser conhecidos e compartilhados, para não termos várias “ilhas” ao invés um grande continente. Identificar isso, juntamente com quem de fato precisa ser treinado é fundamental. Temos que admitir que não se consiga treinar todos ao mesmo tempo, mas é possível ter multiplicadores, com a real necessidade para implementar as ações. Assim, chegamos ao objetivo em ondas, onde a mesma visão é multiplicada. É como se cada caso e pessoa tivessem que ser tratados à parte, mas ao mesmo tempo envolvidos em uma rede de comunicação participativa? Sim. Cada pessoa tem um momento e precisamos identificar o tempo e o modo de conseguir o seu melhor, ou entendimento sobre o que queremos. Por exemplo, se você for orientar o seu filho adolescente, ele vai te ouvir, mas não necessariamente irá te escutar. Provavelmente te ouvirá pela relação “pai e filho”. Mas, se em vez de falar diretamente com o seu filho você conseguir que o amigo dele entenda a sua necessidade, este levará o que você pensa ao seu filho na linguagem jovem e a possibilidade de aceitação é muito maior. Assim é que conseguimos que ideias sejam multiplicadas de forma similar, implementando o conceito de multiplicação da visão. Lembramos que em muitas ocasiões a chefia é imposta, porém a liderança sempre será conquistada. Esta seria então a diferença entre ser chefe e ser líder? Exatamente. O poder posicional (estar chefe) é infinitamente menor do que seu poder pessoal (ser reconhecido como líder). O poder pessoal é conquistado, por isso é que se diz: deve-se criar referências e não modelos. Ao criar referências, te dou o livre arbítrio de escolher o que melhor se adequar ao perfil pessoal e profissional. Já modelo é a imposição de ideias e valores a outro.

Como seu trabalho tem sido aplicado nas usinas sucroenergéticas? Uma usina de açúcar possui várias características que permitem um crescimento profissional muito grande, pois existem várias áreas distintas, como a agrícola, a indústria, a oficina, o transporte, etc. Cada uma com sua peculiaridade, com uma enorme variação de situações e cenários, que geram um grande conhecimento de negócio. Esse conhecimento pode ser utilizado em todas as áreas dentro da empresa, independente de sua extensão, apenas adequando a solução diante da realidade que lhe é apresentada. Isto se aplica a pequenas, médias e grandes unidades? Sim. Grande parte dessas soluções utilizadas nas usinas de sucroenergia podem ser implementadas em qualquer empresa, seja de pequeno, médio ou grande porte. O que muda é a dosagem. A análise da cada realidade leva a adequação das soluções para o cenário de qualquer empresa. Devemos apenas tratar cada caso de forma heterogênea. Aliar oferta de produtos, serviços e soluções tecnológicas é tendência hoje? Certamente. Exemplo disso é que em nossa consultoria, oferecemos um conjunto de serviços e soluções que abrangem diversas necessidades em diferentes segmentos: avaliação de processos de negócios, segurança da informação, sites institucionais, servicedesk estão entre os serviços prestados. Já como soluções temos um produto, que possibilita a economia de até 30% de diesel nas colhedoras de cana. Além de oferecer palestras motivacionais para dosar o engajamento da equipe com os valores da empresa. Como contatá-lo para consultorias No nosso website www.gfalcao.com.br é possível conhecer todo o nosso portfólio, juntamente com outros serviços que prestamos, além de todos os nossos contatos. Oferecemos também, conteúdo sobre práticas e tendências do mercado a fim de acompanhar o crescimento e a evolução da realidade atual e o momento que as empresas vivem. Afinal, como diz nosso slogan, “A informação é que faz a diferença para o sucesso”. Basta no contatar, que sempre teremos tempo e agenda para atender ao setor sucroenergético. Esta é nossa missão! Podem me contatar também no email gilvan@gfalcao.com.br .

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COMUNIQUE-SE OU FRACASSE! Falta ou falha constante da comunicação pode levar ao fracasso e falência da empresa

“Todos transmitem uma mensagem através de três formas, sendo 55% da mensagem pela postura, 38% pelo tom e timbre de voz e apenas 7% pelas palavras”

LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP

(Márcia Vitória Cavicchia) Se a organização empresarial for considerada como sendo o corpo humano, a comunicação seria o sangue que nele circula e a ele dá vida. Sua importância é essencial para levar as informações ao sistema todo e caso isso não seja feito, ou tiver um bloqueio, pode causar a morte ou sequelas graves. Ou seja, do mesmo modo que o homem precisa realizar exames para saber se o sangue tem todas as informações necessárias e está correndo por todo o corpo sem problemas, esse mesmo cuidado precisa ser estabelecido dentro das organizações. De acordo com Márcia Vitória Cavicchia, consultora de treinamento e desenvolvimento da JJ Assessoria em Recursos Humanos, um dos pontos principais para ampliar os resultados da empresa através da comunicação é ter a consciência que todos transmitem uma mensagem através de três formas, sendo 55% da mensagem pela postura, 38% pelo tom e timbre de voz e apenas 7% pelas palavras. Sabendo disso, cada pessoa da empresa precisa fazer uma autoanálise de como está utilizando desses recursos para falar com o outro. “Vale reforçar que as empresas utilizam muito do e-mail e para isso se deve ter um cuidado extra”, explica Márcia. Outro ponto é saber que cada colaborador tem uma forma diferente de absorver a mensagem. Todos aprendem através de três canais: o visual, o auditivo e pelas sensações. Porém, em

Aline de Abreu Soares, consultora de treinamento & desenvolvimento

cada momento da vida um canal se encontra mais forte que os outros, e com o autoconhecimento e observando a outra pessoa é possível analisar qual canal de aprendizado utilizar para conseguir transmitir a mensagem de forma assertiva. “É importante saber quando precisamos ter uma comunicação agressiva, passiva e passivo-agressiva, conforme a situação, para assim conseguirmos ser objetivos, claros e sem ferir nossos direitos e o dos outros”, comenta Aline de Abreu Soares, consultora de treinamento & desenvolvimento da JJ Assessoria em Recursos Humanos.

Seguindo os pontos principais de uma boa comunicação, a empresa consegue uma melhora significativa no relacionamento intra e interpessoal, além de diminuir o número de conflitos, aumentando a produtividade. A organização pode ainda alcançar uma melhora na qualidade da entrega dos serviços, redução de custos, melhora no controle emocional e aumento da confiança entre as pessoas. “A comunicação não é simplesmente o que você pretende e sim a resposta que você tem. Quando esta responsabilidade fica voltada a quem emite a mensagem, leva as pessoas a pensarem antes de trocar ou partilhar alguma ideia”, comenta a consultora Márcia. O tema “Como Ampliar os Resultados da Empresa Através da Comunicação” foi apresentado por Aline e Márcia na 193ª Reunião do Gerhai — Grupo de Estudos em Recursos Humanos na Agroindústria, que aconteceu no dia 17 de fevereiro em Sertãozinho, SP. “A falha na comunicação nos impede de perceber o ambiente onde estamos e as pessoas que nos cercam, criando assim uma barreira entre elas e consequentemente gerando muito retrabalho e conflito nos relacionamentos”, finaliza Aline.


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Qualificação pode ser a melhor aposta para o final da crise LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP

Para o período de contratação de safra, que acontece entre março e abril, muitas organizações se perguntam qual o melhor meio de manter a produtividade sem gerar prejuízos. Muitas delas já começaram o processo seletivo para a contratação de novos, mas outras estão usando e aprimorando ainda mais as qualidades que seus colaboradores já têm. Ainda não existe um veredito sobre o fim da crise, porém a situação não está mais tão ruim. Atualmente, o setor passa por um momento favorável na área de produção e mercado e precisa aproveitar esse tempo para estabilizar a parte de gestão empresarial, nos custos, processos e pessoas. “O bom é aproveitar a crise e fazer dela uma oportunidade para vender lenços e não chorar”, satiriza José Darciso Rui, diretor executivo do Gerhai — Grupo de Estudos em Recursos Humanos na Agroindústria. Durante a entressafra, a Clealco, de

Alunos formados no programa de qualificação

Clementina, SP, por exemplo, realizou a cerimônia de formatura dos mais de 210 alunos participantes do programa Clealco Qualifica. Em parceria com o Centro Paula Souza e prefeituras nos municípios de Alto Alegre, Braúna, Clementina, Guaimbê, Luiziânia, Penápolis, Rinópolis, Santópolis do Aguapeí e Tupã, o evento recebeu mais de 250 pessoas entre representantes da Clealco, do Centro Paula Souza, prefeitos, vereadores e secretários das cidades participantes, além

Prefeitos, representantes do Centro Paula Souza, da Clealco e das ETEC's: objetivo comum

dos alunos e familiares. “É o sétimo ano seguido dessa parceria e o Centro Paula Souza se sente orgulhoso por estar em conjunto com a Clealco, cumprindo a missão de levar qualificação onde a população mais precisa. Essa união entre as pessoas, o poder público e o privado fazem deste programa um exemplo de parceria de sucesso”, declara a professora Clara Maria Magalhães, Coordenadora técnica da unidade de formação inicial e

educação continuada do Centro Paula Souza. “O grupo Clealco Qualifica, por meio da parceria pública e privada, traz desenvolvimento profissional e gera valor para a região. O projeto não só prepara os profissionais para as novas oportunidades durante a safra como também aumenta a empregabilidade, oferecendo uma formação teórica e prática de qualidade”, afirma Carlos Furlaneti, gerente de desenvolvimento humano e organizacional da Clealco. A maioria dos alunos formados está em processo de contratação pela Clealco para a safra 2017/2018. Um exemplo é o Tratorista Flávio Augusto Galo, de Rinópolis. "A qualificação abriu as portas para que eu conseguisse um emprego. Estou ansioso para fazer um grande trabalho aqui e poder colocar em prática todo o aprendizado. É uma chance que não pode ser desperdiçada”, diz. Nos últimos dois anos, mais de 850 pessoas foram capacitadas. A Companhia mantém ainda programas de aperfeiçoamento para os colaboradores, maximizando as oportunidades de desenvolvimento e carreira.

Qualificação de Funcionários: evento teve mais de 250 pessoas presentes

Cevasa investe na capacitação de seus integrantes Localizada em Patrocínio Paulista, São Paulo, a Cevasa — Central Energética Vale do Sapucaí Ltda., produtora de açúcar, etanol e energia elétrica começou, em janeiro deste ano, o projeto “Aprender Fazendo”, um programa de capacitação de seus colaboradores internos, visando o melhor desempenho dos integrantes e seu crescimento profissional. O projeto “Aprender Fazendo” foi criado com o intuito de capacitar os integrantes para operar seu equipamento, identificar, relatar, manter e remover as anomalias antes que se tornem falhas. Segundo os realizadores, a vantagem é a padronização das operações, sendo possível diminuir o tempo do processo, aperfeiçoando as técnicas da operação e diminuindo os custos, aumentando assim a produtividade. Ele também oferece capacidade técnica e operacional para realização de pequenos reparos nos equipamentos, promove o senso de propriedade dos integrantes sobre o equipamento, incentivando-os a cuidar como se fosse seu, fazendo-os atuar de forma preventiva e a aumentar a vida útil e a

disponibilidade dos equipamentos e possibilita o desenvolvimento da manutenção planejada, minimizando as atividades corretivas, e oferecendo aos mecânicos a oportunidade de ter uma função mais de especialista em manutenção. A Cevasa usa como metodologia de ensino e aprendizagem a abordagem de conceitos teóricos e práticos necessários à operação das máquinas, demonstrações apropriadas para a prática e ainda estudos de casos e situações reais vivenciadas no ambiente de trabalho. O projeto é composto por aulas expositivas e dialogadas, aulas audiovisuais e realização de atividades práticas. No total são 400 horas de curso, sendo 168 horas teóricas e 232 horas práticas, que começou em 23 de janeiro e se estendeu até 31 de março. Os temas abordados com os participantes variam entre a filosofia operador mantenedor, senso de dono (capacitação comportamental), segurança do trabalho e meio ambiente, conhecimento da colhedora, mecânica, elétrica, hidráulica, soldagem, monitoramento e orientação e avaliação de desempenho. (LB)


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Cofco Agri proporciona educação financeira aos seus colaboradores No período de entressafra, os funcionários da Cofco Agri Brasil participam do Programa Rende Mais. Os colaboradores participam de várias atividades sobre equilíbrio financeiro, como: palestra, dinâmicas, exercícios e premiações. O programa foi realizado em todas as unidades da empresa, em Catanduva, Potirendaba, Meridiano, Sebastianópolis, Terminal de Votuporanga e com escritório corporativo em São José do Rio Preto, todas as unidades em SP, contando com a participação total de 2.393 funcionários. O Programa Rende Mais tem como objetivo oferecer informações úteis sobre como conseguir alcançar o equilíbrio financeiro, mantendo as contas sob controle e num segundo momento, conseguir poupar para concretizar objetivos e projetos futuros. O desafio do projeto é manter as despesas equilibradas com suas receitas, embora pareça uma tarefa relativamente simples, requer disciplina e uma dose de conhecimentos técnicos. A inadimplência é um problema bem conhecido e experimentado por muitos brasileiros, sejam eles trabalhadores, empresários, estudantes, donas de casa e mesmo funcionários da empresa. O programa surgiu justamente com a intenção de colaborar para a educação financeira e diminuir o pedido de empréstimos e também de desligamentos, pois alguns funcionários acreditam que com o “acerto” pela rescisão de contrato de trabalho, podem equilibrar suas contas, o que na verdade é um enorme erro, pois além de não conseguirem, acabam desempregados e as dívidas tendem a aumentar consideravelmente. No total, a Cofco investiu mais de 33 mil reais, contando com a realização dos Coffee-breacks e confecção dos cofrinhos para todas as turmas. Os objetivos do Programa Educação Financeira “Rende Mais” são desenvolver uma mentalidade adequada e saudável nos funcionários em relação ao dinheiro, o que proporciona uma maior segurança material, garantindo uma

visão mais estruturada do futuro, o que gera qualidade de vida e contribui para uma vida mais feliz e oferecer informações úteis sobre como conseguir alcançar o equilíbrio financeiro, mantendo as contas sob controle e num segundo momento conseguir poupar para concretizar objetivos e projetos futuros. A estratégia usada no programa foi realizá-lo na entressafra, onde os funcionários, principalmente do setor agrícola, teriam condições para participar. O projeto é desenvolvido em três horas e antes de cada palestra é

proposta uma dinâmica de descontração, em seguida dá-se início ao curso tendo como referência uma cartilha que é distribuída aos funcionários. Esta cartilha traz informações sobre como alcançar o equilíbrio financeiro e é demonstrado a eles que seguindo as orientações da mesma fica mais fácil perceber que os problemas financeiros podem ser evitados através do planejamento prévio e uso consciente do dinheiro. A partir daí aqueles projetos que até então pareciam impossíveis de se concretizarem, passam a ser viáveis a médio e longo prazo. (LB)


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Usinas mantêm boas práticas na área de segurança do trabalho Diversas unidades continuam avançando nessa área mesmo em períodos de crise, como as do grupo Clealco que têm diminuído o número de acidentes com afastamento R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

O sistema de gestão de SST – Segurança e Saúde no Trabalho continua sendo prioridade na agenda de usinas e destilarias, apesar das dificuldades decorrentes das crises setorial e conjuntural dos últimos anos. Além de zelar pela saúde e integridade física dos funcionários – o que é obrigação das empresas de qualquer segmento –, as boas práticas nessa área possibilitam aumento da produtividade, redução de custos por afastamentos e indenizações por acidentes de trabalho. As medidas adequadas evitam ações trabalhistas, civis e criminais e, em casos de maior gravidade, autuações e interdições. Geram também impactos positivos na imagem da empresa junto a investidores e clientes. O setor sucroenergético tem

Galliger Moreira, coordenador de saúde, segurança e meio ambiente do grupo Clealco

constantemente avançado na área de segurança do trabalho. Prova disso é a significativa redução dos números de

acidentes – avalia Galliger Moreira, coordenador de SSMA – Saúde, Segurança e Meio Ambiente do grupo Clealco, que

possui unidades em Clementina, Queiroz e Penápolis, no estado de São Paulo. O GSO – Grupo de Saúde Ocupacional da Agroindústria Sucroenergética – desempenha inclusive um papel importante para a troca de informações e experiências, realizando encontros entre profissionais da área – observa. “Mesmo em um contexto de desafios econômicos, observamos que muitas usinas têm aumentado os investimentos em segurança. Isso dá aos trabalhadores um ambiente de muito mais confiança e produtividade”, afirma. O grupo Clealco, por exemplo, tem sido “incansável” na adoção de medidas para garantir um ambiente de trabalho mais saudável e seguro nas áreas agrícola e industrial, investindo na capacitação de seus trabalhadores e na adequação às normas, segundo Galliger Moreira. Em decorrência disto, a empresa obtém indicadores cada vez mais positivos. Em fevereiro, a Clealco não registrou nenhuma ocorrência de acidentes de trabalho com afastamento. “É um resultado histórico”, ressalta. A companhia conseguiu inclusive, principalmente no ano passado, uma diminuição significativa de seus números de acidentes. Houve uma redução de aproximadamente 70% do índice de acidentes com afastamento em relação à safra 2015/16 e de quase 81% em relação à safra 2014/15 – informa.


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Iniciativas adequadas afastam condições e atos inseguros Além de palestras e treinamentos, grupo sucroenergético adota diversas medidas para atendimento de normas regulamentadoras e para prevenção e combate a incêndios A adoção de boas práticas na área de segurança do trabalho contribui também para a melhora da produtividade, pois os funcionários realizam suas tarefas com qualidade e pensam sempre qual é o melhor método de execução, comenta Galliger Moreira. A Clealco tem como um de seus valores, a segurança, mantendo um compromisso permanente com a saúde e integridade de seus funcionários – ressalta o coordenador de SSMA. Segundo ele, a questão comportamental é a mais importante prática, no campo e na indústria, para garantir que as condições e os atos inseguros não façam parte do dia a dia

Motorista Eduardo Ferreira Lima: atento à NR 12 na Clealco

das unidades do grupo. Para salientar a importância de um comportamento seguro, a Clealco realiza constantemente ações como palestras, treinamentos em procedimentos e utilização de recursos de comunicação visual em e-mail e informativos internos.

Treinamento sobre procedimento de segurança no campo Clealco

Com o objetivo de garantir resultados positivos nessa área, a Clealco atua em outras “frentes”, incluindo o uso de novas tecnologias que valorizem a segurança do trabalho. De acordo com Galliger Moreira, a aquisição de novos equipamentos, para as

usinas do grupo é avaliada por uma equipe multidisciplinar, com a participação dos SESMT - Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho - das unidades, que considera vários pontos, entre os quais, a segurança de seus trabalhadores. Outra preocupação da Clealco é o atendimento das exigências de normas regulamentadoras que existem para assegurar que todas as atividades sejam feitas adequadamente, preservando a integridade dos trabalhadores – afirma. “É sim um grande desafio atender a todas as exigências. Mas, esse é um compromisso nosso e temos que cumpri-lo. Pensar em segurança independe de qualquer cenário econômico do setor ou país. É uma questão de responsabilidade”, enfatiza. A Clealco adota medidas voltadas à prevenção e combate a incêndios. Além da constante formação de seus brigadistas, a empresa investe na adequação das suas plantas industriais para obtenção do AVCB – Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros. “Conta também com caminhões pipas nas áreas agrícolas e com profissionais gabaritados no combate a incêndios”, diz o coordenador de SSMA da companhia. (RA)

Formação de Brigadistas na Clealco


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Parque Quissamã não teve chance de começar Empresário José Pessoa de Queiroz Bisneto confia na recuperação e direciona ações mais para a área agrícola LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP

Em 2003 o parque canavieiro de Quissamã recebeu incentivo do setor, mas não foi suficiente. O projeto não saiu como esperado e com a chegada da crise não alcançou os objetivos iniciais e foi rapidamente cancelado. Um pequeno polo canavieiro surgiu no Rio de Janeiro há 14 anos. Os números mostravam que a situação a favor do Rio poderia ser revertida em poucos anos. A incipiente produção estava praticamente concentrada em Quissamã e ainda em pequena escala em Carapebus, municípios localizados no norte fluminense. Com a chegada do empresário José Pessoa de Queiroz Bisneto, atual presidente do grupo J. Pessoa, em 2002, a região começou a despertar interesse no investimento na atividade sucroenergética. O empresário fincou seus pés no estado do Rio ao adquirir a Usina Santa Cruz, na região de Campos, a maior do estado. No início de 2003 confirmou a

compra da mais antiga e tradicional usina de açúcar do país, a Companhia Engenho Central de Quissamã. Infelizmente a crise que já começava naquela época afetou e muito a continuação de todos os projetos que estavam para começar e que carregavam as expectativas do setor. A ideia era construir uma indústria nova logo após a compra, em algum lugar afastado, mas a crise chegou antes, obrigando o grupo a abortar seus programas. “A crise nos pegou também. O grupo J. Pessoa entrou em recuperação judicial e vem se recuperando até hoje. Nós não chegamos nem a começar nossos projetos, não levamos adiante. Posteriormente, nós vendemos todas as operações no estado do Rio de Janeiro, o Parque Industrial de Santa Cruz e o Projeto Quissamã”, lamenta José Pessoa. Segundo o presidente, o grupo vendeu o Parque Quissamã a fim de viabilizar a recuperação total da empresa. Hoje o grupo está se direcionando principalmente na área agrícola, mais do que na indústria que era seu foco inicial e mantém seu foco em Mato Grosso do Sul, São Paulo, Sergipe e Minas Gerais. “Estamos diversificando, processo que faz parte da nossa recuperação. Hoje temos eucalipto, soja e cana-de-açúcar; A tendência é alcançar o título de grupo 100% agrícola e vamos trabalhar e caminhar nessa direção”, finaliza Pessoa.

José Pessoa de Queiroz Bisneto, presidente do grupo J. Pessoa


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Este primeiro semestre é decisivo para o setor LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP

As novas contratações que estão sendo feitas nos primeiros meses deste 2017 mostram uma nova fase do setor sucroenergético. O momento positivo traz ânimo e esperança para os que esperaram, por tanto tempo, um pouco de alívio dentro da turbulenta crise setorial. Dados do Caged — Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, foram divulgados pelo Governo Federal com os demonstrativos da variação do emprego formal em todos os municípios do Brasil durante o começo do ano. Em 2016 cerca de 100 mil vagas foram perdidas no primeiro mês do ano, em 2017, as perdas atingiram 41 mil, menos da metade do ano anterior. Em compensação, apenas em Sertãozinho, SP, foram gerados 1.623 novos empregos, com destaque na indústria, que recebeu 745 novos funcionários. “Temos motivo para comemorar, nenhum dos setores apresentou grande queda e estamos muito contentes com os números deste ano”, comenta Paulo Roberto Gallo, secretário municipal de Desenvolvimento Econômico de Sertãozinho. Para o secretário, essas novas contratações podem indiciar o fim da crise e a retomada do setor que começou em agosto de 2016 com a melhora dos preços de açúcar e etanol. Nessa época os resultados

Paulo Roberto Gallo, secretário municipal de Desenvolvimento Econômico de Sertãozinho

ficaram ainda mais evidentes quando os principais estados produtores foram analisados. Em Goiás, o saldo positivo do

setor foi de quase duas mil vagas, responsável por aproximadamente 59% das 3.331 posições criadas no estado, no Mato

Grosso do Sul, o setor inverteu o saldo final negativo de 329 postos de trabalho para positivo em 187 e por fim, em São Paulo abriu mais de 15 mil novas frentes de trabalho. “Ainda é cedo para falar e acredito que ainda não estamos no patamar que gostaríamos, mas estamos no caminho, tudo indica uma virada no cenário do setor que estava em declínio nos últimos cinco anos”, explica Paulo. Pensando em como melhorar a situação ainda mais, a RenovaBio é a grande aposta dos colaboradores, sua matriz para o etanol traça horizontes mais longos para o investimento, com uma política de estado e não governamental. Se aprovada, ela será a chave de ouro para a retomada definitiva do setor. O secretário explica que vai ser necessário um acompanhamento meticuloso na economia do setor até o final do primeiro semestre de 2017 antes de criar as boas expectativas para os próximos anos. “Somente no final do semestre saberemos, com precisão, se esse novo momento positivo já começou e principalmente com qual intensidade ele vem. Só assim poderemos organizar melhor nossas administrações” observa Gallo. Principalmente para os fornecedores, vão ser meses decisivos e a atenção precisa ser total. Os resultados dessa primeira fase do ano vão servir de base para o planejamento dessa e das próximas safras.


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Metroval oferece soluções para controle de inventário de etanol na indústria sucroenergética Todo escoamento e armazenamento de combustível deve ser cuidadosamente monitorado, por razões econômicas e de segurança, com o etanol não é diferente. Buscando fornecer soluções modernas e ao mesmo tempo acessíveis para um controle rigoroso e confiável do inventário na produção de etanol, a Metroval desenvolveu sistemas de medição sob medida para as necessidades da indústria sucroalcooleira: Controle de descarregamento: em operações onde é necessário controlar o recebimento de etanol, a Metroval fornece sistemas dimensionados de acordo com a velocidade de descarga adequada, garantindo um escoamento sem presença de ar, medindo volume bruto e corrigido, temperatura, massa específica e grau INPM, atendendo todas as exigências do INMETRO para transferência de custódia. Controle de produção: mede continuamente vazão, densidade e temperatura, informando volume na temperatura de medição, volume corrigido e grau INPM, todas estas informações concentradas em uma única unidade eletrônica, simplificando a operação e o acesso às informações.

Controle de tancagem: medições confiáveis de nível e temperatura permitem informar nível, volume bruto e volume corrigido, com a exatidão necessária para uma operação eficiente com custo acessível. Controle de carregamento: predeterminação de volume, monitoramento de aterramento e transbordamento, medição de volume bruto e corrigido, temperatura, massa específica e grau INPM, atendendo todas as exigências do INMETRO para transferência de custódia. Sistema supervisório: as informações de cada um dos sistemas podem ser transmitidas e integradas em um supervisório de acesso via web, permitindo acesso a gráficos, históricos e ferramentas de diagnóstico de forma prática e amigável. Com quase 30 anos de experiência em medição de vazão, a Metroval pode oferecer a solução mais adequada para cada etapa do processo.

Sistema de produção

Sistema de carregamento

Metroval (19) 2127-9400 www.metroval.com.br

Sistema de descarregamento F120


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