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Fevereiro 2021
Série 2
Número 323
ADUBAÇÃO BIOLÓGICA E NOVOS PATAMARES DE PRODUTIVIDADE Diversidade de microrganismos é essencial no desenvolvimento dos canaviais
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CARTA AO LEITOR
Fevereiro 2021
índice MERCADO Região Nordeste deve processar 52 milhões de toneladas nesta safra . . . . . . . . . . . . .7 Raízen celebra contrato de aquisição da Biosev. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .8 “É uma oportunidade única de construir uma empresa que vai fazer diferença para o mundo” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9 Custo total de produção da cana própria subiu 6,8% na safra 2020/21 . . . . . . . . . . . .10 Déficit global de açúcar de 3,3 milhões de toneladas na safra 20/21 . . . . . . . . . . . . . .11 Canavial deve registrar menor produção na safra 2021/22 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12 Produção de açúcar deverá cair 6% na próxima temporada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13 Bolsonaro indica general para ser o novo presidente da Petrobras . . . . . . . . . . . . . . .14 São Martinho construíra planta de etanol de milho com apoio do BNDES. . . . . . . . . .16 “A chave do futuro está no etanol”, afirma CEO da Volkswagen Brasil e América Latina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17 SP divulga ranking das cidades que mais consumiram etanol hidratado . . . . . . . . . . .8 RenovaBio: metas preliminares serão de 24,86 milhões de CBIOs em 2021 . . . . . . . . .18 Jalles Machado faz IPO no Novo Mercado da B3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .20 Albioma investirá R$ 16,9 milhões em planta de biogás em Goiás . . . . . . . . . . . . . . . .20 Produtores rurais de SP protestam e pedem revogação da lei que permite aumento de ICMS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .21
AGRÍCOLA Adubação biológica e novos patamares de produtividade . . . . . . . . . . . . . . . . . . .22 e 23 Pesquisa realizada pelo IAC identifica intenção de plantio para próxima safra . . . . .26 Estria Vermelha. Como controlas e evitar perdas de produtividade (TCH) e qualidade (ATR) no canavial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27 Sensoriamento remoto avalia estado hídrico da cana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28 Uso de adubo feito com vinhaça reduz custos em R$ 35 milhões por ano . . . . . . . . . .29 Sistema reduz custos na colheita, otimizando seu desempenho . . . . . . . . . . . . . . . . . .30
GENTE Nobel da Paz 2021 poderá ser do Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31 Morre Herbert Bartz, pioneiro do Sistema Plantio Direto no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . .32 Setor perde Renato Toniello, sócio proprietário do Grupo Viralcool . . . . . . . . . . . . . . .32
USINAS Usina Caeté reforma medidas contra Covid-19 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .34 São Manoel mantém ações de prevenção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .34 Usinas investem na cultura patrocinando projetos musicais nas localidades onde atuam . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .35 José Mazuca Filho será o novo presidente da UISA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .36 Grupo Clealco tem novo presidente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .36 Gustavo Alvares é o novo presidente da Atvos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37
INDUSTRIAL Usina Santa Lúcia faz investimentos para reduzir 40% d captação de água . . . . . . . .39
LOGÍSTICA Reino Unido usa pellets de cana “brasileiro” para gerar energia sustentável . . . . . .40
MEIO AMBIENTE CEOS do setor de energia querem garantir ganhos de sustentabilidade . . . . . . . . . . .41 Bolsonaro sanciona lei que prevê pagamento por serviços ambientais . . . . . . . . . . .42
“Bendito o homem que confia no SENHOR e cuja esperança é o SENHOR. Porque ele é como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde; e, no ano de sequidão, não se perturba, nem deixa de dar fruto.” Jeremias 17:7,8
carta ao leitor Andréia Vital - redacao@procana.com.br
Um fim de entressafra movimentado A caminho da safra 2021/22, o setor sucroenergético vive uma nova fase de expectativas tanto pelo mercado agitado, devido às projeções de déficit global de açúcar, que deverá ser o maior desde a temporada 2015/16, quanto pela notícia da aquisição da Biosev pela Raízen, em uma operação que envolve troca de ações e pagamento de R$ 3,6 bilhões e que pode indicar o início de um novo ciclo de consolidação do segmento bioenergético. A negociação criará uma gigante do setor, com 35 unidades produtoras e capacidade de moagem de 105 milhões de toneladas, o que representa 15% da moagem de cana do Centro− Sul, mas a operação ainda deverá ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Eco− nômica (Cade) e também dependerá de uma reestruturação do endividamento financeiro atual da Biosev, dentre outros fatores. Outro fato que movimentou o mercado foi a mudança na gestão da Petrobras, com a de− missão de Castelo Branco. Matéria desta edição ressalta que a intervenção de Bolsonaro na Es− tatal indica controle populista de preços dos combustíveis e deve pressionar preços do etanol e prejudicar usinas, mesmo erro cometido pelo governo Dilma. Isso poderá também impactar o mercado de açúcar. Ainda no cenário político, trazemos conteúdo sobre a manifestação feita pelos produtores rurais paulistas, na capital paulista, contra o aumento do Imposto sobre Circulação de Merca− dorias e Serviços (ICMS). Esta edição divulga também que a Região Nordeste deverá produzir 52 milhões de tone− ladas de cana nesta safra e que o déficit no mercado global de açúcar deverá ser de 3,3 milhões de toneladas, segundo a StoneX. Além disso, mostra que o etanol ganhou destaque após o pre− sidente da Volkswagen na América Latina e no Brasil, Pablo Di Si, ressaltar a importância do biocombustível para acelerar o processo de transição energética no Brasil. Já a matéria de capa salienta que o uso de adubo biológico se mostra essencial para o de− senvolvimento dos canaviais e que a biodiversidade de microrganismos está mudando os pata− mares de produtividade. Manejos mais sustentáveis também proporcionam mais eficiência e ren− tabilidade para o produtor rural e diretor−presidente da Canacampo, Daine Frangiosi, que re− lata os resultados conseguidos a partir das práticas inovadoras e tecnologias que vêm sendo uti− lizadas por ele. A edição destaca, ainda, que os investimentos continuam em dia e as usinas apostam na di− versificação para garantir a rentabilidade de seus negócios, com o anúncio da construção de no− vas plantas de etanol de milho, de cogeração e biogás, e apostam também em projetos para me− lhorar a eficiência de seus ativos. Esta edição também traz informações sobre a indicação de Alysson Paolinelli, ex−ministro da Agricultura, ao Prêmio Nobel da Paz 2021 e a troca na gestão de grandes empresas, como Atvos, Clealdo e Uisa. É muito conteúdo interessante! Boa leitura!
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EVENTOS
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MERCADO
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Região Nordeste deve processar 52 milhões de toneladas nesta safra A Região Norte e Nordeste deve encerrar a safra 2020/21 com moagem de 52 milhões de toneladas de cana− de−açúcar, similar ao quantitativo em toneladas, produzidas na temporada passada.Até o dia 31 de janeiro, as usi− nas da região moeram 46.319 milhões de toneladas, o que representa 89% da estimativa, porém equivalendo a 1,7% a menos do que foi esmagado no mes− mo período no ciclo anterior, que to− talizou 47.132 milhões de tons. Para o presidente−executivo Re− nato Cunha, da Associação de Produ− tores de Açúcar, Etanol e Bioenergia (Novabio) e do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar−PE), a que− da na cadência da moagem está den− tro do esperado e as perspectivas para atingir produção de 3,1 milhões de toneladas de açúcar e 2,1 bilhões de litros de etanol, devem ser alcançadas. Já o volume de etanol, chegou em 31.01.2020 a 1,945 bilhões de litros,
volume 7,8% menor, sendo que a principal baixa foi no hidratado, com queda de 15,6% na produção compa− rado ao mesmo período da safra 2019/20; passando de um volume de 1,236 bilhões de litros para 1,044 bi− lhão de litros. Em relação aos estoques físicos de etanol há volume de 377 milhões de litros, ante 336,7 milhões de litros, uma alta de 11,96%. No caso do anidro, a alta no volume estocado é de 52,64%, representando 211,3 milhões de litros ante 138.485 milhões de litros. Para o hidratado, o estoque teve queda de 15,81%, reduzindo de 198,3 milhões de litros para 165,677 milhões de litros. Cunha comenta ainda que a pro− dução maior de açúcar na temporada
estimulou as exportações.“Dentro do regime de cotas internacionais, ex− portamos para os EUA e Europa. No mercado livre mundial para o Canadá, Leste Europeu, Norte da África e Oriente Médio. Geralmente, expor− tamos açúcar VHP a granel, embora Pernambuco tenha a peculiaridade de produzir e exportar açúcar refinado”, disse, lembrando que em Maceió (AL) e Recife (PE) existem plataformas (terminais de açúcar a granel), por onde são escoados o adoçante de to− da a região. Sobre perspectivas futuras, o pre− sidente da Novabio pondera ainda que se a pandemia for superada, em 2021, o país poderá acelerar seus planos de retomada para os próximos anos. Para ele, fora os obstáculos previstos pela pandemia, o setor sucroenergético na região NE e NORTE terá ainda que enfrentar alguns desafios, como a es− tabilidade climática e uma agenda consensual de consolidação do Reno− vaBio como um dos mais eficientes programas de promoção de melhoria ambiental do planeta.
“Como também, o enfrentamen− to de uma reforma tributária, que não puna a produção em detrimento da manutenção e do necessário aumento de geração de empregos, sob o risco de apenas incentivar o consumo sem contrapartidas na produção”, diz e acrescenta, "É um tema complexo, que não deve ser feito de forma ataba− lhoada sem garantias de que haverá redução de cargas para a sociedade com um todo". Mesmo assim, lembrou a resiliên− cia do setor sucroenergético e elogiou seu empenho ao longo do ano, en− frentando o cenário pandêmico. O segmento consegui manter a massa sa− larial consistente, com geração de mais de 280 mil pessoas em mais de 230 municípios da região. “O setor man− teve os empregos na entressafra mes− mo no período da pandemia, apesar das dificuldades mercadológicas, pois ocorreu justamente na época em que os estoques remanescentes são vendi− dos. A Covid−19 chegou nesta fase e essa massa salarial e seu efeito multi− plicador permaneceram”, concluiu.
Mato Grosso do Sul evita emissão de 3,1 mi/ton de CO2 com produção de etanol
Os 2,5 bilhões de litros de etanol a partir da ca− na−de−açúcar produzidos em Mato Grosso do Sul, em 2020, evitou a emissão de 3,1 milhões de tone− ladas de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. Os números foram divulgados pela Associação de Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul (Biosul) e Secretaria de Meio Ambiente, Desenvol− vimento Econômico, Produção e Agricultura Fami− liar de Mato Grosso do Sul (Semagro), no início de fevereiro. Das 18 unidades sucroenergéticas que operam no Estado, 16 foram certificadas já no primeiro ano do RenovaBio (Programa Nacional de Biocombus− tíveis) criado em 2017.Trata−se do maior programa de descarbonização do mundo e tem como estraté− gia incentivar a expansão da produção e do uso dos combustíveis verdes como forma de reduzir a emis− são dos gases causadores do efeito estufa (GEE). “No Estado de Mato Grosso do Sul temos di− versas iniciativas de políticas públicas em que está inserida a questão da sustentabilidade. Esse conjun− to de ações integra o Projeto MS Estado Carbono Neutro e o RenovaBio se alinha exatamente a essa iniciativa e também àquilo que se propõe cada en− tidade dentro do Acordo de Paris. O RenovaBio traz o conceito da sustentabilidade do agro e da indús− tria, no caso específico do etanol”, analisou Jaime Verruck, secretário da Semagro.
Já o volume evitado de CO2 no Estado corres− ponde à absorção feita por mais de 400 milhões de árvores, cerca de 250 mil hectares de floresta que pode ser representada por 330 mil campos de fute− bol. “O CBIO é um instrumento que reflete preci− samente quanto cada litro de biocombustível evita de emissão em comparação ao seu equivalente fós− sil”, explica o presidente da Biosul, Roberto Hol−
landa Filho. As associadas da Biosul, segundo Hollanda, foram muito bem ranqueadas pelas notas de efi− ciência energético−ambiental e estão empenha− das em melhorar ainda mais com a relevância que o RenovaBio já tem para o Brasil e para o mun− do comprovando as externalidades positivas do etanol, seja em ganhos ambientais, econômicos e sociais. Os objetivos do programa, explica Hol− landa, vão além da mitigação dos gases causado− res do efeito estufa (GEE). “Com essa política pública para a expansão da produção de biocombustíveis para os próximos anos, sem dúvidas o RenovaBio também será um estímulo para gerar ainda mais empregos nas usi− nas de MS”, enfatiza o presidente da Biosul. Até 2030, o programa estima gerar 1,4 milhões de no− vos empregos no País. Em 2020, a comercialização de CBIOs somou pouco mais de R$ 650 bilhões. As usinas certifica− das ofertaram 18.508.636 de CBIOs, sendo que 3.120.294 desses créditos foram provenientes das unidades produtoras de etanol em Mato Grosso do Sul, o que corresponde a 16% da oferta nacional. “O programa vem como um estímulo para que as unidades invistam cada vez mais na eficiência dos seus processos produtivos”, conclui o presi− dente da Biosul.
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MERCADO
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Raízen celebra contrato de aquisição da Biosev Companhia passará a ter 35 unidades e capacidade de 105 milhões de toneladas
A Raízen celebrou, no dia 8 de fevereiro, contrato para compra da Biosev.A aquisição ocorrerá por meio de uma combinação de negócios en− volvendo, de forma eficiente, uma troca de ações, com emissão de 3,5% de ações preferenciais da Raízen e o pagamento de R$ 3,6 bilhões para re− financiamento da dívida da Hédera Investimentos e Participações S.A, acionista controladora da Biosev. “Após a conclusão da operação, a alavancagem da Raízen, medida pelo índice Dívida Líquida/EBITDA, será preservada. Adicionalmente, haverá emissão de 1,4999% em ações resgatá− veis, por um valor simbólico, e uma es− trutura de Earn−out, com o objetivo de dividir eventuais variações no preço do açúcar e do etanol. Essas ações res− gatáveis e o Earn−out deixarão de existir quando ocorrer um evento de liquidez da Raízen”, informa. De acordo com a empresa, a ope− ração se encaixa estrategicamente no seu plano de negócios de longo pra− zo, baseado no fortalecimento de sua posição de liderança no processo de transição energética, por meio da am− pliação da oferta de energia mais efi− ciente, limpa e renovável, e está em conformidade com o alto nível de disciplina financeira da companhia. “Mais do que ampliar a produção de etanol, açúcar e bioenergia, essa é uma oportunidade de potencializar os negó− cios usando tecnologia para alavancar a produtividade e o aproveitamento da cana nas biorrefinarias,com possibilida− de de expansão do nosso etanol de se− gunda geração e biogás”, contextualiza Ricardo Mussa, CEO da Raízen. O executivo aponta que o movi− mento pode contribuir para o fortale− cimento de toda a cadeia produtiva do setor sucroenergético, solidificando parcerias e valorizando fornecedores. “Queremos crescer juntos e gerar valor compartilhado, consolidando também um time múltiplo e integrado, pautado sempre pela segurança, que é um valor inegociável para nós”, acrescentou. A operação segue à risca os princí− pios de disciplina de capital e,como di− to anteriormente, não impactará a ala− vancagem da Raízen, preservando o perfil de crédito da companhia,que hoje é “grau de investimento” pelas três maiores agências de rating globais. Im− portante ressaltar que algumas condições precedentes deverão ser atendidas e que
Ricardo Mussa, CEO da Raízen
o acordo, o qual já foi submetido à ava− liação, deverá ser aprovado pelo Cade. Com a integração, a Raízen pas− sará a contar com um total de 35 uni− dades produtoras, totalizando uma ca− pacidade instalada de 105 milhões de toneladas de cana, volume que repre− sentará aproximadamente 15% da moagem e biomassa do Centro−Sul e, cerca de 1,3 milhão de hectares de área cultivada. A produção de açúcar será de 4,954 milhões de toneladas, a de etanol, 3,844 milhões de litros e a de eletricidade, 3,000 mil mwh. “O acordo reconhece as conquis− tas alcançadas pela Biosev em relação à eficiência operacional e os resulta− dos positivos obtidos pela empresa no último ano financeiro, com apresen− tação de lucros e novos recordes ope− racionais”, disse Juan José Blanchard, presidente da Biosev. Blanchard também afirma que os negócios e colaboradores da Biosev têm potencial para prosperar como parte da Raízen, atuando como uma empresa integrada, com atividades e conheci− mentos complementares, graças a sua
liderança reconhecida no que diz res− peito ao avanço do setor em inovação. A Biosev deverá passar por uma reorganização societária para atender ao acordo. Uma assembleia geral de acio− nistas será realizada para deliberar sobre a incorporação das ações da Biosev pela Hédera, o que exigirá o voto favorável da maioria dos acionistas em circulação na Biosev, uma vez que a companhia fechará seu capital e deixará de ser lis− tada no segmento B3 Novo Mercado, em decorrência da incorporação de ações. Os acionistas dissidentes terão o direito de se retirar da empresa, com a venda de sua participação. Quanto à reestruturação de sua dívida, a Hédera assumirá parte da dí− vida da Biosev, por meio de novos instrumentos de financiamento, com datas de vencimento estendidas, e a Biosev manterá o saldo, a ser liquida− do com o produto da contribuição de capital a ser feita pelo Grupo Raízen na data de fechamento da transação. Ao finalizar o ciclo agrícola atual, a Biosev apresentou novos recordes de produção, com lucro líquido de R$
Juan José Blanchard, presidente da Biosev
485,3 milhões no acumulado de nove meses da safra 2020/21. No período, o resultado operacional foi positivo em R$ 1,3 bilhão, impulsionado, entre outros fatores, por uma receita líquida ex−HACC/outros produtos de R$ 5,5 bilhões, 48,2% superior ao 9M20. A moagem chegou a, aproxima− damente, 25,8 milhões de toneladas e, nos canaviais, a produtividade medida pelo TCH consolidado atingiu 85,7 ton/ha, 2,9% a mais do que em 9M20. Os impactos da alta produtividade agrícola também foram percebidos no teor de ATR Produto de 142,4 kg ATR/ton,crescimento de 9,1%,mais um recorde histórico para o período.Olhan− do a produção total, o ATR Produto foi de 3,6 milhões de toneladas,8,3% supe− rior aos noves meses da última safra. A companhia registrou mix de açúcar de 53,4% no 9M21. Já a recei− ta líquida do produto, excluindo−se os efeitos contábeis (não caixa) do hed− ge accounting da dívida em moeda estrangeira (HACC), atingiu R$ 3,1 bilhões, 119% superior ao 9M20.
Capacidade instalada da Raízen será de 105 milhões de toneladas de cana
MERCADO
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“É uma oportunidade única de construir uma empresa que vai fazer diferença para o mundo” Afirmação é de Francis Queen, vice-presidente executivo de operações de EAB da Raízen
Os executivos da Raízen estão animados com a aquisição da Biosev, controlada pela multinacional france− sa Louis Dreyfus Company (LDC). Além de aumentar a participação da empresa no setor sucroenergético, a negociação antecipará o objetivo de transformar o etanol em uma com− modity global. “Esse era o nosso so− nho, no lançamento da companhia, em 2011. A aquisição das unidades da Biosev (e o volume de cana que isso representa) faz com que esse sonho se torne realidade mais cedo, pois, assim, a Raízen terá mais representatividade no setor, mais voz ativa e conseguirá trabalhar melhor as externalidades do etanol para que ele se transforme em uma commodity global”, afirmou Francis Queen, vice−presidente exe− cutivo de operações de EAB (Etanol, Açúcar e Bioenergia) da Raízen. Com um volume maior de biomas− sa, a ideia é aumentar o portfólio, trans− formando a matéria−prima em produ− tos de maior valor agregado, e, com isso, ter um negócio mais forte e mais susten− tável. Assim, já faz parte dos planos fu− turos a implantação de renováveis diver− sificados na Biosev,como plantas de eta− nol de segunda geração e biogás.
Francis Queen, vice-presidente executivo de operações de EAB (Etanol, Açúcar e Bioenergia) da Raízen
O ganho da escala de disponibili− dade de biomassa para acelerar a tran− sição energética, a qualidade dos ativos, a capacidade de produção, o custo mais baixo de produção, a flexibilidade de mudança de mix de açúcar e etanol e a localização das usinas foram diferen− ciais para viabilizar a negociação. Segundo a empresa, a compra da Biosev resultará em sinergias opera− cionais de mais de R$ 6 bilhões em dez anos.“A Biosev tem um fator im− portante, que é a questão financeira.
Um endividamento muito alto, mas que será reestruturado e, pela solidez da Raízen, conseguimos captar di− nheiro a um custo mais baixo, o que trará, também, um valor agregado pa− ra o negócio combinado”, disse. Queen destacou a importância do elemento humano e a expertise do ti− me que contribuirá para a constitui− ção dessa nova gigante do mercado. O executivo comentou que não há pre− visão de mudança relevante a ser fei− ta. “A Biosev é uma empresa muito
eficiente, que conseguiu melhorar seus processos agrícolas e industriais. A gente vê a operação deles com muito bons olhos”, disse. Sobre o possível fechamento das unidades adquiridas, o executivo comentou:“É um cenário bem oti− mizado e a questão logística foi muito bem endereçada. Não vis− lumbramos um fechamento e estu− damos, eventualmente, a abertura de unidades, com a rampa de cresci− mento que temos”. Queen ainda ressaltou que o grande desafio, mesmo, é aproveitar o melhor das duas empresas.“Encontra− mos o parceiro certo; foi um casa− mento feliz. A expectativa é assumir− mos a Biosev durante a safra 2021/22, assim que recebermos a aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e conseguirmos as condições precedentes”, explicou. “Estamos em um cenário positivo e acreditamos no potencial da cana para transformá−la em açúcar, etanol, bioenergia. Além disso, é o momento certo para investir em bioenergia.Te− mos o RenovaBio. É um momento em que a sociedade está reconhecen− do o produto sustentável. É uma oportunidade única de fazer uma em− presa que vai fazer diferença para o mundo”, concluiu.
Companhia passará a ter 35 unidades, entre elas, a emblemática Santa Elisa, localizada em Sertãozinho - SP
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MERCADO
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Custo total de produção da cana própria subiu 6,8% na safra 2020/21 Pecege sobre a temporada traz outros números A safra 2020/21 foi marcada por uma acelerada moagem da cana, in− centivada pelos preços do açúcar e fa− vorecida pelo clima seco vigente des− de março/2020. Enquanto as chuvas acima da média no início de 2020 contribuíram para um ganho de 3,06% na produtividade da cana (t/ha), a estiagem subsequente favoreceu os ganhos na qualidade da cana que ba− teu recorde histórico e atingiu 145,19 kg de ATR/tonelada de cana, mostra relatório elaborado pelo Pecege sobre a safra 20/21. O estudo aponta que o incremen− to de produtividade e da qualidade da cana−de−açúcar resultou em 8,04% a mais de ATR produzido por hectare frente à safra anterior, permitindo uma maior alavancagem operacional. “Se por um lado a desvalorização cambial contribuiu positivamente pa− ra a geração de receita do setor, por outro, afetou negativamente o custo caixa das usinas por meio do incre− mento nos preços dos insumos agrí− colas (como fertilizantes, defensivos e corretivos), do ATR e do diesel, além do encarecimento da manutenção au− tomotiva”, analisa o Pecege, comen− tando que, no caso do ATR e do die− sel, pode−se afirmar que os aumentos foram arrefecidos, direta ou indireta− mente, pelas baixas cotações do pe− tróleo no mercado externo. Segundo o Pecege, algumas ope− rações se beneficiaram dos ganhos de eficiência nas operações, bem como da
maior diluição dos custos fixos, em especial o CTT (Colheita,Transbordo e Transporte), entretanto, nas últimas safras, os tratos culturais vêm se sobre− pondo a esses custos. Considerando esses aspectos, o custo total de produ− ção da cana própria saltou de R$ 111,82/t na safra 2019/2020 para R$ 119,42/t na safra 2020/2021, repre− sentando um incremento de 6,8%, su− perior à inflação de preços oficial, medida pelo IPCA. No mercado de etanol de milho, a safra 2020/21 deve ser encerrada com uma produção de 2,65 bilhões de li− tros – um volume cerca de 63,17% superior ao da safra 2019/2020. A despeito deste aumento de produção, o etanol de milho perdeu competiti− vidade em relação ao etanol de cana− de−açúcar na safra 2020/2021, em função do comportamento do preço de aquisição da matéria−prima. Apesar disso, e da queda expressi− va do preço do etanol no início da sa− fra 2020/2021, os subprodutos (DDG/WDGS) suavizaram a deterio− ração das margens das usinas processa− doras de milho (tanto as flex quanto as full) devido aos preços elevados em que têm sido comercializados; O ano de 2020 também represen− tou o início efetivo do RenovaBio, embora a meta de aquisição de CBIOs pelas distribuidoras foi reduzida para 14,53 milhões, devido à pandemia. O preço médio bruto de comercializa− ção do ativo foi de R$ 43,66/CBIO
em 2020 e o lucro líquido, após as de− duções tributárias e dos custos opera− cionais, foi de R$ 28,54/CBIO, o equivalente a R$ 0,61/tonelada de cana processada ou R$ 31,26/m³. O levantamento feito pelo Pecege identificou também que o consumo de energia elétrica no Brasil recuou 1,7% em 2020, comparativamente ao ano anterior, em função dos efeitos da pandemia.Ao mesmo tempo, o volu− me total de energia (cogeração) des− tinada para a venda na safra 2020/2021 foi superior ao da safra anterior, prin− cipalmente devido ao maior volume de cana processada. Apesar do impacto positivo deri− vado desse aumento no volume de moagem, houve uma redução no pre− ço médio de comercialização da energia elétrica, resultado, principal− mente, do menor preço spot realiza− do no período (PLD), que recuou de R$ 229,13/MWh em 2019 para R$ 182,56/MWh em 2020, uma queda de 20,32%. Já em relação às estimativas para a próxima temporada, o Pecege proje− ta que a moagem da cana terá o seu início postergado, em função do atraso no desenvolvimento fisiológi− co da cana causado pela restrição hí− drica ocorrida a partir de mar− ço/2020, ainda que tal situação pos− sa vir a ser parcialmente compensada pelas chuvas de verão. Além disso, contribuem para a re− dução da oferta esperada de cana−de−
açúcar, as queimadas ocorridas ao longo de 2020, a redução da área plantada em função da migração de fornecedores independentes para cul− turas de maior rentabilidade e o en− velhecimento do canavial devido à diminuição do plantio em 2020. Assim, espera−se que a quantida− de produzida de cana−de−açúcar dis− ponível para moagem na safra 2021/22 seja de, aproximadamente, 580 milhões de toneladas, uma redu− ção de cerca de 4,13% ante a moagem estimada de 605 milhões de toneladas na safra 2020/2021. A redução esperada no volume de moagem implicará numa queda no nível de utilização da capacidade ins− talada (NUCI), limitando a diluição dos custos fixos. Outros itens tenderão a apresentar encarecimento, tal como fertilizantes, o que impulsionará um aumento de custo na próxima safra. Para o Pecege, o açúcar deverá manter uma rentabilidade mais atrati− va do que o etanol na safra 2021/2022. No entanto, a produção do adoçante deverá ser menor na próxima tempo− rada, em função da menor oferta de cana−de−açúcar, menor qualidade da matéria−prima e do incremento mar− ginal do etanol na composição do mix de produção, graças à recuperação da demanda no mercado doméstico a ocorrer com o relaxamento das me− didas de distanciamento social e à melhora das cotações do petróleo no mercado internacional.
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Déficit global de açúcar será de 3,3 milhões de toneladas na safra 20/21 Consultoria também estimou volumes para produção no Brasil
O déficit no mercado global de açúcar na safra 20/21 (outubro/setembro) deverá ser de 3,3 milhões de toneladas divulgou em janeiro, a consultoria Sto− neX. Mesmo com a maior produção esperada na Índia e continuidade do protagonismo do açúcar no Centro−Sul do Brasil, as perspectivas cada vez mais claras de menor potencial produtivo em players co− mo Tailândia e União Europeia reforçam a menor oferta da commodity no mercado internacional. Além disso, a maior demanda por açúcar projetada para 20/21 também contribuíram para elevar a pro− jeção do déficit, que caso se concretize, será o maior desde a temporada 2015/16. A consultoria estima que a Tailândia produza 7,4 milhões de toneladas de açúcar, o que representará queda de 12,4% em relação à temporada passada. A retração considera, sobretudo, os impactos da estia− gem de 2020 sobre os canaviais e o início atrasado das atividades de campo no país. Para a União Eu− ropeia e Reino Unido, a StoneX projeta que a fa− bricação totalize 15,7 milhões de toneladas (valor branco), volume que representa queda de 3,8% no comparativo com 2019/20.
“De fato, a continuidade das condições cli− máticas atipicamente secas pelo 3º ano consecu− tivo e os impactos significativos do vírus amare− lo sobre as lavouras de beterraba levaram a uma das piores colheitas do tubérculo já registradas no continente”, afirma. Apesar disso, as perspectivas para 2021/22 se mostram mais positivas, em meio à liberação do uso emergencial dos neonicotinoides para o tratamento de sementes nos principais países produtores de açú− car na UE. De acordo com a Comissão Europeia, essa medida pode ser um dos fatores de estímulo para maior produtividade da
beterraba nos próximos anos, estimada para alcançar 75 t/ha até 2030 – aumento de 2,7 t/ha ante à mé− dia recente (2018−2020). De acordo com a consultoria,os estoques finais do ciclo 20/21 deverão ser de 74,0 milhões de toneladas. A produção total de açúcar foi revisada para 183,6 mi− lhões de toneladas, 0,3% acima do volume produzido em 2019/20. Já o consumo de açúcar deverá ficar nas 186,9 milhões de toneladas, o que representa uma alta de 0,7% comparada ao ciclo anterior. A StoneX também estimou que o Centro−Sul do Brasil processará na safra de cana−de−açúcar 21/22, 590 milhões de toneladas, o que representa uma queda de 2,6% em relação ao ciclo atual. Em relação ao ATR, a consultoria projeta que o indica− dor aumente frente à projeção anterior, consideran− do os impactos das condições climáticas mais secas ao longo dos últimos meses sobre a concentração de açucares na cana. Conforme dados divulgados, o mix deverá ser açucareiro, com 45,2% em 2021/22, sendo a produ− ção da commodity no CS estimada em 35,5 milhões de toneladas, representando uma queda de 7,3% em relação à temporada atual. No caso do etanol, a pro− dução deve atingir 26,6 bilhões de litros, ficando 4,9% abaixo do volume produzido na safra atual.
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CANAVIAL DEVE REGISTRAR MENOR PRODUÇÃO NA SAFRA 2021/22 Mesmo assim, setor está otimista com remuneração do açúcar e etanol A estimativa de uma boa rentabi− lidade este ano tem animado o setor sucroenergético, mesmo com as in− certezas quanto às condições dos ca− naviais da região Centro−Sul no ano safra 2021/22. O clima seco de 2020, que não teve efeito prejudicial na temporada 2020/21, deve atrasar, em alguma medida, o desenvolvimento da cana a ser colhida em 2021, tanto no caso da planta de primeiro quanto no caso dos demais cortes. Adicionam−se à questão da me− nor produção média de cana por hec− tare, prevista para 2021, em função da seca no ano anterior, outros fatos po− dem ser apontados, também, como possíveis responsáveis pela menor quantidade de ATR (Açúcar Total Recuperável) disponível a ser alocada para a produção de açúcar e etanol em 2021, relativamente ao ano de 2020. Entre eles, se destacam os incên− dios ocorridos em canaviais no ano passado, que precisarão de tempo pa− ra a recuperação.A redução dos tratos culturais nas lavouras no início da pandemia devido à descapitalização do segmento produtor, especialmente
pelas quedas da demanda e do preço do etanol. Também o aumento da idade média dos canaviais e uma me− nor disponibilidade de área a ser co− lhida que poderá estar em processo de renovação, postergada também em decorrência da pandemia. Com a finalidade de minimizar os efeitos do clima e da pandemia sobre a produtividade dos canaviais e a qua− lidade da planta a ser colhida, a moa− gem na região Centro Sul deve se ini− ciar em abril, não se prevendo a ante− cipação da safra como ocorreu em anos anteriores. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), os mais otimistas consideram, no entanto, que o clima pode ser favorável nos dois primeiros meses de 2021, permitindo uma recu− peração dos canaviais e pouca altera− ção relativamente a 2020 no ATR disponível. Ainda de acordo com o CEPEA, no ano safra 2021/22, o mix de pro− dução deverá se ajustar às expectativas de preços relativos de etanol e açúcar, da forma como feito em 2020/21. O açúcar deve continuar remunerando
mais que o etanol em 2021, conside− rando−se a conjuntura esperada para cada um desses dois mercados, tanto no âmbito nacional quanto no inter− nacional, e, dessa forma, pode−se in− ferir que usinas devem privilegiar a fabricação do adoçante, limitadas, no entanto, pela capacidade instalada nes− sa linha de produção. Quanto aos preços em 2021, as expectativas atuais dos agentes do mercado de etanol hidratado – refle− tidas, de certa forma, nos contratos futuros negociados na B3 – são de que estes operem, na maior parte das ve− zes, acima de R$ 2.000,00/m³. “So− mente em abril, maio, junho e julho, quando a pressão vendedora esperada é maior, os valores devem ficar apenas um pouco abaixo desse patamar. Na B3, o contrato Dezembro/21 chega a R$ 2.135,00/m³, superior ao de de− zembro/2020, que foi de R$ 2.105,50/m³”, afirma o instituto. É certo que as cotações do petró− leo e derivados devem definir o “pre− ço teto” para o etanol, e, nesse senti− do, o cenário é positivo para a com− petitividade do biocombustível. Ins−
tituições financeiras e o mercado, de forma geral, trabalham com um cená− rio de preços médios para petróleo e derivados em 2021 superiores ao que vigoraram em 2020. Em relação à demanda de com− bustíveis, não se espera, em 2021, re− tração como a que ocorreu no segun− do e terceiro trimestres de 2020, mes− mo com recrudescimento da pande− mia associada à covid−19. Não há mais espaço na atual conjuntura eco− nômica nacional para implementar medidas emergenciais de ajuda finan− ceira à população de baixa renda que permitam a sobrevivência, mesmo tendo vários setores da economia pa− ralisados. Assim, restrições de mobili− dade como as vistas em 2020 não de− vem ocorrer. “Considerando−se que não haja queda significativa da demanda em 2021 e um mix de produção favorá− vel ao açúcar, com estagnação ou queda do ATR, pode−se esperar que os preços de etanol se estabeleçam sempre em patamar muito próximo à paridade com o valor da gasolina”, conclui o CEPEA.
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Produção de açúcar deverá cair 6% na próxima temporada Previsão é da trading britânica Czarnikow A estimativa para a produção brasileira de açúcar na safra 2021/22 é de 36 milhões de toneladas, repre− sentando uma redução de 6%, afir− mou a trading britânica Czarnikow. “As usinas ainda vão maximizar a produção de açúcar, mas a quantida− de de cana disponível para moagem será menor”, explicou Ana Zancaner, analista da Czarnikow. As secas registradas no último ano, incêndios acidentais e crimino− sos, danificaram os canaviais em for− mação, resultando em áreas perdidas ou com perdas significativas na pro− dução agrícola. A quantidade de chuvas nos próximos três meses é es− sencial para o desenvolvimento da cana. “Precipitações abaixo do nor− mal podem atrapalhar a evolução da cultura e reduzir a disponibilidade de cana”, ressalta a analista. De acordo com o relatório da tra−
ding, no trimestre anterior, as chuvas ficaram 26% abaixo da média, sendo o quarto trimestre mais seco dos últimos 10 anos. Nos estados de Mato Grosso do Sul, Goiás e Paraná foram registra− dos os índices mais baixos de chuvas, neste período. A Czarnikow informou ainda que a moagem no Centro−Sul do Brasil deverá ser de 580 milhões de tonela− das em 2021/22, menor do que os 605 milhões de toneladas registrados na safra atual, até então. Informou ainda que as usinas fi− zeram hedge de uma quantidade re− corde de açúcar para esta época do ano e que 70% da produção de açúcar do ciclo 21/22 já foi precificada e que as unidades devem destinar 47,3% da matéria−prima para a produção de açúcar, visto que os retornos do ali− mento são os mais altos já registrados em reais /tonelada.
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Bolsonaro indica general para ser o novo presidente da Petrobras Fato pode ser um duro golpe para o setor sucroenergético
O presidente Jair Bolsonaro anunciou a troca no comando da Pe− trobras e indicou o general Joaquim Silva e Luna para o cargo de presiden− te da empresa, no dia 19 de fevereiro. Silva e Luna vai substituir Roberto Castello Branco, que está no cargo desde o início do governo, em janei− ro de 2019. Para ocupar a vaga deixada por Silva e Luna, que ocupava o cargo de diretor−geral brasileiro da usina hi− drelétrica Itaipu Binacional, Bolsona− ro indicou o general de reserva do Exército João Francisco Ferreira. A mudança na Petrobras ocorre em meio a recentes aumentos no pre− ço dos combustíveis e um dia depois do governo anunciar que vai zerar os impostos federais que incidem sobre o gás liquefeito de petróleo (GLP) – o gás de cozinha – e o óleo diesel. Em comunicado, a Petrobras in− formou que recebeu ofício do Minis− tério das Minas e Energia, solicitando providências para convocar uma As− sembleia Geral Extraordinária, com o objetivo de promover a substituição e eleição de membro do Conselho de Administração, e indicando Joaquim Silva e Luna, em substituição a Ro− berto da Cunha Castello Branco. Ainda de acordo com a Estatal, o ofício solicita ainda que Joaquim Sil− va e Luna seja, posteriormente, avalia− do pelo Conselho de Administração da Estatal para o cargo de presidente. “A Petrobras esclarece que o presi− dente Roberto Castello Branco e de− mais diretores executivos da empresa tem mandato vigente até o dia 20 de março de 2021”, conclui. O general indicado para coman− dar a Petrobras afirma não ter recebi− do “recomendação de interferência na política de preços”. Joaquim Silva e Luna ressaltou que o valor dos com− bustíveis hoje é definido, sobretudo, pela cotação do petróleo no mercado internacional e do dólar no Brasil. Além disso, segundo o general, as de− cisões sobre reajustes são tomadas pela diretoria−executiva, e não dependem apenas do presidente da estatal: “O presidente não fez qualquer recomendação para mim com relação a preço e interferência na política de preços. Até porque, pelo pouco que
eu conheço ainda da atividade inter− na da Petrobras, política de preço é competência da diretoria−executiva, ou seja, é uma vontade coletiva”, dis− se o general em entrevista à Rádio Bandeirantes. A demissão de Castelo Branco e intervenção de Bolsonaro na Petrobras indica controle populista de preços dos combustíveis e deve pressionar preços do etanol e prejudicar usinas, mesmo erro cometido pelo governo Dilma. Neste contexto, Arnaldo Luiz Corrêa, da Archer Consulting, afirma que a demissão do presidente da Pe−
trobras pode ser um duro golpe para o setor sucroenergético.“Esse é um cis− ne negro que pode mudar a trajetória de preços do açúcar no mercado in− ternacional e pode ser um duro golpe para o setor sucroalcooleiro”, afirmou. Corrêa lembrou que a Petrobras é uma empresa e existe para dar lucro, seguindo os preços internacionais do petróleo repassando−os para o consu− midor. “O seu (Jair Bolsonaro) des− preparo é tão grande que ignora que na formação do preço ao consumidor 53% refere−se ao preço do petróleo no mercado internacional convertido
em reais e os outros 47% são ta− xas/impostos/tributos e margem de comercialização de postos e distribui− doras”, afirmou. Para o consultor, as perspectivas indicam que, certamente, a Estatal vai abandonar a política de transparência na formação de preços e “todo o bri− lhante trabalho iniciado por Pedro Parente, cujo comando fez a empresa voltar a dar lucro depois de quatro anos seguidos de prejuízo, vai por água abaixo”, ressaltou, destacando que is− so deve afastar os investidores estran− geiros do Brasil.
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São Martinho construíra planta de etanol de milho com apoio do BNDES Grupo também terá nova usina termoelétrica movida a bagaço O Banco Nacional de Desenvolvi− mento Econômico e Social (BNDES) aprovou financiamento de R$ 941,6 milhões ao Grupo São Martinho S/A para a realização de uma série de inves− timentos em suas usinas situadas em municípios de São Paulo e Goiás. O grupo construirá uma nova planta de etanol de milho na Usina Boa Vista (UBV) e silos de armazenagem de grãos. O apoio também tem como fina− lidade a construção de uma nova usi− na termoelétrica movida a bagaço de cana−de−açúcar, a UTE São Marti− nho Bioenergia, e a modernização das outras termelétricas para aumento da cogeração de energia, processo em que o vapor produzido da queima do ba− gaço na caldeira produz eletricidade por meio de turbogeradores. Localizada em Quirinópolis (GO), a UBV, que já produz etanol a partir de cana−de−açúcar, passará a produ− zir o combustível proveniente do mi− lho em seu parque industrial. As usi− nas têm capacidade instalada para até
209 mil m3 de etanol e cerca de 140 mil toneladas de DDG (subproduto da destilação do milho, que é comercia− lizado como ração animal de maior valor nutricional). O projeto possui características inovadoras ao promover a integração energética de uma usina de etanol de milho com uma usina de cana já exis− tente. Os silos que serão construídos poderão armazenar 239 mil toneladas de milho usado na produção do bio− combustível. A UBV também recebe− rá investimentos de expansão e mo− dernização elevando de 1.000 para 8.500 toneladas a produção anual de levedura, matéria−prima para a pro− dução de rações para animais. O Grupo já tem a autorização do Ministério de Minas e Energia para a produção de etanol de milho, con− forme portaria de 14/01/21, publi− cada na edição de 15/01/21 do Diá− rio Oficial da União. A previsão é que o projeto seja concluído em abril de 2023.
A UTE São Martinho Bioenergia, usina a ser construída no complexo industrial localizado no município de Pradópolis (SP), terá capacidade de geração de 40 MW de energia a par− tir de biomassa (bagaço da cana−de− açúcar, resíduo do processo de fabri− cação de açúcar e etanol), podendo vender no mercado até 210 mil MWh/ano. O projeto permitirá a ex− pansão de 22% da cogeração de ener− gia da Usina São Martinho, que con− ta com mais duas UTEs. A energia gerada pela usina suprirá ainda a de− manda de consumo das demais usinas do complexo. Serão também realizados investi− mentos em inovação que trarão ga− nhos de eficiência em processos pro− dutivos nas usinas Santa Cruz e Irace− ma, em Américo Brasiliense (SP) e Iracemápolis (SP). “Merecem destaque os impactos positivos que as intervenções trarão para a economia nacional, pelos altos investimentos em máquinas e equipa−
mentos de fabricantes brasileiros e na economia dos municípios, situados em microrregiões apartadas dos grandes centros metropolitanos”, afirma o BNDES em comunicado. O financiamento de R$ 941,6 mi− lhões representa 79% do investimento total, que soma R$ 1,2 bilhão. A pre− visão é de que os projetos sejam inte− gralmente implementados até 2026. Essas iniciativas estão alinhadas à atuação do BNDES no financia− mento a empreendimentos da agen− da ASG (Ambiental, Social e de Go− vernança). "O apoio aos projetos da São Martinho vem ao encontro de demandas da sociedade brasileira co− mo descarbonização da economia, cuidado com o meio ambiente e in− centivo à melhoria de produtividade por meio da inovação, aliadas à ge− ração de emprego e renda a partir das atividades produtivas do setor su− croenergético", destacou Petrônio Cançado, diretor de Crédito e Ga− rantias do Banco.
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“A chave do futuro está no etanol”, afirma CEO da Volkswagen Brasil e América Latina Executivo destacou a importância do biocombustível para acelerar o processo de transição energética no Brasil
O etanol tem um papel importan− te para o futuro da mobilidade susten− tável afirmou o presidente daVolkswa− gen na América Latina e no Brasil, Pa− blo Di Si.Ao destacar a importância do setor sucroenergético neste contexto, o executivo ressaltou que o biocombus− tível tem tudo para se tornar a peça− chave para acelerar o processo de tran− sição energética no Brasil. Di Si lembrou que existem mui− tos desafios em relação ao carro elé− trico, entre eles, está a bateria e seu carregamento, que demandam altos
investimentos. Como alternativa, ele aposta no desenvolvimento de uma tecnologia de células de combustível a etanol para alimentar os carros elétri− cos no lugar da bateria. Neste sentido, o executivo defen− de que investimentos sejam feitos em pesquisas para o desenvolvimento do etanol como solução viável para abas−
tecer o carro elétrico e estima ainda que essa tecnologia possa chegar tam− bém nos EUA e China quando estiver pronta, fazendo com que o Brasil par− ticipe de uma maneira mais efetiva nesta indústria. “Temos um setor que emprega muito e é sustentável. Quando você olha o ciclo de vida de um veículo e coloca, não só o que consome um veículo, mas como foi gerada essa energia, somos um dos países mais eficientes do mundo. Então precisa− mos trabalhar de uma forma conjun− ta e levar esse projeto estratégico para a frente para mudar o Brasil”, disse. A sinergia entre as montadoras e o setor sucroenergético foi destacada também por Jacyr Costa Filho, membro do Comitê Executivo do Grupo Tereos e presidente do Con− selho Superior do Agronegócio (Co− sag) da Fiesp. Para ele, no Brasil, a eletrificação dos veículos merece uma reflexão mais aprofundada, principalmente porque exigirá muito investimento em infra− estrutura e a provável desindustriali− zação da cadeia automobilística. Cos−
ta Filho explica, que o custo estimado de implantação do smart grid no país, hoje, está entre US 210 e 300 bilhões, de acordo com estudos da Empresa de Estudos Energética (EPE). O executivo afirma que é preciso desmistificar o tabu de que o carro elétrico é menos poluente do que um veículo flex fuel movido à etanol. Ao considerar o ciclo total de vida, o veí− culo a etanol possui um nível inferior de emissão de GEE ao nível de emis− são de um carro elétrico com bateria europeu e muito menor quando comparado a um chinês, pois a matriz elétrica brasileira é mais limpa. Segundo ele, o carro movido à etanol é a melhor saída para o Brasil, que já dispõe da tecnologia, infraes− trutura e indústria automobilística adaptada.“O futuro é o carro híbrido e, posteriormente, o carro movido a hidrogênio a partir do etanol. Com essa visão de futuro continuaremos a ser referência para o mundo e a siner− gia dos setores automobilístico e su− croenergético continuará sendo gera− dora de empregos e tecnologia inova− dora para impulsionar o país”, concluí.
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SP divulga ranking das cidades que mais consumiram etanol hidratado O Anuário de Energéticos por Municípios do Estado de São Paulo 2020, divulgado pela Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente (SI− MA) do Estado, mostrou que os de− rivados de petróleo representaram 48% do total de insumos consumi− dos pelos municípios paulistas em 2019. Já o consumo de eletricidade, etanol e de gás natural ficou em 26%, 14% e em 12% respectivamente. A Capital paulista ficou em primeiro lugar em termos de consumo. O levantamento, feito com base em dados disponibilizados pela Agência Nacional de Energia Elétri− ca (ANEEL) e a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocom− bustíveis (ANP), indicou ainda que houve aumento de 17,2% no consu− mo de etanol hidratado em compa− ração a 2018, passando de mais de 9,9 bilhões de litros para mais de 11,6 bilhões de litros em 2019.Ape− nas na cidade de São Paulo o consu−
mo saltou de mais de 2,2 bilhões pa− ra mais de 2,6 bilhões litros. Na sequência, os maiores consu− midores de etanol hidratado no es− tado foram Campinas (378,2 milhões de litros), Ribeirão Preto (308,3 mi− lhões de litros), Guarulhos (270,3
milhões de litros) e Sorocaba (252,1 milhões de litros). Em termos de energia elétrica, houve pouca variação de um ano para outro: saltando de 132,115 bi− lhões de kwh, em 2018, para 132,117 bilhões de kwh, em 2019, variação de 0,0013%. O setor in− dustrial foi responsável pelo consu− mo de 47,1 bilhões de kwh, seguido pelo residencial com 40,5 bilhões de kWh, comercial com 29,4 bilhões de kWh e demais (rural, iluminação pública, poder público, serviço pú− blico e consumo próprio) com 15 bilhões de kWh. O subsecretário de Infraestrutura, Glaucio Attorre, enfatiza que o levan− tamento anual é uma ferramenta que pode ser usada por gestores municipais com a finalidade de fomentar a elabo− ração de políticas públicas em parce− ria com o Estado. “Esse material, ao mesmo tempo identifica os desafios tanto na oferta quanto na demanda de insumos necessários ao desenvolvi− mento regional”. Ainda segundo técnicos da Coor−
denadoria de Energias Elétrica e Re− nováveis da SIMA, os anos de 2018 e de 2019 apresentaram situações simi− lares em termos energéticos devido entre outras razões, a pequena varia− ção do Produto Interno Bruto (PIB), da inflação e da capacidade produtiva do Estado, culminando nos números apresentados acima. Entre as cidades que mais consu− miram eletricidade destacam−se São Paulo (27,5 bilhões de kWh), seguida por Alumínio (3,73 bilhões de kWh), Guarulhos (3,36 bilhões de kWh), Campinas (3,31 bilhões de kWh) e Santo André (2,8 bilhões de kWh). Quanto ao Gás Natural, houve uma redução no consumo de 1,28% em relação ao ano anterior: registran− do 5,5 bilhões de m³ em 2019. O se− tor industrial consumiu 4,1 bilhões de m³, o comercial 170 milhões de m³ e o residencial 288 milhões de m³. As cidades que mais consumiram o gás, segundo este último levantamen− to, foram São Paulo (17,3%), Cubatão (5,8%), Jacareí (5,5%), Santa Gertrudes (5,29%) e Santo André (5,21%).
RenovaBio: metas preliminares serão de 24,86 milhões de CBIOs em 2021 A Agência Nacional do Petróleo (ANP) tornou públicas as metas preliminares de redução de emis− são de gases causadores do efeito estufa aplicáveis a todos os distribuidores de combustíveis para o ano de 2021, calculadas com base nos dados de movi− mentação de combustíveis fósseis no período de ja− neiro a outubro de 2020, conforme prevê a Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio).Assim, a meta para 2021 foi fixada pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) em 24,86 milhões de Créditos de Descarbonização (CBIOs). Em relação ao cumprimento das metas compul− sórias referente aos anos de 2019 e 2020, foram apo− sentados 14.535.334 CBIOs pela parte obrigada até 31/12/2020, correspondendo a 97,6% da meta compulsória de redução de emissões de gases cau− sadores do efeito estufa fixada pelo CNPE. Dos 141 distribuidores de combustíveis com metas fixadas para o período,106 cumpriram inte− gralmente a meta, quatro aposentaram CBIOs em quantidade inferior à meta e 31 não aposentaram CBIOs. O descumprimento parcial ou integral da meta anual individual sujeitará o distribuidor de combustíveis à multa, sendo que o pagamento da multa não isenta o distribuidor do cumprimento de
sua meta anual, devendo a quantidade de CBIOs não cumprida ser acrescida à meta aplicável ao distribui− dor no ano seguinte. Já os CBIOs aposentados pelos distribuidores de combustíveis em quantidade superior à sua meta in− dividual compulsória fixada para 2019−2020, que totalizaram 73.556 CBIOS, não foram contabiliza− dos na tabela, pois serão considerados como saldo para cumprimento da meta de 2021. Para Evandro Gussi, presidente da União da In− dústria de Cana−de−Açúcar (UNICA),“o resulta− do do primeiro ano de RenovaBio demonstrou que os participantes do mercado de combustíveis que−
rem construir uma nova realidade e entregar a re− dução de emissões de CO2 que a sociedade espera, mitigando, assim, os impactos negativos das mudan− ças climáticas”. Cada CBIO equivale a uma tonelada de CO2 equivalente que deixou de ser emitida na atmosfe− ra. Ou seja, o volume de títulos comercializados ano passado evitou o lançamento de mais de 14,5 mi− lhões de toneladas dióxido de carbono pelo setor de transportes. Atualmente, 65% das empresas produ− toras de etanol no país participam do RenovaBio, estando certificadas e aptas a emitirem CBIOs. Es− sas empresas representam cerca de 85% da produção nacional de etanol. “Na prática, hoje, o consumidor pode ter a se− gurança de que vai abastecer com um etanol que de fato entrega uma redução de emissão de dióxido de carbono que chega a 90% quando comparado com a gasolina. Da parte do produtor, o RenovaBio sig− nificou um grande processo de auditoria para me− dir a pegada de carbono com dados públicos e total transparência”, explica Gussi. Atualmente, 217 unidades produtoras de etanol, 22 unidades produtoras de biodiesel e 1 produtora de biometano estão certificadas. O mercado já registra operações em 2021, sendo que 4,87 milhões de CBIOs estão disponíveis para negociação. Deste to− tal, as distribuidoras já adquiriram 506 mil créditos.
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Jalles Machado faz IPO no Novo Mercado da B3 Empresa é a quarta companhia do setor sucroenergético listada na B3 A Jalles Machado (ticker JALL3), uma das principais produtoras de açúcar e etanol do Brasil,concluiu no dia 08 de fevereiro sua oferta pública inicial (IPO) na B3.Transmitido ao vivo e atendendo às medidas de distanciamento social im− postas pela pandemia, o evento contou com a participação do presidente da B3, Gilson Finkelsztain e do diretor−presi−
dente da Jalles Machado,Otávio Lage de Siqueira Filho, conectados com os de− mais executivos da companhia e conse− lheiros de administração. “Com o IPO, a Jalles Machado marca também a listagem de uma em− presa do universo agro na B3. Nós queremos cada vez mais trazer o mun− do rural para a bolsa e levar o setor fi− nanceiro para o campo. Sabemos da potência do agro brasileiro no mundo e a importância desse segmento para nossa economia”, comentou Gilson Finkelsztain, presidente da B3. “É um orgulho acompanhar esse momento da Jalles Machado,dando pas− sos largos para fazer o Brasil crescer e ge−
rar empregos.Agradeço a B3 pelo tra− balho que tem feito pelo crescimento do Brasil e do setor de agronegócio. Obri− gado a todos que acreditaram e que acreditam na Jalles Machado, nossos acionistas, nossa diretoria, que liderou esse processo, e a todos os nossos cola− boradores, o nosso maior patrimônio”, celebrou Otávio Lage de Siqueira Filho, diretor−presidente da Jalles Machado. Com o IPO, a Jalles Machado tor− na−se a única companhia de capital privado do estado de Goiás listada na B3 e a quarta do setor sucroenergéti− co. As outras empresas são Biosev, Raizen e São Martinho. A Oferta foi feita nos termos da
ICVM 400 sob a coordenação da XP Investimentos (Coordenador Líder), do BTG Pactual, do Citi e do Santan− der (Coordenadores da Oferta). Os recursos captados pela oferta da Jalles Machado serão utilizados pela companhia para investimentos no au− mento da produção de cana−de− açúcar em suas duas unidades locali− zadas em Goiás e possíveis novas aquisições no setor, como a compra de uma terceira unidade industrial. Com a realização de seu IPO, a Jalles Machado passa a ser a 171ª em− presa listada no Novo Mercado, seg− mento com os mais elevados padrões de governança corporativa.
Albioma investirá R$ 16,9 milhões em planta de biogás em Goiás Fábrica viabilizará o processamento de 1,09 milhão de metros cúbicos de vinhaça ao ano O Banco Nacional de Desenvolvimento Econô− mico e Social (BNDES) aprovou dois financiamen− tos para produção de biogás no interior de Goiás e no Paraná. Em conjunto, evitarão a emissão de 154 to− neladas de gases poluentes, montante equivalente ao plantio de 1.076 árvores. Serão concedidos créditos de R$ 13,3 milhões à Albioma Codora Energia, joint venture entre a Albioma Participações do Brasil e a Jalles Machado, segunda usina de cogeração do gru− po produtor de cana−de−açúcar Albioma, em Goiás, e de R$ 10,1 milhões para a Cooperativa Agroindus− trial Consolata (Copacol), do Paraná. A maior parte do apoio do BNDES (cerca de 98% do total direcionado às duas empresas) se dará com financiamento de recursos do Fundo Clima – subprograma Energias Renováveis, que conta com condições facilitadas para a implementação de pro− jetos do gênero. "O apoio do BNDES no processo de descarbo− nização da economia brasileira por meio do nosso
agronegócio passa cada vez mais por financiar e es− truturar projetos como esses. Ao gerar energia re− novável a partir de resíduos agroindustriais, conver− te−se um problema ambiental em uma solução energética, em linha com a agenda do Banco e com o desenvolvimento sustentável do Brasil”, afirma Mauro Mattoso, chefe do Departamento do Com− plexo Agroalimentar e Biocombustíveis do BNDES. O investimento da Albioma ampliará a produ− ção de biogás da usina em 8,7%, chegando a 195 GWh. Cerca de 17 GWh (volume suficiente para suprir a necessidade de 8.500 residências) poderão ser distribuídos para o sistema interligado de ener− gia, incrementando a segurança energética nacional.
Parte da energia poderá ser direcionada à usina Jal− les Machado, que fornecerá a matéria−prima. No caso da Albioma, o investimento total de R$ 16,9 milhões, com financiamento de R$ 13,3 mi− lhões pelo BNDES, viabilizará o processamento de 1,09 milhão de metros cúbicos de vinhaça ao ano (cerca de 1,25 milhão de toneladas). Dos R$ 13,3 milhões, R$ 12,74 milhões são do Fundo Clima e R$ 600 mil provenientes da linha Finem Direto. As principais aplicações dos recursos serão em obras civis em instalações e compra de máquinas e equipamentos nacionais. Com o proje− to, "Albioma e Jalles Machado reforçam a inovação e a sustentabilidade com geração de energia pelo biogás da vinhaça", declara Christiano Forman, Di− retor Presidente da Albioma Codora. No Paraná, após a implementação do projeto, a Copacol gerará energia para utilização em suas instalações, além de dar uma destinação útil aos resíduos altamente poluentes, reduzindo custos com consumo de energia elétrica e diminuindo o impacto ambiental da unidade. Com investimen− to total de R$ 12,7 milhões, todo proveniente do Fundo Clima, o projeto terá capacidade de gera− ção de 1 MW e de processamento de 5,6 mil me− tros cúbicos por ano. A maior parte do investi− mento será destinada à aquisição de máquinas e equipamentos nacionais.
MERCADO
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Produtores rurais de SP protestam e pedem revogação da lei que permite aumento de ICMS Entidades do setor de saúde e revendedores de carros também participaram de manifestação
Agricultores de diversos municí− pios paulistas participaram de uma manifestação no dia 17 de fevereiro, na capital paulista, contra o aumento de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em SP. Embora, uma parte dos aumentos tenha sido revogada, o protesto visava a retirada da majoração de impostos e do artigo 22 da Lei 17.293, que cria insegurança jurídica, já que dá ao Governo Paulista amplos poderes para retirar isenções ou bene− fícios fiscais a qualquer momento. Os manifestantes se concentraram em frente à Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) e seguiram em caravana de tra− tores, máquinas agrícolas e caminhões pelas ruas da capital paulista até a As− sembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), onde participaram de mobi− lização, que contou também com a presença de representantes da Saúde e dos revendedores de veículos. Após o“tratoraço”,discursos das li− deranças mostraram toda a insatisfação do agro com o aumento de impostos estaduais. De acordo com Bruno Ran− gel Geraldo Martins, presidente da Cooperativa de Plantadores de Cana (Coplana) e diretor secretário da Asso− ciação dos Fornecedores de Cana de
Guariba (Socicana), a manifestação ser− viu também para simbolizar a união dos produtores e acompanhar a assinatura de um protocolo redigido pelo deputado Ricardo Mellão (Novo), que contou com a participação de 25 deputados, solicitando o veto do Projeto de Lei que dá “carta branca” aos governadores le− gislarem sobre os aumentos de impos− tos sem ter que passar pela Alesp. “Foi protocolado o documento para revogar o artigo 22, o qual dá plenos poderes ao governador João Doria e é isso que nós não queremos, é isso que precisamos eliminar. Go− vernadores que abusam do poder. Nós, agricultores paulistas, vamos sofrer com os aumentos do custo de produ− ção, consequentemente, com o custo da a produção do açúcar, o que deve− rá ser refletido nas gondolas dos su− permercados”, afirmou. Azael Pizzolato Neto, diretor da Sociedade Rural Brasileira (SRB), da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja SP) e da Ipê Agrícola, ressalta que se mantido o PL, será co− mo “dar um cheque em branco ao Po− der Executivo, terceirizando ao Gover− no Estadual uma competência/poder única e exclusiva do Poder Legislativo”. O agricultor comemorou o se− gundo “tratoraço”.“O agro mais uma vez mostrou sua força, com união e seriedade. Com tratores cortando as
principais ruas de São Paulo, levamos a mensagem da importância e beleza do agro”, disse, comentando ainda que “a luta e a vigilância continuam.Ago− ra, vamos manter a pressão para que o projeto seja pautado e votado. Até lá, estamos refém dos mandos e desman− dos do Governo”, alertou. O deputado Mellão disse que é preciso revogar o projeto para que a Assembleia Legislativa volte a ter a prerrogativa de discutir essas alíquotas. Ele assegurou que o protocolo signifi− ca uma conquista histórica do parla− mento, pois não deixará que aumentos de impostos sejam instituídos sem pas− sar pelos representantes da população. “Infelizmente essa vergonha aconteceu aqui, mas nós vamos cor− rigir”, afirmou, se referindo a aprova− ção, em outubro, do Ajuste Fiscal da gestão Doria, do qual faz parte o ajus− te no ICMS. O produtor rural da região de Ribeirão Preto – SP, Paulo Junquei− ra, reforçou que o protesto realizado nesta quarta−feira, pelo agro, repre− sentou centenas de cidades paulistas e milhares de pessoas. “Foi um movi− mento pacifico, ordeiro e completa− mente apartidário. São Paulo nunca tinha visto algo parecido na história e isto está acontecendo pelo desgover− no com aqueles que tocam o estado de SP e o Brasil. Somos a locomoti−
va deste país, tínhamos que ser res− peitado, assim como a população também”, disse. Junqueira, que é vice−presidente da Associação RuralVale do Rio Par− do (Assovale) e diretor da Associação e Sindicato Rural de Ribeirão Preto – SP, lembrou que os ajustes prejudica− ram não só o agro, mas muitos outros setores. “Como a gente, agricultor, colhe o que planta, o Doria está co− lhendo o que plantou”, concluiu. Questionado sobre a manifestação pelo JornalCana, o Governo do Esta− do de SP, em nota, afirmou que “res− peita a livre manifestação, mas lamen− ta ações injustificáveis de grupos que agem com caráter político−partidário. O argumento de que a redução dos benefícios fiscais provocou aumento de preços é mentiroso. Os valores de produtos e serviços oferecidos por es− ses grupos subiram acima da inflação – alguns acima de 50% − entre 2019 e 2020, portanto sem qualquer relação com o ICMS”. Ressaltou ainda que todos os gru− pos que protestam foram recebidos em reuniões e ouvidos pelo governo nos últimos meses.“O Governo atendeu às solicitações do setor do Agro e reno− vou em janeiro todos os benefícios fis− cais de hortifrutis, insumos agropecuá− rios e de energia elétrica, favorecendo os produtores rurais de São Paulo”.
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ADUBAÇÃO BIOLÓGICA E NOVOS PATAMARES DE PRODUTIVIDADE Diversidade de microrganismos é essencial no desenvolvimento dos canaviais
A busca por um manejo cada vez mais sustentável nas lavouras de cana− de−açúcar tem resultado em alta pro− dutividade, mais eficiência e rentabili− dade para o produtor rural e diretor− presidente da Canacampo, Daine Frangiosi.Ao adotar práticas inovado− ras e tecnologias que contribuem para a nutrição, a reestruturação do solo e a supressão de doenças, Frangiosi tem conseguido melhorar o desempenho dos seus canaviais e explorar mais o potencial produtivo da cana, garantin− do, ainda, maior longevidade do cana− vial e, consequentemente, a redução do custo de produção. “Sempre fui fanático por pesquisa e procuro as inovações para garantir o desenvolvimento dos canaviais. É im− portante buscar o equilíbrio da planta. Saber como o aumento da biodiversi− dade de microrganismos no solo in− fluencia nesse fator torna−se essencial”, analisa o produtor, nascido em Jabo− randi −SP, que foi para o Triângulo Mineiro em 1979 e, com o pai, desbra− vou o cerrado, plantando arroz e soja, antes de se tornar um especialista em cana−de−açúcar. De acordo com Frangiosi, uma planta bem equilibrada induz a própria resistência, conseguindo suportar mais patógenos do que uma planta comum. “A biodiversidade microbiana no con− ceito de manejo sustentável. É isso que estamos buscando na agricultura mo− derna”, afirma. Partindo desse conceito, Frangiosi passou a fazer uso de adubo biológico no manejo do solo, para promover a reestruturação e melhorar os ambien− tes restritivos de seus 4.4 mil hectares, localizados em Campo Florido−MG. Para isso, escolheu o Microgeo®, um componente utilizado na produção do adubo biológico por meio de um Pro− cesso de Compostagem Líquida Con− tínua (CLC®), obtido a partir da ins− talação de uma Biofábrica CLC® na propriedade do agricultor. Essa tecno− logia visa a reestabelecer o microbio− ma, resultando na bioestruturação físi− ca do solo, na eficiência nutricional e na saúde ecológica do solo e da planta. Esta será a sexta safra em que a tec− nologia Microgeo® será usada como
ferramenta essencial no manejo das la− vouras. A primeira Biofábrica CLC®, uma caixa de fibra de 15 mil litros, “uma relíquia que está lá até hoje”, deu início a uma parceria de sucesso e, ho− je, o produtor possui uma capacidade de 600 mil litros, suficientes para abas− tecer toda a sua área. Embora tenha iniciado o experi− mento em campos de cana, foi na soja que Frangiosi identificou os primei− ros resultados positivos.“Fizemos ex− perimento com 18 variedades de soja diferentes, com aplicações intercalá− veis, ou seja, uma faixa sim, outra não, e começamos a ver coloração diferen− te nas variedades, o que chamou a atenção”, contou. Após a colheita, os resultados foram mais visíveis, com variedades alcançando, em média, 8 sacos a mais por hectare, com algumas dando dois sacos e outras 18 sacos a mais por hectare. No caso da cana−de−açúcar, o agricultor identificou maior biomassa de folha e melhor qualidade, chegando em torno de 4 toneladas de açúcar a mais por hectare. Com os resultados se intensificando, Frangiosi passou a au− mentar o uso da tecnologia e, atual− mente, esta é usada em 100% no plan− tio e na soqueira, na área de expansão, área de pastagem e em outras culturas mantidas para a rotação. “Foi essencial entender o posicio− namento do produto para o sucesso do manejo, já que a cana fica entre 12 e 18 meses no campo, o que não justifica usar a tecnologia em uma fase só. Eu uso a tecnologia em todas as fases da cultura, aplicando na parte de solo e aérea da planta também. Em toda apli−
cação que faço no canavial vai o Mi− crogeo® junto (sic)”, explicou, co− mentando que, com o manejo susten− tável, ele conseguiu, na safra 2020/21, 112 de TCH, 144 de ATR e 16 TAH. Sua produção tem como destino a Usina Coruripe, Unidade Campo Flo− rido. Além disso, a solução também possibilita à planta ficar mais toleran− te ao estresse hídrico, fator impor− tante, principalmente, na safra atual, quando os canaviais enfrentaram a pior seca dos últimos 20 anos, soma− da à geada de 2019, que refletiu nos campos naquela temporada. Mesmo assim, os associados da Canacampo tiveram uma safra histórica, contabi− lizando a produção de 4.450 milhões de toneladas de cana. Frangiosi frisa, ainda, que as tec− nologias contribuem para manter o teto produtivo do canavial e fazem parte de um conjunto de ações para garantir o sucesso das lavouras. Assim, o produtor adota, também, um plan− tel varietal amplo, trabalhando com 107 variedades, tendo algumas teto produtivo de 300 toneladas. O pro− dutor explica que a variável clima ti− ra 100 toneladas do teto produtivo. “No caso de variedades com teto produtivo de 300 toneladas, perde 100 e passa a ter 200 toneladas de teto produtivo devido ao clima. Para ga− rantir que a variedade mantenha o teto máximo, é preciso dar atenção à todas as etapas fenológicas da cultura, com os manejos apropriados em cada fase. Umas das tecnologias que vem contribuindo para garantir o teto máximo é o Microgeo®”, explicou.
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Reposição da diversidade de microrganismos (ou Microbioma) em várias fases da cultura é essencial para garantir a eficiência da produção de cana Contribui também para manter o sistema solo-planta equilibrado A engenhosidade e a compe− tência demonstradas no campo de− ram a Daine Frangiosi o título de Fornecedor de Cana do Ano do MasterCana Brasil 2020 e de ven− cedor da 1ª Edição do Desafio Mi− crobioma Brasil 2019/20, um pro− grama inspirado no Plant Micro− biome Symposium. A iniciativa, idealizada pelos fundadores da Microgeo, incentiva a discussão sobre a importância do microbioma na agricultura, em busca de inovadoras práticas de manejo que demonstrem os bene− fícios do adubo biológico produ− zido com Microgeo® para suprir as necessidades de produção, a sus− tentabilidade no manejo e a quali− dade de vida. “Para mim, a tecnologia é mui− to mais do que um simples produto biológico. Então, o experimento serviu para conhecer e conseguir ti− rar o potencial máximo dessa tec− nologia”, explicou o produtor. As− sim, em 2018, ele começou o ex− perimento, mas, com o campo des− truído pela geada no ano seguinte, foi preciso refazer as etapas da pes− quisa, o que foi essencial para en− tender qual o melhor modo de aplicação do produto. Os resultados obtidos foram sa− tisfatórios. Frangiosi observou o aumento da atividade enzimática do solo e a capacidade fotossintética da planta, a supressão de doenças e pragas e o aumento da produtivida− de no tratamento com aplicação parcelada da tecnologia Microgeo® ao longo da safra, no solo e via fo− liar, garantindo, assim, a reposição da biodiversidade microbiana em várias fases da cultura. “O Microgeo® é um repositor de microrganismos, o que faz com que a eficiência da planta melhore e mantenha o seu sistema equilibra−
do, resultando na diminuição do uso de tecnologias químicas, ma− nejos e na maximização da prote− ção ao meio ambiente. Esse é o fundamento”, afirma. Ele lembra que a sustentabilida− de passou a ser tendência cada vez mais exigida pela sociedade e mer− cados e a tecnologia do Microgeo® também contribui nesse sentido, pois promove um processo produ− tivo mais eficiente e sustentável, que ajuda a mitigar as emissões de car− bono, principalmente agora que o RenovaBio está deslanchando. O produtor ressaltou, ainda, a importância de ter participado do Desafio. Além do conhecimento adquirido com o experimento, ci− tou a troca de experiência e o alto nível dos participantes, que desper− taram para novas ideias para o uso no campo. Para aprofundar os conheci− mentos e conseguir um manejo ca− da vez mais sustentável, Frangiosi segue em busca de parcerias com o meio acadêmico, tendo já contato com a Universidade Federal de La− vras (UFLA) e a Universidade Fe− deral de Viçosa (UFV). “É impor− tante trazer a parte acadêmica para perto da gente e é isso que estamos fazendo, senão a academia entende de uma forma e o campo, de outro. É preciso somar e fazer a pesquisa mais apropriada para os desafios do campo”, conclui.
Desafio Microbioma Brasil 2020/21 A segunda etapa do Desafio já está em andamento e, a partir de maio, os primeiros resultados serão concluídos para que a banca ava− liadora analise regionalmente os dados coletados. O programa con− ta com duas etapas ao longo do ano (regional e nacional), além de premiações para os ganhadores re− gionais e o finalista. O 1º e o 2º lugar da etapa nacional 19/20 re− ceberam como prêmio a viagem, bem como a inscrição, ao Plant Microbiome Symposium, que, em 2021, será realizado na Escócia.
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Pesquisa realizada pelo IAC identifica intenção de plantio para próxima safra Incorporação de variedades precoce é tendência
O Censo Varietal, desenvolvido pelo Programa Cana IAC, identifi− cou quais são as variedades de cana cultivadas em 5,9 milhões de hecta− res no Centro−Sul do Brasil e levan− tou dados sobre a intenção de plan− tio para a próxima temporada em 738 mil hectares. Os dados foram di− vulgados durante a 3ª reunião do ano do Grupo Fitotécnico, realizada no final de novembro. O levantamento, que é o maior censo de variedades de cana−de− açúcar do Brasil, começou a ser feito em maio e terminou em novembro deste ano e contou com informações de 214 empresas para áreas cultivadas e 166 unidades para intenção de plantio. Os resultados mostram que a va− riedade predominante na região Cen− tro−Sul continua sendo a RB867515, desenvolvida pela Rede Interuniver− sitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético (Ridesa), ocu− pando 18% da área recenseada. Em seguida, vem a RB966928, com 14% e em terceiro, a CTC4, com 11%. A RB92579 e a CTC9001 ocupam 5% da área pesquisada. “A 7515 está perdendo terreno, pois a área de plantio desta variedade é 6% menor do que a de colheita. A variedade mais importante em termo de plantio nesta relação de crescimen− to foi a CTC9001 seguida da CTC4, da CTC9002, CTC9003, CV7870 e RB975201”, comentou Rubens Lei− te do Canto Braga Jr, coordenador do Censo Varietal IAC. O pesquisador ressaltou ainda que, com a perda da concentração da RB867515, o uso de variedade pre− coce vem se tornando tendência no Centro−Sul, embora isso ainda não ocorra nos estados do Espírito San− to, Mato Grosso e Paraná.“Nos ou− tros estados, o uso de variedade pre− coce é predominante, sendo mais forte ainda na região de Ribeirão Preto (SP)”, explicou. O fato é comprovado no censo que mostra que no estado paulista, em 3.466.511 hectares cultivados, a RB966928 (17%) aparece como a mais importante no 3º ano consecu− tivo, seguida da RB867515 (12%) e da CTC4 (12%). Já em termos de área de plantio em 575.213 hectares pesqui−
sados, a RB966928 tem 15,2% de participação e a CTC4 tem 13,1%, seguidas da CTC 9001 (9,5%) e da RB867515 (9%).
A pesquisa mostra ainda que a concentração de variedades novas predomina na região de São José do Rio Preto (SP), sendo que Ribeirão
Preto (SP) e Piracicaba (SP) também já atingiram o nível de concentração varietal satisfatório. Quanto à relação de plantio e cul− tivo, considerando a média histórica (16,5%), o estado do Mato Grosso foi o que menos plantou (11%). Em Ara− çatuba (SP) o plantio foi o maior da região (19%). O censo também levantou a in− tenção de plantio para 2021 em 738 mil hectares no Centro−Sul e apon− tou dezoito variedades indicadas, sen− do que a RB966928 tem 11,8% das intenções, a RB867515, tem 11,6%; a CTC4, 10,2% e a CTC9001, 9%. A RB966928 se destacou em Goiás com 18,1% das intenções e em São Paulo, com 11,2%. No estado paulista, a va− riedade é a preferida em São José do Rio Preto, com 13,3%. De um modo geral, o censo mos− tra que variedades mais modernas e mais produtivas vêm sendo adotadas e o nível de concentração varietal em alguns locais já é bem baixo, como em São Paulo, onde há regiões com níveis de excelência. “O setor deve ser parabenizado por estar atuando com este cuidado em relação ao índice de concentração varietal. Este esforço vai resultar em uma maior produtividade agrícola”, afirma Marcos Guimarães de Andrade Landell, pesquisador do IAC e líder do Programa Cana IAC.
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Estria Vermelha. Como controlar e evitar perdas de produtividade (TCH) e qualidade (ATR) no canavial A Estria Vermelha é uma doença causada pela bactéria Acidovorax ave− nae subsp Avenae, ocorrendo em algu− mas das principais variedades de cana− de−açúcar cultivadas no Brasil. É uma das doenças mais severas que ocorre na cultura, pois se desenvolve e se alastra rapidamente, acarretando elevadas perdas em curto espaço de tempo. A primeira manifestação da doen− ça se dá nas folhas, onde provoca lesões longitudinais longas de coloração aver− melhada no limbo foliar e em grande número, ocasionando perda de área fo− tossintética e senescência precoce. Sin− tomas mais avançados ocorrem quan− do a bactéria é levada pela água até a região do meristema apical da planta, onde essa se desenvolve e apodrece o meristema, para depois descer para o colmo promovendo sua morte, com um cheiro característico de podridão, e por isso, este sintoma é comumente chamado de “podridão do topo”. A “podridão do topo” é o dano mais severo, pois causa redução do número de colmos por hectare, redu− ção de produtividade, e consequente− mente, redução de toneladas de açú−
car por hectare, podendo afetar tam− bém a qualidade do caldo na indústria.
Sintomas A doença é caracterizada por es− trias longitudinais de coloração aver− melhada por quase tudo o limbo fo− liar. Ao analisar a parte abaxial da fo− lha afetada, observa−se escamas de coloração branca, que são secreções (pús−bacteriano) provenientes da bactéria, comprovando assim, a pre− sença da doença na cultura.As secre− ções secam, descamam e podem ser− vir como fonte de disseminação da bactéria pela ação dos ventos e gotas de chuvas. A bactéria sobrevive em restos de cultura e em folhas velhas e com a ajuda da chuva e do vento são dis− seminadas para as folhas mais novas, como folhas 0, +1 e +2 (sistema Kuijper). Quando as bactérias al− cançam a folha 0, pode ocorrer a penetração no meristema apical da cana. Lá, elas encontrarão tecidos jovens e microclima favorável ao seu desenvolvimento e irão causar a “podridão do topo”.
Ocorrência e prejuízos A condição climática favorável para o crescimento e disseminação da bactéria coincide com o período de maior desenvolvimento da cultura, que se inicia com as primeiras chuvas (outubro), sendo importante seu con− trole até final de janela de ocorrência (março). Os prejuízos e perdas causados por essa doença estão diretamente ligados à quantidade de área cultivada com variedades susceptíveis. As perdas são expressivas tanto em produtividade (TCH), quanto em qualidade da ma− téria−prima (ATR), podendo com− prometer drasticamente a produtivi− dade do canavial.
Posicionamento técnico A primeira aplicação de DIFERE® deve ser feita no início do apareci− mento dos sintomas para evitar que a bactéria se alastre, e assim, mantenha a infecção sob controle. A segunda aplicação deve ocorrer 30 dias após a primeira. Lembrando sempre que, caso o clima após a pri− meira aplicação seja de muita chuva e
dias consecutivos nublados, pode−se encurtar o intervalo entre aplicações para aproximadamente 25 dias, e se o clima for seco, com dias de pleno sol, pode−se estender o intervalo entre aplicações para 35 dias. Portanto, de− ve−se avaliar caso a caso. Caso haja necessidade, pode−se realizar uma terceira aplicação, utili− zando−se do mesmo critério. A dose utilizada é de 1,5 litros de DIFERE® por ha por aplicação, sem− pre associado ao seu parceiro condi− cionador de calda OXIATIVO, na dose de 30 ml por ha.
Registro e controle. O DIFERE® é o único produto do mercado registrado para contro− le deste alvo biológico e com eficá− cia comprovada pelo MAPA (Mi− nistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Possuí também re− gistro para aplicação aérea, sendo possível sua aplicação após o cresci− mento da cultura. Fonte: Álvaro Sanguino – Pesquisa− dor e consultor ASAS Consultoria
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Sensoriamento remoto avalia estado hídrico Resultado pode indicar que a área precisa ser irrigada O sensoriamento remoto realiza− do por VANTs (Veículos Aéreos Não Tripulados), equipados com câmeras termográfica e multiespectral, vem sendo usado pelo Instituto Agronô− mico (IAC) para avaliar se as plantas estão em estresse hídrico. Estudo fei− to no segundo semestre de 2020, com o objetivo de avaliar alternativas para monitoramento do estado hídrico da cana−de−açúcar, por meio de dados gerados por essas câmeras e avaliação do estado hídrico das plantas. Os re− sultados mostraram que a temperatu− ra foi menor na área irrigada, varian− do na faixa de 22°C até 37°C, e na área não irrigada as temperaturas fo− ram superiores a 37°C. Os experimentos foram feitos em Ribeirão Preto, interior paulista. Nos ensaios foi adotada a cultivar IACSP95−5094. O estudo recebeu o Prêmio de melhor artigo no Inovagri Meeting Virtual, XXIX Congresso Nacional de Irrigação e Drenagem e IV Simpósio Brasileiro de Salinidade, em dezembro de 2020. Por meio das imagens, os cientis− tas interpretam o estado hídrico da planta. Segundo a pesquisadora do IAC, Regina Célia de Matos Pires, as avaliações permitiram registrar dife− renças entre os tratamentos irrigados quando comparados ao manejo sem irrigação nas duas câmeras utilizadas. "As imagens termográficas têm po− tencial para avaliação do estado hídri− co de plantas de cana−de−açúcar de modo rápido, não destrutivo e efi− ciente", considera. O fornecimento de água às plan− tas contribui para elevar a produtivi− dade e a qualidade da produção. Para obter tais resultados, é fundamental conhecer os diferentes manejos de irrigação que podem ser aplicados em áreas extensas. Para o experimento, foram trabalhados dois grupos de plantas: um com irrigação e outro sem. Na área irrigada, a água foi apli− cada por gotejamento superficial, com uma linha de tubogotejadores, por linha de plantio. "O manejo da água foi realizado com aplicação de 50% da evapotrans− piração da cultura, caracterizada como uma irrigação deficitária", comenta Regina. Neste tipo de irrigação, é dis− ponibilizado um volume de água in− ferior à demanda da planta, naquele momento. A pesquisadora afirma que há diversas formas para avaliar o estado hídrico da planta, mas para isso é
preciso ir com determinado equipa− mento na área e fazer algumas amos− tragens; ou opção é instalar equipa− mento na área para monitoramento em tempo real. As tecnologias de sensoriamento remoto aplicadas na agricultura têm permitido o monitoramento e o ge− renciamento da variabilidade espacial e temporal das lavouras em tempo real. No Brasil, a área cultivada de cana− de−açúcar é de cerca de 10 milhões de hectares. A produtividade média é de 76,1 toneladas, por hectare, e os esfor− ços são direcionados aos três dígitos, isto é, ao menos 100 toneladas, por hectare.“O estado de São Paulo é res− ponsável por 51% da produção brasi− leira. Com áreas tão extensas e núme− ros tão representativos para a econo−
mia, é fundamental recorrer a tecno− logias que permitam análises abran− gentes”, explica Regina. Com relação à qualidade da cana, a irrigação é suspensa em determina− do período, anterior à colheita, para favorecer a concentração de sacarose. "O aumento da biomassa depende de todo o manejo adotado, só a água não fará milagre", destaca Regina. Ela re− comenda, além da irrigação, a adoção de cultivar responsiva à água e a nu− trição adequada para obter elevadas produtividades. De acordo com o pesquisador e líder do Programa Cana IAC, Marcos Guimarães de Andrade Landell, den− tre as cultivares de cana, há grande variabilidade de resposta à água. "A cultivar pode determinar a viabilida−
de ou a inviabilidade de um projeto de irrigação e tem que render alta produtividade para valer o investi− mento na irrigação", orienta. Entre elas, cita a cultivar IAC911099 que apresenta resposta boa com irrigação deficitária na área da usina Jalles Ma− chado, em Goiás. "A IACSP−955000 vai bem com irrigação plena, quando é oferecida mais água, atendendo mais à demanda dela, torna−se muito competitiva. É o que temos observado no estado de São Paulo. Ela é uma grande opção para essa condição", diz Landell. A cultivar IACSP−955094 atende muito bem aos dois tipos de irrigação: deficitária e plena, assim como a IAC911099. Landell comenta que há novos mate− riais que estão chegando com perfor− mances muito boas também em con− dição irrigada. O clima do ano e do ciclo da cultura também é determinante pa− ra o aumento da biomassa. "Em anos com maior déficit hídrico, a respos− ta à irrigação (comparado à condição de sequeiro) vai ser muito maior que em um ano que tenha déficits por menor tempo ou com menor inten− sidade", atesta Regina. Por isso, esse percentual de aumento depende de todo o contexto, incluindo a região ambiental a disponibilidade hídrica e a condição de solo.
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Uso de adubo feito com vinhaça reduz custos em R$ 35 milhões por ano Cerca de 100 mil hectares de canaviais em MS receberam o produto Um fertilizante organomineral pro− duzido de acordo com as necessidades de cada solo, utilizando subprodutos do processo, trazendo representativos resul− tados econômicos e ambientais no setor sucroenergético.Assim é o adubo líqui− do fabricado pela Adecoagro desde 2018 em suas duas unidades no Mato Grosso do Sul a partir da concentração da vi− nhaça gerada na indústria. Em 2020, cerca de 100 mil hecta− res de canaviais receberam o adubo lí− quido, que possui até registro no Mi− nistério da Agricultura, proporcio− nando ganhos de produtividade na la− voura e a utilização correta e segura da vinhaça concentrada no processo. A companhia dispõe de concen− tradores em suas unidades Angélica e Ivinhema que retiram o máximo de água possível da vinhaça in natura, possibilitando o seu transporte mais econômico para o campo. Ao todo, cerca de 70 milhões de litros do adu− bo líquido são fabricados mensalmen− te misturando vinhaça concentrada
com Nitrogênio, Fósforo, Potássio, Boro, Zinco e Enxofre. O adubo é então aplicado após a colheita da ca− na por meio de tratores com tanques de arrasto e caminhões com tanques acoplados com jato dirigido em cima da linha da cana. A adubação organomineral em aplicação localizada permite melhor aproveitamento de nutrientes e econo− mia com fertilizantes minerais. Traz também muitas outras vantagens: des− tinação adequada da vinhaça gerada pela
indústria, melhor controle da dosagem de nutrientes no solo, maior eficiência na distribuição, proteção contra o piso− teio do solo e máxima reciclagem de nutrientes, reduzindo a quantidade glo− bal de nutrientes adicionada para man− ter a produção. A Equipe de Tratos Culturais fabrica o adubo líquido a partir das recomendações da Área de Planejamento Agrícola. A produtividade é aumentada em função da aplicação do produto de for− ma localizada, garantindo a chegada dos
nutrientes onde a planta necessita. A adição de matéria orgânica no solo pro− move o aumento das atividades micro− biológicas. A inovação gera também ga− nhos financeiros já que o potássio do adubo líquido supre a compra de 20.000 toneladas de cloreto de potássio, com redução de custos na aquisição de fer− tilizantes minerais de aproximadamente R$ 30 milhões anualmente. Há também o nitrogênio da vinhaça concentrada que reduz a demanda de ureia em 3.000 toneladas, reduzindo a despesa com fer− tilizantes nitrogenados em aproximada− mente R$ 5 milhões anualmente. O projeto da Adecoagro visa, nos próximos anos, maximizar a reciclagem de nutrientes em níveis mais elevados que os já alcançados bem como me− lhorar a qualidade do adubo líquido no fornecimento de todos os nutrientes que a cana necessita. Já na aplicação em campo, vai continuar investindo em tecnologia dos implementos aplicado− res com o objetivo de aperfeiçoar o controle e qualidade nesta etapa.
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AGRÍCOLA
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Sistema reduz custos na colheita, otimizando seu desempenho Unidades do Grupo Tereos já implantaram o equipamento
A HRC Metalização, de Piraci− caba − SP, desenvolveu um programa para aperfeiçoamento da colheita mecanizada, para tanto desenvolve− ram componentes cuidadosamente pensados para contribuir com o fun− cionamento da colhedora proporcio− nando maior capacidade de limpeza, e de colheita, sem fazer alterações no equipamento. A engenharia aplicada no progra− ma busca um equilíbrio hidráulico di− minuindo a pressão de trabalho do corte de base, indústria/ rolo picador, e extrator primário. Isso resulta em um serviço de me− lhor qualidade, otimizando seu de− sempenho e reduzindo consumo de consumíveis e combustível. “O Clean Cut visa estabelecer um programa de atuação integrando às partes interessadas, como engenharia agrícola, mecanização, indústria, trans− porte, manutenção e operação, com foco em inovação para melhorar a produtividade, densidade de carga e longevidade do canavial. Também tem como objetivo reduzir as impurezas provenientes do sistema de corte de base que a afetam toda a indústria”, explica Jairo Luís Rubem, gerente Operacional da empresa. O sistema tem como foco a redu− ção das impurezas minerais e vegetais; a melhora substancial na densidade de carga e na qualidade de corte; redução de perdas no campo, de consumíveis e de combustíveis, além de aumentar a disponibilidade e produtividade das máquinas, isso tudo com mais segu− rança e sustentabilidade. Entre os benefícios obtidos com o sistema, destaca−se o ganho no ATR, já que para cada 1% de impurezas to− tais reduzida é possível ter ganhos de 1,4 2,5% de ATR. Aumento da capa− cidade de colheita das colhedoras de− vido à distribuição homogênea da ca− na na indústria da máquina e menor pressão hidráulica, é possível ganhar até 15% de aumento de capacidade de tonelada por hora colhida. A redução dos custos operacionais por tonelada colhida também é visível. “Ao somarmos todos os custos, com− bustível, facas, facões picadores, óleo hi− dráulico, peças que deixam de ser subs− tituídas, entre outros, somados ao custo
Angelo José Duarte Junior
Jairo Luís Rubem, gerente Operacional da HCR
do sistema Clean Cut, temos uma re− dução no custo por tonelada colhida”, afirma Rubem, ressaltando que a eco− nomia total por sistema Clean Cut po− de ultrapassar R$ 50 mil mensais. “Ao analisarmos estudo de custo feito por um de nossos clientes, ob− servamos que cada 1,65% de impure− zas vegetais reduzidas, há economia de R$ 0,14 centavos por tonelada so− mente no frete”, elucida. O gerente ainda dá como exemplo, a produção de uma colhedora que, na média, é de 20 mil toneladas mensais,
Na imagem apresentada temos experimento com paridade operacional e agronômica. Realizado em 05/05/2020, podemos evidenciar a expressiva diferença visual no resultado das cargas. A análise do PCTS registrou redução de 10,09% para 2,46% na limpeza das cargas, produzindo assim uma redução de 75,61%, em impurezas totais.
Gustavo Pereira Rosa
com a redução de impurezas de 4,63%, a economia será de R$ 0,36 centavos por tonelada, que se traduzirá em um ganho mensal de R$ 7 200,00 apenas com redução de custo de frete. Para adesão ao Programa Clean Cut é feito um contrato de locação do sistema, onde está incluso todos os componentes, treinamento, acompa− nhamento e capacitação da equipe. “As peças do Clean Cut são desenvol− vidas em aços especiais, de alta resis− tência, e a responsabilidade de repo− sição das mesmas são da HRC”, ex− plica o profissional. O Clean Cut foi escolhido para melhorar a eficiência agrícola na Usi− na Vertente, do Grupo Tereos, locali− zada em Guaraci – SP. De acordo com Ângelo José Duarte Junior, gestor de mecanização da unidade, os testes ini− ciais foram feitos em 2017 e diante dos bons resultados, o sistema foi implan− tado logo em seguida, indo já para a terceira safra em uso. “O sistema proporcionou a redu− ção de 4% da impureza mineral, veri− ficamos a melhoria na densidade de carga e aumento da vida útil dos facões do picador, além da redução de perdas na colheita”, explicou, comentando que, atualmente, o equipamento é usa− do nas 14 máquinas da unidade. Os benefícios obtidos pelo uso do Clean Cut foram essenciais para a ex− pansão do sistema para as outras uni− dades do grupo, como Cruz Alta, em Olímpia – SP; Tanabi, em Tanabi – SP e Andrade, em Pitangueiras − SP. “O projeto alavancou muito os principais índices que acompanhamos, tanto na área agrícola como na indus− trial, já que diminuiu as impurezas minerais e hoje temos uma nova rea− lidade”, afirmou Gustavo Pereira Ro− sa, engenheiro de Melhoria Contínua Pl PMO, da Usina Vertente.
GENTE
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Nobel da Paz 2021 poderá ser do Brasil Alysson Paolinelli, ex-Ministro da Agricultura, foi indicado pela USP/Esalq
O ex−ministro da Agricultura, Alysson Paolinelli, de 84 anos, foi indicado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) ao Prê− mio Nobel da Paz 2021. A nomeação foi protoco− lada pelo diretor da Esalq, Durval Dourado, no The Norwegian Nobel Committee. “Trata−se de um provedor da paz mundial, tanto no passado, com o desenvolvimento da Agricultura Sustentável no Cerrado, preservando a Amazônia, como no presen− te e no futuro, liderando o Projeto Biomas na Aca− demia como Terceiro Titular da Cátedra Luiz de Queiroz”, afirmou. Dourado destacou a contribuição de Paolinelli ao meio ambiente e à sociedade, ressaltando o seu legado em transformar o Brasil de importador de alimentos, em 1970, em potência mundial do agro− negócio que viabilizou ao Brasil alimentar cerca de 1 bilhão e duzentos milhões de pessoas de um total de 7 bilhões, em 2016, no mundo todo. “Paolinelli já antevia desde os anos de 1960 que o futuro dependia da transformação da agricultura tradicional. Foi dele o impulso que inaugurou uma nova era no campo, cujos impactos socioeconômi− cos, de sustentabilidade e desenvolvimento humano estão presentes até hoje”, enfatizou. O processo da nomeação de Paolinelli ao prê−
mio foi desenvolvido por uma rede de entidades sob a liderança do ex−ministro da Agricultura, Rober− to Rodrigues e que teve recebeu apoio nacional e internacional. Ao todo, foram recebidas 119 cartas,
representando 24 países de todos os setores de ati− vidade, para a indicação. “Paolinelli é o maior brasileiro vivo, é o visio− nário da maior revolução agrícola tropical sustentá− vel que ocorreu no Brasil. Ele é um grande cons− trutor da paz, pois alimento é paz, sustentabilidade é paz”, destacou Rodrigues. Para o indicado ao prêmio, a agricultura susten− tável é a saída para atender à demanda futura de ali− mentos e destaca as tecnologias que revolucionaram a agricultura tropical no Brasil, como a integração lavoura−pecuária−floresta e a irrigação. “O Brasil irriga apenas 7 milhões de hectares, mas pode irri− gar mais de 35 milhões usando somente águas su− perficiais. Podemos colocar essa agricultura num sis− tema de irrigação já praticada em mais de 2,5 mi− lhões de hectares no planalto central brasileiro. Com isso, temos capacidade de produzir até 3 safras por ano”, afirmou. De Bambuí – MG, Alysson Paolinelli tornou− se agrônomo em 1959 pela Escola Superior de Agronomia de Lavras (Esal), hoje, Universidade Fe− deral de Lavras (Ufla). Em 1971, assumiu a Secreta− ria de Agricultura de Minas Gerais, e em 1974, o posto de ministro da Agricultura, entre outros im− portantes cargos ao longo da vida. Atualmente, é presidente do Instituto Fórum do Futuro e Embai− xador da Boa Vontade do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).
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GENTE
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Morre Herbert Bartz, pioneiro do Sistema Plantio Direto no Brasil Agricultor foi inspiração a continuar as pesquisas relacionadas ao plantio direto para a cana Pioneiro do plantio direto na pa− lha no Brasil, o agricultor Herbert Ar− nold Bartz, com propriedade em Ro− lândia, no norte do Paraná, morreu nesta sexta−feira, aos 83 anos, de complicações de pneumonia. A im− plantação do sistema menos agressivo com o solo concretizou o sonho de Bartz de produzir alimentos em abundância e qualidade, após enfren− tar a fome na Europa durante a Se− gunda Guerra Mundial (1939−45). “A contribuição de Herbert Bartz para a agricultura brasileira e, particu− larmente, para a paranaense, é inesti− mável. Seu pioneirismo no plantio direto fará com que o sonho de pro− duzir alimentos em abundância e qualidade, que ele transformou em realidade, continue se concretizando por muitos e muitos anos”, disse o se− cretário da Agricultura e do Abasteci− mento do Paraná, Norberto Ortigara. Para Natalino Avance de Souza, presidente do Instituto de Desenvol− vimento Rural do Paraná – Iapar− Emater, “a visão de futuro em relação à agricultura paranaense e brasileira, a coragem com que soube buscar so−
luções para que o solo mantivesse suas propriedades nutricionais e a te− nacidade em aplicar as técnicas em que acreditava fazem dele um dos grandes homens da agricultura na− cional”, elucidou. Paulo Herrmann, presidente da John Deere no Brasil, afirmou ser Bartz um perseverante na busca de soluções para se fazer uma agricultu− ra mais sustentável e mais racional nos trópicos. “O plantio direto é um dos
grandes marcos da evolução e do pro− gresso do agro brasileiro. Hoje, o plantio direto representa mais de 60% de toda a área de grãos plantada no Brasil”, disse. Para Francisco Matturro, presi− dente da Agrishow, Bartz foi um ho− mem que mudou o agro brasileiro.“Só foi possível desenvolver a agricultura no cerrado brasileiro com o plantio direto, como também, a segunda safra no Brasil. Não teríamos condição de
fazer em clima tropical alguma coisa que não fosse com este sistema e o Bartz teve essa competência. Teve a visão de transformar o agro brasileiro através do plantio direto”, alegou. Matturro ressaltou que o agri− cultor contribuiu rigorosamente pa− ra o agro que o Brasil tem hoje. “Es− se agro respeitado e de certa forma até temido pelo mundo. Ele trans− formou a vida das pessoas e a vida do Brasil”, disse. Denizart Bolonhezi, pesquisador do Instituto Agronômico (IAC), lem− brou a importância do produtor rural para o setor sucroenergético. “Herbert Bartz, o “alemão teimoso” de Rolân− dia é a referência a todos que pesqui− sam, difundem e praticam a agricul− tura conservacionista, no Brasil e mundo. Para os profissionais do setor sucroenergético é um exemplo de persistência no aperfeiçoamento do sistema plantio direto e da convicção dos benefícios da palhada. Nossa ins− piração a continuar as pesquisas nesse tema. Sem a insistência dele, talvez es− taríamos usando grade indiscrimina− damente até hoje”, ressaltou.
Setor perde Renato Toniello, sócio proprietário do Grupo Viralcool Empresário tinha 90 anos Renato Toniello, sócio proprietá− rio do Grupo Viralcool, faleceu no dia 29 de janeiro, aos 90 anos. O empre− sário, ao lado dos irmãos, Waldemar (in memorian), Antonio Eduardo (presidente do Conselho de Adminis− tração da Copercana, e José Pedro (, ajudou a desenvolver e tornar com− petitiva a companhia, que processou na última safra 6.952.951 toneladas de cana em suas três unidades (Matriz Pitangueiras; Castilho e Sertãozinho). O Grupo Toniello iniciou no Brasil, em 1886, com a chegada de Eugênio Toniello e foi progredindo com o filho Eduardo, avó e pai de Renato, respectivamente, até os filhos darem continuidade ao legado, crian−
do a Destilaria Santa Inês, em 1968, a Usina Viralcool, em 1984 e a Unida− de Castilho, em 2006. “O Renato Toniello foi um dos vanguardeiros do setor do agro, do etanol. Empreendedor, foi uma pessoa que teve uma grande carreira empre− sarial, mas que nunca perdeu o seu la− do humano, de se relacionar com to− dos de uma forma afetuosa. Deixa uma grande lembrança e um grande legado”, afirmou Arnaldo Jardim, de− putado Federal (Cidadania/SP) e pre− sidente da Frente Parlamentar pela Va− lorização do Setor Sucroenergético. Renato era casado com a sra. Olinda e tinha três filhos, Valter, Re− nata e Teresa (in memorian).
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USINAS
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Usina Caeté reforça medidas contra Covid-19 Ações visam conscientizar os colaboradores A Usina Caeté continua com as medidas preventivas contra o novo coronavírus em suas unidades. Os setores de Gestão de Pessoas e de Saúde Ocupacional realizaram mais uma ação direcionada às orientações contidas no protocolo estabelecido pela companhia. “Orientamos e atualizamos os co− laboradores sobre a prevenção da Co− vid−19 e sua variante (mutação), já re− gistrada. Não é a hora de abaixar a guarda! Temos que continuar com os cuidados e redobrá−los, pois estudos precoces mostram que essa variante é de alta disseminação”, destacou o en− fermeiro do Trabalho da Unidade Pau− liceia, Carlos Terence Fernandes Silva. O enfermeiro do Trabalho enfati− zou para os colaboradores que as orientações e os cuidados na preven− ção da Covid−19 são fundamentais para a preservação de um ambiente de trabalho seguro. Gessivan Veríssimo, enfermeiro
do Trabalho, reforçou a importância de se proteger neste momento em que os números da Covid−19 estão aumentando. “Este é o momento de focarmos na prevenção. Prevenir ainda é a melhor forma, levando em consideração que temos uma solução fácil para fazer isso, pois o vírus po− de ser neutralizado com água e sabão,
além do álcool 70º para higienização das mãos, utilização correta das más− caras e respeitando o distanciamento social”, disse. “Desde o início da pandemia contamos com o apoio irrestrito de gerentes, supervisores, coordenadores, líderes e assistentes. Todos estão cola− borando para que o protocolo estabe−
lecido pela empresa no combate a Covid−19 seja cumprido. Nossa preocupação é com a saúde e a segu− rança de nossos colaboradores”, afir− mou a coordenadora de Gestão de Pessoas, Denise Formagio. Uma iniciativa que resulta das medidas de atenção à saúde e segu− rança foi a implantação de um Ser− viço de Teleconsulta, direcionado aos colaboradores e seus dependentes. Em 20 de maio, o novo canal de atendimento iniciou seu funciona− mento, e até hoje uma equipe médi− ca vem mantendo um papel funda− mental no tratamento e acompanha− mento dos pacientes. Para a gerente de Gestão de Pes− soas, Marta Luciana Sampaio dos Santos, as ações implementadas tradu− zem o compromisso da empresa com seus colaboradores. “Cada um deve fazer a sua parte para que possamos continuar a desempenhar nossa ativi− dade, essencial para a sociedade. Ao adotarmos ações de saúde preventiva, buscamos uma compreensão de que é possível manter um ambiente de tra− balho seguro. A Usina Caeté não tem medido esforços para que seus cola− boradores trabalhem em segurança”,
São Manoel mantém ações de prevenção Objetivo é reforçar segurança de colaboradores e comunidade A Usina São Manoel está reali− zando novamente a aplicação de hi− poclorito em vias públicas como resposta ao avanço de casos da Co− vid −19 na cidade. A iniciativa foi realizada em parceria com a prefei− tura de São Manuel (SP) e com a SABESP, que disponibiliza, para es− te fim, água já preparada com hipo− clorito de sódio. Já foram beneficiadas com essa ação as prefeituras de São Manuel, Botucatu, Areiópolis e Pratânia, que ficaram responsáveis pela logística de aplicação da referida operação, de acordo com cronograma pré−defini− do. Além da ação junto à comunida− de, a aplicação do produto também está sendo realizada nas áreas internas da empresa para reforçar a segurança dos colaboradores. “A Usina São Manoel, conscien− te do seu papel na sociedade, se pron−
tificou, desde o início da pandemia, a implementar medidas voltadas para mitigação de riscos e auxílio aos mais atingidos pela crise. Assim como a São Manoel, outras organizações e profissionais da região se mostraram empenhados nessa missão”, afirmou Silvio Nicoletti, gerente administra− tivo da companhia. Segundo ele, a ideia de canalizar esforços é justamente para tornar pos−
sível o atendimento às demandas es− pecíficas que possuam potencial de contribuir com o enfrentamento da Covid−19 de maneira mais efetiva, como é o caso da ação de limpeza e desinfecção de locais públicos. Entre as ações implementadas pela usina no último ano e que permane− cem ainda, neste cenário de pandemia, incluiu o sistema de trabalho home− office; o distanciamento pessoal nos
postos de trabalho; a distribuição de máscaras e álcool gel. O hipoclorito passou a ser usado para desinfecção interna de máquinas, caminhões e co− lhedoras, além de ser aplicado nas vias internas da empresa. Também duplicou o número de veículos de transporte de pessoal; pas− sou a fornecer refeições através de marmitex para eliminação de filas e reformulou o layout dos refeitórios, com maior espaçamento entre as me− sas. Adotou ainda o sistema Drive− Thru para entrega das cestas básicas aos colaboradores. A usina foi solidária também com a doação de 36 toneladas de alimen− tos para a prefeitura de São Manuel, para serem distribuídas às famílias de baixa renda. Doou 4 mil litros de eta− nol 70%: aos hospitais dos municípios de São Manuel, Barra Bonita, Igaraçu do Tietê, Areiópolis e Botucatu; aos postos de saúde de São Manuel; a agentes de segurança pública − PM Civil e Militar de São Manuel, Igara− çu do Tietê, Areiópolis e Pratânia; ao Corpo de Bombeiros de Botucatu; à Polícia Ambiental de Botucatu; e às prefeituras municipais de São Manuel, Barra Bonita e Pratânia.
USINAS
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Usinas investem na cultura patrocinando projetos musicais nas localidades onde atuam Objetivo é transformar a vida de crianças, jovens e adultos
“A cultura é a maior expressão de uma nação. A música une geração, na− ções, povos e antes de tudo, traz soli− dariedade, paz e amor. Através da mú− sica podemos ajudar a cuidar das almas das pessoas”, elucida o reconhecido mundialmente maestro João Carlos Martins sempre que fala sobre o sig− nificado da música. Este sentimento, que envolve res− ponsabilidade social, também está na base dos pilares estratégicos de mui− tas usinas, que incentivam diversos projetos e instituições sociais, nas áreas de cultura, educação, diversida− de e direitos humanos, esporte, saúde e voluntariado. Como a Raízen, que ao longo dos seus 14 anos, já patro− cinou mais de 400 projetos, entre eles a Bachiana Filarmônica SESI−SP, do maestro João Carlos Martins e o Projeto Guri, do Governo do Estado de São Paulo. “A Raízen é uma empresa aten− ta ao futuro e aos anseios globais por um mundo melhor. Por isso, acredi− tamos que a cultura, o esporte, a educação e boas práticas ambientais são a energia que move a sociedade adiante, fomentando inovação e ci− dadania. O apoio da companhia às iniciativas alinhadas a esses propósi− tos transforma a vida de crianças, jo− vens e adultos nas localidades onde atuamos, promovendo educação, qualificação profissional e, conse− quentemente, geração de renda”, explica Fernanda Pompeo de Ca− margo Ferraz, gerente de Responsa− bilidade Social da companhia. Além do patrocínio direto às ins− tituições, a empresa também mantém a Fundação Raízen, uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos, que oferece educação e qualificação profissional para crianças e adoles− centes. E, ainda, realiza cursos profis− sionalizantes que formam pessoas da comunidade, ministrados por institui− ções de ensino como Senai, Senac e por instrutores internos da Raízen. “Nosso objetivo no relacionamento com as comunidades do entorno é contribuir com o desenvolvimento social e econômico de maneira inte− grada às nossas estratégias de negócio, o que tem gerado excelentes resulta− dos”, explica a gerente.
Fundação Raízen oferece educação e qualificação profissional para crianças e adolescentes
Maestro João Carlos Martins: através da música podemos ajudar a cuidar das almas das pessoas
Atualmente, a empresa reúne mais de 200 instituições beneficiadas, al− cançando 3 milhões de pessoas direta e indiretamente, em cerca de 80 cida− des. Em 2019, foram 77 projetos so−
ciais incentivados e atingimos a mar− ca de R$ 42 milhões investidos so− cialmente nos últimos seis anos. A Fundação Raízen está localizada em 7 municípios brasileiros, 6 no estado de
São Paulo e 1 em Jataí, em Goiás, e atende diariamente em torno de 1400 crianças e adolescentes em vulnerabi− lidade social. De acordo com Fernanda, mes− mo na pandemia, as atividades não foram paralisadas e sim adaptadas pa− ra o modelo remoto. O novo cená− rio também impactou a forma de atendimento aos beneficiados das iniciativas sociais apoiadas ou reali− zadas pela companhia. “O cenário ainda será desafiador, mas vamos continuar atentos às formas de in− centivo social”, afirmou. A Tereos, por meio da Usina Ver− tente, patrocina, desde 2019, o Proje− to Alma, voltado à educação musical e artística. A ação tem como objetivo proporcionar o aperfeiçoamento téc− nico e artístico de crianças e adoles− centes iniciados em artes. O projeto criado em 2014, em Ribeirão Preto – SP, conta hoje com mais dois núcleos, o de São Joaquim da Barra e Guará, também no interior paulista, atendendo quase 500 crian− ças e adolescentes nas duas regiões. Além do ensino musical, o Alma ainda oferece cursos de dança inclu− siva, teatro, balé e canto. Realiza tam− bém apresentações musicais e espetá− culos que encantam o público por onde passam. A entidade recebe o apoio através da Lei de Incentivo do Programa de Ação Cultural (ProAC) – programa de fomento da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Es− tado de São Paulo. Hugo Cagno, diretor−executivo da Usina Vertente, ressalta a impor− tância de apoiar a cultura. “A Tereos e a Usina Vertente têm como obje− tivo impactar positivamente todos os municípios onde está instalada, desta forma, apoiar o Projeto Alma signi− fica para a empresa contribuir e in− centivar a cultura nas crianças e jo− vens, através da música, teatro e dan− ça”, disse. O executivo afirmou ainda que, dentro dos pilares do Grupo, está o desenvolvimento local com o prin− cípio de contribuir com ações em três temas prioritário: Educação, Saúde e Meio Ambiente. “Somos sempre atentos em contribuir para uma sociedade mais sustentável, com educação de qualidade e fo− mento às manifestações artísticas”, completou.
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USINAS
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José Mazuca Filho será o novo presidente UISA Executivo substituirá José Arimatea Calsaverini, que assumirá o Conselho da usina
José Fernando Mazuca Filho, atual diretor finan− ceiro (CFO) e de Novos Negócios da Uisa será o novo Presidente e CEO da companhia a partir do início da próxima safra, no dia 1 de abril de 2021. O executivo substituirá José Arimatea Calsaverini (Ari), que assumirá a presidência do Conselho da empre− sa na mesma data e será o responsável pela orienta− ção estratégica da usina. A mudança na liderança faz parte do planeja− mento estratégico anteriormente estabelecido e que visa dar mais competitividade à empresa. Calsaveri− ni está à frente da Uisa desde 2016, tendo liderado o importante processo de reestruturação operacional e financeiro que a usina empreendeu. “O conhecimento acumulado no mercado su− croenergético será fundamental no processo de de− senho da estratégia de expansão da Uisa para torná− la referência na produção de biocombustíveis, ener− gia, alimentos, produtos saneantes e outros bioinsu− mos”, ressaltou a companhia em nota. Conforme o comunicado, a execução dessa es− tratégia ficará a cargo do novo presidente. Executivo com grande experiência em iniciativas de aplicação de novas tecnologias ao agronegócio. Mazuca ingres− sou na Uisa em 2019 para, inicialmente, liderar a en− tão recém−criada diretoria de Novos Negócios. Posteriormente, assumiu também a função de CFO e Diretor de Novos Negócios, onde tinha sob sua responsabilidade as áreas de Controladoria, Finan− ças, RI, Governança Corporativa & Compliance, Ju− rídico, Sistemas de Gestão Integrada, Tecnologia da Automação e Inovação, Novos Negócios e M&A. A Uisa moeu na safra 2020/2021, mais de 5 mi−
José Fernando Mazuca Filho
José Arimatea Calsaverini
lhões de toneladas de cana, produziu 4,9 mil sacos de açúcar e 244 mil m³ de etanol, sendo 143 mil m³ de hidratado e 101 mil m³ de anidro. De acordo com Mazuca, a estimativa é que a produção aumente para a próxima temporada. “Depois de um importante processo de reestrutu− ração financeira e operacional, temos uma nova empresa. Temos saúde financeira, boa governança, capacidade de produção e investimento intensivo em tecnologia e inovação. Agora, o meu desafio é colocar em prática o direcionamento estratégico definido pelo Conselho e fazer da Uisa a melhor biorrefinaria do País”, afirmou.
Calsaverini reforça que promoveram mudanças que deram novo perfil a UISA. “Promovemos mu− danças que deram novo perfil a UISA. Agora, temos o desafio de promover o crescimento sustentado do negócio. Como presidente do Conselho, vou dedi− car−me ao desenho da estratégia de expansão, que contempla, além do fortalecimento da operação atual, novos segmentos como biogás, produtos sa− neantes e outros bioinsumos. Tudo isso norteado pelos princípios e práticas de ESG, como a boa go− vernança, a preservação do meio ambiente, o res− peito pelas pessoas e compromisso com a comuni− dade”, ressaltou.
Grupo Clealco tem novo presidente Companhia avança para nova etapa em sua transformação
A Clealco anunciou em janeiro, a nomeação de Gustavo Henrique Rodrigues como diretor superinten− dente – CEO da companhia. Até en− tão, diretor de Operações – COO da empresa, Rodrigues substituirá Al− berto Pedrosa. A modificação marca o avanço da Clealco para uma nova etapa em sua transformação, iniciada na gestão de Pe− drosa, a quem o Conselho de Adminis−
tração agradeceu pelos serviços prestados. Ao novo CEO, o Conselho de Administração reitera a plena con− fiança no sucesso em sua nova etapa profissional: “Gustavo está na Clealco desde 2017, tendo contribuído signi− ficativamente na reestruturação fi− nanceira da companhia enquanto CFO, e mais recentemente, na con− dução de novas estratégias operacio− nais na função de diretor de Opera− ções – COO”, afirma em comunica− do enviado ao JornalCana. Rodrigues, que tem ampla expe− riência no setor sucroenergético, é economista formado pela Unesp, com MBA em Finanças e Especialização em Gestão Agroindustrial pela USP, tendo cursado ainda Mestrado em Engenha− ria de Produção pela UFSCAR.
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INDUSTRIAL
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Gustavo Alvares é o novo presidente da Atvos Nova gestão terá como prioridades o fortalecimento financeiro, o investimento nos canaviais e a geração de resultados sustentáveis no longo prazo O Conselho de Administração da Atvos elegeu no dia 19 de feve− reiro, Gustavo Alvares como novo presidente da companhia. A nomea− ção de Alvares marca o início de um novo ciclo para a companhia, segun− da maior produtora de etanol do país, que atualmente é controlada por uma afiliada da Lone Star Funds, uma empresa global de investimentos fundada em 1995. Nos últimos qua− tro anos, Gustavo atuou como ma− naging diretor da Lone Star, onde se dedicou ao mercado de açúcar e eta− nol no Brasil e ao investimento da gestora na Atvos. As prioridades imediatas nesse novo ciclo são o fortalecimento fi− nanceiro da companhia, a renovação e expansão dos canaviais, a maior eficiência produtiva e a geração de resultados de forma sustentável no longo prazo. “Estou entusiasmado com as pos− sibilidades para a Atvos nessa fase que começa agora”, diz Gustavo Alvares. “Nos últimos quatro anos, acompa− nhei de perto a companhia e a notá− vel capacidade de seus mais de nove mil funcionários, que souberam man− ter a excelência operacional da em− presa mesmo num período difícil.Va− mos trabalhar juntos para consolidar a Atvos como uma empresa ainda mais competitiva, lucrativa e próspera”. Gustavo Alvares é formado em administração de empresas e, nos úl− timos 25 anos, teve posições de desta− que tanto no mercado financeiro quanto em grandes empresas. A Atvos também anunciou mu−
danças em seu conselho de adminis− tração, que passa a ser formado por cinco membros com experiências complementares e com capacidade de contribuir decisivamente para a com− panhia. O conselho será presidido por Alex Grau,managing directorda Hudson Advisors, empresa de assesso− ria que presta serviços de gestão para a Lone Star Funds e outros fundos. Alex tem mais de quinze anos de expe− riência no mercado global de investi− mentos emprivate equity,tendo atua− do como conselheiro em outras doze empresas. Gustavo Alvares também as− sume uma cadeira no conselho de ad− ministração. Os conselheiros independentes são Julio Toledo Piza, que foi CEO da Brasil Agro e atua como consultor de agronegócios para a Mckinsey & Co. e conselheiro de Kepler Weber, Usina Santa Terezinha e Terra Santa Agro; Luciano Sfoggia, sócio da Beta Finan− ce Consultoria e ex−CFO de empre− sas de capital aberto como Renner Herrmann, Calçados Azaleia, Bema− tech e Tigre; e Timothy Powers, ex− CEO do escritório de advocacia Haynes and Boone LLP, com ampla experiência global em assessoria no mercado financeiro e atuação recente nos conselhos das empresas American Bath Group e Work Shield. As mudanças na governança cor− porativa da Atvos acontecem após a al− teração na composição acionária da companhia. Em dezembro, a Lone Star consolidou o controle da Atvos, pas− sando a trabalhar em conjunto com a Novonor, que segue como acionista
minoritária. Com as alterações, Juliana Baiardi e Alexandre Perazzo deixarão, após um período de transição, respec− tivamente, a presidência e a vice−pre− sidência financeira da Atvos. O cargo de CFO será acumulado de forma in− terina por Gustavo Alvares até que se conclua um recém−iniciado processo
de recrutamento no mercado. “Com esta etapa de governança concluída reforçamos nosso compro− misso com a segurança e desenvolvi− mento dos profissionais que estão co− nosco, com nossos clientes, parceiros, credores e as comunidades onde atua− mos”, diz Gustavo Alvares.
Lone Star assumiu gestão das unidades da Atvos
INDUSTRIAL
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Usina Santa Lúcia faz investimentos para reduzir 40% da captação de água (Projeto possibilitará fazer a fertirrigação em 100% das áreas e economizar com logística
A Usina Santa Lúcia, de Araras (SP), fez a maior safra de sua história, processando 1.590.850 toneladas de cana−de−açúcar, que foram destina− dos à produção de 108.761 toneladas de açúcar e 52.108 m3 de etanol. A usina produziu ainda 39.883 toneladas de melaço e a energia comercializada chegou a 34.036 MWh. A matéria−prima foi plantada em uma área de 17.171 hectares, sendo 47,1% cana própria e de acionistas e 52,9% de parceiros. O rendimento agrícola geral foi de 92,7 t cana/ha, com ATR de 141,76 e o Rendimento In− dustrial registrou 129,36 kg de açúcar/t de cana, com aproveitamento de 91,3%. “A expectativa para o próximo ci− clo, que se inicia em abril, é manter o mesmo mix e volume de cana, pois, apesar das expansões de área, a seca deve promover uma quebra na produ− ção”, disse Rafael Ometto do Amaral,
engenheiro de produção da usina. Amaral afirmou que, a exemplo dos investimentos feitos no último ano para ampliar a cogeração e melhorar sua planta industrial, a usina vem apostando em inovações para otimizar seus processos. Em 2020, implantou o S−PAA na cogeração, atuando através de Laço Fechado. A ferramenta é uma plataforma integrada de inteligência artificial que faz a otimização em tempo real da planta industrial, atuan− do em laços fechados nas malhas de
controles existentes e em laços aber− tos rodando o PDCA Online. Agora, a companhia mira na maior sustentabilidade de seus processos, com o comissionamento de um novo apa− relho de destilaria de 500 m3/dia, com peneira molecular de 300 m3/dia e concentrador de vinhaça acoplado para obter menos vinhaça por litro de etanol. Assim, os três aparelhos de des− tilação antigos serão aposentados e o novo será instalado contendo já o concentrador de vinhaça.
“Vamos passar de 13 litros de vinha− ça para apenas 2 litros por litro de etanol. Dessa forma, conseguiremos fazer a fer− tirrigação em 100% das áreas e econo− mizar com logística, pois transportaremos um volume menor”, explicou. O agrônomo ressalta como outro ponto importante a economia de capta− ção de água bruta com a reutilização do condensado de vinhaça.“A economia de captação de água deve reduzir mais 40%”, explicou Amaral, que recebeu o troféu JornalCana Next, do MasterCana 2020.
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LOGÍSTICA
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Reino Unido usa pellets de cana “brasileiro” para gerar energia sustentável Biomassa foi produzida em usina localizada em Jaú (SP) Pellets de bagaço de cana−de− açúcar foram exportados pelo Porto do Paraná pela primeira vez, nesta se− mana, tendo como destino o Reino Unido. A biomassa foi produzida pela unidade Diamante, da Raízen, locali− zada em Jaú (SP), e será utilizada para a geração de energia sustentável. Em outubro passado, a compa− nhia havia anunciado uma parceria com a empresa alemã RWE, uma das maiores geradoras de energia da Eu− ropa, para o desenvolvimento de tecnologia para a utilização em larga escala dos pellets de bagaço para ge− ração de energia elétrica em usinas termoelétricas a carvão convertidas para biomassa. Testes estavam sendo realizados em Geertruidenberg, na Holanda, na usina Amer da RWE, para compro− var a viabilidade da iniciativa. Mas, de acordo com a assessoria de im− prensa da Raízen, desta vez, o envio
dos pellets, não tem relação com a empresa alemã. O diretor−presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia, ficou otimismo com a nova carga. “Ficamos muito satisfeitos quando novos pro− dutos chegam e saem pelos portos do Paraná. Nesse caso, é ainda mais com− pensador o fato de se tratar de um biocombustível que será utilizado em substituição ao carvão na geração de energia termoelétrica”, afirma. A operação foi feita pela Pasa, em parceria com a Céu Azul. Segundo o gerente de operações da Pasa, Eric Ferreira de Souza, esta é a primeira vez que o produto é embarcado pela em− presa. “A movimentação de pellets de biomassa de cana possibilita a abertu− ra de novos mercados e negócios fu− turos. Mostra, também, o pioneirismo e o potencial do nosso terminal fren− te aos diversos produtos operados em Paranaguá”, afirma o gerente.
MEIO AMBIENTE
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CEOs do setor de energia querem garantir ganhos de sustentabilidade Uma pesquisa realizada pela KPMG com CEOs globais de ener− gia, inclusive o Brasil, apontou que 76% deles querem garantir ganhos de sustentabilidade e mudanças climáti− cas com a crise de saúde pública. Além disso, 48% disseram que a Covid−19 demonstrou a necessidade de se con− centrar nos fatores de ambientais, so− ciais e de governança (da sigla em in− glês, ESG). Já para 62% o gerencia− mento de riscos climáticos determi− nará se eles podem manter os empre− gos nos próximos cinco anos. "A modernização das práticas ESG está se tornando uma prioridade para todos os setores, como energia de mo− do a apoiar o desempenho financeiro e a resiliência desses segmentos. Devido a essa quebra de paradigmas, as empre− sas globais buscam integrar os riscos ambientais e financeiros que estão as− sociados ao custo do carbono de suas infraestruturas físicas, usando tecnolo− gias emergentes para validar dados e estratégias", analisa o sócio de energia e recursos naturais da KPMG na América do Sul, Manuel Fernandes. Já com relação à adoção de tecno−
covid−19 e os eventos geopolíticos simultâneos que perturbaram a indús− tria do petróleo. Se a indústria quiser sobreviver, deverá ser ágil e repensar todas as perspectivas de modelos ope− racionais para manter−se resiliente nessa nova realidade. Isso inclui a par− ticipação na transição energética, a atitude em relação às pessoas e aos ta− lentos e a prontidão digital. As empre− sas que compreenderem isso farão mais do que sobreviver — elas irão prosperar", analisa o sócio líder de energia e recursos naturais da KPMG no Brasil, Anderson Dutra.
Nova força de trabalho logias digitais, 83% reconheceram a necessidade de melhorar a comunica− ção com os clientes e acelerar a digi− talização dos aplicativos voltados para o cliente. Oitenta por cento dos en− trevistados disseram também que ace− leraram os esforços para digitalizar as operações e criar um modelo opera− cional de próxima geração desde o início do surto.
Ainda sobre tecnologia, metade dos CEOs de energia entrevistados planeja investir capital em novas tec− nologias, digitalização, habilidades da força de trabalho e recursos. Já 45% apontaram que a Covid−19 acelerou novos modelos de negócios em meses, em alguns casos, em anos. "O setor de energia aprendeu uma lição importante com a pandemia da
Os CEOs também foram questio− nados sobre a força de trabalha. Em relação a isso, eles identificam o risco relacionado aos talentos — recruta− mento, retenção, saúde e bem−estar dos funcionários — como a maior ameaça ao crescimento. Eles afirma− ram ainda que, antes da pandemia, es− ses fatores não estavam no radar de risco. Além disso, quase 70% dos en− trevistados esperam reduzir o espaço de escritório.
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MEIO AMBIENTE
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Bolsonaro sanciona lei que prevê pagamento por serviços ambientais Legislação estimula a iniciativas que conciliam desenvolvimento e preservação ambiental
O presidente Jair Bolsonaro san− cionou no dia 13 de janeiro o proje− to de lei que institui a Política Nacio− nal de Pagamento por Serviços Am− bientais (PNPSA). O texto, publicado no Diário Oficial da União no dia 14 de janeiro, altera as Leis 8.212, de 24 de julho de 1991, 8.629, de 25 de fe− vereiro de 1993, e 6.015, de 31 de de− zembro de 1973, para adequá−las à nova política. A nova lei institui pagamento, monetário ou não, para serviços que ajudem a conservar áreas de preser− vação. O texto tem como foco me− didas de manutenção, recuperação ou melhoria da cobertura vegetal em áreas consideradas prioritárias para a conservação e que se inserem nas ações de combate à fragmentação de habitats e na formação de corredores de biodiversidade e conservação dos recursos hídricos.
Trechos do projeto de lei foram vetados por Bolsonaro por inadequa− ção à constitucionalidade e ao interes− se público. Entre eles, o presidente ve−
tou a criação de um colegiado para revisar o Fundo a cada quatro anos, já que considera que esta é uma compe− tência privativa do Executivo.Também
vetou a possibilidade de tornar os pa− gamentos isentos de tributos sobre a renda, o que significaria uma renún− cia fiscal sem data para ser reavaliada pelo poder público. De acordo com o deputado fe− deral Arnaldo Jardim, a nova legisla− ção é fruto de consenso entre enti− dades ambientalistas do setor produ− tivo. “A nova legislação abre possibi− lidade de um novo marco para a sus− tentabilidade do País, por meio de incentivos econômicos públicos e privados que levem as atividades econômicas a modelos de negócio cada vez mais voltados à proteção do meio ambiente”, avaliou. Jardim reforça que, dentre os principais avanços da lei, “está o reco− nhecimento da importância do fo− mento público às iniciativas que con− ciliam desenvolvimento e preservação ambiental, diretriz que já havia sido expressa no art. 41 do Código Flores− tal (Lei 12.651/2012). Uma grande vitória para o Brasil!”, afirma.