JornalCana 339 (Julho 2022)

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@canalProcanaBrasil

Julho 2022

Série 2

Número 339

www.axiagro.com.br

Descarbonização impulsiona projetos de produção de biogás e biometano

Usinas pioneiras na produção de biogás no Brasil apostam no fortalecimento do produto e na instalação de novas plantas




CARTA AO LEITOR

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índice carta ao leitor

MERCADO StoneX avalia que até 2030 consumo de etanol será superior ao de gasolina . . . . . . . . . .5 Pecege avalia que mudanças tributárias devem reduzir rendimentos das usinas . . . . . .6 Evolua Etanol nasce para liderar a comercialização de etanol . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .8 SJC anuncia ampliação da Unidade Processadora de Grãos para esta safra . . . . . . . . . . . .9 BSBIOS investe na primeira usina de etanol de grande escala do Rio Grande do Sul . . .9 Restrições de custo e de tecnologia desafiam a eletrificação . . . . . . . . . . . . . . . . . . .10 e 11 GWM fabricará no Brasil elétricos e híbridos movido a etanol . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12 Competitividade do etanol é evidenciada durante simpósio em Campo Grande . .14 e 15 Indianos conhecem tecnologia de etanol . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .16 Embraer completa teste de voo utilizando 100% de combustível sustentável . . . . . . . . .17 Brasil terá primeiro açúcar mascavo rastreado com tecnologia blockchain . . . . . . . . . . .18 Descabonização impulsiona projetos de produção de biogás e biometano . . . . . .20 e 21 Plantas de biogás e biometano entram no radar das usinas de cana . . . . . . . . . . . . . . . . .22 Tereos realiza testes com veículos da frota agrícola abastecidos com biometano . . . . .23

USINAS Goiás Bioenergia inicia operação e projeta moagem de 2 milhões de toneladas em 2026 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24 Coruripe registra lucro líquido recorde de R$ 417 milhões na safra 2021/22 . . . . . . . . . .25 Copersucar mais que dobra lucro líquido na safra 2021/2226 Cerradinho tem lucro líquido de R$ 513,6 milhões na safra 2021/22 . . . . . . . . . . . . . . . . . .27 Usina Santa Adélia consegue financiamento de US$ 50 milhões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27 Jalles Machado registra lucro recorde de R$ 387,9 milhões na safra 2021//22 . . . . . . . .28 Reforma de canavial assegura produtividade da Diana Bioenergia na safra 2021/22 . .29

ROAD SHOW Road Show 4.0 a todo vapor! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .30 e 31

AGRÍCOLA Usinas promovem ações de prevenção e combate a incêndios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .32 Raízen investe em agricultura digital e amplia áreas monitoradas com o uso de drones . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33 Brasil ocupa a 6ª posição no ranking de países com maiores áreas irrigadas do mundo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .34 A microbiologia do solo e a influência na produtividade do cultivo de cana-de-açúcar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .35

GESTÃO Viralcool Castilho recebe 4 licenças de operação da CETESB para aumentar produção 36 Zilor conquista Certificado Energia Verde que atesta a geração de energia limpa . . . . .36 Clealco assina convênio inédito para curso de qualificação técnica em agricultra . . . . .37 Usina Jacarezinho investe em programas de saúde para colaboradores . . . . . . . . . . . . .37 Norma DD 126/2021 define aplicação de resíduos gerados pelas usias . . . . . . . . . . . . . .38 Usina Caeté implanta sistema de ponto com reconhecimento facial . . . . . . . . . . . . . . . . .39 Raízen apresenta oferta aos produtores que chegaram com integração da Biosev . . . .40 Usina Coruripe e Rumo inauguram terminal para movimentação de açúcar . . . . . . . . . .41 Vibra investe R$ 70 milhões em obras de ampliação do porto de Miramar, em Belém .42

“O SENHOR é o meu pastor, nada me faltará. Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranquilas. Refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça, por amor do seu nome.”

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“Queridinhos da vez” ganham destaque nos planos das usinas A produção de energias renováveis e alternativas, principalmente relacionadas aos biocombustíveis, ganhou força com a agenda ambiental que estabelece metas a serem cumpridas, até 2030, por governos, empresas e pela sociedade como um todo. Nesse sentido, o biogás e o biometano viraram os “queridinhos da vez” e estão cada vez mais presentes nos planos das companhias bioenergéticas, com diversos projetos de geração de energia a partir do biocombustível gasoso em curso. Essa pauta, tão em alta no momento, foi tema de um webinar realizado pelo JornalCana, recentemente, e resultou na matéria de capa da edição de julho. Nesse evento online, especialistas do setor debateram o potencial de expansão do uso do biogás e do biometano. André Gustavo Alves, diretor comercial e de novos produtos da Cocal, onde são gerados 9 milhões de metros cúbicos de biometano por ano, falou sobre os benefícios do projeto da companhia, destacando a tecnologia que permite o fornecimento do biometano ao longo dos 12 meses do ano e também a utilização dela na própria frota da usina. “É importante ressaltar a utilização desse biometano em nossa frota. Já temos seis equipamentos que estão rodando com biometano. Um dos objetivos do projeto é termos um etanol cada vez mais limpo, reduzindo cada vez mais a emissão de gases de efeito estufa na nossa cadeia produtiva”, disse. O jornal de julho traz também informações sobre oportunidades para o setor sucroenergético, que coloca o Brasil na posição de protagonista da transição energética, bem como os investimentos feitos nesse sentido, como o da SJC Bioenergia, que vai ampliar a sua Unidade Processadora de Grãos – UPG –, em Quirinópolis−GO, para alcançar o processamento de grãos na ordem de 700 mil toneladas/ano, aumentando a produção de etanol e coprodutos de proteína para nutrição animal, como DDG, FlexyPro e óleo. Esta edição também mostra o surgimento de novas companhias, como a Evolua Etanol, fruto da união das empresas brasileiras Vibra e Copersucar, que atuará como uma plataforma aberta, fluida, geradora de valor e com escala para atender os mercados nacional e global, com o objetivo de comercializar 9 bilhões de litros de etanol em seu primeiro ano de vida. Além disso, destaca os resultados das usinas na safra 2021/22, como os da Usina Coruripe, que registrou lucro líquido recorde de R$ 417 milhões na safra 2021/2022. A companhia teve faturamento líquido de quase R$ 3 bilhões, próximo ao obtido na safra passada, mesmo com a queda na moagem por conta de seca e geadas. O leitor encontra também uma entrevista exclusiva com o engenheiro Roberto Marx, diretor de operações da Fundação Carlos Alberto Vanzolini, que faz avaliações sobre eletrificação, energia elétrica produzida por biomassa e dá sua versão sobre o porquê de a transição energética mundial estar em ritmo lento. A edição de julho destaca, também, as ações de prevenção e combate a incêndios realizadas pelas usinas. Falando ainda sobre gestão, entre os destaques está a Usina Caeté, que implantou um sistema de ponto com reconhecimento facial. A tecnologia foi iniciada com os colaboradores urbanos e, na próxima etapa, haverá a inclusão dos colaboradores do campo. É muito conteúdo interessante. Boa leitura!

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MERCADO

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StoneX avalia que até 2030 consumo de etanol será superior ao de gasolina O desenvolvimento dos veículos híbridos deverá impulsionar a expansão do etanol A transição energética já é uma realidade.Até 2030 o consumo de eta− nol deverá superar o da gasolina, se− gundo projeção da StoneX, apresenta− da durante o seminário “A Energia do Futuro”, promovido no dia 22 de ju− nho pela consultoria, onde uma equi− pe de analistas e consultores apresenta− ram um panorama sobre as principais mudanças e oportunidades no merca− do brasileiro de energia renovável. A economista e consultora Sênior em gerenciamento de riscos na Sto− neX, Lígia Heise, destacou no evento as oportunidades para o setor sucroe− nergético, que coloca o Brasil na po− sição de protagonista desta transição. “O acordo climático de Paris ace− lerou a transição energética que nós vivemos hoje no mundo e nós desta− camos que o Brasil largou na frente nessa transição energética. Ele já é e pode continuar sendo protagonista. Na década de 70 tivemos uma resposta ao choque de petróleo com o Proálcool. Então hoje, temos um mercado de etanol bastante consolidado com mais de 50 anos de experiência, com total capacidade de aproveitar esse mo− mento e exportarmos não só o etanol como a tecnologia”, disse. De acordo com ela, essa realidade brasileira provavelmente vai significar uma coexistência de veículos elétricos com veículos a etanol, ou seja, veícu− los híbridos. “Além disso, destacamos também o fortalecimento das práticas ESG e a valorização da economia circular. Atualmente as empresas que adotam práticas sustentáveis, têm sido cada vez mais valorizadas no mercado, inclusi− ve conseguindo linhas de financia− mento mais interessantes, mais baratas, pois a sociedade valoriza cada vez mais isso”, afirma. A valorização do etanol foi des− taque no evento. Segundo os consul− tores, o carro elétrico exige um in− vestimento alto, fabricação de moto− res que tem uma pegada de carbono elevada, gasta−se para ter energia, matéria−prima para fazer os motores, e também o próprio abastecimento do carro elétrico dependendo da ma− triz energética do país, é feito através

de uma energia gerada por uma fon− te que não é limpa. Nesse contexto, com os programas de descarbonização dos países, a con− sultoria entende que o etanol vai conquistar espaço com o desenvolvi− mento dos carros híbridos. “Ainda temos o crescimento do etanol de milho e do etanol de se− gunda geração. No caso do etanol de milho a gente teve no Brasil a pri− meira planta sendo inaugurada a me− nos de 10 anos, então é algo muito recente, diferente dos Estados Unidos. Porém, mesmo sendo recente, a ex− pansão é muito acelerada. Temos muitas plantas principalmente no centro−oeste e recentemente foi anunciado um projeto no Rio Gran− de do Sul”, ressaltou Lígia. A consultora citou ainda o Reno− vaBio tendo um papel importante nessa expansão do etanol.“O merca− do de CBIOs vem ganhando relevân− cia junto às usinas. A título de exem− plo no passado nós tivemos por uma boa parte do ano o CBIO sendo ne− gociado a R$ 30,00 resultando mais ou menos em quatro centavos por li− tro de etanol de receita extra para o produtor. Ontem, nós já tivemos ne− gócio de CBIO a R$ 172,00, o que representa uma receita extra de apro− ximadamente R$0,20 centavos. Um estímulo bastante relevante”, elucidou. “Nós podemos ver a evolução do consumo de gasolina e do etanol des− de 2010 e a nossa projeção é otimista, digamos para o lado da produção do etanol”, completou. Ligia ainda afirmou, que a consul−

toria acredita que até o final de 2030, o etanol passará a gasolina em termos de consumo total somando anidro e hidratado. E essa visão está justamen− te amparada pelas metas do programa de descarbonização que temos como compromisso assumidos na COP21. “Então, o RenovaBio e os estímulos que o seguiu devem prover para au− mento da produção de etanol. Além disso, não vemos investimentos rele− vantes em expansão de capacidade de refino no Brasil e tem toda a questão da segurança energética”, analisa a consultora. Na avaliação da consultora da Sto− neX, o biogás e biometano, embora ainda um tanto incipiente, deverão ga− nhar cada vez mais espaços no setor sucroenergético. Ligia apresentou uma linha do tempo apontando os princi− pais investimentos realizados pelo setor. “Em 2012 nós tivemos uma plan− ta da Coopcana no Paraná começan− do a produzir biogás, mas ainda em volume relativamente pequeno. Em 2018 tivemos uma primeira planta da Adecoagro no Mato Grosso do Sul.A primeira planta em escala comercial foi inaugurada pela Raízen, em Gua− riba – SP. Ano passado, bem recente, tivemos mais uma planta que foi da Usina Cocal com biogás e biometano. Ainda no ano passado, tivemos a Ade− coagro começando a fazer biometano, e esse ano fevereiro foi a vez da UISA anunciar um projeto grande para pro− dução de biogás e biometano no Ma− to Grosso.A Raízen, que mais uma vez anunciou uma nova planta, dessa vez de biometano, investimento bastante

relevante em Piracicaba – SP, com inauguração prevista para o ano que vem. E agora nesse mês (junho) nós temos a Tereos inaugurando a produ− ção de biometano na Usinas de Cruz Alta, em Olímpia – SP”, lembrou. Ligia comentou ainda sobre a fro− ta agrícola, com tratores e caminhões rodando com biometano sendo que a tendência é que a utilização em escala comece a crescer em volume não só nessas usinas, mas também novos in− vestimentos surjam, lembrando da questão do programa recém−aprova− do do governo metano zero. “Eu quis trazer aqui para vocês al− guns exemplos práticos para mostrar que essa transição energética, seja ela no lado dos combustíveis, quando fa− lamos do biometano, biogás, seja da geração distribuída, ela já é uma rea− lidade com os projetos desses grupos maiores, e que brevemente deverão ser realidade entre os grupos menores também. O biogás e biometano estão aumentando a sua relevância na ma− triz energética brasileira e nós temos desafios: temos a questão financeira, pois são investimentos altos, mas a tendência é que o desenvolvimento tecnológico e os programas governa− mentais tornem esses investimentos mais acessíveis”, finaliza a consultora.


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MERCADO

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Pecege avalia que mudanças tributárias devem reduzir rendimentos das usinas Segundo estudo, as alterações provocariam uma redução de 7% no preço do etanol recebido pelas usinas

O impacto da aprovação das alte− rações tributárias, com redução do ICMS sobre a gasolina e etanol, além da desoneração dos tributos federais, pode resultar num cenário de redução dos rendimentos das usinas em até 7%. É o que apontam os estudos rea− lizados pelo Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas (Pecege) apresentados no seminário “Expedição Custos da Ca− na”, realizado no dia 23 de junho. Raphael Delloiagono, analista econômico do Pecege, informa que na avaliação do Programa, o impacto dessa redução, tanto do ICMS para gasolina e etanol e de uma forma ge− ral a desoneração até o final do ano dos impostos federais, como PIS/Co− fins, o valor acumulado até o encer− ramento da safra, do etanol hidratado, estimado em média de R$ 3,28, cai− ria para R$ 3,04, ou seja, uma queda de quase 25 centavos, representando uma redução próxima de 7%. “Algo semelhante ocorreria com o etanol anidro que de R$ 3,75 cairia para algo em torno de R$ 3,46, no− vamente uma variação em torno de 7%. Em termos de ATR, se nós con− sideramos esse cenário onde o que es− tá sendo discutido seja aprovado, e co− meça a ser aplicado já a partir de ju− lho, o efeito na matéria−prima deve ser em torno também de 7%, redu− zindo em quase nove centavos, esse número de R$ 1,20 para R$ 1,11”, informou. Segundo Delloiagono, isso repre− senta uma queda significativa no pre− ço da matéria−prima do setor e tam− bém no rendimento monetário de todas as usinas. “Caso essas medidas tributárias sejam todas aprovadas, pro− vavelmente o que nós teremos é uma paridade reduzida do etanol, com o açúcar voltando a se sobrepor sobre o biocombustível, ou seja, aquela visão que foi apresentada de um mix mais alcooleiro durante toda essa safra, po− de mudar ligeiramente”, explicou. Em relação às perspectivas de pro−

dutividade da atual safra, o analista do Pecege avalia que será um pouco mais produtiva do que a anterior, porém com uma qualidade menor. Nestes dois primeiros meses de safra os nú− meros apontam uma produtividade 2,6% acima e um ATR com 5,2% de queda, com um aumento no mix pa− ra o etanol em 5,2%. A expectativa é que a safra atinja uma moagem estimada em 542,5 mi− lhões de toneladas, o que representa uma variação de 3,6% percentuais acima, em comparação a anterior que foi de 523,5 milhões/t. “Como eu disse, uma recuperação modesta e isso deve resultar numa produção mais ou menos nesse nível em termos de qualidade da matéria− prima. Nossas projeções apontam pa− ra um ATR médio de 136,93 kg por tonelada de cana−de−açúcar, ou seja, uma redução nessa qualidade de 4,16%. Já o ATR total deve permane− cer praticamente na mesma faixa da safra passada, com uma pequena redu− ção de 0,67%”, informou.

Com relação ao mix de etanol, o Pecege espera, sem considerar as mu− danças tributárias, que um litro de etanol gira em torno de 58,54% da matéria−prima sendo destinado ao biocombustível, o que representa um aumento de 3,56 pontos percentuais sobre o realizado na safra passada, re− sultando numa produção menor de açúcar e ligeiramente menor também do etanol anidro e uma produção um pouco maior de etanol hidratado. Quanto ao açúcar, esperam uma redução de quase 9%, com a produção durante a safra girando em torno de 29 milhões de toneladas.“A produção de etanol da cana−de−açúcar, deve passar de 27,5 milhões para quase 28 milhões de litros. Essa é a impressão que observamos nesses dois primeiros meses de safra. Uma produtividade um pouco mais elevada sendo compensa− da por uma qualidade da cana−de− açúcar um pouco menor e uma ten− dência para um mix levemente mais alcooleiro “, avaliou. Com relação às projeções para o

mercado, o analista do Pecege infor− mou que a valorização do açúcar, cuja produção mundial está estimada em 181 milhões de toneladas, nas últimas semanas ficou abaixo da soja e do mi− lho. A avaliação, porém, é de que os agentes dos fundos especulativos do mercado de açúcar, enxergam pouco espaço para aumento de preços. Na avaliação da rentabilidade e custos de produção do setor sucroe− nergético, o economista do Pecege, Haroldo Torres, destacou a expressiva receita advinda com o mercado de CBios, que nos últimos meses teve uma valorização de mais de 225%. Para Torres, nas últimas três safras o setor bioenergético conseguiu ter uma excelente geração de caixa.“Co− mo se fosse um trem com dois vagões subindo uma montanha, sendo o pri− meiro vagão o preço e o segundo os custos. Com o preço na frente dos custos nas últimas três safras, o setor entregou margens de lucro líquidas de mais de 25%. Se olharmos para 5 ou 6 anos atrás, tinha produtor entregando margem líquida negativa”, lembrou. De acordo com ele, isso permitiu novos investimentos e ampliação de portfólio do setor, seja em outros pro− dutos como o biogás, levedura, CO2 ou até mesmo em processos na área agrícola, aplicação de vinhaça locali− zada, investimento no campo e me− lhoria do nosso manejo. Segundo Torres, a parte ruim ago− ra, é que esse trem começa a descer a montanha, e quem está na frente é va− gão dos custos com os preços ficando para trás.“Isso significa que nós vamos começar a observar uma redução de margens para safra 2022/23, observou. O consultor ressalta que algumas usinas têm caminhado para suavizar este impacto “deste soco no estô− mago” vindo justamente da alta de insumos, caminhando para o uso de adubação orgânica, insumos bioló− gicos e aplicação de vinhaça. “Ou seja, é muito importante uma dis− cussão de melhoria muito forte dos processos. Por outro lado, a gente não pode incorrer nos erros que co− metemos em safras passadas da nos− sa história, cortando investimentos, cortando manejo, reduzindo a pro− dutividade”, reforçou. Para ele, o importante é aproveitar a boa rentabilidade e essa boa geração de caixa das últimas safras e convertê− la em novos projetos, principalmente visando suavizar esse impacto de ele− vação dos custos.



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MERCADO

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Evolua Etanol nasce para liderar a comercialização de etanol do país 100% brasileira, empresa é resultado da mistura dos DNAs da Vibra e da Copersucar A Evolua Etanol, fruto da união das empresas brasileiras Vibra e Copersucar nasceu no dia 1º de julho. Com um modelo de negócios e tecnologia 100% nacional, desponta com o propósito de viabi− lizar soluções, integrar, trazer escala e eficiência ao mercado, encurtando as distâncias entre produtores e consumidores de etanol em todo o país. Levar inovação do campo à roda é o desafio da nova com− panhia, que nasce líder de mercado. A Evolua Etanol atuará como uma plataforma aberta, fluida, geradora de valor e com escala para atender os mercados nacional e global, com objetivo de comercializar 9 bilhões de litros de etanol em seu primeiro ano de vida. A comercializadora define um novo e importante marco para o consumidor e para o setor de biocombustíveis, alavancando alianças e par− cerias estratégicas, aportando tecnologias, inteligência de mercado e provendo eficiências operacionais. “Esperamos oferecer uma alternativa moderna e competitiva de comercialização para todos os agen− tes do mercado de etanol, com oferta em escala e eficiência logística”, comenta Pedro Paranhos, CEO da Evolua Etanol. O executivo demonstra otimismo, pois “o etanol tem características que o colocam co− mo um dos grandes protagonistas para atender às necessidades de um mundo em transformação, que busca por fontes energéticas mais limpas e renová− veis. E exatamente este panorama abre um leque de possibilidades para a nossa empresa, que atuará de forma colaborativa e integrada, para gerar soluções que agreguem valor compartilhado à toda a cadeia”. Paranhos, responsável por comandar a nova em− presa, possui mais de duas décadas de experiência no setor de combustíveis, com passagens pelas compa− nhias americanas Exxon Mobil e Eco−Energy. Na Copersucar há 15 anos, atuava até então como Di− retor Comercial e de Operações da companhia. “Esta união é um importante passo na execução da estratégia da Copersucar”, assim Tomás Caetano Manzano, presidente da Copersucar S.A., definiu o nascimento da Evolua Etanol. Com diretrizes e de−

senho de negócio pensados como plataforma, Man− zano reforça que “crescer por meio de parcerias e soluções inovadoras está no DNA da nossa compa− nhia. Temos convicção sobre o papel fundamental dos biocombustíveis para a construção de uma eco− nomia de baixo carbono e esta nova plataforma aberta de negócios em parceria com aVibra nos le− vará a um novo patamar”. "Com esta parceria, a Vibra e a Copersucar, por meio da Evolua Etanol, ampliam sua escala de atua− ção em um dos maiores mercados de etanol do mundo, possibilitando acesso a esta plataforma de comercialização a todos os players interessados. Queremos oferecer o biocombustível de forma oti− mizada e confiável, gerando competitividade para o setor e com ganhos logísticos, o que por sua vez irá trazer impactos positivos para o consumidor final. Essa é mais uma demonstração do compromisso da Vibra em buscar negócios focados na transição ru− mo a fontes energéticas mais limpas e renováveis e na descarbonização das nossas operações", afirma Wilson Ferreira Jr, CEO da Vibra. Com sede na capital paulista e escritório no Rio de Janeiro, a Evolua Etanol atuará com gestão independente alinhada com seus acionistas, além de contar com estrutura de governança e conselho próprios, seguindo as melhores práticas de gover− nança e conformidade. O capital social é de R 10 milhões, dos quais Copersucar S/A detém 50,01% de participação e aVibra possui 49,99%, sendo que já existe a previsão de aporte futuro de mais R 440 milhões, na proporção das respectivas participações dos acionistas.

Criação da marca O nome da nova empresa surgiu da concepção de três palavras: integrar, mover e transformar. A Evolua Etanol é uma marca orgulhosa de levar tec− nologia 100% própria para todo o País, unindo efi− ciência operacional, inovação e inteligência de mer− cado para conectar toda a cadeia comercializadora e suprindo biocombustível de alta qualidade, criando e entregando soluções de valor para a sociedade. Trata−se de um novo player, um novo modelo de negócio, do tamanho dos desafios atuais, com escala para atender diferentes necessidades, chegar a todos os lugares e abrir novos caminhos.

FG/Agro revisa projeção de safra 2022/23 Fundo reduz estimativa do ATR, com queda de 1,4% em relação à projeção anterior Segundo relatório de maio/2022 do FG/Agro, o volume de moagem da Região Cen− tro−Sul, se manteve inalterado, ou seja, 555 mi− lhões de toneladas. De acordo com o relatório, “mantivemos o volume de cana projetado com base no comportamento climático adequado que foi observado no início do ano, apesar do início de moagem mais lento comparativamente à safra anterior por entendermos que se trata de uma escolha das companhias concentrar a moagem no meio da safra para obter um ATR superior”, ex− plica o documento. Sobre o ATR, o Fundo aponta uma redução nas estimativas. Em março a projeção para ATR Total era de 78.588(m/t) e em maio esse número foi fixado em 77.456(m/t).“Reduzimos a estimativa com ba− se nos dados iniciais da safra que demonstram uma menor concentração de açúcar na cana colhida comparado ao mesmo período da safra anterior, in− dicando uma evolução inferior à safra 2021/22. Com isso, o ATR total disponível para produção do açúcar e etanol será 1,4% inferior com relação à es− timativa anterior”. O relatório também aponta uma redução no volume de açúcar.“Devido aos melhores preços pa− ra o etanol que vem sendo obtidos pelas companhias sucroenergéticas nesse início de safra, acreditamos que até julho haja um maior direcionamento de ATR para etanol reduzindo o volume produzido de açúcar. Esse racional justificou a redução de 3,6% pontos percentuais no mix açúcar privilegiando o etanol. Esse cenário não contempla uma eventual mudança relevante na cadeia de formação de preços da gasolina que pode mudar o ponto de equilíbrio do mercado”, afirma o documento. Os números de maio do boletim de Olho na Safra, elaborado pelo Centro de Tecnologia Cana− vieira (CTC), indicam o ATR (Açúcar Total Recu− perável) de 123 kg/t de cana na região Centro−Sul, mais baixo do que o da safra anterior (130 kg/ t de cana em 2021/2022) devido aos maiores volumes de chuvas observados neste início de temporada. Já a produtividade dos canaviais verificada em maio de 2022, de 76 toneladas de cana por hectare, está bem próxima da observada em 2021/22, de 77 toneladas por hectare. Mais uma vez o destaque negativo tanto em produtividade quanto em ATR é do Mato Grosso do Sul, onde houve redução de rendimento devi− do principalmente ao efeito da geada e da seca na safra 2021/22. Os elevados volumes de chuva em abril e maio contribuíram para o baixo ATR no estado. O destaque positivo é para a região de Goiás, onde a seca na safra passada causou menor impacto aos canaviais, quando comparado às de− mais regiões do Centro−Sul.


MERCADO

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SJC anuncia ampliação da Unidade Processadora de Grãos para esta safra Companhia caminha na direção de alcançar a marca de 12 milhões de toneladas equivalentes de cana A SJC Bioenergia vai ampliar a sua Unidade Processadora de Grãos – UPG, em Quirinópolis – GO, para al− cançar o processamento de grãos na ordem de 700 mil toneladas/ano, au− mentando a produção de etanol e co− produtos de proteína para nutrição animal, como DDG, FlexyPro e óleo. A ampliação da unidade é a primeira grande ação da empresa na direção de alcançar a marca de 12 milhões de to− neladas equivalentes de cana−de− açúcar. De acordo com o diretor presi− dente da SJC, Abel Uchoa, o projeto reforça o momento de crescimento da SJC Bioenergia fazendo um grande

investimento a ser consolidado ainda nesta safra 2022/23.“Estamos falando em atingir a produção de 300 milhões de litros de etanol a partir do proces− samento de milho. Na proporção do aumento do processamento de milho, vamos ampliar a oferta de DDG, Fle− xyPro e óleo para nutrição animal,

contribuindo para o aumento do se− tor produtivo de proteína animal, es− pecialmente do rebanho bovino de corte e de leite em toda a região. Um forte investimento que também se traduzirá em geração de mais empre− gos diretos e indiretos, além dos mais de 4 mil que já temos em nossas Uni−

dades, e no desenvolvimento para nossa região”. Uchoa ressalta ainda que a histó− ria da empresa, que em setembro completará 11 anos, está diretamente associada ao crescimento de Quirinó− polis, Cachoeira Dourada e toda re− gião. Uma realidade que, de acordo com ele, pode ser facilmente consta− tada pela evolução da qualidade de vi− da das pessoas e do incremento da economia regional que ganhou um novo dinamismo. Esse investimento na duplicação da UPG evidencia o norte dado para todos da companhia e aos parceiros e fornecedores de cana quando foi de− finido que o nome da nova safra seria a da prosperidade. “Também mantém firme o processo de crescimento con− sistente e orgânico da SJC Bioenergia que se dá por meio do comprometi− mento e trabalho de todo nosso time, bem como da confiança e do manta− do conferido por nossos acionistas”, finaliza Uchoa

BSBIOS investe na primeira usina de etanol de grande escala do Rio Grande do Sul Nova unidade terá capacidade para produzir 220 milhões de litros de etanol A BSBIOS firmou Protocolo de Intenções com o Estado do Rio Gran− de do Sul no dia 20 de junho, em Porto Alegre – RS. O documento estabelece ações articuladas para viabilizar o inves− timento de R 316 milhões na primeira fase de implantação de unidade de usina produtora de etanol e farelos a partir do processamento de cereais (milho, trigo, triticale, arroz, sorgo, dentre outros). “O Rio Grande do Sul é um es− tado importador de etanol e nós, que estamos na cadeia produtiva, com es− se investimento, vamos ampliar nossa capacidade de produção de biocom− bustíveis aqui na Região Sul, aderin− do ao Pró−Etanol”, destaca Erasmo Carlos Battistella, presidente da BSBIOS.Atualmente o estado impor− ta 99% de sua demanda de etanol e a nova fábrica, a partir de 2027, vai su− prir 23% dessa necessidade.

Os investimentos serão realizados no segundo trimestre de 2023, com previsão de início das operações no segundo semestre de 2024. Estiveram presentes no evento o Governador de Estado, Ranolfo Vieira Júnior, o Se− cretário de Estado de Desenvolvi− mento Econômico, Joel Maraschin, e Subsecretário da Receita Estadual, Ricardo Neves Pereira. O Protocolo estabelece tratamen− tos tributários em relação ao ICMS para aquisições de fornecedores loca− lizados no Rio Grande do Sul de má−

quinas e equipamentos industriais e importações do exterior de máquinas e equipamentos industriais.A partir de agora, a empresa avança para finalizar todos os estudos necessários, projetos de engenharia e a estrutura de finan− ciamento para que a planta comece a operar na safra de trigo de 2024. Prevista para operar em duas fases, com processamento de 750 tonela− das/dia de cereais em 2024 e de 1.500 toneladas/dia, em 2027, o projeto to− taliza um investimento de R 556 mi− lhões no período. O empreendimen−

to deve representar um incremento de R 1,3 bilhão em faturamento anual para o ECB Group, e vai gerar 143 novos empregos diretos e aproxima− damente 1.000 indiretos. A usina será flexível para a produ− ção de etanol anidro ou hidratado te− rá capacidade de 111 milhões de litros em sua primeira fase e, atingirá 220 milhões de litros, dobrando sua capa− cidade, quando totalmente instalada. Ela estará localizada na cidade de Pas− so Fundo, na BR 285, Km 316. A unidade contará com autopro− dução de energia elétrica com coge− ração à biomassa e a oferta de energia excedente será disponibilizada na rede de distribuição do município. Não ha− verá lançamento de efluentes líquidos, que serão utilizados para produção de vapor no processo de produção. A BSBIOS vai oferecer também ao mercado o farelo oriundo da pro− dução do etanol, o DDGS (Distiller’s Dried Grains with Solubles). Como a região tem baixa condição para usar a cana−de−açúcar como matéria−pri− ma, a nova fábrica vai processar 260 mil de toneladas por ano de cereais para produção de etanol e farelo.


ETANOL VERSUS HÍBRIDOS

Restrições de custo e de tecnologia desafiam a eletrificação Diante disso, o etanol deve seguir relevante no Brasil, afirma o engenheiro Roberto Marx

Restrições de custo e de tecnolo− gia desafiam a implementação dos veículos 100% eletrificados no Brasil, o que também ajuda a manter o mer− cado dos motores a combustão. E neste mercado “temos o etanol, que indiscutivelmente, é menos po− luente do que a gasolina e o diesel”, afirma o engenheiro Roberto Marx, para quem o biocombustível deve in− tegrar a matriz energética ao lado de outros combustíveis. Diretor de Operações da Funda− ção Carlos AlbertoVanzolini, Marx, em entrevista ao JornalCana, faz avaliações sobre eletrificação, energia elétrica produzida por biomassa e dá sua ver− são sobre o porquê a transição energé− tica mundial está em ritmo lento. Jor nalCana − Como o senhor avalia o r itmo de implementação da transição energética mundial? Quais os er ros e acer tos em meio às conturba− ções econômicas globais?

Rober to Marx − O ritmo é me− nor do que se imaginava e do que gostariam aqueles muitos que perce− bem a relevância desta transição. Po− rém, as resistências de certas organiza− ções, empresas e lobbies, bem como as crises imprevisíveis como a da Covid e da guerra da Ucrânia desviam a aten− ção desta transição para outros temas − vários justificáveis, mas que também servem como desculpa para se manter o padrão energético baseado em fon− tes não renováveis de energia. De todo modo, um aspecto mui− to relevante que alguns países têm conseguido alcançar é a consciência de que precisamos ter um pensamento e uma prática pensando no futuro e não somente na vida na Terra enquanto os seus atuais ocupantes aqui estiverem. No Brasil, especificamente, cuja matr iz energética é em 80% compos− ta de fontes renováveis, como se dá essa transição? Ela é mais lenta, com certeza. Fal− ta a consciência que mencionei acima. Há muito desperdício de energia, mais do que a média de outros países. E a crise climática, algo que − co− mo se sabe − muitos negam, contri− bui para que as nossas fontes renová− veis nem sempre consigam manter o processo de geração de energia que precisamos durante todo o ano. A falta de chuva que ocorreu no ano passado e neste, tende a se repetir e

isto coloca em questão a nossa capaci− dade de gerar energia primordialmen− te por fontes renováveis, ano após ano. Tal fato deveria atrair muito mais atenção do que se observa na prática, principalmente por parte dos diversos níveis de governo, mas não só. A eletr ificação chegou para ficar, isto é f ato. Em sua opinião, em quan− to tempo é possível prever que os motores 100% elétr icos ou híbr idos irão substituir os motores a combus− tão no Brasil? Difícil fazer esta previsão. As montadoras têm anunciado metas em que prometem parar de produzir mo− tores a combustão interna. Estas metas variam de empresa para empresa, mas a conversão total da produção delas só ocorrerá, a princí− pio, em 2030 aproximadamente. Isto se ocorrer. Do ponto de vista dos proprietá− rios, a propensão a mudar de motori− zação também não é das mais otimis− tas, os números de hoje são muito menores do que se previa há 4, 5 anos. Por quê? Há restrições de custo e de tecno− logia, estas últimas talvez sejam mais rapidamente superadas do que a que implica a definição do preço dos veí− culos elétricos, que são sabidamente mais caros, embora mais econômicos. No Brasil este cenário se com−

plica ainda mais, não somente pela desigualdade de renda − a grande maioria da população não consegue comprar nem o mais barato veículo a combustão interna, o que dizer dos elétricos?


MERCADO zer parte da nossa matriz energéti− ca, mas não podemos ficar somen− te com ele. Qual o destino dos combustíveis fósseis explorados e produzidos no Brasil? Ainda serão muito utilizados nos próximos anos, não há perspecti− va de abandono. Como ficarão o etanol e outros biocombustíveis, caso do biodiesel, biogás e da bioquerosene de aviação? Terão sobrevida? Como coloquei acima, temos que pensar em matriz energética, com a convivência de algumas alternativas, algo fundamental para garantir o for− necimento de energia para os proces− sos industriais, nas residências, nos es− critórios, estabelecimentos comerciais e demais, além dos veículos.

Mas ainda temos o etanol que, in− discutivelmente, é menos poluente do que a gasolina e o diesel. Então há um movimento forte no Brasil que prega que já temos uma motorização sustentável eu não con−

cordo muito com esta afirmação pois não podemos ficar a margem de que certamente será a nova tecnologia de motorização em praticamente no mundo todo. O etanol é relevante e deve fa−

Segundo a Unica, entidade repre− sentativa do setor sucroenergético, menos de 16% do potencial de uso de biomassa da cana (palha, bagaço e tor− ta de filtro) é empregado hoje para gerar eletr icidade. Em caso de neces− sidade de oferta de energ ia para supr ir a futura frota 100% elétr ica, a biomas− sa da cana terá papel de peso como supr idora do parque gerador de ele− tr icidade? Há este potencial mas repito, fro− ta 100% elétrica talvez seja algo pou− co provável. De todo modo, a bio− massa de cana de açúcar pode e deve fazer parte da matriz energética de um país como o Brasil. Qual deve ser o papel dos gover− nos (federal e estadual) diante a tran− sição energética? 1) Contribuir com o aumento da consciência das pessoas e das organi− zações para que fortaleçam "corações e mentes" no rumo que leve a um maior uso das fontes renováveis e não poluentes de energia. 2) Financiar projetos e iniciativas que de maneira clara, contribuam pa− ra demonstrar a viabilidade e o uso ca− da vez maior destas fontes de energia. 3) Fortalecer o aparato jurídico institucional que dê consistência e im− pulsione este movimento de transição. Fique à vontade para discorrer so− bre outros temas. Só mais um ponto: os governos municipais, prefeitos bem como ve− readores, são também atores funda− mentais e devem estar incluídos neste movimento. Como costuma−se dizer, o cida− dão mora em sua cidade, é a sua prin− cipal referência para a vida cotidiana. Muita coisa acontece no município e uma ação no âmbito municipal é mais do que necessária também.

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QUEM É ROBERTO MARX Engenheiro de produção pela POLI/USP, concluiu a livre docência em 2008 e o doutorado em Engenharia de Produção pela Universidade de São Paulo em 1996. Consultor Ad−hoc da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de S. Paulo, do CNPq e da CAPES, Professor Doutor e Livre Docente da Universidade de São Paulo e Consultor Ad− hoc da CAPES, CNPq, FAPESP, entre outras. É membro do Comitê Editorial da IJATM − International Journal of Automotive Technology and Management, editor associado para as áreas de Estratégia, Organização e Trabalho da revista Gestão & Produção e pesquisador Visitante do IDS − Institute of Develpment Studies na University of Sussex, Inglaterra e na Royal Institute of Technology em Estocolmo na Suécia. Faz parte do Steering Committe do GERPISA, rede mundial de pesquisas sobre indústria automotiva e mobilidade urbana. É coordenador do Mobilab − Laboratório de Estratégias Integradas da Indústria da Mobilidade, centro de pesquisas e projetos que estuda estratégias e novos negócios no campo da mobilidade urbana sustentável. Atua na área de Engenharia de Produção, com ênfase em Gestão da Mobilidade em Grandes Aglomerados Urbanos, Projeto Organizacional e Organização para a Inovação. Desenvolveu projetos e estudos para diferentes entidades, tais como: FAPESP, CAPES, IPT, ABDI, MDIC e CGEE nas áreas acima descritas. Coordena projetos de extensão nas mesmas áreas tendo desenvolvido projetos e estudos para a Unilever, Volkswagen, Boticário, Petrobras,Vale, Natura, entre outras empresas. Atualmente ocupa a posição de diretor de Operações da Fundação Carlos Alberto Vanzolini.


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MERCADO

Julho 2022

GWM fabricará no Brasil elétricos e híbridos movido a etanol A gigante chinesa, que comprou a fábrica da Mercedes Benz em Iracemápolis, anuncia lançamento de híbridos importados no próximo semestre A GWM (Great Wall Motors) anunciou em julho os sistemas híbri− dos que irá usar em sua primeira fase no Brasil, ainda antes de iniciar a pro− dução na fábrica de Iracemápolis −SP, que comprou da Mercedes−Benz. As− sim como a Caoa Chery, a GWM usará a nova DHT (Dedicated Hybrid Technology), que dá aos carros híbri− dos maior alcance. A GWM iniciará com duas marcas: Haval (SUVs) e Poer (picapes). Depois virão a Tank e a Ora. A GWM é a maior fabricante privada de automóveis da China e a terceira a investir no Brasil. A pri− meira chinesa a chegar aqui foi a JAC, que importa uma linha de elétricos, automóveis, SUVs, picapes e cami− nhões. A segunda foi a BYD, que se instalou inicialmente produzindo ba− terias, painéis fotovoltaicos e chassis para ônibus e caminhões elétricos, mas está lançando sedãs e SUVs hí− bridos e elétricos. Com investimentos previstos de R$ 10 bilhões e nacionalização de 60% de seus produtos a médio prazo, a GWM poderá se tornar um dos mais importantes “players” da região. A Great Wall já expandiu suas operações para a Ásia, Austrália, Áfri− ca do Sul,Tailândia e Rússia. A fábri− ca no Brasil faz parte de seu projeto global de expansão atingindo uma das mais importantes regiões do mundo. A empresa se apoia na crescente qualidade dos automóveis chineses, de sua vantagem pela escala, insuperável supremacia na eletrificação veicular e aposta em novas tecnologias: já decla− rou intenção de investir na célula a combustível (fuel cell) acionada por hidrogênio obtido do etanol. Conforme programado, as opera− ções da GWM no Brasil terão início no final do ano com o SUV H6 nas versões híbrida e híbrida plug−in, ambos importados da China. O carro usa uma tecnologia chamada DHT, que foi atualizada pela própria GWM e oferece autonomia de 200 km para o motor elétrico.

Segundo a empresa, a maioria dos modelos tem autonomia de até 80 km. Em março de 2023 o grupo GWM deverá iniciar a produção na fábrica de Iracemápolis com veículos híbridos flex, que poderão receber motores com combustão a etanol ou gasolina. Mercado aquecido: também em junho, a Caoa Chery informou que vai começar a produzir em sua fábri− ca em Anápolis −GO carros com motorização híbrida flex, dentro de estratégia para ter todos os modelos do portfólio eletrificados até o final do ano que vem. Os modelos serão os utilitários Tiggo 5x PRO Hybrid e o Tiggo 7 PRO Hybrid. A empresa, uma parceria da brasileira CAOA com a chinesa Chery, também vai começar

a vender no final do mês um subcom− pacto 100% elétrico, mas importado da China. Em agosto, ainda vai come− çar a trazer de lá um sedã. O anúncio ocorreu depois que a companhia informou em maio, que decidiu fechar a fábrica em Jacareí, in− terior de São Paulo, até 2025 para adaptá−la para a produção de veículos elétricos. “Estamos liderando a virada tecnológica da nossa indústria com a complementação do nosso portfólio, seguindo a tendência global de carros verdes”, afirmou em nota Marcio Al− fonso, vice−presidente de operações da montadora. Os emplacamentos de carros e au− tomóveis leves híbridos e elétricos mostram alta de 57,7% de janeiro a

maio sobre mesmo período de 2021, para 16,4 mil unidades, representando uma participação do mercado de 2,4%. Evandro Gussi, CEO da União da Indústria de Cana−de−Açúcar e Bio− energia (UNICA), parabenizou a de− cisão da montadora em suas redes so− ciais. “Etanol, cada vez mais, mostran− do que é parte da solução de mobili− dade sustentável. Parabéns à inteligen− te decisão da CAOA Chery que de− cide aproveitar esse importante ativo brasileiro”, afirmou. Já a Toyota, pioneira no lança− mento dessa tecnologia no Brasil, tem atualmente dois produtos com essa opção no mercado: o Corolla e o Co− rolla Cross, líderes de venda no país entre carros eletrificados.



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MERCADO

Julho 2022

Competitividade do etanol é evidenciada durante simpósio em Campo Grande Um dos desafios é aumentar em 18 bilhões de litros a produção de etanol até 2035 O Estado do Mato Grosso do Sul, que ocupa a quarta posição entre os maiores produtores de etanol do país, sediou no dia 10 de junho, um simpó− sio de Bioenergia, promovido pela FIEMS (Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul), Bio− sul (Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul) e Udop (União Nacional da Bioener− gia). O evento foi realizado no Edifí− cio Casa da Indústria, em Campo Grande, e reuniu produtores e forne− cedores de cana−de−açúcar, represen− tantes de instituições e lideranças po− líticas, com objetivo de discutir o fu− turo da bioenergia em um dos Estados mais promissores para a expansão do cultivo da matéria−prima no Brasil. Na abertura do evento, os organi− zadores prestaram homenagem à de− putada federal e ex−ministra da Agri− cultura, Pecuária e Abastecimento,Te− reza Cristina, como forma de reco− nhecimento à sua contribuição para o desenvolvimento do segmento no país. A ex−ministra destacou a impor− tância do setor bioenergético para a modernização da economia brasileira. “Há mais de 50 anos vocês estão fa− zendo a diferença no nosso país. É o maior programa de descarbonização do mundo, que teve início quando nem se falava em mudanças climáticas. O Brasil trabalhou o etanol devido a uma crise energética, e de lá para cá vocês ganharam relevância e souberam se reinventar”, afirmou Cristina. O então, secretário−adjunto de Petróleo, Gás Natural e Biocombustí− veis do Ministério de Minas e Ener− gia, Pietro Adamo Sampaio Mendes (ele foi exonerado na segunda−feira) falou da posição estratégica do país no mercado de energias renováveis.“Ho− je a gente vive uma crise energética no mundo, e o Brasil está muito bem− posicionado graças ao etanol. Olhan− do para o futuro, precisamos aumen− tar a produção em mais 18 bilhões de litros até 2035, para termos mobilida− de sustentável. O setor sucroenergé− tico pode dar a resposta também para os veículos pesados, reduzindo em 30% a dependência do diesel com o

biometano, associado à produção de etanol. Se tivéssemos substituído toda a gasolina por etanol teríamos a frota mais sustentável do mundo, e a gente pode fazer isso”, afirmou Mendes. O presidente do Sistema Famasul,

Marcelo Bertoni, destacou a organi− zação do setor sucroenergético. “É importante incentivar a produção de etanol para reduzir o uso de combus− tíveis fósseis, contribuindo com a agenda Carbono Neutro. Hoje, temos usinas que geram a própria energia

renovável, com o bagaço da cana, e ajudam na preservação ambiental. O setor sucroenergético é exemplo de organização, da produção agrícola até a industrial, e pode crescer ainda mais”, disse. O presidente da Fiems, Sérgio


Longen, destacou a importância do setor sucroenergético para o Estado, que conta atualmente com 17 indús− trias produzindo bioenergia a partir da cana−de−açúcar. Na avaliação do lí− der empresarial, a expectativa em re− lação ao simpósio é positiva, pois a partir do encontro deverão ser elabo− radas propostas para reduzir os custos da energia no futuro. Já o presidente da Biosul e da Udop, Amaury Pekelman, chamou a atenção para os investimentos dos úl− timos 20 anos que tornaram Mato Grosso do Sul o quarto maior produ−

tor de etanol do Brasil. Para o repre− sentante dos produtores de bioenergia, o simpósio serve para projetar os de− safios do futuro. “Vamos discutir os investimentos que serão feitos daqui para frente, projetando como será a matriz energética brasileira e como deve se comportar a indústria auto− mobilística, para que a matriz brasi− leira, que é bastante limpa, continue forte”, disse. Um dos representantes do setor automobilístico presente ao evento, Pablo Di Si, presidente da Volkswagen da América Latina, disse que a visão da

empresa é ter uma mobilidade susten− tável em todo mundo. “E obviamente que colocamos uma ênfase muito grande em como essa energia é gera− da. Nós temos um grande investi− mento em veículos elétricos, princi− palmente na Europa, nos Estados Unidos e na China. Mas também te− mos um centro de biocombustíveis a partir do Brasil, reconhecendo a im− portância do etanol, do biometano, do biogás, enfim, todos produtos que saem do bagaço, da vinhaça e da torta de filtro”, disse. Segundo Di Si, reunido com o

Conselho Mundial da Volkswagen avaliando estratégias e produtos para o futuro, percebeu−se que países ou até mesmo continentes caminham em diferentes velocidades rumo ao carro elétrico. “Índia, África, América Lati− na, deverão ir em velocidades diferen− tes. Nós precisamos consolidar essas plataformas e ter soluções inteligentes de baixo carbono e complementares. Porque o carro elétrico vem, mas também precisamos de um carro hí− brido e um carro flex e que poderão ser exportados a tecnologia para os demais países”, concluiu Di Si.


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MERCADO

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Indianos conhecem tecnologia de etanol Comitiva trocou experiências e tirou dúvidas técnicas sobre a produção e a mistura de etanol “Somos apaixonados pelo futebol do Brasil e é hora de estendermos es− sa amizade ao etanol”, resumiu o pre− sidente da Associação Indiana das Usi− nas de Açúcar (Isma), Aditya Jhunj− hunwala, ao usar o esporte como ana− logia para expressar a expectativa em relação à parceria para ampliar o uso e a produção de etanol no país asiático. Jhunjhunwala participou, entre os dias 20 a 24 de junho, de uma missão formada por integrantes das indústrias sucroenergética e automotiva, do se− tor de óleo e do governo indiano pa− ra conhecer a tecnologia de produção brasileira de etanol, desde o cultivo à destinação do produto para o consu− midor. A comitiva foi acompanhada pela União da Indústria de Cana−de− Açúcar e Bioenergia (UNICA) que, junto com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investi− mentos (ApexBrasil), vem promoven− do uma agenda de diálogo para pro− mover o biocombustível na Ásia. “A indústria automotiva da Índia está crescendo muito rápido, ao mes− mo tempo em que a descarbonização da matriz de transporte é um passo importante, então o etanol se encaixa muito bem nessa transição”, afirmou o diretor executivo da Associação dos Fabricantes dos Automóveis Indianos (Siam), Prashnat Kumar Banerjee. “Na Índia, estamos dando passos muito ambiciosos para alcançar as metas do governo”, avaliou. Até 2014, a mistura de etanol na gasolina da Índia era de apenas 1,5%.

No último dia 5 de junho, o primei− ro−ministro Narendra Modi anunciou que o país atingiu a 10% de mistura cinco meses antes do prazo, previsto para novembro deste ano. A meta é chegar à 2025 com 20% de mistura de etanol na gasolina. Por outro lado, no segundo se− mestre de 2022 a Índia iniciará a pro− dução de carros com motores flex fuel, tecnologia brasileira que permite a utilização de 100% de etanol nos veí− culos, ou a mistura de qualquer per− centual do biocombustível com o seu equivalente fóssil. No Brasil, desde que a tecnologia foi introduzida em 2003, o uso do etanol evitou a emissão de mais de 600 milhões de toneladas de gás carbônico na atmosfera.

Transparência Durante a missão no Brasil, os in− dianos tiveram a oportunidade de trocar experiências e tirar dúvidas técnicas sobre a produção e a mistura de etanol. “Os brasileiros foram mui− to transparentes, estão nos dizendo que problemas enfrentam e o que de− vemos fazer em cada tipo de situação. Assim, podemos pensar de antemão em soluções para alcançar o E20”, afirmou o presidente da Isma, Aditya Jhunjhunwala. Em visita à uma distribuidora de combustível, por exemplo, os execu−

tivos puderam observar a mistura de 27% de etanol na gasolina brasileira. E mais tarde conversaram com consu− midores, no posto de combustível, so− bre as opções e as preferências. As tec− nologias automotivas nacionais com etanol, como os carros híbridos e flex, também foram apresentadas aos india− nos, que visitaram as fábricas da Volkswagen e da Toyota no Brasil. Já no Centro de Tecnologia Ca− navieira (CTC), a delegação teve a oportunidade de compreender a apli− cação do conhecimento científico em tecnologias que possibilitam a melho− ria da produtividade do setor sucroe− nergético. “Apresentamos o papel es− tratégico do CTC na aplicação de tecnologias disruptivas que contri−

buem para consolidar o etanol de ca− na−de−açúcar como um dos princi− pais agentes de descarbonização do planeta e, consequentemente, para a mobilidade sustentável”, disse a dire− tora de Assuntos Regulatórios do Centro, Silvia Yokoyama. A missão também marca o início da implementação das ações previstas no memorando de entendimento firmado em abril entre a Unica e a Siam.A par− ceria prevê a construção de uma agen− da integrada para redução de emissões na matriz de transporte veicular na Ín− dia, entre elas a criação do Centro Vir− tual de Excelência (CoE), que funcio− nará como um hub sobre avanços tec− nológicos, normas técnicas, regula− mentos, políticas públicas e sustentabi− lidade relacionados à bioenergia. “Muito em breve teremos carros flex rodando em nossas cidades. Jun− tos, brasileiros e indianos vamos pro− mover o etanol em todo o mundo”, concluiu o representante do governo indiano na missão, Jitendra Juyal. O grupo visitou ainda a APLA (Arranjo Produtivo Local do Álcool) e o ter− minal de uma empresa do setor no porto de Santos (SP), onde acompa− nhou a logística para exportação de produtos da cana−de−açúcar.


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Embraer completa teste de voo utilizando 100% de combustível sustentável Teste foi feito em parceria com fabricante de motores Pratt & Whitney em jato E195-E2 A Embraer e Pratt & Whitney, empresa que atua no ramo de moto− res de aviões, realizaram o teste bem− sucedido com motores GTF na aero− nave E195−E2 utilizando 100% de combustível sustentável de aviação, chamado de SAF. O teste comprovou que os moto− res GTF e a família de E−Jets E2 po− dem voar com ambos os motores com blends de até 100% SAF, sem com− prometer a segurança ou a perfor− mance. A aeronave completou dois dias de testes em solo no Aeroporto Internacional de Fort Lauderdale, re− sultando em 70 minutos de testes de voo no Aeroporto Regional de Vero Beach, na Flórida. “O E2 já é a aeronave de corre− dor único mais eficiente atualmen− te no mercado, que economiza até 25% de emissões de CO2 quando comparado com as gerações ante− riores da aeronave. A redução das emissões pode chegar a 85% ao uti− lizar 100% de SAF. A substituição de aeronaves antigas por produtos de nova geração e a utilização de SAF na produção são as duas ações mais efetivas na aviação comercial para alcançar uma redução significativa das emissões”, afirmou Rodrigo Silva e Souza, Vice−Presidente de Estratégia e Sustentabilidade da Embraer Aviação Comercial. No momento, os motores Pratt & Whitney e as aeronaves Embraer es− tão certificadas para operar com uma mistura de até 50% de SAF adiciona− do ao querosene Jet A/A1, de acordo com as determinações da ASTM In− ternational. Especificações futuras permitirão misturas de até 100% de SAF para maximizar o potencial na redução das emissões do uso de com− bustível derivado de matérias−primas sustentáveis e não fósseis. “O SAF é uma parte essencial da nossa rota de sustentabilidade e con− tinuamos trabalhando com parceiros e órgãos reguladores da indústria para apoiar o desenvolvimento de um pa− drão 100% SAF”, afirma Graham Webb, Diretor de Sustentabilidade na Pratt & Whitney.

“Este teste comprova que os mo− tores GTF podem operar com qual− quer combustível e que a família de jatos E2 está pronta para a certificação 100% SAF assim que a indústria fina− lizar os padrões para SAF puro.” O SAF usado pela Embraer e pela Pratt & Whitney foi 100% SPK de és− teres e ácidos graxos hidroprocessados (HEFA−SPK), adquirido da World

Energy. HEFA−SPK é um tipo espe− cífico de matéria−prima renovável hidrotratada usada na aviação e é con− siderada uma das principais alternati− vas de substituição do combustível convencional para aviação pela Com− mercial Aviation Alternative Fuels Initiative (CAAFI), devido à sustenta− bilidade de sua matéria−prima. O motor Pratt & Whitney

GTF™ é o único sistema de propul− são com caixa de redução que ofere− ce os melhores benefícios de susten− tabilidade do setor e custos operacio− nais extremamente competitivos. As aeronaves Embraer E195−E2 que utilizam motores GTF representam a combinação mais ecológica de fuse− lagem e motor, oferecendo o menor nível de ruído e emissões.


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MERCADO

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Brasil terá primeiro açúcar mascavo rastreado com tecnologia blockchain Granelli é a usina pioneira a ter licença para comercializar o produto rastreado, com selo Tecnologia Embrapa O setor canavieiro brasileiro se destaca na vanguarda com o uso da tecnologia blockchain. A partir de ju− lho o mercado começará a receber o primeiro açúcar mascavo dotado de um sistema de rastreabilidade baseado em blockchain, tecnologia de ponta capaz de atestar a transparência e a in− tegridade das informações do produ− to. Por meio de um QR Code estam− pado na embalagem, qualquer pessoa poderá verificar as informações sobre a origem e o processo de fabricação do açúcar. O tipo mascavo é valoriza− do no segmento de produtos naturais e saudáveis, mas ainda sofre com casos de adulteração. Ao longo de três anos, uma equi− pe de especialistas da Embrapa Agri− cultura Digital – SP trabalhou no de− senvolvimento do Sistema Brasileiro de Agrorrastreabilidade (Sibraar). A tecnologia foi customizada para o açúcar mascavo e validada na Usina Granelli, parceira no projeto−piloto. Agora, a empresa será a primeira li− cenciada a comercializar o produto rastreado, que vai levar o selo Tecno− logia Embrapa. O sistema foi introduzido no pro− cesso de produção neste mês de junho, dando início aos primeiros lotes com rastreabilidade via blockchain. Pelo contrato de licenciamento, uma por− centagem das vendas será revertida para a Embrapa na forma de royalties. O desenvolvimento do projeto tam− bém contou com o apoio da Coope− rativa dos Plantadores de Cana do Es− tado de São Paulo (Coplacana). Um evento no dia 21 de junho na sede da Usina Granelli, em Charquea− da −SP, marcou o lançamento oficial da tecnologia de rastreio do açúcar mascavo por blockchain. A tecnologia Sibraar possibilita que os dados de fa− bricação do produto sejam armazena− dos em blocos digitais, usando a blockchain para construir uma se− quência temporal e imutável dos re− gistros e garantindo, assim, a integri− dade das informações geradas ao lon− go do processo de produção.

O sistema da Embrapa foi conce− bido inicialmente para o setor sucroe− nergético, mas pode ser customizado também para a agroindústria vincula− da a outras cadeias agrícolas, como a de grãos. Para o pesquisador Alexan− dre de Castro, líder do projeto, tem crescido a exigência de mercados consumidores internos e externos por alimentos mais seguros e sustentáveis. “O Sibraar é o primeiro softwa− re para rastreabilidade registrado no mercado nacional, voltado para a agroindústria da cana−de−açúcar, resultado de uma iniciativa da Em− brapa para inovação aberta com o se− tor produtivo”, ressalta o chefe−geral da Embrapa Agricultura Digital, Stanley Oliveira. Toda a arquitetura do sistema de agrorrastreabilidade foi desenvolvida pela equipe da Embrapa e o armaze− namento e processamento dos dados, bem como a disponibilização da in− formação final na internet, ocorre nos servidores da empresa seguindo pro− tocolos de segurança. Questões relacionadas à origina− ção e rastreabilidade dos produtos já estavam no radar da Usina Granelli. Segundo a diretora de projetos, Ma− riana Granelli, a possibilidade de in− corporar uma tecnologia como blockchain foi a oportunidade de dar completa transparência e ser reconhe− cido pelas melhores práticas adotadas na produção. “O mercado está cada vez mais exigente, quanto mais formos trans− parentes nessa relação, acreditamos que melhor será a nossa reputação junto ao

consumidor”, ressalta. Ela projeta para este ano um piloto de produção de quatro toneladas de mascavo com rastreabi− lidade. A usina também já estuda estender o uso da tecnologia para ou− tros produtos, como o açúcar tipo demerara e destilados alcoólicos. Fundada há 35 anos, na região do vale do rio Piracicaba, a Usina Gra− nelli nasceu como engenho para pro− dução industrial de cachaça, reven− dendo para grandes engarrafadoras do país. Nos anos 2000, a empresa passou a produzir também etanol e xarope de cana. A fabricação de açúcar é mais recente, produzindo os tipos VHP (Very High Polarization), açúcar bru− to voltado para a exportação, e o de− merara e mascavo. O açúcar mascavo com a rastrea− bilidade via blockchain é a aposta da empresa para entrada na venda dire− ta ao consumidor, por meio de su− permercados, lojas especializadas e plataformas de comércio eletrônico. “Há cinco anos, a usina vem apri− morando o processo de fabricação, buscando parâmetros ideais para aceitação no mercado. O objetivo é atender um segmento de consumi− dores preocupado com a saudabili− dade dos alimentos e disposto a re− munerar um açúcar com maior valor agregado. A rastreabilidade chega neste mesmo contexto, de oferecer um alimento seguro e de qualidade”, afirma Granelli.

O projeto teve origem a partir da cooperação técnica estabelecida em 2019 entre a Embrapa Agricultura Digital e a Coplacana, à qual a Usina Granelli é associada, que prevê ainda a geração de outros ativos e soluções tecnológicas baseadas em inteligência artificial e sensoriamento remoto. Há mais de três anos, a Coplacana vem buscando acelerar e dar mais fo− co à pauta de inovação, promovendo a aproximação do setor produtivo com startups e instituições de pesquisa, co− mo a Embrapa. “Conseguimos trazer a Embrapa, com a sua expertise, e o nosso cooperado, que tem essa visão de acesso a novos nichos de mercado, e juntos estamos viabilizando um açúcar mascavo rastreado com block− chain que é inovador no Brasil”, afir− ma o diretor de negócios da coopera− tiva, Roberto Rossi. “Com essas fer− ramentas, é possível satisfazer todos os tipos de consumidores. Tecnologia, produtividade, aumento de renda, acesso a novos mercados são marcos importantes e é esse futuro que se acelera, no qual a informação sobre o alimento será cada vez mais funda− mental na tomada de decisão do con− sumidor”, completa.



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MERCADO

Descarbonização impulsiona projetos de produção de biogás e biometano

Longe de ser novidade, a produ− ção de biogás e biometano no setor sucroenergético, antes restrita a pro− jetos experimentais como o da para− naense Coopcana, iniciado em 2012, começa a ganhar um novo rumo. Impulsionada pela pauta da descar− bonização, que ganhou força com a agenda ambiental, que estabelece metas a serem cumpridas até 2030, por governos, empresas e sociedade como um todo. Usinas pioneiras na produção em escala como a Raízen, que projeta pa− ra 2030, 39 módulos de produção ins− talados (atualmente conta com 2), Cocal e Adecoagro, veem grandes possibilidades de expansão nesse mer− cado, que recentemente ganhou um reforço do Governo Federal, através do ‘Programa Metano Zero’, que pre− vê financiamento público para inves− timentos em novas plantas industriais. ‘Estratégias de diversificação com Biogás & Biometano’ foi o tema do webinar promovido pelo JornalCana no dia 29 de junho, com represen− tantes destas três usinas, que apresen− taram ações desenvolvidas pelas em− presas e desafios a serem superados pelo setor sucroenergético, que ape− sar de ter o maior potencial para ge−

ração de biogás, produz bem menos que o setor de resíduo sólido urba− no/saneamento, que tem um poten− cial de geração bem menor. Sob a coordenação do jornalista e diretor da Procana, Josias Messias, o webinar patrocinado pelas empresas AxiAgro, S−PAA Soteica e Autojet from Spraying Systems, contou com a participação de André Gustavo Alves, diretor comercial e de novos produ− tos da Cocal, Débora Cardoso Vieira, gerente de Operações de Biogás da Raízen e Luis Felipe Colturato, espe− cialista em Resíduos e Biogás, diretor da Methanum, parceira da Adecoagro na implantação de soluções para Bio− gás e Biometano. André Gustavo (Cocal) apresen− tou um fluxograma com as etapas de produção nas unidades da usina, on− de são gerados 9 milhões de metros cúbicos de biometano por ano. “Essa produção é escoada através de duas rotas: a primeira é a rota do projeto cidade sustentável. Existe um gasodu− to que sai da unidade de Narandiba, passa pela cidade de Narandiba, segue para Pirapozinho e vai até Presidente Prudente, a primeira cidade com sis− tema de distribuição exclusivo no mundo. São 60 km de rede aproxi− madamente que tem como objetivo abastecer essa região, em especial as indústrias. Os clientes que não estão nessa rota até Presidente Prudente, contam com uma segunda opção com carretas abastecidas em uma base de compressão”, explicou Alves, desta− cando também a utilização na própria frota da usina. “É importante ressaltar a utilização desse biometano em nos−

sa frota. “Já temos seis equipamentos que estão rodando com biometano. Um dos objetivos do projeto é termos um etanol cada vez mais limpo, redu− zindo cada vez mais a emissão de ga− ses de efeito estufa na nossa cadeia produtiva”, disse. O diretor também elencou alguns pontos importantes do projeto Biogás: geração de 5MW/h de energia elétri− ca, volume suficiente para atender cerca de 700 estabelecimentos co− merciais; a substituição do diesel e do gás natural pelo biometano reduz em 95% a emissão de CO2; produção de 48 toneladas diárias de CO2 Verde para a produção sustentável de bebi− das gaseificadas e outros produtos, além da produção de biofertilizantes, reduzindo a necessidade da compra de fertilizantes minerais, reduzindo em 75% a emissão de CO2. Desde a im− plantação do projeto a Cocal estima

uma redução de 71 mil toneladas na emissão de CO2, o que corresponde ao plantio de aproximadamente 507 mil árvores. Entre os benefícios do projeto da Cocal, Alves destacou a tecnologia que permite o fornecimento do biometa− no ao longo dos 12 meses do ano; uma única molécula que reduz a instabili− dade do processo e contribui para tra− zer mais eficiência; o reajuste do pre− ço do biometano tem como base o IPCA, o que permite ao cliente uma previsibilidade do preço, e por fim, a negociação direta com a Cocal, que atuará como comercializadora do biometano. Já a Raízen, em outubro de 2020 inaugurou o Parque de Bioenergia Bonfim, na cidade de Guariba, que fi− gura entre as maiores plantas de bio− gás do mundo, com uma capacidade instalada de 21MW. Em 2023 a em−

André Gustavo Alves da Silva

Débora Cardoso Vieira

Luis Felipe Braga Colturato

Zilmar Souza

Usinas pioneiras na produção de biogás no Brasil apostam no fortalecimento do produto e na instalação de novas plantas


MERCADO

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Potencial de expansão

presa deve entregar a planta adjacente ao Parque de Bioenergia Costa Pinto, em Piracicaba, com conexão à rede da Comgás. Segundo a gerente de Ope− rações de Biogás da Raízen, Débora Cardoso Vieira, até 2030/31 a empre− sa tem como meta operar 39 módulos de biogás para atender a crescente de− manda do mercado por soluções que contribuam para a descarbonização de suas cadeias produtivas. Entre essas de− mandas, estão os caminhões (movidos a gás ou convertidos) e a exploração do posicionamento geográfico estra− tégico, para conexão com os gasodu− tos de distribuidoras de gás natural para a entrega no cliente destino. Débora destacou que através da joint−venture com o grupo Gera, a Raízen vem expandindo e diversifi− cando as operações de geração distri− buída, ampliando a oferta de energia limpa, renovável e sustentável. Recentemente, a Cocal e a Raí− zen anunciaram que vão operar em parceria a planta de energia elétrica a partir do biogás. A unidade represen− ta modelo inédito de geração distri− buída com capacidade para gerar até 35 mil MWh/ano. O especialista em Resíduos e Biogás, Luis Felipe Colturato, diretor da Methanum, parceira da Adecoagro, destacou que em 2021 45% da nossa energia, teve como origem fontes re− nováveis, sendo que só a biomassa da cana contribuiu com 16,4% do total de energia consumida, ficando atrás

apenas do petróleo e derivados. “Por isso, o biogás vai trazer ainda mais es− se viés estratégico, tornando o setor o mais importante a nível mundial na geração de energia renovável”, disse. O Brasil tem um dos maiores poten− ciais na geração de biogás em nível mundial, muito em função do setor sucroenergético, com um potencial de geração de mais de 40 bilhões de me− tros cúbicos por ano. Segundo Colturato, entre 2010 e 2020 houve um crescimento expres− sivo do biogás no Brasil, da ordem de 135% ao ano, chegando a 2,2, bilhões, ou seja, nem 3% do nosso potencial que é de 85 bilhões. Então há ainda um potencial muito forte a explorar. Segundo ele, a planta de biometa− no da Adecoagro, fabricada na Argen− tina, já se encontra a caminho do Bra− sil, com previsão de início de opera− ção no segundo semestre deste ano. O plano de expansão da usina prevê a geração de 150 milhões de metros cú− bicos por ano de biogás e 90 milhões de metros cúbicos de biometano. Dentre as vantagens do biogás, Colturato destaca a previsibilidade pa− ra a produção de biocombustível para autoconsumo, reduzindo o risco do setor em relação a fatores externos. Ele também avalia que a produção de fer− tilizantes renováveis deve ser melhor explorada pelo setor, seja pelos nu− trientes presentes nos substratos ou pelo potencial de produção de amô− nia verde através do biometano.

“O biogás é um biocombustível renovável, cuja expansão na produção ocorrerá de maneira descentralizada com uma oferta no interior do país que permitirá garantir o fornecimen− to de combustível em regiões ainda não integradas por meio de rede de gasodutos, auxiliando na criação da demanda e atração de investimentos regionais, como a instalação de indús− trias. Essa expansão da produção de biogás no Brasil poderá ser estrutura− da para uma oferta de 365 dias/ano, um dos requisitos desejáveis pelos consumidores e que trará segurança à oferta interna de combustíveis e ao sistema elétrico brasileiro”, afirma Zilmar Souza, gerente de Bioeletrici− dade na União da Indústria de Cana− de−Açúcar (UNICA). Segundo ele, os projetos de ener− gia elétrica a partir do biogás se via− bilizam nas mais diversas escalas, da micro/minigeração à oferta em leilões regulados do governo federal, aumen− tando a competição e a contestabili− dade no mercado de energia elétrica e de gás. Além disto, a criação de em− pregos na atividade de geração de energia elétrica com biomassa sucroe− nergética, incluindo biogás, é estima− da em 1,47 emprego/GWh, mais que o dobro em comparação ao gás natu− ral (0,65 emprego/GWh), ao mesmo tempo que reduz a pegada de carbo− no na matriz de energia brasileira. O especialista ressalta que o biogás e o biometano representam opções

com vantagens ambientais, econômi− cas e sociais para a geração de energia elétrica, na substituição do gás para uso industrial e comercial e do óleo die− sel em frota de veículos pesados e ma− quinários agrícolas, além do potencial de produção de biofertilizantes, pon− tos importantes para a indústria su− croenergética. “A estrutura de custos do biogás é previsível, com preços em reais, sem exposição aos mercados in− ternacionais de commodities ou ao câmbio, essencial para a modicidade nos preços junto ao consumidor de energia”, enfatiza. Souza ressalta ainda que o setor sucroenergético responde pela maior parte do potencial de geração de bio− gás e biometano no país. “É o famoso pré−sal caipira. Por outro lado, de− monstra que há um desafio: diminuir o hiato produtivo entre o potencial e o que estamos efetivamente produ− zindo de biogás”, avisa. Nessa linha, o gerente afirma que é preciso tirar do papel diretrizes de políticas setoriais de longo prazo, numa agenda do biogás para o país, objetivando a formação de um mercado de biogás e de biometa− no dinâmico, competitivo e escalável, com a integração regulatória e insti− tucional desse mercado com o setor elétrico, com o mercado de gás, com a matriz de transporte como um todo e com o Mercado Brasileiro de Redu− ção de Emissões (MBRE) que deverá ser estruturado nos próximos anos.


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MERCADO

Julho 2022

Plantas de biogás e biometano entram no radar das usinas de cana Empresa norteamericana com filial no Paraná oferece tecnologia para exploração dessa matriz energética Após o laçamento pelo Governo Federal do ‘Programa Metano Zero’, com o objetivo de fomentar a gera− ção de biocombustível por meio do biometano e do biogás através do au− xílio financeiro de bancos públicos, o investimento em novas plantas indus− triais para exploração dessa matriz energética vem cada vez mais fazen− do parte dos planos das usinas de ca− na−de−açúcar. De olho nesse mercado ponten− cial, a subsidiária da norte−americana CH4 Solution, com sede na cidade de Castro no Paraná, apresenta projetos para a exploração da cadeia de biogás e do biometano, que vem atraindo in− teresse de grandes empresas do setor bioenergético, interessadas em expan− dir seu portfólio de produtos. A empresa, cuja matriz está loca− lizada em Dover, Delaware, Estados Unidos, conta com ampla experiência no segmento, contando com grandes projetos já em operação. A empresa herdou o nome do principal produto produzido por sua tecnologia, o gás metano. A CH4 So− lution fabrica e comercializa soluções para os mais diversos segmentos: in− dústrias de alimentos, agroindústria, indústria agrossilvipastoril, indústria sucroenergética e outras. A conversão da matéria orgânica em biogás é um processo biológico e é rea− lizado por uma ampla gama de micro− organismos (fermentativos e metanogê− nicos), que deve ocorrer em condições de ausência de oxigênio (anaeróbias) e condições de conforto animal. Os pontos para que um biodiges− tor anaeróbio seja eficiente com “condições otimizadas” são: Tratar as “Arqueas Metanogênicas” como um rebanho de animais vivos, alimentar o “rebanho” com uma die− ta regular e ajustada, 24 horas por dia; manter a temperatura regulada e con− trolada em 37,5 ºC, 24 horas por dia, para melhorar a atividade do “reba− nho”; movimentar 24 horas por dia, com movimento mecânico suave no eixo horizontal e vertical, garantindo

que o acesso à dieta seja efetivo; O processo se inicia no pré−tan− que, onde são enviados os resíduos orgânicos para uma melhor homoge− neização, se for necessário se aplicam trituradores para homogeneizar o ta− manho de partícula a ser processada. Do pré−tratamento se alimenta o biodigestor, coração do sistema de conversão de matéria−prima orgâni− ca em biogás, grandes agitadores

mantém a massa em movimento e o sistema é aquecido para manter a temperatura ótima de crescimento das bactérias. Do biodigestor se obtém gás na forma de biogás, uma mistura de CH4, CO2 e H2S como principais produ− tos e um resíduo já estabilizado co− nhecido como digestato que pode ser utilizado como um excelente adubo orgânico a ser incorporado nas lavou−

ras. O biogás pode ainda ser refinado em equipamentos que vão retirar o excesso de H2S e levarão o teor de CH4 a patamares superiores a 96%. Dentro das possíveis aplicações do biogás a empresa oferece a geração de energia elétrica ou térmica, biocom− bustível para veículos, utilização den− tro do processo produtivo ou venda para ser incorporado na rede de gás natural da região.


MERCADO

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Tereos realiza testes com veículos da frota agrícola abastecidos com biometano Iniciativa visa atingir 100% dos caminhões canavieiros abastecidos exclusivamente com o combustível limpo até 2030 A Tereos pretende abastecer 100% da sua frota agrícola com biometano até 2030. A empresa já deu início ao projeto que visa ampliar a oferta de uma alternativa limpa ao combustível fóssil utilizado por esses veículos, o die− sel, além de garantir autossuficiência energética, por ser produzido a partir de resíduos da própria produção de etanol. Os testes vêm sendo realizados por meio de parcerias com empresas como Scania, Grupo Vamos e Case. Durante a safra 2021/22, um ca− minhão da Scania de 410 CV já ope− rou 100% movido a biometano e a projeção é de que ele continue ope− rando na próxima safra. Além disso a Tereos, em parceria com o Grupo Va− mos, irá adicionar aos testes atuais mais um caminhão nesta safra. Já com a Case, os testes contam com um trator movido a combustível limpo. Além das iniciativas mencionadas, outras opor− tunidades de substituição de energia fóssil por combustível limpo como, por exemplo, nos sistemas de moto− bombas, vêm sendo avaliadas. De acordo com Renato Zanetti, superintendente de Sustentabilidade e Excelência Operacional da Tereos, o momento é de grande oportunidade para a empresa. A demanda por alter−

nativas aos combustíveis fosseis é cada vez maior e a tecnologia da produção de biometano desponta como principal tendência nesse cenário. Porém, ainda não é muito explorada por veículos fo− ra do asfalto, como máquinas, tratores e colhedoras, abrindo grande potencial para a realização de testes em parceria com empresas desse setor, que também estão interessadas em desenvolver a tec− nologia e suprir essa demanda. “A biodigestão é uma oportuni− dade para a Tereos. Iniciamos a ope− ração através de uma planta piloto na produção de biogás e o objetivo é ab− sorvermos amplamente a tecnologia nos próximos dois anos para atingir− mos uma curva de maturação até 2024 e cumprirmos os objetivos propostos”, complementa Zanetti.

O projeto é financiado por meio de transação verde realizada pela ins− tituição francesa Proparco, realizada em março de 2021, que contempla um montante de US$ 30 milhões pa− ra investimentos em projetos relacio− nados à produção de biometano, en− tre outras iniciativas sustentáveis. Além dos benefícios relacionados ao meio ambiente, como redução da emissão de gases de efeito estufa, a iniciativa também envolve retorno financeiro para a companhia ao permitir novas formas de remuneração a partir dessa geração – pela venda da energia elé− trica para a rede de distribuição na− cional e, também, pela comercializa− ção de créditos de descarbonização por meio do programa RenovaBio. “A Tereos traz a sustentabilidade

no seu DNA, com uma cadeia de produção que opera na lógica da economia circular. A missão da com− panhia é valorizar ao máximo sua matéria−prima, a cana−de−açúcar. Os subprodutos e resíduos do recur− so natural são utilizados na fertiliza− ção de solos, na cogeração de energia e até para compor a alimentação ani− mal”, comenta o superintendente, reforçando “O projeto da planta de biogás localizado na unidade de Cruz Alta, em Olimpia, vem para reforçar as iniciativas da Tereos nesse aspecto, ampliando a oferta de energia limpa. O biometano é gerado por meio da vinhaça, resíduo do processo de pro− dução do etanol, que depois retorna ao campo e é utilizada como fertili− zante orgânico”.


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USINAS

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Goiás Bioenergia inicia operação e projeta moagem de 2 milhões de toneladas em 2026 A usina pretende inaugurar em breve sua planta de etanol de milho Com o início de operação de sua planta industrial na cidade goiana de Porteirão, a Goiás Bioenergia, projeta para os próximos anos uma moagem de 2 milhões de toneladas de cana− de−açúcar. Para esta primeira safra, a expectativa é que sejam processadas de 500 a 800 mil toneladas, informou o diretor presidente da usina, Marcos Guardiano. A solenidade de inauguração realizada na sexta−feira, dia 3, reu− niu autoridades, lideranças do seg− mento e todo corpo diretivo da usi− na. Para Josias Messias, diretor da Procana, que prestigiou o evento, “novas unidades são importantes para o fortalecimento do setor bio− energético, que vai assumindo pro− tagonismo no desenvolvimento sus− tentável”, disse. Entre os planos de expansão da Goiás Bioenergia está a implantação de uma unidade para a produção de etanol de milho.“Muito em breve de− vemos estar operando também uma planta de etanol de milho. A nossa ideia é produzir através da cana−de− açúcar no período de abril até o final da primeira ou segunda quinzena de outubro, a depender da chuva, e de novembro a março, produzirmos eta− nol através da nossa planta de milho”, disse Guardiano. As perspectivas agora otimistas, destoam do início do empreendi− mento, de explorar uma planta que se encontrava desativada há aproximada− mente 9 anos. “Quando cheguei aqui, ninguém acreditava na reativação da unidade. Fomos conquistando e colo− cando Deus à frente do projeto e bus− cando investidores profissionais e ho− je é uma realidade. É a realização de um sonho, de uma carreira. É uma realização humana e social”, afirmou o diretor presidente. Segundo Edi Carlos, represen− tante da Mabruk, um dos parceiros do empreendimento, trata−se de uma grande oportunidade. “Em to− do o contexto entendemos que é muito importante, estarmos hoje no celeiro do agronegócio, já somos desse meio. Temos alguns investi− mentos já no meio sucroalcooleiro e

em Goiás faltava a gente ter um pouco dessa oportunidade para po− der entrar e com isso também fazer história junto com o produtor, com o Estado e assim fazer parte desse ti− me agrícola”, afirmou. A unidade da Goiás Bioenergia

conta com mais de 200 colaboradores efetivos e mil empregos indiretos. A empresa possui instalações modernas com capacidade de expansão futura e assim aumentar a geração de emprego e melhorar o desenvolvimento eco− nômico da região.

“Estamos preparados para investir cada vez mais, sempre trabalhando com transparência e grande parceria, onde o produtor de cana vai se sentir em casa com a gente”, concluiu Mar− cos Guardiano.


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Coruripe registra lucro líquido recorde de R$ 417 milhões na safra 2021/22 Faturamento líquido foi de quase R$ 3 bilhões, próximo ao obtido na safra passada, mesmo com a queda na moagem por conta de seca e geadas A Usina Coruripe segue regis− trando recordes nos resultados opera− cionais nas quatro unidades produtivas da companhia em Minas Gerais e uma em Alagoas. As demonstrações finan− ceiras da safra de cana−de−açúcar 2021/2022, auditadas pela PwC Bra− sil e divulgadas hoje, destacam que o lucro líquido total foi de R$ 417 mi− lhões, 23% superior ao registrado na temporada passada. No período, o faturamento líqui− do total foi de R$ 2,987 bilhões, nú− mero próximo ao da safra passada (R$ 3,04 bilhões), mesmo com a queda no volume de cana−de−açúcar processa− do, que se deu em função de seca e geadas na região do Triângulo Minei− ro, onde estão localizadas quatro uni− dades. A quebra em relação ao orça− mento foi de 9,9% e, em relação à sa− fra anterior, chegou a 20,9%. Do total da moagem de cana na safra 2021/22, 60,7% foi destinado à produção de açúcar (4,7% cristal vol− tado para o mercado doméstico e 56% açúcar tipo VHP para exporta− ção) e 39,3% para a produção de eta− nol. O bom resultado na receita de vendas foi motivado, sobretudo, pela significativa valorização do açúcar equivalente: 20,9% no período. Des− taque expressivo também para o pre− ço do etanol, que subiu 56,2% em relação ao ciclo anterior, compen− sando, assim, as quebras de produção que ocorreram devido às condições climáticas desfavoráveis. “Como resultado dos investimen− tos na operação, incluindo aportes em equipamentos de irrigação, ganhos de eficiência, gestão de ativos e aprovei− tamento de oportunidades de merca− do, alcançamos uma melhora signifi− cativa nos preços de açúcar, etanol e energia e mantivemos as receitas está− veis, mesmo diante das adversidades climáticas”, destaca o presidente da Usina Coruripe, Mario Lorencatto. O Ebitda ajustado da Coruripe chegou a R$ 1,08 bilhão, valor acima do orçado para o período (1,06 bi−

lhão), e houve reversão da liquidez corrente para 1,04 (na safra passada, era de 0,79). Segundo Lorencatto, du− rante a safra 2021/22, a companhia manteve o foco nas áreas de saúde e segurança de seus colaboradores, além de iniciativas socioambientais. A empresa também vem dando ênfase cada vez maior à gestão e ao controle de custos, inovação tecnoló− gica e transformação digital, “visando competitividade e eficiência opera− cional cada vez melhores”. “Os inves− timentos continuam voltados para a recuperação do canavial, projetos de irrigação, atualização tecnológica das

unidades de produção, eficiência ope− racional e novos produtos”, comple− menta. No período, a empresa expan− diu sua atuação no mercado de sa− neantes e lançou uma marca própria de álcool líquido 70%.

Financiamentos e alongamento da dívida Outro destaque registrado no re− latório auditado pela PwC foi o alon− gamento de 75% da dívida com as operações de debêntures incentivadas e financiamento contratado com o

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), além da mais relevante operação de bond, no valor de US$ 300 milhões, aproxima− damente R$ 1,59 bilhão, com prazo de cinco anos, bullet, direcionada para li− quidação em sua totalidade da anterior linha referente ao sindicato de bancos. “Também houve uma redução significativa na exposição em dólar (de 52% para 13%) no perfil da dívi− da”, comenta o diretor financeiro da Coruripe, Thierry Soret. Assim, a dí− vida líquida x Ebitda foi de 2,44; me− lhor que previsto no orçamento (2,48). Ele destaca que têm sido os melhores resultados na história de 96 anos da empresa, “consolidando uma Nova Coruripe, pronta para conquis− tar novos recordes”. Na safra passada, a empresa captou R$ 100 milhões com a emissão de uma dívida no mercado de capitais utilizando a Lei 12.431/11, que esta− beleceu as debêntures de infraestrutu− ra, conhecidas como “debêntures in− centivadas”. Depois de concluir ou− tras duas operações para reestrutura− ção da dívida da companhia (emissão de bonds e CDCA), a Coruripe tam− bém obteve R$ 193 milhões em um financiamento do BNDES. O aporte integra uma linha do banco ligada ao programa federal de incentivo aos biocombustíveis RenovaBio e é uma operação de longo prazo, com exten− são de sete anos para pagamento e dois anos de carência.


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USINAS

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Copersucar mais que dobra lucro líquido na safra 2021/22 Companhia ampliou plataforma integrada de negócios na última temporada Com a Alvean pela primeira vez constando das suas demonstrações fi− nanceiras, a Copersucar apresentou faturamento de R$ 75,1 bilhões (vs. R$38,7 bilhões na safra 2020/21) e R$ 781 milhões de lucro líquido (vs. R$375 milhões) na safra 2021/22, com o endividamento consolidado do grupo zerado (líquido de caixa e es− toques), frente a R$ 1,25 bilhão no ciclo anterior. “Consolidamos a nossa liderança no mercado de açúcar, assumindo 100% do controle acionário da Alvean, criamos a maior comercializadora de etanol do Brasil, em parceria com a Vibra Energia, ampliamos as operações de etanol da Eco−Energy nos Estados Unidos, com a construção de mais dois terminais de distribuição, e am− pliamos a escala de acesso à produção de cana−de−açúcar no Brasil pela Copersucar, que passa a contar com 36 usinas sócias a partir da safra 2022− 23”, ressalta Luís Roberto Pogetti, presidente do Conselho de Adminis− tração da Copersucar. “O desempenho na safra consoli− da a estratégia desenhada há mais de uma década pela companhia para co− nectar o campo ao mundo, a partir de um modelo de negócios único, que gera valor por meio de parcerias es− tratégicas e soluções inovadoras. A empresa está fortalecida para em− preender em novos negócios e parce− rias e reforçar sua relação com usinas produtoras”, comenta Tomás Caetano Manzano, presidente da Copersucar. Manzano ressalta que a Alvean concluiu a sua primeira safra comple− ta controlada 100% pela Copersucar, mantendo a liderança no mercado in− ternacional de açúcar, tendo ainda contribuído de maneira relevante pa− ra o desempenho financeiro do gru− po, juntamente com a Eco−Energy. Com a comercializadora de etanol em parceria com a Vibra Energia, pla− taforma aberta que irá integrar produ− tores, distribuidores e demais agentes da cadeia, a companhia reforça seu compromisso com a sustentabilidade. A empresa nasce como a maior do Bra− sil, sendo responsável pela comerciali− zação independente de mais de 9 bi−

lhões de litros de etanol por ano. “Esses movimentos realizados tanto nos negócios de etanol quanto de açúcar fortalecem o core business da empresa e seu posicionamento co− mo uma plataforma integrada e glo− bal, preparada para gerar valor em to− dos os segmentos em que atua”, com− pleta Manzano. No setor de açúcar, a plataforma da Copersucar movimentou mais de 12 milhões de toneladas do produto no mercado internacional, com a Al− vean mantendo a sua liderança global, atuando em mais de 40 países. No mercado doméstico, a Copersucar ga− nhou participação, passando de 19% para 25%, comercializando 2,1 mi− lhões de toneladas. Com relação ao etanol, a platafor− ma Copersucar comercializou mais de 10 bilhões de litros do biocombustí− vel no mercado global, sendo cerca de 4 bilhões de litros no Brasil e 6 bilhões de litros no mercado americano, por meio da Eco−Energy, que na safra ampliou a sua estrutura logística, com a construção de um terminal em Phoenix (Arizona) e início das obras do terminal em Stockton (Califórnia), totalizando 11 terminais próprios. A logística da Copersucar operou mais uma safra com plena utilização da capacidade instalada do Terminal Açucareiro Copersucar (TAC), loca− lizado no Porto de Santos, totalizando 8,7 milhões de toneladas de vendas de serviços de elevação. Destaque no período para a exe− cução pelo TAC do maior carrega−

mento de açúcar em um único navio já registrado no Brasil, com 109 mil toneladas embarcadas no graneleiro Cape Town, com destino à China. Com maior eficiência, a platafor− ma transportou a maior parte dos seus volumes de açúcar pelo modal ferro− viário, representando 59% das opera− ções, promovendo redução relevante das emissões de gases de efeito estufa. Na safra 2021−22, o investimento total consolidado da Copersucar foi de R$1 bilhão frente aos R$135 milhões da safra anterior, destinados principal− mente para a aquisição do controle de 100% da participação acionária da Al− vean; a expansão da base de terminais de etanol nos EUA; os aportes de ca− pital para a construção do novo trecho de dutos da Logum; e a manutenção geral dos terminais de logística de açúcar no Brasil. Como estratégia financeira, num contexto de escalada da taxa de juros do Brasil, Selic de 2,75% no início do

período para 11,75% no fim do perío− do, a companhia otimizou seu portfó− lio de endividamento, com o objetivo de alongar o perfil dos vencimentos e reduzir custos para a safra 2022−23, além de uma eficiente gestão de apli− cação do caixa (colchão de liquidez). A companhia foi líder no merca− do de créditos de descarbonização (CBios), ofertando 9 milhões de títu− los em dois anos, o que representa 16% de todas as escriturações (etanol e biodiesel) realizadas no RenovaBio entre abril de 2020 e março de 2022. O resultado evitou a emissão de 9 mi− lhões de toneladas de CO2eq, volume que equivale ao trabalho de captura de 63 milhões de árvores crescendo por 20 anos. Atualmente, as usinas sócias da Copersucar têm eficiência energéti− ca−ambiental 3,4% superior ao regis− trado pela média do conjunto de usi− nas certificadas no RenovaBio e no último ciclo oito delas apresentaram evolução de até 25% em suas notas no Programa. Mesmo com este desem− penho, o plano é seguir reduzindo a intensidade de carbono da cadeia de valor, ampliando seu diferencial em relação ao mercado. Ainda com foco na redução das emissões de gases de efeito estufa na cadeia em sua cadeia de valor, a Co− persucar, e suas usinas sócias instituí− ram o grupo de trabalho permanente responsável pelo “Projeto Horizonte mais Verde menos CO2”, que preten− de reduzir ainda mais a pegada de car− bono do ecossistema da empresa.


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CerradinhoBio tem lucro líquido de R$ 513,6 milhões na safra 2021/22 Valor representa 94% em relação à temporada passada A Cerradinho Bioenergia encerrou a safra 2021/22 registrando recordes expressivos. Apesar da forte geada que assolou seu canavial em Chapadão do Céu – GO, a companhia encerrou o ano safra com lucro líquido de R$ 513,6 milhões, resultado quase duas vezes superior aos R$ 265 milhões na sa− fra 2020/21. A despeito das adversidades climáticas, a Cerra− dinho bateu recorde de moagem tanto de cana quanto de milho. Foram moídas 5,3 milhões de toneladas de ca− na−de−açúcar, volume 5% superior ao registrado na safra anterior. Já em relação à moagem de milho, fo− ram esmagadas 543 mil toneladas no período, volu− me 17% superior à safra anterior. Foram produzidos 675 mil m³ de etanol hidra− tado total, 4% a mais que na safra 2020/21, sendo 244 mil m³, advindos do milho. Segundo Paulo Motta, presidente da Cerradi− nho, “os resultados da safra nos deixam muito satis− feitos, não só pela magnitude dos valores financei− ros obtidos, mas principalmente por confirmar que os investimentos feitos e a prioridade colocada às

iniciativas de melhoria de performance estão dando mais robustez e competitividade a empresa”. O foco em otimizar sua performance operacio− nal continuou trazendo à Cerradinho ganho de efi− ciência e rendimentos, destacando o resultado da conversão de milho em etanol que atingiu 449 li− tros/tonelada, contribuindo para o crescimento de 19% na produção de etanol a partir do milho. A produção de componentes para nutrição ani−

mal também registrou crescimento importante. Fo− ram produzidas 143,6 mil toneladas de Neo 30 (DDGs ou farelo de milho), volume 15,8% superior à safra anterior e 6,7 mil toneladas de óleo, um in− cremento de 41,5%. Os projetos de expansão da companhia estão avançando de acordo com o custo e cronograma previstos. “Esses resultados nos encorajam para se− guirmos com os planos de crescimento. As obras da expansão da unidade de Chapadão do Céu da Neo− mille (usina de etanol de milho) já estão bastante adiantadas, com prazo de conclusão previsto para dezembro deste ano. A expansão aumentará a capacidade de proces− samento do cereal das atuais 570 mil toneladas por ano para 820 mil toneladas”, explica Motta. Estão previstos investimentos totais de R$285 milhões, sendo que 40% já foram desembolsados na safra 2021/22. As obras de construção de uma nova planta de etanol de milho, localizada no município de Mara− caju – MS, também já foram iniciadas. Esta nova planta terá o potencial de processar 600 mil tonela− das de milho por ano e sua conclusão está prevista para setembro de 2023. Trata−se de um projeto de grande relevância dentro da nossa estratégia de cres− cimento e nesta sua primeira fase prevê−se um in− vestimento R$1,08 bilhão em capex.

Usina Santa Adélia consegue financiamento de US$ 50 milhões Usina vai investir na ampliação da produção de etanol e renovação de canaviais A Usina Santa Adélia ampliará a produção de etanol da empresa e a renovação das plantações de cana−de−açúcar, utilizando técnicas agrícolas ino− vadoras na mitigação de riscos climáticos. Para isso, conseguiu um financiamento de US$ 50 milhões (cerca de R$ 250 milhões) junto ao IFC, membro do Grupo Banco Mundial. O pacote de financiamento consiste em US$ 30 milhões de recursos próprios da IFC e até US$ 20 milhões mobilizados com o Rabobank. O emprés− timo da IFC apoiará o programa de investimento da Usina Santa Adélia, que contempla a renovação de 24.100 hectares da lavoura de cana−de−açúcar uti− lizando técnicas agrícolas consideradas climate− smart, incluindo sistema de MEIOSI – as lavouras são intercaladas com outras culturas para reduzir custos de implantação, melhorar o local de cultivo e proteger o solo contra erosão no período de reno− vação do canavial. A usina prevê ainda usar imagens de satélite e drones para rastrear informações meteorológicas e impactos no desenvolvimento da cana para melhor adequar o planejamento. O programa também con−

ta com a adoção de sistemas de irrigação eficientes, aumentando a produtividade e impulsionando a re− siliência climática do setor. Como parte do projeto, a IFC também ajudará a Usina Santa Adélia na implementação de estraté− gias de mitigação e adaptação climática para melho− rar a eficiência operacional da empresa, reduzindo o consumo de água e apoiando a geração de energia renovável a partir do bagaço da cana−de−açúcar. "A IFC está bem−posicionada para apoiar o Brasil na implementação de suas metas de proteção ambiental e na promoção de investimentos em energia renovável e eficiência energética. Estamos apoiando a Usina Santa Adélia, um player competi−

tivo em um setor chave da economia brasileira, pa− ra fortalecer a diversificação da matriz energética e ajudar o Brasil a alcançar os objetivos estabelecidos no Acordo de Paris," afirma Carlos Leiria Pinto, ge− rente geral da IFC no Brasil. "O Rabobank tem muito orgulho em fazer par− te de investimentos com significado. A operação fei− ta em parceria com a IFC para a Usina Santa Adé− lia reforça o nosso papel enquanto empresa do agro que procura oferecer soluções personalizadas para os clientes", comenta Fabiana Alves, Head de Clientes Corporativos do Rabobank Brasil. De acordo com o Global Carbon Atlas, o Brasil foi o décimo segundo maior emissor de gases de efeito estufa (GEE) no mundo em 2020, com uma participação global de 1,3%. Em 2015, o país assi− nou o Acordo do Clima de Paris com o compro− misso de reduzir as emissões de GEE em 43% entre 2005 e 2030. O Brasil também se comprometeu a aumentar a participação de biocombustíveis susten− táveis na matriz energética brasileira para aproxima− damente 18% até 2030, expandindo o consumo de biocombustíveis e a oferta de etanol. “Este é o primeiro financiamento da IFC para a Usina Santa Adélia, fortalecendo sua atuação no se− tor de açúcar, etanol e energia renovável e agregan− do valor ao compartilhamento de conhecimento”, conclui a instituição.


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Jalles Machado registra lucro recorde de R$ 387,9 milhões na safra 2021/22 O volume recorde de moagem na safra 2021/22 combinado com o maior teor de açúcar da cana proces− sada no decorrer do período, resultou em uma produção total de 739,5 mil toneladas de ATR (açúcar e etanol), volume 1,4% superior com o produ− zido na safra anterior, de 729,0 mil toneladas. Com o cenário de preços favorá− veis e relativamente inalterados para o açúcar e para o etanol, a Jalles Macha− do manteve o mix de produção simi− lar ao da safra anterior. No total da sa− fra 2021/22, a Jalles Machado produ− ziu 316,3 mil toneladas de açúcar, vo− lume que foi 1,1% acima do registra− do na safra anterior, com destaque pa− ra a produção de açúcar orgânico, que aumentou em 3,4%.

A moagem de 5.357, 4 mil toneladas de cana, 1,2% acima da safra anterior, também é o novo recorde da companhia A Jalles Machado divulgou os re− sultados referentes ao ano safra 2021/22, onde os números apontam o melhor desempenho da história da companhia. Durante o ano/safra, fo− ram processadas 5.357,4 mil toneladas de cana−de−açúcar, volume que su− perou em 1,2% o exercício anterior. A receita líquida somou R$ 1,45 bilhão em 2021/2022, 33,5% acima da obti− da em 2020/2021. A safra encerrada em 31 de mar− ço de 2022, apresentou uma evolução de 127,6% no lucro líquido, que sal− tou de R$ 170,4 milhões para R$ 387,9 milhões. “A nossa estratégia de ampliar os estoques visando nos beneficiar dos preços mais altos da entressafra se mostrou acertada, contribuindo para a boa performance operacional e o au− mento da receita líquida. Outro as− pecto importante foi a produtividade, visto que nossa região não sofreu no decorrer da safra com adversidades climáticas que provocaram quebra de safra em outras regiões do País (em média 13% na Safra do Centro Sul), além do fato de termos irrigação em 61% da nossa área produtiva”, desta−

Comercialização

cou o relatório da companhia. Com área colhida total de 57,4 mil hectares em 2021/22, a produtividade média foi ligeiramente inferior em relação à safra anterior, com o TCH

atingindo 93,4 t/ha ante 95,6t/ha na safra 2020/21. O ATR na safra 2021/22 foi de 138,0 kg/t, em linha com o registrado no mesmo período da safra anterior, de 137,7 kg/t.

Foram comercializadas 664,1 mil toneladas ATR (açúcar e etanol, ou seja, sem considerar o ATR comercia− lizado via Saneantes), volume 1,6% abaixo ao da safra anterior. O volume total de açúcar branco, orgânico e VHP faturado no decorrer do exercí− cio foi de 297,9 mil toneladas, o que representa queda de 8,5% ante 2020/21, enquanto o volume total de etanol (hidratado, orgânico e anidro) apresentou acréscimo de 4,9%, so− mando 207,9 mil m3 na safra 2021/22. No 4T22, o volume comerciali− zado alcançou 170,8 mil toneladas, 11,0% menor do que no 4T21. Foram 69,0 mil m3 de etanol comercializa− dos no 4T22 ante 75,2 mil m3 no 4T21, o que representa recuo de 8,2%. Já o volume de açúcar comercializado foi 19,0% menor no 4T22, atingindo 50,5 mil toneladas, com redução de 23,8% na venda de açúcar branco e de 4,3% em açúcar orgânico. A companhia comercializou 147,8 mil CBIOs no quarto trimestre da sa− fra 2021/22, 4,0% a menos do que no 4T21, totalizando 332,5 mil CBIOs comercializados no ano safra 2021/22, incremento de 116,0% quando com− parado com os 153,9 mil CBIOs co− mercializados no exercício anterior. “Vislumbrando um cenário de melhores preços nos anos seguintes, devido ao aumento da meta das dis− tribuidoras, a estratégia adotada tem sido a de manter parte dos CBIOs es− criturados para venda futura, ainda que o preço tenha apresentado melhoras no último trimestre do exercício”, aponta o relatório da companhia.


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Reforma do canavial assegura produtividade da Diana Bioenergia na safra 2021/22 O grupo projeta uma moagem de 1,6 milhões de toneladas de cana na safra 2022/23 Segundo relatório de demonstra− ções financeira da Diana Bioenergia, a safra 2021/22, que assegurou ao gru− po o título de “Campeão de Produti− vidade Agrícola”, fechou com uma moagem de 1,2 milhões de toneladas, produzindo 45.908.038 litros de eta− nol hidratado e 105.972 toneladas de açúcar VHP. A Diana encerrou a safra com um lucro líquido de R$46 milhões, e pro− jeta para a safra 2022/23 uma moagem de 1,6 milhões de toneladas, com ATR acima de 144 kg,TCH acima de 77 e eficiência industrial acima de 89%, produzindo de 120.000 a 125.000 toneladas de açúcar VHP, 62.000 a 68.000 mil m3 de hidratado, 72.000 a 80.000 mil CBIO’s e ter uma receita entre bagaço e energia elétrica de R$1,8mm. O grupo iniciou a safra 2022/23 no dia 12 de abril, e até o dia 31 de maio já moeu 330.299 toneladas, pro− duzindo 19.517 toneladas de açúcar VHP e 12.353.733 litros de etanol hi− dratado. “O TCH da cana própria realizado até o dia 31 de maio, está 16,5% acima do estimado (64,43 pla− nejado x 75,06 realizado), consideran− do que moemos os meses de abril e maio, principalmente com canas que serão reformadas nesta safra 2022/23, acreditamos que conseguiremos supe− rar o TCH estimado e atingir pelo menos 80 na temporada 2022/23”, informa a companhia. Com relação ao ATR o docu− mento aponta que as metas para safra 2022/23 deverão ser cumpridas. “ATR até o momento está acumula− do em 125,58, ligeiramente abaixo do estimado que era 127,60 kg/t, mas nos últimos dias o ATR chegou em 135 kg/t, assim como o TCH, consideran− do que moemos principalmente canas de reforma, acreditamos que iremos atingir a meta de 144,27 kg/t na sa− fra”, diz o documento. Os dados operacionais apontam que o TCH reduziu de 78,11 na sa− fra 2020/21 para 69,33 na safra 2021/22 (redução de 11%). Já o ATR teve um aumento, saindo de 146,28 kg/ton na safra 2020/21 para 147,39

kg/ton na safra 2021/22. Apesar da quebra do TCH, consi− derando a melhora do ATR, compa− rando com o setor, em especial do re− latório da UNICA (União da Indús− tria de Cana−de−Açúcar), no Estado de São Paulo, na safra 2020/2021 o ATR fechou em 146,38 e na safra 2021/22 fechou em 143,80, queda de 2,58 kg/t, enquanto o TCH foi 78,30 na 2020/2021 e fechou em 66,50 na safra 2021/22, uma quebra de 15%. “Portanto, fechamos a safra melhor

que a maioria do setor no Estado de São Paulo, o que nos proporcionou o ganho, destacado acima, do prêmio de produtividade agrícola calculado pelo CTC (Centro de Tecnologia Cana− vieira) em conjunto com o Grupo IDEA, como Campeã de Produtivi− dade Agrícola da região de Araçatuba na safra 2021/2022, tal prêmio leva em consideração TCH, ATR e idade mé− dia ponderada”, afirma o documento. O relatório também aponta uma melhora na liquidez e um aumento de

42% na receita bruta, e projeta uma elevação na venda de CBIOs na safra 2022/23. Na safra 2021/22, emitiu sua 4a Debêntures com os Bancos Santander e Itaú, sendo uma operação certifica− da com selo verde Green Bond, e com isso conseguiu melhorar a liquidez. O preço médio de venda de eta− nol hidratado na safra 2021/22 foi 62% maior, o que trouxe uma receita bruta 42% maior, mesmo com uma produção de 12% menor comparada à safra 2020/21. No exercício findo em 31 de março de 2022, vendemos 52.939 CBIOs, o que agregou R$ 2.173 ao resultado da companhia. A expectativa de venda de CBIOs para a safra 2022/23 é de 72.000 a 80.000. Em relação ao resultado Ebtida, na safra 2021/22 a companhia apre− sentou lucro bruto 19% maior que o exercício anterior, saindo de R$ 105.932 para R$ 125.728. O EBIT− DA ajustado aumentou 8,5 p.p. (pontos percentuais), saindo de 53% na safra 2020/21 para 62% na safra 2021/22. A presidência do Grupo Diana, destaca em mensagem que “nessa sa− fra 2022/23, moemos 216 mil tone− ladas apenas no mês de maio/22, pretendemos moer 1.600.000 tone− ladas na safra, atingindo um fatura− mento bruto próximo de R$ 500 milhões de reais!”


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ROAD SHOW 4.0 A TODO VAPOR!

Com Willian, Paulo Carvalho, Inês Carvalho e Mauro Issizaki, na Usina Colorado

Com a equipe de Gestão da Usina Caçu

Com a equipe industrial da Nardini, de Aporé

Equipe industrial da Atvos, unidade Santa Luzia

Elverton Oliveira Neto e Mateus Guerini, da CerradinhoBio

Na I.B. Logística, com os irmãos Guerino e Ricardo Boldrin

Com Sergio e Geraldo Ribeiro Mendonça, da GRM Agrícola

Agrícola Sarto investe em soluções tecnológicas A Agrícola Sarto, de Iturama (MG), passou a contar com a inteligência Axiagro em suas operações agrícolas e em seus canaviais. O grupo usará a Te− lemetria Full, composta por duas tec− nologias. A primeira é o APPi − Apli− cativo Android Integrado que atua co− mo interface amigável ao operador e líder, incluindo comandos e alertas de voz e também para registro de ponto, apontamentos automáticos, check list e telemetria básica. A outra tecnologia exclusiva da AxiAgro é o CBi, Com− putador de Bordo Inteligente, que possui processamento e memória on− board, telemetria via Rede CAN, sis− tema de navegação de drone, conexão com sensores customizados e comuni− cação sem fio wi−fi e Bluetooth. A solução inclui a Gestão Integra− da Full, disponibilizando um ambiente virtual com Apontamentos & Integra− ções, através da CiA, que é uma cen−

tral de informações e alertas em tem− po real e da BiA, uma interface de Bu− siness Intelligence completa, ambas in− tegradas aos sistemas ERP e de manu− tenção da Agrícola Sarto.

Completa o pacote de soluções a AXiA, que é a Inteligência Artificial composta por algoritmos que conferem comportamento “inteligente” à plata− forma AxiAgro. Ela utiliza técnicas, co−

mo “machine learning”, que imitam a inteligência humana para aprimorar interativamente as lógicas e racionali− zar a execução das tarefas com base nos dados e informações coletadas.


ROAD SHOW

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Representantes do Ingenio El Angel, de El Salvador, conferem Usinas 4.0 no Brasil Representantes do Ingenio El Angel, de El Salvador, visitaram as usinas Pitangueiras, localizada na ci− dade homônima, Pedra Agroindus− trial, de Serrana (SP) e Colombo, unidade de Santa Albertina (SP). Fi− zeram parte da comitiva, German Atilio Molina Ortiz, superintenden− te da Indústria; Irving Yaffar Aguilar Méndez, chefe de Instrumentação; Yasser Alfredo Chávez Posada, chefe de Cogeração; Wiliam Orlando Ce− rón Hernández, encarregado de TI. Eles vieram acompanhar de perto o funcionamento, desafios e resultados obtidos pelas usinas com a utilização do S−PAA, único software de Otimi− zação em Tempo Real (RTO) que controla plantas inteiras de processos

Recebidos na Colombo Agroindústria, unidade Santa Albertina, pelo gerente industrial, Sergio Zem e equipe

contínuos em todo o mundo. O S− PAA é um orgulho para os brasileiros, pois foi desenvolvido em usinas aqui

Recepção na Usina Pitangueiras, por Claudemir Leonardo, Igor Botrel, Danilo Cedram, Eugênio Junior e Patrick Lago

do país e atualmente se encontra atuando na captura de eficiência ener− gética, redução de perdas de processos,

e de ganhos econômicos em mais de 80 plantas industriais, em diversos seg− mentos no Brasil e no exterior.

Recebidos na Pedra Agroindustrial pelo gerente industrial corporativo, Alexandre Menezes e Maicon Alves, coordenador de Produção Industrial

EU FAÇO PARTE!

Quem é

Quem

NO SETOR

O S−PAA ultrapassou a marca de 80 plantas in− dustriais a utilizar o software RTO, e celebra home−

nageando as pessoas que fazem parte dessa história de inovação e Transformação Digital. Confira:

Roberto Oliveira

Adriano Calsoni

Gilvanize Lacerda

Lucas Silveira

Marcelo Saura

Ericson Marino


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AGRÍCOLA

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Usinas promovem ações de prevenção e combate a incêndios O clima seco e os ventos fortes de julho a setembro favorecem a ocorrência de incêndios nos canaviais Segundo dados da Defesa Civil, o Brasil ocupa o 2º lugar entre os países da América Latina com maior núme− ro de focos de incêndio em 2022. Até o mês de maio foram registrados mais de 14.574 focos, sendo que entre os biomas brasileiros, o Cerrado foi o mais atingido (44,8%), seguido pela Amazônia (33,3%) e Mata Atlântica (12,9%). O Estado de São Paulo re− gistrou 446 focos de incêndio neste ano, volume 9% maior que o registra− do em 2021. A fim de evitar os transtornos e prejuízos, as usinas promovem ações com o objetivo de prevenir e aperfei− çoar o combate aos incêndios. As usinas do Grupo Cocal, pos− suem dezenas de pessoas designadas especificamente para o combate a in− cêndios e brigadistas distribuídos em três turnos, das áreas agrícola e indus− trial. Essa equipe conta com um cro− nograma mensal de treinamento com um consultor externo. Em maquiná− rios, possui caminhões PIPA de apoio, distribuídos entre as unidades de Pa− raguaçu Paulista e Narandiba. Traba− lha também frequência de rádio e grupo de mensagens para comunica− ção interna entre as equipes.

Já a usina São Manoel, localizada no munícipio de São Manuel – SP, dispõe de dezenove caminhões tan− ques, três torres de vigia, três câmeras em pontos estratégicos, sete motoci− cletas e uma caminhonete, além de máquinas e equipamentos para manu− tenção de vias e aceiros, todos desti− nados a operações desta natureza. Além disso, conta também com cin− quenta e oito brigadistas treinados pa− ra o combate de incêndios. As três unidades do Grupo Ipiranga trazem números bem expressivos para monitorar e combater possíveis incên− dios. No total, são 206 pessoas envolvi− das nas estruturas de combate a incên− dio, que contam com 122 dispositivos e veículos, como os 29 caminhões−pipa, e 129 equipamentos de auxílio, como

abafador, pinga fogo, bomba costal e conjunto de aproximação. Números expressivos que também são constatados nas três usinas do Grupo Pedra Agroindustrial. Locali− zadas nos municípios paulistas de Bu− ritizal, Serrana e Nova Independência, as áreas industriais e agrícolas são co− bertas por 46 caminhões−tanque, 512 brigadistas, 10 veículos de apoio e 64 colaboradores treinados para dar apoio aos brigadistas. A Usina da Pedra – Serrana conta com monitoramento via satélite de mais de 55 mil hectares de cana−de− açúcar realizado pelo Software Cyan Fire Alert que, a partir desses dados, aponta focos de incêndio com rapidez e precisão. A ferramenta é utilizada por diversos produtores de cana−de−

açúcar, entre eles os grupos Pedra Agroindustrial e Zilor. Além do mo− nitoramento via satélite, câmeras de longo alcance e alta resolução, locali− zadas estrategicamente nos municípios paulistas de Pederneiras, Pratânia, Bo− rebi e Lençóis Paulista, são usadas pela Zilor para detectar fumaça a quilôme− tros de distância. No auditório Industrial da Usina Batatais, foi realizado o Treinamento da Brigada de Incêndio formada por fornecedores e parceiros. O encontro, que reuniu mais de 100 pessoas, e foi dividido em duas partes, com abran− gência teórica e prática, teve como objetivo estabelecer parcerias e trocar experiências que venham a contribuir para ações preventivas. A Atvos possui uma frota com mais de 170 veículos e 1.285 profissionais preparados para combater as ocorrên− cias. Além disso, promove junto à co− munidade campanhas de conscienti− zação. A empresa possui uma estrutu− ra completa com profissionais treina− dos nas unidades localizadas nos esta− dos de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo, que juntas possuem um total de 1.285 brigadistas. A Tereos localizada no noroeste paulista, possui um sistema de moni− toramento com 13 satélites meteoro− lógicos operados por agências gover− namentais (entre elas a Nasa), fazendo envios automáticos de alertas das ocorrências de incêndio diretamente à Central de Controle da empresa, o que permite respostas e controles ágeis nas áreas atingidas.


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Raízen investe em agricultura digital e amplia áreas monitoradas com o uso de drones Atualmente mais de 600 mil hectares da companhia contam com tecnologia de mapeamento aéreo por meio de drones/VANTs A Raízen está ampliando o mo− nitoramento de suas lavouras com o auxílio de drones, passando dos 14 mil hectares mapeados em 2014, para mais de 600 mil hectares na última safra (2021/22). Os dados obtidos são aplicados em diversas etapas do processo produtivo da cana−de−açúcar, desde o plantio, onde os dados de relevo (3 dimensões) são utilizados na elaboração do proje− to digital de reforma dos canaviais, permitindo projetar os traçados me− lhor adaptados à conservação do solo e compatíveis com a recente mecani− zação das lavouras, até a colheita, on− de as linhas da cultura são restituídas utilizando−se das imagens dos drones e utilizadas na colheita com piloto au− tomático, evitando problemas como compactação, pisoteio e falhas. Há ainda outras aplicações, como o levantamento de falhas na brotação e de eventuais infestações de plantas daninhas nos canaviais, ou seja, os da− dos obtidos por meio desta tecnologia são capazes de suportar o processo de identificação de quais variáveis podem impactar na produtividade, além de indicar as áreas que necessitam de mais cuidados, principalmente, no que diz respeito a manutenção do stand do canavial (número de plantas/hectare), influenciando positivamente nos pro− cessos para torná−los mais econômi− cos, eficientes e, por que não, ecolo− gicamente mais sustentáveis pela efi− ciência do uso dos recursos no trato dos canaviais. Para utilizar todas as informações captadas pelos drones da melhor for− ma possível, a Raízen desenvolveu uma solução tecnológica que fornece indicadores qualitativos e quantitativos de cada talhão, oferecendo um deta− lhamento do canavial sobrevoado. Com essa inovação que emprega o melhor da Inteligência Artificial, a empresa não tem apenas ganhos ope− racionais, mas também incentiva o desenvolvimento de novas iniciativas e métodos que poderão auxiliar em processos produtivos mais sustentáveis

e duráveis no campo. “A utilização de tecnologias como os VANTs nos possibilita um diferen− cial significativo em nossa capacidade de monitorar nossos canaviais, enten− der os eventos que interverem na produção e tomar as decisões neces− sárias para conseguirmos lavouras mais uniformes e produtivas”, afirma Fer−

nando Benvenuti, gerente de Geotec− nologias da Raízen. A Raízen faz uso de drones do ti− po asa fixa e, em média, são realizados voos em velocidade de até 60 km/h, nos quais são feitas fotos aéreas que posteriormente são processadas para obter mosaicos de altíssima resolução, com pixel de aproximadamente 3 cm.

Durante os voos, os VANTs são monitorados por meio sistemas pre− sentes em computadores portáteis a um raio de até 2 km de distância. Os ope− radores acompanham os comporta− mentos das aeronaves no decorrer dos mapeamentos e interveem, se preciso, por meio de comandos pré−estabele− cidos pelo fabricante das aeronaves. Estas aeronaves estão equipadas com avançados sistemas de segurança, como cerca virtual, que evita que a aeronave saia da área de atuação planejada, retor− no automático para o ponto de lança− mento, monitoramento da capacidade da bateria durante o voo, rastreadores, dentre outras, garantindo assim uma operação de qualidade e segura. A expectativa da Raízen é replicar a solução em oito novas unidades de operação adquiridas pela companhia no ano passado após a compra da Biosev. Com isso, serão mais 200 mil hectares monitorados por drones. Pa− ra tanto, a empresa prevê a implemen− tação da tecnologia já nesta safra (22’23), que teve início em abril. “Com o avanço desta tecnologia, acreditamos que a busca por novas so− luções complementa os trabalhos já desenvolvidos com inovação e digita− lização dentro da empresa. Nossa bus− ca é por produtividade, objetivo co− mum em toda nossa operação”, res− salta Benvenuti.


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Brasil ocupa a 6ª posição no ranking de países com maiores áreas irrigadas no mundo Programa ABC+ sistemas irrigados como meta de termos até 2030, pelo menos, 3 milhões de hectares de siste− mas irrigados. Quando nós irrigamos, aumentamos a eficiência dos cultivos e consequentemente mitigamos os gases de efeito estufa”, completou.

Usinas de cana-deaçúcar vem adotando a irrigação por gotejamento em seus canaviais

Irrigação no canavial O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Marcos Mon− tes, destacou a importância da irrigação na agricultura como inovação tecnoló− gica para garantir a segurança alimentar e promover a sustentabilidade. “Não tem nada que fala melhor de inovação tecnológica do que a própria irrigação. Se nós queremos ser o pri− meiro país produtor e exportador de alimentos, nós precisamos de tecnolo− gia, principalmente a tecnologia da ir− rigação. Irrigar significa gerar empre− go, significa produzir mais em uma mesma área”, disse Marcos Montes ao participar de uma live em comemora− ção ao Dia Nacional da Agricultura Irrigada, celebrado no dia 15 de junho. O evento virtual, organizado pela Confederação da Agricultura e Pe− cuária do Brasil (CNA), teve como objetivo promover uma postura críti− ca ativa em relação à importância da agricultura irrigada para a sustentabi− lidade na produção de alimentos e pa− ra o desenvolvimento da segurança alimentar no Brasil. “A irrigação é uma alternativa tecnológica para intensificar a ativida− de produtiva, aumentar a oferta de produtos agrícolas, nos mercados in− terno e externo, sem a necessidade de expandir a área. O setor de irrigação é altamente desenvolvido no Brasil. As melhores técnicas existentes já são utilizadas pelos produtores. As princi− pais empresas do setor atuam no país. Temos todas as tecnologias adaptadas à realidade brasileira e os produtores já perceberam o potencial produtivo dessa técnica”, disse o presidente da CNA, João Martins. A secretária executiva adjunta do Ministério do Desenvolvimento Re− gional, Alice de Carvalho, afirmou que a agricultura irrigada é um importan− te instrumento de desenvolvimento regional. “Estima−se que a cada 1 hectare irrigado três empregos são ge− rados. Há também externalidades e impactos positivos, indicando uma in− fluência positiva da produção irrigada no desenvolvimento socioeconômico das regiões do país”. Segundo a diretora−presidente da

Agência Nacional de Águas e Sanea− mento Básico (Ana),Veronica Sánchez, a agência tem “trabalhado nos últimos anos no sentido de disponibilizar de forma segura, em termos de quanti− dade e qualidade, água não só para agricultura, e em especial a agricultu− ra irrigada que é o nosso maior usuá− rio de recursos hídricos, mas também para todos os usos”. A irrigação é uma técnica utiliza− da para suprir as demandas hídricas dos cultivos de forma artificial, visando o pleno desenvolvimento. Essa técnica faz parte de um conjunto de outras práticas usadas para garantir a produ− ção econômica de determinada cultu− ra, com o adequado manejo dos re− cursos naturais, acompanhada de tec− nologias como a de plantio direto, as de conservação de água e solo, a de ma− nejo integrado de pragas, entre outras. Além disso, o uso da tecnologia de irrigação traz vários benefícios para a agricultura e, consequentemente, para o mundo, como aumento de produ− tividade e mitigação dos efeitos do clima sobre os cultivos; melhoria das condições socioeconômicas da região onde a agricultura irrigada é pratica−

da, possibilitando o desenvolvimento regional; e possibilita aumento de produção na mesma área, evitando a necessidade de ampliação de frontei− ras agrícolas, e, assim, protegendo os biomas e áreas de vegetação natural. O Brasil é o 6° país no ranking de países com maiores áreas irrigadas no mundo e um dos poucos países do mundo com capacidade de triplicar a área irrigada. China, Índia e Estados Unidos ocupam as primeiras coloca− ções. Segundo estudo da Escola Supe− rior de Agricultura Luiz de Queiroz – USP, o Brasil tem potencial para irri− gar cerca de 55 milhões de hectares, em bases ambientalmente sustentáveis. “A irrigação contribui não só para o incremento da segurança alimentar da humanidade, pelo fato de ser possível produzir até quatro vezes mais alimen− tos na mesma área quando usa sistemas irrigados, como também para uma grande discussão global que se chama sustentabilidade”, ressaltou o secretário− adjunto de Inovação, Desenvolvimento Sustentável e Irrigação do Mapa, Clé− ber Soares, ressaltando a necessidade da tecnologia nos dias atuais. “Tanto que o Mapa colocou no

Plantada em larga escala no Brasil, a cana−de−açúcar possui uma área es− timada de 10 milhões de hectares, e representa, em divisas, mais de 2% do PIB brasileiro. Dados da empresa Ne− tafim, líder mundial em irrigação com atuação em mais de 110 países, e que opera no Brasil desde a década de 1990, apontam que em geral, uma usi− na reforma anualmente até 20% do seu canavial, ou seja, se uma Usina possui 30.000 ha de área plantada, reforman− do 6.000 ha por ano ao custo de R$ 12.000,00/ha terá um investimento de R$ 72 milhões no ano, o que é um custo extremamente elevado. Com base nesses dados, as usinas brasileiras vêm adotando a irrigação por gotejamento em seus canaviais com o objetivo de aumentar a pro− dutividade e a longevidade. E esses resultados já são comprovados em áreas comerciais em várias regiões do Brasil. A empresa cita como exemplo, a Usina Japungu, no esta− do da Paraíba, que na safra 2021/2022 atingiu o 13º corte com uma produtividade acima de 100 ton/ha, sendo que a média de pro− dutividade da região é de 47 ton/ha em apenas 3 – 4 cortes. Ou seja, uti− lizando o sistema de irrigação loca− lizada por gotejamento a Usina conseguiu aumentar a produtivida− de em mais 100% e aumentou a sua longevidade de 3 vezes mais. “Fazendo uma conta simples, foi deixado de fazer 3 reformas, ou seja, uma economia direta de R$ 36.000,00 por hectare. Concluindo, apenas com a economia de reformas, o projeto já foi pago e com lucro. Is− so sem considerar os benefícios do aumento da produtividade e redução dos custos de produção”, argumenta a direção da empresa. Entre os diversos cases a empresa também cita como exemplo, o da Usi− na Coruripe em Minas Gerais, que pro− duziu por 11 cortes, renovou somente os tubos gotejadores e a variedade e hoje se encontra no sétimo corte. Atualmente, a Netafim atende 26 Usinas no Brasil, totalizando uma área de 30.776 ha.


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A microbiologia do solo e a influência na produtividade do cultivo de cana-de-açúcar O solo compõe o principal agen− te do sistema produtivo agrícola, por sustentar as plantas e viabilizar a dinâ− mica de absorção de água e nutrien− tes para o desenvolvimento vegetal. Cada parte do solo abriga “amigos in− visíveis” do produtor rural: de 100 a 1.000kg de microrganismos por hec− tare (10^7 a 10^9 células por grama), contemplando mais de 10 mil espé− cies, que auxiliam no desenvolvimen− to das plantas de diversas maneiras co− mo, por exemplo, suprindo−as por meio da fixação biológica do nitrogê− nio ou pela solubilização do fósforo. É sabido que, no cultivo de ca− na−de−açúcar, uma planta semi− perene, o sistema de produção pode agir na perda da biodiversidade dos solos. Como um sistema em dese− quilíbrio pode não apresentar seu máximo potencial produtivo, é fun− damental conhecer o solo e suas propriedades, promovendo eventuais ajustes na área cultivada. Essa investigação minuciosa da vi− da no solo é possível por meio da Metagenômica, técnica que permite estudar os genomas de microrganis− mos de um nicho ecológico. E é essa ferramenta que a BIOTROP, empre− sa líder em soluções biológicas e na− turais, tem levado às Usinas e Consul− torias canavieiras parceiras. Chamada de Agrobiota, a iniciativa − que é iné− dita no mundo em escala comercial – acrescenta o fator biológico nas aná− lises de solo, realizando o mapeamen− to dos microrganismos presentes.

O programa está fundamentado em três principais pilares: o primeiro é a realização desta completa análise de solo, que identifica os microrganismos benéficos e os potencialmente pato− gênicos, originando recomendações agronômicas precisas para melhorar a

sanidade e o vigor das lavouras; o se− gundo, é o mapeamento do sequestro de carbono do local, com foco na agricultura de baixas emissões e, o terceiro, a análise da demanda hídrica. Em busca de um sistema de pro− dução mais equilibrado, sustentável e

funcional, a empresa NovAmérica, produtora de cana−de−açúcar, foi a primeira a aderir ao Programa Agro− biota, em 2021, seguida por outras grandes empresas do mercado, em 2022, como Adecoagro, Cocal, Água Bonita, entre outras.

Recomendações agronômicas acuradas Na prática, após a coleta no cam− po, as amostras de solo vão para o la− boratório especializado da BIO− TROP que, por meio de análise de DNA, identifica toda a vida micro− biana do solo, com o reconhecimen− to do papel de cada microrganismo e, com base nos resultados, a BIO− TROP realiza recomendações espe− cíficas de bioinsumos. Dentre os destaques do portfólio da BIOTROP para a cana−de− açúcar estão os produtos FURA− TROP, bionematicida com a tecno− logia Hayai, que proporciona uma ação rápida sobre o alvo devido à alta carga de metabólitos e de compostos orgânicos em sua composição, apre− sentando resultados expressivos; o STIMUTROP, produto premiado in− ternacionalmente no “Crop Science

Award” 2021, na categoria “Melhor Inovação em Formulação”, que é uti− lizado como fisioativador, combinan− do o estímulo ao desenvolvimento da cultura e o crescimento de microrga− nismos benéficos em um processo si− nérgico. Juntos com BIOFREE, que aumenta a eficiência da adubação, BIOTRIO, potencializador do equi− líbrio do solo, e BIOEXOS, para o manejo de insetos, constitui um com− pleto pacote tecnológico. Os bioinsumos aumentam a lon− gevidade produtiva dos solos, melho− ram a eficiência da adubação de base e aprofundam o sistema radicular, pro− movendo a produtividade e a rentabi− lidade do cultivo. Os diversos produtos, serviços e programas da empresa podem ser conferidos no site: biotrop.com.br.


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Viralcool Castilho recebe 4 licenças de operação da CETESB para aumentar produção Usina está autorizada a realizar a moagem de 3 milhões toneladas de cana/ano A Viralcool Castilho recebeu, re− centemente, 4 Licenças de Operação da CETESB − Agência Estadual respon− sável pelo controle, fiscalização, moni− toramento e licenciamento Ambiental. Com esses documentos, a empresa tem autorização para aumentar sua produ− ção, seja de etanol, açúcar, levedura e até mesmo de geração de energia. Com a renovação da Licença de Operação Geral (67001450), que au− toriza a usina a realizar a moagem de 3 milhões toneladas de cana−de− açúcar/ano, para a produção média anual de 125 mil m³ de etanol; 210 mil toneladas de açúcar; 240 mil MW de energia e 2.400 toneladas de levedura. A Licença de Operação (67001451) permite a operação de máquinas e equipamentos destinados a geração de

Energia (nova subestação de energia); já a Licença de Operação (67001452) autoriza a ampliação de uma das uni− dades de destilação de etanol, passando de 300 m³/d para 400 m³/d, elevando assim, a capacidade diária da usina pa− ra 1.000 m3/dia de Etanol. A empresa também obteve a Li− cença de Operação (67000128), para a ampliação da capacidade de geração de

vapor de uma das caldeiras (retrofit) de 120 tv/h para 150 tv/h, o que viabili− zará maior geração de energia e equi− líbrio para o empreendimento. Esta Li− cença será ratificada após as medições das emissões atmosféricas da caldeira. Para emissão das licenças foram atendidas as exigências técnicas am− bientais da CETESB, relacionadas às le− gislações estaduais e federais pertinen−

tes. A Direção da Viralcool considera a emissão destas 4 Licenças de Operação de fundamental importância. “Tanto para a consolidação do empreendimento, como demonstração de que produzimos de acordo com as normas ambientais vigentes, trazendo a tranquilidade necessária à operacio− nalização da Unidade Industrial”, des− taca a empresa.

Zilor conquista Certificado Energia Verde que atesta a geração de energia limpa Companhia faz investimentos na ampliação de Cogeração de Energia Elétrica As unidades São José (Macatuba), Barra Grande (Lençóis Paulista) e Quatá (SP) da Zilor Energia e Alimen− tos conquistaram o Certificado Ener− gia Verde edição 2022 pelo programa de certificação de Bioeletricidade, pro− movido pela União da Indústria de Cana−de−Açúcar (UNICA), em par− ceria com a Câmara de Comercializa− ção de Energia Elétrica (CCEE) e apoio da Associação Brasileira dos Co− mercializadores de Energia (Abraceel), que atesta a eficiência e sustentabilida− de da companhia na geração de ener− gia elétrica limpa e renovável a partir da biomassa de cana−de−açúcar. Segundo Luiz Scartezini, diretor Agroindustrial da Zilor, essa é uma ação prática pela neutralidade de emissões de gás carbônico e demons−

tra o compromisso da companhia com o crescimento sustentável contribuin− do positivamente para as mudanças climáticas. “A bioeletricidade traz be− nefícios econômicos e ambientais, atributos importantes para o futuro. Além de promover a sinergia dos nos− sos processos industriais e de contri− buir para diversificar nossas receitas, a bioeletricidade é uma parceria susten− tável para as comunidades, pois possui benefícios socioambientais para que o sistema energético nacional seja cada vez mais eficiente e limpo”, destaca. Em busca da sustentabilidade, a

Zilor anunciou em julho de 2021, a ampliação da cogeração de energia elétrica, com o projeto UTE Barra Grande 2, por meio do leilão de ener− gia nova A−3, conforme divulgado pela ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica). A companhia obte− ve o direito de comercialização 169.068 MWh/ano pelo valor de ~R$ 188,00/MWh, com reajuste anual pelo IPCA. O contrato de ven− da de energia terá prazo de 20 anos e início em abril de 2024. O investimento previsto para o projeto é de R$ 250,1 milhões, a se−

rem desembolsados nos próximos dois anos, e serão direcionados para com− pra de caldeira, turbo geradores e de− mais equipamentos, além da moderni− zação do parque industrial, moendas e consumo de vapor para operação da termelétrica, na Unidade Barra Gran− de, localizada em Lençóis Paulista −SP. O volume de energia vendido no leilão representa um crescimento de aproximadamente 30% na cogeração de energia atual da Companhia, con− tribuindo para diversificação dos ne− gócios da e maior previsibilidade na geração de caixa. A usina produz energia suficiente para garantir 100% do abastecimento de suas unidades industriais e o excedente é vendido ao mercado por meio de lei− lões e contratos com distribuidores de energia elétrica, onde cerca de 90% do volume produzido está contratado ao preço médio R$ 314,2/MWh no 3T22. Na safra 2020/2021, a Zilor ge− rou o excedente de 521 mil MWh, vo− lume suficiente para iluminar uma ci− dade com cerca de 500 mil habitantes por um ano.


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Clealco assina convênio inédito para curso de qualificação técnica em agricultura Convênio terá duração de 2 anos e meio, iniciando neste segundo semestre com os preparativos técnicos para a implementação A Clealco assinou um convênio no dia 29 de junho, com o Governo do Estado de São Paulo, o Centro Paula Souza e a Prefeitura de Queiroz – SP para a implementação de cursos de qualificação de nível Técnico em Agricultura. As capacitações serão dis− ponibilizadas em Queiroz−SP a par− tir do primeiro semestre de 2023. Junto ao Governo do Estado de São Paulo e Prefeituras, a companhia vem estabelecendo um modelo de parceria que já beneficiou mais de 6 mil pessoas em mais de 12 anos e que agora está sendo realizado em um for− mato pioneiro no Estado. “Transfor− mar vidas proporcionando acesso à qualificação profissional é uma missão especial que a Clealco tem cumprido

Diego Lacerda, Coordenador de Desenvolvimento Humano e Comunicação, laura laganá, diretora-superintendente do Centro Paula Souza e Prefeito de Queiroz, Rodrigo da Silva

com amor e dedicação nos últimos anos”, diz Carlos Furlaneti, VP de Pessoas e Jurídico da Clealco. “Esta iniciativa vai resultar em maiores oportunidades de qualificação e de geração de renda para a população”, afirma a diretora−superintendente do Centro Paula Souza, Laura Laganá. As aulas teóricas e práticas dos cursos de qualificação de nível Técni− co em Agricultura serão realizadas em infraestrutura disponibilizada pela Clealco e pela Prefeitura de Queiroz, com coordenação da ETEC Paulo

Guerreiro Franco, de Vera Cruz−SP. O convênio terá duração de 2 anos e meio, iniciando neste segundo semes− tre com os preparativos técnicos para a implementação. Os cursos serão voltados aos profissionais que buscam o desenvolvimento em aspectos téc− nicos e de liderança e que tenham o ensino médio concluído. "Com este curso técnico, teremos uma oportunidade ímpar de qualificar profissionais em nível de liderança e gestão, ampliando a empregabilidade, o potencial de desenvolvimento de

carreira e aperfeiçoando ainda mais nosso modelo de gestão operacional. Toda a didática e coordenação do Paula Souza, aliada com a nossa ex− pertise em programas de desenvolvi− mento e os investimentos em infraes− trutura, que tanto a Clealco como a Prefeitura de Queiroz farão, nos dão plena confiança no sucesso desta par− ceria", destaca Diego Lacerda, Coor− denador de Desenvolvimento Huma− no e Comunicação da Clealco. “Este convênio vem somar a um momento em que a Clealco tem al− cançado resultados históricos, e mos− tra que o sucesso de uma empresa é ter como maior valor o cuidado de pes− soas. Só é possível obter os melhores resultados quando investimos em de− senvolvimento humano e temos consciência de que a qualidade e a ri− queza do nosso trabalho estão total− mente ligadas a forma como valoriza− mos e reconhecemos as pessoas que contribuem para o sucesso da empre− sa, ao mesmo tempo em que estende− mos esse compromisso para a socie− dade, criando oportunidades e ala− vancando ainda mais o desenvolvi− mento social”, diz Gustavo Henrique Rodrigues, CEO da Clealco.

Usina Jacarezinho investe em programas de saúde para colaboradores Ações visam a melhorar a qualidade de vida e a produtividade A Usina Jacarezinho, braço su− croenergético do Grupo Maringá ins− talada no Paraná, vem colhendo bons resultados com os programas de saú− de Viver Bem e Antitabagismo, desen− volvidos a partir do acompanhamen− to periódico dos colaboradores pela Medicina do Trabalho. A análise dos dados apontou a ne− cessidade de incentivar hábitos de vida mais saudáveis. Em alguns setores, so− bretudo nas áreas com maior número de homens, o índice de colaboradores acima do peso e de fumantes alertou para o risco de acidentes na operação. A empresa, então, investiu na ca− pacitação da equipe de Medicina do Trabalho, composta por uma médica, uma enfermeira e dois técnicos de

enfermagem, para que pudessem de− senvolver as ações de saúde. O programa Viver Bem teve iní− cio em 2019, com foco na reeducação alimentar e na prática de atividade fí− sica. Com duração de 90 dias, os par− ticipantes praticam caminhada e rece− bem orientação de uma nutricionista sobre alimentação saudável, sempre com acompanhamento da equipe de Medicina do Trabalho. Os 23 colabo−

radores que aderiram ao programa perderam, juntos, 65 quilos. Em maio, a Usina Jacarezinho prevê iniciar o trabalho com um novo grupo. Criado em 2020, o programa An− titabagismo segue as orientações da Cartilha de Controle do Tabagismo do Ministério da Saúde. Com duração de dez semanas, é voltado para as pessoas que realmente desejam parar de fumar, pois o comprometimento com o pro−

grama é essencial para os resultados. Desde o início do programa, houve quatro turmas, que somam 29 colabo− radores, dos quais, 93% largaram o ci− garro. O programa Antitabagismo de− ve recomeçar em abril. Outra iniciativa da empresa é o ônibus da saúde, uma miniclínica vo− lante, onde os colaboradores podem realizar cerca de 600 exames, inclusi− ve os de prevenção aos cânceres de mama e de próstata. Em parceria com o Serviço Social da Indústria (Sesi), o projeto realiza−se uma vez ao ano, em geral, em outubro. “Nosso objetivo é estimular a cons− cientização sobre a importância de cui− dar da saúde de uma forma leve. A ideia é que eles substituam algo que faz mal por algo que faz bem. Isso reduz o sen− timento de ausência”, explica Leandro Bacon. O feedback dos colaboradores é animador.“O sentimento de bem−estar físico melhora até o humor. Profissionais saudáveis são mais felizes e produtivos.”


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Norma DD 126/2021 define aplicação de resíduos gerados pelas usinas A norma também estabelece critérios para licenciamento dos Pátios de mistura Os procedimentos a serem adota− dos pelas usinas de açúcar e etanol pa− ra armazenamento e gerenciamento de seus resíduos sólidos, com base na Decisão de Diretoria 126/2021 pu− blicada pela CETESB − Companhia Ambiental do Estado de São Paulo foram abordados em seminário pro− movido pelo Bio Energy Hub, nesta terça−feira (28). Com a participação do engenheiro Homero Tadeu Leite, diretor da ProAmb Engenharia e vice−presiden− te da ASTECNA, o evento tratou so− bre essas novas diretrizes para aplicação de resíduos como cinzas, fuligem e tor− ta nas lavouras de cana−de−açúcar. Homero iniciou falando sobre os marcos ambientais, lembrando da Conferência de Estocolmo sobre Am− biente Humano, realizada em 1972, onde foi dado o pontapé inicial para as legislações que regulamentam o lan− çamento de resíduos no meio am− biente. “Neste mês de junho faz 50 anos que a conferência de Estocolmo ocorreu e foi a primeira vez que se começou a manifestar a preocupação sobre meio ambiente e no mundo”, destacou Homero. Ele citou ainda outros importan− tes marcos ambientais: 1976− Legis− lação ambiental no Brasil; 2001−2004 − Convenção de Estocolmo sobre POPs (Poluentes Orgânicos Persis− tentes); 2004 − ABNT 10004 Classi− ficação de resíduos sólidos; 2004− 2005 − Primeira norma sobre aplica− ção de vinhaça, após longa discussão técnica; 2006−2007 − Início da dis− cussão técnica sobre resíduos sólidos da indústria sucroenergética, benefí− cios agronômicos da cinza e fuligem; 2007−2011 − estudo sobre composi− ção dos resíduos sólidos na indústria sucroalcooleira; e por fim em 2010 com Lei 12.305, que institui a Políti− ca Nacional de Resíduos Sólidos. Em seguida o diretor da Proamb discorreu sobre a Decisão de Direto− ria Nº 126/2021/P, de 16 de dezem− bro de 2021, da CETESB que estabe− lece o procedimento técnico para a aplicação de resíduos gerados nas usi− nas de produção de etanol e açúcar e para o licenciamento de pátios de

mistura de resíduos. O bagaço de cana (cinzas e fuli− gem) e a torta de filtro (origem trata− mento do caldo) são os principais re− síduos extraídos no processamento da cana. “O principal resíduo em função do volume e da quantidade gerada é o bagaço de cana utilizado para geração de energia. O bagaço de cana é pro− duzido em uma quantidade de apro− ximadamente 280 kg de bagaço por tonelada de cana”, explica Homero. De acordo com o especialista, ao longo da elaboração dessas novas di− retrizes verificou−se que as usinas tra− balhavam com procedimentos dife− rentes na aplicação destes resíduos. “Quando começou a se discutir esse manual de aplicação de resíduos da indústria sucroalcooleira se chegou à conclusão que as usinas trabalhavam com procedimentos de diferentes pa− ra aplicação a manipulação desses re− síduos”, disse. Segundo o engenheiro, para se chegar aos parâmetros atuais foram necessárias várias etapas de avaliação: agronômica; periculosidade; teores para mistura, para se chegar ao licen−

ciamento da Cetesb. “Esse foi um tra− balho de muitos anos de discussão e ainda não está totalmente resolvido. Vamos ter que caminhar e discutir es− se assunto ainda por algum tempo pa− ra melhoria do próprio procedimen− to técnico e para evitar conclusões que não tenham embasamento”, disse. A DD 126/21 traz também a de− finição de “pátio de mistura”. “No passado, todo mundo usava o termo pátio de compostagem, mas a com− postagem é um procedimento. É a mineralização da matéria orgânica de algum resíduo, mas ele demanda um tempo longo para que isso ocorra. Portanto, na Norma não se fala de pá− tio de compostagem mesmo porque se nós estivermos falando de composta− gem e nos volumes que a usina pro− duz de resíduos, essa produção preci− sa de licenciamento ambiental através de um estudo de impacto ambiental. Nós falamos de Pátio de mistura so− mente, porque é exatamente o que as usinas fazem, praticamente não existe compostagem e a norma estabelece procedimentos para pátios novos e para pátios usados”, explica Homero.

Com relação a pátios novos, Ho− mero destacou a dificuldade de se atender a exigências estabelecidas com relação ao coeficiente de permeabili− dade fixado em 10 elevado a menos 6 cm por segundo. “Esse é um proble− ma, porque na verdade é muito difícil encontrar um solo que tenha esse coeficiente de permeabilidade, a me− nos que seja um solo argiloso e tenha sofrido compactação”, disse. Segundo o engenheiro a liberação de novos pátios de mistura além das medições já estabelecidas, está condi− cionada a apresentação de relatório técnico com mapa potenciométrico e plano de monitoramento do solo no entorno do pátio.


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Usina Caeté implanta sistema de ponto com reconhecimento facial Tecnologia foi iniciada com os colaboradores urbanos, na próxima etapa haverá a inclusão dos colaboradores do campo Sempre na vanguarda do uso de tecnologias inovadoras, a Usina Caeté − Unidade Paulicéia, localizada no Oeste paulista, iniciou no mês de abril deste ano a implantação de reconhe− cimento facial para registro de ponto de seus colaboradores. O sistema de ponto utilizando es− sa tecnologia foi iniciado com os co− laboradores urbanos, principalmente para aqueles que registram o aponta− mento nas áreas de colheita de cana− de−açúcar. Na próxima etapa haverá a inclusão dos colaboradores do campo. Até o momento, um percentual de aproximadamente 40% do quadro funcional da Unidade Paulicéia já uti− liza a tecnologia. “Após a implantação do novo sis− tema de apontamento, evidenciamos inúmeros benefícios para a empresa! A inteligência artificial permite o siste− ma entender, inclusive, as mudanças físicas das pessoas”, afirmou o super− visor administrativo da Unidade Pau− licéia, Adeildo Moraes. Em maio, a implantação da nova tecnologia foi ampliada para a Usina Caeté, Matriz, em São Miguel dos Campos e a Unidade Marituba, situa− da em Igreja Nova, ambas em Alagoas. A metodologia de implantação foi semelhante à utilizada na Unidade Paulicéia, contemplando, inicialmen− te, os colaboradores urbanos que tra− balham na área externa das unidades industriais. Esse direcionamento é jus− tificado pelas inúmeras dificuldades enfrentadas para o recebimento das informações em campo, e com o ad− vento dessa tecnologia as informações chegam praticamente em tempo real. De acordo com o supervisor Ad− ministrativo da Usina Caeté, José Car− los Lyra, a implantação do reconheci− mento facial no apontamento já sina− liza melhorias significativas no pro− cesso. “Constatamos um ganho ex− pressivo no tempo de processamento das marcações de ponto e na diminui− ção de erros e inconsistências nas in− formações, tendo facilmente o núme− ro total de colaboradores em campo,

podendo ser analisado diariamente o absenteísmo do seu pessoal, fatos que contribuem para a diminuição no

tempo de fechamento de ponto para integração com a folha”, assinalou. O supervisor Administrativo afir−

mou que a nova tecnologia permitirá ainda uma redução de custo.“Elimina− remos despesas com a aquisição e a ma− nutenção dos relógios de ponto (REP), que chegam a custar mais de R$ 6 mil reais, enquanto os smartphones ade− quados para utilização do sistema re− presentam um quarto desse valor. Além disso, podemos utilizar os smartphones para outros aplicativos necessários na coleta de informações de outras ativi− dades de campo”, acrescentou. Um dos aspectos importantes a ser enfocado com a adoção da nova tec− nologia, diz respeito à adequação da Usina Caeté e suas Unidades Paulicéia e Marituba à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Para o gerente de Tecnologia da Informação, Ailton Chagas, o sistema está em conformi− dade com a LGPD, pois não são ar− mazenadas fotos dos colaboradores na base de dados e sim, uma representa− ção matemática das características fa− ciais de cada pessoa”. O gerente de TI frisou ainda que a novidade garante mais segurança, confiabilidade e flexibilidade no apontamento dos horários dos cola− boradores. “Sobretudo, dos pontos coletados no campo!”. “A Usina Caeté tem buscado nas inovações tecnológicas o aprimora− mento de suas rotinas visando, sobre− tudo, segurança, controle e governan− ça”, finalizou Paulo Couto, diretor Administrativo da Usina Caeté.


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GESTÃO

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Raízen apresenta oferta aos produtores que chegaram com a integração da Biosev Companhia promoveu workshop para fornecedores a fim de incentivá-los a participar dos programas A Raízen tem incentivado cada vez a qualificação de seus fornecedo− res, por meio de sua oferta de valor integrada. Para tanto, a companhia realizou, em Ribeirão Preto −SP, em junho, um encontro que reuniu pro− dutores rurais e empresários do agro− negócio brasileiro dedicados à produ− ção de cana−de−açúcar, que atuavam em conjunto com a antiga Biosev, tanto no interior do Estado de São Paulo, quanto Minas Gerais, e agora são parceiros da companhia. Na oportunidade, a liderança da Raízen apresentou tendências e opor− tunidades de negócios, além disso, fo− mentou debates sobre o cenário eco− nômico, as perspectivas do mercado de insumos, o cultivo sustentável da cana−de−açúcar e explicou os bene− fícios oferecidos pelos programas ELO e Cultivar. “O ELO e Cultivar nasceram pa− ra reforçar o compromisso com o produtor rural. São programas−ir− mãos, criados para ajudar os nossos fornecedores a evoluir e seguir cres− cendo. O Cultivar é um ecossistema de soluções que conecta pessoas e negócios para antecipar os desafios do setor sucroenergético, potencializan− do a produtividade, gestão e o conhe− cimento do seu negócio. Já o ELO tem como foco a melhor prática.

Promovendo a melhoria contínua por toda a cadeia da cana−de−açúcar, contribui para a qualidade de vida de trabalhadores rurais, a preservação do meio ambiente e a prosperidade dos negócios, dentro e fora da lavoura. O resultado das iniciativas é uma cana produzida com mais eficiência e consciência. Para o produtor e para a sociedade. Porque sustentabilidade e desenvolvimento andam juntos”, ex− plica Ricardo Berni, diretor de Ne− gócios Agrícolas da Raízen. Lançado em 2013, o Programa Cultivar da Raízen oferece soluções que dão suporte aos fornecedores, fa− cilita o acesso a iniciativas de apoio à gestão, soluções financeiras e de redu− ção de custo, além de estimular a efi− ciência e a produtividade de forma que todos cresçam em conjunto. Atualmente, cerca de 80% da cana− de−açúcar adquirida pela Raízen ad−

vém de produtores contemplados no programa — o que representa rela− cionamento direto com quase 10% do mercado nacional. Um dos principais destaques do Programa Cultivar é o pool de com− pras, que amplia o poder de negocia− ção dos fornecedores, além de desen− volver parcerias com diferentes em− presas, para garantir os tratos do cana− vial a custos acessíveis. “A concessão de crédito e o pool de compras, que compõem do pro− grama desde a sua criação, têm um papel fundamental nos empreendi− mentos agrícolas, permitindo o de− senvolvimento sustentável local, apri− moramento da produção e a manu− tenção das propriedades rurais. Para se ter uma ideia, desde que iniciamos o Cultivar, já foram mais de R$ 1,3 bilhão em insumos, maquinários, equipamentos, uma série de iniciativas que fomentamos em nosso pool de compras e mais de R$ 500 milhões movimentados em crédito rural”, res− salta o diretor de negócios agrícolas da companhia. Vale destacar que a Raízen tam− bém tem uma parceria com o Banco Santander para acesso de produtores a crédito rural, o que prevê financia− mentos com teto de R$ 3 milhões por CPF e período de amortização de acordo com cada tipo de operação, podendo variar de 12 a 18 meses, nas linhas de custeio; e de até cinco anos no caso de investimentos. Outra iniciativa, que também está à disposição dos fornecedores parceiros da Raízen na região de Ribeirão Preto− SP, é o Programa ELO, que apoia pro−

dutores de cana−de−açúcar na trans− formação e melhoria contínua da ges− tão de seus cultivos para que sejam ca− da vez mais sustentáveis. Inédito na ca− deia produtiva global de cana−de− açúcar, o programa é resultado de sóli− da parceria que estabelecemos com duas importantes organizações da sociedade civil: a Solidaridad e o Imaflora. O ELO também é reconhecido pelo Padrão Bonsucro, principal cer− tificação internacional para produção sustentável de cana−de−açúcar, como um programa alinhado aos seus prin− cípios, critérios e indicadores de sus− tentabilidade e que endereça os valo− res do padrão, por meio da abordagem de melhoria contínua. Em 2021, o Programa ELO conquistou ainda o reconhecimento Farm Sustainability Assessment (FSA) pela plataforma Sustainable Agriculture Initiative Platform (SAI Platform), que ajuda a transformar a indústria ao incentivar o desenvolvimento de padrões agrícolas sustentáveis. “O Cultivar e o ELO são ofertas de valor para os nossos parceiros, mas o que nos motiva também vai muito além disso. Aqui na Raízen, nós temos um relacionamento muito próximo, de parceria mesmo, valorizamos o ‘olho no olho’ e buscamos ouvir os produtores. Encontros como esse re− forçam a nossa transparência com eles e demonstram que realmente estamos prontos para apoiar o desenvolvimen− to sustentável de ponta a ponta”, des− taca Berni. Para o produtor de cana e vice− presidente da Assovale, José Odilon de Lima Neto, que se tornou parceiro da Raízen após a aquisição das unidades da Biosev na região de Ribeirão Pre− to, o 1º Encontro da Oferta de Valor Raízen, foi significativo porque esti− mulou discussões sobre assuntos da atualidade e mostrou como o setor está evoluindo. “A Raízen é uma empresa que está em constante evolução e que traz mais profissionalização para o setor, que é algo que todos nós pre− cisamos. Até porque, os produtores que não acompanharem, vão ficar para trás. Então, essas ferramentas que ela oferece, a gente não vê em outras empresas. É um diferencial muito grande. Eu já conheci os pro− gramas Elo e Cultivar, pois tenho amigos que já fazem parte deles. Mas, agora estamos entendendo co− mo realmente funciona e como te− remos acesso”, pontua Neto.


LOGÍSTICA

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Usina Coruripe e Rumo inauguram terminal para movimentação de açúcar Localizada em Iturama – MG, unidade transbordo inicia a logística do alimento pela ferrovia Norte-Sul A Usina Coruripe e a Rumo inauguram hoje, dia 9 de junho, o ter− minal rodoferroviário Comendador Rubem Montenegro Wanderley, em Iturama −MG. Com investimentos de R$ 95 milhões por parte da Usina Co− ruripe, trata−se de uma unidade mo− derna de transbordo rodoferroviário conectada ao trecho da Ferrovia Nor− te−Sul sob concessão da Rumo (bati− zado pela empresa de Malha Central). O terminal tem capacidade para movimentar 2 milhões de toneladas de açúcar de exportação (VHP) por ano e representa um marco estratégico para a logística da região do Triângulo Mi− neiro. Com a geração de cerca de 350 empregos diretos na região —sendo 300 pessoas contratadas para a cons− trução e outras 50 para a efetiva ope− ração do terminal—, a nova unidade opera dentro de uma das unidades da Coruripe (Km 15 da Rodovia BR− 497, s/n, Zona Rural de Iturama). Na avaliação do presidente da Usi− na Coruripe, Mario Lorencatto, o ter− minal representa uma nova era tanto para a companhia quanto para toda a região, em função da importante con− tribuição para a logística ferroviária do país. “Nossas expectativas são muito positivas, visto que a nova unidade tem potencial para que diversas empresas da região realizem o escoamento da pro− dução com competitividade, seguran− ça, grandes volumes e constância nes− se modal ferroviário”, afirma. Lorencatto também destaca as melhores práticas de segurança e sus− tentabilidade do novo terminal, que já nasce alinhado aos pilares de ESG da companhia. “Esperamos contribuir com o desenvolvimento da produção regional de açúcar e trazer mais faci− lidades a clientes e consumidores, além de gerar novos postos de trabalho. Es− se investimento, apoiado pela Funchal e BTG Agro Logística, demonstra o compromisso socioeconômico da nossa empresa com a região”, ressalta o presidente da Coruripe. O vice−presidente comercial da Rumo, Pedro Palma, considera que o terminal em Iturama tem localização altamente estratégica, levando−se em

Deputado José Vítor, Mario Lorencatto, presidente da Usina Coruripe, Marcelo Sampaio, ministro da Infraestrutura, João Alberto Abreu, CEO da Rumo, e Fernando Marcato, secretário de Estado de Infraestrutura e Mobilidade Urbana de Minas Gerais

conta a grande produção de açúcar na região –até agora, a logística era pouco favorável e dependente do modal rodoviário. Com o novo ter− minal, o fluxo de operação será oti− mizado. “Dentro da estratégia da Rumo, a Malha Central havia aber− to novos mercados para a empresa, como Goiás, Tocantins e, agora, com Iturama, entra o Triângulo Mineiro, aumentando a abrangência geográ− fica da ferrovia”, afirma Palma. “Os terminais inaugurados no ano passa− do em São Simão e Rio Verde, em Goiás, movimentam soja, milho e fa− relo de soja. O de Iturama é um marco para a Malha Central, inau− gurando nossa operação no mercado

de açúcar nessa ferrovia.” Bandeira branca, o novo terminal atenderá, além do volume da Usina Coruripe, outras empresas interessadas na logística ferroviária. Será operado em regime de pool, o que reduz cus− tos e eleva a produtividade do trans− porte. O gerenciamento da infraes− trutura será feito pela Usina Coruri− pe, cabendo à Rumo o transporte ferroviário até o Porto de Santos. O terminal Comendador Rubem Montenegro Wanderley assegura competitividade nos fretes para todo o setor num raio entre 400 e 500 qui− lômetros. Com isso, vai atender todo o Triângulo Mineiro e as usinas do sul de Goiás. “A eficiência operacional é

o principal diferencial da unidade, que conta com uma área total de 20 hec− tares”, afirma a usina. A estrutura moderna e altamente produtiva inclui uma pera ferroviária para agilizar o processo de carrega− mento, dois tombadores, um armazém de 45 mil toneladas de capacidade es− tática e uma tulha de carregamento de 1.500 toneladas por hora, com poten− cial para carregar três trens por dia de forma ágil e eficiente. Já na parte de re− cepção rodoviária, a capacidade prevista é de quase 300 caminhões por dia. Considerando cada caminhão carrega− do com 35 toneladas, o terminal po− derá receber 10 mil toneladas por dia. “O terminal em Iturama é mais uma parceria de sucesso que firmamos com a Usina Coruripe, com quem já operamos um terminal ferroviário em Fernandópolis”, diz Pedro Palma. “Há um imenso potencial na região. Nos− sos mapeamentos comerciais indicam que mais de 20 usinas próximas ao terminal serão beneficiadas por essa nova opção logística.” O terminal iniciou a fase de testes em maio e a operação com a capaci− dade total será a partir deste mês. Es− tima−se a saída de 15 trens por mês, de Iturama em direção ao Porto de San− tos, durante o pico da safra entre ju− nho e outubro.


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LOGÍSTICA

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Vibra investe R$ 70 milhões em obras de ampliação do porto de Miramar, em Belém Este é o maior investimento atual da companhia em uma unidade operacional A Vibra vencedora do leilão para arrendamento da área BEL08 no Por− to de Miramar, em Belém, está inves− tindo R 70 milhões em melhorias e ampliação da base, cuja capacidade instalada passará de 50.000 m³ para 78.000 m³. Este é o maior investi− mento atual da companhia em uma unidade operacional. O Porto de Miramar conta, atual− mente, com mais de 130.000 m³ de capacidade instalada de tancagem. A Vibra já operava no porto e após o processo de arrendamento celebrou o contrato que será válido por 20 anos, podendo ser sucessivamente renovado, até o limite de 70 anos. As atividades projetadas para o ar− rendamento envolvem movimentação e armazenagem de granéis líquidos combustíveis. Ao todo, serão 7 tanques

para armazenagem de gasolina, etanol anidro e hidratado, óleo combustível, diesel, biodiesel e querosene de aviação. Com a ampliação do empreendi− mento, a base reforçará o suprimento de derivados e biocombustíveis no estado do Pará, garantindo a autono− mia no suprimento de combustíveis, além de trazer benefícios para o Pará – como 120 empregos diretos (com

pico de 250 no auge da obra) −, além do estímulo à economia e aos negó− cios do entorno. “Este é um investimento impor− tante para a Vibra. O Porto de Mira− mar é um terminal estratégico, pois movimenta grande parte do com− bustível consumido no estado do Pa− rá, além dos granéis líquidos que são distribuídos nas regiões de influência

do porto. Com a ampliação das ins− talações, a Vibra segue com sua mis− são de assegurar o abastecimento da região além de atender toda a de− manda da cadeia logística do chama− do ‘Arco Logístico Norte’, que está bastante aquecida”, afirma Marcelo Fernandes Bragança, vice−presiden− te executivo de Operações, Logística e Sourcing da Vibra.




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