JornalCana 317 (Junho e julho/2020)

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AGRÍCOLA

Junho e julho 2020

CONTEÚDO ESTRATÉGICO E TÉCNICO TODA QUARTAFEIRA PRA VOCÊ jornalcana.com.br/webinar

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DESDE 1988

w w w . j o r n a l c a n a . c o m . b r Junho e julho 2020

Série 2

Número 317

www.prousinas.com.br

Um novo conceito de eletrodo para chapisco

O UTP 718 Supergrip, da Voestalpine aumenta a performance do chapisco e minimiza os danos a saúde do soldador Confira nas páginas 18 e 19


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CARTA AO LEITOR

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ÍNDICE

CARTA AO LEITOR

EVENTOS ................................................................................................... 6

Alessandro Reis - editoria@procana.com.br

MERCADO Cenário mostra que etanol terá recuperação gradativa ............... 8 Etanol evita que milhões de toneladas de CO2 cheguem à atmosfera. Entenda .......................................... 10 Açúcar mantém vendas em alta e caixa de usinas sob controle ............................................................... 11 Estoques atuais de açúcar duram menos de 6 meses, segundo a ISSO ................................................. 14 Cresce o potencial do biogás como opção lucrativa para usinas ................................................................ 15 INDUSTRIAL Cromo Hexavalente pode ser altamente prejudicial à saúde .... 18 Cevasa fecha maio com grandes conquistas ................................. 20 Para reduzir custos e evitar perdas, mudanças na indústria exigem planejamento .............................. 21 Indicadores ganham mais importância durante cenário pandêmico ....................................... 23 AGRÍCOLA Gestores apostam em técnicas para colher com mais qualidade ....................................................... 28 Fungicidas biológicos preservam a qualidade do solo ................. 31 Devolução de terras onerosas pelas usinas cresce devido à pressão dos preços .................................... 32 GERAL Enersugar inicia sua primeira safra .................................................. 33 Plano de recuperação judicial da Atvos é aprovado por credores .......................................................... 34 GESTÃO Cenário promissor pós-pandemia gera otimismo no setor ....... 36 ESPECIAL CORONAVÍRUS Comunicação tornou-se estratégica no “novo normal” das usinas .............................................................. 38 GENTE Tecnologia e inovação conferem título a gestor executivo da Bevap .................................................... 42 NEGÓCIOS & OPORTUNIDADES .................................................... 43

"Cada um ajuda o outro e diz a seu irmão: “Seja forte!" Isaías 41:6

Mercado de etanol ganha perspectiva otimista As perspectivas em relação ao etanol já são melhores. De acordo com Tarcilo Rodrigues, diretor da Biogência, “o pior já passou e o mercado do biocombustível deverá ser retomado de forma gradativa”, garante. Ele atribui esse otimismo a dois fatores: boa parte das usinas já tem o seu açúcar fixado e o problema da estocagem começou a ser equalizado pelas unidades. Outra justificativa vem de levantamento do Cepea, que mostra que o etanol teve sexta alta consecutiva para o hidratado nas últimas semanas e as vendas no mercado doméstico atingiram 2,04 bilhões de litros em maio. Mais uma boa notícia sobre o etanol vem de Jacyr Costa Filho, membro do comitê executivo do Grupo Tereos, durante o 1º CEO Meeting Webinar, e de Fábio Venturelli, CEO do Grupo São Martinho. “O etanol ganha reconhecimento mundial como aliado contra o coronavírus”, afirma Venturelli referindo-se aos atributos do biocombustível como solução para reduzir emissões de CO2 e prevenir doenças respiratórias. Detalhamos essas boas novas nas páginas 8 a 10. O mercado de açúcar segue promissor, com vendas em alta — contribuindo para equilibrar o caixa das produtoras do adoçante — e essa demanda positiva é impulsionada pelo apetite do mercado doméstico da China, conforme publicação das páginas 11 e 13. Uma grata surpresa que surge é o biogás, que se desponta como uma forma de acrescentar lucro às usinas. Grupos como Tereos e Raízen já deram largada em direção à produção, como mostra a matéria das páginas 15 e 16. Nas páginas 18 e 19 apresentamos o interessante case da empresa Voestelpine, que desenvolveu um consumível para chapisco que é altamente resistente. O UTP 718 Supergrip atende à NBR com um limite máximo de 0,04mg/m3 de cromo hexavalente — considerado cancerígeno

— e, consequentemente, gera uma quantidade infinitamente menor de fumos. Ou seja, protege o soldador e gera economia para a usina. Uma novidade relevante que surgiu da exigência imposta pelo isolamento social à adequação às mídias digitais, é o surgimento do Webinar JornalCana. Os eventos online substituíram nossas programações presenciais do primeiro semestre e se revelaram sucesso de público e crítica com conteúdo substancial. Na primeira edição do Webinar Usinas de Alta Performance: Custos, Perdas e Gestão Agroindustrial, um time de gestores renomados indicaram caminhos para otimização agroindustrial e, no segundo webinar, outra escalação de debatedores tratou dos tópicos relacionados à gestão de custos, com exemplos de controles e referências de perdas agroindustriais (Páginas 20 a 25). Promovemos em sequência o 1º CEO Meeting em versão webinar e reunimos quatro dos principais executivos do setor que cravaram que o cenário aponta para um futuro promissor para a agroindústria canavieira (Páginas 36 e 37). Também entrevistamos gestores, produtores e fornecedores que apresentaram quais são as principais técnicas para colher com mais qualidade e redução de custos, como a colheita de cana feita em uma ou duas linhas, por exemplo (Páginas 28 a 31). Saiba também como está o processo de recuperação judicial da Atvos (Páginas 34 e 35); os detalhes da primeira safra da Enersugar (Página 36). No Especial Covid-19, continuamos apresentando medidas relevantes de usinas que estão prevenindo e ajudando a sociedade a combater o novo coronavírus, dando um sentido mais amplo para a atividade bioenergética. Boa leitura!

ISSN 1807-0264

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Diagramação Gaspar Martins - diagramacao@procana.com.br Eventos Rose Messias - (16) 9 9768.8781 eventos@procana.com.br

“Desenvolver o agronegócio sucroenergético, disseminando conhecimentos, estreitando relacionamentos e gerando negócios sustentáveis"

Financeiro Renata Macena gerentefinanceiro@procana.com.br

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Artigos assinados (inclusive os da seções Negócios & Oportunidades e Vitrine) refletem o ponto de vista dos autores (ou das empresas citadas). Jornal Cana: direitos autorais e comerciais reservados. É proibida a reprodução, total ou parcial, distribuição ou disponibilização pública, por qualquer meio ou processo, sem autorização expressa. A violação dos direitos autorais é punível como crime (art. 184 e parágrafos, do Código Penal) com pena de prisão e multa; conjuntamente com busca e apreensão e indenização diversas (artigos 122, 123, 124, 126 da Lei 5.988 de 14/12/1973). TECNOLOGIA

EVENTOS

A Bíblia do Setor jornalcana.com.br

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ETANOL,

ENERGIA SUSTENTÁVEL. A cana-de-açúcar é a energia que move o país. Dela, a gente tem o etanol, uma fonte eficiente, limpa e renovável de energia. A FMC se orgulha de estar ao lado do produtor desde o começo. Não é à toa que apoiamos o setor sucroenergético há décadas, com soluções cada vez mais sustentáveis. Porque, para a FMC, quanto mais produtividade, mais energia para levar a nossa cana ainda mais longe.

Saiba mais em:

www.fmcagricola.com.br/cana Copyright. Junho FMC 2020. Todos os direitos reservados.


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EVENTOS

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FOTOS ARQUIVO

1º CEO Meeting contou com executivos dos principais grupos do setor

Webinares JornalCana são sucesso de público e crítica Com as medidas de isolamento social por conta da Covid-19, os eventos presenciais realizados pela ProCana Eventos tiveram que ser cancelados. Mas a pandemia criou uma oportunidade para o JornalCana apresentar conteúdo de alto nível ao público que consome as relevantes informações dos eventos. Trata-se do Webinar JornalCana que apresentou até o fechamento desta edição três seminários virtuais que foram sucesso de público e crítica. O primeiro foi realizado no dia 27 de maio com o tema Usinas de Alta Performance: Custos Perdas e Gestão Agroindustrial. O webi-

nar foi mediado por Josias Messias, presidente da ProCana Brasil, contando com a participação dos executivos Everton Carpanezi, gerente executivo de Cluster Agroindustrial da Tereos, Luiz Cintra, superintendente industrial Cluster Sul da BP Bunge Bioenergia e Luiz Scartezini, diretor Agroindustrial da Zilor. O foco do debate com os gestores foi Inteligência e disciplina na gestão para mitigar custos. Já a segunda edição, realizada no dia 3 de junho, teve a participação de João Botão Rosa, professor e gestor de Novos Projetos do Pecege; Éder Paz, Controle de Qualidade da Usina São Domingos; Marce-

lo Annes, superintendente do Polo SP da Atvos e do experiente Gilmar Galon, gestor executivo Industrial da Bevap Bioenergia. O debate com informações bem relevantes tratou basicamente da necessidade de planejamento e eficiência para reduzir custos e perdas. A terceira e expressiva edição, o 1º CEO Meeting em formato webinar contou com executivos do alto escalão dos principais grupos do setor. Jacyr Costa Filho, membro do comitê executivo do Grupo Tereos; Ricardo Martins Junqueira, CEO da Diana Bioenergia; Geovane Consul, CEO da BP Bunge Bioenergia; Francis Vernon Que-

en Neto, vice-presidente de Etanol, Açúcar e Bioenergia da Raízen abordaram perspectivas e tendências para o setor pós Covid-19 e concluíram que o cenário pós-pandemia é otimista e promissor para os produtores de açúcar e etanol. A participação qualitativa e a relevância do conteúdo foi fundamental para que a direção da ProCana estabelecesse que às quartas-feiras de julho estarão reservadas para novos webinares. Para conferir na íntegra as três edições bastam acessar o canal do YouTube através do bit.ly/ YouTubeJornalcana. Aproveite parara se inscrever e curtir os webinares.

Fenasucro & Agrocana é adiada para 2021 A Fenasucro & Agrocana anunciou no dia 3 de junho que a edição 2020 foi adiada para 17 a 20 de agosto de 2021. A decisão foi tomada pela Reed Exhibitions, organizadora do evento, em conjunto com o CEISE-Br. “A escolha de adiar o evento acontece diante da análise de um cenário atípico e ainda altamente imprevisível, tendo como principais objetivos resguardar a saúde e a integridade de visitantes, expositores e parceiros, assim como responder de

forma adequada aos impactos econômicos da pandemia, que afeta indiscriminadamente todos os setores da economia”, informaram as empresas em comunicado enviado aos clientes. Enquanto se prepara para uma feira ainda melhor para o ano que vem, a organização do evento trabalha para proporcionar aos expositores e visitantes da Fenasucro & Agrocana oportunidades de interação em formato digital.


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Cenário mostra que etanol terá recuperação gradativa Açúcar com preço fixado e benefícios ambientais contribuirão com retomada ANDRÉIA VITAL

O céu ainda não é de brigadeiro, mas a tempestade perfeita enfrentada pelo setor sucroenergético nos últimos tempos, parece estar ficando para trás. O clima vem se mostrando mais estável baseado na valorização do etanol, em meio a flexibilização das normas adotadas para conter a transmissão da COVID-19. De acordo com o Cepea, o etanol teve sexta alta consecutiva para o hidratado, nas últimas semanas e as vendas no mercado doméstico atingiram 2,04 bilhões de litros em maio. O volume é 29,43% menor que o comercializado em igual período de 2019, mas a redução é mais baixa que a registrada em abril, que foi de 38,37%, com 1,10 bilhão de litros ante 1,78 bilhão de litros vendido no mesmo período em 2019. “Foram criados cenários de guerra bastante difíceis, com indicações de quedas de demanda da ordem de 70%, mas não foi nessa magnitude e hoje estamos comemorando uma queda de 35%, com uma tendência desse percentual se reduzir ao longo do ano”, afirmou Tarcilo Rodrigues, diretor da Bioagência, acrescentando que, apesar das incertezas que ainda pairam sobre o setor diante da incógnita dos futuros impactos da pandemia, o mercado sinaliza recuperação da demanda. “Acho que o pior já passou e a realidade deverá voltar de forma gradativa”, disse.

Para Rodrigues as boas-novas que deveriam ter acontecido em 2020 foram adiadas para o ano que vem. “2021 vai ser um game interessante. Boa parte das usinas já tem o seu açúcar fixado em torno de R$ 1500 a tonelada o que eleva a régua. Com isso vamos criar uma competição no mercado, com demanda de etanol retornado, o RenovaBio e o consumo mais orientado à bioenergia”, disse. Quanto à armazenagem do biocombustível necessária diante das fracas vendas e uma das preocupações do setor desde o início da pandemia, começa a ser equalizada pelas usinas. Segundo o diretor da Agência, a capacidade nominal de estocagem do setor é 17 milhões de m3, sendo que em 2019, foram armazenados pouco mais que 11 milhões de m3. Mas esses níveis de estoque não deverão ser atingidos, mesmo com a demanda diminuída, pois a oferta do etanol é menor, com as usinas produzindo mais açúcar, e em par-

te, pela maioria do produto já estar vendido. Linha de financiamento para quem? Uma das solicitações feitas ao Governo Federal para ajudar o setor atravessar o período conturbado foi atendido parcialmente no começo de junho, com a linha de financiamento criada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com a parceria de bancos privados. Com créditos que podem chegar a R$ 3 bilhões, os contratos de financiamento terão carência de até 12 meses e prazo para pagamento de dois anos. Os estoques de etanol poderão ser usados como garantia para a obtenção dos recursos. O deputado federal e coordenador da Frente Parlamentar do Setor Sucronergético, Arnaldo Jardim, saúda a medida, mas afirma que não é exatamente o que o setor esperava. “Ao longo da pandemia discutimos outras medidas que poderiam dar

competitividade ao etanol. Lamento que isso não tenha tido eco no governo”, afirma Jardim. Renato Cunha, presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar-PE) e presidente executivo da Associação de Açúcar, Etanol e Bioenergia (NOVABIO) também diz que a linha de financiamento não atinge de forma democrática todos os interessados, por ser muito seletiva. Além disse, se baliza por um faturamento médio de cada usina superior a R$ 300 milhões o que não corresponde à realidade, bem acima da média de faturamento do setor. “É uma medida paliativa que não atende à grande maioria. É muito restritiva, entre outras exigências que tem, sem falarmos na competitividade dos próprios custos que não são de fato um estímulo ao tomador”, disse. Outra medida relacionada ao etanol que saiu no começo de junho foi a aprovação pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) da resolução que estabelece diretrizes para que produtores possam vender diretamente o etanol hidratado aos postos de combustíveis. O CNPE reúne diversos representantes do governo e é presidido pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. As diretrizes estabelecidas pelo CNPE abordam: isonomia concorrencial no aspecto tributário e preservação da arrecadação de tributos de alíquota específica em relação à comercialização do etanol hidratado com distribuidores de combustíveis; facultatividade de comercialização nessa modalidade pelos agentes interessados; e a isonomia na definição dos padrões e especificação de qualidade do produto final ao consumidor.


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“Estamos vendendo etanol 5% acima que no ano anterior”, afirma Fábio Venturelli “Temos muito a aprender nessa safra para definir exatamente como vai ser o desenho da próxima, mas de toda forma, eu vejo com otimismo tanto o futuro para o etanol quanto para o açúcar e o papel que o Brasil desempenha nesses mercados”, disse Fábio Venturelli, presidente da São Martinho. Ele comentou a que pandemia encontrou a São Martinho em uma condição muito sólida em termos de posição de caixa, de seus canaviais e da estrutura de companhia. “Em uma ação muito rápida conseguimos desenhar um modelo de operação que nos possibilitou iniciar algo totalmente desconhecido e superar o desafio do dia a dia por ser uma empresa essencial”, afirmou. A companhia teve que fazer um ajuste e mudar seu foco de produção, alterando o mix, que seria mais alcooleiro, mudando a velocidade e a distribuição de comercialização de

Venturelli: etanol ganhou reconhecimento mundial como solução ambiental

açúcar ao longo da safra. “A boa notícia agora é que estamos vendendo o etanol 5% acima do que foi vendido no ano anterior”, contou. Venturelli afirma que ainda exis-

te um grande desafio pela frente, mas a percepção é que a safra vem se desenhando para ser uma temporada de grandes resultados. “É importante ver a resiliência do homem

do campo, a consciência e dedicação de cada um, que tem nos ajudado a prosseguir com as atividades, além de levar todo esse aprendizado para as famílias. Como também os líderes, que conseguiram manter a conexão independente da distância. Isso é uma história de sucesso que mostra a força do agronegócio brasileiro”, avalia. O presidente da São Martinho também ressaltou que o etanol ganhou reconhecimento mundial como inimigo 1 contra o coronavírus, se referindo aos atributos do biocombustível como solução para reduzir emissões de CO2 e prevenir doenças respiratórias. “O aprendizado que fica é que é preciso se planejar com uma janela de possibilidades muito maior do que aquilo que você imagina que vai ser o cenário perfeito ou o ideal. Tem um caminho longo para chegar até a safra 2021/22”, finalizou.


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Etanol evita que milhões de toneladas de CO2 cheguem à atmosfera. Entenda Cálculo baseia-se em metodologia oficial descrita pela Política Nacional de Biocombustíveis Em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) divulgou levantamento inédito usando como base a metodologia de aferição de padrão de emissões de gases de efeito estufa (GEE) dos combustíveis, estabelecida pela Política Nacional de Biocombustíveis – RenovaBio. Segundo cálculos da instituição, baseados em dados e informações publicadas pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), entre março de 2003 (data de lançamento da tecnologia flex) e maio de 2020, o consumo de etanol (anidro e hidratado) evitou a emissão em mais de 515 milhões de toneladas de CO2eq. Esse volume é equivalente às emissões anuais somadas de Argentina, Venezuela, Chile, Colômbia, Uruguai e Paraguai. A área de análises estatísticas da UNICA usou como base o cálculo fornecido pela RenovaCalc – calculadora que determina a eficiência energética do processo produtivo no âmbito do RenovaBio – com os parâmetros delimitados pela ANP para uma usina típica brasileira. A partir deste ano, o Brasil passa a ter uma metodologia oficial de mensuração de emissão de GEE com análise do ciclo de vida. A certificação dos produtores de biocombustíveis junto à agência para a participação no RenovaBio traz um novo patamar de transparência para a sociedade em relação à pegada de carbono do processo produtivo, garantindo a rastreabilidade e a efetividade da redução de emissões. “A comemoração do Dia Mundial do Meio Ambiente em meio à pandemia da COVID-19 tornou-se um momento de analisar as ações humanas e seus reflexos nos ecossistemas. Muito se debate sobre revisão de condutas, mudança de hábitos e a sociedade que queremos quando tudo isso acabar. No Brasil, como em nenhuma parte do mundo, temos a construção sólida de uma indústria de combustíveis

Gussi: líderes do setor público devem considerar aumentar uso do etanol durante retomada

renováveis, podendo dar essa significativa contribuição de redução de gases de efeito estufa para o mundo”, analisa Evandro Gussi, presidente da UNICA. Quando avaliado o ciclo de vida completo do combustível, o etanol proporciona uma redução de até 90% na emissão de GEE em relação à gasolina. Além disso, em comparação com a gasolina e o diesel, o biocombustível de cana-de-açúcar praticamente zera a dispersão de material particulado e reduz significativamente a emissão de vários poluentes, como os óxidos de enxofre. “Ao planejar a retomada após a pandemia, líderes dos setores público e privado devem manter em mente os desafios postos, como a transição energética de fontes de energia fósseis para renováveis, a redução das emissões de GEE glo-

bais e a sustentabilidade das cadeias produtivas, em termos sociais e ambientais”, avalia Gussi. O ano de 2020 pré-COVID-19 representaria um marco no combate às mudanças climáticas, pois segundo projeções registraria o pico de emissões de GEE globais para necessariamente iniciar uma queda a fim de tornar possível o atingimento das metas do Acordo de Paris. “O Brasil tem dado contribuições significativas, pois, apesar de ter uma matriz energética com 45% de fontes renováveis, tem políticas já estabelecidas para ampliar essa participação, como o RenovaBio”, explica Gussi. A cana-de-açúcar responde por 17,4% de toda a oferta primária de energia no País, levando em conta etanol e bioeletricidade. Poluição e COVID-19 Além da problemática do aquecimento global, a poluição do ar é uma das grandes vilãs da saúde pública em megalópoles, relacionada com 4,2 milhões mortes ao ano no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), e fragilizando a imunidade da população. Estudo de Harvard concluiu que o aumento de apenas 1% na concentração de material particulado fino (MP 2.5) no ar resulta em um incremento de 8% das mortes pela COVID-19. Com as medidas de restrição de circulação, foi registrada uma drástica redução de poluentes e a melhoria da qualidade do ar de cidades notoriamente poluídas. Nova Déli, na Índia, por exemplo, viu o MP 2.5 cair 60%, ficando em 32,8 µg/m³,

segundo o iQAir. Na Região Metropolitana de São Paulo, a média de 17 µg/m³ de MP 2.5, registrada em 2019, caiu para 13 µg/m³ nos primeiros cinco meses de 2020, segundo dados da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). Os índices estão dentro do recomendado pela OMS, de 20 µg/ m³ de MP 2.5. Isso porque temos a combinação de políticas governamentais que controlam a emissão de poluentes pelos veículos (PROCONVE) com o incentivo à combustíveis limpos – 60% do consumo de combustíveis do ciclo Otto na capital paulista é de etanol hidratado, que praticamente zera a emissão de material particulado (-98% em relação a gasolina e diesel). “Apesar de ser uma megalópole, São Paulo desfruta de melhor qualidade do ar do que outras capitais graças ao uso de biocombustíveis, o que tem reflexos diretos na saúde da população. No futuro, podemos ampliar esses benefícios para outras capitais e países”, prevê Gussi. Atributos do etanol O etanol praticamente zera a dispersão de partículas, poluente muito agressivo para a saúde, pois consegue penetrar as partes mais profundas do pulmão (-98% em relação a gasolina e diesel), bem como a de hidrocarbonetos tóxicos (-99% na emissão de benzeno, componente cancerígeno presente na gasolina, e na emissão de hidrocarbonetos poliaromáticos, componentes cancerígenos gerados na queima do diesel). O biocombustível também reduz a emissão de monóxido de carbono em relação à gasolina (a porcentagem varia dependendo da calibração do motor, mas pode atingir cerca de 20%). Outra vantagem do etanol é que se trata de um produto de baixa toxidez e biodegradável. Ou seja, em caso de acidentes de derramamento ou de vazamento, resulta em impacto ambiental de pequena monta e é biodegradado em poucos dias. Por outro lado, os combustíveis derivados de petróleo (gasolina e diesel), apresentam elevada toxidez ambiental e requerem muito tempo para biodegradação natural, o que resulta em impacto ambiental elevado, necessitando com frequência medidas de remediação da área contaminada, quando isso é possível.


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AÇÚCAR MANTÉM VENDAS EM ALTA E CAIXA DE USINAS SOB CONTROLE ANDRÉIA VITAL

Indicado como o salvador da safra atual, diante dos problemas enfrentados pelo etanol, o açúcar vem oferecendo alívio às unidades produtoras e segurando o caixa. As vendas continuam em alta, tendo crescido 65,60% entre abril até 1º de junho e atingido 3,85 milhões de toneladas, que foram destinadas à exportação. A quantidade comercializada no mercado interno somou 1,40 milhão de toneladas, com aumento de 4,38% sobre o montante apurado em igual período do último ciclo, segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA). Na segunda quinzena de maio, a produção teve crescimento de

36,19%, totalizando 2,55 milhões de toneladas, contra 1,87 milhão de toneladas produzidas no último ano. No acumulado desde o início da safra 2020/2021 até 1º de junho, o aumento na produção da commodity alcançou 65,10%, somando 8,02 milhões de toneladas. “As condições de preço, a baixa demanda por etanol, a maior procura pelo açúcar brasileiro e a melhor qualidade da matéria-prima colhida permitiram uma intensificação na produção de açúcar, que atingiu 55,38 kg de açúcar por tonelada de cana nesta safra contra um índice de 37,66kg no mesmo período da safra passada”, afirmou o diretor técnico da UNICA, Antonio de Padua Rodrigues.

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Demanda positiva do açúcar é impulsionada pelo apetite chinês FOTOS DIVULGAÇÃO

A demanda positiva para o adoçante impulsionada pelo apetite chinês e ausência no mercado de produtores com a Tailândia, vem se mostrando uma ótima oportunidade para o Brasil. Segundo Alexandre Figliolino, sócio da MBAgro, a capacidade que o setor no País tem de virar a chave para o açúcar ou etanol conforme a demanda, foi importante. “Quando isso ocorreu, encontramos um mercado mundial muito favorável para receber o açúcar brasileiro”, disse. Figliolino comentou que as usinas tiveram a chance de fixar o açúcar em níveis extremamente favoráveis, em fevereiro, aproveitando o momento de alta da cotação da commodity, conseguindo níveis acima de R$ 1,500 por tonelada de açúcar exportado. “Com a COVID-19, os valores caíram, mas com o câmbio desvalorizado, foi possível uma segunda grande rodada de fixações de açúcar brasileiro em níveis na casa R$ 1,400”, afirmou. Segundo ele, as médias possíveis para serem praticadas “minimamente bem-feitas” por volta de R$ 1350,00 por tonelada são bem acima dos valores que se operaram no ano passado e são níveis de preço que garantem uma certa rentabilidade do setor. Para Jeremy Austin, diretor presidente da Sucden do Brasil, o mundo tem capacidade de absorver todo o açúcar extra que o Brasil está produzindo. A trading espera que a produção de açúcar no Centro-Sul do País aumente 24%, totalizando 33 milhões de toneladas em 2020-2021. “Se não se confirmar toda a demanda, uma parte vai ser estocada, um pouco no destino e outro pouco na origem. Porém, com a mudança do câmbio e o preço do etanol subindo, talvez o mix mude até o final da safra e possa haver a paridade do etanol voltando em equilíbrio”, elucidou. Austin alertou que a logística no Brasil está no limite, com enormes filas e demora de 20 a 30 dias para carregar os navios, o que não se via há tempos, e não chegue nas refinarias para aproveitar o prêmio do branco. Outro limitante neste contexto, é também o alto valor do preço do frete do contêiner, por onde é exportado a maior parte do açúcar cristal. “Carregar açúcar ensacado está mais barato hoje”, disse A liquidez do açúcar foi uma grata surpresa acredita Luiz Gustavo Figueiredo, diretor comercial da Usina Alta Mogiana. “A Mogiana já tem mais de 85% de todo o açúcar vendido para as grandes trades e falta apenas 15% da safra para ser vendi-

Figliolino: mercado mundial está favorável para receber açúcar brasileiro

da”, contou. Segundo ele, a desvalorização do real e o dólar alto têm possibilitado aos produtores poder travar margens interessantes não só para este ano, mas também para o

Austin: carregar açúcar ensacado está mais barato

ano que vem. Figueiredo ressaltou ainda a contribuição que o setor sucroenergético vai dar para a economia brasileira através da maior exportação de

açúcar. “As 9 milhões de toneladas a mais que o Brasil vai exportar vão gerar aproximadamente US$ 23 bilhões de receita na balança comercial”, frisou.


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Estoques atuais de açúcar duram menos de 6 meses, segundo a ISO FOTOS DIVULGAÇÃO

De acordo com a Organização Internacional do Açúcar (ISO) haverá um déficit de 9,3 milhões de toneladas de açúcar em 2019/20 (outubro/setembro), um pouco inferior à estimativa divulgada pela associação, em fevereiro, que foi de 9,45 milhões de toneladas .Se confirmado, será o maior déficit registrado em 11 anos. Segundo o relatório trimestral da entidade, a produção mundial será de 166.798 milhões de toneladas, representando uma queda de 7,7 milhões de toneladas ou 4,44% em relação a temporada anterior. O levantamento da organização mostra que a oferta mundial de açúcar será moldada pelo volume e ritmo da produção no Brasil nos próximos meses, já que as reduções da produção na Tailândia, México e outros, totalizando 2.110 milhões de toneladas, já foram contabilizadas. A projeção de crescimento do consumo de 1,25% foi mantida, porém, esse aumento poderá ser anulado pelo impacto da COVID-19. “No momento estimamos perda de 2,1 milhões de toneladas no consumo, mas esses números são ainda preliminares e, por essa razão, não foram incluídos no balanço mundial que divulgamos”, explicou José Orive, diretor-executivo da Organização Internacional do Açúcar (ISO) ao JornalCana. As perspectivas para 2020/21 apontam também um déficit de 6,9​​ milhões de toneladas, com expectativa de disponibilidade de apenas 1 milhão de toneladas líquidas de estoque excedente. Confira:

estoques para exportação naquele país. Relatos locais indicam estoques de 11,5 milhões de toneladas ao final de 19/20, com expectativa de aumento de produção na temporada seguinte.

JornalCana — Qual o volume em toneladas de estoque atual? José Orive — Estimamos em 84,26 milhões de toneladas o estoque mundial ao fim de 2019/20 (outubro/setembro). Este volume cobre qual período de consumo? Este volume cobre 47,85% do consumo anual, ou pouco menos de 6 meses. O senhor vê déficit menor no mercado global de açúcar com aumento na produção brasileira? Sim, claro. As safras dos outros grandes produtores já se encerraram. A questão fundamental para definir 2019/20 (out/set) agora será o mix do açúcar no Brasil, o volume de cana a ser moído, e quanto será produzido no período que antecede outubro.

Orive: no momento estimo perda de 2,1 milhões de toneladas no consumo

Como ficará a Índia, até então o maior produtor de açúcar do mundo, na próxima safra? A Índia produzirá em torno de 26,8 milhões de toneladas essa tem-

porada. O ano que vem ainda está muito distante para fazer qualquer estimativa acurada da produção (o período de monções está apenas começando). Ainda existem amplos

Com relação ao preço da commodity. O que o senhor tem a dizer? Os preços têm sido impactados por fatores macroeconômicos. O preço do açúcar caiu cerca de um terço de seu pico pré Covid-19. Fatores relevantes seriam o sentimento e comportamento especulativo do mercado. Outro fator chave a ser considerado seria a relação entre preços mundiais do petróleo e preços do açúcar – via o etanol. Taxa de câmbio à parte, o açúcar tem sido mais valorizado que o etanol no Brasil, porém, a indústria mundial do petróleo considera que o nível atual de preço dessa commodity é insustentável. Portanto, parece ser mais o caso de preço do petróleo subir do que do açúcar cair.


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CRESCE O POTENCIAL DO BIOGÁS COMO OPÇÃO LUCRATIVA PARA USINAS FOTOS DIVULGAÇÃO

ANDRÉIA VITAL

Fonte energética renovável, sustentável e com “pegada negativa de carbono”, o biogás se posiciona como uma alternativa eficiente e barata aos recursos fósseis. Com enorme potencial de oferta e demanda no Brasil, tendo como principal fonte de matéria-prima orgânica a biomassa proveniente do setor sucroenergético, pode ser usado para atender à necessidade cada vez maior de energia elétrica e como combustível veicular tanto em transporte individual quanto pesado em substituição ao GNV e o diesel, sendo apontado como a nova revolução no setor de bioenergia. Até 2019, o setor de produção de biogás no Brasil contava com 524 plantas de usinas em operação produzindo 1,3 bilhão de m³, mas o potencial de produção é de

Planta de biogás do Grupo Tereos

Alessandro Gardemann, presidente da ABiogás

84,6 bilhões de Nm³/ano, sendo que o setor sucroenergético tem capacidade para gerar o correspondente a 41,4 bilhões Nm³/ ano e o setor da agroindústria a 37,4 bilhões Nm³/ano. O biocombustível apresenta condições para ser associado à produção de energia elétrica com potencial de produção de 190 mil GWh/ano, equivalente a 20% do consumo nacional, ou para ser adotado

como substituto para 45 bilhões de litros de diesel, cerca de 35% do consumo brasileiro. O grande desafio do setor é colocar toda produção no mercado diz Alessandro Gardemann, presidente da Associação Brasileira de Biogás (ABiogás). "As expectativas são boas. Atualmente, existe a tecnologia para o uso do biogás como combustível em veículos pesados. A Scania e alguns modelos chineses já oferecem essa tecnologia no mercado. Além disso, em vistas do RenovaBio, o biogás contribui para aumentar a nota de eficiência da usina por meio da emissão de um número maior de créditos, os CBios, e aumentar a receita advinda do programa", observa. Devido à quantidade e diversidade de matérias-primas para geração de biogás, como material orgânico tanto agrícolas, espe-


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cialmente do segmento da cana-de-açúcar, mas também da pecuária e de rejeitos urbanos, o Brasil tem a oportunidade de se tornar o maior mercado mundial de biogás, segundo Gabriel Kropsch, vice presidente da ABiogás. Com composição similar à do GNV, o biogás tem a vantagem de ser renovável. "Já temos um marco regulatório especifico para o setor, o que dá segurança para investimentos", ressaltou. Pós pandemia trará oportunidade para novos projetos de bioeletricidade e biogás De acordo com o Centro de Pesquisa para Inovação em Gás - Research Centre for Gas Innovation – RCGI (2019), se todos os resíduos fossem aproveitados apenas nas usinas sucroenergéticas do Estado de São Paulo, o potencial de geração de eletricidade somente com biogás atingiria quase 32 mil GWh, o equivalente a 80% da geração anual da usina Belo Monte ou a atender por mais de 40 anos o consumo de energia elétrica de todas as residências em Ribeirão Preto /SP, uma cidade com aproximadamente 700 mil habitantes. Por outro lado, levantamento recente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), mostra que a geração de energia elétrica para a rede, utilizando o biogás na agroindústria, foi de apenas 18,5 GWh em 2019. “O descompasso entre o potencial técnico desta fonte e sua efetiva utilização mostra um enorme hiato potencial gigantesco a ser aproveitado pela agroindústria, em especial a do sucroenergético, onde temos a maior reserva estratégica de geração de energia em termos de potencial, quer seja biogás ou biometano. Enfim, há uma avenida de oportunidades quando se fala em biogás e biometano no setor sucroenergético”, afirma Zilmar de Souza, gerente de bioeletricidade da UNICA. Segundo ele, embora haja previsão de queda na carga de energia nacional da ordem de 3% em 2020, ainda assim, entre 2021 e 2024 a previsão é crescimento médio de 4% ao ano. “Passada a pandemia, acredito que o consumo de energia elétrica pode surpreender, de repente com um crescimento do PIB mais significativo até 2024, estimulado por investimentos em infraestrutura por exemplo, o que alteraria este cenário energético traçado até meados desta década pelas

Planta da Raízen com produção em escala comercial

“PASSADA A PANDEMIA, ACREDITO QUE O CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA PODE SURPREENDER, DE REPENTE COM UM CRESCIMENTO DO PIB MAIS SIGNIFICATIVO ATÉ 2024, ESTIMULADO POR INVESTIMENTOS EM INFRAESTRUTURA POR EXEMPLO, O QUE ALTERARIA ESTE CENÁRIO ENERGÉTICO TRAÇADO ATÉ MEADOS DESTA DÉCADA PELAS ENTIDADES DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO” entidades do setor elétrico brasileiro”, disse, comentando que poderá ser um oportunidade para novos projetos de bioeletricidade e biogás. Grandes grupos se antecipam e investem no subproduto A Raízen foi pioneira na instalação de uma planta com escala comercial a utilizar a tecnologia de conversão da torta de filtro e vinhaça, subprodutos da cana-de-açúcar, como matérias-primas para fabricação de biogás e geração de energia elétrica. A fábrica é uma joint venture com a Geo Energética e fica localizada ao lado da unidade Bonfim, da Raízen, em Guariba/SP. Com capa-

cidade de produzir 138 mil MWh por ano, iniciou em abril deste ano suas atividades, em caráter experimental. O Grupo Tereos já faz uso do biogás na unidade da Tereos Amido & Adoçantes Brasil, empresa de processamento de milho e mandioca, em Palmital/ SP. A companhia investiu R$ 15 milhões em um biodigestor horizontal e modernização do sistema de tratamento de efluentes que reutiliza resíduos orgânicos, que foi inaugurado em novembro de 2019. Agora, a companhia está investindo em um projeto de geração de biogás a partir dos resíduos da cana-de-açúcar, que será construído na Usina Cruz Alta,

em Olimpia/SP. Outras usinas do setor estão com estudos de viabilidade para a implantação de uma planta de biogás. Entre elas, a Jalles Machado, com sede em Goianésia/GO; e a Uisa, de Nova Olímpia /SP, que está se preparando para se transformar em uma biorrefinaria com foco na produção de energias limpas, alimentos e insumos à base de cana-de-açúcar e milho. O Grupo Cocal, que tem unidades em Paraguaçu Paulista/SP e Narandiba/SP, também aposta no potencial do biogás e está em fase final de construção de sua planta que começará a funcionar o ano que vem, utilizando como matéria-prima vinhaça, torta de filtro e palha. A fábrica de biogás, que fica em Narandiba, conta com parceria da GasBrasiliano, empresa responsável pelos dutos que vão transportar o produto. O investimento está inserido no projeto Cidades Sustentáveis, que deve entrar em operação até o final de 2021 e permitirá atender as cidades Narandiba, Pirapozinho e Presidente Prudente, no interior de São Paulo. Infraestrutura preparada De acordo com Alex Gasparetto, CEO da GasBrasiliano, já existe uma infraestrutura preparada para atender a produção e programas em operação visando o estímulo do uso pelas indústrias e consumidores. "Contamos com uma rede de distribuição de 1.100 km, que pode ser conectada rapidamente a algo em torno de 50 a 60 usinas com potencial de produção, o que viabilizará o consumo em larga escala", disse. Gasparetto comentou ainda que existem projetos em operação como o uso da tecnologia diesel-gás para frotas pesadas e o uso do gás para alavancar a geração de energia elétrica, denominado usina híbrida, como também o projeto Cidades Sustentáveis. Além do Estado Paulista, outras regiões também têm potencial para a geração de biogás. "A região do centro-oeste tem uma vocação para ser um grande produtor de gás. Temos um mapeamento com potenciais postos de produção de gás no interior e acredito que estamos próximos a um processo de revolução como foi a utilização do bagaço de cana para a produção de energia elétrica", revela Daniel Rossi, CEO da ZEG Energia Renovável e sócio da Capitale Energia Comercializadora S/A.


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Saiba quanto custaram os primeiros 100 Cbios negociados da história Os créditos foram oferecidos pela Adecoagro Os cem primeiros Créditos de Descarbonização (CBIOs) negociados da história foram comercializados dia 12 de junho. Quem adquiriu foi a Datagro Conferences — unidade de Conferências da Consultoria Datagro. Os CBIOs foram negociados com a intermediação da SUCDEN, tradicional trading internacional de commodities.

Os primeiros 100 CBIOs da história foram adquiridos pelo valor de R$ 50,00 (cinquenta reais) cada um, valor que equivale a aproximadamente 10 dólares por CBIO, ou tonelada de carbono. Na Califórnia, esta semana cada tonelada de carbono relacionada ao programa Low Carbon Fuels Standard foi negociada pelo valor de 212 dólares. Os créditos de descarbonização foram oferecidos pela Adecoagro, produtora de etanol com usinas localizadas nos estados de Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, e escriturados pelo Banco Santander. De acordo Luiz Felipe Nastari, diretor da Datagro Conferences, os CBIOs serão utilizados para neutralizar as emissões de carbono relacionadas aos even-

tos da Datagro deste ano de 2020. “Estamos muito felizes em contar com um instrumento moderno como os CBIOs para neutralizar as emissões relacionadas aos nossos eventos, pois estimulam o aumento de eficiência energética e ambiental, e não só irão ajudar a limpar o planeta, mas também a reduzir o preço do combustível para o consumidor”. Para a SUCDEN, que intermediou a compra dos primeiros CBIOs da história, esse é também motivo de comemoração. Segundo Jeremy Austin, presidente da empresa no Brasil, “este primeiro trading de CBIO tem um significado muito grande para o grupo pois, além de compactuar com nossas políticas socioambientais, afirma

nossa confiança na política do RenovaBio e no etanol. A SUCDEN confirma com este primeiro passo, seus objetivos em participar ativamente no mercado de CBIOs”. O RenovaBio foi aprovado na forma da Lei 13.576 de 2017, e regulamentado através de vários decretos federais, e resoluções da ANP. Atualmente, cerca de 200 produtores de biocombustíveis estão certificados e autorizados pela ANP a emitir e oferecer CBIOs ao mercado. Pelas regras do programa, as companhias distribuidoras de combustíveis deverão adquirir CBIOs para compensar as emissões relacionadas a suas vendas de combustíveis fósseis, em atendimento da meta nacional de descarbonização.

“Cenário atual é muito melhor do que se esperava” ARQUIVO PESSOAL

Afirmação é Renato Junqueira Santos Pereira, diretor de Açúcar, Etanol e Energia da Adecoagro ANDRÉIA VITAL

Para Renato Junqueira Santos Pereira, diretor de Açúcar, Etanol e Energia da Adecoagro produtora de etanol com usinas localizadas nos estados de Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, o cenário atual é muito melhor do que se esperava. Em webinar promovido pelo Itaú BBA, o executivo contou que foi criada uma série de protocolos operacionais e de segurança, na companhia, incluídas iniciativas propostas na MP 936, que prevê novas regras trabalhistas durante a pandemia, com o objetivo de garantir a saúde dos colaboradores e a manutenção das atividades.

Pereira: açúcar e energia têm dado bons resultados para a companhia

“Reforçamos muito o caixa da empresa, mas a posição já era muito boa, com um perfil de dívida bom. No balanço fechado em dezembro, mais de 90% da dívida era no longo prazo e acessamos os bancos para ter condição de liquidez e garantia

que as operações fossem andar normalmente”, disse, explicando que foram feitos ainda ajustes de custo, como a substituição de serviços de terceiros por operações próprias e a revisão de investimentos, entre eles, o de aumentar o mix alcooleiro e a

expansão de plantio. “Como a empresa tem este DNA de custo, quando vem uma crise dessa é muito fácil você se adaptar, pois é parte da cultura da empresa”, avaliou, acrescentando que o foco é no dia a dia, na maior eficiência agrícola e industrial, com atenção para o uso da tecnologia que tem feito o custo diminuir, com iniciativas já implantadas como projeto de 4G no campo, de biometano e fábrica de produção de MPB, entre outros. Pereira destacou que estão maximizando açúcar, o que tem dado resultados positivos para a companhia, assim com a energia. A Adecoagro produz 75 quilowatts por tonelada de cana e tem faturamento de R$ 20,00 por tonelada de cana o suficiente para pagar o custo industrial ou o corte e transbordo. “É uma ajuda de custo bem significativa e com fluxo de caixa bem estável, porque a margem é muito boa e os contratos já são pré-estabelecidos”.


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Cromo Hexavalente pode ser altamente prejudicial à saúde Elemento causa irritação dos olhos, vias respiratórias e é reconhecido como cancerígeno FOTOS DIVULGAÇÃO

Garantir saúde e segurança no trabalho é uma demanda importante às usinas produtoras no Brasil. Um ambiente seguro protege os colaboradores e, consequentemente, faz com que haja aumento de produtividade. Além disso as questões relativas a saúde dos trabalhadores e sustentabilidade são tendências globais para os próximos anos. Conscientes disso, empresas fornecedoras de insumos, como a voestalpine, estão cada vez mais empenhadas em investir e aprimorar seus produtos para atender aos novos padrões de mercado das unidades produtoras. Uma operação fundamental nas usinas durante a safra é a aplicação de chapisco nas moendas. A aplicação de chapisco é feita através de processo de soldagem com utilização de eletrodos revestidos ou arames tubulares. O chapisco protege a lateral do friso das moendas dos desgastes oriundos das impurezas da cana-de-açúcar, melhora a pega da cana e auxilia nos índices de extração da usina. Porém, no quesito aplicação, é uma operação bastante insalubre para o soldador. Vale ressaltar que a maior parte das usinas no Brasil exige que os eletrodos de chapisco contenham em sua formulação 40% do elemento Cromo; e que isso está diretamente relacionado ao conceito de performance do produto. Quando falamos de metalurgia, e como fabricantes de consumíveis de soldagem podem auxiliar na questão saúde, uma questão que recebe atenção atualmente são os elementos de liga colocados nos eletrodos; e que são prejudiciais à saúde do operador quando os fumos de soldagem são gerados. “Entre os elementos de maior risco para saúde está o Cromo em elevadas quantidades; que nos fumos de soldagem é encontrado no seu estado Cr (VI) ou Cromo Hexavalente.”, conforme alerta Omar Abou Samra Filho, Gerente Nacional de Vendas e responsável pelos departamentos de Engenharia e Pesquisa e Desenvolvimento na voestalpine Brasil. “Sua inalação pode causar irritação dos olhos, das vias respiratórias e é reconhecido como cancerígeno. Por isso, este elemento encontra-se na maior parte das listas nacionais e internacionais de materiais de elevada toxicidade, para os quais se aplicam rígidos procedimentos de controle”, explica. Internacionalmente

Saída do 1º terno da moenda

UTP 718 SUPERGRIP É ALTERNATIVA SEGURA E COM MELHOR DESEMPENHO PARA CHAPISCO

Filho: teores elevados de cromo causam risco à saúde do soldador

Severo: UTP 718 Supergrip gera quantidade menor de fumos

a OSHAS (Occupational Safety and Health Administration) limita os valores de cromo hexavalente nos fumos de soldagem a 5µg/m³ num período de 8 horas de exposição. No Brasil a norma regulamentadora NR 15 – anexo 11 estabelece

“Quando falamos de chapisco, temos que garantir que os consumíveis de soldagem sejam desenhados para promover uma granulometria que não deixe “gaps” por onde as partículas abrasivas desgastam a camisa, ter uma boa aderência ao ferro fundido e principalmente resista ao desgaste a ele imposto” cita Omar. A solução utilizada por todos os fabricantes de consumíveis são as ligas a base de Carbonetos de Cromo. Porém, como já alertado anteriormente, teores elevados de cromo promovem a geração de fumos metálicos com altos teores de Cr (VI) (Cromo Hexavalente). Portanto, é necessário reduzir significativamente a quantidade de cromo de um consumível de soldagem de chapisco a fim de garantir a saúde do soldador. No entanto, a redução do cromo na composição química vai completamente na contramão do paradigma do mercado “Quanto mais cromo, melhor a performance do produto”, esse é o pensamento vigente nos departamentos de engenharia das usinas, revela ele. O desafio, então, é como reduzir drasticamente os teores de cromo sem diminuir a eficiência do chapisco e elevar os custos do produto. Pensando nisso, a equipe de Pesquisa e Desenvolvimento da voestalpine passou praticamente dois anos estudando o problema e analisando possíveis soluções. O resultado da pesquisa é o consumível UTP 718 Supergrip. Marcelo Severo, supervisor de engenharia de aplicação da voestalpine, lembra os detalhes do processo. “Após nosso departamento de P&D apresentar as possíveis soluções metalúrgicas, fizemos amostras dessas soluções, analisamos as microestruturas formadas e realizamos ensaios de dureza e desgaste. Também realizamos um ensaio de emissão de Cr (VI). E o mais importante: levamos o produto para a usina e verificamos se todos os conceitos se converteriam em um produto com ótima ignição de arco e que proporcionasse boa granulometria e durabilidade do chapisco. O resultado foi surpreendente, pois o índice de satisfação foi muito positivo”. O UTP 718 Supergrip atende a NBR com um limite máximo de 0,04mg/m3 e consequentemente gera uma quantidade infinitamente menor de fumos, utilizando uma tecnologia de fabricação inovadora. O produto também mostrou desempenho superior a ligas com cerca de 40% de cromo.

os limites de tolerância das principais substâncias perigosas que podem ocorrer nos fumos de soldagem e para o Cromo Hexavalente Cr (VI) foi definido um limite de no máximo 0,04 mg/m3, durante uma jornada de trabalho de oito horas.

Testes realizados pela voestalpine com diversos eletrodos revestidos para aplicação de chapisco, contendo 40% de Cromo em sua composição, mostraram que nenhum desses eletrodos atendem aos requisitos da norma nacional.


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CONSUMÍVEL PARA CHAPISCO É RESISTENTE AO DESGASTE E CONSOME MENOS VARETAS O supervisor de engenharia de aplicação da voestalpine, Marcelo Severo, informa que o UTP 718 Supergrip utiliza diversos recursos para compensar a diminuição nos teores de cromo e carbono. Uma série de dopantes e microligantes são adicionados ao eletrodo com o intuito de modificar a estrutura dos carbonetos de cromo, expandindo a área de formação desta fase. Outro diferencial do UTP 718 Supergrip — de acordo com Severo — é a utilização em grandes quantidades de outras fases extremamente resistentes ao desgaste; como os boretos, que não possuem efeitos adversos à saúde e conferem elevada resistência à abrasão, além de aumentar a dureza do metal depositado. Elementos de liga com baixo ponto de ignição também são adicionados ao revestimento para garantir um arco potente e aumentar a força de ejeção da gota de chapisco, resultando em maior aderência do material na camisa. Um outro detalhe relevante que pode ser notado é a redução da quantidade de eletrodos aplicados por soldador por dia. “O coordenador de manutenção industrial da Destilaria Tabu, de Caaporã (PB), Nelson Souza, também destaca a utilização do UTP 718 Supergrip na unidade. “O eletrodo e de fácil aplicação, possui baixo custo proporcionando economia de 13%”, informa Souza.

CONSUMÍVEL PARA CHAPISCO É RESISTENTE AO DESGASTE E PROMOVE ECONOMIA À USINA Newton Andrade Silva, atua há quatro anos como diretor geral do Grupo voestalpine, que é especializado no fornecimento de consumíveis de soldagem, com mais de 100 anos de experiência, mais de 50 subsidiárias e mais de 1.000 parceiros de distribuição no mundo todo. A voestalpine Brasil está presente em todas as regiões produtoras de açúcar e etanol com equipes de campo técnica e comercial. O grupo possui portfólio completo de produtos para a safra e entressafra das usinas. Na entrevista a seguir, o gestor fala sobre os desafios e perspectivas do mercado.

consiste em uma exclusiva combinação entre menores teores de cromo e um refinado balanço de elementos de ligas nobres que garantem uma excelente performance quando comparado com as ligas tradicionais de chapisco com altos teores de cromo. Nossa equipe de Pesquisa e Desenvolvimento e Engenharia de Aplicações trabalhou arduamente durante quase dois anos em parceria com usinas de açúcar para que pudéssemos chegar na formulação ideal deste eletrodo. Nossa ideia é estender esse trabalho a novas usinas interessadas em testar nossa nova solução.

Silva: diferencial da equipe técnica do grupo é o fato de terem trabalhado em usinas

E o custo do produto. É alto? O UTP 718 Supergrip tem um custo por kg extremamente acessível e competitivo com os eletrodos “premium” do mercado. Além disso procuramos também mostrar aos nossos clientes que, no final, nosso trabalho agregado de consultoria na aplicação e qualidade do produto trazem outras reduções de custos eminentes ao processo de moagem na usina; e não somente em relação ao custo efetivo do consumível de soldagem. No mais, falando desse assunto crítico que é custo; quanto vale a saúde dos nossos soldadores?

Como a marca UTP se consolidou no mercado sucroenergético? O reconhecimento da marca se dá devido a dois fatores: qualidade dos produtos e pelo fato de boa parte de nossa equipe técnica já ter trabalhado em usinas. Como vocês se posicionam frente aos impactos da Covid-19? Acreditamos que desafios como a crise gerada pelo Covid 19 só são vencidos com muito esforço e principalmente com evolução tecnológica através de pesquisa e desenvolvimento. Sendo assim, continuaremos nossos investimentos em inovações que trarão benefícios diretos aos nossos clientes. O que a voestalpine apresenta de inovador ao setor nesse momento? Além de soluções inovadoras para aplicação de soldagem em martelos e facas, com produtos lançados ano passado; nosso foco este ano foi o desenvolvimento de novos eletrodos e arames de soldagem para chapisco. O novo conceito foca principal na saúde dos soldadores; além de ganho de performance e excelente relação custo x benefício. Fale mais sobre a questão de

saúde e segurança. Na última década as entidades globais de saúde e segurança do trabalho tem investigado a decomposição de alguns elementos metálicos nos fumos de soldagem, e um dos maiores vilões nesse aspecto é o cromo. Ele ainda é a matéria prima mais utilizada nos eletrodos de chapisco convencionais no mercado. Para se ter uma ideia, existe um paradigma de que para obter performance satisfatória na aplicação de chapisco é necessário aplicar eletrodos revestidos com cerca de 40% de cromo em sua composição. Estes

eletrodos com 40% de cromo geram em média 0,17mg/m3 de Cr (VI) (cromo hexavalente) que é quatro vezes maior que o valor permitido na NBR. Pelo que podemos constatar, o eletrodo UTP 718 Supergrip é o único eletrodo de chapisco do mercado que atende os requisitos atuais dessa norma. E como garantir reduções nos teores de cromo sem afetar a performance da moagem? Para isso criamos o eletrodo UTP 718 Supergrip através de um novo conceito de formulação que

Há mais produtos em desenvolvimentos para o setor sucroenergético? Tem muita coisa chegando nessa safra e muito mais sendo trabalhado para as próximas. O que podemos garantir é que a marca UTP será pioneira no lançamento de novos consumíveis de soldagem nos próximos anos e queremos que nossos clientes nos vejam como um parceiro para superar seus desafios; sejam eles quais forem. Continuaremos dando foco principalmente na saúde e segurança das pessoas envolvidas nesse segmento de mercado tão importante no Brasil. Quem sabe não “pinta aí” até um chapisco sem cromo nos próximos anos?!


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Cevasa fecha maio com grandes conquistas ARQUIVO

Empresa supera diversos resultados comparados com o histórico de outros anos A Cevasa concluiu o mês de maio superando diversos resultados comparados ao mesmo mês em anos anteriores. Os recordes foram: moagem mensal com 377.351 toneladas de cana-de-açúcar processadas e melhor resultado de extração (% ATR), de 97,22%, sendo que o recorde anterior foi de 97,03, em em maio de 2018. A Cevasa contraria a lógica que quanto maior a moagem, menor a extração. “Ao comparar os dados do mês de maio dos últimos 5 anos obtivemos nosso melhor resultado de Extração, aliado à nossa melhor moagem”, esclarece Luiz Paulo Sant’Anna, diretor geral da empresa. Outros recordes foram no Aproveitamento de Tempo Industrial, que fechou com 98,85%, somado com Produtividade Agrícola, que gerou 124,34 kg de ATR (açúcar total recuperável) por tonelada de cana, e na produção mensal de 26.514 toneladas de açúcar VHP. O resultado também foi positivo e supera o histórico da companhia na venda de bioeletricidade, que chegou a 15.820 MWh, o recorde anterior foi em maio de 2014, com 15.573 MWh. Para Alberto Antônio da Silva, gerente industrial da Cevasa, os recordes são fruto de planejamento, muito treinamento e dedicação da equipe. Ele também lembra que possui um elemento inovador, pois nesta safra a Cevasa iniciou a operação do software S-PAA na área de energia e embebição e tornou-se evidente a atuação do sistema garantindo maior estabilidade no vapor e redução do consumo de processos, permitindo melhorar os índices de eficiência industrial e de exportação de energia, além da economia de bagaço. "Estamos fechando os indicadores para mensurar os ganhos do S-PAA, mas os resultados já são visíveis", explica. Para Luiz Paulo Sant’Anna, diretor geral da empresa, “a Cevasa começou a safra diante de uma crise, mas acredita que com todos os cuidados preventivos e orientações de saúde e segurança é possível superar os desafios, manter o ritmo e gerar excelentes resultados”. Confira alguns quadros referente aos recordes divulgados pela empresa.

Josias Messias, Alberto Antônio da Silva e Luiz Paulo Sant’Anna, na Cevasa


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Para reduzir custos e evitar perdas, mudanças na indústria exigem planejamento Gestores indicam caminhos para otimização da produção agroindustrial ANDRÉIA VITAL

O JornalCana deu início a uma série de webinars em maio. O primeiro ocorreu no dia 27 e mostrou tendências para mitigar custos e otimizar resultados, trazendo uma visão sobre o que as empresas estão fazendo diante da pandemia e preços baixos do etanol. O evento virtual também destacou quais mudanças adicionais na gestão agroindustrial foram exigidas pelo cenário atual. Com o título “Usinas de Alta Performance: Custos, Perdas e Gestão Agroindustrial”, o webinar foi aberto por Josias Messias, presidente da ProCana Brasil, contanto com a participação dos executivos Everton Carpanezi, gerente executivo de Cluster Agroindustrial da Tereos, Luiz Cintra, superintendente industrial Cluster Sul da BPBunge Bioenergia e Luiz Scartezini, diretor Agroin-

Josias Messias, da ProCana; Everton Carpanezi, gerente executivo de Cluster Agroindustrial da Tereos, Luiz Cintra, superintendente industrial Cluster Sul da BPBunge Bioenergia e Luiz Scartezini, diretor Agroindustrial da Zilor

dustrial da Zilor. Os palestrantes mostraram que a adequação diante das novas demandas foi relevante para reduzir os impactos da crise. Assim como foram exigidas alterações na indústria para se ajustar ao novo momento, mudando o mix, entre outros fatores, já que muitas usinas optaram pela maior produção de açúcar para compensar as perdas com o etanol. Segundo Carpanezi, para as usinas operarem normalmente diante da pan-

demia foram tomadas medidas de segurança e prevenção, entre elas, em gestão de pessoas, com mudanças de turnos, aumento da frota, e intensificação da higienização. A companhia também deixou apta sua cadeia de suprimentos para qualquer deslize que poderia ocorrer no início de safra, diante da possibilidade de atraso na entrega dos produtos, a exemplo do que ocorreu na greve dos caminhoneiros. “O fato de estar presente em mais de

10 países em quatro continentes na área de produção de açúcar, amido e alimentos, ajudou no benchmarking interno para auxiliar ao combate à disseminação do coronavírus em nossas operações”, explicou o profissional. Carpanezi comentou ainda que, há cinco anos, a empresa vem priorizando a excelência operacional, com investimentos baseados em ganhos e na entrega de produtos com mais qualidade. Neste sentido, a companhia apostou nas soluções de Big Data e inteligência artificial, usando as tecnologias para aperfeiçoar sua performance e melhorar diversas operações, como controle dos tratos culturais, aplicação de herbicida por imagem, entre outros. Outra ação mirando em bons retornos foi no investimento na implantação de meiose e replantio, o que proporcionará um canavial mais sadio e com vida maior, trazendo mais ganhos à companhia. Na área industrial, a Tereos também investiu na expansão dos laços fechados do software S-PAA, com o Evaporador 4.0, atuando por meio de sensores e lógica de controle avançado para aumentar a confiabilidade e desempenho da evaporação, entre outros benefícios.


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Disciplina financeira e operacional qualificam operação e produção FOTOS DIVULGAÇÃO

e da comunidade que nos cercam. Criamos um comitê de crise e implantamos diversas medidas para assegurar a segurança e saúde de todos”, explicou. A companhia é responsável por 11 unidades e pela gestão de 360 mil hectares de terras agricultáveis, nos estados de TO, SP, MG, MS e GO, e tem capacidade de moagem de 32 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. Apesar do momento conturbado, o processo de integração, sustentado por boas práticas e colaboração de todos, vem sendo considerado um sucesso, e resultando em ganhos bem consideráveis. Disciplina financeira e operacional contribuem para seguir os planos voltados para a qualidade da gestão, operação e produção.

Unidade da BP Bunge, de Frutal (MG)

Grupo Zilor manteve operação preservando colaboradores

De acordo com Cintra, o planejamento forte voltado para etanol conforme perspectivas do início do ano, precisou ser revisto diante da crise que vive o biocombustível. Somado a isso, a jovem empresa, resultado da joint-venture entre a BP e a Bunge Açúcar e Álcool, a BP Bunge Bioenergia, estava em processo de reestruturação, até dezembro passado, com a integração iniciada em janeiro. “No meio do processo de integração iniciado em dezembro passado, fomos pegos de surpresa com a pandemia. Desde o início, o nosso foco foi com a segurança dos nossos funcionários

Investimentos congelados Scartezini, da Zilor, comentou que a empresa se preocupou em manter a operação preservando os colaboradores, com medidas de prevenção e usando a transparência e comunicação, tanto internamente, quanto com a comunidade. A companhia se preocupou também com o acesso aos insumos para garantir a produção, mas não encontrou dificuldades na originação desses produtos. “Além da questão do preço e da pandemia, enfrentamos um cenário de seca muito drástico de final de fevereiro até agora, tornando a safra ainda mais desafiadora. Então as medidas de contenção de caixa vêm se tornando cada vez mais importantes ainda”, afirmou o diretor, dizendo que a Zilor congelou todos os CAPEX previstos, salvo o investimento em plantio e tratos culturais, que é a base do negócio da empresa. O executivo avaliou ainda que o maior custo e potencial de ganho está na área agrícola. “Estamos falando da base do nosso negócio. Recentemente, fizemos uma revisão do nosso pacote agrícola visando o aumento de produtividade, passando por definições de novas variedades, meiose, adubação foliar, ou seja, fazer o simples bem feito”, disse. Ele ressaltou ainda que a Zilor tem um diferencial competitivo nesta área com um modelo de parceria com o fornecedor de cana da região de Lençóis Paulista/SP, o que ajuda no processo de redução de custo.


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Indicadores ganham mais importância durante cenário pandêmico O 2º Webinar Usinas de Alta Performance: Custos, Perdas e Gestão Agroindustrial, realizado no dia 4 de junho, foram abordados assuntos técnicos pertinentes a otimização da produção agroindustrial, apresentando indicadores e ações específicas a fim de ajudar as unidades neste atual cenário. Para Marcelo Annes, superintendente do Polo SP da Atvos, é fundamental medir adequadamente três pilares de gestão de custo para atuar corretamente. O primeiro se refere aos processos, que englobam procedimentos, ciclos de fechamento, orçamento, acompanhamento e PDCA. O segundo, são os sistemas que se referem às ERP’s, sistemas de orçamento e planilhas e o terceiro pilar trata das métricas pelas quais se identificam os CPC, os IFRS, as referências técnicas e os BMK. Um ponto importante destacado pelo superintendente se refere a como se organiza os processos em relação ao custeio. “Tem que ter uma clareza dos ciclos de fechamentos e do orçamento, o que vai garantir uma capacidade de aderência ao que a empresa se propôs a fazer”, afirma. Segundo ele, é difícil falar de gestão sem ter uma linha de base. “É preciso

v Josias Messias, da ProCana; Marcelo Annes, superintendente do Polo SP da Atvos; João Botão Rosa, professor e gestor do Pecege; Gilmar Galon, gestor executivo Industrial da Bevap Bioenergia e Éder Paz, controle de Qualidade da Usina São Domingos

acompanhar o avançar do planejamento e fazer uma avaliação da aderência como fruto desse acompanhamento, rodar seu PCDA, ou seja, você começa a identificar desvios e como atuar para reverter algum cenário”, diz. Ao citar indicadores que podem contribuir com a otimização de processos, Annes afirmou que o custo agroindustrial se compõe da seguinte maneira: 35% no CTT, 21% na lavoura, 19% em tratos,

13% com parcerias e 12% na área industrial e deu exemplos de como a gestão pode ajudar a mitigar os custos, como no caso. “A perda tem efeito maior quanto mais próximo da geração de valor, por isso, que, por exemplo, uma perda de RTC acaba tendo efeito até maior que uma perda de CTC, pois estamos falando de uma condição que a cana está pronta e dentro da usina”, explicou, afirmando que na hora de se tomar uma decisão

para reduzir custo, tem que tomar cuidado e verificar se isso não terá impacto de receitas. “Às vezes, o molho sai mais caro que o peixe. Existe sempre uma pressão por ações de curto prazo, mas é preciso saber como isso pode afetar o longo prazo”, alertou. Assista às duas edições do Webinar Usinas de Alta Performance: Custos, Perdas e Gestão Agroindustrial pelo link: bit.ly/ YouTubeJornalcana.


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“Papel fundamental do gestor é reduzir despesas”, afirma Paz Para Éder Paz, Controle de Qualidade da Usina São Domingos, o planejamento é muito importante para mitigar os custos e ser mais competitivo no mercado. “Em momentos de margens econômicas reduzidas. O papel fundamental do gestor é reduzir despesas, pois os custos sempre existirão, já que fazem parte da composição da cadeia de valor de um produto”, afirma. Um dos exemplos dados pelo profissional é sobre o custo depreciação acelerada da colhedora, que chega a R$ 50,00 por hora. “O grande foco é manter este ativo o mais disponível possível e conseguir a sua capacidade máxima, com aproveitamento acima de 70%”, disse. Para medir esse processo, pode se usar as horas do elevador operando, que indicam se a colhedora está produzindo e quanto, ou se está somente funcionando e não colhendo. “Muitas vezes, este custo com depreciação não entra no planejamento e acaba não sendo apurado, aparecendo como custo indireto”, afirmou. Outro indicador apontado por Paz é o consumo de diesel litros/ hora. “A ociosidade do equipamento está atrelada ao consumo de diesel, ou seja, se você tiver com o motor ligado, mas o equipamento não está produzindo, o número tende a aumentar, já que algumas usinas usam este número amarrado à produtividade. É preciso atentar para este ativo, que tem custo elevado, em torno de R$ 1,2 milhão e deprecia em um período muito curto”, analisou. Paz citou ainda que o quanto maior o teor de ATR processado pela planta, menos vai ser o custo de processamento. “Com o mesmo custo, se eu utilizar somente a métrica “real por tonelada de cana”, eu corro um risco grande de analisar e trocar alho por bugalho, principalmente dentro do benchmarking”, disse. No caso do contrato Spot, o gerente alertou para a necessidade de se verificar se os custos empregados e os benefícios dessa negociação são atrativos para a empresa. “Tem que avaliar os custos por tonelada e produtividade”, afirmou. Cana Spot De acordo com João Botão Rosa, professor e gestor de Novos Projetos do Pecege, a negociação spot é um ponto de atenção para as usinas. “Há dois grandes destruidores de valor no setor sucroenergético, que é a cana spot e o arrendamento. Servem para cumprir contratos comerciais só que é uma irrealidade, pois geram valor em um curto prazo, mas des-

Custo de depreciação acelerada da colhedora chega a R$ 50,00 por hora

Perdas na extração podem chegar a 3,89%

troem a sustentabilidade do negócio no médio e longo prazo. A meu ver, é melhor evitar e procurar ter bons contratos visando previsibilidade de ambos os lados”, alertou. Na ocasião, o especialista apresentou indicadores levando em consideração um levantamento de acompanhamento da safra 2019/2020 com informações de 50 grupos econômicos, representando 88 unidades agroindustriais, distribuídas em sete Estados do Centro-Sul brasileiro. Estas unidades foram responsáveis pelo processamento de, aproximadamente, 169 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, equivale a cerca de 31% da moagem do Centro-Sul na safra em questão. Os valores relacionados a entressafra não foram contabilizados, pois ainda não acabaram

de coletar as informações, visto que a safra terminou em março. Um dos indicadores mostrados foi o de perda na colheita em uma linha, que está na casa de 3%, variando a partir de 1,9%, conforme a eficiência da usina, diferentes cenários e possibilidades. “Para uma produtividade agrícola de 80 t/ha, a cada 1% de perda que se adiciona no processo de colheita, é deixado “no campo” 71 R$/há”, disse. Segundo ele, à medida que o percentual de perda na colheita aumenta até índices inaceitáveis e conforme a produtividade aumenta, o valor deixado no campo é maior. “Esse é o desafio: como fazer uma colheita e conseguir trazer a maior quantidade de cana possível. Ter uma perda zero é praticamente impossível, mas você

pode minimizar isso e trabalhar em uma casa de eficiência que agregue ao seu processo”, explicou. Na questão industrial, o especialista destacou dados sobre a performance das usinas que mostram dispersão maior, com unidades com índices altos e outras muito baixos, e neste caso, ele disse haver um potencial de ganho a se agregar ao processo. A eficiência das usinas, em média, hoje, é de 18,52% e o que mais impacta no dowtntime eficiência é a questão das chuvas. Como tem uma variação regional climática grande, a amplitude de valores acabou impactando diretamente. “Chuva é difícil de controlar, mas na parte industrial e agrícola, há potencial de melhoria”, disse, comentando ainda sobre a perda na extração, que pode chegar a 3,89%.


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Inteligência artificial Gilmar Galon, gestor executivo Industrial da Bevap Bioenergia, ressaltou que é preciso levar em consideração que cada unidade tem suas premissas e é importante medir e saber quanto custa cada indicador, fazendo assim a gestão desses dados. Destacou também o uso da inteligência artificial como ferramenta para auxiliar neste sentido. “O 4.0 veio para ficar e se torna cada vez mais necessário”, comentou. Segundo ele, a usina faz uso do S-PAA Soteica, uma plataforma de gestão industrial avançada, que auxilia nas tomadas de decisão de chão de fábrica, que são tomadas a partir dos dados disponibilizados online. “O sistema mostra os desvios e as soluções e isso ajuda muito a atingir as metas”, explicou. Josias Messias, diretor do ProCana Brasil salientou que as apresentações deixaram claro que o custo é altamente suscetível à produtividade e à colheitabilidade, portanto, melhorar estes indicadores impactam diretamente no custo. Ele comentou que há usinas em situação difícil e outras em situação mais confortável porque conseguiram “hedgear” (contrato de proteção) bem o açúcar e podem passar mais tranquilamente a safra.

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“Quando se consegue “hedgear” preço e planejar melhor a produção é possível trabalhar com premissas mais seguras e não ter que fazer muitas adaptações de última hora”, disse. O diretor ressaltou também que, na área da indústria, é preciso pensar na capacidade instalada, na sua disponibilidade e na instabilidade de processo para evitar perdas e novos custos. “Às vezes, se investe uma fortuna na fermentação; a usina tem um processo de açúcar excelente, mas não tem estabilidade ou disponibilidade, então não adianta nada”, alegou.

Sobre o uso de inteligência artificial Josias destacou que a solução “desdobra a estratégia para a gestão e pode ajudar na correta identificação e tratamento das perdas, mas é preciso ter treinamento, capacitação e engajamento das pessoas para o processo ter resultados positivos”. Para ele, as apresentações mostraram também que é preciso fazer o transbordo do que é operação agrícola, operação industrial para o efeito contábil. Normalmente a gente trabalha muito KPI, mas focado na operação e esquecemos do impacto disso

na última linha, que é lucro líquido. Então temos que trazer esses indicadores para a gestão e operação para que isso fique mais claro”, concluiu. Os eventos foram patrocinados pela Pró-Usinas, uma empresa do Grupo ProCana focada em trazer tecnologia que gera resultados para as usinas e a S-PAA Soteica, software de otimização em tempo real da cogeração e da planta industrial que já está implantado em 45 usinas apresentando ganhos significativos, maiores do que R$ 1,00 por tonelada de cana moída.


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GESTORES APOSTAM EM TÉCNICAS PARA COLHER COM MAIS QUALIDADE ANDRÉIA VITAL

Em tempos de crise é importante maximizar as estratégias de colheita, reduzir desperdício e tirar o máximo do canavial contribuindo para uma boa qualidade da colheita. Segundo o Pecege, o CTT (Corte, Transbordo e Transporte) foi a etapa mais representativa na composição do custo total agrícola (CT) na última safra, sendo o responsável por 25% do CT. Por isso, as companhias com alta performance têm dado uma especial atenção ao processo para conseguir melhor rendimento operacional e o menor custo de produção. Para Luís Augusto Contin Silva, gerente de produção agrícola da Usina Alta Mogiana, de São Joaquim da Barra/SP, a colheita mecanizada envolve muito mais do que a atividade em si, assim um plantio e tratos culturais bem-feitos influenciam na qualidade da colheita, já que na falta deste cuidado, o processo pode deixar suas marcas, arrancar, pisotear, danificar e reduzir a produtividade do canavial. “Hoje temos muitas opções, muitas ferramentas para que a colheita seja de alta performance e não é fazendo de qualquer jeito que

vai conseguir isso”, alegou. Para alcançar alta performance na colheita, Silva aponta que o planejamento é essencial. Assim como também, entre outros fatores, as variedades podem colaborar neste sentido. “Trabalhar com máquinas boas, bem reguladas, canavial ereto, bom número de perfilhos, de produtividade alta é fundamental neste contexto”, afirmou. Com um trabalho multidisciplinar, o rendimento da colheita na Mogiana vem evoluindo ano a ano, sendo que chegou a 780 toneladas dias em média. O profissional lembra que a questão de rendimento também está ligada às propriedades da usina, sejam elas próprias ou de terceiros. No caso, da Mogiana, a tendência da região é ter pequenas propriedades, então a usina tem mais de mil propriedades para serem colhidas e dependendo do tamanho e topografia, os números são melhores ou piores. Colheita de uma ou duas linhas reduz custo “A colheita mecanizada é o alicerce para que a gente tenha custo baixo, mas sem disciplina na execução e equipe bem treinada, na verdade, é um limitante”, afirma Luiz Fernando Aparecido de

Almeida, supervisor de Planejamento, Controle da Produção e Tecnologias da Usina Cerradinho Bioenergia. A companhia, localizada em Chapadão do Céu/GO, vem ano a ano conquistando altos índices, como de rendimento da máquina, que chega acima das 900 toneladas dia, tendo frentes que chegam a 1300 tonelada h/d. “Na safra atual muitas máquinas já operam com 15 horas de elevador por dia, essa é a meta da companhia”, diz Almeida, comentando que na realização de teste de alta performance uma colhedora chegou a 22,5 horas de elevador e colheu 4.105 ton em 24 horas, recorde mundial de colheita mecanizada. Segundo Almeida, o perfil da colheita na Cerradinho é diferente. Tendo participado do desenvolvimento da colhedora de 2 linhas, a empresa utilizava a técnica em 70% de suas lavouras, mas mudaram a estratégia nesta temporada, passando a usar colhedora de 1 linha em 90% da colheita, além disso estão testando outras plataformas de 2 linhas. “Em canavial de baixa produtividade a máquina de 2 linhas performa perfeitamente, só que quando pega canaviais de alta produtividade, na casa de 150 toneladas, a perda é grande”, argumentou. O supervisor relata que as colhedo-

ras de 1 linha produziram em média 989 toneladas por máquina por dia, principalmente por colher canaviais de maior produtividade. Já as colhedoras de 2 linhas produziram em média 758 toneladas por máquina por dia. Com relação às perdas, foram registrados 2,3% para as máquinas de uma linha e 5,7% para colhedoras de duas linhas. “A colhedora de 2 linhas tem uma particularidade, precisa forçar mais o solo para não perder, aumenta a rotação e faz consumir mais diesel. Se isso não acontece a perda aumenta muito”, explicou, comentando que a relação de consumo de diesel, enquanto a de 1 linha estava 0,67 litros por tonelada, a de 2 linhas chegou a 0,87 l/t. “Acreditamos que colher mais linhas é a solução, principalmente para reduzir custo porque você anda menos a área, provoca pisoteio menor e deixa uma condição melhor para a cana. É preciso melhorar alguns pontos na máquina, principalmente para colher canaviais de alta produtividade, que são a realidade da Cerradinho Bioenergia com canaviais acima de 3 dígitos”, disse. Canaviais mais antigos também exigem mais cuidados na


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hora da colheita Para Hermes Augusto Guimarães Arantes, diretor agrícola da Bevap, a colheita mecanizada demanda planejamento, variedades, treinamento da equipe e tecnologia. “Hoje nós temos muita tecnologia embarcada que facilita o trabalho. Muitos colegas deixaram de tratar bem o canavial, de corrigir o solo e de fazer outras coisas e quando o TCH médio está na casa das 70 toneladas por hectare colocam a culpa na colheita mecanizada. Ela tem uma parcela neste desempenho sim, mas não é o vilão da história”, alegou. Localizada em João Pinheiro/MG, a unidade produtora da Bevap é referência em alta produtividade. Nesta safra, a produção está estimada em 3.320 milhões de toneladas de cana processadas, com TCH médio de 110 toneladas, idade média dos canaviais de seis cortes e colhendo cana com 12 cortes. O setor agrícola desenvolve plantio e colheita 100% mecanizados com equipamentos modernos monitorados via satélite e a usina também se destaca por ter 100% da sua área irrigada, sendo pioneira na implantação da irrigação por gotejamento na cana-de-açúcar. De acordo com Arantes, investimentos pesados foram feitos em treinamento nos últimos três anos para melhorar a performance da colheita. Com seis frentes próprias, a companhia conseguiu sair da casa das 700 toneladas dia e tem como meta chegar este ano em 850 toneladas dia. “Em áreas com cana com maior TCH, com relevo melhor e bem mais sistematizado, tem frente com rendimento de mil toneladas dia”, disse. O diretor comentou ainda que trabalham atualmente com tiro de 700 a 800 metros e que tem condição de chegar a três mil, mas é inviável pelo descolamento e pisoteio que teria e pela estrutura de irrigação necessária na região. “É preciso

Almeida: colhedoras da Cerradinho já operam com 15 horas de elevador por dia

ter um equilíbrio na colheita, na região chove só 1200 milímetros por ano, precisamos completar com 500 milímetros para garantir a produtividade”, elucidou. Além da atenção com o sistema de irrigação, canaviais mais antigos também exigem mais cuidados na hora da colheita, comentou. Eliminação dos terraços contribuiu para melhorar o rendimento operacional Fornecedor de cana da Zilor, o engenheiro agrônomo Luiz Carlos Dalben afirma que é preciso atuar de maneira que a frente de colheita tenha o máximo de rendimento possível e esse rendimento está ligado ao planejamento do plantio. “É uma sequência de trabalhos”, disse, contando que a mudança de sistema de conservação de solo com eliminação dos

terraços contribuiu muito para melhorar o rendimento operacional e a própria conservação das áreas. Outra ação inovadora foi a implantação de um sistema de monitoramento dos transbordos e cargas dentro do talhão. Para isso, o motorista da pipa, que acompanha as frentes, foi treinado para controlar a logística dos pesos e qualidade da cana, assim quando um motorista passa pelo local recebe um ticket informando a hora que ele tem que voltar para retirar a próxima carga e se tiver algum imprevisto, outro caminhão da frente faz a retirada, evitando o desabastecimento da matéria-prima na usina. “Nós trabalhamos com uma logística dentro do talhão que é o pré-planejamento das linhas de plantio, com layout e com o monitoramento do próprio motorista. Com este sistema de

A DTM está no mercado para atuar como a melhor opção em serviços de solda e recuperação de equipamentos. Com tecnologia e conhecimento de ponta, ela se empenha em proporcionar aos clientes a satisfação, a redução de custos em seus negócios e a garantia de uma maior produtividade com extrema qualidade. AVENIDA JOSÉ AUGUSTO DA FONSECA, S/N CEP: 13390-070 - RIO DAS PEDRAS SP FONE: (19) 3493-5704 | dtm@dtmsoldagem.com.br

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logística próprio, que a usina controla na balança, tem funcionado e o índice de falta de cana tende a ser zero”, explicou. O engenheiro lembra ainda que é fundamental ter a manutenção em dia. “Começar a safra com a máquina em boas condições é fundamental e a manutenção no período de safra e até na entressafra vai ser tanto menor quanto melhor for a operação. Portanto a qualidade do operador, a qualidade do seu líder de frente, para conhecer a máquina e a sua mecânica, é fundamental. Assim como as condições em que ela vai trabalhar, que envolvem sistematização, terraços, manobras, que fazem as máquinas gastarem mais tempo que o normal”, disse, lembrando que a manutenção de colhedora de janeiro a dezembro custa aproximadamente R$ 100,00 por hora trabalhada. Ainda dentro do planejamento, Dalben conta que estão buscando as variedades que melhor se adaptam à sua região e áreas com mais ATR, pois a produtividade e condições climáticas impacta no resultado final. “É preciso otimizar o custo da cana que vai chegar na usina, bisar pode ser uma das soluções diante de baixas produtividades em cana cortadas no final de safra em ambientes arenosos. No nosso caso, quando precisamos bisar, escolhemos cana com baixa produtividade ou com falhas, assim ela tem uma oportunidade de corrigir um pouco a produtividade. Temos percebido isso, eu bisei uma cana que estava estimada em 70 t/h e acabei colhendo com 84 t/h. Atrasei sete meses para colher e ganhei 14 toneladas por hectares com ATR acima de 130”, contou. Lançamentos para melhorar o desempenho Localizada em Cianorte/PR, a Teston, que fabrica, comercializa e fornece assistência técnica para equipamentos de colheita mecanizada, vai aumentar o


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Dalben: préplanejamento das linhas de plantio é fundamental

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seu portfólio oferecendo equipamentos para o plantio e preparo do solo. “São dois equipamentos que reduzirão drasticamente as operações para o plantio e cultivo de cana-de-açúcar”, contou Paulo Sérgio Teston, diretor da empresa. Um deles é o Raptor, uma máquina de preparo de solo semi direto, similar a uma plantadora de grãos, que em uma área de renovação de cana, vai eliminar cinco operações em uma única passagem e deixar a terra pronta para receber o sucador. A máquina está em teste há dois anos nas terras da empresa. “Com uma grande vantagem, pois ele subsola uma caixa de 60 centímetros de largura por 50 de profundidade e solta a torta de filtro ou cama de frango na quantidade desejada, trabalhando com 15 a 20 toneladas de esterco orgânico. Tem a capacidade para 10 toneladas na caixa e mais uma caixa com três toneladas de fertilizantes. Economiza entre cinco e seis operações e reduz a parte de preparo de solo das usinas”, explicou Teston. O outro equipamento é um cultivador indicado para ser usado após a colheita e substitui o adubador, o desenleirador e o pulverizador quando a usina colhe cana crua. “O cultivador de tripla operação, solta o adubo, desenlera e pulveriza em uma única operação e ele leva quatro ou seis linhas, oferecendo duas a três vezes mais rendimento. Em teste um equipamento acoplado a um trator de 180 a 200

CV faz em torno de 5000 hectares cada safra diminuindo drasticamente a quantidade de máquinas em campo. Para a colheita de cana, a empresa está desenvolvendo novos equipamentos. A Agnes é uma colheitadeira mais leve e simples, que colhe duas linhas, em teste há três safras. “Está sendo desenvolvida para colher em torno de 50% a 70% mais do que uma colhedora de mercado”, ressaltou o diretor. Tradicionalmente lançados durante a Agrishow, os equipamentos deverão ser expostos no lançamento da inauguração da concessionária da Teston, em Sertãozinho/SP. “Aguardamos a liberação do acesso para a rodovia, com a liberação do trevo, para abrir a concessionária, mas já estamos funcionando via fone e internet e ali encontram todos os nossos equipamentos, material de desgaste e também serviço”, contou. Em setembro, a empresa inaugura também, na sede em Cianorte, uma fábrica de material de desgastes, oferecendo facas de corte de base, facão picador, pá de exaustores, entre outros. “A Teston tem uma vasta experiência em cana e usamos o conhecimento para ter todos os produtos que o produtor precisa, máquinas que vão preparar o solo com muita rapidez e economia. Todos os implementos para atender a linha de solo, mais temos mais cinco na linha de projetos que deverão ser lançados até 2021”, conclui.

Teston: novos equipamentos reduzirão operações para o plantio e cultivo


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Fungicidas biológicos preservam a qualidade do solo DIVULGAÇÃO

Por terem ação seletiva e não apresentarem risco de contaminação, os fungicidas biológicos trazem benefícios também para a microbiota do solo, pois preservam suas qualidades, refletindo num desempenho melhor das plantas. O Trichodermil (Trichoderma harzianum), por exemplo, é considerado um fungicida multiuso, pois controla fungos de solo e nematoides e ainda ajuda a fixar nitrogênio, incorporar nutrientes às raízes e a manter a qualidade geral do solo. De acordo com o Fernando Dini Andreote, professor do Departamento de Ciência do Solo da Esalq/USP, os fungicidas biológicos podem atuar de duas maneiras sobre a qualidade do solo. “Primeiramente, pela ação direta contra fungos patogênicos, diminuindo estas populações e consequentemente protegendo as plantas. Ainda há outro ganho, que deriva da menor presença de moléuclas de pesticidas no ambiente, o que pode garantir

Fernando Dini Andreote, professor do Departamento de Ciência do Solo da Esalq/USP

maior sanidade ambiental e melhor interação das plantas com a microbiologia dos solos”, explica. Além disso, a ausência de moléculas não-seletivas, que matam grupos vivos importantes para o solo e as plantas, facilitaria a interação dos

cultivares com estes organismos. “Dessa forma, a rizosfera se torna um ambiente mais bem organizado, fornecendo serviços fundamentais ao desenvolvimento vegetal e favorecendo a produtividade”, orienta Andreote.

SÃO FRANCISCO

Sobre a Koppert: A Koppert Biological Systems está presente no Brasil desde 2011, quando iniciou seus primeiros registros. Atualmente, conta com duas modernas instalações fabris: a unidade de microbiológicos, localizada na cidade de Piracicaba, e a de macrobiológicos na vizinha Charqueada, ambas no estado de São Paulo. A empresa possui infraestrutura completa para atender à crescente demanda do mercado agrícola por defensivos biológicos, tornando a agricultura brasileira mais sustentável, saudável e em harmonia com a natureza. Com processos produtivos padronizados, seguros e altamente tecnificados, garante confiabilidade e qualidade dos seus mais de 15 produtos. A empresa conta ainda com departamento próprio de Pesquisa & Desenvolvimento para aperfeiçoamento de tecnologias de controle biológico para a agricultura tropical.


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DEVOLUÇÃO DE TERRAS ONEROSAS PELAS USINAS CRESCE DEVIDO À PRESSÃO DOS PREÇOS FOTOS DIVULGAÇÃO

ANDRÉIA VITAL

Os custos com arrendamento impactaram diretamente a rentabilidade da produção de cana-de-açúcar na safra 2018/2019, equivalendo, em média, a R$ 17 por tonelada de cana produzida e a cerca de 15% dos custos de produção de cana-de-açúcar. Levando em consideração a produtividade e arrendamento, 25% da produção em t/ha é destinada para pagamento dos contratos de arrendamento, segundo levantamento do Pecege realizado com a participação de 89 unidades agroindustriais, que equivalem a 31% da moagem nacional. O estudo revela que os contratos têm variação de 670 a 2.200 R$/ha, com custos de produção completamente distintos, exigindo diferentes patamares de eficiência produtiva para viabilizar a produção. Assim, em média, para cada 1 tonelada por hectare a mais negociada no contrato de arrendamento, é adicionado 1 R$ por tonelada no custo de produção de cana-de-açúcar. “Com os custos de produção vigentes e preços atuais apenas produtividade a partir de 120 t/ha permitiriam rentabilidade plena da atividade, sendo que a média do setor é de 75 t/ha”, disse João Rosa, professor e gestor de Novos Projetos do Pecege. O levantamento constata ainda que, em relação à safra anterior, notou-se dois movimentos antagônicos: o aumento do preço do ATR e a redução do valor negociado em t/ha. O acumulado do preço Consecana-SP até dezembro foi 8,22% maior em 2019, comparativamente a 2018, o que pressionou o aumento do custo do aluguel da terra. Em contrapartida, o valor negociado do arrendamento, em t/ha, caiu 7,44%. A queda se deu, principalmente, pela negociação dos contratos vigentes e pela devolução de terras mais onerosas pelas usinas. Essa é uma tendência que vem sendo observada, principalmente pela crescente pressão dos custos de produção de cana-de-açúcar, que foi R$ 102,16/t no final de 2019, equivalente a R$ 7.870,2/há e reforçada por outros indicadores, como a participação da cana própria, que passou de 71% para 68%, queda de 4%, indicando a migração da cana própria para compra de matéria-prima. Outro sinalizador se refere a área média

Rosa: outro sinalizador da devolução se refere a área média de produção

de produção, em termos de área própria também caiu de 31% para 27%, uma queda de 14%. Rosa ressalta que os custos de arrendamento devem ser analisados com cautela e com olhar de longo

prazo, afinal, compromissos firmados hoje, perduram por vários anos. Além disso, alguns valores praticados podem ser considerados irreais no contexto econômico de produção, de modo que estão sendo criadas

“bolhas inflacionárias” em algumas regiões. “Tem que se ter cautela com o sarapatel de contratos, com registros de valores surreais. Uma relação comercial não sustentável no longo prazo”, alertou.


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ENERSUGAR INICIA SUA PRIMEIRA SAFRA FOTOS ARQUIVO

Planta recebeu investimentos da ordem de R$ 100 milhões ANDRÉIA VITAL

A Enersugar iniciou sua primeira safra neste mês de junho, após oito anos sem funcionar. Localizada em Ibirarema, na região de Assis (SP), em uma área de pouco mais de 42 alqueires de terras, a planta foi adquirida pelos produtores de cana, os irmãos Dirceu e Dorival Finotti e Sylvio Ribeiro do Valle Mello Jr. e foi totalmente reformada, recebendo investimentos da ordem de R$ 100 milhões, com participação de investidor americano. Com capacidade instalada de 2,2 milhões de toneladas, a usina deverá moer nesta temporada um milhão de toneladas, tendo 80% da matéria-prima destinada à produção de açúcar e 20% para de etanol. Além disso, irá produzir 33 MW de energia elétrica. “Pretendemos criar um polo de desenvolvimento na região e manter um relacionamento comercial que valorize o produtor e traga cana de qualidade para a usina”, explica Sylvio, que foi presidente da Associação Rural dos Fornecedores e Plantadores de Cana da Média Sorocabana (Assocana). Ao lado dos irmãos Finotti, o produtor integra o Conselho Administrativo da nova empresa, que tem como CEO, o executivo Nelchiades Terciotti. Nesta entrevista exclusiva para o JornalCana, Sylvio conta mais sobre a Enersugar: Quanto foi investido na nova usina? Na aquisição e projeto de recuperação das instalações com utilização dos mais modernos e eficientes equipamentos existentes foram investidos R$ 100 milhões. A usina tem parceria com um investidor internacional, que já possui outros investimentos no Brasil. Qual é a capacidade de processamento da usina? Hoje, a capacidade instalada é de 2,2 milhões de toneladas, mas já temos planos de aumentar para 3,5 milhões de toneladas em até quatro anos. Nesta primeira safra vamos moer um milhão de toneladas de cana, com mix mais açucareiro, sendo 80% da matéria-prima destinada à produção de açúcar e 20%

na agrícola. Isso vai gerar 1600 empregos indiretos na região. A crise de demanda e preços provocada pela pandemia e guerra do petróleo alterou o início das atividades na usina? A inauguração estava prevista para o mês passado, mas devido ao atraso da entrega de alguns materiais, como aço, material elétrico, entre outros, houve atraso. Mas, ao mesmo tempo, foi bom, pois nos demos o luxo de começar mais tarde e pegar um período melhor de ATR.

Sylvio Ribeiro do Valle Mello Jr

para de etanol. Na reforma foram feitos ajustes para a fabricação mínima do biocombustível devido à crise de demanda e preços. E vamos produzir também, 33 MW/h de energia elétrica, equivalente a capacidade da Hidrelétrica Canoas II, entre Palmital e Andirá, aqui na região. Quantos empregos serão gerados? Já temos contratados 420 funcionários diretos, sendo 200 na área administrativa e industrial e o restante

Vocês têm canaviais próprios? Sim, 40% do canavial é próprio, o restante da matéria-prima será entregue por fornecedores da região ligados à Assocana, mas estamos fechando novas parcerias com outros fornecedores para que também se associem e aproveitem os benefícios oferecidos pela associação. Falando em parcerias, a intenção é manter um relacionamento comercial diferenciado com o fornecedor de cana? Pretendemos criar um polo de desenvolvimento na região e manter um relacionamento comercial que valorize o produtor e traga cana de qualidade para a usina. Com isso, a usina consegue melhores condições

com a venda dos produtos e nos dá uma folga para melhorar a vida do produtor. Assim, vamos negociar e pagar a matéria-prima oferecendo melhores condições, ou seja, estamos criando um plus, portanto, vamos pagar o Consecana e um prêmio acima desse valor. Sobre os fornecedores da Assocana, quais as expectativas para esta safra? Os canaviais estão enfrentando problemas na região por conta da seca que vem se intensificando na região. Para se ter ideia, dá para atravessar o rio Paraná a pé devido à estiagem. Por isso, estamos prevendo uma queda ao redor de 10% na produção e isso também nos preocupa, pois não sabemos se teremos matéria-prima para atingir o processamento de um milhão de toneladas. Para o futuro, a usina também quer se beneficiar com o RenovaBio? No momento estamos renovando todas as licenças da usina e assim que possível, iremos procurar a certificação do RenovaBio, pois acreditamos muito no setor, na elevação do preço do petróleo, na volta da demanda, nos bons preços do açúcar e da energia e na valorização do etanol, bem como a volta da economia aos bons tempos.


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Plano de recuperação judicial da Atvos é aprovado por credores FOTOS DIVULGAÇÃO

Agora empresa enfrenta novo round com fundo americano pelo controle da companhia ANDRÉIA VITAL

A Atvos teve o plano de recuperação judicial de sete das suas nove usinas aprovado no dia 20 de maio, em Assembleia Geral de Credores realizada em dois dias consecutivos, mas o plano consolidado ainda precisa ser homologado pelo Poder Judiciário. O grupo tem dívida total de mais de R$ 15 bilhões, sendo R$ 12 bilhões com credores financeiros. A empresa apresentou planos individuais para a Usina Conquista do Pontal S.A (UCP), localizada em Mirante do Paranapanema/SP e para a Agro Energia Santa Luzia S.A. (USL), com sede em Nova Alvorada do Sul/MS, mas não foram aprovados na assembleia e caso sejam rejeitados na justiça, o recurso poderá se tornar falência. É na justiça também que será resolvida a disputa pelo controle da companhia com o fundo americano Lone Star. A Lone Star e Castlelake, representada na assembleia pela Planner, foram os principais opositores à aprovação do plano e alegam que a Atvos se recusa a cumprir sua obrigação de formalizar a alteração do controle acionário. No início de maio, o fundo americano comprou por US$ 5 milhões as ações do banco Natixis, representante do Bridge Lenders, credor da Odebrecht, obtendo assim, na opinião da Lone Star, o direito de assumir o controle da Atvos Agroindustrial. A disputa pelo controle do grupo segue acirrada com diversos processos solicitados também pela Atvos. A empresa já entrou com pedido de arbitragem no Centro de Arbitragem e Mediação Brasil-Canadá (CAM-CCBC) contra venda de ações para o Lone Star, recorreu ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e solicitou documentos ao Tribunal Distrital dos Estados Unidos para o Distrito Sul de Nova York a fim de realizar descoberta de provas (Discovery) sobre a Lone Star localizado em Nova York e Texas e sobre outros credores. “O procedimento de produção de provas nos Estados Unidos será significativo para invalidar o Contrato de Aquisição de Ações e concluir a

tentativa de aquisição hostil, que viola numerosas disposições da lei brasileira”, diz o documento, afirmando que a empresa está avaliada em aproximadamente BRL 6 bilhões (aproximadamente US $ 1,25 bilhão). “A venda foi feita por ridículos US$ 5 milhões. Pela estimativa do plano de recuperação judicial, 10% da empresa valem R$ 600 milhões. 50% mais direito a controle valeriam quanto?”, pergunta o advogado do grupo sucroenergético, Eduardo Munhoz. Plano consolidado O plano de recuperação judicial fortalecerá a estrutura de capital da Atvos e estabelecerá o equilíbrio financeiro da empresa oferecendo assim condições para executar seu plano de negócios focado na ampliação e renovação dos canaviais e no aumento da produtividade das unidades industriais. O crescimento da produção permitirá aumentar a geração de caixa e iniciar um novo ciclo de valorização da empresa, explicou Munhoz. De acordo com a Atvos, a intenção é retomar os investimentos com objetivo de alcançar a capacidade de moagem de 35 milhões de toneladas

de cana em seis anos. Atualmente, a empresa é responsável por aproximadamente 10% do abastecimento de etanol do mercado brasileiro. O plano de recuperação judicial prevê ainda a atração de novos investidores e o fortalecimento das práticas de governança com um Conselho de Administração composto por cinco conselheiros, sendo três independentes. Prioridade da Atvos é o pagamento dos créditos de fornecedores agrícolas O plano de recuperação judicial específica condições de pagamentos para as diversas classes de créditos devidos pela empresa. A prioridade é o pagamento dos créditos de fornecedores e parceiros agrícolas. Os pagamentos serão realizados em parcela única, no prazo de 90 dias — para os credores que optarem por receber até 50 mil reais — ou em três parcelas anuais com primeiro pagamento um ano após a homologação do plano aprovado hoje. As dívidas trabalhistas não foram reestruturadas, de modo que não se submeterão ao plano de recuperação judicial e serão regularmente quitadas conforme suas datas

de vencimento. Por meio da transferência de 46% da dívida das unidades operacionais, a alavancagem da empresa será reduzida de seis para cerca de três vezes o valor da dívida líquida em relação ao seu EBITDA. Essa realocação engloba os valores devidos às instituições financeiras que representam 97% do total da dívida. Os 54% da dívida que permanecem nas unidades operacionais terão o primeiro pagamento de juros em junho de 2022 e o primeiro pagamento de principal em dezembro de 2022 com taxa de juros de 115% do CDI. O plano inclui algumas garantias adicionais aos credores financeiros. Para aqueles que optarem pela conversão de parte de suas dívidas em debêntures com direito a dividendos futuros, os títulos a serem recebidos terão alienação fiduciária de ações da Atvos e dos principais ativos da companhia e cessão fiduciária de dividendos. Os credores financeiros com garantias poderão converter 46% de suas dívidas nessas debêntures, enquanto os financeiros sem garantia poderão realizar a conversão de 61% das dívidas. Essa opção será


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oferecida aos credores extraconcursais que resolverem aderir ao plano, com possibilidade de converter 20% das dívidas. Atvos quer aumentar de 13% para 17% as taxas de renovação do canavial Até a safra 2025/2026, o objetivo é aumentar de 13% para 17% as taxas de renovação do canavial que terá

sua idade média reduzida de 3,9 anos para 3 anos. Em relação à expansão, estão previstos 55 mil novos hectares de plantio. Hoje, a empresa administra 498 mil hectares de cana. A expectativa é alcançar em seis safras a produção de 2,7 bilhões de litros de etanol, 317 mil toneladas de açúcar VHP e 3,6 mil GWh de energia elétrica a partir da biomassa da cana-de-açúcar. Com a recuperação de

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custos promovidos pelo aumento da moagem, espera-se melhorar de forma significativa a rentabilidade das operações. Safras 2019/2020 e 2020/2021 A empresa encerrou a safra 2019/2020 com uma moagem total de 26,9 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, um crescimento de 1% em comparação com o ciclo de

2018/2019. A empresa produziu 2,14 bilhões de litros de etanol (hidratado e anidro), além de 235 mil toneladas de açúcar VHP e da cogeração de 2,8 mil GWh de energia elétrica a partir da biomassa. O teor médio de ATR (Açúcar Total Recuperável) registrado no período obteve o melhor resultado histórico da empresa de 133,8 kg/ hectare, superando o indicador anterior em 2%. Com um total de 498 mil hectares de canavial, na safra passada plantados 67 mil hectares (considerando plantio próprio e realizado por fornecedores), uma diminuição de 7,6% em comparação à safra passada, decorrente principalmente das restrições de caixa. Dessa área plantada, 92% foram voltados à renovação, fundamental para a empresa atingir sua maturidade operacional. Para esta safra 2020/2021, a Atvos projeta moer cerca de 26,9 milhões de toneladas de cana nessa nova safra, o suficiente para produzir 1,9 bilhão de litros de etanol e 447 mil de toneladas de açúcar. No período, a empresa deve investir R﹩ 350 milhões em renovação e expansão de canaviais, equipamentos agrícolas e aprimoramentos industriais.


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CENÁRIO PROMISSOR PÓS-PANDEMIA GERA OTIMISMO NO SETOR FOTOS DIVULGAÇÃO

CEOs reforçam a importância da disciplina financeira e da produtividade para as usinas ANDRÉIA VITAL

Os impactos causados pela COVID-19 no setor sucroenergético e as tendências macro econômicas e de sustentabilidade que devem impulsionar o segmento bioenergético no pós-pandemia foram debatidos no 1º CEO Meeting Webinar JornalCana, “Perspectivas e Tendências do Setor no Pós-Covid”, realizado no dia 10 de junho pelo JornalCana. Os palestrantes destacaram a resiliência do setor, uma atividade essencial não apenas pelos produtos que gera, mas principalmente pelo impacto socioeconômico, reforçando que o cenário se mostra promissor ao segmento. Jacyr Costa Filho, membro do comitê executivo do Grupo Tereos, destacou que, apesar de todos os percalços, a pandemia trouxe fatores positivos ao setor, entre eles, a valorização da saúde e a importância do etanol neste contexto. Ele destacou que a solução para prevenir doenças respiratórias existe no Brasil, que é o maior uso de biocombustíveis e isso pode ser copiado por diversos países do mundo, como Índia, China e outros, onde a poluição do ar nas grandes metrópoles é um grave problema. Aliado a este fator positivo está o RenovaBio, importante política para evidenciar a eficiência energética da cadeia produtiva do etanol e biodiesel, que precisa ser acelerado, mas está encontrando algumas amarras. “Existem dificuldades para a regulamentação da tributação dos CBios. A Receita Federal está tributando em 35% os CBios, um certificado de descarbonização ambiental de grande valor, enquanto que certificados mobiliários e financeiros são tributados em 15%. É um absurdo”, alegou. Costa Filho afirmou que o Governo Federal precisa ter sensibilidade diante de um programa de tal grandeza, que implementará um mercado de descarbonização e de uma matriz energética limpa e renovável que deve se tornar benchmarking para o mundo. Quanto ao pós-pandemia, o executivo ressaltou otimismo com o cenário que se vislumbra para a energia renovável. “Será a nossa herança na

pós-pandemia”, destacou. “O nosso setor tem muito a melhorar e avançar o que vai requerer muito investimento em recursos humanos e atração de investidores. Com certeza, em um cenário mais próximo, veremos abertura de capital de players do segmento, fato importante para novos projetos que vão garantir a perpetuidade e o futuro do setor”, Jacyr também aponta a necessidade de abertura de novos mercados internacionais para o etanol e a preocupação com risco de protecionismo em relação ao açúcar, além de exigências mais rígidas de certificações de origem, fatos que podem ser limitantes para a retomada do segmento no pós-crise. O executivo comentou que, nos últimos dez anos, o Brasil conquistou vitória em painéis importantes contra a União Europeia. Também abriu demanda contra a política de salvaguarda adotada pela China para a entrada de açúcar estrangeiro no País, com acordo firmado para a não renovação da barreira comercial, e redução da tarifa de 85% para 50%, que entrou em vigor no dia 22 de maio. Além de painel contra a Tai-

lândia e Índia, ainda em processo. “Me preocupa o funcionamento da Organização Mundial do Comércio (OMC) e a manutenção desse sistema multilateral porque o Brasil vai precisar abrir mercados, pois é o País mais competitivo do mundo na produção do açúcar”, ressaltou. Setor precisa ter visão de longo prazo Ricardo Martins Junqueira, CEO da Diana Bioenergia, também destacou a relevância do RenovaBio ressaltando que é uma política que o Brasil pode exportar como modelo, já que fomenta não só o etanol, mas todos os biocombustíveis e protege o meio ambiente, contribuindo para a redução de emissões de CO2. “O CBio só vale quando se produz em terra que não foi desmatada, em terra que está regularizada pelo CAR, em terra que está com o seu zoneamento agroindustrial correto”, disse. Ele citou Nova Délhi, na Índia, por exemplo, com altos índices de poluição, onde o Estado tem enormes gastos com saúde que poderiam ser evitados com o uso do etanol. “É

uma política que realmente o Governo Federal tem que dar mais atenção e ajudar a acelerar”, disse. Junqueira reforçou a necessidade de se ter uma visão de longo prazo, garantindo investimentos e mais rentabilidade ao negócio através da maior produtividade agrícola e industrial. A Diana Bioenergia apostou nisso nos últimos dois anos, com a renovação do canavial, alinhado ao trabalho de redução de custos e melhoria das eficiências operacionais. O uso da tecnologia foi essencial neste resultado. “A velocidade e agilidade que temos de tomar decisões rápidas para mudar o mix, vender na hora certa e ter muita transparência na negociação são vantagens que o setor tem”, pontuou. Solidariedade do setor foi importante e reconhecida Geovane Consul, CEO da BP Bunge Bioenergia, destacou a resiliência do setor, sua agilidade em responder à demanda da sociedade com doações feitas e apoio à comunidade, mesmo que este não seja o papel fundamental do setor. “Em curto espaço


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Costa Filho: energia renovável será a nossa herança pós-pandemia

Junqueira: CBio só vale quando se produz em terra que não foi desmatada

Consul: eficiência operacional blindará o setor em tempos de crise

Francis Vernon Queen Neto, da Raízen

de tempo a pandemia gerou impactos enormes. Isso do ponto de vista pessoal, profissional, individual, comunitário e empresarial, submetendo todos às mais difíceis lições. As doações de álcool em gel ou 70% ajudaram muito a combater a pandemia e não foram restringidas à área de atuação das nossas empresas, mas também foram distribuídas em Estados como Bahia, Piauí, Ceará, Santa Catarina e Rio Grande do Sul”, afirmou. Consul comentou que o setor não recebeu a mesma solidariedade do Governo diante da crise que afeta a agroindústria canavieira. “Não houve apoio ao nosso setor e sim uma pequena ação em relação à warrantagem de etanol, muito aquém do que o segmento precisava e esperava. Isso é uma lição e a gente vai ter que trabalhar em produtividade e em eficiência operacional para nos blindar de situações como essa no futuro”, alertou. Para o executivo, a principal lição da pandemia é que o mundo vive uma transformação onde as empresas podem ser alavancas rumo a incorporação da tecnologia às novas

formas de trabalho à distância e simplificação de processos, mas também às relações humanas e solidariedade em rede. “Nesse cenário nossa premissa é garantir o bem-estar e a saúde das pessoas. Além da sustentabilidade dos negócios no longo prazo”, acrescenta. “Setor sucroenergético é a indústria certa para o futuro”, afirma Neto Francis Vernon Queen Neto, vice-presidente de Etanol, Açúcar e Bioenergia da Raízen, lembrou que a companhia nasceu em 2011 tendo entre seus objetivos promover o etanol e transformá-lo, com o suporte da Shell, sua controladora junto a Cosan, em uma commodity global. “Estamos bastante empenhados nisso, não só incentivando produção de primeira geração, como também temos um projeto de segunda geração e queremos exportar essa tecnologia, justamente para promover a produção em outros países”, disse. O VP da Raízen comentou sobre as medidas tomadas para garantir a atividade de suas usinas e, ao mesmo

tempo, garantir a saúde dos seus colaboradores. Citou que a pandemia impactou nos negócios, principalmente o etanol, que sofreu quedas bruscas de consumo e preço. “Enfrentamos uma situação atípica. Só em abril ocorreu redução de 38% na demanda do etanol hidratado e, pela primeira vez na história, o barril de petróleo foi cotado em valor negativo. Isso gerou um grande stress para nós do setor, que temos, obviamente, uma parcela enorme da nossa receita associada ao produto fóssil”, afirmou. O executivo afirmou estar confiante não só no mercado de açúcar, etanol e bioenergia, mas também em outras vertentes do segmento. “Temos outros projetos porque acreditamos muito que os produtos sustentáveis vão ser muito valorizados, como já vem sendo na Europa e EUA. Temos também o nosso projeto de E2G, o projeto de biogás e o de projeto de pellets, com o qual a intenção é exportar biomassa também para produzir energia limpa”, contou, finalizando. “A gente vê um futuro incrível. É a indústria certa para o futuro”.

“Os painelistas se mostraram otimistas com o cenário positivo de longo prazo. E destacaram a importância de se ter disciplina, também financeira, pois a atividade bioenergética é altamente demandante de capital e requer uma estrutura de capital sólida a curto, médio e longo prazo. As empresas que tiverem essa disciplina e estrutura vão conseguir superar essa fase apesar da perda de preço dos seus produtos e atravessar a safra, mantendo não as margens, mas as suas atividades. Diferentemente daquelas que já estavam em uma situação difícil ou com um alto grau de endividamento em dólar”, conclui Josias, que moderou o debate. O Webinar contou com patrocínio da SAP Concur – A plataforma líder mundial de gestão de despesas e viagens da SAP; da Telog – Inteligência Logística a serviço da Cadeia de Suprimentos, da HB Saúde — Sempre ao seu lado! e da S-PAA Soteica – Software de Otimização em Tempo Real que maximiza a cogeração e a eficiência industrial, gerando ganhos superiores a R$ 1/tc em mais de 40 usinas instaladas.


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COMUNICAÇÃO TORNOU-SE ESTRATÉGICA NO “NOVO NORMAL” DAS USINAS Ser transparente e ágil é essencial para ter bons resultados ANDRÉIA VITAL

A comunicação ganhou mais protagonismo nesta pandemia e mostrou ser essencial neste momento desafiador, tanto para disseminar o discurso da empresa, informar com transparência e agilidade, engajar os colaboradores, como para mitigar crises, ajudando a diminuir a ansiedade e os temores que podem aparecer com ela. A busca de maneiras mais eficazes para comunicar passou a fazer parte do “novo normal” neste atual cenário e a transformação digital chegou com força total, diante da imposição do isolamento social, contribuindo neste sentido. “A área de comunicação é extremamente estratégia, precisa estar sempre de mão dada com a liderança, mais ainda neste momento”, ressaltou Amanda Morais, coordenadora de Comunicação Corporativa da Raízen, comentando durante live promovida pela União Nacional da Bioenergia (UDOP), que a empresa produziu diversos comunicados a fim de deixar o funcionário a par do que estava acontecendo e sobre as iniciativas tomadas pela companhia em relação à pandemia, transmitindo assim, tranquilidade. A empresa lançou também um novo canal chamado Workplace, estilo um facebook interno, para troca de informações e experiências, divulgações de iniciativas e dicas durante este período de quarentena. Com realização de lives, ação estreada pelo presidente da empresa, Ricardo Mussa, o novo portal estimula o engajamento dos funcionários, com postagens de fotos de atividades na área agrícola ou industrial e serve de ambiente para líderes fazerem reuniões virtuais com seus times. Eventos tradicionais, como da área de segurança, já foram realizados nas plataformas digitais também, o que exige uma nova maneira de comunicar. “A gente teve que se adaptar. Estamos estimulando muito mais a nossa criatividade. Já que não dá para fazer do jeito de sempre, vamos pensar de um jeito diferente e

Morais: comunicação deve andar de mãos dadas com a liderança da usina

está ficando tão legal ou mais do que antes”, avaliou. Amanda comentou ainda que a Raízen realizou diversas ações durante este período de COVID-19, como a doação de mais de um milhão de litros de etanol, para 98 hospitais, contemplando 76 cidades de sete estados. Também fez parcerias com grandes empresas como Natura e Ype, entre outras, além da doação de álcool 70% para a Droga Raia, sendo

que o lucro da venda do produto seria doado para iniciativa de combate ao coronavírus. Ações nos postos Shell foram contempladas também nesta campanha. “No final do dia conseguimos contar uma história bonita que a imprensa comprou muito bem”, disse, comentando que as boas iniciativas foram divulgadas em diversos veículos de comunicação, ressaltando a solidariedade do setor sucroenergético.

Foco da usina neste cenário de pandemia foi o público interno “O foco da empresa neste cenário de pandemia foi o público interno, embora paralelamente foi necessário adequar as estratégias de comunicação em todas as frentes”, explicou Michele Izawa, gerente de Comunicação Corporativa da Atvos. Segundo ela, alinhar discurso, readequar a linha editorial e reforçar campanhas de segurança e prevenção de forma dinâmica, levando em consideração o papel social da usina no ambiente que está inserida, é essencial. Neste contexto, a interação com a comunidade tem grande relevância, afirmou a profissional, reforçando a importância da comunicação assertiva em meio a pandemia, que além de ser vital, pode otimizar algumas situações, ajudando a potencializar a compreensão e minimizar desentendimento. Como por exemplo, explicar que a usina é considerada essencial, portanto, deve continuar suas atividades, mantendo medidas de segurança e prevenção. O fato causou certo desconforto em outros segmentos também devido à exigência da quarentena, mas foi compreendido após as ações de comunicação.


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USINA USA FERRAMENTAS DIGITAIS PARA PRESTAR SERVIÇO PÚBLICO Speltz: a pandemia é a grande oportunidade de transformação da comunicação “A pandemia é a grande oportunidade de transformação da comunicação. Nunca nos preocupamos tanto em falar coisas boas que nós já fazíamos”, disse Marcelo Marinheiro Speltz, gerente executivo de RH e Comunicação da UISA, comentando que o endomarketing ultrapassou as fronteiras da usina para também informar a comunidade. Já tão aplicada no campo, a tecnologia passou a fazer mais ainda parte do dia a dia contribuindo neste sentido. “A maioria das usinas está alocada em microrregiões que são quase dependentes da empresa. Usamos o modo digital para fazer uma prestação de serviço público, pois muitas vezes é o único canal da cidade, já que em alguns locais

Speltz: a pandemia é a grande oportunidade de transformação da comunicação

não tem nem jornal”, explica. Segundo Speltz, o uso da plataforma digital é importante, pois possibilita chegar informações com mais agilidade aos funcioná-

rios que estão em home office ou prestando algum serviço fora da unidade produtora, evitando assim a propagação de informações desconexas que vêm para causar

pavor. Ter transparência, uma equipe de comunicação engajada com o negócio e próxima da estratégia da empresa, também “dá velocidade para contar para os funcionários o que está acontecendo de verdade e aí você mitiga o popular rádio peão”, elucida. “Na Uisa disponibilizamos um chat para os funcionários interagirem com um atendente virtual, que traz informações de fontes oficiais do Governo”, contou, reforçando que o novo jeito de trabalho, possibilitará às usinas interagirem muito mais entre suas unidades e outras empresas, sem necessidades dos grandes descolamentos. Nicholas Vital, jornalista curador do Lab de Comunicação para Agro da Aberje, ressaltou que o uso do ambiente virtual é o novo normal e veio para ficar. “Fomos forçados a aderir às novas tecnologias e isso não tem mais volta”, disse. Ele reforçou que é uma oportunidade para o agro mostrar o seu valor, já que o setor sempre foi criticado por ter uma comunicação ineficiente.


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UISA DOA MAIS DE 37 TONELADAS DE AÇÚCAR PARA FUNDO CONTRA A COVID-19 Companhia também doou mais de 48 mil litros de álcool 70% A UISA Bioenergia, de Nova Olímpia (MT) fez a doação em maio de 37,26 toneladas de açúcar cristal Itamarati para o Fundo Um Por Todos e Todos Contra a COVID-19, gerida pela Fundação André e Lucia Maggi (FALM)

e promovida pela TV Centro América e pela Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt). Ao todo foram 18.630 pacotes de açúcar cristal 2kg que serão inclusos nas cestas básicas que o Fundo destina à famílias em situação de vulnerabilidade nos estados de Mato Grosso, Amazonas e Rondônia. Além do adoçante, a companhia fez a doação de mais de 48 mil litros de álcool 70% para o governo do Estado de Mato Grosso, municípios e órgãos de atendimento ao público.

Medidas de prevenção De acordo com Marcelo Marinheiro Speltz, gerente executivo de Recursos Humanos da UISA, foi elaborado um plano de contingência com medidas de prevenção ao coronavírus. A empresa criou boletins de informações, colocou os funcionários com mais de 60 anos e gestantes em férias e foi dado banco de horas para demais funcionários, a fim de reduzir o número de pessoas na planta e no transporte coletivo.

Cancelou reuniões presenciais, treinamentos e viagens e as integrações dentro da dependência da usina tiveram seu tempo reduzido e são realizadas em ambientes amplos que possibilitam o espaçamento adequado entre as pessoas. Para o trabalho em home office, disponibilizou notebooks. Também disponibilizou álcool gel, fez a confecção de mais de 4.000 unidades de mascaras para funcionários e a entrega de kits de proteção, entre outras medidas.


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PROGRAMA OFERECE APOIO PSICOLÓGICO PARA COLABORADORES DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19 PAP Covid-19 conta com profissionais especializados com total sigilo O Grupo Tereos oferece apoio psicológico para colaboradores durante a pandemia de Covid-19. A companhia implementou em suas oito unidades o Programa de Apoio e Prevenção ao Covid-19(PAP Covid-19). O objetivo do PAP Covid-19 é ajudar na saú-

de mental dos funcionários e seus dependentes, já que a pandemia do novo coronavírus pode trazer grandes impactos emocionais. Segundo o diretor de Recursos Humanos da Tereos, Carlos Leston, a pandemia trouxe uma série de preocupações para a população. “As inquietações sobre esta nova doença, desconhecida até então, o esquema de home office prolongado para os profissionais administrativos e o isolamento social estão causando estresse e ansiedade em muitas pessoas”, comenta o diretor. “Nosso intui-

to foi apoiar os colaboradores e familiares com um serviço especializado.” O PAP Covid-19 atende os colaboradores e seus familiares por meio da parceria com a Social Consultoria, disponível 24 horas, todos os dias da semana. O contato é realizado por telefone, de forma gratuita, por uma equipe de assistentes sociais e psicólogos, mantendo total sigilo. O atendimento trata de assuntos como: orientações e esclarecimentos sobre o coronavírus e as diretrizes de órgãos governamen-

tais de saúde, acompanhamento de pessoas com coronavírus ou com sintomas, casos de dificuldade de adaptação ao isolamento social e apoio emocional diante de tristeza, estresse, pânico, medo e outros aspectos. “Caso o profissional identifique que se trata de um caso mais grave, com riscos ao paciente, haverá uma notificação para a Tereos, que vai acionar o plano de saúde para um diagnóstico mais completo do quadro e tratamento adequado com psicólogos e psiquiatras”, aponta Leston.


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TECNOLOGIA E INOVAÇÃO CONFEREM TÍTULO A GESTOR EXECUTIVO DA BEVAP FOTOS DIVULGAÇÃO

O gestor executivo da Usina Bevap, Fábio André Ramos, venceu pelo segundo ano consecutivo, o prêmio Executivo do Ano na categoria de Agronegócios e Serviços Relacionados promovido pela IT Mídia. O profissional foi reconhecido publicamente com o prêmio durante cerimonia realizada dia 18 de março em São Paulo (SP). Ramos afirma que o prêmio é resultado do trabalho em equipe, colaboração e integração das áreas de negócio, contando com um elevado nível de maturidade da empresa, da gestão, apoio e direcionamento estratégico do CEO da empresa. “A tecnologia e a inovação estão em nosso DNA”, diz Ramos, e nos posiciona como referência em tecnologia e inovação entre as usinas do país. O executivo comenta que no segmento de commodities os custos, a produtividade e eficiência são determinantes para a competitividade e sobrevivência das empresas. “Os preços são ditados pelo mercado — oferta e demanda — e a produção suscetível a intempéries ambientais, impactos externos como mercado internacional, politica e flutuação do câmbio, neste mercado de menos custos, maior eficiência e produtividade são fatores decisivos para sustentar o crescimento da empresa e distribuir resultados satisfatórios para os acionistas, clientes, colaboradores, fornecedores e parceiros. “Nós só conseguiremos alcançar esses resultados trazendo inovação e tecnologia para o agronegócio, otimizando processos, operações e aumentando a produtividade com redução de custos.” Tecnologia eleva processo ao nível da excelência Natural de Piracicaba (SP), Ramos atua há mais de 13 anos no setor de bioenergia e está há seis anos na Bevap. “Trabalhamos determinados a transformar, mudar os processos e as operações para elevá-las ao nível de excelência”. Entre todos os projetos de 2019 a automação dos processos de plantio e tratos culturais foi o case com maior destaque na empresa. “Essas operações compõe um custo muito elevado no processo produtivo da cana, pois os insumos (fertilizantes, agroquímicos/defensivos) são extremamente caros e a eficiência e controle assertivos e com

“A SINERGIA ENTRE A ÁREA DE TECNOLOGIA E A ÁREA DE NEGÓCIO É DETERMINANTE PARA O SUCESSO DO PROJETO. O PROJETO IMPLEMENTADO TRAZ UM CONCEITO DISRUPTIVO PARA ESSA ATIVIDADE, ALIADA A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL, IOT, M2M, MACHINE LEARN E CLOUD. O CONJUNTO DELAS, APLICADAS AO NEGÓCIO, PROPORCIONOU REDUÇÃO DE CUSTOS, AUMENTO DE PRODUTIVIDADE E EFICIÊNCIA”

qualidade nessa fase do processo de produção trás ganhos expressivos. O projeto TPL tem como objetivo reduzir e controlar o consumo dos insumos (fertilizantes, agroquímicos/ defensivos) através de uma aplicação assertiva e controlada de forma automatizada evitando e desperdício, falhas nas aplicações e controle. Todo processo é monitorado on-line pelo COA”, explica. Maior desafio está na mudança de cultura O executivo acrescenta que um dos maiores desafios nas implantações de novas tecnologias é a mudança da cultura em todos os envolvidos no projeto, e diz que a garantia do sucesso está no trabalho em equipe, comprometimento da gestão e

alinhamento com a área de negócio. “A sinergia entre a área de tecnologia e a área de negócio é determinante para o sucesso do projeto. O projeto implementado traz um conceito disruptivo para essa atividade, aliada a inteligência artificial, IoT, M2M, Machine Learn e Cloud. O conjunto delas, aplicadas ao negócio, proporcionou redução de custos, aumento de produtividade e eficiência. Todas as operações foram automatizadas, permitindo uma aplicação adequada e controlada com o uso de automação e monitoramento online para acompanhamento e tomada de decisão em tempo de execução”, conta. Expansão da agricultura 4.0 Ramos explica que nesse projeto

contou com uma empresa parceira provedora de soluções tecnológicas e computadores de bordo que viabilizaram o projeto. “Não existe dúvidas que, os desafios postos à agricultura somente serão superados com a adoção de tecnologia e inovação”, reitera. Essas tecnologias deverão garantir aumento de produtividade, eficiência e menor custo de produção garantindo o futuro de todos de maneira segura e sustentável para a usina. “A inovação e tecnologia ainda têm grandes desafios a serem superados pelo agronegócio, por exemplo, conectividade no campo, infraestrutura adequada, políticas, regulamentação e incentivo aos novos processos tecnológicos estão entre os desafios da expansão da agricultura 4.0 no Brasil”, finaliza.


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Yara passa a ter estrutura organizacional regional FOTOS ARQUIVO PESSOAL

A Yara, empresa especializada em nutrição de plantas, anuncia nova estrutura global organizacional, com as operações direcionadas para três unidades regionais – Ásia e África, Américas e Europa -, uma unidade de Plantas Globais/Excelência Operacional, e uma nova função global de Farming Solutions. O presidente da Yara Brasil, Lair Hanzen, assume a liderança da região Américas, que abrange as operações do Brasil, América Latina e América do Norte, e a presidência da Yara Brasil fica sob a condução de Olaf Hektoen. Norueguês, há mais de 20 anos na Yara e com ampla experiência internacional, Hektoen liderou operações da companhia em diferentes países e está no Brasil há um ano e meio, conduzindo a área de Estratégia e projetos de transformação da empresa. Hanzen permanecerá como Presidente do Conselho de Administração da Yara Brasil. Em cerca de oito anos à frente da Yara Brasil, Hanzen conduziu a empresa à liderança do setor de fertilizantes brasileiro, sustentado por

Olaf Hektoen fica responsável pela operação da empresa no Brasil

uma estratégia de aquisições, investimento em grandes projetos para produção nacional de insumos e crescimento orgânico na distribuição. “Durante a minha trajetória como presidente da Yara Brasil, atuamos de ponta a ponta, apoiando o desenvolvimento da agricultura bra-

sileira. Investimos fortemente no fortalecimento, na modernização da cadeia e na oferta do mais completo portfólio aos agricultores. E seguiremos nessa direção para apoiar a produção sustentável de alimentos no país”, destaca Hanzen. Entre os principais investimen-

tos da empresa nos últimos anos, destacam-se o Complexo Mineroindustrial de Serra do Salitre (MG) e a ampliação e modernização do Complexo Industrial de Rio Grande (RS), que desempenharão fundamental papel na redução da importação de fertilizantes no Brasil. Em Serra do Salitre, a empresa está investindo R﹩ 5 bilhões para um projeto integrado de mineração e beneficiamento de fertilizantes fosfatados, além de uma planta química para fertilizantes granulados, com conclusão prevista para 2021. Já Rio Grande, com investimentos de R﹩ 2 bilhões e previsão de entrega para o fim deste ano, será o maior e mais moderno parque de produção e de mistura na América Latina. Olaf Hektoen reforça a confiança da Yara depositada no Brasil: “Assumo a operação brasileira da Yara com a convicção de que vamos aliar o crescimento dos nossos negócios à cultura colaborativa, contribuindo de forma positiva para um dos principais setores desse país nesse momento que estamos vivendo”.

Bayer cria conselho externo independente para assessorar implementação de suas metas de sustentabilidade Um Conselho de Sustentabilidade independente assessorará o Conselho de Administração da Bayer AG e outras áreas da empresa em todos os assuntos de sustentabilidade. O Conselho é uma parte importante do compromisso maior com a sustentabilidade que a Bayer anunciou no ano passado. "Quero dar as boas-vindas aos nove primeiros especialistas reconhecidos internacionalmente em nosso novo Conselho de Sustentabilidade, e estamos ansiosos para trabalhar com eles", diz Werner Baumann, Presidente do Conselho de Administração e Diretor de Sustentabilidade da Bayer. "Sua grande experiência nos ajudará a desenvolver sistematicamente a sustentabilidade como uma pedra angular do nosso alinhamento estratégico e nos permitirá respeitar as fronteiras do nosso planeta e alcançar aqueles que passam por dificuldades, promovendo parcerias

e alianças". O Conselho de Sustentabilidade ajudará a Bayer a desenvolver ainda mais os elementos de sustentabilidade de sua estratégia de negócios e fornecerá orientações sobre a contribuição que a Bayer pode dar com sua pesquisa e desenvolvimento. Ele examinará independentemente o progresso da Bayer na implementação de suas metas de sustentabilidade e supervisionará o avanço das fundações da Bayer em termos de inovações sociais. O Conselho também promoverá a cooperação com redes nas áreas de sociedade, educação, indústria e política. "No ano passado, estabelecemos metas ambiciosas de sustentabilidade quantitativa a serem alcançadas até 2030, focadas especialmente em aspectos ambientais, bem como mulheres, pequenos agricultores e pessoas em regiões carentes. Estou muito orgulhoso por termos con-

seguido assegurar os serviços de reconhecidos especialistas para o nosso Conselho, com seu enorme conhecimento e experiência exatamente desses objetivos", afirma Matthias Berninger, Diretor de Assuntos Públicos e Sustentabilidade Para realizar seu trabalho, os membros do Conselho de Sustentabilidade terão acesso a documentos e a especialistas relevantes da empresa. O Conselho de Sustentabilidade se familiarizará com suas tarefas e com a empresa nos próximos meses e se reunirá duas vezes por ano. Essas reuniões também terão a participação de Werner Baumann e outros membros do Conselho de Administração. Além disso, os membros do Conselho apoiarão individualmente a Bayer em assuntos específicos. O Conselho terá entre dez e 12 membros no longo prazo e informará anualmente sobre o andamento de seus trabalhos.

Werner Baumann, presidente do Conselho de Administração e diretor de sustentabilidade da Bayer


44 NEGÓCIOS & OPORTUNIDADES

Junho e julho 2020


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