Jornal de Toronto #21

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Jornal de Toronto As eleições e o A liberdade dos inconfidentes novo Conselho e a de hoje p. 11 de Cidadania O dia 21 de abril marca calendário brasileiro de Ontário no a morte de Tiradentes, p. 2

ocorrida no ano de 1792.

edição # 21 | ano # 2 | abril 2019 | www.jornaldetoronto.ca | info@jornaldetoronto.ca | ISSN 2560-7855

Afinal, como são as regras do baseball? Um dos esportes mais amados pelos canadenses, mas que pouca gente sabe explicar como funciona p. 7

A nova cara da Dufferin Street José Francisco Schuster conversa com a viceprefeita Ana Bailão sobre os projetos para transformação da região p. 2

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A Páscoa traz um sentido de conexão com a comunidade p. 12

Você é o que você come Camila Garcia O lançamento do Canada’s Food Guide 2019 apresentou um novo olhar sobre aquilo que consumimos. O que muitos não sabem é que este guia canadense teve como exemplo, entre outros, o revolucionário Guia Alimentar para a População Brasileira, lançado pelo Ministério da Saúde no Brasil em 2014. p. 5

Simulação computadorizada de como poderá ficar a esquina da Dufferin St. com a Dupont.

Como comprar roupas baratas com a consciência limpa p. 3

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Editorial Em um mundo preto e branco, tudo precisa ser somente uma coisa ou outra; não há espaço para nenhum tipo de variação. Ao que parece, estamos vivendo um período de valorização do simplismo, em que é preciso escolher um único lado, dentre apenas dois. E onde o Jornal de Toronto se posiciona? Em nenhum dos dois, certamente. Em primeiro lugar, acreditamos num mundo colorido e múltiplo, complexo o bastante para que diferentes visões se colidam e se complementem, estimulando nossos leitores a serem mais reflexivos em relação à vida contemporânea. Nossa equipe é feita da junção de pessoas com diferentes visões sociais e políticas, de direita, esquerda, norte, sul, leste e oeste que, acima de tudo, promovem os valores canadenses: a defesa pelos direitos humanos e a diversidade, e o combate ao preconceito e à intolerância. Afinal, estamos no Canadá – e nós, assim como nossos leitores, nos orgulhamos muito de ter chegado até aqui. Essa edição mostra o quanto somos brasileiros e canadenses, ao mesmo tempo. Editor-chefe: Alexandre Dias Ramos Gerente de mídia social: Luiza Sobral Revisor: Eduardo Castanhos Fotógrafos: Cylla von Tiedemann, Marcus Eubanks, Kenneth Andrade & Nayá Illanes Ramos Colunistas: Alexandre Dias Ramos, André Oliveira, Camila Garcia, Cristiano de Oliveira, José Francisco Schuster & Rodolfo Marques Colaboradores dessa edição: Ana Luisa de Arruda Darcie, Gloria Blizzard, Rodrigo Toniol, Valf & Will Leite Agradecimento especial para: Ana Bailão Agências, fontes e parceiros: Canada Food’s Guide, CHIN Radio, CIUT Radio, Prefeitura de Toronto, Tambor Soul, Toronto Blue Jays Conselho editorial: Camila Garcia, Nilson Peixoto, Rosana Entler & Sonia Cintra © Jornal de Toronto. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução de qualquer trecho desta edição sem a prévia autorização do jornal. O Jornal de Toronto não é responsável pelas opiniões e conteúdos dos anúncios publicados. Circulação: O Jornal de Toronto é mensal e distribuído em Toronto, Mississauga, Oakville, Montreal e Calgary. Contato: info@jornaldetoronto.ca Subscription: $0.50/cada, $50.00/ano Siga nossa página no Facebook, Twitter, Instagram e matérias complementares, durante todo o mês, em nosso site: www.jornaldetoronto.ca Edição #21, ano #2, abril 2019 ISSN 2560-7855

Cotidiano

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A nova cara da Dufferin Street José Francisco Schuster As duas primeiras ruas que o brasileiro conhece em Toronto são a Dufferin e a Dundas, referências básicas para a comunidade – mais do que a própria rua mais importante de Toronto, a Yonge Street, que divide a cidade entre leste e oeste. A Dundas ficou famosa por concentrar o comércio português e brasileiro, mas vem se alterando na sua composição comercial e hoje divide os louros com a St. Clair, por exemplo, que passou a receber diversos negócios brasileiros. Já a Dufferin conta com a estação de metrô mais usada pelos brasileiros, e também entorno do seu eixo – percorrido pelo famoso ônibus 29 –, certamente onde se encontra a moradia da maioria dos brasileiros em Toronto. No extremo norte, há uma importante região comercial, com o Yorkdale Mall e a Orfus Rd., a rua dos outlets. Mas é o trecho mais comecial da parte sul da Dufferin – que vai do norte da College Street, com o Dufferin Mall, até a Dupont, com o Galleria Mall, passando pela crucial esquina com a Bloor, onde está a estação de metrô da Dufferin – que passará por um processo de profundas transformações em breve, e deixará a Dufferin completamente diferente de como a conhecemos hoje. Melhor tirar fotos logo para que no futuro nos recordemos de como ela era quando chegamos ao Canadá. Veja os detalhes da nova Dufferin nesta entrevista exclusiva com a vice-prefeita de Toronto, a vereadora luso-canadense Ana Bailão. Área do Galleria Mall (esquina com a Dupont) Ana conta que a área do Galleria Mall já teve um projeto para sofrer alterações em 2004, mas os donos atuais reapresentaram o requerimento em 2016. A primeira proposta não levava em conta a vizinhança, mas a nova faz com que sejam construídos apenas oito edifícios, em vez de 11, com altura máxima de 35 andares, em vez de 42, e garante que metade dos apartamentos sejam para famílias e que 150 deles sejam com preços razoáveis (“affordable”). Dado o tamanho da alteração na área, a vice-prefeita afirma que viabilizou que a proposta fosse discutida pela comunidade em três “open houses” e seis outras reuniões. Em troca do empreen-

Prédio do Wallace Emerson Community Centre, na Dufferin St., em Toronto.

dimento, a cidade pediu uma ampliação do Wallace Emerson Community Centre, para o dobro do tamanho atual, o que o tornará um dos maiores de Toronto, uma nova creche, uma expansão do Wallace Emerson Park e espaço para mais dois ônibus pararem na Dufferin. Segundo Ana, “Estas melhorias que a comunidade garantiu vão permitir que tenhamos excelentes instalações para as próximas gerações”. Esquina sudoeste da Dufferin e Bloor A vice-prefeita afirma que tentou que o Toronto District School Board, o qual fechou escolas que mantinha na área, vendesse parte do terreno para a Prefeitura, mas tudo foi entregue a uma construtora privada. A proposta apresenta a construção de edifícios de até 47 andares, com nada menos do que 2.219 apartamentos, além de lojas, escritórios e um parque. A construtora está apelando ao Tribunal de Apelações de Planejamento Local (LPAT), enquanto negocia com a Prefeitura a possibilidade de revisões positivas no projeto. “Espero continuar trabalhando com a comunidade, com o Planejamento Municipal e a construtora para que tenhamos uma creche no local, moradias

com preços razoáveis, um centro comunitário robusto e área verde, e também para que cheguemos a uma proposta que respeite e reforce as características de nossa comunidade”, disse Ana. Área do Dufferin Mall A empresa proprietária do Dufferin Mall, a Primaris Management Inc., quer construir edifícios com apartamentos de aluguel na parte norte de sua propriedade, onde hoje existe o estacionamento externo e lojas isoladas. Também quer expandir o shopping, ter um melhor acesso a pedestres e adicionar um parque. A Prefeitura não recebeu um requerimento formal até agora, não tendo detalhes da proposta. No entanto, a vice-prefeita entende que é crucial que a comunidade tenha a oportunidade de analisar o projeto, e por isso encorajou os construtores a organizarem “open houses”. A segunda delas deve acontecer nesta primavera canadense. “Na medida em que a cidade cresce, é importante que a comunidade se beneficie disso. Precisamos identificar estas oportunidades para garantir que todos na comunidade se beneficiem”, concluiu a vice-prefeita.

Com mais de 35 anos de experiência como jornalista, José Francisco Schuster atuou em grandes jornais, revistas, emissoras de rádio e TV no Brasil. Foi, durante 8 anos, âncora do programa Fala Brasil, e agora produz e apresenta o programa Noites da CHIN - Brasil, na CHIN Radio.

nayá illanes ramos

As eleições e o novo ConCid Nos dias 16 e 17 de março, ocorreu a votação para o novo Conselho de Cidadania de Ontário (também chamado ConCid) para a gestão 2019-2021. A votação foi no Wallace Emerson Community Centre e 437 brasileiros compareceram para votar. A Chapa 1 foi a vencedora, com 299 votos (68,4%), contra 136 para a Chapa 2 e dois votos em branco. O período de eleição foi marcado por alguns episódios controversos, mas, assim como no dia do debate (em 6 de março), as duas chapas mantiveram uma relação respeitosa entre si. O papel do ConCid é aproximar os brasileiros que vivem em países estrangeiros da rede consular, estabelecendo uma ponte entre o governo e a sociedade civil no exterior. A Chapa 1 é composta por Arnon Melo, Camila Valente, Carlos Coimbra, Dolores Gontijo, Elias Santos, Ivonete de Sousa, José Cabral, Karina Almeida, Leila Farah, Leonardo Consenza, Maria de Melo, Lúcia Scalco, Miriam Bensabath, Rodrigo Durigon e Rossana Menezes. O grupo iniciou a nova gestão em 10 de abril.


fa st fashion

Economia

Como comprar roupas baratas com a consciência limpa

Alexandre Dias Ramos é editor

Toda primavera a gente se dá conta que as roupas dos filhos não cabem mais, e que precisamos comprar tudo de novo. Onde comprar baratinho? H&M, Forever 21, Walmart, Zara, The Children's Place, Old Navy, Joe Fresh, Gap, certo? Errado, muuuuito errado. Basta uma assistida no filme The True Cost, disponível no Netflix, ou em dezenas de vídeos do Youtube, para entender por que essas lojas conseguem vender roupas tão baratas. A resposta é sempre a mesma: porque exploram o trabalho semiescravo em países menos desenvolvidos, onde a jornada diária de trabalho pode chegar a 16 horas. E, dentre os trabalhadores, inclui-se aí também crianças. A Unicef e a International Labour Organisation esti-

mam que 11% das crianças do mundo estão em situações que as privam de seu direito de ir à escola pela interferência do trabalho. Muitas destas crianças trabalham na cadeia de fornecimento de vestuário, para satisfazer a demanda dos consumidores na Europa e América do Norte. Em outras palavras, a vantagem de gastar menos comprando roupas baratas significa a desvantagem de alguém em algum outro lugar do mundo. Mas como sair dessa lógica? Como quebrar as regras que a chamada fast fashion nos impõe? Uma das respostas está em comprar, frequentar e apoiar locais como o Value Village, onde você pode conseguir, a preços baixíssimos, roupas novas e usadas doadas por pessoas

como você, que não precisam das roupas que não servem mais nos filhos. É verdade que no Value Village se encontra muita coisa velha e desgastada; por outro lado, há também roupas ainda com a etiqueta. Chegam novos produtos o tempo inteiro, o que significa que a cada dia há

roupas diferentes para descobrir. E não apenas roupas: tem sapatos, brinquedos, cintos, casacos, copos, vasos, tacos de golf... Precisa de uma batedeira? É possível achar por $8.99. Ainda que muitas daquelas roupas sejam de marcas irresponsáveis, comprá-las de segunda-mão cria uma

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mudança significativa nas regras do jogo. Há uma sobrevida para as peças de roupa, há mais acessibilidade para quem precisa e há, antes de tudo, um desincentivo em comprar diretamente dessas lojas da indústria do consumo descartável. Mas se você ainda quiser comprar suas roupas numa loja bonitinha, também pelo prazer do passeio e da experiência de compra, a sugestão é sempre prestigiar comércios locais, pequenas lojas de seu bairro e de sua comunidade. Assim, a nossa vantagem vira também a vantagem de todos.

slow fash ion


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Saúde& Bem-Estar

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Você é o que você come Camila Garcia Pendurado na parede da enfermaria da minha escola secundária em São Paulo, um pôster com a foto de uma menina pulando, e seu corpo substituído por imagens de verduras, legumes, grãos e doces, trazia a mensagem em negrito: “Você é o que você come”. Talvez esta imagem tenha influenciado minhas escolhas pessoais; contudo, demorou alguns anos para que eu compreendesse a relação entre alimentação e políticas sociais. O lançamento do Canada’s Food Guide 2019 – guia de nutrição produzido pela Health Canada – apresentou um novo olhar sobre aquilo que consumimos. O documento contém 62 páginas e foi preparado a partir de pesquisas científicas de alta qualidade em alimentação e saúde e sem conexões com nenhuma indústria alimentícia – o que é muito relevante (food-guide.canada.ca/en). Ele influencia os conselhos nutricionais de médicos e nutricionistas e pode ditar o menu de escolas e hospitais. No modelo atual, entre as principais recomendações está: aumentar o consumo diário de frutas, legumes, alimentos integrais e proteínas derivadas das plantas. Outra grande mudança foi a indicação de proporções no prato, ao invés de tamanho de porções individuais, e o incentivo ao cultivo de hábitos alimentares positivos, como comer acompanhado de amigos ou familiares e cozinhar em casa. Para complementar, água é a indicação de bebida. O que muitos não sabem é que este guia canadense teve como exemplo, entre outros, o revolucionário Guia Alimentar para a População Brasileira, lançado pelo Ministério da Saúde no Brasil em 2014. Ao contrário do que se es-

pera, o manual não traz categorização de grupos de alimentos, nutrientes ou o famoso formato da pirâmide alimentar (abolido em 2010), e sim foca em uma visão holística, propondo uma nova classificação baseada nos quatro graus de processamento:

Coma muitos legumes e frutas

Coma alimentos proteicos

Faça da água sua bebida preferida

1. Alimentos in natura ou minimamente processados (carne fresca, legumes, leite, frutas, hortaliças, etc.);

2. Ingredientes culinários e industriais (amidos e farinhas, óleos e gorduras, sais, adoçantes, etc.); 3. Alimentos processados (carne seca, extratos ou concentrados de tomate, frutas em calda, queijos, sardinha e atum enlatados, etc.);

4. Alimentos ultraprocessados (sorvetes, balas e guloseimas, cereais, refrigerantes, iogurtes, etc.). Claro que a recomendação é evitar ao máximo os produtos da última categoria. Certamente a imigração vem acompanhada por mudanças nos hábitos alimentares, e o Canadá não possui a mesma riqueza e diversidade de produtos frescos como o Brasil; no entanto, a nutrição não deveria ser comprometida neste processo de adaptação; afinal, já é bem estabelecida a relação entre inúmeras doenças, como obesidade, gastrite, problemas cardiovasculares e diabetes, com a má alimentação – e que podem nos tornar dependentes de remédios durante toda a vida. Uma pesquisa realizada em conjunto entre a Universidade de Guelph (Ontário) e a Universidade Dalhousie (Nova Scotia) revelou que a adoção das diretrizes do novo Canada Food’s Guide por uma família de quatro pessoas (2 adultos, 1 adolescente e 1 criança) resultaria na economia anual

Escolha alimentos integrais canada food’s guide

de 6,8% nos gastos alimentares. Porém, este quadro tende a não ser estável, uma vez que já está previsto para 2019 o aumento de até 6% nos preços dos vegetais e de 3% nas frutas. Maior demanda sem o acompanhamento do setor agrícola resulta em altos preços. Se não houver implementação de medidas efetivas no controle de preço e regras para a indústria, no futuro próximo, pessoas de classe média e baixa terão que escolher entre ter uma alimentação saudável ou economizar a diferença para pagar outras con-

tas – uma decisão que não deve ser negligenciada pelos governos e largada injustamente no colo do consumidor. Os produtos ultraprocessados são mais acessíveis e duráveis, mas eles adoecem a população, que por sua vez sobrecarregam o sistema de saúde pública e fomentam a indústria farmacêutica, contribuindo para um ciclo que beneficia apenas

uma pequena fatia da sociedade. Hoje em dia, temos que ir além do que compramos no supermercado, precisamos compreender como esses ciclos operam e assim propor soluções viáveis para garantir o acesso permanente e regular de todos a uma alimentação adequada e saudável.

Camila Garcia é paulista e já trabalhou com teatro, rádio, televisão e jornalismo. Sempre de olho no universo político, adora trocar suas impressões com os mais chegados, e agora com os leitores do Jornal de Toronto. Atualmente é apresentadora do programa de televisão Focus Portuguese, todos os sábados e domingos, na OMNI TV.


JOGOS

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A temporada regular de baseball geralmente vai de março a setembro e cada time joga 162 vezes. As partidas acontecem “em série”, por isso um time joga contra o outro em 3 dias seguidos. No final de outubro, tem o famoso World Series, uma série de “melhor de 7” jogos (assim como na NBA), disputados entre o melhor time da Conferência Americana e o melhor da Conferência Nacional.

162

NÚMERO DE PARTIDAS DURANTE A TEMPORADA

JOGADORES São 9 jogadores em cada equipe, que se alternam entre jogadores de defesa e de ataque. Cada “jogada” terá 9 jogadores de defesa contra 1 de ataque em campo, ao mesmo tempo. Esse único jogador de ataque é o rebatedor, e o jogador de defesa, que lança a bola para ele, é o principal jogador do baseball, chamado de arremessador ou pitcher.

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1

Jogador de ataque

Jogadores de defesa

ENTENDENDO O PLACAR TIMES

1

2

Pontos totais

4

5

6

7

Erros

Rebatidas

Pontos nas entradas (innings)

3

Rebatedor

8

9

R

H

E

Time visitante Time da casa

30 EQUIPES

disputam a Major League Baseball divididas em

CAMPO E POSIÇÕES DOS JOGA

O campo de jogo é também conhecido como diamante, devido ao seu formato

Foul pole

2 CONFERÊNCIAS (American League e National League) com

Interbases (shortstop)

Campista esquerdo (left fielder)

3 DIVISÕES em cada e

5 EQUIPES

Foul line

em cada divisão

Jogador de terceira base (third baseman) Base (3B)

Base (2B)

Arr (

INFIELD (grama) Coach's box Rebatedor (hitter) On-deck

O BASTÃO COMPOSIÇÃO

Nas ligas profissionais é utilizado o bastão de madeira maciça

Tamanho máximo 107cm

18,39m Home plate

Receptor ou apanhador (catcher)

PESO

Pode variar de 850 gramas a pouco mais de 1kg

COMPOSIÇÃO

A BOLA

TORONTO E O BASEBALL Com mais de 4 décadas na maior liga de baseball, a trajetória do Blue Jays é marcada por grandes feitos e inclusive Toronto tem ligações diretas Blue Jays com o Brasil é criado

Primeiro logotipo

1977

O Blue Jays torna-se o primeiro time fora dos EUA a ganhar o campeonato da MLB (Major League Baseball) Troféu da World Series, conquistado contra o Atlanta Braves

Segundo título consecutivo do Blue Jays na MLB

O paulista José Pett foi o primeiro brasileiro a assinar contrato com a MLB (Toronto Blue Jays). Não chegou a jogar no time principal

1992

PESO Entre 142 e 149 gramas Entre 7,3cm e 7,6cm

Troféu conquistado com 4 vitórias contra 2 do Philadelphia Phillies

1993

On-deck para os na sequ

O centro geralmente é c cortiça e revestido por lã corda. A parte externa é de couro, costurada a m

COSTURA

O tipo de costura é responsável pelos diferentes efeitos da bola

Toronto Blue Jays muda a identidade visual pela primeira vez

Segunda mudança da logo

1997

2003


Esportes

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Afinal, como são as regras do baseball?

Um dos esportes mais amados pelos canadenses, mas que pouca gente sabe explicar como funciona Ana Luisa de Arruda Darcie é jornalista & Valf é ilustrador e escritor

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INFIELD (terra)

remessador (pitcher)

OUTFIELD (grama)

Home plate

2

Jogador de primeira base (first baseman) Coach's box: Área onde os técnicos da primeira e terceira bases podem ficar

A distância entre as bases é de 27,5m

VELOCIDADE

Em registros oficiais, a maior velocidade de um lançamento alcançada foi de 169km/h

Topo dos ombros Linha média Topo da calça

Altura dos joelhos

Strike Zone

composto de ã, algodão e uma capa mão

Pontuação

STRIKE ZONE

k: Área de aquecimento rebatedores que entram uência

Após 25 anos, a marca do Blue Jays volta a suas origens, porém com um desenho mais moderno Rebatedor

Terceira mudança da logo

2004

Yan Gomes, natural de São Paulo, torna-se o primeiro brasileiro a jogar profissionalmente na MLB (Toronto Blue Jays)

2012

Rebatedor atinge a bola

Campista direito (right fielder) Foul line

Base (1B)

O arremessador precisa lançar a bola na direção do rebatedor, mas tendo como alvo uma área que fica atrás deste, chamada strike zone (ver quadro abaixo).

Foul pole

Campista central (center fielder) Jogador de segunda base (second baseman)

Exemplificando: um batedor (ataque) entra em jogo a fim de acumular “run” para o seu time em uma das 3 chances que tem, ao mesmo tempo que o arremessador (e toda a defesa) tenta eliminá-lo. Uma vez eliminado, entra um outro batedor a fim de tentar novamente o run (a sequência de batedores é uma ordem pré-estabelecida).

OBJETIVO DO JOGO

HOME RUN Ocorre quando o rebatedor manda a bola para fora dos limites do campo, geralmente indo parar nas arquibancadas. O rebatedor corre por todas as bases até chegar ao home plate e assim anotar uma corrida e marcar um ponto. A bola deve passar entre os foul poles

ADORES

Na primeira metade da entrada, joga o turno do ataque de um time contra o do turno da defesa do outro. Após 3 eliminações de batedores, os turnos são invertidos e a história se repete. E tudo isso acontece numa mesma entrada (Por isso demora tanto).

No baseball existem as innings (entradas), que são nove no total, e que são divididas em dois turnos cada (o turno da defesa e o turno do ataque), e as eliminações, que são três a cada turno, ou seja, seis por entrada.

Há 150 anos nascia um dos esportes mais amados pelos canadenses e pouco compreendido pela maioria dos brasileiros: o baseball. É impossível andar pelas ruas de Toronto e não ver pelo menos um boné, ou camisa, ou gorro, ou qualquer coisa relacionada ao Toronto Blue Jays. Na temporada de 2018, o time levou uma média de quase 30 mil pessoas ao Rogers Centre. Se tanta gente gosta, o jogo deve ser muito interessante, certo? Certo se você entender um pouco das regras! E é nisso que o Jornal de Toronto vai te ajudar agora.

A intenção do arremessador é que o batedor não acerte a bola. Caso o batedor acerte a bola, este precisa completar uma corrida (run) – que significa percorrer as quatro bases do campo sem ser eliminado.

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Começa a corrida para tentar passar por todas as bases e voltar para o home plate

Caso ele consiga correr somente até a primeira base, por exemplo, outro rebatedor entra no jogo para aquele tentar correr mais. Vence quem terminar o jogo com mais corridas.

O time marca 1 ponto cada vez que os corredores percorrerem as 4 bases, que é o mesmo que completar uma corrida. Ou seja, sempre que um jogador voltar para a base de onde saiu (home plate), completa-se esse ponto.

Área onde a bola obrigatoriamente deve ser lançada para que o lance seja considerado como válido

ALGUMAS FORMAS DE ELIMINAÇÃO

O rebatedor O arremessador consegue bater a consegue acertar bola, mas um dos a bola na strike jogadores de defesa zone 3 vezes segura a bola antes contra o mesmo Quando dela tocar O rebatedor rebatedor um jogador de no chão consegue bater a bola, a defesa encosta a luva bola toca no chão, mas no rebatedor um dos jogadores de enquanto a bola está defesa a lança para o em jogo e este está homem da first base (1B) tentando os runs antes do rebatedor chegar à primeira base

Home plate (43,18cm)

A CASA DOS JAYS ROGERS CENTRE

Inaugurado em 1989 com o nome de SkyDome, tem capacidade para 49.282 torcedores, a segunda maior da liga

Mas, e aí, Vale a pena? Vale a experiência de vivenciar um dos esportes mais amados por aqui. Começando pelo entorno do Rogers Centre, que fica bem parecido com os jogos de futebol no Brasil, mas sem rixa de torcida. Aqui você pode até ir com camisa de outro time, que os torcedores vão, no máximo, brincar com você por isso. Tem comida, hot dog e poutine, claro, bebidas e até cambistas. Ou seja, mais parecido, impossível. Além disso, é uma imersão completa e absoluta na cultura local. Fora que se você começar a entender o jogo, tudo fica bem mais divertido, né?


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Cultura

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Newton Moraes e o desafio dos nossos tempos

Espetáculo de dança “Wired Love” capta o espírito de nossa época Gloria Blizzard é escritora O diretor artístico e coreógrafo Newton Moraes é um grande contador de histórias. Em seu mais recente trabalho, Wired Love, ele tece movimento, voz, iluminação e sonoridade em um conto que explora nossa relação com a tecnologia – especificamente nossos telefones celulares, como extensões dos nossos próprios corpos. Nessa narrativa sensível sobre a nossa luta moderna, os dançarinos são inicialmente incapazes de fazer qualquer conexão física ou emocional entre si, mas apenas filmando o sofrimento do outro ou permanecendo envolvidos com suas telas individuais. Eles alternam entre suas solitudes separadas e momentos de contato humano. O conjunto de cinco dançarinos, altamente habilidosos e de diversas origens, movimenta-se de forma fluida entre o balé, a dança contemporânea, o hip hop, o Butoh japonês, a dança indí-

O bailarino Shakeil Rollock, no espetáculo Wired Love, apresentado em Toronto.

gena Xavante e a linguagem de sinais. Um pas de deux não convencional faz referência à capoeira. Os dançarinos também fazem

referência aos movimentos característicos dos orixás, os deuses e deusas da religião afro-brasileira do candomblé. Essa multiplicida-

cylla von tiedemann

de de vocabulários de movimentos culturais resulta em um espetáculo de uma hora que é épico em seu escopo.

Também é cheio de tiradas e humor. “Eu estou fazendo um show”, diz um dos dançarinos para sua avó, pelo celular, no meio da apresentação. Os outros dançarinos se juntam para acenar para ela no telefone. A plateia ri e ainda fica pensando se este seria um momento apropriado para a conexão. O espetáculo inclui um poderoso som ambiente, que se alterna entre vozes líricas crescentes e ritmos afro-brasileiros. Às vezes, o som barulhento de uma espécie de drone faz com que o público experimente, através de vibrações sonoras, uma sensação de ameaça pela tecnologia. Apesar dos comentários fortes do programa, a visão de Moraes também traz oportunidades para nos reunirmos e nos conectarmos usando a tecnologia para recriar o sentido de comunhão do passado. Wired Love é um tratado elegante e convincente de nossos tempos, explorado pela graça e poder da dança.


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Notícias da Baixada

Anésia: Coitada

da

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Marineide _ Will Tirando

Ano XV, Parte 2 Cristiano de Oliveira Conforme eu dizia na penúltima edição, mais uma visita anual ao Brasil se deu e, como sempre faço desde 2004, eu a aproveito pra gerar matéria pra jornal, pois sou um cidadão muito sem assunto. O povo bocudo que vem discutir comigo na internet geralmente diz que eu deveria ir estudar, especialmente agora que as Faculdades Integradas Whatsapp oferecem cursos de Ciênssa Pulítica e Barraco Quântico a custo zero, mas agora é tarde: já dediquei minha vida a outras atividades igualmente gratificantes, como engenharia de som de disco de curió, tráfico de DipN’Lik, purrinha valendo e criação de porquinho da Índia.

Pois é, falávamos de Brasil e o que eu vi por lá. A conclusão principal é simples: o brasileiro concorre na cabeça ao título de povo mais folgado do planeta. E vale pra todos nós, pois hoje aqui, convivendo com esse povo todo cheio de regrinha, a gente vê a folga do brasileiro e se horroriza, mas enquanto estávamos lá nunca nem sonhamos em ficar à direita na escada rolante. E o que leva uma pessoa a dirigir pela madrugada, por entre as ruas de bairros residenciais, com as janelas abertas e o som tão alto que nos faz pensar que um carro de telemensagem ressuscitou do in-

ferno pra assombrar a cidade? O cara quer ouvir som alto, e as centenas de pessoas dormindo que se lasquem com molho e farofa. É a famosa “folga”. Talvez a folga esteja ligada a outro fenômeno que testemunhei: a dedicação do brasileiro a se declarar o cidadão mais miserável do planeta. Nem tente contar para um brasileiro sobre algum aperto que você passa ou passou no Canadá, pois é igual discutir com menino: ele vai te cortar com algo do tipo “ahn, ahn, e nós aqui no Brasil que temos que encarar x, y...”. Meu irmão, eu não tô entrando em concurso de quem boia menos quando cai em fossa, eu tô só contando um caso! Mas o cara vai sempre tentar provar que ele é mais lascado que você. Talvez a folga seja até uma reação a esse sentimento de fuleiragem pessoal, algo do tipo “eu sou o bicho mais sem futuro do planeta, então vou fazer tudo que eu quero porque, tadinho de mim, eu mereço”. Mas posso estar errado, a folga pode ser simples resultado do camarada ser um cabrinha mal-educado mesmo. Mas minha penúltima noite no Brasil trouxe algo inusitado: um sonho. Eu nunca lembro de sonho nenhum, pois durmo como uma pedra que assiste beisebol. Mas naquele dia acordei com o sonho nítido na memória, e logo anotei o que lembrava pra não esquecer. No sonho, eu saía do meu carro no Brasil e uma mendiga enfurecida vinha correndo pra cima de mim com uma faca. Pouco depois, estou tentando entrar num evento no Canadá, e a mulher da portaria diz que meu assento tinha sido ocupado por outra pessoa e eu teria que ficar em pé. Reclamei, e um cara também da portaria me diz que eu deveria achar bom, pois poderia estar “in Sao Paulo watching some crap from the top of a building” – anotei a frase certinha assim que acordei. Nem vou precisar do livro do Pedro de Lara pra interpretar esse sonho, já entendi que não existe paraíso. Adeus, cinco letras que choram.

Cristiano de Oliveira é mineiro, atleticano de passar mal, formado em Ciência da Computação no Brasil e pós-graduado em Marketing Management no Canadá. Foi colunista do jornal Brasil News por 12 anos. É um grande cronista do samba e das letras.

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História &

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A liberdade dos inconfidentes e a de hoje

Liberdade... ainda que tardia? André Oliveira & Rodolfo Marques O dia 21 de abril marca no calendário brasileiro a morte de Tiradentes, ocorrida no ano de 1792. O episódio está diretamente ligado ao movimento conhecido no século XVIII como Inconfidência Mineira, em que se apresentavam demandas importantes como o combate à escravidão e os ideais do republicanismo e da liberdade de expressão e ação. O foco do movimento sempre foi na liberdade, motivada em Minas Gerais principalmente pela questão da concentração, por parte da Coroa Portuguesa, das riquezas oriundas da exploração mineral. Não há como negar que parte

da “semente” deixada por esse movimento brotou no final do século seguinte, em 1889, com a Proclamação da República no Brasil. Algumas das questões apresentadas na Inconfidência Mineira estavam vinculadas ao movimento intelectual, científico e artístico conhecido como Iluminismo, que, por exemplo, influenciou diretamente o movimento independentista nos Estados Unidos, em 1776, e a eclosão da Revolução Francesa, que chegou ao ápice com a derrubada da monarquia, em 1789, tendo como lema “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”. A bandeira de Minas Gerais, aliás, ostenta a inscrição em latim “Libertas quae sera tamen”, ou “Liberdade ainda que tardia”.

Prédio do Museu da Inconfidência, na cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais.

A morte de Tiradentes também traz em seu contexto a questão da traição praticada por Joaquim Silvério dos Reis. Português, Silvério “entregou” Tiradentes e outros líderes inconfidentes à Coroa de seu país, tendo suas dívidas pessoais perdoadas. Fazendo um paralelo com a contemporaneidade, foi como se Silvério dos Reis tivesse buscado o benefício da “delação premiada”, diminuindo seu prejuízo financeiro com a denúncia de seus colegas de movimento. Sobre os ideais inconfidentes nos dias de hoje, não há dúvida de que existem nexo causal e busca permanente pelos

conceitos de liberdade e de respeito entre os brasileiros. Tal busca pelo exercício pleno da liberdade está presente na Carta Magna de 1988, inclusive. Podemos dizer que o Brasil vive, hoje, a plenitude do exercício da liberdade? Será que os princípios buscados no movimento inconfidente foram atingidos? Em que aspectos o Brasil precisa evoluir no quesito “liberdade”? Esta-

mos lidando bem com nossos “traidores”? O Brasil vive um processo de redemocratização desde 1985, após 21 anos de governo autoritário dos militares. De lá para cá, houve processos sucessivos de pleitos eleitorais, com êxito e respeito relativo ao resultado das urnas. O relatório da organização Freedom House de 2019 sobre a liberdade no planeta classifica o Brasil como li-

André Oliveira (à esquerda) é advogado com especialização em Direito Público, doutor em Ciência Política pela Universidade Federal de Pernambuco e membro da Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP) desde 2009. Rodolfo Marques é analista judiciário, publicitário e jornalista; Mestre (UFPA) e Doutor (UFRGS) em Ciência Política, e professor de Comunicação Social na Universidade da Amazônia e na Faculdade de Estudos Avançados do Pará.

kenneth andrade

vre, embora tenha assinalado declínio dos direitos políticos e liberdades civis no país. Há, assim, algumas áreas, como a proteção a jornalistas independentes e a ativistas civis, de ameaças e ataques violentos em que o Brasil precisa avançar para honrar a tradição libertária dos inconfidentes mineiros. Temos então uma liberdade, ainda que tardia?


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A Páscoa traz um sentido de conexão com a comunidade Rodrigo Toniol é doutor em antropologia Como se constitui uma comunidade? Essa não é uma pergunta de resposta fácil. Sociólogos, historiadores e antropólogos dedicam muita energia e muitas páginas a esse tema. Os debates e as análises, além de extensos, são repletos de minucias que mostram como a forma de constituir um grupo varia no tempo – os laços fortes de uma comunidade há 600 anos não são os mesmos que garantem a vitalidade de um grupo hoje – e no espaço – grupos das ilhas da Polinésia organizam seus grupos de maneira muito diferente dos holandeses. Apesar de todas essas variações, alguns consensos são fortes. Entre eles o de que, no Ocidente moderno, um elemento fundamental para consolidar uma comunidade é um calendário compartilhado. Os feriados cívicos, por exemplo, não são somente datas para lembrar de feitos e fatos do passado, mas são momentos em que se produz e se conta a história oficial, introduz-se uma referência geral para

a temporalidade da vida de todos daquele grupo. Há ainda, segundo os especialistas no tema, algumas datas desse calendário coletivo que são mais centrais para a produção do sentido de pertencimento em comunidade. No caso do Brasil, notoriamente, Natal e Páscoa são dois desses momentos-chaves de reafirmação de pertencimento. O almoço de Páscoa, por exemplo, marca o sentido mais amplo de ser cristão, Mercado de bacalhau, em Lisboa. e também um sentido mais íntimo: compartilhar o almoço de ligioso, mas principalmente um Páscoa significa pertencer àquela sentido de conexão com sua cofamília. Isso também nos ajuda a munidade, uma forma de reforentender nossa inicial resistência çar vínculos e pertencimentos. ou dificuldade em aderir a datas E é aqui que chegamos numa que, por mais afetiva que sejam segunda parte dessa história, a para alguns, não nos mobilizam comunidade se baseia não apeinteiramente, como é o caso, para nas em um conjunto de comeos brasileiros, do Thanksgiving. morações compartilhadas, como É por isso que, para quem está também na convergência das longe, celebrar a Páscoa pode formas de celebração. Nesse queter não somente um sentido re- sito, os brasileiros têm uma de-

marcus eubanks

liciosa singularidade: o bacalhau salgado. A iguaria viajava com os portugueses em suas navegações desde o século XV, mas foi só com a chegada na corte no Brasil, em 1808, que o costume de comer bacalhau ficou mais difundido por lá. E por que esse é um prato pascalino? O costume remonta à Idade Média, quando os dias de jejum praticado pelos cristãos não permitiam a inges-

tão de alimentos quentes. O bacalhau era um prato frio e, pouco a pouco, tornou-se a refeição que marcava o fim dos jejuns. É por isso que a Páscoa, que celebra a ressurreição de Cristo e marca o fim da quaresma, um período de restrições para os cristãos, é quando se come o bacalhau. Com ou sem bacalhau, boa Páscoa e boa celebração de sua comunidade!

FELI ZPÁS COA são os votos do

Jornal de Toronto


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