Jornal de Toronto Em vigor as novas regras entre proprietários e inquilinos
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TTC o melhor As crianças, a autoestima transporte público da e a escola América do Norte?! As crianças que possuem laços Humm... acho que afetivos bem construídos e sólidos aprendem mais e melhor. p. 11 não p. 2
A história do Halloween Você sabe por que o último dia de outubro ficou tradicionalmente tão “assustador”? p. 7
edição # 4 | ano # 1 | outubro 2017 | www.jornaldetoronto.ca | info@jornaldetoronto.ca | ISSN 2560-7855
Por que outubro em Toronto é incrível? p. 7
juliano ghisi_gabynocanada.com
4 aplicativos que ajudam Os transgênicos e a a rachar a conta em sua saúde restaurantes e bares p. 6 As duas metades do Canadá, sob um outro p. 8 ponto de vista p. 3 p. 10
Dentre os inúmeros aspectos dos transgênicos que devem ser discutidos, como a questão da monocultura, a ameaça à biodiversidade e a consequente degradação do solo, um dos maiores problemas é a falta de acesso à informação, em que o consumidor segue às escuras e sem liberdade de escolha.
Os olhos que comiam carne Multicultural, pero no mucho p. 7
Criada a “Brazilian Students Website com vídeos e matérias Association of complementares Canada” p. 3 www.jornaldetoronto.ca
Sendo o Canadá tão multicultural, por que não se encontra nos shoppings refeições que remetam às nossas origens? p. 4
Editorial Que as bruxas estão soltas, isso a gente já sabe. Mas elas bem que podiam se resumir apenas a outubro. Dizem que o bem não vive sem o mal, é seu complemento e contraponto; pois bem, que comemoremos então um pouco do “mal” – e este é sem dúvida o melhor mês para isso. Nesta edição, fazemos homenagem ao Halloween com um conto de Humberto de Campos, um texto de Luiza Sobral e com o horóscopo do filósofo Louis L. Kodo. E se tudo depende do ponto de vista, nessa edição vamos dar a você algumas perspectivas diferentes, sobre diversidade sexual, educação, alimentação (da lavoura ao shopping center) e até mesmo geografia. Outubro nos mostra que o verão é bom (é ótimo!) mas que o outono é também um período fantástico para aproveitar a cidade. Se você já está com saudades de pular nas águas sempre quentinhas do Lago Ontário, agora você pode aproveitar aquele chocolate quente, um vinho ou uma cerveja na casa dos amigos. Não esqueça de levar o Jornal de Toronto com você. Uma boa conversa depende de assuntos interessantes, e isso é algo que certamente podemos te dar. ADR Editor-chefe: Alexandre Dias Ramos Gerente de marketing: Sonia Cintra Revisor: Eduardo Castanhos
Cotidiano
Cristiano de Oliveira Saudações, beduínos do deserto. E lá se foi mais um verão, e que verão gozado esse. Já estava no meio e parecia que ainda não tinha chegado direito. Enquanto no Brasil o povo congelava e reclamava da vida mais do que o normal, aqui a gente esperava o tempo firmar. No começo, era o frio que não ia embora e deixava o povo derrubado. Conversar com as pessoas era como chegar ao interior e parar pra cumprimentar o pessoal sentado à porta de casa: “Ah meu fio, tá muito bom não, mas o que há de se fazer, né? É a vida...” E todo esse entusiasmo estilo “Éramos Seis” (acho que foi o livro mais depressivo que já li na vida) foi se desenrolando até que, um belo dia, a gente saiu de casa e lá estava um solzinho meio sem jeito, um calorzinho querendo vingar, e aquela sensação de que o portão do cemitério dormira aberto: por todos os lados, avançava uma legião de pernas tão brancas que pareciam ter sido passadas no ovo e farinha pra fritar. E quem sou eu pra falar alguma coisa, pois também virei sargento nesse Exército
de Brancaleone. A partir daí, o que se viu foi calor e chuva ao mesmo tempo, e essa é a combinação perfeita para que o Canadá complete sua maior trindade de símbolos de grandeza: a CN Tower, a Yonge Street e o pernilongo. Por vezes eu me perguntava se estava sendo mordido por um pernilongo ou uma águia, e se o interesse dele era só sangue mesmo ou se estava tentando inserir um cateter. Ô terra do pernilongo grande e bravo! E num verão chuvoso como esse, o bichinho cresce forte e sadio. Ouviu um barulho perto da orelha à noite? Não é voo de pernilongo não, ele tá só coçando as perninhas. Pois lá estavam o calor, a chuva e o pernilongo. Vá lá, é uma combinação complicada, porém natural, e sendo a natureza incontestável, a gente aguenta sem chiar. O problema é quando chega o dedo cruel do homem pra dar dedada nas coisas da natureza, aterrorizar os povos e fazer mal às criaturas. E foi assim que o verão de calor, chuva e pernilongo ganhou o Despacito.
Fotógrafos: Charles Ricardo, Cheryl T., Clovis Rodrigues, Daniel Case, Fernanda Vicentin, Juliano Ghisi, Rosana Entler & Valter Vilar Colunistas: Cristiano de Oliveira, Emma Sheppard, Gabriela Ghisi & José Francisco Schuster Colaboradores dessa edição: Alexandre Dias Ramos, Bárbara de la Fuente, Dalmir Lott, Hugo Becker, Humberto de Campos, Joffre Faria Silva, Juliana Nogueira, Luiza Sobral, Marcelo Monteiro, Mônica Candido, Rodrigo Coelho, Savannah Burton, Simone Almeida & Stephen Michell
Agências, fontes e parceiros: Blog Gaby no Canada, Catraca Livre, Condos. ca, Pixabay Conselho editorial: Nilson Peixoto, Rosana Entler & Sonia Cintra © Jornal de Toronto. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução de qualquer trecho desta edição sem a prévia autorização do jornal. O Jornal de Toronto não é responsável pelas opiniões e conteúdos dos anúncios publicados. Circulação: O Jornal de Toronto é mensal e distribuído em Toronto, GTA, Montreal, Ottawa e Vancouver. Contato: info@jornaldetoronto.ca Siga nossa página no Facebook e matérias complementares, durante o mês todo, em nosso site: www.jornaldetoronto.ca Edição #4, ano #1, outubro 2017 ISSN 2560-7855
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Resumo do verão
Analista de sistemas: Fernanda Caroline Santos
Agradecimento especial para: Deluan Cotts Quintão, Laura Varcoe & Márcio Diniz
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Vencedor ou vencedores, eis uma questão
clovis rodrigues
Dalmir Lott é músico em Belo Horizonte Compreender a sociedade moderna é um desafio diário. Hoje, por exemplo, sábado de manhã, estava com minha filha de três anos num parquinho público, com outras crianças por perto. Normalmente trazem brinquedos de casa e as demais se sentem atraídas pelo alheio e se aproximam na tentativa de experimentar. Então, forma-se um grupo de crianças nesta faixa de idade e minha menina se insere. Entre estas crianças, agora aparecem outras mais novinhas. Uma destas, dona de um brinquedo, reluta em emprestar seu helicóptero de plástico e verba-
liza “Não! É meu!”, e o abraça. Vieram os pais e a orientaram: – Você tem que partilhar. Tem que emprestar. Temos todos que partilhar. Vamos partilhar, ok? Depois ela vai te emprestar os brinquedos dela também. A desconstrução começa quando vemos que no decorrer do tempo nos tornamos insensíveis ao direcionamento da melhor distribuição – a da riqueza no país e no mundo. E passamos a questionar ou refutar qualquer ideia semelhante em um nível social ou político. Enquanto penso nisso, prestando atenção em minha filha,
É duro! É todo dia, toda noite, em todo carro, toda mesinha de DJ... e na boca do povo que nunca sabe a letra inteira e ainda canta fazendo “nananana”. Que chiclete na cabeça! É muito triste perceber o poder destruidor das drogas, especialmente quando um tocador de surdo renomado e bem quisto na comunidade se flagra cantarolando o diabo do Despacito,
enquanto arruma o basement de casa. O mundo é muito injusto: tanto assassino perigoso ouvindo vozes do além, enquanto o cidadão de bem é obrigado a ficar com a voz do Justin Bieber na cabeça. E pra completar o desastre, o rádio também agarrou naquela Wild Thoughts da Rihanna, cuja guitarrinha maldita (copiada descaradamente de Maria Maria do Santana – não é sampler, é plágio mesmo) está transformando o amor que eu tinha no coração em Emulsão Scott. Mas no fim, por mais tenso que seja o verão, a conclusão é sempre a mesma: tava é bom demais. Ao menos não é inverno. Adeus, cinco letras que choram.
Cristiano de Oliveira é mineiro, atleticano de passar mal, formado em Ciência da Computação no Brasil e pós-graduado em Marketing Management no Canadá. Foi colunista do jornal Brasil News por 12 anos. É um grande cronista do samba e das letras.
observo a iniciativa de um adulto com outras cinco crianças mais ao lado, todas na faixa etária entre cinco e seis anos – mais velhas, portanto. O adulto está ocupado em criar brincadeiras dinâmicas entre elas. De repente, tem uma ideia: – Atenção, todos aqui atravessando esta barra com as mãos. O que levar menos tempo é o campeão! Vamos lá! Dá-se início a disputa. O tempo de cada um é medido. Ao final, o adulto revela quem ganhou. O campeão se sente radiante. Os demais têm o semblante desapontado. Passaram agora à condição de derrotados. Neste exemplo acima não há partilha da alegria, não há partilha da vitória, nem a partilha de que houve um sincero e reconhecido esforço de cada um. Há apenas um lugar, o do vencedor; e que o mereceu por uma questão de segundos à frente dos demais. Ao longo dos anos, mais tarde, serão levados a acreditar que não fizeram o esforço suficiente para merecerem algum lugar de destaque social. Que não tiveram mérito. Que há apenas lugares para campeões. Claro que não é tão simplista e reducionista que possa ser considerado absoluto o que digo, mas entendo que iniciamos tudo ensinando a partilhar e distribuir – tocados por uma moral –, no meio do caminho, desistimos de uma sociedade baseada nesta distribuição e, num dia fatídico, terminamos abraçados a um objeto ao qual, se pudéssemos, ainda diríamos aos presentes: “Não! É meu!”.
Humm... acho que não redação
Somente o presidente e o conselho diretivo do TTC estão realmente orgulhosos do prêmio recebido pela American Public Transportation Association (APTA), como o melhor transporte público da América do Norte em 2017. Really?! Com o prêmio, o TTC se autodenominou “o melhor dos melhores” e realmente acredita ser, como eles mesmos dizem, “um modelo de excelência”. Comparado a muitos países – e à experiência de pegar um ônibus ou metrô no Brasil – o TTC realmente pode parecer ótimo (e certamente tem muitos pontos positivos); mas quando nos deparamos com a falta de pontualidade, as longas esperas em regiões quase desassistidas, os inúmeros delays, os erros de programação com os shuttle buses, a sujeira, a falta de acessibilidade, a lentidão nas obras, a incompetência na renovação dos streetcars... Ver adesivado nos vagões o tal título do prêmio nos parece apenas uma piada de muito mau gosto.
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Você sabia? As duas metades do Canadá, sob um outro ponto de vista
Alexandre Dias Ramos é editor Em extensão territorial, o Canadá é o segundo maior país do mundo, perdendo apenas para a Rússia – só por curiosidade, o Brasil é o quinto –; por outro lado, o Canadá é um país com um número pequeno de habitantes, apenas 35 milhões (para se ter uma ideia, o estado de São Paulo tem cerca de 45 milhões). Sabemos que as pessoas estão mais concentradas nas cidades de Toronto, Montreal e Vancouver, e que conforme vamos indo para o norte, não apenas é (muuuito!!) mais frio, como
também mais inabitado. Mas como é essa distribuição? Este mapa do Canadá mostra uma pequena linha branca desenhada bem ao sul do país. A linha, na altura do Paralelo 46, atravessa quatro províncias, cortando o sul de Ontário, Quebec e Nova Brunswick, além de toda a província de Nova Escócia. Por incrível que pareça, o que a linha faz é dividir o Canadá em duas metades perfeitas: 50% dos 35 milhões de habitantes vivem ao sul da linha e 50% ao norte dela. Abaixo, é onde
Bom, faz de conta que terminei a matéria no parágrafo anterior. Mas, só para não deixar passar... está Montreal, Ottawa, Toronto e Halifax, ou seja, algumas das principais cidades do país. As vastas extensões de terra ao norte da linha estão, essencialmente, vazias. As três regiões mais ao norte do Canadá (Yukon, Territórios do Norte e Nunavut) cobrem cerca de 40% da área total do país, mas contam com apenas 113 mil pes-
soas (0,3% do total da população do país). Ao todo, 90% dos canadenses vivem a 160 quilômetros da fronteira com os EUA.
É dizer que, se TODOS os cerca de 470 mil aplicantes para visto permanente, somados a TODOS os cerca de 22,5 milhões de refugiados que existem hoje no planeta, fossem aceitos pelo governo canadense, ainda assim o país seria relativamente vazio. Além da tal linha ser curiosa, ela pode também nos mostrar, sem dúvida, muitos outros pontos de vista.
Criada a “Brazilian Students Association of Canada”
fernanda vicentin
Hugo Becker é presidente da Brazilian Students Association of Canada
Edilson Chimilovski, presidente e GM da Votorantim Aggregates North America, fala do valor que os estudantes brasileiros podem agregar ao Canadá.
No dia 25 de setembro, foi lançada oficialmente uma associação formada por estudantes brasileiros no Canadá, com o apoio do Consulado-Geral do Brasil em Toronto e da FCBB (Federation of Canadian-Brazilian Business). Com o propósito de conectar a comunidade de estudantes brasileiros no Canadá, a associação irá promover eventos, troca de conhecimentos e experiências
entre estudantes, e aproximá-los das empresas brasileiras e canadenses – através da criação de um banco de talentos –, tornando-se uma ferramenta de sucesso na vida acadêmica de cada estudante brasileiro. Caso você seja estudante em algum curso de graduação, pós-graduação, mestrado, doutorado, pós-doutorado, ou tenha concluído seu curso no Canadá nos últi-
mos cinco anos, e queira se tornar um membro, entre no site da Brazilian Students Association of Canada e responda a pesquisa que está no ar. Lembrando que não há custos para você se tornar um membro da associação. Com essa pesquisa, esperamos conhecer melhor a nossa comunidade de estudantes e poder trazer benefícios e atividades que sejam do interesse do nosso público. Esperamos que vocês tenham gostado dessa novidade e que ve-
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nham fazer parte da nova referência em engajamento estudantil no Canadá. Para mais informações, seguem nossas mídias: Website – www.brstudentassociationcanada.weebly.com
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Economia
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Multicultural, pero no mucho José Francisco Schuster O Canadá e Toronto, em particular, são conhecidos pelo seu multiculturalismo, com uma grande variedade de línguas, costumes e tradições podendo ser encontradas entre a população e suas instituições. Contudo, o multiculturalismo não é onipresente, sendo uma das notórias exceções as praças de alimentação (food courts) dos shopping centers (malls). Percorra qualquer uma delas e você encontrará praticamente uma repetição das mesmas grandes redes presentes nos demais shoppings. O detalhe é que, descontada a “comida-porcaria” (junk food), como os hambúrgueres e frangos fritos, as opções que se encontram são basicamente de comida asiática (chinesa, japonesa e tailandesa). Fora isto,
também faz parte do pacote quase sempre um fast-food de comida grega, única opção de alimentação de origem europeia, que é a salvação da lavoura para muitos brasileiros que buscam um tempero mais próximo do que estão habituados. De fato, está fazendo 50 anos que foi criada a expressão “comfort food” (a “comida de conforto”), que traz a quem come um valor sentimental ou nostálgico. O supremo exemplo é a “comida da mamãe”. Para imigrantes brasileiros, se alguém fizer uma festa oferecendo pão de queijo, coxinha e guaraná, é certo que arrancará suspiros e tudo desaparecerá em minutos. E sendo o Canadá multicultural, por que não se encontra nos shoppings refeições que remetam
Praça de alimentação do West Edmonton Mall.
às nossas origens? Mesmo tendo o Quebec praticamente ao lado, não se encontra nos shoppings de Toronto sequer representação da culinária francesa. Claro que o sonho dourado dos brasileiros seria encontrar nos shoppings comida brasileira, e sair com um prato-feito na mão, com feijão, arroz e picanha – assim como multidões buscam no BrazilFest. Temos excelentes restaurantes brasileiros em
daniel case
Toronto, mas falta algo rápido para o dia a dia, como os bufês a quilo, com os quais nos acostumamos no Brasil. Mas veja que até comunidades imigrantes muito maiores e mais antigas no Canadá, como os portugueses e italianos, não estão representados nos shoppings, apesar de
sua famosa culinária. Entendo que há toda uma questão comercial, e poderosos investidores por trás da situação atual; afinal, um estabelecimento no shopping tem um custo de aluguel muito maior do que o comércio de rua. Mas por que não apostar em nichos de mercado? Um
corajoso se estabeleceu recentemente com um posto de comida hispana no Sheridan Mall, e está com um bom movimento. Basta enxergar o ovo de Colombo.
Com mais de 30 anos de experiência como jornalista, José Francisco Schuster atuou em grandes jornais, revistas, emissoras de rádio e TV no Brasil. Foi, durante 8 anos, âncora do programa Fala Brasil, inicialmente pela rádio Voces Latinas e posteriormente pela Camões Rádio.
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e s o ri á t e ri p ro p re t n e s ra Em vigor as novas reg inquilinos
Stephen Michell é escritor de conteúdo do Condos.ca condos.ca As regras do jogo mudaram. Desde 1º de setembro de 2017, os proprietários devem seguir regras mais estritas quando se trata de despejar um inquilino, ou
então, enfrentar multas de até $25 mil. Essas mudanças fazem parte do novo plano de habitação do governo de Ontário (Fair Housing Plan), que incluiu
agora o controle do aluguel de todos os imóveis. As novas regras são em relação aos despejos, tornando-os mais arriscados para os proprietários e mais se-
Landlord & Tenant Board of Ontario Rodrigo Coelho é Licensed Paralegal A província de Ontário possui um sistema de tribunais administrativos chamado de Social Justice Tribunals Ontario, o qual é composto por oito desses órgãos. Eles foram criados para trazer rapidez e eficiência para a população de Ontário, dentro da área de expertise de cada um. O Landlord & Tenant Board (LTB) é um desses órgãos. Basicamente, o LTB resolve questões entre inquilinos e proprietários de imóveis residenciais, bem como pedidos de despejo feitos por cooperativas habitacionais sem fins lucrativos. Além disso, o LTB fornece informações sobre
as suas práticas, procedimentos, direitos e responsabilidades de inquilinos e proprietários, de acordo com o Residential Tenancies Act (a lei de locação imobiliária residencial de Ontário). Importante ressaltar que o LTB resolve questões da maioria das relações de locação residencial em andamento, isto é, com o inquilino ainda morando no imóvel alugado. As partes que acessam o LTB podem pedir que o membro do LTB expeça quatro tipos de ordem, a saber: interim order (ordem para uma parte fazer algo, ou uma decisão sobre uma parte dos pedi-
dos antes de uma decisão final); ex parte order (ordem feita depois de apreciar a documentação trazida pelo aplicante, sem ouvir a parte contrária); hearing order (ordem para uma nova audiência depois de uma audiência anterior); consent order (expedida quando as partes chegaram a um acordo e querem que o tribunal o endosse; ou quando o proprietário, que havia concordado com o inquilino acerca de um plano de pagamento, apresenta um pedido de despejo, pela falta de pagamento do aluguel ou dos acréscimos pela mora). Você pode acessar mais informações através do www.sjto.gov.on.ca/ltb.
guros para os inquilinos. Eis as novas regras para os proprietários: Se um proprietário decidir despejar um inquilino para uso pessoal do imóvel, para morar ou para que um membro da família more nele, o proprietário deverá fazer o seguinte:
• Pagar ao inquilino o valor de 1 mês de aluguel, como compensação pelo despejo;
• Ou, oferecer ao inquilino um outro imóvel compatível, no mesmo edifício ou em um edifício diferente; • O proprietário deverá ter a intenção de viver no imóvel por pelo menos um ano após o despejo; • Se o proprietário não cumprir estas regras e, em seguida, listar, readaptar ou demolir o imóvel num período menor ao de um ano do despejo, ele poderá pagar multas de até $25 mil.
Lembre-se, estas novas regras se aplicam apenas aos proprietários que desejam despejar um inquilino de um imóvel para “uso pessoal”. Isso não se aplica a despejos relacionados a inquilinos ruins, que danificam bens ou deixam
de pagar o aluguel – essas situações vão ao Landlord & Tenant Board, como de costume. Por que essas novas regras para proprietários foram criadas? Estas novas regras entraram em vigor para proteger os inquilinos de despejos injustos. Como muitas vezes acontece, todos pagam pelos erros de alguns. Desde sabe-se lá quando,
Em um mundo ideal, proprietários honestos e justos alugariam imóveis para inquilinos honestos e respeitosos. alguns proprietários gananciosos têm decidido expulsar bons inquilinos para obter um lucro maior. Inquilinos que pagavam o aluguel em dia, cuidavam bem do imóvel e nunca deram qualquer tipo de problema por longos anos... de repente, esses inquilinos recebem um aviso de despejo. A razão de ser, na
maioria das vezes: o proprietário, ou algum outro membro de sua família, pretende morar no imóvel. Em princípio, isso parece razoável e é compreensível; afinal, o proprietário possui a propriedade e pode fazer com ela o que quiser. O inquilino respeitoso sai, e em algumas semanas ou meses – BOOM! – ele vê o imóvel sendo oferecido no mercado, a um preço muito mais alto, ajustado aos novos valores do mercado atual. A nova regra destina-se a prevenir esse tipo de coisa. Em um mundo ideal, proprietários honestos e justos alugariam imóveis para inquilinos honestos e respeitosos. Mas não vivemos em um mundo ideal, vivemos em Toronto 2017. Isso significa que os proprietários às vezes expulsam os bons inquilinos para ganhar dinheiro, e os inquilinos às vezes desrespeitam os proprietários, danificando os imóveis e não pagando o aluguel. Precisamos de um mercado mais justo; e, infelizmente, em Toronto 2017, é necessário que a regulamentação governamental faça isso acontecer.
Tecnologia
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4 aplicativos que ajudam a rachar a conta em restaurantes e bares
catraca livre
Sair com os amigos é sempre muito bom. Afinal, mais importante do que o lugar é a companhia. No entanto, todo encontro passa por um pequeno estresse: a hora de dividir a conta. Muitas vezes, nem o pessoal de Exatas tem paciência de separar o que cada um gastou. E quando se opta por dividir tudo igualmente, pode ser que alguns acabem pagando bem mais do que poderiam (ou do que era justo). Por isso, selecionamos aplicativos que fazem esses cálculos da mesa para você. Economize tempo e evite discussões de uma vez por todas: Passa Régua
Com um visual que lembra uma nota fiscal, o app separa quem bebeu de quem não bebeu, a taxa de serviço e os extras. Assim, dá para rachar o valor total com toda a mesa de maneira coerente. [Android | iOS]
Fechando a Conta
A ferramenta é simples: o usuário cadastra todas as pessoas que estão na mesa, adiciona os itens pedidos (com quantidade e preço) e, depois, vincula cada um deles aos seus respectivos consumidores. Depois a matemática faz sua mágica e diz o quanto cada um tem que pagar. [Android | iOS]
Racha a Conta “Chega de pagar pela cerveja dos outros”, diz a descrição da ferramenta, bem-humorada. Com ela, você coloca o que cada um consumiu e divide itens entre algumas pessoas (tipo aquela porção de frango frito que só você e mais dois amigos gostam). Também dá para marcar quem foi
Conta Restaurante Assim como o Passa Régua e o Fechando a Conta, o aplicativo calcula o consumo de cada pessoa e aponta qual é a parcela de cada um no valor total. Para não existirem dúvidas, ele indica os 10% de taxa de serviço de várias formas – como no total da conta e nas parcelas individuais de cada pessoa da mesa. [Android]
embora antes, e se alguém sair sem pagar sua parte (ou pagar a menos), o Racha a Conta coloca essa dívida como um item a mais a ser dividido pela mesa, para depois os últimos do encontro poderem cobrar o “caloteiro”, se quiserem. O app é gratuito, mas também tem disponível uma versão paga que não tem anúncios. [iOS]
Cultura
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juliano ghisi_gabynocanada.com
Por que outubro em Toronto é incrível? Outubro chegou! E é tempo de curtir um dos meses mais incríveis em Toronto. E neste texto eu explico o porquê. Gabriela Ghisi As lindas cores do outono É em outubro que acontece o “pico do outono” ou, em outras palavras, que as árvores da cidade ganham tons de laranja, amarelo e vermelho. É difícil prever quando o fenômeno acontecerá, mas vale falar que esta mudança de cores acontece de maneira diferente ao redor da cidade. Geralmente é do meio para o final de outubro que as cores ficam mais vibrantes em Toronto, mas isso não é regra e depende muito de como foi o verão (forte, ameno) e do quão rápido o frio está chegando. Entre os lugares mais bonitos para ver as cores de outono em Toronto, es-
tão o High Park (maior parque da cidade) e o Rouge Park (o maior parque natural urbano da América do Norte, que fica na parte leste de Toronto). A temporada das abóboras Uma das coisas que mais curto no outubro de Toronto são as abóboras, que nesta época estão por todos os lados. Enfeites de casas, ingrediente especial de menus, plantações... abóboras são as estrelas do outono por aqui. Se estiver na cidade, não deixe de comer algum doce com abóbora (o meu preferido é o cheesecake de abóbora), visitar uma plantação de abóbora ou comprar uma abóbora enorme no supermercado para poder cortá-la e fazer uma decora-
ção de Halloween. Eventos e mais eventos Engana-se quem pensa que outubro não tem nada cultural para se fazer em Toronto. Eu acho que o mês é um dos que possui mais eventos do ano aqui na cidade, perdendo apenas para os meses de verão. Acredito que os canadenses querem aproveitar ao máximo os últimos meses de temperaturas positivas e curtir tudo o que a cidade tem a oferecer, antes que o frio extremo chegue. Alguns dos eventos mais legais que acontecem em Toronto no outono incluem Nuit Blanche (festival de arte gratuita nas ruas de Toronto) e Oktoberfest (festa alemã cujo astro é a cerveja).
Celebrações Duas das celebrações canadenses mais legais acontecem em outubro: o Thanksgiving e o Halloween. O Thanksgiving (dia de ação de graças) acontece na segunda segunda-feira do mês, e é o dia de agradecer pelas graças alcançadas. É um feriado bem popular aqui no Canadá (tão ou mais popular que o Natal) e as pessoas se reúnem com amigos e familiares para almoçar ou jantar. O cardápio? Peru, batata-doce, molho de cranberry, muita abóbora, pães,
Gabriela Ghisi é coordenadora de pesquisa clínica (com doutorado na UofT), esposa, mãe (do Thomas e do Jojoe) e blogueira. Seu blog Gaby no Canadá traz seu olhar pessoal e humano sobre tudo que merece amor e atenção, principalmente em Toronto. _ gabynocanada.com
Os olhos que comiam carne Humberto de Campos (1886-1934) foi um escritor maranhense Na manhã seguinte à do aparecimento, nas livrarias, do oitavo e último volume da História do Conhecimento Humano, obra em que havia gasto catorze anos de uma existência consagrada, inteira, ao estudo e à meditação, o escritor Paulo Fernandes esperava, inutilmente, que o sol lhe penetrasse no quarto. Estendido, de costas, na sua cama de solteiro, os olhos voltados na direção da janela que deixara entreaberta na véspera para a visita da claridade matutina, ele sentia que a noite se ia prolongando demais. O aposento permanecia escuro. Lá fora, entretanto, havia rumores de vida. Bondes passavam tilintando. Havia barulho de carroças no calçamento áspero. Automóveis buzinavam como se fosse dia alto. E, no entanto, era noite, ainda. Atentou melhor, e notou movimento na casa. Distinguia perfeitamente o arrastar de uma vassoura, varrendo o pátio. Imaginou que o vento tivesse fechado a janela, impedindo a entrada do dia. Ergueu, então, o braço e apertou o botão da lâmpada. Mas a escuridão continuou. Evidentemente, o dia não lhe começava bem. Comprimiu o botão da campainha. E esperou. Ao fim de alguns instantes, batem docemente à porta. – Entra, Roberto. O criado empurrou a porta, e entrou. – Esta lâmpada está queimada, Roberto? – indagou o escritor, ao escutar os passos do empregado no aposento. – Não, senhor. Está até acesa... – Acesa? A lâmpada está acesa, Roberto? – exclamou o patrão, sentando-se repentinamente na cama. – Está, sim, senhor. O doutor não vê que está acesa, por causa da janela que está aberta. – A janela está aberta, Roberto? – gritou o homem de letras, com o terror estampado na fisionomia. – Está, sim, senhor. E o sol está até no meio do quarto. Paulo Fernando mergulhou o rosto nas mãos, e quedou-se imóvel, petrificado pela verdade terrível. Estava cego. Trecho do conto “Os olhos que comiam carne”, escrito em 1932. Leia o conto completo no site do Jornal de Toronto. www.jornaldetoronto.ca
marcelo monteiro
saladas, torta de maçã, entre outras gostosuras. E o Halloween é o “dia das bruxas”: casas decoradas, lojas de fantasias lotadas, Dollarama cheia de decorações, caixas com muitos chocolates vendidas nos supermercados, abóboras na porta das casas… o clima de Halloween está por todos os lados no outubro de Toronto.
A história do Halloween Luiza Sobral é jornalista Outubro se inicia e o comércio já indica que se aproxima um dos dias favoritos dos norte-americanos: o Halloween. Abóboras enchem a frente dos supermercados, as lojas focam em fantasias e as casas ficam mais assustadoras, com teias de aranha e decorações fúnebres. Mas você sabe por que o último dia de outubro ficou tradicionalmente tão “assustador”? O Dia das Bruxas, como é chamado no Brasil, teve início com os Celtas, que acreditavam que o dia 31 de outubro marcava a divisão entre o verão e os dias escuros de inverno. Essa época fria e negra era associada à vinda de fantasmas a Terra, e oferendas eram apresentadas a esses mortos-vivos, em troca de predições do futuro. O nome Halloween veio com a fusão do Cristianismo e a criação do Dia
de Todos os Santos, em 1º de novembro, chamado de All Hallow’s Day, em inglês. O dia anterior era então o All Hallow’s Eve, que acabou virando o Halloween de hoje. Atualmente, é um evento divertido e muito aproveitado pelas famílias. As crianças canadenses às vezes escolhem suas fantasias com meses de antecedência, e batem de porta em porta esperando receber doces. Apesar de anunciarem o “doces ou travessuras”, hoje muito raramente alguém vai te fazer alguma traquinagem se você não estiver preparado. Gerações passadas costumavam jogar ovos na casa ou colocar fita crepe na campainha, mas hoje em dia o costume é mais politicamente correto: se você não quiser participar, é só deixar as luzes da casa apagada. Mas, participe. Essa é uma tradição deliciosa por aqui; então, estoque sua casa com chocolates e balas e aproveite!
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(Trans)formação é a chave contra o preconceito
correta, as pessoas não declaram esse preconceito.
Joffre - Dizer que não existe homofobia em qualquer lugar do mundo seria uma grande farsa. A homofobia está presente sim. A questão é que ela surge em pequenas ou grandes proporções, diferenciada pela educação e instrução do homofóbico. No Cana-
Um bate-papo com parte da equipe do filme “The Kiss”
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a essa mudança, a fazer algo em prol da luta contra o ódio e a indiferença àqueles que se enquadram em classes minoritárias.
Savannah - Ser transexual é, em
si mesmo, se confrontar com as pressões sociais ou as “normas sociais”. É parte da razão pela qual há, ainda nos dias de hoje, um tratamento público tão horrível
Bárbara de la Fuente é atriz, produtora e roteirista de cinema Joffre Faria Silva é cineasta e roteirista Savannah Burton é atriz e atleta canadense Os curtas-metragens possuem um poder único de apresentar e discutir assuntos importantes num curto espaço de tempo. Apesar de não serem apresentados nas salas comerciais, os curtas viajam o mundo passando seu recado, através de inúmeros festivais de cinema. Filmado numa escola histórica de Toronto, o filme The Kiss trata de preconceito, moralismo e sexualidade. Reunimos as atrizes Savannah Burton e Bárbara de la Fuente e o diretor Joffre Faria Silva para um bate-papo:
Jornal
de
Toronto - O filme The
Kiss tem sido super bem recebido nos festivais; em grande parte pela bela produção, direção, fotografia e atuação de todos. Mas, além disso, há o tema, que é muito importante para os dias de hoje. Como tem sido a reação do público?
Savannah - Estou encantada que
o filme esteja sendo exibido em vários países ao redor do mundo. É uma história importante so-
atrás faz as pessoas perceberem que não mudou nada. Como dizia Belchior, “ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais”.
Savannah - Hoje é um pouco me-
lhor do que era na época, pois há mais e mais pessoas saindo do armário, o que torna tudo mais fácil para as gerações futuras. Se ver representado na vida pública, ter nossas histórias contadas e sermos mostrados em todas as facetas da vida é crucial para a aceitação e compreensão social.
JdeT - Vocês acham que a questão homossexual (e transexual) é ainda um tabu? Bárbara - Sim, ouço as pessoas
falarem que são modernas, que aceitam as diferenças, mas essa posição aberta é muito da boca pra fora. Sexualidade é um assunto que as pessoas não discutem, ficam envergonhadas de falar a respeito. Acho que a falta de informação é o que cria esse tabu.
Joffre - Certamente. É um tabu
porque lida com um assunto que
Savannah Burton (como Bettina) e Denise DeSanctis (como Ms. Williams).
que surpreende e, infelizmente, passou despercebido pela maioria da população. Ainda há grandes barreiras para os transexuais no que se refere ao emprego, ao acesso à saúde e habitação.
JdeT - Há diferença entre a homofobia no Canadá e no Brasil? Bárbara - A homofobia existe nos dois países, sem dúvida. Acho que no Canadá ela é politicamente
dá, há uma força extremamente positiva e eficaz lutando contra a homofobia e criando condições para que as pessoas entendam melhor a questão e mudem sua maneira de pensar. Ainda há um longo caminho a percorrer; porém, os frutos são palpáveis. Já no Brasil, embora tenham acontecido grandes melhorias nessa área, muito ainda precisa ser feito.
Bárbara - No Brasil, o culto do machão torna a homofobia violenta. O Brasil tem um índice altíssimo de assassinatos de homossexuais (um dos maiores do mundo), o que é muito triste. Joffre - Essa estatística é depri-
mente e nos coloca diante da necessidade de uma mudança radical.
JdeT - No filme, a mãe e a direto-
ra são, de maneiras diferentes, vítimas da pressão social, que as impedem de agir como gostariam. De que maneira, hoje, vocês sentem essa pressão?
Barbara de la Fuente (como Mrs. Tancredi, mãe do aluno Paul), David Emanuel (como professor Baker) e Denise DeSanctis (como a diretora Williams).
bre aceitação e revela o que é ser LGBT na década de 1950. Ver uma história como esta nesse período é rara. Transexual nem sequer era uma palavra naquela época. Os transexuais mantiveram suas identidades verdadeiras escondidas do mundo, sem nunca terem a chance de ser quem eram, o que é algo terrivelmente triste.
Joffre - Penso que a recepção positiva do filme tem a ver com a forma como o roteiro trata uma questão delicada e de extrema importância. Embora a história se passe nos anos 50, ela possui toda uma estrutura que reflete a realidade dos nossos tempos. Bárbara - O comentário em co-
mum do público é que é um assunto que precisa ser discutido, precisa ser mostrado. Acho que o fato do filme se passar 60 anos
ainda é desconhecido por muitas pessoas. Desconhecido talvez não seja a melhor palavra nesse contexto, mas é com certeza um assunto que muitos preferem ignorar ao invés de investigar com maturidade e compreensão. Ouve-se muito a expressão “não me importo que ele (ou ela) seja gay, contanto que o seja entre quatro paredes”. Acredito que essa maneira de pensar exemplifica da melhor forma como muitas pessoas preferem ver, ou não ver, o homossexual.
Savannah - Infelizmente ainda
existem países no mundo onde é ilegal ser gay ou transexual, e onde a punição é a morte. Mesmo no Canadá, somente neste ano de 2017 que foram criadas proteções federais para transexuais – adicionadas ao código de direitos humanos (Bill C-16). Este fato é algo
valter vilar
Joffre - Essa pressão é sentida por qualquer pessoa que se engaja na luta contra o preconceito e a discriminação. Eu particularmente sinto essa pressão e tento achar uma forma de lutar contra ela através daquilo que escrevo ou crio. Muito da minha arte, seja através de roteiros ou na direção de um curta como o The Kiss, traz um chamado
valter vilar
para os transexuais. Há uma falta de compreensão de quem são os transexuais e as pessoas temem o que não entendem.
Bárbara - Tudo que é diferente assusta, é visto com maus olhos. Infelizmente, a sociedade ainda vê como “normal” só o heterossexualismo, então quem não pertence a esse grupo, acaba sofrendo a pressão para mudar. Quando pensei no filme, queria retratar que, apesar de vivermos em 2017, reproduzimos a mesma sociedade de nossos pais e avós. Ainda existem pessoas que têm medo de se declararem homossexuais, de se assumirem como são e, nesta constatação, vemos o quanto essa pressão é forte. Savannah - Um dos maiores obstá-
culos que os transexuais enfrentam, e estão tentando combater, são os estereótipos negativos e falsos que têm sido mostrados na mídia há décadas. Os transexuais têm sido retratados como vítimas, vilões ou alguém a ser zombado. Precisamos desesperadamente ter uma representação positiva na mídia. Você pode conferir o trailer do filme The Kiss na matéria online do Jornal de Toronto www.jornaldetoronto.ca The Kiss Direção: Joffre Faria Silva; Roteiro: Bárbara de la Fuente; Produção: Bárbara de la Fuente e David Emanuel; Elenco: Bárbara de la Fuente, Denise DeSanctis, David Emanuel, Savannah Burton e Victor Gilbert.
Viagem
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Stanley Park, em Vancouver.
Vancouver tem um dos maiores parques urbanos do mundo! Mônica Candido é jornalista e mora em Vancouver A cidade de Vancouver, na província de British Columbia, foi eleita recentemente pelo Economist Intelligence Unit’s Annual Global Liveability Report como a terceira melhor cidade para se viver no mundo. Somente no quesito parques, há cerca de 240 (sem contar os jardins)! Entre eles, existe um que é visita obrigatória para qualquer pessoa que estiver nesta parte do Canadá, e é considerado um dos maiores parques urbanos do mundo: o Stanley Park. Cada visita ao Stanley Park é uma nova descoberta, pois sua imensa área de mais de mil acres abri-
ga muitas atrações, bem no coração de Vancouver. Até mesmo o famoso site de turismo, o Trip Advisor, já considerou este como o “melhor parque do mundo”. Entre suas virtudes, está a localização privilegiada na floresta tropical da Costa Oeste do Canadá. O local abriga as praias de Second Beach e Third Beach; há a gigantesca piscina Second Beach Pool e o divertido Water Park, para as crianças. Para quem gosta do universo aquático, vale a pena visitar o Vancouver Aquarium, fazer uma caminhada contemplando o
Seawall que, segundo o site oficial do governo local, é o caminho à beira-mar ininterrupto mais longo existente, com aproximadamente 20 quilômetros de extensão. E tem mais! É parada obrigatória o Brockton Point - Totem Pole, que são obras de artes a céu aberto, esculpidas na madeira pelos aborígenes, e que retratam um pouco da história e cultura locais. A lista de atrações prossegue com as belas trilhas, jardins, a vista de tirar o fôlego do Prospect Point, o Farol Brockton Point, entre outras partes incríveis. Além de caminhar no parque, muitas pessoas optam
por explorá-lo de bicicleta, ônibus turístico, bondinho ou até mesmo em carruagens. Existe ainda a possibilidade de um rápido passeio em um trenzinho que é uma réplica da Canadian Pacific Railway Engine #374, famoso meio de transporte do século XIX. O visitante deve incluir no roteiro um momento para conhecer as opções existentes de alimentação, tanto para quem quer fazer um lanche rápido, quanto uma refeição mais completa, que pode incluir a degustação de uma cerveja que leva o nome do parque. Quer conhecer? Saiba mais sobre o Stanley Park no site www.vancouver.ca
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Saúde& Bem-Estar
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Os transgênicos e a sua saúde Juliana Nogueira é nutricionista funcional na Herbal Health Nutrition
charles ricardo
O transgênico é um tipo de organismo que foi geneticamente modificado artificialmente. Mas para ser considerado transgênico, esse organismo tem que receber em seu genoma os genes de um organismo diferente – de outra espécie. O mercado dos transgênicos é dominado por 6 gigantes: Bayer, Basf, Dow Chemical, DuPont, Monsanto e Syngenta. Desde 2013, quando essas empresas faturaram juntas US$ 63 bilhões, acontece anualmente a marcha mundial contra a Monsanto, evento que mo-
biliza milhões de pessoas em mais de 400 cidades pelo mundo. Mas, para cada oponente à produção de organismos geneticamente modificados você também encontra alguém que os defende com a mesma intensidade. Apesar das inúmeras incertezas relacionadas ao impacto dos transgênicos à nossa saúde e à saúde do planeta, seus defensores acreditam que essa seja a nossa única salvação, em um futuro em que a produção de vegetais e frutas não será suficiente para alimentar a população mundial.
Do ponto de vista de uma nutricionista funcional, a própria “natureza” do transgênico causa preocupação. Os vegetais da família das solanáceas, por exemplo (o tomate, a berinjela, o quiabo e a flor petúnia), têm a tendência de causar inflamação em pacientes que sofrem de determinadas enfermidades. A soja pertence a uma família completamente diferente, mas também deve ser evitada hoje em dia por pacientes com intolerância às solanáceas, isso porque a soja transgênica, ou soja-RR, também contém
genes da flor petúnia. Para conseguir as características desejadas nos transgênicos, os cientistas usam vários tipos de genes diferentes em cada organismo, o que resulta em uma construção complexa de materiais genéticos, extraídos de bactérias, vírus, peixes, plantas e outros. Daí já dá para ter uma ideia do tipo de dificuldades que encontraremos em um futuro transgênico. Os produtores de transgênicos alegam que uma das
maiores vantagens no plantio é a redução no uso de pesticidas e herbicidas. Então vamos checar os fatos: segundo dados do Serviço Internacional para Aquisição de Aplicações Agro Biotécnicas, o Brasil é o país com a segunda maior área plantada de transgênicos no mundo; e, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer, a venda de agrotóxicos no país saltou de US$ 2 bilhões em 2001 para US$ 8,5 bilhões em 2011. Voltando ao caso da soja-RR, dá para entender de onde vem parte desse aumento. Com o uso contínuo do herbicida glifosato as ervas daninhas acabam se tornando resistentes a ele. Quando isso acontece, o fazendeiro tem que usar uma quantidade cada vez maior do veneno. Hoje em dia, como a característica principal da soja-RR é a resistência ao glifosato, o herbicida acaba sendo usado em quantidade muito maior. Vale ainda ressaltar que quase 100% da soja produzida no Brasil hoje é transgênica. Enquanto isso, países como a França, onde os transgêni-
Elizabeth Schulz, M.Sc. Psicóloga Brasileira Ordem dos Psicólogos do QC
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cos são proibidos, vêm diminuindo o uso de agrotóxicos nos últimos anos. Estudos comprovam a conexão entre o uso do glifosato e problemas no sistema digestivo. A saúde começa com uma boa digestão e assimilação de nutrientes; quando o sistema digestivo não está bem, ele afeta diretamente todas as outras partes do nosso corpo. A consequência são problemas crônicos de saúde, como obesidade, depressão, autismo, infertilidade, Alzheimer, doenças cardiovasculares, etc. Esses problemas vêm crescendo em quantidades alarmantes. Existem ainda inúmeros outros aspectos dos transgênicos que devem ser discutidos, como a questão da monocultura, a ameaça à biodiversidade e a consequente degradação do solo, dentre diversos outros. No entanto, ao meu ver, o maior problema é a falta de acesso à informação, em que o consumidor segue às escuras e sem liberdade de escolha. juliananutrition@gmail.com
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O Outubro Rosa Luiza Sobral é jornalista
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As crianças, a autoestima e a escola Simone Almeida é psicopedagoga
Outubro é o mês mundial de conscientização do câncer de mama, que é o câncer mais comum entre as mulheres. Também conhecido como Outubro Rosa, várias marcas entram na campanha, vendendo produtos e/ou promovendo eventos com o intuito de não só conscientizar a população, mas também de gerar recursos para fundos de pesquisa. O mês abre com a corrida CIBC Run for the Cure, que gera mais de $17 milhões de dólares anualmente e é um dos maiores contribuidores da causa no Canadá. Você pode sempre colaborar, através de doações, vestindo algo rosa ou usando a fitinha símbolo, para mostrar o seu apoio. Segundo a Sociedade Canadense de Câncer (Canadian Cancer Society),
devido aos investimentos em prevenção, detecção precoce e tratamento, o número de sobreviventes da doença aumentou de 25%, nos anos 1940, para 60%, nos dias de hoje. O melhor meio de se envolver no Outubro Rosa é também o mais valioso: se prevenindo e indo ao médico para exames frequentes. Lembrando que o câncer de mama também pode acontecer com os homens.
Na minha época, criança tinha direito a quatro coisas: comer, vestir, brincar e ir à escola. Não importava para os pais se a gente gostava da escola, nem da comida, e a roupa era só para vestir mesmo. Gostar era luxo, e para poucos... mas o brincar era livre e não havia nenhum adulto vigiando; criatividade rolava solta e um tomava conta do outro, chamar um adulto só em caso de acidente grave. Será que alguém se preocupava com a autoestima naquela época? E hoje em dia? Afinal, o que é autoestima? Bem, na verdade a autoestima não tem relação com felicidade e nem com alegria, não é uma característica e sim uma funcionalidade do ser consigo mesmo. A autoestima é construída diante das relações vinculares da criança com seus pais, irmãos, avós, tios, amiguinhos e com a escola, onde será testada e redimensionada. A autoestima é a manei-
ra como você se enxerga – e não apenas se somos feios ou bonitos, mas se somos capazes ou incapazes de fazer algo, ou de aprender coisas novas, enfrentando desafios e transferindo o sentimento para a ação. Sendo assim, o indivíduo que tem autoestima negativa de si mesmo poderá fracassar em muitas ações, e muitas vezes apresentar dificuldades de aprendizagem, por não se considerar capaz. Em alguns casos, essa característica poderá ser confundida com preguiça, indisciplina, etc. Por isso, devemos prestar muita atenção quando uma criança demonstra dificuldades na escola ou em casa e, se necessário, procurar um especialista em aprendizagem (um psicopedagogo). A criança reage aos estímulos e relações que vai construindo durante sua vida, estabelecidas com o mundo à sua volta. No ambiente escolar, a criança pe-
cheryl t.
quena traz sua autoestima de casa, ou seja, a relação afetiva familiar é a base para a construção da autoestima escolar. Podemos dizer então que as crianças que possuem laços afetivos bem construídos e sólidos aprendem mais e melhor? Sim, sem dúvida. Mas não podemos esquecer que, em alguns casos, existem questões orgânicas ou psicossomáticas que merecem igual respeito e cuidado; o psicopedagogo então poderá indicar uma
equipe multidisciplinar (fonoaudiólogos, psicólogos, psiquiatras e oftalmologistas) e, dessa forma, auxiliar cada um dentro de suas especificidades. Devemos compreender as necessidades de desenvolvimento das crianças com relação às suas relações interpessoais, permitindo que cada uma construa seu potencial máximo individual com base em relações positivas reais.
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Agenda Outubro
Horósopoc Louis L. Kodo é filósofo
Capricórnio
Ainda que se espere por todas as razões, eu sei... isso é uma grande besteira.
Aquário
De um lugar ao outro, sobre qualquer tipo de ética, passando por condições de sucesso ou de desgraça, quase nada lhe importará, nem mesmo um mundo cheio de razões.
Peixes
Estou aqui, às vezes bem, às vezes mal, olhando a imortalidade de todas as sombras que se movimentam nas ruas, e sinto que todas as possibilidades são minhas.
Áries
A lógica é simples: não posso ir muito além de meu pequeno circo.
Touro
Os dias são somente dias, feitos para serem degustados em alguns instantes, sem qualquer culpa.
Gêmeos
Não somos grandes, nem diferentes... Somos iguais aos que deixarão a casa vazia para os que vão chegar amanhã...
Câncer
Acho que sou fiel ao tempo, ao dia, às horas, ao encontro e ao que encontro... acho.
Leão
Como primeiro passo... o acaso fez girar todos os encontros e determinou, sob suas medidas, tudo o que se passa.
Virgem
Se está sempre num lugar aguardando outro. E se no outro, outro mais será esperado.
Libra
Assim... não se fie na palavra... ela pode falar de outra língua... quando você crê estar falando da sua.
Escorpião
As culpas serão varridas para o passado ou jogadas sobre estranhos.
Sagitário
Escrever, ler, anunciar coisas, celebrar... uma forma de passar o tempo.
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Capoeira Advanced 9-week Session
Dedicado aos alunos que já conhecem o básico e desejam desenvolver movimentos complexos, sequências e aprimorar o estilo e habilidade individual.
Filhos de Bimba Capoeira Toronto 14 Markham St., Toronto Segundas-feiras, 7-8:30pm Info: langmliu@hotmail.com
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Free Forró Beginner Class
A oportunidade para experimentar o ritmo mais popular brasileiro. Se você gostar, o curso regular começará a partir do dia 10 de outubro.
Luanda House 974 Bloor St. W., Toronto Grátis. 7-8pm
www.bailatoronto.ca
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Capoeira Beginner 9-week Session
do Canadá ao Brasil à cavalo. Vagas limitadas.
Health Sciences Building 155 College ST., sala 610, 6o andar, Toronto Grátis (até 12 anos), $3 (11-17 anos) e $5 (acima de 18 anos). 2-4pm www.cirandabrasileira.com
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Kizomba no Domingo
O melhor da Kizomba, com o melhor DJ e a melhor seleção de cervejas da cidade.
Another Bar 926 Bloor St. W. (Ossington Station), Toronto Grátis. 9pm-1:30am
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Martírio
Numa parceria entre o Departamento de Português e Espanhol da UofT e o Jornal de Toronto, será exibido esse importante documentário, que retrata a violência sofrida pelos índios Guarani Kaiowá nas terras do Centro-Oeste do Brasil.
University of Toronto
Aprenda a ginga, alguns chutes fundamentais, defesas e músicas.
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Quartas-feiras, 7-8:30pm Info: langmliu@hotmail.com
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II Evento Literário: O Cavaleiro das Américas
O Conselho de Cidadania em Toronto e o Ciranda Brasileira promovem um encontro com Filipe Leite, o cavaleiro brasileiro que foi
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Women in Percussion Festival Opening Night!
Os grupos Rakkatak Trio e Baobá, e a artista Sarah Thawer se apresentam nessa incrível noite dedicada à percussão feminina.
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$15 (antes), $20 (na porta). 6:30pm
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Confira os eventos durante todo o mês seguindo nossa página no Jornal de Toronto
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O grupo Axé Capoeira Toronto promove 3 dias de workshops e rodas, com inúmeros professores convidados. O programa, preços, horários e locais podem ser vistos no Facebook do evento:
Brazil-Canada Chamber of Commerce promove a segunda edição do fórum, para interessados na pesquisa e desenvolvimento tecnológico entre os dois países.
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Axe Toronto presents PlayCapoeira 2017
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Para crianças de 0 a 4 anos. Cante, dance, brinque e se desenvolva socializando com outros pequenos.
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Grátis. 10:30-11:15am. Inscrições pelo: hello@intozumbini.ca Tradicional evento brasileiro, terá a participação de vários artistas da comunidade. Parte da renda será doada a instituições de caridade no Brasil.
St. Anthony’s Church 1037 Bloor St. W., Toronto
$15. 8pm Info Brasil Remittance: 416-5880749
Sarau Brasil
Evento multicultural brasileiro que apresenta novos músicos, escritores e pintores. Interessados em se apresentar no sarau podem escrever para carla.azdias@ gmail.com
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Another Bar 926 Bloor St. W., Toronto Grátis. 9pm-1:30am
Mais detalhes podem ser conferidos no site e Facebook de cada evento.