8 minute read
Semeando práticas agroecológicas na comunidade de Brejinho, área rural do município de São João da Ponte – MG
Oficina prática com os produtores sobre milho hidropônico e sua importância.
Coordenadora: Amanda de Fátima Pedrosa Porto Bolsista: Clarice Oliveira Correia Colaborador: Leandro Corrêa Magalhães Voluntário: Mateus de Oliveira Neto Colaboradora: Patrícia Oliveira Correia Texto: Clarice Oliveira Correia e Amanda de Fátima Pedrosa Porto Campus: Januária
Advertisement
Projeto Semeando práticas
agroecológicas Mateus Oliveira
As práticas agroecológicas são formas de produção e manejo, pautados no uso sustentável e respeito aos limites dos recursos naturais. O presente projeto buscou, na Comunidade de Brejinho, área rural do município de São João da Ponte, norte do Estado de Minas Gerais, desenvolver tais práticas, de forma a promover a conscientização dos produtores rurais sobre a responsabilidade socioambiental e o uso adequado dos recursos naturais. Foram desenvolvidas oficinas voltadas para a área da agroecologia, compostagem e controle natural de pragas e doenças em hortaliças e plantas frutíferas, contribuindo, dessa forma, para o fortalecimento econômico, ecológico e social nesta comunidade.
Aideia de escrever um projeto para a comunidade de Brejinho surgiu a partir do momento em que a colaboradora do projeto Patrícia Oliveira Correia, nascida na cidade de São João da Ponte e criada na comunidade, viu a necessidade de algo que pudesse incentivar os próprios moradores a produzir seus alimentos no quintal de suas casas, de forma orgânica e sustentável. Para Patrícia, o projeto seria ideal na comunidade, já que todos os moradores, por morasustentável dos recursos naturais, além de impulsionar a economia local, a proteção social e o bem-estar comunitário. Dessa forma, a agricultura familiar é vista como uma forma de contribuir para o fortalecimento econômico, ecológico e social, além de ser geradora de postos de trabalho, contribuindo significativamente para a emancipação de parcelas oprimidas, além de favorecer a biodiversidade.
Sendo assim, emerge, pois a necessidade da difusão e conscientiza-
rem na zona rural, possuíam espaço em suas casas para implantar hortas e pomares em seus quintais, produzindo frutas e verduras que seriam orgânicos, tendo, como benefício, redução de gastos, hábitos saudáveis e qualidade de vida.
A agricultura familiar se apresenta como um fator importantíssimo para o desenvolvimento rural sustentável, pois está vinculada à segurança alimentar, preservação de alimentos tradicionais, com a proteção da agrobiodiversidade, o uso
Oficina teórica com os produtores sobre compostagem. Aqui, fizemos um apanhado geral na explicação sobre o composto orgânico.
ção sobre a importância de práticas de uso e produção, que reconheçam e respeitem os limites do meio ambiente e dos recursos naturais, e que sejam fundamentadas na sustentabilidade, justiça e equidade social. Levando em consideração a necessidade de pautar por novas alternativas sustentáveis, capazes de responder às necessidades humanas de forma harmoniosa com o meio ambiente e os recursos naturais, esse projeto teve como objetivo disseminar o uso de práticas agroecológicas e tecnologias sociais na comunidade de Brejinho, área rural do município de São João da Ponte -MG. Também visou contribuir para o fortalecimento das atividades voltadas para a agricultura familiar e a produção de alimentos mais saudáveis e naturais na comunidade, com base no uso racional dos recursos naturais e do desenvolvimento rural sustentável.
Os agricultores familiares que pleitearam esse projeto são moradores da Comunidade de Brejinho, área rural do município de São João da Ponte, norte do Estado de Minas Gerais. Essa comunidade fica a 10 km da sede do município, e é composta por 102 famílias e 320 moradores. A principal fonte de renda dos moradores dessa comunidade são as atividades voltadas para a agricultura familiar, além da aposentadoria e o Programa Bolsa Família. A estimativa do projeto era contar com a colaboração de 30 produtores rurais da comunidade, mas, devido à pandemia da COVID-19, alguns cuidados foram necessários em relação ao distanciamento e, no final, apenas 9 produtores participaram. Esse projeto foi executado de junho a novembro de 2020. Diante dos objetivos propostos, o projeto contou com a orientação de uma técnica em assuntos educacionais, uma bolsista(discente), um voluntário (discente) e uma colaboradora, que atuaram continuamente junto aos produtores familiares da comunidade de Brejinho. A primeira etapa foi realizada por todos os envolvidos no projeto (coordenadora, bolsista, voluntário e colaboradora), a qual se deu no salão comunitário da Comunidade de Brejinho. Constituiu-se em forma de roda, para que pudesse proporcionar melhor a participação dos envolvidos. Nesse momento, foi feito o planejamento das atividades, conforme diagnóstico e mapeamento antes levantados. Após esse primeiro processo, a coordenadora (orientadora) convocou a equipe executora do projeto (bolsista, voluntário e colaboradora) para uma reunião, no qual foi debatido e analisado o planejamento. Em seguida, foi feita outra reunião, com os produtores, para conclusão do planejamento, agendamento das datas, momento em que foram acordados as obrigações e os deveres da equipe executora do projeto para com os produtores familiares acompanhados, podendo o planejamento sofrer alteração a qualquer momento, se julgado necessário por ambas as partes. Essa primeira etapa foi executada no primeiro mês do projeto.
A segunda etapa foi constituída por assessoria, formação prática e teórica dos produtores acompanhados pelo projeto, realizadas, quinzenalmente, pela bolsista e pelo voluntário. Nesse momento, foi executado
Oficina teórica com os produtores sobre compostagem. Aqui, fizemos um apanhado geral na explicação sobre o composto orgânico.
Clarice Oliveira
Oficina prática com os produtores sobre milho hidropônico e sua importância.
Mateus Oliveira
o planejamento por meio de rodas de conversa, oficinas e minicurso, de forma teórica e prática. A parte de formação teórica foi realizada no salão comunitário da comunidade, enquanto a parte prática foi executada no quintal da casa de uma produtora rural (participante do projeto), que voluntariamente ofereceu o espaço. Essa etapa teve a duração de cinco meses e foi executada de forma direta pela bolsista e pelo voluntário e, de forma indireta, pela coordenadora e pela colaboradora, que mensalmente ou sempre que necessário, davam suporte à comunidade para observar e contribuir para o desenvolvimento e andamento das atividades, além de reuniões mensais com a bolsista e o voluntário, para o levantamento de feedback e orientações.
Durante o tempo em que a bolsista e o voluntário não estavam em campo, realizavam atividades internas, como pesquisas de práticas agroecológicas e tecnologias sociais, além da confecção ou adaptação de materiais que seriam utilizados na execução das oficinas, rodas de conversa, atividades práticas, entre outras atividades, em conformidade com o objetivo geral e objetivos específicos deste projeto. Para maior eficácia do projeto, as tecnologias sociais e as práticas agroecológicas foram adaptadas, com a contribuição e conforme a realidade dos produtores, a fim de obter melhores resultados.
A terceira etapa constituiu-se no encerramento do projeto, na qual foi feita a sua avaliação, por meio das tarefas executadas e do cumprimento do planejamento em conformidade aos objetivos. Foi feita por toda a equipe executora do projeto (coordenadora, bolsista, voluntário e colaboradora) no último mês do projeto. Momento em que foi avaliado também o impacto do projeto na vida dos produtores, a relevância, o grau de satisfação e se realmente houve contribuição para a disseminação das práticas agroecológicas e conscientização sobre o uso sustentável dos recursos naturais, para o fortalecimento da agricultura familiar e desenvolvimento rural sustentável.
Todas as etapas do projeto foram realizadas seguindo as normas estabelecidas pelo Ministério da Saúde, a fim de evitar a disseminação do coronavírus. Devido à pandemia, muitas coisas tiveram que ser mudadas, as oficinas, por exemplo, foram realizadas com todos os participantes usando máscaras e utilizando álcool em gel nas mãos, além da manutenção do distanciamento social. As reuniões foram realizadas pela plataforma Google Meet, além da troca de mensagens pelo aplicativo WhatsApp.
Segundo Pedro Lucas, um dos participantes do projeto, este foi de
Oficina prática com os produtores sobre compostagem. Depois de explicarmos o que era, sua importância, para o que servia... foi hora de colocar a mão na massa.
Oficina prática com os produtores sobre compostagem. Depois de explicarmos o que era, sua importância, para o que servia... foi hora de colocar a mão na massa.
Adailton Lucas grande importância para ele e sua família, pois eles possuíam um pequeno pomar de frutas no quintal de sua casa, que sofria com o ataque de pragas em sua propriedade, principalmente do pulgão nos citrus. Ele relata que aprender a fazer as caldas para combater as pragas foi muito bom e de grande valia e que hoje não sofre mais com o problema. Disse também que todos da comunidade deveriam ter participado do projeto, pois eles também sofrem com problema e iriam ter a solução.
Mesmo devido aos contratempos que a pandemia trouxe, foram obtidos bons resultados, logrando o cumprimento das metas. Os resultados também trouxeram boas perspectivas para os produtores. Entre esses resultados, destacam-se: • Capacitação teórica sobre compostagem; • Capacitação prática para preparação da composteira; • Identificação de pragas em culturas de citrus (laranja e limão), goiabeira e hortaliças; • Oficina teórica e prática sobre armadilhas em fruteiras para captura de pragas; • Preparação de caldas naturais para combate às pragas; • Oficina teórica sobre práticas conservacionistas do solo; • Oficina prática e teórica sobre milho hidropônico; • Oficina teórica sobre plantio de hortaliças.
Durante a execução do projeto, houve algumas dificuldades, mas, com certeza, a maior delas foi a de conseguir trabalhar em meio à pandemia. O distanciamento social, o aperto de mão com produtor que não pôde acontecer, às vezes, as reclamações quanto ao fato de a máscara atrapalhar o entendimento da fala, e a falta do contato caloroso, tão característico das pessoas da zona rural. Mas o importante foi poder levar o projeto até eles, e, ao final, ouvir de cada um o quão foi prazeroso e proveitoso e isso não tem preço que pague.