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Programação e robótica para crianças e adolescentes

Coordenadora: Neila Marcelle Gualberto Leite Bolsista: Anna Júlia Costa Lauton e Filipi Maciel Rodrigues Jardim Texto: Neila Marcelle Gualberto Leite Campus: Montes Claros

Chamada para vídeo da oficina do Triciclo.

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Projeto Programação e robótica para crianças e adolescentes

O projeto Programação e Robótica para Crianças e Adolescentes acontece no IFNMG-Campus Montes Claros desde 2017. Seu objetivo principal é apresentar programação e robótica para as crianças em estado de vulnerabilidade social no entorno do campus, localizado numa região carente de Montes Claros. No entanto, em 2020, devido à pandemia do coronavírus, este projeto foi realizado de forma não presencial, aberto para a comunidade mediante inscrição. Foram elaboradas, testadas, gravadas e disponibilizadas seis oficinas de robótica, com material reciclado ou de baixo custo para crianças entre 7 e 12 anos. As oficinas foram disponibilizadas para o público num canal do Youtube. Foram feitas 330 inscrições que recebiam dois vídeos semanalmente, durante três semanas. Os vídeos foram disponibilizados para o público não inscrito num segundo momento. Tivemos média de 267 visualizações para cada vídeo, num total de 1607. Apesar das dificuldades enfrentadas para adaptar o projeto ao modelo não presencial, concluímos que tivemos um bom público e envolvimento das crianças, além de descobrir um novo canal para atender a população com este projeto.

Acultura Maker tem sido bastante explorada nos dias atuais, especialmente na educação. Essa cultura traz consigo o protagonismo do aprendiz como foco no processo de aprendizagem, pois proporciona a investigação, valoriza a criatividade, instiga a curiosidade e incentiva a pesquisa e a exploração. A robótica e a programação têm se apresentado como aliadas à cultura “mão na massa”, na qual a criança é constantemente levada a interagir com objetos e instrumentos para desen-

Arquivo do Projeto

Chapéu Mexicano feito por aluno do curso.

volver projetos desafiadores, tornando-se autor, e não sujeito passivo nesse processo.

A proposta inicial deste projeto consistia em oferecer curso de robótica e programação de jogos 2D para crianças de 7 a 10 anos, em situação de vulnerabilidade social da comunidade no entorno do IFNMG – Campus Montes Claros. No entanto, devido à pandemia de coronavírus, fez-se necessário readaptar o projeto para que acontecesse de forma não presencial.

Roteiro de uma das oficinas que foi disponibilizado na descrição do vídeo.

As oficinas

Passamos, então, a pensar, pesquisar e elaborar oficinas de robótica para crianças de 8 a 12 anos que pudessem ser acompanhadas de casa, por meio de um canal no Youtube. Para isto, selecionamos oficinas que utilizam material reciclado ou de baixo custo e que as crianças pudessem executar sozinhas, mesmo que sob a supervisão de um adulto. Dentre várias oficinas testadas, escolhemos seis para serem gravadas e disponibilizadas no canal do Youtube. São elas: helicóptero, chapéu mexicano, avião, triciclo, robô desenhista e lanterna. Os projetos podem ser acessados no canal do projeto robótica no Youtube (<https://www.youtube.com/channel/ UCmlxQ68p9457oZZVfKgbNXw>). Para cada vídeo, foi elaborado um roteiro e a lista do material utilizado, ambos disponíveis na descrição dos vídeos.

Gravadas as oficinas, passamos à edição dos vídeos e, ao mesmo tempo, à elaboração do formulário de inscrição e de um questionário socioeconômico, para ser aplicado no ato da inscrição, a fim de conhecer o perfil do público atendido. A divulgação das oficinas foi feita pelas redes sociais, como: perfil do projeto no Instagram (@projetoroboticaifnmg), WhatsApp dos integrantes do projetos, site do IFNMG e pela emissora de televisão InterTV Norte de Minas. As inscrições ficaram abertas por dois dias e tivemos 330 inscrições.

Semanalmente, os inscritos recebiam email com o link de acesso para duas oficinas, durante três semanas. Os participantes eram incentivados a postar fotos e vídeos de seus protótipos nas redes sociais para divulgação e para que pudéssemos acompanhar o envolvimento das crianças. Uma semana após a disponibilização dos vídeos para os inscritos, tornamos os vídeos públicos, o que levou a um aumento grande no número de visualizações. O primeiro vídeo teve cerca de 300 visualizações quando liberado para os inscritos e chegou a 730 quando tornou-se público.

Ao todo, tivemos 1607 visualizações, do dia 1º ao dia 23 de fevereiro de 2021. O projeto mais visualizado foi o primeiro, helicóptero, com mais de 700 visualizações e o menos assistido foi o último projeto, lanterna, com menos de 90. Conjecturamos que a diferença seja devido ao tempo em que os vídeos dos projetos foram disponibilizados. Notamos que houve uma queda no número de visualizações ao longo do período.

Monitora do projeto gravando oficina da Lanterna.

Filipe Maciel

Helicóptero feito por aluno do curso.

Arquivo do Projeto Arquivo do Projeto

Avião feito por aluno do curso.

Triciclo feito por aluno.

Arquivo do Projeto

O Perfil do Público

Das crianças inscritas, a maioria estava matriculada em escolas públicas (cerca de 67%), do quinto ou sexto anos do Ensino Fundamental (57%). Interessante destacar que tivemos alunos de várias cidades do Norte de Minas, como Chapada Gaúcha, Januária, Janaúba, Unaí, Jaíba, Pirapora, entre outros, além de alunos de outros estados, como Paraíba, Piauí, Rio Grande do Sul, Bahia, Roraima, Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro e Goiás. Cerca de 63% dos inscritos declaram-se negros (8%), pardos(55%) ou indígenas(0,4%). Com relação à renda familiar, 16% ganhavam até um salário mínimo, 30% até dois e 22% até três salários mínimos.

Os Resultados

Como o projeto teve que ser adaptado para o modelo não presencial, enfrentamos vários desafios e tivemos que mudar o planejamento inicial, o que demandou certo tempo. Infelizmente, não conseguimos um método eficaz para acompanhar melhor o desenvolvimento dos trabalhos. O formulário de avaliação final foi enviado por email para todos os participantes, mas apenas 10% dos inscritos responderam. Mesmo assim, destacamos que as oficinas foram classificadas pelos respondentes como ótimas (73%) ou muito boas (27%) e todos eles gostariam de fazer cursos deste tipo em outras oportunidades.

Além do formulário de avaliação, tivemos feedback por postagens no Instagram. Vários alunos compartilharam fotos e vídeos das oficinas, o que mostra o envolvimento com o projeto.

Conclusão

Enfrentamos vários desafios para readaptação do projeto, entre eles, destacam-se a mudança do público-alvo e da metodologia. Mesmo assim, superamos os obstáculos e, ao final, percebemos que foram várias as lições aprendidas, das quais podemos destacar a possibilidade de trabalhar com o modelo não presencial nas próximas edições. Conseguimos alcançar crianças de várias partes de Minas Gerais e do Brasil, muitas delas de classe média baixa, oriundas de escolas públicas e com renda familiar de até dois salários mínimos, conforme observado no questionário socioeconômico. Apresentamos uma oportunidade que despertou nos participantes a criatividade, a pesquisa, a exploração, características importantes para a formação do aluno de hoje e do profissional do futuro próximo. A indústria 4.0 exige pessoas com perfil dinâmico, autônomo, e protagonista. E é isso que nosso curso proporciona.

No entanto, lamentamos pelas crianças da comunidade do Village do Lago I, onde está inserido o Campus Montes Claros do IFNMG. Embora nosso projeto atenda apenas cerca de 20 crianças no modelo presencial, sabemos da sua importância para aqueles que participam. Infelizmente, as crianças que atendemos nas outras edições do projeto estavam em situação de vulnerabilidade social e não possuíam computador, tablet ou celular, assim como não possuíam acesso à internet para participar de um curso não presencial.

Para as próximas edições, quando pudermos voltar aos encontros presenciais, pretendemos elaborar um projeto que atenda à comunidade em questão e que ofereça cursos não presenciais via Youtube.

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