Jornaleco 510 março 2019

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JORNALECO

A P O I O C U LT U R A L

©

PANFLETO CULTURAL

H FUNDADO EM 18 DE MAIO DE 1994 H

APOIO CULTURAL

ANO 25 • Nº 510 • MARÇO DE 2019 Periodicidade mensal - Tiragem: 1.000 exemplares Fechamento desta edição: 06/03/2019 19h20 E-MAIL: jornaleco.ara@gmail.com CNPJ 28.000.138/0001-00

EDIÇÃO, DIAGRAMAÇÃO E REVISÃO Ricardo Grechi CONTATOS Rossana Grechi ASSISTÊNCIA Guaraciara Rezende, Gibran Rezende Grechi, Nilson Nunes Filho IMPRESSO NA GRÁFICA CASA DO CARIMBO DE Rosa e Aristides César Machado PRODUÇÃO Nicolas Nazari Machado PREPARAÇÃO DO FOTOLITO David Machado Fernandes CORTE Toninho Abel IMPRESSÃO Valdo Martins

TAGS z FLYERS z FOLDERS z CONVITES z PANFLETOS z EMBALAGEM z NOTAS FISCAIS z CARTAZES z CARTÕES DE VISITA z IMPRESSÃO DE LIVROS

© Ricardo Francisco Gomes Grechi (reg. nº 99866, prot.4315/RJ de 17/07/1995)

Leia o JORNALECO em https://issuu.com/jornaleco (desde jan.2009) e assista nossos vídeos no YouTube: Jornaleco Araranguá SC UMA PUBLICAÇÃO

Av. XV de Novembro, 1807 - Centro - Araranguá Tel. (48) 3524-5916 graficacasadocarimbo@gmail.com

ORION EDITORA Calçadão Getúlio Vargas, 170 88900.035 Araranguá-SC Brasil

É permitida a reprodução de nossos textos originais desde que citados devidamente o autor e o JORNALECO como fonte da publicação.

Texto de sua filha Eliete, publicado no JORNALECO 177, de 1º de abril de 2003

APOIO CULTURAL

CN

Lembrando o Xixo do Bar Central

Um dos pioneiros do drive-in em Araranguá e o primeiro a fazer tele-entrega na cidade, com os hambúrgueres mais famosos da região. Gerações de jovens começavam ou terminavam suas noitadas de fim de semana comendo um x-salada no Pedra 90. P. 6 e 7

No dia 31 de dezembro de 1927 nascia, no Lagoão, em Araranguá, Francelício Guimarães Netto, o popular Xixo, filho de Eugênia e João Guimarães. Xixo cresceu e passou toda a sua infância e juventude no Lagoão, trabalhando na lavoura, em engenho de mandioca. Anos mais tarde, conheceu sua esposa, Rosa Pereira Guimarães. Tiveram dez filhos, sendo que três morreram no Paraná, numa época muito difícil em que eles mudaram para lá, continuando sempre na lavoura. Passaram muito trabalho até poder vir embora de volta a Araranguá. Chegando aqui, Xixo foi trabalhar como guarda-noturno. Depois trabalhou em madeireira e em outros serviços. Sua esposa sempre lhe apoiou e trabalhou para ajudar no sustento dos filhos. O mais velho, o César, vendia doces e salgados de porta em porta, e depois trabalhou em farmácia. César, mais tarde, mudou-se para Caxias do Sul e depois para o Rio de janeiro, onde estudou e formou-se, vindo a trabalhar na agência do Banco do Brasil de Meleiro. No ano de 1969, Xixo arrendou o Bar Central, no prédio de Alice e Carlito Arcari, o mais famoso bar da cidade, onde também passou a morar com sua família. Todos trabalhavam no bar: sua esposa, na cozinha, e as filhas ajudavam no atendimento no balcão.

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA – CORTESIA DOS ANUNCIANTES

Xixo (sentado), no comando do Bar Central, com a família. Foto de Neco Pereira, em 1975

Sempre há pessoas que dizem com saudade que a época boa era aquela do Bar Central. Uma época realmente romântica. Tempo da turma da Praça, dos galo-velhos, da turma do aperitivo da tarde, do João do Correio, do Edvar Pelegrini, do Santinho e de tantos outros. Depois as filhas começaram a casar e o Xixo, quando ficou só, vendeu o bar e se aposentou. Mas só parou de trabalhar mesmo muito tempo depois, por volta de 1977, pois participava sempre de grupos e corais da igreja. Xixo era uma pessoa muito querida por todos. É difícil, dentro de Araranguá, quem conhecia o Xixo e não gostava dele. Ele tinha muito carisma. Xixo era uma pessoa que adorava viver e sabia viver. Estava sempre

presente nos lugares onde houvesse festas, bailes e gostava muito do Carnaval. Ele e seus familiares formaram no Arroio do Silva um bloco de Carnaval, o “Vem Kgay”, que sai todos os anos. Xixo saía desfilava todos os anos fantasiado e brincava a noite toda. Xixo nos deixou dia 15 de fevereiro de 2003, com 75 anos de idade, e aos filhos Eliete, Margareth, Rosane, Rosângela, Tânia, Onira e Wilson. Xixo tinha quatro irmãos: Quita, Talita, Onira e o mais novo, Olegário, que faleceria em 10 de março daquele ano. Gilberto Martinho, o nosso falecido astro das novelas da TV Globo, considerava a família do Xixo entre os grandes amigos que sempre visitava quando vinha a Araranguá. z

CASA NENA CANOAS / RS

ARARANGUÁ / SC

Xixo, num carnaval, fantasiado de Januário da novela “O Cravo e a Rosa” RG

ARARANGUÁ, MARÇO DE 2019 • ANO 25 • Nº 510

João do Pedra 90

Xixo ○

JORNALECO

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casa e construção

COPISO A mais completa

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O CLUBE QUE FAZ PARTE DA NOSSA HISTÓRIA Av. XV de Novembro, 2030 - Centro - Tel. (48) 3522-0447 gremiofronteira.com.br facebook.com/gremiofronteiraclube


LEITURAS ATUALÍSSIMAS

MARIO SERGIO CONTI – jornalista e escritor (Folha de S.Paulo, Ilustrada, 05/01/2019)

A futura ministra já disse que “não há prova de que o gay nasça gay”, desrespeitando os depoimentos de todas as pessoas que, vejam só, nasceram gays. Damares quer anular suas vozes para tentar impor uma ideologia de viés religioso a um país laico. Para ela, “a homossexualidade é aprendida a partir do nascimento”, uma teoria sem absolutamente nenhum embasamento (nem científico, nem testemunhal), mas que serve bem a diversos grupos religiosos. Embora médicos e psicólogos não cansem de se pronunciar contra toda espécie de “cura gay”, ainda há diversos centros ligados a igrejas que prometem converter homossexuais. JULIA DANTAS – escritora (Zero Hora, Doc. 15 e 16/12/2018)

“É bem importante destacar que o discurso feminista no Brasil e na América Latina é fundamental, porque são países que estão entre os que mais matam mulheres no mundo. É um movimento de luta pela vida.” A socióloga destaca também que, quando um líder político assume um discurso discriminatório, a situação se agrava. “As pessoas que já praticavam esse tipo de violência cotidiana se sentem legitimadas. É um exemplo bastante negativo e de proliferação do ódio.” ESTHER SOLANO GALLEGO – socióloga e professora da Unifesp, citada por Débora Miranda, jornalista (Folha de S.Paulo, Ilustríssima, 20/01/2019)

Porta-vozes do ruralismo conser vador passaram a adotar um discurso abertamente discriminatório, segundo o qual os povos indígenas e tradicionais seriam não só incapazes de competir via mercado mas também seriam inferiores, “improdutivos e indolentes”.

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HENRI ACSELRAD – Professor da UFRJ e pesquisador do CNPq (Folha de S.Paulo, Ilustríssima, 02/12/2018)

na flor dos meus 14/15/16 anos, duas pessoas agasalharam

minhas parcas condições funcionais, dando-me trabalho (tempos bons, sem costumes e os politicamente corretos atravessados, o tal do “lugar de criança é na escola”, como se não pudéssemos estudar e trabalhar, ainda que ajudando em casa): Waldemar Pacheco, no seu cartório de registro civil, e o advogado Severiano Severino de Souza, no seu escritório profissional. O detalhe de o Waldemar ser meu sobrinho (muitos estranham, pela diferença etária, mas é explicável: ele é filho de uma irmã (Constança) por parte de pai, de um primeiro casamento; com minha mãe foi o segundo) não travou nada. O Waldemar velho de guerra cobrava expediente rigoroso, trabalho impecável e delegava responsabilidade, como preencher certidões e registrar casamentos e nascimentos. Aprendi como nunca ali. Lições para a vida toda. Com Severiano, tanto quanto com o Waldemar a razão foi a mesma: eu era exímio datilógrafo e tinha boa caligrafia. Datilografia, aliás, aprendida de forma autodidata nas Remingtons e Underwoods jurássicas do escritório de papai. Com Severiano havia um detalhe. Não era parentesco direto, mas era como se fosse. Na família dele e na nossa fluía uma relação muito próxima – todos eram compadres e afilhados de todos. Papai e os pais dele mantinham uma relação fraterna profunda. De tal modo que Severiano vinha a ser meu padrinho de batismo. E a vida inteira foi interessante esse fato: o Severiano EXIGIA a bênção. Quando eu era guri ou ainda adolescente, o pedido de bênção acontecia automaticamente, nos nossos encontros. Mas depois, já casado e com filhos, 30 anos e mais de estrada, Deus o livre se eu me encontrasse com ele em qualquer lugar, público ou isolado, e não pedisse a bênção em tom alto e respeitoso. “Ralhava” comigo na hora. Por isso eu procurava sempre pedir. E ele respondia solene e também em tom elevado: “Deus te abençoe, meu afilhado”. Botafoguense ferrado, fumante de cigarros Hollywood, leitor de W. Somerset Maughan (cigarros e autor cujos livros ele sempre me mandava adquirir na livraria, quando surgiam novas edições), tinha a característica de ler muito e fumar muito. Só uma vez o vi renegar o Botafogo: quando, num torneio de futebol de salão patrocinado pelo Araranguá Tênis Clube, eu estava num time com a camisa do Flamengo. E apostavam que ele, ali presente, torceria pelo time com a camisa do Botafogo. E ele, definitivo: “Não torço contra meu afilhado. Hoje sou Flamengo e não abro”. Foi a sua bênção: conquistamos o título com um timeco vagabundo, reunido a facão. Tinha força a bênção do meu querido padrinho Severiano, Deus o tenha ao seu lado direito.

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S S

A BANDA uplemento

Conto de Alejandro Jodorowsky | 1929 - cineasta, ator, poeta e escritor chileno

O santo morreu, mas não apodreceu! Extirparamlhe um pé, a língua, o pâncreas e um que outro osso, e enviaram estas partes como relíquias para diversas igrejas e cidades. No entanto, o cadáver começou a chorar incansavelmente. O pranto se tornou tão forte que atrapalhava a missa e os sermões, prejudicando os cultos. Tiveram de ir de igreja em igreja buscar os restos doados, o que provocou brigas entre os fiéis, que se recusavam a devolver as relíquias abençoadas. No meio de um atrito entre os fiéis, o pâncreas caiu e foi devorado por alguns cães, tornando impossível a reconstituição do cadáver do santo. Assim, o mutilado e santo cadáver continuou lamentando-se, até que foi amordaçado. Mas seus murmúrios ficaram cada vez mais fortes e estremeceram os muros do templo. Por fim, vestiram-no como um diabo e o colocaram acorrentado aos pés da estátua de uma Virgem. E agora, ao entrar no templo, os fiéis o insultam e apedrejam.

Frases de Millôr Fernandes

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É passageira a felicidade de todos esses que vês caminhar com arrogância. SÊNECA

CEM ERROS DE PORTUGUÊS - 8

AS RELÍQUIAS

3 “Se durar muito tempo, a popularidade acaba tornando a pessoa impopular” 3 “Fiquem tranquilos os poderosos que têm medo de nós: nenhum humorista atira pra matar” 3 “A verdadeira amizade é aquela que nos permite falar, ao amigo, de todos os seus defeitos e de todas as nossas qualidades” 3 “Como são admiráveis as pessoas que nós não conhecemos bem” 3 “Democracia é quando eu mando em você, ditadura é quando você manda em mim” 3 “Chato... Indivíduo que tem mais interesse em nós do que nós temos nele” 3 “O cara só é sinceramente ateu quando está muito bem de saúde” 3 “Os nossos amigos poderão não saber muitas coisas, mas sabem sempre o que fariam no nosso lugar” 3 “Se todos os homens recebessem exatamente o que merecem, ia sobrar muito dinheiro no mundo” 3 “Há duas coisas que ninguém perdoa: nossas vitórias e nossos fracassos” 3 “O homem é o único animal que ri. E é rindo que ele mostra o animal que é”

www.culturatura.com.br/gramatica/ortografia/erros.htm

67 - Favoreceu "ao" time da casa. Favorecer, nesse sentido, rejeita a: Favoreceu o time da casa. / A decisão favoreceu os jogadores. 68 - Ela "mesmo" arrumou a sala. Mesmo, quando equivale a próprio, é variável: Ela mesma (própria) arrumou a sala. / As vítimas mesmas recorreram à polícia. 69 - Chamei-o e "o mesmo" não atendeu. Não se pode empregar o mesmo no lugar de pronome ou substantivo: Chamei-o e ele não atendeu. / Os funcionários públicos reuniram-se hoje: amanhã o país conhecerá a decisão dos ser vidores (e não "dos mesmos"). 70 - Vou sair "essa" noite. É este que designa o tempo no qual se está ou objeto próximo: Esta noite, esta semana (a semana em que se está), este dia, este jornal (o jornal que estou lendo), este século (o século 21). 71 - A temperatura chegou a 0 "graus". Zero indica singular sempre: Zero grau, zero-quilômetro, zero hora. 72 - A promoção veio "de encontro aos" seus desejos. Ao encontro de é que expressa uma situação favorável: A promoção veio ao encontro dos seus desejos. De encontro a significa condição contrária: A queda do nível dos salários foi de encontro às (foi contra) expectativas da categoria. 73 - Comeu frango "ao invés de" peixe. Em vez de indica substituição: Comeu frango em vez de peixe. Ao invés de significa apenas ao contrário: Ao invés de entrar, saiu. 74 - Se eu "ver" você por aí... O certo é: Se eu vir, revir, previr. Da mesma forma: Se eu vier (de vir), convier; se eu tiver (de ter), mantiver; se ele puser (de pôr), impuser; se ele fizer (de fazer), desfizer; se nós dissermos (de dizer), predissermos. 75 - Ele "intermedia" a negociação. Mediar e intermediar conjugam-se como odiar: Ele intermedeia (ou medeia) a negociação. Remediar, ansiar e incendiar também seguem essa norma: Remedeiam, que eles anseiem, incendeio. 76 - Ninguém se "adequa". Não existem as formas "adequa", "adeque", etc., mas apenas aquelas em que o acento cai no a ou o: adequaram, adequou, adequasse, etc.

(Selecionadas pela Exame.com)

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Inspirador do socialismo, Marx saiu de moda no mundo todo. Por que então mantê-lo na condição de espectro ameaçador? Marx foi um grande pensador e escritor. Assim ele é reconhecido mundo afora e tem muito a dizer às pessoas de aqui e agora. Denegrilo tem tanto sentido quando ofender Spinoza. Estudálo, em contrapartida, amplia a imaginação e o mundo.

GEORGES BERNAMOS

MARÇO 2019

FRANCISCO MARSHAL – historiador, arqueólogo e professor da UFRGS (Zero Hora, Doc. 10 e 11/11/2018)

Meu sobrinho Waldemar e meu padrinho Severiano

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Há muito caiu a máscara do movimento que se diz “escola sem partido”, chamariz que leva ingênuos ao covil de interesseiros, que prometem isenção no ensino, mas entregam a intromissão doutrinária, contra educadores, tendo como arma as piores crias da ignorância: mente simplória, calúnia, ódio, paranoia e violência.

Saber encontrar a alegria na alegria dos outros é o segredo da felicidade.

aderbal machado

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Reuniões 4as e 6as feiras, às 19h30 Próximo à Câmara de Vereadores Balneário Arroio do Silva

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POLÍCIA MILITAR: 190 POLÍCIA RODOVIÁRIA FED.: 191 SAMU: 192 BOMBEIROS: 193 ATENDIMENTO À MULHER: 180

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Reuniões 3as feiras, às 20h00 Sala na Igreja São Cristóvão - Maracajá

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EDIÇÃO: ROSSANA GRECHI

FAZENDA SÃO JORGE

Centro de Reabilitação Fone (0**48) 3524-0280 Estr. Geral Volta do Silveira - Araranguá ○

Construindo massa muscular depois dos 40 É VERDADE QUE você provavelmente tenha mais coisas na cabeça do que quando tinha aos 21 anos, o que dificulta o foco na alimentação e no treino. O entusiasmo que você tinha com exercícios, especialmente se você nunca viu os resultados que esperava, talvez já tenha sumido. Você pode pensar que o corpo não aguenta o tranco que aguentava quando você tinha 20 anos a menos e precisa de mais tempo para se recuperar. Mas nada disso importa. Com as dicas e mentalidade correta você ainda pode construir massa muscular de forma significativa depois dos 40. Na verdade, um estudo feito pela Universidade de Oklahoma(1) comparou pessoas de diferentes idades que treinaram usando o mesmo programa de treino por oito semanas, descobriu que homens de meia-idade (3550 anos) conseguiram construir tanta massa quanto os caras mais novos (18-22 anos). As regras básicas para construir massa muscular aos 20, 40 ou 60 são as mesmas. Sim, o número de vezes que você viajou em volta do sol até pode afetar a velocidade que você progride. Mas idade não é algo que possa ser mudado, então não vale a pena se preocupar com isso. Você ainda pode ter os melhores ganhos da sua vida simplesmente aplicando certos “passos” ao seu treino.

Treine leve quando necessário

APOIO CULTURAL

Se você treinar pesado todo o tempo, você começará a sentir pequenas dores nos joelhos, punhos, cotovelos e ombros. Eventualmente, essas dores poderão se tornar tão grandes que causarão interferência no treino, podendo levar semanas, até meses, para sumirem e você poder voltar a treinar. A solução é bem simples: se treinar pesado em alguns exercícios causam dores constantes, treine leve neles. Treinar leve, com mais repetições é muito melhor do que não treinar ou treinar para se machucar e não poder ir à academia.

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Estimule e aniquile

você for descansar somente quando precisar, muitas pessoas acabam ignorando e nunca descansam. E o seu corpo não foi feito para usar o “modo insano” por 52 semanas no ano. No geral, quanto mais ganhos e experiência, mais frequente deve ser o descanso. Aqueles mais distantes do seu limite genético poderão descansar menos já que o corpo não é capaz de treinar tão pesado ao ponto de se debilitar tão facilmente.

É muito fácil dizer a si mesmo que a razão para você não estar ganhando massa muscular é porque você não está treinando o suficiente. Enquanto a falta de esforço é uma razão para muitas pessoas falharem em construir massa muscular, existem pessoas que treinam pesado demais e mesmo assim não conseguem os resultados esperados. Sair da academia como se você tivesse lutado alguns rounds com o Kimbo Slice pode fazer Algumas pessoas possuem uma estrutura você pensar que o treino foi efetivo. Mas se isto não fizer parte de um plano estruturado que o corporal que permite executar certos exerfaça progredir em direção a um objetivo, boa cícios com mais facilidade do que outros. Você pode não ter sido “construído” para parte do esforço pode ser perdida. Se você continuar forçando o corpo ao limite em todo fazer agachamento profundo, levantamento terra direto do chão, barra treino, várias coisas fixa com barra reta ou supodem acontecer, mas Ganhar massa muscular pino reto com amplitude de nenhuma delas você depois dos 40 é quase o máxima de movimento. Se vai gostar. mesmo para qualquer idade você tem braços curtos e Depois de um tempernas longas, por exempo aniquilando o corpo, durante a noite você começará a ter aquela plo, você notará que é particularmente difícil sensação de “alerta, mas cansado”, e às duas fazer levantamento terra com bastante peso, da manhã você começará a se perguntar por sem curvar a lombar, quando comparado a que não consegue dormir. Você acordará no alguém com braços longos e pernas curtas. Mas dia seguinte com o coração batendo forte e isto não quer dizer que você deva desistir do sentindo-se tão cansado como no dia anterior. levantamento terra. Procure uma variação do Você se sentirá ansioso e com humor instável. terra que permita uma melhor execução. Se supino com barra machuca os ombros, Coisas triviais que você nem percebe começarão a lhe incomodar. Pior de tudo, os experimente o supino-chão, onde a barra para seus resultados na academia diminuirão e alguns centímetros do peitoral. Ou use halteres gradualmente você começará a se sentir mais com as palmas levemente voltadas para o corfraco. Trabalho duro é uma ferramenta usada po. E não se preocupe se você não consegue para estimular a melhora corporal. É um meio fazer agachamento até que a bunda encoste no calcanhar, não é necessário exagerar na ampara um fim, e não o fim para um meio. plitude do movimento se isto causa dor. Faça a amplitude mínima “possível” se for necessário para não causar dor. Nosso corpo não é uma máquina, portanto CONCLUSÃO precisamos de descanso de vez em quando. O método para ficar grande depois dos 40 é Uma maneira simples para descansar e evitar a praticamente o mesmo do que aos 20. Pessoas destruição descrita no item acima é fazer uma de diferentes idades respondem ao treino de semana de “fuga” (também conhecido como formas semelhantes, o que vai mudar é a vedeload), a cada 3-9 semanas de treino pesado. locidade com que você atinge os resultados. Três semanas de treino intenso seguido de uma semana treinando leve é uma prática bem Texto: Christian Finn aceita. Descansar a cada 3 semanas não é Traduzido e adaptado por Hipertrofia.org estritamente necessário para todos. Mas se (1) http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19387379

Escolha suas batalhas com sabedoria

Bata e fuja

TOURNIER Dr. Everton Hamilton Krás Tournier Graduado e especializado na Universidade Federal de Santa Catarina • Pós-graduado no Instituto Adolfo Lutz de São Paulo • Pós-graduado na Universidade do Sul Catarinense E-mail: tournier@contato.net

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Os criadores de gado se foram com seus animais e abandonaram o campo que haviam formado. Espécies vegetais indesejáveis à pastagem não mais foram combatidas e começaram a predominar na área. Após uns 30 anos, enquanto a cidade crescia, aquela área tornou-se um “matagal”, o que, para muitos, não passava de um terreno coberto de mato. Por certos motivos e acasos, o crescimento urbano desordenado da cidade poupou da destruição aquela mata, e ela, espontaneamente, desenvolveu formações arbóreas imponentes. Nesse momento, as pessoas mais conscientes da população perceberam que aquilo se tratava de um “pedaço da Mata Atlântica”. Todo matagal gerado por abandono de terrenos é, na realidade, a Mata Atlântica tentando se regenerar no espaço que lhe foi tomado.

espécies de árvores, as florestas da Mata Atlântica possuíam uma enorme diversidade de espécies vegetais em áreas pequenas. No entanto, esta é uma das razões do alto número de espécies extintas ou ameaçadas. O caso se explica porque as florestas da Europa e da América do Norte, por terem menor diversidade biológica, apresentam muitos indivíduos de cada espécie, enquanto as Florestas Tropicais têm muitas espécies com poucos exemplares.

Q uando os europeus chegaram à América do Sul, as florestas da Mata Atlântica estendiam-se do Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul, ocupando grandes áreas em muitos estados.

Estes cinco séculos de invasão da floresta pelos europeus e seus descendentes reduziram-na a menos de 10% de seu corpo original. Hoje existem apenas algumas ilhas de Mata Atlântica em meio a pastagens e outras ocupações humanas, além de alguns trechos maiores em regiões montanhosas e encostas.

Desta forma, as práticas adotadas na história do Brasil já levaram muitas espécies à extinção. Isto significa que, mesmo onde se tem permitido o desenvolvimento da Mata Atlântica, as espécies extintas não voltaram mais.

Em Santa Catarina, a totalidade do território era originalmente ocupada pelas “várias faces” da Mata Atlântica: floresta tropical, floresta temperada do vale do Uruguai, mata com araucárias e as formações costeiras ao longo do litoral catarinense. Por se tratar, em grande parte, de uma floresta com características tropicais, apresentava uma enorme biodiversidade. Ao contrário das florestas temperadas da América do Norte e da Europa, que possuem trechos homogêneos com poucas

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Reuniões 2 e 5 f., 20h - dom., 17h Próximo à Igreja Sagrada Família Cidade Alta - Araranguá

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MATA ATLÂNTICA EM ARARANGUÁ

Grupos Familiares AL-ANON

A.A. Alcoólicos Anônimos

Warrem Dean, em seu livro A Ferro e Fogo, afirma que a Mata Atlântica se encontra hoje tão devastada que é praticamente impossível se encontrar uma paisagem semelhante ao período pré-colonial. O município de Araranguá, exceto nas praias, era uma imensa floresta cortada pelo rio, ostentada por espécies de árvores de grande porte e uma densa camada arbustiva. Até pouco mais da metade do século 20,

“Pedaço da Mata Atlântica”: Macaco-prego fotografado no Parque Ecológico Maracajá (foto de Viviane Casagrande Rossa; fonte: Pinterest)

ainda possuíamos grandes áreas dessas florestas em espaços além da Barranca e no Mato Alto. Depois de mais de 200 anos de exploração predatória de seus recursos, resta hoje apenas pequeninos trechos, de formação secundária. Preservar estes trechos é o mínimo que se pode fazer para se alcançar o equilíbrio ecológico. Mas ainda é pouco. Deve-se zonear o município e definir áreas significativas para se promover os processos de regeneração da floresta. Só assim se atenderá ao princípio da Constituição Federal que considera o meio ambiente ecologicamente equilibrado como essencial à sadia qualidade de vida.

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Texto de Gibran Rezende Grechi – engenheiro ambiental


Solo do editor

João Batista de Souza

RICARDO GRECHI

Hinos no Colégio Normal No Colégio Normal (hoje, Estadual) de Araranguá, em meados dos anos 1970, cantávamos o Hino Nacional, o Hino da Independência e o Hino à Bandeira em datas comemorativas durante o ano letivo. Eram eventos de que gostávamos muito. Eu cursava minha 5a ou 6a série ginasial. A diretora era a professora Zuê Rabello. Certa vez, resolveram cantar o Hino Nacional todos os dias, à chegada dos alunos, diante da bandeira na entrada do colégio. O que era especial, então, tornou-se maçante. Mas, devido ao contratempo que causava, não durou muito. E voltou a ser o que era: um evento especial para momentos especiais durante o ano letivo.

Natureza afetiva e sexual Homofóbicos vivem dizendo que os gays querem impor sua sexualidade. Mas são só eles — os homofóbicos — que, dominados por convenções retrógradas e ódio irracional, querem impor um padrão, desprezando a diversidade biológica e espiritual e o direito de cada indivíduo ser feliz com sua própria natureza afetiva e z sexual.

n o primeiro ano de Magistério, completamente inexperiente, fui

PIADAS

“escalado” para examinar uma escola isolada — isolada mesmo! Localizava-se numa pequenina comunidade onde hoje é, oficialmente, um quilombola: reduto de descendentes de antigos escravos fugidios, tão distante da “civilização” que, quando alguém tinha de se deslocar até Praia Grande, demandaria, no mínimo, dois dias. O traslado era feito a pé ou a cavalo. Chamava-se Fundo da Pedra Branca, um vale extenso, quase à beira de um cânion. Sobre essa localidade, lembro de alguns casos pitorescos. Engraçados se não fossem melancólicos, devido a rudeza do local, a pobreza e a ignorância de seus protagonistas. Uma dessas lembranças é o caso contado pelo senhor “Beto”, dono de farmácia e expressão política local de Praia Grande. Contou ele que um caboclo daquelas bandas, chegando à sede do município para vender seus produtos agrícolas: queijo, salame, etc., procurou-o a fim de se aconselhar. Era uma pessoa de idade, casado com uma mulher bem mais jovem. O velhinho chegou dizendo que um homem da sua localidade havia feito uma proposta: pagaria algum dinheiro se ele o deixasse dormir com sua mulher. O que o seu Beto acharia daquilo? O farmacêutico, percebendo que o pobre velho estava bem propenso a aceitar, mas estava confuso, pressentindo que, se aceitasse o dinheiro, ou não, sua mulher o trairia do mesmo jeito, deu-lhe um conselho de “amigo”: deveria aceitar a proposta, mas, quando o outro viesse ver sua mulher, ele deveria sair de casa para não ficar constrangido. Seu Beto sentiu o alívio no rosto do velhinho. No outro ano, quando seu Beto viu o tal homem, da mulher nova, quis saber como ele estava se sentindo no novo modo de vida. — Seu Beto, a situação, para mim, não ficou boa! — respondeu-lhe o incauto. — Por quê? — quis saber o “conselheiro”. — É que agora minha mulher quer cobrar de mim também...

O FREGUÊS: — Garçom, tem um negócio se mexendo no meu prato! — Não se preocupe, senhor, é só o desenho do prato. — Mas está se mexendo... — Ah, é porque é um desenho animado. — POSSO AJUDÁ-LO a fazer o seu pedido, cavalheiro? — pergunta o garçom. — Sim... Como é que vocês preparam o frango? — Sem muita conversa mole, senhor. Nós vamos direto ao assunto e informamos que ele vai morrer. UM MÉDICO e um advogado encontram-se em uma festa. — Frequentemente eu sinto terríveis dores de cabeça — comenta o advogado, à certa altura da conversa. — O senhor poderia me dizer qual remédio devo tomar? Meio a contragosto, o médico respondeu a pergunta do advogado e, em seguida, perguntou-lhe: — Como você lida com as pessoas que lhe pedem conselhos profissionais durante uma festa? — É fácil — disse o advogado. — Eu lhe mando a conta no dia seguinte. No outro dia, através de um mensageiro, o médico enviou uma conta de cem reais ao advogado. Pouco depois, ao saber que o menino trouxera o dinheiro, ele ficou todo feliz. Mas sua alegria não durou muito, pois junto com o dinheiro havia um bilhete do advogado que dizia: “O meu conselho ficou em duzentos reais”.

* * * Outro caso, este mais jocoso, se não fosse triste pelo motivo. Um padre da paróquia de Roça da Estância, no Rio Grande do Sul, que também atendia as capelas do lado barriga-verde, contou outro dia que, enquanto fazia uma viagem pastoral pelos fundos do vale do rio Mampituba, onde residiam famílias às beiras do rio, deparou-se com uma tempestade de verão. Chegou com sua montaria até uma choupana de caboclos para se abrigar da chuva, dos ventos e trovões. Era hora do almoço. Humildes, mas enlevados com tão ilustre e inesperada visita, os moradores convidaram-no para entrar, o que ele educadamente anuiu e agradeceu, mas não aceitou fazer parte da mesa. Lá pelas tantas, o padre observou que as crianças da casa estavam todas no chão comendo em uma gamela feita da raiz de uma figueira e, junto a elas, comiam também porquinhos, o gato e o cachorro. O reverendo católico, querendo, então, dar lições de civilidade e higiene, falou assim aos pais, daquelas crianças: — Olhem! Os animaizinhos estão comendo com os seus filhos. Isso não deveria acontecer! E assustou-se com a resposta do pai dos “piás”: — Padre, não tem pobrema. Os bichinho já tão acustumado... Extraído do livro E agora, João?, de João Batista de Souza. Orion, 2015, p. 209, 213 e 214

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MARÇO 2019

Mostrar às crianças a beleza e o valor de nossa língua portuguesa através de nossos pensadores, poetas e escritores; mostrar-lhes nossas artes, nossa música, a pluralidade cultural, étnica e religiosa, a dignidade de todo trabalhador, o respeito aos estrangeiros e à natureza. Isso é o que faz despertar o amor à Pátria. Obrigar crianças, incapazes de discernimento político, a cantar o hino nacional nas escolas é pura doutrinação enquanto elas não souberem pelo que estarão cantando.

Numa crônica bem humorada, o articulista demonstra que nossa língua entorta qualquer estrangeiro... até os de língua portuguesa

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Amor à Pátria

APOIO CULTURAL

Cilada da nossa língua portuguesa

Casos pitorescos da região

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O tal do “meia” em português – Por favor, gostaria de fazer minha inscrição neste congresso. – Pelo seu sotaque, vejo que o senhor não é brasileiro. O senhor é de onde? – Sou de Maputo, Moçambique. – Da África, né? – Sim, sim, da África. – Aqui está cheio de africanos, vindos de toda parte do mundo. – O mundo está cheio de africanos. – É verdade. – Se pensar bem, veremos que todos somos africanos, pois a África é o berço antropológico da humanidade... – Pronto, tem uma palestra agora na sala meia oito. – Desculpe, qual sala? – Meia oito. – Podes escrever? – Não sabe o que é meia oito? Sessenta e oito, assim, veja: 68. – Ah, entendi, meia é seis. – Isso mesmo, meia é seis. Mas espere, só mais uma informação: a organização do congresso está cobrando uma pequena taxa para quem quiser ficar com o material: DVD, apostilas etc. Gostaria de encomendar? – Quanto tenho que pagar? – Dez reais. Mas estrangeiros e estudantes pagam meia. – Hummm... que bom. Aí está, seis reais. – Não, o senhor paga meia. Só cinco, entende?

– Pago meia? Só cinco? Meia é cinco? – Isso, meia é cinco. – Tá bom, meia é cinco. – Cuidado para não se atrasar, a palestra começa às nove e meia. – Então já começou, são nove e vinte. – Não, ainda faltam dez minutos. Como falei, só começa às nove e meia. – Você pode escrever aqui a hora que começa? – Nove e meia, assim, veja: 9h30min. – Ah, entendi, meia é trinta. – Isso, mesmo, nove e trinta. Mais uma coisa senhor, tenho aqui um folder de um hotel que está fazendo um preço especial para os congressistas, o senhor já está hospedado? – Sim, já estou na casa de um amigo. – Em que bairro. – No Trinta Bocas. – Trinta Bocas? Não existe esse bairro em Fortaleza. Não seria no Seis Bocas? – Isso mesmo, no bairro Meia Boca. – Não é meia-boca, é um bairro nobre... – Então deve ser Cinco Bocas. – Não, Seis Bocas, entende, Seis Bocas. Chamam assim porque há um encontro de seis ruas, por isso Seis Bocas. Entendeu? – E há quem possa entender?

Do livro Plantão da Alegria; fonte internet, sem citação da autoria.

O SUJEITO entra num bar, senta-se a uma mesa e logo um garçom aparece para atendê-lo. — Boa noite, o que o senhor toma? — Eu tomo vitamina C pela manhã, o ônibus para ir ao serviço e uma aspirina quando tenho dor de cabeça. — Desculpe, mas acho que não fui claro. Eu quis dizer o que é que o senhor gostaria? — Ah, tudo bem! Eu gostaria de ter uma casa na praia, um belo carro e um milhão na minha conta bancária. — Não é nada disso, meu senhor! — continuou o garçom. — Eu só gostaria de saber o que o senhor deseja beber. — Ah! É isso? Bem... o que é que você tem? E o garçom: — Eu? Nada, não! Só tô um pouco chateado porque ontem o São Paulo perdeu pro Bragantino...


/ CRISTIANO FLORÊNCIO

Será que meu jeito de pensar vai alterar, de alguma forma, este mundo que dizem ser desinteressante? Não devo ignorar o fato de talvez estar vivendo por nada importante ou por nada importante estar morrendo. Só sei que, nas noites, estou sempre sozinho mesmo que algumas vezes queria ter companhia.

CAMINHANTE / ARLETE ZANERIPPE Ouço o deslizar da caneta Disse o poeta a murmurar Minha alma fica em festa Tentar em letra desenhar O silêncio é como a alma Em existência sabedoria Reflete no brilho do olhar O seu nexo sem simetria Ah! Meu poeta dos sinais Quer dizer tudo dizer nada Em tua solidão confessais Se procurar na caminhada

F A CRÔNICA DOS ANOS 60 F ANO VI - MARÇO/1966

POR JOÃO BATISTA DE SOUZA

Zacateca pedala durante 72 horas em torno da Praça Hercílio Luz

Na década de 1970 (isso me contaram assim que vim morar em

Araranguá, em 1981), apareceu em Araranguá e se hospedou, por alguns dias, no Hotel Alvorada, um casal muito bem apessoado, que logo se enturmou na cidade e fez muitos amigos. A moça era muito bonita e o rapaz aparentava ingenuidade, mas adorava jogar cartas. Passaram, então, a convidar os novos amigos para uns carteados no próprio salão do hotel. Os convidados (somente homens influentes) logo perceberam que o marido, concentrado nos jogos, não percebia a solidão da esposinha e trataram de assediá-la, mas a moça, encabulada, resistia heroicamente às investidas dos galanteadores. Como água mole em pedra dura tanto bate que até fura, e a carne é fraca, a coitada não conseguiu fugir às tentações, até por que o seu marido estava mais interessado nos jogos de cartas do que em satisfazer suas necessidades afetivas e sexuais. Ela, então, passou a receber valiosos mimos em cada visita. Os empresários endinheirados, malandros, arranjaram um estratagema para “engambelar” o inocente marido. Todas as noites reuniam-se, os amigos araranguaenses, para um carteado com o incauto, e sempre perdiam pequenas fortunas, mantendo-o “entretido” até altas horas da noite e madrugadas. Somente o moço ganhava. Na euforia de tanta sorte o marido nem notava que um dos novos amigos não se encontrava naquele instante. Assim, todas as noites os amigos se revezavam nas relações amorosas com a moça, enquanto os demais companheiros de aventura tratavam de manter o rapaz “ocupado” ganhando suas “mãozinhas” e alguns trocados. O casalzinho se deu tão bem na linda cidade de Araranguá que, satisfeito com os acolhedores cidadãos, resolveram permanecer por aqui mais alguns dias. Quando foram embora, o marido e sua linda esposa certamente agradeceram aos céus por tanta sorte, até porque ninguém por aqui havia desconfiado que o nobre casal, na verdade, não passava de um vigarista e uma prostituta. O vexame foi tanto que os empresários extorquidos nem se atreviam a se vangloriar nas rodinhas de bate-papo sobre suas frustradas malandragens e consequente perda de seus ricos dinheirinhos. Saguão do Conclusão: o Hotel Alvorada serviu a toHotel Alvorada dos os propósitos: ao deleite idílico de nonos anos 1960 véis casais em lua de mel, ao merecido aconchego e descanso do viajante forasteiro, incluindo aí celebridades como o grande ator de teatro Procópio Ferreira, à evolução arquitetônica local e, sem poder contestar, às trapalhadas de seus presumíveis espertos cidadãos ou aos mal intencionados vigaristas. O mundo é de todos e, como diria um amigo: “Quando um bobo nasce, um ladino bate palmas”. Eta nóis!

MARATONA CICLÍSTICA - Zacateca, atleta mexicano, realizará na cidade uma prova de resistência. Cem horas pedalando, ininterruptamente, em torno da Praça Hercílio Luz. Zacateca, segundo álbum fotográfico e recortes de jornais exibidos à reportagem, é um verdadeiro ás do guidão. CA 136 06/03/1966 NJ: O CA 137, 19/03/1966, anotou: “Zacateca, o mexicano ciclista, conseguiu permanecer 72 horas sobre o selim, pedalando. Zacateca foi notícia e sucesso na semana que passou”. No site Fotos&Fatos de Orleans, encontramos um registro mais amplo: “1968 – O mexicano Carlos Garcia Zacateca impressionou a cidade de Orleans por ficar circulando de bicicleta por 72 horas ininterruptas na Praça Celso Ramos. Ele se alimentava de água e sanduíche, os quais eram oferecidos pela sra. Olívia Balod, sem ao menos descer da própria bicicleta. Quando Zacateca completou o desafio, sua bicicleta foi sorteada por intermédio de uma rifa”. Zacateca em Orleans, em 1968

Aula inaugural do Colégio Normal No dia 2 de março, às 10h00, no Colégio Normal de Araranguá, realizou-se a aula inaugural, proferida pelo doutorando Fernando Otávio O’Donnell, da Pontifícia Universidade Católica. idem Alunos da primeira turma do Colégio Normal de Araranguá fazem um encontro festivo na mesma sala de aula 25 anos depois. No centro, Bete Salvador (acervo da foto); no fundo, de pé, as professoras Maria Alves e Zuê Rabello

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APOIO CULTURAL

Deixo meus pensamentos andarem pela noite e assim encontro meus melhores versos.

Jogador e prostituta dão golpe no Hotel Alvorada

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Ao chegar a noite sinto-me mais vivo do que nunca afasto-me dos viventes e fico apreciando minha morte.

j LOGOTIPO CRIADO POR C. E. GUASCO (ESTREOU NA EDIÇÃO 169 DE 16/04/1968 E FOI USADO ATÉ O FINAL)

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A NOITE

Diretor WLADINIR LUZ Redator ERNESTO GRECHI FILHO Gerente HERVALINO CAMPOS Tipógrafos WALDEMIRO, FERRINHO, NEI etc. Impressão: GRÁFICA LIDER (LIDO) (ORION) de 1960 a 1975 Redação e oficina: Av. Getúlio Vargas, 158-170, em frente ao Cine Roxy

Carnaval fraco Como sempre. Não fora a programação do UCCA, na Cidade Alta, não se ouviria em Araranguá nem o som de uma cuíca. Clubes, boates e salões dos balneários já quase desertos. Assim vão morrendo os carnavais de interior. CA 136 06/03/1966

Vida forense Sálvio Amaro foi absolvido. Escore: 5x2. Foi um dos júris mais movimentados dos últimos tempos. Vinte horas de trabalhos. Presidida pelo Dr. Rafael Ribeiro Pinto, juiz da Comarca, a defesa foi trabalhada pelos advogados José Silveira, Jorge Krieger de Melo, Homero Costa; funcionaram na acusação, além do promotor da Comarca de Turvo, Dr. João G. Fonseca, os advogados José Pimentel e Nicolau Mansur, respectivamente de Criciúma e Porto Alegre. idem

Metropol perde atleta em desastre de lambreta No decorrer desta semana, os desportistas criciumenses foram abalados com o inesperado acidente que roubou a vida de um dos mais categorizados atletas do Esporte Clube Metropol. O goleiro Dorli Antunes, quando se preparava para seguir com seu clube em excursão, ao dirigir-se à sua residência para despedir-se da família, foi apanhado por um veículo, que se chocou com sua lambreta. Dorli Antunes era natural de Araranguá. CA 137 19/03/1966

Estorricante fim de verão Jamais se experimentou um verão tão quente como o que se está a terminar, não obstante estarmos quase no fim da estação quente. Além da temperatura insuportável desses dias de canícula, ainda o fantasma da desidratação ronda os lares dos mais humildes, ameaçando principalmente as crianças. idem


J

OÃO CARLOS TRICHEZ nasceu no Jacinto Machado, na localidade de Serra da Pedra, em 12 de abril de 1956, filho do carpinteiro Paschoal Trichez e da doméstica e trabalhadora na roça Maria Correa Trichez, criando-se numa família de nove filhos. No ano seguinte, a família se mudou para a localidade de Rio do Norte. Dois anos após, veio a mudança para a comunidade vizinha de Molha Coco. Depois, mudaram-se para Nova Vicenza, no Timbé do Sul. João tinha seis anos de idade e lembra que, no dia da mudança, comeu minestra na casa da nona.

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Aos nove anos, João começou a estudar na escola de Nova Vicenza. — Eu era muito tímido, minha família era muito pobre. Meu pai era carpinteiro, mas tinha pouco serviço, e como ele era muito detalhista, levava muito tempo pra fazer uma

Depois de muitas consultas e exames, João teve que engessar o tronco e ficar assim durante um ano. Logo após, foi submetido a uma cirurgia na coluna, o que lhe melhorou a postura e evitou que o problema se agravasse, ficando engessado mais um ano inteiro, com breves momentos de alívio quando o gesso era substituído a cada três meses.

Pouco depois, foi trabalhar num carrinho de cachorro-quente. Mas, não se adaptando à capital gaúcha, retornou a Caxias do Sul e trabalhou no Baitakão por mais seis meses, até que o cunhado lhe arrumou serviço no almoxarifado da fábrica Agrale, onde ficou até 1986. Demitido por que se demorara numa visita a casa, no Timbé do Sul, João recebeu a indenização e pôde então realizar uma ideia que vinha lhe ocorrendo: montar um trailer para vender hambúrgueres.

Em Caxias do Sul, saiu à procura de trabalho. O primeiro lugar em que entrou foi numa lanchonete que fazia cachorro-quente e x-salada: — O cara disse que “serviço tem, depende do que tu sabe fazer”.

No verão de 1986/87, João levou o trailer para o Arroio do Silva, instalando sua primeira hamburgueria próximo ao Hug’s. Com ajuda do seu irmão Sander, o trailer foi instalado e começou a funcionar.

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DISK ENTREGA

Matriz: 3526-1339 Filial: 3526-1112

Além do jeito novo de preparar os lanches, que aprendera no Baitakão, João diz que o ingrediente principal sempre foi o amor: — Eu não queria voltar a trabalhar em madeireiras e metalúrgicas, tão desconfortáveis pra mim. Então o meu negócio tinha que dar certo! Assim eu me empenhei a fazer os meus hambúrgueres com amor, pra que as pessoas gostassem.

FOTOS RG

Em Porto Alegre, comprou um trailer, que amigos do Timbé foram buscar para ele. A chapa e a prensa, ele adquiriu em Caxias.

BALNEÁRIO ARROIO DO SILVA

Depois do verão, a ideia do João era levar o trailer para Criciúma. — Como eu tinha vindo de cidades grandes como Porto Alegre e Caxias, achei que Araranguá não comportaria ainda a hamburgueria. Mas a gurizada insistiu, dizendo que continuariam clientes em Araranguá, que o meu xis era diferente, especial, caprichado — conta.

João trabalhou na Lanchonete Baitakão durante um ano, até ser chamado a Porto Alegre, onde aprendeu o ofício de auxiliar de escritório no CRP, um órgão especial ligado ao INPS.

Nesse meio tempo, João havia voltado para a casa dos pais, no Timbé, para se recuperar. Depois de um ano, retornou a Caxias, onde parava na casa de sua irmã Silézia.

O pessoal gostou tanto dos hambúrgueres do João, que pediu para que ele trouxesse o trailer para Araranguá depois do verão. Até então, a hamburgueria não tinha nome.

João, então, instalou seu trailer ao lado do Posto do Ricardo, na av. Sete de Setembro, na Cidade Alta. Na época, do outro lado da avenida havia o Magro D-X. Lá em cima, o lugar ainda era bastante ermo, e na subida da Sete não havia quase nada, além do Bahamas. E ali enraizou sua história de sucesso e tradição em hamburgueria, inaugurando seu drive-in em 7 de abril de 1987, mas ainda sem nome. Depois de poucos meses, o negócio se firmou, tornando-se um ponto de encontro e paquera da juventude e para todas as pessoas que desejavam um ambiente descontraído para comer um lanche saboroso e nutritivo.

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E N T R E V I S TA E T E X T O : R I C A R D O G R E C H I

Ficou desempregado durante dois meses, quando foi consultar um médico ortopedista. O médico encaminhou-o a um especialista em coluna vertebral, no Hospital da PUC, em Porto Alegre.

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Deixando uma vida de pobreza e dificuldades no interior do Timbé do Sul, João fez um longo caminho até se estabelecer com o Pedra 90 em Araranguá

Aos 19 anos, João então deixou o interior de Timbé do Sul, mudandose para Caxias do Sul. Depois de trabalhar durante pouco mais de um ano numa madeireira, João pediu as contas porque o serviço era muito pesado.

Mas João só entendia de carpintaria. O homem lhe deu, então, um cardápio para que decorasse o nome dos pratos, todos em inglês, e voltasse três dias depois. João decorou aqueles nomes “complicados”: cheeseburger, cheese bacon, cheese eggs, cheese chicken etc., nomes que futuramente lhe seriam muito familiares. Voltou e ganhou o emprego. No trabalho, uma cozinheira lhe ajudou muito, depois de ouvir a história de vida de João. Quinze dias depois, o jovem já estava preparando os lanches como um profissional.

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João do Pedra 90

casa, trabalhando sozinho, praticamente, porque ninguém queria trabalhar com ele, porque ele era muito brabo — conta. E lá estudou até a 4a série. Depois de uma infância difícil, devido a pobreza e ao bullying que sofria devido a escoliose, João completou o curso ginasial na Escola Básica Prof. Taciano Barreto, no Timbé.

O nome “Pedra 90”, que significa a maior pureza (90%) das pedras no garimpo, foi sugestão da rapaziada, tirada de uma equipe que disputara uma gincana no ano anterior em Araranguá. João aprovou. E fez jus ao nome pela excelência do seu trabalho e do respeito que conquistou dos seus clientes, muitos deles tornando-se grandes amigos seus. O Pedra 90 sempre ficava aberto até tarde. Nas sextas-feiras ia até as três ou quatro horas da manhã, e nos sábados ia até amanhecer no domingo. Na ocasião de um baile de debutantes, João manteve o Pedra aberto até as nove da manhã para atender o pessoal que saíra do baile e estendera a festa até ali. E assim o Pedra 90 tornou-se uma opção preciosa para fechar as noites com um bom lanche ou uma última cerveja. Muitos jovens, ao sair das boates e bailes, dormiam, em seus carros, no estacionamento do Pedra 90, antes de dirigir até suas casas. Outros trailers funcionaram por ali, do Nego, do Gordo e outros, mas só o João se manteve. E foi ali até 2001. Trabalhando muito, João conseguiu bastante dinheiro, vindo a adquirir alguns apartamentos, uma casa grande, carros, e motos para o serviço de tele-entrega, que inaugurou em Araranguá no início dos anos 90. Foi ele quem lançou por aqui as mochilas para transportar os lanches com segurança nas motos, modelo que hoje todos usam nesse tipo de serviço. Em 2001, João se aventurou num empreendimento maior, e construiu o prédio próximo a Contempla. No início, por problemas de projeto, foi difícil manter a clientela. Só dois

anos depois é que o negócio vingou. Mas, adiante, devido a grande concorrência surgida na cidade, o Pedra 90 entrou em declínio. Em 2008, então, vendeu o prédio e comprou lá em cima, onde era a malharia Hildatex. E lá construiu o novo Pedra 90, trabalhando até início de 2018. Hoje, o Pedra 90 está arrendado, mas segue atendendo seu público cativo e mantendo a tradição, continuando assim uma história ininterrupta de mais de 30 anos. No início dos anos 1990, João quebrou uma perna em um acidente de carro. Convalescendo em casa, conheceu Suzana, uma moça que viera de Lauro Müller passear na casa da irmã, vizinha do João. Nesse período, seu irmão Sander havia alugado o Pedra 90, tocando durante um ano, antes da volta do João. João e Suzana ficaram amigos, até que ela voltou para sua cidade. Em fevereiro do ano seguinte, ela veio ver o carnaval no Arroio do Silva. Reencontrando a moça, João convidou-a para morar com ele. Suzana aceitou. Hoje, eles já estão para completar 30 anos de união, tendo as filhas Stephanie e Giovanna. Atualmente, João, acostumado a trabalhar duro a vida toda, está se esforçando para se adaptar à “aposentadoria”. Ele e Suzana são sócios do Grêmio Fronteira, onde ela joga vôlei e João faz natação e sauna, além de praticar ciclismo. Essa é a história do João do Pedra 90, que saiu de um lugarzinho pobre no interior do Timbé do Sul para empreender longos voos entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, até fundar a Hamburgueria Pedra 90 e criar o xis mais tradicional da cidade. (E voar, literalmente, pelos céus da região, que João já foi piloto de paraz pente nas horas vagas).

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