Jornaleco 511 abril 2019

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JORNALECO

A P O I O C U LT U R A L

©

PANFLETO CULTURAL

H FUNDADO EM 18 DE MAIO DE 1994 H

APOIO CULTURAL

ANO 25 • Nº 511 • ABRIL DE 2019 Periodicidade mensal - Tiragem: 1.000 exemplares Fechamento desta edição: 04/04/2019 19h20 E-MAIL: jornaleco.ara@gmail.com CNPJ 28.000.138/0001-00

EDIÇÃO, DIAGRAMAÇÃO E REVISÃO Ricardo Grechi CONTATOS Rossana Grechi ASSISTÊNCIA Guaraciara Rezende, Gibran Rezende Grechi, Nilson Nunes Filho IMPRESSO NA GRÁFICA CASA DO CARIMBO DE Rosa e Aristides César Machado PRODUÇÃO Nicolas Nazari Machado PREPARAÇÃO DO FOTOLITO David Machado Fernandes CORTE Toninho Abel IMPRESSÃO Valdo Martins

TAGS z FLYERS z FOLDERS z CONVITES z PANFLETOS z EMBALAGEM z NOTAS FISCAIS z CARTAZES z CARTÕES DE VISITA z IMPRESSÃO DE LIVROS

© Ricardo Francisco Gomes Grechi (reg. nº 99866, prot.4315/RJ de 17/07/1995)

Leia o JORNALECO em https://issuu.com/jornaleco (desde jan.2009) e assista nossos vídeos no YouTube: Jornaleco Araranguá SC UMA PUBLICAÇÃO

Av. XV de Novembro - Centro - Araranguá Tel. (48) 3524-5916 graficacasadocarimbo@gmail.com

ORION EDITORA Calçadão Getúlio Vargas, 170 88900.035 Araranguá-SC Brasil

É permitida a reprodução de nossos textos originais desde que citados devidamente o autor e o JORNALECO como fonte da publicação.

Uma viagem de Criciúma a Porto Alegre em 1952 JOÃO BATISTA

DE

ARARANGUÁ, ABRIL DE 2019 • ANO 25 • Nº 511 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA – CORTESIA DOS ANUNCIANTES

A história de Antoninho Torres ENTREVISTA (NUM BANCO DO JARDIM), TEXTO E FOTOS: RICARDO GRECHI (PUBLICADO NO JORNALECO 336, 15/11/2009)

SOUZA

Manhã de terça-feira, 10 de novembro de

Agosto ou setembro de 1952.

2009. Encontrei o Antoninho Torres no Jardim, próximo à Banca do Felipe. Ele conversava com um amigo quando o abordei: — Tava te procurando, Antoninho! Vamos sentar ali num banco do jardim pra bater um papo. Quero fazer uma matéria contigo pro Jornaleco. Ele aceitou o convite com total simpatia. Conheço o Antoninho de longo tempo. Seu filho Beto foi meu grande amigo nos anos oitenta.

Tomada do ônibus em Criciúma com destino a Porto Alegre. Seis horas da manhã. Parada de ônibus em frente à Farmácia Sampaio. Ainda não havia amanhecido o dia, e Joãozinho ansioso. O ônibus não aparecia, e... se mamãe resolvesse não viajar mais!? Chega o ônibus. Coisa mais linda. Comprido. Prateado. Um cachorro, estilizado, pintado na lateral frontal do veículo, com as patas estendidas para frente sugerindo estar em movimento, como um cão atrás de sua caça, em desabalada carreira.

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Para adentrar o ônibus, havia uma escada com alguns degraus e, ao lado desta, uma geladeira: CocaCola de graça. O ônibus se chamava “Gostosão”. Também pudera! Com todo aquele espaço e conforto! Agora vem o pior: a viagem propriamente dita. Na época não havia estradas como hoje. Eram verdadeiros caminhos de carroças e carros de boi por onde também transitavam alguns caminhões e ônibus. Em Araranguá começavam os estaqueamentos para a construção de uma ponte, como parte do projeto de uma grande rodovia nacional que ligaria os estados brasileiros pelo litoral: a BR-101. O referido projeto foi inaugurado no final da década de 1960.

CN

JORNALECO — Daí, como vai a tua companheira? — Agora eu tô solteiro... — Mas tem dançado por aí? — Sempre! Nas quintas, eu vou no UCCA; nas sextas, é no lar dos velhinhos, e, nos domingos, no Bailão do Luiz. Sempre de tarde. No asilo, quem toca é o João Medalha; no UCCA tem gaiteiro...

Porto Alegre em 1970 (http://miuraclubegauchoeantigos.com.br)

Quando o ônibus chegou a Araranguá teve que atravessar o rio, de mesmo nome, por uma balsa. E nesse ato já apareceu o primeiro percalço. Depois de ter subido quase a metade da barranca do rio, o ônibus retornou à balsa abruptamente. Como esta não se encontrava bem amarrada, quase houve um naufrágio. Por precaução e depois do susto, todos os passageiros tiveram que descer do ônibus, subir a barranca do rio a pé, esperar o “gostosão” sair da balsa, para depois dar reinício à viagem, que não seria menos penosa. Em Araranguá, segunda etapa de uma viagem até Porto Alegre que

duraria um dia e meio. O motorista do ônibus tinha a seu dispor duas opções de percurso: seguir viagem até Torres, já no Rio Grande do Sul, pela praia, se o mar não estivesse de ressaca, quando as ondas invadem toda a praia, tornando-a impraticável ao trânsito de veículos, ou pelo caminho do interior, que compreendia viajar até Praia Grande, passando por São João do Sul, também conhecido por Passo do Sertão, atravessar o rio Mampituba, divisa dos dois estados, passando por Pirataba, até chegar a Torres. Este percurso duraria bem mais tempo. SEGUE NA P. 4

CASA NENA CANOAS / RS

ARARANGUÁ / SC

Viúvo há 14 anos, Antoninho, 40 anos de Urussanguinha, vive uma vida tranquila e cheia de amizades, embora às vezes lhe toquem algumas tragédias que teve na vida.

JULIANA DREWKE

ANTONIO FERREIRA nasceu em Tubarão, a 4 de março de 1925, filho de Zé Torres e Dalzisa. Mas já veio para Araranguá em 1930, com a família, morar na Barranca, onde seu pai trabalharia na estação de trem, transferido de Lauro Müller. Antoninho conta que seu pai “emprenhou” uma moça em Lauro Müller, e o pai dela, furioso, mais os irmãos da garota, queriam o couro dele. A “fuga” de Zé Torres, então, foi a transferência para cá. Antoninho teve três irmãos. O único vivo é o Abelardo, de 75 anos [em 2009], que mora em Porto Alegre. Um outro morreu ao cair com o cavalo quando tinha apenas 11 ou 12 anos. Antoninho e esse irmão, um ano mais novo, faziam uma corrida entre os trilhos. Asbelo ia à frente, em grande velocidade, quando o cavalo tropeçou e caiu por cima dele. SEGUE NA PÁG. 2

Na comemoração dos 139 anos da emancipação de Araranguá, o Museu Histórico Municipal realizou a abertura da exposição Um diário em nossa história, baseada no legado cultural de Bernardino Campos, com exibição de painéis fotográficos, documentos, pinturas de João Miot com casas antigas de nossa cidade. Na foto: Alveri de Sá, colaborador, Micheline V. M. Rocha, diretora de Cultura, e o prefeito Mariano Mazzuco Neto.

casa e construção

COPISO A mais completa

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Perguntei ao Antoninho se naqueles tempos havia tornados e furacões como se tem visto hoje em dia, e se as enchentes eram assim tão ameaçadoras. Ele disse que não se lembra de nenhum furacão, só as ventanias de sempre. Mas, quanto a enchentes, sempre foi assim. Diz que o pai nunca saía da Barranca quando dava enchente, na maioria das vezes com as chuvas de setembro, o mês de São Miguel, que o Zé Torres chamava de “santo mijão”. Ele transferia a família e as coisas necessárias de subsistência para um vagão do trem, que ele erguia a macaco, onde as águas não entravam.

GEORGE BERNANOS (1888-1948) Escritor francês

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uplemento

O vendedor de balões O homem, que era um bom vendedor, deixou um balão vermelho soltar-se e elevar-se nos ares, atraindo, desse modo, uma multidão de jovens compradores de balões. Havia ali perto um menino negro que observava o vendedor e, é claro, apreciava os balões. Depois de ter soltado o balão vermelho, o homem soltou um azul, depois um amarelo e finalmente um branco. Todos foram subindo até desaparecer de vista. O menino, de olhar atento, seguia cada um e ficava imaginando mil coisas... Mas havia uma coisa que o aborrecia: o homem não soltava o balão preto. Então o menino aproximou-se do vendedor e perguntou: — Se o senhor soltasse o balão preto, ele subiria tanto quanto os outros? O vendedor de balões sorriu compreensivo, rebentou a linha que prendia o balão preto e enquanto ele se elevava nos ares disse: — Não é a cor, filho, é o que está dentro dele que o faz subir.

A VAQUINHA A família jantava tranquila quando, de repente, a filha de 11 anos comenta: – Tenho uma coisa muito triste pra dizer... Não sou mais Virgem! Sou uma vaca... – E começa a chorar, com as mãos no rosto. Silêncio sepulcral na mesa. De repente, começam as acusações mútuas: – Isto é por você ser como é – o marido dirige-se à mulher. – Sempre vestida como uma quenga. Claro que isso tinha que acontecer, com este exemplo que a menina vê todo dia! – E você – o pai aponta para a outra filha, de 19 anos – que fica se agarrando no sofá com o namorado, na frente da menina! E a mãe, muito nervosa, revida: – E quem é o idiota que gasta metade do salário com prostitutas e se despede delas na porta de casa? Pensa que a gente não vê? E, além disso, que exemplo você pode dar se desde que instalou esta maldita TV por assinatura passa todos os finais de semana assistindo a pornôs de quinta categoria? Desconsolada e à beira de um colapso, a mãe, com os olhos cheios de lágrimas e a voz trêmula, pega ternamente a mão da filhinha e pergunta baixinho: – Como foi que isso aconteceu, minha filha? Entre soluços, a menina responde: – A professora me tirou do presépio! A Virgem agora é a Renata, eu vou fazer a vaquinha...

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CONFÚCIO (551 a.C.-479 a.C.) Pensador e filósofo chinês

www.culturatura.com.br/gramatica/ortografia/erros.htm

77 - Evite que a bomba "expluda". Explodir só tem as pessoas em que depois do d vêm e e i: Explode, explodiram, etc. Por tanto, não escreva nem fale "exploda" ou "expluda", substituindo essas formas por rebente, por exemplo. Precaver-se também não se conjuga em todas as pessoas. Assim, não existem as formas "precavejo", "precavês", "precavém", "precavenho", "precavenha", "precaveja", etc. 78 - Governo "reavê" confiança. Equivalente: Governo recupera confiança. Reaver segue haver, mas apenas nos casos em que este tem a letra v: Reavemos, reouve, reaverá, reouvesse. Por isso, não existem "reavejo", "reavê", etc. 79 - Disse o que "quiz". Não existe z, mas apenas s, nas pessoas de querer e pôr: Quis, quisesse, quiseram, quiséssemos; pôs, pus, pusesse, puseram, puséssemos.

NET

(1000-metaforas.blogspot.com.br)

É mais fácil vencer um mau hábito hoje do que amanhã.

CEM ERROS DE PORTUGUÊS - 8

Era uma vez um homem que vendia balões numa feira.

RG

Com 17 anos, Antoninho buscava farinha do Otacílio Bertoncini, na Cidade Alta, para transporte do trem. Ele ia de carroça, pela Barranca, até em frente ao Rodeio, e atravessava o rio na balsa, isso para evitar a lomba do outro lado, na Rui Barbosa. Carros que Antoninho Torres teve: um Modelo A 1930, um Ford 40, uma Mas foi por pouco temFord F-1 51, uma Rural 72 e um Fusca 74, que dirigiu por 13 anos, po. Pedro Michels, de até trocar, em 1997, pelo Corcel 77 que ainda possuía em 2009 Hercílio Luz, recrutava gente para trabalhar na BR-116, em Ca- até 1967. Casado com Leopoldina, tivexias do Sul. Foram uns 40 homens aqui ram três filhos e oito filhas. de Araranguá, entre eles o Antoninho. Em 1967, voltou para Araranguá, diLá, ele morou num acampamento. reto para a Urussanguinha, onde montou Chamavam de batalhão ao contingente um armazém. Houve um tempo ainda de trabalhadores. Mas foi uma decep- em que regressou às minas. Mas, em ção. Conta Antoninho que o pessoal 1970, definitivamente, retornou e recomprava comida e roupas numa coo- assumiu o armazém na Urussanguinha, perativa, mas o salário nunca vinha. mantendo-o ativo até 1991. Só decidiu Chegou lá em janeiro de 1942. Dois fechar o armazém por que já não supormeses depois, junto do amigo Doca tava mais ouvir os fregueses relembraAmaro e um outro, fugiram a pé, para rem histórias dos filhos falecidos. chegar em Araranguá quatro dias deFoi assim: num certo dia de 1991, a pois, sujos e famintos. Passaram a via- Leopoldina lhe perguntou se não ia gem com duas rapaduras, compradas abrir o armazém, dado ao adiantado pelo Antoninho, e uns pedaços de po- da hora. lenta e queijo que ele pedira numa casa — Não. Nem hoje, nem nunca mais. de família. À noite, dormiam ao relen- Vamos comendo o que tem ali dentro, to, favorecidos pelo calor do verão. e depois a gente se arranja. Quando chegou em casa, o pai veio Então aconteceu de o prefeito da caçoar, feliz com o regresso do filho: época, Dau Ghizzo, sensibilizado com — Comé? Vamos repartir esse o Antoninho, e encaminhado pelo Ézio dinheiro! Rocha, oferecer-lhe o cargo que seu fi— Que dinheiro?! Eu quero é que o lho Francisco Roberto, o Beto, ocupava senhor me arrume cinco pilas pra mim na Prefeitura antes de falecer. Antoninho cortar o cabelo e ir o carnaval... — e foi. aceitou o convite e foi ser fiscal de obra, Não deu muito tempo e o Antoninho até ser demitido no governo seguinte. voltou ao Rio Grande para trabalhar Em 1995, falecendo Leopoldina, o num bar e depois na fábrica de fogões e Antoninho ficou só. Passava o tempo cofres de Alberto Binz, na rua Voluntá- deitado na rede, fumando. Mesmo rios da Pátria, em Porto Alegre, onde assim, conseguiu largar do cigarro permaneceu por um ano. Voltou porque nessa época. Foi um período difícil, o pai havia lhe chamado para “puxar mas ele ainda tinha uma grande famícarvão” nas minas em Criciúma. lia para lhe dar significado à vida. De 1942 a 1947, Antoninho foi mineiro na Próspera. Lá, conheceu Leopoldina Antoninho Torres, assíduo frequenRocha. Foi amor à primeira vista. tador da Praça, faleceu agora em março — Um amigo meu é que dançou com ela de 2019, aos 94 anos de idade. Há alprimeiro. Eu fui na dança seguinte. Nos co- gum tempo ele encontrou, na serra, um nhecemos e casamos três anos depois. irmão que desconhecia. Seu nome: AnEm 1951, Antoninho foi trabalhar na tonio Torres. Pura coincidência com o siderúrgica em Siderópolis, onde ficou apelido do nosso Antonio Ferreira. z

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Antoninho era gazeteiro. Preferia jogar bolinha de vidro no Jardim do que ir às aulas no Grupo Escolar David do Amaral. Vinha de casa, na Barranca, escondia os cadernos no mato da beira do rio e ia encontrar os amigos na Praça. Numa ocasião, o pai veio trazer um frete do trem para o comércio do Jaime Wendhausen, que ficava na esquina onde hoje é o Centro Cultural, e avistou o rapaz no Jardim. Antoninho empreendeu fuga pela igreja, saltou cerca, foi parar atrás da padaria do Zé Guidi. Mas o pai o alcançou, e o levou, pelas orelhas, até a escola, para entregá-lo à professora Maria Clara.

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A BANDA

As pequenas coisas parecem insignificantes, mas dão-nos a paz.

ABRIL 2019

— Antoninho, sai já do rio e vem pra cá! — Não, pai, se eu for aí o senhor vai me sovar! O garoto tomava banho de rio com os amigos, entre eles os irmãos Otávio e Dino Borges. O pai era brabo, mas temendo que o filho adentrasse ainda mais o rio, se afastava. Depois, pegava o Antoninho em terra e a vara de marmelo comia.

Quando voltavam pra casa, era um tal de matar cobra e aranha que, naquela época, infestavam o lugar.

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O pai chegou desesperado, para encontrar o filho morto. Essa foi a primeira grande tragédia de Antoninho. Outras duas foram as mortes de seus filhos. Beto, o Betão da Suranga, morreu na lagoa da Serra, em fevereiro de 1990; e o Jô, que era policial militar, faleceria em fevereiro do ano seguinte, numa queda de motocicleta, próximo ao Hospital Regional. Ambos tinham pouco mais de vinte anos. Durante algum tempo, Antoninho evitaria a estrada da praia, por sua ligação com o acidente de seus filhos. VEM DA CAPA

80 - O homem "possue" muitos bens. O certo: O homem possui muitos bens. Verbos em uir só têm a terminação ui: Inclui, atribui, polui. Verbos em uar é que admitem ue: Continue, recue, atue, atenue. 81 - A tese "onde"... Onde só pode ser usado para lugar: A casa onde ele mora. / Veja o jardim onde as crianças brincam. Nos demais casos, use em que: A tese em que ele defende essa idéia. / O livro em que... / A faixa em que ele canta... / Na entrevista em que... 82 - Já "foi comunicado" da decisão. Uma decisão é comunicada, mas ninguém "é comunicado" de alguma coisa. Assim: Já foi informado (cientificado, avisado) da decisão. Outra forma errada: A diretoria "comunicou" os empregados da decisão. Opções corretas: A diretoria comunicou a decisão aos empregados. / A decisão foi comunicada aos empregados. 83 - Venha "por" a roupa. Pôr, verbo, mantém o acento diferencial: Venha pôr a roupa. O mesmo ocorre com pôde (passado): Não pôde vir. Não se usa mais o acento diferencial em pelo e pelos (cabelo, penugem), para (verbo parar), pela (bola ou verbo pelar), pelo (verbo pelar), polo e polos (jogo ou extremidade), pera (fruta); em fôrma/forma (de bolo, de pizza), é facultativo. 84 - "Inflingiu" o regulamento. Infringir é que significa transgredir: Infringiu o regulamento. Infligir (e não "inflingir") significa impor: Infligiu séria punição ao réu.

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Reuniões 2 e 5 f., 20h - dom., 17h Próximo à Igreja Sagrada Família Cidade Alta - Araranguá

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Reuniões 4as feiras, às 20h Sala na Igreja Episcopal, centro - Araranguá

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Reuniões 3as feiras, às 20h00 Sala na Igreja São Cristóvão - Maracajá

N.A. Narcóticos Anônimos

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EDIÇÃO: ROSSANA GRECHI

por Cláudio Gomes CASOS E CAUSOS QUE O POVO CONTA

FAZENDA SÃO JORGE

Centro de Reabilitação

Nos idos de 1950, o único aparelho de comunicação que se tinha nas casas de família era o rádio. O rádio, lá de casa, era um aparelho de tamanho grande, semelhante a uma televisão de 25 polegadas. A marca era Orbiphom. O seu charme era um olho denominado de olho mágico. Estava localizado no alto, acima do visor do dial (foto). A aparência era do atual olho mágico de porta de residência. Diferenciava-se por uma luz de cor verde no seu interior, que abria ou fechava conforme a sintonia ficasse pior, ou melhor, até aproximar-se da ideal, no centro do olho. O alcance de escuta era razoável. Dependia de um extenso fio de antena sustentado por duas grandes varas – normalmente taquaras – e, quanto mais altas, melhor. Claro, dependia também das ondas sintonizadas, longas ou curtas. O nosso rádio ficava sobre uma prateleira da sala de visitas e “falava” quase o dia todo. Como não poderia ser diferente, ouviase a Rádio Araranguá, que tinha o prefixo ZYT-3. Desde às seis horas da manhã até às seis horas da tarde, quando encerrava suas atividades com o Hino de Santa Catarina. Algumas poucas intromissões de outras emissoras aconteciam e normalmente em horários determinados. Já ao raiar do dia, o rádio era ligado. Também era a hora de pegar no batente, e lá estava o Cumpade Gula (ou Manoelzinho) com seu programa sertanejo. O nome já não recordo mais, qualquer coisa como “Amanhecer na roça”, “Alvorada sertaneja”, por aí. E se passava toda a manhã ouvindo a programação da nossa rádio, até ao meio-dia. Mas, após o almoço, até as treze ou quatorze horas, o dial mudava. Era a vez de o meu pai se apossar do rádio. A emissora que gostava de ouvir era a Rádio Diário da Manhã, de Florianópolis, por conta dos noticiários políticos, especialmente os da UDN, com o comentarista Adolfo Ziguelli. Na sequência, a sintonia voltava para a Rádio Araranguá. Perto do final da tarde, a gurizada tinha sua vez para apreciar, com avidez, a Rádio Nacional do Rio de Janeiro, antes que se desligasse o rádio na hora de A Voz do Brasil. Nós, a meninada, sentávamos no assoalho para ouvir as aventuras dos seriados radiofônicos como: Jerônimo, o Herói do Sertão – um personagem pareci-

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Mitos e verdades sobre os ovos na dieta FONTE: https://GUIAME.com.br/vida-estilo/saude/mitos-e-verdades-sobre-os-ovos-na-dieta.html

SE ANTES OS OVOS eram vistos como perigosos para a saúde, hoje são classificados como um dos alimentos mais completos e nutritivos. Para esclarecer as dúvidas mais comuns sobre o alimento, o Instituto Ovos Brasil apresenta algumas informações. Confira:

OVOS FAZEM BEM NO CAFÉ DA MANHÃ.

Mito! A quantidade de colesterol de qualquer alimento, incluindo o ovo, não tem impacto direto sobre o colesterol do sangue. Isso significa que o consumo de ovos, ao contrário do que muitos ainda acreditam, não aumenta estas taxas. Vários estudos científicos têm sido realizados nas últimas décadas provando que o consumo de ovos não faz mal à saúde.

Mito! A clara do ovo possui sim uma grande quantidade de proteína, e este mito surgiu pelo fato de que atletas têm alta demanda deste nutriente e costumam fazer uso destas claras para suprir esta necessidade. No entanto, é na gema em que estão presentes os principais minerais, vitaminas e muitas outras substâncias essenciais ao funcionamento adequado do organismo humano.

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OVOS VERMELHOS SÃO MELHORES QUE OS BRANCOS.

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Verdade! Uma das características do ovo é que este alimento promove como poucos a saciedade, ou seja, a sensação de estar satisfeito depois de uma refeição. Isso significa que comer omeletes, ovos mexidos ou cozidos logo pela manhã, pode inibir o consumo de outros alimentos mais calóricos. Além disso, A QUALIDADE DA PROTEÍNA os ovos fornecem energia e disposição DO OVO É ALTA. para atividades físicas, como uma cami- OVO FAZ BEM PARA A MEMÓRIA. Verdade! A proteína do ovo é con- nhada, e intelectuais, como estudar! siderada de alto valor biológico, o que Verdade! Uma das substâncias de maior NÃO SE DEVE GUARDAR OVOS significa que ela é muito bem absorvida destaque dos ovos é a colina. Muitos pelo organismo. Exemplo disso é a albu- NA PORTA DA GELADEIRA. estudos já comprovam que esta vitamina mina, presente na clara, que reduz a Verdade! A variação constante de tem- produz excelente resposta no que se perda muscular. Por isso, muitos multi- peratura pode afetar a capacidade de refere às funções do cérebro, princivitamínicos e suplementos fazem uso proteção que a casca do ovo gera ao palmente em testes de memória e em da proteína dos ovos para garantir a conteúdo interno: sobretudo a clara e a propriedades que hoje associam o consumelhor forma de suprir esta demanda gema. Caso seja mal armazenado, este mo desta substância a baixos índices de em atletas e idosos. Ainda assim, espe- alimento pode apresentar rachaduras e demência em pesquisas. Você sabia que cialistas apontam que comer os ovos é pequenas fissuras, que serão portas de acrescentar ovos na dieta alimentar ainda mais eficaz! bactérias nocivas à saúde humana. também é fato já associado à redução da incidência de doenças como Alzheimer e OVO AUMENTA O ÍNDICE DE COMER SÓ A CLARA É MAIS Parkinson? COLESTEROL. SAUDÁVEL.

Mito! A única diferença entre estes dois tipos de ovos está na linhagem das galinhas que os produzem. Em termos nutricionais, tanto o ovo vermelho quanto o branco possuem as principais vitaminas, minerais e toda a rica proteína que torna o alimento tão valorizado na mesa das z famílias brasileiras.

ano de 1951. No jogo realizado contra o Renner, aqui do com o americano Zorro – com seu em Araraninseparável amigo Moleque Saci e sua guá, no ano amada Aninha, nos sertões de Cerro em que fora Bravo; ou O Sombra enfrentando o malcampeão gafeitor Caveira e seus capangas comanúcho, o resultado foi um empate de 1x1. E dados por Chumbinho. a nossa Rádio Araranguá estava sempre À noite, era a vez das mulheres topresente, com seus profissionais, narrando marem conta da audiência. esses acontecimentos esportivos. Como ainda acontece hoje com as telenoUm dos seus locutores, naquela época, velas, eram as rádio-novelas que lideravam era o conterrâneo Asti Pereira. Outro dia, as preferências dos e das rádio-ouvintes. conversando com o seu irmão Ariovaldo, fiquei ciente deste caso, acontecido no Antigo portão “Estádio da Rua Regimento Barriga do “Campo Verde”, hoje patrimônio do clube social do Grêmio”, preservado pelo Grêmio Fronteira. Quem conheceu o estádio, sabe que Fronteria Clube na sua principal entrada havia, e ainda está lá, um alto e grande portão (foto). Era no alto, na parte interna e acima deste portão, que estava instalada a cabine para a transmissão da rádio. Construída em alvenaria, tinha cobertura para que os radialistas ficassem protegidos das intempéries. Um luxo, para a época. Para se alcançar essa cabine, a uma O Direito de Nascer, por exemplo, foi altura aproximada de quatro metros, hauma delas. Acredito que ficou no ar por via uma escada formada apenas por anéis aproximadamente dois anos, também na de ferro retangulares cravados aos pilares Rádio Nacional do Rio de Janeiro, que de sustentação anexos à estrutura, fordetinha um grande elenco, comandado por mando assim uma escada improvisada. Paulo Gracindo e outros. Pois bem, num domingo qualquer, o O noticiário, obrigatório para quem dejogo era de decisão. Depois de subir todos sejasse ficar bem informado, era o Reaqueles “degraus” de ferros, lá estava o Asti pórter Esso (no ar de 1941 a 1968). Tinha fazendo a narrativa apaixonada daquele por lema “0 testemunho ocular da histójogo. Como araranguaense, era difícil para ria”. O locutor gaúcho Heron Domingues ele manter a imparcialidade, qualidade foi quem comandou sua apresentação. essencial exigida pela direção da emissora. Deveria ser sintonizado no horário das E mais exigências: proferir qualquer tipo de treze horas e às 20h30, também na Rádio palavrão ao microfone era inconcebível. Nacional do Rio de Janeiro. Seria considerada uma falta grave, por se Assim se passava a semana e os motratar de grande desrespeito aos ouvintes. mentos em que o rádio “falava”. E assim foi o que me contou o seu Ariovaldo. Em uma jogada de área e com * * * Aos domingos, quando não era possível “perigo de gol” a favor do Grêmio Araranestar presente no campo do Grêmio Araguaense, o Asti gritava ao microfone, emranguaense, a Rádio Araranguá estava penhando-se em empurrar o time para o lá por nós. E podemos provar por este caso gol se concretizar. de como a Rádio Araranguá transmitiu Pedia, quase que em desesperado transe, um quase gol do Grêmio Araranguaense. ao centro-avante do time, de apelido AgaBem, como todo araranguaense do meu chado, para chutar logo aquela bola. tempo sabe, foi durante o ano de 1951 que Enquanto narrava, e ao mesmo tempo o líder político Affonso Ghizzo iniciou a torcia para que o Agachado fizesse o gol, montagem de um grande elenco de jogaAsti se levantou para acompanhar o lance dores de futebol para formar um exceda jogada, indo direto para a pequena lente time do Grêmio Araranguaense, que mureta que protegia a parte da frente da havia sido fundado em junho de 1948. cabine, quase despencando lá de cima. Por alguns anos, os araranguaenses Seus companheiros de rádio se aprespuderam presenciar muitos bons jogos e saram em socorrê-lo, agarrando-o pelo pacom as grandes equipes da região e do letó para que não caísse do alto da cabine. estado. O Internacional (de onde vieram Ainda assim, e um tanto desequilibrado, alguns dos jogadores para o Araranguaeno Asti não parou de narrar e torcer: se), o Grêmio Porto Alegrense e o Renner. — Chuuuuta, Agachado!!!... Puuuuta Este último era o campeão gaúcho daquele meeer.... passou de fininho!!! z

A era do rádio e o quase gol do Grêmio

Reun. 2as f., 20h - Junto ao A.A. - Araranguá

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A.A. Alcoólicos Anônimos

ELETRODOMÉSTICOS - MÓVEIS - SOM E IMAGEM BAZAR - BRINQUEDOS - INFORMÁTICA - FERRAGENS FERRAMENTAS E MÁQUINAS - LINHA PRAIA - CAMPING JARDINAGEM E COMPLETA LINHA AGRÍCOLA

u 200 metros do trevo principal de entrada da cidade, nº 474 - Cidade Alta - Araranguá Tel. (48) 3521-4200 site: www.afubra.com.br


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Ganhamos as imensidões das praias e as lembranças permanecem até hoje. O “Gostosão” parecia não sair do local. Era uma visão reta,

Em Torres a pousada foi no suntuoso Hotel Farol, luxuosíssimo. Já era quase meia-noite. De manhã, bem cedo, reiniciouse a viagem para Porto Alegre. Foi uma viagem, até certo ponto, tranquila. Estrada de chão, com exceção de um pequeno trecho de asfalto, já perto da capital gaúcha, onde os catarinenses, chamados de “barrigasverdes” de forma pejorativa, costumavam se aglomerar, formando verdadeiras comunidades: Cachoeirinha, Gravataí. Essa parte de asfalto os catarinenses a chamavam de “faixa”. A estrada gaúcha, infinitamente mais longa, na sua maioria de “chão batido”, era mais bem conservada do que a parte catarinense. Joãozinho, sua mãe e os demais companheiros de aventura chega-

SOU DE ARARANGUÁ / MARTA GRECHI Dela sou filha, porque me escolheu Sou da terra que é de ninguém De tradição acolher aquela que cada um traz no seu bordão Cidade esponja Absorve a história de quem chega Cidade teia Quem chega se confunde, se encanta, se enreda, se assemelha É feitiço de água verde do rio que a margeia Pousou a vista Não tem mais jeito Camarada, aristocrata ou plebeu Brejeiro ou altaneiro, hospedeiro Seja da terrinha Brasilis ou estrangeiro Quem aporta nessas margens por ela é encantado E não é acaso É canto de sereia Do mar que lhe acosta Enleia com toda trama de rede de pescador E como isca As raízes que cada um traz entranhada em seus sapatos Tem xote, boi-de-mamão Tem o cancioneiro, rock e tremendão E o popular de cada estação Tem o misseiro, o batuqueiro, o yogue, e o mané E tem samba no pé! Tem mas bá! Ô pá! Ó xente! E uai! E por aí vai Nesse trem que aqui entrega e já não parte mais! Tem chimarrão, bacalhau, repolho, arroz, sushi, pizza e acarajé Tem comida, tradição, canção e oração de toda fé! Do ai Jesus Do Buda me conduz De Iemanjá, que é rainha do mar Da padroeira, mãe dos homens e minha também E dos homens sem mãe Sem religião Mas com voz de profeta, coração de atleta e de ação correta Sou de Araranguá Sou da terra de ninguém De todo mundo E nem todo mundo se quer bem Mas mãe é mãe sem preferência e referência Acolhe a você também!

Outra decepção: Joãozinho foi ao cinema, matinê, com sua tia Eliza. Uma sala grande, escura, e uma enorme tela branca na frente. A sala, cheia de crianças como ele, falando alto e todos ao mesmo tempo. Nada aparecia. Joãozinho já começava a ficar inquieto, quando entra na sala do cinema um pardal, ou uma andorinha. A criançada começa uma algazarra, todos queriam pegar o pobre passarinho. Joãozinho perguntou à sua tia Eliza: “Tia! Isso é o cinema? Em Morro da Fumaça eu vejo todos os dias passarinhos muito mais lindos e em grande quantidade”. Tia Eliza disse: “Não, menino! Espere mais um pouco. Já, já vai começar”. Extraído do livro E agora, João?, de João Batista de Souza. Orion, 2015, p. 72 a 77

Linha Florianópolis-Porto Alegre (c. 1950)

ATENDIMENTO: De segunda a sexta: das 8h às 12h e das 13h30 às 19h Sábados: das 8h às 12h e das 13h30 às 17h Tel. 3524-3071 Av. XV de Novembro

p o é t i c a a r a r a n g u a e n s e

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Nesse pequeno percurso de Criciúma a Torres, Joãozinho experimentou três grandes ansiedades infantis. Primeiro, a infindável demora da chegada do ônibus até o local de embarque. Criciúma era uma cidade acanhada, suja de resíduos de carvão, mas, pelo fato de Joãozinho ser de uma cidadezinha interiorana, era-lhe deslumbrante a visão das luzes dos prédios, destacadamente os neons das fachadas, um colorido diferente. A visão espetacular daquela “maravilha” de ônibus fez Joãozinho esquecer todas as atribulações passadas. Na segunda apreensão, irritava-o a demora do ônibus em deixar a balsa, já em Araranguá. O local do traslado situava-se próximo à estação do trem, no bairro Barranca, à margem esquerda do rio Araranguá. A terceira e mais “angustiante” das angústias foi o trajeto de Arroio do Silva até Torres. Arroio do Silva era uma pequena vila de pescadores, com acesso tão difícil que os moradores costumavam fazer esteiras de junco nos carreiros onde os veículos: ônibus, muito escassos, caminhões, idem, automóveis, não menos escassos, mas, principalmente, carroças e carros de boi, deveriam trafegar se não quisessem amargar horas de sofrimento atolados até o eixo na areia fofa do campo aberto. Os próprios pescadores faziam essas esteiras de junco e cobravam pedágio dos motoristas, carreteiros e carroceiros como forma de reforço financeiro familiar.

ram a Porto Alegre exatamente ao meio-dia. Quando entraram em um restaurante para almoçar, Joãozinho teve sua primeira decepção sobre a grande cidade. Ela era realmente grande, como diziam. Os letreiros dos luminosos e a altura dos prédios o fascinavam. Joãozinho lia quase todos os letreiros e os luminosos, pois já começava a ser alfabetizado e sempre gostara de ler. Depois, sua mãe o incentivava à leitura. Ela o mandava que lesse os destinos dos ônibus, os nomes das ruas e das lojas. A decepção fora por conta dos prédios velhos e sujos, e dos bondes barulhentos, rangedores, lentos, velhos e feios. Quando viu o bonde pela primeira vez, Joãozinho achou aquela geringonça, a coisa mais horrível e, perguntou: “Mamãe! Isso é o bonde?”

MIURACLUBEGAUCHO

Considerando-se que, como a praia estava transitável e a viagem até Torres fora “tranquila”, mesmo assim chegando lá à noite, ficamos a imaginar como seria bem mais longa e difícil a viagem pelo interior, visto os estados lastimáveis das estradas de chão.

constante e, tediosamente igual. Para frente só havia as praias e suas visões deslumbrantes de um azul celeste num sol quente e dia claro embora ainda não fosse verão e palmilhado por algumas nuvens brancas de um verão prenunciado. Ao nível do solo uma claridade difusa através da névoa tênue e úmida deixava entrever as ondas se formando no “quebra-mar” distante. Do lado esquerdo do ônibus a visão não era menos tediosa, porém, maravilhosa. As ondas e suas alvas espumas “quebravam” na rebentação, enquanto espalhava seu alvo lençol de água salgada pelas areias repletas de mariscos, tatuíras e seus coletores: criaturinhas pequeninas e aves marinhas que costumavam correr, com suas longas pernas, esquivando-se das ondas do mar, enquanto caçavam. A angústia era por conta das lindas, extenuantes e tediosas repetições de cenas: horizonte, céu azul, nuvens brancas, névoa tênue. Mar azul, ondas frondosas, espumas branquíssimas, gaivotas em bandos e maçaricos a correr. Até a beleza cansa! De quando em quando um pescador sem camisa e de chapéu de palha aparecia na cena, lançando sua rede ou espinhel ao mar.

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DE CRICIÚMA A PORTO ALEGRE EM 1952

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VEM DA P. 12

O CAIPIRA E A INTERESSEIRA O caipira chega à cidade e aborda uma moça: – Moça, sô homi bão, trabaiadô, e quero saí cum cê. Sô da roça, mais tenho bom gosto... – Pra ficar comigo, só se você tiver uma Ranger, 500 cabeças de gado e um pinto de 25 centímetros! – Oia, moça, eu posso vendê a Hilux e a L-200 e ficá só com a Ranger, e posso tamém mi disfazê de 14.500 cabeça de gado das 15.000 que tenho, mais cortá cinco centímetro do meu pinto, não corto não... GENTE DEMAIS Um bêbado saiu da igreja e o padre falou: “Vai com Deus, meu filho, e que Santa Luzia, Santo Antônio e Nossa Senhora te acompanhe...”. O bêbado montou em sua bicicleta e foi embora. Mas pouco adiante ele cai, e diz: “Eu sabia que tanta gente assim na bicicleta não ia dar certo...” NOTA BOA NO EXAME – Pai, tirei 7,5 no exame! – Parabéns, meu filho! E qual foi o exame? – Bafômetro. E ficaram com o seu carro...

Marcador de texto Do livro De Aragon a Montherlant, de ANDRÉ MAUROIS (1967) traduzido por Paulo Hecker Filho (Nova Fronteira, RJ) O pior mal da velhice é perder os que podiam compreendê-lo, já que conheceram os mesmos seres, atravessaram as mesmas provas, amaram as mesmas coisas (p. 43). Pois São João da Cruz condenava tudo o que Robert amava, recusava-se a encarar o que não interessava ao serviço de Deus. “Mas o que, na categoria da audição e da visão, não interessa ao serviço de Deus?... Flores, mulheres, crianças, tudo o que faz a poesia da Bíblia; as anêmonas da Palestina, as criancinhas em volta de Jesus, Madalena perdoada” (aludindo e citando a Robert Kemp, p. 45). “Em justo há a ideia do direito; em equitativo há a ideia de igualdade (do latim aequus). Daí a diferença fundamental entre essas duas palavras. O que é justo é obrigatório; o que é equitativo é questão de consciência. A distinção vai mais longe: o que é justo é conforme a lei; o que é equitativo é conforme a ideia que nós fazemos de uma justiça mais alta” (citando Charles du Bos, p. 62).

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Diretor WLADINIR LUZ Redator ERNESTO GRECHI FILHO Gerente HERVALINO CAMPOS Tipógrafos WALDEMIRO, FERRINHO, NEI etc. Impressão: GRÁFICA LIDER (LIDO) (ORION) de 1960 a 1975 Redação e oficina: Av. Getúlio Vargas, 158-170, em frente ao Cine Roxy

Em 1998, o Ayres Koerig participou de um concurso de paródia no programa do Moacir Franco, no SBT.

j LOGOTIPO CRIADO POR C. E. GUASCO (ESTREOU NA EDIÇÃO 169 DE 16/04/1968 E FOI USADO ATÉ O FINAL) O GRECHI

ANO VII - ABRIL/1966

MONTAGEM RICARD

Na época produzimos uma foto captada das imagens da TV e pedimos para o Ayres contar a história, que publicamos assim no J.71:

Jardim Alcebíades Seara ganha novos bancos

FOTO DO VÍDEO (VH S) E

‘de Araranguá-SC... AyresKoerig!” Koerig!’ “...de Araranguá-SC... Ayres Numa quarta-feira de outubro passado [1998], muitos araranguaenses depararam-se na televisão com o rosto do palhocense radicado em Araranguá Ayres Koerig. Passava o Moacir Franco com o seu “Concurso de Paródias”, no SBT, e a surpresa foi grande, pois o Ayres, que sabemos se sai muito bem nessas coisas, não tinha avisad0 a ninguém de sua ida ao canal do Silvio Santos. Agora ele nos conta a sua aventura:

ENIO FRASSETTO

O Serviço de Urbanização da Prefeitura Municipal contratou a confecção, por uma indústria local, de 60 novos bancos para o Jardim Alcebíades Seara, da Praça Hercílio Luz. Esses bancos fazem parte de um plano mais amplo, a fim de dotar aquele logradouro público de maior quantidade de bancos de cimento, coloridos. NJ: O Jardim já foi usado por nós como um “escritório” do J ORNALECO , onde fizemos algumas entrevistas para publicação no nosso Panfleto Cultural. Ali mantive longas conversas com Antoninho Duarte, Antoninho Torres, Agobar “Curto” Maciel Pereira, João Batista “Sarará” Pereira. Mas depois que os bancos foram retirados, o “escritório” foi desativado. Pois os novos bancos não têm encosto, e os antigos eram como sofás em que podíamos nos acomodar tranquilamente. Também casais de namorados, pais com seus filhos, amigos, durante cerca de 40 anos puderam usufruir do seu conforto. Mas os antigos bancos foram levados dali e estão desaparecendo. Deveríamos recuperá-los e trazê-los de volta ao Jardim, como patrimônio cultural e marca de uma época mais romântica. Ainda mais que descobrimos nesta nota do CA que eram fabricados em nossa cidade. Traziam na pedra o nome dos patrocinadores: Ferreira & Cia., Café Bertoncini, Gomes Garcia, ARQUIVO JORNALECO PMA, etc. etc. etc. O patrimônio cultural urbano nas pequenas coisas.

Moacir Franco recebe Ayres Koerig para o “Concurso de Paródias” durante o seu programa no SBT, em 1998

Meu genro e minha esposa foram levar-me ao aeroporto Diomício Freitas, em Criciúma. Às três horas da tarde, lá estava eu dentro da “Rio Sul” rumo a São Paulo. No aeroporto de Congonhas já fui apresentado a outras tantas pessoas que também foram chamadas. Levaram-nos para o internacional Hilton Hotel. Pelo menos uma vez na vida dei uma de rico, comendo do bom e do melhor e dormindo em coxins de veludo. Que beleza, tudo por conta do Silvio Santos! Na manhã do dia seguinte, depois de um lauto desjejum, apanharam a mim e aos meus competidores para assistirmos a gravação, que como podem deduzir, em se tratando de manhã, não é ao vivo; motivo pelo qual não avisei aos meus parentes e nem aos amigos, pois que não sabia com certeza o dia em que deveria ser apresentado. Desta forma cheguei aos estúdios do SBT. Por sinal, um prédio antiquíssimo e antiquado, com muitos compartimentos a confirmar o velho adágio: “Por dentro pão bolorento, por fora, covarde viola”. Os leitores não podem nem de perto imaginar o grande número de pessoas que são envolvidas num programa de televisão, como também as numerosas salas de serviço. Nessas dependências conheci pessoalmente, com os quais mantive conversa: Silvio Santos, Roque, Ivo Holanda, Lombardi e, obviamente, Moacir Franco. Não tive pretensão alguma de tirar uma taça, pois que, quando a minha composição fora classificada dentre as milhares dos muitos concorrentes, vindas de todo o Brasil, já me senti gratificado, muito embora todo aquele cuja paródia é escolhida e não premiada, faça jus a um prêmio de consolação de R$ 100,00. Com esses cem mangos recebidos como prêmio de consolação, adquiri um “Aurelão” e cheguei em casa dizendo para minha esposa, apontando para o dicionário: “Eis o presente que ganhei do Silvio Santos”. Ela se admirou, mas depois eu expliquei que com os cem paus recebidos comprei o “amansa burros”, que muito vai me servir para a composição do livro que espero editar no ano que vem.

“Escritório” do JORNALECO no Jardim: acima, Antoninho Duarte, entrevistado para o J.363, de 01/01/2011; ao lado, Agobar Maciel Pereira, com Ricardo Grechi, entrevistado para o J.378, de 15/08/2011

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NJ: No ano seguinte, Ayres Koerig, aos 80 anos, realizaria seu projeto, lançando Flores de Outono, seu primeiro livro.

CA 138, 02/04/66

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DE QUANDO EM QUANDO (não gosto da expressão “de quando em vez”, embora muitas pessoas a usem) ouço alguém que me diz: “Eu vi o senhor na televisão... Como foi que o senhor fez para ir lá?”. Então eu relato a cada uma delas o que vou fazer agora de uma vez, para todos os leitores deste jornal. Sei que muitos de vocês gostariam de saber o que se passa pelos bastidores de uma televisão; a maioria, por simples curiosidade, haja vista que não se tem muito o que contar. Mas, como o editor do JORNALECO manifestou interesse em publicar, passo a dizer como aconteceu. Vi e ouvi na televisão que haveria um concurso de paródias. Escrevi uma, denominada “Nair”, com leve crítica ao atual Presidente da República [Fernando Henrique Cardoso], e a remeti ao dito programa. Já me havia esquecido, pois demorou meses e nada de notícias sobre a dita. Assim também devem ter agido os outros tantos escritores que existem por este Brasil afora... Mas, certo dia, quando eu estava fazendo um curso de apicultura, lá em Florianópolis, na Cidade das Abelhas, recebo um recado da direção daquele curso avisando que eu ligasse com urgência para casa, pois minha esposa, a Marieta, pretendia falar comigo. Fiquei apreensivo e, logo que pude, liguei; ela então me revelou: “Tua paródia ‘Nair’ foi classificada para competir com outras sete finalistas. Dentro em breve uma funcionária do SBT vai dar-te detalhes de como deverás proceder”. De fato, na segunda-feira, estava eu almoçando quando o telefone tocou. Era a coordenadora do referido concurso, que me explicava tim-tim por timtim e me avisava que iria enviar uma passagem de avião, ida e volta, no dia tal, para que eu acompanhasse a gravação musical da minha paródia. Comunicava-me também que haveria alguém me esperando no aeroporto de Congonhas, as tantas horas, para levar-me ao hotel.

F A CRÔNICA DOS ANOS 60 F Grande concentração de leões no Morro dos Conventos III CONVENÇÃO DISTRITAL DO LIONS 15, 16 E 17 DE ABRIL De parabéns o Lions Clube de Araranguá, nas pessoas de seus dirigentes: Gerci Pasquali, Zanoni Espíndola, Alírio Guidi Monteiro, Celso Bertoncini e Carlos César Hennemann, e do coordenador geral Nicomedes Mendes. Com a presença de autoridades leonísticas de quatro estados e mais de 300 delegações, com as respectivas domadoras, teve lugar nesta cidade a III Convenção do Distrito L-10 do Lions Clube. Foi anotada ainda a presença de cinco vice-governadores, sete presidentes de divisão, além de representantes dos clubes de Blumenau, Brusque, Caçador, Canoinhas, Concórdia, Criciúma, Campos Novos, Dionísio Cerqueira, Barracão, Florianópolis, Imbituba, Itá, Itajaí, Ibirama, Joinville, Lages, Joaçaba, Jaraguá, Orleans, Pomerode, Rio do Sul, Siderópolis, São Joaquim, São Francisco, Tijucas, Tubarão, Turvo e Urussanga. Dia 15, foi realizada a sessão de abertura dos trabalhos, ocasião em que usou da palavra o leão Alírio Monteiro, saudando os convencionais; em nome da municipalidade, ofereceu as boas vindas o leão prefeito Osmar Nunes, do governador Algemiro Manique e do conselheiro internacional Alexandre Muniz de Queiroz. (...) Os salões do Hotel Morro dos Conventos estavam engalanado com motivos leonísticos e regionais. (...) Na manhã de domingo, o Lions Clube prestou singela homenagem junto ao obelisco do Pracinha Iracy Luchina. (...) Todos os atos foram cinematografados pela TV Piratini, que posteriormente transmitiu de Porto Alegre. (...) CA 139, 30/04/1966


Domingo de futebol ALEXANDRE ROCHA (2014)

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Este caso fez lembrar uma partida ocorrida na Urussanguinha, que possuía dois campos, o de cima, que ficava na atual rua Manoel Francisco Costa, para os lados do Morro Azul, e o de baixo, chamado de Rampa (era uma subidinha mesmo) que ficava na atual rua Virgílio Moisés Geremias. Campo de futebol não faltava, pena que não sobrou nenhum para ser uma praça — ao menos uma — que o bairro até hoje não tem.

BALNEÁRIO ARROIO DO SILVA DISK ENTREGA

Matriz: 3526-1339 Filial: 3526-1112

João Vidal Martins Mas, enfim, naquela tarde de domingo, por volta de 1978, após jogarem os aspirantes chegou a vez dos titulares. Assim eram os jogos, uma preliminar, outra principal. O anfitrião era o Internacional. Não sabemos precisamente qual era o time visitante, mas esperamos provocar a curiosidade e obter informações dos muitos leitores para nos ajudar a matar as charadas. Pois bem, lá pelas tantas o jogo esquenta no caldeirão da Rampa e acontece uma falta entre o meiocampo e a grande área. A bola é posicionada pelo discreto juiz. Um jogador surge para bater a falta, que será cobrada contra a trave norte do campo. Posiciona-se ele, Augustinho, um jogador implacável, que bem poderia ter servido a qualquer grande equipe do futebol brasileiro. Jogava muito o Augustinho. Ele se afasta calmamente andando pra trás e para. Olha a trave, olha a bola, olha a trave e o goleiro, mede o espaço, calcula a potência e manda o petardo. O goleiro se esforça, mas nem vê a cor da bola. Já era. Belchior ao falar de tristeza definiu poeticamente este momento

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Na tarde fria de 21 de julho de 2015 localizei um dos protagonistas daquela tarde de futebol na Suranga para ouvi-lo sobre o acontecimento. JOÃO VIDAL MARTINS (foto) nos recebeu em sua casa, que fica a poucas quadras do antigo estádio, que hoje já não existe, agora é uma quadra toda habitada. Ele relata que havia poucos anos estava morando em Araranguá, vindo de Porto Alegre e já era o técnico do Internacional, um dos principais times da cidade, aceitando o convite de Hilário, o Iaiá, presidente do clube. Imediatamente fomos à pergunta que não queria calar para saber o que aconteceu naquele jogo. Mas lá se vão uns 41 anos, João tinha seus 30 e poucos, hoje tem 74. Ainda assim aos poucos cutuca a memória, lembra da briga, era parte dela, mas não ao certo do estopim, que pode ter sido dentro da própria torcida do Inter. Esta foi apenas uma entre tantas e tantas contendas havidas em Araranguá nas antigas (e atuais) partidas de futebol.

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Mas se os juízes exageram, entre os próprios jogadores o que se assiste também é um festival de encenações, coisa feia num jogo de contato como é o futebol, fazendo parecer uma cambada de frouxos em campo. Como diz Milton Leite, “que fase!” E tudo parece ter piorado após o vexame dos 7 a 1 pra Alemanha, a goleada do blecaute,

Bom, mas em se falando de arbitragem e violência no futebol, por aqui as coisas não são muito diferentes. Que o digam os que assistiram aquela partida da semifinal do campeonato municipal de há pouco tempo, jogo em que o pau comeu, sobrando chutes pra tudo quanto é lado, situação só aliviada por obra e intervenção da turma do deixa disso. No episódio a cena principal, própria de um filme pastelão, foi protagonizada pelo seu juiz, que deu o apito final já preventivamente posicionado na beirada do campo, para em seguida bater em retirada correndo, sendo perseguido por alguns jogadores.

Enquanto uns soltavam fogos, outros se enfureciam resignados. Fora do campo se armava uma tormenta. Em poucos segundos o bicho pegou, sobrando pra todo mundo, principalmente pra torcida localizada a poucos metros da lateral oeste do campo. O começo foi muito rápido, tudo de repente, não se sabendo por onde começou e nem os motivos. Briga em campo de futebol é assim mesmo, uma arruaça só, um quebra-pau desordenado, em que os envolvidos não querem nem saber quem é quem e nem o porquê: “não quero saber de quem é a briga, eu quero é brigar também...” E assim foi. O que se via eram socos, chutes, voadeiras, empurrões, ninguém segurava a pancadaria. Estava instalada uma batalha campal.

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Alguns dirão que os juízes apenas cumprem regras e ordens da comissão de arbitragem. Comentaristas alegam que jogadores não respeitam o apito e reclamam de tudo e por isso o rigor abusado que vemos nas quatro linhas. O fato é que onde há recursos e estrelismos demais, falta bom senso. Com isto os jogos ficaram chatos, ainda mais com o advento do VAR, prevalecendo uma apitaçada engessante que trava as jogadas e retira a beleza da partida de futebol. Quando tem beleza, porque o nível técnico também despencou.

o dia de uma verdade, que muito bom seria se fosse mentira; o jogo que “absolveu” os injustamente condenados jogadores do fatídico “Macaranaço” de 1950. E, para quem esperava uma revanche contra a Alemanha em 2018, ela não veio. A Alemanha, medíocre no torneio, acabou eliminada pela Coreia do Sul. O Brasil foi melhor, tinha tudo pra ir até a final, mas tropeçou na Bélgica.

trágico para os goleiros: “estava mais angustiado, que o goleiro na hora do gol”. É um instante rápido, um lapso de tempo em que, abatido, o arqueiro apenas escuta resignado aquele som do couro da bola deslizando no nylon da rede. Ele, o goleiro, caído ou tentando se levantar, já não pode fazer mais nada.

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POR ALEXANDRE ROCHA Oh futebol, por que andas tão chato? Acredito que hoje em dia quem gosta de futebol anda sofrendo muito, pois apesar da disputa acirrada nos campeonatos estaduais, o que se conhece por raça em campo e talento com a bola anda em baixa no “esporte do povo” e “paixão nacional”. Nem se trata de esperar que o atleta jogue com a camisa como antigamente, isto seria pedir demais para estes “pobres milionários”. Mas bom seria se houvesse ao menos honra, dignidade e respeito pelas torcidas. O pior é que, além destes quesitos, parece que o futebol padece ainda de outro mal, a arbitragem, que outrora era formada por homens de preto, figuras neutras, sombras discretas, seres que corriam pra lá e pra cá, muitas vezes somente lembrados quando apitavam. Agora, não. Eles usam amarelo, vermelho, exibem estampas de patrocínio e carregam penduricalhos tecnológicos que os fizeram astros a protagonizar mais a cena futebolística do que os jogadores. Uma dó!

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A verdade é que entre risos e choros, o esporte já proporcionou muitas alegrias aos apaixonados. Em muitos campos cheios de guaxuma e rosetas já vimos correr soltos muitos anônimos que batiam um bolão.

Citando alguns times, entre tantos outros, cada bairro tinha a sua esquadra, que reunia heróis da gurizada nos inesquecíveis domingos à tarde. Havia o Estrela do Sul, o Flamengo da Barranca, o Mesquita, o Operário, o Bonsucesso da Volta Curta, o Penharol, o Brasilzinho, inspirado no Brasil tricampeão em 1970. Tinha ainda o time do Arroz (Pinguim), o time do Osso, o Clube de Jovens, o já citado Internacional. Antes destes, nos anos 1950, o Atlético da Cidade Alta, e o Rodoviário Esporte Clube, do pessoal do DNER, que conduzidos em tombadeiras feitos pau-dearara iam defender suas cores pelos campos da região. Fazendo o bom futebol rolar pelos gramados havia ainda o Murialdo e o UCCA, sem esquecer-se do grande Grêmio Fronteira, sucedido pelo AEC. Nestes times se divertiam os atletas, que com seu futebol divertiam a população. Eram trabalhadores de diversas áreas, operários, profissionais liberais, bancários, empresários, pedreiros, marceneiros, professores... Alguns verdadeiros craques. Pra que mentir? Também jogavam nos times muitos pernas-depau, que jogavam de teimosos ou para completar o time desfalcado. Com idade acima da geração com quem jogava, um dos jogadores jamais será esquecido. Trata-se de um goleiro, que apesar da altura incompatível, era parrudo e nas ruas passava garboso, de tamanca e sem camisa. Seu jeito resvalava no tipo folclórico, principalmente na hora de agarrar a bola, rolar

pelo chão, levantar e dar o balão. Seu nome? Tio Mano. Aliás, apelido, pois pelo nome nunca foi chamado. O lado miserável daqueles times ficava por conta dos aspirantes. A camiseta se entregando, o calção desbotado, as meias e chuteiras emprestadas de última hora. Já os titulares pareciam profissionais. Roupas passadas, pomada nas pernas, bola tinindo de nova. Até o juiz dos titulares se vestia melhor e era profissional. Todo de preto, impunha respeito sem exagerar. Ao redor do campo já iam se encostando pipoqueiros, carroças de bergamotas e vendedores de torradinho... Nos bancos de costaneira sentavam os “cartolas”, muitas vezes compadres uns dos outros, mas ali adversários ferrenhos. No gramado, mais afastadas, as belezuras, flertando e escolhendo o bonitão do time. Quando o time adversário apontava na esquina era bonito de se ver. Enquanto explodiam fogos e os batuques da torcida tomavam conta, em coro a fanática torcida, a uma só voz, entoava um grito: “Aivinhééééééro!” Estava anunciada a tarde festiva, às vezes, claro, nem tanto. Passou o tempo, os campos dos bairros cederam espaço aos loteamentos, o futebol alegre das boas peladas das tardes de domingo se recolheu na retranca, sob a marcação cerrada da expansão urbana. z Internacional da Urussanguinha, no campeonato municipal de 1979: (?), (?), Vado, Pedro Carlos, Pachola e Cal; Adão, Zé Neri, (?), Marzo, Hermes e Banga. Foto: Nilson Matos

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