JORNALECO
A P O I O C U LT U R A L
©
H FUNDADO EM 18 DE MAIO DE 1994 H
JORNALECO
APOIO CULTURAL
ANO 26 • Nº 514 • JULHO DE 2019 Periodicidade mensal - Tiragem: 1.000 exemplares
DESDE 1987
Fechamento desta edição: 11/07/2019 12h30 E-MAIL: jornaleco.ara@gmail.com CNPJ 28.000.138/0001-00
PANFLETO CULTURAL
EDIÇÃO, DIAGRAMAÇÃO E REVISÃO Ricardo Grechi CONTATOS Rossana Grechi ASSISTÊNCIA Guaraciara Rezende, Gibran Rezende Grechi, Nilson Nunes Filho IMPRESSO NA GRÁFICA CASA DO CARIMBO DE Rosa e Aristides César Machado PRODUÇÃO Nicolas Nazari Machado PREPARAÇÃO DO FOTOLITO David Machado Fernandes CORTE Toninho Abel IMPRESSÃO Valdo Martins
TAGS z FLYERS z FOLDERS z CONVITES z PANFLETOS z EMBALAGEM z NOTAS FISCAIS z CARTAZES z CARTÕES DE VISITA z IMPRESSÃO DE LIVROS
© Ricardo Francisco Gomes Grechi (reg. nº 99866, prot.4315/RJ de 17/07/1995)
Leia o JORNALECO em https://issuu.com/jornaleco (desde jan.2009) e assista nossos vídeos no YouTube: Jornaleco Araranguá SC UMA PUBLICAÇÃO
Av. XV de Novembro - Centro - Araranguá Tel. (48) 3524-5916 graficacasadocarimbo@gmail.com
ORION EDITORA Calçadão Getúlio Vargas, 170 88900.035 Araranguá-SC Brasil
É permitida a reprodução de nossos textos originais desde que citados devidamente o autor e o JORNALECO como fonte da publicação.
R ICARDO G RECHI SOBRE DEPOIMENTO DE L ENA
TEXTO DE
CN
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA – CORTESIA DOS ANUNCIANTES
RICARDO GRECHI
Lena, quando moça; Cascata com a Taça Paraná de campeão de futebol amador, e goleiro do Murialdo ACERVO CAIXA DE FOTOS DA FAMÍLIA
Lena e Cascata em foto recente
cula ao chocar-se contra uma trave. Pelo União Medianeirense, no Paraná, foi Campeão Estadual de Amadores em 1972, o único título da cidade de Medianeira no torneio. Em Araranguá, Cascata jogou em vários times, principalmente o Murialdo. Valdomiro Antônio Ramos nasceu em Campos Novos, em 25 de setembro de 1946. Veio
para Araranguá com uns 14 anos. Foi tipógrafo e depois trabalhou em distribuidoras de bebidas. Nos últimos anos, foi recepcionista do Edifício Katiussi, na esquina da Getúlio com a XV, e recepcionista do Comercial Executivo, na Caetano. Era uma pessoa muito querida e admirada, com uma vasta galeria de amigos. Foi um dos grandes goleiros treinados pelo Irmão Celeste no Murialdo, atuando ao lado de jogadores como Vânio, Néia, Pelezinho, Berto e vários outros (ver J.513). Cascata faleceu em 23 de maio de 2019, aos 72 anos, vítima de um câncer na garganta. Embora trabalhasse muito tempo em distribuidoras Brahma, não bebia há 18 anos. z
CASA NENA CANOAS / RS
ARARANGUÁ / SC
PEDRO
SOBRE DEPOIMENTO E ANOTAÇÕES DE
“POR VOLTA DE 1955 a 1959 o Pe. Félix esteve aqui no Ginásio dos Padres (Murialdo). Depois, ele voltou para Caxias do Sul. Em 1961, retornou a Araranguá e ficou até 1963. Nessa época, ele trouxe para Araranguá o voleibol, o basquetebol, o espiribol, a ginástica olímpica e o objeto da nossa entrevista, o futebol de salão. Ele construiu duas quadras no Ginásio – uma oficial e uma miniquadra pra gurizada do primário – com a participação dos alunos. O Lédio Gomes lembrou que, durante as aulas de Educação Física, a gurizada subia num caminhão pra ir buscar os tijolos nas olarias”. E assim, o Pedroca inicia essa história...
“Também havia um campeonato de futebol de salão infantil, organizado pelos padres, em que eu atuava. Tinha a equipe do Grêmio, comandada pelo Frater Olívio; o Corinthians, pelo Pe. José; o time dos coroinhas, depois chamado Fluminense, pelo Pe. Bernardino; o Farroupilha, pelo Frater Genuíno; e o Vila São José, pelo pessoal da Vila. No Corinthians jogavam o Tatavo, o Élcio Krieger e o Neguito Gutierrez.
DE
SOUZA GOMES,
O
PEDROCA
“A quadra do Ginásio era a única da cidade. Todo mundo jogava e treinava ali. Pra gente jogar à noite, tinha que estar lá até as sete e meia pra acompanhar o Terço na capela, que ia até as oito. Isso era uma exigência do Pe. Félix. Depois, então, ficávamos liberados pra jogar até as dez horas da noite. A gente ainda participava nas missas de domingo. Lá um frater ficava carimbando a carteirinha do aluno, atestando nossa presença na igreja, o que, acredito, só tenha somado em nossa vida de estudantes”, completa Pedroca.
1965. FUTSAL NO FRONTEIRA Depois dessa fase no Ginásio, veio a construção de uma quadra O PRIMEIRO CAMPEONATO de futebol de salão no Grêmio “Na época, o Pe. Félix criou Fronteira, onde hoje está a galeria algumas equipes de futebol de Fronteira, no Calçadão, quando salão do Murialdo. Tinha a se organizou o primeiro campeoequipe A, composta por Djalma nato municipal, em 1965. Martins, Presalino Rocha, Nenê Oito equipes disputaram esse Arcari, Edinho Palmas e Ênio campeonato: AABB, Loja Leão, Rosa; a equipe B, com Antônio Dimasa, Saturno, Gomes Garcia, Alborgheti, Lédio Gomes, Bebé Mônaco, Torpedo e ATC. ATC Rocha, Laércio Machado e o e Torpedo foram à final. O ATC, Mezzari, do Timbé; e a equipe treinado pelo Altair Acorde, com: C, com Ozair, Afrânio, Zico, Nedo e Batara, Presalino Rocha, João Paduim e Toninho Ferreira. Tito, Éliton, Sílvio Silva, Wilson FARROUPILHA, campeão mirim de 1962. Frater Genuíno, Luiz Alberto Silva Havia ainda outros atletas que (Grilo), Pedroca (capitão) e Léo Schwalb; Sander Hahn, Edinho Krieger e Alcides Português e Tatavo (Pedroca, faziam parte dessas equipes. inscrito no ATC, com apenas 16 “No time dos Coroinhas/Fluminense, anos acabou não jogando). O Torpedo tinha: “Nesse período, ele fez um campeonato disputado pelas três equipes do Murialdo, jogavam: Aires Messias, Tonho Machado, Careca e Édio Nagel, Nenê Arcari, Navalha, mais o Castro Alves, Gomes Garcia, Vila Sabiá, Formiguinha, Peninha. Essa equipe Bebé Rocha, Zico, Zizo, Giba e Savelha. O São José e mais duas ou três equipes. Mas foi duas vezes campeã. Também o Farrou- ATC venceu por 2x1 e conquistou esse pria equipe A do Murialdo era muito superior pilha foi campeão, com Grilo do Procópio, meiro campeonato municipal de futebol de às outras, devido à qualidade dos seus joga- Sander Hahn, Léo Schwalb, Pedroca, salão do Grêmio Fronteira, levando a Taça dores e aos treinamentos com o Pe. Félix. Edinho Krieger e Alcides. Na Vila São José, Hervalino Campos, que era o presidente do E ela ainda disputava amistosos contra jogavam os irmãos Toninho e Miroca, os clube. O goleador do certame foi o Gilberto irmãos Nino e Vavá, Foguinho, Zé Alirton. equipes de Tubarão e de Criciúma. Salvador (Giba), do Torpedo. q p. 6 e 7 APOIO CULTURAL
A moça em questão era Marilene Fidelis Ramos. O fato deu-se no Arroio do Silva, no verão de 1970. Dias depois, Lena viu o Cascata pela primeira vez, sentado numa esteira com amigos à beira-mar. Olharamse nos olhos e Lena se apaixonou pelos olhos azuis de Valdomiro. Levou alguns anos até se conhecerem e descobrirem que ambos moravam na mesma rua, a Cel. João Fernandes, na Urussanguinha. Começaram a namorar em 1974. Cascata trabalhava na Gráfica Orion, era impressor. Mas, pouco tempo depois, Cascata se mudou para Ibirama, depois São João Batista e Medianeira, próximo à Foz do Iguaçu. Nesse período, o namoro continuou através de troca de cartas, quase que diárias, e nas três visitas anuais que o Cascata fazia a Araranguá. Valdomiro voltou para Araranguá em 1979, para logo casar com Lena. Tiveram os filhos Lara e Marcelo. Nas cidades por onde passou, Cascata sempre jogou futebol como goleiro. Em 1975, quebrou a claví-
ARARANGUÁ, JULHO DE 2019 • ANO 26 • Nº 514
Da introdução do futsal em Araranguá pelo Pe. Félix Bridi, em 1961, no Ginásio dos Padres, passando pelos campeonatos no antigo Fronteira Clube e a ascensão da AABB, até a inauguração do ginásio coberto Pe. Ézio Julli, em 1980, e o primeiro campeonato do Vale, em 1981
“Aquela guria ainda vai ser minha”, sentenciou Cascata para o amigo Rato, que respondeu: “É muita areia pro teu caminhão, Cascata”.
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ENTREGA 3524-0090 ZAP 9991-81881
Breve história do futebol de salão de Araranguá
Vai que é tua, Cascata! TEXTO DE
by João
casa e construção
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A mais completa
TEL. (48) 3524-7797 AV. SETE DE SETEMBRO, 2520 - VILA SÃO JOSÉ (ESQUINA COM A RUA AMARO JOSÉ PEREIRA)
lembradas pelo Pedroca. 1) Dino Cândido, torcedor assíduo, percebeu que o Giba estava sempre no banco dos times em que jogava. Aí começou a pedir da arquibancada: “Bota o Giba! Bota o Giba!”, no que a torcida fez coro com o Dino. Como o jogo estava meio fácil, o treinador mandou o Giba entrar. Numa jogada, o Giba tropeçou e perdeu o gol, ao que o Dino berrou: “Tira o Giba! Tira o Giba!”, e a torcida, outra vez, fez coro com o gozador. Daí em diante, o Giba ficou marcado pelo “Bota o Giba” e “Tira o Giba”. 2) O treinador do Foto Akiko era o Bodinho. Um dia a torcida percebeu que a única instrução que ele passava para o seu time durante o jogo era: “Vai Índio... Fica na tua Camila”. Aí a torcida passou a fazer coro com o Bodinho, em sua única tática: “Vai Índio... Fica na tua Camila”. 3) Pernambuco gostava de tomar um “aperitivo” todo dia depois das sete, independentemente de ter jogo ou não. Na hora de escalar aquele vitorioso time que tinha Careca, Navalha, Pernambuco, Pedroca e Tatavo, mais o Zizo Guidi de reserva, o técnico Nedo testava o Pernambuco: “Pernambuco: diz antes”. E o jogador respondia: “Ans... Ans...”, ao que o Nedo emendava: “Sai, tu tá bêbado! Vamo, Zizo!”. Finalizando, repasso aqui os agradecimentos do Pedroca, que vão dirigidos às diretorias do Grêmio Fronteira daqueles tempos; aos organizadores dos campeonatos, como Dodemar de Oliveira, Eroni Gomes, Walmor Pacheco, Nilson Matos; aos torcedores, patrocinadores, dirigentes, atletas; aos treinadores vencedores, como Nedo, Joia, Aldo Boff Cardoso, Vânio, Adãozinho, e aos treinadores dos times menores por estarem sempre ali, lutando por suas equipes; aos árbitros, como Abdon de Oliveira, Joia, Navalha, Nedo, Álvaro, e ao maior de todos, Nereu Bertoncini, que nunca levou para o lado pessoal a eventual ofensa de um jogador ou treinador contrariado; ao Ginásio dos Padres, onde tudo começou; e “principalmente ao Pe. Félix, o pai do futebol de salão de Araranguá, por formar grandes atletas, formar grandes equipes e, sobretudo, formar homens honestos, de caráter e respeito”. z
Editorial e matéria do futsal vêm do J.458, 15/12/2014, revisados para esta edição
O que faltou dizer e contar do futsal PEDROCA planejava contar a história do nosso futebol de salão, aqui no JORNALECO, já faz algum tempo. Agora, finalmente realizamos o trabalho. Com tantos dados e nomes, era natural que algumas coisas ficassem de fora, esquecidas ou por falta de espaço. Mas a abordagem do Pedroca foi bem definida, partindo da origem, no Ginásio dos Padres, em 1961, e varando os anos 60 e 70 até 1981, como a “era de ouro” do nosso futsal, jamais superada em qualidade e respaldo público. Para sua seleção, Pedroca considerou os jogadores que atuaram em mais campeonatos, que não é o caso dos goleiros Marquinho Dias, Pedro Paulo e Miguel, e de jogadores como Luís Heleno, Ismael Ulysséa e Ventana. E sobre os atletas da geração seguinte, lembrou de alguns que se destacaram na AABB, como Edinho, Gian, Paulinho, e o Xeque, que Pedroca escolheria para seu substituto direto pela qualidade técnica e maneira de jogar; e, de outros times da cidade, citou nomes como Jaime, Mita, Luisão, Zequinha, Eduardo, Lili, Pacífico, Negão. Sobre o Pe. Félix Bridi, Pedroca lamenta que a cidade ainda não tenha homenageado esse grande mestre, pois, sem ele, nossa escola de futsal tardaria e, provavelmente, não viria a alcançar a condição de ser a melhor do sul do Estado por mais de uma década. Agora, vamos narrar três histórias muito engraçadas
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MANUEL BANDEIRA ○
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L.,11 anos, vendedor de torradinho R ICARDO G RECHI
L. vinha todas as tardes na gráfica vender seus torradinhos para o pessoal da Orion e os clientes que encontrasse no nosso escritório. Gostávamos de sua companhia. E ele sempre ficava mais tempo conosco do que provavelmente lhe era devido. Algumas vezes, alguém que lhe houvesse comprado um cartucho, reclamava dos amendoins queimados. O garoto recebia a crítica constrangido, pois era a mãe quem preparava o produto e acontecia de deixar passar do ponto. L. tinha de 11 para 12 anos. Numa sexta-feira, encontrei-o na frente do Giassi, no Centro. Já anoitecia. Vi-o de longe e me aproximei. Estava parado, de pé, na frente do supermercado, chorando. Perguntei pelo motivo das lágrimas. Me respondeu: “É que eu não vendi todos os cartuchos, e minha mãe disse que se eu voltar pra casa sem ter vendido tudo, ela não vai me deixar ir com o pai amanhã de tarde catar lenha no mato”. Comprei alguns cartuchos e tentei consolá-lo: “Faz o seguinte, L. Tenta vender o mais que puder, depois chega em casa e diz pra tua mãe que vendeu o que deu pra vender até o mercado fechar. Com certeza ela vai entender e amanhã vai te deixar ir com teu pai catar lenha no mato”.
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Amar não é olhar um para o outro, é olhar juntos na mesma direção. SAINT-EXUPÉRY
Em matéria de automóveis F FERNANDO SABINO
www.releituras.com/mbandeira_menu.asp Poema extraído do livro Manuel Bandeira – 50 poemas escolhidos pelo autor, Ed. Cosac Naify, São Paulo, 2006, p. 35.
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Matriz: 3526-1339 Filial: 3526-1112
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Assim eu quereria meu último poema Que fosse terno dizendo as coisas mais [ simples e menos intencionais Que fosse ardente como um soluço sem [ lágrimas Que tivesse a beleza das flores quase sem [ perfume A pureza da chama em que se consomem [ os diamantes mais límpidos A paixão dos suicidas que se matam sem [ explicação.
O redator meteu os óculos da malícia, encheu-se
DISK ENTREGA
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O último poema
A final do futebol de salão de 1965
BALNEÁRIO ARROIO DO SILVA
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POETA BRASILEIRO (Recife 1886 - Rio de Janeiro 1968)
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de veneno e foi assistir à partida tão propalada entre as equipes do Torpedo e do ATC. Chegou cedo, mas assim mesmo os lugares estavam sendo disputados. Torcida entusiasmada. Charanga em função. Carochas no campo. Muitas carochas. Alguém comentou ao meu lado que o Osmar Soares não era mais técnico do “Leão”, mas sim limpador de carochas. De fato, Osmar estava ótimo nas novas funções. Limpava carocha com os pés, mãos e até de cabeça. A iluminação do campo à luz de mercúrio. Razão da inundação das carochas. Logo depois, a torcida delirava. Observei certa violência nos termos usados pelos aficionados. Jogavam Torpedo e Araranguá Tênis Clube. O primeiro, considerado modesto, humilde, maldosamente apeli- Noite de futebol de salão na quadra do antigo Grêmio Fronteira. Reprodução do dado de “rafuagem”. O segundo, pertencente a um clichê publicado pelo CA em sua edição especial (32 páginas) de 18/12/1965 clube aristocrático, de alta linhagem, sofria a descarga da torcida da esquerda. Venceu o torneio o ATC. No final, a folia foi grande. Carnaval. Mas o que me Um cidadão me contou que o melhor jogador do Torpe- embatucou foi o fato do técnico do ATC, o caixa-alta Altair do havia sofrido um acidente. Carlos Moacyr (Nenê) não Acorde, estar rodeado de gente boa, mas também de uma compareceu. Foi levar uma mudança na praia e captou rafa danada. Será mesmo o ATC o clube dos grã-finos? nos seus pés um criminoso bicho-de-pé. Infecção. Acho que não. O ATC é tão popular quanto outro qualquer.
uplemento
LUCIANO DE CRESCENZO
Ernesto Grechi Filho assistiu à decisão do 1º campeonato de futebol de salão no Fronteira Clube, em dezembro de 1965, e escreveu uma crônica sobre o acontecimento, que republicamos abaixo, extraída do CA, edição 134, de 31/12/1965 ○
S S
A BANDA
É fácil amar a humanidade, difícil é amar o próximo.
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SOLO DO EDITOR RICARDO GRECHI
Em matéria de automóveis, seu raciocínio era o seguinte: — Para que ter automóvel, se eu não sei dirigir? E se alguém lhe sugeria que aprendesse: — Para que aprender, se não tenho automóvel? Um dia, porém, não se sabe como, escapou de seu sofismático raciocínio e apareceu dirigindo um automóvel. Aprendera a dirigir, só Deus sabe como: — Fazer o carro andar eu faço. Mas não sei como funciona, nem como é lá dentro. Outro dia ameaçou enguiçar e então me perguntaram se não seria o carburador. Só então fiquei sabendo que meu carro dispõe de um carburador. O que o encanta principalmente é o poder sugestivo de certos nomes: carburador, embreagem, chassi, radiador, cárter, diferencial. — Fala-se também numa famosa mola de seguimento, que deve ser muito importante. Para mim não há alternativa: se enguiçar, desço e tomo um táxi. Imagine se eu tiver de ficar dentro do carro indagando: será o dínamo? a bateria, os acumuladores? falta de força no chassi? falta de óleo na bateria? Tive de adverti-lo de que bateria e acumuladores eram uma coisa só, e que no radiador só se coloca água. — Eu sei, eu sei: aliás, o meu carro, apesar de novo deve estar com algum defeito no radiador, não gasta água nunca! Todas as vezes que mando botar água o homem diz que não é preciso, já tem. Com o óleo é a mesma coisa. Abrem a tampa do carro e retiram lá de dentro, de um lugar que jamais consegui ver direito onde é, um ferrinho comprido, enxugam o ferrinho, tornam a enfiar e retiram de novo, me mostram a ponta pingando óleo e dizem que não é preciso. Nunca é preciso. — Você não costuma lubrificar o carro? — Já lubrifiquei uma vez. Isso é fácil: basta levar o carro no posto e dizer: lubrificação geral, trocar o óleo do cárter. Não me esqueço, por causa daquele detetive dos folhetos do meu tempo, o Nick Cárter.
— Convém não esquecer também a água da bateria. Tem de ser água destilada. lsto ele também já sabia. Um dia o carro não quis pegar e alguém lhe disse que devia ser a água da bateria. Foi a um posto e mandou que olhassem se tinha água na bateria. Tinha. Então tirem, pediu. O sujeito ficou a olhá-lo como se ele fosse doido: tirar a água? Então ele disse apenas a palavra mágica, que resolve tudo: — Verifiquem. Verificaram, enquanto ele aguardava, meio ressabiado. O homem do posto se aproximou, misterioso: — Elemento seco. Olharam-se mutuamente, em silêncio, sem que qualquer sombra de compreensão perpassasse entre os dois, esclarecendo os mistérios insondáveis da mecânica dos semoventes. Eis que impenetrável é o desígnio dos motores de explosão e traiçoeira a força dos acumuladores. — Elemento seco? Elemento seco! Secam-se os elementos e esotérico se torna o segredo que faz o poderio dos seres vivos no comando das máquinas inertes. Num repente de inspiração divinatória, com a voz embargada de emoção, ele sugeriu: — Deve ser o giguelê. Giguelê — palavra mágica que ele um dia ouviu alguém pronunciar, denunciando a existência de uma peça pequenina que não sabe para que serve nem onde fica, mas da qual certamente emana a energia que movimenta os automóveis, num fluxo de divina inspiração como o que movimenta a dança religiosa em torno à diminuta imagem de Exu e outros deuses pagãos. — No mais — arremata ele — tirante o giguelê, em matéria de automóveis estou com as mulheres. Para elas como para mim um carro se compõe apenas de duas coisas: buzina e volante. FERNANDO SABINO (Belo Horizonte 1923-Rio 2004), escritor e jornalista. (www.releituras.com/fsabino_bio.asp Texto extraído do livro “Quadrante 2”, Rio de Janeiro, edição do autor, 1963, p. 108-110)
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A.A. Alcoólicos Anônimos Reuniões 2 e 5 f., 20h - dom., 17h Próximo à Igreja Sagrada Família Cidade Alta - Araranguá
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Reuniões 4as e 6as feiras, às 19h30 Próximo à Câmara de Vereadores Balneário Arroio do Silva
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POLÍCIA MILITAR: 190 POLÍCIA RODOVIÁRIA FED.: 191 SAMU: 192 BOMBEIROS: 193 ATENDIMENTO À MULHER: 180 ○
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EDIÇÃO: ROSSANA GRECHI
telefones para emergências
Reuniões 3as feiras, às 20h00 Sala na Igreja São Cristóvão - Maracajá ○
joão batista de souza
Reun. 2as f., 20h - Junto ao A.A. - Araranguá
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povo se apega aos seus “causos”, às suas lendas, às suas tradições orais. Contavam os mais velhos que, na vila de Morro da Fumaça, onde nasci e vivi até os 18 anos, havia um artesão muito religioso que esculpiu, em madeira, a primeira imagem de São Roque, para a capela local. Durante décadas era esse santo que ilustrava, com sua presença, as missas, festas e procissões em sua homenagem. Seu dia é 16 de agosto; quase sempre, de muita chuva. A igreja foi aumentada, com o crescer da vila, e o São Roque de madeira teve que ceder lugar a outra imagem maior, mais portentosa. São Roque de madeira passou a se chamar São Roquinho, e amargou um ostracismo, coitado, nos fundos dos altares. Daí em diante, todos os anos, antes da procissão principal pela rua XV de Novembro, os festeiros tinham que levar, em comitivas, o São Roquinho até a casa do seu criador, sob pena de (isso era certo) chuvas torrenciais na cidade no dia da festa. Havia um cidadão, “seu” Ismael, que era, ao mesmo tempo, delegado de quarteirão (pessoa que exercia – quase sempre pela honra de ser uma “autoridade”, pois nada recebia por isso – a função de delegado) e capelão (pessoa encarregada dos serviços religiosos – presidia os terços na capela – da comunidade). Nada oficial. Tudo tacitamente aceito pela população. Agora, para ser delegado, o cara tinha que ser valente! Não era o caso do seu Ismael, pobre velhinho. Quando tinha que prender alguém – um bandido, um forasteiro, um arruaceiro –, embora contasse com a ajuda de um policial, o homem se borrava todo. Como capelão, ele até que se prestava, mas tinha lá seu probleminha: gostava muito de passar as noites no Clube XV de Novembro jogando, vendo os outros jogar e... bebendo.
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“Somos dessa matéria de que os sonhos são feitos. E a nossa vida breve é circundada pelo sono.” SHAKESPEARE (A TEMPESTADE)
Como manter a saúde com a mudança de temperatura brusca Manhãs frias se transformam em tardes de sol ardido e quente, com noites/madrugadas geladas, carregando oscilações nas temperaturas que impactam não apenas nas escolhas das roupas, mas também na saúde. É essencial reforçar a alimentação com frutas e vegetais que atuem na imunidade, como as frutas cítricas, ricas em vitaminas, além de se vacinar contra a gripe.
ou mesmo pisar descalço no chão gelado – mas isso pode impactar a sua saúde, especialmente se tiver alergias específicas. No caso das pessoas com renite vasomotora, ao entrar em contato com o frio, como o chão gelado, é comum que o organismo responda com espirros e nariz escorrendo. Isso não tem relação com gripes e resfriados, mas o choque térmico do friozinho entrando pela fresta da blusa pode afetar o sistema Descanse no frio! imunológico e deixar o organismo Na transição do outono para o aberto às infecções. inverno, a disponibilidade de luz solar também reduz (os dias ficam Faça exercícios físicos mais curtos e as noites mais longas Não abandone a academia só nessas estações). Isso influencia na porque esfriou. Troque o horário, produção da melatonina do orga- para sair num momento mais nismo (hormônio que regula, den- quente do dia; chame alguém para tre outras funções, a sensação de ir junto e melhorar o estímulo ou sono). Menos luz, mais escuridão: mesmo troque de atividade física – mais sono. z mas não largue os exercícios.
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Nem todo mundo lembra, mas o organismo funciona de formas diferentes dependendo da temperatura externa. No frio, o gasto energético para manter o corpo aquecido é maior do que em relação ao calor. Se logo depois o corpo precisa se adaptar para um ambiente quente, o organismo se desgasta para, ao invés de aquecer, resfriar. Toda essa mudança térmica afeta o sistema imunológico – portanto, é fundamental o reforço na alimentação, vacinação e vestimenta para cuidar da saúde. Confira alguns cuidados Faça xixi e tome muita água básicos para passar pelas esta- Como suamos menos no inverno, ções mais frias com saúde: que em relação ao verão, parte do líquido que deve sair do organismo Invista na alimentação se transforma em urina. É imporCom o aumento no gasto ener- tante também não nos esquecer de gético do corpo para mantê-lo tomar bastante água nesse período aquecido, a pessoa passa a sentir – por mais que o corpo não pareça mais vontade de alimentos caló- querer. Sucos podem ser trocados ricos. O aumento dessa neces- por chás, cafés e água. sidade calórica, no entanto, é mínima, segundo especialistas. Proteja-se com roupas fechadas Porém, como o inverno facilita o Não há nada que impeça você de consumo de refeições mais caló- usar uma sandália aberta no frio
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COMO PROTEGER O CORPO CONTRA OS DANOS DO FRIO?
ricas (alô, feijoada e churrasco), a tendência é comermos mais mesmo. Na dúvida, siga a natureza: abacate, caqui, carambola, figo são algumas das frutas de outono, que carregam vitaminas e nutrientes essenciais para a época. Muitas são ricas em vitamina A, C e do complexo B, que atuam no cuidado da saúde dos olhos, ossos, pele e na melhora da digestão e imunidade.
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Fonte: https:// www.GAZETADOPOVO.com.br/ viver-bem/saude-e-bem-estar/frio-ecalor-como-lidar-mudancatemperatura-nao-ficar-doente/
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Os terços na capela de São Roque eram aos domingos, lá pelas oito horas da manhã. Seu Ismael havia passado a noite de sábado no clube, jogando e bebendo. Quem disse que se lembrou do terço de domingo! Quando chegou em casa foi que o santo homem lembrou do compromisso; não teve tempo nem de se arrumar direito. Pegou seu paletó, o rosário, o livro de ladainhas e correu para a capela, pois a “talianada”, principalmente as mulheres, já estava ansiosa, esperando pelo momento sagrado da oração dominical. Entrou porta adentro sem cumprimentar os presentes para que não percebessem seu estado pessoal lastimável e foi logo começando a liturgia. Na hora da ladainha (culminância da cerimônia religiosa), devido ao seu espírito etílico, o velhinho sacou a caderneta das anotações dos fiados da bodega, onde comprava, sem perceber o engano. Começou: um quilo de arroz! As corolas, sem coragem de contestar a santa autoridade, responderam: Rogai por nós! Um quilo de açúcar! Rogai por nós! Um quilo disso, um quilo daquilo, e assim a ladainha foi se estendendo sem que alguém tivesse coragem de contestá-lo. Lá pelas tantas, Ismael bradou: um quilo de salame! E as corolas, todas uníssonas: TENDE PIEDADE DE NÓS! z
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RECORTES DE TEXTOS PUBLICADOS EM GRANDES JORNAIS
EDUCAÇÃO SEXUAL “Quem ensina sobre sexo é papai e mamãe.” “Falar sobre questão de gênero é doutrinação.” Frases como estas têm se disseminado nas redes sociais, mas não encontram respaldo em estudos e pesquisas. E jogam contra o combate “a exploração sexual infantil. Segundo o relatório “Out of the Shadows”, elaborado pela revista britânica The Economist com apoio da World Childhood Foundation e da Oak Foundation, a discussão sobre sexualidade e gênero aumenta a capacidade de um país proteger suas crianças. [...] “Estatísticas mostram que crianças que passaram por programas de educação sexual formal e planejada têm seis vezes mais ferramentas de proteção contra abuso e exploração sexual”, diz Caroline Arcari, mestre em educação sexual. [...] “Alguns grupos argumentam que a educação sexual poderia erotizar precocemente a criança. Há uma confusão sobre o que ela trata: é aprender sobre o corpo, sobre seus sentimentos, sobre o mundo, sobre limites e seus direitos”, afirma Arcari. IARA BIDERMAN em “Discussão sobre sexo nas escola aumenta proteção contra abuso” (Folha de S.Paulo, Seminários Folha, 18/05/2019)
CULTURA Segundo a visão da Unesco, cidades criativas são aquelas que colocam a cultura no centro dos seus planos de desenvolvimento. Elas são grandes laboratórios para ações de superação da pobreza e de transformação urbana e cidadã.
ISABEL DE PAULA, coordenadora de cultura da Unesco no Brasil (Seminários Folha, 25/05/2019)
POLÍTICA Já notamos que, no vácuo da ética, procuradores, juízes e ministros atropelam, sem pensar duas vezes, a deontologia de suas atribuições, sob o clamor da moral. O caso da tentativa de acordo dos procuradores do Paraná com a Petrobras para a criação de um fundo bilionário sob sua jurisdição (sempre com o pretexto de combate à corrupção) é exemplar. Assim como a política ambientalista a serviço dos grandes proprietários rurais, a criminalização da educação em detrimento da educação e a concepção de um modelo de vida sexual e privado para os brasileiros, por um ministério encarregado dos direitos humanos. Já sabemos que, no lugar do Estado laico como garantia do direito e da liberdade de culto, o governo Bolsonaro gostaria de impor a crença que lhe convém à totalidade da nação.
O TEMPO E AS JABUTICABAS ○
Paulo Henrique Amorim (1942-2019)
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internos. Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que, apesar da idade cronológica, são imaturas. Não quero ver os ponteiros do relógio avançando em reuniões de “confrontação” onde “tiramos fatos a limpo”. Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário-geral do coral. Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: “As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos”. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa!… Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja tão somente andar ao lado do que é justo. Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade, desfrutar desse amor absolutamente sem fraudes, nunca será perda de tempo. O essencial faz a vida valer a pena. ○
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Fonte: http://rubemalvesdois.wordpress.com (site não oficial de Rubem Alves)
ACERVO SALVADOR / COLOURIZE.SG ALEXANDRE ROCHA
RICARDO GRECHI
Chovia. Como num funeral hollywoodiano. Mas anos-luz distante do glamour do cinema quando plateias do mundo inteiro se comoviam com a vida e morte de Joana D’Arc encarnada em uma Ingrid Bergman indicada ao Oscar. E da nossa morta não temos nem o nome. O dia nublado oferece uma luz difusa. O fotógrafo avalia a tomada. Alto! E os homens da casa que carregam o caixão estancam o passo solenemente. Click! Uma fração de segundo apenas e a cena é eternizada em cada elemento e expressão: a morta, como quem dorme; a mãe da morta, pesarosa, de olhos baixos fita a filha extinta; a jovem de olhar alheio à janela mantém à boca o lenço que lhe revela o pranto contido; a menina à frente, mais impressionada com o corpo sem vida no caixão do que com a caixinha de lentes mágicas, ignora o fotógrafo e não tira os olhos da morta; duas mulheres atentas inclinam a cabeça o suficiente como a resguardar suas faces da corrosão causada pela oxidação da prata no negativo de vidro. Ação! O cortejo segue em frente animado por um murmúrio de palavras soltas, frases curtas e suspiros resignados misturados ao som de passos arrastados, enquanto o fotógrafo recolhe a câmera. Seu trabalho está feito. A família terá sua lembrança com a moça. Mas no futuro muitos estranharão sua imagem póstuma – talvez a única que lhe testemunhe a bela face. A fotografia do funeral da moça morta é arte preciosa, e como
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JORNALECO 514
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Tel. 3524-3071 Av. XV de Novembro
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Funeral da moça morta
Galeria Galeria
ATENDIMENTO: De segunda a sexta: das 8h às 12h e das 13h30 às 19h Sábados: das 8h às 12h e das 13h30 às 17h
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FotoLEGENDA
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Uma janela aberta para o final dos anos 1970. A Gomes, Garcia anuncia uma “liquidação total”, quando já se preparava para fechar as portas, depois de mais de 30 anos funcionando no local, na esquina da Getúlio com a Sete, hoje um ponto tradicional onde se encontram parte de “velhas guardas” às mesas em frente à Lanchonete Plaza. A sinaleira, o Passat e outros carros na cena são marcas daquele tempo. LEIA MAIS À P. 5
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Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquela menina que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ela chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço. Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados. Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte. Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos. Não participarei de conferências que estabelecem prazos fixos para reverter a miséria do mundo. Não quero que me convidem para eventos de um fim de semana com a proposta de abalar o milênio. Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir estatutos, normas, procedimentos e regimentos
BERNARDO CARVALHO, romancista, em “A palavra certa” (Folha de S.Paulo, Ilustríssima, 31/03/2019)
A imprensa e a consciência brasileiras empobreceram drasticamente. Paulo Henrique Amorim era um dos mais cultos jornalistas do país na atualidade e o maior no seu estilo investigativo, denunciativo e irônico. (RG)
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RUBEM A LVES (1933-2014, foi um psicanalista, educador, teólogo e escritor brasileiro, considerado um dos maiores pedagogos brasileiros de todos os tempos, um dos fundadores da Teologia da Libertação)
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LEITURAS ATUALÍSSIMAS
tal segue latente, derivando novos envolvimentos ao transportar aquele instante muitas décadas adiante para encontrar nosso olhar admirado e atento: faz frio; a casa simples de madeira descolorida não ganha cores nem no Colourize.sg, que lhe respeita a pátina do tempo; uma das senhoras com lenço na cabeça põe a mão no rosto como quem diz “coitada, tão moça!”. E o antigo Grande Araranguá, na fotografia de Salvador, torna-se universal, representando pessoas, vivências e modos de lugarejos z e cidades interioranas de todo o mundo.
Dr. Ivan Holsbach MÉDICO PEDIATRA Eletroencefalograma - Mapeamento Cerebral RESP. TÉC.: Dr. Carlos Roberto de Moraes Rego Barros - CRM 3270 RQE 2755
Av. Engenheiro Mesquita, 361 - Centro - Fone: 48 3524-1380
CREMESC 2390
Fone (48) 3524-2483 Av. Engenheiro Mesquita, 371 - Araranguá SC
Diretor WLADINIR LUZ Redator ERNESTO GRECHI FILHO Gerente HERVALINO CAMPOS Tipógrafos WALDEMIRO, FERRINHO, NEI etc. Impressão: GRÁFICA LIDER (LIDO) (ORION) de 1960 a 1975 Redação e oficina: Av. Getúlio Vargas, 158-170, em frente ao Cine Roxy
Antes das refeições
O exterminador de baratas Joãozinho chega em casa todo feliz e vai logo contar ao seu pai a sua última descoberta “científica”. – Pai, eu acabei de inventar uma fórmula infalível pra matar barata. – E como é que funciona, filho? – É muito simples. Você pega sal, um copo de pinga, um palito e uma pedra. Coloca em fila formando uma sequência. Primeiro, a barata vai comer o sal pensando que é açúcar, ficará com sede e vai beber a pinga pensando que é água, daí fica bêbada, tropeça no palito e bate a cabeça na pedra e morre! É tiro e queda!
Dupla personalidade O doutor pergunta ao paciente: – Então, qual é o seu problema? – Acho que sofro de dupla personalidade, doutor. – Então vamos nos sentar os quatro e discutir o assunto...
Remédio do matuto O matuto foi ao médico e o doutor lhe receitou: – Tome esse remédio que você vai se sentir melhor. Depois de uma semana, o paciente voltou com os mesmos sintomas. O médico questiona: – Mas você tomou o remédio que eu lhe receitei? – Impossível, doutor! No vidro dizia: “Conserve fechado”.
ANO VII - JULHO DE 1966
DE
GERALDO GRACI
GRÊMIO ESPORTIVO UNIVERSAL 1x0 ATLÉTICO CLUBE CIDADE ALTA
REPR. CLICHÊ
DIREÇÃO
O DISCURSO DE LUTHER KING CEM ANOS ATRÁS um grande americano, em cuja sombra simbólica nos encontramos hoje, assinou a proclamação da emancipação [dos escravos]. Este decreto momentoso chegou como grande farol de esperança para milhões de escravos negros queimados nas chamas da injustiça abrasadora. [...] Mas, cem anos mais tarde, o negro ainda não está livre. Cem anos mais tarde, a vida do negro ainda é duramente tolhida pelas algemas da segregação e os grilhões da discriminação. Cem anos mais tarde, o negro habita uma ilha solitária de pobreza, em meio ao vasto oceano de prosperidade material. Cem anos mais tarde, o negro continua a mofar nos cantos da sociedade americana, como exilado em sua própria terra. [...] Em certo sentido, viemos à capital de nossa nação para sacar um cheque. Quando os arquitetos de nossa república redigiram as magníficas palavras da Constituição e da Declaração de Independência, assinaram uma nota promissória de que todo americano seria herdeiro. Essa nota era a promessa de que todos os homens, negros ou brancos, teriam garantidos os direitos inalienáveis à vida, à liberdade e à busca pela felicidade. É evidente hoje que a América não pagou esta nota promissória no que diz respeito a seus cidadãos de cor. Em lugar de honrar essa obrigação sagrada, a América deu ao povo negro um cheque que voltou marcado “sem fundos”. [...] Os que esperam que o negro precisasse apenas extravasar e agora ficaria contente terão um despertar rude se a nação voltar à normalidade de sempre. Não haverá descanso nem tranquilidade na América até que o negro receba seus direitos de cidadania. [...] Temos de conduzir nossa luta para sempre no alto plano da dignidade e da disciplina. Não devemos deixar nosso protesto criativo degenerar em violência física. Precisamos nos erguer sempre e mais uma vez à altura majestosa de combater a força física com a força da alma. A nova e maravilhosa militância que tomou conta da comunidade negra não deve nos levar a suspeitar de todas as pessoas brancas, pois muitos de nossos irmãos, conforme evidenciado por sua presença aqui hoje, acabaram por entender que seu destino está vinculado ao nosso destino e que a liberdade deles está vinculada indissociavelmente à nossa liberdade. Não podemos caminhar sozinhos. [...] Tenho um sonho de que um dia os filhos de ex-escravos e os filhos de ex-donos de escravos poderão sentar-se juntos à mesa da irmandade. Tenho um sonho de que meus quatro filhos viverão um dia em uma nação onde não serão julgados pela cor de sua pele, mas pelo teor de seu caráter. [...] E quando isso acontecer, quando deixarmos a liberdade ecoar, quando a deixarmos ressoar em cada vila e vilarejo, em cada Estado e cada cidade, poderemos trazer para mais perto o dia em que todos os filhos de Deus, negros e brancos, judeus e gentios, protestante e católicos, poderão se dar as mãos e cantar, nas palavras da velha canção negra, “livres, enfim! Livres, enfim! Louvado seja Deus Todo-Poderoso. Estamos livres, enfim! z Tradução de Clara Allain (exame.abril.com.br) 4 Martin Luther King Jr. foi um pastor protestante e ativista político estadunidense. Tornou-se um dos mais importantes líderes do movimento dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos e no mundo. Nascido a 15 de janeiro de 1929 em Atlanta, Geórgia-EUA, foi assassinado a 4 de abril de 1968 em Memphis, Tennessee-EUA.
Gomes, Garcia & Cia. Ltda.
ESPORTES
Local: Estádio do Grêmio Fronteira. Renda: 158 mil cruzeiros. Juiz: Exprinkr Palmiere, com boa atuação, auxiliado por Eneval Mattos e Mário Henrique. Preliminar: Universal 3x0 Atlético. UNIVERSAL: Batara, Navalha, Leonel, Tatavo e Nadico, Nino e Betinho, Edinho, Adão, Nori e Paim (José Luiz). ATLÉTICO: João Paulino, Claudir, Jóia, Hélio e Edinho, Álvaro e Éliton, Zezinho, Macau, Pedroca e Aires. Marcha da contagem: Adão, aos 45 minutos, marcou o único tento da partida. Uma bola cruzada da direita foi dominada pelo ponta de lança, na altura da meia-lua. O jogador dominou de pé direito, sem violência, arrematou. A bola tomou o caminho do arco atleticano, João Paulino ficou olhando e... gol. Normalidade: Decorriam 30 minutos do 2º tempo, quando Hélio praticou uma violenta falta em José Luiz. O juiz ordenou a expulsão dos dois players. Destaques: Universal: Tatavo, seguido de Navalha, Nino, Adão, Nori, Paim e Edinho, foram os melhores. Atlético: Jóia, em que pese sua veterania, foi o melhor do Atlético, seguido por Claudir, Éliton e Álvaro. CA 142 02/07/1966
AQUI, NOTÍCIAS LOCAIS Teatro do Biduca em ação O teatro do famoso Biduca está funcionando todas as noites, armado na av. Cel. João Fernandes. Dado ao cartaz de que está possuído, o Teatro Biduca tem conseguido reunir grande número de aficionados.
É fria a notícia do loteamento de parte do Jardim Municipal Alcebíades Seara Muita gente ficou revoltada com a notícia surgida de que havia um plano de lotear parte do Jardim Alcebíades Seara, sendo prolongada a av. Pe. Antonio Luiz Dias. Tal projeto, podemos afirmar, ficou no arquivo da cabeça daqueles que pretendiam adquirir ótimos terrenos bem no centro da cidade. Seria um pecado que jamais mereceria perdão. CA 143 23/07/1966
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– Amor, você é o meu vício! – Tá me chamando de droga? – Amor, você é o meu mundo! – Tá me chamando de redonda? – Amor você é a minha vida! – Tá me chamando de bosta?
F A CRÔNICA DOS ANOS 60 F
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Amor, você é...
j LOGOTIPO CRIADO POR C. E. GUASCO (ESTREOU NA EDIÇÃO 169 DE 16/04/1968 E FOI USADO ATÉ O FINAL) Enquanto os norte-americanos possuíam as mais avançadas tecnologias e armas, negros eram impedidos de dividir espaços com brancos e tinham de se limitar aos assentos reservados nos ônibus, o casamento entre negros e brancos era proibido e jovens afrodescendentes tinham acesso limitado à educação. Desde que o pastor proferiu seu discurso em 1963, muitas leis segregacionistas foram derrubadas no país e muitos direitos foram garantidos aos negros. Ainda assim, as palavras do homem que virou símbolo da luta por vias não-violentas ainda têm a mesma força e urgência das décadas passadas.
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A professora de Joãozinho pergunta: – Joãozinho, na sua casa você ora antes de comer? E o Joãozinho: – Não, a minha mãe cozinha bem.
Uma das mais importantes firmas comerciais atacadistas do sul catarinense, Gomes, Garcia & Cia. Ltda., em data de ontem, completou mais um ano de existência. Falar no desenvolvimento de Araranguá, ter-se-á por obrigação de incluir a grande organização comercial como uma entidade que vem acompanhando o progresso de toda a região. Atendendo o Vale do Araranguá, formado por sete novos municípios, além de outros que fazem parte da zona carbonífera, Gomes, Garcia & Cia. Ltda., nesses seus vinte anos de existência, conseguiu se firmar no conceito público, sendo hoje conhecida em todo o sul do estado. Mantém na direção, há longos anos, como sóciogerente, o sr. Eládio Garcia, que entregou grande parte de sua vida ao trabalho árduo de fazer a firma progredir, crescer. CA 142 02/07/1966 NJ: Fundada em 1946, a loja vendia, conforme anúncio no CA, no atacado: ferragens, tintas, conservas, papelaria, miudezas, armarinhos, perfumaria, munições etc.; e, no varejo: refrigeradores domésticos, motores e geradores elétricos, máquinas, sanitários, material de construção, artigos de caça e pesca etc. A sociedade sucedera a Gomes, Pelegrini & Cia. Ltda. A empresa fechou suas portas, em edifício próprio, na esquina norte da Getúlio com a Sete, no final dos anos 1970. Veja mais à p. 4.
VISITA DE D. AGNELO ROSSI - Altos dignitários da Igreja, de passagem para o Norte, visitaram Araranguá, tendo aqui permanecido por algumas horas. Entre os príncipes da Igreja, figurava o cardeal D. Agnelo Rossi. NJ: À época arcebispo de São Paulo, Dom Agnelo (1913-1995) apoiou o Golpe de 64, atacando depois a Teologia da Libertação. Atingindo o mais alto grau na hierarquia eclesiástica no Brasil, em 1978 esteve cotado para substituir o Papa João Paulo I.
FOTOS ACERVO PEDROCA
3º CAMPEONATO. PEDROCA E TATAVO Em 1967, os times voltaram à quadra do Fronteira. Grassava o espírito amadorístico e os patrocínios se resumiam a jogos de camisa. O contador Ademir Correa ofereceu um fardamento ao Pedroca e ao Tatavo. O time da dupla defendeu o nome do escritório e foi campeão. A equipe era formada por Careca ou Batara, Navalha, Tatavo, Pedroca e Aires. Pela primeira vez se reunia a dupla Pedroca e Tatavo no futsal. 4º CAMPEONATO. LALUPO No ano seguinte, 1968, novas camisas e novo patrocínio para o time do Pedroca: Malhas Lalupo, que era uma fábrica de malhas estabelecida na beira-rio. O time disputou o campeonato e foi campeão com Careca ou Batara, Navalha, Pernambuco, Tatavo, Pedroca e Zizo Guidi. Nedo Perraro, goleiro do Grêmio Fronteira, era o treinador. 5º CAMPEONATO. MADEIREIRA CATARINENSE Em 1969, o mesmo time, com o mesmo treinador, mas agora ostentando a camisa da Madeireira Catarinense, foi campeão. Lá estavam de novo Careca, Tatavo, Navalha, Pernambuco, Pedroca e Zizo Guidi, que outra vez foram superiores aos adversários.
O ÚLTIMO CAMPEONATO NO FRONTEIRA O 15º campeonato, em 1979, foi o maior de todos. A final entre AABB e Bradesco foi disputada em melhor de três. Na primeira partida, deu Bradesco 3x1; na segunda, AABB 3x0. O terceiro jogo acabou em 3x3, depois de a AABB estar vencendo por 3x0 e o Bradesco empatar no segundo tempo, numa grande recuperação. O jogo foi para a prorrogação. Pedroca, lesionado, permanecera no banco. Diante da dificuldade, seus colegas insistiram para que ele entrasse em campo. Com a entrada do atleta, o jogo mudou e a marcação, com a qual o Bradesco havia envolvido a AABB no segundo tempo, não funcionou mais. A AABB voltou a tomar conta do jogo e venceu por 2x0, com dois gols do Pedroca. Fechava-se assim, com chave de ouro, a era Grêmio Fronteira. O Bradesco com: Cláudio, Neném, Paulo, Ventana e Ricardo. A AABB tinha: Tatavo, Timóteo, Neri, Adilton, Pedroca, Roni, Djalma, Giba e Xeque.
AABB de Araranguá nos Jogos Estaduais do Banco do Brasil, em Chapecó, 1975. César, Roni, Pordêncio, Neri e Tatavo; Timóteo, Giba, Pedroca e Adilton. O time foi tricampeão estadual e três vezes vice 6º CAMPEONATO. MÓVEIS UNIVERSAL 1970. A mesma equipe do ano anterior conquistava seu quarto título, agora para o Móveis Universal, do Walter Pacheco Fº. 7º CAMPEONATO. PENTACAMPEÃO 1971. Mantendo o patrocínio do Móveis Universal, o time de Pedroca e Navalha emplacou seu quinto título, isto é, todos os que disputou desde que fora formado em 1967. Em sua última competição, novos nomes surgiram: Adilton, Joia e Neném “Cachorro”. A equipe foi campeã invicta e com muita facilidade, devido ao potencial do elenco. A força daquele time se dava pela qualidade e união dos jogadores, pois Nedo, Tatavo, Neném “Cachorro”, Navalha e Pedroca jogavam futebol de campo pelo Grêmio Fronteira. Até aqui, o Pedroca venceu todos os sete campeonatos disputados até então na quadra do Fronteira. Pelo ATC, pelo Inco e os outros cinco com o time acima. 8º CAMPEONATO. NOVOS RUMOS E O PRIMEIRO TÍTULO DA AABB Em 1972, vem a maturidade, com equipes mais fortes. A AABB, reforçada por Pedroca e Tatavo, que haviam passado no concurso do Banco do Brasil, conquistou seu primeiro título, diante de Murialdo, Guante, Minerva, Banco Sul-Brasileiro, Dimasa, Bradesco e outros. A AABB, campeã com três rodadas de antecipação, jogava com Aranha, Tatavo, Neri, Pedroca, Adilton, Djalma, Giba e Adalberto Gomes como diretor técnico. 9º CAMPEONATO. MURIALDO CAMPEÃO 1973 recebeu praticamente os mesmos times. A forte equipe do Murialdo surpreendeu a favorita AABB e venceu o jogo final por 6x2. Murialdo com: Mário Canella, Nilson Matos, Martinelli, Maneca e Berto; Irmão Celeste (presidente) e José Pedro Alves (“Vânio”; técnico). AABB, sem Tatavo, com: Aranha, Timóteo, Neri, Pedroca, Adilton, Djalma e Giba, e Jóia (técnico).
10º CAMPEONATO. AABB BICAMPEÃ Em 1974, a Associação Atlética Banco do Brasil ganha seu segundo título. O time: Tainha e César, Timóteo, Neri, Pedroca, Adilton, Djalma e Giba. O SUCESSO DO FUTEBOL DE SALÃO ARARANGUAENSE: O MELHOR DO SUL Em meados dos anos 1970, Araranguá já se destacava no futsal, consolidando-se naquela década como detentor do melhor futebol de salão do sul do Estado. “Desde Imbituba, e cruzando a fronteira até Capão da Canoa e Tramandaí, nosso futebol de salão era infinitamente superior”, sentencia Pedroca, como profundo conhecedor. Uma vez, o Clésio Búrigo convidou um time de Araranguá para ir a Criciúma colocar a faixa de bicampeão no time do Honório Búrigo. “Nós fomos lá e ganhamos de 8x2. O Clésio Búrigo não se contentou e pediu pra fazer uma revanche aqui em Araranguá. E aqui, 7x0 pra nós”, relembra Pedroca. O time: João Paulino/Canella, Neném, Giba, Adilton e Pedroca; Vânio (técnico). “No verão, formamos uma seleção do campeonato do Arroio e trouxemos a seleção de Criciúma. Fizemos 6x1. Outra vez, fomos inaugurar o ginásio de Siderópolis, entregando a faixa ao campeão da cidade. Fizemos 17x1, e o placar eletrônico, que só ia até oito, teve que recomeçar a contagem”. Nesse período, Araranguá, representada por alguma seleção local, jogou e venceu partidas amistosas importantes, incluindo equipes de Capão da Canoa, Tramandaí, Porto Alegre e Florianópolis.
CAMPEONATOS NO ARROIO DO SILVA “Concomitante aos campeonatos em Araranguá, eram feitos campeonatos no Arroio. O Arroio do Silva que, e eu quero registrar aqui, tinha como ‘intendente’, se eu posso dizer assim, o Mauro Schwalb, que fazia no Arroio o que os prefeitos não faziam, organizando a praia. O Mauro, com pequena ajuda minha e do Tatavo, construiu a quadra de futebol de salão no Arroio”, revela Pedroca. E conta que “desde o início, em 72, 73, até 1980, a AABB ganhou todos os campeonatos na praia”. 1º CAMPEONATO NO GINÁSIO COBERTO A partir de 1980, os torneios de futsal passaram a ser realizados no Ginásio de Esportes Pe. Ézio Julli, o primeiro ginásio coberto de Araranguá. Em seu primeiro torneio, participaram a AABB, já um pouco modificada, o Bradesco, reforçado pela entrada de outros jogadores, a ADL, uma equipe formada pelo Barão com jogadores de Criciúma, a Danid’Arc e outros.
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2º CAMPEONATO NO FRONTEIRA. O “3-1” Para o ano de 1966, a AABB, e também o Banco Inco, que havia montado um time para a competição, haviam assimilado o “3-1”. Assim a AABB, com a mesma equipe do ano anterior, mas com o novo esquema, tornava-se um time superior. Os dois chegaram à final invictos. Deu Banco Inco 3x1 AABB. Com melhores jogadores, o Inco, comandado pelo Zequinha Oliveira, era formado por Armando Pizzolo, Aires, Navalha, Adãozinho e Pedroca. O time da AABB tinha Aranha, Jomer, Zé Carioca, Neri e Everaldo. Pedroca foi campeão, pela primeira vez, em cima da AABB, onde depois faria brilhante carreira, tornando-se, para muitos, nosso maior jogador de futsal.
11º AO 14º CAMPEONATO. SÓ DÁ AABB De 1976 a 1978, a AABB conquistou todos os campeonatos, sacramentando sua condição de maior time de futebol de salão de Araranguá na história. Além do alto nível técnico de seus jogadores, a AABB treinava em quadra própria, em sua sede. No torneio de inauguração do ginásio de esportes de Turvo, na semifinal, a AABB goleou a seleção de Turvo por 6x0, e na final fez 6x1 na seleção de Criciúma.
11º CAMPEONATO. MINERVA CAMPEÃ Em 1975 surgiram novas equipes. A final foi disputada pela Farmácia Minerva e Calçados Guante. Devido às chuvas, a final acabou sendo disputada no verão de 76, no Arroio. Pernambuco havia trazido quatro jogadores de Tubarão para a Guante, mas a taça foi para o forte time da Minerva, 6 JORNALECO 514
AABB 0 x 12 VASC0. A VIRADA TÁTICA “Após aquele campeonato, que acabou em dezembro, e antes de iniciar a temporada de praia, a equipe do Banco do Brasil, que era uma equipe fraca, sempre ficando na rabeira dos campeonatos, trouxe a equipe do Vasco da Gama, de Canoas-RS, através de algumas pessoas daqui, inclusive o seu Osmar Soares. Eu chamo esse jogo de ‘a virada tática’”, frisa Pedroca. “O nosso futsal era composto pelo goleiro, um ala direita, um ala esquerda, um atacante pela direita e um atacante pela esquerda. Ou seja, uma formação de 2-2. O Vasco da Gama fez 12x0 na AABB, e parou aí para não menosprezar muito o adversário. Mas isso valeu como uma lição. Eles trouxeram o esquema do 3-1, ou seja, um zagueiro fixo, dois alas que iam e voltavam, pela direita e pela esquerda, e um pião no meio, o pivô. Desse vareio tático, que levou do time de Canoas, o time do Banco do Brasil tirou a grande lição que revolucionaria sua maneira de jogar”.
que tinha Mário Canella e Jorge Afonso, Zequinha, Luisão, Ventana, Zico, Ismael; comandados pelo seu Antoninho.
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APOIO CULTURAL
q da capa: “...futebol de salão em Araranguá”
ATC (Araranguá Tênis Clube), vencedor invicto do 1º Campeonato de Futebol de Salão do Grêmio Fronteira, em 1965. Bijo, Nedo, Tito, Sílvio Silva e Altair Acorde; Batara, Éliton Palmas, Vilson Português e Tatavo A AABB chegou à reta final entre os melhores, com o Bradesco e a ADL. Para chegar à final, a ADL precisava golear no seu último jogo, contra o Bradesco, para superar a AABB no saldo de gols. Fragilizada pela ausência do Neném, o Bradesco perdeu por 9x0, o que deixou bastante gente indignada, por que assim, com essa derrota, o Bradesco evitava a AABB na final, vindo a disputar o título contra a ADL. Mas o Bradesco acabou derrotado outra vez pela ADL (4x2). A campeã tinha Val, Pastel, Claudinho, Serginho e João Fabris; e o Bradesco, Cláudio e Paulo Pacheco, Neném, Paulo, Ricardo, Zequinha. PRIMEIRO CAMPEONATO DO VALE Em 1981, foi realizado o 1º Campeonato do Vale do Araranguá, em que participaram Móveis Andremar e A Triunfante (por Araranguá), Meleiro, Turvo, Jacinto Machado, Maracajá, Sombrio, e Ermo. A final foi entre Andremar e A Triunfante. No tempo normal deu 3x3; mas, na prorrogação, com dois gols do Paulo Roberto, o time de Tonhão e Onildo conquistou o título. A Triunfante, do presidente Vamilton, com Dodi e Carlinho, Nenê, Pacífico, Zequinha, Marcinho. E o Móveis Andremar com Nilsão, Jaime, Rudimar, Negão, Célito, Paulo Roberto, Pedroca. Adãozinho, treinador do Andremar, tinha convidado o Pedroca para jogar no time, mas já avisando que ele deveria ficar no banco, porque a ideia era formar um time mais jovem, abandonando o 3-1 pela tática de giro, como se joga atualmente. Pedroca, à época com 32 anos, aceitou o convite, mas com uma condição: tinha que levar o Paulo Roberto também. O técnico não gostou muito
da ideia de ter mais um veterano, mas acabou concordando. Resultado: na primeira partida, Pedroca e Paulo Roberto começaram no banco e entraram quando o time perdia, virando o jogo; repetiram a façanha na segunda, e daí para frente foram titulares até o fim, conquistando o campeonato. Para entregar as faixas, trouxeram a seleção de Criciúma. O Andremar venceu por 4x1, comprovando que o futebol de salão de Araranguá continuava superior ao de Criciúma. PEDROCA ELEGE SUA SELEÇÃO Mário Canella, o melhor goleiro de futsal que viu jogar; tinha uma saída espetacular contra os atacantes e uma reposição de bola muita rápida. Careca, um goleiro de defesas incríveis. Neném, o melhor ala direita que viu jogar, apoiava e driblava com facilidade. Timóteo, a outra opção da ala direita, com chute forte, ótimo no apoio e na marcação. Para fixos, ele improvisa dois alas que dariam conta da posição: Zico, marcador com grande senso de antecipação, driblador e finalizador habilidoso; e Berto, que jogava mais pela esquerda, mas também marcava muito bem. Na ala esquerda, Adilton, um dos grandes que viu jogar, ótimo no domínio de bola, dribles e chutes; e Ênio Rosa, jogador inteligente, dono de um chute muito forte. Na frente, nova improvisação: o ala Tatavo, um jogador muito rápido e de chute potente. Por último, Pedroca se inclui como pião, destacando sua facilidade de domínio e de proteção à posse de bola. E, para técnico, Vânio; para dirigentes, Ir. Celeste e Adalberto Gomes; melhor árbitro, Nereu Bertoncini. E ainda Pe. Félix Bridi como o patrono do futsal em Araranguá, a quem dedica este trabalho. z
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