2018
DESDE 1985
PRÊMIO
O GRATU IT IÇÃ
ARI 2017
Ilustração: Pablito Aguiar
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Terezinha Freitas e suas rapaduras
JORNALISMO IMPRESSO
GR ÇÃO ATUI UI
1º LUGAR
PORTO ALEGRE
PORTO ALEGRE EM QUADRINHOS
REPORTAGEM ECONÔMICA
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w w w . j o r n a l j a . c o m . b r
Cais Mauá busca parceria para ocupar onze armazéns Com as obras de recuperação dos armazéns do Cais em andamento, os novos gestores do empreendimento começam a negociar com possí�veis parceiros interessados em ocupar os espaços comerciais. Os movimentos ainda são reservados, principalmente quanto a nomes. Mas o novo executivo do projeto, Vicente Criscio, garante que há tratativas em andamento. “Já identificamos o que a cidade gosta e usa, as marcas que os gaúchos consomem, estamos conversando”. Em 3,2 quilômetros de cais à beira do Guaí�ba, incluindo os armazéns, são 181 mil metros quadrados disponí�veis, parte destinada a áreas públicas – ciclovias, praças, áreas verdes – parte para atividades comerciais. “As negociações podem incluir desde um comércio pequeno, de uns 100 m², até grandes – um armazém com um supermercado, porque não?”
Fotos: Ricardo Stricher
Obras já foram iniciadas pelo consórcio, mas movimentos de máquinas ainda é tímido
Leia entrevista com Vicente Criscio, diretorpresidente da Cais Mauá Brasil S.A. na PÁGINA 3 No mesmo dia em que foi concedida a licença de instalação, que permite o iní�cio das obras, foi anunciada a mudança ocorrida ainda no ano passado na gestão do Fundo Cais Mauá, o consórcio que ganhou a concessão por 25 anos para explorar o espaço.
A ICLA Trust que geria o fundo foi substituí�da pela REAG, outra administradora de fundos de investimento. O site da REAG na internet informa que ela administra 40 fundos num total de R$ 7 bilhões em ativos.
O Fundo Cais Mauá tem um patrimônio lí�quido de R$ 163 milhões. Pela frente, uma obra de R$ 140 milhões ao longo de dois anos. As etapas seguintes, que vão precisar de no mí�nimo mais R$ 400 milhões, tem esboços de projeto, com a definição
somente de í�ndices construtivos (volumetria). Tanto que o novo gestor está disposto a rever o conceito do shopping previsto para região da usina do Gasômetro. Em vez de uma torre, alvo de crí�ticas, uma ocupação horizontal, a céu aberto.
“Bruxo” vai processar delegado e imprensa
Quem são os CCs de Marchezan
Os advogados José Felipe Lucca e Marco Alfredo Mejia, que defendem Silvio Rodrigues vão à Justiça buscar reparos aos danos morais e materiais sofridos pelo seu cliente. Eles vão processar o delegado Moacir Fermino, que levou Fernandes e mais seis pessoas à cadeia. A investigação interna da Polí�cia concluiu que tudo não passou de uma montagem menti-
Levantamento obtido pelo JÁ� mostra a distribuição dos quase 700 Cargos Comissionados da gestão municipal. Em um ano, Marchezan reduziu a quantidade de CCs e ampliou o número de partidos. Siglas que não integram a base do governo também têm seus indicados. É� o caso do MDB, com 22 cargos. PDT pedirá desfiliação de integrantes.
O CRIME E A FARSA
Arquivo pessoal
rosa da qual o era acusado”, delegado partidisse o advogacipou ativamendo José Lucca. te, forjando proEle alega que vas e aliciando seu cliente sotestemunhas. freu prejuí�zos “Nosso clienmateriais com te ficou 40 dias depredação do preso sem moseu templo retivo, sendo sete ligioso, além de dias na delega- Advogado José Felipe Lucca ter sido desmocia, isolado, sem ralizado pela banho, sob tortura psicológiexposição na mí�dia como ca, sem saber direito de que um assassino.
“O principal foi ignorado pela policia que é o crime de discriminação religiosa”, afirmou. Segundo o advogado, será ajuizada também uma ação especí�fica contra alguns jornais e veí�culos de comunicação que assumiram e até exageraram a versão do delegado. “A nossa versão dos fatos não era considerada. Não nos ouviam ou quando ouviam não publicavam”, disse Lucca.
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PORTO ALEGRE
Nota do Editor
Agora em Porto Alegre é assim: manifestação, só com autorização prévia. A nova regra altera o Código de Posturas do Municí�pio, lei criada em 1975, época da ditadura, e que prevê multa para manifestações não autorizadas. A lei, de autoria do Executivo, foi sancionada pelo prefeito Nelson Marchezan Júnior no dia 13 de março. A mesma lei trata ainda de vandalismo, xixi na rua e amplia o poder de polí�cia da Guarda Municipal. A principal polêmica é a previsão da multa de até R$ 395 mil (de mil a cem mil UFM) para quem “embaraçar ou impedir, por qualquer meio, o livre trânsito de pedestres ou veí�culos nos logradouros públicos”. O artigo pode atingir manifestações de rua e até mesmo blocos de carnaval. O mesmo valor se aplica a quem “causar dano a bem do patrimônio público municipal”. As multas podem ser emitidas a partir de denúncias feitas por qualquer cidadão, por internet ou telefone. O Sindicato dos Municipários tentou suspender a lei e entrou na Justiça com uma ação direta de inconstitucionalidade, mas o pedido foi negado pelo desembargador Arminio José Abreu Lima da Rosa.
No jargão das antigas redações chamava-se "barriga". Hoje é fake news, embora não seja exatamente a mesma coisa, porque nesse meio tempo entrou em cena a internet e, além do termo novo colonizante, trouxe a babel das redes sociais. "Barriga" não é uma notícia falsa plantada, é mais precisamente o erro jornalístico, por precipitação, por indução, mas não por intenção. Hoje as grandes redações que ainda restam se gabam de desmascarar as "fake news" da internet e de fato elas têm prestado um bom serviço, embora estejam longe daquilo que se arvoram, de ser "certificadores" da informação. Mas as "barrigas" seguem acontecendo. E seguem sendo tratadas como antigamente: com o silêncio. Tivemos um caso exemplar agora, com a farsa do ritual satânico com o sacrifício de duas crianças. Era uma história inventada, a fake news do ano. A polícia se saiu melhor. Três corregedores investigaram a conduta dos policiais que trabalharam no caso, indiciaram o delegado e cinco agentes por "falsidade ideológica" e, principalmente, reconheceram em entrevista coletiva os erros. Os jornalistas em vez de discutir, para aprender com os erros, preferiram mais uma vez o silêncio.
EXPEDIENTE
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Edição fechada às 17h do dia 23 de março de 2018
Barbearia
Desde o ano passado, a Guarda Municipal atua também em manifestações políticas
Mais poderes para a Guarda Municipal
A nova lei também altera as funções da Guarda Municipal. Os 467 agentes da guarda podem agora lavrar flagrantes em caso de vandalismo e conduzir investigações no âmbito da estrutura da prefeitura. O Executivo reenviou à Câmara Municipal um trecho vetado pelos vereadores e que amplia a atuação da Guarda. No texto, o Executivo pede que a Guarda Municipal tenha poder de fiscalização de trânsito, transporte e mobilidade urbana e autuação de ambulantes e de delitos ambientais. A institui-
ção possui hoje 240 policiais armados. A intenção é armar todo o efetivo. O novo modelo adotado agrada ao comando. “As medidas melhoram em 100% as ações da guarda” comentou o sub-comandante da Guarda, Rodrigo Meotti. Em 2017, o número de abordagens aumentou quase 10 vezes (de 51 para 496). Foi criada também a Ronda Ostensiva Municipal (Romu), uma espécie de tropa de choque municipal, que hoje possui 60 guardas. A promessa é aumentar para 200.
O Ministério Público de Contas pediu a suspensão do aumento das tarifas no novo sistema do BikePoa. O passe diário subiu de R$ 5,00 para R$ 8,00, um aumento de 60%, e o mensal dobrou de R$ 10,00 para R$ 20,00. Segundo o Procurador Geraldo Da Camino, o reajuste das tarifas fere o contrato celebrado entre o Municí�pio de Porto Alegre e a empresa Samba Transporte Sustentáveis LTDA, causando prejuí�zo aos 200 mil usuários do sistema. A reportagem procurou a EPTC, para comentar a decisão, mas até o fechamento desta edição não obteve resposta.
Editor responsável: Elmar Bones Editor: Matheus Chaparini Reportagem: Felipe Uhr, Higino Barros, Tiago Baltz Fotografia: Arquivo Jornal JÁ, Ramiro Furquim, Ricardo Stricher, CMPA, PMPA Edição de arte: CF Design de Com.
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João Gomes Mariante completou 100 anos no dia 26 de fevereiro. Psicanalista e jornalista, Mariante é responsável pelo jornal Mente Corpo há quase vinte anos. Atualmente trabalha num livro de memórias (“Como cheguei aos 100 anos”) e escreve artigos para diversos jornais.
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Aumento no BikePoa é irregular, diz MPC
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Manifestação, só se a prefeitura deixar
Silêncio e fake news
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ENTREVISTA VICENTE CRISCIO, CAIS MAUÁ BRASIL S.A.
C
om a autorização para o início das obras, a reforma do Cais Mauá começa a dar passos definitivos. Vicente Criscio foi escolhido o novo executivo para tocar o projeto do Cais nesta etapa. Ele falou ao JÁ sobre as mudanças nos fundos de investimentos, a busca por parceiros para ocuparem os armazéns e admitiu que o projeto do shopping pode ser revisto.
JÁ – Porque a mudança na gerência do projeto? Briscio – Eu sou um executivo con tratado. Por decisões dos investidores que controlam o fundo, o Cais Mauá Brasil S.A decidiu que era mais con veniente trazer uma gestão voltada para empreendimentos imobiliários, diferente do antigo gestor, mais apto à captação de recursos. Vencida a etapa das licenças, agora optaram por essa gestão da REAG, que é o maior fundo de investimentos imobiliários do Bra sil e já desenvolveu inúmeros grandes empreendimentos pelo paí�s. O que vai mudar daqui pra frente? Iniciamos o processo de implemen
Júlio Amaral/Divulgação Cais Mauá
Shopping do Gasômetro pode ser revisto
Novo diretor-presidente, Vicente Criscio, diz que reforma de armazéns será entregue antes do final de 2019
tação da primeira fase da obra, a área dos armazéns. Foram mantidos alguns diretores, mas vamos trazer pessoas e empresas que implemen tem esse projeto. Naturalmente, a REAG assumiu e fez algumas mudanças na diretoria executiva, como a minha presença. Mas já temos pessoas no comercial, porque agora entre uma etapa dife rente, negociar com potenciais parcei ros, pra gerar um retorno sustentável.
Paralelamente à obra, já estão em busca de parceiros? Sim, desde o momen to que chegamos aqui. Ainda não temos nada assinado e, por isso, nos reservamos o direito de não comentar. Há con versas em andamen to. Propomos um mix Obras começaram pela “desafetação ambiental” gunda e terceira fase. O projeto entre o que a cidade gosta e usa, está ficando muito bonito e des gostarí�amos de ter as marcas que perta interesse. Já há interessados os gaúchos consomem. E podemos nos abordando sobre as torres, o ter desde um comércios pequenos - de uns 100 m² - até grandes – um hotel. armazém com um supermercado, porque não? Há movimentos na cidade contrários a obra, há uma disposiE o saldo do fundo, foi divulgação ao diálogo? do na imprensa R$ 160 milhões, A gente veio aqui com espí�rito de é isso? sarmado, eu já vivi aqui quatro O Patrimônio Lí�quido é próximo anos, conheço um pouco da cultura. dessa casa, mas temos que olhar Os envolvidos querem que o pro pra o valor da obra. São R$ 140 mi jeto saia da melhor maneira possí� lhões na primeira fase. E a equação vel e vai sair. O interesse é sempre financeira disso já está montada, conversar, mostrar a viabilidade com as contrapartidas, no valor de urbaní�stica e econômica. As fases R$ 49 milhões, garantidas. de aprovação já passaram, não tem como voltar para trás, temos que E a captação do restante? olhar pra frente. Mas crí�ticas cons trutivas são sempre bem-vindas. Há um norte muito bom pra a se
Divulgação Cais Mauá Brasil S.A.
“Já há interessados nos abordando sobre as torres”
Sobre os investidores do fundo, houve inquietações, principalmente de fundos previdenciários, muitos ameaçaram sair. Como resolver isso? Bom, na verdade posso falar de duas semanas pra cá. Imagino que a inquietação era grande porque houve atraso em algumas licenças. Mas agora, com o iní�cio da obra isso fica totalmente equacionado, normalizado.
O projeto está na primeira fase, e o restante já está definido? Pode passar por revisões? A primeira fase é essa dos 11 arma zéns. Temos um cronograma de dois anos, mas podemos antecipar, ou seja, até o último trimestre do ano que vem. Essa fase já tem projeto e é a licença que nós temos. O canteiro de obras está em montagem, come çamos pela remediação ambiental, corrigir problemas antigos que im pactavam o meio ambiente aqui. Mais tarde teremos as fases das docas e do gasômetro, que já temos aprovações de volumetria, indicado res de construção já aprovados em todas as esferas. Não tem revisão de projeto, tem detalhamentos, mas não interferem nos indicadores aprovados. Uma coisa que prometemos revi sar é dar outra solução para o shop ping do gasômetro. Pensamos um novo conceito, um open mall, a céu aberto, com alamedas e áreas de con vivência, áreas comerciais, mas não uma grande caixa – é a nossa ideia. Sem ferir o que já foi aprovado em termos de volumetria.
Para homenagear a sensibilidade feminina, nada melhor que a arte. Acompanhe a programação do Mês da Mulher e participe. Acesse al.rs.gov.br
REESTRUTURAÇÃO DO IPE O plenário da Assembleia Legislativa aprovou dois projetos que criam a estrutura do IPE Prev, gestor da previdência dos servidores estaduais, e estabelecem novas normas para concessão de benefícios. O novo órgão caracteriza-se pela autonomia administrativa, financeira, patrimonial e de gestão de recursos humanos. Há novas regras para os benefícios previdenciários da aposentadoria, a transferência para a inatividade, a pensão por morte e o auxílio-reclusão. Houve também atualizações nas medidas para o reconhecimento de união estável homoafetiva, nos termos do que já é reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal.
al.rs.gov.br
Um crime sem rastros E
Sete meses depois, a polícia não tem pista dos criminosos ou da identidade das duas crianças encontradas mortas
Reprodução/YouTube
ram nove horas da manhã de segunda feira, 4 de setembro de 2017. Um homem ligou para o plantão contando que encontrara pedaços de um corpo humano enrolados num plástico. A polí�cia foi ao local, já na zona rural de Novo Hamburgo, numa estrada de terra, com as margens atulhadas de lixo. Encontrou no matagal mais três sacos azuis, de plástico, dentro de caixas de papelão. Eram pedaços de dois corpos que a princí�pio os policiais acreditaram tratar-se de mãe e filha. A perí�cia constatou, três dias depois, serem duas crianças: um menino, por volta de oito anos, e uma menina, entre 10 e 12 anos. No mais, a identificação revelou-se difí�cil. As cabeças não foram encontradas, mesmo depois de muitas buscas com escavações por uma extensa área. O local isolado, sem qualquer residência no raio de um quilometro, sem câmeras, ninguém viu nada, nada foi registrado. O exame de DNA indicou que as ví�timas eram irmãos, de pais diferentes, mas não se encontrou material compatí�vel nos bancos genéticos do paí�s. As impressões digitais nada esclareceram.
Fotos: Divulgação Polícia Civil/RS
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Delegado Moacir Fermino afirmou ter resolvido o caso a partir de “revelação de Deus”
Menores de idade, não tinham carteira de identidade, portanto, não tinham as digitais registradas nos arquivos da polí�cia. Outro complicador: não havia registro de qualquer assassinato ou desaparecimento de duas crianças na região, no Estado ou no paí�s. O que parecia uma pista, as caixas de papelão com a marca de um sabão em pó fabricado em Pernambuco, era um despiste. “Quem escondeu os corpos conhece a região”, deduziu o delegado. “É� pouco provável que seja de fora do Estado”. Investigadores percorreram as escolas de Novo Hamburgo, pediram informações a outros estados, outros paí�ses, rastrearam telefonemas,
nada. Quando o caso completou um mês, sem qualquer registro de crianças desaparecidas, a polí�cia conjeturou que a mãe também poderia estar morta. O delegado Rogério Baggio, quando assumiu o caso, mencionou três hipóteses a investigar: ritual de sacrifí�cio, tráfico de pessoas ou vingança, mas não descartava sequer a possibilidade de crime passional. Nos três meses seguintes, o caso não apresentaria novidades e, no dia 10 de dezembro, o delegado Rogério Baggio entrou em férias. O comando das investigações passou para o delegado Moacir Fermino, veterano policial da 2ª. DP de Novo Hamburgo.
Investigação interna da Polícia Civil constatou que tudo não passou de uma farsa, com provas fo
Farsa diabólic
Aos 67 anos, com 44 de polí�cia, o delegado Moacir Fermino é evangélico “fervoroso”, segundo colegas. É� conhecido por ter “faro” para chegar à solução de casos complicados e atribuir suas intuições à inspiração divina. Ao que tudo indica, quando assumiu o caso, no dia 10 de dezembro, ele já tinha convicção de que as crianças haviam sido sacrificadas num ritual satânico. Os corregedores que investigaram a conduta do delegado descobriram que já no dia 20 de setembro ele recebeu o telefonema de um homem chamado Paulo, que seria o mentor da grande farsa em que o inquérito se transformou nas mãos de Fermino. Ele desenvolveu uma investigação paralela e trabalhou para assumir o caso. Fermino registrou o depoimento de Paulo no dia 13 de outubro. Eles são amigos de longa data, trabalharam jun-
tos em campanhas eleitorais. No telefone de Fermino, o amigo aparecia como “Paulo cabo eleitoral”. Mas o delegado registrou o depoimento dele como de “testemunha anônima”. Nesse depoimento Paulo planta a história do ritual satânico, num templo de magia negra no bairro Morungava, em Gravataí�, a 30 quilômetros de onde foram encontrados os corpos. Era fácil encontrar: só buscar o “Templo de Lúcifer” na internet e ver os serviços de magia negra, na linha da quimbanda. Há até uma “Rave Satânica” anunciada no site. O delegado “campanou” o local, observou a movimentação, ouviu vizinhos e embarcou na história. Paulo forneceu-lhe os nomes dos contratantes e seus cúmplices. Num livro de magia negra, o delegado encontrou elementos para descrever o “ritual satânico.”
– o homem que teria apresentado o “bruxo” aos dois contratantes. Essa testemunha - forneceu os elementos que lhe faltavam para dar o crime como esclarecido. No dia 8 de janeiro, à véspera de devolver o caso ao caso ao titular que voltava das férias, o delegado Fermino chamou a imprensa. Tinha uma história fechada,
quatro suspeitos presos e três foragidos. Empolgado diante de microfones e câmeras, o delegado deu detalhes do suposto ritual e explicou o nome da Operação: “Revelação”, por que a solução do caso lhe havia sido revelada por “dois profetas de Deus”. O delegado titular reassumiu o cargo dois dias depois e o caso tomou outro rumo.
Livro de magia negra foi base para relatório policial
Não houve perí�cia nas primeiras diligências feitas no templo. As buscas e a perí�cia feitas posteriormente não encontraram indí�cios materiais de qualquer ato sanguinário. Com a repercussão do caso chegando à mí�dia internacional, o delegado Fermino se viu diante de uma pressão. Um ritual satânico com o sacrifí�cio de duas
crianças é notí�cia planetária. A própria assessoria de comunicação da Policia Civil sugeriu uma entrevista coletiva para atender a todos. Mas o delegado Fermino tinha um problema. Estavam na cadeia o “bruxo” e os dois “empresários” que o teriam contratado, mais o filho de um deles. Não conseguira, porém, estabelecer uma ligação entre eles. Em todos
os depoimentos o Bruxo era taxativo: não conhecia nenhum dos três. Os três também, não o conheciam. Fora isso, ele tinha seis indiciados. Faltava um para fechar o número cabalí�stico que ele mesmo menciona no seu relatório. No dia 4 de janeiro surgiu uma providencial testemunha chave, que apontou o sétimo participante do ritual
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• Yoga para
Terceira Idade
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Vedanta
Delegado Fermino deu voz de prisão a Silvio: “Em nome de Deus eu vim prender Satanás”
orjadas e aliciamento de testemunhas
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Reprodução arquivo pessoal
Nove dias depois, pediu a prisão temporária de seis pessoas por envolvimento num ritual em que teriam sido sacrificadas as duas crianças cujos corpos haviam sido encontrados na estrada Porto das Tranqueiras. O Ministério Público considerou insuficientes os indí�cios que vinculavam o esquartejamento das crianças a um ritual satânico. “Resta ser esclarecido pela autoridade policial como foram obtidas todas as reveladoras e fartas informações contidas no relatório de investigação”, exigiu a promotora Andreia Herminia Alliatti. Mas o juiz plantonista Carlos Fernando Noschang Junior julgou que havia “elementos veementes a indicar a ocorrência dos delitos” e autorizou os seis pedidos de prisão no dia 27 de dezembro. O delegado Fermino deixou passar as festas do fim de ano e, terça-feira, 2 de janeiro, ele forneceu a manchete a todos
2 x 10,5 cm O endereço certo para saborear
Esposa de Silvio também foi presa
Fantasias se tornaram elementos da farsa
os noticiosos do dia: “Lí�der de templo satânico é preso suspeito de matar duas crianças em NH”. Silvio Rodrigues, de 44 anos, apresentado como o “bruxo”, contaria depois que Fermino foi prendê-lo em casa e chegou dizendo que vinha “em nome de Deus para prender Satanás.” O diretor regional do Vale dos Sinos, Rosalino Seabra, diz aos jornais que “vários indí�cios, inclusive a localização de um templo onde se realizavam cultos de magia, levaram o foco das investigações para o ritual satânico onde as crianças foram sacrificadas”. O templo é uma casa de alvenaria, comum, a não ser pela pintura cor de laranja. À� entrada, numa peça ampla,
Depois de 45 dias de trabalho, três delegados da Corregedoria mostraram que Fermino montou a história baseado nos relatos de Paulo e num livro sobre magia negra, do qual copiou trechos inteiAltar localizado no templo de Silvio Rodrigues ros no relatório que Fermino foi afastado e um mandou à justiça. mes depois um inquérito foi A investigação do crime instaurado na Corregedoria real, o esquartejamento, volda Polí�cia Civil. tou à estaca zero.
descortina-se um santuário com um altar dominado por um Exu. Há elementos de magia negra no local. Os jornais chegaram a publicar que a polí�cia havia encontrado no local um crânio dentro de uma bacia de sangue. Viu-se depois que era uma caveira de silicone e o lí�quido vermelho não era sangue. O delegado Fermino declara aos jornais que “o lí�der do grupo se identificou como mestre e bruxo além de confirmar que realizou rituais e conferências sobre o assunto”. Diz que o “bruxo” mencionou “uma espécie de pacto com o diabo em busca de realizações financeiras ou amorosas”, mas que negou a realização de sacrifí�cios, “nem com animais”. Paulo, o mentor da trama, está preso e diz que inventou a história para implicar Jair Silva, suposto beneficiado pelo ritual, com o qual teria uma rixa por um trabalho pago e não realizado. O delegado Rogério Baggio não está convencido se foi essa a motivação ou se ele teria outro interesse e não descarta sequer a hipótese de um ritual satânico. “Não esse, com essas pessoas incriminadas, mas não se pode descartar”.
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ADMINISTRAÇÃO MARCHEZAN
Dezesseis partidos têm CCs na gestão Andielli Silveira/CMPA
Partidos que não integram a base do governo também têm indicações
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prefeitura de Porto Alegre tem 678 funcionários em cargos comissionados, conhecidos como CCs, segundo um relatório que o JÁ� teve acesso. Os números são de dezembro de 2017. Tinha quase mil em 2016, quando o prefeito Nelson Marchezan prometeu cortar pelo menos 300. A quantidade diminuiu, a pluralidade aumentou. Dezesseis partidos aparecem quando se busca a filiação desses funcionários, dez além dos seis partidos que formalmente integram a base de apoio do prefeito. Essa pluralidade torna-se um trunfo na hora em que o prefeito tem projetos estratégicos, que dependem de aprovação na Câmara. Além do mais, os 300 cargos que não estão preenchidos podem entrar na negociação por apoio. Mateus Ayres, ex-vereador e porta voz do vice-prefeito Gustavo Paim, principal articulador polí�tico do governo, disse ao JÁ� que as nomeações de pessoas ligadas aos partidos independentes não envolve troca de apoio na Câmara. “Todos passaram pelo Banco de Talentos. Muitos ficaram
CARGOS POR PARTIDO Partido Vereadores Ccs
PP* 4 96 PTB* 4 75 PSDB* 1 41 MDB 5 22 DEM 2 8 PPS zero 8 PRB 2 7 SD 1 5 PSB 2 5 PDT 3 4 PSD 2 4 PROS* 1 2 PSC zero 1 NOVO 1 1 REDE* 1 1 PODEMOS* 1 zero TOTAL 30 280 * Base do governo Fonte: Portal da Transparência e TSE
(do governo anterior) porque eram alinhados com a nossa proposta ", afirma Ayres. Reginaldo Pujol, do DEM, nega que tenha feito indicações. Segundo Pujol, o partido tinha entre 30 e 40 cargos na gestão Fortunati, hoje tem oito. "Eu procuro ajudar o Marchezan por ele ser da direita, mas, não somos da base", completa. O DEM também é representado no governo municipal pelo secretário adjunto da Cultura, Leonardo Maricatto.
Henrique Ferreira Bregão/CMPA
Mauro Zacher diz que vai pedir a desfiliação de pedetistas
ARTE Mauro Zacher, PDT
O vereador Mauro Zacher, presidente municipal do PDT, disse que o partido não compõe a base e que não indicou nenhum cargo para esta gestão e anunciou uma medida: “Vamos ver quem são esses nomes e iremos pedir a expulsão deles do partido”. Zacher também ressalta que não houve o convite do atual governo e nem há interesse do partido em uma possí�vel aliança.
Em um ano, prefeito Nelson Marchezan Júnior reuduziu o número de cargos comissionados e ampliou a diversidade de siglas
Fora do governo, MDB ocupa 22 cargos Mesmo não fazendo parte do governo, o MDB tem pelo menos 22 cargos em comissão na prefeitura, conforme o relatório citado. A maioria vem do governo anterior. Fontes ligadas ao partido e assessores da Câmara de Vereadores garantem que pelo menos nove deles estão ligados a três parlamentares: Mendes Ribeiro, Valter Nagelstein e Comandante Nádia. O vereador Mendes Ribeiro tem cinco pessoas, incluindo o irmão, Fernando Fraga Mendes Ribeiro, que ocupa um cargo no Departamento Municipal de Habitação (Demhab). Valter, atual presidente da Câmara, tem dois CCs, nomeados no tempo em que era Secretario de Urbanismo. A vereadora Comandante Nádia tem pelo menos um. O presidente Municipal da sigla, Antenor Ferrari,
Está à venda a mais recente obra do JÁ Durante seis semanas no inverno de 2017, centenas de pessoas lotaram o auditório da Fetrafi, no Centro Histórico de Porto Alegre, para ouvir e debater com especialistas – historiadores, economistas, sociólogos, filósofos - sobre o “legado da Revolução Russa”. O livro tem 208 páginas e está à venda por R$ 60,00 (sem frete) e pode ser adquirido das seguintes formas: Livraria Bamboletras Lima e Silva, 776
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justifica: “De Porto Alegre, são 12 filiados, o restante é de outras cidades, nenhum indicado pelo partido e nenhum com cargo importante na sigla”. Quanto ao caso de que alguns cargos tenham sido indicações de parlamentares, Antenor também disse desconhecer e condenou a conduta: “o erro ético é deles”. A comandante Nádia, através da assessoria de imprensa, confirmou ter recomendado a “pessoas qualificadas que se inscrevessem no banco de talento da Prefeitura, sem exigir ou tampouco aceitar nada em troca”. O vereador Nagelstein também disse não ter indicado ninguém: “As pessoas vinculadas a mim foram demitidas ao longo dos primeiros meses e se alguém ficou foi por decisão exclusiva do atual governo”.
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Já Mendes Ribeiro confirmou a existência de pessoas ligadas a ele na atual administração: “Nunca escondi isso de ninguém, ficaram do governo anterior e seus cargos ficaram à disposição do atual.” Mendes negou que a permanência dessas pessoas impliquem em votações a favor do governo, lembrando que em diversas oportunidades votou contra projetos do Executivo. Para o vereador há uma crise interna desnecessária no partido, no âmbito municipal, por pessoas que “estão fazendo polí�tica com o fí�gado porque perdemos a eleição para o PSDB. Não pode ser assim”. A hipótese de que o MDB passe a integrar o governo Marchezan voltou a circular na Câmara de Vereadores. Oficialmente, o partido já anunciou que não ingressará no atual governo municipal.
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A partir dessa edição o JÁ Porto Alegre passa a publicar em formato de quadrinhos histórias de personagens da capital gaúcha, da autoria do quadrinista Pablito Aguiar. É uma forma de dar espaço a uma arte em que o Rio Grande do Sul é referência no Brasil e no cenário internacional. Outros trabalhos, de outros autores, também serão publicados no decorrer de 2018.
CHAPÉU ACÚSTICO
Vozes femininas Divulgação/Danny Calixto
MARÇO de 2018
Danny Calixto encerra a programação do mês da mulher no dia 27 de março
No mês da mulher, o projeto “Chapéu Acústico” marca seu retorno com uma programação especial. Já passaram por ali Anaadi, Valéria Houston, Elisa Meneghetti e Lila Borges. O encerramento será no dia 27 de março, com ‘Quintais do Mundo’, mais recente trabalho de Danny Calixto, que transita pelo samba, chamamé, chacarera, samba funk e ijexá. Em paralelo às atrações musicais, há também a exposição “Diversas e Controversas” da artista plástica Graça Craidy. Parte do sucesso do projeto se deve ao local onde é realizado. O Salão Mourisco, da Biblioteca Pública Estadual, tem uma acústica diferenciada e guarda parte da história arquitetônica e decorativa da Biblioteca. “Para isso houve a parceria e o entusiasmo da Morganah Marcon, diretora
da instituição”, explica Marcos Monteiro, idealizador e curador do Chapéu Acústico. Segundo Monteiro, projeto existe pela parceria com os músicos. A apresentação não tem cachê fixo, com pagamento espontâneo do público, fruto do que se arrecada na passagem de um chapéu pela plateia. “Houve apresentação que rendeu R$100 reais, teve outra que rendeu R$ 1.500,00. O dinheiro arrecadado fica todo para os artistas. Mas a relação artista e público foi tão gratificante para os dois lados, que o projeto foi se consolidando com o tempo”, analisa Monteiro. O projeto já está com programação agendada até o final do ano, sempre às terças-feiras, a partir das 19h, na Biblioteca Pública.
Tarsila na galeria Duque
Até 28 de abril, a Galeria Duque apresenta a exposição Arte e História, com trabalhos de mestres brasileiros, incluindo a obra Paisagem (óleo s/tela, 40 x 70 cm, 1924), da famosa autora modernista, Tarsila do Amaral. Os visitantes também poderão deleitar-se com obras de outros importantes artistas nacionais como Di Cavalcanti, Siron Franco, Vicente do Rego Monteiro, Carlos Bracher, Orlando Teruz, Aldo Bonadei, Milton Dacosta e Gonçalo Ivo.
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PORTO ALEGRE
Carnaval de incertezas
Sem apoio oficial e sem sambódromo, desfile das escolas é cancelado duas vezes
O
carnaval de Porto Alegre vive tempos de incertezas. Em 2017, as escolas desfilaram fora do perí�odo do carnaval, no final de março. Neste ano, o desfile das agremiações foi cancelado duas vezes. Onze escolas desfilariam pela avenida Edvaldo Pereira Paiva, a Beira-Rio, na noite de 24 de março. Pela primeira vez, o desfile não seria competitivo, com a estrutura reduzida a uma espécie de muamba. O evento foi cancelado na véspera, em função da previsão de mau tempo. Em nota, as ligas das escolas de samba afirmam que divulgarão nova data. A exemplo de 2017, a Prefeitura cortou os recursos para o carnaval. Para o diretor de carnaval da Imperadores do Samba, É� rico Leotti, a verba repassada pelo municí�pio é fundamental e está prevista em lei. Ele reconhece, porém, a crise e diz que o evento tem que ser feito a três. “Tem que ter o fomento do Poder
Foto: Divulgação Liespa
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Desfile que estava marcado para o dia 24 de março na avenida Beira-Rio foi cancelado na véspera
Público, porque o carnaval tem um cunho social e o retorno que ele dá não é só financeiro, precisamos trazer a iniciativa privada, para investir no evento, e o próprio carnaval também tem que lamber suas feridas e se reciclar, em termos de gestão.” É� rico foi coordenador de manifestações populares da Secretaria Municipal de Cultura nos primeiros quatro meses da gestão Marchezan, indicado pelo secretário de cultura
Luciano Alabarse, com quem trabalhou na prefeitura de Canoas. Ele afirma que deixou o governo pois não havia um direcionamento de gestão pública para o carnaval. “O campo pra discussão destas questões vai ser daqui a dois anos no perí�odo eleitoral, onde temos que botar um projeto que respeite a cultura popular. Até lá é resistência”, define. As incertezas vividas pelas escolas frustram quem trabalha pelo carna-
MARÇO de 2018
val durante o ano todo. Como Tatielle Faria da escola Dançando pro Amanhã. Tatielle, que carregou por doze anos o estandarte da Estado Maior da Restinga, ensina a crianças e adolescentes esta arte, que é uma peculiaridade do carnaval porto-alegrense. Em 2017, o Porto Seco foi interditado na noite da sexta-feira, quando desfilariam suas alunas. “Aquelas crianças se preparam o ano todo, chega no dia e o sonho delas simplesmente termina”, lamenta Tatielle. Este ano o projeto fez uma parceria para desfilar com a Imperadores do Samba. Tatielle já começa a preparar o reiní�cio das aulas para abril, ainda sem saber como será o próximo ano. “Eu estou criando elas para o futuro do carnaval de Porto Alegre. Mas agora a gente nem sabe se vai ter futuro, se no ano que vem vamos ter carnaval.” Uma saí�da defendida pela gestão municipal e parte dos carnavalescos é uma parceria público-privada com alguma produtora que mantenha o Porto Seco e invista no carnaval em troca do uso do espaço ao longo do ano. Enquanto não há definições sobre o futuro, o carnaval e os carnavalescos de Porto Alegre resistem.