Jornal JÁ Porto Alegre Dezembro 2017

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DEZEMBRO

JORNALISMO IMPRESSO

O humor que não dá treguas

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1º LUGAR

PORTO ALEGRE

REPORTAGEM GERAL

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Licença não acaba com as incertezas Ricardo Stricher/Jornal JÁ

C

om a Licença de Instalação na mão, consórcio Cais Mauá do Brasil já anunciou a partida nas obras, em março. Serão três etapas, de dois anos cada. A primeira prevê a reforma dos 11 armazéns para serem áreas de comércio, gastronomia e lazer, ligados por um deck de três quilômetros ao longo do Guaí�ba. A segunda etapa envolve questões polêmicas e ainda carece de definições. A construção de torres de até 100 metros de altura na área das docas, próximo à rodoviária, enfrenta resistência de um forte movimento comunitário e, inclusive, do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB). A última etapa prevê a construção de um shopping center horizontal ao lado da Usina do Gasômetro. Também é alvo dos protestos. A questão dos recursos não é menos controversa. Há cerca de um ano, o investimento estava estimado em mais de R$ 1 bilhão. Agora, quando sai a licença, os empreendedores falaram em R$ 500 milhões. Eles teriam dinheiro para a primeira etapa, para as demais haveria que buscar investidores. Os números não são precisos. O diretor de operação da Cais Mauá, Sergio Lima, diz que a primeira etapa custará R$ 80 milhões. Já o diretor executivo do Fundo de Investimento e Participações do Cais Mauá, Luiz Eduardo Franco Abreu estimou um pouco mais do que o dobro deste valor. O procurador Geraldo Da

CAIS MAUÁ

Obras de revitalização do Cais tem início previsto para março e duração de dois anos, próximas etapas ainda precisam ser licenciadas

Camino, do Ministério Público de Contas, já disse que vai exigir a garantia de R$ 400 milhões de capital, estabelecida no contrato, antes do iní�cio às obras. A licença de instalação foi entregue pelo prefeito Nelson Marchezan Júnior em um evento para 300 convidados. Marchezan fez questão de convidar prefeitos e governadores pelos quais o

projeto passou desde a assinatura do contrato entre Governo do Estado e o consórcio Cais Mauá em 2010. José Ivo Sartori, Germano Rigotto e José Fortunati compareceram. Yeda Crusius e o ex-prefeito José Fogaça mandaram representantes. Raul e Pont e Tarso Genro declinaram do convite. Marchezan declarou que a obra é um exemplo de que

“os interesses da cidade estão acima de interesses partidários” e criticou os que chamou de “poucos e barulhentos” os que criticaram o modelo do projeto. O prefeito concluiu defendendo a importância de devolver a área do Cais aos portoalegrenses. “Privamos a população de Porto Alegre de vir aqui nos últimos 30 anos.”

A rigor, o Cais Mauá esteve aberto ao público durante as três décadas citadas pelo prefeito. Até 2015, por exemplo, a Feira do Livro utilizava o espaço dos armazéns para suas atividades. A área às margens do Guaí�ba só foi, de fato, apartada da população de Porto Alegre quando foi entregue ao consórcio responsável pelas obras.

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PORTO ALEGRE

Cais Mauá

Na frente do pórtico, do outro lado do pano preto que isolava os convidados, um manifestante solitário protestava: “Fora Marchezan”. A polêmica do Cais Mauá mobilizou a cidade e chegou a lotar uma audiência pública, mas na hora em que foi assinada a liberação, resumiu-se a um evento oficial, sem participação popular. Os homens do Bope que foram proteger as autoridades ficaram sem ter o que fazer. Um projeto que não está exatamente claro para a população, realizado por um consórcio que mudou tantas vezes de nome e composição que fica difícil de saber quem vai executar a obra, com pendências apontadas pelo MPC, por ações na Justiça e, ao que parece, sem o dinheiro para a execução. Fiel ao Deus Mercado, a imprensa submissa saudou o projeto que mal conhece.

Garantido R$ 1 milhão para o carnaval Uma emenda do vereador João Bosco Vaz (PDT) ao orçamento do Municí�pio para 2018 garantiu R$ 1 milhão para a estrutura do Porto Seco, nos desfiles do carnaval. A lei que trata do carnaval de Porto Alegre (6619/1990) prevê que infraestrutura e ornamentação são de responsabilidade do Executivo Municipal. O orçamento para 2018 foi aprovado por 23 votos a três. O Executivo prevê para o próximo ano um déficit de R$ 700 milhões no orçamento, com uma receita em torno de 6,5 bi, enquanto as despesas superam os 7,2 bilhões. Entretanto, a medida não garante que a prefeitura vá destinar a verba. O vereador já manifestou que caso a lei de 1990 não seja cumprida, o caso terá de ser judicializado. Os vereadores aprovaram ainda o PLC 36/2017. O texto permite que as escolas de samba façam não uma, mas duas festas por mês em suas quadras com limite até as 4h da madrugada.

Ramiro Furquim/Jornal JÁ

Ricardo Giusti/PMPA

Nota do Editor

América tricolor

Vereadores aprovaram ainda projeto que permite mais eventos nas quadras de escolas de samba

Parceiro privado para o sambódromo O prefeito Nelson Marchezan Júnior enviou à Câmara um projeto que autoriza a prefeitura a conceder o sambódromo do Porto Seco à iniciativa privada, para construção da estrutura permanente. O projeto prevê a cedência do espaço às entidades carnavalescas durante dois anos e a concessão a empresas na sequência. Desde sua inauguração, em 2004, o Porto Seco funciona com estruturas provisórias, montadas todos os anos.

Mais uma vez o Grêmio coloca Porto Alegre no mapa do futebol mundial. Ao vencer o Lanús, o tricolor sagrou-se tricampeão da Taça Libertadores de América. A festa tomou conta da cidade e ainda segue. Ao vencer o Pachuca, está na final do Mundial de Clubes. Reprodução/Facebook

No fim da linha

EXPEDIENTE

A imagem de um ônibus da Carris sendo empurrado pelos passageiros ilustra a situação atual da companhia, que já foi referência internacional. A edição de novembro do JÁ Porto Alegre trouxe uma reportagem sobre a situação da Carris e o plano de privatização que está em curso. O texto está disponível em jornalja.com.br

PORTO ALEGRE

DESDE 1 9 8 5 Redação: Av. Borges de Medeiros, 915, conj. 203, Centro Histórico CEP 90020-025 - PoA/RS

Edição fechada às 19h do dia 12 de dezembro de 2017

DEZEMBRO de 2017

O Jornal JÁ Porto Alegre é uma publicação da Jornal JÁ Editora Editor responsável: Elmar Bones Editor: Matheus Chaparini Reportagem: Cleber Dioni Tentardini, Felipe Uhr, Higino Barros Naira Hofmeister Tiago Baltz Fotografia: Arquivo Jornal JÁ, Ramiro Furquim, Ricardo Stricher, CMPA, PMPA Edição de arte: CF Design de Com.

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A direção da Fundação Piratini notificou 14 servidores da TVE sobre sua demissão. Segundo a direção, os demitidos não tinham estabilidade porque entraram sem concurso público, antes da Constituição de 1988. Em protesto, funcionários realizaram uma greve que durou seis dias. Foram as primeiras demissões na Fundação, extinta pela Lei Estadual 14.982/2017, que ainda autoriza o fechamento das fundações Zoobotânica (FZB), Ciência e Tecnologia (Cientec), Economia e Estatí�stica (FEE), Desenvolvimento e Recursos Humanos (FDRH) e Metroplan.

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CONTATOS

Demissões na TVE

Na página 5 da edição de novembro, por um erro da edição de arte, o gráfico dos RESULTADOS DA CARRIS foi publicado sem a indicação do ano. Os dados corretos em milhões de reais são: 2009=1,09; 2010=0,36; 2011=(-5,92); 2012=(-21,91); 2013=(-30,29); 2014=(-43,51); 2015=(-50,74); 2016=(-51,70).

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O executivo municipal reenviou à Câmara o projeto do IPTU, na data limite para poder ser votado ainda este ano. Segundo o secretário da Fazenda, Leonardo Busatto, o projeto é praticamente uma cópia da proposta rejeitada em setembro. Os vereadores Felipe Camozzato (Novo) e Mauro Zacher (PDT) entraram na Justiça, pedindo mandado de segurança. Os processos se baseiam no princí�pio da irrepitibillidade. O projeto revisa os valores venais dos imóveis, que são a base de cálculo do tributo e estão estagnados desde 1993.

JÁ recebe prêmio do MP

A série de reportagens Patrimônio Ameaçado, que trata da Fundação Zoobotânica foi agraciada com o primeiro lugar no Prêmio MP de Jornalismo. De autoria do jornalista Cleber Dioni, as mais de 40 reportagens es- b o m   f i m tão disponí�veis no site do JÁ� . Av. Venâncio Aires nº 876 Bom Fim - Porto Alegre Fone 51-3332 0063 Av. Sarmento Leite nº 811 Cidade Baixa - Porto Alegre Fone 51-3221 9390

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PORTO ALEGRE

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Com decisão da Câmara, situação jurídico ficou ainda mais confusa

O

s vereadores de Porto Alegre revogaram a lei 601/2008, que trata do inventário do Patrimônio Cultural de Bens Imóveis do Municí�pio. Engana-se quem pensa que a decisão irá clarear a situação dos imóveis listados, principalmente no bairro Petrópolis, onde o processo está travado desde o começo de 2014. A Procuradoria-Geral do Municí�pio informou ao JÁ� que os imóveis tombados e inventariados não podem ser demolidos sem a devida licença. Para a PGM, a listagem no Petrópolis ainda vale. A revogação precisa ser homologada pelo prefeito Nelson Marchezan Júnior, que ainda não se manifestou a respeito. Desde iní�cio do processo, esta é a quarta listagem fei-

ta. Inicialmente, foram 559 imóveis listados em Petrópolis, atualmente 350 permanecem ‘bloqueados’. Há casas que já entraram e saí�ram do inventário. Um imóvel, na esquina da Borges do Canto com a Protásio Alves, havia sido ‘liberado’, o proprietário derrubou, no terreno abriu um estacionamento e a ‘casa’ voltou ao inventário, na última listagem. O Inventário não retira o direito de propriedade de um bem, apenas impede que ele venha a ser destruí�do ou descaracterizado. Antes do inventário, agora parado, haviam somente 11 bens relacionados como de interesse cultural no Petrópolis. Ao contrário do tombamento, o inventário não prevê nenhum ressarcimento ao proprietário que tenha sua casa listada.

Ricardo Stricher/Jornal JÁ

Revogação de lei não ‘desbloqueia’ imóveis

Listagem dos imóveis protegidos de Petrópolis já foi feita quatro vezes, há casas que já entraram e saíram da lista

Por trás da disputa, o alto valor imobiliário

Parte dos moradores concorda com a preservação do patrimônio arquitetônico. Outro grupo lamenta a desvalorização dos seus imóveis. Por trás desta disputa está o alto valor imobiliário da região. Dados do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-RS) comprovam: Petrópolis é o bairro com maior volume de empreendimentos de Porto Alegre. Em 2016, foram 43 lançamentos, 13,4% do total. O valor do metro quadrado no bairro jamais saiu

dos dez maiores da Capital gaúcha. Os dois lados concordam que a lei 601 possui erros. De acordo com a Constituição, quem deve elaborar regras para um inventário é o Executivo. Como a lei foi criada na Câmara, há uma dúzia de ações na Justiça alegando inconstitucionalidade. A matéria foi proposta pela vereadora Sofia Cavedon (PT), aprovada, mas jamais regulamentada. O Epahc já inventariou oito bairros. O processo travou em Petrópolis.

Após uma visita de técnicos da prefeitura, em 2015, José Fortunati declarou: “Não serei lembrado como o prefeito que liberou Petrópolis à especulação imobiliária.” Em agosto deste ano, foi criado um grupo de trabalho, incluindo o Epahc e secretarias da Cultura, Desenvolvimento Econômico, Meio Ambiente e Sustentabilidade e o gabinete do vice-prefeito. É� a tentativa da atual gestão para destravar a listagem. Até agora, pouco foi feito.


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De onde virá o din

Consórcio responsável pela revitalização arrecadou menos da metade do valor da obra e vai mudar controle acionário para tentar capitalizar o negócio

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Naira Hofmeister

ma nova mudança acionária está sendo operada dentro do consórcio Cais Mauá do Brasil. A alteração já foi autorizada pelo Governo do Estado e pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários e está em fase de formalização na Junta Comercial do rio Grande do Sul (Jucergs). A informação da nova alteração foi confirmada pelo diretor-geral da Secretaria dos Transportes, Vanderlan Frank Carvalho, que atribui a mudança à necessidade de ampliar o capital da empresa para dar iní�cio às obras, formalmente autorizadas pela Licença de Instalação: “A informação que temos é que eles já aprovaram a capitalização da empresa através da mudança do controle acionário e com isso poderão cumprir todas as cláusulas do contrato”, revela. Desde 2013, o Tribunal de Contas do Estado cobra do empreendedor e do governo estadual uma solução para a garantia mí�nima de 400

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milhões de reais de investimento, exigidos no contrato assinado em 2010. Até agora, apesar das várias tentativas do consórcio de convencer o órgão de que cumpre a norma, não houve entendimento. A nova alteração contratual permitirá a adequação legal, segundo Carvalho. “Não será uma mudança nos sócios, mas no controle do capital”, complementa. Assim, a composição permanece sendo a mesma anterior (mas bem diferente da formação que venceu a licitação): a espanhola GSS deixará de ser a acionista majoritária, posição que passará para o Fundo de Investimento e Participações do Cais Mauá. A terceira acionista, a construtora brasileira Contern, que antes detinha 10% do negócio, terá participação residual: “Eles estão praticamente fora”, assegura Luiz Eduardo Franco Abreu, presidente da gestora do Fundo de Investimentos e Participações do Cais Mauá. Junto com a alteração societária, virá um aporte de recursos necessário para bancar o investimento na primeira fase do projeto. Houve

uma redução de quase 50% no valor previsto, mas mesmo assim a contabilidade está com déficit, pelo menos na ponta do lápis. Há um ano, a estimativa de recursos necessários para colocar em pé o complexo de negócios passava de um bilhão de reais – seriam 900 milhões de reais para as duas fases iniciais do projeto, que contemplam a recuperação e adaptação dos armazéns para atividades comerciais e a construção das torres nas docas. Mas no iní�cio deste mês, o dado que circulou na imprensa dava conta de 500 milhões. “Entre 500 e 700 milhões”, estimou Luiz Eduardo Franco Abreu, presidente da gestora do Fundo de Investimentos e Participações do Cais Mauá, que participou da cerimônia na manhã desta terça-feira, 6, no pórtico central da área tombada. O fundo, entretanto, ainda não conseguiu arrecadar nem a metade do valor mí�nimo que está agora sobre a mesa. Segundo registros disponí�veis no site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o patrimônio lí�quido total do fundo, em setembro de 2017, era de R$ 162.500.840,18. Com a licença na mão, os executivos estão confiantes que a conta vai engordar bastante.

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Fotos: Ricardo Stricher/Jornal JÁ

nheiro?

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O estudante Matheus da Silva Peixoto fez um protesto solitário em frente ao evento

A7 será derrubado até março

ão, praças verdes, áreas comerciais e culturais

Valor da obra ainda é incerto O diretor de Operações, Licenciamento e Obras da Cais Mauá do Brasil S.A, Sérgio Lima assegura que a primeira etapa, com a revitalização dos armazéns, custará aos cofres do empreendedor 80 milhões de reais. Mas o executivo do FIP, Luiz Eduardo Franco Abreu considera a estimativa conservadora. “Com o que temos no fundo agora dá para

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fazer essa parte, talvez precise um pouquinho mais, pouca coisa”, avalia. Embora discorde do cálculo, Sérgio Lima se comprometeu a destinar os recursos necessários para proporcionar “o que há de melhor” para a obra do Cais. “Se for necessário mais (recursos) para apresentarmos uma obra correta, impecável, faremos”.

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Os recursos serão aplicados na execução de um projeto capitaneado pelo arquiteto gaúcho Rodrigo Poltosi, que trabalhou junto Jaime Lerner na adaptação do conceito desenvolvido pelo espanhol Fermí�n Vazquez, vencedor da licitação. Diante da crise econômica brasileira, a equipe buscou alternativas nacionais que barateassem custos.

A licença de instalação abrange apenas a área dos armazéns. Eles serão recuperados nesta primeira fase da obra, porém o destino de um dos armazéns será outro. A derrubada do armazém A7 será um dos primeiros passos da obra. O armazém fica na área próxima à Usina do Gasômetro, onde será construí�do o shopping center. “Vamos derrubar até março. Já temos todas as autori-

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zações da Equipe de Patrimônio Histórico e Artí�stico e Cultural (Ephac) do municí�pio e do Instituto de Patrimônio Histórico Nacional (Iphan) e já temos a concordância do anuente interveniente do contrato (Antaq)”, garante Sérgio Lima. Ao contrário da maioria das construções do Cais, o A7 não é bem público tombado, apenas inventariado com compatibilização.

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PORTO ALEGRE

Série de reportagens desenhadas é premiada no Salão de Imprensa

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lvorada é um dos cinco municí�pios gaúchos com com maior í�ndice de violência e é o 12º em homicí�dios e mortes violentas por causas indeterminadas, entre as cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes. Os dados são do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e foram divulgados em janeiro de 2017. Conhecida como cidade dormitório, com 207 mil habitantes, Alvorada, e mais especificamente seus habitantes, foram tema de trabalho premiado no 25º Salão Internacional do Desenho de Porto Alegre: “Alvorada em Quadrinhos”, desenhado por Pablito Aguiar, 28 anos e, como quase todo habitante da cidade, com problemas de auto estima em relação à sua origem. “Eu escondia que morava em Alvorada quando estudava em Porto Alegre. Fiz Faculdade de

Acervo pessoal

Alvorada em quadrinhos

Pablito: “escondia que morava em Alvorada”

Comunicação Digital. Ganhei uma bolsa para um intercâmbio em Bilbao, na Espanha, através do programa Sem Fronteiras. Foi um ótimo aprendizado. Voltei de lá com a percepção de que eu não conhecia Alvorada. Esse foi o iní�cio de eu contar a história de seus moradores em quadrinhos”, conta Pablito. Suas principais referências em quadrinhos são o gaúcho Santiago, “seus desenhos são

cheios de detalhes” e o americano Bill Waterson, criador de Calvin, “ele desenha os personagens com olhos pequeninhos, gosto disso”. O cartunista argentino Liniers e o americano Joe Sacco completam suas influências gráficas e servem como inspirações, “com suas reportagens e forma de fazer jornalismo em quadrinhos”. Para chegar ao trabalho premiado no Salão de Desenho, propôs ao jornal A Semana, onde trabalha como ilustrador, o projeto de contar ao longo de 2017 as histórias de 23 moradores de Alvorada, seus sonhos, dificuldades e cotidianos. Isso resultou em um livro em quadrinhos, bancado pela Prefeitura da cidade para ser distribuí�do nas escolas do municí�pio. “Em todas as histórias que retratei em quadrinhos, há uma crença de esperança, de afirmação e de confiança no futuro das pessoas. Isso é que Alvorada representa para elas. Isso é que Alvorada representa para mim.”

DEZEMBRO de 2017 Reprodução

Rita foi um dos personagens retratados por Pablito em seus quadrinhos


O movimento dos artistas gráficos gaúchos e o salão de desenho que quase não saiu

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Onde começa a Grafar? Os antecedentes estão na Folha da Manhã, em 1973. Entrei para cobrir férias do (Luis Fernando) Verí�ssimo. Criamos o Quadrão, um encarte editado pelo (José Guaraci) Fraga. Ali surgiram o Santiago, o Corvo... Era ditadura, o que o jornalista não podia dizer, o humorista dizia, com um desenho ou uma charge. O espaço do humor foi valorizado. Havia também uma tradição e, então, juntamos os mais velhos: Bendatti, Mottini, Joaquim da Fonseca, Sampaulo, Sampaio, Canini – os mestres, com os guris que estavam começando – Bier, Iotti, Guazzelli, Rodrigo Rosa… O Quadrão teve uma fase no Coojornal... A Folha da Manhã mudou e depois fechou. O Coojornal levou o Quadrão. Isso ajudou a aglutinar e resultou na Grafar, uma associação completamente anárquica. Já tentamos organizar, não deu certo. O que faz a Grafar? A Grafar “vai na fumaça”. Ela leva o humor e a crí�tica aos limites, vai onde precisa, através de publicações, salões, palestras, e por último se expandiu pelo Estado, tem uma rapaziada furiosa. Tramam os planos e fazem acontecer, estão sempre pro-

Desenhista em tempo integral, aos 70 anos, Vasques combate em todas as frentes do humor gráfico – charge, cartoon, caricatura, quadrinho. Sempre debaixo da fumaça. Desde a estreia, no distante ano de 1973, quando começou a publicar o Rango, na Folha da Manhã. Era plena ditadura, na euforia do milagre brasileiro. Ele apresentou um personagem que era o retrato da fome e da pobreza no paí�s.

Ricardo Stricher/Jornal JÁ

“A Grafar vai na fumaça” dgar Vasques resgata uma expressão que remonta às guerras do pampa, para definir a Associação dos Artistas Gráficos de Porto Alegre. Quem “vai na fumaça” é aquele que combate na vanguarda, debaixo do fogo da artilharia. A Grafar, da qual Vasques é um dos fundadores, está na origem de um movimento que é vanguarda no Brasil, reconhecido até no exterior.

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duzindo. Claro, tem fases de desleixo, faz parte. Mas tem um presidente? Sim, o presidente é o Hals (Leandro Bierhals), está no cargo há dez anos, porque não se consegue fazer uma eleição. Apesar disso, de todas as tentativas de se criar associações no paí�s, a Grafar é mais bem sucedida.

Edgar Vasques: na linha de frente do humor que não dá tréguas

Sofia Cavedon, foi marcada uma reunião com o secretário Municipal de Cultura, Luciano Alabarse. Aí� aconteceu que a reunião foi suspensa e não me avisaram, cheguei lá na secretaria não tinha ninguém. Mas quando estou saindo vem chegando o secretário Alabarse. Ele esteve também na prefeitura do PT, promotor do Porto Alegre em Cena, tem um currí�culo a zelar. Falei e disse que o Salão este ano completa 25 anos e inclusive é lei e burlar a lei tem consequência. Na verdade ele não era contra, não estava nem aí�, mas viu que o negócio da lei podia dar problema e acabou saindo, sem prêmio e sem cachê para o júri. E a imprensa local como reage a um salão sobre desenhos para a imprensa? Ignora solenemente. Os desenhistas dos grandes veí�culos não participam. À� s vezes são jurados, como o Fraga, da Zero Hora, o Iotti. Notí�cia mesmo quem dava era o Roger Lerina. Agora nem isso.

Da Grafar nasce o Salão de Desenho para Imprensa? Pensamos numa coisa institucional, da cidade, uma mostra anual para a população, aberta, gratuita. A ideia foi acolhida pelo secretário de Cultura, o jornalista Pilla Vares, e a vereadora Margareth Moraes aprovou uma lei incluindo o salão no calendário cultural do Municí�pio. Ajudamos a criar o regulamento, os conceitos, mas era um evento da prefeitura. Nesse perí�odo o salão teve muito apoio, trazia o Millôr Fernandes para ser jurado, os irmãos Caruso, cartunistas da argentina e do Uruguai, os melhores.

O que houve com o Salão este ano? Chegou abril deste ano e não aconteceu nada. A lei prevê verba para realizar o Salão, 20 ou 25 mil reais. São cinco prêmios de 2 mil cada e o restante para a produção. Falamos com a vereadora

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Fotos: Ricardo Stricher

Chopp artesanal ao anoitecer é garantido no Armazém Porto Alegre

A roda de samba do Tutti Giorni reacendeu as tradicionais noites de terça-feira nas escadarias do Viaduto Otávio Rocha

Alta gastronomia a preço acessível é o desafio da equipe do Justo

O samba pega no alto do viaduto

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uem passa por baixo do Viaduto Otávio Rocha, tomado por camelôs e moradores de rua, não imagina o que acontece nas escadarias que levam ao alto. A mudança vem acontecendo lentamente, mas já configura uma retomada. Começou com o Tutti Giorni, que abriu em 1989, vendendo almoço a R$ 1,99. Foi um sucesso, mas não encontrou ambiente propí�cio. Só em 2010, as noites de terças, ponto de encontro dos artistas da Grafar (Grafistas Associados do RS), começaram a bombar. Tornaram-se um clássico da cidade, gerando também alguns transtornos, que culminaram com seu fechamento, em 2012. A comoção foi geral. O “velório” fechou a Duque com centenas de saudosos. Em setembro de 2015, o Tutti reabriu na mesma escadaria e a terça-feira voltou a ser movimentada, agora com a roda de samba do grupo Travessa do Samba – que

Abandonado pelo poder público, monumento é abraçado pela comunidade inicia em torno das 19h e encerra pontualmente às 21h, para evitar transtornos aos vizinhos. Do outro lado da escadaria, em frente ao Café Imprensa, também rola um agito. Recentemente, teve oficina de percussão para mulheres. No local onde antigamente funcionava o Tutti, abriu o Armazém Porto Alegre, que completou cinco anos no dia 1º de dezembro. Profissional de marketing, Renato Pereira, deixou um emprego de 18 anos “por um sonho”. Depois de dez anos morando em um dos edifí�cios do viaduto, foi só se mudar para a Zona Sul que pintou a oportunidade de voltar. “Sempre fui apaixonado pelo viaduto”, conta Renato, que já teve até um blog com histórias do local. Se a parte debaixo do viaduto torna-se a cada dia um

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problema de difí�cil solução – espremem-se na calçada camelôs, filas de ônibus e barracos que servem de abrigo precário para uma população em situação de rua – na parte de cima, as escadarias, há um movimento crescente que ainda atrai novos negócios. No iní�cio do mês, abriu as portas um novo empreendimento. Em um imóvel fechado há mais de dois anos, abriu o Justo. Formado por seis sócios, todos cozinheiros, o local oferecer alta gastronomia a preço acessí�vel – o carro chefe é o sanduí�che de pão ciabatta, porco pururuca, limão siciliano fermentado e maionese verde. Nos vários ambientes há a disposição livros, discos e jogos. Um das salas é ocupada pelo coletivo Minha Porto Alegre e há local para cursos.

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Projeto de revitalização está pronto desde 2014 O projeto para a revitalização do viaduto está pronto, mas esbarra na falta de recursos para a execução das obras. Construí�do com a participação da comunidade, através do Orçamento Participativo, do Conselho do Plano Diretor, Associação dos Moradores do Centro Histórico e Associação Representativa Cultural e Co-

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mercial do Viaduto, Otávio Rocha (Arcov), o projeto foi apresentado em 2014. O valor estimado para a obra é de cerca de R$ 17 milhões. As entidades comunitárias pedem que a prefeitura compartilhe o projeto, para que possam buscar recursos através de leis de incentivo, contrapartidas de empreendimentos ou emendas parlamentares. “Temos condições jurí�dicas de captar o recurso”, garante o presidente da Arcov, Adacir José Flores. O projeto prevê a construção de um memorial ao viaduto, que é patrimônio histórico do municí�pio, tombado em 1988. Também estão previstas as reformas dos banheiros e escadarias, infiltrações, novo revestimento e iluminação de LED.

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