JÁ Março de 2017

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D e s d e

1988

Ricardo Ramos/Divulgação FZB

de

www.jornalja.com.br /jabomfim

m a r ç o

¤ Distribuição gratuita ¤

Feiras ecológicas

Prefeitura quer padronizar bancas 2m, 4m e 6m. Na José Bonifácio, as bancas se alinham entre as árvores, com espaços diferentes entre elas. A banca de Marinês Riva, por exemplo, mede 5,70m entre duas árvores. Para se adequar ao modelo, teria que reduzir para 4m, perdendo 1,70m do espaço. “A resolução veio depois da feira, então ela que tem que se adaptar à realidade”, diz Marinês. Fora detalhes como esse, os feirantes concordam com a ideia de melhorar a circulação no local.

A Prefeitura quer padronizar as bancas nas feiras de alimentos orgânicos. A ideia é organizar melhor o espaço e facilitar a circulação de pessoas. O prazo estabelecido, de 45 dias, se encerra dia 25 de março. É� possí�vel que o prazo seja ampliado. No caso da feirinha da José Bonifácio, boa parte das bancas já se adequou às exigências. A questão é como adequar o padrão planejado no gabinete ao espaço fí�sico da feira. Os modelos propostos são bancas de três tamanhos:

Arquivo Jornal JÁ

A Prefeitura alega que o objetivo da mudança é melhorar circulação dos clientes

Redenção

Porto Alegre assiste a uma escalada da violência sem precedentes em sua história. No último ano, os homicí�dios e latrocí�nios tiveram aumento de 27%. Nunca se matou tanto na capital. Já ocorreram execuções na rodoviária, aeroporto e na Praça da Matriz, diante do Palácio Piratini. Apesar das medidas tomadas pelo poder público, multiplicam-se os casos e as ví�timas da violência. No Bom Fim, como em toda a cidade, todos tem algum relato assustador. Nem o aumento das câmeras no parque, nem o maior número de policiais nas ruas têm sido suficientes para garantir segurança nas ruas. Aumentam também os arrombamentos e os assaltos a moradias. Há morador que foi roubado três vezes este ano. No seu edifí�cio de quatro andares, na Miranda e Castro, todos apartamentos já foram invadidos. O secretário de Segurança chegou a anunciar a presença do Exército nas ruas, mas esbarrou na legislação.

Jackson CIceri/Divulgação

Cobrança está prevista na legislação municipal, mas prefeitura abre mão

Exemplos não faltam: em dezembro, o evento de 70 anos do SESC/Senac reuniu mais de 30 mil pessoas para o show de Zeca Pagodinho. Quanto custaria o aluguel de um espaço deste? Em outubro, houve dois

Espécies duplamente ameaçadas Págs. 3, 4 e 5

Ninguém está seguro

Grandes eventos, contrapartida zero O Parque da Redenção, um dos principais patrimônios públicos de Porto Alegre, é um excelente local para se realizar eventos. O problema é que o evento passa e o impacto causado fica no parque, que atualmente é administrado sem recursos. A Prefeitura abre mão de arrecadar a contrapartida prevista no Decreto 17.986. de 2012, que regula as atividades nos parques e praças de Porto Alegre. O capí�tulo 3 estabelece parâmetros para a fixação do valor destas compensações. Porém, a Supervisão de Praças, Parques e Jardins da SMAM ignora essa exigência.

Jardim Botânico

eventos: o Festival BB Seguridade de Blues e Jazz e a Festa Nacional da Música, com vários patrocí�nios e recursos estaduais do Pró Cultura RS. Apenas nestes dois eventos, o Parque deixou de arrecadar mais de R$ 15 mil.

A mais recente medida, cujos efeitos ainda devem ser observados, foi a vinda de 350 brigadianos do interior para reforçar o policiamento da capital. Porém, o cober-

tor é curto: a Famurs (Federação das Associações de Municí�pios do RS) repudiou a medida, afirmando que os municí�pios menores do interior ficaram desguarnecidos.


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Porto Alegre merece mais Às vésperas de completar 100 dias no cargo, o prefeito Nelson Marchezan Júnior ainda está devendo um plano de governo aos portoalegrenses. Ele já descobriu que o caixa da Prefeitura está raspado. Já paralisou obras por falta de recursos, suspendeu contratos de prestadores de serviços e até anunciou que pode atrasar os salários dos funcionários municipais. Tudo isso é compreensível, diante do quadro de crise que se vive no país. Nada disso, porém, justifica que o prefeito, a estas alturas, não tenha sequer completado sua equipe de governo. Mesmo a grande novidade apresentada pela nova gestão, a criação de um “banco de talentos”, para escapar das pressões partidárias por cargos, permanece sendo uma incógnita. Pouco se sabe dessa instituição que até agora parece apenas uma cortina de fumaça para encobrir a velha prática da troca de cargos por apoio político. Porto Alegre merece mais e certamente foi esperando outra atitude que a população rompeu com o continuísmo e elegeu um jovem político, com perfil de administrador.

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Y OGA adaptada para TERCEIRA IDADE

Elas não constam da lista oficial de feiras livres, mas crescem e se espalham pela cidade: são as feiras de alimentos orgânicos produzidos em assentamentos do MST, que há mais de uma década aboliu os agrotóxicos e vem aperfeiçoando as técnicas de agroecologia. Desde outubro de 2015 funciona no espaço da Associação dos Servidores do Hospital de Clí�nicas de Porto Alegre (Ashclin) a feira do grupo Mãos na Terra, do assentamento Santa Rita de Cássia II, de Nova Santa Rita. É� resultado da integração dos produtores com o Núcleo de Economia Solidária da Ufrgs. Além das hortaliças da estação, oferece feijão crioulo e arroz da Coopan. Ali também se

asfalto novo

Jornal JÁ

Nota do Editor

Orgânicos do MST ganham espaço Osvaldo de

As agricultoras Grachi e Fátima atendem o público na feira da Ashclin

encontra mel de São Gabriel e frutas silvestres dos Campos de Cima da Serra. Banana e limão sempre tem. O preço é atraente, pois a venda é feita pelos produtores. No mesmo dia em que uma bandeija de 400g de tomate cereja era vendida a R$ 9,25 em um supermercado, ali o quilo custava R$ 10,00. Funciona às quartas-

Quase 500 atrações na Semana de Porto Alegre

Clube de Cultura debate: Porto Alegre para quem?

Comemorando o aniversário de 245 de Porto Alegre, a tradicional Semana da Cidade este ano traz 497 atrações. As comemorações tiveram início no domingo, 19, e vão até o dia 27. São apresentações artísticas e diversas outras atrações. A Prefeitura criou um site com a programação completa: aniversario.portoalegre.rs.gov.br

Ao longo de toda a semana, o Clube de Cultura e o coletivo A Cidade que Queremos promovem uma programação paralela com o tema “Porto Alegre para quem?” Todos os dias, a partir das 19h, o Clube recebe debates sobre temas da cidade e artistas locais. Confira a programação completa em: www. jornalja.com.br/jabomfim/

Conselho da Redenção sopra as velinhas Porto Alegre faz 245 anos no domingo, 26 de março. O Conselho de Usuários do Parque promove sua tradicional homenagem, a partir

das 11h, no Monumento ao Expedicionário. Haverá um bolo de quatro saboB O M  F I M res, alusivos aos quatro recantos do parque: Chinês,

VEDANTA WORKSHOPS

O Jornal Já Bom Fim é uma publicação de Jornal Já Editora Editor: Elmar Bones Reportagem: Matheus Chaparini, Cleber Dioni Tentardini, Higino Barros e Patrícia Marini Dezembro de 2015 Fotografia: Arquivo Jornal JÁ, Matheus Chaparini Edição de arte: Cabeça Fumegante Design de Comunicação Distribuição gratuita

Desde

1988 Redação: Av. Borges de Medeiros, 915, conj. 203, Centro Histórico CEP 90020-025 - PoA/RS Edição fechada às 18h do dia 21 de março de 2017 Contatos: (51) 3330-7272

Europeu, Roseiral e Alpino. O evento tem parceria da Rádio Putzgrila e shows das bandas Tarcísio Meira’s Band e Discocuecas.

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O Café está localizado dentro de um espaço cultural, a Casa Coletânea, que promove periodicamente eventos, palestras, saraus e cursos.

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-feiras, das 7h30 às 16h. E agora tem reprise aos sábados, das 9h às 13h, na rua Rômulo Teles Pessoa, em Petrópolis (atrás do restaurante Barranco). No Campus Central da Ufrgs, a feira é do assentamento São Sepé, de Viamão. E quem perde as feiras ainda tem a opção de comprar na loja da Reforma Agrária do Mercado Público.

A requalificação do asfalto da avenida Osvaldo Aranha foi concluí�da no dia 11 de março. Na Protásio Alves, a previsão é que as obras sejam concluí�das até o dia 8 de abril. O previsto era 18 de março. Para a revitalização da Osvaldo, a prefeitura investiu R$ 1,48 milhão. As obras foram garantidas com recursos do Banco de Desenvolvimento da América Latina – Corporação Andina de Fomento (CAF). Ao todo, serão investidos R$ 29.213.924,73 na reforma de 44 quilômetros em 38 trechos de vias.

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Jardim Botânico

Uma área pouco maior que a Redenção é o que resta

Reprodução Google Maps

O

Jardim Botânico de Porto Alegre já perdeu mais da metade da sua área original. Eram 81,5 hectares em 1958, quando foi criado, hoje não passam de 36 hectares. E, com a extinção da Fundação Zoobotânica decidida pelo governo do Estado, o futuro da área é incerto. A área original foi escolhida por uma comissão de pioneiros da ciência ambiental no Rio Grande do Sul, como os jesuí�tas Balduino Rambo e Teodoro Luí�s. Teodoro Luí�s, conservacionista espanhol que coordenou a implantação do Jardim Botânico, justificou a escolha da área: “O terreno sobre o qual se assenta é parte do complexo cristalino do Escudo Rio-grandense, uma das mais antigas formações da terra, revestida por um manto vegetativo sui-generis, que contém algumas espécies en-

Mais da metade da área original já foi perdida

Ir. Teodoro Luís, um dos criadores do JB

Na vista aérea, as áreas urbanizadas que ocuparam partes da Zoobotânica

contradas unicamente aqui.” Na comissão que concebeu o Jardim Botânico figuravam cientistas, médicos, engenheiros, arquitetos e ur-

45 ANOS APRENDENDO COM O PASSADO E CUIDANDO DO PRESENTE PARA PRESERVAR O FUTURO Ver o mundo com olhos de criança é acreditar que ele pode ser um lugar melhor para se viver. É acreditar na interação entre homem e meio ambiente, e entender que ambos podem viver em harmonia. Através deste olhar, construímos uma história de 45 anos voltada para o desenvolvimento sustentável.

DESENVOLVIMENTO É A NOSSA TRADIÇÃO

banistas, como Edvaldo Pereira Paiva, Alarich Schultz, padre Balduino Rambo, Curt Mentz, F. C. Goelzer, Ruy B. Krug, Guido F. Correa, Nelly

Peixoto Martins, Paulo Annes Gonçalves, Deoclécio de Andrade Bastos, além do senador Mem de Sá e do jornalista Say Marques, um dos idealizadores da Feira do Livro de Porto Alegre. Foi no perí�odo do governo militar que o Jardim Botânico teve suas maiores perdas. Os governadores nomeados do-

aram partes do terreno a várias instituições: o Clube Farrapos, da Brigada Militar; o Hospital São Lucas, da PUC; o Cí�rculo Militar, do Exército; a Escola de Educação Fí�sica da Ufrgs; e os laboratórios da Fepam, hoje abandonados. Uma ocupação, a Vila Juliana, também toma terreno do jardim. O Jardim Botânico foi um projeto que os portoalegrenses demoraram para ver conconcretizado. A primeira tentativa foi feita ainda no tempo de D. João VI, que chegou a mandar as primeiras mudas para Porto Alegre. Mas as mudas ficaram retidas em Rio Grande, onde algumas foram plantadas e das quais restou um único remanescente, que é o eucalipto histórico da cidade. Atualmente, é considerado como um dos cinco maiores jardins botânicos brasileiros, com um acervo significativo da flora regional. O local abriga mamí�feros, répteis, anfí�bios e peixes, mais de 100 espécies de aves, além das cerca de 3 mil espécies de plantas. Leia mais em www.jornalja.com.br


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ão bromélias, cactos, orquí�deas, espinilhos, araucárias e outras, que não possuem nome popular como Amaryllidaceae (da famí�lia do amarí�lis), Iridaceae (famí�lia da bibi), Myrtaceae (famí�lia da goiabeira, araçá e pitanga), Fabaceae (famí�lia do pau-brasil, feijão e erytrina-do-banhado) e Pteridófitas (várias famí�lias de diversos tipos de samambaias). Dentre as espécies raras, estão o butiá da serra e o pinheiro bravo. Entre as herbáceas há o rarí�ssimo bolão-de-ouro, encontrado somente entre os municí�pios de Porto Alegre e Pelotas, e a efedra, endêmica no Estado do Rio Grande do Sul, da região da Lagoa dos Patos. Segundo a bióloga Andréia Carneiro, curadora das coleções do Jardim Botânico de Porto Alegre, a preocupação maior é com a preservação da biodiversidade, especialmente das espécies endêmicas (que só se encontram no Estado). “Nós temos essa responsabilidade, de cuidar, pesquisar e disponibilizar para que ou-

Anuncie no

Extinção da Zoobotânica representa novo risco para 97 espécies ameaçadas de extinção

tros possam estudar. Há um aluno de doutorado da Faculdade de Farmácia da UFRGS, por exemplo, que vem aqui estudar uma espécie rara de cocão, endêmica do RS, do mesmo gênero da planta de onde se extrai a coca. São pesquisadores e estudantes que não precisam procurar as espécies a campo, estão aqui, todas identificadas”, explica Andréia. A bióloga ressalta que o Brasil tem metas a cumprir, por ser signatário de acordos internacionais, especialmente depois da Convenção da Diversidade Biológica (CDB), assinada durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a ECO 92. Foram estabelecidas 16 metas. Uma delas prevê que os paí�ses disponibilizem 60% das espécies ameaçadas de plantas em coleções ex-situ (fora do seu habitat natural), de preferência no paí�s

3330 7272

Fernando Vargas/FZB/Divulgação

Duplamente amea S de origem, e inclusão de 10% delas em programas de recuperação e reintrodução. “E quem faz conservação ex-situ é jardim botânico”, resume a curadora. O Brasil possui 31 jardins botânicos: um distrital, dois privados, seis estaduais, oito federais e 13 municipais. Estão nos estados do Rio Grande do Sul (5), Paraná (1), São Paulo (7), Rio de Janeiro (4), Espí�rito Santo (1), Minas Gerais (3), Goiás (1), Brasí�lia (1), Bahia (1), Pernambuco (1), Paraí�ba (1), Rio Grande do Norte (1), Ceará (1), Pará (2) e Amazonas (1). No RS, existem dois JBs municipais, de Caxias do Sul e Lajeado; um privado, da Unisinos; um ligado à Universidade Federal de Santa Maria; e o da FZB, o maior, classificado na categoria A porque atende a todos os critérios do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).

A ironia é que é que poucos dias depois de o Jardim Botânico ser elevado à categoria A, em 2015, o governo de José Ivo Sartori apresentou à Assembleia Legislativa o primeiro projeto de lei que autorizava a extinção da Fundação Zoobotânica, que mantém o Museu de Ciências Naturais, o Zoológico de

Sapucaia do Sul e o Jardim Botânico. Esse projeto não vingou, mas um ano depois, outro projeto de lei com o mesmo objetivo foi apresentado e, então, aprovado pelos deputados gaúchos, no final do ano, em meio a um clima de guerra nos arredores de um Parlamento sitiado. Entrou

De Ildo Meneghetti a Pedro Simon, todos os governadores gaúchos que Julião de Mello Prado conheceu pessoalmente estiveram no Jardim Botânico de Porto Alegre para plantar mudas de árvores nativas. “Eles faziam questão de vir aqui, uns mais que os outros, como o Brizola, o Triches, lembro também do Guazelli, do Jair Soares, do Collares”, eu me dava muito bem com eles porque comecei os jardins aqui e no Palácio Piratini”, diz. Seu Julião foi um dos primeiros funcionários do Jardim Botânico. Começou em 1957, há 60 anos, portanto, ao lado do irmão Teodoro Luí�s, o fundador, que o convidou para trabalhar como jardineiro. O local ainda não

havia sido aberto ao público. Acompanhou a criação da Fundação Zoobotânica, achou que seria devolvido à Secretaria de Obras Públicas, onde estava registrado, quando então o primeiro diretor da FZB, professor gaúcho Albano Backes, o convidou para continuar no JB e com um salário maior. O dia 19 de março foi especial para esse jovem alegretense de 93 anos e memória irretocável. Foi dia de visitar seu antigo local de trabalho e moradia, contar causos, rir, emocionar-se, rever árvores que ele plantou há pelo menos meio século e visitar a famosa placa que registrou o plantio de mudas em 1959 pelo governador Brizola, e que ele não deixou ser que-

brada pelos desafetos do lí�der trabalhista. A cada dez passos, parava e indagava ao filho Julio: “Essa aqui é aquela figueira que eu plantei?” “Sim, pai, há 50 anos.” “E o angico? E aquelas com frutas?” Algumas árvores tombaram com o temporal no verão passado. O filho Julio conhece cada palmo do local. Foi morar com o pai lá quando tinha um ano, e trabalha há 40 anos no JB. É� um dos três funcionários mais antigos em atividade por lá. Um ou dois anos depois da abertura do JB, foram construí�das seis casas para servir de moradia aos funcionários. Irmão Teodoro entendeu que assim a área ficaria mais segura, porque era quase tudo campo aberto, sem cercas, e

Bióloga Andréia Carneiro, curadora das coleções no Jardim Botânico, está preocupada com a pre

“Governadores faziam questão de


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Cleber Dioni

açadas

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Ricardo Ramos/Divulgação FZB

Espécie ameaçada de Cocão (Erythroxylum substriatum) está sendo estudada por um doutorando do cuso de Farmácia da UFRGS

eservação das espécies nativas

ral de 1988, que estabelece o direito coletivo ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. O inciso II afirma que o poder público deve preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do paí�s e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético.

Bolão-de-ouro, encontrado nos morros da capital gaúcha

Cacto criticamente ameaçado

Serpentes podem ir para o RJ O serpentário da Fundação Zoobotânica abriga cerca de 400 animais de 16 espécies. Algumas existem somente no Rio Grande do Sul, como a jararaca-pintada (Bothrops pubescens). Ali também há cruzeira, coral, cascavel, jibóia... Com a extinção da fundação, o mais provável é que os animais sejam encaminhados para o Instituto Vital Brazil (IVB), no Rio de Janeiro. O IVB é um dos laboratórios responsáveis pela produção nacional de soro antiofí�dico, que neutraliza o veneno das serpentes. O soro é repassado ao Ministério da Saúde, que o distribui aos Estados. Desde 2008, o IVB recebe parte

Seu Julio, primeiro jardineiro do Jardim Botânico

transitavam livremente por lá criadores de animais e os pacientes da colônia agrí�cola do Hospital Psiquiátrico São Pedro. “Eu e mais outros dois que plantamos todas essas árvores mais antigas aqui. O Ir-

mão Teodoro era muito rigoroso com tudo, nada passava sem ele perceber, nem os milhos que eu plantei na frente da minha casa, escondido dele, quer dizer, achava que ele não sabia, mas eu estava enganado”, diz.

Arquivo FZB

plantar mudas aqui” Foto Cleber Dioni Tentardini/JÁ

num pacote junto com outras fundações e instituições ue o governo uer extinguir. Com a demissão dos servidores, o Jardim Botânico de Porto Alegre pode se tornar um mero parque, perdendo completamente sua função original, e contrariando o que diz o artigo 255 da Constituição Fede-

Extração pública de veneno de serpentes no NOPA

do veneno extraí�do das serpentes no Núcleo de Ofí�dios de Porto Alegre, o NOPA. O risco é a população gaúcha ficar sem um soro eficiente para o tratamento

dos acidentes ofí�dicos. A secretária Ana Pellini aguarda definição do IVB. Em caso de recusa, teria que ser decidido um novo destino para as serpentes.


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SEGURANÇA

CEIC controla 1.265 câmeras

Fotos: Jornal JÁ

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Imagens são compartilhadas entre a BM e a Guarda Municipal

A

reestruturação de secretarias promovida pela gestão Marchezan trouxe mudanças importantes na área de segurança da Capital. A Secretaria Municipal de Segurança agora conta com o Centro Integrado de Comando da Cidade (que na gestão anterior era uma secretaria) e com a Defesa Civil. Além de cortar despesas, as mudanças ampliam a integração entre os órgãos que compõem a Segurança Pública do Municí�pio. “Muda todo o enfoque do CEIC. Anteriormente estava ligado ao gabinete do prefeito, agora o enfoque passou a ser operacional, auxiliar à segurança pública do Estado. O Centro de Operações da Guarda Municipal veio para

cá e estamos despachando ocorrências aqui de dentro do CEIC”, explica Silvana Rechden, major da Brigada Militar e coordenadora do CEIC desde o iní�cio de fevereiro. O acompanhamento das 1.265 câmeras de videomonitoramento do Municí�pio é feita, conjuntamente, por Defesa Civil, EPTC, Guarda Municipal e Carris, além de um meteorologista. Desta forma, a comunicação entre os órgãos ficou mais ágil. Além disso, há um compartilhamento das imagens com a Brigada Militar. “Está havendo uma grande integração entre estado e municí�pio”, define Silvana. Outros órgãos como o DEP, o DMLU e a SAMU têm acesso às imagens. Desde maio de 2016, os

órgãos do Municí�pio contam com sistema de comunicação via rádio digital, o que permite contato direto com todas secretarias. Há um rádio também no CICC (Centro Integrado de Comando e Controle), vinculado à Secretaria Estadual de Segurança Pública, através do qual a Brigada Militar pode ser acionada em caso de flagrante.

Os moradores do entorno do Hospital das Clí�nicas estão convivendo com uma sequên­cia de furtos nos apartamentos. A cada feriado, quando a cidade fica mais vazia, um carro é roubado ou um apartamento invadido. Um mesmo morador já foi roubado três vezes este ano. “No Ano Novo, entraram no apartamento e roubaram dois notebooks. No sábado de carnaval, roubaram minha Kombi que estava estacionada aqui na frente. Na quarta-feira de cinzas, pula-

ram a cerca do prédio e levaram a bicicleta. E na Páscoa?”, questiona Pablo Trindade. No caso da Kombi, nem o corta-corrente evitou o roubo. O morador relata que teve acesso a imagens de câmeras de segurança e que os criminosos levaram 20 minutos para roubar o veí�culo. Ninguém viu, nenhuma viatura passou. O edifí�cio em que Pablo mora tem oito apartamentos, todos já foram invadidos recentemente. E os ladrões não entram apenas nos

apartamentos mais baixos. Em um dos episódios, os moradores estavam dormindo quando ao ladrões entraram. Isso no quarto andar. Com a onda de furtos, os moradores da travessa Miranda e Castro e rua Augusto Pestana adotam medidas de segurança. O edifí�cio de Pablo, por exemplo, instalou uma cerca elétrica. Outra medida possí�vel seria a colocação de uma guarita e a contratação de segurança privada. Pablo defende a união dos moradores para lidar com o

Com os novos equipamentos instalados em dezembro, o Parque da Redenção tem 27 câmeras monitoradas pelo CEIC

“Aqui no prédio já entraram em todos os apartamentos”

lancheria do parque

BOM

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“Durante o Carnaval, um guarda viu pelas câmeras um assalto acontecendo na Redenção e avisou a Guarda Municipal, que chegou a prender o assaltante em flagrante”, conta. Silvana afirma que, mesmo que a ocorrência não seja atendida a tempo do flagrante, as imagens podem ser solicitadas pela Polí�cia Civil. “Certamente não temos

olhos para todas estas câmeras. Por isso solicitamos que a comunidade informe ao CEIC, que pode recuperar a imagem e passar para a Polí�cia Civil”, afirmou a major. O centro ainda não dispõe de estatí�sticas sobre ocorrências policiais flagradas através do sistema de monitoramento, mas, segundo Silvana, esta é uma das próximas iniciativas do CEIC.

Pablo mostra por onde o apartamento foi invadido, janela arrombada e rede cortada

problema de segurança, que é comum a todos do entorno. “As pessoas não se falam e cada um por si já não está dando conta. Quem sabe o problema não serve para que a gente se aproxime mais dos vizinhos.” Como exemplo, ele

cita o caso dos vizinhos da Praça Júlio Bozzano, onde há uma guarita com um vigilante, contratado pela associação de moradores. “O pessoal se aproximou em função da b o m  f i m segurança e hoje fazem até churrasco na praça.” Av. Venâncio Aires nº 876 Bom Fim - Porto Alegre Fone 51-3332 0063 Av. Sarmento Leite nº 811 Cidade Baixa - Porto Alegre Fone 51-3221 9390

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Março de 2017

Fotos: Matheus Chaparini

Largo dos Açorianos

Obra está parada há mais de dois meses A Secretaria do Meio Ambiente, substituí�da na atual gestão por Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade, ainda não tem titular. A secretária adjunta, Ilza Berlato, não quis falar com a reportagem. Conforme o cronograma fí�sico-financeiro publicado no contrato do projeto, até este mês deveriam ter sido repassados R$ 3,5 milhões. Para março, estava previsto o repasse de R$ 590.086,79 Nem a Prefeitura, nem a empresa informam quanto foi repassado até o momento. A obra foi orçada em cerca de R$ 4,8 milhões, conforme a licitação, com recursos do Fundo Municipal do Meio Ambiente.

Largo dos Açorianos: só a Ponte de Pedra ficou pronta / Foto Matheus Chaparini/JÁ

Na prática, o que muda é que os exercícios serão intensificados em áreas próximas a unidades militares

Exército não pode fazer policiamento Os treinamentos serão intensificados, mas policiamento é atribuição da BM e da Guarda

O

exército não vai passar a patrulhar o Parque da Redenção nem se somar às forças de segurança pública em Porto Alegre. A integração havia sido anunciada pelo secretário estadual de Segurança Pública, Cézar Schirmer, e pelo prefeito Nelson Marchezan Júnior. Mas no evento em que anunciariam a parceria, o Comando Militar do Sul negou. No dia 15, na Redenção, o coronel Newton Bochi, do

Postinho está sempre fechado

O posto policial da esquina da José Bonifácio com a Osvaldo Aranha poderia oferecer uma sensação maior de segurança, porém, é raridade vê-lo aberto, com a presença de algum guarda. No final de 2016, a Guarda Municipal assumiu o postinho, que havia sido deixado abandonado pela Brigada Militar.

ARTE

Construí�do com recursos de moradores e comerciantes do Bom Fim e de bairros vizinhos, o posto é considerado um marco na mobilização comunitária. A saí�da da Brigada gerou mobilização da comunidade, pela reabertura do local. O imóvel, que pertence ao Municí�pio, chegou a ser utilizado pelo HPS. O anúncio de que a Guarda

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Confeitaria Atrapalhado com os números?

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assumiria o posto foi considerado uma boa saí�da. A Guarda Municipal explicou que, quando o postinho está fechado, é porque o efetivo está andando pelas ruas ou no parque. O argumento é semelhante ao que embasou a saí�da da Brigada Militar do postinho, de que a tropa é melhor aproveitada nas b o m  f i m rondas.

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Centro de Operações do Comando Militar do Sul, explicou: “Não temos amparo legal para fazer policiamento. Quem tem é a Brigada Militar e a Guarda Municipal”. Bochi confirmou que há uma integração inédita entre as três corporações, mas esclareceu que o fará apenas treinamentos. “Para nós é um adestramento”, afirmou. Na avaliação do coronel, a vantagem para a tropa é conhecer a dinâmica da BM e GM e aprender a conviver em Jornal JÁ

O Largo dos Açorianos constitui uma paisagem à qual os portoalegrenses estão se habituando: tapumes e obra parada. Iniciadas em outubro, as obras pararam em janeiro. O motivo, segundo a empresa responsável pela obra, a Elmo Eletro Montagens, foi “um desajuste financeiro no cronograma”. Ou seja, a Prefeitura interrompeu os pagamentos. A previsão inicial era que a reforma estivesse concluí�da em até nove meses, a partir da assinatura do contrato, em 3 de outubro de 2016. Procurada pela reportagem do Jornal JÁ� desde janeiro, a Prefeitura não explicou porque suspendeu os pagamentos nem indiciou quando retomará a obra.

ARTE

um ambiente interagências. O representante do CMS explicou que policiamento só seria possí�vel se o governador pedisse e o presidente da República autorizasse. Na prática, o que muda é que os exercí�cios serão intensificados nos entornos de unidades militares - Colégio Militar, bairro Serraria e Morro Santa Tereza. Em frente ao Colégio Militar, por exemplo, a movimentação costuma ser nos horários de entrada e saí�da das aulas.

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Março de 2017

Cultura

40 anos de intensa atividade artística

A arte em qualquer lugar

Marcos Ungaretti é um artista com 40 anos de atividade musical com identidade própria e vasta experiência. Domina todos os aspectos musicais teóricos, técnicos e criativos. Possui vasto conhecimento sobre sonorização e gravação em estúdio, já que o Mini Teatro Móvel também é um estúdio de gravação. Seu repertório passa por jazz, MPB, clássicos, música eletrônica e e composições próprias. Nas apresentações que ele define como live, com inte-

Um grande show marca a volta do Mini Teatro Móvel de Marcos Ungaretti

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e 1987 a 2004, o músico Marcos Ungaretti frequentou com seus instrumentos, nos domingos de Brique da Redenção, o Monumento do Expedicionário, no seu projeto de levar música de qualidade a um espaço público. Depois dele, que partiu para outras vivências artí�sticas, outros músicos passaram a frequentar o local, tornado referência para esse tipo de atividade. Agora, Marcos Ungaretti está de volta com outra iniciativa instigante, a do Mini Teatro Móvel II, cujas atividade terão iní�cio no dia 29 de março, num gran-

de show coletivo que terá a participação de vários músicos seus amigos e parceiros profissionais. A ideia do Mini Teatro Móvel surgiu em 2008, quando ele morava em Alto Paraí�so de Goiás e era abrigado em uma Kombi. Agora o MTM está alojado em um veí�culo maior, cujo interior comporta palco, plateia para nove espectadores, iluminação sincronizada com as músicas, ar condicionado, sonorização surround e demais caracterí�sticas de um teatro. As apresentações ocorrem dentro do veí�culo. Por ser móvel, pode chegar em quase todo o lugar e tem

total autonomia, com gerador próprio de energia. Já visitou os estados de SP, MS, MG, RJ, SC entre outras localidades. O Mini Teatro Móvel foi inteiramente desenhado e construí�do pelo músico e, segundo ele, “atua em escolas, praças, residências, feiras, ruas, vilas, hospitais, ou seja, praticamente em qualquer lugar”.

ração em tempo real com o computador, são utilizados diversos instrumentos como teclados, violão, flautas, percussão, ocarina e escaleta, entre outros. Entre 2005 e 2008, Marcos mudou-se para Alto Paraíso de Goiás, um lugar que define como místico. “Lá conheci uma nova maneira de fazer música, muito perto da natureza, misturando instrumentos rudimentares com música eletrônica e levando minhas composições a atingir um novo estágio”.

ServiÇo O que

Inauguração do Mini Teatro Móvel Quando

29 de março, quarta, às 19h Onde

Carmelitas (travessa do Carmo, 54 – Cidade Baixa)

Artistas já confirmados

Leonardo Ribeiro, Leandro Bertolo, Liane Schuler, Dionara Schneider, Chicão Dornelles, Mario Pirata, Ivone Pacheco, Mário Falcão, Rodrigo Carraro, Renato Borba, Luciana Flor, Rodrigo Apolinário e Marie Jafy.


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