JÁ Bom Fim out-Nov/2016

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de

2016

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D e s d e

1988

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out/nov

Jerônimo de Ornelas

Thais Ratier

A Feira do Livro de Porto Alegre chega aos 62 anos tentando retomar as origens, quando o livro era o centro daquele universo que todo ano, nas duas primeiras semanas de novembro, se instala na Praça da Alfândega, no coração de Porto Alegre. A intenção dos criadores da feira, no longí�nquo ano de 1955, era aproximar o livro do leitor, tirar o livro do recinto fechado das livrarias, povoado por senhores de gravata, e levá-lo para a praça, ao alcance de todos, inclusive do bolso de todos. b o m  f i m Quando surgiu, com meia dúzia de bancas, a feira mal

Arquivo Jornal JÁ

Feira em busca das raízes

Augusto Carneiro, na primeira Feira do Livro em 1955

Feira em 2016: mais de uma centena de estandes promovendo o livro

mereceu registro na imprensa. Cresceu e a praça tornou-se pequena para ela. Parecia que a cidade ia ficar pequena para a feira e que o próprio

que quiser. Só não esqueça dos livros.” E continua atenta à importância de familiarizar a população com os livros. Em 2016, o tema oficial

livro já não era mais suficiente para suas multidões. Então, veio a crise. A busca pelas raí�zes da feira está no lema deste ano: “Leia o

Os nove anos em que o Rio Grande foi um país Já está nas bancas a edição especial da revista JÁ História sobre os 180 anos da República Rio-grandense, proclamada um ano depois do início da revolta farroupilha que inicialmente queria apenas a troca do governador. Reportagens e entrevistas abordam o período de setembro de 1836 a março de 1845, quando o Rio Grande do Sul foi uma república independente, com moeda, hino e bandeira.

Telefone (51) 3330-7272

Bancas Banca da ARI na Feira do Livro (ao lado do Margs) e nas principais bancas da cidade

E-mail jornaljavendas@gmail.com

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em debate é o analfabetismo funcional: no Brasil, 27% dos adultos capazes de ler têm dificuldade em compreender o que acabou de ler.

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Outubro-Novembro de 2016

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Agora os campeões da liberdade de imprensa estão descobrindo o jornalismo local. Antes tarde do que nunca. Nelson Rodrigues dizia que o verdadeiro jornalismo é o jornalismo policial, aquele que lida com os fatos cabais, que desvendam as entranhas da sociedade. É possível parodiá-lo e dizer que o verdadeiro jornalismo hoje é o jornalismo local. Aquele que o repórter pode exercer usando todos os seus sentidos. É o fato local que ele pode ver, tocar, cheirar, ouvir, sentir. Ali ele vai conviver com a fonte, o leitor e o anunciante do jornal. Além de escola incomparável para o jovem jornalisa, o jornalismo local é um indutor de cidadania. As pessoas talvez estejam descrentes quanto à possibilidade de mudar o mundo. Mas, quando elas sabem que algo errado está acontecendo no bairro, na rua, perto delas, elas não ficam inertes. Elas agem e geralmente dão respostas satisfatórias aos problemas. O jornalismo local pode ser também um caminho de renovação da imprensa. A imprensa virou terra arrasada. O jornalismo tem que se reiventar, retomar os seus fundamentos. Não haverá uma sociedade democrática sem um sistema que forneça informações confiáveis para a cidadania. O micro-jornalismo que garimpa os fatos dos bairros e das comunidades, pode ser uma fonte de renovação e inspiração. Sim, a eleição americana influi na sua vida, mas um buraco na esquina quebra sua perna.

BOM FIM

URGENTE

Em outubro de 1989, tinha iní�cio um pequeno movimento de agricultores orgânicos, aos sábados, na rua José Bonifácio. O Dia Mundial da Alimentação, 16 de outubro, foi a data escolhida para a criação da FAE (Feira dos Agricultores Ecologistas). Eram pouco mais de meia dúzia de bancas. Passados vinte e sete anos, a feira é uma das principais da cidade, reunindo mais de cem bancas de produtores todos os sábados. Um abraço simbólico e um bolo de aniversário marcaram a comemoração, no sábado, dia 15 de outubro. O bolo, feito de amendoim orgânico, foi elaborado pela agricultora Marinez Riva,

Feira do Livro

bairro

El Churrero

outubro, o El Churanos Em rero comemorou dois

Aniversário foi comemorado com bolo pelos produtores

do grupo Pão da Terra. A escolha do sabor foi em função de 2016 ter sido escolhido o ano das leguminosas, pela FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação).

A programação durou todo o mês, com o tema “Vivenciando ciclos”, abordando todos os ciclos dos alimentos, desde o plantio, colheita, alimentação, o resí�duo orgânico e a compostagem.

Pequenos escritores autografam obras Foi uma estreia em grande estilo para os pequenos escritores do Colégio Rosário. No sábado, dia 5, estudantes do segundo ano do ensino fundamental autografaram suas primeiras obras na Feira do Livro. O palco dos lançamentos foi o Teatro Carlos Urbim. Os livros são o resultado do projeto Pequenos Escritores, desenvolvido pela escola. A iniciativa desafia as crianças a produzir textos e ilustrações para criar histórias em parceria com os colegas. O incentivo é coroado

anos de atividades. A churreria, criada em 2014, pelo publicitário Lucas Menegassi, funciona desde 2014, na rua Bento Figueiredo, 26. Os churros sequinhos, com receita uruguaia, são o carro-chefe da casa, mas o aniversário traz novidades no cardápio. O Vulcano, a nova sobremesa do El Churrero: sorvete artesanal com calda de doce de leita e um churro. Outra nova é o Ice Coffee, feito com sorvete artesanal e café batido. Os churros da Bento Figueiredo concorrem ainda como melhor churros, na revista Sabores do Sul.

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Regentag

compleanos AtouRegentag uma década de existência. A loja foi criada em setembro de 2006, com sede em uma garagem na rua Alberto Torres, na Cidade Baixa, e se mudou há seis anos para a Fernandes Vieira, no Bom Fim. No início, o foco era nas roupas de marcas importadas, hoje a loja também tem produção própria. A Regentag trabalha também com estampas sob encomenda. Fica na rua João Telles, 522/102.

Expediente O primeiro livro, estímulo à criação

com a oportunidade de realizar uma sessão de autógrafos em um dos principais eventos culturais do Estado.

O Jornal Já Bom Fim é uma publicação de Jornal Já Editora Editor: Elmar Bones; Reportagem: Matheus Chaparini Fotografia: Arquivo Jornal JÁ, Matheus Chaparini Comercial: Matheus Dias Edição de arte: Cabeça Fumegante Design de Comunicação

Replantio no parque ainda não começou

Mais de 3 mil árvores caí�ram no temporal de janeiro deste ano em Porto Alegre. Quase um ano depois, foram replantadas 1017 mudas, segundo a SMAM (Secretaria Municipal do Meio Ambiente). Na Redenção, o replantio ainda não começou. O plantio está em espera de uma análise dos parques. Quem cuida do tema é um grupo de trabalho formado por diversos setores da Secretaria e pelo viveiro municipal, que fornecerá as mudas. Já foram plantados vegetais no Parque Marinha do Brasil, na Rua Voluntários da Pátria e na Baltazar de Oliveira Garcia. Em função do tempo, o plantio deve ser retomado somente em maio. O plano é plantar 3 mil mudas.

pelo

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Foto: Patrícia Santos

Primeiro mundo é o bairro

aniversários

Vivenciando ciclos há 27 anos Foto: Divuulgação/FAE

Nota do Editor

Feira Ecológica

Distribuição gratuita

Segunda Travessa Cultural Melhorar o espaço urbano com eventos culturais, aproximando vizinhos, comerciantes e artistas. Essa é a ideia da Travessa Cultural Redenção, que teve sua segunda edição no sábado, 5, na rua Vieira de Castro. O evento reuniu diversos grupos e artistas em uma programação ao longo do dia inteiro. Teve música, teatro, brechó, shiatsu e várias outras atrações. A Travessa Cultural é inciativa de Viní�cius Á� vila e Rodrigo Marroni, da Casa Musgo. O projeto busca ainda a melhoria do canteiro central da quadra entre a Avenida Venâncio Aires e a rua José Bonifácio, buscando adoção da área e melhoria na iluminação.

b o m  f i m Redação: Av. Borges de Medeiros, 915, conj. 203, Centro Histórico CEP 90020-025 - PoA/RS Edição fechada às 18h do dia 9 de novembro de 2016 Contatos: (51) 3330-7272 www.jornalja.com.br jornaljaeditora@gmail.com jornaljanaweb jornal_ja


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Entrevista Paulo Roberto Soares, professor de Geografia Urbana da UFRGS

É possível explicar rapidamente o que é gentrificação? A cidade é viva, então ela vai se transformando ao longo dos anos. O próprio Bom Fim tem suas modificações, se formos voltar no tempo. Neste processo de transformação da cidade, algumas áreas são valorizadas, outras são desvalorizadas. Quando uma área entra em decadência, depois de uma ou duas décadas ela volta a ser valorizada. Esse retorno

Pesquisador vê “gentrificação hipster” no BomFim Foto: Divulgação

A

palavra é estranha: gentrificação. É� quando uma determinada área da cidade que tenha sido desvalorizada com o tempo, é revalorizada. Em casos extremos, pode promover a substituição de uma população tradicional por outra, de maior poder aquisitivo, ou por negócios de um mesmo perfil, criando os chamados “bairros temáticos”. Alguns exemplos clássicos são os bairros Greenwich Village e Soho, em Nova Iorque, e o El Born, em Barcelona. E o Bom Fim, o que tem com isso? Paulo Roberto Soares, morador do Bom Fim há dez anos, doutor em geografia urbana pela Universidad de Barcelona, professor da UFRGS e membro do Observatório das Cidades, diz que há gentrificação no bairro. Ele enxerga no Bom Fim indí�cios do que se tem chamado atualmente de “gentrificação hipster”.

Processo traz uma revitalização urbana, mas, em caos extremos pode substituir uma população por outra

da valorização chamamos de gentrificação.

Como se deu este processo ao longo do tempo? Costumamos dividir em três ondas. Primeiro momento, anos 70, Estados Unidos, eram os artistas, designers, o pessoal da moda, que ocuparam os bairros do sul de

Manhattan e fizeram a mudança de perfil do bairro. Eram casas antigas, que estavam baratas e foram aumentando seu valor imobiliário. Nos anos 90, eram os yuppies, o pessoal do mercado financeiro. E agora, neste perí�odo que estamos vivendo, são os chamados hipsters, o pessoal do capi-

talismo cognitivo, da economia criativa. É� um grupo social, um grupo cultural que atua em determinadas áreas, mas não é uma coisa assim ‘vamos gentrificar esta área’, é um processo que vai acontecendo. Quais as características da área para que ocor-

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ra este processo e suas consequências? Geralmente são bairros centrais. Em São Paulo, está acontecendo em Santa Cecí�lia, no Rio de Janeiro, é mais na região de Santa Tereza. São bairros acessí�veis, onde tu não depende do carro e que já têm uma vida urbana, uma vida de bairro. A gentrificação aproveita essa vitalidade e esse é o lado interessante da coisa: ter uma relação com a vida do bairro, não destruindo a vida que existe no local. O que se discute é quando este processo avança muito e tu começa a eliminar a vida do bairro em favor deste processo. No Bom Fim mesmo, havia um sólido comércio de móveis na Osvaldo, tem cada vez menos. Tem aquele edifí�cio empresarial onde era o cinema, aquilo ali é completamente fora da relação da trajetória do bairro. Quantos comércios de calçada poderia ter ali que tu colocou tudo em um edifí�cio. Isso não é bom pro bairro, esterilizou um pouco a paisagem urbana.

Há outros exemplos em Porto Alegre? No Quarto Distrito está havendo um processo de retomada, tem o pessoal do Vila Flores, no bairro Floresta. Temos outros processos de valorização em Porto Alegre, como Petrópolis e Menino Deus, mas não é bem uma gentrificação, é uma valorização imobiliária.

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O general traidor e a viúv

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m dos homens importantes da Revolução Farroupilha foi um morador da região do Bom Fim. O general Bento Manoel Ribeiro era proprietário da uma chácara no extremo da antiga Várzea, hoje Redenção, ladeado pela estrada do meio, hoje avenidas Protásio Alves e Osvaldo Aranha. A área é ocupada atualmente pelo Hospital de Clí�nicas. Sua esposa, Dona Ana Ribeiro, foi uma personagem marcante do Bom Fim antigo. A generala, como era conhecida, era uma senhora obesa, que passeava pelo bairro em uma liteira car-

do Rio Grande do Sul ganhou EXCLUSIVO

CAPÍTULO INÉDITO com o período de 2005 a 2015

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va que passeava de liteira

mpos da Várzea regada por dois escravos. No livro Várzea de Outrora, há uma descrição feita por Catão Vicente Coelho. “Essa senhora era muito gorda, não podia andar a pé, sendo conduzida por dois escravos, que sustinham nos ombros as hastes de uma cadeirinha de dois acentos. (...) Os braços eram reforçados.” Ao longo dos seus 72 anos de vida (1783-1855), Bento Manoel foi peão, soldado e fazendeiro, mas ficou na História como “o Bento traidor”, aquele que mudou de lado quatro vezes durante a Guerra dos Farrapos (18351845). Começou como oficial revolucionário e terminou como marechal do império e consultor de Caxias. Uma das figuras mais fascinantes da história rio-grandense, o “outro Bento” inspirou artigos, teses, romances e biografias, mas sua identidade controversa nunca apareceu tão por inteiro

como no livro Bento Manuel Ribeiro, o Caudilho Maldito (Martins Livreiro, 2016), do jornalista Euclides Torres, lan-çado na Feira do Livro. Torres é autor de A Patrulha de Sete João (2005) e Farrapos & Sabinos (2011), ambos publicados por JÁ� Editores. De peão a miliciano, o aprendiz de caudilho envolveu-se em missões civis e militares que o ajudaram a se tornar criador de gado. Foi proprietário da histórica Fazenda do Jarau, sede da caverna lendária. À� medida que crescia sua fama como chefe militar, aumentavam as evidências de que Bento Manuel entrava nas guerras para aumentar seus cabedais. Ele aparece então nitidamente como um sagaz e ambicioso negocian-

te que faz o possí�vel para ganhar poder e dinheiro. No fim da sua vida, ninguém confiava nele. Quando morreu, aos 72 anos, era um dos homens mais ricos da proví�ncia. Peão-militar semianalfabeto, Bento Manuel tornou-se tão poderoso que, no final da vida, contou com a ajuda do filho advogado, que escrevia cartas rebuscadas para o pai assinar. Aí� está uma das melhores contribuições do livro: Torres descobriu que a influência polí�tica de Bento Manoel estendeu-se pelo menos até 1920, incluindo pugilatos eleitorais. Um descendente do caudilho maldito foi assassinado dentro da igreja de São Borja onde se escondera com uma urna cheia de votos.

ARTE uma nova edição, revisada e ampliada, com um capítulo inédito. O livro com 352 páginas, em papel couchê, ilustrado com mais de 1.200 imagens, impresso

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com acabamento em altopadrão, mostra a formação do estado, da Pré-História ao Século XXI, tornando-se, assim, a obra mais abrangente já publicada sobre a história do Rio Grande do Sul.

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Fotos: Matheus Chaparini

Jerônimo Praças arborizadas, restaurantes e cafés: uma rua agradável e cheia de história

Foto: Dora Giulian

Guert Schinke com o filho Pedro e a equipe do Baden Cafés Especiais

Wagner Rufino e Daiane Stremel, do Jerônimo Café

Tia Vilma, um clássico da Jerônimo

O que saber para não querer que se repita Três edições especiais da revista JÁ História reconstituem os fatos que marcaram a ditadura militar no Brasil

A conspiração e a tomada do poder

A linha dura assume o comando

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erça-feira é dia de samba no bar da Tia Vilma. Ponto “clássico” do bairro Santana é um bar de calçada que reúne moradores do bairro, calouros e veteranos das faculdades do entorno, um público muito fiel. Há relatos de frequentadores carentes que, nos poucos dias em que o bar fica fechado, entre o natal e o ano novo, levam cerveja e cadeira de praia e “acampam” na calçada. A Tia Vilma fica na Jerônimo de Ornellas entre as ruas Santa Teresinha e Jacinto Gomes, onde há maior concentração comercial. Ali se avizinham negócios tradicionais, como o restaurante Pampulhão, criado há 42 anos, e a Casa de Carnes Elite, há 33 anos, e negócios novos, como o café Jerôni-

mo, inaugurado em abril deste ano. No trecho, há ainda duas bancas de jornal, farmácias, lavanderias, minimercado e lancheria, loja de produtos naturais. A Jerônimo de Ornelas tem ainda duas praças: a Major Joaquim de Queiroz, em frente ao supermercado Asun e ao Colégio Luciana de Abreu, e a Dom Paulo I, que foi reformada no ano passado, ganhou brinquedos, iluminação e bancos novos. O resultado das obras foi satisfatório, mas houve reclamações dos moradores: a reforma do pergolado extirpou alguns pés dos bouganvilles, que faziam o belo cenário nas primaveras, e as pedras da calçada, que soltam com frequência. A rua homenageia o homem que era dono das terras onde nasceria a cidade de Porto Alegre.


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O dono da sesmaria

de ornelas

Negócios locais aproveitam as calçadas largas que se tornam uma extensão do ambiente interno

O melhor café do Brasil O melhor café do Brasil na safra deste ano é o Serra do Caparaó, em Minas Gerais. É� o que diz Guert Schinke, proprietário da Baden Cafés Especiais. E foi o que confirmou o prêmio Coffee of The Year, na quarta edição da Semana Internacional do Café (SIC) em Belo Horizonte em setembro. Guert esteve na região e trouxe grãos, que são torrados na torrefação própria, moí�dos na hora e servidos

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no Baden. A equipe viaja pelo paí�s em busca dos melhores cafés especiais. Guert explica que há quatro classificações de café: o tradicional, estes que compramos no mercado, o superior, o gourmet e o café especial. São considerado cafés especiais os que contêm apenas grãos da espécie arábica – há outra espécie, de menor qualidade, chamada de rústica. Além disso, o café precisa Endereço Endereço Endereço Endereço Endereço TELENTREGA

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ter nota acima de oitenta, em uma classificação até cem pontos. Geralmente estes cafés têm origem em pequenas propriedades, com mão de obra familiar. A ideia do estabelecimento é promover a cultura do café. Além de servir o café com a explicação sobre a origem do grão, o Baden oferece workshops e fornece grãos b o m  f i m para outros cafés de Porto Alegre e do interior do Estado.

Quase toda a Porto Alegre pertenceu a Jerônimo de Ornelas Menezes e Vasconcelos. Ele foi um dos primeiros sesmeiros a fixar-se na região. Nascido em 1691, na Ilha da Madeira, estabeleceu-se em 1732 em terras que ficariam conhecidas como “Sítio do Dorneles”, corruptela “de Ornelas”. Em 1740, obteve a concessão provisória da sesmaria, confirmada quatro ano depois. A atual área do município de Porto Alegre era então dividida entre três sesmeiros: Jerônimo de Ornellas, Sebastião Francisco Chaves e Dyonisios Rodrigues Mendes. Cada estância ocupava cerca de 13 mil hectares.

Telmo, Geovane e Leandro: a equipe que garante o bom atendimento da Casa de Carnes Elite

Ao centro os proprietários, dois Fernando Marques Pinheiro, pai e filho, nas laterais, os B O M  F I M dois garçons chamados João

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As terras de Jerônimo iam do arroio Dilúvio até o Rio Gravataí, atual divisa com o município de Canoas, e da margem do rio Guaíba até o Morro Santana, na zona leste. A área abrangia o núcleo de origem da cidade. A sede ficava localizada no morro Santana, dando nome à Estância de Santa Ana. Na antiga desembocadura do arroio Dilúvio, havia um ancoradouro, o Porto de Viamão, ou Porto do Dorneles. Insatisfeito com a ocupação dos casais açorianos nesta área, decidiu-se por vender a estância, em 1763, para Inácio Francisco. Mudou-se, então, para a região de Triunfo, onde morreu em 1771.


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Capoeiras se misturam na roda da feira

“V

ou chamar capoeira, eu vou! Capoeira de Angola, eu vou!” Um sábado sim, outro não, sempre às 11h, acontece a Roda da Feira Orgânica, junto ao Mercado do Bom Fim, na Redenção. O evento já reuniu cerca de 60 capoeiristas de 11 grupos diferentes. A iniciativa partiu do capoeirista Maicon Vieira, do grupo Africanamente. Cliente assí�duo do comércio de orgânicos, ele começou a sentir falta do som de berimbau. “A capoeira sempre teve essa caracterí�stica de ser realizada em locais de circulação de públi-

co, na feira, no largo, no chafariz. Até porque antigamente a feira era onde as pessoas se encontravam, onde se informavam dos acontecimentos. A feira era a rede social”, afirma. Além disso, ele vê outra ligação entre as duas atividades que acontecem paralelamente. “São duas resistências: as práticas angoleiras, com a cultura de matriz africana, e as práticas agroecológicas, a preocupação com uma boa alimentação.” A roda da feira começou em maio de 2014. É� forte a presença de famí�lias e de crianças, no colo dos pais, cantando em volta da roda, ou jogando capoeira, no meio dela. Maicon defende que o aprendizado da capoeira não apenas como um jogo de movimentos corporais ou uma luta. Ele destaca a importância do que chama de 3R: ritmo, ritual e respeito. Fotos: Thais Ratier

Em sábados alternados tem capoeira na Feira Ecológica

Roda da feira reúne capoeiristas de diversos grupos

A Nigéria tá na roda Este ano, surgiu o projeto “Tá na roda: práticas angoleiras e outros saberes ancestrais”, que acontece mensalmente, antes da roda, às 9h. Em sua quarta edição, no dia 8 de outubro, o convidado foi o músico e produtor nigeriano Ì�dòwú Akí�nrúlí�, mais conhecido como Akin. Ele fez uma breve vivência sobre a cultura yorubá, falou sobre suas raí�zes e a prática com os instrumentos tí�picos. “A gente não toca só para tirar o som, cada toque tem um significado, cada tambor está falando alguma coisa”, explica. Akin vive em Porto Alegre desde 2012. Na Nigéria, Akin teve sua criação marcada fortemente pela presença da religião e da música. Dentro da religião, ocupa o importante posto de babalaô. De famí�lia de

O músico nigeriano Akin

músicos, ao se estabelecer em Porto Alegre, logo se articulou com diversos artistas locais. Em quatro anos vivendo na cidade, criou pelo menos três projetos que seguem ativos: o grupo de dança Ibeji, o Ò� gúndabède, que trabalha com teatro e contação de histórias, e o Ò� séètúrá African Jazz, que mistura jazz com música africana.


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