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Edição nº 71 Outubro 2016
Jornal Laboratório Universidade Federal do Espírito Santo
Jovens na Política: Menos urna, mais rua e militância págs. 12 e 13
Embarque nesse coletivo! págs. 10 e 11
Se preparar para o Enem e não se estressar, é possível? págs. 05 à 07
Acessibilidade pág. 14
Foto: Matheus Andreatta
Conhecendo o sistema de reserva de vagas pág. 03 e 04
Ufes conta com mais de mil projetos de pesquisas págs. 08 e 09
Cine Metrópolis: Um cinema de diversidade com preço acessível págs. 15 e 16
Mídias pág. 17
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No Entanto
Editorial Nesta segunda edição, preparamos assuntos ainda mais interessantes para aqueles que desejam ingressar nesse outro mundo, não o invertido, mas o outro mundo que é a Universidade. Antes de apresentar as reportagens dentro do jornal, lembramos que o mês de outubro é o mês de conscientização e combate ao câncer de mama e por isso, o No Entanto está rosa, fazendo coro à campanha. Para quem se interessou pelo recado dado sobre o que é Sisu, nesta edição, vai gostar de saber sobre o sistema de reserva de vagas: como ingressar por cotas, quem pode aderir a elas e outras informações. Não podemos esquecer que a Ufes é aberta a todos e todas e presta serviços à comunidade e a quem precisar dela. Alguns desses serviços, como esportes e cultura você também encontra nesta edição. Com tempos tão conturbados no cenário político brasileiro e um processo eleitoral ainda bem fresquinho, não podemos deixar de falar sobre política e juventude e como é a participação dos jovens na política. Apresentamos também a vocês alguns coletivos que ocupam e resistem dentro e fora da Universidade, e como eles estão mobilizando e fazendo a diferença. Nesta edição, tem espaço também a questão da
Jornal experimental do curso de Comunicação Social/Jornalismo da Universidade Federal do Espírito Santo. Produzido por alunos do 3º período. Avenida Fernando Ferrari, 514, Goiabeiras, Vitória. Professor Orientador: Rafael Paes Henriques. Edição: Ana Luísa Monteiro, Lorraine Paixão, Richele Ribeiro. Diagramação: Ângelo Parrella, Carolina Moreira, Henrique Mascarenhas Andreão. Fotografia: Matheus Andreatta, Danielle Gonçalves. Equipe: Ana Julia Chan, Ana Luísa Monteiro, Ângelo Parrella, Bernardo Barbosa, Bruna Pereira, Camila Nascimento, Carol Kobi, Carolina Moreira, Daniel da Gama, Daniella Camilo, Danielle Gonçalves, Eliza Rebeca Frizzera, Gessica Lopes, Henrique Mascarenhas Andreão, Isabela Marquezi, Israel Magioni, Jerusa Gomes, Lorraine Paixão, Luana Dangelo, Lydia Spinassé, Marina Amorim, Matheus Andreatta, Nelson Aloysio, Olga Samara, Paulo Marcos Loyola Ribeiro, Richele Ribeiro, Silvia Fonseca, Thais Marchesi, Thaísa Côrtes, Thamara, Vinicius Nery.
acessibilidade. Será que a Universidade é inclusiva? Além do ensino e transmissão de conhecimento, a Universidade é também espaço de produção de saberes. Sobre isso, iremos abordar a pesquisa na graduação. Para você que deseja entrar na Ufes uma dica: a Universidade vai além de
Críticas, sugestões, elogios? /JornalNoEntanto
um lugar só para assistir aulas obrigatórias. A todos que nos ajudaram nessa empreitada, nosso muito obrigado. A vocês que nos leem uma boa leitura e até logo! A Turma
noentantojornal@gmail.com
Política de Acesso e Permanência
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Quebrando barreiras Desde 2013, a Ufes adota o sistema de reserva de vagas. Entenda como funciona e quem pode ter acesso.
Daniella Camilo, Gessica Lopes, Luana Pessoa
Diminuir a desigualdade no acesso ao ensino superior é o principal objetivo do sistema de reserva de vagas. A proposta de inclusão social na Ufes foi apresentada em 2007, e inicialmente contemplava reserva de apenas 40% das vagas totais de um curso destinadas a estudantes de escolas públicas. Em 2012, por meio de um projeto de lei do Governo Federal, aprovado pelo Congresso, ficou estabelecido que a reserva de vagas contemplaria 50% das vagas de cada curso ofertado. A nova regra passou a ser aplicada no vestibular de 2013 e leva em conta a renda, cor e origem do aluno. Nesse sistema de cotas, ter cursado Ensino Médio em escola pública é critério prinFoto: Matheus Andreatta O sistema de reserva de vagas foi criado para diminuir as desigualdades sociais e raciais no acesso ao ensino superior.
cipal, pois são reservadas 50% das vagas totais de um curso para alunos que cursaram o Ensino Médio em escolas públicas. Das vagas destinadas a alunos de escolas públicas, 50% são reservadas a estudantes com renda familiar menor ou igual a 1,5 salário mínimo per capita. Destes 50%, metade das vagas é destinada a alunos negros, pardos e indígenas. Vera Bergami Pereira, diretora do Departamento de Registro e Controle Acadêmico (DRCA), explica que o governo começou a elaborar esse sistema visando a diminuir as desigualdades sociais e raciais no acesso ao ensino superior, que tem como base uma questão histórica. “Antes da implantação desse sistema, existiam poucas condições de um aluno oriundo de escola pública adentrar a universidade. Hoje, porém, com o sistema de cotas, isso mudou consideravelmente”. Essas medidas, porém, só são eficientes na medida em que os alunos permanecem
no curso. Certos cursos, como Medicina e Odontologia, por exemplo, possuem aulas em horário integral, e o aluno precisa arcar com os custos de aquisição de livros e materiais específicos. A dificuldade de acesso a esses recursos prejudica a permanência de alunos no curso. Com esta preocupação em mente, o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) aprovou em 2007 o programa de permanência na Universidade para alunos com dificuldades socioeconômicas, cotistas ou não. Através da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e Cidadania (Proaeci), o aluno pode comprovar sua renda e ter maior facilidade em permanecer na Universidade através do programa de assistência estudantil. Entre os benefícios destinados aos alunos cadastrados no programa de permanência estão auxílios moradia, transporte, aquisição de material e desconto no ticket do RU que pode ir de 50 a 100%. Mais informações pelo site: www.proaeci.ufes.br.
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Política de Acesso e Permanência
Desafios no sistema de cotas Maria Cristina Figueiredo Guasti, professora do curso de Biblioteconomia, fez uma análise sobre o sistema de cotas em seu doutorado e reuniu as pesquisas em um livro. Através da pesquisa, constatou que há muitos desafios a serem superados nesse sistema, a começar pela desigualdade entre alunos do ensino público, uma vez que estudantes do Ifes e de escolas estaduais são tratados unicamente como alunos de escolas públicas. “Entre eles a concorrência continua sendo injusta e desigual. A solução para isso seria adequar a regra para que os alunos concorressem por tipo de escola pública, isso daria mais chances”, explica. Os desafios continuam no decorrer do curso: o valor que a Ufes recebe e repassa aos estudantes através da assistência estu-
dantil é insuficiente. “Se não for revista com urgência essa política, o valor será inviável inclusive para garantir a assistência a novos alunos”, explica Maria Cristina. A professora também ressalta que a Ufes não tem controle sobre este valor, uma vez que é estipulado pelo MEC. A Universidade apenas repassa o valor aos estudantes. Os desafios de diminuir as desigualdades de acesso à Universidade, contudo, só serão vencidos com a implementação de uma política melhor de informação, capaz de tornar essas medidas acessíveis a todos os estudantes de todas as regiões do Brasil. “Este é um enorme desafio, posto que muita gente nem fica sabendo que pode concorrer por cotas, muito menos quais são os critérios para isso. Sem esta política de informação volta-
Como funciona o sistema:
da para o interior, para as regiões mais distantes dos grandes centros, milhares, talvez milhões de jovens brasileiros, continuarão excluídos da universidade, mesmo depois de tantas lutas neste sentido”.
Extensão
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Se preparar para o Enem e não se estressar, é possível? Olga Samara, Paulo Marcos Loyola Ribeiro e Thaísa Cortês
Quando finalmente se chega ao temido e aguardado ano do Enem, as forças acabam se voltando para uma única e, muitas vezes, cansativa ação, a de estudar. O que não se sabe é que direcionar uma hora por dia, ou uma hora em três dias na semana, para se dedicar à prática de quaisquer atividades físicas, poderá ser um dos fatores do sucesso durante a maratona do Enem. E de quebra, poderá prevenir de doenças. A espera pelas provas e seus resultados podem desencadear, em muitos estudantes, problemas como o aumento do estresse e crises de ansiedade. De acor-
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Profissionais apontam a prática de exercícios físicos como uma das formas para aliviar o estresse e se manter preparado para maratona do vestibular. do com o professor de Educação Física do Colégio Salesiano e mestrando em Fisiologia na Ufes, Tomás Perez, o estresse é algo presente na rotina dos jovens de 16 a 18 anos, que estão se preparando para o Enem. Por se tratar de um período intenso e de decisões que os acompanharão para o resto da vida, muitos acabam, segundo o professor, com a mentalidade de que é preciso somente estudar, desesperando-se e dividindo o tempo de estudo erroneamente. E como aliviar a temida “tensão pré-vestibular”, e ainda garantir um bom preparo físico e mental? Com a prática de ati-
vidades físicas! A atividade física entra nos seus horários diários de estudo como uma ferramenta para diminuir o estresse, arejar a cabeça e trazer saúde e bem-estar. O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que este ano ocorrerá nos dias 05 e 06 de novembro, tem cerca de nove horas e meia de duração. Estar fisicamente e mentalmente preparado para esta prova será o diferencial para aqueles que se dedicaram ao longo do ano. O personal trainer e professor de futevôlei, Gabriel Pessanha, afirma que a
Foto: Matheus Andreatta
A Ufes está aberta para a comunidade externa. Aulas de natação são oferecidas gratuitamente.
prática da atividade física, além de todos os prós já conhecidos para a saúde como prevenção de diabetes, obesidade e hipertensão, ajuda a aumentar a capacidade de memorização, reflexos e concentração, que são essenciais para todo e qualquer aluno. Isso muito se relaciona ao estudo divulgado recentemente pelo Jornal Frontiers in Neuroscience, no qual se apresenta a relação da produção de novos neurônios com a prática de atividade física regular
de intensidade leve a moderada. O estudo afirma que a atividade física auxiliaria no desenvolvimento do desempenho cognitivo do aluno, trazendo benefícios ao preparo mental e físico. O professor Gabriel Pessanha, quando perguntado qual tipo de atividade seria ideal para quem está vivenciando o período de vestibular, ele pontua que se deve procurar aquela que lhe faz sentir-se bem: “A melhor atividade é aquela que o indivíduo
se sinta bem em realizá-la. A atividade física tem que ser uma situação agradável, e não uma obrigação. Atividades coletivas normalmente têm um índice maior de adesão e pode ser mais motivante”. Ao encontro da afirmativa de seu colega de profissão, o professor Tomás deixa claro que não há uma atividade certa, a qual todos deveriam seguir. O que você precisa buscar é aquela que mais dá prazer e faz bem. “Qual a melhor atividade? É
06 a que você gosta, a que te dá prazer. Não adianta fazer algo que não gosta, não vai durar nem um mês”, afirma Tomás. Ex-alunos do Tomás, os jovens Bernardo Servare e Malu Carletti, ambos de 17 anos, têm uma rotina cansativa de estudos e preparação para o Enem. Eles, entretanto, possuem métodos diferentes quando o assunto é relaxar. Praticante de atividade física desde criança, Bernardo vê o esporte, precisamente o futsal, como uma válvula de escape para suas semanas maçantes. O jovem, que pretende concorrer a uma vaga do curso de Odontologia, alia os dois turnos de estudos aos treinos de futsal em um clube da capital Vitória e aos treinos na escola. Engana-se quem acha que ele não dá conta: “Não vou dizer que é fácil, mas o professor montou um horário de estudo para mim e quando ele estava montando eu falei que treinava. Até agora está dando pra levar”, assegura Bernardo. Já Malu busca outras atividades para amenizar o estresse da rotina cansativa.
“Acho que ta mbém depend e da personalidade da pessoa. Se ela nã o gosta de esport e, não vai adia ntar. A pessoa prec isa achar algo que goste”. Malu Car letti
Extensão De olho em uma vaga no curso de Direito, a jovem tenta, em suas horas de lazer, distrair-se com programas de TV, com livros, ir ao cinema e sair com as amigas. Filha de uma educadora física, Malu sempre foi incentivada a praticar algum tipo de esporte. Já fez natação, ginástica artística e aikido, mas confessou que esporte não é a “sua praia”, embora saiba que é uma ótima opção para livrar a tensão da prova: “A pessoa precisa achar algo que goste. Para quem gosta de atividade, eu indicaria, porque é bom para livrar da tensão”. O professor Tomás, ao ser perguntado quanto tempo do dia o aluno deveria se dedicar a uma atividade, informa que o mais importante é completar, no mínimo, 180 minutos semanais de atividade física, de leve a moderada intensidade. Isto é, pelo menos três vezes na semana praticando algum tipo de atividade. Esse tempo dedicado à saúde e às formas de se livrar do estresse e da ansiedade não influenciará negativamente nos estudos: “Se você se organizar, não vai influenciar negativamente em nada
no horário de estudo, até porque você não consegue render sete horas de estudo direto, por exemplo”, garante o professor. Seja correndo, lutando, nadando, caminhando, dançando. O importante é praticar o que dá prazer. E por falar nisso, a Ufes oferece algumas dessas atividades e são, em sua maioria, gratuitas. É uma opção a mais para desestressar e praticar aquilo que você gosta! Ficou interessado? É só entrar em contato com a Coordenação de Extensão do Centro de Educação Física e Desportos, da Ufes. A coordenação funciona das 13h30 às 18 horas para atendimento ao público, no prédio da Educação Física da Ufes, campus de Goiabeiras. Ou pelo telefone 4009-2633.
“Indico c om certez a a ativid física ao ade s meus a lunos. E importante é a escola oportuniz essas ati ar vidades, porque é ambiente um social ond e se cons valores, trói onde es tão com amigos e os os amigos estão junto e isso in s fluencia muito se pessoa e stá engaja a da ou nã atividade o à física”. Professor
Tomás
fazer “Eu penso em ada ao alguma coisa lig mente, esporte futura imeira mas minha pr ologia”. opção é Odont e
Bernardo Servar
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Extensão
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O Grupo de Corrida Orientada, coordenada pelo professor Anselmo José Perez, oferece a prática regular de atividade física orientada, auxiliando no conhecimento das respostas ao esforço por meio da corrida. São disponibilizadas 10 vagas para comunidade externa. Saiba mais: gcoufes. wordpress.com/ Foto: Matheus Andreatta Pra quem gosta de maratonas, o Grupo de Corrida Orientada da Ufes oferta 10 vagas para a comunidade externa.
O Projeto Piloto Universitário (PPU), coordenado pelo professor Og Garcia Negrão, visa a oportunizar o acesso à prática do esporte pela comunidade, tanto interna da Ufes, quanto externa, contribuindo para o desenvolvimento da prática da atividade contínua de esportes. São ofertados as atividades: zumba, voleibol, tiro com arco, natação, judô, jiu jitsu, capoeira e karatê. Saiba mais: cefd.ufes.br Foto: Matheus Andreatta O PPU oferece também aulas de karatê pra quem curte as artes marciais. A participação é gratuita.
O Núcleo de Pesquisa e Extensão em Ciências do Movimento Corporal (Nupem), coordenado pelo professor André Leopoldo, oferece vagas para atividades de musculação, condicionamento cardiorespiratório e ginástica à comunidade interna, e externa. Mais informações: 4009-2629 Aulas de forró gratuitas. Todas as quintas, das 16 às 18 horas, na sala de dança do prédio da Educação Física, o professor Túlio ministra aulas de forró gratuitas para todas as idades. Não precisa fazer inscrição, é só aparecer.
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Cursos
Ufes conta com mais de mil projetos de pesquisas
Daniel da Gama, Israel Maioni Nelson Aloysio, Thais Marchesi
A graduação vai além da sala de aula. Com a elaboração e execução de projetos e pesquisas, o estudante pode se especializar desde o início de sua formação, por meio da participação em um dos mais de mil projetos em andamento na UFES.
A
pesquisa é uma das formas de se especializar em alguma área dentro da graduação. Com a orientação de professores, os alunos podem se aprofundar em diferentes temas e tornarem-se profissionais mais preparados. A inscrição dos projetos parte de um professor que o escreve e de alunos que se candidatam pelos editais que são lançados anualmente pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PRPPG), ou através da criação de artigos feita pelos discentes com a orientação de um docente. Nos campi da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) são ao todo 1003 projetos em andamento em todas as áreas, segundo o Diretor de Divisão de Iniciação Científica do Departamento de Pesquisa da PRPPG, Antônio Rocha Neto. Cada projeto possui 5 alunos pesquisadores, que podem atuar de forma voluntária ou remunerada – recebendo bolsa de 400 reais da universidade, da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes) ou do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ). De acordo com Matheus Louzada, estudante de Física do Campus Alegre, a Iniciação Científica auxilia na valorização do currículo e promove maior interação com outros pesquisadores e profissionais de diferentes áreas. “Publiquei um resumo na revista da Sociedade Brasileira de Física Jerusa Gomes, assistente social
“Trabalhar com pesquisa te aproxima, ainda durante a graduação, da prática profissional”
(SBF), um no anais do Simpósio Nacional do Ensino de Física (SNEF) e apresentei um artigo completo em Uberlândia, tudo envolvendo o tema de formação inicial, além de viagens para Rio de Janeiro, Minas e São Paulo”, afirma. A importância de participar desses projetos é sempre frisada por estudantes que já estiveram em alguma modalidade de pesquisa no Ensino Médio: “a pesquisa me preparou e me tornou mais ágil e dinâmica”, afirma Cecília Miliorelli, estudante de Comunicação Social – Jornalismo. “É uma oportunidade de contribuir para a comunidade, além da própria formação”, comenta a aluna de Geografia Beatriz Moreira. As pesquisas podem ainda servir de base para o desenvolvimento de outros trabalhos, mesmo após a conclusão da Iniciação Científica (IC). É o caso do Trabalho de Conclusão de Curso do aluno de Física Matheus Louzada –”Análise e medição da radiação das areias das praias do Espírito Santo”– e da dissertação de mestrado em Comunicação e Territorialidades de Jean Medeiros –”Um outro junho: o movimento #NãoVaiTerCopa, o diálogo do Twitter e as controvérsias sobre a Copa do Mundo de 2014”–, baseada em pesquisas feitas no Laboratório de Estudos sobre Imagem e Cibercultura (Labic). A Iniciação Científica também auxilia na formação profissional do estudante: “trabalhar com pesquisa te aproxima, ainda durante a graduação, da prática profissional; é a melhor forma de enriquecer o Currículo Lattes, essencial para a vida acadêmica”, explica a graduada em Serviço Social, Jerusa Gomes. A troca de experiências também é um ponto forte dos projetos, uma vez que os pesquisadores não precisam ser do mesmo departamento da Iniciação ou do artigo em que têm interesse.
Mazelas nas pesquisas N
enhuma pesquisa pode ser auxiliada para apresentação em eventos fora da Universidade devido ao corte de gastos
O
atraso no pagamento das bolsas de algumas pesquisas tem se tornado constante
M
uitos estudantes tem trocado as pesquisas voluntárias por estágios
O
novo edital foi alvo de reclamações por professores e estudantes por rankear e dificultar a inscrição de alunos nos projetos
Cursos
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Quais são as áreas desses Projetos? Ciências Exatas e da Terra = 147 Engenharia = 110 Biológicas = 140 Saúde = 146 Agrárias = 155 Ciências Sociais Aplicadas = 80 Linguística, Letras e Artes = 76 Ciências Humanas = 149 Site da PRPPG Prppg.ufes.br
Para a promoção das atividades, a Universidade realizará a Jornada de Iniciação Científica nos dias 18 de outubro no campus Goiabeiras (com projetos de Goiabeiras e Maruípe) e no dia 26 nos campi de Alegre e de São Mateus,buscando aproximar o estudante, a comunidade e a Universidade.
Foto: Danielle Gonçalves
Foto: Danielle Gonçalves A Universidade federal do Espírito Santo, possui 1003 projetos em andamento em diversas áreas.
Baja é um dos projetos do Departamento da Engenharia Mecânica e com parceria de alunos de engenharia de produção, computação e elétrica, tem intenção de projetar e fabricar um veículo para atividade esportivas
Como fica a situação com o corte de verba na educação? As Iniciações Científicas já sofrem com as novas medidas adotadas pelo governo. A diminuição do número de bolsas força muitos estudantes a desistir de seus projetos, por terem que trabalhar para sua permanência dentro da Universidade. Todavia, com o lançamento do novo edital, que reduz o número de assistidos dentro dos campi, a realidade ameaça cada vez mais..
Próximo edital
O lançamento do novo edital de cadastro e recadastro dos projetos de Iniciação Científica será lançado em abril e entrará em vigor em 2017. Já a publicação de artigos não depende de edital, mas sim do desejo do estudante de ser orientado por um professor.
Movimento Estudantil
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Embarque nesse coletivo! Espaços para quem busca uma sociedade mais inclusiva, diversa e cultural dentro e fora da universidade Marina B. Amorim, Silvia Fonseca Thamara Machado e Vinícius Nery
D
Divulgação: Coletivo Negrada
iante de uma sociedade plural, sem contudo ainda não ter espaço para a manifestação das diversidades, é necessário forjar ambientes em que se garanta a exposição e divulgação dos diferentes setores da sociedade, assim como espaços de valorização cultural e ambientes abertos a debates. Dessa forma surgem os coletivos, com o intuito de ser esse espaço e dar a abertura necessária para que haja o diálogo e a exposição de ideias. Espaços como a universidade são locais favoráveis para discussões e manifestações. Entretanto é imprescindível que esses debates sejam na direção da sociedade como um todo, fazendo repercutir pelos diferentes espaços midiáticos, escolas, corporações, entre outros. Os coletivos aparecem como uma ferramenta para direcionar esses debates e fazer com que eles sejam mais diversos e alcancem cada vez mais amplitude. Os coletivos aparecem então como pequenas vozes que precisam fazer eco, trazendo novas formas de interagir, novos espaços de debate e uma política de igualdade a partir da disseminação da cultura, redefinição de novos paradigmas, reavaliação dos padrões culturais para a identidade e formação do povo.
Evento CineNegrada - O Cine Negrada apresenta filmes com o intuito de levantar discussões sobre temáticas raciais.
Conheça os coletivos Coletivo Negrada O Coletivo Negrada é uma instituição autônoma que surgiu da necessidade de lutar contra o racismo sofrido diariamente. O coletivo foi uma iniciativa de estudantes da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) envolvidos na busca contínua da igualdade racial, acesso e permanência dos estudantes à educação gratuita e de qualidade, além de exigir das instituições respeito e reconhecimento das demandas do negro e indígena, na implementação da Lei 10.639/2013 no ensino e valorização da história e cultura. Atualmente o coletivo realiza diversas atividades como o CineNegrada, que tem o propósito de abrir o debate sobre questões raciais de forma descontraída. As atividades não se restringem ao campus universitário, como foi o caso da última sessão, que foi realizada no Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) - Campus Cariacica, e contou com a presença de alunos da escola Prof. Maria Penedo. Outros eventos
como o Baile Black, o Grupo de estudos e o Sarau Blackitude estão entre as atividades promovidas pelo coletivo. No que se refere a suas pautas, o coletivo preza pelo reconhecimento e valorização da identidade negra, e sobretudo, luta incessantemente contra o racismo e as injustiças sociais sofridas diariamente, dentro e fora dos campi universitários. Além disso, é de grande importância a busca de condições de acesso e permanência para o negro e para o indígena dentro da universidade, e a urgência de debates como o das cotas raciais, que vem se fazendo cada vez mais necessários devido ao seu uso inapropriado ou incorreto além da necessidade das cotas em programas como de mestrado e doutorado na Ufes, para que haja cada vez mais professores negros na Universidade. Atividades: BaileBlack, CineNegrada, Grupo de Estudos, RecepçãoPreta, SarauBlackitude, Capoeira.
Movimento Estudantil
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Coletivo Rua
ganha força, tendo setoriais feministas, LGBT e de negras e negros. Defendem, em formações estudantis, uma educação crítica que mude radicalmente a sociedade. São também anti proibicionistas em relação às drogas e protestam contra a criminalização da pobreza e a favor da desmilitarização da polícia. Têm também em suas preocupações a cultura popular, o meio ambiente e a saúde, sendo essa última também focada na luta contra a privatização dos hospitais universitários. Dentro da Ufes, integrantes do movimento participam de chapas para o DCE, com pessoas dos mais variados cursos. Funciona de maneira nacional, principalmente no meio acadêmico, mas não depende somente dele, já que tem a intenção de representar a pluralidade dos brasileiros em sua juventude. Costumam marcar Coletivo Rua - Coletivo em manifestação presença em manifestações de esquerda. Facebook.com/ruajuventudeanticapitalista Movimentorua.org/teses
Divulgação: Coletivo RUA
O capital é classificado pelo movimento RUA como uma ‘‘maneira de viver que só satisfaz as necessidades dos que procuram lucro’’, e que inerentemente alimentam ‘‘todas as formas de opressão específicas’’, pois justificam todos os atos de preconceito, discriminação e poder com a necessidade de se ganhar dinheiro. O coletivo é representado por jovens, que nos meios universitários, são estimulados a agir de forma política e cidadã a favor de transformações que desenvolvam uma nova sociedade, sem os seus sonhos limitados pelos fins capitalistas. Preocupam-se com a retirada dos direitos trabalhistas dos últimos governos no Brasil, não se contentando com as posturas pró trabalhador que o Partido dos Trabalhadores demonstrava. Defendem também a auto organização dos oprimidos como parte fundamental da construção de uma verdadeira democracia. Em 19 estados do país, o movimento
Coletivo Expurgação: integrando cultura, arte e colaborativismo
forma integrada na hora do trabalho. O Expurgação é um grande agente difusor da cultura no Estado, através de suas ações e projetos socioculturais, o coletivo realiza diversas atividades que contribuem para o desenvolvimento do cenário cultural capixaba. Entre as ações realizadas pelo Expurgação estão o Cine Expurgação, O Grito do Rock, a Reviravolta Coletiva e o Ensaio Aberto, por exemplo, além de promover o trabalho de vários artistas capixaba. Alguns destes eventos também acontecem em parceria com outros coletivos. Por sua atuação, o Expurgação já recebeu alguns prêmios, entre eles o de Economia Criativa - Categoria Modelo de Gestão, pelo Ministério da Cultura, em 2013. Por sua significativa produção audiovisual, o Coletivo ingressou em 2013 no Programa Cinema do Brasil, que possibilita parcerias internacionais para a realização de produtos audiovisuais e compõe o núcleo gestor do Corredor Criativo Nestor Gomes, um Arranjo Produtivo Local (APL) formado por 22 empreendimentos que atuam no segmento da economia criativa através das artes visuais e Ensaio aberto na sede do Expurgação. cênicas, música, cinema e vídeo, internet, puExpurgacao.art.br blicidade e propaganda, arquitetura, design e Facebook.com/expurgacao eventos culturais.
Divulgação: Página do Coletivo
Criado em 2007, em Vitória, por um grupo de estudantes que sentiam a necessidade de ampliar suas fontes de conhecimento e produzir projetos paralelos, o Coletivo Expurgação se tornou um dos mais atuantes no Espírito Santo. Composto por profissionais de diversas áreas unidos pelo interesse comum pela arte e cultura, o coletivo desenvolve projetos e oferece serviços relacionados às áreas de audiovisual, artes visuais, produção musical e ações culturais, e se dedica a experimentar novos modelos de gestão que prezam pelo colaborativismo e sustentabilidade. O coletivo busca ainda integrar estes elementos para despertar na sociedade engajamento no processo de construção da identidade cultural da comunidade, fazendo com que as pessoas sintam-se de fato integrantes e construtores do ambiente em que vivem. Nessa necessidade de se conectar cada vez mais com as raízes culturais da cidade, o coletivo instalou sua sede no Centro Histórico de Vitória, com objetivo de fortalecer as relações com a cidade e sua história e apoiar o movimento de revitalização do Centro. É ainda um espaço que, além de receber eventos e ações culturais realizados pelo próprio coletivo, é aonde as ideias fluem de
Coletivo Enecos - ES me Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) e suas implicações políticas. A suspensão do curso ocorreu após dois boicotes dos estudantes ao exame. O coordenador regional do coletivo, Tadeu Bousada, entende que de fato a metodologia do boicote ao teste precisa ser repensado, visto a forma impositiva que o Ministério da Educação atua frente às universidades por esse processo. Mas segundo o integrante, a lógica da prova aplicada continua sendo ineficaz. Além de questões como o Enade, o Coletivo Enecos - ES também defende as bandeiras que levam em conta questões de gênero, feminicídio e discussões étnico-raciais, e por meio dos encontros mensais compartilha com estudantes e comunicadores e ainda organizam ações locais e nacionais. O Coletivo Enecos - ES, enquanto representação estudantil atua junto ao Centro Acadêmico de Comunicação Social na proposição e reivindicação de novas pautas que possam refletir e questionar a qualidade de formação do comunicador e também a responsabilidade social da profissão.
Divulgação: Coletivo Enecos
Antes mesmo da existência da Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social (Enecos) os estudantes do curso de Comunicação da Ufes já se movimentavam politicamente no Espírito Santo. No ano de 1988, o estado, integrando a primeira executiva de estudantes de comunicação, a Enec, foi sede do primeiro encontro estudantil da executiva. De lá pra cá, o envolvimento dos estudantes capixabas na executiva tornou-se cada vez mais forte, até que em 1991 a Enecos foi fundada. Cada Universidade que se filia à executiva acaba criando o que se entende hoje como um coletivo. O que a grosso modo seria, um espaço autogestionado podendo exercer funções políticas, culturais e sociais. No caso do Coletivo Enecos - ES, as principais bandeiras levantadas são a democratização dos meios de comunicação, qualidade e formação do comunicador e combate às opressões, que são pautas que seguem a tendência da Executiva Nacional. Entretanto em 2013, com a suspensão do vestibular para os cursos de Comunicação Social na Ufes, o Coletivo Enecos passa a assumir o protagonismo na discussão sobre o Exa-
Coletivo Enecos - ES - O Coletivo promove encontros em que são discutidas questões políticas, culturais e sowciais.
facebook.com/Enecos
Enecos.com.br
ORGANIZE - SE!
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Comunidade
Jovens na Política: Menos urna, mais rua e militância
2012
2,9 milhões de brasileiros com idades entre 16 e 17 anos possuíam título de eleitor
Ana Julia Chan, Bernardo Barbosa, Eliza Rebeca Frizzera, Jerusa Gomes.
25%
2016
2,3 milhões de brasileiros com idades entre 16 e 17 anos possuem título de eleitor De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os jovens de 15 a 29 anos no Brasil ocupam um quarto da população do país.
Por mais que o número de adolescentes que se interessam em votar tenha diminuído consideravelmente, o espírito de transformação e a busca por uma sociedade mais justa e igualitária vêm sendo bastante praticado entre os jovens de uma forma diferente: nas ruas, levantando suas bandeiras e reivindicando seus direitos na prática. Assim, a política se faz presente e necessária na vida de cada um. O estudante de Direito, Daniel Brunelli, 19 anos, que fará um intercâmbio para Colômbia para ajudar uma Organização Não Governamental (ONG)
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De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os jovens de 15 a 29 anos no Brasil ocupam um quarto da população do país. Mas o número dos que realmente se interessam e participam das eleições, por meio do voto facultativo, tem diminuído. Segundo os dados mais recentes do Tribunal Superior Eleitoral, o tamanho do eleitorado com faixa etária de 16 a 17 anos, mostrou uma queda de 20% em relação à eleição de 2012. Todavia, desde as manifestações de junho de 2013, que foram mobilizadas majoritariamente por jovens contra o aumento da tarifa e as ocupações em escolas públicas que começaram em 2015 e ainda são uma realidade, percebe-se uma vontade de mudança muito grande por parte desta juventude. Para o cientista político e professor universitário, Dr. Marcelo Vieira, “a principal evidência encontrada pela literatura especializada é que essa tendência está associada aos jovens. Isto é, o ‘novo jovem’ está menos disposto às urnas e muito disposto às ruas”. Vieira ainda explica que um dos fatores para isto é a falta de veículos de informação que dialoguem com esta geração, fazendo com que a identificação com as plataformas dos partidos políticos seja menor. Outro fator, segundo ele, dá-se devido a dificuldade do jovem de enxergar no voto um “papel crucial na consolidação da democracia, como decisão política que afeta a vida em sociedade”.
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Segundo os dados mais recentes do Tribunal Superior Eleitoral, o tamanho do eleitorado com faixa etária de 16 a 17 anos, na qual o voto é facultativo, mostrou uma queda de 20% em relação à eleição de 2012. oferecendo aulas sobre política e questões de gênero, afirma que seu engajamento nesta área é de extrema importância para transformar as pessoas e o mundo. Ele acredita que suas falas, ideias e posicionamentos quando propagados deixam rastros e, consequentemente, geram mudanças. Grande parte dos jovens começa a se interessar por temas políticos na escola ou faculdade. Muitas vezes, algum professor serve de inspiração, seja para concordar ou discordar de sua ideologia. Para Rayane Marinho, 24 anos,
Foto: Matheus Andreatta
Estudantes capixabas participam de ato #ForaTemer na capital somando ao movimento nacional de lutas.
Comunidade
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Foto: Matheus Andreatta
Em ato relâmpago convocado pelas redes sociais, centenas de jovens capixabas foram às ruas de Vitória contra a posse do presidente em exercício Michel Temer (PMDB)
estudante de Direito, o contato com as ideias políticas surgiu a partir do Ensino Médio, no qual tinha “professores que iam além da dogmática e ensinavam de forma bem crítica”, o que fez que sua curiosidade aumentasse. Desde então, passou a acompanhar pela Internet, sites e movimentações relacionados ao tema. Rayane conta que, na época, acompanhou de perto a primeira candidatura de Marcelo Freixo (PSOL-RJ) pela prefeitura do Rio de Janeiro. E logo que entrou na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), percebeu, pelo Facebook, a participação de um amigo em movimentos sociais, e, dessa forma, conheceu o movimento estudantil e passou a militar por ele. Os jovens são protagonistas nos protestos. Diferente de gerações anteriores, a nova forma de comunicação, por meio das redes sociais, faz com que as informações circulem de forma rápida. Não existem mais barreiras geográficas. Tornou-se bem mais fácil ficar “antenado”, com tudo que acontece, em todo mundo. O jovem sente necessidade de ser informado e participativo na sociedade. Este entusiasmo desperta em algumas pessoas, a necessidade de atuar diretamente neste meio, como é o caso da professora e candidata a vereadora de Vitória, Camila Valadão (PSOL-ES). “Viver é um ato político. Como diz Brecht, o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. Portanto, a nossa vida, na dimensão mais cotidiana até a mais complexa, perpassa pela política”, destaca a candidata. Já para o estudante de Ciências Sociais e membro do Coletivo Ne-
grada, João Victor Santos, 22, só o fato de ele existir é uma militância. “Sou um jovem negro, homossexual e pobre. A minha existência hoje já é uma militância e um enfrentamento perante uma sociedade racista, homofóbica e segregacionista economicamente”, afirma o jovem. Porém, não são todos que acreditam nessa importância da participação, e que se arriscam a dizer o que realmente é política. A estudante Manoela Chaves, 17, diz não estar interessada nas eleições deste ano, “não tive interesse em tirar o título, ou saber sobre as propostas dos candidatos, acho que muitos fazem papel de bonzinhos e amigos do povo somente quando querem ser eleitos, e depois só decepcionam”. O desinteresse pelas urnas, dos mais jovens, poderia parecer falta de crença nas mudanças, mas a maioria dos entrevistados acredita na possibilidade de transformação social. “O engajamento político contribui para mudar as condições objetivas da vida das pessoas, ao mesmo tempo em que contribui para a organização política em defesa de outra forma de vida mais justa e igual. Os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras não são dádivas, ao contrário, resultam de muita luta e resistência ao longo da história”, afirma a candidata Camila. Para o professor de Sociologia e candidato a vereador, Hélio Cabral (PSTU-PE), 56, os jovens de hoje acreditam e buscam a transformação da realidade, mas ao mesmo tempo são acomodados e fáceis de serem manipulados. “Já existe nas redes sociais, nos programas de TV e principalmente nas reuniões com amigos uma ideologia formada, seja ela qual for, e o jo-
vem que ainda não sabe de nada ou sabe muito pouco, fica propenso a ser influenciado por essas ideias, então, ele simplesmente adere a essas opiniões por terem vindo de pessoas ou ícones que já conhece ou admira.” Ele ressalta ainda que “as pessoas em geral, devem procurar se manter informadas, e essas informações devem conter lados diferentes, para que elas possam assim, formar suas próprias opiniões, para depois querer debater.” Assim como Hélio, o professor de História e candidato a vereador de Vitória, Gean Jaccoud (PMN-ES), 29 anos, também concorda que é preciso haver estudo antes de formar uma opinião concreta ou participar de algum movimento político. “É preciso em primeiro lugar, estudar, ler, buscar informações e construir conhecimento, não dá pra gostar de alguma coisa se você não a conhece.” É evidente que a participação dos jovens na política é tão importante quanto das pessoas mais experientes e maduras, porém, para que esse interesse seja despertado, é preciso que toda sociedade, juntamente com os órgãos públicos, partidos e sindicatos estejam engajados a estimular esse interesse. É preciso também criar novos métodos de integração ou melhorar os já existentes, expandindo projetos, e ensinando cada vez mais jovens sobre o que é a política, como ela funciona, quais são os cargos e os deveres dos seus líderes, e como eles podem se preparar para conseguir entrar nesse meio. Até porque o futuro de uma nação se encontra naqueles que desde cedo aprendem como plantar e colher coisas boas, e esse aprendizado é levado de geração a geração.
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Política Universitária
Acessibilidade na Ufes
Os maiores desafios e conquistas da inclusão de alunos e docentes na universidade.
Lydia Spinassé, Caroline Kobi e Isabela Marchezi
Um lugar para todos O Naufes foi criado recentemente, entre 2013 e 2014, e uma de suas conquistas até agora foi que a partir de 2016 o aluno poderá especificar sua deficiência na matrícula, de modo que o Núcleo conseguirá saber quais serão as demandas específicas. Já para conseguir material de apoio, o aluno deve apresentar as demandas ao núcleo de professores, e a partir daí é providenciado o material necessário.
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O Centro de Artes possui uma rampa que dá acesso ao segundo piso do prédio de pós-graduação em Comunicação e Territorialidades.
O coordenador do Naufes, César Cunha, explica que o objetivo do Núcleo é de assessorar o aluno durante a graduação, dando condições de acesso, permanência e conclusão do aluno atendendo as suas necessidades. “Por exemplo, no caso de alunos surdos, há um intérprete que vai ajudá-lo nas aulas. No caso de cegos, há uma pessoa que possa ler os textos para ele e também o scanner de voz, que é um aplicativo que faz um escaneamento dos textos e os transforma em arquivos PDF, a partir disso o aplicativo lê e transforma em áudio o que estiver no arquivo”, conta o coordenador. O Núcleo tenta entrar em contato com o aluno com deficiência a partir do momento que ele faz sua demanda à Comissão Coordenadora do Vestibular. Até o momento atual, algumas conquistas do Naufes são impressoras em braile e interpretes de libras, além de ter atendido
Foto: Danielle Gonçalves
A Universidade Federal do Espírito Santo deveria ser um espaço que acolhe todos os tipos de diferença, um lugar que celebra a diversidade. Mas segundo a estudante Flávia Jesus, não é bem assim. Flávia é aluna cadeirante do curso de Direito, e quando ela entrou na universidade seu prédio não possuía rampas, elevadores, banheiros adaptados, ou seja, não era adequado para ela. Diante da insatisfação dos alunos com essa situação surgiu o grupo Acesso, que visa a uma maior inserção dos alunos com deficiência e uma conscientização sobre o assunto dentro dos campi universitário para acabar com o estigma que existe acerca das pessoas com deficiência. Para Flávia, integrante do Acesso, o problema não reside apenas na mobilidade dentro da Universidade, e sim na estruturação da sociedade como um todo. “Na construção, por exemplo, dos prédios, as pessoas pensam que o necessário é só um elevador e uma rampa, e não é. Acessibilidade é para todos. A sociedade mesma impõe a barreira, o construtor na hora que vai construir que não planeja” disse a estudante. A estudante do curso de Libras e bolsista do Núcleo de Acessibilidade da Ufes, Ana Carolina Duarte, conta que a Universidade tenta ao máximo se adaptar às necessidades dos alunos e que eles mesmos vão atrás disso. “O aluno pode observar a situação em que está inserido, e no caso de não estar conformado, pode buscar primeiramente o colegiado, que garante seu bem estar dentro das possibilidades”, orienta.
12 alunos em suas necessidades específicas. Porém ainda há um grande caminho de desafios a ser percorrido, como por exemplo, acelerar o processo burocrático e conhecer as demandas urgentes dos alunos. Para Flávia, a mudança real deve vir da sociedade, cada uma das pessoas deve fazer a sua parte para tornar a universidade e o mundo um local que realmente acolha todas as diferenças.
Cultura
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Fora do circuito comercial, o Cine Metrópolis mostra aquilo que não se vê em uma sala de cinema comum dos grandes shoppings.
Cine Metrópolis:um cinema de diversidade com preço acessível
Bruna Pereira, Camila Nascimento, Matheus Andreatta
A sala foi inaugurada quando a Universidade completava 40 anos com uma programação alternativa que busca reflexão crítica.
Você sabe o que é um projeto de extensão? Projeto de extensão é uma ação da Universidade que busca criar interação entre Ensino e Pesquisa para com a Sociedade, com o objetivo de atender as necessidades e interesses da população em relação ao desenvolvimento regional e políticas públicas. A ideia de extensão está associada à crença de que o conhecimento gerado pelas instituições de pesquisa deve necessariamente possuir intenções de transformar a realidade social, intervindo em suas deficiências e não se limitando apenas à formação dos alunos regulares daquela instituição. E o melhor de tudo é que o público alvo do projeto não paga! Isso inclui crianças, adolescentes e jovens, de 5 a 17 anos, da educação básica; educadores da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e Médio
da rede pública; estudantes e educadores dos programas de Educação de Jovens e Adultos (EJA) e estudantes com necessidades especiais fora da rede regular de ensino. O Cine Escola Metrópolis aposta nos filmes como fontes de conhecimento e de formação sociocultural e compreende os meios audiovisuais também como recurso pedagógico, integrando as áreas do conhecimento e as linguagens artísticas com o universo cinematográfico. Para participar do projeto é muito fácil. Os educadores interessados em agendar uma sessão devem solicitar o agendamento pelo e-mail cinemetropolis@ufes.br Além do projeto Cine Escola, o Metrópolis realiza diversos cursos no decorrer de cada ano. Que tal conhecer um pouco deles?
Foto: Matheus Andreatta
Focando sempre em uma programação alternativa, baseada na diversidade de estilos, linguagens e nacionalidades, durante anos, foi a única opção de cinema de arte na Grande Vitória. A sala de cinema fica localizada no Centro de Vivências da Ufes, no campus de Goiabeiras. Com uma proposta de acolhimento aos cineclubes (salas de exibição de filmes que tem como intenção estimular o debate cinematográfico), o Metrópolis conta com vários projetos e disponibiliza acesso àqueles que não têm como pagar. O ingresso tem preço baixo e estudantes da Universidade não pagam, basta apresentar a carteirinha de estudante antes da sessão que será realizada. O conceito deste cinema, segundo Rogério Borges, Secretário de Cultura da Ufes, é a visibilidade de filmes locais e nacionais, além de mostras de produções cinematográficas internacionais que vão além do circuito comercial. “Nosso cinema não tem fins lucrativos, procuramos formar um público crítico, por isso, é importante promover debates sobre filmes que abordam temas como o protagonismo negro, o cinema africano, direitos humanos, entre outros conteúdos presentes principalmente em produções alternativas”, destaca. Além de trazer uma visão crítica para os espectadores, o Cine Metrópolis é inclusivo. O projeto Cine Escola Metrópolis é um exemplo dessa política de inclusão. O programa é uma ação permanente de educação e cultura destinada a estudantes e educadores da rede de ensino. Por meio do projeto, o Cine Metrópolis oferece uma programação de filmes diversificada, crítica e instigante, que pode ampliar e potencializar o trabalho dos educadores. As sessões recebem estudantes e docentes de escolas públicas municipais e estaduais da Grande Vitória e do interior do Espírito Santo. Funcionando desde 1994, acabou virando um projeto de extensão.
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Cultura
Você Sabia
Uma História do Cinema Brasileiro
Dividido em 12 aulas, o curso consiste na exibição, na íntegra, de um longa-metragem brasileiro e, após a exibição, é estimulado o debate entre os participantes.
*Os cursos são abertos à comunidade acadêmica e ao público geral gratuitamente.
Arte e Cinema sob a Perspectiva do Político
O curso propõe uma reflexão sobre a relação entre os campos da arte e do cinema, tendo como foco a reflexão sobre o político, tanto do ponto de vista dos temas tratados quanto do modo como as propostas artístico-cinematográficas se estruturam materialmente. Questões relativas à configuração de espaços públicos como construções de identidade, relações econômicas e ordens políticas são tratadas a partir de experiências fílmicas e debatidas juntamente a uma visão crítica dos aspectos textuais, sonoros e imagéticos que configurariam a arte nesses espaços.
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Embora sejam considerados os “pais” do cinema, os irmãos Lumière, que fizeram a primeira exibição cinematográfica na França em 28 de dezembro 1895, não foram os únicos a entrarem nessa onda de descobrimento do cinema. Além deles, nessa mesma época, havia Thomas Edson nos EUA e os irmãos Skladanowsy na Alemanha em 1893 e 1895, respectivamente, que também criaram tipos de filmadoras nas quais era possível exibir pequenos filmes. Porém, os irmãos Lumière são considerados pela história como autores desse invento.
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Cine Metrópolis Estudantes da Ufes não pagam! =) Público em geral paga 10 a inteira e 5 a meia :D Foge do circuito comercial. Os filmes exibidos têm como objetivo a reflexão e estímulo ao diálogo sobre temas transversais apresentados pelos filmes, como juventude, infância, diversidade cultural, questões de gênero, sexualidade, ética, saúde, meio ambiente, etc.
Cinema Comum Todo mundo paga! Os preços variam para cada cinema, mas em geral pode chegar a 28 reais a inteira no fim de semana =( Os filmes exibidos fazem parte do circuito comercial, a maioria deles não conta com uma proposta de pensamento e reflexão crítica.
E aí, vai ficar de fora dessa? Vem pra Ufes, vem pro Metrópolis! Mais informações: http://www.cinema.ufes.br/
Mídias
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